Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Resumo
Introdução
consequentemente, o racismo.
Esse estudo defende a hipótese de que a negação do negro como humano gera
violência psicológica e perpetua o racismo.
Com base nesse entendimento, um dos objetivos desse estudo consiste em,
provendo embasamento teórico, preencher um pouco dessa lacuna para que possam ser
acessadas as respostas dos torcedores em face das manifestações explícitas de racismo no
futebol, durante as partidas e posteriormente nas redes sociais.
Por derradeiro almeja-se analisar o impacto psicossocial do racismo, causado pelas
injúrias raciais no futebol, que desencadeiam um processo de "coisificação e
"outrificação" do negro, constituindo violência psicológica que afronta o princípio da
dignidade da pessoa humana.
Para isso, é necessário analisar de que forma os jogadores negros são vítimas de
racismo no futebol, que no caso específico do Brasil, ocorre em detrimento da condição
que caracteriza a formação étnica do país.
Considerando-se que a identidade nacional brasileira se fundamenta fortemente na
cultura do futebol, havendo, o racismo manifestado no comportamento dos torcedores,
resulta de uma cultura institucionalizada desse esporte.
A divulgação feita pela mídia reflete exatamente o comportamento dos times de
futebol em relação ao assunto em comento. E no intuito de colocar essa análise em xeque,
ressalte-se que há diferentes formas de racismo evidenciadas na atualidade, especialmente
no futebol, seja ele na modalidade profissional ou não.
Método
no Brasil", usa-se "as pessoas de cor negra sofrem preconceito no Brasil". (...) O
conceito de raça biológico é melhor aplicado aos animais, como os gatos e
cachorros. O cachorro, por exemplo, é uma subespécie dos lobos, e as raças são
as categorias posteriores. Algumas das raças de cachorro mais populares são
Pug, Beagle, Akita, Golden Retriever e Maltês. Todos apresentam diferenças de
aparência entre eles, sendo alguns de pelo longo, outros curto, olhos azuis ou
pretos, de pequeno ou grande porte, entre uma infinidade de características
genéticas que compõem cada raça canina (MUNANGA, 2014).
Em outras palavras, usar padrões teóricos que empregam o conceito de raça para
combater o racismo, é uma atitude que simplesmente reforça a diferenciação racial e entre
os diferentes grupos.
A ação entre os grupos não causa necessariamente prejuízo e aumento da divisão,
pelo uso de termos como “raça”. O conceito de raça deveria ser usado como método para
desafiar as políticas discriminatórias racistas e suas práticas, como se fosse uma estratégia
essencialista (MUNANGA, 2014).
Considerando-se que a ideia de raça existe no discurso político e no popular, ele
pode ser utilizado estrategicamente dentro de um contexto de desenvolvimento, em
estratégias antirracistas, à medida que se compreenda a necessidade de que sejam
desenvolvidas políticas pertinentes.
Por isso, dilemas envolvendo a análise do racismo e do antirracismo dentro de uma
estrutura que inclui debates sobre raças, são efetivos à medida que se compreende que tais
ideias, por si só, não implicam exclusão e discriminação, embora não se possa evitar que
se façam tais associações e debates críticos sobre as ideias referentes à raça.
Esse ponto de partida não pode ocorrer com base em uma ótica de racialização
problemática, porque oferecerá o fundamento que viabilizará o reconhecimento da
realidade das circunstâncias sociais que, por sua vez, habilitarão e permitirão a propagação
de ideias e noções corretas sobre o conceito de raça. Assim procedendo, contudo, e esse é
o ponto crucial, adotar-se-á uma posição crítica em relação ao conceito de raça, cujo
reflexo incidirá com ênfase central sobre esse fundamento.
Convém salientar que as ideias e estereótipos se desenvolveram em relação ao
conceito de raça dentro de um contexto particular de formação social.
Sob essa perspectiva, o foco do debate eleva-se para além do conceito de raça e de
relações raciais e aproxima-se da natureza e do processo de heterogeneidade
(MUNANGA, 2014).
É essencial que se reconheça que as instituições políticas e sociais estão permeadas
por ideias sobre distinção entre as pessoas que lei considera iguais e que uma visão
equivocada desse conceito pode ser destrutiva para as pessoas negras, em especial porque
Edinéia Aparecida dos Anjos Rossi 5
que as diferenças são percebidas com maior intensidade, elidindo com o Principio da
Isonomia. Nisso verifica-se a hipossuficiência e vulnerabilidade das pessoas negras
(MORAES, In: SARLET, 2004).
A Criminalização do Racismo
negras, contudo, ainda é uma realidade que destoa da aparente democracia inclusiva
desportiva (LEVINE, 2005).
Dessa forma, salienta-se que a violência e a agressividade de ordem étnica
mantiveram-se incólumes nos estádios, apenas deslocando-se parcialmente para outros
lugares, o que causa a falsa impressão de que essa doença chamada racismo foi curada.
Outra característica do futebol no período culturalmente transitório constituído
pelo século XXI refere-se ao aumento do poder de influência dos torcedores, que passaram
a desempenhar um papel mais ativo em relação às partidas de futebol.
É importante ressaltar a perspectiva histórica do racismo no futebol, no qual
podem ser observados inúmeros incidentes à medida que o assunto é segmentado com
atenção (GUIMARÃES, 1999; LEVINE, 2005).
A questão da identidade cultural nacional é apontada como um dos fatores que, em
última instância, condicionariam a isonomia entre torcedores e jogadores brasileiros
quando jogam em casa, a despeito da formação identitária de nosso povo.
2005).
Exemplo disso pode ser visto na partida de futebol mencionada a seguir:
Durante uma partida da Copa do Brasil, (...) em Porto Alegre, torcedores do
Grêmio xingaram o goleiro Aranha, do Santos, com palavrões de cunho racial. O
jogador foi chamado de “macaco” e “preto fedido” por alguns gremistas. Aos 42
minutos do segundo tempo, Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira
Sampaio sobre as agressões. O juiz, porém, mandou a partida seguir. (...) o
goleiro registrou boletim de ocorrência em Porto Alegre, afirmando que quatro
pessoas estavam envolvidas nos xingamentos1.
acesso a condições básicas, de modo que continuaram a ser tratados como inferiores, com
traços de cultura e de religião marginalizados, o que ocasionou inúmeros problemas de
ordem biopsicossocial aos negros, problemas esses que perduram até a atualidade.
A coisificação dos negros que ocasiona a perda identitária no plano psicológico foi
abordada com clareza por Schwarcz (1996), em “Ser peça, ser coisa: definições e
especificidades da escravidão no Brasil” obra que faz alusão ao que pode estar na origem
da constituição social do negro:
(FANON, 1986).
Para que haja a verdadeira igualdade é necessária uma cultura internacional,
baseada não no exotismo do multipluralismo ou na diversidade de culturas, mas na
inscrição e articulação do hibridismo da cultura (BHABHA, 2005).
As pessoas negras hoje habitam um espaço intermediário, ou seja, encontram-se
em um entre-lugar social, estranhos em seu ambiente, permanentemente estrangeiro em
seu próprio país, o que caracteriza absoluta despersonalização. Nisso consiste a alienação
absoluta da pessoa (BHABHA, 2005).
A alienação do negro em seu próprio ambiente, traz a realidade psicológica
compatível com a anulação de si próprio, conforme pode ser observado na citação abaixo
de Fanon, na obra "Pele negra, máscaras brancas":
Um peso desconhecido me oprimia no mundo branco o homem de cor encontra
dificuldades no desenvolvimento de seu esquema corporal... eu era atacado por
canibalismo, deficiência intelectual, fetichismo, deficiências faciais...
transportei-me para bem longe de minha própria presença... o que mais me
restava senão uma amputação, uma excisão, uma hemorragia que me manchava
todo o corpo de sangue negro. (FANON, 1986, p. 73)
Conclusão
ampliar a análise dos resultados e, por fim, para verificar tendências e oportunidades para
que os profissionais da psicologia que analisam as implicações biopsicossociais do
racismo e tenham mais conhecimento sobre o tema.
Referências
BAIN, P.G., Kashima, Y., & Haslam, N. (2006). Conceptual Beliefs About Human Values
and Their Implications: Human Nature Beliefs Predict Value Importance, Value Trade-
Offs, and Responses to Value-Laden Rhetoric. Journal of Personality and Social
Psychology, 91(2), 351-367.
BAUMAN, Zygmunt; tradução Marcus Penchel. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
1999.
BERNARD, H., Fehr, E., Fischbacher, U., 2003. Tribal identity and altruistic norm
enforcement. University of Zurich working paper.
BOBBIO, Norberto, 1909. A Era dos Direitos/ Norberto Bobbio; tradução Carlos Nelson
Coutinho, apresentação de Celso Lafer. Nova ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, 7ª
reimpressão.
BURKE, P.J.; TRULLY, J. The Measurement of role/ identity. Social Force, 1977.
CAPANNA, C., Vecchione, M., & Schwartz, S.H.. La misura dei valori. Validazione del
Portrait Values Questionnaire su un campione italiano. Bollettino di Psicologia Applicata,
2005.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Fator, 1986.
HERMANS, H. J. M., & Dimaggio, G. (2007). Self, identity, and globalization in times of
Edinéia Aparecida dos Anjos Rossi 20
JIN, M. Strangers on a hostile landscape. In: Cobham, R., COLLINS, M. (Ed.) Watchers
and Seeker. London: the Woman’s Press, 1887.
LEVINE, Michael P.; PATAKI, Tamas (Orgs.). Racismo em Mente. Madras Editora
Ltda, p. 1-55, 2005.
MAIO, Marcos Chor, 1998. O Brasil no Concerto das Nações: a luta contra o racismo nos
primórdios da Unesco. História, Ciências, Saúde — Manguinhos, v. 5, p. 375-413.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: Usos e Sentidos, 2ª ed. São Paulo: Ática, 2014.
NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo:
Summuns, 2003.
ROKEACH, M. The Nature of Human values, 1973. New York: Free Press.