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Capítulo
15
Regularização de vazão
A
variabilidade temporal da precipitação e, conseqüentemente, da vazão dos
rios freqüentemente origina situações de déficit hídrico, quando a vazão dos
rios é inferior à necessária para atender determinado uso. Em outras situações
ocorre o contrário, ou seja, há excesso de vazão. A solução encontrada para
reduzir a variabilidade temporal da vazão é a regularização através da utilização de um
ou mais reservatórios. Os reservatórios têm por objetivo acumular parte das águas
disponíveis nos períodos chuvosos para compensar as deficiências nos períodos de
estiagem, exercendo um efeito regularizador das vazões naturais.
Em geral os reservatórios são formados por meio de barragens implantadas nos cursos
d‘água. Suas características físicas, especialmente a capacidade de armazenamento,
dependem das características topográficas do vale em que estão inseridos, bem como
da altura da barragem.
Vertedores
Os vertedores são o principal tipo de estrutura de saída de água. Destinam-se a liberar
o excesso de água que não pode ser aproveitado para geração de energia elétrica,
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Um vertedor pode ser livre ou controlado por comportas. O tipo mais comum de
vertedor apresenta um perfil de rampa, para que a água escoe em alta velocidade, e a
jusante do vertedor é construída uma estrutura de dissipação de energia, para evitar a
erosão excessiva.
Figura 15. 1: As barragens Norris (Clinch River, Tenessee, EUA) e Itaipu (Rio Paraná, Brasil-Paraguai).
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Figura 15. 2: Vertedor de soleira livre.
Figura 15. 3: Curva de vazão do vertedor da usina Corumbá III nas situações de comportas completamente ou parcialmente abertas.
Descarregadores de fundo
Descarregadores de fundo podem ser utilizados como estruturas de saída de água de
reservatórios, especialmente para atender usos da água existentes a jusante. Para
estimar a vazão de um descarregador de fundo pode ser utilizada uma equação de
vazão de um orifício, apresentada abaixo:
Q = C ⋅ A⋅ 2 ⋅ g ⋅ h (15.2)
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Da mesma forma que a vazão do vertedor, a vazão de um orifício tem uma relação não
linear com o nível da água.
Devido às características topográficas da área inundada, a relação entre cota e área não
é, em geral, linear. Da mesma forma, a relação entre cota e volume também não é
linear.
Tabela 15. 1: Relação cota – área – volume do reservatório Corumbá IV, em Goiás.
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provoca cavitação nas turbinas (diminuindo sua vida útil), ou porque o controle de
vazão e pressão sobre a turbina começa a ficar muito instável.
Volume útil
A diferença entre o volume máximo de um reservatório e o volume morto é o volume
útil, ou seja, a parcela do volume que pode ser efetivamente utilizada para regularização
de vazão.
Nível meta
Na operação normal de um reservatório costumam ser utilizadas referências de nível
de água que devem ser seguidas para atingir certos objetivos de geração energia e de
segurança da barragem. O nível meta é tal que se o nível da água é superior ao nível
meta, deve ser aumentada o vertimento de vazão, para reduzir o nível da água no
reservatório, que deverá retornar ao nível meta.
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Curva guia
A curva guia é semelhante ao nível meta, porém indica um nível da água no
reservatório variável ao longo do ano, que serve de base para a tomada de decisão na
operação. Uma curva guia pode indicar, por exemplo, o limite entre o uso normal da
água, quando o nível da água está acima do nível indicado pela curva guia, e o
racionamento, quando o nível da água está abaixo da curva guia.
Volume de espera
O volume de espera, ou volume para controle de cheias, corresponde à parcela do
volume útil destinada ao amortecimento das cheias. O volume de espera é variável ao
longo do ano e é definido pelo volume do reservatório entre o nível da água máximo
operacional e o nível meta.
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∂S
= I −Q (15.3)
∂t
St + ∆t − S t
= I −Q (15.4)
∆t
St + ∆t − St I t + I t +∆t Qt + Qt +∆t
= − (15.5)
∆t 2 2
onde It ; It+∆t ; Qt ; Qt+∆t são os valores no início e no final do intervalo de tempo. Esta
equação é utilizada quando o intervalo de tempo é relativamente pequeno (1 dia ou
menos), especialmente no caso de análise de propagação de cheias em reservatórios.
Quando o intervalo de tempo é longo (um mês, por exemplo) a equação é simplificada
para:
Dimensionamento de um reservatório
O dimensionamento de um reservatório pode ser realizado com base na equação:
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sujeita às restrições 0 < St+∆t < Vmax; onde Vmax é o volume útil do reservatório.
Neste caso as entradas são as vazões afluentes estimadas para o local em que se deseja
construir o reservatório e as saídas são incluem a demanda de água e as perdas.
S t + ∆t = S t + I t − Dt − Et − Qt
c) Em um mês qualquer, se St+∆t for menor que zero, a demanda Dt deve ser
reduzida até que St+∆t seja igual a zero, e é computada uma falha de
antendimento.
EXEMPLO
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S t + ∆t = S t + I t − Dt − Et − Qt
com It dado pela tabela acima; Et igual a zero e Qt igual a zero, exceto quando é necessário verter.
A demanda de 55 m3.s-1 é igual a 143 hm3 por mês. No primeiro mês observa-se que sobra água. No
segundo mês a demanda é maior do que a vazão de entrada e o volume no reservatório começa a
diminuir. O volume no início do terceiro mês é dado por S t + ∆t = 500 + 52 − 143 = 409 e assim
por diante.
No início do mês de julho o volume calculado é negativo, o que rompe a restrição, portanto o reservatório
não é capaz de regularizar a vazão de 55 m3.s-1.
Em uma planilha de cálculo ou uma calculadora científica é fácil repetir o cálculo até
que o volume atenda a vazão regularizada desejada.
Da mesma forma é fácil determinar em uma planilha eletrônica qual é a maior vazão
que pode ser regularizada com um dado volume de reservatório.
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Teoricamente, a máxima vazão que pode ser regularizada é a vazão média do rio no
local em que está a barragem. Este valor máximo é impossível de ser atingido porque a
criação do reservatório aumenta a perda de água por evaporação.
Figura 15. 4: Relação entre o volume do reservatório e a vazão regularizada em uma bacia cuja vazão média é 25,4 m3.s-1, sem
considerar a evaporação do reservatório.
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portanto, pode dispor de uma vazão substancialmente maior do que a vazão mínima
natural.
Uma usina reversível é utilizada para gerar energia durante o período em que ocorre o
pico da demanda no sistema elétrico, utilizando água previamente bombeada para um
reservatório temporário, aproveitando o excesso de oferta de energia nos períodos que
não coincidem com o pico de demanda.
P = ρ ⋅ g ⋅Q ⋅ H ⋅e (15.7)
Quanto à altura de queda da água (H) as centrais hidrelétricas podem ser classificadas
em:
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Apesar destes impactos, a população muitas vezes vê com bons olhos a construção de
uma usina hidrelétrica na área de seu município. Isto ocorre porque existe uma
compensação financeira obrigatória, em que parte dos rendimentos auferidos na
geração de energia elétrica são pagos ao município, de acordo com o tamanho da área
inundada e com a potência da usina. Entre os impactos ambientais importantes das
usinas hidrelétricas encontram-se impactos sociais; impactos sobre a flora e a fauna do
local inundado; impactos sobre a fauna do rio a jusante; impactos sobre o sistema de
transportes; impactos sobre a geração de gases de efeito estufa.
Impactos sociais
Os impactos sociais mais evidentes da implantação de uma usina hidrelétrica decorrem
da remoção das pessoas que habitam a área inundada pelo reservatório. Os impactos
deste tipo iniciam mesmo antes da construção da obra em si, já que a perspectiva da
inundação futura reprime ou não incentiva o investimento no local. Esta situação pode
se estender por vários anos, em função de indefinições sobre a construção ou não da
obra. Durante este período as localidades sujeitas a inundação experimentam um
estado de estagnação.
Finalmente, quando a obra inicia e a inundação da área habitada passa a ser certa,
surgem dúvidas e discussões sobre o valor da indenização. Embora o valor comercial
da terra possa ser estimado de forma razoável, o apego dos habitantes à terra também é
devido a um valor afetivo, por questões históricas, que é intangível, ou seja, dificilmente
quantificável. Nesta situação é comum o surgimento de especulações e de confrontos
de cunho político.
Entre os impactos sociais também podem ser incluídos impactos culturais, como a
perda, provavelmente para sempre, de sítios arqueológicos, ou eventualmente de
lugares sagrados para culturas indígenas.
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A vegetação inundada não apenas é extinta, como também pode provocar sérios
problemas de qualidade de água no lago, durante a sua decomposição. Isto ocorre
porque o oxigênio dissolvido (OD) na água é consumido durante o processo de
decomposição, e a concentração de OD é reduzida para níveis inferiores ao limite para
a sobrevivência dos peixes. Assim, o processo de enchimento pode resultar numa
grande mortandade de peixes e outras espécies aquáticas ou que dependem dos peixes
para sobreviver, como as aves.
Os impactos no rio a jusante decorrem, entre outras causas, do obstáculo imposto pela
barragem à migração dos peixes, o que pode ser apenas parcialmente contornado pela
construção de uma escada de peixes.
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V
Tr = (15.8)
Q
Exercícios
1) Qual é a perda de energia na usina de Sobradinho devida à evaporação direta
do lago? Considere que a altura de queda H = 27,2 m; a eficiência e = 0,90; e
que uma evaporação de 10 mm por dia ocorre sobre a área da superfície do
lago, que corresponde a 4200 km2.
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Mês jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Vazão 98 45 32 27 24 20 19 18 17 14 78 130
(m3/s)
Evaporação 100 110 120 130 140 135 130 120 110 105 100 100
tanque
classe A
(mm/mês)
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