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2018
FAI - FACULDADE DE IPORÁ
I - RESUMO BIOGRÁFICO
Gordon Willard Allport nasceu em 11 de novembro de 1897, em Montezuma, Indiana, o
quarto e mais moço filho de John E. Allport e Nellie Wise Allport.
Ele estudou na Universidade de Harvard na mesma época em que seu irmão mais velho,
Floyd, estudava psicologia nessa universidade. Depois de formar-se em economia e filosofia em
1919, Allport passou um ano no Robert College, em Istambul, ensinando sociologia e inglês. Ele
então voltou a Harvard e conseguiu seu Ph.D. em psicologia em 1922. Durante os dois anos seguintes,
ele estudou em Berlim, Hamburgo e Cambridge, na Inglaterra.
Os prêmios e honrarias foram muitos. Em 1939, ele foi eleito presidente da American
Psychological Association (APA). Em 1963, recebeu a Medalha de Ouro da APA; em 1964, foi
agraciado corno Distinguished Scientific Contribution Award da APA; e, em 1966, foi homenageado
como o primeiro professor Richard Clarke Cabot de Ética Social em Harvard. Em 9 de outubro de
1967, Allport, um fumante inveterado, morreu de câncer no pulmão.
1- Personalidade
Para Allport, as definições não eram questões a serem tratadas levianamente. Antes de
chegar à sua própria definição de personalidade, ele listou e discutiu meia centena de propostas de
várias autoridades do campo (1937). Ele as classificou conforme se referiam à (1) etimologia ou
história inicial do termo; (2) significados teológicos; (3) significados filosóficos; (4) significados
jurídicos; (5) significados sociológicos; (6) aparência externa; e (7) significados psicológicos. Depois
disso ele definiu personalidade como:
“A personalidade é a organização dinâmica, dentro do indivíduo, daqueles sistemas
psicofísicos que determinam seus ajustamentos únicos ao ambiente”
O termo “organização dinâmica” enfatiza o fato de que a personalidade está
constantemente se desenvolvendo e mudando, embora, ao mesmo tempo, exista uma organização ou
sistema que une e relaciona os vários componentes da personalidade. O termo “psicofísico” lembra o
leitor de que a personalidade “não é nem exclusivamente mental nem exclusivamente neural. A
organização envolve a operação do corpo e da mente, inextricavelmente fundidos em uma unidade
pessoal”
A palavra “determinam” deixa claro que a personalidade é constituída por tendências
determinantes que desempenham um papel ativo no comportamento do indivíduo: “A personalidade
é alguma coisa e faz alguma coisa... Ela é o que está por trás de atos específicos e dentro do indivíduo”
Para Allport a personalidade não é apenas um constructo do observador ou algo que só
existe quando há uma outra pessoa para reagir a ela. Longe disso; a personalidade tem uma existência
real envolvendo concomitantes neurais ou fisiológicos.
2- Caráter
Allport demonstrou que tradicionalmente a palavra caráter tinha relação com um código
de comportamento em termos do qual os indivíduos ou seus atos são avaliados. Assim, ao descrever
o caráter de um indivíduo, muitas vezes se emprega a palavra “bom” ou “mau”. Allport sugeriu que
caráter é um conceito ético e afirmou: “nós preferimos definir o caráter como a personalidade
avaliada, e a personalidade como o caráter sem valorização”
3- Temperamento
Temperamento comumente se refere àquelas disposições estreitamente ligadas a
determinantes biológicos ou fisiológicos, que, portanto, mudam relativamente pouco com o
desenvolvimento. O papel da hereditariedade naturalmente é um pouco maior aqui do que no caso de
outros aspectos da personalidade.
O temperamento é a matéria-prima, juntamente com a inteligência e o físico, da qual é
criada a personalidade
1- Traços
“O traço era para Allport, o que a necessidade era para Murray e o instinto era para Freud”
O Traço (traço comum) é definido como uma “estrutura neuropsíquica capaz de tornar
muitos estímulos funcionalmente equivalentes, e de iniciar e orientar formas equivalentes
(significativamente consistentes) de comportamento adaptativo e expressivo”.
O traço em uma considerável extensão, na verdade, representa o resultado da combinação
ou da integração de dois ou mais hábitos.
“Com o conceito de traços comuns, podemos fazer o que Allport chama de estudos
comparativos do mesmo traço, conforme ele se expressa em diferentes indivíduos ou grupos de
indivíduos”.
Disposição Pessoal ou Traço Morfogênico (antigo traço individual) é definido como uma
“estrutura neuropsíquica generalizada (peculiar ao indivíduo) capaz de tornar muitos estímulos
funcionalmente equivalentes, e de iniciar e orientar formas consistentes de comportamento adaptativo
e estilístico”. Com o conceito de disposições pessoais, o investigador pode estudar uma pessoa e
determinar o que Allport chama de “a individualidade padronizada única da pessoa”. A única
diferença real, é que os traços não são designados como peculiares ao indivíduo (um traço poder ser
compartilhado por vários indivíduos).
Embora os traços e as disposições existam realmente na pessoa, eles não podem ser
observados diretamente, precisando ser inferidos a partir do comportamento. Os traços ocupam a
posição constructo motivacional mais importante.
“Um ato específico é sempre o produto de muitos determinantes, não apenas de
tendências duradouras, mas também de pressões momentâneas na pessoa e na situação. É somente a
ocorrência repetida de atos com a mesma significação (equivalência de resposta), seguindo-se a uma
variedade definível de estímulos com a mesma significação pessoal (equivalência de estímulos), que
torna necessária a inferência de traços e de disposições pessoais. Essas tendências não estão sempre
ativas, mas são persistentes mesmo quando latentes e têm limiares de ativação relativamente baixos.”
Um estímulo externo ou algum tipo de estado interno sempre precede a operação do traço.
O simples fato de existirem traços múltiplos, sobrepostos e simultaneamente ativos sugere que
podemos esperar com certa frequência inconsistências aparentes no comportamento do organismo. A
maioria dos traços não é um reflexo de estímulos externos; o indivíduo busca ativamente estímulos
que tornem apropriada a operação do traço.
4- Autonomia Funcional
Uma dada atividade ou forma de comportamento pode-se tornar um fim ou uma meta em
si mesma, apesar de ter sido iniciada por alguma outra razão. Um comportamento pode ser continuado
por um motivo diferente daquele que originalmente o provocou.
4.1- Níveis de Autonomia Funcional
-Autonomia Funcional Perseverativa: atos repetitivos e rotinas. (Reforço parcial). Sua
perseveração é explicada em termos de extinção retardada, circuitos auto-mantenedores no sistema
nervoso, reforço parcial e coexistência de múltiplos determinantes.
-Autonomia Funcional Própria: interesses, valores, sentimentos, intenções, autoimagem,
estilo de vida adquirido e, etc. Forneceu três princípios para a explicar: organizar o nível de energia;
princípios de domínio e competência e, princípio da padronização própria.
“Um jovem pretende ser um médico, um homem do mundo, um político, ou um eremita.
Nenhuma dessas ambições é inata. Todas elas são interesses adquiridos. Nós afirmamos que elas não
existem agora devido a reforços remotos. Elas existem porque uma autoimagem, gradualmente
formada, exige esse foco motivacional específico.”
IV - DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
1- O Bebê
2- O Adulto
Segundo Allport, “o que impulsiona o comportamento, impulsiona agora”, e não
precisamos saber a história da pulsão para compreender sua operação. Em uma extensão considerável,
o funcionamento desses traços é consciente e racional. Os indivíduos normais sabem, como regra, o
que estão fazendo e por quê. Seu comportamento se ajusta a um padrão congruente, e, no âmago desse
padrão, estão as funções que Allport chamou de próprias. Um entendimento completo do adulto não
é possível sem o conhecimento de suas metas e aspirações. Seus motivos mais importantes não são
ecos do passado e sim acenos do futuro. Na maioria dos casos, saberemos mais sobre aquilo que uma
pessoa vai fazer se conhecermos seus planos conscientes do que suas memórias reprimidas
Ao contrário da maioria dos teóricos da personalidade, cujo interesse se centra no lado
negativo do “livro-caixa” do ajustamento, Allport examinou detalhadamente as qualidades que
permitem um ajustamento mais do que “adequado” ou “normal”.
A personalidade madura precisa possuir antes de tudo uma extensão do self. Isto é, sua
vida não deve estar limitada a um conjunto de atividades estreitamente ligadas às suas necessidades
e a seus deveres imediatos. Para a maturidade, o indivíduo também precisa ser capaz de relacionar-
se calorosamente com outros em contatos tanto íntimos como não-íntimos, e possuir uma segurança
emocional fundamental e uma aceitação do self. Ele deve ser realisticamente orientado tanto em
relação a si mesmo (auto-objetivação) como em relação à realidade externa. Os dois componentes
principais da auto-objetivação são o humor e o insight. Está claro que o que queremos dizer com
insight é a capacidade do indivíduo de compreender-se, embora não esteja claro como podemos
assegurar um padrão adequado com o qual comparar as crenças do indivíduo. Um senso de humor
implica não só a capacidade de divertir-se e rir nos lugares costumeiros mas também a capacidade de
manter relações positivas consigo mesmo e com os objetos amados, sem deixar de ver as
incongruências e os absurdos a eles relacionados.
Finalmente, o indivíduo maduro possui uma filosofia de vida unificadora. Embora os
indivíduos possam ser objetivos e divertir-se com os eventos comuns da vida, também deve haver
uma grande seriedade subjacente que dá propósito e significado a tudo o que eles fazem. A religião
representa uma das fontes mais importantes de filosofia unificadora, embora certamente não seja a
única fonte de tais temas integradores