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A Ordem das disciplinas.

(segundo Santo Tomás de Aquino)


Começaremos com a distinção entre sabedoria e erudição.

Todo sábio é um erudito, mas nem todo erudito é um sábio.

A sabedoria é algo como que orgânico, como uma árvore. A árvore tem suas raízes; das raízes
surge o tronco; do tronco saem galhos; dos galhos saem folhas; das folhas, flores e destas, por
vezes, frutos. A sabedoria supõe uma ordem, tanto das disciplinas em si quanto de uma ordem
pedagógica destas. Não se tratando de uma ordem aleatória, muito menos de um simples
aumento de dificuldade das disciplinas. Uma disciplina pressupõe a anterior, necessariamente.
De modo que sair de uma disciplina na correta ordem significa galgar degraus logicamente.
Não é possível deter-se num dos degraus e ali parar, nem saltar degraus. A ascensão na escada
da sabedoria se não se galga em degrau por degrau é uma ascensão falha e, quando se alcançar
o alto da escada, certamente se alcançará de forma vacilante, pois algo estará a faltar.

A verdadeira ordem das disciplinas deve ser seguida obrigatoriamente para alcançarmos a
sabedoria sólida, propriamente dita, e não apenas a erudição. Podemos chegar à erudição com
a leitura de grandes obras e o conhecimento do conjunto de seus autores, resgatando-os com
facilidade à memória. Mas não necessariamente chegamos a ser sábios. Ao passo que ser sábio
supõe a erudição, mas esta deve ser ordenada e visar a sabedoria, alcançando-a com a segurança
da subida dos degraus logicamente postos em seus devidos lugares.

Mas qual é a ordem das disciplinas?


Antes de tudo, temos a Lógica. A Lógica é a ciência propedêutica, ou preparatória, para todas
as demais ciências. Há de ter cuidado, pois a Lógica é demasiadamente atraente para mentes,
digamos, mais brilhantes, e estas mentes brilhantes tendem a permanecer no campo da Lógica,
esquecendo-se que ela apenas é uma ciência propedêutica, não tendo um fim em si mesma. Ela
possui um duplo caráter, a saber: a de ser arte e ser ciência.

Como dizia Santo Tomás de Aquino, assim como a razão, nosso intelecto, conseguiu criar uma
arte que regesse nossa mão na arte de edificar casas, assim também nossa razão erigiu uma arte
que conduz o ato mesmo da razão em ordem à ciência, com facilidade, com ordem e sem erro.
Eis a importância da Lógica. Ela é, complexamente falando, arte conquanto também seja
ciência. Mas o seu traço principal é que ela é preparatória, algo pressuposto para todas as demais
disciplinas.

Aliás, diga-se que o próprio nome disciplinas implica a noção de ordem. Quem é disciplinado
é ordenado, quem tem disciplina tem ordem. Então, mesmo o nome disciplinas engloba ciências
e artes e já supõe essa ordem.
Do ponto de vista pedagógico, antes que se ensine a Lógica, é conveniente ensinar noções
gerais, que estarão presentes em toda subida rumo à sabedoria. Noções essas basilares,
fundamentais, como essência, substância, acidente, gênero, espécie, etc. Mas, atingido a Lógica,
esta será tratada em stricto sensu, segundo a mesma ordem dada por Aristóteles, em seu
Órganon. A saber: a Categoria, ou Predicamentos; a que se segue o Peri Hermeneias, ou Sobre
a Interpretação; a que se segue os Primeiros Analíticos, ou Analíticos Anteriores; seguidos, por
sua vez, dos Analíticos Posteriores, ou Segundo Analíticos. Esta é a Lógica em stricto sensu.
Conhecê-la, aprofundar-se nela, dominá-la na medida do estritamente necessário é pré-
condição para a vida da sabedoria. É a Lógica a arte-ciência que nos ensina a pensar; é a arte
de pensar, a arte de pensar com ordem, com facilidade e sem erro de modo que se alcance a
Ciência.

A Lógica possui as suas partes potenciais.


O que são partes potenciais? Usemos a alma humana como exemplo: há três potências em nossa
alma, a saber: a vegetativa, ou nutritiva; a animal, ou sensitiva; e a humana, ou intelectiva. As
três compõe a alma humana, mas, com efeito, é próprio do homem a parte intelectiva, sendo
menor a parte animal e menor ainda a parte vegetativa.

Pois bem, algo semelhante se dá com algumas disciplinas anexas à Lógica. Que partes são
essas? São: a Dialética, ou a arte de alcançar a opinião mais provável; segue-se à Dialética a
Retórica, que é a arte de fazer propender ao verossímil mediante a suspeita de verdade; e, por
fim, como parte potencial inferior da lógica, temos a Poética.

Esta última, a Poética, é um gênero de diversas espécies e formas; inclui não só a Literatura,
como também o Teatro, a Música, a Pintura, a Dança, a Escultura, em parte a Arquitetura. E as
artes poéticas são as artes que fazem propender ao bom e ao verdadeiro mediante o Belo e que
fazem afastar-se do mau e do falso mediante o horrendo. Horrendo que, no entanto, não implica
feiúra, senão que se mantém mesmo no horrendo da arte as notas do Belo. Como representações
de cenas do Inferno, que é horrendo per si, mas que são feitas com arte. A beleza é uma das
notas dominantes nas artes poéticas.

Há outra parte potencial da Lógica, a saber, a Sofistica. O que é a Sofistica? É a arte de incorrer
em sofismas, falácias ou paralogismos. Ora, deve-se aprender a arte das falácias? Por certo que
sim, pois, assim como um agente da Lei deve conhecer profundamente a “arte” do crime para
que então possa trabalhar com maestria em suas investigações, o estudante necessita do
conhecimento da arte falaciosa da argumentação não só para prevenir-se contra, mas também
para que não ocorra em erro.

Ressalta-se que ao ser ensinada a Lógica, tanto no ordo sustentationis como na ordem
pedagógica das disciplinas, é preciso começar por cima, por que como saberemos que na
dialética alcançamos a opinião mais ou menos provável se antes não sabemos qual é a certeza?
então, na ordem pedagógica inverte-se a ordem, começando pelo alto, que será a régua de todas
as partes subjetivas da Lógica.

Tendo já domínio da Lógica e de suas ordens subjetivas, podemos então passar para a
importante ciência, que se chama a Física Geral. A Física Geral é a que trata a natureza segundo
as quatro causas descobertas por Aristóteles: a causa material, ou aquilo que alguma coisa é
feita; a causa formal, ou aquilo que a coisa é; a causa eficiente, ou aquilo pela qual a coisa é
feita; e por última, a causa final, aquilo para o qual a coisa é feita. Em torno dessas quatro causas
e do conceito de ato, potência, etc. que gira a Física Geral. Se não houvesse nada além do mundo
sensível e natural que nos cerca, se não houvesse aquilo que Platão chamava o suprassensível,
em suma, se não houvesse nada além do ente móvel, que é propriamente o sujeito da Física
Geral, a sabedoria limitar-se-ia à Física Geral.

O que é o sujeito de uma ciência?


Comumente é tratado simplesmente por objeto da ciência, mas o melhor termo chama-se
sujeito. E por quê? Analogamente, é o que se dá na oração gramatical. O sujeito de uma oração
é o objeto que sofre predicamentos, e na ciência não é diferente; seu objeto – o sujeito – é aquilo
a que tudo é atribuído formalmente; suas propriedades, suas causas, suas partes, etc. Por isso
chama-se sujeito. Aristóteles ainda o chamava Gênero Sujeito.

Portanto, tendo em vista a explanação dada acima, tenhamos em mente que o sujeito da Lógica
é o ente móvel, ou seja, tudo o que for corpóreo, material, sensível, em suma, os entes naturais.

A Física Geral também possui as suas partes, só não partes potenciais – como na Lógica –, mas
partes subjetivas. O que são partes subjetivas? Analogamente, podemos dizer que são como que
espécies de um gênero, como o homem e o cavalo são espécies do gênero animal. E que partes
subjetivas são essas? Dada em ordem, de cima para baixo: a cosmologia, ou a ciência do ente
móvel segundo o movimento local [1]; depois vem a química, que é a ciência do ente móvel
segundo geração e corrupção; depois vem a biologia, ou ciência da vida, que é a ciência do ente
móvel segundo o aumento e diminuição; por fim, a psicologia, que, em grande parte, é
antropologia, ou ciência do homem, pois a alma humana é, antes de tudo, intelectiva,
propriamente humana enquanto intelectiva. Enquanto estuda isso, a psicologia é uma
antropologia. É a ciência do ente móvel segundo alterações qualitativas, qualidades.

Dotados da ciência da Física Geral e da ciência de suas partes subjetivas, podemos alcançar as
ciências práticas. Nosso intelecto tem algo como duas faces: há o intelecto especulativo e o
intelecto prático. Este último subdivide-se nas artes do facere e nas artes do agere. No primeiro
caso, há as artes do belo ou as artes servis, como pintura e carpintaria, respectivamente; no
segundo há a ciência do agir, ou seja, a ética, a economia e a política. O resultado de nossa ação
pratica é imanente ao próprio homem.

Estudada a alma humana, saberemos o agir eticamente, isto é, com nós mesmos;
economicamente, isto é, com a família, estendendo-se à sociedade; e, por fim, politicamente. A
ciência pratica da política é a ciência arquitetônica dentre as ciências morais, pois trata do
governo da multidão.

Uma ressalva dada em relação à ciência econômica.

A ciência econômica é dita – isso é herança marxista – como predominante entre as demais
ciências éticas, senão o é a ciência da política; é superior à econômica. A econômica é antes
familiar que política; e só o será política por desdobramento necessário do âmbito familiar para
o âmbito da multidão, mais ampla, que compõe a polis, a cidade ou a sociedade. Mas são três
ciências chamadas práticas, e apenas deverão ser estudas posteriormente ao aprendizado do que
é a alma humana. Com efeito, como saberemos como agir eticamente se não sabemos como a
alma humana é?

A Metafísica e a Teologia Sagrada.


Terminado o ciclo das ciências práticas, temos, então, a rainha das disciplinas, das ciências, ou
seja, a Metafísica; também chamada de Filosofia Primeira, pois trata tudo do ângulo das causas
e dos princípios primeiros; e, por fim, também chama-se Teologia Racional, ou Natural, ou
Filosófica; por quê? porque trata de Deus. Qual o sujeito da Metafísica? É o ente enquanto ente.
Relembremos que o sujeito da Física Geral é o ente móvel, enquanto o sujeito da Metafísica é
o ente enquanto ente, qualquer ente, seja móvel, sensível, corpóreo ou não. E por que não Deus
o sujeito da Metafísica? Porque nos é impossível conhecer a essência de Deus. Deus é estudado
na Metafísica como causa do ente em geral, do ente enquanto ente.

Todas essas ciências acima citadas nos é possível alcançar pela só razão humana. A razão
humana, per si, as alcança se estiver dotada da arte-ciência propedêutica das demais ciências e
artes, que é a Lógica.

Deus, em sua infinita bondade, revelou-nos coisas que nossa razão não pode alcançar. Tal qual
a Santíssima Trindade, sendo Deus uno e trino; Jesus Cristo ser Deus; a perpétua virgindade de
Maria, Mãe de Deus, tendo-O concebido pelo poder do Espírito Santo. Nada disso é, por nós,
alcançado somente pelas luzes da razão humana. Mas Deus, em ordem a nossa salvação, nos
revelou algo, e é este algo um conjunto de dados e artigos, que chamamos Fé. Os dados e os
artigos de fé, constados nos credos, nos símbolos apostólicos, são os princípios que partem a
ciência chamada Teologia Sagrada. Ao contrário das demais ciências, a Teologia Sagrada
necessita, e somente assim existe, da revelação divina. Se na Metafísica o sujeito é o ente
enquanto ente, e se estuda Deus como causa deste sujeito, na Teologia Sagrada o sujeito é Deus
enquanto Deus e estudamos o ente enquanto ente como efeito de Deus. Quem atinge a Teologia
Sagrada atinge a sabedoria possível nesta vida. Em que consiste a sabedoria? basicamente em
ver tudo do ângulo das causas e princípios primeiros; e é pela Teologia Sagrada que tal êxito
possui seus meios, ainda mais que a Metafísica. Esta nos é dada por nossa razão, mas aquela é
Deus quem nos dá por meio das revelações e pela fé que nos é infundida.

Vejamos que a Teologia Sagrada e a Fé, per si, não necessitam da filosofia, mas nosso débil
intelecto vale-se das demais ciências para sustentar-se, tendo-as como alicerces da compreensão
ao estudarmos a Sagrada Teologia. Portanto, é correto afirmarmos que a Filosofia e as demais
ciências são algo como que servas da Teologia Sagrada, pois deste modo nos é permitido
permanecer firmemente apoiados na sempre mesma Fé, pois, com efeito, a Fé é vertida no vaso
da razão. Se este vaso da razão está rachado, a Fé tende a escorrer por suas fendas. É com boas
doutrinas, é com o aristotelismo-tomismo, ministrado e aprendido na correta ordem das
disciplinas, que vedamos o vaso de nossa razão para que se impeça assim que a fé se escorra
por suas fendas.

[1] Algumas partes subjetivas da Física Geral de que trata a doutrina aristotélico-tomista hão
de ser corrigidas, em especial a sua cosmologia. Correção esta que deve ser feita assimilando
as descobertas das ciências modernas, sem assumir seus erros, e encaixando-as aos fundamentos
da Física Geral aristotélica-tomista.

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