Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Número 9
BOLETIM OFICIAL
SUPLEMENTO
SUMÁRIO
Lei nº 56/VII/2010:
Altera o Código Eleitoral.
2 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
2. Haverá tantos cadernos quantos os necessários para 1. O mandato dos membros das comissões de recense-
que em cada um deles não figurem mais de quatrocentos amento no estrangeiro tem a duração seguinte:
e cinquenta eleitores. a) No período de recenseamento geral, tem
Artigo 60º a duração fixada para o recenseamento
(Reclamações)
precedida e seguida de um período adicional
de trinta dias;
1.Durante o período referido no artigo 59º, pode qual-
quer eleitor reclamar perante a comissão de recensea- b) Nos períodos eleitorais, tem a duração
mento das omissões ou inscrições indevidas no caderno correspondente ao período eleitoral definido
de recenseamento da respectiva área. nos termos deste Código, acrescido de trinta
dias que antecedem esse mesmo período.
2. (…)
2. Quando a umas eleições se seguirem outras dentro
Artigo 68º
de um prazo não superior a nove meses, o mandato é
(Processo de inscrição) prorrogado até à publicação dos resultados definitivos
das eleições ocorridas em último lugar.
Os estrangeiros e apátridas eleitores promovem a
sua inscrição nos cadernos de recenseamento mediante Artigo 77º
prévia identificação pela apresentação da autorização de (Mudança de residência)
residência e passaporte, aplicando-se em tudo o mais o
disposto no artigo 50º. 1. Para efeitos de transferência de inscrição, a mudança
de residência obriga o cidadão eleitor à comunicação dessa
Artigo 70º
mudança à entidade recenseadora da residência actual.
(Cadernos de recenseamento)
2. Quando a mudança de residência implicar a mu-
1. A inscrição dos estrangeiros e apátridas eleitores nos dança de unidade geográfica de recenseamento, deve a
cadernos de recenseamento é feita por ordem alfabética, entidade recenseadora da residência actual comunicar o
pelo seu nome completo, filiação e data de nascimento. facto à entidade recenseadora da residência anterior.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 3
Artigo 79º 3. Pode assistir, sem direito a voto, mas com direito de
(Número de eleitores inscritos) reclamação, protesto e contraprotesto, um mandatário
para cada concorrente, podendo fazer-se acompanhar
Esgotados os recursos, o serviço central de apoio ao de um assistente.
processo eleitoral apura, nos dez dias imediatos, o número
Artigo 235º
total de eleitores nas áreas do recenseamento abrangidas
por cada círculo eleitoral no estrangeiro. (Remessa de documentação eleitoral)
(Composição)
Salvo o disposto no número 5 do artigo 366º, serão
obrigatoriamente passadas, a requerimento de qualquer
1. (…) interessado, no prazo de quarenta e oito horas:
2. (…) a) (...)
4 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
(Horário de funcionamento)
5. (…)
Sempre que se mostre conveniente, as comissões de
6. (…)
recenseamento, os postos consulares, as embaixadas
Artigo 2º e representações diplomáticas de Cabo Verde poderão
(Aditamentos) adoptar um horário especial para os serviços de recense-
amento, podendo incluir sábados, domingos e feriados.
1.É aditado, a seguir ao artigo 49º do Código Eleitoral,
um novo artigo com a epígrafe e redacção seguintes: 3. O corpo do artigo 129º do Código Eleitoral passa a
constituir o número 1 e é aditado um número 2 com a
Artigo 49º-A
redacção seguinte:
(Bases do recenseamento) Artigo 129º
Os dados do recenseamento são recolhidos com base (Publicidade sobre as assembleias de voto)
nos assentos dos registos de nascimento e dos registos de
1. (…)
identificação civil, incluindo o registo de nacionalidade.
a) (…)
2. São aditados a seguir ao artigo 73º do Código Elei-
toral, com epígrafes e redacção seguintes, quatro novos b) (…)
artigos: 73º-A, 73º-B, 73º-C e 73º-D.
c) (…)
Artigo 73º-A
2. A publicitação das assembleias de voto no estrangei-
(Período eleitoral) ro será feita pelos modos referidos nas alíneas a), c) e d) do
Para efeitos do número 1 do artigo 73º, considera-se número 1 e ainda pela afixação em locais de concentração
período eleitoral o que vai do duocentésimo quadragési- das comunidades cabo-verdianas, nos consulados, nas
mo dia anterior à data em que, legalmente, se completa embaixadas e representações diplomáticas, e nos sites
o mandato dos titulares do órgão até à publicação dos da Comissão Nacional de Eleições e do serviço central de
correspondentes resultados eleitorais definitivos. apoio ao processo eleitoral e ainda no exterior dos locais
onde irão funcionar as assembleias de voto, bem como nas
Artigo 73º-B sedes das associações comunitárias que a autorizem.
(Estatuto das comissões de recenseamento)
4. É aditado, a seguir ao artigo 151º do Código Eleitoral,
1. As comissões de recenseamento no estrangeiro um novo artigo, com a epígrafe e redacção seguintes:
gozam de total independência funcional em relação aos Artigo 151º-A
postos consulares e às embaixadas ou representações (Estatuto dos membros das assembleias de voto no estrangeiro)
diplomáticas de Cabo Verde, acreditados na respectiva
unidade geográfica. O disposto nos artigos 149º e 151º não se aplica a
membros das assembleias de voto no estrangeiro que
2. Sem prejuízo do número anterior, as comissões de prestem serviço a entidades não nacionais ou que este-
recenseamento no estrangeiro funcionam junto dos postos jam sob a jurisdição criminal dos respectivos Estados
consulares, embaixadas ou representações diplomáticas de residência.
correspondentes, os quais estão constituídos na obrigação
de lhes prestar todo o apoio logístico e material, e toda a 5. O corpo do artigo 172º do Código Eleitoral passa a
colaboração solicitada. constituir o número 1 e é aditado um número 2 com a
redacção seguinte:
3. Os membros das comissões de recenseamento têm
Artigo 172º
direito, enquanto durar o seu mandato, a uma gratificação
mensal fixa a estabelecer por despacho conjunto dos mem- (Remissão)
bros do Governo responsáveis pelos Negócios Estrangeiros 1. (…)
e pelas Finanças, sob proposta do chefe do Posto Consular,
Embaixador ou Chefe da representação diplomática sede- 2. O disposto no número 1 não se aplica aos delegados
ada na unidade geográfica de recenseamento. que prestem serviço a entidades não nacionais ou que
estejam sob a jurisdição criminal dos respectivos Estados
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores e de residência.
nos artigos seguintes da presente secção, não se aplicam
às comissões de recenseamento as normas dos artigos 6. É criada, imediatamente a seguir ao artigo 175º do
42º, número 2, a) e 44º, no que se refere a serviços e a Código Eleitoral, uma Secção VIII sob a epígrafe “Assem-
entidades não cabo-verdianas. bleias de voto no estrangeiro”.
respectivas mesas e ao voto antecipado, quando elas se 3. O Posto Consular, Embaixada ou representação
mostrem compatíveis apenas com a realização das elei- diplomática, durante a realização do recenseamento
ções no território nacional, sem prejuízo da observância eleitoral geral, garantem o apoio administrativo e técnico
dos princípios fundamentais do processo eleitoral consig- às comissões de recenseamento.
nados na Constituição e neste Código. Artigo 7º
8. O corpo do artigo 265º do Código Eleitoral passa a (Documento de identificação para as eleições de 2011)
constituir o número 1 e é aditado um número 2 com a 1. Para as eleições legislativas e presidenciais de 2011,
redacção seguinte: cada eleitor, apresentando-se à mesa, identifica-se peran-
Artigo 265º te o presidente, entregando-lhe o bilhete de identidade
(Direito de constituição de assistente) ou passaporte, ainda que caducados.
2. Se, no entanto, o bilhete de identidade vier a ser
1. (…)
substituído, por lei, por outro documento de identificação,
2. Qualquer candidato presidencial ou membro de lista a identificação do eleitor é feita exclusivamente através
apresentada por grupo de cidadãos pode constituir-se desse novo documento.
assistente em processo penal relativo aos crimes previstos
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteceden-
neste Código e praticados em eleição na qual tenha
tes, nos círculos eleitorais do estrangeiro, os eleitores
concorrido.
podem ainda identificar-se perante a mesa com o passa-
Artigo 3º porte válido do Estado de acolhimento de que também
(Revogação) sejam nacionais.
Artigo 8º
São revogadas todas as disposições que contrariem o
Entrada em vigor
disposto na presente Lei, designadamente o número 2
do artigo 40º, o número 4 do artigo 130º e o artigo 425º-B A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
do Código Eleitoral. sua publicação.
Artigo 4º Aprovada em 1 de Fevereiro de 2010.
(Referências ao Supremo Tribunal de Justiça: actualização) O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Rai-
Com excepção do disposto no número 2 do artigo 20º, mundo Lima
consideram-se como feitas ao Tribunal Constitucional Promulgada em 2 de Março de 2010
todas as referências do Código Eleitoral ao Supremo Publique-se.
Tribunal de Justiça, designadamente a dos artigos 329º,
332º, 333º,342º, 346º, 350º, 365º, 369º, 370º, 373º, 374º, O Presidente da República, PEDRO VERONA RO-
386º, 401º e 413º. DRIGUES PIRES
Artigo 5º Assinada em 3 de Março de 2010
(Renumeração e republicação) O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Rai-
mundo Lima
1. As modificações resultantes da presente lei serão
consideradas como fazendo parte do Código Eleitoral, e ––––––
nele serão inseridas por meio de substituição, supressão Lei n° 92/V/99
e aditamento, respectivamente das alíneas, números e
de 8 de Fevereiro
artigos alterados.
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta,
2. O Código Eleitoral e a Lei n.º92/V/99, de 8 de Feve- nos termos da alínea i) do número 1, do artigo 187° da
reiro, que o aprova, no seu novo texto, serão publicados Constituição, o seguinte:
conjuntamente com a presente Lei.
Artigo 1°
Artigo 6º
(Aprovação)
(Recenseamento eleitoral geral no estrangeiro)
É aprovado o Código Eleitoral que faz parte integrante
1. Durante o recenseamento eleitoral geral no es- da presente lei e baixa assinado pelo Presidente da As-
trangeiro, previsto no nº 3 do artigo 425º-A, a entidade sembleia Nacional.
recenseadora de cada unidade geográfica é a comissão Artigo 2°
de recenseamento designada nos termos do artigo 73.º (Experiências de votação electrónica)
do Código Eleitoral.
O Governo, ouvidos os partidos políticos legalmente
2. Os membros das comissões de recenseamento têm constituídos, pode realizar experiências-piloto de votação
direito a uma gratificação mensal fixa durante a realiza- electrónica, em um ou mais círculos eleitorais.
ção do recenseamento eleitoral geral, a estabelecer por Artigo 3°
despacho conjunto dos membros do governo responsáveis
(Pessoal da Comissão Nacional de Eleições)
pelos Negócios Estrangeiros e pelas Finanças, sob pro-
posta do chefe do Posto Consular, Embaixador ou Chefe O quadro de pessoal indispensável ao regular funcio-
da Missão Diplomática sedeada na unidade geográfica namento da Comissão Nacional de Eleições é aprovado
de recenseamento. por resolução da Assembleia Nacional.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 7
Artigo 4° Artigo 4º
(Alterações) (Prorrogação dos mandatos electivos durante a vigência
do estado de sítio ou de emergência)
As alterações que de futuro se fizerem sobre a matéria
regulada no Código ora aprovado são inseridas no lugar 1. Declarado o estado de sítio, ficam automáticamente
próprio, devendo ser sempre efectuadas por meio de subs- prorrogados os mandatos dos titulares eleitos dos ór-
tituição dos artigos alterados, supressão dos revogados gãos do poder político que devam findar durante a sua
ou aditamento dos novos. vigência.
Artigo 5° 2. Declarado o estado de emergência restrito a uma parte
(Revogação) do território nacional, aplica-se o disposto no número
anterior aos órgãos eleitos da respectiva área.
1. São revogados:
TÍTULO II
a) A Lei n° 112/IV/94, de 30 de Dezembro;
DISPOSIÇÕES COMUNS APLICÁVEIS
b) A Lei n° 113/IV/94, de 30 de Dezembro; À ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
c) A Lei n° 116/IV/94, de 30 de Dezembro; DOS DEPUTADOS À ASSEMBLEIA NACIONAL
E DOS TITULARES DOS ÓRGÃOS MUNICIPAIS
d) A Lei n° 117/IV/94, de 30 de Dezembro;
CAPÍTULO I
e) A Lei n° 118/IV/94, de 30 de Dezembro.
Capacidade eleitoral activa
2. São ainda revogados todos os dispositivos legais que
Artigo 5º
contrariem o estatuído no Código ora aprovado.
(Capacidade eleitoral activa)
Artigo 6°
(Entrada em vigor) São eleitores os cidadãos cabo-verdianos, de ambos os
sexos, maiores de dezoito anos.
Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.
Artigo 6º
Aprovada em 16 de Janeiro de 1999
(Plurinacionalidade)
O Presidente da Assembleia Nacional, António do
Os cidadãos cabo-verdianos havidos também como
Espírito Santo Fonseca
cidadãos de outros Estados não perdem, por esse facto,
Promulgada em 26 de Janeiro de 1999 a capacidade eleitoral activa.
Publique-se. Artigo 7º
(Incapacidades)
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL
MASCARENHAS GOMES MONTEIRO Não são, porém, eleitores:
Assinada em 26 de Janeiro de 1999. a) Os interditos por sentença com trânsito em
O Presidente da Assembleia Nacional, António do julgado;
Espírito Santo Fonseca b) Os notoriamente reconhecidos como doentes
CÓDIGO ELEITORAL mentais ainda que não interditos por
sentença, quando internados em serviço ou
TÍTULO I estabelecimento psiquiátrico ou quando como
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tais forem declarados em atestado médico;
(Regra geral)
Os titulares dos órgãos electivos do poder político são
eleitos por sufrágio universal, igual, directo, secreto e São elegíveis os cidadãos cabo-verdianos eleitores.
periódico.
Artigo 9º
Artigo 3º
(Inelegibilidades gerais)
(Proibição de realização de eleições durante a vigência
do estado de sítio ou de emergência) 1. São, porém, inelegíveis, quando estejam em efecti-
vidade de funções:
Durante a vigência do estado de sítio ou de emergência
e até ao trigésimo dia posterior à sua cessação, não é a) Os magistrados judiciais e do Ministério
permitida a realização de qualquer acto eleitoral. Público, os juízes do Tribunal de Contas e do
8 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
de exclusividade, a partir da publicação do diploma legal constituída por indivíduos idóneos, dotados
que marcar a data das eleições e até ao sexagésimo dia de capacidade para dirigir as operações
posterior à publicação dos resultados. eleitorais;
3. O direito à dispensa do exercício de funções, para efeitos h) Promover, apoiar e certificar a formação, em
do disposto no número anterior, não prejudica quaisquer matéria eleitoral, dos seus delegados, das
direitos ou regalias dos membros inerentes à função a que entidades recenseadoras e dos membros das
a dispensa se refere, incluindo a retribuição. mesas de voto, com o apoio do serviço central
de apoio ao processo eleitoral;
4. Tratando-se de membros que sejam trabalhadores
por conta de outrem no sector privado, o Estado, através do i) Dar a mais ampla publicidade aos diplomas
orçamento da Comissão Nacional de Eleições, compensa legais que marcam as datas de eleições;
as respectivas entidades empregadoras pelo cumprimento
j) Resolver queixas e reclamações, que lhe sejam
do disposto no n.º 3.
apresentadas no âmbito do processo eleitoral,
5. Tratando-se de membros que sejam profissionais salvo quando tal resolução incumba, nos
liberais, o Estado, através do orçamento da Comissão termos deste Código e demais legislação, a
Nacional de Eleições, compensa-os pelos prejuízos pro- outros órgãos;
fissionais decorrentes do disposto no n.º 2. k) Instaurar, instruir e decidir processos por
Artigo 17º contra-ordenação eleitoral e aplicar as coimas
(Prioridade do exercício de funções) correspondentes;
Fora do período referido no artigo anterior, os membros l) Participar ao Ministério Público crimes
da Comissão Nacional de Eleições dão prioridade aos tra- eleitorais de que tome conhecimento;
balhos da Comissão, para os quais nenhum impedimento m) Apreciar a regularidade das contas eleitorais;
lhes pode ser imposto.
n) Desempenhar as demais funções atribuídas
Artigo 18º por este Código e demais legislação.
(Competência)
2. É da exclusiva competência da Comissão Nacional
1. Compete à Comissão Nacional de Eleições: de Eleições a proclamação dos resultados eleitorais, sem
prejuízo da sua divulgação pelos órgãos de comunicação
a) Assegurar a liberdade e regularidade das social, nos termos da lei.
eleições, a igualdade de oportunidades e de
tratamento das candidaturas e o respeito pelos Artigo 19º
demais princípios fundamentais do processo (Calendário eleitoral)
eleitoral, estabelecidos na Constituição, deste
1. A Comissão Nacional de Eleições elabora e publica
Código e demais legislação, adoptando todas
o calendário eleitoral no prazo de três dias a contar
as providências necessárias;
da publicação do diploma legal que marcar a data das
b) Assegurar a igualdade de tratamento dos eleições.
cidadãos e a imparcialidade, isenção e
2. A publicação referida no número anterior é feita no
objectividade de todos os serviços e agentes
Boletim Oficial e em jornais dos mais lidos do país.
da administração eleitoral no exercício de
funções; 3. O calendário eleitoral especifica obrigatoriamente
os actos eleitorais que devem ser praticados e as respec-
c) Promover, organizar, dirigir e fiscalizar tivas datas.
superiormente, nos termos deste Código, as
operações de constituição de assembleias de Artigo 20º
voto e de apuramento, nas eleições abrangidas (Recursos)
no âmbito das suas atribuições;
1. Das deliberações da Comissão Nacional de Eleições
d) Emitir instruções genéricas aos órgãos de em matéria de processo eleitoral, que não sejam tomadas
recenseamento e às mesas das assembleias de como assembleia de apuramento, cabe recurso conten-
voto, sobre a interpretação e aplicação da lei, cioso, a interpor no prazo de três dias, para o Tribunal
sem prejuízo da sua independência funcional Constitucional, que decidirá no prazo de sete dias.
e do disposto em matéria de impugnação;
2. Dos actos administrativos da Comissão Nacional de
e) Fiscalizar e controlar as operações de Eleições não abrangidos pelo disposto no número ante-
recenseamento e de votação, adoptando rior, cabe recurso contencioso para o Supremo Tribunal
providências e promovendo diligências que de Justiça, nos termos da lei.
assegurem a sua conformidade com a lei; Artigo 21º
A inscrição no recenseamento tem efeito permanente Os membros das comissões de recenseamento tomam
e só pode ser eliminada, nos casos e termos previstos posse, em cerimónia pública, perante o presidente da
neste Código. assembleia municipal.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 13
Artigo 44º Artigo 46º
(Estatuto) (Direito a informação)
1. No exercício das suas funções as comissões de recen- As comissões de recenseamento podem requisitar direc-
seamento e os respectivos membros são independentes tamente dos serviços públicos ou de entidades privadas,
e só devem obediência à lei e às instruções de carácter as informações, documentos e esclarecimentos de que
genérico, emitidas pela Comissão Nacional de Eleições, careçam para o desempenho da sua missão, constituindo-
nos termos deste Código. se os serviços e entidades na obrigação de os fornecer no
2. Os membros da comissão de recenseamento têm prazo que lhes for fixado, ou, na ausência desse prazo,
direito: num outro que se mostrar razoável em função das cir-
cunstâncias.
a) A dispensa de serviço para participar nos
Artigo 47º
trabalhos das respectivas comissões, sem
perda de quaisquer direitos ou regalias, (Competência do presidente)
incluindo a retribuição; Compete ao presidente da comissão de recenseamento:
b) A uma gratificação mensal fixa, a estabelecer a) Representar a comissão;
por Decreto-Regulamentar, ouvidos os
partidos políticos. b) Promover a requisição de funcionários e agentes
dos serviços da administração central e da
Artigo 45º
administração municipal, sempre que se
(Competência das comissões de recenseamento) mostrar necessário para o bom funcionamento
Compete às comissões de recenseamento: da comissão;
7. Das decisões dos postos e brigadas móveis de re- 5. As comissões de recenseamento estão constituídas na
censeamento cabe reclamação oral ou escrita perante obrigação de prestar as informações solicitadas, fornecer
a comissão de recenseamento, devendo esta, no prazo a cópia dos cadernos de recenseamento ou eleitorais e
máximo de cinco dias, se outro mais curto não resultar receber reclamações, protestos e contra-protestos, apre-
da utilidade da reclamação, pronunciar-se por escrito, sentados pelos delegados de partidos políticos, devendo
notificando imediatamente o reclamante. deliberar sobre as pretensões formuladas no prazo de
Artigo 49º quarenta e oito horas.
(Orçamento das comissões de recenseamento) 6. Das deliberações das comissões de recenseamento
1. Cada comissão de recenseamento possui um or- relativas aos pedidos de informação, às requisições e às
çamento próprio, para a realização de despesas de reclamações, protestos e contra-protestos referidos nos
funcionamento, aprovado, sob sua proposta, pela Lei do números 4 e 5 anteriores, podem os partidos recorrer, no
Orçamento do Estado. prazo de quarenta e oito horas, para a Comissão Nacional
de Eleições, devendo esta deliberar sobre o recurso no
2. As dotações orçamentais das comissões de recensea- prazo de três dias.
mento são transferidas pelo departamento governamen-
Secção III
tal responsável pelas finanças, directamente para cada
comissão de recenseamento, nos termos da lei. Operações do recenseamento
1. A todo o tempo, os partidos políticos comunicam por a) Identificação, para efeitos de preenchimento do
escrito aos presidentes das comissões de recenseamento teor da inscrição, previsto no artigo 57º do
a identificação completa, o domicílio para notificações Código Eleitoral, mediante a apresentação do
e os contactos dos seus delegados, com conhecimento Bilhete de Identidade ou Passaporte;
dos delegados da Comissão Nacional de Eleições, enten- b) Dados biométricos dos dois dedos indicadores;
dendo-se que permanecem os delegados anteriormente
indigitados, enquanto não houver nova indigitação. c) Fotografia actual;
2. Cada partido político é representado apenas por d) Assinatura manual digitalizada, caso saiba assinar.
um delegado efectivo e um suplente.
2. Na falta de qualquer dos dois dedos indicadores
3. Nenhum delegado pode representar um partido referidos na alínea b) do n.º 1, os dados biométricos
junto de mais do que uma comissão de recenseamento. serão recolhidos de qualquer outros dedos, com menção
4. Os delegados dos partidos políticos têm poderes de obrigatória dos utilizados.
fiscalização, com direito a: 3. Na falta de quaisquer dedos serão dispensados os
a) Pedir e obter informações sobre o dados biométricos, sem prejuízo da utilização de outros
recenseamento; procedimentos de identificação, nos termos do número
11 do artigo 223º.
b) Requisitar e obter, gratuitamente, uma cópia dos
cadernos de recenseamento ou dos cadernos Artigo 55º
eleitorais, com a última actualização feita; (Recenseamento de cidadãos indocumentados)
cidadãos que não disponham de documento de identifica- 4. A numeração das folhas dos cadernos de recensea-
ção, a partir dos dados informáticos constantes da base de mento é única para cada comissão ou posto de recense-
dados dos serviços de registo e de identificação civil ou das amento.
certidões que o interessado tenha apresentado, emitindo,
acto contínuo, certidão comprovativa do recenseamento, 5. Os cadernos de recenseamento devem ser recom-
que será provisório, fixando-lhe prazo, não superior a postos de modo a mantê-los de acordo com o disposto no
trinta dias para apresentar documento de identificação, número 2.
sob pena de ser eliminada a inscrição provisória. 6. Os cadernos de recenseamento podem ser obtidos di-
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a en- rectamente através de fotocópia de verbetes de inscrição
tidade recenseadora comunica imediatamente a situação ou através do seu processamento por meios informáticos,
do eleitor aos serviços de identificação civil competentes, adequadamente protegidos.
para que promovam, desde logo, o processo de emissão Artigo 59º
do bilhete de identidade do interessado, independente-
(Transferência de inscrição)
mente de outro documento de identificação, que ele possa
providenciar, designadamente, passaporte ou cartão de 1. A transferência de inscrição por motivo de mudança
residência de estrangeiro em Cabo Verde, válidos. de residência faz-se mediante apresentação do cartão
Artigo 56º de eleitor, caso este o tenha, e o pedido de alteração da
residência no verbete individual de inscrição junto da
(Verbete individual de inscrição)
comissão recenseadora da nova residência.
1. A inscrição nos cadernos de recenseamento é feita
2. A transferência é comunicada à comissão de recen-
mediante o preenchimento de um verbete individual
seamento da unidade geográfica onde o cidadão se en-
digitalizado de modelo a aprovar por decreto-lei.
contrava, até ao quinto dia posterior à sua efectuação.
2. Imediatamente após a inscrição, as comissões de re- Artigo 60º
censeamento devem emitir duas cópias do verbete referi-
do no número 1, em suporte de papel, destinando-se uma (Informações relativas à capacidade eleitoral activa)
ao cidadão recenseado, como documento comprovativo da 1. As conservatórias e delegações do Registo Civil
sua inscrição, e outra ao ficheiro manual da comissão. enviam, até ao último dia de cada mês, às comissões de
3. O ficheiro manual é constituído por ordem sequen- recenseamento e ao serviço central de apoio ao processo
cial dos números de inscrição e organizado dentro de eleitoral:
cada unidade geográfica por postos de recenseamento
a) Uma relação contendo o nome, filiação, data,
quando existam.
concelho e freguesia de nascimento dos
Artigo 57º cidadãos que completem dezoito anos no mês
(Teor da inscrição) a que se refere a comunicação;
1. A inscrição dos cidadãos eleitores é feita pelo seu b) Uma relação dos cidadãos maiores de dezoito
nome completo, filiação, data, local de nascimento, fre- anos que tenham falecido no mês a que se
guesia, estado civil e residência, com indicação do lugar refere a comunicação, com os elementos
e, quando existam, do bairro, rua, número e andar do referidos na alínea anterior.
prédio.
2. O Arquivo Nacional de Identificação Civil e Criminal
2. Da inscrição consta também o número do bilhete de envia, até ao último dia de cada mês, às comissões de
identidade ou passaporte e a respectiva entidade emiten- recenseamento e ao serviço central de apoio ao processo
te, quando o cidadão o exiba ou esse número possa ser eleitoral, uma relação contendo o nome, filiação, data,
apurado, ainda que se tenha expirado o prazo de validade concelho e freguesia de nascimento, o número de bilhete
do documento de identificação. de identidade e a residência dos cidadãos, constantes dos
respectivos ficheiros, que completem dezoito anos no mês
Artigo 58º
a que se refere a comunicação.
(Cadernos de recenseamento)
3. A Conservatória dos Registos Centrais envia, até ao
1. A inscrição dos cidadãos eleitores nos cadernos de último dia de cada mês, às comissões de recenseamento
recenseamento é feita por ordem alfabética, pelo seu e ao serviço central de apoio ao processo eleitoral, uma
nome completo, filiação e data de nascimento. relação contendo o nome, filiação, data, concelho e fre-
2. Haverá tantos cadernos quantos os necessários para guesia de nascimento, o número de bilhete de identidade
que em cada um deles não figurem mais de quatrocentos ou passaporte e a residência dos cidadãos constantes dos
e cinquenta eleitores. respectivos livros e que hajam perdido a nacionalidade
cabo-verdiana no mês a que se refere a comunicação.
3. Os cadernos de recenseamento são numerados e ru-
bricados em todas as folhas, pelo presidente da comissão 4. Os tribunais enviam, até ao último dia de cada mês,
de recenseamento e têm termos de abertura e encerra- às comissões de recenseamento e ao serviço central de
mento, subscrito por todos os membros da comissão, apoio ao processo eleitoral uma relação dos interditos no
declarando-se no termo de encerramento o número de mês a que se refere a comunicação, com os elementos de
eleitores inscritos. identificação referidos no número 2.
16 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
1. Esgotados os prazos de reclamação e recurso, as 1. A inscrição dos estrangeiros e apátridas eleitores nos
comissões de recenseamento procedem, de imediato, às cadernos de recenseamento é feita por ordem alfabética,
rectificações daí resultantes. pelo seu nome completo, filiação e data de nascimento.
2. No prazo de vinte dias, o serviço central de apoio ao 2. Os cadernos de recenseamento referidos no número
processo eleitoral publica no Boletim Oficial e divulga nos antecedente devem ser organizados especificamente para
órgãos de comunicação social os mapas com os resultados esse fim e ser de cor diferente dos cadernos de recense-
globais do recenseamento. amento dos cidadãos nacionais.
18 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 76º postos consulares e às embaixadas ou representações
(Informações relativas à capacidade eleitoral activa) diplomáticas de Cabo Verde, acreditados na respectiva
uniddade geográfica.
O responsável pela Direcção de Emigração e Fronteiras
envia, até ao último dia de cada mês, ao serviço central 2. Sem prejuízo do número anterior, as comissões de
de apoio ao processo eleitoral, uma relação com a identi- recenseamento no estrangeiro funcionam junto dos postos
ficação completa e o número de autorização de residência consulares, embaixadas ou representações diplomáticas
de todos os estrangeiros e apátridas, que completem três correspondentes, os quais estão constituídos na obrigação
anos de residência legal no país, no mês a que a comu- de lhes prestar todo o apoio logístico e material, e toda a
nicação se refere. colaboração solicitada.
Artigo 77º 3. Os membros das comissões de recenseamento têm
(Cartão de eleitor para estrangeiros ou apátridas) direito, enquanto durar o seu mandato, a uma gratifi-
cação mensal fixa a estabelecer por despacho conjunto
É emitido ao estrangeiro ou apátrida recenseado um dos membros do Governo responsáveis pelos Negócios
cartão de eleitor com características, modelo e conteúdo, Estrangeiros e pelas Finanças, sob proposta do chefe do
a ser aprovado por decreto-lei, no prazo referido no n.º Posto Consular, Embaixador ou Chefe da representação
4 do artigo 68º. diplomática sedeada na unidade geográfica de recense-
Secção V amento.
Disposições específicas do recenseamento no estrangeiro
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores e
Artigo 78º nos artigos seguintes da presente secção, não se aplicam
(Entidade recenseadora) às comissões de recenseamento as normas dos artigos
44º, número 2, a) e 46º, no que se refere a serviços e a
1. Nos períodos eleitorais a entidade recenseadora de entidades não cabo-verdianas.
cada unidade geográfica de recenseamento no estrangei-
Artigo 81º
ro é a respectiva comissão de recenseamento, composta
por um funcionário consular de carreira, ou quando não Fiscalização
exista, por um funcionário diplomático, com excepção
do Embaixador, que preside, e por mais quatro cidadãos As actividades dos postos consulares, das embaixadas
idóneos. e das representações diplomáticas, em matéria de recen-
seamento, estão sujeitas às regras aplicáveis às comissões
2. Haverá também dois suplentes por cada comissão de recenseamento, salvo disposição especial da lei.
de recenseamento.
Artigo 82º
3. Os cidadãos referidos na parte final do número 1 Horário de funcionamento
e no número antecedente são eleitos pela Assembleia
Nacional, por maioria de dois terços dos Deputados, sob Sempre que se mostre conveniente, as comissões de
proposta do Governo, precedida de audição dos partidos recenseamento, os postos consulares, as embaixadas
politicos, e assegurando o pluralismo politico com expres- e representações diplomáticas de Cabo Verde poderão
são parlamentar. adoptar um horário especial para os serviços de recense-
amento, podendo incluir sábados, domingos e feriados.
4. As Comissões de Recenseamento tomam posse pe-
rante o respectivo Chefe do Posto Consular ou, fora da Artigo 83º
jurisdição deste, perante o respectivo chefe da represen- (Mandato)
tação diplomática.
1. O mandato dos membros das Comissões de Recen-
5. Fora do período eleitoral, os postos consulares, as seamento no estrangeiro tem a duração seguinte:
embaixadas e as representações diplomáticas efectuam a
inscrição no recenseamento eleitoral de todos os cidadãos a) No período de recenseamento geral tem a duração
eleitores residentes nas respectivas unidades geográficas fixada para o recenseamento precedida e
de recenseamento que solicitem qualquer acto consular seguida de um período adicional de trinta dias;
aos respectivos serviços.
b) Nos períodos eleitorais que tem a duração
Artigo 79º correspondente ao período eleitoral definido
(Período eleitoral) nos termos deste Código, acrescido de trinta
dias que antecedem esse mesmo período.
Para efeitos do número um do artigo 78º, considera-se
período eleitoral o que vai do duocentésimo quadragési- 2. Quando a umas eleições se seguirem outras dentro
mo dia anterior à data em que, legalmente, se completa de um prazo não superior a nove meses, o mandato é
o mandato dos titulares do órgão até à publicação dos prorrogado até à publicação dos resultados definitivos
correspondentes resultados eleitorais definitivos. das eleições ocorridas em último lugar.
Artigo 80º Artigo 84º
(Estatuto das comissões de recenseamento) (Unidade geográfica do recensamento)
1. Para efeitos de transferência de inscrição, a mudança E proibida toda a propaganda eleitoral, seja qual for
de residência obriga o cidadão eleitor à comunicação a forma de que se revista, a partir das zero horas do dia
dessa mudança à entidade recenseadora da residência anterior ao dia marcado para as eleições.
actual. Artigo 93º
2. Quando a mudança de residência implicar a mu- (Promoção e realização da campanha eleitoral)
dança de unidade geográfica de recenseamento, deve a
A promoção e realização da campanha eleitoral cabe
entidade recenseadora da residência actual comunicar o
às entidades proponentes de lista e aos candidatos, sem
facto à entidade recenseadora da residência anterior.
prejuízo da participação activa dos cidadãos.
Artigo 86º
Artigo 94º
(Recursos)
(Âmbito da campanha eleitoral)
Os recursos relativos a questões de recenseamento no
As entidades referidas no artigo anterior realizam
estrangeiro são interpostos e apreciados no tribunal da
a campanha eleitoral em qualquer ponto do território
comarca da Praia.
nacional.
Artigo 87º
Artigo 95º
(Número de eleitores inscritos)
(Princípio de liberdade)
Esgotados os recursos, o serviço central de apoio ao
1. Os candidatos e os seus proponentes desenvolvem
processo eleitoral apura, nos dez dias imediatos, o número
livremente a campanha eleitoral.
total de eleitores nas áreas do recenseamento abrangidas
por cada círculo eleitoral no estrangeiro. 2. As actividades de campanha eleitoral previstas no
presente Código não excluem quaisquer outras decor-
CAPÍTULO V
rentes do exercício dos direitos, liberdades e garantias
Marcação das eleições contempladas na Constituição e nas leis.
Artigo 88º Artigo 96º
(Marcação da data das eleições) (Igualdade de oportunidade das candidaturas)
A marcação da data das eleições faz-se com a ante- Os candidatos e as entidades proponentes de listas
cedência mínima de setenta dias, ouvidos os partidos têm direito a igual tratamento por parte das entidades
políticos legalmente constituídos e, nos casos previstos públicas e privadas, a fim de efectuarem livremente e nas
na Constituição, o Conselho da Republica. melhores condições, a sua campanha eleitoral.
Artigo 89º Artigo 97º
1. O dia de eleições é o mesmo em todos os círculos 1. Os titulares dos órgãos e os funcionários e agentes
eleitorais, salvo nos casos excepcionalmente previstos na do Estado, dos municípios e de outras pessoas colectivas
lei. de direito público, das pessoas colectivas de utilidade pú-
blica administrativa, das sociedades concessionárias dos
2. As eleições só podem ser realizada em dia domingo
serviços públicos, das empresas públicas, das sociedades
ou em dia feriado nacional.
de capitais públicos ou de economia mista, devem, no
CAPÍTULO VI exercício das suas funções, manter rigorosa neutralidade
perante as diversas candidaturas.
Apresentação de candidaturas
Artigo 90º
2. Os titulares dos órgãos e os funcionários e agentes
referidos no número anterior não podem, nessa quali-
(Poder de apresentação) dade, intervir, directa ou indirectamente, na campanha
A apresentação de candidaturas cabe às entidades eleitoral, nem praticar actos que, de algum modo, favo-
previstas neste Código para cada espécie de eleições. reçam ou prejudiquem um concorrente às eleições, em
detrimento ou vantagem de outros.
CAPÍTULO VII
3. É vedada a exibição de símbolos, autocolantes ou
Campanha eleitoral outros elementos de propaganda eleitoral pelos titulares
Secção I dos órgãos, funcionários e agentes referidos no número 1,
Disposições gerais durante o exercício das suas funções.
Artigo 91º 4. Os titulares dos órgãos, funcionários e agentes
(Período da campanha eleitoral)
referidos no presente artigo, que se candidatem a qual-
quer cargo electivo, consideram-se, automaticamente,
O período da campanha eleitoral inicia-se nos termos suspensos das funções que desempenham, a partir da
dos artigos 386º, 417º e 434º e finda às vinte e quatro horas data da apresentação formal da candidatura, sem perda
da antevéspera do dia marcado para as eleições. de direitos.
20 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
5. Exceptuam-se do disposto no número 4, os titulares 2. A instalação referida no número anterior pode ser
dos órgãos de soberania que se candidatem a eleições requerida a partir da publicação do diploma legal que
legislativas ou presidenciais e os titulares de órgãos au- marcar a data das eleições e deve ser efectuada no prazo
tárquicos que se candidatem a eleições autárquicas, salvo máximo de quarenta e oito horas a contar da apresen-
se a Constituição ou lei expressa determinar a suspensão tação do pedido.
e nos termos em que o fizer. Artigo 101º
6. O disposto no presente artigo não proíbe a parti- (Arrendamento)
cipação em campanha eleitoral dos titulares de cargos
políticos e dos funcionários ou agentes que sejam dirigen- 1. A partir da data da publicação do diploma que
tes ou militantes partidários, candidatos ou mandatários marcar a data das eleições e até vinte dias após o acto
de lista, não podendo, porém, utilizar para o efeito as eleitoral, os arrendatários de prédios urbanos podem,
prerrogativas, privilégios, poderes, recursos e facilidades por qualquer meio, incluindo a sub-locação por valor
inerentes aos cargos que desempenhem. não excedente ao da renda, destiná-los à preparação e
realização da campanha eleitoral, seja qual for o fim do
7. Em especial, a partir do sexagésimo dia anterior arrendamento e mesmo que haja disposição em contrário
à data marcada para as eleições, os titulares de cargos no respectivo contrato.
públicos não podem:
2. Os arrendatários, candidatos e subscritores das res-
a) Aprovar ou conceder subvenções, donativos, pectivas candidaturas são solidariamente responsáveis
patrocínios e contribuições a particulares; por todos os prejuízos causados pela utilização prevista
no número anterior.
b) Realizar cerimónias públicas de lançamento de
primeiras pedras ou de inauguração. Artigo 102º
pesquisa ou sondagem eleitoral em que seja 7. Não estão incluídos na proibição referida no número
possível identificar o entrevistado ou em que anterior a utilização de bandeiras e pendões, devendo os
haja manipulação de dados; partidos políticos ou candidatos promover a respectiva
remoção findas as eleições.
b) Usar de truncagem, montagem ou outro recurso
audio ou vídeo que, de qualquer forma, 8. É proibido o recurso à actuação de agrupamentos
degradem ou ridicularizem candidato, musicais ou de artistas na realização de comícios ou
partido, coligação ou lista, ou produzir ou reuniões públicas de campanha eleitoral.
difundir programa com esse efeito;
9. Exceptua-se do disposto no número anterior, a actu-
c) Difundir propaganda política ou opinião favorável ação de artistas e agrupamentos culturais tradicionais,
ou desfavorável a órgãos de soberania ou designadamente de música e de dança, de carácter mar-
autárquicos, ou a seus membros, e a candidato, cadamente local ou comunitário e de cariz amador.
partido, coligação ou lista; 10. A violação do disposto nos números 4, 5 e 6 consti-
d) Dar tratamento privilegiado a candidato, partido, tui contra-ordenação punível nos termos deste Código e
coligação ou lista; determina a apreensão dos bens e artigos envolvidos e a
sua perda a favor do Estado.
e) Difundir qualquer programa com alusão ou
crítica a candidato, partido, coligação ou 11. É igualmente proibido fazer propaganda eleitoral
lista, mesmo que dissimuladamente, excepto na véspera e no dia das eleições.
tratando-se de debates políticos ou sobre as Artigo 107º
eleições; (Liberdade de reunião e manifestação)
1. A propaganda sonora não carece de autorização, 1. A partir da publicação do diploma que marcar a
nem de comunicação às autoridades administrativas. data das eleições, é proibida a propaganda política feita,
directa ou indirectamente, através de qualquer meio
2. Sem prejuízo do disposto no número 7 do artigo de publicidade comercial, paga ou gratuita, seja qual
anterior não é admitida propaganda sonora antes das for o suporte ou o meio de comunicação utilizado para
oito, nem depois das vinte e três horas, salvo na abertura o efeito.
oficial da campanha.
2. O disposto no número anterior não é aplicável aos
Artigo 109º edifícios, espaços e publicações de carácter jornalístico que
(Propaganda gráfica)
sejam propriedade dos proponentes de candidaturas.
3. O disposto no nº 1 não é, também, aplicável à uti-
1. A propaganda gráfica nos espaços a ela reservados
lização de outdoors colocados em espaços estabelecidos
não carece de autorização nem de comunicação às auto-
nos termos do artigo 110º.
ridades administrativas.
Secção III
2. Não é admitida a afixação de material de propagan-
Órgãos de comunicação social
da gráfica, nem a realização de inscrições ou pinturas
murais em monumentos nacionais, em templos e edi- Artigo 114º
fícios religiosos, nos cemitérios, em quaisquer edificios (Publicações periódicas de entidades públicas)
públicos, do Estado, dos municipios ou de qualquer outra
pessoa colectiva pública, nos locais onde vão funcionar As publicações periódicas que sejam propriedade de
assembleias de voto, nos sinais de trânsito ou placas de entidades públicas inserem, obrigatoriamente, matéria
sinalização rodoviária, bem como em quaisquer outros respeitante aos actos eleitorais em todos os seus números
locais proibidos por posturas municipais. editados durante o período da campanha, pautando-se
pelos princípios estabelecidos no artigo seguinte.
3. Não é admitida a afixação de material de propaganda Artigo 115º
gráfica, nem a realização de inscrições ou pinturas murais
em edificios privados, salvo autorização dos respectivos (Deveres das publicações periódicas)
proprietários ou de quem, por qualquer modo, tenha a Sempre que incluam matéria relativa aos actos eleito-
fruição do prédio. rais, as publicações periódicas que não revistam a quali-
Artigo 110º dade de órgãos oficiais dos partidos políticos regem-se por
critérios de absoluta isenção e rigor, evitando qualquer
(Garantias de espaços especiais) discriminação entre as diferentes candidaturas, quer
quanto ao tratamento jornalístico, quer quanto ao volume
1. A câmara municipal estabelece, até ao termo do
dos espaços concedidos.
décimo dia anterior ao dia marcado para o início da cam-
panha eleitoral, espaços especiais destinados à afixação Artigo 116º
de material de propaganda gráfica política. (Estações de rádio e de televisão)
2. Os espaços a que se refere o número anterior são Todas as estações de rádio e de televisão são obrigadas
repartidos por todas as candidaturas, em termos que lhes a dar igual tratamento às diversas candidaturas.
garantam igualdade de condições e oportunidade.
Artigo 117º
Artigo 111º (Tempos de antena na rádio e televisão)
(Cedência de uso) 1. Durante os períodos de campanha eleitoral para as
Os dirigentes e órgãos dirigentes das entidades públi- eleições legislativas e presidenciais, as estações de rádio
cas devem, na medida do possível, assegurar a cedência e de televisão, independentemente do seu âmbito ou da
do uso para fins da campanha eleitoral, de edifícios e sua titularidade, facultam, gratuitamente, aos candida-
recintos pertencentes ao Estado e outras pessoas co- tos concorrentes a eleições presidenciais e aos partidos
lectivas de direito público, repartindo com igualdade a políticos ou coligações concorrentes a eleições legislativas
sua utilização pelos concorrentes nos círculos em que se que se apresentam num mínimo de cinco círculos eleito-
situarem tais edifícios ou recintos. rais, os tempos de antena seguintes:
Artigo 112º
a) Na rádio, um total de sessenta minutos diários
por cada estação, situados entre as doze
(Requisição) e as vinte e duas horas, de acordo com as
exigências da restante programação;
Em caso de comprovada carência de outros espaços,
a câmara municipal requisita, para fins de campanha b) Na televisão, um total de vinte minutos
eleitoral, as salas de espectáculos ou recintos que se diários por cada estação, situados entre as
mostrarem necessários, devendo os custos ser suportados vinte e vinte e duas horas, de acordo com as
pelos proponentes das candidaturas que as utilizarem. exigências da restante programação.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 23
2. Dentro dos períodos indicados nas alíneas a) e b) do o exercício do direito de antena em todas as estações de
número 1, os tempos de antena serão emitidos, em todas rádio e televisão, mesmo que o facto que a determinou
as estações de rádio e em todas as estações de televisão, se tenha verificado apenas numa delas.
simultaneamente, no mesmo horário, estabelecido pela
Comissão Nacional de Eleições, até ao quinto dia anterior 3. A suspensão do direito de antena é independente da
ao início da campanha eleitoral, ouvidos os concorrentes responsabilidade civil ou criminal.
e as estações. Artigo 120º
A Comissão Nacional de Eleições estabelece, preceden- 1. As receitas e despesas de campanha eleitoral são
do negociação, uma compensação financeira às estações objecto de registo contabilístico específico, separado de
privadas de rádio e de televisão pelo cumprimento do qualquer outra contabilidade pessoal, profissional ou
disposto no artigo anterior, tendo em conta os custos institucional dos concorrentes.
suportados e os lucros cessantes.
2. As receitas e despesas de campanha eleitoral são
Artigo 119º arrecadadas ou realizadas mediante cobranças e paga-
mentos feitos por via de moeda escritural e processadas
(Suspensão do direito de antena)
pela movimentação de uma conta bancária especial,
1. O direito de antena pode ser suspenso apenas quando, separada de qualquer outra, pessoal, profissional ou
em qualquer dos respectivos tempos de emissão se: institucional, dos concorrentes.
a) Use expressões ou imagens que possam 3. Os donativos em espécie são contabilizados discri-
constituir crime de difamação ou injúria, minando-se completamente o seu número ou quantidade,
ofensa às instituições democráticas, apelo à objecto e valor.
desordem ou à insurreição ou incitamento ao Artigo 123º
ódio, à violência ou à guerra;
(Administrador eleitoral)
b) Faça publicidade comercial;
Cada candidato presidencial, partido político, coli-
c) Faça propaganda a favor de outra candidatura, gação ou lista proposta por grupo de cidadãos designa
com ela concorrente. um administrador eleitoral responsável pela recolha de
fundos, pela contabilidade das receitas e despesas, pela
2. A suspensão é de entre um e cinco dias, consoante a movimentação da conta de campanha e pela apresentação
gravidade da falta e o seu grau de frequência, e abrange das contas eleitorais.
24 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 124º públicas, autarquias locais e seus organismos
(Receitas da campanha eleitoral) autónomos, bem como de pessoas colectivas
de utilidade pública administrativa;
1. A campanha eleitoral só pode ser financiada por:
c) Sociedades de capitais exclusiva ou
a) Contribuição de partidos políticos nacionais; maioritáriamente públicos e empresas
b) Subvenção do Estado; concessionárias de serviços públicos.
c) Donativos de pessoas singulares ou colectivas 2. Os candidatos presidenciais, os partidos políticos, as
nacionais residentes ou sediadas no país; coligações e as listas propostas por grupos de cidadãos
não podem igualmente receber a qualquer título contri-
d) Donativos de eleitores domiciliados no buições de natureza pecuniária ou em espécie de pessoas
estrangeiro; singulares ou colectivas não nacionais.
e) Produto de actividades de pré-campanha ou 3. Os candidatos presidenciais, os partidos políticos, as
campanha eleitoral; coligações e as listas propostas por grupos de cidadãos não
podem, ainda, receber, a qualquer título, contribuições de
f) Contribuições de candidatos;
natureza pecuniária ou em espécie de pessoas singulares
g) Produto de empréstimos contraídos em ou colectivas nacionais se, atentas as circunstâncias e
instituições de crédito instaladas no país. no quadro do dever de diligência exigível, for razoável a
2. As receitas de campanha eleitoral só podem ser en- suspeita de proveniência ilícita.
tregues aos respectivos beneficiários em moeda escritural Artigo 126º
e devem ser documentalmente comprovadas. (Contabilização de receitas e despesas)
3. A subvenção do Estado consiste na atribuição pela Cada candidato presidencial, partido político, coligação
Comissão Nacional de Eleições, até trinta dias depois dos ou lista proposta por grupo de cidadãos deve proceder à
prazos do artigo 131º, de uma verba, não inferior a sete- contabilização discriminada de todas as receitas e des-
centos e cinquenta escudos, por cada voto validamente pesas efectuadas com a apresentação das candidaturas
expresso, obtido nas eleições presidenciais e legislativas, e com a campanha eleitoral, indicando de forma precisa
e de quinhentos escudos nas eleições autárquicas, sub- a origem daquelas e o objecto destas, bem como os docu-
venção essa que deve ser revista regularmente, tendo em mentos de suporte dos respectivos lançamentos.
atenção a taxa de inflação acumulada. Artigo 127º
(Discriminação de despesas da campanha eleitoral)
4. As contribuições dos partidos políticos são comprova-
das por documentos emitidos pelos órgãos competentes, 1. As despesas da campanha eleitoral são discriminadas
com a identificação de quem as prestou. por categoria, juntando-se o correspondente documento
certificativo em relação a cada acto de despesa.
5. Os donativos de pessoas singulares ou colectivas,
2. Todas as despesas de candidatura e campanha
incluindo as contribuições dos candidatos, são documen-
eleitoral são satisfeitas pelas respectivas candidaturas,
tados por escrito assinado pelo doador e pelo administra-
salvo as decorrentes da participação individual directa e
dor eleitoral. Quando se trate de donativos em espécie,
imediata dos cidadãos e satisfeitas pelos próprios.
o respectivo documento comprovativo deve discriminar
Artigo 128º
completamente o seu número ou quantidade, o seu objecto
e o valor a ele atribuído, que não pode ser inferior ao seu (Limite de despesas e de subvenção do Estado)
valor de mercado. 1. Cada candidato presidencial, partido, coligação ou
6. As receitas produzidas por actividades de pré-cam- lista proposta por grupo de cidadãos não pode gastar em
panha ou campanha eleitoral são discriminadas com despesas eleitorais, por cada acto eleitoral, mais do que
referência à actividade, ao local e à data ou ao período 80% do montante global da subvenção do Estado prevista
da sua realização. para as eleições em causa.
2. Cada candidato presidencial, partido, coligação ou
7. O produto de empréstimos é comprovado por docu-
lista proposta por grupo de cidadãos não pode receber a
mento bastante da instituição de crédito.
título de subvenção do Estado, por cada acto eleitoral,
Artigo 125º mais do que 60% do montante global da subvenção do
(Financiamentos proibidos) Estado prevista para as eleições em causa.
1. Os candidatos presidenciais, os partidos políticos, as 3. Cada candidato presidencial, partido, coligação
coligações e as listas propostas por grupos de cidadãos, ou lista proposta por grupo de cidadãos não pode, para
bem como os respectivos mandatários e administrado- despesas eleitorais em cada acto eleitoral, contrair
res eleitorais não podem solicitar ou receber quaisquer empréstimos cujos capitais e juros ultrapassem 50% do
contribuições, directas ou indirectas, seja qual for a sua montante global da subvenção do Estado prevista para
natureza ou modalidade, provenientes de: as eleições em causa.
4. Quando uma lista concorra apenas a um ou a alguns
a) Serviços simples ou autónomos do Estado, fora do
dos círculos eleitorais, os limites estabelecidos nos numeros
quadro da subvenção referida no artigo 124º;
anteriores serão calculados em relação à subvenção
b) Associações de direito público, fundações correspondente aos eleitores do círculo ou círculos para
públicas, institutos públicos, empresas que concorra.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 25
Artigo 129º Artigo 135º
(Prestação das contas eleitorais) (Determinação das assembleias de voto)
No prazo de noventa dias a contar da proclamação 1. Até ao vigésimo quinto dia anterior ao das eleições, a
oficial dos resultados das eleições, cada candidato presi- Comissão Nacional de Eleições, ouvidos o serviço central
dencial, partido político, coligação ou lista proposta por de apoio ao processo eleitoral, os seus delegados, os parti-
grupo de cidadãos presta contas discriminadas da sua dos políticos legalmente constituídos e as câmaras muni-
candidatura e campanha eleitoral à Comissão Nacional cipais, determina o número e os locais das assembleias de
de Eleições. voto, bem como, por áreas geográficas ou administrativas,
Artigo 130º os eleitores que devem votar em cada uma delas.
(Responsabilidade pela apresentação das contas eleitorais) 2. Para efeitos de publicidade, a Comissão Nacional de
Pela prestação das contas eleitorais são responsáveis, Eleições remete ao serviço central de apoio ao processo
solidariamente, o administrador eleitoral e, conforme eleitoral e à Câmara Municipal, no prazo de quarenta e oito
couber, os candidatos presidenciais, os órgãos compe- horas, a determinação do número e dos locais das assem-
tentes dos partidos políticos ou das coligações e a lista bleias de voto e, por áreas geográficas ou administrativas,
proposta por grupo de cidadãos. dos eleitores que devem votar em cada uma delas.
Artigo 131º Artigo 136º
1. A Comissão Nacional de Eleições aprecia, no prazo 1. As assembleias de voto devem funcionar em local
de noventa dias, a legalidade das receitas e despesas e acessível a todos os eleitores, o mais perto possível da
a regularidade das contas eleitorais, podendo, para o residência dos mesmos, de modo a facilitar o exercício do
efeito, solicitar e obter, com prioridade, a assessoria da direito de voto, sem prejuízo do disposto no artigo 134º.
Inspecção-Geral de Finanças ou adquirir serviços inde-
2. Sempre que possível, será evitada a concentração de
pendentes de peritagem ou auditoria no mercado.
mais de duas assembleias de voto num mesmo edifício
2. Se a Comissão Nacional de Eleições verificar qual- ou a existência de assembleias de voto em edifícios que
quer irregularidade nas contas, notifica a candidatura distem entre si menos de duzentos metros, em ordem a
para apresentar, no prazo de quinze dias, novas contas prevenir a aglomeração excessiva de eleitores e a possi-
regularizadas. bilitar um ambiente de serenidade e tranquilidade junto
das assembleias de voto.
3. A Comissão Nacional de Eleições pronuncia-se sobre
as novas contas no prazo de quinze dias. 3. As assembleias de voto serão instaladas preferen-
Artigo 132º cialmente em locais que permitam o condicionamento
da circulação de pessoas que não sejam eleitores, com
(Sanção para a não prestação de contas eleitorais)
barreiras naturais ou artificiais, num perímetro de pelo
Se, nos prazos legais, as contas não forem apresentadas menos cem metros.
para apreciação da Comissão Nacional de Eleições ou, Artigo 137º
tendo-o sido, não forem consideradas regulares, fica
suspenso o pagamento da subvenção do Estado até que (Publicidade sobre as assembleias de voto)
a situação seja regularizada, sem prejuízo da aplicação 1. A partir do vigésimo dia anterior à data das eleições,
de coima, nos termos do presente Código. a determinação das assembleias de voto e dos eleitores
Artigo 133º que devem votar em cada uma delas são amplamente
(Publicação das contas) publicitadas pela Comissão Nacional de Eleições, pelos
meios adequados, para que possam ser conhecidos de
Apreciadas as contas, a Comissão Nacional de Eleições todos os eleitores, designadamente, através da:
ordena a sua publicação no Boletim Oficial e em jornais
dos mais lidos do país, no prazo de 30 dias. a) Remessa aos partidos políticos e às candidaturas
para divulgação;
CAPÍTULO VIII
b) Afixação em locais de concentração da população,
Assembleias de voto nas sedes das respectivas câmaras municipais,
Secção I suas delegações e no exterior dos locais onde
Organização irão funcionar as assembleias de voto, das
Casas do Cidadão e das Casas do Direito;
Artigo 134º
(Âmbito das assembleias de voto) c) Publicação em órgãos de comunicação social;
1. Em cada concelho constituem-se tantas assembleias d) Inserção nos sites da Comissão Nacional de
de voto quantas as necessárias, para que o número de Eleições e do serviço central de apoio ao
eleitores de cada uma não seja superior a quatrocentos processo eleitoral.
e cinquenta.
2. A publicitação das assembleias de voto no estrangei-
2. À área de cada posto de recenseamento corresponde, ro será feita pelos modos referidos nas alíneas a), c) e d) do
pelo menos, uma assembleia de voto. número 1 e ainda pela afixação em locais de concentração
26 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
3. As cópias referidas nos números anteriores são 3. Os suplentes, por ordem de designação, substituem
entregues, sob pena de contra-ordenação: os efectivos nas suas faltas e impedimentos.
a) Aos presidentes das mesas das assembleias 4. O exercício da função de membro de assembleia de
de voto, as que se destinam a eles e aos voto é obrigatório.
escrutinadores e mais uma de reserva, até Artigo 143º
três dias antes da data das eleições;
(Designação)
b) Às listas concorrentes e candidaturas, as
destinadas aos respectivos delegados até ao 1. Os membros das mesas das assembleias de voto são
décimo dia anterior ao das eleições; designados pela Comissão Nacional de Eleições, ouvidos
os partidos políticos e as candidaturas, até ao vigésimo
c) Aos delegados da Comissão Nacional de Eleições, dia anterior ao das eleições.
as a eles destinadas, até ao décimo dia anterior
ao das eleições. 2. Na composição das mesas das assembleias de voto
procurará a Comissão Nacional de Eleições assegurar o
4. Para efeitos do presente artigo as comissões de seu pluralismo, velando para que em cada mesa partici-
recenseamento poderão requisitar serviços, material e pem pessoas propostas por diferentes candidaturas e no
equipamentos a qualquer entidade pública. conjunto das mesas de cada concelho ou país, haja uma
participação equitativa de pessoas propostas por todas
Artigo 139º
as candidaturas.
(Local de funcionamento)
3. A designação dos membros das mesas deve ser-lhes
1. As assembleias de voto reúnem-se em edifícios notificada pessoalmente e com razoável antecedência.
públicos, de preferência escolas, ou sedes de câmaras
Artigo 144º
municipais que ofereçam as indispensáveis condições de
espaço, segurança e acesso. (Exclusão)
2. Na falta de edifício público adequado recorre-se a Não podem ser designados membros das mesas das
um edifício particular, requisitado ou arrendado para o assembleias de voto:
efeito.
a) Os candidatos, os mandatários e os delegados
3. Em caso algum será requisitado ou arrendado das candidaturas;
edifício que seja propriedade de ou esteja a ser ocupado
b) Os titulares dos órgãos de soberania;
por instituições partidárias, religiosas, candidatos, man-
datários, membros das assembleias de voto, dirigentes c) Os titulares dos órgãos municipais;
ou delegados de partidos ou candidaturas, autoridades
administrativas, agentes policiais ou militares ou ainda d) As autoridades e os agentes policiais ou militares;
pessoa ou entidade que seja notoriamente conotada com e) Os funcionários e agentes da administração
qualquer das candidaturas. eleitoral.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 27
Artigo 145º efectivos indispensáveis ao funcionamento da mesa, o
(Pressupostos e requisitos de designação) presidente chama os suplentes, por ordem de designação
ou, na falta de suplentes, designa, mediante acordo da
1. Os membros da mesa de voto são designados de entre maioria dos restantes membros e dos delegados das can-
os eleitores inscritos nos cadernos eleitorais do círculo didaturas, os substitutos dos membros ausentes, de entre
eleitoral, não sendo obrigatório que o sejam na assembleia cidadãos de reconhecida idoneidade e competência, em
de voto a cuja mesa pertecem. conformidade com os pressupostos, requisitos e critérios
2. Os membros de mesa da assembleia de voto devem estabelecidos no artigo 145º.
saber ler e escrever português e conhecer o essencial 2. Se, à hora referida no número anterior, o presidente da
do modo como se desenrolam as operações eleitorais, só mesa não estiver presente, será substituído pelo secre-
devendo, em regra, exercer as funções de presidente e tário e, supletivamente, pelos escrutinadores, por ordem
secretário, pessoas que possuam, pelo menos, o décimo de designação, ou pelos suplentes, também por ordem de
ano de escolaridade. designação, desde que preencham os requisitos e critérios
Artigo 146º estabelecidos no artigo 145º.
(Publicidade) 3. Se, apesar de constituída a mesa, se verificar a
falta de um dos seus membros, o presidente substitui-o
À designação dos membros de mesa das assembleias de voto
por qualquer eleitor pertencente à assembleia de voto,
é dada a devida publicidade, nos termos do artigo 137º.
mediante acordo da maioria dos restantes membros da
Artigo 147º mesa e dos delegados das candidaturas.
(Alvará) 4. Substituídos os faltosos ficam sem efeito as respec-
Com base na deliberação da Comissão Nacional de tivas designações.
Eleições, os delegados desta lavram alvarás de designa- Artigo 152º
ção dos membros das mesas das assembleias de voto nos (Permanência da mesa)
respectivos concelhos ou países.
1. A mesa, uma vez constituída, não pode ser alterada,
Artigo 148º
salvo caso de força maior.
(Formação obrigatória)
2. Da alteração da mesa e das suas razões é dada pu-
1. A Comissão Nacional de Eleições organizará, com blicidade através de edital a afixar à porta do edifício em
a necessária antecedência, a formação dos membros das que a assembleia funcionar.
mesas das assembleias de voto. Artigo 153º
2. A frequência da formação a que se refere o número (Quórum)
anterior é obrigatória.
Para a validade das operações eleitorais é necessária
Artigo 149º a presença, em cada momento, do presidente da mesa ou
(Constituição) do seu suplente e de, pelo menos, dois escrutinadores.
Artigo 154º
1. A mesa da assembleia de voto não pode constituir-
se antes da hora marcada para o início da reunião da (Competência do presidente)
assembleia, nem em lugar diverso do que tiver sido de- Compete ao presidente da mesa, designadamente:
terminado, sob pena de nulidade de todos os actos que
praticar e do respectivo acto eleitoral. a) Dirigir e orientar os trabalhos da mesa;
2. Constituída a mesa, é afixado à porta do edifício em b) Manter a ordem e, em geral, regular a polícia da
que estiver reunida a assembleia de voto um edital assi- assembleia;
nado pelo presidente, contendo os nomes e os números de c) Requisitar a presença de força armada nos
inscrição no recenseamento dos cidadãos que compõem termos deste Código;
a mesa, bem como o número de eleitores inscritos nessa
d) Remeter à assembleia de apuramento geral toda
assembleia.
a documentação respeitante à mesa a que
Artigo 150º preside.
(Hora de comparência dos membros das mesas) Artigo 155º
com o apoio da força pública, os boletins de voto de cada b) Exemplares do Manual de Instruções aos
assembleia de voto, em sobrescrito fechado e devidamente Membros das Mesas editado pela Comissão
lacrado, contendo um número de boletins igual ao dos Nacional de Eleições;
eleitores inscritos na mesma assembleia de voto, acres-
cido de mais quinze por cento, até quatro dias antes da c) Urnas vazias, não transparentes e suficientemente
data marcada para as respectivas eleições, sob supervisão grandes para evitar que se acumulem os
e controlo da Comissão Nacional de Eleições. boletins de voto na ordem por que foram
introduzidas e com a ranhura vedada com
2. Os envelopes contendo os boletins de voto serão tiras de papel, plástico ou pano fortes;
guardados em cofre-forte de instituição bancária ou de
instituição pública, só podendo ser levantados pelo de- d) Câmaras de voto, indevassáveis, que garantam,
legado da Comissão Nacional de Eleições para entrega de modo absoluto, o segredo de voto;
aos presidentes das mesas das assembleias de voto.
e) Material necessário para vedar a ranhura da
3. Até às doze horas da véspera das eleições, os de- urna, finda a votação;
legados da Comissão Nacional de Eleições procedem à
distribuição dos envelopes contendo boletins de voto aos f) Tinta indelével, se couber;
presidentes das mesas das assembleias de voto. g) Formulários para editais, reclamações, protestos
4. Para efeitos do presente artigo a Comissão Nacional e contra-protestos;
de Eleições e os respectivos delegados podem requisitar,
h) Envelopes para a guarda dos boletins, a enviar
gratuitamente, de qualquer entidade pública, serviços,
para diferentes destinos;
equipamentos, viaturas e instalações.
5. A Comissão Nacional de Eleições remete a cada i) Lacre;
lista ou candidatura concorrente um fac simile de cada j) Senhas numeradas, para efeitos do artigo 224º;
tipo de boletim de voto, rubricado pelo seu Presidente e
autenticado com o selo branco em uso. k) Outro material julgado necessário ao regular
Artigo 167º funcionamento das mesas.
(Comissão ad hoc) Artigo 170º
1. A confecção e a distribuição dos boletins de voto são (Entrega do material de trabalho das mesas)
fiscalizadas por uma comissão ad hoc, composta por um
representante da Comissão Nacional de Eleições e de O delegado da Comissão Nacional de Eleições entrega
cada um dos candidatos presidenciais, partidos, coliga- ou envia a cada presidente de mesa de assembleia de
ções ou grupos de cidadãos concorrentes. voto, até três dias antes do designado para as eleições,
os materiais referidos no artigo 169º, em quantidade
2. O funcionamento da comissão referida no número julgada suficiente para o bom funcionamento da mesa
anterior será regulado por deliberação da Comissão da assembleia de voto.
Nacional de Eleições, ouvidos os partidos políticos e as
Artigo 171º
candidaturas.
Artigo 168º (Diligências para a obtenção dos elementos de trabalho da mesa)
(Devolução dos boletins de voto não utilizados ou 1. Os presidentes das mesas das assembleias de voto
inutilizados)
que não tiverem recebido, no prazo estabelecido no artigo
Os presidentes das mesas das assembleias de voto 170º os elementos de trabalho da mesa devem rapida-
prestam contas ao respectivo delegado da Comissão mente diligenciar pela sua obtenção.
Nacional de Eleições, dos boletins que tiverem recebido,
devendo devolver-lhe, no dia seguinte ao das eleições, os 2. O serviço central de apoio ao processo eleitoral e
boletins não utilizados e os deteriorados ou inutilizados os delegados da Comissão Nacional de Eleições devem
pelos eleitores. adoptar as providências que se mostrarem necessárias
para assegurar o cumprimento do disposto no artigo
SUB-Secção II
170º, promovendo o suprimento, no mais curto prazo, de
Outros elementos de trabalho das mesas das assembleias de qualquer omissão ou deficiência.
voto
Secção V
Artigo 169º
(Material indispensável ao funcionamento das mesas) Fiscalização das mesas das assembleias de voto
excepto quanto à dispensa do dever de comparência ao proposta do responsável dos serviços consulares, ouvidos
posto de emprego ou serviço, concedendo-se-lhe, no en- os partidos políticos e as candidaturas presidenciais e
tanto, a dispensa para a véspera, o dia das eleições e o procurando-se assegurar o seu pluralismo.
dia seguinte.
2. Da decisão referida no número anterior cabe recurso
2. O disposto no número 1 não se aplica aos delegados para o Tribunal da Comarca da Praia.
que prestem serviço a entidades não nacionais ou que
Artigo 189º
estejam sob a jurisdição criminal dos respectivos Estados
de residência. (Local, dia e hora de funcionamento)
Secção VII
As assembleias de voto reunem-se no dia marcado
Contencioso para as eleições às oito horas em local apropriado para
o exercício do direito de voto.
Artigo 183º
Artigo 190º
(Recursos)
(Encerramento)
Das deliberações da Comissão Nacional de Eleições
relativas à organização das assembleias de voto cabe 1. A admissão de eleitores na assembleia de voto faz-se
recurso nos termos do artigo 20º. até às dezoito horas.
Artigo 184º
2. O presidente declara encerrada a votação logo que
(Legitimidade) tiverem votado todos os eleitores inscritos ou presentes
na assembleia de voto até às dezoito horas do país no
Têm legitimidade para interpor recurso os candida- qual decorreu a votação.
tos presidenciais, os partidos políticos e as coligações
concorrentes às eleições no círculo eleitoral, bem como CAPÍTULO IX
os respectivos mandatários nacionais ou concelhios e
ainda os mandatários das listas propostas por grupos Sufrágio
de cidadãos.
Secção I
Artigo 185º
Exercício do direito de voto
(Decisão)
Artigo 191º
O tribunal de comarca decide definitivamente, no prazo
(Natureza)
de 48 horas, sem possibilidade de recurso.
Secção VIII O voto não é obrigatório, mas constitui um dever cívico.
Assembleias de voto no estrangeiro Artigo 192º
(Âmbito das assembleias de voto) 1. O direito de voto só pode ser exercido pessoalmente
Em cada círculo eleitoral do estrangeiro constituem-se pelo cidadão eleitor.
tantas assembleias de voto quantas as necessárias para 2. Não é admitida nenhuma forma de representação
que o número de eleitores de cada assembleia não seja ou delegação.
superior a quatrocentos e cinquenta.
Artigo 193º
Artigo 187º
(Presencialidade)
(Determinação das assembleias de voto)
1. A Comissão Nacional de Eleições determina, sob O direito de voto é exercido presencialmente em as-
proposta do responsável dos serviços consulares e até ao sembleia de voto pelo cidadão eleitor, salvo o disposto
vigésimo dia anterior ao dia das eleições, o número e os nos artigos 213º, 214º e 215º.
locais das assembleias de voto e, por áreas geográficas Artigo 194º
ou administrativas, os eleitores que devem votar em
cada uma delas. (Facilidades para o exercício do direito de voto)
2. A proposta referida no número anterior é apresenta- Os responsáveis pelas empresas ou serviços em activi-
da mediante prévia audição dos partidos políticos e das dade no dia das eleições devem facilitar aos respectivos
candidaturas presidenciais. trabalhadores licença pelo tempo suficiente para o exer-
cício do direito de voto.
Artigo 188º
Artigo 195º
(Designação dos membros da mesa)
(Unicidade de voto)
1. Os membros das mesas das assembleias de voto
são designados pela Comissão Nacional de Eleições, sob A cada eleitor é permitido votar só uma vez.
32 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 196º 3. As reclamações, os protestos e os contraprotestos
(Segredo de voto) têm de ser obrigatoriamente objecto de deliberação da
mesa, que pode deixar para final se entender que isso
1. O voto é secreto e ninguém pode ser, sob qualquer não afecta o andamento normal da votação.
pretexto, obrigado a revelar o sentido do seu voto.
4. Todas as deliberações da mesa são tomadas por
2. Dentro da assembleia de voto e fora dela, até à dis- maioria dos membros presentes e fundamentadas, tendo
tância de quinhentos metros, ninguém pode revelar em o presidente voto de qualidade.
que sentido vai votar ou votou.
Artigo 202º
3. Salvo para o efeito de recolha de dados estatísticos (Continuidade das operações eleitorais)
confidenciais e não identificáveis e sempre sem prejuízo
do disposto no número 1, ninguém pode ser perguntado A assembleia de voto funciona ininterruptamente até
sobre o seu voto por qualquer entidade. serem concluídas todas as operações de votação e apu-
ramento parcial.
Artigo 197º
Artigo 203º
(Abertura de serviços públicos)
(Não realização da votação em qualquer assembleia de voto)
No dia das eleições, durante o período de funcionamen-
to das mesas das assembleias de voto, os serviços públicos 1. Não pode realizar-se a votação em qualquer as-
necessários ao apoio às eleições podem ser abertos, por sembleia de voto se a mesa não se puder constituir ou
despacho conjunto dos membros de Governo responsáveis ocorrer qualquer anomalia que determine a interrupção
pela área da administração pública e pelo serviço central das operações eleitorais por mais de três horas ou se,
de apoio ao processo eleitoral. na área correspondente à assembleia de que se trata,
se registar alguma calamidade ou grave perturbação da
Artigo 198º
ordem pública no dia marcado para as eleições ou nos
(Requisitos do exercício do direito de voto) dias anteriores.
Para que o eleitor seja admitido a votar deverá estar 2. No caso previsto no número anterior, as eleições
inscrito no caderno eleitoral e ver reconhecida pela mesa é repetida no dia seguinte, considerando-se sem efeito
a sua identidade. quaisquer actos que eventualmente tenham sido prati-
Artigo 199º cados na assembleia interrompida ou não iniciada.
(Local de voto) 3. Na hipótese de, pelas mesmas razões, se tornar
impossível a repetição completa da votação prevista no
1. O direito de voto é exercido apenas na assembleia
número anterior, não voltará a mesma a repetir-se, sem
de voto correspondente ao local onde o eleitor esteja
que esse facto invalide o resultado geral das eleições.
recenseado.
4. O reconhecimento da impossibilidade de as eleições
2. Exceptuam-se do disposto no nº 1 os membros da
se efectuarem nos termos dos números 1 e 2 compete ao
mesa da assembleia de voto, que podem exercer o seu
delegado da Comissão Nacional de Eleições.
direito de voto na assembleia em que desempenhem fun-
ções, desde que o tenham requerido, até dez dias antes da Artigo 204º
data das eleições, ao serviço central de apoio ao processo (Polícia da assembleia de voto)
eleitoral que providenciará o aditamento e supressão cor-
respondentes do nome do membro nos cadernos eleitorais 1. Compete ao presidente da mesa, coadjuvado pelos
pertinentes, com anotação do respectivo motivo. demais membros desta, assegurar a liberdade dos elei-
tores, manter a ordem e, em geral, regular a polícia da
Artigo 200º assembleia, adoptando para esse efeito as providências
(Proibição de fornecimento de bebidas alcoólicas) necessárias.
No dia das eleições é proibido o fornecimento e o consu- 2. Não são admitidos na assembleia de voto e são
mo de bebidas alcoólicas num raio de quinhentos metros mandados retirar pelo presidente os cidadãos que se
das assembleias de voto. apresentem manifestamente embriagados, os que forem
Secção II
portadores de qualquer arma, os notoriamente demen-
tes e os que, por qualquer forma, perturbarem a ordem
Princípios gerais de funcionamento das assembleias de voto
pública ou o funcinamento da assembleia.
Artigo 201º
Artigo 205º
(Dúvidas, reclamações, protestos e contraprotestos) (Proibição de influenciação e pressão sobre os eleitores junto
das assembleias de voto)
1. Qualquer eleitor inscrito na assembleia de voto,
mandatário ou delegado, pode apresentar, oralmente ou 1. É proibida qualquer forma de propaganda eleito-
por escrito, reclamação, protesto ou contraprotesto sobre ral, de pressão ou influenciação dos eleitores dentro
as operações eleitorais da mesma assembleia, instruindo- das assembleias de voto e fora delas até à distância de
os com os documentos convenientes. quinhentos metros.
2. A mesa não pode negar-se a admitir as reclamações, 2. Por propaganda entende-se também a exibição de
os protestos e os contraprotestos devendo rubricá-los e símbolos, siglas, sinais, distintivos ou autocolantes de
apensá-los às actas. qualquer candidatura ou lista.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 33
3. As autoridades policiais, a pedido do presidente da 3. São também proibidas no dia das eleições, antes
mesa ou do delegado da Comissão Nacional de Eleições, do encerramento de todas as assembleias de voto, as
delimitarão e condicionarão o acesso ao espaço exterior notícias, imagens ou outros elementos de reportagem
às assembleias de voto referido no n.º 1. susceptíveis de constituir ou ser interpretados, de for-
ma directa ou indirecta, expressa ou subliminar, como
4. O não acatamento das determinações referidas no indicação de voto.
número anterior fará incorrer o infractor em crime de
desobediência a autoridade pública, punível nos termos Artigo 210º
da lei, se outra sanção mais grave não resultar de outras (Proibição da presença de força armada e excepção)
disposições deste Código.
1. Nos locais onde se reunem as assembleias de voto
Artigo 206º e num raio de cinquenta metros é proibida a presença
(Proibição da presença de estranhos) de força armada, salvo se o comandante desta possuir
indícios seguros de que sobre os membros da mesa se
1. Somente podem entrar e permanecer no local onde exerce coação de ordem física ou moral que impeça a
estiver reunida a assembleia de voto, os seus mem- requisição daquela força.
bros, o delegado ou membros da Comissão Nacional de
Eleições, os agentes dos serviços centrais de apoio ao 2. Uma vez verificado o disposto na última parte do nú-
processo eleitoral, os candidatos ou seus mandatários, mero anterior, a força armada pode intervir por iniciativa
um delegado de mesa e um delegado de círculo de cada do seu comandante, a fim de assegurar a genuinidade
uma das candidaturas concorrentes e, durante o tempo do processo eleitoral, devendo retirar-se assim que pelo
necessário ao exercício do voto, um ou mais eleitores, presidente, ou quem o substitua, seja formulado pedido
como organizado pela mesa. nesse sentido ou quando verifique que a sua presença já
não se justifica.
2. O presidente da mesa deve mandar sair do local onde
funciona a assembleia de voto todas as demais pessoas. 3. Sempre que entenda necessário, o comandante da força
armada, ou seu delegado credenciado, pode visitar, desar-
Artigo 207º mado, a assembleia de voto, a fim de estabelecer contacto
(Órgãos de comunicação social) com o presidente da mesma ou quem o substitua.
Exceptuam-se ainda do disposto no artigo anterior os 4. Quando for necessário pôr termo a algum tumulto
profissionais dos órgãos de comunicação social, os quais ou obstar a qualquer agressão ou violência, quer dentro
devem identificar-se perante a mesa antes de iniciarem a do edifício da assembleia, quer na sua proximidade ou,
sua actividade, exibindo documento comprovativo da sua ainda, em caso de desobediência, pode o presidente da
profissão e credencial do órgão que representam. mesa requisitar a presença de força armada, em regra
por escrito ou, em caso de impossibilidade, com menção
Artigo 208º na acta eleitoral das razões da requisição e do período
(Deveres dos órgãos de comunicação social) de presença da força armada.
Os profissionais de comunicação social que, no exercício 5. Nos casos previstos nos números 1, 2 e 4 as operações
das suas funções, se desloquem às assembleias de voto eleitorais são suspensas até que o presidente considere
têm os seguintes deveres: verificadas as condições para que possam prosseguir, sob
pena de nulidade das eleições na respectiva assembleia
a) Não colher imagens, nem realizar qualquer acto de voto.
que possa, de algum modo, comprometer o Artigo 211º
carácter secreto do voto;
(Exclusões para assembleias de voto no estrangeiro)
b) Não obter outros elementos de reportagem que
possam violar o segredo do voto, quer no No estrangeiro, não são aplicáveis as normas relativas
interior da assembleia, quer no exterior dela, aos poderes e prerrogativas das assembleias de voto, às
até à distância de quinhentos metros; respectivas mesas e ao voto antecipado, quando elas se
mostrem compatíveis apenas com a realização das elei-
c) De um modo geral, não perturbar o acto eleitoral. ções no território nacional, sem prejuízo da observância
Artigo 209º
dos princípios fundamentais do processo eleitoral consig-
nados na Constituição e neste Código.
(Difusão e publicação de notícias e reportagens)
CAPÍTULO X
1. As notícias, as imagens ou outros elementos de
reportagem colhidos nas assembleias de voto, incluindo Modos especiais de votação
os resultados do apuramento parcial, só podem ser di- Secção I
fundidos ou publicados após o encerramento de todas as Voto dos invisuais e dos portadores de deficiência
assembleias de voto.
Artigo 212º
2. São proibidas, no dia das eleições, as notícias, ima- (Requisitos e modo de exercício)
gens ou outros elementos de reportagem que possam
antecipar os resultados dos apuramentos parciais, antes 1. Os eleitores invisuais e os portadores de deficiência
da conclusão das respectivas operações. física notória e que por via disso estejam na impossibili-
34 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
dade de efectuar por si próprios as diferentes operações em estabelecimento de saúde ou prisional, pode diri-
de voto, votam acompanhados de um cidadão eleitor da gir-se, por escrito, ao presidente da câmara municipal
sua escolha, não candidato ou mandatário, que garanta correspondente ao concelho onde se encontre recenseado,
a fidelidade de expressão do seu voto, ficando o acompa- manifestando a sua vontade de exercer antecipadamente
nhante obrigado a absoluto sigilo. o seu direito de voto, identificando-se mediante fotocópia
autenticada de qualquer dos documentos referidos no
2. A mesa deve, fora da presença do acompanhante, artigo 223º e, se não for do cartão de eleitor, juntando
averiguar junto do eleitor se deseja ser acompanhado e certidão de inscrição nos cadernos de recenseamento do
se o acompanhante foi por ele livremente escolhido. concelho e documento comprovativo das situações que
3. Caso conclua que a escolha do acompanhante não legitimam o voto antecipado.
foi livre, inquirirá o eleitor sobre o acompanhante que
2. No décimo primeiro dia anterior às eleições, o presi-
deseja e promoverá a sua convocação, para que o eleitor
dente de Câmara Municipal manda entregar nas sedes
possa votar.
das candidaturas concorrentes e afixar no exterior do
4. A mesa, quando entenda que não pode verificar a edifício da câmara municipal a lista dos eleitores que
autenticidade das circunstâncias referidas no número solicitaram o voto antecipado, para reclamação, até às
antecedente, solicita ao eleitor a apresentação de certi- dezoito horas do dia seguinte, devendo as reclamações
ficado comprovativo, passado pelo delegado de saúde no ser decididas e notificadas aos reclamantes, no prazo
concelho ou ainda pelo médico responsável pelo centro máximo de dezoito horas, com recurso verbal para o
de saúde local. juiz da comarca competente, que, para receber e decidir
definitivamente, os recursos interpostos, se deslocará à
Secção II
sede da câmara municipal, das catorze às dezoito horas,
Voto antecipado do oitavo dia anterior ao das eleições.
Artigo 213º
3. O exercício do voto antecipado terá lugar entre o séti-
(A quem é facultado) mo e o quinto dias anteriores ao da eleição, diariamente,
das dezoito às vinte e uma horas, perante o presidente
1. Podem votar antecipadamente: da câmara municipal ou o seu substituto e o delegado da
a) Os militares, os agentes das forças policiais ou Comissão Nacional de Eleições.
dos serviços de segurança, os trabalhadores
4. No acto de voto antecipado, o eleitor identifica-se,
dos serviços de saúde ou da protecção civil,
nos termos do artigo 223º, e o presidente da câmara mu-
que no dia da realização das eleições estejam
nicipal entrega-lhe um boletim de voto e dois envelopes,
impedidos de se deslocar à assembleia de voto
destinando-se um dos envelopes a receber o boletim de
por imperativo inadiável de exercício das suas
voto e o outro a conter o envelope anterior, e o documento
funções;
comprovativo do impedimento a que se refere o número 1,
b) Os trabalhadores marítimos e aeronáuticos, que tendo aposta na face a indicação “Voto Antecipado”.
por força da sua actividade profissional se
encontrem presumivelmente embarcados no 5. O eleitor preenche o boletim, em condições que ga-
dia da realização das eleições. rantam o segredo de voto, dobra-o em quatro e introdu-lo
no primeiro envelope, o qual é devidamente fechado, na
2. Podem ainda votar antecipadamente: presença do eleitor, pelo presidente da Câmara Munici-
pal, sendo assinado no verso por ambos.
a) Os eleitores que por motivo de doença se
encontrem internados em estabelecimento 6. O envelope é, a seguir, introduzido no segundo
hospitalar; envelope, juntamente com o documento comprovativo
do impedimento a que se refere o número 1, sendo este
b) Os eleitores que se encontrem presos.
último envelope devidamente fechado e lacrado, na pre-
c) Os membros de mesa de assembleia de voto sença do eleitor.
inscritos em assembleia de voto diferente;
7. O presidente da câmara municipal elabora, em
d) Os candidatos inscritos em círculo diferente duplicado, recibo comprovativo do exercício do direito
daquele por que concorrem; de voto antecipado, do qual consta o nome do eleitor e
seu domicílio, número do documento de identificação,
e) Os jornalistas deslocados para concelho diferente
número de inscrição no recenseamento e assembleia de
ou para o estrangeiro em missão de serviço,
voto a que pertence, assinando-o, autenticando-o com
comprovada mediante declaração passada
o carimbo ou selo branco do município e entregando o
pelo responsável máximo do órgão.
original ao eleitor.
Artigo 214º
8. O presidente da Câmara Municipal entrega ao eleitor
(Modo de exercício do direito de voto antecipado
o comprovativo do voto antecipado, endereça o segundo
por eleitores que não estejam doentes ou reclusos)
envelope à mesa da assembleia de voto do eleitor e manda
1. Entre o décimo quinto e o décimo segundo dias entregá-lo, contra recibo, ao respectivo presidente, até
anteriores ao designado para as eleições, o eleitor nas ao momento imediatamente anterior ao previsto no nº
condições do artigo anterior, que não esteja internado 2 do artigo 220º.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 35
9. Em caso de necessidade, o presidente da mesa pode (Contagem dos votantes e dos boletins de voto)
esclarecer o eleitor sobre a forma de exercício do direito
de voto sem influir, de modo algum, na sua escolha. 1. Encerrada a operação preliminar prevista no artigo 225º,
o presidente da mesa da assembleia de voto manda con-
10. Uma vez exercido direito de voto, o eleitor retira-se tar os votantes pelas descargas efectuadas nos cadernos
do local da votação. eleitorais.
11. Quando, excepcionalmente, se mostrar objectiva-
2. Concluída essa contagem, o presidente manda
mente impossível a verificação da identidade do eleitor,
abrir a urna, a fim de conferir o número de boletins de
nos termos estabelecidos no n.º 3, a verificação efectuar-
voto entrados, voltando a introduzí-los aí no termo da
se-á nos termos que forem regulamentados pela Comissão
contagem.
Nacional de Eleições, podendo esta ainda autorizar o uso
de tinta indelével. 3. Se a divergência entre o número de votantes apura-
Artigo 224º dos nos termos do n.º1 e o dos boletins de voto for superior
a dois, será o apuramento suspenso, fazendo-se constar
(Encerramento da votação)
da acta o incidente e remetendo-se a urna, devidamente
1. A admissão de eleitores na assembleia de voto faz- vedada e lacrada, os cadernos eleitorais usados e a acta
se até às dezoito horas. ao juiz da comarca, para decisão sobre a validade ou não
2. À hora referida no número anterior, o presidente das eleições, no prazo de vinte e quatro horas, na presença
da mesa faz entregar senhas numeradas e rubricadas dos delegados das candidaturas, que serão notificados
a todos os eleitores presentes e, em seguida, convida- para comparecerem sob pena de lei.
os a entregar à mesa, através de um dos membros que 4. Se o juiz entender que a divergência resultou de
destaque para o efeito, os respectivos documentos de fraude, anulará a eleição, comunicando a sua decisão aos
identificação, para que sejam admitidos a votar. mandatários dos concorrentes, ao presidente da mesa da
3. A votação continuará pela ordem numérica das assembleia de voto e à Comissão Nacional de Eleições,
senhas, sendo os documentos de identificação devolvidos a quem, também, remeterá os materiais referidos no
aos eleitores, à medida que forem votando. número 3.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 37
Artigo 246º
e) Na determinação dos candidatos eleitos por cada
lista. (Remessa de documentação eleitoral)
Artigo 241º 1. Feito o apuramento parcial nos termos do presente
(Termo do apuramento geral) Código, o presidente da mesa da assembleia de voto remete
ao posto consular, embaixada ou representação diplomática,
1. O apuramento geral fica concluído até ao terceiro
em articulação com o delegado da Comissão Nacional de
dia posterior às eleições, sem prejuízo do disposto no
Eleições, e até ao dia imediato ao das eleições, as actas, os
número seguinte.
cadernos eleitorais usados pelos membros da mesa, os enve-
2. Em caso de adiamento ou declaração de nulidade da lopes e pacotes referidos nos artigos 231º e 232º, os boletins
votação em qualquer assembleia de voto, a assembleia de voto nulos e aqueles sobre os quais haja reclamação ou
de apuramento geral reúne-se no dia seguinte ao da vo- protesto, bem como os demais documentos respeitantes à
tação ou ao do reconhecimento da sua impossibilidade, eleição, para que sejam reencaminhados à Comissão Nacional
nos termos do artigo 203º, para completar as operações de Eleições, como assembleia de apuramento geral ou lhes dar o
de apuramento do círculo eleitoral respectivo. destino legal.
Artigo 242º 2. A documentação referenciada no número antece-
(Publicação dos resultados) dente, até ao envio à Comissão Nacional de Eleições, fica
sob a responsabilidade do Delegado desta.
Os resultados do apuramento geral são anunciados
pelo presidente, publicados por meio de edital afixado 3. Os responsáveis dos serviços consulares enviam à
à porta da câmara municipal, divulgados através dos Comissão Nacional de Eleições:
órgãos de comunicação social e imediatamente enviados
a) Imediatamente, toda a documentação referida
à Comissão Nacional de Eleições.
no número 1 por transmissão electrónica de
Artigo 243º dados ou através de telecópia;
(Acta de apuramento geral)
b) No prazo de quarenta e oito horas, toda a
1. Do apuramento geral é imediatamente lavrada acta, documentação referida no número anterior por
donde constam o dia e a hora em que a assembleia se cons- correio ou outra via considerada adequada.
40 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 247º CAPÍTULO XIII
(Apuramento geral) Contencioso eleitoral
1. A Comissão Nacional de Eleições, no terceiro dia Artigo 252º
posterior ao dia das eleições, reúne-se como assembleia
(Recursos contenciosos)
de apuramento geral dos resultados eleitorais de cada
círculo no estrangeiro, com base na documentação rece- 1. As irregularidades ocorridas no decurso da votação
bida nos termos do artigo anterior. e apuramento, em cada assembleia de voto, podem
ser objecto de reclamação, protesto ou contraprotesto
2. Pode assistir, sem direito a voto, mas com direito de para a mesa respectiva nos termos do artigo 201º e da
reclamação, protesto e contra protesto, um mandatário decisão desta cabe recurso para o Supremo Tribunal de
para cada concorrente. Justiça.
3. Cada mandatário pode fazer-se acompanhar de um 2. Da decisão sobre a reclamação ou protesto podem
assistente. recorrer, além do apresentante da reclamação ou pro-
Artigo 248º testo, os candidatos presidenciais e os candidatos à
eleição pelo respectivo círculo, bem como os respectivos
(Delegados dos partidos políticos)
mandatários.
Os partidos políticos nomeiam delegados, nos termos
3. A petição específica os fundamentos de facto e de
do presente Código.
direito do recurso e é acompanhada de todos os elementos
Secção IV de prova.
Estatuto dos membros da assembleia de apuramento geral Artigo 253º
Artigo 249º (Prazos)
(Remissão) 1. O recurso é interposto no prazo de dois dias a contar
É aplicável aos membros da assembleia de apuramento do dia da prática do acto objecto de reclamação, protesto
geral o estatuto dos membros das mesas das assembleias ou contraprotesto e deve ser decidido no prazo de três
de voto. dias.
Sem prejuízo do disposto no artigo 263º e para facili- À prática de crimes eleitorais por parte de funcionários
tação do processo eleitoral, a Comissão Nacional de Elei- públicos no exercício das suas funções pode corresponder,
ções, sob proposta do serviço central de apoio ao processo independentemente da medida da pena principal, a pena
eleitoral, pode aprovar modelos de documentação e de acessória de demissão, sempre que o crime tiver sido
actos processuais eleitorais que devam ser reduzidos a praticado com flagrante e grave abuso das funções ou
escrito, para uso facultativo dos intervenientes no pro- com manifesta e grave violação dos deveres que lhe são
cesso eleitoral. inerentes, atenta a concreta gravidade do facto.
Artigo 271º Artigo 276º
Os modelos a que se refere o artigo anterior são publi- 1. Qualquer partido político pode constituir-se assis-
cados na II Série do Boletim Oficial. tente em processo penal relativo aos crimes previstos
neste Código.
CAPÍTULO XVI
2. Qualquer candidato presidencial ou membro de lista
Ilícito eleitoral apresentada por grupo de cidadãos pode constituir-se
Secção I assistente em processo penal relativo aos crimes previs-
tos neste Código e praticados em eleição na qual tenha
Princípios gerais concorrido.
Artigo 272º Artigo 277º
As sanções cominadas no presente Código não excluem O procedimento criminal pelos crimes eleitorais pres-
a aplicação de outras mais graves, decorrentes da prática creve no prazo de dois anos a contar da data da prática
de quaisquer infracções previstas noutras leis. do facto punível.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 43
Artigo 278º Artigo 284º
2. Quem promover a sua inscrição mais de uma vez Os membros das comissões de recenseamento que
será punido com pena de prisão até um ano ou com pena recusarem a passagem de certidões de recenseamento a
de multa até dois anos. eleitores que nele se encontrem inscritos ou que passem
certidões falsas serão punidos com pena de prisão até
Artigo 281º seis meses ou com pena de multa até um ano.
(Obstrução à inscrição) Artigo 287º
Quem com violência, ameaça ou intuito fraudulento (Recusa de entrega de cartão de eleitor)
induzir um eleitor a não se inscrever no recenseamento
eleitoral ou o levar a inscrever-se fora do local ou do prazo Quem se recusar a entregar o cartão de eleitor ao res-
devido será punido com pena de prisão até dois anos. pectivo titular será punido com pena de prisão até seis
meses ou com pena de multa até um ano.
Artigo 282º
Artigo 288º
(Obstrução à detecção de duplas inscrições)
(Falsificação do cartão de eleitor)
Quem obstruir a detecção de duplas inscrições será
punido com pena de prisão até um ano ou com pena de Quem com intuito fraudulento, modificar ou susbstituir
multa até dois anos. o cartão de eleitor será punido com pena de prisão até
dois anos.
Artigo 283º
Artigo 289º
(Violação de deveres relativos à inscrição)
(Falsificação de cadernos de recenseamento)
1. São punidos com pena de prisão até um ano ou com
pena de multa até dois anos os membros das comissões Quem por qualquer modo alterar, viciar, substituir,
de recenseamento que: suprimir, destruir ou compuser falsamente os cadernos
de recenseamento será punido com pena de prisão até
a) Se recusarem a inscrever no recenseamento um três anos.
eleitor que haja promovido a sua inscrição;
Sub-Secção III
b) Procederem à inscrição ou à transferência Crimes relativos à campanha eleitoral
indevida de um eleitor no recenseamento;
Artigo 290º
c) Eliminarem indevidamente a inscrição de
eleitor no recenseamento; (Violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade)
d) Se recusarem a efectuar as eliminações oficiosas Quem, no exercício das suas funções, infringir os
a que estão obrigados pelo presente Código. deveres de neutralidade ou imparcialidade a que esteja
legalmente obrigado perante as diversas candidaturas,
2. A negligência é punida com multa até um ano. será punido com pena de prisão até dois anos.
44 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 291º Artigo 296º
urna com os boletins de voto nela recolhidos, mas ainda de que vote ou deixe de votar ou porque votou ou não vo-
não apurados, ou se apoderar de um ou mais boletins de tou em certo sentido, ou ainda porque participou ou não
voto em qualquer momento, desde a abertura da assem- participou em campanha para as eleições, será punido
bleia de voto até ao apuramento geral das eleições, será com pena de prisão até dois anos, sem prejuízo da nuli-
punido com pena de prisão até três anos. dade da sanção e da automática readmissão no emprego
Artigo 304º
se o despedimento tiver chegado a efectivar-se.
Artigo 311º
(Não facilitação do exercício do direito de voto)
(Fraude e corrupção de eleitor)
Os responsáveis pelos serviços e pelas empresas em
actividade no dia das eleições que não facilitarem aos seus 1. Quem, por causa das eleições, oferecer, prometer
respectivos funcionários ou trabalhadores dispensa pelo ou conceder emprego público ou privado ou outra coisa
tempo suficiente para que possam votar serão punidos ou vantagem a um ou mais eleitores ou, por acordo com
com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa estes, a uma terceira pessoa, mesmo quando a coisa ou
até um ano. vantagem utilizadas, prometidas ou conseguidas forem
Artigo 305º dissimuladas a título de indemnização pecuniária dada
ao eleitor para despesas de viagens ou de estada ou de
(Impedimento do sufrágio por abuso de autoridade)
pagamento de alimentação ou bebidas ou a pretexto de
O agente da autoridade que, no dia das eleições, sob despesas com a campanha eleitoral, será punido com
qualquer pretexto, fizer sair do seu domicílio ou retiver pena de prisão até um ano.
fora dele qualquer eleitor para que não possa ir votar 2. A mesma pena será aplicada ao eleitor que aceitar
será punido com pena de prisão até dois anos. qualquer dos benefícios previstos no número anterior.
Artigo 306º
Artigo 312º
(Acompanhante infiel)
(Obstrução à fiscalização)
Quem acompanhar o eleitor afectado por doença ou
1. Quem, em assembleia de voto ou de apuramento,
deficiência fisica notória, ao acto de votar e, não garantir
impedir a entrada ou a saída de qualquer delegado de
com fidelidade a expressão ou sigilo do voto do eleitor,
entidade concorrente ou, por qualquer modo, tentar
será punido com pena de prisão até um ano.
opôr-se a que ele exerça todos os poderes que lhe são
Artigo 307º conferidos pelo presente Código, será punido com pena
(Atestado falso de doença ou deficiência física) de prisão até dezoito meses.
O médico que atestar falsamente doença ou deficiência 2. Se se tratar do presidente da mesa, a pena não será,
física, para efeitos eleitorais, será punido com pena de em qualquer caso, inferior a um ano de prisão.
prisão até dois anos. Artigo 313º
Artigo 308º (Obstrução a candidato ou mandatário)
(Violação de segredo de voto)
1. Quem, em assembleia de voto, impedir a entrada
1. Quem, na assembleia de voto ou nas suas imediações ou a saída de qualquer candidato ou mandatário de lista
até quinhentos metros, usar de coacção ou artifício de concorrente ou, por qualquer modo, tentar opôr-se a que
qualquer natureza ou se servir do seu ascendente sobre ele exerça todos os poderes que lhe são conferidos pelo
o eleitor para obter a revelação do voto, será punido com presente Código, será punido com pena de prisão até
pena de prisão até um ano. dezoito meses.
2. Quem, na assembleia de voto ou nas suas imediações 2. Se se tratar do presidente da mesa, a pena não será,
até quinhentos metros, revelar em que lista votou ou vai em qualquer caso, inferior a um ano de prisão.
votar, será punido com pena de multa até cem dias.
Artigo 314º
Artigo 309º
(Recusa a receber reclamações, protestos ou contraprotestos)
(Abuso de funções públicas ou equiparadas)
O presidente de mesa da assembleia de voto ou de
O cidadão investido de poder público, o funcionário ou apuramento que, ilegitimamente se recusar a receber
agente do Estado ou de outra pessoa colectiva pública e o reclamação, protesto, contraprotesto ou recurso, é punido
ministro de qualquer culto que se sirvam abusivamente com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa
das suas funções ou do cargo para constranger ou induzir até um ano.
eleitores a votar ou a deixar de votar em determinado
Artigo 315º
sentido, serão punidos com pena de prisão até um ano.
(Obstrução dos candidatos, mandatários e delegados
Artigo 310º
de candidaturas)
(Coacção relativa a emprego)
O candidato, mandatário ou delegado de entidade
Quem aplicar ou ameaçar aplicar a um cidadão qual- concorrente que perturbar gravemente o funcionamento
quer sanção no emprego, nomeadamente o despedimento, regular das operações eleitorais, será punido com pena de
ou o impedir ou ameaçar impedir de obter emprego a fim prisão até um ano ou com pena de multa até dois anos.
46 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 316º Artigo 322º
(Perturbação ou impedimento de assembleia de voto (Incumprimento negligente dos membros das comissões de
ou de apuramento) recenseamento)
1. Quem, por meio de violência ou participando em Os membros das comissões de recenseamento que,
tumulto, desordem ou vozearia, impedir ou perturbar gra- por negligência, não procedam, pela forma prescrita no
vemente a realização, o funcionamento ou o apuramento presente Código, à elaboração, organização, rectificação
de resultados de assembleia de voto ou de apuramento, ou reformulação dos cadernos de recenseamento, serão
será punido com pena de prisão até três anos. punidos com coima de cinco mil a cem mil escudos.
2. Quem entrar armado em assembleia de voto ou apu-
Sub-Secção III
ramento, não pertencendo à força pública devidamente
autorizada, será punido com pena de prisão até um ano Contra-ordenações relativas à campanha eleitoral
ou com pena de multa até dois anos.
Artigo 323º
Artigo 317º
(Reuniões, comícios, manifestações ou desfiles ilegais)
(Não cumprimento do dever de participação
no processo eleitoral)
Quem promover reuniões, comícios, manifestações ou
Quem for designado para fazer parte da mesa da desfiles em contravenção do disposto no presente Código,
assembleia de voto ou como membro da assembleia de será punido com coima de cinquenta mil a quinhentos
apuramento parcial ou geral e, sem causa justificativa, mil escudos.
não assumir, não exercer ou abandonar essas funções,
Artigo 324º
será punido com pena de prisão até um ano ou com pena
de multa até dois anos. (Publicidade comercial ilícita)
Artigo 318º
Quem realizar propaganda política através de meios
(Não comparência da força de segurança) de publicidade comercial em violação do disposto neste
O comandante de força de segurança que injustifica- Código será punido com coima de cem mil a quinhentos
damente deixar de cumprir os deveres decorrentes do mil escudos.
artigo 210º, é punido com pena de prisão até um ano ou Artigo 325º
com pena de multa até dois anos.
(Divulgação de resultados de sondagens)
Artigo 319º
Ilícito de mera ordenação social Quem fizer propaganda sonora ou gráfica com violação
SUB-Secção I
do disposto no presente Código será punido com coima
de cinquenta mil a quinhentos mil escudos.
Disposições gerais
Artigo 327º
Artigo 320º
Compete à Comissão Nacional de Eleições, com recurso Os proprietários de publicação informativa que não
para o Tribunal Constitucional, instaurar os processos e procederem às comunicações relativas à campanha elei-
aplicar as coimas correspondentes a contra-ordenações toral previstas neste Código ou que não dêem tratamento
relacionadas com matéria eleitoral igualitário aos concorrentes, serão punidos com coima de
SUB-Secção II
cinquenta mil a quinhentos mil escudos.
Quem, no intuito de impedir a sua inscrição no re- A estação de rádio ou de televisão que não registar
censeamento, recusar o preenchimento ou a assinatura ou não arquivar o registo de emissão correspondente ao
do verbete ou a aposição nele de impressão digital, será exercício do direito de antena, será punida com coima de
punido com coima de vinte mil a cem mil escudos. cinquenta mil a duzentos e cinquenta mil escudos.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 47
Artigo 329º Artigo 336º
(Não cumprimento de deveres por estação de rádio (Não apresentação de membro de mesa de assembleia de voto
ou televisão) à hora legalmente fixada)
1. A empresa proprietária de estação de rádio ou 1. O membro da mesa de assembleia de voto que, sem
televisão que não der tratamento igual aos diversos par- motivo justificado, não se apresentar no local do seu fun-
tidos intervenientes na campanha eleitoral será punida cionamento até uma hora antes da hora marcada para
com coima de duzentos e cinquenta mil a um milhão e o início das operações, será punido com coima de cinco
quinhentos mil escudos. mil a vinte mil escudos.
2. A empresa proprietária de estação de rádio ou 2. Se a não apresentação do membro da mesa invia-
televisão que não cumprir os deveres impostos pelo ar- bilizar ou prejudicar o funcionamento da assembleia de
tigo 117º do presente Código será punida com coima de voto e o desenrolar das operações eleitorais, a coima será
duzentos e cinquenta mil a um milhão e quinhentos mil de vinte e cinco mil a cem mil escudos.
escudos.
Artigo 337º
Artigo 330º
(Não cumprimento de formalidades por membro de mesa
(Não cumprimento de deveres pelo proprietário
de assembleia de voto ou de assembleia de apuramento)
de sala de espectáculo)
O proprietário de sala de espectáculo que não cum- O membro da mesa de assembleia de voto ou de apu-
prir os seus deveres relativos à campanha será punido ramento que não cumprir ou deixar de cumprir, sem
com coima de cinquenta mil a duzentos e cinquenta mil intenção fraudulenta, formalidade legalmente prevista
escudos. no presente Código será punido com coima de cinco mil
a cinquenta mil escudos.
Artigo 331º
(Propaganda na véspera das eleições) CAPÍTULO XVII
O responsável pelos serviços cuja abertura é obriga- A apresentação das candidaturas cabe aos órgãos
tória nos dias das eleições e que mantiver tais serviços competentes dos partidos políticos ou das coligações de
encerrados, será punido com uma coima de vinte mil a partidos políticos, desde que registados no Tribunal Cons-
duzentos e cinquenta mil escudos. titucional à data da apresentação de candidaturas.
48 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 341º Artigo 345º
As listas de candidaturas podem integrar cidadãos 1. Os partidos políticos e as coligações de partidos não
não inscritos em partidos políticos, desde que como tal podem apresentar em cada círculo eleitoral mais do que
declarados. uma lista de candidatos.
Artigo 342º 2. Os partidos coligados não podem apresentar candi-
(Proibição de candidatura plúrima) daturas próprias no círculo eleitoral em que concorram,
para idênticas eleições, candidatos das coligações a que
Ninguém pode ser candidato por mais de um círculo pertençam.
eleitoral ou figurar em mais de uma lista, sob pena de
inelegibilidade. Artigo 346º
(Coligações para fins eleitorais) 1. As listas de candidatos são apresentadas nos respec-
tivos círculos eleitorais, pelos seus proponentes ou pelos
1. Os partidos políticos podem concorrer conjuntamen-
mandatários das listas, perante o magistrado judicial
te a umas eleições, nos termos dos pactos de coligação
da comarca.
aprovados pelos órgãos estatutários competentes.
2. As listas de candidatos pelos círculos eleitorais do
2. Os partidos que tenham estabelecido pacto de co-
estrangeiro são apresentadas perante o magistrado ju-
ligação nos termos do número anterior devem proceder
dicial da comarca da Praia.
ao seu registo no Tribunal Constitucional até ao início
do prazo de apresentação de candidaturas. 3. Havendo mais do que uma comarca no círculo elei-
toral, as listas são apresentadas perante o magistrado
3. Os pedidos de inscrição devem especificar:
judicial da comarca a que corresponde o maior número
a) A definição precisa do âmbito da coligação; de eleitores.
b) As normas por que se rege a coligação; 4. Havendo na comarca mais do que um magistrado
judicial, a apresentação das listas de candidatos far-se-á
c) A indicação de denominação, sigla e símbolo da
perante aquele a quem incumba a jurisdição cível.
coligação;
Artigo 347º
d) A designação dos titulares dos órgãos de
(Prazo para apresentação)
direcção ou de coordenação da coligação;
e) O documento comprovativo da aprovação do A apresentação deve efectuar-se entre o quinquagésimo
pacto de coligação. e o quadragésimo dias que antecedem a data prevista
para as eleições.
4. As coligações de partidos são anunciadas pela Co-
Artigo 348º
missão Nacional de Eleições em jornais dos mais lidos
do país. (Requisitos formais da apresentação de candidaturas)
5. As coligações deixam de existir logo que for tornado 1. A apresentação consiste na entrega da lista, con-
público o resultado definitivo das eleições. tendo o nome completo, a idade, filiação, naturalidade,
profissão e residência dos candidatos e do mandatário da
Artigo 344º
lista, bem como a declaração de candidaturas.
(Apreciação da legalidade das denominações, siglas e
símbolos) 2. A lista deve ser ordenada e conter um número de
candidatos efectivos igual ao número de mandatos cor-
1. No dia seguinte à apresentação para registo da co- respondente ao círculo e de candidatos suplentes não
ligação, o Tribunal Constitucional, em sessão, aprecia a inferior a três, nem superior ao dos efectivos.
legalidade da denominação, sigla e símbolo, bem como a
sua identidade ou semelhança com as de outros partidos 3. Da declaração de candidatura deve constar que o
ou coligações partidárias já registadas. candidato:
2. A decisão consequente à apreciação prevista no a) Não se encontra abrangido por qualquer
número anterior é imediatamente publicitada por edital inelegibilidade;
mandado afixar pelo Presidente do Tribunal Constitu-
b) Não se candidata por qualquer outro círculo
cional à porta do Tribunal.
eleitoral, nem figura em mais nenhuma lista
3. No dia seguinte ao da afixação do edital podem os de candidatura;
mandatários de qualquer lista apresentada em qualquer
círculo por qualquer coligação ou partido, recorrer da c) Aceita a candidatura pelo proponente da lista;
decisão para o plenário do Tribunal Constitucional. d) Concorda com o mandatário indicado na lista.
4. O Tribunal Constitucional decide em plenário dos 4. A lista apresentada por coligação deve, ainda,
recursos referidos no número anterior, no prazo de qua- conter a indicação do partido que propõe cada um dos
renta e oito horas. candidatos.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 49
1. Os candidatos de cada lista designam de entre eles 1. O requerimento de interposição de recurso, do qual
ou de entre os eleitores inscritos no respectivo círculo devem constar os seus fundamentos, é entregue no tri-
eleitoral um mandatário para os representar em todas bunal que proferiu a decisão recorrida, acompanhado de
as operações eleitorais, dando disso conhecimento aos todos os elementos de prova.
respectivos Tribunal da Comarca e Câmara Municipal.
2. Tratando-se de recurso contra a admissão de qual-
2. A morada do mandatário é sempre indicada no pro- quer candidatura, o tribunal recorrido manda notificar
cesso de candidatura e quando ele não residir na sede do imediatamente o mandatário da respectiva lista para
círculo eleitoral escolhe aí domicílio para efeito de poder este, os candidatos, ou os partidos políticos ou coligações
ser notificado. proponentes responderem, querendo, no prazo de vinte
e quatro horas.
Artigo 350º
3. Tratando-se de recurso contra a não admissão de
(Recepção de candidaturas)
qualquer candidatura, o tribunal recorrido manda noti-
Findo o prazo para apresentação das listas, o magis- ficar imediatamente a entidade que tiver impugnado a
trado judicial competente verifica dentro dos três dias sua admissão, se a houver, para responder, querendo, no
subsequentes a regularidade do processo, a autenticida- prazo de vinte e quatro horas.
de dos documentos que o integram e a elegibilidade dos Artigo 356º
candidatos.
(Subida do recurso)
Artigo 351º
O recurso sobe ao Supremo Tribunal de Justiça nos
(Irregularidades processuais) próprios autos.
Artigo 357º
Verificando-se irregularidades processuais, o magistra-
do judicial competente manda notificar imediatamente (Decisão do Tribunal Constitucional)
o mandatário da lista ferida de irregularidade para a
suprir no prazo de quarenta e oito horas. O Tribunal Constitucional decide em definitivo no
prazo de setenta e duas horas.
Artigo 352º
Artigo 358º
(Rejeição de candidaturas) (Proclamação dos candidatos)
1. São rejeitados os candidatos inelegíveis e a lista Quando não haja recursos ou decididos os que tenham
que não contenha o número de candidatos efectivos e sido apresentados, as listas definitivamente admitidas
suplentes estabelecidos. são imediatamente publicadas por editais afixados à
porta do tribunal.
2. Verificado o disposto no número anterior o manda-
tário da lista é imediatamente notificado para o efeito Artigo 359º
de se proceder à sua correcta e definitiva substituição, (Sorteio das listas)
no prazo de quarenta e oito horas, sob pena de rejeição
de toda a lista. No décimo dia subsequente ao fim do prazo de apresen-
tação das listas, na presença dos candidatos ou dos seus
3. Findo o prazo previsto no número anterior, o magis- mandatários, o magistrado judicial competente para a
trado judicial, em quarenta e oito horas, faz operar nas apresentação de candidaturas procede ao sorteio das lis-
listas as rectificações requeridas pelos respectivos man- tas para o efeito de lhes atribuir uma ordem nos boletins
datários e manda dar publicidade às listas rectificadas. de voto, lavrando-se auto do sorteio em duas cópias.
50 I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010
Artigo 360º CAPÍTULO III
(Envio de uma cópia do auto)
Estatuto dos candidatos e dos mandatários
Uma cópia do auto é enviada, no prazo de quarenta e Artigo 366º
oito horas, ao serviço central de apoio ao processo eleitoral
que providencia no sentido de os boletins de voto serem (Dispensa de funções)
elaborados de acordo com a ordem do sorteio e com as
demais prescrições legais. Os candidatos às eleições têm direito à dispensa do
exercício de funções públicas ou privadas no trigésimo
Artigo 361º dia que antecede a data das eleições, sem prejuízo da
(Comunicações sobre partidos e coligações)
contagem desse tempo para todos os efeitos, incluindo a
retribuição, como tempo efectivo de serviço.
Até ao sexagésimo dia anterior ao das eleições, o Tri-
Artigo 367º
bunal Constitucional envia ao serviço central de apoio ao
processo eleitoral uma relação das denominações, siglas (Imunidade dos candidatos)
e símbolos dos partidos políticos e coligações para fins
eleitorais legalmente registados. 1. Nenhum candidato pode ser preso, sujeito à prisão
preventiva ou perseguido criminal ou disciplinarmente,
Artigo 362º
salvo em caso de flagrante delito por crime punível com
(Publicação de todas as listas concorrentes) pena de prisão cujo limite máximo seja superior a dois
anos.
A Comissão Nacional de Eleições manda publicar todas
as listas concorrentes no Boletim Oficial e em jornais dos 2. Fora de flagrante delito, nenhum candidato pode ser
mais lidos do país. preso, sujeito à prisão preventiva ou perseguido criminal
ou disciplinarmente, salvo por crime punível com pena de
Secção III
prisão cujo limite máximo seja superior a oito anos.
Substituição e desistência de candidatos
3. Movido procedimento criminal contra qualquer
Artigo 363º candidato ou indiciado este por despacho de pronúncia
(Substituição de candidatos) ou equivalente, o processo só poderá prosseguir os seus
termos após a proclamação dos resultados das eleições.
1. Só pode haver lugar à substituição de candidatos
Artigo 368º
até dez dias antes do designado para as eleições e nos
seguintes casos: (Mandatários)
a) Doença que determine incapacidade física ou O disposto nos artigos anteriores é aplicável aos man-
anomalia psíquica; datários.
b) Falecimento. TÍTULO IV
2. Nos demais casos, ou na falta de substituição, é
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS APLICÁVEIS À
reduzido o número dos candidatos.
ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Artigo 364º
CAPÍTULO I
(Nova publicação da lista)
Capacidade eleitoral activa
Procede-se a nova publicação da lista em caso de subs-
tituição de candidatos ou anulação da decisão de rejeição Artigo 369º
de qualquer lista.
(Capacidade eleitoral activa)
Artigo 365º
São eleitores do Presidente da República os cidadãos
(Desistência)
cabo-verdianos de ambos os sexos, maiores de dezoito anos,
1. É lícita a desistência da lista até dois dias antes do recenseados no território nacional e no estrangeiro.
dia das eleições.
CAPÍTULO II
2. A desistência é comunicada pelo mandatário ou pelos
Capacidade eleitoral passiva
proponentes ao magistrado judicial competente para a
apresentação de candidatura, que providencia no sentido Artigo 370º
de evitar a votação na lista de que se desiste.
(Capacidade eleitoral passiva)
3. É também lícita a desistência de qualquer candidato
mediante declaração por ele subscrita com a assinatura São elegíveis ao cargo de Presidente da República os
reconhecida perante o notário mantendo-se, porém, vá- cidadãos eleitores cabo-verdianos de origem, maiores de
lida a lista apresentada. trinta e cinco anos à data da candidatura.
I SÉRIE — NO 9 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 9 DE MARÇO DE 2010 51
Artigo 371º 2. Para efeitos de eleição do Presidente da República,
(Inelegibilidade)
cada cidadão eleitor recenseado no estrangeiro dispõe de
um voto, equivalendo o total destes votos, no máximo, a
Para além das inelegibilidades gerais, são inelegíveis um quinto dos votos apurados no território nacional
para o cargo de Presidente da República:
3. Se a soma dos votos dos eleitores recenseados no
a) Os que não sejam cidadãos cabo-verdianos de estrangeiro ultrapassar o limite referido na última par-
origem; te do número antecedente, será convertido em número
igual a esse limite e o conjunto de votos obtidos por cada
b) Os que não sejam maiores de trinta e cinco anos; candidato será convertido na respectiva proporção.
c) Os cidadãos eleitores cabo - verdianos que nos 4. Para a aplicação do disposto no número 3, procede-
últimos três anos imediatamente anteriores se como se segue:
à apresentação da candidatura não tenham
a) A cada candidato é atribuído um coeficiente (i),
tido residência permanente no território
sendo
nacional.
Número de votos do candidato obtido no estrangeiro
d) Os cidadãos eleitores cabo-verdianos que também i=
sejam cidadãos de outro Estado; Soma dos votos obtidos no estrangeiro para todos os candidatos
;
e) Os que, tendo exercido dois mandatos b) A soma dos coeficientes anteriormente obtidos
consecutivos ou estando a exercer o segundo deve ser igual à unidade;
mandato consecutivo, não possam, nos termos c) Determina-se a quinta parte dos votos apurados
constitucionais, recandidatar-se a um terceiro no território nacional, que será a base de
mandato; cálculo a utilizar na alínea seguinte;
f) Os que, tendo renunciado ao cargo de Presidente d) O coeficiente atribuído a cada candidato,
da República, se encontrem dentro do conforme a alínea a), é multiplicado pela
prazo constitucional de proibição de nova base de cálculo obtida na alínea c), sendo o
candidatura; resultado o número de votos válidos para
apuramento final dos resultados obtidos no
g) Os que tenham abandonado o cargo de estrangeiro;
Presidente da República ou, nesse cargo, se
tenham ausentado do país sem observância e) Os arredondamentos fazem-se pela unidade
das formalidades constitucionais; imediatamente superior nos casos em que as
casas decimais sejam superiores a 0,5.
h) Os que tenham sido condenados definitivamente
Artigo 374º
por crime praticado no exercício de funções de
Presidente da República. (Sistema eleitoral)
2. São ainda eleitores dos titulares dos órgãos electivos Artigo 423º
dos municípios os estrangeiros e apátridas de ambos os (Inelegibilidades temporais decorrentes da dissolução)
sexos, maiores de dezoito anos, recenseados no território
nacional e com residência legal e habitual em Cabo Verde 1. Os membros dos órgãos municipais objecto de dis-
há mais de três anos. solução, não podem ser candidatos aos actos eleitorais
destinados a completar o mandato interrompido, nem
3. São também eleitores dos titulares dos órgãos elec- aos subsequentes que venham a ter lugar no período
tivos dos municípios os cidadãos lusófonos legalmente de tempo correspondente a novo mandato completo, em
estabelecidos, nas mesmas condições que os cidadãos qualquer órgão municipal.
nacionais.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os
CAPÍTULO II membros que demonstrarem não terem cometido a ile-
galidade que provocou a dissolução.
Capacidade eleitoral passiva
Artigo 419º CAPÍTULO IV
(Inelegibilidades) CAPÍTULO V
B O L E T I M OFICIAL
Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001 Av. Amílcar Cabral/Calçada Diogo Gomes,cidade da Praia, República Cabo Verde.
C.P. 113 • Tel. (238) 612145, 4150 • Fax 61 42 09
Email: incv@gov1.gov.cv
Site: www.incv.gov.cv
AVISO ASSINATURAS
Para o país: Para países estrangeiros:
Por ordem superior e para constar, comunica-se que não serão aceites
quaisquer originais destinados ao Boletim Oficial desde que não tragam Ano Semestre Ano Semestre
aposta a competente ordem de publicação, assinada e autenticada com
selo branco. I Série ...................... 8.386$00 6.205$00 I Série ...................... 11.237$00 8.721$00
Sendo possível, a Administração da Imprensa Nacional agradece o II Série...................... 5.770$00 3.627$00 II Série...................... 7.913$00 6.265$00
envio dos originais sob a forma de suporte electrónico (Disquete, CD,
III Série ................... 4.731$00 3.154$00 III Série .................... 6.309$00 4.731$00
Zip, ou email).
Os prazos de reclamação de faltas do Boletim Oficial para o Concelho Os períodos de assinaturas contam-se por anos civis e seus semestres. Os números publicados antes
da Praia, demais concelhos e estrangeiro são, respectivamente, 10, 30 e de ser tomada a assinatura, são considerados venda avulsa.
60 dias contados da sua publicação.
AVULSO por cada página ............................................................................................. 15$00
Toda a correspondência quer oficial, quer relativa a anúncios e à
assinatura do Boletim Oficial deve ser enviada à Administração da PREÇO DOS AVISOS E ANÚNCIOS
Imprensa Nacional. 1 Página .......................................................................................................................... 8.386$00
A inserção nos Boletins Oficiais depende da ordem de publicação neles
1/2 Página ....................................................................................................................... 4.193$00
aposta, competentemente assinada e autenticada com o selo branco, ou,
na falta deste, com o carimbo a óleo dos serviços donde provenham. 1/4 Página ....................................................................................................................... 1.677$00
Não serão publicados anúncios que não venham acompanhados da Quando o anúncio for exclusivamente de tabelas intercaladas no texto, será o respectivo espaço
importância precisa para garantir o seu custo. acrescentado de 50%.