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CARREIRAS

V
O
L

POLICIAIS 1
U
M
E

PREPARAÇÃO - CONHECIMENTO - APROVAÇÃO

PRF-PF-PC
Língua Portuguesa
Redação
RLM e Matemática
Noções de Informática
Noções de Direito Administrativo
Noções de Direito Constitucional
Ética no Serviço Público
Noções de Arquivologia
Noções de Contabilidade
Física Aplicada à Perícia de Acidentes Rodoviários

VIDEOAULAS DE:
- Atualidades
- Matemática Básica
Ş
ŝ-ŝŦ SUMÁRIO 5

ÍNDICE
LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................................................... 9
1. Interpretação e Compreensão de Texto ................................................................................................ 10
2. Reescritura de Frases e Parágrafos do Texto ........................................................................................ 11
3. Formação de Palavras........................................................................................................................... 14
4. Emprego das Classes de Palavras ........................................................................................................17
5. Sintaxe .................................................................................................................................................28
6. Pontuação .............................................................................................................................................38
7. Gêneros textuais ................................................................................................................................... 41
8. Redação de Correspondências Oficiais.................................................................................................46
REDAÇÃO ............................................................................................................................... 49
1. Redação para Concursos Públicos ........................................................................................................50
2. Dissertação Expositiva e Argumentativa..............................................................................................55
MATEMÁTICA .......................................................................................................................... 60
1. Proposições ...........................................................................................................................................63
2. Argumentos ..........................................................................................................................................67
3. Psicotécnicos ........................................................................................................................................69
4. Análise Combinatória ...........................................................................................................................69
5. Probabilidade .......................................................................................................................................72
6. Noções de Estatística ............................................................................................................................74
7. Conjuntos Numéricos ............................................................................................................................ 81
8. Sistema Legal de Medidas ....................................................................................................................84
9. Razões e Proporções ............................................................................................................................85
10. Porcentagem e Juros ..........................................................................................................................87
11. Sequências Numéricas .........................................................................................................................88
12. Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares ..................................................................................... 91
13. Funções, Função Afim e Função Quadrática .......................................................................................97
14. Função Exponencial e Função Logarítmica ....................................................................................... 104
15. Trigonometria.................................................................................................................................... 105
16. Geometria Plana ................................................................................................................................ 109
17. Geometria Espacial ............................................................................................................................. 115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA...................................................................................................... 126
1. Hardware ............................................................................................................................................ 128
2. Software ............................................................................................................................................. 130
3. Software .............................................................................................................................................. 131
4. Linux ....................................................................................................................................................135
5. Windows ..............................................................................................................................................137
6 SUMÁRIO Ş
ŝ-ŝŦ

6. Sistema Windows 10........................................................................................................................... 140


7. BrOffice Writer – Editor de Texto .......................................................................................................153
8. BrOffice Calc – Editor de Planilhas .................................................................................................... 163
9. BrOffice Impress - Editor de Apresentação ........................................................................................ 169
10. Microsoft Outlook 2013 ..................................................................................................................... 174
11. Microsoft Word 2013 ...........................................................................................................................177
12. Microsoft Excel 2013 .......................................................................................................................... 180
13. Microsoft PowerPoint 2013................................................................................................................ 183
14. Redes de Computadores ................................................................................................................... 185
15. Cloud Computing............................................................................................................................... 190
16. Segurança da Informação .................................................................................................................. 191
18. Arquitetura de Redes ........................................................................................................................ 194
17. Glossário ........................................................................................................................................... 200
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................. 203
1. Introdução ao Direito Constitucional ..................................................................................................205
2. Princípios Fundamentais ....................................................................................................................207
3. Direitos Fundamentais - Regras Gerais ...............................................................................................212
4. Direitos Fundamentais - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.................................................. 216
5. Direitos Fundamentais - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ...................................................221
6. Direitos Fundamentais - Direitos Sociais e Nacionalidade .................................................................233
7. Direitos Fundamentais – Direitos Políticos e Partidos Políticos .........................................................239
8. Da Organização Político–Administrativa ...........................................................................................243
9. Administração Pública ........................................................................................................................255
10. Organização dos Poderes - Poder Legislativo ..................................................................................269
11. Organização dos Poderes – Poder Executivo ....................................................................................282
12. Organização dos Poderes – Poder Judiciário ....................................................................................289
13. Funções Essenciais à Justiça..............................................................................................................303
14. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas ............................................................................313
15. Ordem Social ......................................................................................................................................321
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................................................. 330
1. Introdução ao Direito Administrativo.................................................................................................334
2. Administração Pública ........................................................................................................................ 337
3. Órgão Público .....................................................................................................................................343
4. Agentes Públicos ................................................................................................................................344
5. Princípios Fundamentais da Administração Pública ..........................................................................345
6. Poderes e Deveres Administrativos ...................................................................................................349
7. Ato Administrativo .............................................................................................................................355
8. Improbidade Administrativa ..............................................................................................................359
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ŝ-ŝŦ SUMÁRIO 7

9. Serviços Públicos ................................................................................................................................363


10. Controle da Administração Pública................................................................................................... 373
11. Responsabilidade Civil do Estado ......................................................................................................378
12. Processo Administrativo Federal ..................................................................................................... 380
13. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990 ............................................................................................384
14. Licitação ........................................................................................................................................... 413
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO .................................................................................................. 423
1. Ética no Serviço Público ..................................................................................................................... 424
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República ...................................433
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA .................................................................................................. 448
1. Arquivística: Princípios e Conceitos .................................................................................................. 449
2. Gestão da Informação e de Documentos ............................................................................................459
3. Tipologias Documentais e Suportes Físicos........................................................................................474
4. Legislação Arquivística ...................................................................................................................... 480
5. Documentos Eletrônicos e Digitais .....................................................................................................505
NOÇÕES DE ECONOMIA .......................................................................................................... 513
1. Conceitos Iniciais ................................................................................................................................. 516
2. Patrimônio ...........................................................................................................................................517
3. Contas .................................................................................................................................................520
4. Escrituração ........................................................................................................................................524
5. Balanço Patrimonial ............................................................................................................................534
6. Conceitos ............................................................................................................................................535
7. Ativos ..................................................................................................................................................536
8. Passivos ..............................................................................................................................................538
9. Patrimônio Líquido .............................................................................................................................538
10. Componentes Patrimoniais Teoria e/ou Contabilização ..................................................................542
11. Operações com Mercadorias ..............................................................................................................552
12. CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro.......572
13. Depreciação, Amortização e Exaustão .............................................................................................. 581
14. Demonstrações Contábeis.................................................................................................................594
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS...................................................... 617
1. Cinemática ........................................................................................................................................... 618
2. Dinâmica .............................................................................................................................................623
3. Estática ...............................................................................................................................................629
4. Ondulatórias .......................................................................................................................................632
5. Óptica..................................................................................................................................................638
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ŝ#-ŝŦ LÍNGUA PORTUGUESA 9

ÍNDICE
1. Interpretação e Compreensão de Texto........................................................................ 10
2. Reescritura de Frases e Parágrafos do Texto.................................................................11
3. Formação de Palavras ................................................................................................. 14
4. Emprego das Classes de Palavras .............................................................................. 17
4. 1. Substantivo............................................................................................................................ 17
4. 2. Artigo ....................................................................................................................................19
4. 3. Adjetivo................................................................................................................................ 20
4. 4. Interjeição ............................................................................................................................ 20
4. 5. Numeral ............................................................................................................................... 20
4. 6. Advérbio ............................................................................................................................... 21
4. 7. Conjunção ............................................................................................................................. 21
4. 8. Preposição ........................................................................................................................... 22
4. 9. Pronome .............................................................................................................................. 22
4. 10. Palavra QUE........................................................................................................................ 24
4. 11. Palavra SE............................................................................................................................ 24
4. 12. Verbo ................................................................................................................................... 26
5. Sintaxe ......................................................................................................................28
5. 1. Frase ..................................................................................................................................... 28
5. 2. Oração .................................................................................................................................. 28
5.2.1 Termos Essenciais da Oração ............................................................................................... 28
5.2.2 Termos Integrantes da Oração ............................................................................................ 29
5.2.3 Termos Acessórios da Oração .............................................................................................. 30
5. 3. Período Composto ................................................................................................................ 31
5.3.1. Período Composto por Coordenação ................................................................................... 31
5.3.2. Período Composto por Subordinação ................................................................................. 31
5. 4. Sintaxe de Concordância ..................................................................................................... 33
5.4.1. Concordância Nominal ........................................................................................................ 33
5.4.2 Concordância Verbal............................................................................................................ 33
5. 5. Colocação Pronominal .......................................................................................................... 33
5. 6. Sintaxe de Regência............................................................................................................. 34
5.6.1 Regência Nominal ................................................................................................................ 34
5.6.2. Regência Verbal .................................................................................................................. 35
5.6.3. Crase ................................................................................................................................... 36
6. Pontuação..................................................................................................................38
7. Gêneros textuais ........................................................................................................ 41
8. Redação de Correspondências Oficiais ....................................................................... 46
10
1. Interpretação e Compreensão de Concessão Adversidade Conclusão Causa Tempo
embora mas – contudo dessa forma Porque quan-
Texto – ainda
que – se
– no entan-
to – todavia
– logo – por-
tanto – assim
– pois
– já que
do – na
hora em
bem que – se bem que sendo – por – visto que –
O que é Interpretar Textos? – mesmo – porém – conseguinte que – logo que
que – por entretanto. uma vez – assim
Interpretar textos é, antes de tudo, compreender o que se mais que. que que
LÍNGUA PORTUGUESA

leu. Para que haja essa compreensão, é necessária uma leitu-


Leia o trecho a seguir, publicado no jornal Correio Popular:
ra muito atenta e algumas técnicas que veremos no decorrer
dos textos. Uma dica importante é fazer o resumo do texto por “Durante a sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial
parágrafos. de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51 anos, sempre
impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por
Ambiguidade
outro lado, costumava ficar horas aprimorando seus defeitos
Ambiguidade ou anfibologia é a falta de clareza em um após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira em 1970,
enunciado que lhe permite mais de uma interpretação. É con-
hecida, também, como duplo sentido. Observe os exemplos a quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato
seguir: mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e
Exs.: Maria disse à Ana que sua irmã chegou. (A irmã é cada declaração eram pensados com um racionalismo típico
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de Maria ou Ana?) de sua família, já que seus outros dois irmãos são médicos.”
A mãe falou com a filha caída no chão. (Quem estava caída
no chão?) Correio Popular, Campinas, 20 out. 2000.
Está em dúvida quanto à configuração da sua máquina? Observe que neste trecho há problemas de coerência.
Então, acabe com ela agora mesmo! (Acabe com a dúvi-
“(...) costumava ficar horas aprimorando seus defeitos (...)”
da, com a configuração ou com a máquina?)
Em alguns casos, especialmente na publicidade e nos textos Entende-se o que o redator do texto quis dizer, mas a con-
literários, a ambiguidade é proposital; mas, para que ocorra a strução é indevida, uma vez que a definição para aprimorar, se-
compreensão necessária, é preciso que o leitor tenha conheci- gundo o dicionário, é aperfeiçoar, melhorar a qualidade de. Por-
mento de mundo suficiente para interpretar de maneira literal
e não literal. tanto, se interpretada seguindo esta definição, entender-se-ia
No entanto, ela se torna um problema nos textos quando que o jogador melhorava seus defeitos.
causa dúvidas em relação à interpretação. Ela também pode Além da escolha inadequada do vocábulo, há também um
gerar problemas e fazer com que o autor seja mal interpretado,
problema causado pelo uso indevido dos elementos de coesão.
como na frase “Sinto falta da galinha da minha mãe”.
Observe o uso da expressão “Por outro lado”, que deveria indi-
Ao escrever, para que não haja problemas relacionados
à ambiguidade, é necessária atenção do autor e uma leitura car algo contrário ao que foi dito anteriormente, mas neste caso
cuidadosa. precede uma afirmação que confirma o que foi dito no período
É importante observar que os textos não são estáticos e anterior, deixando o texto confuso.
dificilmente apresentarão apenas uma tipologia. É comum
que o texto seja, por exemplo, dissertativo-argumentativo, Perceba, portanto, que:
narrativo-descritivo ou descritivo-instrucional. É importante, Coesão é a relação entre as afirmações do texto, de maneira
portanto, identificar a tipologia que predomina. a deixá-lo claro e fazer sentido:
Coesão e Coerência Ontem o dia foi bom porque vi Lucas.
Observe as orações a seguir: Ontem o dia foi bom apesar de eu ter visto Lucas.
Mariana estava cansada. Viajou a noite toda. Foi trabalhar A relação de sentido estabelecida pela conjunção fará o sen-
no dia seguinte.
tido do texto.
Perceba que a relação entre elas não está clara. Agora, veja
o que acontece quando são inseridos elementos de coesão: Coerência é o sentido do texto, é o fato de o texto fazer
Mariana estava cansada porque viajou a noite toda. Mesmo sentido e ser compreendido pelo leitor em uma primeira leitura.
assim, foi trabalhar no dia seguinte. O que torna um texto coerente, entre outras coisas, é a escolha
Os elementos de coesão são responsáveis por criar a correta das conjunções. Por isso, a coesão e a coerência do texto
relação correta entre os termos do texto, tornando-o coerente.
Os elementos de coesão são representados pelas con- andam juntas e muitas vezes se confundem.
junções. As principais relações estabelecidas entre eles são:
2. Reescritura de Frases e Parágrafos Além disso, nem toda substituição é coerente. Por exemp-
lo, na frase “Eu comprei uma casa”, fica incoerente reescrever
do Texto “Eu comprei um lar”.

A reescrita ou reescritura de frases é uma paráfrase que visa


Antônimos
à mudança da forma de um texto. Para que o novo período este- Palavras que possuem significados diferentes, opostos,
ja correto, é preciso que sejam respeitadas a correção gramatical contrários.
e o sentido do texto original. Desse modo, quando há qualquer Exs.: Mal / Bem
inadequação do ponto de vista gramatical e/ou semântico, o Ausência / Presença
trecho reescrito deve ser considerado incorreto. Subir / Descer
Assim, para resolver uma questão que envolve reescritu- Cheio / Vazio
ra de trechos ou períodos, é necessário verificar os aspectos Possível / Impossível
gramaticais (principalmente, pontuação, elementos coesivos, Polissemia
ortografia, concordância, emprego de pronomes, colocação Ocorre quando uma palavra apresenta mais de um sig-
pronominal, regência, etc.) e aspectos semânticos (signifi-
nificado em diferentes contextos.
cação de palavras, alteração de sentido, etc.).
Exs.:
Existem diversas maneiras de se parafrasear uma frase, por Banco (instituição comercial financeira; assento)
isso cada Banca Examinadora pode formular questões a partir de Manga (parte da roupa; fruta)
muitas formas. Nesse sentido, é essencial conhecer e dominar as
variadas estruturas que uma sentença pode assumir quando ela
é reescrita. Homônimos
Palavras com a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma
Substituição de Palavras ou grafia), mas com significados diferentes.
de Trechos de Texto Exs.:
Acender: colocar fogo. Ascender: subir.
No processo de reescrita, pode haver a substituição de pa- Concerto: sessão musical. Conserto: reparo.
lavras ou trechos. Ao se comparar o texto original e o que foi
reestruturado, é necessário verificar se essa substituição man- Homônimos Perfeitos
tém ou altera o sentido e a coerência do primeiro texto. Palavras com a mesma grafia e o mesmo som.
Exs.:
Locuções x Palavras Eu cedo este lugar você. (cedo = verbo)
Em muitos casos, há locuções (expressões formadas por Cheguei cedo para jantar. (cedo = advérbio de tempo)
mais de uma palavra) que podem ser substituídas por uma pa- Percebe-se que o significado depende do contexto em que

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lavra, sem alterar o sentido e a correção gramatical. Isso é muito a palavra aparece. Portanto, deve-se ficar atento à ortografia
comum com verbos. quando a questão é de reescrita.
Exs.: Parônimos
Os alunos têm buscado formação profissional. Palavras que possuem significados diferentes, mas são
(locução: têm buscado) muito parecidas na pronúncia e na escrita.
Os alunos buscam formação profissional. Exs.:
(uma palavra: buscam) Absolver: perdoar, inocentar. Absorver: aspirar.
Ambas as frases têm sentido atemporal, ou seja, expres- Comprimento: extensão. Cumprimento: saudação.
sam ações constantes, que não têm fim.
Conectores de Mesmo Valor Semântico
Significação das Palavras Há palavras, principalmente as conjunções, que possuem
LÍNGUA PORTUGUESA

Ao avaliarmos a significação das palavras, devemos ficar valores semânticos específicos, os quais devem ser levados em
atentos a alguns aspectos: sinônimos, antônimos, polissemia, conta no momento de fazer uma substituição.
homônimos e parônimos. Logo, pode-se reescrever um período, alterando-se a con-
junção. Para tanto, é preciso que a outra conjunção tenha o
Sinônimos mesmo valor semântico. Além disso, é importante verificar
Palavras que possuem significados próximos, mas não são como ficam os tempos verbais após a substituição.
totalmente equivalentes. Exs.:
Exs.: Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. (conjunção subor-
Casa: lar - moradia – residência dinativa concessiva)
Carro: automóvel Apesar de ser tarde, fomos visitá-lo. (conjunção subor-
Para verificar a validade da substituição, deve-se também dinativa concessiva)
ficar atento ao significado contextual. Por exemplo, na frase No exemplo acima, o verbo também sofreu alteração.
“As fronteiras entre o bem e o mal”, não há menção a limites Exs.:
geográficos, pois a palavra “fronteira” está em sentido cono- Toque o sinal para que todos entrem na sala. 11
tativo (figurado). (conjunção subordinativa final)
Toque o sinal a fim de que todos entrem na sala. Em um texto, podem ser encontrados três tipos de discurso: o
12 (conjunção subordinativa final) discurso direto, o indireto e o indireto livre.
No exemplo acima, o verbo permaneceu da mesma maneira. Discurso Direto
Paralelismo São as falas das personagens. Esse discurso pode aparecer
em forma de diálogos e citações, e vêm marcadas com alguma
Ocorre quando há uma sequência de expressões com es-
trutura idêntica. pontuação (travessão, dois pontos, aspas, etc.). Ou seja, o dis-
curso direto reproduz fielmente a fala de alguém.
LÍNGUA PORTUGUESA

Paralelismo Sintático Ex.: O médico disse à paciente:


É possível quando a estrutura de termos coordenados – Você precisa fazer exercícios físicos regularmente.
entre si é idêntica. Nesse caso, entende-se que “termos co- Discurso Indireto
ordenados entre si” são aqueles que desempenham a mesma
função sintática em um período ou trecho. É a reprodução da fala de alguém, a qual é feita pelo narra-
dor. Normalmente, esse discurso é escrito em terceira pessoa.
Ex.: João comprou balas e biscoitos.
Perceba que “balas” e “biscoitos” têm a mesma função Ex.: O médico disse à paciente que ela precisava fazer
sintática (objeto direto). Além disso, ambas são expressões exercícios regulamente.
nominais. Assim, apresentam, na sentença, uma estrutura sin- Discurso Indireto Livre
tática idêntica.
Ex.: Os formandos estão pensando na carreira, isto é, É a ocorrência do discurso direto e indireto ao mesmo tem-
no futuro. po. Ou seja, o narrador conta a história, mas as personagens
Tanto “na carreira” quanto “no futuro” são complementos também têm voz própria.
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do verbo pensar. Ademais, as duas expressões são formadas No exemplo a seguir, há um discurso direto: “que raiva”,
por preposição e substantivo. que mostra a fala da personagem.
Paralelismo Semântico Ex.: “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza.
Entretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria
Estrutura-se pela coerência entre as informações.
Machado)
Ex.: Lucélia gosta de maçã e de pera.
No trecho a seguir, há uma fala da personagem, mesclada
Percebe-se que há uma relação semântica entre maçã e
com a narração: “Para que estar catando defeitos no próxi-
pera, pois ambas são frutas.
mo?”.
Ex.: Lucélia gosta de livros de ação e de pizza.
Ex.: “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo teme-
Observa-se que os termos “livros de ação” e “pizza” não
possuem sentidos semelhantes que garantam a sequência rário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram
lógica esperada no período. todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos)

Retextualização de Diferentes Exemplo de uma transposição de discurso direto para


indireto:
Gêneros e Níveis de Formalidade Ex.: Ana perguntou:
Na retextualização, pode-se alterar o nível de lingua-
gem do texto, dependendo de qual é a finalidade da trans- – Qual a resposta correta?
formação proposta. Nesse caso, são possíveis as seguintes Ana perguntou qual era a resposta correta.
alterações: linguagem informal para a formal; tipos de dis- Voz Verbal
curso; vozes verbais; oração reduzida para desenvolvida; in-
versão sintática; dupla regência. Um verbo pode apresentar-se na voz ativa, passiva ou re-
flexiva.
Linguagem Formal x Linguagem Informal
Um texto pode estar escrito em linguagem coloquial (in-
Ativa
formal) ou formal (norma padrão). A proposta de reescrita Ocorre quando o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação
pode mudar de uma linguagem para outra. Veja o exemplo: expressa pelo verbo.
Exs.: Ex.: O aluno resolveu o exercício.
Pra que serve a política? Passiva
(informalidade)
Ocorre quando o sujeito é paciente, ou seja, recebe a ação
Para que serve a política?
expressa pelo verbo.
(formalidade)
Ex.: O exercício foi resolvido pelo aluno.
A oralidade geralmente é mais informal. Portanto, fique
atento: a fala e a escrita são diferentes, ou seja, a escrita não Reflexiva
reproduz a fala e vice-versa. Ocorre quando o sujeito é agente e paciente ao mesmo
Tipos de Discurso tempo, ou seja, pratica e recebe a ação.
Ex.: A criança feriu-se com a faca.
Discurso está relacionado à construção de textos, tanto
orais quanto escritos, portanto, ele é considerado uma prática Formação da Voz Passiva
social. A voz passiva pode ocorrer de forma analítica ou sintética.
Voz Passiva Analítica Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos
Verbo SER + particípio do verbo principal. Sem alterar o sentido, alguns verbos admitem duas con-
Exs.: A academia de polícia será pintada. struções: uma transitiva direta e outra indireta. Portanto, a
O relatório é feito por ele. ocorrência ou não da preposição mantém um trecho com o
mesmo sentido.
A variação de tempo é determinada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Almejar
Exs.: João fez a tarefa. (pretérito perfeito do indicativo) Exs.: Almejamos a paz entre os países que estão em
A tarefa foi feita por João. (pretérito perfeito do indicativo) guerra. / Almejamos pela paz entre os países que estão
João faz a tarefa. (presente do indicativo) em guerra.
A tarefa é feita por João. (presente do indicativo) Atender
João fará a tarefa. (futuro do presente) Exs.: O gerente atendeu os meus pedidos. / O gerente
A tarefa será feita por João. (futuro do presente) atendeu aos meus pedidos.
Necessitar
Voz Passiva Sintética
Exs.: Necessitamos algumas horas para organizar o
Verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. evento. / Necessitamos de algumas horas para organizar
Ex.: Abriram-se as inscrições para o concurso. o evento.
Transposição da Voz Ativa para a Voz Passiva Transitividade e Mudança de Significado
Pode-se mudar de uma voz para outra sem alterar o sen- Existem alguns verbos que, conforme a mudança de tran-
tido da frase. sitividade, têm o sentido alterado.
Aspirar
Exs.: Os médicos brasileiros lançaram um tratamento
para o câncer. Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
(o ar), inalar.
Um tratamento para o câncer foi lançado pelos médicos
Ex.: Aspirava o suave perfume. (Aspirava-o.)
brasileiros.
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Oração Reduzida x Oração Desenvolvida como ambição.
As orações subordinadas podem ser reduzidas ou desen- Ex.: Aspirávamos ao cargo de diretor.
volvidas. Não há mudança de sentido se houver a substituição
de uma pela outra. ANOTAÇÕES
Exs.: Ao terminar a aula, todos podem sair. (reduzida de
infinitivo)

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Quando terminarem a prova, todos podem sair.(desen-
volvida)
Os vizinhos ouviram uma criança chorando na rua.(re-
duzida de gerúndio)
Os vizinhos ouviram uma criança que chorava na rua.
(desenvolvida)
Terminada a reforma, a família mudou-se para a nova
casa.(reduzida de particípio)
Assim que terminou a reforma, a família mudou-se para
a nova casa.(desenvolvida)
Inversão Sintática
LÍNGUA PORTUGUESA

Um período pode ser escrito na ordem direta ou indire-


ta. Nesse caso, quando ocorre a inversão sintática, a correção
gramatical é mantida. Apenas é necessário ficar atento ao sen-
tido do período.
Ordem direta: sujeito – verbo – complementos/adjuntos
adverbiais.
Exs.: Os documentos foram levados para o gerente.
(direta)
Foram levados os documentos para o gerente. (indireta)
Dupla Regência
Há verbos que exigem a presença da preposição e outros
não. Deve-se ficar atento ao fato de que a regência pode influ- 13
enciar no significado de um verbo.
14
3. Formação de Palavras Composição por Justaposição: quando não há alteração
fonética nos radicais.
Ex.: Pontapé: ponta + pé
Processos de Formação de Palavras Pé-de-meia: pé + de + meia
Composição por Aglutinação: quando há alteração
Derivação fonética nos radicais.
Processo pelo qual novas palavras são formadas a partir de Ex.: Planalto: plano + alto
LÍNGUA PORTUGUESA

uma palavra, denominada primitiva, pelo acréscimo de novos Fidalgo: filho + de + algo
elementos que modificam ou alteram o sentido primitivo. As Hibridismo
novas palavras, assim formadas, são chamadas derivadas.
As palavras formadas por elementos provenientes de difer-
Os processos de derivação podem ocorrer de diversas ma- entes línguas são denominadas hibridismos.
neiras:
Ex.: Bis + avô: bisavô
Derivação Prefixal: ocorre quando há o acréscimo de um  Radical latino
prefixo ao radical.
Ex.: Crono + metro: cronômetro
Ex.: contrapor: contra+por
  Radical grego
prefixoradical
Derivação Sufixal: ocorre quando há o acréscimo de um Onomatopeia
sufixo ao radical. São as palavras que imitam sons.
Ex.: felizmente:feliz+mente Exs.: Tique-taque
Ş
ŝ#-ŝŦ

 radicalsufixo Reco-reco
Derivação Prefixal e Sufixal: ocorre quando há o acrésci- Pingue-pongue
mo simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical.
Ex.: infelizmente: in+feliz+mente Acentuação
 prefixo radicalsufixo Observe a diferença entre as palavras a seguir:
Derivação Parassintética: ocorre quando há o acréscimo Camelô-Camelo
simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical, de forma
Dúvida-Duvida
que a palavra não exista só com o prefixo ou só com o sufixo:
Ex.: empobrecer:em+pobre+cer A diferença que essas palavras possuem é na sílaba tôni-
 prefixo radical sufixo ca. No caso da palavra camelo, trata-se de uma paroxítona; já
Derivação Regressiva: ocorre quando há a eliminação de a palavra camelô é oxítona.
sufixos ou desinências. Na maioria das vezes, são substantivos O mesmo acontece com dúvida e duvida: a primeira é
formados a partir de verbos. proparoxítona e, portanto, acentuada. A segunda é paroxítona
Ex.: consumir – consumo terminada em A.
Derivação Imprópria: ocorre quando há mudança na
Classificação das Sílabas quanto à Intensidade
classe gramatical.
Exs.: Tônica: sílaba pronunciada com maior intensidade.
Temos que fechar bem os armários, pois nessa época Ex.: ca féru bimú si ca
aparecem baratas. Átona: sílaba pronunciada com MENOR intensidade.
substantivo Ex.: ca féru bimú si ca
Compramos várias coisas, pois achamos que estavam No caso dos monossílabos, a classificação entre átono ou
muito baratas. tônico está relacionada também ao sentido.
adjetivo
Os monossílabos tônicos são as palavras de apenas uma
A sala estava cheia de crianças.
sílaba e com intensidade forte. São palavras com significado
substantivo
Apesar de adulto, ele ainda é muito criança. próprio, como substantivos, adjetivos, advérbios.
substantivo adjetivado. Já os monossílabos átonos, por terem uma intensidade
Uma palavra pode exercer diferentes funções em uma sonora menor, apoiam-se nas palavras tônicas e precisam
oração. Por isso, é importante observar o sentido do que ela delas para garantir seu significado. É o caso das preposições,
representa para identificar a classe gramatical. conjunções, artigos e alguns dos pronomes oblíquos.
Exs.: Eu amo meu trabalho! Classificação das Palavras em Relação
Eu trabalho muito! à Posição da Sílaba Tônica
Composição Oxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a última.
Processo pelo qual novas palavras são formadas através da Ex.: a téca fépa le tóco ra ção
união de dois radicais. A composição pode ser por aglutinação Paroxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a penúltima.
ou justaposição. Ex.: es co laál buma çú carba la
Proparoxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a antepenúl- Emprego de G ou J
tima.
Emprega-se a Letra J
Ex.: lâm pa daham búr gue respú bli co
Nas palavras de origem árabe, africana ou indígena: pajé, jiboia.
Regras de Acentuação
Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em Nas palavras derivadas de outras que possuam j: laranjal,
a(s), e(s), o(s) e em ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s). sujeira.
Ex.: pápépólençóiscéuvéus Emprega-se a Letra G
Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a(s), Nas palavras terminadas com ágio, égio, ígio, ógio, úgio:
e(s), em(ens) e nos ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s).
pedágio, refúgio.
Ex.: babá você capô armazéns anéis
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ã(s), Nas palavras terminadas em agem, igem e ugem: gara-
ão(s), i(s), ei(s), um(uns), us, ps. gem, vertigem. Exceções: pajem, lambujem.
Ex.: dócilhífenfênixvírustóraxbíceps Emprego de X ou CH
De acordo com a Nova Ortografia, os ditongos abertos ei e oi
não são mais acentuados nas paroxítonas, como, por exemplo, Emprega-se a Letra X
em plateia, ideia e heroico. Depois de ditongo: caixa, peixe, trouxa. Exceções: recau-
Acentuam-se todas as proparoxítonas. chutar, recauchutagem.
Ex.: célulaDráculacócegas Depois de me: mexer, mexilhão. Exceção: mecha.
Acentuam-se as vogais i(s) e u(s) tônicas dos hiatos nas Depois de en: enxurrada, enxaqueca. Exceção: quando o
oxítonas e paroxítonas. en é prefixo de palavra normalmente escrita com ch: encher,
Ex.: aísanduíchepaís encharcar, etc.
Quando é precedido por nh, a vogal i tônica não será acen-
tuada: rainha, bainha. Emprego de S ou Z
Os encontros silábicos são divididos em: Emprega-se a Letra S
Ditongo: há uma vogal e uma semivogal e ficam na mes-
ma sílaba quando ocorre divisão silábica: coração, água. Nos sufixos ês, esa e isa, quando usados na formação de
palavras que indiquem nacionalidade, profissão, títulos, etc.:
Hiato: há duas vogais e ficam em sílabas diferentes quan-
do ocorre divisão silábica: saúde, moeda. chinês/ chinesa, português/portuguesa, poetisa.
Tritongo: há uma vogal e duas semivogais que ficam, por- Nos sufixos oso e osa: receoso, gelatinosa.
tanto, na mesma sílaba quando ocorre divisão silábica: Uru- Emprega-se a Letra Z
guai, quais.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Nos sufixos ez e eza, usados para formar substantivos
Acento Diferencial derivados de adjetivos: beleza, insensatez.
Em alguns casos, o acento serve para diferenciar palavras Hífen
com grafia semelhante. Observe os casos a seguir: Existem várias regras de emprego do hífen. A fim de fa-
O verbo pôr é acentuado para diferenciar-se da prep- cilitar a memorização, estudaremos as regras principais e, em
osição por. seguida, as regras impostas pela Nova Ortografia.
Ex.: Vou pôr minhas coisas no carro. Usa-se o hífen:
A lista foi feita por mim. Para ligar os elementos das palavras compostas por justa-
A forma verbal pôde (pretérito imperfeito) é acentuada posição que não sofreram alterações na tonicidade ou grafia.
para diferenciar-se da forma verbal pode (presente do indic- Ex.: Beija-flor, cirurgião-dentista, guarda-chuva, sex-
ativo). ta-feira.
Ex.: No ano passado ele não pôde comparecer ao evento.
LÍNGUA PORTUGUESA

Para separar os elementos dos adjetivos compostos.


Se você quiser, pode ficar com esse vestido. Ex.: Azul-turquesa, latino-americano, cor-de-rosa.
Os verbos ter e vir, na 3º pessoa do plural, são acentuadas Nas palavras iniciadas pelos prefixos além, aquém, pós,
para diferenciarem-se da 3ª pessoa do singular. ré, pró, recém, sem e vice.
Ex.: Ele vem almoçar mais cedo hoje. Vice-reitor, sem-terra, pós-graduação, além-mar.
Eles vêm todo ano para as férias. Os prefixos pré e pró, quando assumem a forma átona, não
Ele tem medo do resultado dos exames. exigem o uso do hífen: premetidado, pospor.
Eles têm muita coisa para fazer. Para ligar os pronomes oblíquos aos verbos nos casos de
Ortografia ênclise e mesóclise.
Ex.: Peça-lhe, saber-se-ia.
Sabendo que há fonemas que podem ser representados
por letras diferentes, é comum haver dúvidas em alguns casos. Porquê, Por Quê, Porque e Por Que
Grafia: representação escrita de uma palavra. Embora na fala não seja possível identificar diferenças, ex-
Ortografia: conjunto de normas que estabelece a grafia istem quatro maneiras diferentes de escrever a mesma palavra. 15
correta de cada palavra. Cada uma delas é utilizada em um caso específico. Observe:
Por que
16 Utilizado nas orações interrogativas, sejam elas diretas ou
indiretas.
Ex.: Por que o resultado da prova demora tanto?
Gostaria de perguntar por que você não gosta dele.
Sempre que depois da expressão puder ser empregada a
palavra motivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Não sei por que cheguei atrasada.


Quando a expressão puder ser substituída por para que ou
pelo qual.
Ex.: O caminho por que passei foi interditado.
Por quê
Quando for a última palavra da frase, o pronome que de-
verá ser acentuado.
Ex.: Ficou triste sem entender por quê.
Você não vai à festa? Por quê?
Porque
Utilizado quando a expressão puder ser substituída por
pois ou para que.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Não falei nada porque sabia que não iria acreditar
em mim.
Porquê
Utilizado quando assumir o papel de substantivo, sendo
precedido por artigo e puder ser substituída por motivo.
Ex.: O candidato não quis explicar o porquê da renúncia.

ANOTAÇÕES
4. Emprego das Classes de Palavras Coletivo
São substantivos comuns que, apesar de estarem no singular,
indicam mais de um ser da mesma espécie.
4. 1. Substantivo Exs.: Enxame: grupo de insetos.
Todos os seres recebem nomes, e este nome é a classe gramat- Manada: grupo de búfalos, elefantes ou cavalos.
ical chamada substantivo. Os substantivos nomeiam os seres: Século: período de cem anos.
pessoas, objetos, fenômenos, sentimentos, qualidades, lugares ou Relação de Alguns Substantivos Coletivos
ações. Observe os exemplos:
▷ Acervo: bens patrimoniais, obras de arte;
Exs.:
▷ Alavão: ovelhas leiteiras;
O carro está estacionado na rua.
▷ Álbum: fotografias, selos;
objeto lugar ▷ Alcateia: lobos, feras;
Estava cansada da corrida. ▷ Antologia: reunião de textos literários;
ação ▷ Armada: navios de guerra;
A sinceridade é uma virtude desejável nos amigos. ▷ Arquipélago: ilhas;
qualidade ▷ Arsenal: armas;
A chuva nos obrigou a cancelar, com tristeza, a festa na piscina.
▷ Assembleia: parlamentares, membros de asso-
fenômeno estado ciações;
▷ Atilho: espigas;
Classificação dos Substantivos ▷ Atlas: mapas reunidos em livros;
Os substantivos são classificados em: ▷ Bagagem: objetos de viagem;
Comum ▷ Baixela: utensílios de mesa;
São os substantivos que indicam nomes comuns, como os ▷ Bandeira: garimpeiros, exploradores de minérios;
que aparecem no início deste capítulo: casa, criança, sol. Não ▷ Banca: examinadores, advogados;
indicam nada específico. ▷ Banda: músicos;
Próprio ▷ Bandeira: exploradores;
▷ Bando: aves, ciganos, crianças, salteadores;
São os substantivos que individualizam os seres. Nesta
▷ Batalhão: soldados;
classe estão os nomes próprios:
▷ Bateria: peças de guerra ou de cozinha; instrumen-
▷ Maria Clara tos de percussão;

Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Porto Alegre ▷ Biblioteca: livros;
▷ Boiada: bois;
▷ Pernambuco
▷ Boana: peixes miúdos;
▷ Japão
▷ Cabido: cônegos (conselheiros de bispo);
Classificam-se, aqui, os nomes próprios de:
▷ Cacho: bananas, uvas, cabelos;
▷ Pessoas
▷ Cáfila: camelos;
▷ Cidades
▷ Cainçalha: cães;
▷ Estados ▷ Cambada: caranguejos, malandros, chaves;
▷ Países ▷ Cancioneiro: canções, de poesias líricas;
▷ Rios ▷ Canzoada: cães;
▷ Ruas ▷ Caravana: viajantes, peregrinos, estudantes;
LÍNGUA PORTUGUESA

Concreto ▷ Cardume: peixes;


São os substantivos que indicam seres (reais ou imaginários) ▷ Casario: casas;
cuja existência é independente de outros seres. ▷ Caterva: desordeiros, vadios;
Ex.: Casa, Brasil, cama, fada. ▷ Choldra: assassinos, malfeitores, canalhas;
▷ Chusma: populares, marinheiros, criados;
Abstrato ▷ Cinemateca: filmes;
São os substantivos que indicam seres (reais ou imaginári- ▷ Claque: pessoas pagas para aplaudir;
os) cuja existência depende de outros seres. ▷ Clero: a classe dos clérigos (padres, bispos,
Exs.: Banho: Alguém toma banho. cardeais...);
Cansaço: Alguém fica cansado. ▷ Clientela: clientes de médicos, de advogados;
Felicidade: Alguém fica feliz. ▷ Código: leis;
Portanto, são abstratos os substantivos que indicam senti- ▷ Conciliábulo: feiticeiros, conspiradores; 17
mentos, ações, estados e qualidades. ▷ Concílio: bispos em assembleia;
▷ Conclave cardeais para a eleição do Papa; ▷ Pinacoteca: quadros, telas;
18 ▷ Colmeia: cortiço de abelhas; ▷ Piquete: soldados montados, grevistas;
▷ Confraria: pessoas religiosas;
▷ Plantel: atletas, animais de raça;
▷ Congregação: professores, religiosos;
▷ Conselho: vereadores, diretores, juízes, militares; ▷ Plateia: espectadores;
▷ Consistório: cardeais, sob a presidência do Papa; ▷ Plêiade: poetas, artistas;
▷ Constelação: estrelas; ▷
LÍNGUA PORTUGUESA

Pomar: árvores frutíferas;


▷ Corja: vadios, tratantes, velhacos, ladrões; ▷ Prole: filhos de um casal;
▷ Coro: anjos, cantores;
▷ Quadrilha: ladrões, bandidos, assaltantes;
▷ Corpo: jurados, eleitores, alunos;
▷ Correição: formigas; ▷ Ramalhete: flores;
▷ Cortiço: abelhas, casas velhas; ▷ Rancho: pessoas em passeio ou jornada, romeiros;
▷ Elenco: atores, artistas; ▷ Récua: cavalgaduras (bestas de carga);
▷ Enxame: abelhas, insetos; ▷ Rebanho: ovelhas, carneiros, cabras, reses;
▷ Enxoval: roupas e adornos;
▷ Renque: árvores, pessoas ou coisas enfileiradas;
▷ Esquadra: navios de guerra;
▷ Esquadrilha: aviões; ▷ Repertório: peças teatrais ou musicais interpre-
▷ Falange: soldados, anjos; tadas por artistas;
Ş
ŝ#-ŝŦ

▷ Fato: cabras; ▷ Resma: quinhentas folhas de papel;


▷ Fauna: animais de uma região; ▷ Réstia: cebolas, alhos;
▷ Feixe: lenha, capim, varas;
▷ Revoada: aves voando;
▷ Filmoteca: filmes;
▷ Fornada: pães, tijolos; ▷ Ronda: grupo de soldados que percorre as ruas ga-
▷ Frota: navios mercantes, ônibus; rantindo a ordem;
▷ Galeria: quadros, estátuas; ▷ Rol: lista, relação (de pessoas ou coisas);
▷ Girândola: foguetes, fogos de artifício; ▷ Ror: grande quantidade de coisas;
▷ Grei: gado miúdo, paroquianos, políticos; ▷ Roda: pessoas, amigos;
▷ Hemeroteca: jornais, revistas;
▷ Romanceiro: conjunto de poesias narrativas;
▷ Hostes: inimigos, soldados;
▷ Irmandade: membros de associações religiosas ou ▷ Súcia: pessoas desonestas, velhacos, patifes;
beneficentes; ▷ Sínodo: párocos (sacerdotes, vigários);
▷ Junta: médicos, credores, examinadores; ▷ Tertúlia: amigos, intelectuais em reunião;
▷ Júri: jurados;
▷ Talha: lenha;
▷ Legião: anjos, soldados, demônios;
▷ Magote: pessoas, coisas; ▷ Tríade: conjunto de três pessoas ou três coisas;
▷ Malta: desordeiros, ladrões, bandidos, capoeiras; ▷ Tríduo: período de três dias;
▷ Mapoteca: mapas; ▷ Tripulação: aeroviários, marinheiros;
▷ Matilha: cães de caça; ▷ Tropilha: cavalos;
▷ Matula: desordeiros, vagabundos, vadios;
▷ Tropa: muares;
▷ Magote: pessoas, coisas;
▷ Manada: bois, búfalos, elefantes, porcos; ▷ Trouxa: roupas;
▷ Maquinaria: máquinas; ▷ Turma: estudantes, trabalhadores;
▷ Miríade: astros, insetos, anjos; ▷ Vara: porcos;
▷ Molho: chaves, verdura, capim; ▷ Vocabulário: palavras.
▷ Multidão: pessoas;
▷ Ninhada: pintos;
Flexão do Substantivo
O substantivo é uma classe variável. Ou seja: os nomes sof-
▷ Nuvem: gafanhotos, mosquitos, poeira; rem alterações (variações) para indicar gênero, número e grau.
▷ Panapaná: borboletas em bando migratório; Exs.:
▷ Pelotão: soldados; gato (substantivo masculino)
gata (mudança de gênero: feminino)
▷ Penca: bananas, chaves, frutos; gatinha (mudança de grau: diminutivo)
▷ Pente: balas de arma automática; gatão (mudança de grau: aumentativo)
A alteração do substantivo para formar o feminino não Comuns de Dois Gêneros
ocorre em todos os casos e nem sempre da mesma maneira. São substantivos que utilizam a mesma forma para indicar
Acontecerá nos substantivos biformes, que são os que apre-
sentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. tanto o masculino quanto o feminino. A diferença, nesse caso,
é o artigo, que será variável para indicar o sexo:
Formação do Feminino Exs.: O colega;
Nos substantivos biformes, alguns casos, por indicarem A colega;
nomes de seres vivos, geralmente indicam o sexo ao qual per- O chefe;
tence o ser, apresentando uma forma para o masculino e outra A chefe.
para o feminino.
Exs.: menino – menina Mudança de Gênero com Mudança de Sentido
leão – leoa Em alguns casos, a mudança de gênero implicará na mu-
O feminino pode ser formado de diferentes formas: dança de sentido do substantivo.
Alterando a terminação o por a: Exs.: O moral: ânimo;
Ex.: aluno – aluna. A moral: caráter;
Alterando a terminação e por a: O capital: valores (bens ou dinheiro);
Ex.: mestre – mestra. A capital: cidade;
Acrescentando a no final da palavra:
O cabeça: líder;
Ex.: português – portuguesa.
A cabeça: parte do corpo;
Alterando a terminação ão por ã, oa ou ona:
Exs.: aldeão – aldeã; O grama: unidade de medida de peso;
varão – varoa; A grama: planta rasteira;
comilão – comilona. O rádio: aparelho sonoro;
Acrescentando esa, essa, isa, ina ou triz: A rádio: estação;
Exs.: barão – baronesa;
ator – atriz. 4. 2. Artigo
Em alguns casos, o feminino é indicado com uma palavra
Observe a oração a seguir:
diferente:
Exs.: homem – mulher; Ex.: Uma ligação mudou meu dia: era o médico de minha
carneiro – ovelha. mãe, dizendo que eu podia buscá-la.
O artigo é um nome que acompanha o substantivo, de-
Substantivos Uniformes finindo-o. Observe que no primeiro caso destacado, o artigo

Ş
ŝ#-ŝŦ
Em alguns casos, há apenas um substantivo para indicar indefine o substantivo, mostrando que é uma ligação como
tanto o sexo feminino quanto o masculino. Esses substantivos qualquer outra, nada específico. Já no segundo caso temos um
classificam-se em:
artigo definido, especificando a pessoa: não era um médico in-
Epicenos determinado, mas o médico específico.
São os substantivos uniformes que indicam nomes de ani- Observa-se, portanto, que o artigo classifica-se em defini-
mais e para especificar o sexo, utiliza-se macho ou fêmea. do ou indefinido.
Exs.: a girafa fêmea;
Artigo definido: utilizado para especificar o substantivo
a girafa macho.
- o, a, os, as.
Sobrecomuns Ex.: A encomenda chegou.
São substantivos uniformes que indicam tanto masculino Artigo indefinido: utilizado para apresentar o substantivo
LÍNGUA PORTUGUESA

quanto feminino. A identificação do sexo correspondente se como algo não específico, como parte de um grupo, e não um
dará através do contexto.
ser determinado.
Ex.: o indivíduo (homem ou mulher).
Criança de oito anos comove público ao competir em tri- Ex.: Encontrei uma vizinha na festa.
atlo carregando irmão deficiente. Combinações e Contrações dos Artigos
Comovente a atitude de Noah Aldrich, de 8 anos, que não Preposições Artigos
queria participar sozinho de uma competição de triatlo in-
o, os a, as um, uns uma, umas
fantil nos Estados Unidos e resolveu levar o irmão caçula,
Lucas, de 6 anos, com ele. Porém, Lucas sofre de deficiência a ao, aos à, às - -
cerebral, que o impede de andar ou falar. Noah se preparou duma,
durante três meses para as provas de natação, corrida e de do, dos da, das dum, duns
dumas
ciclismo e usou um carrinho, uma bicicleta e um pequeno numa,
bote adaptado para que Lucas pudesse acompanhá-lo. em no, nos na, nas num, nuns
numas
Fonte: http://amazonrunners1.blogspot.com.br/2014/07/menino-de-
19
oito-anos-comove-publico-ao.html (adaptado) por (per) pelo, pelos pela, pelas - -
20
4. 3. Adjetivo Aplauso Parabéns! Ótimo! Viva! Bis!
A palavra que caracteriza o substantivo é chamada adjeti- Concordância Pois não! Claro! tá!
vo estas características, denominadas qualidades, podem ser
Desejo Tomara! Oxalá!
positivas ou negativas.
Dor Ai! Ui! Que pena!
Formação do Adjetivo Admiração Opa! Puxa!
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjetivo, assim como o substantivo, pode ser formado


Pena Coitado!
de diversas maneiras. Ele pode ser:
Satisfação Boa! Oba! Opa! Upa!
Primitivo
Saudação Olá! Salve! Adeus! Viva! Alô!
Quando não é derivado de nenhuma outra palavra:
Ex.: A menina era tão bonita! Silêncio Calada! Silêncio! Psiu!

Derivado Susto Valha-me, Deus! Nossa!

Quando deriva de outras palavras, como verbos ou sub- Medo Credo! Cruzes! Ui!
stantivos:
Ex.: Rancorosa, a avó não quis atender o neto.
(derivado do substantivo rancor)
4. 5. Numeral
Outra classe de palavras que se relaciona com o substantivo
Simples
Ş
ŝ#-ŝŦ

é o numeral. Observe as orações a seguir:


Assim como ocorre no substantivo, o adjetivo simples é
aquele formado por apenas um radical: Exs.: Comprei maçãs hoje cedo.
Ex.: As ruas da cidade estão agitadas. Comprei quatro maçãs hoje cedo.
O numeral especifica o substantivo dando a ideia de quan-
Composto
tidade, ordem, multiplicação ou fração. Observe os exemplos:
Assim como ocorre no substantivo, o adjetivo composto é
aquele formado por mais de um radical: Exs.: Encontrei dois amigos do tempo da faculdade.
Ex.: A Literatura afro-brasileira vem ganhando des- (quantidade)
taque.
Ele foi classificado em segundo lugar na prova.
4. 4. Interjeição (ordem)
Observe o exemplo a seguir: O preço daqui é quase o dobro do que era no ano passa-
Exs.: Cuidado! O piso está molhado. do. (multiplicação)
Algumas palavras são utilizadas para expressar advertên- Metade das contas foi paga com atraso. (fração)
cia, surpresa, alegria, etc. Essas palavras são classificadas
como interjeições. Geralmente, aparecem sozinhas na frase, Classificação do Numeral
podendo ser seguidas ou não por ponto de exclamação:
Exs.: Parabéns! O trabalho ficou lindo! De acordo com a ideia expressa pelo numeral é que se fará
Adeus, meninas, foi um prazer conhecê-las. sua classificação. O numeral pode ser:
Aleluia! Meu projeto ficou pronto!
Puxa! A festa foi maravilhosa! Cardinal
Locução Interjetiva Quando expressa a ideia de quantidade: um, oito, trinta.
Em alguns casos, a interjeição poderá ser formada por Ordinal
mais de uma palavra:
Exs.: Meu Deus! Você viu essa notícia? Quando expressa a ideia de ordem: primeiro, décimo,
Que pena, não conseguirei chegar a tempo. milésimo
Calma! Olha! Cuidado!
Advertência
Atenção! Multiplicativo
Agradecimento Obrigado! Quando expressa a ideia de multiplicação: dobro, triplo,
Alegria Oh! Oba! Viva! quádruplo.
Alívio Ufa! Fracionário
Animação Força! Coragem! Firme!
Quando expressa a ideia de fração: terço, sexto, oitavo.
Apelo Psiu! Hei! Socorro!
4. 6. Advérbio Subordinativa: Quando liga duas orações dependentes:
Ex.: Soube que a empresa vai fechar.
Observe os exemplos a seguir:
Ex.: Pegamos nossas coisas rapidamente. Classificação das Conjunções
Modo
Corremos muito naquele dia. Coordenativas
Tempo Aditivas
A menina caiu na escada. E, nem, mas também, como também, bem como, mas ain-
Lugar da.
O advérbio indica ou modifica a ação expressa pelo verbo.
Pode indicar:
Adversativas
Mas, porém, todavia, contudo, pelo contrário, não obstan-
Tempo Ontem, hoje, agora, já, sempre, etc. te, apesar de.
Lugar Aqui, lá, perto, longe, etc.
Alternativas
Rapidamente, tranquilamente (a maioria dos advér- Ou...ou, ora.... ora, quer.... quer.
Modo
bios de modo terminará em –mente).
Intensidade Muito, pouco, tão, tanto, etc. Explicativas
Afirmação Sim, certamente, etc.
Pois (antes do verbo), porque, que, porquanto.
Negação Não, tampouco, etc. Conclusivas
Dúvida Talvez, porventura, possivelmente, etc. Pois (depois do verbo), logo, portanto, por conseguinte,
por isso.
Locução Adverbial Subordinativas
Observe o exemplo:
Ex.: Os netos foram almoçar apressadamente. Temporais
Advérbio de modo Quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, até
Os netos foram almoçar com pressa. que.
Locução adverbial ▷ Mal será conjunção subordinativa temporal quando
Considera-se locução adverbial o conjunto de duas ou mais equivaler a logo que:
palavras que formam o advérbio, como no caso acima, em que Ex.: Mal cheguei e já me cobraram o projeto.
“com pressa” é o advérbio de modo. Causais

Ş
ŝ#-ŝŦ
Exs.: O casal se animou com o passeio a cavalo. Porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que.
A entrevista foi feita ao vivo.
Os filhos almoçam com ele de vez em quando. Condicionais
Se, caso, contanto que, desde que, salvo se.
Adjetivos Adverbializados
Observe a afirmação a seguir, que faz parte de uma crônica
Proporcionais
de Luis Fernando Veríssimo: À medida que, à proporção que, ao passo que.
“A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Es- Finais
crever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por A fim de que, para que.
exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo?”
Escrever claro = escrever claramente. Consecutivas
Escrever certo = escrever corretamente. De modo que, de maneira que, de sorte que, que, para que.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os adjetivos adverbializados são adjetivos empregados Concessivas


no lugar do advérbio. Normalmente isso ocorre na linguagem Embora, conquanto, se bem que, ainda que, mesmo
coloquial. que.

4. 7. Conjunção Comparativas
Como, tal qual, assim como, tanto quanto.
Conjunção é o elemento que liga duas orações ou dois ter-
mos em uma mesma oração. Conformativas
Observe o exemplo a seguir: Conforme, segundo, como.
Ex.: Ela é uma menina doce, mas quando precisa, vira
uma fera. Integrantes
As aulas vão começar logo que o professor chegar. Que, se.
Ela pode ser: ▷ As conjunções integrantes introduzem orações subs-
Coordenativa: Quando liga duas orações independentes: tantivas (que equivalem a substantivos): 21
Ex.: Vendeu tudo e mudou de cidade. Ex.: Não sei se ele virá (não sei da sua vinda).
22
4. 8. Preposição Para que não haja esta repetição desagradável durante a
comunicação, utilizamos os pronomes:
Observe o exemplo a seguir: Ex.: O bebê de Daniela nasceu perfeito. Ele tem olhos
Ex.: Gosto muito das músicas de Chico Buarque; azuis, suas mãos são fortes e seus cabelos são claros.
Chegou da viagem com febre.
Os pronomes são palavras que substituem ou acompan-
As palavras em destaque estabelecem uma relação entre
ham os substantivos. Eles podem indicar qualquer uma das
outros termos. Elas são chamadas de preposição. São elas:
três pessoas do discurso:
LÍNGUA PORTUGUESA

A, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
pelo, perante, por, sem, sobre, sob, trás. 1ª pessoa: quem fala;
2ª pessoa: com quem se fala;
Algumas palavras pertencentes a outras classes grama- 3ª pessoa: de quem se fala.
ticais podem, eventualmente, aparecer como preposição em
alguns casos. Por exemplo: salvo, fora, durante, segundo, etc. Classificação dos Pronomes
As preposições podem ser: Pronomes Pessoais
▷ Essenciais: quando são sempre preposição. São as
palavras listadas anteriormente; Pessoa do discurso Retos Oblíquos
▷ Acidentais: quando não são preposições essenciais, 1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
mas em alguns casos exercem a função de prepo- 2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
sição; 3ª pessoa do singular Ele/Ela O, a, lhe, se, si, consigo
▷ Puras: quando não há junção com artigo;
Ş
ŝ#-ŝŦ

1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco


▷ Contrações: quando aparecem junto com o artigo. 2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Por exemplo: de+a, per+o, etc. 3ª pessoa do plural Eles/Elas Os, as, lhes, se, si, consigo
Relação estabelecida pela preposição Os pronomes pessoais funcionam como sujeito da oração.
Ex.: Eu estava cansada ontem.
Assunto Conversamos sobre a viagem.
Os pronomes oblíquos funcionam como complementos.
Autoria Apaixonei-me por um quadro de Picasso.
Ex.: Eu lhe escrevi uma carta.
Causa Foi preso por roubar dinheiro público.
Companhia Fui jantar com meu marido. As formas o, a, os, as sofrem modificações dependendo da
Conteúdo Traga, por favor, um copo de (com) água. terminação do verbo que acompanham. Observe:
Destino Vou para casa mais cedo. ▷ Quando o verbo terminar em r, s ou z, ficarão lo, la,
Distância A casa fica a duas quadras da praça.
los, las:
Exs.: Começar: começá-los;
Finalidade Eles vieram para a palestra.
Celebramos: celebramo-lo.
Instrumento Ele abriu a embalagem com uma faca. Fiz: fi-lo.
Limite As meninas correram até a casa da tia. ▷ Quando o verbo terminar em som nasal, ficarão no,
Gostava de ficar em casa. As coisas estão sobre a na, nos, nas:
Lugar
mesa. Exs.: Comemoram: comemoram-no;
Matéria Comprei um brinco de ouro. Viram: viram-no.
Meio Tivemos que fazer a viagem de ônibus.
Modo As coisas foram resolvidas com tranquilidade. Pronomes de Tratamento
Oposição
O movimento do bar aumenta nos dias de jogos do São pronomes utilizados para dirigir-se ou referir-se a
Brasil contra a Argentina. autoridades ou pessoas com quem se tem menos contato. Os
Origem Eles vieram do interior. mais utilizados são:
Posse Gostei da camiseta de Raul.
PRONOMES DE TRATAMENTO USADOS PARA
Estava feliz com meu livro de dez reais. Vendia as
Preço
tortas por vinte reais.
Usado para um tratamento íntimo,
Você
Tivemos que sair após a discussão. Chegaremos em familiar.
Tempo
uma hora.
Senhor, Pessoas com as quais mantemos um
Sr., Sr.ª
certo distanciamento mais respeitoso.
4. 9. Pronome Senhora
Pessoas com um grau de prestígio
Observe o trecho a seguir: maior. Usualmente, os empregamos
Vossa
Ex.: O bebê de Daniela nasceu perfeito. O bebê de Da- V. S.ª em textos escritos, como: corre-
Senhoria spondências, ofícios, requerimentos,
niela tem olhos azuis. As mãos do bebê de Daniela são
fortes, e os cabelos do bebê de Daniela são claros. etc.
Usados para pessoas com alta autori- O mesmo ocorre com os mesmos pronomes em relação à
Vossa dade, como: Presidente da República, localização no espaço. Observe:
V. Ex.ª
Excelência Senadores, Deputados, Embaixadores, Exs.:
etc.
Acho que esta camiseta ficou bem em mim. (próximo à
Vossa pessoa que fala);
V. A. Príncipes e duques.
Alteza
Vossa Esse chapéu ficou ótimo em você! (próximo à pessoa com
V.S. Para o Papa. que se fala);
Santidade
Vossa Mag- Você sabe de quem é aquela pasta? (distante de quem
V. Mag.ª Reitores de Universidades.
nificência fala e da pessoa com que se fala).
Vossa Majestade V. M. Reis e Rainhas.
Pronomes Demonstrativos
▷ O pronome de tratamento concorda com o verbo na
3ª pessoa: Variáveis Invariáveis
Ex.: Vossa Excelência me permite fazer uma observação? Este, estas, estes, estas Isto
▷ Quando o pronome for utilizado para referir-se à 3ª Esse, essa, esses, essas Isso
pessoa, o pronome Vossa será substituído por Sua: Aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo
Ex.: Sua Alteza, o Príncipe William, casou-se com uma
plebeia. Pronomes Indefinidos
Pronomes Possessivos São pronomes que se referem à 3ª pessoas mas sem a fun-
São pronomes que indicam posse. Observe os exemplos: ção de determinar ou definir. Pelo contrário: são pronomes que
Exs.: dão um sentido vago, impreciso sobre quem ou o que se fala.
Andei tanto que meus pés estão doendo. Ex.: Muitos querem sucesso, mas poucos estão dispostos
Pegue tuas coisas e vamos embora. a pagar pelo seu preço.
Marina ficou feliz ao ver que sua mala não Não se sabe sobre quem ou quantas pessoas se fala, por
estava perdida. isso são utilizados pronomes que dão a ideia de quantidade
indefinida.
Os pronomes destacados indicam quem é o possuidor dos
itens das orações: pés, coisas e malas. Observe que pelo pro- Pronomes indefinidos
nome é possível identificar a pessoa. Isso acontece porque há Variáveis Invariáveis
um pronome possessivo específico para cada pessoa:
algum, alguns, alguma, algumas; Alguém
Pessoa do discurso Pronomes possessivos certo, certos, certa, certas; Ninguém

Ş
ŝ#-ŝŦ
1ª pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas nenhum, nenhuns, nenhuma, Outrem
nenhumas; Tudo
2ª pessoa do singular Teu, tua, teus, tuas
todo, todos, toda, todas; Nada
3ª pessoa do singular Seu, sua, seus, suas
outro, outros, outra, outras; Cada
1ª pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas muito, muitos, muita, muitas; Algo
2ª pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas pouco, poucos, pouca, poucas; Mais
3ª pessoa do plural Seu, sua, seus, suas vário, vários, vária, várias; Menos
O pronome possessivo concorda: tanto, tantos, tanta, tantas;
▷ Em pessoa, com o possuidor: quanto, quantos, quanta,
Ex.: Meu irmão chegou de viagem. quantas.
1ª pessoa do singular
▷ Em número, com o que se possui:
Pronomes Interrogativos
São os pronomes utilizados nas perguntas diretas e indire-
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Teus filhos são lindos!


tas. Observe o exemplo:
Masculino plural
Exs.:
Pronomes Demonstrativos Quantas pessoas se matricularam no curso?
São os pronomes que indicam a posição de algo em relação à Quem estava aqui ontem?
pessoa do discurso. Observe os exemplos: Gostaria de saber que dia você viajará.
Exs.: Este mês está sendo ótimo para o comércio graças Pronomes interrogativos
a Dia das Mães. (mês atual); Quem, quanto, quantos, quanta, quantas, qual, quais, que

Na última semana tivemos quatro provas. Essa semana foi Pronomes Relativos
uma correria! (passado próximo); São pronomes que se relacionam com termos já citados na
oração, evitando a repetição.
Quando meus filhos eram pequenos, viajamos para a Exs.:
Europa. Aquela foi uma viagem inesquecível. (passado Trouxe um livro. 23
distante) O livro que eu trouxe é o livro que você me pediu.
O pronome relativo que indica e especifica o livro ao qual Advérbio
24 o interlocutor se refere:
Ex.: Que bela está a casa!
Ex.: Trouxe o livro que você pediu.
Neste caso, antecede um adjetivo, modificando-o: como a
O pronome relativo concordará:
casa está bela!
▷ Com o seu antecedente:
Ex.: Que longe estava da cidade!
Ex.: As ruas pelas quais passou traziam lembranças.
Neste caso, antecede um advérbio, intensificando-o: Esta-
Exceção: pronome cujo (e variações), que concorda com
va muito longe da cidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

o consequente:
Ex.: Estou lendo um livro cuja capa foi feita pelo meu Conjunção
irmão.
Exs.:
▷ A regência do pronome relativo seguirá a regra da Que gostem ou que não gostem, tomei minha decisão.
regência pedida pelo verbo: (conjunção alternativa)
Exs.: Pode entrar na fila que não será atendida. (conjunção
É uma menina de quem todos gostam. adversativa)
Era uma pessoa a quem todos admiravam. Não falte à aula que o conteúdo é importante. (con-
Pronomes Substantivos junção explicativa)
Em alguns casos, o pronome atuará como substantivo, Conjunção Subordinativa
substituindo-o. Observe: Exs.:
Ex.: Poucos conhecem o segredo de viver em paz. Estava tão cansada que não quis recebê-lo.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Pronome indefinido – substitui o substantivo (conjunção subordinativa consecutiva)


Pronomes Adjetivos Gostei da viagem, cara que tenha sido. (conjunção sub-
ordinativa concessiva)
Em alguns casos, o pronome atuará como adjetivo, atri-
Não corra que o chão está molhado! (conjunção subor-
buindo uma característica ao substantivo. Observe:
dinativa causal)
Ex.: Este quadro é meu.
Pronome possessivo adjetivo Partícula Expletiva (de Realce)
Ex.: Que bonito que está o seu cabelo! (não tem função
4. 10. Palavra QUE na oração, apenas realça o que está sendo falado)
A palavra “que” possui diversas funções e costuma gerar
muitas dúvidas. Por isso, para entender cada função e identi- 4. 11. Palavra SE
ficá-las, observe os exemplos a seguir: A palavra “se”, assim como o “que”, possui diversas
funções e costuma gerar muitas dúvidas. Por isso, para en-
Substantivo tender cada função e identificá-las, observe os exemplos a
Ex.: Senti um quê de falsidade naquela fala. seguir:
Neste caso, o que está precedido por um determinante –
um artigo, e é acentuado, pois assume o papel de um substan- Partícula Apassivadora
tivo. Poderia ser substituído por outro substantivo: Ex.: Vendem-se plantas. (É possível passar a oração
Ex.: Senti um ar de falsidade naquela fala. para a voz passiva analítica: Plantas são vendidas)
Quanto atua como substantivo, o quê será sempre acen- Neste caso, o “se” nunca será seguido por preposição.
tuado e precedido por um artigo, pronome ou numeral.
Pronome Reflexivo
Pronome Ex.: Penteou-se com capricho.
Exs.:
Que beleza de festa! (pronome exclamativo) Pronome Recíproco
O livro que comprei estava em promoção. (pronome Ex.: Amaram-se durante anos.
relativo)
Que dia é a prova? (pronome interrogativo)
Partícula Expletiva (de Realce)
Ex.: Foi-se o tempo em que confiávamos nos políticos.
Interjeição (não possui função na oração, apenas realça o que
Exs.: Quê? Não entendi. foi dito)
Quê! Ela sabe sim! Pronome Indeterminador do Sujeito
Preposição Transforma o sujeito em indeterminado.
Ex.: Temos que chegar cedo. Exs.:
Observe que a regência do verbo ter exige a preposição Precisa-se de secretária. (não se pode passar a oração
“de”: Temos de chegar cedo. No entanto, na fala coloquial, já é para a voz passiva analítica)
aceito o uso do “que” como preposição. Nessa casa, come-se muito.
Parte do Verbo Pronominal
Alguns verbos exigem a presença da partícula “se” para
indicar que a ação é referente ao sujeito que a pratica:
Exs.: Arrependeu-se de ter ligado.
Outros exemplos de verbos pronominais: Lembrar-se, queix-
ar-se, enganar-se, suicidar-se.
Conjunção
Exs.:
Vou chegar no horário se não chover. (conjunção condi-
cional)
Não sei se dormirei em casa hoje. (conjunção integrante)
Se vai ficar aqui, então fale comigo. (conjunção adverbial
causal)
Se queria ser mãe, nunca demonstrou amor pelas cri-
anças. (conjunção concessiva)

ANOTAÇÕES

Ş
ŝ#-ŝŦ
LÍNGUA PORTUGUESA

25
26
4. 12. Verbo • Presente
Indica a ação que acontece no momento da elocução:
Verbo é a palavra que exprime ação. Observe:
Ex.: Corremos todos os dias naquelas ruas e praças. Ex.: Eu estou em casa.
O verbo pode indicar, além de uma ação, um estado ou • Pretérito Perfeito
fenômeno da natureza. Observe: Indica a ação concluída no passado:
Exs.: Mariana era mais magra quando estava grávida. Ex.: Eu comi a torta de limão.
Durante semanas, choveu muito. • Pretérito Imperfeito
LÍNGUA PORTUGUESA

O verbo expressa o tempo e a pessoa da ação. Observe:


Indica uma ação que não foi plenamente concluída e que
Ex.: Nesta semana não terei aula de inglês.
Tempo: futuro não tem limites claramente estabelecidos:
Pessoa: 1ª do singular (eu) Ex.: Ele me ligou enquanto eu comia.
Ex.: Não sabes os caminhos que percorri. • Pretérito Mais-que-Perfeito
Tempo: presente Tempo: pretérito Indica uma ação que foi plenamente concluída antes de
Pessoa: 2ª do singular (tu) Pessoa: 1ª do singular (eu) outra ação também concluída:
Ex.: Meu irmão viajara muito antes de casar.
Conjugações do Verbo • Futuro do Presente
Todos os verbos em Língua Portuguesa, quando no infin- Indica a ação futura em relação ao momento da elocução:
itivo, terminarão em ar, er ou ir. Essa classificação é chamada Ex.: Viajarei na próxima semana.
de conjugação: • Futuro do Pretérito
Indica a ação que, naquele momento era futura, mas no
Ş
ŝ#-ŝŦ

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação momento da elocução é passado:


Verbos termina- Verbos terminados Verbos terminados Ex.: Eu perderia o voo se ele não tivesse me dado carona.
dos em AR em ER em IR
Amar Comer Sair Flexão do Verbo
Falar Descer Cair Observe o exemplo a seguir:
Dançar Fazer Sorrir
Comer
Eu como
Tempos e Modos Verbais Tu comes
Todos os verbos apresentam formas, tempos e modos. São Ele come
modos:
Nós comemos
Indicativo Vós comeis
Expressa certeza. Eles comem
Subjuntivo Observe que a primeira parte do verbo, com-, não é al-
terada, o que muda é o final. Isso significa que a primeira parte
Expressa dúvida. é o radical. Nos verbos regulares, o radical nunca muda. O que
Imperativo se altera são as terminações, indicando tempo e pessoa.
Expressa uma ordem ou orientação. Observe os verbos a seguir:
Além disso, os verbos apresentam formas nominais. São Falar
elas: Radical: fal-
Eu falo
• Particípio
Tu falas
Indica a ação que já foi totalmente concluída.
Ele fala
Também pode ser considerado adjetivo.
Nós falamos
Ex.: O texto lido foi emocionante.
Vós falais
• Gerúndio Eles falam
Indica a ação que ocorre no momento da elocução. Observe que o radical do verbo não muda. Quando isso
Também pode ser considerado advérbio. acontece, o verbo recebe o nome de regular.
Ex.: Fiquei em casa lendo o livro novo. Quando ocorre mudança no radical ou quando a termi-
• Infinitivo nação não é a mesma dos demais verbos da mesma conju-
gação, o verbo é chamado irregular:
Indica a ação verbal sem flexão de pessoa, tempo ou modo.
Ouvir
Também pode ser considerado substantivo. Radical: ouv-
Ex.: O entardecer foi lindo. Eu ouço
Tu ouves
Tempos Verbais Ele ouve
Os tempos verbais são classificados para definir a relação Nós ouvimos
temporal entre a ação e o momento em que se fala sobre ela. Vós ouvir
São eles: Eles ouvem
Observe que na primeira pessoa houve alteração do radical. Transitivo Direto e Indireto (Bitransitivo)
Além de regulares e irregulares, os verbos também podem ser: Quando exige dois complementos para fazer sentido:
Abundantes Ex.: Entreguei uma carta ao porteiro.
Quando há mais de uma forma de particípio: Verbo de Ligação
Aceitar - aceito/aceitado
Quando não exprime uma ação e sim uma característica
Expulsar - expulsado/expulso
do sujeito:
Salvar - salvado/salvo Ex.: Marina é bonita.
Anômalos São verbos de ligação:
Quando há mais de uma mudança no radical. São verbos Ser
que não obedecem às regras de conjugação verbal dos demais: Estar
Ser Continuar
Eu sou Andar
Tu és Parecer
Ele é Permanecer
Nós somos Ficar
Vós sois Verbo Auxiliar
Ele é
Nas locuções verbais, é o verbo que precede o verbo prin-
cipal, normalmente identificando o sujeito e o tempo verbal:
Locução Verbal Ex.: Os convidados foram arrumar a mesa.
Observe o exemplo a seguir:
Vozes Verbais
Ex.: Estou fazendo um curso de Francês.
Os verbo possui diferentes vozes, que indicam quem prat-
O verbo principal nesta oração é fazendo, no gerúndio, ica e quem recebe a ação:
mas vem acompanhado por um verbo auxiliar, estou.
Locução verbal é todo conjunto formado por um verbo Ativa
principal + um verbo auxiliar. O verbo principal pode estar no Quando o sujeito pratica a ação:
gerúndio, particípio ou infinitivo: Ex.: Coloquei um vaso na mesa.
Ex.: Isso já foi feito antes. Passiva Analítica (verbo ser + verbo no particípio)
Verbo auxiliar + verbo principal no particípio

Ş
ŝ#-ŝŦ
Quando o sujeito recebe a ação, praticada por outro ele-
Ex.: Vou falar com eles antes do fim da aula. mento, o agente da passiva:
Verbo auxiliar + verbo principal no infinitivo Ex.: Um vaso foi colocado na mesa por mim.
(sujeito paciente) (agente da passiva)
Tipos de Verbo Passiva Sintética (verbo na 3ª pessoa + pronome se)
Os verbos dividem-se em tipos, de acordo com o seu sig- Quando o sujeito recebe a ação, mas o agente não aparece:
nificado. São eles: Ex.: Colocou-se um vaso na mesa.
Intransitivo Reflexiva
Quando o sentido do verbo é completo e não exige com- Quando o sujeito pratica e recebe a ação ao mesmo tempo:
plemento. Ex.: A menina penteou-se demoradamente.
Ex.: Meu vizinho morreu.
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES
Transitivo
Quando o sentido do verbo não é completo e é necessário
um complemento para que faça sentido. Dentre os transitivos,
pode ser:
Transitivo Direto
Quando exige um complemento que não é seguido por
preposição (objeto direto):
Ex.: Comprei uma bolsa.
Transitivo Indireto
Quando exige um complemento que é seguido por prep-
osição (objeto indireto): 27
Ex.: Gosto de cantar.
28
5. Sintaxe Composto
Quando possui mais de um verbo, ou seja, mais de uma
oração:
5. 1. Frase Exs.: Queremos que as coisas sejam resolvidas logo.
Observe os exemplos:    1ª oração2ª oração
Exs.: Cuidado! Era tarde quando chegamos do trabalho.
Estou cansada. 1ª oração 2ª oração
LÍNGUA PORTUGUESA

Passei no concurso! Quando houver uma locução verbal, será contado apenas
Mentira! o verbo principal, ou seja, será apenas uma oração:
Jura?
Ex.: Vai ficar tarde para ligar para ela.
Anda logo!
 1ª oração2ª oração
Toda palavra ou conjunto de palavras organizada de ma-
neira coerente e que transmita informações ou tenha sentido
é considerada frase. 5.2.1 Termos Essenciais da Oração
Observe o trecho a seguir:
Classificação da Frase Ex.: Os alunos gostam das aulas de Inglês.
De acordo com o seu significado, uma frase pode ser: A oração faz sentido porque possui dois elementos essen-
Declarativa ou afirmativa: ciais: sujeito e predicado.
Ex.: Eu gosto de você. Sujeito é o termo sobre o qual a oração fala.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Interrogativa: Predicado é o que se fala sobre o sujeito.


Ex.: Você sabe que dia é a prova? Ex.: Os alunos gostam das aulas de Inglês.
Exclamativa:  Sujeito Predicado
Ex.: Mentira!
Imperativa: Sujeito
Ex.: Fique onde está.
Núcleo do Sujeito
Nominal É o termo essencial na identificação do sujeito:
Quando não possui verbos: Ex.: Os alunos.
Exs.: Artigo substantivo
Corra! Núcleo do sujeito: alunos
Bom dia!
Tipos de Sujeito
Verbal Determinado
Quando possui verbos: Quando é possível identificar o sujeito, ele é chamado su-
Exs.: jeito determinado. Ele pode ser:
João gosta de Química.
As crianças brincavam no quintal. • Simples
Os meninos são muito agitados. Quando possui apenas um núcleo:
A frase verbal também é considerada oração. Ex.: Meus filhos gostam de almoçar aqui.
Núcleo: filhos.
5. 2. Oração • Composto
Todo enunciado que faz sentido e que possui verbo é con- Quando possui mais de um núcleo:
siderado oração. Ex.: Meus filhos e meus netos gostam de almoçar aqui.
Exs.: Núcleo: filhos, netos.
Cansei de esperar. • Oculto
Eles estão estudando muito para a prova. Quando o sujeito não aparece na oração, mas é possível
As meninas passaram horas se arrumando para a festa. identificá-lo através do verbo:
Ex.: Gostei de almoçar aqui.
Período Sujeito: eu.
Toda oração é chamada também de período, que pode ser: Ex.: Fomos embora cedo.
Sujeito: nós.
Simples
Indeterminado
Quando possui apenas um verbo, ou seja, apenas uma
oração: Pode ser representado de duas maneiras:
Exs.: 1. Verbo na 3ª pessoa do plural.
Eles gostaram do bolo. Chegaram atrasado.
As roupas secaram no varal. Falaram sobre ele.
Reclamaram dos preços. Predicado Verbal
Disseram que a fila estava enorme. É o predicado cujo verbo indica uma ação:
Note que nos períodos acima não é possível identificar Ex.: Os meninos levantaram com pressa.
o agente das ações. Por isso, é chamado sujeito indeter- As águas correm depressa nessa parte do rio.
minado. O núcleo do predicado verbal sempre será o verbo:
Observação: Dependendo do contexto, o verbo na 3ª Ex.: Os meninos levantaram cedo.
pessoa não significará sujeito indeterminado. Sujeito Predicado
Ex.: Os meninos vieram do banco. Disseram que a fila  Núcleo do predicado: levantaram
estava enorme.
Sujeito: os meninos – implícito na oração e identificado Predicado Nominal
graças ao contexto. É o predicado cujo verbo indica um estado do sujeito:
2. Verbo + partícula “se” Ex.: Os alunos parecem cansados.
Ex.: Confia-se muito em medicamentos. Raul estava atrasado quando me encontrou.
Sujeito: ? Os verbos do predicado nominal são os verbos de ligação,
A partícula “se”, nesse caso, atua como índice de in- que não indicam ação mas características do sujeito. Os princi-
determinação do sujeito. Essa construção ocorrerá com pais verbos de ligação são:
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos e ver- Andar
bos de ligação. Observe: Continuar
Precisa-se de vendedores. Estar
verbo transitivo indireto Ficar
Quem precisa? Parecer
Sujeito indeterminado. Permanecer
Vive-se melhor no campo. Ser
verbo intransitivo Assim como ocorre no predicado verbal, o núcleo do pred-
icado nominal será o verbo de ligação:
Quem vive?
Ex.: Os alunos parecem cansados.
Sujeito indeterminado.
Sujeito Predicado
Oração sem Sujeito  Núcleo do predicado: parecem
Em alguns casos, a ação expressa pelo verbo não terá su-
jeito. São eles: Predicado Verbo-Nominal
Em alguns casos, o predicado verbal e o predicado nominal

Ş
ŝ#-ŝŦ
Haver aparecerão juntos, ou seja, o predicado indicará uma ação e
Quando significar existir, acontecer, realizar: um estado do sujeito:
Exs.: Ex.: Os meninos subiram as escadas apressados.
Há muita gente passando fome. (existe)  Sujeito    AçãoEstado
O que houve? (aconteceu) (Estavam apressados.)
Houve uma cerimônia rápida em homenagem aos pais. O predicado verbo-nominal apresentará dois núcleos: os
(realizou-se) verbo de ação e o verbo de ligação.
Fazer, Ser e Estar
No exemplo apresentado acima, o núcleo será: subiram e
Quando significar tempo decorrido ou tempo decorrido de apressados.
um fenômeno da natureza:
Exs.:
Faz dias que não a vejo. 5.2.2 Termos Integrantes da Oração
LÍNGUA PORTUGUESA

Faz dias que chove. Em alguns casos, o verbo ou nome expresso na oração não
Estava calor. apresenta sentido completo, exigindo um complemento para
Verbos que expressam fenômenos da natureza que a informação seja transmitira. Estes complementos, por não
Ex.: serem opcionais mas obrigatórios, são chamados de termos in-
Amanheceu, embora ninguém tivesse dormido. tegrantes da oração. Eles são divididos em: objeto direto, objeto
Choveu a noite inteira. indireto, complemento nominal e agente da passiva.
Faz anos que não neva aqui. Objeto Direto
Predicado É o termo que completa o sentido do verbo transitivo dire-
to. Observe o exemplo a seguir:
Embora seja possível existir oração sem sujeito, não existe Ex.: Compramos frutas na feira.
oração sem predicado. O verbo comprar não possui sentido completo. Ou seja:
Ex.: Faz duas semanas que não a vejo. é um verbo transitivo e exige um complemento para que a 29
Predicado oração fique clara.
Como este complemento é ligado a ele de maneira direta, Complemento nominal Adjunto adnominal
30 sem o auxilio de uma preposição, é chamado objeto direto. Sempre com preposição Nem sempre com preposição
Se relaciona com substan- Se relaciona somente com substanti-
Objeto Indireto tivos, adjetivos e vos, nunca com adjetivos ou advérbios
É o termo que completa o sentido do verbo transitivo indi- Nunca se relaciona com Se relaciona com substantivos con-
reto. Observe o exemplo a seguir: substantivos concretos cretos
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Eu gostei da viagem. Transmite a ideia de posse

O verbo gostar não possui sentido completo. Ou seja: é um ver-


bo transitivo e exige um complemento para que a oração fique clara. Adjunto Adverbial
Como este complemento é ligado a ele de maneira indireta, São termos que completam o sentido de um verbo, adjeti-
com o auxilio de uma preposição, é chamado objeto indireto.
vo ou outro advérbio, modificando-os ou definindo-os:
Complemento Nominal Ex.: Os mais novos chegaram rapidamente.
Em alguns casos, o termo que terá o sentido incompleto e
exigirá um complemento será um nome (substantivo, adjetivo verboadjunto adverbial
ou advérbio). Observe o exemplo a seguir:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: A saudade de casa agitava a menina. Aposto


Substantivo complemento nominal
Observe o exemplo a seguir:
Agente da Passiva Ex.: João, morador do térreo, reclamou do barulho
Quando o verbo aparece na voz passiva, ou seja, com
sujeito paciente, o termo que pratica a ação verbal será das crianças na garagem.
chamado agente da passiva:
O termo destacado acrescenta uma informação sobre o
Ex.: A festa foi paga pelos funcionários do banco.
Sujeito pacienteAgente da passiva sujeito, identificando-o ou caracterizando-o. Este termo é
Se a oração for passava para voz ativa, o agente da passiva chamado aposto.
será sujeito:
Ex.: Os funcionários do banco pagaram a festa. Exs.:
 sujeito São Paulo, maior cidade do país, luta contra a poluição.

5.2.3 Termos Acessórios da Oração Fascinadas com o parque, as meninas não queriam ir
embora.
Adjunto Adnominal
Assim como o complemento nominal, o adjunto ad-
nominal completa o sentido de um nome, caracterizando-o.
Vocativo
Ex.: As luzes de Natal enfeitavam a sala. Observe os exemplos a seguir:
 Adjunto adnominal
Exs.:
Os termos que completam o sentido de um nome podem
ser artigos, adjetivos ou numerais: Marina, você viu o edital do concurso?
Ex.: A cidade inteira acordou com uma sensação estranha.
Crianças, já bateu o sinal!
 Artigo numeraladjetivo
Corram, meninas, vocês vão se atrasar!
Diferença entre Adjunto Adnomi-
nal e Complemento Nominal Observe que os termos assinalados não possuem relação

Considerando que ambos completam o sentido de um sintática com os enunciados. Trata-se de uma interlocução,
nome, é comum ter dúvidas entre o adjunto adnominal e o
uma relação entre quem fala e quem ouve.
complemento nominal. Para distingui-los, é importante obser-
var os critérios abaixo:
5. 3. Período Composto Alternativas
Observe as orações a seguir: São as orações que dão a ideia de alternância. Normalmente
são ligadas por uma conjunção alternativa:
Exs.: Ex.: Ou chega atrasado ou sai mais cedo.
Fui à fazenda.
Adversativas
Cheguei à fazenda e corri para ver o lago.
São as orações que dão a ideia de oposição. Normalmente são
Gostei de andar pela fazenda. ligadas por uma conjunção adversativa:
A primeira oração possui apenas um verbo e o sentido Ex.: Chegou cansada, mas deu atenção aos filhos.
completo. Trata-se, portanto, de um período simples, ou uma Explicativas
oração absoluta.
São as orações que dão a ideia de explicação. Normalmente
No segundo caso, temos duas orações, ou seja, dois ver- são ligadas por uma conjunção explicativa:
bos, com sentidos completos e independentes uma da outra. Ex.: Estava chateado, pois não conseguiu o emprego que
queria.
Ex.: Cheguei à fazenda. Corri para ver o lago.
Cheguei à fazenda e corri para ver o lago. Conclusivas
Por possuir mais de um verbo, trata-se de um período São as orações que dão a ideia de conclusão. Normalmente
são ligadas por uma conjunção conclusiva:
composto.
Ex.: Choveu o dia inteiro, portanto não poderemos re-
Por serem as orações independentes, trata-se de um perío- alizar a reunião no gramado.
do composto por coordenação. As orações são coordenadas.
No terceiro caso, as duas orações não possuem sentido 5.3.2. Período Composto
completo e independente: por Subordinação
Ex.: Gostei de andar pela fazenda. O período composto por subordinação é caracterizado pela
As orações dependem uma da outra para ter sentido, não presença de uma oração principal e uma a ela subordinada.
sendo, portanto, independentes. Neste caso, trata-se de um A classificação das orações subordinadas é semelhante à
período composto por subordinação. Há uma oração principal e classificação dos termos no período simples. A diferença é que
o termo será representado por uma oração.
uma oração subordinada.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Oração Subordinada Substantiva
5.3.1. Período Composto As orações subordinadas substantivas classificam-se em:

por Coordenação Oração subordinada


Função:
substantiva:
As orações coordenadas são aquelas que possuem sentido
Subjetiva Sujeito da oração principal
independente.
Objetiva direta Objeto direto da oração principal
As orações coordenadas podem ser:
Sindéticas Objetiva indireta Objeto indireto da oração principal

Quando possuem elemento de ligação, normalmente rep- Complemento nominal


Completiva nominal
(de um termo) da oração principal
LÍNGUA PORTUGUESA

resentado pelas conjunções:


Apositiva Aposto da oração principal
Ex.: Cheguei tarde e logo dormi.
Assindéticas Predicativa Predicativo do sujeito da oração principal

Quando não possuem elemento de ligação, normalmente As orações subordinadas substantivas exercem a mesma
representado pelas conjunções: função sintática que os substantivos exerceriam na oração.
Observe:
Ex.: Tentou, cansou, desistiu. Ex.: Mariana gosta de doces.
1ª oração 2ª oração 3ª oração gostar: VTI
de doces: OI
Aditivas Ex.: Mariana gosta de passear com o cachorro.
Gostar: VTI
São as orações que dão a ideia de adição. Normalmente
de passear com o cachorro: por possuir verbo, é uma
são ligadas por uma conjunção aditiva: oração subordinada com função de OI. Portanto, trata-se de 31
Ex.: Chegou cansada e logo foi dormir. uma oração subordinada substantiva objetiva indireta.
Subjetiva
32 A oração subordinada substantiva subjetiva tem a função
de sujeito da oração principal:
Exs.: Não convém falar mal dos outros.
Foi avisado que a reunião ia demorar.
Objetiva Direta
LÍNGUA PORTUGUESA

A oração subordinada objetiva direta tem a função de ob-


jeto direto da oração principal:
Ex.: As meninas falaram que você gostou do presente.
VTD
Objetiva Indireta
A oração subordinada objetiva indireta tem a função de
objeto indireto da oração principal:
Ex.: Os alunos gostaram de falar sobre as férias
VTI
Completiva Nominal
Ş
ŝ#-ŝŦ

A oração subordinada completiva nominal tem a função de


complemento nominal de um nome da oração principal:
Ex.: Nós ficamos cansados por viajar tanto tempo.
nome incompleto
Apositiva
A oração subordinada apositiva tem a função de aposto da
oração principal:
Ex.: Uma coisa era certa: nada seria como antes.
Predicativa
A oração subordinada predicativa tem a função de predi-
cado da oração principal.
Acontece quando a oração principal apresenta um verbo
de ligação:
Ex.: Meu medo era que chovesse no dia da viagem.
VL

ANOTAÇÕES
5. 4. Sintaxe de Concordância ▷ Quando o sujeito for composto, o verbo ficará no plural
quando aparecer depois do sujeito:
Ex.: Filhos e netos aplaudiram o discurso do jardineiro.
5.4.1. Concordância Nominal ▷ Quando o verbo aparecer antes do sujeito composto,
Observe o exemplo a seguir: poderá aparecer no plural ou no singular concordando
com o primeiro termo:
Ex.: As lindas flores foram colhidas pelo meu marido.
Ex.: Chegaram a filha, o genro e os netos.
Observe que o substantivo, em destaque, está no feminino
plural. Portanto, todos os termos relacionados a ele devem ser Chegou a filha, o genro e os netos.
flexionados, concordando com ele. ▷ O verbo “ser”, quando indica tempo ou distância,
Os artigos, adjetivos e verbos sempre concordam com o concordará com o predicativo:
substantivo a que se referem. Ex.: São seis quilômetros daqui até a cidade.
Quando houver mais de um substantivo, há duas opções: ▷ Verbos que indicam fenômenos da natureza, por
▷ O adjetivo pode passar para o plural, concordando não possuírem sujeito, ficarão sempre na terceira
pessoa do singular:
com todos os substantivos:
Ex.: Ventou a semana toda.
Ex.: Era obrigatório usar calça, camisa e avental brancos.
Choveu por três dias.
▷ O adjetivo pode concordar apenas com o último
substantivo: ▷ O verbo “haver”, quando apresentar o sentido de
“existir”, será impessoal e ficará sempre na terceira
Ex.: Era obrigatório usar calça, camisa e avental branco.
pessoa do singular:
▷ Se o último substantivo for feminino, o adjetivo
Ex.: Há várias coisas para fazer aqui.
pode concordar com ele em gênero e número, rela-
cionando-se apenas com ele: ▷ Os verbos “haver” e “fazer”, quando indicarem tem-
Ex.: Era obrigatório usar calça, avental e camisa branca. po, também serão impessoais e ficarão sempre na
terceira pessoa do singular:
▷ Quando for precedido de vários substantivos, o ad-
jetivo deverá concordar: Exs.: Faz duas semanas que não como doces.
▷ Com o primeiro: Há meses que não vou até lá.
Ex.: Eram boas casas, localização e infraestrutura.
▷ Com todos, no plural:
5. 5. Colocação Pronominal
Exs.: Eram bons clientes, amigos e empresários. A colocação pronominal pode ocorrer de três formas:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Eram boas mães, clientes e empresárias.
Antes do Eu te enviarei os documen-
Próclise
5.4.2 Concordância Verbal verbo tos.
Observe o exemplo a seguir: Depois do Ia enviar-lhe os documen-
Ênclise
Ex.: Os funcionários da clínica gostaram do novo uni- verbo tos.
forme. Inserido no Enviar-te-ia os documen-
Mesóclise
O verbo deverá sempre concordar com o sujeito. Neste caso, verbo tos.
funcionários, na terceira pessoa do plural. Antes de estabelecer as regras de uso de cada caso acima,
Observe as demais regras de concordância verbal: é importante ressaltar que os pronomes átonos não podem
▷ Se o sujeito for um substantivo coletivo, embora ex- iniciar uma frase. Portanto, quando for inevitável seu uso, utili-
presse a ideia de plural, o verbo deverá permanecer za-se um recurso conhecido como “eufonia”. Observe:
LÍNGUA PORTUGUESA

no singular: Ex.: Não te vi ontem na festa.


Ex.: Foi o cardume mais lindo que já vi! Se a oração for afirmativa, para que o pronome átono não
▷ Se anv oração estiver na voz passiva, com sujeito inicie a oração, acrescenta-se o sujeito:
indeterminado, o verbo ficará na terceira pessoa do
singular: Ex.: Eu te vi ontem na festa.
Ex.: Precisa-se de vendedores. Te amo. Eu te amo.
▷ Se o verbo vier acompanhado do pronome apassiv-
ador “se”, deverá concordar com o sujeito: Próclise
Ex.: Alugam-se barcos.
Alguns termos são chamados fatores de próclise por obri-
▷ Quando o sujeito for a expressão “a maioria”, poderá gar os pronomes oblíquos a se posicionarem antes do verbo.
ser utilizado no plural ou no singular: Quando estes fatores estão presentes, a estrutura da oração
Ex.: A maioria dos funcionários utiliza vale-transporte. será, obrigatoriamente:
33
Os funcionários utilizam vale-transporte.
Fator de próclise + pronome + verbo
Fator de
Exemplo Exemplo de oração
Ênclise
34 próclise
A ênclise somente será obrigatória em dois casos:
Ontem, agora,
Agora me agradece como se Quando o verbo Contei-lhe toda
Advérbios felizmente,
nada tivesse acontecido. iniciar a oração a verdade.
alegremente, etc.
Conjunções Que, embora, Ele pediu que lhe entregasse Quando o verbo for precedido Se você for à biblioteca, tra-
subordinativas se, etc. a carta. por pausa (sinalizada pela ga-me o livro, por favor.
LÍNGUA PORTUGUESA

Palavras nega- Não, nunca, nem, Nunca me esqueci dos livros pontuação)
tivas nada, etc. lidos na infância.
Pronomes
indefinidos
Uns, alguém,
ninguém, etc.
Ninguém me pediu ajuda. 5. 6. Sintaxe de Regência
Pronomes
relativos
Que, qual, onde,
quem, etc.
Este é o homem que me em-
prestou o casaco.
5.6.1 Regência Nominal
Observe os exemplos a seguir:
Mesóclise Exs.: Temos muito admiração pelo seu trabalho.
A mesóclise só será obrigatória quando a oração possui, ao A atitude dele durante a reunião foi contrária ao esperado.
mesmo tempo, dois casos: Tenho certeza de que você tem capacidade para fazer
um ótimo trabalho.
Verbo no futuro Falar-te-ia sobre Observe que os nomes são acompanhados por preposições
Ş
ŝ#-ŝŦ

iniciando a oração meus sentimentos. que lhes dão sentido. Estas preposições ligam os nomes ao
termos de maneira coerente.
Ausência de palavra atrativa Mentir-lhes-emos se precisar. Cada nome possui um ou mais preposições específicas
exigindo próclise que devem acompanha-los. Esta colocação correta é chamada
regência nominal.
Nomes e respectivas regências
Acessível : a Contíguo: a Imbuído: de, em Preferível: a
Acostumado: a, com Contrário: a Impróprio: para Prejudicial: a
Afável: com, para, a Curioso: de Imcompatível: com Presente: a
Aflito: com, por Descontente: com Indeciso: em Prestes: a
Agradável: a Desejoso: de Inepto: para Propenso: a, para
Alheio: a. de Devoto: a, de Insensível: a Propício: a
Alusão: a Diferente: de Liberal: com Próximo: a, de
Ambicioso: de Entendido: em Medo: a, de Relacionado: com, a
Análogo: a Equivalente: a Misericordioso: com, para, com Residente, situado, sito, morador: em
Ansioso: de, para, por Essencial: para Natural: de Respeito: a, com, para com
Apaixonado: de (entusiasmado), por
Fácil: de Necessário: a Satisfeito: com, de, em, por
(enamorado)
Apto: a, para Falho: de, em Nocivo: a Semelhante: a
Aversão: a, por Fanático: por Obediência: a Sensível: a
Ávido: de, por Favorável: a Ódio: a, contra Suspeito: de
Benéfico: a Favorável: a Ojeriza: a. por União: a, com, de, entre
Capacidade: de, para Generoso: com Paralelo: a, com, entre Único: a, em
Capaz: de, para Grato: a Parco: em, de Útil: a, para
Compatível: com Hábil: em Parecido: a, com Vazio: de
Conforme: a (semelhante), com
Habituado: a Passível: de Versado: em
(coerente), em (concorde)
Constante: de, em Horror: a Possível: de Vinculado: a
Conteporâneo: a, de Idêntico: a Possuído: de, por
5.6.2. Regência Verbal Fui à cidade de ônibus.

A relação correta entre o verbo e seus complementos, ou ▷ Verbos transitivos diretos e indiretos
seja, os termos regidos por ele.
Os verbos que exigem complemento, chamados transiti- São verbos que exigem dois complementos, sendo um
vos, se relacionam de duas maneiras com seus complementos:
ligado por preposição:
▷ Verbos transitivos diretos
São os verbos que não exigem preposição antes de seus
Ex.: Entreguei a carta ao diretor.
complementos:
Ex.: Comprei frutas hoje cedo. ▷ Verbos intransitivos:
▷ Verbos transitivos indiretos
São verbos que não exigem complemento:
São os verbos que exigem preposição antes de seus com-
plementos: Ex.: O vizinho do apartamento ao lado morreu.
Exs.: Os moradores gostaram da pintura do prédio.

Verbo Sentido Regência/Preposição Pronomes Exemplos


O Diretor o chamou à sua presença
convocar TD (por) o,s
Chamei por você. (ODp)
Chamar
TD o,a Chamaram-no (de) charlatão. (PO)
apelidar
TI > a lhe Chamaram-lhe (de) charlatão. (PO)
Chegar, vir, ir VI > a - Chegou ao Rio ontem
Custar ser custoso/difícil TDI > a lhe Custa ao homem o perdão
Implicar acarretar TD Isso implica punição
Lembrar Lembrou o fato
TD o,a
Esquecer Esqueceu a chave

Ş
ŝ#-ŝŦ
Lembrar-se Lembrou-se do fato.
TI > de dele
Esquecer-se Esqueceu-se da chave.
Namorar TD o,a Ele namora minha irmã
O País precisa (de) agrônomos.
Necessitar TD o, a
O País precisa deles.
Precisar TI > de dele
O País precisa-os.
Os filhos obedecem aos pais.
(Des)obedecer TI > a lhe (pessoa)
Não devemos desobedecer-lhes.
Morar, residir VI > em - Mora na Rua XV de Novembro

Pagar coisa TD o, a Deus perdoe nossos pecados


Perdoar pessoa TI > a lhe Perdoei aos meus devedores. Perdoei-lhes.
LÍNGUA PORTUGUESA

Preferir algo a alguma coisa TDI > a Prefiro água a sucos.


Proceder dar início, realizar TI > a a ele/ela O professor procedeu-lhe.
desejar TD o,a Ele não a quis para esposa.
Querer
amar, ter afeto a TI > a lhe Juro que lhe quero muito.
Referir-se TI > a a ele Referiu-se à ajuda coletiva. (a ela)
dizer ou escrever em TI > a Respondeu ao telegrama.
Responder lhe
resposta TDI Respondeu-lhe que estava doente.
fazer pontaria pôr visto Visou o alvo e atirou.
TD o,a
Visar em O banco visou o cheque.
pretender TI > a a ele O vestiba visa a uma vaga na universidade. (a ela) 35
Agradar causar agrado TI > a lhe O vestibular agradou aos calouros.
36
Ajudar TD o,a O filho ajudava o pai na roça.
TI > a Aludiu aos fatos acontecidos. (a eles)
Aludir fazer, referência a ele
TDI Aludiu os fatos aos ouvintes.
causar mal-estar,
TD o,a O cansaço ansiava-o.
angustiar
LÍNGUA PORTUGUESA

Ansiar TD o, a Minha alfa anseia o infinito.


desejar ardentemente
TI > por por ele Ansiava por me ver fora de casa.
padecer ânsias VI - Anseio em viagens.
sorver, respirar TD o, a Aspirava o cheiro das rosas abertas.
Aspirar
desejar, pretender TI > a a ele O vestiba aspira a ser médio. (a isso)
O médico assiste o doente.
Assistir prestar assistência TD o, a
Os missionários são assistidos por Deus.
porque não assistes às aulas, vestiba?
presenciar, ver TI > a a ele
Tenho assistido a elas (às aulas)
caber, ser de direito TI > a lhe Não lhe assiste o direito de oprimir os vestibas.
Ş
ŝ#-ŝŦ

morar, residir VI > em Assistirei na capital enquanto estiver estudando.

5.6.3. Crase
Quando um termo exigir, pela regência, o uso da preposição a, e o termo seguinte for um substantivo feminino, precedido
pelo artigo a, a fusão de ambos os termos será representada pelo uso da crase:
Fui a:
Exs.: Fui ao banco.
Fui à cidade.
Assistir a:
Exs.: Assisti ao filme pela segunda vez.
Assisti à missa emocionada.
A crase também será obrigatória quando indicar:
▷ Horário:
O candidato chegou às 16 horas.
▷ Locuções adverbiais:
à força, à vontade, à direita, à esquerda, etc.
▷ Locuções prepositivas:
à espera de, à procura de, à frente de, etc.
▷ Quando a expressão “à moda de” estiver subentendida:
bife à milanesa (à moda milanesa), cabelo à Roberto Carlos (à moda de Roberto Carlos)
▷ A contração entre a preposição “a” + o pronome demonstrativo “aquele”:
Eu me referi àquele material (nesse caso, não importa que o termo ao qual se refere for masculino, pois não há o artigo
“a”, e sim o pronome “aquele”)
A crase é facultativa antes de:
▷ Pronome possessivo:
Entregarei isso a minha mãe.
Entregarei isso à minha mãe.
▷ Nome feminino:
Entregarei isso a Tina.
Entregarei isso à Tina.
A crase será proibida antes de:
▷ Verbos:
A partir de amanhã, as aulas serão semanais.
▷ Substantivos masculinos:
Foram a pé.
▷ Pronomes que não admitam o artigo “a” (pronomes
pessoais, relativos, indefinidos e demonstrativos):
Refiro-me a uma pessoa muito especial.
Ele se dirigiu a qualquer aluno.
▷ Expressões com palavras repetidas:
Cara a cara; palmo a palmo.
▷ Antes de “Nossa Senhora” e demais nomes de santas:
Pedi a Nossa Senhora que o guiasse.
Apelei a Santa Rita.
▷ Numerais cardinais:
De 20 a 50 pessoas estudam nessas salas.
De 2008 a 2012 eu morei naquela rua.
Exceto antes de horário: Ele chegou às 14 horas.
▷ Depois de preposições:
Pedi até a diretora.
▷ Quando a preposição “a” aparece sozinha antes de
palavra no plural:
Eu me refiro a obras de caridade.
Ele pediu a pessoas importantes.
Não haverá crase quando o termo for precedido pela pre-
posição “de”:
Atendimento de segunda a sexta.
Mas ela é obrigatória quando houver a preposição “da”:
Da segunda à quarta fileira os lugares estão reservados.
Quando indicar lugar, a mesma regra é válida:
Voltei de São Paulo. Vou a São a Paulo.
Voltei da Bahia. Vou à Bahia.

ANOTAÇÕES

Ş
ŝ#-ŝŦ
LÍNGUA PORTUGUESA

37
38
6. Pontuação Reticências (…)
a) Suprime trechos.
Os sinais de pontuação são recursos gráficos utilizados na
Ex.: Era uma vez (...)
linguagem escrita. Sua finalidade é estruturar os textos e es-
tabelecer as pausas e as entonações da fala. Vale destacar que b) Marca continuidade de pensamento ou de enumer-
alguns desses sinais server para assinalar as pausas e a en- ações.
tonação da voz na leitura; separar ou isolar termos sintáticos; Ex.: Eu gostei dos atores, mas da história...
LÍNGUA PORTUGUESA

e esclarecer o sentido de um enunciado, para afastar qualquer Parênteses ( )


ambiguidade.
a) Indica uma explicação.
Por isso, no decorrer deste capítulo, serão apresentados os
Ex.: A ONU (Organização das Nações Unidas) atua em
sinais de pontuação, bem como a função de cada um deles. vários países.
Ponto (.) b) Fontes bibliográficas.
Ex.: (SILVA, 2015)
a) Indica o fim de um período simples, de uma frase
com sentido completo. Aspas (“ ”)
Ex.: Queremos mudar de vida. a) Destaca transcrições, citações.
b) É usado em abreviações. Ex.: “É na subida que a canela engrossa.”
Exs.: b) Mostra expressões estrangeiras, neologismos, arcaís-
Sr. (Senhor) mos, gírias, apelidos ou para dar ênfase a qualquer
Ş
ŝ#-ŝŦ

a.C. (antes de Cristo) expressão.


num. (numeral) Ex.: “Let’s go”!
ex. (exemplo) c) Indica ironia.
etc. (et cetera) Ex.: “Que anjinho”. Não para quieto.
d) Relativiza o sentido de uma expressão.
Ponto de Interrogação (?) Ex.: Os homens, que são “racionais”, acabam com o meio
em que vivem.
a) Usado em perguntas.
Ex.: Vocês precisam de algo? Travessão (-)
b) Indica diversos sentimentos (surpresa, indignação,
a) Marca mudança de interlocutor em um diálogo.
expectativa). Ex.:
Exs.: - Oh, Zé! Você trouxe minha encomenda?
Os acusados não foram presos? (indignação) - Não, esqueci.
Você foi aprovado? (surpresa) b) Separa orações intercaladas, como se fossem vírgu-
Saiu o resultado? (expectativa) las.
Ex.: Os animais – disse o biólogo – precisam de um am-
Ponto de Exclamação (!) biente adequado para viver.
a) Expressa sentimentos: empolgação, súplica, rec- c) Expressa comentário ou opinião do autor do texto.
lamação, surpresa. Ex.: Os que já tiveram chance – e o privilégio – de serem
Exs.: aprovados podem contar como se prepararam.
Vamos para a praia! (empolgação)
Por favor, façam silêncio! (súplica) Dois Pontos (:)
Que susto! (surpresa) a) Quando se faz uma citação ou introduzir uma fala.
b) Emprega-se no final de interjeições e locuções inter- Ex.:
jetivas. O policial disse:
- Mãos para cima!
Exs.:
b) Indica explicação, esclarecimento ou resumo do que
“Oh! Meu Deus!”
foi dito.
“Eu te amo!”
Ex.: Os materiais são estes: caderno, lápis e borracha.
c) Usado depois de vocativos.
c) Marca orações apositivas.
Ex.: Você pode, garoto! Ex.: A ordem é esta: que todos estudem.
1) Pode-se usar interrogação e exclamação juntos.
d) Quando se quer indicar uma enumeração.
Ex.: Que estranho, não?! Ex.: O Brasil é um país conhecido por: carnaval, futebol
2) Pode-se repetir várias vezes estes sinais de pontuação. e corrupção.
Ex.: e) Na introdução de exemplos, notas e observações.
-Você quer um bônus??? Ex.: Obs.: A norma padrão deve ser seguida.
-Quero sim!!! f) Em invocações de correspondências.
Ex.: Prezados Senhores: Indica Zeugma do Verbo
g) Em citações e referências. Ex.: A primeira aula é sobre verbos; a segunda, sobre
Ex.: Como diz um ditado popular: “Cego é aquele que pronomes.
não quer ver.” Separa Orações Coordenadas As-
Ponto e Vírgula (;) sindéticas e Sindéticas
a) Separa itens. Obs.: exceto as aditivas ligadas pela conjunção e, nem; e as
ligadas pela conjunção ou.
Ex.: Em Português, deve-se estudar: morfologia; sintaxe;
semântica. Exs.:
Estude muito, logo sua aprovação virá.
b) Pode ser usado para evitar o excesso de vírgulas. Estava ansioso, ora andava, ora ficava quieto.
Ex.: Foram à feira de negócios. José comprou um carro;
Paulo, uma moto; João, um barco. Usa-se Vírgula com a Conjunção
c) Separa antítese. e nos Seguintes Casos
Ex.: Uns mandam; outros obedecem. ї Em orações com sujeitos diferentes
d) Dá maior pausa a conjunções adversativas (mas, Ex.: O homem vendeu o carro, e a mulher não gostou.
porém, contudo, todavia, entretanto, etc.). ї Com conjunção adversativa (e=mas)
Ex.: A equipe jogou certo; porém, perdeu o jogo. Ex.: Chegou a casa, e desistiu de entrar.
ї No polissíndeto
Vírgula Ex.: Faltaram-lhe os amores, e a vida, e a felicidade.
A vírgula é um dos sinais de pontuação que mais causam Separa Orações Adverbiais
dúvidas quanto ao seu emprego. Para entender esse sinal, é ї Obrigatoriamente, quando deslocadas.
preciso conhecer as regras em que se pode fazer emprego Ex.: Quando sair o resultado, temos dois dias para os re-
dela, e as regras em que o uso de vírgula é proibido. cursos.
Casos em que a Vírgula é Empregada ї Facultativamente, quando pospostas (para dar ênfase)
Ex.: Entreguei o relatório, conforme havia prometido.
Separa Vocativo Separa Orações Adjetivas Explicativas
Ex.: Venha, meu filho, que temos de chegar cedo. Ex.: Os políticos, que são eleitos por meio do voto, devem
Separa Aposto Explicativo representar a população.
Ex.: Nós, brasileiros, precisamos lutar por justiça. Separa Orações Interferentes

Ş
ŝ#-ŝŦ
Separa Palavras ou Expressões Explicati- Ex.: Nenhuma pesquisa, que tenhamos percebido, abor-
dou tal assunto.
vas, Conclusivas, Retificativas, Repetidas Quando as vírgulas isolam termos que são acessórios, elas
Exs.: podem ser substituídas por travessões ou parênteses.
Foram ao teatro, isto é, divertiram-se bastante. Ex.:
As suas dicas, aliás, são perfeitas. Nenhuma pesquisa - que tenhamos percebido - abordou
Corri na maratona de domingo, ou melhor, tentei correr. tal assunto.
Separa Termos Assindéticos Coordenados Separa Orações Adverbiais Reduzidas
Ex.: Era uma mulher bonita, inteligente, decidida. Ex.: Ao terminar a prova, todos podem levar os gabaritos.
Separa Termos Antepostos Desde que Pleonásticos Considerando o resultado, precisamos estudar mais.
Exs.: Casos em que a Vírgula não é Empregada
Aos amigos, entreguei-lhes o convite.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito e Verbo
As flores, eu as comprei.
Ex.: Os senadores amanhã votarão o projeto.
Separa Conjunções Deslocadas Verbo Transitivo e Complemen-
Ex.: Ele é o diretor; obedeça, pois, suas determinações.
to Obrigatório (OD ou OI)
Separa Locuções Adverbiais Antepostas ao Verbo Exs.:
Exs.: Alguns manifestantes não mostraram a cara.
No aeroporto, esperavam-se os artistas. Muitas pessoas já não confiam em políticos.
A população, no ano passado, participou das eleições.
Objeto Direto e Objeto indireto
Ex.: A banca divulgou o resultado aos inscritos.
Separa Predicativo do Sujeito
Nome e Adjunto Adnominal
Ex.: Vitor, entusiasmado, gritava muito.
Exs.:
Separa Datas A economia brasileira é muito vulnerável. 39
Ex.: Fortaleza, 01 de agosto de 2015. O carro de polícia está em frente à farmácia.
Nome e Complemento Nominal
40 Ex.: Tenho esperança de que o edital seja publicado hoje.
Verbo de Ligação e Predicativo do Sujeito
Ex.: Os alunos parecem animados.
Nome e Aposto Nominativo, Especificativo
Ex.: O Rio Amazonas é um dos maiores do mundo.
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES
Ş
ŝ#-ŝŦ
7. Gêneros textuais bém persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. O
mais importante é haver uma progressão lógica e coerente das
Neste capítulo, são apresentados alguns gêneros textuais ideias, sem ficar no que é vago, impreciso.
que circulam na sociedade (artigo, ata, atestado, apostila, car- É comum encontrar essa tipologia textual em: sermão, en-
ta, charge, certidão, circular, declaração, editorial, entrevista, saio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica,
edital, gênero literário, história em quadrinhos, notícia, ofício, editorial de jornais e revistas.
parecer, propaganda, poema, reportagem, requerimento,
relatório, portaria). Sobre esse assunto, é importante saber Injunção/Instrucional
que esses gêneros estão relacionados à tipologia textual. Por- Com uma linguagem objetiva e concisa, esse tipo de texto
tanto, vale a pena fazer uma síntese dessas tipologias antes de orienta como realizar uma ação. Predominantemente, os verbos
tratarmos diretamente dos gêneros. são empregados no modo imperativo, todavia há também o uso
do infinitivo e do futuro do presente do modo indicativo.
Tipologia Textual Temos como gêneros textuais mais comuns: ordens; pe-
Um texto pode ter várias características. Entre elas, estão didos; súplica; desejo; manuais e instruções para montagem
a tipologia e o gênero textual. A relação é a seguinte: cada ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de
tipologia textual possui diversos gêneros textuais. Além disso,
geralmente um texto não é escrito com base em apenas uma comportamento; textos de orientação (ex.: recomendações
tipologia, ou seja, podem ser encontradas várias tipologias de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de na-
num texto, mas sempre há alguma que se torna predominante. tal, aniversário, etc.).
As tipologias mais importantes que devemos estudar são: Predição
narração, descrição, dissertação, injunção, predição, dialogal.
A predição tem por características a informação e a probabi-
Narração lidade. O intuito é predizer algo ou levar o interlocutor a crer em
Modalidade textual que tem o objetivo de contar um fato, alguma coisa que ainda irá ocorrer.
fictício ou não, que aconteceu num determinado tempo e lu- Os gêneros em que mais são encontrados essa tipologia são:
gar, e que envolve personagens. Geralmente, segue uma cro- previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões es-
nologia em relação à passagem de tempo. Nesse tipo de texto, catológicas/apocalípticas.
predomina o emprego do pretérito. Dialogal/Conversacional
Os gêneros textuais mais comuns são: conto, fábula, crôni-
A base para esta tipologia textual é o diálogo entre os inter-
ca, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.
locutores. Nesse tipo de texto, temos um locutor (quem fala), um
Descrição assunto, um receptor (quem recebe o texto). Ou seja, temos um

Ş
ŝ#-ŝŦ
diálogo entre os interlocutores (locutor e receptor).
A descrição consiste em fazer um detalhamento, como se
fosse um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um ani- Os gêneros em que essa tipologia ocorre são: entrevista, con-
mal ou um objeto. O adjetivo é muito usado nesse tipo de pro- versa telefônica, chat, etc.
dução textual. As abordagens podem ser tanto físicas quanto Gêneros Textuais
psicológicas (que envolvem sentimentos, emoções). Esse tipo
de texto geralmente está contido em textos diversos. Os gêneros textuais podem ser textos orais ou escritos, formais ou in-
formais. Eles possuem características em comum, como a intenção comu-
Os gêneros textuais mais comuns são: cardápio, folheto nicativa, mas há algumas características que os distinguem uns dos outros.
turístico, anúncio classificado, etc.
Dissertação Gêneros Textuais e Esferas de Circulação
Cada gênero textual está vinculado a uma esfera de circu-
Dissertar significa falar sobre algo, explicar um assunto, lação, ou seja, um lugar comum em que ele pode ser encontrado.
discorrer sobre um fato, um tema. Nesse sentido, a dissertação
LÍNGUA PORTUGUESA

pode ter caráter expositivo ou argumentativo. Cotidiana


Adivinhas, Diário, Álbum de Família Exposição Oral, Anedo-
Dissertação-Expositiva tas, Fotos, Bilhetes, Músicas, Cantigas de Roda, Parlendas, Carta
O texto expositivo apresenta ideias sobre um determinado Pessoal, Piadas, Cartão, Provérbios, Cartão Postal, Quadrinhas,
assunto. Há informações sobre diferentes temas, em que o autor Causos, Receitas, Comunicado, Relatos de Experiências Vividas,
expõe dados, conceitos de modo objetivo. O objetivo principal é Convites, Trava-Línguas, Curriculum Vitae.
informar, esclarecer.
Literária/Artística
Os gêneros mais comuns em que se encontra esse tipo
Autobiografia, Letras de Músicas, Biografias, Narrativas de
de texto são: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia,
Aventura, Contos, Narrativas de Enigma, Contos de Fadas, Narra-
textos expositivos de revistas e jornais, etc. tivas de Ficção, Contos de Fadas Contemporâneos, Narrativas de
Dissertação-Argumentativa Humor, Crônicas de Ficção, Narrativas de Terror, Escultura, Nar-
rativas Fantásticas, Fábulas, Narrativas Míticas, Fábulas Contem-
Um texto argumentativo defende ideias ou um ponto de vista porâneas, Paródias, Haicai, Pinturas, Histórias em Quadrinhos, Po-
do autor. Além de trazer explicações, esse tipo de texto busca per- emas, Lendas, Romances, Literatura de Cordel, Tankas, Memórias, 41
suadir, convencer o leitor de algo. O texto, além de explicar, tam- Textos Dramáticos.
Científica ▷ Ordem do dia (pauta)
42 Artigos, Relato Histórico, Conferência, Relatório, Debate, Pal- ▷ Fecho
estra, Verbetes, Pesquisas. Observações:
Escolar ▷ Não há disposição quanto à quantidade de pessoas
Ata, Relato Histórico, Cartazes, Relatório, Debate, Regrado, que deve assinar a ata; pode ser assinada apenas
Relatos de Experiências, Diálogo/Discussão Argumentativa pelo presidente e secretário.
Científicas, Exposição Oral, Resenha, Júri Simulado, Resumo, ▷ A ata deve ser redigida de modo que não sejam pos-
LÍNGUA PORTUGUESA

Mapas, Seminário, Palestra, Texto Argumentativo, Pesquisas, síveis alterações posteriores à assinatura (há o em-
Texto de Opinião, Verbetes de Enciclopédias. prego de expressões “digo” e “em tempo”).
▷ Não há parágrafos ou alíneas.
Jornalística
Imprensa: Agenda Cultural, Fotos, Anúncio de Emprego, ▷ A ata é o registro fiel.
Horóscopo, Artigo de Opinião, Infográfico, Caricatura, Man- Atestado
chete, Carta ao Leitor, Mapas, Mesa Redonda, Cartum, Notícia,
Atestado é o documento mediante o qual a autoridade
Charge, Reportagens, Classificados, Resenha Crítica, Crônica
Jornalística, Sinopses de Filmes, Editorial, Tiras, Entrevista comprova um fato ou situação de que tenha conhecimen-
(oral e escrita). to em razão do cargo que ocupa ou da função que exerce.
Publicidade: Anúncio, Músicas, Caricatura, Paródia, Cartaz- Destina-se à comprovação de fatos ou situações passíveis de
es, Placas, Comercial para TV, Publicidade Comercial, E-mail, modificações frequentes. É uma mera declaração, ao passo
Publicidade Institucional, Folder, Publicidade Oficial, Fotos, que a certidão é uma transcrição. Ato administrativo enun-
Ş
ŝ#-ŝŦ

Texto Político, Slogan. ciativo, o atestado é, em síntese, afirmação oficial de fatos.


Política Partes:
Abaixo-Assinado, Debate Regrado, Assembleia, Discurso ▷ Título ou epígrafe: denominação do ato (atestado).
Político, Carta de Emprego, Fórum, Carta de Reclamação, Mani- ▷ Texto: exposição do objeto da atestação. Pode-se
festo, Carta de Solicitação, Mesa Redonda, Debate, Panfleto. declarar, embora não seja obrigatório, a pedido de
Jurídica quem e com que finalidade o documento é emitido.
Boletim de Ocorrência, Estatutos, Constituição Brasileira, Leis, ▷ Local e data: cidade, dia, mês e ano da emissão do
Contrato, Ofício, Declaração de Direitos, Procuração, Depoimen- ato, podendo-se também citar, preferentemente sob
tos, Regimentos, Discurso de Acusação, Regulamentos, Discurso forma de sigla, o nome do órgão em que a autori-
de Defesa, Requerimentos.
dade signatária do atestado exerce suas funções.
Social ▷ Assinatura: nome e cargo ou função da autoridade
Bulas, Relato Histórico, Manual Técnico, Relatório, Plac- que atesta.
as, Relatos de Experiências Científicas, Resenha, Resumo,
Seminário, Texto Argumentativo, Texto de Opinião, Verbetes Apostila
de Enciclopédias. Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso
Midiática de decretos e portarias pessoais (nomeação, promoção, as-
Blog, Reality Show, Chat, Talk Show, Desenho Animado, censão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento,
Telejornal, E-mail, Telenovelas, Entrevista, Torpedos, Filmes, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão,
Vídeo Clip, Fotoblog, Videoconferência, Home Page. dispensa, disponibilidade e aposentadoria), para que seja
Exemplos de Gêneros Textuais corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro
na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas,
Artigo etc.), desde que essa correção não venha a alterar a substância
O artigo de opinião é um gênero textual que faz parte da do ato já publicado.
esfera jornalística e tem por finalidade a exposição do ponto
Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a
de vista sobre um determinado assunto. Assim como a disser-
tação, ele também se compõe de um título, uma introdução, apostila deve ser feita pelo Ministro de Estado que o propôs.
um desenvolvimento e uma conclusão. Se o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção
por apostilamento estará a cargo do Ministro ou Secretário
Ata signatário da portaria. Nos dois casos, a apostila deve sem-
A ata tem como finalidade registrar ocorrências, res- pre ser publicada no Boletim de Serviço ou Boletim Interno
oluções e decisões de reuniões, sessões realizadas por algum correspondente e, quando se tratar de ato referente a Min-
órgão, setor, entidade, etc. istro de Estado, também no Diário Oficial da União.
Estrutura da ata:
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio
▷ Dia, mês, ano e hora (por extenso) de apostila é evitar que se sobrecarregue o Presidente da
▷ Local da reunião República com a assinatura de atos repetidos, e que se onere a
▷ Pessoas presente, devidamente qualificadas Imprensa Nacional com a republicação de atos.
ї Forma e Estrutura ▷ DATA: a data deve estar próxima do título e número, ao
▷ título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: lado ou abaixo, podendo se apresentar de várias formas:
APOSTILA; CIRCULAR Nº 01, DE 2 MARÇO DE 2002
▷ texto, no qual deve constar a correção que está sen- CIRCULAR Nº 01
do feita, a ser iniciada com a remissão ao decreto De 2 de março de 2002
que autoriza esse procedimento; CIRCULAR Nº 01/02 Rio de Janeiro, 2 de março de 2002
▷ data, por extenso: ▷ EMENTA (opcional): deve vir abaixo do título e data,
cerca de três linhas.
Brasília, em 12 de novembro de 1990;
Ementa: Material de consumo.
▷ identificação do signatário, abaixo da assinatura:
Ref.: Material de consumo
NOME (em maiúsculas)
▷ INVOCAÇÃO: cerca de quatro linhas do título. De-
Secretário da Administração Federal pendendo do assunto e destinatários, a invocação é
No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá dispensável.
ser mencionada a data de publicação da apostila no Boletim de Excelentíssimo Senhor:
Serviço ou no Boletim Interno. Senhor Prefeito:
Carta Senhores Pais:
Pode ter caráter argumentativo quando se trata de uma ї TEXTO: cerca de três linhas do título. Deve conter:
carta aberta ou carta do leitor. Quando se trata de carta pes- ▷ Exposição do assunto, desenvolvida a partir dos ob-
soa, há a presença de aspectos narrativos ou descritivos. jetivos;
▷ A sensibilização do receptor/destinatário;
Charge ▷ Convite a agir;
É um gênero textual em que é feita uma ilustração cômica, ▷ CUMPRIMENTO FINAL:
irônica, por meio de caricaturas, com o objetivo de satirizar, Respeitosamente,
criticar ou fazer um comentário sobre algum acontecimento, Atenciosamente,
que é atual, em sua grande maioria.
▷ ASSINATURA: cerca de quatro linhas do cumpri-
mento final. É composta do nome do emissor (só
Certidão as iniciais maiúsculas) e cargo ou função (todo em
maiúscula):
Certidão é o ato pelo qual se procede à publicidade de algo Herivelto Nascimento
relativo à atividade Cartorária, a fim de que, sobre isso, não haja
DIRETOR
dúvidas. Possui formato padrão próprio, termos essenciais que
lhe dão suas características. Exige linguagem formal, objetiva e ▷ ANEXOS: quando houver documentos a anexar, es-

Ş
ŝ#-ŝŦ
creve-se a palavra anexo à margem esquerda, segui-
concisão. da da relação do que está anexado:
Termos essenciais da certidão: Anexo: quadro de horários.
▷ Afirmação: certidão e dou fé que. Anexa: cópia do documento.
▷ Identificação do motivo de sua expedição: a pedido Anexas: tabela de horários e cópia dos documentos.
da parte interessada. ▷ INICIAIS: na última linha útil do papel, à esquerda, deve-
▷ Ato a que se refere: revendo os assentamentos con- mos escrever as iniciais de quem elaborou o texto (reda-
stantes deste cartório, não logrei encontrar ação tor), seguido das iniciais de quem a datilografou/digitou
movida contra (nome). (em maiúscula ou minúscula, tanto faz). Quando o reda-
▷ Data de sua expedição: tor e o datilógrafo forem a mesma pessoa, basta colocar
▷ Assinatura: O Escrivão. a barra seguida das iniciais:
PPS/AZ
Circular
LÍNGUA PORTUGUESA

Pps/az
É utilizada para transmitir avisos, ordens, pedidos ou instruções, /pps
dar ciência de leis, decretos, portarias, etc.
/PPS
▷ Destina-se a uma ou mais de uma pessoa/órgão/
empresa. No caso de mais de um destinatário, todas Declaração
as vias distribuídas devem ser iguais. A declaração deve ser fornecida por pessoa credenciada
▷ A paragrafação pode seguir o estilo americano (sem ou idônea que nele assume a responsabilidade sobre uma situ-
entradas de parágrafo), ou estilo tradicional. No caso ação ou a concorrência de um fato. Portanto, é uma compro-
de estilo americano, todo o texto, a data e a assina- vação escrita com caráter de documento.
tura devem ser alinhados à margem esquerda. No A declaração pode ser manuscrita em papel almaço sim-
estilo tradicional, devem ser centralizados. ples ou digitada. Quanto ao aspecto formal, divide-se nas se-
Partes: guintes etapas:
▷ TIMBRE: impresso no alto do papel. ▷ Timbre: impresso com cabeçalho, contendo o nome
▷ TÍTULO E NÚMERO: cerca de três linhas do timbre e no do órgão ou empresa. Nas declarações particulares, 43
centro da folha. O número pode vir seguido do ano. usa-se papel sem timbre.
▷ Título: no centro da folha, em caixa alta. • Ensaio
44 ▷ Texto: É um texto com caráter também didático, em que são ex-
» Identificação do emissor. postas ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito
» O verbo atestar ou declarar deve aparecer no de certo tema. É caracterizado pela defesa de um ponto de
presente do indicativo, terceira pessoal do sin- vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosóf-
gular ou do plural. ico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem
» Finalidade do documento: em geral, costuma-se a necessidade de comprovação científica.
LÍNGUA PORTUGUESA

usar o termo “para os devidos fins”. Também se


pode especificar: “para fins de trabalho”, “para fins
História em Quadrinhos
escolares”, etc. É um gênero narrativo que consiste em contar algo por
» Nome e dados de identificação do interessado. meio de pequenos quadros. Pode haver diálogos diretos en-
» Citação do fato a ser atestado. tre personagens. É caracterizado pela linguagem verbal e não
verbal.
▷ Local e data: deve-se escrevê-lo a cerca de três
linhas do texto. Notícia
Editorial É um texto em que podem aparecer características nar-
É um gênero textual dissertativo-argumentativo que apre- rativas e descritivas. Conta-se como ocorreu um determina-
senta o posicionamento de uma empresa, revista, jornal sobre do fato. Aparecem as seguintes informações: o que ocorreu,
determinado assunto. como, quando, onde e quem estava envolvido.
Entrevista Ofício
Ş
ŝ#-ŝŦ

É um gênero textual em que aparece o diálogo entre o O ofício tem o objetivo de informar, propor convênios,
entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações ajustes, acordos, encaminhar documentos, solicitar providên-
sobre o entrevistado ou algum assunto. Podem aparecer ele- cias e/ou informações.
mentos expositivos, argumentativos e narrativos. É uma correspondência que pode ser dirigida tanto ao
Edital Poder Público quanto a particulares.
É um documento em que são apresentados avisos, ci- Formatação:
tações, determinações. ▷ Papel timbrado;
São diversos os tipos de editais, de acordo com o objetivo:
pode comunicar uma citação, um proclame, um contrato, uma ▷ Número de ordem na margem superior esquerda;
exoneração, uma licitação de obras, serviços, tomada de preço, ▷ Local e data na mesma linha do número de ordem,
etc. ao lado direito;
Entre eles, os editais mais comuns são os de concursos pú- ▷ Vocativo (a forma de se dirigir à pessoa a que se
blicos, que determinam as etapas dos processos seletivos e as destina a correspondência);
competências necessárias para a sua execução. ▷ O texto pode ser dividido em parágrafos;
Gêneros Literários ▷ Fecho;
Os gêneros literários costumam ser cobrados em algumas ▷ Assinatura e cargo do remetente;
provas. É importante saber que há a presença tanto da lingua- ▷ Endereçamento.
gem denotativa quanto da conotativa. Geralmente, as provas
trazem fragmentos de textos. Alguns gêneros mais cobrados Parecer
são: novela, conto, fábula, crônica, ensaio. O parecer é o pronunciamento fundamentado, com caráter
• Novela opinativo, de autoria de comissão ou de relator, snobre matéria
É um texto narrativo longo, em que são narradas várias sujeita a seu exame.
histórias. Sempre há uma história principal que caracteriza Partes de um parecer:
esse gênero. Exemplos: O Alienista, de Machado de Assis, e A ▷ Designação: número do processo, no centro superior
Metamorfose, de Kafka. do papel. Não é um item obrigatório.
• Conto ▷ Título: denominação do ato, seguido de numeração
É um texto narrativo curto, em que há, geralmente, um (Parecer nº).
enredo (uma história) e poucos personagens. ▷ Ementa: resumo do assunto do parecer, de maneira
• Fábula concisa, a dois espaços do título.
É um texto narrativo em que há uma história curta que ▷ Texto: introdução (histórico); esclarecimentos
termina com uma lição de moral. Geralmente, há a personi- (análise do fato); conclusão do assunto.
ficação, pois há personagens que não são humanos (animais, ▷ Fecho: compreende: local e/ou denominação do
objetos) que adquirem características humanas. órgão (sigla);
• Crônica » Data;
É uma narrativa breve, relacionada ao cotidiano. Pode ter » Assinatura (nome e cargo de quem emite o
um tom humorístico ou reflexivo (presença de críticas). parecer).
Propaganda 4) Fecho, utilizando as fórmulas usuais de cortesia, como
Caracterizado como um texto expositivo, o objetivo é as do ofício.
propagar informações sobre algo, para influenciar o leitor com 5) Local e data, por extenso.
mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade. 6) Assinatura, nome e cargo ou função do signatário.
7) Anexos, complementando o Relatório, com material
Poema ilustrativo e/ou ocumental.
É um texto estruturado em versos (linhas) e pode também Classificação de Relatórios:
ter estrofes (conjunto de linhas). É muito comum haver a de- ▷ Informativo: aborda um problema ou situação e
scrição e a narração. oferece informações.
Reportagem ▷ Reativo: aborda um problema, examina as causas e
É um gênero textual que pertence à esfera jornalística e as consequências e oferece sugestões.
tem um caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem, ▷ Conclusivo: aborda um problema ou situação e
por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira oferece conclusões.
concisa, clara, e direta. Portaria
Requerimento É um ato pelo qual as autoridades competentes determi-
O requerimento é o instrumento por meio do qual o sig- nam providências de caráter administrativo, dão instruções
natário pede, a uma autoridade, algo que lhe pareça justo ou le- sobre a execução de leis e de serviços, definem situações
gal. Qualquer pessoa que tenha interesse no serviço público pode funcionais e aplicam medidas de ordem disciplinar.
valer-se de um requerimento, que será dirigido a uma autoridade Partes:
competente para conhecer, analisar e solucionar o caso, podendo ▷ Numeração (classificação): número do ato e data de
ser escrito ou datilografado (digitado). expedição.
Os elementos constitutivos do requerimento são: ▷ Título: denominação completa de autoridade que
▷ Vocativo: indica a autoridade a quem se dirige a co- expede o ato.
municação (alinhado à esquerda, sem parágrafo, ▷ Fundamentação: citação da legislação básica em
identificando a autoridade e não a pessoa em si; que a autoridade apoia sua decisão, seguida do ter-
mo resolve.
▷ Texto: nome do requerente (letras maiúsculas), quali-
ficação, objeto do requerimento; ▷ Texto: desenvolvimento do assunto.
▷ Fecho: pede deferimento, espera deferimento, ▷ Assinatura: nome da autoridade que expede o ato.
aguarda deferimento;
▷ Local e data; ANOTAÇÕES

Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Assinatura.
Relatório
Relatório é um documento em que se faz uma descrição
de fatos, analisados com o objetivo de orientar o serviço in-
teressado ou o superior imediato para possíveis ações a serem
tomadas.
É, em última análise, a exposição circunstanciada de ativ-
idades levadas a termo por funcionário, no desempenho das
funções do cargo que exerce, ou por ordem de autoridade su-
perior.
É geralmente feito para expor:
LÍNGUA PORTUGUESA

▷ Situações de serviço;
▷ Resultados de exames;
▷ Eventos ocorridos em relação a planejamento;
▷ Prestação de contas ao término de um exercício etc.
Suas partes componentes são:
1) Título (a palavra RELATÓRIO), em letras maiúsculas.
2) Vocativo: a palavra Senhor(a), seguida do cargo do
destinatário, e de vírgula.
3) Texto paragrafado, composto de introdução, desen-
volvimento e conclusão.
Introdução: enuncia-se o propósito do relatório;
Desenvolvimento: corpo do relatório - a exposição dos fatos;
Conclusão: o resultado ou síntese do trabalho, bem como a 45
recomendação de providências cabíveis.
46
8. Redação de Correspondências As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Sen-
hor, seguido do cargo respectivo:
Oficiais Senhor Senador,
Senhor Juiz,
O texto é um documento que pertence à administração
pública, por isso seu caráter oficial. Portanto, deve ser escrito de Senhor Ministro,
maneira formal e impessoal. Senhor Governador,
LÍNGUA PORTUGUESA

O emissor da mensagem na redação oficial representa No envelope, o endereçamento das comunicações dirigi-
o Poder Público, e não o cidadão que a emite. O receptor das às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se-
da mensagem será um órgão pertencente à administração guinte forma:
pública ou os cidadãos de modo geral. A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Pronomes de Tratamento
Ministro de Estado da Justiça
Os pronomes de tratamento são tradicionais e apresenta-
dos pelo Manual de Redação da Presidência da República: 70064-900 – Brasília. DF

A Sua Excelência o Senhor


a) do Poder Executivo;
Senador Fulano de Tal
Presidente da República;
Vice-Presidente da República; Senado Federal
70165-900 – Brasília. DF
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ministros de Estado;
Governadores e Vice-Governa-
dores de Estado e do Distrito
A Sua Excelência o Senhor
Federal;
Oficiais-Generais das Forças Fulano de Tal
Armadas; Juiz de Direito da 10a Vara Cível
Embaixadores; Rua ABC, no 123
Secretários-Executivos de
Ministérios e demais ocupantes de 01010-000 – São Paulo. SP
cargos de natureza especial; Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
Secretários de Estado dos Gover- para particulares. O vocativo adequado é:
nos Estaduais; Senhor Fulano de Tal,
Prefeitos Municipais.
Vossa Excelência (...)
b) do Poder Legislativo: No envelope, deve constar do endereçamento:
Deputados Federais e Senadores; Ao Senhor
Ministro do Tribunal de Contas da Fulano de Tal
União;
Rua ABC, no 123
Deputados Estaduais e Distritais;
Conselheiros dos Tribunais de 12345-000 – Curitiba. PR
Contas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Legislati-
vas Municipais. Fecho
O fecho da correspondência oficial respeitará os dois mod-
c) do Poder Judiciário: elos a seguir:
Ministros dos Tribunais Superiores;
x Respeitosamente, quando se dirigir a autoridades
Membros de Tribunais;
de hierarquia superior;
Juízes;
Auditores da Justiça Militar.
x Atenciosamente, quando se dirigir a autoridades de
hierarquia igual ou inferior.

Senhor Demais cargos Adequação da Linguagem


A linguagem do texto oficial, mais do que qualquer outro
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas tipo de comunicação, tem a obrigatoriedade de ser clara para
aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- qualquer cidadão, considerando que se trata de textos de inter-
go respectivo: esse público. Por isso, a interpretação dos mesmos não pode
gerar dúvidas. Deve-se priorizar o texto direto, claro e conciso. O
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
texto técnico só deverá ser utilizado quando necessário e quan-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, do o destinatário puder compreendê-lo. Quando um oficio for
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal dirigido ao cidadão comum, deverá ser compreendido por todos
Federal. os públicos.
Abreviaturas e Siglas Ofício e Aviso
Algumas abreviaturas e siglas comumente utilizadas na O Ofício e o Aviso são modalidades de comunicação com
prática de redação oficial: estrutura idêntica. A única diferença entre estas é que o aviso é
§ - parágrafo expedido apenas por Ministros de Estado, para autoridades de
AOR - Assessoria de Orçamento e Controle mesma hierarquia, enquanto o ofício é expedido pelas demais
Art. - artigo
autoridades e destinatários, inclusive particulares.
Ascom - Assessoria de Comunicação Social
De Ministro de Estado para Ministro de Estado, só pode ser
Asint - Assessoria Internacional
Aspar - Assessoria Parlamentar aviso. De outras autoridades para outras autoridades, o docu-
AUD - Auditoria mento será um ofício.
cf. - confronte Memorando
CN - Congresso Nacional
COR - Corregedoria O memorando é uma modalidade de comunicação oficial
DC - Diretoria Colegiada interna, pois é utilizado apenas entre unidades de um mesmo
DP - Diretor-presidente órgão. A estrutura é a mesma do ofício; a única diferença é que
GAB - Chefia do Gabinete Hídricos o cargo do destinatário deve aparecer no lugar do nome.
i. é. - isto é
O memorando é uma comunicação interna, também ad-
p. - página
p. us. - pouco usado otado por empresas para avisos internos (da diretoria para
PGE - Procuradoria-geral os demais funcionários, por exemplo).
Res. - Resolução do Congresso Nacional
Telegrama
RI da CD - Regimento Interno da Câmara dos Deputados
RI do SF - Regimento Interno do Senado Federal Telegrama é uma mensagem urgente e concisa que deve
SAC - Superintendência de Apoio a Comitês ser enviada em situações em que não for possível o envio via
Saf - Superintendência de Administração e Finanças e-mail ou correios. Por ser uma mensagem com custo elevado
SAS - Superintendência de Conservação de Água e Solo em relação às novas tecnologias, deve ser evitada e enviada
SFI - Superintendência de Fiscalização apenas em urgências.
SGE - Secretaria-geral É uma categoria da Redação Oficial que não tem padrão
SIH - Superintendência de Informações Hidrológicas a ser seguido, devendo obedecer aos padrões estabelecidos

Ş
ŝ#-ŝŦ
SOC - Superintendência de Outorga e Cobrança pelos Correios para envio. Obviamente, a clareza e a concisão
SPP - Superintendência de Programas e Projetos devem fazer parte deste documento.
SPR - Superintendência de Planejamento de Recursos
STC - Superintendência de Tecnologia e Capacitação Correspondência Eletrônica (E-mail)
SUM - Superintendência de Usos Múltiplos Por ser a forma de comunicação de menor custo e maior
agilidade, o E-mail tornou-se a ferramenta mais utilizada para
Práticas Textuais de Ofício a comunicação. A linguagem deve seguir o padrão normativo
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da da Redação Oficial, mas a estrutura tem poucas exigências.
República, existem três tipos de expedientes que se diferen- Sempre que possível deve-se utilizar a ferramenta de confir-
ciam pela finalidade e pela forma, sendo aquela mais impor-
mação de leitura ou solicitar que o destinatário acuse o rece-
tante: o ofício, o aviso e o memorando. A estes três documen-
bimento.
LÍNGUA PORTUGUESA

tos se estabelece o Padrão Oficio, que implica que todos estes


documentos devem conter: Mensagem
x Tipo e número do expediente, seguido da sigla do
A Mensagem é o instrumento de comunicação entre os
órgão que o expede;
Chefes dos Poderes Públicos. Geralmente são usadas pelo
x Local e data em que foi assinado, por extenso, com
Chefe do Poder Executivo (presidente da República) para in-
alinhamento à direita;
formar o Chefe do Poder Legislativo sobre:
x Assunto;
x Fatos da Administração Pública;
x Destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é
dirigida a comunicação; x Plano de governo;
x Texto; x Submeter ao Congresso nacional matérias que
x Fecho; dependem de liberação de suas Casas;
x Assinatura; x Apresentar veto, 47
x Identificação do signatário. x etc.
Estrutura: Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à ex-
48 posição de motivos, devidamente preenchido, no qual constam:
1. Síntese do problema ou da situação que reclama
providências
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou
na medida proposta
3. Alternativas existentes às medidas propostas
LÍNGUA PORTUGUESA

4. Custos
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido so-
mente se o ato proposto for medida provisória ou pro-
jeto de lei que deva tramitar em regime de urgência)
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou
medida proposta possa vir a tê-lo)
7. Alterações propostas
8. Síntese do parecer do órgão jurídico

ANOTAÇÕES
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual6.jpg)
x Tipo de expediente e seu número, no início da
Ş
ŝ#-ŝŦ

margem esquerda;
x Vocativo (pronome de tratamento) com espaça-
mento de 4 cm abaixo do item anterior;
x Texto (2 cm após o vocativo);
x Local e data, alinhado à margem direita e 2 cm
após o término do texto.
A Mensagem não traz a identificação do seu signatá-
rio, pois este é subentendido.
Exposição de Motivos
Trata-se do documento dirigido ao Presidente da Repúbli-
ca (ou ao Vice-Presidente), por um Ministro, para:
x Informar.
x Propor medidas.
x Submeter a sua aprovação para determinado
projeto de ato normativo.
Em alguns casos, a exposição de motivos pode ser in-
terministerial – ou seja, envolver mais de um Ministro. Nes-
ses casos, deverá ser assinada por todos os envolvidos.
Estrutura
Por ter motivos distintos, a exposição de motivos pode ter
dois tipos básicos de estrutura:
Quando tiver o objetivo de informar sobre determinado
assunto, seguirá o padrão ofício.
Quando tiver o objetivo de submeter determinado pro-
jeto à aprovação, deve, obrigatoriamente, seguir o padrão
ofício, levando em consideração a seguinte estrutura:
Ato normativo proposto ou questão a recla-
Introdução:
mar medidas;
Justificativas para o ato normativo proposto
Desenvolvimento:
ou adoção de determinadas medidas;
Reafirmação do ato normativo proposto ou
Conclusão:
questão a reclamar medidas.
Ş
ŝ#-ŝŦ REDAÇÃO 49

ÍNDICE
1. Redação para Concursos Públicos .............................................................................. 50
Posturas em Relação à Redação ................................................................................................... 50
Apresentação do Texto................................................................................................................. 50
O Texto Dissertativo ...................................................................................................................... 51
Critérios de Correção da Redação para Concursos Públicos ........................................................ 53
Critérios de Correção da Bancas ................................................................................................... 53
2. Dissertação Expositiva e Argumentativa .....................................................................55
Dissertação Expositiva ................................................................................................................. 55
Dissertação Argumentativa ......................................................................................................... 58
50
1. Redação para Concursos Públicos Objetividade
Seu texto deve ser objetivo, isto é, o enfoque do assunto
Os editais de concurso público disponibilizam o conteúdo deve ser direto, sem rodeios. Além disso, as bancas dão pre-
programático das matérias que serão cobradas nas provas,
ferência a uma linguagem simples e objetiva. E não confun-
mas nem sempre deixam explícito como se preparar para a
da linguagem simples com coloquialismos, pois é necessário
prova discursiva, ou prova de redação – que, na grande maio-
sempre manter a sua escrita baseada na norma padrão da
ria dos concursos, é uma etapa eliminatória.
língua portuguesa.
Portanto, é necessário preparar-se com bastante antece-
Além disso, é fundamental o candidato colocar-se na po-
dência, para que possa haver melhoras gradativas durante o
sição do leitor. É um momento de estranhamento do próprio
REDAÇÃO

processo de produção de um texto.


texto para indagar-se: o que escrevi é interessante e de fácil
Posturas em Relação à Redação entendimento?
Antes de começar a desenvolver a prática de escrita, é Apresentação do Texto
preciso que ter algumas posturas em relação ao processo de
composição de um texto. Em posse dessas posturas, percebe- Para que se consiga escrever um bom texto, é preciso
se que escrever não é tão complexo se você estiver orientado aliar duas posturas: ter o hábito da leitura e praticar a escrita
e fizer da escrita um ato constante. de textos. Além disso, é importante conhecer as propostas
das bancas e saber quais são os critérios de correção previs-
Leitura tos em edital.
Apenas a leitura não garante uma boa escrita. Então, deve- Letra - Legibilidade
Ş
ŝ#-ŝŦ

se associar a leitura constante com a escrita constante, pois uma


prática complementa a outra. Escreva sempre com letra legível. Pode ser letra cursiva ou
E o que ler? de imprensa. Tenha atenção para o espaçamento entre as le-
tras/palavras e para a distinção entre maiúsculas e minúsculas.
Direcione sua prática de leitura da seguinte forma: fique aten-
to às ATUALIDADES, que é um conteúdo geralmente previsto na Respeito às Margens
prova de conhecimentos gerais. Ademais, conheça a instituição e
As margens (tanto esquerda quanto direita) existem para
o cargo a que você pretende candidatar-se, como as FUNÇÕES e
serem respeitadas, portanto, não as ultrapasse no momento
RESPONSABILIDADES exigidas, as quais estão previstas no edital
em que escreve a versão definitiva. Tampouco deixe “buracos”
de abertura de um concurso. E, também, tenha uma visão crítica
sobre os conhecimentos específicos, porque a tendência dos con- entre as palavras.
cursos é relacionar um tema ao contexto de trabalho. Indicação de Parágrafos
Considere que, nas provas de redação, também podem ser
É preciso deixar um espaço antes de iniciar um parágrafo
abordados temas sobre algum assunto desafiante para o cargo
(mais ou menos dois centímetros).
ao qual o candidato está concorrendo. Uma dica é estar atento às
informações veiculadas sobre o órgão público no qual pretende Título
ingressar.
Colocar título na redação vale mais pontos?
Produção Do Texto Se o título for solicitado, ele será obrigatório. Caso
A produção de um texto não depende de talento ou de um não seja colocado na redação, haverá alguma perda, mas
dom. No processo de elaboração de um texto, pode-se dizer não muito. Os editais, em geral, não informam pontuações
que um por cento (1%) é inspiração e noventa e nove por cento exatas. No caso de o título não ser solicitado, ele se torna
(99%) é trabalho. Escrever um excelente texto é um processo facultativo. Logo, se o candidato decidir inseri-lo, ele fará
que exige esforço, planejamento e organização. parte do texto, sendo analisado como tal, mas não terá um
valor extra por isso.
Escrita O título era obrigatório, e não o coloquei... E agora?
O ato de escrever é sempre desta maneira: basta começar. Quando há a obrigatoriedade, a ausência do título não
Escrever para ser avaliado por um corretor é colocar pensa- anula a questão, a menos que haja essa orientação nas ins-
mentos organizados e articulados, num papel, a partir de um truções dadas na prova. Não há um desconto considerável
posicionamento sobre um tema estabelecido na proposta de em relação ao esquecimento do título, porque a maior pon-
redação. tuação, em uma redação para concurso, está relacionada ao
Tema conteúdo do texto.
O seu texto deve estar cem por cento (100%) adequado à É preciso pular linha após o título?
proposta exigida na prova, ou seja, você não pode escrever o Em caso de obrigatoriedade do título, procure não pular
que quer, mas o que a proposta determina. Desse modo, antes linha entre o título e o início do texto, porque essa linha em
de começar a escrever, é necessário entender o TEMA da prova. branco não é contada durante a correção.
O tema é o assunto proposto que deve ser desenvolvido. Por- Quando se deve escrever o título?
tanto, cabe a você entendê-lo, problematizá-lo e delimitá-lo, com O título é a síntese de sua redação, portanto, prefira escre-
base no comando da proposta. vê-lo ao término da redação.
Erros na Versão Final Estrutura sintática de orações e períodos
Quando você está escrevendo e, por distração, erra uma Elementos coesivos
palavra, você deve passar um traço sobre a palavra e escrevê- Concordância verbal e nominal
-la corretamente logo em seguida: Pontuação
exeção exceção Regência verbal e nominal
Emprego de pronomes
Translineação Flexão verbal e nominal
Quando não dá para escrever uma palavra completa ao Uso de tempos e modos verbais
final da linha, deve-se escrever até o limite, sem ultrapassar Grafia
a margem direita da linha, e o sinal de separação será sempre
o hífen. Acentuação
Sempre respeite as regras de separação silábica. Nun- Repetição
ca uma palavra será separada de maneira a desrespeitar
Prejudica a coesão textual, e ocorre quando se usa muitas ve-
as sílabas:
zes a mesma palavra ou ideia, as quais poderiam ser substituídas
tran- por sinônimos e conectivos.
sformação
Caso a próxima sílaba não caiba no final da linha, embora
Informações Óbvias
ainda haja um espaço, deixe-a e continue na próxima linha. Explicações que não precisam ser mencionadas, pois já se
explicam por si próprias.
trans-
formação Generalização
Quando a palavra for escrita com hífen e a separação ocor- É percebida quando se atribui um conceito que é específi-
rer justo nesse espaço, você deve usar duas marcações. Por co de uma forma generalizada.
exemplo: entende-se
Os menores infratores saem dos centros de ressocializa-
entende- ção e retornam ao o do crime. (isso ocorre com todos?)
-se
É preciso que o governo tome medidas urgentes para re-
Se a palavra não tiver hífen em sua estrutura, use apenas uma solver esse problema. (que medidas?)
marcação:
Gerúndio

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apresen-
É muito comum usarmos o gerúndio na fala, mas não se
tação usa com tanta recorrência na escrita.
Impessoalidade
O texto dissertativo (expositivo-argumentativo) é impessoal. O Texto Dissertativo
Portanto, pode-se escrever com verbos em: Dissertar é escrever sobre algum assunto e pressupõe ou
- 3ª pessoa: defender uma ideia, analisá-la criticamente, discuti-la, opinar,
A qualidade no atendimento precisa ser prioridade. ou apenas esclarecer conceitos, dar explicações, apresentar
dados sobre um assunto, tudo de maneira organizada, quer
Percebe-se que a qualidade no atendimento é essencial.
dizer, com início, meio e fim bem claros e objetivos.
Notam-se várias mudanças no setor público.
- 1ª pessoa do plural: A dissertação pode ser classificada quanto à maneira como
o assunto é abordado:
Observamos muitas mudanças e melhorias no serviço
público. I - EXPOSITIVA: são expostos fatos (de conhecimento e
domínio público, divulgados em diversos meios de comuni-
REDAÇÃO

Adequação Vocabular cação), mas não é apresentada uma discussão, um ponto de


Adequação vocabular diz respeito ao desempenho linguís- vista.
tico de acordo com o nível de conhecimento exigido para o A dissertação expositiva também é usada quando a pro-
cargo/área/especialidade, e a adequação do nível de lingua- posta exige um texto técnico. Este tipo de texto pode ter duas
gem adotado à produção proposta. abordagens: Estudo de Caso (em que é feito um parecer a partir
Portanto, devem-se escolher palavras adequadas, evitan- de sua situação hipotética) e Questão Teórica (em que é preciso
do-se o uso de jargões, chavões, termos muito técnicos que apresentar conceitos, normas, regras, diretrizes de um determi-
possam dificultar a compreensão. nado conteúdo).
II - ARGUMENTATIVA: há a exposição de pontos de vista
Domínio da Norma Padrão da Língua pessoais, com juízos de valor sobre um fato ou assunto.
Deve-se ficar atento aos aspectos gramaticais, principal- E qual a melhor maneira de abordar um assunto numa prova 51
mente: de redação para concursos públicos?
Para que seu texto seja MUITO BEM avaliado, o ideal é breve e apresentar apenas informações sucintas. Deve apenas
52 conseguir chegar a uma forma mista de abordagem, ou seja, apresentar o TEMA e os ENFOQUES e ter em torno de cinco
escrever um texto dissertativo em que você expõe um assunto linhas.
e, ao mesmo tempo, dá sua opinião sobre ele. Desse modo, os
fatos que são conhecidos (domínio público) podem se trans- Desenvolvimento
formar em exemplificação atualizada, a qual pode ser relacio- É a redação propriamente dita. Deve ser constituído de
nada à sua argumentação de forma contextualiza e crítica. dois a três parágrafos (a depender do tema da proposta), um
para cada enfoque apresentado na Introdução. É a parte da
Aspectos Gerais da Produção de Textos redação em que argumentos são apresentados para explici-
Em face da limitação de espaço, é muito difícil apresentar tar, em um parágrafo distinto, cada um dos enfoques. Cada
REDAÇÃO

muitos enfoques relativos ao tema. Por essa razão, dependen- parágrafo deve ter de 5 a 8 linhas. Pode-se desenvolver os ar-
do do limite em relação à quantidade de linhas, a dissertação gumentos por meio de relações que devem ser usadas para
deve conter de 4 a 5 parágrafos, sendo UM para Introdução, deixar seu texto coeso e coerente.
DOIS a TRÊS para Desenvolvimento e UM para Conclusão. • Conectores
Além disso, cada parágrafo deve possuir, no mínimo, dois As relações comentadas acima são estabelecidas com CO-
períodos. Cuidado com as frases fragmentadas, ambiguidades NECTORES:
e os erros de paralelismo. Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais
Procure elaborar uma introdução que contenha, de ma- nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de
neira clara e direta, o tema, o primeiro enfoque, o segundo tudo, principalmente, primordialmente, sobretudo.
enfoque, etc. E mantenha sempre o caráter dissertativo. Por Tempo: atualmente, hoje, frequentemente, constantemen-
Ş
ŝ#-ŝŦ

isso, no desenvolvimento, dê um parágrafo para cada enfoque te às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sem-
selecionado, e empregue os articuladores adequados. Por fim, pre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente,
fundamente sempre suas ideias.
nesse ínterim, enquanto, quando, antes que, depois que, logo
Quanto aos exemplos, procure selecionar aqueles que se- que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que,
jam de domínio público, os que tenham saído na mídia: jornais, cada vez que, então, enfim, logo, logo depois, imediatamente,
revistas, TV. E nunca analise temas por meio de emoções exa- logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pou-
geradas – especialmente política, futebol, religião, etc. co depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal,
Estrutura de um Texto Dissertativo por fim, finalmente, agora.
Semelhança, comparação, conformidade: de acordo
Para escrever uma dissertação, é preciso que haja uma or-
com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal
ganização do texto a fim de que se obtenha um texto claro e
qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como,
bem articulado:
igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo
I- INTRODUÇÃO: consiste na apresentação do assunto a modo, semelhantemente, analogamente, por analogia, de ma-
fim de deixar claro qual é o recorte temático e qual a ideia que neira idêntica, de conformidade com.
será defendida e/ou esclarecida, ou seja, a TESE.
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
II- DESENVOLVIMENTO: é a parte em que são elaborados os
parágrafos argumentativos e/ou informativos, nos quais você ex- Adição, continuação: além disso, demais, ademais, ou-
plica a sua TESE. É o momento mais importante do texto, por isso, trossim, ainda mais, por outro lado, também, e, nem, não só
É NECESSÁRIO que a TESE seja explicada, justificada, e isso pode ... mas também, não só... como também, não apenas ... como
ser feito por meio de exemplos e explicações. também, não só ... bem como, com, ou (quando não for exclu-
dente).
III- CONCLUSÃO: esta parte do texto não traz informações
novas, muito menos argumentos, porque consiste no fecha- Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá,
mento das ideias apresentadas, ou seja, é feita uma reafirma- quem sabe, é provável, não é certo, se é que.
ção da TESE. Dependendo do comando da proposta de reda- Certeza, ênfase: certamente, decerto, por certo, inquestio-
ção e do tema, pode ser apresentada uma hipótese de solução navelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
de um problema apresentado na TESE. Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só
para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por
- Assunto
outra, a saber, ou seja, aliás.
Introdução - Recorte temático
- TESE Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de,
com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para
- Tópico/TESE + que, a fim de que, para.
TESE Desenvolvimento
justificativa
- Retomada
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em sínte-
se, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa
da introdução
Conclusão forma, dessa maneira, desse modo, logo, dessa forma, dessa
- Reafirmação
da TESE
maneira, assim sendo.
Explicação: por consequência, por conseguinte, como re-
Introdução sultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato,
É o primeiro parágrafo e serve de apresentação da dis- com efeito, tão (tanto, tamanho)... que, porque, porquanto,
sertação, por essa razão deve estar muito bem elaborada, ser pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), por-
tanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, Em outras palavras: se há algum texto ou uma coletânea
haja vista. de textos, eles têm caráter apenas motivador. Portanto, não
Contraste, oposição, restrição: pelo contrário, em con- faça cópias de trechos dos textos, tampouco pense que o tema
traste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, da redação é o assunto desses textos. É preciso verificar o re-
entretanto, no entanto, embora, apesar de, apesar de que, corte temático, o qual fica evidente no corpo da proposta.
ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, se bem que,
por mais que, por menos que, só que, ao passo que, por ou- Gênero
tro lado, em contrapartida, ao contrário do que se pensa, em Neste critério, verifica-se se a produção textual está adequa-
compensação. da à modalidade redacional, ou seja, se o texto expressa o domí-
Contraposição: É possível que... no entanto... nio da linguagem do gênero: narrar, relatar, argumentar, expor,
É certo que... entretanto... descrever ações, etc.
É provável que ... porém... Os concursos públicos, quase em sua totalidade, têm
como gênero textual a dissertação argumentativa ou o texto
Organização de ideias: Em primeiro lugar ..., em segundo
expositivo-argumentativo. Desse modo, a banca avalia a ob-
..., por último ...; por um lado ..., por outro ...; primeiramente,
jetividade e o posicionamento frente ao tema, a articulação
...,em seguida, ..., finalmente, ....
dos argumentos, a consistência e a coerência da argumen-
Enumeração: É preciso considerar que ...; Também não de- tação.
vemos esquecer que ...; Não podemos deixar de lembrar que... Isso significa que há uma valorização quanto do conteú-
Reafirmação/Retomada: Compreende-se, então, que ... do do texto: a opinião, a justificativa dessa opinião e a seleti-
É bom acrescentar ainda que ... vidade de informações sobre o tema.
É interessante reiterar ...
Coerência
Conclusão Neste critério, avalia-se se há atendimento total do coman-
É o último parágrafo. Deve ser breve, contendo em torno do, com informações novas que evidenciam conhecimento de
de cinco linhas. Na conclusão, deve-se retomar o tema e fazer mundo e que atestam excelente articulação entre os aspectos
o fechamento das ideias apresentadas em todo o texto e não exigidos pela proposta, o recorte temático e o gênero textual
somente em relação às ideias contidas no último parágrafo do requisitado. Ou seja, é preciso trazer informações ao texto que
desenvolvimento. não estão disponíveis na proposta. Além disso, é essencial
Pode-se concluir: garantir a progressão textual, quer dizer, seu texto precisa ter
- Fazendo uma síntese das ideias expostas. uma evolução e não pode trazer a mesma informação em to-
- Esclarecendo um posicionamento e/ou questionamento, dos os parágrafos.
desde que coerente, com o desenvolvimento.
Coesão e Gramática

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ŝ#-ŝŦ
- Estabelecendo uma dedução ou demonstrando uma con-
sequência dos argumentos expostos. Neste critério, percebe-se se há erros gramaticais; se os
- Levantando uma hipótese ou uma sugestão coerente períodos estão bem organizados e articulados, com uso de
com as afirmações feitas durante o texto. vocabulário e conectivos adequados; e se os parágrafos estão
divididos de modo consciente, a fim de garantir a progressão
- Apresentando possíveis soluções para os problemas ex-
textual.
postos no desenvolvimento, buscando prováveis resultados.
• Conectores Critérios de Correção da Bancas
Pode-se iniciar o parágrafo da conclusão com: Cada Banca Examinadora delimita, na publicação do edital
Assim; Assim sendo; Portanto; Mediante os fatos expostos; de abertura de um concurso, que critérios serão utilizados para
Dessa forma; Diante do que foi dito; Resumindo; Em suma; Em corrigir as redações. Por isso, é essencial que se conheça quais
vista disso, pode-se concluir que; Finalmente; Nesse sentido; são esses critérios e como cada Banca os organiza. A seguir,
Com esses dados, conclui-se que; Considerando as informações são apresentados critérios de algumas Bancas. Você perceberá
apresentadas, entende-se que; A partir do que foi discutido. que são predominantemente os mesmos itens; o que muda é a
nota atribuída para cada um e como a proposta é organizada.
REDAÇÃO

Critérios de Correção da Redação


para Concursos Públicos Banca Cespe
Aspectos Macroestruturais
Conteúdo 1. Apresentação (legibilidade, respeito às margens e in-
Neste critério, observa-se se há apresentação marcada do dicação de parágrafos) e estrutura textual (organização das
recorte temático, o qual deve nortear o desenvolvimento do ideais em texto estruturado).
texto; se o recorte está contextualizado no texto, por exemplo: 2. Desenvolvimento do tema
quando a proposta propuser uma situação hipotética, ela deve Tópicos da proposta
estar diluída em seu texto. Aspectos Microestruturais
Lembre-se: a proposta não faz parte de seu texto, ou seja, Ortografia
sua produção não pode depender da proposta para ter sentido Morfossintaxe 53
claro e objetivo. Propriedade vocabular
Banca FCC abordado e a cobertura dos tópicos apresentados,
54 valendo, no máximo, 20 (vinte) pontos para cada
O candidato deverá desenvolver texto dissertativo a partir
questão, que serão aferidos pelo examinador com
de proposta única, sobre assunto de interesse geral. Conside-
rando que o texto é único, os itens discriminados a seguir serão base nos critérios a seguir indicados:
avaliados em estreita correlação: Conteúdo da resposta (seguem os pontos a deduzir para
Conteúdo – até 40 (quarenta) pontos: cada questão):
▷ perspectiva adotada no tratamento do tema; Capacidade de argumentação (até 6 )
▷ capacidade de análise e senso crítico em relação ao Sequência lógica do pensamento (até 4 )
tema proposto; Alinhamento ao tema (até 4 )
▷ consistência dos argumentos, clareza e coerência no
REDAÇÃO

Cobertura dos tópicos apresentados (até 6 )


seu encadeamento.
Obs.: A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso Quanto ao uso do idioma: a utilização correta do vocabu-
ocorra abordagem tangencial, parcial ou diluída em meio a di- lário e das normas gramaticais, valendo, no máximo, 10 (dez)
vagações e/ou colagem de textos e de questões apresentados pontos para cada questão, que serão aferidos pelo examinador
na prova. com base nos critérios a seguir indicados:
Estrutura – até 30 (trinta) pontos: Tipos de erro (seguem os pontos a deduzir):
▷ respeito ao gênero solicitado; Aspectos Formais:
▷ progressão textual e encadeamento de ideias; Erros de forma em geral e erros de ortografia (-0,25 cada
▷ articulação de frases e parágrafos (coesão textual). erro)
Expressão – até 30 (trinta) pontos: Aspectos Gramaticais
Ş
ŝ#-ŝŦ

A avaliação da expressão não será feita de modo estanque Morfologia, sintaxe de emprego e colocação, sintaxe de
ou mecânico, mas sim de acordo com sua estreita correlação regência e pontuação (-0,50 cada erro)
com o conteúdo desenvolvido. A avaliação será feita conside- Aspectos Textuais
rando-se: Sintaxe de construção (coesão prejudicada); concordância;
▷ desempenho linguístico de acordo com o nível de clareza; concisão; unidade temática/estilo; coerência; proprie-
conhecimento exigido para o cargo/área/especiali- dade vocabular; paralelismo semântico e sintático; paragrafa-
dade; ção (-0,75 cada erro)
▷ adequação do nível de linguagem adotado à produ- Cada linha excedente ao máximo exigido (-0,40)
ção proposta e coerência no uso; Cada linha não escrita, considerando o mínimo exigido
▷ domínio da norma culta formal, com atenção aos (-0,80).
seguintes itens: estrutura sintática de orações e pe- Proposta 01
ríodos, elementos coesivos; concordância verbal e As vendas de automóveis de passeio e de veículos comer-
nominal; pontuação; regência verbal e nominal; em- ciais leves alcançaram 340 706 unidades em junho de 2012,
prego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de alta de 18,75%, em relação a junho de 2011, e de 24,18%, em
tempos e modos verbais; grafia e acentuação. relação a maio de 2012, segundo informou, nesta terça-feira, a
Banca Cesgranrio Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores
(Fenabrave). Segundo a entidade, este é o melhor mês de ju-
A Redação será avaliada conforme os critérios a seguir: nho da história do setor automobilístico.
▷ adequação ao tema proposto; Disponível em: <http://br.financas.yahoo.com>. Acesso em: 3 jul. 2012
▷ adequação ao tipo de texto solicitado; (adaptado).
▷ emprego apropriado de mecanismos de coesão (re- Na capital paulista, o trânsito lento se estendeu por 295
ferenciação, sequenciação e demarcação das partes km às 19 h e superou a marca de 293 km, registrada no dia 10
do texto); de junho de 2009. Na cidade de São Paulo, registrou-se, na
▷ capacidade de selecionar, organizar e relacionar de tarde desta sexta-feira, o maior congestionamento da história,
forma coerente argumentos pertinentes ao tema segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Às 19
proposto; e h, eram 295 km de trânsito lento nas vias monitoradas pela
▷ pleno domínio da modalidade escrita da norma- empresa. O índice superou o registrado no dia 10 de junho de
-padrão (adequação vocabular, ortografia, mor- 2009, quando a CET anotou, às 19 h, 293 km de congestiona-
fologia, sintaxe de concordância, de regência e de mento.
colocação). Disponível em: <http://noticias.terra.com.br>. Acesso em: 03 jul. 2012
(adaptado).
Banca Esaf O governo brasileiro, diante da crise econômica mundial,
A avaliação da prova discursiva abrangerá: decidiu estimular a venda de automóveis e, para tal, reduziu o
▷ Quanto à capacidade de desenvolvimento do imposto sobre produtos industrializados (IPI). Há, no entanto,
tema proposto: a compreensão, o conhecimento, o paralelamente a essa decisão, a preocupação constante com
desenvolvimento e a adequação da argumentação, a o desenvolvimento sustentável, por meio do qual se busca a
conexão e a pertinência, a objetividade e a sequên- promoção de crescimento econômico capaz de incorporar as
cia lógica do pensamento, o alinhamento ao assunto dimensões socioambientais.
Considerando que os textos acima têm caráter unicamen- em livros didáticos, enciclopédias, jornais, revistas (cientí-
te motivador, redija um texto dissertativo sobre sistema de ficas, informativas, etc.).
transporte urbano sustentável, contemplando os seguintes O tipo descritivo está relacionado à caracterização minucio-
aspectos: sa de algo, sem, necessariamente, ter o objetivo de informar ao
▷ Conceito de desenvolvimento sustentável; (valor: leitor. A linguagem utilizada na descrição nem sempre é objetiva
3,0 pontos) ou impessoal, e sua estrutura não obedece necessariamente a
▷ Conflito entre o estímulo à compra de veículos auto- regras.
motores e a promoção da sustentabilidade; (valor:
4,0 pontos) Partes do Texto Dissertativo-Expositivo
▷ Ações de fomento ao transporte urbano sustentável Tipos de Introdução
no Brasil. (valor: 3,0 pontos)
• Introdução Simples
Proposta 02
É uma introdução direta, na qual é exposta apenas a deli-
I mitação do tema.
Venham de onde venham, imigrantes, emigrantes e refu-
giados, cada vez mais unidos em redes sociais, estão aumen- • Introdução com Paráfrase
tando sua capacidade de incidência política sobre uma reivin- A paráfrase é uma reescrita de frases sem que haja altera-
dicação fundamental: serem tratados como cidadãos, em vez ção de sentido. Para que essa reescrita seja coerente, é neces-
de apenas como mão de obra (barata ou de elite). sário que seja mantido o paralelismo semântico. Este tipo de
(Adaptado de: http://observatoriodadiversidade.org.br) introdução geralmente é usado quando o tema da redação é
II uma afirmação.
A intensificação dos fluxos migratórios internacionais das • Introdução com Conceituação
últimas décadas provocou o aumento do número de países Neste tipo de introdução, a autor do texto apresenta seu
orientados a regulamentar a imigração. Os argumentos ale- ponto de vista ou a ideia central por meio da definição de al-
gados não são novos: o medo de uma “invasão migratória”, gum conceito que tenha relação com o núcleo do tema.
os riscos de desemprego para os trabalhadores autóctones, a • Introdução com Indicação do Desenvolvimento
perda da identidade nacional.
São apresentados o tema e os tópicos que serão esclare-
III cidos no desenvolvimento. Numa dissertação-expositiva enu-
Ainda não existe uma legislação internacional sólida sobre meram-se os aspectos que serão relatadas ao longo do texto.
as migrações internacionais. Assim, enquanto que os direitos É muito importante ter atenção com a ordem dessa enu-
relativos ao investimento estrangeiro foram se reforçando cada meração, pois é necessário que ela seja mantida no decorre do
vez mais nas regras estabelecidas para a economia global, pouca desenvolvimento para que se garanta conexão lógica e a pro-
atenção vem sendo dada aos direitos dos trabalhadores.

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gressividade textual. Além disso, todos os itens enumerados
(II e III adaptados de: http://www.migrante.org.br) devem ser abordados no desenvolvimento.
Considerando o que se afirma em I, II e III, desenvolva um É imprescindível, também, que se trate cada tópico em um
texto dissertativo-argumentativo, posicionando-se a respeito parágrafo diferente, porque facilita, para o examinador, a iden-
do seguinte tema: tificação de que foi redigido tudo o que foi apresentado.
2. Dissertação Expositiva e Tipos de Desenvolvimento
O desenvolvimento deve conter a exposição de cada um
Argumentativa dos aspectos enumerados na introdução. Não há uma forma
específica para se escrever esta parte da redação. A continui-
Dissertação Expositiva dade do texto será dada de acordo com a introdução. Ou seja,
a sequência do desenvolvimento deve estar já delimitada no
Na dissertação expositiva, o objetivo do texto é passar co- parágrafo introdutório.
nhecimento para o leitor de maneira clara, imparcial e objetiva. Nunca deixe mencionar tudo o que é solicitado na propos-
Nesse tipo textual, não se faz necessariamente a defesa ta. Se deixar em branco, será atribuída nota zero na correção
REDAÇÃO

de uma ideia, pois não há intenção de convencer o leitor, nem da redação. Isso significa que você deve responder ao questio-
criar debate. Trabalha-se o assunto de maneira atemporal. namento, sem se desviar do tema.
Distinção entre Texto Tipos de Conclusão
Expositivo e Descritivo • Confirmação
É bastante comum que se confunda o texto dissertativo- É a forma mais simples. É feita uma síntese do que foi
-expositivo com o texto descritivo. Vamos à distinção: escrito na redação ou uma confirmação (reforço) da tese que
O texto expositivo tem por objetivo principal informar orientou o texto e foi afirmado na introdução.
com clareza e objetividade. Predomina a linguagem impes- • Solução
soal e objetiva. De forma geral, segue a estrutura da dis- Este tipo é muito usado em pareceres e relatórios, pois há
sertação (introdução, desenvolvimento, conclusão). Como apresentação de solução ou soluções para a tese apresentada 55
exemplo desse tipo de texto, temos aqueles encontrados na introdução.
• Expansão vier — passa a ser entendido como direito essencial à vida em
56 Neste tipo de conclusão, usa-se o melhor argumento ou a comunidade assentada nos princípios da cidadania.
melhor ideia exposta (no desenvolvimento) e é feita uma co- Em relação ao segundo aspecto (exemplos de ação do Es-
nexão com o desenvolvimento, de forma encerrar a discussão tado na luta pela segurança pública), espera-se que o candida-
ou o assunto. to seja capaz de apontar alguns exemplos da necessária ação
• Finalização do Desenvolvimento do poder público para a conquista e a manutenção do clima de
segurança coletiva nas mais diversas comunidades, sobretudo
O parágrafo de conclusão também pode trazer algum as- as mais vulneráveis. Nesse sentido, basta que o candidato se
pecto relevante sobre o tema, em vez de expor uma “conclu- reporte ao próprio texto motivador, tendo em vista que poli-
são, síntese, expansão ou solução”. ciamento adequado e atendimento às demandas básicas da
REDAÇÃO

Para que a redação não fique sem fechamento, é recomen- sociedade são faces de uma mesma moeda.
dável que se use alguma expressão que indique conclusão, Por fim, no que concerne ao terceiro aspecto (ausência do
como: “por fim”, “finalmente”, “por último”, “em último lugar”, poder público e a presença do crime organizado), convém que o
“em conclusão”, etc. candidato faça referência a uma preocupante realidade, por to-
Propostas de Dissertação Expositiva dos sabida: onde há omissão do Estado, a tendência é que esse
vazio seja ocupado por grupos criminosos no atendimento às
Proposta 01 demandas das comunidades. Essa realidade está presente, in-
Convocada pela Defensoria Pública do Rio, a comunidade clusive, em instituições penitenciárias.
do Complexo do Alemão começou a chegar duas horas antes Proposta 02
do combinado. Enfileiraram-se em busca, principalmente, de
Ş
ŝ#-ŝŦ

Um relatório do Conselho de Segurança da Organização das


carteiras de identidade e de trabalho, ícones da entrada na
Nações Unidas constatou que 15 mil pessoas viajaram à Síria e
sociedade formal. Houve duas dúzias de coleta de material
ao Iraque para combater pelo Estado Islâmico e por grupos ex-
genético para exames de comprovação de paternidade. Fo-
tremistas semelhantes. De acordo com o relatório, essas pessoas
ram entrevistadas 180 moradoras sobre saúde, maternidade e
saíram de mais de 80 países, o que inclui um grupo de países
violência doméstica. Uma cidadã transexual foi atrás de orien-
que não havia enfrentado desafios anteriores com relação à Al
tação para trocar de nome. Mães pediram tratamento psico-
Qaeda. Os números reforçam recentes estimativas dos serviços
lógico para filhos com sintomas de síndrome do pânico. Se-
de inteligência dos Estados Unidos da América sobre o escopo
gundo a presidenta da Associação de Defensores Públicos do
do problema dos combatentes estrangeiros, que, conforme o
Estado do Rio de Janeiro, “quando conversamos, percebemos
relatório, se agravou apesar das ações agressivas das forças an-
que a violência permeia o discurso. Mas os moradores têm ou-
titerroristas e das redes mundiais de vigilância. Os números refe-
tras demandas. Denunciam a falta de alguma instituição que
rentes ao período iniciado em 2010 são superiores aos números
os defenda da vulnerabilidade”. A agenda dos moradores do
referentes ao total de combatentes estrangeiros nas fileiras ter-
Alemão envolve cinco ações: moradia, saneamento, educação
técnico-profissional, políticas para jovens e espaços de lazer, roristas entre 1990 e 2010 — e continuam crescendo.
Folha de S.Paulo, 1.º/11/2014, p. 10, caderno Mundo 2 (com adaptações).
esporte e cultura.
Flávia Oliveira. Demanda cidadã. In: O Globo, 27/5/2015, p. 28 (com Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter
adaptações). unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter tema a seguir.
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do A CIVILIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA E O TERRORISMO
seguinte tema. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os se-
SEGURANÇA PÚBLICA: POLÍCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS guintes aspectos:
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir. < o 11 de Setembro de 2001 e a nova escalada terrorista;
< Disserte a respeito da segurança como condição para o [valor: 4,00 pontos]
exercício da cidadania. [valor: 25,50 pontos] < o Estado Islâmico: intolerância e agressividade; [valor:
< Dê exemplos de ação do Estado na luta pela segurança 4,00 pontos]
pública. [valor: 25,50 pontos] < a reação mundial ao terrorismo. [valor: 4,00 pontos]
< Discorra acerca da ausência do poder público e a presença • Padrão de Resposta da Banca
do crime organizado. [valor: 25,00 pontos] Espera-se que, relativamente ao primeiro aspecto (O 11 de
• Padrão de Resposta da Banca setembro de 2001 e a nova escalada terrorista), o candidato
Espera-se que, relativamente ao primeiro aspecto propos- mencione o impacto causado em todo o mundo pela ação do
to (a segurança como condição para o exercício da cidadania), terror (Al Qaeda) em território norte-americano, atingindo o
o candidato afirme a impossibilidade real e concreta do pleno prédio do Pentágono, em Washington, e destruindo por com-
exercício da cidadania em um cenário de dramática inseguran- pleto as torres do World Trade Center, em Nova Iorque. A pronta
ça. Tal como dicionarizado, o conceito de cidadania remete ao e vigorosa reação dos EUA (governo Bush) alterou a legislação
“indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direi- do país, com algum tipo de cerceamento das liberdades, e se
tos civis e políticos garantidos pelo mesmo Estado e desem- estendeu por várias partes do mundo, a começar pela identifica-
penha os deveres que lhe são atribuídos”. Viver em paz, sem ção de países considerados fontes permanentes de ações agres-
o contínuo temor de ser vítima de agressão — venha de onde sivas contra os EUA, definidos como “Eixo do Mal”. Em verdade,
o 11 de setembro de 2001 deu inédita visibilidade ao terrorismo do sistema produtivo conhecido como Revolução Industrial. O
impulsionado pelo fanatismo religioso, que se manifestou em certo é que, em muitos países, ainda não há legislação plena-
outros locais, como, por exemplo, Londres e Madri. mente ativa para controlar o descarte de eletrônicos. No Brasil,
Quanto ao segundo aspecto (Estado Islâmico: intolerância verifica-se reiterada tentativa de burlar a legislação a respeito.
e agressividade), o candidato poderá destacar a intenção do Esse descarte, feito de modo inadequado, agride violentamen-
grupo de instituir um califado muçulmano, com a conquista de te o meio ambiente.
territórios hoje integrantes da Síria e do Iraque, sua absoluta Quanto ao segundo aspecto (a globalização da rota do trá-
subordinação a uma visão estreita e radical do islã, além da fico de resíduos eletrônicos), espera-se que o candidato apon-
chocante violência de seus atos, como a decapitação de pri- te a relação existente entre a globalização da economia e a do
sioneiros, em cenas gravadas e divulgadas pelo mundo afora. tráfico desses resíduos. Em geral, como indicado no texto mo-
Outro direcionamento para o segundo aspecto é o aliciamento tivador, esse descarte criminoso é feito pelas economias mais
de jovens para a luta armada por meio das redes sociais, por desenvolvidas na direção de países periféricos e mais pobres.
exemplo. Relativamente ao terceiro ponto (os lucros gerados pelos
Por fim, o terceiro aspecto a ser focalizado (A reação mun- resíduos e a ação do crime organizado), espera-se que o can-
dial ao terrorismo) deverá levar o candidato a se referir às ma- didato lembre que, devido à falta de monitoramento e à fragili-
dade da fiscalização, essa atividade ilegal torna-se por demais
nifestações da opinião pública mundial, que tende a repudiar
atraente em termos financeiros, sem maiores riscos para quem
maciçamente atitudes dessa natureza, à ação de organismos
dela se ocupa. É onde entra o crime organizado global, que
internacionais (como a citada ONU) e à reação objetiva de
tem se diversificado e investido em resíduos. O próprio texto
muitos países (particularmente os ocidentais, à frente os EUA), motivador deixa transparecer que o descarte do lixo eletrôni-
agindo civil e militarmente para frear a ação terrorista. Além co, tal como visto nos exemplos citados, acaba sendo mais um
disso, ao abordar os aspectos citados no comando da prova, ramo do crime organizado global, integrando a extensa teia
espera-se que o candidato mencione o interesse econômico que envolve lavagem de dinheiro, comércio de armas, tráfico
subjante às atividades terroristas, o que decorre sobretudo do humano, fraudes na área esportiva, avanço ilegal sobre a bio-
interesse por fontes naturais, tais como petróleo e gás natural. diversidade, entre tantos outros.
Proposta 03 Proposta 04
Em um lixão de Gana, carcaças de computadores espalha- Considerando que o contexto que envolve as drogas ilíci-
das em meio a todo o tipo de dejetos chamam a atenção por tas, redija um texto dissertativo que atenda, necessariamente,
etiquetas que identificam sua procedência: delegacias, conse- ao que se pede a seguir:
lhos públicos e até universidades britânicas. O mesmo acon- AS DROGAS ILÍCITAS NA CONTEMPORANEIDADE
tece em lixões da China, com produtos oriundos da Europa ou
> O problema social das drogas ilícitas no mundo contem-
dos Estados Unidos da América (EUA). Já na América Central,
porâneo

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ŝ#-ŝŦ
um navio saído dos EUA passa por países pobres tentando
encontrar um terreno que aceite o depósito do que dizem ser > O fracasso da política antidrogas militarizada
fertilizante, mas que na verdade são cinzas de produtos ele- > Alternativas à atual política antidrogas
trônicos. Parte do material, rico em arsênio, chumbo e outras • Padrão de Resposta da Banca
substâncias tóxicas, é jogado em uma praia do Haiti, outra Espera-se que, em relação ao primeiro item (“O problema
parte atirada no oceano. Não tão distante, 353 toneladas de social das drogas ilícitas no mundo contemporâneo”), o can-
resíduos de televisores são trazidos dos EUA em contêineres didato aponte as drogas como um grave problema social da
ao Porto de Navegantes, em Santa Catarina (carga devolvida contemporaneidade. Sem distinção de classes sociais e presente
à origem). em todas elas, o uso de drogas ilícitas instalou-se no interior das
O Globo, 24/8/2015, p. 21 (com adaptações). sociedades, e é, sob muitos aspectos, elemento fundamental
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter para a desestruturação familiar e para a exacerbação da violên-
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do cia. Além disso, contribui decisivamente para o adensamento do
seguinte tema. crime organizado, cuja atuação, cada vez mais, ocorre em escala
LIXO ELETRÔNICO: O PLANETA EM PERIGO global.
REDAÇÃO

Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: No que concerne ao segundo item (“O fracasso da política an-
< lixo eletrônico: a outra face do desenvolvimento; [valor: tidrogas militarizada”), espera-se que o candidato pondere, por
3,50 pontos] exemplo, que o custo do combate às drogas é elevado, seja no
< a globalização da rota do tráfico de resíduos eletrônicos; que se refere a vidas humanas, seja no que se refere ao dinheiro
[valor: 3,00 pontos] nele aplicado. Em suma, pode-se afirmar que, se determinados
instrumentos utilizados por cinco décadas não apresentaram re-
< os lucros gerados pelos resíduos e a ação do crime orga- sultados, esses métodos são ineficazes, o que leva à reflexão sobre
nizado. [valor: 3,00 pontos] a conveniência de substituí-los.
• Padrão de Resposta da Banca Por fim, em relação ao terceiro item (“Alternativas à atual
Espera-se que, em relação ao primeiro tópico proposto política antidrogas”), espera-se que o candidato alegue que
(lixo eletrônico: a outra face do desenvolvimento), o candidato estão em marcha atitudes que podem ser uma alternativa in-
identifique nesses resíduos eletrônicos a outra e danosa face teressante à atual política antidrogas militarizada, por exem- 57
do desenvolvimento trazido pelo processo de transformação plo, a rejeição à pulverização pura e simples dos campos de
cultivo de coca, planta da qual é feita a cocaína; a permissão persuasão. Por isso, a coerência entre as ideias e a clareza na
58 para o cultivo de pequenas plantações de coca; a plantação de forma de expressão são elementos fundamentais.
maconha para fins medicinais e, sobretudo, ação de lideranças
políticas (no Brasil, com destaque para o ex-presidente Fer- Estrutura
nando Henrique Cardoso), que defendem a descriminalização A estrutura lógica da dissertação consiste em: introdução
do uso da maconha, a qual distingue claramente o usuário e o (apresenta o tema a ser discutido); desenvolvimento (expõe
traficante. os argumentos e ideias sobre o tema, com fundamento em
fatos, exemplos, testemunhos e provas do que se pretende
Proposta 05
demonstrar); e conclusão (traz o desfecho da redação, com a
Considerando o contexto que envolve as drogas ilícitas, finalidade de reforçar a ideia inicial).
REDAÇÃO

redija um texto dissertativo que atenda, necessariamente, ao


que se pede a seguir: Parágrafo
A MOBILIDADE HUMANA NA MODERNIDADE O parágrafo é uma unidade do todo que é o texto. Perceba
- fatores que levam milhares de pessoas a enfrentar a peri- que a redação trata de um único assunto, que é aquele apre-
gosa travessia do Mediterrâneo sentado no comando. Assim, dividimos o texto em parágrafos
- o dilema moral vivido pela Europa entre receber ou rejei- para que a leitura seja fluida, de acordo com a abordagem re-
tar os imigrantes servada a cada um dos parágrafos.
- o papel da opinião pública internacional na sociedade Elementos Contidos em um Parágrafo
contemporânea
Todo parágrafo possui uma ideia central, que é o tópico
• Padrão de Resposta da Banca principal. Geralmente, ela se encontra na introdução do pará-
Ş
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Espera-se que, ao abordar o primeiro item proposto (fa- grafo. Em torno dessa ideia central, temos ideias secundárias
tores que levam milhares de pessoas a enfrentar a perigosa que dão desenvolvimento ao parágrafo. Vale ressaltar que
travessia do Mediterrâneo), o candidato enfatize, no mínimo, muitos parágrafos ainda possuem uma conclusão, a qual tem
dois aspectos determinantes para as atuais levas de milhares como função sintetizar o conteúdo dele.
de imigrantes que buscam, na Europa, as condições elementa- Outro elemento não obrigatório, mas de suma importância,
res de uma vida razoavelmente digna que não mais encontram é o termo que faz a relação entre os parágrafos. Geralmente se
em seus países de origem. De um lado, a fome e a miséria, encontra do segundo parágrafo em diante e objetiva fazer a
quadro que tão bem representa a situação vivida, em larga conexão lógica das ideais presentes em cada parágrafo. Logo,
medida, por habitantes da África subsaariana. De outro, a ação podemos afirmar que um parágrafo adequado possui clareza,
truculenta de governos despóticos e corruptos, além da mul- objetividade, coerência, coesão e conteúdo adequado.
tiplicação de guerras civis, às vezes, ensejando autênticos ge- Quanto ao tamanho dos parágrafos, é importante que haja
nocídios. Especificamente em relação ao Oriente Médio, desta- uma harmonia entre eles. Dessa forma, deve-se redigir pará-
ca-se a caótica realidade experimentada pela Síria, na qual se grafos de tamanhos semelhantes, não necessariamente iguais.
associam um governo ditatorial, rivalidades religiosas levadas Ademais, é importante não fazer parágrafos muito grandes.
ao extremo e a ação implacável do terrorismo. Como cada parágrafo possui uma ideia principal, não se
Em relação ao segundo tópico (o dilema moral vivido pela recomenda escrever um parágrafo com apenas um período
Europa entre receber ou rejeitar os imigrantes), espera-se que ou misturar ideias em um mesmo parágrafo. Dessa maneira, o
o candidato se reporte ao intenso debate travado no âmbito ideal é reservar um parágrafo para cada ideia e(ou) argumen-
da União Europeia, quando alguns membros compreende- tação abordada ou então daquelas contidas na enumeração
ram a imperiosa necessidade de se encontrarem meios para a feita na introdução.
recepção de certo número de imigrantes, como é o caso, por Por fim, vamos novamente às regrinhas básicas: não faça
exemplo, da Alemanha, enquanto outros, particularmente na parágrafos excessivamente longos e confusos, pois o exami-
Europa do Leste, ofereciam resistência explícita ao acolhimen- nador se cansará facilmente e não compreenderá seu texto.
to desses imigrantes.
Por outro lado, também não faça parágrafos excessivamente
Por fim, quanto ao terceiro ponto (o papel da opinião pú- curtos, que não contenham o devido desenvolvimento da
blica internacional na sociedade contemporânea), espera-se ideia principal.
que o candidato lembre ser este um elemento definidor da
contemporaneidade: milhares de pessoas saem às ruas e se Exemplos
manifestam, por todos os meios, em face de determinados A seguir, há dois parágrafos que podem servir como intro-
acontecimentos, como atos terroristas e o desespero desses dução de um texto. Pode-se perceber que há uma organização
milhares de imigrantes. Esse fenômeno de participação cida- interna que garante uma leitura rápida e eficaz. Além disso, há
dã tem forçado os governos a tomarem certas atitudes que, dois elementos básicos: a apresentação do assunto e o objetivo
muitas vezes, não se situavam em seu campo de alternativas. do texto.
01. Considera-se a humanização no ambiente de trabalho
Dissertação Argumentativa uma das principais características com a qual a empre-
A dissertação argumentativa consiste na exposição de sa deve preocupar-se a fim de que alcance bons resul-
ideias a respeito de um tema, de forma técnica e impessoal, tados, afinal, o capital humano é o bem mais precioso
com base em raciocínios e argumentações. Tem por objetivo de uma instituição e o responsável por mantê-la ativa
a defesa ou a contestação de um ponto de vista por meio da no mercado em geral. Além disso, a CF tem como um
de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, conta, por um lado, de que a educação e as necessidades bási-
a qual garante aos indivíduos um tratamento justo e cas do ser humano deveriam ser gerenciadas pela pólis (Esta-
igualitário para uma vida com qualidade. Logo, por ser do); por outro lado, viu que era preciso, de algum modo, isolar
um fundamento básico e irradiante, e alcançar todas as para educar, porém, sem reclusão, porque a virtude do caráter
áreas do Direito, precisa ser garantido nas relações tra-
político não se reduz, afinal, a um modelo ou teoria, tampouco
balhistas.
02. A fim de alcançar a cidadania, que de certa forma é um ao recinto de uma instituição ou de uma pólis.
meio para a busca da ordem e do progresso social, o (Adaptado de: SPINELLI, Miguel. Epicuro e as bases do epicurismo, São
Estado tem o dever, como cita a Constituição Federal, Paulo, Paulus, 2013, p. 8)
de promover a segurança pública. Por esse motivo, é Com base no excerto acima, escreva uma dissertação justi-
coerente afirmar que é preciso ofertar, de forma ho- ficando amplamente seu ponto de vista.
mogênea, a possibilidade de “execução” da cidadania
por todos do povo. Proposta 05
I
Propostas de Dissertação Expositiva
Para além da fidelidade e integridade da informação, pro-
Proposta 01 blema que se impunha com os veículos tradicionais da mídia,
Elabore um texto dissertativo-argumentativo abordando o hoje, com a internet, o homem enfrenta um novo desafio: dis-
seguinte tema: É possível conciliar os interesses pessoais do tinguir, de uma profusão de informações supérfluas, as que lhe
trabalhador e os interesses da organização? importam na formação de um pensamento que garanta sua
Proposta 02 identidade e papel social.
A internet é uma mídia que ainda vai provocar muitas II
modificações entre as pessoas. Estamos apenas adentrando Ponto de vista não é apenas a opinião que desenvolvemos
essa nova era, que, no Brasil, teve início em 1996. Capistrano sobre determinado assunto, mas também o lugar a partir de
de Abreu dizia que os colonizadores portugueses ficaram, du- onde consideramos o mundo e que influencia de maneira ca-
rante vários séculos, como caranguejos, apenas arranhando as
bal nossas percepções e ações.
costas do Brasil, sem adentrar seu território, nem dominar as
regiões desconhecidas. Em relação à internet, somos os novos III
caranguejos do início do século XXI, sem desvendar com se- Todos os homens voltam para casa.
gurança as possibilidades desse meio de comunicação revolu- Estão menos livres mas levam jornais
cionário na produção e propagação de saberes. Não sabemos
ainda o que acontecerá e como se dará; por isso, não podemos e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

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ŝ#-ŝŦ
fazer previsões estanques. (ANDRADE, Carlos Drummond de. “A flor e a náusea”)
SHEPERD, T.; SALIÉS, T. In: Linguística da internet. São Paulo: Contexto, Redija um texto dissertativo-argumentativo a partir do
2012. p.91 que se afirma em I, II e III.
Redija um texto dissertativo-argumentativo em que se discu-
ta se o uso da internet trouxe mais benefícios ou mais malefícios Proposta 06
ao indivíduo e à sociedade. Apresente argumentos que funda- As Olimpíadas eram uma série de competições esportivas
mentem sua posição. que, de quatro em quatro anos, reuniam atletas das cidades-
Proposta 03 -estado que formavam a Grécia Antiga. Surgiram em 776 a.C.
Apesar da presunção de veracidade que confere auto- na cidade de Olímpia e se realizaram até 393 d.C. Tinham gran-
ridade, interesse e sedução a todas as fotos, a obra que os de importância por seu caráter religioso, político e esportivo,
fotógrafos produzem não constitui uma exceção genérica ao e buscavam a harmonia entre cidades, com a trégua entre
comércio usualmente nebuloso entre arte e verdade. Mesmo conflitos e guerras, além da valorização da saúde e do corpo
quando os fotógrafos estão muito mais preocupados em es- saudável. Ressurgiram em 1896, com o objetivo de retomar
pelhar a realidade, ainda são assediados por imperativos de os ideais olímpicos na interação entre os povos, e estiveram
REDAÇÃO

gosto e de consciência. [...] O problema não é que as pessoas sujeitas a interferências políticas no decorrer do tempo. Os
se lembrem através das fotografias, mas que se lembrem ape-
nas das fotografias. Jogos Panamericanos, mais recentes, também realizados de
(SONTAG, Susan. “Na caverna de Platão”, em Sobre a Fotografia, São quatro em quatro anos, são evento multiesportivo, que tem
Paulo, Companhia das Letras, 2008) por base os Jogos Olímpicos e, como indica o próprio nome,
A partir do trecho acima, escreva um texto dissertativo-ar- reúne atletas dos países do continente americano. Na atualida-
gumentativo sobre o seguinte tema: A imagem como produtora de, no entanto, parece haver confluência de interesses bastan-
de sentidos na modernidade te diversos na realização desses eventos, de modo a acirrar o
Proposta 04 espírito competitivo e a expor o poder, até mesmo financeiro,
Epicuro havia percebido que as leis não educam: que não de alguns países.
eram feitas para serem propriamente obedecidas, mas para Diante do que se expôs acima, redija um texto dissertati- 59
garantir, sobretudo, a possibilidade de punição. Ele se deu vo-argumentativo sobre o seguinte tema.
60 RLMMATEMÁTICA
e MATEMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ

ÍNDICE
1. Proposições ................................................................................................................63
Definições ..................................................................................................................................... 63
Tabela-Verdade e Conectivos Lógicos ......................................................................................... 63
Equivalências Lógicas ................................................................................................................... 65
Tautologias, Contradições e Contingências ................................................................................. 66
Relação entre Todo, Algum e Nenhum ......................................................................................... 66
2. Argumentos ...............................................................................................................67
Definições ..................................................................................................................................... 67
Métodos para Classificar os Argumentos ..................................................................................... 68
3. Psicotécnicos ............................................................................................................ 69
4. Análise Combinatória ................................................................................................ 69
Definição ....................................................................................................................................... 69
Fatorial.......................................................................................................................................... 69
Princípio Fundamental da Contagem (PFC) ................................................................................. 70
Arranjo e Combinação .................................................................................................................. 70
Permutação .................................................................................................................................. 70
5. Probabilidade.............................................................................................................72
Definições ..................................................................................................................................... 72
Fórmula da Probabilidade ............................................................................................................ 72
Eventos Complementares............................................................................................................. 72
Casos Especiais de Probabilidade ................................................................................................ 72
6. Noções de Estatística..................................................................................................74
Definições ..................................................................................................................................... 74
Tabelas.......................................................................................................................................... 74
Gráficos ......................................................................................................................................... 75
Medidas Descritivas ...................................................................................................................... 75
Definições ..................................................................................................................................... 79
Subconjuntos ................................................................................................................................ 79
Operações com Conjuntos ............................................................................................................ 79
7. Conjuntos Numéricos ................................................................................................. 80
Números Naturais .........................................................................................................................80
Números Inteiros ..........................................................................................................................80
Operações e Propriedades dos Números Naturais e Inteiros .......................................................80
Números Racionais .......................................................................................................................80
Operações com os Números Racionais ..........................................................................................81
Números Irracionais...................................................................................................................... 82
Ş
ŝ#-ŝŦ RLM e MATEMÁTICA 61

Números Reais .............................................................................................................................. 82


Intervalos ...................................................................................................................................... 82
Múltiplos e Divisores ..................................................................................................................... 82
Números Primos ........................................................................................................................... 82
MMC e MDC ................................................................................................................................... 83
Divisibilidade ................................................................................................................................ 83
Expressões Numéricas .................................................................................................................. 83
8. Sistema Legal de Medidas ...........................................................................................83
Medidas de Tempo........................................................................................................................ 83
Sistema Métrico Decimal .............................................................................................................. 83
9. Razões e Proporções ................................................................................................. 84
Grandeza....................................................................................................................................... 84
Razão ............................................................................................................................................ 84
Proporção ..................................................................................................................................... 84
Divisão em Partes Proporcionais .................................................................................................. 85
Regra das Torneiras ...................................................................................................................... 85
Regra de Três ................................................................................................................................ 86
10. Porcentagem e Juros ............................................................................................... 86
Porcentagem ................................................................................................................................ 86
Lucro e Prejuízo ............................................................................................................................ 86
Juros Simples ................................................................................................................................ 86
Juros Compostos .......................................................................................................................... 87
Capitalização ................................................................................................................................ 87
11. Sequências Numéricas ...............................................................................................87
Conceitos ...................................................................................................................................... 87
Lei de Formação de uma Sequência ............................................................................................. 87
Progressão Aritmética (P.A.)........................................................................................................ 87
Progressão Geométrica (P.G.) ...................................................................................................... 88
12. Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares ............................................................ 90
Matrizes ........................................................................................................................................90
Representação de uma Matriz ......................................................................................................90
Lei de Formação de uma Matriz ....................................................................................................90
Tipos de Matrizes ..........................................................................................................................90
Operações com Matrizes................................................................................................................91
Determinantes .............................................................................................................................. 92
Sistemas Lineares ......................................................................................................................... 95
Resolução de um Sistema Linear .................................................................................................. 95
62 RLM e MATEMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ

13. Funções, Função Afim e Função Quadrática ............................................................... 96


Definições, Domínio, Contradomínio e Imagem........................................................................... 96
Raízes............................................................................................................................................ 97
Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras ................................................................................. 97
Funções Crescentes, Decrescentes e Constantes ......................................................................... 97
Funções Inversas e Compostas ..................................................................................................... 97
Função Afim .................................................................................................................................. 97
Função Quadrática........................................................................................................................ 99
14. Função Exponencial e Função Logarítmica ............................................................... 103
Equação e Função Exponencial ...................................................................................................103
Equação e Função Logarítmica ....................................................................................................103
15. Trigonometria .........................................................................................................104
Triângulos ....................................................................................................................................104
Trigonometria no Triângulo Retângulo .......................................................................................105
Trigonometria num Triângulo Qualquer ......................................................................................105
Medidas dos Ângulos ...................................................................................................................105
Ciclo Trigonométrico ...................................................................................................................106
Funções Trigonométricas ............................................................................................................106
Identidades e Operações Trigonométricas..................................................................................107
16. Geometria Plana ..................................................................................................... 108
Semelhanças de Figuras ..............................................................................................................108
Relações Métricas nos Triângulos ................................................................................................108
Quadriláteros ...............................................................................................................................109
Polígonos Regulares .................................................................................................................... 110
Círculos e Circunferências ............................................................................................................ 110
Polígonos Regulares Inscritos e Circunscritos .............................................................................. 111
Perímetros e Áreas dos Polígonos e Círculos ...............................................................................113
17. Geometria Espacial...................................................................................................114
Retas e Planos...............................................................................................................................114
Prismas .........................................................................................................................................116
Cilindro .........................................................................................................................................119
Cone Circular................................................................................................................................120
Pirâmides ......................................................................................................................................121
Esfera ........................................................................................................................................... 123
1. Proposições será falsa, e se uma proposição for falsa, a sua negação será
verdadeira.
A matéria é fácil e, com um pouco de concentração, con- Os símbolos da negação são (~) ou (¬) antes da letra que
segue-se aprendê-la e principalmente dominar a matéria e representa a proposição.
garantir sua aprovação. Ex.: p: 3 é ímpar;
~p: 3 não é ímpar;
Definições ™p: 3 é par (outra forma de negar a proposição).
Proposição é uma declaração (sentença declarativa, com Lei da dupla negação:
sujeito “definido”, verbo e sentido completo) que pode ser ~(~p) = p, negar uma proposição duas vezes significa vol-
classificada em valores como verdadeiro e falso. tar para própria proposição:
São exemplos de proposições: q: 2 é par;
p: Daniel é enfermeiro. ~q: 2 não é par;
Q: Leo foi à Argentina. ~(~q): 2 não é ímpar; portanto;
a: Luiza adora brincar. q: 2 é par.
B: Rosário comprou um carro. Tipos de Proposição
Essas letras “p”, “Q”, “a”, “B”, servem para representar As proposições são de apenas dois tipos, simples ou com-
(simbolizar) as proposições. postas. A principal diferença entre as proposições simples e as
Valores Lógicos das Proposições compostas é a presença do conectivo lógico nas proposições
compostas; além disso, tem-se também que as proposições
Uma proposição só pode ser classificada em dois valores
lógicos, que são o Verdadeiro (V) ou o Falso (F), não admi- compostas podem ser divididas, enquanto as proposições
tindo outro valor. simples não. Outro detalhe é que as proposições simples têm
apenas um verbo enquanto as compostas têm mais de um
As proposições têm três princípios básicos, sendo um de-
les o princípio fundamental que é: verbo. Observe o quadro para diferenciar mais fácil os dois
tipos de proposição.
Princípio da não contradição: diz que uma proposição não
pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Simples (atômicas) Compostas (moleculares)
Não têm conectivo lógico Têm conectivo lógico
Os outros dois são:
Não podem ser divididas Podem ser divididas
Princípio da identidade: diz que uma proposição verda-
1 verbo + de 1 verbo
deira sempre será verdadeira e uma falsa sempre será falsa.
Princípio do terceiro excluído: diz que uma proposição só Conectivo Lógico

Ş
ŝ#-ŝŦ
pode ter dois valores lógicos, ou o de verdadeiro ou o de falso, Serve para unir as proposições simples, formando propo-
não existindo um terceiro valor. sições compostas. São eles:
Sentenças Abertas e e: conjunção (^)
Quantificadores Lógicos ou: disjunção (›)
ou..., ou: disjunção exclusiva (›)
Existem algumas “sentenças abertas” que aparecem com
se..., então: condicional (o)
incógnitas (termo desconhecido), como por exemplo: “x + 2 =
5”, não sendo consideradas proposições, já que não se pode se..., e somente se: bicondicional (l)
classificá-las sem saber o valor de “x”, porém, com o uso dos Alguns autores consideram a negação (~) como um conecti-
quantificadores lógicos, elas tornam-se proposições, uma vez vo, porém aqui não faremos isso, pois os conectivos servem para
que esses quantificadores passam a dar valor ao “x”. formar proposição composta, e a negação faz apenas a mudança
do valor das proposições.
Os quantificadores lógicos são:
O “e” possui alguns sinônimos, que são: “mas”, “porém”,
RLM e MATEMÁTICA

: para todo; qualquer que seja; todo; “nem” (nem = e não) e a própria vírgula. O condicional tam-
: existe; existe pelo menos um; algum; bém tem alguns sinônimos que são: “portanto”, “quando”,
: não existe; nenhum. “como” e “pois” (pois = condicional invertido. Ex.: A, pois B
Ex.: = B ї A).
x + 2 = 5 (sentença aberta - não é proposição) Ex.:
p: x, x + 2 = 5 (lê-se: existe x tal que, x + 2 =5). Agora é a: Danilo foi à praia (simples).
proposição, uma vez que agora é possível classificar a b: Giovanna está brincando (simples).
proposição como verdadeira, já que sabemos que tem p: Danilo foi a praia se, e somente se Giovanna estava
um valor de “x” que somado a dois é igual a cinco. brincando (composta).
q: se 2 é par, então 3 é ímpar (composta).
Negação de Proposição
(Modificador Lógico) Tabela-Verdade e Conectivos Lógicos
Negar uma proposição significa modificar o seu valor ló- A tabela-verdade nada mais é do que um mecanismo 63
gico, ou seja, se uma proposição é verdadeira, a sua negação usado para dar valor às proposições compostas (que também
serão ou verdadeiras ou falsas), por meio de seus respectivos
64 conectivos.
A primeira coisa que precisamos saber numa tabela-ver-
dade é o seu número de linhas, e que esse depende do número P Q
de proposições simples que compõem a proposição composta.
Número de linhas = 2n, em que “n” é o número de proposições
simples que compõem a proposição composta. Portanto se hou-
RLM e MATEMÁTICA

ver 3 proposições simples formando a proposição composta então


a tabela dessa proposição terá 8 linhas (23 = 8). Esse número de Valor lógico de uma proposição composta por disjunção
linhas da tabela serve para que tenhamos todas as relações possí- (ou) = tabela-verdade da disjunção (›).
veis entre “V” e ”F” das proposições simples. Veja: Uma proposição composta por disjunção só será falsa se
todas as suas proposições simples que a compõem forem fal-
P Q R
sas, caso contrário, a disjunção será verdadeira.
V V V Ex.: P ›Q
V V F
P Q P›Q
V F V
V V V
V F F
V F V
F V V
F V V
F V F
F F F
Ş
ŝ#-ŝŦ

F F V
F F F Representando por meio de conjuntos, temos: P › Q
Observe que temos todas as relações entre os valores lógi-
cos das proposições, que sejam: as 3 verdadeiras (1ª linha), as
3 falsas (última linha), duas verdadeiras e uma falsa (2ª, 3ª e 5ª
linhas), e duas falsas e uma verdadeira (4ª, 6ª e 7ª linhas). Nes- P Q
sa demonstração, temos uma forma prática de como se pode
organizar a tabela, sem se preocupar se foram feitas todas re-
lações entres as proposições.
Valor lógico de uma proposição composta por disjunção
Para o correto preenchimento da tabela, devemos seguir exclusiva (ou, ou) = tabela-verdade da disjunção exclusiva
algumas regras: (›).
▷ Comece sempre pelas proposições simples e suas Uma proposição composta por disjunção exclusiva só será
negações, se houver; verdadeira se as suas proposições simples que a compõem ti-
▷ Resolva os parênteses, colchetes e chaves, respec- verem valores diferentes, caso contrário, a disjunção exclusiva
tivamente (igual à expressão numérica), se houver; será falsa.
▷ Faça primeiro as conjunções e disjunções, depois os Ex.: P › Q
condicionais e por último os bicondicionais;
▷ A última coluna da tabela deverá ser sempre a P Q P›Q
da proposição toda, conforme as demonstrações V V F
adiante. V F V
O valor lógico de uma proposição composta depende dos
F V V
valores lógicos das proposições simples que a compõem assim
como do conectivo utilizado, e é o que veremos a partir de F F F
agora.
Representando por meio de conjuntos, temos: P › Q
Valor lógico de uma proposição composta por conjunção (e)
= tabela-verdade da conjunção (š).
Uma proposição composta por conjunção só será verda-
deira se todas as suas proposições simples que a compõem P Q
forem verdadeiras, caso contrário, a conjunção será falsa.
Ex.: P š Q
P Q PšQ
V V V Valor lógico de uma proposição composta por condicio-
V F F
nal (se, então) = tabela-verdade do condicional (o).
Uma proposição composta por condicional só será falsa se
F V F
a primeira proposição (também conhecida como antecedente
F F F ou condição suficiente) for verdadeira e a segunda proposição
Representando por meio de conjuntos, temos: P š Q (também conhecida como consequente ou condição neces-
sária) for falsa; nos demais casos, o condicional será sempre Atente-se para o princípio da equivalência. A tabela-ver-
verdadeiro. dade está aí só para demonstrar a igualdade.
Ex.: P o Q Seguem algumas demonstrações das mais importantes:
P Q PїQ P ^ Q = Q ^ P: basta trocar as proposições simples de lugar
– também chamada de recíproca.
V V V
V F F P Q PšQ QšP

F V V V V V V
F F V V F F F

Representando por meio de conjuntos, temos: Po Q F V F F

Q F F F F
P P › Q = Q › P: basta trocar as proposições simples de lugar
– também chamada de recíproca.
P Q PvQ QvP
V V V V
V F V V
Valor lógico de uma proposição composta por bicondicio- F V V V
nal (se e somente se) = tabela-verdade do bicondicional (ў). F F F F
Uma proposição composta por bicondicional é verdadeira
sempre que suas proposições simples que a compõem têm va- P › Q = Q › P: basta trocar as proposições simples de lugar
lores iguais, caso contrário, ela será falsa. - também chamada de recíproca.
No bicondicional, “P” e “Q” são ambos suficientes e neces- P › Q = ~P › ~Q: basta negar as proposições simples –
sários ao mesmo tempo. também chamada de contrária.
Ex.: P o Q P › Q = ~Q › ~P: troca as proposições simples de lugar e
negam-se – também chamada de contra-positiva.
P Q PїQ
V V V
P › Q = (P š ~Q) › (~P š Q): observe aqui a exclusividade
dessa disjunção.
V F F
F V F
(P š ~Q) ›
F F V P Q ~P ~Q P š ~Q ~P š Q P › Q Q › P ~P › ~Q ~Q › ~P
(~P š Q)

Ş
ŝ#-ŝŦ
Representando por meio de conjuntos, temos: P o Q V V F F F F F F F F F
P=Q V F F V V F V V V V V
F V V F F V V V V V V
F F V V F F F F F F F

P ў Q = Q ў P: basta trocar as proposições simples de


lugar - também chamada de recíproca.
P ў Q = ~P ў ~Q: basta negar as proposições simples –
Proposição também chamada de contrária.
Verdadeira quando... Falsa quando... P ў Q = ~Q ў ~P: troca as proposições simples de lugar
composta
RLM e MATEMÁTICA

PšQ P e Q são verdadeiras Pelo menos uma falsa e negam-se – também chamada de contra- positiva.
P ў Q = (P o Q) š (Q o P): observe que é condicional
Pelo menos uma
P›Q P e Q são falsas para os dois lados, por isso bicondicional.
verdadeira
P e Q têm valores (PїQ) š
P›Q P e Q têm valores iguais P Q ~P ~Q PїQ QїP PўQ QўP ~Pў~Q ~Qў~P
diferentes (QїP)
V V F F V V V V V V V
P = verdadeiro, q = ver-
PїQ P = verdadeiro e Q = falso
dadeiro ou P = falso V F F V F V F F F F F
P e Q têm valores F V V F V F F F F F F
PўQ P e Q têm valores iguais
diferentes F F V V V V V V V V V

Equivalências Lógicas P o Q = ~Q o ~P: troca as proposições simples de lugar e


Duas ou mais proposições compostas são ditas equivalen- nega-se – também chamada de contra-positiva.
tes quando são formadas pelas mesmas proposições simples e P o Q = ~P › Q: negam-se o antecedente ou mantém o 65
suas tabelas verdades (resultado) são iguais. consequente.
P Q ~P ~Q PїQ ~Qї~P ~P › Q P Q PўQ ~( P ў Q) P›Q
66 V V V F F
V V F F V V V
V F F V F F F V F F V V
F V F V V
F V V F V V V
F F V F F
F F V V V V V
Tautologias, Contradições
RLM e MATEMÁTICA

Equivalências mais importantes e mais cobradas em con-


cursos. e Contingências
Tautologia: proposição composta que é sempre verdadei-
Negação de Proposição Composta ra independente dos valores lógicos das proposições simples
São também equivalências lógicas; vejamos algumas delas: que a compõem.
~(P š Q) = ~P › ~Q (Leis De Morgan) (P š Q) o (P › Q)
Para negar a conjunção, troca-se o conectivo e (š) por ou P Q PšQ PvQ (P š Q) ї (P v Q)
(›) e negam-se as proposições simples que a compõem.
V V V V V
P Q ~P ~Q PšQ ~ (P š Q) ~P › ~Q V F F V V
F V F V V
V V F F V F F F F F F V
Ş
ŝ#-ŝŦ

V F F V F V V Contradição: proposição composta que é sempre falsa, in-


dependente dos valores lógicos das proposições simples que
F V V F F V V a compõem.
F F V V F V V ~(P › Q) š P
P Q P›Q ~(P › Q) ~(P › Q) š P
~(P › Q) = ~P š ~Q (Leis De Morgan)
V V V F F
Para negar a disjunção, troca-se o conectivo ou (›) por e V F V F F
(š) e negam-se as proposições simples que a compõem.
F V V F F
P Q ~P ~Q P›Q ~ (P š Q) ~P š ~Q F F F V F
Contingência: ocorre quando não é tautologia nem con-
V V F F V F F tradição. ~(P › Q) ў P
V F F V V F F P Q P›Q ~(P › Q) ~(P › Q) ў P
V V F V V
F V V F V F F
V F V F F
F F V V F V V F V V F V
F F F V F
~(P o Q) = P ^ ~Q (Leis De Morgan)
Para negar o condicional, mantém-se o antecedente e ne- Relação entre Todo, Algum e Nenhum
ga-se o consequente. Também conhecidos como quantificadores universais
P Q ~P ~Q P›Q ~ (P › Q) ~P š ~Q (quantificadores lógicos), eles têm entre si algumas relações
que devemos saber, são elas:
V V F F V F F
“Todo A é B” equivale a “nenhum A não é B”, e vice-versa.
V F F V V F F Ex.: “todo amigo é bom = nenhum amigo não é bom.”
F V V F V F F “Nenhum A é B” equivale a “todo A não é B”, e vice-versa.
Ex.: “nenhum aluno é burro = todo aluno não é burro.”
F F V V F V V
Essas são as duas relações de equivalência mais comuns,
~(P › Q) = P ў Q porém há uma em que utilizamos o ALGUM.
Para negar a disjunção exclusiva, faz-se o bicondicional. “Todo A é B” equivale a “algum B é A”.
“todo professor é aluno = algum aluno é professor.”
P Q P›Q ~( P › Q) PўQ
“Todo A é B” tem como negação “algum A não é B” e
V V F V V
vice-versa.
V F V F F Ex.: ~(todo estudante tem insônia) = algum estudante
F V V F F não tem insônia.
F F F V V “Algum A é B” tem como negação “nenhum A é B” e vice-versa.
~(P ў Q) = (P › Q). Ex.: ~(algum sonho é impossível) = nenhum sonho é im-
Para negar a bicondicional, faz-se a disjunção exclusiva. possível.
Temos também a representação em forma de conjuntos, p2: Toda bonita é charmosa.
que é: p3: Maria é bonita.
TODO A é B:
c: Portanto, Maria é charmosa.
p1: Se é homem, então gosta de futebol.
p2: Mano gosta de futebol.
B A c: Logo, Mano é homem.
Representação dos Argumentos
Os argumentos podem ser representados das seguintes
formas:
ALGUM A é B:

A B

NENHUM A é B:

A B
Tipos de Argumentos
Existem vários tipos de argumento. Vejamos alguns:

Por fim podemos representar as relações da seguinte for-


Dedução:
O argumento dedutivo parte de situações gerais para

Ş
ŝ#-ŝŦ
ma:
chegar a conclusões particulares. Esta forma de argumento
Equivalência
é válida quando suas premissas, sendo verdadeiras, forne-
cem uma conclusão também verdadeira.
Ex.:
Negação p1: Todo professor é aluno.
p2: Daniel é professor.
AéB A não é B A não é B
TODO ALGUM NENHUM c: Logo, Daniel é aluno.
A não é B AéB AéB
Negação Indução:
O argumento indutivo é o contrário do argumento de-
dutivo, pois parte de informações particulares para chegar a
RLM e MATEMÁTICA

Equivalência uma conclusão geral. Quanto mais informações nas premissas,


maiores as chances da conclusão estar correta.
Ex.:
2. Argumentos p1: Cerveja embriaga.
p2: Uísque embriaga.
Os argumentos são uma extensão das proposições, mas p3: Vodca embriaga.
com algumas características e regras próprias. Vejamos isso a
partir de agora. c: Portanto, toda bebida alcoólica embriaga.

Definições Analogia:
Argumento é um conjunto de proposições, divididas em As analogias são comparações (nem sempre verdadeiras).
premissas (proposições iniciais - hipóteses) e conclusões (pro- Neste caso, partindo de uma situação já conhecida verificamos
posições finais - teses). outras desconhecidas, mas semelhantes. Nas analogias, não
Ex.: temos certeza. 67
Ex.:
p1: Toda mulher é bonita. p1: No Piauí faz calor.
p2: No Ceará faz calor. ficação, uma vez que dependendo do argumento, um método
68 p3: No Paraná faz calor. ou outro, sempre será mais fácil e principalmente mais rápido.
Falaremos dos métodos por ordem de facilidade:
c: Sendo assim, no Brasil faz calor.
1º método: diagramas lógicos (ou método dos conjun-
Falácia: tos).
Utilizado sempre que no argumento houver as expressões:
As falácias são falsos argumentos, logicamente inconsistentes,
todo, algum ou nenhum, e seus respectivos sinônimos.
inválidos ou que não provam o que dizem.
RLM e MATEMÁTICA

Ex.: Representaremos o que for dito em forma de conjuntos e


p1: Eu passei num concurso público. verificaremos se está correto ou não.
As representações genéricas são:
p2: Você passou num concurso público.
TODO A é B:
c: Logo, todos vão passar num concurso público.

Silogismos:
Tipo de argumento formado por três proposições, sendo B A
duas premissas e uma conclusão. São em sua maioria dedu-
tivos.
Ex.:
p1: Todo estudioso passará no concurso. ALGUM A é B:
p2: Beatriz é estudiosa.
Ş
ŝ#-ŝŦ

c: Portanto, Beatriz passará no concurso.


A B
Classificação dos argumentos
Os argumentos só podem ser classificados em, ou válidos,
ou inválidos: NENHUM A é B:
Válidos ou bem construídos:
Os argumentos são válidos sempre que as premissas B
garantirem a conclusão, ou seja, sempre que a conclusão
for uma consequência obrigatória do seu conjunto de pre- A
missas.
Ex.:
p1: Toda mulher é bonita.
p2: Toda bonita é charmosa.
2º método: premissas verdadeiras (proposição simples
p3: Maria é mulher. ou conjunção).
c: Portanto, Maria é bonita e charmosa. Utilizado sempre que não for possível os diagramas lógicos
Veja que, se Maria é mulher, e toda mulher é bonita, e toda e quando nas premissas houver uma proposição simples ou
bonita é charmosa, então Maria só pode ser bonita e charmosa. uma conjunção.
A proposição simples ou a conjunção serão os pontos de
Inválidos ou mal construídos: partida da resolução, já que teremos que considerar todas as
Os argumentos são inválidos sempre que as premissas não premissas verdadeiras e elas – proposição simples ou conjun-
garantirem a conclusão, ou seja, sempre que a conclusão não ção – só admitem um jeito de serem verdadeiras.
for uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas. O método consiste em, considerar todas as premissas
Ex.: como verdadeiras, dar valores às proposições simples que a
p1: Todo professor é aluno. compõem e no final avaliar a conclusão; se a conclusão tam-
p2: Daniel é aluno. bém for verdadeira o argumento é válido, porém se a conclu-
c: Logo, Daniel é professor. são for falsa o argumento é inválido.
Note que, se Daniel é aluno, nada garante que ele seja pro- Premissas verdadeiras e conclusão verdadeiras = argu-
fessor, pois o que sabemos é que todo professor é aluno, não mento válido.
o contrário. Premissas verdadeiras e conclusão falsa = argumento in-
Alguns argumentos serão classificados apenas por meio válido.
desse conceito. Fique atento para não perder tempo. Esses dois métodos (1º e 2º) são os mais utilizados para a
resolução das questões de argumento. Cerca de 70% a 80%
Métodos para Classificar das questões serão resolvidas por um desses dois métodos.
3º método: conclusão falsa (proposição simples, disjun-
os Argumentos ção ou condicional).
Os argumentos nem sempre podem ser classificados da Utilizado sempre que não for possível um dos “dois”
mesma forma, por isso existem os métodos para sua classi- métodos citados anteriormente e quando na conclusão
houver uma proposição simples, uma disjunção ou um con- Neste capítulo, abordaremos inicialmente as questões
dicional. mais simples do raciocínio lógico para uma melhor familiari-
Pelo mesmo motivo do método anterior, a proposição zação com a matéria.
simples, a disjunção ou o condicional serão os pontos de Não existe teoria, somente prática e é com ela que vamos
partida da resolução, já que teremos que considerar a con- trabalhar e aprender.
clusão como sendo falsa e elas – proposição simples, dis-
junção e condicional – só admitem um jeito de serem falsas. 4. Análise Combinatória
O método consiste em: considerar a conclusão como fal-
sa, dar valores às proposições simples, que a compõem, e su- Neste capítulo você verá as técnicas dos Arranjos, das Com-
por as premissas como verdadeiras, a partir dos valores das binações e saberá quando usar cada uma.
proposições simples da conclusão. No final, se assim ficar – a
conclusão falsa e as premissas verdadeiras – o argumento será
Definição
inválido; porém se uma das premissas mudar de valor, então o A análise combinatória é utilizada para descobrir o núme-
argumento passa a ser válido. ro de maneiras possíveis de realizar determinado evento, sem
Conclusão falsa e premissas verdadeiras = argumento in- que seja necessário demonstrar todas essas maneiras.
válido. Ex.: Quantos são os pares formados pelo lançamento de
Conclusão falsa e pelo menos 1 (uma) premissa falsa = ar- dois “dados” simultaneamente?
gumento válido. No primeiro dado, temos 6 possibilidades – do 1 ao 6 – e,
Para esses dois métodos (2º método e 3º método), po- no segundo dado, também temos 6 possibilidades – do 1
demos definir a validade dos argumentos da seguinte forma: ao 6. Juntando todos os pares formados, temos 36 pares
PREMISSAS CONCLUSÃO ARGUMENTO (6 . 6 = 36).
Verdadeiras Verdadeira Válido (1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6),
Verdadeiras Falsa Inválido (2,1), (2,2), (2,3), (2,4), (2,5), (2,6),
Pelo menos 1 (uma) falsa Falsa Válido (3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6),
4º método: tabela-verdade. (4,1), (4,2), (4,3), (4,4), (4,5), (4,6),
Método utilizado em último caso, quando não for possível (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6),
usar qualquer um dos anteriores.
Dependendo da quantidade de proposições simples que (6,1), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6);
tiver o argumento, esse método fica inviável, pois temos que Logo, temos 36 pares.
desenhar a tabela-verdade. No entanto, esse método é um dos Não há necessidade de expor todos os pares formados,

Ş
ŝ#-ŝŦ
mais garantidos nas resoluções das questões de argumentos.
basta que saibamos quantos pares são.
Consiste em desenhar a tabela-verdade do argumento em
questão e avaliar se as linhas em que as premissas forem todas Imagine se fossem 4 dados e quiséssemos saber todas as
verdadeiras – ao mesmo tempo – a conclusão também será toda quadras possíveis, o resultado seria 1296 quadras. Um núme-
verdadeira. Caso isso ocorra, o argumento será válido, porém se ro inviável de ser representado. Por isso utilizamos a Análise
em uma das linhas em que as premissas forem todas verdadei- Combinatória.
ras e a conclusão for falsa, o argumento será inválido. Para resolver as questões de Análise Combinatória, utiliza-
Linhas da tabela – verdade em que as premissas são todas mos algumas técnicas, que veremos a partir de agora.
verdadeiras e conclusão, nessas linhas, também todas verda-
deiras = argumento válido. Fatorial
Linhas da tabela – verdade em que as premissas são todas Fatorial de um número (natural e maior que 1) é a mul-
verdadeiras e pelo menos uma conclusão falsa, nessas linhas = tiplicação desse número pelos seus antecessores em ordem
RLM e MATEMÁTICA

argumento inválido. decrescente (até o número 1).


Algumas questões de argumento não poderão ser feitas Considerando um número “n” natural maior que 1, defini-
por nenhum desses métodos apresentados anteriormente, mos o fatorial de “n” (indicado pelo símbolo n!) como sendo:
porém a questão não ficará sem resposta uma vez que co-
nhecemos os princípios das proposições. Atribuiremos valor n! = n . (n - 1) . (n - 2) . ... . 4 . 3 . 2 . 1; para n t 2
para as proposições simples contidas nas premissas (consi-
derando todas as premissas como verdadeiras). Ex.: 4! = 4 . 3 . 2 . 1 = 24
6! = 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 720
3. Psicotécnicos 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320
Questões psicotécnicas são todas as questões em que não Observe que:
precisamos de conhecimento adicional para resolvê-las. As 6! = 6 . 5 . 4!
questões podem ser de associações lógicas, verdades e men- 8! = 8 . 7 . 6!
tiras, sequências lógicas, problemas com datas – calendários, Para n = 0, teremos: 0! = 1. 69
sudoku, entre outras. Para n = 1, teremos: 1! = 1.
Princípio Fundamental p = os elementos utilizados.
70 Ex.: salada de fruta.
da Contagem (PFC)
É uma das técnicas mais importantes e uma das mais Permutação
utilizadas nas questões de Análise Combinatória.
O PFC é utilizado nas questões em que os elementos po-
Permutação Simples
dem ser repetidos ou quando a ordem dos elementos fizer Usado quando os elementos (envolvidos no cálculo) não
RLM e MATEMÁTICA

diferença no resultado. podem ser repetidos e quando a ordem dos elementos faz
Esses “elementos” são os dados das questões, os va- diferença no resultado e quando são utilizados todos os ele-
lores envolvidos. mentos do conjunto.
Consiste de dois princípios: o multiplicativo e o aditivo. Nada mais é do que um caso particular de arranjo cujo p = n.
A diferença dos dois consiste nos termos utilizados durante a Logo:
resolução das questões.
Multiplicativo: usado sempre que na resolução das ques-
tões utilizarmos o termo “e”. Como o próprio nome já diz, fa-
remos multiplicações.
Aditivo: usado quando utilizarmos o termo “ou”. Aqui rea-
lizaremos somas.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Quantas senhas são possíveis com os algarismos 1,


3, 5 e 7?
Como nas senhas os algarismos podem ser repetidos,
para formar senhas de 3 algarismos temos a seguinte
possibilidade:
SENHA = Algarismo E Algarismo E Algarismo
Nº de SENHAS = 4 . 4 . 4 (já que são 4 os algarismos que Assim, a fórmula da permutação é:
temos na questão, e observe o princípio multiplicativo no
uso do “e”). Nº de SENHAS = 64. Pn = n!
Arranjo e Combinação As permutações são muito usadas nas questões de
Duas outras técnicas usadas para resolução de pro- anagramas.
blemas de análise combinatória, sendo importante saber Anagramas: todas as palavras formadas com todas as
quando usa cada uma delas. letras de uma palavra, quer essas novas palavras tenham
Arranjo: usado quando os elementos (envolvidos no cálcu- sentido ou não na linguagem comum.
lo) não podem ser repetidos e quando a ordem dos elementos Ex.: Quantos anagramas têm a palavra prova?
faz diferença no resultado
A palavra prova tem 5 letras, e nenhuma repetida, sendo
A fórmula do arranjo é: assim n = 5, e:
P5 = 5!
= P5 = 5 . 4 . 3 . 2 . 1
P5 = 120 anagramas
Sendo:
Permutação com Elementos Repetidos
n = a todos os elementos do conjunto;
Na permutação com elementos repetidos, usa-se a seguin-
p = os elementos utilizados.
te fórmula:
Ex.: pódio de competição.
Combinação: usado quando os elementos (envolvidos no
cálculo) não podem ser repetidos e quando a ordem dos ele-
mentos não faz diferença no resultado.
A fórmula da combinação é: Sendo:
n = o número total de elementos do conjunto;
= k, y, w = as quantidades de elementos repetidos.
Ex.: Quantos anagramas têm a palavra concurso?
Observe que na palavra CONCURSO existem duas letras
Sendo: repetidas, o “C” e o “O”, e cada uma duas vezes, portanto
n = a todos os elementos do conjunto; n = 8, k = 2 e y = 2, agora:
Resumo:

Pn = n!

e = multiplicação
ou = adição
PERMUTAÇÃO
SIM
Princípio
Fundamental
SIM da Contagem
(P.F.C.) São utilizados
todos os ele-
mentos?
ANÁLISE Os elementos
podem ser Arranjo
COMBINATÓRIA repetidos? SIM

Ş
ŝ#-ŝŦ
=
NÃO A ordem dos
elementos faz a
diferença?

NÃO
Combinação =

Para saber qual das técnicas utilizar basta fazer duas, no Permutações Circulares e
máximo, três perguntas para a questão, veja:
RLM e MATEMÁTICA

Os elementos podem ser repetidos?


Combinações com Repetição
Se a resposta for sim, deve-se trabalhar com o PFC; se a Casos especiais dentro da Análise Combinatória.
resposta for não, passe para a próxima pergunta;
Permutação Circular: usada quando houver giro horário
A ordem dos elementos faz diferença no resultado da
ou anti-horário.
questão?
Se a resposta for sim, trabalha-se com arranjo; se a res-
posta for não, trabalha-se com as combinações (todas as Pc (n) = (n - 1)!
questões de arranjo podem ser feitas por PFC).
Sendo:
(Opcional): vou utilizar todos os elementos para resolver
a questão? n = o número total de elementos do conjunto;
Para fazer a 3ª pergunta, depende, se a resposta da 1ª for Pc = permutação circular.
não e a 2ª for sim; se a resposta da 3ª for sim, trabalha-se Combinação com Repetição: usada quando p > n ou 71
com as permutações. quando a questão informar que pode haver repetição.
tivo “e” elas serão multiplicadas, e quando for pelo “ou”, elas
72 serão somadas.
= =

Sendo:
Eventos Complementares
n = o número total de elementos do conjunto; Dois eventos são ditos complementares quando a chance
p = o número de elementos utilizados; do evento ocorrer somado à chance de ele não ocorrer sempre
Cr = combinação com repetição. dá 1 (um).
RLM e MATEMÁTICA

5. Probabilidade P(A) + P(Ā) = 1


Neste capítulo, veremos como é fácil e interessante calcu- Sendo:
lar probabilidade.
P(A) = a probabilidade do evento ocorrer;
Definições P(Ā) = a probabilidade do evento não ocorrer.
Disciplina que serve para calcular as chances de determi-
nado evento ocorrer. Casos Especiais de Probabilidade
Para o cálculo das probabilidades, temos que saber primeiro 3 A partir de agora veremos algumas situações típicas da
(três) conceitos básicos acerca do tema: probabilidade, que servem para não perdermos tempo na re-
Experimento Aleatório: é o experimento em que não é solução das questões.
Ş
ŝ#-ŝŦ

possível garantir o resultado, mesmo que esse seja feito diver-


sas vezes nas mesmas condições. Eventos Independentes
Ex.: Lançamento de uma moeda: ao lançarmos uma
moeda os resultados possíveis são o de cara e o de coroa, Dois ou mais eventos são independentes quando não
mas não tem como garantir qual será o resultado desse dependem uns dos outros para acontecer, porém ocorrem si-
lançamento. multaneamente. Para calcular a probabilidade de dois ou mais
Ex.: Lançamento de um dado: da mesma forma que a
eventos independentes, basta multiplicar a probabilidade de
moeda, não temos como garantir qual o resultado (1, 2,
3, 4, 5 e 6) desse lançamento. cada um deles.
Espaço Amostral - (:) ou (U): é o conjunto de todos os Ex.: Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20
resultados possíveis para um experimento aleatório. azuis. Se sortearmos 2 bolas, 1 de cada vez e repondo a
Ex.: Na moeda: o espaço amostral na moeda é sorteada na urna, qual será a probabilidade de a primei-
: = 2, pois só temos dois resultados possíveis para esse
experimento, que é ou CARA ou COROA. ra ser vermelha e a segunda ser azul?
Ex.: No “dado”: o espaço amostral no “dado” é
Sortear uma bola vermelha da urna não depende de uma
U = 6, pois temos do 1 (um) ao 6 (seis), como resultados
possíveis para esse experimento. bola azul ser sorteada e vice-versa, então a probabilidade
Evento: é o acontecimento – dentro do experimento ale-
atório – que se quer determinar a chance de ocorrer. É uma
parte do espaço amostral. da bola ser vermelha é , e para a bola ser azul a pro-

Fórmula da Probabilidade babilidade é . Dessa forma, a probabilidade de a pri-


A fórmula da probabilidade nada mais é do que uma razão
entre o evento e o espaço amostral. meira bola ser vermelha e a segunda azul é:

Os valores da probabilidade variam de 0 (0%) a 1 (100%).


Quando a probabilidade é de 0 (0%), diz-se que o evento
é impossível.
Ex.: Chance de você não passar num concurso.
Quando a probabilidade é de 1 (100%), diz-se que o evento
é certo.
Ex.: Chance de você passar num concurso. Probabilidade Condicional
Qualquer outro valor entre 0 e 1, caracteriza-se como a
É a probabilidade de um evento ocorrer sabendo que já
probabilidade de um evento.
Na probabilidade também se usa o PFC, ou seja sempre ocorreu outro, relacionado a esse.
que houver duas ou mais probabilidades ligadas pelo conec- A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é:
ANOTAÇÕES

Probabilidade da União de Dois Eventos


Assim como na teoria de conjuntos, faremos a relação com
a fórmula do número de elementos da união de dois conjuntos.
É importante lembrar que “ou” significa união.
A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é:

P (A U B) = P (A) + P (B) - P (A ൘ B)

Ex.: Ao lançarmos um dado, qual é a probabilidade de


obtermos um número primo ou um número ímpar?
Os números primos no dado são 2, 3 e 5, já os números
ímpares no dado são 1, 3 e 5, então os números primos e
ímpares são 3 e 5. Aplicando a fórmula para o cálculo da
probabilidade fica:

Probabilidade Binomial Ş
ŝ#-ŝŦ
Essa probabilidade será tratada aqui de forma direta e com
o uso da fórmula.
RLM e MATEMÁTICA

A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é:

Sendo:
C = o combinação;
n = o número de repetições do evento;
s = o números de “sucessos” desejados;
73
f = o número de “fracassos”.
74
6. Noções de Estatística Curso
Polícia Federal
Número de Alunos
250
DEPEN 150
Definições INSS 350
Este conteúdo utiliza técnicas para organizar, descrever, Receita Federal 250
analisar, interpretar e apresentar dados, por meio de tabelas, ROL: 150, 250, 250, 350.
gráficos e medidas descritivas.
Tabela de Frequência
RLM e MATEMÁTICA

População: conjunto de elementos com pelo menos uma


característica em comum. A tabela de frequência serve para organizar dados. A frequên-
Amostra: subconjunto da população, que deve representar cia Absoluta (F.A.) é o valor real do dado e a frequência Relativa
a população. (F.R.) é o valor em porcentagem quando comparado ao total.
Variável: característica que vai ser observada ou medida Ex.: As idades dos alunos de uma sala são: 12, 13, 13, 14, 11,
ou contada na população. 12, 15, 14, 13, 14, 15, 11, 12, 13, 13, 13, 15, 12, 12, 13. Organizan-
Censo: é um conjunto de dados obtidos de todos os mem- do no ROL e na tabela de frequência como fica?
bros da população. No ROL fica: 11, 11, 12, 12, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 13, 13,
Experimento Aleatório: fenômenos que, quando repeti- 14, 14, 14, 15, 15, 15.
dos inúmeras vezes em processos semelhantes, possuem re- Na tabela fica:
sultados imprevisíveis.
As variáveis podem ser quantitativas (discreta ou con- Tabela 02
Ş
ŝ#-ŝŦ

tínua) ou qualitativas (nominal ou ordinal).


Quantitativa Discreta: podem assumir apenas alguns va- Idade F.A F.R (%) Frequência Acumulada
lores.
11 2 10 2
Ex.: Número de filhos.
Quantitativa Contínua: podem assumir infinitos valores. 12 5 25 7
Ex.: Peso, altura.
Qualitativa Nominal: apenas identifica as categorias. 13 7 35 14
Ex.: Gênero (feminino e masculino).
Qualitativa Ordinal: podem-se ordenar as categorias. 14 3 15 17
Ex.: Grau de instrução.
15 3 15 20
VARIÁVEIS
TOTAL 20 100
QUALITATIVAS QUANTITATIVAS
Tipos de Frequência
Geralmente, dados isolados são agrupados na forma de
NOMINAIS ORDINAIS DISCRETAS CONTÍNUAS tabelas de frequência, que nada mais são do que dados pon-
derados ou agrupados. Existem quatro tipos de frequências:
Apresentação dos Dados Frequência Absoluta Simples i (fi)
Dados Isolados: representam os dados na forma bruta. Frequência Relativa Simples (fri)
Dados Ponderados: consiste uma tabela que contém, para Frequência Acumulada (Fi)
cada valor observado, o número de vezes que ele ocorre (fre- Frequência Acumulada Relativa (Fri)
quência), mas não sabemos a quem corresponde cada valor.
Ex.: 0, 2, 1, 2, 3, 1, 2, 2, 3, 4
Dados Agrupados: apenas para dados quantitativos.
É uma tabela que contém divisões da variável em estudo
(intervalos) em que é observado o número de vezes que x fi fri Fi Fri
ocorrem os valores contidos nestes intervalos.
0 1 1/10 = 10% 1 10%
Tabelas
Servem para organizar e apresentar os dados coletados, 1 2 2/10 = 20% 3 30%
por meio das variáveis, e facilitar a interpretação dos mesmos.
Os dados obtidos por meio das variáveis também podem 2 4 4/10 = 40% 7 70%
ser organizados no ROL, que nada mais é do que colocar os
dados em ordem crescentes, mesmo que esses sejam ou es- 3 2 2/10 = 20% 9 90%
tejam repetidos.
Ex.: Quantidade de alunos matriculados no Empresa X. 4 1 1/10 = 10% 10 100%
Tabela 01
‫׫‬ 10 1 = 100% - -
Quantidade de alunos matriculados por curso na Empresa X
Gráficos Medidas Descritivas
Servem para representar e apresentar os dados coleta- Servem para analisar e interpretar os dados coletados. São
dos. Os gráficos podem ser em barra, coluna, setores (pizzas), separadas em medidas de tendência central e em medidas de
linhas, dentre outros.
dispersão.
Barras
Empresa X Medidas de Tendência Central
São assim chamadas por mostrarem um valor ao redor do
Receita Federal qual se concentram os dados.
INSS
Média Aritmética
DEPEN
É a soma de todos os valores observados divididos pela
Polícia Federal quantidade de valores.
0 50 100 150 200 250 300 350
Número de Alunos
Colunas
Empresa X
400 Ex.: Calcule a média de alunos, por curso, da Empresa X.
350 ROL: 150, 250, 250, 350.
300
250
200 Número de Alunos
150
100
50
0
Receita DEPEN INSS Polícia
Federal Federal
A média aritmética ponderada é calculada por meio do
somatório das multiplicações entre valores e as frequências
Setores

Ş
ŝ#-ŝŦ
Empresa X
desses valores divididas pelo somatório dessas frequências.
Ex.: Calcule a nota final de um aluno cujas notas no 1º, 2º,
3º e 4º bimestres foram, respectivamente, 7,0; 6,0; 8,0; 8,0;
sabendo que o peso de cada bimestre ímpar vale 2 e de
cada bimestre par vale 3.
Receita Federal
INSS
DEPEN
Polícia Federal
RLM e MATEMÁTICA

Linhas Médias:
Empresa X
400 Aritmética Simples (X)
350 Ex.: 2 e 8.
300
250
200 Número de Alunos
150 Propriedades:
100 Se a cada xi (i = 1, 2, ..., n) adicionarmos uma constante real
50 k, a média aritmética fica adicionada de k unidades;
0
Receita DEPEN INSS Polícia Se multiplicarmos cada xi (i = 1, 2, ..., n) por uma constante 75
Federal Federal real k, a média aritmética fica multiplicada por k.
Aritmética Ponderada (XP) Os valores da amostra devem ser colocados em ordem
76 Ex.: Notas de um aluno. crescente;
Se a quantidade de valores da amostra for ímpar, a medi-
Notas Peso ana é o valor central da amostra;
Se a quantidade de valores da amostra for par, é preciso
7,0 1 tirar a média dos valores centrais para calcular a mediana.
Ex.: 3 - 4 - 9 - 6 - 3 - 8 - 2 - 4 - 5 - 6
6,0 2
RLM e MATEMÁTICA

8,0 3

7,5 4

Média Ponderada:
4-5-7-2-9
Me = 2 - 4 - 5 - 7 - 9
Geométrica (G) Me = 5
Ex.: 2 e 8.
Ex.: Calcule a moda e a mediana:
40 - 44 - 42 - 23 - 36 - 40
Harmônica (H) 23 - 36 - 40 - 40 - 42 - 44
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: 2 e 8. Mo = 40

Moda (Mo)
É o valor que mais aparece nos dados observados.
Ex.: Determine a moda dos alunos, por curso, da Empre- Medidas de Tendência Central com Da-
sa X. dos Agrupados na Tabela de Frequência
ROL: 150, 250, 250, 350
Mo = 250 São assim chamadas, por mostrarem um valor ao redor do
qual se concentram os dados.
Moda é a medida de tendência central que consiste no val-
or observado com mais frequência em um conjunto de dados. Média Aritmética ( )
Ex.: 6 - 9 - 12 - 9 - 4 - 5 - 9 É a soma de todos os valores observados divididos pela
Mo = 9 quantidade de valores.
12 - 13 - 19 - 13 - 14 - 12 - 16
Mo = 12 e 13 (Bimodal)
4 - 29 - 15 - 13 - 18
Ex.: De acordo com os dados da tabela 2, será:
Mo = Não há moda (Amodal)
= (11 + 11 + 12 + 12 + 12 + 12 + 12 + 13 + 13 + 13 + 13 + 13 +
Mediana (Md) 13 + 13 + 14 + 14 + 14 + 15 + 15 + 15) / 20
É o valor que ocupa a posição central (divide os dados ao = 260 / 20
meio) dos dados observados. = 13
A média aritmética ponderada é calculada por meio do
Numa sequência cuja quantidade de valores é ímpar, a somatório das multiplicações entre valores e as frequências
mediana será o valor do meio (no ROL), já na sequência, cuja desses valores divididas pelo somatório dessas frequências.
quantidade de valores é par, a mediana será a média dos dois De acordo com os dados da tabela é:
valores centrais.
Ex.: Calcule a mediana dos alunos, por curso, da Empresa X.
ROL: 150, 250, 250, 350.

Mediana é uma medida de tendência central que indica


exatamente o valor central de uma amostra de dados.
Moda (Mo): é o valor que mais aparece nos dados obser- Propriedades
vados (o que tem maior F.A). Se a cada xi (i = 1, 2, ... , n) for adicionada uma constante
Ex.: De acordo com os dados já apresentados, a moda é o 13. real k, a variância não se altera.
Mediana (Md): é o valor que ocupa a posição central nos Se cada xi (i = 1, 2, ... , n) for multiplicado por uma constan-
dados observados. te real k, a variância fica multiplicada por k2.
Ex.: A mediana no exemplo já visto é o 13 também, visto
que ele ocupa a 10ª e a 11ª posições (sequência com uma Desvio Padrão
quantidade par de elementos) É a raiz quadrada da variância.
Obs.: Na tabela, olhe pela frequência acumulada.
Populacional
Medidas de Dispersão
As medidas de dispersão ajudam as medidas de tendência
central (média) a descrever o conjunto de dados apropriadamente.
Mostram-se os dados que estão perto ou longe uns dos outros.
Amplitude
É a diferença entre o maior e menor valor observados nos Amostral
dados.

At = Xmax - Xmin
Ex.: Calcule a amplitude dos alunos, por curso, da Em-
presa X. Ex.: Calcule o desvio padrão dos alunos, por curso, da
ROL: 150, 250, 250, 350. Empresa X.
At = 350 - 150
At = 200
Variância Propriedades
É a média do quadrado dos desvios (desvio = diferença
entre cada valor e a média). Quando adicionamos uma constante a cada elemento de
um conjunto de valores, o desvio padrão não se altera.
Populacional
Quando multiplicamos cada elemento de um conjunto de

Ş
ŝ#-ŝŦ
valores por uma constante real k, o desvio padrão fica multi-
plicado por k.

Amostral Coeficiente de Variação


O coeficiente de variação é definido como a razão entre o
desvio padrão e a média. É uma medida de dispersão relativa
que indica a variabilidade da amostra em relação à média.
Populacional
Ex.: Calcule a variância dos alunos, por curso, da Empresa X.
ROL: 150, 250, 250, 350.

Nesse caso, estamos trabalhando com a população,


RLM e MATEMÁTICA

Amostral
logo:

Ex.: Calcule o coeficiente de variação dos alunos, por cur-


so, da Empresa X.

77
Medidas de Forma Simétrica X = Me = Mo
78 Assimetria Positiva X > Me > Mo
Assimetria
A medida de assimetria indica o grau de distorção da dis- Assimetria Negativa X < Me < Mo
tribuição em relação a uma distribuição simétrica. Cujo:
Simetria X = Média;
Existe um eixo de simetria no gráfico gerado pela tabela
Me = Mediana;
RLM e MATEMÁTICA

de frequência. Esse eixo divide o gráfico em duas partes iguais.


Mo = Moda.

Curtose
A medida de curtose nos indica a forma da curva de dis-
tribuição em relação ao seu achatamento.

Leptocúrtica
Média = Mediana = Moda Quando a distribuição apresenta uma curva de frequên-
cia mais fechada que a normal (ou mais aguda em sua parte
superior).
X = Me = Mo
Ş
ŝ#-ŝŦ

Sempre que os dados tiverem média, mediana e moda ig-


uais, a distribuição será simétrica.
Assimétrica à Direita (ou de Assimetria Positiva)
Nesse caso, a cauda à direita é mais alongada que a cauda
à esquerda.

Mesocúrtica
A curva normal que é a referencial.

Moda < Mediana < Média

X > Me > Mo

Assimétrica à Esquerda (ou de Assimetria Negativa)


Nesse caso, a cauda à esquerda é mais alongada que a
cauda à direita.
Platicúrtica
Quando a distribuição apresenta uma curva de frequên-
cia mais aberta que a normal (ou mais achatada na sua parte
superior).

Média < Mediana < Moda

X < Me < Mo

QUADRO RESUMO
(Tipos de Assimetria)
Teoria dos Conjuntos As relações entre subconjunto e conjunto são de: “está
contido = ” e “contém = ”.
Nesta seção, estão os principais conceitos sobre conjuntos Os subconjuntos estão contidos nos conjuntos e os con-
e suas operações. Um assunto importante e de fácil aprendiza- juntos contém os subconjuntos. Veja:
gem.
H F
Definições F H
O conceito de conjunto é redundante visto que se trata de Todo conjunto é subconjunto de si próprio. (D D);
um agrupamento ou reunião de coisas, que serão chamadas O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto.
de elementos do conjunto.
(Ø D);
Ex.: Se quisermos montar o conjunto das vogais do alfa-
beto, os elementos serão a, e, i, o, u. Se um conjunto A possui “p” elementos, então ele possui
A nomenclatura dos conjuntos é formada pelas letras 2p subconjuntos;
maiúsculas do alfabeto. O conjunto formado por todos os subconjuntos de um conjun-
Ex.: Conjunto dos estados da região sul do Brasil: to A, é denominado conjunto das partes de A. Assim, se A = {4, 7},
A = {Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul}. o conjunto das partes de A, é dado por {Ø, {4}, {7}, {4, 7}}.
Representação dos Conjuntos
Os conjuntos podem ser representados tanto em chaves
Operações com Conjuntos
como em diagramas. União de conjuntos: a união de dois conjuntos quaisquer
será representada por “A ‰ B” e terá os elementos que perten-
Representação em Chaves cem a A “ou” a B, ou seja, todos os elementos.
Ex.: Conjuntos dos estados brasileiros que fazem frontei-
ra com o Paraguai:
B = {Paraná, Mato Grosso do Sul}.
Representação em Diagramas
Ex.: Conjuntos das cores da bandeira do Brasil:
A U B
D
Verde Interseção de conjuntos: a interseção de dois conjuntos
Amarelo quaisquer será representada por “A ൘ B”. Os elementos que

Ş
ŝ#-ŝŦ
Azul fazem parte do conjunto interseção são os elementos comuns
Branco
aos dois conjuntos.

Elementos e Relação de Pertinência


Quando um elemento está em um conjunto, dizemos que
ele pertence a esse conjunto. A relação de pertinência é repre-
sentada pelo símbolo (pertence). U
A B
Ex.: Conjunto dos algarismos pares: G = {2, 4, 6, 8, 0}.
Observe que:
4 G Diferença de conjuntos: a diferença de dois conjuntos
7 G quaisquer será representada por “A – B” e terá os elementos
que pertencem somente a A, mas não pertencem a B, ou seja,
RLM e MATEMÁTICA

Conjunto Unitário e Conjunto Vazio


que são exclusivos de A.
Conjunto unitário: possui um só elemento.
Ex.: Conjunto da capital do Brasil: K = {Brasília}
Conjunto vazio: simbolizado por Ø ou {}, é o conjunto que
não possui elemento.
Ex.: Conjunto dos estados brasileiros que fazem fronteira
com o Chile: M = Ø.
A-B
Subconjuntos
Subconjuntos são partes de um conjunto. Complementar de um conjunto: se A está contido no conjun-
Ex.: Conjunto dos algarismos: F = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0}. to universo U, o complementar de A é a diferença entre o conjunto
Ex.: Conjunto dos algarismos ímpares: H = {1, 3, 5, 7, 9}. universo e o conjunto A, será representado por “CU(A) = U – A”
Observe que o conjunto H está dentro do conjunto F sendo, e terá todos os elementos que pertencem ao conjunto universo, 79
então, o conjunto H um subconjunto de F. menos os que pertencem ao conjunto A.
Multiplicação
80 U
Nada mais é do que a soma de uma quantidade de par-
A celas fixas. Ao resultado da multiplicação chama-se produto.
Os símbolos que indicam a multiplicação são o “x” (sinal de
vezes) ou o “.” (ponto).
Cp(A)
Ex.: 4 x 7 = 7 + 7 + 7 + 7 = 28
7. Conjuntos Numéricos 7 . 4 = 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 = 28
RLM e MATEMÁTICA

As propriedades da multiplicação são:


Os números surgiram da necessidade de contar ou quanti-
Elemento Neutro: qualquer número multiplicado por 1 terá
ficar coisas ou objetos. Com o passar do tempo, foram adquir-
indo características próprias. como produto o próprio número.
Ex.: 5 . 1 = 5
Números Naturais Comutativa: ordem dos fatores não altera o produto.
É o primeiro dos conjuntos numéricos. Representado pelo Ex.: 3 . 4 = 4 . 3 = 12
símbolo . É formado pelos seguintes elementos: Associativa: o ajuntamento dos fatores não altera o resul-
= {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, ... + f} tado.
O símbolo f significa infinito, o + quer dizer positivo, en- Ex.: 2 . (3 . 4) = (2 . 3) . 4 = 24
tão +f quer dizer infinito positivo. Distributiva: um fator em evidência multiplica todas as
parcelas dentro dos parênteses.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Números Inteiros Ex.: 2 . (3 + 4) = (2 . 3) + (2 . 4) = 6 + 8 = 14


Esse conjunto surgiu da necessidade de alguns cálculos não Na multiplicação existe “jogo de sinais”, que fica assim:
possuírem resultados, pois esses resultados eram negativos.
Representado pelo símbolo , é formado pelos seguintes Parcela Parcela Produto
elementos:
+ + +
= {- f, ..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, ..., + f}
+ - -
Operações e Propriedades dos - + -
Números Naturais e Inteiros - - +
As principais operações com os números naturais e inteiros
são: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e ra- Ex.: 2 . -3 = -6
diciação (as quatro primeiras são também chamadas operações -3 . -7 = 21
fundamentais).
Divisão
Adição É o inverso da multiplicação. Os sinais que a representam
Na adição, a soma dos termos ou parcelas resulta naquilo são: “÷”, “:”, “/” ou a fração.
que se chama total. Ex.: 14 ÷ 7 = 2
Ex.: 2 + 2 = 4
25 : 5 = 5
As propriedades da adição são:
Elemento Neutro: qualquer número somado ao zero tem 36/12 = 3
como total o próprio número. Por ser o inverso da multiplicação, a divisão também
Ex.: 2 + 0 = 2 possui o “jogo de sinal”.
Comutativa: a ordem dos termos não altera o total.
Ex.: 2 + 3 = 3 + 2 = 5 Números Racionais
Associativa: o ajuntamento de parcelas não altera o total.
Com o passar do tempo alguns cálculos não possuíam re-
Ex.: 2 + 0 = 2
sultados inteiros, a partir daí surgiram os números racionais,
Subtração que são representados pela letra e são os números que po-
Operação contrária à adição, também conhecida como di- dem ser escritos sob forma de frações.
ferença. = (com “b” diferente de zero o b z 0); em que “a” é
Os termos ou parcelas da subtração, assim como o total, o numerador e “b” é o denominador.
têm nomes próprios:
Fazem parte desse conjunto também as dízimas perió-
M – N = P; em que M = minuendo, N = subtraendo e P =
diferença ou resto. dicas (números que apresentam uma série infinita de al-
Ex.: 7 – 2 = 5 garismos decimais, após a vírgula) e os números decimais
Quando o subtraendo for maior que o minuendo, a dife- (aqueles que são escritos com a vírgula e cujo denominador
rença será negativa. são as potências de 10).
Operações com os Números Racionais am/n =
72/3
Adição e Subtração
Para somar frações deve-se estar atento se os denomina- Radiciação
dores das frações são os mesmos. Caso sejam iguais, basta É a expressão da potenciação com expoente fracionário.
repetir o denominador e somar (ou subtrair) os numeradores, A representação genérica da radiciação é: ; cujo “n” é o
porém se os denominadores forem diferentes é preciso fazer índice da raiz, o “a” é o radicando e “ ” é o radical.
o M.M.C. (assunto que será visto adiante) dos denominadores, Quando o índice da raiz for o 2 ele não precisa aparecer e
constituir novas frações equivalentes às frações originais e, as- essa raiz será uma raiz quadrada.
sim, proceder com o cálculo. As propriedades das “raízes” são:
+ =
=
= am/m = a1 = a
+ = + =
Racionalização: se uma fração tem em seu denominador
Multiplicação um radical, faz-se o seguinte:
Para multiplicar frações basta multiplicar numerador com = · = =
numerador e denominador com denominador.
= Transformando Dízima Periódica
Divisão em Fração
Para dividir frações basta fazer uma multiplicação da primei- Para transformar dízimas periódicas em fração, é preciso
ra fração com o inverso da segunda fração. atentar-se para algumas situações:
Verifique se depois da vírgula só há a parte periódi-
÷ = = = (Simplificando por 2)
ca, ou se há uma parte não periódica e uma periódi-
Toda vez que for possível deve-se simplificar a fração até ca.
sua fração irredutível (aquela que não pode mais ser simplifi- Observe quantas são as “casas” periódicas e, caso
cada). haja, as não periódicas. Lembrado sempre que essa
Potenciação observação só será para os números que estão de-
pois da vírgula.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Se a multiplicação é soma de uma quantidade de parcelas
Em relação à fração, o denominador será tantos “9”
fixas, a potenciação é a multiplicação de uma quantidade de
quantos forem as casas do período, seguido de tan-
fatores fixos, tal quantidade indicada no expoente que acompa-
tos “0” quantos forem as casas não periódicas (caso
nha a base da potência.
haja e depois da vírgula). Já o numerador será o nú-
A potenciação é expressa por: an, cujo “a” é a base da po- mero sem a vírgula até o primeiro período “menos”
tência e o “n” é o expoente. toda a parte não periódica (caso haja).
Ex.: 43 = 4 . 4 . 4 = 64 Ex.: 0,6666... =
As propriedades das potências são:
a0 = 1 0,36363636... =
30 = 1 0,123333... = =
a1 = a
RLM e MATEMÁTICA

2,8888... = =
51 = 5
a-n = 1/an 3,754545454... = =

2-3 = = 1/8
Transformando Número Decimal
a .a =a
m n (m + n)
em Fração
32 . 33 = 3(2 + 3) = 35 = 243 Para transformar número decimal em fração, basta contar
quantas “casas” existem depois da vírgula; então o denomina-
am : an = a(m - n)
dor da fração será o número 1 acompanhado de tantos zeros
45 : 43 = 4(5 – 3) = 42 = 16 quantos forem o número de “casas”, já o numerador será o
(am)n = am . n número sem a “vírgula”.
81
2 4 2.4 8
(2 ) = 2 = 2 = 256 Ex.: 0,3 =
2,45 = Ex.:
82 2 < x < 5: o 2 e o 5 não fazem parte do intervalo.
49,586 = 2 d x < 5: o 2 faz parte do intervalo, mas o 5 não.
2 d x d 5: o 2 e o 5 fazem parte do intervalo.
Com os colchetes
Números Irracionais Quando os colchetes estiverem voltados para os núme-
São os números que não podem ser escritos na forma de ros, significa que farão parte do intervalo. Porém, quando os
RLM e MATEMÁTICA

fração. colchetes estiverem invertidos, significa que os números não


O conjunto é representado pela letra e tem como elemen- farão parte do intervalo.
tos as dízimas não periódicas e as raízes não exatas. Ex.:
]2;5[: o 2 e o 5 não fazem parte do intervalo.
Números Reais [2;5[: o 2 faz parte do intervalo, mas o 5 não faz.
Simbolizado pela letra , é a união do conjunto dos nú-
[2;5]: o 2 e o 5 fazem parte do intervalo.
meros racionais com o conjunto dos números irracionais.
Sobre uma reta numérica
Representado, tem-se:
Intervalo aberto 2<x<5:
R 0 2 5
Ş
ŝ#-ŝŦ

N Z Q I Em que 2 e 5 não fazem parte do intervalo numérico, rep-


resentado pela marcação aberta (sem preenchimento - O).
Intervalo fechado e aberto 2<x<5:
0 2 5

Em que 2 faz parte do intervalo, representado pela marca-


Colocando todos os números em uma reta, tem-se: ção fechada (preenchida - ) em que 5 não faz parte do inter-
-2 -1 0 1 2 valo, representado pela marcação aberta (O).
Intervalo fechado 2<x<5:
As desigualdades ocorrem em razão de os números serem 0 2 5
maiores ou menores uns dos outros.
Em que 2 e 5 fazem parte do intervalo numérico, represen-
Os símbolos das desigualdades são: tado pela marcação fechada ( ).
t maior igual a;
d menor igual a; Múltiplos e Divisores
> maior que; Os múltiplos são resultados de uma multiplicação de dois
ख़ menor que. números naturais.
Dessas desigualdades surgem os intervalos, que nada mais Ex.: Os múltiplos de 3 são: 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27,
são do que um espaço dessa reta, entre dois números. 30... (os múltiplos são infinitos).
Os intervalos podem ser abertos ou fechados, depende Números quadrados perfeitos são aqueles que resultam da
dos símbolos de desigualdade utilizados. multiplicação de um número por ele mesmo.
Intervalo aberto ocorre quando os números não fazem parte Ex.: 4 = 2 . 2
do intervalo e os sinais de desigualdade são: Ex.: 25 = 5 . 5
ग़ maior que; Os divisores de um “número” são os números cuja divisão
desse “número” por eles será exata.
ख़ menor que.
Ex.: Os divisores de 12 são: 1, 2, 3, 4, 6, 12.
Intervalo fechado ocorre quando os números fazem parte do
intervalo e os sinais de desigualdade são: Números Primos
t maior igual a; São os números que têm apenas dois divisores, o 1 e ele
d menor igual a. mesmo (alguns autores consideram os números primos aque-
les que tem 4 divisores, sendo o 1, o -1, ele mesmo e o seu
Intervalos oposto – simétrico).
Os intervalos numéricos podem ser representados das se- Veja alguns números primos:
guintes formas: 2 (único primo par), 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41,
Com os símbolos <, >, d, t 43, 47, 53, 59, ...
Quando forem usados os símbolos < ou >, os números que Os números primos servem para decompor outros números.
os acompanham não fazem parte do intervalo real. Já quando A decomposição de um número em fatores primos serve
forem usados os símbolos d ou t os números farão parte do para fazer o MMC (mínimo múltiplo comum) e o MDC (máximo
intervalo real. divisor comum).
MMC e MDC Divisibilidade por 9: para um número ser divisível por 9, a
soma dos seus algarismos deve ser divisível por 9.
O MMC de um, dois ou mais números é o menor número Ex.: 75 é não divisível por 9.
que, ao mesmo tempo, é múltiplo de todos esses números.
684 é divisível por 9.
O MDC de dois ou mais números é o maior número que pode
dividir todos esses números ao mesmo tempo. Divisibilidade por 10: para um número ser divisível por 10,
Para calcular, após decompor os números, o MMC de basta que ele termine em 0.
dois ou mais números será o produto de todos os fatores Ex.: 90 é divisível por 10.
primos, comuns e não comuns, elevados aos maiores ex- 364 não é divisível por 10.
poentes. Já o MDC será apenas os fatores comuns a todos
os números elevados aos menores expoentes. Expressões Numéricas
Ex.: 6 = 2 . 3 Para resolver expressões numéricas, deve-se sempre se-
18 = 2 . 3 . 3 = 2 . 32 guir a ordem:
35 = 5 . 7 Resolva os (parênteses), depois os [colchetes], depois as
144 = 2 . 2 . 2 . 2 . 3 . 3 = 24 . 32 {chaves}, nessa ordem;
225 = 3 . 3 . 5 . 5 = 32 . 52 Dentre as operações resolva primeiro as potenciações e
490 = 2 . 5 . 7 . 7 = 2 . 5 . 72 raízes (o que vier primeiro), depois as multiplicações e divi-
640 = 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 5 = 27 . 5 sões (o que vier primeiro) e por último as somas e subtrações
(o que vier primeiro).
MMC de 18 e 225 = 2 . 32 . 52 = 2 . 9 . 25 = 450
Calcule o valor da expressão:
MDC de 225 e 490 = 5
Ex.: 8 – {5 – [10 – (7 – 3 . 2)] ÷ 3}
Para saber a quantidade de divisores de um número basta,
Resolução:
depois da decomposição do número, pegar os expoentes dos
fatores primos, somar “+1” e multiplicar os valores obtidos. 8 – {5 – [10 – (7 – 6)] ÷ 3}
Ex.: 225 = 32 . 52 = 32+1 . 52+1 = 3 . 3 = 9 8 – {5 – [10 – (1)] ÷ 3}
Nº de divisores = (2 + 1) . (2 + 1) = 3 . 3 = 9 divisores. Que 8 – {5 – [9] ÷ 3}
são: 1, 3, 5, 9, 15, 25, 45, 75, 225. 8 – {5 – 3}
Divisibilidade 8 – {2}
As regras de divisibilidade servem para facilitar a resolu- 6
ção de contas, para ajudar a descobrir se um número é ou não

Ş
ŝ#-ŝŦ
divisível por outro. Veja algumas dessas regras.
Divisibilidade por 2: para um número ser divisível por 2
8. Sistema Legal de Medidas
basta que o mesmo seja par. Medidas de Tempo
Ex.: 14 é divisível por 2. A unidade padrão do tempo é o segundo (s), mas deve-
17 não é divisível por 2. mos saber as seguintes relações:
Divisibilidade por 3: para um número ser divisível por 3, a 1 min. = 60 s
soma dos seus algarismos tem que ser divisível por 3.
1h = 60 min = 3600 s
Ex.: 174 é divisível por 3, pois 1 + 7 + 4 = 12
1 dia = 24 h = 1440 min = 86400 s
188 não é divisível por 3, pois 1 + 8 + 8 = 17
30 dias = 1 mês
Divisibilidade por 4: para um número ser divisível por 4,
2 meses = 1 bimestre
ele tem que terminar em 00 ou os seus dois últimos números
devem ser múltiplos de 4. 6 meses = 1 semestre
RLM e MATEMÁTICA

Ex.: 300 é divisível por 4. 12 meses = 1ano


532 é divisível por 4. 10 anos = 1 década
766 não é divisível por 4. 100 anos = 1 século
Divisibilidade por 5: para um número ser divisível por 5, Cuidado com as transformações de tempo, pois elas não
ele deve terminar em 0 ou em 5. seguem o mesmo padrão das outras medidas.
Ex.: 35 é divisível por 5. Ex.: 15h47min18seg + 11h39min59s = 26h86min77s =
370 é divisível por 5. 26h87min17s = 27h27min17s= 1dia3h27mim17s;
Ex.: 8h23min – 3h49min51seg = 7h83min – 3h49min-
548 não é divisível por 5.
51seg = 7h82min60seg – 3h49min51seg = 4h33min9seg.
Divisibilidade por 6: para um número ser divisível por 6,
ele deve ser divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo. Sistema Métrico Decimal
Ex.: 78 é divisível por 6. Serve para medir comprimentos, distâncias, áreas e volu-
576 é divisível por 6. mes. Tem como unidade padrão o metro (m). Veremos agora 83
652 não é divisível por 6. seus múltiplos, variações e algumas transformações.
Metro (m): Ex.: Transformar 269dm3 em cm3 = 269 . 1.000 =
84 km 269.000cm3
hm Ex.: Transformar 4.831cm3 em m3 = 4.831 ÷ 1.000.000 =
multiplica-se por 10
0,004831m3
dam
O metro cúbico, por ser uma medida de volume, tem rela-
m ção com o litro (l), e essa relação é:
1m3 = 1000 litros
RLM e MATEMÁTICA

dm
1dm3 = 1 litro
divide-se por 10
cm 1cm3 = 1 mililitro
mm

Para cada degrau descido da escada, multiplica-se por 10, e 9. Razões e Proporções
para cada degrau subido, divide-se por 10. Neste capítulo, estão presentes alguns assun-
Ex.: Transformar 2,98km em cm = 2,98 . 100.000 = tos muito incidentes em provas: razões e proporções.
298.000cm (na multiplicação por 10 ou suas potências, bas- É preciso que haja atenção no estudo desse conteúdo.
ta deslocar a “vírgula” para a direita);
Ex.: Transformar 74m em km = 74 ÷ 1000 = 0,074km (na Grandeza
divisão por 10 ou suas potências, basta deslocar a “vírgu- É tudo aquilo que pode ser contado, medido ou enume-
la” para a esquerda). rado.
Ş
ŝ#-ŝŦ

O grama (g) e o litro (l) seguem o mesmo padrão do Ex.: Comprimento (distância), tempo, quantidade de
metro (m). pessoas e/ou coisas, etc.
Metro quadrado (m2): Grandezas diretamente proporcionais: são aquelas em
km2
que o aumento de uma implica o aumento da outra.
Ex.: Quantidade e preço.
hm2
multiplica-se por 102
Grandezas inversamente proporcionais: são aquelas em
que o aumento de uma implica a diminuição da outra.
dam2 Ex.: Velocidade e tempo.
m2 Razão
dm2 É a comparação de duas grandezas. Essas grandezas po-
divide-se por 10 2
dem ser de mesma espécie (com a mesma unidade) ou de es-
cm2
pécies diferentes (unidades diferentes). Nada mais é do que
mm2 uma fração do tipo , com b z 0.
Nas razões, os numeradores são também chamados de an-
Para cada degrau descido da escada multiplica por 102 ou tecedentes e os denominadores de consequentes.
100, e para cada degrau subido divide por 102 ou 100. Ex.: Escala: comprimento no desenho comparado ao ta-
Ex.: Transformar 79,11m2 em cm2 = 79,11 . 10.000 = manho real.
791.100cm2; Velocidade: distância comparada ao tempo.
Ex.: Transformar 135m2 em km2 = 135 ÷ 1.000.000 =
0,000135km2. Proporção
Metro cúbico (m3): Pode ser definida como a igualdade de razões.
km3

hm3 multiplica-se por 103 =

dam3 Dessa igualdade, tiramos a propriedade fundamental das


proporções: “o produto dos meios igual ao produto dos ex-
m3 tremos” (a chamada “multiplicação cruzada”).

dm3 b.c=a.d
divide-se por 103 cm3 É basicamente essa propriedade que ajuda resolver a
mm3
maioria das questões desse assunto.
Dados três números racionais a, b e c, não nulos, denomina-
se quarta proporcional desses números um número x tal que:
Para cada degrau descido da escada, multiplica-se por 103
ou 1000, e para cada degrau subido, divide-se por 103 ou 1000. =
Proporção contínua é toda proporção que apresenta os Logo, a parte proporcional a 4 é o 20 e a parte proporcio-
meios iguais. nal ao 6 é o 30.
De um modo geral, uma proporção contínua pode ser re-
presentada por: Divisão em partes inversamente proporcionais.
= Divida o número 60 em partes inversamente proporcio-
nais a 2 e a 3.
As outras propriedades das proporções são:
Numa proporção, a soma dos dois primeiros termos está Ex.:
para o 2º (ou 1º) termo, assim como a soma dos dois últimos + = 60
está para o 4º (ou 3º).
+ =
= ou = 60
Numa proporção, a diferença dos dois primeiros termos 5x = 60 · 6
está para o 2º (ou 1º) termo, assim como a diferença dos dois 5x = 360
últimos está para o 4º (ou 3º).
x=
= ou = x = 72
Numa proporção, a soma dos antecedentes está para a X = constante proporcional
soma dos consequentes, assim como cada antecedente está
para o seu consequente. Então, = = 36 e = = 24
Logo, a parte proporcional a 2 é o 36 e a parte propor-
= = cional ao 3 é o 24.
Perceba que, na divisão diretamente proporcional, quem
Numa proporção, a diferença dos antecedentes está para tiver a maior parte ficará com o maior valor. Já na divisão in-
a diferença dos consequentes, assim como cada antecedente versamente proporcional, quem tiver a maior parte ficará com
está para o seu consequente. o menor valor.

= =
Regra das Torneiras
Sempre que uma questão envolver uma “situação” que

Ş
ŝ#-ŝŦ
Numa proporção, o produto dos antecedentes está para o pode ser feita de um jeito em determinado tempo (ou por uma
produto dos consequentes, assim como o quadrado de cada pessoa) e, em outro tempo, de outro jeito (ou por outra pes-
antecedente está para quadrado do seu consequente. soa), e quiser saber em quanto tempo seria se fosse feito tudo
ao mesmo tempo, usa-se a regra da torneira, que consiste na
aplicação da seguinte fórmula:
= =

A última propriedade pode ser estendida para qualquer


número de razões. Em que “t” é o tempo.
= = = Quando houver mais de duas “situações”, é melhor usar
a fórmula:
RLM e MATEMÁTICA

Divisão em Partes Proporcionais


Para dividir um número em partes direta ou inversamente
proporcionais, basta seguir algumas regras:
Divisão em partes diretamente proporcionais. Em que “n” é a quantidade de situações.
Divida o número 50 em partes diretamente proporcio- Uma torneira enche um tanque em 6h. Uma segunda
nais a 4 e a 6. torneira enche o mesmo tanque em 8h. Se as duas torneiras
Ex.: 4x + 6x = 50 forem abertas juntas quanto tempo vão levar para encher o
10x = 50 mesmo tanque?
x=
x=5
x = constante proporcional 85
Então, 4x = 4 . 5 = 20 e 6x = 6 . 5 = 30 = = 3h 25min e 43s
86
Regra de Três 10. Porcentagem e Juros
Mecanismo prático e/ou método utilizado para resolver O presente capítulo trata de uma pequena parte da
questões que envolvem razão e proporção (grandezas). matemática financeira, e também do uso das porcentagens,
assuntos presentes no dia a dia de todos.
Regra de Três Simples
Aquela que só envolve duas grandezas. Porcentagem
Ex.: Durante uma viagem um carro consome 20 litros de
RLM e MATEMÁTICA

É a aplicação da taxa percentual a determinado valor.


combustível para percorrer 240km, quantos litros são ne- Taxa percentual: é o valor que vem acompanhado do sím-
cessários para percorrer 450km? bolo %.
Primeiro, verifique se as grandezas envolvidas na ques- Para fins de cálculo, usa-se a taxa percentual em forma de
tão são direta ou inversamente proporcionais, e monte fração ou em números decimais.
uma estrutura para visualizar melhor a questão. Ex.: 3% = 3/100 = 0,03
Distância Litro 15% = 15/100 = 0,15
240 20 34% de 1200 = 34/100 . 1200 = 40800/100 = 408
450 x 65% de 140 = 0,65 . 140 = 91
Ao aumentar a distância, a quantidade de litros de com-
bustível necessária para percorrer essa distância também Lucro e Prejuízo
vai aumentar, então, as grandezas são diretamente pro- Lucro e prejuízo são resultados de movimentações finan-
Ş
ŝ#-ŝŦ

porcionais. ceiras.
= Custo (C): “Gasto”.
Venda (V): “Ganho”.
Aplicando a propriedade fundamental das proporções:
240x = 9000 Lucro (L): Quando se ganha mais do que se gasta.

x= = 37,5 litros L=V-C

Regra de Três Composta Prejuízo (P): Quando se gasta mais do que se ganha.
Aquela que envolve mais de duas grandezas. P=C-V
Ex.: Dois pedreiros levam nove dias para construir um
muro com 2m de altura. Trabalhando três pedreiros e au-
mentando a altura para 4m, qual será o tempo necessário Ex.: Um computador foi comprado por R$ 3.000,00 e re-
para completar esse muro? vendido com lucro de 25% sobre a venda. Qual o preço
de venda?
Neste caso, deve-se comparar uma grandeza de cada vez
com a variável. Como o lucro foi na venda, então L = 0,25V:
L=V–C
Dias Pedreiros Altura 0,25V = V – 3.000
9 2 2 0,25V – V = -3.000
x 3 4 -0.75V = -3.000 (-1)
Note que, ao aumentar a quantidade de pedreiros, o número 0,75V = 3.000
de dias necessários para construir um muro diminui, então as V = 3000 = 300000 = 4.000
0,75 75
grandezas pedreiros e dias são inversamente proporcionais.
No entanto, se aumentar a altura do muro, será necessário Logo, a venda se deu por R$ 4.000,00 reais.
mais dias para construí-lo. Dessa forma as grandezas muro
e dias são diretamente proporcionais. Para finalizar, basta Juros Simples
montar a proporção e resolver, lembrando que quando uma Juros: atributos (ganhos) de uma operação financeira.
grandeza for inversamente proporcional à variável sua fra- Juros Simples: os valores são somados ao capital apenas
ção será invertida. no final da aplicação. Somente o capital rende juros.
= · Para o cálculo de juros simples, usa-se a seguinte fórmula:

J=C.i.t
= Cujo:
Ex.: Aplicando a propriedade fundamental das proporções: J = juros;
6x = 72 C = capital;
i = taxa de juros;
X= = 12 dias t = tempo da aplicação.
Ex.: Um capital de R$ 2.500,00 foi aplicado a juros de 2% Sequência dos números quadrados perfeitos:
ao trimestre durante um ano. Quais os juros produzidos? (1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100...);
Em 1 ano há exatamente 4 trimestres, como a taxa está Sequência dos números primos: (2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23,
em trimestre, agora é só calcular: 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53...).
J=C.i.t Veja que na sequência dos números quadrados perfeitos a
J = 2.500 . 0,02 . 4 lei que determina sua formação é: an = n2.
J = 200

Juros Compostos Lei de Formação de uma Sequência


Para determinarmos uma sequência numérica, precisamos
Juros Compostos: os valores são somados ao capital no de uma lei de formação. A lei que define a sequência pode ser
final de cada período de aplicação, formando um novo capital, a mais variada possível.
para incidência dos juros novamente. É o famoso caso de juros
Ex.: A sequência definida pela lei an = n2 + 1, com “n” N,
sobre juros.
cujo an é o termo que ocupa a n-ésima posição na sequên-
Para o cálculo de juros compostos, usa-se a seguinte fór- cia é: 0, 2, 5, 10, 17, 26... Por esse motivo, an é chamado de
mula: termo geral da sequência.
M = C . (1 + i)t Progressão Aritmética (P.A.)
Toda sequência na qual, a partir do segundo termo, a sub-
Cujo: tração de um termo por seu antecessor tem como resultado
M = montante; um valor fixo, que chamaremos de razão e representaremos
C = capital; pela letra “r”, é chamada de progressão aritmética.
i = taxa de juros; Ex.: (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, ...); r = 2
t = tempo da aplicação. (5, 2, -1, -4, -7, -10, -13, ...); r = -3
Um investidor aplicou a quantia de R$ 10.000,00 à taxa Uma P.A. pode ser crescente, decrescente ou constante:
de juros de 2% a.m. durante 4 meses. Qual o montante desse Crescente: é aquela que tem a razão positiva, r > 0;
investimento? Decrescente: é aquela que tem a razão negativa, r < 0;
Aplicando a fórmula, já que a taxa e o tempo estão na Constante: é aquela que tem a razão nula, r = 0.
mesma unidade:
Ex.: M = C . (1 + i)t
M = 10.000 . (1 + 0,02)4 Termo Geral da P.A.
M = 10.000 . (1,02)4 Sabendo-se o primeiro termo de uma P.A. e sua razão, po-

Ş
ŝ#-ŝŦ
demos determinar qualquer termo que quisermos, bastando
M = 10.000 . 1,08243216
para isso fazer uso da fórmula do termo geral, que é:
M = 10.824,32
an = a1 + (n - 1) . r
Capitalização
Capitalização: acúmulo de capitais (capital + juros). Sendo:
Nos juros simples, calcula-se por: M = C + J. a1 = o primeiro termo da P.A.;
Nos juros compostos, calcula-se por: J = M – C.
an = o termo que se quer determinar;
Em algumas questões terão que ser calculados os
montantes do juro simples ou os juros do juro composto. n = o número do termo;
r = a razão da P.A.
11. Sequências Numéricas Ex.: Determine o 8º termo da P.A. (3, 7, 11, 15, ...)
RLM e MATEMÁTICA

Resolução:
Neste capítulo, será possível verificar a formação de uma
sequência e também do que trata a P.A. (Progressão Aritmética) Sendo a1 = 3, e r = 4 (7 - 3 = 4), aplicando a fórmula do
e a P.G. (Progressão Geométrica). termo geral, temos:
an = a1 + (n - 1) . r
Conceitos a8 = 3 + (8 - 1) . 4
Sequências: conjuntos de elementos organizados de acor- a8 = 3 + 7 . 4
do com certo padrão, ou seguindo determinada regra. O co- a8 = 3 + 28
nhecimento das sequências é fundamental para a compreen- a8 = 31
são das progressões. Portanto, o 8º termo da P.A. é 31.
Progressões: as progressões são sequências numéricas
com algumas características exclusivas. Propriedades das P.A.
Cada elemento das sequências e/ou progressões são de- 1ª propriedade: qualquer termo da P.A., a partir do segun- 87
nominados termos. do, é a média aritmética entre seu antecessor e seu sucessor.
88

Ex.: P.A. (3, 7, ?, 15, ...) Sendo:


a1 = 3; a2 = 7; a3 = ?; a4 = 15 a1 = o primeiro termo da P.A.;
an = o último termo da P.A.;
RLM e MATEMÁTICA

n = o total de termos da P.A.


Ex.: Calcule a soma dos temos da P.A. (1, 4, 7, 10, 13, 16,
19, 22, 25).
Resolução:
a1 = 1; an = 25; n = 9

= 11
2ª propriedade: a soma dos termos equidistantes aos ex-
tremos é igual à soma dos extremos.

a1 + a n = a 2 + a n - 1 = a 3 + a n - 2 = a 1 + p + a n - p
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: P.A. (3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, 31)


a1 = 3; a2 = 7; a3 = 11; a4 = 15; a5 = 19; a6 = 23; a7 = 27;
a8 = 31
a1 + an = a2 + an - 1 = a3 + an - 2 = a1 + p + an - p
a1 + a8 = a2 + a7 = a3 + a6 = a4 + a5
3 + 31 = 7 + 27 = 11 + 23 = 15 + 19
34 = 34 = 34 = 34
Progressão Geométrica (P.G.)
Toda sequência na qual, a partir do segundo termo, a divi-
Interpolação Aritmética são de um termo por seu antecessor tem como resultado um
Interpolar significa inserir termos, ou seja, interpolação valor fixo, que chamaremos de razão e representaremos pela
letra “q”, é chamada de progressão geométrica.
aritmética é a colocação de termos entre os extremos de uma
P.A. Consiste basicamente em descobrir o valor da razão da Observe que os conceitos de P.A. e P.G. são muito pareci-
dos, mas não iguais. Enquanto a P.A. usamos a adição na P.G.
P.A. e, com, isso inserir esses termos.
utilizamos a multiplicação.
Utiliza-se a fórmula do termo geral para a resolução das Ex.: (2, 4, 8, 16, 32, 64, ...); q = 2
questões, em que “n” será igual a “k + 2”, cujo “k” é a quantida- (5, -25, 125, -625, 3125, ...); q = -5
de de termos que se quer interpolar. Uma P.G. pode ser crescente, decrescente, constante ou
Ex.: Insira 5 termos em uma P.A. que começa com 3 e oscilante:
termina com 15. Crescente (3, 9, 27, 81, 243, ...)
Resolução: Decrescente (1296, 216, 36, 6, 1, ...)
a1 = 3; an = 15; k = 5 e n = 5 + 2 = 7 Constante (7, 7, 7, 7, ...)
an = a1 + (n − 1) · r Oscilante (3, -12, 48, -192, ...)

15 = 3 + (7 − 1) · r Termo Geral da P.G.


15 = 3 + 6r Sabendo o primeiro termo de uma P.G. e sua razão, po-
demos determinar qualquer termo que quisermos, bastando
6r = 15 – 3 para isso fazer uso da fórmula do termo geral:
6r = 12
an = a1 . q(n - 1)
r=
r=2 Sendo:
a1 = o primeiro termo da P.G.;
Então, P.A (3, 5, 7, 9, 11, 13, 15)
an = o termo que se quer determinar;
Soma dos Termos de uma P.A. n = o número do termo;
Para somar os termos de uma P.A. basta utilizar a seguinte q = a razão da P.G.
fórmula. Ex.: Determine o 5º termo da P.G. (3, 15, 75, ...)
Resolução: P.G. finita:
Sendo a1 = 3, e q = 5 (15/3 = 5), aplicando a fórmula do
termo geral, temos:

P.G. infinita:

P.G. infinita é aquela que tem a razão: -1 < q < 1.


Sendo:
Propriedades das P.G. a1 = o primeiro termo da P.G.;
1ª propriedade: qualquer termo da P.G., a partir do segun- an = o último termo da P.G.;
do, é a média geométrica entre seu antecessor e seu sucessor. q = a razão da P.G.
Ex.: Calcule a soma da P.G.:

Resolução:
Como q = -1/3, ou seja, -1 < q < 1, então:
2ª propriedade: o produto dos termos equidistantes aos ex-
tremos é igual ao produto dos extremos. e =1
a1 . a n = a 2 . a n - 1 = a 3 . a n - 2 = a 1 + k + a n - k ;e =1

Interpolação Geométrica
Interpolar significa inserir termos, ou seja, interpolação
geométrica é a colocação de termos entre os extremos de
uma P.G. Consiste basicamente em descobrir o valor da razão
da P.G. e, com isso, inserir esses termos.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Utiliza-se a fórmula do termo geral para a re-
solução das questões, em que “n” será igual a
“p + 2”, cujo “p” é a quantidade de termos que se quer interpolar.
Ex.: Insira 4 termos em uma P.G que começa com 2 e ter-
mina com 2048.
Resolução: Produto dos Termos de uma P.G.
a1 = 2; an = 2048; p = 4 e n = 4 + 2 = 6 Para o cálculo do produto dos termos de uma P.G., basta
usar a seguinte fórmula: RLM e MATEMÁTICA

Ex.: Qual o produto dos termos da P.G. (5, 10, 20, 40, 80,
160).
Resolução:
a1 =5; an = 160; n = 6

P.G. (2, 8, 32, 128, 512, 2048).


Soma dos Termos de uma P.G.
Aqui temos duas situações: P.G. finita e infinita. Devemos
ficar atentos, pois para cada tipo de P.G.temos uma fórmula 89
correspondente.
90
12. Matrizes, Determinantes e D=

Sistemas Lineares
=
Matrizes
Logo:
Matriz: é uma tabela que serve para organizar dados nu-
RLM e MATEMÁTICA

méricos em linhas e colunas.


D=
Nas matrizes, cada número é chamado de elemento da
matriz, as filas horizontais são chamadas linhas e as filas verti-
cais são chamadas colunas. Tipos de Matrizes
Ex.: Existem alguns tipos de matrizes mais comuns e usados
nas questões de concursos:
Linha
1 7
13 -1 18 Matriz Linha
É aquela que possui somente uma linha.
Coluna A1 x 3 =
No exemplo, a matriz apresenta 2 linhas e 3 colunas. Dize-
mos que essa matriz é do tipo 2x3 (2 linhas e 3 colunas). Lê-se Matriz Coluna
Ş
ŝ#-ŝŦ

dois por três. É aquela que possui somente uma coluna.

Representação de uma Matriz B3 x 1 =


Uma matriz pode ser representada por parênteses
( ) ou colchetes [ ], com seus dados numéricos inseridos
dentro desses símbolos matemáticos. Cada um desses dados, Matriz Nula
ocupam uma posição definida por uma linha e coluna. É aquela que possui todos os elementos nulos, ou zero.
A nomenclatura da matriz se dá por uma letra maiúscula.
C2 x 3 =
De modo geral, uma matriz A de m linhas e n colunas (m x n)
pode ser representada da seguinte forma:
... 1n
Matriz Quadrada
A= ...
2n É aquela que possui o número de linhas igual ao número
com m, n e N*
... 3n de colunas.
...........................................
m1 m2 m3 mn mxn D3 x 3 =
Abreviadamente:
Características das Matrizes Quadradas:
A mxn = mxn Possuem diagonal principal e secundária.

Com: A3 x 3 = diagonal principal


“i” {1, 2, 3, ..., m} e “j” {1, 2, 3, ..., n}
No qual, “aij” é o elemento da “i” linha com a “j” coluna.
A3 x 3 = diagonal secundária
B3 x 2 = matriz de ordem 3x2

Matriz Identidade
C2 x 2 = matriz quadrada de ordem 2x2, É toda a matriz quadrada que os elementos da diagonal
ou somente 2 principal são iguais a um e os demais são zeros:

Lei de Formação de uma Matriz A3 x 3 =


As matrizes possuem uma lei de formação que define seus
elementos a partir da posição (linha e coluna) de cada um de- Matriz Diagonal
les na matriz, e podemos assim representar: É toda a matriz quadrada que os elementos da diagonal
D = (dij)3x3 em que dij = 2i - j principal são diferentes de zero e os de mais são zeros:
X2 x 3 = e Y2 x 3 =
A3 x 3 =

Matriz Triangular S=
Aquela cujos elementos de um dos triângulos formados
pela diagonal principal são zeros. S2 x 3 =

A3 x 3 = Produto de uma Constante por


uma Matriz
Matriz Transposta (At) Basta multiplicar a constante por todos os elementos da
matriz.
É aquela em que ocorre a troca ordenada das linhas por Ex.: P = 2Y
colunas.
Y2 x 2 =
A= t
mxn= A = nxm

P=
A2 x 3 = → At3 x 2 =

Perceba que a linha 1 de A corresponde à coluna 1 de At e a P2 x 2 =


coluna 2 de A corresponde à coluna 2 de At.
Para multiplicar matrizes, devemos “multiplicar linhas por
Matriz Oposta colunas”, ou seja, multiplica o 1º número da linha pelo 1º núme-
ro da coluna, o 2º número da linha pelo 2º número da coluna
É toda matriz obtida trocando o sinal de cada um dos ele-
e assim sucessivamente para todos os elementos das linhas e
mentos de uma matriz dada. colunas.
A2 x 2 = → -A2 x 2 = Esse procedimento de cálculo só poderá ser feito se o
número de colunas da 1ª matriz for igual ao número de linhas
Matriz simétrica: é toda a matriz quadrada que a da 2ª matriz.
(Amxn) . (Bnxp) = Cmxp

Ş
ŝ#-ŝŦ
At = A:
.
Ex.: M = A2 x 3 B3 x 2
1 3 A2 x 3 = e B3 x 2 =
A
3 2
A=At
11 3
At M2 x 2 =
33 2
M2 x 2 =
Operações com Matrizes
Vamos ver agora as principais operações com as matrizes;
fique atento para a multiplicação de duas matrizes. M2 x 2 =
RLM e MATEMÁTICA

Igualdade de Matrizes M2 x 2 =
Duas matrizes são iguais quando possuem o mesmo nú-
mero de linhas e colunas (mesma ordem), e os elementos cor-
Matriz Inversa (A-1)
respondentes são iguais. Se existe uma matriz B, quadrada de ordem n, tal que A . B
= B . A = In, dizemos que a matriz B é a inversa de A. Costuma-
X = Y o X2 x 2 = e Y2 x 2 = mos indicar a matriz inversa por A-1. Assim B=A-1.
Logo: A . A-1 = A-1 . A = In
Soma de Matrizes Para melhor compreender essa definição, observe o exemplo:
Ex.: A . A-1 = In
Só é possível somar matrizes de mesma ordem. Para fazer
A2 x 2 = e A-12 x 2 =
o cálculo, basta somar os elementos correspondentes. 91
Ex.: S = X + Y (S = matriz soma de X e Y) Logo:
= Determinantes
92
Determinante é um número real associado à matriz.
Só há determinante de matriz quadrada. Cada matriz apre-
= senta um único determinante.
Cálculo dos Determinantes
Determinante de uma Matriz de Ordem 1 ou de 1ª
RLM e MATEMÁTICA

→ ordem:
Se a matriz é de 1ª ordem, significa que ela tem apenas
uma linha e uma coluna, portanto, só um elemento, que é o
próprio determinante da matriz.
Resolvendo o sistema I: Ex.: A1 x 1 = [13]
Det A = 13
B1 x 1 = [ -7 ]
Det B = -7

(somando as equações) Determinante de uma Matriz de Ordem 2 ou de


2ª ordem:
Será calculado pela subtração do produto dos elementos
Ş
ŝ#-ŝŦ

da diagonal principal pelo produto dos elementos da diagonal


secundária.
Ex.: A2 x 2 =
Substituindo-se “a” em uma das duas equações, temos:
Det A = (2 . 7) - (4 . 3)
Det A = (14) - (12)
Det A = 2
B2 x 2 =

Ex.: Det B = (6 . 9) - (-1 . 8)


Det B = (54) - (-8)
Det B = 54 + 8
Det B = 62
Resolvendo o sistema II:
Determinante de uma Matriz de Ordem 3 ou de
3ª ordem:
Será calculado pela Regra de Sarrus, que consiste em:
(somando as equações) 1º passo: repetir as duas primeiras colunas ao lado da matriz.
2º passo: multiplicar os elementos da diagonal principal
e das outras duas diagonais que seguem a mesma direção, e
somá-los.
3º passo: multiplicar os elementos da diagonal secundária
e das outras duas diagonais que seguem a mesma direção, e
somá-los.
Substituindo-se “d” em uma das duas equações, temos:
4º passo: o valor do determinante será dado pela sub-
tração do resultado do 2º com o 3º passo.

A3 x 3 =

A3 x 3 =
a = 1/7; b = 2/7; c = -3/7; d = 1/7
Logo: Ex.: Det A = (2 . 5 . 6 + 4 . 8 . 1 + 7 . 3 . 9) - (7 . 5 . 1 + 2 . 8
. 9 + 4 . 3 . 6)
A-12 x 2 = Ex.: Det A = (60 + 32 + 189) – (35 + 144 + 72)
Det A = (281) – (251)
Det A = 30 A3 x 3 = (I)

Se estivermos diante de uma matriz triangular ou matriz


diagonal, o seu determinante será calculado, pelo produto dos
Det. A3 x 3 = = (II)
elementos da diagonal principal, somente.
Matriz triangular
Det. A3 x 3 = = (III)
A3 x 3 =

Det. A3 x 3 = (-1)3 + 1 (IV)

A3 x 3 = Det. A3 x 3 = (1) (140 – 110)

Det A = (2 . 5 . 6 + 4 . 8 . 0 + 7 . 0 . 0) - (7 . 5 . 0 + 2 . 8 . 0 Det. A = 30
+ 4 . 0 . 6)
O Teorema de Laplace:
Det A = (60 + 0 + 0) - (0 + 0 + 0)
Primeiramente, precisamos saber o que é um co-
Det A = 60 (produto da diagonal principal = 2 x 5 x 6) fator. O cofator de um elemento aij de uma matriz é:
Matriz diagonal Aij = (-1)i + j . Dij.
Agora, vamos ao teorema:
B3 x 3 = Escolha uma linha ou coluna qualquer do determinante:

A3 x 3 =

B3 x 3 =
Calcule o cofator de cada elemento dessa fila:

Det B = (2 . 5 . 6 + 0 . 0 . 0 + 0 . 0 . 0) - (0 . 5 . 0 + 2 . 0 . a11 = A11 = (-1) 1+1 · = (1) · (-42)

Ş
ŝ#-ŝŦ
0 + 0 . 0 . 6)
Det B = (60 + 0 + 0) – (0 + 0 + 0) a21 = A21 = (-1) 2+1 · = (-1) · (-39)

Det B = 60 (produto da diagonal principal = 2 . 5 . 6)


a31 = A31 = (-1) 3+1 · = (1) · (-3)
Determinante de uma Matriz de Ordem
superior a 3: Multiplique cada elemento da fila selecionada pelo seu res-
Será calculado pela Regra de Chió ou Teorema de Laplace. pectivo cofator. O determinante da matriz será a soma desses
produtos.
Regra de Chió: Det. A3 x 3 = a11 . A11 + a21 . A21 + a31 . A31
RLM e MATEMÁTICA

Escolha um elemento aij = 1. Det. A3 x 3 = 2 . (-42) + 3 . 39 + 1 . (-3)


Det. A3 x 3 = (-84) + 117 + (-3)
Retirando a linha (i) e a coluna (j) do elemento aij = 1,
Det. A3 x 3 = 117 - 87
obtenha o menor complementar (Dij) do referido elemento –
Det A = 30
uma nova matriz com uma ordem a menos.
Subtraia de cada elemento dessa nova matriz menor Propriedade dos Determinantes
complementar (Dij) o produto dos elementos que perten- As propriedades dos determinantes servem para facilitar o
ciam a sua linha e coluna e que foram retirados, formado cálculo do determinante, uma vez que, com elas, diminuímos
nosso trabalho nas resoluções das questões de concursos.
outra matriz.
Ex.: Calcule o determinante dessa última matriz e multi- Determinante de Matriz Transposta
plique por (-1)i + j, sendo que i e j pertencem ao elemento Se A é uma matriz de ordem “n” e At sua transposta, então: 93
aij = 1. Det. At = Det. A
Det. A = 6 - 4
A2 x 2 = Det. A = 2
94
3 · A2 x 2 =
Det. A = 2 · 4 - 3 · 1
Det. 3A = 6 . 9 - 3 . 12
Det. A = 8 - 3 Det. 3A = 54 - 36
Det. 3A = 18
RLM e MATEMÁTICA

Det. A = 5 Det (k . A) = kn . Det. A


Det (3 . A) = 32 . 2
At 2 x 2 = Det (3 . A) = 9 . 2
Det (3 . A) = 18
Det. At = 2 x 4 - 1 · 3 Determinante de uma Matriz com
Filas Paralelas Iguais
Det. At = 8 - 3 Se uma matriz A de ordem n t 2 tem duas filas paralelas
com os elementos respectivamente iguais, então: Det. A = 0
Det. At = 5
Ex.: A2 x 2 =
Determinante de uma Matriz com Fila Nula Det. A = 2 . 3 - 3 . 2
Det. A = 6 - 6
Ş
ŝ#-ŝŦ

Se uma das filas (linha ou coluna) da matriz A for toda


nula, então: Det. A = 0 Det. A = 0

Ex.: A2 x 2 = Determinante de uma Matriz com Filas Paralelas


Det. A = 2 . 0 – 3 . 0 Proporcionais
Det. A = 0 - 0 Se uma matriz A de ordem n t 2 tem duas filas paralelas
Det. A = 0 com os elementos respectivamente proporcionais, então: Det.
A = 0.
Determinante de uma Matriz cuja Fila foi Multi-
plicada por uma Constante Ex.: A2 x 2 =
Se multiplicarmos uma fila (linha ou coluna) qualquer da
matriz A por um número k, o determinante da nova matriz será Det. A = 3 . 8 - 6 . 4
Det. A = 24 - 24
k vezes o determinante de A.
Det. A = 0
Det. A‘ (k vezes uma fila de A) = k . Det. A
Ex.: A2 x 2 = Determinante de uma Matriz com Troca de Filas
Paralelas
Det. A = 2 . 2 - 1 . 3
Se em uma matriz A de ordem n t 2 trocarmos de posição
Det. A = 4 - 3 duas filas paralelas, obteremos uma nova matriz B, tal que:
Det. A = 1 Det. A = - Det. B
A‘2 x 2 = (k = 2) Ex.: A2 x 2 =

Det. A‘ = 4 . 2 - 2 . 3 Det. A = 5 . 3 - 2 . 4
Det. A‘ = 8 - 6 Det. A = 15 - 8
Det. A‘ = 2 Det. A = 7
Det. A‘ = k . Det. A B2 x 2 =
Det. A’ = 2 . 1 Det. B = 4 . 2 - 5 . 3
Det. A’ = 2 Det. B = 8 - 15
Det. B = -7
Determinante de uma Matriz Multiplicada por
uma Constante Det. A = - Det. B
Se multiplicarmos toda uma matriz A de ordem “n” por um Det. A = - (-7)
número k, o determinante da nova matriz será o produto (multi-
Det. A = 7
plicação) de kn pelo determinante de A.
Det (k . A) = kn . Det. A Determinante do Produto de Matrizes
Ex.:
A2 x 2 = Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então:
Det. A = 2 . 3 - = 1 . 4 Det. (A . B) = Det. A . Det. B
Ex.: A2 x 2 = Sistemas Lineares
Det. A = 1 . 3 - 2 . 2 Equações Lineares: é toda equação do 1º grau com uma ou
Det. A = 3 - 4 mais incógnitas.
Det. A = -1 Sistemas Lineares: é o conjunto de equações lineares.
Ex.: Equação: 2x + 3y = 7
B2 x 2 =
Sistema:
Det. B = 2 . 4 - 5 . 3
Det. B = 8 - 15
Equação: x + 2y + z = 8
Det. B = -7
A · B2 x 2 =
Sistema:
Det. (A . B) = 8 . 22 - 13 . 13
Det. (A . B) = 176 - 169
Representação de um Sistema
Det. (A . B) = 7 Linear em Forma de Matriz
Det. (A . B) = Det. A . Det. B
Todo sistema linear pode ser escrito na forma de uma ma-
Det. (A . B) = (-1) . (-7) triz.
Det. (A . B) = 7 Esse conteúdo será importante mais adiante para a reso-
lução dos sistemas.
Determinante de uma Matriz Triangular
O determinante é igual ao produto dos elementos da di-
agonal principal.
Forma de Matriz:
Determinante de uma Matriz Inversa
Seja B a matriz inversa de A, então, a relação entre os de- · =
terminantes de B e A é dado por:
termos independentes
Matriz Incompleta:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Matriz de x
Ex.: A2 x 2 =
Det. A = 1 . 1 - (-2 . 3)
Substituem-se os coeficientes de x pelos termos indepen-
Ex.: Det. A = 1 + 6 dentes.
Det. A = 7
Matriz de Y
B = A-12 x 2 =

Det. B = (1/7 . 1/7) - (2/7 . -3/7) Substituem-se os coeficientes de y pelos termos indepen-
RLM e MATEMÁTICA

dentes.
Det. B = 1/49 + 6/49
Det. B = 7/49 Resolução de um Sistema Linear
Resolvem-se os sistemas pelo método dos determinan-
Det. B = 1/7
tes, também conhecido como Regra de Cramer.
A regra consiste em: o valor das variáveis será calculado
dividindo-se o determinante da matriz da variável pelo de-
terminante da matriz incompleta, do sistema.
Então:
O valor de x é dado por:
x=
95
O valor de y é dado por:
Valor de y é: y = =2
96 y=
O valor de z é dado por: Valor de z é: z = =1
z=
Solução: x= 3, y = 2 e z = 1
RLM e MATEMÁTICA

Se o determinante da matriz incompleta for diferente de


zero (Det. In. z 0), teremos sempre um sistema possível e de- 13. Funções, Função Afim e Função
terminado;
Se o determinante da matriz incompleta for igual a zero
Quadrática
(Det. In. = 0), temos duas situações: Neste capítulo será abordado um assunto de grande im-
1ª: Se os determinantes de todas as matrizes das variáveis portância para a matemática: as funções.
também forem iguais a zero (Det. X = 0 e Det. Y = 0 e Det. Z =
0), teremos um sistema possível e indeterminado; Definições, Domínio,
2ª: Se o determinante de, pelo menos, uma das matrizes das Contradomínio e Imagem
variáveis for diferente de zero (Det. . z 0 ou Det. Y z 0 ou Det. Z A função é uma relação estabelecida entre dois conjuntos
z 0), teremos um sistema impossível. A e B, em que exista uma associação entre cada elemento de A
DETERMINADO com um único de B por meio de uma lei de formação.
Ş
ŝ#-ŝŦ

(SPD) Matematicamente, podemos dizer que função é uma re-


lação de dois valores, por exemplo: ƒ(x) = y, sendo que x e y
POSSÍVEL são valores, nos quais x é o domínio da função (a função está
INDETERMINADO dependendo dele) e y é um valor que depende do valor de x,
SISTEMAS (SPI) sendo a imagem da função.
LINEARES As funções possuem um conjunto chamado domínio e ou-
IMPOSSÍVEL tro chamado de imagem da função, além do contradomínio.
(SI) No plano cartesiano, que o eixo x representa o domínio da fun-
ção, enquanto no eixo y apresentam-se os valores obtidos em
função de x, constituindo a imagem da função (o eixo y seria o
Ex.: SPD: sistema possível e determinado (quando Det. contradomínio da função).
In. z 0). Demonstração:
SPI: sistema possível e indeterminado (quando Det. In. = 0, Com os conjuntos A = {1, 4, 7} e B = {1, 4, 6,
e Det. . = 0 e Det. Y = 0 e Det. Z = 0). 7, 8, 9, 12} cria-se a função f: A ї B definida por
SI: sistema impossível (quando Det. In. = 0, e Det. . z 0 ou ƒ(x) = x + 5, que também pode ser representada por
Det. Y z 0 ou Det. Z z 0). y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos, desta função é:
Ex.: A B
1
1
4
6
4 9 8
Matriz incompleta: det. In. = -9
12
7 7

Matriz de X: det. X = -27 O conjunto A é o conjunto de saída e o B é o conjunto de


chegada.
Domínio é um sinônimo para conjunto de saída, ou seja,
para esta função o domínio é o próprio conjunto A = {1, 4, 7}.
Matriz de Y: det. Y = -18 Como, em uma função, o conjunto de saída (domínio) deve
ter todos os seus elementos relacionados, não precisa ter sub-
divisões para o domínio.
Matriz de Z: det. Z = -9 O domínio de uma função também é chamado de campo
de definição ou campo de existência da função, e é represen-
tado pela letra “D”.
O conjunto de chegada “B”, também possui um sinônimo,
Valor de x é: x = =3 é chamado de contradomínio, representado por “CD”.
Note que se pode fazer uma subdivisão dentro do contrado- Função Bijetora
mínio. Podemos ter elementos do contradomínio que não são
Toda a função que for Injetora e Sobrejetora ao mesmo
relacionados com algum elemento do Domínio e outros que são.
tempo.
Por isso, deve-se levar em consideração esta subdivisão.
Este subconjunto é chamado de conjunto imagem, e é Funções Crescentes,
composto por todos os elementos em que as flechas de rela-
cionamento chegam. Decrescentes e Constantes
O conjunto Imagem é representado por “Im”, e cada ponto
que a flecha chega é chamado de imagem.
Função Crescente
À medida que x “aumenta”, as imagens vão “aumentando”.
Plano Cartesiano Com x1 > x2 a função é crescente para ƒ(x1) > ƒ(x2), isto é,
Criado por René Descartes, o plano cartesiano consiste aumentando valor de x, aumenta o valor de y.
em dois eixos perpendiculares, sendo o horizontal chamado
de eixo das abscissas e o vertical de eixo das ordenadas. O Função Decrescente
plano cartesiano foi desenvolvido por Descartes no intuito de À medida que x “aumenta”, as imagens vão “diminuindo”
localizar pontos num determinado espaço. (decrescendo).
As disposições dos eixos no plano formam quatro Com x1 > x2 a função é crescente para ƒ(x1) < ƒ(x2), isto é,
quadrantes, mostrados na figura a seguir: aumentando x, diminui o valor de y.
y
Função Constante
Em uma função constante qualquer que seja o elemento do
domínio, eles sempre terão a mesma imagem, ao variar x encon-
2º Quadrante 1º Quadrante
tra-se sempre o mesmo valor y.

Funções Inversas e Compostas


0 x Função Inversa
Dada uma função ƒ: A o B, se f é bijetora, se define a
3º Quadrante 4º Quadrante função inversa f-1 como sendo a função de B em A, tal que ƒ-1
(y) = x.
Ex.: Determine a inversa da função definida por:
y = 2x + 3

Ş
ŝ#-ŝŦ
O encontro dos eixos é chamado de origem. Cada ponto Trocando as variáveis x e y:
do plano cartesiano é formado por um par ordenado (x, y), em x = 2y + 3
que x: abscissa e y: ordenada.
Colocando y em função de x:
Raízes 2y = x - 3
Em matemática, uma raiz ou “zero” da função consiste em y= , que define a função inversa da função dada.
determinar os pontos de interseção da função com o eixo das
abscissas no plano cartesiano. A função ƒ é um elemento no Função Composta
domínio de ƒ tal que ƒ(x) = 0. Chama-se função composta (ou função de função) a fun-
Ex.: Considere a função: ção obtida substituindo-se a variável independente x por uma
ƒ(x) = x2 - 6x + 9 função.
RLM e MATEMÁTICA

3 é uma raiz de ƒ, porque: Simbolicamente fica:


ƒ(3) = 32 - 6 . 3 + 9 = 0 ƒog(x) = ƒ(g(x)) ou goƒ(x)= g(ƒ(x))
Ex.: Dadas as funções ƒ(x) = 2x + 3 e g(x) = 5x, determine
Funções Injetoras, goƒ(x) e ƒog(x).
goƒ(x) = g[ƒ(x)] = g(2x + 3) = 5(2x + 3) = 10x + 15
Sobrejetoras e Bijetoras
ƒog(x) = ƒ[g(x)] = ƒ(5x) = 2(5x) + 3 = 10x + 3
Função Injetora
É toda a função em que cada x encontra um único y, ou Função Afim
seja, os elementos distintos têm imagens distintas. Chama-se função polinomial do 1º grau, ou fun-
ção afim, a qualquer função ƒ dada por uma lei da forma
Função Sobrejetora ƒ(x) = ax + b, cujo a e b são números reais dados e a z 0.
Toda a função em que o conjunto imagem é exatamente Na função ƒ(x) = ax + b, o número a é chamado de coefi- 97
igual ao contradomínio (y). ciente de x e o número b é chamado termo constante.
Gráfico Portanto, y é positivo para valores de x menores que a raiz;
98 y é negativo para valores de x maiores que a raiz.
O gráfico de uma função polinomial do 1º grau, y
y = ax + b, com a z 0, é uma reta oblíqua aos eixos x e y.
y
-b -b
y 0 x>
a a
RLM e MATEMÁTICA

0 x
-b
x x< y 0
a
-1
Equações e Inequações do 1º Grau
Equação
Zero e Equação do 1º Grau Uma equação do 1º grau na incógnita x é qualquer ex-
Chama-se zero ou raiz da função polinomial do 1º grau ƒ(x) pressão do 1º grau que pode ser escrita numa das seguintes
= ax + b, a z 0, o número real x tal que f(x) = 0. formas:
Assim: f(x) = 0 Ÿax + b = 0 Ÿ
ax + b = 0
Ş
ŝ#-ŝŦ

Crescimento e Decrescimento
Para resolver uma equação, basta achar o valor de “x”.
A função do 1º grau ƒ(x) = ax + b é crescente quando o
coeficiente de x é positivo (a > 0). Sistema de Equação
A função do 1º grau ƒ(x) = ax + b é decrescente quando o Um sistema de equação de 1º grau com duas incógnitas é
coeficiente de x é negativo (a < 0). formado por: duas equações de 1º grau com duas incógnitas
diferentes em cada equação.
Sinal Ex.:
Estudar o sinal de qualquer y = ƒ(x) é determinar os valor de
x para os quais y é positivo, os valores de x para os quais y é zero
e os valores de x para os quais y é negativo.
Considere uma função afim y = ƒ(x) = ax + b, essa função
Para encontramos o par ordenado solução desse sistema, é
se anula para a raiz . preciso utilizar dois métodos para a sua solução. Esses dois mé-
todos são: Substituição e Adição.
Há então, dois casos possíveis:
a > 0 (a função é crescente) Método da substituição:
y>0 ax + b > 0 Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equação.
Y < 0 ax + b < 0
Logo, y é positivo para valores de x maiores que a raiz; y é Dado o sistema enumeramos as equa-
negativo para valores de x menores que a raiz.
y ções.
1
2
-b -b x>0 Escolhemos a equação 1 e isolamos o x:
x<
a a x + y = 20
x = 20 - y
x<0 0 -b x
x> Equação 2 substituímos o valor de x = 20 - y.
a
3x + 4 y = 72
3 (20 - y) + 4y = 72
60 - 3y + 4y = 72
a < 0 (a função é decrescente) - 3y + 4y = 72 - 60
y = 12
y>0 ax + b > 0
Para descobrir o valor de x, basta substituir y por 12 na
y>0 ax + b > 0 equação:
x = 20 - y. Ex.: Resolva a inequação -2x + 7 > 0:
x = 20 - y -2x > -7 . (-1)
x = 20 - 12
x=8 2x < 7
Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)
x < 7/2
Método da adição: Logo, a solução da inequação é x < 7/2.
Este método consiste em adicionar as duas equações de
tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero. Para Resolva a inequação 2x - 6 < 0.
que isso aconteça, será preciso que multipliquemos algumas
vezes as duas equações ou apenas uma equação por números 2x < 6
inteiros para que a soma de uma das incógnitas seja zero. x < 6/2
Dado o sistema:
x<3
Portanto, a solução da inequação é x < 3.
Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma das Pode-se resolver qualquer inequação do 1º grau por meio
incógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira equa-
ção por - 3. do estudo do sinal de uma função do 1º grau, com o seguinte
(-3) procedimento:
Iguala-se a expressão ax + b a zero;
Agora, o sistema fica assim:
Localiza-se a raiz no eixo x;
Estuda-se o sinal conforme o caso.
Adicionando as duas equações: Ex.: -2x + 7 > 0
- 3x - 3y = - 60
-2x + 7 = 0
+ 3x + 4y = 72
y = 12 x = 7/2
Para descobrir o valor de x, basta escolher uma das duas
equações e substituir o valor de y encontrado:

Ş
ŝ#-ŝŦ
7/2
x + y = 20
x
x + 12 = 20 x < 7/2
x = 20 - 12
x=8 Ex.: 2x - 6 < 0
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12)
2x - 6 = 0
Inequação
x=3
Uma inequação do 1º grau na incógnita x é qualquer ex-
pressão do 1º grau que pode ser escrita numa das seguintes
formas: x<3
ax + b > 0; 3
x
RLM e MATEMÁTICA

ax + b < 0;
ax + b t 0;
ax + b d 0.
Cujo a, b são números reais com a z 0.
Ex.: -2x + 7 > 0 Função Quadrática
x - 10 d 0 Chama-se função quadrática, ou função polinomial do 2º
2x + 5 d 0 grau, qualquer função ƒ de IR em IR dada por uma lei da forma
12 - x < 0 ƒ(x) = ax2 + bx + c, em que a, b e c são números reais e a z 0.
Resolvendo uma Inequação de 1º Grau Gráfico
Uma maneira simples de resolver uma equação do 1º grau
é isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O gráfico de uma função polinomial do 2º grau, y = ax2 + 99
Observe dois exemplos: bx + c, com a z 0, é uma curva chamada parábola.
y
y
100
a
8

(-3, 6) 6 (2, 6)
0
RLM e MATEMÁTICA

V
4
y
V a
(-2, 2)
2 (1, 2)
0 x

0
(1 , 0) (0, 0)
(
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ao construir o gráfico de uma função quadrática


y = ax2 + bx + c, note sempre que: Imagem
Se a > 0, a parábola tem a concavidade voltada para cima; O conjunto-imagem “Im” da função y = ax2 + bx + c, a z 0,
Se a < 0, a parábola tem a concavidade voltada para baixo. é o conjunto dos valores que y pode assumir. Há duas possi-
bilidades:
Zero e Equação do 2º Grau Quando a > 0
Chama-se zeros ou raízes da função polinomial do 2º grau Im =
ƒ(x) = ax2 + bx + c, a z 0 os números reais x tais que ƒ(x) = 0. a>0
As raízes da função ƒ(x) = ax2 + bx + c são as soluções da y
equação do 2º grau ax2 + bx + c = 0, as quais são dadas pela
chamada fórmula de Bhaskara:

x=
yv v

Temos: 0 xv x

ƒ(x) = 0 x=
Quando a < 0,
A quantidade de raízes reais de uma função qua-
drática depende do valor obtido para o radicando Im =
' = b2 - 4 . a . c , chamado discriminante, a saber:
a<0
Quando ' é positivo, há duas raízes reais e distintas;
y
Quando ' é zero, há só uma raiz real (para ser mais pre- 0 xv x
ciso, há duas raízes iguais);
Quando ' é negativo, não há raiz real. yv
v
Coordenadas do Vértice da Parábola
Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para
cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem
concavidade voltada para baixo e um ponto de máximo V.
Em qualquer caso, as coordenadas de V são:
Sinal
(xv, yv) = .
Considerando uma função quadrática y = ƒ(x) = ax2 + bx +
Veja os gráficos: c e determinando os valores de x para os quais y é negativo e
os valores de x para os quais y é positivo.
Conforme o sinal do discriminante ' = b2 - 4ac podemos X1 = X2
ocorrer os seguintes casos: 0

'>0
y<0 y<0
Nesse caso, a função quadrática admite dois zeros reais
distintos (x1 z x2). A parábola intercepta o eixo x em dois pon-
tos e o sinal da função é o indicado nos gráficos abaixo:
y

Quando a < 0

'<0
y
y>0 y>0
0 x1 x
y<0 x2

Quando a > 0 y>0


y>0 (x < x1 ou x > x2); y < 0 x1 < x < x2) 0
x
y Quando a > 0

x1 y>0 X2
0 x y x
y<0 y<0
0

Ş
ŝ#-ŝŦ
y<0

Quando a < 0 Quando a < 0

y>0 x1 < x < x2; y < 0 (x < x1 ou x > x2)

'=0 Equações e Inequações do 2º Grau


RLM e MATEMÁTICA

y Equação
Uma equação do 2º grau na incógnita x é uma expressão
do 2º grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:

ax2 + bx + c = 0

y>0 y>0
Para resolver uma equação basta achar os valores de “x”.
Inequação
0 x1 = x2 x
Uma inequação do 2º grau na incógnita x é uma expressão
Quando a > 0 do 2º grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax2 + bx + c > 0; 101
ax2 + bx + c < 0;
ax2 + bx + c t 0; Estabeleça as seguintes funções: y1 = 2x + 6 e y2= - 3x + 12
102 ax2 + bx + c d 0. Determinando a raiz da função (y = 0) e a posição da reta
Para resolver uma inequação do 2º grau deve-se estudar o (a > 0 crescente e a < 0 decrescente).
sinal da função correspondente à equação. y1 = 2x + 6
Igualar a sentença do 2º grau a zero; 2x + 6 = 0
2x = - 6
Localizar as raízes da equação no eixo x, se existir;
x = -3
RLM e MATEMÁTICA

Estudar o sinal da função correspondente, tendo-se


como possibilidades:
-3 +
a>0 - x

+ + y2 = -3x + 12
x
0 x1 - x2 -3x + 12 = 0
-3x = -12
x=4
+ +
+ 4
x1 = x2 - x
Ş
ŝ#-ŝŦ

Verificando o sinal da inequação produto


(2x + 6) . (-3x + 12) > 0. Observe que a inequação produto exi-
+ + ge a seguinte condição: os possíveis valores devem ser maio-
res que zero, isto é, positivos.
-3 4
a<0 y - + +
1
+
- - y + + -
x1 x2 x 2

y.y - + -
1 2
- x1 = x 2 - x
Por meio do esquema que demonstra os sinais da ine-
quação produto y1 . y2, pode-se chegar à seguinte conclusão
quanto aos valores de x = x ˒R / -3 < x < 4.

- - Inequação Quociente
Na resolução da inequação quociente, utilizam-se os mes-
mos recursos da inequação produto, o que difere é que, ao cal-
Ex.: Resolva a inequação -x2 + 4 t 0. cularmos a função do denominador, precisamos adotar valores
-x2 + 4 = 0 maiores ou menores que zero e nunca igual a zero. Observe a
x2 - 4 = 0 resolução da seguinte inequação quociente:
x1 = 2 e x2 = -2
Resolver as funções y1 = x + 1 e y2 = 2x – 1, determinando a
raiz da função (y = 0) e a posição da reta (a > 0 crescente e a
-2 + 2
< 0 decrescente).
- x - x y1 = x + 1
x+1=0
x = -1

Inequação Produto -1 +
Resolver uma inequação produto consiste em encontrar - x
os valores de x que satisfaçam a condição estabelecida pela
inequação. Para isso, utilizamos o estudo do sinal de uma
y2 = 2x - 1
função. Observe a resolução da seguinte equação produto: 2x - 1 = 0
(2x + 6) . (-3x + 12) > 0.
2x = 1 Quando 0 < a < 1.
x = 1/2 3

2
y
1/2 + 1
- x
-3 -2 -1 1 x 2 3
-
1 -1
-1 2 -2
y -
1 + + -3
y - - ƒ (x) é decrescente e Im = IR+
2 +
y y - Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 y2 < y1 (as desi-
+ +
-

1 2 gualdades têm sentidos diferentes).


Com base no jogo de sinal, conclui-se que x as- Nas duas situações, pode-se observar que:
sume os seguintes valores na inequação quociente:
x ˒ R / -1 d x < 1/2. O gráfico nunca intercepta o eixo horizontal; a função não
tem raízes; o gráfico corta o eixo vertical no ponto (0,1); os va-
14. Função Exponencial e Função lores de y são sempre positivos (potência de base positiva é
positiva), portanto, o conjunto imagem é Im =IR+.
Logarítmica Inequações Exponenciais
Equação e Função Exponencial Chama-se de inequação exponencial toda inequação na
qual a incógnita aparece em expoente.
Chama-se de equação exponencial toda equação na qual a
incógnita aparece em expoente. Para resolver inequações exponenciais, deve-se realizar
dois passos:
Para resolver equações exponenciais, devem-se realizar
dois passos importantes: Redução dos dois membros da inequação a potências
Redução dos dois membros da equação a potências de mesma base;
de mesma base; Aplicação da propriedade:
Aplicação da propriedade: a>1
am > an m > n
am = an Ÿ m = n (a z 1 e a >) (as desigualdades têm mesmo sentido)

Ş
ŝ#-ŝŦ
0<a<1
am > an m < n
Função Exponencial (as desigualdades têm sentidos diferentes)
Chamam-se de funções exponenciais aquelas nas quais
temos a variável aparecendo em expoente. Equação e Função Logarítmica
A função ƒ : IR o IR+ , definida por ƒ (x) = ax, com a IR+
e a z 1, é chamada função exponencial de base a. O domínio Logaritmo
dessa função é o conjunto IR (reais) e o contradomínio é IR+
(reais positivos, maiores que zero).
ax = b œ logab = x
Gráfico Cartesiano da Função Exponencial
Há 2 casos a considerar: Sendo b > 0, a > 0 e a z 1
RLM e MATEMÁTICA

Quando a>1; Na igualdade x = logab tem :


3 a= base do logaritmo
2 b= logaritmando ou antilogaritmo
y x= logaritmo
1
Consequências da Definição
-3 -2 -1 1 x 2 3 Sendo b > 0, a > 0 e a z 1 e m um número real qualquer, há,
-1
a seguir, algumas consequências da definição de logaritmo:
-2 loga1 = 0
-3 logaa = 1
ƒ (x) é crescente e Im = IR+ logaam = m
Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 y2 > y1 (as desi- alogab = b 103
gualdades têm mesmo sentido). logab = logac b=c
Propriedades Operatórias dos Logaritmos Para quaisquer x1 e x2 do domínio : x2 > x1 y2 < y1 (as desi-
104 gualdades têm sentidos diferentes).
log a (x .y) = log a x + log a y
Nas duas situações, pode-se observar que:
§ x·
log a ¨¨ ¸¸ = log a x − log a y ▷ O gráfico nunca intercepta o eixo vertical;
© y¹ ▷ O gráfico corta o eixo horizontal no ponto (1,0);
m
▷ A raiz da função é x = 1;
RLM e MATEMÁTICA

log a x = m . log a x ▷ Y assume todos os valores reais, portanto, o conjun-


m
to imagem é Im = IR.
log an xm = log a x n = m
n . log a x Equações Logarítmicas
Cologaritmo Chama-se de equações logarítmicas toda equação que en-
volve logaritmos com a incógnita aparecendo no logaritman-
1
colog a b = log a do, na base ou em ambos.
b
colog a b = − log a b Inequações Logarítmicas
Chama-se de inequações logarítmicas toda inequação que
Mudança de Base envolve logaritmos com a incógnita aparecendo no logarit-
log b x mando, na base ou em ambos.
Ş
ŝ#-ŝŦ

log a x = Para resolver inequações logarítmicas, deve-se realizar


log b a
dois passos:
Função Logarítmica Redução dos dois membros da inequação a logaritmos
A função ƒ: IR + o IR, definida por ƒ(x) = logax, com a z 1 e de mesma base;
a > 0, é chamada função logarítmica de base a. O domínio des- Aplicação da propriedade:
sa função é o conjunto IR+ (reais positivos, maiores que zero) e a>1
o contradomínio é IR (reais). logam > logan m > n > 0
Gráfico Cartesiano da Função Logarítmica (as desigualdades têm mesmo sentido)
Há dois casos a se considerar: 0<a<1
Quando a>1; logam > logan 0 < m < n
3
(as desigualdades têm sentidos diferentes)
2
y
1 15. Trigonometria
Neste capítulo estudaremos sobre os triângulos e as rela-
-2 -1 1 x2 3
ções que os envolvem.
-1

-2 Triângulos
O triângulo é uma das figuras mais simples e também
-3
uma das mais importantes da Geometria. O triângulo possui
ƒ (x) é crescente e Im = IR propriedades e definições de acordo com o tamanho de seus
Para quaisquer x1 e x2 do domínio:x2 > x1 y2 > y1 (as desi- lados e medida dos ângulos internos.
gualdades têm mesmo sentido) Quanto aos lados, o triângulo pode ser classificado da se-
Quando 0<a<1. guinte forma:
3
Equilátero: possui os lados com medidas iguais.
2 Isósceles: possui dois lados com medidas iguais.
y
1 Escaleno: possui todos os lados com medidas diferentes.
Quanto aos ângulos, os triângulos podem ser denomina-
-2 -1 1 x 2 3 dos:
-1 Acutângulo: possui os ângulos internos com medidas me-
-2 nores que 90°.
Obtusângulo: possui um dos ângulos com medida maior
-3
que 90°.
Retângulo: possui um ângulo com medida de 90°, chama-
ƒ (x) é decrescente e Im = IR do ângulo reto.
No triângulo retângulo existem importantes relações, uma
delas é o Teorema de Pitágoras, que diz o seguinte: “A soma B
dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”. c a

a2 = b2 + c2 A C
b
A condição de existência de um triângulo é: um lado
do triângulo seja sempre menor do que a soma dos a2 = b2 + c2 - 2 . b . c . cos A
outros dois lados e seja sempre maior do que a dife- b2 = a2 + c2 - 2 . a . c . cos B
rença desses dois lados. c2 = a2 + b2 - 2 . a . b . cos C

Trigonometria no Triângulo Medidas dos Ângulos


Retângulo
As razões trigonométricas básicas são relações entre as Medidas em Grau
medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos. As Sabe-se que uma volta completa na circunferência corres-
três funções básicas mais importantes da trigonometria são: ponde a 360o; se dividir em 360 arcos, haverá arcos unitários
seno, cosseno e tangente. O ângulo é indicado pela letra x. medindo 1° grau. Dessa forma, diz-se que a circunferência é
Função Notação Definição simplesmente um arco de 360o com o ângulo central medindo
uma volta completa ou 360o.
seno sen(x)
Também se pode dividir o arco de 1o grau em 60 arcos de
cosseno cos(x)
medidas unitárias iguais a 1’ (arco de um minuto). Da mesma
forma podemos dividir o arco de 1’ em 60 arcos de medidas
tangente tan(x) unitárias iguais a 1” (arco de um segundo).

Relação fundamental: para todo ângulo x (medido em ra- Medidas em Radianos


dianos), vale a importante relação: Dada uma circunferência de centro O e raio R, com um arco
de comprimento s e D o ângulo central do arco, vamos deter-
cos2(x) + sen2(x) = 1 minar a medida do arco em radianos de acordo com a figura
a seguir:
Trigonometria num Triângulo

Ş
ŝ#-ŝŦ
B
Qualquer
R
Os problemas envolvendo trigonometria são resolvidos em
sua maioria por meio da comparação com triângulos retângu- O ɲ S
los. Mas no cotidiano algumas situações envolvem triângulos
acutângulos ou triângulos obtusângulos. Nesses casos, neces-
sitamos do auxílio da Lei dos Senos ou dos Cossenos.
A
Lei dos Senos
Diz-se que o arco mede um radiano se o comprimento
A Lei dos Senos estabelece relações entre as medidas dos
do arco for igual à medida do raio da circunferência. Assim,
lados com os senos dos ângulos opostos aos lados. Observe:
para saber a medida de um arco em radianos, deve-se calcular
RLM e MATEMÁTICA

B quantos raios da circunferência são precisos para se ter o com-


a primento do arco. Portanto:
c

A C
ɲ=
b
a b c Com base nessa fórmula, podemos expressar outra ex-
= = pressão para determinar o comprimento de um arco de cir-
senA senB senC
cunferência:
Lei dos Cossenos
Nos casos em que não pode aplicar a Lei dos Senos, exis- s=ɲ.R
te o recurso da Lei dos Cossenos. Ela permite trabalhar com a
medida de dois segmentos e a medida de um ângulo. Dessa De acordo com as relações entre as medidas em grau e ra-
forma, se dado um triângulo ABC de lados medindo a, b e c, diano de arcos, vamos destacar uma regra de três capaz de con- 105
temos: verter as medidas dos arcos.
360° o 2ʋ radianos (aproximadamente 6,28) tg x =
106 180° o ʋ radiano (aproximadamente 3,14)
90° o ʋ/2 radiano (aproximadamente 1,57) cotg x =
45° o ʋ/4 radiano (aproximadamente 0,785)
Medida em graus Medida em radianos
sec x =
180 ʋ
x a
RLM e MATEMÁTICA

cossec x =
Ciclo Trigonométrico A partir da relação fundamental, encontram-se ainda as
Considerando um plano cartesiano, representados nele um seguintes relações:
círculo com centro na origem dos eixos e raios. (sen x)2 + (cos x)2 = 1 = [relação fundamental da trigono-
Divide-se o ciclo trigonométrico em quatro arcos, obtendo metria]
quatro quadrantes. 1 + (cotg x)2 = (cossec x )2
y 1 + (tg x)2 = (sec x)2
Redução ao 1° Quadrante
sen(90° - D) = cos D
cos(90° - D) = sen D
Ş
ŝ#-ŝŦ

2º quadrante 1º quadrante x sen(90° + D) = cos D


3º quadrante 4º quadrante A (1,0) cos(90° + D) = -sen D
sen(180° - D) = sen D
cos(180° - D) = -cosD
r=1

tg(180° - D) = -tg D
sen(180° + D) = -sen D
Dessa forma, obtêm-se as relações: cos(180° + D) = -cos D
Em graus : Em radianos : sen(270° - D) = -cos D
cos(270° - D) = -senD
90 2
sen(270° + D) = -cos D
cos(270° + D) = senD
sen(-D) = -sen D
180 0 = 360 ʋ 0 = 2ʋ cos(-D) = cos D
tg(-D) = -tg D
270 3
2 Funções Trigonométricas
Razões Trigonométricas Função Seno
As principais razões trigonométricas são: Chama-se função seno a função ƒ(x) = sen x.
C
O domínio dessa função é R e a imagem é Im [-1,1]; visto
que, na circunferência trigonométrica, o raio é unitário.
Então:
b
a Domínio de ƒ(x) = sen x; D(sen x) = R.
Imagem de ƒ(x) = sen x; Im(sen x) = [ -1,1] .
y
ɲ
1
B c A

/2 3 /2 2 x

-1

Sinal da Função
ƒ(x) = sen x é positiva no 1° e 2° quadrantes (ordenada
Outras razões decorrentes dessas são: positiva);
ƒ(x) = sen x é negativa no 3° e 4° quadrantes (ordenada
negativa). 1

Quando , 1° quadrante, o valor de sen x


cresce de 0 a 1. S/ 2 S 3S/ 2 2S

Quando , 2° quadrante, o valor de sen x -1

decresce de 1 a 0.
Sinal da Função
Quando , 3° quadrante, o valor de sen x ƒ(x) = tg x é positiva no 1º e 3º quadrantes (produto da
decresce de 0 a -1. ordenada pela abscissa positiva);
ƒ(x) = tg x é negativa no 2º e 4º quadrantes (produto da
Quando , 4° quadrante, o valor de sen x ordenada pela abscissa negativa).
cresce de -1 a 0. Outras Funções
Função Cosseno Função Secante:
Chama-se função cosseno a função ƒ(x) = cos x. Denomina-se função secante a função:
O domínio dessa função também é R e a imagem é Im [-1,1]; ƒ(x) =
visto que, na circunferência trigonométrica, o raio é unitário.
Então:
Domínio de ƒ(x) = cos x; D(cos x) = R. Função Cossecante:
Imagem de ƒ(x) = cos x; Im(cos x) = [ -1,1]. Denomina-se função cossecante a função:
ƒ(x) =
1

Função Cotangente:
/2 3 /2 2 Denomina-se função cossecante a função:
-1 ƒ(x) =

Ş
ŝ#-ŝŦ
Sinal da Função Identidades e Operações
ƒ(x) = cos x é positiva no 1º e 4º quadrantes (abscissa po- Trigonométricas
sitiva); As mais comuns são as seguintes:
ƒ(x) = cos x é negativa no 2º e 3º quadrantes (abscissa sen(a + b) = sen a . cos b + sen b . cos a
negativa). sen(a - b) = sen a . cos b - sen b . cos a
Quando , 1º quadrante, o valor do cos x cos(a + b) = cos a . cos b - sen a . cos b
cos(a - b) = cos a . cos b + sen a . cos b
decresce de 1 a 0.
Quando , 2º quadrante, o valor do cos x
decresce de 0 a -1.
RLM e MATEMÁTICA

Quando , 3º quadrante, o valor do cos x


cresce de -1 a 0. sen(2x) = 2 . sen(x) . cos(x)
Quando, 4º quadrante, o valor do cos x cos(2x) = cos2(x) - sen2(x)

cresce de 0 a 1.
Função Tangente
Chama-se função tangente a função ƒ(x) = tg x.
Então:
Domínio de ƒ(x): o domínio dessa função são todos os nú-
meros reais, exceto os que zeram o cosseno, pois não existe
cos x = 0 107
Imagem de ƒ(x) = Im = ] -f, f[
108
16. Geometria Plana O quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados
dos catetos.
Neste capítulo serão abordados os principais conceitos de
geometria plana e suas aplicações. a2 = b2 + c2
Além das relações que decorrem do teorema de Pitágoras,
Semelhanças de Figuras o quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa
Duas figuras (formas geométricas) são semelhantes quan- pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
RLM e MATEMÁTICA

do satisfazem a duas condições: os seus ângulos têm o mesmo


tamanho e os lados correspondentes são proporcionais. b2 = a . n
Nos triângulos existem alguns casos de semelhanças bem c2 = a . m
conhecidos; O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa
1º caso: LAL (lado, ângulo, lado): dois lados congruentes e o pela altura relativa à hipotenusa.
ângulo entre esses lados também congruentes.
C F b.c=a.h
O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos
catetos sobre a hipotenusa.

A B E G h2 = m . n
Ş
ŝ#-ŝŦ

2º caso: LLL (lado, lado, lado): os três lados congruentes. Outras relações que não estão nos triângulos retângulos
C G são:
Lei dos Cossenos
Para um triângulo qualquer demonstra-se que:

A B E F
3º caso: ALA (ângulo, lado, ângulo): dois ângulos congruentes b c
e o lado entre esses ângulos também congruente.
A B E F

a
C a2 = b2 + c2 - 2 . b . c . cosȽ
G
4º caso: LAAo (lado, ângulo, ângulo oposto): congruência do Lei dos Senos
ângulo adjacente ao lado, e congruência do ângulo oposto ao
lado.
C
C

A R
c
b

B A B
a
Relações Métricas nos Triângulos
As principais relações métricas nos triângulos são:
Teorema de Pitágoras
A R é o raio da circunferência circunscrita a esse triângulo.
Neste caso, valem as seguintes relações, conforme a lei dos
senos:
c b
h

m n
B a C
Quadriláteros A D
Quadrilátero é um polígono de quatro lados. Eles possuem
os seguintes elementos:
A
Diagonais

B D B C

Losango
Losango é o paralelogramo em que os quatro lados são
congruentes.
A
C
Vértices: A, B, C, e D.
Lados: AB, BC, CD, DA.
Diagonais: AC e BD.
B D
Ângulos internos ou ângulos do quadrilátero ABCD:
.
Todo quadrilátero tem duas diagonais.
O perímetro de um quadrilátero ABCD é a soma das
medidas de seus lados, ou seja: AB + BC + CD + DA. C

Quadriláteros Importantes Quadrado


Paralelogramo Quadrado é o paralelogramo em que os quatro lados e os

Ş
ŝ#-ŝŦ
quatro ângulos são congruentes.
Paralelogramo é o quadrilátero que tem os lados opostos A D
paralelos.
A D

E
h RLM e MATEMÁTICA

B C F B C

h é a altura do paralelogramo. Trapézios


Num paralelogramo: É o quadrilátero que apresenta somente dois lados parale-
Os lados opostos são congruentes; los chamados bases.
Cada diagonal o divide em dois triângulos congru- A D
entes;
Os ângulos opostos são congruentes;
As diagonais interceptam-se em seu ponto médio. F G
H I
Retângulo
Retângulo é o paralelogramo em que os quatro ângulos 109
B E C
são congruentes (retos).
Trapézio Retângulo A soma dos ângulos internos é dada por:
110 É aquele que apresenta dois ângulos retos.
A D
Si = 180 . (n - 2)

E cada ângulo interno é dado por:


RLM e MATEMÁTICA

B C
Diagonais de um Polígono
Trapézio Isósceles O segmento que liga dois vértices não consecutivos de po-
lígono é chamado de diagonal.
É aquele em que os lados não paralelos são congruentes.
O número de diagonais de um polígono é dado pela fór-
A D
mula:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Círculos e Circunferências
Círculo
B C
É a área interna a uma circunferência.

Polígonos Regulares Circunferência


Um polígono é regular se todos os seus lados e todos os É o contorno do círculo. Por definição, é o lugar geométrico
seus ângulos forem congruentes. dos pontos equidistantes ao centro.
Os nomes dos polígonos dependem do critério que se A distância entre o centro e o lado é o raio.
utiliza para classificá-los. Usando o número de ângulos ou o
número de lados, tem-se a seguinte nomenclatura:
r
Nome do Polígono
Número de lados
(ou ângulos) Em função do número Em função do d C
de ângulos número de lados

3 triângulo trilátero
4 quadrângulo quadrilátero
Corda:
5 pentágono pentalátero
É o seguimento que liga dois pontos da circunferência.
6 hexágono hexalátero A maior corda, ou corda maior de uma circunferência, é o
7 heptágono heptalátero diâmetro. Também dizemos que a corda que passa pelo centro
é o diâmetro.
8 octógono octolátero
Posição relativa entre reta e circunferência
9 eneágono enealátero
Secante Tangente Exterior
10 decágono decalátero
11 undecágono undecalátero
12 dodecágono dodecalátero
15 pentadecágono pentadecalátero Uma reta é:
20 icoságono icosalátero ▷ Secante: distância entre a reta e o centro da circun-
ferência é menor que o raio.
Nos polígonos regulares cada ângulo externo é dado por:
▷ Tangente: a distância entre a reta e o centro da cir-
cunferência é igual ao raio.
▷ Externa: a distância entre a reta e o centro da circun-
ferência é maior que o raio.
Posição Relativa entre Circunferência Característica: distância entre os centros menos o raio da
As posições relativas entre circunferência são basicamente 4. menor é menor que o raio da maior.

Circunferência Secante Ângulo Central e Ângulo Inscrito


Central Inscrito

Um ângulo central sempre é o dobro do ângulo inscrito de


um mesmo arco.
Característica: a distância entre os centros é menor que a
soma dos raios das duas, porém, é maior que o raio de cada uma. As áreas de círculos e partes do círculo são:

Externo

Os ângulos podem ser expressos em graus


(360° = 1 volta) ou em radianos (2ʋ= 1 volta)
Característica: a distância entre os centros é maior que a
soma do raio. Polígonos Regulares Inscritos
Tangente e Circunscritos
As principais relações entre a circunferência e os polí-
gonos são:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Qualquer polígono regular é inscritível em uma cir-
cunferência.
Qualquer polígono regular e circunscritível a uma
circunferência.
Característica: distância entre centro é igual à soma dos raios.

Interna

R
r
RLM e MATEMÁTICA

Polígono circunscrito a uma circunferência é o que possui


Característica: distância entre os centros mais o raio da seus lados tangentes à circunferência. Ao mesmo tempo, dize-
menor é igual ao raio da maior. mos que esta circunferência está inscrita no polígono.
Interior Já um polígono é inscrito em uma circunferência se cada
vértice do polígono for um ponto da circunferência, e neste
caso dizemos que a circunferência é circunscrita ao polígono.
Da inscrição e circunscrição dos polígonos nas circunferên-
cias podem-se ter as seguintes relações:
Apótema de um polígono regular é a distância do centro a 111
qualquer lado. Ele é sempre perpendicular ao lado.
112

R
a
Apótema
RLM e MATEMÁTICA

Nos polígonos inscritos:

No Quadrado: No Triângulo Equilátero:


Cálculo da medida do lado (L): Cálculo da medida do lado (L):

L
2R

R
Ş
ŝ#-ŝŦ

Cálculo da medida do apótema (a):

Cálculo da medida do apótema (a): R

L
a

Nos polígonos circunscritos:


No Quadrado:
Cálculo da medida do lado (L):
No Hexágono: L = 2R
Cálculo da medida do lado (L):
Cálculo da medida do apótema (a):

a=R

R L No Hexágono:
Cálculo da medida do lado (L):

L=R
Cálculo da medida do apótema (a):
Cálculo da medida do apótema (a): Losango
a a
a=R
d
a a
• No Triângulo Equilátero:
D
Cálculo da medida do lado (L): D .d
S =
2

Trapézio
b
Cálculo da medida do apótema (a):
c
d h
a=R
B
(B + b) .h
S =
Perímetros e Áreas dos 2

Polígonos e Círculos Triângulo


Perímetro
b c
Perímetro: É o contorno da figura ou seja, a soma dos lados h
da figura.
a
Área .
S= a h
É o espaço interno, ou seja, a extensão que ela ocupa den- 2

tro do perímetro.
ANOTAÇÕES
As principais áreas (S) de polígonos são:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Retângulo

a
S=a.b

Quadrado
RLM e MATEMÁTICA

a
2
S=a

Paralelogramo

b h

a 113
S=a.h
Triângulo Equilátero B
114

A C
l l
h

Por uma reta, pode ser traçada uma infinidade de planos.


RLM e MATEMÁTICA

2
l 3
S=
4

17. Geometria Espacial


Neste capítulo, serão abordados os principais conceitos de
geometria espacial e suas aplicações.

Retas e Planos
Veja alguns conceitos:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Posições Relativas de Duas Retas


A reta é infinita, ou seja, contém infinitos pontos.
No espaço, duas retas distintas podem ser concorrentes,
paralelas ou reversas:

Por um ponto, podem ser traçadas infinitas retas.


U
t
r

P S P
S

Por dois pontos distintos, passa uma única reta.


r

P r
S

Um ponto qualquer de uma reta divide-a em duas semir-


Concorrentes
retas.
P r൘s={ }

Não existe plano que contenha

Por três pontos não colineares, passa um único plano. r e s simultaneamente


r
r

Em particular nas retas concorrentes, há aquelas que são Perpendicularismo entre Reta e Plano
perpendiculares. Uma reta r é perpendicular a um plano D se, e somente
se, r for perpendicular a todas as retas de D que passam pelo
ponto de interseção de r e D .
r
r
u

S t
P
S
r S

Posições Relativas entre Reta e Plano


Posições Relativas de Dois Planos
Reta Contida no Plano
Se uma reta r tem dois pontos distintos num plano D , en- Planos Coincidentes ou Iguais
tão, r está contida nesse plano:

Ş
ŝ#-ŝŦ
A
r Planos Concorrentes ou Secantes
Dois planos, D e E, são concorrentes quando sua interseção
é uma única reta:

Reta Concorrente ou Incidente ao Plano r


Dizemos que a reta r “fura” o plano D ou que r e D são
concorrentes em P quando r ൘ D = {P}.
RLM e MATEMÁTICA

Planos Paralelos
Dois planos, D e E, são paralelos quando sua interseção
P
é vazia:

Reta Paralela ao Plano


Se uma reta r e um plano D não tem ponto em comum, Perpendicularismo entre planos
então, a reta r é paralela a uma reta t contida no plano D; por- Dois planos, D e E, são perpendiculares se, e somente se, 115
tanto, tet exista uma reta de um deles que seja perpendicular ao outro:
D’
C’
116
E’
r A’
S
t
h
RLM e MATEMÁTICA

C
B
Prismas E A

Na figura abaixo, temos dois planos paralelos e distintos, Bases: as regiões poligonais R e S
De E, um polígono convexo R contido em a e uma reta r que
Altura: a distância h entre os planos D e E
intercepta a e E, mas não R:
Arestas das bases:
Lados AB, BC, CD, DE, EA, A’B’, B’C’, D’E’, E’A’ (dos
polígonos)
Ş
ŝ#-ŝŦ

Arestas laterais:

R Os segmentos AA’, BB’, CC’, DD’, EE’

r Faces laterais: os paralelogramos AA’BB’, BB’C’C, CC’D’D,

Para cada ponto P da região R, vamos considerar o seg- DD’E’E, EE’A’A

mento , paralelo à reta r (P linha, pertence a Beta.) Classificação


Um prisma pode ser:
P’
Reto: quando as arestas laterais são perpendiculares aos
planos das bases;
Oblíquo: quando as arestas laterais são oblíquas aos pla-
R P nos das bases.

Prisma reto
r
Assim, temos:

P’

R P

Chama-se de prisma ou prisma limitado o conjunto de to-


dos os segmentos congruentes paralelos a r.

Elementos do Prisma
Dado o prisma a seguir, considere os seguintes elementos:
Prisma oblíquo Paralelepípedo
Todo prisma cujas bases são paralelogramos recebe o
nome de paralelepípedo. Assim, podemos ter:
Paralelepípedo oblíquo

Prisma regular triangular


Chama-se de prisma regular todo prisma reto cujas bases
Paralelepípedo reto
são polígonos regulares:
Triângulo equilátero

Se o paralelepípedo reto tem bases retangulares, ele é


chamado de paralelepípedo reto-retângulo, ortoedro ou pa-
ralelepípedo retângulo.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Prisma regular hexagonal
Hexágono regular Paralelepípedo Retângulo
Diagonais da base e do paralelepípedo:
H G

D
C
dp c
c
E
F
db b
Áreas A a B
RLM e MATEMÁTICA

Num prisma, distinguimos dois tipos de superfície: as faces db = diagonal da base


e as bases. Assim, temos de considerar as seguintes áreas: dp = diagonal do paralelepípedo
Área de uma face (AF): área de um dos paralelogramos Na base, ABFE, tem-se:
que constituem as faces. F
Área lateral (AL): soma das áreas dos paralelogramos que
formam as faces do prisma.
db
b
Área da base (AB): área de um dos polígonos das bases.
Área total (AT): soma da área lateral com a área das bases:

AT = AL + 2AB A a B
117
No triângulo AFD, tem-se: Cubo
118 D
Um paralelepípedo retângulo com todas as arestas con-
gruentes (a = b = c) recebe o nome de cubo. Dessa forma, cada
face é um quadrado.
dp
a
c
RLM e MATEMÁTICA

A db F a
a
p p
Diagonais da base e do cubo
Área Lateral Considere a figura a seguir:
H G
Sendo AL a área lateral de um paralelepípedo retângulo,
tem-se: a
a E
b F
b dc
C
Ş
ŝ#-ŝŦ

D
a a c
c db a
b
A a B
c
a dc = diagonal do cubo
db = diagonal da base
Na base ABCD, tem-se:
AL= ac + bc + ac + bc = 2ac + 2bc =AL = 2(ac + bc)

Área Total
db a
Planificando o paralelepípedo, verificamos que a área total é a
soma das áreas de cada par de faces opostas:
a a
Bc B’ C’c C
b a b
No triângulo ACE, tem-se:
Ac A’ a D’c D E
c
a
b a dc
a

AT= 2(ab + ac + bc)


A C
db
Volume
O volume de um paralelepípedo retângulo de dimensões
a, b e c é dado por: • Área lateral
c=h A área lateral AL é dada pela área dos quadrados de lado a:
H G
V = ABh F
E
E
b
a C a
a D

B
V = a.b.c A
a
A
AL=4a2

Área total
A área total AT é dada pela área dos seis quadrados de lado a: g h g=h
G F

a
H
E
a
O cilindro circular reto é também chamado de cilindro de
C
D revolução, por ser gerado pela rotação completa de um retân-
a
gulo por um de seus lados. Assim, a rotação do retângulo
A a B
ABCD pelo lado gera o cilindro a seguir:
2
AT = 6a

A B
• Volume A B
De forma semelhante ao paralelepípedo retângulo, o volu-
me de um cubo de aresta a é dado por:
g=h
3
V = a .a . a = a
Generalização do volume de um prisma: D C
D
Vprisma = AB . h C

Cilindro A reta BC contém os centros das bases e é o eixo do cil-


indro.
Elementos do Cilindro

Ş
ŝ#-ŝŦ
Dado o cilindro a seguir, considere os seguintes elementos: Seção
C’ Seção transversal é a região determinada pela interseção
S O’ r A’ do cilindro com um plano paralelo às bases. Todas as seções
transversais são congruentes.

h
R O c r A
RLM e MATEMÁTICA

r
Bases: os círculos de centro O e O’ e raios r.
Altura: a distância h entre os planos D e E .
Geratriz: qualquer segmento de extremidades nos pontos
das circunferências das bases (por exemplo, AA’) e paralelo à
reta r.
Classificação do Cilindro
Um cilindro pode ser:
▷ Circular oblíquo: quando as geratrizes são oblíquas
às bases;
Seção meridiana é a região determinada pela interse-
▷ Circular reto: quando as geratrizes são perpendicu- 119
lares às bases. ção do cilindro com um plano que contém o eixo.
Cilindro equilátero
120
Todo cilindro cuja seção meridiana é um quadrado (altura
igual ao diâmetro da base) é chamado cilindro equilátero.
RLM e MATEMÁTICA

Seção meridiana h = 2r 2r

Áreas
Num cilindro, consideramos as seguintes áreas: 2r
Área Lateral (AL) AL = 2r . 2ʋr = 4ʋr2
Pode-se observar a área lateral de um cilindro fazendo a
sua planificação: AT = AL + AB = 4ʋr2 + 2ʋr2 = 6ʋr2
r
Cone Circular
r Dado um círculo C, contido num plano D, e um ponto V
h (vértice) fora de D, chamamos de cone circular o conjunto de
Ş
ŝ#-ŝŦ

h
todos os segmentos .
2x r
V
r

Assim, a área lateral do cilindro reto cuja altura é h e cujos


raios dos círculos das bases são r é um retângulo de dimensões C P C
2ʋreh:

AL = 2 ʋr h Elementos do cone circular


Dado o cone a seguir, consideramos os seguintes elemen-
Área da base (AB): área do círculo de raio r tos:
V
AB = 2 ʋr2

Área total (AT): soma da área lateral com as áreas das bases
h
AT = AL + 2AB = 2ʋ r h + 2ʋ r2 = 2ʋ r (h + r )
D
C
Volume E R B
O volume de todo paralelepípedo retângulo e de todo ci- A
lindro é o produto da área da base pela medida de sua altura:

Vcilindro = AB . h Altura: distância h do vértice V ao plano D.


Geratriz (g): segmento com uma extremidade no ponto V
No caso do cilindro circular reto, a área da base é a área do e outra num ponto da circunferência.
círculo de raio r, AB = ʋ r1 h; portanto, seu volume é: Raio da base: raio R do círculo.
Eixo de rotação: reta determinada pelo centro do cír-
culo e pelo vértice do cone.
r
h Cone Reto
Todo cone cujo eixo de rotação é perpendicular à base é
chamado cone reto, também denominado cone de revolução.
Ele pode ser gerado pela rotação completa de um triângulo
V = r2 h retângulo em torno de um de seus catetos.
V V
V g
g

h g

L
R

O
Assim, há de se considerar as seguintes áreas:
R
Área lateral (AL): área do setor circular

Da figura, e pelo Teorema de Pitágoras, temos a seguinte Área da base (AB): área do círculo do raio R
relação: AB = ʋR2
Área total (AT): soma da área lateral com a área da base
g2 = h 2 + R 2 AT = AL + AB = ʋRg + ʋR2 ї AT ʋR (g+R)
Volume
Seção meridiana
A seção determinada, num cone de revolução, por um pla-
no que contém o eixo de rotação é chamada seção meridiana. Pirâmides
Dado um polígono convexo R, contido em um plano ɲ, e
V
um ponto V (vértice) fora de ɲ, chamamos de pirâmide o con-
junto de todos os segmentos .
V

B P C
C
O

Ş
ŝ#-ŝŦ
R
R Elementos da pirâmide
A Dada a pirâmide a seguir, tem-se os seguintes elementos:
V

Se o triângulo AVB for equilátero, o cone também será


equilátero:
h
D
C
E R B
A
g g
RLM e MATEMÁTICA

h Base: o polígono convexo R.


Arestas da base: os lados AB, BC, CD, DE, EA do polí-
gono.
Arestas laterais: os segmentos VA, VB, VC, VD, VE. .
Faces laterais: os triângulos VAB, VBC, VCD, VDE, VEA.
2R Altura: distância h do ponto V ao plano.
Classificação
Uma pirâmide é reta quando a projeção ortogonal do vértice
coincide com o centro do polígono da base.
Áreas
Toda pirâmide reta, cujo polígono da base é regular, recebe
Desenvolvendo a superfície lateral de um cone circu- o nome de pirâmide regular. Ela pode ser triangular, quadran-
lar reto, obtemos um setor circular de raio g e comprimento gular, pentagonal, etc., conforme sua base, seja, respectiva- 121
L = 2ʋR mente, um triângulo, um quadrilátero, um pentágono, etc.
V Base menor
122 h’

H
Altura h

Base maior
Pirâmide Tronco da pirâmide
RLM e MATEMÁTICA

As bases são polígonos regulares paralelos e semelhantes;


Pirâmide regular quadrangular
As faces laterais são trapézios isósceles congruentes.
V
Áreas
Área lateral (AL): soma das áreas dos trapézios isósceles
congruentes que formam as faces laterais.
Área total (AT): soma da área lateral com a soma das áreas
da base menor (Ab) e maior (AB).

Pirâmide regular hexagonal


Ş
ŝ#-ŝŦ

Áreas
Numa pirâmide, temos as seguintes áreas:
Área lateral (AL): reunião das áreas das faces laterais.
Área da base (AB): área do polígono convexo (base da pi-
râmide).
Área total (AT): união da área lateral com a área da base.
AT =AL+AB+Ab
AT = A L + A B
Volume
Para uma pirâmide regular, temos:
O volume de um tronco de pirâmide regular é dado por:

Em que:
Sendo V o volume da pirâmide e V’ o volume da pirâmide
b é a aresta; obtido pela seção, é válida a relação:
g é o apótema;
n é o número de arestas laterais;
p é o semiperímetro da base;
a é o apótema do polígono da base.
Tronco do cone
Volume Sendo o tronco do cone circular regular a seguir, tem-se:

h’ Base menor
Área da base H
Ab r
Troncos h
Se um plano interceptar todas as arestas de uma pirâmide
r
ou de um cone, paralelamente às suas bases, o plano dividirá AB
Base maior
cada um desses sólidos em dois outros: uma nova pirâmide e Cone Tronco do cone
um tronco de pirâmide; e um novo cone e um tronco de cone.
As bases maior e menor são paralelas;
Tronco da Pirâmide A altura do tronco é dada pela distância entre os planos
Dado o tronco de pirâmide regular a seguir, tem-se: que contém as bases.
Áreas e
Tem-se: área lateral
g

2 r

2 R

r
g
g
• Volume
O volume da esfera de raio R é dado por:
R
.

AL = ʋ(R + r)g Partes da Esfera


• Área total Superfície Esférica
T B
A superfície esférica de centro O e raio R é o conjunto de
pontos do espaço cuja distância ao ponto O é igual ao raio R.
T Se considerar a rotação completa de uma semicircunferên-
cia em torno de seu diâmetro, a superfície esférica é o resulta-
• Volume do dessa rotação.
e

O R

Ş
ŝ#-ŝŦ
P

Sendo V o volume do cone e V’ o volume do cone obtido


pela seção, são válidas as relações:
A área da superfície esférica é dada por:

As = 4 ʋR2

Zona esférica
É a parte da esfera gerada do seguinte modo:
e
RLM e MATEMÁTICA

Esfera
Chama-se de esfera de centro O e raio R o conjunto de h
pontos do espaço cuja distância ao centro é menor ou igual
ao raio R.
Considerando a rotação completa de um semicírculo em
torno de um eixo e, a esfera é o sólido gerado por essa rotação.
Assim, ela é limitada por uma superfície esférica e formada A área da zona esférica é dada por:
por todos os pontos pertencentes a essa superfície e ao seu 123
S = 2ʋRh
interior.
• Calota esférica
124
É a parte da esfera gerada do seguinte modo:
e
R
RLM e MATEMÁTICA

h R

O volume da cunha pode ser obtido por uma regra de três


simples:

A área da calota esférica é dada por:


Vc - α}
Ve - 2π
Ÿ Vc = 3
4 πR3 α


Ÿ Vc = 23 . R3 α (α em radianos)

}
S = 2ʋRh 4 πR3 α
Ve - 360º
Ÿ Vc = 3
Ş
ŝ#-ŝŦ

πR3 α
Vc - α Ÿ Vc = (α em graus)
360º 270º
• Fuso esférico
O fuso esférico é uma parte da superfície esférica que se
ANOTAÇÕES
obtém ao girar uma semicircunferência de um ângulo D(0<
D<2ʋ) em torno de seu eixo:

A área do fuso esférico pode ser obtida por uma regra de


três simples:

• Cunha esférica
Parte da esfera que se obtém ao girar um semicírculo em
torno de seu eixo de um ângulo D(0< D< 2ʋ):
Ş
ŝ#-ŝŦ RLM e MATEMÁTICA

125
126 NOÇÕES DE INFORMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ

ÍNDICE
1. Hardware ................................................................................................................. 128
Classificação dos Dispositivos quanto à Finalidade ...................................................................128
Classificação dos Dispositivos quanto ao Tipo de Tecnologia ....................................................128
Arquitetura ..................................................................................................................................128
Processador .................................................................................................................................129
Unidades de Medida ....................................................................................................................129
2. Software ................................................................................................................. 130
Licenças de Software ...................................................................................................................130
Tipos de Software ........................................................................................................................130
3. Software................................................................................................................... 131
Licenças de Software ....................................................................................................................131
Tipos de Software .........................................................................................................................131
4. Linux ....................................................................................................................... 135
Conceitos Básicos ........................................................................................................................ 135
5. Windows .................................................................................................................. 137
Componentes............................................................................................................................... 137
6. Sistema Windows 10.................................................................................................140
Requisitos Mínimos ......................................................................................................................140
Novidades ....................................................................................................................................140
Ferramentas Administrativas ......................................................................................................148
Configurações ..............................................................................................................................149
Explorador de Arquivos ............................................................................................................... 152
7. BrOffice Writer – Editor de Texto ............................................................................. 153
Formatos de Arquivos ................................................................................................................. 153
Formatação de Texto ................................................................................................................... 153
Ferramentas.................................................................................................................................156
Barra de Menus ............................................................................................................................ 157
8. BrOffice Calc – Editor de Planilhas ............................................................................ 163
Planilha .......................................................................................................................................163
9. BrOffice Impress - Editor de Apresentação ................................................................ 169
Janela do Programa.....................................................................................................................169
Formatos de Arquivos ..................................................................................................................171
Modos de Exibição ........................................................................................................................171
Inserir Slide .................................................................................................................................. 172
Menu Apresentação de Slides ...................................................................................................... 172
Impressão .................................................................................................................................... 173
10. Microsoft Outlook 2013 ........................................................................................... 174
Configuração de Contas no Outlook 2013 ...................................................................................174
E-mail ..........................................................................................................................................174
Guias do Microsoft Outlook 2013 ................................................................................................. 175
Principais Clientes de E-mail ....................................................................................................... 175
Webmail ...................................................................................................................................... 175
E-mails Maliciosos .......................................................................................................................176
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE INFORMÁTICA 127

11. Microsoft Word 2013 ................................................................................................ 177


Pacote Microsoft Office (Versões antigas) .................................................................................. 177
Pacote Microsoft Office (Versões Atuais) .................................................................................... 177
Pacote BrOffice - LibreOffice ....................................................................................................... 177
Compatibilidade entre os Pacotes ............................................................................................... 177
Estrutura do Microsoft Word 2013 ...............................................................................................178
Inserindo Planilhas do Excel no Microsoft Word .........................................................................179
12. Microsoft Excel 2013 ................................................................................................ 180
Estrutura do Excel........................................................................................................................180
Funções e Fórmulas .....................................................................................................................180
Funções HOJE e AGORA ..............................................................................................................182
13. Microsoft PowerPoint 2013 ...................................................................................... 183
Guias e Menu do PowerPoint .......................................................................................................184
Configuração Padrão do PowerPoint ..........................................................................................184
14. Redes de Computadores ......................................................................................... 185
Paradigma de Comunicação ........................................................................................................185
Dispositivos de Rede ...................................................................................................................185
Topologia de Rede.......................................................................................................................185
Pilhas de Protocolos ....................................................................................................................186
Firewall ........................................................................................................................................187
Tipos de Redes.............................................................................................................................187
Padrões de Infraestrutura............................................................................................................187
Correio Eletrônico ........................................................................................................................187
Spam ............................................................................................................................................188
URL (Uniform Resource Locator) ............................................................................................. 188
Navegadores................................................................................................................................189
Conceitos Relacionados à Internet ..............................................................................................189
15. Cloud Computing .................................................................................................... 190
Características .............................................................................................................................190
16. Segurança da Informação .........................................................................................191
Princípios Básicos da Segurança da Informação ..........................................................................191
Criptografia..................................................................................................................................192
Ataques........................................................................................................................................193
18. Arquitetura de Redes .............................................................................................. 194
Modelo OSI...................................................................................................................................194
Modelo TCP/IP .............................................................................................................................195
Endereços ...................................................................................................................................196
Endereçamento IPv4 ...................................................................................................................196
17. Glossário................................................................................................................ 200
A - D ............................................................................................................................................200
F - P .............................................................................................................................................200
S - V .............................................................................................................................................201
W................................................................................................................................................. 202

128
1. Hardware ▷
Disquete;
CD-Rom;
O Hardware consiste da parte física de um computador, ou ▷ DVD-Rom;
seja, são as peças que o compõem. As questões comumente ▷ BD-Rom (BlueRay Disk);
cobradas nos concursos relacionam os tipos de periféricos e a ▷ HD (Hard Disk – Disco Rígido);
sua classificação. ▷ HD Externo;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Classificação dos Dispositivos ▷ PenDrive;


▷ Fita Magnética;
quanto à Finalidade ▷ HD SSD;
Os periféricos do computador são classificados de acordo ▷ Cartão de Memória.
com sua finalidade e uso. Assim, como classificações princi-
pais, temos as que se seguem. Classificação dos Dispositivos
Entrada quanto ao Tipo de Tecnologia
Dispositivos de Entrada são aqueles por meio dos quais Podemos ainda classificar os dispositivos de acordo com
o usuário entra com alguma informação para o computador. a tecnologia que eles utilizam para ler as informações ou es-
Muito cuidado: para ser classificado como de entrada, os dis- crevê-las.
positivos têm de ser apenas de entrada. A seguir os exemplos
de dispositivos de entrada de dados: Óticos
▷ Teclado; Um dispositivo ótico é aquele que se utiliza de sinais lu-
Ş
ŝ#-ŝŦ

▷ Mouse; minosos para, principalmente, ler informações, como por ex-


▷ Webcam; emplo:
▷ Microfone; ▷ Scanner;
▷ Scanner de mesa; ▷ CD;
▷ Scanner de mão; ▷ DVD;
▷ Scanner Biométrico; ▷ BD;
▷ Tablets1; ▷ Webcam;
▷ Kinect2. ▷ Alguns mouses.
Saída Magnéticos
Classificamos como dispositivos de saída aqueles que têm
por finalidade informar ao usuário o resultado de algum pro- Enquanto outros dispositivos utilizam o magnetismo como
cessamento. São exemplos de dispositivos de saída: forma de operação, tomamos certos cuidados com os disquet-
es. Atualmente as pessoas se descuidam e esquecem que os
Monitor; computadores usam dispositivos magnéticos como principal
Impressora; forma de armazenamento e acabam passando por portas
Caixa de som. magnéticas com seus notebooks, o que pode vir a danificar
Entrada/Saída partes do HD.
Assim, vemos que ainda hoje é muito comum, entre os
Os periféricos classificados nesta categoria são os que de-
servidores de backup, o uso de fitas magnéticas, como a fita
vemos tomar mais cuidado durante as provas, porque aqui se
cassete, para armazenar os dados.
encaixam aqueles dispositivos que podemos chamar de dis-
positivos híbridos devido a sua capacidade de realizar tanto Elétricos
a tarefa de entrada como a de saída de dados. São exemplos
Atualmente os dispositivos elétricos são os que mais vêm
desses dispositivos:
sendo utilizados, principalmente pela sua velocidade de op-
▷ Impressoras Multifuncionais; eração e praticidade de uso, como, por exemplo, o pendrive
▷ Telas sensíveis ao toque (TouchScreen); e os cartões de memória. Ainda é uma tecnologia emergente
▷ Kits multimídias3. entre os usuários o HD Sólido (HD SSD), devido ao alto valor
aquisitivo, porém, é um dispositivo de altíssima velocidade
Armazenamento que resolve o maior gargalo hoje dos computadores, ou seja,
Os dispositivos de armazenamento são aqueles que nos substitui os HDs convencionais, que são as peças mais lentas
permitem armazenar os dados e os mantêm armazenados mes- do computador.
mo quando não são alimentados por uma fonte de energia. A
seguir temos exemplos de dispositivos de armazenamento: Arquitetura
1  Tablets: aqueles utilizados para desejar ou digitalizar assinaturas. Podemos dividir as tecnologias de hardware em arquitetu-
2  Kinect: é o dispositivo usado no vídeo game Xbox para entrada de movimentos ras de x86 de 32bits e a arquitetura de 64bit. Essa divisão se
do usuário, a Microsoft também o disponibilizou para ser utilizado como entrada baseia na forma como o sistema processa as informações, quer
para o computador. dizer, a quantidade de informações simultâneas que o proces-
3  Kit multimídia: é composto em geral por dispositivos de entrada e de saída, por
isso é classificado como de Entrada/Saída. sador opera.
Processador desconectada da energia, perde todas as informações que es-
tavam nela, por isso que, quando não salvamos um documento
O termo CPU significa Unidade Central de Processamento; e o fornecimento de energia acaba, desligando o computador,
muitas vezes as pessoas chamam o gabinete de CPU, o que perdemos parte desse trabalho. Já o HD pode ser chamado de
está errado, pois o processador é apenas uma das peças que memória secundária por ser uma memória de armazenamento
compõe o gabinete. Também podemos comparar a CPU como não volátil.
sendo o cérebro do computador, porque ela é responsável por A memória RAM é expansível, ao contrário da memória
processar as informações e gerar um resultado. ROM.
Um processador é composto por vários registradores que
possuem finalidades específicas; os principais são a ULA (Uni- Unidades de Medida
dade Lógico-Aritmética), responsável pelos cálculos e compara-
Na Informática, a menor unidade de medida é o bit, que
ções lógicas; e a UC (Unidade de Controle), que tem como re-
consiste em um sinal verdadeiro ou falso para o computador,
sponsabilidade controlar o que está sendo feito no processador.
que, por questões de facilidade, transcreve-se na forma de 0
Também faz parte do processador a memória Cache. Ela é (zeros) e 1 (uns).
uma pequena memória, em relação à principal, porém muito
Porém, o bit apenas é uma informação pequena, então
mais rápida, operando quase na mesma velocidade que o pro-
foi criado o conceito de “palavra”, que passou a ser chamada
cessador; alguns modelos operam na mesma velocidade que
de Byte. Um Byte é composto por 8 bits.
o processador.
A partir disso temos as unidades K, M, G, T, P, e assim por
Em um processador, podemos encontrar vários níveis de
diante, para designar tamanhos de arquivos e capacidades de
cache, nos atuais normalmente encontramos 2 níveis (level),
armazenamentos. A cada letra multiplicamos por 1024 a quan-
sendo que os mais modernos já possuem 3 níveis. Em alguns
tidade da anterior. A tabela abaixo ilustra as equivalências de
modelos a cache de nível 3 é interna ao processador, junto às
valores.
demais, enquanto que em outros ela fica externa a ele.
A finalidade da cache é fornecer informações mais rapid- 1 Peta 1 Tera 1 Giga 1 Mega 1 Kilo
1 Byte bit
amente ao processador, a fim de minimizar o tempo em que (PB) (TB) (GB) (MB) (KB)
ele fica ocioso.
1024 1024 1024 1024
1024 KB 8 bits 0 ou 1
Memórias (TB) GB MB Bytes

Existem diversos tipos de memórias, quando tratamos de


um computador. Elas podem ser classificadas de diversas for-
mas de acordo com suas características, o que ilustra a tabela ANOTAÇÕES
a seguir.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Tipo de Mecanismo de Mecanismo Volatil-
Categoria
memória apagamento de escrita idade

Memória
Memória Eletricamente,
de acesso
de leitura e em nível de Eletricamente Volátil
aleatório
escrita Bytes
(RAM)
Memória
apenas
Máscaras
de leitura memória
(ROM) apenas de Não é possível
ROM leitura
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

programável
(PROM)
PROM Luz UV, em
Não
apagável nível de
Volátil
(EPROM) pastilha.
Memória Eletricamente, Elétrico
Memória principal- em níveis de
flash mente blocos.
PROM elet- de leitura
Eletricamente,
ricamente
em nível de
apagável
bytes.
(EEPROM)

A memória RAM é a Principal do computador, também


conhecida como memória de trabalho. É uma memória de lei- 129
tura e escrita, porém possui natureza volátil, ou seja, quando
Liberdade 0: a liberdade para executar o programa, para
130
2. Software qualquer propósito;
Liberdade 1: a liberdade de estudar como o programa fun-
Cerca de 90% das questões de Informática abor- ciona e adaptá-lo às suas necessidades;
dam conceitos relacionados aos softwares, na forma de Liberdade 2: a liberdade de redistribuir cópias do pro-
definições e de modos de operação, tanto em provas de grama de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nível médio como de nível superior. Por esse motivo, ele


será abordado em nosso primeiro tópico. Liberdade 3: a liberdade de modificar o programa e dis-
O software é a parte abstrata de um computador, também tribuir essas modificações, de modo que toda a comunidade
conhecido como a parte lógica. É um programa instalado em se beneficie.
um dispositivo, que pode ser um computador ou mesmo um A GPL (CopyLeft) é um reforço a essas quatro liberdades,
celular. garantindo que o código fonte de um programa software livre
Os Programas são a aplicação de regras de maneira digi- não possa ser apropriado por outra pessoa ou empresa, prin-
tal, para que, dada uma situação, ocorra uma reação pré-pro- cipalmente para que não seja transformado em software pro-
gramada. Assim, temos que um programa é uma represen- prietário.
tação de tarefas manuais; com eles podemos automatizar A GPL só possui versão em inglês devido a possíveis erros
processos, o que torna as tarefas mais dinâmicas. de tradução que possam vir a ser inseridos em sua descrição.
O Linux é um dos principais projetos desenvolvidos sob a
Licenças de Software licença de software livre, assim como o BrOffice, mas o princi-
Uma licença de software define o que um usuário pode pal responsável por alavancar o software livre, assim como o
Ş
ŝ#-ŝŦ

ou não fazer com ele, ela se baseia essencialmente no di- próprio Linux, foi o projeto Apache2 que no início só rodava em
reito autoral. Existem vários tipos de licenças de software, servidores Linux e hoje é multiplataforma.
mas, no que tange ao concurso público, apenas duas são de São exemplos de softwares livres: Apache, Linux, BrOffice,
valor significativo: a licença de software livre e a licença de LibreOffice, Mozilla Firefox, Mozilla Thunderbird, entre outros.
software proprietário.
Shareware
Software Proprietário
A Licença do tipo Shareware é comumente usada quando
A licença de software proprietário procura reservar o di- se deseja permitir ao usuário uma degustação do programa, é
reito de autor do programa. uma licença que oferece funcionalidades reduzidas ou mesmo
Um software proprietário é também conhecido como soft- em sua totalidade, porém, com um prazo para esse uso que,
ware não livre, pois uma de suas principais características é depois de encerrado, o programa limita as funcionalidades ou
manter o Código Fonte1 fechado. pode deixar de funcionar.
Há vários softwares proprietários gratuitos. Por outro Um exemplo de software popular que utiliza essa licença
lado, existem aqueles que, para o usuário adquirir o direito é o WinRAR, que, após os 40 dias, começa a exibir uma men-
de uso, exigem a compra de uma licença de uso, a qual não sagem toda vez que é aberto, contudo, continua funcionando
lhe dá direito de propriedade sobre o programa, apenas mesmo que o usuário não adquira a licença.
concede a ele o direito de utilizá-lo, além de impor algumas Esta permite a cópia e redistribuição do software, porém,
regras quanto ao seu uso. não permite a alteração, pois o código fonte não é público.
São exemplos de softwares proprietários: Windows, Micro-
soft Office, Mac OS, aplicativos da Adobe, Corel Draw, WinRAR, Tipos de Software
WinZip, MSN entre outros tantos. Existem diversos tipos de software, mas somente alguns
Software Livre nos interessam durante a prova. Dessa forma, iremos focar o
estudo no que nos é pertinente.
Em contrapartida ao software proprietário, um grupo
criou o software livre. Como princípio atribuem-se às leis Podemos classificar os softwares de acordo com os itens
que regem a definição de liberdades como forma de pro- a seguir:
testo em relação ao software proprietário. Firmwares;
O software livre tem como primordial característica o Có- Sistemas Operacionais;
digo Fonte Aberto. Escritório;
A principal organização que mantém e promove o soft- Utilitários;
ware livre é a Free Software Foundation (FSF). Entretenimento;
Para que um software seja classificado como Software Malwares.
Livre, ele deve obedecer a quatro liberdades de software do Firmwares
projeto GNU - General Public License (Licença Pública Geral) -
idealizado por Richard Matthew Stallman, ativista e fundador Um Firmware é normalmente um software embarcado, ou
do movimento software livre: seja, ele é um software desenvolvido para operar sobre um
hardware específico. De forma geral, um Firmware é incor
1  Código Fonte: conjunto de instruções feitas em uma linguagem de pro- 2  Apache: servidor responsável pelo processamento da maior parte das páginas
gramação, que definem o funcionamento e o comportamento do programa. disponibilizadas atualmente na Internet, cerca de 51%. .
Liberdade 0: a liberdade para executar o programa, para
3. Software qualquer propósito;
Cerca de 90% das questões de Informática abordam Liberdade 1: a liberdade de estudar como o programa fun-
conceitos relacionados aos softwares, na forma de defini- ciona e adaptá-lo às suas necessidades;
ções e de modos de operação, tanto em provas de nível Liberdade 2: a liberdade de redistribuir cópias do progra-
médio como de nível superior. Por esse motivo, ele será ma de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
abordado em nosso primeiro tópico. Liberdade 3: a liberdade de modificar o programa e dis-
O software é a parte abstrata de um computador, também tribuir essas modificações, de modo que toda a comunidade
conhecido como a parte lógica. É um programa instalado em se beneficie.
um dispositivo, que pode ser um computador ou mesmo um
A GPL (CopyLeft) é um reforço a essas quatro liberdades,
celular.
garantindo que o código fonte de um programa software li-
Os Programas são a aplicação de regras de maneira digital, vre não possa ser apropriado por outra pessoa ou empresa,
para que, dada uma situação, ocorra uma reação pré-progra- principalmente para que não seja transformado em software
mada. Assim, temos que um programa é uma representação
proprietário.
de tarefas manuais; com eles podemos automatizar processos,
o que torna as tarefas mais dinâmicas. A GPL só possui versão em inglês devido a possíveis erros
de tradução que possam vir a ser inseridos em sua descrição.
Licenças de Software O Linux é um dos principais projetos desenvolvidos sob a
Uma licença de software define o que um usuário pode licença de software livre, assim como o BrOffice, mas o princi-
ou não fazer com ele, ela se baseia essencialmente no di- pal responsável por alavancar o software livre, assim como o
reito autoral. Existem vários tipos de licenças de software, próprio Linux, foi o projeto Apache2 que no início só rodava em
mas, no que tange ao concurso público, apenas duas são de servidores Linux e hoje é multiplataforma.
valor significativo: a licença de software livre e a licença de São exemplos de softwares livres: Apache, Linux, BrOffice,
software proprietário. LibreOffice, Mozilla Firefox, Mozilla Thunderbird, entre outros.
Software Proprietário Shareware
A licença de software proprietário procura reservar o direi- A Licença do tipo Shareware é comumente usada quando
to de autor do programa. se deseja permitir ao usuário uma degustação do programa, é
uma licença que oferece funcionalidades reduzidas ou mesmo
Um software proprietário é também conhecido como soft-
em sua totalidade, porém, com um prazo para esse uso que,
ware não livre, pois uma de suas principais características é depois de encerrado, o programa limita as funcionalidades ou
manter o Código Fonte1 fechado. pode deixar de funcionar.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Há vários softwares proprietários gratuitos. Por outro Um exemplo de software popular que utiliza essa licença
lado, existem aqueles que, para o usuário adquirir o direito é o WinRAR, que, após os 40 dias, começa a exibir uma men-
de uso, exigem a compra de uma licença de uso, a qual não sagem toda vez que é aberto, contudo, continua funcionando
lhe dá direito de propriedade sobre o programa, apenas mesmo que o usuário não adquira a licença.
concede a ele o direito de utilizá-lo, além de impor algumas Esta permite a cópia e redistribuição do software, porém,
regras quanto ao seu uso. não permite a alteração, pois o código fonte não é público.
São exemplos de softwares proprietários: Windows, Micro-
soft Office, Mac OS, aplicativos da Adobe, Corel Draw, WinRAR, Tipos de Software
WinZip, MSN entre outros tantos. Existem diversos tipos de software, mas somente alguns
nos interessam durante a prova. Dessa forma, iremos focar o
Software Livre estudo no que nos é pertinente.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em contrapartida ao software proprietário, um grupo Podemos classificar os softwares de acordo com os itens
criou o software livre. Como princípio atribuem-se às leis a seguir:
que regem a definição de liberdades como forma de pro- Firmwares;
testo em relação ao software proprietário. Sistemas Operacionais;
O software livre tem como primordial característica o Có- Escritório;
digo Fonte Aberto. Utilitários;
A principal organização que mantém e promove o softwa- Entretenimento;
re livre é a Free Software Foundation (FSF). Malwares.
Para que um software seja classificado como Software
Livre, ele deve obedecer a quatro liberdades de software do Firmwares
projeto GNU - General Public License (Licença Pública Geral) - Um Firmware é normalmente um software embarcado, ou
idealizado por Richard Matthew Stallman, ativista e fundador seja, ele é um software desenvolvido para operar sobre um
do movimento software livre: hardware específico. De forma geral, um Firmware é incor-
131
1  Código Fonte: conjunto de instruções feitas em uma linguagem de pro- 2  Apache: servidor responsável pelo processamento da maior parte das páginas
gramação, que definem o funcionamento e o comportamento do programa. disponibilizadas atualmente na Internet, cerca de 51%. .
porado ao hardware já no momento de sua fabricação, mas, clado, mas ao mesmo tempo o SO irá receber uma solicitação
132 dependendo do tipo de memória em que é armazenado, ele do aplicativo para que exiba na tela as informações recebidas.
pode ser atualizado ou não. O software do tipo Firmware que É de responsabilidade do SO gerenciar o uso da memória
interessa ao nosso estudo é o BIOS. RAM e do processador. O controle estabelecido pelo sistema
BIOS (Basic Input/Output System) operacional dita que programa será executado naquele instan-
te e quais espaços de memória estão sendo usados por ele e
O Sistema Básico de Entrada e Saída é um software embar-
pelos demais aplicativos em execução.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cado em uma memória do tipo ROM, nos computadores atuais


Para que o sistema operacional consiga se comunicar
é mais comum em memórias do tipo Flash ROM. com cada dispositivo, aquele precisa saber antes como estes
O BIOS é o primeiro programa que roda quando ligamos funcionam, para tanto, é necessário instalar o driver5 do dis-
o computador. Ele é composto pelo SETUP, que são suas con- positivo. Atualmente, a maioria dos drivers são identificados
figurações, e pelo POST, responsável por realizar os testes de automaticamente pelo SO, mas o sistema nem sempre possui
hardware. as informações sobre hardwares recém-lançados. Nesse caso,
o sistema, ao não conseguir o driver específico, solicita ao
Durante o processo de boot3, o BIOS aciona a memória usuário que informe o local onde ele possa encontrar o driver
CMOS4, onde ficam armazenadas as últimas informações so- necessário.
bre o hardware do computador e sobre a posição de início do
Aplicativos
sistema operacional no disco. Em posse dessas informações, o
BIOS executa o POST, a etapa que verifica se todos os disposi- Gerenciamento de Entrada/Saída
tivos necessários estão conectados e operantes. Gerenciamento de Drivers de dispositivos
Hardware
Ş
ŝ#-ŝŦ

Após as verificações de compatibilidade, o BIOS inicia o Gerenciamento de Memória


processo de leitura do disco indicado como primário a partir Gerenciamento de CPU
do ponto onde se encontra o sistema operacional, que é carre- Hardware
gado para a memória principal do computador.
Quando há apenas um sistema operacional instalado no Dentre os sistemas operacionais modernos, o Windows
computador, este é iniciado diretamente pelo BIOS, porém, se ainda é o que mais se destaca em termos de número de
houver dois ou mais se faz necessário optar por qual dos siste- usuários em computadores pessoais. Por outro lado, quan-
mas se deseja utilizar. do se questiona em relação ao universo de servidores na
Internet, nos deparamos com o Linux como mais utilizado;
Em uma situação em que existem dois sistemas operacio- o principal motivo relaciona-se à segurança mais robusta
nais atribui-se a caracterização de Dual boot. oferecida pelo Linux.
Um computador que possua uma distribuição Linux instala- Os exemplos de SO para computadores pessoais (PC) que
da e uma versão Windows, por exemplo, ao ser concluído o pro- podem ser citados em provas são:
cesso do BIOS, inicia um gerenciador de boot. Em geral é citado Windows;
nas provas ou o GRUB ou o LILO, que são associados ao Linux.
Linux;
Mac OS;
Sistemas Operacionais (SO)
Chrome OS;
O conteúdo de sistemas operacionais é cobrado de duas
Solaris.
formas nas provas: prática e conceitual. Questões de caráter
conceitual são colocadas de forma comparativa entre os sis- Porém, esses sistemas derivaram de duas vertentes princi-
temas, enquanto que as práticas estão associadas às ferra- pais o DOS e o UNIX. É de interesse da prova saber que o DOS
mentas e modos de operação de cada sistema. O conteúdo foi o precursor do Windows e que a plataforma UNIX foi a base
referente à parte prática é abordado em específico nos tópicos do Linux e também do Mac OS.
Windows e Linux. Contudo, não encontramos SO apenas em PCs. Celulares,
O sistema operacional é o principal programa do compu- smartphones e tablets também utilizam sistemas operacio-
tador. Ele é o responsável por facilitar a interação do usuário nais. Atualmente, fala-se muito no sistema do Google para
com a máquina, além de ter sido criado para realizar as tare- esses dispositivos, o Google Android, no entanto, a Microsoft
fas de controle do hardware, livrando assim os aplicativos de lançou em 2012 o Windows 8, inclusive para o mercado de dis-
conhecer o funcionamento de cada peça existente no mundo. positivos móveis.
As tarefas de responsabilidade do SO são, principalmente, Os Sistemas Operacionais podem ser divididos em duas
de níveis gerenciais. O sistema operacional é o responsável por partes principais: Núcleo e Interface.
administrar a Entrada e a Saída de dados de forma que, quan- O Núcleo de um Sistema Operacional é chamado de Ker-
do um usuário seleciona uma janela, ele está trazendo-a para o nel. Ele é a parte responsável pelo gerenciamento do hardwa-
primeiro plano de execução. Assim, sempre que o usuário digita re, como já explanado, enquanto que a interface é parte de
um texto, por exemplo, o SO tem de gerenciar qual a janela, ou interação com o usuário, seja ela uma interface apenas textual
seja, qual aplicativo irá receber as informações entradas pelo te- ou uma interface com recursos gráficos.

3  boot: processo de inicialização do sistema operacional. 5  Driver: Conjunto de informações sobre como funciona um dispositivo de hard-
4  CMOS: uma pequena memória RAM alimentada por uma pilha de 9V. ware.
A interface com recursos gráficos é comumente chamada Se dois ou mais usuários estiverem com sessões iniciadas,
de GUI (Graphic User Interface), Interface Gráfica do Usuário, elas são de certa maneira tratadas independentemente, ou
também citada como gerenciador de interface gráfica. O nome seja, um usuário não vê o que o outro estava fazendo, como
Windows foi baseado, justamente, nessa característica de tra- também, em um uso normal, não interfere nas atividades que
balhar com janelas gráficas como forma de comunicação com estavam sendo executadas pelo outro usuário.
o usuário. O sistema multiusuário geralmente possui a opção trocar
Sistema Operacional Kernel de usuário, que permite bloquear a sessão ativa e iniciar outra
sessão simultânea.
Windows XP NT 5.2
Monousuário
Windows Vista NT 6.0
Em um Sistema Monousuário, para que outro usuário inicie
Windows 7 NT 6.1 sessão, é necessário finalizar a do usuário ativo, também conhe-
Windows 8 NT 6.2 cido como efetuar Logoff.
Linux Linux 3.10
Softwares de Escritório
Em relação às GUIs, cada versão do Windows utiliza e tra-
São aplicativos com utilização mais genérica, de forma a
balha com apenas uma única interface gráfica, que só passou a
possibilitarem as diversas demandas de um escritório como
ter um nome específico a partir do Windows Vista.
também suprirem muitas necessidades acadêmicas em rela-
Windows GUI ção à criação de trabalhos.
XP Sem nomenclatura Nesta seção apenas é apresentado um comparativo en-
Vista Aero tre as suítes de escritório que são cobradas na prova.
7 Aero Editor Microsoft Office BrOffice
8 Metro
Por outro lado, existem diversas GUIs para o Linux, algu- Texto Word Writer
mas Distribuições Linux6 trabalham com apenas um gerencia- Planilha Excel Calc
dor de interface gráfica, enquanto que outras trabalham com
múltiplas. As principais GUIs do Linux são: Apresentação de Slides PowerPoint Impress
Gnome; Desenho Publisher Draw
KDE;
Banco de Dados Access Base
Unity;
XFCE; Fórmula Equation Math
FluxBox; Os editores de Texto, Planilha e Apresentação são os mais

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BlackBox; cobrados em provas de concursos. Sobre esses programas
Mate; podem aparecer perguntas a respeito do seu funcionamento,
Cinnamon. ainda que sobre editores de apresentação sejam bem menos
frequentes.
Características de um Sistema Operacional Outro ponto importante a se ressaltar é que o Microsoft
Os Sistemas Operacionais podem ser classificados de acordo Outlook é componente da suíte de aplicativos Microsoft
com suas características comportamentais. Office. Não foi destacado na tabela acima por não existir
Multitarefa programa equivalente no BrOffice.
Um Sistema Operacional é dito multitarefa quando conse- Por vezes o concursando pode se deparar na prova com o
gue executar mais de uma tarefa simultânea, como: tocar uma nome LibreOffice, o que está correto, pois o BrOffice é utili-
música enquanto o usuário navega na Internet e escreve um zado no Brasil apenas, mas ele é baseado no Libre Office. Até
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

texto no Word. a versão 3.2, o BrOffice era fundamentado no OpenOffice e,


Contudo, há duas formas de multitarefa empregadas pelos após a compra da Sun pela Oracle a comunidade decidiu mu-
SO modernos: Multitarefa Preemptiva e Multitarefa Real. dar para o Libre por questões burocráticas.
Ex.: Windows, Linux e Mac OS.
Monotarefa Softwares Utilitários
Sistema Monotarefa é o sistema que, para executar uma ta- Alguns programas ganharam tamanho espaço no dia a dia
refa, deve aguardar a que está em execução terminar ou mesmo do usuário que, sem eles, podemos por vezes ficar sem acesso
forçar o seu término para que possa executar. Trabalha com um às informações contidas em arquivo, por exemplo.
item de cada vez.
Ex.: DOS e algumas versões UNIX. São classificados como utilitários os programas compac-
Multiusuário tadores de arquivos e leitores de PDF. Esses programas as-
É quando o Sistema Operacional permite mais de uma ses- sumiram tal patamar por consolidarem seus formatos de ar-
são de usuário ativa simultaneamente. quivos. Entre os compactadores temos os responsáveis pelo
formato de arquivos ZIP, apesar de que, desde sua versão XP, 133
6  Distribuição Linux: uma cópia do Linux desenvolvida, geralmente, com base
em outra cópia, mas com algumas adaptações. o Windows já dispunha de recurso nativo para compactar e
descompactar arquivos nesse formato, muitos aplicativos se executa automaticamente: no momento em que um pendrive
134 destacavam por oferecer o serviço de forma mais eficiente ou é conectado a um computador, ele é contaminado ou conta-
prática. Os compactadores mais conhecidos são: WinZip, Bra- mina este.
Zip e 7-Zip. Outro compactador que ganhou espaço no merca- Um Worm tem como finalidade se replicar, porém, não in-
do foi o WinRar com o formato .RAR, que permite uma maior fecta outros arquivos, apenas cria cópias de si em vários locais,
compactação do que o ZIP. o que pode encher o HD do usuário. Outra forma utilizada de
se replicar é através da exploração de falhas dos programas,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Softwares de Entretenimento principalmente os clientes de e-mail, enviando por correio ele-


trônico cópias de si para os contatos do usuário armazenados
Nesta categoria, entram os aplicativos multimídias como
no cliente de e-mail.
players de áudio e vídeo, como o Windows Media Player, o
Winamp, o iTunes, VLC player e BS player, dentre inúmeros Um Worm, muitas vezes, instala no computador do usuá-
outros, assim como também os jogos como Campo Minado, rio um bot, transformando aquele em um robô controlado à
Paciência, Pinball e outros tantos de mais alto nível. distância. Os indivíduos que criam um Worm fazem-no com a
finalidade de infectar o maior número possível de computado-
Malwares (Malicious Softwares) res, para que possam utilizá-los em um ataque de DDoS9, ou
Os Malwares são programas que têm finalidade mal inten- como forma de elevar a estatística de acessos a determinados
cionada, na maioria das vezes ilícita. Grande parte das bancas sites. Também pode ser utilizado para realizar um ataque a
cita-os como pragas cibernéticas que infectam o computador algum computador ou servidor na Internet a partir do com-
do usuário e trazem algum prejuízo; por outro lado, há bancas putador infectado.
que especulam sobre os diferentes tipos de malwares. A seguir Trojan Horse (Cavalo de Troia)
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são destacados os principais tipos de malwares.


O Cavalo de Troia foi batizado com esse nome, pois suas
Vírus características se assemelham muito às da guerra da Grécia
O Vírus é apenas um dos tipos de malware, ou seja, ao con- com Troia. Na História, os gregos deram aos troianos um gran-
trário do que a maioria das pessoas fala, nem tudo que ataca o de cavalo feito de madeira e coberto de palha para disfarçar
computador é um vírus. As questões que tangem ao que é um que era oco, dentro do cavalo foram colocados vários solda-
vírus, em geral, são cobradas em prova como forma de saber se dos gregos que deveriam abrir os gigantes e fortes portões
o concursando conhece as diferenças entre os malwares. da cidade de Troia para que o exército grego pudesse invadir
a fortaleza.
• Um Vírus Tem Por Características
Um Cavalo de Troia é recebido pelo usuário como um
Infectar os arquivos do computador do usuário, princi- presente, “presente de grego”, de forma a levar o usuário a
palmente arquivos do sistema. abri-lo, ou seja, ele depende de ação do usuário. Os “presen-
Depender de ação do usuário, como executar o tes” geralmente podem parecer um cartão virtual, uma men-
arquivo ou programa que está contaminado com o sagem, álbuns de fotos, e-mails com indicações de prêmios,
vírus. falsas respostas de orçamentos, folhas de pagamento, sempre
Ter finalidades diversas, dentre as quais danificar alguma forma de chamar a atenção do usuário para que ele
tanto arquivos e o sistema operacional, como tam- abra o Trojan.
bém as peças. Podemos tratá-lo em essência como um meio para que
• Vírus Mutante outro malware seja instalado no computador. Da mesma for-
É um vírus mais evoluído, que tem a capacidade de alterar ma como o cavalo da história serviu como meio para infiltrar
algumas de suas características a fim de burlar o antivírus. soldados e como os soldados abriram os portões da cidade, o
malware também pode abrir as portas do computador para
• Vírus de Macro que outros malwares o infectem, o que acontece na maioria
O Vírus de Macro7 explora falhas de segurança das suítes dos casos, portanto, pode trazer em seu interior qualquer tipo
de escritório, principalmente da Microsoft. Uma macro, ao ser de malware.
criada de certa forma, anexa ao documento uma programação Esse malware executa as ações para as quais, aparente-
(comandos geralmente em Visual Basic8), ele pode inserir seu mente, fora criado; como exibir uma mensagem, ou crackear10
código dentro deste código em VB. um programa. Essa tarefa é realizada com o intuito de distrair
O Vírus de Macro geralmente danifica a suíte de escritório, o usuário enquanto que os malwares são instalados.
inutilizando-a, além de poder apagar documentos do compu-
tador. Spyware
Para que seja executado esse vírus, é necessário que o Também conhecido como software espião, o Spyware tem
usuário execute o arquivo contaminado. por finalidade capturar dados do usuário e enviá-los para ter-
ceiros: nº de cartões de crédito, CPF, RG, nomes, data de nas-
Worm cimento e tudo mais que for pertinente para que transações
O Worm é por vezes citado nas provas em português, “ver- eletrônicas possam ser feitas utilizando seus dados.
me”, como forma de confundir o concursando. Ao contrário do
vírus, ele não depende de ação do usuário para executar; ele 9 DDoS: Ataque de negação de serviço distribuído, veja mais no tópico segurança
desse material.
7 Macro: é um conjunto de regras criadas para automatizar tarefas repetitivas 10  Crackear: é uma quebra de licença de um software para que não seja
8  Visual Basic (VB): é uma linguagem de programação criada pela Microsoft. necessário adquirir a licença de uso, caracterizando pirataria.
Existem dois tipos de spywares: os KeyLoggers e os por exemplo, durante a instalação de um programa em que o
ScreenLoggers. indivíduo não nota que em uma das etapas estava instalando
• KeyLogger outro programa diferente do desejado.
Key = chave, Log = registro de ações. Um exemplo clássico é o Nero gratuito, que é patrocinado
O KeyLogger é um spyware cuja característica é capturar pelo ASK12. Durante a instalação, uma das telas apresenta algu-
os dados digitados pelo usuário. Na maioria das situações o mas opções: deseja instalar a barra de ferramenta do ASK; dese-
KeyLogger não captura o que é digitado a todo instante, mas ja tornar o motor de busca do ASK como seu buscador padrão;
o que é teclado após alguma ação prévia do usuário, como por deseja tornar a página do ASK como sua página inicial, que, por
exemplo abrir uma página de um banco ou de uma mídia so- padrão, aparecem marcadas esperando que o usuário clique in-
cial - alguns keyloggers são desenvolvidos para capturar con- discriminadamente na opção “avançar”.
versas em programas de messenger. Muitos Adwares monitoram o comportamento do usuário
• ScreenLogger durante a navegação na Internet e vendem essas informações
Screen = Tela para as empresas interessadas.
O ScreenLogger é uma evolução do KeyLogger na tenta- Backdoors
tiva de capturar, principalmente, as senhas de bancos, pois o Backdoor, basicamente, é uma porta dos fundos para um
ScreenLogger captura fotos avançadas da tela do computador ataque futuro ao computador do usuário.
a cada clique do mouse. Essa foto avançada, na verdade, é Um Backdoor pode ser inserido no computador por
uma foto de uma pequena área que circunda o mouse, mas meio de Trojan Horse, como também pode ser um pro-
grande o suficiente para que seja possível ver em que número grama adulterado recebido de fonte pouco confiável. Por
o usuário clicou. exemplo, um usuário baixa em um site qualquer, diferente
Muitos serviços de Internet Banking11 utilizam um teclado do oficial, o BrOffice, nada impede que o programa tenha
virtual, no qual o usuário clica nos dígitos de sua senha ao sido ligeiramente alterado com a inserção de brechas para
invés de digitar. Assim, ao forçar que o usuário não utilize o ataques futuros.
teclado, essa ferramenta de segurança ajuda a evitar roubos
de senhas por KeyLoggers. Por outro lado, foi criado o Screen-
Rootkits
Logger, que captura imagens; então, como forma de oferecer RootKit vem de Root = administrador do ambiente Li-
segurança maior, alguns bancos utilizam um dispositivo cha- nux. Kit = conjunto de ferramentas e ações.
mado de Token. Um Rootkit altera aplicativos do Sistema, como gerencia-
dores de arquivos, com o intuito de esconder arquivos mali-
O Token é um dispositivo que gera uma chave de se-
ciosos que estejam presentes no computador. Por meio dele
gurança aleatória, a qual uma vez utilizada para acessar a
também o invasor pode criar Backdoors no computador, para

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conta, se torna inválida para novos acessos. Assim, mesmo que possa voltar a atacar o micro sem se preocupar em ter de
sendo capturada, ela se torna inútil ao invasor. contaminá-lo novamente.
Hijacker
O Hijacker é um malware que tem por finalidade capturar 4. Linux
o navegador do usuário, principalmente o Internet Explorer. Linux é um Sistema Operacional criado por Linus Torvald,
Esse programa fixa uma página inicial no navegador, que com base na plataforma UNIX. Muitas bancas de concurso
pode ser uma página de propaganda ou um site de venda de apenas o citam no edital de conteúdo programático. Uma
produtos, ou mesmo um site de pornografia, como os mais parte dos conceitos cobrados relacionados ao Linux já foram
perigosos que fixam páginas falsas de bancos (veja mais na vistos na seção Sistemas Operacionais, onde são apontadas
seção Segurança no tópico ataques). características baseadas no seu funcionamento.
As alterações realizadas por ele no navegador dificilmente
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

são reversíveis. Na maioria dos casos, é necessário reinstalar o Conceitos Básicos


navegador várias vezes até formatar o computador. Existem, no Nesta seção são abordados os demais conceitos relacio-
mercado, alguns programas que tentam restaurar as configu- nados diretamente a algumas funcionalidades e definições do
rações padrões dos navegadores, são conhecidos por Hijacker Linux.
This, porém, esses programas não são ferramentas de seguran-
ça, mas apenas uma tentativa de consertar o estrago feito. Dual Boot
É possível instalar em um mesmo computador múltiplos
Adware sistemas operacionais, de forma que, ao ligar o computador, o
Adware (Advertising Software) é um software especializa- usuário escolhe qual sistema deseja utilizar. A etapa de escolha
do em apresentar propagandas. do sistema é controlada por gerenciadores de boot; quando se
O Adware é tratado como malware, quando apresenta al- instala o Linux, ele instala automaticamente um gerenciador
gumas características de spywares, além de, na maioria dos de boot. Os gerenciadores de boot mais populares são o GRUB
casos, se instalar no computador explorando falhas do usuário, e o LILO.
135
11  Internet Banking: acesso à conta bancária pela Internet, para realizar algumas
movimentações e consultas. 12 Ask: Motor de buscas na Internet.
Distribuições /boot Arquivos necessários para o boot do Sistema.
136 Uma Distribuição é uma cópia modificada e compartilhada /tmp Arquivos Temporários
com a comunidade; o Linux possui várias distribuições diferen- /home Armazena as pastas dos Usuários.
tes. Isso se deve ao fato de ele ser um software livre e, assim, é
permitido alterar uma distribuição e repassar a outras pessoas /root Diretório do Administrador
que, por sua vez, também podem efetuar as suas alterações. Gerenciadores de Arquivos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No site da dristrowatch existem mais de 300 distribuições


Linux registradas. As principais são: Gerenciador de Arquivo é o programa que permite nave-
gar entre as pastas do computador, como também realizar ta-
UBUNTU MIND (BASEADO refas do tipo copiar, recortar, colar, renomear e mover arquivos
GUI GNOME/UNIT NO UBUNTU) e pastas.
O Nautilus é o gerenciador de arquivos utilizado nas distri-
DEBIAN KUBUNTU buições Linux que trabalham com a interface gráfica Gnome,
GUI KDE enquanto que as distribuições que utilizam o KDE têm como
gerenciador de arquivos o Konqueror. O Konqueror também
MINT (BASEADO pode ser utilizado como navegador de Internet, já no Nautilus
NO DEBIAN) essa opção foi desabilitada por segurança.
Terminal Linux
REDHAT FEDORA O Shell é o aplicativo que permite operar com o Sistema
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Operacional Linux através de linhas de comandos, ou seja, é o


SUSE responsável por ler e interpretar um comando do usuário. Ele é
similar ao Prompt de comandos no Windows (DOS).
MANDRAKE MANDRIVA Comandos Linux
Embora o Linux possua várias interfaces gráficas que po-
CONECTIVA dem ser utilizadas, a boa e velha linha de comando ainda é
o caminho mais prático e rápido para a execução de muitas
tarefas.
Estrutura de Diretórios Os comandos são cobrados no concurso justamente por-
A estrutura de diretórios define quais são as pastas do que é a parte similar entre as diversas distribuições Linux. Mas
Sistema e quais as suas finalidades perante os programas e o você não precisa se desesperar, pois o que é pedido são apenas
próprio sistema operacional. os comandos básicos e para que servem, ou seja, não é pedido
As questões sobre a estrutura de diretórios do Linux assu- a linha de comando e suas opções, mas apenas o comando.
mem um formato relacional, cabendo ao concursando associar Assim, vejamos os principais comandos cobrados e suas ações:
as pastas às suas finalidades.
cd Permite navegar entre as pastas.
A estrutura de diretório do Linux, assim como a do Windo-
ws, possui caráter hierárquico que toma como partida a raiz do ls Listar arquivos e pastas do diretório atual.
Sistema - no caso do Linux, a raiz do SO é o diretório / (barra). clear Limpa a Tela.
O termo raiz é atribuído, pois a estrutura de diretórios obser- exit Sair do terminal.
vada de forma inversa apresenta características de uma árvore
cp Copiar um arquivo ou pasta especificado.
que, a partir da Raiz, possui seus galhos, as pastas e por fim,
suas folhas, os arquivos. rm Remover um arquivo ou pasta especificado.
Desliga o Computador (é necessário ser administrador
init 0
para executar este comando).
/dev (devices): Armazena os drivers /dev dos dispositivos. Reinicia o Computador (é necessário ser administrador
init 6
(binaries): Armazena os binários essenciais para o para executar este comando)
/bin funcionamento do sistema. Como também comandos chmod Permite alterar as permissões de arquivos e pastas
básicos do SO como: rm, pwd, su, tar entre outros.
Mover arquivos e pastas. Também pode ser utilizado
mv
(binaries): Armazena os binários essenciais para o para renomear um arquivo ou pasta
/ Sbin funcionamento do sistema que sejam vinculados ao pwd Mostra o diretório em que você está
Super Usuário (administrador).
mkdir Criar um diretório
(Mount): Conhecido como ponto de montagem padrão,
é o local através do qual se tem acesso às unidades de reboot Reinicia o Sistema Operacional
/mnt
armazenamento, CD-Roms e Pendrives conectados no Empacota os arquivos e pastas em um único arquivo.
computador. tar
(Não compacta)
Armazena os arquivos de configuração do Sistema /etc Compacta os arquivos e/ou pastas em um mesmo
/ etc gzip
Operacional. arquivo
5. Windows
O Windows é o sistema operacional mais cobrado sobre
ações e tarefas executadas pelo usuário. Nesta seção, serão
abordadas algumas de suas ferramentas e características.

Após realizado esse passo, uma janela será aberta como a


ilustrada a seguir, na qual o usuário pode navegar pela rede e
escolher a pasta que deseja mapear e a letra que quer atribuir
a esta unidade que será criada. Letras em uso não podem ser
usadas, como o C:.
Componentes
Neste tópico, são apresentadas as principais opções do
Windows que são cobradas nas provas dos concursos.
Área de Trabalho
A Área de Trabalho do Windows é composta pela Barra
de Tarefas, Menu ou Botão Iniciar, ícones e papel de parede. A
figura acima ilustra a área de trabalho do Windows 7.
Meu Computador
Na janela Computador são disponibilizadas informações
sobre as unidades de disco e armazenamento que estão co-
nectadas ao computador. Por meio dessa janela podemos ob-
ter a informação do tamanho das unidades e o quanto estão
ocupadas.
A cada novo dispositivo que conectamos, observamos que Findos esses passos, na janela Computador encontrar-se-á
uma nova letra é usada, por exemplo, a figura a seguir ilustrando a pasta da rede mapeada para um acesso mais rápido a ela.

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a janela Computador do Windows 7. Ela indica a presença do HD
primário C: e de uma unidade de CD no D:; se um pendrive for
conectado a esse computador, então será atribuída a ele a letra E:.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Explorer
O Windows Explorer é um programa responsável por pos-
A opção Computador ou Meu Computador usa a janela do sibilitar a navegação entre as pastas e arquivos armazenados
Windows Explorer. no computador. Por definição, ele é um Gerenciador de arqui-
vos, mas por meio dele é possível acessar páginas na Internet,
Mapear Unidade de Rede
basta digitar o endereço desejado na barra de endereços do
O recurso Mapear Unidade de Rede auxilia o acesso a uma programa. Ao detectar que é o endereço de um site, ele abre o
pasta compartilhada na rede, criando uma espécie de atalho para
ela na janela Computador, como se fosse mais uma unidade. navegador com o site digitado.
Para realizar esse procedimento, basta clicar com o bo- Para abrir a janela Windows Explorer, podemos ir por meio
tão direito do mouse sobre a opção Computador ou sobre do botão iniciar - Todos os Programas - Acessórios - e, por fim,
a opção Rede e escolher a opção Mapear Unidade de Rede, Windows Explorer, ou podemos lançar mão do conjunto de 137
como ilustra a figura a seguir: teclas de atalho Windows + E.
Operação com Arquivos e Pastas Ou podemos clicar no botão Modos de Exibição, que pode
138 assumir a forma de qualquer um dos botões ilustrados nesta
Quando estamos em um gerenciador de arquivos, tanto no
seção de acordo com o modo que estiver em exibição.
Windows quanto no Linux, podemos realizar algumas ações
com os arquivos e pastas, como Copiar, Colar e Recortar. Con- No Windows 7, está disponível o modo de exibição Con-
tudo, esses procedimentos podem ser feitos com maior agili- teúdo, que não existia no Windows XP.
dade, utilizando o mouse combinado com o teclado. O modo de exibição mais importante é o modo Detalhes,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos tratar das situações em que o usuário clica, man- pois, por meio dele, podemos visualizar diversas informações
tém clicado e arrasta um arquivo ou pasta. sobre um arquivo sem abri-lo, além de permitir a organização
dos dados por diversos critérios.
HD PenDrive
Lixeira
C: D:
Por padrão, a Lixeira no Windows pode ocupar até 10% da
Arrastar Para pastas capacidade da unidade, mas é possível alterar esse tamanho
Mover + na mesma
Arrastar
ALT unidade por meio das propriedades dela.
+ Atalho ou unidade
SHIFT Arrastar diferente Nem todo arquivo que é deletado é enviado para a li-
Arrastar Arrastar
+
CTRL
xeira. Por exemplo, um arquivo apagado de um disquete ou
Mover Copiar pendrive não são enviados para a lixeira do computador, no
Copiar
caso dos pendrives é criado uma espécie de lixeira dentro
do próprio pendrive, mas isto depende do driver do dispo-
Na figura anterior temos duas unidades: C: (HD) e D: (pen-
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sitivo.
drive). Quando tratamos de clicar e arrastar, a regra é de acor-
do com as unidades. Se for clicado e arrastado um arquivo ou Por outro lado, toda forma de remoção de um arquivo,
pasta de uma pasta para outra da mesma unidade, os arquivos quando combinada com a tecla SHIFT pressionada, remove o
ou pastas selecionados serão movidos. Porém, se a ação ti- arquivo ou pasta sem enviar para a lixeira, ou seja, é uma re-
vesse como destino outra unidade de armazenamento, então moção permanente.
a ação padrão seria criar uma cópia dos arquivos ou pastas
selecionados na pasta de destino.
Painel de Controle
Por outro lado, podemos inverter essas ações com o uso O Painel de Controle é o local onde são concentradas as op-
simultâneo de teclas de atalho. Quando formos arrastar um ar- ções de configuração do sistema Windows.
quivo ou pasta dentro da mesma unidade com o intuito de criar
apenas uma cópia, em vez de mover, devemos segurar pressio-
Acessórios
nada a tecla CTRL. Já ao arrastarmos para uma pasta de unidade O Windows conta com um conjunto de acessórios que são
diferente sem que seja criada uma cópia, mas seja movido para programas de uso geral que auxiliam tarefas do usuário. São
a pasta de destino, devemos realizar o procedimento com a tecla os acessórios do Windows:
SHIFT pressionada.
Outra situação é quando arrastamos com a tecla ALT pres-
sionada. Neste caso, independentemente se for para uma
pasta da mesma unidade ou de unidade diferente, o resultado
será o mesmo: será criado um atalho.
Modos de Exibição
Por meio da janela do Windows Explorer também pode-
mos optar entre alguns modos de exibição diferentes para vi-
sualizar os arquivos e pastas dispostos em uma pasta.
Para alterar entre os modos de exibição, podemos usar a
tecla CTRL pressionada enquanto rolamos o Scrool do mouse
(rodinha); e a barra à esquerda da figura abaixo é alterada de
acordo com o zoom.

Ferramentas de Sistema
As Ferramentas de Sistema do Windows 7 têm sido muito
cobradas nas últimas provas de concursos, por fornecerem um
conjunto de opções e conceitos diferentes.
Nesta seção, faremos breves comentários sobre essas fer-
ramentas e suas finalidades.
Monitor de Recursos O processo de Desfragmentação, por realizar uma leitura
e escrita intensa no disco, torna-se um processo lento, portan-
O Monitor de Recursos é uma ferramenta que nos per-
to não se recomenda seu uso muito frequentemente. Deve-se
mite verificar o desempenho do computador, visualizando
obedecer a uma regularidade, mas nada exagerado.
o uso da memória e do processador, a banda de rede e o es-
paço em disco. A figura a seguir ilustra a visão do consumo Para que o desfragmentador seja executado, é necessá-
do processador do meu computador no momento em que rio possuir espaço em disco. Caso não haja, será sugerido ao
estava escrevendo este material. Na imagem são ilustrados usuário que realize uma Limpeza de Disco a fim de liberar mais
até o CPU7, porque se trata de um processador i7 com 8 espaço.
núcleos. Ao final do processo, os dados estarão organizados,
a maioria, de maneira contígua para serem acessados
mais rapidamente, bem como será organizado o espaço
livre em disco de forma que fique contínuo também para
minimizar futuras fragmentações.
O Desfragmentador não corrige falhas de disco muito
menos a Limpeza de Disco, essa tarefa é responsabilidade do
ScanDisk.
Informações do Sistema
O recurso Informações do Sistema também pode ser aces-
sado por meio das teclas de atalho (Windows) + Pause.
A janela de Informações do Sistema exibe dados sobre o
Limpeza de Disco usuário e sobre a chave de ativação do Windows. No caso do
A Limpeza de Disco é uma ferramenta que permite limpar Windows 7, também é exibida uma avaliação do hardware por
(apagar) os arquivos temporários do computador como forma parte do sistema, além de informação do tamanho da memó-
de obter mais espaço livre. A figura a seguir ilustra a janela da ria RAM e do nome do processador. A figura a seguir mostra a
Limpeza de Disco. janela das Informações sobre o Sistema.

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Agendador de Tarefas
O Agendador de Tarefas permite que você agende tarefas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

automatizadas para que realizem ações em um horário especí-


fico ou quando um determinado evento ocorrer.

No Windows 7, além de se poder esvaziar a lixeira e apa- Transferência Fácil do Windows


gar os arquivos temporários de navegação da Internet, existe O recurso de Transferência Fácil do Windows é uma ferra-
a opção de apagar as miniaturas criadas quando arquivos de menta criada para copiar as configurações e preferências de
imagem são visualizados no Windows Explorer no modo de um usuário em um computador e passá-las para outro, não
miniaturas (ícones grandes). necessitando ao usuário reconfigurar todas suas preferências
novamente quando trocar de computador.
Desfragmentador
O Desfragmentador de Disco é a ferramenta de Sistema Restauração do Sistema
responsável por organizar os arquivos no disco, pois, com A Restauração do Sistema permite retornar o estado do
o tempo, usando o computador, copiamos, colamos, recor- sistema a um ponto anterior no tempo, chamado de ponto
tamos e movemos muitos arquivos criando fragmentos no de restauração, que é criado automaticamente pelo Windows
HD. Um HD muito fragmentado se torna mais lento para quando um novo programa é instalado no sistema. Ele tam- 139
ser lido. bém pode ser criado manualmente pelo usuário.
A ferramenta restaura somente o sistema e a instalação vidades, principalmente, por conta da sua portabilidade para
140 dos programas. Os arquivos criados, alterados ou excluídos celulares e também tablets.
entre os pontos de restauração não são afetados, ou seja, a
restauração do Sistema não recupera arquivos. Requisitos Mínimos
Tipos de Backup Para instalar o Windows 10, o computador deve possuir no
mínimo 1 GB de memória RAM para computadores com pro-
Um backup, algumas vezes descrito como becape, nada
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cessador 32 bits de 1GHz, e 2GB de RAM para processadores


mais é do que uma cópia de segurança dos dados. Essa cópia de 32bits de 1GHz. Todavia, recomenda-se um mínimo de 4GB.
tem por finalidade manter os dados mais atuais salvos, de ma-
A versão 32 bits do Windows necessita, inicialmente, de
neira que se porventura os dados originais sejam perdidos por
16GB de espaço livre em disco, enquanto o Windows 64 bits
falha ou exclusão, a perda não tenha um grande impacto, pois
utiliza 20GB. A resolução mínima recomendada para o monitor
é possível restaurar a partir das versões salvas, minimizando
é de 1024x768.
assim a perda. Um backup não impede que os dados sejam
acessados por terceiros. Novidades
Em um backup devem ser salvos os dados do usuário, ou
O Windows 10 nasce com a promessa de ser o último Win-
seja, não é necessário, muito menos indicado, salvar os arquivos
dows lançado pela Microsoft. Isso não significa que não será
dos sistemas, como os que ficam na pasta Arquivos de Progra-
atualizado. A proposta da Microsoft é não lançar mais versões,
mas. Os dados devem ser salvos, preferencialmente, em outras
a fim de tornar as atualizações mais constantes, sem a necessi-
unidades de armazenamento, diferentes de onde estão os dados
dade de aguardar para atualizar junto de uma versão enume-
originais como CD, DVD, BluRay, Pendrive, outro HD, disquetes e
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rada. Com isso, ao passar dos anos, a empresa espera não usar
até mesmo fitas magnéticas.
mais a referência Windows 10, mas apenas Windows.
A frequência de realização de uma cópia de segurança de-
pende da importância dos dados, bem como da sua alteração, O novo sistema trouxe inúmeras novidades como também
ou melhor, se os dados sofrem constante alteração, o backup alguns retrocessos.
deve ser realizado com maior regularidade. Já, se raramente O objetivo do projeto do novo Windows foi baseado na in-
sofrem alteração, a frequência de backup também cai. teroperabilidade entre os diversos dispositivos como tablets,
Existem diversos tipos de backup, dos quais podemos des- smartphones e computadores, de modo que a integração seja
tacar o Backup Completo, o Backup Incremental e o Backup transparente, sem que o usuário precise, a cada momento, in-
Diferencial. dicar o que deseja sincronizar.
Backup Completo A barra Charms, presente no Windows 8 e 8.1, foi removida, e a
tela inicial foi fundida ao botão (menu) Iniciar.
Também chamado de Backup Total, é aquele em que todos
os dados são salvos em uma única cópia de segurança. Ele é Algumas outras novidades apresentadas pela Microsoft são:
indicado para ser feito com menor frequência, pois é o mais ▷ Xbox Live e o novo Xbox app que proporcionam no-
demorado para ser processado como também para ser recu- vas experiências de jogo no Windows 10. O Xbox, no
perado. Contudo, localizar um arquivo fica mais fácil, já que se Windows 10, permite que jogadores e desenvolve-
tem apenas uma cópia dos dados. dores acessem à rede de jogos do Xbox Live, tanto
nos computadores Windows 10 quanto no Xbox One.
Backup Incremental
Os jogadores podem capturar, editar e compartilhar
Neste tipo de backup, são salvos apenas os dados que seus melhores momentos no jogo com Game DVR, e
foram alterados após a última cópia de segurança realizada. disputar novos jogos com os amigos nos dispositi-
Esse procedimento é mais rápido de ser processado, porém, vos, conectando a outros usuários do mundo todo.
leva mais tempo para ser restaurado, pois envolve restaurar Os jogadores também podem disputar jogos no seu
todos os backups anteriores. Os arquivos criados são menores computador, transmitidos por stream diretamente
do que os gerados pelo backup diferencial. do console Xbox One para o tablet ou computador
Backup Diferencial Windows 10, dentro de casa.
Este procedimento de backup grava os dados alterados ▷ Sequential Mode: em dispositivos 2 em 1, o Windows 10
desde o último backup completo; assim, no próximo backup alterna facilmente entre teclado, mouse, toque e tablet.
diferencial, somente são salvos os dados modificados desde o À medida que detecta a transição, muda conveniente-
último backup completo. No entanto, esse becape é mais lento mente para o novo modo.
de ser processado do que o incremental, porém é mais rápido
▷ Novos apps universais: o Windows 10 oferece novos
de ser restaurado, pois é necessário apenas restaurar o último
backup completo e o último backup diferencial. aplicativos de experiência, consistentes na sequên-
cia de dispositivos, para fotos, vídeos, música, ma-
6. Sistema Windows 10 pas, pessoas e mensagens, correspondência e calen-
dário. Esses apps integrados têm design atualizado e
O Windows 10 é um sistema operacional da Microsoft lan- uniformidade de app para app e de dispositivo para
çado em 29 de julho de 2015. Essa versão trouxe inúmeras no- dispositivo. O conteúdo é armazenado e sincroniza-
do por meio do OneDrive, e isso permite iniciar uma
tarefa em um dispositivo e continuá-la em outro.

Área de Trabalho
A barra de tarefas do Windows 10 apresenta como novida-
de a busca integrada.

Cortana Aplicativos
Tal recurso opera junto ao campo de pesquisa localizado Os aplicativos podem ser listados clicando-se no botão
na barra de tarefas do Windows.
Está é uma ferramenta de execução de comandos por voz. presente na parte inferior do Botão Iniciar,
Porém, ainda não conta com versão para o Português do Bra- mais à esquerda.
sil. Outro ponto importante é a privacidade, pois tal ferramen-
ta guarda os dados.

Continue de onde Parou


Tal característica, presente no Windows 10, permite uma
troca entre computador – tablet – celular, sem que o usuário
tenha de salvar os arquivos e os enviar para os aparelhos; o

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próprio Windows se encarrega da sincronização.
Ao abrir um arquivo, por exemplo, em um computador e
editá-lo, basta abri-lo em outro dispositivo, de modo que as
alterações já estarão acessíveis (a velocidade e disponibilidade
dependem da velocidade da conexão à Internet).

Desbloqueio Imediato de Usuário


Trata-se de um recurso disponível, após a atualização do
Windows, que permite ao usuário que possua webcam, devi-
damente instalada, usar uma forma de reconhecimento facial
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

para logar no sistema, sem a necessidade de digitar senha.

Múltiplas Áreas de Trabalho


Uma das novidades do Windows 10 é a possibilidade de
manipular “múltiplas Áreas de Trabalho”, uma característica
que já estava há tempos presente no Linux e no MacOS. Ao
usar o atalho Windows + Tab, é possível criar uma nova Área
de Trabalho e arrastar as janelas desejadas para ela.

Botão Iniciar
Com essa opção em exibição, ao arrastar o mouse ligeira-
mente para baixo, são listados os programas abertos pela tela Acessórios
inicial. Programas abertos dentro do desktop não aparecem na O Windows 10 reorganizou seus acessórios ao remover 141
lista, conforme ilustrado a seguir: algumas aplicações para outro grupo (sistema do Windows).
Atenção, pois a cor da fonte não é uma opção de formata-
142 ção presente. A janela a seguir ilustra as opções.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conexão de Área de Trabalho Remota


A conexão remota do Windows não fica ativa por padrão,
por questões de segurança.
Para habilitar a conexão, é necessário abrir a janela de con-
figuração das Propriedades do Sistema, ilustrada a seguir. Tal
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opção é acessível pela janela Sistema do Windows.


Os aplicativos listados como acessórios são, efetivamente:
▷ Bloco de Notas.
▷ Conexão de Área de Trabalho Remota.
▷ Diário do Windows.
▷ Ferramenta de Captura.
▷ Gravador de Passos.
▷ Internet Explorer.
▷ Mapa de Caracteres.
▷ Notas Autoadesivas.
▷ Painel de Entrada de Expressões Matemática.
▷ Paint.
▷ Visualizador XPS.
▷ Windows Fax and Scan.
A conexão pode ser limitada à rede por restrição de auten-
▷ Windows Media Player. ticação em nível de rede, ou pela Internet usando contas de
▷ Wordpad. e-mail da Microsoft.
Bloco de Notas A figura a seguir ilustra a janela da Conexão de Área de
O Bloco de Notas é um editor de texto simples, e apenas Trabalho Remota.
texto, ou seja, não aceita imagens ou formatações muito avan-
çadas. A imagem a seguir ilustra a janela do programa.

Contudo, são possíveis algumas formatações de fonte: Diário do Windows


▷ Tipo/nome da fonte; A ferramenta Diário do Windows é uma novidade no Win-
▷ Estilo de fonte (Negrito Itálico); dows 8. Ela permite que o usuário realize anotações como em
▷ Tamanho da fonte. um caderno.
Os recursos de formatação são limitados, de modo que o
usuário pode escrever manuscritamente ou por meio de caixas
de texto.

Ferramenta de Captura
A ferramenta de captura, presente desde o Windows 7,
permite a captura de partes da tela do computador. Para tanto,
basta selecionar a parte desejada usando o aplicativo.
Notas Autoadesivas
Por padrão, as notas autoadesivas são visíveis na Área de
Trabalho, elas se parecem com Post its.

Painel de Entrada de Expressões Matemáticas


Gravador de Passos Esta ferramenta possibilita o usuário de desenhar, utili-
O Gravador de Passos é um recurso novo do Windows 8, zando o mouse ou outro dispositivo de inserção como tablet
muito útil para atendentes de suporte que precisam apresen- canetas, fórmulas matemáticas como integrais e somatórios, e
tar o passo a passo das ações que um usuário precisa executar ainda colar o resultado produzido em documentos.

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para obter o resultado esperado.
A figura a seguir ilustra a ferramenta com um passo grava-
do para exemplificação.

Paint
O tradicional editor de desenho do Windows, que salva
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

seus arquivos no formato PNG, JPEG, JPG, GIF, TIFF e BMP


(Bitmap), não sofreu mudanças em comparação com a ver-
são presente no Windows 7.

Mapa de Caracteres
Frequentemente, faz-se necessário utilizar alguns símbo-
los diferenciados. Esses símbolos são chamados de caracteres
especiais. O Mapa de Caracteres permite listar os caracteres
não presentes no teclado para cada fonte instalada no com- 143
putador e copiá-los para a área de transferência do Windows.
WordPad Calculadora
144 É um editor de texto que faz parte do Windows, ao con- A calculadora do Windows 10 deixa de ser associada aos
trário do MS Word, com mais recursos que o Bloco de Notas. acessórios. Outra grande mudança é o fato de que sua janela
pode ser redimensionada, bem como perde um modo de exi-
bição, sendo eles:
▷ Padrão;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

▷ Científica;
▷ Programador;
Respectivamente ilustradas a seguir.

Facilidade de Acesso
Anteriormente conhecida como ferramentas de acessibilida-
de, são recursos que têm por finalidade auxiliar pessoas com di-
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ficuldades para utilizar os métodos tradicionais de interação com


o computador.

Lupa
Ao utilizar a lupa, pode-se ampliar a tela ao redor do pon- A calculadora do Windows 10 apresenta inúmeras opções
teiro do mouse, como também é possível usar metade da tela de conversões de medidas, conforme ilustrado a seguir.
do computador exibindo a imagem ampliada da área próxima
ao ponteiro.
Narrador
O narrador é uma forma de leitor de tela que lê o
texto das áreas selecionadas com o mouse.
Teclado Virtual
É preciso ter muito cuidado para não confundir o te-
clado virtual do Windows com o teclado virtual usado
nas páginas de Internet Banking.

Outras ferramentas
O Windows 10 separou algumas ferramentas a mais que o
Windows 8, tais como a calculadora e o calendário.
Painel de Controle Dispositivos e Impressoras
O Painel de Controle do Windows é o local onde se encon-
tram as configurações do sistema operacional Windows.
Ele pode ser visualizado em dois modos: ícones ou cate-
gorias. As imagens a seguir representam, respectivamente, o
modo ícones e o modo categorias.

Firewall do Windows

No modo Categorias, as ferramentas são agrupadas de


acordo com sua similaridade, como na categoria Sistema e
Segurança, que envolve o Histórico de Arquivos e a opção Cor-
rigir Problemas.

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A opção para remover um programa possui uma categoria Data e Hora
exclusiva chamada de Programas.
Na categoria Relógio, Idioma e Região, temos acesso às
opções de configuração do idioma padrão do sistema. Por con-
sequência, é possível também o acesso às unidades métricas e
monetárias, como também alterar o layout do teclado ou botões
do mouse.
Algumas das configurações também podem ser realizadas
pela janela de configurações acessível pelo botão Iniciar.
Segurança e Manutenção
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Contas de Usuário

145
146
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opções de Energia

Programas e Recursos
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Opções do Explorador de Arquivos


Programas Padrão

Estrutura de Diretórios
Uma estrutura de diretórios é como o Sistema Operacional
organiza os arquivos, separando-os de acordo com sua finali-
dade.
O termo diretório é um sinônimo para pasta, que se di-
ferencia apenas por ser utilizado, em geral, quando se cita
alguma pasta Raiz de um dispositivo de armazenamento ou
partição.
Quando citamos o termo Raiz, estamos fazendo uma alu-
são a uma estrutura que se parece com uma árvore que parte
de uma raiz e cria vários ganhos, que são as pastas, e as folhas
dessa árvore são os arquivos.
Dessa maneira, observamos que o diretório Raiz do Win-

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dows é o diretório C: ou C:\ enquanto que o diretório Raiz do
Linux é o /.
Podemos ser questionados com relação à equivalência dos
Sistema diretórios do Windows em relação ao Linux.

Principais Diretórios Windows

Armazena os arquivos
C:\windows do Sistema Operacional
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows.

Armazena os arquivos dos


C:\Arquivos
programas instalados no
de Programas
Computador.

Windows Defender
No Windows 8, o Windows Defender passou a ser também Armazena as configurações,
antivírus além de ser antispyware. C:\Usuários arquivos e pastas de cada
usuário do sistema.
147
Ferramentas Administrativas
148
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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Lixeira
A capacidade da Lixeira do Windows é calculada. Assim,
para HDs de até 40GB, a capacidade é de 10%. Todavia, para
discos rígidos maiores que 40GB, o cálculo não é tão dire-
to. Vamos a um exemplo: caso um HD possua o tamanho de
200GB, então é necessário descontar 40GB, pois até 40GB a
lixeira possui capacidade de 10%; assim, sobram 160GB. A par-
tir desse valor, deve-se calcular mais 5%, ou seja, 8GB. Com
isso, a capacidade total da lixeira do HD de 200GB fica com
4GB + 8GB = 12GB.
É importante, ainda, destacar que a capacidade da lixeira é
calculada para cada unidade de armazenamento. Desse modo,
se um HD físico de 500GB estiver particionado, é necessário cal-
cular separadamente a capacidade da lixeira para cada unidade.
A Lixeira é um local, e não uma pasta. Ela lista os arquivos
que foram excluídos, porém nem todos arquivos excluídos vão
para a Lixeira. Vejamos a lista de situações em que um arquivo
não será movido para a lixeira:
Limpeza de Disco ▷ arquivos maiores do que a capacidade da Lixeira;
Apaga os arquivos temporários, como, por exemplo, arqui- ▷ arquivos que estão compartilhados na rede;
vos da Lixeira, da pasta Temporários da Internet e, no caso do ▷ arquivos de unidades removíveis;
Windows, a partir da versão Vista, as miniaturas. ▷ arquivos que foram removidos de forma permanen-
te pelo usuário.

Desfragmentar e Otimizar Unidades


É responsabilidade do Desfragmentador organizar os
dados dentro do HD de forma contínua/contígua para que
o acesso às informações em disco seja realizado mais rapi-
damente.
Monitor de Recursos
Configuração do Sistema Permite monitorar os recursos do computador e qual o uso
A Configuração do Sistema é também acessível ao ser di- que está sendo realizado.
gitado o comando msconfig na janela Executar. Permite con- ScanDisk
figurar quais serviços serão carregados com o Sistema. No en- O ScankDisk é o responsável por verificar o HD em busca
tanto, para configurar quais programas serão carregados junto de falhas de disco. Às vezes, ele consegue corrigi-las.
com o sistema operacional, deve-se proceder ao acesso pelo
Gerenciador de Tarefas.

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Configurações
Uma novidade do Windows 10 é a opção Configurações,
presente no Botão Iniciar, que apresenta uma estrutura
similar ao Painel de Controle, inclusive realizando a sepa-
ração por categorias de ferramentas, conforme ilustra a
figura a seguir.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opção Sistema
Nesta opção, são apresentadas as ferramentas de confi-
guração de resolução de tela, definição de monitor principal
(caso possua mais de um), modos de gestão de energia (mais 149
utilizados em notebooks).
Também é possível encontrar a opção Mapas Offline, que Opção Contas
150 permite o download de mapas para a pesquisa e o uso por
GPS, principalmente usado em dispositivos móveis ou dotados
de GPS.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opção Dispositivos
A opção Dispositivos lista os dispositivos que foram insta-
lados em algum momento no sistema, como as impressoras.

Opção Hora e Idioma


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Opção Rede e Internet


Para configurar rapidamente o proxy de uma rede, ou
ativar/desativar a wi-fi, a opção Rede e Internet oferece tais
opções com facilidade, inclusive a opção para configurar uma
VPN.

Opção Facilidade de Acesso


Além de contar com as ferramentas para acessibilidade, é
possível configurar algumas características com Alto Contraste
para melhorar o acesso ao uso do computador.
Opção Personalização
Para personalizar os temas de cores da Área de Trabalho do
Windows e os papéis de parede, a opção de personalização pode
ser acessada pelas Configurações. Também é possível clicar com o
botão direito do mouse sobre uma área vazia da Área de Trabalho
e selecionar a opção Personalizar.
Opção Privacidade

A opção Para desenvolvedores é uma novidade do Win-


dows que assusta alguns usuários desavisados, pois, ao tenta-
rem instalar algum aplicativo que não seja originário da Loja
da Microsoft, não logram êxito. Esse impedimento ocorre por
segurança. De qualquer forma, para poder instalar aplicativos
“externos”, basta selecionar a opção Sideload ou Modo De-
senvolvedor.

Opção Atualização e Segurança


A opção Atualização e Segurança talvez seja uma das prin-
cipais opções da janela de configurações, pois, como necessi-
dade mínima para a segurança, o Sistema Operacional deve
estar sempre atualizado, assim como precisa possuir um pro-
grama antivírus que também esteja atualizado.
Vale lembrar que a realização periódica de backups tam- Backup no Windows 10
bém é considerada como um procedimento de segurança. Um backup consiste em uma cópia de segurança dos Ar-
quivos, que deve ser feita periodicamente, preferencialmente
em uma unidade de armazenamento separada do computa-

Ş
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dor.
Apesar do nome cópia de segurança, um backup não im-
pede que os dados sejam acessados por outros usuários. Ele é
apenas uma salvaguarda dos dados para amenizar os danos
de uma perda.
No Windows 8 e Windows 10, o backup é gerenciado pelo
Histórico de Arquivos, ilustrado a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Windows 10 realiza o backup dos arquivos usando a ferra-


menta Histórico de Arquivos (conforme ilustra a figura a seguir), 151
embora ainda permita realizar backups como no Windows 7.
Backup e Restauração (Windows 7) Backup Diário
152 Esta ferramenta existe para manter a compatibilidade com a Um backup diário copia todos os arquivos selecionados
versão anterior de backup do Windows. que foram modificados no dia de execução do backup diário.
Na sequência, são citados os tipos de backup e ferramen- Os arquivos não são marcados como arquivos que passaram
tas de backup. por backup (o atributo de arquivo não é desmarcado).
• Backup da Imagem do Sistema Backup de Cópia
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Backup do Windows oferece a capacidade de criar uma Um backup de cópia copia todos os arquivos selecionados,
imagem do sistema, que é uma imagem exata de uma unidade. mas não os marca como arquivos que passaram por backup
Uma imagem do sistema inclui o Windows e as configurações do (ou seja, o atributo de arquivo não é desmarcado). A cópia é
sistema, os programas e os arquivos. É possível usar uma imagem útil caso o usuário queira fazer backup de arquivos entre os
do sistema para restaurar o conteúdo do computador, se em al-
backups normal e incremental, pois ela não afeta essas outras
gum momento o disco rígido ou o computador pararem de fun-
operações de backup.
cionar. Quando se restaura o computador a partir de uma imagem
do sistema, trata-se de uma restauração completa; não é possível Explorador de Arquivos
escolher itens individuais para a restauração, e todos os atuais
programas, as configurações do sistema e os arquivos serão subs- Conhecido até o Windows 7 como Windows Explorer, o
tituídos. Embora esse tipo de backup inclua arquivos pessoais, é gerenciador de arquivos do Windows usa a chamada Interface
recomendável fazer backup dos arquivos regularmente, usando Ribbon (por faixas) no Windows 8 e 10. Com isso, torna mais
o Backup do Windows, a fim de que seja possível restaurar ar- acessíveis algumas ferramentas como a opção para exibir as
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quivos e pastas individuais conforme a necessidade. Quando for pastas e os arquivos ocultos.
configurado um backup de arquivos agendado, o usuário poderá A figura a seguir ilustra a janela Este Computador que
escolher se deseja incluir uma imagem do sistema. Essa imagem apresenta os dispositivos e unidades de armazenamento lo-
do sistema inclui apenas as unidades necessárias à execução do cais como HDs e Drives de mídias ópticas, bem como as mídias
Windows. É possível criar manualmente uma imagem do sistema, removíveis.
caso o usuário queira incluir unidades de dados adicionais.
Disco de Restauração
O disco de restauração armazena os dados mais impor-
tantes do sistema operacional Windows, em geral, o que é
essencial para seu funcionamento. Esse disco pode ser utili-
zado quando o sistema vier a apresentar problemas, por vezes
decorrentes de atualizações.
• Tipos de Backup
Completo/Normal
Também chamado de Backup Total, é aquele em que todos
os dados são salvos em uma única cópia de segurança. Ele é
indicado para ser feito com menor frequência, pois é o mais Um detalhe interessante sobre o Windows 10 é que as biblio-
demorado para ser processado, como também para ser recu- tecas, ilustradas na figura, não estão visíveis por padrão; o usuário
perado. Contudo, localizar um arquivo fica mais fácil, pois se precisa ativar sua exibição.
tem apenas uma cópia dos dados. Na figura a seguir, é ilustrada a guia Exibir da janela Este
Diferencial Computador.
Este procedimento de backup grava os dados alterados
desde o último backup completo. Assim, no próximo backup
diferencial, somente serão salvos os dados modificados des-
de o último backup completo. No entanto, esse backup é mais
lento de ser processado do que o backup incremental, porém
é mais rápido de ser restaurado do que o incremental, pois é
necessário apenas restaurar o último backup completo e o úl-
timo backup diferencial.
Incremental
Neste tipo de backup, são salvos apenas os dados que fo-
ram alterados após a última cópia de segurança realizada. Este
procedimento é mais rápido de ser processado, porém leva
mais tempo para ser restaurado, pois envolve restaurar todos Ao selecionar arquivos ou pastas de determinados tipos,
os backups anteriores. Os arquivos gerados são menores do como imagens, algumas guias são exibidas como ilustra a série
que os gerados pelo backup diferencial. de figuras a seguir.
É possível notar que há opções específicas para facilitar o
compartilhamento dos arquivos e pastas.

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7. BrOffice Writer – Editor de Texto 2003 não consegue trabalhar com esse formato de arquivo.
Mas, pelo Writer, é possível salvar um documento de modo
que ele possa ser aberto pelo Word 2003, ou seja, é possível
Formatos de Arquivos salvar nos formatos DOC e DOCX. Em relação ao Word 2007 e
Quando se fala nos editores do BrOffice (Libre Office), de- 2010, por padrão, esses programas conseguem abrir e salvar
vemos conhecer seus formatos de arquivos padrões, ou seja, o arquivos no formato ODT.
formato com o qual será salvo um arquivo ao acionar a opção
Salvar Como. Formatação de Texto
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A suíte de aplicativos como um todo possui um formato A principal finalidade do Writer é editar textos. Portanto,
genérico ODF (Open Document File – Formato de Documento suas principais ferramentas são para a formatação de docu-
Aberto). Assim, é, possível no editor de texto, salvar neste for- mentos. Podemos encontrar essas opções de formatação por
mato, bem como no Calc e Impress. meio de quatro caminhos:
No entanto, o formato específico do Writer é o ODT (Open • Barra de Ferramentas de Formatação
Document Text). As provas costumam relacionar os formatos
com as versões dos editores. Então, vale lembrar que o Word

153
• Menu Formatar Menu Formatar
154
Caractere
Ao acionar esta opção, será aberta a janela ilustrada a se-
guir, por meio da qual podemos formatar as propriedades de
fonte, como tipo/nome, estilo e tamanho e, pela aba Efeitos de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fonte, alterar a cor da fonte.


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Parágrafo
As propriedades de Parágrafo englobam opções como
recuos, espaçamento e alinhamentos, conforme ilustrado nas
figuras na sequência:

• Atalhos
• Botão Direito do Mouse

Marcadores e Numeração
Fique atento à identificação de uso deste recurso, pois,
pelo menu Formatar, elas estão descritas em conjunto. Porém,
na barra de Ferramentas padrão elas são apresentadas em
dois botões separados.
Ao acionar a opção pelo menu Formatar, a janela aberta
apresenta os Marcadores em uma guia e a numeração em ou-
tra, conforme ilustram as duas figuras da sequência:

Alterar Caixa ʇ
Equivalente à opção Maiúsculas e Minúsculas do Word,
essa opção permite alterar a forma do caractere de texto. É
importante conhecer as cinco opções desse recurso, conforme
ilustrado a seguir:

Estilos de Formatação (F11)


Por essa opção, podemos definir estilos de formatação
para o texto selecionado, como título 1, título 2, título 3, en-
tre outros, para que a edição do documento seja mais prática,
Página além de favorecer a padronização.
Nesta opção, encontramos os recursos equivalentes aos en-

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contrados na opção Configurar Página do Word, como dimensões
das margens, dimensões de cabeçalho e rodapé, tamanho do pa-
pel e orientação da página. A imagem a seguir ilustra parte dessa
janela:

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ferramentas de Formatação
• Caractere
Página de Rosto
Por meio deste recurso, é possível inserir páginas em uma
seção separada, para que, de uma forma mais simples, sejam O campo descrito por Times New Roman define a grafia
trabalhadas com cabeçalhos e rodapés diferentes em um mes- com que o texto será escrito, a exemplo:
mo documento, mais especificamente, no que tange à numera- . Este campo também é 155
ção de páginas. conhecido como Tipo/Nome da Fonte.
Negrito (CTRL + B) • Cor do Plano de Fundo
156
Atenção para não confundir a cor do fundo do parágrafo
Itálico (CTRL + I)
com a ferramenta Realçar, pois a função Realçar aplica uma
Sublinhado (CTRL + U) cor ao fundo do texto selecionado, enquanto que a opção do
Plano de Fundo aplica ao parágrafo, mesmo que tenha sido
selecionada apenas uma palavra.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cor da Fonte
Pincel de Estilo
Realçar (exemplo do efeito) A ferramenta de Pincel de Estilo serve para copiar apenas
• Parágrafo a formatação. Ela não copia textos, apenas as suas caracterís-
ticas, como cor da fonte, tamanho, tipo de fonte entre outras,
Alinhamento à Esquerda (CTRL + L) com o intuito de aplicar em outro trecho de texto.
O funcionamento da ferramenta parte de uma seleção pré-
Alinhamento Centralizado (CTRL + E) via do trecho de texto que possui a formatação desejada, clicar
no botão pincel de estilo, na sequência selecionar o trecho de
Alinhamento à Direita (CTRL + R)
texto ao qual se deseja aplicar as mesmas formatações, como
Alinhamento Justificado (CTRL + J) que pintando a formatação. Ao terminar a seleção o texto sele-
cionado já estará formatado tal qual o selecionado inicialmente,
Ativar/Desativar Numeração (F12) e o mouse volta ao normal para a edição.
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Ativar/Desativar Marcadores (Shift + F12) Ferramentas


Exportar Diretamente como PDF
Diminuir o Recuo
O BrOffice como um todo possui este recurso que permi-
Aumentar o Recuo te gerar um arquivo PDF a partir do documento em edição. A
janela aberta por este botão é muito similar à janela de Salvar
• Tabulações Como, em que se deve apontar o local onde o arquivo será
salvo e com qual nome se deseja salvá-lo.
Imprimir Arquivo Diretamente
Este é um recurso diferente da impressão habitual pelo
atalho CTRL+P. Essa ferramenta de impressão direta manda o
arquivo diretamente para a impressora que estiver definida,
pelo painel de controle, como padrão, usando as propriedades
padrão de impressão.
Visualizar Página
Este é simplesmente o recurso de visualizar o que será im-
presso, útil para ter uma maior noção de como ficarão distri-
buídas as informações no papel.
Ortografia e Gramática (F7)
Essa ferramenta exibe uma janela, ilustrada a seguir, por
meio da qual é possível corrigir as palavras “erradas” no texto.
Erradas porque na verdade, são indicadas as palavras não co-
nhecidas pelo dicionário do programa. Uma vez que ela esteja
• Caracteres Não Imprimíveis (CTRL + F10) correta, é possível acrescentá-la ao dicionário.

Exibe as marcas de edição, que, como o próprio nome já infor-


ma, não aparecem na impressão. Essas marcações são úteis para
um maior controle do documento em edição, como ilustrado a
seguir. Os pontos à meia altura da linha representam um espaço e
o mesmo símbolo do botão indica o final de um parágrafo. Assim,
no exemplo a seguir, existem dois parágrafos.
Autoverificação Ortográfica Formatar o Página
A Autoverificação é uma ferramenta presente apenas no Aba Página
BrOffice, cuja finalidade é apenas habilitar ou desabilitar a
exibição do sublinhado vermelho das palavras desconhecidas. A aba Página é a principal da janela de formatação de pá-
gina. A figura a seguir ilustra essa aba. Observe que as mar-
Navegador (F5) gens estão definidas por padrão em 2cm, e que o tamanho do
O Navegador tem aparecido nas provas apenas a título papel padrão é o A4. Também é possível determinar a orienta-
de conhecimento de seu nome, associado ao símbolo e ata- ção da página. Vale lembrar que, em um mesmo documento,
lho. Essa ferramenta é um recurso para navegar no texto, a é possível intercalar páginas com orientações diferentes. Para
partir das suas estruturas, como títulos, tabelas, figuras e isso, devem ser utilizadas seções.
outros itens que podem ser visualizados na figura a seguir:

Barra de Menus
Galeria A seguir, é ilustrada a Barra de Menus e, por meio dela,
O recurso Galeria tem peso similar ao Navegador nas pro- temos acesso a quase todas as funcionalidades do programa.
vas. Acionar essa ferramenta resulta na exibição do painel ilus- Observe que cada menu possui uma letra sublinhada. Por
trado a seguir, por meio do qual é possível inserir, em meio ao exemplo, o menu Arquivo possui a letra A sublinhada, essa
documento, estruturas de navegação Web, como botões, sons letra sublinhada é a letra que pode ser utilizada após pressio-
e outros itens. nar a tecla ALT, com o intuito de abrir o devido menu. Não é
uma combinação necessariamente simultânea. Ela pode ser
sequencial, ou seja, teclar ALT soltar e então pressionar a letra.

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Menu Arquivo
Tabela (CTRL + F12)
O botão Tabela pode ser usado de duas maneiras. Cli-
cando no desenho da tabela, é aberta a janela ilustrada a
seguir. Caso seja clicado na flecha, é exibido um reticulado,
pelo qual é possível selecionar a quantidade de células que
se deseja criar numa tabela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

157
Novo ʇ aberta uma janela em que se solicita o local desejado e o nome
158 do arquivo. Também é possível alterar o tipo de documento,
Dentre as opções do menu Arquivo, damos destaque para
a opção Novo. Ela aponta a característica do BrOffice de ser após salvá-lo. O documento que fica em edição é o que acabou
uma suíte de aplicativos integrada, pois, mesmo estando no de ser salvo. O arquivo aberto inicialmente é apenas fechado,
Writer, é possível criar uma planilha do Calc. No entanto, ao sem nenhuma alteração.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

escolher na opção Novo, uma planilha será criada no Calc.


Salvar como Modelo
Porém, ao realizar o acesso por meio deste caminho, o Calc
é carregado mais rapidamente do que se o BrOffice estivesse Podemos criar um documento-base para outros documen-
fechado. tos, utilizando formatações específicas. Assim, essa opção é a
utilizada para salvar este arquivo, de modo que possa ser utili-
Para criar um Novo Documento em Branco podemos tam- zado para esse fim.
bém utilizar a opção do atalho CTRL + N.
Salvar Tudo
Abrir (Ctrl + O)
Essa ferramenta aplica o comando salvar todos os docu-
Permite abrir um arquivo existente em uma unidade de mentos em edição no BrOffice, até mesmo os que estiverem
armazenamento, navegando entre os arquivos e pastas. em edição no Calc.
Documentos Recentes ʇ Recarregar
Ş
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Exibe a lista com os últimos documentos abertos, como Ao acionar essa opção, a última versão salva do documen-
também aqueles salvos, no Writer, com o intuito de forne- to é restaurada. Com isso, as alterações não salvas serão per-
cer um acesso mais rápido a eles. didas.
Assistentes ʇ Exportar
Conforme ilustrado a seguir, existem vários assistentes no
É possível pelo BrOffice exportar o documento de texto para
BrOffice. Eles são nada mais do que procedimentos realizados
outros formatos utilizados por outros programas como: XML,
em etapas, a fim de auxiliar na criação ou estruturação de in-
formações. HTML, HTM, ou mesmo o PDF.
Exportar como PDF
A opção Exportar como PDF é basicamente um caminho
mais curto e explícito para gerar um arquivo PDF, a partir do
documento em edição.
Assinaturas Digitais
Assim como o Microsoft Office no BrOffice, é possível assi-
nar um documento digitalmente. Claro que, para utilizar a fun-
cionalidade por completo, é necessário possuir um certificado
Fechar
digital. Contudo, mesmo não possuindo um, é possível utilizar
A opção Fechar serve para fechar apenas o documento esse recurso para assinar um documento. Porém, apenas será
em edição, mantendo o programa aberto. Tem como teclas
garantida a integridade do mesmo e apenas no próprio com-
de atalho CTRL+W ou CTRL + F4.
putador do usuário.
Salvar
Visualizar no Navegador Web
A opção Salvar apenas se preocupa em salvar as últimas
alterações realizadas em um documento em edição. Seu Já que podemos criar páginas da Internet, é interessante
atalho é CTRL + S no Writer. Mas essa opção possui uma que, no mínimo, possamos visualizar como ela ficaria no nave-
situação de exceção, quando o arquivo em edição é novo, gador. Diante disso, ao acionar essa ferramenta, será aberto o
ou seja, que nunca tenha sido salvo. Essa opção salvar cor- navegador de Internet (Browser) padrão exibindo como página
responde à opção Salvar Como. o documento em edição.
Salvar Como Sair
Esse recurso tem como princípio gerar um novo arquivo. Em comparação com a opção Fechar, a opção Sair fecha
Assim, se um arquivo for aberto e sejam realizadas várias al- o programa inteiro, podendo utilizar, para isso, os atalhos AL-
terações, sem salvar, e utilizar o comando Salvar Como, será T+F4 ou CTRL + Q.
Menu Editar Menu Exibir

Do menu Exibir devemos conhecer os modos de exibição,


bem como alguns itens importantes, listados a seguir. Mas, de
modo geral, podemos pensar que as opções que normalmente
Do menu Editar anteriormente ilustrado, podemos desta- encontramos nesse menu são coisas que não vemos e gostaría-
mos de ver, ou que estamos vendo, mas não desejamos mais
car duas opções principais: ver.
Modos de Exibição

Ş
ŝ#-ŝŦ
Colar Especial São dois os Modos de Exibição: Layout de Impressão (Pa-
Esse recurso permite colar um determinado dado de acor- drão) e Layout da Web. Contudo, poderíamos até considerar,
dependendo da situação, a opção Tela Inteira como um modo
do com a necessidade de formatação, ou seja, é possível man- de exibição.
ter a formatação igual à do local de onde foi copiado ou não Barra de Ferramentas
A principal Barra de Ferramentas questionada nas provas é
utilizar formatação.
a barra de Desenho, que existe também no Writer e Calc, mas
que é exibida por padrão apenas no Impress. A figura a seguir
ilustra as barras disponíveis:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecionar Tudo
A opção Selecionar Tudo tem como observação a sua tecla
de atalho CTRL + A, que é a mesma utilizada para selecionar
todos os arquivos e pastas de um diretório por meio dos ge- 159
renciadores de arquivos.
Barra de Status Quebra Manual
160 Essa é a barra que aparece por padrão nos editores. Ela Este recurso permite utilizar estruturas que sejam auto-or-
fica localizada no fim da janela, ou seja, é a última barra dentro ganizadas, como as quebras de página. Existem três quebras
do programa. Nela encontramos informações como número da de texto possíveis, além das quebras de seção.
página atual e total de páginas do documento, idioma em uso Quebra de Linha (SHIFT + ENTER)
e a ferramenta de zoom à direita. Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja iniciado
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Régua na próxima linha.


Para ocultar a régua, basta desabilitar essa opção. Quebra de Coluna (CTRL + SHIFT + ENTER)
Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja iniciado na
Limites de Texto
próxima coluna.
Os Limites de Texto que são exibidos por padrão são, na
Quebra de Página (CTRL + ENTER)
verdade, as linhas que indicam as margens da página, ou seja,
a área útil do documento. Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja iniciado na
próxima página.
Caracteres Não Imprimíveis (CTRL + F10)
Os caracteres não imprimíveis também podem ser ativa-
dos pelo menu Exibir, como pelas teclas de atalho.
Navegador (F5)
Ş
ŝ#-ŝŦ

O Navegador, anteriormente citado, também é encontrado


no menu Exibir.
Tela Inteira (CTRL + SHIFT + J)
Modo de exibição que oculta as barras e ferramentas, ob-
jetivando a leitura do documento.
Zoom
Também podemos alterar o zoom utilizando o scroll
do mouse, combinado com a tecla CTRL. Campos ʇ
Menu Inserir Os Campos são estruturas de dados que utilizam proprie-
dades do arquivo como nome do autor, título, dentre outras
como Data e Hora do sistema.

Caractere Especial
A opção Caractere Especial pode ser utilizada para inserir
símbolos como este ʇ entre inúmeros outros possíveis.
Seção
Uma Seção é o recurso-base para poder, em um mesmo
documento, trabalhar com páginas com cabeçalhos e rodapés
distintos, ou mesmo configurações de páginas distintas, como
intercalar páginas em retrato e paisagem.
Cabeçalho ʇ Anotação
As estruturas de cabeçalhos e rodapés têm por princípio pou- É o recurso de comentário que pode ser inserido em um
par trabalho durante a edição, de modo que o que for inserido documento como uma anotação do que deve ser feito.
nestas estruturas se repete nas demais páginas, não necessaria- Índices ʇ
mente do documento como um todo, mas em todas as páginas
Os Índices são os sumários e listas automáticas que podem
da mesma Seção.
ser inseridas em um documento, desde que se tenha utilizado
Rodapé ʇ os estilos de título e o recurso de legenda.
Hiperlink Quadro
Um link nada mais é do que um caminho, um atalho para Um quadro, basicamente, é uma caixa de texto para que
algum lugar. Esse lugar pode ser uma página na Internet, seja inserido em seu interior uma estrutura qualquer.
ou computador, como um arquivo que esteja na Internet ou Tabela
mesmo no computador local. Também é possível fazer com
É mais um caminho possível para inserir uma tabela dentro
que um link aponte para algum ponto do mesmo documen-
do editor, dentre as quatro formas possíveis, como o atalho
to, criando uma espécie de navegação. Contudo, para realizar
CTRL + F12.
esse procedimento, deve-se antes inserir Indicadores. A ima-
gem a seguir ilustra a janela de inserir Hiperlink: Figura ʇ
O recurso Figura permite inserir imagens de diferentes for-
matos (PNG, GIF, JPG) em um documento.
Filme e Som
É possível inserir uma música ou um vídeo em meio a um
documento de texto.
Objeto ʇ
Destaque para a opção Objeto OLE (Object Linked Em-
beded) pela qual podemos inserir uma Planilha do Calc
dentro de um documento de texto e ainda utilizá-la com
suas características de planilha.
Nota de Rodapé/Nota de Fim Menu Tabela

Ş
ŝ#-ŝŦ
Notas de Rodapé e Notas de Fim são observações que, por O menu Tabela apresenta as opções próprias de trabalho
vezes, utilizamos para explicar algo que fugiria ao contexto de com uma tabela, como inicialmente inserir uma tabela no do-
uma frase13. A identificação ao lado da palavra/frase serve para cumento em edição. Várias opções aparecem desabilitadas,
que, no rodapé da mesma página ou ao final do documento, o isso ocorre porque uma tabela não foi selecionada.
leitor busque a devida explicação para a observação.
Legenda
Uma Legenda é um recurso que poderia ser utilizado neste
documento para identificar as figuras e referenciá-las em meio
ao texto, mas como a estrutura de apresentação do conteúdo é
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

linear e procura ser direta, não utilizamos esse recurso.


Indicador
Um Indicador é um ponto de referência para ser apontado
por um hiperlink.
Referência
Uma Referência é uma citação pela qual utilizamos a
ideia de informar algo do tipo, “conforme Figura 1”. Em vez
de escrever a palavra figura 1, estaria utilizando uma referên-
cia a ela, para que caso seja inserida uma nova figura antes
da 1 no documento, os locais em que havia sido citado como
figura 1 sejam refatorados para 2.
161
13  Por exemplo, aqui falaria sobre o que é uma frase.
Outro caminho para se inserir uma tabela, além do menu Ortografia e Gramática (F7)
162 Inserir e do atalho, dá-se por meio do menu Tabela opção In- Abre uma janela para verificar o documento em busca de
serir e somente depois a opção Tabela. palavras desconhecidas ao dicionário do programa.
Idioma ʇ
No BrOffice Writer, podemos definir o idioma que está
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sendo trabalhado no texto selecionado, como no parágrafo e


até para o documento de modo geral.
Contagem de Palavras
Mesclar Células
O Writer também possui recurso de contabilização de total
Essa ferramenta só fica habilitada quando duas ou mais
de palavras que compõem o texto.
células de uma tabela estão selecionadas. Ao acioná-las, as
células se tornam uma, ou seja, são mescladas.
Dividir Células
Atente-se para esse recurso, pois somente em uma tabela
é possível dividir células, ou seja, esse recurso não existe para
planilhas.
Proteger Células
É um recurso que pode ser utilizado para bloquear as alte-
Ş
ŝ#-ŝŦ

rações em uma determinada célula e em uma tabela.


Dividir Tabela Numeração de Linhas
Assim como é possível dividir uma célula, também pode- Este recurso é bastante utilizado nas provas de Língua Por-
mos dividir uma tabela em duas ou mais, mas apenas tabelas. tuguesa, em que ao lado das linhas, nos textos apresentados,
aparece uma numeração, que não necessita ser exibida em
Repetir Linhas de Título todas as linhas. Atenção às questões que o comparam com o
Quando se trabalha com tabelas muito extensas, que se recurso Numeração, usado para numerar parágrafos.
distribuem em várias páginas, é difícil manter a relação do Uma forma de identificar a diferença é pela presença dos
que se tem em cada coluna e linha. Para não ter que copiar indicadores de fim de parágrafo, visíveis quando a ferramenta
manualmente os títulos, podemos utilizar o recurso repetir “caracteres não imprimíveis” está ativa.
linhas de título.
Notas de Rodapé/Notas de Fim
Converter ʇ
Já vimos esse nome no menu Inserir. No entanto, são ferra-
É possível converter tanto um texto em tabela como uma
mentas distintas, mas relacionadas, pois esse recurso do menu
tabela em texto, utilizando, para isso, alguns critérios como es-
Ferramentas abre a janela de configuração das notas, confor-
paços entre palavras ou tabulações, entre outros.
me ilustrado a seguir:
Menu Ferramentas

Galeria
A ferramenta que exibe a galeria também é encontrada no
menu Ferramentas, além da barra de ferramentas padrão.
Assistente de Mala Direta
Uma ferramenta interessante para quem quer começar a en-
tender o recurso de mala direta. Por meio dela, é possível criar
uma mala direta passo a passo.
Macros ʇ formação.
De uma forma geral, as Macros são regras criadas para
automatizar tarefas repetitivas. Por meio dessa ferramenta é
possível executar as macros existentes.
Opções de Autocorreção
O recurso de Autocorreção é o responsável por corrigir pa-
lavras logo após a sua inserção, como colocar acento na pala-
vra, caso digitada sem.
Opções
Esse recurso concentra as opções do programa como da- Por padrão, as linhas são identificadas por números en-
dos do usuário e recursos. quanto que as colunas são identificadas por letras, conforme
ilustrado na figura acima. Vale lembrar que, uma vez que exis-
8. BrOffice Calc – te um padrão, que existe também outra forma de se trabalhar,
neste caso, é possível utilizar números para as colunas, mas é
Editor de Planilhas necessário alterar as opções do programa.
Uma planilha já possui um total de 1.048.576 linhas por
O BrOffice Calc é um editor de planilhas eletrônicas pelo 1024 colunas, contudo, como o alfabeto vai apenas até a letra
qual pode-se estruturar um controle de livro-caixa ou estoque, Z, a próxima coluna é dada pela combinação AA, seguida por
dentre inúmeras outras estruturas para atender a necessida- AB até chegar a AZ, seguida por BA, BB e assim por diante até
des básicas de um escritório, por exemplo, que deseja contro- completar as 1024 colunas, sendo a última representada pela
lar suas atividades. A figura a seguir ilustra a janela principal combinação AMJ.
desse programa.
O mais importante a ser observado sobre essa característica
é que esses valores são fixos, ou seja, uma planilha sempre terá
essa estrutura, mas quando usado o recurso inserir Linhas ou
Colunas, ocorre um deslocamento de conteúdo para baixo, no
caso de linhas, e para a direita, no caso de colunas.
Célula
Uma célula é a menor unidade estrutural de um editor de
planilhas, elas são dadas pelo encontro de uma coluna com uma
linha. Assim são identificadas pelos títulos das colunas e das li-

Ş
ŝ#-ŝŦ
nhas que são exibidas.
A célula A1 é a primeira célula de uma planilha, ou seja, é a
célula que se encontra na coluna A e na linha 1.
Células de Absorção
Dentre as características das células podemos citar as de
Absorção, também conhecidas como células de resultado. Ba-
sicamente são aquelas que apresentam o resultado de algum
cálculo.
Os indicadores de Células de Absorção são símbolos usa-
Para utilizar adequadamente esse programa, devemos en- dos para identificar para o programa quais células devem ser
tender as suas estruturas, com as quais iremos operar, como o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

calculadas. No Calc, são três os indicadores de células de ab-


formato de arquivo gerado. sorção:
Por padrão, um arquivo salvo no Calc é salvo no formato
ODS (Open Document Spreadsheet), no entanto é possível por = =5+5 10
meio deste editor também salvar nos formatos padrões do Mi-
crosoft Office Excel, XLS (2003) e XLSX (2007 e 2010). + +5+5 10
Vale lembrar que o formato ODF é o formato genérico do - -5+5 0
BrOffice, conhecido como Open Document Format, ou seja, For-
mato de Documento Aberto. Fique atento, pois o PDF (Formato
de Documento Portátil) também e possível de ser gerado pelo Modos de Endereçamento
Calc, porém por meio da opção Exportar como PDF. Os modos de endereçamento são formas de identificar o
endereço de uma célula, contudo para fins de identificação os
Planilha três modos de endereçamento não possuem diferença, sua
Uma planilha nada mais é do que um reticulado de linhas e aplicação é apenas para os procedimentos de copiar e colar
colunas, as quais são preenchidas com dados e fórmulas com uma célula cujo conteúdo é uma fórmula, por vezes citado pelo 163
o intuito de se obter algum resultado ou estruturar alguma in- clicar e arrastar.
Relativo: no modo de endereçamento relativo apenas tões são colocadas na matemática destes operadores, ou seja,
164 precisamos indicar a coluna e a linha de uma célula. Como o as regras de prioridade de operadores devem ser observadas
exemplo: B2, ou seja, a célula que se encontra na junção da para que não seja realizado um cálculo errado.
linha 2 com a coluna B.
Operador Símbolo Exemplo de uso Resultado
Misto: no modo de endereçamento misto é utilizado o
símbolo $ (cifrão) para indicar que o dado que estiver ime- Adição + =5+5 10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

diatamente à sua direita será sempre o mesmo, ou seja, não Subtração - =5-5 0
poderá ser alterado.
Multiplicação * =5*5 25
Existem duas formas de endereçamento misto, em uma
bloqueamos a coluna, enquanto que na outra a linha é que é Divisão / =5/5 1
bloqueada. Potenciação ^ =5^2 25
Quando desejamos travar a coluna, escrevemos o ende- Percentagem % =200*10% 20
reço da célula, =$B2, assim a linha pode ser alterada quando
houver deslocamento, porém a coluna será sempre a coluna B. Operador de Texto
Por outro lado, quando desejamos fixar uma linha, deve- Os editores também contam com um operador que permite
mos escrever o $ antes da linha, exemplo, =B$2, dessa forma, atuar com texto. O operador de concatenação & tem a função de
a coluna pode ser alterada quando houver deslocamento em reunir o conteúdo das células na célula resultado. Atenção, nesse
relação à coluna, contudo a linha será sempre a linha 2. caso a ordem dos operadores altera o resultado.
Absoluto: no endereçamento absoluto tanto a coluna A figura a seguir ilustra as células com operações de con-
Ş
ŝ#-ŝŦ

quanto a linha são fixadas, assim podemos dizer que a célula catenação.
será sempre a mesma.
• Endereço da Planilha
<nome da Planilha>.<endereço da célula>
=Planilha1.B4+Planilha2.B4
A figura a seguir mostra os resultados obtidos pelas
fórmulas inseridas, atente aos resultados e perceba que a
ordem dos fatores muda o resultado. Também observe que,
por ter sido utilizado um operador de texto, o resultado por
padrão fica alinhado à esquerda.

Referência
Os operadores de referência são aqueles utilizados para
definir o intervalo de dados que uma função deve utilizar.
;
E União
~
: Até Intervalo
! Interseção
Considere o seguinte conjunto de dados em uma planilha
em edição no Calc:

Operadores
No BrOffice Calc existem quatro tipos de operadores bá-
sicos: aritméticos, texto, referência e comparação, cada qual
com suas peculiaridades.
Operadores Aritméticos
Sobre Operadores Aritméticos, assim como sobre Células
de Absorção, a maioria das perguntas é direta, mas as ques-
=SOMA(A1 : A4) C C
A função é lida como Soma de A1 até A4, ou seja, todas as Coluna - 0
3ª 3ª
células que estão no intervalo de A1 até A4 inclusive. No caso
de exemplo o resultado = 100.
C1 o D5
De forma equivalente pode-se escrever a função como se
Origem Destino
segue:
=SOMA(A1 ; A2 ; A3 ; A4 )
A qual se lê Soma de A1 e A2 e A3 e A4, assim é possível Destino Origem Deslocamento
especificar células aleatórias de uma planilha para realizar um Linha 5 - 1 4
cálculo. D C
Coluna - 1
=SOMA(A1 ; A4) 4ª 3ª
Neste caso fique atento pois, a leitura é Soma de A4 e A1,
ou seja, apenas estão sendo somadas as células A1 com A4 as A3 o B4
demais não entram no conjunto especificado. Sendo assim, o Origem Destino
resultado seria 50.
=SOMA(A1 : A4 ! A3 : A5)
Já nesta última situação apresentada, deseja-se somar ape- Destino Origem Deslocamento
nas as células que são comuns ao intervalo de A1 até A4 com A3 Linha 4 - 3 1
até A5, que no caso são as células A3 e A4, assim a soma destas B A
Coluna - 1
células resulta em 70. 2ª 1ª

Elemento Fixador o
O $ (cifrão) é um símbolo usado para travar alguma Origem Destino
informação, via de regra o que estiver vinculado à direita.
As questões normalmente descrevem uma planilha e Destino Origem Deslocamento
citam que uma determinada fórmula foi inserida em uma Linha -
célula. Na sequência, a célula é selecionada, copiada e co-
lada em outra célula, ou mesmo clicado pela alça de preen- Coluna -
chimento e arrastado para outra célula.
No caso a seguir, foi inserida na célula C1 a fórmula Alça de Preenchimento

Ş
ŝ#-ŝŦ
=A1+$A2+A$2, após foi arrastada pela alça de preenchimento
desta célula para a célula C2, assim a fórmula presente em C2 A Alça de Preenchimento é um dos recursos que mais pos-
será: sui possibilidades de uso e por consequência respostas dife-
1º de C1 para C2 foi acrescido apenas uma linha, sem alterar rentes.
a coluna, assim as letras não são alteradas, mas existem modos
de endereçamento misto, em que aparece $2 significa que a
linha será sempre a linha 2, não podendo modificá-la.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe que, quando uma ou mais células estão seleciona-


das, sempre no canto direito inferior é ilustrado um quadrado
um pouco mais destacado, essa é a alça de preenchimento.
Ela possui esse nome porque é utilizada para facilitar o
preenchimento de dados que obedeçam a uma regra ou pa-
drão.
Quando uma única célula está selecionada e o seu con-
C1 o C2 teúdo é um valor numérico. Ao clicar sobre a alça de preen-
Origem Destino
chimento e arrastar seja na horizontal ou vertical, em qual-
quer sentido, exceto diagonal, será preenchido com uma
Destino Origem Deslocamento Progressão Aritmética (PA) de razão 1, caso seja arrastado
para esquerda ou para cima a razão é -1. A figura a seguir 165
Linha 2 - 1 1 ilustra o comportamento.
166
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Funções
Já na situação em que existem duas células adjacentes
As Funções são estruturas prontas criadas para que o usuário
selecionadas contendo valores numéricos diferentes entre
não se preocupe em como elas funcionam, mas apenas com que
si, ao se arrastar pela alça de preenchimento as células se-
informações devem descrever para obter o resultado. Contudo,
rão preenchidas com uma PA cuja razão é a diferença entre para as provas de concurso precisamos saber como elas funcio-
os dois valores selecionados. A figura a seguir ilustra esse nam.
comportamento. Podemos observar que o valor que irá ser
exibido na célula B6 será o número 30, com isso a célula B4 A figura acima ilustra a barra de fórmulas e funções do Calc,
Ş
ŝ#-ŝŦ

receberá o valor 20, enquanto que a B5 receberá 25, confor- por meio dela podemos inserir as funções, além de poder digitá-
me vemos na figura da direita. -las diretamente. Essa barra também tem importante informação,
pois é nela que é exibido o real conteúdo de uma célula, ou seja,
se o que foi inserido foi uma fórmula ou um dado (valor) direto.
Caso ainda não conheça muito bem as funções é possí-
vel contar com o assistente de funções, que pode ser aces-
sado pelo ícone presente nessa mesma barra. À direita
dele encontra-se o botão SOMA, que pode ser usado para
inserir a função =SOMA( ) já o sinal de igual presente na
sequência é o mesmo que digitar o símbolo na célula sele-
cionada a fim de inserir uma fórmula ou função, tanto que
seu nome é Função.
Principais Funções
Quando o conteúdo de uma única célula selecionada for
=SOMA( )
um texto esse, será copiado para as demais células. Mas se o =MÉDIA( )
conteúdo, mesmo sendo um texto, fizer parte de uma série =MED( )
conhecida pelo programa às células serão preenchidas com =MÁXIMO( )
o próximo valor da série. Por exemplo, se Janeiro for o con- =MAIOR( ; )
=MÍNIMO( )
teúdo inserido na célula então ao arrastar pela alça de preen-
=MENOR( ; )
chimento para a direita ou para baixo a célula adjacente será =MODO( )
preenchida com Fevereiro, por outro lado se for arrastado para
cima ou para a esquerda a célula adjacente será preenchida
com Dezembro. O mesmo vale para as sequências Jan, Seg e
Segunda-feira. Atenção: A, B, C não são conhecidos como série
nos programas, mas o usuário pode criá-las.
Já na situação em que haja duas células que contenham
textos diferentes selecionadas, ao arrastar será preenchido =MÉDIA(A1:A5)
com o padrão encontrado, veja o exemplo abaixo. Calcula-se a Média de A1 até A5. O cálculo da média é a
Quando o conteúdo da célula for uma fórmula ao arrastar soma de um conjunto de valores dividido pelo total de valores
somados, assim para o caso apresentado na figura acima o
pela alça de preenchimento o resultado é o mesmo, ou seja,
resultado da média de A1 até A5 é 20/4 totalizando 5, ou seja,
deverá ser calculada a nova fórmula de acordo com o deslo- as células vazias são ignoradas. Caso a célula A3 possua o valor
camento. 0, o resultado seria 4, pois 0 (zero) é número.
=MÉDIA(A1;A2;A3;A4;A5) Para o exemplo acima a resposta é 3.
Nesta segunda forma, apenas se mudou os operadores de =MENOR(B1:B5;1)
referência, mas o resultado será o mesmo, pois o conjunto de A função Menor exibe o enésimo menor número de um con-
dados é o mesmo. junto, desta forma, no exemplo dado, pede-se o primeiro menor
=MÉDIA(B1:B5) número do intervalo de B1 a B5 (3, 3, 5, 7, 7), na função menor
O conjunto apresentado também resulta em 5. o conjunto de dados deve ser considerado em ordem crescente,
assim o primeiro menor é 3, o mesmo que o mínimo de B1 até B5.
=SOMA(B1:B5)/5
=MODO(A1:A5)
Muito comum de ser usado nas provas as estruturas de
funções combinadas com expressões aritméticas como somar Esta função retorna o valor que aparece com maior fre-
o conjunto de B1 até B5 e na sequência dividir o resultado por quência no conjunto especificado. No caso do exemplo, a res-
5. Atente-se, pois para o caso em questão a expressão acima posta é 3.
calcula a média, porém não se pode dizer o mesmo para a fra- =MODO(B1:B5)
se, a função =SOMA(B1:B5)/5 calcula a média dos valores de Observe que o resultado será sempre o valor mais bai-
B1 até B5 qualquer que seja o valor nas células, pois se algu- xo que mais se repete, mesmo que outro valor apareça com
ma célula estiver vazia não será dividido por 5 o total somado, a mesma frequência, como no segundo exemplo a resposta
a fim de calcular a média. também é 3.
=B1+B2+B3+B4+B5/5 Outras Funções Comuns
Cuidado com a expressão acima, porque ela não calcula a
média, mas é bastante usada nas provas para induzir o candi-
dato ao erro, lembre-se que os cálculos devem ser realizados
respeitando as precedências de operadores. Assim, a expressão
para calcular a média seria =(B1+B2+B3+B4+B5)/5 usando os
parênteses para mudar a precedência indicando que o que está
entre eles é que deve ser calculado por primeiro.
=MED(B1:B5)
Atenção a essa função, pois as provas induzem o candidato
a pensar que se trata da função que calcula a média, contudo =SE( ; ; )
o que ela calcula é a Mediana, que é o elemento central de um A função SE é também conhecida como condicional, por meio
conjunto de elementos. Porém, outra questão recorrente pode dela é possível definir ações a serem executadas diante de deter-
ser apresentada: ocorre quando o conjunto de dados é similar ao minadas situações (condições).

Ş
ŝ#-ŝŦ
apresentado, ou seja, com números repetidos e fora de ordem,
Sua sintaxe é composta por três campos sendo que no
devemos lembrar que a mediada leva em consideração os valores
em ordem e que estes se repetem. Desse modo, na mediana de B1 primeiro é colocado um teste lógico, após o ponto e vírgula
até B5 devemos observar os valores (3, 3, 5, 7, 7), com base nesse temos o campo que contém a ação a ser executada, caso o
conjunto tem-se que a mediana é 5, pois é o elemento central. teste lógico seja verdadeiro e na sequência. No último campo,
contém a ação caso o teste lógico seja falso.
=MED(A1:A5)
=CONT.NÚM( )
Contudo, quando o conjunto possui uma quantidade par
de elementos, a mediana é a média dos elementos centrais. Esta função exibe o total de células de um intervalo que
Dado do conjunto (3, 3, 7, 7) a mediana é a média de 3 e 7, ou possui como conteúdo um valor numérico.
seja, 5. =CONT.SE( ; )
=MÁXIMO(B1:B5) Enquanto que a função CONT.SE retorna a quantidade de cé-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Essa função retorna o valor mais alto do conjunto de dados lulas que atendem ao critério estabelecido no segundo campo.
especificado. =SOMASE( ; ; )
=MAIOR(B1:B5;3) Já a função SOMASE, permite somar apenas o conteúdo
das células de interesse ao montante.
Em comparação com a função Máximo, é comum aparecer
a função Maior que permite identificar o enésimo termo de um Assim se aplicada a função =SOMASE(D1:D5;”=A”;C1:C5)
conjunto. a resposta será o montante da soma das células da coluna C
que estiverem na mesma linha das células da coluna D que
No exemplo anterior podemos ler como o terceiro maior possuírem a letra A como conteúdo. Assim a resposta é 80.
número do intervalo de B1 a B5. Exemplos:
Neste caso, como se deseja o maior valor o conjunto, deve
ser considerado em ordem decrescente (7, 7, 5, 3, 3), assim o =SE(C1>=10; “maior ou igual”; “Menor”)
terceiro maior número é 5. Se o valor contido na célula C1 for maior ou igual a 10, então
será escrito na célula o texto expresso no segundo campo da fun-
=MÍNIMO(B1:B5) ção. Por ser um texto, a ação desejada ele obrigatoriamente deve
Enquanto que o máximo traz como resposta o valor mais ser expresso entre aspas, contudo as aspas não serão exibidas na 167
alto, o mínimo retorna o mais baixo. resposta.
Mas se o valor da célula C1 for menor do que então será
168 escrito como resposta o texto Menor.
=CONT.NÚM(A1:A5)
Como a célula A3 está vazia, a resposta desta função é 4,
pois existem apenas 4 células cujo conteúdo é um número.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

=CONT.SE(D1:D5; “=A”)
Ao se aplicar a função acima, ela irá contar quantas células
possuem o texto A, neste caso a resposta é 3.
Formatos de Células
Ao clicar com o botão direito do mouse sobre uma ou mais
células selecionadas é aberto o menu suspenso, ilustrado a se- Os formatos Moeda e Percentagem também podem ser
guir. Neste momento nos interessa a opção Formatar Células definidos pelas opções da barra de Ferramentas de Formata-
que, ao ser acionada, abre a janela de formatação de células. ção. A figura a seguir ilustra parte desta barra com as opções
citadas.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Guia Alinhamento
Por meio desta guia, podemos formatar o alinhamento
vertical e/ou horizontal de uma célula bem como a orientação
do texto, ou seja, sua direção aplicando um grau de inclinação.
Também encontramos a opção Quebra Automática de tex-
to que permite distribuir o conteúdo de uma célula em várias
linhas de texto dentro da mesma célula. A figura a seguir ilus-
tra estas opções.

Guia Números
A figura a seguir ilustra a janela Formatar Células exibindo
as opções da aba Números, as principais abas são as guias Nú-
mero e Alinhamento.

Outras Ferramentas
• Mesclar e Centralizar

A opção Mesclar e Centralizar do Calc centraliza tanto na


horizontal como na vertical. Porém, é possível exibir apenas o
conteúdo da célula superior esquerda, como também se pode
mover o conteúdo das células selecionadas que serão ocultas
para a célula superior esquerda.
A sequência de imagens a seguir ilustra a operação de
mesclar em que se opta por exibir apenas a célula supe-
rior esquerda, observe que as demais células são apenas
ocultas, assim seus valores são mantidos e podem ser re-
Na figura abaixo estão listados os formatos de células e ferenciados.
exibidas as células formatadas.
• Classificar

Outra opção que podemos destacar é a de classificação


de dados, pela qual podemos ordenar um conjunto de dados
selecionados em ordem crescente ou mesmo decrescente, por
meio dos ícones acima representados, respectivamente.

9. BrOffice Impress - Editor de


Apresentação
É também conhecido como editor de slides. Fique aten-
to com as palavras expressas em português como eslaide,
que aparenta ser errada, pelo fato de não ser empregada com
frequência, comumente usada para induzir o candidato ao
erro.

Janela do Programa
Devemos, primeiramente, conhecer algumas funções da Ja-
nela do Editor para melhor entender seus recursos.
A primeira barra ao topo, onde encontramos os botões Fe-
char, Maximizar/Restaurar e Minimizar é a chamada Barra de
Nessa próxima sequência foi optado por mover o conteúdo Título, pois expressa o nome do arquivo e o programa no qual
para a célula superior esquerda, atente que a ordem dos dados está sendo trabalhado.
é a mesma de leitura (esquerda para a direita e de cima para
baixo).

Ş
ŝ#-ŝŦ
A barra logo abaixo é a Barra de Menu, onde se en-
contram as ferramentas do programa. Observe, à direita
do menu Ferramentas, a existência de um menu diferente
dos encontrados no Writer e Calc, o menu Apresentação
de Slides. Nele, são encontradas as opções específicas
• Bordas das operações com slides como Cronometrar, Transição e
Por padrão, em uma planilha, o que vemos são as linhas de Apresentação de Slides.
grade e não as bordas das células, tanto que se realizarmos a im- Na sequência, são exibidas as duas barras de ferramentas
pressão nenhuma divisão aparece. As bordas devem ser aplicadas (Padrão e de Formatação). Fique atento às divisões da jane-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

manualmente de acordo com a necessidade, para isso, pode-se la. Na lateral esquerda, está o painel Slides, nele são exibidas
usar o botão Bordas presente na barra de ferramentas de for- as miniaturas dos slides a fim de navegação na apresentação,
matação que, ao ser acionado, exibe as opções de bordas, como: bem como de organização. Uma vez que, para deslocar o
bordas externas, internas, esquerda, direita, dentre as demais que slide, basta clicar e arrastá-lo para o local desejado.
podem ser visualizadas na figura abaixo.
A última é a barra de Status, por meio dela podemos vi-
sualizar em qual slide estamos, além de poder alterar o zoom
do slide em edição.
Acima da barra de Status está a barra de Desenhos, ilus-
trada a seguir. Essa barra é comum aos demais editores (Calc
e Writer). Porém, ela só aparece por padrão no Impress. Para
ocultá-la ou exibi-la, basta selecionar a barra no menu Exibir
o Barras de Ferramentas o Desenho. 169
170

A área central da tela é onde fica o slide em edição, tam-


bém conhecida como palco, quem sabe uma associação ao
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

espaço onde o artista expõe a sua obra.


Já à direita, é exibido o Painel de Tarefas. Essa estrutura
oferece diversas opções, conforme ilustrado a seguir:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Acima do slide em edição, podem-se encontrar cinco


opções, elas são modos de exibição que podem ser alter-
nados.

Já o item Elementos do Slide Mestre, serve para indicar


quais elementos devem aparecer nos slides ou notas.
No painel de Tarefas, a opção Páginas Mestre apresenta
Mestre alguns modelos de Slides Mestres que podem ser utilizados
pelo usuário.
Um mestre é aquele que deve ser seguido, ou seja, uma
estrutura base para a criação de um conjunto de slides. Por Layouts
meio dele podemos criar um modelo no qual se definem esti- Também podendo ser citado como Leiaute, são as estru-
los de título, parágrafo, tópicos, planos de fundo e os campos turas que um slide pode possuir, como slides de título, título e
de data/hora, rodapé e número do slide, conforme pode ser subtítulo, slide em branco entre outros.
visualizado na imagem a seguir: A figura a seguir ilustra os diversos layouts disponíveis no
Impress. Esses podem ser definidos a qualquer momento da
edição, inclusive após o slide já ter sido inserido.

Por meio do botão Inserir Slide , presente na barra

de ferramentas padrão, é possível escolher no momento da inser-


Para acionar o modo exibido, basta clicar no menu Exibir ção o layout do slide. Após este já ter sido inserido, basta selecio-
o Mestre o Slide Mestre. ná-lo no painel de slides, à esquerda, e escolher o novo layout
A Nota Mestre serve para formatar as características das desejado pelo botão de Layout do Slide ou pelo painel
anotações (notas) que podem ser associadas a cada slide, de Tarefas.
conforme ilustrado a seguir.
Formatos de Arquivos o assunto, ou conteúdo do slide, ou seja, são os tópicos a se-
rem seguidos e apontados. Assim, as notas servem como um
O Formato de Arquivo salvo por padrão no BrOffice (Li-
lembrete.
breOffice) Impress é o ODP (Open Document Presentation).
Contudo, é possível salvar uma apresentação no formato PTT
do PowerPoint (2003) ou PTTX do PowerPoint 2007 e 2010.
Existe também um formato de arquivo PPS (2003) e PPSX
(20007e2010). Ele é um formato de autoplay, ou seja, ao ser
acionado o arquivo com esse formato ele automaticamente é
exibido no modo de exibição de slides.

Modos de Exibição
Os Modos de Exibição refletem em diferentes estruturas
e não apenas formas de visualizar os slides. No Impress exis-
tem cinco modos de exibição principais, mas pode-se acres-
centar também o modo de Apresentação de Slides como Folhetos
sendo um modo de exibição. O modo de exibição de Folhetos, ilustrado a seguir, tem por
Para alternar entre os modos de exibição, pode-se esco- objetivo as estruturas de cabeçalho e rodapé do modo de im-
lher o modo desejado pelo Menu Exibir ou pelas opções pre- pressão de folhetos, ou seja, aquele em que são impressos vários
sentes no topo do palco de edição. slides por página.
Normal
Este é o modo de exibição padrão para a edição dos slides, confor-
me ilustrado a seguir. Com esse modo, é possível alterar os textos do
slide, bem como suas formatações de texto, layout e plano de fundo.

Também é possível dimensionar como ficaram os slides.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Além do conteúdo do cabeçalho e rodapé, é possível inserir da-
dos como data, hora e números de páginas. A figura a seguir
ilustra com maior precisão os detalhes deste modo de exibição:
Estrutura de Tópicos
Já no modo de Estruturas de Tópicos, as características de
formatação do slide não são exibidas, mas apenas o conteúdo
do slide. Cada slide é indicado, bem como cada parágrafo de
conteúdo, conforme ilustrado a seguir. Propriedades como o
tamanho e o tipo da fonte, bem como negrito, sublinhado e
itálico são aparentes neste modo de exibição, ao contrário da
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cor da fonte.

Notas
Este modo de exibição serve para que se possa inserir as 171
anotações sobre um slide, muitas vezes usadas para descrever
Classificador de Slides
172 O modo Classificador de Slides serve para organizar a
sequência dos slides na apresentação, oferecendo uma
interface onde são exibidas as miniaturas das telas para
que, ao clicar e arrastar os slides, seja possível movê-los
para às posições desejadas. Na imagem a seguir, pode-se
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

observar sua disposição:


Já na barra de Ferramentas padrão, encontramos o ícone
que permite a inserção de um slide. Caso seja clicado na
seta à sua direita, é possível ainda escolher o layout do slide
que está sendo inserido.

Menu Apresentação de Slides


Neste menu é que se encontram as opções específicas de
uma edição de apresentação de slides, como os efeitos de ani-
Inserir Slide mação e transição de slides. Assim, se a prova citar alguma op-
Para inserir um slide em uma apresentação, podemos con- ção solicitando o menu em que ela é apresentada, se a opção
tar com o recurso Inserir Slide, que pode ser acionado a partir tiver relação à apresentação de slides, então provavelmente
Ş
ŝ#-ŝŦ

de três locais, dentro do editor de apresentação Impress: Menu estará no menu Apresentação de Slides.
Inserir, Botão direito do mouse e Barra de Ferramentas. Dentre os itens deste menu, podem-se destacar:
Além de poder inserir um novo slide pelo Menu Inserir,
é possível duplicá-lo, ou seja, criar uma cópia do(s) slide(s)
Apresentação de Slides
selecionado(s), conforme ilustrado a seguir. É a opção que permite exibir a apresentação de slides em
tela cheia, de forma a poder visualizá-la. Também é possível
encontrar essa opção no Menu Exibir, assim como acioná-la
por meio da tecla de atalho F5 que, no caso do Impress, sem-
pre inicia a partir do slide selecionado.
Configuração da Apresentação de Slides
Por meio desta opção é possível configurar características
Com o clique do botão direito do mouse sobre um sli- da exibição da apresentação como tempo de transição de sli-
de, é exibida a lista suspensa ilustrada a seguir, que possui des automática e também a possibilidade padrão de trocar de
tanto a opção de inserir novo slide, como duplicar o slide slide a cada clique do mouse ou com tecla do teclado. A figura
selecionado. a seguir ilustra a janela de configurações de apresentação:

Cronometrar
A opção Cronometrar do Impress é muito inferior ao mes-
mo recurso no PowerPoint, se comparados. Em teoria, essa
ferramenta deveria permitir marcar o tempo que seria gasto
para explanar sobre uma apresentação. Contudo, o tempo é
Caso o clique com o botão direito seja feito no espaço va- marcado por slide e exibido apenas enquanto este está sen-
zio, entre os slides é exibida apenas a opção Novo Slide, con- do exibido, após, no próximo slide, o contador é novamente
forme ilustrado a seguir. zerado.
Interação Transição de Slides
Por meio deste recurso é possível modificar a sequência Já a opção de Transição de Slides serve para aplicar um
de exibição de uma apresentação, atribuindo a elementos do efeito a ser executado durante a troca de slide para outro. Per-
slide, como figuras e textos, ações como ir para determinado mite, ainda, definir tempos específicos para cada slide em uma
slide da apresentação, como que criando botões de navega-
ção. Para isso, no entanto, faz-se necessário que algum ele- exibição automática.
mento esteja selecionado.
Animação Personalizada
Esse recurso permite atribuir um efeito a um elemento no
slide. Ao ser acionado, exibe suas opções no Painel de Tarefas
à direita da tela, conforme ilustrado a seguir.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Impressão
É possível também imprimir a apresentação de slides de
Para adicionar um efeito, é necessário selecionar algum acordo com a necessidade, como imprimir um slide em cada
elemento do slide, como texto ou figura e, na janela que se
abre ao clicar em Adicionar (ilustrada a seguir), selecionar o página, como ilustrado na sequência, no modo Slide:
efeito desejado, de acordo com categorias pré-definidas na Slide
forma de guias da janela, conforme ilustrado:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Folhetos
Caso necessário, para imprimir mais de um slide por
página, pode-se escolher a opção Folheto, no campo Do- 173
cumento:
174
10. Microsoft Outlook 2013
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É importante observar que a janela anterior está com o nú- Configuração de Con-
mero de três Slides por página, notando-se, assim, na pré-vi-
sualização à esquerda, que os slides ficam um abaixo do outro, tas no Outlook 2013
nesta opção de impressão, enquanto que nas demais quan- O primeiro passo para que o usuário possa utilizar o cliente
tias os slides são distribuídos como representado a seguir, no de e-mails, presente no pacote Microsoft Office 2013, é a con-
modo de impressão de quatro slides por página: figuração de uma conta de e-mail válida. Este procedimento
segue a sequência de telas a seguir:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Notas
No modo de impressão de Notas, cada folha recebe um sli-
de e, abaixo dele, são impressas as anotações referentes a ele.

Estrutura de Tópicos E-mail


Tema presente na maioria dos concursos públicos, tão
Já na forma de impressão de Estrutura de Tópicos, a im- relevante quanto o serviço de hipertexto, o e-mail (correio
pressão fica tal qual ao modo de exibição. eletrônico) representa um endereçamento que é vinculado a
uma pessoa física ou jurídica e que é único, não existindo na
internet dois endereços de e-mail idênticos.
Pode-se afirmar que o serviço de e-mail é mais antigo que
a própria massificação da internet. Desde os anos 70 do século
passado, ele manteve basicamente a mesma estrutura de en-
dereço e de campos de uma mensagem.
A estrutura do endereço de e-mail define-se da seguin-
te maneira: login @ provedor de e-mail. É possível existirem
múltiplos endereços com o mesmo login, porém, com o prove-
dor diferente. Do mesmo modo, é possível existirem múltiplos
e-mails com o mesmo provedor, porém, com login diferente. A Características dos Clientes de E-mail
combinação “login+provedor” é única.
Vantagens
Estrutura do E-mail ▷ Edição e leitura de e-mails, sem acesso à internet.
Desde que foi concebida, nos anos 70, a estrutura do ▷ Armazenamento das mensagens enviadas e recebi-
e-mail continua praticamente a mesma, e os campos atendem das no HD do computador.
a funções muito claras e definidas. ▷ Cadastro simultâneo de múltiplas contas de e-mail.
A seguir, apresenta-se a listagem dos campos que formam ▷ Melhor gerenciamento da lista de contatos.
a estrutura de um e-mail: ▷ Melhor confidencialidade, através da criptografia de
Cabeçalho (header) - O cabeçalho é composto pelo remeten- mensagens.
te (único), pelo destinatário (único ou múltiplos nos campos ▷ Filtro anti-spam.
Para, Cc e Cco), e demais informações sobre a mensagem, ▷ Melhor configuração de grupos de discussão.
como o título do e-mail.
▷ Editar e enviar e-mail em diversos formatos.
Corpo (body) - O corpo é a mensagem propriamente dita, que
contém o texto da mensagem a ser enviada. Desvantagens
▷ Comprometimento de espaço no HD.
Campos de um E-mail ▷ Mensagens recebidas também ocupam espaço no
Remetente – Único e envia a mensagem. disco.
Destinatário, Para – Único ou múltiplo e recebe a men- ▷ Cobrança de determinados serviços.
sagem. ▷ Indisponibilidade de configuração em clientes de
Destinatário Cc – Único ou múltiplo e recebe a mensa- alguns provedores de serviço de e-mail.
gem “com cópia”.
Destinatário Cco – Único ou múltiplo e recebe a mensa- Webmail
gem “com cópia oculta”. O acesso à conta de e-mail através do webmail consiste na
utilização de browsers para a visualização e edição de e-mails,
Protocolos de E-mail de modo que as mensagens recebidas e enviadas são armaze-
Como todos os demais serviços da internet, o serviço de nadas nos servidores da internet e, não, nos computadores dos
e-mail tem as próprias formas de envio e recebimento de con- usuários.
teúdo, denominadas de protocolos. O webmail traz vantagens e desvantagens para o usuário.
Seguem os principais protocolos de e-mail: Dentre as vantagens, destaca-se a possibilidade de acesso de
Protocolo de Envio – SMTP. múltiplos pontos, pois basta um ponto com acesso à internet para

Ş
ŝ#-ŝŦ
Protocolos de Recebimento - POP3 e IMAP4. visualizar os e-mails. Como desvantagem, pode-se citar o fato da
total dependência da internet. Devido ao fato de as mensagens
Formas de Acesso ficarem armazenadas nos servidores da internet, se estes servi-
Existem basicamente duas formas de acesso a um e-mail: dores não estiverem disponíveis, ou mesmo se o usuário tiver
Webmail - Utilizando os servidores existentes na internet. interrompido o serviço de internet, não terá acesso ao serviço de
webmail.
Cliente de e-mail – São programas instalados no computa-
dor para gerenciar o e-mail. Na atualidade, verificam-se tarefas cotidianas cada vez
mais aceleradas, bem como há o hábito de as pessoas de aces-
Guias do Microsoft Outlook 2013 sarem a internet e o e-mail de vários pontos, como computa-
dores, tablets, smartphones etc. Por tais motivos, o webmail é
Por padrão, o Outlook tem as seguintes guias e ferramen- a forma padronizada de as pessoas acessarem suas contas de
tas internas, as quais estarão apresentadas a seguir: e-mail. Por esta razão, esse assunto tem considerável incidên-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cia em concursos públicos.

Principais Clientes de E-mail


▷ Outlook Express.
▷ Windows Mail.
▷ Mozilla Thunderbird.
▷ Gmail. 175
▷ Microsoft Outlook 2013.
Serviços mais Comuns de Webmail Categorias de E-mails Maliciosos
176 Existe, na internet, uma lista considerável de empresas que Existem diversas formas de montar um e-mail malicioso
oferecem o serviço de e-mail, que são provedores deste serviço. para induzir o usuário a cair em uma fraude e ter, de alguma
Tal serviço geralmente é gratuito, em sua configuração básica, maneira, seus dados e privacidade comprometidos.
e cobrado quando o usuário tem a necessidade de upgrade de As categorias de e-mails maliciosos se dividem sob a base
recursos, como espaço para armazenamento ou capacidade de de alguns critérios que estão listados a seguir:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tamanho de arquivos anexos em uma mensagem. ▷ Conteúdo do e-mail.


A seguir, apresenta-se a lista dos principais provedores de ▷ Remetente.
serviço de e-mail: ▷ Destinatário.
▷ Gmail. ▷ Tipo de ataque.
▷ Outlook.com (antigo Hotmail). O spam é o mais comum e-mail malicioso e se carac-
▷ Terra. teriza por apresentar uma propaganda ou oferta de algum
▷ Bol. produto ou serviço. Não tem o objetivo de furtar dados do
▷ Zipmail. usuário, mas, sim, de realizar uma oferta comercial. O rece-
bimento massivo de spams pode comprometer a caixa de
Vantagens e Desvantagens do Webmail entrada do e-mail e, com isso, gerar a quebra da disponibi-
Existem características que trazem vantagens e desvan- lidade do serviço.
tagens no uso do webmail. Algumas delas podem represen- Seguem as principais caraterísticas do spam:
tar tanto aspectos positivos, como negativos, dependendo ▷ Mensagem com conteúdo indesejado e comercial.-
Ş
ŝ#-ŝŦ

do ponto de vista analisado, das condições de uso do e-mail Remetente desconhecido.


e das necessidades do usuário. ▷ Envio massivo para destinatários individuais.-
A seguir, será possível verificar a listagem das principais Pode atacar o critério da disponibilidade.
vantagens e desvantagens no serviço de e-mail utilizando bro- O scam se caracteriza por ser um dos mais perigosos,
wser, através do webmail. pois sua forma de propagação está baseada na confiabili-
Vantagens dade que as pessoas têm nas outras. Geralmente, caracteriza-
se pelo envio de um tema de interesse coletivo e que induz o
▷ Possibilidade de acesso de múltiplos pontos. destinatário a abrir a mensagem e executar o arquivo anexo,
▷ Existência de níveis de segurança corporativos. supostamente uma foto ou vídeo, e que contém uma ação ma-
▷ Possibilidade de aumento de espaço para arma- liciosa oculta.
zenamento. Seguem as principais características do scam:
▷ Existência de recursos como anti-malwares ou an- ▷ Mensagem de interesse coletivo (sazonal).
ti-phishing. ▷ Remetente conhecido (passivo / pessoa física).
▷ Ausência da necessidade de o usuário dispor de es- ▷ Destinatário coletivo.
paço físico de armazenamento. ▷ Instala um malware e reenvia o e-mail.
Desvantagens ▷ Pode atacar o critério da integridade.
▷ Possível custo para utilização do serviço. É muito comum recebermos e-mails que se passam por
▷ Espaço pré-definido para armazenamento. organizações públicas ou privadas, como bancos ou a Recei-
▷ Presença do nome do provedor no endereço de ta Federal. O phishing se utiliza da credibilidade destas ins-
e-mail. tituições para induzir o usuário a fornecer dados pessoais e,
com isso, ter sua privacidade atacada. É comum os serviços
▷ Anúncios comerciais na página de acesso. de webmail oferecerem filtros anti-phishing, com o objetivo
▷ Possibilita o recebimento de mais spams. de encontrar estas mensagens e bloquear sua ação maliciosa.
▷ Não permite acesso off-line. ▷ Seguem as principais características do phishing:
▷ Mensagem de interesse coletivo.
E-mails Maliciosos ▷ Remetente que se passa por empresa.
O uso de e-mail, atualmente, é fundamental para uma
▷ Destinatário individual.
organização pública. Por este motivo, existe preocupação
quanto ao uso indevido de e-mail. Isso porque o procedimen- ▷ Pode atacar o critério da confidencialidade.
to de abrir um e-mail e executar um arquivo anexo, de fonte Dos menos onerosos, o hoax é o e-mail malicioso que é
desconhecida, pode não apenas comprometer o computador enviado sem alguma intenção maliciosa, mas seu envio mas-
em que tal procedimento foi realizado, como comprometer sivo pode comprometer a capacidade da caixa de entrada do
também toda a rede de computadores de uma organização, usuário. Geralmente, são as famosas “correntes” compartilha-
a ponto de afetar os níveis de segurança da informação. das por e-mail, mensagens de autoajuda ou mesmo os virais e
boatos transmitidos por internet.
Neste sentido, o e-mail é uma das principais fontes de ata-
que aos usuários, uma vez que faz uso da engenharia social Seguem as principais características do hoax:
(aproveitando-se da confiança das pessoas) para atacar os ▷ Mensagem boato ou viral.
computadores, assim como as redes de uma organização. ▷ Remetente conhecido.
▷ Destinatário coletivo. MICROSOFT OFFICE (2007 - 2010)
▷ Pode atacar o critério da disponibilidade. Aplicativo Descrição Padrão Modelo

11. Microsoft Word 2013 WORD Editor de textos


Planilha de
.DOCX .DOTX

EXCEL .XLSX .XLTX


Um dos temas mais comuns em concursos públicos é a cálculos
abordagem de aplicativos que são utilizados em atividades Editor de Apre-
POWERPOINT .PPTX .POTX
administrativas para produção de textos, ou planilhas de cál- sentações
culos, apresentações multimídia e criação de banco de dados. ACCESS Banco de dados .ACCDB
Como no Brasil o uso de softwares difere de um órgão públi-
co para outro, dependendo da política desenvolvida e atividade- Pacote BrOffice - LibreOffice
fim de cada organização, tanto podemos ter a abordagem do Como o pacote Microsoft Office não possui uma versão
pacote Microsoft Office, utilizada no sistema operacional Win- para ser instalado em computadores com o sistema ope-
dows, quanto do pacote BrOffice (LibreOffice), utilizada majori- racional Linux, os órgãos públicos que trabalham com este
tariamente em sistemas operacionais Windows. sistema operacional utilizam majoritariamente um pacote
Como estes aplicativos são complexos e cada um é com- criado para atender as mesmas necessidades, mas que pode
ser instalado tanto em computadores com Windows, quanto
posto de centenas de ferramentas, a abordagem se diferen-
naqueles com Linux.
cia, dependendo da banca organizadora. Porém, existem fer-
Inicialmente, foi criado o pacote OpenOffice, que está na
ramentas prioritárias em cada aplicativo, que são recorrentes
linha inglesa. Porém, como ele é um pacote baseado na licen-
em questões de concursos públicos. ça de livre distribuição, foi desenvolvida uma versão traduzida
Seguem os principais programas do Pacote Microsoft Office: para o português, denominada BrOffice. Mais recentemente,
Word: Editor de textos outra distribuição deste pacote, agora com o nome LibreOffice,
Excel: Editor de planilhas começou a ser utilizada nas organizações.
PowerPoint: Editor de apresentações A estrutura dos programas do pacote BrOffice/LibreOffice
funciona através de menus, como as antigas versões do pacote
Access: Editor de banco de dados Microsoft Office, e trabalha com um conjunto de extensões de
E os principais programas do Pacote BrOffice (LibreOffice): arquivos distinto em cada aplicativo.
Writer: Editor de textos O conjunto de extensões de arquivos utilizado nos aplicati-
Calc: Editor de planilhas vos dos pacotes BrOffice e LibreOffice é denominado ODP (For-
Impress: Editor de apresentações mato de Documento Aberto).

Ş
ŝ#-ŝŦ
Base: Editor de banco de dados LIBREOFFICE
Aplicativo Descrição Padrão Modelo
Pacote Microsoft Office WRITER Editor de textos .ODT .OTT
(Versões antigas) CALC
Planilha de
cálculos
.ODS .OTS
Os programas do pacote Office até a versão 2003 não so- Editor de Apre-
IMPRESS .ODP .OTP
freram mudanças drásticas em sua estrutura, mantendo suas sentações
operações através de menus verticais, e com a mesma lista de BASE Banco de dados .ODB
extensões de arquivos para cada aplicativo.
MICROSOFT OFFICE (Até 2003)
Compatibilidade entre os Pacotes
Aplicativo Descrição Padrão Modelo Pode existir compatibilidade ou não entre os aplicativos dis-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WORD Editor de textos .DOC .DOT


tintos de cada pacote, quanto à leitura, à edição etc. Seguem as
regras de compatibilidade:
Planilha de
EXCEL .MLS .MLT Pacote Microsoft Office (versões antigas): não é possível ler e
cálculos
Editor de Apre- editar as novas extensões do pacote Microsoft Office e nem as
POWEPOINT .PPT .PDT extensões dos pacotes BrOffice/LibreOffice.
sentações
ACCESS Banco de dados .MDB Pacote Microsoft Office (versões atuais): possibilita ler e editar as
extensões das versões antigas do pacote Microsoft Office.
Pacote Microsoft Office Pacote Microsoft Office (versões atuais): dependendo da versão
(Versões Atuais) e da configuração do pacote, permite ou não ler e editar as ex-
Quando a Microsoft lançou o pacote Microsoft Office 2007, tensões dos pacotes BrOffice e LibreOffice, conforme as regras a
houve importantes mudanças estruturais, como a inclusão de seguir:
guias horizontais em substituição aos antigos menus e altera- Regra 1 - versão 2007 (em sua configuração padrão): não lê e
ções nas extensões de arquivos para cada aplicativo. não edita as extensões no formato ODP.
Estas mudanças seguiram nas versões posteriores do pa- Regra 2 - versão 2007 com a atualização “SP1”: realiza leitura 177
cote (2010, 2013 etc.) e edição das extensões no formato ODP.
Regra 3 - versões 2010 e 2013, em sua configuração pa- Existem guias que são comuns aos demais programas do pacote
178 drão: realiza leitura e edição das extensões no formato ODP. Microsoft Office, e existem guias que são exclusivas. As guias exclu-
sivas do Word, que não existem em outros aplicativos, são aquelas
Estrutura do Microsoft Word 2013 que estão no plural, e são as guias Referências e Correspondências
Para trabalhar com cabeçalho e rodapé, é necessário estar no
modo de Exibição Layout de Impressão, que é a exibição pa-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

drão do Word.

As guias existentes no Microsoft Word 2013 podem ser fixas


(aquelas visualizadas na configuração padrão do aplicativo) e
Aplicativos de edição de texto são visados praticamente dinâmicas, que surgem apenas quando determinado elemento
em todos os concursos públicos, pois, independentemente das é inserido no documento de texto em edição, como no uso de
tabelas, por exemplo, quando surgem as guias exclusivas para
funções vinculadas ao cargo ou emprego pretendido, a gera- trabalho em edição de tabelas Design e Layout.
ção de documentos é algo inerente ao cargo público.
Dependendo do edital, pode ser abordado o editor de textos Configuração Padrão do Word
do pacote Microsoft Office, o Word, ou o editor de textos do pa- As últimas versões do Word mantiveram as mesmas defi-
Ş
ŝ#-ŝŦ

cote BrOffice/LibreOffice, o Writer. Porém, o mais comum, parti- nições de configuração padrão, e este tema é extremamente
cularmente em concursos federais, é que sejam abordados os dois explorado em concursos públicos.
programas. Fonte: tipo Calibri, tamanho 11, cor preta.
Uma importante diferença entre o Word e o Writer é a Alinhamento da fonte - alinhar à Esquerda.
regra para extensões de arquivos. Enquanto o Word tem a Papel: uma página em branco, na orientação retrato, papel A4.
extensão padrão “.docx” (padrão com macros “docm”) e de Margens: inferior e superior 2,5cm, esquerda e direita 3cm.
modelos “.dotx” (modelo com macros “dotm”), o Writer tem Medianiz: é a área reservada para encadernação, definida em
como extensão padrão “.odt” e de modelos “.ott”. 0cm à esquerda. A medianiz pode ser configurada tanto no
tamanho quanto em sua orientação, e sua área não é vinculada
No Microsoft Word, alguns atalhos de teclado, em particular
à área das margens. Ao final da medianiz começa a margem.
para edição de textos, foram traduzidos para a língua portuguesa,
como Selecionar Tudo (Ctrl+T) e Negrito (Ctrl+N). Porém, no Wri-
ter, mesmo nas versões em português, os atalhos de teclado não
foram traduzidos e estão na língua inglesa, como Selecionar Tudo
“All” (Ctrl+A) e Negrito “Bold” (Ctrl+B).
O Microsoft Word 2013, em sua configuração padrão, pos-
sibilita utilizar modelos preestabelecidos, como mostra a figu-
ra a seguir:

Guias e Menu do Word


Hiperlink
O editor de textos Microsoft Word tem uma configuração
É possível incluir hiperlinks no Word, que são atalhos tanto
padrão pré-definida e possui sua estrutura básica de menus e
externos (para um site, por exemplo), quanto internos (para
guias disposta a seguir:
outra página do mesmo documento). Por padrão, um hiperlink
Menu: Arquivo. inserido e ainda não habilitado é exibido na cor azul e subli-
Guias: Página Inicial, Inserir, Design, Layout de Página, Referên- nhado simples, já um hiperlink habilitado é exibido na cor roxa
cias, Correspondências, Revisão e Exibição. e sublinhado simples.
O caminho para se inserir um hiperlink em um texto ou ima- Tabelas no Word
gem inserida em um documento em formatação no Word, é se-
Apesar de o Word trabalhar com edição de textos, é possí-
lecionar o elemento e na guia Inserir escolher no grupo “links” a
vel inserir tabelas. Elas têm regras próprias que se diferem, por
ferramenta Hiperlink, abrindo a janela de formatação do hiper-
exemplo, da forma de trabalho com planilhas do Excel.
link é escolhido o endereço do atalho interno ou externo.
A forma de inserir uma tabela no Word se dá por meio da guia
Para habilitar um hiperlink, através do cursor do mouse, é ne-
“Inserir” e, no grupo “Tabelas”, selecionar a ferramenta “Inserir
cessário manter pressionada a tecla Ctrl.
Tabela”. Após esta ação, o usuário deve escolher a quantidade de
Pincel de Formatação colunas e linhas que a tabela terá. As células, que representam a
intercessão de colunas e linhas é a consequência desta ação.
Uma das ferramentas mais importantes do Microsoft Word
é o pincel de formatação, que possibilita copiar e aplicar a for- A tabela a seguir apresenta as bases para tais diferen-
matação de um texto em outras partes do texto. Existem duas ças.
formas de trabalho com o pincel de formatação que seguem 5 6 2 3
abaixo. 7 2 1
Clique simples no pincel de formatação: copia, aplica e desa- 6 3 9
bilita a ferramenta.
3 8
Clique duplo no pincel de formatação: copia, aplica e man-
tém habilitada a ferramenta para aplicação em outras áreas
do texto. Enquanto o Excel trabalha com referências absolutas, com
todas as células tendo um nome definido (A1, F7...), a tabela
Estilos e Efeitos do Word trabalha com referências relativas ao local em que
No Microsoft Word, é possível inserir estilos e efeitos ao texto se trabalha.
em edição. Eles estão dispostos a seguir: Ex.: Não podemos afirmar que o número 5 se encontra
Regular na célula A1, e, sim, na primeira coluna e na primeira li-
Negrito nha, acima do 7 e à esquerda do 6.
É possível trabalhar com a inserção de funções em uma
Itálico
tabela do Word. Como as guias são dinâmicas, quando se tra-
Negrito Itálico balha com tabela, surgem as guias Design e Layout. O caminho
Tachado para inserir fórmulas na tabela do Word é na guia Layout, e no
Subscrito grupo Dados, selecionar a ferramenta “Fórmula”.
Sobrescrito Ao contrário da planilha do Excel, que trabalha com as
Não é possível vincular ao mesmo caractere subscrito e funções e fórmulas em português, a tabelas do Word, mesmo

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sobrescrito, simultaneamente. em português (como é a abordagem em concursos públicos)
está baseada na língua inglesa. A função padrão da tabela do
Seleção de Textos no Microsoft Word Word é a função “SUM” (Soma), e as referências são relativas
Como se trata de um editor de textos, a seleção de texto é ao local em que a fórmula foi inserida.
uma importante ferramenta do Microsoft Word e muito abor- Ex.: 1: Considerando o exemplo da tabela anterior:
dada em provas de concursos. Caso o cursor do mouse esteja na primeira linha e na úl-
Existem basicamente duas formas de seleção de textos no tima coluna, a fórmula inserida será =SUM(LEFT), somando
Word, por meio do cursor do mouse e através da seta de sele- os valores que se encontram à esquerda e retornando o re-
ção, que é habilitada quando o cursor do mouse é levado para sultado “16”.
a margem esquerda do documento em edição. Ex.: 2: Considerando o exemplo da tabela anterior:
Regras de seleção através do cursor do mouse: Caso o cursor do mouse esteja na quarta linha e na
terceira coluna, a função inserida será =SUM(ABOVE), so-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique simples: define a posição do cursor.


mando os valores que se encontram acima e retornando o
Clique duplo: seleciona a palavra e os espaços existentes até o resultado “12”, pois a prioridade são os dados acima e de-
próximo caractere, caso existam. pois a esquerda.
Clique duplo no espaço simples entre duas palavras: selecio- Ao contrário da planilha do Excel, que tem fórmulas dinâ-
na a palavra que estiver mais próxima do cursor do mouse. micas, e ao se alterar um dos elementos, o resultado da fórmu-
Clique triplo: Seleciona o parágrafo. la é alterado. Na tabela do Word, a fórmula inserida é fixa, ou
Clique quádruplo: Desfaz o clique triplo, retornando ao duplo. seja, ao se alterar um dos elementos, o resultado permanece
o mesmo.
Regras de seleção através da seta de seleção:
Clique simples: seleciona a linha. Inserindo Planilhas do Excel
Clique duplo: seleciona o parágrafo. no Microsoft Word
Clique triplo: seleciona tudo o que estiver inserido no docu- Devido à compatibilidade existente entre os diferentes
mento. aplicativos do pacote Microsoft Office, é possível inserir ele-
Clique quádruplo: desfaz o clique triplo, retornando ao clique mentos do Excel em um documento que está sendo editado 179
duplo. no Microsoft Word, como planilhas de cálculos.
O caminho para inserir uma planilha do Excel em um do- Estrutura do Excel
180 cumento em edição no Word ocorre por meio da guia Inserir,
selecionar o grupo Tabelas e a ferramenta Planilha do Excel. As últimas versões do Excel possuem uma estrutura de
Seguem as regras de trabalho com uma planilha de Excel guias, e as guias exclusivas, que não existem em outros apli-
no Word: cativos, como o Word e PowerPoint. Tais guias exclusivas são
A planilha inserida segue todas as regras do Excel e não de Fórmulas e Dados.
tabela do Word.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Microsoft Excel 2010 tem a seguinte estrutura: Arquivo


Quando o usuário clica fora da área de edição da planilha,
ela se transforma em uma imagem e nunca em uma tabela. > Pasta de Trabalho > Planilhas Visíveis > Linhas e Colunas >
Caso o usuário clique novamente na área de edição, ela Células (sendo a célula o menor elemento do Excel, portanto,
volta a ser uma planilha editável do Excel. indivisível).
Caso o usuário selecione a imagem e copie, colando em Caso sejam excluídas as Plan2 e Plan3, e exista apenas a
outro documento de qualquer aplicativo do pacote Microsoft Plan1, em uma pasta de trabalho, ao inserir uma nova planilha,
Office, será colada como imagem, porém poderá ser editada ela receberá o nome de Plan4, pois o Excel nunca repete um
no Microsoft Word.
nome de Planilha. Caso o usuário renomeie a Plan1 para Plan5,
12. Microsoft Excel 2013 o Excel irá reconhecer esta inserção e irá incluir a Plan6.
As células são sempre definidas pela intercessão das co-
lunas com as linhas, sendo que a célula F7 é a intercessão da
coluna F com a linha 7.
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A coluna que se encontra à direita da Z é a AA; à direita da


AZ é a BA e, assim, sucessivamente.
No Excel 2013, houve uma mudança estrutural, e a pasta
de trabalho possui apenas uma planilha, denominada A1.

Funções e Fórmulas
Funções são comandos que o Excel reconhece e estão em
português. Por exemplo: SE, SOMA, MÉDIA e fórmulas são es-
Os assuntos relacionados aos aplicativos de edição de truturas lógicas que contêm, no mínimo, uma função, como,
planilhas são abordados em praticamente todos os concursos por exemplo =MÉDIA(A5:D6).
públicos. A explicação para isso é que, independentemente Tanto no Excel quanto no Calc, é possível inserir fórmu-
das funções vinculadas ao cargo ou emprego pretendido, a
geração de tabelas e de planilhas é inerente ao cargo público. las na mesma planilha, em outra planilha da mesma pasta
Dependendo do edital, pode ser abordado o editor de pla- de trabalho ou mesmo em planilhas de outros arquivos. Po-
nilhas do pacote Microsoft Office, o Excel, ou o editor de textos rém, as referências e os sinais são distintos.
do pacote BrOffice/LibreOffice, o Calc. Todavia, particularmen- Inserindo fórmulas com células da mesma planilha:
te em concursos federais, o comum é serem abordados os dois Excel =A1+D5
programas.
Calc =A1+D5
A maior parte das ferramentas, funções e fórmulas é co-
mum entre o Excel e o Calc. Porém, uma importante diferença Inserindo fórmulas com células de outra planilha:
entre os dois aplicativos de planilhas é a regra para extensões Excel =A1+Plan2!D3
de arquivos, pois enquanto o Calc tem a extensão padrão
Calc =A1+Plan2.D3
“.xlsx” (padrão com macros “xlsm”) e de modelos “.xltx” (mo-
delo com macro “xltm”), o Calc tem como extensão padrão Inserindo fórmulas com células de outro arquivo:
“.ods” e de modelos “.ots”. Excel =A1+[listagem.xlsx]Plan2!F4
Atualmente, as principais bancas organizadoras migraram Calc =A1+“salaries.ods”#Plan1.G4
para a versão 2013 do Excel, e é sobre a base deste aplicativo
que iremos trabalhar neste capítulo. Lógica e Aritmética
Tanto o Excel quanto o Calc apenas traduzem para a In-
formática a Lógica e a Aritmética. Desse modo, é importan-
te saber da ordem da resolução de uma fórmula =10/2*3+2-
4+9^(1/2). Neste caso, primeiro é resolvida a potência, depois
a multiplicação e a divisão e, por último, a soma e a subtração.
Mensagens de Erros
O Excel, quando encontra um erro de alguma natureza,
devolve uma mensagem de erro, e são três as mais comuns.
NOME: quando o Excel não reconhece o nome da função. Selecionando a célula B10 pela alça e arrastando
Ex.: =SOME(A1;F5). para baixo, retornará o conteúdo “2 Fase” na célula
REF: quando o Excel não reconhece alguma célula da fór- B11;
mula. Selecionando a célula C1 pela alça e arrastando para
Ex.: =SOMA(A1;Plan6!S5). baixo, retornará o conteúdo “2º” na célula C2;
VALOR: quando uma valoração não pode ser estabelecida Selecionando a célula C8 pela alça e arrastando
pelo Excel. para baixo, retornará o conteúdo “Fase 1 PF” na cé-
lula C9;
Ex.: =SOMA(A1:Plan2!G5).
Selecionando a célula D1 pela alça e arrastando para
Ferramentas do Excel baixo, retornará o conteúdo “1ª” na célula D2;
No Excel as guias exclusivas são denominadas fórmulas e Selecionando conjuntamente as células E1 e E2
dados. pela alça e arrastando para baixo, retornará o con-
A caixa de nome do Excel, localizada no canto superior es- teúdo “A” na célula E3;
querdo da janela, tem a função de localização, navegação e Selecionando conjuntamente as células E4 e E5
criação de nomes para áreas específicas da Planilha. pela alça e arrastando para baixo, retornará o con-
teúdo “Julho” na célula E6;
Selecionando conjuntamente as células E7 e E8 pela
alça e arrastando para baixo, retornará o conteúdo
“Novembro” na célula E9;
Selecionando a célula E10 pela alça e arrastando
Alça de Preenchimento para baixo, retornará o conteúdo “29/02/2015” na
A Alça de Preenchimento do Excel gera sequências lógicas célula E11.
e, na ausência da sequência lógica, gera repetição do termo ou Correção Automática de Erros
do intervalo lógico. O Excel corrige alguns erros gerados na estruturação de
fórmulas, entendendo a intenção do usuário e interpretando
o erro gerado.
Caso o usuário insira a fórmula =SOMA(A1:G5, ela estará
incompleta, pois não foi fechado o parêntese, e o Excel irá de-
volver o resultado e corrigir para =SOMA(A1:G5).
Caso o usuário insira a seguinte fórmula =SOMAA1:G5), o
Excel não irá corrigir, pois não está claro o local onde deveriam

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ser abertos os parênteses e, neste caso, será gerada uma men-
sagem de erro.
Caso o usuário insira a fórmula =SOMA(A1..G5), ela estará
errada, pois .. não é a mesma coisa do que :, porém, o Excel
Exemplos de trabalho com a alça de preenchimento: irá corrigir, irá devolver um resultado e corrigir a fórmula para
=SOMA(A1:G5).
Selecionando a célula A1 pela alça e arrastando
para baixo, retornará o conteúdo “Fevereiro” na cé- Caso o usuário insira a fórmula =SOMA(A1..G5), ela estará
lula A2; errada, pois .. não é a mesma coisa do que :, porém, o Excel
irá corrigir, irá devolver um resultado e corrigir a fórmula para
Selecionando a célula A3 pela alça e arrastando para =SOMA(A1:G5).
baixo, retornará o conteúdo “Fev” na célula A4;
Caso o usuário insira a fórmula =SOMA(A1.,G5) ou =SOMA(A1,.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecionando a célula A7 pela alça e arrastando para G5), ela estará errada, pois ., e ,. não é a mesma coisa do que ;
baixo, retornará o conteúdo “Ter” na célula A8; porém, neste caso, o Excel não devolverá um resultado e, sim, uma
Selecionando a célula A9 pela alça e arrastando mensagem de erro.
para baixo, retornará o conteúdo “Segunda” na cé- Caso o usuário insira a fórmula =2+ 3 o Excel devolverá um
lula A10; resultado, pois espaço não configura erro.
Selecionando a célula B1 pela alça e arrastando
para baixo, retornará o conteúdo “The Clash” na cé- Função Concatenação (&)
lula B2; A função concatenação, que é representada pelo símbolo
Selecionando a célula B3 pela alça e arrastando “&”, faz a junção dos elementos que são concatenados.
para baixo, retornará o conteúdo “1” na célula B4; O resultado da concatenação dos números é alinhada,
Selecionando conjuntamente as células B5 e B6 dentro da célula, à esquerda, ou seja, é considerado um valor
pela alça e arrastando para baixo, retornará o con- não numérico.
teúdo “6” na célula B7; Ex.:
Selecionando a célula B8 pela alça e arrastando para =4&5, retorna o resultado 45; 181
baixo, retornará o conteúdo “Fase 2” na célula B9; =5&0, retorna o resultado 50;
Ex.: =5&00, retorna o resultado 50 (exclui o zero à es-
182 querda);
Ex.: 5&0&0, retorna o resultado 500.
Uma aplicação prática da concatenação é, por exemplo, ter
a lista de logins de clientes em uma coluna, e os respectivos
provedores do serviço em outra, e concatenar estas informa-
ções com o “@” ao meio, para que seja gerado o endereço de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e-mail, como o exemplo que segue:

Possuem certa incidência em concursos as funções que ge-


Ex.: Ex.: =A16&”@”&B16 ram contagem de células que atendem a determinado critério.
• Funções MÉDIA, MEDIANA e MODO Estas funções podem tanto ser abordadas de forma direta nas
Das funções do Excel, dentre as mais abordadas, estão as provas, como parte constituinte de outra função.
funções MÉDIA, MEDIANA e MODO, de forma direta ou sendo A função de contagem sempre vem acompanhada de um
parte de outra função, mais complexa, como Se, PROCV, etc. critério, para que o Excel receba o comando daquilo que deve
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ser contado.
CONT.NÚM (Retorna às células com valores numéri-
cos);
CONTRIBUTE (Retorna às células com qualquer va-
lor);
CONTAR.VAZIO (Retorna às células vazias);
CONT.SE (Retorna às células que atenderem a algum
critério).
Funções Lógicas do Excel
O tema mais abordado em provas de concursos públicos
refere-se às funções lógicas do Excel, em particular às funções
“SE”, “E” e “OU”. Estas funções são exatamente as funções
que são estudadas em Raciocínio Lógico - Matemático, sendo
o SE, o E e o OU da lógica, quando, por exemplo, é montada
uma Tabela Verdade. Convém ressaltar que o Excel é apenas
Função Média - Retorna como resultado a média aritméti- uma ferramenta para trabalhar com a Lógica e a Matemática e,
ca dos dados analisados. portanto, segue as regras destas.
Ex.: =MÉDIA(A1:A3), retorna o resultado 5.
Função Mediana - Retorna como resultado a mediana dos
dados analisados.
Ex.: =MED(A1:A3), retorna o resultado 4.
Função Modo - Retorna como resultado a MODA dos da-
dos analisados.
Ex.:
=MODO(A1:A6), retorna o resultado 2.
=MODO(A1:A8), retorna o resultado 9. Função E
=MODO(1;2;3;4;5;5;5), retorna o resultado 4. A função E dá a ideia de simultaneidade ou testes lógicos
concomitantes, ou seja, todos os testes devem ser confirmados
Funções HOJE e AGORA para o resultado ser verdadeiro. Podemos definir a função E
Existem funções no Excel que não realizam, necessariamente, como “Somente todos”.
cálculos matemáticos, e sim apresentam informações do sistema, Devolvendo o resultado VERDADEIRO OU FALSO. No caso de
como as funções DATA e HORA. todos os testes lógicos serem confirmados, devolve VERDADEIRO;
no caso de apenas um teste lógico for negado, devolve o resultado
Ao inserir estas funções em um arquivo do Excel, a respec-
FALSO.
tiva data e/ou hora serão atualizados.
Ex.:
HOJE - (Retorna a data) = HOJE() =E(20<30) VERDADEIRO.
AGORA - (Retorna a data e hora) =AGORA() =E(20=30) FALSO.
Funções de contagem: =E(20<30;20=30) FALSO.
Função OU Exs.: =PROCV(7;A2:D7;2) retornará ao resultado “Renata”
A função OU dá a ideia de pelo menos um, sem simultanei- =PROCV(MÁXIMO(A2:A7;A2:D7;2), retornará ao resulta-
dade ou testes lógicos não concomitantes, ou seja, pelo menos do “Renata”
um teste deve ser confirmado para o resultado ser verdadeiro.
Podemos definir a função OU como “Pelo menos um”.
Função SOMASE
Devolve o resultado VERDADEIRO OU FALSO. No caso de A função SOMASE soma um conjunto de células, tendo por
apenas um teste lógico ser confirmado, devolve VERDADEIRO, base outras células de colunas distintas, vinculando os ele-
no caso de todos os testes lógicos forem negados, devolve o mentos. Sua sintaxe é =SOMASE(INTERVALO DE TESTE;TESTE
resultado FALSO. LÓGICO;INTERVALO DE SOMA)
Ex.: Ex.: =SOMASE(D2:D7;”Efetivo”;A2:A7).
=OU(20<30) VERDADEIRO
=OU(20=30) FALSO Função SOMASES
=OU(20<30;20=30) VERDADEIRO A função SOMASES soma um conjunto de células, tendo por
Função NÃO base outras células de colunas distintas, com a diferença que há a
A função NÃO nega a lógica interna, sempre analisando o re- possibilidade de vincular, nesta busca, mais de uma coluna para
sultado que está condicionado a ele, se este resultado interno for teste, vinculando os elementos. Sua sintaxe é =SOMASES(IN-
VERDADEIRO, devolve o resultado falso, e se for FALSO, e se o TERVALO DE SOMA;INTERVALO DE TESTE;TESTE LÓGICO)
resultado interno for FALSO, devolve o resultado VERDADEIRO. =SOMASES(A2:A7;D2:D7;”Efetivo”;C2:C7;”<50000”)
Ex.:
NÃO(E(20<30)) FALSO Funções PAR e ÍMPAR
=NÃO(E(20=30)) VERDADEIRO As funções PAR e ÍMPAR devolvem resultados inteiros, pares ou
=NÃO(E(20<30;20=30)) VERDADEIRO ímpares dependendo do valor analisado.
Exs.:
Função SE =PAR(2), retornará o resultado 2;
A função SE é a mais importante função de Excel para con- =PAR(3), retornará o resultado 4;
cursos, pois é a que tem maior incidência em provas de con- =PAR(2,3), retornará o resultado 4;
cursos. A diferença da função SE para as funções E e OU é que, =PAR(0), retornará o resultado 0;
na função SE, os valores são definidos pelo usuário, que pode =PAR(-3), retornará o resultado -1.
inserir, nos campos VERDADEIRO e FALSO, uma outra fórmula,
um texto ou uma referência qualquer.
A função SE devolve o resultado VERDADEIRO OU FALSO.
13. Microsoft PowerPoint 2013

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Dependendo do teste lógico, será definido um valor para ver-
dadeiro e outro valor para falso, definidos pelo usuário.
Sintaxe =SE(TESTE LÓGICO;VERDADEIRO;FALSO)
Exs.: =SE(20<30;20+30;40-60), retornará ao resultado 50
=E(20=30;20+30;40-60), retornará ao resultado -20
=E(20<30;”procede”;”não procede”), retornará ao
resultado “procede”.
Função PROCV
A função PROCV procura um item na Vertical, a partir de um Os aplicativos de edição de apresentações possuem uma
valor, e a partir de um intervalo determinado. Sua sintaxe é =PRO- abordagem tão recorrente quanto o enfoque que se verifica em
edição de textos e planilhas. Por isso, estão praticamente em to-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CV(VALOR PROCURADO;INTERVALO;COLUNA DE RESULTADO).


dos os concursos públicos.
O valor procurado, sendo numérico, deve estar na primeira linha,
Dependendo do edital, pode ser abordado o editor de
dentro do intervalo concernido. Isolada a linha do valor encontra- apresentações do pacote Microsoft Office, o Powerpoint, ou o
do, define-se a coluna que o resultado será devolvido. editor de apresentações do pacote BrOffice – LibreOffice, Im-
press. Porém, o mais comum, particularmente, em concursos
federais, é serem abordados os dois programas.
Uma importante diferença entre o PowerPoint e o Impress
é a regra para extensões de arquivos. Enquanto o PowerPoint
tem duas extensões padrão “.pptx” e “.ppsx” (padrão com
macros, “pptm” e “ppsm”) e de modelos “.potx” (modelo com
macros “potm”), o Impress tem como extensão padrão “.odp”
e de modelos “.otp”.
O fato de o PowerPoint ter duas extensões que são conside-
No campo “COLUNA DE RESULTADO”, existe uma ex- radas padrão, faz com que sejam abordadas nas provas suas dife- 183
ceção. Ela é indicada por números e, não, por letras. renças, que estão elencadas a seguir:
Arquivos salvos com a extensão “.pptx”: são abertos
184 diretamente no PowerPoint e não são visualizados no Visua-
lizador de Slides do Windows. Esta extensão é considerada
automática no PowerPoint.
Arquivos salvos com a extensão “.ppsx”: são abertos
diretamente no Visualizador de Slides do Windows, e não tra-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

zem a necessidade do PowerPoint no computador.


O PowerPoint 2013 apresenta, em sua configuração pa-
drão, modelos pré-estabelecidos, como mostra a figura a se-
guir:

Hiperlink
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É possível incluir, no PowerPoint, hiperlinks, que são ata-


lhos tanto externos (para um site, por exemplo), quanto inter-
nos (para outro slide do mesmo documento, por exemplo). Por
Guias e Menu do PowerPoint padrão, um hiperlink inserido e ainda não habilitado é indicado
O editor de apresentações Microsoft PowerPoint tem uma na cor azul e sublinhado simples. Já um hiperlink habilitado é
configuração padrão pré-definida. Ele possui sua estrutura bá-
indicado na cor roxa e sublinhado simples.
sica de menus e guias, a qual está listada a seguir:
Menu: Arquivo. O caminho para se inserir um hiperlink em um texto ou
Guias: Página Inicial, Inserir, Design, Transições, Animações, imagem inserida em um documento, em formatação no Po-
Apresentação de slides, Revisão e Exibição. werPoint, é selecionar o elemento e, na guia Inserir, escolher,
Existem guias que são comuns aos demais programas do no grupo “links”, a ferramenta Hiperlink. Ao abrir a janela de
pacote Microsoft Office, e existem guias que são exclusivas. As formatação do hiperlink, é escolhido o endereço do atalho in-
guias exclusivas do Powerpoint, que não existem em outros terno ou externo.
aplicativos, são aquelas que estão no plural, e são as guias
Transições, Animações e Apresentação de slides. Para habilitar um hiperlink no PowerPoint, basta estar
no modo Apresentação e passar o cursor do mouse sobre
o elemento que teve o hiperlink inserido. Um elemento com
hiperlink que se encontra fora do slide, apesar de ter hiper-
link vinculado, por não ser visualizado, não poderá ter este
hiperlink habilitado.
No caso supracitado, o hiperlink de um elemento que não
está dentro do slide só terá o hiperlink habilitado se for inse-
Configuração Padrão do PowerPoint rida uma animação que tenha uma trajetória que torne o ele-
O editor de apresentações PowerPoint tem, em sua confi- mento visível, estático ou em movimento.
guração padrão, um slide em branco, na orientação Paisagem,
contendo duas caixas de texto. Animações
Ao contrário dos outros programas do pacote Microsoft
Office, só é possível inserir textos em uma caixa. Além disso, A guia Animações possibilita que o usuário vincule uma ou
diferentemente dos outros programas, é possível inserir ele- mais animações aos objetivos inseridos em um slide, como cai-
mentos fora da área de trabalho, ou seja, fora do slide. xas de texto, tabelas, imagens etc.
Na configuração padrão do PowerPoint, o usuário pode As animações podem ser de execução automática, após a
inserir os elementos que quiser, de modo que o segundo anterior ou mesmo manualmente.
slide não será inserido automaticamente. Isso ocorrerá
apenas com uma ação do usuário, através da guia “Pagi- A guia Animações está vinculada aos objetos inseridos a
na Inicial”, grupo “Slides”, selecionando-se a ferramenta um slide e não ao slide. Sendo assim, um slide em branco, sem
“Novo slide”. objetos inseridos, não pode ter animações vinculadas.
Todo Host possui um endereço que o identifica na rede, o
qual é o endereço IP. Mas também cada peça possui um núme-
ro único de fábrica que o identifica, o MAC Address.

Paradigma de Comunicação
Paradigma é um padrão a ser seguido e, no caso das re-
des, é o modelo Cliente/Servidor. Nesse modelo, o usuário
é o cliente que envia uma solicitação ao servidor; ao rece-
ber a solicitação, o servidor a analisa e, se é de sua compe-
tência, provê a informação/dado.

Dispositivos de Rede
Os Dispositivos de Rede são citados até mesmo em provas
cujo conteúdo programático não cita a matéria de Hardware.
E na maioria das vezes em que aparecem questões sobre o
assunto, se questiona em relação à finalidade de cada dispo-
sitivo na rede, portanto, nesta seção são descritos alguns dos
principais dispositivos de rede:

As animações que são vinculadas aos elementos inseridos Modulador/Demulador


em um slide, como textos, tabelas, imagens etc., podem ser edi- Responsável por converter o sinal analógico da
Modem
linha telefônica em um sinal digital para o
tas quanto ao momento da execução, seu início automático ou
computador e vice-versa.
através de comando do usuário, como clique do mouse e outros
elementos editáveis. Conecta vários dispositivos em rede, mas não
Hub oferece muita segurança, pois envia as
Transições informações para todos na rede.
A guia Transições possibilita vincular transições aos slides.
Ela está vinculada ao slide e, não, ao objeto do slide. Por esta É um dispositivo que permite interligar vários
razão, é possível inserir transições, mesmo em um slide em dispositivos de forma mais inteligente que o
Switch
branco, ou ainda, em um arquivo que contenha apenas um slide. Hub, pois no switch os dados são direcionados
aos destinos corretos.
Ao contrário do que a própria nomenclatura indica, a transi-
ção de slides não representa a mudança de um slide para outro.

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Um roteador já trabalha no nível de rede; em
Se fosse assim, seriam necessários dois slides para inserir transi- um mesmo roteador podemos definir várias
Roteador
ções de um para outro. Na verdade, a transição é a “entrada de redes diferentes. Ele também cria uma rota para
um slide”. os dados.

Slide Mestre Access Um Ponto de Acesso opera de forma similar a


Existe a possibilidade, no editor de apresentações Power- Point um Switch, só que em redes sem fio.
Point, de criar slides mestres, que consistem em ser um slide É a estrutura principal dentro de uma rede, na
com um layout pré-definido para auxiliar nos trabalhos desen- Backbone Internet é a espinha dorsal que a suporta, ou
volvidos. seja, as principais ligações internacionais.
O caminho para inserir slides mestres encontra-se na guia
Topologia de Rede
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exibição. No grupo Modos de Exibição mestre, deve-se esco-


lher a ferramenta Slide Mestre. Neste momento, será criada a Topologia diz respeito à estrutura de organização dos dis-
nova guia Slide Mestre. No grupo Editar Mestre, deve-se esco- positivos em uma rede.
lher a ferramenta Inserir Slide Mestre.
Barramento
Na Topologia de Barramento, todos os dispositivos estão
conectados no mesmo canal de comunicação, o que torna
14. Redes de Computadores o tráfego de dados mais lento e, se o barramento se rompe,
pode isolar parte da rede.
Dois computadores conectados entre si já caracterizam
uma rede. Contudo, ela normalmente é composta por diver-
sificados dispositivos como: celulares, smartphones, tablets,
computadores, servidores, impressoras, roteadores, switches,
hubs, modens, etc. Devido a essa grande variedade de dis- Anel
positivos, o nome genérico HOST é atribuído aos dispositivos A estrutura em Anel conecta um dispositivo no outro; para 185
conectados na rede. que todos os computadores estejam conectados, é necessário
que estejam ligados. Se o anel for simples, ou seja, de única As pilhas de protocolos são:
186 via de dados, um computador desligado já é suficiente para TCP/IP OSI
tornar a rede inoperante para algum outro computador; o pro-
blema pode ser resolvido em partes, utilizando o anel duplo, O modelo TCP/IP é o padrão utilizado nas redes. Mas, em
trafegando dados em duas direções da rede, porém, se dois redes privadas, mesmo o TCP/IP sendo padrão, pode ser im-
pontos forem desconectados, pode-se chegar à situação de plantado o modelo OSI.
duas redes isoladas. Como o modelo TCP/IP é o padrão na seção seguinte são
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

destacados os principais protocolos de navegação.


Principais Protocolos
Um protocolo é uma regra de comunicação em redes, por-
tanto, a transferência de arquivos, mesmo entre computadores
Estrela de uma mesma rede, utiliza um protocolo como forma de pa-
Uma rede organizada em forma de estrela possui um nó dronizar o entendimento entre os dois.
centralizador. Esse modelo é um dos mais utilizados, pois HTTP
um nó pode estar desconectado sem interferir no resto da
HTTP (Hyper Text Transport Protocol) é o protocolo de
rede, porém, o centro é o ponto crítico.
transferência de hipertexto. É o mais utilizado pelo usuário em
uma navegação pela Internet. Hipertexto consiste em um ar-
quivo no formato HTML (HyperText Markup Language) - Lin-
guagem de Marcação de Hipertexto.
Ş
ŝ#-ŝŦ

HTML é um arquivo que pode ser gerado por qualquer edi-


tor de texto, pois, quando é aberto no bloco de notas ou wor-
dpad, ele apresenta apenas informações de texto. No entanto,
Estrela Estendida quando é aberto pelo navegador, este interpreta o código em
HTML e monta o conteúdo Multimídia na página. Entende-se
A Estrela Estendida é utilizada em situações como, por por conteúdo multimídia: textos, áudio, vídeos e imagens.
exemplo, em uma universidade multicampi, em que um nó
central é a conexão principal, a partir da qual se conecta com HTTPS
a Internet, enquanto que os outros campi possuem centrais HTTPS (Hyper Text Transport Protocol Secure), também
secundárias como conexão entre seus computadores. A es- conhecido como HTTP Seguro, é um protocolo que tem como
trutura entre o nó principal e as centrais secundárias é o que diferença entre o HTTP apenas a segurança que oferece, pois,
chamamos de Backbone dessa rede. assim como o HTTP, serve para visualizar o conteúdo multimídia.
O que se questiona em relação a sua segurança é como ela
é feita. O protocolo HTTPS utiliza o processo de Criptografia
para manter sigilo sobre os dados transferidos entre o usuário
e o servidor, para isso, são utilizados os protocolos TLS ou SSL.
Um detalhe muito importante é o de saber identificar se a
navegação está sendo realizada por meio do protocolo HTTP
ou pelo protocolo HTTPS. A forma mais confiável é observar a
Malha barra de endereços do navegador:
A conexão em malha é o modelo da Internet, em que en- Firefox 10.02
contramos vários nós principais, mas também várias ligações
entre diversos nós.
IE 9

Google Chrome

Pilhas de Protocolos Logo no início da barra, observamos a indicação do proto-


Também colocadas pelas bancas examinadoras como mo- colo HTTPS, que, sempre que estiver em uso, deverá aparecer.
delos, as pilhas de protocolos definem um conjunto de proto- Porém, deve-se ter muita atenção, pois, quando é utilizado o
colos e em quais camadas de rede devem operar. HTTP, alguns navegadores atuais têm omitido a informação no
Neste tópico temos dois tipos de questões que podem ser começo da barra de endereços.
associados na prova. Questões que fazem relação com os tipos Outra informação que nos ajuda a verificar se o acesso é
de redes e questões que tratam da finalidade dos principais por meio de uma conexão segura é o símbolo do cadeado fe-
protocolos utilizados em uma navegação na Internet. chado.
FTP gando na Internet não tem acesso às informações da empresa,
FTP (File Transport Protocol) é o protocolo de transferên- que continuam restritas; esse processo também é chamado de
cia de arquivos utilizado quando um usuário realiza download tunelamento.
ou upload de um arquivo na rede.
O protocolo FTP tem como diferencial o fato de operar
Padrões de Infraestrutura
sobre duas portas: uma para tráfego dos dados e outra para São padrões que definem como deve ser organizada e
autenticação e controle. quais critérios precisam ser seguidos para montar uma es-
trutura de rede de acordo com os padrões estabelecidos pelo
Firewall IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos).
O padrão Ethernet define as regras para uma infraestru-
O Firewall pode ser Software, Hardware, ou ambos. Ele é tura cabeada, como tipos de cabos que devem ser utilizados,
o responsável por monitorar as portas da rede/computador, distância máxima, tipos e quantidade de dispositivos, entre
permitindo ou negando a passagem dos dados na rede, seja outras. Já o padrão 802.11 define as regras para uma estrutura
na entrada ou saída. Wi-Fi, ou seja, para a rede sem fio.
O Firewall é o monitor que fica na porta olhando para uma
lista na qual contém as regras que um dado tem de cumprir Correio Eletrônico
para passar por ela. Essa lista são os protocolos, por exemplo, O serviço de e-mail é outro ponto bastante cobrado nos
o Firewall monitorando a porta 80, relativa ao protocolo HTTP, concursos públicos. Em essência, o que se pede é se o concur-
o qual só trabalha com conteúdo multimídia. Então, se um ar- sando sabe sobre as diferentes formas de se trabalhar com ele.
quivo .EXE tentar passar pela porta 80, ele deve ser barrado;
essa é a função do Firewall. O e-mail é uma forma de comunicação assíncrona, ou seja,
no momento do envio apenas o emissor precisa estar conec-
Tipos de Redes tado.
Podemos classificar as redes de acordo com sua finalidade; Formas de Acesso
neste tópico expõe-se a diferença entre as redes: Internet vs Podemos ler e escrever e-mail utilizando duas formas di-
Intranet vs Extranet. ferentes. Na última década, o webmail ganhou mais espaço no
Internet mercado e se tornou majoritário no ramo de e-mails, mas mui-
tas empresas utilizam ainda os clientes de e-mail:
É a rede das redes, também conhecida como rede mundial
de computadores. Webmail
Muitas provas citam o sinônimo WWW (World Wide O Webmail é uma interface de acesso para o e-mail via
Web) para internet, ou por vezes apenas Web. Ela é defini- Browser (navegador de Internet), ou seja, uma forma de
da como uma rede Pública a qual todos com computador e visualizar o e-mail via uma página de web. Diante disso,

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servidor de acesso podem conectar-se. é possível destacar que usamos os protocolos HTTP ou
HTTPS para visualizar páginas da Internet. Dessa forma,
Intranet ao acessar sites de e-mail como gmail.com, hotmail.com,
É uma rede empresarial, também chamada de rede corpo- yahoo.com.br e outlook.com, fazemos uso desses pro-
rativa. Tem como principal característica ser uma rede Privada, tocolos, sendo o HTTPS o mais usado atualmente pelos
grandes serviços de e-mail, pois confere ao usuário maior
portanto, possui controle de acesso, o qual é restrito somente a
segurança no acesso.
pessoas autorizadas.
Dizemos que o webmail é uma forma de ler e escrever
Uma Intranet geralmente é constituída com o intuito de com- e-mails, dificilmente citado como forma de enviar e receber,
partilhar recursos entre os funcionários de uma empresa, de ma- uma vez que quem realmente envia é o servidor e não o com-
neira que pessoas externas não tenham acesso a eles. Os recursos putador do usuário.
compartilhados podem ser: impressoras, arquivos, sistemas, entre Quando um e-mail é enviado, ele parte diretamente do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

outros. servidor no qual o remetente possui conta para o servidor do


Extranet serviço de e-mail do destinatário.
É quando parte de uma Intranet é disponibilizada por meio Cliente de e-mail
da Internet. Um Cliente de E-mail é um programa específico para enviar
Também dizemos que Extranet é quando duas empresas e receber mensagens de e-mail e que é, necessariamente, insta-
com suas distintas Intranets possuem um sistema comum que lado no computador do usuário.
acessam apenas parte de cada uma das Intranets. Exs.:
Outlook;
VPN Mozilla Thunderbird;
VPN é uma forma de criar uma Intranet entre localizações Eudora;
geograficamente distantes, com um custo mais baixo do que IncredMail;
ligar cabos entre os pontos. Para isso, emprega-se o proces- Outlook Express;
so de criptografia nos dados antes de enviá-los por meio da Windows Live Mail.
Internet e, quando o dado chega na outra sede, passa pelo Os programas clientes de e-mail usam protocolos específi- 187
processo de descriptografia. Dessa maneira, quem está nave- cos para envio e recebimento das mensagens de e-mail.
Geralmente um spammer utiliza-se de e-mail com temas
• Protocolos Utilizados pelos Clientes de E-mail como: filantropia, hoax (boatos), lendas urbanas, ou mesmo
188 Para o envio, um cliente de e-mail utiliza o protocolo SMTP assuntos polêmicos.
(Simple Mail Transport Protocol – Protocolo de transporte de
mensagens simples). Como todo protocolo, o SMTP também URL (Uniform Resource Locator)
opera sobre uma porta específica, que pode ser citada como É um endereço que identifica um site, um serviço, ou mes-
sendo a porta 25, correspondente ao padrão, mas atualmente mo um endereço de e-mail. Abaixo temos um exemplo de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

URL; observe que podemos dividi-la em várias partes.


ela foi bloqueada para uso dos usuários, vindo a ser substituí-
da pela 587.
Com isso, em questões de Certo e Errado, apenas a 587 é a
ŚƩƉ://www.site.com.br
correta, quando abordado sobre o usuário, pois entre servido-
res a 25 ainda é utilizada. Já nas questões de múltipla escolha, Protocolo Pasta Domínio
vale o princípio da menos errada, ou seja, se não tiver a 587, a Domínio
25 responde a questão. É o nome registrado de um site para que possa ser acessado
Mesmo que a mensagem de e-mail possua arquivos ane- por meio da Internet. Assim como a URL, um Domínio também
xos a ela, envia-se por SMTP; assim o protocolo FTP não é uti- pode ser dividido em três partes, como ilustra a figura abaixo.
lizado.
Já para o recebimento, o usuário pode optar em utilizar o
site.com.br
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protocolo POP ou o protocolo IMAP, contudo, deve ser obser- O .br indica que esse site está registrado no conjunto
vada a diferença entre os dois, pois essa diferença é ponto para de domínios do Brasil, que é administrado e regulamenta-
muitas questões. do pelo Registro.Br, componente do CGI (Comitê Gestor de
Internet no Brasil).
O protocolo POP tem por característica baixar as mensagens O Registro.Br define várias normas em relação à criação
de e-mail para o computador do usuário, mas por padrão, ao de um domínio, como por exemplo o tamanho máximo de
baixá-las, elas são apagadas do servidor. Portanto, as mensa- 26 caracteres, a limitação para apenas letras e números e
gens que um usuário está lendo estão, necessariamente, em seu recentemente a opção de criar domínios com letras acen-
computador. tuadas e o caractere ç.
Por outro lado, se o usuário desejar, ele pode configurar Também compete ao Registro.Br a normatização da se-
gunda parte do domínio, representado na figura pelo .com.
o protocolo de forma que sejam mantidas cópias das mensa-
Essa informação diz respeito ao ramo de atividade a que se
gens no servidor, no entanto, a que o usuário está lendo, efe- destina o domínio, mas não nos garante qual a real finalidade
tivamente, está em seu computador. Sobre essa característica do site. A última parte, por fim, é o próprio nome do site que
são citadas questões relacionando à configuração a uma espé- se deseja registrar.
cie de backup das mensagens de e-mail.
Protocolo IP
Atualmente o protocolo POP encontra-se na versão 3;
dessa forma ele pode aparecer nos textos de questão como Cada equipamento na rede ganha o nome genérico de
POP3, não afetando a compreensão da mesma. Uma vez que Host, o qual deve possuir um endereço para que seja localiza-
o usuário necessita conectar na internet apenas para baixar do na rede. Esse é o endereço IP.
as mensagens, é possível que ele desconecte-se da internet O protocolo IP é o responsável por trabalhar com essa infor-
e mesmo assim leia seus e-mails. E, uma vez configurado o mação, para tanto, um endereço IP possui versões: IPv4 e IPv6.
SMTP, também é possível redigir as respostas off-line, sendo Um IP também é um endereço, portanto, pode ser inserido
necessário, no entanto, conectar-se novamente para que as diretamente na barra de endereços de um navegador.
mensagens possam ser enviadas.
O IPv4 é composto por até quatro grupos de três dígitos
Ao invés de utilizar o POP, o usuário pode optar em fa- que atingem valor máximo de 255 cada grupo, suportando,
zer uso do protocolo IMAP, que é para acesso a mensagens de
no máximo, cerca de 4 mil milhões (4.294.967.296) de en-
e-mail, as quais, por sua vez, residem no servidor de e-mails.
dereços.
Portanto, se faz necessário estar conectado à internet para po-
Ex.: 200.201.88.30 endereço IP da Unioeste14.
der ler o e-mail por meio do protocolo IMAP.
O IPv6 é uma proposta que está gradativamente substi-
Spam tuindo o IPv4, justamente pela pouca quantidade de endereço
Spam é uma prática que tem como finalidade divulgar que ele oferece. O IPv6 é organizado em 8 grupos de 4 dígitos
propagandas por e-mail, ou mesmo utilizar-se de e-mails que hexadecimais, suportando cerca de 3,4x1038 endereços IP.
chamem a atenção do usuário e o incentivem a encaminhar Ex.: 0123:4567:89AB:CDEF:1011:1314:5B6C:88CC15
para inúmeros outros contatos, para que, com isso, levantem
uma lista de contatos que pode ser vendida na Internet ou 14  Universidade Estadual do Oeste do Paraná
15  IP fictício.
mesmo utilizada para encaminhar mais propagandas.
DNS (Domain Name System) Altavista;
MSN transformado em Bing.
O Sistema de Nomes de Domínios é o responsável por
traduzir (resolver por meio de consultas aos servidores Raiz É importante observar que, nos navegadores atuais, os
da Internet) um Domínio para o endereço IP do servidor que motores de busca são integrados, com isso podemos definir
qual se deseja utilizar, por exemplo: o Google Chrome e o Mo-
hospeda (armazena) o site desejado. Esse processo ocorre em
zilla Firefox utilizam como motor de busca padrão o Google, já
questão de segundos e obedece uma estrutura hierárquica.
o Internet Explorer utiliza o Bing. Essa informação é relevante,
Navegadores pois é possível nesses navegadores digitar os termos buscados
Navegadores são programas que permitem acesso às pá- diretamente na barra de endereços, ao invés de acessar pre-
ginas da Internet, são muitas vezes citados em provas pelo viamente o site do motor de busca.
termo em inglês Browser. Busca Avançada
Internet Explorer Os motores de busca oferecem alguns recursos para
Mozilla Firefox otimizar a busca, como operadores lógicos, também conhe-
Opera cidos como operadores booleanos16. Dentre eles podemos
Google Chrome destacar a negação (-). Ao realizar uma busca na qual se
Safari deseja encontrar resultados que sejam relacionados a de-
Também são cobrados os conceitos dos tipos de dados terminado assunto, porém os termos usados são comuns
de navegação que estão relacionados aos navegadores. a outro, podemos utilizar o sinal de menos precedendo
o termo do assunto irrelevante, como o exemplo de uma
Cache questão que já caiu em prova: realizar a busca por leite e
cão, contudo, se for inserido apenas estes termos na busca,
É um armazenamento temporário. No caso dos navegado-
muitos resultados serão relacionados a gatos e leite. Para
res, trata-se de uma pasta onde são armazenados os conteúdos
que as páginas que contenham a palavra gato não sejam
multimídias como imagens, vídeos, áudio e inclusive textos, para exibidas na lista de páginas encontradas, basta digitar o
que, no segundo momento em que o mesmo conteúdo for aces- sinal de menos (-) antes da palavra gato (sem espaço en-
sado, ele possa ser mostrado ao usuário mais rapidamente. tre o sinal e a palavra), assim a pesquisa a ser inserida no
buscador fica Cão Leite -Gato.
Cookies
Também é possível realizar a busca por uma frase exata,
São pequenas informações que alguns sites armazenam assim, somente serão listados os sites que contenham exa-
no computador do usuário. Exemplos de informações armaze- tamente a mesma expressão. Para isso, basta digitar a frase

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nadas nos Cookies: Senhas, obviamente que são armazenadas desejada entre aspas duplas.
criptografadas; também são muito utilizados em sites de com-
pras, para armazenar o carrinho de compras. Busca por/em Domínio Específico: para buscar sites que
possuam determinado termo em seu nome de domínio, basta
Dados de Formulários inserir o texto site: seguido da palavra desejada, lembrando
que não deve haver espaço entre site: e o termo desejado. De
Quando preenchemos um formulário, os navegadores
forma similar, também pode-se utilizar inurl: termo para bus-
oferecem opção para armazenar os dados digitados em cada
car sites que possuam o termo na URL.
campo, assim, quando necessário preencher o mesmo formu-
Quando o domínio já é conhecido, é possível realizar a
lário ou ainda outro formulário com campos de mesmo nome, busca por determinado termo apenas nas páginas do domí-
o navegador sugere os dados já usados a fim de autocomple- nio. Para tanto, deve-se digitar site:Dominiodosite termo.
tar o preenchimento do campo. Calculadora: é possível, ainda, utilizar o Google como uma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

calculadora, bastando digitar a expressão algébrica que se


Conceitos Relacionados à Internet deseja resolver como 2+2 e, como resultado da “pesquisa”, é
Nesta seção são apresentados alguns conceitos, tecnolo- apresentado o resultado da operação.
gias e ferramentas relacionadas à Internet que são cobrados Operador: quando não se sabe exatamente qual é a pala-
nas provas dos concursos. vra para completar uma expressão, pode-se completar a lacu-
Motores de Busca na com um asterisco, assim o motor de busca irá entender que
naquele espaço pode ser qualquer palavra.
Os Motores de Busca são normalmente conhecidos por
buscadores e têm como representante mor o Google. Dentre Busca por tipo de arquivo: podemos refinar as buscas a
os principais estão: resultados que consistam apenas em determinado formato de
Google; arquivo. Para tanto, podemos utilizar o operador filetype: as-
sim, para buscar determinado tema, mas que seja em PDF, por
Yahoo;
exemplo, pode-se digitar filetype: pdf tema.
Cadê? - O primeiro buscador nacional (comprado
pelo Yahoo), pode ser chamado de Yahoo! Cadê?; 189
16  Em referência à lógica de Boole, ou seja, a lógica que você estuda para o con-
Aonde; curso.
Tipos de Busca
190 Os principais motores de busca permitem realizar as
buscas de forma orientada a conteúdos gerais da web, como
refinar a busca para exibir apenas imagens, vídeos ou mapas
relacionados aos termos digitados.
Chat
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um chat é normalmente citado como um bate-papo em


tempo real; é a forma de comunicação em que ambos os inter-
locutores estão conectados (on-line) simultaneamente. Muitos
chats operam com salas de bate-papo. Um chat pode ser em um
site específico como o chat do Uol. Conversas pelo MSN ou Fa-
cebook podem ser consideradas como Chat, desde que ambos
interlocutores estejam conectados.
Fórum Figura 1: Cloud Computing
Também conhecidos como Listas de Discussão, os fó-
runs funcionam como debates sobre determinados as-
Características
suntos. Em um fórum não é necessário que os envolvidos Estuda-se, nesta seção, as características comuns tanto ao
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estejam conectados para receberem os comentários, pois armazenamento quanto ao processamento de dados em nuvem.
estes ficam disponíveis para acesso futuro pelo usuário ou Ao utilizar os serviços da nuvem não é preciso instalar apli-
mesmo por pessoas que não estejam cadastradas no fó- cativos, porém, é possível. Ou seja, a instalação de aplicações re-
rum, contudo, existem muitos fóruns fechados, nos quais só lacionadas aos serviços da nuvem é apenas de caráter opcional.
se entra por convite ou mediante aquisição. A maioria deles Com isso, os serviços da nuvem se tornam uma prática al-
vincula o e-mail dos envolvidos a uma discussão, alertan- ternativa, pois o usuário precisa do básico em seu computador
do-os assim, caso um novo comentário seja acrescentado. para acessar aos serviços. Assim, basta ter um computador
conectado à Internet e que seja dotado de um browser para
Moodle utilizar os serviços da nuvem.
O Moodle é uma ferramenta fortemente utilizada pelo se- Contudo, uma característica negativa do serviço é a de-
tor público, e também privado, para dar suporte ao Ensino a pendência frente aos servidores e provedores de serviço, pois,
Distância (EAD). uma vez que não se tenha acesso à Internet ou o serviço esteja
fora do ar, o usuário não tem condições de utilizar os serviços
15. Cloud Computing da nuvem, salvo exceção do modelo on premise.
É importante observar que, dentre os pré-requisitos bási-
Em português, Computação na Nuvem é o nome usual para cos, o sistema operacional não foi citado, porque os serviços
identificar o paradigma de computação em que as infraestrutu- da nuvem independem do sistema instalado, pois normalmen-
ras, serviços e aplicações ficam nas redes, principalmente na In- te são serviços que utilizam protocolos de navegação como
ternet. No entanto, também pode ser empregado para distinguir HTTP e HTTPS, dentre outros.
serviços de processamento dos serviços de armazenamento. Assim, como também não dependem de hardware espe-
Pode-se dizer que a computação na nuvem é uma forma cífico para funcionar, podem inclusive ser citadas como multi-
de evolução do conceito de Mainframes. plataforma, tanto no sentido de diferentes hardwares como no
Os Mainframes são supercomputadores normalmente usa- de diferentes sistemas operacionais. É comum usar serviços da
dos em redes privadas (intranets), os quais são responsáveis nuvem também em tablets e smartphones, além dos compu-
pelo trabalho pesado de processamento de informações. De tadores pessoais.
forma geral, quando se emprega o uso de mainframes, asso- Outra característica dos serviços em nuvem diz respeito à
cia-se o uso de thin clients pelos usuários, ou seja, terminais segurança dos dados, em que o usuário não precisa se preocu-
burros, apenas pontas para interação do usuário, pois os dados par em fazer backups, controlar a segurança ou ter que realizar
coletados e apresentados a ele são processados e armazena- manutenção, pois essas são atribuições do fornecedor do servi-
dos nos mainframes. ço contratado.
A computação na nuvem é uma ideia similar a ser feito uso A computação em nuvem também oferece praticidade no
de computadores (servidores) localizados na Internet, otimizan- compartilhamento de informações, além de eximir o usuário
do assim seu uso, em vez de manter supercomputadores inter- de ter conhecimento sobre como funciona o serviço, possibili-
namente na empresa. tando utilizá-lo sem preocupações.
A Figura 1 ilustra um serviço em que os dados são proces- Com todos esses detalhes, pode-se ainda destacar que a
sados na nuvem e os resultados são exibidos no computador nuvem possibilita iniciar um trabalho em um computador e dar
do usuário. continuidade a ele por meio de outro computador.
Processamento na Nuvem
É o processamento realmente dito nos termos de Cloud Pode-se então afirmar que possuir a pasta com os arquivos
Computing, em que os dados são processados na nuvem. locais (no dispositivo) e on-line, simultaneamente, é uma
É bastante comum hoje nos aparelhos celulares, smart- forma de backup dos dados.
phones e tablets, em aplicações como o talk to text (fale para O Google Drive oferece gratuitamente aos usuários 15GB
escrever). Lembre-se de que a instalação não é obrigatória, de espaço, no entanto, ele é compartilhado com a caixa de en-
mas pode ser feita. Nos aparelhos em que o usuário pode sim- trada de e-mails.
plesmente pronunciar próximo a eles o texto que deseja escre- O One Drive também oferece 15GB, mas inicialmente são
ver, o recurso usado precisa que o aparelho esteja conectado à 7GB; para ganhar mais, o usuário deve enviar convites.
Internet para poder funcionar. O Dropbox inicialmente oferece 2GB gratuitos, mas, por meio
Isso ocorre porque os aparelhos atuais, por mais que pos- de convites, o usuário pode ter até 18GB; recebendo um convite, o
suam alta tecnologia e capacidade de processamento, ainda usuário ganha 500MB.
não são suficientes para processar dados como identificação Já o Copy oferece inicialmente 20GB gratuitos e, a cada convite
de texto em falas. Com isso, a alternativa é usar servidores
enviado e recebido, o usuário ganha mais 5GB de espaço.
localizados na Internet (nuvem) que recebem o áudio que os
aparelhos gravam e processam a informação, oferecendo ao
usuário o resultado na forma de texto.
16. Segurança da Informação
Outro exemplo são os serviços do Google e da Micro- A Segurança da Informação é um ponto crucial para o concurso
soft, conhecidos respectivamente como Google Docs e público para muitas bancas examinadoras e também de interesse
Microsoft WebApps. Mas atenção às nomeclaturas, pois da instituição que irá receber os aprovados. Afinal, ao ser aprovado,
Google Drive/Disco ou Skydrive/OneDrive são serviços de o candidato estará compondo o quadro de uma instituição pública
outra natureza. que possui uma Intranet e sistemas sobre os quais há necessidade
de se manter uma boa política de segurança.
No Google Docs WebApps, o usuário encontra recursos
Segundo o CGI17, para um sistema ser classificado como se-
como editores de texto, planilhas, apresentação, formulários e
guro, ele deve atentar a três requisitos básicos: confidencialida-
desenhos on-line usando a computação em nuvem. Ao utilizar
de, integridade e disponibilidade. Esses conceitos são aborda-
esses serviços, o usuário não precisa possuir em seu computa-
dos neste material no tópico de princípios básicos da segurança
dor editores similares, uma vez que basta executar o navega- da informação.
dor de internet e nele acessar o site do serviço; ao logar, terá
Faz-se necessário que sejam atendidos alguns requisitos
acesso aos recursos.
mínimos para uma segurança do microcomputador, que de-

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Armazenamento na Nuvem pendem tanto de recursos tecnológicos como de bom senso e
discernimento por parte dos usuários.
Já o armazenamento na nuvem, em inglês Cloud Storage,
Para manter um computador com o mínimo de segurança
identifica os serviços que têm por característica armazenar deve-se:
os dados do usuário, de modo que, para acessá-los, seja ne- Manter o Sistema Operacional sempre atualizado,
cessário apenas um dispositivo (computador, smartphone ou pois a maioria dos malwares exploram as vulnerabi-
tablet) conectado à Internet e que possua um browser. Com lidades do SO.
a ascensão desse tipo de serviço, pode-se apostar na queda Possuir um sistema Antivírus e manter tanto o apli-
da venda de dispositivos para transporte de dados como os cativo quanto as assinaturas18 de vírus atualizadas.
Pendrives. Manter o Firewall sempre ativo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

São exemplos citados nas provas o Google Drive/Disco, Para se proteger contra os spywares também é indi-
o Microsoft Skydrive, atualmente chamado de OneDrive, o cada a instalação de um antispyware. Atualmente a
Dropbox, Mega, Minus e Copy. A maioria deles oferece contas maioria dos antivírus já possuem esse recurso inte-
gratuitas com limite de armazenamento, a fim de demonstrar grado a eles.
seus serviços. Mas, caso o usuário deseje e/ou precise, ele Princípios Básicos da
pode adquirir mais espaço de armazenamento.
A grande maioria dos serviços de Storage possui uma apli-
Segurança da Informação
Os Princípios Básicos de Segurança em TI19 incluem os pro-
cação (opcional) que o usuário pode instalar em vários dispo-
cessos que devem ser garantidos para manter um sistema de
sitivos, com o intuito de manter seus dados sincronizados. Ao informações seguro. Podemos destacar quatro conceitos como
instalar o aplicativo, ele criará uma pasta no dispositivo que principais:
estará em sincronia com a pasta on-line do usuário. Desse
modo, todo arquivo salvo na referida pasta automaticamen- 17 Comitê Gestor de Internet no Brasil.
18  Assinatura de vírus: é uma sequência de caracteres que identifica a presença 191
te (quando conectado à Internet) será enviado para a pasta do vírus em um arquivo.
on-line. 19  TI: Tecnologia da Informação.
Criptografia
192 ͻ Disponibilidade
D A Criptografia é a arte ou ciência de escrever em códigos,
quer dizer, transformar um texto em algo ilegível de forma que
ͻ Integridade este possa ser armazenado ou enviado por um canal de comu-
I nicação; sendo assim, se alguém interceptá-lo, não conseguirá
entender o que está escrito e o destinatário, ao receber a in-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ͻ Confidencialidade formação, deve fazer o processo inverso: decifrar o dado, para


C
que consiga lê-lo.
ͻ Autenticidade Temos dois principais métodos de criptografia: a de chave
A simétrica e a de chaves assimétricas.
Criptografia de Chave Simétrica
Disponibilidade Uma chave de criptografia é uma informação a partir da
O Princípio da Disponibilidade deve garantir que os serviços qual seja possível transcrever uma mensagem criptografada.
ou recursos que forem necessários para uma tarefa, principal- A de chave simétrica é também conhecida como cripto-
mente relacionados ao próprio processo de segurança, estejam grafia de chave única, em que a mesma chave é usada tanto
sempre disponíveis. para codificar uma mensagem quanto para decifrá-la. Um bom
Podemos estreitar esse princípio sobre a garantia de que exemplo desse modelo é a criptografia maçônica.
as chaves públicas do processo de Certificação Digital (estes
conceitos são abordados na seção sobre Certificados Digitais)
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estejam sempre disponíveis para quem precisar delas.


Também é aplicado, por exemplo, na situação de entrega A informação acima está criptografada. Para decifrar o que
da declaração de imposto de renda, em que o serviço deve su- ela diz, precisamos da chave de criptografia que, na simétrica,
portar a alta demanda que possa surgir sem afetar o usuário. é a mesma usada para gerar a mensagem. A seguir temos a
chave que abre a mensagem.
Integridade
A Integridade garante a não alteração de uma informa- A B C J K L
ção/dado tanto no armazenamento quanto durante a troca
dessas informações por algum meio. Por meio da integridade,
verificamos se, durante o tráfego de uma informação, ela não D E F M N O
foi alterada por alguém ou mesmo por falhas do processo de
transmissão. No armazenamento ela garante que o dado não
foi corrompido. G H I P Q R
O processo que protege a integridade consiste na geração de
um código de cerca de 20 caracteres, o código HASH, também
conhecido como resumo de um dado; um exemplo é o MD5. O W
S
processo é realizado em uma via única, em que, a partir de um
dado, gera-se o resumo dele. Porém, a partir do resumo, não é T U X Y
possível gerar o dado novamente. Para verificar se houve altera-
ção em um arquivo, deve-se comparar dois códigos HASH, um V
gerado por quem disponibiliza o dado e outro por quem o recebe. Z
Se uma vírgula for diferente, os códigos gerados ficam completa- Ao substituirmos os símbolos pelas letras corresponden-
mente diferentes, é possível que dois dados diferentes gerem o tes, obtemos a palavra ALFA.
mesmo HASH, mas é uma possibilidade ínfima.
Criptografia de Chaves Assimétricas
Confidencialidade Na Criptografia de Chaves Assimétricas, em vez de uma
O Princípio da Confidencialidade é a garantia de que chave como na simétrica, são usadas duas chaves que são di-
há sigilo sobre uma informação, de forma que o processo ferentes entre si. Elas são chamadas de Chave Pública e a ou-
deve garantir que um dado não seja acessado por pessoas tra de Chave Privada, por conta da característica de cada uma.
diferentes daquelas às quais ele se destina. A Chave Pública é uma informação (código) que fica dis-
Para garantir a confidencialidade, utilizamos algum pro- ponível em um servidor de Chaves Públicas na Internet, para
cesso de criptografia de informações. quem precisar dela; enquanto que a Chave Privada é um códi-
go que somente o dono deve conhecer.
Autenticidade O par de Chaves é único e correspondente, ou seja, uma
A Autenticidade garante o autor de uma informação, ou mensagem/dado cifrada pela chave pública de um usuário só
seja, por meio dela podemos confirmar se uma mensagem é pode ser aberta pela chave privada do mesmo usuário. E o in-
de autoria de quem diz. verso também, uma mensagem cifrada com a chave privada
Assim como a confidencialidade, a autenticidade é garan- de um usuário só pode ser descriptografada pela chave pública
tida por meio de criptografia. dele próprio.
Certificado Digital Podemos identificar a página do tipo Phishing pelo ende-
reço do site na barra de endereços do navegador, porque a pá-
Um Certificado Digital é um documento eletrônico assina- gina de phishing possui um endereço parecido, mas diferente
do digitalmente e cumpre o papel de associar um usuário a do que o endereço desejado. Por exemplo, você certamente já
uma chave pública, pode ser comparado ao CPF ou CNPJ para deve ter visto ou ouvido falar de alguém que teve sua conta
empresas. do facebook21 hackeada22; esse ataque procede a partir de um
Ele também apresenta junto com a chave pública algumas recado que o usuário recebe em sua conta.
informações essenciais como: Imagine o seguinte cenário: um usuário está navegando
Nome do dono da chave pública; no site www.facebook.com.br, conectado em sua conta e clica
Prazo de validade do certificado, que varia de 1 a no recado que normalmente traz um anúncio chamativo como
3 anos dependendo da classe contratada; “veja as fotos/vídeos do fim de semana passado”, “cara, olha
Um número de série, critério de correspondência o que vc aprontou no fds”, entre outros tantos. Quando clica-
para identificar o usuário; do, uma nova aba ou janela é carregada no navegador, apenas
E, juntamente, o certificado possui a assinatura da en- como uma distração para o usuário, pois, enquanto ele fica ven-
tidade de certificação, para comprovar sua validade. do a nova aba carregar, a anterior muda, ligeiramente, para um
Para adquirir um certificado digital, o usuário ou entidade deve endereço do gênero www.facebooks.com.br ou www.facebooki.
procurar uma Autoridade Certificadora (AC) ou uma Autoridade de com.br e mostra uma página idêntica à página de login de usuá-
Registro (AR). Aquela é a responsável por criar o par de Chaves de rio do Facebook. Sem perceber, pensa que, ao clicar no recado,
um usuário, enquanto que esta é um intermediário entre o usuário acabou saindo de sua conta e redigita seu usuário e senha no-
e uma AC. Cabe a AR a responsabilidade de verificar os dados do vamente e é redirecionado novamente para sua conta, porém,
usuário e encaminhar o pedido do certificado para a AC, entretanto, o usuário em nenhum momento havia saído. A página de login
o usuário também pode se dirigir direto à AC. A Caixa Econômica que lhe foi mostrada era uma página falsa que capturou o seu
Federal é a única instituição financeira que é uma AC. usuário e senha; cerca de dois dias depois o perfil dele começa
a enviar propagandas para os amigos e o mesmo recado e logo
Assinatura Digital mais, em uma ou duas semanas, o usuário já não consegue mais
Uma Assinatura Digital é um procedimento similar a uma entrar em sua conta.
assinatura de um documento impresso. Quando assinamos um Pharming
contrato, normalmente ele possui mais de uma página, rubri-
O Pharming é uma evolução do Phishing, uma forma de dei-
camos20 todas elas exceto a última, pois a assinatura precisa
xar este mais difícil de ser identificado. O Pharming, na maioria
ser completa. Mas qual o intuito de rubricar todas as páginas?
das questões, é cobrado com relação ao seus sinônimos: DNS Poi-
A rubrica não prova que o documento foi lido, mas sim para soning, Cache Poisoning, sequestro de DNS, sequestro de Cache,
que aquela folha não seja substituída. Além disso, é preciso Envenenamento de DNS e Envenenamento de Cache.

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recorrer a um cartório para reconhecer e certificar a assinatura
na última página. Negação de Serviço (DoS e DDoS)
Esse procedimento realizado no papel, juntamente com Um ataque de negação de serviço se dá quando um ser-
as garantias, foi adaptado para o mundo digital, afinal, papel vidor ou serviço recebe mais solicitações do que é capaz de
ocupa espaço. suprir.
Quando falamos sobre a rubrica garantir a não altera- DoS (Denial of Service) é um ataque individual, geral-
ção de um documento, citamos o princípio da Integridade. mente com o intuito de tornar um serviço inoperante para
Portando, uma assinatura digital deve garantir também o usuário.
esse princípio, enquanto que a certificação de quem assi- DDoS (Distributed Denial of Service) é um ataque rea-
nou é o princípio da Autenticidade, que também deve ser lizado em massa; utiliza-se de vários computadores conta-
garantido pela assinatura digital. minados com um malware que dispara solicitações de aces-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assim temos que a assinatura digital garante os princípios so a determinados serviços ou sites, derrubando o serviço.
da Autenticidade e da Integridade. Muitas vezes, enquanto o servidor tenta suprir a demanda,
ele se torna vulnerável a inserções de códigos maliciosos.
Ataques Um grupo intitulado Anonymous realizou vários ataques
de DDoS em sites de governos em protesto às suas ações
Nem todos os ataques são realizados por malwares, atual-
como, por exemplo, em retaliação à censura do portal
mente existem duas práticas muito comuns utilizadas pelos
WikiLeaks e também do WikiLeaks23 e The Pirate Bay24.
criminosos cibernéticos para obter dados do usuário e realizar
invasões.
Phishing
Phishing é uma expressão derivada do termo “pescar” em 21  facebook: Mídia Social, definida erroneamente como rede social, assim como
inglês, pois o que esse tipo de ataque faz é induzir o usuário a as demais.
22  Hackear: termo utilizado como sinônimo para invasão ou roubo.
informar seus dados pessoais por meio de páginas da Internet 23  WikiLeaks: portal com postagens de fontes anônimas com documentos, fotos
ou e-mails falsos. e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos 193
sensíveis.
20  Rubrica: assinatura abreviada. 24  The Pirate Bay: um dos maiores portais de compartilhamento Peer to peer.
194
18. Arquitetura de Redes 3 Rede
Realizar o endereçamento dos dados e
roteamento das informações na rede.
Uma rede consiste em uma forma de ligação e comuni- Verificar se os dados trafegados estão
cação de dispositivos que utilizam regras, denominadas de 2 Enlace de dados livres de erros de comunicação antes
protocolos, para estabelecer a organização e padronização da de entregá-los à camada de rede.
comunicação. Especificação das interfaces físicas;
1 Física responsável pela transmissão dos bits
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Existem vários protocolos em diferentes níveis de organi- através do meio físico.


zação de comunicação. Estes protocolos são organizados em As três camadas de nível mais alto, 7, 6 e 5, repre-
grupos denominados suítes de protocolos. Embora existam sentadas na tabela 1, não se preocupam em como os
duas principais suítes de protocolos, foi preciso eleger uma
dados serão transmitidos pela rede, pois seu objetivo é
como padrão para a comunicação de dados entre os dispos-
itivos em rede.
manipular a informação para atender às necessidades
do usuário e dos aplicativos. Além dos conceitos gerais
Apesar de usarmos apenas uma suíte na prática, faz-se apresentados na tabela 1, as provas de concursos cos-
necessário conhecer as duas, pois cada uma das coleções or-
tumam cobrar alguns conceitos mais específicos das
ganiza os protocolos em quantidades de camadas diferentes.
As suítes são: TCP/IP, proposto pela empresa RAND Co, em
principais camadas.
1964, e OSI (Open Systems Interconnection), proposto pela A camada de Aplicação é a de nível mais alto na
ISO (Iternational Organization for Standarization), em 1984. organização de camadas, pois é a camada que, em níveis
O modelo TCP/IP, também conhecido como Pilha TCP/IP, é o de abstração, mais se aproxima do usuário. Nesta camada
adotado como padrão atualmente, após padronização e im- encontram-se os protocolos que manipulam diretamente os
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plementação pela ARPAnet entre 1980 e 1985, enquanto o OSI dados das aplicações (programas). Pode-se dizer que ela usa
é utilizado como modelo de referência para a criação de novos os serviços prestados pela camada de Apresentação.
protocolos. Os principais protocolos da camanda de aplicação são:
Antes de abordar as estruturas, é necessário entender al- HTTP, RTP, SMTP, FTP, SSH, Telnet, IRC, SNMP, NNTP, POP3,
guns conceitos: IMAP, BitTorrent, DNS, Ping. O detalhamento dos protocolos
▷ Camada: é a forma encontrada para dividir os prob- é apresentado em outra seção deste material.
lemas de comunicação em redes, segmentando em Na camada de transporte, podem-se destacar dentre
níveis distintos de responsabilidade. Assim, os da- os protocolos desta camada o TCP e o UDP, enquanto na
dos trafegam entre os equipamentos de rede sem camada de Rede destacam-se IP, IPsec, ICMP, NAT e ARP. A
que, necessariamente, tenham de acessar os dados camada de Enlace, presente entre a camada de rede e físi-
transmitidos. Uma camada presta serviços para a ca, é responsável, também, pela preparação dos dados para
camada superior a ela e usa serviços da camada in- que sejam enviados para o meio físico. Para tanto, utiliza
ferior a ela; não é possível pular camadas. protocolos como: Ethernet, IEEE 802.1Q, Token Ring, PPP,
▷ Interface: é parte que realiza a comunicação direta en- Frame ralay.
tre duas máquinas; dentre os níveis de camada, é uma Já a camada Física é a de mais baixo nível por estar
das mais inferiores.
mais próxima ao hardware, sendo em alguns casos o pró-
Modelo OSI prio hardware de transmissão de dados. Ela é conhecida
como camada 1, conforme classificado na tabela anterior.
O modelo OSI foi proposto como um sistema aberto de
regras. Para atender a objetivos como: Portabilidade da apli- Pode-se dizer que uma camada encapsula outra. Deste
cação; Interoperabilidade; Interconectividade e Estabilidade. modo, a camada de nível inferior conterá os dados da supe-
Assim, diferentes equipamentos, com sistemas operacionais rior a ela e ainda acrescentará alguns dados de cabeçalho,
distintos, podem se comunicar. conforme ilustra o quadro a seguir.
A organização do modelo OSI se divide entre 7 camadas: Física
Nº Camada Finalidade
Manipulação de conteúdo específico Enlace de dados
7 Aplicação (conteúdo multimídia, acesso remoto, MAC de Origem
e-mail, transferência de Arquivos). MAC de Destino
Formatar os dados e converter
6 Apresentação
códigos e caracteres. Rede
Estabelecer uma sessão de IP de Origem
comunicação com outros dispositivos, IP de Destino
5 Sessão
ou seja, gerencia a conversa entre os Transporte
equipamentos.
Sessão
Estabelecer conectividade fim a fim
entre as aplicações, além de oferecer Apresentação
4 Transporte
métodos de entrega de dados com ou Aplicação
sem controle de entrega. Dados
Os protocolos são divididos em camadas para que cada Modelo OSI Modelo TCP/IP
uma seja responsável por ações isoladas, que são utilizadas por Nº Camada Camada Nº
vários protocolos da camada superior. Assim, a tabela a seguir, 7 Aplicação
representa quais recursos conseguem acessar as camadas. 6 Apresentação Aplicação 4
5 Sessão
Camada Usada por
4 Transporte Transporte 3
Aplicação 3 Rede Rede 2
Programas e aplicativos
Apresentação 2 Enlace de dados
em nível do usuário
Sessão
Interface de Rede 1
Transporte 1 Física
Sistema Operacional de
Rede Rede
O modelo TCP/IP proposto inicialmente apresenta 4 cama-
Enlace de dados
das, conforme ilustra a tabela 3. Entretanto, na prática e nas
provas, ele é considerado com 5 camadas (também conhecido
Hardware como TCP/IP híbrido), conforme ilustrado na tabela anterior.
Física
Nº Camada
5 Aplicação
Modelo TCP/IP
4 Transporte
A arquitetura TCP/IP surge com os primórdios da Internet,
ainda quando estava no ventre acadêmico, para interligar os 3 Rede (Rede Lógica)
centros de computação das universidades dos Estados Unidos. 2 Enlace
Seu nome origina-se dos principais protocolos usados na co-
1 Física
municação de redes o TCP (Transport Control Protocol – Pro-
tocolo de Controle de Transporte) e o IP (Internet Protocol – Para memorizar as camadas, podemos usar a mnemônica
OFERTA:
Protocolo de Internet).
O TCP/IP é dividido nas camadas:
Este modelo permite a interconexão de redes e sistemas
F ísica
heterogêneos, ou seja, redes em que existam diferentes tec-

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E nlace
nologias, equipamentos e softwares desenvolvidos por fabri-
R ede
cantes diferentes.
T ransporte
Embora tenha uma origem comercial, a suíte TCP/IP pode A plicação
ser (e é) utilizada livremente, tanto que é o atual modelo de Convém notar que no modelo TCP/IP de 5 camadas, a
organização de protocolos aplicados nas redes. Mesmo uma camada de Interface de Rede se divide em camadas Física e
rede isolada da Internet utiliza por padrão o conjunto TCP/IP. de Enlace, como no modelo de referência OSI. Para o TCP/IP a
A arquitetura TCP/IP se divide em 4 camadas: camada física consiste no meio físico por onde são trafegados
os dados.
Nº Camada Finalidade Os principais protocolos do conjunto TCP/IP que devem ser
Manipulação de conteúdo específico estudados são listados a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4 Aplicação (conteúdo multimídia, acesso remoto, Camada de Aplicação: DHCP, DNS, FTP, HTTP, HTTPS, IMAP,
e-mail, transferência de Arquivos) Ping, POP, SMTP, SNMP, SSH, Telnet, BitTorrent e TLS/SSL.
Estabelecer conectividade fim a fim
entre as aplicações, além de oferecer
ঠ Camada de Transporte: TCP e UDP.
3 Transporte
métodos de entrega de dados com ou ঠ Camada de Rede: ARP, ICMP, NAT, IPv4 e IPv6.
sem controle de entrega.
ঠ Camada de Enlace: MAC, Ethernet.
Realizar o endereçamento dos dados e
2 Rede (Rede Lógica) ঠ Camada Física: Modem, Bluetooth, Cabos, Wi-fi.
roteamento das informações na rede.
Interface de Rede
1
(Rede Física)
Preparar e transmitir os dados. Encapsulamento
Embora na prática o modelo TCP/IP seja o empregado, Como já visto, o protocolo da camada de aplicação é que
manipula os dados diretamente. Contudo, muitas vezes, os
ele possui algumas relações e similaridades com a suíte OSI. dados são grandes e é necessário segmentá-los para trans-
A tabela 4 representada a seguir ilustra as camadas do modelo miti-los pela rede. Assim, as camadas dividem os dados em
TCP/IP que agregam funcionalidades de diferentes camadas outros tipos de informação, além de acrescentar um pedaço, 195
do modelo OSI. chamado de cabeçalho.
Camadas Dados
196
Aplicação Cabeçalho protocolo de Aplicação Dados
Transporte Cabeçalho de Transporte Dados

Rede Cabeçalho de Rede Dados


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Enlace Cabeçalho do Frame Dados


Física (bits) 01001100100101010101111101010100101001011011010001111011

Cabeçalho do
Dados
Frame Endereços
Cabeçalho de Em uma rede de computadores trabalhamos com en-
Dados
Rede dereços para os dispositivos. Estes dispositivos recebem en-
Cabeçalho de dereços lógicos e endereços Físicos.
Dados
Transporte
Dados Endereço Físico
Um endereço Físico é um endereço original de fábrica, que
TCP é único no mundo. Tal endereço é controlado pela IANA, que
O protocolo TCP é um dos protocolos da família de proto- distribui (vende) as faixas de endereços para as empresas fab-
colos do TCP/IP. Ele oferece um serviço orientando a Conex- ricantes. Cada endereço é armazenado em uma memória do
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ão, além de ser um serviço confiável que garante a entrega tipo ROM, ou seja, não alterável.
dos dados ao cliente.
O MAC é o endereço Físico de uma rede. Ele identifica o
Durante a fase de transferência, o TCP está equipado com
equipamento, mas não a rede; assim, ele não é roteável; é de-
vários mecanismos que asseguram confiabilidade e robust-
scrito com 48 bits.
ez:
▷ números de sequência que garantem a entrega or- Endereço Lógico
denada;
Endereço lógico é o endereço IP, que pode ser definido
▷ código detector de erros (checksum) para detecção de por software. Ele é utilizado para identificar tanto a rede como
falhas em segmentos específicos; também o Host. Este endereço é roteável.
▷ confirmação de recepção e temporizadores que per-
mitem o ajuste e contorno de eventuais atrasos e Endereçamento IPv4
perdas de segmentos.
Um endereço IPv4 possui tamanho de 32 bits, o que vi-
UDP (User Datagram Protocol – Pro- abiliza um total de 4.294.967.296 combinações possíveis, ou
seja, pouco mais de 4 bilhões. Considerando que todo dispos-
tocolo de Datagrama de Usuário) itivo em rede recebe um endereço IP que deve ser único para
É um protocolo simples da camada de transporte. Ele identificá-lo, rapidamente nota-se que não há endereços para
permite que a aplicação escreva um datagrama encapsulado todos os dispositivos conectados à rede, ainda mais se consid-
em um pacote IPv4 ou IPv6, e então enviado ao destino. Mas erarmos um dispositivo para cada pessoa no mundo.
não garante se o segmento irá chegar ou não. Este protocolo
também não oferece segurança na comunicação, portanto Inicialmente, o IPv4 foi organizado em classes de en-
não é um serviço confiável. Também dizemos que o UDP é dereços (Classful) para que as redes locais não utilizassem en-
um serviço sem conexão. dereços IPs reais nos seus dispositivos internos. Deste modo,
Este protocolo é utilizado pelos serviços de Stream e pelo se uma empresa possui uma rede com 100 computadores,
DNS. para a Internet é como se todos eles fossem apenas um. Neste
cenário a tabela NAT se torna necessária.
ARP (Address Resolution Protocol) Porém, com o tempo, até mesmo essa proposta se mos-
É um protocolo usado para mapear um endereço da cama- trou ineficiente para atender à alta demanda de endereços.
da de enlace (Ethernet, por exemplo) a partir do endereço da Logo, novas versões de protocolo IP foram apresentadas, mas
camada de rede (como um endereço IP). até que estivessem aptas para uso no mercado outra solução
A tabela ARP é a estrutura utilizada para mapear os ende- provisória foi tomada: a criação do Classless para o gerencia-
reços MAC dos dispositivos aos seus respectivos endereços IP. mento de endereços de redes e sub-redes.

Tabela NAT (Network Address Translation) Classful


A tabela NAT é utilizada apenas no IPv4 nas conexões de Na divisão classful foram apresentadas cinco classes dis-
borda de rede, ou seja, para mapear endereços de sub-redes, tintas, sendo as mais usadas as classes A, B e C, pois D e E
ou mesmo da rede “fria” (Intranet) para endereços da rede são classes de endereços reservados. Assim, na primeira con-
“quente” (Internet). cepção as classes eram tomadas pelo endereço IP, conforme
Em IPv6 a tabela NAT não se faz necessária. ilustra a tabela a seguir.
Classe Gama de Endereços
A 0.0.0.0 até 127.255.255.255 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000
B 128.0.0.0 até 191.255.255.255 255 0 0 0
C 192.0.0.0 até 223.255.255.255
Caso 1:
D 224.0.0.0 até 239.255.255.255
E 240.0.0.0 até 255.255.255.254 Se um Host X possui endereço IP 10.0.0.0, um Host Y possui
endereço IP 10.12.14.0 e um Host Z possui endereço IP 15.0.3.1
Classe Nº de Endereços por Rede e os três pertençam ao classful A, ou seja, possuem a máscara
A 16.777.216 255.0.0.0, anteriormente representada, pode-se concluir que
B 65.536 X e Y pertencem à mesma rede, uma vez que o primeiro grupo
C 256 não tem seu valor alterado. Já o Host Z apresenta um núme-
Como identificado anteriormente, tal proposta logo se tor- ro diferente para o primeiro grupo, indicando não pertencer à
nou obsoleta, e o emprego de máscaras foi utilizado para iden- mesma rede que X e Y. Na prática, o computador realiza um
tificar as classes de rede. Na anterior são identificados quantos AND bit a bit com o IP binário e a máscara para verificar se
endereços cada classe (classful) suporta por rede. Contudo, de- pertencem à mesma rede.
stas quantias é necessário reduzir dois endereços (de rede e de
broadcast) para saber quantos endereços poderão ser usados
por dispositivos de rede. Desse modo, uma rede classe C suporta 255 0 0 0 Máscara
256 endereços por rede dos quais 254 podem ser usados por 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000 Classe A
Hosts, uma vez que dois são reservados. 0000 1010 0000 0000 0000 0000 0000 0000 IP X
Uma máscara é um número de estrutura similar ao en- 10 0 0 0
dereço IP. Porém, relaciona-se a este por cálculos lógicos bit Endereço
a bit para identificar o endereço que representa a rede e o en- 0000 1010 0000 0000 0000 0000 0000 0000
Rede
dereço de broadcast.
Portanto, como o IP, cada grupo pode ter o valor máximo
255. Porém, no caso das máscaras, o mais comum é usar estes 255 0 0 0 Máscara
valores máximos, como identifica a tabela a seguir. 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000 Classe A
0000 1010 0000 1100 0000 1110 0000 0000 IP Y
Classe Máscara de Rede CIDR
10 12 14 0
A 255.0.0.0 /8
Endereço
B 255.225.0.0 /16 0000 1010 0000 0000 0000 0000 0000 0000
Rede

Ş
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C 255.255.255.0 /24
Máscaras 255 0 0 0 Máscara
O número que expressa uma máscara normalmente é alto, 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000 Classe A
pois ele representa os bits mais à esquerda de um octeto mar-
0000 1111 0000 0000 0000 0011 0000 0001 IP Z
cados como 1 e os demais zeros. Com isso, as máscaras podem
15 0 3 1
sumir apenas valores, como apresenta a tabela a seguir.
Endereço
0000 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000
Octeto (8 bits) Decimal Rede
1000 0000 128
Caso 2: Um exemplo Classful C
1100 0000 192
1110 0000 224
Se um Host X possui endereço IP 192.168.0.100, um Host
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1111 0000 240


Y possui endereço IP 192.168.0.250 e um Host Z possui en-
1111 1000 248 dereço IP 192.168.5.120, sendo classful C possuem a máscara
1111 1100 252 255.255.255.0, pode-se concluir que X e Y pertencem à mesma
1111 1110 254 rede, uma vez que o primeiro, o segundo e o terceiro octe-
1111 1111 255 tos não têm seus valores alterados. Já o Host Z apresenta um
É importante lembrar que o IPv4 é composto por 4 grupos, número diferente para o terceiro grupo, assim o Host Z não
chamados octetos quando trabalhados em binário. Por isso, pertence à mesma rede que X e Y.
cada grupo pode assumir valor máximo 255, pois é o maior
valor possível de ser representado com 8 bits.
255 255 255 0 Máscara
Uma máscara assumirá apenas os valores apresentados,
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C
postos à esquerda. No exemplo a seguir, a máscara é 255.0.0.0.
Cumpre observar os respectivos octetos: os números identifi- 1100 0000 1010 1000 0000 0000 0110 0100 IP X
cados com 1 representam uma rede. Assim, se algum número 192 168 0 100
deles for alterado no endereço IP de um Host, significa que Endereço 197
1100 0000 1010 1000 0000 0000 0000 0000
este se encontra em uma rede diferente. Rede
198 255 255 255 0 Máscara 1100 0000 1010 1000 0000 0001 0000 0000
IP
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C 192 168 1 0
1100 0000 1010 1000 0000 0000 1111 1010 IP Y
192 168 0 250
1111 1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000
Endereço Máscara
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1100 0000 1010 1000 0000 0000 0000 0000 255 255 255 240
Rede
A forma mais simples vista até aqui é utilizar o CIDR. Mas
é possível notar que nem sempre a questão o irá informar. Se
255 255 255 0 Máscara
o candidato possuir habilidades em converter decimais para
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C
binários ou mesmo se tiver decorado a tabela 9, então só resta
1100 0000 1010 1000 0000 0101 0111 1000 IP Z
contar os números 1, ou neste caso, usar o menor esforço e con-
192 168 5 120
tar os zeros da máscara, que afinal é o que se deseja. Portanto,
Endereço
1100 0000 1010 1000 0000 0101 0000 0000
Rede
a máscara apresentada corresponde ao CIDR /28, ou seja, os 4
Observa-se que o endereço de rede obtido para X e Y é o últimos dígitos são os endereços por rede. Calculando, temos:
mesmo, mas para Z é outro. 256 – 240 = 16 endereços por rede
Para saber quantos são os endereços por rede, a más- Ou
cara é de fundamental ajuda, principalmente se for dada pela 32 – 28 = 4
Ş
ŝ#-ŝŦ

questão na forma CIDR, como apresenta a tabela 8. Este é um 24=16 endereços por rede
dos tópicos mais cobrados nas provas. Para a quantidade de Hosts utilizáveis, é importante lem-
Sabe-se que o endereço IPv4 possui 32 bits e que uma brar-se de subtrair destes 16 os 2 endereços reservados.
máscara identifica os bits à esquerda que serão usados para Nota-se que as máscaras 255.255.255.254 e
identificar a rede. Assim, os bits que sobram à direita (zerados) 255.255.255.255 não fazem muito sentido: a primeira por não
são usados para identificar endereços por rede. Um CIDR rep- existirem endereços para Hosts; e a segunda, além de não pos-
resenta exatamente o total de bits da máscara que são mar- suir endereços por rede, é um endereço reservado, utilizado
cados como 1, ou seja, o total de bits que representam redes. para broadcast.
Portanto, ao calcular pelo complemento, temos: Vejamos, a seguir, as diferentes redes que podem ser cri-
32 (tamanho do IPv4, portanto sempre será 32) – CIDR adas com o endereço 192.168.1.0/27, lembrando que o /27 é o
(normalmente informado pela questão) = X CIDR, ou seja, os 27 bits à esquerda serão para rede, e os 5 bits
Para calcular quantos são os endereços por rede, deve-se que sobram são para cada rede. Verifica-se que ao mudar um
elevar 2 por X, ou seja, 2X=Y. dos três bits à esquerda do último octeto (em destaque) se
Já para identificar a quantidade de Host utilizáveis, basta tem uma rede distinta. À direita os valores indicam o primeiro
calcular Y-2. endereço IP de cada rede, que é o endereço que a identifica.
Deste modo, dado o exemplo:
Em uma rede classe C, quantos endereços IPs podem ser
usados por Hosts?
Classe C = 255.255.255.0, ou seja, CIDR /24.
32-24=8
28=256 endereços por rede.
256-2 = 254 endereços para Hosts.
Classless
Como a proposta de divisão em classful também se mos-
trou limitada, surge a proposta classless, agora permitindo
uma maior subdivisão, além de apresentar melhor aproveita-
mento das faixas de endereços IPs.
A lógica de trabalho e cálculo é similar ao classful, com
a diferença de que agora parte de um octeto pode ser usada Assim, podemos concluir que a primeira rede/sub-rede
como máscara. Assim, os valores apresentados na tabela a se- que pode ser composta vai de 192.168.1.0/27 até 192.168.1.31/27,
guir são mais presentes. o endereço 192.168.1.32/27 marca o início da segunda rede/
No exemplo a seguir, dado o endereço IP 192.168.1.0 e a sub-rede. A tabela a seguir, destaca os intervalos de endereços
máscara 255.255.255.240, quantos são os endereços por rede? e os respectivos endereços reservados.
Endereço de Faixa de endereços utilizá- Endereço de Sub-
rede veis por Hosts broadcast -rede
192.168.1.0 192.168.1.1 192.168.1.30 192.168.1.31 0
192.168.1.32 192.168.1.33 192.168.1.62 192.168.1.63 1
192.168.1.64 192.168.1.65 192.168.1.92 192.168.1.93 2
192.168.1.94 192.168.1.95 192.168.1.126 192.168.1.127 3
192.168.1.128 192.168.1.129 192.168.1.158 192.168.1.159 4
192.168.1.160 192.168.1.161 192.168.1.190 192.168.1.191 5
192.168.1.192 192.168.1.193 192.168.1.222 192.168.1.223 6
192.168.1.224 192.168.1.225 192.168.1.254 192.168.1.255 7

Conversão Binário ї Decimal


A conversão de número binários para decimais é ob-
tida somando-se potências de base 2, conforme ilustra a
figura a seguir.

Conversão Decimal ї Binário


Para converter um número decimal para um número
binário, devemos realizar divisões inteiras sucessivas por 2, ou
seja, mantendo o resto. Ao final deve-se pegar do último resto
ao primeiro. Vejamos o exemplo.

Ş
ŝ#-ŝŦ

ANOTAÇÕES
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

199
200
17. Glossário Cookie
Um cookie é uma informação que pode ser armazenada
A-D pelo navegador se um website requisitar. A informação não
pode ter um tamanho muito grande. Cookies possuem uma
Adware validade e, ao expirarem, são automaticamente deletados pelo
Adwares são programas feitos para mostrar anúncios e navegador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

propagandas de vários produtos. Geralmente são instalados Domínio


no computador de uma forma injusta.
Um domínio é um endereço na internet. Por exemplo,
Android example.com, assim como superdownloads.com.br ou globo.
É o sistema operacional do google para celulares, smart- com; todos são domínios. No Brasil, o Registro.br gerencia os
phones e tablets. domínios, qualquer fora dos definidos por essa organização é
considerado inválido. Os nomes dos domínios são transforma-
Backdoor (Porta dos Fundos) dos para endereços IP através do DNS.
Qualquer malware que possua um backdoor permite que o DNS
computador infectado seja controlado totalmente ou parcial-
mente via conexão com uma porta. Domain Name System, ou Sistema de Nomes de Domí-
nio. O DNS é o processo que resolve o domínio de um site, de
Bluetooth forma que, quando você acessar www.site.com, o seu com-
Ş
ŝ#-ŝŦ

Bluetooth é uma forma de conexão que constitui uma rede putador possa transformar isso no endereço IP do servidor
do tipo PAN (rede pessoal), utilizado para conexões de dispo- de destino.
sitivos como mouses, teclados, celulares, smartphones, entre
outros dispositivos. Driver
Bug São informações sobre o funcionamento das peças de
O termo bug (“inseto”) é usado para definir defeitos inex- Hardware. Um driver é usado para que o sistema operacio-
plicáveis em engenharia e também em informática. Softwares nal se comunique com o hardware. Existem também drivers
bugados costumam travar mais. Outros bugs podem fazer com de software para software, por exemplo, sua placa de vídeo
que worms se propaguem pela Internet. precisa de um driver, assim como a placa de som e alguns
Existe uma história verídica que conta que, em 1947, o monitores.
computador Mark II estava com problemas no funcionamento
e era por causa de um inseto que estava dentro das placas do F-P
computador. É considerado um caso “real” de um “computa-
dor que não funcionava por um bug”, mas não é o primeiro Firewall
registro histórico do uso do termo. O Firewall monitora as conexões feitas pelo seu computa-
dor para garantir que nenhum recurso dele esteja sendo usado
BIOS indevidamente. São úteis na prevenção de worms, trojans e
Sigla para “Basic Input/Output System”, que pode ser tra- outros malwares que tentem explorar comunicações de rede.
duzido para “Sistema Básico de Entrada/Saída”. A BIOS é um
pequeno software armazenado em um componente da placa- Gateway
mãe que é responsável pelo boot do computador. É um ponto de junção, composto de hardware e software,
Boot que funciona como um “portão de entrada” ou acesso inter-
mediário entre duas redes de formatos diferentes.
Chama-se boot o processo que seu computador executa
quando é ligado. Hash
Cache Um hash é uma sequência de letras/números gerada por
um algoritmo de hashing, que busca identificar um arquivo ou
É uma memória de armazenamento temporário, com fina- informação unicamente. Hashs podem ser usados para saber
lidade de fornecer um acesso mais rápido às informações. se os arquivos que você baixa através da Internet são idênticos
Atualmente encontramos a cache em navegadores de in- aos distribuídos pelo desenvolvedor.
ternet, nos processadores, bem como nos HDs. A sequência do hash é limitada (dificilmente passa dos 512
bytes).
Cracker
Pessoas que usam seus conhecimentos de informática Hijack
para destruir computadores ou ganhar dinheiro, roubando e Chama-se hijack (sequestro) quando o navegador web do
burlando sistemas bancários e de cartão de crédito. computador tem sua página inicial alterada ou pop-ups apa-
A maioria das pessoas chama, erroneamente, os crackers recem enquanto navega um site que, normalmente, estaria
de hackers. limpo.
HTTP Protocolo
O HyperText Transfer Protocol foi criado para que os na- Protocolos são regras que definem o modo pelo qual dife-
vegadores e servidores web pudessem se comunicar de uma rentes sistemas se comunicam. Seu navegador e servidor web
forma padronizada. É um dos protocolos mais comuns da web. precisam entender um ao outro, por isso os dois se utilizam do
HTTP para interpretar as informações que recebem e formular
IRC as mensagens que irão mandar.
O Internet Relay Chat é um sistema para bate-papo muito
conhecido na internet. S-V
Kernel Scam
O kernel é o coração do Sistema Operacional, pois faz a Fraudes que buscam estritamente ganhos financeiros. Nas
comunicação mais básica entre o software e o hardware. fraudes do tipo scam, diferente do phishing, o usuário contrata
Um erro no kernel pode causar uma falha grave no sistema um serviço, mas nunca o recebe. Existem outros scams em que
operacional. Muitas vezes, erros diretos no boot do sistema são o usuário é induzido a realizar um pagamento para a transferên-
causados por falhas no kernel. cia de valores, mas a transação nunca é efetuada, fazendo com
que o usuário perca o dinheiro. Podemos assimilar esse tipo de
Keylogger ataque ao golpe do bilhete premiado.
[Key = chave; log = registro de ações] Software que cap-
tura as teclas digitas no computador. Atualmente, o termo Script
foi expandido para incluir vários softwares de monitoração Scripts são “roteiros” utilizados principalmente para au-
completa do sistema, tais como o Perfect Keylogger (BPK). tomatizar tarefas administrativas. São também conhecidos
como arquivos de lotes.
Log
Um Log (to log - registrar) é um arquivo que guarda infor- Servidor
mações passadas (registros). Existem registros/logs de erros, A Internet funciona com uma base de Servidor-Cliente.
páginas visitadas (“Histórico”), entre outros, que podem aju- Os servidores geralmente esperam para atender um clien-
dar na identificação e solução de problemas. te, como um caixa no banco (servidor) que atende as pessoas
Malware (clientes) que usam os serviços do banco. Invasões só ocorrem
quando o computador da vítima tiver um servidor para que o
Malware é software que tem objetivos maliciosos, nele, se cliente (o atacante) possa se conectar.
incluem todos os trojans, vírus e spywares.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Na maioria das vezes, “malware” será apenas tratado SMTP
como um grupo que engloba spywares e adware. O Simple Mail Transfer Protocol é um protocolo de envio
de mensagens de correio eletrônico associado aos clientes de
MS-DOS e-mail, é também para a troca de mensagens entre os servi-
Sistema operacional base do Windows. Atualmente ele dores de e-mail.
não é mais usado como sistema operacional, mas é possível
encontrá-lo no Windows; é o prompt de comando. Smartphone
São os telefones Inteligentes.
Phishing
É uma página ou mesmo um e-mail falso que tentam in- Software
duzir o usuário a informar seus dados pessoais e confidenciais Software é a parte lógica do computador, aquela que você
não pode ver nem tocar, mas opera constantemente.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

como senhas.
POP3 Spam
O Post Office Protocol é um protocolo que trabalha no E-mail não solicitado. Geralmente contém propagandas
ciclo das mensagens eletrônicas. Serve para que os usuá- absurdas com fórmulas mágicas para ganhar dinheiro e pro-
rios possam facilmente baixar as suas mensagens de e-mail dutos farmacêuticos.
do servidor.
Spoofing
Porta de Conexão Referente ao que é forjado/falsificado. Um ataque de “IP
O protocolo TCP/IP define 65535 “portas” lógicas para a Spoof” é aquele no qual o endereço IP do remetente é forja-
conexão. As portas são apenas um recurso criado pelo pro- do. Um e-mail “spoofed” é um e-mail em que o cabeçalho da
tocolo para facilitar a conexão entre dois computadores que mensagem (“De:” ou “From:”) foi falsificado.
ainda não possuem uma conexão ativa.
Várias portas possuem tarefas padrão. A porta 80, por Spyware
exemplo, é responsável por conexões do HTTP, que é o proto- Spywares são programas que capturam os dados do usuá- 201
colo utilizado pela maioria dos sites na web. rio ao fazer uso de algum serviço específico, como acessar de-
terminado site ou programa; eles podem vir acompanhados
202 de hijackers. Cuidado, spywares são diferentes de Phishings. ANOTAÇÕES
Sistema Operacional
Um Sistema Operacional é um Software especial que faz
um trabalho muito importante: gerencia o hardware. Ele tam-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

bém tem uma interface para que os programadores possam


desenvolver programas que serão úteis, como editores de tex-
to, calculadoras ou navegadores web. O sistema operacional
não é útil por si só, mas os programas que rodam nele são.

TCP/IP
Sigla para Transmission Control Protocol/Internet Protocol,
ou simplesmente Protocolo de Controle de Transmissão/Pro-
tocolo de Internet. O TCP/IP é uma suíte que inclui vários pro-
tocolos como o IP, TCP e UDP. Ele é apenas chamado de TCP/
IP, pois o TCP e o IP são os dois protocolos mais importantes
incluídos nessa suíte.
Ş
ŝ#-ŝŦ

TI
TI é uma abreviação para Tecnologia da Informação. Refe-
re-se a ela tudo que tenha um processador e consiga processar
informação.

Trojan Horse (Cavalo de Troia)


É um meio utilizado para infiltrar outros malwares ao com-
putador do usuário.

UDP
UDP (User Datagram Protocol) é um protocolo mais sim-
ples que o TCP e não possui muitos recursos. Ele também não
tem a garantia de que os pacotes chegam ao destino. É utiliza-
do por alguns serviços muito importantes como o DNS.
Por ser mais simples, ele pode algumas vezes ser mais rápido.

Vírus
Vírus (na definição clássica) é todo programa de compu-
tador que funciona como parasita, infectando os arquivos que
existem em um computador.
Por esse motivo, Trojans não são vírus, mas apenas “mal-
ware”. Worms também não são vírus, pois só usam a rede para
se espalhar e não infectam arquivos no disco rígido.

W
Worms
Worm é um tipo de malware que usa a rede para se es-
palhar. São muito famosos por infectar um grande número de
computadores em pouco tempo, usando anexos de e-mail e
forjando e-mails aparentemente legítimos.
Outros worms usam a rede local para serem instalados em
diferentes computadores.
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 203

ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Constitucional..........................................................................205
Noções Gerais ............................................................................................................................. 205
Metodologia de Estudo............................................................................................................... 205
Classificações .............................................................................................................................. 205
2. Princípios Fundamentais...........................................................................................207
Princípio da Tripartição dos Poderes.......................................................................................... 207
Princípio Federativo ...................................................................................................................208
Princípio Republicano.................................................................................................................209
Presidencialismo.........................................................................................................................209
Democracia .................................................................................................................................209
Fundamentos da República Federativa do Brasil .......................................................................209
Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil .......................................................210
3. Direitos Fundamentais - Regras Gerais ...................................................................... 212
Conceito ....................................................................................................................................... 212
Amplitude Horizontal e Vertical .................................................................................................. 212
Classificação ................................................................................................................................ 212
Características ............................................................................................................................. 212
Dimensões dos Direitos Fundamentais ....................................................................................... 213
Titulares dos Direitos Fundamentais ........................................................................................... 213
Cláusulas Pétreas e os Direitos Fundamentais ............................................................................ 213
Eficácia dos Direitos Fundamentais.............................................................................................214
Força Normativa dos Tratados Internacionais............................................................................. 215
Tribunal Penal Internacional - TPI ............................................................................................... 215
Direitos X Garantias ..................................................................................................................... 215
4. Direitos Fundamentais - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ............................ 216
Direito à Vida ...............................................................................................................................216
Direito à Igualdade ......................................................................................................................216
Direito à Liberdade ...................................................................................................................... 217
5. Direitos Fundamentais - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ............................ 221
Direito à Propriedade .................................................................................................................. 221
Direito à Segurança .................................................................................................................... 222
Remédios Constitucionais .......................................................................................................... 230
6. Direitos Fundamentais - Direitos Sociais e Nacionalidade ..........................................233
Direitos Sociais ........................................................................................................................... 233
Direitos de Nacionalidade .......................................................................................................... 235
204 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Ş
ŝ#-ŝŦ

7. Direitos Fundamentais – Direitos Políticos e Partidos Políticos...................................239


Direitos Políticos ......................................................................................................................... 239
Partidos Políticos ........................................................................................................................ 242
8. Da Organização Político–Administrativa ...................................................................243
Princípio Federativo ................................................................................................................... 243
Vedações Constitucionais ..........................................................................................................244
Características dos Entes Federativos ........................................................................................244
Competências dos Entes Federativos ......................................................................................... 248
Intervenção ................................................................................................................................. 252
9. Administração Pública ..............................................................................................255
Conceito ...................................................................................................................................... 255
Princípios Expressos da Administração Pública ......................................................................... 255
Princípios Implícitos da Administração Pública ......................................................................... 257
Regras Aplicáveis aos Servidores Públicos ................................................................................ 259
Direitos Trabalhistas ....................................................................................................................261
Liberdade de Associação Sindical ...............................................................................................261
10. Organização dos Poderes - Poder Legislativo ..........................................................269
Princípios .................................................................................................................................... 269
Poder Legislativo ........................................................................................................................ 270
11. Organização dos Poderes – Poder Executivo.............................................................282
Princípios .................................................................................................................................... 282
12. Organização dos Poderes – Poder Judiciário ............................................................289
Disposições Gerais ...................................................................................................................... 289
Composição dos Órgãos do Poder Judiciário ..............................................................................291
Análise das Competências dos Órgãos do Poder Judiciário....................................................... 298
13. Funções Essenciais à Justiça ....................................................................................303
Ministério Público ....................................................................................................................... 303
Advocacia Pública.......................................................................................................................309
Defensoria Pública .......................................................................................................................310
Advocacia .................................................................................................................................... 312
14. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas .....................................................313
Sistema Constitucional de Crises ................................................................................................. 313
Forças Armadas ...........................................................................................................................316
Segurança Pública ....................................................................................................................... 317
15. Ordem Social .......................................................................................................... 321
Seguridade Social ........................................................................................................................ 321
Da Educação, da Cultura e do Desporto ..................................................................................... 323
Ciência e Tecnologia ................................................................................................................... 325
Comunicação Social .................................................................................................................... 325
Meio Ambiente............................................................................................................................ 326
Família, Criança, Adolescente, Jovem e Idoso ........................................................................... 327
Índios .......................................................................................................................................... 329
1. Introdução ao Direito Constitucional Além de Guardião da Constituição, o STF possui outra
atribuição Constitucional, qual seja, a de intérprete do texto
fundamental. É o Supremo quem define a melhor interpre-
Noções Gerais tação para esta ou aquela norma Constitucional. Quando um
Para iniciarmos o estudo do Direito Constitucional, alguns Tribunal manifesta sua interpretação, dizemos que ele rev-
conceitos precisam ser esclarecidos, principalmente para elou sua jurisprudência (o pensamento dos tribunais),
aqueles que nunca tiveram contato com a matéria.
sendo a do STF a que mais interessa para o estudo do Di-
Primeiramente, faz-se necessário conhecer qual será o ob-
reito Constitucional. E é exatamente neste ponto que se en-
jeto de estudo desta disciplina jurídica: Constituição Federal.
contra a maior importância do STF para o objetivo que aqui
A Constituição Federal é simplesmente a norma mais im-
portante de todo o ordenamento jurídico brasileiro. Ela é a se tem em vista: é essencial conhecer sua jurisprudência,
norma principal, a norma fundamental. pois costuma cair em prova. Para se ter ideia da importância
Se pudéssemos posicionar as espécies normativas na for- dessa matéria, é possível que alguma jurisprudência do STF
ma de uma pirâmide hierárquica, a Constituição Federal apare- seja contrária ao próprio texto constitucional. Dessa forma, o
ceria no topo desta pirâmide, ao passo que as outras espécies aluno precisa ter uma dupla percepção: conhecer o texto da
normativas estariam todas abaixo dela, como na ilustração: Constituição e conhecer a jurisprudência do STF.
Contudo, ainda existe outra fonte de conhecimento essen-
cial para o aprendizado em Direito Constitucional: a doutrina.
CF
A doutrina é o pensamento produzido pelos estudiosos do
Direito Constitucional. Conhecer a doutrina também faz parte
LEI, MP
de sua preparação.
DECRETO PRESIDEN-
Em suma, para estudar Direito Constitucional é necessário es-
CIAL tudar:
A Constituição Federal;
PORTARIA A Jurisprudência do STF;
Doutrina de Direito Constitucional.
Para que sua preparação seja adequada, é necessário que Neste trabalho, apresentar-se-á o conteúdo de Direito
se tenha em vista uma Constituição atualizada. Isso por conta Constitucional atualizado, objetivo e necessário para prova de
de que a Constituição Federal foi promulgada em 1988, mas já forma que se tenha à mão um material suficiente ao estudo
foi alterada várias vezes. Significa dizer, numa linguagem mais

Ş
ŝ#-ŝŦ
para concurso público.
jurídica, que ela foi emendada.
As Emendas Constitucionais são a única forma de alteração Metodologia de Estudo
do Texto Constitucional. Portanto, jamais uma lei, ou outra espé- Aproveitam-se essas considerações iniciais para passar
cie normativa hierarquicamente inferior à Constituição, poderá
uma dica de estudo que pode ser útil na preparação para con-
alterar o seu texto.
curso público. A preparação em Direito Constitucional precisa
Neste ponto caberia a pergunta: o que torna a Constituição observar três passos:
Federal a norma mais importante do Direito Brasileiro? A res-
posta é muito simples: a Constituição possui alguns elementos Leitura da Constituição Federal;
que a distinguem das outras espécies normativas, por exem- Leitura da apostila; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
plo: Resolução de exercícios.
Os Princípios Constitucionais; O aluno que seguir esses passos certamente chegará à
Os Direitos Fundamentais; aprovação em concurso público. Essa é a melhor orientação
A Organização do Estado; para quem está iniciando os estudos.
A Organização dos Poderes.
Classificações
De nada adiantaria possuir uma Constituição Federal com
A partir de algumas características que possuem as Con-
tantos elementos essenciais ao Estado se não existisse al-
stituições, é possível classificá-las, agrupá-las. As classifi-
guém para protegê-la. O próprio texto constitucional previu
cações abaixo não são as únicas possíveis, realçando apenas
um Guardião para a Constituição, o Supremo Tribunal Federal aqueles elementos mais comumente cobrados nos concursos
(STF). públicos.
O STF é o órgão de cúpula do Poder Judiciário e possui Quanto à origem, a Constituição pode ser Promulgada ou
como atribuição principal a guarda da Constituição. Ele é tão Outorgada. A Constituição Promulgada é aquela decorrente
poderoso que se alguém editar uma norma que contrarie o de um verdadeiro processo democrático para a sua elaboração,
disposto no texto constitucional, o Supremo a declarará incon- fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte. A Outorgada
stitucional. Uma norma declarada inconstitucional pelo STF é aquela imposta, unilateralmente, por um governante ou por 205
não produzirá efeitos na sociedade. um grupo de pessoas, ao povo.
Quanto à possibilidade de alteração, mutação, podem ser
206 Flexíveis, Rígidas ou Semirrígidas. As Constituições Flexíveis
não exigem, para a sua alteração, qualquer processo legislativo
especial. As Rígidas, contudo, dependem de um processo leg-
islativo de alteração mais difícil do que aquele utilizado para as
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

normas ordinárias. As Constituições Semirrígidas são aquelas


cuja parte de seu texto só pode ser alterada por um proces-
so mais difícil, sendo que outra parte pode ser mudada sem
qualquer processo especial.
Quanto à forma adotada, as Constituições podem ser:
Escritas ou Dogmáticas e Costumeiras. A Constituição Dog-
mática é aquela que apresenta um único texto, no qual
encontramos sistematizadas e organizadas todas as dis-
posições essenciais do Estado. A Constituição Costumeira
é aquela formada pela reunião de diversos textos esparsos,
reconhecidos pelo povo como fundamentais, essenciais.
Quanto à extensão, podem ser: Sintéticas ou Analíticas.
A Constituição Sintética é aquela concisa, enxuta e que só traz
as disposições políticas essenciais a respeito da forma, orga-
nização, fundamentos e objetivos do Estado. A Constituição
Ş
ŝ#-ŝŦ

Analítica é aquela que aborda diversos assuntos, não neces-


sariamente relacionados com a organização do Estado e dos
poderes. Ela desce a minúcias que poderiam figurar em uma
lei ordinária, não precisando constar do texto constitucional.
A partir das classificações apresentadas acima, temos que a
Constituição Federal de 1988 pode ser considerada por Promul-
gada, Rígida, Escrita e Analítica.

ANOTAÇÕES
2. Princípios Fundamentais Poder Executivo
Função principal (típica) de administrar o Estado;
Os Princípios Fundamentais, também chamados de Poder Legislativo
Princípios Constitucionais, formam a base de toda a orga- Função principal (típica) de legislar e fiscalizar as contas
nização do Estado Brasileiro. Como bem citado pelo Profes- públicas;
sor José Afonso da Silva, “os Princípios Fundamentais visam Poder Judiciário
essencialmente definir e caracterizar a coletividade política Função principal (típica) jurisdicional.
e o Estado e enumerar as principais opções político-consti- Além da sua própria função, a Constituição criou uma
tucionais1”. sistemática que permite a cada um dos poderes o exercício da
Exatamente em razão de sua importância, a Constituição Fed- função do outro poder. Essa função acessória chamamos de
eral os colocou logo no início, pois eles são a base de todo o texto. função atípica:
O que se segue a partir desses princípios é mero desdobramento Poder Executivo
de seu conteúdo. Função atípica de legislar e julgar;
Quem se prepara para concurso público deve saber que, Poder Legislativo
quando esse tema é abordado, costuma-se trabalhar questões Função atípica de administrar e julgar;
com o conteúdo previsto nos Arts. 1º ao 4º do texto consti- Poder Judiciário
tucional. Geralmente, aparece apenas texto constitucional
Função atípica de administrar e legislar.
puro, mas, dependendo do concurso, as bancas costumam
cobrar questões doutrinárias mais difíceis. Dessa forma, pode-se dizer que além da própria função,
cada poder exerce de forma acessória a função do outro poder.
Quais princípios serão abordados?
Uma pergunta sempre surge na cabeça dos candidatos:
▷ Princípio da Tripartição dos Poderes; qual dos três poderes é mais importante?
▷ Princípio Federativo; A única resposta possível é a inexistência de poder mais
▷ Princípio Republicano; importante. Cada poder possui sua própria função de forma
▷ Presidencialismo; que não se pode afirmar que exista hierarquia entre os pode-
▷ Princípio Democrático; res do Estado.
▷ Fundamentos da República Federativa do Brasil; Eles são independentes e harmônicos entre si, e para se
▷ Objetivos Fundamentais da República Federativa do garantir essa harmonia, a doutrina norte-americana desen-
Brasil; volveu um sistema que mantém a igualdade entre os poderes:
▷ Princípios que Regem as Relações Internacionais do Sistema de Freios e Contrapesos (checks and balances).
Brasil. O sistema de freios e contrapesos adotado pela nossa Con-

Ş
ŝ#-ŝŦ
stituição, revela-se nas inúmeras medidas previstas no texto
Princípio da Tripartição dos Poderes constitucional que condicionam a competência de um poder
à apreciação de outro poder de forma a garantir o equilíbrio
Esse princípio, também chamado de Princípio da Sepa- entre os três poderes. Abaixo estão alguns exemplos delas:
ração dos Poderes, originou-se, historicamente, numa tenta- Exs.:
tiva de limitar os poderes do Estado. Alguns filósofos perce-
A necessidade de sanção do Chefe do Poder Execu-
beram que, se o Poder do Estado estivesse dividido entre três
tivo para que um Projeto de Lei aprovado pelo Poder
entidades diferentes, seria possível que a sociedade exercesse
Legislativo possa entrar em vigor;
um maior controle de sua utilização.
Na verdade, a divisão não é do Poder Estatal, haja vista ser O processo do Chefe do Poder Executivo por crime NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ele uno, indivisível e indelegável, mas apenas uma divisão das de responsabilidade a ser realizado no Senado Fed-
suas funções. Nos dizeres de José Afonso da Silva: “O poder eral, cuja sessão de julgamento é presidida pelo
político, uno, indivisível e indelegável, se desdobra e se compõe Presidente do STF;
de várias funções, fato que permite falar em distinções das A necessidade de apreciação pelo Poder Legislati-
funções, que fundamentalmente são três: a legislativa, a exec- vo das Medidas Provisórias editadas pelo Chefe do
utiva e a jurisdicional”2. Poder Executivo;
A previsão constitucional desse princípio encontra-se no A nomeação dos ministros do STF é feita pelo Presi-
Art. 2º , que diz: dente da República depois de aprovada pelo Senado
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e Federal.
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Ju- Em todas as hipóteses acima apresentadas, faz-se
diciário. necessária a participação de mais de um Poder para a con-
Esses são os três poderes, cada qual responsável pelo secução de um ato administrativo. Isso cria uma verdadeira
desenvolvimento de uma função principal do Estado: relação de interdependência entre os poderes, o que garante o
1 CANOTILHO, J. J. Gomes, e MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. In: equilíbrio entre eles.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 33ª Ed. São Paulo: Por último, não se pode esquecer que a separação dos po-
Malheiros, 2010. p. 94. 207
2  SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 33ª Ed. São deres é uma das cláusulas pétreas por força do Art. 60, § 4º, III,
Paulo: Malheiros, 2010. p. 108. da Constituição Federal.
Significa dizer que a separação dos poderes não pode ser Por Desagregação
208 abolida do texto constitucional por meio de emenda: Ocorre quando um estado unitário resolve se descentralizar
Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a politicamente, desagregando o poder central em favor de vários
proposta de emenda tendente a abolir: entes titulares de poder político.
III. A separação dos Poderes.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Como última observação, não menos importante, a Forma


Princípio Federativo Federativa de Estado também é uma cláusula pétrea.
Esse princípio apresenta a Forma de Estado adotada no Depois de estudar os Princípios da Tripartição dos Poderes
Brasil: federação. A forma de Estado reflete o modo de exer- e o Federativo, passa-se a ver como eles estão estruturados
cício do poder político em função do território. É uma forma dentro da República Federativa do Brasil. Uma informação im-
composta ou complexa3, visto que prevalece a pluralidade de portante antes disso: a autonomia política existente em cada
poderes políticos internos. Está baseada na descentralização ente federativo pode ser percebida por meio de existência dos
política do Estado, cuja representação se dá por meio de qua- poderes em cada um.
tro entes federativos:
Poder Executivo = Presidente da
União; República
Estados;
Distrito Federal;
Poder Legislativo = Congresso
Municípios. União
Nacional
Cada ente federativo possui sua própria autonomia políti-
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ca, o que não pode ser confundido com o atributo da soberania,


pertencente ao Estado Federal. Poder Judiciário =
A autonomia de cada ente confere-lhe a capacidade política STF e Demais Órgãos Judiciais
de, inclusive, criar sua própria Constituição. Apesar de cada ente Federais
federativo possuir essa independência, não se pode esquecer
que a existência do pacto federativo pressupõe a existência de
uma Constituição Federal e da impossibilidade de separação Poder Executivo = Governador
(Princípio da Indissolubilidade do Vínculo Federativo). Havendo
quebra do pacto federativo, a Constituição Federal prevê como
instrumento de manutenção da forma de Estado a chamada In- Poder Legislativo =
tervenção Federal, a qual será estudada em momento oportuno. Estados
Assembleia Legislativa
Não existe hierarquia entre os entes federativos. O que os
distingue é a competência que cada um recebeu da Constituição
Federal. Deve-se ressaltar que os estados e o Distrito Federal Poder Judiciário = Tribunal de Justiça
possuem direito de participação na formação da vontade na-
cional ao possuírem representantes no Senado Federal. Os mu-
nicípios não possuem representantes no Senado Federal. Carac-
teriza-se, ainda, pela existência de um guardião da Constituição Poder Executivo = Prefeito
Federal, o Supremo Tribunal Federal. A doutrina tem apontado
para algumas características da forma federativa brasileira:
Tricotômica Poder Legislativo = Câmara de
Municípios
Vereadores
Federação constituída em três níveis: federal, estadual e
municipal. O Distrito Federal não é considerado nessa classi-
ficação, haja vista possuir competência híbrida, ou seja, ora Poder Judiciário =
age como estado ora como município. NÃO EXISTE
Centrífuga
Essa característica reflete a formação da federação brasileira.
É a formação “de dentro para fora”. O movimento é de centrifuga- Poder Executivo = Governador
dora. A força de criação do estado federal brasileiro surgiu a partir
de um Estado Unitário para a criação de um estado federado, ou
seja, o poder centralizado que se torna descentralizado. O poder Distrito Poder Legislativo = Câmara Legis-
político era concentrado nas mãos de um só ente e, depois, passa Federal lativa
a fazer parte de vários entes federativos.
3 A doutrina classifica as formas de Estado em Compostas ou Unitárias. Os Estados
Compostos ou Complexos possuem como base a descentralização política enquanto
que os Estados Unitários ou simples possuem uma única entidade política a qual exerce Poder Judiciário = Tribunal de Justiça
de forma centralizada o poder político (CUNHA, 2011, p. 872). Estado Federal é espécie
de Estado Composto, portanto, não se confunde com Estado Unitário.
Princípio Republicano Esse princípio também é conhecido como princípio
sensível e, no Brasil, caracteriza-se por seu exercício se dar de
O princípio Republicano representa a Forma de Governo forma direta e indireta. Por esse motivo, a democracia brasile-
adotada no Brasil. A forma de governo reflete o modo de aqui- ira é conhecida como semidireta ou participativa. Esse tema,
sição e exercício do poder político, além de medir a relação porém, será abordado na seção sobre Direitos Políticos.
existente entre o governante e o governado.
A melhor forma de entender esse instituto é conhecen- FORMA DE ESTADO FEDERATIVA
do suas características. A primeira característica decorre da
análise etimológica da expressão res publica. Essa expressão,
que dá origem ao Princípio ora estudado, significa coisa públi-
ca, ou seja, em um Estado Republicano o governante cuida da FORMA DE GOVERNO REPUBLICANA
coisa pública, governa para o povo.
Outra característica importante é a Temporariedade. Esse
atributo revela o caráter temporário do exercício do poder
político. Por causa desse princípio, em nosso Estado, o gover- SISTEMA DE ESTADO PRESIDENCIALISTA
nante permanece no poder por tempo determinado.
Em uma República, o governante é escolhido pelo povo.
Essa é a chamada Eletividade. O poder político é adquirido
REGIME DE ESTADO DEMOCRÁTICO
pelas eleições, sendo que a vontade popular se concretiza nas
urnas.
Por fim, em um Estado Republicano o governante pode ser
responsabilizado por seus atos.
Fundamentos da Repúbli-
A forma de governo republicana se contrapõe à monarquia, ca Federativa do Brasil
cujas características são opostas às estudadas aqui. Entre os Princípios Constitucionais mais importantes, de-
stacam-se os Fundamentos da República Federativa do Brasil,
Presidencialismo os quais estão elencados no Art. 1º da Constituição Federal:
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada
O Presidencialismo é o sistema de governo adotado no pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Brasil. O sistema de governo rege a relação entre o Poder Ex- Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
ecutivo e o Legislativo medindo o grau de dependência entre
de Direito e tem como fundamentos:
eles. No Presidencialismo, prevalece a separação entre os Po-
deres Executivo e Legislativo, os quais são independentes e I. A soberania;

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harmônicos entre si. II. A cidadania;
A Constituição declara, em seu Art. 76, que: III. A dignidade da pessoa humana;
O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da IV. Os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
República, auxiliado pelos Ministros de Estado. tiva;
O Presidencialismo possui uma característica muito impor- V. O pluralismo político.
tante, que é a concentração das funções executivas em uma A soberania é um fundamento que possui estreita relação
só pessoa, o Presidente, o qual é eleito pelo povo, e exerce ao com o Poder do Estado. É a capacidade que o Estado tem de
mesmo tempo três funções: Chefe de Estado, Chefe de Gover- impor sua vontade. Esse princípio possui uma dupla acepção:
no, e Chefe da Administração Pública. soberania interna e externa. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A função de Chefe de Estado diz respeito a todas as A soberania interna é a capacidade de impor o poder es-
atribuições do Presidente nas relações externas do País. Como tatal no âmbito interno, perante os administrados, sem se su-
Chefe de Governo, o Presidente possui inúmeras atribuições in- jeitar a qualquer outro poder.
ternas no que tange à governabilidade do país. Já como Chefe A soberania externa é percebida pelo reconhecimento dos
da Administração Pública, o Presidente exercerá as funções outros Estados soberanos de que o Estado Brasileiro possui
relacionadas com a chefia da Administração Pública Federal. sua própria autonomia no âmbito internacional.
A cidadania como princípio revela a condição jurídica de
Democracia quem é titular de Direitos Políticos. Ela permite ao indivíduo
Este princípio revela o Regime de Governo adotado no que possui vínculo jurídico com o Estado participar de suas de-
Brasil. Caracteriza-se pela existência do Estado Democrático cisões e escolher seus representantes. O exercício da cidadania
de Direito e pela preservação da dignidade da pessoa humana. guarda estreita relação com a Democracia, pois essa autoriza a
A democracia significa o governo do povo, pelo povo e participação popular na formação da vontade estatal.
para o povo. É a chamada soberania popular. Sua fundamen- A dignidade da pessoa humana é considerada o
tação constitucional encontra-se no Art. 1º da CF: princípio com maior hierarquia axiológica da Constituição.
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, Sua importância se traduz na medida em que deve ser as-
que o exerce por meio de representantes eleitos ou di- segurada, primordialmente, pelo Estado, mas também deve 209
retamente, nos termos desta Constituição. ser observada nas relações particulares. Como fundamento,
embasa toda a gama de direitos fundamentais, os quais es- Objetivos Fundamentais da
210 tão ligados em sua origem a esse princípio. A dignidade da
pessoa humana representa o núcleo mínimo de direitos e República Federativa do Brasil
garantias que devem ser assegurados aos seres humanos.
O valor social do trabalho e da livre iniciativa revela a Outro grupo de Princípios Constitucionais que costuma ser
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

adoção de uma economia capitalista ao mesmo tempo em que cobrado em prova é o dos Objetivos da República Federativa do
elege o trabalho como elemento responsável pela valorização Brasil, os quais estão previstos no Art. 3º da Constituição Federal:
social. Ao mesmo tempo em que a Constituição garante uma
liberdade econômica, protege o trabalho como elemento rela- Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da
cionado à dignidade do indivíduo como membro da sociedade. República Federativa do Brasil:
O Pluralismo Político, ao contrário do que parece, não está I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
relacionado apenas com a pluralidade de partidos políticos, de-
vendo ser entendido sob um sentido mais amplo, pois revela uma II. Garantir o desenvolvimento nacional;
sociedade em que pluralidade de ideias se torna um ideal a ser III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
preservado. Liberdades, como de expressão, religiosa ou política as desigualdades sociais e regionais;
estão entre as formas de manifestação desse princípio.
Geralmente, quando esse tema é cobrado em prova, costu- IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de
ma ser questionado apenas o texto constitucional. origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
SOBERANIA formas de discriminação.
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Os objetivos são verdadeiras metas a serem perseguidas pelo


CIDADANIA Estado com o fim de garantir os ditames constitucionais. Deve-se ter
muita atenção em relação a esses dispositivos, pois eles costumam
FUNDAMENTOS ser cobrados em prova fazendo-se alterações dos termos consti-
REPÚBLICA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
FEDERATIVA DO tucionais.
BRASIL Outra característica que distingue os fundamentos dos
VALOR SOCIAL DO TRABALHO E objetivos é o fato de os fundamentos serem nominados com
DA LIVRE INICIATIVA
substantivos ao passo que os objetivos se iniciam com verbos.
Essa diferença pode ajudar a perceber qual a resposta correta
PLURALISMO POLÍTICO na prova.

GArantir o desenvolvimento
nacional

PROmover o bem de todos sem


distinção de origem, raça, sexo, cor, CONstruir uma sociedade livre,
idade e quaisquer outras formas de OBJETIVOS
justa e solidária
discriminação

ERradicar a pobreza e a marginal-


ização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais
Princípios que Regem as Relações em pesquisas científicas para cura de doenças, bem como na
defesa e preservação do meio ambiente, entre outros.
Internacionais do Brasil A concessão de asilo político como princípio constitucional
E, por fim, têm-se os Princípios que regem as relações in- fundamenta a decisão brasileira de amparar estrangeiros que
ternacionais, os quais estão previstos no Art. 4º da CF: estejam sendo perseguidos em seus países por questões políti-
Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas cas ou de opinião.
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: Destaca-se, entre os princípios que regem as relações in-
I. Independência nacional; ternacionais, um mandamento para que a República Federati-
II. Prevalência dos direitos humanos; va do Brasil busque a integração econômica, política, social e
III. Autodeterminação dos povos; cultural dos povos da América Latina, visando à formação de
IV. Não intervenção; uma comunidade latino-americana de nações. Repare que o
texto constitucional mencionou América Latina, não América
V. Igualdade entre os Estados;
do Sul. Parece não haver muita diferença, mas esse tema já foi
VI. Defesa da paz; cobrado em prova e a troca dos termos é considerada errada.
VII. Solução pacífica dos conflitos;
VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo; ANOTAÇÕES
IX. Cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
X. Concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
cará a integração econômica, política, social e cultural
dos povos da América Latina, visando à formação de
uma comunidade latino-americana de nações.
Esses princípios revelam características muito interessantes
do Brasil, ressaltando sua soberania e independência em relação
aos outros Estados do mundo.
A independência nacional destaca, no âmbito da soberania
externa, a relação do país com os demais estados, uma relação
de igualdade, sem estar subjugado a outro Estado.
A prevalência dos direitos humanos vai ao encontro do
fundamento da dignidade da pessoa humana, característica

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muito importante que se revela por meio do grande rol de
direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição
Federal.
O Brasil defende a autodeterminação dos povos. Por
esse princípio, respeitam-se as decisões e escolhas de cada
povo. Entende-se que cada povo é capaz de escolher o seu
próprio caminho político e de resolver suas crises internas
sem necessidade de intervenção externa de outros países.
Esse princípio se completa ao da não intervenção no mes-
mo sentido de preservação e respeito à soberania dos de-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
mais Estados.
Esses princípios se completam juntamente com o da igual-
dade entre os Estados, sendo que cada país é reconhecido
como titular de soberania na mesma proporção que os demais,
sem hierarquia entre eles.
Com uma ampla gama de garantias constitucionais, não
poderia ficar de lado a defesa da paz como princípio funda-
mental, ao mesmo tempo que funciona como bandeira defen-
dida pelo Brasil em suas relações internacionais. No mesmo
sentido, a solução pacífica dos conflitos revela o lado concili-
ador do governo brasileiro, que por vezes intermedeia relações
conturbadas entre outros chefes de estado.
O repúdio ao terrorismo e ao racismo é princípio decor-
rente da dignidade da pessoa humana; terrorismo e racismo
são tomados como inaceitáveis em sociedades modernas.
O Estado Brasileiro tem-se destacado na cooperação en- 211
tre os povos para o progresso da humanidade, envolvendo-se
212
3. Direitos Fundamentais - Essa classificação encontra-se distribuída entre os Arts. 5º
e 17 do texto constitucional e é normalmente chamada pela
Regras Gerais doutrina de Conceito Formal dos Direitos Fundamentais. O Con-
ceito Formal é o que a Constituição Federal resolveu classificar
Os direitos e garantias fundamentais estão entre os temas como sendo Direito Fundamental. É o rol de direitos fundamen-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mais cobrados em provas. Além de questões envolvendo a tais previstos expressamente no texto constitucional.
literalidade do texto constitucional, encontramos aqui muitas Costuma-se perguntar nas provas: “O rol de direitos fun-
discussões doutrinárias e jurisprudências que tornam essa damentais é um rol exaustivo? Ou melhor, taxativo?” O que se
matéria uma fonte inesgotável de questões. quer saber é se o rol de direitos fundamentais é só aquele que
Procura-se nas próximas páginas apresentar as principais está expresso na Constituição ou não.
questões levantadas na doutrina e nos tribunais, sempre privi- Responde-se a essa questão com o § 2º do Art. 5º, que diz:
legiando as posições adotadas pelas bancas organizadoras de
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constitu-
concurso público.
ição não excluem outros decorrentes do regime e dos
Inicia-se o estudo pelas Regras Gerais aplicáveis aos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
direitos fundamentais, tema que tem sido priorizado pelas cionais em que a República Federativa do Brasil seja
maiores organizadoras de concursos do país. parte.
Conceito Isso significa que o rol não é taxativo, mas exemplificativo.
A doutrina costuma chamar esse parágrafo de Cláusula de Ab-
Os direitos e garantias fundamentais são institutos jurídi- ertura Material, que é exatamente a possibilidade de existirem
cos que foram criados no decorrer do desenvolvimento da hu- outros direitos fundamentais, ainda que fora do texto consti-
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manidade e se constituem de normas protetivas que formam tucional. Esse seria o Conceito Material dos direitos fundamen-
um núcleo mínimo de prerrogativas inerentes à condição hu- tais, ou seja, todos os direitos fundamentais que possuem a
mana. essência fundamental, ainda que não estejam expressos no
texto constitucional.
Amplitude Horizontal e Vertical
Possuem como objetivo principal a proteção do indivíduo Características
diante do poder do Estado. Mas não só do Estado. Os direit- O elemento jurídico acima abordado, além de explicar a pos-
os e garantias fundamentais também constituem normas de
sibilidade de se inserirem novos direitos fundamentais no rol dos
proteção do indivíduo em relação aos outros indivíduos da
que já existem expressamente na Constituição Federal, também
sociedade.
constitui uma das características que serão abordadas a seguir:
E é exatamente nesse ponto que surgem os conceitos de
Historicidade
Amplitude Horizontal e Amplitude Vertical. Amplitude verti-
cal é o efeito protetor que as normas definidoras de direitos e Essa característica revela que os Direitos Fundamentais são
garantias fundamentais produzem para um indivíduo diante frutos da evolução histórica da humanidade. Significa que eles
do Estado. Já a amplitude horizontal é o efeito protetor que as evoluem com o passar do tempo.
normas definidoras de direitos e garantias fundamentais pro- Inalienabilidade
duzem para um indivíduo diante dos outros indivíduos. Os direitos fundamentais não podem ser alienados, não podem
ser negociados, não podem ser transigidos.
ESTADO Irrenunciabilidade
Os direitos fundamentais não podem ser renunciados.
Imprescritibilidade
Amplitude

Os direitos fundamentais não se sujeitam aos prazos pre-


Vertical

scricionais. Não se perde um direito fundamental pelo decorrer


do tempo.
Amplitude
Universalidade
Horizontal Os direitos fundamentais pertencem a todas as pessoas,
INDIVÍDUO INDIVÍDUO independentemente da sua condição.
Máxima Efetividade
Essa característica é mais uma imposição ao Estado, que
Classificação está coagido a garantir a máxima efetividade dos direitos fun-
A Constituição Federal, quando se refere aos direitos fun- damentais. Esses direitos não podem ser ofertados de qualquer
damentais, classifica-os em cinco grupos: forma. É necessário que eles sejam garantidos da melhor forma
▷ Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; possível.
▷ Direitos Sociais; Concorrência
▷ Direitos de Nacionalidade; Os direitos fundamentais podem ser utilizados em conjun-
▷ Direitos Políticos; to com outros direitos. Não é necessário abandonar um para
▷ Partidos Políticos. usufruir outro direito.
Complementariedade paz. Esse seria o direito mais almejado pelo homem e que con-
Um direito fundamental não pode ser interpretado soz- substancia a reunião de todos os outros direitos.
inho. Cada direito deve ser analisado juntamente com outros Deve-se ressaltar que esses direitos, à medida que foram
direitos fundamentais, bem como com outros institutos jurídi- sendo conquistados, complementavam os direitos anteriores,
cos. de forma que não se pode falar em substituição ou superação
Proibição do Retrocesso de uma geração sobre a outra, mas em cumulação, de forma
que hoje podemos usufruir de todos os direitos pertencentes a
Essa característica proíbe que os direitos já conquistados todas as dimensões.
sejam perdidos. Para não se esquecer das três primeiras dimensões é só
Limitabilidade lembrar-se do Lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igual-
Não existe direito fundamental absoluto. São direitos rel- dade e Fraternidade.
ativos.
Não Taxatividade 1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO
Essa característica, já tratada anteriormente, diz que o rol
de direitos fundamentais é apenas exemplificativo, tendo em
vista a possibilidade de inserção de novos direitos. LIBERDADE IGUALDADE FRATERNIDADE
Veja como esse tema costuma ser abordado em prova:

Dimensões dos Direitos Fundamentais Titulares dos Direitos Fundamentais


As dimensões, também conhecidas por Gerações de direit- Quem são os Titulares dos
os fundamentais, são uma classificação adotada pela doutrina Direitos Fundamentais?
que leva em conta a ordem cronológica de reconhecimento A própria Constituição Federal responde a essa per-
desses direitos. São cinco as dimensões atualmente reconhe- gunta quando diz no caput do Art. 5º que são titulares “os
cidas: brasileiros e estrangeiros residentes no país”. Mas será que
1ª Dimensão – foram os primeiros direitos conquistados é necessário residir no país para que o estrangeiro tenha
pela humanidade. São direitos relacionados à liberdade, em direitos fundamentais?
todas as suas formas. Possuem um caráter negativo diante do Imaginemos um avião cheio de alemães que está fazendo
Estado, tendo em vista ser utilizado como uma verdadeira lim- uma escala no Aeroporto Municipal de Cascavel-PR.
itação ao poder estatal, ou seja, o Estado, diante dos direitos Nenhum dos alemães reside no país. Seria possível entrar
de primeira dimensão, fica impedido de agir ou interferir na no avião e matar todas aquelas pessoas, haja vista não serem
sociedade. São verdadeiros direitos de defesa com caráter in-

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titulares de direitos fundamentais por não residirem no país? É
dividual. Estão entre estes direitos as liberdades públicas, civis claro que não. Para melhor se compreender o termo “residen-
e políticas. te”, o STF o tem interpretado de forma mais ampla no sentido
2ª Dimensão – estes direitos surgem na tentativa de redu- de abarcar todos aqueles que estão no país. Ou seja, todos os
zirem as desigualdades sociais provocadas pela primeira di- que estão no território brasileiro, independentemente de resi-
mensão. Por isso, são conhecidos como direitos de igualdade. direm no país, são titulares de direitos fundamentais.
Para reduzir as diferenças sociais, o Estado precisa interferir na Mas será que, para ser titular de direitos fundamentais,
sociedade: essa interferência reflete a conduta positiva adota- é necessário ter a condição humana? Ao contrário do que
da por meio de prestações sociais. São exemplos de direitos de parece, não é necessário. Tem-se reconhecido como titulares
segunda dimensão: os direitos sociais, econômicos e culturais. de direitos fundamentais as pessoas jurídicas. Ressalta-se que
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3ª Dimensão – aqui estão os conhecidos direitos de frater- não só as pessoas jurídicas de direito privado, mas também as
nidade. São direitos que refletem um sentimento de solidarie- pessoas jurídicas de direito público.
dade entre os povos na tentativa de preservarem os direitos de
toda a coletividade. São de terceira geração o direito ao meio Cláusulas Pétreas e os Di-
ambiente saudável, o direito ao progresso da humanidade, ao reitos Fundamentais
patrimônio comum, entre outros.
O Art. 60, § 4º da Constituição Federal, traz o rol das
4ª Dimensão – esses direitos ainda não possuem um posi- chamadas Cláusulas Pétreas:
cionamento pacífico na doutrina, mas costuma-se dizer que
nesta dimensão ocorre a chamada globalização dos direitos fun- § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de
emenda tendente a abolir:
damentais. São direitos que rompem com as fronteiras entre os
Estados. São direitos de todos os seres humanos, independente- I. A forma federativa de Estado;
mente de sua condição, como o direito à democracia, ao plural- II. O voto direto, secreto, universal e periódico;
ismo político. São também considerados direitos de 4ª geração III. A separação dos Poderes;
os direitos mais novos, que estão em construção, como o direito IV. Os direitos e garantias individuais.
genético ou espacial. As Cláusulas Pétreas são núcleos temáticos formados
5ª Dimensão – essa é a mais nova dimensão defendida por por institutos jurídicos de grande importância, os quais não 213
alguns doutrinadores. É formado basicamente pelo direito à podem ser retirados da Constituição. Observe-se que o tex-
to proíbe a abolição desses princípios, mas não impede que Daí a doutrina chamá-la de norma contível, restringível
214 os mesmos sejam modificados, no caso, para melhor. Isso já ou redutível. Essas espécies permitem que outra norma re-
foi cobrado em prova. É importante notar que o texto con- duza a sua aplicabilidade. São normas que produzem efeitos
stitucional prevê no inciso IV como sendo Cláusulas Pétreas imediatos, mas esses efeitos podem ser restringidos.
apenas os direitos e garantias individuais. Pela literalidade Ex.: Art. 5º, VII, XII, XIII, XV, XXVII, XXXIII; Art. 9º; Art. 37, I;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da Constituição, não são todos os direitos fundamentais que Art. 170, parágrafo único; entre outros.
são protegidos por esse instituto, mas apenas os de caráter Já as normas de eficácia limitada são desprovidas de
individual. Parte da doutrina e da jurisprudência entende que eficácia social. Diz-se que as normas de eficácia limitada não
essa proteção deve ser ampliada, abrangendo os demais di- são autoaplicáveis, possuem aplicabilidade indireta, mediata e
reitos fundamentais. Deve-se ter atenção com esse tema em reduzida ou diferida.
prova, pois já foram cobrados os dois posicionamentos. São normas que dependem de outra para produzirem
efeitos. O que as difere das normas de eficácia contida é a
Eficácia dos Direitos Fundamentais dependência de outra norma para que produza efeitos soci-
O § 1º do Art. 5º da Constituição Federal prevê que: ais. Enquanto as de eficácia contida produzem efeitos imedi-
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias atos, os quais poderão ser restringidos posteriormente, as de
fundamentais têm aplicação imediata. eficácia limitada dependem de outra norma para produzirem
Quando a Constituição Federal se refere à aplicação de efeitos. Deve-se ter cuidado para não pensar que essas es-
uma norma, na verdade está falando da sua eficácia. pécies normativas não possuem eficácia. Como se afirmou an-
Esse tema é sempre cobrado em provas de concurso. Com teriormente, elas possuem eficácia jurídica, mas não possuem
o intuito de obter uma melhor compreensão, é necessário con- eficácia social. As normas de eficácia limitada são classifica-
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ceituar, classificar e diferenciar os vários níveis de eficácia das das, ainda, em:
normas constitucionais. ▷ Normas de eficácia limitada de princípio institutivo
Para que uma norma constitucional seja aplicada é indis- (organizativo ou organizatório);
pensável que a ela possua eficácia. ▷ Normas de eficácia limitada de princípio programáti-
Se os efeitos produzidos se restringem ao âmbito normativo, co.
tem-se a chamada eficácia jurídica, ao passo que, se os efeitos As normas de eficácia limitada de princípio institutivo são
são concretos, reais, tem-se a chamada eficácia social. Eficácia aquelas que dependem de outra norma para organizar ou in-
jurídica, portanto, é a capacidade que uma norma constitucional stituir estruturas, entidades ou órgãos.
tem de revogar todas as outras normas que com ela apresen- Ex.: Art. 18, § 2º; Art. 22, Parágrafo único; Art. 25, § 3º;
tem divergência. Já a eficácia social, também conhecida como Art. 33; Art. 88; Art. 90, §2º; Art. 102, §1º; Art. 107, §1º; Art.
efetividade, é a aplicabilidade na prática, concreta, da norma. 113; Art. 121; Art. 125, §3º; 128, §5º; Art. 131; entre outros.
Todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, mas
As normas de eficácia limitada de princípio programático
nem todas possuem eficácia social. Logo, é possível afirmar que
são aquelas que apresentam verdadeiros objetivos a serem
todas as normas constitucionais possuem eficácia. O problema
perseguidos pelo Estado, programas a serem implementados.
surge quando uma norma constitucional não pode ser aplicada
Em regra, possuem fins sociais.
na prática, ou seja, não possui eficácia social.
Ex.: Art. 7º, XI, XX, XXVII; Art. 173, §4º; Art. 196; Art. 205;
Para explicar esse fenômeno, foram desenvolvidas várias
Art. 215; Art. 218; Art. 227; entre outros.
classificações acerca do grau de eficácia de uma norma con-
stitucional. A classificação mais adotada pela doutrina e mais O Supremo Tribunal Federal (STF) possui algumas de-
cobrada em prova é a adotada pelo professor José Afonso da cisões que conferiram o grau de eficácia limitada aos seguintes
Silva1. Para esse estudioso, a eficácia social se classifica em: dispositivos:
Eficácia Plena; Ex.: Art. 5º, LI; Art. 37, I; Art. 37, VII; Art. 40, § 4º; Art. 18,
Eficácia Contida; §4º.
Eficácia Limitada. Feitas as considerações iniciais sobre esse tema, resta sa-
ber o que o § 1º do Art. 5º da CF quis dizer com “aplicação
As normas de eficácia plena são aquelas autoaplicáveis.
imediata”. Para traduzir essa expressão, basta analisar a ex-
São normas que possuem aplicabilidade direta, imediata e in-
plicação apresentada anteriormente. Segundo a doutrina, as
tegral. Seus efeitos práticos são plenos. É uma norma que não
normas que possuem aplicação imediata ou são de eficácia
depende de complementação legislativa para produzir efeitos.
plena ou contida. Ao que parece, o texto constitucional quis re-
Veja os exemplos:
stringir a eficácia dos direitos fundamentais em plena ou con-
Ex.: Art. 1º; Art. 5º, caput e incisos XXXV e XXXVI; Art. 19;
tida, não existindo, em regra, normas definidoras de direitos
Art. 21; Art. 53; Art. 60, § 1º e 4º; Art. 69; Art. 128, § 5º, I e II;
fundamentais com eficácia limitada. Entretanto, pelos próprios
Art. 145, § 2º; entre outros.
exemplos aqui apresentados, não é essa a realidade do texto
As normas de eficácia contida também são autoaplicá- constitucional. Certamente, existem normas de eficácia limita-
veis. Assim como as normas de eficácia plena, elas possuem da entre os direitos fundamentais (7º, XI, XX, XXVII). A dúvida
aplicabilidade direta e imediata. Contudo, sua aplicação não que surge então é: como responder na prova?
é integral. É neste ponto que a eficácia contida se diferencia da
eficácia plena. A norma de eficácia contida nasce plena, mas A doutrina e o STF têm entendido que, apesar do texto
pode ser restringida por outra norma. expresso na Constituição Federal, existem normas definido-
1 Silva, José Afonso da. “Curso de Direito Constitucional Positivo”. 27ª edição. São ras de direitos fundamentais que não possuem aplicabilidade
Paulo: Malheiros, 2005. imediata, as quais são de eficácia limitada. Diante dessa con-
tradição, a doutrina tem orientado no sentido de se conferir a Ainda há os tratados internacionais que não falam de
maior eficácia possível aos direitos fundamentais. Em prova, direitos humanos. São tratados que falam de outros temas,
pode ser cobrada tanto uma questão abordando o texto puro por exemplo, o comércio. Esses tratados possuem força
da Constituição Federal quanto o posicionamento da doutrina. normativa de Lei Ordinária.
Deve-se responder conforme for perguntado. Para o tratado ser equivalente à emenda constitucional,
A Constituição previu dois instrumentos para garantir a tem que ser aprovado nas duas casas do Congresso Nacional,
efetividade das normas de eficácia limitada: Ação Direta de em dois turnos, pelo voto de 3/5 dos membros.
Inconstitucionalidade por omissão e o Mandado de Injunção.
Em suma, são três as forças normativas dos Tratados Interna-
Todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, cionais:
mas nem todas possuem eficácia social.
EMENDA À CON-
JURÍDICA PLENA STITUIÇÃO

EFICÁCIA
TRATADOS NORMA
PRINCÍPIO INTERNACIONAIS SUPRALEGAL
SOCIAL CONTIDA ORGANIZATIVO

LEI ORDINÁRIA

LIMITADA
PRINCÍPIO
Tribunal Penal Internacional - TPI
PROGRAMÁTICO Há outra regra muito interessante prevista no § 4º do
Art. 5º da Constituição:
§ 4º - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
Força Normativa dos É o chamado Tribunal Penal Internacional. Mas o que é o
Tratados Internacionais Tribunal Penal Internacional? É uma corte permanente, local-
Uma regra muito importante para a prova é a que está pre- izada em Haia, na Holanda, com competência de julgamento
vista no § 3º do Art. 5º: dos crimes contra a humanidade.
§3º - Os tratados e convenções internacionais sobre É um Tribunal, pois tem função jurisdicional; é Penal

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direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa porque só julga crimes; é Internacional, haja vista sua com-
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- petência não estar restrita à fronteira de um só Estado.
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- Mas uma coisa deve ser esclarecida. O TPI não julga
lentes às emendas constitucionais. qualquer tipo de crime. Só os crimes que tenham repercussão
Esse dispositivo constitucional apresenta a chamada Força para toda a humanidade. Geralmente, são crimes de guerra,
Normativa dos Tratados Internacionais. agressão estrangeira, genocídio, dentre outros.
Segundo o texto constitucional, é possível que um tratado Apesar de ser um tribunal com atribuições jurisdicionais, o
internacional possua força normativa de emenda constitucion- TPI não faz parte do Poder Judiciário brasileiro. Sua competên-
al, desde que preencha os seguintes requisitos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cia é complementar à jurisdição nacional, não ofendendo, por-
Tem que falar de direitos humanos; tanto, a soberania do Estado brasileiro. Isso significa que o TPI só
▷ Tem que ser aprovado nas duas casas legislativas age quando a Justiça Brasileira se omite ou é ineficaz.
do Congresso Nacional, ou seja, na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal; Direitos X Garantias
▷ Tem que ser aprovado em dois turnos em cada casa; Muitos questionam se direitos e garantias são a mesma
▷ Tem que ser aprovado por 3/5 dos membros em coisa, mas a melhor doutrina tem diferenciado esses dois in-
cada turno de votação, em cada casa. stitutos.
Preenchidos esses requisitos, o Tratado Internacional terá
Os direitos são os próprios direitos previstos na Constituição
força normativa de Emenda à Constituição.
Federal. São os bens jurídicos tutelados pela Constituição. Eles rep-
Mas surge a seguinte questão: e se o Tratado Interna- resentam por si só esses bens.
cional for de Direitos Humanos e não preencher os requi-
sitos constitucionais previstos no § 3º do Art. 5º da Con- As garantias são instrumentos de proteção dos direitos.
stituição? Qual será sua força normativa? Segundo o STF, São ferramentas disponibilizadas pela Constituição para a
caso o Tratado Internacional fale de direitos humanos, mas fruição dos direitos.
não preencha os requisitos do § 3º do Art. 5º da CF, ele terá Apesar da diferença entre os dois institutos é possível afir- 215
força normativa de Norma Supralegal. mar que toda garantia é um direito.’
216
4. Direitos Fundamentais - Aborto sentimental
II. Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
Direitos e Deveres Individuais e Cole- cedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
tivos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

São os abortos necessário e sentimental. Aborto


A Constituição Federal, ao disciplinar os direitos individ- necessário é aquele praticado para salvar a vida da gestante
uais, os coloca basicamente no Art. 5º. Logo no caput desse e o aborto sentimental é utilizado nos casos de estupro. Es-
artigo, já aparece uma classificação didática dos direitos ali sas duas exceções à prática do crime de aborto são hipóteses
previstos: em que se permite a sua prática no direito brasileiro. Além
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção dessas duas hipóteses previstas expressamente na legislação
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e brasileira, o STF também reconhece a possibilidade da práti-
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do ca de aborto do feto anencéfalo (feto sem cérebro)1. Mais
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à uma vez, o direito à vida encontra-se flexibilizado.
propriedade, nos termos seguintes:
Legítima Defesa e Estado de Necessidade
Para estudarmos os direitos individuais, utilizaremos os
cinco grupos de direitos previstos no caput do Art. 5º: Esses dois institutos, também excludentes de ilicitude do
crime, são outras possibilidades de limitação do direito a vida,
Direito à vida;
conforme disposto no Art. 23 do Código Penal Brasileiro:
Direito à igualdade;
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
Direito à liberdade;
I. Em estado de necessidade;
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Direito à propriedade;
II. Em legítima defesa;
Direito à segurança.
Em linhas gerais e de forma exemplificativa, o estado de
Percebe-se que os 78 incisos do Art. 5º, de certa forma,
necessidade permite que, diante de uma situação de perigo,
decorrem de um desses direitos que podem ser chamados
uma pessoa possa, para salvar uma vida, tirar a vida de out-
de “direitos raízes”. Utilizando essa divisão, a seguir serão
abordados os incisos mais importantes desse artigo, tendo em ra pessoa. Na legítima defesa, caso sua vida seja ameaçada
vista a preparação para a prova. Logicamente, não conseguire- por alguém, existe legitimidade em retirar a vida de quem o
mos abordar todos os incisos, o que não tira a responsabili- ameaçou.
dade de lê-los. Outro ponto que deve ser ressaltado é que o direito à vida
não está adstrito apenas ao fato de se estar vivo. Quando a
Direito à Vida constituição protege o direito à vida, a faz em suas diversas
Ao falar desse direito, que é considerado pela doutrina acepções. Existem dispositivos constitucionais que protegem
como o direito mais fundamental de todos, por ser um pres- o direito à vida no que tange a sua preservação da integridade
suposto para o exercício dos demais direitos, enfrenta-se um física e moral (Art. 5º, III, V, XLVII, XLIX; Art. 199, §4º. A Consti-
primeiro desafio: esse direito é absoluto? tuição também protege o direito à vida no que tange à garan-
Assim como os demais direitos, o direito à vida não é absoluto. tia de uma vida com qualidade (Arts. 6º; 7º, IV; 196; 205; 215).
São várias as justificativas existentes para considerá-lo um direito
passível de flexibilização: Direito à Igualdade
Pena de Morte Igualdade Formal X Igualdade Material
Uma que já apareceu em prova: existe pena de morte no Possui como sinônimo o termo Isonomia. A doutrina clas-
Brasil? sifica esse direito em:
A sua resposta tem que ser “SIM”. A alínea “a” do inciso Igualdade Formal
XLVII do Art. 5º traz essa previsão expressamente: Traduz-se no termo “todos são iguais perante a lei, sem dis-
XLVII. Não haverá penas: tinção de qualquer natureza”. É o previsto no caput do Art. 5º.
a) de morte, salvo em caso de guerra declara- É uma igualdade jurídica, que não se preocupa com a realidade,
da, nos termos do Art. 84, XIX; mas apenas evita que alguém seja tratado de forma discrimi-
Todas as vezes que a Constituição traz uma negação acom- natória.
panhada de uma exceção, estamos diante de uma possibili- Igualdade Material
dade. Também chamada de igualdade efetiva ou substancial. É
Aborto a igualdade que se preocupa com a realidade. Traduz-se na
seguinte expressão: “tratar os iguais com igualdade e os desi-
A prática de aborto no Brasil é permitida? O Art. 128 do
1 O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente
Código Penal Brasileiro apresenta duas possibilidades de a ação para declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a
prática de aborto que são verdadeiras excludentes de ilicitude: interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos artigos 124,
126, 128, incisos I e II, todos do Código Penal, contra os votos dos Senhores Minis-
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: tros Gilmar Mendes e Celso de Mello que, julgando-a procedente, acrescentavam
Aborto necessário condições de diagnóstico de anencefalia especificadas pelo Ministro Celso de Mel-
lo; e contra os votos dos Senhores Ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso
I. Se não há outro meio de salvar a vida da ges- (Presidente), que a julgavam improcedente. Impedido o Senhor Ministro Dias Tof-
tante; foli. Plenário, 12.04.2012. ADPF 54 – Relator Min. Marco Aurélio.
guais com desigualdade, na medida das suas desigualdades”. Deve ser Necessário ao Exercício do Cargo
Esse tipo de igualdade confere um tratamento com justiça O critério discriminatório deve ser necessário ao exercício
para aqueles que não a possuem. do cargo. A título de exemplo: seria razoável exigir para um
cargo de policial militar, altura mínima ou mesmo, idade máx-
Todos são iguais perante ima, que representam vigor físico, tendo em vista a natureza
Formal a lei, sem distinção de
qualquer natureza do cargo que exige tal condição. As mesmas condições não
poderiam ser exigidas para um cargo de técnico judiciário, por
não serem necessárias ao exercício do cargo.
Igualdade
Em suma, podem ser exigidos critérios discriminatórios
desde que previstos em lei e que sejam necessários ao exer-
Tratar os iguais com igual-
Material dade e os desiguais com cício do cargo, observados os critérios de proporcionalidade
desigualdade e razoabilidade.
Esse tema sempre tem sido alvo de questões em prova,
A igualdade formal é a regra utilizada pelo Estado para con- principalmente sob o aspecto jurisprudencial. Veja este exem-
ferir um tratamento isonômico entre as pessoas. Contudo, por plo de questão:
diversas vezes, um tratamento igualitário não consegue atender
a todas as necessidades práticas. Faz-se necessária a utilização
Ações Afirmativas
da igualdade em seu aspecto material para que se consiga pro- Como formas de concretização da igualdade material
duzir um verdadeiro tratamento isonômico. foram desenvolvidas políticas públicas de compensação di-
Imaginemos as relações entre homens e mulheres. A regra rigidas às minorias sociais chamadas de Ações Afirmativas
é que homem e mulher são tratados da mesma forma conforme ou Discriminações Positivas. São verdadeiras ações de cunho
previsto no inciso I do Art. 5º: social que visam a compensar possíveis perdas que determi-
I. Homens e mulheres são iguais em direitos e nados grupos sociais tiveram ao longo da história de suas vi-
obrigações, nos termos desta Constituição; das. Quem nunca ouviu falar nas “quotas para os pobres nas
Universidades” ou ainda, “reserva de vagas para deficientes
Contudo, em diversas situações, homens e mulheres serão
em concursos públicos”? Essas são algumas das espécies de
tratados de forma diferente:
ações afirmativas desenvolvidas no Brasil.
Licença-Maternidade
Mas por que reservar vagas para deficientes em concursos
Tem duração de 120 dias para a mulher. Para o homem, apenas
públicos? Ora, é óbvio que o deficiente, qualquer que seja sua
5 dias de licença-paternidade;
deficiência, quando se prepara para um concurso público pos-
Aposentadoria

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sui muito mais dificuldade que uma pessoa que tem a pleni-
A mulher se aposenta 5 anos mais cedo que o homem; tude de seu vigor físico. Em razão dessa diferença, o Estado,
Serviço Militar Obrigatório na tentativa de reduzir a desigualdade existente entre os con-
Só o homem está obrigado. correntes, resolveu compensar a limitação de um portador de
Essas são algumas das situações em que são permitidos necessidades especiais reservando-lhe vagas especiais.
tratamentos desiguais entre as pessoas. As razões que justifi- Perceba que, ao contrário do que parece, quando se res-
cam essa discriminação são as diferenças efetivas que existem ervam vagas num concurso público para deficientes estamos
entre os homens e as mulheres em cada uma das hipóteses. diante de um nítido tratamento discriminatório, que nesse
Exemplificando, a mulher tem mais tempo para se recuperar caso é justificável pelas diferenças naturais entre o concorrente NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
em razão da nítida distinção do desgaste feminino para o mas- sadio e o concorrente deficiente. Lembre-se de que igual-
culino no que tange ao parto. É indiscutível que, por mais des- dade material é tratar iguais com igualdade e desiguais com
gastante que seja o nascimento de um filho para o pai, nada se desigualdade. O que se faz por meio dessas políticas de com-
compara ao sofrimento suportado pela mãe. Por essa razão, a pensação é tratar os desiguais com desigualdade, na medida
licença-maternidade é maior que a licença-paternidade. de suas desigualdades. Só dessa forma é possível alcançar um
Igualdade nos Concursos Públicos verdadeiro tratamento isonômico entre os candidatos.
O tema diz respeito à igualdade nos concursos públicos. Se- Por fim, destaca-se o fato de o STF ter declarado consti-
ria possível restringir o acesso a um cargo público em razão do tucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estu-
sexo de uma pessoa? Ou por causa de sua altura? Ou ainda, pela dantes em universidades públicas pacificando uma discussão
idade que possui? antiga sobre esse tipo de ação afirmativa.
Essas questões encontram a mesma resposta: sim! É pos- Direito à Liberdade
sível, desde que os critérios discriminatórios preencham al- O direito à liberdade pertence à primeira geração de dire-
guns requisitos: itos fundamentais por expressarem os direitos mais ansiados
Deve ser Fixado em Lei pelos indivíduos como forma de defesa diante do Estado. O
Não basta que os critérios estejam previstos no edital, pre- que se verá a seguir são algumas das acepções desse direito 217
cisam estar previstos em lei, no seu sentido formal. que podem ser cobradas em prova.
Liberdade de Ação I. Obrigação de permanência em localidade deter-
218 minada;
O inciso II do Art. 5º apresenta aquilo que a doutrina cha-
II. Detenção em edifício não destinado a acusados
ma de liberdade de ação:
ou condenados por crimes comuns;
II. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de faz-
Outro ponto interessante refere-se à possibilidade de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

er alguma coisa senão em virtude de lei;


qualquer pessoa entrar, permanecer ou sair do país com seus
Essa é a liberdade por excelência. Segundo o texto consti- bens. Esse direito também não pode ser encarado de forma
tucional, a liberdade só pode ser restringida por lei. Por isso, absoluta, haja vista a possibilidade de se exigir declaração de
dizemos que esse inciso também apresenta o Princípio da bens ou pagamento de imposto quando da entrada no país
Legalidade. com bens. Nesse caso, liberdade de locomoção não se con-
A liberdade pode ser entendida de duas formas, a depend- funde com imunidade tributária.
er do destinatário da mensagem: Caso a liberdade de locomoção seja restringida por ilegali-
Para o particular dade ou abuso de poder, a Constituição reservou um poderoso
Para o particular, liberdade significa “fazer tudo que não instrumento garantidor, o chamado Habeas Corpus.
for proibido”. Art. 5º, LXVIII. conceder-se-á “Habeas Corpus” sem-
Para o agente público pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
Para o agente público, liberdade significa “poder fazer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder;
tudo o que for determinado ou permitido pela lei”.
Liberdade de Pensamento
Essa liberdade serve de amparo para uma série de possib-
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Pode fazer tudo que não


Particular
for proibido ilidades no que tange ao pensamento. Assim como os demais
direitos fundamentais, a manifestação do pensamento não
possui caráter absoluto, sendo restringido pela própria Con-
Liberdade stituição Federal, que proíbe seu exercício de forma anônima:
Art. 5º, IV. É livre a manifestação do pensamento, sen-
Só pode fazer o que a lei
do vedado o anonimato;
Agente manda ou permite A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia ao ex-
Público ercício da manifestação do pensamento, possibilita o exercício
do direito de resposta caso alguém seja ofendido.
Liberdade de Locomoção Sobre Denúncia Anônima, é importante fazer uma ob-
Uma das liberdades mais almejadas pelos indivíduos du- servação. Diante da vedação constitucional ao anonimato,
rante as lutas sociais é o grande carro-chefe na limitação dos poder-se-ia imaginar que essa ferramenta de combate ao crime
poderes do Estado. O inciso XV do Art. 5º já diz: fosse considerada inconstitucional. Contudo, não tem sido esse
XV. É livre a locomoção no território nacional em tempo
o entendimento do STF. A denúncia anônima pode até ser uti-
lizada como ferramenta de comunicação do crime, mas não
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
pode servir como amparo para a instauração do Inquérito Poli-
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
cial, muito menos como fundamento para condenação de quem
Perceba-se que o direito explanado nesse inciso não pos- quer que seja.
sui caráter absoluto, haja vista ter sido garantido em tempo de
paz. Isso significa que em momentos sem paz seriam possíveis Liberdade de Consciência
restrições às liberdades de locomoção. Destaca-se o Estado de e Crença Religiosa
Sítio que pode ser decretado nos casos previstos no Art. 137
da Constituição Federal. Nessas circunstâncias, seriam pos- Uma primeira pergunta deve ser feita acerca da liberdade
síveis maiores restrições à chamada liberdade de locomoção religiosa em nosso país: qual a religião oficial do Brasil? A úni-
ca resposta possível: é nenhuma. A liberdade religiosa do Es-
por meio de medidas autorizadas pela própria Constituição
tado brasileiro é incompatível com a existência de uma religião
Federal:
oficial. É o que apresenta o inciso VI do Art. 5º:
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o
VI. É inviolável a liberdade de consciência e de
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio- crença, sendo assegurado o livre exercício dos
nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
decretar o estado de sítio nos casos de: proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
I. Comoção grave de repercussão nacional ou ocor- Esse inciso marca a liberdade religiosa existente no Brasil.
rência de fatos que comprovem a ineficácia de me- Por esse motivo, dizemos que o Brasil é um Estado laico, leigo
dida tomada durante o estado de defesa; ou não confessional. Isso significa, basicamente, que no Brasil
II. Declaração de estado de guerra ou resposta a existe uma relação de separação entre Estado e Igreja. Essa
agressão armada estrangeira. relação entre o Estado e a Igreja encontra, inclusive, vedação
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com expressa no texto constitucional:
fundamento no Art. 137, I, só poderão ser tomadas contra Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fed-
as pessoas as seguintes medidas: eral e aos Municípios:
I. Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subven- Reunião Pacífica
cioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou Não se legitima uma reunião que tenha fins não pacíficos;
manter com eles ou seus representantes relações de Sem Armas
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei,
Para evitar a violência ou coação por meio de armas;
a colaboração de interesse público;
Por causa da liberdade religiosa, é possível exercer Locais Abertos ao Público
qualquer tipo de crença no país. É possível ser católico, prot- Encontra-se subentendida a reunião em local fechado;
estante, mulçumano, ateu ou satanista. Isso é liberdade de Independente de Autorização
crença ou consciência. Liberdade de crer ou não crer. Perceba Não precisa de autorização;
que o inciso VI, além de proteger as crenças e cultos, também Necessidade de Prévio Aviso
protege as suas liturgias. Apesar do amparo constitucional, Precisa de prévio aviso;
não se pode utilizar esse direito para praticar atos contrários
Não Frustrar outra Reunião convocada Anteriormente
às demais normas do direito brasileiro como, por exemplo,
para o Mesmo Local
sacrificar seres humanos como forma de prestar culto a deter-
minada divindade. Isso a liberdade religiosa não ampara. Garantia de isonomia no exercício do direito prevalecen-
Outro dispositivo importante é o previsto no inciso VII: do o de quem exerceu primeiro.
VII. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de Sobre o exercício da liberdade de reunião é importante
assistência religiosa nas entidades civis e militares saber que ele não depende de autorização, mas necessita de
de internação coletiva; prévio aviso.
Nese inciso, a Constituição Federal garantiu a assistência
religiosa nas entidades de internação coletivas, sejam elas civis
ou militares. Entidades de internação coletivas são quartéis, Depende de
Locais Prévio Aviso
hospitais ou hospícios. Em razão dessa garantia constitucional,
Abertos ou Sem Armas
é comum encontrarmos nesses estabelecimentos capelas para Públicos
que o direito seja exercido.
Apesar da importância dos dispositivos analisados ante-
riormente, nenhum é mais cobrado em prova que o inciso VIII:
Liberdade de
VIII. Ninguém será privado de direitos por moti- Reunião
vo de crença religiosa ou de convicção filosófica Não Frus-
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de Pacífica tar outra
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a Reunião
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Estamos diante do instituto da Escusa de Consciência. Não Precisa

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Esse direito permite a qualquer pessoa que, em razão de sua de Autor-
ização
crença ou consciência, deixe de cumprir uma obrigação im-
posta sem que com isso sofra alguma consequência em seus
direitos. Tal permissivo constitucional encontra uma limitação Outro ponto que já foi alvo de questão de prova é a possi-
prevista expressamente no texto em análise. No caso de uma bilidade de restrição desse direito no Estado de Sítio e no Esta-
obrigação imposta a todos, se o indivíduo recusar-se ao seu do de Defesa. O problema está na distinção entre as limitações
cumprimento, ser-lhe-á oferecida uma prestação alternativa. que podem ser adotadas em cada uma das medidas:
Não a cumprindo também, a Constituição permite que direitos Art. 136, § 1º - O decreto que instituir o estado de
sejam restringidos. O Art. 15 prescreve que os direitos restrin- defesa determinará o tempo de sua duração, espe- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
gidos serão os direitos políticos: cificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vig-
perda ou suspensão só se dará nos casos de: orarem, dentre as seguintes:
IV. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta I. Restrições aos direitos de:
ou prestação alternativa, nos termos do Art. 5º, VIII; a) reunião, ainda que exercida no seio das as-
Liberdade de Reunião sociações;
Acerca dessa liberdade, é importante ressaltar as condições Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado
estabelecidas pelo texto constitucional: com fundamento no Art. 137, I, só poderão ser toma-
XVI. Todos podem reunir-se pacificamente, sem das contra as pessoas as seguintes medidas:
armas, em locais abertos ao público, independen- IV. Suspensão da liberdade de reunião;
temente de autorização, desde que não frustrem Ao passo que no Estado de Defesa ocorrerão restrições
outra reunião anteriormente convocada para o ao direito de reunião, no Estado de Sítio ocorrerá a suspensão
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à desse direito.
autoridade competente;
Enumerando-as, de forma a facilitar o estudo, tem-se Estado de Defesa Restrição
que as condições estabelecidas para o exercício do direito à 219
reunião são: Estado de Sítio Suspensão
Liberdade de Associação
220
São vários os dispositivos constitucionais que regulam a
ANOTAÇÕES
liberdade de associação:
XVII. É plena a liberdade de associação para fins
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

lícitos, vedada a de caráter paramilitar;


XVIII. A criação de associações e, na forma da lei,
a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu fun-
cionamento;
XIX. As associações só poderão ser compulsoria-
mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
o trânsito em julgado;
XX. Ninguém poderá ser compelido a associar-se
ou a permanecer associado;
XXI. As entidades associativas, quando expressa-
mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
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sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;


O primeiro ponto que dever ser lembrado é que a liber-
dade de associação só poderá ser usufruída para fins lícitos
sendo proibida a criação de associação paramilitar.
Entende-se como associação de caráter paramilitar toda
organização paralela ao Estado, sem legitimidade, com estru-
tura e organização tipicamente militar. São as facções crimi-
nosas, milícias ou qualquer outra organização que possua fins
ilícitos e alheios aos do Estado.
Destaca-se, com a mesma importância para sua prova, a
dispensa de autorização e interferência estatal no funciona-
mento e criação das associações.
Maior destaque deve ser dado ao inciso XIX, que condicio-
na qualquer limitação às atividades associativas a uma decisão
judicial. As associações podem ter suas atividades suspensas
ou dissolvidas. Em qualquer um dos casos deve haver decisão
judicial. No caso da dissolução, por ser uma medida mais
grave, não basta qualquer decisão judicial, tem que ser tran-
sitada em julgado. Isso significa uma decisão definitiva, à qual
não caiba mais recurso.
O inciso XX tutela a chamada Liberdade Associativa, pela
qual ninguém será obrigado a se associar ou mesmo a per-
manecer associado a qualquer entidade associativa.
Por fim, temos o inciso XXI, que permite às associações
que representem seus associados tanto na esfera judicial
quanto na administrativa desde que possuam expressa autor-
ização. Expressa autorização significa por escrito, por meio de
instrumento legal que comprove a autorização.
Suspensão
Decisão
Judicial

Dissolução
Transitada em
Julgado
5. Direitos Fundamentais - • Desapropriação pelo Mero Interesse Público
Essa modalidade é utilizada pelo Estado quando o inter-
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos esse social ou a utilidade pública prevalecem sobre o direito
individual. Nesse tipo de desapropriação, destaca-se que o
proprietário nada fez para merecê-la, contudo, o interesse
Direito à Propriedade público exige que determinada área seja desapropriada. É
Quando se fala em direito à propriedade, alguns atrib- o caso de construção de uma rodovia que exige a desapro-
utos que lhe são inerentes aparecem imediatamente. Pro- priação de várias propriedades para o asfaltamento da via.
priedade é a faculdade que uma pessoa tem de usar, gozar Conforme o texto da Constituição:
dispor de um bem. O texto constitucional garante esse di- XXIV. A lei estabelecerá o procedimento para de-
reito de forma expressa: sapropriação por necessidade ou utilidade pública,
Art. 5º, XXII. É garantido o direito de propriedade. ou por interesse social, mediante justa e prévia in-
Apesar de esse direito aparentar possuir um caráter abso- denização em dinheiro, ressalvados os casos pre-
luto, quando se investiga mais a fundo esse tema, percebe-se vistos nesta Constituição;
que ele possui vários limitadores no próprio texto constitucio- Deve ser destacado que essa modalidade de desapro-
nal. E é isso que se passa a analisar agora. priação gera direito à indenização, que deve ser paga em din-
heiro, previamente e com valor justo.
Limitações • Desapropriação-Sanção
Dentre as limitações existentes na Constituição, estão: Nesta modalidade, o proprietário, por algum motivo, não
observou a função social da propriedade. Por esse motivo, é
Função Social chamada de Desapropriação-sanção, haja vista ser uma verda-
A Constituição exige em seu Art. 5º que a propriedade deira punição. Segundo a CF, essa desapropriação gera direito
atenda a sua função social: à indenização, que deverá ser paga em títulos da dívida pública
XXIII. A propriedade atenderá a sua função social; ou agrária. Segundo os Art. 182, § 4º, III e 184 da Constituição:
Isso significa que a propriedade não é tão individual quan- Art. 182, § 4º - É facultado ao Poder Público municipal,
to pensamos. A necessidade de observância da função social mediante lei específica para área incluída no plano dire-
demonstra que a propriedade é muito mais que uma titulari- tor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
dade privada. Esse direito possui reflexos em toda a sociedade. solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
É só imaginar uma propriedade imóvel, um terreno urbano, que, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
apesar de possuir um proprietário, fica abandonado. Cresce o
I. Parcelamento ou edificação compulsórios;
mato, as pessoas começam a jogar lixo naquele lugar, alguns
II. Imposto sobre a propriedade predial e territorial

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criminosos começam a utilizar aquele ambiente para prática de
urbana progressivo no tempo;
atividades ilícitas. Veja quantas coisas podem acontecer numa III. Desapropriação com pagamento mediante
propriedade e que importarão em consequências gravosas para títulos da dívida pública de emissão previamente
o meio social mais próximo. É por isso que a propriedade tem aprovada pelo Senado Federal, com prazo de res-
que atender a sua função social. gate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
Requisição Administrativa sucessivas, assegurados o valor real da indenização
e os juros legais.
Consta no inciso XXV do Art. 5º:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interes-
XXV. No caso de iminente perigo público, a au- se social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
toridade competente poderá usar de propriedade que não esteja cumprindo sua função social, mediante
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
particular, assegurada ao proprietário indeni- prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
zação ulterior, se houver dano; com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis
Essa é a chamada Requisição Administrativa. Esse instituto no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de
permite que a propriedade seja limitada pela necessidade de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
se solucionar situação de perigo público. Não se trata de uma • Desapropriação Confiscatória
forma de desapropriação, pois o dono da propriedade requis- Por último, tem-se essa modalidade prevista no Art. 243
itada não a perde, apenas a empresta para uso público, sendo da Constituição:
garantido, posteriormente, havendo dano, direito a indeni- Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de
zação. Esse instituto limita o caráter absoluto da propriedade. qualquer região do País onde forem localizadas
Veja um exemplo de como esse tema pode ser cobrado culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a ex-
em prova: ploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
Desapropriação programas de habitação popular, sem qualquer in-
É a perda da propriedade. Esse é o limitador por excelência denização ao proprietário e sem prejuízo de outras
do direito, restringindo o caráter perpétuo da propriedade. A sanções previstas em lei, observado, no que couber,
seguir, estão exemplificadas as três modalidades de desapro- o disposto no Art. 5º. (Redação dada pela Emenda 221
priação: Constitucional nº 81, de 2014)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor a) a proteção às participações individuais em
222 econômico apreendido em decorrência do tráfi- obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
co ilícito de entorpecentes e drogas afins e da ex- humanas, inclusive nas atividades desportivas;
ploração de trabalho escravo será confiscado e re- b) o direito de fiscalização do aproveitamento
verterá a fundo especial com destinação específica, econômico das obras que criarem ou de que par-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Consti- ticiparem aos criadores, aos intérpretes e às re-
tucional nº 81, de 2014) spectivas representações sindicais e associativas;
É a desapropriação que ocorre com a propriedade uti- Já a propriedade industrial encontra-se protegida no in-
lizada para cultivo de plantas psicotrópicas. Nesse caso, ciso XXIX:
não haverá indenização, mas o proprietário poderá ser pro- XXIX. A lei assegurará aos autores de inventos in-
cessado pela prática de ilícito penal. dustriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à pro-
Desapropriação por priedade das marcas, aos nomes de empresas e
Indenizada em Dinheiro
Interesse Público a outros signos distintivos, tendo em vista o in-
teresse social e o desenvolvimento tecnológico e
econômico do País;
Uma relação muito interessante entre a propriedade au-
Desapropriação- Indenizada em títulos toral e a industrial está no tempo de proteção previsto na Con-
-Sanção da Dívida Pública stituição. Observe-se que na propriedade autoral o direito do
autor é vitalício, tendo em vista a previsão de possibilidade
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de transmissão desses direitos aos herdeiros. Contudo, quando


Desapropriação Confis- Não tem Direito à Inde-
nas mãos dos sucessores, a proteção será pelo tempo que a lei
catória nização fixar, ou seja, temporário.
Já na propriedade industrial, a proteção do próprio autor já
possui caráter temporário.
Bem de Família
Autor
A Constituição consagra uma forma de proteção às
pequenas propriedades rurais chamada de Bem de Família:
XXVI. A pequena propriedade rural, assim defin-
Propriedade Industrial Propriedade Autoral
ida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimen- Privilégio Temporário Privilégio Vitalício
to;
O mais importante para prova é atentar para os requisitos Direito à Herança
estabelecidos no inciso, quais sejam: De nada adiantaria tanta proteção à propriedade se
Pequena Propriedade Rural esse bem jurídico não pudesse ser transmitido por meio da
sucessão de bens aos herdeiros após a morte. O direito à her-
Não se trata de qualquer propriedade.
ança, consagrado expressamente na Constituição, traduz-se
Definida em Lei no coroamento do direito de propriedade. É a grande força
Não em outra espécie normativa. motriz desse direito. Só faz sentido ter direito à propriedade se
Trabalhada pela Família esse direito possa ser transferido aos herdeiros.
Não por qualquer pessoa. XXX. É garantido o direito de herança;
Débitos Decorrentes da Atividade Produtiva XXXI. A sucessão de bens de estrangeiros situ-
Não por qualquer débito. ados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
Propriedade Imaterial pre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
Além das propriedades sobre bens materiais, a Constitu- do de cujus;
ição também consagra normas de proteção sobre a proprie- Destaque especial deve ser dado ao inciso XXXI, que prevê
dade de bens imateriais. São duas as propriedades consagra- a possibilidade de aplicação de lei estrangeira no país em
das: autoral e industrial. casos de sucessão de bens de pessoa estrangeira desde que
A propriedade autoral encontra-se protegida nos incisos esses bens estejam situados no Brasil. A Constituição Feder-
XXVII e XXVIII do Art. 5º: al permite que seja aplicada a legislação mais favorável aos
XXVII. Aos autores pertence o direito exclusivo de herdeiros, quer seja a lei brasileira, quer seja a lei estrangeira.
utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei Direito à Segurança
fixar; Ao se referir à segurança como direito individual, o Art. 5º
XXVIII. São assegurados, nos termos da lei: pretende significar “segurança jurídica”que trata de normas de
pacificação social e que produzem uma maior segurança nas Contraditório e Ampla Defesa
relações sociais. Esse é o ponto alto dos direitos individuais. Essas garantias constitucionais, conforme já salientado,
Sem dúvida, aqui está a maior quantidade de questões cobra- decorrem do Devido Processo Legal. São utilizadas como
das em prova. ferramenta de defesa diante das acusações impostas pelo
Estado ou por um particular nos processos judiciais e admin-
Princípio da Segurança nas istrativos:
Relações Jurídicas LV. Aos litigantes, em processo judicial ou adminis-
Este princípio tem como objetivo garantir a estabilidade trativo, e aos acusados em geral são assegurados o
das relações jurídicas. Veja o que diz a Constituição: contraditório e ampla defesa, com os meios e recur-
XXXVI. A lei não prejudicará o direito adquirido, o sos a ela inerentes;
ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Mas o que significam o contraditório e a ampla defesa?
Os três institutos aqui protegidos encontram seu conceito Contraditório é o direito de contradizer, contrariar, contra-
formalizado na Lei de Introdução às normas do Direito Bra- ditar. Se alguém diz que você é ou fez alguma coisa, o contra-
sileiro. ditório lhe permite dizer que não é e que não fez o que lhe foi
imputado. É simplesmente o direito de contrariar. Já a ampla
Art. 6º, § 1º - Reputa-se ato jurídico perfeito o já con-
defesa é a possibilidade de utilização de todos os meios admiti-
sumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
dos em direito para se defender de uma acusação.
efetuou.
Em regra, o contraditório e a ampla defesa são garantidos
§ 2º - Consideram-se adquiridos assim os direitos que em todos os processos judiciais ou administrativos, contudo, a
o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como legislação brasileira previu alguns procedimentos administra-
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, tivos incompatíveis com o exercício desse direito:
ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de ▷ Inquérito Policial;
outrem.
▷ Sindicância Investigativa;
§ 3º - Chama-se coisa julgada ou caso julgado a de-
cisão judicial de que já não caiba recurso. ▷ Inquérito Civil.
Em linhas gerais, pode-se assim conceituá-los: Em suma, nos procedimentos investigatórios que não pos-
Direito Adquirido suem o condão de punir o investigado não serão garantidos o
contraditório e a ampla defesa.
Direito já incorporado ao patrimônio do titular;
Observem-se as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribu-
Ato Jurídico Perfeito nal Federal que versam sobre esse tema:
Ato jurídico que já atingiu seu fim. Ato jurídico acabado, SV 3. Nos processos perante o Tribunal de Contas da

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aperfeiçoado, consumado; União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa
Coisa Julgada quando da decisão puder resultar anulação ou revo-
Sentença judicial transitada em julgado. Aquela sentença gação de ato administrativo que beneficie o interes-
em relação à qual não cabe mais recurso. sado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
De uma coisa não se pode esquecer: a proibição de ret- concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
roatividade da lei nos casos aqui estudados não se aplica às SV 5. A falta de defesa técnica por advogado no proces-
leis mais benéficas, ou seja, uma lei mais benéfica poderá so administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
produzir efeitos em relação ao direito adquirido, ao ato SV 14. É direito do defensor, no interesse do represen-
jurídico perfeito e à coisa julgada. tado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
documentados em procedimento investigatório real-
Devido Processo Legal izado por órgão com competência de polícia judiciária,
O devido processo legal possui como objetivo princi- digam respeito ao exercício do direito de defesa.
pal limitar o poder do Estado. Esse princípio condiciona a
restrição da liberdade ou dos bens de um indivíduo à ex- SV 21. É inconstitucional a exigência de depósito ou ar-
istência de um procedimento estatal que respeite todos os rolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibi-
lidade de recurso administrativo.
direitos e garantias processuais previstos na lei. É o que diz
o inciso LIV do Art. 5º: Proporcionalidade e Razoabilidade
LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal; Eis uma garantia fundamental que não está expressa no
texto constitucional apesar de ser um dos institutos mais
A exigência constitucional de existência de processo apli-
utilizados pelo Supremo em suas decisões atuais. Trata-se
ca-se tanto aos processos judiciais quanto aos procedimentos de um princípio implícito, cuja fonte é o Princípio do Devido
administrativos. Processo Legal. Esses dois institutos jurídicos são utilizados
Desse princípio, surge a garantia constitucional à propor- como parâmetro de ponderação quando adotadas medidas
cionalidade e razoabilidade. Da mesma forma, é durante o pelo Estado, principalmente no que tange à restrição de bens
devido processo legal que poderão ser exercidos os direitos ao e direitos dos indivíduos. Duas palavras esclarecem o sentido 223
contraditório e à ampla defesa, que serão analisados a seguir. dessas garantias: necessidade e adequação.
Para saber se um ato administrativo observou os critérios prudência tem interpretado o conceito de casa de forma ampla,
224 de proporcionalidade e razoabilidade, deve-se questionar se o em consonância com o disposto nos Arts. 245 e 246 do Código de
ato foi necessário e se foi adequado à situação. Processo Penal:
Para exemplificar, imaginemos que um determinado fiscal Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de
sanitário, ao inspecionar um supermercado, depara-se com um dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pote de iogurte com a data de validade vencida há um dia. Ime- noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
diatamente, ele prende o dono do mercado, dá dois tiros para mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem
cima, realiza revista manual em todos os clientes e funcionários o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
do mercado e aplica uma multa de dois bilhões de reais. Pergun- Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no arti-
ta-se: será que a medida adotada pelo fiscal foi necessária? Foi go anterior, quando se tiver de proceder a busca em
adequada? Certamente que não. Logo, a medida não observou os compartimento habitado ou em aposento ocupado de
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. habitação coletiva ou em compartimento não aberto
ao público, onde alguém exercer profissão ou ativi-
Inadmissibilidade das Provas Ilícitas dade.
Uma das garantias mais importantes do direito brasileiro O STF já considerou como casa, para efeitos de inviolabi-
é a inadmissibilidade das provas ilícitas. Encontra-se previsto lidade, oficina mecânica, quarto de hotel ou escritório profis-
expressamente no inciso LVI do Art. 5º: sional.
LVI. São inadmissíveis, no processo, as provas obti- Outra questão relevante é saber o que é dia? Dois são os
das por meios ilícitos. posicionamentos adotados na doutrina:
Em razão dessa garantia, é proibida a produção de pro- Das 6h às 18h;
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vas ilícitas num processo sob pena de nulidade processual. Em Da aurora ao crepúsculo.
regra, a prova ilícita produz nulidade de tudo o que a ela es- Segundo a jurisprudência, isso deve ser resolvido no caso
tiver relacionado. Esse efeito decorre da chamada Teoria dos concreto, tendo em vista variação de fusos horários existentes
Frutos da Árvore Envenenada. Segundo a teoria, se a árvore em nosso país, bem como a ocorrência do “Horário de Verão”.
está envenenada, os frutos também o serão. Se uma prova foi Na prática, é possível entrar na casa independentemente do
produzida de forma ilícita, as demais provas dela decorrentes horário, desde que seja durante o dia.
também serão ilícitas (ilicitude por derivação). Contudo, deve- Em caso de flagrante delito, desastre ou
se ressaltar que essa teoria é aplicada de forma restrita no para prestar socorro, pode-se entrar a
direito brasileiro, ou seja, encontrada uma prova ilícita num qualquer momento
processo, não significa que todo o processo será anulado, mas
apenas os atos e demais provas que decorreram direta ou indi- Entrada Mas se for para
retamente daquela produzida de forma ilícita. somente cumprir determi-
Caso existam provas autônomas produzidas em conformi- para pessoas nação judicial só
autorizadas durante o dia
dade com a lei, o processo deve prosseguir ainda que tenham
sido encontradas e retiradas as provas ilícitas. Logo, é possível
afirmar que a existência de uma prova ilícita no processo não
anula de pronto todo o processo.
Deve-se destacar, ainda, a única possibilidade já admitida Casa – Asilo Inviolável
de prova ilícita nos tribunais brasileiros: a produzida em legíti-
ma defesa. Princípio da Inafastabili-
Inviolabilidade Domiciliar dade da Jurisdição
Essa garantia protege o indivíduo em seu recinto mais ínti- Esse princípio, também conhecido como Princípio do Livre
mo: a casa. A Constituição diz: Acesso ao Poder Judiciário ou Direito de Ação, garante, nos
casos de necessidade, o acesso direto ao poder judiciário. Tam-
XI. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
bém, decorre desse princípio a ideia de que não é necessário
nela podendo penetrar sem consentimento do
o esgotamento das vias administrativas para ingressar com
morador, salvo em caso de flagrante delito ou de-
uma demanda no Poder Judiciário. Assim prevê a Constituição
sastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
Federal:
por determinação judicial.
Como regra, só se pode entrar na casa de uma pessoa com XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder
o seu consentimento. Excepcionalmente, a Constituição Federal Judiciário lesão ou ameaça a direito;
admite a entrada sem consentimento do morador nos casos de: Perceba que a proteção possui sentido duplo: lesão ou
ameaça à lesão. Significa dizer que a garantia pode ser utiliza-
▷ Flagrante delito;
da tanto de forma preventiva como de forma repressiva. Tanto
▷ Desastre; para prevenir a ofensa a direito como para reprimir a ofensa já
▷ Prestar socorro ; cometida.
▷ Determinação Judicial – só durante o dia. Quanto ao acesso ao Judiciário independentemente do es-
Alguns conceitos importantes: o que é casa? O que pode gotamento das vias administrativas, há algumas peculiaridades
ser entendido como casa para efeito de inviolabilidade? A juris- previstas na legislação brasileira:
Justiça Desportiva Celeridade Processual
A Constituição Federal prevê no Art. 217: Traz o texto constitucional:
Art. 217, § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações LXXVIII. A todos, no âmbito judicial e administra-
relativas à disciplina e às competições desportivas tivo, são assegurados a razoável duração do pro-
após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
regulada em lei. tramitação.
Ou seja, o acesso ao Poder Judiciário está condicionado ao Essa é a garantia da celeridade processual. Decorre do
esgotamento das vias administrativas. Princípio da Eficiência que obriga o Estado a prestar assistên-
Compromisso Arbitral cia em tempo razoável. Celeridade quer dizer rapidez, mas uma
rapidez com qualidade. Esse princípio é aplicável nos processos
A Lei 9.307/96 prevê que as partes, quando em discussão
judiciais e administrativos, visa dar maior efetividade a prestação
patrimonial, poderão optar pela arbitragem como forma de estatal. Deve-se garantir o direito antes que o seu beneficiário
resolução de conflito. deixe de precisar. Após a inclusão desse dispositivo entre os di-
Não se trata de uma instância administrativa de curso força- reitos fundamentais, várias medidas para acelerar a prestação
do, mas de uma opção facultada às partes. jurisdicional foram adotadas, dentre as quais destacam-se:
Habeas Data ▷ Juizados Especiais;
O Art. 8º da Lei 9.507/97 exige, para impetração do Ha- ▷ Súmula Vinculante;
beas Data, a comprovação da recusa ao acesso a informação. ▷ Realização de Inventários e Partilhas por Vias Ad-
Parte da doutrina não considera isso como exigência de prévio ministrativas;
esgotamento da via administrativa, mas condição da ação. Ve- ▷ Informatização do Processo.
ja-se a súmula nº 2 do STJ: Essas são algumas das medidas que foram adotadas para
Súm. 2. Não cabe “Habeas Data” se não houve recusa trazer mais celeridade ao processo.
de informações por parte da autoridade administrati-
va. Erro Judiciário
Reclamação Constitucional Dispositivo de grande utilidade social que funciona como lim-
itador da arbitrariedade estatal. O Estado, no que tange à liber-
O Art. 7º, § 1º da Lei 11.417/2006, que regula a edição de
dade do indivíduo, não pode cometer erros sob pena de ter que
Súmulas Vinculantes, prevê que só será possível a Reclamação indenizar o injustiçado. Isso é o que prevê o inciso LXXV do Art. 5º:
Constitucional nos casos de omissão ou ato da administração
LXXV. O Estado indenizará o condenado por erro
pública que contrarie ou negue vigência à Súmula Vinculante,
judiciário, assim como o que ficar preso além do
após o esgotamento das vias administrativas. tempo fixado na sentença;

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Gratuidade das Certidões de Na- Publicidade dos Atos Processuais
scimento e de Óbito Em regra, os atos processuais são públicos. Essa publicidade
A Constituição traz expressamente que: visa a garantir maior transparência aos atos administrativos bem
LXXVI. São gratuitos para os reconhecidamente como permite a fiscalização popular. Além disso, atos públicos
possibilitam um exercício efetivo do contraditório e da ampla def-
pobres, na forma da lei:
esa. Entretanto, essa publicidade comporta algumas exceções:
a) o registro civil de nascimento;
LX. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
b) a certidão de óbito; processuais quando a defesa da intimidade ou o
Observe-se que o texto Constitucional condiciona o interesse social o exigirem;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

benefício da gratuidade do registro de nascimento e da cer- Nos casos em que a intimidade ou o interesse social
tidão de óbito apenas para os reconhecidamente pobres. En- exigirem, a publicidade poderá ser restringida apenas aos
tretanto, a Lei nº 6.015/73 prevê que: interessados. Imaginemos uma audiência em que estejam
Art. 30. Não serão cobrados emolumentos pelo registro envolvidas crianças; nesse caso, como forma de preser-
civil de nascimento e pelo assento de óbito, bem como vação da intimidade, o juiz poderá restringir a participação
pela primeira certidão respectiva. na audiência apenas aos membros da família e demais in-
teressados.
§ 1º - Os reconhecidamente pobres estão isentos de paga-
mento de emolumentos pelas demais certidões extraídas Sigilo das Comunicações
pelo cartório de registro civil. Uma das normas mais importantes da Constituição Federal
Perceba que essa lei amplia o benefício garantido na que versa sobre segurança jurídica é esta:
Constituição para todas as pessoas no que tange ao registro XII. É inviolável o sigilo da correspondência e das
e à aquisição da primeira certidão de nascimento e de óbito. comunicações telegráficas, de dados e das comu-
Quanto às demais vias, só serão garantidas aos reconhecid- nicações telefônicas, salvo, no último caso, por
amente pobres. Deve-se ter cuidado com essa questão em ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
prova, pois deve ser levado em conta se a pergunta tem como estabelecer para fins de investigação criminal ou 225
referência a Constituição ou não. instrução processual penal;
Esse dispositivo prevê quatro formas de comunicação que aqueles praticados com intenção, com vontade. São diferentes
226 possuem proteção constitucional: dos crimes culposos, os quais são praticados sem intenção.
▷ Sigilo da Correspondência;
▷ Comunicação Telegráfica;
▷ Comunicação de Dados; Sigilo das
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Votações
▷ Comunicações Telefônicas.
Dessas quatro formas de comunicação, apenas uma ob-
teve autorização de violação do sigilo pelo texto constitucional:
as comunicações telefônicas. Deve-se tomar cuidado com esse
tema em prova. Segundo o texto expresso, só as comunicações Soberania dos
telefônicas poderão ter o seu sigilo violado. E mais, só o juiz Plenitude de Tribunal do Vereditos
poderá fazê-lo, com fins definidos também pela Constituição, os Defesa Júri
quais são para investigação criminal e instrução processual penal.
Entretanto, considerando a inexistência de direito funda-
mental absoluto, a jurisprudência tem considerado a possibili-
dade de quebra dos demais sigilos, desde que seja determina- Competência
da por ordem judicial. para o Crime
No que tange ao sigilo dos dados bancários, fiscais, in- Doloso Contra
formáticos e telefônicos, a jurisprudência tem permitido sua a Vida
quebra por determinação judicial, determinação de Comissão
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Parlamentar de Inquérito, requisição do Ministério Público, so-


licitação da autoridade fazendária.
Princípio da Anterioridade
O inciso XXXIX do Art. 5º da CF apresenta o chamado
Tribunal do Júri Princípio da Anterioridade Penal:
O Tribunal do Júri é uma instituição pertencente ao poder ju- XXXIX. Não há crime sem lei anterior que o defina,
diciário, que possui competência específica para julgar determina- nem pena sem prévia cominação legal.
dos tipos de crime. O Júri é formado pelo Conselho de Sentença,
que é presidido por um Juiz Togado e por sete jurados que efetiva- Esse princípio decorre na necessidade de se prever an-
mente farão o julgamento do acusado. A ideia do Tribunal do Júri tes da aplicação da pena, a conduta que é considerada como
é que o acusado seja julgado por seus pares. crime e a pena que deverá ser cominada. Mais uma regra de
A Constituição Federal apresenta alguns princípios que re- segurança jurídica.
gem esse tribunal:
Art. 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com
Princípio da Irretroatividade
a organização que lhe der a lei, assegurados: Esse princípio também possui sua importância ao prever
a) a plenitude de defesa; que a lei penal não poderá retroagir, salvo se for para bene-
b) o sigilo das votações; ficiar o réu.
c) a soberania dos veredictos; Art. 5º, XL. A lei penal não retroagirá, salvo para ben-
d) a competência para o julgamento dos eficiar o réu.
crimes dolosos contra a vida.
Segundo esse texto, o Tribunal do Júri é regido pelos se-
Crimes Imprescritíveis, Inafiançáveis
guintes princípios: e Insuscetíveis de Graça e Anistia
Plenitude de Defesa Os dispositivos a seguir estão entre os mais cobrados em
Esse princípio permite que no júri sejam utilizadas todas prova. O ideal é que sejam memorizados na ordem proposta
as provas permitidas em direito. Aqui, o momento probatório no quadro abaixo:
é bastante explorado haja vista a necessidade de se convencer Art. 5º, XLII. A prática do racismo constitui crime in-
os jurados que são pessoas comuns da sociedade. afiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
Sigilo das Votações nos termos da lei;
O voto é sigiloso. Durante o julgamento não é permitido
Art. 5º, XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
que um jurado converse com o outro sobre o julgamento sob
pena de nulidade; suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráf-
Soberania dos Veredictos ico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
O que for decidido pelos jurados será considerado sober- e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
ano. Nem o Juiz presidente poderá modificar o julgamento. dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
Aqui quem decide são os jurados; evitá-los, se omitirem;
Competência para Julgar os Crimes Dolosos Contra a Vida Art. 5º, XLIV. Constitui crime inafiançável e imprescritível a
O júri não julga qualquer tipo de crime, mas apenas os do- ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
losos contra a vida. Crimes dolosos, em simples palavras, são constitucional e o Estado Democrático.
Crimes Crimes Crimes Insuscetíveis Sim. A Constituição diz que os herdeiros respondem com o
Imprescritíveis Inafiançáveis de Graça e Anistia valor do montante recebido, até o limite da herança recebida.
Racismo Racismo Tráfico 03. O dono da padaria pediu R$50.000,00, mas só sobr-
Ação de Grupos Arma-
aram R$30.000,00. Os filhos terão que inteirar esse val-
Terrorismo or até completar os R$50.000,00?
dos
Tráfico Tortura Não, pois a Constituição diz que os sucessores respon-
Ação de Grupos dem até o limite do patrimônio transferido. Ou seja, se só são
Armados Terrorismo
transferidos R$30.000,00, então os herdeiros só vão respond-
Tortura Crimes Hediondos er pela indenização com esses R$30.000,00. E o os outros
Crimes Hediondos R$20.000,00, quem vai pagar? Ninguém. O dono da padaria
fica com esse prejuízo.
Princípio da Personalidade da Pena
Assim diz o inciso XLV, do Art. 5º da CF: Penas Proibidas e Permitidas
XLV. Nenhuma pena passará da pessoa do condena- Vejamos agora dois incisos do Art. 5º da CF, que sempre
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a de- caem em prova juntos: incisos XLVI e XLVII. Há no inciso XLVI
cretação do perdimento de bens ser, nos termos da as penas permitidas e no XLVII as penas proibidas. Mas como
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executa- isso cai em prova? O examinador pega uma pena permitida e
das, até o limite do valor do patrimônio transferido. diz que é proibida ou pega uma proibida e diz que é permitida.
Esse inciso diz que a pena é pessoal, quem comete o Conforme os incisos:
crime responde pelo crime, de forma que não é possível XLVI. A lei regulará a individualização da pena e
que uma pessoa cometa um crime e outra responda pelo
adotará, entre outras, as seguintes:
crime em seu lugar; pode até ocorrer, mas seria algum erro,
não como regra, porque a pena é pessoal. a) privação ou restrição da liberdade;
É necessário prestar atenção ao tema, pois já apareceu em b) perda de bens;
prova tanto na forma de um problema quanto com a modifi- c) multa;
cação do próprio texto constitucional. Esse princípio da per-
sonalidade da pena diz que a pena é pessoal, isto é, a pena não d) prestação social alternativa;
pode passar para outra pessoa, mas permite que a respons- e) suspensão ou interdição de direitos.
abilidade pelos danos civis possa passar para seus herdeiros. Aqui há o rol de penas permitidas. Memorize essa lista
Para exemplificar, imaginemos que uma determinada pessoa
para lembrar quais são as penas permitidas. Atenção para
assalta uma padaria e consegue roubar uns R$ 50.000,00.
uma pena que é pouco comum e que geralmente em prova é

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Em seguida, a polícia prende o ladrão por ter roubado a
colocada como pena proibida, que é a pena de perda de bens.
padaria. Em regra, todo crime cometido gera uma respons-
abilidade penal prevista no Código Penal brasileiro. Ainda, Veja o próximo inciso com o rol de penas proibidas:
deve-se ressarcir os danos causados à vítima. Se ele roubou XLVII. Não haverá penas:
R$50.000,00, tem que devolver, no mínimo, esse valor à vítima. a) de morte, salvo em caso de guerra declara-
É muito difícil conseguir o montante voluntariamente, por da, nos termos do Art. 84, XIX;
isso, é necessário entrar com uma ação civil ex delicto para reaver b) de caráter perpétuo;
o dinheiro referente ao crime cometido. O dono da padaria entra
com a ação contra o bandido pedindo os R$50.000,00 acresci- c) de trabalhos forçados; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
dos juros e danos morais. Enquanto ele cumpre a pena, a ação d) de banimento;
está tramitando. Ocorre que o preso se envolve numa confusão e) cruéis.
dentro da penitenciária e acaba morrendo. Essas são as penas que não podem ser aplicadas no Bra-
O preso possui alguns filhos, os quais são seus herdeiros. sil. E, na prova, é cobrado da seguinte forma: existe pena de
Quando os bens passam aos herdeiros, chamamos isso de morte no Brasil? Deve-se ter muita atenção com esse tema,
sucessão. Quando foram contabilizar os bens que o bandido pois apesar de a Constituição ter dito que é proibida, existe
tinha, perceberam que sobraram apenas R$30.000,00, valor uma exceção no caso de guerra declarada. Essa exceção é uma
que deve ser divido entre os herdeiros. Pergunta: verdadeira possibilidade, de forma que deve-se afirmar que
01. O homem que cometeu o crime estava cumprindo pena, existe pena de morte no Brasil. Apesar de a regra ser a proi-
mas ele morreu. Qual filho assume o lugar dele? O mais bição, existe a possibilidade de sua aplicação. Só como curiosi-
velho ou o mais novo? dade, a pena de morte no Brasil é regulada pelo Código Penal
Nenhum dos dois, porque a pena é personalíssima. Só Militar, a qual será executada por meio de fuzilamento.
cumpre a pena quem praticou o crime. A próxima pena proibida é a de caráter perpétuo. Não ex-
02. É possível que a responsabilidade de reparar os danos iste esse tipo de pena no Brasil, pois as penas aqui são tem-
materiais exigidos pelo dono da padaria recaia sobre porárias. No Brasil, uma pessoa só fica presa até, no máximo, 227
seus herdeiros? 30 anos.
A outra pena é a de trabalhos forçados. É aquela pena em Devedor de Pensão Alimentícia;
228 que o sujeito é obrigado a trabalhar de forma a denegrir a sua Depositário Infiel.
condição como ser humano. Esse tipo de pena não é permitida Apesar de a Constituição Federal apresentar essas duas
no Brasil. possibilidades de prisão civil por dívida, o STF tem entendido
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

que só existe uma: a prisão do devedor de pensão alimentí-


Há ainda a pena de banimento, que é a expulsão do bra-
cia. Isso significa que o depositário infiel não poderá ser preso.
sileiro, tanto nato como naturalizado. Essa é a inteligência da Súmula Vinculante nº 25:
Por fim, a Constituição veda a aplicação de penas cruéis. Súmula Vinculante 25. É ilícita a prisão civil de de-
Pena cruel é aquela que denigre a condição humana, expõe o positário infiel, qualquer que seja a modalidade do
indivíduo a situações desumanas, vexatórias, que provoquem depósito.
intenso sofrimento. Em relação a esse assunto, deve-se ter muita atenção ao
resolver a questão. Se a Banca perguntar conforme a Constitu-
Princípio da Individualização da Pena ição Federal, responde-se segundo a Constituição Federal. Mas
Nos termos do Art. 5º, inciso XLVIII, da CF: se perguntar à luz da jurisprudência, responde-se conforme o
XLVIII. A pena será cumprida em estabelecimen- entendimento do STF. Vejamos como o CESPE abordou o tema
tos distintos, de acordo com a natureza do delito, a utilizando o posicionamento jurisprudencial:
idade e o sexo do apenado;
Esse dispositivo traz uma regra muito interessante, o Constituição Federal STF
princípio da individualização da pena. Significa que a pessoa
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quando cumprir sua pena deve cumpri-la em estabelecimento


e condições compatíveis com a sua situação. Se mulher, deve Duas Formas Uma Forma
cumprir com mulheres; se homem, cumprirá com homens; se de Prisão Civil de Prisão Civil
reincidente, com reincidentes; se réu primário, com réus primári-
os; e assim por diante. O ideal é que cada situação possua um
cumprimento de pena adequado que propicie um melhor acom-
Depositário Infiel e
panhamento do poder público e melhores condições para a res- Devedor de Pensão
Devedor de Pensão
socialização. Alimentícia
Alimentícia
Regras sobre Prisões
São vários os dispositivos constitucionais previstos no Art. Extradição
5º, da CF, que se referem às prisões: Fruto de acordo internacional de cooperação, a extradição
LXI. Ninguém será preso senão em flagrante delito permite que determinada pessoa seja entregue a outro país
ou por ordem escrita e fundamentada de autori- para que seja responsabilizada pelo cometimento de algum
dade judiciária competente, salvo nos casos de crime. Existem duas formas de extradição:
transgressão militar ou crime propriamente militar, Extradição Ativa
definidos em lei; Quando o Brasil pede para outro país a extradição de al-
LXII. A prisão de qualquer pessoa e o local onde guém.
se encontre serão comunicados imediatamente ao Extradição Passiva
juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada; Quando algum país pede para o Brasil a extradição de
alguém.
LXIII. O preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a A Constituição Federal preocupou-se em regular ape-
assistência da família e de advogado; nas a extradição passiva por meios dos incisos LI e LII do
LXIV. O preso tem direito à identificação dos re- Art. 5º:
sponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório LI. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
policial; naturalizado, em caso de crime comum, praticado
LXV. A prisão ilegal será imediatamente relaxada antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
pela autoridade judiciária; mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
LXVI. Ninguém será levado à prisão ou nela manti- afins, na forma da lei;
do, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança; LII. Não será concedida extradição de estrangeiro
LXVII. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a por crime político ou de opinião.
do responsável pelo inadimplemento voluntário De acordo com a inteligência desses dispositivos, três re-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do de- gras podem ser adotadas em relação à extradição passiva:
positário infiel. Brasileiro Nato
Como destaque para prova, é importante enfatizar o dis-
posto no inciso LXVII, o qual prevê duas formas de prisão civil Nunca será extraditado.
por dívida: Brasileiro Naturalizado
Será extraditado em duas hipóteses: crime comum com- Deportação é a retirada do estrangeiro que tenha entrado
etido antes da naturalização comprovado envolvimento com de forma irregular no território nacional.
o tráfico ilícito de drogas, antes ou depois da naturalização. Expulsão é a retirada do estrangeiro que tenha praticado
Estrangeiro um ato ofensivo ao interesse nacional conforme as regras es-
tabelecidas no Estatuto do Estrangeiro (Art. 65, Lei 6.815/80).
Poderá ser extraditado salvo em dois casos:
Banimento é uma das penas proibidas no direito brasileiro
Crime Político; que consiste na expulsão de brasileiros para fora do território
Crime de Opinião. nacional.
E na extradição ativa, quem poderá ser extraditado? Princípio da Presunção da Inocência
Qualquer pessoa pode ser extraditada na extradição ativa, Também conhecido como princípio da não culpabili-
inclusive o brasileiro nato. Deve-se ter muito cuidado com essa dade, essa regra de segurança jurídica garante que ninguém
questão em prova. Lembre-se que a extradição ativa ocorre poderá ser condenado sem antes haver uma sentença penal
quando o Brasil pede a extradição de um criminoso para outro condenatória transitada em julgado. Ou seja, uma sentença
país. Isso pode ser feito pedindo a extradição de qualquer pes- judicial condenatória definitiva:
soa que o Brasil queira punir. Art. 5º, LVII. Ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Princípios que Regem a
Extradição no País Identificação Criminal
Art. 5º, LVIII. O civilmente identificado não será sub-
Extradição metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei.
Passiva Ativa
A Constituição garante que não será identificado criminal-
mente quem possuir identificação pública capaz de identificá-lo.
Estrangeiro – pode, salvo crime Contudo, a Lei 12.037/2009 prevê hipóteses nas quais será pos-
político e de opinião
sível a identificação criminal mesmo de quem apresentar outra
identificação:
Brasileiro nato – não pode
Art. 3º. Embora apresentado documento de identificação,
Brasileiro naturalizado – pode poderá ocorrer identificação criminal quando:
I. O documento apresentar rasura ou tiver indício
Envolvimento com tráfico de drogas antes de falsificação;
ou depois da naturalização II. O documento apresentado for insuficiente para

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identificar cabalmente o indiciado;
Crime comum antes da naturalização III. O indiciado portar documentos de identidade dis-
tintos, com informações conflitantes entre si;
Princípio da Reciprocidade IV. A identificação criminal for essencial às investi-
O Brasil só extradita ao país que extradita para o Brasil. gações policiais, segundo despacho da autoridade
Deve haver acordo ou tratado de extradição entre os país re- judiciária competente, que decidirá de ofício ou
querente e o Brasil. mediante representação da autoridade policial, do
Princípio da Especialidade Ministério Público ou da defesa;
O extraditando só poderá ser processado e julgado pelo V. Constar de registros policiais o uso de outros NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
nomes ou diferentes qualificações;
crime informado no pedido de extradição.
VI. O estado de conservação ou a distância tempo-
Comutação da Pena ral ou da localidade da expedição do documento
O país requerente deverá firmar um compromisso de apresentado impossibilite a completa identificação
comutar a pena prevista em seu país quando a pena a ser apli- dos caracteres essenciais.
cada for proibida no Brasil.
Dupla Tipicidade ou Dupla Incriminação
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
Art. 5º LIX. Será admitida ação privada nos crimes de
Só se extradita se a conduta praticada for considerada
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
crime no Brasil e no país requerente.
Em regra, nos crimes de ação penal pública, o titular da
Deve-se ter muito cuidado para não confundir extradição ação penal é o Ministério Público. Contudo, havendo omissão
com entrega, deportação, expulsão ou banimento. A ex- ou mesmo desídia por parte do órgão ministerial, o ofendido
tradição, como se viu, é instituto de cooperação internacional poderá promover a chamada Ação Penal Privada Subsidiária
entre países soberanos para a punição de criminosos. da Pública. Esse tema encontra-se disciplinado no Art. 29 do
Pela extradição, um país entrega o criminoso a outro país Código de Processo Penal:
para que ele seja punido pelo crime praticado. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
A entrega é o ato por meio do qual o país entrega uma ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, 229
pessoa para ser julgada no Tribunal Penal Internacional. cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repu-
diá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em Autoridade Coatora
230 todos os termos do processo, fornecer elementos de É quem restringiu a liberdade de locomoção com ilegal-
prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de idade ou abuso de poder. Poderá ser tanto uma autoridade
negligência do querelante, retomar a ação como parte privada quanto uma autoridade pública.
principal.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Outra questão interessante que está prevista na Constitu-


ição é a gratuidade dessa ação:
Remédios Constitucionais Art. 5º LXXVII. São gratuitas as ações de Habeas Corpus
Inicia-se agora o estudo dos chamados Remédios Con- e Habeas Data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
stitucionais, tema muito cobrado em prova de concurso. Os exercício da cidadania.
remédios constitucionais são espécies de garantias consti- A Constituição proíbe a utilização desse remédio consti-
tucionais que visam a proteger determinados direitos e até tucional em relação às punições disciplinares militares. É o que
outras garantias fundamentais. São poderosas ações consti- prevê o Art. 142, § 2º:
tucionais que estão disciplinadas no texto da Constituição. § 2º - Não caberá “Habeas Corpus” em relação a
Habeas Corpus punições disciplinares militares.
Contudo, o STF tem admitido o remédio quando impetra-
Sem dúvida, esse remédio constitucional é o mais impor-
do por razões de ilegalidade da prisão militar. Quanto ao méri-
tante para prova, haja vista a sua utilização para proteger um
to da prisão, deve-se aceitar a vedação Constitucional, mas em
dos direitos mais ameaçados do indivíduo: a liberdade de lo-
relação às legalidade da prisão, prevalece o entendimento de
comoção. Vejamos o que diz o texto constitucional: que o remédio seria possível.
Art. 5º LXVIII. Conceder-se-á “Habeas Corpus” sempre
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Também não cabe Habeas Corpus em relação às penas


que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vi- pecuniárias, multas, advertências ou, ainda, nos processos
olência ou coação em sua liberdade de locomoção, por administrativos disciplinares e no processo de Impeachment.
ilegalidade ou abuso de poder. Nesses casos, o não cabimento deve-se ao fato de que as me-
É essencial, conhecer os elementos necessários para a uti- didas não visam restringir a liberdade de locomoção.
lização dessa ferramenta. Por outro lado, a jurisprudência tem admitido o cabimento
Deve-se compreender que o Habeas Corpus é utilizado para para impugnar inserção de provas ilícitas no processo ou quan-
proteger a liberdade de locomoção. Em relação a isso, é preciso do houver excesso de prazo na instrução processual penal.
estar atento, pois ele não tutela qualquer liberdade, mas apenas a Por último, cabe ressaltar que o magistrado poderá con-
liberdade de locomoção. cedê-lo de ofício.
Outro ponto fundamental é que ele poderá ser utilizado
tanto de forma preventiva quanto de forma repressiva. Habeas Habeas Data
Corpus preventivo é aquele utilizado para prevenir a violência O Habeas Data cuja previsão está no inciso LXXII do Art. 5º
ou coação à liberdade de locomoção. Habeas Corpus repres- tem como objetivo proteger a liberdade de informação:
sivo é utilizado para reprimir à violência ou coação a liberdade LXXII. conceder-se-á “Habeas Data”:
de locomoção, ou seja, é utilizado quando a restrição da liber- a) para assegurar o conhecimento de infor-
dade de locomoção já ocorreu. mações relativas à pessoa do impetrante, con-
Percebe-se que não é a qualquer tipo de restrição à liber- stantes de registros ou bancos de dados de enti-
dade de locomoção que caberá o remédio, mas apenas àquelas dades governamentais ou de caráter público;
cometidas com ilegalidade ou abuso de poder. b) para a retificação de dados, quando não se
Nas relações processuais que envolvem a utilização do prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
Habeas Corpus, é possível identificar a participação de três administrativo.
figurantes:
Duas são as formas previstas na Constituição para uti-
Impetrante lização desse remédio:
O impetrante é a pessoa que impetra a ação. Quem entra Para Conhecer a Informação.
com a ação. A titularidade dessa ferramenta é Universal, pois Para Retificar a Informação.
qualquer pessoa pode impetrar o HC. Não precisa sequer de ad- É importante ressaltar que só caberá o remédio em relação
vogado. Sua possibilidade é tão ampla que não precisa possuir às informações do próprio impetrante.
capacidade civil ou mesmo qualquer formalidade. Esse remédio As informações precisam estar em um banco de dados
é desprovido de condições que impeçam sua utilização da forma governamental ou de caráter público, o que significa que seria
mais ampla possível. Poderá impetrar essa ação tanto uma pes- possível entrar com um Habeas Data contra um banco de da-
soa física quanto jurídica.
dos privado desde que tenha caráter público.
Paciente Da mesma forma que o Habeas Corpus, o Habeas Data
O paciente é quem teve a liberdade de locomoção restringida. também é gratuito:
Ele será o beneficiário do Habeas Corpus. Pessoa jurídica não pode Art. 5º, LXXVII. São gratuitas as ações de “Habeas Corpus”
ser paciente de Habeas Corpus, pois a liberdade de locomoção é e “Habeas Data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao
um direito incompatível com sua natureza jurídica. exercício da cidadania.
Não cabe “Habeas Data” para conhecer informações de
terceiros. Cabe apenas para conhecer informações do próprio
Com Representação no
impetrante. Congresso Nacional
Mandado de Segurança Partido Político
O mandado de segurança é um remédio muito cobrado em
prova em razão dos seus requisitos: Organizações Sindical
Art. 5º, LXIX. Conceder-se-á mandado de segurança Mandado de Segu-
rança Coletivo
para proteger direito líquido e certo, não amparado Entidade de Classe
por “Habeas Corpus” ou “Habeas Data”, quando o re-
sponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for auto- Associação
ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições do Poder Público. Legalmente Constituída
Como se pode ver, o mandado de segurança será cabível em Funcionamento há
pelo menos 1 ano
proteger direito líquido e certo desde que não amparado por
Habeas Corpus ou Habeas Data. O que significa dizer que será
Mandado de Injunção
cabível desde que não seja para proteger a liberdade de loco-
moção e a liberdade de informação. Esse é o chamado caráter O mandado de injunção é uma ferramenta mais complexa
para se entender. Vejamos o que diz a Constituição:
subsidiário do mandado de segurança.
Art. 5º, LXXI. Conceder-se-á mandado de injunção
O texto constitucional exigiu também para a utilização
sempre que a falta de norma regulamentadora torne
dessa ferramenta a ilegalidade e o abuso de poder praticado inviável o exercício dos direitos e liberdades consti-
por autoridade pública ou privada, desde que esteja no exer- tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
cício de atribuições do poder público. dade, à soberania e à cidadania.
O mandado de segurança possui prazo decadencial para O seu objetivo é suprir a omissão legislativa que impede
ser utilizado: 120 dias. o exercício de direitos fundamentais. Algumas normas con-
Existe também o mandado de segurança coletivo: stitucionais para que produzam efeitos dependem da edição
Art. 5º, LXX. O mandado de segurança coletivo pode de outras normas infraconstitucionais. Essas normas são con-
hecidas por sua eficácia como normas de eficácia limitada. O
ser impetrado por:
mandado de injunção visa a corrigir a ineficácia das normas

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a) partido político com representação no com eficácia limitada.
Congresso Nacional; Todas as vezes que um direito deixar de ser exercido pela
b) organização sindical, entidade de classe ou ausência de norma regulamentadora, será cabível esse remé-
associação legalmente constituída e em funcio- dio.
namento há pelo menos um ano, em defesa dos No que tange à efetividade da decisão, deve-se esclarecer
interesses de seus membros ou associados. a possibilidade de adoção por parte do STF de duas correntes
Observadas as regras do mandado de segurança individu- doutrinárias:
al, o mandado de segurança coletivo possui alguns requisitos Teoria Concretista Geral NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
que lhe são peculiares: os legitimados para propositura. O Poder Judiciário concretiza o direito no caso concreto
São legitimados para propor o mandado de segurança co- aplicando seu dispositivo com efeito erga omnes, para todos
letivo: os casos iguais;
Partidos políticos com representação no Congresso Teoria Concretista Individual
Nacional. O Poder Judiciário concretiza o direito no caso concreto
aplicando seu dispositivo com efeito inter partes, ou seja, ape-
Para se ter representação no Congresso Nacional, basta
nas com efeito entre as partes.
um membro em qualquer uma das casas.
Organização Sindical. Mandado de Injução
Entidade de Classe.
Associação.
Teoria Concretista Teoria Concretista
Desde que legalmente constituída e em funcionamento há, Geral Individual
pelo menos, um ano.
Sobre o tema, existe uma questão de prova trabalhando
com a diferença entre a aplicação do Mandado de Segurança 231
e do Habeas Data: Efeito Erga Omnes Efeito Inter Partes
Ação Popular
232 A ação popular é uma ferramenta fiscalizadora utilizada
como espécie de exercício direto dos direitos políticos. Por
isso, só poderá ser utilizada por cidadãos. Segundo o inciso
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

LXXIII do Art. 5º:


LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Além da previsão constitucional, essa ação encontra-se
regulamentada pela Lei nº 4.717/65. Percebe-se que seu obje-
tivo consiste em proteger o patrimônio público, a moralidade
administrativa, o meio ambiente e o patrimônio histórico e
cultural.
O autor não precisa pagar custas judiciais ou ônus da
sucumbência, salvo se houver má-fé.
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Patrimônio Histórico Mandado de Segu-


e Cultural rança Coletivo

Meio Ambiente Patrimônio Público

Ação Popular Privativo do


Cidadão

Sem custas judiciais e ônus


da sucumbência, salvo se
houver Má-fé.

ANOTAÇÕES
6. Direitos Fundamentais - Se o Estado fosse obrigado a pagar esse valor para todos
os trabalhadores, os cofres públicos rapidamente quebrariam.
Direitos Sociais e Nacionalidade Para se garantir essa estabilidade, foi desenvolvida a teoria da
Reserva do Possível, por meio da qual o Estado pode alegar
essa impossibilidade financeira para atender algumas deman-
Direitos Sociais das, como o aumento do salário-mínimo. Quando o poder pú-
blico for demandado para garantir algum benefício de ordem
Prestações Positivas social, poderá ser alegada, previamente, a impossibilidade
Os direitos sociais encontram-se previstos a partir do Art. financeira para concretização do direito sob o argumento da
6º até o Art. 11 da Constituição Federal. São normas que se con- reserva do possível.
cretizam por meio de prestações positivas por parte do Estado,
haja vista objetivarem reduzir as desigualdades sociais. Mínimo Existencial
Deve-se dar destaque para o Art. 6º, que foi alterado pela Por causa da Reserva do Possível, o Estado passou a se
EC 64/2010 e que possivelmente será objeto de questiona- esconder atrás dessa teoria, eximindo-se da sua obrigação
mento em concurso público: social de garantia dos direitos tutelados na Constituição Fed-
eral. Tudo o que era pedido para o Estado era negado sob o
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a
argumento de que “não era possível”. Para trazer um pouco de
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o equilíbrio a essa relação, foi desenvolvida outra teoria chama-
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção da de Mínimo Existencial. Essa teoria permite que os poderes
à maternidade e à infância, a assistência aos desa- públicos deixem de atender algumas demandas em razão da
mparados, na forma desta Constituição. (Redação reserva do possível, mas exige que seja garantido o Mínimo
dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) Existencial.
Boa parte dos direitos aqui previstos necessita de recursos
financeiros para serem implementados, o que acaba por difi- Proibição de Retrocesso
cultar sua plena eficácia. Uma regra que funciona com caráter de segurança jurídi-
Mas, antes de avançar nessa parte do conteúdo, faz-se ca é a Proibição do Retrocesso. Esse dispositivo proíbe que os
necessário dizer que costumam ser cobradas questões de pro- direitos sociais já conquistados sejam esvaziados ou perdidos
vas que abordam apenas o texto puro da Constituição Federal. sob pena de desestruturação social do País.
A principal orientação, portanto, é que se dedique tempo à lei- Salário-Mínimo
tura da Constituição Federal, mais precisamente, do Art. 7º, que
possui vários dispositivos que podem ser trabalhados em prova. Feitas algumas considerações iniciais sobre a doutrina so-
cial, segue-se à análise de alguns dispositivos constitucionais
Reserva do Possível que se encontram no Art. 7º:

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Seria possível exigir do Estado a concessão de um direito IV. Salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente
social quando tal direito não fosse assegurado de forma con- unificado, capaz de atender a suas necessidades
dizente com sua previsão constitucional? A título de exemplo, vitais básicas e às de sua família com moradia,
veremos um dispositivo dos direitos sociais dos trabalhadores: alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, hi-
giene, transporte e previdência social, com reajust-
IV. Salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente es periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
unificado, capaz de atender a suas necessidades sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
vitais básicas e às de sua família com moradia,
Vários pontos são relevantes nesse inciso. Primeiramente, é
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, hi-
importante comentar o trecho “fixado em lei”. Segundo o texto
giene, transporte e previdência social, com reajust- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
es periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, constitucional, o salário-mínimo só poderá ser fixado em Lei;
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. entretanto, no dia 25 de fevereiro de 2011 foi publicada a Lei nº
12.382, que prevê a possibilidade de fixação do salário-mínimo
Observe-se que a Constituição garante que o salário-mínimo
por meio de Decreto do Poder Executivo. Questionado no STF1, o
deve atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e de
guardião da Constituição considerou constitucional a fixação de
sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
salário-mínimo por meio de Decreto Presidencial.
vestuário, higiene, transporte e previdência social. Entendendo
que os direitos sociais são espécies de direitos fundamentais e, Outro ponto interessante diz respeito ao salário-mínimo ser
analisando-os sob o dispositivo previsto no § 1º do Art. 5º, se- nacionalmente unificado. Muitos acham que alguns estados da
gundo o qual “as normas definidoras de direitos e garantias fun- federação fixam valores referentes ao salário-mínimo maiores
damentais têm aplicação imediata”, pergunta-se: seria possível do que o fixado nacionalmente. O STF já afirmou que os Esta-
entrar com uma ação visando a garantir o disposto no inciso IV, dos não podem fixar salário-mínimo diferente do nacionalmente
que está sendo analisado? unificado. O que cada Estado pode fixar é o piso salarial da cat-
egoria de trabalhadores com valor maior que o salário-mínimo.
Certamente não. Para se garantir tudo o que está previsto
no referido inciso, seria necessário que o salário-mínimo valesse, Temos ainda a proibição de vinculação do salário-mín-
em média, por volta de R$ 3.000,00. Agora, imagine se algum imo para qualquer fim. Em fevereiro de 2011, esse tema foi
trabalhador conseguisse esse benefício por meio de uma decisão 233
1 Ver no STF, ADI 4.568, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 3-11-2011, Plenário,
judicial, o que não fariam todos os demais trabalhadores do país. Informativo 646.
enfrentado pelo STF, que determinou a desvinculação do de adicional noturno a contar do dia em que entrou com a
234 salários dos técnicos em radiologia do salário-mínimo, como ação. Isso significa que se depare o adicional noturno até o
estava previsto na Lei 7.394/85. dia 01/01/2008. Perceba que, se o trabalhador demorar a en-
Algumas Súmulas Vinculantes do STF são importantes, pois trar com a ação, ele perde os direitos trabalhistas anteriores
ao prazo dos últimos 5 anos.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

se referem ao salário-mínimo:
Súmula Vinculante 4 Se o trabalhador entra com a ação no último dia
Salvo nos casos previstos na Constituição, o do prazo prescricional de 2 anos
salário-mínimo não pode ser usado como indexador de
base de cálculo de vantagem de servidor público ou de Rescisão do contrato de trabalho
empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Súmula Vinculante 6 nos anos
Não viola a Constituição o estabelecimento de re-
muneração inferior ao salário-mínimo para as praças 01/01/2008
prestadoras de serviço militar inicial. 01/01/2011
Súmula Vinculante 15 01/01/2006 01/01/2013
O cálculo de gratificações e outras vantagens do
servidor público não incide sobre o abono utilizado
para se atingir o salário-mínimo.
Súmula Vinculante 16
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Os Arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98) da Con-


Proibição do Trabalho Noturno,
stituição referem-se ao total da remuneração percebi- Perigoso e Insalubre
da pelo servidor público. Este inciso também é muito cotado para ser cobrado em
prova. É importante lê-lo para que, em seguida, se possa re-
Prescrição Trabalhista sponder a uma pergunta que fará entender o motivo de ele ser
Um dos dispositivos previstos no Art. 7º mais cobrados em tão abordado em testes:
prova é o inciso XXIX: Art. 7º, XXXIII. Proibição de trabalho noturno, perigoso
XXIX. Ação, quanto aos créditos resultantes das ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra-
relações de trabalho, com prazo prescricional de balho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, de aprendiz, a partir de quatorze anos.
até o limite de dois anos após a extinção do contra- A pergunta é muito simples: a partir de qual idade
to de trabalho. pode se trabalhar no Brasil? Você deve estar em dúvida:
Imaginemos, por exemplo, uma pessoa que tenha exerci- entre 16 e 14 anos. Isso é o que acontece com a maioria dos
do sua função no período noturno, em uma empresa, durante candidatos. Por isso, nunca esqueça: se temos uma regra
20 anos. Contudo, em todos esses anos de trabalho, ela não e essa regra está acompanhada de uma exceção; temos,
recebeu nenhum adicional noturno. Ora, ao ter seu contrato de então, uma possibilidade.
trabalho rescindido, ela poderá ingressar em juízo pleiteando Ora, se a Constituição diz que é proibido o trabalho para os
as verbas trabalhistas não pagas. Tendo em vista a existência menores de 16 e, em seguida, excepciona essa regra dizendo
de prazo prescricional para reaver seus direitos, o trabalhador que é possível a partir dos 14, na condição de aprendiz, ela
terá o prazo de 2 anos para entrar com a ação, e só terá direito quis dizer que o trabalho no Brasil se inicia aos 14 anos. Esse
aos últimos 5 anos de adicional noturno. entendimento se fortalece à luz do Art. 227, § 3º, I:
Art. 227, § 3º - O direito a proteção especial abrangerá
Se o trabalhador entra com a ação no dia os seguintes aspectos:
da rescisão do contrato de trabalho
I. Idade mínima de quatorze anos para admissão ao
trabalho, observado o disposto no Art. 7º, XXXIII.
Rescisão do contrato de trabalho
Direitos dos Empregados Domésticos
5 anos 2 anos O parágrafo único, do Art. 7º, da CF assegurava ao tra-
01/01/2011 balhador doméstico um número reduzido de direitos, se com-
01/01/2006 01/01/2013 parado com os demais empregados, urbanos ou rurais.
Ressalta-se que esses 5 anos contam-se a partir do dia em Nos termos daquele dispositivo, seriam garantidos à cate-
que entrou com a ação. Se ele entrar com a ação no último dia goria dos trabalhadores domésticos apenas os direitos previs-
do prazo de 2 anos, só terá direito a 3 anos de adicional noturno. tos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, do Art.
Nesse exemplo, se o trabalhador entrar com a ação no 7º, bem como a sua integração à previdência social.
dia 01/01/2011, receberá os últimos 5 anos de adicional no- Com a promulgação da EC nº 72, de 2 de abril de 2013, aquele
turno, ou seja, até o dia 01/01/2006. Mas se o trabalhador parágrafo foi alterado para estender aos empregados domésticos
entrar com a ação no dia 01/01/2013, último dia do prazo praticamente todos os demais direitos constantes nos incisos, do
prescricional de 2 anos, ele terá direito aos últimos 5 anos Art. 7º, da CF.
A nova redação do parágrafo único, do Art. 7º, da CF tas (Decreto-Lei 5.452/43), deve ser paga por todos os tra-
dispõe: balhadores ainda que profissionais liberais. Sua natureza é
Art. 7º, Parágrafo único. São assegurados à categoria tributária, não possuindo caráter facultativo.
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos Contribuição
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
Confederativa Sindical
XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas
as condições estabelecidas em lei e observada a sim- Fixada pela Assembleia Fixada pela CLT
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, Natureza não tributária Natureza tributária
principais e acessórias, decorrentes da relação de tra-
balho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, Obrigada apenas aos filiados a Obrigada a todos os tra-
sindicatos balhadores
II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
à previdência social. Liberdade de Associação
Direitos Coletivos dos Trabalhadores Esse inciso costuma ser cobrado em prova devido às in-
úmeras possibilidades de se modificar o seu texto:
São basicamente os direitos relacionados à criação e or- V. Ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
ganização das associações e sindicatos que estão previstos ter-se filiado a sindicato.
no Art. 8º.
É a liberdade de associação que permite aos trabalhadores
Princípio da Unicidade Sindical escolherem se desejam ou não se filiar a um determinado
O primeiro direito coletivo refere-se ao princípio da unici- sindicato. Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
dade sindical. Esse dispositivo proíbe a criação de mais de uma filiado.
organização sindical, representativa de categoria profissional
ou econômica, em uma mesma base territorial:
Participação do Aposentado no Sindicato
II. É vedada a criação de mais de uma organi- Esse inciso também possui aplicação semelhante ao an-
zação sindical, em qualquer grau, representativa terior, portanto deve haver uma leitura atenta aos detalhes
de categoria profissional ou econômica, na mes- que podem ser modificados em prova:
ma base territorial, que será definida pelos tra- VII. O aposentado filiado tem direito a votar e ser
balhadores ou empregadores interessados, não votado nas organizações sindicais.
podendo ser inferior à área de um Município. Estabilidade Sindical
Em cada base territorial (federal, estadual, municipal ou A estabilidade sindical constitui norma de proteção aos
distrital) só pode existir um sindicato representante da mesma dirigentes sindicais que possui grande utilidade ao evitar o
categoria, lembrando que a base territorial mínima refere-se à cometimento de arbitrariedades por partes das empresas em
área de um município.

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retaliação aos representantes dos empregados:
Exemplificando: só pode existir um sindicato municipal VIII. É vedada a dispensa do empregado sindical-
de pescadores no município de Cascavel. Só pode existir um izado a partir do registro da candidatura a cargo de
sindicato estadual de pescadores no estado do Paraná. Só direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
pode existir um sindicato federal de pescadores no Brasil. que suplente, até um ano após o final do mandato,
Contudo, é possível existirem vários sindicatos municipais de salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
pescadores no Estado do Paraná.
O importante aqui é entender o período de proteção que
Contribuição Confederativa e Sindical a Constituição garantiu aos dirigentes sindicais. A estabilidade
Essa questão costuma enganar até mesmo os mais prepa- se inicia com o registro da candidatura e permanece, com o
rados. Vejamos o que diz a Constituição Federal no Art. 8º, IV: candidato eleito, até um ano após o término do seu mandato.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

IV. A assembleia geral fixará a contribuição que, Ressalte-se que essa proteção contra despedida arbitrária não
em se tratando de categoria profissional, será des- prospera diante do cometimento de falta grave.
contada em folha, para custeio do sistema confed-
erativo da representação sindical respectiva, inde- Direitos de Nacionalidade
pendentemente da contribuição prevista em lei. A nacionalidade é um vínculo jurídico existente entre um
A primeira coisa que se deve perceber é a existência de indivíduo e um Estado. Esse vínculo jurídico é a ligação exis-
duas contribuições nesse inciso. Uma chamada de Con- tente capaz de gerar direitos e obrigações entre a pessoa e o
tribuição Confederativa a outra de Contribuição Sindical. Estado.
A Contribuição Confederativa é a prevista nesse inciso, A aquisição da nacionalidade decorre do nascimento
fixada pela assembleia geral, descontada em folha para ou da manifestação de vontade. Quando a nacionalidade
custear o sistema confederativo. Essa contribuição é aquela é adquirida pelo nascimento, estamos diante da chamada
paga às organizações sindicais e que só é obrigada aos fil- Nacionalidade Originária. Mas, se for adquirida por meio
iados e aos sindicatos. Não possui natureza tributária, por da manifestação de vontade, estamos diante de uma Na-
isso obriga apenas as pessoas que voluntariamente se fil- cionalidade Secundária.
iam a uma entidade sindical. A Nacionalidade Originária, também chamada de aqui-
A Contribuição Sindical, que é a contribuição prevista em sição de nacionalidade primária, é aquela involuntária. Decorre 235
lei, mais precisamente na Consolidação das Leis Trabalhis- do nascimento desde que preenchidos os requisitos previstos
na legislação. Um brasileiro que adquire nacionalidade orig- de adquirirem a nacionalidade brasileira, é preciso que ambos os
236 inária é chamado de nato. pais sejam estrangeiros, mas basta que apenas um deles esteja
Dois critérios foram utilizados em nossa Constituição para a serviço do seu país. Se os pais estrangeiros estiverem a serviço
se conferir a nacionalidade originária: de outro país, a doutrina tem entendido que não se aplicará a
Jus Solis vedação.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Esse é critério do solo, critério territorial. Serão consider- Já a segunda hipótese, adotada na alínea “b”, utilizou o
ados brasileiros natos as pessoas que nascerem no território critério jus sanguinis para fixação da nacionalidade originária.
nacional. Esse é o critério adotado como regra no texto con- Serão brasileiros natos os nascidos fora do país, filho de pai ou
stitucional. mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
Jus Sanguinis República Federativa do Brasil. Estar a serviço do país significa
Esse é o critério do sangue. Serão considerados brasileiros estar a serviço de qualquer ente federativo (União, Estados,
natos os descendentes de brasileiros, ou seja, aqueles que pos- Distrito Federal ou Município) incluídos os órgãos e entidades
suem o sangue brasileiro. da administração indireta (fundações, autarquias, empresas
A nacionalidade secundária ou adquirida é a aquisição públicas e sociedades de economia mista).
que depende de uma manifestação de vontade. É voluntária e, A terceira hipótese, prevista na alínea “c”, apresenta, na
quem a adquire, possui a qualificação de naturalizado. verdade, duas possibilidades: uma depende do registro a outra
depende da opção confirmativa.
Conflito de Nacionalidade Primeiro, temos a regra aplicada aos nascidos no es-
Alguns países adotavam apenas o critério jus sanguinis, trangeiro, filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, condicio-
outros somente o critério jus solis, e isso gerou alguns prob- nada à aquisição da nacionalidade ao registro em repartição
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lemas que a doutrina nominou de Conflito de Nacionalidade. O brasileira competente. Nessa hipótese, adota-se o critério jus
Conflito de Nacionalidade pode ser de duas formas: sanguinis acompanhado do registro em repartição brasileira.
Conflito Positivo Em seguida, temos a segunda possibilidade destinada aos
Ocorre quando o indivíduo adquire várias nacionalidades. nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasilei-
Ele será chamado de polipátrida. ra, que venham a residir na República Federativa do Brasil e
Conflito Negativo optem (opção confirmativa), em qualquer tempo, depois de
Ocorre quando o indivíduo não adquire qualquer nacional- atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
idade. Esse será chamado de apátrida (heimatlos). Essa é a chamada nacionalidade protestativa, pois depende
Para evitar a ocorrência desses tipos de conflito, os da manifestação de vontade por parte do interessado. Deve-se
países têm adotado critérios mistos de aquisição de nacio- ter cuidado com a condição para a manifestação da vontade que
nalidade originária, a exemplo do próprio Brasil. só poder ser exercida depois de atingida a maioridade, apesar
de não existir tempo limite para o exercício desse direito.
A seguir, serão analisadas várias hipóteses previstas no Art.
12 da Constituição Federal de aquisição de nacionalidade tanto Nacionalidade Secundária
originária quanto secundária.
A seguir, serão apresentadas as hipóteses de aquisição de
Nacionalidade Originária nacionalidade secundária:
As hipóteses de aquisição da nacionalidade originária Art. 12, II. Naturalizados:
estão previstas no Art. 12, I da Constituição Federal, e são: a) Os que, na forma da lei, adquiram a na-
Art. 12. São brasileiros: cionalidade brasileira, exigidas aos originários de
I. Natos: países de língua portuguesa apenas residência
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes b) os estrangeiros de qualquer nacional-
não estejam a serviço de seu país; idade, residentes na República Federativa do
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a sem condenação penal, desde que requeiram a
serviço da República Federativa do Brasil; nacionalidade brasileira.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro A primeira hipótese de naturalização, prevista na alínea
ou de mãe brasileira, desde que sejam regis- “a” do inciso II, é a chamada naturalização ordinária. Essa
trados em repartição brasileira competente ou
naturalização apresenta uma forma de aquisição prevista em
venham a residir na República Federativa do
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois lei. Esta Lei é a 6.815/80, que traz algumas regras para aqui-
de atingida a maioridade, pela nacionalidade sição de nacionalidade, as quais não serão estudadas neste
brasileira. momento. O que interessa agora para a prova é a segunda
A primeira hipótese, prevista na alínea “a”, adotou para parte da alínea, que confere um tratamento diferenciado
aquisição o critério jus solis, ou seja, serão considerados bra- para os originários de países de língua portuguesa, para
sileiros natos aqueles que nascerem no país ainda que de pais quem será exigida apenas residência por um ano ininter-
estrangeiros, desde que, os pais não estejam a serviço do seu rupto e idoneidade moral. Entende-se país de língua portu-
país. Para que os filhos de pais estrangeiros fiquem impedidos guesa qualquer país que possua a língua portuguesa como
língua oficial (Angola, Portugal, Timor Leste, entre outros). O § 3º apresenta a primeira hipótese de distinção dentre
Essa forma de naturalização não gera direito subjetivo ao brasileiros natos e naturalizados:
estrangeiro, o que significa que ele poderá pleitear sua nat- § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
uralização e essa poderá ser indeferida pelo Chefe do Poder I. De Presidente e Vice-Presidente da República;
Executivo, haja vista se tratar de um ato discricionário. II. De Presidente da Câmara dos Deputados;
A alínea “b” do inciso II apresenta a chamada natural- III. De Presidente do Senado Federal;
ização extraordinária ou quinzenária. Essa hipótese é desti- IV. De Ministro do Supremo Tribunal Federal;
nada a qualquer estrangeiro e será exigida residência ininter- V. Da carreira diplomática;
rupta pelo prazo de 15 anos e não existência de condenação VI. de oficial das Forças Armadas;
penal. Nessa espécie, não há discricionariedade em conceder
VII. De Ministro de Estado da Defesa.
a naturalização, pois ela gera direito subjetivo ao estrangeiro
Os cargos privativos aos brasileiros natos são muito in-
que tenha preenchido os requisitos.
cidentes em provas. Por esse motivo, sugere-se que sejam
O melhor é não esquecer que a ausência temporária da memorizados. Dois critérios foram utilizados para escol-
residência não quebra o vínculo ininterrupto exigido para a ha desses cargos. O primeiro está relacionado com os car-
naturalização no país. Também deve ser ressaltado que não gos que sucedem o Presidente da República (Presidente e
existe naturalização tácita ou automática, sendo exigido re- Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos
querimento de quem desejar se naturalizar no Brasil. Deputados, Presidente do Senado Federal e Ministro do Su-
premo Tribunal Federal). O segundo critério diz respeito à
Português Equiparado segurança nacional (carreira diplomática, oficial das forças
Art. 12. § 1º. Aos portugueses com residência per- armadas e Ministro do Estado da Defesa).
manente no País, se houver reciprocidade em favor As funções privativas de brasileiros natos estão prevista no
de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes Art. 89, VII da Constituição:
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Consti-
tuição. Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de con-
Trata-se do chamado português equiparado ou quase na- sulta do Presidente da República, e dele participam:
cional. Segundo o dispositivo, a Constituição assegura aos por- I. O Vice-Presidente da República;
tugueses tratamento diferenciado, como se fossem brasileiros. II. O Presidente da Câmara dos Deputados;
Não se trata de uma hipótese de naturalização, nesse caso são III. O Presidente do Senado Federal;
atribuídos os mesmos direitos inerentes ao brasileiro. IV. Os líderes da maioria e da minoria na Câmara
Essa condição depende de reciprocidade por parte de Por- dos Deputados;
tugal. O Brasil possui um acordo internacional com Portugal V. Os líderes da maioria e da minoria no Senado

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por meio do Decreto nº 3.927/2001 que promulgou o Tratado Federal;
de Cooperação, Amizade e Consulta Brasil/Portugal. Haven-
VI. O Ministro da Justiça;
do o mesmo tratamento a um brasileiro quando estiver no
país português, serão garantidos tratamentos diferenciados VII. Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de
aos portugueses que aqui estiverem desde que manifestem trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomea-
interesse no recebimento desse tratamento diferenciado. dos pelo Presidente da República, dois eleitos
Ressalta-se que para requerer esse tipo de tratamento será pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara
necessária, além do requerimento, a constituição de residência dos Deputados, todos com mandato de três
permanente no Brasil. anos, vedada a recondução.
Por fim, não se pode esquecer de que o tratamento dado A terceira possibilidade de tratamento diferenciado diz re- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
aos portugueses os equipara aos brasileiros naturalizados. speito às regras de extradição previstas no inciso LI do Art. 5º:
Tratamento Diferenciado entre Brasileiros LI. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
naturalizado, em caso de crime comum, praticado
O § 2º do Art. 12 proíbe o tratamento diferençado entre antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
brasileiros natos e naturalizados: mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre bra- afins, na forma da lei.
sileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos A quarta previsão está no Art. 222 da Constituição:
nesta Constituição.
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de
O próprio dispositivo excepciona a regra permitindo que a radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
Constituição Federal estabeleça tratamento diferenciado entre brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
brasileiros natos e naturalizados. São quatro os tratamentos ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasile-
diferenciados estabelecidos pelo texto constitucional:
iras e que tenham sede no País.
Cargos privativos de brasileiros natos;
Funções privativas de brasileiros natos; Perda da Nacionalidade
Regras de extradição; A seguir serão trabalhadas as hipóteses de perda da na-
Propriedade de empresas de jornalística ou de ra- cionalidade. Uma pergunta: brasileiro nato pode perder a na- 237
diodifusão. cionalidade?
Vejamos o que diz a Constituição Federal:
238 § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do bra- ANOTAÇÕES
sileiro que:
I. Tiver cancelada sua naturalização, por sentença
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

judicial, em virtude de atividade nociva ao inter-


esse nacional;
II. Adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade orig-
inária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em estado es-
trangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis.
Ao se analisar o dispositivo do caput desse parágrafo, é
possível concluir que as regras são para os brasileiros natos ou
naturalizados.
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Mas vale a pena verificar cada hipótese:


O inciso I deixa claro que é uma hipótese aplicada apenas
aos brasileiros naturalizados (cancelamento de naturalização).
Se o indivíduo tem seu vínculo com o Estado cancelado por
decisão judicial, não há que se falar em permanência da nacio-
nalidade brasileira;
O inciso II já não permite a mesma conclusão, haja vista
ter considerado qualquer brasileiro. Logo, ao brasileiro, seja ele
nato ou naturalizado, que adquirir outra nacionalidade, será
declarada a perda da nacionalidade, pelo menos em regra.
Essa regra possui duas exceções: nos casos de reconhecimen-
to de nacionalidade originária estrangeira ou de imposição de
naturalização, não será declarada a perda da nacionalidade
brasileira. É nestas hipóteses que se encontram permitidas as
situações de dupla nacionalidade que conhecemos.
Para ilustrar como esse tema é cobrado em prova, veja-se esta
questão:
Uma questão interessante surge: seria possível a rea-
quisição da nacionalidade brasileira?
Uma vez perdida a nacionalidade, tem-se entendido que é
possível a sua reaquisição dependo da forma que foi perdida.
Se o indivíduo perde a nacionalidade com fundamento no
inciso I, por cancelamento de naturalização, só seria possível a
reaquisição por meio de ação rescisória.
Caso o indivíduo perca a nacionalidade por ter adquirido
outra, que revela a hipótese do inciso II, também será possível
a reaquisição por decreto presidencial (Art. 36, Lei 818/49).
Apesar da divergência doutrinária, prevalece o entendi-
mento de que o brasileiro, após a reaquisição, volta à condição
anterior, ou seja, se era brasileiro nato, volta a ser nato, se era
naturalizado, volta como naturalizado.
7. Direitos Fundamentais – Art. 61, § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida
pela apresentação à Câmara dos Deputados de pro-
Direitos Políticos e Partidos Políticos jeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Direitos Políticos Estados, com não menos de três décimos por cento dos
Os direitos políticos são um conjunto de direitos funda- eleitores de cada um deles.
mentais que permitem ao indivíduo participar da vontade
política do Estado. Para se falar de direitos políticos, alguns
Ação Popular
conceitos são indispensáveis. Remédio constitucional previsto no inciso LXXIII que funcio-
na como instrumento de fiscalização dos poderes públicos nos
Cidadania, Democracia e So-
termos do inciso citado.
berania Popular
Quando se fala em exercício indireto, significa exercício por
A Cidadania é a condição conferida ao indivíduo que possui meio dos representantes eleitos que representarão a vontade
direito político. É o exercício desse direito. Essa condição só é
popular.
possível em nosso país por causa do regime de governo adota-
do, a Democracia. A democracia parte do pressuposto de que Todas essas ferramentas disponibilizadas acima con-
o poder do Estado decorre da vontade popular, da Soberania stituem formas de exercício dos direitos políticos no Brasil.
Popular. Conforme o parágrafo único do Art. 1º da Constituição: A doutrina costuma classificar os direitos políticos em:
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, Direitos políticos positivos.
que o exerce por meio de representantes eleitos ou di-
retamente, nos termos desta Constituição. Direitos políticos negativos.
A democracia brasileira é classificada como semidireta ou Direitos Políticos Positivos
participativa, haja vista poder ser exercida tanto de forma di-
reta como de forma indireta. Como forma de exercício direto Os direitos políticos positivos se mostram pela possib-
temos o previsto no Art. 14 da CF: ilidade de participação na vontade política do Estado. Esses
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- direitos políticos se materializam por meio da Capacidade
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor Eleitoral Ativa e da Capacidade Eleitoral Passiva. O primeiro é
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
a possibilidade de votar. O segundo, de ser votado.
I. Plebiscito;
II. Referendo; Para que se possa exercer a capacidade eleitoral ativa, faz-se

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III. Iniciativa popular. necessário o chamado alistamento eleitoral. É, simplesmente, in-
Mas ainda há a ação popular que também é forma de exer- screver-se como eleitor, o que acontece quando obtemos o título
cício direto dos direitos políticos: de eleitor. A Constituição apresenta três regras para o alistamento
Art. 5º, LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima e o voto:
para propor ação popular que vise a anular ato le- Voto Obrigatório
sivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao Maiores de 18 anos;
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, Voto Facultativo
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de Maiores de 16 e menores de 18; analfabetos e maiores de NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
custas judiciais e do ônus da sucumbência. 70 anos;
Entendamos o que significa cada uma das formas de
Voto Proibido
exercício direto dos direitos políticos:
Plebiscito Estrangeiros e conscritos.
Consulta popular realizada antes da tomada de decisão. O Vejamos estas regras previstas no texto constitucional:
representante do poder público quer tomar uma decisão, mas, Art. 14, § 1º. O alistamento eleitoral e o voto são:
antes de tomá-la, ele pergunta para os cidadãos quem concor- I. Obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
da. O que os cidadãos decidirem será feito. II. Facultativos para:
Referendo a) os analfabetos;
Consulta popular realizada depois da tomada de decisão.
b) os maiores de setenta anos;
O representante do poder público toma uma decisão e depois
pergunta o que os cidadãos acharam. c) os maiores de dezesseis e menores de
Iniciativa Popular dezoito anos.
Essa é uma das formas de se iniciar o processo legislativo § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os es-
no Brasil. A legitimidade para propor criação de lei pelo eleito- trangeiros e, durante o período do serviço militar 239
rado encontra amparo no Art. 61, § 2º da CF: obrigatório, os conscritos.
240 Maiores de 18 Nacionalidade
anos e < 70 brasileira
Obrigatório
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Maiores de 16 e Pleno exercício


menores de 18 dos direitos
anos políticos 18 - Vereador

Condições de Analfabetos Condições de


Facultativo 21 – Deputa-
alistabilidade elegibilidade Alistamento
dos, Prefeito,
eleitoral
Maiores de 70 Vice- -prefeito
anos e Juiz de Paz
Domicílio
eleitoral na
Proibido Estrangeiros circunscrição
30 – Gover-
nador e Vice
Conscritos Filiação parti- -governador
dária
A capacidade eleitoral passiva é a capacidade de ser eleito.
Idade mínima
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É uma das formas de participação política em que o cidadão 35 – Pre-


sidente da
aceita a incumbência de representar os interesses dos seus República, Vice
- -presidente e
eleitores. Para que alguém possa ser eleito se faz necessário o Senador
preenchimento das Condições de Elegibilidade. São condições Direitos Políticos Negativos
de elegibilidade as previstas no Art. 14, § 3º da Constituição: Os direitos políticos negativos são verdadeiras vedações
ao exercício da cidadania. São inelegibilidades, hipóteses de
Art. 14, § 3º - São condições de elegibilidade, na forma perda ou suspensão dos direitos políticos que se encontram
previstos expressamente no texto constitucional. Só não se
da lei: pode esquecer a possibilidade prevista no § 9º do Art. 14 da
Constituição, que admite que sejam criadas outras inelegibili-
I. a nacionalidade brasileira; dades por Lei Complementar, desde possuam caráter relativo.
Inelegibilidade absoluta, segundo a doutrina, só na Constitu-
II. o pleno exercício dos direitos políticos; ição Federal.
A primeira inelegibilidade está prevista no Art. 14, § 4º:
III. o alistamento eleitoral; Art. 14, § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os anal-
fabetos.
IV. o domicílio eleitoral na circunscrição; Trata-se de uma inelegibilidade absoluta que impede os
inalistáveis e analfabetos a concorrerem a qualquer cargo ele-
V. a filiação partidária; tivo. Nota-se primeiramente que a Constituição se refere aos
inalistáveis como “inelegíveis”. Todas as vezes que se encon-
VI. a idade mínima de: trar o termo inalistável, deve-se pensar automaticamente em
estrangeiros e conscritos. Logo, são inelegíveis os estrangeiros,
a) trinta e cinco anos para Presidente e conscritos e analfabetos.
Em seguida, tem-se o § 5º, que traz a chamada regra da
Vice-Presidente da República e Senador; Reeleição. Trata-se de uma espécie de inelegibilidade relativa
por meio do qual alguns titulares de cargos políticos ficam im-
b) trinta anos para Governador e Vice-Gover- pedidos de se reelegerem por mais de duas eleições consecu-
tivas, ou seja, é permitida apenas uma reeleição:
nador de Estado e do Distrito Federal;
Art. 14, § 5º - O Presidente da República, os Gover-
c) vinte e um anos para Deputado Fed- nadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
eral, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.
Vice-Prefeito e juiz de paz; O primeiro ponto interessante desse parágrafo está na
restrição que só ocorre para os membros do poder executi-
d) dezoito anos para Vereador. vo (Presidente, Governador e Prefeito). Logo, um membro do
Poder Legislativo poderá se reeleger quantas vezes ele quiser, Condições para Eleição do Militar
enquanto o membro do Poder Executivo só poderá se reele-
ger uma única vez. Ressalte-se que o impedimento se aplica O militar pode se candidatar a cargo político eletivo desde
também a quem suceder ou substituir o titular dos cargos su- que observadas as regras estabelecidas no § 8º do Art. 14:
pracitados. Art. 14, § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as
Mais uma regra de inelegibilidade relativa encontra-se no § 6º: seguintes condições:
Art. 14, § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o I. se contar menos de dez anos de serviço, deverá
Presidente da República, os Governadores de Estado e afastar-se da atividade;
do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos II. se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
Estamos diante da chamada regra de Desincompatibiliza- automaticamente, no ato da diplomação, para a
ção. Da mesma forma que o dispositivo anterior só se aplica inatividade.
aos membros do Poder Executivo, e essa norma exige que os
representantes desse Poder, para que possam concorrer a out- Militar Mais de 10 Agregado
ro cargo, devem renunciar os respectivos mandatos até seis
anos
meses antes do pleito.
Ainda há a chamada Inelegibilidade Reflexa, ou em razão do
parentesco. Essa hipótese gera um impedimento, não ao titular Militar Menos de 10 Afasta-se da
do cargo político, mas aos seus parentes até segundo grau. Tam- anos atividade
bém se aplica apenas aos membros do Poder Executivo: Primeiramente, deve-se ressaltar que a Constituição veda
Art. 14, § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição a filiação partidária aos militares:
do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou af- Art. 142, § 3º, V. O militar, enquanto em serviço ativo,
ins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente não pode estar filiado a partidos políticos.
da República, de Governador de Estado ou Território, do
Recordando as condições de elegibilidade, tem-se que é
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi-
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo necessária a filiação partidária para ser elegível, contudo, no
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. caso do militar, o TSE tem entendido que o registro da candi-
datura supre a falta de prévia filiação partidária.
O impedimento gerado está relacionado ao território de
Um segundo ponto interessante decorre da própria interpre-
jurisdição do titular da seguinte forma:
tação do § 8º, que prevê duas regras para eleição dos militares
▷ O Prefeito gera inelegibilidade aos cargos de Prefeito e em razão do tempo de serviço:
Vereador do mesmo município;
Militar com menos de dez anos: deve se afastar da ativ-
▷ O Governador gera inelegibilidade aos cargos de

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idade;
Prefeito, Vereador, Deputado Estadual, Deputado
Militar com mais de dez anos: deve ficar agregado pela
Federal, Senador da República e Governador do
autoridade superior e se eleito, passado para inatividade.
mesmo Estado Federativo;
Esse prazo de dez anos escolhido pela Constituição decorre da
▷ O Presidente gera inelegibilidade a todos os cargos
garantia de estabilidade para os militares.
eletivos do país.
São parentes de 1º grau: pai, mãe, filho, sogro. São par- Impugnação de Mandato Eletivo
entes de 2º grau: avô, irmão, neto, cunhado. Estes parágrafos dispensam explicação e, quando apare-
O STF editou a Súmula Vinculante nº 18, que diz: cem em prova, costumam cobrar o próprio texto constitucio-
Súmula Vinculante nº 18. A dissolução da socieda- nal. Deve-se ter cuidado com o prazo de 15 dias para impug-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não nação:


afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do Art. 14 da Art. 14, § 10 - O mandato eletivo poderá ser impug-
Constituição Federal. nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
Lei complementar pode estabelecer novas hipóteses de contados da diplomação, instruída a ação com provas
inelegibilidade relativa. É o que dispõe o § 9º do Art. 14: de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
Art. 14, § 9º - Lei complementar estabelecerá outros § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
fim de proteger a probidade administrativa, a morali-
lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
dade para exercício de mandato considerada vida pre-
gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade Cassação, Suspensão e Per-
das eleições contra a influência do poder econômico ou
o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na da dos Direitos Políticos
administração direta ou indireta. Uma coisa é certa: não existe cassação de direitos políticos
Com base no texto, é possível concluir que o rol de ineleg- no Brasil. Isso não pode ser esquecido, pois sempre é cobrado
ibilidades relativas previstas na Constituição Federal é mera- em prova. Apesar dessa norma protetiva, são permitidas a per-
mente exemplificativo. Há ainda a Lei Complementar nº 64/90 da e a suspensão desses direitos, conforme disposto no Art. 15 241
que traz várias hipóteses de inelegibilidade. da Constituição:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja § 2º - Os partidos políticos, após adquirirem person-
242 perda ou suspensão só se dará nos casos de: alidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
I. Cancelamento da naturalização por sentença estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
transitada em julgado;
II. Incapacidade civil absoluta; Quando a Constituição determina que os partidos devem
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III. Condenação criminal transitada em julgado, en- adquirir sua personalidade jurídica na forma da lei civil, prati-
quanto durarem seus efeitos; camente, afirma que é uma pessoa jurídica de direito privado
IV. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta apesar de ser exigido seu registro no TSE.
ou prestação alternativa, nos termos do Art. 5º, VIII;
V. Improbidade administrativa, nos termos do Art. Direitos dos Partidos
37, § 4º.
Observe-se que o texto constitucional não esclareceu Os partidos possuem vários direitos previstos expressa-
muito bem quais são as hipóteses de perda ou suspensão, mente na Constituição, dentre os quais destacam-se:
trabalho esse que ficou a cargo da doutrina fazer. Seguem Recursos do fundo partidário;
abaixo as hipóteses de perda ou suspensão: Acesso gratuito ao rádio e à televisão (Lei 9.096/95).
Cancelamento da naturalização por sentença transi-
tada em julgado – trata-se de perda dos direitos políticos. Limitações aos Partidos
Ora, se o indivíduo teve cancelado seu vínculo com o Es- Apesar da liberdade estampada no caput do Art. 17, é
tado Brasileiro, não há sentido em lhe garantir os direitos possível perceber que a criação dos partidos políticos possui
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políticos; algumas limitações:


Incapacidade civil absoluta – apesar de ser absoluta, essa Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
incapacidade civil pode cessar dependendo da situação. Logo,
é hipótese de suspensão dos direitos políticos; de partidos políticos, resguardados a soberania nacio-
Condenação criminal transitada em julgado, enquanto nal, o regime democrático, o pluripartidarismo, os dire-
durarem seus efeitos – condenação criminal é suspensão, itos fundamentais da pessoa humana e observados os
pois dura enquanto durar a pena. Deve-se ter cuidado com seguintes preceitos:
essa questão em prova. O efeito da suspensão sobre os dire- I. Caráter nacional;
itos políticos independe do tipo de pena aplicada ao cidadão.
Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta- II. Proibição de recebimento de recursos finan-
ção alternativa, nos termos do Art. 5º, VIII - essa é a famo- ceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
sa hipótese da escusa de consciência. Em relação a esse tema, subordinação a estes;
existe divergência na doutrina. Parte da doutrina Constitucional III. Prestação de contas à Justiça Eleitoral;
entende que é hipótese de perda, outra parte da doutrina, prin-
cipalmente eleitoral, entende que seja hipótese de suspensão. IV. Funcionamento parlamentar de acordo com a
Improbidade administrativa, nos termos do Art. 37, § 4º lei.
- essa é mais uma hipótese de suspensão dos direitos políticos. § 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de
Princípio da Anterioridade Eleitoral organização paramilitar.
Este princípio exige o prazo de um ano para aplicação de
lei que altere processo eleitoral. Isso visa a evitar que os can-
Verticalização
didatos sejam pegos de surpresa com as regras eleitorais. O Antes da Emenda Constitucional nº 52/2006, era utilizada
Art. 16 diz: a chamada Verticalização, que significava a necessidade de
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
vinculação das candidaturas do nível nacional, estadual, distri-
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. tal ou municipal. Vejamos como está escrito agora:
O STF decidiu que essa lei não se aplica às eleições de 2010 § 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia
por não ter respeitado esse princípio que requer o prazo de 1 para definir sua estrutura interna, organização e fun-
ano para aplicação da lei que alterar o processo eleitoral. cionamento e para adotar os critérios de escolha e o
A lei havia sido publicada em junho de 2010 e queriam que
regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatorie-
valesse para as eleições do mesmo ano. O STF disse que sua
aplicação para 2010 era inconstitucional. dade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
Partidos Políticos estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária.
Natureza Jurídica dos Partidos Políticos
Significa dizer que não é mais preciso haver vinculação das
Os partidos políticos, segundo previsão expressa da Consti-
tuição, possuem natureza jurídica de direito privado. Segundo o candidaturas nos diversos níveis federativos (União, Estados,
disposto no Art. 17, § 2º: Distrito Federal e Municípios).
8. Da Organização Político–Adminis- Centrífuga
Característica que reflete a formação da federação bra-
trativa sileira. É a formação “de dentro para fora”. O movimento é de
centrifugadora. A força de criação do estado federal brasile-
Para que se possa compreender a Organização Políti- iro surgiu a partir de um Estado Unitário para a criação de um
co-Administrativa do Estado Brasileiro, faz -se necessário, pri- estado federado, ou seja, o poder centralizado que se torna
meiramente, entender como se deu essa formação. Para isso, descentralizado. O poder político era concentrado nas mãos
será abordado o Princípio Federativo. de um só ente e depois passa a fazer parte de vários entes
federativos;
Princípio Federativo Por Desagregação
A Forma de Estado adotada no Brasil é a Federativa. Quan- Ocorre quando um Estado Unitário resolve se descen-
do se afirma que o nosso Estado é uma Federação, quer-se tralizar politicamente, desagregando o poder central em
dizer como se dá o exercício do poder político em função do favor de vários entes titulares de poder político.
território. Em um Estado Federal, existe pluralidade de po- Mais uma característica que não pode ser ignorada em
deres políticos internos, os quais se organizam de forma de- prova: a Forma Federativa de Estado é uma cláusula pétrea,
scentralizada. No Brasil, são quatro poderes políticos, também conforme dispõe o Art. 60, § 4º, I:
chamados de entes federativos: Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a
União; proposta de emenda tendente a abolir:
Estados; I. A forma federativa de Estado.
Distrito Federal; Cumpre lembrar de que a Capital do Brasil é Brasília. Deve-
Municípios. se ter cuidado: há questão de prova que diz que a Capital é o
Essa organização é baseada na autonomia política de cada Distrito Federal. O Distrito Federal é um ente federativo, ao pas-
ente federativo. Deve-se estar atento a esse tema em prova, so que Brasília é uma Região Administrativa dentro do Distrito
pois as bancas gostam de trocar autonomia por soberania. Federal:
Cada ente possui sua própria autonomia, enquanto que o Es- Art. 18, § 1º - Brasília é a Capital Federal.
tado Federal possui a soberania. A autonomia de cada ente Outra coisa com a qual se deve ter cuidado diz respeito aos
federativo se dá no âmbito político, financeiro, orçamentário, Territórios Federais:
administrativo e em qualquer outra área permitida pela Con- § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua
stituição Federal: criação, transformação em Estado ou reintegração ao
Art. 18. A organização político-administrativa da Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
República Federativa do Brasil compreende a União, Esses não são entes federativos, pois não possuem autono-

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os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos mia política. São pessoas jurídicas de direito público que pos-
autônomos, nos termos desta Constituição. suem apenas capacidade administrativa. Sua natureza jurídica
Deve-se destacar, inclusive, que o pacto federativo sobre- é de autarquia federal e só podem ser criados por lei federal.
vive em torno da Constituição Federal, que impede sua dis- Para sua criação se faz necessária a aprovação das populações
solução sob pena de se decretar Intervenção Federal: diretamente envolvidas, por meio de plebiscito, parecer da As-
sembleia Legislativa e lei complementar federal. Os territórios
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis- são administrados por governadores escolhidos pelo Presidente
trito Federal, exceto para: da República e podem ser divididos em municípios. Cada ter-
I. Manter a integridade nacional. ritório elegerá quatro deputados federais, mas não poderá ele-
A proibição de secessão, que impede a separação de um ger Senador da República. Seguem abaixo vários dispositivos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ente federativo, também é conhecida como Princípio da Indis- constitucionais que regulamentam os Territórios:
solubilidade. Art. 18, § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre
Outro ponto muito cobrado em prova diz respeito à inex- si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
istência de hierarquia entre os entes federativos. O que dis- outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Fed-
tingue um ente federativo do outro não é a superioridade, mas erais, mediante aprovação da população diretamente
a distribuição de competências feita pela própria Constituição interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na-
Federal. Não se deve esquecer também que as Unidades da cional, por lei complementar.
Federação possuem representação junto ao Poder Legislativo Art. 45, § 2º - Cada Território elegerá quatro Deputa-
da União, mais precisamente, no Senado Federal. dos.
Em razão dessa organização completamente diferenciada, Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção
do Presidente da República, não exigida esta para
a doutrina classifica a federação brasileira de várias formas:
o especificado nos Arts. 49, 51 e 52, dispor sobre
Tricotômica todas as matérias de competência da União, espe-
Federação constituída em três níveis: federal, estadual e cialmente sobre:
municipal. O Distrito Federal não é considerado nessa classi- VI. Incorporação, subdivisão ou desmembramento
ficação, haja vista possuir competência híbrida, agindo tanto de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as re- 243
como um Estado quanto como Município; spectivas Assembleias Legislativas.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Um dos temas mais cobrados em prova são os Bens da
244 República: União. Os Bens da União estão previstos no Art. 20 da Consti-
XIV. Nomear, após aprovação pelo Senado Fed- tuição Federal:
eral, os Ministros do Supremo Tribunal Federal Art. 20. São bens da União:
e dos Tribunais Superiores, os Governadores de I. Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Territórios, o Procurador-Geral da República, o vierem a ser atribuídos;


presidente e os diretores do banco central e out-
ros servidores, quando determinado em lei. II. As terras devolutas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares,
A Constituição Federal autoriza a divisão dos Territórios das vias federais de comunicação e à preservação
em Municípios. Os Territórios com mais de 100.000 habitantes ambiental, definidas em lei;
possuirão Poder Judiciário próprio, bem como membros do
Ministério Público e Defensores Públicos Federais. Poderão III. Os lagos, rios e quaisquer correntes de água
ainda eleger membros para Câmara Territorial: em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros
Art. 33, § 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Mu- países, ou se estendam a território estrangeiro ou
nicípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto dele provenham, bem como os terrenos margin-
no Capítulo IV deste Título. ais e as praias fluviais;
§ 3º - Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha- IV. As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítro-
bitantes, além do Governador nomeado na forma desta fes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e se- oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
gunda instância, membros do Ministério Público e defen- contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
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sores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para áreas afetadas ao serviço público e a unidade am-
a Câmara Territorial e sua competência deliberativa. biental federal, e as referidas no art. 26, II;
Vedações Constitucionais V. Os recursos naturais da plataforma continental e
da zona econômica exclusiva;
A Constituição Federal fez questão de estabelecer algumas
VI. O mar territorial;
vedações expressas aos entes federativos, as quais estão pre-
vistas no Art. 19: VII. Os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fed- VIII. os potenciais de energia hidráulica;
eral e aos Municípios: IX. Os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
I. Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subven- X. As cavidades naturais subterrâneas e os sítios
cioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou arqueológicos e pré-históricos;
manter com eles ou seus representantes relações XI. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
da lei, a colaboração de interesse público; Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos
II. Recusar fé aos documentos públicos; da administração direta da União, participação no
III. Criar distinções entre brasileiros ou preferências resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
entre si. de recursos hídricos para fins de geração de energia
A primeira vedação decorre da laicidade do Estado brasile- elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
iro, ou seja, não possuímos religião oficial no Brasil, em razão território, plataforma continental, mar territorial ou
da situação de separação entre Estado e Igreja. A segunda ve- zona econômica exclusiva, ou compensação financeira
dação decorre da presunção de veracidade dos documentos por essa exploração.
públicos. E, por último, contemplando o Princípio da Isonomia, § 2º - A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
o qual será tratado em momento oportuno, fica vedado es- largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
tabelecer distinções entre brasileiros ou preferências entre si. como faixa de fronteira, é considerada fundamental
Atente-se a esta questão: para defesa do território nacional, e sua ocupação e
utilização serão reguladas em lei.
Características dos Entes Federativos Esse artigo, quando cobrado em prova, costuma ser tra-
União balhado apenas com o texto literal da Constituição. A dica de
estudo é a memorização dos bens que são considerados da
Muitos sentem dificuldade em visualizar a União, tendo em União. Contudo, alguns bens necessitam de uma explicação
vista ser um ente meio abstrato. O que se precisa saber é que a maior para que sejam compreendidos.
União é uma pessoa jurídica de direito público interno ao mes-
mo tempo em que é pessoa jurídica de direito público externo. É Terras Devolutas
o Poder Central responsável por assuntos de interesse geral do O inciso II fala das chamadas terras devolutas, mas o que
Estado e que representa os demais entes federativos. Apesar de significa terras devolutas? São terras que estão sob o domínio
não possuir o atributo Soberania, a União exerce essa soberania da União sem qualquer destinação, nem pública nem privada.
em nome do Estado Federal. É só pensar na representação inter- Serão da União apenas as terras devolutas indispensáveis à
nacional do Estado. Quem celebra tratados internacionais? É o defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
Chefe do Executivo da União, o Presidente da República. das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
conforme definição em lei. As demais terras devolutas serão de Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
propriedade dos Estados Membros nos termos do Art. 26, IV: Presidente da República, não exigida esta para o especifi-
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: cado nos Arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
IV. As terras devolutas não compreendidas entre as de competência da União, especialmente sobre:
da União. IV. Incorporação, subdivisão ou desmembramento
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as re-
Mar Territorial, Plataforma Continen- spectivas Assembleias Legislativas.
tal e Zona Econômica Exclusiva Em razão de sua autonomia, a Constituição apresentou um
Os incisos IV e V apresentam três bens que são muito in- rol de bens que pertencem aos Estados:
teressantes e que se confundem nas cabeças dos alunos: mar Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
territorial, plataforma continental e Zona Econômica Exclusiva. I. As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
A Lei 8.617/93 esclarece as diferenças entre esses institutos. emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
O mar territorial é formado por uma faixa de água marítima caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
ao longo da costa brasileira, com uma dimensão de 12 milhas União;
marítimas, contadas a partir da linha base. A plataforma con- II. As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
tinental é o prolongamento natural do território terrestre, com- estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
preendidos o leito e o subsolo do mar até a distância de 200 mil- domínio da União, Municípios ou terceiros;
has marítimas ou até o bordo exterior da margem continental. III. As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
A zona econômica exclusiva é a extensão situada além do União;
mar territorial até o limite das 200 milhas marítimas. IV. As terras devolutas não compreendidas entre as
Acerca desse tema sempre há confusão. O mar territorial da União.
é extensão do território nacional sobre qual o Estado exerce Algumas regras em relação à Organização dos Poderes
sua soberania. Já a plataforma continental e a zona econômica Legislativo e Executivo no âmbito dos Estados também apare-
exclusiva são águas internacionais onde o direito à soberania cem na Constituição Federal. Quando cobradas em prova, a lei-
do Estado se limita à exploração e ao aproveitamento, à con- tura e memorização dos artigos abaixo se tornam essenciais:
servação e a gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos,
das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa
corresponderá ao triplo da representação do Estado na
subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e
exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos.
seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Estados Federais acima de doze.
Os Estados são pessoas jurídicas de direito público interno, § 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Es-

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entes federativos detentores de autonomia própria. Essa au- taduais, aplicando-se-lhes as regras desta Constituição
tonomia se percebe pela sua capacidade de auto-organização, sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, re-
autogoverno, autoadministração. Destaca-se, ainda, o seu muneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
poder de criação da própria Constituição Estadual, bem como incorporação às Forças Armadas.
das demais normas de sua competência: § 2º - O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pe-
de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele es-
las Constituições e leis que adotarem, observados os
tabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
princípios desta Constituição.
observado o que dispõem os Arts. 39, § 4º, 57, § 7º,
Percebe-se, ainda, o seu autogoverno à medida que cada 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Estado organiza seus próprios Poderes: Poder Legislativo (As-
§ 3º - Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre
sembleia Legislativa), Poder Executivo (Governador) e Poder
seu regimento interno, polícia e serviços administrativos
Judiciário (Tribunal de Justiça). Destacam-se também suas
de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
autonomias administrativa, tributária e financeira.
§ 4º - A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces-
Segundo o Art. 18, § 3º: so legislativo estadual.
Art. 18, § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador
si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Fed- no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e
erais, mediante aprovação da população diretamente no último domingo de outubro, em segundo turno, se
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na- houver, do ano anterior ao do término do mandato de
cional, por lei complementar. seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de ja-
O que se precisa lembrar para a prova é que, para se criar neiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o
outro Estado, faz-se necessária a aprovação da população dire- disposto no Art. 77.
tamente interessada por meio de plebiscito e que essa criação § 1º - Perderá o mandato o Governador que assumir
depende de lei complementar federal. A Constituição prevê outro cargo ou função na administração pública direta
ainda a oitiva das Assembleias Legislativas envolvidas na mod- ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso 245
ificação: público e observado o disposto no Art. 38, I, IV e V.
§ 2º - Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Mu-
246 dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciati- nicípios de mais de 450.000 (quatrocentos e
va da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 (seis-
os Arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. centos mil) habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Mu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Municípios nicípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) ha-


Os municípios são elencados pela Constituição Federal como bitantes e de até 750.000 (setecentos cinquenta
entes federativos dotados de autonomia, a qual se percebe pela mil) habitantes;
sua capacidade de auto-organização, autogoverno e autoadminis- k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios
tração. São regidos por Lei Orgânica e possui Executivo e Legislativo de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil)
próprio, os quais são representados, respectivamente, pela Prefeitu- habitantes e de até 900.000 (novecentos mil) ha-
ra e pela Câmara Municipal e que são regulamentados pelos Arts. 29 bitantes;
e 29-A da Constituição. O examinador pode explorar, em prova de l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios
concurso público, questões que requeiram a memorização desses de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes
artigos. Para entender por que ele faria isso, recomenda-se a leitura: e de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil)
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada habitantes;
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Mu-
e aprovada por dois terços dos membros da Câmara nicípios de mais de 1.050.000 (um milhão e
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 (um
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do milhão e duzentos mil) habitantes;
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respectivo Estado e os seguintes preceitos:


n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios
I. Eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Ver- de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
eadores, para mandato de quatro anos, mediante habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezen-
pleito direto e simultâneo realizado em todo o País; tos e cinquenta mil) habitantes;
II. Eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Mu-
no primeiro domingo de outubro do ano anterior nicípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e
ao término do mandato dos que devam suceder, cinquenta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um
aplicadas as regras do Art. 77, no caso de Mu- milhão e quinhentos mil) habitantes;
nicípios com mais de duzentos mil eleitores;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Mu-
III. Posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de nicípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quin-
janeiro do ano subsequente ao da eleição; hentos mil) habitantes e de até 1.800.000 (um
IV. Para a composição das Câmaras Municipais, será milhão e oitocentos mil) habitantes;
observado o limite máximo de: q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Mu-
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até nicípios de mais de 1.800.000 (um milhão e oi-
15.000 (quinze mil) habitantes; tocentos mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de milhões e quatrocentos mil) habitantes;
mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Mu-
30.000 (trinta mil) habitantes; nicípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com quatrocentos mil) habitantes e de até 3.000.000
mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até (três milhões) de habitantes;
50.000 (cinquenta mil) habitantes; s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Mu-
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de nicípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de
mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões)
até 80.000 (oitenta mil) habitantes; de habitantes;
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Mu-
de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de nicípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões)
até 120.000 (cento e vinte mil) habitantes; de habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões)
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de habitantes;
de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Mu-
e de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; nicípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de
de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) ha- habitantes;
bitantes e de até 300.000 (trezentos mil) habi- v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Mu-
tantes; nicípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de
de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e habitantes;
de até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Mu-
habitantes; nicípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de através de manifestação de, pelo menos, cinco por
habitantes; e cento do eleitorado;
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Mu- XIV. Perda do mandato do Prefeito, nos termos do
nicípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de Art. 28, parágrafo único.
habitantes; Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
V. Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e ex-
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa cluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
da Câmara Municipal, observado o que dispõem os os seguintes percentuais, relativos ao somatório da re-
Arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; ceita tributária e das transferências previstas no § 5º do
VI. O subsídio dos Vereadores será fixado pelas re- Art. 153 e nos Arts. 158 e 159, efetivamente realizado no
spectivas Câmaras Municipais em cada legislatura exercício anterior:
para a subsequente, observado o que dispõe esta IX. 7% (sete por cento) para Municípios com popu-
Constituição, observados os critérios estabelecidos lação de até 100.000 (cem mil) habitantes;
na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites X. 6% (seis por cento) para Municípios com popu-
máximos: lação entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezen-
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o tos mil) habitantes;
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá XI. 5% (cinco por cento) para Municípios com
a vinte por cento do subsídio dos Deputados Es- população entre 300.001 (trezentos mil e um) e
taduais; 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquen- XII. 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cen-
ta mil habitantes, o subsídio máximo dos Ver- to) para Municípios com população entre 500.001
eadores corresponderá a trinta por cento do sub- (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões)
sídio dos Deputados Estaduais; de habitantes;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem XIII. 4% (quatro por cento) para Municípios com
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e
corresponderá a quarenta por cento do subsídio
8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
dos Deputados Estaduais;
XIV. 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cen-
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos
to) para Municípios com população acima de
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
8.000.001 (oito milhões e um) habitantes.
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio
dos Deputados Estaduais; §1º - A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
por cento de sua receita com folha de pagamento, in-
e) em Municípios de trezentos mil e um a

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quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo cluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
dos Vereadores corresponderá a sessenta por §2º - Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; Municipal:
f) em Municípios de mais de quinhentos mil I. Efetuar repasse que supere os limites definidos
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores neste artigo;
corresponderá a setenta e cinco por cento do II. Não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
subsídio dos Deputados Estaduais; III. Enviá-lo a menor em relação à proporção fixada
VII. O total da despesa com a remuneração dos na Lei Orçamentária.
Vereadores não poderá ultrapassar o montante de §3º - Constitui crime de responsabilidade do Presi- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cinco por cento da receita do Município; dente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste
VIII. Inviolabilidade dos Vereadores por suas artigo.
opiniões, palavras e votos no exercício do manda- Alguns alunos acham que a banca jamais questionaria isso
to e na circunscrição do Município; em prova. Não é o que se tem visto. As questões de prova que
IX. Proibições e incompatibilidades, no exercício abordam esses artigos exigem do candidato uma grande ca-
da vereança, similares, no que couber, ao disposto pacidade de memorização, como no exemplo a seguir:
nesta Constituição para os membros do Congresso Mesmo sendo dotada de autonomia federativa, sua orga-
Nacional e na Constituição do respectivo Estado nização possui algumas limitações impostas pela própria Con-
para os membros da Assembleia Legislativa; stituição. Entre essas limitações, deve-se destacar a ausência
X. Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de de Poder Judiciário no âmbito municipal, cuja função jurisdi-
Justiça; cional é exercida pelos órgãos do Judiciário Federal e Estadual.
XI. Organização das funções legislativas e fiscaliza- É importante lembrar que não existe representante municipal
doras da Câmara Municipal; no Congresso Nacional.
XII. Cooperação das associações representativas A Constituição permite que sejam criados novos mu-
no planejamento municipal; nicípios, conforme as regras estabelecidas no Art. 18, § 4º:
XIII. Iniciativa popular de projetos de lei de interes- Art. 18, § 4º - A criação, a incorporação, a fusão e o 247
se específico do Município, da cidade ou de bairros, desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei es-
tadual, dentro do período determinado por Lei Com- lembrar que o DF não possui competência para organizar e
248 plementar Federal, e dependerão de consulta prévia, manter as Polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros Militar,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios en- o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública.
volvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Nesses casos, a competência foi conferida à União:
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Art. 32, § 4º - Lei federal disporá sobre a utilização,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Perceba que as regras são um pouco diferentes das pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e
necessárias para a criação de Estados. A primeira coisa que militar e do corpo de bombeiros militar.
deve ser lembrada é que a criação será por Lei Ordinária Es- Art. 21. Compete à União:
tadual, desde que haja autorização emanada de Lei Comple-
XIII. Organizar e manter o Poder Judiciário, o
mentar Federal. As populações diretamente envolvidas na
Ministério Público e a Defensoria Pública do Distri-
modificação devem ser consultadas por meio de plebiscito.
to Federal e dos Territórios;
E, por último, não se pode esquecer a exigência de Estudo de
Viabilidade Municipal. Para prova, memorize essas condições. XIV. Organizar e manter a polícia civil, a polícia
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
Um fato curioso é que apesar de não existir ainda uma
Lei Complementar Federal autorizando o período de criação Federal, bem como prestar assistência financeira
de Municípios, vários Municípios foram criados na vigência de ao Distrito Federal para a execução de serviços pú-
Constituição Federal, o que obrigou o Congresso Nacional a blicos, por meio de fundo próprio.
aprovar a Emenda Constitucional nº 57/2008, que acrescentou Por fim, é importante lembrar que o Distrito Federal não se
o Art. 96 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias confunde com Brasília. Isso é facilmente percebido pela leitura
(ADCT), convalidando a criação dos Municípios até 31 de do Art. 18:
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dezembro de 2006: Art. 18. A organização político-administrativa da


Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, República Federativa do Brasil compreende a União,
incorporação e desmembramento de Municípios, cuja os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, autônomos, nos termos desta Constituição.
atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do § 1º - Brasília é a Capital Federal.
respectivo Estado à época de sua criação. O Distrito Federal é ente federativo, ao passo que Brasília
é a Capital Federal. Sob a ótica da organização administrativa
Distrito Federal do DF, pode-se afirmar que Brasília é uma das Regiões Ad-
Se questionarem se o Distrito Federal é um Estado ou é um ministrativas do Distrito Federal, haja vista não poder o DF ser
Município, a resposta será: “O Distrito Federal não é Estado nem dividido em municípios.
Município, é Distrito Federal.”
A Constituição Federal afirma que o Distrito Federal é ente Competências dos Entes Federativos
federativo assim como a União, os Estados e os Municípios.
Como já foi visto, entre os entes federativos não existe hi-
Esse ente federativo é conhecido pela sua autonomia e por sua
erarquia. Mas o que diferencia um ente federativo do outro? A
competência híbrida. Quando se fala em competência híbrida,
diferença está na distribuição das competências pela Constitu-
quer-se dizer que o DF pode exercer competências tanto de
Estado quanto de Município: ição. Cada ente federativo possui sua parcela de responsabili-
dades estabelecidas dentro da Constituição Federal.
Art. 32, § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as
competências legislativas reservadas aos Estados e Para a fixação dessas competências, a Constituição fez uso
Municípios. do Princípio da Predominância de Interesse. Esse princípio de-
fine a abrangência das competências de cada ente com base
Caracteriza a sua autonomia o fato de poder criar a sua
na predominância de interesse. Para a União, em regra, foram
própria Lei Orgânica, bem como a existência do Poder Executi-
previstas competências de interesse geral, de toda a coletivi-
vo (Governador), Legislativo (Câmara Legislativa) e Judiciário
(Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios): dade. Para os Estados, a Constituição reservou competências
de interesse regional. Aos Municípios, competências de inter-
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu- esse local. E, por fim, ao Distrito Federal, foram reservadas
nicípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
competências de interesse local e regional, razão pela qual a
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
doutrina chama de competência híbrida.
por dois terços da Câmara Legislativa, que a promul-
gará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Con- As competências são classificadas em dois tipos:
stituição. Competências Materiais ou Administrativas;
§ 2º - A eleição do Governador e do Vice-Governador, ob- Competências Legislativas.
servadas as regras do Art. 77, e dos Deputados Distritais As competências materiais ou administrativas são aquelas
coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estadu- que preveem ações a serem desempenhadas pelos entes fed-
ais, para mandato de igual duração. erativos.
§ 3º - Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa As competências legislativas estão relacionadas com a ca-
aplica-se o disposto no Art. 27. pacidade que um ente federativo possui de criar leis, inovar
Como se pode depreender da leitura do artigo, a autono- o ordenamento jurídico. Primeiramente, serão analisadas as
mia do DF possui algumas limitações, por exemplo, a vedação competências administrativas de todos os entes federativos.
da sua divisão em Municípios. Nesse mesmo sentido, deve-se De início, será abordada a União.
Competências Administrativas Federal, bem como prestar assistência financeira
A União possui duas formas de competências materiais: Ex- ao Distrito Federal para a execução de serviços pú-
clusiva e Comum. As competências exclusivas estão previstas no blicos, por meio de fundo próprio;
Art. 21 da Constituição Federal: XV. Organizar e manter os serviços oficiais de es-
Art. 21. Compete à União: tatística, geografia, geologia e cartografia de âm-
I. Manter relações com Estados estrangeiros e par- bito nacional;
ticipar de organizações internacionais; XVI. Exercer a classificação, para efeito indicativo,
II. Declarar a guerra e celebrar a paz; de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão;
III. Assegurar a defesa nacional;
XVII. Conceder anistia;
IV. Permitir, nos casos previstos em lei comple-
mentar, que forças estrangeiras transitem pelo XVIII. Planejar e promover a defesa permanente
território nacional ou nele permaneçam temporar- contra as calamidades públicas, especialmente as
iamente; secas e as inundações;
V. Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e XIX. Instituir sistema nacional de gerenciamento
a intervenção federal; de recursos hídricos e definir critérios de outorga
de direitos de seu uso;
VI. Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio
de material bélico; XX. Instituir diretrizes para o desenvolvimento
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
VII. Emitir moeda;
transportes urbanos;
VIII. Administrar as reservas cambiais do País e
XXI. Estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
fiscalizar as operações de natureza financeira, es-
ma nacional de viação;
pecialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
como as de seguros e de previdência privada; XXII. Executar os serviços de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras;
IX. Elaborar e executar planos nacionais e regionais
de ordenação do território e de desenvolvimento XXIII. Explorar os serviços e instalações nucleares
econômico e social; de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
X. Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e re-
processamento, a industrialização e o comércio de
XI. Explorar, diretamente ou mediante autorização, minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
concessão ou permissão, os serviços de telecomu- seguintes princípios e condições:
nicações, nos termos da lei, que disporá sobre a

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organização dos serviços, a criação de um órgão Essas competências são exclusivas, pois a União exclui a
regulador e outros aspectos institucionais; possibilidade de outro ente federativo realizá-la. Por isso, diz-
se que são indelegáveis. Só a União pode fazer.
XII. Explorar, diretamente ou mediante autor-
A outra competência material da União é a comum. Ela é
ização, concessão ou permissão:
comum a todos os entes federativos, União, Estados, Distrito
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de Federal e Municípios. Vejamos o que diz o Art. 23:
sons e imagens; Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
b) os serviços e instalações de energia elétri- do Distrito Federal e dos Municípios:
ca e o aproveitamento energético dos cursos de I. Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
água, em articulação com os Estados onde se instituições democráticas e conservar o patrimônio
situam os potenciais hidroenergéticos; público;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a in- II. Cuidar da saúde e assistência pública, da
fraestrutura aeroportuária;
proteção e garantia das pessoas portadoras de
d) os serviços de transporte ferroviário e deficiência;
aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
III. Proteger os documentos, as obras e outros bens
nacionais, ou que transponham os limites de Es-
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
tado ou Território;
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
e) os serviços de transporte rodoviário inter- arqueológicos;
estadual e internacional de passageiros;
IV. Impedir a evasão, a destruição e a descaracter-
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; ização de obras de arte e de outros bens de valor
XIII. Organizar e manter o Poder Judiciário, o histórico, artístico ou cultural;
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territóri- V. Proporcionar os meios de acesso à cultura, à ed-
os e a Defensoria Pública dos Territórios. ucação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à in-
XIV. Organizar e manter a polícia civil, a polícia ovação; (Redação dada pela Emenda Constitucio- 249
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito nal nº 85, de 2015)
VI. Proteger o meio ambiente e combater a polu- VIII. Promover, no que couber, adequado ordena-
250 ição em qualquer de suas formas; mento territorial, mediante planejamento e con-
VII. Preservar as florestas, a fauna e a flora; trole do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano;
VIII. Fomentar a produção agropecuária e organi-
IX. Promover a proteção do patrimônio históri-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

zar o abastecimento alimentar;


co-cultural local, observada a legislação e a ação
IX. Promover programas de construção de mora- fiscalizadora federal e estadual.
dias e a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico; No âmbito das competências administrativas, temos as
competências do Distrito Federal que são chamadas de híbri-
X. Combater as causas da pobreza e os fatores de das. O DF pode fazer tudo o que for de competência dos Esta-
marginalização, promovendo a integração social dos ou dos Municípios.
dos setores desfavorecidos;
XI. Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões Competências Legislativas
de direitos de pesquisa e exploração de recursos Vejamos agora as competências legislativas de cada ente
hídricos e minerais em seus territórios; federativo. Primeiramente, no que diz respeito às competên-
XII. Estabelecer e implantar política de educação cias legislativas da União, elas podem ser privativas ou con-
para a segurança do trânsito. correntes.
As competências privativas da União estão previstas no
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
Art. 22 da Constituição Federal e possuem como característica
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
principal a possibilidade de delegação mediante Lei Comple-
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Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do


mentar aos Estados:
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
Agora vejamos as competências materiais dos Estados. A
I. Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
primeira de que já se falou, é a competência comum prevista no agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do tra-
Art. 23, analisada anteriormente. balho;
Os Estados também possuem a chamada competência re- II. Desapropriação;
sidual, reservada ou remanescente. Está prevista no Art. 25, §
III. Requisições civis e militares, em caso de imi-
1º, o qual cita que estão reservadas aos Estados as competên-
nente perigo e em tempo de guerra;
cias que não lhe sejam vedadas pela Constituição. Significa
dizer que os Estados poderão fazer tudo aquilo que não for IV. Águas, energia, informática, telecomunicações
competência da União ou do Município: e radiodifusão;
Art. 25, § 1º - São reservadas aos Estados as compe- V. Serviço postal;
tências que não lhes sejam vedadas por esta Consti- VI. Sistema monetário e de medidas, títulos e ga-
tuição. rantias dos metais;
VII. Política de crédito, câmbio, seguros e trans-
Em relação às competências administrativas dos Mu- ferência de valores;
nicípios, a Constituição previu duas espécies: Comum e
Exclusiva. A competência comum está prevista no Art. 23 e VIII. Comércio exterior e interestadual;
já foi vista anteriormente. A competência exclusiva está no IX. Diretrizes da política nacional de transportes;
Art. 30, III a IX da Constituição: X. Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
marítima, aérea e aeroespacial;
Art. 30. Compete aos Municípios:
XI. Trânsito e transporte;
III. Instituir e arrecadar os tributos de sua competên- XII. Jazidas, minas, outros recursos minerais e met-
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da alurgia;
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balan-
cetes nos prazos fixados em lei; XIII. Nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV. Populações indígenas;
IV. Criar, organizar e suprimir distritos, observada a
XV. Emigração e imigração, entrada, extradição e
legislação estadual;
expulsão de estrangeiros;
V. Organizar e prestar, diretamente ou sob regime XVI. Organização do sistema nacional de emprego e
de concessão ou permissão, os serviços públicos de condições para o exercício de profissões;
interesse local, incluído o de transporte coletivo, XVII. Organização judiciária, do Ministério Público
que tem caráter essencial; do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
VI. Manter, com a cooperação técnica e financeira da Pública dos Territórios, bem como organização ad-
União e do Estado, programas de educação infantil e de ministrativa destes;
ensino fundamental; XVIII. Sistema estatístico, sistema cartográfico e de
VII. Prestar, com a cooperação técnica e financeira geologia nacionais;
da União e do Estado, serviços de atendimento à XIX. Sistemas de poupança, captação e garantia da
saúde da população; poupança popular;
XX. Sistemas de consórcios e sorteios; XVI. Organização, garantias, direitos e deveres das
XXI. Normas gerais de organização, efetivos, mate- polícias civis.
rial bélico, garantias, convocação e mobilização das § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a com-
polícias militares e corpos de bombeiros militares; petência da União limitar-se-á a estabelecer normas
XXII. Competência da polícia federal e das polícias gerais.
rodoviária e ferroviária federais; § 2º - A competência da União para legislar sobre nor-
XXIII. Seguridade social; mas gerais não exclui a competência suplementar dos
XXIV. Diretrizes e bases da educação nacional; Estados.
XXV. Registros públicos; § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es-
XXVI. Atividades nucleares de qualquer nature- tados exercerão a competência legislativa plena, para
za; atender a suas peculiaridades.
XXVII. Normas gerais de licitação e contratação, em § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas
todas as modalidades, para as administrações públi- gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
cas diretas, autárquicas e fundacionais da União, for contrário.
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o No âmbito das competências concorrentes, algumas re-
disposto no Art. 37, XXI, e para as empresas públicas gras são fundamentais para a prova. Aqui, a participação da
e sociedades de economia mista, nos termos do Art. União é no sentido de fixar normas gerais, ficando os Estados
173, § 1º, III; com a competência de suplementar a legislação federal. Caso
XXVIII. Defesa territorial, defesa aeroespacial, def- a União não legisle sobre determinada matéria de competên-
esa marítima, defesa civil e mobilização nacional; cia concorrente, nasce para o Estado o direito de legislar de
XXIX. Propaganda comercial. forma plena sobre a matéria. Contudo, resolvendo a União
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os legislar sobre matéria já regulada pelo Estado, a lei estadual
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias ficará com sua eficácia suspensa pela lei federal nos pontos
relacionadas neste artigo. discordantes. Deve-se ter cuidado com esse último ponto. Não
As competências concorrentes, previstas no Art. 24 da ocorre revogação da lei estadual pela lei federal, haja vista não
Constituição, podem ser exercidas de forma concorrentes existir hierarquia entre leis de entes federativos distintos. O
pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal. Atenção: que ocorre, como bem explicitou a Constituição Federal, é a
Município não possui competência concorrente. Vejamos o suspensão da eficácia.
que diz o citado artigo: Quanto às competências dos Estados, há as seguintes es-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito pécies: residual, por delegação da União, concorrente suple-
Federal legislar concorrentemente sobre: mentar e expressa.

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I. Direito tributário, financeiro, penitenciário, A competência residual dos Estados é também chamada de
econômico e urbanístico; competência remanescente ou reservada. Está prevista no Art.
II. Orçamento; 25, § 1º, o qual prevê que aos Estados serão reservadas todas
III. Juntas comerciais; as competências que não sejam previstas a União ou aos Mu-
IV. Custas dos serviços forenses; nicípios. Deve-se lembrar que esse dispositivo fundamenta tan-
V. Produção e consumo; to as competências materiais quanto as legislativas:
VI. Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da Art. 25, § 1º - São reservadas aos Estados as competên-
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, cias que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
proteção do meio ambiente e controle da poluição; Outra competência dos Estados é a por delegação da NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VII. Proteção ao patrimônio histórico, cultural, União, que decorre da possibilidade de serem delegadas as
artístico, turístico e paisagístico; competências privativas da União mediante Lei Complemen-
VIII. Responsabilidade por dano ao meio am- tar. Encontra-se prevista no Art. 22, parágrafo único:
biente, ao consumidor, a bens e direitos de valor Art. 22, Parágrafo único. Lei complementar poderá
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; autorizar os Estados a legislar sobre questões específi-
IX. Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, cas das matérias relacionadas neste artigo.
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; Temos ainda as competências concorrentes suplemen-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, tares previstas no Art. 24, § 2º da CF. Essas suplementam a
de 2015) competência legislativa da União no âmbito das competências
X. Criação, funcionamento e processo do juizado concorrentes permitindo, inclusive, que os Estados legislem de
de pequenas causas; forma plena quando não existir lei federal sobre o assunto:
XI. Procedimentos em matéria processual; Art. 24, § 2º - A competência da União para legislar
XII. Previdência social, proteção e defesa da saúde; sobre normas gerais não exclui a competência suple-
XIII. Assistência jurídica e Defensoria pública; mentar dos Estados.
XIV. Proteção e integração social das pessoas por- § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es-
tadoras de deficiência; tados exercerão a competência legislativa plena, para 251
XV. Proteção à infância e à juventude; atender a suas peculiaridades.
Há também as competências expressas dos Estados, as Não se deve confundir as competências comuns com as
252 quais podem ser encontradas nos Art. 18, § 4º e 25, §§ 2º e 3º concorrentes. Competência comum é comum a todos os entes
da Constituição Federal: e é administrativa. Competência concorrente é só para União,
Art. 18, § 4º - A criação, a incorporação, a fusão e Estados e o DF além de ser legislativa. Município tem com-
o desmembramento de Municípios, far-se-ão por petência comum, mas não tem concorrente.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

lei estadual, dentro do período determinado por Lei


Competências Administrativas
Complementar Federal, e dependerão de consulta (Materiais)
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu-
nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de União
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na
Exclusiva (Art. 21)
forma da lei. Comum (Art. 23)
Art. 25, § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente,
ou mediante concessão, os serviços locais de gás ca- Estados
nalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida Comum (Art. 23)
provisória para a sua regulamentação. Residual, reservada, remanescente (Art. 25 § 1º)
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complemen- Municípios
tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações ur-
banas e microrregiões, constituídas por agrupamentos Comum (Art. 23)
de municípios limítrofes, para integrar a organização, Exclusiva (Art. 30, III-IX)
o planejamento e a execução de funções públicas de Distrito Federal
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interesse comum.
Competência híbrida
Para os Municípios, a Constituição previu dois tipos de
competência legislativa: exclusiva e suplementar. A legislati- Competências Legislativas
va exclusiva dos Municípios está prevista no Art. 30, I, o qual
menciona que os Municípios possuem competência para legis- União
lar sobre assuntos de interesse local: Privativa (Art. 22)
Art. 30. Compete aos Municípios: Concorrente (Art. 24)
I. Legislar sobre assuntos de interesse local. Estados
A competência legislativa suplementar está prevista no Art.
30, II, o qual permite aos Municípios legislar de forma suplementar Concorrente suplementar (Art. 24)
Residual, reservada, remanescente (Art. 25, § 1º)
a Legislação Federal e Estadual: Por delegação da União (Art. 22, § Único)
Art. 30. Compete aos Municípios: Expressos (Art. 25, § 2º e 3º)
II. Suplementar a legislação federal e a estadual no
que couber. Municípios
Por fim, nós há a competência legislativa do Distrito Fed- Exclusiva (Art. 30, I)
eral que, conforme já dito, é híbrida, permitindo ao DF leg- Suplementar ao Estado (Art. 30, II)
islar sobre as matérias de competência dos Estados e dos
Distrito Federal
Municípios. Apesar dessa competência ampla, a Constituição
resolveu estabelecer algumas limitações a sua autonomia leg- Competência híbrida (Estados e Municípios)
islativa excluindo algumas matérias de sua competência. Se-
gundo o Art. 21, XIII e XIV da CF, o Distrito Federal não possui
competência para organizar e legislar sobre alguns dos seus Intervenção
órgãos: Poder Judiciário, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros A Constituição Federal está assentada no princípio federa-
Militar e Polícia Civil. tivo como forma de Estado adotada no Brasil. O fato de sermos
Art. 21. Compete à União: uma federação reflete inúmeras características, dentre as quais
XIII. Organizar e manter o Poder Judiciário, o se destaca a autonomia de cada ente federativo. A autonomia
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territóri- é atributo inerente aos entes federativos que exclui a possib-
os e a Defensoria Pública dos Territórios. ilidade de hierarquia entre os mesmos bem como a possibili-
XIV. Organizar e manter a polícia civil, a polícia mili- dade de intervenção de um ente federativo no outro.
tar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Feder- A regra constitucional é a da não intervenção. Contudo, ex-
al, bem como prestar assistência financeira ao Distri- cepcionalmente, a Constituição Federal previu hipóteses taxativas
to Federal para a execução de serviços públicos, por que permitem a um ente federativo intervir em outro ente em
meio de fundo próprio; situações que visem à preservação da unidade do pacto federati-
Diante deste estudo, algumas conclusões são muito úteis vo, a garantia da soberania nacional e de princípios fundamentais.
para a prova: A União poderá intervir nos Estados e no Distrito Federal e
Não se deve confundir as competências exclusivas com as os Estados poderão intervir em seus Municípios. A União não
privativas da União. Competência exclusiva é administrativa e pode intervir em município, salvo se for um município perten-
indelegável. Competência privativa é legislativa e delegável. cente a Território Federal. Destaca-se, novamente, que a possi-
bilidade de intervenção é uma exceção e só poderá ocorrer nas A intervenção Federal espontânea, ou de ofício, é aquela
hipóteses taxativamente elencadas na Constituição Federal. em que o Chefe do Poder Executivo, de forma discricionária,
Outra regra comum às intervenções é que a competência decreta a intervenção independentemente de provocação de
outros órgãos. A decretação de ofício ocorrerá nas hipóteses
para decretá-las é exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Se a
previstas nos incisos I, II, III e do Art. 34:
intervenção é federal, a competência para decretar é do Presi-
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
dente da República. Se a intervenção é estadual, a competên- trito Federal, exceto para:
cia é do Governador de Estado. I. Manter a integridade nacional;
A seguir serão abordados as espécies de intervenção. II. Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade
Intervenção Federal da Federação em outra;
A intervenção federal é a intervenção da União nos Esta- III. Pôr termo a grave comprometimento da ordem
pública.
dos ou nos Municípios pertencentes aos Territórios Federais e
A intervenção federal provocada é aquela que depende da
será decretada pelo Presidente da República.
provocação dos órgãos legitimados pela Constituição Federal,
Como dito anteriormente, a possibilidade de intervenção conforme o Art. 36:
federal constitui exceção prevista em rol taxativo, conforme Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
disposto no Art. 34: I. No caso do Art. 34, IV, de solicitação do Poder
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis- Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou im-
trito Federal, exceto para: pedido, ou de requisição do Supremo Tribunal
I. Manter a integridade nacional; Federal, se a coação for exercida contra o Poder
II. Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade Judiciário;
da Federação em outra; II. No caso de desobediência a ordem ou decisão
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Fed-
III. Pôr termo a grave comprometimento da ordem eral, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal
pública; Superior Eleitoral;
IV. Garantir o livre exercício de qualquer dos Pode- III. De provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,
res nas unidades da Federação; de representação do Procurador-Geral da República,
V. Reorganizar as finanças da unidade da Feder- na hipótese do Art. 34, VII, e no caso de recusa à ex-
ação que: ecução de lei federal.
A provocação se dá por meio de solicitação ou requisição.
a) suspender o pagamento da dívida fundada
A solicitação não obriga o Presidente da República a decre-
por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo

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tar a medida, ao contrário da requisição, que está revestida
de força maior; de obrigatoriedade na qual caberá ao Presidente apenas ex-
b) deixar de entregar aos Municípios receitas ecutá-la.
tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos A decretação de intervenção federal por solicitação ocor-
prazos estabelecidos em lei; rerá na hipótese do Art. 34, IV, a qual compete ao Poder Exec-
VI. Prover a execução de lei federal, ordem ou de- utivo ou Legislativo das Unidades da Federação solicitar a ex-
ecução da medida quando se acharem coagidos ou impedidos
cisão judicial;
de executarem suas atribuições constitucionais.
VII. Assegurar a observância dos seguintes A decretação de intervenção federal por requisição ocor-
princípios constitucionais: rerá nas hipóteses previstas no Art. 34, IV, VI e VII. No inciso
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) forma republicana, sistema representativo IV, a requisição caberá ao Supremo Tribunal Federal quando
e regime democrático; a coação for exercida contra o Poder Judiciário. No inciso VI, a
b) direitos da pessoa humana; requisição virá do STF, STJ ou do TSE quando houver desobe-
diência de ordem judicial. E no inciso VI e VII a requisição será
c) autonomia municipal; do Supremo quando houver representação interventiva feita
d) prestação de contas da administração pelo Procurador Geral da República nos casos de recusa de ex-
pública, direta e indireta; ecução de lei federal ou ofensa aos princípios sensíveis.
e) aplicação do mínimo exigido da receita re- O decreto interventivo especificará todas as condições em
sultante de impostos estaduais, compreendida a que ocorrerá a medida e terá eficácia imediata após a sua de-
proveniente de transferências, na manutenção e cretação pelo Presidente da República. Após sua decretação,
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços a medida será submetida a apreciação do Congresso Nacional
no prazo de 24 horas:
públicos de saúde.
Art. 36, § 1º - O decreto de intervenção, que especifi-
A partir desse artigo, a doutrina classificou a intervenção cará a amplitude, o prazo e as condições de execução e
federal em dois tipos: que, se couber, nomeará o interventor, será submetido
Intervenção Federal Espontânea; à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia 253
Intervenção Federal Provocada. Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional II. Não forem prestadas contas devidas, na forma
254 ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação ex- da lei;
traordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. III. Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re-
Caberá ao Congresso Nacional aprovar ou suspender a ex- ceita municipal na manutenção e desenvolvimento
ecução da Intervenção:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;


Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Na-
cional: IV. O Tribunal de Justiça der provimento a represen-
IV. Aprovar o estado de defesa e a intervenção tação para assegurar a observância de princípios
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender indicados na Constituição Estadual, ou para prover
qualquer uma dessas medidas. a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Nas hipóteses de intervenção decretada por requisição do Devem ser atendidos os mesmos requisitos da Inter-
Poder Judiciário previstas no Art. 34, VI e VII, a Constituição venção Federal: temporariedade, controle político pelo leg-
dispensou a necessidade e apreciação do Congresso Nacional, islativo e decreto do Chefe do Executivo.
destacando que, nesses casos, o decreto limitar-se-á a sus- Na hipótese do inciso IV, a intervenção dependerá de
pensão do ato impugnado, caso essa medida seja suficiente
para conter a crise. Se a mera suspensão do ato não resta- representação interventiva do Procurador-Geral de Justiça,
belecer a normalidade, poderão ser adotadas outras medidas sendo dispensada a apreciação da Assembleia Legislativa.
com o mesmo objetivo: Segundo o STF, essa decisão do Tribunal de Justiça que au-
Art. 36, § 3º - Nos casos do Art. 34, VI e VII, ou do Art. toriza a intervenção do Estado no Município possui nature-
35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional za político-administrativa e tem caráter definitivo, sendo
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ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a insuscetível de recurso extraordinário para o STF1.
suspender a execução do ato impugnado, se essa medi-
da bastar ao restabelecimento da normalidade. ANOTAÇÕES
Não podemos esquecer que nos casos de intervenção es-
pontânea ou provocada por solicitação, o Presidente deverá
consultar, antes da decretação, o Conselho da República e o
Conselho da Defesa Nacional que emitirão parecer opinativo
sobre a situação:
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronun-
ciar-se sobre:
V. Intervenção federal, estado de defesa e estado
de sítio;
Art. 91, § 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
II. Opinar sobre a decretação do estado de def-
esa, do estado de sítio e da intervenção federal.
Cessando a crise, a ordem será restabelecida, inclusive
com o retorno das autoridades públicas afastadas, caso não
possuam outra incompatibilidade:
§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autori-
dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal.
Apesar de a Constituição Federal não mencionar sobre a
possibilidade de controle judicial da Intervenção, seria possível
que ocorresse este controle caso os limites constitucionais es-
tabelecidos fossem desrespeitados. Ressalta-se que contra a
Intervenção em si não cabe atuação do Poder Judiciário, con-
siderando ser essa uma medida de natureza política.
Intervenção Estadual
A intervenção estadual poderá ocorrer nos Municípios lo-
calizados em seu território mediante decreto do Governador
do Estado nas hipóteses previstas no Art. 35:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,
nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
I. Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, 1 Súmula 637 do STF: não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal
por dois anos consecutivos, a dívida fundada; de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município.
9. Administração Pública União

Antes de iniciar este estudo sobre a Administração


Estados
Pública, definida nos Art. 37 ao 43 da Constituição Federal,
Direta
é importante esclarecer que o tema analisado aqui é devid-
Distrito Federal
amente estudado de forma mais aprofundada na disciplina

Administração Pública
de Direito Administrativo. A missão deste estudo é apre-
Objetiva (ativi- Municípios
sentar os mais importantes temas acerca da Administração dade)
Pública, sob a ótica do texto constitucional.
Autarquias
Subjetiva
Conceito (sujeitos)
Fundações
Primeiramente, faz-se necessário conceituar a Adminis-
tração Pública, remetendo ao caput do Art. 37, CF. Indireta Sociedades de
Art. 37. A administração pública direta e indireta de Economia Mista

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-


to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Empresas Públicas
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: Segundo a Constituição Federal, a Administração Pública,
seja ela direta ou indireta, pertencente a qualquer dos Pode-
Neste primeiro momento, deve-se entender que al- res, deverá obedecer aos princípios da Legalidade, Impessoal-
guns termos que aparecem no Art. 37. O conceito da Ad- idade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, os quais serão
ministração Pública deve ser visto sob dois aspectos. Sob estudados agora.
a perspectiva objetiva, a Administração Pública constitui a Princípios Expressos da Ad-
atividade desenvolvida pelo poder público, que tem como ministração Pública
função a satisfação do interesse público. Sob a perspectiva Os princípios que regem a Administração Pública são
subjetiva, Administração Pública é o conjunto de órgãos e verdadeiros parâmetros que orientam o desenvolvimento

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pessoas jurídicas que desempenham a atividade adminis- da atividade administrativa, os quais são de observância
obrigatória. A Administração é regida por princípios expres-
trativa. Interessa aqui conhecer a Administração Pública
sos e princípios implícitos. Primeiramente vamos analisar os
sob essa última perspectiva, a qual se classifica em Admin- princípios expressos no texto constitucional, que são: Legal-
istração Direta e Indireta. idade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
A Administração Pública Direta é formada por pessoas Legalidade
jurídicas de direito público, ou pessoas políticas, entes que Esse é o primeiro princípio expresso na Constituição Fed-
possuem personalidade jurídica e autonomia própria. São eral para a Administração Pública. Para se entender o Princípio NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
da Legalidade, é preciso analisar suas duas acepções: a legal-
entes da Administração Pública Direta a União, os Estados,
idade em relação aos particulares e a legalidade em relação à
o Distrito Federal e os Municípios. Esses entes são pessoas Administração Pública.
jurídicas de Direito Público que exercem as atividades ad- Para os particulares, a legalidade remete ao Art. 5º da
ministrativas por meio dos órgãos e agentes pertencentes Constituição: significa que ele poderá fazer tudo o que não for
proibido por lei, conforme já previa o Art. 5º, II da Constituição
aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Os órgãos Federal:
não são dotados de personalidade jurídica própria, pois II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
agem em nome da pessoa jurídica a qual estão vinculados. alguma coisa senão em virtude de lei.
A Administração Pública Indireta é formada por pessoas Já em relação à Administração Pública, a legalidade impõe
uma conduta mais rigorosa exigindo que se faça apenas o
jurídicas próprias, de direito público ou privado, que execu- que estiver determinado por lei ou que seja permitido pela
tam atividades do Estado por meio da descentralização ad- lei: quando se fala em lei, trata-se daquela em sentido estri-
ministrativa. São os entes da Administração Indireta as Au- to, ou em sentido formal, porque há exceções à aplicação do
Princípio da Legalidade que já apareceram em prova, como a
tarquias, Fundações Públicas, Sociedades de Economia Mista Medida Provisória, o Estado de Defesa e o Estado de Sítio; por 255
e Empresas Públicas. isso, esse princípio não deve ser encarado de forma absoluta.
A Medida Provisória é exceção, pois é ato emitido pelo Moralidade
256 chefe do Poder Executivo, porque com sua publicação já pro-
duz efeitos na sociedade; em seguida, temos os sistemas con- Não é possível se definir o que é, mas é possível com-
stitucionais de crises, sendo exceções, porque o decreto que preender por meio da interpretação das normas. Esse princípio
rege essas medidas prevê algumas situações excepcionais, prevê que o administrador deve agir conforme os fins públi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

com amparo constitucional, então são exceções à legalidade, cos. Por esse princípio, ao administrador não basta fazer tudo
mas com fundamento constitucional. O agente público, ao conforme a lei. É importante o faça de boa-fé, respeitando os
agir, deverá pautar sua conduta segundo a lei. preceitos éticos, com probidade e justiça. E aqui não se fala em
moral comum, mas em uma moral jurídica ou política.
Impessoalidade A não observância do referido princípio poderá ser com-
Esse princípio exige do administrador uma postura isen- batida por meio da Ação Popular, conforme prevê o Art. 5º,
ta de interesses pessoais. Ele não poderá agir com o fim de LXXIII da CF:
atender suas próprias vontades. Agir de forma impessoal é LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para
agir visando a atender o interesse público. A impessoalidade propor ação popular que vise a anular ato lesivo
deve ser enxergada sob duas perspectivas: finalidade da at- ao patrimônio público ou de entidade de que o
uação administrativa e proibição da promoção pessoal. A im- Estado participe, à moralidade administrativa, ao
pessoalidade deve ser vista sob duas perspectivas: primeiro,
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
a impessoalidade se confunde com o interesse público; se-
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
gundo, a impessoalidade é a proibição da autopromoção, ou
seja, vedação à promoção pessoal. custas judiciais e do ônus da sucumbência.
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A título exemplificativo, para a finalidade da atuação admin- Ressalte-se também que, se o agente público agir em de-
istrativa, que será sempre a satisfação do interesse público em sconformidade com o princípio de moralidade, sua conduta
benefício da coletividade, é que se realizam os concursos públi- poderá ensejar a ação de improbidade administrativa, a qual
cos para contratação de pessoal e licitação para contratação dos é punida nos termos do Art. 37, § 4º:
serviços pela Administração Pública, são formas exigidas por lei § 4º - Os atos de improbidade administrativa impor-
que garantem o referido princípio. Isso impede que o adminis- tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
trador atue satisfazendo seus interesses pessoais. função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
Nesse sentido, fica proibida a vinculação da imagem do sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
administrador a obras e propagandas não se permitindo em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
também a vinculação da sigla do partido. Ressalte-se ainda
o teor da Súmula Vinculante nº 13 do STF, que veda a prática Publicidade
de nepotismo: A publicidade como princípio também poderá ser analisa-
Súmula Vinculante 13. A nomeação de cônjuge, com- da sob duas acepções: a primeira delas é a publicidade como
panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por condição de eficácia do ato administrativo; a segunda, como
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade forma de se garantir a transparência destes mesmos atos.
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, Como condição de eficácia do ato administrativo, a publi-
investido em cargo de direção, chefia ou assessora- cidade muito aparece em prova; o examinador costuma dizer
mento, para o exercício de cargo em comissão ou de que a publicidade é requisito de validade do ato administra-
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Admin- tivo, mas isso é errado, porque validade e eficácia são difer-
istração Pública direta e indireta, em qualquer dos entes. A publicidade é necessária, pois é a forma de tornar
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
conhecido o conteúdo do ato, principalmente se esse ato for
dos municípios, compreendido o ajuste mediante des-
capaz de produzir efeitos externos ou que ensejem ônus para o
ignações recíprocas, viola a Constituição Federal.
patrimônio público. Em regra, a publicidade se dá pelos meios
A impessoalidade também proíbe a promoção pessoal. O de comunicação oficiais, como o Diário Oficial da União.
administrador público não poderá se utilizar da máquina ad-
ministrativa para promover sua própria imagem. Veja o que diz A publicidade também tem a função de garantir a trans-
o Art. 37, § 1º diz: parência do ato administrativo. É uma forma dos administra-
§1º - A publicidade dos atos, programas, obras, dos fiscalizarem a atuação do poder público. Apesar de sua
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter importância, nesse aspecto a publicidade encontra limitação
caráter educativo, informativo ou de orientação so- na própria Constituição que prevê a possibilidade de sigilo dos
cial, dela não podendo constar nomes, símbolos ou atos administrativos todas as vezes que for necessário para
imagens que caracterizem promoção pessoal de au- preservar a segurança da sociedade e do Estado:
toridades ou servidores públicos. XXXIII. Todos têm direito a receber dos órgãos públi-
Notemos que esse parágrafo tem como objetivo trazer de cos informações de seu interesse particular, ou de in-
forma expressa a proibição da vinculação da imagem do agente teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
público com as obras e serviços realizadas durante seu mandato, zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
nesse sentido, já existe proibição da utilização inclusive da sigla aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
do partido. sociedade e do Estado.
Eficiência § 3º - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
O Princípio da Eficiência foi o último incluído no rol dos remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
princípios, em razão da reforma administrativa promovida adequado aproveitamento em outro cargo.
pela Emenda Constitucional nº 19/98. A sua inserção como
§ 4º - Como condição para a aquisição da estabilidade,
princípio expresso está relacionada a necessidade de pro-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
dução de resultados satisfatórios a sociedade. A Adminis-
comissão instituída para essa finalidade.
tração Pública deve ter produtividade em suas atividades
como se fosse iniciativa privada.
Fazer aquilo que a lei
Como forma de garantir uma nova postura na prestação Legalidade determina
dos seus serviços, esse princípio exige que as ações sejam
praticadas com celeridade, perfeição, visando a atingir ótimos
resultados, sempre tendo como destinatário o bem-estar do Agir conforme fins
administrado. A celeridade dos processos encontra-se prevista públicos
no Art. 5º, LXXVIII da CF:
LXXVIII. A todos, no âmbito judicial e administra- Impessoalidade
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- Vedação à pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua moção pessoal
tramitação.

Princípios Expressos
Em respeito ao princípio da eficiência, a Constituição Fed-
eral previu formas de participação do administrado como fiscal
da Administração Pública: Agir conforme ética,
Moralidade
probidade e justiça
Art. 37, § 3º - A lei disciplinará as formas de participação
do usuário na administração pública direta e indireta, reg-
ulando especialmente:
I. As reclamações relativas à prestação dos serviços Condição de eficácia
públicos em geral, asseguradas a manutenção de dos atos
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação Publicidade
periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços; Garantia da transpar-
II. O acesso dos usuários a registros administrativos ência
e a informações sobre atos de governo, observado

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o disposto no Art. 5º, X e XXXIII;
Eficiência Gestão de bons
III. A disciplina da representação contra o exer- resultados
cício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública.
Decorre desse princípio, ainda, a necessidade de avaliação Princípios Implícitos da
de desempenho para concessão da estabilidade ao servidor
público em estágio probatório, bem como a existência da aval-
Administração Pública
iação periódica de desempenho como uma das condições para Além dos princípios expressamente previstos no caput do Art.
perda do cargo nos termos do Art. 41 da CF: 37 da Constituição Federal (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade,
Publicidade e Eficiência), a doutrina elenca outros como princípios
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício
os servidores nomeados para cargo de provimento efe- gerais de direito que decorrem da interpretação constitucional:
tivo em virtude de concurso público. Supremacia do Interesse Público
§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo:
Esse princípio é tido pela doutrina como um dos pilares
I. Em virtude de sentença judicial transitada em do regime jurídico administrativo. Nesse sentido, o Estado
julgado; representa o interesse público ou da coletividade, e a coletiv-
II. Mediante processo administrativo em que lhe idade, em regra, deve prevalecer sobre o interesse privado. A
seja assegurada ampla defesa; Administração Pública, em sua relação com os administrados
III. Mediante procedimento de avaliação periódica tem prevalência sobre o interesse privado.
de desempenho, na forma de lei complementar, O Regime Democrático adotado no Estado brasileiro con-
assegurada ampla defesa. fere à Administração Pública o poder de representar os inter-
§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do esses da sociedade, é nessa relação que vamos desenvolver
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocu- a supremacia do interesse público, que decorre da relação de
pante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori- verticalidade entre o Estado e os particulares.
gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro Esse princípio não goza de caráter absoluto, pois o Estado
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração também age como se fosse particular em suas relações jurídi- 257
proporcional ao tempo de serviço. cas, geralmente econômicas, por exemplo, o Estado não pode
abusar da autoridade estatal sobre os direitos e princípios fun- A melhor forma de verificar a sua utilização prática é no
258 damentais dos administrados, já que esses são os limites da caso concreto. Imagine uma fiscalização sanitária realizada pelo
supremacia do interesse público. poder público em que o administrado é flagrado cometendo um
Decorre desse princípio o poder de império exercido ilícito sanitário, ou seja, encontra um produto com o prazo de
pela Administração Pública, a qual poderá impor sua von- validade vencido. Dependendo da infração cometida, será apli-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tade ao particular de forma coercitiva, podendo inclusive cada uma penalidade administrativa maior ou não. Com a apli-
restringir seus direitos e impor obrigações, como ocorre no cação dos princípios em tela, a penalidade deve ser necessária,
caso da desapropriação e requisição administrativa. Logi- adequada e equivalente à infração cometida. Os princípios ga-
camente, esse princípio não goza de caráter absoluto, não rantem que a sanção aplicada não seja maior que a necessária
tendo aplicabilidade nos atos praticados de mera gestão para atingir o fim proposto pelo poder público. O que se busca é
administrativa ou quando o poder público atua como par- uma adequação entre os meios e os fins necessários, proibindo
ticular nas relações econômicas. o excesso na aplicação das medidas.
Sem dúvida, esses princípios gerais de direito estão entre
Indisponibilidade do Interesse Público os mais utilizados atualmente nas decisões do Supremo Tribu-
Juntamente com a Supremacia do Interesse Público, o nal Federal, pois esses princípios são utilizados nas decisões
princípio da Indisponibilidade do Interesse Público forma a base para se adequar a lei ao caso concreto.
do regime jurídico-administrativo. Por esse princípio, a Admin- Em suma, esses princípios são a adequação dos meios
istração Pública não pode ser vista como dona da coisa pública, com a finalidade proposta pela Administração Pública, com
mas apenas gestora. A coisa pública pertence ao povo, e o Es- o fim de evitar os excessos cometidos pelo agente público.
tado é o responsável pelo cuidado ou gestão da coisa pública. Em razão disso, também são conhecidos como a proibição
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Como limitação a esse princípio, existe o princípio da le- do excesso, por isso trabalhar a razoabilidade e a propor-
galidade, que determina os passos e em que condições a Ad- cionalidade como unidade.
ministração Pública pode se utilizar dos bens públicos, sempre
respeitando a indisponibilidade do interesse público. Desta- Continuidade dos Serviços Públicos
ca-se ainda o papel que esse princípio exerce como limitador Esse princípio se traduz pelo próprio nome. Ele exige que a
do princípio da supremacia do interesse público. atividade administrativa seja contínua, não sofra interrupções
Um ponto importante a respeito desse princípio é que os e seja adequada, com qualidade, para que não ocorram pre-
bens públicos são indisponíveis, não pertencendo aos seus ad- juízos tanto para a Administração quanto para os adminis-
ministradores ou aos seus agentes os quais estão proibidos, trados. Apesar disso, há situações excepcionais, em que se
inclusive de renunciar a qualquer direito ou prerrogativa iner- permite a interrupção do serviço público. Existem limitações
ente ao Poder Público. a esse princípio, tanto para a Administração, quanto para o
particular que está incumbido de executar o serviço público, e
Na desapropriação, a Administração Pública pode retirar
sua atuação pode ser percebida no próprio direito de greve do
o bem de uma pessoa pelo fundamento da Supremacia do in-
servidor público que se encontra condicionado à observância
teresse público, por outro lado, em razão da Indisponibilidade
da lei para ser exercido.
do interesse público, há vedação à Administração Pública no
sentido de não se apropriar de tal bem sem que o particular O poder de vinculação desse princípio é tão grande que o
seja indenizado. particular, ao prestar o serviço público por delegação, não poderá
interrompê-lo ainda que a administração pública não cumpra sua
parte no contrato. Significa dizer que o particular prejudicado no
Supremacia Desapropriação
contrato administrativo não poderá opor a exceção do contrato
não cumprido, ficando desobrigado apenas por decisão judicial
transitada em julgado, ou seja, o particular não pode deixar de
cumprir sua obrigação pelo não cumprimento por parte da ad-
Indisponibilidade Desapropriação ministração, mas o particular pode deixar de prestar o serviço pú-
blico quando determinado por decisão judicial.
O responsável pela prestação do serviço público só ficaria
desobrigado da sua prestação em caso de emergência e desde
Razoabilidade e Proporcionalidade que haja aviso prévio em situações de segurança, de ordem
Esses princípios são, por vezes, vistos em separado pela técnica ou mesmo por inadimplência do usuário.
doutrina; eles servem para a limitação da atuação administra-
tiva, e devem ser vistos em conjunto, como unidade. A Razoab- Autotutela
ilidade e a Proporcionalidade decorrem do princípio do devido Esse princípio permite que a Administração avalie e reve-
processo legal e são utilizados, principalmente, como limitador ja seus próprios atos, tanto em relação à legalidade do ato,
da discricionariedade administrativa, ainda mais quando o ato quanto ao aspecto do mérito. Essa possibilidade não impede o
limitado restringe os direitos do administrado. Trata-se, portan- ato de ser apreciado pelo Poder Judiciário, limitando a verifi-
to, de uma ferramenta para controle de legalidade que pode cação da legalidade, nunca o mérito. Quando o ato for revisto
gerar a nulidade do ato administrativo. Ao pensar em Razoabi- em razão de vício de legalidade, ocorre a anulação do ato, se
lidade e Proporcionalidade, deve-se pensar em dois elementos a questão é de mérito (discricionariedade e oportunidade), a
que os identificam: adequação e necessidade. administração revoga seus atos.
Este princípio foi consagrado pelo Supremo por meio da celetista, ou seja, quem ocupa um emprego público possui
Súmula 473: uma relação trabalhista com a Administração Pública.
Súm. 473, STF. A administração pode anular seus própri- Função pública é a atribuição ocupada por quem não pos-
os atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, sui cargo ou emprego público. Ocorre em duas situações: nas
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, contratações temporárias e nas atividades de confiança.
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeit- Os cargos, empregos e funções são acessíveis a todos
ados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os os brasileiros e estrangeiros que preencherem os requi-
casos, a apreciação judicial. sitos previstos em lei. Aos estrangeiros, o acesso é limit-
A autotutela dos atos administrativos não depende de ado, essa é norma de eficácia limitada, pois depende de
provocação, podendo a administração analisar de ofício seus regulamentação, como professores ou pesquisadores em
próprios atos. Essa é a ideia primordial da autotutela. universidades e instituições de pesquisa científica e tec-
nológica. Destaca-se ainda que existem cargos privativos
Segurança Jurídica de brasileiros natos, os quais estão previstos no Art. 12, §
Esse princípio tem fundamento inicial já no Art. 5º da CF, 3º da CF: Presidente e Vice-Presidente da República, Pres-
que decorre da própria garantia fundamental à Segurança idente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado
Jurídica; no que tange a sua aplicabilidade na Administração Federal, Ministro do STF, oficial das forças armadas, carreira
Pública, esse princípio evoca a impossibilidade da lei nova diplomática e Ministro do Estado da Defesa.
prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
O acesso aos cargos e empregos públicos depende de
julgada, ou seja, esse princípio veda a aplicação retroativa de
aprovação em concurso público de provas ou de provas e
nova interpretação da norma administrativa, para que o ad-
ministrado não seja surpreendido com inovações jurídicas. títulos dependendo do cargo a ser ocupado. A realização
do concurso não será necessária para o preenchimento de
Por se tratar de um direito fundamental, a administração
cargos em comissão, haja vista serem de livre nomeação
pública fica obrigada a assegurar o seu cumprimento sob pena
e exoneração. Estão obrigados a contratar por meio de
de ser responsabilizada.
concurso toda a Administração Pública direta e indireta,
Regras Aplicáveis aos Ser- seja do Poder Executivo, Legislativo, ou Judiciário, seja da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
vidores Públicos É importante ressaltar, neste momento, que a função públi-
Passamos agora a analisar as regras aplicáveis aos servi- ca aqui tratada não pode ser confundida com a função que
dores públicos, as quais estão previstas nos Arts. 37 a 41 da todo agente da Administração Pública detém, que é aquele
Constituição Federal. conjunto de atribuições inerentes ao cargo ou emprego; neste
momento a função pública foi tratada como diferenciação do
Cargos, Empregos e Funções

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cargo e do emprego públicos. Em seguida, é necessário ressal-
Os primeiros dispositivos relacionados aos servidores pú- tar que os cargos em comissão dispensam o concurso público,
blicos e que foram apresentados pela Constituição Federal que é meio exigido para que se ocupe um cargo ou emprego
regulamentam o acesso a cargos, empregos e funções públi- públicos.
cas. Vejamos o que diz o Art. 37, I e II da CF:
I. Os cargos, empregos e funções públicas são Validade do Concurso Público
acessíveis aos brasileiros que preencham os req- A Constituição Federal previu prazo de validade para os
uisitos estabelecidos em lei, assim como aos es- concursos públicos. Vejamos o que diz o Art. 37, III e IV:
trangeiros, na forma da lei; Art. 37, III. O prazo de validade do concurso público
II. A investidura em cargo ou emprego público de- será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
pende de aprovação prévia em concurso público de período;
provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature- IV. Durante o prazo improrrogável previsto no ed-
za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma ital de convocação, aquele aprovado em concurso
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo público de provas ou de provas e títulos será con-
em comissão declarado em lei de livre nomeação e vocado com prioridade sobre novos concursados
exoneração. para assumir cargo ou emprego, na carreira.
Ao iniciarmos este estudo, uma distinção se faz necessária O prazo de validade será de até 2 anos, podendo ser
antes de tudo: qual a diferença entre cargo, emprego e função prorrogado apenas uma vez, por igual período. O prazo de
pública? validade passa a ser contado a partir da homologação do re-
Cargo público é a unidade de competência ofertada por sultado. Este é o prazo que a Administração Pública terá para
uma pessoa jurídica de direito público e ocupada por um contratar ou nomear os aprovados para o preenchimento do
agente público que tenha sido criado por lei com denominação emprego ou do cargo público, respectivamente.
específica e quantidade certa. Quem ocupa um cargo público Segundo posicionamento do STF, quem é aprovado dentro
fez concurso público e é submetido a um regime estatutário e do número de vagas previstas no edital possui direito subjetivo
pode ser de provimento efetivo ou em comissão. à nomeação durante o prazo de validade do concurso. Uma
Emprego público, por sua vez, seria a unidade de com- forma de burlar esse sistema encontrado pela Administração 259
petência desempenhada por agentes contratados sob regime Pública tem sido a publicação de edital com cadastro de reser-
va, que gera apenas uma expectativa de direito para quem foi o mínimo, ter-se-ia pelo menos 1 vaga para deficiente, o que
260 classificado no concurso público. corresponderia a 50% das vagas, ultrapassando assim o limite
de 20% estabelecido em lei.

Classificados dentro das Classificado em Cadastro Funções de Confiança e


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vagas de Reserva Cargos em Comissão


A Constituição prevê a existência das funções de confiança
e os cargos em comissão:
Direito Subjetivo à
Nomeação
Expectativa de Direito Art. 37, V. As funções de confiança, exercidas exclu-
sivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
e os cargos em comissão, a serem preenchidos por
Segundo a Constituição, durante o prazo improrrogável do servidores de carreira nos casos, condições e percen-
concurso, os aprovados terão prioridade na convocação diante tuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
dos novos concursados, o que não impede a abertura de novos atribuições de direção, chefia e assessoramento.
certames apesar de a Lei 8.112/90 proibir a abertura de novo con-
curso enquanto houver candidato aprovado no concurso anterior Existem algumas peculiaridades entre esses dois institutos
e desde que esteja dentro do prazo de validade. Na prova, deve- que sempre são cobrados em prova. As funções de confiança são
se responder conforme for perguntado. Se for segundo a Consti- privativas de ocupantes de cargo efetivo, ou seja, para aquele
tuição Federal, não há proibição de realização de novo concurso que fez concurso público; já os cargos em comissão podem ser
enquanto existir outro com prazo de validade aberto. Se pergun- ocupados por qualquer pessoa, apesar de a Constituição esta-
belecer que deve se reservar um percentual mínimo para os
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tar segundo a Lei 8.112/90, não se abrirá novo concurso enquanto


houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de ocupantes de cargo efetivo. Tanto as funções de confiança como
validade não expirado. os cargos em comissão destinam-se às atribuições de direção,
chefia e assessoramento.
Reserva de Vaga para Deficiente As funções de confiança – livre designação e livre dispen-
Essa regra sobre concurso público é uma das mais impor- sa – são apenas para servidores públicos ocupantes de cargos
efetivos, os quais serão designados para seu exercício poden-
tantes de inclusão social previstas no texto constitucional; é reg- do ser dispensados a critério da administração pública. Já os
ra de ação afirmativa que visa à inserção social dos portadores cargos em comissão são de livre nomeação e livre exoneração,
de necessidades especiais, e compensar a perda social que al- podendo ser ocupados por qualquer pessoa, servidor público
guns grupos têm. Possuindo valor social relevante, diz respeito à ou não. A ocupação de um cargo em comissão por pessoa não
reserva de vagas para pessoas com necessidades especiais, que detentora de cargo de provimento efetivo não gera direito de
não podem ser tratados da mesma forma que as pessoas que ser efetivado, muito menos de adquirir a estabilidade.
estão em pleno vigor físico. Aqui, a isonomia deve ser material Contratação por Tempo Determinado
observando a nítida diferença entre os deficientes e os que não Outra forma de ingresso no serviço público é por meio de
são. Vejamos o que dispõe a Constituição a respeito desse tema: contratação por tempo determinado. A Constituição prevê:
Art. 37, VIII. A lei reservará percentual dos cargos e Art. 37, IX. A lei estabelecerá os casos de contratação
empregos públicos para as pessoas portadoras de defi- por tempo determinado para atender a necessidade
ciência e definirá os critérios de sua admissão. temporária de excepcional interesse público.
Por se tratar de norma de eficácia limitada, a Constituição Nesse caso, temos uma norma de eficácia limitada, pois a Con-
exigiu regulamentação para este dispositivo o que foi feito, no stituição não regulamenta, apenas prevê que uma lei vai regulam-
âmbito federal, pela Lei 8.112/90: entar. Na contratação por tempo determinado, o contratado não
Art. 5, § 2º - Às pessoas portadoras de deficiência é as- ocupa cargo público nem possui vínculo trabalhista. Ele exercerá
segurado o direito de se inscrever em concurso público função pública de caráter temporário. Essa contratação tem que ser
para provimento de cargo cujas atribuições sejam com- embasada em excepcional interesse público, questão emergencial.
patíveis com a deficiência de que são portadoras; para Em regra, faz-se o Processo Seletivo Simplificado, podendo ser feito
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) por meio de provas, entrevista ou até mesmo entrega de currículo;
das vagas oferecidas no concurso. esse processo simplificado não pode ser confundido com o concurso
Esse dispositivo garante a reserva de até 20% das vagas público.
oferecidas no concurso para os deficientes. Complementando O seu contrato com a Administração Pública é regido por
esta norma, foi publicado o Decreto Federal 3.298/99 que fixou norma específica de regime especial que, no caso da esfera
o mínimo de 5% das vagas para deficientes, exigindo nos casos federal, será a Lei 8.745/93. A referida lei traz várias hipóteses
em que esse percentual gerasse número fracionado, que fosse de contratação temporária para atender a essa necessidade
arredondado para o próximo número inteiro. Essa proteção ger- excepcional.
ou um inconveniente nos concursos com poucas vagas, fazendo
com que o STF interviesse e decidisse no sentido de que se a Direitos Sociais dos Servidores Públicos
observância do mínimo de 5% ultrapassar o máximo de 20% Quando se fala em direitos sociais aplicáveis aos servidores
não será necessário fazer a reserva da vaga. Isso é perfeita- públicos, significa dizer uma parcela dos direitos de natureza
mente visível em concursos com duas vagas. Se fosse reservado trabalhista prevista no Art. 7º da Constituição Federal. Vejamos
quais direitos sociais trabalhistas foram destinados a esses tra- ros lugares na própria Constituição ou em leis esparsas. A título
balhadores ocupantes de cargos públicos. de exemplo, pode-se citar o direito à aposentadoria, que apesar
Direitos Trabalhistas de não ter sido referido no Art. 39, § 3º, encontra-se previsto
A Constituição Federal não concedeu todos os direitos expressamente no Art. 40 da Constituição Federal.
trabalhistas aos servidores públicos, mas apenas os previstos O § 3º, que contém parte dos direitos do servidor públi-
expressamente no texto constitucional no Art. 39, § 3º: co, é uma boa oportunidade de questão de prova como nesta
Art. 39, § 3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de questão comentada abaixo:
cargo público o disposto no Art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo
a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir. Liberdade de Associação Sindical
Segundo esse dispositivo, foram garantidos os seguintes A Constituição Federal garante aos servidores públicos o
direitos sociais aos servidores públicos: direito à associação sindical:
VI. Salário-mínimo , fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades VI. É garantido ao servidor público civil o direito à
vitais básicas e às de sua família com moradia, livre associação sindical.
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, hi- A Constituição concede ao servidor público civil o direito à
giene, transporte e previdência social, com reajust-
es periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, associação sindical. Dessa forma, a livre associação profission-
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; al ou sindical não é garantida aos militares em razão da pecu-
VII. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, liaridade do seu regime jurídico, cuja vedação está prevista na
para os que percebem remuneração variável; própria Constituição Federal:
VIII. Décimo terceiro salário com base na remuner-
Art. 142, IV. Ao militar são proibidas a sindicalização
ação integral ou no valor da aposentadoria;
IX. Remuneração do trabalho noturno superior à e a greve.
do diurno; Segundo a doutrina, trata-se de uma norma autoaplicável,
XII. Salário-família pago em razão do dependente a qual não depende de regulamentação para ser exercida, pois
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; o servidor pode prontamente usufruir desse direito.
XIII. Duração do trabalho normal não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada Direito de Greve

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a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; Segundo o Art. 37, VII:
XV. Repouso semanal remunerado, preferencial- VII. O direito de greve será exercido nos termos e
mente aos domingos; nos limites definidos em lei específica;
XVI. Remuneração do serviço extraordinário su-
O direito de greve, previsto na Constituição Federal aos
perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal; servidores públicos, condiciona o seu exercício a uma norma
XVII. Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo regulamentadora, por isso é uma norma de eficácia limitada.
menos, um terço a mais do que o salário normal; Como até o presente momento a necessária lei não foi pub- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVIII. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego licada, o Supremo Tribunal Federal adotou a Teoria Concretista
e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
Geral, a partir da análise do Mandado de Injunção, e fez com que
XIX. Licença-paternidade, nos termos fixados em
lei; o direito de greve tivesse efetividade e conferiu efeito erga omnes
XX. Proteção do mercado de trabalho da mulher, à decisão, ou seja, os seus efeitos atingem todos os servidores pú-
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; blicos, ainda que aquele não tenha ingressado com ação judicial
XXII. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por para exercer seu direito de greve.
meio de normas de saúde, higiene e segurança; A partir disso, segundo o STF, os servidores públicos de todo o
XXX. Proibição de diferença de salários, de exercício
país poderão se utilizar do seu direito de greve nos termos da Lei
de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil. 7.783/89, a qual regulamenta o direito de greve dos trabalhadores
A experiência de ler os incisos destinados aos servidores pú- da iniciativa privada.
blicos é muito importante para que você acerte em prova. O fato Ressalte-se que o direito de greve, juntamente com o de
de outros direitos trabalhistas do Art. 7º não terem sido previstos
associação sindical, não se aplica aos militares pelos mesmos
no Art. 39 não significa que tais direitos não sejam concedidos
aos servidores públicos. Ocorre que alguns direitos trabalhistas motivos já apresentados ao analisarmos o direito de liberdade 261
conferidos aos servidores públicos estão disciplinados em out- de associação sindical.
Além dessas hipóteses, a Constituição Federal também
262 Direitos Sociais dos Servidores previu a acumulação lícita em outros casos, observemos:
Públicos
Magistrado + Magistério – é permitida a acumulação de
um cargo de juiz com um de professor:
Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Trabalhista Associação Sindical Greve I. Exercer, ainda que em disponibilidade, outro car-
go ou função, salvo uma de magistério.
Membro do Ministério Público + Magistério – é permitida
Garantida aos servidores a acumulação de um cargo de Membro do Ministério Público
Nos termos da lei que regulam- com um de professor:
civis
enta a greve dos trabalhadores
da iniciativa privada Art. 128, § 5º - Leis complementares da União e dos
Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
• Salário-mínimo atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, ob-
• Garantia do mínimo para os que servadas, relativamente a seus membros:
têm remuneração variável II. As seguintes vedações:
• 13º salário d) exercer, ainda que em disponibilidade,
• Duração de trabalho não superi- qualquer outra função pública, salvo uma de
or a oito horas por dia e 44 por magistério.
semana
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Cargo Eletivo + cargo, emprego ou função pública – é


• Repouso semanal remunerado permitida a acumulação de um cargo eletivo com um cargo
• Remuneração pelo serviço ex- emprego ou função pública:
TRABALHISTAS traordinário (horas extras) Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
• Férias anuais autárquica e fundacional, no exercício de mandato ele-
• Licença à gestante (120 dias) tivo, aplicam-se as seguintes disposições:
• Licença-paternidade I. Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
• Proteção ao mercado de tra- ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
balho da mulher ou função;
• Redução dos riscos inerentes ao II. Investido no mandato de Prefeito, será afasta-
trabalho do do cargo, emprego ou função, sendo-lhe fac-
• Proibição de diferença de ultado optar pela sua remuneração;
salários III. Investido no mandato de Vereador, havendo com-
Vedação à Acumulação de Cargos, patibilidade de horários, perceberá as vantagens de
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
Empregos e Funções Públicos neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili-
A Constituição achou por bem regular a acumulação de dade, será aplicada a norma do inciso anterior;
cargos públicos no Art. 37, XVI e XVII: IV. Em qualquer caso que exija o afastamento
XVI. É vedada a acumulação remunerada de cargos para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
públicos, exceto, quando houver compatibilidade serviço será contado para todos os efeitos legais,
de horários, observado em qualquer caso o dispos- exceto para promoção por merecimento;
to no inciso XI:
V. Para efeito de benefício previdenciário, no caso de
a) a de dois cargos de professor; afastamento, os valores serão determinados como
b) a de um cargo de professor com outro se no exercício estivesse.
técnico ou científico;
A proibição de acumular se estende à percepção de remu-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de
neração e aposentadoria. Vejamos o que diz o §10º do Art. 37:
profissionais de saúde, com profissões regulam-
entadas; § 10 - É vedada a percepção simultânea de proventos de
aposentadoria decorrentes do Art. 40 ou dos Arts. 42 e 142
XVII. A proibição de acumular estende-se a em-
pregos e funções e abrange autarquias, fundações, com a remuneração de cargo, emprego ou função públi-
empresas públicas, sociedades de economia mista, ca, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
ou indiretamente, pelo poder público; declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
Segundo o texto constitucional, em regra, é vedada a acu- Aqui a acumulação dos proventos da aposentadoria com a
mulação de cargos públicos, ressalvadas as hipóteses previstas remuneração será permitida nos casos em que são autorizadas
na própria Constituição Federal e quando houver compatibili- a acumulação dos cargos, ou, ainda, quando acumular com
dade de horário. cargo em comissão e cargo eletivo. Significa dizer ser possível
a acumulação dos proventos da aposentadoria de um cargo, § 4º - Como condição para a aquisição da estabilidade,
emprego ou função pública com a remuneração de cargo, em- é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
prego ou função pública. comissão instituída para essa finalidade.
O primeiro ponto relevante é que a estabilidade se adquire
A Constituição também vedou a percepção de mais de após três anos de efetivo exercício. Só adquire estabilidade
uma aposentadoria, ressalvados os casos de acumulação de quem ocupa um cargo público de provimento efetivo, após a
cargos permitida, ou seja, o indivíduo pode acumular as apo- aprovação em concurso público. Essa garantia não se estende
sentadorias dos cargos que podem ser acumulados: aos titulares de emprego público nem aos que ocupam cargos
Art. 40, § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decor- em comissão de livre nomeação e exoneração.
rentes dos cargos acumuláveis na forma desta Con- Não confunda a estabilidade com estágio probatório. Esse
é o período de avaliação inicial dentro do novo cargo a que o
stituição, é vedada a percepção de mais de uma apo-
servidor concursado se sujeita antes de adquirir sua estabili-
sentadoria à conta do regime de previdência previsto dade. A Constituição não fala nada de estágio probatório, mas,
neste artigo. para os servidores públicos federais, aplica-se o prazo previsto
Professor + professor na Lei 8.112/90. Aqui temos um problema. O referido estatuto
dos servidores públicos federais prevê o prazo de 24 meses
para o estágio probatório.
Professor + técnico ou científico
Acumulação de cargos, empregos e

Contudo, tem prevalecido, na doutrina e na jurisprudência,


o entendimento de que não tem como se dissociar o prazo do
Saúde + saúde estágio probatório da aquisição da estabilidade, de forma que
até o próprio STF e o STJ reconhecem que o prazo do estágio
funções

Magistrado (juiz) + magistério (professor) probatório foi revogado tacitamente pela EC 19/98 que alterou
o prazo de aquisição da estabilidade para 3 anos. Reforça esse
entendimento o fato de que a Advocacia-Geral da União já
Membro do MP + magistério emitiu parecer vinculante determinando a aplicação do prazo
de 3 anos para o estágio probatório em todo o Poder Executi-
Cargo eletivo + cargo, vo Federal, o que de fato acontece. Dessa forma, para prova o
emprego ou função prazo do estágio probatório é de 3 anos.
Segundo o texto constitucional, é condição para a aqui-
Estabilidade sição da estabilidade a avaliação especial de desempenhos
Um dos maiores desejos de quem faz concurso público é aplicada por comissão instituída para essa finalidade.
alcançar a Estabilidade. Essa é a garantia que se dá aos titu- O servidor estável só perderá o cargo nas hipóteses previs-
tas na Constituição, as quais são:

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lares de cargo público, ou seja, ao servidor público. Essa garan-
tia faz que o servidor tenha certa tranquilidade para usufruir Sentença judicial transitada em julgado;
do seu cargo com maior tranquilidade; o servidor passa ex- Procedimento Administrativo Disciplinar;
ercer suas atividades sem a preocupação de perder seu cargo Insuficiência de desempenho comprovada na Ava-
por qualquer simples motivo. Vejamos o que diz a Constituição liação Periódica;
Federal: Excesso de despesas com pessoal nos termos do
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os Art. 169, § 3º.
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público. Servidores em Exercício de Mandato Eletivo
§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo: Para os servidores públicos que estão no exercício de man-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I. Em virtude de sentença judicial transitada em dato eletivo, aplicam-se as seguintes regras:


julgado; Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
II. Mediante processo administrativo em que lhe autárquica e fundacional, no exercício de mandato ele-
seja assegurada ampla defesa; tivo, aplicam-se as seguintes disposições:
III. Mediante procedimento de avaliação periódica I. Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
de desempenho, na forma de lei complementar, ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
assegurada ampla defesa. ou função;
§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do II. Investido no mandato de Prefeito, será afastado do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocu- cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
pante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori- pela sua remuneração;
gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro III. Investido no mandato de Vereador, havendo com-
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração patibilidade de horários, perceberá as vantagens de
proporcional ao tempo de serviço. seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
§ 3º - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili-
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com dade, será aplicada a norma do inciso anterior;
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu IV. Em qualquer caso que exija o afastamento 263
adequado aproveitamento em outro cargo. para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, para propor a lei que altere o quadro remuneratório dos seus
264 exceto para promoção por merecimento; servidores. Por exemplo, no âmbito do Poder Executivo Fed-
V. Para efeito de benefício previdenciário, no caso de eral o Presidente da República é quem tem a iniciativa para
afastamento, os valores serão determinados como propor o projeto de lei.
se no exercício estivesse. Ainda há que se fazer a revisão geral anual, sem distinção
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Em suma: de índices e sempre na mesma data, que serve para suprir as


Mandato Eletivo Federal, Estadual ou Distrital: afasta-se perdas inflacionárias que ocorrem com a remuneração dos ser-
do cargo, emprego ou função; vidores. No que tange à revisão geral anual, o STF entende que
Mandato Eletivo Municipal: a competência para a iniciativa é privativa do Presidente da
Prefeito: Afasta-se do cargo, mas pode optar pela remu- República, com base no Art. 61, § 1º, II, “a” da CF:
neração; § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da
Vereador: Havendo compatibilidade de horário, pode exer- República as leis que:
cer os dois cargos e cumular as duas remunerações respeitando II. Disponham sobre:
os limites legais. Não havendo compatibilidade de horário, de- a) criação de cargos, funções ou empregos pú-
verá afastar-se do cargo podendo optar pela remuneração de blicos na administração direta e autárquica ou
um dos dois. aumento de sua remuneração.
Havendo o afastamento, a Constituição determinou
ainda que esse período seja contabilizado como tempo de Revisão Geral Anual
serviço gerando todos seus efeitos legais, com exceção da
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promoção de merecimento, além de ser contabilizado para


efeito de benefício previdenciário.
Sem distinção de índices
Mandato Eletivo

Sempre na mesma data


Federal,
Estadual ou Municipal
Distrital
Iniciativa do Presidente da República
Afasta-se
do cargo, Outro ponto importante é o teto constitucional, que é o
Prefeito Vereador
emprego limite imposto para fixação das tabelas remuneratórias dos
ou função servidores; conforme o inciso XI do Art. 37, CF:
XI. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de
Afasta-se do Sem com- cargos, funções e empregos públicos da adminis-
cargo e opta Compatibilidade
patibilidade de tração direta, autárquica e fundacional, dos mem-
pela remuner- de horários
horários bros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
ação
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
Afasta-se do de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
Acumula os
cargo e opta e os proventos, pensões ou outra espécie remuner-
cargos e as
pela remuner- atória, percebidos cumulativamente ou não, incluí-
remunerações
ação
das as vantagens pessoais ou de qualquer outra
Regras de Remuneração dos Servidores Públicos natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
A Constituição Federal previu várias regras referentes a em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
remuneração dos servidores públicos, que consta no Art. 37, Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios,
da CF, as quais são bem interessantes para serem cobradas em o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
sua prova: Federal, o subsídio mensal do Governador no âm-
X. A remuneração dos servidores públicos e o bito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
subsídio de que trata o § 4º do Art. 39 somente Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-
e sem distinção de índices; cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
O primeiro ponto importante sobre a remuneração dos âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
servidores é que ela só pode ser fixada por meio de lei es- membros do Ministério Público, aos Procuradores e
pecífica, se a Constituição não estabelece qualquer outro aos Defensores Públicos.
critério, essa lei é ordinária. Além disso, a iniciativa da lei Vamos entender essa regra, analisando os diversos tipos
também é específica, ou seja, cada poder tem competência de limites previstos no texto constitucional.
O primeiro limite é o Teto Geral, que, segundo a Constitu-
ição, corresponde ao subsídio do Ministro do Supremo Tribunal
Federal. Isso significa que nenhum servidor público no Brasil
lação conforme o Art. 29, VI da Constituição Federal2.
pode receber remuneração maior que o subsídio do Ministro
do Supremo Tribunal Federal. Esse limite se aplica a todos os Magistrados dos Tribunais Superiores: 95% do subsídio
poderes em todos os entes federativos. Ressalte-se que a ini- dos ministros do STF. Dos demais magistrados, o subteto é
ciativa de proposta legislativa para fixação da remuneração 95% do subsídio dos ministros dos Tribunais Superiores.
dos Ministros pertence aos próprios membros do STF. Art. 93, V. O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superi-
Em seguida, nós temos os subtetos, que são limites ores corresponderá a noventa e cinco por cento do sub-
aplicáveis a cada poder e em cada ente federativo. Vejamos de sídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribu-
forma sistematizada as regras previstas na Constituição Federal: nal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão
fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual,
Estados e DF conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária
Poder Executivo: subsídio do Governador. nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser
Poder Legislativo: subsídio do Deputado Estadual ou Dis- superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem
trital. exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal
Poder Judiciário: subsídio do Desembargador do Tribunal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em
de Justiça. Aplica-se este limite aos membros do Ministério qualquer caso, o disposto nos Arts. 37, XI, e 39, § 4º.
Público e da Defensoria Pública dos Estados e Distrito Federal. Governador e Subsídio do ministro
Prefeito do STF
Municípios
Poder Executivo: subsídio do Prefeito.
A Constituição permite que os Estados e o Distrito Feder- 75% do subsídio do
al poderão, por iniciativa do governador, adotar limite único Deputado Estadual e Deputado Federal
nos termos do Art. 37, § 12, mediante emenda a Constituição Distrital
Tetos Específicos

Estadual ou a Lei Orgânica do DF, o qual não poderá ultrapas-


sar 90,25% do subsídio do ministro do STF. Ressalte-se que se
porventura for criado este limite único ele não será aplicado a 75% do subsídio do
alguns membros do Poder Legislativo, como aos Deputados Deputado Estadual
Vereador (municípios + de 500
Distritais e Vereadores. mil hab.)
Subtetos

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Magistrados dos 95% do subsídio dos
Estados e DF Municípios Tribunais Superiores ministros do STF

Lembre-se de que esses limites aplicam-se quando for


Poder Executivo: subsídio do Subsídios do possível a acumulação de cargos prevista no texto constitucio-
Governador Prefeito
nal, ressalvados os seguintes casos:
Magistratura + Magistério: a Resolução nº 14/2006 do
Conselho Nacional de Justiça prevê que não se sujeita ao teto
Poder Legislativo: subsídio do a remuneração oriunda no magistério exercido pelos juízes;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
deputado estadual ou distrital Exercício cumulativo de funções no Supremo Tribunal Fed-
eral e Tribunal Superior Eleitoral.

Poder Judiciário: subsídio do


desembargador do TJ
2 Art. 29, VI . O subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras
Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta
Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os
A seguir, são abordados alguns limites específicos que seguintes limites máximos: a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
também estão previstos no texto constitucional, mas em out- máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Depu-
ros artigos, pois são determinados a algumas autoridades: tados Estaduais; b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio dos
Governador e Prefeito: subsídio do ministro do STF; Deputados Estaduais; c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habi-
Deputado Estadual e Distrital1: 75% do subsídio do Dep- tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do
utado Federal; subsídio dos Deputados Estaduais; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
Vereador: 75% do subsídio do Deputado Estadual para os cento do subsídio dos Deputados Estaduais; e) em Municípios de trezentos mil e
municípios com mais de 500.000 habitantes. Nos municípios um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores correspond-
com menos habitantes, aplica-se a regra proporcional a popu- erá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; f) em Municípios 265
de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corre-
1 Arts. 27, §2º e 32, §3º da Constituição Federal sponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
Casos em que se pode ultrapassar pensionistas, observados critérios que preservem o
266 o teto constitucional equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste arti-
go (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
Magistratura + Min. STF +
Magistério Min. TSE 19.12.2003).
§ 1º - Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-


culados os seus proventos a partir dos valores fixados
Teto Ministro STF na forma dos §§ 3º e 17 (Redação dada pela Emenda
Os limites aplicam-se as empresas públicas e sociedades Constitucional nº 41, 19.12.2003).
de economia mista desde que recebam recursos da União dos I. Por invalidez permanente, sendo os proventos
Estados e do Distrito Federal para pagamento do pessoal e proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
custeio em geral: decorrente de acidente em serviço, moléstia profis-
§ 9º - O disposto no inciso XI aplica-se às empresas sional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na
públicas e às sociedades de economia mista, e suas forma da lei (Redação dada pela Emenda Consti-
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos tucional nº 41, 19.12.2003);
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para II. Compulsoriamente, com proventos proporciona-
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio is ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos
em geral. de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade,
A Constituição Federal também trouxe previsão expressa na forma de lei complementar; (Redação dada pela
vedando qualquer equiparação ou vinculação de remuneração Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
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de servidor público: III. Voluntariamente, desde que cumprido tempo


XIII. É vedada a vinculação ou equiparação de quais- mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu- público e cinco anos no cargo efetivo em que se
neração de pessoal do serviço público. dará a aposentadoria, observadas as seguintes
Antes da EC 19/1998, muitos servidores incorporavam condições (Redação dada pela Emenda Consti-
vantagens pecuniárias calculadas sobre outras vantagens, ge- tucional nº 20, de 15/12/98);
rando aumento desproporcional da remuneração. Isso acabou a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
com a alteração do texto constitucional: contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos
XIV. Os acréscimos pecuniários percebidos por de idade e trinta de contribuição, se mulher (Re-
servidor público não serão computados nem acu- dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
mulados para fins de concessão de acréscimos ul- 15/12/98);
teriores. b) sessenta e cinco anos de idade, se homem,
Destaque-se, ainda, a regra constitucional que prevê a irre- e sessenta anos de idade, se mulher, com proven-
dutibilidade da remuneração dos servidores públicos: tos proporcionais ao tempo de contribuição (Re-
XV. O subsídio e os vencimentos dos ocupantes de dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
cargos e empregos públicos são irredutíveis, res- 15/12/98).
salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
e nos Arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu-
A irredutibilidade aqui é meramente nominal, não existin- neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
do direito à preservação do valor real em proteção a perda do se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para
poder aquisitivo. A irredutibilidade também não impede a alter- a concessão da pensão (Redação dada pela Emenda
ação da composição remuneratória; significa dizer que podem Constitucional nº 20, de 15/12/98).
ser retiradas as gratificações, mantendo-se o valor nominal da § 3º - Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
remuneração, nem mesmo a supressão de parcelas ou gratifi- ocasião da sua concessão, serão consideradas as remuner-
cações; é preciso considerar que o STF entende não haver direito ações utilizadas como base para as contribuições do servi-
adquirido a regime jurídico. dor aos regimes de previdência de que tratam este artigo
Regras de Aposentadoria e o Art. 201, na forma da lei (Redação dada pela Emenda
Esse tema costuma ser trabalhado em Direito Previ- Constitucional nº 41, 19.12.2003).
denciário devido às inúmeras regras de transição que foram § 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios dif-
editadas, além das previstas no texto constitucional. Para as erenciados para a concessão de aposentadoria aos
provas de Direito Constitucional, é importante a leitura aten- abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res-
ta dos dispositivos abaixo: salvados, nos termos definidos em leis complementar-
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos es, os casos de servidores (Redação dada pela Emenda
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Constitucional nº 47, de 2005):
nicípios, incluídas suas autarquias e fundações, é as- I. Portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda
segurado regime de previdência de caráter contribu- Constitucional nº 47, de 2005);
tivo e solidário, mediante contribuição do respectivo II. Que exerçam atividades de risco; (Incluído pela
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos Emenda Constitucional nº 47, de 2005);
III. Cujas atividades sejam exercidas sob condições tivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
especiais que prejudiquem a saúde ou a integri- fixados para o regime geral de previdência social (In-
dade física (Incluído pela Emenda Constitucional cluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98).
nº 47, de 2005). § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de car-
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de con- go em comissão declarado em lei de livre nomeação e
tribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao exoneração bem como de outro cargo temporário ou
disposto no § 1º, III, “a”, para o professor que com- de emprego público, aplica-se o regime geral de prev-
prove exclusivamente tempo de efetivo exercício das idência social (Incluído pela Emenda Constitucional nº
funções de magistério na educação infantil e no ensi- 20, de 15/12/98).
no fundamental e médio (Redação dada pela Emenda § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Constitucional nº 20, de 15/12/98). nicípios, desde que instituam regime de previdência
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos complementar para os seus respectivos servidores tit-
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é ulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo re-
conta do regime de previdência previsto neste artigo. gime de que trata este artigo, o limite máximo estabe-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de lecido para os benefícios do regime geral de previdência
15/12/98). social de que trata o Art. 201 (Incluído pela Emenda Con-
§ 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de stitucional nº 20, de 15/12/98).
pensão por morte, que será igual (Redação dada pela § 15 - O regime de previdência complementar de que
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003). trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do re-
I. Ao valor da totalidade dos proventos do servidor spectivo Poder Executivo, observado o disposto no Art.
falecido, até o limite máximo estabelecido para os 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
benefícios do regime geral de previdência social de de entidades fechadas de previdência complementar,
que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
da parcela excedente a este limite, caso aposentado à participantes planos de benefícios somente na mo-
data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucion- dalidade de contribuição definida (Redação dada pela
al nº 41, 19.12.2003); Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).
II. Ao valor da totalidade da remuneração do servi- § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção,
dor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi-
até o limite máximo estabelecido para os benefícios dor que tiver ingressado no serviço público até a data
do regime geral de previdência social de que trata o da publicação do ato de instituição do correspondente
art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela regime de previdência complementar (Incluído pela

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excedente a este limite, caso em atividade na data Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98).
do óbito (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, § 17 - Todos os valores de remuneração considerados
19.12.2003). para o cálculo do benefício previsto no § 3º serão dev-
§ 8º - É assegurado o reajustamento dos benefícios idamente atualizados, na forma da lei (Incluído pela
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).
real, conforme critérios estabelecidos em lei (Redação § 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003). sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou trata este artigo que superem o limite máximo estabe-
municipal será contado para efeito de aposentadoria lecido para os benefícios do regime geral de previdên-
e o tempo de serviço correspondente para efeito de cia social de que trata o Art. 201, com percentual igual
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
disponibilidade (Incluído pela Emenda Constitucional ao estabelecido para os servidores titulares de cargos
nº 20, de 15/12/98). efetivos (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41,
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de 19.12.2003).
contagem de tempo de contribuição fictício (Incluído § 19 - O servidor de que trata este artigo que tenha
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98). completado as exigências para aposentadoria voluntária
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer
dos proventos de inatividade, inclusive quando decor- em atividade fará jus a um abono de permanência equiv-
rentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, alente ao valor da sua contribuição previdenciária até
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição completar as exigências para aposentadoria compulsória
para o regime geral de previdência social, e ao mon- contidas no § 1º, II (Incluído pela Emenda Constitucional nº
tante resultante da adição de proventos de inatividade 41, 19.12.2003).
com remuneração de cargo acumulável na forma desta § 20 - Fica vedada a existência de mais de um regime
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de próprio de previdência social para os servidores titu-
livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo (Incluí- lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
do pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98). gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de prev- ressalvado o disposto no Art. 142, § 3º, X (Incluído pela 267
idência dos servidores públicos titulares de cargo efe- Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).
§ 21 - A contribuição prevista no § 18 deste artigo ▷ Não cabe Habeas Corpus em relação a punições dis-
268 incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de ciplinares militares;
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do ▷ Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
limite máximo estabelecido para os benefícios do re- ▷ O militar, enquanto em serviço ativo, não pode es-
gime geral de previdência social de que trata o Art. tar filiado a partidos políticos.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

201 desta Constituição, quando o beneficiário, na


forma da lei, for portador de doença incapacitante ANOTAÇÕES
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
Dos Militares dos Estados, do Distri-
to Federal e dos Territórios
A Constituição Federal distingue duas espécies de servi-
dores, os civis e os militares, sendo que a estes reserva um re-
gime jurídico diferenciado, previsto especialmente no Art. 42
(Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares) e no Art. 142,
§ 3º (Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica).
As Polícias Militares, os Corpos de Bombeiros Militares e
as Forças Armadas são instituições organizadas com base na
hierarquia e na disciplina.
Tomando de empréstimo o conceito constante do Art. 14,
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§ 1º e 2º, da Lei nº 6.880, de 1980 (Estatuto dos Militares das


Forças Armadas), temos que a hierarquia militar é a ordenação
da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura militar
e a disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral
das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamen-
tam o organismo militar e coordenam seu funcionamento reg-
ular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento
do dever por parte de todos e de cada um dos componentes
desses organismos.
É claro que a hierarquia e a disciplina estão presentes em
todo o serviço público. No entanto, no seio militar, elas são
muito mais rígidas, objetivando garantir pronta e irrestrita
obediência de seus membros, o que é imprescindível para o
exercício das suas atividades.
As Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares
são órgãos de Segurança Pública (Art. 144, da CF), organiza-
dos e mantidos pelos Estados.
Às Polícias Militares cabem as atribuições de polícia ad-
ministrativa, ostensiva e a preservação da ordem pública. Aos
Corpos de Bombeiros Militares cabe, além das atribuições
definidas em lei (atividades de combate a incêndio, busca e
resgate de pessoas, etc.), a execução de atividades de defesa
civil (Art. 144, § 5º, da CF).
Segundo o § 6º, do Art. 144, da CF, as Polícias Militares e os
Corpos de Bombeiros Militares são forças auxiliares e reserva
do Exército e subordinam-se aos Governadores dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios.
No Art. 42, a Constituição Federal estende aos policiais
militares e aos bombeiros militares praticamente as mes-
mas disposições aplicáveis aos integrantes das Forças Ar-
madas, militares da União, previstas no Art. 142, § 2º e 3º,
da CF. Assim, entre outros:
▷ O militar que seja alistável é elegível. No entanto,
se contar menos de dez anos de serviço, deverá af-
astar-se da atividade; se contar mais de dez anos de
serviço será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplo-
mação, para a inatividade;
10. Organização dos Poderes - Poder Art. 2º. São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Ju-
Legislativo diciário.
A seguir, será tratado de outro princípio que, juntamente
Com o objetivo de limitar o poder do Estado, alguns com a Separação dos Poderes, é responsável pela organização
filósofos desenvolveram a tese de que, se o poder estivesse do Estado: Princípio Federativo.
nas mãos de várias pessoas, seria possível controlá-lo de
uma forma melhor. Essa necessidade se deu em razão dos Princípio Federativo
grandes abusos cometidos pelos imperadores que agiam Quando se fala em Federação, está-se falando da Forma
arbitrariamente com seus súditos. A partir de então, sur- de Estado adotada no Brasil. A forma de Estado reflete o modo
giu a teoria da Separação dos Poderes, também chamada de exercício do poder político em função do território, ou seja,
de Tripartição dos Poderes. Antes de analisar cada um dos como o poder político está distribuído dentro do território.
Poderes do Estado, são explorados a seguir dois princípios Para compreender esta forma de Estado precisa-se ter em
constitucionais essenciais para entender essa organização: mente sua principal característica: descentralização política.
Tripartição dos Poderes e Federativo. Dizemos então que, numa federação, o poder político está
distribuído entre os vários entes federativos, ou melhor, entre
Princípios quatro entes federativos:
União;
Princípio da Tripartição dos Poderes Estados;
O primeiro princípio constitucional importante para o estudo Distrito Federal;
da Organização dos Poderes é o Princípio da Tripartição dos Po- Municípios.
deres, também chamado de Princípio da Separação dos Pode-
res. Sua origem histórica tem como fundamento a necessidade Poder Executivo
=
de se limitar os poderes do Estado. Alguns filósofos perceberam Presidente da República
que se o Poder do Estado estivesse dividido entre três entidades
diferentes, seria possível que a sociedade exercesse um maior
controle sobre sua utilização. Poder Legislativo
=
Foi aí que surgiu a ideia de se dividir o Poder do Estado em União Congresso Nacional
três poderes, cada qual responsável pelo desenvolvimento de
uma função principal do Estado:
Poder Judiciário
Poder Executivo =
Função principal (típica) de administrar o Estado; STF e demais órgãos

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Poder Legislativo judiciais federais
Função principal (típica) de legislar e fiscalizar as contas
públicas; Poder Executivo
Poder Judiciário =
Governador
Função principal (típica) jurisdicional.
Além da sua própria função, a Constituição criou uma
sistemática que permite a cada um dos poderes o exercício da Poder Legislativo
Estados =
função do outro poder. É a função atípica: Assembleia Legislativa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Poder Executivo
Função atípica de legislar e julgar; Poder Judiciário
Poder Legislativo =
Função atípica de administrar e julgar; Tribunal de Justiça
Poder Judiciário
Função atípica de administrar e legislar.
Dessa forma, pode-se dizer que além da própria função,
cada poder exercerá de forma acessória a função do outro
poder.
Uma pergunta sempre surge na cabeça dos estudantes e
poderá aparecer em prova: qual dos três poderes é mais im-
portante?
A única resposta possível é a inexistência de poder mais
importante. Cada poder possui sua própria função de forma
que não se pode afirmar que exista hierarquia entre os pode- 269
res do Estado. Como diz a Constituição no Art. 2º:
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
270 Poder Executivo Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
=
Prefeito
do Senado Federal.
A Câmara dos Deputados é composta pelos Deputados
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Poder Legislativo
Federais que são representantes do povo eleitos segundo o
Municípios = sistema proporcional, devendo cada ente (Estado e Distrito
Câmara de Vereadores Federal) eleger no mínimo 8 e no máximo 70 Deputados Fed-
erais. A proporcionalidade está relacionada com a quantidade
Poder Judiciário da população dos entes federativos. Quanto maior for a pop-
= ulação, mais deputados serão eleitos. Os territórios podem
Não Existe
eleger quatro deputados. O mandato do Deputado é de qua-
tro anos. Atualmente, existem na Câmara 513 membros. Sua
Poder Executivo organização é assim expressa na Constituição:
= Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de rep-
Governador
resentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Poder Legislativo
=
Federal.
Distrito Federal
Câmara Legislativa § 1º - O número total de Deputados, bem como a rep-
Ş
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resentação por Estado e pelo Distrito Federal, será es-


Poder Judiciário tabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
= população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
Tribunal de Justiça ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
Cada um dos entes federativos possui sua própria autono- unidades da Federação tenha menos de oito ou mais
mia política, a qual pode ser percebida pela capacidade de de setenta Deputados.
auto-organização, de criação de leis e, inclusive, de criação da § 2º. Cada Território elegerá quatro Deputados.
sua própria Constituição. Apesar de cada ente federativo pos- O Senado Federal é composto por Senadores da Repúbli-
suir essa independência, não se pode esquecer que a existência ca que são representantes dos Estados e do Distrito Federal
do pacto federativo pressupõe a existência de uma Constituição
eleitos segundo o sistema majoritário simples ou puro, de-
Federal e da impossibilidade de separação.
vendo cada ente eleger três senadores. Aqui o sistema é ma-
Uma coisa deve ficar bem clara: não existe hierarquia entre
joritário, haja vista serem eleitos os candidatos mais votados.
os entes federativos. O que os diferencia é a competência que
cada um recebeu da Constituição Federal. O mandato do Senador é de oito anos cuja eleição de
Após analisar estes dois princípios constitucionais, será quatro em quatro anos ocorre de forma alternada. Numa
feita a junção entre eles para se ver como se estruturam den- eleição, elegem-se 2 e na outra 1. Cada Senador será eleito
tro da República Federativa do Brasil. Dessa forma, foi visto na com dois suplentes. Atualmente, existem 81 Senadores.
imagem anterior. Conforme o Art. 46 do texto constitucional:
Agora que ficou esclarecido como o Estado Brasileiro está Art. 46. O Senado Federal compõe-se de represen-
organizado, serão estudados os três Poderes em espécie. tantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segun-
Começaremos pelo Poder Legislativo, sempre muito cobrado do o princípio majoritário.
em prova.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três
Poder Legislativo Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito
Funções Típicas e Atípicas Federal será renovada de quatro em quatro anos, al-
Esse Poder possui como função típica duas atribuições: ternadamente, por um e dois terços.
legislar e fiscalizar. § 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Legislar significa criar leis, inovar o ordenamento jurídico.
A função fiscalizatória diz respeito ao controle externo das Competências
contas públicas. É a fiscalização financeira, contábil e orça- Este é um dos temas mais cobrados em prova, razão pela
mentária. qual precisa ser estudado com estratégia para que no momen-
Informações Gerais to em que o candidato enfrentar a questão, consiga resolvê-la.
O Poder Legislativo da União é representado pelo Con- A melhor forma de acertar essas questões é memorizando os
gresso Nacional, cuja estrutura é bicameral, ou seja, é formado artigos sobre as competências, pois é dessa forma que será
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Essa pre- cobrado em prova. Uma sugestão para facilitar a memorização
visão encontra-se na Constituição Federal: é fazer muitos exercícios sobre o tema.
CN
BICAMERAL

Senado Federal Câmara dos Deputados

35 Anos de idade 81 Senadores da República 513 Deputados Federais 21 Anos de idade

Representantes dos Estados e


Representantes do povo
do DF

Sistema Majoritário Sistema Proporcional

Cada um pode eleger 8 a 70


3 Senadores por Estado e DF Estados e DF Estados e DF
Deputados

Cada um pode eleger 4 Cada um pode eleger 4 depu-


Não elege senador Território Território
deputados tados

Eleição de 4 em 4 anos de forma


Mandato de 8 anos Mandato de 4 anos
alternada (2-1-2-1)

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A seguir apresentam-se as competências de cada órgão.
Competência do Congresso Nacional
Uma coisa que se deve entender é que o Congresso Nacional, apesar de ser formado pela Câmara e pelo Senado, possui suas
próprias competências, as quais estão previstas nos Arts. 48 e 49. Um detalhe que sempre cai em prova diz respeito à diferença
entre as competências desses dois artigos.
No Art. 48, encontram-se as competências do Congresso que dependem de sanção presidencial, as quais serão desempen-
hadas mediante lei (lei ordinária ou complementar) que disponham sobre matérias de competência da União. Segue abaixo o rol
dessas competências:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

I. Sistema tributário, arrecadação e distribuição de VII. Transferência temporária da sede do Governo


rendas; Federal;
II. Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça- VIII. Concessão de anistia;
mento anual, operações de crédito, dívida pública IX. organização administrativa, judiciária, do
e emissões de curso forçado; Ministério Público e da Defensoria Pública da União
III. Fixação e modificação do efetivo das Forças e dos Territórios e organização judiciária e do
Armadas;
Ministério Público do Distrito Federal;
IV. Planos e programas nacionais, regionais e seto-
riais de desenvolvimento; X. Criação, transformação e extinção de cargos,
V. Limites do território nacional, espaço aéreo e empregos e funções públicas, observado o que es-
marítimo e bens do domínio da União; tabelece o Art. 84, VI, b;
VI. Incorporação, subdivisão ou desmembramento XI. Criação e extinção de Ministérios e órgãos da
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as re- administração pública; 271
spectivas Assembleias Legislativas; XII. Telecomunicações e radiodifusão;
XIII. Matéria financeira, cambial e monetária, insti- Competência da Câmara de Deputados
272 tuições financeiras e suas operações;
As competências da Câmara dos Deputados estão previs-
XIV. Moeda, seus limites de emissão, e montante
tas no Art. 51, as quais serão exercidas, em regra, por meio de
da dívida mobiliária federal;
Resolução da Câmara. Apesar de o texto constitucional prever
XV. Fixação do subsídio dos Ministros do Supre-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

essas competências como privativas, elas não podem ser del-


mo Tribunal Federal, observado o que dispõem os egadas:
Arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Dep-
No Art. 49, têm-se as Competências Exclusivas do Con- utados:
gresso Nacional. Essas não dependem de sanção presidencial
I. Autorizar, por dois terços de seus membros, a
e serão formalizadas por meio de Decreto Legislativo:
instauração de processo contra o Presidente e o
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: Vice-Presidente da República e os Ministros de Es-
I. Resolver definitivamente sobre tratados, acordos tado;
ou atos internacionais que acarretem encargos ou II. Proceder à tomada de contas do Presidente da
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; República, quando não apresentadas ao Congresso
II. Autorizar o Presidente da República a declarar Nacional dentro de sessenta dias após a abertura
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es- da sessão legislativa;
trangeiras transitem pelo território nacional ou
III. Elaborar seu regimento interno;
nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar; IV. Dispor sobre sua organização, funcionamento,
III. Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da polícia, criação, transformação ou extinção dos
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República a se ausentarem do País, quando a aus- cargos, empregos e funções de seus serviços, e a
ência exceder a quinze dias; iniciativa de lei para fixação da respectiva remu-
neração, observados os parâmetros estabelecidos
IV. Aprovar o estado de defesa e a intervenção
na lei de diretrizes orçamentárias;
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
qualquer uma dessas medidas; V. Eleger membros do Conselho da República, nos
V. Sustar os atos normativos do Poder Executivo termos do Art. 89, VII.
que exorbitem do poder regulamentar ou dos lim- Competência do Senado Federal
ites de delegação legislativa;
VI. Mudar temporariamente sua sede; As competências do Senado Federal estão previstas no Art.
52, as quais serão exercidas, em regra, por meio de Resolução
VII. Fixar idêntico subsídio para os Deputados Fed-
do Senado. Apesar de o texto constitucional prever essas com-
erais e os Senadores, observado o que dispõem os
petências como privativas, elas não podem ser delegadas:
Arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII. Fixar os subsídios do Presidente e do Art. 52. Compete privativamente ao Senado Feder-
Vice-Presidente da República e dos Ministros de al:
Estado, observado o que dispõem os Arts. 37, XI, I. Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden-
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; te da República nos crimes de responsabilidade,
IX. Julgar anualmente as contas prestadas pelo bem como os Ministros de Estado e os Comandan-
Presidente da República e apreciar os relatórios tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos
sobre a execução dos planos de governo; crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
X. Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por II. Processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executi- bunal Federal, os membros do Conselho Nacional
vo, incluídos os da administração indireta; de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Pú-
XI. Zelar pela preservação de sua competência leg- blico, o Procurador-Geral da República e o Advoga-
islativa em face da atribuição normativa dos outros do-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
Poderes; III. Aprovar previamente, por voto secreto, após
XII. Apreciar os atos de concessão e renovação de arguição pública, a escolha de:
concessão de emissoras de rádio e televisão; a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
XIII. Escolher dois terços dos membros do Tribunal Constituição;
de Contas da União; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indi-
XIV. Aprovar iniciativas do Poder Executivo refer- cados pelo Presidente da República;
entes a atividades nucleares; c) Governador de Território;
XV. Autorizar referendo e convocar plebiscito; d) Presidente e diretores do banco central;
XVI. Autorizar, em terras indígenas, a exploração e e) Procurador-Geral da República;
o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa f) Titulares de outros cargos que a lei deter-
e lavra de riquezas minerais; minar;
XVII. Aprovar, previamente, a alienação ou con- IV. Aprovar previamente, por voto secreto, após ar-
cessão de terras públicas com área superior a dois guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
mil e quinhentos hectares. missão diplomática de caráter permanente;
V. Autorizar operações externas de natureza finan- a imunidade não pertence à pessoa, e sim ao cargo, motivo
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito pelo qual é irrenunciável. Isso significa que o parlamentar só a
Federal, dos Territórios e dos Municípios; detém enquanto estiver no exercício de sua função.
VI. Fixar, por proposta do Presidente da República, São dois os tipos de imunidade:
limites globais para o montante da dívida consoli- Imunidade material;
dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e Imunidade formal.
dos Municípios; A imunidade material é uma verdadeira irresponsabi-
VII. Dispor sobre limites globais e condições para lidade absoluta. Também conhecida como inviolabilidade
as operações de crédito externo e interno da União, parlamentar, ela isenta o seu titular de qualquer respons-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, abilidade civil, penal, administrativa ou mesmo política, no
de suas autarquias e demais entidades controladas que tange às suas opiniões, palavras e votos. Vejamos o
pelo Poder Público federal; que diz o caput do Art. 53:
VIII. Dispor sobre limites e condições para a Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil
concessão de garantia da União em operações de e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pala-
crédito externo e interno; vras e votos.
IX. Estabelecer limites globais e condições para o Mas deve-se ter atenção: essa prerrogativa diz respeito
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis- apenas às opiniões, palavras e votos proferidos no exercício
trito Federal e dos Municípios; da função parlamentar durante o seu mandato, ainda que a
X. Suspender a execução, no todo ou em parte, de busca pela responsabilização ocorra após o término do seu
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva mandato. Não importa se está dentro do recinto parlamentar
do Supremo Tribunal Federal; ou fora dele. O que importa é que seja praticado na função ou
XI. Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a em razão da função parlamentar.
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Repúbli- As imunidades formais são prerrogativas de ordem pro-
ca antes do término de seu mandato; cessual e ocorrem em relação:
XII. Elaborar seu regimento interno; Ao foro de julgamento;
XIII. Dispor sobre sua organização, funcionamen- À prisão;
to, polícia, criação, transformação ou extinção dos Ao processo.
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a A prerrogativa de foro decorre do previsto no Art. 53, § 1º
iniciativa de lei para fixação da respectiva remu- da CF, que prevê:
neração, observados os parâmetros estabelecidos § 1º - Os Deputados e Senadores, desde a expedição
na lei de diretrizes orçamentárias; do diploma, serão submetidos a julgamento perante o

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XIV. Eleger membros do Conselho da República, Supremo Tribunal Federal.
nos termos do Art. 89, VII; Como pode se depreender do texto constitucional, a partir
XV. Avaliar periodicamente a funcionalidade do da expedição do diploma o parlamentar será julgado perante
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e o STF nas ações de natureza penal sem necessidade de autor-
seus componentes, e o desempenho das adminis- ização da Casa legislativa à qual pertence. Ressalte-se que o
trações tributárias da União, dos Estados e do Dis- parlamentar será julgado no STF por infrações cometidas antes
trito Federal e dos Municípios. ou depois da diplomação, contudo, finalizado o seu mandato,
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I perde-se com ele a imunidade, fazendo com que os seus pro-
e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tri- cessos saiam da competência do STF e passem para os demais
bunal Federal, limitando-se a condenação, que so- órgãos do Judiciário, a depender da matéria em questão. Não
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mente será proferida por dois terços dos votos do estão incluídas nessa prerrogativa as ações de natureza cível.
Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, Em relação à prisão, o parlamentar só poderá ser preso em
por oito anos, para o exercício de função pública, flagrante delito de crime inafiançável conforme previsão do §
sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 2º do Art. 53:
As questões sobre as competências dos órgãos parlam- § 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do
entares são muito cobradas em prova e exigem do candidato Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
uma nítida capacidade de memorização. Às vezes, é possível flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
encontrar uma questão que trabalhe a competência asso- serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
ciada com questões doutrinárias ou mesmo jurisprudencial. respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
Vejamos o exemplo: membros, resolva sobre a prisão.
Essa prerrogativa inicia sua abrangência a partir da diplo-
Imunidade Parlamentar mação e alcança qualquer forma de prisão, seja de natureza
Os parlamentares, por ocuparem uma função essencial penal ou civil. A manutenção dessa prisão depende de mani-
na organização política do Estado, possuem Imunidades. As festação da maioria absoluta dos membros da Casa.
imunidades são prerrogativas inerentes à sua função que têm Apesar de o texto constitucional não prever, interpreta-se
como objetivo garantir a sua independência durante o exer- de forma lógica que o Parlamentar será preso no caso de uma 273
cício do seu mandato. Um ponto que deve ser lembrado é que sentença penal condenatória transitada em julgado.
Há também a imunidade em relação ao processo prevista cos da administração direta e indireta, incluídas as
274 no Art. 53, §§ 3º ao 5º: fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
§ 3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Dep- Poder Público federal, e as contas daqueles que
utado, por crime ocorrido após a diplomação, o Su- derem causa a perda, extravio ou outra irregular-
premo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, idade de que resulte prejuízo ao erário público;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

que, por iniciativa de partido político nela representa- III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade
do e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
até a decisão final, sustar o andamento da ação. título, na administração direta e indireta, incluí-
§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa das as fundações instituídas e mantidas pelo
respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco Poder Público, excetuadas as nomeações para
dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. cargo de provimento em comissão, bem como
§ 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, a das concessões de aposentadorias, reformas
enquanto durar o mandato. e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores
A imunidade em relação ao processo prevista na Con- que não alterem o fundamento legal do ato con-
stituição possibilita a Casa a qual pertence o parlamentar, cessório;
pelo voto da maioria absoluta, sustar o andamento da ação IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara
penal desde que a faça antes da decisão definitiva e desde dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
que seja em relação aos crimes cometidos após a diplo- técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
mação. Não é necessária autorização da respectiva casa natureza contábil, financeira, orçamentária, opera-
para processar o parlamentar. cional e patrimonial, nas unidades administrativas
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
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A Casa Legislativa possui 45 dias para apreciar o pedido


demais entidades referidas no inciso II;
que, se aprovado, suspenderá o prazo prescricional da infração
até o final do mandato. V. Fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União par-
Função Fiscalizadora ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
Essa é a segunda função típica do Poder Legislativo. Além tratado constitutivo;
de criar normas, o Congresso Nacional também possui como VI. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
função principal a fiscalização contábil, financeira e orça- sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
mentária da União e de suas Entidades da Administração dire- ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
ta e Indireta. Vejamos o Art. 70 da Constituição: trito Federal ou a Município;
VII. Prestar as informações solicitadas pelo Con-
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orça-
gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
mentária, operacional e patrimonial da União e das
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscal-
entidades da administração direta e indireta, quanto ização contábil, financeira, orçamentária, operacio-
à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação nal e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida inspeções realizadas;
pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e
VIII. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegal-
pelo sistema de controle interno de cada Poder. idade de despesa ou irregularidade de contas, as
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi- sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, outras cominações, multa proporcional ao dano
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores causado ao erário;
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em IX. Assinar prazo para que o órgão ou entidade ad-
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. ote as providências necessárias ao exato cumpri-
Veja que o Art. 70 fala em Controle Externo e Controle mento da lei, se verificada ilegalidade;
Interno. São as duas formas de fiscalização vislumbrada pelo X. Sustar, se não atendido, a execução do ato im-
texto constitucional. O Controle Interno é aquele realizado pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
por cada Poder. Cada um fiscaliza suas próprias contas. Já o Deputados e ao Senado Federal;
Controle Externo é o realizado pelo Congresso Nacional, com XI. Representar ao Poder competente sobre irregu-
apoio do Tribunal de Contas da União. laridades ou abusos apurados.
O Art. 71 ainda apresenta as atribuições do Tribunal de Uma questão sempre cobrada em prova diz respeito às
Contas da União no que tange à fiscalização exercida: regras do Tribunal de Contas da União. A primeira coisa a ser
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- estabelecida é a situação jurídica do TCU. A qual dos três po-
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- deres pertence o TCU?
tas da União, ao qual compete: A única reposta possível: o TCU não está subordinado a
I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo nenhum Poder. Ele é um órgão autônomo que está vinculado
Presidente da República, mediante parecer prévio funcionalmente ao Poder Legislativo. Não se trata de subordi-
que deverá ser elaborado em sessenta dias a con- nação, mas de ligação funcional. Apesar da previsão de função
tar de seu recebimento; jurisdicional, o TCU também não pertence ao Poder Judiciário.
II. Julgar as contas dos administradores e demais O termo utilizado no Art. 73 é equivocado quando comparado
responsáveis por dinheiros, bens e valores públi- à natureza do órgão:
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União. Já
nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro o terceiro membro escolhido pelo Presidente, será de sua livre
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território escolha desde que preenchidos os demais requisitos já men-
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições pre- cionados.
vistas no Art. 96. Outra observação importantíssima e sempre cobrada em
Apesar de ser chamado de “tribunal” e de a Constituição prova: a Constituição equipara os Ministros do TCU aos Minis-
Federal ter dito que possuía “jurisdição”, o TCU não é órgão do tros do STJ ao passo que os auditores estão equiparados aos
Poder Judiciário. As suas ações possuem natureza meramente Juízes do TRF. Logicamente, se o auditor estiver substituindo
administrativa. o Ministro, a ele serão asseguradas as garantias próprias dos
Vencido esse tema, passa-se à análise da composição do Ministros. Esta é a leitura dos § 3º e 4º:
TCU: § 3° - Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão
§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
seguintes requisitos: Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à apo-
I. Mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco sentadoria e pensão, as normas constantes do Art. 40.
anos de idade; § 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá
II. Idoneidade moral e reputação ilibada; as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quan-
III. Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, do no exercício das demais atribuições da judicatura, as
econômicos e financeiros ou de administração de juiz de Tribunal Regional Federal.
pública; Processo Legislativo
IV. Mais de dez anos de exercício de função ou de Agora será estudada outra função típica do Poder Legisla-
efetiva atividade profissional que exija os conheci- tivo: o Processo Legislativo. O Processo Legislativo é um con-
mentos mencionados no inciso anterior. junto de procedimentos necessários para criação das normas.
§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União A Constituição, no Art. 59, apresenta algumas normas que po-
serão escolhidos: dem ser criadas segundo essas regras:
I. Um terço pelo Presidente da República, com Art. 59. O processo legislativo compreende a elabo-
aprovação do Senado Federal, sendo dois alterna- ração de:
damente dentre auditores e membros do Ministério I. Emendas à Constituição;
Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice II. Leis complementares;
pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade III. Leis ordinárias;
e merecimento;
IV. Leis delegadas;

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II. Dois terços pelo Congresso Nacional.
V. Medidas provisórias;
Como se pode perceber, ser Ministro do TCU não é para
qualquer pessoa. Faz-se necessário o preenchimento dos se- VI. Decretos legislativos;
guintes requisitos: VII. Resoluções.
▷ Ser brasileiro; Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
▷ Possuir mais de trinta e cinco e menos de sessenta e elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
cinco anos de idade; Essas são as chamadas normas primárias, pois a sua fon-
▷ Possuir idoneidade moral e reputação ilibada; te de validade é a própria constituição. Nem de longe são as
únicas normas existentes no direito brasileiro. O candidato
▷ Possuir notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, deve ter ouvido falar em uma portaria ou instrução norma-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
econômicos e financeiros ou de administração públi-
tiva. Essas outras normas que não estão no Art. 59, mas que
ca;
também regulam nossas vidas, são chamadas de normas se-
▷ Ter mais de dez anos de exercício de função ou de cundárias as quais, retiram a validade das normas primárias.
efetiva atividade profissional que exija os conheci-
Uma pergunta que sempre é feita em prova: existe hier-
mentos mencionados no inciso anterior.
arquia entre as normas primárias previstas no Art. 59?
A Constituição também regulou a forma de escolha desses
membros por meio das seguintes regras: Em um primeiro momento, é possível verificar hier-
arquia entre essas normas, haja vista as emendas consti-
▷ Um terço será escolhido pelo Presidente da Repú- tucionais possuírem o mesmo status da Constituição Fed-
blica, com aprovação do Senado Federal, sendo eral. Fora as emendas que são hierarquicamente superiores
dois alternadamente dentre auditores e membros às demais, pode-se afirmar, com amparo no próprio STF,
do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados que não existe hierarquia entre demais normas primárias.
em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios Isso significa dizer que as leis complementares, leis or-
de antiguidade e merecimento; dinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
▷ Dois terços pelo Congresso Nacional. legislativos e resoluções estão na mesma posição jurídica.
Quanto à escolha feita pelo Presidente uma observação é O que as distingue é a competência para edição e para a
pertinente. Dos três membros que poderão ser escolhidos pelo utilização. Cada uma dessas normas possui uma utilização 275
Presidente dois serão, obrigatoriamente, auditores e membros específica prevista na própria Constituição e é isso que será
estudado a partir de agora. Inicia-se com o chamado Pro- Quer dizer que só o Presidente da República tem iniciativa
276 cesso Legislativo Ordinário. para propor projetos de lei sobre esses temas.
Não existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Outra consideração importante se refere à iniciativa popu-
Processo Legislativo Ordinário lar, ou seja, os projetos de lei propostos por cidadãos. A Consti-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tuição no § 2º do Art. 61 condiciona o exercício desta iniciativa


Esse é o processo legislativo destinado a elaboração das
leis ordinárias e complementares. É composto por três fases: ao preenchimento de alguns requisitos:
introdutória, constitutiva e complementar. § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apre-
sentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
Fase introdutória subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
A fase introdutória é composta basicamente pela iniciati- com não menos de três décimos por cento dos ele-
va, ou seja, pela deflagração do processo de criação de uma lei. itores de cada um deles.
Mas quem pode iniciar esse processo legislativo? Também é relevante anotar a competência do STF e dos
Tribunais Superiores que estão previstos no Art. 93 e 96, II:
Qualquer membro ou comissão do Congresso Nacional, da
Câmara ou do Senado; o Presidente da República; o Supremo Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal; os Tribunais Superiores; o Procurador-Geral da Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistra-
República; e os cidadãos. Isso está previsto no caput do Art. 61: tura, observados os seguintes princípios.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e or- Art. 96. Compete privativamente:
dinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
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II. Ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Su-


Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do periores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Legislativo respectivo, observado o disposto no
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, Art. 169.
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na
forma e nos casos previstos nesta Constituição. E ainda há a iniciativa do Procurador Geral da República,
chefe do Ministério Público da União, e que está prevista no
Algumas considerações precisam ser feitas acerca da ini- Art. 127, § 2º:
ciativa. Primeiramente, no que tange à iniciativa do Presidente
da República: existem algumas matérias em que a iniciativa Art. 127, § 2º - Ao Ministério Público é assegurada au-
da lei é privativa do Presidente, as quais estão previstas no § tonomia funcional e administrativa, podendo, observa-
1º do Art. 61: do o disposto no Art. 169, propor ao Poder Legislativo
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da a criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia-
República as leis que: res, provendo-os por concurso público de provas ou de
provas e títulos, a política remuneratória e os planos
I. Fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Ar- de carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun-
madas; cionamento.
II. Disponham sobre:
Todo Processo Legislativo precisa ser iniciado em uma
a) criação de cargos, funções ou empregos das Casas do Poder Legislativo da União, as quais possuem
públicos na administração direta e autárquica ou atribuição principal para legislar. A Casa Legislativa, onde o
aumento de sua remuneração;
projeto de lei é apresentado inicialmente, é chamada de Casa
b) organização administrativa e judiciária, Iniciadora. Sempre o projeto se inicia em uma Casa, enquanto
matéria tributária e orçamentária, serviços públi- a outra fica responsável pela revisão. Quem revisa é chamada
cos e pessoal da administração dos Territórios;
de Casa Revisora. Se o projeto se iniciar na Câmara dos Depu-
c) servidores públicos da União e Territórios, tados, essa será a Casa Iniciadora, enquanto o Senado Feder-
seu regime jurídico, provimento de cargos, estab- al será a Casa Revisora. Se ao contrário, o projeto se inicia no
ilidade e aposentadoria;
Senado, a Câmara será a Casa Revisora.
d) organização do Ministério Público e da
Defensoria Pública da União, bem como normas Em regra, a Casa Iniciadora será a Câmara dos Deputados,
gerais para a organização do Ministério Público e ou seja, é nessa casa que os processos legislativos costumam
da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Fed- ser iniciados. Excepcionalmente, o Processo Legislativo se
eral e dos Territórios; iniciará no Senado Federal. O Senado só será Casa Iniciadora
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos quando a iniciativa for de um membro ou de uma comissão
da administração pública, observado o disposto do Senado bem como nos casos em que for proposta por
no Art. 84, VI; comissão mista do Congresso Nacional. No último caso, o pro-
f) militares das Forças Armadas, seu regime cesso iniciar-se-á alternadamente em cada casa, iniciando-se
jurídico, provimento de cargos, promoções, esta- uma vez na Câmara outra vez no Senado1.
bilidade, remuneração, reforma e transferência 1 Regimento Comum: Resolução nº 1, de 1970-CN, (texto consolidado até 2010)
para a reserva. e normas conexas. Brasília: Congresso Nacional, 2011, Art. 142: Os projetos elab-
Fase Constitutiva A maioria relativa é a maioria dos presentes. Sua lógica
Apresentado o projeto de lei à Casa Iniciadora, iniciar-se-á é parecida com a utilizada para descobrir a maioria absoluta,
a Fase Constitutiva. Essa fase é formada por três momentos: com apenas uma distinção: o parâmetro aqui é a quantidade
discussão, votação e sanção. de presentes. Logo, para se calcular a maioria relativa, deve-se
contar os presentes, descobrir quanto é a metade e chegar ao
• Discussão primeiro número inteiro após a metade. Supondo que este-
A discussão, também chamada de debate, é o momento jam presentes 41 Senadores, o que já bastaria para se iniciar
destinado à discussão dos projetos de lei. A discussão ocorre qualquer deliberação, a maioria relativa dos presentes estaria
em três locais: na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), representada por 21 membros. Essa quantidade já seria sufici-
nas Comissões Temáticas (CT) e no Plenário. ente para aprovar uma lei ordinária.
A CCJ realiza uma análise formal do projeto e emite um Entendidos esses quóruns, pode-se votar o projeto de lei.
parecer terminativo quanto à constitucionalidade. Isso signifi- Duas são as consequências possíveis de um projeto de lei na
ca dizer que aquilo que for decidido por essa comissão definirá Casa Iniciadora:
o rumo do projeto de lei analisado. Rejeição
Já as Comissões Temáticas realizam um exame materi- Projeto de lei rejeitado deve ser arquivado;
al e emitem pareceres meramente opinativos, ou seja, essas Aprovação
comissões emitem apenas uma opinião que poderá ser segui-
da ou não. Projeto de lei aprovado segue para Casa Revisora.
Após o debate nas comissões, o projeto de lei é enviado ao Após a aprovação do projeto de lei na Casa Iniciadora, o
plenário, onde ocorre a votação. projeto será encaminhado para a Casa Revisora conforme dis-
posição do Art. 65:
• Votação
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será re-
Neste momento se faz necessário compreender os quóruns
visto pela outra, em um só turno de discussão e votação,
necessários para votação. Existem três tipos de quórum:
e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
Quórum para Deliberação: aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Para a deliberação em plenário de qualquer projeto de Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará
lei é necessária a presença da maioria absoluta dos mem- à Casa iniciadora.
bros, conforme disposto no Art. 47:
Na Casa Revisora o projeto também precisa passar pelas
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, mesmas comissões que passou na Casa Iniciadora até chegar ao
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões plenário. A partir da votação, o projeto pode ter três destinos:
serão tomadas por maioria dos votos, presente a maio-
ria absoluta de seus membros. Rejeição

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Quórum para Aprovação de Lei Ordinária: Caso o projeto seja rejeitado, o mesmo será arquivado;
Para aprovação de lei ordinária, é necessário o voto de Aprovação sem Emendas
maioria simples ou relativa dos presentes com fundamento no Se aprovado sem emendas, o projeto segue para o Presi-
Art. 47 acima apresentado. dente da República sancionar ou vetar;
Quórum para Aprovação de Lei Complementar: Aprovação com Emendas
Para aprovação de lei complementar é necessário o voto Se aprovado com emendas, o projeto retorna à Casa Ini-
da maioria absoluta dos membros. Vejamos o Art. 69 da Con- ciadora, que analisará as emendas. Caso aprove as emendas,
stituição: encaminhará o projeto para sanção do Presidente. Se as emen-
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por das não forem aprovadas, a Casa Iniciadora retira as emendas NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
maioria absoluta., e, do mesmo jeito, encaminha o Projeto de Lei para sanção.
Mas o que é maioria absoluta? Calcula-se a maioria abso- Essa situação revela uma nítida prevalência da Casa Iniciadora
luta de forma muito simples. É o primeiro número inteiro após sobre a Casa Revisora.
a metade. Uma observação deve ser feita nos casos dos Projetos de Lei
Ex.: No caso do Senado Federal, que possui 81 mem- rejeitados: segundo o Art. 67, projeto de lei rejeitado só poderá
bros, para se calcular a maioria absoluta primeiramente ser apresentado novamente na mesma sessão legislativa se for
se busca a metade, que é 40,5. O primeiro número in- apresentado pelo voto de maioria absoluta dos membros de
teiro após a metade é 41. Logo, esse número representa qualquer das casas (Princípio da Irrepetibilidade Relativa):
a maioria absoluta do Senado. Esse raciocínio deve ser Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado
feito também com a Câmara para se chegar a sua maioria somente poderá constituir objeto de novo projeto, na
absoluta, que é 257. Lembre-se de que a maioria absolu- mesma sessão legislativa, mediante proposta da maio-
ta é um número fixo. Sempre será a mesma quantidade. ria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
Lembre-se também de que esse quórum serve tanto para Congresso Nacional.
iniciar as deliberações nas Casas quanto para aprovar a
lei complementar. Esse tema sempre é cobrado em prova, bem como os as-
pectos relacionados aos quóruns exigidos para as deliberações
no parlamento. Memorize as regras e tenha cuidado para não 277
orados por Comissão Mista serão encaminhados, alternadamente, ao Senado e à
Câmara dos Deputados. confundi-las.
Sanção ou Veto O veto pode ser jurídico ou político. O Veto Jurídico ocorre
278 Inicia-se agora a tratar do terceiro momento da fase con- quando o Presidente considera o projeto de lei inconstitucio-
nal. É uma espécie de controle de constitucionalidade prévio,
stitutiva: a sanção ou veto. A sanção é a concordância do Pres-
pois ocorre antes da criação da lei. Já o Veto Político ocorre
idente com o projeto de lei, enquanto o veto é a sua discordân-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quando o Presidente veta o projeto de lei por considerá-lo


cia. Tanto a sanção quanto o veto estão regulados no Art. 66: contrário ao interesse público.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação A doutrina afirma ainda que o veto poderá ser total ou
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, parcial. O Veto Total ocorre quando o Presidente veta todo o
que, aquiescendo, o sancionará. projeto de lei. O Veto Parcial é aquele em que o Presidente
veta parte do projeto de lei. No que tange ao veto parcial, a
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no
Constituição estabeleceu alguns limites no § 2º:
todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse
Art. 66, § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto
público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze
integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará,
Ou seja, não existe veto de palavras ou letras isoladas. O
dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado
veto só pode abranger o texto integral de um artigo, parágrafo,
Federal os motivos do veto. inciso ou de alínea.
Primeiramente, serão analisados alguns aspectos impor- O veto tem que ser motivado, pois, conforme prevê o § 1º do
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tantes da sanção. O § 1º do Art. 66 afirma que o Presidente Art. 61 o Presidente deverá informar a sua justificativa ao Presiden-
possui 15 dias úteis para manifestar-se sobre o projeto de lei. te do Senado Federal em 48 horas. Isso se faz necessário em razão
Esse parágrafo apresenta a modalidade de Sanção Expressa. do veto ser superável, ou seja, o Congresso, em 30 dias, analisará
o veto e poderá, pelo voto de maioria absoluta dos Deputados e
Sanção Expressa é aquela em que o Presidente expressamente
Senadores, rejeitá-lo. É o que dispõe o § 4º do Art. 66:
manifesta sua concordância com o projeto de lei. Ele deixa
§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, den-
clara sua opinião a favor do projeto de lei.
tro de trinta dias a contar de seu recebimento, só po-
Outra forma de sanção é a chamada Sanção Tácita. Veja- dendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos
mos o § 3º do mesmo artigo: Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda
Art. 66, § 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio Constitucional nº 76, de 2013)
do Presidente da República importará sanção. Derrubado o veto, o projeto será enviado ao Presidente da
República para que o promulgue:
A Sanção Tácita ocorre quando o Presidente, durante o
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado,
prazo que possui de 15 dias, não manifesta sua vontade quanto
para promulgação, ao Presidente da República.
ao projeto de lei. Simplesmente fica em silêncio.
Finalizado o terceiro momento da fase constitutiva, ini-
O silêncio do Presidente significa concordância com o pro- cia-se agora a fase complementar.
jeto de lei. Note que com a sanção o projeto de lei se transfor-
Fase Complementar
ma em lei.
A fase complementar consiste em dois momentos: a
Quanto ao veto, algumas considerações também precis- promulgação e a publicação.
am ser feitas. Utilizando a mesma fundamentação do Art. 66, A promulgação é um atestado de que a lei existe. Em regra,
pode-se afirmar que o Presidente possui o prazo de 15 dias é feita pelo Presidente da República; contudo, nos casos de
úteis para concordar ou discordar do projeto de lei. Agora, sanção tácita ou rejeição do veto, em que o Presidente não
havendo discordância de forma expressa tem-se o chamado promulgue a lei em 48 horas, a competência para fazê-la será
Veto Expresso. Uma pergunta surge diante dessa afirmação: do Presidente do Senado Federal e, se esse não a fizer, será
será que existe veto tácito? competente o Vice-Presidente do Senado. A publicação marca
o início da exigência da lei.
Ora, se durante o prazo de 15 dias úteis, o Presidente não
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e
falar nada, tem-se a Sanção Tácita. Seria possível o silêncio do
oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos
Presidente provocar duas consequências jurídicas diferentes? § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se
Não. Logo, pode-se afirmar que não existe Veto Tácito. O veto este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presi-
será sempre expresso. dente do Senado fazê-lo.
Aprovado com Emendas

Rejeitado: Arquivado irrepetibilidade relativa

Aprovado Aprovado

Iniciativa Casa Casa Senção ou Promulgação Publicação


Iniciadora Revisora Veto
Membro ou comissão da CCJ Presidente da Presidente da
Câmara, do Senado ou Comissões República República
do Congresso Nacional Temáticas Sanção expressa EXCEÇÃO
Presidente da República Plenário ou tácita Derruba o veto
STF Veto ou sanção tácita
Tribunais Superiores Sempre Expresso
PGR Quóruns: Jurídico ou Político
Presidente do
Cidadão Mínimo para deliberação: maioria absoluta Total ou Parcial Mo- Senado
dos membros tivado superável
Lei Ordinária: maioria simples ou relativa
dos presentes
Vice-Presidente
Lei Complementar: maioria absoluta dos do Senado
membros
Emenda Constitucional: 3/5 dos membros

Após a promulgação, há a publicação. A publicação marca 45 dias para análise do Senado (Casa Revisora);

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o momento em que a norma se torna conhecida da sociedade, 10 dias para a Casa Iniciadora analisar as emendas se
pois passa a ser pública. Essa publicidade é feita em jornais existirem.
oficiais como o Diário Oficial da União. A partir da publicação,
Esta é a leitura dos § 2º e 3º do Art. 64:
se não houver outro prazo para o início da vigência, a lei
poderá ser exigida. § 2º - Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e
Esse é o Processo Legislativo das leis ordinárias e com- o Senado Federal não se manifestarem sobre a prop-
plementares. A diferença entre o Processo Legislativo das osição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e
leis ordinárias e o das leis complementares está no quórum cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliber-
de aprovação. Além dessa diferença, a doutrina tem salienta- ações legislativas da respectiva Casa, com exceção das
do que, para uma matéria ser regulada por lei complementar, que tenham prazo constitucional determinado, até que
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

deve haver exigência expressa do texto constitucional. se ultime a votação.


Passa-se para outra espécie de processo legislativo: o Pro- § 3º - A apreciação das emendas do Senado Feder-
cesso Legislativo Sumário. al pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de
dez dias, observado quanto ao mais o disposto no
Processo Legislativo Sumário
parágrafo anterior.
O Processo Legislativo Sumário é o Processo Legislativo
Ordinário com prazo. Regulado no Art. 64, o Processo Legis- O § 2º apresentado também prevê que se qualquer
lativo Sumário é caracterizado pelo pedido de urgência solic- uma das Casas Legislativas não votar o Projeto de Lei no
itado pelo Presidente da República nos projetos de Lei de sua prazo de 45 dias, a votação das demais proposituras ficará
iniciativa, ainda que não seja de iniciativa privativa. sobrestada até que se realize a votação. É o chamado so-
Art. 64, § 1º - O Presidente da República poderá so- brestamento ou trancamento de pauta.
licitar urgência para apreciação de projetos de sua ini- A Constituição também deixou clara sua vedação de pedido de
ciativa. urgência para projetos de códigos bem como a suspensão do prazo
Pedida a urgência, o Congresso Nacional deverá analisar nos recessos parlamentares:
o projeto de lei no prazo de 100 dias os quais são destinados: § 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de
45 dias para análise da Câmara dos Deputados (Casa Ini- recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos 279
ciadora); projetos de código.
É possível afirmar que todos os processos legislativos em A aprovação de Emendas depende de um quórum bem
280 regime de urgência se iniciam na Câmara dos Deputados? qualificado: aprovação nas duas Casas, em dois turnos em
Certamente que sim, visto que só pode ser pedido pelo cada Casa, por três quintos dos membros em cada votação. É
Presidente da República e este, quando inicia o processo leg- o que prevê o § 2º do Art. 60:
islativo, o faz na Câmara dos Deputados conforme disposição
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa


expressa no caput do Art. 64: do Congresso Nacional, em dois turnos, consideran-
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de do-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tri- votos dos respectivos membros.
bunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na
Não depende de sanção presidencial que, após aprova-
Câmara dos Deputados.
da, vai direto para promulgação, que fica a cargo das Mesas
Processo Legislativo Especial da Câmara e do Senado. Caso a proposta seja rejeitada por
O Processo Legislativo Especial é o processo de criação das qualquer uma das Casas, deverá ser arquivada aplicando-se
demais espécies normativas previstas no Art. 59: emendas con- o Princípio da Irrepetibilidade Absoluta, o qual significa que
stitucionais, medidas provisórias, leis delegadas, decretos leg- a mesma proposta, uma vez rejeitada, não pode ser reapre-
islativos e resoluções. As leis ordinárias e complementares são sentada na mesma sessão legislativa, conforme estabelecido
criadas segundo o Processo Legislativo Ordinário. Nesta apostila no Art. 60:
não serão estudados todos os processos legislativos especiais. Fo- § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas
calizam-se as duas principais, mais cobradas em prova: emendas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
constitucionais e medidas provisórias. com o respectivo número de ordem.
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Emendas à Constituição § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeita-


A aprovação de Emendas à Constituição decorre do Poder da ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova
Constituinte Derivado Reformador, que é o único legitimado proposta na mesma sessão legislativa.
para alterar o texto constitucional. As emendas são as únicas A edição de Emendas Constitucionais obedece a alguns
espécies normativas responsáveis pela alteração da Constitu- limites constitucionais chamados de limites circunstanciais e
ição Federal. limites materiais.
O Processo Legislativo das Emendas é diferenciado, tendo Os limites circunstanciais são momentos em que não se
em vista seu poder normativo ser muito grande, pois é o da podem apresentar propostas de emendas constitucionais. São
própria Constituição. Logo, é um processo mais dificultado, três os momentos: intervenção federal, estado de defesa e es-
mais rigoroso. A Constituição Federal regula esse processo no tado de sítio. Assim, dispõe o § 1º do Art. 60:
seu Art. 60. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na
Primeiramente, será analisada a iniciativa, que é o rol de legit- vigência de intervenção federal, de estado de defesa
imados para propor a alteração do Texto Constitucional. Vejamos ou de estado de sítio.
o caput do Art. 60, que possui um rol de legitimados para propor
Os limites materiais são temas que não podem ser re-
emendas, o qual é diferente do rol de legitimados para propor pro-
jetos de lei: tirados da Constituição Federal, pois compõem seu núcleo
imutável. São as chamadas cláusulas pétreas previstas no § 4º
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada medi-
do Art. 60:
ante proposta:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de
I. De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
emenda tendente a abolir:
dos Deputados ou do Senado Federal;
I. A forma federativa de Estado;
II. Do Presidente da República;
II. O voto direto, secreto, universal e periódico;
III. De mais da metade das Assembleias Legislati-
III. A separação dos Poderes;
vas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus IV. Os direitos e garantias individuais.
membros. Medidas Provisórias
Atente-se para alguns detalhes que são muito importantes. O Art. 62 é destinado à regulação das Medidas Provisórias.
Um deputado ou senador não pode propor emenda à Consti- A edição dessa espécie normativa é de competência privativa
tuição, só se estiverem representados por 1/3, no mínimo, dos do Presidente da República e só pode ser elaborada em situ-
membros. Outro ponto relevante é saber que o Presidente da ação de relevância e urgência. É uma função atípica desem-
penhada pelo Chefe do Executivo. Veja o caput do Art. 62:
República é legitimado para propor tanto lei quanto emenda.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente
E, por último, deve-se ter cuidado com o último legitimado,
da República poderá adotar medidas provisórias, com
que é um pouco diferente: mais da metade das Assembleias força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Con-
legislativas das unidades da federação, manifestando-se, cada gresso Nacional.
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Deve-se ter A Medida Provisória não é uma lei, mas tem força de lei.
muito cuidado, principalmente, com o quórum exigido aqui, Depois de editada, produz efeitos imediatos, mas precisa ser
que é a maioria relativa dos membros, e não maioria absoluta. submetida à apreciação do Congresso Nacional.
Primeiramente, passa por uma comissão mista do Con- Rejeição
gresso para verificação dos requisitos constitucionais, seguin- A rejeição pode ser tácita ou expressa. Em ambos os casos,
do posteriormente para o plenário de cada Casa Legislativa. A se rejeitada, a MP perde sua eficácia desde a origem (ex tunc).
Casa Iniciadora obrigatória é a Câmara dos Deputados, tendo Nesse caso o Congresso Nacional terá 60 dias para disciplinar
em vista a competência ser do Presidente da República: as relações jurídicas decorrentes do período em que estava em
§ 5º - A deliberação de cada uma das Casas do Con- vigor mediante Decreto Legislativo. Caso não o faça, os atos
gresso Nacional sobre o mérito das medidas pro- praticados durante a vigência da MP permanecerão regulados
visórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimen- pela própria Medida Provisória:
to de seus pressupostos constitucionais.
§ 11 - Não editado o decreto legislativo a que se refere
§ 8º - As medidas provisórias terão sua votação inicia- o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de
da na Câmara dos Deputados.
eficácia de medida provisória, as relações jurídicas con-
§ 9º - Caberá à comissão mista de Deputados e stituídas e decorrentes de atos praticados durante sua
Senadores examinar as medidas provisórias e sobre vigência conservar-se-ão por ela regidas.
elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em ses-
são separada, pelo plenário de cada uma das Casas do A Medida Provisória rejeitada ou que tenha perdido a
Congresso Nacional. eficácia não poderá ser reeditada na mesma Sessão Legisla-
tiva aplicando-se nesse caso o Princípio da Irrepetibilidade
O Congresso tem um prazo de 60 dias para manifestar-se so-
Absoluta:
bre a Medida Provisória, o qual poderá ser prorrogado por mais 60
dias se necessário. Esse prazo ficará suspenso durante os recessos § 10 - É vedada a reedição, na mesma sessão legisla-
parlamentares. Se, por ventura, nos primeiros 45 dias a MP não for tiva, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou
analisada, a pauta da Casa onde se encontrar entrará em regime que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
de urgência sobrestando as demais deliberações. O sobrestamen- Não poderão ser editadas Medidas Provisórias que versem
to da pauta, também conhecido como trancamento de pauta, im- sobre os limites materiais estabelecidos no Art. 62, § 1º e no
pede a Casa Legislativa de votar outra proposição que não possua Art. 25, § 2º da Constituição Federal:
prazo enquanto a Medida Provisória não for votada: § 1º - É vedada a edição de medidas provisórias sobre
§ 3º - As medidas provisórias, ressalvado o disposto matéria:
nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não I. Relativa a:
forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, pro- a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
rrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
partidos políticos e direito eleitoral;
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. b) direito penal, processual penal e processu-
al civil;
§ 4º - O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da pub-

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licação da medida provisória, suspendendo-se durante os c) organização do Poder Judiciário e do
períodos de recesso do Congresso Nacional. Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
§ 6º - Se a medida provisória não for apreciada em membros;
até quarenta e cinco dias contados de sua publi- d) planos plurianuais, diretrizes orça-
cação, entrará em regime de urgência, subsequen- mentárias, orçamento e créditos adicionais e
temente, em cada uma das Casas do Congresso suplementares, ressalvado o previsto no Art. 167,
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a § 3º;
votação, todas as demais deliberações legislativas I. Que vise a detenção ou sequestro de bens, de
da Casa em que estiver tramitando. poupança popular ou qualquer outro ativo finan- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 7º - Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a ceiro;
vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta II. Reservada a lei complementar;
dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação III. Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
A apreciação da Medida Provisória pelo Congresso Nacion- do Presidente da República.
al pode gerar três consequências: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pe-
Conversão em Lei sem Emendas las Constituições e leis que adotarem, observados os
Havendo conversão integral da MP em lei, ela seguirá para princípios desta Constituição.
promulgação pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
Conversão em Lei com Emendas diante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
Havendo conversão parcial a MP se transformará em Pro- na forma da lei, vedada a edição de medida provisória
jeto de Lei, seguindo todos os trâmites normais, inclusive em para a sua regulamentação.
relação a sanção presidencial: Projeto de lei rejeitado pode ser reapresentado na mesma
§ 12 - Aprovado projeto de lei de conversão alterando sessão legislativa pelo voto da maioria absoluta dos membros
o texto original da medida provisória, esta manter-se-á de qualquer uma das casas. Projetos de Emenda e Medidas
integralmente em vigor até que seja sancionado ou Provisórias rejeitadas não podem ser reapresentadas na mes- 281
vetado o projeto. ma sessão legislativa.
282
11. Organização dos Poderes – Poder A função de Chefe de Estado diz respeito a todas as
atribuições do Presidente nas relações externas do País. Como
Executivo Chefe de Governo, o Presidente possui inúmeras atribuições
internas, no que tange à governabilidade do país. Já como
O Poder Executivo, tem como função principal administrar Chefe da Administração Pública, o Presidente exercerá as
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o Estado. Para entender como o Poder Executivo Brasileiro funções relacionadas com a chefia da Administração Pública
está organizado, a seguir serão analisados alguns princípios Federal, ou seja, apenas da União.
constitucionais que o influenciam. Esses princípios que regem o Poder Executivo costumam
ser cobrados em prova. Vejamos esta questão sobre o princípio
Princípios republicano:
Sistema de Governo
Princípio Republicano
O primeiro princípio que será estudo é o Republicano Presidencialismo
que representa a Forma de Governo adotada no Brasil. A
forma de governo reflete o modo de aquisição e exercício
do poder político, além de medir a relação existente entre o Chefe da
governante e o governado. Chefe de Estado Administração Chefe de Governo
Pública
A melhor forma de entender esse instituto é conhecen-
do suas características. A primeira característica decorre da
análise etimológica da expressão res publica. Essa expressão,
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que dá origem ao princípio ora estudado, significa coisa públi-


ca, ou seja, em um Estado republicano o governante governa a Relação externas Chefe da Ações internas de
coisa pública, governa para o povo. do Brasil com Administração Governabilidade
outros Estados Pública Federal
Na república, o governante é escolhido pelo povo. Essa
é a chamada eletividade. O poder político é adquirido pelas
eleições, cuja vontade popular se concretiza nas urnas. Partindo de discussões sobre o presidencialismo, que car-
Outra característica importante é a Temporariedade. acteriza as funções exercidas pelo Presidente da República, a
Esse atributo revela o caráter temporário do exercício do seguir serão estudados suas atribuições, que aparecem prati-
poder político. Por causa desse princípio, em nosso Estado, camente em todos os editais que contêm Poder Executivo.
o governante permanece por quatro anos no poder, sendo
permitida apenas uma reeleição. Atribuições do Presidente
Por fim, num Estado Republicano o governante pode ser As atribuições do Presidente da República encontram-se
responsabilizado por seus atos. arroladas no Art. 84 da Constituição Federal:
Quando se fala dessas características da forma de gov- Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
erno republicana, remete-se imediatamente ao regime República:
político adotado no Brasil, que permite a participação pop- I. Nomear e exonerar os Ministros de Estado;
ular nas decisões estatais: democracia. II. Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
direção superior da administração federal;
Princípio Democrático III. Iniciar o processo legislativo, na forma e nos
Esse princípio revela o Regime de Governo adotado no casos previstos nesta Constituição;
Brasil, também chamado de Regime Político. Caracteriza-se IV. Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
por um governo do povo, pelo povo e para o povo. bem como expedir decretos e regulamentos para
Presidencialismo sua fiel execução;
V. Vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
O Presidencialismo é o Sistema de Governo adotado no
Brasil. O sistema de governo rege a relação entre o Poder Ex- VI. Dispor, mediante decreto, sobre:
ecutivo e o Legislativo, medindo o grau de dependência en- a) Organização e funcionamento da adminis-
tre eles. No Presidencialismo, prevalece a separação entre os tração federal, quando não implicar aumento de
Poderes Executivo e Legislativo os quais são independentes e despesa nem criação ou extinção de órgãos pú-
harmônicos entre si. blicos;
A Constituição declara que o Poder Executivo da União é b) Extinção de funções ou cargos públicos,
exercido pelo Presidente da República, auxiliado por seus Min- quando vagos;
istros de Estado: VII. Manter relações com Estados estrangeiros e
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente acreditar seus representantes diplomáticos;
da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. VIII. Celebrar tratados, convenções e atos interna-
O Presidencialismo possui uma característica muito impor- cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacio-
tante para prova: o presidente, que é eleito pelo povo, exerce nal;
ao mesmo tempo três funções: Chefe de Estado, Chefe de Gov- IX. Decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
erno e Chefe da Administração Pública. X. Decretar e executar a intervenção federal;
XI. Remeter mensagem e plano de governo ao da União, que observarão os limites traçados nas re-
Congresso Nacional por ocasião da abertura da spectivas delegações.
sessão legislativa, expondo a situação do País e Esse tema, quando cobrado em prova, costuma trabalhar
solicitando as providências que julgar necessárias; com a memorização do texto constitucional. A dica é memo-
XII. Conceder indulto e comutar penas, com au- rizar o Art. 84 da Constituição. Ele sempre está contemplado
diência, se necessário, dos órgãos instituídos em em prova.
lei;
Como já se falou na análise do Presidencialismo, as
XIII. Exercer o comando supremo das Forças Ar- atribuições do Presidente são de Chefe de Estado, Chefe de
madas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Governo ou Chefe da Administração Pública. Procurou-se,
Exército e da Aeronáutica, promover seus ofici-
abaixo, adequar, conforme a melhor doutrina, as atribuições
ais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes
são privativos; do Art. 84 às funções desenvolvidas pelo Presidente no exer-
cício de seu mandato:
XIV. Nomear, após aprovação pelo Senado Fed-
eral, os Ministros do Supremo Tribunal Federal Como Chefe de Estado:
e dos Tribunais Superiores, os Governadores de O Presidente representa o Estado nas suas relações inter-
Territórios, o Procurador-Geral da República, o nacionais. São funções de Chefe de Estado as previstas nos
presidente e os diretores do banco central e out- incisos VII, VIII, XIX, XX, XXII e XXVII do Art. 84;
ros servidores, quando determinado em lei; Como Chefe de Governo:
XV. Nomear, observado o disposto no Art. 73, os O Presidente exerce sua liderança política representando e
Ministros do Tribunal de Contas da União; gerindo os negócios internos nacionais. São funções de Chefe de
XVI. Nomear os magistrados, nos casos previs- Governo as previstas nos incisos I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XIV,
tos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da XV, XVI, XVII, XVIII, XXI, XXIII, XXIV, XXVI e XXVII;
União;
Como Chefe da Administração Pública:
XVII. Nomear membros do Conselho da República,
nos termos do Art. 89, VII; O Presidente gerencia os negócios internos administrati-
vos da administração pública federal. São funções de Chefe
XVIII. Convocar e presidir o Conselho da República
e o Conselho de Defesa Nacional; da Administração Pública as previstas nos incisos II, VI, XXV
e XXVII.
XIX. Declarar guerra, no caso de agressão estrangei-
ra, autorizado pelo Congresso Nacional ou referen- Uma característica interessante é que esse rol de com-
dado por ele, quando ocorrida no intervalo das ses- petências é meramente exemplificativo, por força do inciso
sões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, XXVII, que abre a possibilidade de o Presidente exercer outras
total ou parcialmente, a mobilização nacional; atribuições além das previstas expressamente no texto con-

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XX. Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo stitucional.
do Congresso Nacional; Outra questão amplamente trabalhada em prova é a pos-
XXI. Conferir condecorações e distinções honorífi- sibilidade de delegação de algumas de suas atribuições, con-
cas; forme prescrição do parágrafo único do Art. 84. Nem todas as
XXII. Permitir, nos casos previstos em lei comple- atribuições do Presidente são delegáveis, apenas as previstas
mentar, que forças estrangeiras transitem pelo nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte:
território nacional ou nele permaneçam temporar- VI. Dispor, mediante decreto, sobre:
iamente; a) Organização e funcionamento da adminis-
XXIII. Enviar ao Congresso Nacional o plano pluri- tração federal, quando não implicar aumento de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
anual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias despesa nem criação ou extinção de órgãos pú-
e as propostas de orçamento previstos nesta Con- blicos;
stituição;
b) Extinção de funções ou cargos públicos,
XXIV. Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, quando vagos;
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas referentes ao exercício ante- XII. Conceder indulto e comutar penas, com au-
rior; diência, se necessário, dos órgãos instituídos em
XXV. Prover e extinguir os cargos públicos federais, lei;
na forma da lei; XXV. Prover os cargos públicos federais, na forma
XXVI. Editar medidas provisórias com força de lei, da lei.
nos termos do Art. 62; São três competências que podem ser delegadas para três
XXVII. Exercer outras atribuições previstas nesta pessoas: Ministro de Estado, Procurador-Geral da República e
Constituição. Advogado-Geral da União.
Parágrafo único: O Presidente da República poderá Ministro de Estado é qualquer ministro que auxilie o Pre-
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, sidente da República na administração do Estado. São exem-
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao plos: Ministro da Justiça, Ministro da Fazenda e Ministro da 283
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral Agricultura.
Processo Eleitoral O critério de idade é para a situação de desempate. Ocor-
284 O processo de eleição do Presidente da República também rendo morte, desistência ou impedimento de algum candidato
encontra regulação expressa no texto constitucional: do segundo turno, deverá ser convocado o próximo mais votado.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente Finalizada a eleição, o Presidente e o Vice terão prazo de
da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dez dias a contar da posse, para assumir o cargo. Caso não seja
meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
último domingo de outubro, em segundo turno, se assumido, o cargo será declarado vago. Se o Presidente as-
houver, do ano anterior ao do término do mandato sume e o Vice não, o cargo do Vice é declarado vago, ficando o
presidencial vigente. Presidente sem Vice até o fim do mandato. Caso o Vice assuma
§ 1º - A eleição do Presidente da República impor- e o Presidente não, o cargo de Presidente será declarado vago,
tará a do Vice-Presidente com ele registrado. assumindo o Vice a função de Presidente e permanecendo du-
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato rante o seu mandato sem Vice.
que, registrado por partido político, obtiver a maioria
absoluta de votos, não computados os em branco e Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República
os nulos. tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, pre-
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta stando o compromisso de manter, defender e cumprir
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte a Constituição, observar as leis, promover o bem geral
dias após a proclamação do resultado, concorrendo os
dois candidatos mais votados e considerando-se eleito do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. independência do Brasil.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada
morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
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para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo mo-


convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior tivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será
votação.
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema- declarado vago.
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Impedimento e Vacância
Algumas considerações são importantes acerca desse tema. O Impedimento e a Vacância são espécies de ausência do
Primeiramente, deve-se registrar que a Constituição regulou até o Presidente da República. São circunstâncias em que o Pres-
dia em que deve ocorrer a eleição: idente não está no exercício de sua função. A diferença entre
Primeiro Turno: os dois institutos está no fato de que, na vacância a ausência é
Primeiro Domingo de Outubro; definitiva, enquanto no impedimento a ausência é temporária.
Segundo Turno: São exemplos de vacância: morte, perda do cargo, renúncia. São
Último Domingo de Outubro.
exemplos de impedimento: doença, viagem, férias. Na vacância,
Uma coisa chama a atenção no caput do Art. 77. É que a
ocorre sucessão; no impedimento, ocorre substituição. Tanto no
Constituição diz que as eleições ocorrem no ano anterior ao do
término do mandato presidencial vigente. Pergunta-se: será caso de impedimento como no de vacância, a Constituição Fed-
que essa regra é aplicável no direito brasileiro? eral determina que o Vice-Presidente ficará no lugar do Presi-
É claro que esse dispositivo é aplicado nos dias de hoje. dente, pois essa é a sua função precípua:
A eleição ocorre no ano anterior ao do término do mandato Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimen-
presidencial vigente, pois o mandato acaba no dia 1º de ja- to, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
neiro, conforme dispõe o Art. 82: Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por
seguinte ao da sua eleição. ele convocado para missões especiais.
Ora, se o novo mandato tem início em primeiro de janeiro,
significa que o mandato antigo acaba no dia primeiro de janei- O problema maior surge quando o Presidente e o Vice se
ro. Logo, está corretíssimo afirmar que as eleições ocorrem no ausentam ao mesmo tempo. Nesse caso, a Constituição de-
ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. termina que se convoquem outros sucessores: Presidente da
Quando votamos para Presidente, só votamos no Presi- Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Pres-
dente. O Vice é eleito como consequência da eleição do Pres- idente do Supremo Tribunal Federal. Esses são os legitimados
idente. Esse será eleito se tiver a maioria absoluta dos votos, a sucederem o Presidente da República e o Vice-Presidente de
não computados os votos brancos e nulos, ou seja, será eleito forma sucessiva e temporária quando ocorrer a ausência dos
aquele que possuir a maioria absoluta dos votos válidos. Maio- dois ao mesmo tempo:
ria absoluta dos votos significa dizer que o eleito obteve o pri- Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e
meiro número inteiro após a metade dos votos válidos. Se nin-
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos car-
guém obtiver maioria absoluta, deve-se convocar nova eleição
– segundo turno. Para o segundo turno, são chamados os dois gos, serão sucessivamente chamados ao exercício da
candidatos mais votados. Se, porventura, ocorrer empate no Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o
segundo lugar, a Constituição determina que seja convocado do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
o mais idoso.
Presidente da República Presidente da República e
Vice-Presidente

Vacância Impedimento Vacância

Sucessão Substituição Definitivo

Definitivo Temporário
Primeiros 2 anos do mandato Últimos 2 anos do mandato
Eleições Diretas 90 dias Eleições Indiretas 30 dias
Vice-Presidente Definitivo

Presidente da Câmara Temporário Perda do Cargo no Caso de Saída do País


Presidente do Senado sem Autorização do Congresso Nacional
Presidente do STF Esse artigo prevê a possibilidade de perda do cargo do
Presidente e Vice-Presidente nos casos de ausência do País
Agora, se ocorrer vacância dos cargos de Presidente e de por período superior a 15 dias sem licença do Congresso Na-
cional:
Vice ao mesmo tempo, a Constituição determina que sejam
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República
realizadas novas eleições: não poderão, sem licença do Congresso Nacional, au-
sentar-se do País por período superior a quinze dias,
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pres-
sob pena de perda do cargo.
idente da República, far-se-á eleição noventa dias de- Vejamos que a Constituição não proíbe que o Presidente
pois de aberta a última vaga. ou o Vice se ausentem do país sem licença do Congresso Na-
cional. Mas se a ausência se der por mais de 15 dias, nesse caso
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do será indispensável a autorização da Casa Legislativa.
período presidencial, a eleição para ambos os cargos Órgãos Auxiliares do Pres-

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será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con- idente da República
gresso Nacional, na forma da lei. A Constituição nos apresenta três órgãos auxiliares do Presi-
dente da República: Ministros de Estado, Conselho da República
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
e Conselho de Defesa Nacional. Os Ministros de Estados são os
pletar o período de seus antecessores. auxiliares diretos do Presidente da República. Os Arts. 87 e 88
trazem várias regras que podem ser trabalhadas em prova:
Caso a vacância se dê nos dois primeiros anos de man-
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre
dato, a eleição será direta, ou seja, com a participação do brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
povo e deverá ocorrer no prazo de 90 dias a contar da úl- dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além
tima vacância. Mas, se a vacância se der nos dois últimos de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição
anos do mandato, a eleição será indireta (realizada pelo e na lei:
I. Exercer a orientação, coordenação e supervisão
Congresso Nacional) no prazo de 30 dias a contar da úl-
dos órgãos e entidades da administração federal
tima vacância. Quem for eleito permanecerá no cargo até na área de sua competência e referendar os atos
o fim do mandato de quem ele sucedeu. Não se inicia um e decretos assinados pelo Presidente da República;
II. Expedir instruções para a execução das leis, de-
novo mandato. Esse mandato é chamado pela doutrina de cretos e regulamentos;
Mandato-Tampão. III. Apresentar ao Presidente da República relatório
anual de sua gestão no Ministério;
Em qualquer uma das duas situações, enquanto não forem IV. Praticar os atos pertinentes às atribuições que
eleitos os novos Presidente e Vice-Presidente, quem permanece no lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presiden-
te da República.
cargo é um dos sucessores temporários: Presidente da Câmara, do 285
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
Senado ou do STF. Ministérios e órgãos da administração pública.
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacion- nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especial-
286 al também são órgãos auxiliares do Presidente da República, mente na faixa de fronteira e nas relacionadas com
mas que possuem atribuição consultiva. Em situações deter- a preservação e a exploração dos recursos naturais
minadas pela Constituição, o Presidente, antes de tomar algu- de qualquer tipo;
ma decisão, precisa consultar esses dois órgãos. IV. Estudar, propor e acompanhar o desenvolvi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Abaixo, seguem os Arts. 89, 90 e 91, cujas regras também mento de iniciativas necessárias a garantir a
podem ser cobradas em prova. Destacam-se as composições e independência nacional e a defesa do Estado
as competências desses órgãos: democrático.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento
consulta do Presidente da República, e dele participam: do Conselho de Defesa Nacional.
I. O Vice-Presidente da República;
II. O Presidente da Câmara dos Deputados; Responsabilidades
III. O Presidente do Senado Federal;
IV. Os líderes da maioria e da minoria na Câmara A forma de governo adotada no País é a República e, por
dos Deputados; essa razão, é possível responsabilizar o Presidente da Repúbli-
V. Os líderes da maioria e da minoria no Senado ca por seus atos. A Constituição tratou de regular a respons-
Federal; abilização por Crime de Responsabilidade e por Infrações Pe-
VI. O Ministro da Justiça; nais Comuns.
VII. Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de Antes de trabalhar com cada uma das responsabilidades,
trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomea- serão analisadas as chamadas Imunidades.
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dos pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Imunidades são prerrogativas inerentes aos cargos mais
Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos importantes do Estado. Cargos que são estratégicos e essen-
Deputados, todos com mandato de três anos, ve- ciais à manutenção da ordem constitucional. Entre vários, se
dada a recondução. destaca o de Presidente da República.
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronun- A imunidade pode ser:
ciar-se sobre: Material
I. Intervenção federal, estado de defesa e estado É a conhecida irresponsabilidade penal absoluta. Essa imu-
de sítio; nidade protege o titular contra a responsabilização penal.
II. As questões relevantes para a estabilidade das
Formal
instituições democráticas.
§ 1º - O Presidente da República poderá convocar São Prerrogativas de Cunho Processual
Ministro de Estado para participar da reunião do Con- Um primeiro ponto essencial que precisa ser estabeleci-
selho, quando constar da pauta questão relacionada do: o Presidente não possui imunidade material, contudo, em
com o respectivo Ministério. razão da importância do seu cargo, possui imunidades formais.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento Apesar de o Presidente não possuir imunidade material, outros
do Conselho da República. cargos a possuem, por exemplo, os Parlamentares.
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de con- Ao todo, pode-se elencar quatro prerrogativas proces-
sulta do Presidente da República nos assuntos relacio- suais garantidas pela Constituição Federal ao Chefe do Exec-
nados com a soberania nacional e a defesa do Estado utivo da União:
democrático, e dele participam como membros natos:
• Processo
I. O Vice-Presidente da República;
II. O Presidente da Câmara dos Deputados; A Constituição exige juízo de admissibilidade emitido pela
Câmara para que o Presidente possa ser processado durante o
III. O Presidente do Senado Federal;
seu mandato. Isso significa que o Presidente da República só
IV. Ministro da Justiça; poderá ser processado se a Câmara dos Deputados autorizar
V. O Ministro de Estado da Defesa; pelo voto de 2/3 dos membros:
VI. O Ministro das Relações Exteriores; Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
VII. O Ministro do Planejamento; da República, por dois terços da Câmara dos Dep-
VIII. Os Comandantes da Marinha, do Exército e da utados, será ele submetido a julgamento perante
Aeronáutica. o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional: comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
I. Opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de responsabilidade.
de celebração da paz, nos termos desta Constitu- Prerrogativa de Foro
ição;
O Presidente não pode ser julgado por qualquer juiz, haja
II. Opinar sobre a decretação do estado de defesa,
do estado de sítio e da intervenção federal; vista a importância da função que exerce no Estado.
III. Propor os critérios e condições de utilização Diante disso, a Constituição estabeleceu dois foros compe-
de áreas indispensáveis à segurança do território tentes para julgar o Presidente:
Supremo Tribunal Federal O Presidente responderá por esse tipo de infração caso
Será julgado pelas infrações penais comuns; sua conduta se amolde ao previsto no Art. 85 da Constituição
Senado Federal Federal:
Será julgado pelos Crimes de Responsabilidade. Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do
Presidente da República que atentem contra a Consti-
Analisando essas duas primeiras prerrogativas, não se
tuição Federal e, especialmente, contra:
pode esquecer o previsto no Art. 86, § 1º:
I. A existência da União;
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
II. O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
I. Nas infrações penais comuns, se recebida a
Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes con-
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
stitucionais das unidades da Federação;
Federal;
III. O exercício dos direitos políticos, individuais e
II. Nos crimes de responsabilidade, após a instauração
sociais;
do processo pelo Senado Federal.
IV. A segurança interna do País;
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias,
V. A probidade na administração;
o julgamento não estiver concluído, cessará o afasta-
mento do Presidente, sem prejuízo do regular prosse- VI. A lei orçamentária;
guimento do processo. VII. O cumprimento das leis e das decisões judici-
A Constituição determina que, após iniciado o processo, tan- ais.
to por infração penal comum quanto por crime de responsabili- Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
dade, o Presidente fique suspenso de suas funções pelo prazo de especial, que estabelecerá as normas de processo e
180 dias, tempo necessário para que se finalize o processo. Caso julgamento.
o Presidente não seja julgado nesse período, ele poderá retornar Esse rol de condutas, consideradas como Crime de Re-
ao exercício de suas funções sem prejuízo de continuidade do sponsabilidade estabelecido na Constituição, é meramente
exemplificativo, já que é a Lei 1.079/50 o dispositivo regula-
processo. Deve-se ter muito cuidado em prova com o início do
dor do Crime de Resposabilidade. Deve-se destacar sua rele-
prazo de suspensão:
vância na fixação de outras autoridades que respondem por
Infração Penal Comum esse crime, novos crimes além dos procedimentos adotados
O prazo de suspensão inicia-se a partir do recebimento da nesse processo, principalmente na competência exclusiva do
denúncia ou queixa; cidadão para denunciar o Presidente. Destaca-se ainda que,
Crime de Responsabilidade para haver condenação, o Senado deve proferi-la pelo voto

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de 2/3 dos seus membros.
O prazo de suspensão inicia-se a partir da instauração do
Considerando que não se trata de um crime, essa infração
processo.
não pode resultar numa pena privativa de liberdade. Quem
Caso a Câmara autorize o processo do Presidente por pratica crime de responsabilidade não pode ser preso. A con-
crime de responsabilidade, o Senado deverá processá-lo, sequência estabelecida no Art. 52, parágrafo único, é a perda
pois não assiste discricionariedade ao Senado em proces- do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer função
sar ou não. Sua decisão é vinculada à decisão da Câmara, pública pelo prazo de oito anos:
pelo fato de as duas Casas serem políticas. Contudo, nos Art. 52, Parágrafo único. Nos casos previstos nos
casos de infração penal comum, o STF não está obriga- incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supre- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
do a processar o Presidente em respeito à Separação dos mo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que
somente será proferida por dois terços dos votos do
Poderes. Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação,
Vamos aproveitar o momento para entender o que são in- por oito anos, para o exercício de função pública, sem
fração penal comum e crime de responsabilidade. prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Infração Penal Comum: Prisão
É qualquer crime ou contravenção penal cometida pelo O Presidente só pode ser preso pela prática de infração
Presidente da República na função ou em razão da sua função penal comum e somente se sobrevier sentença condenatória:
de Presidente. Seu processamento se dará no Supremo Tribu- Art. 86, § 3º - Enquanto não sobrevier sentença
nal Federal. condenatória, nas infrações comuns, o Presidente
Crime de Responsabilidade: da República não estará sujeito a prisão.
A primeira coisa que se precisa saber sobre o crime de re- Irresponsabilidade Penal Relativa
sponsabilidade é que ele não é um crime. O crime de respons- Também conhecida na doutrina como Imunidade Formal
abilidade é uma infração de natureza político-administrativa. Temporária, essa prerrogativa afirma que o Presidente não
O nome crime é impróprio para esse instituto. O processo que poderá ser responsabilizado por atos alheios aos exercícios de 287
visa a esse tipo de responsabilização é o Impeachment. suas funções:
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu
288 mandato, não pode ser responsabilizado por atos est- Imunidade
ranhos ao exercício de suas funções.
Para melhor compreender as imunidades conferidas ao
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Presidente da República, analisemos as seguintes situações


Formal Material
hipotéticas:
01. Suponhamos que o Presidente da República seja fla-
grado após ter cometido o assassinado de duas pes- Autorização da Câmara dos
soas por motivos particulares. Processo Deputados = 2/3 dos votos
a) Poderia ele, no momento em que é flagrado, ser
preso pelo crime?
Não. O Presidente só pode ser preso se tiver uma sentença STF: Crime Comum
condenatória.
Poderia o Presidente ser processado pelo crime de duplo Prerrogativa de
Foro Senado: Crime de Respons-
homicídio durante o se mandato? abilidade
O Presidente não pode ser responsabilizado por atos al-
heios aos exercícios de suas funções. Ao matar duas pessoas,
ele não comete o crime na condição de Presidente, ou seja, Prisão Só depois da sentença penal
condenatória
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esse crime não possui relação com sua função de Presidente.


Por esse motivo, ele não pode ser processado durante o seu
mandato. Não significa que ficará impune pelo crime cometi-
Irresponsabilidade Não responde por ato
do, apenas será responsabilizado normalmente após o man- Penal relativa alheio a sua função
dato, nesse caso, sem nenhuma prerrogativa. Apesar de não
haver previsão legal, a jurisprudência entende que o prazo
prescricional, nesse caso, ficará suspenso, não prejudicando a ANOTAÇÕES
responsabilização do Presidente.
02. Suponhamos agora que, em reunião com os Ministros,
o Presidente tenha discutido com um deles. Em meio à
confusão, o Presidente mata o Ministro.
a) Poderia ele ser preso por esse crime?
O Presidente não pode ser preso enquanto não sobrevier
sentença condenatória. É a imunidade em relação às prisões.
b) O Presidente poderá ser processado por esse crime
enquanto estiver no seu mandato?
Nesse caso sim. Perceba que o crime cometido foi em razão
da função de Presidente, visto que não estaria na reunião com
Ministros se não fosse o Presidente da República. Dessa forma,
ele será processado por essa infração penal comum no Supre-
mo Tribunal Federal, caso a Câmara dos Deputados autorize
o processo. Havendo sentença condenatória, ele poderá ser
preso. A possibilidade de responsabilização do Presidente da
República por infração penal comum só ocorre se o crime com-
etido estiver ligado à sua função de Presidente.
Já em relação a outras esferas do direito, como cíveis, admin-
istrativas, trabalhistas ou qualquer outra área, o presidente não
possui prerrogativa. Isso significa que o Presidente responderá
normalmente, sem nenhum privilégio, nas outras esferas do Di-
reito. O tema das Responsabilidades do Presidente tem sido alvo
de inúmeras questões de prova. As questões podem ser trabalha-
das a partir da literalidade do texto constitucional ou mesmo in-
vocando caso concreto para verificação das regras e prerrogativas
do Presidente.
12. Organização dos Poderes – Poder Critérios para Ingresso na Carreira
Conforme o que diz o Art. 93, I, da Constituição Federal:
Judiciário Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistra-
Disposições Gerais tura, observados os seguintes princípios:

Organograma I. Ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o


de juiz substituto, mediante concurso público de
O Poder Judiciário é o titular da chamada função jurisdicional. provas e títulos, com a participação da Ordem
Ele possui a atribuição principal de “dizer o direito”, “aplicar o di- dos Advogados do Brasil em todas as fases, ex-
reito ao caso concreto”. Além de desempenhar esta função típica, igindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três
o Judiciário também exerce de forma atípica a função dos demais anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
poderes. Quando realiza concursos públicos ou contrata uma nomeações, à ordem de classificação.
empresa prestadora de serviços, ele o faz no exercício da função
administrativa (Poder Executivo). O Judiciário também exerce de Esse inciso apresenta regras para o ingresso na carreira da
forma atípica a função do Poder Legislativo quando edita instru- Magistratura. O ingresso dar-se-á no cargo de juiz substituto e
mentos normativos que regulam as atividades dos tribunais. depende de aprovação em concurso público de provas e títulos.
Para desempenhar suas funções, o Poder Judiciário se uti- Como foi possível perceber, é um tipo de concurso que é bem
liza de diversos órgãos os quais estão previstos no Art. 92: seletivo, sendo que aprovação depende de intensa dedicação
do candidato. Além de a prova ser dificílima, o candidato precisa
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
comprovar no mínimo três anos de atividade jurídica, que só pode
I. O Supremo Tribunal Federal; ser realizada após a conclusão do curso. Deve-se estar atento a
I-A. O Conselho Nacional de Justiça; esse prazo de atividade jurídica exigido, as bancas constumam
II. O Superior Tribunal de Justiça; trocar o três por outro númeral.
II-A. O Tribunal Superior do Trabalho; (In- O conceito de atividade jurídica é definido na Resolução nº
cluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 75/2009 do Conselho Nacional de Justiça que prevê, entre outros,
2016) o exercício da advocacia ou de cargo público privativo de bacharel
III. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fed- em direito como forma de se comprovar o tempo exigido.
erais;
IV. Os Tribunais e Juízes do Trabalho;
Quinto Constitucional
V. Os Tribunais e Juízes Eleitorais; O quinto permite que uma pessoa se torne magistrado sem
necessidade de realização de concurso público para a magistra-

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VI. Os Tribunais e Juízes Militares; tura. É uma porta de entrada destinada a quem não é membro
VII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito do Poder Judiciário. A regra do quinto decorre do fato de que 1/5
Federal e Territórios. das vagas em alguns tribunais são destinadas aos membros do
§ 1º - O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional Ministério Público ou da Advocacia. Vejamos o que dispõe o Art.
de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Cap- 94 da Constituição Federal:
ital Federal. Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
§ 2º - O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Su- Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal
periores têm jurisdição em todo o território nacional. e Territórios será composto de membros, do Ministério
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advoga- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
STF dos de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indi-
CNJ cados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
STJ TST TSE STM formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de
Auto-
seus integrantes para nomeação.
TJ TRF TRT TRE ridades Um detalhe que não pode ser esquecido é: para concor-
Militares rer às vagas pelo quinto constitucional, faz-se necessário
que os membros do Ministério Público e da Advocacia pos-
Juiz de Juiz Juiz do Juiz Juiz suam mais de dez anos de experiência.
Direito Federal Trabalho Eleitoral Militar Outra questão muito importante é saber quais são os tri-
bunais que permitem o ingresso pelo quinto. Segundo o Art.
Para que se tenha ideia de como esse esquema dos órgãos 94, podem ingressar pelo quinto os membros dos Tribunais
do Poder Judiciário pode ser útil em uma prova, vejamos esta Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito 289
questão: Federal e Territórios.
Ainda possuem um quinto das vagas para os Membros Garantias dos Membros
290 do MP e da Advocacia os Tribunais Regionais do Trabalho
e o Tribunal Superior do Trabalho. Assim preveem os Arts. As garantias são um conjunto de proteções que os mem-
111-A e 115 da Constituição: bros do Poder Judiciário possuem e que são inerentes ao ex-
ercício de suas funções. Uma observação se faz necessária:
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho com-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quando se fala “membro do poder judiciário”, refere-se ao tit-


por-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre ular da Função Jurisdicional, ou seja, ao magistrado, ao juiz. Os
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos demais servidores auxiliares do Poder Judiciário não possuem
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico as mesmas garantias dos juízes.
e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do A doutrina classifica as garantias dos magistrados em duas
Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda espécies:
Constitucional nº 92, de 2016) Garantias de Independência;
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez Garantias de Imparcialidade.
anos de efetiva atividade profissional e membros do As Garantias de Independência são proteções que garan-
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos tem ao magistrado uma maior tranquilidade para desempen-
de efetivo exercício, observado o disposto no Art. 94. har suas funções. O objetivo é permitir ao juiz segurança no
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com- desempenhar de suas funções. Elas estão previstas no Art. 95,
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan- as quais são:
do possível, na respectiva região, e nomeados pelo Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
Presidente da República dentre brasileiros com mais I. Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será ad-
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de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: quirida após dois anos de exercício, dependendo a
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez perda do cargo, nesse período, de deliberação do
anos de efetiva atividade profissional e membros do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos casos, de sentença judicial transitada em julgado;
de efetivo exercício, observado o disposto no Art. 94. II. Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
O Superior Tribunal de Justiça também permite que mem- público, na forma do Art. 93, VIII;
bros do Ministério Público ou da Advocacia nele ingressem, III. Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o dis-
contudo não são destinadas 1/5 das vagas, mas 1/3 das vagas: posto nos Arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, 153, § 2º, I.
no mínimo, trinta e três Ministros. A vitaliciedade é como se fosse a estabilidade do servidor
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de público, com uma diferença: ela é bem mais vantajosa que a
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, simples estabilidade. A vitaliciedade garante ao magistrado
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos perder o seu cargo apenas por sentença judicial transitada em
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e julgado. Como se pode ver, é bem mais vantajosa que a estabili-
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela dade. Atente-se para alguns detalhes: a vitaliciedade só será ad-
maioria absoluta do Senado Federal, sendo: quirida após dois anos de exercício no cargo; durante o estágio
I. Um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais probatório do juiz, que dura dois anos, ele poderá perder o cargo
Federais e um terço dentre desembargadores dos por deliberação do próprio tribunal do qual faz parte.
Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice ela- Um detalhe quase nunca percebido é que a exigência dos
borada pelo próprio Tribunal; dois anos de exercício para se adquirir a vitaliciedade só se
II. Um terço, em partes iguais, dentre advogados e aplica aos juízes do primeiro grau, ou seja, aos juízes que in-
membros do Ministério Público Federal, Estadual, gressaram na carreira por meio de concurso público. Os juízes
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, que ingressam diretamente no Tribunal, por meio do Quinto
indicados na forma do Art. 94. Constitucional, ou mesmo no STJ pelo 1/3 das vagas, não pre-
Quinto Constitucional cisam esperar os dois anos para adquirir a garantia. Para estes,
a vitaliciedade é imediata, sendo adquirida no momento em
Dez anos de ex- que ele pisa no Tribunal.
MP periência Advogado A inamovibilidade prevê que o magistrado não poderá ser
removido do local onde exerce a sua função sem sua vontade.
1 Ele poderá julgar qualquer pessoa, conforme sua convicção, sem
5 medo de ser obrigado a deixar o local onde exerce sua jurisdição.
Essa garantia não é absoluta, pois poderá ser removido de ofício
por interesse público conforme preleciona o Art. 93, VIII:
TJ – TRF – TRT - TST Art. 93, VIII. O ato de remoção, disponibilidade e apo-
sentadoria do magistrado, por interesse público, fun-
dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do
Atenção: 1 STJ respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
3 assegurada ampla defesa.
A irredutibilidade dos subsídios representa a garantia de Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribu-
que o magistrado não poderá ter redução em sua remuner- nal Federal serão nomeados pelo Presidente da
ação. A forma de retribuição pecuniária do magistrado é por República, depois de aprovada a escolha pela maio-
meio de subsídio, que equivale a uma parcela única. Por isso, ria absoluta do Senado Federal.
fala-se em irredutibilidade dos subsídios. O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder
O parágrafo único do mesmo artigo apresenta o rol de Judiciário e é formado por 11 ministros escolhidos pelo Presi-
garantias de imparcialidade. Essas normas são verdadeiras dente da República depois de aprovada a escolha pela maioria
vedações aplicadas aos magistrados. São impedimentos que absoluta do Senado Federal, dentre os cidadãos com mais de
visam a garantir um julgamento imparcial, sem vícios ou trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de
privilégios. Por isso, são chamadas de garantias de impar- notável saber jurídico e reputação ilibada.
cialidade. São elas:
Existe mais um requisito que não está escrito nesse artigo,
Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado: mas está previsto no Art. 12, § 3º, IV, da Constituição. Para ser
I. Exercer, ainda que em disponibilidade, outro car- Ministro do STF deve ser brasileiro nato:
go ou função, salvo uma de magistério;
Art. 12, § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
II. Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
participação em processo; IV. De Ministro do Supremo Tribunal Federal.
III. Dedicar-se à atividade político-partidária. A Constituição não exige do candidato a Ministro do STF
IV. Receber, a qualquer título ou pretexto, aux- que tenha formação superior em Direito, apesar de exigir
ílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades notório saber jurídico.
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre-
vistas em lei;
Conselho Nacional de Justiça
V. Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual Vejamos agora a composição do Conselho Nacional de
se afastou, antes de decorridos três anos do afasta- Justiça:
mento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se
Geralmente as bancas cobram a memorização dessas ve- de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois)
dações. O inciso I é bem cobrado em razão da exceção prevista anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
na Constituição para a acumulação de cargos ou funções. Se- I. O Presidente do Supremo Tribunal Federal;
gundo esse inciso, o magistrado, além de exercer sua função II. Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, in-
de juiz, também pode exercer uma função no magistério. dicado pelo respectivo tribunal;
O inciso II proíbe o magistrado de receber custas ou par- III. Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho,
ticipação em processos. O juiz já recebe sua remuneração para indicado pelo respectivo tribunal;

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desempenhar sua função independente dos valores que estão IV. Um desembargador de Tribunal de Justiça, indi-
em jogo nos processos. cado pelo Supremo Tribunal Federal;
O inciso III proíbe o juiz de se dedicar à atividade políti- V. Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribu-
co-partidária exatamente para evitar que seus julgamentos nal Federal;
sejam influenciados por correntes políticas ou convicções par- VI. Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado
tidárias. O juiz precisa ficar alheio a tais situações. pelo Superior Tribunal de Justiça;
O inciso IV proíbe o magistrado de receber ajudas finan- VII. Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
ceiras de terceiros ressalvados os casos previstos em lei. Por de Justiça;
exemplo, um juiz não pode receber um carro como agradec- VIII. Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
imento por um julgamento favorável, mas poderia receber os cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

valores decorrentes da venda de livros que tenha escrito ou IX. Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Su-
mesmo, receber valores pela ministração de palestras. perior do Trabalho;
X. Um membro do Ministério Público da União, in-
Composição dos Órgãos dicado pelo Procurador-Geral da República;
XI. Um membro do Ministério Público estadual, es-
do Poder Judiciário colhido pelo Procurador-Geral da República dentre
A composição dos tribunais é tema recorrente em prova os nomes indicados pelo órgão competente de
e requer um alto poder de memorização do candidato, prin- cada instituição estadual;
cipalmente pela composição diferenciada entre um e outro XII. Dois advogados, indicados pelo Conselho Fed-
tribunal. A seguir descreve-se, então, a composição de cada eral da Ordem dos Advogados do Brasil;
um dos órgãos do Poder Judiciário. XIII. Dois cidadãos, de notável saber jurídico e
Supremo Tribunal Federal reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de § 1º - O Conselho será presidido pelo Presidente do
onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e im-
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, pedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribu- 291
de notável saber jurídico e reputação. nal Federal.
§ 2º - Os demais membros do Conselho serão nomea- Como se pode perceber, nem todos os membros do Con-
292 dos pelo Presidente da República, depois de aprovada selho Nacional de Justiça são membros do Poder Judiciário.
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Essa é uma característica já cobrada em prova, com exceção do
§ 3º - Não efetuadas, no prazo legal, as indicações Presidente do STF, que é membro nato do CNJ; os demais serão
previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Tribunal Federal. escolha pela maioria do Senado Federal. Caso as indicações


A composição do CNJ possui uma dificuldade peculiar para acima listadas não sejam efetuadas, caberá ao Supremo Tri-
a memorização. Percebana leitura do artigo, que os membros bunal Federal fazê-las. Lembre-se de que os membros do CNJ
do Conselho são indicados por algum órgão. Além de memo- exercem um mandato de dois anos, sendo admitida uma re-
rizar os membros, o candidato tem de memorizar o órgão que condução.
indicou o membro. Para isso, deve-se fazer uma análise lógica Abaixo, segue um esquema de memorização para a com-
na construção dessa composição: posição desse órgão do poder judiciário.
A primeira coisa que se tem que fazer é identificar os Composição do CNJ
órgãos que escolhem:
STF; Membro do
Presidente do STF
STJ; MPU
STF Desembargador do TJ PGR
TST; Membro do
Juiz Estadual MPE
PGR;
CFOAB;
Ministro do STJ
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Câmara dos Deputados; STJ Juiz TRF CFOAB Dois


Senado Federal. Advogados
Juiz Federal
A partir dessa primeira análise, parte-se para a identi-
ficação dos membros que são indicados por cada um dos
órgãos, que deve ser construída de forma lógica. Ministro do TST CD
TST Juiz TRT Cidadão
Entre os membros do CNJ existem dois advogados: quem
Juiz do Trabalho SF
poderia indicar dois advogados? O STF, o STJ, o TST ou o Con-
selho Federal dos Advogados do Brasil? Que quem indica os Superior Tribunal de Justiça
dois advogados é o CFOAB. Entre os membros do CNJ, existe
um membro do Ministério Público da União e um membro do O texto constitucional prevê no Art. 104:
Ministério Público estadual. Quem indica esses dois membros Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de,
do Ministério Público? Será o STF? Ou seria o STJ? Não é mais no mínimo, trinta e três Ministros.
lógico que a escolha dos membros do Ministério Público seja Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
do Procurador Geral da República, que é o chefe do Ministério Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
Público da União? Certamente. dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
Com base nessa lógica, fica fácil identificar os membros de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
do CNJ. Continuemos a análise. Agora existem membros da reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
justiça trabalhista: um Ministro do TST, um Juiz do TRT e um maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
Juiz do Trabalho. Quem escolhe esses juízes? STF, STJ ou TST? I. Um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais
Mais uma resposta bem lógica. Só pode ser o Tribunal Supe- Federais e um terço dentre desembargadores dos
rior do Trabalho o responsável pela escolha desses três mem- Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice
bros pertencentes à justiça trabalhista. elaborada pelo próprio Tribunal;
Ainda há alguns membros a serem escolhidos. Quem es- II. Um terço, em partes iguais, dentre advogados e
colhe os membros da Justiça Federal (Juiz do TRF e Juiz Fed- membros do Ministério Público Federal, Estadual,
eral)? Tem de ser o Tribunal guardião da Legislação Federal: do Distrito Federal e Territórios, alternadamente,
Superior Tribunal de Justiça. Ele também escolherá um mem- indicados na forma do Art. 94.
bro do seu próprio tribunal para fazer parte do CNJ. O Superior Tribunal de Justiça é composto por, no mínimo,
Ao Supremo Tribunal Federal fica a responsabilidade pela 33 ministros. Deve-se ter cuidado com isso em prova: não são
escolha dos membros da Justiça Estadual, ou seja, um Juiz Es- 33, mas, no mínimo 33. Esse dispositivo permite que o Tribunal
tadual e um Desembargador de Tribunal de Justiça. Aqui cabe possua mais de 33 membros.
uma observação importantíssima. O STF não escolhe um de
seus ministros para fazer parte do CNJ, pois o Presidente do Seus membros serão nomeados pelo Presidente da
STF é membro nato. Ele não é escolhido, ele faz parte do CNJ República depois de aprovada a escolha pelo Senado Feder-
desde sua nomeação como Presidente do STF. Ao mesmo tem- al. Aqui se aplica uma regra comum nos tribunais superiores:
po em que é indicado como Presidente do STF, ele também nomeação pelo Presidente mediante aprovação do Senado.
cumulará a função de Presidente do CNJ. Outro requisito é a idade: no mínimo 35 e no máximo 65 anos.
Por último, resta saber quem o Senado Federal e a Câmara Questão sempre cobrada em prova é a composição. A
dos Deputados indicará para ser membro do CNJ. Cada um deles escolha dos Ministros não é livre, estando vinculada ao texto
indicará um cidadão de notável saber jurídico e reputação ilibada. constitucional que prevê:
▷ 1/3 das vagas para os membros dos Tribunais Re- Justiça do Trabalho
gionais Federais;
A Justiça do Trabalho encontra-se prevista no Art. 111 da
▷ 1/3 das vagas para os Desembargadores dos Tribu- Constituição, sendo competente para julgar as causas cuja
nais de Justiça; matéria possua natureza trabalhista. São órgãos da Justiça do
▷ 1/3 das vagas, dividida em partes iguais, para Trabalho:
membros do Ministério Público Federal, Estadual Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
e do Distrito Federal e advogados com mais de 10 I. O Tribunal Superior do Trabalho;
anos de experiência. II. Os Tribunais Regionais do Trabalho;
No que tange às vagas para os membros do Ministério Pú- III. Juízes do Trabalho.
blico e advogados, uma coisa chama a atenção: a divisão em § 1º a 3º - Vejamos a composição dos órgãos da Justiça
partes iguais. Se houver isso em uma prova, é muito provável trabalhista.
que o candidato marque essa afirmação como sendo incorreta,
Tribunal Superior de Trabalho
tendo em vista 1/3 de 33 ser igual a 11, valor esse impossível
de se dividir em partes iguais, quando a divisão se trata de O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão de cúpula da
Justiça do Trabalho. Segundo a Constituição Federal, o TST é
pessoas. Contudo, essa é a previsão expressa da Constituição,
composto por 27 membros, conforme previsão do Art. 111-A:
que não é de toda absurda. Considerando que o STJ pode ser
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho com-
composto por mais de 33 membros, havendo, por exemplo, 36, por-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
seria possível efetivar essa divisão em partes iguais. Enquanto brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de
o órgão for formado por 33 membros, a vaga remanescente sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu-
é alternada entre membros do MPF e MPDFT e da advocacia. tação ilibada, nomeados pelo Presidente da República
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Fed-
Tribunal Regional Federal eral, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucio-
O Art. 107 apresenta as regras de composição dos Tribu- nal nº 92, de 2016)
nais Regionais Federais: I. Um quinto dentre advogados com mais de dez
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se anos de efetiva atividade profissional e membros
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando pos- do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
sível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente anos de efetivo exercício, observado o disposto no
da República dentre brasileiros com mais de trinta e Art. 94;
menos de sessenta e cinco anos, sendo: II. Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira,

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indicados pelo próprio Tribunal Superior.
anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público Federal com mais de dez anos de O Texto Constitucional exige para ser Ministro do TST a
carreira; condição de brasileiro, maior de 35 anos e menor de 65 anos.
II. Os demais, mediante promoção de juízes fede- A nomeação dos Ministros se dá por ato do Presidente da
rais com mais de cinco anos de exercício, por anti- República após a aprovação do Senado Federal pelo voto da
guidade e merecimento, alternadamente. maioria absoluta dos seus membros. Os 27 ministros são divi-
Os TRFs possuem a mesma peculiaridade do STJ no que diz didos da seguinte forma:
respeito à composição baseada em um mínimo, sendo, nesse ▷ 1/5 – advogados com mais de dez anos de efe-
caso, no mínimo sete juízes, recrutados, quando possível, na tiva atividade profissional e membros do Minis-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

respectiva região. Atualmente, são cinco regiões jurisdicionais, tério Público do Trabalho com mais de dez anos
cada uma sob a responsabilidade de um TRF. de efetivo exercício;
Para fazer parte dos TRFs o juiz precisa ter no mínimo 30 ▷ 4/5 – juízes dos TRT’s, oriundos da magistratu-
e no máximo 65 anos de idade. Quando comparada aos Tribu- ra de carreira, indicados pelo próprio tribunal.
nais Superiores, a idade mínima sofre uma atenuação de 35 ▷ Como se pode perceber, no TST adota-se o critério
para 30 anos; deve-se ter atençaõ em relação a isso. de ingresso pela regra do Quinto Constitucional.
Os membros dos TRFs são nomeados pelo Presidente da Além disso, é importante ressaltar a exigência de
República sem necessidade de aprovação do Senado Federal. que juiz do TRT que deseje concorrer a uma vaga
Essa é outra distinção importante. no TST seja membro do Poder Judiciário de car-
Nos TRFs adota-se a regra do Quinto Constitucional, por reira, isto é, que tenha ingressado nos quadros do
meio do qual, 1/5 das vagas são destinadas a advogados e tribunal por meio de concurso público nos termos
membros do Ministério Público Federal com mais de 10 anos do Art. 93, I da CF. Essa última regra exclui a pos-
de experiência. As demais vagas são destinadas a promoção sibilidade daqueles que são oriundos do quinto
de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, que constitucional nos TRTs de ingressarem no TST
pode ocorrer ou por merecimento ou por antiguidade, de for- na vaga destinada aos membros da magistratura 293
ma alternada. trabalhista (4/5 das vagas).
A Constituição prevê, ainda, o funcionamento junto ao TST ▷ 4/5 – juízes do trabalho promovidos por antiguida-
294 da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Mag- de e merecimento, alternadamente.
istrados do Trabalho e o Conselho Superior da Justiça do Tra- A Constituição prevê, dentro da estrutura dos TRTs, como
balho, conforme o Art. 111-A, § 2º: forma de democratizar o acesso à Justiça do Trabalho, a pos-
sibilidade de instalação da justiça itinerante, com a realização
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 111-A, § 2º - Funcionarão junto ao Tribunal Supe-


rior do Trabalho: de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos
I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen- limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de eq-
to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre uipamentos públicos e comunitários. Não se deve esquecer de
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o que os TRTs poderão funcionar descentralizadamente, constitu-
ingresso e promoção na carreira; indo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
II. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo, garan-
cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão tindo-se, dessa forma, uma maior celeridade processual. Ainda
administrativa, orçamentária, financeira e patrimo- dentro da estrutura da Justiça do Trabalho, a Constituição prevê
nial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo a possibilidade de juízes de direito exercerem as atribuições da
graus, como órgão central do sistema, cujas decisões jurisdição trabalhista nas comarcas não abrangidas pela Justiça
terão efeito vinculante. do Trabalho, garantindo-se, nesse caso, recurso para o TRT:
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho pro- Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po-
cessar e julgar, originariamente, a reclamação para a dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
preservação de sua competência e garantia da autori- atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o re-
dade de suas decisões. (Incluído pela Emenda Consti- spectivo Tribunal Regional do Trabalho.
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tucional nº 92, de 2016) Por fim, a Constituição determinou que a jurisdição nas
Tribunal Regional do Trabalho Varas do Trabalho seja exercida por um juiz singular:
O ingresso no Tribunal Regional do Trabalho se dá con- Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exer-
cida por um juiz singular.
forme as regras previstas no Art. 115 da CF:
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com- Competências
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan- Quanto às competências da Justiça do Trabalho, a Consti-
do possível, na respectiva região, e nomeados pelo tuição encarregou-se de defini-las expressamente no Art. 114:
Presidente da República dentre brasileiros com mais Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: julgar:
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez I. As ações oriundas da relação de trabalho, abrangi-
anos de efetiva atividade profissional e membros do dos os entes de direito público externo e da adminis-
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos tração pública direta e indireta da União, dos Estados,
de efetivo exercício, observado o disposto no Art. 94; do Distrito Federal e dos Municípios;
II. Os demais, mediante promoção de juízes do II. As ações que envolvam exercício do direito de
trabalho por antiguidade e merecimento, alterna- greve;
damente. III. As ações sobre representação sindical, entre
§ 1° - Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
justiça itinerante, com a realização de audiências e de- sindicatos e empregadores;
mais funções de atividade jurisdicional, nos limites ter- IV. Os mandados de segurança, “Habeas Corpus” e
ritoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipa- “Habeas Ddata”, quando o ato questionado envolver
mentos públicos e comunitários.
matéria sujeita à sua jurisdição;
§ 2° - Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão
V. Os conflitos de competência entre órgãos com
funcionar descentralizadamente, constituindo
jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no Art.
Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno aces-
102, I, o;
so do jurisdicionado à justiça em todas as fases do
processo. VI. As ações de indenização por dano moral ou patri-
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exer- monial, decorrentes da relação de trabalho;
cida por um juiz singular. VII. As ações relativas às penalidades administra-
São no mínimo sete juízes recrutados, quando possível, na tivas impostas aos empregadores pelos órgãos de
respectiva região os quais serão nomeados pelo Presidente da fiscalização das relações de trabalho;
República entre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos VIII. A execução, de ofício, das contribuições soci-
de idade. Para ser um juiz do TRT, é necessária a observação dos ais previstas no Art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos
seguintes critérios: legais, decorrentes das sentenças que proferir;
▷ 1/5 – advogados com mais de 10 anos de efeti- IX. Outras controvérsias decorrentes da relação de
va atividade profissional e membros do Minis- trabalho, na forma da lei.
tério Público do Trabalho com mais de 10 anos § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes
de efetivo exercício; poderão eleger árbitros.
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de Como se pode depreender do texto constitucional, o TSE é
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas composto de no mínimo sete membros os quais serão eleitos
anteriormente. ou nomeados segundo as seguintes regras:
§ 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com Escolhidos mediante eleição: três juízes dentre os Ministros
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério STF e dois juízes dentre os Ministros do STJ;
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, Por nomeação do Presidente da República: dois juízes
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
Justiça Eleitoral moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão escolhidos
A Justiça Eleitoral é a justiça especializada em questões de
dentre os Ministros do STF e o Corregedor Eleitoral será escolhi-
natureza eleitoral. Seus órgãos estão previstos no Art. 118 da
do dentre os Ministros do STJ.
Constituição:
Tribunal Regional Eleitoral
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
Os Tribunais Regionais Eleitorais serão distribuídos em
I. O Tribunal Superior Eleitoral;
todo território nacional sendo um em cada Capital de cada
II. Os Tribunais Regionais Eleitorais; Estado e no Distrito Federal os quais se comporão de sete
III. Os Juízes Eleitorais; membros, conforme dispõe o Art. 120 da Constituição Federal:
IV. As Juntas Eleitorais. Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Cap-
Uma peculiaridade distingue os órgãos da Justiça Eleitoral ital de cada Estado e no Distrito Federal.
dos demais órgãos do Poder Judiciário. Apesar de seus mem- § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
bros possuírem as mesmas garantias dos demais membros do I. Mediante eleição, pelo voto secreto:
Poder Judiciário, eles não possuem a vitaliciedade, haja vista a) De dois juízes dentre os desembargadores
serem eleitos para um mandato de dois anos, no mínimo, não do Tribunal de Justiça;
podendo exercê-lo por mais de dois biênios consecutivos:
b) De dois juízes, dentre juízes de direito, es-
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização colhidos pelo Tribunal de Justiça;
e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das
II. De um juiz do Tribunal Regional Federal com sede
juntas eleitorais.
na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer
e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de

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caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de
III. Por nomeação, pelo Presidente da República,
plenas garantias e serão inamovíveis.
de dois juízes dentre seis advogados de notável
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo moti- saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
vo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e
Tribunal de Justiça.
nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo
os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente
mesmo processo, em número igual para cada cate- e o Vice-Presidente dentre os desembargadores.
goria. Os membros do TRE serão escolhidos conforme os se-
Analisa-se, a seguir, a composição de cada um dos órgãos guintes critérios: NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
da Justiça Eleitoral: Mediante eleição: dois juízes dentre os desembar-
gadores do Tribunal de Justiça e dois juízes, dentre juízes
Tribunal Superior Eleitoral de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça.
O Tribunal Superior Eleitoral é o tribunal superior da Por nomeação do Presidente da República: dedois juízes
Justiça Eleitoral. Sua composição está prevista no Art. 119 da dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
Constituição Federal: moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, Cada TRE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente entre
no mínimo, de sete membros, escolhidos: os seus desembargadores.
I. Mediante eleição, pelo voto secreto: I. TSE - mínimo 7 membros:
a) Três juízes dentre os Ministros do Supremo 3 STF
Tribunal Federal; 2 STJ
b) Dois juízes dentre os Ministros do Superior 2 Advogados
Tribunal de Justiça; II. TRE - 7 membros :
II. Por nomeação do Presidente da República, dois 2 Desembargadores TJ
juízes dentre seis advogados de notável saber 2 Juízes TJ
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supre- 1 Juiz TRF 295
mo Tribunal Federal. 2 Advogados
Juízes e Juntas Eleitorais Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo
296 No que tange aos juízes e juntas eleitorais previstos no Presidente da República dentre brasileiros maiores de
Art. 121 da Constituição, sua regulação está prevista no Código trinta e cinco anos, sendo:
Eleitoral entre os Arts. 32 e 41, a qual deve ser analisada em I. Três dentre advogados de notório saber jurídico
disciplina oportuna. Isto é o que prevê o texto constitucional: e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização atividade profissional;


e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das II. Dois, por escolha paritária, dentre juízes audi-
juntas eleitorais. tores e membros do Ministério Público da Justiça
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os in- Militar.
tegrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, O STM é composto por quinze ministros nomeados pelo
e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo
serão inamovíveis. Senado Federal. Esses ministros ocuparão os cargos de forma
• Competência vitalícia e serão escolhidos entre militares da ativa e do posto
mais elevado da carreira, bem como entre civis escolhidos pelo
Quanto às atribuições da Justiça Eleitoral, não existe dúvida Presidente da República com mais de 35 anos de idade, obser-
sobre a sua competência especializada em matéria eleitoral. O vadas as seguintes regras:
Art. 121, em seu § 3º, estabelece algumas regras que podem ser 10 Militares
cobradas em prova: Três – oficiais-generais da Marinha;
Art. 121, § 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Quatro – oficiais-generais do Exército;
Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Consti- Três – oficiais-generais da Aeronáutica;
tuição e as denegatórias de Habeas Corpus ou mandado 5 Civis
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de segurança. Três – civis entre advogados de notório saber jurídico e


§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
somente caberá recurso quando: profissional;
I. Forem proferidas contra disposição expressa de- Dois – civis escolhidos de forma paritária, entre juízes au-
sta Constituição ou de lei; ditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
II. Ocorrer divergência na interpretação de lei entre
• Competências
dois ou mais tribunais eleitorais;
III. Versarem sobre inelegibilidade ou expedição de Segundo a Constituição Federal, a Justiça Militar é com-
diplomas nas eleições federais ou estaduais; petente para processar e julgar os crimes militares definidos
IV. Anularem diplomas ou decretarem a perda de em lei:
mandatos eletivos federais ou estaduais; Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar
V. Denegarem Habeas Corpus, mandado de segu- os crimes militares definidos em lei.
rança, Habeas Data ou mandado de injunção. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o
funcionamento e a competência da Justiça Militar.
Justiça Militar É importante lembrar que essa competência é da Justiça
A Justiça Militar compõe a chamada justiça especializada, Militar da União, a qual só julgará crimes militares praticados
nesse caso, em direito militar. A sua existência se deve à sub- por militares das Forças Armadas. A Constituição também pre-
ordinação dos militares a um regime especial com direitos e viu a criação da Justiça Militar nos Estados com competência
deveres distintos quando comparados aos servidores civis. para julgar os militares dos estados (policiais e bombeiros mil-
A Constituição Federal definiu como órgãos da Justiça Mil- itares) em seu Art. 125, § 3º ao 5º:
itar os seguintes: Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: os princípios estabelecidos nesta Constituição.
I. O Superior Tribunal Militar; § 3º - A lei estadual poderá criar, mediante proposta
do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti-
II. Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
Na sequência, pode-se ver a composição de cada um dos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
órgãos: Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar
Superior Tribunal Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
O Superior Tribunal Militar é o órgão de cúpula da Justiça vinte mil integrantes.
Militar, o qual é composto segundo as regras estabelecidas no § 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e
Art. 123 da CF: julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis-
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presiden- ciplinares militares, ressalvada a competência do júri
te da República, depois de aprovada a indicação pelo quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe-
Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da tente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, oficiais e da graduação das praças.
três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da § 5º - Compete aos juízes de direito do juízo militar
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco den- processar e julgar, singularmente, os crimes militares
tre civis. cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, ÓRGÃO MEMBROS IDADE
sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar
STF 11 35 - 65
os demais crimes militares.
COMPOSIÇÃO
Tribunais e Juízes Estaduais Brasileiros natos.
Em relação aos Tribunais e Juízes estaduais, a Constituição Notável saber jurídico e reputação ilibada.
Nomeado pelo Presidente da República mediante aprovação do
Federal fixou regras gerais e deixou a cargo de cada Estado or- Senado pela maioria absoluta.
ganizar a sua justiça, observados os princípios estabelecidos na ÓRGÃO MEMBROS IDADE
Constituição Federal: CNJ 15
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, obser-
COMPOSIÇÃO
vados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
Presidente do STF.
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Indicados pelo STF: 1 desembargador do TJ, 1 juiz estadual.
Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju- Indicados pelo STJ: 1 ministro do STJ, 1 juiz do TRF, 1 juiz federal.
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Indicados pelo TST: 1 ministro do TST, 1 juiz do TRT, 1 juiz do trabalho.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de Indicados pelo PGR: 1 membro do MPE, 1 membro do MPU.
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais Indicados pelo CFOAB: 2 advogados.
ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada Indicado pela Câmara: 1 cidadão.
a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Indicado pelo Senado: 1 cidadão.

§ 3º - A lei estadual poderá criar, mediante proposta ÓRGÃO MEMBROS IDADE


do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti- STJ Mínimo de 33 35-65
tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos COMPOSIÇÃO
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Brasileiro.
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar Notável saber jurídico e reputação ilibada.
nos Estados em que o efetivo militar seja superior a Nomeado pelo Presidente da República mediante aprovação do
vinte mil integrantes. Senado.
§ 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e 1/3 juízes do TRF.
1/3 desembargadores do TJ.
julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
1/3 advogados e membros do MPF, MPE e MPDFT.
definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis-
ciplinares militares, ressalvada a competência do júri ÓRGÃO MEMBROS IDADE

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quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe- TRF Mínimo de 7 30-65
tente decidir sobre a perda do posto e da patente dos COMPOSIÇÃO
oficiais e da graduação das praças. Nomeados pelo Presidente da República.
§ 5º - Compete aos juízes de direito do juízo militar 1/5 advogados e membros do MPF (os advogados e membros do
processar e julgar, singularmente, os crimes militares Ministério Público quando são nomeados para algum cargo do Poder
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos Judiciário pelo Quinto Constitucional precisam comprovar 10 anos de
experiência).
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, 4/5 juízes federais.
sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar
ÓRGÃO MEMBROS IDADE
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
os demais crimes militares.
TST 27 35-65
§ 6º - O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen-
tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a COMPOSIÇÃO
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à Nomeado pelo Presidente da República mediante aprovação do
justiça em todas as fases do processo. Senado.
1/5 advogados e membros do MPT.
§ 7º - O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com 4/5 juízes do TRT da magistratura de carreira.
a realização de audiências e demais funções da atividade
ÓRGÃO MEMBROS IDADE
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
TRT Mínimo de 7 30-65
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
COMPOSIÇÃO
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de
Nomeados pelo Presidente da República.
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com
1/5 advogados e membros do MPT.
competência exclusiva para questões agrárias. 4/5 juízes do trabalho.
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente ÓRGÃO MEMBROS IDADE
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local 297
TSE Mínimo de 7
do litígio.
COMPOSIÇÃO os Comandantes da Marinha, do Exército e da
298 Aeronáutica, ressalvado o disposto no Art. 52, I,
Eleição: 3 ministros do STF; 2 ministros do STJ. os membros dos Tribunais Superiores, os do Tri-
Nomeação pelo Presidente da República: 2 advogados de notável bunal de Contas da União e os chefes de missão
saber jurídico e idoneidade moral indicados pelo STF.
diplomática de caráter permanente;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ÓRGÃO MEMBROS IDADE d) O Habeas Corpus, sendo paciente qualquer


TRE 7 das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
mandado de segurança e o Habeas Data contra
COMPOSIÇÃO
atos do Presidente da República, das Mesas da
Eleição: 2 desembargadores do TJ, 2 juízes de direito do TJ. Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do
1 juiz do TRF ou juiz federal. Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral
Nomeação pelo Presidente da República: 2 advogados de notável da República e do próprio Supremo Tribunal Fed-
saber jurídico e idoneidade moral indicados pelo TJ. eral;
ÓRGÃO MEMBROS IDADE e) O litígio entre Estado estrangeiro ou organ-
STM 15 ismo internacional e a União, o Estado, o Distrito
Federal ou o Território;
COMPOSIÇÃO
f) As causas e os conflitos entre a União e os
Ministros vitalícios. Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
Nomeados pelo Presidente da República mediante aprovação do e outros, inclusive as respectivas entidades da
Senado. administração indireta;
3 oficiais-generais da Marinha. g) A extradição solicitada por Estado es-
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4 oficiais-generais do Exército. trangeiro;


3 oficiais-generais da Aeronáutica. h) (Revogado Emenda Constitucional nº 45,
5 civis escolhidos pelo Presidente entre brasileiros com mais de trinta de 2004);
e cinco anos sendo três dentre advogados com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional e dois entre juízes auditores e membros do i) O Habeas Corpus, quando o coator for Tri-
MPJM. bunal Superior ou quando o coator ou o paciente
for autoridade ou funcionário cujos atos estejam
Análise das Competências dos sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tri-
bunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mes-
Órgãos do Poder Judiciário ma jurisdição em uma única instância;
O sucesso nesta parte da matéria depende de intensa lei- j) A revisão criminal e a ação rescisória de
tura e memorização das competências que serão cobradas em seus julgados;
prova. As mais cobradas são, sem dúvida, as do STF e do STJ. l) A reclamação para a preservação de sua
Também há grande ocorrência de questões sobre o CNJ. Pas- competência e garantia da autoridade de suas
sa-se à análise de cada um dos órgãos do Poder Judiciário. decisões;
m) A execução de sentença nas causas de sua
Supremo Tribunal Federal competência originária, facultada a delegação de
O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Pod- atribuições para a prática de atos processuais;
er Judiciário. Também é conhecido como Tribunal Consti- n) A ação em que todos os membros da
tucional, pois possui como atribuição precípua a guarda da magistratura sejam direta ou indiretamente
Constituição Federal. Como protetor do texto constitucional, interessados, e aquela em que mais da metade
ele realiza o chamado Controle de Constitucionalidade Con- dos membros do tribunal de origem estejam im-
centrado. Nota-se que as competências do STF compõem um pedidos ou sejam direta ou indiretamente inter-
rol taxativo e estão distribuídas em três espécies: originária, essados;
recursal ordinária e recursal extraordinária. o) Os conflitos de competência entre o Su-
Originárias – as causas previstas no inciso I do Art. 102 têm perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,
início no próprio STF, a quem compete julgar originariamente. entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre- qualquer outro tribunal;
cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: p) O pedido de medida cautelar das ações di-
I. Processar e julgar, originariamente: retas de inconstitucionalidade;
a) A ação direta de inconstitucionalidade de q) O mandado de injunção, quando a elabo-
lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação ração da norma regulamentadora for atribuição do
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato Presidente da República, do Congresso Nacional,
normativo federal; da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
b) Nas infrações penais comuns, o Presidente Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribu-
da República, o Vice-Presidente, os membros do nal de Contas da União, de um dos Tribunais Supe-
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o riores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
Procurador-Geral da República; r) As ações contra o Conselho Nacional de
c) Nas infrações penais comuns e nos crimes Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério
de responsabilidade, os Ministros de Estado e Público.
Recurso Ordinário §1º - O Procurador-Geral da República deverá ser pre-
Analisa matéria já debatida em instância anterior atuan- viamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e
em todos os processos de competência do Supremo
do como tribunal de 2º grau de jurisdição. O Art. 102, II prevê Tribunal Federal.
como competência em sede de recurso ordinário:
§2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de
II. Julgar, em recurso ordinário: medida para tornar efetiva norma constitucional, será
a) O Habeas Corpus, o mandado de segurança, dada ciência ao Poder competente para a adoção das
o Habeas Data e o mandado de injunção decididos providências necessárias e, em se tratando de órgão
em única instância pelos Tribunais Superiores, se administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
denegatória a decisão; § 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
b) O crime político. inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da
Recurso Extraordinário União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
Atua na defesa da norma constitucional. O Art. 102, III, Deve-se memorizar o rol de legitimados. Observe que
prevê que compete ao STF o julgamento das causas decididas os membros do Poder Executivo e Legislativo da União, dos
em única ou última instância quando a decisão recorrida: Estados e do Distrito Federal possuem legitimidade para in-
gressar com essas ações de Controle de Constitucionalidade,
III. Julgar, mediante recurso extraordinário, as cau-
contudo as mesmas autoridades no âmbito dos Municípios
sas decididas em única ou última instância, quando não possuem tal poder, e isso aparece muito em prova. Pre-
a decisão recorrida: feito e Mesa da Câmara de Vereadores não possuem legitimi-
a) Contrariar dispositivo desta Constituição; dade para propor as ações de controle de constitucionalidade
b) Declarar a inconstitucionalidade de tratado citadas acima.
Observam-se também outros detalhes. No que tange às
ou lei federal;
Casas Legislativas, a competência é da Mesa e não do mem-
c) Julgar válida lei ou ato de governo local bro. Mesa da Câmara ou da Assembleia é órgão de direção em
contestado em face desta Constituição. que encontram o Presidente da Casa, os Secretários e demais
d) Julgar válida lei local contestada em face membros de direção.
de lei federal. Quanto aos partidos políticos, não é qualquer partido políti-
co que tem legitimidade; tem de ser partido com representação
As questões sobre competências costumam ser bem
no Congresso Nacional. E representação no Congresso Nacional
complicadas, pois exigem do candidato a memorização de significa pelo menos um membro em qualquer uma das Casas.
vários dispositivos, sem contar que se costuma complicar
Em relação à confederação sindical ou entidade de classe,
colocando a competência de um tribunal como se fosse de

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não será qualquer uma que possui legitimidade. Deve ser de
outro tribunal. âmbito nacional.
Controle de Constitucionalidade Súmulas Vinculantes
O STF, em sede de controle de constitucionalidade concen- As súmulas vinculantes são ferramentas jurídicas cria-
trado, tem competência para apreciar originariamente a Ação das para garantir maior efetividade ao inciso LXXVIII do Art.
Direta de Inconstitucionalidade e a Ação Declaratória de Con- 5º da Constituição Federal de 1988 (celeridade processual).
stitucionalidade. Essas ações têm como objetivo questionar Introduzida no direito brasileiro por meio da Emenda Consti-
a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo diante da
tucional nº 45/2004, essas súmulas refletem o pensamento do
Constituição. Quando esse questionamento se dá diretamente
Supremo Tribunal Federal acerca da validade, interpretação e
no STF, é necessário que seja apresentado por um dos legiti-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mados que estão previstos no Art. 103: eficácia de algumas normas que já foram analisadas em reit-
eradas decisões.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucio-
nalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: A competência para edição dessas súmulas é exclusiva do
STF. Após a edição da súmula, ela produz efeitos vinculantes
I. O Presidente da República;
para todos os órgãos do Poder Judiciário e para a Adminis-
II. A Mesa do Senado Federal; tração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
III. A Mesa da Câmara dos Deputados; municipal. É importante ressaltar que os efeitos das súmulas
IV. A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara vinculantes não atingem o STF nem o Poder Legislativo: o STF,
Legislativa do Distrito Federal; por poder rever ou cancelar a súmula conforme a evolução
V. O Governador de Estado ou do Distrito Federal; jurisprudencial; e o Legislativo, por ser o Poder responsável
VI. O Procurador-Geral da República; pela inovação legislativa no Brasil.
VII. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados O seu principal objetivo é diminuir a quantidade de pro-
do Brasil; cessos com temas idênticos que se acumulam nas diversas in-
VIII. Partido político com representação no Con- stâncias do Judiciário. Ao editar uma súmula vinculante, o STF
gresso Nacional; produz segurança jurídica e evita a multiplicação de processos
IX. Confederação sindical ou entidade de classe de sobre as questões sumuladas. Esse tema está regulado pelo 299
âmbito nacional. Art. 103-A da Constituição Federal e a Lei 11.417/2006.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de d) Os conflitos de competência entre quais-
300 ofício ou por provocação, mediante decisão de dois quer tribunais, ressalvado o disposto no Art. 102,
terços dos seus membros, após reiteradas decisões I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito diversos;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vinculante em relação aos demais órgãos do Poder e) As revisões criminais e as ações rescisórias
Judiciário e à administração pública direta e indireta, de seus julgados;
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como f) A reclamação para a preservação de sua
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma es- competência e garantia da autoridade de suas
tabelecida em lei. decisões;
§ 1º - A súmula terá por objetivo a validade, a interpre- g) Os conflitos de atribuições entre autori-
tação e a eficácia de normas determinadas, acerca das dades administrativas e judiciárias da União, ou
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários entre autoridades judiciárias de um Estado e ad-
ou entre esses e a administração pública que acarrete ministrativas de outro ou do Distrito Federal, ou
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de entre as deste e da União;
processos sobre questão idêntica. h) O mandado de injunção, quando a elabo-
§ 2º - Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em ração da norma regulamentadora for atribuição
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula de órgão, entidade ou autoridade federal, da
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a administração direta ou indireta, excetuados os
ação direta de inconstitucionalidade. casos de competência do Supremo Tribunal Fed-
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§ 3º - Do ato administrativo ou decisão judicial que eral e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Fed-
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal eral;
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato ad- i) A homologação de sentenças estrangeiras e a
ministrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, concessão de exequatur às cartas rogatórias.
e determinará que outra seja proferida com ou sem a • Recurso Ordinário
aplicação da súmula, conforme o caso.
Analisa matéria já debatida em instância anterior atuan-
As súmulas vinculantes não vinculam o Supremo Tribunal do como tribunal de 2º grau de jurisdição. O Art. 105, II prevê
Federal nem o Poder Legislativo. como competência em sede de recurso ordinário:
Superior Tribunal de Justiça a) Os “Habeas Corpus” decididos em única
O Superior Tribunal de Justiça é o conhecido protetor da leg- ou última instância pelos Tribunais Regionais
islação federal. Suas competências estão arroladas no Art. 105 da Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Constituição e estão divididas em: originária, recursal ordinária e Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recursal especial. for denegatória;
b) Os mandados de segurança decididos em
Originária única instância pelos Tribunais Regionais Federais
As causas previstas no inciso I do Art. 105 têm início no próprio ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Feder-
STJ, a quem compete julgar originariamente: al e Territórios, quando denegatória a decisão;
a) Nos crimes comuns, os Governadores dos c) As causas em que forem partes Estado es-
Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de trangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,
responsabilidade, os desembargadores dos Tribu- do outro, Município ou pessoa residente ou domicil-
nais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, iada no País.
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados • Recurso Especial
e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Atua na defesa das normas infraconstitucionais federais. O
Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais Art. 105, III prevê que compete ao STJ o julgamento das causas
de Contas dos Municípios e os do Ministério Público decididas em única ou última instância pelos TRFs e TJs que:
da União que oficiem perante tribunais; a) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-
b) Os mandados de segurança e os Habeas lhe vigência;
Data contra ato de Ministro de Estado, dos Co- b) Julgar válido ato de governo local con-
mandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáu- testado em face de lei federal;
tica ou do próprio Tribunal; c) Der a lei federal interpretação divergente
c) Os Habeas Corpus, quando o coator ou pa- da que lhe haja atribuído outro tribunal.
ciente for qualquer das pessoas mencionadas na
alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito Conselho Nacional de Justiça
à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Coman- O Conselho Nacional de Justiça é órgão do poder judi-
dante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ciário, mas não possui função jurisdicional. Sua função é de
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; caráter administrativo.
O CNJ é responsável pela fiscalização administrativa e fi- I. Receber as reclamações e denúncias, de qualquer
nanceira do Poder Judiciário. Possui também atribuição para interessado, relativas aos magistrados e aos
fiscalizar os seus membros quanto a observância dos deveres serviços judiciários;
funcionais.
II. Exercer funções executivas do Conselho, de in-
Por fim, deve-se lembrar que o CNJ não possui competên- speção e de correição geral;
cia sobre o STF, haja vista este ser o órgão de cúpula de todo
o poder judiciário. III. Requisitar e designar magistrados, delegan-
§ 4º - Compete ao Conselho o controle da atuação do-lhes atribuições, e requisitar servidores de
administrativa e financeira do Poder Judiciário e juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, Federal e Territórios.
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem § 6º - Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da
conferidas pelo Estatuto da Magistratura: República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem
I. Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo dos Advogados do Brasil.
cumprimento do Estatuto da Magistratura, po-
§ 7º - A União, inclusive no Distrito Federal e nos Ter-
dendo expedir atos regulamentares, no âmbito de
sua competência, ou recomendar providências; ritórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para
receber reclamações e denúncias de qualquer interes-
II. Zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos sado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
atos administrativos praticados por membros ou ou contra seus serviços auxiliares, representando dire-
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconsti- tamente ao Conselho Nacional de Justiça.
tuí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ado-
tem as providências necessárias ao exato cum- Justiça Federal
primento da lei, sem prejuízo da competência do Estes são os órgãos da chamada Justiça Federal:
Tribunal de Contas da União; Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
III. Receber e conhecer das reclamações contra I. Os Tribunais Regionais Federais;
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclu-
sive contra seus serviços auxiliares, serventias II. Os Juízes Federais.
e órgãos prestadores de serviços notariais e Tribunal Regional Federal e Juízes Federais
de registro que atuem por delegação do poder
público ou oficializados, sem prejuízo da com- As competências da Justiça Federal, em regra, estão
petência disciplinar e correicional dos tribunais, relacionadas com causas de interesse da União. Atente para
podendo avocar processos disciplinares em cur- esse tema, pois há competências que são dos Tribunais Re-

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so e determinar a remoção, a disponibilidade gionais Federais e outras que são dos Juízes Federais. As
ou a aposentadoria com subsídios ou proventos provas costumam trocar essas competências umas pelas
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar out- outras. As primeiras encontram-se definidas no Art. 108 e
ras sanções administrativas, assegurada ampla as dos Juízes Federais estão previstas no Art. 109:
defesa;
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
IV. Representar ao Ministério Público, no caso de
crime contra a administração pública ou de abuso I. Processar e julgar, originariamente:
de autoridade; a) Os juízes federais da área de sua ju-
V. Rever, de ofício ou mediante provocação, os pro- risdição, incluídos os da Justiça Militar e da
cessos disciplinares de juízes e membros de tribu- Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nais julgados há menos de um ano; responsabilidade, e os membros do Ministério


VI. Elaborar semestralmente relatório estatístico Público da União, ressalvada a competência da
sobre processos e sentenças prolatadas, por uni- Justiça Eleitoral;
dade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder b) As revisões criminais e as ações rescisórias
Judiciário;
de julgados seus ou dos juízes federais da região;
VII. Elaborar relatório anual, propondo as
providências que julgar necessárias, sobre a situ- c) Os mandados de segurança e os Habeas
ação do Poder Judiciário no País e as atividades do Data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz
Conselho, o qual deve integrar mensagem do Pres- federal;
idente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida d) Os Habeas Corpus, quando a autoridade
ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da coatora for juiz federal;
sessão legislativa.
e) Os conflitos de competência entre juízes
§ 5º - O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá federais vinculados ao Tribunal;
a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da dis-
tribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além II. Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pe-
das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da los juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício 301
Magistratura, as seguintes: da competência federal da área de sua jurisdição.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
302 I. As causas em que a União, entidade autárquica
ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Tra-


balho;
II. As causas entre Estado estrangeiro ou organis-
mo internacional e Município ou pessoa domicilia-
da ou residente no País;
III. As causas fundadas em tratado ou contrato da
União com Estado estrangeiro ou organismo inter-
nacional;
IV. Os crimes políticos e as infrações penais
praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da
Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V. Os crimes previstos em tratado ou convenção
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internacional, quando, iniciada a execução no País,


o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no es-
trangeiro, ou reciprocamente;
V-A. As causas relativas a direitos humanos a que
se refere o § 5º deste artigo;
VI. Os crimes contra a organização do trabalho e, nos
casos determinados por lei, contra o sistema finan-
ceiro e a ordem econômico-financeira;
VII. Os Habeas Corpus, em matéria criminal de
sua competência ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos não estejam di-
retamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII. Os mandados de segurança e os Habeas Data
contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
IX. Os crimes cometidos a bordo de navios ou
aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X. Os crimes de ingresso ou permanência irregular
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após
o “exequatur”, e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade,
inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI. A disputa sobre direitos indígenas.

ANOTAÇÕES
13. Funções Essenciais à Justiça stitucionalmente em capítulo à parte na organização dos
poderes como uma função essencial à justiça. Como função
As funções essenciais à justiça estão previstas expressa- essencial à justiça, o Ministério Público é responsável pela
mente do Art. 127 ao 135 da Constituição Federal, elas são rep- provocação do Poder Judiciário em defesa da sociedade,
resentadas pelas seguintes instituições: quando se tratar de direitos sociais e individuais indis-
Ministério Público; poníveis.
Advocacia Pública; O Ministério Público no Brasil, além de obedecer às re-
Defensoria Pública; gras constitucionais, também é regido por duas normas: Lei
Advocacia. Complementar nº 75/93 e a Lei nº 8.625/93. Essa regula o
Ministério Público Nacional e é aplicável aos Ministérios Públi-
Ao contrário do que muitos pensam, essas instituições
cos dos Estados. Aquela é específica para o Ministério Público
não fazem parte do Poder Judiciário, mas desempenham
da União. Cada Estado da Federação poderá organizar o seu
suas funções junto a esse poder. Sua atuação é essencial ao
órgão ministerial editando sua própria Lei Orgânica Estadual.
exercício jurisdicional, razão pela qual foram classificadas
como funções essenciais. Essa necessidade se justifica em A seguir, será feita uma leitura da instituição sob a ótica
razão da impossibilidade de o Judiciário agir de ofício, ou constitucional sem aprofundar nas estruturas lançadas nas
seja, toda a atuação jurisdicional demanda provocação, a referidas leis orgânicas, o que será feito em momento opor-
qual será titularizada por uma dessas instituições. tuno.
Esses organismos são representados por agentes públicos Estrutura Orgânica
ou privados cuja função principal é provocar a atuação do Pod-
er Judiciário, o qual se mantém inerte e imparcial, aguardando Para viabilizar o exercício de suas funções, a Constituição
o momento certo para agir. São em sua essência “advogados”. Federal organizou o Ministério Público no Art. 128:
O Ministério Público é o advogado da Sociedade, pois, con- Art. 128. O Ministério Público abrange:
forme prevê o caput do Art. 127, incumbe-lhe a tarefa de de- I. o Ministério Público da União, que compreende:
fender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses a) o Ministério Público Federal;
sociais e individuais indisponíveis: b) o Ministério Público do Trabalho;
Art. 127. O Ministério Público é instituição perma- c) o Ministério Público Militar;
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- d) o Ministério Público do Distrito Federal e
cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime Territórios;
democrático e dos interesses sociais e individuais in-
disponíveis. II. os Ministérios Públicos dos Estados.
A Advocacia Pública advoga para o Estado representando Como se pode perceber, o Ministério Público está dividi-
do em Ministério Público da União e Ministério Público dos

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os entes públicos judicial e extrajudicialmente ou mesmo de-
sempenhando atividades de assessoria e consultoria jurídica. Estados, cada um com sua própria autonomia organizacional
e chefia própria. O Ministério Público da União, por sua vez,
A Defensoria Pública tem como atribuição principal ad-
abrange:
vogar para os necessitados. São os defensores públicos re-
sponsáveis pela defesa dos hipossuficientes, aqueles que Ministério Público Federal;
não possuem recursos financeiros para contratarem advoga- Ministério Público do Trabalho;
dos privados. Ministério Público Militar;
E, por último, há a Advocacia, que, pela lógica, é privada, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
formada por advogados particulares, os quais são inscritos na Existe ainda o Ministério Público junto ao Tribunal de Con-
Ordem dos Advogados do Brasil e atuam de forma autônoma tas, o qual possui natureza diversa do Ministério Público aqui
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
e independente dentro dos limites estabelecidos em lei. estudado. Sua organização está atrelada ao Tribunal de Contas
O objetivo desta breve introdução é apresentar a dif- do qual faz parte, mas aos seus membros são estendidas as
erença funcional básica entre as instituições de forma a disposições aplicáveis aos Membros do Ministério Público:
facilitar o estudo que, a partir de agora, será mais aprofun- Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
dado, visando a possíveis questões em provas de concursos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
públicos. Então, analisaremos, a partir de agora, as Funções seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
Essenciais à Justiça. vestidura.
Ministério Público Não existe Ministério Público Eleitoral.
A compreensão dessa instituição inicia-se pela leitura do Atribuições
próprio texto constitucional, que prevê: Suas atribuições se apoiam na defesa da ordem jurídica,
O Ministério Público é uma instituição permanente, de do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
natureza política, cujas atribuições possuem natureza admin- indisponíveis. É um verdadeiro defensor da sociedade e fiscal
istrativa, sem que com isso esteja subordinada ao Poder Ex- dos poderes públicos. Em rol meramente exemplificativo, a
ecutivo. Constituição previu como funções institucionais o Art. 129:
Fala-se em uma instituição independente e autônoma Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- 303
aos demais Poderes, motivo pelo qual está posicionada con- blico:
I. promover, privativamente, a ação penal pública, seja, por Membros aprovados em concurso público de provas
304 na forma da lei; e títulos, assegurada a participação da OAB durante a sua re-
II. zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos alização, entre os quais são exigidos os seguintes requisitos:
e dos serviços de relevância pública aos direitos Ser bacharel em direito;
assegurados nesta Constituição, promovendo as Possuir, no mínimo, três anos de atividade jurídica.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

medidas necessárias a sua garantia; Em relação à atividade jurídica, deve-se salientar a regula-
III. promover o inquérito civil e a ação civil públi- mentação feita pela Resolução nº 40 do Conselho Nacional do
ca, para a proteção do patrimônio público e social, Ministério Público, a qual prevê, entre outras atividades, o ex-
do meio ambiente e de outros interesses difusos e ercício da advocacia ou de cargo, função e emprego que exija
coletivos; a utilização preponderante de conhecimentos jurídicos, ou até
IV. promover a ação de inconstitucionalidade ou mesmo a realização de cursos de pós-graduação dentro dos
representação para fins de intervenção da União e parâmetros estabelecidos pela referida resolução. É impor-
dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; tante lembrar que esse requisito deverá ser comprovado no
V. defender judicialmente os direitos e interesses momento da investidura no cargo, ou seja, na posse1, depois
das populações indígenas; de finalizadas todas as fases do concurso.
VI. expedir notificações nos procedimentos admin- A Constituição exige ainda que o Membro do Ministério
istrativos de sua competência, requisitando infor- Público resida na comarca de lotação, salvo quando houver
mações e documentos para instrui-los, na forma da autorização do chefe da Instituição. Em razão da semelhança
lei complementar respectiva; e importância com a carreira da magistratura, a Constituição
VII. exercer o controle externo da atividade policial, previu expressamente a aplicação do Art. 93 aos membros do
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na forma da lei complementar mencionada no ar- Ministério Público, no que for compatível com a carreira. E, por
tigo anterior; fim, determina que a distribuição dos processos aos órgãos min-
isteriais seja feita de forma imediata.
VIII. requisitar diligências investigatórias e a in-
stauração de inquérito policial, indicados os fun- No âmbito de suas atribuições, algumas funções merecem
damentos jurídicos de suas manifestações proces- destaque:
suais; Titular da Ação Penal Pública
IX. exercer outras funções que lhe forem conferi- Segundo o inciso I do Art. 129, compete ao Ministério Pú-
das, desde que compatíveis com sua finalidade, blico promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
sendo-lhe vedada a representação judicial e a con- da lei. A doutrina classifica esse dispositivo como espécie de
sultoria jurídica de entidades públicas. norma de eficácia contida possuindo aplicabilidade direta e
§ 1º. A legitimação do Ministério Público para as ações imediata, permitida a regulamentação por lei.
civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, Essa competência é corroborada pela possibilidade de
nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Con- requisição de diligências investigatórias e da instauração de
stituição e na lei. inquérito policial, para que o órgão ministerial formule sua
§ 2º. As funções do Ministério Público só podem ser ex- convicção sobre o ilícito penal, o que está previsto no inciso
ercidas por integrantes da carreira, que deverão residir VIII do Art. 129.
na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do Essa exclusividade conferida pela Constituição Federal
chefe da instituição (Redação dada pela Emenda Con- encontra limitação no próprio texto constitucional, ao per-
stitucional nº 45, de 2004). mitir o cabimento de ação penal privada subsidiária da públi-
§ 3º. O ingresso na carreira do Ministério Público far- ca nos casos em que o Ministério Público fique inerte e não
se-á mediante concurso público de provas e títulos, cumpra com sua obrigação2.
assegurada a participação da Ordem dos Advogados Dessa competência decorre o poder de investigação do
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel Ministério Público, o qual tem sido alvo de muita discussão nos
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica tribunais. Quem não concorda com esse poder sustenta ser a
e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifi- atividade de investigação criminal uma atividade exclusiva da
cação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº autoridade policial nos termos do Art. 144 da CF.
45, de 2004). O posicionamento que tem prevalecido na doutrina e na
§ 4º. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o jurisprudência é no sentido de que o Ministério Público tem
disposto no Art. 93 (Redação dada pela Emenda Con- legitimidade para promover a investigação criminal, haja vista
stitucional nº 45, de 2004). ser ele o destinatário das informações sobre o fato delituoso
§ 5º. A distribuição de processos no Ministério Público produzido no inquérito policial. Ademais, por ter caráter ad-
será imediata (Incluído pela Emenda Constitucional nº ministrativo, o inquérito policial é dispensável, não dependen-
45, de 2004). do o MP da sua existência para promover a persecução penal.
No desempenho das suas funções institucionais, algumas
características foram previstas pela Constituição, as quais são
muito importantes para a prova.
1 Resolução do CNMP nº 87, de 27 de junho de 2012.
Os §§ 2º e § 3º afirmam que as funções do Ministério 2 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, Ações Declaratórias de Constitucionali-
Púbico só podem ser exercidas por integrantes da carreira, ou dade, Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Para a solução desse caso, tem-se aplicado a Teoria dos Interventiva para fins de intervenção da União e dos Estados
Poderes Implícitos. Segundo a teoria, as competências expres- nas hipóteses previstas na Constituição Federal.
samente previstas no texto constitucional carregam consigo os
meios necessários para sua execução, ou seja, a existência de uma Controle Externo da Atividade Policial
competência explícita implica existência de competências im- A Constituição Federal determina que o Ministério Públi-
plicitamente previstas e necessárias para execução da atribuição co realize o controle externo da atividade policial. Fala-se em
principal. Em suma, se ao Ministério Público compete o ofereci- controle externo haja vista o Ministério Público não pertencer
mento exclusivo da Ação Penal Pública, por consequência da apli- à mesma estrutura das forças policiais. É uma instituição to-
cação dessa teoria, compete também a execução das atividades talmente autônoma a qualquer órgão policial, razão pela qual
necessárias à formação da sua opinião sobre o delito. Significa não se pode falar em subordinação dos organismos policiais
dizer que o poder de investigação criminal está implicitamente ao Parquet. A justificativa para essa atribuição decorre do fato
previsto no poder de oferecimento da ação penal pública. de ser ele o destinatário final da atividade policial.
Se, por um lado, o controle externo objetiva a fiscalização
Legitimidade para Promover o Inquérito das atividades policiais para que elas não sejam desenvolvi-
Civil e a Ação Civil Pública das além dos limites legais, preservando os direitos e garan-
O Ministério Público também é competente para promover tias fundamentais dos investigados, por outro, garante o seu
o inquérito civil e a ação civil pública nos termos do inciso III perfeito desenvolvimento, prevenindo e corrigindo a produção
do Art. 129. Essas ferramentas são utilizadas para a proteção probatória, visando ao adequado oferecimento da ação penal.
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros O controle externo da atividade policial desenvolvido pelo
interesses difusos e coletivos. Ministério Público, além de regulamentado nas respectivas
Entendem-se como interesses difusos aqueles de nature- leis orgânicas, está normatizado na Resolução nº 20 do CNMP.
za indivisível, cujos titulares não se podem determinar apesar Ressalte-se que o controle externo não exime a instituição
de estarem ligados uns aos outros pelas circunstâncias fáticas. policial de realizar o seu próprio controle interno por meio das
Interesses coletivos se diferenciam dos difusos na medida em corregedorias e órgãos de fiscalização.
que é possível determinar quem são os titulares do direito. Sujeitam-se ao citado controle externo todas as institu-
Segundo a Constituição Federal, a ação civil pública não é ições previstas no Art. 144 da Constituição Federal4, bem como
medida exclusiva a ser adotada pelo Ministério Público: as demais instituições que possuam parcela do poder de polí-
cia desde que estejam relacionadas com a segurança pública e
Art. 129, § 1º. A legitimação do Ministério Público para
a persecução criminal.
as ações civis previstas neste artigo não impede a de ter-
ceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Conselho Nacional do Ministério Público
Constituição e na lei. O Conselho Nacional do Ministério Público, a exemplo do
A lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) prevê que são le- Conselho Nacional de Justiça, foi criado pela Emenda Consti-

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gitimados para propor tal ação, além do MP: tucional nº 45/2004 com o objetivo de efetuar a fiscalização
A Defensoria Pública; administrativa e financeira do Ministério Público, bem como o
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.
A autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de Composição
economia mista; Segundo o texto constitucional, o CNMP é composto de 14
A associação que concomitantemente esteja constituí- membros, nomeados pelo Presidente da República, depois de
da há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
entre suas finalidades institucionais a proteção ao meio am- para um mandato de dois anos, sendo permitida apenas uma
biente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concor- recondução. Veja-se a composição prevista pela Constituição NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
rência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico Federal no Art. 130-A:
e paisagístico. Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Pú-
Já o inquérito civil é procedimento investigatório de caráter blico compõe-se de quatorze membros nomeados
administrativo, que poderá ser instaurado pelo Ministério Pú- pelo Presidente da República, depois de aprovada
blico com o fim de colher os elementos de prova necessários a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
para a sua convicção sobre o ilícito e, posteriormente, instrução para um mandato de dois anos, admitida uma re-
da Ação Civil Pública. condução, sendo:
I. o Procurador-Geral da República, que o pre-
Controle de Constitucionalidade side;
Função das mais relevantes desempenhada pelos órgãos II. quatro membros do Ministério Público da
ministeriais ocorre no Controle da Constitucionalidade das leis União, assegurada a representação de cada uma
e atos normativos. Essa atribuição é inerente à sua função de de suas carreiras;
guardião da ordem jurídica. Como protetor da ordem jurídica,
compete ao Ministério Público oferecer as ações de controle 4 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
abstrato de constitucionalidade3, bem como a Representação todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia 305
3 Art. 5º, LIX, da CF. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias
esta não for intentada no prazo legal. militares e corpos de bombeiros militares.
III. três membros do Ministério Público dos Estados; III. requisitar e designar membros do Ministério Pú-
306 IV. dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal blico, delegando-lhes atribuições, e requisitar servi-
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; dores de órgãos do Ministério Público.
V. dois advogados, indicados pelo Conselho Feder- § 4º. O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
al da Ordem dos Advogados do Brasil; Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI. dois cidadãos de notável saber jurídico e repu- § 5º. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias
tação ilibada, indicados um pela Câmara dos Dep- do Ministério Público, competentes para receber rec-
utados e outro pelo Senado Federal. lamações e denúncias de qualquer interessado contra
§ 1º. Os membros do Conselho oriundos do Ministério membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios contra seus serviços auxiliares, representando direta-
Públicos, na forma da lei. mente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
Atribuições Princípios Institucionais
Vejamos as atribuições previstas constitucionalmente para A Constituição Federal prevê expressamente no § 1º do Art.
o CNMP: 127 os chamados Princípios Institucionais, os quais norteiam o
§ 2º. Compete ao Conselho Nacional do Ministério Públi- desenvolvimento das atividades dos Órgãos Ministeriais:
co o controle da atuação administrativa e financeira do § 1º. São princípios institucionais do Ministério Público a
Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcio- unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
nais de seus membros, cabendo-lhe: O Princípio da Unidade revela que os membros do
I. zelar pela autonomia funcional e administrativa Ministério Público integram um órgão único chefiado por um
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do Ministério Público, podendo expedir atos reg- Procurador-Geral. Essa unidade é percebida dentro de cada
ulamentares, no âmbito de sua competência, ou ramo do Ministério Público, não existindo unidade entre o
recomendar providências; Ministério Público estadual e da União, ou entre os diversos
II. zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de Ministérios Públicos estaduais, ou ainda entre os ramos do
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos Ministério Público da União. Qualquer divisão que exista den-
administrativos praticados por membros ou órgãos tro de um dos Órgãos Ministeriais possui caráter meramente
do Ministério Público da União e dos Estados, po- funcional.
dendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para Já o Princípio da Indivisibilidade, que decorre do Princípio
que se adotem as providências necessárias ao exato da Unidade, revela a possibilidade de os membros se substi-
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos tuírem sem qualquer prejuízo ao processo, pois o Ministério Pú-
Tribunais de Contas; blico é uno e indivisível. Os membros agem em nome da institu-
III. receber e conhecer das reclamações contra ição e nunca em nome próprio, pois pertencem a um só corpo.
membros ou órgãos do Ministério Público da União Esse princípio veda a vinculação de um membro a um processo
ou dos Estados, inclusive contra seus serviços aux- permitindo, inclusive, a delegação da denúncia a outro membro.
iliares, sem prejuízo da competência disciplinar e Ressalte-se que, como no Princípio da Unidade, a Indivisibili-
correicional da instituição, podendo avocar proces- dade só ocorre dentro de um mesmo ramo do Ministério Público.
sos disciplinares em curso, determinar a remoção, a E, por fim, há o Princípio da Independência Funcional,
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios com uma dupla acepção: em relação aos membros e em
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e relação à instituição. No que tange aos membros, o referido
aplicar outras sanções administrativas, assegurada Princípio garante uma atuação independente no exercício
ampla defesa; das suas atribuições sujeitando-se apenas às determinações
IV. rever, de ofício ou mediante provocação, os pro- constitucionais, legais e de sua consciência jurídica, não hav-
cessos disciplinares de membros do Ministério Pú- endo qualquer hierarquia ou subordinação intelectual entre
blico da União ou dos Estados julgados há menos os membros. Sob a perspectiva da instituição, o Princípio da
de um ano; Independência Funcional elimina qualquer subordinação do
V. elaborar relatório anual, propondo as providências Ministério Público a outro Poder. Apesar da Independência
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Funcional, verifica-se a existência de uma mera hierarquia
Público no País e as atividades do Conselho, o qual administrativa.
deve integrar a mensagem prevista no Art. 84, XI. Além desses princípios expressos na Constituição Feder-
§ 3º. O Conselho escolherá, em votação secreta, um al, a doutrina e a Jurisprudência reconhecem a existência de
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério um princípio implícito no texto constitucional: Princípio do
Público que o integram, vedada a recondução, com- Promotor Natural. Esse princípio decorre da interpretação
petindo-lhe, além das atribuições que lhe forem con- do Art. 129, § 2º, da Constituição, que afirma:
feridas pela lei, as seguintes: § 2º. As funções do Ministério Público só podem ser ex-
I. receber reclamações e denúncias, de qualquer ercidas por integrantes da carreira, que deverão residir
interessado, relativas aos membros do Ministério na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do
Público e dos seus serviços auxiliares; chefe da instituição.
II. exercer funções executivas do Conselho, de in- O Princípio do Promotor Natural veda a designação de
speção e correição geral; membros do Ministério Público fora das hipóteses constitucio-
nais e legais, exigindo que sua atuação seja predetermina- Autonomia Funcional: ao desempenhar sua função, o
da por critérios objetivos aplicáveis a todos os membros da Ministério Público não se subordina a qualquer outra autori-
carreira, evitando, assim, que haja designações arbitrárias. O dade ou poder, sujeitando-se apenas às determinações consti-
princípio também impede a nomeação de promotor ad hoc ou tucionais, legais e de sua consciência jurídica.
de exceção considerando que as funções do Ministério Público Autonomia Administrativa: é a capacidade de autogestão,
só podem ser desempenhadas por membros da carreira. autoadministração e autogoverno. O Ministério Público tem
competência para propor ao Legislativo a criação, extinção e
Unidade
organização de seus cargos e carreiras bem como demais atos
de gestão.
Constituição Federal Indivisibilidade Autonomia Financeira: o Ministério Público pode elab-
orar sua proposta orçamentária dentro dos limites estabe-
Independência Fun- lecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, tendo liberdade
cional para administrar esses recursos.
Princípios Um dos temas mais importantes e que revelam a autono-
Institucionais mia administrativa do Ministério Público é a possibilidade que
a instituição tem de escolher os seus próprios chefes. Vejamos
a literalidade do texto constitucional:
Doutrina Promotor Natural Art. 128, § 1º. O Ministério Público da União tem por
chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo
Garantias Presidente da República dentre integrantes da carreira,
O Ministério Público, em razão da importância de sua maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu
função, recebeu da Constituição Federal algumas garantias nome pela maioria absoluta dos membros do Senado
que lhe asseguram a independência necessária para bem de- Federal, para mandato de dois anos, permitida a re-
sempenhar suas atribuições. E não é só a instituição que pos- condução.
sui garantias, mas os membros também. Vejamos o que diz a § 2º. A destituição do Procurador-Geral da República,
Constituição sobre as garantias institucionais e dos membros: por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
Art. 127, § 2º. Ao Ministério Público é assegurada autono- precedida de autorização da maioria absoluta do Sena-
mia funcional e administrativa, podendo, observado o dis- do Federal.
posto no Art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e No âmbito dessa autonomia, a Constituição previu expres-
extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os samente que o Procurador-Geral será escolhido pela própria
por concurso público de provas ou de provas e títulos, a instituição dentre os membros da carreira. No caso do Ministério
política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá Público da União, a chefia ficará a cargo do Procurador-Geral da

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sobre sua organização e funcionamento. República, o qual será nomeado pelo Presidente da República
§ 3º. O Ministério Público elaborará sua proposta orça- dentre os membros da carreira com mais de 35 anos de idade,
mentária dentro dos limites estabelecidos na lei de di- desde que sua escolha seja aprovada pelo voto da maioria ab-
retrizes orçamentárias. soluta do Senado Federal. O Procurador-Geral da República ex-
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva ercerá seu mandato por dois anos, permitida a recondução. Ao
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na permitir a recondução, a Constituição não estabeleceu limites,
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo con- de forma que o Procurador-Geral da República poderá ser re-
siderará, para fins de consolidação da proposta orça- conduzido por quantas vezes o Presidente considerar conveni-
mentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária ente. Se o Presidente pode nomear o Chefe do MPU, ele também
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados poderá destituí-lo do cargo, desde que autorizado pelo Senado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
na forma do § 3º. pela mesma quantidade de votos, qual seja, maioria absoluta.
§ 5º. Se a proposta orçamentária de que trata este artigo Já em relação à Chefia dos Ministérios Públicos dos Estados
for encaminhada em desacordo com os limites estipula- e do Distrito Federal e Territórios a regra é um pouco diferente:
dos na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos Art. 128, § 3º. Os Ministérios Públicos dos Estados e o
ajustes necessários para fins de consolidação da propos- do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice
ta orçamentária anual. dentre integrantes da carreira, na forma da lei respec-
§ 6º. Durante a execução orçamentária do exercício, tiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será
nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para man-
não poderá haver a realização de despesas ou a
dato de dois anos, permitida uma recondução.
assunção de obrigações que extrapolem os limites es-
tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto § 4º. Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
Federal e Territórios poderão ser destituídos por de-
se previamente autorizadas, mediante a abertura de
liberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
créditos suplementares ou especiais. forma da lei complementar respectiva.
O Art. 127, §§ 2º a 6º, trata das chamadas Garantias A escolha dos Procuradores-Gerais de Justiça depend-
Institucionais. Essas garantias visam a conceder maior au- erá de nomeação pelo Chefe do Poder Executivo5, com base
tonomia à instituição, além de proteger sua independência
5 No caso do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a nomeação do 307
no exercício de suas atribuições constitucionais. As Garantias seu chefe será feita pelo Presidente da República e sua destituição dependerá do
Institucionais são de três espécies: voto da maioria absoluta do Senado Federal mediante provocação do Presidente
em lista tríplice formada dentre os integrantes da carrei- protegendo o subsídio da desvalorização provocada por perdas
308 ra, sendo permitida uma recondução. Diferentemente do inflacionárias. Lembre-se também de que essa garantia não é
Procurador-Geral da República, que poderá ser reconduz- absoluta, pois comporta exceções previstas nos Arts. 37, X e XI,
ido várias vezes, o Procurador-Geral de Justiça só poderá 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição Federal. Em suma,
ser reconduzido uma única vez. A destituição desses a irredutibilidade não impedirá a redução do subsídio quando
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Procuradores-Gerais dependerá da deliberação da maioria ultrapassar o teto constitucional ou em razão da cobrança do


absoluta do Poder Legislativo. imposto de renda.
Já o Art. 128, §5º, apresenta as Garantias dos Membros.
Art. 128, § 5º. Leis complementares da União e dos Indivisibilidade
Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, ob- Garantias de Inamovibilidade
servadas, relativamente a seus membros: Independência
I. as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, Irredutibilidade
não podendo perder o cargo senão por sentença dos Subsídios
judicial transitada em julgado; As Garantias de Imparcialidade são verdadeiras vedações
e visam a garantir uma atuação isenta de qualquer interferên-
b) inamovibilidade, salvo por motivo de inter-
cia política ou pessoal.
esse público, mediante decisão do órgão colegia-
do competente do Ministério Público, pelo voto Art. 128, § 5º, II. as seguintes vedações:
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da maioria absoluta de seus membros, assegura- a) receber, a qualquer título e sob qualquer
da ampla defesa; pretexto, honorários, percentagens ou custas
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na for- processuais;
ma do Art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos b) exercer a advocacia;
Arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; c) participar de sociedade comercial, na for-
São duas espécies de garantias dos membros: Garantias ma da lei;
de Independência e Garantias de Imparcialidade. d) exercer, ainda que em disponibilidade,
As Garantias de Independência são prerrogativas iner- qualquer outra função pública, salvo uma de
entes ao cargo e estão previstas no inciso I do referido artigo, magistério;
as quais visam a garantir aos membros maior liberdade, inde- e) exercer atividade político-partidária (Re-
pendência e autonomia no exercício de sua função ministerial. dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
Tais garantias são indisponíveis, proibindo o titular do cargo 2004);
de dispensar qualquer das prerrogativas. São as garantias da f) receber, a qualquer título ou pretexto,
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos subsídios. auxílios ou contribuições de pessoas físicas, en-
A Vitaliciedade é como se fosse uma estabilidade só que tidades públicas ou privadas, ressalvadas as ex-
muito mais vantajosa. O membro, ao ingressar na carreira me- ceções previstas em lei (Incluída pela Emenda
diante concurso público, torna-se vitalício após o efetivo ex- Constitucional nº 45, de 2004).
ercício no cargo pelo prazo de dois anos. Uma vez vitalício só § 6º. Aplica-se aos membros do Ministério Público o
perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado. disposto no Art. 95, parágrafo único, V (Incluído pela
Após passar pelo estágio probatório de dois anos, um Membro Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
do Ministério Público só perderá o cargo por sentença judicial
transitada em julgado. Antes de explorar essas regras, faz-se necessária a menção
ao Art. 29, § 3º, da ADCT:
A Inamovibilidade impede a movimentação do mem-
bro ex-ofício contra a sua vontade. Em regra, o Membro do § 3º. Poderá optar pelo regime anterior, no que res-
Ministério Público só poderá ser removido ou promovido por peita às garantias e vantagens, o membro do Ministério
sua própria iniciativa, ressalvados os casos em que houver in- Público admitido antes da promulgação da Constitu-
teresse público. E mesmo quando o interesse público exigir, ição, observando-se, quanto às vedações, a situação
a remoção dependerá de decisão do órgão colegiado compe- jurídica na data desta.
tente pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegu- Esse dispositivo retrata uma peculiaridade interessante a
rando-se o direito à ampla defesa. respeito dos Membros do Ministério Público. Antes da promul-
A Irredutibilidade dos Subsídios diz respeito à proteção gação da Constituição Federal de 1988, o regime jurídico a que
da remuneração do membro ministerial. Subsídio é a forma de estavam sujeitos era diferente. A ADCT permitiu aos membros
retribuição pecuniária paga ao membro do Ministério Público que ingressaram antes de 1988 a escolha do regime jurídico a
a qual se caracteriza por ser uma parcela única. Com essa ga- que estariam sujeitos a partir de então. Os membros que in-
rantia, o Membro do Ministério Público poderá trabalhar sem gressaram na carreira antes de 1988 e que possuíam inscrição
medo de perder sua remuneração. na OAB podem advogar desde que tenham optado pelo regime
Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal já entendeu jurídico anterior a 1988. Para os membros que ingressaram na
tratar-se esta irredutibilidade como meramente nominal, não carreira depois da promulgação da Constituição Federal, essa
da República. escolha não é permitida, pois estão sujeitos apenas ao regime
constitucional atual. Feita essa consideração, passa-se à análise dades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Ex-
das garantias vigentes. ecutivo.
Deve-se compreender a abrangência das vedações do inciso II No âmbito da União, essa atividade é exercida pela Ad-
do § 5º do Art. 128 da Constituição Federal. vocacia-Geral da União, enquanto nos Estados, Distrito Fed-
É vedado aos membros do Ministério Público receber, a eral e nos Municípios, a Advocacia Pública será exercida pelas
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percenta- Procuradorias.
gens ou custas processuais, bem como receber auxílios ou con- Apesar de não haver previsão constitucional para as
tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, Procuradorias Municipais, elas são perfeitamente possíveis
ressalvadas as exceções previstas em lei. Tais vedações visam desde que previstas na Lei Orgânica do Município ou permiti-
a impedir que membros sejam motivados indevidamente a das sua criação pela Constituição Estadual.
exercer suas funções sob a expectativa de receberem maiores São vistas, a seguir, quais instituições compõem a Advoca-
valores pela sua atuação. Percebe-se que a vedação encontra cia Pública no Brasil.
exceção quando a contribuição está prevista em lei. Dessa for-
ma, não ofende a Constituição Federal o recebimento de va-
Advocacia-Geral da União - AGU
lores em razão da venda de livros, do exercício do magistério A AGU é responsável pela assistência jurídica da União,
ou mesmo da ministração de palestra. conforme prevê o texto constitucional:
Outra vedação aplicável aos membros do Parquet é em Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
relação ao exercício da advocacia. Acerca desse impedimento, que, diretamente ou através de órgão vinculado, rep-
deve-se ressaltar a situação dos membros do Ministério Públi- resenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
co da União que ingressaram na carreira antes de 1988 e que do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
tenham optado pelo regime jurídico anterior, nos termos do § sobre sua organização e funcionamento, as atividades
3º do Art. 29 da ADCT, os quais poderão exercer a advocacia de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Ex-
nos termos da Resolução nº 8 do CNMP, com a nova redação ecutivo.
dada pela Resolução nº 16. § 1º. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Ad-
Ademais, o texto constitucional estendeu aos Membros do vogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presi-
Ministério Público a mesma vedação aplicável aos Magistrados no dente da República dentre cidadãos maiores de trinta
Art. 95, parágrafo único, V, qual seja, a de exercer a advocacia no e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação il-
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos ibada.
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. A A chefia desse órgão fica a cargo do Advogado-Geral
doutrina tem chamado essa vedação de quarentena. da União, o qual é nomeado livremente pelo Presidente da
Os membros do Ministério Público não podem participar República, entre os cidadãos maiores de trinta e cinco anos,
de sociedade comercial, na forma da lei. Essa vedação encon- com notável saber jurídico e reputação ilibada. Segundo a

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tra regulamentação na Lei nº 8.625/93, a qual prevê a possibi- Lei nº 10.683/03, em seu Art. 25, o Advogado-Geral da União
lidade de participação como cotista ou acionista6. é considerado Ministro de Estado, sendo-lhe aplicadas to-
Também não podem exercer, ainda que em disponibili- das as prerrogativas inerentes ao status. Atente-se para
dade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério. isso em prova, visto que, para ser o Chefe dessa Instituição,
Ressalta-se que o CNMP regulamentou o exercício do mag- não é necessário ser membro da carreira nem depende de
istério, que poderá ser público ou privado, por no máximo 20 aprovação do Senado Federal. É um cargo de livre nomeação
horas aula por semana, desde que o horário seja compatível e exoneração cuja confiança do Presidente da República se
com as atribuições ministeriais e o seu exercício se dê inteira- torna o principal critério para a escolha do seu titular.
mente em sala de aula7. Um detalhe muito importante e que pode ser cobrado
em prova é que a Constituição Federal, ao apontar as com-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Para evitar que sua atuação seja influenciada por pressões
políticas, a Constituição vedou o exercício de atividade políti- petências dessa instituição, afirmou que a AGU representa
co-partidária aos Membros do Ministério Público. Isso significa judicial e extrajudicialmente a União e em relação a consul-
que, se um membro quiser se filiar ou mesmo exercer um cargo toria e assessoramento jurídico apenas ao Poder Executivo.
político, deverá se afastar do cargo no Ministério Público. Essa Essas competências foram confirmadas na Lei Orgânica da
vedação tem caráter absoluto desde a Emenda Constitucional Advocacia-Geral da União (Lei Complementar nº 73/93):
nº 45/2004, a qual foi regulamentada pelo Conselho Nacional Art. 1º. A Advocacia-Geral da União é a instituição que
do Ministério Público, que determinou a aplicação da vedação representa a União judicial e extrajudicialmente.
apenas aos membros que tenham ingressado na carreira após Parágrafo único. À Advocacia-Geral da União cabem as
a promulgação da emenda8. atividades de consultoria e assessoramento jurídicos ao
Poder Executivo, nos termos desta Lei Complementar.
Advocacia Pública Enquanto a atividade de consultoria e assessoramento
A Advocacia Pública é a função essencial à justiça re- jurídico restringe-se apenas ao Poder Executivo, a representação
sponsável pela defesa dos interesses dos entes estatais, tanto judicial e extrajudicial abrangerá todos os Poderes da União (Ex-
judicialmente quanto extrajudicialmente, bem como as ativi- ecutivo, Legislativo e Judiciário), bem como suas autarquias e
fundações públicas, conforme esclarece a Lei nº 9.028/95:
6 Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, Lei nº 8.625/93, Art. 44, III. 309
7 Resolução nº 3/2005 – CNMP. Art. 22. A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos
8 Resolução nº 5/2006 – CNMP. vinculados, nas respectivas áreas de atuação, ficam
autorizados a representar judicialmente os titulares e a qual localizou o Procurador do Banco Central como membro
310 os membros dos Poderes da República, das Instituições de carreira da própria instituição. Apesar disso, o Procurador
Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da Constitu- do Banco Central está vinculado à AGU.
ição, bem como os titulares dos Ministérios e demais
órgãos da Presidência da República, de autarquias e Procuradoria-Geral dos Estados
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

fundações públicas federais, e de cargos de natureza e do Distrito Federal


especial, de direção e assessoramento superiores e No âmbito dos Estados e do Distrito Federal, a consulto-
daqueles efetivos, inclusive promovendo ação penal ria jurídica e a representação judicial serão realizadas pelos
privada ou representando perante o Ministério Público, Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, conforme pre-
quando vítimas de crime, quanto a atos praticados no leciona o Art. 132 da Constituição Federal:
exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito
regulamentares, no interesse público, especialmente
Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso de-
da União, suas respectivas autarquias e fundações, ou
penderá de concurso público de provas e títulos, com a
das Instituições mencionadas, podendo, ainda, quanto
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em to-
aos mesmos atos, impetrar Habeas Corpus e mandado
das as suas fases, exercerão a representação judicial e a
de segurança em defesa dos agentes públicos de que
consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
trata este artigo.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste arti-
A AGU representa judicialmente e extrajudicialmente a
União, mas presta consultoria e assessora juridicamente ape- go é assegurada estabilidade após três anos de efetivo
nas ao Poder Executivo. exercício, mediante avaliação de desempenho perante
os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
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É importante lembrar também que o ingresso na carrei- corregedorias.


ra da AGU depende de aprovação em concurso público de
Segundo a Constituição, o ingresso na carreira depende
provas e títulos nos termos do Art. 131, § 2º:
de concurso público de provas e títulos, cuja participação da
§ 2º. O ingresso nas classes iniciais das carreiras da insti- OAB é obrigatória em todas as suas fases, não sendo admit-
tuição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso ido, portanto, que as atividades de representação judicial e
público de provas e títulos. de consultoria jurídica sejam realizadas por ocupantes de
Destaca-se ainda a atuação da AGU na defesa da Repúbli- cargos em comissão.
ca Federativa do Brasil em demandas instauradas perante Apesar de não haver previsão constitucional, o STF já
Cortes Internacionais. decidiu que devem ser aplicadas simetricamente as mes-
Além das diversas carreiras que serão vistas, não se pode mas regras da União para a nomeação do Procurador-Geral
esquecer dos Advogados da União, os quais são responsáveis das Unidades Federadas. Dessa forma, o Governador detém
pela defesa da União quando esta se encontra em juízo. a competência de nomear e exonerar livremente o chefe da
Procuradoria-Geral da Fa- Instituição, não se exigindo que o titular do referido cargo seja
membro da carreira.
zenda Nacional - PGFN Por fim, a Constituição Federal garantiu aos procuradores
A PGFN é órgão vinculado a AGU responsável pelas ações estaduais e do Distrito Federal, estabilidade após três anos de
de natureza tributária, cujo objetivo principal é garantir o re- efetivo exercício mediante avaliação de desempenho perante
cebimento de recursos de origem fiscal. A Constituição assim os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das cor-
define sua competência no Art. 131: regedorias.
Art. 131, § 3º. Na execução da dívida ativa de natureza
tributária, a representação da União cabe à Procura-
Procuradoria dos Municípios
doria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto Conforme já estudado, não existe previsão constitucional
para a criação das procuradorias municipais, não havendo da
em lei.
mesma forma qualquer impedimento para sua criação. Logo,
Procuradoria-Geral Federal cada município poderá criar sua própria procuradoria, desde
A Procuradoria-Geral Federal, órgão vinculado à AGU, é que prevista essa possibilidade na Constituição Estadual ou na
responsável pela representação judicial e extrajudicial das au- Lei Orgânica do Município.
tarquias e fundações públicas da União por meio dos Procura-
dores Federais. Sua previsão não é constitucional, mas está Defensoria Pública
descrita na Lei nº 10.480/2002: Como instituição essencial ao funcionamento da Justiça,
Art. 10. À Procuradoria-Geral Federal compete a rep- a Defensoria Pública é responsável, em primeiro plano, pela
resentação judicial e extrajudicial das autarquias e assistência jurídica e gratuita dos hipossuficientes, os quais
fundações públicas federais, as respectivas atividades não possuem recursos financeiros para contratar um advoga-
de consultoria e assessoramento jurídicos, a apuração do. Essa função tipicamente realizada pela Defensoria con-
da liquidez e certeza dos créditos, de qualquer nature- cretiza o direito fundamental expresso no Art. 5º, LXXIV, da
za, inerentes às suas atividades, inscrevendo-os em Constituição:
dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial. Art. 5º, LXXIV. O Estado prestará assistência jurídica
Em relação ao Banco Central, autarquia vinculada a União, integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
foi prevista carreira própria regulamentada na Lei nº 9.650/98, de recursos.
Complementando esse dispositivo, a Constituição previu Art. 4º. São funções institucionais da Defensoria Públi-
no Art. 134 algumas regras sobre a Defensoria: ca, dentre outras:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição perma- I. prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- necessitados, em todos os graus (Redação dada
cumbindo-lhe, como expressão e instrumento do re- pela Lei Complementar nº 132, de 2009);
gime democrático, fundamentalmente, a orientação II. promover, prioritariamente, a solução extraju-
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, dicial dos litígios, visando à composição entre as
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos pessoas em conflito de interesses, por meio de me-
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos diação, conciliação, arbitragem e demais técnicas
necessitados, na forma do inciso LXXIV do Art. 5º de- de composição e administração de conflitos;
sta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda III. promover a difusão e a conscientização dos direit-
Constitucional nº 80, de 2014) os humanos, da cidadania e do ordenamento jurídico;
§ 1º. Lei complementar organizará a Defensoria Pública IV. prestar atendimento interdisciplinar, por meio de
da União e do Distrito Federal e dos Territórios e pre- órgãos ou de servidores de suas Carreiras de apoio
screverá normas gerais para sua organização nos Esta- para o exercício de suas atribuições;
dos, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,
mediante concurso público de provas e títulos, assegu- V. exercer, mediante o recebimento dos autos com
rada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de
e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições pessoas naturais e jurídicas, em processos admin-
institucionais. istrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em
todas as instâncias, ordinárias ou extraordinárias,
§ 2º. Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura-
utilizando todas as medidas capazes de propiciar a
das autonomia funcional e administrativa e a iniciativa
adequada e efetiva defesa de seus interesses;
de sua proposta orçamentária dentro dos limites esta-
belecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordi- VI. representar aos sistemas internacionais de
nação ao disposto no Art. 99, § 2º. proteção dos direitos humanos, postulando peran-
te seus órgãos;
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi-
cas da União e do Distrito Federal. (Incluído pela VII. promover ação civil pública e todas as espécies
Emenda Constitucional nº 74, de 2013) de ações capazes de propiciar a adequada tutela
dos direitos difusos, coletivos ou individuais ho-
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública
mogêneos quando o resultado da demanda puder
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcio-
beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes;
nal, aplicando-se também, no que couber, o disposto
no Art. 93 e no inciso II do Art. 96 desta Constituição VIII. exercer a defesa dos direitos e interesses individ-

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Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, uais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e
de 2014) dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV
do Art. 5º da Constituição Federal;
Atualmente, cada Unidade Federativa é responsável pela
organização da sua Defensoria Pública, havendo ainda uma IX. impetrar Habeas Corpus, mandado de injunção,
Defensoria no âmbito da União e no Distrito Federal. Habeas Data e mandado de segurança ou qualquer
outra ação em defesa das funções institucionais e
As Defensorias Estaduais possuem autonomia funcional e prerrogativas de seus órgãos de execução;
administrativa não se admitindo sua subordinação a nenhum X. promover a mais ampla defesa dos direitos
dos poderes. Sua autonomia avança ainda nas questões orça- fundamentais dos necessitados, abrangendo seus
mentárias permitindo que tenha iniciativa própria para apre- direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
sentação de proposta orçamentária dentro dos limites estabe-
culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
espécies de ações capazes de propiciar sua ade-
A Emenda Constitucional nº 74, de 06 de agosto de 2013, in- quada e efetiva tutela;
troduziu o § 3º ao Art. 134, da CF para conferir autonomia funcional XI. exercer a defesa dos interesses individuais e
e administrativa e a iniciativa de proposta orçamentária também coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da
às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. pessoa portadora de necessidades especiais, da
Segundo a Lei Complementar nº 80/94 que organiza a De- mulher vítima de violência doméstica e familiar e
fensoria Pública: de outros grupos sociais vulneráveis que mereçam
proteção especial do Estado;
Art. 2º. A Defensoria Pública abrange: XIV. acompanhar inquérito policial, inclusive
I. a Defensoria Pública da União; com a comunicação imediata da prisão em fla-
II. a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos grante pela autoridade policial, quando o pre-
Territórios; so não constituir advogado (Incluído pela Lei
III. as Defensorias Públicas dos Estados. Complementar nº 132, de 2009);
Cabe aos Defensores Públicos a assistência jurídica integral XV. patrocinar ação penal privada e a subsidiária
dos hipossuficientes, não se limitando apenas à defesa judicial. da pública (Incluído pela Lei Complementar nº 132, 311
A Lei Complementar nº 80/94 traz extenso rol de atribuições: de 2009);
XVI. exercer a curadoria especial nos casos previs- Segundo o princípio da indispensabilidade, o advogado
312 tos em lei (Incluído pela Lei Complementar nº 132, é indispensável à administração da Justiça, pois só ele pos-
de 2009); sui a chamada capacidade postulatória. Logicamente, esse
XVII. atuar nos estabelecimentos policiais, pen- princípio não goza de caráter absoluto, sendo permitida a
itenciários e de internação de adolescentes,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

capacidade de postular ao próprio interessado em situações


visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer
expressamente previstas na Constituição Federal como no Ha-
circunstâncias, o exercício pleno de seus direitos
e garantias fundamentais (Incluído pela Lei Com- beas Corpus e nos juizados especiais.
plementar nº 132, de 2009); Destaca-se ainda que nos processos administrativos
XVIII. atuar na preservação e reparação dos direitos disciplinares a ausência de defesa técnica por meio de ad-
de pessoas vítimas de tortura, abusos sexuais, dis- vogado não gera nulidade ao procedimento9.
criminação ou qualquer outra forma de opressão ou Já o princípio da inviolabilidade constitui norma que visa a
violência, propiciando o acompanhamento e o aten- garantir ao advogado o exercício das suas atribuições de forma
dimento interdisciplinar das vítimas (Incluído pela independente e autônoma às demais instituições do Estado.
Lei Complementar nº 132, de 2009); Da mesma forma, esse princípio não goza de caráter absoluto,
XIX. atuar nos Juizados Especiais (Incluído pela Lei sendo possível a limitação quando seus atos e atribuições não
Complementar nº 132, de 2009); estiverem ligados ao exercício da profissão nos termos do Es-
XX. participar, quando tiver assento, dos conselhos
tatuto da Advocacia10.
federais, estaduais e municipais afetos às funções
institucionais da Defensoria Pública, respeitadas as Como condição para o exercício dessa profissão, o STF já
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atribuições de seus ramos (Incluído pela Lei Comple- declarou que é constitucional a necessidade de aprovação do
mentar nº 132, de 2009); Exame de Ordem aplicado pela OAB aos bacharéis em direito.
XXI. executar e receber as verbas sucumbenciais A amplitude desse tema requer análise aprofundada, a
decorrentes de sua atuação, inclusive quando qual é feita em disciplina própria. Aqui foi feita uma breve
devidas por quaisquer entes públicos, destinan- análise constitucional do instituto.
do-as a fundos geridos pela Defensoria Pública
Ministério
e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento
Público Defende a sociedade
da Defensoria Pública e à capacitação profissional
de seus membros e servidores(Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009); Advocacia
Pública Defende o Estado
XXII. convocar audiências públicas para discutir
matérias relacionadas às suas funções institucio-
nais(Incluído pela Lei Complementar nº 132, de Advocacia Defende os particulares
2009). Privada
Em relação às suas atribuições, vejamos esta questão de
prova: Defensoria
Por fim, cabe destacar que, assim como os Advogados Pú- Pública Defende os pobres
blicos, os Defensores Públicos são remunerados por meio de
subsídio:
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras dis-
ANOTAÇÕES
ciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão re-
munerados na forma do Art. 39, § 4º.

Advocacia
Quando a Constituição Federal se refere à Advocacia,
fala-se do advogado privado, profissional autônomo, indis-
pensável à função jurisdicional. Os advogados estão vincula-
dos à Ordem dos Advogados do Brasil, entidade de classe de
natureza especial, não vinculada aos Poderes do Estado e que
tem como atribuições controlar, fiscalizar e selecionar novos
profissionais para o exercício da Carreira.
Segundo a Constituição Federal:
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão, nos limites da lei.
Esse dispositivo revela dois princípios que regem a advo-
9 Súmula Vinculante nº 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo
cacia no Brasil: o princípio da indispensabilidade e o da invio- administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
labilidade. 10 Lei nº 8.906/94.
14. Defesa do Estado e das Esse dispositivo enumera as hipóteses de cabimento da
medida ou quais são os seus objetivos: preservar ou pronta-
Instituições Democráticas mente restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas
No título V, Arts. 136 a 144, a Constituição Federal apresenta por calamidades de grandes proporções na natureza. Qualquer
instrumentos eficazes na proteção do Estado e de toda estrutu- circunstância dessas autoriza a decretação de Estado de Def-
ra democrática. Os instrumentos disponibilizados são o Sistema
esa. Lembre-se de que esse rol é taxativo. Só essas situações
Constitucional de Crises que compreende o Estado de Defesa e
o Estado de Sítio, Forças Armadas e Segurança Pública, os quais podem autorizar a medida.
serão analisados a partir de agora. Um detalhe interessante e que pode funcionar como pon-
to de distinção entre o Estado de Sítio e de Defesa é a área
Sistema Constitucional de Crises abrangida. O texto constitucional apresentado determina que
O Sistema Constitucional de Crises é um conjunto de me- as áreas abrangidas pela medida sejam locais restritos e de-
didas criadas pela Constituição Federal para restabelecer a terminados.
ordem constitucional em momentos de crises político-insti- Outro ponto importante e que é frequente cobrado em
tucionais. Antes de tratar das espécies em si, deve-se ressaltar prova diz respeito ao tempo de duração do Estado de Defesa.
algumas características essenciais desses institutos. Segundo Art. 136, § 2º, essa medida de contenção de crises
É necessário partir do pressuposto de que o Estado de sí- poderá durar 30 dias, podendo prorrogar mais uma vez por
tio é mais grave que o estado de defesa. Essa compreensão igual período:
permite entender que as medidas adotadas no Estado de Sítio § 2º. O tempo de duração do estado de defesa não será
serão mais gravosas que no Estado de Defesa. superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma
Outro ponto interessante são os princípios que regem o vez, por igual período, se persistirem as razões que jus-
Sistema Constitucional de Crises. As duas medidas devem ob- tificaram a sua decretação.
servar os seguintes princípios:
Não se esqueça de que o prazo só poderá ser prorrogado
Necessidade uma única vez.
Só podem ser decretadas em último caso. Como característica principal da execução do Estado de
Proporcionalidade Defesa está a possibilidade de se restringirem alguns direitos,
As medidas adotadas devem ser proporcionais aos prob- os quais estão previamente definidos nos §§ 1º a 3º do Art. 136:
lemas existentes.
§ 1º. O decreto que instituir o estado de defesa deter-
Temporariedade minará o tempo de sua duração, especificará as áreas
As medidas do Sistema Constitucional de Crises devem ser a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da

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temporárias. Devem durar apenas o tempo necessário para lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as se-
resolver a crise.
guintes:
Legalidade
I. restrições aos direitos de:
As medidas devem guardar respeito à lei. E aqui é pos-
sível vislumbrar duas perspectivas acerca da legalidade: a) reunião, ainda que exercida no seio das as-
sociações;
Stricto sensu - As medidas devem respeitar os limites
estabelecidos nos Decretos Presidenciais que autorizam a ex- b) sigilo de correspondência;
ecução. É uma perspectiva mais restrita da legalidade; c) sigilo de comunicação telegráfica e
Lato sensu - As medidas precisam respeitar a lei em sen- telefônica; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tido amplo, ou seja, toda a legislação brasileira, incluindo a II. ocupação e uso temporário de bens e serviços
Constituição Federal. públicos, na hipótese de calamidade pública, re-
Trabalhados esses conceitos iniciais, agora será abordado cada spondendo a União pelos danos e custos decor-
um dos institutos do Sistema Constitucional de Crises em espécie. rentes.
Inicia-se pelo Estado de Defesa. § 3º. Na vigência do estado de defesa:
I. a prisão por crime contra o Estado, determinada
Estado de Defesa pelo executor da medida, será por este comunicada
O Estado de Defesa está regulamentado no Art. 136 da imediatamente ao juiz competente, que a relaxará,
Constituição e o seu caput apresenta algumas informações se não for legal, facultado ao preso requerer exame
importantíssimas: de corpo de delito à autoridade policial;
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o II. a comunicação será acompanhada de declaração,
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacion- pela autoridade, do estado físico e mental do deti-
al, decretar estado de defesa para preservar ou pronta- do no momento de sua autuação;
mente restabelecer, em locais restritos e determinados, III. a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave poderá ser superior a dez dias, salvo quando autor-
e iminente instabilidade institucional ou atingidas por izada pelo Poder Judiciário; 313
calamidades de grandes proporções na natureza. IV. é vedada a incomunicabilidade do preso.
Alguns pontos merecem um destaque especial. Devido Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
314 à gravidade da situação e à excepcionalidade das medidas, líderes partidários, designará Comissão composta de
a Constituição autoriza a restrição de vários direitos funda- cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar
mentais, por exemplo, o direito de reunião, o sigilo das corre- a execução das medidas referentes ao estado de def-
spondências, das comunicações telegráficas e telefônicas. esa e ao estado de sítio.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Essas medidas restritivas dispensam autorização judicial, Sucessivo (posterior): ocorre após a execução da medida
inclusive a decretação de prisão que será determinada pela nos termos do Art. 141:
própria autoridade executora do Estado de Defesa e poderá Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de
durar até dez dias. A prisão deverá ser comunicada imediata- sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
mente ao juiz o qual poderá prorrogá-la por período superior. responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus ex-
Não se deve esquecer que, mesmo em um momento de ecutores ou agentes.
crise, como esse em que muitos direitos constitucionais são Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
flexibilizados, é vedada pela Constituição Federal a incomu- o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên-
nicabilidade do preso. A ele deverá ser garantido o direito de cia serão relatadas pelo Presidente da República, em
falar com seu familiar ou advogado, além do direito de ter mensagem ao Congresso Nacional, com especificação
preservada sua integridade. e justificação das providências adotadas, com relação
Para que seja decretado o Estado de Defesa, a Constituição nominal dos atingidos e indicação das restrições apli-
previu alguns procedimentos. Primeiramente, deve-se lembrar cadas.
que a decretação é competência do Presidente da República. O Controle Jurisdicional é o realizado pelo Poder Judi-
Antes de executar a medida, ele deverá consultar o Consel- ciário, e ocorrerá de duas formas:
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ho de Defesa Nacional e o Conselho da República os quais Concomitante - durante a execução da medida. Veja-se o
emitirão um parecer acerca da situação. Apesar da obrigato- disposto no Art. 136, § 3º;
riedade em ouvir os Conselhos, o Presidente não está vincula- Sucessivo (Posterior) - após a execução da medida nos
do ao seus pareceres. Significa dizer que os pareceres emitidos termos do Art. 141.
pelos conselhos são meramente opinativos.
Estado de Sítio
Ouvidos os Conselhos, o Presidente decreta a medida e
imediatamente submete o decreto ao Congresso Nacional O Estado de Sítio é mais gravoso que o Estado de Defe-
para aprovação. A decisão do Congresso Nacional é definitiva. sa. Por consequência, as medidas adotadas nesse caso terão
Caso o decreto seja rejeitado, o Estado de Defesa cessa ime- maior efeito restritivo aos direitos fundamentais.
diatamente. Primeiramente são abordadas às hipóteses de cabimento
do Estado de Sítio, que estão previstas no Art. 137, I e II:
§ 4º. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro I. comoção grave de repercussão nacional ou ocor-
horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao rência de fatos que comprovem a ineficácia de me-
Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. dida tomada durante o estado de defesa;
§ 5º. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será II. declaração de estado de guerra ou resposta a
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco agressão armada estrangeira.
dias. A doutrina faz uma distinção interessante entre os dois
incisos, classificando-os em Repressivo e Defensivo. O Es-
§ 6º. O Congresso Nacional apreciará o decreto den-
tado de Sítio Repressivo está previsto no inciso I, haja vista
tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo
ser necessária a atuação dos poderes públicos para conter a
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
situação de crise. Já o inciso II, é chamado de Estado de Sítio
defesa.
Defensivo, pois o poder público utiliza a medida como forma
§ 7º. Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o esta- de se defender de agressões externas.
do de defesa.
Um ponto distintivo entre o Estado de Defesa e o Estado
Apesar de ser caracterizado por medidas excepcionais, de Sítio, muito cobrado em prova, refere-se à área abrangida.
que restringem sobremaneira os direitos e garantias funda- Segundo o inciso I do Art. 137, será decretada a medida quando
mentais, o Controle Constitucional de Crises não está imune à a crise tiver repercussão nacional. Quando o candidato encon-
fiscalização por parte dos poderes públicos. Havendo excessos trar na prova o termo “repercussão nacional”, deve associar
nas medidas adotadas, a Constituição prevê a possibilidade de com o Estado de Sítio. Diferentemente, se estiver escrito “local
responsabilização dos agentes por seus atos. A doutrina con- restrito e determinado”, relacionar o dispositivo com Estado
stitucional prevê duas formas de controle: Controle Político e de Defesa.
Controle Jurisdicional. Um tema muito cobrado em prova é o tempo de duração
O Controle Político é realizado basicamente pelo Congres- do Estado de Sítio. Vejamos o que diz o §1º do Art. 137:
so Nacional, que o efetuará de três formas: § 1º. O estado de sítio, no caso do Art. 137, I, não poderá
Imediato: ocorre logo após a decretação da medida con- ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de
forme o § 4º do Art. 136. cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser
Concomitante: ocorre durante a execução do Estado de decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
Defesa conforme § 6º do Art. 136 e Art. 140. agressão armada estrangeira.
Qual o prazo de duração do Estado de Sítio? Depende da Vejamos agora como é o procedimento de decretação do
hipótese de cabimento. Estado de Sítio:
Segundo o § 1º, se a hipótese for a do inciso I do Art. 137, o Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o
prazo será de 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias enquanto Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio-
for necessário para conter a situação. Cuidado com este prazo, nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
pois a Constituição deixou transparecer que ele não pode ser decretar o estado de sítio nos casos de:
prorrogado, contudo, o que ela quis dizer é que não pode ser Parágrafo único. O Presidente da República, ao so-
prorrogado por mais de 30 dias todas as vezes que for prorroga- licitar autorização para decretar o estado de sítio ou
do. Dessa forma, ele poderá ser prorrogado indefinidamente, sua prorrogação, relatará os motivos determinantes
enquanto for necessário. do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por
Já no caso do inciso II, a Constituição regula o Estado de maioria absoluta.
Sítio em caso de guerra ou agressão estrangeira e prevê que a Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua du-
medida durará enquanto for necessária para repelir a agressão ração, as normas necessárias a sua execução e as garan-
estrangeira ou acabar com a guerra. Logo, o Estado de Sítio tias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
nestes casos não possuem prazo certo para terminar. publicado, o Presidente da República designará o execu-
No que tange às medidas coercitivas que podem ser ad- tor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
otadas no Estado de Sítio, a Constituição prevê no Art. 139: § 2º. Solicitada autorização para decretar o estado de
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do
fundamento no Art. 137, I, só poderão ser tomadas con- Senado Federal, de imediato, convocará extraordinari-
tra as pessoas as seguintes medidas: amente o Congresso Nacional para se reunir dentro de
I. obrigação de permanência em localidade deter- cinco dias, a fim de apreciar o ato.
minada; § 3º. O Congresso Nacional permanecerá em funciona-
II. detenção em edifício não destinado a acusados mento até o término das medidas coercitivas.
ou condenados por crimes comuns; Conforme estudado no Estado de Defesa, a decretação do
III. restrições relativas à inviolabilidade da cor- Estado de Sítio fica a cargo do Presidente da República após
respondência, ao sigilo das comunicações, à ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio-
prestação de informações e à liberdade de impren- nal. A consulta é obrigatória, mas os pareceres dos Conselhos
sa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; não vinculam o Presidente. Apesar da similaridade de proced-
IV. suspensão da liberdade de reunião; imentos, aqui o Presidente tem que solicitar autorização do
V. busca e apreensão em domicílio; Congresso Nacional antes de decretar o Estado de Sítio. Essa
diferença é bastante cobrada em prova.
VI. intervenção nas empresas de serviços públicos;
Ao passo que no Estado de Defesa o Presidente Decreta

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VII. requisição de bens. a medida e depois apresenta para o Congresso avaliar. No Es-
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inci- tado de Sítio, antes de decretar, o Presidente deve sujeitar a
so III a difusão de pronunciamentos de parlamentares medida à apreciação do Congresso Nacional.
efetuados em suas Casas Legislativas, desde que lib- Essa característica demonstra que, assim como no Estado
erada pela respectiva Mesa. de Defesa, a medida está sujeita a controle dos outros Poderes.
O dispositivo só regulamentou as restrições adotadas na Sendo assim, verifica-se que a fiscalização será feita tanto pe-
hipótese do inciso I do Art. 137, qual seja: comoção grave de los órgãos políticos quanto pelos órgãos jurisdicionais.
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem Tem-se controle político quando realizado pelo Congres-
a ineficácia de medida tomada durante o Estado de Defesa. so Nacional, o qual se dará de forma:
Esse rol de medidas é taxativo, restringindo a atuação do
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

poder público durante sua aplicação. No caso do Art. 137, II, Prévio - ocorre quando o Congresso Nacional autoriza a
a Constituição nada disse, o que levou a doutrina a concluir a execução da medida;
possibilidade de adoção de qualquer medida necessária para Concomitante - ocorre durante a execução da medida;
conter a situação, desde que compatíveis com a Ordem Con- Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
stitucional e com as leis brasileiras. líderes partidários, designará Comissão composta de
Como se pode perceber, as medidas aqui são mais gravo- cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
sas que as adotadas no Estado de Defesa, e isso pode ser mui- execução das medidas referentes ao estado de defesa
to bem notado pela distinção feita entre o Estado de Defesa e e ao estado de sítio.
de Sítio no que se refere à liberdade de reunião. Enquanto no Sucessivo (posterior): ocorre após a execução da medida;
Estado de Defesa a liberdade de reunião sofre restrições, aqui Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de
ela será suspensa. sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
Outro dispositivo importante é o previsto no parágrafo responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus ex-
único, que isenta os pronunciamentos dos parlamentares efet- ecutores ou agentes.
uados em suas Casas das restrições impostas no inciso III do Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
artigo em análise, desde que liberadas pelas respectivas Me- o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência
sas. As demais restrições devem ser lidas e memorizadas, pois serão relatadas pelo Presidente da República, em men- 315
podem ser cobradas em prova. sagem ao Congresso Nacional, com especificação e justi-
ficação das providências adotadas, com relação nominal III. o militar da ativa que, de acordo com a lei,
316 dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. tomar posse em cargo, emprego ou função pública
Também existe o controle Jurisdicional executado pelos civil temporária, não eletiva, ainda que da admin-
órgãos do Poder Judiciário, o qual se dará de forma: istração indireta, ressalvada a hipótese prevista
Concomitante - durante a execução da medida. Apesar de no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

não haver previsão constitucional expressa, qualquer lesão ou ao respectivo quadro e somente poderá, enquan-
ameaça a direito poderá ser apreciada pelo Poder Judiciário; to permanecer nessa situação, ser promovido por
Sucessivo (Posterior) - após a execução da medida nos antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço
termos do Art. 141. apenas para aquela promoção e transferência para
a reserva, sendo depois de dois anos de afasta-
Forças Armadas mento, contínuos ou não, transferido para a reser-
va, nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda
Instituições Constitucional nº 77, de 2014);
As Forças Armadas são formadas por instituições que IV. ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
compõem a estrutura de defesa do Estado, a Marinha, o V. o militar, enquanto em serviço ativo, não pode
Exército e a Aeronáutica. Possuem como funções principais estar filiado a partidos políticos;
a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais, VI. o oficial só perderá o posto e a patente se for
da lei e da ordem. Apesar de sua vinculação à União, suas julgado indigno do oficialato ou com ele incom-
atribuições têm caráter nacional e podem ser exercidas em patível, por decisão de tribunal militar de caráter
todo o território brasileiro: permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es-
pecial, em tempo de guerra;
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Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,


pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacio- VII. o oficial condenado na justiça comum ou militar
nais permanentes e regulares, organizadas com base a pena privativa de liberdade superior a dois anos,
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema por sentença transitada em julgado, será submeti-
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da do ao julgamento previsto no inciso anterior;
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por VIII. aplica-se aos militares o disposto no art. 7º,
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no Art. 37,
Segundo o caput do Art. 142, são classificadas como insti- incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei
tuições permanentes e regulares. Estão sempre prontas para e com prevalência da atividade militar, no Art. 37,
agir. São regulares, pois desempenham funções sistemáticas e inciso XVI, alínea “c”; (Redação dada pela Emenda
dependem de um efetivo de servidores para realizá-las. Constitucional nº 77, de 2014)
Ainda, destaca-se a base de sua organização na hier- IX. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41,
arquia e na disciplina. Esses atributos típicos da Adminis- de 19.12.2003).
tração Pública são ressaltados nessas instituições devido ao X. a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma-
caráter militar que possuem. As Forças Armadas valorizam das, os limites de idade, a estabilidade e outras
demasiadamente essa estrutura hierárquica, com regula- condições de transferência do militar para a ina-
mentos que garantem uma distribuição do efetivo em diver- tividade, os direitos, os deveres, a remuneração,
sos níveis de escalonamento, cujo comando supremo está as prerrogativas e outras situações especiais dos
nas mãos do Presidente da República. militares, consideradas as peculiaridades de suas
Em linhas gerais, a Constituição previu algumas regras atividades, inclusive aquelas cumpridas por força
para o funcionamento das instituições militares: de compromissos internacionais e de guerra.
§ 1º. Lei complementar estabelecerá as normas gerais Habeas Corpus
a serem adotadas na organização, no preparo e no em-
prego das Forças Armadas. A Constituição declarou expressamente o não cabimento
§ 3º. Os membros das Forças Armadas são denomina- de Habeas Corpus nas punições disciplinares militares:
dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a § 2º. Não caberá Habeas Corpus em relação a punições
ser fixadas em lei, as seguintes disposições: disciplinares militares.
I. as patentes, com prerrogativas, direitos e de- Essa vedação decorre do regime constritivo rigoroso exis-
veres a elas inerentes, são conferidas pelo Pres- tente nas instituições castrenses, o qual permite como sanção
idente da República e asseguradas em plenitude administrativa a prisão. Deve-se ter muito cuidado com isso
aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, em prova. Segundo o STF, se o Habeas Corpus versar sobre
sendo-lhes privativos os títulos e postos militares a ilegalidade da prisão, ele será admitido, ficando a vedação
e, juntamente com os demais membros, o uso dos adstrita apenas ao seu mérito.
uniformes das Forças Armadas;
II. o militar em atividade que tomar posse em car- Vedações
go ou emprego público civil permanente, ressalva- Como foi dito anteriormente, o regime militar é bem rig-
da a hipótese prevista no Art. 37, inciso XVI, alínea oroso e a Constituição apresentou algumas vedações que
“c”, será transferido para a reserva, nos termos da sempre caem em prova:
lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº IV. ao militar são proibidas a sindicalização e a
77, de 2014) greve;
V. o militar, enquanto em serviço ativo, não pode IV. recusa de cumprir obrigação a todos imposta
estar filiado a partidos políticos; ou prestação alternativa, nos termos do Art. 5º, VIII.
A sindicalização e a greve são medidas que dificultam o Acerca desse tema, um problema surge na doutrina. A
trabalho do militar, pois o influencia a questionar as ordens Constituição não estabelece de forma clara qual consequên-
recebidas de seus superiores. As atribuições dos militares de- cia deverá ser aplicada ao indivíduo que se recusa a cumprir a
pendem de uma obediência irrestrita, por essa razão a Con- obrigação ou a prestação alternativa. A Lei 8.239/91, que regu-
stituição os impediu de se organizarem em sindicatos e de la a prestação alternativa ao serviço militar obrigatório, prevê
realizarem movimentos paredistas. que será declarada a suspensão dos direitos políticos de quem
Quanto à vedação de filiação a partido político, deve-se de- se recusar a cumprir a obrigação e a prestação alternativa. A
stacar que o militar, para que desenvolva suas atividades com doutrina tem se dividido entre as duas possibilidades: perda ou
eficiência, não pode se sujeitar às correntes político-partidárias. O suspensão dos direitos políticos.
militar deve obedecer apenas à Constituição Federal e executar Em tese, esse tema não deveria ser cobrado em prova de
suas atividades com determinação. Essa vedação não o impede concurso, considerando sua divergência doutrinária; entretanto,
de se candidatar a cargo eletivo, desde que não seja conscrito. recentemente, para o concurso de juiz do TRF da 5ª região, a
Aqui cabe citar o Art. 14, § 8º da CF: banca CESPE trouxe essa questão e sustentou em seu gabarito
§ 8º. O militar alistável é elegível, atendidas as se- definitivo a posição de perda dos direitos políticos. Diante desse
guintes condições: último posicionamento da CESPE, caso o candidato faça alguma
I. se contar menos de dez anos de serviço, deverá prova desta banca, em que seja cobrada esse conteúdo, deve-
afastar-se da atividade; se responder perda. O mesmo se aplica para FCC, que também
II. se contar mais de dez anos de serviço, será agre- entende que ocorre perda dos direitos políticos.
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a Segurança Pública
inatividade.
Serviço Militar Obrigatório Órgãos
Outro tema importante acerca das Forças Armadas é a Conforme prescrito no caput do Art. 144, a Segurança Pública
existência do serviço militar obrigatório, previsto no Art. 143: é dever do Estado e tem como objetivo a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Esse
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. tema é certo em concursos públicos da área de Segurança Pública
§ 1º. Às Forças Armadas compete, na forma da lei, e deve ser estudado com o foco na memorização de todo o arti-
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, go. Um dos pontos mais importantes está na definição de quais
após alistados, alegarem imperativo de consciência, órgãos compõem a chamada segurança pública, os quais estão
entendendo-se como tal o decorrente de crença reli- listados de forma taxativa no Art. 144:

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giosa e de convicção filosófica ou política, para se exi- Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
mirem de atividades de caráter essencialmente militar. responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
§ 2º. as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, patrimônio, através dos seguintes órgãos:
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. I. polícia federal;
A Lei que regula o serviço militar obrigatório é a 4.375/64, II. polícia rodoviária federal;
a qual obriga todos os brasileiros a se alistarem. Destaca-se
que essa obrigatoriedade não se aplica aos eclesiásticos (lí- III. polícia ferroviária federal;
deres religiosos) e às mulheres, em tempos de paz, o que nos IV. polícias civis;
conduz à conclusão de que eles poderiam ser convocados em V. polícias militares e corpos de bombeiros mili-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

momentos de guerra ou mobilização nacional. tares.


O § 1º apresenta um tema que já foi cobrado em prova: a O STF já decidiu que esse rol é taxativo e que os demais en-
dispensa do serviço obrigatório pela escusa de consciência. Isso tes federativos estão vinculados à classificação proposta pela
ocorre quando o indivíduo se recusa a cumprir a obrigação es- Constituição. Diante disso, conclui-se que os Estados, Distrito
sencialmente militar que é imposta pela Constituição Federal em Federal e Municípios estão proibidos de criar outros órgãos de
razão da sua convicção filosófica, religiosa ou política. O referido segurança pública diferentes dos estabelecidos na Constitu-
parágrafo, em consonância com o inciso VIII do Art. 5º, permite ição Federal. Vejamos esta questão de prova:
que nesses casos o interessado tenha respeitado o seu direito de Ainda, como fruto dessa taxatividade, deve-se afirmar
escolha e de livre consciência desde que cumpra a prestação al- que nenhum outro órgão além dos estabelecidos nesse
ternativa regulamentada na Lei 8.239/91, a qual consiste no de- artigo poderá ser considerado como sendo de Segurança
sempenho de atribuições de caráter administrativo, assistencial, Pública. Isso se aplica às Guardas Municipais, aos Agentes
filantrópico ou produtivo, em substituição às atividades de caráter Penitenciários, aos Agentes de Trânsito e aos Seguranças
essencialmente militar. Não havendo o cumprimento da atividade Privados.
obrigatória ou da prestação alternativa fixada em lei, o Art. 15 Há ainda a chamada Força Nacional de Segurança, insti-
prevê como consequência a restrição dos direitos políticos: tuição criada como fruto de um acordo de cooperação entre
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja per- os Estados e o Distrito Federal que possui o objetivo de apoiar 317
da ou suspensão só se dará nos casos de: ações de segurança pública nesses locais. Apesar de ser for-
mado por membros dos órgãos de segurança pública de todo também possui atribuições repressivas quando atua na inves-
318 o país, não se pode afirmar, principalmente numa prova de tigação de crimes cometidos por policiais militares.
concurso, que essa instituição faça parte dos Órgãos de Se- Além dessa classificação, pode-se distinguir os órgãos do
gurança Pública. Art. 144 em federais e estaduais, a depender da sua vinculação
Não se pode esquecer das Polícias Legislativas criadas no federativa:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

âmbito da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, pre- Federais


vistas nos Arts. 51, IV e 52, XIII. Também não entram na classi-
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Fer-
ficação de Órgãos de Segurança Pública para a prova, pois não
roviária Federal;
estão no rol do Art. 144:
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Dep- Estaduais
utados: Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar.
IV. dispor sobre sua organização, funcionamento, Feitas essas considerações iniciais, prossegue-se agora
polícia, criação, transformação ou extinção dos com a análise de cada um dos órgãos de segurança pública
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a do Art. 144.
iniciativa de lei para fixação da respectiva remu- Polícia Federal
neração, observados os parâmetros estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias. A Polícia Federal é o órgão de segurança pública com
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: maior quantidade de atribuições previstas na Constituição
Federal, razão pela qual é a mais cobrada em prova:
XIII. dispor sobre sua organização, funcionamento,
polícia, criação, transformação ou extinção dos car- § 1º. A polícia federal, instituída por lei como órgão
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gos, empregos e funções de seus serviços, e a inicia- permanente, organizado e mantido pela União e es-
tiva de lei para fixação da respectiva remuneração, truturado em carreira, destina-se a:
observados os parâmetros estabelecidos na lei de I. apurar infrações penais contra a ordem política e
diretrizes orçamentárias. social ou em detrimento de bens, serviços e inter-
Cada um dos órgãos será organizado em estatuto próprio, esses da União ou de suas entidades autárquicas
conforme preleciona o § 7º do Art. 144: e empresas públicas, assim como outras infrações
§ 7º. A lei disciplinará a organização e o funcionamen- cuja prática tenha repercussão interestadual ou in-
to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de ternacional e exija repressão uniforme, segundo se
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. dispuser em lei;
II. prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor-
Polícia Administrativa x Polícia Judiciária pecentes e drogas afins, o contrabando e o des-
Antes de iniciar uma análise mais detida do artigo em caminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
questão, uma importante distinção doutrinária deve ser feita outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
em relação às polícias de segurança pública: Polícia Adminis- competência;
trativa e Polícia Judiciária. III. exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
Polícia Administrativa é a polícia preventiva. Sua ativi- tuária e de fronteiras;
dade ocorre antes do cometimento da infração penal com o IV. exercer, com exclusividade, as funções de polí-
intuito de impedir a sua ocorrência. Sua atuação é ostensiva, cia judiciária da União.
ou seja, visível pelos membros da sociedade. É aquela polí-
Deve-se destacar, como característica principal, a sua at-
cia a que recorremos quando temos um problema. Uma car-
uação como Polícia Judiciária exclusiva da União. É ela quem
acterística marcante das polícias ostensivas é o seu uniforme.
atuará na repressão dos crimes cometidos contra a União e
É a vestimenta que identifica um policial ostensivo. O maior
exemplo de polícia administrativa é a Polícia Militar. Também suas entidades autárquicas e empresas públicas. Apesar de
são consideradas como polícia preventiva: Polícia Federal (em mencionar algumas entidades da administração indireta, não
situações específicas), Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer- se mencionou as Sociedades de Economia Mista. Isso força
roviária Federal e Corpo de Bombeiros Militar. uma conclusão de que a Polícia Federal não tem atribuição
Polícia Judiciária é a polícia repressiva. Sua atividade nos crimes que envolvam interesses de Sociedades de
ocorre após o cometimento da infração penal, quando a at- Economia Mista.
uação da polícia preventiva não surtiu efeito. Sua atividade é As demais atribuições serão exercidas concomitantemente
investigativa com o fim de encontrar os elementos compro- com outros órgãos, limitando a exclusividade de sua atuação
batórios do ilícito penal cometido. O resultado do trabalho das apenas à função investigativa no âmbito da União.
polícias judiciárias é utilizado posteriormente pelo Ministério Polícia Rodoviária Federal
Público para subsidiar sua atuação junto ao Poder Judiciário.
Daí a razão do nome ser Polícia Judiciária. O resultado de seu A Polícia Rodoviária Federal é órgão da União responsável
trabalho é utilizado pelo Poder Judiciário em seus julgamen- pelo patrulhamento das rodovias federais:
tos. Atente-se para a seguinte diferença, pois já caiu em prova § 2º. A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
de concurso: a Polícia Judiciária não faz parte do Poder Judi- organizado e mantido pela União e estruturado em
ciário, mas do Poder Executivo. São consideradas como Polí- carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
cia Judiciária a Polícia Civil e a Polícia Federal. A Polícia Militar ostensivo das rodovias federais.
Eventualmente, sua atuação se estenderá às rodovias es- É a PM quem exerce a função principal de prevenção do
taduais ou distritais mediante convênio firmado entre os entes crime. Quando se pensa em polícia, certamente é a primeira
federativos. Não havendo esse convênio, o patrulhamento das que vem à mente, pois é vista pela sociedade. Já o Corpo
rodovias estaduais e distritais fica a cargo das Polícias Mili- de Bombeiros Militar, apesar de não ser órgão policial, pos-
tares. É comum no âmbito das Polícias Militares a criação de sui atribuição de segurança pública à medida que executa
batalhões ou companhias com essa atribuição específica, as atividades de defesa civil. São responsáveis por uma atuação
chamadas Polícias Rodoviárias. voltada para a proteção da sociedade, prestação de socorro,
atuação em incêndios e acidentes. Destaca-se pela agilidade
Polícia Ferroviária Federal no atendimento, o que muitas vezes acaba por coibir maiores
A Polícia Ferroviária Federal é o órgão da União responsável tragédias:
pelo patrulhamento das ferrovias federais: § 5º. às polícias militares cabem a polícia ostensiva
§ 3º. A polícia ferroviária federal, órgão permanente, e a preservação da ordem pública; aos corpos de
organizado e mantido pela União e estruturado em bombeiros militares, além das atribuições definidas em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
ostensivo das ferrovias federais. § 6º. As polícias militares e corpos de bombeiros mil-
Diante da pouca relevância das ferrovias no Brasil, esse itares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordi-
órgão ficou no esquecimento durante vários anos. No dia 5 nam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governa-
agosto de 2011, a Presidente Dilma sancionou a Lei 12.462, dores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
que cria no âmbito do Ministério da Justiça a Polícia Fer- Por serem corporações militares, a eles se aplicam as mes-
roviária Federal. O efetivo que comporá essa nova estrutura mas regras que são aplicadas às Forças Armadas, como a proi-
se originará das instituições que anteriormente cuidavam bição de greve, filiação partidária e sindicalização.
das ferrovias:
São ainda consideradas forças auxiliares e reserva do Exército.
Art. 48. A Lei n° 10.683, de 28 de maio de 2003, passa Significa que num momento de necessidade de efetivo seria pos-
a vigorar com as seguintes alterações: sível a convocação de Policiais e Bombeiros Militares como força
Art. 29, XIV. Do Ministério da Justiça: o Conselho Na- reserva e de apoio.
cional de Política Criminal e Penitenciária, o Conselho Estão subordinados aos Governadores dos Estados, a
Nacional de Segurança Pública, o Conselho Federal Distrito Federal e dos Territórios a quem compete a gestão
Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, o Con- da Segurança Pública em cada ente federativo.
selho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra No que tange à Polícia Militar, ao Corpo de Bombeiros Militares
a Propriedade Intelectual, o Conselho Nacional de Ar- e à Polícia Civil do Distrito Federal, há um detalhe que não pode ser
quivos, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, esquecido, pois já foi cobrado em prova. Apesar da subordinação
o Departamento de Polícia Federal, o Departamento de

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destas forças ao Governador do Distrito Federal, a competência
Polícia Rodoviária Federal, o Departamento de Polícia para legislar e manter estas corporações é da União.
Ferroviária Federal, a Defensoria Pública da União, o
Arquivo Nacional e até 6 (seis) Secretarias; Aqui há uma exceção na autonomia federativa do Distrito
Federal, que está prevista expressamente na Constituição no
§ 8º. Os profissionais da Segurança Pública Ferroviária Art. 21, XIV:
oriundos do grupo Rede, Rede Ferroviária Federal (RFF-
Art. 21. Compete à União:
SA), da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)
e da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Tren- XIV. organizar e manter a polícia civil, a polícia
surb) que estavam em exercício em 11 de dezembro de militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
1990, passam a integrar o Departamento de Polícia Fer- Federal, bem como prestar assistência financeira
ao Distrito Federal para a execução de serviços pú-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
roviária Federal do Ministério da Justiça (NR).
blicos, por meio de fundo próprio.
Polícia Civil
Guarda Municipal
Essa é a Polícia Judiciária no âmbito dos Estados e do Dis-
trito Federal. É dirigida por delegados de polícia de carreira e Apesar de desempenharem atividades semelhantes aos dos
possui atribuição subsidiária à da Polícia Federal e à da Polícia órgãos do Art. 144, as Guardas Municipais não são consideradas
Militar. Significa dizer que o que não for atribuição da Polícia órgãos de Segurança Pública. Suas atribuições funcionais estão
Federal ou da Polícia Militar será da Polícia Civil: relacionadas a preservação patrimonial dos Municípios onde
forem criadas:
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polí-
cia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da § 8º. Os Municípios poderão constituir guardas mu-
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de nicipais destinadas à proteção de seus bens, serviços
infrações penais, exceto as militares. e instalações, conforme dispuser a lei.
Destaca-se ainda a possibilidade de utilização de armas
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar quando em serviço por Guardas Municipais em municípios
Essas duas instituições possuem caráter essencialmente com mais de 50.000 habitantes e em municípios que fazem
ostensivo dentro das atribuições próprias. A Polícia Militar é parte de regiões metropolitanas. Nas capitais e nos municípios
responsável pelo policiamento ostensivo e preservação da com mais de 500.000 habitantes, o porte de arma poderá ser 319
ordem pública. concedido ainda que fora do serviço.
Remuneração
320 A remuneração dos servidores das carreiras de segurança
pública será em forma de subsídio. O subsídio é uma das for-
mas de retribuição pecuniária paga a alguns servidores públi-
cos, composto por uma parcela única sem acréscimos, como
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

gratificações, adicionais, abonos, prêmios, verbas de represen-


tação ou qualquer outro tipo de verba remuneratória:
Art. 144, § 9º A remuneração dos servidores policiais in-
tegrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada
na forma do § 4º do Art. 39.
Art. 39, § 4º. O membro de Poder, o detentor de man-
dato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusiva-
mente por subsídio fixado em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie re-
muneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto
no Art. 37, X e XI.

ANOTAÇÕES
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15. Ordem Social Equidade na forma de participação no custeio;
Diversidade da base de financiamento;
A Ordem Social é um conjunto de ações desencadeadas Caráter democrático e descentralizado da adminis-
por meio de prestações positivas do Estado que visam a redu- tração, mediante gestão quadripartite, com partic-
zir as desigualdades sociais e a garantir um tratamento míni- ipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
mo, com o fim de tornar efetivo o fundamento constitucional aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
da dignidade da pessoa humana. Perceba este sentimento ex- A universalidade de cobertura representa a cobertura so-
presso no Art. 193 da Constituição Federal: bre qualquer situação de risco social enquanto que a universal-
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do idade de atendimento está relacionada com a cobertura para
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça so- todos os que necessitarem.
ciais. A uniformidade e equivalência de benefícios e serviços às
O trabalho é considerado como a base de toda a teia social. populações urbanas e rurais deixa claro que não existe trata-
É ele que garante a dignidade para as pessoas. Além disso, o mento diferenciado entre os trabalhadores urbanos e rurais.
citado artigo deixa claro o objetivo da Ordem Social, qual seja, Ambos são tratados da mesma forma.
garantir o bem-estar e a justiça sociais. A seletividade e a distributividade visa a redistribuir os
Esses direitos decorrem dos direitos sociais trabalhados benefícios sociais na tentativa de atender a quem mais dele
anteriormente no Art. 6º da Constituição. São direitos imple- necessitar. Em tese, esses princípios permitem um tratamento
mentados por meio de políticas públicas. desigual sob o enfoque da igualdade material.
A Constituição Federal estabeleceu alguns grupos de direit- A Irredutibilidade do valor dos benefícios garante ao ben-
os que serão trabalhados na Ordem Social: eficiário a manutenção do valor nominal dos benefícios.
Seguridade Social; A equidade na forma de participação no custeio apre-
Educação, Cultura e Desporto; senta a ideia de distribuição justa levando em consideração
Ciência e Tecnologia; a capacidade de contribuição e a isonomia entre os con-
Comunicação Social; tribuintes. A ideia aqui para a manutenção da Seguridade é
Meio Ambiente; que o custeio seja distribuído de forma justa entre os vários
agentes contributivos. Esse princípio nos conduz ao seguinte,
Família, Criança, Adolescente, Jjovem e Idoso; e que é a diversidade da base de financiamento, o qual conta
Índios. com a participação de vários agentes responsáveis pela ma-
Esse tema, quando cobrado em prova, costuma ter uma nutenção financeira da Seguridade Social, especialmente, os
abordagem próxima da literalidade da Constituição. Significa trabalhadores, as empresas e os entes estatais.
dizer que, para o candidato acertar questões sobre Ordem Por fim, há o último objetivo, que é o caráter democrá-
Social, será necessária a leitura repetida dos artigos que com- tico e descentralizado da administração, mediante gestão

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põem essa parte da Constituição Federal. Apesar de o mais co- quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos em-
brado ser o próprio texto, tratar-se-á de cada um desses temas pregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos cole-
sob uma abordagem doutrinária e jurisprudencial. giados. Aqui, há uma questão que já apareceu várias vezes em
prova, principalmente por causa da palavra quadripartite, que
Seguridade Social significa a participação na gestão de forma democrática, en-
A Seguridade Social está prevista no Art. 194 e constitui volvendo quatro atores sociais: trabalhadores, empregadores,
um conjunto de ações que visam a garantir o mínimo exis- aposentados e Governo.
tencial para a população, objetivando melhores condições Agora serão analisados os três serviços que compõem a
de vida. É composta de três ações: a saúde, a Previdência Seguridade Social: Saúde, Previdência Social e Assistência NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Social e a Assistência Social. Social. Aqui se propõe analisar apenas os pontos mais impor-
A implementação dessas ações são obrigação não só do tantes, envolvendo esses temas. Como já sinalizado anterior-
Estado, mas também da sociedade, conforme estabelece o mente, na Ordem Social o mais cobrado em prova é o próprio
Art. 194: texto constitucional.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e Saúde
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relati- Acerca desse tema, várias questões costumam ser cobradas
vos à saúde, à previdência e à assistência social. em prova. Segue a análise de algumas delas:
Apesar da ação conjunta, a obrigação de organizar a Se- Caráter não Contributivo
guridade Social é do Estado, que deve fazer amparada nos
O direito à saúde é uma norma de proteção do direito à
seguintes objetivos:
vida destinada a todas as pessoas, independentemente de
Universalidade da cobertura e do atendimento; contribuição à Previdência Social. Por isso, dizemos que não
Uniformidade e equivalência dos benefícios e possui caráter contributivo, ou seja, quem quiser ser bene-
serviços às populações urbanas e rurais; ficiado pela saúde pública poderá utilizar dos seus serviços
Seletividade e distributividade na prestação dos independentemente de filiação ou contribuição à Previdência
benefícios e serviços; Social. Observando a leitura do caput do Art. 196 se pode per- 321
Irredutibilidade do valor dos benefícios; ceber que esse direito de caráter social é garantido a todos:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta- na qualidade de segurado. Esse tema está regulamentado
322 do, garantido mediante políticas sociais e econômicas na Lei 8.213/91 e será melhor estudado na disciplina de Di-
que visem à redução do risco de doença e de outros reito Previdenciário.
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Regras para Aposentadoria
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

As regras de aposentadoria são o ponto forte desse tema;


Vinculação ao Direito à Vida serão tratadas junto à disciplina de Direito Previdenciário.
O direito à saúde decorre do próprio direito à vida, como Art. 201, §7º. É assegurada aposentadoria no regime
forma de garantir qualidade à vida em sua modalidade de ex- geral de previdência social, nos termos da lei, obedeci-
istência humana. De nada adianta garantir ao indivíduo o direito das as seguintes condições:
de viver se essa vida não possuir o mínimo de dignidade. Ga-
rantir saúde é cumprir os ditames constitucionais que protegem I. trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e
o indivíduo em sua existência, em perfeita consonância com o trinta anos de contribuição, se mulher;
princípio da dignidade da pessoa humana. II. sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
senta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco
Remoção de Órgãos, Tecidos e Substâncias Humanas anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos
Outra norma muito interessante e que pode cair em prova os sexos e para os que exerçam suas atividades em
é a proteção constitucional à remoção de órgãos, tecidos e sub- regime de economia familiar, nestes incluídos o pro-
stâncias humanas. A Constituição Federal, em seu Art. 199, § 4º, dutor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
traz expressamente a vedação para a comercialização de órgãos, Art. 201, §8º. Os requisitos a que se refere o inciso I
apesar de não regulamentar as formas de remoção, pesquisa, do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos,
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coleta e processamento de sangue. A falta de regulamentação para o professor que comprove exclusivamente tempo
ocorre porque a Constituição deixou para a legislação infracon-
de efetivo exercício das funções de magistério na edu-
stitucional o dever de fazê-la.
cação infantil e no ensino fundamental e médio.
O dispositivo em questão é um exemplo de norma de eficá-
O destaque fica para a redução do período de contribuição
cia limitada, o qual foi regulamentado pelas Leis 10.205/01,
9.434/97 e 11.105/05: para quem exerce a função de magistério. Observe-se que
a Constituição Federal reduziu em cinco anos a o tempo de
Art. 199, § 4º. A lei disporá sobre as condições e os
contribuição necessário para aposentadoria para o professor
requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e
que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
substâncias humanas para fins de transplante, pesqui-
funções de magistério na educação infantil e no ensino funda-
sa e tratamento, bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado mental e médio.
todo tipo de comercialização. Com relação a esse tema, algumas observações se fazem
necessárias. Primeiramente, deve-se destacar que exclusiv-
Previdência Social idade do tempo de efetivo exercício das funções de mag-
istério compreende não apenas as funções exercidas em sala
Caráter Contributivo e Filiação Obrigatória de aula, mas também as exercidas nos cargos de direção,
Sem dúvida, uma das questões mais cobradas em prova coordenação e assessoramento pedagógico, desde que ex-
está no próprio caput do Art. 201, que afirma ser a Previdência ercidos por professores. Em segundo lugar, deve-se atentar
Social de caráter contributivo e filiação obrigatória: para os professores que possuem esses benefícios, os quais
Art. 201. A previdência social será organizada sob a estão expressamente previstos na Constituição.
forma de regime geral, de caráter contributivo e de fil- Só terão direito à aposentadoria especial os professores da
iação obrigatória, observados critérios que preservem educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio.
o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos ter-
mos da lei, a: Previdência Privada
I. cobertura dos eventos de doença, invalidez, Outra regra que já foi cobrada em prova diz respeito à pos-
morte e idade avançada; sibilidade de o regime de previdência ser organizado pela ini-
II. proteção à maternidade, especialmente à ges- ciativa privada. Algumas palavras-chave definem essa relação
tante; de previdência privada: complementar, autonomia e facultati-
III. proteção ao trabalhador em situação de desem- vo. Vejamos o que diz o Art. 202 da CF:
prego involuntário; Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
IV. salário-família e auxílio-reclusão para os de- complementar e organizado de forma autônoma em
pendentes dos segurados de baixa renda; relação ao regime geral de previdência social, será
V. pensão por morte do segurado, homem ou mul- facultativo, baseado na constituição de reservas que
her, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, garantam o benefício contratado, e regulado por lei
observado o disposto no § 2º. complementar.
Ter caráter contributivo significa dizer que só poderá § 1°. A lei complementar de que trata este artigo assegurará
ser beneficiado pela Previdência Social quem contribuir ao participante de planos de benefícios de entidades de
previamente com o sistema de previdência público. Além previdência privada o pleno acesso às informações relativas
da contribuição, a Constituição exige a filiação ao Sistema, à gestão de seus respectivos planos.
2º. As contribuições do empregador, os benefícios e V. a garantia de um salário mínimo de benefício
as condições contratuais previstas nos estatutos, reg- mensal à pessoa portadora de deficiência e ao ido-
ulamentos e planos de benefícios das entidades de so que comprovem não possuir meios de prover à
previdência privada não integram o contrato de tra- própria manutenção ou de tê-la provida por sua
balho dos participantes, assim como, à exceção dos família, conforme dispuser a lei.
benefícios concedidos, não integram a remuneração Da Educação, da Cultura e do Desporto
dos participantes, nos termos da lei.
§ 3º. É vedado o aporte de recursos a entidade de previ- Educação
dência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- O acesso à educação é um dos grandes serviços de ordem
nicípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, social e deverá ser garantido segundo os princípios previstos
sociedades de economia mista e outras entidades públi- no Art. 206, que costuma ser muito cobrado em prova:
cas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, Art. 206. O ensino será ministrado com base nos se-
em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá ex- guintes princípios:
ceder a do segurado. I. igualdade de condições para o acesso e per-
§ 4º. Lei complementar disciplinará a relação entre a manência na escola;
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
suas autarquias, fundações, sociedades de economia gar o pensamento, a arte e o saber;
mista e empresas controladas direta ou indiretamente, III. pluralismo de ideias e de concepções ped-
enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de agógicas, e coexistência de instituições públicas e
previdência privada, e suas respectivas entidades fecha- privadas de ensino;
das de previdência privada. IV. gratuidade do ensino público em estabeleci-
mentos oficiais;
§ 5º. A lei complementar de que trata o parágrafo ante-
V. valorização dos profissionais da educação esco-
rior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas
lar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira,
permissionárias ou concessionárias de prestação de
com ingresso exclusivamente por concurso público
serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades de provas e títulos, aos das redes públicas;
fechadas de previdência privada. VI. gestão democrática do ensino público, na forma
§ 6º. A lei complementar a que se refere o § 4° deste da lei;
artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos VII. garantia de padrão de qualidade;
membros das diretorias das entidades fechadas de prev- VIII. piso salarial profissional nacional para os
idência privada e disciplinará a inserção dos participantes

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profissionais da educação escolar pública, nos ter-
nos colegiados e instâncias de decisão em que seus inter- mos de lei federal.
esses sejam objeto de discussão e deliberação.
Gratuidade do Ensino Público
Quando se diz complementar, quer se dizer que com-
Como consequência da regra constitucional, que prevê
plementa o regime geral de previdência. A autonomia rep-
gratuidade do ensino público, o STF editou a Súmula Vincu-
resenta a não vinculação do regime privado ao público. E,
lante nº 12, proibindo a cobrança de taxa de matrícula nas Uni-
por fim, a faculdade de se aderir, haja vista não constituir
versidades Públicas:
obrigação a nenhum trabalhador.
Súmula Vinculante 12. A cobrança de taxa de matrícu-
Assistência Social la nas universidades públicas viola o disposto no Art.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O Art. 203 prevê os benefícios e serviços da Assistência 206, IV, da Constituição Federal.
Social. São várias as prestações oferecidas a quem precisa de Igualdade de Condições e Acesso Meritocrático
assistência, geralmente aos hipossuficientes. A Assistência So- Outros dois princípios que se destacam nos Arts. 206 e
cial não depende de contribuição à previdência social: 208, da CF, são a igualdade de condições de acesso e per-
Art. 203. A assistência social será prestada a quem manência na escola e o acesso meritocrático aos níveis mais
dela necessitar, independentemente de contribuição à elevados de ensino:
seguridade social, e tem por objetivos: Art. 206, I. igualdade de condições para o acesso e
I. a proteção à família, à maternidade, à infância, à permanência na escola;
adolescência e à velhice; Art. 208, V. acesso aos níveis mais elevados do ensino,
II. o amparo às crianças e adolescentes carentes; da pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
III. a promoção da integração ao mercado de tra- dade de cada um;
balho; Entende-se por acesso meritocrático aquele que privilegia
IV. a habilitação e reabilitação das pessoas por- o mérito de cada estudante na obtenção da vaga para univer-
tadoras de deficiência e a promoção de sua inte- sidades e demais cursos de pós-graduação, o que justifica a 323
gração à vida comunitária; utilização de vestibulares para seleção dos candidatos.
O STF entende que quando o servidor é removido ex- Direito à Manifestação Popular
324 -ofício de uma localidade de trabalho, o direito a trans- Um dos princípios constitucionais que protegem esse
ferências de uma universidade para outra só vale se a direito social é a pluralidade política. Pluralidade política é
transferência for para universidade congênere. Ou seja, de pluralidade de ideias, multiplicidade de percepções. Esse
princípio garante à sociedade o acesso a diversas manifes-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

privada para privada e de pública para pública. Segundo


esse entendimento, o direito à matrícula na universidade tações culturais de todos os grupos participantes da formação
não contempla a transferência de um aluno de universidade cultural nacional:
privada para a pública. Art. 215, § 1º. O Estado protegerá as manifestações das
culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das
Direito Público Subjetivo à Educação de outros grupos participantes do processo civilizatório
Quando a Constituição prevê que o acesso ao ensino nacional.
obrigatório é gratuito como Direito Público Subjetivo, ela quer Datas Comemorativas
dizer que se você precisar, poderá exigir na Justiça o forneci-
mento desse direito social sob pena de responsabilização do Esse dispositivo constitui uma justificativa para a existên-
cia de feriados religiosos no Brasil. Apesar de o Estado viver
Poder Público pelo descaso, se houver. Vejamos os § § 1º e 2º
uma relação de separação com a Religião, tem-se permitido
do Art. 208:
a criação, por meio de lei, dos feriados religiosos sob o argu-
Art. 208, § 1º. O acesso ao ensino obrigatório e gratuito mento de garantia das manifestações culturais:
é direito público subjetivo.
Art. 215, § 2º. A lei disporá sobre a fixação de datas
§ 2º. O não oferecimento do ensino obrigatório pelo comemorativas de alta significação para os diferentes
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa re-
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segmentos étnicos nacionais.


sponsabilidade da autoridade competente.
Patrimônio Cultural Brasileiro
Estrangeiro Questão para prova é o rol de elementos culturais que
Um tema bastante cobrado em prova é a possibilidade de constituem o patrimônio cultural brasileiro, o qual abrange a
contratação de servidores estrangeiros por universidades e in- manifestação cultural sob várias perspectivas:
stituições de pesquisa científica e tecnológica em decorrência Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os
da sua autonomia: bens de natureza material e imaterial, tomados indi-
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didáti- vidualmente ou em conjunto, portadores de referência
co-científica, administrativa e de gestão financeira e pat- à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
rimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade formadores da sociedade brasileira, nos quais se in-
entre ensino, pesquisa e extensão. cluem:
§ 1º. É facultado às universidades admitir professores, I. as formas de expressão;
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. II. os modos de criar, fazer e viver;
§ 2º. O disposto neste artigo aplica-se às instituições III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
de pesquisa científica e tecnológica. IV. as obras, objetos, documentos, edificações
e demais espaços destinados às manifestações
Ensino Religioso artístico-culturais;
Este tema invoca a laicidade do Estado, isto é, a relação V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
de separação entre Estado e Igreja. Diante dessa separação, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológi-
a Constituição considerou a matrícula na matéria de Ensino co, ecológico e científico.
Religioso como sendo facultativa:
Art. 210, § 1º. O ensino religioso, de matrícula facul- Desportos
tativa, constituirá disciplina dos horários normais das Aqui também existem algumas questões que podem ser
escolas públicas de ensino fundamental. trabalhadas em prova. Por exemplo, a diferença entre práticas
Em algumas questões, as bancas testam os candidatos inser- desportivas formais e não formais. Práticasaa desportivas for-
indo porcentagens de investimento em educação dos Entes Fed- mais são aqueles esportes clássicos, olímpicos, como o futebol,
erativos. Vejamos esta questão: vôlei, basquete, atletismo, entre outros. Já os esportes não for-
mais são aqueles que crianças praticam, como pique-esconde,
Cultura pique-bandeirinha, queimada, entre outros que, na prática,
Um dos direitos de Ordem Social com maior impacto sobre possuem o mesmo fim dos esportes formais: o desenvolvi-
a sociedade é o direito cultural. Historicamente, o acesso à cul- mento físico e mental do indivíduo. Ambas as atividades
tura sempre se mostrou uma grande ferramenta de satisfação desportivas são amparadas pela Constituição:
social e a garantia do seu acesso a todos os grupos sociais é Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desport-
um dos grandes desafios do Estado: ivas formais e não formais, como direito de cada um,
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício observados:
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura na- Outra questão importantíssima está no regramento da
cional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão chamada Justiça Desportiva. Apesar do nome “justiça”, tra-
das manifestações culturais. ta-se de uma instância de natureza jurídico-administrativa.
A Constituição Federal exige o esgotamento dessa instância § 5º. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
quando houver questões desportivas a serem resolvidas. Aqui cular parcela de sua receita orçamentária a entidades
temos uma exceção ao princípio da Inafastabilidade da Juris- públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica
dição, sendo que o esgotamento das vias administrativas é de e tecnológica.
curso forçado:
Patrimônio Nacional
Art. 217, § 1º. O Poder Judiciário só admitirá ações rel-
E, ainda, não se deve esquecer que o Mercado Interno in-
ativas à disciplina e às competições desportivas após
tegra o chamado patrimônio nacional:
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reg-
ulada em lei. Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio na-
cional e será incentivado de modo a viabilizar o desen-
É preciso ressaltar ainda que, segundo o STF, os membros
volvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar
do Poder Judiciário não podem exercer suas funções na Justiça da população e a autonomia tecnológica do País, nos
Desportiva. E, ainda, segundo o Tribunal Superior do Trabalho, termos de lei federal.
a Justiça Desportiva não tem competência para processar e
julgar questões trabalhistas envolvendo os atletas e suas enti- Comunicação Social
dades profissionais desportivas. A Comunicação Social decorre do direito fundamental à
liberdade e acaba por concretizar o princípio da pluralidade,
Ciência e Tecnologia ao prever a manifestação do pensamento como um direito não
Acerca desse tema, é importante ressaltar a diferença apre- sujeito a restrições abusivas por parte do Estado. O Art. 220
sentada pela Constituição para Pesquisa Científica Básica e a trata desse direito, aparentemente, de forma absoluta, entre-
Pesquisa Tecnológica, conforme se depreende dos §§1º e §2º do tanto, não é demais relembrar que não existe direito funda-
Art. 218: mental absoluto. Caso a manifestação ao pensamento ofenda
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desen- outro direito fundamental, é possível a sua restrição diante de
volvimento científico, a pesquisa, a capacitação cientí- um conflito de interesses. Não se pode esquecer também que
fica e tecnológica e a inovação. (Redação dada pela a Constituição foi promulgada em 1988, momento histórico de
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) transição da ditadura para o regime democrático. Era de se es-
§ 1º - A pesquisa científica básica e tecnológica rece- perar que a Constituição Federal se preocupasse demasiada-
berá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista mente com a garantia da manifestação do pensamento:
o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a
inovação. (Redação dada pela Emenda Constitucional expressão e a informação, sob qualquer forma, proces-
nº 85, de 2015) so ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observa-
§ 2º. A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponder- do o disposto nesta Constituição.
antemente para a solução dos problemas brasileiros e § 1º. Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir

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para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional embaraço à plena liberdade de informação jornalística em
e regional. qualquer veículo de comunicação social, observado o dis-
Destaca-se no Art. 218, da CF, também, o apoio que deve posto no Art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
ser fornecido pelo Estado na formação e capacitação de recur- § 2º. É vedada toda e qualquer censura de natureza
sos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, bem política, ideológica e artística.
como no estímulo às empresas para que invistam nessas áreas: Com base nessa liberdade de informação, o STF entendeu
§3º - O Estado apoiará a formação de recursos hu- que para a profissão de jornalista não seria necessária a ob-
manos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e tenção de grau superior de Jornalismo, sob pena de limitar-se
inovação, inclusive por meio do apoio às atividades esse direito que, como dito, não é absoluto, mas goza de amp- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
de extensão tecnológica, e concederá aos que delas la proteção constitucional.
se ocupem meios e condições especiais de trabalho; Competência Legislativa
§ 4º. A lei apoiará e estimulará as empresas que Segundo o § 3º e o Art. 21, XVI, a competência para leg-
invistam em pesquisa, criação de tecnologia ad- islar sobre esta matéria é da União, questão essa já cobrada
equada ao País, formação e aperfeiçoamento de em prova:
seus recursos humanos e que pratiquem sistemas
§ 3º. Compete à lei federal:
de remuneração que assegurem ao empregado,
desvinculada do salário, participação nos ganhos I. regular as diversões e espetáculos públicos,
econômicos resultantes da produtividade de seu cabendo ao Poder Público informar sobre a nature-
trabalho. za deles, as faixas etárias a que não se recomen-
dem, locais e horários em que sua apresentação se
Vinculação da Receita dos Estados e DF mostre inadequada;
Há aqui tema pertinente à prova. O previsto no § 5º do II. estabelecer os meios legais que garantam à pes-
Art. 218, da CF, que faculta aos Estados e ao Distrito Fed- soa e à família a possibilidade de se defenderem de
eral a possibilidade de vinculação de parte de sua receita programas ou programações de rádio e televisão
orçamentária a entidades públicas de pesquisa científica e que contrariem o disposto no Art. 221, bem como
tecnológica. Não estão incluídos nessa possibilidade a União da propaganda de produtos, práticas e serviços que 325
e os municípios: possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Art. 21. Compete à União: § 3º. O ato de outorga ou renovação somente produzirá
326 XVI. exercer a classificação, para efeito indicativo, efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional, na
de diversões públicas e de programas de rádio e forma dos parágrafos anteriores.
televisão. § 4º. O cancelamento da concessão ou permissão, antes
de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Propriedade de Empresa Jornalística, Ra-


§ 5º. O prazo da concessão ou permissão será de dez
diodifusão Sonora e de Sons e Imagens anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de
Aqui tem-se uma questão que eventualmente aparece em televisão.
provas. Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar,
radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasile- Meio Ambiente
iras e que tenham sede no País. Nossa Constituição é uma das normas mais garantistas do
§ 1º. Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento Meio Ambiente. Essa postura tem colocado o país à frente de
do capital total e do capital votante das empresas jor- muitos outros nas questões de preservação ambiental. É muito
nalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens interessante a forma como esse direito social é apresentado sen-
deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros do bem de uso comum do povo cuja preservação visa a garantir
natos ou naturalizados há mais de dez anos, que ex- um meio ambiente sadio para as presentes e futuras gerações:
ercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente eco-
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estabelecerão o conteúdo da programação. logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo


§ 2º. A responsabilidade editorial e as atividades de e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
seleção e direção da programação veiculada são priv- Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
ativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
dez anos, em qualquer meio de comunicação social. Atribuições do Poder Público
§ 3º. Os meios de comunicação social eletrônica, inde- Para que esse ideal de preservação seja garantido, a Con-
pendentemente da tecnologia utilizada para a prestação stituição exigiu uma série de condutas dos Poderes Públicos,
do serviço, deverão observar os princípios enunciados no as quais estão previstas no § 1º do Art. 225 da CF:
Art. 221, na forma de lei específica, que também garan- § 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incum-
tirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução be ao Poder Público:
de produções nacionais.
I. preservar e restaurar os processos ecológicos es-
§ 4º. Lei disciplinará a participação de capital es- senciais e prover o manejo ecológico das espécies
trangeiro nas empresas de que trata o § 1º. e ecossistemas;
§ 5º. As alterações de controle societário das empresas II. preservar a diversidade e a integridade do pat-
de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso rimônio genético do País e fiscalizar as entidades
Nacional. dedicadas à pesquisa e manipulação de material
O Art. 222 exige, para ser proprietário de empresa jor- genético;
nalística, que o titular seja brasileiro nato ou naturalizado III. definir, em todas as unidades da Federação, es-
há mais de 10 anos. Essa regra não impede que estrangeiros paços territoriais e seus componentes a serem es-
sejam proprietários de empresas de comunicação no Brasil, pecialmente protegidos, sendo a alteração e a su-
haja vista a possibilidade desses estrangeiros integrarem pressão permitidas somente através de lei, vedada
uma pessoa jurídica desde que a administração seja feita qualquer utilização que comprometa a integridade
por brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos dos atributos que justifiquem sua proteção;
e a pessoa jurídica seja constituída sobre as leis brasileiras. IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
A Constituição limita em 30 % a possibilidade de capital atividade potencialmente causadora de significativa
votante estrangeiro. degradação do meio ambiente, estudo prévio de im-
Seguem abaixo alguns outros artigos que já foram alvos pacto ambiental, a que se dará publicidade;
de questões de prova: V. controlar a produção, a comercialização e o
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e ren- emprego de técnicas, métodos e substâncias que
ovar concessão, permissão e autorização para o serviço comportem risco para a vida, a qualidade de vida e
de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o meio ambiente;
o princípio da complementaridade dos sistemas priva- VI. promover a educação ambiental em todos os níveis
do, público e estatal. de ensino e a conscientização pública para a preser-
§ 1º. O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do Art. vação do meio ambiente;
64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem. VII. proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da
§ 2º. A não renovação da concessão ou permissão de- lei, as práticas que coloquem em risco sua função
penderá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
Congresso Nacional, em votação nominal. submetam os animais a crueldade.
Responsabilização pela Atividade
Lesiva ao Meio Ambiente Floresta
Amazônica
Os dois parágrafos que se seguem ambos do Art. 225 da CF, Brasileira
são muito importantes, pois trazem a possibilidade de respons- Pantanal Mato-
Mata Atlântica Grossense
abilização pelo dano ambiental tanto na esfera administrativa
quanto na esfera penal. Ou seja, quem polui o meio ambiente
pode ser responsabilizado penalmente, incluindo a Pessoa Patrimônio
Nacional
Jurídica. Aqui fica claro que Pessoa Jurídica pode praticar crime:
§ 2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obriga- Serra do Zona Costeira
do a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo Mar
com solução técnica exigida pelo órgão público compe-
tente, na forma da lei.
§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao Família, Criança, Adolescente,
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas Jovem e Idoso
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in-
dependentemente da obrigação de reparar os danos
Família
Esse é um dos temas sobre a Ordem Social que aparecem
causados.
em abundância em provas, em razão das recentes mudanças
Patrimônio Nacional promovidas pelas Emendas Constitucionais nos 65 e 66 de 2010,
bem como o atual posicionamento jurisprudencial do STF:
Esse parágrafo já foi abordado várias vezes em prova e requer Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
a memorização do candidato dos ecossistemas que são consid- proteção do Estado.
erados patrimônio nacional. Os examinadores costumam incluir § 1º. O casamento é civil e gratuita a celebração.
outro tipo de ecossistema não previsto nesse parágrafo. Por ex- § 2º. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
da lei.
emplo, em 2010 afirmou-se numa prova da banca CESPE que os § 3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
“pampas gaúchos” também integravam o patrimônio nacional. a união estável entre o homem e a mulher como enti-
dade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em

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Estes elementos devem ser memorizados:
casamento.
Art. 225, § 4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata § 4º. Entende-se, também, como entidade familiar a
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense comunidade formada por qualquer dos pais e seus de-
e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua uti- scendentes.
lização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições § 5º. Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
que assegurem a preservação do meio ambiente, in- mulher.
clusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
§ 7º. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
Limitação para Utilização do Meio Ambiente
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
humana e da paternidade responsável, o planejamento
Como forma de limitar a utilização do Meio Ambiente, a familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado
Constituição instituiu algumas restrições à utilização das terras propiciar recursos educacionais e científicos para o ex-
ercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva
devolutas ou arrecadadas. Essas terras são consideradas bens por parte de instituições oficiais ou privadas.
dos Estados e, por esse motivo, indisponíveis: § 8º. O Estado assegurará a assistência à família na pes-
Art. 225, § 5º. São indisponíveis as terras devolutas ou soa de cada um dos que a integram, criando mecanis-
mos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, O primeiro destaque é o fim da separação judicial. De acor-
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. do com a nova redação do § 6º, a partir de agora o casamento
Outro dispositivo limitador é o § 6º, que restringe a insta- se dissolve com o divórcio, sem a necessidade de efetivar-se
primeiro a separação judicial.
lação de reatores nucleares, os quais, antes de serem instala- Outro destaque é a recente decisão do STF1 que reconhe-
dos, terão sua localização definida em legislação federal: ceu a possibilidade de União Estável entre casais homoafe-
Art. 225 § 6º. As usinas que operem com reator nuclear tivos, ampliando a compreensão do § 3º. Sobre esse tema
deve-se ter muito cuidado. A Constituição Federal entende
deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o 327
1 Vide ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 5-5-2011,
que não poderão ser instaladas. Plenário, DJE de 14-10-2011.
que União Estável ocorre entre homem e mulher, enquanto o § 3º. O direito a proteção especial abrangerá os se-
328 STF entende que pode ocorrer entre casais do mesmo sexo. Di- guintes aspectos:
ante dessa pluralidade de entendimentos, caso em prova haja I. idade mínima de quatorze anos para admissão ao
uma pergunta que tenha como base a Constituição Federal, trabalho, observado o disposto no Art. 7º, XXXIII;
deve-se responder que é só entre homem e mulher. Mas se a II. garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

questão perguntar segundo o STF, nesse caso a União Estável III. garantia de acesso do trabalhador adolescente
poderá ocorrer entre pessoas do mesmo sexo. É bom lembrar e jovem à escola;
também das entidades familiares reconhecidas pela Constitu- IV. garantia de pleno e formal conhecimento da
ição Federal: atribuição de ato infracional, igualdade na relação
Casamento civil ou religioso - quando ocorre a formal- processual e defesa técnica por profissional habilita-
ização da união entre um homem e mulher segundo as leis do, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
civis ou religiosas; V. obediência aos princípios de brevidade, excep-
União Estável - união informal entre pessoas (do mesmo cionalidade e respeito à condição peculiar de pes-
sexo ou não) com efeitos jurídicos iguais aos do casamento; soa em desenvolvimento, quando da aplicação de
Monoparental - quando a família é formada por qualquer qualquer medida privativa da liberdade;
um dos pais e seus descendentes. VI. estímulo do Poder Público, através de assistên-
O STF não liberou o casamento entre casais homoafeti- cia jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos ter-
vos, apenas reconheceu a União Estável entre eles. Não se mos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda,
deve confundir casamento com união estável. de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
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VII. programas de prevenção e atendimento espe-


Criança, Adolescente e Jovem cializado à criança, ao adolescente e ao jovem de-
O Art. 227 possui várias normas de proteção para a criança, pendente de entorpecentes e drogas afins.
o adolescente e jovem, que podem ser cobradas em prova. A § 4º. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
Constituição também sofreu alterações nesse artigo por meio da exploração sexual da criança e do adolescente.
Emenda Constitucional nº 65, que inseriu o Jovem entre os in- § 5º. A adoção será assistida pelo Poder Público, na
divíduos que possuem proteção especial da Constituição Federal. forma da lei, que estabelecerá casos e condições de
Merece destaque especial no § 3º, I, que prevê como idade mínima sua efetivação por parte de estrangeiros.
para o trabalho da criança 14 anos: § 6º. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Esta- ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
do assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, proibidas quaisquer designações discriminatórias relati-
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à vas à filiação.
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, § 7º. No atendimento dos direitos da criança e do adoles-
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à con- cente levar-se-á em consideração o disposto no Art. 204.
vivência familiar e comunitária, além de colocá-los a § 8º. A lei estabelecerá:
salvo de toda forma de negligência, discriminação, ex-
I. o estatuto da juventude, destinado a regular os
ploração, violência, crueldade e opressão. direitos dos jovens;
§ 1º. O Estado promoverá programas de assistência inte- II. o plano nacional de juventude, de duração de-
gral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admit- cenal, visando à articulação das várias esferas do
ida a participação de entidades não governamentais, me- poder público para a execução de políticas públi-
diante políticas específicas e obedecendo aos seguintes cas. .
preceitos:
I. aplicação de percentual dos recursos públicos Imputabilidade Penal
destinados à saúde na assistência materno-infantil; Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de
II. criação de programas de prevenção e aten- dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
dimento especializado para as pessoas portadoras Dizer que são inimputáveis os menores de 18 anos sig-
de deficiência física, sensorial ou mental, bem como nifica dizer que a eles não podem ser imputada a prática de
de integração social do adolescente e do jovem por- crime e nem podem ser punidos segundo o Código Penal.
tador de deficiência, mediante o treinamento para Por isso, o próprio dispositivo determina que a conduta
o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso ilícita dos menores de 18 anos seja regulada por legislação
aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de especial, a qual já existe: Lei 8.069/90, Estatuto da Criança
obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de dis- e do Adolescente.
criminação. Responsabilidade dos Pais para com os Filhos e
§ 2º. A lei disporá sobre normas de construção dos dos Filhos para com os Pais
logradouros e dos edifícios de uso público e de fab- Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar
ricação de veículos de transporte coletivo, a fim de os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfer-
deficiência. midade.
Atente-se nesse dispositivo para o dever recíproco de § 4º. As terras de que trata este artigo são inalienáveis
cuidado que a Constituição impõe tanto aos pais quanto aos e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
filhos. Uma verdadeira lição de moral que não necessitaria se- § 6º. São nulos e extintos, não produzindo efeitos
quer estar prevista na Constituição Federal. Contudo, as práti- jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
cas abusivas de violência e desrespeito registradas em nosso domínio e a posse das terras a que se refere este arti-
país são tantas que o Legislador Originário não se excedeu em go, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos
prever tais normas de proteção. rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante
interesse público da União, segundo o que dispuser lei
Idoso complementar, não gerando a nulidade e a extinção
Quanto à proteção constitucional ao idoso, veja-se o dis- direito a indenização ou a ações contra a União, salvo,
posto no Art. 230, o qual contém várias informações que po- na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
dem se tornar questões de prova: ocupação de boa fé.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de § 7º. Não se aplica às terras indígenas o disposto no
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação Art. 174, § 3º e § 4º.
na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida. Remoção dos Índios
§ 1º. Os programas de amparo aos idosos serão executa- Uma norma de proteção e que demonstra a preocupação
dos preferencialmente em seus lares. do Constituinte Originário com a preservação da cultura indí-
§ 2º. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida gena é a que proíbe a remoção obrigatória dos índios sem que
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. seja referendada pelo Congresso Nacional. O STF2, em uma
interpretação ampliativa desse instituto, entende que o índio
Índios não pode ser intimado por Comissão Parlamentar de Inquérito
Os artigos que falam sobre os índios estão entre os mais na condição de testemunha para prestar depoimento fora do
cobrados da Ordem Social. Primeiramente, serão abordadas as seu habitat:
Terras tradicionalmente ocupadas. É importante que memo- § 5º. É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
rize os elementos que caracterizam as terras tradicionalmente terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional,
ocupadas, que estão previstas no § 1º do Art. 231: em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização sua população, ou no interesse da soberania do País,
após deliberação do Congresso Nacional, garantido,
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di-
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que
reitos originários sobre as terras que tradicionalmente
cesse o risco.
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e

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fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º. São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
Defesa dos Direitos Indígenas
as por eles habitadas em caráter permanente, as utiliza- O Art. 232 delega ao Ministério Público como função in-
das para suas atividades produtivas, as imprescindíveis stitucional o dever de acompanhar os processos que tenham
à preservação dos recursos ambientais necessários a como partes os índios, suas comunidades e organização, os
seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física quais possuem legitimidade para ingressar em juízo em defesa
e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. dos seus direitos e interesses. A atribuição Ministerial encontra
Não se deve esquecer de que os índios não possuem a pro- reforço no Art. 129, V da CF:
priedade das terras tradicionalmente por eles habitadas, mas Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações
são partes legítimas para ingressar em juízo em defe-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
apenas a posse, conforme o § 2º do Art. 231. Não se confunde
a propriedade com a posse. A propriedade dessas terras é da sa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
União, conforme previsto no Art. 20, XI: Público em todos os atos do processo.
§ 2º. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
V. defender judicialmente os direitos e interesses
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
das populações indígenas.
lagos nelas existentes.
Art. 20. São bens da União:
XI. as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. ANOTAÇÕES
Várias regras constitucionais objetivam a proteção des-
sas terras:
§ 3º. O aproveitamento dos recursos hídricos, incluí-
dos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das
riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efe-
tivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas
as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada par- 329
2 Vide HC 80.240, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 20-6-2001, Pri-
ticipação nos resultados da lavra, na forma da lei. meira Turma, DJ de 14-10-2005.
330 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO Ş
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ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Administrativo ........................................................................334
Ramos do Direito ........................................................................................................................ 334
Conceito de Direito Administrativo ............................................................................................ 334
Objeto do Direito Administrativo ............................................................................................... 334
Fontes do Direito Administrativo ............................................................................................... 335
Sistemas Administrativos ........................................................................................................... 335
Regime Jurídico Administrativo ................................................................................................. 335
Noções de Estado ....................................................................................................................... 336
Noções de Governo..................................................................................................................... 336
2. Administração Pública .............................................................................................. 337
Classificação de Administração Pública ......................................................................................337
Organização da Administração....................................................................................................337
Administração Direta .................................................................................................................. 338
Noção de Centralização, Descentralização e Desconcentração ................................................. 338
Administração Indireta ............................................................................................................... 339
3. Órgão Público ..........................................................................................................343
Teorias ........................................................................................................................................ 343
Características ............................................................................................................................ 343
Classificação ............................................................................................................................... 343
Estrutura ..................................................................................................................................... 344
Atuação Funcional/Composição ................................................................................................ 344
4. Agentes Públicos..................................................................................................... 344
Conceito ...................................................................................................................................... 344
Classificação ............................................................................................................................... 344
5. Princípios Fundamentais da Administração Pública ...................................................345
Classificação ............................................................................................................................... 345
6. Poderes e Deveres Administrativos ...........................................................................349
Deveres ....................................................................................................................................... 349
Poderes Administrativos ............................................................................................................ 350
Abuso de Poder .......................................................................................................................... 355
7. Ato Administrativo ...................................................................................................355
Conceito de Ato Administrativo ................................................................................................. 355
Elementos de Validade do Ato ................................................................................................... 355
Motivação ................................................................................................................................... 355
Atributos do Ato ......................................................................................................................... 356
Classificação dos Atos Administrativos ...................................................................................... 356
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ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 331

Espécies de Atos Administrativos .............................................................................................. 356


Extinção dos Atos Administrativos............................................................................................. 358
Convalidação .............................................................................................................................. 359
8. Improbidade Administrativa .....................................................................................359
Sujeitos ....................................................................................................................................... 359
Regras Gerais ..............................................................................................................................360
Modalidades ...............................................................................................................................360
Efeitos da Lei .............................................................................................................................. 362
Das Sanções ................................................................................................................................ 362
Declaração de Bens..................................................................................................................... 363
Prescrição ................................................................................................................................... 363
9. Serviços Públicos .....................................................................................................363
Base Constitucional .................................................................................................................... 363
Elementos Definidores de uma Atividade Sendo Serviço Público ............................................. 364
Classificação dos Serviços Públicos ............................................................................................ 364
Princípios dos Serviços Públicos................................................................................................. 365
Formas de Prestação dos Serviços Públicos ............................................................................... 365
Concessão e Permissão de Serviço Público ................................................................................ 365
Competência para a Edição de Normas ...................................................................................... 365
Autorização de Serviço Público .................................................................................................. 366
Diferenças entre Concessão, Permissão e Autorização de Serviços Públicos ............................ 367
Parcerias Público-Privadas ......................................................................................................... 367
Contratos de Parceria Público-Privada ...................................................................................... 368
10. Controle da Administração Pública .......................................................................... 373
Classificação ................................................................................................................................373
Controle Administrativo ............................................................................................................. 375
Controle Legislativo.................................................................................................................... 375
Controle Judiciário ..................................................................................................................... 378
11. Responsabilidade Civil do Estado .............................................................................378
Teoria do Risco Administrativo .................................................................................................. 378
Teoria da Culpa Administrativa .................................................................................................. 379
Teoria do Risco Integral .............................................................................................................. 379
Danos Decorrentes de Obras Públicas ........................................................................................ 379
Responsabilidade Civil Decorrente de Atos Legislativos ........................................................... 379
Responsabilidade Civil Decorrente de Atos Jurisdicionais......................................................... 379
Ação de Reparação de Danos ..................................................................................................... 379
Ação Regressiva ......................................................................................................................... 379
332 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO Ş
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12. Processo Administrativo Federal ............................................................................ 380


Abrangência da Lei .....................................................................................................................380
Princípios ....................................................................................................................................380
Direitos e Deveres dos Administrados ........................................................................................381
Início do Processo e Legitimação Ativa .......................................................................................381
Impedimento e Suspeição .......................................................................................................... 382
Da Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo ....................................................................... 382
Do Recurso Administrativo e da Revisão ................................................................................... 382
Prazos da Lei nº 9.784/99 .......................................................................................................... 383
13. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990 ...................................................................384
Disposições Gerais ...................................................................................................................... 384
Do Provimento............................................................................................................................ 385
13. 1. Provimento e Vacância .........................................................................................387
Provimento ................................................................................................................................. 387
Vacância...................................................................................................................................... 389
13. 2. Formas de Deslocamento .....................................................................................389
Remoção ..................................................................................................................................... 389
Redistribuição.............................................................................................................................390
13. 3. Direitos e Vantagens ........................................................................................... 390
Vencimento e Remuneração ......................................................................................................390
Vantagens ....................................................................................................................................391
13. 4. Licenças, Afastamentos e Concessões ..................................................................394
Licenças ...................................................................................................................................... 394
Afastamentos.............................................................................................................................. 397
Concessões ................................................................................................................................. 398
Suspensão do Estágio Probatório .............................................................................................. 398
13. 5. Do Tempo de Serviço ...........................................................................................398
Apuração do Tempo de Serviço.................................................................................................. 398
13. 6. Direito de Petição ................................................................................................399
13. 7. Lei nº 8.112/90 - Regime Disciplinar ....................................................................399
Deveres ...................................................................................................................................... 399
Proibições ...................................................................................................................................400
Da Acumulação ...........................................................................................................................400
Responsabilidade do Servidor.....................................................................................................401
Penalidades Disciplinares ............................................................................................................401
Competência para Aplicação das Penalidades ...........................................................................403
Prescrição da Ação Disciplinar....................................................................................................403
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 333

13. 8. Processo Administrativo Disciplinar .................................................................... 404


Regras Gerais ..............................................................................................................................404
Sindicância ..................................................................................................................................404
Processo Administrativo Disciplinar (PAD) ................................................................................404
Processo Administrativo Disciplinar de Rito Sumário ................................................................406
13. 9. Seguridade Social ............................................................................................... 408
Disposições Gerais ......................................................................................................................408
Dos Benefícios ............................................................................................................................408
Da Assistência à Saúde ................................................................................................................412
14. Licitação ................................................................................................................ 413
Conceito de Licitação...................................................................................................................413
Princípios Explícitos.....................................................................................................................413
Princípios Implícitos ....................................................................................................................415
Modalidades de Licitação ............................................................................................................415
Obrigatoriedade de Licitação e Casos de Exceções ....................................................................418
334
1. Introdução ao Direito Esquema da Divisão do Direito
DIREITO
Administrativo ADMINISTRATIVO

PÚBLICO Desigualdade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Supremacia do Interes-
Neste capítulo, vamos conhecer algumas características do se Público / Prerrogati-
ESTADO vas de Direito Público;
Direito Administrativo, seu conceito, sua finalidade, seu regime DIVISÃO DO
- Indisponibilidade do
jurídico peculiar que orienta toda a sua atividade administrati- DIREITO
Interesse Público / De-
va, seja ela exercida pelo próprio Estado-administrador, ou por INDIVÍDUO veres da Administração;
- Verticalidade nas
particular. Para entendermos melhor tudo isso, é preciso dar PRIVADO relações Jurídicas.
início ao nosso estudo pela compreensão adequada do papel Igualdade
do Direito na vida social. Isonomia

O Direito é um conjunto de normas (regras e princípios) INDIVÍDUO INDIVÍDUO


impostas coativamente pelo Estado que regularão a vida em Horizontalidade nas Relações Jurídicas
sociedade, possibilitando a coexistência pacífica das pessoas.
Os dois princípios norteadores do Direito Administrativo
são: Supremacia do Interesse Público (gera os poderes) e In-
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ramos do Direito disponibilidade do Interesse Público (gera os deveres da ad-


ministração).

O Direito é historicamente dividido em dois grandes ra-


Conceito de Direito Administrativo
Vários são os conceitos que podem ser encontrados na
mos: o Direito Público e o Direito Privado. Em relação ao Di- doutrina para o Direito Administrativo. Descreveremos dois
reito Privado, vale o princípio da igualdade (isonomia) entre deles trazidos pela doutrina contemporânea e citados a seguir:
as partes; aqui não há que se falar em superioridade de uma O Direito Administrativo é o ramo do direito público que
parte sobre a outra. Por esse motivo, dizemos que estamos tem por objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administra-
tivas que integram a Administração Pública. A atividade jurídi-
em uma relação jurídica horizontal ou uma horizontalidade ca não contenciosa que exerce e os bens que se utiliza para a
nas relações jurídicas. consecução de seus fins de natureza pública1.
O Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princí-
O Direito Privado é regulado pelo princípio da autonomia
pios jurídicos que regem órgãos, agentes e atividades públicas
da vontade, o que traduz a regra a qual diz que o particular que tendem a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
pode fazer tudo que não é proibido (Art. 5º, II, da Constituição desejados pelo Estado2.
Federal). Objeto do Direito Administrativo
No Direito Público, temos o Estado em um dos polos, Os conceitos de Direito Administrativo foram desenvolvi-
representando os interesses da coletividade, e um particular dos de forma que se desdobram em uma sequência natural
de tópicos que devem ser estudados ponto a ponto para que a
desempenhando seus próprios interesses. Sendo assim, o matéria seja corretamente entendida.
Estado é tratado com superioridade ante ao particular, pois Por meio desses conceitos, podemos constatar que o obje-
o Estado é o procurador da vontade da coletividade e, re- to do Direito Administrativo são as relações da administração
pública, sejam elas de natureza interna entre as entidades que
presentada pelo próprio Estado, deve ser tratada de forma a compõe, seus órgãos e agentes, ou de natureza externa entre
prevalente ante a vontade do particular. a administração e os administrados.
Além de ter por objeto a atuação da administração pública,
O fundamento dessa relação jurídica vertical é encon-
também é foco do Direito Administrativo o desempenho das ati-
trado no Princípio da Supremacia do Interesse Público, que vidades públicas quando exercidas por algum particular, como
estudaremos com mais detalhes no tópico referente aos no caso das concessões, permissões e autorizações de serviços
públicos.
princípios. Mas já podemos adiantar que, como o próprio
Resumidamente, podemos dizer que o Direito Adminis-
nome o interesse público é supremo. Desse modo, são dis- trativo tem por objeto a administração pública e também as
ponibilizadas ao Estado prerrogativas especiais para que atividades administrativas, independentemente de quem as
exerçam.
possa atingir os seus objetivos. Essas prerrogativas são os
1 Direito Administrativo, Maria Sylvia Zanella di Pietro, 23ª edição.
poderes da administração pública. 2 Conceito de Direito Administrativo do professor Hely Lopes Meirelles.
Fontes do Direito Administrativo O Sistema Francês (do contencioso administrativo), não
utilizado no Brasil, determina que as lides administrativas po-
É o lugar de onde provém algo, no nosso caso, no qual dem transitar em julgado, ou seja, as decisões administrativas
emanam as regras do Direito Administrativo. Esse não está têm força de definibilidade. Nesse sentido, falamos em duali-
codificado em um único livro. Dessa forma, para o estudarmos dade de jurisdição, já que existem tribunais administrativos e
de maneira completa, temos que recorrer às fontes, ou seja, a judiciais, cada qual com suas competências.
institutos esparsos. Por esse motivo, dizemos que o Direito Ad- O Sistema Inglês, também chamado de jurisdicional único
ministrativo está tipificado (escrito), mas não está codificado ou unicidade da jurisdição, é o sistema que atribui somente
em um único instituto. ao poder judiciário a capacidade de tomar decisões sobre a
Lei: fonte principal do Direito Administrativo. A lei deve ser legalidade administrativa com caráter de coisa julgada ou de-
compreendida em seu sentido amplo, o que inclui a Consti- finitividade.
tuição Federal, as normas supra legais, as leis e também os O Direito Administrativo, no nosso sistema, não pode fazer
atos normativos da própria administração pública. Temos coisa julgada e todas as decisões administrativas podem ser
como exemplo os Arts. 37 ao 41 da Constituição Federal, a Lei revistas pelo poder judiciário, pois somente ele pode dar reso-
nº 8.666/93, a Lei nº 8.112/90, a Lei de Improbidade Adminis- lução em caráter definitivo. Ou seja, não cabem mais recursos,
trativa (Lei nº 8.429/92), Processo Administrativo Federal (Lei por isso, falamos em trânsito em julgado das decisões judiciais
nº 9.784/99), etc. e nunca das decisões administrativas.
Jurisprudência: gênero que se divide entre jurisprudência e A Constituição Federal de 1988 adotou o sistema Inglês
doutrina. Jurisprudência são decisões quais são editadas pelos ou, o do não contencioso administrativo.
tribunais e não possuem efeito vinculante; são resumos nume-
rados que servem de fonte de pesquisa do direito materializados Via Administrativa de Curso Forçado
em livros, artigos e pareceres. São situações em que o particular é obrigado a seguir to-
Doutrina tem a finalidade de tentar sistematizar e melhor das as vias administrativas até o fim, antes de socorrer ao po-
explicar o conteúdo das normas de Direito Administrativo; dou- der judiciário. Isso é exceção, pois a regra é que, ao particular,
trina pode ser utilizada como critério de interpretação de nor- é facultado socorrer ao poder judiciário, por força do Art. 5º,
mas, bem como auxiliar a produção normativa. XXXV, da Constituição Federal.
Costumes: conjunto de regras não escritas, porém, obser- XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
vadas de maneira uniforme, as quais suprem a omissão legis- ciário lesão ou ameaça a direito (ver CF/88).
lativa acerca de regras internas da Administração Pública. Exemplos de via administrativa de curso forçado:
Segundo o doutrinador do Direito Administrativo, Hely Lopes Aqui, o indivíduo deve esgotar as esferas administrativas
Meirelles, em razão da deficiência da legislação, a prática adminis- obrigatoriamente antes de ingressar com ação no poder ju-
trativa vem suprindo o texto escrito e, sedimentada na consciência diciário.

Ş
ŝ#-ŝŦ
dos administradores e administrados, a praxe burocrática passa a
Justiça Desportiva: só são admitidas pelo poder judiciá-
saciar a lei e atuar como elemento informativo da doutrina.
rio ações relativas à disciplina e as competições desportivas
Lei e Súmulas Vinculantes são consideradas fontes prin-
depois de esgotadas as instâncias da Justiça Desportiva. Art.
cipais do Direito Administrativo. Jurisprudência, súmulas,
217, § 1º, CF.
doutrina e costumes são considerados fontes secundárias.
Ato administrativo ou a omissão da administração pú-
Fontes do Direito
blica que contrarie súmula vinculante: só pode ser alvo de
PRINCIPAIS ART. 37 AO 41 CF/ 88 reclamação ao STF depois de esgotadas as vias administra-
FONTES LEI Nº 8.666 /93 tivas. Lei nº 11.417/2006, Art. 7º, §1º.
LEI Nº 8.112 /90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Habeas Data: é indispensável para caracterizar o interesse
LEI Nº 8.429 / 92
LEI de agir no Habeas Data a prova anterior do indeferimento do
LEI Nº 9.784 /99
pedido de informação de dados pessoais ou da omissão em
atendê-lo sem que se confirme situação prévia de pretensão.
JURISPRUDÊNCIA JURISPRUDÊNCIA
STF, HD, 22-DF Min. Celso de Mello.

DOUTRINA SÚMULAS Regime Jurídico Administrativo


É o conjunto de normas e princípios de direito público que
SÚMULAS
COSTUMES VINCULANTES (STF) regulam a atuação da administração pública. Tais regras se
fundamentam nos princípios da Supremacia e da Indisponi-
bilidade do Interesse Público, conforme estudaremos adiante.
Sistemas Administrativos O Princípio da Supremacia do Interesse Público é o funda-
mento dos poderes da Administração Pública, afinal de contas,
É o regime que o Estado adota para o controle dos atos ad-
ministrativos ilegais praticados pelo poder público nas diversas qualquer pessoa que tenha como fim máximo da sua atuação
esferas e em todos os poderes. Existem dois sistemas que são o interesse da coletividade, somente conseguirá atingir esses 335
globalmente utilizados. objetivos se dotadas de poderes especiais.
O Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público é o Poderes Funções Típicas Funções Atípicas
336 fundamento dos deveres da Administração Pública, pois essa
Criar Leis Administrar
tem o dever de nunca abandonar o interesse público e de usar Legislativo
Fiscalizar (Tribunal de Contas) Julgar Conflitos
os seus poderes com a finalidade de satisfazê-lo.
Criar Leis
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Desses dois princípios decorrem todos os outros princípios Executivo Administrar


Julgar Conflitos
e regras que se desdobram no regime jurídico administrativo.
Administrar
Judiciário Julgar Conflitos
Noções de Estado Criar Leis

É importante notar que a atividade administrativa está


Conceito de Estado presente nos três poderes, por isso, o Direito Administrativo,
Estado é a pessoa jurídica territorial soberana. por ser um dos ramos do Direito Público, disciplina não somen-
Pessoa: capacidade para contrair direitos e obrigações. te a atividade administrativa do Poder Executivo, mas também
Jurídica: é constituída por meio de uma formalidade docu- a do Poder Legislativo e do Judiciário.
mental e não por uma mulher, tal como a pessoa física. Noções de Governo
Territorial Soberana: quer dizer que, dentro do território
do Estado, esse detém a soberania, ou seja, sua vontade pre- O governo é atividade política e discricionária, tendo con-
valece ante a das demais pessoas (sejam elas físicas ou jurídi- duta independente. Governar está relacionado com a função
cas). Podemos definir soberania da seguinte forma: soberania política do Estado, a de comandar, de coordenar, de direcionar
é a independência na ordem internacional (lá fora ninguém e de fixar planos e diretrizes de atuação do Estado. O governo
Ş
ŝ#-ŝŦ

manda no Estado) e supremacia na ordem interna (aqui dentro é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais responsáveis
pela função política do Estado.
quem manda é o Estado).
O governo está diretamente ligado com as decisões toma-
Elementos do Estado das pelo Estado. Exerce a direção suprema e geral, ao fazer uma
Território: é a base fixa do Estado (solo, subsolo, mar, es- analogia, podemos dizer que o governo é o cérebro do Estado.
paço aéreo). Função de Governo e Função Administrativa
Povo: é o componente humano do Estado. É comum aparecer em provas de concursos públicos ques-
tões que confundem as ideias de governo e de administração
Governo Soberano: é o responsável pela condução do
pública. Para evitar esse erro, analisaremos as diferenças entre
Estado. Por ser tal governo soberano, ele não se submete a
as expressões:
nenhuma vontade externa, pois, relembrando, lá fora o Estado
é independente e aqui dentro sua vontade é suprema, afinal, a Segundo o jurista brasileiro, Hely Lopes Meirelles, o go-
vontade do Estado é a vontade do povo. verno é uma atividade política e discricionária e tem conduta
independente.
Formas de Estado De acordo com ele, a administração é uma atividade neutra,
Temos duas formas de Estado: normalmente vinculada à lei ou à norma técnica, e exercida me-
diante conduta hierarquizada.
Estado Unitário: é caracterizado pela centralização políti-
ca; não existe divisão em estados membros ou municípios, há Não podemos confundir Governo com Administração Pú-
somente uma esfera política central que emana sua vontade blica, pois governo se encarrega de definir os objetivos do Es-
para todo o país. É o caso do Uruguai. tado e definir as políticas para o alcance desses objetivos; a
Administração Pública se encarrega simplesmente em atingir
Estado Federado: caracteriza-se pela descentralização
os objetivos traçados pelo governo.
política; existem diferentes entidades políticas autônomas que
são distribuídas regionalmente e cada uma exerce o poder po- O governo atua mediante atos de soberania ou, pelo me-
lítico dentro de sua área de competência. É o caso do Brasil. nos, de autonomia política na condução dos negócios públicos.
A Administração é atividade neutra, normalmente vinculada à
Poderes do Estado lei ou à norma técnica. Governo é conduta independente, en-
Os poderes do Estado estão previstos no texto Constitu- quanto a Administração é hierarquizada.
cional. O Governo deve comandar com responsabilidade consti-
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmô-
tucional e política, mas sem responsabilidade técnica e legal
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. pela execução. A administração age sem responsabilidade
política, mas com responsabilidade técnica e legal pela exe-
Os poderes podem exercer as funções para que foram cução dos serviços públicos.
investidos pela Constituição Federal (funções típicas) ou exe-
cutar cargos diversas das suas competências constitucionais Sistemas de Governo
(funções atípicas). Por esse motivo, não há uma divisão ab- Sistema de governo se refere ao grau de dependência en-
soluta entre os poderes, e sim relativa, pois o poder Executivo tre o poder legislativo e executivo.
pode executar suas funções típicas (administrar) e pode tam-
bém iniciar o processo legislativo em alguns casos (pedido de Parlamentarismo
vagas para novos cargos). Além disso, é possível até mesmo É caracterizado por uma grande relação de dependência
legislar no caso de medidas provisórias com força de lei. entre o poder legislativo e o executivo.
A chefia do Estado e a do Governo são desempenhadas Compõe a Administração Pública material qualquer pes-
por pessoas distintas. soa jurídica, seus órgãos e agentes que exercem as atividades
Chefe de Estado: responsável pelas relações internacionais. administrativas do Estado. Como exemplo de tais atividades,
Chefe de Governo: responsável pelas relações internas, o há a prestação de serviços públicos, o exercício do poder de
chefe de governo é o da Administração pública. polícia, o fomento, a intervenção e as atividades da Adminis-
tração Pública.
Presidencialismo Essas são as chamadas atividades típicas do Estado e, pelo
É caracterizado por não existir dependência, ou quase nenhu- critério formal, qualquer pessoa que exerce alguma dessas é Ad-
ma, entre o Poder Legislativo e o Executivo. ministração Pública, não importa quem seja. Por esse critério,
A chefia do Estado e a do Governo são representadas pela teríamos, por exemplo, as seguintes pessoas na Administração
mesma pessoa. Pública:
O Brasil adota o presidencialismo. União, Estados, Municípios, DF, Autarquias, Fundações
Públicas prestadoras de serviços públicos, Empresa Pú-
Formas de Governo blica prestadora de serviço público, Sociedade de Eco-
Conforme Hely Meirelles, a forma de governo se refere à nomia Mista prestadora de serviços públicos e, ainda,
relação entre governantes e governados. as concessionárias, autorizatárias e permissionárias de
Monarquia serviço público.
Esse critério não é o adotado pelo Brasil. Assim sendo, a
Hereditariedade: o poder é passado de pai para filho.
classificação feita acima não descreve a Administração Pública
Vitaliciedade: o detentor do poder fica no cargo até a mor- Brasileira, que, conforme veremos a seguir, adota o modelo for-
te. mal de classificação.
Ausência de prestação de contas.
Sentido Formal/Subjetivo
República
Em sentido formal ou subjetivo, a Administração Pública
Eletividade: o governante precisa ser eleito para chegar
compreende o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas encar-
ao poder.
regadas, por determinação legal, do exercício da função admi-
Temporalidade: ao chegar ao poder, o governante ficará nistrativa do Estado.
no cargo por tempo determinado.
Pelo modelo formal, segundo Meirelles, a Administração Pú-
Dever de prestar contas.
blica é o conjunto de entidades (pessoas jurídicas, seus órgãos e
O Brasil adota a república como forma de governo. agentes) que o nosso ordenamento jurídico identifica como Ad-
2. Administração Pública ministração Pública, pouco interessa a sua área de atuação, ou

Ş
ŝ#-ŝŦ
seja, pouco importa a atividade mas, sim, quem a desempenha.
Antes de fazermos qualquer conceituação doutrinária A Administração Pública Brasileira que adota o modelo formal é
sobre Administração Pública, podemos entendê-la como a classificada em Administração Direta e Indireta.
ferramenta utilizada pelo Estado para atingir os seus obje-
tivos. O Estado possui objetivos, e quem escolhe quais são Organização da Administração
eles é o seu governo, pois a esse é que cabe a função política A Administração Pública foi definida pela Constituição Fe-
(atividade eminentemente discricionária) do Estado e que deral no Art. 37.
determina as suas vontades, ou seja, o Governo é o cérebro
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de
do Estado. Para poder atingir esses objetivos, o Estado preci-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sa fazer algo, e o faz por meio de sua Administração Pública.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
Sendo assim, essa é a responsável pelo exercício das ativida-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
des públicas do Estado.
de e eficiência e, também, ao seguinte:
ADMINISTRAÇÃO O Decreto-Lei nº 200/67 determina quem é Administra-
ESTADO OBJETIVO
PÚBLICA ção Pública Direta e Indireta.
Art. 4º. A Administração Federal compreende:
I. A Administração Direta, que se constitui dos
MEIO serviços integrados na estrutura administrativa
da Presidência da República e dos Ministérios.
Classificação de II. A Administração Indireta, que compreende as
Administração Pública seguintes categorias de entidades, dotadas de per-
sonalidade jurídica própria:
Sentido Material/Objetivo a) Autarquias;
Em sentido material ou objetivo, a Administração Pública b) Empresas Públicas;
compreende o exercício de atividades pelas quais se manifesta a c) Sociedades de Economia Mista. 337
função administrativa do Estado. d) Fundações públicas.
Dessa forma, temos somente quatro pessoas que repre- Descentralização Administrativa: técnica administrativa em
338 sentam a Administração Direta e nenhuma outra. São consi- que a Administração direta passa a atividade administrativa,
deradas pessoas jurídicas de direito público e possuem várias serviço ou obra pública para outras pessoas jurídicas ou físicas
características. As pessoas da Administração Direta recebem o (para pessoa física somente por delegação por colaboração). A
descentralização pode ser feita por outorga legal (titularidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nome de pessoas políticas do estado.


+ execução) ou diante delegação por colaboração (somente
A Administração Indireta também representa um rol taxati- execução). A outorga legal cria as pessoas da Administração
vo e não cabe ampliação. Existem quatro pessoas da Adminis- Indireta (FASE). A Delegação por colaboração gera os conces-
tração Indireta e nenhuma outra; elas possuem características sionários, permissionários e Autorizatários de serviços públicos:
marcantes. Contudo, não possuem a mais importante e que di- Descentralização por Outorga Legal (também cha-
ferencia das pessoas políticas do Estado, ou seja, a capacidade mada de descentralização técnica, por serviços, ou
de legislar (capacidade política). funcional): é feita por lei e transfere a titularidade
e a execução da atividade administrativa por prazo
Administração Direta indeterminado para uma pessoa jurídica integrante
da administração indireta.
A Administração Direta é representada pelas entidades Descentralização por Delegação (tam-
políticas. São elas: União, Estados, DF e os Municípios. bém chamada de descentralização por colaboração):
A definição no Brasil foi feita pelo Decreto-Lei nº 200/67, é feita em regra por um contrato administrativo e,
que dispõe sobre a organização da Administração Federal e nesses casos, depende de licitação; também pode
estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa. acontecer descentralização por delegação por meio
Ş
ŝ#-ŝŦ

É importante observar que esse decreto dispõe somente de um ato administrativo. Transfere somente a exe-
sobre a Administração Pública Federal, todavia, pela aplicação cução da atividade administrativa, e não a sua titu-
do princípio da simetria, tal regra é aplicada uniformemente por laridade, por prazo determinado para um particular,
todo o território nacional. Assim sendo, tal classificação utilizada pessoa física ou jurídica.
nesse decreto define expressamente a Administração Pública ADMINISTRAÇÃO
Federal e também, implicitamente, a Administração Pública dos DIRETA
demais entes da federação.
Os Entes Políticos possuem autonomia política (capacida-
de de legislar), administrativa (capacidade de auto-organizar-
se) e capacidade financeira (capacidade de julgar as próprias OUTORGA LEGAL DELEGAÇÃO
contas). Não podemos falar aqui em hierarquia entre os entes,
mas sim em cooperação, pois um não dá ordens aos outros, PARTICULARES QUE
ENTES DA ADMINISTRA-
visto que eles são autônomos. ÇÃO INDIRETA
VÃO EXECUTAR O SER-
VIÇO PÚBLICO POR SUA
Características CONTA E RISCO
São pessoas jurídicas de direito público interno – tem au-
tonomia.
▷ Unidas formam a República Federativa do Brasil: • AUTARQUIAS • CONCESSÕES
pessoa jurídica de direito público externo –tem so- • FUNDAÇÕES PÚBLICAS • PERMISSÕES
berania (independência na ordem externa e supre- • EMPRESAS PÚBLICAS • AUTORIZAÇÕES
macia na interna). • SOCIEDADES DE ECO-
NOMIA MISTA
▷ Regime jurídico de direito público.
▷ Autonomia Política: Administrativa e Financeira. Outorga Legal
▷ Sem subordinação: atuam por cooperação. ▷ Feita por lei;
▷ Competências: hauridas da CF. ▷ Transfere a titularidade e a execução do serviço pú-
▷ Responsabilidade civil - regra - objetiva. blico;
▷ Bens: públicos, não pode ser objeto de sequestro, ▷ Não tem prazo.
arresto, penhora etc. Delegação
▷ Débitos judiciais: são pagos por precatórios. ▷ Feita por contrato, exceto as autorizações;
▷ Regime de pessoal: regime jurídico único. ▷ Os contratos dependem de licitação;
▷ Competência para julgamento de ações judiciais. ▷ Transfere somente a execução do serviço público e
União = Justiça Federal. não a titularidade;
Demais Entes Políticos = Justiça Estadual. ▷ Há fiscalização do Poder Público. Tal fiscalização de-
corre do exercício do poder disciplinar;
Noção de Centralização, ▷ Tem prazo.
Descentralização e Desconcentração Desconcentração Administrativa: técnica de subdi-
Centralização Administrativa: órgãos e agentes traba- visão de órgãos públicos para que melhor desempe-
lhando para a Administração Direta. nhem o serviço público ou atividade administrativa.
Em outras palavras, na desconcentração, a Pessoa federal, temos como exemplo a nomeação dos dirigentes das
Jurídica distribui competências no âmbito de sua agências reguladoras. Tais nomeações são feitas pelo Presi-
própria estrutura. É a distribuição de competências dente da República e, para terem efeito, dependem de apro-
entre os diversos órgãos integrantes da estrutura de vação do Senado Federal.
uma pessoa jurídica da Administração Pública. So- Via de regra, lembraremos que a nomeação do dirigente
mente ocorre na Administração Direta ou Indireta, de uma entidade administrativa é feita pelo chefe do Poder
jamais para particulares, uma vez que não existem Executivo, sendo que, em alguns casos, é necessária a prévia
órgãos públicos entre particulares. aprovação de outro poder. Excepcionalmente, o Judiciário e o
Legislativo poderão nomear dirigentes para essas entidades,
Administração Indireta desde que vinculadas ao respectivo poder.
Criação dos Entes da Administração Indireta
Pessoas / Entes / Entidades Administrativas
A instituição das entidades administrativas depende sem-
▷ Fundações Públicas;
pre de uma lei ordinária específica. Essa lei pode criar a en-
▷ Autarquias; tidade administrativa. Nesse caso, nasce uma pessoa jurídica
▷ Sociedades de Economia Mista; de direito público, as autarquias. A lei também pode autorizar
▷ Empresas Públicas. a criação das entidades administrativas. Nessa circunstância,
Características nascem as demais entidades da administração indireta: fun-
▷ Tem personalidade jurídica própria; dações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Pelo fato dessas entidades serem autorizadas por lei,
▷ Tem patrimônio e receita próprios; elas são pessoas jurídicas de Direito Privado.
▷ Tem autonomia:
A lei que cria ou que autoriza a criação de uma entidade ad-
Administrativa; ministrativa é uma lei ordinária específica.
Técnica; Quando a lei autoriza a criação de uma entidade da Adminis-
Financeira. tração Indireta, a sua construção será consumada após o registro
Obs.: na serventia registral pertinente (cartório ou junta comercial, con-
forme o caso).
Não tem autonomia política;.
Finalidade definida em lei; DESCENTRALIZAÇÃO POR
Controle do Estado. OUTORGA LEGAL (LEI)
Não há subordinação nem hierarquia entre os entes da ad-
ministração direta e indireta, mas sim, vinculação que se ma- LEI AUTORIZA
LEI CRIA
nifesta por meio da supervisão ministerial realizada pelo mi- A CRIAÇÃO

Ş
ŝ#-ŝŦ
nistério ou secretaria da pessoa política responsável pela área
de atuação da entidade administrativa. Tal supervisão tem por
finalidade o exercício do denominado controle finalístico ou PESSOA JURÍDICA DE PESSOA JURÍDICA DE
poder de tutela. DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO
Em alguns casos, a entidade administrativa pode estar di-
retamente vinculada à chefia do poder executivo e, nesse con-
texto, caberá a essa chefia o exercício do controle finalístico de FUNDAÇÃO PÚBLICA
AUTARQUIA EMPRESA PÚBLICA
tal entidade.
SOC. DE ECON. MISTA
▷ São frutos da descentralização por outorga legal.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Nomeação de Dirigentes. Extinção dos entes da administração indireta:


Os dirigentes das entidades administrativas são nomeados ▷ Só lei revoga lei.
pelo chefe do poder a que está vinculada a respectiva enti- ▷ Se a lei cria, a lei extingue.
dade, ou seja, as entidades administrativas ligadas ao poder ▷ Se a lei autoriza a criação, autoriza também a ex-
executivo federal têm seus dirigentes nomeados pelo chefe de tinção.
tal poder, que, nesse caso, é o(a) Presidente(a) da República.
Relação da Administração
É válido lembrar que, em todos os poderes, existe a função ad-
ministrativa no executivo, de forma típica, e nos demais poderes, Pública Direta com a Indireta
de forma atípica. Além disso, a função administrativa de todos os As entidades compreendidas na Administração Indireta
poderes é exercida pela sua Administração Pública (Administra- vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver
ção Direta e Indireta), assim sendo, existe Administração Pública enquadrada sua principal atividade. Dessa forma, não há que
Direta e Indireta nos três poderes e, caso uma entidade adminis- se falar em hierarquia ou subordinação, mas, sim vinculação.
trativa seja vinculada ao Poder Legislativo ou Judiciário, caberá ao A vinculação entre a Administração Direta e a Administração
chefe do respectivo poder a nomeação de tal dirigente. Indireta gera o chamado controle finalístico ou supervisão minis-
Excepcionalmente, a nomeação de um dirigente pode terial. Assim, a Administração Direta não pode intervir nas deci- 339
depender ainda de aprovação do Poder Legislativo. Na esfera sões da Indireta, salvo se ocorrer a chamada fuga de finalidade.
Se a autarquia além das regras do regime jurídico comum
340 ainda é alcançada por alguma regra especial, peculiar às suas
SUBORDINAÇÃO E atividades, será considerada uma autarquia em regime especial.
HIERARQUIA
• Agências Reguladoras
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VÍNCULO São responsáveis por regular, normatizar e fiscalizar deter-


ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO minados serviços públicos que foram delegados ao particular.
DIRETA INDIRETA Em razão dessa característica, elas têm mais liberdade e maior
autonomia, se comparadas com as Autarquias comuns.
Ex.: ANCINE, ANA, ANAC, ANTAQ, ANATEL, ANEEL, ANP,
ANTT.
CONTROLE SUPERVISÃO • Autarquia Territorial
FINALÍSTICO MINISTERIAL É classificado como Autarquia Territorial, o espaço que faça
parte do território da União, mas que não se enquadre na defi-
Autarquias nição de Estado membro, DF ou município. No Brasil atual, não
Autarquia é a pessoa jurídica de direito público, criada por existem exemplos de Autarquias Territoriais, mas elas podem vir
lei, com capacidade de autoadministração, para o desempe- a ser criadas. Nesse caso, esses Territórios fazem parte da Ad-
ministração Direta e são Autarquias Territoriais, pois são criados
nho de serviço público descentralizado (atividade típica do
por lei e assumem personalidade jurídica de direito público.
Estado). É o próprio serviço público personificado.
• Associações Públicas (Autarquias Interfederativas ou
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Vejamos a seguir as suas características: Multifederativas)


Personalidade Jurídica: Direito Público. Também chamada de consórcio público de Direito Público.
▷ Recebem todas as prerrogativas do Direito Público. O consórcio público é a pessoa jurídica formada exclusi-
Finalidade: atividade típica do Estado. vamente por entes da Federação, na forma da Lei nº 11.107,
de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa,
Regime Jurídico: público.
inclusive a realização de objetivos de interesse comum, consti-
Responsabilidade Civil: objetiva. tuída como associação pública, com personalidade jurídica de
Bens: públicos (não podem ser objeto de penhora, arresto, direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica
sequestro). de direito privado, sem fins econômicos.
▷ Ao serem constituídas, recebem patrimônio do Ente Sendo assim, não é todo consórcio público que representa
Instituidor e, a partir desse momento, seguem com uma Autarquia Interfederativa, mas somente os públicos de
sua autonomia. Direito Público.
• Autarquia Fundacional ou Fundação Autárquica
Débitos Judiciais: pagamento por precatórios.
As Fundações Públicas de Direito Público (exceção) são
Regime de Pessoal: regime jurídico único.
consideradas, na verdade, uma espécie de autarquia.
Competência para o julgamento de suas ações judiciais: • Agências Executivas
▷ Autarquia Federal = Justiça Federal. As agências executivas não se configuram como pessoas
▷ Outras Esferas = Justiça Estadual. jurídicas, menos ainda outra classificação qualquer. Represen-
Ex.: INSS, Banco Central do Brasil. tam, na prática, um título que é dado às autarquias e funda-
ções públicas que assinam contrato de gestão com a Adminis-
Espécies de Autarquias tração Pública. Art. 37, §8º.
• Comum ou Ordinária (de Acordo com Decreto--Lei Conselhos fiscalizadores de profissões são considerados
nº 200/67) autarquias. Contudo, comportam uma exceção muito impor-
São as autarquias que recebem as características princi- tante:
pais, ou seja, criadas diretamente por lei, pessoas jurídicas de ADI 3.026-DF Min. Eros Graus. 08/06/2006. OAB: Con-
direito público e que desempenham um serviço público espe- siderada entidade sui generis, um serviço independente não
cializado; seu ato constitutivo é a própria lei. sujeita ao controle finalístico da Administração Direta.
Sob Regime Especial Fundação Pública
As autarquias em regime especial são submetidas a um A Fundação Pública é a entidade dotada de personalidade ju-
regime jurídico peculiar, diferente do jurídico relativo às au- rídica de Direito Privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
tarquias comuns. autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
Por autarquia comum deve-se entender as ordinárias, aquelas não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
que se submetem a regime jurídico comum das autarquias. Na com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
esfera federal, o regime jurídico comum das autarquias é o Decre- respectivos órgãos de direção e funcionamento custeado por re-
to-Lei nº 200/67. cursos da União e de outras fontes.
Regra subsidiárias que explorem atividade econômica de
▷ Autorizada por lei; produção ou comercialização de bens ou de prestação
▷ Pessoa jurídica de Direito Privado; de serviços, dispondo sobre:
▷ Depende de registro dos atos constitutivos na junta I. Sua função social e formas de fiscalização pelo
comercial; Estado e pela sociedade;
▷ Depende de lei complementar que especifique o II. A sujeição ao regime jurídico próprio das empre-
campo de atuação. sas privadas, inclusive quanto aos direitos e obri-
gações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
Exceção
III. Licitação e contratação de obras, serviços, com-
▷ Criada diretamente por lei; pras e alienações, observados os princípios da Ad-
▷ Pessoa jurídica de direito público; ministração Pública;
▷ Possui um capital personalizado (diferença mera- IV. A constituição e o funcionamento dos conselhos
mente conceitual); de administração e fiscal, com a participação de
▷ Considerada pela doutrina como autarquia funda- acionistas minoritários;
cional.
V. Os mandatos, a avaliação de desempenho e a
As fundações públicas de Direito Público, são espécie de responsabilidade dos administradores.
autarquia, sendo chamadas pela doutrina como autarquias
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de econo-
fundacionais.
mia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
Características extensivos às do setor privado.
Personalidade Jurídica: Direito Privado. § 3º - A lei regulamentará as relações da Empresa Pú-
Finalidade: Lei complementar definirá – Sem fins blica com o Estado e a sociedade.
lucrativos. § 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que
Regime Jurídico: Híbrido (regras de Direito Público vise à dominação dos mercados, à eliminação da concor-
+ Direito Privado) incontroverso. rência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Responsabilidade Civil: se for prestadora de ser- § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade indivi-
viço público é objetiva, caso contrário é subjetiva. dual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
Bens Privados, com exceção: bens diretamente responsabilidade desta, sujeitando-a as punições com-
ligados à prestação de serviço público são bens pú- patíveis com sua natureza, nos atos praticados contra
blicos. a ordem econômica e financeira e contra a economia
Débitos Judiciais: são pagos por meio do seu patri- popular.

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mônio, com exceção dos bens diretamente ligados à Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Presta-
prestação de serviços públicos, que são bens públicos doras de Serviço Público
e não se submetem a pagamento de débitos judiciais. Essas entidades são criadas para a exploração da atividade
Regime de Pessoal: Regime Jurídico Único. econômica em sentido amplo, o que inclui o exercício delas em
Competência para o julgamento de suas ações sentido estrito e também a prestação de serviços públicos que
judiciais: podem ser explorados com o intuito de lucro.
Justiça Federal. Segundo o Art. 175 da Constituição Federal:
Outras esferas = Justiça Estadual.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di-
Ex.: IBGE, Biblioteca Nacional, FUNAI.
retamente ou sob regime de concessão ou permissão,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Empresas Públicas e Sociedades sempre através de licitação, a prestação de serviços


públicos.
de Economia Mista
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
São pessoas jurídicas de Direito Privado, criadas pela
Administração Direta por meio de autorização da lei, com o I. O regime das empresas concessionárias e permis-
respectivo registro, para a prestação de serviços públicos ou sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
a exploração da atividade econômica. seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Explo- condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
radoras da Atividade Econômica concessão ou permissão;
Segundo o Art. 173 da Constituição Federal: II. Os direitos dos usuários;
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Consti- III. Política tarifária;
tuição, a exploração direta de atividade econômica pelo IV. A obrigação de manter serviço adequado.
Estado só será permitida quando necessária aos impe-
rativos da segurança nacional ou a relevante interesse Não se inclui nessa categoria os serviços públicos relativos aos
coletivo, conforme definidos em lei. direitos sociais, pois esses não podem ser prestados com o intuito
§ 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da Empre- de lucro pelo Estado e, também, não são de titularidade exclusiva 341
sa Pública, da sociedade de economia mista e de suas do Estado, podendo ser livremente explorados por particulares.
Características Comuns das Empresas Pú- Administração Indireta:
342 blicas e Sociedades de Economia Mista ▷ Autorizada por lei;
Personalidade Jurídica: Direito Privado. ▷ Pessoa jurídica de Direito Privado;
Finalidade: prestação de serviço público ou a exploração ▷ Capital 50% + 1 ação no controle da Administração
Pública;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da atividade econômica.
Regime Jurídico Híbrido: se for prestadora de serviço pú- ▷ onstituição obrigatória por sociedade anônima
blico, o regime jurídico é mais público; se for exploradora da (S.A.);
atividade econômica, o regime jurídico é mais privado. ▷ Competência da Justiça Estadual.
Responsabilidade Civil: se for prestadora de serviço público, Empresa Pública
a responsabilidade civil é objetiva, se for exploradora da atividade Entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Pri-
econômica, a civil é subjetiva. vado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, au-
Bens Privados, com exceção: bens diretamente ligados à torizado por lei para a exploração de atividade econômica que
prestação de serviço público são bens públicos.Débitos Judiciais: o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou
são pagos por meio do seu patrimônio, com exceção dos bens di- de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qual-
retamente ligados à prestação de serviços públicos, que são bens quer das formas admitidas em direito.
públicos e não se submetem a pagamento de débitos judiciais. ▷ Autorizado por lei;
Regime de Pessoal: CLT – Emprego Público. ▷ Pessoa jurídica de Direito Privado;
Exemplo de Empresa Pública: Caixa Econômica Federal, ▷ 100% na constituição de capital público;
Correios. ▷ Constituído de qualquer forma admitido em direito;
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Exemplo de Sociedade de Economia Mista: Banco do Bra- ▷ Competência da Justiça Federal.


sil e Petrobras. Esse quadro foi desenvolvido para memorização das ca-
Sociedade de Economia Mista racterísticas mais importantes das pessoas da Administração
A Sociedade de Economia Mista é uma entidade dota- Pública indireta.
da de personalidade jurídica de Direito Privado, autoriza- Tabela Comparativa das Características dos
da por lei para a exploração de atividade econômica, sob Entes da Administração Pública
a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a EAE: Exploração da atividade econômica.
voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
PSP: Prestação de serviço público.

ENTIDADES SOCIEDADE DE
CARACTERÍSTICA AUTARQUIA FUNDAÇÃO PÚBLICA EMPRESA PÚBLICA
POLÍTICAS ECONOMIA MISTA

PERSONALIDADE
Direito Público Direito Público Direito Privado Direito Privado Direito Privado
JURÍDICA

Exploração da ativi-
Exploração da atividade
Competências Atividade dade econômica OU
FINALIDADE Lei Complementar definirá econômica OU prestação
constitucionais típica do Estado prestação de serviço
de serviço público
público

Híbrido: se PSP + público. Híbrido: se EAE + privado; Híbrido: se EAE +


REGIME JURÍDICO Direito Público Direito Público Caso desenvolva outra se privado; se PSP +
atividade, mais privado. PSP + público público

RESPONSABILIDADE Objetiva: ação Objetiva: ação PSP = Objetiva, nos demais PSP = Objetiva, EAE = PSP = Objetiva, EAE
CIVIL Subjetiva: omissão Subjetiva: omissão casos, subjetiva Subjetiva = Subjetiva

Privados, exceção:
Privados, exceção: bens Privados, exceção: bens
bens diretamente
diretamente ligados à diretamente ligados à
BENS Públicos Públicos ligados à prestação
prestação de serviços públi- prestação de serviços pú-
de serviços públicos
cos são bens públicos. blicos são bens públicos.
são bens públicos.

DÉBITOS JUDICIAIS Precatórios Precatórios Patrimônio Patrimônio Patrimônio

Regime Jurídico
REGIME DE PESSOAL Regime Jurídico Único Regime Jurídico Único CLT CLT
Único

COMPETÊNCIA PARA União: Justiça Fed- Federal: Justiça Federal; Federal: Justiça Federal; Federal: Justiça Federal; Todas: Justiça
eral; Demais: Justiça
JULGAMENTO Demais: Justiça Estadual. Demais: justiça Estadual. Demais: justiça Estadual. Estadual.
Estadual.
3. Órgão Público Características
Neste capítulo, aprenderemos a respeito dos órgãos públi- Não possui personalidade jurídica
cos, sua finalidade, seu papel na estrutura da Administração Muitas pessoas se assustam com essa regra devido ao fato
Pública, bem como as diversas teorias e classificações relativas de o órgão público ter CNPJ, realizar licitações e também por
ao tema. Começaremos a partir das teorias que buscam expli- celebrar contratos públicos. Todavia, essas situações não de-
car o que é o órgão público. vem ser levadas em consideração nesse momento.
O CNPJ não é suficiente para conferir personalidade jurídi-
Teorias ca para o órgão público, a sua instituição está ligada ao direito
São três as teorias criadas para caracterizar e conceituar a tributário, e realmente o órgão faz licitação, celebra contratos,
ideia de órgão público: a Teoria do Mandato, Teoria da Repre- mas ele não possui direitos, não é responsável pela conduta
sentação e Teoria Geral do Órgão. dos seus agentes e tudo isso por que ele não possui personali-
Teoria do Mandato dade jurídica, órgão público não é pessoa.
Essa teoria preceitua que o agente, pessoa física, fun- Integram a estrutura da pessoa ju-
cionaria como o mandatário da pessoa jurídica, agindo sob rídica que pertencem
seu nome e com a responsabilidade dela, em razão de ou- O órgão público é simplesmente o integrante da estrutura
torga específica de poderes (não adotado). corporal (orgânica) da pessoa jurídica a que está ligado. O ór-
Teoria da Representação gão público é para a pessoa jurídica a que está ligado, o que o
coração, os rins, o fígado, o estômago e o pulmão, dentre tan-
O agente funcionaria como um tutor ou curador do Esta- tos outros órgãos do corpo humano são para nós, essenciais.
do, que representaria nos atos que necessita participar (não
▷ Não possui capacidade processual, salvo os órgãos
adotado).
independentes e autônomos que podem impetrar
Teoria Geral do Órgão Mandado de Segurança em defesa de suas prerro-
gativas constitucionais, quando violadas por outro
Tem-se presunção de que a pessoa jurídica exteriora sua
órgão.
vontade por meio dos órgãos, os quais são parte integrante da
própria estrutura da pessoa jurídica, de tal modo que, quando ▷ Não possui patrimônio próprio.
os agentes que atuam nesses órgãos manifestam sua vontade, ▷ São hierarquizados.
considera-se que essa foi manifestada pelo próprio Estado. Fa- ▷ São frutos da desconcentração.
lamos em imputação da atuação do agente, pessoa natural, à ▷ Estão presentes na Administração Direta e Indireta.
pessoa jurídica (adotado pela CF/88). ▷ Criação e extinção: por meio de Lei.

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Alguns órgãos possuem uma pequena capacidade, que é ▷ Estruturação: pode ser feita por meio de decreto au-
impetrar mandado de segurança para garantir prerrogativas tônomo, desde que não impliquem em aumento de
próprias. Contudo, somente os órgãos independentes e au- despesas.
tônomos têm essa capacidade.
▷ Os agentes que trabalham nos órgãos estão em impu-
Segundo o doutrinador Hely Lopes Meirelles, os órgãos tação à pessoa jurídica que estão ligados.
não possuem personalidade jurídica, tampouco vontade pró-
pria, agem em nome da entidade a que pertencem, mantendo Classificação
relações entre si e com terceiros, e não possuem patrimônio
próprio. Os órgãos manifestam a vontade da Pessoa Jurídica à Dentre as diversas classificações pertinentes ao tema,
qual pertencem; os agentes, quando atuam para o Estado, di- a partir de agora, abordaremos as classificações quanto à
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

zemos que estão em imputação à pessoa jurídica a qual estão posição estatal que leva em consideração a relação de su-
efetivamente ligados. Assim, falamos em imputação à pessoa bordinação e hierarquia, a estrutura que se relaciona com a
jurídica. desconcentração e a composição ou atuação funcional que se
Constatamos que órgãos são meros centros de compe- relaciona com a quantidade de agentes que agem e manifes-
tência, e os agentes que trabalham nesses órgãos estão em tam vontade em nome do órgão.
imputação à pessoa jurídica a que estão ligados; suas ações Posição Estatal
são imputadas ao ente federativo. Assim, quando um servi-
dor público federal atua, suas ações são imputadas (como se Quanto à posição estatal, os órgãos são classificados em
o próprio Estado estivesse agindo) à União, pois o agente é independentes, autônomos, superiores e subalternos:
ligado a um órgão que pertence a esse ente. Órgãos Independentes
Ex.: Quando um Policial Federal está trabalhando, ele é um ▷ São considerados o mais alto escalão do Governo.
agente público que atua dentro de um órgão (Departamento
▷ Não exercem subordinação.
de Polícia Federal) e suas ações, quando feitas, são conside-
radas como se a União estivesse agindo. Por esse motivo, os ▷ Seus agentes são inseridos por eleição.
atos que gerem prejuízo a terceiros são imputados a União, ▷ Têm suas competências determinadas pelo texto
ou seja, é a União que paga o prejuízo e, depois, entra com constitucional. 343
ação regressiva contra o agente público. ▷ Possuem alguma capacidade processual.
Órgãos Autônomos Conceito
344 ▷ São classificados como órgãos diretivos. Considera-se agente público toda pessoa física que exerça,
▷ Possuem capacidade administrativa, financeira e ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, no-
técnica. meação, designação, contratação ou qualquer outra forma de in-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ São exemplos os Ministérios e as Secretarias. vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.
▷ Possuem alguma capacidade processual.
Classificação
Órgãos Superiores ▷ Agentes políticos.
▷ São órgãos de direção, controle e decisão. ▷ Agentes administrativos.
▷ Não possuem autonomia administrativa ou financeira. ▷ Particulares em colaboração com o poder público.
▷ Exemplos são as coordenadorias, gabinetes, etc.
Agentes Políticos
Subalternos Estão nos mais altos escalões do Poder Público. São res-
▷ Exercem atribuições de mera execução. ponsáveis pela elaboração das diretrizes governamentais e
▷ Exercem reduzido poder decisório. pelas funções de direção, orientação e supervisão geral da
Administração Pública.
▷ São exemplos as seções de expediente ou de ma-
teriais. Características
▷ Sua competência é haurida da Constituição Federal.
Estrutura ▷ Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos ser-
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A classificação quanto à estrutura leva em consideração, a vidores públicos em geral.


partir do órgão analisado, se existe ou não um processo de des- ▷ Normalmente são investidos em seus cargos por
concentração, se há ramificações que levam a órgãos subordina- meio de eleição, nomeação ou designação.
dos ao órgão analisado. ▷ Não são hierarquizados, subordinando-se tão so-
mente à Constituição Federal.
Simples: são aqueles que representam um só centro de
Exceção: auxiliares imediatos dos chefes do Executivo são,
competências, sem ramificações, independentemente do nú- hierarquizados, pois se subordinam ao líder desse poder.
mero de cargos. Ex.: Ministros de Estado; Secretários estaduais e municipais.
Composto: são aqueles que reúnem em sua estrutura diver- Poder Federal Estadual Municipal
sos órgãos, ou seja, existem ramificações.
Presidente da Governadores; Prefeitos;
A Presidência da República é um órgão composto, pois dela Executivo República; Secretários Secretários
se origina outros órgãos de menor hierarquia, dentre esses o Ministros de Estados. Estaduais. Municipais.
Ministério da Justiça, por exemplo, que também é órgão com- Deputados Fed-
Deputados
posto, pois, a partir dele, tem-se novas ramificações, tais como o Legislativo erais; Vereadores
Estaduais.
Departamento Penitenciário Nacional, o Departamento de Polí- Senadores.
cia Federal, entre outros . Membros do Poder
Membros do
Judiciário Poder Judiciário Não há
A partir da Presidência da República, tem-se também um Judiciário Federal.
Estadual.
órgão chamado de gabinete, e esse é considerado simples, pois
Membros do Membros do
a partir dele não há novos órgãos, ou seja, não nasce nenhuma Ministério
Ministério Público Ministério Público Não há
ramificação a partir do gabinete da Presidência da República. Público
Federal. Estadual.

Atuação Funcional/Composição Agentes Administrativos


Os órgãos públicos podem ser classificados em singulares São as pessoas que exercem atividade pública de natureza
ou colegiados: profissional, permanente e remunerada, estão sujeitos à hie-
rarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pelo ente
Órgãos Singulares ou Unipessoais: a sua atuação ou deci-
ao qual pertencem. O vínculo entre esses agentes e o ente ao
sões são atribuições de um único agente. qual estão ligados é um vínculo de natureza permanente.
Ex.: Presidência da República.
Servidores Públicos (estrito): são os titulares de cargos
Órgão Colegiado ou Pluripessoal: a atuação e as decisões públicos3 (efetivos e comissionados), são vinculados ao seu
dos órgãos colegiados acontecem mediante obrigatória mani- cargo por meio de um estatuto estabelecido pelo ente con-
festação conjunta de seus membros. tratante.
Ex.: Congresso Nacional, Tribunais de Justiça. Empregados Públicos: são os ocupantes de Emprego Pú-
blico4; são vinculados ao seu emprego por meio da CLT (Con-
4. Agentes Públicos solidação das Leis do Trabalho).
Neste capítulo estudaremos a respeito dos agentes públi- 3 Os cargos públicos estão presentes na Administração Direta da União, dos Esta-
dos, do DF e dos Municípios, e também nas suas autarquias e fundações públicas.
cos, sua finalidade, seu papel na estrutura da administração 4 Os empregos públicos estão presentes nas empresas públicas e sociedades de
pública, bem como as diversas classificações relativas ao tema. economia mista.
Temporários: são contratados por tempo determinado para trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
atender necessidade temporária de excepcional interesse público. de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
Exercem função pública temporária e remunerada, estão vincula- de e eficiência e, também, ao seguinte (Ver CF/88).
dos à administração pública por meio de um contrato de direito
público e não de natureza trabalhista. O meio utilizado pelo Esta-
Classificação
do para selecionar os temporários é o processo seletivo simplifica- Os princípios da Administração Pública são classificados
do e não o concurso público. como princípios explícitos (expressos) e implícitos.
Algumas doutrinas dividem a classificação dos servido- É importante apontar que não existe relação de subordi-
res públicos em sentido amplo e em estrito. Nesse último nação e de hierarquia entre os princípios expressos e os im-
caso, servidor público é o que consta acima, ou seja, so- plícitos; na verdade, essa relação não existe entre nenhum
mente os titulares de cargos públicos; já em sentido amplo, princípio.
adota-se a seguinte regra: servidor público é um gênero Isso quer dizer que, em um aparente conflito entre os prin-
que comporta três espécies: os servidores estatutários, os cípios, um não exclui o outro, pois deve o administrador pú-
empregados públicos e os servidores temporários. Então, blico observar ambos ao mesmo tempo, devendo nortear sua
caso se adote o conceito de servidor público em sentido decisão na obediência de todos os princípios fundamentais
amplo, este será sinônimo de agente administrativo. pertinentes ao caso em concreto.
Servidor Público (Amplo): Como exemplo, não pode o administrador público deixar
▷ Servidor Estatutário = servidor público (estrito) de observar o princípio da legalidade para buscar uma atuação
▷ Empregado Público = empregado público mais eficiente (de acordo com o Princípio da Eficiência), deven-
▷ Servidor Temporário = temporário do ele, na colisão entre os dois princípios, observar a lei e ainda
buscar a eficiência conforme os meios que lhes seja possível.
Particulares em Colaboração Os princípios explícitos ou expressos são aqueles que estão
com o Poder Público descritos no caput do Art. 37 da CF. São eles:
Agentes Honoríficos: são cidadãos que transitoriamente
são requisitados ou designados para prestar certos serviços pú- LEGALIDADE
blicos específicos em razão da sua honra, da sua conduta cívica
ou de sua notória capacidade profissional. Geralmente atuam IMPESSOALIDADE
sem remuneração. São os mesários, jurados, entre outros.
Agentes Delegados: são particulares que recebem a incum-
MORALIDADE
bência de exercer determinada atividade, obra ou serviço, por PUBLICIDADE

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sua conta e risco e em nome próprio, sob permanente fiscali-
zação do poder contratante, ou seja, são aquelas pessoas que
recebem a incumbência de prestar certas atividades do Estado
EFICIÊNCIA
por meio da descentralização por delegação. São elas: Os princípios implícitos são aqueles que não estão descri-
▷ Autorizatárias de serviços públicos; tos no caput do Art. 37 da CF. São eles:
▷ Concessionárias de serviços públicos; ▷ Supremacia do Interesse Público;
▷ Permissionárias de serviços públicos. ▷ Indisponibilidade do Interesse Público;
Agentes Credenciados: são os particulares que recebem a ▷ Motivação;
incumbência de representar a administração em determinado ▷ Razoabilidade;
ato ou praticar certa atividade específica, mediante remunera- ▷ Proporcionalidade;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção do Poder Público credenciante. ▷ Autotutela;


▷ Continuidade dos Serviços Públicos;
5. Princípios Fundamentais da ▷ Segurança Jurídica, entre outros.
Administração Pública A seguir, analisaremos as características dos princípios
fundamentais da administração pública que mais aparecem
Neste capítulo, o objetivo é conhecer o rol de princípios
nas provas de concurso público.
fundamentais que norteiam e orientam toda a atividade admi-
nistrativa do Estado, bem como toda a atuação da Administra- Princípio da Legalidade
ção Pública direta e indireta. O Princípio da Legalidade está previsto em dois luga-
Tais princípios são de observância obrigatória para toda a res distintos na Constituição Federal. Em primeiro plano,
Administração Pública, quer da União, dos Estados, do Distri- no Art. 5º, II: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
to Federal, quer dos Municípios. São considerados expressos, fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O Princípio da
pois estão descritos expressamente no caput do Art. 37 da Legalidade regula a vida dos particulares e, ao particular,
Constituição Federal de 1988. é facultado fazer tudo que a lei não proíbe; é o chamado
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de princípio da Autonomia da Vontade. Essa regra não deve 345
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- ser aplicada à administração pública.
Em segundo plano, o Art. 37, caput do texto Constitucio-
346 nal, determina que a Administração Pública somente pode
FINS PÚBLICOS
fazer aquilo que a lei determina ou autoriza. Assim, em caso
de omissão legislativa (falta de lei), a Administração Pública
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

está proibida de agir. IMPESSOALIDADE


Nesse segundo caso, a lei deve ser entendida em senti-
do amplo, o que significa que a administração pública deve PROIBIÇÃO DE PROMOÇÃO
obedecer aos mandamentos constitucionais, às leis formais e PESSOAL § 1º, ART. 37
materiais (leis complementares, leis delegadas, leis ordinárias,
Medidas Provisórias) e também às normas infra legais (decre- Princípio da Moralidade
tos, resoluções, portarias, entre outros), e não somente a lei O Princípio da Moralidade é um complemento ao da legali-
em sentido estrito. dade, pois nem tudo que é legal é moral. Dessa forma, o Esta-
do impõe a sua administração a atuação segundo a lei e tam-
PRINCÍPIO PARA
TODOS OS
bém segundo a moral administrativa. Tal princípio traz para o
Art. 5º
agente público o dever de probidade. Esse dever é sinônimo
PARTICULARES
de atuação com ética, decoro, honestidade e boa-fé.
O Princípio da Moralidade determina que o agente deva
LEGALIDADE
sempre trabalhar com ética e em respeito aos princípios mo-
Ş
ŝ#-ŝŦ

rais da administração pública. O princípio está intimamente


Art. 37 PRINCÍPIO PARA TODA ligado ao dever de probidade (honestidade) e sua não obser-
caput ADMINISTRAÇÃO vação acarreta a aplicação do Art. 37, §4º da CF/88 e a Lei nº
PÚBLICA 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa); (Ver CF/88).
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importa-
Princípio da Impessoalidade rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-
ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
O Princípio da Impessoalidade determina que todas as mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
ações da administração pública devem ser revestidas de fi- sem prejuízo da ação penal cabível. (Ver CF/88)
nalidade pública. Além disso, como segunda vertente, proí- O desrespeito ao Princípio da Moralidade afeta a própria
be a promoção pessoal do agente público, como determina legalidade do ato administrativo, ou seja, leva a anulação do
o Art. 37, § 1º da CF/88: ato, e ainda pode acarretar a responsabilização dos agentes
por improbidade administrativa.
Art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, O Princípio da Moralidade não se refere ao senso comum
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter de moral, que é formado por meio das instituições que pas-
caráter educativo, informativo ou de orientação social, sam pela vida da pessoa, tais como família, escola, igreja, entre
dela não podendo constar nomes, símbolos ou ima- outras. Para a administração pública, esse princípio refere-se
à moralidade administrativa, que está inserida no corpo das
gens que caracterizem promoção pessoal de autorida-
normas de Direito Administrativo.
des ou servidores públicos (Ver CF/88).
O Princípio da Impessoalidade é tratado sob dois prismas, Princípio da Publicidade
a saber: Esse princípio deve ser entendido como aquele que deter-
mina que os atos da Administração sejam claros quanto à sua
▷ Como determinante da finalidade de toda atuação procedência. Por esse motivo, em regra, os atos devem ser pu-
administrativa (também chamado de princípio da blicados em diário oficial e, além disso, a Administração deve
finalidade, considerado constitucional implícito, in- tornar o fato acessível (público). Tornar público é, além de
serido no princípio expresso da impessoalidade). publicar em diário oficial, apresentar os atos na Internet, pois
esse meio hoje é o que deixa todas as informações acessíveis.
▷ Como vedação a que o agente público se promova à
O Princípio da Publicidade apresenta dupla acepção em
custa das realizações da administração pública (veda-
face do sistema constitucional vigente:
ção à promoção pessoal do administrador público pe- ▷ Exigência de publicação em órgão oficial como re-
los serviços, obras e outras realizações efetuadas pela quisito de eficácia dos atos administrativos que de-
administração pública). vam produzir efeitos externos e dos atos que impli-
É pelo Princípio da Impessoalidade que dizemos que o quem ônus para o patrimônio público.
agente público age em imputação à pessoa jurídica a que Essa regra não é absoluta, pois, em defesa da intimidade
e também do Estado, alguns atos públicos não precisam ser
está ligado, ou seja, pelo princípio da impessoalidade as publicados:
ações do agente público são determinadas como se o pró- Art. 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida pri-
prio Estado estivesse agindo. vada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral de- com a Emenda Constitucional nº 19/98), e apresenta dois as-
corrente de sua violação. pectos principais:
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór- ▷ Relativamente à forma de atuação do agente públi-
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou co, espera-se o melhor desempenho possível de suas
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no atribuições, a fim de obter os melhores resultados.
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas ▷ Quanto ao modo de organizar, estruturar e discipli-
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da nar a Administração Pública, exigiu-se que esse seja
sociedade e do Estado. o mais racional possível, no intuito de alcançar me-
Sendo assim, o ato que tiver em seu conteúdo uma infor- lhores resultados na prestação dos serviços públicos.
mação sigilosa ou relativa à intimidade da pessoa tem que res- Art. 37, § 8º - A autonomia gerencial, orçamentária
guardar o devido sigilo. e financeira dos órgãos e entidades da administração
▷ Exigência de transparência da atuação administra- direta e indireta poderá ser ampliada mediante contra-
tiva: to, a ser firmado entre seus administradores e o poder
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
público, que tenha por objeto a fixação de metas de
públicos informações de seu interesse particular, ou de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
dispor sobre (Ver CF/88).
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas O Princípio da Eficiência orienta a atuação da adminis-
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e tração pública de forma que essa busque o melhor custo
do Estado; (Ver CF/88). benefício no exercício de suas atividades, ou seja, os ser-
viços públicos devem ser prestados com adequação às ne-
O Princípio da Publicidade orientou o poder legislativo cessidades da sociedade que o custeia.
nacional a editar a Lei nº 12.527/2011, que regulamenta o dis-
positivo do Art. 5º, XXXIII, da CF. Dispõe sobre o acesso à infor- A atuação da Administração Pública tem que ser eficiente,
o que acarreta ao agente público o dever de agir com presteza,
mação pública, sobre a informação sigilosa, sua classificação,
esforço, rapidez e rendimento funcional. O seu descumprimen-
bem como a informação pessoal, entre outras providências.
to poderá acarretar a perda do seu cargo por baixa produti-
Tal dispositivo merece ser lido, pois essa lei transpassa toda a
vidade apurada em procedimento da avaliação periódica de
essência do Princípio da Publicidade.
desempenho, tanto antes da aquisição da estabilidade, como
Podemos inclusive afirmar que esse princípio foi materiali- também após.
zado em lei após a edição da Lei nº 12.527/2011. Veja a seguir a
redação do Art. 3º dessa Lei: Princípio da Supremacia do
Art. 3º. Os procedimentos previstos nesta Lei desti- Interesse Público sobre o Privado
nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
Esse princípio é também considerado o norteador do

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informação e devem ser executados em conformidade
Direito Administrativo. Ele determina que o Estado, quando
com os princípios básicos da administração pública e
trabalhando com o interesse público, se sobrepõe ao parti-
com as seguintes diretrizes: cular. Devemos lembrar que esse princípio deve ser utilizado
I. Observância da publicidade como preceito geral pelo administrador público de forma razoável e proporcional
e do sigilo como exceção; para que o ato não se transforme em arbitrário e, consequen-
II. Divulgação de informações de interesse público, temente, ilegal.
independentemente de solicitações; É o fundamento das prerrogativas do Estado, ou seja,
III. Utilização de meios de comunicação viabiliza- da relação jurídica desigual ou vertical entre o Estado e o
dos pela tecnologia da informação; particular. A exemplo, temos o poder de império do Estado
(também chamado de poder extroverso), que se manifesta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV. Fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública; por meio da imposição da lei ao administrado, admitindo
V. Desenvolvimento do controle social da adminis- até o uso da força coercitiva para o cumprimento da norma.
tração pública. Assim sendo, a administração pública pode criar obrigações,
restringir ou condicionar os direitos dos administrados.
Limitações:
PUBLICAR
▷ Respeito aos demais princípios;
▷ Não está presente diretamente nos atos de gestão5.
Exemplos de Incidência:
PUBLICIDADE
Intervenção na propriedade privada;
TRANSPAR- Exercício do poder de polícia, limitando ou condicionan-
TORNAR ÊNCIA do o exercício de direito em prol do interesse público;
PÚBLICO
DO ATO Presunção de legitimidade dos atos administrativos.
5 Atos de gestão são praticados pela administração na qualidade de gestora de
Princípio da Eficiência seus bens e serviços, sem exercício de supremacia sobre os particulares, assem-
elhando-se aos atos praticados pelas pessoas privadas. São exemplos de atos de 347
O Princípio da Eficiência foi o último a ser inserido no bojo gestão a alienação ou a aquisição de bens pela administração pública, o aluguel a um
do texto constitucional (o Princípio da Eficiência foi incluído particular de um imóvel de propriedade de uma autarquia, entre outros.
Princípio da Indisponibilidade Veja que o administrador não pode fazer menos ou mais
348 do que a lei determina, isso em obediência ao Princípio da
do Interesse Público
Legalidade, senão cometerá abuso de poder.
Conforme dito anteriormente, o princípio da indisponibi-
lidade do interesse público juntamente com o da supremacia Princípio da Autotutela
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do interesse público, formam os pilares do regime jurídico ad- O Princípio da Autotutela propicia o controle da Adminis-
ministrativo. tração Pública sob seus próprios atos em dois pontos especí-
Esse princípio é o fundamento das restrições do Estado. ficos:
Assim sendo, apesar de o Princípio da Supremacia do Interes-
De legalidade: em que a Administração pode controlar
se Público prever prerrogativas especiais para a Administração
seus próprios atos quando eivados de vício de ilegalidade,
Pública em determinadas relações jurídicas com o administra-
do, tais poderes são ferramentas que a ordem jurídica confere sendo provocado ou de ofício.
ao agentes públicos para alcançar os objetivos do Estado. E De mérito: a Administração Pública pode revogar seus
o uso desses poderes, então, deve ser balizado pelo interesse atos por conveniência e oportunidade.
público, o que impõe restrições legais a sua atuação, garantin- Súmula 473 do STF. A Administração pode anular seus
do que a utilização do poder tenha por finalidade o interesse próprios atos, quando eivados de vícios que os tor-
público e não o do administrador. nam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
Sendo assim, é vedada a renúncia do exercício de compe- revogá-los, por motivo de conveniência ou oportuni-
tência pelo agente público, pois a atuação desse não é baliza- dade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalva-
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da por sua vontade pessoal, mas, sim, pelo interesse público, da, em todos os casos, a apreciação judicial.
também chamado de interesse da lei. Os poderes conferidos O Princípio da Autotutela não exclui a possibilidade de
aos agentes públicos têm a finalidade de auxiliá-los a atingir controle jurisdicional do ato administrativo previsto no Art.
tal interesse. Com base nessa regra, concluímos que esses 5º, XXXV, da CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder
agentes não podem dispor do interesse público, por não ser o Judiciário lesão ou ameaça a direito.
seu proprietário, e sim o povo. Ao agente público cabe a ges-
Poder
tão da Administração Pública em prol da coletividade.
Judiciário
Princípios da Razoabilidade (critério de
ANULAÇÃO Ex-tunc
e Proporcionalidade Ato Ilegal Retroativos legalidade)
Os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
não se encontram expressos no texto constitucional. Esses são Própria
classificados como princípios gerais do Direito e são aplicáveis Administração
a vários ramos da ciência jurídica. São chamados de princípios
da proibição de excesso do agente público. Poder Judiciário não revoga
Poder
A razoabilidade diz que toda atuação da Administração ato de outro poder
Judiciário
tem que seguir a teoria do homem médio, ou seja, as decisões
devem ser tomadas segundo o critério da maioria das pessoas REVOGAÇÃO Ex-nunc (critério
“racionais”, sem exageros ou deturpações. Ato Legal Prospectivos de mérito)
Razoabilidade: adequação entre meios e fins. O Princí-
pio da Proporcionalidade diz que o agente público deve ser Própria
proporcional no uso da força para o cumprimento do bem Administração
público, ou seja, nas aplicações de penalidades pela Admi-
nistração deve ser levada em conta sempre a gravidade da Princípio da Ampla Defesa
falta cometida. A ampla defesa determina que todos que sofrerem medi-
Proporcionalidade: vedação de imposição de obrigações, das de caráter de pena terão direito a se defender de todos os
restrições e sanções em medida superior àquela estritamente meios disponíveis legais em direito. Está previsto nos proces-
necessária ao interesse público. sos administrativos disciplinares:
Podemos dar como exemplo a atuação de um fiscal sani- Art. 5ª, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
tário, que esteja vistoriando dois estabelecimentos e, em um administrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
deles, encontre um quilo de carne estragada e, no outro, en- recursos a ela inerentes;
contre uma tonelada.
Na aplicação da penalidade, deve ser respeitada tanto a ra- Princípio da Continuidade
zoabilidade quanto a proporcionalidade, ou seja, aplica-se, no do Serviço Público
primeiro, uma penalidade pequena, uma multa, por exemplo, O Princípio da Continuidade do Serviço Público tem como
e, no segundo, uma penalidade grande, suspensão de 90 dias. escopo (objetivo) não prejudicar o atendimento dos serviços
essenciais à população. Assim, evitam que esses sejam inter- II. Assistência médica e hospitalar;
rompidos. III. Distribuição e comercialização de medicamen-
O professor Celso Ribeiro Bastos6 é um dos doutrinadores tos e alimentos;
que defende a não interrupção do serviço público essencial: O IV. Funerários;
serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o que V. Transporte coletivo;
significa dizer que não é passível de interrupção. Isso ocorre
pela própria importância de que tal serviço se reveste, o que VI. Captação e tratamento de esgoto e lixo;
implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade VII. Telecomunicações;
e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade... VIII. Guarda, uso e controle de substâncias radioa-
Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira ab- tivas, equipamentos e materiais nucleares;
soluta, quer dizer, sem qualquer abrandamento, como ocorre IX. Processamento de dados ligados a serviços es-
com serviços que atendem necessidades permanentes, como senciais;
é o caso de fornecimento de água, gás, eletricidade. Diante, X. Controle de tráfego aéreo;
pois, da recusa de um serviço público, ou do seu fornecimento,
XI. Compensação bancária.
ou mesmo da cessação indevida desse, pode o usuário utilizar-
se das ações judiciais cabíveis, até as de rito mais célere, como Princípio da Segurança Jurídica
o mandado de segurança e a própria ação cominatória.
Esse princípio veda a aplicação retroativa da nova interpre-
Regra: tação da norma.
▷ Os serviços públicos devem ser adequados e ininter- Caso uma regra seja revogada ou alterada a sua redação
ruptos. ou interpretação, os atos praticados durante a vigência da nor-
Exceção: ma antiga continuam valendo, pois tal princípio visa resguar-
dar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
▷ Aviso prévio;
Assim, temos que a nova interpretação da norma, via de re-
▷ Situações de emergência.
gra, somente terá efeitos prospectivos, ou seja, da data em que
Alcance: for revogada para frente, não atingindo os atos praticados na
▷ Todos os prestadores de serviços públicos; vigência da norma antiga.
▷ Administração Direta;
▷ Administração Indireta; 6. Poderes e Deveres Administrativos
▷ Concessionárias, Autorizatárias e Permissionárias de Para um desempenho adequado do papel que compete à
serviços públicos. administração pública, o ordenamento jurídico confere a ela
Efeitos: poderes e deveres especiais. Nesse capítulo, conheceremos

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▷ Restrição de direitos das prestadoras de serviços pú- seus deveres e poderes de modo a diferenciar a aplicabilidade
blicos, bem como dos agentes envolvidos na presta- de um ou de outro poder ou dever na análise de casos concre-
ção desses serviços, a exemplo do direito de greve. tos, bem como apresentado nas questões de concurso público.
Dessa forma, quem realiza o serviço público se submete a Deveres
algumas restrições:
▷ Restrição ao direito de greve, Art. 37, VII CF/88; Os deveres da administração pública são um conjunto de
obrigações de direito público que a ordem jurídica confere aos
▷ Suplência, delegação e substituição – casos de fun-
agentes públicos com o objetivo de permitir que o Estado al-
ções vagas temporariamente;
cance seus fins.
▷ Impossibilidade de alegar a exceção do contrato não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cumprido, somente em casos em que se configure O fundamento desses deveres é o Princípio da Indispo-
uma impossibilidade de realização das atividades; nibilidade do Interesse Público, pois, como a administração
pública é uma ferramenta do Estado para alcançar seus objeti-
▷ Possibilidade da encampação da concessão do ser-
vos, não é permitido ao agente público usar dos seus poderes
viço, retomada da administração do serviço público
para satisfazer interesses pessoais ou de terceiros. Com base
concedido no prazo na concessão, quando o serviço
nessa regra, concluímos que esses agentes não podem dispor
não é prestado de forma adequada.
do interesse público, por não ser o seu proprietário, e sim o
O Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 22, asse- povo. A ele cabe a gestão da administração pública em prol
gura ao consumidor que os serviços essenciais devem ser con-
da coletividade.
tínuos, caso contrário, aos responsáveis, caberá indenização. O
referido código não diz quais seriam esses serviços essenciais. A doutrina, de um modo geral, enumera, como alguns dos
Podemos usar, como analogia, o Art. 10 da Lei nº 7.783/89, que principais deveres impostos aos agentes administrativos pelo
enumera os que seriam considerados fundamentais: ordenamento jurídico, quatro obrigações administrativas, a
Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:
saber:
I. Tratamento e abastecimento de água; produção ▷ Poder-Dever de Agir;
e distribuição de energia elétrica, gás e combus- ▷ Dever de Eficiência;
tíveis; ▷ Dever de Probidade; 349
6 Curso de direito administrativo, 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 1996, p. 165. ▷ Dever de Prestar Contas.
Poder-Dever de Agir Dever de Prestar Contas
350 O poder-dever de agir determina que toda a Administração O dever de prestar contas decorre diretamente do Princí-
Pública tem que agir em caso de determinação legal. Contudo, pio da Indisponibilidade do Interesse Público, sendo pertinen-
essa é temperada, uma vez que o administrador precisa ter possi- te à função do agente público, que é simples gestão da coisa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

bilidade real de atuar. pública.


Art. 37, § 6º, CF. Policiais em serviço que presenciam um Art.70, Parágrafo único, CF. Prestará contas qualquer
cidadão ser assaltado e morto e nada fazem. Nessa situa-
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utili-
ção, além do dever imposto por lei, havia a possibilidade
de agir. Nesse caso concreto, gera-se a possibilidade de ze, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
indenização por parte do Estado, com base na responsa- bens e valores públicos ou pelos quais a União respon-
bilidade civil do Estado. da, ou que, em nome dessa, assuma obrigações de na-
Enquanto no direito privado agir é uma faculdade do ad- tureza pecuniária.
ministrador, no direito público, agir é um dever legal do agente
público. Poderes Administrativos
Em decorrência dessa regra temos que os poderes admi- São mecanismos que, utilizados isoladamente ou em con-
nistrativos são irrenunciáveis, devendo ser obrigatoriamente junto, permitem que a administração pública possa cumprir
exercidos por seus titulares nas situações cabíveis. suas finalidades. Dessa forma, os poderes administrativos re-
A inércia do agente público acarreta responsabilização a presentam um conjunto de prerrogativas de direito Público
ela por abuso de poder na modalidade omissão. A Administra- que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos
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ção Pública também responderá pelos danos patrimoniais ou para o fim de permitir que o Estado alcance os seus fins,
morais decorrentes da omissão na esfera cível. assim leciona o professor José dos Santos Carvalho Filho.
O fundamento desses poderes é o princípio da suprema-
Dever de Eficiência cia do interesse público, pois, como a administração pública é
A Constituição implementou o dever de eficiência com a uma ferramenta do Estado para alcançar seus objetivos, e tais
introdução da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a chama- objetivos são de interesse de toda coletividade, é necessário
da reforma administrativa. Esse novo modelo instituiu a de- que o Estado possa ter prerrogativas especiais na busca de
nominada “administração gerencial”, tendo vários exemplos seus objetivos. Como exemplo, podemos citar a aplicação de
dispostos no corpo do texto constitucional, como: uma multa de trânsito. Imagine que a lei fale que ultrapassar o
▷ Possibilidade de perda do cargo de servidor estável sinal vermelho é errado, mas que o Estado não tenha o poder
em razão de insuficiência de desempenho (Art. 41, de aplicar a multa. De nada vale a previsão da infração na lei.
§ 1º, III); São Poderes Administrativos descritos pela doutrina pá-
▷ O estabelecimento como condição para o ganho da tria:
estabilidade de avaliação de desempenho (Art. 41,
▷ Poder Vinculado;
§ 4º);
▷ A possibilidade da celebração de contratos de ges- ▷ Poder Discricionário;
tão ( Art. 37, § 8º); ▷ Poder Hierárquico;
▷ A exigência de participação do servidor público em ▷ Poder Disciplinar;
cursos de aperfeiçoamento profissional como um ▷ Poder Regulamentar;
dos requisitos para a promoção na carreira (Art. 39, ▷ Poder de Polícia.
§ 2º).
Dever de Probidade Poder Vinculado
O dever de probidade determina que todo administrador O poder vinculado determina que o administrador somen-
público, no desempenho de suas atividades, atue sempre com te pode fazer o que a lei determina; aqui não se gera poder de
ética, honestidade e boa-fé, em consonância com o Princípio escolha, ou seja, está o administrador preso (vinculado) aos
da Moralidade Administrativa. ditames da lei.
Art. 37, § 4º, CF. Os atos de improbidade administrativa O agente público não pode fazer considerações de con-
importarão a suspensão dos direitos políticos, a per- veniência e oportunidade. Caso descumpra a única hipótese
da da função pública, a indisponibilidade dos bens e o prevista na lei para orientar a sua conduta, praticará um ato
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas ilegal, sendo assim, deve o ato ser anulado.
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Efeitos: Poder Discricionário
▷ A suspensão dos direitos políticos; O poder discricionário gera a margem de escolha, que é a
▷ Perda da função pública; conveniência e a oportunidade, o mérito administrativo. Diz-se
▷ Ressarcimento ao erário; que o agente público pode agir com liberdade de escolha, mas
▷ Indisponibilidade dos bens. sempre respeitando os parâmetros da lei.
É importante alertar que, excepcionalmente, a lei admite
Conveniência
a delegação para outro órgão que não seja hierarquicamente
oportunidade
subordinado ao delegante, conforme podemos constatar da
redação do Art. 12 da Lei nº 9.784/99:
Margem de Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
VINCULADO DISCRICIONÁRIO se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
escolha
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
Sem margem Lei
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
de escolha
• Características da Delegação
Conceitos Não podem ser delegados
jurídicos Edição de atos de caráter normativo;
indeterminados A decisão de recursos administrativos;
Duas são as vertentes que autorizam o poder discricioná- As matérias de competência exclusiva do órgão ou
rio: a lei e os conceitos jurídicos indeterminados. Esses últi- autoridade.
mos são determinações da própria lei, por exemplo: quando Consequências
a Lei prevê a boa-fé, quem decide se o administrado está de
boa ou má-fé é o agente público, sempre sendo razoável e Não acarreta renúncia de competências;
proporcional. Transfere o exercício da atribuição e não a titularida-
de, pois pode ser revogada a delegação a qualquer
Poder Hierárquico tempo pela autoridade delegante;
Manifesta a noção de um escalonamento vertical da Admi-
O ato de delegação e sua revogação deverão ser pu-
nistração Pública, já que temos a subordinação entre órgãos
e agentes, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. blicados em meio oficial.
Observação Avocação Competência
Não há subordinação nem hierarquia: Avocar é o ato discricionário mediante o qual o superior
▷ Entre pessoas distintas; hierárquico traz para si o exercício temporário de determinada
▷ Entre os poderes da república; competência, atribuída por lei a um subordinado.
▷ Entre a administração e o administrado. Cabimento: é uma medida excepcional e deve ser funda-

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Prerrogativas mentada.
Dar ordens: cabe ao subordinado o dever de obediên- Restrições: não podem ser avocadas competências exclu-
cia, salvo nos casos de ordens manifestamente ilegais. sivas do subordinado.
Fiscalizar a atuação dos subordinados. Consequências: desonera o agente de qualquer respon-
sabilidade relativa ao ato praticado pelo superior hierárquico.
Revisar os atos dos subordinados e, nessa atribuição:
▷ Manter os atos vinculados legais e os atos discricio-
nários legais convenientes e oportunos. Somente os atos
administrativos,
▷ Convalidar os atos com defeitos sanáveis. Delegação nunca os atos
▷ Anular os atos ilegais. políticos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Revogar os atos discricionários legais inconvenien-


tes e inoportunos.
A caraterística marcante é o grau de subordinação entre ór- Poder
gãos e agentes, sempre dentro da estrutura da mesma pessoa hierárquico
jurídica. O controle hierárquico permite que o superior aprecie
todos os aspectos dos atos de seus subordinados (quanto à
legalidade e quanto ao mérito administrativo) e pode ocorrer Medida excepcio-
de ofício ou a pedido, quando for interesse de terceiros, por Avocação nal que deve ser
meio de recurso hierárquico. fundamentada
Aplicar sanções aos servidores que praticarem infrações
funcionais.
Segundo a Lei nº 9.784/99, que trata do processo admi-
Delegar Competência nistrativo federal:
Delegação é o ato discricionário, revogável a qualquer
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
tempo, mediante o qual o superior hierárquico confere o exer-
cício temporário de algumas de suas atribuições, originaria- I. a edição de atos de caráter normativo; 351
mente pertencentes ao seu cargo, a um subordinado. II. a decisão de recursos administrativos;
III. as matérias de competência exclusiva do órgão berá ao Congresso Nacional sustar os seus dispositi-
352 ou autoridade. vos violadores da lei.
Exercício
Poder Disciplinar
Somente por decretos dos chefes do poder Executi-
O poder disciplinar é uma espécie de poder-dever de agir
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vo (Presidente da República, Governadores e Prefei-


da Administração Pública. Dessa forma, o administrador pú-
tos), sendo uma competência exclusiva, indelegável
blico atua de forma a punir internamente as infrações come-
a qualquer outra autoridade.
tidas por seus agentes e, em exceção, atua de forma a, punir
particulares que mantenham um vínculo jurídico específico Natureza
com a Administração. Decreto: Natureza secundária ou derivada;
O poder disciplinar não pode ser confundido com o jus pu- Lei: Natureza primária ou originária.
niendi do Estado, ou seja, com o poder do Estado de aplicar a Prazo para regulamentação
lei penal a quem comete uma infração penal. ▷ A lei a ser regulamentada deve apontar;
Em regra, o poder disciplinar é discricionário, algumas ▷ A ausência do prazo é inconstitucional;
vezes, é vinculado. Essa discricionariedade se encontra na es- ▷ Enquanto não regulamentada, a lei é inexequível
colha da quantidade de sanção a ser aplicada dentro das hi- (não pode ser executada);
póteses previstas na lei, e não na faculdade de punir ou não o ▷ Se o chefe do executivo descumprir o prazo, a lei se
infrator, pois puni-lo é um dever, sendo assim, a punição não é torna exequível (pode ser executada);
▷ A competência para editar decreto regulamentar
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discricionária, quantidade de punição que em regra é. Porém,


é importante lembrar que, quando a lei apontar precisamente não pode ser objeto de delegação.
a penalidade ou a quantidade dela que deve ser aplicada para Decreto Autônomo
determinada infração, o poder disciplinar será vinculado. A Emenda Constitucional nº 32, alterou o Art. 84 da Consti-
Punir internamente infrações
tuição Federal e deu ao seu inciso VI a seguinte redação:
funcionais de seus servidores Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
pública:
Poder VI. dispor, mediante decreto, sobre:
disciplinar
Punir infrações administrati-
a) organização e funcionamento da adminis-
vas cometidas por particulares tração federal, quando não implicar aumento de
ligados a administração por um despesa nem criação ou extinção de órgãos pú-
vínculo jurídico específico blicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos,
Quando a Administração atua punindo particulares (co- quando vagos;
muns) que cometeram falta, ela está usando o poder de Essa previsão se refere ao que a doutrina chama de decreto
polícia. Contudo, quando atua penalizando particulares que autônomo, pois se refere à predição para o presidente da repú-
mantenham um vínculo jurídico específico (plus), estará blica tratar mediante decreto de determinados assuntos, sem lei
utilizando o poder disciplinar. anterior, balizando a sua atuação, pois a baliza foi a própria Consti-
tuição Federal. O decreto é autônomo porque não depende de lei.
Poder Regulamentar
Características
Existem duas formas de manifestação do poder regulamen-
tar: o decreto regulamentar e o autônomo, sendo que o primeiro é ▷ Inova o ordenamento jurídico;
a regra e o segundo é a exceção. ▷ O decreto autônomo tem natureza primária ou ori-
ginária;
Decreto Regulamentar
▷ Somente pode tratar das matérias descritas no Art.
Também denominado decreto executivo ou regulamento 84, VI, da Constituição Federal;
executivo.
▷ O Presidente da República poderá delegar as atri-
O decreto regulamentar é uma prerrogativa dos chefes do buições mencionadas para edição de decretos autô-
poder executivo de regulamentar a lei para garantir a sua fiel nomos aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral
aplicação. da República ou ao Advogado-Geral da União, que
Restrições observarão os limites traçados nas respectivas de-
▷ Não inova o ordenamento jurídico; legações, conforme prevê o inciso único do Art. 84.
▷ Não pode alterar a lei; As regras relativas às competências do Presidente da Re-
▷ Não pode criar direitos e obrigações; pública no uso do decreto regulamentar e do autônomo são
▷ Caso o decreto regulamentar extrapole os limites da estendidas aos demais chefes do executivo nacional dentro
lei, haverá quebra do princípio da legalidade. Nessa das suas respectivas administrações públicas. Sendo assim,
situação, se do decreto regulamentar for federal, ca- governadores e prefeitos podem tratar, mediante decreto au-
tônomo, dos temas estaduais e municipais de suas respectivas
administrações que o Presidente da República pode resolver, PODER DE
POLÍCIA
mediante decreto autônomo, na esfera da administração pú-
blica federal.
DECRETO DE EXECUÇÃO DISPÕE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
É a regra;
USO E GOZO DOS BENS
Pode ser editado pelos chefes do Executivo; EXERCÍCIO DE DIREITO
CONDICIONAR
Não inova o ordenamento jurídico e necessita de amparo de uma lei; RESTRINGIR ATIVIDADE PARTICULAR

É de competência exclusiva, não pode ser delegável.


DECRETO AUTÔNOMO FINS PÚBLICOS

É a exceção; Atributos do Poder de Polícia


Somente pode ser editado pelo Presidente da República; Discricionariedade: o poder de polícia, em regra, é discri-
cionário, pois dá margem de liberdade dentro dos parâmetros
Inova lei nos casos do Art. 84, IV, a e b do texto constitucional; legais ao administrador público para agir; contudo, se a lei exi-
É de competência privativa e pode ser delegável de acordo com o Art. 84, gir, tal poder pode ser vinculado.
parágrafo único. O Estado escolhe as atividades que sofrerão as fiscaliza-
ções da polícia administrativa. Essa escolha é manifestação da
Poder de Polícia discricionariedade do poder de polícia do Estado. Também é
O Código Tributário Nacional, em seu Art. 78, ao tratar dos manifestação da discricionariedade do poder de polícia a ma-
joração da quantidade de pena aplicada a quem cometer uma
fatos geradores das taxas, assim conceitua poder de polícia:
infração sujeita à disciplina do poder de polícia.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da Nos casos em que a lei prever uma pena que tenha du-
Administração Pública que, limitando ou disciplinan- ração no tempo e não fixar exatamente a quantidade, dando
do direito, interesse ou liberdade, regula a prática de uma margem de escolha de quantidade ao julgador, temos o
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse pú- exercício do poder discricionário na atuação de polícia e, como
blico concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos limite desse poder de punir, temos a própria lei que traz a or-
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao dem de polícia e ainda os princípios da razoabilidade e da pro-
exercício de atividades econômicas dependentes de porcionalidade que vedam a aplicação da pena em proporção

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concessão ou autorização do Poder Público, à tran- superior à gravidade do fato ilícito praticado.
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos Autoexecutoriedade: é a prerrogativa da Administração
direitos individuais ou coletivos (vide Código Tributário Pública de executar diretamente as decisões decorrentes do
poder de polícia, por seus próprios meios, sem precisar recor-
nacional).
rer ao judiciário.
Hely Lopes Meirelles conceitua poder de polícia como a fa-
culdade que dispõe a Administração Pública para condicionar, Cabimento
restringir o uso, o gozo de bens, atividades e direitos indivi- Autorização da Lei;
duais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Medida Urgente.
A autoexecutoriedade no uso do poder de polícia não é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É competente para exercer o poder de polícia administrati-
va sobre uma dada atividade o ente federado, ao qual a Cons- absoluta, tendo natureza relativa, ou seja, não são todos os
atos decorrentes do poder de polícia que são autoexecutórios.
tituição da República atribui competência para legislar sobre
Para que um ato assim ocorra, é necessário que ele seja exigí-
essa mesma atividade, para regular a prática dessa. vel e executório ao mesmo tempo:
Assim, podemos dizer que o poder de polícia é discricio- Exigibilidade: exigível é aquela conduta prevista na
nário em regra, podendo ser vinculado nos casos em que a norma que, caso seja infringida, pode ser aplicada
lei determinar. Ele dispõe que toda a Administração Pública uma coerção indireta, ou seja, caso a pessoa venha a
pode condicionar ou restringir os direitos dos administrados sofrer uma penalidade e se recuse a aceitar a aplica-
em caso de não cumprimento das determinações legais. ção da sanção, a aplicação dessa somente poderá ser
O poder de polícia fundamenta-se no de império do executada por decisão judicial. É o caso das multas, por
exemplo, que podem ser lançadas a quem comete uma
Estado (Poder Extroverso), que decorre do Princípio da Su-
infração de trânsito, a administração não pode receber
premacia do Interesse Público, pois, por meio de imposições o valor devido por meio da coerção, caso a pessoa pe-
limitando ou restringindo a esfera jurídica dos administrados, nalizada se recuse a pagar a multa, o seu recebimento
visa à Administração Pública à defesa de um bem maior, que é dependerá de execução judicial pela Administração Pú-
proteção dos direitos da coletividade, pois o interesse público blica. A exigibilidade é uma característica de todos os 353
prevalece sobre os particulares. atos praticados no exercício do poder de polícia.
Executoriedade: executória é a norma que, caso seja ção de polícia, sendo assim, esse ciclo, para se completar,
354 desrespeitada, permite a aplicação de uma coerção pode passar por quatro fases distintas:
direta, ou seja, a administração pode utilizar da for- Ordem de Polícia: é a Lei inovadora que tem trazido limites
ça coercitiva para garantir a aplicação da penalida- ou condições ao exercício de atividades privadas ou uso de bens.
de, sem precisar recorrer ao judiciário. Consentimento: é a autorização prévia fornecida pela Ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É o caso das sanções de interdição de estabelecimentos ministração para a prática de determinada atividade privada
comerciais, suspensão de direitos, entre outras. Não são todas ou para usar um bem.
as medidas decorrentes do poder de polícia executórias. Fiscalização: é a verificação, por parte da administração
O ato de polícia para ser autoexecutório precisa ser ao pública, para certificar-se de que o administrado está cum-
mesmo tempo exigível e executório, ou seja, nem todos os prindo as exigências contidas na ordem de polícia para a práti-
atos decorrentes do poder de polícia são autoexecutórios. ca de determinada atividade privada ou uso de bem.
Coercibilidade: esse atributo informa que as Sanção de Polícia: é a coerção imposta pela administração
determinações da Administração podem ser im- ao particular que pratica alguma atividade regulada por ordem
postas coercitivamente ao administrado, ou seja, de polícia em descumprimento com as exigências contidas.
o particular é obrigado a observar os ditames da É importante destacar que o ciclo de polícia não precisa ne-
administração. Caso ocorra resistência por parte cessariamente comportar essas quatro fases, pois as de ordem e
desse, a administração pública estará autorizada fiscalização devem sempre estar presentes em qualquer atuação
a usar força, independentemente de autorização de polícia administrativa, todavia, as fases de consentimento e de
judicial, para fazer com que seja cumprida a re- sanção não estarão presentes em todos os ciclos de polícia.
gra de polícia. Todavia, os meios utilizados pela
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administração devem ser legítimos, humanos e Prescrição


compatíveis com a urgência e a necessidade da O prazo de prescrição das ações punitivas decorrentes do
medida adotada. exercício do poder de polícia é de 5 anos para a esfera federal,
conforme constata-se na redação do Art. 1º da Lei nº 9.873/99:
Classificação
Art. 1º. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Ad-
O poder de polícia pode ser originário, no caso da Admi- ministração Pública Federal, direta e indireta, no exer-
nistração Pública direta e derivada. Quando diz respeito as au- cício do poder de polícia, objetivando apurar infração a
tarquias, a doutrina orienta que fundações públicas, sociedade legislação em vigor, contados da data da prática do ato
de economia mista e empresas públicas não possuem o poder ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
de polícia em suas ações. Classificação: dia em que tiver cessado.
Poder de Polícia Originário:
Dado à Administração Pública Direta. Polícia Administrativa X Polícia Judiciária
Poder de Polícia Delegado: Polícia Administrativa: atua visando evitar a prática de in-
Dado às pessoas da Administração Pública Indireta frações administrativas, tem natureza preventiva, entretanto,
que possuem personalidade jurídica de direito pú- em alguns casos ela pode ser repressiva. A polícia administra-
blico. Esse poder somente é proporcionado para as tiva atua sobre atividades privadas, bens ou direitos.
autarquias ligadas à Administração Indireta. Polícia Judiciária: atua com o objetivo de reprimir a infra-
O poder de polícia não pode ser exercido por particulares ou ção criminal, tem natureza repressiva, mas, em alguns casos,
por pessoas jurídicas de direito privado da administração indireta, pode ser preventiva. Ao contrário da polícia administrativa que
entretanto, o STJ em uma recente decisão entendeu que os atos atua sobre atividades privadas, bens ou direitos, a atuação da
de consentimento de polícia e de fiscalização dessa, que por si só judiciária recai sobre as pessoas.
não têm natureza coercitiva, podem ser delegados às pessoas ju- Poder de Polícia X Prestação de Serviços Públicos
rídicas de direito privado da Administração Indireta. Não podemos confundir toda atuação estatal com a pres-
tação de serviços públicos, pois, dentre as diversas atividades
Meios de Atuação desempenhadas pela Administração Pública, temos, além da
O poder de polícia pode ser exercido tanto preventivamen- prestação de serviços públicos, o exercício do poder de polícia,
te quanto repressivamente. o fomento, a intervenção na propriedade privada, entre outras.
Prevenção: manifesta-se por meio da edição de atos Distingue-se o poder de polícia da prestação de serviços
normativos de alcance geral, tais como leis, decretos, reso- públicos, pois essa é uma atividade positiva, que se manifesta
luções, entre outros, e também por meio de várias medidas numa obrigação de fazer.
administrativas, tais como a fiscalização, a vistoria, a notifi- Poder de Polícia: atividade negativa, que traz a noção de não
cação, a licença, a autorização, entre outros. fazer, proibição, excepcionalmente pode trazer uma obrigação de
Repressão: manifesta-se por meio da aplicação de puni- fazer. Seu exercício sofre tributação mediante taxa e é indelegável
ções, tais como multas, interdição de direitos, destruição de a particulares.
mercadorias etc. Serviço Público: atividade positiva, que traz a noção de
fazer algo. A sua remuneração se dá por meio da tarifa, que
Ciclo de Polícia não é um tributo, mas sim, uma espécie de preço público, e
O ciclo de polícia se refere às fases de atuação desse o serviço público, mesmo sendo de titularidade exclusiva do
poder, ordem de polícia, consentimento, fiscalização e san- Estado, é delegável a particulares.
Abuso de Poder Imprescritível: a competência pode ser executada
a qualquer tempo. Somente a lei pode exercer a
O administrador público tem que agir obrigatoriamente em
obediência aos princípios constitucionais, do contrário, sua ação função de determinar prazos prescricionais. Ex.: o
pode ser arbitrária e, consequentemente, ilegal, o que gerará o cha- Art. 54 da Lei nº 9.784/99 determina o prazo deca-
mado abuso de poder. dência de cinco anos para anular atos benéficos para
Excesso de Poder: quando o agente público atua fora dos o administrado de boa-fé.
limites de sua esfera de competência. Finalidade
Desvio de Poder: quando a atuação do agente, embora den-
tro de sua órbita de competência, contraria a finalidade explícita Visa sempre ao interesse público e à finalidade específica pre-
ou implícita na lei que determinou ou autorizou a sua atuação, vista em lei. Ex.: remoção de ofício.
tanto é desvio de poder a conduta contrária à finalidade geral Forma
(ou mediata) do ato – o interesse público –, quanto a que discre-
pe de sua finalidade específica (ou imediata). O ato administrativo é, em regra, formal e escrito.
Omissão de Poder: ocorre quando o agente público fica A Lei nº 9.784/99, que trata dos processos administra-
inerte diante de uma situação em que a lei impõe o uso do tivos no âmbito da União, reza pelo Princípio do Informa-
poder. lismo, admitindo que existam atos verbais ou por meio de
Todos os atos que forem praticados com abuso de poder sinais (de acordo com o contexto).
são ilegais e devem ser anulados; essa anulação pode aconte- Motivo
cer tanto pela via administrativa quanto pela via judicial.
O remédio constitucional para combater o abuso de poder O motivo é a causa imediata do ato administrativo. É a si-
é o Mandado de Segurança. tuação de fato e de direito que determina ou autoriza a prática
do ato, ou, em outras palavras, o pressuposto fático e jurídico
7. Ato Administrativo (ou normativo) que enseja a prática do ato.
Ex.: Art. 40, § 1º, II, “a”, CF. Trata da aposentadoria por
tempo de contribuição.
Conceito de Ato Administrativo
Ato administrativo é toda manifestação unilateral de von- Objeto
tade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, É o ato em si, ou seja, no caso da remoção o ato adminis-
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modi- trativo é o próprio instituto da remoção.
ficar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos Exemplo dos elementos em um ato administrativo:
administrados ou a si própria. Demissão: quanto ao ato de demissão deve ter o agente

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Da prática dos atos administrativos gera-se: competente para determiná-lo (competência), depois disso,
▷ Superioridade deve ser revertido de forma escrita (forma), a finalidade deve
▷ Efeitos jurídicos ser o interesse público (finalidade), o motivo deve ser embasado
em lei, ou seja, os casos do Art. 132 da Lei nº 8.112/90, o objeto é
Elementos de Validade do Ato o próprio instituto da demissão que está prescrito em lei.

Competência Motivação
Poderes que a lei confere aos agentes públicos para exer- É a exteriorização por escrito dos motivos que levaram a
cer funções com o mínimo de eficácia. A competência tem ca- produção do ato.
▷ Faz parte do elemento forma e não do motivo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ráter instrumental, ou seja, é um instrumento outorgado para
satisfazer interesses públicos – finalidade pública. ▷ Teoria dos Motivos Determinantes.
Características da competência: A motivação é elemento de controle de validade dos atos
administrativos. Se ela for falsa, o ato é ilegal, independente-
Obrigatoriedade: ela é obrigatória para todos os
mente da sua qualidade (discricionário ou vinculado).
agentes e órgãos públicos.
Devem ser motivados:
Irrenunciabilidade: a competência é um poder-de-
▷ Todos os atos administrativos vinculados;
ver de agir e não pode ser renunciada pelo detentor
▷ Alguns atos administrativos discricionários (atos pu-
do poder-dever. Contudo, tem caráter relativo uma nitivos, que geram despesas, dentre outros).
vez que a competência pode ser delegada ou pode
A Lei nº 9.784/99, em seu Art. 50, traz um rol dos atos que
ocorrer a avocação. devem ser motivados. Veja a seguir:
Intransferível: mesmo após a delegação, a compe- Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados,
tência pode ser retomada a qualquer tempo pelo com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
titular do poder-dever, por meio da figura da revo- quando:
gação. I. Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
Imodificável: pela vontade do agente, pois somente II. Imponham ou agravem deveres, encargos ou 355
a lei determina competências. sanções;
III. Decidam processos administrativos de concurso Autoexecutoriedade
356 ou seleção pública;
O ato administrativo, uma vez produzido pela Admi-
IV. Dispensem ou declarem a inexigibilidade de
nistração, é passível de execução imediata, independente-
processo licitatório; mente de manifestação do Poder Judiciário.
V. Decidam recursos administrativos;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para Hely Lopes Meirelles, deve haver previsão legal, a


VI. Decorram de reexame de ofício; exceção existe em casos de emergência. Esse atributo incide
VII. Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre em todos os atos, com exceção dos enunciativos e negociais.
a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro- A administração não goza de autoexecutoriedade na cobrança
postas e relatórios oficiais; de débito, quando o administrado resiste ao pagamento.
VIII. Importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo. Tipicidade
§ 1º - A motivação deve ser explícita, clara e congruen- O ato deve observar a forma e o tipo previsto em lei para
te, podendo consistir em declaração de concordância sua produção.
com fundamentos de anteriores pareceres, informa-
ções, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão Classificação dos Atos Administrativos
parte integrante do ato. Atos Vinculados: são os que a Administração pratica sem
§ 2º - Na solução de vários assuntos da mesma nature- margem alguma de liberdade de decisão, pois a lei previamen-
za, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os te determinou o único comportamento possível a ser obrigato-
fundamentos das decisões, desde que não prejudique riamente adotado sempre que se configure a situação objetiva
descrita na lei. Não cabe ao agente público apreciar a situação
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direito ou garantia dos interessados.


objetiva descrita nela.
§ 3º - A motivação das decisões de órgãos colegiados e
Atos Discricionários: a Administração pode praticar, com
comissões ou de decisões orais constará da respectiva
certa liberdade de escolha, nos termos e limites da lei, quanto
ata ou de termo escrito.
ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e
Atributos do Ato sua conveniência administrativa.
Atos Gerais: caracterizam-se por não possuir destinatários
Qualidades especiais dos atos administrativos que lhes as-
determinados. Os Atos Gerais são sempre determinados e preva-
seguram uma qualidade jurídica superior a dos atos de direito
lecem sobre os individuais. Podem ser revogados a qualquer tem-
privado.
po. Ex.: são os decretos regulamentares. Esses atos necessitam
Presunção de Legitimidade e Veracidade ser publicados em meio oficial.
Presume-se, em caráter relativo, que os atos da admi- Atos Individuais: são aqueles que possuem destinatários
nistração foram produzidos em conformidade com a lei e os certos (determinados), produzindo diretamente efeitos con-
fatos deles. Para os administrados são obrigatórios. Ocorre cretos, constituindo ou declarando situação jurídicas subje-
aqui, a inversão do ônus da prova (cabe ao administrado tivas. Ex.: nomeação em concurso público e exoneração. Os
provar que o ato é vicioso). atos podem ser discricionários ou vinculados e sua revogação
Consequências somente é passível caso não tenha gerado direito adquirido.
Imediata executoriedade do ato administrativo, mesmo Atos Simples: decorrem de uma única manifestação de
impugnado pelo administrado. Até decisão que reconhece o vontade, de um único órgão.
vício ou susta os efeitos do ato. Atos Complexos: necessitam, para formação de seu con-
Impossibilidade de o Poder Judiciário analisar, de ofí- teúdo, da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos.
cio, elementos de validade do ato não expressamente im- Atos Compostos: o seu conteúdo depende de manifesta-
pugnados pelo administrado. ção de vontade de um único órgão, contudo, para funcionar,
necessita de outro ato que o aprove.
Imperatividade Diferenças entre ato complexo e ato composto:
Imperativo, ou seja, é impositivo e independe da anuência Ato Complexo Ato Composto
do administrado.
Exceção 1 ato 2 atos
Atos Negociais: a Administração concorda com uma pre- 2 vontades 2 vontades
tensão do Administrado ou reconhece que ela satisfaz os re-
2 ou + órgãos 1 órgão com a aprovação de outro
quisitos para o exercício de certo direito (autorização e permis-
são – discricionário; licença - vinculado).
Atos Enunciativos: declaram um fato ou emitem uma opi-
Espécies de Atos Administrativos
nião sem que tal manifestação produza por si só efeitos jurí- ▷ Normativo;
dicos. ▷ Ordinatórios;
Relacionado ao poder extroverso do Estado (expressão ▷ Negociais;
italiana do autor Renato Aless), esse poder é usado como ▷ Enunciativos;
sinônimo para imperatividade nas provas de concurso. ▷ Punitivos.
Atos Normativos ▷ Podem ser vinculados, discricionários, definitivos e
precários.
São atos caracterizados pela generalidade e pela abstra-
ção, isto é, um ato normativo não é prescrito para uma situa- Atos Negociais Vinculados: reconhecem um direito subjeti-
ção determinada, mas para todos os eventos assemelhados; a vo do particular, mediante um requerimento, desse particular,
abstração deriva do fato desse ato não representar um caso comprovando preencher os requisitos que a lei exige para a
concreto, determinado, mas, sim, um caso abstrato, descrito anuência do direito, a Administração obrigatoriamente deve
na norma e possível de acontecer no mundo real. A regra abs- praticar o ato.
trata deve ser aplicada no caso concreto.
Atos Negociais Discricionários: não reconhecem um direito
Finalidade: regulamentar as leis e uniformizar procedi-
subjetivo do particular, pois, mesmo que esse atenda às exi-
mentos administrativos.
gências necessárias para a obtenção do ato, a Administração
Características: poderá não praticá-lo, decidindo se executa ou não o ato por
▷ Não possuem destinatários determinados; juízo de conveniência e oportunidade.
▷ Correspondem aos atos gerais;
Atos negociais definitivos: não comportam revogação, são
▷ Não pode inovar o ordenamento jurídico; atos vinculados, mas podem ser anulados ou cassados. Sendo
▷ Controle. assim, esses atos geram, ao particular, apenas uma expectati-
Regra: os atos administrativos normativos não podem ser va de definitividade.
atacados mediante recursos administrativos ou judiciais.
Atos negociais precários: podem ser revogados a qualquer
Exceção: atos normativos que gerarem efeitos concretos
tempo, são atos discricionários; via de regra, a revogação do
para determinado destinatário podem ser impugnados pelo
ato negocial não gera direito de indenização ao particular.
administrado na via judicial ou administrativa.
Ex.: Decretos regulamentares, instruções normativas, Espécies de Atos Negociais
atos declaratórios normativos. Licença: fundamenta-se no poder de polícia da Adminis-
Atos Ordinatórios tração. É ato vinculado e definitivo, pois reconhece um direi-
São atos administrativos endereçados aos servidores pú- to subjetivo do particular, mediante um requerimento desse,
blicos em geral. comprovando preencher os requisitos que a lei exige. Para a
Finalidade: divulgar determinações aplicáveis ao adequa- anuência do direito, a Administração, obrigatoriamente, deve
do desempenho de suas funções. praticar o ato. A licença não comporta revogação, mas ela
pode ser anulada ou cassada, sendo assim, esses atos geram,
Características: ao particular, apenas uma expectativa de definitividade.
▷ Atos internos; Ex.: Alvará para a realização de uma obra, alvará para o

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▷ Decorrem do exercício do poder hierárquico; funcionamento de um estabelecimento comercial, licen-
▷ Vinculam os servidores subordinados ao órgão que ça para dirigir, licença para exercer uma profissão.
o expediu; Admissão: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
▷ Não atingem os administrados; ministração faculta a alguém a inclusão em estabelecimento
▷ Estão hierarquicamente abaixo dos atos normativos; governamental para o gozo de um serviço público. O ato de
▷ Devem obediência aos atos normativos que tratem admissão não pode ser negado aos que preencham as condi-
da mesma matéria relacionada ao ato ordinatório. ções normativas requeridas.
Ex.: Instruções, circulares internas, portarias, ordens de Ex.: Ingresso em estabelecimento oficial de ensino na
serviço. qualidade de aluno; o desfrute dos serviços de uma bi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
blioteca pública como inscrito entre seus usuários.
Atos Negociais Aprovação: é o ato unilateral e discricionário pelo qual a
São atos administrativos editados quando o ordenamento Administração faculta a prática de ato jurídico (aprovação pré-
jurídico exige que o particular obtenha anuência prévia da Ad- via) ou manifesta sua concordância com ato jurídico já pratica-
ministração para realizar determinada atividade de interesse do (aprovação a posteriori).
dele ou exercer determinado direito. Homologação: é o ato unilateral e vinculado de controle
Finalidade: satisfação do interesse público, ainda que essa pelo qual a Administração concorda com um ato jurídico ou
possa coincidir com o interesse do particular que requereu o ato. série de atos (procedimento) já praticados, verificando a con-
sonância deles com os requisitos legais condicionadores de
Características: sua válida emissão.
▷ Os atos negociais não são imperativos, coercitivos e Autorização: na maior parte das vezes em que é pra-
autoexecutórios; ticado, fundamenta-se no poder de polícia do Estado
▷ Os atos negociais não podem ser confundidos com quando a lei exige a autorização como condicionante para
contratos, pois, nesses existe manifestação de vontade prática de uma determinada atividade privada ou para o
bilateral e, nos atos negociais, nós temos uma manifes- uso de bem público. Todavia, a autorização também pode
tação de vontade unilateral da Administração Pública, representar uma forma de descentralizar, por delegação, 357
que é provocada mediante requerimento do particular; serviços públicos para o particular.
A autorização é caracterizada por uma predominância O atestado não se assemelha à certidão, pois essa declara uma
358 do interesse do particular que solicita o ato, todavia, tam- informação constante em banco de dados e aquele declara um
bém existe interesse público na prática desse ato. fato que não corresponde a um registro de um arquivo da Ad-
É um ato discricionário, pois não reconhece um direito sub- ministração.
jetivo do particular; mesmo que esse atenda às exigências ne- Parecer: é um documento técnico, confeccionado por ór-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cessárias para a obtenção do ato, a Administração poderá não gão especializado na respectiva matéria tema do parecer, em
praticá-lo, decidindo se desempenha ou não o ato por juízo de que o órgão emite sua opinião relativa ao assunto.
conveniência e oportunidade. Apostila: apostilar significa corrigir, emendar, complementar
É um ato precário, pois pode ser revogado a qualquer tem- um documento. É o aditamento de um contrato administrativo ou
po. Via de regra, a revogação da autorização não gera direito de de um ato administrativo. É um ato de natureza aditiva, pois sua
indenização ao particular, mas, caso a autorização tenha sido finalidade é adicionar informações a um registro já existente.
concedida por prazo certo, pode haver o direito de indenização Ex.: Anotar alterações na situação funcional de um servidor.
para o particular.
Prazo: a autorização é concedida sem prazo determinado,
Atos Punitivos
todavia, pode havê-la outorgada por prazo certo. São os atos administrativos por meio dos quais a Adminis-
Exs.: tração Pública impõe sanções a seus servidores ou aos admi-
Atividades potencialmente perigosas e que podem co- nistrados.
locar em risco a coletividade, por isso, a necessidade de Fundamento
regulação do Estado; Poder Disciplinar: quando o ato punitivo atinge ser-
Autorização para porte de arma de fogo; vidores públicos e particulares ligados à Administra-
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Autorização para a prestação de serviços privados de ção por algum vínculo jurídico específico.
educação e saúde; Poder de Polícia: quando o ato punitivo atinge a
Autorização de uso de bem público; particulares não ligados à Administração Pública por
Autorização de serviço público: prestação de serviço de táxi. um vínculo jurídico específico.
Permissão: é o ato administrativo discricionário e precá- Os atos punitivos podem ser internos e externos:
rio, pelo qual a Administração Pública consente ao particular
o exercício de uma atividade de interesse predominantemente Atos Punitivos Internos: têm como destinatários os
servidores públicos e aplicam penalidades discipli-
da coletividade.
nares, ou seja, os atos punitivos internos decorrem
Características: sempre do poder disciplinar.
▷ Pode ser concedida por prazo certo; Atos Punitivos Externos: têm como destinatários os
▷ Pode ser imposta condições ao particular. particulares. Podem ter fundamento decorrente do
A Permissão é um ato precário, pois pode ser revogada a poder disciplinar, quando punem particulares sujeitos
qualquer tempo. Via de regra, a revogação da permissão não à disciplina administrativa, ou podem ter fundamento
gera direito de indenização ao particular, mas, caso a autori- no poder de polícia, quando punem particulares não
zação tenha sido concedida por prazo certo ou sob condições, ligados à Administração Pública.
pode haver o direito de indenização para o particular. Todo ato punitivo interno decorre do poder disciplinar,
A permissão concedida ao particular, por meio de um ato mas nem todo ato que decorre do poder punitivo que surge
administrativo, não se confunde com a permissão para a pres- do poder disciplinar é um ato punitivo interno, pois, quan-
tação de serviços públicos. Nesse último caso, representa uma do a Administração aplica punição aos particulares ligados
espécie de descentralização por delegação realizada por meio a administração, essa punição decorre do poder disciplinar,
de contrato. mas também representa um ato punitivo externo.
Ex.: Permissão de uso de bem público. Todo ato punitivo decorrente do poder de polícia é um ato
punitivo externo, pois, nesse caso, temos a Administração pu-
Atos Enunciativos nindo sempre o particular.
São atos administrativos enunciativos aqueles que têm por
finalidade declarar um juízo de valor, uma opinião ou um fato. Extinção dos Atos Administrativos
Características: Anulação ou Controle de Legalidade
▷ Não produzem efeitos jurídicos por si só; É o desfazimento do ato administrativo que decorre de ví-
▷ Não contêm uma manifestação de vontade da ad- cio de legalidade ou de legitimidade na prática do ato.
ministração. Cabimento
Ex.: Certidão, atestado, parecer e apostila.
▷ Ato discricionário;
Certidão: é uma cópia de informações registradas em
banco de dados da Administração. Geralmente, é concedida ▷ Ato vinculado.
ao particular mediante requerimento da informação registrada Competência para Anular
pela Administração. ▷ Entidade da Administração Pública que praticou o
Atestado: declara uma situação de que a Administração ato: pode anular o ato a pedido do interessado ou de
tomou conhecimento em virtude da atuação de seus agentes. ofício em razão do princípio da autotutela.
▷ Poder Judiciário: pode anular somente por provoca- Vício de Forma
ção do interessado. Exceção: a lei determina que a forma seja elemento es-
Efeitos da Anulação: Ex tunc, retroagem desde a data da prá- sencial de validade de determinado ato (também não cabe
tica do ato, impugnando a validade do ato. convalidação).
Prazo: 5 (cinco) anos Convalidação Tácita
▷ Contagem; O Art. 54 da Lei nº 9.784/99 prevê que a Administração
▷ Prática do ato. tem o direito de anular os atos administrativos de que decor-
No caso de efeitos patrimoniais contínuos, a partir do pri- ram efeitos favoráveis para os destinatários. O prazo é de cinco
meiro pagamento. anos, contados da data em que forem praticados, salvo com-
Revogação ou Controle de Mérito provada má-fé. Transcorrido esse prazo, o ato foi convalidado,
pois não pode ser mais anulado pela Administração.
É o desfazimento do ato administrativo por motivos de
conveniência e oportunidade. Convalidação Expressa
Cabimento Art. 55, Lei nº 9.784/99. Em decisão na qual se evidencie
não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo
▷ Ato discricionário legal, inconveniente e inoportuno; a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
▷ Não é cabível a revogação de ato vinculado. poderão ser convalidados pela própria Administração.
Competência para Revogar
Apenas a entidade da Administração Pública que praticou 8. Improbidade Administrativa
o ato. A improbidade administrativa está prevista no texto cons-
Não pode o controle de mérito ser feito pelo Poder Judiciário titucional em seu Art. 37, § 4º, que prevê:
na sua função típica de julgar. Todavia, a Administração Pública Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa im-
está presente nos três poderes da União e, caso uma entidade portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
dos Poderes Judiciário, Legislativo ou Executivo pratique um função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
ato discricionário legal, que com o passar do tempo, se mostre cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
inconveniente e inoportuno, somente a entidade que criou o ato sem prejuízo da ação penal cabível.
tem competência para revogá-lo. A norma constitucional determinou que os atos de impro-
Assim, o poder judiciário não tem competência para exer- bidade administrativa deveriam ser regulamentados para a
cer o controle de mérito dos atos da Administração Pública, sua execução, o que ocorreu com a edição da Lei nº 8.429/92,
mas a essa do Poder Judiciário pratica atos administrativos e que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
cabe somente a ela a revogação dos atos praticados por ela

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nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
mesma. cargo, emprego ou função na administração pública direta, in-
Efeitos da Revogação: Ex nunc, não retroagem, ou seja, a re- direta ou fundacional e dá outras providências.
vogação gera efeitos prospectivos, para frente.
Cassação Sujeitos
É o desfazimento do ato administrativo decorrente do des- Sujeito Passivo (Vítima)
cumprimento dos requisitos que permitem a manutenção do A administração direta, indireta ou fundacional de qual-
ato. Na maioria das vezes, a cassação representa uma sanção quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
aplicada ao particular que deixou de atender às condições exi- dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao pa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
gidas para a manutenção do ato. trimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
Como exemplo, temos a cassação da carteira de moto- erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patri-
rista, que nada mais é do que a cassação de um ato admi- mônio ou da receita anual.
nistrativo classificado como licença. A cassação da licença Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
para dirigir decorre da prática de infrações de trânsito pra- fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas
ticadas pelo particular, sendo assim, nesse caso, essa cas- para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
sação é uma punição. concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio
ou da receita anual, limitando-se, nesses casos, a sanção
Convalidação patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
Convalidação é a correção com efeitos retroativos do ato dos cofres públicos.
administrativo com defeito sanável, o qual pode ser conside-
rado:
Sujeito Ativo (Pessoa que Pratica o
Vício de Competência Relativo à Pessoa
Ato de Improbidade Administrativa)
Agente público (exceção agente político sujeito a crime de
Exceção: competência exclusiva (não cabe convalidação). responsabilidade STF), servidores ou não, com algum tipo de
O vício de competência relativo à matéria não é considera- vínculo nas entidades que podem ser vítimas de improbidade 359
do um defeito sanável e também não cabe convalidação. administrativa.
Conceito de Agente Público para Aplicação da Lei II. Perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
360 Reputa-se agente público, para os efeitos dessa lei, todo para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remune- móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
ração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- entidades referidas no Art. 1º por preço superior ao
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, em- valor de mercado;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. III. Perceber vantagem econômica, direta ou indi-
Qualquer pessoa que induza ou concorra com o agente pú- reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
blico ou que se beneficie do ato. de bem público ou o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
As disposições dessa lei são aplicáveis, no que couber,
IV. Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou con-
corra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie máquinas, equipamentos ou material de qualquer
sob qualquer forma direta ou indireta. natureza, de propriedade ou à disposição de qual-
quer das entidades mencionadas no Art. 1º desta
Regras Gerais lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
empregados ou terceiros contratados por essas
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são entidades;
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
V. Receber vantagem econômica de qualquer na-
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato tureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
dos assuntos que lhe são afetos. ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar-
Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omis- cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer
são, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
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outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal


integral ressarcimento do dano. vantagem;
No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente pú- VI. Receber vantagem econômica de qualquer nature-
blico ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre
seu patrimônio. medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer
Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qua-
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade lidade ou característica de mercadorias ou bens forne-
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Minis- cidos a qualquer das entidades mencionadas no Art. 1º
tério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. desta lei;
A indisponibilidade, a que se refere o caput desse artigo, VII. Adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
dano ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enrique- qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
cimento ilícito. evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou VIII. Aceitar emprego, comissão ou exercer ativida-
se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações dessa lei até de de consultoria ou assessoramento para pessoa
o limite do valor da herança. física ou jurídica que tenha interesse suscetível de
ser atingido ou amparado por ação ou omissão de-
Modalidades corrente das atribuições do agente público, duran-
As modalidades estão previstas do Art. 9º ao 11, da Lei te a atividade;
nº 8.429/92, e constituem um rol exemplificativo, ou seja, IX. Perceber vantagem econômica para interme-
no caso concreto, podem existir outras situações capitula- diar a liberação ou aplicação de verba pública de
das como improbidade que não estão expressamente pre- qualquer natureza;
vistas no texto da lei. X. Receber vantagem econômica de qualquer na-
tureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
Enriquecimento Ilícito de ofício, providência ou declaração a que esteja
Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa, obrigado;
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer XI. Incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimô-
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do nio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou ati- acervo patrimonial das entidades mencionadas no
vidade nas entidades mencionadas no Art. 1º desta lei, Art. 1º dessa lei;
e notadamente: XII. Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
I. Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem des mencionadas no Art. 1º dessa lei.
econômica, direta ou indireta, a título de comis-
são, percentagem, gratificação ou presente de Prejuízo ao Erário
quem tenha interesse, direto ou indireto, que Dos atos de improbidade administrativa que causam pre-
possa ser atingido ou amparado por ação ou juízo ao erário:
omissão decorrente das atribuições do agente Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa
público; que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, des- XVI. Facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
vio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos para a incorporação, ao patrimônio particular de
bens ou haveres das entidades referidas no Art. 1º des- pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas
ta lei, e notadamente: ou valores públicos transferidos pela administração
I. Facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in-
pública a entidades privadas mediante celebração
corporação ao patrimônio particular, de pessoa física de parcerias, sem a observância das formalidades
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores inte- legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (In-
grantes do acervo patrimonial das entidades mencio- cluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
nadas no Art. 1º desta lei; XVII. Permitir ou concorrer para que pessoa física ou
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
II. Permitir ou concorrer para que pessoa física ou
públicos transferidos pela administração pública a en-
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou va- tidade privada mediante celebração de parcerias, sem
lores integrantes do acervo patrimonial das entida- a observância das formalidades legais ou regulamen-
des mencionadas no Art. 1º desta lei, sem a obser- tares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019,
vância das formalidades legais ou regulamentares de 2014)
aplicáveis à espécie;
XVIII. Celebrar parcerias da administração pública
III. Doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente com entidades privadas sem a observância das for-
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou malidades legais ou regulamentares aplicáveis à
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do pa- espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
trimônio de qualquer das entidades mencionadas
no Art. 1º desta lei, sem observância das formalida- XIX. Agir negligentemente na celebração, fiscaliza-
des legais e regulamentares aplicáveis à espécie; ção e análise das prestações de contas de parcerias
firmadas pela administração pública com entida-
IV. Permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo- des privadas; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
cação de bem integrante do patrimônio de qual-
quer das entidades referidas no Art. 1º desta lei, ou XX. Liberar recursos de parcerias firmadas pela
ainda a prestação de serviço por parte delas, por administração pública com entidades privadas sem
preço inferior ao de mercado; a estrita observância das normas pertinentes ou
influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
V. Permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou lo- gular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
cação de bem ou serviço por preço superior ao de
mercado; XXI. Liberar recursos de parcerias firmadas pela
administração pública com entidades privadas sem
VI. Realizar operação financeira sem observância a estrita observância das normas pertinentes ou
das normas legais e regulamentares ou aceitar ga- influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
rantia insuficiente ou inidônea; gular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
VII. Conceder benefício administrativo ou fiscal sem
a observância das formalidades legais ou regula- Atos que Atentem aos Princípios

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mentares aplicáveis à espécie;
da Administração Pública
VIII. Frustrar a licitude de processo licitatório ou de
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi- atenta contra os princípios da Administração Pública
damente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
IX. Ordenar ou permitir a realização de despesas não honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
autorizadas em lei ou regulamento; instituições, e notadamente:
X. Agir negligentemente na arrecadação de tributo I. Praticar ato visando ao fim proibido em lei ou
ou renda, bem como no que diz respeito à conser- regulamento ou diverso daquele previsto, na regra
vação do patrimônio público; de competência;
II. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XI. Liberar verba pública sem a estrita observância
das normas pertinentes ou influir de qualquer for- ato de ofício;
ma para a sua aplicação irregular; III. Revelar fato ou circunstância de que tem ciência
XII. Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro em razão das atribuições e que deva permanecer
se enriqueça ilicitamente; em segredo;
XIII. Permitir que se utilize, em obra ou serviço IV. Negar publicidade aos atos oficiais;
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou V. Frustrar a licitude de concurso público;
material de qualquer natureza, de propriedade ou VI. Deixar de prestar contas quando esteja obriga-
à disposição de qualquer das entidades menciona- do a fazê-lo;
das no Art. 1º desta lei, bem como o trabalho de VII. Revelar ou permitir que chegue ao conheci-
servidor público, empregados ou terceiros contra-
tados por essas entidades. mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
oficial, teor de medida política ou econômica capaz
XIV. Celebrar contrato ou outro instrumento que
tenha por objeto a prestação de serviços públicos de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
por meio da gestão associada sem observar as for- VIII. Descumprir as normas relativas à celebração,
malidades previstas na lei; fiscalização e aprovação de contas de parcerias
XV. Celebrar contrato de rateio de consórcio público firmadas pela administração pública com entida-
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou des privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 361
sem observar as formalidades previstas na lei. 2014)
IX. Deixar de cumprir a exigência de requisitos de Atos que Atentem contra os Princípios da Administração
362 acessibilidade previstos na legislação. (Incluído Pública: ressarcimento integral do dano, se houver; perda da
pela Lei nº 13.146, de 2015) função pública; suspensão dos direitos políticos de três a cinco
anos; pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da
Efeitos da Lei remuneração percebida pelo agente; e proibição de contra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A lei de improbidade administrativa gera quatro efeitos. A sus- tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
pensão dos direitos políticos e a perda da função pública somente fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
se dão depois do trânsito em julgado da sentença condenatória. intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
A indisponibilidade dos bens não constitui penalidade, mas, sim pelo prazo de três anos.
medida cautelar e pode se dar mesmo antes do início da ação. Punições
O ressarcimento ao erário, por sua vez, constitui a respon- Suspensão dos
Multa
Proibição de
sabilidade civil do agente, ou seja, a obrigação de reparar o Direitos Políticos Contratar
dano. 03 vezes o valor
Enriquecimen-
▷ Suspensão dos Direitos Políticos; to Ilícito
08 a 10 anos do enriqueci- 10 anos
mento
▷ Perda da Função Pública;
▷ Indisponibilidade dos Bens; Prejuízo ao
02 vezes o
▷ Ressarcimento ao Erário. 05 a 08 anos valor do prejuízo 05 anos
Erário
causado
Das Sanções Atos que
Atentem contra
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100 vezes o valor


Natureza das Sanções os Princípios da 03 a 05 anos
da remuneração
03 anos
Administração
Administrativa Pública
▷ Perda da função pública;
▷ Proibição de contratar com o poder público;
Aplicação das Sanções
Na fixação das penas previstas, o juiz levará em conta a
▷ Proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial
do poder público.
obtido pelo agente.
Civil
Independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
▷ Ressarcimento ao erário;
público, salvo quanto ao ressarcimento.
▷ Perda dos bens;
Independe de aprovação ou rejeição de contas pelos ór-
▷ Multa. gãos de controle.
Política: suspensão dos direitos políticos. Características
Medida Cautelar: a indisponibilidade dos bens visa à ▷ Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
garantia da aplicação das penalidades civis. omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de tercei-
Não estabelece sanções penais, mas, se o fato tam- ro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
bém for tipificado como crime, haverá tal res- ▷ No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente pú-
ponsabilidade. blico ou terceiro beneficiário os bens ou valores acresci-
Penalidades dos ao seu patrimônio.
Enriquecimento Ilícito: perda dos bens ou valores ▷ Quando o ato de improbidade causar lesão ao pa-
acrescidos ilicitamente ao patrimônio; ressarcimento in- trimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
tegral do dano, quando houver; perda da função pública; caberá à autoridade administrativa responsável pelo
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos; paga- inquérito representar ao Ministério Público, para a
mento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo indisponibilidade dos bens do indiciado.
patrimonial; e proibição de contratar com o Poder Público ▷ O sucessor daquele que causar lesão ao patrimô-
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, nio público ou se enriquecer ilicitamente está su-
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes- jeito às cominações dessa lei até o limite do valor
soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de da herança.
dez anos. ▷ Nos processos de improbidade administrativa, é veda-
Prejuízo ao Erário: ressarcimento integral do dano; perda da transação, acordo ou conciliação.
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se ▷ A aplicação das seguintes penalidades: perda da fun-
concorrer essa circunstância; perda da função pública; sus- ção pública e suspensão dos direitos políticos depen-
pensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; pagamen- de do trânsito em julgado da sentença condenatória.
to de multa civil de até duas vezes o valor do dano; e proibi- ▷ A autoridade judicial ou administrativa competente
ção de contratar com o Poder Público ou receber benefícios poderá determinar o afastamento do agente públi-
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, co do exercício do cargo, emprego ou função, sem
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja só- prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
cio majoritário, pelo prazo de cinco anos. necessária à instrução processual.
▷ Não existe foro por prerrogativa de função para II. Os direitos dos usuários;
processos que apuram atos de improbidade admi- III. Política tarifária;
nistrativa. IV. A obrigação de manter serviço adequado.
Declaração de Bens Conforme a redação desse artigo, vemos que incumbe ao
Poder Público a prestação direta dos serviços públicos ou, sob
A posse e o exercício de agente público ficam condicio-
nados à apresentação de declaração dos bens e valores que delegação (concessão ou permissão), a prestação indireta.
compõem o seu patrimônio privado, a fim de que essa seja Poder Público a que o artigo se refere são as entidades
arquivada no serviço de pessoal competente. da Administração Direta e Indireta. Assim, a prestação direta
A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dos serviços públicos é a realizada pelas entidades direta e da
dinheiro, títulos, ações e qualquer outra espécie de bens e valo- Administração Indireta, e a prestação indireta é a prestação
res patrimoniais, localizados no país ou no exterior, e, quando for executada por delegação por um particular, seja por meio de
o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou concessão ou permissão.
companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a de-
Os serviços públicos são, conceituados em sentido estrito,
pendência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos
e utensílios de uso doméstico. se referem aos serviços que têm a possibilidade de serem ex-
A declaração de bens será anualmente atualizada e na plorados com o intuito de lucro, relaciona-se com a atividade
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, econômica em sentido amplo. É importante ressaltar que o
cargo, emprego ou função. Art. 175 da Constituição Federal se enquadra no título VI (Da
Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço Ordem Econômica e Financeira).
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente pú- Características dos serviços públicos (estrito):
blico que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do Referem-se às atividades econômicas em sentido amplo.
prazo determinado, ou que a prestar falsa. Têm a possibilidade de serem explorados com o intuito de
O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da de- lucro.
claração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Não perde a natureza de serviço público:
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a
Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias Titularidade exclusiva do Poder Público.
atualizações, para suprir a exigência contida na lei. Pode ser prestado por particular mediante delegação:
▷ Quando prestado por delegação pelo particular, tal
Prescrição atividade é fiscalizada pelo poder público por meio
Os atos de improbidade administrativa prescrevem, se- do exercício do poder disciplinar.
gundo o Art. 23 da Lei nº 8.429/92: ▷ Atividades prestadas pelo Estado como serviço pú-

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I. Até cinco anos após o término do exercício de blico e que, ao mesmo tempo, são abertas à livre
mandato, de cargo em comissão ou de função de iniciativa.
confiança; Atividades relacionadas aos direitos fundamentais sociais
II. Dentro do prazo prescricional previsto em lei (Art. 6º CF):
específica para faltas disciplinares puníveis com São atividades de natureza essencial à sobrevi-
demissão a bem do serviço público, nos casos de vência e ao desenvolvimento da sociedade.
exercício de cargo efetivo ou emprego. A prestação dessas atividades é um dever do Es-
III. Até cinco anos da data da apresentação à admi- tado, por isso, não podem ser exploradas pelo
nistração pública da prestação de contas final pelas Poder Público com o intuito de lucro.
entidades referidas no parágrafo único do Art. 1º
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) Não existe delegação dessas atividades a particulares.
As ações de ressarcimento ao erário são imprescritíveis. Os particulares têm o direito de explorar tais ativida-
des, sem delegação do poder público, sob fiscaliza-
9. Serviços Públicos ção decorrente do exercício do poder de Polícia.
Ex.: Serviços de educação, saúde, assistência social.
Base Constitucional Se prestado pelo Estado, é um serviço público, caso seja
oferecido por particular, não se enquadra como serviço públi-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di-
co e sim como privado. Todavia, o foco desse capítulo são os
retamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços serviços públicos de titularidade exclusiva do Estado, possíveis
públicos. de serem explorados economicamente com o intuito de lucro
Parágrafo único. A lei disporá sobre: e que podem ser prestados por particular mediante delegação.
I. O regime das empresas concessionárias e per- Assim sendo, quando nos referirmos aos serviços públicos, em
missionárias de serviços públicos, o caráter espe- regra, não estaremos nos reportando às atividades prestadas
cial de seu contrato e de sua prorrogação, bem pelo Estado como serviço público e que ao mesmo tempo po-
como as condições de caducidade, fiscalização e dem ser oferecidas livremente pelo particular sob fiscalização 363
rescisão da concessão ou permissão; do poder de polícia.
Elementos Definidores de uma Serviços Públicos Gerais e Individuais
364 Serviços Públicos Gerais (Uti Universi)
Atividade Sendo Serviço Público
▷ STF: Serviço Público indivisível.
Material ▷ Prestado à coletividade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O elemento material se refere a uma atividade administra- ▷ Usuários indeterminados e indetermináveis.


tiva que visa à prestação de utilidade ou comodidade material, Serviços Públicos Individuais/Específicos/Singulares (Uti Singuli)
que possa ser fruível, individual ou coletivamente, pelos admi- ▷ STF: Serviço Público divisível.
nistrados, sejam elas vitais ou secundárias às necessidades da ▷ Prestados a beneficiários determinados.
sociedade. ▷ Podem ser remunerados mediante a cobrança de
Esse elemento exclui da noção de serviço público várias tarifas.
atividades estatais, como:
▷ Atividade legislativa. Serviços Públicos Delegáveis
▷ Atividade jurisdicional. e Indelegáveis
▷ Poder de polícia. Serviços Públicos Delegáveis
▷ Fomento. ▷ São prestados pelo Estado centralizadamente.
▷ Intervenção. ▷ São oferecidos também por meio de descentralização.
▷ Atividades internas (atividade-meio da Administra- Serviços ou outorga legal: Administração Indireta.
ção Pública).
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Colaboração ou delegação: particulares.


▷ Obras públicas. Serviços Públicos Indelegáveis
Subjetivo/Orgânico ▷ Somente podem ser prestados pelo Estado centrali-
zadamente ou por entidade da administração indire-
A titularidade do serviço é exclusiva do estado. ta de direito público.
Formal ▷ Exige para a sua prestação o exercício do poder de
império do Estado.
A prestação do serviço público é submetida a Regime Jurí-
dico de Direito Público. Serviços Administrativos,
Conceito Sociais e Econômicos
Serviço público é atividade administrativa concreta tra- Serviços Administrativos
duzida em prestações que diretamente representem, em si ▷ São atividades internas da Administração (ativida-
mesmas, utilidades ou comodidades materiais para a po- de-meio).
pulação em geral, executada sob regime jurídico de direito ▷ Não são diretamente fruível pela população.
público pela Administração Pública, ou, se for o caso, por ▷ O benefício gerado à coletividade é indireto.
particulares delegatários (concessionários e permissionários Serviços Públicos Sociais
ou, ainda, em restritas hipóteses, detentores de autorização ▷ Todos os serviços públicos que correspondem às ati-
de serviço público7). vidades do Art. 6º (Direitos fundamentais sociais).
Observem que tal conceito tenta satisfazer a necessidade da ▷ Prestação obrigatória pelo Estado sob regime jurídi-
presença dos elementos caracterizadores dos serviços públicos. co de direito público.
▷ Podem ser livremente prestados por particular sob
Classificação dos Serviços Públicos regime jurídico de direito privado (nesse caso não é
serviço público, mas, sim, serviço privado).
Essenciais e Úteis Serviços Públicos Econômicos
Serviços Públicos Essenciais ▷ Descritos no Art. 175 da CF.
São serviços essenciais à própria sobrevivência da socie- ▷ Atividade econômica em sentido amplo.
dade; Devem ser garantidos pelo Estado. ▷ Podem ser explorados com o intuito de lucro.
▷ Titularidade exclusiva do Estado.
Ex.: Serviços públicos que estejam relacionados aos di-
reitos fundamentais sociais, como o saneamento básico. ▷ Pode ser delegado a particulares.
Serviços Públicos de Utilidade Pública Serviço Público Adequado
Não são essenciais à sobrevivência da sociedade, mas sua A definição de serviço público adequado é feita pelo Art. 6º,
prestação é útil ou conveniente a ela, pois proporciona maior §1º, da Lei nº 8.987/95:
bem estar. Art. 6º, §1º. Serviço adequado é o que satisfaz as con-
Ex.: Telefonia. dições de regularidade, continuidade, eficiência, segu-
rança, atualidade, generalidade, cortesia na sua pres-
7 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente – Direito Administrativo Descompli-
cado, pg. 685 – 20ª Edição – Editora Método.
tação e modicidade das tarifas.
Princípios dos Serviços Públicos Prestação desconcentrada centralizada: o órgão compe-
tente para prestar o serviço integra a estrutura de uma entida-
Com base no conceito acima exposto de serviço público
de da Administração Direta.
adequado, constatamos que são princípios da boa prestação
dos serviços públicos, além dos princípios fundamentais da Ad- Prestação desconcentrada descentralizada: o órgão com-
ministração Pública, o exposto na redação de tal conceito, sendo petente para prestar o serviço integra a estrutura de uma enti-
assim, vamos analisar os princípios descritos no Art. 6º, §1º. dade da Administração Indireta.
Regularidade: o padrão de qualidade da prestação do ser- A prestação feita por delegação não caracteriza prestação
viço deve ser sempre o mesmo e suficiente para atender com desconcentrada descentralizada, pois, para isso, seria necessário
adequação as necessidades dos usuários. que o particular delegado tivesse a titularidade do serviço público,
Continuidade dos serviços públicos: os serviços públicos o que não acontece na delegação, que transfere somente a execu-
não podem ser interrompidos, salvo em situações de emer- ção do serviço e mantém a titularidade com o poder concedente.
gência ou mediante aviso prévio do prestador, tais como ocor-
re em casos de inadimplência ou quando o prestador preten- Prestação direta: é a prestação feita pelo Poder Público,
de realizar manutenção nos equipamentos necessários à boa que é sinônimo de Administração Direta e Indireta, sendo as-
prestação do serviço. sim, prestação direta é a do serviço público feita pelas entida-
Eficiência: na prestação dos serviços públicos, devem ser des da Administração Direta e também pelas Indireta.
observados o custo e o benefício. Prestação indireta: é a prestação do serviço público feita
Segurança: os serviços devem ser prestados sem riscos por particulares mediante delegação da execução.
aos usuários e esses não podem expor sua saúde em perigos
na utilização do serviço. Concessão e Permissão
Atualidade: busca constante de atualizações de tecnologia de Serviço Público
e técnicas empregadas, bem como da qualificação de pessoal.
A adequação na prestação às novas tecnologias tem como fi- Base Constitucional
nalidade melhorar o alcance e a eficiência da prestação. Art. 22, XXVII, CF. Compete privativamente à União le-
Generalidade: a prestação de serviços públicos não distin- gislar sobre: normas gerais de licitação e contratação,
gue usuários, ou seja, é igual para todos. em todas as modalidades, para as administrações pú-
Cortesia na prestação: os prestadores dos serviços públi- blicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
cos devem tratar bem os usuários. Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
Modicidade das tarifas: as tarifas oriundas da presta- disposto no Art. 37, XXI , e para as empresas públicas
ção dos serviços públicos devem ter valores razoáveis para e sociedades de economia mista, nos termos do Art.
os usuários. A finalidade dessa regra é garantir o acesso aos 173, § 1º, III;
serviços públicos ao maior número de usufruidores possíveis.

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Art. 175, Parágrafo único: A lei disporá sobre:
Quanto mais essencial for o serviço, mais barata será a tarifa e, I. O regime das empresas concessionárias e permis-
em alguns casos, pode até mesmo chegar à zero.
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
Formas de Prestação dos seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
Serviços Públicos concessão ou permissão;
Prestação Centralizada: a pessoa política titular do serviço II. Os direitos dos usuários;
público faz a prestação por meio dos seus próprios órgãos. III. Política tarifária;
Prestação Descentralizada: a pessoa política transfere a IV. A obrigação de manter serviço adequado.
execução do serviço público para outra pessoa.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Modalidades Competência para a Edição de Normas


Prestação descentralizada por serviços/outorga legal: a Normas Gerais
pessoa política titular do serviço público transfere a sua titu- Competência privativa da União (Art. 22, XXVII, CF).
laridade e a sua execução para uma entidade integrante da
Lei nº 8.987/95: institui normas gerais sobre o regime de
administração indireta.
concessão ou permissão de serviço público.
Prestação descentralizada por colaboração/delegação: a
Lei nº 11.079/04: institui normas gerais para licitação e
pessoa política transfere somente a execução do serviço público,
contratação de parceria público-privada no âmbito da Admi-
por delegação a um particular, que vai executá-lo por sua conta
nistração Pública.
e risco. Ex.: Concessões, Permissões e Autorizações de Serviços
Públicos. As duas leis acima descritas são nacionais, ou seja, são leis
criadas pela União e que devem obrigatoriamente ser obser-
Prestação desconcentrada: o serviço é executado por um
vadas pela União, Estados, DF e Municípios. Todavia, a Lei nº
órgão, com competência específica para prestá-lo, integrante da
11.079/04 tem um núcleo que é aplicável somente à Administra-
estrutura da pessoa jurídica que detém a titularidade do serviço8.
ção Pública Federal, em outras palavras, ela traça normas gerais
para todos os entes federados e ainda traz algumas específicas 365
8 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente – Direito Administrativo Descompli-
cado, pg. 696 – 20ª Edição – Editora Método. que são aplicadas somente à Administração Pública Federal.
Normas Específicas ▷ A execução indireta por delegação (concessão ou per-
366 missão) depende de lei autorizativa;
Cada ente federal cria as suas próprias normas específicas.
▷ São sempre precedidos de licitação.
Lei nº 8.987/95: institui normas gerais sobre o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Diferenças entre a Concessão e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É importante observar que, com base no Art. 1º da Lei nº Permissão de Serviços Públicos
8.987/95, é aplicável aos contratos de concessão e permissão
Art. 2º da Lei nº 9.074/95: É vedado à União, aos Es-
de serviços públicos, naquilo que lhes couber, as disposições
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios executarem
contidas na Lei nº 8.666/93 (licitação e contratos administrati- obras e serviços públicos por meio de concessão e
vos). Tal lei visa regulamentar as regras contidas no parágrafo permissão de serviço público, sem lei que lhes auto-
único do Art. 175 da CF. rize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos
Conceito de Concessão e casos de saneamento básico e limpeza urbana e nos
já referidos na Constituição Federal, nas Constituições
Permissão de Serviço Público Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e
Poder Concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou Municípios, observado, em qualquer caso, os termos
o Município, em cuja competência se encontre o serviço públi- da Lei nº 8.987, de 1995.
co, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de Concessão Permissão
concessão ou permissão (Art. 2º, I).
Sempre licitação, todavia, admite outras
Concessão de Serviço Público: a delegação de sua pres- Sempre licitação na mo-
modalidades e não somente concor-
dalidade concorrência.
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tação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na rência.


modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de Natureza contratual: contrato
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, Natureza contratual.
de adesão (Art. 40).
por sua conta e risco e por prazo determinado (Art. 2º, II).
Celebração do contra-
Concessão de Serviço Público Precedida da Execução de Celebração do contrato: pessoa jurídica
to: pessoa jurídica ou
ou pessoa física.
Obra Pública: a construção, total ou parcial, conservação, refor- Consórcio de empresas.
ma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interes- Não há precariedade. Delegação a título precário.
se público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação,
na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou a consórcio Não é cabível revogação Revogabilidade unilateral do contrato
do contrato. pelo poder concedente.
de empresas que demonstre capacidade para a sua realização,
por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessio- Autorização de Serviço Público
nária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado (Art. 2º, III). Autorização de serviço público é o ato discricionário, me-
Permissão de Serviço Público: a delegação, a título pre- diante o qual o Poder Público delega ao particular, a título
cário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, precário, a prestação de serviço público que não exija alto in-
feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que vestimento de capital ou alto grau de especialização técnica.
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta Características do termo de autorização
e risco (Art. 2º, IV). ▷ Tem natureza precária/discricionária:
Características Comuns das » É discricionária a autorização.
» Pode ser revogada unilateralmente pela Admi-
Concessões e Permissões nistração Pública por razões de conveniência e
▷ São delegações de prestação de serviço público; oportunidade.
▷ Transferem somente a execução do serviço público, fi- ▷ Em regra, não tem prazo determinado.
cando a titularidade com o poder público concedente; ▷ A revogação não acarreta direito à indenização.
▷ A prestação do serviço é por conta e risco do par- Exceção: nos casos de autorização por prazo certo, ou seja,
ticular; com tempo determinado no ato de autorização, a revogação
▷ O poder concedente fiscaliza a prestação feita pelo antes do término do prazo pode ensejar ao particular o direito
particular em decorrência do exercício do poder dis- à indenização.
ciplinar; Cabimento da autorização de serviços públicos
▷ O particular tem o dever de prestar um serviço pú- ▷ Casos em que o serviço seja prestado a um grupo
blico adequado: restrito de usuários, sendo o seu beneficiário exclu-
» Descumprimento. sivo ou principal o próprio particular autorizado.
» Intervenção. Ex.: Exploração de serviços de telecomunicação em re-
» Aplicação de penalidade administrativa. gime privado, que é autorizada a prestação por usuário
» Extinção por caducidade. restrito que é o seu único beneficiário: operador privado
▷ Duração por prazo determinado, podendo o contra- de rádioamador.
to prever sua prorrogação, estipulando as condições; ▷ Situações de emergência, transitórias e eventuais.
Diferença entre autorização de serviços públicos e a autori- Da mesma forma, essa lei também é aplicada para:
zação do poder de polícia ▷ Órgãos da Administração Pública Direita;
▷ Administração Pública Indireta (autarquias, fun-
Autorização de Serviço Público Autorização do poder de Polícia dações públicas, empresas públicas, sociedades de
economia mista);
Concede ao particular o
Concede ao particular o exercício ▷ Fundos Especiais;
exercício de atividade cuja
titularidade é exclusiva do
de atividades regidas pelo direito ▷ Entidades Controladas (direta ou indiretamente
privado, livre à iniciativa privada. pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
poder público.
Características comuns entre Concessão, Autorização e A parceria público-privada é um Contrato administrativo
Permissão de Serviços Públicos de concessão, podendo adotar duas modalidades:
São formas de delegação da prestação de serviços públicos. Concessão Patrocinada
▷ Transferem somente a execução da atividade e não É a concessão de serviços públicos ou de obras públicas
a sua titularidade. de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
As delegações de serviço público são fiscalizadas em de- envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contra-
corrência do Poder Disciplinar da Administração Pública. prestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
As concessões patrocinadas regem-se Lei nº 11.079/2004,
Diferenças entre Concessão, Permissão aplicando subsidiariamente o disposto na Lei nº 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, e nas leis que lhe são correlatas.
e Autorização de Serviços Públicos
Concessão Administrativa
Concessão Permissão Autorização É o contrato de prestação de serviços de que a Administra-
Sempre licitação, todavia, ção Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
Sempre licitação execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
admite outras modal-
na modalidade Não há licitação.
idades e não somente As concessões administrativas regem-se pela Lei nº
concorrência.
concorrência. 11.079/2004, aplicado adicionalmente o disposto nos Arts. 21,
Natureza contratual: 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e
Natureza contratual. contrato de adesão Ato administrativo. Art. 31 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995.
(Art. 40).
Concessão Patrocinada o contraprestação paga pela
Concessão da
Celebração do Autorização pode
Administração + tarifa paga pelo usuário.
contrato: pessoa
Celebração do contrato:
ser feita para pes- Concessão Administrativa o contraprestação paga

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pessoa jurídica ou pessoa
jurídica ou consórcio soa física, jurídica pela Administração.
física.
de empresas. ou consórcio de
empresas. A concessão comum não constitui parceria público-pri-
vada – assim entendida a concessão de serviços públicos ou
Não há precarie- Delegação a título Ato administrativo
dade. precário. precário. de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando
não envolver contraprestação pecuniária do parceiro pú-
Revogabilidade unilateral Revogável unilat- blico ao parceiro privado. Os contratos administrativos de
Não é cabível revo-
do contrato pelo poder eralmente pelo
gação do contrato.
concedente. Poder Concedente.
concessão comum continuam sendo regidos exclusivamen-
te pela Lei nº 8.987/1995 demais legislação correlata.
Os contratos administrativos que não caracterizem con-
Parcerias Público-Privadas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cessão comum, patrocinada ou administrativa continuam re-


A Parceria Público-Privada (PPP), cujas normas gerais en- gidos exclusivamente pela Lei nº 8.666/1993 e pelas leis que
contram-se traçadas na Lei nº 11.079/2004, é um contrato de lhe são correlatas.
prestação de obras ou serviços com valor não inferior a R$ 20 É vedada a celebração de contrato de parceria público-
milhões firmado entre empresa privada e o governo federal, -privada:
estadual ou municipal, com duração mínima de cinco e no má- ▷ Cujo valor do contrato seja inferior a R$
ximo 35 anos. 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
▷ Cujo período de prestação do serviço seja inferior a
Disposições Preliminares cinco anos.
A Lei nº 11.079/2004 institui normas gerais para licitação
▷ Que tenha como objeto único o fornecimento de
e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Po-
mão de obra, o fornecimento e instalação de equi-
deres: pamentos ou a execução de obra pública.
▷ Da União. Diretrizes que devem ser observadas na contratação de
▷ Dos Estados. parceria público-privada:
▷ Do Distrito Federal. ▷ Eficiência no cumprimento das missões de Estado 367
▷ Dos Municípios. e no emprego dos recursos da sociedade.
▷ Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços, sempre que verificada a hipótese do § 2º
368 dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua do Art. 6º da Lei 11.079/2004.
execução. As cláusulas contratuais de atualização automática de
▷ Indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicio- valores baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quan-
nal, do exercício do poder de polícia e de outras ativida- do houver, serão aplicadas sem necessidade de homologação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

des exclusivas do Estado. pela Administração Pública, exceto se essa publicar na impren-
▷ Responsabilidade fiscal na celebração e execução sa oficial, onde houver, até o prazo de 15 dias após apresenta-
das parcerias. ção da fatura, razões fundamentadas nesta Lei ou no contrato
▷ Transparência dos procedimentos e das decisões. para a rejeição da atualização.
▷ Repartição objetiva de riscos entre as partes. Os contratos poderão prever adicionalmente:
▷ Sustentabilidade financeira e vantagens socioeco- ▷ Os requisitos e condições em que o parceiro público
nômicas dos projetos de parceria. autorizará a transferência do controle da sociedade
de propósito específico para os seus financiadores,
Contratos de Parceria Público-Privada com o objetivo de promover a sua reestruturação
financeira e assegurar a continuidade da prestação
As cláusulas dos contratos de parceria público-privada aten-
dos serviços, não se aplicando para esse efeito o pre-
derão ao disposto no Art. 23 da Lei nº 8.987/1995, no que couber,
visto no inciso I do parágrafo único do Art. 27 da Lei
devendo também prever:
nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
▷ O prazo de vigência do contrato, compatível com ▷ A possibilidade de emissão de empenho em nome
a amortização dos investimentos realizados, não dos financiadores do projeto em relação às obriga-
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inferior a cinco, nem superior a 35 anos, incluindo ções pecuniárias da Administração Pública.
eventual prorrogação. ▷ A legitimidade dos financiadores do projeto para
▷ As penalidades aplicáveis à Administração Pública e receber indenizações por extinção antecipada do
ao parceiro privado em caso de inadimplemento con- contrato, bem como pagamentos efetuados pelos
tratual, fixadas sempre de forma proporcional à gra- fundos e empresas estatais garantidores de parce-
vidade da falta cometida, e às obrigações assumidas. rias público-privadas.
▷ A repartição de riscos entre as partes, inclusive os A contraprestação da administração pública nos contra-
referentes a caso fortuito, força maior, fato do prín- tos de parceria público-privada poderá ser feita por:
cipe e álea econômica extraordinária. ▷ Ordem bancária.
▷ As formas de remuneração e de atualização dos va- ▷ Cessão de créditos não tributários.
lores contratuais. ▷ Outorga de direitos em face da Administração Pública.
▷ Os mecanismos para a preservação da atualidade da ▷ Outorga de direitos sobre bens públicos dominicais.
prestação dos serviços. ▷ Outros meios admitidos em lei.
▷ Os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniá- O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro priva-
ria do parceiro público, os modos e o prazo de regu- do de remuneração variável vinculada ao seu desempenho,
larização e, quando houver, a forma de acionamento conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade de-
da garantia. finidos no contrato.
▷ Os critérios objetivos de avaliação do desempenho O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do
do parceiro privado. parceiro privado para a realização de obras e aquisição de bens
▷ A prestação, pelo parceiro privado, de garantias de reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do Art. 18 da
execução suficientes e compatíveis com os ônus e Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no
riscos envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se
contratos celebrados até 8 de agosto de 2012.
5º do Art. 56 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
e, no que se refere às concessões patrocinadas, o O valor desse aporte de poderá ser excluído da determinação:
disposto no inciso XV do Art. 18 da Lei nº 8.987, de ▷ Do lucro líquido para fins de apuração do lucro real
13 de fevereiro de 1995. e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).
▷ O compartilhamento com a Administração Pública
de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado ▷ Da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep
e da Contribuição para o Financiamento da Seguri-
decorrentes da redução do risco de crédito dos fi-
dade Social (Cofins).
nanciamentos utilizados pelo parceiro privado.
Essa parcela excluída deverá ser computada na determi-
▷ A realização de vistoria dos bens reversíveis, poden- nação do lucro líquido para fins de apuração do lucro real, da
do o parceiro público reter os pagamentos ao priva- base de cálculo da CSLL e da base de cálculo da Contribuição
do, no valor necessário para reparar as irregularida- para o PIS/Pasep e da Cofins, na proporção em que o custo
des eventualmente detectadas. para a realização de obras e aquisição de bens a que se refere
▷ O cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro o § 2º deste artigo for realizado, inclusive mediante deprecia-
privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de ção ou extinção da concessão, nos termos do Art. 35 da Lei nº
investimentos do projeto e/ou após a disponibilização 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado Licitação
não receberá indenização pelas parcelas de investimentos vin-
De acordo com o Art. 10 da Lei 11.079/04, contratação de
culados a bens reversíveis ainda não amortizadas ou deprecia- parceria público-privada será precedida de licitação na moda-
das, quando tais investimentos houverem sido realizados com lidade de concorrência, estando a abertura do processo licita-
valores provenientes do aporte de recursos acima tratado. tório condicionada a:
A contraprestação da Administração Pública será obrigatoria- I. Autorização da autoridade competente, funda-
mente precedida da disponibilização do serviço objeto do contra- mentada em estudo técnico que demonstre:
to de parceria público-privada. a) A conveniência e a oportunidade da contratação,
É facultado à Administração Pública, nos termos do con- mediante identificação das razões que justifiquem
trato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a par- a opção pela forma de parceria público-privada.
cela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público- b) Que as despesas criadas ou aumentadas não
-privada. afetarão as metas de resultados fiscais previstas
O aporte de recursos acima tratado, quando realizado du- no Anexo referido no § 1º do Art. 4º da Lei Com-
rante a fase dos investimentos a cargo do parceiro privado, de- plementar nº 101, de 4 de maio de 2000, devendo
verá guardar proporcionalidade com as etapas efetivamente seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes,
executadas. ser compensados pelo aumento permanente de
receita ou pela redução permanente de despesa.
Garantias c) Quando for o caso, conforme as normas edita-
As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração das na forma do Art. 25 desta Lei, a observância
dos limites e condições decorrentes da aplicação
Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser
dos Arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar nº 101,
garantidas mediante: de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraí-
▷ Vinculação de receitas, observado o disposto no in- das pela Administração Pública relativas ao obje-
ciso IV do Art. 167 da Constituição Federal. to do contrato.
▷ Instituição ou utilização de fundos especiais previs- A comprovação referida nas alíneas b e c acima citadas
tos em lei. conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, ob-
▷ Contratação de seguro-garantia com as companhias servadas as normas gerais para consolidação das contas públi-
seguradoras que não sejam controladas pelo Poder cas, sem prejuízo do exame de compatibilidade das despesas
Público. com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretri-
zes orçamentárias.
▷ Garantia prestada por organismos internacionais ou
II. Elaboração de estimativa do impacto orçamentá-
instituições financeiras que não sejam controladas

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rio-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o
pelo Poder Público.
contrato de parceria público-privada;
▷ Garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa III. Declaração do ordenador da despesa de que as
estatal criada para essa finalidade. obrigações contraídas pela Administração Pública
▷ Outros mecanismos admitidos em lei. no decorrer do contrato são compatíveis com a lei
de diretrizes orçamentárias e estão previstas na lei
Sociedade de Propósito Específico orçamentária anual;
Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída IV. Estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes
sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e para o cumprimento, durante a vigência do contrato
gerir o objeto da parceria. e por exercício financeiro, das obrigações contraídas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A transferência do controle da sociedade de propósito pela Administração Pública;


específico estará condicionada à autorização expressa da V. Seu objeto estar previsto no plano plurianual em vi-
Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, gor no âmbito onde o contrato será celebrado;
observado o disposto no parágrafo único do Art. 27 da Lei nº VI. Submissão da minuta de edital e de contrato à
8.987/1995. consulta pública, mediante publicação na imprensa
A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma oficial, em jornais de grande circulação e por meio
eletrônico, que deverá informar a justificativa para
de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a ne-
a contratação, a identificação do objeto, o prazo
gociação no mercado. Tal sociedade também deverá obedecer
de duração do contrato, seu valor estimado, fixan-
a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e do-se tempo mínimo de 30 (trinta) dias para re-
demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento. cebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo
Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria menos 7 (sete) dias antes da data prevista para a
do capital votante dessas sociedades. Entretanto, essa veda- publicação do edital; e
ção não se aplica à eventual aquisição da maioria do capital VIII. Licença ambiental prévia ou expedição das
votante da sociedade de propósito específico por instituição diretrizes para o licenciamento ambiental do em-
financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadim- preendimento, na forma do regulamento, sempre 369
plemento de contratos de financiamento. que o objeto do contrato exigir.
Sempre que a assinatura do contrato ocorrer em exercício satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no
370 diverso daquele em que for publicado o edital, deverá ser pre- instrumento convocatório.
cedida da atualização dos estudos e demonstrações a que se No caso de propostas escritas, seguidas de lances em
referem os itens I a IV acima citados. viva voz (verbais):
As concessões patrocinadas em que mais de 70% da re- ▷ Os lances em viva-voz serão sempre oferecidos na
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

muneração do parceiro privado for paga pela Administração ordem inversa da classificação das propostas escri-
Pública dependerão de autorização legislativa específica. tas, sendo vedado ao edital limitar a quantidade de
Os estudos de engenharia para a definição do valor do investi- propostas.
mento da PPP deverão ter nível de detalhamento de anteprojeto, ▷ O edital poderá restringir a apresentação de lances
e o valor dos investimentos para definição do preço de referência
em viva-voz aos licitantes cuja proposta escrita for no
para a licitação será calculado com base em preços de mercado
máximo 20% maior que o valor da melhor proposta.
considerando o custo global de obras semelhantes no Brasil ou no
exterior ou com base em sistemas de custos que utilizem como in- O exame de propostas técnicas, para fins de qualificação
sumo valores de mercado do setor específico do projeto, aferidos, ou julgamento, será feito por ato motivado, com base em exi-
em qualquer caso, mediante orçamento sintético, elaborado por gências, parâmetros e indicadores de resultado pertinentes
meio de metodologia expedita ou paramétrica. ao objeto, definidos com clareza e objetividade no edital. Este
O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e
indicará expressamente a submissão da licitação às normas da julgamento, hipótese em que:
Lei 11.079/2004 e observará, no que couber, os §§ 3º e 4º do I. Encerrada a fase de classificação das propostas ou
Art. 15, os Arts. 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de o oferecimento de lances, será aberto o invólucro
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1995, podendo ainda prever: com os documentos de habilitação do licitante mais


▷ Exigência de garantia de proposta do licitante, obser- bem classificado, para verificação do atendimento
vado o limite do inciso III do Art. 31 da Lei nº 8.666, de das condições fixadas no edital;
21 de junho de 1993. II. Verificado o atendimento das exigências do edi-
▷ O emprego dos mecanismos privados de resolução tal, o licitante será declarado vencedor;
de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no III. Inabilitado o licitante melhor classificado, serão
Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº analisados os documentos habilitatórios do licitan-
9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir confli- te com a proposta classificada em 2o (segundo) lu-
tos decorrentes ou relacionados ao contrato. gar, e assim, sucessivamente, até que um licitante
O edital deverá especificar, quando houver, as garantias classificado atenda às condições fixadas no edital;
da contraprestação do parceiro público a serem concedidas ao IV. Proclamado o resultado final do certame, o
privado. objeto será adjudicado ao vencedor nas condições
Art. 12. O certame para a contratação de parcerias pú- técnicas e econômicas por ele ofertadas.
blico-privadas obedecerá ao procedimento previsto na Disposições Aplicáveis à União
legislação vigente sobre licitações e contratos adminis-
trativos e também ao seguinte: Apesar de traçar normas gerais aplicáveis no âmbito
Federal, Estadual, Distrital e Municipal, a Lei 11.079/2004
I. O julgamento poderá ser precedido de etapa de
traz algumas regras específicas para a União.
qualificação de propostas técnicas, desclassifican-
do-se os licitantes que não alcançarem a pontua- Órgão Gestor de Parcerias Público-privadas Federais
ção mínima, os quais não participarão das etapas Será instituído por decreto e com competência para:
seguintes; ▷ Definir os serviços prioritários para execução no regime
II. O julgamento poderá adotar como critérios, de parceria público-privada.
além dos previstos nos incisos I e V do Art. 15 da Lei ▷ Disciplinar os procedimentos para celebração desses
nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, os seguintes: contratos.
a) menor valor da contraprestação a ser paga ▷ Autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital.
pela Administração Pública; ▷ Apreciar os relatórios de execução dos contratos.
b) melhor proposta em razão da combinação do Esse órgão será composto por indicação nominal de um
critério da alínea a com o de melhor técnica, de representante titular e respectivo suplente de cada um dos
acordo com os pesos estabelecidos no edital; seguintes órgãos:
III. O edital definirá a forma de apresentação das ▷ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao
propostas econômicas, admitindo-se: qual cumprirá a tarefa de coordenação das respecti-
a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou vas atividades.
b) propostas escritas, seguidas de lances em ▷ Ministério da Fazenda.
viva voz; ▷ Casa Civil da Presidência da República.
IV. O edital poderá prever a possibilidade de sa- Das reuniões desse órgão para examinar projetos de par-
neamento de falhas, de complementação de insufi- ceria público-privada participará um representante do órgão
ciências ou ainda de correções de caráter formal no da Administração Pública direta cuja área de competência seja
curso do procedimento, desde que o licitante possa pertinente ao objeto do contrato em análise.
Para deliberação do órgão gestor sobre a contratação de O FGP responderá por suas obrigações com os bens e
parceria público-privada, o expediente deverá estar instruído direitos integrantes de seu patrimônio, não respondendo os
com pronunciamento prévio e fundamentado: cotistas por qualquer obrigação do Fundo, salvo pela integra-
▷ Do Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- lização das cotas que subscreverem.
tão, sobre o mérito do projeto. A integralização com bens acima referido será feita inde-
▷ Do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade da pendentemente de licitação, mediante prévia avaliação e au-
concessão da garantia e à sua forma, relativamen- torização específica do Presidente da República, por proposta
te aos riscos para o Tesouro Nacional e ao cum- do Ministro da Fazenda.
primento do limite de que trata o Art. 22 da Lei nº O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no FGP
11.079/2004. será condicionado a sua desafetação de forma individualizada.
Para o desempenho de suas funções, o órgão gestor de A capitalização do FGP, quando realizada por meio de re-
cursos orçamentários, dar-se-á por ação orçamentária especí-
parcerias público-privadas federais poderá criar estrutura de
fica para essa finalidade, no âmbito de Encargos Financeiros
apoio técnico com a presença de representantes de institui- da União.
ções públicas.
O FGP será criado, administrado, gerido e representado
O órgão gestor de parcerias público-privadas federais judicial e extrajudicialmente por instituição financeira contro-
remeterá ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da lada, direta ou indiretamente, pela União, com observância das
União, com periodicidade anual, relatórios de desempenho normas a que se refere o inciso XXII do Art. 4º da Lei nº 4.595,
dos contratos de parceria público-privada (esse relatórios, de 31 de dezembro de 1964.
salvo informações classificadas como sigilosas, serão dispo- O estatuto e o regulamento do FGP serão aprovados em
nibilizados ao público, por meio de rede pública de transmis- assembleia dos cotistas. A representação da União na referida
são de dados). assembleia dar-se-á na forma do inciso V do Art. 10 do Decre-
to-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
Compete aos Ministérios e às Agências Reguladoras, nas
suas respectivas áreas de competência, submeter o edital de Caberá à instituição financeira deliberar sobre a gestão e
alienação dos bens e direitos do FGP, zelando pela manuten-
licitação ao órgão gestor, proceder à licitação, acompanhar e
ção de sua rentabilidade e liquidez.
fiscalizar os contratos de parceria público-privada.
O estatuto e o regulamento do FGP devem deliberar sobre
Os Ministérios e Agências Reguladoras encaminharão a política de concessão de garantias, inclusive no que se refere
ao órgão gestor de parcerias público-privadas federais, com à relação entre ativos e passivos do Fundo.
periodicidade semestral, relatórios circunstanciados acerca A garantia será prestada na forma aprovada pela assem-
da execução dos contratos de parceria público-privada, na bleia dos cotistas, nas seguintes modalidades:

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forma definida em regulamento. ▷ Fiança, sem benefício de ordem para o fiador.
Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, ▷ Penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do
suas fundações públicas e suas empresas estatais depen- patrimônio do FGP, sem transferência da posse da coi-
dentes autorizadas a participar, no limite global de R$ sa empenhada antes da execução da garantia.
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Ga- ▷ Hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP.
rantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) que terá por ▷ Alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos
finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações bens com o FGP ou com agente fiduciário por ele con-
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, dis- tratado antes da execução da garantia.
tritais, estaduais ou municipais em virtude das parcerias de ▷ Outros contratos que produzam efeito de garantia, NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
que trata a Lei nº 11.079/2004. desde que não transfiram a titularidade ou posse
O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separa- direta dos bens ao parceiro privado antes da exe-
cução da garantia.
do do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obri-
▷ Garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio
gações próprios.
de afetação Constituído em decorrência da separa-
O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens ção de bens e direitos pertencentes ao FGP.
e direitos realizado pelos cotistas, por meio da integralização O FGP poderá prestar contra-garantias a seguradoras, ins-
de cotas e pelos rendimentos obtidos com sua administração. tituições financeiras e organismos internacionais que assegu-
Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados rarem o cumprimento das obrigações pecuniárias dos cotistas
por empresa especializada, que deverá apresentar laudo fun- em contratos de parceria público-privadas.
damentado, com indicação dos critérios de avaliação adotados A quitação pelo parceiro público de cada parcela de débi-
e instruído com os documentos relativos aos bens julgados. to garantido pelo FGP importará exoneração proporcional da
A integralização das cotas poderá ser realizada em dinhei- garantia.
ro, títulos da dívida pública, bens imóveis dominicais, bens O FGP poderá prestar garantia mediante contratação de
móveis, inclusive ações de sociedade de economia mista fede- instrumentos disponíveis em mercado, inclusive para comple-
ral excedentes ao necessário para manutenção de seu controle mentação das modalidades acima previstas. 371
pela União, ou outros direitos com valor patrimonial. O parceiro privado poderá acionar o FGP nos casos de:
▷ Crédito líquido e certo, constante de título exigível Disposições Finais
372 aceito e não pago pelo parceiro público após 15 dias
Fica a União autorizada a conceder incentivo, nos termos do
contados da data de vencimento; e
Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interes-
▷ Débitos constantes de faturas emitidas e não aceitas se Social (PIPS), instituído pela Lei nº 10.735, de 11 de setembro
pelo parceiro público após 45 (quarenta e cinco) dias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de 2003, às aplicações em fundos de investimento, criados por


contados da data de vencimento, desde que não te- instituições financeiras, em direitos creditórios provenientes dos
nha havido rejeição expressa por ato motivado. contratos de parcerias público-privadas.
A quitação de débito pelo FGP importará sua sub-roga- O Conselho Monetário Nacional estabelecerá, na forma da
ção nos direitos do parceiro privado. Em caso de inadimple- legislação pertinente, as diretrizes para a concessão de crédito
mento, os bens e direitos do Fundo poderão ser objeto de destinado ao financiamento de contratos de parcerias público-
constrição judicial e alienação para satisfazer as obrigações -privadas, bem como para participação de entidades fechadas
garantidas. de previdência complementar.
O FGP poderá usar parcela da cota da União para prestar A Secretaria do Tesouro Nacional editará, na forma da legisla-
garantia aos seus fundos especiais, às suas autarquias, às suas ção pertinente, normas gerais relativas à consolidação das contas
fundações públicas e às suas empresas estatais dependentes. públicas aplicáveis aos contratos de parceria público-privada.
O FGP é obrigado a honrar faturas aceitas e não pagas pelo O inciso I do § 1º do Art. 56 da Lei nº 8.666/1993, foi alte-
parceiro público. O FGP é proibido de pagar faturas rejeitadas ex- rado pela Lei 11.079/2004, passando a vigorar com a seguinte
pressamente por ato motivado. redação:
O parceiro público deverá informar o FGP sobre qualquer Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
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fatura rejeitada e sobre os motivos da rejeição no prazo de 40 devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
(quarenta) dias contado da data de vencimento. mediante registro em sistema centralizado de liquida-
ção e de custódia autorizado pelo Banco Central do
A ausência de aceite ou rejeição expressa de fatura por
Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, con-
parte do parceiro público no prazo de 40 (quarenta) dias
forme definido pelo Ministério da Fazenda.
contado da data de vencimento implicará aceitação tácita. O
agente público que contribuir por ação ou omissão para essa As operações de crédito efetuadas por empresas públicas ou
aceitação tácita ou que rejeitar fatura sem motivação será res- sociedades de economia mista controladas pela União não pode-
ponsabilizado pelos danos que causar, em conformidade com rão exceder a 70% do total das fontes de recursos financeiros da
sociedade de propósito específico, sendo que para as áreas das
a legislação civil, administrativa e penal em vigor.
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índice de Desen-
O FGP não pagará rendimentos a seus cotistas, asseguran- volvimento Humano (IDH) seja inferior à média nacional, essa par-
do-se a qualquer deles o direito de requerer o resgate total ou ticipação não poderá exceder a 80%.
parcial de suas cotas, correspondente ao patrimônio ainda não Não poderão exceder a 80% do total das fontes de recur-
utilizado para a concessão de garantias, fazendo-se a liquida- sos financeiros da sociedade de propósito específico ou 90%
ção com base na situação patrimonial do Fundo. nas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o
A dissolução do FGP, deliberada pela assembleia dos co- IDH seja inferior à média nacional, as operações de crédito ou
tistas, ficará condicionada à prévia quitação da totalidade dos contribuições de capital realizadas cumulativamente por:
débitos garantidos ou liberação das garantias pelos credores. ▷ Entidades fechadas de previdência complementar.
Dissolvido o FGP, o seu patrimônio será rateado entre os ▷ Empresas públicas ou sociedades de economia mis-
cotistas, com base na situação patrimonial à data da dissolu- ta controladas pela União.
ção. Para esses fins, financeiros as operações de crédito e con-
É facultada a constituição de patrimônio de afetação que tribuições de capital à sociedade entende-se por fonte de re-
não se comunicará com o restante da herança do FGP, ficando cursos de propósito específico.
vinculado exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver A União não poderá conceder garantia ou realizar transfe-
sido constituído, não podendo ser objeto de penhora, arresto, rência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios se a
sequestro, busca e apreensão ou qualquer ato de constrição soma das despesas de caráter continuado, derivadas do conjun-
judicial decorrente de outras obrigações do FGP. to das parcerias já contratadas por esses entes, tiver excedido,
A constituição do patrimônio de afetação será feita por no ano anterior, a 5% da receita corrente líquida do exercício ou
registro em Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou, se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 anos sub-
no caso de bem imóvel, no Cartório de Registro Imobiliário sequentes excederem a 5% da receita corrente líquida projetada
correspondente. para os respectivos exercícios.
A União somente poderá contratar parceria público-pri- Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que contra-
vada quando a soma das despesas de caráter continuado tarem empreendimentos por intermédio de parcerias público-
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver -privadas deverão encaminhar ao Senado Federal e à Secretaria
excedido, no ano anterior, a 1% da receita corrente líquida do do Tesouro Nacional, previamente à contratação, as informações
exercício, e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 necessárias para cumprimento dessa determinação.
anos subsequentes, não excedam a 1% da receita corrente lí- Na aplicação do limite previsto no caput deste artigo, serão
quida projetada para os respectivos exercícios. computadas as despesas derivadas de contratos de parceria ce-
lebrados pela administração pública direta, autarquias, fundações Controle Externo
públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e É exercido por um poder sobre os atos administrativos de
demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo res- outro poder.
pectivo ente, excluídas as instituições estatais não dependentes. A exemplo, temos o controle judicial dos atos administra-
Serão aplicáveis, no que couber, as penalidades previstas no tivos, que analisa aspectos de legalidade dos atos da Adminis-
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; tração Pública dos demais poderes; ou o controle legislativo
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 – Lei de Improbidade realizado pelo poder legislativo, nos atos da Administração
Administrativa; na Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000 - Lei Pública dos outros poderes.
dos Crimes Fiscais; no Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de Controle Popular
1967; e na Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, sem prejuízo das É o controle exercido pelos administrados na atuação da
penalidades financeiras previstas contratualmente. Administração Pública dos três poderes, seja por meio da ação
popular, do direito de petição ou de outros.
10. Controle da Administração Pública É importante lembrar que os atos administrativos devem
ser publicados, salvo os sigilosos. Todavia, uma outra finali-
É um conjunto de instrumentos que o ordenamento jurí- dade da publicidade dos atos administrativos é o desenvolvi-
dico estabelece a fim de que a própria administração Pública, mento do controle social da Administração Pública9.
os três poderes, e, ainda, o povo, diretamente ou por meio de
órgãos especializados, possam exercer o poder de fiscalização, Quanto ao Momento de Exercício
orientação e revisão da atuação de todos os órgãos, entidades Controle Prévio
e agentes públicos, em todas as esferas do poder.
É exercido antes da prática ou antes da conclusão do ato
Classificação administrativo.
Finalidade:
Quanto à Origem É um requisito de validade do ato administrativo.
Ex.: A aprovação do Senado Federal da escolha de ministros
Controle Interno do STF ou de dirigente de uma agência reguladora federal.
Acontece dentro do próprio poder, decorrente do prin- Em tais situações, a referida aprovação antecede a nomea-
cípio da autotutela. ção de tais agentes.
Finalidade: Controle Concomitante
Art. 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- É exercido durante a prática do ato.
rio manterão, de forma integrada, sistema de controle
Finalidade:
interno com a finalidade de:
Possibilitar a aferição do cumprimento das formalidades exi-

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I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no
gidas para a formação do ato administrativo.
plano plurianual, a execução dos programas de go-
verno e dos orçamentos da União; Ex.: Fiscalização da execução de um contrato adminis-
trativo; acompanhamento de uma licitação pelos órgãos
II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, de controle.
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades Controle Subsequente/Corretivo/Posterior
da administração federal, bem como da aplicação de É exercido após a conclusão do ato.
recursos públicos por entidades de direito privado; Finalidade:
III. Exercer o controle das operações de crédito, ▷ Correção dos defeitos sanáveis do ato;
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres ▷ Declaração de nulidade do ato;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
da União; Revogação do ato discricionário legal inconveniente
IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua e inoportuno.
missão institucional. Cassação do ato pelo descumprimento dos requisi-
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem tos que são exigidos para a sua manutenção.
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, Conferir eficácia ao ato.
dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
Ex.: Homologação de um concurso público.
pena de responsabilidade solidária.
Exs.: 9 Lei de Acesso à Informação Pública - Lei nº 12.527/Art. 3º. Os procedimentos
Pode ser exercido no âmbito hierárquico ou por órgãos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos
especializados (sem hierarquia); da Administração Pública e com as seguintes diretrizes:
O controle finalístico (controvérsia doutrinária, alguns I. observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
autores falam que é modalidade de controle externo); II. divulgação de informações de interesse público, independentemente de solic-
A fiscalização realizada por um órgão da Administração itações;
Pública do Legislativo sobre a atuação dela própria; III. utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação;
O controle realizado pela Administração Pública do poder IV. fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na Administração
judiciário nos atos administrativos praticados pela pró- Pública; 373
pria Administração Pública desse poder. V. desenvolvimento do controle social da Administração Pública.
Quanto ao Aspecto Controlado Mesmo quando o defeito admite convalidação, a adminis-
374 tração pública tem a possibilidade de anular, pois a regra é a
Controle de Legalidade anulação e a convalidação uma faculdade disponível ao agente
Sua finalidade é verificar se o ato foi praticado em con- público em hipóteses excepcionais.
formidade com o ordenamento jurídico, e, por esse, enten- Convalidação Tácita:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

demos que o ato tem que ser praticado de acordo com as leis O Art. 54 da Lei nº 9.784 prevê que a administração
e também com os princípios fundamentais da administração tem o direito de anular os atos administrativos de que de-
pública. corram efeitos favoráveis; para os destinatários, decai em
Lei deve ser entendida, nessa situação, em sentido amplo, cinco anos, contados da data em que forem praticados,
ou seja, a Constituição Federal, as leis ordinárias, complemen- salvo comprovada má-fé. Transcorrido esse prazo, o ato foi
tares, delegadas, medidas provisórias e as normas infralegais. convalidado, pois não pode ser mais anulado pela adminis-
Exercício: tração.
Própria Administração Pública: pode realizar o controle Convalidação Expressa:
de legalidade a pedido ou de ofício. Em decorrência do princí- Art. 55, Lei nº 9.784/99. Em decisão na qual se evi-
pio da autotutela, é espécie de controle interno. dencie não acarretar lesão ao interesse público nem
Poder Judiciário: no exercício da função jurisdicional, prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
pode exercer o controle de legalidade somente por provoca- sanáveis poderão ser convalidados pela própria Admi-
ção. Nesse caso, é uma espécie de inspeção externo. nistração.
Poder Legislativo: somente pode exercer controle de le- O prazo que a Administração Pública tem para convalidar
um ato é o mesmo que ela tem para anular, ou seja, cinco anos
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galidade nos casos previstos na Constituição Federal. É forma


de controle externo. contados a partir da data da prática do feito. Como analisamos, a
Consequências: convalidação, se trata de um controle de legalidade que verificou
que o ato foi praticado com vício, todavia, na hipótese descrita no
Confirmação da validade do ato. Art. 55 da Lei nº 9.784/99, a autoridade com competência para
Anulação do ato com vício de validade (ilegal). anular tal ato, pode optar pela sua convalidação.
Um ato administrativo pode ser anulado pela própria Admi-
nistração10 que o praticou, por provocação ou de ofício (controle Controle de Mérito
interno) ou pelo poder judiciário. Nesse caso, somente por pro- Sua finalidade é verificar a conveniência e a oportunidade
vocação (controle externo). A anulação gera efeitos retroativos dos atos administrativos discricionários.
(ex tunc), desfazendo todas as relações do ato resultadas, salvo, Exercício:
entretanto, os efeitos produzidos para os terceiros de boa-fé. Em regra, é exercido discricionariamente pelo próprio po-
Prazo para anulação na via administrativa: cinco anos, con- der que praticou o feito.
tados a partir da prática do ato, salvo comprovada má-fé . Excepcionalmente, o poder legislativo tem competência
Segundo o STF, quando o controle interno acarretar o des- para verificar o mérito de atos administrativos dos outros po-
fazimento de um ato administrativo que implique em prejuízo deres, esse é um controle de mérito de natureza política.
à situação jurídica do administrado, a administração deve an- Não pode ser exercido pelo poder judiciário na sua função típica,
tes instaurar um procedimento que garanta a ele o contraditó- mas pode ser executado pela Administração Pública do poder judi-
rio e a ampla-defesa, para que, dessa forma, possa defender ciário nos atos dela própria.
os seus interesses. Consequências:
Convalidação do ato é a correção com efeitos retroativos Manutenção do ato discricionário legal, conveniente e
do ato administrativo com defeito sanável. Considera-se pro- oportuno;
blema reparável: Revogação do ato discricionário legal, inconveniente e ino-
I. Vício de competência relativo à pessoa. portuno.
Nas hipóteses em que o Poder Legislativo exerce controle
Exceção: Competência exclusiva (também não
de mérito da atuação administrativa dos outros poderes, não
cabe convalidação).
lhe é permitida a revogação de tais atos.
O vício de competência relativo à matéria não é
caracterizado como um defeito sanável. Quanto à Amplitude
II. Vício de Forma Controle Hierárquico
Exceção: Lei determina que a forma seja ele- Decorre da hierarquia presente na Administração Pública,
mento essencial de validade de determinado que se manifesta na subordinação entre órgãos e agentes,
ato (também não cabe convalidação). sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Acontece
Sendo assim, somente os vícios nos elementos forma e na Administração Pública dos três poderes.
competência podem ser convalidados. Em todos os demais Consequências:
casos, a administração somente pode anular o ato.
É um controle interno permanente (antes/durante/após a
10 Súmula 473, STF. A Administração pode anular seus próprios atos, quando prática do ato) e irrestrito, pois verifica aspectos de legalidade
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos e de mérito de um ato administrativo praticado pelos agentes
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. e órgãos subordinados.
Esse controle está relacionado às atividades de supervisão, Hipóteses de Controle
coordenação, orientação, fiscalização, aprovação, revisão, avo-
cação e aplicação de meios corretivos dos desvios e irregula- O controle legislativo na atuação da Administração
ridades verificados. Pública somente pode ocorrer nas hipóteses previstas na
Constituição Federal, não sendo permitidas às Constituições
Controle Finalístico/Tutela Adminis- Estaduais ou às leis orgânicas criarem novas modalidades de
trativa/ Supervisão Ministerial controle legislativo no respectivo território de sua competên-
É exercido pela administração direta sobre as pessoas jurí- cia. Caso se crie nova forma de controle legislativo por instru-
dicas da administração indireta. mento legal diverso da Constituição Federal, tal norma será
Efeitos: inconstitucional.
Depende de norma legal que o estabeleça, não se enqua- Como as normas estaduais e municipais não podem criar
drando como um controle específico, e sua finalidade é verifi- novas modalidades de controle legislativo, nessas esferas, pelo
car se a entidade está atingindo as suas intenções estatutárias. princípio da simetria, são aplicadas as hipóteses de controle
legislativo previstas na Constituição Federal para os estados e
Controle Administrativo municípios. Todavia, vale ressaltar que como o sistema legis-
lativo federal adota o bicameralismo, as hipóteses de controle
É um controle interno, fundado no poder de autotutela, exer- do Congresso Nacional, do Senado, das comissões e do Tribu-
cido pelo poder executivo e pelos órgãos administrativos dos po- nal de Contas da União são aplicadas às assembleias legislati-
deres legislativo e judiciário sobre suas próprias condutas, tendo vas na esfera estadual e às câmaras de vereadores nas esferas
em vista aspectos de legalidade e de mérito administrativo11. municipais.
Súmula 473, STF: A Administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam Modalidades
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revo-
gá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, Controle de Legalidade
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em to- Quando se analisa aspectos de legalidade da atuação da
dos os casos, a apreciação judicial. Administração Pública dos três poderes, tais como dos atos e
O controle administrativo é sempre interno. Pode ser contratos administrativos.
hierárquico, quando é feito entre órgãos verticalmente esca- Controle de Mérito (Político)
lonados integrantes de uma mesma pessoa jurídica, seja da
Administração Direta ou Indireta; ou não hierárquico, quando É um controle de natureza política, que possibilita ao Po-
exercido entre órgãos que, embora integrem uma só pessoa der Legislativo, nas hipóteses previstas na Constituição Fede-
jurídica, não estão na mesma linha de escalonamento vertical ral, a intervir na atuação da Administração Pública do Poder
e também no controle finalístico exercido entre a Administra- Executivo, controlando aspectos de eficiência da atuação e

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ção Direta e a Indireta. também de conveniência da tomada de determinadas deci-
O controle administrativo é um controle permanente, pois sões do poder executivo.
acontece antes, durante e depois da prática do ato; também é Ex.: Quando o Senado tem que aprovar o ato do Pre-
irrestrito, pois como já foi dito, analisa aspectos de legalidade sidente da República, que nomeia um dirigente de uma
e de mérito. agência reguladora.
Ainda é importante apontar que o controle administrativo Efeitos:
pode acontecer de ofício ou a pedido do administrado. Não acarreta revogação do ato, pois esse ainda não conclui
Quando interessado em provocar a atuação da Adminis- o seu processo de formação enquanto não for aprovado pelo
tração Pública, o administrado pode se valer da reclamação poder legislativo, ou seja, tal ato não gera efeitos até a aprova-
administrativa, que é uma expressão genérica para englobar ção, por isso, não há o que se falar em revogação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um conjunto de instrumentos, tais como o direito de petição, a


representação, a denúncia, o recurso, o pedido de reconside- Controle Exercido pelo Congresso Nacional
ração, a revisão, dentre outros meios. A competência exclusiva do Congresso Nacional vem des-
O meio utilizado pela Administração Pública para proces- crita no Art. 40 da Constituição Federal:
sar o pedido do interessado é o processo administrativo, que, V. Sustar os atos normativos do Poder Executivo
na esfera federal, é regulado pela Lei nº 9.784/99. que exorbitem do poder regulamentar ou dos limi-
tes de delegação legislativa;
Controle Legislativo Tal situação acontece quando, no exercício do poder regu-
É a fiscalização realizada pelo Poder Legislativo, na sua lamentar, o presidente da república edite um decreto para com-
função típica de fiscalizar, na atuação da Administração Públi- plementar determinada lei e, nesse decreto, ele venha a inovar o
ca dos três poderes. ordenamento jurídico, ultrapassando os limites da lei. Todavia, a
Quando exercido na atuação administrativa dos outros sustação do ato normativo pelo Congresso Nacional não invalida
poderes, é espécie de controle externo; quando realizado na todo o decreto mas somente o trecho dele que esteja exorbitan-
Administração Pública do próprio poder legislativo, é espécie do do exercício do poder regulamentar.
de controle interno. IX. Julgar anualmente as contas prestadas pelo
Presidente da República e apreciar os relatórios 375
11 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente. Direito Administrativo Descomplica-
do. 19ª edição. São Paulo - 2011. sobre a execução dos planos de governo;
X. Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- XI. Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-
376 quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
incluídos os da administração indireta; componentes, e o desempenho das administrações
tributárias da União, dos Estados e do Distrito Fe-
Controle Exercido Privativamen-
deral e dos Municípios.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

te pelo Senado Federal


As competências privativas do Senado Federal vêm descri- Controle Exercido pela Câmara dos Deputados
tas no Art. 52 da Constituição Federal, dentre essas, algumas A competência da Câmara dos Deputados vem descrita
se referem ao exercício de atividades de controle: no Art. 51 da Constituição Federal, e nesse momento ana-
I. Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden- lisaremos as competências relativas à área de controle da
te da República nos crimes de responsabilidade, administração:
bem como os Ministros de Estado e os Comandan- Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos I. Autorizar, por dois terços de seus membros, a
crimes da mesma natureza conexos com aqueles; instauração de processo contra o Presidente e o
II. Processar e julgar os Ministros do Supremo Tri- Vice-Presidente da República e os Ministros de
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional Estado;
de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Pú-
II. Proceder à tomada de contas do Presidente da
blico, o Procurador-Geral da República e o Advoga-
República, quando não apresentadas ao Congresso
do-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura
Nesses dois primeiros casos, o julgamento será presidi- da sessão legislativa;
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do pelo presidente do STF, limitando-se este à condenação,


que somente será proferida por dois terços dos votos do Fiscalização Contábil, Financeira e Orça-
Senado Federal. mentária na Constituição Federal
III. Aprovar previamente, por voto secreto, após ar- Também chamado de controle financeiro, em sentido am-
guição pública, a escolha de: plo, vem descrito no Art. 70 da CF, que traz as seguintes regras:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Art. 70, CF. A fiscalização contábil, financeira, orçamentá-
Constituição; ria, operacional e patrimonial da União e das entidades
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indi- da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
cados pelo Presidente da República; legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
c) Governador de Território; renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacio-
d) Presidente e diretores do Banco Central; nal, mediante controle externo, e pelo sistema de controle
e) Procurador-Geral da República; interno de cada Poder.
f) titulares de outros cargos que a lei deter- Como podemos observar, segundo os ditames do Art. 70
minar. da Constituição Federal, a fiscalização contábil, financeira e
IV. Aprovar previamente, por voto secreto, após ar- orçamentária é realizada tanto por meio de controle interno
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de como de externo.
missão diplomática de caráter permanente; Áreas alcançadas pelo controle financeiro (amplo):
V. Autorizar operações externas de natureza finan- Contábil: controla o cumprimento das formalidades no re-
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito gistro de receitas e despesas.
Federal, dos Territórios e dos Municípios; Financeira: controla a entrada e a saída de capital, sua des-
VI. Fixar, por proposta do Presidente da República, tinação.
limites globais para o montante da dívida consoli- Orçamentária: fiscaliza e acompanha a execução do orça-
dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e mento anual, plurianual.
dos Municípios; Operacional: controla a atuação administrativa, obser-
VII. Dispor sobre limites globais e condições para as vando se estão sendo respeitadas as diretrizes legais que
operações de crédito externo e interno da União, orientam a atuação da Administração Pública, bem como
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, avaliando aspectos de eficiência e economicidade.
de suas autarquias e demais entidades controladas
Patrimonial: controle do patrimônio público, seja ele mó-
pelo Poder Público Federal;
vel ou imóvel.
VIII. dispor sobre limites e condições para a conces-
Aspectos Controlados:
são de garantia da União em operações de crédito
externo e interno; As áreas alcançadas pelo controle financeiro (sentido am-
IX. Estabelecer limites globais e condições para o
plo) abrangem os seguintes aspectos:
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Legalidade: atuação conforme a lei.
Federal e dos Municípios; Legitimidade: atuação conforme os princípios orientado-
X. Aprovar, por maioria absoluta e por voto secre- res da atuação da Administração Pública.
to, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral O controle financeiro realizado pelo Congresso Nacional
da República antes do término de seu mandato; não analisa aspectos de mérito.
Para que o controle financeiro seja eficiente, é necessária V. Fiscalizar as contas nacionais das empresas
a prestação de contas por parte das pessoas físicas ou jurídi- supranacionais de cujo capital social a União par-
cas que, de qualquer forma, administrem dinheiro ou direito ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
patrimonial público; tal regra vem descrita no parágrafo único tratado constitutivo;
do Art. 70: VI. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
Art. 70, Parágrafo único. Prestará contas qualquer pes- sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
soa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, ar- ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
recade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens trito Federal ou a Município;
e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou VII. Prestar as informações solicitadas pelo Con-
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
pecuniária. qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscali-
zação contábil, financeira, orçamentária, operacional
Controle Exercido pelos Tribunais de Contas e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
Os Tribunais de Contas são órgãos de controle vinculados peções realizadas;
ao Poder Legislativo. A finalidade que possuem é auxiliar na VIII. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegali-
função de exercer o controle externo da Administração Públi- dade de despesa ou irregularidade de contas, as
ca. sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
Apesar da expressão órgãos auxiliares, os tribunais de con- outras cominações, multa proporcional ao dano
tas não se submetem ao poder legislativo, ou seja, não existe causado ao erário;
hierarquia nem subordinação entre os tribunais de contas e o IX. Assinar prazo para que o órgão ou entidade
poder legislativo. adote as providências necessárias ao exato cum-
A Constituição Federal, no Art. 71, estabelece as competên- primento da lei, se verificada ilegalidade;
X. Sustar, se não atendido, a execução do ato im-
cias do Tribunal de Contas da União (TCU), e, pelo princípio da
simetria, os tribunais de contas estaduais e municipais detêm pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
as mesmas competências nas suas esferas de fiscalização, não
XI. Representar ao Poder competente sobre irregu-
sendo permitidas às Constituições Estaduais e às leis orgânicas
laridades ou abusos apurados.
municipais criar novas hipóteses de controle. Veja as competên-
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adota-
cias dos Tribunais de Contas a seguir.
do diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará,
• Hipóteses de Controle: de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
tas da União, ao qual compete: no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

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I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação
Presidente da República, mediante parecer prévio de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
que deverá ser elaborado em sessenta dias a con- § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
tar de seu recebimento; trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
II. Julgar as contas dos administradores e demais
• Pontos relevantes:
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta, incluídas as fun- A partir dessas regras, analisaremos alguns aspectos rele-
dações e sociedades instituídas e mantidas pelo Po- vantes referentes ao controle da Administração Pública quan-
do feito pelos tribunais de contas, nas suas respectivas áreas
der Público federal, e as contas daqueles que derem
de competências:
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
resulte prejuízo ao erário público; Apreciação e julgamento das contas públicas
III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos O TCU tem a competência de apreciar e julgar as contas
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na dos administradores públicos.
administração direta e indireta, incluídas as fun- Contas do Presidente da República são somente apre-
dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, ciadas mediante parecer prévio do tribunal de contas, a
excetuadas as nomeações para cargo de provimen- competência para julgá-las é do Congresso Nacional.
to em comissão, bem como a das concessões de O julgamento das contas feito pelo TCU não depende de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas homologação ou parecer do Poder Legislativo, pois, lembran-
as melhorias posteriores que não alterem o funda- do, os Tribunais de Contas não são subordinados ao Poder
mento legal do ato concessório; Legislativo.
IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Julgamento das Contas do Próprio Tribunal de Contas
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técni- Como a Constituição Federal não se preocupou em estabe-
ca ou de inquérito, inspeções e auditorias de natu- lecer quem é que detém a competência para julgar as contas
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional dos Tribunais de Contas, o STF entendeu que podem as Cons-
e patrimonial, nas unidades administrativas dos tituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais submeterem as
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e de- contas dos Tribunais de Contas a julgamentos das suas respec- 377
mais entidades referidas no inciso II; tivas casas legislativas.
378
Controle dos Atos Administrativos
O TCU tem o poder de sustar a execução do ato e, nesse
11. Responsabilidade Civil do Estado
caso, deve dar ciência dessa decisão à Câmara dos Deputados A responsabilidade civil consubstancia-se na obrigação de
e ao Senado Federal. indenizar um dano patrimonial decorrente de um fato lesivo
voluntário. É modalidade de obrigação extracontratual e,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Súmula Vinculante nº 3. Nos processos perante ao Tribu-


nal de Contas da União, asseguram-se o contraditório e para que ocorra, são necessários alguns elementos previs-
a ampla defesa quando da decisão puder resultar anu- tos no Art. 37, § 6º, da Constituição Federal:
lação ou revogação de ato administrativo que beneficie §6º - As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas
o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do jurídicas de direito privado prestadoras de serviço públi-
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e co responderão pelos danos seus agentes, nessa quali-
pensão. dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
Controle dos Contratos Administrativos gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Regra: o TCU não pode sustar os contratos administrativos, Teoria do Risco Administrativo
pois tal competência é do Congresso Nacional, que deve soli-
citar de imediato ao Poder Executivo a adoção das medidas É a responsabilidade objetiva do Estado, que paga o terceiro
cabíveis. lesado, desde que ocorra o dano por ação praticada pelo agente
público, mesmo o agente não agindo com dolo ou culpa.
Exceção: caso o Congresso Nacional ou o Poder Executivo
não tomem as medidas necessárias para a sustação do con- Enquanto para a Administração a responsabilidade inde-
trato em 90 dias, o TCU terá competência para efetuar a sua pende da culpa, para o servidor, ela depende: aquela é objetiva,
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sustação. esta é subjetiva e se apura pelos critérios gerais do Código Civil.


Declaração de inconstitucionalidade das Leis Requisitos
Segundo o STF, os tribunais de contas, no exercício de suas O fato lesivo causado pelo agente em decorrência de culpa
competências, podem declarar uma norma inconstitucional e em sentido amplo, a qual abrange o dolo (intenção), e a culpa
afastar a sua aplicação nos processos de sua apreciação. Toda- em sentido estrito, que engloba a negligência, a imprudência
via, tal declaração de inconstitucionalidade deve ser feita pela e a imperícia.
maioria absoluta dos membros dos tribunais de contas. A ocorrência de um dano patrimonial ou moral.
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de O nexo de causalidade entre o dano havido e o compor-
suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade tamento do agente, o que significa ser necessário que o dano
das leis e dos atos do poder público. efetivamente haja decorrido diretamente, da ação ou omissão
Controle Judiciário indevida do agente.
As Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadoras de ser-
É um controle de legalidade (nunca de mérito) realizado viço público estão também sob a responsabilidade na modali-
pelo poder judiciário, na sua função típica de julgar, nos atos dade risco administrativo.
praticados pelas Administração Pública de qualquer poder. Situações de quebra do nexo causal da Administração Pú-
Esse controle por abranger somente aspectos de legalida- blica (Rompimento do Nexo Causal).
de, fica restrito à possibilidade de anulação dos atos adminis-
Caso I
trativos ilegais, não podendo o poder judiciário realizar o con-
trole de mérito dos atos administrativos e, em consequência, Culpa exclusiva de terceiros ou da vítima.
não podendo revogar os atos administrativos praticados pela Ex.: Marco, Agente Federal, dirigindo regularmente via-
Administração Pública. tura oficial em escolta, atropela Sérgio, um suicida. Nes-
O controle judiciário somente será exercido por meio da pro- sa situação, a Administração Pública não está obrigada
a indenizar, pois o prejuízo foi causado exclusivamente
vocação do interessado, não podendo o poder judiciário apre-
pela vítima.
ciar um ato administrativo de ofício, em decorrência do atributo
da presunção de legitimidade dos atos administrativos. Caso II
Caso fortuito, evento da natureza imprevisível e inevitável.
É importante lembrar que a própria Administração Pública
faz o controle de legalidade da sua própria atuação, todavia as Ex.: A PRF apreende um veículo em depósito. No local, cai
um raio e destrói por completo o veículo apreendido. Nessa
decisões administrativas não fazem coisa julgada. Assim sen-
situação, a Administração não estará obrigada a indenizar
do, a decisão administrativa pode ser reformada pelo poder
o prejuízo sofrido, uma vez que não ocorreu culpa.
judiciário, pois somente as decisões desse poder é que tem o
Caso III
efeito de coisa julgada.
Motivo de força maior, evento humano imprevisível e ine-
Os meios para provocar a atuação do poder judiciário são
vitável.
vários, dentre eles, encontramos:
Ex.: A PRF apreende um veículo em depósito. Uma mani-
▷ Mandado de Segurança. festação popular intensa invade-o e depreda todo o veículo,
▷ Ação Popular. inutilizando-o. Nessa situação, a Administração não estará
▷ Ação Civil Pública. obrigada a indenizar o prejuízo sofrido, uma vez que não
▷ Dentre outros. ocorreu culpa.
Estão incluídas todas as pessoas jurídicas de Direito ▷ Depende de ajuizamento de ação de reparação de
Público, ou seja, a Administração Direta, as autarquias e as danos.
fundações públicas de direito público, independentemente Leis de Efeitos Concretos
de suas atividades.
Responsabilidade Civil Decorrente
Teoria da Culpa Administrativa
Segundo a Teoria da Culpa Administrativa, também co-
de Atos Jurisdicionais
nhecida como Teoria da Culpa Anônima ou Falta de Serviço, Regra: irresponsabilidade do Estado.
o dever do Estado de indenizar o dano sofrido pelo particular Exceção:
somente existe caso seja comprovada a existência de falta de
serviço. É possível ainda ocorrer a responsabilização do Estado Erro judiciário – Esfera Penal, ou seja, erro do judiciário
aos danos causados por fenômenos da natureza quando ficar que acarretou na prisão de um inocente ou na manutenção do
comprovado que o Estado concorreu de alguma maneira para preso no cárcere por tempo superior ao prolatado na sentença,
que se produzisse o evento danoso, seja por dolo ou culpa. Art. 5º, LXXV, da CF. Segundo o STF, essa responsabilidade não
Nessa situação, vigora a responsabilidade subjetiva, pois te- alcança outras esferas.
mos a condição de ter ocorrido com dolo ou culpa. A culpa Caso seja aplicada uma prisão cautelar a um acusado cri-
administrativa pode decorrer de uma das três formas possíveis minal e ele venha a ser absolvido, o Estado não responderá
de falta do serviço:
pelo erro judiciário, pois se entende que a aplicação da medida
▷ Inexistência do serviço.
não constitui erro do judiciário, mas sim, uma medida cautelar
▷ Mau funcionamento do serviço.
pertinente ao processo.
▷ Retardamento do serviço.
Cabe sempre ao particular prejudicado pela falta com-
provar sua ocorrência para fazer justa indenização.
Ação de Reparação de Danos
Para os casos de omissão, a regra geral é a responsabi- Administração Pública X Particular:
lidade subjetiva. No entanto, há casos em que mesmo na Pode ser amigável ou judicial.
omissão a responsabilidade do Estado será objetiva como, ▷ Não pode ser intentada contra o agente público cuja
por exemplo, no caso de atendimento hospitalar deficiente ação acarretou o dano.
e de pessoas sob a custódia do Estado, ou seja, o preso, Ônus da Prova:
pois, nesse caso, o Estado tem o dever de assegurar inte- Particular: nexo de causalidade direto e imediato entre o
gridade física e mental do custodiado.
fato lesivo e o dano.
Teoria do Risco Integral Administração Pública:

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A Teoria do Risco Integral representa uma exacerbação da ▷ Culpa exclusiva da vítima.
responsabilidade civil da Administração. Segundo essa teoria, ▷ Força Maior.
basta a existência de evento danoso e do nexo causal para que ▷ Culpa concorrente da vítima.
surja a obrigação de indenizar para a administração, mesmo Valor da Indenização destina-se à cobertura das seguin-
que o dano decorra de culpa exclusiva do particular. tes despesas:
Alguns autores consideram essa teoria para o caso de aci- ▷ O que a vítima perdeu;
dente nuclear.
▷ O que a vítima gastou (advogados);
Danos Decorrentes de Obras Públicas ▷ O que a vítima deixou de ganhar.
Em caso de morte:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Só Fato da Obra: sem qualquer irregularidade na sua exe-
▷ Sepultamento;
cução.
▷ Pensão alimentícia para os dependentes com base
Responsabilidade Civil Objetiva da Administração Públi- na expectativa de vida da vítima.
ca ou particular (tanto faz quem execute a obra).
Prescrição:
Má Execução da Obra
Art. 1º da Lei nº 9.494/97: 5 anos.
▷ Administração Pública: Responsabilidade Civil Objeti-
va, com direito de ação regressiva. Tal prazo aplica-se inclusive às delegatárias de serviço pú-
▷ Particular: Responsabilidade Civil Subjetiva. blico.

Responsabilidade Civil Decorrente Ação Regressiva


de Atos Legislativos Administração Pública X Agente Público:
O Art. 37, § 6º, da CF permite à Administração Pública ou
Regra: irresponsabilidade do Estado. delegatária (Concessionárias, Autorizatárias e Permissioná-
Exceção: rias) de serviço público a ingressar com uma ação regressiva
Leis Inconstitucionais contra o agente cuja atuação acarretou o dano, desde que 379
▷ Depende de declaração de inconstitucionalidade do STF; comprovado dolo ou culpa.
Requisitos: A Lei nº 9.784/99 será aplicada sempre de forma subsidiá-
380 ▷ Trânsito em julgado da sentença que condenou a ria, acessória, ou seja, a regra geral é que as leis específicas que
Administração ou Delegatária a indenizar. já tratam dos processos administrativos continuarão em vigor.
▷ Culpa ou dolo do agente público (responsábilidade Dessa forma, a Lei nº 9.784/99 não revogou nenhuma outra
civil subjetiva). que trate sobre o mesmo assunto:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Regras Especiais: Art. 69. Os processos administrativos específicos conti-


nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-lhes apenas
▷ O dever de reparação se estende aos sucessores até
subsidiariamente os preceitos dessa Lei.
o limite da herança recebida.
Assim, por exemplo, se o servidor está respondendo a pro-
▷ Pode acontecer após a quebra do vínculo entre o
cesso administrativo disciplinar, usam-se as normas da Lei nº
agente público e a Administração Pública.
8.112/90, em falta de regulamentação dessa, em algum aspec-
▷ A ação de ressarcimento ao erário é imprescritível.
to, usa-se a Lei nº 9.784/99.
O agente ainda pode ser responsabilizado nas esferas ad-
ministrativa e criminal se a conduta que gerou o prejuízo ainda Princípios
incorrer em crime ou em falta administrativa, conforme o caso,
podendo as penalidades serem aplicadas de forma cumulativa. O Art. 2º da lei traz vários princípios expressos, alguns
norteadores de forma geral dos atos administrativos, inclusive
12. Processo Administrativo Federal expressamente previstos no texto constitucional; outros, que
na Constituição Federal são tidos como implícitos, aqui são
Passaremos a analisar o Processo Administrativo Federal, ou tratados como expressos.
seja, a Lei nº 9.784/99 que estabelece as regras gerais de tal pro-
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A maioria das questões de concursos pede somente se


cesso no âmbito federal. Essa lei tem, em primeiro plano, a função o candidato sabe que tais princípios são expressos na Lei nº
de regulamentar o processo administrativo federal. Contudo, ela 9.784/99, pois, por exemplo, as questões perguntam se a ra-
contém as normas aplicáveis a todos os atos administrativos. zoabilidade é princípio expresso da Lei nº 9.784/99. Essa ques-
Aqui, complementaremos o conteúdo da lei voltado, espe- tão está correta sob a perspectiva do texto do Art. 2º segun-
cificamente, para a resolução de questões. do da lei, pois a razoabilidade realmente está expressamente
prevista como princípio. Já no texto constitucional, o mesmo
Abrangência da Lei princípio é tido como implícito.
O Art. 1º da Lei nº 9.784/99 determina a abrangência e a Dessa forma, passamos a analisar o texto do Art. 2º:
aplicação da referida lei. Devemos lembrar que esta é uma lei Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre
administrativa Federal e não nacional, ou seja, vale para toda
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, moti-
Administração Pública Direta e Indireta da União. Dessa forma,
passaremos a analisá-la: vação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
Art. 1º. Essa Lei estabelece normas básicas sobre o ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, inte-
processo administrativo no âmbito da Administração resse público e eficiência.
Federal direta e indireta, visando, em especial, à pro- Ao lado dos princípios transcritos acima, que são tidos
teção dos direitos dos administrados e ao melhor cum- como expressos, temos os chamados princípios implícitos, ou
primento dos fins da Administração. seja, não estão expressamente descritos no bojo do texto da
§ 1º - Os preceitos dessa Lei também se aplicam aos Lei nº 9.784/99, mas são de observância obrigatória por parte
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, de quem está sob a tutela da lei.
quando no desempenho de função administrativa.
São considerados princípios implícitos:
§ 2º - Para os fins dessa Lei, consideram-se:
Informalismo: somente existe forma determinada quando
I. Órgão - a unidade de atuação integrante da es-
expressamente prescrita em lei.
trutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta; Oficialidade: o chamado de impulso oficial, significa que de-
II. Entidade - a unidade de atuação dotada de per- pois de iniciado o processo, a Administração tem a obrigação de
sonalidade jurídica; conduzi-lo até a decisão final.
III. Autoridade - o servidor ou agente público dota- Verdade material: deve-se permitir que sejam trazidos aos
do de poder de decisão. autos as provas determinantes para o processo, mesmo depois de
Como mencionado acima, a lei tem natureza Federal, transcorridos os prazos legais.
dessa forma, é aplicável à União, autarquias federais, funda- Gratuidade: em regra, não existe ônus no processo ad-
ções públicas federais, sociedade de economia mista federais ministrativo, o que é característico nos judiciais.
e empresas públicas federais. Vale ressaltar que os poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário exercem funções típicas e Outra forma de ser cobrado nas questões está relacionada
atípicas. a transcrever o conteúdo dos incisos do Art. 2º e perguntar a
Nas funções empregada dos poderes Legislativo e Judi- qual princípio está diretamente ligado. Para tanto, passaremos
ciário, aplicam-se, no que couber, as normas determinadas na a determinar em cada inciso os princípios relacionados entre
referida lei. parênteses.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão II. Ser ciência da tramitação dos processos admi-
observados, entre outros, os critérios de: nistrativos em que tenha a condição de interessa-
I. Atuação conforme a lei e o Direito (legalidade); do, ter vista dos autos, obter cópias de documentos
II. Atendimento a fins de interesse geral, vedada a neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
renúncia total ou parcial de poderes ou competên- III. Formular alegações e apresentar documentos
cias, salvo autorização em lei (impessoalidade/in- antes da decisão, os quais serão objeto de conside-
disponibilidade do interesse público); ração pelo órgão competente;
III. Objetividade no atendimento do interesse públi- IV. Fazer-se assistir, facultativamente, por advoga-
co, vedada a promoção pessoal de agentes ou auto- do, salvo quando obrigatória a representação, por
ridades (impessoalidade); força de lei.
IV. Atuação segundo padrões éticos de probidade, A faculdade de atuar com advogado no processo adminis-
decoro e boa-fé (moralidade); trativo é decorrência direta do princípio do informalismo. Con-
V. Divulgação oficial dos atos administrativos, ressal- tudo, pode a lei expressamente exigir a presença do advogado
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constitui- no procedimento. Nesse caso, a inobservância acarretaria nu-
ção (publicidade); lidade do processo.
VI. Adequação entre meios e fins, vedada a impo- É de extrema importância notar o teor da Súmula Vincu-
sição de obrigações, restrições e sanções em me- lante 5, em que sua redação determina o seguinte:
dida superior àquelas estritamente necessárias ao Súm. Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advo-
atendimento do interesse público (razoabilidade/ gado no processo administrativo disciplinar não ofende a
proporcionalidade); Constituição.
VII. Indicação dos pressupostos de fato e de direito O Art. 4º determina alguns deveres que devem ser observa-
que determinarem a decisão (motivação); dos no âmbito do processo administrativo.
VIII. Observância das formalidades essenciais à Art. 4º. São deveres do administrado perante a Ad-
garantia dos direitos dos administrados (segu-
ministração, sem prejuízo de outros previstos em ato
rança Jurídica);
normativo:
IX. Adoção de formas simples, suficientes para
I. Expor os fatos conforme a verdade;
propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados (segurança II. Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
jurídica e informalismo); III. Não agir de modo temerário;
X. Garantia dos direitos à comunicação, à apresen- IV. Prestar as informações que lhe forem solicitadas e
tação de alegações finais, à produção de provas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

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à interposição de recursos, nos processos de que
possam resultar sanções e nas situações de litígio Início do Processo e Legitimação Ativa
(ampla defesa e contraditório); O Art. 5º da Lei nº 9.784/99 traz que o processo pode ser
XI. Proibição de cobrança de despesas processuais, iniciado pela própria Administração Pública (de ofício) – de-
ressalvadas as previstas em lei (gratuidade nos pro- corrência do princípio da oficialidade, ou ainda mediante pro-
cessos administrativos); vocação do interessado por meio de representação aos órgãos
XII. Impulsão, de ofício, do processo administrativo, públicos responsáveis (a pedido).
sem prejuízo da atuação dos interessados (oficiali- O Art. 6º determina que caso faltem elementos essenciais
dade); ao pedido, a Administração deverá orientar o interessado a su- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
pri-los, sendo vedada a simples recusa imotivada de receber o
XIII. Interpretação da norma administrativa da for-
requerimento ou outros documentos. Segue o teor dos artigos:
ma que melhor garanta o atendimento do fim pú-
blico a que se dirige, vedada aplicação retroativa de Art. 5º. O processo administrativo pode iniciar-se de
nova interpretação (Segurança Jurídica). ofício ou a pedido de interessado.
Art. 6º. O requerimento inicial do interessado, salvo casos
Direitos e Deveres dos Administrados em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado
por escrito e conter os seguintes dados:
O Art. 3º da Lei nº 9.784/99 trata de uma lista exemplifica-
I. Órgão ou autoridade administrativa a que se di-
tiva de direitos dos administrados para com a Administração rige;
Pública. É muito importante frisar o inciso IV que discorre so- II. Identificação do interessado ou de quem o re-
bre a presença do advogado no processo administrativo. presente;
Art. 3º. O administrado tem os seguintes direitos pe- III. Domicílio do requerente ou local para recebi-
rante à Administração, sem prejuízo de outros que lhe mento de comunicações;
sejam assegurados: IV. Formulação do pedido, com exposição dos fatos
I. Ser tratado com respeito pelas autoridades e e de seus fundamentos;
servidores, que deverão facilitar o exercício de seus V. Data e assinatura do requerente ou de seu re- 381
direitos e o cumprimento de suas obrigações; presentante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa III. Esteja litigando judicial ou administrativamente
382 imotivada de recebimento de documentos, devendo o com o interessado ou respectivo cônjuge ou com-
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento panheiro.
de eventuais falhas. O Art. 20 determina que pode ser arguida suspeição de
Art. 7º. Os órgãos e entidades administrativas deverão autoridade ou servidor que tenha amizade ou inimizade no-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

elaborar modelos ou formulários padronizados para tória com algum interessado ou com os respectivos cônjuges,
assuntos que importem pretensões equivalentes. companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 8º. Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
Da Forma, Tempo e Lugar
poderão ser formulados em um único requerimento, dos Atos do Processo
salvo preceito legal em contrário. O Art. 22 tem como fundamento o princípio do informalis-
Dos Interessados e da Competência mo e prevê o seguinte:
Art. 22. Os atos do processo administrativo não de-
O Art. 9º trata dos interessados no processo administrati-
pendem de forma determinada, senão, quando a lei
vo. Na maioria das vezes, as questões cobradas em concursos
expressamente a exigir.
são meramente texto de lei, em que uma simples leitura resol-
ve o problema. § 1º - Os atos do processo devem ser produzidos por es-
crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realiza-
Dessa forma, passamos a transcrever o texto legal:
ção e a assinatura da autoridade responsável.
Art. 9º. São legitimados como interessados no proces- § 2º - Salvo imposição legal, o reconhecimento de fir-
so administrativo:
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ma somente será exigido quando houver dúvida de


I. Pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como autenticidade.
titulares de direitos ou interesses individuais ou § 3º - A autenticação de documentos exigidos em có-
no exercício do direito de representação; pia poderá ser feita pelo órgão administrativo.
II. Aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm § 4º - O processo deverá ter suas páginas numeradas
direitos ou interesses que possam ser afetados pela sequencialmente e rubricadas.
decisão a ser adotada;
O Art. 23 estabelece, como regra geral, a realização dos
III. As organizações e associações representativas, atos do processo em dias úteis, no horário normal de funciona-
no tocante a direitos e interesses coletivos; mento da repartição na qual tramitar o processo. No entanto,
IV. As pessoas ou as associações legalmente cons- poderão ser concluídos depois do horário normal os atos já
tituídas quanto a direitos ou interesses difusos. iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
Art. 10. São capazes, para fins de processo administra- cedimento ou cause dano ao interessado ou à administração
tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão (Art. 23, parágrafo único).
especial em ato normativo próprio. Estabelece o Art. 25 que os atos do processo devem reali-
O Art. 11 trata da irrenunciabilidade da competência, ou seja, zar-se preferencialmente na sede do órgão, certificando-se o
os órgãos da administração, por meio de seus agentes, não po- interessado se outro for o local de realização, ou seja, devem
dem renunciar as competências determinadas por lei. Merece es- ser executados, de preferência, na sede do órgão, mas pode-
pecial atenção, e por ser matéria certa em provas de concursos, o rão ser realizados em outro local, após regular cientificação.
Art. 13 trata da impossibilidade legal de delegação, sendo um rol
taxativo descrito na lei, que passamos a transcrever abaixo: Do Recurso Administrativo
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: e da Revisão
I. A edição de atos de caráter normativo;
II. A decisão de recursos administrativos; Um dos temas mais cobrados nas provas de concursos é o que
III. As matérias de competência exclusiva do órgão tange ao recurso administrativo e à revisão do processo. O Art. 56
ou autoridade. estabelece direito do administrado ao recurso das decisões admi-
nistrativas, isso em razões de legalidade e mérito administrativo.
Impedimento e Suspeição O § 3º prevê que o administrado, se entender que hou-
Os Arts. 18 e 20 cuidam do impedimento e suspeição no ve violação a enunciado de súmula vinculante, poderá ajuizar
processo administrativo. Nessa situação, a lei visa a preservar a reclamação perante o Supremo Tribunal Federal, desde que,
atuação imparcial do agente público, com vistas à moralidade antes, tenha esgotado as vias administrativas.
administrativa. O § 2º estabelece, como regra geral, a inexigibilidade de ga-
Dessa forma, o Art. 18 prevê que é impedido de atuar no rantia de instância (caução) para a interposição de recurso admi-
processo administrativo o servidor ou autoridade que: nistrativo. Nesse sentido, passamos a transcrever a Súmula Vincu-
I. Tenha interesse direto ou indireto na matéria; lante 21, que proíbe a exigência de depósito para admissibilidade
II. Tenha participado ou venha a participar como de recurso.
perito, testemunha ou representante, ou se tais Súm. Vinculante 21. É inconstitucional a exigência de de-
situações ocorrem quanto ao cônjuge, compa- pósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
nheiro ou parente e afins até o terceiro grau; admissibilidade de recurso administrativo.
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em Prática dos Atos
face de razões de legalidade e de mérito. Quantidade de dias: cinco dias.
§ 1º - O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a
Observações:
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco
dias, o encaminhará à autoridade superior. ▷ Se não existir uma disposição específica, prazo será
de cinco dias.
§ 2º - Salvo exigência legal, a interposição de recurso
administrativo independe de caução. ▷ O prazo total pode ser até de 10 dias (dilatado até
§ 3º - Se o recorrente alegar que a decisão administra- o dobro).
tiva contraria enunciado da súmula vinculante, caberá Artigo na lei que consta o prazo:
à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso ou autoridade responsável pelo processo e dos administra-
à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou dos que dele participem devem ser praticados no prazo de
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. cinco dias, salvo motivo de força maior.
Legitimidade para Interpor Recurso Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
dilatado até o dobro, mediante comprovada justifica-
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi- ção.
nistrativo:
Intimação - Da Comunicação dos Atos
I. Os titulares de direitos e interesses que forem
parte no processo; Quantidade de dias: três dias úteis;
II. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indi- Art. 26, § 2º - A intimação observará a antecedência
retamente afetados pela decisão recorrida; mínima de três dias úteis quanto à data de compare-
III. As organizações e associações representativas, cimento.
no tocante a direitos e interesses coletivos; Intimação – da instrução
IV. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos Quantidade de dias: três dias úteis;
ou interesses difusos.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
Do Não Reconhecimento do Recurso diligência ordenada, com antecedência mínima de
Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter- três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de
posto: realização.
I. Fora do prazo; Parecer
II. Perante órgão incompetente; Quantidade de dias: 15 dias.

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III. Por quem não seja legitimado; Observação:
IV. Após exaurida a esfera administrativa. ▷ Salvo norma especial ou comprovada necessidade
O Art. 64 confere amplos poderes aos órgãos incumbidos da de maior prazo.
decisão administrativa, em que o setor competente para decidir Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
o recurso, poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua máximo de quinze dias, salvo norma especial ou com-
competência. Aqui é possível, inclusive, a reforma em prejuízo provada necessidade de maior prazo.
do recorrente, chamada reformatio in pejus. Direito de Manifestação – Da Instrução
O Art. 65 focaliza os processos administrativos de que re-
Quantidade de dias: 10 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sultem sanções, que poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circuns- Observação:
tâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da ▷ Salvo se outro prazo for legalmente fixado.
sanção aplicada. Devemos nos atentar, pois o Parágrafo Único Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
prevê que da revisão do processo não poderá resultar agrava- reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
mento da sanção. salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Assim, é fácil notar que o legislador determinou regra Prazo de decidir
distinta para o recurso administrativo e a revisão do proces- Quantidade de dias: 30 dias.
so. Esse recurso, é possível o agravamento da penalidade pela
autoridade julgadora (chamada reformatio in pejus), contudo, Observações:
isso não acontece na revisão do processo. ▷ Pode ser prorrogado por igual período se expressa-
mente motivada.
Prazos da Lei nº 9.784/99 ▷ O prazo total pode ser até de 60 dias.
A lei possui muitos prazos, dessa forma, sintetizaremos, Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis-
em um único tópico, todos eles para melhor entendimento e, trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
consequentemente, para acertar as questões nas provas de para decidir, salvo prorrogação por igual período ex- 383
concursos públicos: pressamente motivada.
Prazo para Reconsiderar Prazo de recon-
5 dias
384 Quantidade de dias: cinco dias. siderar
Art. 56, § 1º - O recurso será dirigido à autoridade que Recurso Admin- Se não existir disposição legal
10 dias
proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no pra- istrativo específica, o prazo será de 10 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

zo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. Se a lei não fixar prazo diferente, o
Recurso Administrativo Prazo de decidir prazo será de 30 dias;
30 dias
RA O prazo total pode ser de até 60
Quantidade de dias: 10 dias.
dias, ante justificativa explícita.
Observação:
Alegações Finais 5 dias úteis
▷ Se não existir disposição legal específica, o prazo
será de 10 dias. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
o prazo para interposição de recurso administrativo, administrados que dele participem devem ser pratica-
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da de- dos no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
cisão recorrida. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode
ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justi-
Prazo de Decidir Recurso Administrativo ficação.
Quantidade de dias: 30 dias. Art. 26, § 2º - A intimação observará a antecedência
Observações: mínima de três dias úteis quanto à data de compare-
▷ Se a lei não fixar prazo diferente, o prazo será de 30 dias. cimento.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
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▷ O prazo total pode ser até de 60 dias, se houver jus-


diligência ordenada, com antecedência mínima de três
tificativa explícita.
dias úteis, mencionando-se data, hora e local de rea-
Art. 59, § 1º - Quando a lei não fixar prazo diferente, lização.
o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos au- órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
tos pelo órgão competente. máximo de quinze dias, salvo norma especial ou com-
§ 2º - O prazo mencionado no parágrafo anterior pode- provada necessidade de maior prazo.
rá ser prorrogado por igual período, ante justificativa Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
explícita. reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
Alegações Finais salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis-
Quantidade de dias: 5 dias úteis. trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para para decidir, salvo prorrogação por igual período ex-
dele conhecer deverá intimar os demais interessados pressamente motivada.
para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem ale- Art. 56, § 1º - O recurso será dirigido à autoridade que
gações. proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no pra-
Prazos da Lei nº 9.784/99 zo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
Art. 59, § 1º - Quando a lei não fixar prazo diferente,
Quantidade o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo
Tipo Observações
de Dias máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos au-
Se não existir disposição específi- tos pelo órgão competente.
ca, o prazo será de 5 dias; § 2º - O prazo mencionado no parágrafo anterior pode-
Prática dos atos 5 dias rá ser prorrogado por igual período, ante justificativa
O prazo total pode ser até de 10
dias (dilatado até o dobro). explícita.
Intimação de Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
comunicação dos 3 dias úteis dele conhecer deverá intimar os demais interessados
atos para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem ale-
gações.
Intimação da
3 dias úteis
Instrução
13. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990
Salvo norma especial ou compro-
Parecer 15 dias
vada necessidade de maior prazo. Disposições Gerais
Direito de
A Lei nº 8.112/90 instituiu o Regime Jurídico dos Servidores
Salvo se outro prazo for legal- Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
manifestação da 10 dias
mente fixado. especial, e das fundações públicas federais.
instrução
Pode ser prorrogado por igual A Lei nº 8.112/90 alcança:
período se expressamente mo- ▷ União;
Prazo de decidir 30 dias tivada; ▷ Autarquias federais;
O prazo total pode ser até de 60 dias.
▷ Fundações públicas federais.
As empresas públicas e as sociedades de economia mis- Prazo de Validade
ta não são regidas por essa lei. Além disso, não é qualquer O prazo de validade do concurso público é de até dois anos
autarquia ou fundação pública que a adota, são apenas as e prorrogável uma única vez, por igual período (a administra-
federais. ção prorroga apenas se quiser).
Conceitos Importantes A Lei nº 8.112/90 estabelece que não se abrirá novo concurso
▷ Servidor: pessoa legalmente investida em cargo pú- enquanto houver candidato aprovado em seleção anterior com
blico (o que torna alguém um servidor público é a prazo de validade não expirado.
INVESTIDURA, sendo que ela é dada com a POSSE). Art. 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
▷ Cargo público: conjunto de atribuições e responsa- visto no edital de convocação, aquele aprovado em
bilidades previstas na estrutura organizacional que concurso público de provas ou de provas e títulos
devem ser cometidas a um servidor. será convocado com prioridade sobre novos concur-
sados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
Cargo Público Segundo a Lei nº 8.112/90, não poderia ser aberto novo
▷ Acessíveis a todos os brasileiros (estrangeiros ex- concurso enquanto há algum vigente. Mas atenção, pois, con-
cepcionalmente: universidades e instituições de forme a regra constitucional, pode sim ser aberto novo con-
pesquisa científica e tecnológica federais poderão curso nesse caso, porém deve ser observada a prioridade na
prover seus cargos com professores, técnicos e cien- nomeação.
tistas estrangeiros, de acordo com as normas e os Para responder se é possível ou não abrir um novo concur-
procedimentos da Lei nº 8.112/90). so enquanto houver um não expirado com candidatos aprova-
▷ Criados por lei. dos, fique de olho no comando da questão:
▷ Com denominação própria e vencimentos pagos pe- De acordo com a Lei nº 8.112/90: não pode.
los cofres públicos De acordo com a Constituição Federal: pode, mas deve ser
▷ Provimento pode ser em: observada a prioridade na ordem de nomeação.
» caráter efetivo; De acordo com o STF, os candidatos aprovados dentro das
» em comissão. vagas têm direito subjetivo à nomeação durante o prazo de
validade do concurso.
A Lei nº 8.112/90 veda a prestação de serviços gratuitos, Entretanto, o próprio STF reconhece que, em virtude do
salvo os casos previstos nela. princípio da supremacia do interesse público sobre o privado,
Diferenças entre cargo efetivo, cargo em comissão e fun- ocorrendo situações excepcionais, relevantes, supervenientes,
ção de confiança: imprevisíveis e extraordinárias, nem mesmo os aprovados
Cargo efetivo: nesse os servidores ingressam por meio de dentro das vagas teriam direito a nomeação. Seria o caso, por
concurso público. Deverão passar pelo estágio probatório e exemplo, de um concurso feito para um órgão novo, que na

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podem adquirir estabilidade no serviço público. prática, por falta de verbas, jamais foi efetivamente instalado.
Cargo em comissão e função de confiança: não estão Nessa situação a nomeação de candidatos que iriam receber,
sujeitos ao estágio probatório, mas jamais adquirem estabi- mas não iriam sequer trabalhar pela inexistência física do ór-
lidade. Tratam-se de atribuições de chefia, direção ou asses- gão, violaria o princípio supracitado.
soramento. Assim, no que se refere aos aprovados dentro das vagas:
Cargo em comissão: é de livre nomeação e exoneração (ad Regra: Direito subjetivo à nomeação;
nutum), isto é, a autoridade escolhe livremente e pode exonerar
independente de motivo. Podem ser preenchidos tanto por par- Exceção: Não tem direito à nomeação (ocorrendo situa-
ticulares como por servidores (mas um percentual mínimo de ções expecionais). NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
servidores de carreira deve ser observado, de acordo com a CF). Reserva de Vagas para Deficiente
Função de confiança: é de livre designação e dispensa. Nos termos da Lei nº 8.112/90, é assegurado o direito de se
Apenas servidores efetivos podem ser designados. inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
Do Provimento portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% das
vagas oferecidas no concurso.
Concurso Público A Lei nº 8.112/90 não estabeleceu um patamar mínimo,
Regras Gerais mas a legislação específica diz que é de 5%. Neste caso, se o
edital prever quatro vagas, não haverá nenhuma para porta-
O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo
dores de deficiência, pois a reserva dessa caracterizaria 25%
ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o
do total, o que extrapola o limite estabelecido.
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, Reserva de Vagas para Negros
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóte- A Lei nº 12.990/2014 reserva aos negros 20% das vagas ofere-
ses de isenção nele expressamente previstas. cidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos
Os cargos públicos de provimento efetivo serão necessa- e empregos públicos no âmbito da administração pública federal,
riamente preenchidos mediante prévia aprovação em concur- das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e 385
so público. das sociedades de economia mista controladas pela União.
Requisitos para Investidura Esses prazos (para tomar posse e entrar em exercício) são
386 Requisitos básicos para investidura em cargo público: declináveis, isto é, não é necessário aguardar o último dia, pode
▷ Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado). tomar posse em um dia após a nomeação e já entrar em exercí-
▷ Gozo dos direitos políticos. cio no dia seguinte.
▷ Quitação com as obrigações militares e eleitorais. Regras referentes à posse:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Nível de escolaridade exigido para o exercício do ▷ Pode ser dada mediante procuração específica.
cargo. ▷ Existe posse apenas nos casos de provimento de
▷ Idade mínima de dezoito anos. cargo por nomeação (única forma de provimento
▷ Aptidão física e mental. originária).
Esses são os requisitos básicos. As atribuições do cargo ▷ Apresenta declaração de bens e valores, bem como
podem justificar a exigência de outros, mas eles devem estar de estar ou não em exercício de outro cargo, empre-
go ou função pública.
estabelecidos em lei.
▷ Depende de prévia inspeção médica oficial (só pode ser
A Súmula 683 do STF diz que:
empossado se for julgado apto física e mentalmente para
O limite de idade para inscrição em concurso públi- o exercício do cargo).
co só se legitima em face do Art. 7º, XXX, da Cons-
À autoridade responsável do órgão ou entidade para
tituição Federal quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe
exercício.
Da Posse e do Exercício O início da atividade de função de confiança coincidirá
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Posse: dada com a assinatura do respectivo termo (na com a data de publicação do ato de designação, salvo quando
posse é que ocorre a investidura). o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro
Nesse termo constarão as atribuições, os deveres, as res- motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após
ponsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta
não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das dias da divulgação.
partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício
Exercício: efetivo desempenho das atribuições do cargo serão registrados no assentamento individual do servidor.
público ou da função de confiança.
Ao entrar em exercício, o mais novo concursado apresen-
A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publi- tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu
cação do ato de provimento. É de quinze dias o tempo para o
assentamento individual.
servidor empossado em cargo público entrar em exercício, con-
tados da data da posse. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é
Publicação do ato de provimento (nomeação) ՜ 30 dias contado no novo posicionamento na carreira a partir da data
՜ POSSE ՜ 15 dias ՜ Exercício. de publicação do ato que promover o servidor.
▷ Não tomar posse: o ato de provimento é tornado Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em
sem efeito. razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
▷ Não entrar em exercício: O servidor será EXONE- peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta
RADO (cargo) ou o ato de designação tornado sem horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas
efeito (função de confiança). e oito diárias, respectivamente (pode haver disposição de jor-
No caso de posse, em se tratando de servidor, que esteja na nada diversa em leis especiais).
data de publicação do ato de provimento, em licença prevista Jornada do servidor (limites)
nos incisos I, III e V do Art. 81, ou afastado nas hipóteses dos ▷ Semanal - 40 horas
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do Art. ▷ Diária - mínimo seis horas e máximo oito.
102, o prazo será contado do término do impedimento. O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
Nessa situação, se a pessoa já for servidor e estiver go- submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, obser-
zando de determinadas licenças ou afastamentos, o tempo vado o disposto no Art. 120 (regras de afastamento ou não do
para tomar posse será iniciado após o término desse impe- cargo efetivo para exercício do cargo em comissão), podendo
dimento.
ser convocado sempre que houver interesse da Administração.
O servidor que deva ter exercício em outro município em
razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido Estabilidade e Estágio Probatório
ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no O Art. 20 da Lei nº 8.112/90 diz que ao entrar em exercício,
máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do
sujeito a estágio probatório por período de 24 meses, durante
cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslo-
camento para a nova sede. o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação
O servidor pode (facultado) declinar desses prazos se esti- para o desempenho do cargo [...].
ver em licença ou afastado legalmente, esse período conta do Entretanto, de acordo com o Art. 41 da CF o prazo para
término do impedimento. aquisição da estabilidade é de três anos, sendo esse também
o entendimento aplicado nas provas para o prazo do estágio ▷ Sentença judicial transitada em julgado.
probatório (isso está pacificado inclusive pela jurisprudência ▷ Processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
do STJ). assegurada ampla defesa.
Tanto o prazo para o estágio probatório, como o pe- Já a Constituição Federal estabelece as seguintes hipóte-
ríodo para adquirir estabilidade, é de três anos de efetivo ses de perda do cargo pelo servidor estável:
exercício. ▷ Sentença judicial transitada em julgado.
A estabilidade é dada no serviço público, após esse prazo e ▷ Processo administrativo em que lhe seja assegurada
preenchido os requisitos, o servidor torna-se estável no servi- ampla defesa.
ço público naquela esfera (feita apenas uma vez nessa esfera). ▷ Procedimento de avaliação periódica de desem-
Para que seja adquirida, é necessária a aprovação em estágio penho, na forma de lei complementar, assegurada
probatório. Este diz respeito ao cargo. A cada nova função ele ampla defesa.
deve ser cumprido, independente de o servidor já ser estável ▷ Excesso de despesas com pessoal (Art. 169, §4º).
ou não.
Na Lei nº 8.112/90 a avaliação de desempenho (estágio 13. 1. Provimento e Vacância
probatório) observará os seguinte fatores:
▷ Assiduidade.
Provimento
▷ Disciplina. Provimento é o modo pelo qual um cargo público é preen-
▷ Capacidade de iniciativa. chido. Essas formas, assim como as de vacância, configuram um
▷ Produtividade. rol taxativo, isto é, existem apenas essas hipóteses expressa-
mente previstas em lei.
▷ Responsabilidade.
São Formas de provimento de cargo público (sete hipóte-
Quatro meses antes de findo o período do estágio ses - rol taxativo):
probatório, será submetida à homologação da autoridade ▷ Nomeação (única originária, as outras modalidades são
competente a avaliação do desempenho do servidor, rea- formas derivadas de provimento – ou secundárias).
lizada por comissão constituída para essa finalidade, de ▷ Promoção (forma híbrida - é também forma de va-
acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res- cância).
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de ▷ Readaptação (forma híbrida – é também forma de
apuração dos fatores acima citados. vacância).
O servidor não habilitado em estágio probatório será exo- ▷ Reversão.

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nerado desse cargo (e não demitido). ▷ Aproveitamento.
O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer ▷ Reintegração.
cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ▷ Recondução.
ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente
poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos
Nomeação
de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Gru- Trata-se da única forma originária de provimento de cargo
po-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), de níveis 6, 5 e 4, público, sendo feita:
ou equivalentes. Em caráter efetivo o quando se tratar de cargo isolado
Licenças e afastamentos permitidos: de provimento efetivo ou de carreira.
Licenças Em comissão (inclusive na condição de interino) o para car-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Por motivo de doença em pessoa da família. gos de confiança vagos.


▷ Por motivo de afastamento do cônjuge ou compa- O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza
nheiro.
especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamen-
▷ Para o serviço militar.
te, em outra função de confiança, sem prejuízo das atribuições
▷ Para atividade política.
do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela
Afastamentos
remuneração de um deles durante o período da interinidade.
▷ Exercício de Mandato Eletivo (atenção para não con-
fundir, o afastamento para mandado CLASSISTA não A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de
pode no estágio probatório). provimento efetivo depende de prévia habilitação em con-
▷ Estudo ou Missão no Exterior. curso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a
▷ Servir em organismo internacional. ordem de classificação e o prazo de sua validade.
▷ Curso de formação (outro cargo federal). Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento
Servidor Estável e a Perda do Cargo do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabele-
A Lei nº 8.112/90 diz que o servidor estável somente perde- cidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na 387
rá o cargo em virtude de: Administração Pública Federal e seus regulamentos.
Promoção No caso de ser revertido, o servidor perceberá, em subs-
388 tituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do
É uma forma híbrida, pois ela é tanto modalidade de provi-
cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de na-
mento como de vacância de cargo público.
tureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria.
Ela é aplicada apenas nos cargos escalonados em carrei-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em nenhuma hipótese poderá ser revertido o aposentado


ra. Trata-se de progresso dentro da carreira e não da troca de
que já tiver completado 70 anos de idade (embora atualmente
cargo (lembre-se que a Constituição Federal não permite o in-
a idade para a aposentadoria compulsória seja de 75 anos, a
gresso em cargo púbico de provimento efetivo sem concurso).
idade máxima para a reversão permanece como 70 anos, de
Vale ressaltar que a promoção não interrompe o tempo de acordo com texto expresso da Lei nº 8.112/90).
exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a
partir da data de publicação do ato que promover o servidor. Reintegração
A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo
Readaptação anteriormente ocupado, ou na função resultante de sua transfor-
Aplicada no caso de o servidor (estável ou não) sofrer mação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis-
uma limitação (física ou mental) que seja incompatível com trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
as atribuições do cargo que ocupa, mas que ainda pode exer- Dessa forma, quando o servidor tiver sido demitido de ma-
cer outro cujas atribuições não estejam impossibilitadas pela
neira indevida e essa demissão for invalidada, ele voltará ao
sua limitação sofrida.
seu cargo, recebendo esse instituto o nome de reintegração.
Caso o readaptando seja julgado incapaz para o serviço
público, ele será aposentado por invalidez (e não exonerado). Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
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em disponibilidade (poderá posteriormente ser aproveitado


Seria o caso de um servidor que exerce atividades emi-
nentemente externas (como um oficial de justiça) sofrer um em outro cargo, obedecidas as regras do aproveitamento).
acidente que o deixe paraplégico. Como cadeirante, ele não Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
terá aptidão física para as atribuições do cargo, mas ele poderá será reconduzido à função de origem, sem direito à indeniza-
exercer normalmente funções internas, sendo readaptado em ção ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em dis-
um cargo dessa natureza. ponibilidade.
Requisitos: Se o cargo do servidor, que estiver sendo reintegrado,
▷ Cargos de atribuições afins. estiver ocupado, o atual ocupante é quem deverá deixar o
▷ Respeitada habilitação exigida. cargo, ocorrendo para ele uma das seguintes hipóteses:
▷ Mesmo nível de escolaridade. ▷ Recondução ao cargo anterior (sem direito à inde-
nização).
▷ Equivalência de vencimentos (não pode reduzir o
▷ Aproveitado em outro cargo.
subsídio ou remuneração).
▷ Colocado em disponibilidade.
Se não existir cargo vago, o servidor exercerá suas atribui-
ções como excedente, até a ocorrência de vaga. Aproveitamento
Trata-se do retorno do servidor em disponibilidade.
Reversão Ex.: Servidor estável cujo órgão para o qual estava lotado
Trata-se do retorno à atividade de servidor aposentado, foi extinto, fica em disponibilidade e recebe proporcio-
podendo ocorrer de duas modalidades: nalmente ao tempo trabalhado.
De Ofício: quando tiver sido aposentado por invalidez e junta O aproveitamento é feito em cargo de atribuições e ven-
médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria cimentos compatíveis com a função anteriormente ocupada.
(no caso de o cargo estiver provido, ele exercerá suas atribuições A disponibilidade ocorre nas hipóteses de reorganização
como excedente até a ocorrência de vaga). Nessa situação a própria ou extinção de órgão ou entidade, eliminação do cargo ou
administração, verificando tal contexto, o reverterá ao cargo. declaração de sua desnecessidade no órgão ou entidade, o
Mediante solicitação (no interesse da administração), servidor estável que não for redistribuído será colocado em
desde que: disponibilidade, até seu aproveitamento.
▷ Seja feita a pedido do servidor. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a dis-
▷ A aposentadoria tenha sido voluntária. ponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo
▷ Ele seja estável enquanto na atividade. legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
▷ A aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an- Recondução
teriores à solicitação. A recondução ocorre quando o servidor passa de um cargo
▷ Haja cargo vago. para outro e acontece alguma das hipóteses previstas na lei,
A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul- fazendo com que ele deixe a atividade atual, mas possa retor-
tante de sua transformação. Mas caso não haja cargo vago, a nar ao seu cargo anterior. Entretanto, ele somente poderá uti-
consequência depende da modalidade de reversão: lizar a reversão caso seja estável na função para a qual deseja
De ofício: exercerá suas funções como excedente. retornar e que antes de assumir a nova, tenha solicitado o POC
A pedido: somente pode ser feita se houver cargo vago. (posse em outro cargo inacumulável).
A recondução é o retorno do servidor estável ao cargo an- Demissão
teriormente ocupado e decorrerá de: A demissão é a penalidade aplicada para o servidor que come-
▷ Inabilitação em estágio probatório relativo a outro ter uma infração funcional grave. Os detalhes e regras da demissão
cargo são estudadas em tópico próprio (Regime Jurídico Disciplinar).
Ex.: Era técnico e estável, passou no concurso de analista,
mas foi reprovado no estágio probatório. Ele será recon- Promoção
duzido ao cargo de técnico. A promoção já foi estudada no tópico de provimento. Vale
▷ Reintegração do anterior ocupante. lembrar que trata-se de uma maneira híbrida, pois ela caracteriza
Ao ser reconduzido, caso seu cargo de origem encontre-se tanto forma de provimento, como de vacância de cargo público.
ocupado, ele poderá ser aproveitado em outro (observadas as
regras do aproveitamento). Aposentadoria
A jurisprudência admite que a recondução também seja A aposentadoria pode ocorrer de três formas:
feita por opção do servidor, caso o mesmo não se adapte ao ▷ Por invalidez permanente.
novo cargo. ▷ Compulsória.
▷ Voluntária.
Vacância Entretanto, as regras atinentes à aposentadoria é estudada
São as hipóteses em que o cargo do servidor é desocupa- no tópico de Seguridade Social do Servidor.
do, ficando livre para ser preenchido por outro servidor. O rol
taxativo (sete modalidades) previsto na Lei nº 8.112/90 diz que
Readaptação
a vacância do cargo público decorrerá de: A readaptação já foi estudada no tópico de provimento.
Vale lembrar que trata-se de uma forma híbrida, pois ela ca-
▷ Exoneração.
racteriza tanto forma de provimento, como de vacância de
▷ Falecimento. cargo público.
▷ Demissão.
▷ Promoção. Posse em Outro Cargo
▷ Aposentadoria. Inacumulável (POC)
▷ Readaptação. Essa forma de vacância é utilizada quando o servidor quer
▷ Posse em outro cargo inacumulável. se afastar do cargo para assumir um outro, mas sem desligar-se
definitivamente da Administração. Caso ele seja estável e seja
Exoneração inabilitado no estágio probatório do novo cargo, por exemplo,
ele poderá ser reconduzido (se pedir exoneração corta o vínculo

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A exoneração não é forma de punição, trata-se apenas do
e não poderá ser eventualmente reconduzido).
desligamento do servidor por algum dos motivos previstos em
lei. Ela pode ser feita: A Constituição Federal dispõe ser vedada (proibida) a
acumulação remunerada de cargos públicos. Entretanto, caso
▷ A pedido do servidor. haja compatibilidade de horários, as seguintes hipóteses de
▷ De ofício (pela própria administração). acumulação são permitidas (mas deve ser observado o teto
A exoneração de ofício será feita: remuneratório):
▷ Quando não satisfeitas as condições do estágio pro- ▷ Dois cargos de professor.
batório. ▷ Um cargo de professor com outro técnico ou científico.
▷ Quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar ▷ Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
em exercício no prazo estabelecido (15 dias). nais de saúde, com profissões regulamentadas.
▷ Cargos em comissão. Essa proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
Essas hipóteses de exoneração de ofício, previstas na Lei ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, so-
nº 8.112/90, são direcionadas para o servidor não estável. En- ciedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
tretanto, a Constituição Federal prevê algumas situações de controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
exoneração que alcançam o servidor estável:
▷ Mediante procedimento de avaliação periódica de 13. 2. Formas de Deslocamento
desempenho, na forma de lei complementar e ga- Tanto a remoção, quanto a redistribuição, não são formas de
rantida a ampla defesa (Art. 41, § 1º, III). provimento e também não geram vacância.
▷ Corte de despesas com excesso de pessoal (Art.
169, § 3º). Remoção
A remoção é o deslocamento do servidor, no âmbito do
Falecimento mesmo quadro, para ter exercício em outra unidade (não exis-
Essa forma de vacância não enseja maiores explicações, pois te nenhuma alteração no seu vínculo funcional, ele apenas
com a morte do servidor, seu cargo será declarado vago e apto exercerá suas funções em outra unidade). A remoção pode ser 389
para ser provido por outra pessoa. dada com ou sem mudança de sede.
Remoção: Ela será feita com prévia apreciação do órgão central do
390 Dentro do mesmo quadro. SIPEC (Sistema de Pessoal Civil), com observância de alguns
preceitos:
Com ou sem mudança de sede.
▷ Interesse da administração.
Modalidades ▷ Equivalência de vencimentos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A remoção pode ocorrer de ofício ou a pedido do servidor. ▷ Manutenção da essência das atribuições do cargo.
No caso de a pedido, temos aquela que é feita no interesse da ▷ Vinculação entre os graus de responsabilidade e
administração (ele apenas será removido se a administração complexidade das atividades.
achar conveniente e oportuno) e também hipóteses em que ▷ Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi-
a administração será obrigada a remover o servidor (indepen- litação profissional.
dente de interesse dela).
▷ Compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
Remoção de Ofício finalidades institucionais do órgão ou entidade.
A remoção de ofício é realizada no interesse da Adminis- A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de
tração e, a princípio, independe de aceitação do servidor (ele lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
será obrigado a deslocar-se para o local determinado). inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de
Essa é a única modalidade de remoção em que o servidor órgão ou entidade.
faz jus à ajuda de custo (espécie de indenização, estudada no
A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
tópico de direitos e vantagens).
ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e enti-
A Pedido, a Critério da Adminis- dades da Administração Pública Federal envolvidos.
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tração (discricionariedade) Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade,


Nesse caso o servidor solicita a remoção para a Adminis- extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável
tração Pública, porém, ele apenas será deslocado se a Admins- que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
tração achar conveniente. aproveitamento na forma definida na Lei nº 8.112/90.
A Pedido, para Outra Localidade, Indepen- Caso não ocorra nenhuma dessas situações poderá ser man-
dentemente do Interesse da Administração tido sob responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter exer-
Nessa modalidade de remoção, configurada alguma das cício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
hipóteses previstas na lei, o servidor tem direito a ser removi- aproveitamento.
do (não existe interesse da administração aqui, ela é obrigada ▷ Redistribuição:
a deslocar o servidor). ▷ Deslocamento do cargo de provimento efetivo.
Hipóteses: ▷ Ocupado ou vago.
▷ Para acompanhar cônjuge ou companheiro, também ▷ Para outro órgão ou entidade, do MESMO Poder.
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Po-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, que foi deslocado no interesse da 13. 3. Direitos e Vantagens
Administração.
Nesse caso, o cônjuge ou companheiro (união estável) do Vencimento e Remuneração
servidor foi removido de ofício para outra localidade. Esse re-
gido pela Lei nº 8.112/90 tem direito a acompanhar o cônjuge/ Conceitos
companheiro removido. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
O cônjuge ou companheiro que foi removido de ofício cargo público, com valor fixado em lei (vencimento é o básico).
não precisa ser regido pela Lei 8.112/90, ele pode ser um Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
servidor civil ou militar, de qualquer das esferas e de qual- das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei
quer dos Poderes. (não pode ser inferior ao salário-mínimo).
▷ Por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa- Remuneração = Vencimentos + Vantagens
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e Para fins de diferenciação, é importante saber que o sub-
conste do seu assentamento funcional, condiciona-
sídio difere da remuneração pois ele é pago em parcela única,
da à comprovação por junta médica oficial.
sendo obrigatório para determinadas carreiras (hipóteses do
▷ Em virtude de processo seletivo promovido, na
Art. 144 da CF). O pagamento por subsídio pode ser aplicado
hipótese em que o número de interessados for su-
perior ao número de vagas, de acordo com normas facultativamente para outras carreiras de servidores (cargos
pré-estabelecidas pelo órgão ou entidade em que escalonados em carreiras).
aqueles estejam lotados. Proventos: retribuição pecuniária do inativo (aposentado ou
servidor em disponibilidade remunerada).
Redistribuição
A redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento Características
efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pes- Irredutibilidade: o vencimento do cargo efetivo, acresci-
soal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder. do das vantagens de caráter permanente, é irredutível.
Isonomia: é assegurada a isonomia de vencimentos para As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Po- força maior poderão ser compensadas a critério da chefia
der, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as van- imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
tagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao ▷ O desconto somente poderá incidir na remuneração
local de trabalho. ou nos proventos nos seguintes casos:
Teto: nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a ▷ Imposição legal.
título de remuneração, importância superior à soma dos va- ▷ Mandado judicial.
lores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer ▷ Consignação em folha de pagamento (com autori-
título, no âmbito dos respectivos Poderes (o teto varia de acor-
zação do servidor e à critério da administração, na
do com o Poder em que está o servidor):
forma definida em regulamento).
Poder Executivo – Ministros de Estado. A Lei nº 8.112/90, em seu Art. 45, § 1º, define que mediante
Poder Legislativo – Membros do Congresso Nacional. autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de
Poder Judiciário – Ministros do Supremo Tribunal Federal. pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e
Algumas vantagens estão excluídas do teto (não são leva- com reposição de custos, na forma definida em regulamento.
das em conta nesse limite): O total de consignações facultativas de que trata esse § 1º
▷ Gratificação natalina. não excederá a 35% da remuneração mensal, sendo 5% (cinco
▷ Adicional pelo exercício de atividades insalubres, por cento) reservados exclusivamente para:
perigosas ou penosas. I. a amortização de despesas contraídas por meio
▷ Adicional pela prestação de serviço extraordinário. de cartão de crédito; ou
▷ Adicional noturno. II. a utilização com a finalidade de saque por meio
▷ Adicional de férias. do cartão de crédito.
Reposições e Indenizações ao erário serão realizadas com
O teto remuneratório é encontrado também no Art. 37, XI,
o pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser
da Constituição Federal, sendo o teto geral o subsídio de Minis-
parceladas, a pedido do interessado (cada parcela não pode-
tro do STF, mas ele também trouxe outros limites específicos:
rá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remune-
Art. 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupan- ração, provento ou pensão).
tes de cargos, funções e empregos públicos da admi- Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês ante-
nistração direta, autárquica e fundacional, dos mem- rior ao do processamento da folha, a reposição será feita imedia-
bros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, tamente, em uma única parcela.
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores O servidor que estiver em débito com o erário e for de-
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e mitido, exonerado ou ter aposentadoria ou disponibilidade
os proventos, pensões ou outra espécie remunerató-

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cassada, terá o prazo de 60 dias para quitar (caso não pague
ria, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as nesse prazo, implicará sua inscrição em dívida ativa).
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não O vencimento, a remuneração e o provento não serão
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Vantagens
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do seguintes vantagens: NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte Indenizações (não incorporam nunca).
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em Gratificações (pode incorporar - depende de lei).
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, Adicionais (pode incorporar - depende de lei).
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
Defensores Públicos. acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idên-
tico fundamento.
Perda da Remuneração
O servidor perderá:
Indenizações
▷ A remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem São indenizações:
motivo justificado. ▷ Ajuda de custo.
▷ A parcela de remuneração diária, proporcional aos ▷ Diárias.
atrasos, ausências justificadas e saídas antecipa- ▷ Transporte.
das (mas admite-se a compensação de horário, até ▷ Auxílio-moradia.
o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabele- Os valores das indenizações, bem como as condições a se-
cida pela chefia imediata, não perdendo, nesse caso rem preenchidas para sua concessão serão estabelecidas em 391
a parcela). regulamento. A Lei 8.112/90 traz apenas as regras gerais.
Ajuda de Custo O servidor que receber diárias e não se afastar da sede
392 A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de (por qualquer motivo) fica obrigado a restituí--las integral-
instalação do servidor que, no interesse do serviço (remoção mente, no prazo de cinco dias.
de ofício), passar a ter exercício em nova sede, com mudan- Também caso ele retorne à sede em prazo inferior ao pre-
ça de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo visto para o seu afastamento, deverá restituir as diárias recebi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o das em excesso (também no prazo de cinco dias).
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de
servidor, vier a ter exercício na mesma sede. Indenização de Transporte
Além desse valor, também correm por conta da adminis- Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que
tração as despesas de transporte do servidor e de sua família, realizar despesas com a utilização de meio próprio de loco-
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. moção para a execução de serviços externos, por força das
Ajuda de Custo: atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em re-
▷ Deslocamento permanente no interesse do serviço. gulamento
▷ Com mudança de domicílio. Ex.: Oficiais de justiça que trabalham com o próprio
▷ Vedado o duplo pagamento da indenização. carro.
Se o servidor falecer na nova sede, será assegurada à fa- Auxílio-Moradia
mília dele ajuda de custo e transporte para a localidade de ori-
gem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito. O auxílio-moradia é a indenização consistente no ressar-
Disposições sobre a ajuda de custo: cimento das despesas comprovadamente realizadas pelo ser-
▷ Calculada sobre a remuneração do servidor (não pode vidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
exceder a importância correspondente a três meses). administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após
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▷ Não será concedida ajuda de custo ao servidor que a comprovação da despesa pelo servidor.
se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de Ele é devido ao que tenha se mudado do local de residên-
mandato eletivo. cia para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
▷ Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen- Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), níveis 4, 5
do servidor da União, for nomeado para cargo em e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalen-
comissão, com mudança de domicílio. tes (apenas para deslocamentos ocorridos após 30 de junho
▷ Não é devida nos casos de remoção a pedido (o ser- de 2006).
vidor tem direito apenas no caso de ter sido removi- Para concessão do auxílio-moradia, os seguintes requisi-
do de ofício, compulsoriamente). tos devem ser observados:
▷ O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de cus- ▷ Não exista imóvel funcional disponível para uso
to quando, injustificadamente, não se apresentar na pelo servidor (nem o cônjuge ou companheiro ocu-
nova sede no prazo de 30 dias. pe imóvel funcional).
Diárias ▷ O servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja
Enquanto a ajuda de custo é feita para o deslocamento ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
permanente, as diárias são para as hipóteses de deslocamen- cessionário ou promitente cessionário de imóvel no
to temporário. Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipó-
Essa indenização é devida em caso de afastamento da tese de lote edificado sem averbação de construção,
sede, em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do nos doze meses que antecederem a sua nomeação.
território nacional ou para o exterior (por exemplo, uma mis- ▷ Nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
são para transporte de detento para outra cidade). receba auxílio-moradia.
Nesse caso, o servidor fará jus a passagens e diárias destinadas ▷ O Município no qual assuma o cargo em comissão ou
a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, função de confiança não se enquadre nas hipóteses
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regula- do Art. 58, § 3º, em relação ao local de residência ou
mento. A diária será concedida por dia de afastamento, sendo domicílio do servidor (mesma região ou limítrofes).
devida pela metade quando o deslocamento não exigir per-
noite fora da sede, ou quando a União custear, por meio diver- ▷ O servidor não tenha sido domiciliado ou tenha re-
so, as despesas extraordinárias cobertas por diárias. sidido no Município, nos últimos doze meses, onde
Ela é concedida por dia de afastamento (caso não haja for exercer o cargo em comissão ou função de con-
fiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta
pernoite, ela é devida pela metade).
dias dentro desse período.
Se o deslocamento constituir exigência permanente do car-
go, o servidor não fará jus a diárias. Também não terá direito ▷ O deslocamento não tenha sido por força de alte-
a diárias o que se deslocar dentro da mesma região metropo- ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
litana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% do va-
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de lor da função em comissão, atividade comissionada ou cargo
controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdi- de Ministro de Estado ocupado. Ele também não pode exceder
ção e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros a 25% da remuneração do Ministro de Estado.
considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, Independentemente do valor do cargo em comissão ou
hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para função comissionada, fica garantido a todos os que preenche-
os afastamentos dentro do território nacional. rem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00.
No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel II. A retribuição não poderá ser superior ao equiva-
funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o lente a 120 horas de trabalho anuais, salvo situação
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. de excepcionalidade, devidamente justificada e
previamente aprovada pela autoridade máxima do
Retribuições, Gratificações e Adicionais órgão ou entidade, que poderá autorizar o acrésci-
A Lei nº 8.112/90 traz algumas espécies dessas vantagens a mo de até 120 horas de trabalho anuais.
que fazem jus os servidores. Entretanto, esse rol não é taxativo, III. O valor máximo da hora trabalhada correspon-
existem outras modalidades de gratificações e adicionais previs- derá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o
tas em leis específicas. maior vencimento básico da administração pública
Retribuição pelo Exercício de Função de Di- federal:
reção, Chefia e Assessoramento A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente
Recebido pelo exercício de uma função de direção, chefia será paga se essas atividades forem exercidas sem prejuízo
ou assessoramento (cargo em comissão ou função de confian- das atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo
ça). Essa remuneração será estabelecida em lei específica. ser objeto de compensação de carga horária quando desem-
penhadas durante a jornada de trabalho (compensadas até no
Gratificação Natalina prazo de um ano).
A gratificação natalina é o equivalente ao “13º salário” para os A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
servidores públicos (o décimo terceiro salário é para os celetistas, incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer
na Lei nº 8.112/90 utilizamos o termo gratificação natalina). efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para
Essa gratificação corresponde a 1/12 (um doze avos) da re- quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos
muneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por proventos da aposentadoria e das pensões.
mês de exercício no respectivo ano. A fração igual ou superior
a 15 dias é considerada como mês integral, para cálculo dessa Adicional de Insalubridade, Periculo-
gratificação. Ela é paga até o dia 20 do mês de dezembro. sidade ou Atividades Penosas
No caso de exoneração o servidor receberá a gratificação pro- Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais
porcionalmente aos meses de exercício (calculada sobre a remu- insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxi-
neração do mês da exoneração). cas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional
A gratificação natalina não será considerada para cálculo sobre o vencimento do cargo efetivo.
de qualquer vantagem pecuniária. Insalubridade: contato permanente com substâncias tóxi-
cas ou radioativas.
Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Periculosidade: atividade com risco de vida.
Essa gratificação é devida ao servidor que, em caráter

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eventual: Penosidade: atividades em zona de fronteira ou em locais
cujas condições de vida o justifiquem.
I. Atuar como instrutor em curso de formação, de
desenvolvimento ou de treinamento regularmente São adicionais de mesma natureza, dessa forma, não
instituído no âmbito da administração pública federal. pode receber mais de um ao mesmo tempo (o servidor
II. Participar de banca examinadora ou de comis- deve optar por um deles caso faça jus a mais de um).
são para exames orais, para análise curricular, para O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
correção de provas discursivas, para elaboração de cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que de-
questões de provas ou para julgamento de recursos ram causa a sua concessão.
intentados por candidatos. Haverá um controle permanente da atividade de servido- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III. Participar da logística de preparação e de rea- res em operações ou locais considerados penosos, insalubres
lização de concurso público envolvendo atividades ou perigosos. A servidora gestante ou lactante será afastada,
de planejamento, coordenação, supervisão, exe- enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
cução e avaliação de resultado, quando tais não previstos nestas hipóteses, exercendo suas atividades em local
estiverem incluídas entre as suas atribuições per- salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
manentes. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalu-
IV. Participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar pro- bridade e de periculosidade, serão observadas as situações esta-
vas de exame vestibular ou de concurso público ou belecidas em legislação específica.
supervisionar essas atividades. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
2,2% (hipóteses I e II). dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades
1,2% (III e IV). cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições
§ 2. Os critérios de concessão e os limites da gratifica- e limites fixados em regulamento.
ção de que trata este artigo serão fixados em regula- Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios
mento, observados os seguintes parâmetros: X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per-
I. O valor da gratificação será calculado em horas, manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ul-
observadas a natureza e a complexidade da ativi- trapassem o nível máximo previsto na legislação própria. Nesse 393
dade exercida. caso serão submetidos a exames médicos a cada seis meses.
Adicional por Serviço Extraordinário Interrupção das férias: apenas por motivo de calamidade
394 Esse adicional é devido quando o servidor trabalha além pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar
da sua jornada regular. Ele será remunerado com acréscimo ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela au-
de 50% em relação à hora normal do trabalho. toridade máxima do órgão ou entidade. Nesse caso, o restante
do período interrompido será gozado de uma só vez.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Somente será permitido serviço extraordinário para


atender a situações excepcionais e temporárias, respeita-
do o limite máximo de duas horas por jornada. 13. 4. Licenças, Afastamentos
Na Lei nº 8.112/90 a jornada é de 40h semanais (8h por
dia), caso trabalhe 9h todos os dias, fará jus a cinco extras nes-
e Concessões
sa semana.
Licenças
Adicional Noturno O Art. 81 da Lei nº 8.112/90 diz que será concedida licença
O adicional noturno é devido quando o servidor trabalhar ao servidor nos seguintes casos:
no período compreendido entre 22 horas de um dia e cinco ▷ Por motivo de doença em pessoa da família.
do dia seguinte. ▷ Por motivo de afastamento do cônjuge ou compa-
Durante o serviço noturno, a cada 52 minutos e 30 segun- nheiro.
dos, computa-se uma hora (a hora noturna é reduzida). O va- ▷ Para o serviço militar.
lor desse adicional é de 25% da hora trabalhada.
▷ Para atividade política.
Caso o servidor trabalhe em jornada extraordinária no pe-
ríodo noturno, esse adicional será calculado sobre a hora nor- ▷ Para capacitação.
▷ Para tratar de interesses particulares.
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mal já acrescida de 50%.


Ex.: Servidor que receba R$20 reais a hora normal. Se tra- ▷ Para desempenho de mandato classista.
balhar em jornada extraordinária, terá direito a R$30 cada Além desses casos do Art. 81, a Lei nº 8.112/90 prevê outras
extra. Se isso for feito no período noturno, calcularemos os hipóteses de licenças, estudadas, em seus aspectos mais rele-
25% sobre esses R$30 (ficaria então R$ 37.50 cada hora vantes, na sequência.
extra noturna). A licença concedida dentro de 60 dias do término de outra
Adicional de Férias da mesma espécie será considerada como prorrogação.
O adicional de férias é pago, independentemente de solici- Dessa forma, caso após o término de determinada licença,
o servidor entre novamente nesse estado (na mesma modali-
tação, ao servidor, por ocasião das férias, um adicional corres-
dade) dentro de 60 dias, essa segunda licença será considera-
pondente a 1/3 da remuneração do período das férias.
da prorrogação da primeira e não uma nova.
No caso de o servidor exercer função de direção, chefia
ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respec- Licença para Tratamento de
tiva vantagem será considerada no cálculo desse adicional. Saúde de Pessoa da Família
Regras sobre as férias Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doen-
O período de férias é de 30 dias, podendo ser acumula- ça em pessoa da sua família (do cônjuge ou companheiro, dos
das no máximo até dois períodos, no interesse do serviço, pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou depen-
salvo legislação específica. dente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
Para o primeiro período aquisitivo, exige-se do servidor 12 funcional), mediante comprovação por perícia médica oficial.
meses de exercício. Ele deve ter pelo menos 12 meses de efe- Para que ela seja concedida, a assistência do servidor deve ser
tivo exercício, somente após esse período poderá tirar férias. indispensável e não possa ser prestada simultaneamente com o
Caso o servidor tenha faltado ao serviço (injustificadamen- exercício do cargo (ou mediante compensação de horários).
te), é vedado levar à conta de férias essas faltas. Assim, caso Dentro de cada período de 12 meses, essa licença pode ser
ele tenha dez faltas no período aquisitivo, esses dez dias não concedida nas seguintes condições:
poderão ser retirados de suas férias (no caso de faltas injustifi- Com remuneração: até 60 dias (consecutivos ou não).
cadas existem medidas apropriadas). Sem remuneração: até 90 dias (consecutivos ou
Parcelamento: pode ser feito o parcelamento das férias não). Esses 90 dias contam-se após o término dos
em até três etapas, desde que servidor requeira e no interes- 60 dias remunerados.
se da administração (nesse caso recebe o adicional de 1/3 logo Dessa forma, essa licença pode ser concedida por até um
na primeira parcela). prazo máximo de 150 dias, dentro de um período de 12 me-
Pagamento das férias ses, sendo que, os primeiros sessentas dias são remunerados
▷ Até dois dias antes do início delas (inclusive do res- e o prazo restante da licença de 90 não são.
pectivo adicional de 1/3). Ao servidor que estiver sob essa licença, é vedado o exer-
▷ No caso de exoneração, o servidor tem direito às fé- cício de atividade remunerada durante a duração da mesma.
rias, inclusive proporcionais (1/12 avos para cada mês O período remunerado dessa licença que exceder a 30 dias
de efetivo exercício ou fração superior a 14 dias). será computado apenas para efeito de aposentadoria e disponibi-
Raio X ou substâncias radioativas: 20 dias consecuti- lidade. Já o tempo de licença não remunerado não é contado para
vos por semestre (a acumulação nesse caso é vedada). quaisquer efeitos.
Motivo de Afastamento do Cônjuge com a respectiva remuneração, por até três meses, para parti-
cipar de curso de capacitação profissional.
Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar
cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto Esse período não é acumulável, assim, caso tenha, por
do território nacional, para o exterior ou para o exercício de exemplo, 15 anos de efetivo exercício, terá direito aos mesmos
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo, possuin- três meses.
do as seguintes características: Essa licença é computada como tempo de efetivo exercício
▷ Ela é concedida sem remuneração. e não pode ser utilizada por servidores em estágio probatório
▷ Por prazo indeterminado. por expressa vedação legal contida na Lei nº 8.112/90.
O período em que o servidor usufruir dessa licença não ▷ Regras para essa licença
será computado como tempo de serviço para qualquer efeito. ▷ Devida a cada cinco anos (quinquênio) de efetivo
No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei- exercício.
ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer ▷ No interesse da Administração.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ▷ Com remuneração.
Municípios, a Lei nº 8.112/90 prevê a possibilidade de exercício ▷ Até três meses (para participar de curso de capaci-
provisório em órgão ou entidade da Administração Federal di- tação).
reta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de ▷ Não acumulável.
atividade compatível com o seu cargo.
Não confundir com o afastamento para o curso de for-
Licença para o Serviço Militar mação. Nesse caso deixa o cargo para participar do curso de
Ao servidor convocado para o serviço militar será con- formação exigido na nova função.
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação Ex.: Um servidor que é técnico de algum órgão federal e
específica. passou para o cargo de agente da polícia federal. Nesse
A Lei nº 8.112/90, ao tratar dessa licença prevê que após a caso, ele ficará afastado para fazer o curso, mesmo es-
conclusão do serviço militar, o servidor terá um prazo de 30 tando em estágio probatório, desde que seja também
dias para reassumir seu cargo. cargo na esfera federal.
Esse período em que estiver em licença prestando o serviço
militar obrigatório será considerado como de efetivo exercício.
Licença para Tratar de
Interesses Particulares
Licença para Atividade Política Essa licença é concedida a critério da administração (ato
O servidor terá direito à licença para atividade política nas discricionário) para os servidores ocupantes de cargo efetivo,
seguintes disposições: que não estejam em estágio probatório, por um prazo de até

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Sem remuneração: durante o período que mediar três anos consecutivos.
entre a sua escolha em convenção partidária,
como candidato a cargo eletivo, e a véspera do re- Além da discricionariedade de sua concessão, essa licença
gistro de sua candidatura perante a Justiça Eleito- pode ser interrompida a qualquer tempo (no interesse do ser-
ral. Esse período não será computado como tempo viço ou a pedido do servidor).
de efetivo exercício. O período que o servidor gozar da licença para tratar de
Com remuneração: a partir do registro da candidatura interesses particulares não será considerado como tempo de
até o décimo dia seguinte ao da eleição. Entretanto, serviço para qualquer efeito.
esse período não poderá ultrapassar três meses (após Licença para tratar de interesses particulares:
esse prazo a licença não será mais remunerada). Esse
▷ Não pode estar no estágio probatório.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
segundo momento da licença será considerado como
tempo de serviço apenas para efeitos de aposentadoria ▷ Prazo: até três anos consecutivos.
e disponibilidade. ▷ Sem remuneração.
O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde ▷ Concedida no interesse da Administração.
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, ▷ Interrompida a qualquer momento.
chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele ▷ Não computada como tempo de exercício.
será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia se- Licença para o Desempenho
guinte ao do pleito. de Mandato Classista
Licença para Capacitação Essa licença é assegurada ao servidor, que não esteja em
estágio probatório, sem direito à remuneração, para que pos-
Ela entrou no lugar da antiga “licença-prêmio”, que foi ex-
tinta para os servidores regidos pela Lei nº 8.112/90. sa desempenhar mandato em confederação, federação, asso-
É devida a cada quinquênio de efetivo exercício, sendo ciação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo
que, o servidor poderá, no interesse da Administração (tra- da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão.
ta-se de um ato discricionário, a Administração opta pela sua Essa licença também pode ser concedida para participar 395
concessão ou não), afastar-se do exercício do cargo efetivo, de gerência ou administração em sociedade cooperativa cons-
tituída por servidores públicos para prestar serviços a seus produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
396 membros. qualquer das enfermidades especificadas como graves, con-
A duração dessa licença é a mesma do mandado, admitin- tagiosas ou incuráveis.
do prorrogação em caso de reeleição. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou
funcionais será submetido a inspeção médica. Ele será sub-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O tempo de fruição dela é considerada como período de metido a exames médicos periódicos, nos termos e condições
efetivo exercício para todos os efeitos (exceto para promoção definidos em regulamento. Para esses fins, a União e suas en-
por merecimento). tidades autárquicas e fundacionais poderão:
Além do disposto em regulamento específico, devem ser ▷ Prestar os exames médicos periódicos diretamente
observados os seguintes limites, de acordo o número de asso- pelo órgão ou entidade a qual se encontra vinculado
ciados da entidade. o servidor.
▷ Até 5.000 associados : dois servidores. ▷ Celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
parceria com os órgãos e entidades da administra-
▷ De 5001 a 30.000 associados : quatro servidores. ção direta, suas autarquias e fundações.
▷ Mais de 30.000 associados: oito servidores. ▷ Celebrar convênios com operadoras de plano de
Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos assistência à saúde, organizadas na modalidade de
para cargos de direção ou de representação nas referidas en- autogestão, que possuam autorização de funciona-
tidades, desde que cadastradas no órgão competente. mento do órgão regulador, na forma do Art. 230.
▷ Ou prestar os exames médicos periódicos mediante
Licença para Tratamento contrato administrativo, observado o disposto na Lei
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da Própria Saúde nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas


Será concedida ao servidor licença para tratamento de sua pertinentes.
própria saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia mé- Principais Características:
dica oficial, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. ▷ Com remuneração.
Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada ▷ Prazo máximo contínuo de 24 meses.
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar ▷ Até 24 meses é considerada como tempo de efetivo
onde se encontrar internado. exercício.
Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde ▷ Precisa de perícia médica oficial (se exceder 120 dias
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o precisa de junta médica oficial).
servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos ▷ Se inferior a 15 dias (no período de 1 ano), pode dis-
parágrafos do Art. 230 (perícia médica e ausência de órgão pensar perícia oficial (na forma de regulamento).
oficial – utilização de convênios para tanto), será aceito ates-
tado passado por médico particular.
Da Licença à Gestante, à Adotante
Nesse caso, o referido atestado somente produzirá efeitos e da Licença-Paternidade
depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos do Licença à Gestante
órgão ou entidade.
Essa licença será concedida à servidora gestante por
A licença que exceder o prazo de 120 dias no período de 120 dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
12 meses a contar do primeiro dia de afastamento será conce- O início da licença poderá se dar a partir do primeiro dia
dida mediante avaliação por junta médica oficial. do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição
A perícia oficial para concessão da licença para tratamen- médica. Se ocorrer nascimento prematuro, a licença terá início
to de saúde, bem como nos demais casos previstos na Lei nº a partir do parto.
8.112/90, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses Natimorto: decorridos 30 dias do evento, a servidora será
em que abranger o campo de atuação da odontologia. submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o
Essa licença tem o prazo máximo de duração contínua de exercício.
24 meses. Após esse período, se ainda não estiver em condi- Aborto: deve ser atestado por médico oficial, tendo a ser-
ções de voltar ao seu cargo, o servidor deverá ser readaptado vidora direito a 30 dias de repouso remunerado.
(se possível) ou aposentado por invalidez. A Lei nº 8.112/90 também prevê que para amamentar o pró-
prio filho, até a idade de seis meses, a servidora lactante terá
Essa licença é também computada de modo cumulativo,
direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso,
no decorrer de toda a vida funcional do servidor. Quando ela
que poderá ser dividida em dois períodos de meia hora.
ultrapassar 24 meses (e não forem 24 meses consecutivos,
Vale ressaltar que a Lei nº 11.770/2008 criou o Programa Em-
conforme visto acima), o período que ultrapassar esse limite presa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade.
será considerado como tempo de serviço apenas para fins de Essa lei autorizou que a Administração Direta e Indireta possam
aposentadoria e disponibilidade. aderir ao programa.
Antes de cumular os 24 meses, o período de licença será Dessa forma, o Decreto nº 6.690/2008 instituiu no âmbito
considerado como de efetivo exercício. da Administração Pública Federal Direta, autárquica e funda-
O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao cional, o Programa de Prorrogação da Licença à Gestante e à
nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões Adotante.
Agora as servidoras públicas federais, que venham a re- Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli-
querer o benefício até o final do primeiro mês após o parto, ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em ou-
terão direito à prorrogação da licença gestante por mais ses- tro órgão da Administração Federal direta que não tenha qua-
senta dias (durante essa prorrogação é vedado o exercício de dro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo.
qualquer atividade remunerada e a criança não pode ser man-
tida em creche ou entidade similar). Afastamento para Exercício
Licença-Paternidade de Mandato Eletivo
Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá di- Essa modalidade de afastamento praticamente reproduz
reito à licença-paternidade de cinco dias consecutivos. o disposto no Art. 38 da Constituição Federal e é bastante co-
brada em provas.
Licença à Adotante
Ela trata do afastamento do servidor para exercício de
À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de crian- mandato eletivo.
ça terá direito a essa licença remunerada, cujo prazo de dura-
ção variará de acordo com a idade da criança: Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as
seguintes disposições:
▷ Até um ano: 90 dias.
Mandato eletivo federal, estadual ou distrital: afastado do
▷ Mais de um ano: 30 dias.
cargo.
O benefício da prorrogação prevista no Decreto nº
6.690/2008 também foi garantido à adotante, na seguinte Mandato de prefeito: afastado do cargo (ele pode optar
proporção: pela sua remuneração).
Até um ano: prorrogação de 45 dias. Mandato de vereador:
Acima de um ano: prorrogação de 15 dias. Com compatibilidade de horários: nesse caso ele exer-
Esse decreto definiu que considera-se criança a pessoa cerá os dois cargos, perceberá as vantagens de seu cargo,
de até doze anos de idade incompletos. Também dispondo sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.
que durante essa prorrogação é vedado o exercício de qual- Sem compatibilidade de horários: afastado do cargo (ele
quer atividade remunerada e a criança não pode ser mantida pode optar pela sua remuneração).
em creche ou entidade similar. A única hipótese em que o servidor não será afastado
Todas as licenças acima vistas (gestante, adotante e pa- do seu cargo é para exercer o mandato de vereador, mas
ternidade) são consideradas como tempo de efetivo exercício. desde que exista compatibilidade de horários.
Na hipótese de afastamento, o servidor contribui para a segu-
Afastamentos ridade social como se estivesse em exercício.
A Lei nº 8.112/90 previu as seguintes modalidades de afas- Ele investido em mandato eletivo ou classista não poderá

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tamentos: ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa
▷ Para servir a outro órgão ou entidade. daquela onde exerce o mandato.
▷ Para exercício de mandato eletivo.
▷ Para estudo ou missão no exterior.
Afastamento para Estudo
▷ Para participação em programa de pós-graduação ou Missão no Exterior
stricto sensu no país. A concessão desse afastamento, para estudo ou missão
oficial, somente será feita com autorização do Presidente da
Afastamento para Servir a República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre-
Outro Órgão ou Entidade sidente do Supremo Tribunal Federal. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro Essas disposições não se aplicam para os servidores da
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do carreira diplomática.
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: Esse afastamento tem um período máximo de quatro
▷ Para exercício de cargo em comissão ou função de anos. Após o término da missão ou estudo no exterior, so-
confiança (se for cedido para entidades dos Estados, mente poderá obter nova ausência após o decurso de igual
do DF ou Municípios - o cessionário que pagará a re- tempo (quatro anos após ter retornado).
muneração). Ao servidor beneficiado por esse afastamento não será conce-
▷ Em casos previstos em leis específicas. dida exoneração ou licença para tratar de interesse particular an-
No caso de o servidor cedido, a empresa pública ou socie- tes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hi-
dade de economia mista, para exercício de cargo em comissão pótese de ressarcimento da despesa havida com tal afastamento.
ou função de confiança, nos termos das respectivas normas, As hipóteses, condições e formas para a autorização de
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração que trata essa modalidade de afastamento, inclusive no que
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do car- se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em
go em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso regulamento.
das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. O afastamento de servidor para servir em organismo in-
A cessão será feita mediante Portaria publicada no Diário ternacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere 397
Oficial da União. dar-se-á com perda total da remuneração.
Afastamento para Participação vada, terá direito apenas a matricular-se em uma universidade
398 (ou faculdade) também privada.
em Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu no País Suspensão do Estágio Probatório
Nessa modalidade o servidor poderá afastar-se do A Lei nº 8.112/90 define que, durante a fruição as seguintes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, licenças e afastamentos, o estágio probatório ficará suspenso:
para participar em programa de pós-graduação stricto sen- ▷ Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família.
su em instituição de ensino superior no País.
▷ Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge.
A concessão será feita no interesse da Administração (ato
▷ Licença para Atividade Política.
discricionário) e desde que a participação não possa ocorrer
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante com- ▷ Afastamento para Participação em Programa de
pensação de horário. Pós-Graduação Stricto Sensu no País.
Por meio de ato do dirigente máximo do órgão ou enti- ▷ Curso de formação.
dade, definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
programas de capacitação e os critérios para participação em 13. 5. Do Tempo de Serviço
pós-graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, A Lei nº 8.112/90 dispõe que é contado para todos os efei-
que serão avaliados por um comitê constituído para esse fim. tos o tempo de serviço público federal (inclusive o prestado às
Forças Armadas).
Concessões
A Lei nº 8.112/90 trouxe três modalidades de concessões: Apuração do Tempo de Serviço
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Direito de Ausentar-se do Serviço A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que
São hipóteses em que o servidor pode ausentar-se do depois serão convertidos em anos, considerando como ano
serviço, sem qualquer prejuízo: cada 365 dias.
▷ Doar sangue: um dia. Além dos casos de concessões (doar sangue, alistamento
Pelo período comprovadamente necessário para alista- eleitoral, casamento e falecimento) são considerados como de
mento ou recadastramento eleitoral: limitado, em qualquer efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
caso, a dois dias. Férias.
Oito dias consecutivos: ▷ Exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
▷ Casamento. órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta-
▷ Falecimento (cônjuge, companheiro, pais, madrasta dos, Municípios e Distrito Federal.
ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou ▷ Exercício de cargo ou função de governo ou admi-
tutela e irmãos). nistração, em qualquer parte do território nacional,
por nomeação do Presidente da República.
Direito a Horário Especial ▷ Participação em programa de treinamento regu-
Estudante: no caso de incompatibilidade entre o horário larmente instituído ou em programa de pós-gra-
escolar e o da repartição (sem prejuízo do exercício do cargo, duação stricto sensu no País, conforme dispuser o
mas deve haver compensação). regulamento.
Portador de deficiência: necessidade comprovada por junta ▷ Desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
médica oficial (independente de compensação de horário). municipal ou do Distrito Federal, (exceto para pro-
Servidor que possua cônjuge, filho ou dependente por- moção por merecimento).
tador de deficiência física (nesse caso deve haver compen- ▷ Júri e outros serviços obrigatórios por lei.
sação).
▷ Missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
Servidor que atue como instrutor ou esteja participando afastamento, conforme dispuser o regulamento.
de banca examinadora (nas modalidades previstas que fazem
jus à gratificação por encargo de curso ou concursos). ▷ Deslocamento para a nova sede de que trata o Art.
18 (prazo de 10 a 30 dias para retomar os serviços
Direito à Matrícula em em outro município quando removido, redistribuído
etc.).
Instituição de Ensino
▷ Participação em competição desportiva nacional ou
Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da convocação para integrar representação desportiva
administração é assegurada, na localidade da nova residência ou nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, lei específica.
em qualquer época, independentemente de vaga. Esse direito es-
tende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do ▷ Afastamento para servir em organismo internacio-
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
sob sua guarda, com autorização judicial. As seguintes licenças também são consideradas como
A respeito dessa concessão, o STF já se manifestou dizen- tempo de efetivo exercício:
do que se o servidor estudando vem de uma universidade pri- ▷ A gestante, à adotante e à paternidade.
▷ Para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte Requerimento e Pedido de Revisão:
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de ser- Despachados: cinco dias
viço público prestado à União, em cargo de provimento Decididos: 30 dias
efetivo. Hipóteses em que cabe recurso:
▷ Para o desempenho de mandato classista ou par- Indeferimento do pedido de reconsideração.
ticipação de gerência ou administração em socie- Decisões sobre os recursos sucessivamente inter-
dade cooperativa constituída por servidores para postos.
prestar serviços a seus membros (exceto para efeito O recurso é dirigido à autoridade imediatamente superior
de promoção por merecimento). à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão (e sucessi-
▷ Por motivo de acidente em serviço ou doença pro- vamente, em escala ascendente, às demais autoridades). Ele
fissional. é encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver
▷ Para capacitação, conforme dispuser o regulamento. imediatamente subordinado o requerente.
▷ Por convocação para o serviço militar. Prazos para interpor Pedido de Revisão e Recurso: 30
dias (da publicação ou da ciência da decisão recorrida).
São contados apenas para efeito de aposentadoria e dis-
Efeito suspensivo ao recurso: é concedido esse efeito a
ponibilidade:
critério da autoridade competente.
▷ O tempo de serviço público prestado aos Estados,
Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou
Municípios e Distrito Federal.
do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato im-
▷ A licença para tratamento de saúde de pessoal da pugnado.
família do servidor, com remuneração, que exceder
Prescrição do direito de requerer:
a 30 dias em período de 12 meses.
Cinco anos: demissão, cassação (aposentadoria ou dispo-
▷ A licença para atividade política, no caso do Art. 86, § 2º
nibilidade) e que afetem interesse patrimonial e créditos de-
(a partir do registro da candidatura e até o décimo dia
correntes das relações de trabalho.
seguinte ao da eleição).
120 dias: demais casos (salvo outro prazo fixado na lei).
▷ O tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, Esses prazos são contados da publicação do ato ou da
anterior ao ingresso no serviço público federal. ciência do interessado (ato não publicado).
▷ O tempo de serviço em atividade privada, vinculada O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
à Previdência Social. interrompem a prescrição. Essa é de ordem pública, não po-
▷ O tempo de serviço relativo a tiro de guerra. dendo ser relevada pela administração.
▷ O tempo de licença para tratamento da própria saú- Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do

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de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procura-
do inciso VIII do Art. 102 (24 meses). dor por ele constituído (não pode retirar da repartição).
O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta- A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo,
do apenas para nova aposentadoria. quando eivados de ilegalidade.
O tempo de serviço prestado às Forças Armadas em ope- São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos nes-
rações de guerra será contado em dobro. se tópico da Lei nº 8.112/90 (sobre o direito de petição), salvo
É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço motivo de força maior.
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função
de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito 13. 7. Lei nº 8.112/90 - Regime Disciplinar NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de


economia mista e empresa pública. Caso o servidor tenha mais Deveres
de um cargo, não serão computados cumulativamente. O Art. 116 da Lei nº 8.112/90 elenca um rol de deveres a que
Ex.: Trabalhando um ano em dois cargos ao mesmo tem- o servidor está obrigado a observar, sem prejuízos de outros
po, o servidor terá apenas um ano de tempo de serviço previstos em outras leis e também em atos ou regulamentos.
prestado. Quando o servidor não observar algum dos deveres, será
penalizado, em regra, com penalidade de advertência. No en-
tanto, veremos em tópico oportuno que caso ele seja reinci-
13. 6. Direito de Petição dente em relação a essa questão, será punido com suspensão.
A Lei nº 8.112/90 assegura ao servidor o direito de requerer São DEVERES do servidor:
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
▷ Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo.
O requerimento será dirigido à autoridade que tem com-
petência para decidi-lo e encaminhado por intermédio daque- ▷ Ser leal às instituições a que servir.
la a que estiver imediatamente subordinado o requerente. ▷ Observar as normas legais e regulamentares.
Pedido de Reconsideração: cabível à autoridade que hou- ▷ Cumprir as ordens superiores, exceto quando mani-
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão (não pode festamente ilegais. 399
ser renovado). ▷ Atender com presteza:
» Ao público em geral, prestando as informações comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
400 requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo. comanditário (existem alguns casos em que essa proi-
» À expedição de certidões requeridas para de- bição não se aplica, serão vistos logo abaixo).
fesa de direito ou esclarecimento de situações ▷ Atuar, como procurador ou intermediário, junto a re-
de interesse pessoal. partições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

» Às requisições para a defesa da Fazenda Pública. cios previdenciários ou assistenciais de parentes até
▷ Levar ao conhecimento da autoridade superior as o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
irregularidades de que tiver ciência em razão do ▷ Receber propina, comissão, presente ou vantagem
cargo. de qualquer espécie, em razão de suas atribuições.
▷ Levar as irregularidades de que tiver ciência em ▷ Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
razão do cargo ao conhecimento da autoridade su- estrangeiro.
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento ▷ Praticar usura sob qualquer de suas formas.
dessa, ao conhecimento de outra autoridade com-
▷ Proceder de forma desidiosa.
petente para apuração.
▷ Zelar pela economia do material e a conservação ▷ Utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
do patrimônio público. ção em serviços ou atividades particulares.
▷ Guardar sigilo sobre assunto da repartição. ▷ Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
▷ Manter conduta compatível com a moralidade ad- cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
ministrativa. cia e transitórias.
▷ Ser assíduo e pontual ao serviço. ▷ Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
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tíveis com o exercício do cargo ou função e com o


▷ Tratar com urbanidade as pessoas.
horário de trabalho.
▷ Representar contra ilegalidade, omissão ou abu-
so de poder (encaminhada pela via hierárquica e ▷ Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
apreciada pela autoridade superior àquela contra a do solicitado.
qual é formulada, assegurando-se ao representan- A vedação de que trata o inciso X (participar de gerência ou
do ampla defesa). administração de sociedade privada, personificada ou não perso-
nificada, exercer o comércio) não se aplica nos seguintes casos:
Proibições ▷ Participação nos conselhos de administração e fis-
Já no Art. 117 dessa Lei encontramos algumas das interdi- cal de empresas ou entidades em que a União dete-
ções impostas ao servidor. Dependendo da proibição violada, nha, direta ou indiretamente, colaboração no capi-
ele poderá ser responsabilizado administrativamente com ad- tal social ou em sociedade cooperativa constituída
vertência, suspensão ou demissão. para prestar serviços a seus membros.
Ao servidor é proibido: ▷ Quando estiver em gozo de licença para o trato de
▷ Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem pré- interesses particulares, observada a legislação sobre
via autorização do chefe imediato. conflito de interesses.
▷ Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
tente, qualquer documento ou objeto da repartição.
Da Acumulação
▷ Recusar fé a documentos públicos. A Constituição Federal, em seu Art. 37, XVI, trata da acu-
mulação remunerada de cargos, dispondo o seguinte:
▷ Opor resistência injustificada ao andamento de do-
cumento e processo ou execução de serviço. XVI. É vedada a acumulação remunerada de cargos
▷ Promover manifestação de apreço ou desapreço no públicos, exceto, quando houver compatibilidade
recinto da repartição. de horários, observado em qualquer caso o dispos-
to no inciso XI:
▷ Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição a) a de dois cargos de professor;
que seja de sua responsabilidade ou de seu subor- b) a de um cargo de professor com outro técnico
dinado. ou científico;
▷ Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia- c) a de dois cargos ou empregos privativos de
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a profissionais de saúde, com profissões regula-
partido político. mentadas;
▷ Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função XVII. A proibição de acumular estende-se a empregos
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até e funções e abrange autarquias, fundações, empresas
o segundo grau civil. públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
▷ Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
de outrem, em detrimento da dignidade da função mente, pelo poder público;
pública. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada
▷ Participar de gerência ou administração de sociedade a acumulação remunerada de cargos públicos. Essa proibição
privada, personificada ou não personificada, exercer o estende-se a:
▷ Cargos autoria), a responsabilidade administrativa será afastada.
▷ Empregos Se for absolvido por outro motivo, como falta de provas, por
▷ Funções exemplo, a responsabilidade administrativa não será afetada.
E a proibição acima prevista também abrange: A responsabilidade civil do servidor é subjetiva (somente
▷ Autarquias. será configurada se ele agiu com dolo ou culpa). Ela decorre de
▷ Fundações públicas. ato omissivo ou comissivo (ação ou omissão), doloso ou cul-
▷ Empresas públicas. poso, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Quem
▷ Sociedades de economia mista. pode responder objetivamente (regra geral, que não exige a
▷ Da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Terri- comprovação de dolo ou culpa, assunto aprofundado em tópico
tórios e dos Municípios. específico) é o Estado, nunca o servidor.
A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona- Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
da à comprovação da compatibilidade de horários. servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
Considera-se acumulação proibida a percepção de venci- A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas recebida.
remunerações forem acumuláveis na atividade. Assim, quando o servidor causar um dano a terceiros, esse
O servidor não poderá exercer mais de um cargo em co- terceiro somente poderá acionar judicialmente, visando a uma
missão, exceto no caso previsto no parágrafo único do Art. indenização, a Administração, ele não pode ingressar com a
9º (caso em que tem exercício nos dois, mas deve optar pela ação diretamente contra o servidor.
remuneração de um deles), nem ser remunerado pela parti-
cipação em órgão de deliberação coletiva. Caso a Administração Pública seja condenada, ela poderá
ajuizar ação regressiva contra esse servidor, para reaver os va-
Essa disposição não se aplica à remuneração devida pela
participação em conselhos de administração e fiscal das em- lores que houver pago ao particular em indenização. Entretan-
presas públicas e sociedades de economia mista, suas sub- to, o servidor apenas será responsabilizado se tiver agido com
sidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva).
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato
participação no capital social, observado o que, a respeito, dis- omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
puser legislação específica. função.
O servidor vinculado ao regime dessa Lei, que acumular li- A responsabilidade penal abrange os crimes e contraven-
citamente dois cargos efetivos, quando investido em função de ções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal

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horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. ou, quando houver suspeita de envolvimento dessa, a outra
Nessa hipótese, o servidor acumulou licitamente dois car- autoridade competente para apuração de informação concer-
gos efetivos, mas caso ele seja investido em algum em comis- nente à prática de crimes ou improbidade de que tenha co-
são, ele fica afastado dos dois. Por outro lado, havendo com-
patibilidade (horário e local), ele poderá exercer um desses nhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
cargos efetivos e o de comissão ao mesmo tempo (mas essa emprego ou função pública.
compatibilidade deve ser declarada pelas autoridades máxi-
mas dos órgãos ou entidades envolvidas). Penalidades Disciplinares NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim como as formas de provimento e de vacância, as
Responsabilidade do Servidor penalidades administrativas possuem um rol taxativo (7 mo-
Pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor res- dalidades):
ponderá nas esferas: ▷ Advertência.
▷ Administrativa. ▷ Suspensão.
▷ Civil (obrigação de reparar o dano). ▷ Demissão.
▷ Penal (abrange crime e contravenções imputadas ao ▷ Cassação de aposentadoria.
servidor, nessa qualidade).
▷ Cassação da disponibilidade.
Essas esferas são independentes, podendo cumular-se.
Dessa forma, a absolvição ou condenação em uma delas, ▷ Destituição de cargo em comissão.
como regra geral, em nada influencia nas demais. ▷ Destituição de função comissionada.
Pela mesma infração ele poderá responder nas três esfe- Na aplicação das penalidades serão consideradas a natu-
ras, não havendo bis in idem (não será considerada dupla ou reza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
tripla condenação pelo mesmo fato, pois são diferentes, com provierem para o serviço público, as circunstâncias agravan-
consequências diferentes). tes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
Apesar da independência das esferas, caso o servidor seja O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o funda- 401
absolvido criminalmente (negada a existência do fato ou sua mento legal e a causa da sanção disciplinar.
Advertência Hipóteses de Suspensão:
402 Trata-se da penalidade utilizada em caso de infrações fun- ▷ Reincidência das faltas punidas com advertência.
cionais leves. Aplicada nas situações de violação de proibição ▷ Violação das demais proibições que não tipifiquem
constante do Art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância infração sujeita a penalidade de demissão.
▷ Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de dever funcional (Art. 116) previsto em lei, regulamentação


ou norma interna, que não justifique imposição de penalida- cargo que ocupa (exceto em situações de emergên-
de mais grave. cia e transitórias).
Principais características da advertência: ▷ Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
tíveis com o exercício do cargo ou função e com o
▷ Feita sempre por escrito (não existe advertência verbal).
horário de trabalho.
▷ Em caso de reincidência, será convertida em suspen-
▷ Recusa injustificada a realizar inspeção médica.
são (se cometer nova falta punível com advertência
na sequência de outra, antes do prazo do cancela- Durante o período de suspensão, o servidor perde a re-
mento, essa advertência se converte em suspensão). muneração, entretanto, quando houver conveniência para o
serviço (ato discricionário), a penalidade de suspensão poderá
▷ Cancelamento do registro: após três anos (caso não ser convertida em multa, na base de 50% por dia de vencimen-
pratique outra falta, não possui efeitos retroativos). to ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer
Hipóteses: em atividade.
▷ Não observar os deveres do servidor (Art. 116 da Lei A suspensão será cancelada dos registros no prazo de cin-
nº 8.112/90). co anos, caso não pratique nova infração nesse período (mas
▷ Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem esse cancelamento não opera efeitos retroativos, ele não rece-
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prévia autorização do chefe imediato. berá o período em que ficou afastado).


▷ Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
tente, qualquer documento ou objeto da repartição.
Demissão
▷ Recusar fé a documentos públicos. É o desligamento do servidor ativo, em caráter de pena-
lidade (é diferente de exoneração, pois exoneração não é pe-
▷ Opor resistência injustificada ao andamento de do- nalidade).
cumento e processo ou execução de serviço.
Hipóteses:
▷ Promover manifestação de apreço ou desapreço no
▷ Crime contra a administração pública.
recinto da repartição.
▷ Abandono de cargo (ausência intencional por +30
▷ Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
dias consecutivos).
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
que seja de sua responsabilidade ou de seu subor- ▷ Inassiduidade habitual (falta injustificada ao servi-
ço por 60 dias, interpoladamente, no período de 12
dinado.
meses).
▷ Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
▷ Improbidade administrativa.
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político. ▷ Incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição.
▷ Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até ▷ Insubordinação grave em serviço.
o segundo grau civil. ▷ Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
salvo em legítima defesa própria ou de outrem.
▷ Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
do solicitado. ▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos.
▷ Revelação de segredo do qual se apropriou em ra-
Suspensão zão do cargo.
Durante o prazo em que estiver suspenso, o servidor não re- ▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
ceberá sua remuneração e esse período também não será com- nio nacional.
putado como tempo de serviço para qualquer efeito. A Lei nº ▷ Corrupção.
8.112/90 define que o prazo máximo de suspensão é de 90 dias. ▷ Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
Essa penalidade será aplicada em caso de reincidência públicas.
das faltas punidas com advertência e de violação das demais ▷ Transgressão dos incisos IX a XVI do Art. 117:
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de » Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
demissão. ou de outrem, em detrimento da dignidade da
O servidor que injustificadamente, recusar-se a ser sub- função pública.
metido à inspeção médica determinada pela autoridade com- » Participar de gerência ou administração de so-
petente, será suspenso pelo prazo de até 15 dias, cessando os ciedade privada, personificada ou não personi-
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. ficada, exercer o comércio, exceto na qualidade
Essa hipótese de suspensão é diferenciada das demais, de acionista, cotista ou comanditário.
pois além de prever um prazo menor, caso o servidor cum- » Atuar, como procurador ou intermediário,
pra a determinação, a penalidade será encerrada. junto a repartições públicas, salvo quando se
tratar de benefícios previdenciários ou assis- ▷ Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
tenciais de parentes até o segundo grau, e de de outrem, em detrimento da dignidade da função
cônjuge ou companheiro. pública.
» Receber propina, comissão, presente ou van- ▷ Atuar, como procurador ou intermediário, junto a re-
tagem de qualquer espécie, em razão de suas
partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
atribuições.
previdenciários ou assistenciais de parentes até o se-
» Aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
do estrangeiro. gundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
» Praticar usura sob qualquer de suas formas. Não poderá retornar ao serviço público federal:
» Proceder de forma desidiosa. ▷ Crime contra a administração pública.
» Utilizar pessoal ou recursos materiais da repar- ▷ Improbidade administrativa.
tição em serviços ou atividades particulares. ▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos.
Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de car-
▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
gos, empregos ou funções públicas o servidor será notifica-
do para apresentar opção no prazo improrrogável de dez nio nacional.
dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, ▷ Corrupção.
adotará procedimento sumário para a sua apuração e regu-
larização imediata (será utilizado o processo administrativo Competência para Aplicação
disciplinar no rito sumário).
A opção pelo servidor até o último dia de prazo para de-
das Penalidades
fesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá As penalidades disciplinares serão aplicadas:
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
▷ Pelo Presidente da República, pelos Presidentes
Cassação da Aposentadoria das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
ou Disponibilidade Federais e pelo Procurador-Geral da República,
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do ina- quando se tratar de demissão e cassação de apo-
tivo que houver praticado, na atividade, falta punível com a sentadoria ou disponibilidade de servidor vincula-
demissão. do ao respectivo Poder, órgão, ou entidade.
Ex.: Na atividade, servidor que já possuía tempo de ser-
viço para aposentar-se voluntariamente pratica uma falta ▷ Pelas autoridades administrativas de hierarquia
funcional (dia 10), em seguida, temendo a punição ele se imediatamente inferior àquelas mencionadas no

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aposenta (dia 15). No dia 20, um PAD é instaurado em vir- inciso anterior quando se tratar de suspensão su-
tude dessa infração. Se a consequência desse PAD for a pe- perior a 30 dias.
nalidade de demissão, ele terá sua aposentadoria cassada.
▷ Pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
Destituição da Função de Confiança ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
e do Cargo em Comissão casos de advertência ou de suspensão de até 30 dias.
A destituição de cargo em comissão exercido por não ocu- ▷ Pela autoridade que houver feito a nomeação, quan-
pante de função efetiva será aplicada nos casos de infração do se tratar de destituição de cargo em comissão.
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Competência
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Caso o servidor tenha sido exonerado e seja constatada pena-
lidade punível com suspensão ou demissão, essa exoneração será Executivo Legislativo Judiciário MPU
convertida em destituição. Presidente Procurador
Demissão e Presidente Presidente
da Repúbli- Geral da
Disposições Gerais Cassação
ca
das Casas do Tribunal
República
A demissão ou a destituição do cargo em comissão, de- Suspensão
pendendo da infração praticada, também geram outras con- Autoridade imediatamente inferior das acima citadas
por +30 dias
sequências: Suspensão
Indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (sem até 30 dias e Chefe imediato do servidor
prejuízo da ação penal cabível): advertência
Destituição Autoridade que nomeou ou designou
▷ Improbidade administrativa.
▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos. Prescrição da Ação Disciplinar
▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
nio nacional. Trata-se da perda do direito que o Estado possui de punir
▷ Corrupção. o servidor pela prática de alguma infração funcional. O prazo
Incompatibilidade do servidor para nova investidura em car- prescricional não começa na data da prática do ato, mas sim na 403
go público federal (por cinco anos): que a administração teve ciência do mesmo.
Prazos Todas as modalidades de PAD têm como pré-requisito
404 indispensável a formação de uma comissão (a composição
Advertência 180 dias
depende do aspecto de PAD, mas ela é sempre formada por
Suspensão 2 anos servidores estáveis).
Demissão/Cassação/Destituição 5 anos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Afastamento Preventivo
O prazo de prescrição começa a correr da data em que o Trata-se de uma medida cautelar cujo fim é evitar que o ser-
fato se tornou conhecido. vidor venha a influir na apuração da irregularidade. Nesse caso, a
Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determi-
às infrações disciplinares capituladas também como crime (se- nar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até
gue o tempo prescricional do crime caso aquele ato também 60 dias, sem prejuízo da remuneração (ele continua recebendo).
seja um crime). O afastamento poderá ser prorrogado por igual período,
A interrupção da prescrição: ocorre com a abertura da findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído
sindicância ou instauração de processo o processo.
administrativo disciplinar (interrompe até a decisão final pro- Essa medida é uma faculdade conferida à administração
ferida por autoridade competente). com objetivo de evitar que o servidor atrapalhe ou interfira no
Uma vez interrompida a prescrição, o prazo volta a correr andamento do processo administrativo.
(do zero) a partir do dia em que cessar a interrupção.
Sindicância
13. 8. Processo Administrativo Disciplinar Trata-se da modalidade mais simples para apuração de
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irregularidades funcionais e, da sindicância, poderá resultar:


Processo Administrativo Disciplinar pode ser usado como Arquivamento do processo.
um termo genérico, isto é, são as modalidades de instrumen- Aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
tos que a administração pública federal possui para apurar a são de até 30 dias.
prática de infrações disciplinares dos servidores. São elas: Instauração de processo disciplinar.
▷ Sindicância. Dessa forma, a sindicância é a medida utilizada para apu-
▷ Processo Administrativo Disciplinar (PAD em senti- ração de infrações passíveis de penalidades de advertência e
do restrito). suspensão por até 30 dias.
▷ PAD de Rito Sumário. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30
Regras Gerais dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da
autoridade superior.
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no servi- Se na sindicância for verificada a necessidade de aplicação
ço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, de uma penalidade de suspensão superior a 30 dias, demissão,
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, cassação da aposentadoria ou disponibilidade e de destituição
assegurada ao acusado ampla defesa (ela é garantida em
de cargo em comissão, deverá ser instaurado um PAD.
qualquer caso em que uma penalidade deva ser aplicada).
Se a sindicância concluir pela necessidade de instauração
As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apu- de um PAD, os autos dela integrarão o processo disciplinar
ração, desde que contenham a identificação e o endereço do (como peça informativa da instrução). Mas ela não é uma eta-
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a
pa do PAD, o mesmo pode ser instaurado diretamente.
autenticidade.
A comissão da sindicância pode ser composta de dois a
Quando o fato narrado não configurar evidente infração três servidores estáveis e tem natureza transitória (após encer-
disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada por fal- rada a sindicância, os servidores retornam para suas funções).
ta de objeto.
Essa apuração, por solicitação da autoridade a que se refere, Processo Administrativo
poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade di-
verso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante Disciplinar (PAD)
competência específica para tal finalidade, delegada em caráter
O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar
permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercí-
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Fede-
rais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respecti- cio de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
vo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o ções do cargo em que se encontre investido.
julgamento que se seguir à apuração. É a modalidade mais complexa para apuração de infração
Uma penalidade só pode ser aplicada após passar por uma des- funcional. Ele é obrigatório para aplicação das seguintes pe-
sas três modalidades, não existe aplicação de pena sem uma delas nalidades:
de PAD (nem mesmo a advertência). Suspensão por mais de 30 dias.
Dessa forma, a defesa técnica (advogado) não é requisito in- Demissão.
dispensável para o PAD (contrata advogado se quiser). Mas caso Cassação e Destituição.
a lei específica do cargo preveja a obrigatoriedade de advogado, Eventualmente o PAD também pode ser utilizado para pu-
esse deve ser observado. nir com advertência ou suspensão igual ou inferior a 30 dias.
Ex.: PAD instaurado para aplicar pena de suspensão de Inquérito Administrativo
mais de 30 dias ou demissão, mas depois da apuração O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do con-
ficou configurada uma infração punível apenas com traditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
advertência ou suspensão de 15 dias. Nesse caso, essas ção dos meios e recursos admitidos em direito.
penalidades podem ser aplicadas sem a necessidade de ▷ É dividido em três subfases:
instaurar uma sindicância.
▷ Instrução.
Por outro lado, a sindicância não pode aplicar penalidade su- ▷ Defesa.
perior a de suspensão de 30 dias, caso seja verificada no curso ▷ Relatório.
dela que a pena a ser aplicada é de demissão, por exemplo, deve Instrução
ser instaurado um PAD. Realizada pela comissão, a instrução tem por objetivo
Comissão do PAD colher o maior número de elementos possíveis (fatos, evi-
O processo disciplinar será conduzido por uma comissão, que dências, depoimentos, etc.) para confirmar ou refutar as
acusações elencadas contra o servidor.
é a responsável pela apuração da infração dos fatos supostamente
Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar,
praticados pelo denunciado.
como peça informativa da instrução, caso tenha havido uma sin-
A comissão realizará a função de investigar os fatos e dicância que deu origem ao PAD, mas como vimos, ele também
apresentar um relatório final conclusivo (que disporá sobre pode ser instaurado diretamente, sem a necessidade de uma sin-
a procedência ou não das acusações, que será acatado pela dicância.
autoridade julgadora, a não ser que nos autos constem pro- Se o relatório da sindicância concluir que a infração con-
vas que disponham em contrário). figura também ilícito penal, a autoridade competente enca-
Composição da comissão: o processo disciplinar será con- minhará cópia dos autos ao Ministério Público, independente-
mente da imediata instauração do processo disciplinar.
duzido por comissão composta de três servidores estáveis de-
Durante a instrução, a comissão promoverá a tomada de
signados pela autoridade competente, que indicará, entre eles, depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
o seu presidente. objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário,
O presidente da comissão deverá ser ocupante de cargo a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolarida- dos fatos.
de igual ou superior ao do indiciado. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o pro-
A Comissão terá como secretário servidor designado pelo cesso pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar
seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e for-

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membros. mular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Não podem participar da comissão (nem de sindicância, Vale lembrar que a assistência por advogado é faculta-
nem de inquérito de PAD): cônjuge, companheiro ou parente do tiva. Ele apenas traz advogado se quiser, não podendo ser
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até obrigado ou proibido de constituir procurador.
o terceiro grau. O presidente da comissão poderá denegar pedidos consi-
derados impertinentes, meramente protelatórios, ou de ne-
A Comissão exercerá suas atividades com independência e
nhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do
Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
fato ou exigido pelo interesse da administração (as reuniões têm
provação do fato não precisar de conhecimento especial de
caráter reservado).
perito.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Fases do Processo Disciplinar As testemunhas serão intimadas a depor mediante man-


Instauração: com a publicação do ato que constituir a co- dado expedido pelo presidente da comissão, devendo a se-
missão. gunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
Inquérito administrativo: que compreende instrução, de- Caso a testemunha seja servidor público, a expedição do
fesa e relatório. mandado será imediatamente comunicada ao chefe da repar-
Julgamento tição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para
inquirição.
Sempre que for necessário, a comissão dedicará tempo inte-
O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo,
gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito, sendo que elas
ponto, até a entrega do relatório final. As reuniões serão regis- serão inquiridas separadamente.
tradas em atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir-
Instauração mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
A instauração do processo administrativo é dada com a Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão pro-
publicação da portaria que designar a comissão (cuja compo- moverá o interrogatório do acusado. Ele será intimado para
sição já foi vista no tópico anterior) encarregada de realizar a depor e não poderá trazer seu depoimento escrito, assim 405
investigação. como as testemunhas.
Havendo mais de um acusado, cada um deles será ouvido Julgamento
406 separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
Após o recebimento do processo, a autoridade julgadora deve-
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação en-
rá proferir sua decisão no prazo de 20 dias. Caso ela não o faça no
tre eles.
prazo, não haverá a nulidade do processo (apenas podendo ocorrer
O procurador do acusado poderá assistir ao interrogató-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a prescrição pela demora e a responsabilização da autoridade jul-


rio, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe ve- gadora).
dado interferir nas perguntas e respostas, mas é facultado a
ele reinquirir as testemunhas, por intermédio do presidente da Como regra geral, a competência para julgamento é da mes-
comissão. ma autoridade que instaurou o processo. Entretanto, se a penali-
dade a ser aplicada exceder a alçada da administração instaurado-
A indiciação do servidor será formulada após a infração dis-
ra do processo, esse será encaminhado à autoridade competente,
ciplinar ser tipificada, devendo especificar os fatos imputados ao
que decidirá em igual prazo (também terá 20 dias para decidir).
servidor e as respectivas provas.
O indiciado será citado por mandado expedido pelo No caso de haver mais de um indiciado e diversidade de
presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a
prazo de dez dias, sendo assegurado o direito de do pro- imposição da pena mais grave.
cesso na repartição. No caso de dois ou mais indiciados, o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
prazo será comum e de 20 dias. aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às auto-
O período de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, ridades de que trata o inciso I do Art. 141 (Presidente da Repúbli-
para diligências reputadas indispensáveis. ca; Presidentes das Casas do Poder Legislativo; Presidentes dos
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República).
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O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comu-


nicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. Se a comissão tiver reconhecido a inocência do servidor, a
Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será autoridade instauradora do processo determinará o seu arqui-
citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em vamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quan-
conhecido, para apresentar defesa. do contrário às provas dos autos.
Nesse caso de citação por edital, o prazo para defesa será de Quando o referido relatório contrariar as provas dos au-
15 dias a partir da última publicação do edital. tos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
Defesa a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
O indicado que regularmente citado não apresentar defe- responsabilidade.
sa no prazo será considerado revel. A revelia será declarada, Dessa forma, tal autoridade fica vinculada ao relatório da
por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a comissão, salvo se a conclusão for contrária às provas dos autos.
defesa.
Nesse caso, para defender o indiciado revel, a autoridade Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que
instauradora do processo designará um servidor como defensor determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia
dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instau-
indiciado. ração de novo processo.
Observe que diferentemente de um processo judicial civil, Como vimos, o julgamento fora do prazo legal não implica
a revelia no PAD não possui efeitos tão graves (como a presun- nulidade do processo.
ção dos fatos narrados pela outra parte), pois no PAD prevale- Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julga-
ce o princípio da verdade material. Dessa forma, mesmo diante dora determinará o registro do fato nos assentamentos indi-
da revelia, continua sendo da Administração o ônus de provar viduais do servidor.
o alegado contra o servidor.
Quando a infração estiver capitulada como crime, o pro-
Relatório cesso disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
Após a apreciação da defesa, a comissão elaborará relató- tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
rio minucioso, o qual resumirá as peças principais dos autos
e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua O servidor que estiver respondendo a processo disciplinar
convicção. só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntaria-
mente, após a conclusão do processo e o cumprimento da
O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou penalidade, acaso aplicada.
à responsabilidade do servidor.
Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão Processo Administrativo
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. Disciplinar de Rito Sumário
O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será O procedimento disciplinar de rito sumário tem como prin-
remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para cipal característica a tramitação mais rápida do que o processo
julgamento. administrativo comum.
Ele possui algumas regras próprias, diferentes do pro- A indicação da materialidade na hipótese de abandono de
cesso administrativo, mas no restante, ele segue as disposi- cargo é feita pela indicação precisa do período de ausência
ções aplicáveis ao rito comum (subsidiariamente). intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias. Já no
Esse procedimento de rito sumário será utilizado no caso caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
de acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou su-
cas, abandono de cargo e inassiduidade habitual. perior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de
doze meses.
O prazo para a conclusão do processo administrativo dis-
ciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, Após a apresentação da defesa, a comissão elaborará re-
contados da data de publicação do ato que constituir a co- latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
missão, podendo ser prorrogado por até quinze, quando as do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
circunstâncias o exigirem. indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de
abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
Quando for constatada a acumulação ilegal, a autoridade serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autori-
responsável por instaurar a sindicância ou processo adminis- dade instauradora para julgamento.
trativo notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime- Modalidades de PAD e Principais Diferenças
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez
dias, contados da data da ciência. Sindicância PAD PAD Sumário
Se o servidor não apresentar essa opção, será instaurado Suspensão + 30 Acúmulo ilegal
o procedimento sumário para a sua apuração e regularização dias. de cargos.
Advertência.
imediata. Demissão. Abandono de
Competência Suspensão até cargo.
A Lei nº 8.112/90 define que caso o servidor faça a opção 30 dias. Cassação.
Inassiduidade
até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, Destituição. Habitual.
hipótese em que se converterá automaticamente em pedido Prazo 30 + 30 60 + 60 30 + 15
de exoneração do outro cargo.
▷ Fases do PAD de Rito Sumário: 2 ou 3 servi- 3 servidores
dores estáveis. estáveis. 2 servidores
Comissão
▷ Instauração ocorre com a publicação do ato que Transitória. Permanente.
estáveis.
constituir a comissão, a ser composta por dois servi-
dores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e
a materialidade da transgressão objeto da apuração. Revisão do Processo Administrativo
▷ Instrução sumária compreende indiciação, defesa e

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O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer mo-
relatório. mento, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos
▷ Julgamento. ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do puni-
do ou a inadequação da penalidade aplicada.
A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato
que a constituiu, termo de indiciação e promoverá a citação Na revisão serão aduzidos fatos novos ou circunstâncias
pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua che- suscetíveis de justificar:
fia imediata para apresentar defesa escrita, no prazo de cin-
co dias, sendo assegurado ao servidor vista do processo na ▷ A inocência do punido; ou
repartição. ▷ A inadequação da penalidade aplicada. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Após a apresentação da defesa, a comissão elaborará re- Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, revisão do processo (incapacidade mental - o curador pode
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará requerer).
o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autori-
dade instauradora, para julgamento. Ônus da prova no processo revisional: requerente (deve
No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- provar esses fatos novos ou circunstâncias alegadas).
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. A simples alegação de injustiça da penalidade não cons-
Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, titui fundamento para a revisão, que requer elementos no-
será aplicada a pena de demissão, destituição ou cassação de vos, ainda não apreciados no processo originário.
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, em-
pregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, O requerimento de revisão do processo será dirigido ao
hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autori-
comunicados. zar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou
Conforme vimos, o processo administrativo disciplinar de entidade onde se originou o processo disciplinar. Caso deferi-
rito sumário também é aplicado no caso de abandono de car- da, a autoridade competente providenciará a constituição de 407
go ou inassiduidade habitual, com algumas peculiaridades. comissão (três servidores estáveis).
A revisão correrá em apenso ao processo originário. Na pe- Esses benefícios serão concedidos nos termos e condições
408 tição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de definidos em regulamento, observadas as disposições da Lei
provas e inquirição das testemunhas que arrolar. nº 8.112/90.
Prazo para a comissão concluir os trabalhos: 60 dias. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Prazo para julgamento: 20 dias (contados do recebimento compreendem:


do processo). Quanto ao Servidor:
Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que ▷ Aposentadoria.
couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do ▷ Auxílio-natalidade.
processo disciplinar.
▷ Salário-família.
O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade,
▷ Licença para tratamento de saúde.
nos termos do Art. 141 da Lei nº 8.112/90.
▷ Licença à gestante, à adotante e licença-paternida-
Revisão julgada procedente: penalidade aplicada decla-
de.
rada sem efeito (todos os direitos do servidor serão restabe-
lecidos). ▷ Licença por acidente em serviço.
Entretanto, tratando-se de destituição de cargo em comis- ▷ Assistência à saúde.
são, ela será convertida em exoneração. ▷ Garantia de condições individuais e ambientais de
trabalho satisfatórias.
13. 9. Seguridade Social Quanto ao Dependente:
▷ Pensão vitalícia e temporária.
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Disposições Gerais ▷ Auxílio-funeral.


▷ Auxílio-reclusão.
A União manterá plano de Seguridade Social para o servi-
dor e sua família. ▷ Assistência à saúde.
O servidor que for ocupante de cargo em comissão que As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados
efetivo na administração pública direta, autárquica e funda- os servidores, observado o disposto nos Arts. 189 e 224 da Lei
cional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade nº 8.112/90 (cálculo e revisão da aposentadoria; atualização das
Social, com exceção da assistência à saúde. pensões).
O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem di-
reito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido,
qual coopere, ainda que contribua para regime de previdência sem prejuízo da ação penal cabível.
social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do
plano de Seguridade Social do Servidor Público enquanto du- Dos Benefícios
rar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, nesse pe-
ríodo, os benefícios do mencionado regime de previdência. Da Aposentadoria
Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem A Constituição Federal sofreu alterações no que se refere
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do ao tema aposentadoria do servidor, sendo que muitas disposi-
plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o
ções da Lei nº 8.112/90 ficaram sem aplicabilidade.
recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo
percentual devido pelos servidores em atividade, incidente so- Os aposentados, assim como os servidores em disponibi-
bre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de lidade, são inativos. Dessa forma não recebem remuneração e
suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, sim proventos.
as vantagens pessoais. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
Esse recolhimento deve ser efetuado até o segundo dia útil
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
após a data do pagamento das remunerações dos servidores
públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e exe- autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência
cução dos tributos federais quando não recolhidas na data de de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
vencimento. respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
O plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos ris- pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
cos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende financeiro e atuarial.
um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes
finalidades: Modalidades de Aposentadoria
▷ Garantir meios de subsistência nos eventos de doen- Por invalidez permanente
ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inativida- Nessa modalidade de aposentadoria os proventos serão
de, falecimento e reclusão. proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
▷ Proteção à maternidade, à adoção e à paternidade. de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
▷ Assistência à saúde. contagiosa ou incurável, na forma da lei.
Compulsória ▷ Esclerose Múltipla.
Nesse caso o servidor titular de um cargo de provimento ▷ Neoplasia Maligna.
efetivo será compulsoriamente aposentado, aos setenta anos de ▷ Cegueira posterior ao ingresso no serviço público.
idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. ▷ Hanseníase .
Voluntária ▷ Cardiopatia grave.
Nessa modalidade o servidor que requer a sua aposenta- ▷ Doença De Parkinson.
doria, desde que cumprido o tempo mínimo de dez anos de
▷ Paralisia Irreversível E Incapacitante.
efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efe-
tivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes ▷ Espondiloartrose Anquilosante.
condições: ▷ Nefropatia Grave.
▷ Sessenta anos de idade e trinta e cinco de contri- ▷ Estados avançados do mal de Paget (osteíte defor-
buição, se homem, e cinquenta e cinco anos de ida- mante).
de e trinta de contribuição, se mulher (os requisitos ▷ Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
de idade e de tempo de contribuição serão reduzi- ▷ Outras que a lei indicar, com base na medicina es-
dos em cinco anos para o professor que comprove pecializada.
exclusivamente tempo de efetivo exercício das fun- Na hipótese de aposentadoria por invalidez, o servidor
ções de magistério na educação infantil e no ensino será submetido à junta médica oficial, que atestará tal ques-
fundamental e médio). tão quando caracterizada a incapacidade para o desempenho
▷ Sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o
senta anos de idade, se mulher, com proventos disposto no Art. 24 da Lei nº 8.112/90 (readaptação).
proporcionais ao tempo de contribuição. A aposentadoria compulsória será automática, e declarada
Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que o
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do res- servidor atingir a idade limite de permanência no serviço ativo.
pectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposenta- A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir
doria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. da data da publicação do respectivo ato.
Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca- A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações para tratamento de saúde, por período não excedente a 24
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos (vinte e quatro) meses. Nesse caso, serão consideradas apenas
regimes de previdência de que tratam o Art. 40 e o Art. 201 da as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora da invali-
Constituição Federal, na forma da lei. dez ou doenças correlacionadas.
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados Expirado o período de licença e não estando em condições

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para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regi- de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será
me de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos aposentado.
em leis complementares, os casos de servidores:
O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
▷ Portadores de deficiência. ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
▷ Que exerçam atividades de risco. como de prorrogação da licença.
▷ Cujas atividades sejam exercidas sob condições espe- A critério da Administração, o servidor em licença para
ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser
Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acu- convocado a qualquer momento, para avaliação das condições
muláveis na forma dessa Constituição, é vedada a percepção de que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência O provento da aposentadoria será calculado com obser-
acima estudado. Dessa forma, se a cumulação fosse lícita na ati- vância do disposto no § 3º do Art. 41 (o vencimento do cargo
vidade, o servidor também poderá cumular os proventos. efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é ir-
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- redutível) e revisto na mesma data e proporção, sempre que se
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité- modificar a remuneração dos servidores em atividade.
rios estabelecidos em lei. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou van-
O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal tagens posteriormente concedidas aos servidores em ativida-
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de servi- de, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclas-
ço correspondente para efeito de disponibilidade. sificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em co- O servidor aposentado com provento proporcional ao
missão declarado em lei de livre nomeação e exoneração tempo de serviço, se acometido de qualquer das moléstias
bem como de outro temporário ou de emprego público, especificadas acima especificadas e, por esse motivo, for con-
aplica-se o regime geral de previdência social. siderado inválido por junta médica oficial passará a perceber
Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis provento integral, calculado com base no fundamento legal de
(para efeitos dessas regras): concessão da aposentadoria.
▷ Tuberculose ativa. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento 409
▷ Alienação mental. não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direi-
410 até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao to à licença-paternidade de 5 dias consecutivos.
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses,
Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de a servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho,
operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos ter- a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida períodos de meia hora.
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de crian-
anos de serviço efetivo. ça até 1 ano de idade, serão concedidos 90 dias de licença re-
munerada. No caso de adoção ou guarda judicial de criança
Do Auxílio-Natalidade com mais de 1 ano de idade, a licença será de 30 dias.
O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de
nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- Da Licença por Acidente em Serviço
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor aci-
Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de dentado em serviço.
50% (cinquenta por cento), por nascituro. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediata-
público, quando a parturiente não for servidora. mente, com as atribuições do cargo exercido.
Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
Do Salário-Família
▷ Decorrente de agressão sofrida e não provocada
O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, pelo servidor no exercício do cargo.
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por dependente econômico. Consideram-se dependentes eco-


▷ Sofrido no percurso da residência para o trabalho e
nômicos para efeito de percepção do salário-família:
vice-versa.
O cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os
enteados até 21 anos de idade ou, se estudante, até O servidor acidentado em serviço que necessite de trata-
24 anos ou, se inválido, de qualquer idade. mento especializado poderá ser tratado em instituição priva-
O menor de 21 anos que, mediante autorização judi- da, à conta de recursos públicos. O tratamento recomendado
cial, viver na companhia e às expensas do servidor, por junta médica oficial constitui medida de exceção e somen-
ou do inativo. te será admissível quando inexistirem meios e recursos ade-
A mãe e o pai sem economia própria. quados em instituição pública.
Não se configura a dependência econômica quando o be- A prova do acidente será feita no prazo de 10 dias, prorrogá-
neficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho vel quando as circunstâncias o exigirem.
ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da
aposentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Da Pensão
Quando o pai e a mãe forem servidores públicos e viverem A Lei nº 8.112/90 estabelece que em caso de morte do servi-
em comum, o salário-família será pago a um deles; quando se- dor, os dependentes, nas hipóteses legais, fazem jus à pensão a
parados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição partir da data de óbito, observado o limite estabelecido no inciso
dos dependentes. XI do caput do Art. 37 da Constituição Federal (teto remunerató-
rio) e no Art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004.
Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta
e, na falta desses, os representantes legais dos incapazes. Lei nº 10.887/2004, Art. 2º. Aos dependentes dos ser-
vidores titulares de cargo efetivo e dos aposentados de
O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a to Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias
Previdência Social. e fundações, falecidos a partir da data de publicação
O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não desta Lei, será concedido o benefício de pensão por
acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. morte, que será igual:
Da Licença à Gestante, à Adotante I. à totalidade dos proventos percebidos pelo apo-
sentado na data anterior à do óbito, até o limite
e da Licença-Paternidade máximo estabelecido para os benefícios do regime
Será concedida licença à servidora gestante por 120 dias geral de previdência social, acrescida de 70% (seten-
consecutivos, sem prejuízo da remuneração. ta por cento) da parcela excedente a este limite; ou
A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de II. à totalidade da remuneração do servidor no car-
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. go efetivo na data anterior à do óbito, até o limite
No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a máximo estabelecido para os benefícios do regime
partir do parto. geral de previdência social, acrescida de 70% (se-
Na situação de natimorto, decorridos 30 dias do evento, a tenta por cento) da parcela excedente a este limite,
servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, se o falecimento ocorrer quando o servidor ainda
reassumirá o exercício. estiver em atividade.
No caso de aborto atestado por médico oficial, a servi- Parágrafo único. Aplica-se ao valor das pensões o limite
dora terá direito a 30 dias de repouso remunerado. previsto no Art. 40, § 2º, da Constituição Federal”.
São BENEFICIÁRIOS das pensões: ▷ desaparecimento no desempenho das atribuições do
I. o cônjuge; cargo ou em missão de segurança.
II. o cônjuge divorciado ou separado judicialmente A pensão provisória será transformada em vitalícia ou
ou de fato, com percepção de pensão alimentícia temporária, conforme o caso, decorridos 5 anos de sua vigên-
estabelecida judicialmente; cia, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipóte-
III. o companheiro ou companheira que comprove se em que o benefício será automaticamente cancelado.
união estável como entidade familiar; Acarreta Perda da Qualidade de Beneficiário
IV. o filho de qualquer condição que atenda a um ▷ o seu falecimento;
dos seguintes requisitos: ▷ a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após
a) seja menor de 21 anos; a concessão da pensão ao cônjuge;
b) seja inválido; ▷ a cessação da invalidez, em se tratando de benefi-
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos ciário inválido, o afastamento da deficiência, em se
termos do regulamento; tratando de beneficiário com deficiência, ou o levan-
V. a mãe e o pai que comprovem dependência eco- tamento da interdição, em se tratando de beneficiá-
nômica do servidor; rio com deficiência intelectual ou mental que o torne
VI. o irmão de qualquer condição que comprove de- absoluta ou relativamente incapaz, (respeitados os
pendência econômica do servidor e atenda a um dos períodos mínimos decorrentes da aplicação das alí-
requisitos previstos no inciso IV. neas “a” e “b” do inciso VII do Art. 222);
A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os ▷ o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo
incisos I a IV acima tratados exclui os beneficiários referidos filho ou irmão;
nos incisos V e VI. Assim, o cônjuge ou companheiros e os ▷ a acumulação de pensão na forma do Art. 225 (exer-
filhos excluem os pais e irmão, possuindo preferência. cer a opção em caso de ter direito a duas ou mais
A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o pensões);
inciso V acima tratado exclui o beneficiário referido no inciso ▷ a renúncia expressa.
VI. Desse modo, caso o servidor possua pais e irmãos, somente O cônjuge e companheiro (ainda que divorciados, mas que
os pais irão receber a pensão, possuindo preferência. recebam pensão alimentícia) também perdem a condição de
O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho beneficiário nas seguintes hipóteses:
mediante declaração do servidor e desde que comprovada ▷ o decurso de 4 meses, se o óbito ocorrer sem que o
dependência econômica, na forma estabelecida em regu- servidor tenha vertido 18 contribuições mensais ou se
lamento. o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados
Caso ocorra habilitação de vários titulares à pensão, o seu em menos de 2 anos antes do óbito do servidor;

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valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários ▷ o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
habilitados. acordo com a idade do pensionista na data de óbi-
O direito de requerer a pensão não prescreve, podendo ser to do servidor, depois de vertidas 18 contribuições
requerida a qualquer tempo. Somente as prestações exigíveis mensais e pelo menos 2 anos após o início do casa-
há mais de 5 anos é que irão prescrever. mento ou da união estável:
Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilita- 1. 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de
ção tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução idade;
de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for 2. 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
oferecida. anos de idade; NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Casos de perda do direito à pensão por morte: 3. 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
▷ após o trânsito em julgado, o beneficiário condena- nove) anos de idade;
do pela prática de crime de que tenha dolosamente 4. 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos
resultado a morte do servidor; de idade;
▷ o cônjuge, o companheiro ou a companheira se com- 5. 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quaren-
provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no ta e três) anos de idade;
casamento ou na união estável, ou a formalização 6. vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
desses com o fim exclusivo de constituir benefício de idade.
previdenciário, apuradas em processo judicial no Caso o óbito do servidor decorra de acidente de qualquer na-
qual será assegurado o direito ao contraditório e à tureza ou de doença profissional ou do trabalho, é aplicado essa
ampla defesa. regra, independentemente do recolhimento de 18 contribuições
Será concedida pensão provisória por morte presumida mensais ou da comprovação de 2 anos de casamento ou de união
do servidor, nos seguintes casos: estável.
▷ declaração de ausência, pela autoridade judiciária A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
competente; preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou
▷ desaparecimento em desabamento, inundação, incên- por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento 411
dio ou acidente não caracterizado como em serviço; para avaliação das referidas condições.
O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdên- básica o implemento de ações preventivas voltadas para a
412 cia Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de
(RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) con- Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual
tribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou con-
do caput do Art. 222. trato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No caso de morte ou perda da qualidade de beneficiário, a parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em
data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos regulamento.
dos servidores. Nas hipóteses previstas na Lei 8.112/90 em que seja exigida
Excepcionado o direito de opção, é vedada a percepção perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou en-
companheiro ou companheira e de mais de 2 pensões. tidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades
Do Auxílio-Funeral de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem
O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti-
atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da tuto Nacional do Seguro Social - INSS.
remuneração ou provento. Na impossibilidade, devidamente justificada, da realiza-
No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago ção do convênio acima citado, o órgão ou entidade promoverá
somente em razão do cargo de maior remuneração. a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica,
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O auxílio será pago no prazo de 48 horas, por meio de que constituirá junta médica especificamente para esses fins,
procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que houver indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes,
custeado o funeral. Se esse for custeado por terceiro, ele será com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam
indenizado, observado acima disposto. respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscaliza-
Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do lo- dora da profissão.
cal de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte Para os fins do disposto acima, ficam a União e suas entidades
do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou autárquicas e fundacionais autorizadas a:
fundação pública.
Celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser-
Do Auxílio-Reclusão viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empre-
À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos gados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus
seguintes valores: respectivos grupos familiares definidos, com entidades de auto-
Dois terços da remuneração, quando afastado por motivo gestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos
de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela au- efetivamente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006
toridade competente, enquanto perdurar a prisão (caso seja e que possuam autorização de funcionamento do órgão regula-
absolvido, o servidor terá direito à integralização da remune- dor, sendo certo que os convênios celebrados depois dessa data
ração). somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica
Metade da remuneração, durante o afastamento, em vir- sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo ór-
tude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não gão regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência
determine a perda de cargo. desta Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios existen-
O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia tes até 12 de fevereiro de 2006.
imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, Contratar, mediante licitação, na forma da Lei nº 8.666, de
ainda que condicional. 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será devi- assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento
do, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do órgão regulador.
do segurado recolhido à prisão. O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido
Emenda Constitucional nº 20 pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado
Art. 13. Até que a lei discipline o acesso ao salário-famí- de assistência à saúde.
lia e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus
dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas ANOTAÇÕES
àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a
R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação
da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos
benefícios do regime geral de previdência social.

Da Assistência à Saúde
A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de
sua família compreende auxílio médico, hospitalar, odon-
tológico, psicológico e farmacêutico. Terá como diretriz
14. Licitação ADM. PÚBLICA UNIÃO; ESTADOS;
DIRETA DISTRITO FEDERAL;
Conceito de Licitação MUNICÍPIOS.
Art. 37, XXI. Ressalvados os casos especificados na leg-
islação, as obras, serviços, compras e alienações serão AUTARQUIA;
contratados mediante processo de licitação pública que ADM. PÚBLICA FUNDAÇÃO PÚBLICA;
assegure igualdade de condições a todos os concor- INDIRETA SOCIEDADE DE
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de ECONOMIA MISTA;
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, EMPRESAS PÚBLICAS.
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên-
cias de qualificação técnica e econômica indispensáveis Como licitar?
à garantia do cumprimento das obrigações. Em primeiro lugar, deve ser definido o objeto que se quer
Procedimento administrativo, de observância obrigatória contratar. Depois disso, é necessário estimar o valor total da
obra, do serviço ou do bem a ser licitado, mediante realização
pelas entidades governamentais, em que, observada a igual-
de pesquisa de mercado. É importante, ainda, verificar se há
dade entre os participantes, deve ser selecionada a melhor previsão de recursos orçamentários para o pagamento da des-
proposta entre as apresentadas pelos interessados e com elas pesa e se essa se encontrará em conformidade com a Lei de
travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, uma Responsabilidade Fiscal.
vez preenchidos os requisitos mínimos necessários ao bom Assim, após apuração da estimativa, deve ser adotada a
cumprimento das obrigações a que eles se propõem (preceito modalidade de licitação adequada, com prioridade especial
da Lei 8.666/93). para o pregão, quando o objeto pretendido referir-se a bens e
serviços comuns listados no Decreto nº 3.555, de 8 de agosto
Regras Gerais sobre Licitações de 2002, que regulamenta essa modalidade. Lembrando que
As regras gerais de licitação são de suma importância a modalidade pregão não está expressamente prevista na Lei
para quem fará um concurso público, pois, de forma objetiva, nº 8.666/93.
conseguimos entender as questões propostas, dessa maneira,
iniciaremos com indagações frequentes:
Princípios Explícitos
O que é licitação? ▷ Legalidade;
Licitação é o procedimento administrativo que autoriza a ▷ Impessoalidade;
execução de obras, a prestação de serviços e o fornecimen- ▷ Moralidade e Probidade Administrativa;

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to de bens para atendimento de necessidades públicas; as ▷ Igualdade;
alienações e locações devem ser contratadas mediante lici- ▷ Publicidade;
tações públicas. ▷ Vinculação ao Instrumento Convocatório;
Por que licitar? ▷ Julgamento Objetivo.
A Constituição Federal, Art. 37, XXI, prevê, para a Adminis- Estão previstos no Art. 3º da Lei nº 8.666/93:
tração Pública, a obrigatoriedade de licitar. Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância
do princípio constitucional da isonomia, a seleção da
O procedimento de licitação objetiva permite que a admin-
proposta mais vantajosa para a Administração e a pro-
istração contrate aqueles que reúnem as condições necessárias
moção do desenvolvimento nacional sustentável e será
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
para o atendimento do interesse público, levando em consid- processada e julgada em estrita conformidade com os
eração aspectos relacionados à capacidade técnica e econômi- princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
co-financeira do licitante, à qualidade do produto e ao valor do moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
objeto, sempre procurando atender ao princípio da isonomia administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
(igualdade) e objetivando a proposta mais vantajosa. do julgamento objetivo.
Quem deve licitar? O Art. 3º, que trata dos princípios da licitação, determina a
Estão sujeitos à regra de licitar, prevista na Lei nº 8.666, estrita obediência a vários princípios básicos expressos. Con-
tudo, dá relevância a um deles, ou seja, o princípio da isono-
de 1993, além dos órgãos integrantes da administração direta,
mia tem um tratamento diferenciado.
os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
A licitação, por si só, traz uma ideia de disputa isonômica e
empresas públicas, as sociedades da economia mista e demais a finalidade é a de conseguir a proposta mais vantajosa para a
entidades controladas direta e indiretamente pela União, Esta- Administração a fim da celebração do contrato administrativo.
dos, Distrito Federal e Municípios. O propósito específico é a realização de obras, serviços, con-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di- cessão, permissões, compras, alienações ou locações.
retamente ou sob regime de concessão ou permissão, Devemos nos atentar, pois a competência para legislar acer-
sempre por meio de licitação, a prestação de serviços ca de licitação é privativa da União, sempre sobre normas gerais, 413
públicos. e está prevista no Art. 22, XXVII, da Constituição Federal:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: Impessoalidade
414 XXVII. Normas gerais de licitação e contratação, Esse princípio obriga a Administração a observar, nas suas
em todas as modalidades, para as administrações decisões, critérios objetivos previamente estabelecidos, afa-
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da stando a discricionariedade e o subjetivismo na condução dos
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe- procedimentos da licitação. Aqui, o princípio obedece aos dita-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

decido o disposto no Art. 37, XXI, e para as empre- mes da Constituição Federal e tem por finalidade a obediência
sas públicas e sociedades de economia mista, nos estrita aos fins coletivos, impedindo, de qualquer modo, a pro-
termos do Art. 173, § 1º, III; moção pessoal do administrador e as chamadas “facilidades”
É de se notar que os Estados, Distrito Federal e municípios para qualquer particular envolvido no procedimento.
podem legislar sobre normas específicas acerca de licitação Moralidade e Probidade Administrativa
pública e contratos administrativos, mesmo sem autorização
Aqui devemos nos atentar, pois, de acordo com a Constitu-
da União, desde que as leis promulgadas não ofendam a Con-
ição Federal, a moralidade administrativa é tida como princípio e
stituição Federal e também não contrariem as normas gerais.
a probidade como dever. Contudo, o texto da Lei nº 8.666/93 traz
Dessa forma, é importante frisar que a Lei nº 8.666/93 insculpido os dois como sendo princípios norteadores da licitação,
é aplicável a toda Administração Pública, de acordo com os em que a conduta dos licitantes e dos agentes públicos tem que
Arts. 1º e 2º da lei: ser, além de lícita, compatível com a moral, ética, bons costumes e
Art. 1º. Esta Lei estabelece normas gerais sobre lic- com as regras da boa administração.
itações e contratos administrativos pertinentes a
obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, Igualdade
É o mais relevante princípio da lei de licitação e significa
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alienações e locações no âmbito dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- dar tratamento igual a todos os interessados. É condição es-
nicípios. sencial para garantir em todas as fases da licitação. Também
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, chamado de princípio da isonomia entre os licitantes. A igual-
além dos órgãos da administração direta, os fundos dade aqui tem dois sentidos: primeiro, a administração deve
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as em- dispensar tratamento isonômico entre os licitantes; segundo,
presas públicas, as sociedades de economia mista e deve a igualdade garantir que a concorrência seja viável entre
demais entidades controladas direta ou indiretamente os particulares.
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O Art. 3º, § 2º, da Lei, reza que em igualdade de condições
Art. 2º. As obras, serviços, inclusive de publicidade, com- será assegurado à preferência sucessivamente a bens e
pras, alienações, concessões, permissões e locações da serviços em caso de empate, seguindo o seguinte critério de
Administração Pública, quando contratadas com terceiros, desempate:
serão necessariamente precedidas de licitação, ressalva- ▷ Produzidos no país;
das as hipóteses previstas nesta Lei. ▷ Produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se ▷ Produzidos ou prestados por empresas que invistam
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou enti- em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no
dades da Administração Pública e particulares, em que
país.
haja um acordo de vontades para a formação de víncu-
lo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual Publicidade
for a denominação utilizada. O Princípio da Publicidade reza que qualquer interessa-
do deve ter acesso às licitações públicas e seu controle, me-
Princípios Explícitos em Espécie diante divulgação dos atos praticados pelos administradores
Legalidade em todas as fases da licitação. No entanto, o conteúdo dos
propostos são sigilosos, conforme prevê o Art. 3º, § 3º, Lei
Nos procedimentos de licitação, esse princípio vincula os
nº 8.666/93.
licitantes e a Administração Pública às regras estabelecidas,
§ 3º. A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
nas normas e princípios em vigor, ou seja, o administrador
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, sal-
fica vinculado aos ditames na lei, tendo alguma liberdade vo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
(discricionariedade) somente quando a própria lei assim au- abertura.”
torizar ou determinar, como é o caso da licitação dispensável
Dessa forma, quanto maior o valor do contrato, maior será
e licitação dispensada. a publicidade de seus atos. Assim, no convite, a divulgação
Todos os atos de licitação devem estar estritamente na será mínima, devido ao reduzido valor do contrato, e, na con-
lei. Sendo assim, o administrador público não pode exigir do corrência, a divulgação será a maior possível.
licitante condições de habilitação econômica com certa mar- Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrên-
gem acima do necessário ao cumprimento das obrigações a cias, das tomadas de preço, dos concursos e dos leilões, em-
serem contratadas. Assim, somente permitirá as exigências de bora realizados no local da repartição interessada, deverão ser
qualificação técnica e econômicas indispensáveis à garantia do publicados com antecedência, como dispõe o Art. 21 da Lei de
cumprimento das obrigações. Licitação:
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das catório para o julgamento das propostas. Afasta a possi-
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos bilidade de o julgador utilizar-se de fatores subjetivos ou
e dos leilões, embora realizados no local da repartição de critérios não previstos no ato referido, mesmo que em
interessada, deverão ser publicados com antecedência, benefício da própria administração.
no mínimo, por uma vez:
I. No Diário Oficial da União, quando se tratar de lic- Princípios Implícitos
itação feita por órgão ou entidade da Administração
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras Competitividade
financiadas parcial ou totalmente com recursos fed- A lei e a própria Constituição Federal estabelecem a obrig-
erais ou garantidas por instituições federais; atoriedade do caráter competitivo no procedimento licitatório.
II. No Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal Isso se dá, pois na competição entre os licitantes não pode
quando se tratar, respectivamente, de licitação feita haver manipulações de preços. Dessa forma, a administração
por órgão ou entidade da Administração Pública Es- deve ser capaz de assegurar a obtenção da proposta mais van-
tadual ou Municipal, ou do Distrito Federal; tajosa a execução dos fins públicos.
III. Em jornal diário de grande circulação no Estado Nessa perspectiva, a lei veda a realização de licitação cujo
e também, se houver, em jornal de circulação no objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas,
Município ou na região onde será realizada a obra, caraterísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em
prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado que for tecnicamente justificável (Art. 7º, § 5º).
o bem, podendo ainda a Administração, conforme
o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de Sigilo das Propostas
divulgação para ampliar a área de competição. Decorrência lógica do Art. 3º da Lei de Licitações, uma vez
Dessa forma, os prazos do Art. 21 são os seguintes: que o princípio explícito é o da publicidades dos atos. Sigilo,
somente na apresentação das propostas e, ainda assim, até
Prazo do edital Modalidades a abertura das mesmas, que devem ser liberadas ao público
a) Concurso. após regular escolha do vencedor.
b) Concorrência, quando o con-
trato a ser celebrado contemplar Adjudicação Compulsória
45 dias para o regime de empreitada integral Esse princípio diz que a administração só poderá atribuir o
ou quando a licitação for do tipo
“melhor técnica” ou “técnica e
objeto da licitação ao vencedor. Não pode tal objeto ser conce-
preço”. dido a outro licitante. O vendedor, uma vez que preencheu todos
a) Concorrência, nos casos não os requisitos formais, tem prevalência na assinatura do contrato.
especificados na Essa não garante direito adquirido, uma vez que o ato licitatório

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alínea “b” do inciso anterior. pode ser revogado pela administração antes da assinatura do
30 dias para contrato. O licitante também pode desistir do contrato caso con-
b) Tomada de preços, quando
a licitação for do tipo “melhor siga provar justo motivo.
técnica” ou “técnica e preço”.
a) Quinze dias para a tomada de Modalidades de Licitação
preços, nos casos não especifi-
15 dias para As licitações, segundo a Lei nº 8.666/93, serão efetuadas
cados na alínea “b” do inciso
anterior, ou leilão. no local onde se situar a repartição interessada, salvo por mo-
5 dias úteis para a) Convite. tivo de interesse público devidamente justificado. Essa regra,
8 dias úteis (no no entanto, não impede a habilitação de interessados que se-
a) Pregão. jam residentes ou sediados em outros locais.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mínimo para)
Modalidade de licitação é a forma específica de conduzir
Esses prazos começam a ser contados a partir: o procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em
▷ da última publicação do edital; lei. O valor estimado para contratação é o principal fator para
▷ da expedição do convite; escolha da modalidade de licitação, exceto quando se trata de
▷ da efetiva disponibilidade do edital ou do convite. pregão, que não está limitado a valores. Dessa forma, além do
Prevalece a data que ocorrer mais tarde. leilão e do concurso, as demais modalidades de licitação ad-
mitidas são exclusivamente as seguintes:
Vinculação ao Instrumento Convocatório
O instrumento convocatório, que pode ser edital ou Concorrência
carta convite, obriga a administração e o licitante a obser- ▷ Concorrência;
varem as normas e condições estabelecidas no ato convo- ▷ Tomada de Preço;
catório. Dessa forma, nada poderá ser criado ou feito sem ▷ Convite;
que haja previsão em relação a esse ato. ▷ Concurso;
Julgamento Objetivo ▷ Leilão;
O princípio, em tela, determina que o administrador ▷ Pregão; 415
deve observar critérios objetivos definidos no ato convo- ▷ Consulta.
Modalidade da qual podem participar quaisquer interes- especialidade que manifestarem seu interesse com ante-
416 sados que, na fase de habilitação preliminar, comprovem pos- cedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação
suir requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para das propostas.
execução do objeto da licitação. Todas as licitações para bens Modalidade realizada entre interessados do ramo de que trata
imóveis devem ser feitas nessa modalidade, também as con- o objeto da licitação, escolhidos e convidados em número mínimo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cessões de direito real de uso, para alienações internacionais de três pela administração.
e para as parcerias público privadas. Seja qual for o valor da O convite é a modalidade de licitação mais simples. A ad-
licitação, em tese, a concorrência pode ser utilizada. ministração escolhe quem quer convidar, entre os possíveis
A concorrência está prevista no Art. 22, § 1º, da Lei nº interessados, cadastrados ou não. A divulgação deve ser feita
8.666/93: mediante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do
Art. 22, §1º - Concorrência é a modalidade de licitação órgão ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgação,
entre quaisquer interessados que, na fase inicial de dispensando a publicação em Diário Oficial.
habilitação preliminar, comprovem possuir os requi- No convite, é possível a participação de interessados que
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para
não tenham sido formalmente convidados, mas que sejam do
execução de seu objeto.
ramo do objeto licitado, desde que cadastrados no órgão ou
Esquema: entidade licitadora ou no Sistema de Cadastramento Unificado
▷ Possui fase preliminar; de Fornecedores – SICAF. Esses interessados devem solicitar
▷ É considerada mais complexa; o convite com antecedência de até 24 horas da apresentação
▷ Admite qualquer valor; das propostas.
▷ É a mais competitiva;
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Para que a contratação seja possível no convite, são


▷ Contratações de maior valor; necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, que aten-
A Concorrência é utilizada obrigatoriamente para: dam a todas as exigências do ato convocatório. Não é suficiente
▷ Compra ou alienação de imóveis; a obtenção de três propostas, é preciso que elas sejam válidas.
▷ Concessão de direito real de uso; Caso isso não ocorra, a administração deve repetir o convite e
chamar mais um interessado, enquanto existirem cadastrados
▷ Licitações internacionais;
não convidados nas últimas licitações, ressalvadas as hipóteses
▷ Concessão de serviços públicos; de limitação de mercado ou manifesto desinteresse dos incita-
▷ Contrato de parcerias público privada. dos, circunstâncias essas que devem ser justificadas no processo
Tomada de Preços de licitação.
A publicação na imprensa e em jornal de grande circulação
Modalidade realizada entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas confere ao convite divulgação idêntica à da concorrência e à
para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do rece- tomada de preços, afastando a discricionariedade do agente
bimento das propostas, observada a necessária qualificação. público.
A tomada de preço está prevista no Art. 22, § 2º, da Lei Quando for impossível a obtenção de três propostas válidas,
nº 8.666/93: por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convi-
Art. 22, § 2º - Tomada de preços é a modalidade de dados, essas circunstâncias deverão ser devidamente motivadas
licitação entre interessados devidamente cadastrados e justificadas no processo, sob pena de repetição de convite.
ou que atenderem a todas as condições exigidas para Limitações de mercado ou manifesto desinteresse das empre-
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do sas convidadas não se caracterizam nem podem ser justificados
recebimento das propostas, observada a necessária quando são inseridas, na licitação, condições que só uma ou outra
qualificação. empresa pode atender.
Esquema: Esquema:
Interessados têm que estar devidamente cadastrados, ▷ É a modalidade de licitação entre interessados do
contudo, pelo princípio da competitividade, podem inscre- ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
ver-se até o terceiro dia anterior à data do recebimento das escolhidos e convidados em número mínimo de três
propostas. pela unidade administrativa;
Contratação de valores intermediários. ▷ Contratação de menor valor;
▷ O procedimento é simples, permitindo, excepciona-
Convite lmente, nas pequenas unidades administrativas, a
A modalidade convite está prevista no Art. 22, § 3º, da Lei substituição da comissão por servidor formalmente
nº 8.666/93: designado pela autoridade competente.
Art. 22, §3º - Convite é a modalidade de licitação entre
interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastra-
Concurso
dos ou não, escolhidos e convidados em número mínimo O Art. 22, § 4º, da Lei nº 8.666/93 define a modalidade con-
de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, curso como sendo a licitação entre quaisquer interessados para
em local apropriado, cópia do instrumento convocatório a escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante à
e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores do pro-
cedimento, sempre conforme previsto em edital publicado na im- Segundo, no Art. 53, da Lei nº 8.666/93:
prensa oficial com antecedência mínima de 45 dias.
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
O julgamento da modalidade concurso é feita por uma
a servidor designado pela administração, proceden-
comissão especial. Pode participar da comissão servidor ou não,
de acordo com o Art. 51, § 5º. do-se na forma da legislação pertinente.
A modalidade concurso está prevista no Art. 22, § 4º, § 1º - Todo bem a ser leiloado será previamente avali-
da Lei nº 8.666/93: ado pela administração para fixação do preço mínimo
Art. 22, §4º - Concurso é a modalidade de licitação
de arrematação.
entre quaisquer interessados para escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico, mediante à instituição § 2º - Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
critérios constantes de edital publicado na imprensa
(cinco por cento) e, após a assinatura da respectiva ata
oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e
cinco) dias. lavrada no local do leilão, imediatamente entregues
Esquema: ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do
▷ Trabalho técnico; restante no prazo estipulado no edital de convocação,
▷ Científico;
sob pena de perder em favor da administração o valor
▷ Artístico;
já recolhido.
▷ Edital tem que ser publicado com antecedência mín-
ima de 45 dias; § 3º - Nos leilões internacionais, o pagamento da

▷ O que determina a necessidade da realização da li- parcela à vista poderá ser feito em até vinte e qua-
citação é a natureza do seu objeto, não o valor do tro horas.
contrato;
§ 4º - O edital de leilão deve ser amplamente divulga-
▷ O procedimento é um tanto diverso, pois o julgamen-
to será feito por uma comissão especial integrada por do, principalmente no município em que se realizará.

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pessoas de reputação ilibada e reconhecido conheci- Limitado a bens avaliados, isolada ou globalmente, em
mento da matéria em exame, servidor público ou não. quantia não superior a R$ 650.000,00. Acima disso e para
Leilão bens imóveis, deve ser utilizada a modalidade concorrência.
É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessados, para
venda, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da Consulta
avaliação, dos seguintes bens: A modalidade consulta não está prevista na Lei nº
▷ Bens móveis inservíveis para a Administração.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
8.666/93. Está prevista na Lei nº 9.472/97 (a mesma que criou
▷ Produtos legalmente apreendidos ou penhorados.
a Anatel); é uma modalidade prevista apenas para as agências
▷ Bens imóveis da Administração Pública, cuja aqui-
sição haja derivado de procedimentos judiciais ou de reguladoras.
dação em pagamento (Art. 19, III). A lei diz que a consulta é a modalidade de licitação ade-
O leilão, além dessas disposições, está previsto em dois quada à contratação de bens e serviços não classificados como
lugares:
comuns e que não sejam obras e serviços de engenharia civil.
Primeiro, no Art. 22, § 5º, da Lei nº 8.666/93:
Art. 22, §5º - Leilão é a modalidade de licitação entre A consulta é modalidade de licitação exclusiva de agên-
quaisquer interessados para a venda de bens móveis cias reguladoras, para aquisição de bens e serviços não co-
inservíveis para a Administração ou de produtos legal-
muns, excetuados obras e serviços de engenharia civil, na qual
mente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação
de bens imóveis prevista no Art. 19, a quem oferecer o as propostas são julgadas por um júri, segundo critério que 417
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. leve em consideração, ponderadamente, custo e benefício.
418 Modalidade Nº de Lici-
Valor (Art. 23) Participação Objeto Forma de Divulgação (Art. 21)
(Art. 22) tantes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Edital publicado com 30 dias


de antecedência em relação ao
Concorrência Grandes valores Independente Sem restrição Sem restrição
recebimento das propostas (ver
Art. 21 § 2º, 45 dias).
Cadastrado ou que atendam
Tomada de todos os requisitos até 3 dias Edital publicado com 15 dias de
Valores médios Independente Sem restrição
Preço antes do recebimento da antecedência.
proposta.

Cadastrado ou não (edital


estendendo aos demais Carta-convite remetidas aos
Pelo menos 3
Convite Valores pequenos cadastrados - manifestação Sem restrição interessados com 5 dias de ante-
licitantes
antes de 24 horas do recebi- cedência (fixação no mural).
mento da proposta).

Trabalho técnico, científ- Edital publicado com 45 dias de


Concurso Não interessa o valor Independente Sem restrição
ico ou artístico antecedência.
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Alienação de bens
Não interessa o inservíveis, produtos Edital com ênfase na localidade
Leilão Independente Sem restrição
valor apreendidos ou bens em que se realizará o leilão.
imóveis

Pregão Obrigatoriedade de Licitação


O pregão constitui a sexta modalidade de licitação e está
previsto na Lei nº 10.520/2002, que expressamente o estendeu e Casos de Exceções
a todas as esferas da Federação. Licitação Obrigatória
É a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços
A regra constitucional é, pela obrigatoriedade para toda
comuns pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, con-
a Administração Pública no que tange a licitar para compras
forme disposto em regulamento, qualquer que seja o valor es-
e alienações de bens e serviços, mas a própria Constituição
timado da contratação, na qual a disputa pelo fornecimento é
Federal informa que a lei pode prever algumas hipóteses de
feita por meio de propostas e lances em sessão pública. exceção à realização da licitação.
Os licitantes apresentam suas propostas de preço por es- Todavia, a Constituição Federal informa que, quando o ob-
crito e por lances verbais, independentemente do valor esti- jeto da contração é uma concessão ou permissão de serviço
mado da contratação. público, a realização da licitação é obrigatória.
Ao contrário do que ocorre em outras modalidades, no
pregão, a escolha da proposta é feita antes da análise da
• Exceções à obrigatoriedade das licitações
documentação, razão maior de sua celeridade. Apesar de a regra geral instituir a obrigatoriedade das
O pregão é a modalidade alternativa ao convite, à tom- licitações, a própria lei de licitação faz ressalvas acerca
ada de preços e à concorrência para contratação de bens e dela, ou seja, por determinação legal, pode haver a cel-
serviços comuns. Não é obrigatória, mas deve ser prioritária e ebração do contrato administrativo sem a prevalência da
é aplicável a qualquer valor estimado de contratação. obrigação de licitar, e isso ocorre nos casos de Dispensa de
Licitação (Licitação Dispensada e Licitação Dispensável) e
Esquema:
Inexigibilidade de Litação.
▷ O pregão é a sexta modalidade de licitação;
A principal diferença entre dispensa e inexigibilidade é
▷ O pregão pode ser utilizado para qualquer valor de que, na dispensa de licitação, a competição é possível, mas a
contrato; lei dispensa ou permite que a licitação seja dispensada e na
▷ É considerado pouco complexo; licitação inexigível, a competição é impossível devido à falta
▷ Permite lances verbais; de possíveis competidores.
▷ Não se leva em consideração o vulto do contrato Art. 17. Licitação dispensada (a lei declarou-a como tal; não
(valor da contratação), mas sim a característica dos se faz licitação).
bens ou serviços, que devem ser comuns, simples e Art. 24. Licitação dispensável (a administração pode dis-
rotineiros; pensar se assim lhe convier).
▷ O tipo da licitação é sempre o de menor preço; Art. 25. Licitação inexigível (quando houver inviabilidade
▷ Não se exige capacitação técnica especializada. de competição).
Inexigibilidade de Licitação Dispensa de Licitação
Conforme o Art. 25 da Lei nº 8.666/93, a inexigibilidade A dispensa de licitação é um gênero que engloba duas
de licitação se faz quando há inviabilidade de competição, em espécies, são elas: a licitação dispensada e a licitação dis-
razão do bem ou serviço possuir singularidade de fornecimen- pensável.
to; desde que devidamente comprovada sua exclusividade, a
contratação direta poderá ser efetivada.
Licitação Dispensada
Devemos notar que o Art. 25 é um rol exemplificativo, ou A licitação dispensada diferencia-se da dispensável, pois, nes-
seja, a administração no caso concreto pode prever outras situ- sa, o administrador pode fazer ou não o procedimento, já na dis-
pensada, ele fica impedido de fazer pela própria lei. São os casos
ações em que ocorra impossibilidade jurídica de competição e
descritos no Art. 17.
que o serviço possua singularidade.
As alíneas do inciso I do Art. 17 trazem a lista de hipóteses
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabil-
de dispensa de licitação em operações relativas a bens imóveis
idade de competição, em especial:
da Administração, enquanto as alíneas do inciso II do Art. 17
I. Para aquisição de materiais, equipamentos, ou enumeram os casos de licitação dispensada para a alienação de
gêneros que só possam ser fornecidos por pro- bens móveis.
dutor, empresa ou representante comercial ex-
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
clusivo, vedada a preferência de marca, deven-
subordinada à existência de interesse público devida-
do a comprovação de exclusividade ser feita por
mente justificado, será precedida de avaliação e obe-
meio de atestado fornecido pelo órgão de regis-
decerá às seguintes normas:
tro do comércio do local em que se realizaria a
licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, • Dispensa de Licitação de Bens Imóveis
Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, I. Quando imóveis, dependerá de autorização leg-
pelas entidades equivalentes; islativa para órgãos da administração direta e en-
II. Para a contratação de serviços técnicos enu- tidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
merados no Art. 13 desta Lei, de natureza singular, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de
com profissionais ou empresas de notória especial- avaliação prévia e de licitação na modalidade de
ização, vedada a inexigibilidade para serviços de concorrência, dispensada está nos seguintes casos:
publicidade e divulgação; a) Dação em pagamento;
III. Para contratação de profissional de qualquer b) Doação, permitida exclusivamente para outro
setor artístico, diretamente ou por meio de em- órgão ou entidade da Administração Pública, de
presário exclusivo, desde que consagrado pela qualquer esfera de governo, ressalvado o dispos-
crítica especializada ou pela opinião pública. to nas alíneas f, h, e i;

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§ 1º - Considera-se de notória especialização o profis- c) Permuta, por outro imóvel que atenda aos req-
sional ou empresa cujo conceito no campo de sua uisitos constantes do inciso X do Art. 24 dessa Lei;
especialidade, decorrente de desempenho anterior, d) Investidura;
estudos, experiências, publicações, organização, apa- e) Venda a outro órgão ou entidade da Admin-
relhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos istração Pública, de qualquer esfera de governo;
relacionados com suas atividades, permita inferir que f) Alienação gratuita ou onerosa, aforamen-
o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais to, concessão de direito real de uso, locação ou
adequado à plena satisfação do objeto do contrato. permissão de uso de bens imóveis residenciais
§ 2º - Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos construídos, destinados ou efetivamente utiliza-
de dispensa, se comprovado superfaturamento, re- dos no âmbito de programas habitacionais ou de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

spondem solidariamente pelo dano causado à Fazen- regularização fundiária de interesse social desen-
da Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e volvidos por órgãos ou entidades da Adminis-
o agente público responsável, sem prejuízo de outras tração Pública;
sanções legais cabíveis. g) Procedimentos de legitimação de posse de que
Os serviços técnicos profissionais especializados possi- trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de
bilitam a inexigibilidade, mas é fundamental atentar que não 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da
é o simples fato de um serviço enquadrar-se como técnico Administração Pública em cuja competência legal in-
profissional especializante que acarreta a inexigibilidade. É clua-se tal atribuição;
necessário que o serviço tenha natureza singular, ou seja, não h) Alienação gratuita ou onerosa, aforamento,
pode ser usual e corriqueiro, por essa razão, justifique, a fim concessão de direito real de uso, locação ou
de garantir a sua satisfatória prestação, a contratação de um permissão de manuseio de bens imóveis de uso
profissional ou de uma empresa de notória especialidade. comercial de âmbito local com área de até 250
A regra geral é que a contratação de serviços técnicos m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados) e
profissionais especializados seja precedida de licitação na mo- inseridos no âmbito de programas de regular-
dalidade concurso (Art. 13, § 1º). Somente quando for serviço ização fundiária de interesse social desenvolvi-
singular, prestado por profissional ou empresa de notória es- dos por órgãos ou entidades da Administração 419
pecialização, é que a licitação será inexigível. Pública;
i) Alienação e concessão de direito real de uso, gra- IV. Nos casos de emergência ou de calamidade
420 tuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União pública, quando caracterizada urgência de aten-
na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o dimento de situação que possa ocasionar prejuízo
limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500 (mil ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
e quinhentos hectares), para fins de regularização serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

fundiária, atendidos os requisitos legais; particulares, e somente para os bens necessários ao


• Dispensa de Licitação de Bens Móveis atendimento da situação emergencial ou calamitosa
II. Quando móveis, dependerá de avaliação prévia e para as parcelas de obras e serviços que possam
e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos: ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi-
a) Doação, permitida exclusivamente para fins tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
e uso de interesse social, após avaliação de sua ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
oportunidade e conveniência socioeconômica, rel- prorrogação dos respectivos contratos;
ativamente à escolha de outra forma de alienação; V. Quando não acudirem interessados à licitação an-
b) Permuta, permitida exclusivamente entre terior e esta, justificadamente, não puder ser repeti-
órgãos ou entidades da Administração Pública; da sem prejuízo para a Administração, mantidas,
c) Venda de ações, que poderão ser negociadas em neste caso, todas as condições pré-estabelecidas;
bolsa, observada a legislação específica; Vale ressaltar que temos a chamada licitação deserta,
d) Venda de títulos, na forma da legislação per- ou seja, quando essa é convocada e não aparece nenhum
tinente; interessado. Nesse caso, torna-se inviável a licitação, e a ad-
e) Venda de bens produzidos ou comercializados ministração pode contratar diretamente, contanto que, mo-
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por órgãos ou entidades da Administração Pública, tivadamente, demonstre que não ocorrerá prejuízo para a
em virtude de suas finalidades; administração.
f) Venda de materiais e equipamentos para Não existe limite de valor para esse tipo de licitação, e a
outros órgãos ou entidades da Administração única exigência é que as cláusulas do contrato original sejam
Pública, sem utilização previsível por quem deles respeitadas.
dispõe. Faz-se necessário diferenciar licitação deserta de lici-
tação fracassada. Temos essa quando aparecem interessa-
Licitação Dispensável dos, mas nenhum é selecionado, em decorrência de inabili-
Na licitação dispensável, a Administração tem a facul- tação ou desclassificação das propostas.
dade de não realizar o procedimento licitatório para algumas § 3º - Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
hipóteses determinadas na própria Lei nº 8.666/93. todas as propostas forem desclassificadas, a adminis-
As situações nas quais a licitação poderá ser dispensável tração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias
se encontram indicadas no Art. 24, I, a XXVIII da Lei Federal úteis para a apresentação de nova documentação ou
nº 8.666/93. de outras propostas escoimadas das causas referidas
Dessa forma, veremos cada uma das hipóteses de licitação neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução
dispensável, salientando que essa listagem também possui caráter deste prazo para três dias úteis.
taxativo, não cabendo ao administrador à criação de outras situ- Devemos nos atentar que, em regra, a licitação fracassada
ações. Devemos nos atentar, pois as questões de concursos nesse não representa uma forma de licitação dispensável. Assim, de-
tópico costumam ser texto de lei. Assim, ler e fazer a diferenciação vemos aplicar o disposto no Art. 48, § 3º, da Lei nº 8.666/93.
entre licitação dispensável (Art. 24) e inexigibilidade de licitação VI. Quando a União tiver que intervir no domínio
(Art. 25) é de suma importância. econômico para regular preços ou normalizar o
Art. 24. É dispensável a licitação: abastecimento;
I. Para obras e serviços de engenharia de valor até VII. Quando as propostas apresentadas con-
10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, signarem preços manifestamente superiores aos
do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram praticados no mercado nacional, ou forem incom-
a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda patíveis com os fixados pelos órgãos oficiais com-
para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo petentes, casos em que, observado o parágrafo
local que possam ser realizadas conjunta e concomi- único do Art. 48 desta Lei e, persistindo a situação,
tantemente; será admitida a adjudicação direta dos bens ou
II. Para outros serviços e compras de valor até 10% serviços, por valor não superior ao constante do
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do registro de preços, ou dos serviços;
inciso II do artigo anterior e para alienações, nos VIII. Para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
casos previstos nesta Lei, desde que não se refi- público interno, de bens produzidos ou serviços
ram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou prestados por órgão ou entidade que integre a Ad-
alienação de maior vulto que possa ser realizada ministração Pública e que tenha sido criado para
de uma só vez; esse fim específico em data anterior à vigência
III. Nos casos de guerra ou grave perturbação da desta Lei, desde que o preço contratado seja com-
ordem; patível com o praticado no mercado;
IX. Quando houver possibilidade de comprometi- de que seu valor não exceda ao limite previsto na
mento da segurança nacional, nos casos estabe- alínea “a” do inciso II do Art. 23 desta Lei:
lecidos em decreto do Presidente da República, XIX. Para as compras de material de uso pelas
ouvido o Conselho de Defesa Nacional; Forças Armadas, com exceção de materiais de uso
X. Para a compra ou locação de imóvel destinado pessoal e administrativo, quando houver necessi-
ao atendimento das finalidades precípuas da ad- dade de manter a padronização requerida pela es-
ministração, cujas necessidades de instalação e trutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos
localização condicionem a sua escolha, desde que e terrestres, mediante parecer de comissão instituí-
o preço seja compatível com o valor de mercado, da por decreto;
segundo avaliação prévia; XX. Na contratação de associação de portadores de
XI. Na contratação de remanescente de obra, deficiência física, sem fins lucrativos e de compro-
serviço ou fornecimento, em consequência de re- vada idoneidade, por órgãos ou entidades da Ad-
scisão contratual, desde que atendida a ordem de ministração Pública, para a prestação de serviços
classificação da licitação anterior e aceitas as mes- ou fornecimento de mão de obra, desde que o
mas condições oferecidas pelo licitante vencedor, preço contratado seja compatível com o praticado
inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; no mercado.
XII. Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e out- XXI. Para a aquisição de bens e insumos destinados
ros gêneros perecíveis, no tempo necessário para exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica
a realização dos processos licitatórios correspon- com recursos concedidos pela Capes, pela Finep,
dentes, realizadas diretamente com base no preço pelo CNPq ou por outras instituições de fomento
do dia; a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim
XIII. Na contratação de instituição brasileira incum- específico;
bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, XXII. Na contratação de fornecimento ou suprimen-
do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou to de energia elétrica e gás natural com conces-
de instituição dedicada à recuperação social do sionário, permissionário ou autorizado, segundo as
preso, desde que a contratada detenha inques- normas da legislação específica;
tionável reputação ético-profissional e não tenha XXIII. Na contratação realizada por empresa públi-
fins lucrativos; ca ou sociedade de economia mista com suas sub-
XIV. Para a aquisição de bens ou serviços nos ter- sidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação
mos de acordo internacional específico aprovado de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde
pelo Congresso Nacional, quando as condições que o preço contratado seja compatível com o prat-
ofertadas forem manifestamente vantajosas para icado no mercado.

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o Poder Público; XXIV. Para a celebração de contratos de prestação de
XV. Para a aquisição ou restauração de obras de serviços com as organizações sociais, qualificadas
arte e objetos históricos, de autenticidade certifi- no âmbito das respectivas esferas de governo, para
cada, desde que compatíveis ou inerentes às final- atividades contempladas no contrato de gestão.
idades do órgão ou entidade. XXV. Na contratação realizada por Instituição
XVI. Para a impressão dos diários oficiais, de for- Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fo-
mulários padronizados de uso da administração, mento para a transferência de tecnologia e para o
e de edições técnicas oficiais, bem como para licenciamento de direito de uso ou de exploração
prestação de serviços de informática a pessoa de criação protegida.
jurídica de direito público interno, por órgãos ou XXVI. Na celebração de contrato de programa com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

entidades que integrem a Administração Pública, ente da Federação ou com entidade de sua ad-
criados para esse fim específico; ministração indireta, para a prestação de serviços
XVII. Para a aquisição de componentes ou peças de públicos de forma associada nos termos do autor-
origem nacional ou estrangeira, necessários à ma- izado em contrato de consórcio público ou em con-
nutenção de equipamentos durante o período de vênio de cooperação.
garantia técnica, junto ao fornecedor original dess- XXVII. Na contratação da coleta, processamento e
es equipamentos, quando tal condição de exclusiv- comercialização de resíduos sólidos urbanos reci-
idade for indispensável para a vigência da garantia; cláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de
XVIII. Nas compras ou contratações de serviços coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou
para o abastecimento de navios, embarcações, cooperativas formadas exclusivamente por pessoas
unidades aéreas ou tropas e seus meios de des- físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder pú-
locamento quando em estada eventual de curta blico como catadores de materiais recicláveis, com
duração em portos, aeroportos ou localidades o uso de equipamentos compatíveis com as normas
diferentes de suas sedes, por motivo de movimen- técnicas, ambientais e de saúde pública.
tação operacional ou de adestramento, quando a XXVIII. Para o fornecimento de bens e serviços,
exiguidade dos prazos legais puder comprometer a produzidos ou prestados no País, que envolvam, 421
normalidade e os propósitos das operações e des- cumulativamente, alta complexidade tecnológica
e defesa nacional, mediante parecer de comissão Formalidades da Dispensa e da Inexigibilidade
422 especialmente designada pela autoridade máxima Os atos de dispensa e de inexigibilidade de licitação de-
do órgão. vem ser obrigatoriamente motivados, e deverão ser comuni-
XXIX. Na aquisição de bens e contratação de cados, dentro de 3 dias, à autoridade superior, para ratificação
serviços para atender aos contingentes militares e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

das Forças Singulares brasileiras empregadas em como condição para a eficácia dos atos.
operações de paz no exterior, necessariamente jus- Em casos de dispensa ou inexigibilidade de licitação, se
tificadas quanto ao preço e à escolha do fornece- houver superfaturamento da obra, haverá responsabilidade
dor ou executante e ratificadas pelo Comandante solidária do agente público responsável e também do fornece-
da Força. dor ou prestador de serviços.
XXX. Na contratação de instituição ou organização,
pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, ANOTAÇÕES
para a prestação de serviços de assistência técnica
e extensão rural no âmbito do Programa Nacional
de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricul-
tura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por
lei federal.
XXXI. Nas contratações visando ao cumprimento do
disposto nos Arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de
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2 de dezembro de 2004, observados os princípios


gerais de contratação dela constantes.
XXXII. Na contratação em que houver transferên-
cia de tecnologia de produtos estratégicos para o
Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elen-
cados em ato da direção nacional do SUS, inclusive
por ocasião da aquisição destes produtos durante
as etapas de absorção tecnológica.
§ 1º - Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
deste Art. serão 20% (vinte por cento) para compras,
obras e serviços contratados por consórcios públicos,
sociedade de economia mista, empresa pública e por
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
como Agências Executivas.
§ 2º - O limite temporal de criação do órgão ou enti-
dade que integre a Administração Pública estabeleci-
do no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica
aos órgãos ou entidades que produzem produtos es-
tratégicos para o SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da
direção nacional do SUS.

Licitação Deserta
Licitação Fracassada Art. 24 - VII
Art. 24 - V

Aparecem interessados, mas nenhum é selecio-


nado devido ao fato das propostas apresentadas
Não aparecem consignarem preços manifestamente superiores
concorrentes aos praticados no mercado nacional, ou forem
incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes.
Abertura de prazo para a apresentação
Licitação de novas propostas:
dispensável - 8 dias (regra);
- 3 dias (convite).

Se os preços apresentados forem superiores aos


de mercado, podem levar à licitação dispensável.
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ŝ#-ŝŦ ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 423

ÍNDICE
1. Ética no Serviço Público ........................................................................................... 424
Ética e Moral ...............................................................................................................................424
Ética: Princípios e Valores........................................................................................................... 425
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania ............................................................................... 426
Ética e Função Pública ................................................................................................................ 426
Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994) .................................. 427
Decreto nº 6.029/2007 ..............................................................................................................430
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República ..............433
Resolução nº 01, de 13 de Setembro de 2000 ............................................................................ 433
Resolução nº 02, de 24 de Outubro de 2000 ............................................................................. 434
Resolução nº 03, de 23 de Novembro de 2000 .......................................................................... 435
Resolução nº 04, de 07 de Junho de 2001 ................................................................................. 437
Resolução nº 05, de 07 de Junho de 2001.................................................................................. 439
Resolução nº 06, de 25 de Julho de 2001 ................................................................................... 439
Resolução nº 07, de 14 de Fevereiro de 2002 ............................................................................440
Comissão de Ética Pública ..........................................................................................................440
Resolução nº 08, de 25 de Setembro de 2003 ............................................................................441
Resolução nº 09, de 20 de Maio de 2005 ...................................................................................442
Resolução nº 10, de 29 de Setembro de 2008............................................................................442
424
1. Ética no Serviço Público Em um sentido mais amplo, a ética engloba um conjunto
de regras e preceitos de ordem valorativa, que estão ligados
Nesta unidade, trabalharemos o seguinte conteúdo: Ética à prática do bem e da justiça, aprovando ou desaprovando a
e moral; Ética, princípios e valores; Ética e democracia: exercí- ação dos homens de um grupo social ou de uma sociedade.
cio da cidadania; Ética e função pública; Ética no setor público: Em suma, a ética é um conjunto de normas que rege a boa
Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº conduta humana.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

1.171/1994). Acrescentamos, ao final, o Decreto nº 6.029/2007, Para que uma conduta possa ser considerada ética, três
que revogou o Decreto nº 1.171/1994 em parte, e que, muito elementos essenciais devem ser ponderados: a ação (ato mo-
embora não seja mencionado no edital, tem sido cobrado. ral), a intenção (finalidade), e as circunstâncias (consequên-
O Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto cias) do ato. Se um único desses três elementos não for bom,
nº 1.171/1994) contempla essencialmente duas partes. correto e certo, o comportamento não é ético.
A primeira, dita de ordem substancial (fundamental), fala A norma ética é aquela que prescreve como o homem deve
sobre os princípios morais e éticos a serem observados pelo agir. Possui, como uma de suas características, a possibilidade
servidor, e constitui o Capítulo I, que abrange as regras deon- de ser violada, ao contrário da norma legal (lei).
tológicas (Seção I), os principais deveres do servidor público A ética não deve ser confundida com a lei, embora, com
(Seção II), bem como as vedações (Seção III). certa frequência, a lei tenha como base princípios éticos. Ao
Já a segunda parte, de ordem formal, dispõe sobre a cria- contrário da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo
ção e funcionamento de Comissões de Ética, e constitui o Capí- Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas,
tulo II, que trata das Comissões de Ética em todos os órgãos do nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas.
Poder Executivo Federal (Exposição de Motivos nº 001/94-CE). Para o autor Lázaro Lisboa, a ética tem por objeto o com-
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Este conteúdo, referente ao Código de Ética Profissional do portamento humano no interior de cada sociedade, e o es-
Serviço Público, considerando os últimos conteúdos cobrados, tudo desse comportamento com o fim de estabelecer níveis
é um dos mais relevantes e que mais deve ser estudado. aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das
sociedades e entre elas, constitui o objetivo da Ética. (LISBOA;
Ética e Moral MARTINS, 2011).
O estudo da ética demonstra que a consciência moral nos
Ética inclina para o caminho da virtude, que seria uma qualidade
A palavra “ética” vem do grego ethos, que significa “modo própria da natureza humana. Logo, um homem para ser ético
de ser” ou “caráter” (índole). precisa necessariamente ser virtuoso, ou seja, praticar o bem
Ética o do grego ethos o caráter usando a liberdade com responsabilidade constantemente.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade das Segundo a classificação de Eduardo Garcia Maýnez, são
ações humanas, isto é, se são boas ou más. É uma reflexão quatro as formas de manifestação do pensamento ético oci-
crítica sobre a moralidade. dental:
A ética faz parte do nosso dia a dia. Em todas as nossas ▷ Ética empírica.
ações e também relações, em algum grau, utilizamos nossos ▷ Ética dos bens.
valores éticos. Isso não quer dizer que o homem já nasça com ▷ Ética formal.
consciência plena do que é bom ou mau. Essa consciência exis- ▷ Ética de valores.
te, mas se desenvolve a partir do relacionamento com o meio e
A Ética empírica está dividida em:
do autodescobrimento.
Ética Anarquista: só tem valor o que não contraria as ten-
A ética pode ser definida como a teoria ou a ciência do dências naturais.
comportamento moral, que busca explicar, compreender, jus-
tificar e criticar a moral ou as morais de Ética Utilitarista: é bom o que é útil.
De acordo com o autor espanhol, Adolfo Vázquez, a ética Ética Ceticista: não se pode dizer com certeza o que é cer-
representa uma abordagem científica sobre as constantes mo- to ou errado, bom ou mau, pois ninguém jamais será capaz
rais, ou seja, refere-se àquele conjunto de valores e costumes de desvendar os mistérios da natureza.
mais ou menos permanente no tempo e no espaço. Em outras Ética Subjetivista: “o homem é a medida de todas as coisas
palavras, a ética é a ciência da moral, isto é, de uma esfera do existentes ou inexistentes” (Protágoras).
comportamento humano. Já a Ética dos bens divide-se em:
Mas a Ética não é puramente teoria; é um conjunto de Ética Socrática: para Sócrates (469 - 399 a.C.), o supremo
princípios e disposições voltados para a ação, historica- bem, a virtude máxima é a sabedoria. As duas máximas de
mente produzidos, cujo objetivo é balizar (limitar) as ações Sócrates são: “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”.
humanas. Ética Platônica: para Platão (427 - 347 a.C), todos os fe-
Todavia, segundo Vázquez, não cabe à ética formular juí- nômenos naturais são meros reflexos de formas eternas,
zos de valor sobre a prática moral de outras sociedades, ou de imutáveis, sugerindo o “mundo das ideias”.
outras épocas, em nome de uma moral absoluta e universal, Ética Aristotélica: para Aristóteles (384 - 322 a.C.), a
mas deve antes explicar a razão de ser desta pluralidade e das felicidade só pode ser conseguida com a integração de
mudanças de moral; isto é, deve esclarecer o fato de os homens suas três formas: prazer, virtude (cidadania responsável),
terem recorrido a práticas morais diferentes e até opostas. sabedoria (filosofia/ciência).
Ética Epicurista: para Epicuro (341 - 270 a.C.), o bem su- quanto o primeiro trata o comportamento humano como objeto
premo é a felicidade, a ser atingido por meio dos prazeres de estudo e normatização, procurando tomá-lo de forma mais
(eudaimonismo hedonista) e os do espírito são mais eleva- abrangente possível, o segundo se ocupa de atribuir um valor à
dos que os do corpo. Seu objetivo maior era afastar a dor ação. Esse valor tem como referências as normas e conceitos do
e os sofrimentos. que vem a ser bom ou mau, baseados no senso comum.
Ética Estóica: Zenão (300 a.C.) fundou esta filosofia que No contexto da ação pública, ética e moral não são consi-
ensina a ética da virtude como fim: o estóico não aspira ser derados termos sinônimos. Portanto, não devem ser confun-
feliz, mas ser bom. didos.
Para a ética formal, segundo Kant, uma ação é boa, tem Enquanto a ética é teórica e busca explicar e justificar
valor, deve ser feita, se obedece o “princípio categórico”, que os costumes de uma determinada sociedade, a moral é
está baseado na ideia do dever (vale sempre e é uma ordem). normativa. Enquanto a ética tem caráter científico, a moral
Por fim, para a ética de valores, uma ação é boa (e consequen- tem caráter prático imediato, visto que é parte integrante
temente é um dever) se estiver fundamentada em um valor. da vida cotidiana das sociedades e dos indivíduos. A moral
é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática concreta.
Moral A moral, portanto, não é ciência, mas objeto da ciência; e,
Os romanos traduziram o ethos grego para o latim mos, de neste sentido, é por ela estudada e investigada.
onde vem a palavra “moral”.
O termo “moral”, portanto, deriva do latim “mos” ou “mo- Ética: Princípios e Valores
res”, que significa “costume” ou “costumes (VÁZQUEZ, 2011).
Moralo do latin MOS ou MORESo Princípios
Costume ou Costumes Segundo o dicionário Houaiss, princípio pode ser conside-
A moral é definida como o conjunto de normas, princípios, rado o primeiro momento da existência (de algo) ou de uma
preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento ação ou processo. Pode também ser definido como um con-
do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa. junto de regras ou código de (boa) conduta, com base no qual
Em outras palavras, a moral é um conjunto de regras de se governa a própria vida e ações.
conduta adotadas pelos indivíduos de um grupo social e tem Dados esses conceitos, percebe-se que os princípios que
a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo regem a conduta em sociedade são aqueles conceitos ou re-
os valores do bem e do mal. gras que se aprendem por meio do convívio, passados de ge-
A moral é a “ferramenta” de trabalho da ética. Sem os ração para geração.
juízos de valor aplicados pela moral seria impossível deter-
Esses conhecimentos se originaram, em algum momento,
minar se a ação do homem é boa ou má.
no grupo social em que estão inseridos, convencionando-se

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A moral ocupa-se basicamente de questões subjetivas, que sua aplicação é boa, e assim aceita pelo grupo.
abstratas e de interesses particulares do indivíduo e da socie-
dade, relacionando-se com valores ou condutas sociais. Quando uma pessoa afirma que determinada ação fere
seus princípios, ela está se referindo a um conceito ou regra,
A moral possui, portanto, um caráter subjetivo, que faz
que foi originado em algum momento em sua vida ou na vida
com que ela seja influenciada por vários fatores, alterando, as-
do grupo social em que está inserida, e que foi aceito como
sim, os conceitos morais de um grupo para outro. Esses fatores
ação moralmente boa.
podem ser sociais, históricos, geográficos etc. Observa-se, en-
tão, que a moral é dinâmica, ou seja, ela pode mudar seus juí- Valores
zos de valor de acordo com o contexto em que esteja inserida.
O conceito de valor tem sido investigado e definido em di-
Sendo assim, para Vázquez a moral é mutável e varia his-
ferentes áreas do conhecimento (filosofia, sociologia, ciências
toricamente, de acordo com o desenvolvimento de cada socie-
econômicas, “marketing” etc).
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

dade e, com ela, variam os seus princípios e as suas normas.


Ela norteia os valores éticos na Administração Pública. Os valores são as normas, princípios ou padrões sociais
aceitos ou mantidos por indivíduos, classe ou sociedade. Dizem,
Aristóteles, em seu livro “A Política”, assevera que “os
pais sempre parecerão antiquados para os seus filhos”. Essa portanto, respeito a princípios que merecem ser buscados.
afirmação demonstra que, na passagem de uma geração para O valor exprime uma relação entre as necessidades do in-
outra, os valores morais mudam. divíduo (respirar, comer, viver, posse, reproduzir, prazer, domí-
Para que um ato seja considerado moral, ou seja, bom, nio, relacionar, comparar) e a capacidade das coisas, objetos
deve ser livre, consciente, intencional e solidário. O ato mo- ou serviços de satisfazê-las.
ral tem, em sua estrutura, dois importantes aspectos: o nor- É na apreciação desta relação que se explica a existência
mativo e o factual. O normativo são as normas e imperativos de uma hierarquia de valores, segundo a urgência/prioridade
que enunciam o “dever ser”. Ex.: cumpra suas obrigações, não das necessidades e a capacidade dos mesmos objetos para as
minta, não roube etc. O factual são os atos humanos que se satisfazerem, diferenciadas no espaço e no tempo.
realizam efetivamente, ou seja, é a aplicação da norma no dia Nas mais diversas sociedades, independentemente do
a dia, no convívio social. nível cultural, econômico ou social em que estejam inseridas,
Apesar de se assemelharem, e mesmo por vezes se confun- os valores são fundamentais para se determinar quais são as 425
direm, ética e moral são termos aplicados diferentemente. En- pessoas que agem tendo por finalidade o bem.
O caráter dos seres, pelo qual são mais ou menos deseja- Essa nova fase se deve principalmente à democracia, im-
426 dos ou estimados por uma pessoa ou grupo, é determinado plantada como regime político com a Constituição de 1988.
pelo valor de suas ações. Etimologicamente, o termo democracia vem do grego
Todos os termos que servem para qualificar uma ação ou demokratía, em que kratía significa governo e demo, povo.
o caráter de uma pessoa têm um peso bom e um peso ruim. Logo, a democracia, por definição, é o “governo do povo”.
Cite-se, como exemplo, os termos verdadeiro e falso, generoso A democracia confere ao povo o poder de influenciar na
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e egoísta, honesto e desonesto, justo e injusto. Os valores dão administração do Estado. Por meio do voto, o povo é que
“peso” à ação ou ao caráter de uma pessoa ou grupo. determina quem vai ocupar os cargos de direção do Estado.
Logo, insere-se nesse contexto a responsabilidade tanto do
Kant afirmava que toda ação considerada boa moral- povo, que escolhe seus dirigentes, quanto dos escolhidos, que
mente deveria ser universal, ou seja, ser boa em qualquer deverão prestar contas de seus atos no poder.
tempo e em qualquer lugar. Infelizmente o ideal kantiano A ética exerce papel fundamental em todo esse processo,
de valor e moralidade está muito longe de ser alcançado, regulamentando e exigindo dos governantes comportamento
pois as diversidades culturais e sociais fazem com que o adequado à função pública, que lhe foi confiada por meio do
valor dado a determinadas ações mude de acordo com o voto, e conferindo ao povo as noções e os valores necessários
contexto. tanto para o exercício e cobrança dos seus direitos quanto para
O complexo de normas éticas se alicerça em valores, nor- atendimento de seus deveres.
malmente designados valores do “bem”. É por meio dos valores éticos e morais – determinados
“Valores éticos são indicadores da relevância ou do grau de pela sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos
atendimento aos princípios éticos”. Por exemplo, a dignidade pelos ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem co-
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da pessoa sugere e exige que se valorize o respeito às pessoas. mum e ao interesse público.
Esses valores éticos só podem ser atribuídos a pessoas, Exercício da Cidadania
pois elas são os únicos seres que agem com conhecimento de Em se tratando do exercício da cidadania, podemos afir-
certo e errado, bem e mal, e com liberdade para agir. Algumas mar que todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto
condutas podem ferir os valores éticos. é, seus direitos de cidadão; direitos esses garantidos constitu-
A prática constante de respeito aos valores éticos conduz cionalmente.
as pessoas às virtudes morais.” ALONSO, Felix Ruiz; LÓPEZ, Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício
Francisco Granizo; CASTRUCCI, Plínio de Laura – Curso de Ética da cidadania. Não se pode conceber um direito que não seja
em Administração. São Paulo: Atlas, 2008. (Adaptado). precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão dupla.
Os direitos garantidos constitucionalmente, individuais,
Ética e Democracia: coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa-
bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por
Exercício da Cidadania exemplo, a Constituição garante o direito à propriedade pri-
Ética e Democracia vada, mas exige-se que o proprietário seja responsável pelos
tributos que o exercício desse direito gera, como, por exemplo,
O Brasil ainda caminha a passos muito lentos no que diz o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
respeito à ética, principalmente no cenário político. Exercer a cidadania, por consequência, é ser probo (ín-
Vários são os fatores que contribuíram para esta realidade, tegro, honrado, justo, reto), agir com ética assumindo a res-
dentre eles, principalmente, os golpes de Estado, a saber, o ponsabilidade que advém de seus deveres enquanto cidadão
Golpe de 30 e o Golpe de 64. inserto no convívio social.
Durante o período em que o país vivenciou a ditadura mili-
tar e em que a democracia foi colocada de lado, tivemos a sus- Ética e Função Pública
pensão do ensino da filosofia e, consequentemente, da ética, Função pública é a competência, atribuição ou encargo
nas escolas e universidades, e além disso, os direitos políticos para o exercício de determinada função. Ressalta-se que essa
do cidadão suspensos, a liberdade de expressão caçada e o função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício su-
medo da repressão. jeito ao interesse público, ou seja, da coletividade.
Como consequência dessa série de medidas autoritárias No exercício das mais diversas funções públicas, os servi-
e também arbitrárias, nossos valores morais e sociais foram dores devem respeitar, além das normatizações vigentes nos
perdendo espaço para os valores que o Estado queria impor, órgãos e entidades públicas que regulamentam e determinam
levando a sociedade a uma espécie de “apatia” social. a forma de agir dos agentes públicos, os valores éticos e mo-
Nos dias atuais, estamos presenciando uma nova fase em rais que a sociedade impõe para o convívio em grupo. A não
nosso país, no que tange à aplicabilidade das leis e da ética observação desses valores acarreta uma série de erros e pro-
no poder. blemas no atendimento ao público e aos usuários do serviço, o
Os crimes de corrupção envolvendo desvio de dinheiro es- que contribui de forma significativa para uma imagem negati-
tão sendo mais investigados e a polícia tem trabalhado com va do órgão ou entidade e também do serviço público.
mais liberdade de atuação em prol da moralidade e do interes- O padrão ético dos servidores públicos, no exercício da
se público, o que tem levado os agentes públicos a refletir mais função pública, advém de sua natureza, ou seja, do caráter
sobre seus atos antes ainda de praticá-los. público e de sua relação com o público.
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no necessários ao bom andamento do serviço e ao respeito aos
exercício de suas funções, mas também na vida particular. O usuários.
caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida Os novos códigos de ética, além de regulamentar a quali-
privada, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados dade e o trato dispensados aos usuários e ao serviço público
constitucionalmente como princípios básicos e essenciais a e de trazer punições para os que descumprem as suas nor-
uma vida equilibrada, sejam inseridos e se tornem uma cons- mas, também têm a função de proteger a imagem e a honra
tante em seu relacionamento com os usuários do serviço bem do servidor que trabalha seguindo fielmente as regras nele
como com os colegas. contidas, contribuindo, assim, para uma melhoria na imagem
Os princípios constitucionais devem ser observados para do servidor e do órgão ou entidade perante a população.
que a função pública se integre de forma indissociável ao di- Em se tratando da ética no serviço público, destacamos o
reito. Os princípios são: Código de Ética Profissional do Servidor Público do Poder Exe-
Legalidade: todo ato administrativo deve seguir fielmente cutivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho
os meandros da lei. de 1994, que foi revogado em parte pelo Decreto nº 6.029, de 1º
Impessoalidade: aplicado como sinônimo de igualdade – de fevereiro de 2007, que institui Sistema de Gestão da Ética do
todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o Poder Executivo Federal. Ambos os Decretos seguem na íntegra.
que a lei prevê.
Moralidade: respeito ao padrão moral para não compro- Código de Ética Profissional do Serviço
meter os bons costumes da sociedade. Público (Decreto nº 1.171/1994)
Publicidade: refere-se à transparência de todo ato público, DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994. Aprova o Código de Ética
salvo os casos previstos em lei. Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
Eficiência: ser o mais eficiente possível na utilização dos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere
meios que são postos a sua disposição para a execução do seu o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da
mister (cargo ou função). Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei nº 8.112, de 11 de dezem-
bro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,
Ética no Setor Público Decreta
As questões éticas estão cada vez mais em voga na cena Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
pública brasileira, dada à multiplicação de casos de corrupção Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
e, sobretudo, à reação da sociedade frente a um tal grau de
com este baixa.
desmoralização das relações políticas e sociais.
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública
Com os escândalos e denúncias de corrupção expostas
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta
pela mídia, refletir sobre essas questões traz à tona os concei-
dias, as providências necessárias à plena vigência do

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tos éticos que envolvem a busca por melhores ações tanto na
vida pessoal como na vida pública. Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser-
A ética é pautada na conduta responsável das pessoas. Daí
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou
a importância da escolha de um político com esse caráter, a
fim de diminuir o mau uso da máquina pública e evitar que se emprego permanente.
venha auferir ganhos e vantagens pessoais. Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
Porém, as normas morais apenas fornecem orientações, será comunicada à Secretaria da Administração Fede-
cabendo ao político determinar quais são as exigências e limi- ral da Presidência da República, com a indicação dos
tações e decidir pela melhor alternativa de ação, que detém a respectivos membros titulares e suplentes.
responsabilidade em atender as demandas, no papel de repre- Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
sentantes democráticos, com integridade e eficiência. blicação.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Durante as últimas décadas, o setor público foi alvo, tan- Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da Independência e 106º da República.
to por parte da mídia quanto do senso comum vigente, de ITAMAR FRANCO
um processo deliberado de formação de uma caricatura, que Romildo Canhim
transformou sua imagem no estereótipo de um setor muito Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.
burocrático, que não funciona e custa caro à população. Anexo
O cidadão, mesmo bem atendido por um servidor públi- Código de Ética Profissional do Servidor
co, não consegue sustentar uma boa imagem do servidor e Público Civil do Poder Executivo Federal
também do serviço público, pois o que faz a imagem de um
órgão ou entidade pública parecer boa diante da população Capítulo I
é o atendimento de seus funcionários, e por mais que os ser-
vidores sérios e responsáveis se esforcem, existe uma mino- Seção I
ria que consegue facilmente acabar com todos os esforços ї Das Regras Deontológicas
levados a cabo por aqueles bons funcionários. I. A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
Nesse ponto, a ética se insere de maneira determinan- ciência dos princípios morais são primados maio-
te para contribuir e melhorar a qualidade do atendimento, res que devem nortear o servidor público, seja no 427
inserindo no âmbito do poder público os princípios e regras exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
refletirá o exercício da vocação do próprio poder sar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano
428 estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes se- a qualquer bem pertencente ao patrimônio públi-
rão direcionados para a preservação da honra e da co, deteriorando-o, por descuido ou má vontade,
tradição dos serviços públicos. não constitui apenas uma ofensa ao equipamento
II. O servidor público não poderá jamais desprezar o e às instalações ou ao Estado, mas a todos os ho-
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que mens de boa vontade que dedicaram sua inteli-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o gência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno para construí-los.
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto X. Deixar o servidor público ou qualquer pessoa à
e o desonesto, consoante as regras contidas no art. espera de solução que compete ao setor em que
37, caput, e § 4º, da Constituição Federal. exerça suas funções, permitindo a formação de
III. A moralidade da Administração Pública não se longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem co- tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, principalmente grave dano moral aos usuários dos
na conduta do servidor público, é que poderá con- serviços públicos.
solidar a moralidade do ato administrativo. (grifo XI. O servidor deve prestar toda a sua atenção às
da autora) ordens legais de seus superiores, velando atenta-
IV. A remuneração do servidor público é custeada mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
pelos tributos pagos direta ou indiretamente por conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso
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todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difí-
contrapartida, que a moralidade administrativa se ceis de corrigir e caracterizam até mesmo impru-
integre no Direito, como elemento indissociável de dência no desempenho da função pública.
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como XII. Toda ausência injustificada do servidor de seu
consequência, em fator de legalidade. local de trabalho é fator de desmoralização do ser-
V. O trabalho desenvolvido pelo servidor público viço público, o que quase sempre conduz à desor-
perante a comunidade deve ser entendido como dem nas relações humanas.
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, XIII. O servidor que trabalha em harmonia com a
como cidadão, integrante da sociedade, o êxito estrutura organizacional, respeitando seus colegas
desse trabalho pode ser considerado como seu e cada concidadão, colabora e de todos pode re-
maior patrimônio. ceber colaboração, pois sua atividade pública é a
VI. A função pública deve ser tida como exercício grande oportunidade para o crescimento e o en-
profissional e, portanto, se integra na vida particu- grandecimento da Nação.
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos Seção II
verificados na conduta do dia a dia em sua vida
ї Dos Principais Deveres do Servidor Público
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
conceito na vida funcional. (grifo da autora) XIV. São deveres fundamentais do servidor público:
VII. Salvo os casos de segurança nacional, investi- a) desempenhar, a tempo, as atribuições do car-
gações policiais ou interesse superior do Estado e go, função ou emprego público de que seja titu-
da Administração Pública, a serem preservados em lar;
processo previamente declarado sigiloso, nos ter- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei-
mos da lei, a publicidade de qualquer ato adminis- ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio-
trativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ritariamente resolver situações procrastinatórias,
ensejando sua omissão comprometimento ético principalmente diante de filas ou de qualquer
contra o bem comum, imputável a quem a negar. outra espécie de atraso na prestação dos serviços
VIII. Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor pelo setor em que exerça suas atribuições, com o
não pode omiti-la ou falseá--la, ainda que contrá- fim de evitar dano moral ao usuário;
ria aos interesses da própria pessoa interessada ou c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda
da Administração Pública. Nenhum Estado pode a integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo quando estiver diante de duas opções, a melhor e
do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que a mais vantajosa para o bem comum;
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana d) jamais retardar qualquer prestação de contas,
quanto mais a de uma Nação. condição essencial da gestão dos bens, direitos e
IX. A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo serviços da coletividade a seu cargo;
dedicados ao serviço público caracterizam o esfor- e) tratar cuidadosamente os usuários dos servi-
ço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga ços aperfeiçoando o processo de comunicação e
seus tributos direta ou indiretamente significa cau- contato com o público;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido vando as formalidades legais e não cometendo
por princípios éticos que se materializam na ade- qualquer violação expressa à lei;
quada prestação dos serviços públicos; v) divulgar e informar a todos os integrantes da
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e sua classe sobre a existência deste Código de Éti-
atenção, respeitando a capacidade e as limita- ca, estimulando o seu integral cumprimento.
ções individuais de todos os usuários do serviço
público, sem qualquer espécie de preconceito ou
Seção III
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, ї Das Vedações ao Servidor Público
religião, cunho político e posição social, absten- XV. É vedado ao servidor público:
do-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; a) o uso do cargo ou função, facilidades, ami-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum zades, tempo, posição e influências, para obter
temor de representar contra qualquer compro- qualquer favorecimento, para si ou para outrem;
metimento indevido da estrutura em que se fun- b) prejudicar deliberadamente a reputação de
da o Poder Estatal; outros servidores ou de cidadãos que deles de-
i) resistir a todas as pressões de superiores hie- pendam;
rárquicos, de contratantes, interessados e outros c) ser, em função de seu espírito de solidarieda-
que visem obter quaisquer favores, benesses ou de, conivente com erro ou infração a este Código
vantagens indevidas em decorrência de ações de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá--las; (grifo d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
da autora) o exercício regular de direito por qualquer pes-
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas soa, causando-lhe dano moral ou material;
exigências específicas da defesa da vida e da se- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científi-
gurança coletiva; cos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de atendimento do seu mister; (grifo da autora)
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde-
f) permitir que perseguições, simpatias, antipa-
nado, refletindo negativamente em todo o sistema;
tias, caprichos, paixões ou interesses de ordem
m) comunicar imediatamente a seus superiores pessoal interfiram no trato com o público, com os
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse jurisdicionados administrativos ou com colegas
público, exigindo as providências cabíveis; hierarquicamente superiores ou inferiores;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
trabalho, seguindo os métodos mais adequados à

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qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação,
sua organização e distribuição; prêmio, comissão, doação ou vantagem de qual-
o) participar dos movimentos e estudos que se quer espécie, para si, familiares ou qualquer pes-
relacionem com a melhoria do exercício de suas soa, para o cumprimento da sua missão ou para
funções, tendo por escopo a realização do bem influenciar outro servidor para o mesmo fim;
comum;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas que deva encaminhar para providências; (grifo
adequadas ao exercício da função; da autora)
q) manter-se atualizado com as instruções, as i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que ne-
normas de serviço e a legislação pertinentes ao cessite do atendimento em serviços públicos;
órgão onde exerce suas funções;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

j) desviar servidor público para atendimento a


r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e
interesse particular;
as instruções superiores, as tarefas de seu cargo
ou função, tanto quanto possível, com critério, l) retirar da repartição pública, sem estar legal-
segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em mente autorizado, qualquer documento, livro ou
boa ordem; bem pertencente ao patrimônio público;
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas
por quem de direito; no âmbito interno de seu serviço, em benefício
t) exercer com estrita moderação as prerrogati- próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
vas funcionais que lhe sejam atribuídas, absten- n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora
do-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos dele habitualmente;
interesses dos usuários do serviço público e dos o) dar o seu concurso a qualquer instituição que
jurisdicionados administrativos; atente contra a moral, a honestidade ou a digni-
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua dade da pessoa humana;
função, poder ou autoridade com finalidade es- p) exercer atividade profissional aética ou ligar o 429
tranha ao interesse público, mesmo que obser- seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
Capítulo II I. integrar os órgãos, programas e ações relaciona-
430 das com a ética pública;
ї Das Comissões de Ética
II. contribuir para a implementação de políticas
XVI. Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
públicas tendo a transparência e o acesso à infor-
tração Pública Federal direta, indireta autárquica
mação como instrumentos fundamentais para o
e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade
exercício de gestão da ética pública;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

que exerça atribuições delegadas pelo poder pú-


blico, deverá ser criada uma Comissão de Ética, III. promover, com apoio dos segmentos pertinen-
encarregada de orientar e aconselhar sobre a éti- tes, a compatibilização e interação de normas, pro-
ca profissional do servidor, no tratamento com as cedimentos técnicos e de gestão relativos à ética
pessoas e com o patrimônio público, competindo- pública;
lhe conhecer concretamente de imputação ou de IV. articular ações com vistas a estabelecer e efe-
procedimento susceptível de censura. tivar procedimentos de incentivo e incremento ao
XVII. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) desempenho institucional na gestão da ética pública
XVIII. À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos do Estado brasileiro.
organismos encarregados da execução do quadro Art. 2º Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder
de carreira dos servidores, os registros sobre sua Executivo Federal:
conduta ética, para o efeito de instruir e funda- I. a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo
mentar promoções e para todos os demais proce- Decreto de 26 de maio de 1999;
dimentos próprios da carreira do servidor público. II. as Comissões de Ética de que trata o Decreto nº
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XIX. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) 1.171, de 22 de junho de 1994;


XX. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) III. as demais Comissões de Ética e equivalentes
XXI. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal.
XXII. A pena aplicável ao servidor público pela Co- Art. 3º A CEP será integrada por sete brasileiros que
missão de Ética é a de censura e sua fundamenta- preencham os requisitos de idoneidade moral, repu-
ção constará do respectivo parecer, assinado por tação ilibada e notória experiência em administração
todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. pública, designados pelo Presidente da República, para
XXIII. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) mandatos de três anos, não coincidentes, permitida
XXIV. Para fins de apuração do comprometimento uma única recondução.
ético, entende-se por servidor público todo aquele § 1º A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer
que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato remuneração para seus membros e os trabalhos nela
jurídico, preste serviços de natureza permanente, desenvolvidos são considerados prestação de relevan-
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui- te serviço público.
ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
§ 2º O Presidente terá o voto de qualidade nas delibe-
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
rações da Comissão.
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades § 3º Os mandatos dos primeiros membros serão de um,
de economia mista, ou em qualquer setor onde dois e três anos, estabelecidos no decreto de designação.
prevaleça o interesse do Estado Art. 4º À CEP compete:
XXV. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) I. atuar como instância consultiva do Presidente
da República e Ministros de Estado em matéria de
Decreto nº 6.029/2007 ética pública;
Considerando que os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV, II. administrar a aplicação do Código de Conduta
do Decreto nº 1.171/1994 foram revogados pelo Decreto nº da Alta Administração Federal, devendo:
6.029/2007, e que, muito embora este último não tenha sido
a) submeter ao Presidente da República medidas
mencionado expressamente no edital, seu conteúdo tem sido
cobrado, transcrevemo-lo na íntegra a seguir. para seu aprimoramento;
Decreto Nº 6.029, De 1º de Fevereiro de 2007 b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, e dá ou- suas normas, deliberando sobre casos omissos;
tras providências. c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, con-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o dutas em desacordo com as normas nele previs-
art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
tas, quando praticadas pelas autoridades a ele
Decreta submetidas;
Art. 1º Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do III. dirimir dúvidas de interpretação sobre as nor-
Poder Executivo Federal com a finalidade de promover mas do Código de Ética Profissional do Servidor
atividades que dispõem sobre a conduta ética no âm- Público Civil do Poder Executivo Federal de que
bito do Executivo Federal, competindo-lhe: trata o Decreto nº 1.171, de 1994;
IV. coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de e material necessário ao cumprimento das suas atri-
Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; buições.
V. aprovar o seu regimento interno; e § 2º As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética
VI. escolher o seu Presidente. serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria- permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo
-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da de direção compatível com sua estrutura, alocado sem
República, à qual competirá prestar o apoio técnico e aumento de despesas.
administrativo aos trabalhos da Comissão. Art. 8º Compete às instâncias superiores dos órgãos e
Art. 5º Cada Comissão de Ética de que trata o Decre- entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a
to nº 1171, de 1994, será integrada por três membros administração direta e indireta:
titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores I. observar e fazer observar as normas de ética e
e empregados do seu quadro permanente, e designa- disciplina;
dos pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou II. constituir Comissão de Ética;
órgão, para mandatos não coincidentes de três anos. III. garantir os recursos humanos, materiais e fi-
Art. 6º É dever do titular de entidade ou órgão da Ad- nanceiros para que a Comissão cumpra com suas
ministração Pública Federal, direta e indireta: atribuições; e
I. assegurar as condições de trabalho para que as IV. atender com prioridade às solicitações da CEP.
Comissões de Ética cumpram suas funções, inclu- Art. 9º Fica constituída a Rede de Ética do Poder Exe-
sive para que o exercício das atribuições de seus cutivo Federal, integrada pelos representantes das
integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou Comissões de Ética de que tratam os incisos I, II e III
dano; do art. 2º, com o objetivo de promover a cooperação
II. conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da técnica e a avaliação em gestão da ética.
ética conforme processo coordenado pela Comis- Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se re-
são de Ética Pública. unirão sob a coordenação da Comissão de Ética Públi-
Art. 7º Compete às Comissões de Ética de que tratam ca, pelo menos uma vez por ano, em fórum específico,
os incisos II e III do art. 2º: para avaliar o programa e as ações para a promoção da
ética na administração pública.
I. atuar como instância consultiva de dirigentes e
servidores no âmbito de seu respectivo órgão ou Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões
entidade; de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e
observância dos seguintes princípios:
II. aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor

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Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado I. proteção à honra e à imagem da pessoa inves-
pelo Decreto 1.171, de 1994, devendo: tigada;
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas II. proteção à identidade do denunciante, que de-
para seu aperfeiçoamento; verá ser mantida sob reserva, se este assim o de-
sejar; e
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de
III. independência e imparcialidade dos seus mem-
suas normas e deliberar sobre casos omissos;
bros na apuração dos fatos, com as garantias asse-
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, con- guradas neste Decreto.
duta em desacordo com as normas éticas perti-
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídi-
nentes;
ca de direito privado, associação ou entidade de classe
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o Ética, visando à apuração de infração ética imputada a
desenvolvimento de ações objetivando a dis- agente público, órgão ou setor específico de ente estatal.
seminação, capacitação e treinamento sobre as
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para
normas de ética e disciplina; os fins deste Decreto, todo aquele que, por força de
III. representar a respectiva entidade ou órgão na lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços
Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que se de natureza permanente, temporária, excepcional ou
refere o art. 9º; e eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão
IV. supervisionar a observância do Código de Con- ou entidade da administração pública federal, direta e
duta da Alta Administração Federal e comunicar à indireta. (grifo da autora)
CEP situações que possam configurar descumpri- Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em
mento de suas normas. desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da
§ 1º Cada Comissão de Ética contará com uma Secreta- Alta Administração Federal e no Código de Ética Pro-
ria-Executiva, vinculada administrativamente à instân- fissional do Servidor Público Civil do Poder Executi-
cia máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano vo Federal será instaurado, de ofício ou em razão de 431
de trabalho por ela aprovado e prover o apoio técnico denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as
garantias do contraditório e da ampla defesa, pela sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de
432 Comissão de Ética Pública ou Comissões de Ética de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética,
que tratam os incisos II e III do art. 2º, conforme o mesmo que ainda não tenha sido notificada da existên-
caso, que notificará o investigado para manifestar-se, cia do procedimento investigatório.
por escrito, no prazo de dez dias. Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo in-
§ 1º O investigado poderá produzir prova documental clui o de obter cópia dos autos e de certidão do seu
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

necessária à sua defesa. teor.


§ 2º As Comissões de Ética poderão requisitar os do- Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função
cumentos que entenderem necessários à instrução pública ou celebração de contrato de trabalho, dos
probatória e, também, promover diligências e solicitar agentes públicos referidos no parágrafo único do
parecer de especialista. art. 11, deverá ser acompanhado da prestação de
§ 3º Na hipótese de serem juntados aos autos da inves- compromisso solene de acatamento e observância
tigação, após a manifestação referida no caput deste das regras estabelecidas pelo Código de Conduta
artigo, novos elementos de prova, o investigado será da Alta Administração Federal, pelo Código de Ética
notificado para nova manifestação, no prazo de dez Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
dias. cutivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou
§ 4º Concluída a instrução processual, as Comissões de entidade, conforme o caso.
Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada. Parágrafo único. A posse em cargo ou função públi-
§ 5º Se a conclusão for pela existência de falta ética, ca que submeta a autoridade às normas do Código de
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além das providências previstas no Código de Condu- Conduta da Alta Administração Federal deve ser pre-
ta da Alta Administração Federal e no Código de Ética cedida de consulta da autoridade à Comissão de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi- Pública, acerca de situação que possa suscitar conflito
vo Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguintes de interesses.
providências, no que couber: Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se
I. encaminhamento de sugestão de exoneração de de proferir decisão sobre matéria de sua competência
cargo ou função de confiança à autoridade hierar- alegando omissão do Código de Conduta da Alta Ad-
quicamente superior ou devolução ao órgão de ori- ministração Federal, do Código de Ética Profissional
gem, conforme o caso; do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
II. encaminhamento, conforme o caso, para a Con- ou do Código de Ética do órgão ou entidade, que, se
troladoria-Geral da União ou unidade específica do existente, será suprida pela analogia e invocação aos
Sistema de Correição do Poder Executivo Federal princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
de que trata o Decreto nº 5.480, de 30 de junho publicidade e eficiência.
de 2005, para exame de eventuais transgressões § 1º Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comis-
disciplinares; e são de Ética competente deverá ouvir previamente
III. recomendação de abertura de procedimento a área jurídica do órgão ou entidade.
administrativo, se a gravidade da conduta assim o § 2º Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspec-
exigir. tos éticos que lhe forem dirigidas pelas demais Comis-
Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, sões de Ética e pelos órgãos e entidades que integram
até que esteja concluído, qualquer procedimento ins- o Executivo Federal, bem como pelos cidadãos e servi-
taurado para apuração de prática em desrespeito às dores que venham a ser indicados para ocupar cargo
normas éticas. ou função abrangida pelo Código de Conduta da Alta
§ 1º Concluída a investigação e após a deliberação da Administração Federal.
CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constata-
autos do procedimento deixarão de ser reservados. rem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
§ 2º Na hipótese de os autos estarem instruídos com improbidade administrativa ou de infração disciplinar,
documento acobertado por sigilo legal, o acesso a esse encaminharão cópia dos autos às autoridades compe-
tipo de documento somente será permitido a quem tentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo das
detiver igual direito perante o órgão ou entidade ori- medidas de sua competência.
ginariamente encarregado da sua guarda. Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise
§ 3º Para resguardar o sigilo de documentos que assim de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou
devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com
concluído o processo de investigação, providenciarão a omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no
para que tais documentos sejam desentranhados dos sítio do próprio órgão, bem como remetidas à Comis-
autos, lacrados e acautelados. são de Ética Pública.
Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investi- Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que
gada é assegurado o direito de saber o que lhe está tratam os incisos II e III do art. 2º são considerados re-
levantes e têm prioridade sobre as atribuições próprias
dos cargos dos seus membros, quando estes não atua-
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão
rem com exclusividade na Comissão. de Ética Pública da Presidência da
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Públi-
ca Federal darão tratamento prioritário às solicitações República
de documentos necessários à instrução dos procedi-
mentos de investigação instaurados pelas Comissões Resolução nº 01, de 13 de
de Ética . Setembro de 2000
§ 1º Na hipótese de haver inobservância do dever fun- Estabelece procedimentos para apresentação de informa-
cional previsto no caput, a Comissão de Ética adotará ções, sobre situação patrimonial, pelas autoridades submeti-
as providências previstas no inciso III do § 5º do art. 12. das ao Código de Conduta da Alta Administração Federal.
§ 2º As autoridades competentes não poderão alegar A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
sigilo para deixar de prestar informação solicitada pe- ções, e tendo em vista o disposto no art. 4º do Código de Con-
las Comissões de Ética. duta da Alta Administração Federal,
Art. 21. A infração de natureza ética cometida por Resolve
membro de Comissão de Ética de que tratam os incisos
Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4º do Có-
II e III do art. 2º será apurada pela Comissão de Ética digo de Conduta da Alta Administração Federal, que
Pública. trata da apresentação de informações sobre a situa-
Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco ção patrimonial das autoridades a ele submetidas,
de dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Éti- será atendido mediante o envio à Comissão de Ética
ca de que tratam os incisos II e III do art. 2º e de suas Pública - CEP de:
próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou I. lista dos bens, com identificação dos respectivos
entidades da administração pública federal, em casos valores estimados ou de aquisição, que poderá ser
de nomeação para cargo em comissão ou de alta rele- substituída pela remessa de cópia da última decla-
vância pública. ração de bens apresentada à Secretaria da Receita
Parágrafo único. O banco de dados referido neste arti- Federal do Ministério da Fazenda;
go engloba as sanções aplicadas a qualquer dos agen- II. informação sobre situação patrimonial espe-
tes públicos mencionados no parágrafo único do art. 11 cífica que, a juízo da autoridade, suscite ou possa
deste Decreto. eventualmente suscitar conflito com o interesse

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público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende
Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de
evitá-lo.
que tratam os incisos II e III do art. 2º atuarão como ele-
Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo
mentos de ligação com a CEP, que disporá em Resolução
anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas
própria sobre as atividades que deverão desenvolver
por pessoa designada pela CEP, serão encerradas em
para o cumprimento desse mister.
envelope lacrado.
Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Ad- Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP
ministração Federal, do Código de Ética Profissional do as participações de que for titular em sociedades de
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do economia mista, de instituição financeira ou de empre-
Código de Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no sa que negocie com o Poder Público, conforme deter-
que couber, às autoridades e agentes públicos neles
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

mina o art. 6º do Código de Conduta.


referidos, mesmo quando em gozo de licença. Art. 4º O prazo de apresentação de informações será
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, de dez dias, contados:
XXIII e XXV do Código de Ética Profissional do Servi- I. da data de publicação desta Resolução, para as
dor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado autoridades que já se encontram no exercício do
pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, os arts. 2º cargo;
e 3º do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Co- II. da data da posse, para as autoridades que vie-
missão de Ética Pública, e os Decretos de 30 de agosto rem a ser doravante nomeadas.
de 2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a
Comissão de Ética Pública. prestar informações (art. 2º do Código de Conduta):
Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua I. Ministros e Secretários de Estado;
publicação. II. titulares de cargos de natureza especial, secre-
Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186º da Independência e 119º da República tários-executivos, secretários ou autoridades equi-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA valentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e 433
Dilma Rousseff Este texto não substitui o publicado no DOU de 2.2.2007 Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;
III. presidentes e diretores de agências nacionais, II. o promotor do evento não tenha interesse em
434 autarquias, inclusive as especiais, fundações man- decisão que possa ser tomada pela autoridade,
tidas pelo Poder Público, empresas públicas e so- seja individualmente, seja de caráter coletivo.
ciedades de economia mista. 4. As atividades externas de interesse pessoal não po-
Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em si- derão ser exercidas em prejuízo das atividades normais
gilo, como determina o § 2º do art. 5º do referido Código. inerentes ao cargo.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 7º As informações de que trata esta Resolução 5. A publicidade da remuneração e das despesas de
deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado, lo- transporte e estada será assegurada mediante registro
calizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala 250 do compromisso na respectiva agenda de trabalho da
- Brasília-DF. autoridade, com explicitação das condições de sua par-
João Geraldo Piquet Carneiro Presidente ticipação, a qual ficará disponível para consulta pelos
interessados.
Resolução nº 02, de 24 de 6. A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou
Outubro de 2000 reembolso de despesa de transporte e estada, referen-
tes à sua participação em evento de interesse institu-
Regula a participação de autoridade pública abrangida
cional ou pessoal, por pessoa física ou jurídica com a
pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em
seminários e outros eventos qual o órgão a que pertença mantenha relação de ne-
gócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º,
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente obrigação contratual previamente assumida perante
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resolução interpretativa do parágrafo único do art. 7º do Códi- aquele órgão.


go de Conduta da Alta Administração Federal. João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão de Ética Pública
1. A participação de autoridade pública abrangida pelo
Código de Conduta da Alta Administração Federal em Nota Explicativa
atividades externas, tais como seminários, congressos,
Participação de autoridades submetidas ao Código de
palestras e eventos semelhantes, no Brasil ou no exte-
Conduta da Alta Administração Federal em seminários, con-
rior, pode ser de interesse institucional ou pessoal.
gressos e eventos semelhantes
2. Quando se tratar de participação em evento de inte-
resse institucional, as despesas de transporte e estada, O Código de Conduta da Alta Administração Federal esta-
bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão beleceu os limites que devem ser observados para a participa-
por conta do órgão a que pertença a autoridade, ob- ção de autoridades a ele submetidas em seminários, congres-
servado o seguinte: sos e eventos semelhantes (art. 7º, parágrafo único).
I. excepcionalmente, as despesas de transporte e A experiência anterior ao Código de Conduta revela um
estada, bem como as taxas de inscrição, poderão ser tratamento não uniforme nas condições relativas à partici-
custeadas pelo patrocinador do evento, se este for: pação das autoridades da alta administração federal nesses
a) organismo internacional do qual o Brasil faça eventos. Com efeito, diante das conhecidas restrições de na-
parte; tureza orçamentária e financeira, passou-se a admitir que as
b) governo estrangeiro e suas instituições; despesas de viagem e estada da autoridade fossem custeadas
c) instituição acadêmica, científica e cultural; pelo promotor do seminário ou congresso.
d) empresa, entidade ou associação de classe Tal prática, porém, não se coaduna com a necessidade de
que não esteja sob a jurisdição regulatória do ór- prevenir situações que possam comprometer a imagem do
gão a que pertença a autoridade, nem que possa governo ou, até mesmo, colocar a autoridade em situação
ser beneficiária de decisão da qual participe a re- de constrangimento. É o que ocorre, por exemplo, quando
o patrocinador tem interesse em decisão específica daquela
ferida autoridade, seja individualmente, seja em
autoridade.
caráter coletivo.
Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas
II. a autoridade poderá aceitar descontos de trans-
sobre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública, o que de-
porte, hospedagem e refeição, bem como de taxas monstrou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e de-
de inscrição, desde que não se refira a benefício talhada a aplicação da norma constante do Código de Conduta.
pessoal.
A presente Resolução, de caráter interpretativo, visa justa-
3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da mente afastar dúvidas sobre a maneira pela qual a autoridade
autoridade, as despesas de remuneração, transporte pública poderá participar de determinados eventos externos,
e estada poderão ser custeadas pelo patrocinador, dentro dos limites éticos constantes do Código de Conduta. Os
desde que: dois princípios básicos que orientam a resolução ora adotada
I. a autoridade torne públicas as condições aplicá- são a transparência, assegurada pela publicidade, e a inexis-
veis à sua participação, inclusive o valor da remu- tência de interesse do patrocinador dos referidos eventos em
neração, se for o caso; decisão da autoridade pública convidada.
A Resolução, para fins práticos, distinguiu a participação Presentes
da autoridade em dois tipos: a de interesse institucional e a
de interesse pessoal. Entende-se por participação de interesse 1. A proibição de que trata o Código de Conduta se re-
institucional aquela que resulte de necessidade e conveniência fere ao recebimento de presentes de qualquer valor,
identificada do órgão ao qual pertença a autoridade e que pos- em razão do cargo que ocupa a autoridade, quando o
sa concorrer para o cumprimento de suas atribuições legais. ofertante for pessoa, empresa ou entidade que:
Quando a participação for de interesse pessoal, a cobertu- I. esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a
ra de custos pelos promotores do evento somente será admis- que pertença a autoridade;
sível se: 1) a autoridade tornar pública as condições aplicáveis II. tenha interesse pessoal, profissional ou empre-
à sua participação; 2) o promotor do evento não tiver interes- sarial em decisão que possa ser tomada pela auto-
se em decisão da esfera de competência da autoridade; 3) a ridade, individualmente ou de caráter coletivo, em
participação não resultar em prejuízo das atividades normais razão do cargo;
inerentes ao seu cargo. III. mantenha relação comercial com o órgão a que
Em se tratando de participação de autoridade em evento pertença a autoridade; ou
de interesse institucional, não é permitida a cobertura das des- IV. represente interesse de terceiros, como procu-
pesas de transporte e estada pelo promotor do evento, exceto rador ou preposto, de pessoas, empresas ou enti-
quando este for: 1) organismo internacional do qual o Brasil dades compreendidas nos incisos I, II e III.
faça parte; 2) governo estrangeiro e suas instituições; 3) insti-
tuição acadêmica, científica ou cultural; 4) empresa, entidade 2. É permitida a aceitação de presentes:
ou associação de classe que não tenha interesse em decisão da I. em razão de laços de parentesco ou amizade,
autoridade. Da mesma forma, as despesas poderão ser cober- desde que o seu custo seja arcado pelo próprio
tas pelo promotor do evento quando decorrente de obrigação ofertante, e não por pessoa, empresa ou entidade
contratual de empresa perante a instituição da autoridade. que se enquadre em qualquer das hipóteses pre-
Não será permitida, tampouco, a aceitação do pagamento vistas no item anterior;
ou reembolso de despesa de transporte e estada por empre- II. quando ofertados por autoridades estrangeiras,
sa com a qual o órgão a que pertença a autoridade mantenha nos casos protocolares em que houver reciprocida-
relação de negócio. É o caso, por exemplo, de empresa que de ou em razão do exercício de funções diplomá-
forneça bens ou serviços ao referido órgão, a menos que tal ticas.
pagamento ou reembolso decorra de obrigação contratual por 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata
ela assumida. de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade de-
A publicidade relativa à participação das autoridades em verá adotar uma das seguintes providências, em razão
eventos externos será assegurada mediante registro na agen- da natureza do bem:

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da de trabalho da autoridade das condições de sua participa- I. tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou
ção, inclusive remuneração, se for o caso. A agenda de traba- artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Pa-
lho ficará disponível para consulta por qualquer interessado. O trimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para
acesso público à agenda deve ser facilitado.
que este lhe dê o destino legal adequado;
Em síntese, por meio desta resolução interpretativa, a Co-
II. promover a sua doação à entidade de caráter as-
missão procurou fixar os balizamentos mínimos a serem ob-
sistencial ou filantrópico reconhecida como de uti-
servados pelas autoridades abrangidas pelo Código de Con-
duta, sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias lidade pública, desde que, tratando-se de bem não
normas internas sobre a participação de seus servidores em perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o
eventos externos produto da sua alienação em suas atividades fim; ou
III. determinar a incorporação ao patrimônio da en-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Resolução nº 03, de 23 de tidade ou do órgão público onde exerce a função.


Novembro de 2000 4. Não caracteriza presente, para os fins desta Reso-
lução:
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autorida-
des públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração I. prêmio em dinheiro ou bens concedido à auto-
Federal ridade por entidade acadêmica, científica ou cul-
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, tural, em reconhecimento por sua contribuição de
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que: caráter intelectual;
▷ De acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta II. prêmio concedido em razão de concurso de acesso
Administração Federal, é vedada a aceitação de pre- público a trabalho de natureza acadêmica, científica,
sentes por autoridades públicas a ele submetidas; tecnológica ou cultural;
▷ A aplicação da mencionada norma e de suas exce- III. bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento
ções requer orientação de caráter prático às referi- profissional ou técnico da autoridade, desde que o
das autoridades. patrocinador não tenha interesse em decisão que
ї Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpre- possa ser tomada pela autoridade, em razão do 435
tativo: cargo que ocupa.
Brindes namentais, posto que todos saberão, desde logo, o que podem e
436 não podem dar como presente ou brinde a autoridades públicas.
5. É permitida a aceitação de brindes, como tal enten-
A Resolução está dividida em três partes principais: na
didos aqueles:
primeira (itens 1 a 4) cuida-se de presentes, das situações em
I. que não tenham valor comercial ou sejam distri- que estes podem ser recebidos e da sua devolução, quando
buídos por entidade de qualquer natureza a título for o caso; na segunda (itens 5 a 7) trata-se de brindes e sua
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou caracterização; e na terceira (itens 8 a 10), regula-se a divul-
por ocasião de eventos ou datas comemorativas de gação das normas da resolução e a solução de dúvidas na sua
caráter histórico ou cultural, desde que não ultra- implementação.
passem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais); A regra geral é que as autoridades abrangidas pelo Código
II. cuja periodicidade de distribuição não seja infe- de Conduta estão proibidas de receber presentes, de qualquer
rior a 12 (doze) meses; e valor, em razão do seu cargo (item 1). A vedação se configura
III. que sejam de caráter geral e, portanto, não se quando o ofertante do presente seja pessoa, empresa ou enti-
destinem a agraciar exclusivamente uma determi- dade que se encontre numa das seguintes situações:
nada autoridade. ▷ Esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que
6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem pertença a autoridade;
reais), será ele tratado como presente, aplicando-se- ▷ Tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial
lhe a norma prevista no item 3 acima. em decisão que possa ser tomada pela autoridade,
7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de em razão do cargo, seja individualmente, seja de for-
ma coletiva;
até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará
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sua avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se jul- ▷ Mantenha relação comercial de qualquer natureza
gar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de com o órgão a que pertence a autoridade (fornece-
dores de bens e serviços, por exemplo);
presente.
▷ Represente interesse de terceiros, na qualidade de
Divulgação e Solução de Dúvidas procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou
8. A autoridade deverá transmitir a seus subordinados entidades conforme especificados anteriormente.
as normas constantes desta Resolução, de modo a que O recebimento de presente só é permitido em duas hipó-
tenham ampla divulgação no ambiente de trabalho. teses: a) quando o ofertante for autoridade estrangeira, nos
casos protocolares, ou em razão do exercício de funções di-
9. A incorporação de presentes ao patrimônio histórico
plomáticas (item 2, inciso II); b) por motivo de parentesco ou
cultural e artístico, assim como a sua doação à entida- amizade (item 2, inciso I), desde que o respectivo custo seja
de de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida coberto pelo próprio parente ou amigo, e não por pessoa física
como de utilidade pública, deverá constar da respec- ou entidade que tenha interesse em decisão da autoridade.
tiva agenda de trabalho ou de registro específico da
Quando não for recomendável ou viável a devolução do
autoridade, para fins de eventual controle. presente, como, por exemplo, quando a autoridade tenha
10. Dúvidas específicas a respeito da implementação que incorrer em custos pessoais para fazê-lo, o bem deverá
das normas sobre presentes e brindes poderão ser ser doado à entidade de caráter assistencial ou filantrópico
submetidas à Comissão de Ética Pública, conforme o reconhecida como de utilidade pública que se comprometa a
previsto no art. 19 do Código de Conduta. utilizá-lo ou transformá-lo em receita a ser aplicada exclusi-
Brasília, 23 de novembro de 2000 vamente em suas atividades fim. Se se tratar de bem de valor
João Geraldo Piquet Carneiro histórico ou cultural, será ele transferido para o Instituto do
Presidente da Comissão de Ética Pública Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que lhe dará a desti-
Publicado no Diário Oficial de 01 de dezembro de 2000 nação legal mais adequada (item 3, incisos I e II).
Não caracteriza presente (item 4) o recebimento de prê-
Nota Explicativa mio em dinheiro ou bens concedido por entidades acadêmi-
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicá- cas, científicas ou culturais, em reconhecimento por contri-
veis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Con- buição intelectual. Da mesma forma, não se configura como
duta da Alta Administração Federal. presente o prêmio outorgado em razão de concurso para sele-
A Resolução nº 3 da Comissão de Ética Pública (CEP) tem ção de trabalho de natureza acadêmica, científica, tecnológica.
por objetivo dar efetividade ao art. 9º do Código de Conduta Finalmente, podem ser aceitas bolsas de estudos vinculadas
da Alta Administração Federal que veda à autoridade pública ao aperfeiçoamento acadêmico da autoridade, desde que a
por ele abrangida, como regra geral, a aceitação de presentes. entidade promotora não tenha interesse em decisão de sua
A matéria é de inquestionável relevo tanto do ponto de vista alçada. Está claro, portanto, que em nenhum caso prêmios ou
da opinião pública quanto da própria Administração, pois tem a bolsas de estudos poderão implicar qualquer forma de contra-
ver com a observância de regra ética fundamental, qual seja, a prestação de serviço.
de que a capacidade decisória da autoridade pública seja livre A Resolução esclarece que poderão ser aceitos brindes
de qualquer tipo de influência externa. Além disso, normas cla- (item 5), como tais considerados os que não tenham valor
ras sobre presentes e brindes também darão mais segurança ao comercial ou cujo valor unitário não ultrapasse R$ 100,00. Na
relacionamento de pessoas e empresas com autoridades gover- segunda hipótese, quando tiver valor inferior a R$ 100,00, o
brinde deve ser distribuído estritamente a título de cortesia, IV. apurar, de ofício ou em razão de denúncia, con-
propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos dutas que possam configurar violação do Código
ou datas comemorativas de caráter histórico ou cultural (pode de Conduta, e, se for o caso, adotar as providências
incluir, por exemplo, a distribuição de livros ou discos). Além nele previstas;
disso, sua periodicidade não poderá ser inferior a um ano e o V. dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Códi-
brinde deve ser de caráter geral, ou seja, não deve ser destina- go de Conduta e deliberar sobre os casos omissos;
do exclusivamente a determinada autoridade.
VI. colaborar, quando solicitado, com órgãos e en-
Brindes que ultrapassem o valor de R$ 100,00 devem ser con- tidades da administração federal, estadual e mu-
siderados presentes de aceitação vedada (item 6), salvo as exce- nicipal, ou dos Poderes Legislativo e Judiciário; e
ções elencadas. Brindes sobre os quais persistam dúvidas quanto
VII. dar ampla divulgação ao Código de Conduta.
ao valor – se supera ou não R$ 100,00 – a recomendação constan-
te do item 7 da Resolução é que sejam considerados presentes. Capítulo II
Tendo em vista o amplo interesse das normas sobre pre- Da Composição
sentes e brindes, as autoridades deverão divulgá-las entre
seus subordinados (item 8). Art. 3º A CEP é composta por seis membros designa-
É importante observar que a destinação de presentes, que dos pelo Presidente da República, com mandato de
não possam ser recusados ou devolvidos, deve constar de três anos, podendo ser reconduzidos.
registro a ser mantido pela autoridade, para fins de eventual § 1º Os membros da CEP não terão remuneração e os
controle (item 9). trabalhos por eles desenvolvidos são considerados
É natural que possam surgir situações específicas que sus- prestação de relevante serviço público.
citem dúvidas quanto à correta conduta de autoridade, pois, § 2º As despesas com viagens e estada dos membros
afinal, as normas são sempre elaboradas para que tenham apli- da CEP serão custeadas pela Presidência da República,
cação geral e nem sempre alcançam todos os casos particula- quando relacionadas com suas atividades.
res. Assim, é muito importante que, também nessa matéria, os
Capítulo III
abrangidos utilizem, sempre que necessário, o canal de consulta
oferecido pela própria Comissão de Ética. • Do Funcionamento
Finalmente, deve-se salientar que as normas da Resolução Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente,
se aplicam tão somente às autoridades enumeradas no art. 2º que terá mandato de um ano, permitida a recondução.
do Código de Conduta. Caberá a cada órgão ou entidade da Art. 5º As deliberações da CEP serão tomadas por voto
administração pública regular a matéria em relação a seus de- da maioria de seus membros, cabendo ao presidente o
mais servidores e empregados. voto de qualidade.

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Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado
Resolução nº 04, de 07 à Casa Civil da Presidência da República, que lhe pres-
de Junho de 2001 tará apoio técnico e administrativo.
Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública: § 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. plano de trabalho que contemple suas principais ativida-
2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999 des e proponha metas, indicadores e dimensione os recur-
sos necessários.
Resolve § 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Exe-
Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regi- cutivo prestará informações sobre o estágio de execu-
mento Interno da Comissão de Ética Pública. ção das atividades contempladas no plano de trabalho
e seus resultados, ainda que parciais.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Capítulo I
Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordiná-
• Da Competência rio, mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que
Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP): necessário, por iniciativa de qualquer de seus membros.
I. assegurar a observância do Código de Conduta § 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir
da Alta Administração Federal, aprovado pelo Pre- de sugestões de qualquer de seus membros ou por ini-
sidente da República em 21 de agosto de 2000, ciativa do Secretário-Executivo, admitindo-se no início
pelas autoridades públicas federais por ele abran- de cada reunião a inclusão de novos assuntos na pauta.
gidas; § 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser ob-
II. submeter ao Presidente da República sugestões jeto de deliberação mediante comunicação entre os
de aprimoramento do Código de Conduta e resolu- membros da CEP.
ções de caráter interpretativo de suas normas;
Capítulo IV
III. dar subsídios ao Presidente da República e aos
Ministros de Estado na tomada de decisão concer- • Das Atribuições
nente a atos de autoridade que possam implicar Art. 8º Ao Presidente da CEP compete: 437
descumprimento das normas do Código de Conduta; I. convocar e presidir as reuniões;
II. orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os Capítulo V
438 debates, iniciar e concluir as deliberações;
• Das Deliberações
III. orientar e supervisionar os trabalhos da Secre-
taria-Executiva; Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de
Conduta compreenderão:
IV. tomar os votos e proclamar os resultados;
I. homologação das informações prestadas em
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

V. autorizar a presença nas reuniões de pessoas


que, por si ou por entidades que representem, pos- cumprimento às obrigações nele previstas;
sam contribuir para os trabalhos da CEP; II. adoção de orientações complementares:
VI. proferir voto de qualidade; a) mediante resposta a consultas formuladas por
VII. determinar o registro de seus atos enquanto autoridade a ele submetidas;
membro da Comissão, inclusive reuniões com au- b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante
toridades submetidas ao Código de Conduta; comunicação às autoridades abrangidas, por meio
VIII. determinar ao Secretário-Executivo, ouvida de resolução, ou, ainda, pela divulgação periódica de
a CEP, a instauração de processos de apuração de relação de perguntas e respostas aprovada pela CEP;
prática de ato em desrespeito ao preceituado no III. elaboração de sugestões ao Presidente da Re-
Código de Conduta da Alta Administração Federal, pública de atos normativos complementares ao
a execução de diligências e a expedição de comu- Código de Conduta, além de propostas para sua
nicados à autoridade pública para que se manifeste eventual alteração;
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na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e


IV. instauração de procedimento para apuração de
IX. decidir os casos de urgência, ad referendum ato que possa configurar descumprimento ao Có-
da CEP.
digo de Conduta; e
Art. 9º Aos membros da CEP compete:
V. adoção de uma das seguintes providências em
I. examinar as matérias que lhes forem submetidas, caso de infração:
emitindo pareceres;
a) advertência, quando se tratar de autoridade no
II. pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
exercício do cargo;
III. solicitar informações a respeito de matérias sob
b) censura ética, na hipótese de autoridade que já
exame da Comissão; e
tiver deixado o cargo; e
IV. representar a CEP em atos públicos, por delega-
ção de seu Presidente. c) encaminhamento de sugestão de exoneração à
autoridade hierarquicamente superior, quando se
Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete:
tratar de infração grave ou de reincidência.
I. organizar a agenda das reuniões e assegurar o
apoio logístico à CEP; Capítulo VI
II. secretariar as reuniões; • Das Normas de Procedimento
III. proceder ao registro das reuniões e à elabora- Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao
ção de suas atas; Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofício
IV. dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cum- ou em razão de denúncia fundamentada, desde que
primento das atividades que lhes sejam próprias; haja indícios suficientes, observado o seguinte:
V. instruir as matérias submetidas à deliberação; I. a autoridade será oficiada para manifestar-se por
VI. providenciar previamente à instrução de ma- escrito no prazo de cinco dias;
téria para deliberação pela CEP, nos casos em que
II. o eventual denunciante, a própria autoridade pú-
houver necessidade, parecer sobre a legalidade de
blica, bem assim a CEP, de ofício, poderão produzir
ato a ser por ela baixado;
prova documental;
VII. desenvolver ou supervisionar a elaboração de
III. a CEP poderá promover as diligências que con-
estudos e pareceres como subsídios ao processo de
tomada de decisão da CEP; siderar necessárias, assim como solicitar parecer de
especialista quando julgar imprescindível;
VIII. solicitar às autoridades submetidas ao Código
de Conduta informações e subsídios para instruir IV. concluídas as diligências mencionadas no inciso
assunto sob apreciação da CEP; e anterior, a CEP oficiará à autoridade para nova ma-
IX. tomar as providências necessárias ao cumpri- nifestação, no prazo de três dias;
mento do disposto nos arts. 8º, inciso VII, e 12 deste V. se a CEP concluir pela procedência da denúncia,
Regimento, bem como outras determinadas pelo adotará uma das providências previstas no inciso
Presidente da Comissão, no exercício de suas atri- V do art. 11, com comunicação ao denunciado e ao
buições. seu superior hierárquico.
Capítulo VII Resolve
• Dos Deveres e Responsabilidade dos Membros da Art. 1º A autoridade pública nomeada para cargo
Comissão abrangido pelo Código de Conduta da Alta Adminis-
Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar tração Federal, aprovado pelo Presidente da República
e manter arquivadas na Secretaria-Executiva decla- em 21 de agosto de 2000, encaminhará à Comissão
rações prestadas nos termos do art. 4º do Código de de Ética Pública, no prazo de dez dias da data de no-
Conduta. meação, Declaração Confidencial de Informações - DCI,
conforme modelo anexo.
Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI minis-
potenciais, que possam surgir em função do exercício tros, secretários de estado, titulares de cargos de na-
das atividades profissionais de membro da Comissão, tureza especial, secretários executivos, secretários ou
deverão ser informados aos demais membros. autoridade equivalentes ocupantes de cargos do Gru-
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de po-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível
sua atividade profissional, tiver relacionamento espe- seis, presidentes e diretores de agências nacionais,
cífico em matéria que envolva autoridade submetida autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas
ao Código de Conduta da Alta Administração, deverá pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de
abster-se de participar de deliberação que, de qual- economia mista.
quer modo, a afete. Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP, no mesmo
prazo, quaisquer alterações relevantes nas informações
Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP prestadas, podendo, para esse fim, apresentar nova DCI.
são consideradas de caráter sigiloso até sua deliberação
Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchimento
final, quando a Comissão deverá decidir sua forma de
da DCI, assim como sobre situação patrimonial que,
encaminhamento.
real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o
Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar interesse público, serão submetidas à CEP e esclareci-
publicamente sobre situação específica que possa vir a das por sua Secretaria Executiva.
ser objeto de deliberação formal do Colegiado. João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão
Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual Publicado no Diário Oficial de 08 de junho de 2001
impossibilidade de comparecer às reuniões.
Capítulo VIII Resolução nº 06, de 25

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• Das Disposições Gerais de Julho de 2001
Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de
substituído pelo membro mais antigo da Comissão. novembro de 2000.
Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
a este Regimento Interno, bem como promover as modifi- ções, e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, do Decre-
cações que julgar necessárias. to de 26 de maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte:
Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos
pelo colegiado.
Resolução
Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro
publicação. de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: “3.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

João Geraldo Piquet Carneiro Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de
Presidente da Comissão presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.6.2001 adotar uma das seguintes providências:
II. promover a sua doação à entidade de caráter
Resolução nº 05, de 07 assistencial ou filantrópico reconhecida como
de utilidade pública, desde que, tratando-se de
de Junho de 2001 bem não perecível, se comprometa a aplicar o
Aprova o modelo de Declaração Confidencial de Informa- bem ou o produto da sua alienação em suas ati-
ções a ser apresentada por autoridade submetida ao Código vidades fim; ou
de Conduta da Alta Administração Federal, e dispõe sobre a III. determinar a incorporação ao patrimônio da en-
atualização de informações patrimoniais para os fins do art. 4º tidade ou do órgão público onde exerce a função.”
do Código de Conduta da Alta Administração Federal. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. publicação.
2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e nos termos do João Geraldo Piquet Carneiro 439
art. 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, Presidente da Comissão
Resolução nº 07, de 14 de autoridade deverá abster-se de participar daquela ati-
440 vidade ou requerer seu afastamento do cargo.
Fevereiro de 2002 Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consul-
Regula a participação de autoridade pública submetida ao tar a Comissão de Ética Pública.
Código de Conduta da Alta Administração Federal em ativida- Brasília, 14 de fevereiro de 2002
des de natureza político-eleitoral. João Geraldo Piquet Carneiro
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, Presidente da Comissão de Ética Pública
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente
resolução interpretativa do Código de Conduta da Alta Admi- Comissão de Ética Pública
nistração Federal, no que se refere à participação de autorida- O Presidente da República aprovou recomendação no sen-
des públicas em eventos político-eleitorais. tido de que se regule a participação de autoridades submeti-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de das ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em
Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) po- atividades de natureza político-eleitoral.
derá participar, na condição de cidadão-eleitor, de A Resolução CEP Nº 7, publicada no Diário Ofícial da
eventos de natureza político-eleitoral, tais como con- União de 25.2.2002, é interpretativa das normas do Código
venções e reuniões de partidos políticos, comícios e de Conduta da Alta Administração Federal e tem duplo ob-
manifestações públicas autorizadas em lei. jetivo. Primeiro, reconhecer o direito de qualquer autoridade,
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não na condição de cidadão-eleitor, de participar em atividades e
poderá resultar em prejuízo do exercício da função pú- eventos políticos e eleitorais; segundo, mediante explicitação
blica, nem implicar o uso de recursos, bens públicos de de normas de conduta, permitir que as autoridades exerçam
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qualquer espécie ou de servidores a ela subordinados. esse direito a salvo de críticas, desde que as cumpram ade-
quadamente.
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de:
Para facilitar a compreensão do cumprimento das referi-
I. se valer de viagens de trabalho para participar de
das normas, são prestados os esclarecimentos que seguem.
eventos político-eleitorais;
Art. 1º O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de
II. expor publicamente divergências com outra
participar de eventos eleitorais, tais como convenções
autoridade administrativa federal ou criticar-lhe a
partidárias, reuniões políticas e outras manifestações
honorabilidade e o desempenho funcional (artigos
públicas que não contrariem a lei. O importante é que
11 e 12, inciso I, do CCAAF);
essa participação se enquadre nos princípios éticos
III. exercer, formal ou informalmente, função de inerentes ao cargo ou função da autoridade.
administrador de campanha eleitoral.
Art. 2º A norma reproduz dispositivo legal existente, apli-
Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que partici- cando-o de maneira específica à atividade político-eleito-
par, a autoridade não poderá fazer promessa, ainda ral. Assim, a autoridade pública, que pretenda ou não can-
que de forma implícita, cujo cumprimento dependa do
didatar a cargo eletivo, não poderá exercer tal atividade
cargo público que esteja exercendo, tais como realiza-
em prejuízo da função pública, como, por exemplo, duran-
ção de obras, liberação de recursos e nomeação para
te o honorário normal de expediente ou em detrimento de
cargos ou empregos.
qualquer de suas obrigações funcionais.
Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que ma- Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos
nifestar de forma pública a intenção de candidatar-se de qualquer espécie, assim como servidores a ela subordinados.
a cargo eletivo, não poderá praticar ato de gestão do É o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de
qual resulte privilégio para pessoa física ou entidade, reprodução ou de publicação de documentos, material de escritó-
pública ou privada, situada em sua base eleitoral ou de rio, entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso
seus familiares. de funcionários subordinados, dentro ou fora do expediente ofi-
Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa suscitar dú- cial, em atividades político-eleitorais de interesse da autoridade.
vidas quanto à sua conduta ética e ao cumprimento das Cumpre esclarecer que esta norma não restringe a atividade polí-
normas estabelecidas pelo CCAAF, a autoridade deverá tico-eleitoral de interesse do próprio funcionário, nos limites da lei.
consignar em agenda de trabalho de acesso público: O dispositivo recomenda que a autoridade não se
I. audiências concedidas, com informações sobre valha de viagem de trabalho para participar de
seus objetivos, participantes e resultados, as quais eventos político-eleitorais. Trata-se de norma de
deverão ser registradas por servidor do órgão ou ordem prática, pois seria muito difícil exercer al-
entidade por ela designado para acompanhar a gum controle sobre a segregação entre tais ativi-
reunião; dades e as inerentes ao cargo público.
II. eventos político-eleitorais de que participe, in- Esta norma não impede que a autoridade que viajou por
formando as condições de logística e financeiras da seus próprios meios para participar de evento político-eleitoral
sua participação. cumpra outros compromissos inerentes ao seu cargo ou função.
Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse II. A autoridade não deve expor publicamente
entre a atividade político-eleitoral e a função pública, a suas divergências com outra autoridade admi-
nistrativa federal, ou criticar-lhe a honorabilida- Resolução nº 08, de 25 de
de ou o desempenho funcional. Não se trata de
censurar o direito de crítica, de modo geral, mas Setembro de 2003
de adequá-lo ao fato de que, afinal, a autoridade Identifica situações que suscitam conflito de interesses e
exerce um cargo de livre nomeação na adminis- dispõe sobre o modo de preveni-los
tração e está vinculada a deveres de fidelidade A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orien-
e confiança. tar as autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta
Administração Federal na identificação de situações que pos-
III. A autoridade não poderá aceitar encargo de admi-
sam suscitar conflito de interesses, esclarece o seguinte:
nistrador de campanha eleitoral, diante da dificuldade
1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade
de compatibilizar essa atividade com suas atribuições
que:
funcionais. Não haverá restrição se a autoridade se li-
cenciar do cargo, sem vencimentos. a) em razão da sua natureza, seja incompatível
com as atribuições do cargo ou função pública da
Art. 4º É fundamental que a autoridade não faça pro- autoridade, como tal considerada, inclusive, a ati-
messa, de forma explícita ou implícita, cujo cumprimen- vidade desenvolvida em áreas ou matérias afins à
to dependa do uso do cargo público, como realização de competência funcional;
obras, liberação de recursos e nomeação para cargo ou b) viole o princípio da integral dedicação pelo
emprego. Essa restrição decorre da necessidade de se ocupante de cargo em comissão ou função de
manter a dignidade da função pública e de se demons- confiança, que exige a precedência das atribui-
trar respeito à sociedade e ao eleitor. ções do cargo ou função pública sobre quaisquer
Art. 5º A lei já determina que a autoridade que preten- outras atividades;
da se candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis c) implique a prestação de serviços à pessoa fí-
meses antes da respectiva eleição. Porém, se ela antes dis- sica ou jurídica ou a manutenção de vínculo de
so manifestar publicamente sua pretensão eleitoral, não negócio com pessoa física ou jurídica que tenha
poderá mais praticar ato de gestão que resulte em algum interesse em decisão individual ou coletiva da
tipo de privilégio para qualquer pessoa ou entidade que autoridade;
esteja em sua base eleitoral. É importante enfatizar que se d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de
trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos normais informação à qual a autoridade tenha acesso em
de gestão. razão do cargo e não seja de conhecimento pú-
Art. 6º Durante o período pré-eleitoral, a autoridade blico;

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deve tomar cautelas específicas para que seus conta- e) possa transmitir à opinião pública dúvida a
tos funcionais com terceiros não se confundam com respeito da integridade, moralidade, clareza de
suas atividades político--eleitorais. A forma adequada posições e decoro da autoridade.
é fazer-se acompanhar de outro servidor em audiências, 2. A ocorrência de conflito de interesses independe do
o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos recebimento de qualquer ganho ou retribuição pela
autoridade.
tratados na agenda de trabalho da autoridade.
3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de con-
O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser
flito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou
adotado com relação aos compromissos político-eleitorais da
mais das seguintes providências:
autoridade. E, ambos os casos os registros são de acesso públi-
co, sendo recomendável também que a agenda seja divulgada a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do car-
go, enquanto perdurar a situação passível de sus-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

pela internet.
citar conflito de interesses;
Art. 7º Se por qualquer motivo se verificar a possibili-
b) alienar bens e direitos que integram o seu pa-
dade de conflito de interesse entre a atividade político-
trimônio e cuja manutenção possa suscitar confli-
-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá esco-
to de interesses;
lher entre abster-se de participar daquela atividade ou
c) transferir a administração dos bens e direitos
requerer o seu afastamento do cargo.
que possam suscitar conflito de interesses à insti-
Art. 8º A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dú- tuição financeira ou à administradora de carteira
vidas que eventualmente surjam na efetiva aplicação de valores mobiliários autorizada a funcionar pelo
das normas. Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobi-
João Geral Piquet Carneiro - Presidente liários, conforme o caso, mediante instrumento
Adhemar Palladini Ghisi contratual que contenha cláusula que vede a par-
Celina Vargas do Amaral Peixoto ticipação da autoridade em qualquer decisão de
João Camilo Pena investimento assim como o seu prévio conheci-
Lourdes Sola mento de decisões da instituição administradora 441
Miguel Reale Júnior quanto à gestão dos bens e direitos;
d) na hipótese de conflito de interesses específico Resolução nº 10, de 29 de
442 e transitório, comunicar sua ocorrência ao supe-
rior hierárquico ou aos demais membros de órgão Setembro de 2008
colegiado de que faça parte a autoridade, em se
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
tratando de decisão coletiva, abstendo-se de vo-
ções conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio de 1999 e
tar ou participar da discussão do assunto;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

pelos arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º
e) divulgar publicamente sua agenda de compro- de fevereiro de 2007, nos termos do Decreto nº 1.171, de 22 de
missos, com identificação das atividades que não junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e
sejam decorrência do cargo ou função pública. tendo em vista a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada
pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, Resolve
sobre a suficiência da medida adotada para prevenir Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as
situação que possa suscitar conflito de interesses. normas de funcionamento e de rito processual, deli-
5. A participação de autoridade em conselhos de admi- mitando competências, atribuições, procedimentos e
nistração e fiscal de empresa privada, da qual a União outras providências no âmbito das Comissões de Éti-
seja acionista, somente será permitida quando resultar ca instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de
de indicação institucional da autoridade pública com- 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº
petente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de deli- 6.029, de 1º de fevereiro de 2007.
beração que possa suscitar conflito de interesses com Capítulo I
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o Poder Público.
• Das Competências e Atribuições
6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro se-
Art. 2º Compete às Comissões de Ética:
tor, sem finalidade de lucro, também deverá ser observa-
I. atuar como instância consultiva do dirigente má-
do o disposto nesta Resolução.
ximo e dos respectivos servidores de órgão ou de
7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública entidade federal;
deverão estar acompanhadas dos elementos pertinen- II. aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor
tes à legalidade da situação exposta. Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado
Brasília, 25 de setembro de 2003 pelo Decreto nº 1.171, de 1994, devendo:
João Geraldo Piquet Carneiro
a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP
Presidente propostas de aperfeiçoamento do Código de Éti-
ca Profissional;
Resolução nº 09, de 20 b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato
de Maio de 2005 ou conduta em desacordo com as normas éticas
pertinentes;
O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso
de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 2º, in- c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvol-
ciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão vimento de ações objetivando a disseminação, ca-
de Ética Pública, e nos termos do art. 4º do Código de Conduta pacitação e treinamento sobre as normas de ética
da Alta Administração Federal. e disciplina;
III. representar o órgão ou a entidade na Rede de
Resolve Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o
Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Declaração art. 9º do Decreto nº 6.029, de 2007;
Confidencial de Informações de que trata a Resolução IV. supervisionar a observância do Código de Con-
no 5, de 7 de junho de 2001. duta da Alta Administração Federal e comunicar à
CEP situações que possam configurar descumpri-
Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vincu-
mento de suas normas;
lado ao Código de Conduta da Alta Administração Fe-
V. aplicar o código de ética ou de conduta próprio,
deral deverá apresentar a Declaração Confidencial de
se couber;
Informações, devidamente preenchida:
VI. orientar e aconselhar sobre a conduta ética do
I. pela primeira vez, até dez dias após a posse; e servidor, inclusive no relacionamento com o cida-
II. sempre que ocorrer alteração relevante nas in- dão e no resguardo do patrimônio público;
formações prestadas, até trinta dias da ocorrência. VII. responder consultas que lhes forem dirigidas;
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua VIII. receber denúncias e representações contra
publicação. servidores por suposto descumprimento às normas
Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução no 5, de 7 éticas, procedendo à apuração;
de junho de 2001. IX. instaurar processo para apuração de fato ou
FERNANDO NEVES DA SILVA conduta que possa configurar descumprimento ao
Presidente da Comissão de Ética Pública padrão ético recomendado aos agentes públicos;
X. convocar servidor e convidar outras pessoas a Capítulo II
prestar informação;
• Da Composição
XI. requisitar às partes, aos agentes públicos e aos
órgãos e entidades federais informações e docu- Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade será
mentos necessários à instrução de expedientes; composta por três membros titulares e respectivos
XII. requerer informações e documentos necessá- suplentes, servidores públicos ocupantes de cargo efe-
rios à instrução de expedientes a agentes públicos tivo ou emprego do seu quadro permanente, designa-
e a órgãos e entidades de outros entes da federa- dos por ato do dirigente máximo do correspondente
ção ou de outros Poderes da República; órgão ou entidade.
XIII. realizar diligências e solicitar pareceres de es- § 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na
pecialistas; entidade em número suficiente para instituir a Comis-
XIV. esclarecer e julgar comportamentos com indí- são de Ética, poderão ser escolhidos servidores públi-
cios de desvios éticos; cos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do quadro
XV. aplicar a penalidade de censura ética ao servi- permanente da Administração Pública.
dor e encaminhar cópia do ato à unidade de gestão § 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada
de pessoas, podendo também: prestação de relevante serviço público e não enseja
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de qualquer remuneração, devendo ser registrada nos as-
ocupante de cargo ou função de confiança; sentamentos funcionais do servidor.
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do ser-
vidor ao órgão ou entidade de origem; § 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não po-
derá ser membro da Comissão de Ética.
c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de
expediente ao setor competente para exame de § 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo
eventuais transgressões de naturezas diversas; membro mais antigo, em caso de impedimento ou va-
d) adotar outras medidas para evitar ou sanar cância.
desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo § 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Co-
de Conduta Pessoal e Profissional - ACPP; missão será preenchido mediante nova escolha efetua-
XVI. arquivar os processos ou remetê-los ao órgão da pelos seus membros.
competente quando, respectivamente, não seja
comprovado o desvio ético ou configurada infra- § 6º Na ausência de membro titular, o respectivo su-
ção cuja apuração seja da competência de órgão plente deve imediatamente assumir suas atribuições.

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distinto; § 7º Cessará a investidura de membros das Comissões
XVII. notificar as partes sobre suas decisões; de Ética com a extinção do mandato, a renúncia ou por
XVIII. submeter ao dirigente máximo do órgão ou desvio disciplinar ou ético reconhecido pela Comissão de
entidade sugestões de aprimoramento ao código Ética Pública.
de conduta ética da instituição;
Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secreta-
XIX. dirimir dúvidas a respeito da interpretação das ria-Executiva, que terá como finalidade contribuir para
normas de conduta ética e deliberar sobre os casos
a elaboração e o cumprimento do plano de trabalho
omissos, observando as normas e orientações da CEP;
da gestão da ética e prover apoio técnico e material
XX. elaborar e propor alterações ao código de ética
necessário ao cumprimento das atribuições.
ou de conduta próprio e ao regimento interno da
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

respectiva Comissão de Ética; § 1º O encargo de secretário-executivo recairá em de-


XXI. dar ampla divulgação ao regramento ético; tentor de cargo efetivo ou emprego permanente na
XXII. dar publicidade de seus atos, observada a administração pública, indicado pelos membros da Co-
restrição do art. 14 desta Resolução; missão de Ética e designado pelo dirigente máximo do
XXIII. requisitar agente público para prestar servi- órgão ou da entidade.
ços transitórios técnicos ou administrativos à Co- § 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro
missão de Ética, mediante prévia autorização do da Comissão de Ética.
dirigente máximo do órgão ou entidade;
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representan-
XXIV. elaborar e executar o plano de trabalho de
tes locais que auxiliarão nos trabalhos de educação e
gestão da ética; e
de comunicação.
XXV. indicar por meio de ato interno, representan-
tes locais da Comissão de Ética, que serão designa- § 4º Outros servidores do órgão ou da entidade po-
dos pelos dirigentes máximos dos órgãos ou enti- derão ser requisitados, em caráter transitório, para
dades, para contribuir nos trabalhos de educação e realização de atividades administrativas junto à Secre- 443
de comunicação. taria-Executiva.
Capítulo III VIII. coordenar o desenvolvimento de ações obje-
444 tivando a disseminação, capacitação e treinamento
• Do Funcionamento
sobre ética no órgão ou entidade; e
Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão to-
IX. executar outras atividades determinadas pela
madas por votos da maioria de seus membros.
Comissão de Ética.
Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinaria-
§ 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

mente pelo menos uma vez por mês e, em caráter


-Executiva fornecer o suporte administrativo necessá-
extraordinário por iniciativa do Presidente, dos seus
rio ao desenvolvimento ou exercício de suas funções.
membros ou do Secretário-Executivo.
§ 2º Aos representantes locais compete contribuir com
Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será
as atividades de educação e de comunicação.
composta a partir de sugestões do presidente, dos
membros ou do Secretário--Executivo, sendo admitida Capítulo V
a inclusão de novos assuntos no início da reunião. • Dos Mandatos
Capítulo IV Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão
mandatos, não coincidentes, de três anos, permitida
• Das Atribuições
uma única recondução.
Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:
§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respec-
I. convocar e presidir as reuniões; tivos suplentes serão de um, dois e três anos, estabeleci-
II. determinar a instauração de processos para a dos em portaria designatória.
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apuração de prática contrária ao código de ética § 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de
ou de conduta do órgão ou entidade, bem como as membro da Comissão de ética o servidor público que
diligências e convocações; for designado para cumprir o mandato complementar,
III. designar relator para os processos; caso o mesmo tenha se iniciado antes do transcurso da
IV. orientar os trabalhos da Comissão de Ética, or- metade do período estabelecido no mandato originário.
denar os debates e concluir as deliberações; § 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exerci-
do após o transcurso da metade do período estabelecido
V. tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e
no mandato originário, o membro da Comissão de Ética
proclamar os resultados; e
que o exercer poderá ser conduzido imediatamente ao
VI. delegar competências para tarefas específicas posterior mandato regular de 3 (três) anos, permitindo-
aos demais integrantes da Comissão de Ética. lhe uma única recondução ao mandado regular.
Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o
Capítulo VI
inciso V somente será adotado em caso de desempate.
• Das Normas Gerais do Procedimento
Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética:
Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões
I. examinar matérias, emitindo parecer e voto;
de Ética serão as seguintes:
II. pedir vista de matéria em deliberação; I. Procedimento Preliminar, compreendendo:
III. fazer relatórios; e a) juízo de admissibilidade;
IV. solicitar informações a respeito de matérias sob b) instauração;
exame da Comissão de Ética. c) provas documentais e, excepcionalmente, ma-
Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo: nifestação do investigado e realização de diligên-
I. organizar a agenda e a pauta das reuniões; cias urgentes e necessárias;
II. proceder ao registro das reuniões e à elaboração d) relatório;
de suas atas; e) proposta de ACPP;
III. instruir as matérias submetidas à deliberação f) decisão preliminar determinando o arquiva-
da Comissão de Ética; mento ou a conversão em Processo de Apuração
Ética.
IV. desenvolver ou supervisionar a elaboração de
estudos e subsídios ao processo de tomada de de- II. Processo de Apuração Ética, subdividindo-se
cisão da Comissão de Ética; em:
V. coordenar o trabalho da Secretaria--Executiva, a) instauração;
bem como dos representantes locais; b) instrução complementar, compreendendo:
VI. fornecer apoio técnico e administrativo à Co- 1. a realização de diligências;
missão de Ética; 2. a manifestação do investigado; e
VII. executar e dar publicidade aos atos de compe- 3. a produção de provas;
tência da Secretaria-Executiva; c) relatório; e
d) deliberação e decisão, que declarará improce- classe poderá provocar a atuação da Comissão de Éti-
dência, conterá sanção, recomendação a ser aplica- ca, visando a apuração de transgressão ética imputada
da ou proposta de ACPP. ao agente público ou ocorrida em setores competentes
Art. 13. A apuração de infração ética será formalizada do órgão ou entidade federal.
por procedimento preliminar, que deverá observar as Parágrafo único. Entende-se por agente público todo
regras de autuação, compreendendo numeração, ru- aquele que por força de lei, contrato ou qualquer ato
brica da paginação, juntada de documentos em ordem jurídico, preste serviços de natureza permanente, tem-
cronológica e demais atos de expediente administrativo. porária, excepcional ou eventual, ainda que sem retri-
Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de buição financeira, a órgão ou entidade da Administra-
apuração de infração ética terão a chancela de “reserva- ção Pública Federal direta e indireta.
do”, nos termos do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de
2002, após, estarão acessíveis aos interessados confor- conduta que, em tese, configure infração ao padrão
me disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. ético será instaurado pela Comissão de Ética, de ofício
Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de co- ou mediante representação ou denúncia formulada por
nhecer o teor da acusação e ter vista dos autos no re- quaisquer das pessoas mencionadas no caput do art. 19.
cinto da Comissão de Ética, bem como de obter cópias § 1º A instauração, de ofício, de expediente de inves-
de documentos. tigação deve ser fundamentada pelos integrantes da
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas for- Comissão de Ética e apoiada em notícia pública de
malmente à Comissão de Ética. conduta ou em indícios capazes de lhe dar sustentação.
Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constata- § 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a
um só tempo, falta ética e infração de outra natureza,
rem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
inclusive disciplinar, a cópia dos autos deverá ser enca-
improbidade administrativa ou de infração disciplinar,
minhada imediatamente ao órgão competente.
encaminhará cópia dos autos às autoridades compe-
tentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo da § 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá
ser notificado sobre a remessa do expediente ao órgão
adoção das demais medidas de sua competência.
competente.
Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta
§ 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da
ética que resultar em sanção, em recomendação ou em
conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional será resumi- improbidade, crime de responsabilidade ou infração
da e publicada em ementa, com a omissão dos nomes de natureza diversa, a Comissão de Ética, em caráter
dos envolvidos e de quaisquer outros dados que per- excepcional, poderá solicitar parecer reservado junto à

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mitam a identificação. unidade responsável pelo assessoramento jurídico do
Parágrafo único. A decisão final contendo nome e órgão ou da entidade.
identificação do agente público deverá ser remetida à Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra
Comissão de Ética Pública para formação de banco de demanda deve conter os seguintes requisitos:
dados de sanções, para fins de consulta pelos órgãos I. descrição da conduta;
ou entidades da administração pública federal, em ca- II. indicação da autoria, caso seja possível; e
sos de nomeação para cargo em comissão ou de alta
III. apresentação dos elementos de prova ou indi-
relevância pública.
cação de onde podem ser encontrados.
Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade da-
Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se
rão tratamento prioritário às solicitações de documentos identificar, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos
e informações necessárias à instrução dos procedimentos
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

narrados para fins de instauração, de ofício, de proce-


de investigação instaurados pela Comissão de Ética, con- dimento investigatório, desde que contenha indícios
forme determina o Decreto nº 6.029, de 2007. suficientes da ocorrência da infração ou, em caso con-
§ 1º A inobservância da prioridade determinada neste trário, determinar o arquivamento sumário.
artigo implicará a responsabilidade de quem lhe der Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra
causa. demanda será dirigida à Comissão de Ética, podendo
§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação ser protocolada diretamente na sede da Comissão ou
aos respectivos agentes públicos a Comissão de Ética encaminhadas pela via postal, correio eletrônico ou fax.
terá acesso a todos os documentos necessários aos tra- § 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial
balhos, dando tratamento específico àqueles protegidos divulgando os endereços físico e eletrônico para aten-
por sigilo legal. dimento e apresentação de demandas.
Capítulo VII § 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou re-
presentar compareça perante a Comissão de Ética, esta
• Do Rito Processual poderá reduzir a termo as declarações e colher a assi-
Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa ju- natura do denunciante, bem como receber eventuais 445
rídica de direito privado, associação ou entidade de provas.
§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação III. o fato não possa ser provado por testemunha.
446 do recebimento da denúncia ou representação por ele § 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde
encaminhada. que o investigado formalize pedido à Comissão de Éti-
Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Co- ca em tempo hábil e em momento anterior à audiência
missão de Ética deliberará sobre sua admissibilidade, de inquirição.
verificando o cumprimento dos requisitos previstos Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justifi-
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nos incisos do art. 21. cado, sendo lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas
§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de seguintes hipóteses:
informações complementares ou de outros elementos de I. a comprovação do fato não depender de conhe-
prova que julgar necessários. cimento especial de perito; ou
§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamen- II. revelar-se meramente protelatório ou de ne-
tada, arquivará representação ou denúncia manifesta- nhum interesse para o esclarecimento do fato.
mente improcedente, cientificando o denunciante. Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer
§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de pe- a produção de outras provas, além dos documentos
dido de reconsideração dirigido à própria Comissão de apresentados com a defesa prévia, a Comissão de Éti-
Ética, no prazo de dez dias, contados da ciência da de- ca, salvo se entender necessária a inquirição de teste-
cisão, com a competente fundamentação. munhas, a realização de diligências ou de exame peri-
§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consen- cial, elaborará o relatório.
timento do denunciado, poderá ser lavrado Acordo Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, com-
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de Conduta Pessoal e Profissional. provadamente notificado ou citado por edital público,


§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissio- não se apresentar, nem enviar procurador legalmente
nal, o Procedimento Preliminar será sobrestado, por constituído para exercer o direito ao contraditório e à
até dois anos, a critério da Comissão de Ética, confor- ampla defesa, a Comissão de Ética designará um de-
me o caso. fensor dativo preferencialmente escolhido dentre os
servidores do quadro permanente para acompanhar
§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acor- o processo, sendo-lhe vedada conduta contrária aos
do de Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, interesses do investigado.
será determinado o arquivamento do feito.
Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o
§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for relatório, o investigado será notificado para apresentar
descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao as alegações finais no prazo de dez dias.
feito, convertendo o Procedimento Preliminar em Pro- Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Co-
cesso de Apuração Ética. missão de Ética proferirá decisão.
§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e § 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investi-
Profissional o descumprimento ao disposto no inciso gado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade
XV do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 1994. de censura ética prevista no Decreto nº 1.171, de 1994,
Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será pro- e, cumulativamente, fazer recomendações, bem como
ferida decisão pela Comissão de Ética do órgão ou enti- lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, sem
dade determinando o arquivamento ou sua conversão prejuízo de outras medidas a seu cargo.
em Processo de Apuração Ética. § 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja
Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Co- descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao
missão de Ética notificará o investigado para, no prazo Processo de Apuração Ética.
de dez dias, apresentar defesa prévia, por escrito, lis- § 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração
tando eventuais testemunhas, até o número de quatro, acompanhada de fundamentação à própria Comissão
e apresentando ou indicando as provas que pretende de Ética, no prazo de dez dias, contado da ciência da
produzir. respectiva decisão.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em pe-
ser prorrogado por igual período, a juízo da Comissão de nalidade a detentor de cargo efetivo ou de emprego
Ética, mediante requerimento justificado do investigado. permanente na Administração Pública, bem como a
ocupante de cargo em comissão ou função de confian-
Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá
ça, será encaminhada à unidade de gestão de pessoas,
ser justificado.
para constar dos assentamentos do agente público,
§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando: para fins exclusivamente éticos.
I. formulado em desacordo com este artigo; § 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o
II. o fato já estiver suficientemente provado por decurso do prazo de três anos de efetivo exercício, conta-
documento ou confissão do investigado ou quais- dos da data em que a decisão se tornou definitiva, desde
quer outros meios de prova compatíveis com o rito que o servidor, nesse período, não tenha praticado nova
descrito nesta Resolução; ou infração ética.
§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vín- Capítulo IX
culo direto ou formal com o órgão ou entidade, a cópia
• Disposições Finais
da decisão definitiva deverá ser remetida ao dirigente
máximo, a quem competirá a adoção das providências Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por delibe-
cabíveis. ração da Comissão de Ética, de acordo com o previsto no
§ 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Código de Ética próprio, no Código de Ética Profissional
Comissão de Ética expedirá decisão definitiva elencan- do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, no
do as condutas infracionais, eximindo-se de aplicar ou Código de Conduta da Alta Administração Federal, bem
de propor penalidades, recomendações ou Acordo de como em outros atos normativos pertinentes.
Conduta Pessoal e Profissional. Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Éti-
ca poderá estabelecer normas complementares a esta
Capítulo VIII
Resolução.
• Dos Deveres e Responsabilidades dos Integrantes Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para
da Comissão que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades do
Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho de- Poder Executivo Federal possam se adequar ao dispos-
senvolvido pelos membros da Comissão de Ética: to nesta Resolução.
I. preservar a honra e a imagem da pessoa inves- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá
tigada; ser prorrogado, mediante envio de justificativas, nos
II. proteger a identidade do denunciante; trinta dias que antecedem o termo final, para aprecia-
III. atuar de forma independente e imparcial; ção e autorização da Comissão de Ética Pública.
Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
IV. comparecer às reuniões da Comissão de Ética,
publicação.
justificando ao presidente da Comissão, por escri- JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE
to, eventuais ausências e afastamentos; Presidente da Comissão de Ética Pública
V. em eventual ausência ou afastamento, instruir
o substituto sobre os trabalhos em curso; ANOTAÇÕES
VI. declarar aos demais membros o impedimento ou
a suspeição nos trabalhos da Comissão de Ética; e
VII. eximir-se de atuar em procedimento no qual

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tenha sido identificado seu impedimento ou sus-
peição.
Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão
de Ética quando:
I. tenha interesse direto ou indireto no feito;
II. tenha participado ou venha a participar, em outro
processo administrativo ou judicial, como perito, tes-
temunha ou representante legal do denunciante, de-
nunciado ou investigado, ou de seus respectivos côn-
juges, companheiros ou parentes até o terceiro grau;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

III. esteja litigando judicial ou administrativamente


com o denunciante, denunciado ou investigado, ou
com os respectivos cônjuges, companheiros ou pa-
rentes até o terceiro grau; ou
IV. for seu cônjuge, companheiro ou parente até o
terceiro grau o denunciante, denunciado ou inves-
tigado.
Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando:
for amigo íntimo ou notório desafeto do denun-
ciante, denunciado ou investigado, ou de seus res-
pectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o
terceiro grau; ou
for credor ou devedor do denunciante, denunciado
ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges, 447
companheiros ou parentes até o terceiro grau.
448 NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA Ş
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ÍNDICE
1. Arquivística: Princípios e Conceitos ......................................................................... 449
Conceitos Fundamentais ............................................................................................................449
Arquivologia ou Arquivística ......................................................................................................449
Documento .................................................................................................................................450
Documentos de Arquivo ..............................................................................................................451
Princípios Arquivísticos ...............................................................................................................451
Função do Arquivo ..................................................................................................................... 452
Características dos Arquivos ...................................................................................................... 452
Distinção entre Arquivo, Biblioteca e Museu .............................................................................. 453
Classificação dos Arquivos ......................................................................................................... 453
Classificação dos Documentos ................................................................................................... 456
Prazo de Guarda dos Documentos ............................................................................................. 458
Destinação Final dos Documentos.............................................................................................. 459
2. Gestão da Informação e de Documentos ................................................................... 459
Planejamento do Sistema de Arquivamento ..............................................................................460
Fases da Gestão de Documentos ................................................................................................460
Métodos de Arquivamento ......................................................................................................... 463
3. Tipologias Documentais e Suportes Físicos............................................................... 474
Introdução .................................................................................................................................. 474
Mudança de Suporte ................................................................................................................... 475
Automação ................................................................................................................................. 477
Preservação e Conservação ........................................................................................................ 479
4. Legislação Arquivística ............................................................................................ 480
CONARQ......................................................................................................................................480
SINAR ..........................................................................................................................................481
Arquivo Nacional ........................................................................................................................ 482
Lei nº 8.159, de 08 de Janeiro de 1991 ........................................................................................489
Lei nº 12.527, de 18 de Novembro de 2011 ...................................................................................491
Lei nº 5.433, de 8 de Maio de 1968 .............................................................................................498
Decreto nº 1.799, de 30 de Janeiro de 1996 ...............................................................................499
Decreto nº 4.073, de 3 de Janeiro de 2002 .................................................................................501
5. Documentos Eletrônicos e Digitais ............................................................................505
Documentos Eletrônicos ............................................................................................................. 505
Documentos Digitais................................................................................................................... 505
Gerenciamento Eletrônico de Documentos ou Gestão Eletrônica de Documentos - GED ......... 505
Gerenciamento de Documentos Eletrônicos - GDE ....................................................................506
Gerenciamento de Produtos Eletrônicos - GPE ..........................................................................506
Sistema de Informação ...............................................................................................................506
1. Arquivística: Princípios e Conceitos diferentes níveis hierárquicos a tomar decisões e ter acesso
rápido e fácil à documentação necessária.
Segundo o Dicionário Internacional de Terminologia Ar- Segundo o Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ)
quivística publicado pelo Conselho Internacional de Arquivos
em seu glossário, versão 2010, encontramos as seguintes
(CIA), um arquivo é “o conjunto de documentos, quaisquer
que sejam suas datas, suas formas ou seus suportes mate- definições para Arquivo:
riais, produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídi- 01. Um conjunto de documentos produzidos e acumu-
cas, de direito público ou privado, no desempenho de suas lados por uma entidade coletiva, pública ou privada,
atividades”. pessoa ou família, no desempenho de suas atividades,
independentemente da natureza do suporte;
Para a Lei nº 8.159, de 8/1/1991 – que dispõe sobre a
política nacional de arquivos públicos e privados: 02. Uma instituição ou serviço que tem por finalidade a
custódia, o processamento técnico, a conservação e o
Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei,
acesso a documento arquivístico, salientando-se, ainda
os conjuntos de documentos produzidos e recebidos que, Arquivo Digital é o Conjunto de bits que formam
por órgãos públicos, instituições de caráter público e uma unidade lógica interpretável por um programa de
entidades privadas, em decorrência do exercício de ati- computador e armazenada em suporte apropriado.
vidades específicas, bem como por pessoa física, qual-
Em suma: Arquivologia = Arquivística = Estudo dos Ar-
quer que seja o suporte da informação ou a natureza
quivos.
dos documentos.
Segundo a historiadora Heloísa Liberalli Bellotto, “a natu- ї O termo “ARQUIVO” também é utilizado para:
reza dos arquivos é administrativa, é jurídica, é informacional, ▷ Órgão de documentação – Arquivo Nacional.
é probatória, é orgânica, é serial, é contínua, é cumulativa. A ▷ Conjunto de documentos.
soma de todas essas características faz do arquivo uma insti-
▷ Móvel para guarda de documentos.
tuição única e inconfundível”.
Segundo o Arquivo Nacional, 2006, p. 27: conjunto de do-
A Arquivologia ou Arquivística é uma das disciplinas que
cumentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva
vem crescendo em importância nos últimos anos devido ao
pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas
alto grau de especialização exigido nos concursos públicos
atividades, independentemente da natureza do suporte.
atualmente.
Se fizermos uma análise superficial, facilmente percebere- O arquivo não trata somente do armazenamento de docu-
mos que matérias da área do Direito, há muito tempo, já não mentos, pois se encontra muito associado à informação nele
fazem a diferença em concursos. O nível de concorrência e contida. Os documentos de arquivo são caracterizados por se-
competição entre os concurseiros tornou o conhecimento des- rem um conjunto orgânico, resultado das atividades de uma
sas disciplinas obrigatório. entidade pública, de uma pessoa física ou jurídica.

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A informação não orgânica, existe muitas vezes nos se-
Conceitos Fundamentais tores de trabalho, mas, também, na biblioteca, no centro de
Os conceitos arquivísticos englobam uma infinidade de documentação, sob a forma de publicações, de bancos de
nomenclaturas e termos próprios, muitos desses capazes de dados ou de dossiês temáticos, etc de acordo com Jean-Yves
confundir pela similaridade. Dito isso, será esquematizado Rousseau e Carol Couture, em Os Fundamentos da Disciplina
todo o conteúdo para uma fácil e rápida assimilação, dando Arquivística, Capítulo 2: O Lugar da arquivística na gestão da
ênfase naquilo que vem sendo mais cobrado pela banca nos informação, página 65, 1998.
últimos certames. A informação orgânica arquivística é utilizada pelos se-
tores de trabalho da organização com o objetivo de decidir,
Arquivologia ou Arquivística de agir e de controlar as decisões e as ações empreendidas e,
É a ciência que tem por objetivo o conhecimento dos ar- ainda, a fim de efetuar pesquisas sobre o passado que ponham
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

quivos e das teorias, métodos e técnicas a serem observadas em evidência decisões ou ações efetuadas anteriormente. As-
na sua constituição, organização, desenvolvimento e utiliza- sim, reduzimos as incertezas e fazemos com que a tomada de
ção. As palavras destacadas constituem a chave para o enten- decisões seja mais segura devido aos aprofundamentos do
dimento dessa disciplina. conhecimento da cultura institucional e do processo decisório.
No Setor de Recursos Humanos são armazenadas uma
Pode ser entendida como um dos ramos da Ciência da
quantidade relativamente grande de informações. Temos o
Informação, que engloba também a Biblioteconomia e a Mu- registro da frequência dos empregados, o registro do paga-
seologia. Posteriormente, veremos o que as diferencia. mento de salários, encargos sociais etc. Essas informações
Apresenta-se como ciência capaz de oferecer subsídios são mantidas, produzidas, revisadas a partir das atribuições
para a realização da gestão da informação. Essa caracterís- regimentais do setor, que é de gerenciar os recursos humanos.
tica faz da arquivologia uma ciência ímpar, pois sua principal Entretanto, é possível encontrar outras informações que são
função é auxiliar o gestor, nos diferentes níveis hierárquicos, a mantidas no setor para subsidiar as suas ações, tais como: Diá-
rio Oficial da União, Coleção IOB, Manual da RAIS, CLT, dentre
tomar decisões.
outras. São, portanto, informações não orgânicas.
A disciplina de Arquivologia fornecerá subsídios para a Fonte: http://www.arquivoememoria.files.wordpress.com/Renato Tarciso
449
Gestão da Informação com a função de auxiliar o gestor nos Barbosa de Sousa.
A significação orgânica entre os documentos é caracterís- Art. 3º. Conjunto de procedimentos e operações técni-
450 tica fundamental dos arquivos, de modo que um documento cas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação
destacado de seu conjunto pode perder valor, pois o Arquivo e arquivamento do documento em fase corrente e in-
é um todo orgânico e origina-se das atividades de um órgão e termediária, visando a sua eliminação ou recolhimento
reflete o dia a dia dessas atividades. É, portanto, um organis-
para guarda permanente.
mo vivo que nasce, cresce e sofre transformações. Cada Arqui-
No livro Arquivística, Temas Contemporâneos, Vanderlei
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

vo é um Arquivo, possuindo cada um, características próprias.


Um documento fora de seu dossiê pode não ter significado. Batista dos Santos (org.), Editora Senac, 3ª edição, p. 188 afir-
Fonte: http://www.senado.gov.br/senado. ma: (...) o arquivista, ou o profissional da informação de forma
Para a melhor compreensão do que é Arquivo, devemos co- geral, seja atuante no ciclo decisório que envolve os objetivos
nhecer três conceitos básicos: Documento, Informação e Suporte. institucionais. (...) atuar de forma pró-ativa significa antecipar
demandas e elaborar instrumentos que permitam aos clientes
Documento de informação concatenarem fontes e chegarem às suas pró-
É toda informação registrada em um suporte material, sus- prias decisões com base em insumos de alto valor agregado.
cetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, que comprova ou
atesta os fatos, fenômenos, formas de vida e pensamento do Atribuições do Arquivista
gênero humano em determinada época ou lugar. A Lei nº 6.546, de 04 de julho de 1978, regulamenta a pro-
Atualmente, não devemos mais associar os arquivos ao fissão de arquivista e, em seu Art. 2°, determina quais são as
mero armazenamento de papel. Temos um novo paradigma atribuições do arquivista:
arquivístico, muito mais associado à informação do que neces- 01. planejamento, organização e direção de serviços de
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sariamente ao suporte em que essa informação é armazenada


ou transmitida. arquivo;
02. planejamento, orientação e acompanhamento do pro-
Informação cesso documental e informativo;
É uma ideia ou conhecimento, um elemento de referência 03. planejamento, orientação e direção das atividades de
ou uma mensagem contida no documento. De acordo com o identificação das espécies documentais e participação
Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística por informa- no planejamento de documentos e controle de multi-
ção temos um elemento referencial, noção, ideia ou mensa- cópias;
gem contidos em um documento.
04. planejamento, organização e direção de serviços e
As práticas arquivísticas de acesso e suas normas e orien-
centros de documentação e informação constituídos
tações no contexto informacional estabelecem que o docu-
mento de arquivo exerça sua função social somente ao ser de acervos arquivísticos e mistos;
divulgado e conhecido. É a descrição arquivística que torna 05. planejamento, organização e direção de serviços de
possível ao cidadão e ao pesquisador o acesso às informações microfilmagem aplicada aos arquivos e orientação do
e aos testemunhos contidos nos documentos, situando-os em planejamento da automação aplicada aos arquivos;
seu contexto de produção. O Programa de Assistência Técnica 06. orientação quanto a classificação, arranjo e descrição de
visa a alcançar, a curto e médio prazos, os seguintes resultados: documentos e orientação da avaliação e seleção de docu-
i) conscientização da função social dos arquivos como instru- mentos para fins de preservação;
mento de apoio ao Estado e ao cidadão, bem como à pesquisa
07. adoção de medidas necessárias à conservação de do-
histórica e ao desenvolvimento científico e cultural.
Fonte: Resolução nº 3, de 26 de dezembro de 1995. ARQUIVO NACIONAL. cumentos;
Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ. 08. elaboração de pareceres e trabalhos de complexidade
sobre assuntos arquivísticos e assessoramento aos tra-
Suporte balhos de pesquisa científica ou técnico-administrativa;
É o meio material no qual a informação é registrada. Meio 09. desenvolvimento de estudos sobre documentos cultu-
físico. ralmente importantes.
Ex.: papel, CD, DVD, fotografia, filme.
Ao se tratar com de Documentos de Arquivo devemos con- Atribuições dos Técnicos de Arquivo
siderar que: A mesma Lei, em seu Art. 3º, estabelece quais são as atri-
a) São produzidos ou recebidos; buições dos Técnicos de Arquivo:
b) São recebidos por uma Instituição ou pessoa; 01. recebimento, registro e distribuição dos documentos,
c) São acumulados. bem como controle de sua movimentação;
Documento = Informação + Suporte 02. classificação, arranjo, descrição e execução de demais
Profissional da Informação tarefas necessárias à guarda e conservação dos docu-
O Decreto nº 82.590/1978 regulamenta a profissão criada mentos, assim como prestação de informações relati-
pela Lei 6.546, de 4 de julho de 1978, que, pela evolução em suas vas aos mesmos;
atribuições passou a ser denominada de “gestão de documentos” 03. preparação de documentos de arquivos para microfil-
que é definida pela Lei 8.159/1991: magem e conservação e utilização do microfilme;
04. preparação de documentos de arquivo para processa- arquivos não têm interesses, paixões, vontades
mento eletrônico de dados. ou ambições, eles simplesmente registram.
No Art. 4º da referida lei temos, ainda: O exercício das
profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo depende de Princípios Arquivísticos
registro na Delegacia Regional do Trabalho do Ministério do Como toda ciência, a Arquivologia é composta e regida por
Trabalho, que foi regulamentado pelo Decreto nº 93.480, de princípios e conceitos. Alguns são mais cobrados pelas bancas,
29 de outubro de 1986. E em seu Art. 5º a Lei nº 6.546/1978 outros nem tanto. Dentre os que mais aparecem em questões de
diz: Não será permitido o exercício das profissões de Arquivista concursos, destacam-se:
e de Técnico de Arquivo aos concluintes de cursos resumidos, ▷ Proveniência ou respeito aos fundos: respeitar que
simplificados ou intensivos, de férias, por correspondência ou todos os documentos recebidos ou produzidos de-
avulsos. vem ser imediatamente anexados à pasta do fun-
Os arquivistas devem obedecer às naturezas dos documen- cionário. Visa fixar a identidade dos documentos
tos, pois documentos sigilosos não devem ter seu conteúdo relativa ao seu produtor. Os documentos devem ser
divulgado enquanto permanecerem sob sigilo. De acordo com observados e organizados segundo a competência e
o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, acesso sig- as atividades da instituição ou de uma pessoa; de-
nifica a “possibilidade de consulta a documentos e informações vem manter individualidade, não sendo misturados
ou a Função arquivística destinada a tornar acessíveis os docu- aos de origem diversa. Os documentos são arquiva-
mentos e a promover sua utilização”. dos respeitando-se a separação por pessoa, setor,
divisão, departamento e instituição de origem. O
Documentos de Arquivo Objetivo desta separação é facilitar o acesso, a con-
Conceitualmente, são aqueles mantidos por uma institui- sulta e o manuseio para acelerar a acessibilidade à
ção ou pessoa ao longo de suas atividades administrativas, informação contida no documento. Ao tratar docu-
com valor de prova. Os documentos de arquivo são produzidos mentação de uso não corrente deve-se obedecer ao
ou recebidos. Isso significa que são acumulados dessa forma. princípio da proveniência, segundo o qual, devem
Os documentos de arquivo apresentam as seguintes caracte- ser mantidos reunidos, num mesmo fundo, todos
rísticas: os documentos provenientes de uma mesma fonte
▷ Autenticidade: está ligada ao processo de criação, geradora de arquivo.
manutenção e custódia; os documentos são produ- ▷ Organicidade: também chamado de Respeito pela
tos de rotinas processuais que visam ao cumprimen- Estrutura. Este princípio reflete a estrutura, as fun-
to de determinada função ou consecução de alguma ções e as atividades da instituição produtora ou
atividade; e são autênticos, quando são criados e acumuladora em suas relações internas e externas.
conservados, de acordo com procedimentos regu- Os documentos não devem ser misturados com de

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lares que podem ser comprovados a partir dessas outras entidades produtivas. Para verificar a sua
rotinas estabelecidas. organicidade enquanto documento de arquivo, é
Os documentos devem possuir marcas, sinais ou necessário fazer a vinculação do documento com a
símbolos que indicam sua origem. Não devemos estrutura da empresa e suas atividades, se o docu-
confundir com veracidade da informação, pois esta mento reflete essa estrutura ele é orgânico, se não
pode ser falsa ou verdadeira. refletir não é orgânico.
▷ Naturalidade: os registros arquivísticos não são co- Relação orgânica são os vínculos que os documentos ar-
letados artificialmente, mas acumulados de modo quivísticos guardam entre si e que expressam as funções e ati-
natural nas instituições, em função das atividades vidades da pessoa ou organização que os produziu.
desenvolvidas por elas; os registros arquivísticos se ▷ Unicidade: qualidade pela qual os documentos de
acumulam de maneira contínua e progressiva. São arquivo, a despeito de forma, espécie ou tipo, con-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

como sedimentos sobrepostos e isso os dotam de um servam caráter único em função de seu contexto de
elemento de coesão natural, embora estruturada. origem.
▷ Inter-relacionamento: os documentos estabelecem
▷ Integridade: um fundo deve ser preservado sem
relações no decorrer do andamento das transações
dispersão, mutilação, alienação, destruição não au-
para as quais foram criados; eles estão ligados por
torizada ou acréscimo indevido.
um elo que é criado no momento em que são produ-
zidos ou recebidos; os registros arquivísticos são um ▷ Cumulatividade: os documentos possuem uma
conjunto indivisível de relações. formação progressiva, natural e orgânica. Este
▷ Unicidade: cada registro documental assume um lu- princípio é fundamentado pelas ideias do italiano
gar único na estrutura documental do grupo ao qual Elio Lodolini ao afirmar que o arquivo é uma infor-
pertence. mação espontânea, natural e sedimentar já que o
▷ Imparcialidade: os documentos só servem à admi- documento de arquivo é aquele que foi produzido
nistração e são isentos de parcialidade. Os docu- no transcurso de uma atividade administrativa.
mentos são inerentemente verdadeiros, livres da O princípio da cumulatividade é um dos princípios funda-
suspeita de preconceito no que diz respeito aos mentais que rege a organização dos arquivos e serve de base 451
interesses em nome dos quais são usados hoje. Os à análise tipológica dos documentos arquivísticos. A análise
tipológica dos documentos pressupõe conhecimento dos prin- formas adequadas de acondicionamento, levando
452 cípios arquivísticos: a estrutura orgânico-funcional da insti- em consideração temperatura, umidade e demais
tuição; as reorganizações; o fluxo de informação; as funções/ aspectos que possam danificá-los os mesmos.
atividades definidas por lei e as atípicas. O Princípio da Cumu- ▷ Atendimento aos pedidos de consulta e desarqui-
latividade também pode ser conhecido por Naturalidade. vamento de documentos pelos diversos setores da
▷ Ordem original: levam-se em consideração as rela- instituição, de forma a atender rapidamente à de-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

ções estruturais e funcionais que presidem a gênese manda pelas informações ali depositadas.
dos arquivos. Além dessas funções principais, podemos destacar outras
Pelo Princípio do respeito à Ordem Original o arquivo deve de relativa importância, como a expedição da correspondên-
conservar o arranjo dado pela entidade produtora, pois a apli- cia, criação dos modelos para documentos e criação das nor-
cação deste princípio garante a manutenção da organicidade mas de gestão documental da instituição.
dos documentos de arquivo. Saliente-se que este princípio não
faz referência à ordem material, ele faz referência à ordem in- Características dos Arquivos
telectual de acumulação dos documentos.
Os Arquivos possuem as seguintes características bási-
▷ Territorialidade: jurisdição a que pertence cada do- cas:
cumento de acordo com a área territorial, a esfera de
poder e o âmbito administrativo em que foi produ- I. A exclusividade de criação e recepção por uma repar-
zido e recebido (nacional, regional e institucional). tição, firma ou instituição.
O princípio da Territorialidade, portanto, tem entre seus ob- II. A origem no curso de suas atividades, devendo os do-
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jetivos a necessidade de manter os documentos no território em cumentos servir de prova de transações realizadas e
que foram produzidos, haja vista que, alguns postulados jurídi- o caráter orgânico que liga o documento aos outros
cos de um Estado só são válidos e aplicáveis dentro dos limites do mesmo conjunto. Segundo Solon Buck, ex-arqui-
territoriais em que esse Estado exerce a sua soberania. vista dos Estados Unidos, no livro de Marilena Leite
▷ Princípios da legalidade: os registros arquivísticos Paes, Arquivo: Teoria e Prática, (...) Desse conceito,
são provas confiáveis das ações a que se referem e podemos deduzir três características básicas que dis-
devem essa confiabilidade às circunstâncias de sua tinguem os arquivos:
criação e às necessidades de prestar contas. 01. Exclusividade de criação e recepção por uma reparti-
▷ Imprescritibilidade: princípio pelo qual é assegu- ção, firma ou instituição. Não se considera arquivo uma
rado ao Estado o direito sobre os arquivos públicos, coleção de manuscritos históricos reunidos por uma
sem limitação de tempo, por serem estes conside- pessoa.
rados bens públicos inalienáveis. 02. Origem no curso de suas atividades – os documentos de-
▷ Inalienabilidade: princípio pelo qual é impedida a vem servir de prova de transações realizadas.
alienação de arquivos públicos a terceiros. 03. Caráter orgânico que liga o documento aos outros do
mesmo conjunto. Um documento, destacado de seu
▷ Pertinência Territorial: é um princípio que possui
conjunto, do todo a que pertence, significa muito me-
um conceito oposto ao do princípio da proveniência
nos do que quando em conjunto...”
e segundo o qual, documentos ou arquivos, deveriam
ser transferidos para a custódia de arquivos com juris- Para alcançar esses objetivos, é necessário que o arquivo
dição arquivística sobre o território ao qual se reporta disponha dos seguintes requisitos:
o seu conteúdo, sem levar em conta o lugar em que ▷ Contar com pessoal qualificado e em número sufi-
foram produzidos. ciente.
▷ Princípio da Pertinência: princípio segundo o qual ▷ Estar instalado em local apropriado.
os documentos deveriam ser reclassificados por as- ▷ Dispor de instalações e materiais adequados.
sunto sem ter em conta a proveniência e a classifica- ▷ Utilizar sistemas racionais de arquivamento, funda-
ção original. Também pode aparecer em suas provas mentados na teoria arquivística moderna.
com o nome de princípio temático.
▷ Contar com normas de funcionamento.
▷ Princípio da Reversibilidade: princípio segundo o
▷ Contar com dirigente qualificado, preferencialmente
qual todo procedimento ou tratamento empreendi-
formado em Arquivologia.
do em arquivos pode ser revertido, se necessário.
A importância do arquivo para a instituição está associada
Função do Arquivo ao aumento expressivo do volume de documentos que ela se
▷ Guardar e organizar os documentos que circulam utiliza no exercício de suas atividades e a necessidade de se
na instituição, tornando disponíveis as informações estabelecerem critérios de guarda e de eliminação de docu-
mantidas sob sua guarda, utilizando, para isso, téc- mentos quando estes já não são mais úteis para a organização.
nicas que permitam um arquivamento ordenado e A adoção de técnicas arquivísticas adequadas permite não
eficiente (Valor Primário). apenas a localização eficiente da informação desejada, mas
▷ Garantir a preservação dos documentos, utilizando também a economia de recursos para a instituição.
Distinção entre Arquivo, sa adquirir, com o tempo, caráter cultural, a partir do caráter
histórico que alguns de seus documentos podem adquirir.
Biblioteca e Museu A presença de peças tridimensionais em um conjunto do-
Embora arquivo, museu e biblioteca tenham a mesma fi- cumental indica tratar-se de museu e os documentos de mu-
nalidade (guardar documentos), seus objetivos são diferentes, seus são peças e objetos de valor cultural, tendo os mais varia-
tendo em vista os tipos documentais que cada instituição trata. dos tipos e dimensões e, por serem objetos, são caracterizados
Objetivos Comuns como tridimensionais.
As finalidades da biblioteca e do museu são didáticas,
Guardar documentos
culturais, técnicas ou científicas. A diferença entre os ar-
Preservar documentos quivos e as bibliotecas pode ser reconhecida na função
administrativa que os arquivos têm para uma organiza-
Dar acesso aos documentos ção pública ou privada, diferentemente da função cultural
das bibliotecas, pois o arquivo caracteriza-se por ser um
Arquivo
conjunto orgânico, resultado das atividades de uma pes-
É o conjunto de documentos criados ou recebidos (acu- soa física ou jurídica, e não uma coleção de documentos
mulados) por uma instituição ou pessoa, no exercício de sua de diversas fontes. O arquivo de um órgão é o conjunto
atividade, preservados para garantir a consecução de seus ob- de documentos recebidos ou expedidos por esse órgão no
jetivos. Os documentos não são objetos de coleção (escolha exercício de suas atividades. Esse conjunto de documentos
artificial) e sim da acumulação natural, no decurso de ativida- pode ser formado por qualquer espécie documental. A bi-
des administrativas.
blioteca é um órgão colecionador, enquanto o arquivo é um
Relembrando: os documentos de Arquivo são produzidos órgão receptor. As finalidades da biblioteca e do museu são
ou recebidos. Isto significa que são acumulados dessa forma. didáticas, culturais, técnicas ou científicas.
Sua função é guardar e organizar os documentos, tornan- Quadro comparativo entre biblioteca, museu e arquivo:
do disponíveis as informações mantidas sob sua guarda. E sua
Diferenças
finalidade é servir à Administração e secundariamente servir
à História. Biblioteca e Museu Arquivo

Os documentos de arquivos provêm de atividades pú- Objetivos Culturais Objetivos Funcionais

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blicas ou privadas, servidas pelo arquivo e são produzidos
um único exemplar ou em número restrito de cópias. Há, Provêm de várias fontes
Provém somente das ativi-
(colecionadores, doações,
assim, uma significação orgânica entre os documentos. Sa- Objetivos dades públicas ou privadas
compra)
liente-se que o Princípio da Cumulatividade afirma que os
arquivos são uma formação progressiva, natural e orgânica. Há um número de cópias
Existem vários exemplares
restritas
Dentro de sua finalidade funcional, preservam as informa-
ções que evidenciam o funcionamento da instituição ao longo
Conjunto (refere-se a uma
do tempo. Unidades isoladas
atividade)

Biblioteca Avaliar Caráter revogável Caráter irrevogável


NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

É o conjunto de material, em sua maioria, impresso e não


produzido pela instituição em que está inserida. Normalmente Questão de conveniência Normalmente se encontra
e não de preservação em uma única via
constituída de coleções temáticas.
A biblioteca tem finalidade essencialmente cultural – Métodos determinados Métodos variáveis de
Classificar
guardar informações para estudo. Seus documentos são acu- previamente acordo com o órgão
mulados por meio de compra, doação ou permuta.
Descrição Unidades discriminadas Conjunto de documentos
Museu
É uma instituição de interesse público, criada com a fina- Classificação dos Arquivos
lidade de conservar, estudar e colocar à disposição do público ї Os arquivos podem ser classificados em 4 tipos:
conjuntos de peças e objetos de valor cultural. ▷ Quanto à entidade mantenedora
Podemos verificar que, enquanto o arquivo tem finalidade » Público ou privado.
funcional, a finalidade das bibliotecas e dos museus é essen- ▷ Quanto à natureza dos documentos 453
cialmente histórica e cultural, embora o arquivo também pos- » Especial ou especializado.
▷ Quanto ao estágio de evolução Quanto ao Estágio de Evolução
454 » Intermediário ou Corrente. ou Teoria das Três Idades
▷ Quanto à extensão de sua atuação Ciclo Vital Arquivístico
» Setorial ou central. Corrente Intermediário Permanente
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Quanto à Entidade Mantenedora Aqueles que


Ainda em Consultados esporadica-
serão arquivados
tramitação mente
▷ Dividem-se em público e privado. definitivamente
Normalmente, por já
Público Também terem cumprido seu
Não serão jamais
chamado de objetivo administrativo,
Órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, eliminados
aquivos ativos são transferidos para um
nas esferas Federal, Estadual, Municipal e do DF. Também são arquivo central
considerados públicos os arquivos das Fundações Públicas e Cumprem prazos

Características
Possuem valor
prescricionais e
Empresas Públicas. administrativo Valor secundário,
precaucionais antes de
para a orga- ou seja, históri-
sua destinação final
Art. 7º, Lei 8.159/1991. Os arquivos públicos são os nização, valor co-cultural
(guarda permanente ou
conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no primário
destruição)
exercício de suas atividades, por órgãos públicos de Definido devido
a sua frequente Arquivos chamados Arquivo são aber-
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âmbito federal, estadual, do distrito federal e muni-


utilização e também de semiativos tos ao público
cipal em decorrência de suas funções administrativas, consulta
legislativas e judiciárias;
Arquivos fecha- Possuem também valor São chamados de
§ 1º. São também públicos os conjuntos de docu- dos ao público primário arquivos inativos
mentos produzidos e recebidos por instituições de
Arquivos fechados ao
caráter público, por entidades privadas encarrega- público
das da gestão de serviços públicos no exercício de Documentos que
suas atividades. Protocolo,
contam a história
Exemplo

arquivamen-
da organização:
to, consulta,
Privado empréstimo,
sua origem, con-
stituição, normas
São aqueles mantidos por instituição de caráter particular. expedição
e regulamentos
Exemplos: arquivo de instituições financeiras, arquivo de gran- Arquivos Correntes
des redes de lojas, arquivo de imprensa. São os arquivos que guardam os documentos mais novos
e mais utilizados pela instituição. No arquivo corrente, os do-
Existe, ainda, na doutrina, a seguinte divisão: públicos, cumentos possuem grande frequência de uso e possuem fim
institucionais, comerciais, pessoais ou familiares. Sobre administrativo.
isso, devemos lembrar que os institucionais, comerciais, Segundo essa teoria, os documentos de arquivo passam
por três estágios distintos de arquivamento, de acordo com
pessoais ou familiares devem ser entendidos como arqui- a frequência de utilização, a utilidade administrativa para a
vos privados. instituição e o valor intrínseco do documento. Geralmente, as
questões de prova podem ser facilmente respondidas obser-
Quanto à Natureza dos Documentos vando-se as seguintes características:
Podem ser especiais ou especializados. 1ª IDADE – Arquivo Corrente – valor primário – uso restrito
aos produtores do documento. Estes arquivos também podem
Arquivos Especiais ser chamados de Arquivo Corrente, Arquivo Ativo ou Arquivo de
São arquivos cuja forma física (suporte) dos documen- Movimento. São consultados frequentemente pelos administra-
dores ou gestores, assim, devem permanecer em locais de fácil
tos exige cuidado especial, diferenciado, por causa da sua acesso. Os documentos que fazem parte desse arquivo possuem
preservação ou manuseio. Exemplos: foto, filme, negativo, elevado Valor Primário.
microfilme. 2ª IDADE – Arquivo Intermediário - documentos que
aguardam destinação final – depósito temporário – valor pri-
Especializados mário – acesso com autorização do órgão produtor. Estes ar-
São aqueles que mantêm em sua guarda documentos de de- quivos também podem ser chamados de Arquivo Semiativo,
terminada área do conhecimento, relacionados a assunto especí- Arquivo Intermediário, “limbo” ou “purgatório” e deixaram de
ser consultados com frequência, portanto, não é necessário
fico. Exemplo: arquivo médico, arquivo cartográfico, arquivos de conservá-lo próximo ao local de uso, todavia, ainda possuem
engenharia. Valor Primário. Um dos motivos que fazem com que esses ar-
quivos permaneçam distante do local de uso é em função dos Saliente-se que a transferência e o recolhimento são fei-
custos de manutenção dos mesmos. tos em razão da frequência de uso do documento e não do
3ª IDADE – Arquivo Permanente - é o arquivo propriamente seu valor. Assim, a divisão em corrente, intermediário e per-
dito – valor secundário e histórico. Estes arquivos são chamados manente são gradações de frequência de uso e não de valor
de Arquivo Inativo, Arquivo Permanente ou Arquivo de Custó- documento.
dia. Os documentos que estão neste arquivo perderam seu valor Observe, todavia, que as Bancas têm colocado em suas
de natureza administrativa, no entanto, conservam seu valor his- provas a existência de uma gradação de valor, ou seja, há uma
tórico e documental, portanto, possuem Valor Secundário: his- diminuição do valor primário, assim, os documentos serão
tórico, probatório ou informativo. É o arquivo propriamente dito. transferidos para o Arquivo Intermediário.
Arquivo Corrente - é onde se localizam os documentos O arquivo intermediário também pode ser chamado de
mais utilizados, sendo esta, a fase em que são criados os do- transitório, pois os documentos que estão no arquivo interme-
cumentos e sua tramitação é acentuada, bem como, o índice diário conservam a classificação que lhes foi dada no arquivo
de consultas elevado, assim, sua localização deve ser de fácil corrente. Aqueles que produziram o documento mantém po-
acesso. der sobre o mesmo podendo dar autorização para que outros
Os documentos com alta frequência de uso ou com grande o consultem. O arquivo deve, portanto, ser dirigido por profis-
possibilidade de uso fazem parte de um Arquivo Corrente e um sionais de arquivo conhecedores dos métodos tradicionais de
documento de elevado valor primário deve permanecer próxi- classificação e elaboração de instrumentos de pesquisa.
mo ao seu local de uso em função de constantes consultas por De acordo com Marilena Leite Paes na obra Arquivo: Teoria e
parte dos gestores ou administradores. Prática, tratando-se do arquivo intermediário: Sua função princi-
Arquivo corrente, para alguns autores, também pode ser pal consiste em proceder a um arquivamento transitório, isto é, em
denominado: arquivo de prosseguimento, arquivo imediato, assegurar a preservação de documentos que não são mais movi-
arquivo de andamento, arquivo de vigilância ou arquivo “fol- mentados, utilizados pela administração e que devem ser guarda-
low up”. dos temporariamente, aguardando pelo cumprimento dos prazos
estabelecidos pelas comissões de análise ou, em alguns casos, por
Os arquivos correntes localizam-se nos próprios setores
um processo de triagem que decidirá pela eliminação ou arquiva-
que produzem/recebem os documentos (arquivos setoriais)
mento definitivo, para fins de prova ou de pesquisa.
ou em locais próximos a estes (arquivo central/geral).
As principais rotinas que envolvem o arquivamento na fase Arquivo Permanente
corrente são: De acordo com a Lei 8.159, de 8 de janeiro de 1991:
▷ Inspeção: verificação se realmente o arquivo desti- Art. 8º, § 3º. Consideram-se permanentes os docu-
na-se ao arquivamento, pois pode ser apenas para mentos de valor histórico, probatório e informativo e
anexar ou apensar ou simplesmente para ser forne- devem ser definitivamente preservados.

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cida uma informação. Ou seja, são os documentos que possuem Valor Secundá-
▷ Análise: consiste em classificar e determinar como rio. São os arquivos que guardam os documentos que, já tendo
será codificado, caso não tenha sido feita a classifi- cumprido seu fim administrativo, sua função administrativa,
cação no protocolo. agora são preservados e conservados pelo seu valor histórico
▷ Ordenação: dispor os documentos conforme a co- para a Instituição (valor secundário).
dificação. ї Dicas que ajudarão a identificá-lo:
▷ Arquivamento: inserir o documento na unidade pré- ▷ É o arquivo em que os documentos já perderam seu
-estabelecida. valor administrativo e são guardados pelo seu valor
▷ Empréstimo ou consulta: retirada para empréstimo histórico, probatório ou informativo.
ou consulta. ▷ Permitem conhecer a História da Instituição.
▷ Revelam a origem e constituição da Instituição.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Arquivo Intermediário
▷ Os documentos desta fase jamais serão eliminados.
São os arquivos que guardam os documentos utilizados
com menor frequência pela instituição. No arquivo interme- ї Processo mnemônico:
diário, os documentos possuem baixa frequência de uso, mas
1ª idade Corrente Valor primário
ainda possuem fim administrativo.
ї Devemos lembrar que: 2ª idade Intermediário Valor primário
▷ É a fase em que os documentos ainda têm valor ad-
ministrativo, mas são pouco consultados. 3ª idade Permanente Valor secundário
▷ A sua transferência para o arquivo intermediário
permite que os setores otimizem seu espaço. Valor do Documento
▷ Não há necessidade de serem conservados próximos O documento só é guardado e preservado pela instituição
aos setores. porque possui algum valor. Esse valor pode ser Administrativo
▷ Nesta fase, os documentos aguardam sua destinação ou Histórico.
final (eliminação ou guarda permanente – aqueles A Arquivologia denomina o valor administrativo como va- 455
que possuem valor histórico para a instituição). lor primário.
ї Sobre o valor primário, é preciso lembrar-se de que: ▷ Sonoros.
456 ▷ Serve à Administração dando suporte/apoio às ativi- ▷ Filmográficos.
dades da instituição. ▷ Informáticos ou digitais.
▷ É um valor temporário – em determinado momento ▷ Cartográficos.
o valor administrativo irá acabar (quando ocorre a ▷ Micrográficos.
destinação final).
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Escritos ou textuais
▷ Todo documento nasce com valor administrativo.
Documentos cuja informação esteja manuscrita ou impres-
▷ Finalidade: servir à administração. sa. Exemplos: contrato, atas, relatórios, certidões.
A Arquivologia denomina o valor histórico como valor se- Iconográficos
cundário.
Documentos cuja informação esteja em forma de imagem
ї Sobre o valor secundário, lembre-se de que: estática. Exemplos: fotografias, negativos, diapositivos (sli-
▷ Está presente no documento que perdeu seu valor des), desenho e gravuras.
administrativo, mas adquiriu valor histórico.
Sonoros
▷ Serve de fonte de pesquisa para terceiros e/ou para
Documentos cuja informação esteja em forma de som/áu-
própria instituição.
dio. Exemplos: escuta telefônica, gravador analógico.
▷ Finalidade: servir à História.
Filmográficos
▷ O documento que possuir valor secundário será re-
colhido ao Arquivo Permanente. Documentos cuja informação esteja em forma de imagem
Ş
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em movimento (com ou sem som). Exemplos: películas filmo-


▷ O documento de valor secundário jamais poderá ser
eliminado. gráficas, filmagens, vídeos.
Informáticos ou Digitais
Quanto à Extensão de sua Atuação Documentos gravados em meio digital e que, por isso,
Classificação relativa ao local de instalação do arquivo. necessitam de equipamentos eletrônicos para serem lidos.
Arquivos Setoriais Exemplos: arquivo em MP3, arquivo do Word, etc.
São aqueles instalados nos setores que utilizam os docu- Cartográficos
mentos de uso constante e cotidiano. Dicas: Documentos que representem, de forma reduzida, uma
▷ É um arquivo descentralizado. área maior. Exemplos: mapas e plantas de engenharia.
▷ Cada setor de trabalho possui o seu.
Micrográficos
Arquivos Centrais Documentos em microformas. Exemplos: microfilmes e
São aqueles localizados fora do local de trabalho e acumu- microfichas.
lam, em um único local, documentos provenientes dos diver-
sos setores da instituição, de forma centralizada. Espécie/Tipologia Documental
Enquanto a Espécie é a denominação que se dá ao aspecto
Classificação dos Documentos formal de um documento, a Tipologia Documental correspon-
O Arranjo e a Classificação têm o mesmo significado, pois, de à denominação que se dá quando reunimos determinada
segundo Schellenberg, classificação, em se tratando de docu- espécie à função ou atividade que o documento irá exercer.
mentos públicos, significa o arranjo dos mesmos segundo um A doutrina admite diversas espécies documentais. Exemplos:
plano destinado a facilitar o seu uso corrente. ofício, memorando, declaração, certidão.
Os documentos de arquivos possuem as seguintes classi- Da mesma forma, dentre as diferentes espécies, encon-
ficações: tramos tipos peculiares. Exemplos: declaração de imposto de
▷ Gênero. renda, certidão de nascimento.
▷ Espécie/tipologia documental. ї Exemplos de Espécie e Tipo Documental:
▷ Forma.
▷ Formato. Espécie Tipologia
▷ Natureza do assunto.
Contrato Contrato de locação
Gênero
Esta classificação está relacionada ao suporte no qual a Alvará Alvará de funcionamento
informação é registrada; o gênero proporciona ao arquivis-
ta o devido tratamento ao documento, especialmente nas Certidão Certidão de casamento
políticas de conservação e preservação. Existem sete tipos
diferentes de gênero documental:
▷ Escritos ou textuais. Declaração Declaração de Imposto de Renda
▷ Iconográficos.
Forma Art. 3º, os procedimentos previstos nesta lei destinam-
se a assegurar o direito fundamental de acesso à infor-
É a classificação relacionada quanto à forma do estágio
mação e devem ser executados em conformidade com
de preparação do documento. São as formas documentais:
os princípios básicos da administração pública e com as
rascunho ou minuta; original e cópia. O original é o docu-
seguintes diretrizes:
mento com o sinal de subscrição (ou assinatura), que lhe dá
autenticidade jurídica e arquivística. O rascunho é o docu- I. Observância da publicidade como preceito geral
mento com rasuras ou anotações suplementares, anterior à e do sigilo como exceção;
elaboração do original. A minuta não é rascunho e sim um II. Divulgação de informações de interesse público,
pré-original, com um aspecto limpo, elaborado, mas sem a independentemente de solicitações;
assinatura da autoridade responsável. E a cópia é o teor do- III. Utilização de meios de comunicação viabiliza-
cumental reproduzido na íntegra. dos pela tecnologia da informação.
Decreto nº 7.845, de 14 de novembro de 2012 regulamenta
Formato os procedimentos para credenciamento de segurança e trata-
Denomina-se formato de um documento o seu aspecto mento de informação classificada em qualquer grau de sigilo,
físico, independentemente da informação nele registrada. e dispõe sobre o Núcleo de Segurança e Credenciamento e
São formatos documentais: ficha, livro, caderno, pergaminho, sobre a Reprodução:
apostila, etc. Art. 33: A reprodução do todo ou de parte de docu-
mento com informação classificada em qualquer grau
Natureza do Assunto de sigilo terá o mesmo grau de sigilo do documento;
Em relação à natureza dos assuntos, ou seja, o grau ou § 1º A reprodução total ou parcial de informação classi-
nível de acessibilidade às informações contidas nos documen- ficada em qualquer grau de sigilo condiciona-se à auto-
tos, eles são classificados como ostensivos ou sigilosos. rização expressa da autoridade classificadora ou autori-
dade hierarquicamente superior com igual prerrogativa;
Ostensivos
§ 2o As cópias serão autenticadas pela autoridade clas-
É a classificação dada ao documento cuja divulgação não
sificadora ou autoridade hierarquicamente superior com
prejudica a segurança ou as atividades desenvolvidas pela insti- igual prerrogativa.
tuição. O documento ostensivo pode ser de livre conhecimento
Art. 34. Caso a preparação, impressão ou reprodução
do público em geral.
de informação classificada em qualquer grau de sigilo
Sigilosos for efetuada em tipografia, impressora, oficina gráfica
Documento que, por sua natureza, deve ser de conheci- ou similar, essa operação será acompanhada por pes-
mento restrito. soa oficialmente designada, responsável pela garantia
do sigilo durante a confecção do documento.

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ŝ#-ŝŦ
A Legislação brasileira prevê apenas três graus de sigilo
– ultrassecreto, secreto e reservado – nos documentos, por- O recebimento de documento sigiloso deve ser informado
tanto, fique atento, quando questões fazem referência aos ao remetente no menor prazo de tempo possível e de acordo
documentos confidenciais. Documentos Confidenciais NÃO com o Decreto nº 7.845, de 14 de novembro de 2012 em seu
Art. 29: Cabe aos responsáveis pelo recebimento do documen-
possuem previsão em nossa legislação. Todavia, é bom ter co-
to com informação classificada em qualquer grau de sigilo, in-
nhecimento que documento confidencial não requer alto grau
dependente do meio e formato:
de segurança, mas seu conhecimento por pessoa não autori-
zada pode ser prejudicial ou criar embaraços administrativos. I. Registrar o recebimento do documento;
01. Ultrassecreto II. Verificar a integridade do meio de recebimento e
registrar indícios de violação ou de irregularidade,
Excepcional grau de segurança. Conhecimento somente
comunicando ao destinatário, que informará ime-
de pessoas intimamente ligadas ao seu estudo e manuseio.
diatamente ao remetente; e
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Possui prazo máximo de restrição de acesso à informação de


25 anos que entra em vigor a partir da data de sua produção. III. Informar ao remetente o recebimento da infor-
mação, no prazo mais curto possível.
02. Secreto
A Lei de Acesso à informação – Lei nº 12.527, de 18 de no-
Alto grau de segurança. Acesso a pessoas autorizadas.
vembro de 2011:
Possui prazo máximo de restrição de acesso à informação de
15 anos que entra em vigor a partir da data de sua produção. Art. 12: O serviço de busca e fornecimento da informa-
ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de
03. Reservado
documentos pelo órgão ou entidade pública consultada,
Não deve ser do conhecimento do público em geral. Pos- situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o
sui prazo máximo de restrição de acesso à informação de 5 valor necessário ao ressarcimento do custo dos serviços
anos que entra em vigor a partir da data de sua produção. e dos materiais utilizados.
Não há impedimento legal para a reprodução de documento Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos
classificado como sigiloso, pois, de acordo com a Lei nº 12.527, de previstos no caput todo aquele cuja situação econô-
18 de novembro de 2011: mica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento
Art. 1º. (....), com o fim de garantir o acesso a informa- próprio ou da família, declarada nos termos da Lei nº 457
ções (...). 7.115, de 29 de agosto de 1983.
Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011 feito de forma transparente e com respeito à intimidade,
458 Os documentos ditos sigilosos eram regulados pela Lei vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às
8.159/1991, cujos artigos foram revogados pela Lei 12.527 de liberdades e garantias individuais.
18 de novembro de 2011, que, a partir de então, estabelece as § 1o as informações pessoais, a que se refere este artigo, re-
regras para os diferentes graus de sigilo. lativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
Vale destacar, ainda, em se tratando de graus de sigilo dos I. terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
documentos, a mesma Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011:
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem)


Art. 7º, § 2º. Quando não for autorizado acesso integral anos a contar da sua data de produção, a agentes pú-
à informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegu- blicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se
rado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, referirem; e
extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
O processo descrito é de responsabilidade da Comissão Mis- II. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
ta de Reavaliação de Informações, conforme o determinado pela terceiros diante de previsão legal ou consentimento ex-
Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, em seu Art. 35, inciso I. presso da pessoa a que elas se referirem.
Seção II § 2º aquele que obtiver acesso às informações de que
Da classificação da informação trata este artigo será responsabilizado por seu uso in-
quanto ao grau e prazos de sigilo devido.
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e enti- Não poderá ter acesso negado à informação necessária à
dades públicas, observado o seu teor e em razão de tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou O § 1º do Art. 24 Da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
do estado, poderá ser classificada como ultrassecreta,
2011, dispõe que os prazos máximos de restrição de acesso à
Ş
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secreta ou reservada.
§ 1º os prazos máximos de restrição de acesso à infor- informação, conforme a classificação prevista no caput, vigo-
mação, (...), a partir de sua produção (...): ram a partir da data de sua produção e são os seguintes:
I. ultrassecreta: 25 anos; I. ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II. secreta: 15 anos;
III. reservada: 5 anos. II. secreta: 15 (quinze) anos; e
§ 2º as informações que puderem colocar em risco a III. reservada: 5 (cinco) anos.
segurança do presidente e vice-presidente da repúbli-
ca e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classifica- Você deve ter observado que a referida lei só traz três
das como reservadas e ficarão sob sigilo até o término graus de sigilo, excetuando-se o grau confidencial.
do mandato em exercício ou do último mandato, em
caso de reeleição. Prazo de Guarda dos Documentos
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, po- O prazo de guarda dos documentos é o período em que o
derá ser estabelecida como termo final de restrição de documento deve ser mantido nos arquivos corrente e interme-
acesso a ocorrência de determinado evento, desde que
este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de diário, e vincula-se à determinação do valor do documento, de
classificação. acordo com os seguintes fatores:
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o ▷ Frequência do uso das informações contidas nos do-
evento que defina o seu termo final, a informação tornar- cumentos.
se-á, automaticamente, de acesso público. ▷ Existência de leis ou decretos que regulem a prescri-
Seção v ção legal dos documentos (prazo prescricional).
Das informações pessoais ▷ Existência de outras fontes com as mesmas informa-
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser ções (documentos repetitivos).

Centro de
Arquivo Biblioteca Museu
documentação
Manuscritos, impressos, Impressos, manuscritos, Objetos bi/tridimension- Audiovisuais (reproduções) Exemplar
Tipo de Suporte
audiovisuais, exemplar único audiovisuais, exemplares, ais, exemplar único único ou múltiplo
Coleção, documentos Coleção, documentos unidos
Fundos, documentos unidos Coleção, documentos
Tipo de Conjunto unidos pelo conteúdo ou
pela origem unidos pelo conteúdo pelo conteúdo
pela função
Atividade humana Atividade humana, a
Produtor A máquina administrativa Atividade humana
individual e coletiva natureza
Culturais, científicos,
Administrativos, jurídicos, Culturais, artísticos,
Fins de Produção técnicos, artísticos, Científicos
funcionais, legais funcionais
educativos
Fins de Produção Provar, testemunhar Instruir, informar Informar e Entreter Informar

Entrada de Passagem natural de fonte Compra, doação, permu- Compra, doação, permu-
Compra, doação, pesquisa
documentos geradora única ta de fontes múltiplas ta, de fontes múltiplas
Registro, arranjo, descrição: Tombamento, classi- Tombamento, cata- Tombamento, classificação cata-
Processamento
guias, inventários, catálogos ficação, catalogação, logação, inventários, logação, fichários ou
técnico etc. fichários catálogos computador
Grande público e pesqui- Grande público e pesqui-
Público Administrador e pesquisador Pesquisador
sador sador

▷ Necessidade de guarda de documentos por precau- Transferência


ção, em virtude das práticas administrativas (prazos
precaucionais). É a passagem dos documentos da fase corrente para a in-
termediária.
Destinação Final dos Documentos
Todo documento, seguindo o ciclo vital, deverá ser enca- Recolhimento
minhado à sua destinação final, que irá ocorrer no momento É a passagem dos documentos das fases corrente e inter-
em que ele perder seu valor administrativo ou valor primário. mediária para a fase permanente.
Existem duas situações, a saber: Ao longo do ciclo vital dos documentos, existem quatro
▷ Eliminação. possibilidades:
▷ Recolhimento. ▷ O documento foi criado na fase corrente; cessada
Eliminação essa fase, ele será eliminado sem passar pela fase
intermediária.
Ocorre quando o documento perde o valor administrativo
e não apresenta valor histórico. ▷ O documento foi criado na fase corrente, cumpre
seu prazo de guarda nessa fase, posteriormente será
A esse respeito, a Resolução nº 25, de 27 de abril de 2007
transferido para o arquivo intermediário, em que
define que a Gestão Arquivística de Documentos tem como
cumprirá seu prazo de guarda; cessada essa fase, ele
objetivo principal o recolhimento de documentos para guarda será eliminado.
permanente ou, então, a sua eliminação, pois estabelece em seu
Artigo 1º: Recomendar aos órgãos e entidades integrantes do ▷ O documento foi criado na fase corrente; cessada
Sistema Nacional de Arquivos – SINAR, a adoção do Modelo de essa fase, ele será recolhido ao arquivo permanente.
Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivís- ▷ O documento foi criado na fase corrente; cessada
tica de Documentos - e-ARQ Brasil: (aprovado na 43ª reunião essa fase, ele será transferido para o arquivo inter-
plenária do CONARQ, realizada no dia 4 de dezembro de 2006, mediário, no qual cumprirá seu prazo de guarda;
disponibilizada em www.conarq.arquivonacional.gov.br). e Te- cessada essa fase, ele será recolhido ao arquivo per-
mos no §1º: Considera-se gestão arquivística de documentos o manente.

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conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de docu-
mentos em fase corrente e intermediária, visando a sua elimi-
2. Gestão da Informação e de
nação ou recolhimento para guarda permanente. Documentos
As primeiras preocupações em relação à eliminação dos
documentos arquivísticos surgem em meados do século XX e, Segundo a Lei 8.159/1991, a Gestão de Documentos envolve
assim, aparecem dois modelos para o processo de eliminação o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes às
documental: atividades de produção, tramitação e uso, avaliação e arquiva-
1. Modelo Inglês mento de documentos em fase corrente e intermediária, visan-
do a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente.
Estabelece que a eliminação seria responsabilidade ex-
clusiva da entidade produtora. Esta é a proposta defen- Ainda na mesma Lei: “É dever do poder público a gestão
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

dida por Hilary Jenkinson para quem “a eliminação de documental e a proteção especial a documentos de arquivo,
documentos não deveria fazer parte das atribuições dos como instrumento de apoio à administração, à cultura e ao
arquivistas”. desenvolvimento científico e como elemento de prova e infor-
2. Modelo Alemão mação”.
Sustenta que a “importância que da tarefa de eliminação A gestão de documentos é atingida por meio do planeja-
exige a intervenção do arquivista”. mento, organização, controle, coordenação dos recursos hu-
manos, do espaço físico e dos equipamentos, com o objetivo
Para o norte-americano Teodoro Roosevelt Schellenberg,
de aperfeiçoar o ciclo documental.
os documentos arquivísticos têm um valor primário, que, por
estar ligado aos motivos da criação dos documentos, diz res- É qualquer atividade que vise a controlar o fluxo de do-
peito à entidade produtora, e um valor secundário, que, por cumentos existentes, de forma a assegurar a eficiência das
estar ligado ao seu conteúdo de caráter informativo, diz res- atividades.
peito à investigação científica. Objetivos
Guarda Permanente ▷ Garantir, assegurar, de forma eficiente: produção,
Ocorre quando o documento perde o valor administrativo, administração, manutenção e destinação de docu- 459
mas apresenta valor histórico. mentos.
▷ Garantir que a informação estará disponível no mo- Produção
460 mento necessário ao usuário (instituição, estado,
pessoa). Elaboração de documentos em razão das atividades espe-
cíficas de uma instituição ou setor.
▷ Eliminação de documentos que não possuem valor
administrativo, fiscal, legal ou para fins de pesquisa Pode ser chamada de 1ª fase e possui as seguintes carac-
científica ou histórica. terísticas:
▷ Otimização na criação de documentos, evitando a
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

▷ Assegurar uso adequado da Micrográfica, processa-


mento automatizado de dados, e outras técnicas da reprodução desnecessária de documentos.
gestão de informação. ▷ Acontece na fase corrente.
▷ Contribuir para o acesso e a preservação dos docu- Utilização
mentos que deverão ser guardados e preservados
por seus valores históricos, científicos, valores se- Elaboração de documentos em razão das atividades espe-
cundários. cíficas de uma instituição ou setor.
Essa fase refere-se ao fluxo percorrido pelos documentos,
Planejamento do Sistema necessários ao cumprimento de sua função administrativa, as-
sim como sua guarda após o trâmite. Pode ser chamada de 2ª
de Arquivamento fase e possui as seguintes características:
Primeiramente, antes de se implantar um gerenciamento ▷ Envolve as atividades de protocolo, classificação de
de informação, necessita-se de um planejamento. Assim, tem documentos, controle de acesso e recuperação da in-
que se definir um importante aspecto: se há centralização ou formação, bem como a elaboração de instrumentos
Ş
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descentralização dos arquivos correntes. Ou seja, no planeja- de recuperação.


mento a organização deve definir se os arquivos ficaram cen-
tralizados - reunidos em um arquivo central — ou descentrali- ▷ É desenvolvida na gestão de arquivos correntes e
zados - arquivados nos setores da organização. intermediários.
Ao planejamento também cabe a função de definir a coor- Observe nas questões a seguir como a gestão apareceu em
denação dos serviços arquivísticos organizacionais. Assim, re- alguns concursos públicos:
comenda-se que haja uma centralização referente às normas, CESPE/MMA/AGENTE ADMINISTRATIVO/2009). Na gestão
controle e orientação para evitar que haja tratamento diferen- de documentos, as atividades de protocolo, a recuperação de
ciado aos arquivos de uma mesma instituição. informações e a elaboração de normas de acesso à documen-
Como os arquivos correntes são aqueles que ainda estão tação são desenvolvidas na fase de utilização de documentos.
em processo de tramitação, ou seja, são consultados de modo Gabarito: Certo.
frequente, eles devem ficar armazenados junto aos setores or- (CESPE/AGU/AGENTE ADMINISTRATIVO/2010) A fase da
ganizacionais que os produziram. Assim, por meio de técnicas gestão de documentos que inclui as atividades de protocolo,
de gerenciamento de informação, também chamado de ges- de expedição, de organização e de arquivamento de docu-
tão de documentos, deve-se estabelecer padronização quanto mentos em fase corrente e intermediária é denominada fase
ao tratamento dos arquivos, definindo-se um planejamento e de utilização de documentos. Gabarito: Certo.
implementando um programa de gerenciamento de informa-
ção na organização. Dessa forma, já deve ser implementado Destinação
nos setores um Plano de Classificação de Documentos e uma Envolve as atividades de análise, seleção e fixação de pra-
Tabela de Temporalidade e Destinação dos Documentos. zos de guarda dos documentos, ou seja, implica decidir quais
Os arquivos intermediários têm como sua principal fun- documentos serão eliminados e quais serão preservados per-
ção a econômica, pois se torna muito caro manter esse tipo manentemente. Acontece no arquivo corrente e intermediário.
de arquivo (semiativo, que possui baixo nível de consulta, ou Alguns documentos têm valor temporário, enquanto ou-
seja, tem pouco interesse administrativo para a organização tros têm valor permanente. Além disso, alguns deles são fre-
que o produziu) nos setores de trabalho em que foram pro- quentemente utilizados, enquanto outros nem tanto.
duzidos, já que, para isso, seria necessário um espaço físico Deve-se avaliar e selecionar os documentos para determi-
grande. Assim, é interessante guardar esses documentos em nar o prazo de vida dos mesmos de acordo com seus valores
depósitos centralizados, pois sua guarda é devido principal- informativo e probatório e, caso não os tenha, a eliminação.
mente a prazos prescricionais e precaucionais. Mesmo estan- Schellenberg ressaltou que a gestão na fase corrente tem
do em um depósito central, vale ressaltar que os arquivos como objetivo fazer com que os documentos sirvam aos pro-
intermediários continuam sendo de propriedade do departa- pósitos de sua criação, tanto econômica quanto eficientemente
mento que o gerou e que somente esse setor, ou alguém por possível, e realizar sua adequada destinação depois que tiverem
ele autorizado, pode consultar os arquivos. atendido aos seus objetivos.
Devido a essas diferenças relativas ao valor e à frequência
Fases da Gestão de Documentos de uso, surge a necessidade de avaliar, selecionar e eliminar os
São três as fases básicas da gestão documental: documentos.
▷ Produção. Essas três atividades objetivam estabelecer o prazo de
▷ Utilização. vida dos documentos, de acordo com seus valores informativo
▷ Destinação. e probatório.
ї Em relação ao seu valor, os documentos podem ser: 05. Classificação
▷ Permanentes vitais: devem ser conservados inde- É a forma como os documentos serão reagrupados de
finidamente por serem de importância vital para a acordo com características comuns. A Classificação deverá
organização. ser feita dentro dos padrões estabelecidos pelos profissionais
▷ Permanentes: devem ser conservados indefinida- responsáveis pelo acervo, que conhecem a melhor maneira de
mente — apesar de não serem vitais, a informação agrupamento para realização de suas atividades.
que contêm deve ser preservada em caráter perma- Os documentos digitais devem, também, ser classificados
nente. e ordenados para evitar que a documentação fique desorgani-
zada em meio digital e para que não perca seu contexto dentro
▷ Temporários: podem ser descartados, após deter- da instituição.
minado prazo, quando cessa o valor do documento.
06. Descrição
Funções Arquivísticas É o conjunto de elementos facilitadores na recuperação e
Segundo Jean-Yves Rousseau e Carol Couture, na obra Os localização dos documentos e abrange a elaboração de ins-
fundamentos da disciplina arquivística, Lisboa: Publicações Dom trumentos de pesquisa e meios de busca, utilizando termos
Quixote, 1998, as funções arquivísticas são sete: Produção; Ava- específicos, palavras-chave, indexadores, dentre outros.
liação; Aquisição; Conservação; Classificação; Descrição e Difusão. A descrição será mais eficaz e precisa em meio digital, se
01. Produção realizada de forma correta, garantindo a recuperação e locali-
zação mais rápida da informação solicitada.
Criação ou recebimento de informações dentro da insti-
07. Difusão
tuição, evitando a criação de documentos com informações
Está relacionada à divulgação do acervo, bem como a
desnecessárias e atentando para sua veracidade e autentici-
acessibilidade dos documentos, aproximando o arquivo e o
dade. É o momento que o documento passa a existir para a
usuário da informação.
instituição.
A difusão também será realizada de forma mais rápida, pois
Quando se trata da criação de documentos arquivísticos a maioria das pessoas possui acesso à internet e utilizam deste
digitais é importante estar atento em tudo que possa alterar meio para suas pesquisas. Desta forma, o arquivo pode divulgar
a veracidade ou autenticidade das informações contidas no amplamente suas atividades, serviços e documentação, assim
documento, sendo extremamente importante a elaboração como disponibilizar informações com maior praticidade e eficácia.
de normas e regras para a produção da documentação, assim É evidente que a eliminação de documentos não pode ser
como utilizar métodos como assinatura digital, marca d’água e feita indiscriminadamente. Dessa forma, há pontos-chave que
procedimentos padrão. sempre devem ser observados:
02. Avaliação ▷ Importância do documento com relação aos valores
Processo que consiste na atribuição de valores, primário

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administrativo, fiscal ou legal (=primário) ou infor-
ou secundário, para os documentos, assim como prazos de mativo, probatório (=secundário).
guarda e destinação final que pode ser a guarda permanente
ou eliminação. ▷ Possibilidade e custos de reprodução (e.g. microfil-
magem).
A avaliação também deve ser feita nos documentos em su-
porte digital, pois nem toda a documentação produzida possui ▷ Espaço, equipamento utilizado e custos de arquivamento.
a necessidade de ser preservada permanentemente, garantin- ▷ Prazos de prescrição e decadência de direitos, de
do assim economia de recursos materiais e financeiros. acordo com a legislação vigente.
03. Aquisição ▷ Número de cópias existentes.
É a entrada dos documentos nos arquivos corrente, inter- Art. 9º da Lei nº 8.159/91: a eliminação de documentos
mediário e permanente. Abrange o arquivamento corrente, produzidos por instituições públicas e de caráter públi-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

assim como a transferência e recolhimento da documentação. co será realizada mediante autorização da instituição
O processo de aquisição deverá ter uma atenção e cuidado arquivística pública, na sua específica esfera de com-
especial nos documentos arquivísticos digitais, pois seu con- petência.
trole é mais difícil de ser realizado e não possuem métodos Níveis de Gestão de Documentos
que assegurem questões como autenticidade e veracidade.
Segundo a UNESCO, a aplicação de um programa de gestão
04. Conservação de documentos públicos pode ser desenvolvida em quatro níveis:
É um conjunto de procedimentos que visa a manutenção 1. Nível Mínimo:
da integridade física do documento, desacelerando o processo
Estabelece que os órgãos devam contar, ao menos, com
de degradação.
programa de retenção e eliminação de documentos e esta-
A principal questão a ser levantada em relação à conservação
belecer procedimentos para recolher à instituição arquivística
dos documentos digitais é sobre a constante mudança que ocorre
nos aparelhos e softwares tecnológicos, tornando os equipamen- pública aqueles de valor permanente.
tos obsoletos e causando a perda de informações. O profissional 2. Nível Mínimo Ampliado:
responsável deve estar atento às novas tecnologias para evitar Complementa o primeiro, com a existência de um ou mais 461
que a documentação, ou parte dela, seja perdida. centros de arquivamento intermediário.
3. Nível Intermediário: Microfilmar
Aposentadoria 5 anos 95 anos Eliminação
462 Compreende os dois primeiros, bem como a adoção de após 5 anos
programas básicos de elaboração e gestão de formulários e Guarda
Greves 5 anos 5 anos -
correspondência e a implantação de sistemas de arquivos. Perm.
4. Nível Máximo: Normas Enqto.
-
Guarda
-
Internas Vig. Perm.
Inclui todas as atividades já descritas, complementadas
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

por gestão de diretrizes administrativas, de telecomunica- • Lista de eliminação


ções e o uso de recursos da automação. Consiste em uma relação específica de documentos a se-
Instrumentos de Destinação rem eliminados de uma só vez e que necessita ser aprovada
pela autoridade competente.
Nas atividades de avaliação e destinação são utilizados
Agora, veremos as ações coordenadas pelos instrumentos de
os instrumentos de destinação, que são os atos normativos destinação dentro da rotina para a destinação de documentos na
elaborados pela organização, nos quais são fixadas diretrizes fase corrente:
quanto ao tempo e local de guarda dos documentos. ▷ Verificar se os documentos a serem destinados estão
Os dois principais instrumentos de destinação são: organizados de acordo com os conjuntos definidos na
▷ Tabela de Temporalidade de Documentos. tabela de temporalidade.
▷ Lista de Eliminação. » A tabela de temporalidade organiza os docu-
mentos a serem destinados, a partir de prazos e
• Tabela de Temporalidade de Documentos critérios para recolhimento e eliminação.
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É o instrumento resultante da etapa de avaliação dos do- ▷ Verificar se cumpriram o prazo de guarda estabelecido.
cumentos. É ela, a tabela de temporalidade, que determina o » Para proceder com a destinação, é preciso veri-
prazo de guarda dos documentos nas fases corrente e inter- ficar, na tabela de temporalidade, os prazos de
mediária, bem como indica a destinação final (eliminação ou guarda estabelecidos.
recolhimento para guarda permanente). ▷ Registrar os documentos a serem eliminados.
Em uma tabela de temporalidade de uma empresa, por » As listas de eliminação, como vimos, relacio-
exemplo, poderia estar definido que os cartões de ponto de- nam os documentos a serem eliminados.
veriam ser conservados por sete anos no Serviço de Pessoal e ▷ Proceder à eliminação.
depois eliminados; ou que os contratos de prestação de servi- » O ato de eliminar os documentos também faz
ços de limpeza deveriam ser conservados em caráter definitivo parte da fase de destinação.
no arquivo permanente. ▷ Elaborar termo de eliminação.
» O termo de eliminação é o instrumento do qual
A tabela de temporalidade será elaborada pela CPAD —
consta o registro de informações sobre docu-
Comissão Permanente de Avaliação de Documentos ou Co- mentos eliminados após terem cumprido o pra-
missão de Análise de Documentos. zo de guarda.
Estrutura da Tabela de Temporalidade ▷ Elaborar lista de documentos destinados à fase in-
A Tabela de Temporalidade e Destinação deve apresentar termediária.
em sua estrutura básica os seguintes elementos: » De forma semelhante à lista de eliminação, existem
01. Código de classificação; as listas de transferência (documentos destinados
02. Prazos de guarda nas fases corrente e intermediária; à fase intermediária) e as listas de recolhimento
03. Destinação final (eliminação ou guarda permanente); (documentos destinados à fase permanente).
04. Observações necessárias à sua aplicação. ▷ Operacionalizar a passagem ao arquivo intermediário.
Deve-se elaborar um índice alfabético para agilizar a loca- » Permitir que os documentos passem ao arqui-
lização dos assuntos no plano ou código e na tabela. vo intermediário também faz parte da fase de
Tabela de Temporalidade com destinação.
exemplos hipotéticos. ї Principais rotinas e procedimentos na destinação:
Prazos de guarda ▷ Análise - são procedidos estudos dos documentos
Destinação recebidos.
Documentos Inter- Observação
final
Corrente
mediário ▷ Seleção - é feita a triagem dos documentos que de-
Legislação de Guarda vem permanecer no arquivo.
10 anos 10 anos - ▷ Avaliação - procedimento mais importante da des-
pessoal Perm.
Admissão de
tinação, pois nela ocorre a verificação do valor pro-
5 anos 47 anos Eliminação - batório (de prova) ou informativo, de pesquisa dos
pessoal
documentos e estabelecimento de prazos de vida
Férias 7 anos - Eliminação
dos documentos.
Microfilmar Esse processo está vinculado à legislação, já que deve
Frequência 5 anos 47 anos Eliminação
após 5 anos
cumprir os prazos legais de armazenamento de alguns docu-
mentos, bem como a discricionariedade da organização, quan- disseminação de normas relativas à gestão de documentos de
do falamos dos prazos precaucionais. arquivo, a racionalização da produção documental arquivística
Recomenda-se, de acordo com a doutrina, que a avaliação pública e a preservação do patrimônio documental arquivísti-
seja feita nos documentos no arquivo corrente para se evitar co da administração pública federal são finalidades do SIGA -
que documentos sejam transferidos para o arquivo interme- Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos.
diário de forma desnecessária, o que gera burocracia e dispên- ї Síntese dos pontos mais importantes da gestão de do-
dio de recursos desnecessários. cumentos:
Visando à garantia da eficiência administrativa, a avaliação Elaboração dos documentos em
deve ser precedida pela classificação dos documentos visando decorrência das atividades da insti-
ao correto arquivamento em suas classes. tuição.
Produção
ї Benefícios da avaliação documental: Criação de documentos essenciais à
▷ Eficiência administrativa. administração, evitando duplicação e
emissão de vias desnecessárias.
▷ Eliminação de documentos inúteis.
Protocolo, classificação, organização
▷ Agilidade na hora de encontrar um documento ou e arquivamento durante a idade
Gestão de
informação, pois há redução do volume de docu- Documentos Utilização corrente e intermediária.
mentos. Normas de acesso à documentação e
▷ Prévia identificação dos documentos de guarda per- à recuperação de informações.
manente. Análise e avaliação dos documentos
No fim da fase de destinação, há duas possibilidades para (valor).
o documento que perdeu o seu valor administrativo: Destinação Definição de quais serão objetos de
▷ Recolhimento: que é o deslocamento de um documen- arquivo permanente e quais serão
eliminados.
to do arquivo intermediário para o arquivo permanente,
para aqueles documentos dotados de valor histórico ou ▷ Produção
secundário. » Elaboração dos documentos em decorrência
▷ Eliminação: destruição, doação ou venda de docu- das atividades da instituição.
mentos julgados destituídos do valor permanente, » Criação de documentos essencias à adminis-
feito por uma Comissão Permanente de Avaliação. tração, evitando duplicação e emissão de vias
Comissão Permanente de Avaliação de Documentos desnecessárias.
A Comissão Permanente de Avaliação de Documentos ▷ Utilização
também é conhecida como Comissão de Análise de Documen- » Protocolo, classificação, organização e arquiva-

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tos, ou simplesmente, CPAD. E é esta Comissão quem elabora mento durante a idade corrente e intermediária.
a Tabela de Temporalidade e que deverá ser aprovada por au- » Normas de acesso à documentação e à recupe-
toridade competente do órgão para que possa ser aplicada na ração de informações.
instituição. Cada instituição cria sua Tabela de Temporalidade, ▷ Destinação
uma vez que, concluída e aplicada, as eventuais alterações ou
inclusões deverão ser submetidas à Comissão que a criou. Não » Análise e avaliação dos documentos (valor).
há prazo de guarda padrão e nem prazo máximo para os do- » Definição de quais serão objeto de arquivo per-
cumentos nas fases corrente e nem intermediária, pois cada manente e quais serão eliminados.
documento terá seu próprio prazo de acordo com o estabele-
cido na Comissão. Métodos de Arquivamento
De acordo com a legislação em vigor, a responsabilidade Arquivamento é a técnica de como serão acondicionados e
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

de orientar e realizar o processo de análise, avaliação e seleção armazenados os documentos, ou seja, o arquivamento corres-
da documentação produzida e acumulada no seu âmbito de ponde à forma como os documentos serão armazenados, visan-
atuação é pertinente à Comissão Permanente de Avaliação de do obter precisamente a sua localização no futuro. O método de
Documentos de acordo com o Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro arquivamento é determinado pela natureza dos documentos a
de 2002 em seu Capítulo IV, DA GESTÃO DE DOCUMENTOS DA serem arquivados e pela estrutura da entidade.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, Seção I: Das Comissões Os sistemas de arquivamento apenas fornecem a estru-
Permanentes de Avaliação de Documentos, Artigo 18: Em cada tura mecânica em relação à qual os documentos devem ser
órgão e entidade da Administração Pública Federal será cons- arranjados. Os documentos podem ser eficazmente arranjados
tituída Comissão Permanente de Avaliação de Documentos, em quase todos os sistemas de arquivamento. Qualquer sis-
que terá a responsabilidade de orientar e realizar o processo tema de arquivamento, não importa qual seja, pode apresen-
de análise, avaliação e seleção da documentação produzida e tar resultados satisfatórios se for adequadamente aplicado. A
acumulada no seu âmbito de atuação, tendo em vista a identi- insuficiência do arquivamento deve-se, com mais frequência
ficação dos documentos para guarda permanente e a elimina- às falhas humanas do que a falhas do sistema. Na escolha de
ção dos destituídos de valor. um método de arquivamento devem-se levar em consideração
Nos órgãos públicos a garantia de acesso, pelo cidadão, aos três premissas básicas: o sistema escolhido deve ser simples, 463
documentos de arquivo e informações contidas nos mesmos, a flexível e deve admitir expansões.
São duas classes – métodos básicos e padronizados – e inte- As notações nas guias podem ser abertas ou fechadas;
464 gram dois grandes sistemas – direto e indireto. simples ou compostas. Notações simples abertas: A, B, C, Ab,
Existe, ainda, um método Semi-indireto que não pertence Ac etc; notações compostas e fechadas: Aa-Al , Am-Az etc.
às classes de métodos básicos e padronizados, é o método alfa- Sua desvantagem é a alta incidência de erros de arqui-
numérico que consiste numa combinação de letras e números. vamento quando o volume de documentos é muito grande,
devido ao cansaço visual e à variedade de grafia dos nomes.
▷ Direto: ocorre quando a localização dos documentos
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Esse método preza pelo ordenamento de pastas e fichas


é encontrada de forma direta, ou seja, é encontrado
pela ordem alfabética divididas por guias divisórias (estas de-
diretamente no local onde se encontra arquivado.
vem ser assinaladas com anotações que façam referência aos
▷ Indireto: ocorre quando se necessita consultar an- documentos ali arquivados), e também devem respeitar as
tes em outro lugar para se encontrar a localização normas gerais para a alfabetação.
do documento, como exemplo, um índice ou código. Regras de Alfabetação
As principais classes utilizadas para organizar o arquiva- 01. Nos nomes de pessoas físicas, considera-se o último
mento dos documentos estão divididas em dois grandes mé- sobrenome e depois o prenome.
todos: Básicos e Padronizados. Ex.: Renata Guimarães; José Carvalho; Maria Silva; Paulo
Alfabético
Lima.
Geográfico
Arquivam-se:
Simples
Carvalho, José;
Numéricos Cronológico
Guimarães, Renata;
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Lima, Paulo;
Dígito-terminal
Silva, Maria.
Básicos Enciclopédico
Alfabéticos Ex.: Obs.: com sobrenomes iguais prevalece a ordem al-
Dicionário
fabética do prenome.
Duplex
Ideográficos Ex.: Patrícia Melo, Jandira Melo, Inês Melo, José Melo.
Decimal
Numéricos Arquivam-se:
Unitermo ou
Indexação Melo, Inês;
coordenada Melo, Jandira;
Variadex Melo, José;
Automático Melo, Patrícia.
Padronizados Soudex 02. Sobrenomes compostos de um substantivo e um adje-
Mneumônico tivo ou ligados por hífen não se separam.
Rôneo Ex.: Heitor Villa-Lobos; Eduardo Montes Altos; Sérgio
Praia Vermelha.
Métodos Básicos Arquivam-se:
a. Alfabético ou onomástico Montes Altos, Carlos;
b. Geográfico – conforme o local de produção Praia Vermelha, Sérgio;
Villa-Lobos, Heitor.
c. Numéricos 03. Os sobrenomes formados com as palavras Santa, Santo
c.1 - Simples – é indireto. Para se encontrar os docu- ou São seguem a regra dos sobrenomes compostos por
mentos é feito um índice alfabético no qual pode se um adjetivo e um substantivo.
descobrir qual número foi conferido ao documento. Ex.: Wilmar Santo Cristo; Maria Santa Rita; Alexandre
Santo Antonio.
c.2 - Cronológico – normalmente a data da produção
(notas fiscais). Arquivam-se:
Santa Rita, Maria;
c.3 - Dígito-Terminal – conforme os dois últimos núme- Santo Antonio, Alexandre;
ros do documento, grande volume e números longos.
Santo Cristo, Wilmar.
d. Ideográfico ou Temático 04. As iniciais abreviativas de pronomes têm precedência
Conforme o assunto. Exige-se a interpretação e um vasto na classificação de sobrenomes iguais.
conhecimento da organização. Dividido em Alfabético – Enci- Ex.: R. Oliveira, Roberto Oliveira, Ricardo Oliveira.
clopédico ou Dicionário e Numérico – Duplex, Decimal e Uni- Arquivam-se:
termo ou Indexação Coordenada. Oliveira, R.;
A. Método Alfabético (método básico) Oliveira, Ricardo;
Método alfabético é o mais simples. É um método direto. Oliveira, Roberto.
Nesse método, as fichas ou pastas são dispostas em ordem 05. Os artigos e preposições, tais como a, o, de, d, do, e,
rigorosamente alfabética, respeitadas as normas gerais para um, uma, não são considerados na alfabetação. (ver
alfabetação. também regra nº 9)
Ex.: Paulo de Farias; Ricardo d’Ferreira; Roberto d’Albu- Arquivam-se:
querque. Arco y Molinero, Esteban Del;
Arquivam-se: Oviedo y Baños, José de;
Albuquerque, Roberto d’, Pina de Mello, Francisco de.
Farias, Paulo de; 11. Os nomes orientais – japoneses, chineses e árabes –
Ferreira, Ricardo d’. são registrados como se apresentam.
06. Os sobrenomes que exprimem grau de parentesco Ex.: Tetsuyuki Morita; Mao Tsé Tung; Xiang Lee Peng.
como Filho, Júnior, Neto, Sobrinho são considerados Arquivam-se:
parte integrante do último sobrenome, mas não consi- Mao Tsé Tung;
derados na ordenação alfabética.
Ex.: Marco Antônio Neto, José Maria Sobrinho, Sílvio Tetsuyuki Morita;
Martins Filho. Xiang Lee Peng.
Arquivam-se: 12. Os nomes de firmas, empresas, instituições e órgãos
Antônio Neto, Marco; governamentais devem ser transcritos como se apre-
sentam, não se considerando, porém, para fins de or-
Maria Sobrinho, José; denação, os artigos e preposições que os constituem.
Martins Filho, Sílvio. Admite-se, para facilitar a ordenação, que os artigos
Ex.: Obs.: os graus de parentesco da alfabetação só serão sejam colocados entre parênteses após o nome.
considerados quando servirem de elemento de descri- Ex.: Embratel, A Colegial, Fundação Getúlio Vargas, The
ção. Library of Congress.
Ex.: César Oliveira Filho; César Oliveira Neto, César Oli- Arquivam-se:
veira Sobrinho. Colegial (A);
Arquivam-se:
Embratel;
Filho, César Oliveira;
Fundação Getúlio Vargas;
Neto, César Oliveira;
Library of Congress (The).
Sobrinho, César Oliveira.
13. Nos títulos de congressos, conferência, reuniões, assem-
07. Os títulos não são considerados na alfabetação. São bleias e assemelhados, os números arábicos, romanos ou
colocados após o nome completo, entre parênteses. escritos por extenso deverão aparecer no fim, entre pa-
Ex.: Doutora Maria Helena, Juiz Armando Marques, Capi- rênteses.
tão Silva Monteiro. Ex.: III Conferência de Cirurgia Cardíaca, Oitavo Congres-
Arquivam-se: so de Engenharia Civil; 1º Congresso de Odontologia.

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Helena, Maria (Doutora); Arquivam-se:
Marques, Armando (Juiz); Conferência de Cirurgia Cardíaca (III);
Monteiro, Silva (Capitão). Congresso de Engenharia Civil (Oitavo);
08. Os nomes estrangeiros são considerados pelo último Congresso de Odontologia (1º).
sobrenome, salvo nos casos de nomes espanhóis e 14. As correspondências recebidas de uma unidade de
orientais (ver também regras nº 10 e 11). uma empresa ou de uma instituição (setor, seção, ge-
Ex.: Sigmund Freud; Carl Gustav Jung; Francis Coppola. rência, departamento, superintendência) devem ser
Arquivam-se: arquivadas pelo nome da empresa e não da unidade.
Coppola, Francis; Ex.: Gerência de Atendimento da TELERJ, Superinten-
Freud, Sigmund; dência Financeira da TELERJ.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Jung, Carl Gustav. Arquivam-se:


09. As partículas dos nomes estrangeiros podem ou não TELERJ – Gerência de Atendimento;
ser consideradas. O mais comum é considerá-las como TELERJ - Superintendência Financeira
parte integrante do nome quando escritas com letra 15. Os números que fazem parte dos nomes das empresas
maiúscula. devem ser escritos por extenso.
Ex.: Guilio di Capri; Esteban De Penedo; Charles Du Pont. Ex.: 3M do Brasil, Fábrica Estrela de 4 pontas, Madeiras
Arquivam-se: Cachoeira dos 4.
Capri, Guilio di; Arquivam-se:
De Penedo, Esteban; Fábrica Estrela de Quatro Pontas;
Du Pont; Charles. Madeiras Cachoeira dos Quatro;
10. Os nomes espanhóis são registrados pelo penúltimo Três M do Brasil.
sobrenome, que corresponde ao sobrenome de família Essas regras podem ser alteradas para melhor servir à or-
do pai. ganização, desde que o arquivista observe sempre o mesmo
Ex.: José de Oviedo y Baños, Francisco de Pina de Mello, critério e faça as remissivas necessárias para evitar dúvidas 465
Esteban Del Arco y Molinero. futuras. As regras de ordenação podem ser adotadas segundo
critério de letra por letra ou de palavra por palavra, considera- Itália Roma (Capital) Macarrone, Pietra
466 das uma após a outra.
Ex.: Exemplo de critério letra por letra: Itália Milão Bernardotte, Nícola
Canto dos Cisnes, Canto dos Frades, Cantoneira Alegre, França Paris (Capital) François, Paul
Canto Raiado. França Toulouse Pierre, Jean
Ex.: Exemplo de critério palavra por palavra:
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Canto dos Cisnes, Canto dos Frades, Canto Raiado, Canto- • C. MÉTODOS PADRONIZADOS
neira Alegre. • C.1. Variadex
OBS: Como se pode observar, no critério letra por letra não Há uma associação de cores designadas às letras do alfabeto
se consideram os espaços entre palavras. para facilitar a localização e arquivamento de documentos.
• B. Método Geográfico (método básico) Exemplos: A, B, C e abreviações em verde. D, E, F e abre-
É um método direto com ordenação alfabética e de fácil viações em amarelo, G, H, I e abreviações em azul. As cores são
arquivamento, a desvantagem é a utilização de mais de um atribuídas à segunda letra do nome de entrada e não do nome
dado para a pesquisa. Principais critérios utilizados: inicial, assim sendo, César Oliveira deve constar na pasta de cor
01. Nome do Estado, Cidade e Correspondente. amarela. Não há uma tabela de cores fixas
Na ordenação por estados, as capitais têm preferência na • C.2. Automático
classificação em relação aos demais municípios que seguem a Os documentos são arquivados com guias em pastas que já
ordem alfabética. indicam as divisões das letras do alfabeto.
Exemplo: • C.3. Soundex
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Estado Cidade Correspondente Documentos são arquivados por semelhança de pronúncia


Paraná Curitiba (Capital) Oliveira, César (som/fonética) desconsiderando-se a grafia das palavras.
Paraná Cascavel Almeida, João • C.4. Mnemônico
As letras são consideradas símbolos.
Paraná Londrina Fonseca, Luis
• C.5. Rôneo
Rio Grande do Sul Porto Alegre (Capital) Teles, João
Combina letras, números e cores.
Rio Grande do Sul Gramado Xavier, Francisco
Os métodos automático, soundex, mnemônico e rôneo es-
Rio Grande do Sul Passo Fundo Soares, Oliveira tão praticamente em desuso.
Arquivamento é a sequência de operações intelectuais e
02. Nome da Cidade, Estado, Correspondente. físicas que visam à guarda ordenada de documentos, ou ain-
O nome da própria cidade é a principal referência na orde- da, um método de arquivamento ou sistema de arquivamen-
nação, sem considerar as capitais e os estados. Segue ordena- to. É, ainda, a ação pela qual uma autoridade determina a
ção alfabética. guarda de um documento quando cessada a sua tramitação.
Exemplo: O arquivamento deve ser feito de acordo com um plano ou
quadro previamente estabelecido. Arquivamento é a guarda
Cidade Estado Correspondente
do documento propriamente dito.
Cascavel Paraná Almeida, João As etapas do arquivamento são:
Curitiba (Capital) Paraná Oliveira, César • A. Inspeção
Gramado Rio Grande do Sul Xavier, Francisco É quando o arquivista examina a documentação para veri-
Londrina Paraná Fonseca, Luis
ficar se os mesmos se destinam ao arquivamento.
• B. Estudo
Passo Fundo Rio Grande do Sul Soares, Oliveira
É a leitura cuidadosa de cada documento para verificar a
Porto Alegre (Capital) Rio Grande do Sul Teles, João entrada que deverá ser atribuída.
• C. Classificação
03. Nome do País, Cidade, Correspondente. Após o estudo do documento a classificação consiste na
Na formatação por país, o nome da Capital é a principal determinação da entrada e das referências cruzadas que lhe
referência na ordenação, seguida das demais cidades em or- serão atribuídas, é a interpretação dos documentos e, para
dem alfabética. tanto, é indispensável conhecer o funcionamento e as ativida-
des desenvolvidas pelos órgãos que recebem e produzem os
País Cidade Correspondente documentos remetidos aos arquivos.
Brasil Brasília (Capital) Oliveira, César • D. Codificação
Brasil Cascavel Soares, Oli O arquivista apõe nos documentos os símbolos correspon-
dentes ao método de arquivamento adotado, nesta etapa po-
Brasil Uberlândia Soares, César
dem ser feitas correções, quando necessárias.
• E. Ordenação ▷ Caixas devem suportam o peso de empilhamento.
É a disposição dos documentos de acordo com a classifi- ▷ Medidas padronizadas.
cação e a codificação dadas. Os documentos podem ser dis- ▷ Caixas em papéis especiais – cartão alcalino.
postos em pilhas, escaninhos ou classificadores. Seus objetivos ▷ Umidade relativa baixa = risco de quebra das fibras.
principais são agilizar o arquivamento e racionalizar o trabalho ▷ Pergaminhos e encadernações em couro = entre
reunindo documentos de uma mesma pessoa ou assunto. Al- 40% e 55%.
gumas bancas tem considerado tal atividade como intelectual
▷ Temperatura ideal = 20º C.
e não atividade mecânica.
▷ Climatização – umidificadores, desumidificadores,
• F. Guarda do documento exaustores, ventiladores.
É o arquivamento propriamente dito, ou seja, a colocação ▷ Ar condicionado é o ideal = 24 horas de funciona-
do documento em sua respectiva pasta, caixa ou arquivo. mento.
O processo descrito no texto consiste na classificação e re-
gistro que ocorrem no protocolo. Acondicionamento
Tipos de Arquivamento A escolha da forma de acondicionar os documentos será
em função do suporte documental e suas peculiaridades.
Diz respeito à posição em que são colocados os documentos e
não ao tipo de modelo mobiliário utilizado. A confecção e a disposição do mobiliário deverão acatar as
normas existentes sobre qualidade e resistência e sobre segu-
Tipo Horizontal:
rança no trabalho. A observância desses preceitos proporciona:
Os documentos são colocados uns sobre os outros (sobre-
▷ Facilidade de acesso aos documentos.
postos).
Tipo Vertical: ▷ Proteção contra eventuais danos físicos, químicos e
mecânicos.
Os documentos são colocados uns atrás dos outros, facili-
tando o manuseio durante a consulta. Uma medida que vem ao encontro da necessidade de pre-
servação dos documentos é a opção de utilizar em sua guarda,
Acondicionamento e Armazenamento arquivos, estantes, armários ou prateleiras, apropriados a cada
de Documentos de Arquivo suporte e formato.
O armazenamento é a guarda de documentos em depósitos Algumas Peculiaridades no Acondiciona-
destinados para esse fim. Já o acondicionamento é a colocação de mento e Armazenamento de Documentos
documentos em mobiliário e invólucros apropriados, que assegu- Devido as suas características, certos documentos como
rem a sua preservação. mapas, plantas e cartazes devem ser armazenados horizontal-
Armazenamento mente em móveis especiais para o acondicionamento horizon-

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tal com gavetas próprias para a sua guarda sem a necessida-
Todos os documentos devem ser armazenados em instala- de de dobrá-las de acordo com suas medidas. Um móvel que
ções que ofereçam um ambiente adequado a sua preservação. atende a essa finalidade é a Mapoteca. Outra opção é enrolá-
Apesar dos avanços tecnológicos em matéria de restau- -los em tubos confeccionados em cartão alcalino e acondicio-
ração documental, é um princípio de preservação arquivísti- ná-los em armários ou gavetas.
ca quase consensual que a manutenção de um ambiente de Campos magnéticos causam a distorção ou a perda de da-
armazenamento dentro dos padrões convencionais (umidade dos em mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de
relativa e temperatura) para o material que está sendo arma- computador, que, por isso, devem ser armazenadas em locais
zenado é a medida mais eficaz, em termos de custo-benefí- onde haja proteção contra essa influência.
cio, para uma maior sobrevida dos documentos arquivísticos. O armazenamento será preferencialmente em mobiliário
Quando falamos de armazenamento de documentos magnéti- de aço tratado com pintura sintética, de efeito antiestático.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

cos ou ópticos, há que se observarem as recomendações espe-


cíficas ou especiais quanto às melhores condições possíveis de Vantagens do Acondicionamento em Embalagens
armazenamento. O ambiente deve ser constantemente moni- Os documentos de valor permanente que apresentam gran-
torado e as leituras verificadas com regularidade. des formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser ar-
mazenados horizontalmente, em mapotecas – móveis especiais
Rotinas de Armazenamento para o acondicionamento horizontal com gavetas próprias para
▷ Mapas, plantas, cartazes = horizontalmente. a guarda de mapas, cartas geográficas, históricas, sem a neces-
▷ Não deve ser armazenado sobre o chão. sidade de dobrá-las — adequadas às suas medidas, ou enrola-
▷ Campos magnéticos estragam fitas de vídeo, áudio, dos sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acondicio-
computadores. nados em armários ou gavetas.
▷ Mobiliário de aço tratado com pintura sintética, an- ▷ Nenhum documento deve ser armazenado direta-
tiestética. mente sobre o chão.
▷ Embalagens protegem contra poeira e acidentes e ▷ As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de
minimizam as variações de Temperatura e umidade computador, devem ser armazenadas longe de campos
relativa (UR). magnéticos que possam causar a distorção ou a perda 467
▷ Diminuem os riscos em caso de desastres (água, fogo). de dados.
▷ O armazenamento será preferencialmente em mobi- ▷ No caso de não existir a possibilidade de se instalar
468 liário de aço tratado com pintura sintética, de efeito um sistema de climatização, a instalação de umidifi-
antiestático. cadores, desumidificadores, exaustores e ventilado-
res pode surtir bons resultados.
Vantagens do Acondicionamento em Embalagens ▷ O sistema de ar condicionado ideal é aquele que
▷ Protegem os documentos contra a poeira e danos controla a temperatura, a umidade e ainda filtra os
acidentais. agentes poluentes, antes de insuflar o ar no ambien-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

▷ Minimizam as variações externas de temperatura e te interno. Ele deve ficar em funcionamento durante
umidade relativa. as 24 horas do dia. Os custos iniciais de instalação e
▷ Diminuem a probabilidade de danos em eventual os de manutenção são muito altos.
contato com água e fogo em casos de desastre. Histórico da Gestão Documental:
Características das Caixas de Acondicionamento 01. Comissão Hoover – Estados Unidos durante a déca-
de Documentos de Arquivo da de 1940. Apresentou-se em duas versões, a pri-
meira em 1947 e a segunda em 1955. Ocorreu, nos
▷ Devem suportar o peso dos documentos e a pressão, Estados Unidos, uma revolução na arquivologia em
caso tenham de ser empilhadas. função de três aspectos: a herança multicultural, o
▷ Devem ser limpos e conservados, de forma a prote- crescimento geométrico do volume de documentos
ger os documentos. produzidos desde a Guerra da Independência em
▷ As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem 1776 e a Guerra Civil em 1861 e o progresso tecno-
respeitar formatos padronizados, devendo exceder lógico e econômico associado ao grande interesse
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a dos documentos que irão abrigar. em relação à eficácia e à eficiência na administração


▷ Não devem ser utilizados para o armazenamento de presente nos Estados Unidos.
documentos permanentes materiais quimicamente 02. Fim da década de 1940 – “Record manager”: Gestor
instáveis, devido ao risco quanto à preservação dos de Documentos.
documentos. 03. Schellenberg – década de 1970; Valor Primário e Se-
▷ Para a confecção de caixas para o acondicionamento cundário.
dos documentos, devem ser utilizados papéis espe- 04. Pensamento Arquivístico = duas correntes:
ciais, que atendam à necessidade de preservação e a) Arquivística Tradicional – Europa; Valores históricos;
conservação dos documentos. Sir Hilary Jenkinson.
Condições Ambientais b) Arquivística Administrativa – Estados Unidos; Schellen-
berg; gestão de documentos.
O estudo das condições ambientais para o armazenamen-
to e preservação de documentos subdivide-se na análise da: 05. Congresso de Quebec – Arquivística Integrada = Ar-
quivística Tradicional + Arquivística Administrativa.
▷ Temperatura.
Canadenses Rousseau e Couture.
▷ Umidade relativa do ar (UR). O marco fundador ou inaugural, segundo alguns autores, da
As condições adequadas de temperatura e de umidade disciplina arquivística foi em 1898, com a publicação do Manual
relativa do ar são elementos vitais para postergar a sobrevi- dos Holandeses. Nesse período inicial da arquivologia como
vência dos registros. campo do conhecimento, a descrição arquivística foi citada pelo
ї Fatores importantes a se considerar na UR: Manual dos Arquivistas Holandeses – obra clássica publicada
▷ Se os níveis de umidade relativa (UR) são muito bai- no ano de 1898 pela Associação dos Arquivistas Holandeses – e
xos, aumenta-se o risco de quebra das fibras e esfa- considerada por Fonseca (2005) como o marco inicial da arqui-
relamento dos materiais orgânicos fibrosos. vologia moderna, apresentando regras para as atividades pró-
▷ Para pergaminhos e encadernações em couro, a UR prias dos arquivistas e iniciando um entendimento normatizado
abaixo de 40% é perigosa e o papel também sofre para a prática da atividade em arquivos. O Manual acentua a ne-
abaixo desses níveis. Já nas faixas de UR acima de cessidade de que a documentação seja descrita uniformemente,
65% crescem micro-organismos e ocorrem reações sem privilegiar este ou aquele documento e tendo por base um
químicas danosas. suposto grau de valor histórico que é identificado ou atribuído
▷ A faixa segura de umidade relativa é entre 45% e pelo agente descritor. Citava ainda a necessidade de uma descri-
55%, com variação diária de +/- 5%. ção que partia do conjunto documental mais geral até a descri-
ção das unidades específicas do acervo (Associação dos Arqui-
ї Fatores importantes a se considerar na Temperatura:
vistas Holandeses, 1973). A importância da obra resultou na sua
▷ A temperatura deve também estar relacionada com tradução para diversos idiomas, como o francês (em 1910), o ale-
a umidade relativa. mão (em 1905), o inglês, o italiano (em 1908), o português (em
▷ A temperatura ideal para documentos é 20° C, com 1960), o chinês e outros (BRUEBACH, 2003; FONSECA, 2005).
variação diária de +/- 1° C. Fonte: http://www.arquivoestado.sp.gov.br.
Observações: A arquivologia no Brasil tem seu início da década de 1970,
▷ A estabilidade da temperatura e da UR é especial- pois foi criada a Associação dos Arquivistas Brasileiros em
mente importante, e as mudanças bruscas ou cons- 1971, embora seja um órgão não oficial. Desde esta época fo-
tantes são muito danosas. ram realizados 13 congressos sobre arquivologia, sendo que,
apenas 5 deles tiveram seus anais publicados. A revista Arqui- e) Procedimentos para captura, registro, autuação, re-
vo & Administração foi o primeiro periódico brasileiro especia- cebimento, tramitação, distribuição, expedição e re-
lizado em Arquivologia com periodicidade regular até 1986 e produção dos documentos;
seu último número saiu em 1999. f) Procedimentos para implementação do plano de
O curso superior em arquivologia foi aprovado em 1972 e a classificação, da tabela de temporalidade e destina-
regulamentação da profissão de arquivista e de técnico de ar- ção e da destinação dos documentos.
quivo foi regulamentado pela Lei 6.546, de 4 de julho de 1978,
embora devido à inexistência de um curso profissionalizante a O órgão ou entidade deve elaborar um manual com o ob-
profissão de técnico não chegou a ser regulamentada. jetivo de estabelecer procedimentos regulares no tocante à
A década de 1980 foi marcada pelo fortalecimento das ins- produção, tramitação, arquivamento e destinação dos docu-
tituições arquivísticas públicas, sob a liderança do Arquivo Na- mentos arquivísticos, de acordo com as normas e a legislação
cional que, por meio do sistema Nacional de Arquivos (SINAR), vigente.
permitiu a realização de diversos cursos da capacitação regio- O Manual pode compreender os seguintes pontos: definição
nais e da Conferência Nacional de Arquivos Públicos. e identificação de todos os documentos arquivísticos produzidos
A partir de 1993, a Revista Acervo em cada número dedi- e identificação e separação dos documentos não arquivísticos,
cava-se a um tema diferenciado e após 1996, a revista passou como documentos pessoais, cópias extras, publicações, entre
a publicar artigos, exclusivamente, historiográficos. O Brasil outros; classificação dos documentos de acordo com a atividade
passou a ocupar um cargo na Secretaria Executiva do Con- desenvolvida; classificação dos documentos quanto a segurança
selho Internacional de Arquivos, bem como a presidência e a e sigilo, e sua desclassificação; estabelecimento da forma docu-
vice-presidência da Associação Latino-americana de Arquivos. mental no que diz respeito a logomarca, título, numeração, local,
Durante a década de 1990, tivemos no campo arquivístico: data, origem, destinatário, assunto, anexos, normas de redação,
aumento no número de cursos de arquivologia; grande par- formas de tratamento, assinatura, regras de digitação, rubrica,
te dos artigos especializados sobre o tema foram produzidos autenticação (selo, carimbo, carimbo de tempo, assinatura digi-
por autores vinculados às universidades; a desmobilização do tal) etc.; procedimentos para captura, registro, autuação, rece-
Arquivo Nacional durante o governo Collor como parte do des- bimento, tramitação, distribuição, expedição e reprodução dos
monte das estruturas administrativas do Estado dentro da po- documentos; procedimentos para implementação do plano de
lítica neoliberal do Estado mínimo praticada por seu governo, classificação, da tabela de temporalidade e destinação e da des-
fato que foi revertido nos governos seguintes; Consolidação do
tinação dos documentos. O órgão ou entidade deve elaborar um
Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) que exerce um pa-
manual com o objetivo de estabelecer procedimentos regulares
pel de liderança mais na busca de soluções normativas do que
na formulação e implementação de uma política nacional de no tocante à produção, tramitação, arquivamento e destinação
arquivos. Deve-se observar o que dispõe o Decreto nº 4.073, dos documentos arquivísticos, de acordo com as normas e a le-
de 3 de janeiro de 2002 que regulamentou a Lei nº 8.159, de 8 gislação vigente.
de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de ar- Fonte: http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/

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quivos públicos e privados em seu Art. 1º: O Conselho Nacional
de Arquivos - CONARQ, órgão colegiado, vinculado ao Arquivo
Diagnóstico
Nacional, criado pelo Art. 26 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de É a análise detalhada dos aspectos relacionados ao fun-
1991, tem por finalidade definir a política nacional de arquivos cionamento do arquivo da instituição, de forma a identificar as
públicos e privados, bem como exercer orientação normativa falhas ou lacunas existentes, permitindo a adoção de medidas
visando à gestão documental e à proteção especial aos docu- que visem a aumentar a eficiência dele.
mentos de arquivo. ї O diagnóstico proporciona informações como:
Manual de Gestão Arquivística de Documentos ▷ Instalações físicas (infiltrações, goteiras, poeira, luz
Deve contemplar todos os tipos de documentos necessá- solar etc.).
rios à condução das atividades do órgão ou entidade, inde- ▷ Condições ambientais (temperatura, umidade, lumi-
pendentemente do suporte, incluindo atividades-meio e ativi- nosidade).
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

dades-fim. O manual pode compreender os seguintes pontos: ▷ Condições de armazenamento.


a) Definição e identificação de todos os documentos ▷ Estado de conservação do documento.
arquivísticos produzidos e identificação e separação ▷ Espaço físico ocupado.
dos documentos não arquivísticos, como documen- ▷ Volume documental.
tos pessoais, cópias extras, publicações, entre outros;
▷ Controle de empréstimos (frequência de consultas).
b) Classificação dos documentos de acordo com a ativi- ▷ Recursos humanos (número de pessoas, nível de esco-
dade desenvolvida; laridade, formação profissional).
c) Classificação dos documentos quanto a segurança e ▷ Acesso à informação.
sigilo, e sua desclassificação; ▷ Gênero dos documentos (escritos ou textuais, audio-
d) Estabelecimento da forma documental no que diz visuais, cartográficos, iconográficos, micrográficos e
respeito a logomarca, título, numeração, local, data, informáticos).
origem, destinatário, assunto, anexos, normas de re- ▷ Arranjo e classificação dos documentos (métodos
dação, formas de tratamento, assinatura, regras de de arquivamento adotados).
digitação, rubrica, autenticação (selo, carimbo, ca- ▷ Tipo de acondicionamento (pastas, caixas, envelo- 469
rimbo de tempo, assinatura digital) etc.; pes, amarrados, etc.).
De posse dos dados acima citados, o arquivista está ha- tos intermediários, racionalizando espaço físico, equipamen-
470 bilitado a analisar objetivamente a real situação dos serviços tos e recuperação da informação.
de arquivo e fazer seu diagnóstico para propor as alterações e ї Responsáveis pela guarda física dos documentos de uso
medidas mais indicadas, em cada caso, a serem adotadas no pouco frequente, os arquivos intermediários:
sistema a ser implantado. ▷ Atendem às consultas feitas pelos órgãos deposi-
Tipos de Diagnósticos: tantes.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

▷ Coordenam as transferências de novos documentos


• Maximalista
aos seus depósitos.
Diagnóstico feito a partir de uma visão geral da instituição.
▷ Procedem à aplicação de tabelas de temporalidade
• Minimalista por meio de seleção de documentos para eliminação
Diagnóstico feito a partir de uma visão mais específica ou recolhimento.
da instituição/setores de trabalho. O diagnóstico da situação ▷ Coordenam o recolhimento de documentos perma-
arquivística do tipo minimalista tem como objetivo organizar nentes para o arquivo de terceira idade.
os documentos de arquivo em uma instituição e dentre seus Os documentos só devem ser aceitos para guarda inter-
objetivos encontra-se a elaboração de instrumentos de gestão mediária quando for conhecido o seu conteúdo, o prazo de
arquivística, como o Plano ou o Código de Classificação e a guarda e a data de eliminação ou recolhimento.
Tabela de Temporalidade de Documentos.
A unidade administrativa que transfere os documentos ao
Este tema foi abordado pela Banca CESPE em 2010 em
arquivo intermediário conserva seus direitos sobre eles, poden-
provas para a ANEEL e MPU para o cargo de Analista – Arqui-
vologia da seguinte forma: A preparação de instrumentos de do consultá-los ou tomá-los por empréstimo. O atendimento às
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gestão arquivística, como o Plano de Classificação e a Tabe- consultas e empréstimos deve ser rápido e preciso. A consulta
la de Temporalidade, é um dos objetivos do diagnóstico da por parte de terceiros só é permitida com a autorização da uni-
situação arquivística do tipo minimalista. Gabarito – CERTO. dade administrativa que transferiu os documentos.
Podemos concluir que o diagnóstico seria uma forma de en- Geralmente, os depósitos de arquivamento intermediário
contrar falhas e problemas no processo de arquivamento que pos- estão localizados fora dos centros urbanos (terrenos mais ba-
sam dificultar ou impedir o eficiente funcionamento do arquivo e ratos), mas em locais de acesso fácil e rápido.
propor soluções viáveis para o equacionamento dos problemas.
A construção e os equipamentos são simples, mas devem
Gestão de Documentos Correntes permitir a conservação adequada do acervo documental contra
O estabelecimento de normas para o tratamento de do- elementos que possam danificá-los, como incêndios, inunda-
cumentos em fase corrente permite aproveitar ao máximo a ções, poluição atmosférica, excesso de umidade e de luz solar.
informação disponível e necessária à tomada de decisões, bem
como os recursos humanos e materiais existentes. Essas nor- Gestão de Documentos Permanentes
mas visam aumentar a eficácia administrativa, facilitar a recu- Sua administração é bem mais complexa que os arquivos
peração mais rápida dos documentos e/ou informações neles Correntes e Intermediários e suas atividades principais são:
contidas e racionalizar sua guarda e conservação. 01. Arranjo:
O documento corrente é aquele necessário ao desenvol- Reunião e ordenação dos documentos em fundos, as
vimento das atividades de rotina de uma instituição e, por atividades desenvolvidas no arranjo são intelectuais –
consequência, os procedimentos realizados para a sua classifi- análise dos documentos quanto à sua forma, origem fun-
cação, registro, autuação e controle da tramitação, expedição, cional e conteúdo – e físicas – colocação dos papéis nas
e arquivamento têm por objetivo facilitar o acesso às informa- estantes ou caixas, seu empacotamento, etc.
ções neles contidas. Esse conjunto de operações técnicas ca- 02. Descrição e Publicação:
racteriza os serviços de gestão dos documentos correntes. Nas Acesso aos documentos para consulta e divulgação do
administrações pública e privada, as unidades responsáveis acervo; O processo da descrição consiste na elaboração
por tais serviços são intituladas protocolo e arquivo, arquivo de instrumentos de pesquisa que possibilitem identificar,
e comunicações administrativas, serviço de comunicações etc. rastrear, localizar dados, seja pela via sumária, seja pela
Gestão de Documentos Intermediários analítica.
03. Conservação:
Encerrado o período de arquivamento na fase corrente,
Medidas de proteção para evitar a destruição do acervo
alguns documentos podem ser eliminados imediatamente,
documental.
desde que assim definidos na Tabela de Temporalidade da
04. Referência
instituição. Mas uma parte relativamente importante destes
deverá ser conservada por um período mais longo em função Estabelece as políticas de acesso e uso dos documentos.
de razões legais ou administrativas. Nesse caso, não se justifica Marilena Leite Paes, “há considerável diferença entre o
a sua guarda junto aos organismos que os produziram, pois arranjo do arquivo corrente e o do arquivo permanente. (...).
esses documentos ocupariam um espaço em locais onde o No arquivo corrente a documentação é recente e provém de
metro quadrado é extremamente caro. Os depósitos de arma- setores próximos, que a utilizam com frequência. No arquivo
zenagem temporária constituem uma alternativa cujo objetivo permanente os documentos, procedentes dos arquivos corren-
principal é minimizar o custo público da guarda de documen- tes, já vem ordenados, (...), o arquivista se ocupa da ordena-
ção de todos os documentos sob sua guarda e que provêm de Tipos Básicos de Instrumentos de Pesquisa
múltiplos órgãos. (...). Quanto aos arquivos intermediários, não Segundo Heloísa Liberalli Bellotto, “os instrumentos de
existem métodos ou princípios específicos de arranjo (...).” pesquisa são, (...), obras de referência que identificam, resu-
As políticas de acesso a documentos de arquivo estão li- mem e localizam, em diferentes graus e amplitudes, os fun-
gadas às condições específicas de cada entidade arquivística e dos, as séries documentais e/ou as unidades documentais em
estão inseridas no contexto das políticas públicas arquivísticas um arquivo permanente. (...). Há instrumentos de pesquisa
e nas políticas públicas de informação. genéricos e globalizantes, como os guias, há os parciais, que
As políticas públicas arquivísticas, com o objetivo de preser- são detalhados e específicos, tratando de parcelas do acervo,
var a informação arquivística, tanto de natureza pública quanto como os inventários, catálogos, catálogos seletivos e índices,
privada, constituem conjuntos de premissas, decisões e ações
produzidas pelo Estado em nome do interesse social e contem- e há também a publicação de documentos na íntegra, a cha-
plam diversos aspectos relativos a produção e uso dos docu- mada “edição de fontes”. (...). Quanto aos instrumentos por
mentos. A obra Princípios de Acesso aos Arquivos, publicada definição, aqueles destinados ao público como meio de acesso
pelo Conselho Internacional de Arquivos oferece aos arquivistas ao acervo, eles devem constituir uma espécie de família hierár-
uma base de referência internacional para avaliação das práticas quica, na qual o guia ocupa o vértice.”
e políticas de acesso existentes e um quadro para uso quando do 1. Guia
desenvolvimento ou modificação de regras de acesso. Obra destinada à orientação dos usuários no conhecimen-
Fonte: http://www.conarq.arquivonacional.gov.br. to e na utilização dos fundos que integram o acervo de um
A Lei de Acesso à Informação nº 12.527, de 18 de novembro arquivo permanente. Guia é o instrumento de pesquisa que
de 2011: oferece informações gerais sobre fundos e coleções existentes
Art. 1º: Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem em um ou mais arquivos. É o instrumento de pesquisa mais
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- genérico, pois se propõe a informar sobre a totalidade dos fun-
nicípios, com o fim de garantir o acesso a informações dos existentes no arquivo.
previsto no inciso XXXIII do Art. 5º, no inciso II do § 3º
do Art. 37 e no § 2º do Art. 216 da Constituição Federal. O guia, principal instrumento de pesquisa, permite uma
visão ampla do acervo, disponibiliza dados institucionais
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
do arquivo e informações sobre a documentação. De acor-
I - os órgãos públicos integrantes da administração do com o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística,
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluin-
guia é o instrumento de pesquisa que oferece informações
do as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério
Público; gerais sobre fundos e coleções existentes em um ou mais ar-
quivos. Guia é o instrumento mais popular, pois é encontrado
II - as autarquias, as fundações públicas, as em-
em praticamente todas as instituições arquivísticas por ser o
presas públicas, as sociedades de economia mista
instrumento mais genérico. Permite uma visão panorâmica

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e demais entidades controladas direta ou indireta-
mente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- do acervo, com informações sobre o histórico, a natureza, a
nicípios. estrutura, o período e a quantidade de cada fundo integrante
O Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002 em seu Artigo do acervo total do arquivo.
10: O SINAR tem por finalidade implementar a política nacional 2. Inventário
de arquivos públicos e privados, visando à gestão, à preserva- Inventário é o Instrumento de pesquisa que descreve,
ção e ao acesso aos documentos de arquivo. sumária ou analiticamente, as unidades de arquivamento de
De acordo com Heloísa Liberalli Bellotto, “A atividade edu- um fundo ou parte dele, cuja apresentação obedece a uma
cativa é inerente aos arquivos públicos, mas aflora circunstan- ordenação lógica que poderá refletir ou não a disposição fí-
cialmente. (...) A aproximação estudante-documento pode ser sica dos documentos.
abordada por dois ângulos: o contato direto do aluno com as O documento que descreve conjuntos ou unidades docu-
fontes primárias e a possibilidade de selecionar documentos
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

mentais na ordem em que foram arranjados é denominado


para o ensino da história, dentro dos conteúdos programáticos
inventário e este é um instrumento de pesquisa muito utiliza-
escolares. É preciso ressalvar que o referido contato, nos mol-
des de um serviço educativo em arquivo, (...), não se faz alea- do em todos os arquivos públicos, pois descreve os conjuntos
toriamente. Não se configuram aqui as tradicionais visitas aos documentais de maneira sumária, facilitando a consulta e o
arquivos e museus, nas quais as crianças veem o documento ou acesso aos documentos.
a peça como objeto de curiosidade. Seu fim é muito mais amplo Administração de Arquivo é a direção, supervisão e coordena-
e profundo e, neste sentido, obviamente mais árduo. Não segue, ção das atividades administrativas e técnicas de uma instituição
portanto, o modelo tradicional de Museus”. ou órgão arquivístico. Também chamada de gestão de arquivos.
Segundo Heloisa Liberalli Bellotto, (...), a função arquivísti- O inventário pode ser:
ca é hoje considerada um todo indivisível, ao contrário da con-
a. Sumário:
ceituação obsoleta de tomar-se, de um lado, administração de
documentos e, de outro, o arranjo e descrição de fundos como As unidades de arquivamento de um fundo ou de uma
atividades estanques e desvinculadas uma da outra. (...) cabe ao de suas divisões são identificadas e descritas sucintamente.
arquivista desempenhar ao longo de três fases bem definidas: Inventário Sumário é o instrumento de pesquisa no qual as
o controle dos arquivos em formação; a destinação; a custódia unidades de arquivamento de um fundo ou de uma de suas 471
definitiva. divisões são identificadas e brevemente descritas.
b. Analítico: Instrumentos de Pesquisa Auxiliares
472 As unidades de arquivamento de um fundo ou de uma de 1. Índice
suas divisões são identificadas detalhadamente. É uma lista sistemática, pormenorizada, dos elementos do
3. Catálogo conteúdo de um documento ou grupo de documentos, dis-
posta em determinada ordem para indicar sua localização no
Instrumento de pesquisa elaborado segundo um critério
texto. Pelo Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística
temático, cronológico, onomástico ou geográfico, incluindo
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

temos a seguinte definição: Índice é a relação sistemática de


todos os documentos, pertencentes a um ou mais fundos, são nomes de pessoas, lugares, assuntos ou datas contidos em
descritos de forma sumária ou pormenorizada. documentos ou em instrumentos de pesquisa, acompanhados
O catálogo, instrumento de pesquisa recomendado para das referências para sua localização.
uso em fundos pessoais ou em fundos fechados, descreve cada 2. Tabela de Equivalência ou Concordância
peça documental do acervo de maneira analítica, descreven- É um instrumento de pesquisa auxiliar que dá a equivalên-
do documento a documento. Segundo o Dicionário Brasileiro cia de antigas notações para as novas que tenham sido adota-
de Terminologia Arquivística o catálogo é um Instrumento de das, em decorrência de alterações no sistema de arranjo.
Fonte: Marilena Leite Paes em Arquivo: Teoria e Prática. 3ª ed. Rio de
pesquisa organizado segundo critérios temáticos, cronológi-
Janeiro: FGV, 2012, Página 139.
cos, onomásticos ou toponímicos, reunindo a descrição indivi-
Para o estudo dos documentos arquivísticos, algumas disci-
dualizada de documentos pertencentes a um ou mais fundos,
plinas auxiliares são importantes, entre elas podemos destacar:
de forma sumária ou analítica.
Antroponímia – estuda os nomes próprios das pessoas.
Para Marilena Leite Paes, é instrumento de pesquisa ela- Diplomática – tem por objeto o estudo da estrutura formal
borado segundo um critério temático, cronológico, onomás-
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e da autenticidade dos documentos. A Diplomática ocupa-se


tico ou geográfico, incluindo todos os documentos, perten- da estrutura formal dos atos escritos de origem governamen-
centes a um ou a mais fundos, descritos de forma sumária ou tal e/ou notarial. Trata, portanto, dos documentos que, ema-
pormenorizada. Sua finalidade é agrupar os documentos que nados, das autoridades supremas, delegadas ou legitimadoras
versem sobre um mesmo assunto o que tenham sido produ- (como é o caso dos notários), são submetidos, para efeito de
zidos num dado período de tempo ou que digam respeito validade, à sistematização imposta pelo direito. Por isso mes-
determinada pessoa, ou a lugares específicos existentes num mo, esses documentos tornavam-se eivados de fé pública, que
lhes garante a legitimidade de disposição e a obrigatorieda-
ou mais fundos. de de imposição e utilização no meio sóciopolítico regido por
Para Heloísa Liberalli Bellotto, é o instrumento que des- aquele mesmo direito.
creve unitariamente as peças documentais de uma série ou Genealogia – estuda a origem, a ascendência e a descen-
mais séries, ou ainda de um conjunto de documentos, res- dência dos indivíduos e as relações entre as famílias.
peitada ou não a ordem da classificação. (...) O tratamento Heráldica – estuda os brasões e emblemas.
analítico proporcionado pelo catálogo aplica-se melhor aos Numismática – estuda as moedas e medalhas.
fundos pessoais, aos fundos fechados de órgãos de pequena Paleografia – estuda a escrita antiga, suas formas e varia-
amplitude e curta duração (...). ções no tempo.
O catálogo seletivo, antes da consolidação da terminolo- Sigilografia – estuda os selos, sinetes e carimbos, chama-
gia, estabelecida pela publicação de Dicionários de Termos da de esfragística.
Arquivísticos, era conhecido como Repertório. Catálogo se- Toponímia – estuda os nomes dos lugares.
letivo é um instrumento de pesquisa que traz uma “relação 3. Edição de fontes
seletiva de documentos pertencentes a um ou mais fundos De acordo com Heloísa Liberalli Bellotto, (...) compreen-
e no qual cada peça integrante de uma unidade de arqui- de a publicação de um instrumento de pesquisa no qual os
vamento é descrita minuciosamente. (...) O que difere, fun- documentos não recebem resumos indicativos e/ou informa-
tivos, (...) figurando o texto integral. A forma ideal é a que
damentalmente, os catálogos seletivos dos inventários e ca- prevê não só o texto, mas também estudos introdutórios e
tálogos é que nestes últimos – depois de escolhido o fundo, fontes paralelas. (...) Um arquivo público faz imprimir docu-
a série ou a parte dela a descrever – não há seleção, e nele mentos na íntegra com a finalidade de preservá-los, poupan-
sim. Anteriormente chamado de repertório, por influência da do os originais do manuseio, ou com a finalidade de facilitar
terminologia francesa, é mais conhecido hoje, no Brasil, pela o acesso ao texto completo, possibilitando a pesquisa “a dis-
mesma denominação que tem em Portugal e na Espanha: ca- tância”. Entretanto, essa prática, se sistemática e cotidiana,
tálogo seletivo”. demandaria uma enormidade de recursos humanos e finan-
Fonte: Heloísa Liberalli Bellotto, Arquivos Permanentes, Tratamento do- ceiros com que os arquivos, em geral, não podem contar.
cumental, ed. FGV, 4ª edição 2013, página 213.
Protocolo
4. Repertório Conjunto de operações e procedimentos visando ao controle
Descreve pormenorizadamente documentos previamente dos documentos que ainda tramitam no órgão, de modo a asse-
selecionados, pertencentes a um ou mais fundos, segundo gurar e garantir a imediata localização e recuperação do docu-
um critério temático, cronológico, onomástico ou geográfico. mento, garantindo assim o acesso à informação. É uma atividade
Pressupõe um juízo de valor que estabelece ou não a inclusão típica de arquivo corrente. Este setor é típico da fase corrente, pois
de determinados documentos. é nessa fase que os documentos possuem grande tramitação.
ї O Protocolo realiza as seguintes atividades/operações: ta, devidamente registrada e remetida ao destino correto. É
▷ Recebimento. importante observar que a correspondência oficial, mesmo
▷ Registro. quando enquadrada em qualquer dos itens descritos, não
▷ Autuação. deverá ser aberta quando o envelope contiver as indicações
de confidencial, reservado, particular ou equivalente. Marile-
▷ Classificação. na Leite Paes, Arquivo: Teoria e Prática, 3º edição, pág. 31 a 33,
▷ Expedição/Distribuição. 2013. Ressalva: trata-se de reimpressão, portanto, lembre-se de
▷ Controle/Movimentação. que após a Lei nº 12.527/2011 e o Decreto nº 7.724/2012 que re-
Atividades e Operações do Protocolo gulamenta a lei, a classificação “confidencial” não existe mais.
As atividades de protocolo podem ser enumeradas da se- Registro
guinte forma: Recebimento; Registro; Classificação; Autuação; Procedimento no qual o protocolo cadastra os dados bá-
Expedição/Distribuição; Controle/Movimentação. sicos do documento, em um sistema de controle (manual ou
O Registro e Movimentação funcionam como um centro de informatizado), no qual posteriormente esses dados possam
distribuição e redistribuição de documentos. Suas atribuições ser utilizados para localização do documento.
podem ser descritas em 6 passos e rotinas, a saber:
Autuação
01. Preparar a ficha de protocolo;
02. Anexar a segunda via da ficha ao documento, encami- ї Atividade de transformação de documentos em proces-
nhando-o ao seu destino; sos:
03. Inscrever os dados constantes da ficha de protocolo ▷ Processo: é a reunião de dois ou mais documentos.
nas fichas de procedência e assunto; Sem isso, eles perderiam o seu valor administrativo
04. Arquivar as fichas de protocolo, em ordem numérica; ou probatório. Possuem um caráter detalhado e são
05. Receber dos vários setores os documentos a serem re- protocolados e autuados pelos órgãos produtores
distribuídos; ou receptores.
06. Encaminhar os documentos aos respectivos destinos, ▷ Formação de Processo: caracteriza a abertura do
de acordo com despacho de autoridade competente. processo. Assim, nessa fase deverão ser observados
Marilena Leite Paes, Arquivo: Teoria e Prática, ed. FGV, 3ª os documentos que necessitam de análises, infor-
edição, 2012, Página 56. mações e decisões de vários setores da organização.
Recebimento ▷ Juntada: é a união de um documento ao restante do
Ato de receber os documentos produzidos pela instituição processo ou de um processo a outro. Realiza-se por
ou aqueles produzidos por outras instituições que para lá fo- apensação ou anexação.
ram encaminhados. » Por anexação: é uma união definitiva e irrever-
sível de processos de um mesmo interessado

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ї Devemos observar o fluxograma do documento a partir
da sua produção ou recebimento: desde que tenham o mesmo assunto.
▷ Recebimento da correspondência chegada à insti- » Por apensação: é uma união provisória de um
processo a outro mais antigo, visando à unifor-
tuição geralmente pelo malote e separação da cor-
midade, a dar um tratamento semelhante, com
respondência oficial da particular.
o mesmo interessado ou não.
▷ Distribuição da correspondência particular e enca-
minhamento da correspondência sigilosa aos seus De modo inverso, a desapensação é a separação física
destinatários. de um documento unido temporariamente a um processo.
▷ Separação da correspondência oficial de caráter os- ї Procedimentos adotados para a Autuação:
tensivo das de caráter sigiloso. ▷ Inserção de capa específica.
▷ Abertura da correspondência ostensiva. ▷ Numeração das páginas.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

▷ Interpretação da correspondência e sua classificação ▷ Atribuição de número de identificação do processo.


de acordo com o código adotado pela empresa e de- ї Durante a sua tramitação interna, o processo pode exi-
finido pelo arquivista. gir a adoção de alguns procedimentos administrativos:
▷ Carimbo do documento no canto superior direito. ▷ Despacho: é a decisão da autoridade administrati-
▷ Elaboração do resumo do assunto tratado no docu- va, pode ser favorável ( deferido) ou desfavorável (
mento. indeferido).
▷ Encaminhamento dos papéis ao setor responsável ▷ Diligência: é quando um processo é devolvido ao
pelo registro e movimentação. órgão para que sane as formalidades que foram
A correspondência pode ser ainda oficial ou particular. descumpridas.
Oficial é a aquela que trata de assunto de serviço ou de in- ї Outras definições relacionadas ao processo:
teresse específico das atividades de uma instituição. Parti- ▷ Folha de Processo: são duas faces de uma mesma
cular é a de interesse pessoal de servidores de uma institui- página.
ção. Quando a correspondência é encaminhada, em geral ▷ Peça do processo: são documentos que fazem par-
fechada, a uma instituição, há que se identificá-la por suas te do processo. Exemplos: fita de vídeo, nota fiscal, 473
características externas, para que, se oficial, possa ser aber- contratos etc.
▷ Desentranhamento de peças: é a retirada de algu- 05. Encaminhar a correspondência sigilosa ao seu destinatário;
474 ma peça do processo, isso ocorre devido à necessi- 06. Abrir a correspondência ostensiva;
dade da administração ou do interessado. 07. Ler a correspondência ostensiva e verificar a existência
▷ Desmembramento: é a retirada de uma parte do de antecedentes;
processo para formar um novo processo. Isso só 08. Solicitar os antecedentes ao Arquivo;
pode ocorrer com autorização do órgão autorizado. 09. Interpretar e classificar a correspondência;
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

10. Colocar carimbo de protocolo – numerador no canto


Classificação superior direito;
Uma vez recebido no protocolo, o documento será anali- 11. Anotar abaixo do número e da data a primeira distri-
sado para identificar o assunto e classificado de acordo com o buição e o código de assunto, se houver;
código de classificação de documentos. 12. Fazer um resumo do assunto para a ficha de protocolo;
A classificação consiste na rotina de “interpretação” de 13. Encaminhar ao Setor de Registro e Movimentação.
documentos, que se dispõe conforme a função de criação do Expedição/Distribuição
documento. O seu objetivo é, basicamente, dar visibilidade às
É o envio dos documentos para os seus respectivos desti-
funções e às atividades do organismo produtor do documento
natários, sendo que, na expedição, esse destinatário encontra-
de arquivo, deixando claras as ligações entre os documentos.
se no âmbito externo ao órgão, enquanto na distribuição, a
O Código de Classificação é um instrumento utilizado nos remessa de documentos ocorre dentro do próprio órgão.
órgãos federais para agrupar os documentos de arquivo em
classes e subclasses, segundo as funções e atividades desem- Controle de Movimentação/Tramitação
penhadas pelo órgão. Também são identificados espécies e Atividade que consiste em identificar os setores pelos
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tipos documentais, que são chamados de assuntos e recebem quais passam os documentos, para recuperá-los com agilida-
códigos numéricos. Tal Código de Classificação é derivado de de, quando necessário, auxiliando o Gestor na tomada de de-
um plano de classificação, cujo objetivo é o tornar a informa- cisão, bem como identificar possíveis atrasos na tramitação. É
ção disponível no mais breve espaço de tempo possível quan- realizado por sistemas informatizados ou manuais (livro, ficha
do solicitada pelos gestores. Por classificação entende-se a de protocolo).
organização dos documentos de um arquivo ou coleção, de ї Outros termos relacionados ao setor de protocolo:
acordo com um plano de classificação, código de classificação ▷ Protocolo central: é uma unidade ou órgão que cen-
ou quadro de arranjo. traliza as atividades de protocolo.
Pode ser, ainda, a análise e identificação do conteúdo ▷ Protocolo setorial: descentraliza as atividades do
de documentos, seleção da categoria de assunto sob a qual protocolo central, pois é instalado em cada unidade
sejam recuperados, podendo-se lhes atribuir códigos. Clas- visando a dar suporte às atividades de recebimento
sificação é também a atribuição a documentos, ou informa- e expedição de documentos.
ções neles contidas, de graus de sigilo, conforme legislação
específica. Também chamada de classificação de segurança.
A classificação, ainda, pode ser chamada de arranjo.
3. Tipologias Documentais e Suportes
• Procedimentos de Classificação Físicos
Inicialmente, analisam-se os documentos produzidos por
determinada instituição para a posterior criação de categorias Introdução
e classes genéricas que correspondam às funções e atividades O arquivo pode ser formado por documentos de qualquer
desenvolvidas pela instituição. A classificação considera a for- gênero (a configuração que assume um documento, depen-
ma e os motivos que determinaram a existência do documento dendo do sistema de signos utilizados na comunicação de seu
(como e por que foram produzidos), sendo condição precípua conteúdo). Ou seja, o documento pode ser textual, iconográfi-
para a sua compreensão plena, tanto para quem organiza como co, sonoro, audiovisual, informático etc.
para quem consulta. Esse procedimento é conhecido como ela- O arquivo também é composto de documentos que po-
boração do “plano de classificação” do arquivo na fase corrente. dem ser confeccionados por diversos tipos de materiais, sobre
Para os documentos recebidos – de origem externa à ins- os quais as informações são registradas (suporte).
tituição: a abertura daqueles que estiverem em envelopes São exemplos disso: papel, filme, disco ótico, disco magné-
fechados deverá ser procedida no setor de Protocolo, com tico etc. Para que você não confunda os gêneros de documen-
exceção dos documentos particulares e sigilosos. Já os docu- tos, vamos recordar os mais importantes:
mentos ostensivos (natureza do assunto) deverão ser abertos, ї Escritos ou textuais: textos manuscritos, datilografados
analisados, classificados e registrados, antes de serem encami- ou impressos.
nhados aos seus destinatários. ї Cartográficos: representações geográficas, arquitetôni-
Rotinas do Recebimento e Classificação cas ou de engenharia (mapas, plantas, perfis etc.).
01. Receber a correspondência; ї Iconográficos: suporte sintético, em papel emulsionado,
02. Separar a correspondência oficial da particular; como fotografias, diapositivos, desenhos etc.
03. Distribuir a correspondência particular; ї Filmográficos: películas cinematográficas e fitas mag-
04. Separar a correspondência oficial de caráter ostensivo néticas de imagens, com ou sem sonorização, contendo
daquelas que são sigilosas; imagens em movimento.
ї Sonoros: registros fonográficos (discos e fitas magnéticas). ▷ Acesso fácil e rápido.
ї Micrográficos: documentos resultantes de microrrepro- ▷ Segurança e garantia da confidencialidade das infor-
dução de imagens (microfilme, microficha, rolo etc.). mações.
ї Informáticos: tratados e armazenados em sistemas com- É regulamentada pela Lei no 5.433/68 e regulamentada
putacionais (disquete, CD-ROM, DVD-ROM, HD etc.). pelo Decreto no 1.799/96. A microfilmagem pode ser utiliza-
da com o objetivo de preservar os documentos originais de
Mudança de Suporte manuseio. Deve-se também considerar os custos dos equipa-
Muitas vezes, dentro do ciclo de vida de um documento, mentos e filmes, bem como os recursos humanos necessários
o suporte pode ser alterado devido a questões funcionais, ad- ao preparo da documentação para tal procedimento. O espe-
ministrativas ou legais. Nesse sentido, a microfilmagem é um cialista responsável pelo processo de microfilmagem deverá
processo bastante utilizado e oferece como resultado a econo- proceder um estudo sobre a viabilidade econômica de acor-
micidade de espaço e a garantia da preservação de originais do com a disponibilidade financeira da instituição. Decreto nº
passíveis de destruição. 1.799, de 30 de janeiro de 1996:
É necessário observar que a adoção de recursos tecnológi- Art. 3º: Entende-se por microfilme, para fins deste
cos para alteração do suporte da informação requer a obser- Decreto, o resultado do processo de reprodução em
vância de determinados critérios: filme, de documentos, dados e imagens, por meios
ї Questões legais concernentes à alteração do suporte, fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de
observando-se as garantias jurídicas, a normalização redução.
dos procedimentos, as especificações e os padrões de Microfilmagem pode ser:
qualidade estabelecidos pela legislação brasileira e por
01. Eletrônica
organismos internacionais.
Captura de documentos por meio da digitalização.
ї Capacidade de recuperação das informações antes e de-
02. Convencional
pois de processar a alteração do suporte.
Captação das imagens de documentos por processo foto-
ї Custo da operação. gráfico.
ї Definição da melhor técnica, de forma a assegurar a qua- As finalidades da microfilmagem são:
lidade da reprodução, a durabilidade do novo suporte e o 01. Substituição
acesso à informação. Ocorre nos arquivos corrente e intermediário quando da
ї Existência de depósitos e equipamentos de segurança necessidade de substituir os originais pelo fato destes pode-
que venham a garantir a preservação do novo suporte. rem ser eliminados.
Organizados e avaliados os documentos, deve-se proceder 02. Preservação
ao estudo da viabilidade econômica, de acordo com a dispo- Com objetivo de preservar os originais garantindo sua se-

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nibilidade de pessoal, espaço e recursos financeiros do órgão, gurança, ocorre nos arquivos permanentes.
além do cálculo dos equipamentos, materiais e acessórios ne-
cessários. A legislação que autoriza e regulamenta a microfilmagem
Deve-se, ainda, verificar as instalações dos arquivos de segu- de documentos no Brasil é a Lei no 5.433, de 8 de maio de 1968.
rança, bem como as condições de tratamento técnico, armazena- Art. 1º; § 4º - Os filmes negativos resultantes de micro-
mento e acesso às informações. filmagem ficarão arquivados na repartição detentora
Somente a partir desses procedimentos, recomenda-se do arquivo, vedada sua saída sob qualquer pretexto.
propor as eventuais alterações de suporte documental. A microfilmagem, para fins de regulamentação, é definida
como o processo de reprodução fiel de documentos e dados
Microfilmagem em filme por meios fotográficos ou eletrônicos.
A microfilmagem é um processo realizado mediante cap- De acordo com a Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968:
tação da imagem por meio fotográfico ou eletrônico. É uma
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Art. 1º. É autorizada, em todo o território nacional,


técnica utilizada para alterar o suporte em que a informação a microfilmagem de documentos particulares e ofi-
está contida e atualizar os arquivos. Assim, a microfilmagem ciais arquivados, estes de órgãos federais, estaduais
cria uma cópia do documento original em gênero micrográfico e municipais”; em seu Artigo 4º - “É dispensável o
(microfilme ou microficha). reconhecimento da firma da autoridade que autenti-
ї Tem como objetivos: car os documentos oficiais arquivados, para efeito de
▷ Reduzir o tamanho do acervo, propiciando otimiza- microfilmagem e os traslados e certidões originais de
ção de espaço e economicidade para a instituição. microfilmes.
▷ Prolongar a vida útil dos documentos originais, uma § 7º. Quando houver conveniência, ou por medida de
vez que, a partir da microfilmagem — via de regra —, segurança, poderão excepcionalmente ser microfilma-
o documento estará disponível para consulta apenas dos documentos ainda não arquivados, desde que au-
através do rolo de microfilme, preservando-se, des- torizados por autoridade competente.
sa forma, o original. Pelo Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996 em seu
ї Podemos resumir as vantagens do microfilme nos se- Artigo 6° - Na microfilmagem poderá ser utilizado qualquer
guintes pontos: grau de redução, garantida a legibilidade e a qualidade de 475
▷ Economia de espaço. reprodução”. Quando o documento é maior que o campo fo-
tográfico do equipamento, a microfilmagem é feita em eta- mente após o último documento, com os seguintes
476 pas, sendo obrigatório repetir uma parte da imagem anterior elementos:
na imagem subsequente, isto é o que estabelece o Decreto nº I. identificação do detentor dos documentos micro-
1.799, de 30 de janeiro de 1996: filmados;
Art. 6º; Parágrafo único – Quando se tratar de original II. informações complementares relativas ao inciso
cujo tamanho ultrapasse a dimensão máxima do campo V do artigo anterior;
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

fotográfico do equipamento em uso, a microfilmagem po- III. termo de encerramento atestando a fiel obser-
derá ser feita por etapas, sendo obrigatória a repetição de vância às disposições deste Decreto;
uma parte da imagem anterior na imagem subsequente, IV. menção, quando for o caso, de que a série de
de modo que se possa identificar, por superposição, a con- documentos microfilmados continua em microfil-
tinuidade entre as seções adjacentes microfilmadas. me posterior;
O Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996 em seu Art. 4° - V. nome por extenso, qualificação funcional e assi-
A microfilmagem será feita em equipamentos que garantam natura do responsável pela unidade, cartório ou em-
a fiel reprodução das informações, sendo permitida a utiliza- presa executora da microfilmagem.
ção de qualquer microforma” e no Artigo 5º; § 2° - “Fica veda- De acordo com o Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro de
da a utilização de filmes atualizáveis, de qualquer tipo, tanto 1996, que regulamenta a Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968,
para a confecção do original, como para a extração de cópias. que regula a microfilmagem de documentos oficiais:
Deve-se salientar, ainda, sobre o mesmo Decreto, o seu Ar- Art. 5º. A microfilmagem, de qualquer espécie, será
tigo 9° - Os documentos da mesma série ou sequência, even- feita sempre em filme original, com o mínimo de 180 li-
nhas por milímetro de definição, garantida a segurança
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tualmente omitidos quando da microfilmagem, ou aqueles cujas


e a qualidade de imagem e de reprodução.
imagens não apresentarem legibilidade, por falha de operação
ou por problema técnico, serão reproduzidos posteriormente, § 1° Será obrigatória, para efeito de segurança, a extra-
ção de filme cópia do filme original.
não sendo permitido corte ou inserção no filme original.
§ 2° Fica vedada a utilização de filmes atualizáveis, de
A imagem de abertura que precede cada série, na micro- qualquer tipo, tanto para a confecção do original, como
filmagem, deve conter, obrigatoriamente, informações sobre o para a extração de cópias.
equipamento, unidade filmadora e grau de redução é o que de- Segundo a legislação, a microfilmagem só pode ser reali-
termina o Decreto nº 1799, de 30 de janeiro de 1996: zada por cartórios ou empresas devidamente registradas e au-
Art. 7°. Na microfilmagem de documentos, cada série torizadas pelo Ministério da Justiça. Isso garante o valor legal
será precedida de imagem de abertura, com os seguin- dos microfilmes.
tes elementos: Para o exercício legal da microfilmagem, as empresas,
I - identificação do detentor dos documentos, a se- cartórios e órgãos públicos que prestam serviços a terceiros
rem microfilmados; devem requerer registro no Ministério da Justiça. Isto é deter-
II - número do microfilme, se for o caso; minado pelo Decreto no 1.799, de 30 de janeiro de 1996 que
regulamenta a Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula
III - local e data da microfilmagem; a microfilmagem de documentos oficiais em seu Artigo 15 – A
IV - registro no Ministério da Justiça; microfilmagem de documentos poderá ser feita por empresas
V - ordenação, identificação e resumo da série de e cartórios habilitados nos termos deste Decreto. Parágrafo
documentos a serem microfilmados; único. Para exercer a atividade de microfilmagem de docu-
VI - menção, quando for o caso, de que a série de mentos, as empresas e cartórios a que se refere este artigo,
documentos a serem microfilmados é continuação além da legislação a que estão sujeitos, deverão requerer re-
da série contida em microfilme anterior; gistro no Ministério da Justiça e sujeitar-se à fiscalização que
por este será exercida quanto ao cumprimento do disposto no
VII - identificação do equipamento utilizado, da presente Decreto. No Artigo 16 – As empresas e os cartórios
unidade filmadora e do grau de redução; que se dedicarem a microfilmagem de documentos de tercei-
VIII - nome por extenso, qualificação funcional, se ros, fornecerão, obrigatoriamente, um documento de garantia,
for o caso, e assinatura do detentor dos documen- declarando:
tos a serem microfilmados; I. que a microfilmagem foi executada de acordo
IX - nome por extenso, qualificação funcional e com o disposto neste Decreto;
assinatura do responsável pela unidade, cartório II. que se responsabilizam pelo padrão de qualida-
ou empresa executora da microfilmagem. de do serviço executado;
Imediatamente após o último documento microfilmado de III. que o usuário passa a ser responsável pelo ma-
cada série, deve ser reproduzida uma imagem de encerramen- nuseio e conservação das microformas.
to e nesta deve aparecer a identificação do detentor dos do- A microfilmagem por si só não exime a observância dos
cumentos de acordo com o Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro critérios e procedimentos estabelecidos aos demais documen-
de 1996: tos relativos à eliminação ou guarda permanente.
Art. 8º - No final da microfilmagem de cada série, será Devido ao valor legal do microfilme, existe uma legislação
reproduzida a imagem de encerramento, imediata- específica que deve ser seguida pelas instituições envolvidas
em sua produção. Nesse sentido, a Lei nº 5.433/68, regula- Não devemos confundi-la com o processo de automação
mentada pelo Decreto nº 1799/96, que disciplina toda produ- de arquivo (Gestão Eletrônica de Documentos - GED), pois
ção de microfilme, estabelece que: este é muito mais abrangente e envolve a automação de todo
§ 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as o sistema (protocolo, sistema de busca do documento).
certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas Digitalização é o processo de conversão de um documento
diretamente dos filmes produzirão os mesmos efeitos em qualquer suporte ou formato para o formato digital, por
legais dos documentos originais em juízo ou fora dele. meio de dispositivo apropriado.
Os documentos microfilmados são dotados de valor pro- Uma das principais formas de alteração de suporte atual-
batório, ou seja, produzem os mesmos efeitos legais que os mente adotadas nos arquivos é a digitalização, que consiste
dos originais. na conversão de um documento para o formato digital com
É importante destacar que há restrições à microfilmagem. uso de escâner ou outro dispositivo apropriado. A adoção de
Quando se produz um microfilme, podemos eliminar quase recursos tecnológicos para alteração do suporte da informação
toda papelada microfilmada, no entanto, não os documentos requer a observância de determinados critérios que levem em
considerados de valor histórico (exemplo: documentos refe- consideração os preceitos técnicos da arquivologia, a legisla-
rentes à construção de um monumento). ção em vigor e a relação custo/benefício de sua implantação.
Arquivos Tipos de documentos Microformas Conquanto tais recursos permitam a redução das necessida-
Processos, recibos, escrit- des de armazenamento da informação, podem, por outro lado,
uras, fichas, balancetes, acarretar elevada despesa para o órgão, sem que se obtenha
Documentos
balanços, licitações, Rolo, cartucho, com resultados positivos.
concursos, leis, portarias, filme 16mm ї Os métodos utilizados para automatizar (digitalizar) um
decretos, resoluções, atos,
contratos
documento são:
Jaquetas de 105mm ▷ Por meio da transferência da informação para um
Documentos com filme de 16mm CD ou mesmo para o meio virtual pelo processo de
Prontuário de emprega- escaneamento de um documento em papel.
administrativos - 5 canais Tab-Jac-
dos, alunos, cadastro de
e contábeis de
fornecedores e clientes
cartão tabuláveis ▷ Gravando as informações de uma fita magnética,
arquivo corrente com filme de 16mm disco de vinil etc. para um CD ou DVD, por exemplo.
de 1 a 3 canais
» A digitalização de documentos é uma política de ar-
Rolo ou cartucho
com filme de 35mm quivo baseada em quatro fundamentos principais:
Cartão-janela com ▷ Diminuição do tamanho do acervo.
Documentos Livros, plantas, mapas,
filme de 35mm ▷ Preservação dos documentos.
jaqueta de 105mm
técnicos jornais
com filme de 35mm ▷ Possibilidade de acesso ao mesmo documento por

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Tab-jac-cartão várias pessoas ao mesmo tempo.
tabuláveis com ▷ Maior agilidade (ao menos em tese) na busca e recu-
filme de 35mm peração da informação.
Biblioteca Livros, revistas
Rolo de 16mm e ▷ Acondicionamento e armazenamento de documen-
35mm m
tos de arquivo.
Informações volu- Cadastro do IPTU, INSS, COM microficha
mosas contidas dívida ativa, dotações Filme de 105mm x O armazenamento é a guarda ou acondicionamento de
em arquivos orçamentárias. 148mm documentos em depósitos. E o acondicionamento é a coloca-
ção de documentos em mobiliário e invólucros apropriados,
Automação que assegurem sua preservação.
Pode ser entendida como a transposição do suporte inicial Armazenamento
do documento (papel, fita magnética, etc.) para um suporte
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

digital (CD, DVD, etc.) por meio de computadores. Todos os documentos devem ser armazenados em insta-
Alteração de Suporte lações que possibilitem condições ambientais apropriadas às
Dentre as vantagens da alteração do suporte, destacam-se: suas necessidades de preservação, pelo prazo de guarda esta-
belecido em tabela de temporalidade e destinação. Apesar dos
01. Agilizar a recuperação das informações, bem como o
seu intercâmbio; avanços tecnológicos em matéria de restauração documental,
02. Garantir a preservação de documentos originais pas- é um princípio de preservação arquivística quase consensual
síveis de destruição pelo manuseio, bem como a se- que a manutenção de um ambiente de armazenamento dentro
gurança do acervo contra furto, incêndios, inundações dos padrões convencionais (umidade relativa e temperatura)
etc; para o material que está sendo armazenado é a medida mais
03. Preencher lacunas nos acervos arquivísticos; eficaz, em termos de custo-benefício, para uma maior sobre-
04. Substituir, em situações específicas, grandes volumes vida dos documentos arquivísticos. Quando falamos de arma-
de documentos destinados à eliminação, mas de pra- zenamento de documentos magnéticos ou ópticos, há que se
zos de guarda muito extensos, proporcionando melhor observar as recomendações específicas ou especiais quanto às
aproveitamento do espaço, reduzindo o custo de ma- melhores condições possíveis de armazenamento. O ambiente
nutenção, concentrando as informações e facilitando o deve ser constantemente monitorado e as leituras verificadas 477
seu manuseio. com regularidade.
Recomendações para a produção e o armazenamento de ▷ As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de
478 documentos de arquivo do CONARQ, Rio de Janeiro, 2005, computador, devem ser armazenadas longe de campos
página 8: As presilhas dos papéis devem ser de plástico ou em magnéticos que possam causar a distorção ou a perda
metal não oxidável; As práticas de grampear e de colar docu- de dados.
mentos devem ser evitadas; Os papéis das capas de processos ▷ O armazenamento será preferencialmente em mobi-
devem ser alcalinos; Os dossiês, processo e volumes devem ser liário de aço tratado com pintura sintética, de efeito
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

arquivados em pastas suspensas ou em caixas, de acordo com antiestático.


suas dimensões. Todos os documentos devem ser preservados ї Vantagens do acondicionamento em embalagens:
em condições adequadas ao seu uso, pelos prazos de guarda
▷ Protegem os documentos contra a poeira e danos
estabelecidos nas Tabelas de Temporalidade e Destinação de
acidentais.
documentos.
▷ Minimizam as variações externas de temperatura e
Diretamente relacionado ao tipo de suporte em que se en-
umidade relativa.
contra a informação, uma das principais funções dos arquivos
é a proteção de seu acervo, portanto, a escolha de materiais de ▷ Reduzem os riscos de danos por água e fogo em ca-
construção, de acabamento e de equipamentos devem obede- sos de desastre.
cer especificações de segurança, proteção e conservação. ї Características das caixas de acondicionamento de docu-
mentos de arquivo:
• Alguns cuidados especiais:
▷ Devem ser resistentes ao manuseio, ao peso dos
Mobiliário
documentos e à pressão, caso tenham de ser em-
Em áreas onde são realizadas consultas e áreas adminis- pilhadas.
trativas devem ser de aço ou de madeira tratada contra insetos
▷ Precisam ser mantidas em boas condições de con-
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e fogo. As mesas utilizadas para pesquisas devem ser mais


largas que o usual em função dos diferentes formatos e tama- servação e limpeza, de forma a proteger os docu-
nhos de documentos. mentos.
Estantes ▷ As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem
Altura superior a 2,20 metros em fileiras geminadas; os ser sempre superiores às dos documentos que irão
corredores devem ter, no mínimo, 0,70 metro que, também, é abrigar.
a distância recomendada em relação ao fim das estantes e as ▷ Todos os materiais usados para o armazenamen-
paredes para facilitar movimentação de pessoas, circulação de to de documentos permanentes devem manter-se
ar e limpeza; devem ser afastadas das paredes no mínimo 0,30 quimicamente estáveis ao longo do tempo, não
metro, o ideal é 0,70 metro; a última prateleira deve estar a podendo provocar quaisquer reações que afetem a
pelo menos 10 centímetros do solo e, no mínimo a 0,30 metro preservação dos documentos.
do teto. ▷ Os papéis e cartões empregados na produção de cai-
Prateleiras xas e invólucros devem ser alcalinos e corresponder
Não devem ultrapassar 1 metro de comprimento e 0,40 às expectativas de preservação dos documentos.
metro de profundidade. Suportes diferentes requerem tratamentos específicos:
Papel – prateleiras, estantes e arquivos devem ser de me-
Acondicionamento tal pintado;
A escolha da forma de acondicionar os documentos deverá Fotografia – exigem proteção individualizada e de qua-
ser feita observando-se as características físicas e a natureza lidade;
de cada suporte. A confecção e a disposição do mobiliário Microfilmes – deve ser feito em cofres, arquivos ou armá-
deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e resis- rios à prova de fogo, compartimentos vedados à umidade;
tência e sobre segurança no trabalho. O mobiliário facilita o Disquetes e CD-ROM – devem ser mantidos distantes de
acesso seguro aos documentos, promove a proteção contra materiais magnéticos;
danos físicos, químicos e mecânicos. Os documentos devem
ser guardados em arquivos, estantes, armários ou prateleiras Diapositivos – arquivos metálicos; produzir duplicatas
apropriados a cada suporte e formato. para projeções que são exibidas com frequência.
ї Algumas peculiaridades no acondicionamento e armaze- Condições Ambientais
namento de documentos:
O estudo das condições ambientais para o armazenamen-
▷ Os documentos de valor permanente que apresentam to e preservação de documentos subdivide-se na análise da:
grandes formatos, como mapas, plantas e cartazes,
ї Temperatura.
devem ser armazenados horizontalmente em ma-
potecas – móveis especiais para o acondicionamento ї Umidade relativa do ar (UR).
horizontal com gavetas próprias para guardar mapas, As condições adequadas de temperatura e de umidade
cartas geográficas, históricas, sem a necessidade de relativa do ar são elementos vitais para postergar a sobrevi-
dobrá-las - adequadas às suas medidas ou enrola- vência dos registros.
dos sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e Fatores importantes a se considerar na UR:
acondicionados em armários ou gavetas. ▷ Se os níveis de umidade relativa (UR) são muito bai-
▷ Nenhum documento deve ser armazenado direta- xos, aumenta-se o risco de quebra das fibras e esfa-
mente sobre o chão. relamento dos materiais orgânicos fibrosos.
▷ Para pergaminhos e encadernações em couro, a UR ideal é uma umidade intermediária (45%-60%).
abaixo de 40% é perigosa e o papel também sofre ▷ Temperatura: não deve sofrer muitas oscilações; am-
abaixo desses níveis. Já nas faixas de UR acima de bientes muito quentes podem destruir a fibra do papel.
65%, crescem micro-organismos e ocorrem reações Dos fatores acima, destaca-se negativamente a luminosi-
químicas danosas. dade que, mesmo em baixo nível, é danosa para a manutenção
▷ A faixa segura de umidade relativa é entre 45% e de um bom estado de conservação dos documentos.
55%, com variação diária de +/- 5%. ї As quatro principais operações de conservação são:
ї Fatores importantes a se considerar na temperatura: ▷ Desinfestação.
▷ A temperatura deve também estar relacionada com ▷ Limpeza.
a umidade relativa. ▷ Alisamento.
▷ A temperatura ideal para documentos é ▷ Restauração ou reparo.
20° C, com variação diária de +/- 1° C.
A estabilidade da temperatura e da UR é especialmente Desinfestação
importante, e as mudanças bruscas ou constantes são muito ▷ Processo de destruição ou inibição da atividade de
danosas. No caso de não existir a possibilidade de se instalar insetos.
um sistema de climatização, a instalação de umidificadores, Higienização ou limpeza
desumidificadores, exaustores e ventiladores pode surtir bons ▷ Retirada, por meio de técnicas apropriadas, de poei-
resultados. ra e outros resíduos de quaisquer espécies da su-
▷ O sistema de ar condicionado ideal é aquele que perfície ou interior dos documentos, bem como do
controla a temperatura, a umidade e ainda filtra os espaço físico onde se encontram.
agentes poluentes, antes de insuflar o ar no ambien-
te interno. Ele deve ficar em funcionamento durante Alisamento
as 24 horas do dia. Os custos iniciais de instalação e Consiste em colocar os documentos em bandejas de aço
os de manutenção são muito altos. inoxidável e expô-los à ação do ar com forte percentagem de
umidade, durante uma hora e, em seguida, passá-los a ferro,
Preservação e Conservação folha por folha.
Os documentos podem sofrer degradação causada por di- Restauração ou reparo
versos agentes, normalmente classificados em: Conjunto de procedimentos específicos para recuperação
ї Físicos - luminosidade, temperatura, umidade etc. e reforço de documentos deteriorados e danificados. Inclui
ї Químicos - acidez do papel, poluição atmosférica, tintas, medidas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos
etc. físicos ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do

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ї Biológicos - insetos, fungos, roedores etc. tempo e do uso, intervindo de modo a não comprometer sua
integridade e seu caráter histórico. Tem por objetivo revitalizar
ї Ambientais - ventilação, poeira etc.
a concepção original, ou seja, a legibilidade do documento.
Assim, o arquivo permanente, além da guarda, deve se A seguir, veremos alguns métodos de restauração de do-
preocupar também com a preservação dos documentos da cumentos:
instituição, de forma a garantir que os valores secundários
(histórico e cultural, probatório e informativo), inerentes a essa • Silking
idade do arquivo, não sejam perdidos. Esse método utiliza tecido de grande durabilidade, mas
ї A preservação de documentos compreende três atividades: devido ao uso de adesivo à base de amido, afeta suas qualida-
▷ Conservação. des permanentes. Tanto a legibilidade quanto a flexibilidade, a
reprodução e o exame pelos raios ultravioletas e infraverme-
▷ Armazenamento.
lhos são pouco prejudicados. É, no entanto, um processo de
▷ Restauração.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

difícil execução, cuja matéria-prima é de alto custo.


A preservação dos documentos se dá por meio de adequa-
• Banho de gelatina
do controle ambiental e tratamento físico ou químico. Dessa
forma, procura-se prevenir a deterioração dos documentos. Consiste em mergulhar o documento em banho de gelatina
ou cola o que aumenta a sua resistência, não prejudica a visibi-
Conservação lidade e flexibilidade e proporciona a passagem dos raios ultra-
O principal objetivo é estender, dilatar a vida útil dos do- violetas e infravermelhos. Os documentos, porém, tratados por
cumentos, procurando mantê-los o mais próximo possível do este processo, que é manual, tornam-se suscetíveis ao ataque
estado físico em que foram criados/recebidos. de insetos e fungos, além de exigir habilidade do executor.
ї Fatores que influenciam na conservação dos documentos: • Tecido
▷ Luminosidade: deve-se procurar usar luz artificial Processo de reparação em que são usadas folhas de teci-
(com parcimônia), e a luz do dia deve ser evitada, do muito fino, aplicadas com pasta de amido. A durabilidade
pois acelera o desaparecimento da tinta e enfraque- do papel é aumentada consideravelmente, mas o emprego do
ce o papel. amido propicia o ataque de insetos e fungos, impede o exame
▷ Umidade: ar muito seco enfraquece o papel e ambien- pelos raios ultravioletas e infravermelhos, além de reduzir a 479
tes muito úmidos causam o aparecimento de mofo; o legibilidade e flexibilidade.
• Laminação senhos por se tratar de instrumentos de trabalho extremamente
480 Envolve o documento nas duas faces com papel de seda macios, neutros e sem a presença de produtos químicos.
e acetato de celulose e prensado em temperatura elevada por Alisamento
uma prensa hidráulica com pressão entre 7 a 8 kg/cm e tempe- Os documentos são colocados em bandejas de aço ino-
ratura entre 145° a 155° C. O volume do documento é reduzido, xidável, dispostos em uma câmara de umidificação com
mas o peso duplica. alta taxa de umidade, entre 90% e 95% durante aproxima-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

A durabilidade e as qualidades permanentes do papel são damente uma hora, após este período de tempo devem ser
asseguradas sem a perda da legibilidade e da flexibilidade, passados a ferro.
tornando-o imune à ação de fungos e pragas. Qualquer man-
cha resultante do uso pode ser removida com água e sabão. 4. Legislação Arquivística
A aplicação, por ser mecanizada, é rápida e a matéria-pri-
ma, de fácil obtenção. O material empregado na restauração CONARQ
não impede a passagem dos raios ultravioletas e infraverme- Fonte: \\www.conarq.arquivonacional.gov.br
lhos. O método de laminação é o que mais se aproxima do mé-
O Conselho Nacional de Arquivos - (CONARQ) é um ór-
todo ideal de restauração de documentos, dado que eleva a
gão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional do Ministério
resistência do papel.
da Justiça, que tem por finalidade definir a política nacional
Segundo Marilena Leite Paes, Laminação é um processo de arquivos públicos e privados, como órgão central de um
em que se envolve o documento, nas duas faces, (...). A dura- Sistema Nacional de Arquivos, bem como exercer orientação
bilidade e as qualidades permanentes do papel são assegura- normativa visando à gestão documental e à proteção especial
das sem perda da legibilidade e da flexibilidade, tornando-o aos documentos de arquivo.
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imune à ação de fungos e pragas. (...) não impede a passagem A Constituição Federal de 1988 e, particularmente, a Lei
dos raios ultravioletas e infravermelhos. (...) são as que mais se nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991 que dispõe sobre a política
aproximam do método ideal. nacional de arquivos públicos e privados, delegaram ao Poder
• Laminação manual Público estas responsabilidades, consubstanciadas pelo De-
Utiliza a matéria-prima básica da laminação mecanizada, creto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que consolidou os
embora não empregue calor nem pressão, que são substituí- decretos anteriores - nºs 1.173, de 29 de junho de 1994; 1.461, de
dos pela acetona. Esta ao entrar em contato com o acetato, 25 de abril de 1995; 2.182, de 20 de março de 1997 e 2.942, de
transforma-o em camada semiplástica que, ao secar, adere ao 18 de janeiro de 1999.
documento, juntamente com o papel de seda. De acordo com estes dispositivos legais, as ações visando
A laminação manual, também chamada de laminação com à consolidação da política nacional de arquivos deverão ser
solvente oferece grande vantagem àqueles que não dispõem emanadas do Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ.
de recursos para instalar equipamentos mecanizados. Foi de- O Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) foi criado
senvolvida na Índia. pelo art. 26 da Lei nº 8.159/91 e regulamentado pelo Decreto
• Encapsulação nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002 e tem como competências:
Utiliza basicamente películas de poliéster e fita adesiva de 01. Estabelecer diretrizes para o funcionamento do Siste-
duplo revestimento. O documento é colocado entre duas lâmi- ma Nacional de Arquivos - (SINAR), visando à gestão,
nas de poliéster fixadas nas margens externas por fita adesiva à preservação e ao acesso aos documentos de arqui-
nas duas faces; entre o documento e a fita deve haver um es- vos.
paço de 3mm, deixando o documento solto dentro das duas 02. Promover o inter-relacionamento de arquivos públi-
lâminas. cos e privados com vistas ao intercâmbio e à integra-
A Encapsulação é considerada um dos mais modernos pro- ção sistêmica das atividades arquivísticas.
cessos de restauração de documentos. 03. Propor ao Ministro de Estado da Justiça normas legais
Velatura necessárias ao aperfeiçoamento e à implementação
Aplicável em grandes acervos é um processo de restaura- da política nacional de arquivos públicos e privados.
ção que consiste na aplicação de reforço de papel ou tecido em 04. Zelar pelo cumprimento dos dispositivos constitucio-
qualquer face de uma folha. nais e legais que norteiam o funcionamento e o acesso
Liofilização aos arquivos públicos.
Os volumes danificados são colocados em uma câmara a 05. Estimular programas de gestão e de preservação de
vácuo, onde é feita a extração da água, na forma de vapor, é documentos públicos de âmbito federal, estadual, do
o mesmo que secagem por congelamento ou secagem a frio e Distrito Federal e municipal, produzidos ou recebidos
consiste no tratamento de documentos molhados por conge- em decorrência das funções executiva, legislativa e ju-
lamento e subsequente secagem mediante vácuo e elevação diciária.
gradual da temperatura. 06. Subsidiar a elaboração de planos nacionais de desen-
Higienização volvimento, sugerindo metas e prioridades da política
Para gravuras e desenhos podem ser usados um pincel ma- nacional de arquivos públicos e privados.
cio ou algodão hidrófilo, sendo uma das formas mais simples, 07. Estimular a implantação de sistemas de arquivos nos
baratas e eficientes de proceder à limpeza leve de gravuras e de- Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União,
dos Estados, do Distrito Federal e nos Poderes Execu- necessárias à implementação da política nacional de arquivos
tivo e Legislativo dos Municípios. públicos e privados e ao funcionamento do SINAR.
08. Estimular a integração e modernização dos arquivos ї Desde a implantação do CONARQ foram criadas as se-
públicos e privados; identificar os arquivos privados guintes câmaras técnicas:
de interesse público e social, nos termos do art. 12 da ▷ Câmara Técnica de Avaliação de Documentos.
Lei no 8.159, de 1991. ▷ Câmara Técnica de Capacitação de Recursos Humanos.
09. Propor ao Presidente da República, por intermédio ▷ Câmara Técnica de Classificação de Documentos.
do Ministro de Estado da Justiça, a declaração de in- ▷ Câmara Técnica de Documentos Audiovisuais, Ico-
teresse público e social de arquivos privados. nográficos e Sonoros.
10. Estimular a capacitação técnica dos recursos huma- ▷ Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos.
nos que desenvolvam atividades de arquivo nas insti- ▷ Câmara Técnica de Normalização da Descrição Ar-
tuições integrantes do SINAR. quivística.
11. Recomendar providências para a apuração e a repa- ▷ Câmara Técnica de Paleografia e Diplomática.
ração de atos lesivos à política nacional de arquivos ▷ Câmara Técnica de Preservação de Documentos.
públicos e privados.
12. Promover a elaboração do cadastro nacional de ar- Câmaras Setoriais
quivos públicos e privados, bem como desenvolver A Portaria nº 2.588, de 24 de novembro de 2011, do Mi-
atividades censitárias referentes a arquivos. nistério da Justiça que aprova o recente Regimento Inter-
13. Manter intercâmbio com outros conselhos e ins- no do CONARQ, institui no Capítulo IV Da Organização e do
tituições, cujas finalidades sejam relacionadas ou Funcionamento, as Câmaras Setoriais, de caráter permanente
complementares às suas, para prover e receber ele- visando a identificar, discutir e propor soluções para questões
mentos de informação e juízo, conjugar esforços e temáticas que se repercutirem na estrutura e organização de
encadear ações. segmentos específicos de arquivos, interagindo com as câma-
ras técnicas.
14. Articular-se com outros órgãos do Poder Público
formuladores de políticas nacionais nas áreas de Câmara Setorial de Arquivos de Instituições de Saúde;
educação, cultura, ciência, tecnologia, informação e Câmara Setorial sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou
informática. em Processo de Privatização; Câmara Setorial sobre Arqui-
vos do Judiciário; Câmara Setorial sobre Arquivos Municipais;
O funcionamento do CONARQ é regulamentado pelo seu
Câmara Setorial sobre Arquivos de Arquitetura, Engenharia e
regimento interno aprovado pela Portaria nº 2.588, de 24 de
Urbanismo; Câmara Setorial sobre Arquivos Privados.
novembro de 2011.
O CONARQ é constituído por dezessete membros conse- SINAR

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lheiros: o Diretor-Geral do Arquivo Nacional, que o presidirá,
representantes dos poderes Executivo Federal, Judiciário Fe- A História do SINAR
deral, Legislativo Federal, do Arquivo Nacional, dos arquivos Fonte: \\www.conarq.arquivonacional.gov.br
públicos estaduais e do Distrito Federal, dos arquivos públicos Em 25 de setembro de 1978, o Decreto nº 82.308, instituiu
municipais, das instituições mantenedoras de curso superior o Sistema Nacional de Arquivos - (SINAR).
de Arquivologia, de associações de arquivistas e de institui-
A implementação do Sistema foi bastante prejudicada já
ções que congreguem profissionais que atuem nas áreas de
que sua área de abrangência ficou restrita aos arquivos inter-
ensino, pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais.
mediários e permanentes, tendo em vista os limites impostos
Cada Conselheiro tem um suplente.
na criação, pelo Governo Federal, em 1975, do Sistema de Ser-
Sua composição espelha, portanto, a convergência de in- viços Gerais - SISG, ao qual se vinculariam os arquivos corren-
teresses do Estado e da Sociedade, de modo a compatibilizar
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

tes da Administração Pública Federal.


as questões inerentes à responsabilidade funcional e social do
A postura equivocada de limitar a atuação do SINAR con-
Poder Público perante a gestão e preservação do patrimônio
frontava-se radicalmente com o princípio da organicidade dos
arquivístico público e privado brasileiro e o direito dos cida- documentos de arquivo, que preconiza a complementaridade
dãos de acesso às informações. entre as três idades que compõem o ciclo vital dos documentos.
Para melhor funcionamento do CONARQ e maior agilidade Embora formalmente criado, o Sistema nunca chegou a ser
na operacionalização do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR, implantado uma vez que trazia em seu bojo dispositivos con-
foi prevista a criação de Câmaras Técnicas e Câmaras Setoriais flitantes e que não atendiam às necessidades e à realidade de
e Comissões Especiais, com a incumbência de elaborar estudos nossos arquivos.
e normas necessárias à implementação da política nacional de Mesmo assim, esse decreto teve o mérito de despertar a
arquivos públicos e privados e ao funcionamento do SINAR. atenção de vários governos estaduais para a importância dos
arquivos na administração pública, motivando-os a criarem seus
Ao Arquivo Nacional cabe dar suporte técnico e adminis- sistemas estaduais de arquivos. Foi o caso dos governos do Rio
trativo ao CONARQ. Grande do Norte, do Pará, de Sergipe e do Espírito Santo.
As Câmaras Técnicas, constituídas pelo Plenário, são de Com a “recriação” do Sistema Nacional de Arquivos - 481
caráter permanente e visam a elaborar estudos e normas (SINAR), pela Lei n° 8.159, de 08 de janeiro de 1991 e pelos
decretos nº 1.173, de 29 de junho de 1994 e 1.461, de 25 de abril 08. Colaborar na elaboração de cadastro nacional de ar-
482 de 1995, consolidados e revogados pelo Decreto nº 4.073, de 3 quivos públicos e privados, bem como no desenvolvi-
de janeiro de 2002, o SINAR desenvolverá suas atividades de mento de atividades censitárias referentes a arquivos;
forma integrada com esses sistemas e estimulará os demais possibilitar a participação de especialistas nas câmaras
Estados bem como os municípios, que ainda não dispõem des- técnicas, câmaras setoriais e comissões especiais cons-
se moderno instrumento de administração, a criarem também tituídas pelo CONARQ.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

seus sistemas de arquivo. 09. Proporcionar aperfeiçoamento e reciclagem aos técnicos


O art. 26 da Lei nº 8.159/91, não só criou o Conselho Nacional da área de arquivo, garantindo constante atualização.
de Arquivos - (CONARQ) como institui também o Sistema Na- Os integrantes do SINAR seguirão as diretrizes e normas
cional de Arquivos - (SINAR), cuja competência, organização e emanadas do CONARQ, sem prejuízo de sua subordinação e
funcionamento estão regulamentados pelo Decreto nº 4.073, de vinculação administrativa.
3 de janeiro de 2002. Arquivo Nacional
De acordo com esse dispositivo legal, o SINAR tem por fi-
nalidade implementar a política nacional de arquivos públicos O Arquivo Nacional, criado em 1838, é o órgão central do
Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo - SIGA, da ad-
e privados, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos
ministração pública federal.
documentos de arquivo.
Subordinado ao Ministério da Justiça - MJ desde a publi-
ї Integram o SINAR, que tem como órgão central o CO-
cação do Decreto nº 7.430, de 17 de janeiro de 2011, no Diário
NARQ: Oficial da União nº 12, de 18 de janeiro de 2011.
▷ O Arquivo Nacional. Tem por finalidade:
▷ Os arquivos do Poder Executivo Federal.
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ї Implementar e acompanhar a política nacional de ar-


▷ Os arquivos do Poder Legislativo Federal. quivos, definida pelo Conselho Nacional de Arquivos
▷ Os arquivos do Poder Judiciário Federal. - CONARQ, por meio da gestão, do recolhimento, do
▷ Os arquivos estaduais dos Poderes Executivo, Legis- tratamento técnico, da preservação e da divulgação do
lativo e Judiciário. patrimônio documental do País,
▷ Os arquivos do Distrito Federal dos Poderes Execu- ї Garantir pleno acesso à informação, visando apoiar as
tivo, Legislativo e Judiciário; os arquivos municipais decisões governamentais de caráter político-administra-
dos Poderes Executivo e Legislativo. tivo, o cidadão na defesa de seus direitos,
Os arquivos referidos acima, exceto o Arquivo Nacional, ї Incentivar a produção de conhecimento científico e cul-
quando organizados sistemicamente, passam a integrar o SI- tural.
NAR por intermédio de seus órgãos centrais. O que são documentos de arquivo?
As pessoas físicas e jurídicas de direito privado, detento- São documentos produzidos, recebidos e mantidos por
ras de arquivos, podem integrar o SINAR mediante acordo ou órgãos e entidades da administração pública federal, em de-
ajuste com o órgão central. corrência do exercício de funções e atividades específicas,
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos
ї Compete aos integrantes do SINAR:
documentos.
01. Promover a gestão, a preservação e o acesso às infor-
O que é gestão de documentos?
mações e aos documentos na sua esfera de compe-
tência, em conformidade com as diretrizes e normas É o conjunto de procedimentos e operações técnicas refe-
emanadas do órgão central. rentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento
de documentos em fase corrente e intermediária, independen-
02. Disseminar, em sua área de atuação, as diretrizes e nor-
temente do suporte, visando a sua eliminação ou recolhimento
mas estabelecidas pelo órgão central, zelando pelo seu
para guarda permanente.
cumprimento; implementar a racionalização das ativida-
des arquivísticas, de forma a garantir a integridade do Para que uma política de gestão de documentos?
ciclo documental. Porque é dever do Poder Público a gestão documental e
03. Garantir a guarda e o acesso aos documentos de valor a proteção especial aos documentos de arquivo, como instru-
permanente; apresentar sugestões ao CONARQ para o mento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimen-
aprimoramento do SINAR. to científico e como elementos de prova e informação.
04. Prestar informações sobre suas atividades ao CONARQ; Quem integra o SIGA?
apresentar subsídios ao CONARQ para a elaboração de ї O Arquivo Nacional, como órgão central do SIGA.
dispositivos legais necessários ao aperfeiçoamento e à ї As unidades responsáveis pela coordenação das ativida-
implementação da política nacional de arquivos públi- des de gestão de documentos de arquivo nos Ministé-
cos e privados. rios e órgãos equivalentes, como órgãos setoriais.
05. Promover a integração e a modernização dos arquivos ї As unidades vinculadas aos Ministérios e órgãos equiva-
em sua esfera de atuação. lentes, como órgãos seccionais.
06. Propor ao CONARQ os arquivos privados que possam Órgãos equivalentes a Ministério, isto é, cujo titular possui
ser considerados de interesse público e social. status de Ministro de Estado. Atualmente, são órgãos equiva-
07. Comunicar ao CONARQ, para as devidas providências, lentes: Advocacia-Geral da União - AGU, Casa Civil da Presi-
atos lesivos ao patrimônio arquivístico nacional. dência da República, Controladoria-Geral da União - CGU, Ga-
binete de Segurança Institucional da Presidência da República aprovação do Arquivo Nacional, a tabela de temporali-
- GSI-PR, Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência dade e destinação de documentos de arquivo relativos
da República - SAE/PR, Secretaria de Aviação Civil - SAC, Se- às atividades-fim.
cretaria de Comunicação Social da Presidência da República ї Promover e manter intercâmbio de cooperação técnica
- SECOM-PR, Secretaria de Direitos Humanos - SDH, Secretaria com instituições e sistemas afins, nacionais e interna-
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, Secre- cionais.
taria de Políticas para as Mulheres - SPM, Secretaria de Portos ї Proporcionar aos servidores que atuam na área de ges-
- SP, Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da tão de documentos de arquivo a capacitação, o aperfei-
República - SRI/PR, Secretaria-Geral da Presidência da Repú- çoamento, o treinamento e a reciclagem, garantindo
blica - SGPR. constante atualização.
Qual é a função do Arquivo Nacional como órgão central Devo me registrar no Cadastro Nacional dos Integrantes
do SIGA? do SIGA?
ї Acompanhar e orientar, junto aos órgãos setoriais do Devem se cadastrar os servidores federais e os emprega-
SIGA, a aplicação das normas relacionadas à gestão de dos de empresas públicas da esfera federal ou de economia
documentos de arquivo aprovadas pelo Ministro-Chefe mista, que atuem na área de gestão de documentos, ainda que
da Casa Civil da Presidência da República. ocupe somente um cargo comissionado ou por prazo determi-
ї Orientar a implementação, a coordenação e o controle nado. Não estão incluídos nesse grupo os funcionários tercei-
das atividades e rotinas de trabalho relacionadas à ges- rizados, estagiários ou servidores e empregados de empresas
tão de documentos nos órgãos setoriais. públicas da esfera estadual, distrital ou municipal.
ї Promover a disseminação de normas técnicas e infor- O Que é o SIGA?
mações de interesse para o aperfeiçoamento do sistema Documentos de Arquivo - SIGA, da Administração Pública
junto aos órgãos setoriais do SIGA. Federal, pelo qual se organizam, sob a forma de sistema, as
ї Promover e manter intercâmbio de cooperação técnica atividades de gestão de documentos de arquivo no âmbito dos
com instituições e sistemas afins, nacionais e interna- órgãos e entidades da administração pública federal.
cionais. O Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo – SIGA,
ї Estimular e promover a capacitação, o aperfeiçoamen- da Administração Pública Federal, tem por finalidade garantir
to, o treinamento e a reciclagem dos servidores que ao cidadão e aos órgãos e entidades da Administração Públi-
atuam na área de gestão de documentos de arquivo. ca Federal, de forma ágil e segura, o acesso aos documentos
de arquivo e às informações neles contidas, resguardados os
Qual é a função dos órgãos setoriais no SIGA?
aspectos de sigilo e as restrições administrativas ou legais;
ї Implantar, coordenar e controlar as atividades de integrar e coordenar as atividades de gestão de documentos

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gestão de documentos de arquivo, em seu âmbito de de arquivo desenvolvidas pelos órgãos setoriais e seccionais
atuação e de seus seccionais, em conformidade com as que o integram; disseminar normas relativas à gestão de docu-
normas aprovadas pelo Ministro-Chefe da Casa Civil da mentos de arquivo; racionalizar a produção da documentação
Presidência da República. arquivística pública; racionalizar e reduzir os custos operacio-
ї Implementar e acompanhar rotinas de trabalho de- nais e de armazenagem da documentação arquivística pública;
senvolvidas, no seu âmbito de atuação e de seus sec- preservar o patrimônio documental arquivístico da Adminis-
tração Pública Federal; articular-se com os demais sistemas
cionais, visando à padronização dos procedimentos
que atuam direta ou indiretamente na gestão da informação
técnicos relativos às atividades de produção, classi-
pública federal.
ficação, registro, tramitação, arquivamento, preser-
Para efeitos de acompanhar, coordenar, controlar, orien-
vação, empréstimo, consulta, expedição, avaliação,
tar e promover a gestão de documentos de arquivo, o SIGA
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

transferência e recolhimento ou eliminação de docu- tem o Arquivo Nacional como órgão central, e uma Comissão
mentos de arquivo e ao acesso às informações neles de Coordenação, presidida pelo Diretor-Geral do Arquivo
contidas. Nacional e integrada por representantes do Arquivo Nacio-
ї Coordenar a elaboração de código de classificação de nal, dos Ministérios e dos órgãos equivalentes, cabendo aos
documentos de arquivo, com base nas funções e ativida- Ministérios e aos órgãos equivalentes a criação de Subcomis-
des desempenhadas pelo órgão ou entidade, e acompa- sões de Coordenação do SIGA que reúnam representantes
nhar a sua aplicação no seu âmbito de atuação e de seus dos órgãos seccionais de seu âmbito de atuação, com vistas
seccionais. a identificar necessidades e harmonizar as proposições a se-
ї Coordenar a aplicação do código de classificação e da rem apresentadas à Comissão de Coordenação. As normas
tabela de temporalidade e destinação de documentos emanadas e deliberadas pela Comissão de Coordenação do
de arquivo relativos às atividades-meio, instituída para SIGA serão aprovadas pela Ministra-Chefe da Casa Civil da
a Administração Pública Federal, no seu âmbito de atua- Presidência da República.
ção e de seus seccionais. É instituído por este Decreto um sistema de informações
ї Elaborar, por intermédio da Comissão Permanente de a fim de proceder à operacionalização do SIGA, visando à in-
Avaliação de Documentos e de que trata o art. 18 do De- tegração dos serviços arquivísticos dos órgãos e entidades da 483
creto n° 4.073, de 3 de janeiro de 2002, e aplicar, após Administração Pública Federal.
A reunião de instalação da Comissão de Coordenação do Com esse objetivo o Arquivo Nacional apresenta nesta se-
484 SIGA foi realizada no dia 28 de janeiro de 2004, às 9h30, no ção, um conjunto significativo de dados de interesse público,
auditório da Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidên- de forma organizada, de modo a oferecer ao cidadão um pa-
cia da República, localizado no subsolo do Palácio do Planal- drão claro e uniforme de acesso, que facilite a localização e a
to, com a participação dos presidentes ou coordenadores das obtenção das informações.
Subcomissões de Coordenação do SIGA, criadas no âmbito Aqui estão disponíveis, entre outros, dados sobre o funcio-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

dos Ministérios e órgãos equivalentes. namento, a base jurídica e a própria história da Instituição, além
daqueles referentes a diárias e passagens, licitações, relatórios de
Objetivos gestão, despesas, programas e ações, reforçando a missão do Ar-
01. Garantir ao cidadão e aos órgãos e entidades da ad- quivo Nacional de fornecer amplo acesso às informações, incluin-
ministração pública federal, de forma ágil e segura, o do aquelas que se relacionam à transparência pública.
acesso aos documentos de arquivo e às informações Neste sentido, destacam-se ainda a criação do SIC-AN
neles contidas, resguardados os aspectos de sigilo e as que se destina a atender aos pedidos de informações sobre o
restrições administrativas ou legais. acervo produzido pela Instituição de 1985 até o presente, e o
02. Integrar e coordenar as atividades de gestão de do- fácil acesso à Ouvidoria, que recebe reclamações, denúncias e
cumentos de arquivo desenvolvidas pelos órgãos se- sugestões visando aperfeiçoar a qualidade dos serviços pres-
toriais e seccionais que o integram. tados pelo Arquivo Nacional.
03. Disseminar normas relativas à gestão de documentos A Instituição também apresenta um amplo conjunto de
de arquivo. informações reunidas no item Perguntas Frequentes que, de
04. Racionalizar a produção da documentação arquivísti- modo objetivo, visa a esclarecer as dúvidas e questões enca-
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ca pública. minhadas habitualmente às áreas técnicas e ao Gabinete da


05. Racionalizar e reduzir os custos operacionais e de ar- Direção-Geral.
mazenagem da documentação arquivística pública. Atento à importância das diversas ferramentas de acesso
06. Preservar o patrimônio documental arquivístico da à informação e, ao mesmo tempo, à necessidade de um con-
administração pública federal. tínuo aperfeiçoamento deste portal, o Arquivo Nacional busca
07. Articular-se com os demais sistemas que atuam direta ou contribuir, com esta seção, para a modernização dos serviços
indiretamente na gestão da informação pública federal. arquivísticos governamentais.
Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos
Histórico Disponível em:<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br>Adaptado.
Década de 1980 ї O que é e-ARQ Brasil?
Programa de Modernização do Arquivo Nacional: desen- Estabelece um conjunto de condições a serem cumpri-
volvimento de ações e programas de assistência técnica, pu- das pela organização produtora/recebedora de documentos,
blicação de manuais, treinamento de recursos humanos, pro- pelo sistema de gestão arquivística e pelos próprios docu-
moção de seminários e cursos, recolhimento de documentos mentos a fim de garantir a sua confiabilidade e autenticida-
públicos federais, implantação do Registro Geral de Entrada de de, assim como seu acesso. Pode ser usado para orientar a
Acervos Arquivísticos no Arquivo Nacional. Essas ações permi- identificação de documentos arquivísticos digitais, estabele-
tiram delinear uma política arquivística para o governo federal. cer requisitos mínimos para um Sistema Informatizado de
Gestão Arquivística de Documentos – SIGAD – independen-
Década de 1990 temente da plataforma tecnológica em que for desenvolvido
Concepção do Sistema Federal de Arquivos do Poder Exe- e/ou implantado.
cutivo – SIFAR. O objeto do e-ARQ Brasil é o documento arquivístico di-
Anos 2000 e 2001 gital. Este documento não trata de processos de digitaliza-
Aperfeiçoamento do SIFAR, que passou a ser denominado ção, isto é, de procedimentos técnicos de conversão de um
Sistema de Gestão de Documentos de Informações – SGDI, do documento em qualquer suporte ou formato para o formato
Poder Executivo Federal. digital, por meio de dispositivo apropriado, como o escâner.
O e-ARQ Brasil especifica todas as atividades e opera-
Instituição do SIGA ções técnicas da gestão arquivística de documentos desde
ї 12 de dezembro de 2003 a produção, tramitação, utilização e arquivamento até a sua
O Decreto nº 4.915 cria o Sistema de Gestão de Docu- destinação final. Todas essas atividades poderão ser desem-
mentos de Arquivo - SIGA, da Administração Pública Federal, penhadas pelo SIGAD, o qual, tendo sido desenvolvido em
organizando, sob a forma de sistema, as atividades de gestão conformidade com os requisitos aqui apresentados, conferi-
de documentos de arquivo no âmbito dos órgãos e entidades rá credibilidade à produção e à manutenção de documentos
da Administração Pública Federal. arquivísticos.
A Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527, de 18 de ї O que é SIGAD?
novembro de 2011) estabelece que as informações de inte- É um conjunto de procedimentos e operações técnicas, ca-
resse coletivo ou geral devem ser divulgadas pelos órgãos racterístico do sistema de gestão arquivística de documentos,
públicos, espontânea e proativamente, independentemente processado por computador. O sucesso do SIGAD dependerá
de solicitações. fundamentalmente da implementação prévia de um programa
de gestão arquivística de documentos. A produção de docu- 06. Avaliação e seleção dos documentos para recolhimen-
mentos digitais levou à criação de sistemas informatizados to e preservação daqueles considerados de valor per-
de gerenciamento de documentos. Entretanto, para se asse- manente.
gurar que documentos arquivísticos digitais sejam confiáveis 07. Aplicação de tabela de temporalidade e destinação de
e autênticos e que possam preservar suas características é documentos.
fundamental que os sistemas acima referidos incorporem os 08. Transferência e o recolhimento dos documentos por
conceitos arquivísticos e suas implicações no gerenciamento meio de uma função de exportação.
dos documentos digitais. 09. Gestão de preservação dos documentos.
Diferença entre Sistema de Informação, Gestão Arquivística Câmara Técnica de Documentos
de Documentos, Sistema de Gestão Arquivística de Documen- Eletrônicos / CONARQ
tos, Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) e Sistema Níveis dos requisitos:
Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos (SIGAD).
Neste documento os requisitos foram classificados em
Sistema de Informação – conjunto organizado de polí- obrigatórios, altamente desejáveis e facultativos, de acordo
ticas, procedimentos, pessoas, equipamentos e programas com o grau maior ou menor de exigência para que o SIGAD
computacionais que produzem, processam, armazenam e pro- possa desempenhar suas funções.
porcionam acesso à informação, proveniente de fontes inter- No e-ARQ Brasil, os requisitos foram considerados da se-
nas e externas para apoiar o desempenho das atividades de guinte forma:
um órgão ou entidade.
São obrigatórios quando indicados pela frase: “O SIGAD tem
Gestão Arquivística de Documentos – conjunto de pro- que...”;
cedimentos e operações técnicas referentes à produção, tra-
mitação, uso, avaliação e arquivamento dos documentos em Altamente desejáveis quando indicados pela frase: “O SIGAD
fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou seu deve...”;
recolhimento para a guarda permanente. Facultativos quando indicados pela frase: “O SIGAD pode...”.
Sistema de Gestão Arquivística de Documentos – conjunto Cada requisito numerado é classificado como:
de procedimentos e operações técnicas, cuja interação permite (O) = Obrigatório = “O SIGAD tem que ...”;
a eficiência e a eficácia da gestão arquivística de documentos. (AD) = Altamente Desejável = “O SIGAD deve ...”;
Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) – con- (F) = Facultativo = “O SIGAD pode ...”.
junto de tecnologias utilizadas para organização da informa-
ção não-estruturada de um órgão ou entidade, que pode ser TEM = significa que o requisito é imprescindível.
dividido nas seguintes funcionalidades: captura, gerenciamen- DEVE = significa que podem existir razões válidas em circuns-
to, armazenamento e distribuição. Entende-se por informação tâncias particulares para ignorar um determinado item, mas a

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não estruturada aquela que não está armazenada em banco totalidade das implicações deve ser cuidadosamente examina-
de dados, tal como mensagem de correio eletrônico, arquivo da antes de escolher uma proposta diferente.
de texto, imagem ou som, planilhas, etc. O GED pode englobar PODE = significa que o requisito é opcional.
tecnologias de digitalização, automação de fluxos de trabalho Tanto para os requisitos considerados altamente desejá-
(workflow), processamento de formulários, indexação, gestão veis como para os requisitos facultativos, deve ser observado
de documentos, repositórios, entre outras. que uma implementação que não inclui um determinado item
Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Docu- altamente desejável ou facultativo deve estar preparada para
mentos (SIGAD) – é um conjunto de procedimentos e opera- interoperar com uma outra implementação que inclui o item,
ções técnicas, característico do sistema de gestão arquivística mesmo tendo funcionalidade reduzida. De forma inversa, uma
de documentos, processado por computador. O SIGAD é apli- implementação que inclui um item altamente desejável ou fa-
cável em sistemas híbridos, isto é, que utilizam documentos cultativo deve estar preparada para interoperar com uma outra
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

digitais e documentos convencionais. implementação que não inclui o item.


ї Requisitos arquivísticos que caracterizam um SIGAD: 1.1.1 Um SIGAD tem que incluir e ser compatível com o plano
01. Captura, armazenamento, indexação e recuperação de de classificação do órgão ou entidade.
todos os tipos de documentos arquivísticos. O plano de classificação dos integrantes do SINAR deve es-
02. Captura, armazenamento, indexação e recuperação de tar de acordo com a legislação e ser aprovado pela instituição
todos os componentes digitais do documento arqui- arquivística na específica esfera de competência. Obrigatório.
vístico como uma unidade complexa. 1.1.2 Um SIGAD tem que garantir a criação de classes, sub-
03. Gestão dos documentos a partir do plano de classificação classes, grupos e subgrupos nos níveis do plano de classifica-
para manter a relação orgânica entre os documentos. ção de acordo com o método de codificação adotado.
04. Implementação de metadados associados aos docu- Por exemplo, quando se adotar o método decimal para
mentos para descrever os contextos desses mesmos codificação, cada classe poderá ter até no máximo dez subor-
documentos (jurídico-administrativo, de proveniência, dinações e assim sucessivamente. Obrigatório.
de procedimentos, documental e tecnológico), inte- 1.1.3 Um SIGAD tem que permitir a usuários autorizados
gração entre documentos digitais e convencionais. acrescentar novas classes sempre que se fizer necessário. 485
05. Foco na manutenção da autenticidade dos documentos. Obrigatório.
1.1.4 Um SIGAD tem que registrar a data de abertura de 1.1.15 Um SIGAD pode prever a pesquisa e navegação na
486 uma nova classe no respectivo metadado. Obrigatório. estrutura do plano de classificação por meio de uma interface
1.1.5 Um SIGAD tem que registrar a mudança de nome de gráfica. Facultativo.
uma classe já existente no respectivo metadado. Obrigatório. 1.1.16 Um SIGAD deve ser capaz de importar e exportar
1.1.6 Um SIGAD tem que permitir o deslocamento de uma total ou parcialmente um plano de classificação. Altamente
classe inteira, incluindo as subclasses, grupo, subgrupos e os Desejável.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

documentos ali classificados, para um outro ponto do plano 1.1.17 Um SIGAD tem que prover funcionalidades para elabo-
de classificação. Nesse caso, é necessário fazer o registro do ração de relatórios para apoiar a gestão do plano de classifica-
deslocamento nos metadados do plano de classificação. Obri- ção, incluindo a capacidade de:
gatório. ▷ gerar relatório completo do plano de classificação;
1.1.7 Um SIGAD deve permitir que usuários autorizados tor- ▷ gerar relatório parcial do plano de classificação a
nem inativa uma classe onde não serão mais classificados docu- partir de um ponto determinado na hierarquia;
mentos. Altamente Desejável. ▷ gerar relatório dos documentos ou dossiês/proces-
1.1.8 Um SIGAD tem que permitir que um usuário autoriza- sos classificados em uma ou mais classes do plano
do apague uma classe inativa. Só pode ser apagada uma clas- de classificação;
se que não tenha documentos ali classificados. Obrigatório. ▷ gerar relatório de documentos classificados por uni-
1.1.9 Um SIGAD tem que impedir a eliminação de uma clas- dade administrativa. Obrigatório.
se que tenha documentos ali classificados. Essa eliminação po- 1.1.18 Um SIGAD deve possibilitar consulta ao plano de clas-
derá ocorrer a partir do momento em que todos os documen- sificação a partir de qualquer atributo ou combinação de atri-
tos ali classificados tenham sido recolhidos ou eliminados, e
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butos e gerar relatório com os resultados obtidos. Altamente


seus metadados apagados, ou que esses documentos tenham Desejável.
sido reclassificados. Obrigatório. 1.2 Classificação e metadados das unidades de arquiva-
1.1.10 Um SIGAD tem que permitir a associação de meta- mento
dados às classes, conforme estabelecido no padrão de meta- Os requisitos desta seção referem-se à formação e classi-
dados, e deve restringir a inclusão e alteração desses mesmos ficação e reclassificação das unidades de arquivamento (dos-
metadados somente a usuários autorizados. Obrigatório. siês/processos e pastas) e à associação de metadados.
1.1.11 Um SIGAD tem que disponibilizar pelo menos dois 1.2.1 Um SIGAD tem que permitir a classificação das unida-
mecanismos de atribuição de identificadores a classes do des de arquivamento somente nas classes autorizadas. Obri-
plano de classificação, prevendo a possibilidade de se utilizar gatório.
ambos, separadamente ou em conjunto, na mesma aplicação: 1.2.2 Um SIGAD tem que permitir a classificação de um nú-
▷ atribuição de um código numérico ou alfanumérico; mero ilimitado de unidades de arquivamento dentro de uma
▷ atribuição de um termo que identifique cada classe. classe. Obrigatório.
Obrigatório. 1.2.3 Um SIGAD tem que utilizar o termo completo da clas-
1.1.12 Um SIGAD deve prever um atributo associado às se para identificar uma unidade de arquivamento, tal como
classes para registrar a permissão de uso daquela classe para especificado no item 1.1.13. Obrigatório.
classificar um documento. Em algumas classes não é permiti- 1.2.4 Um SIGAD tem que permitir a associação de metada-
do incluir documentos, nesses casos os documentos devem ser dos às unidades de arquivamento e deve restringir a inclusão e
classificados apenas nos níveis subordinados. alteração desses mesmos metadados somente a usuários auto-
Por exemplo, no código de classificação previsto na Reso- rizados. Obrigatório.
lução do CONARQ nº 14: 1.2.5 Um SIGAD tem que associar os metadados das uni-
Não é permitido classificar documentos no grupo 021 dades de arquivamento conforme estabelecido no padrão de
(ADMINISTRAÇÃO GERAL: PESSOAL: RECRUTAMENTO E SE- metadados. Obrigatório.
LEÇÃO). Os documentos de recrutamento e seleção devem 1.2.6 Um SIGAD tem que permitir que uma nova unidade
ser classificados nos subgrupos 021.1 (ADMINISTRAÇÃO GE- de arquivamento herde da classe em que foi classificada, de-
RAL: PESSOAL: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: CANDIDATOS terminados metadados pré-definidos.
A CARGO E EMPREGO PÚBLICOS) e 021.2 (ADMINISTRAÇÃO Exemplos desta herança são: temporalidade prevista e res-
GERAL: PESSOAL: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: EXAMES DE trição de acesso. Obrigatório.
SELEÇÃO). Altamente Desejável. 1.2.7 Um SIGAD deve relacionar os metadados herdados de
1.1.13 Um SIGAD tem que utilizar o termo completo para forma que uma alteração no metadado de uma classe seja au-
identificar uma classe. Entende-se por termo completo toda a tomaticamente incorporada à unidade de arquivamento que
hierarquia referente àquela classe. Por exemplo: herdou esse metadado. Altamente Desejável.
MATERIAL: AQUISIÇÃO: MATERIAL PERMANENTE: COMPRA 1.2.8 Um SIGAD pode permitir a alteração conjunta de um
MATERIAL: AQUISIÇÃO: MATERIAL DE CONSUMO: COM- determinado metadado em um grupo de unidades de arquiva-
PRA. Obrigatório. mento previamente selecionado. Facultativo.
1.1.14 Um SIGAD tem que assegurar que os termos com- 1.2.9 Um SIGAD tem que permitir que uma unidade de
pletos, que identificam cada classe, sejam únicos no plano de arquivamento e seus respectivos volumes e/ou documentos
classificação. Obrigatório. sejam reclassificados por um usuário autorizado, e tem que
permitir que todos os documentos já inseridos permaneçam A formação e manutenção de processos no setor público
na(s) unidade(s) de arquivamento e volume(s) que estão sen- apresentam regras específicas, que os diferenciam dos dos-
do transferidos, mantendo a relação entre os documentos, vo- siês, e que apóiam a manutenção de sua autenticidade. O
lumes e unidades de arquivamento. Obrigatório. detalhamento dessas regras está previsto em normas e legis-
1.2.10 Quando uma unidade de arquivamento ou docu- lação específica, que deverão ser respeitadas pelo órgão ou
mento é reclassificado, um SIGAD deve manter registro de entidade, de acordo com a sua esfera e âmbito. Esta seção in-
suas posições anteriores à reclassificação, de forma a manter clui requisitos específicos para a gestão dos processos, que são
um histórico. Altamente Desejável. aplicáveis se o SIGAD capturar esse tipo de documento.
1.2.11 Quando uma unidade de arquivamento ou documen- 1.4.1 Um SIGAD tem que prever a formação/autuação de
to é reclassificado, um SIGAD deve permitir que o adminis- processos, por usuário autorizado conforme estabelecido em
trador introduza as razões para a reclassificação. Altamente legislação específica. Obrigatório.
Desejável. 1.4.2 Um SIGAD deve prever funcionalidades para apoiar
a pesquisa de existência de processo relativo à mesma ação/
1.2.12 Um SIGAD pode permitir que os usuários criem re-
interessado. Altamente Desejável.
ferências cruzadas para unidades de arquivamento afins. Fa-
cultativo. 1.4.3 Um SIGAD tem que prever que os documentos inte-
grantes do processo digital recebam numeração sequencial
1.3 Gerenciamento dos dossiês/processos sem falhas, não se admitindo que documentos diferentes re-
Os requisitos desta seção referem-se ao gerenciamento cebam a mesma numeração. Obrigatório.
dos documentos arquivísticos no que diz respeito a controles 1.4.4 Um SIGAD tem que controlar a renumeração dos do-
de abertura e encerramento de dossiês/processos e seus res- cumentos integrantes de um processo digital. Este requisito
pectivos volumes e inclusão de novos documentos nesses dos- tem por objetivo impedir a exclusão não autorizada de docu-
siês/processos e respectivos volumes ou em pastas virtuais. mentos de um processo. Casos especiais que autorizem a re-
1.3.1 Um SIGAD tem que registrar nos metadados a data numeração devem obedecer à legislação específica na devida
de abertura e de encerramento do dossiê/processo. Essa data esfera e âmbito de competência. Obrigatório.
pode se constituir em parâmetro para aplicação dos prazos de 1.4.5 Um SIGAD tem que prever procedimentos para jun-
guarda e destinação do dossiê/processo. Obrigatório. tada de processos segundo a legislação específica na devida
1.3.2 Um SIGAD tem que permitir que um dossiê/processo esfera e no âmbito de competência.
seja encerrado através de procedimentos regulamentares e A juntada pode ser por anexação ou por apensação. Este
somente por usuários autorizados. Obrigatório. procedimento deverá ser registrado nos metadados do pro-
1.3.3 Um SIGAD tem que permitir a consulta aos dossiês/ cesso. Obrigatório.
processos já encerrados por usuários autorizados. Obrigatório. 1.4.6 Um SIGAD tem que prever procedimentos para de-
1.3.4 Um SIGAD tem que impedir o acréscimo de novos sapensação de processos segundo a legislação específica na

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documentos a dossiês/processos já encerrados. Dossiês/pro- devida esfera e no âmbito de competência.
cessos encerrados deverão ser reabertos para receber novos Esse procedimento deverá ser registrado nos metadados
documentos. Obrigatório. do processo. Obrigatório.
1.3.5 Um SIGAD deve ser capaz de registrar múltiplas en- 1.4.7 Um SIGAD tem que prever procedimentos para de-
tradas para um documento digital (objeto digital) em mais sentranhamento de documentos integrantes de um processo,
de um dossiê/processo ou pasta, sem duplicação física desse segundo norma específica na devida esfera e no âmbito de
documento. Quando um documento digital estiver associado competência.
a mais de um dossiê ou processo, o SIGAD deverá criar um re- Esse procedimento deverá ser registrado nos metadados
gistro para cada referência desse documento. Cada registro es- do processo. Obrigatório.
tará vinculado ao mesmo objeto digital. Altamente Desejável. 1.4.8 Um SIGAD tem que prever procedimentos para des-
1.3.6 Um SIGAD tem que impedir a eliminação de uma membramento de documentos integrantes de um processo
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

unidade de arquivamento digital ou de qualquer parte de seu segundo norma específica na devida esfera e no âmbito de
conteúdo em todas as ocasiões, a não ser quando estiver de competência.
acordo com a tabela de temporalidade e destinação de docu- Esse procedimento deverá ser registrado nos metadados
mentos; A eliminação será devidamente registrada em trilha do processo. Obrigatório.
de auditoria. Obrigatório. 1.4.9 Um SIGAD tem que prever o ence rramento33 dos
1.3.7 Um SIGAD tem que garantir a integridade da relação processos incluindo seus volumes e seus metadados. Obriga-
hierárquica entre classe, dossiê/processo, volume e documen- tório.
to e entre classe, pasta e documento em todos os momentos, 1.4.10 Um SIGAD tem que prever o desarquivamento para
independentemente de atividades de manutenção, ações do reativação dos processos por usuário autorizado obedecendo
usuário ou falha de componentes do sistema. Em hipótese al- procedimentos legais e administrativos.
guma poderá ocorrer uma situação em que qualquer ação do Para manter a integridade do processo somente o último
usuário ou falha do sistema dê origem a uma inconsistência na volume receberá novos documentos ou peças. Obrigatório.
base de dados do SIGAD. Obrigatório. 1.5 Volumes: abertura, encerramento e metadados
1.4 Requisitos adicionais para o gerenciamento de pro- Em alguns casos os dossiês/processos são compartimenta- 487
cessos dos em volumes ou partes, de acordo com normas e instruções
estabelecidas. Essa divisão não está baseada no conteúdo in- 1.6.4 Um SIGAD tem que ter mecanismos para acompanhar
488 telectual dos dossiês/processos, mas em outros critérios, como a movimentação do documento arquivístico convencional de
a dimensão, o número de documentos, períodos de tempo etc. forma que se evidencie ao usuário a localização atual do docu-
Essa prática tem como objetivo facilitar o gerenciamento físico mento. Obrigatório.
dos dossiês/processos. 1.6.5 Um SIGAD deve ser capaz de oferecer ao usuário
Os requisitos desta seção referem-se à utilização de volu- funcionalidades para solicitar ou reservar a consulta a um do-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

mes para subdividir dossiês/processos. cumento arquivístico convencional, enviando uma mensagem
1.5.1 Um SIGAD deve ser capaz de gerenciar volumes para para o detentor atual desse documento ou para o administra-
subdividir dossiês/processos, fazendo distinção entre dossiês/ dor. Obrigatório.
processos e volumes. Altamente Desejável. 1.6.6 Um SIGAD pode incluir mecanismos de impressão e
1.5.2 Um SIGAD deve permitir a associação de metadados reconhecimento de códigos de barra para automatizar a intro-
aos volumes e deve restringir a inclusão e a alteração desses dução de dados e acompanhar as movimentações de docu-
mesmos metadados somente a usuários autorizados. Alta- mentos ou dossiês/processos convencionais. Facultativo.
mente Desejável. 1.6.7 Um SIGAD tem que assegurar que a recuperação de
1.5.3 Um SIGAD tem que permitir que um volume herde um documento ou dossiê/processo híbrido permita igualmen-
automaticamente do dossiê/processo ao qual pertence, deter- te a recuperação dos metadados tanto da parte digital como
minados metadados pré-definidos, como por exemplo, proce- da parte convencional. Obrigatório.
dência, classes e temporalidade. Obrigatório. 1.6.8 Sempre que os documentos ou dossiês/processos
1.5.4 Um SIGAD tem que permitir a abertura de volumes a híbridos estiverem classificados quanto ao grau de sigilo, um
qualquer dossiê/processo que não esteja encerrado. Obrigatório. SIGAD deve garantir que a parte convencional e a parte digi-
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1.5.5 Um SIGAD deve permitir o registro de metadados tal correspondente recebam a mesma classificação de sigilo.
correspondentes as datas de abertura e de encerramento de Obrigatório.
volumes. Altamente Desejável. 1.6.9 Um SIGAD tem que poder registrar na trilha de au-
1.5.6 Um SIGAD tem que assegurar que um volume somen- ditoria todas as alterações efetuadas nos metadados dos
te conterá documentos. Não é permitido que um volume con- documentos ou dossiês/processos convencionais e híbridos.
tenha outro volume ou um outro dossiê/processo. Obrigatório. Obrigatório.
1.5.7 Um SIGAD tem que permitir que um volume seja en- Os elementos de metadados da estrutura de organização do
cerrado através de procedimentos regulamentares e somente e-ARQ Brasil são agrupados em entidades e a entidade documen-
por usuários autorizados. Obrigatório. to trata da identificação de documentos arquivísticos. Relaciona-
1.5.8 Um SIGAD tem que assegurar que, ao abrir um novo dos entre si, tais documentos formam processos ou dossiês, que
volume, o volume precedente seja automaticamente encerra- podem conter um ou mais volumes. Um volume pode conter um
do. Apenas o volume produzido mais recentemente pode estar ou mais documentos que, por sua vez, são constituídos por um ou
aberto, todos os outros volumes existentes nesse dossiê/pro- mais componentes digitais. Foram definidos metadados para as
cesso têm que estar fechados. Obrigatório. entidades: documento, evento de gestão, classe, agente, compo-
1.5.9 Um SIGAD tem que impedir a reabertura de um volu- nente digital e evento de preservação. (e-ARQ)
me já encerrado para acréscimo de documentos. Obrigatório. http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/media/publi-
1.6 Gerenciamento de documento e processos/dossiês cacoes/earq/conarq_earqbrasil_model_requisitos_2009.pdf.
arquivísticos convencionais, híbridos A pesquisa é o processo de identificação de documentos
O arquivo de uma organização pode conter documentos arquivísticos por meio de parâmetros definidos pelo usuário
ou dossiês/processos digitais e convencionais. Um SIGAD deve com o objetivo de confirmar, localizar e recuperar esses docu-
registrar os documentos ou dossiês/processos convencionais, mentos, bem como seus respectivos metadados.
que devem ser classificados com base no mesmo plano de 5.2.1 Um SIGAD tem que fornecer uma série flexível de
classificação usado para os digitais e deve ainda possibilitar funções que atuem sobre os metadados relacionados com
a gestão de documentos ou dossiês/processos híbridos. Os os diversos níveis de agregação (documento, unidade de ar-
documentos ou dossiês/processos híbridos são formados por quivamento e classe) e sobre os conteúdos dos documentos
uma parte digital e uma parte convencional. arquivísticos por meio de parâmetros definidos pelo usuário,
1.6.1 Um SIGAD tem que capturar documentos ou dossiês/ com o objetivo de localizar e acessar os documentos e/ou me-
processos convencionais e gerenciá-los da mesma forma que tadados, quer individualmente quer reunidos em grupo.
os digitais. Obrigatório. 5.2.2 Um SIGAD tem que executar pesquisa de forma in-
1.6.2 Um SIGAD tem que ser capaz de gerenciar a parte tegrada, isto é, apresentar todos os documentos e dossiês/
convencional e a parte digital integrantes de dossiês/proces- processos, sejam eles digitais, híbridos ou convencionais, que
sos híbridos, associando-as com o mesmo número identifica- satisfaçam aos parâmetros da pesquisa.
dor atribuído pelo sistema e título, além de indicar que se trata 5.2.3 Um SIGAD tem que permitir que todos os metadados
de um documento arquivístico híbrido. Obrigatório. de gestão42 de um documento ou dossiê/processo possam
1.6.3 Um SIGAD tem que permitir que um conjunto espe- ser pesquisados.
cífico de metadados seja configurado para os documentos ou 42 Os metadados de gestão são aqueles que apóiam a
dossiês/processos convencionais e tem que incluir informa- gestão arquivística do documento, tais como temporalidade e
ções sobre o local de arquivamento. Obrigatório. destinação prevista, código de classificação, entre outros.
5.2.4 Um SIGAD deve permitir que os conteúdos sob a for- Lei nº 8.159, de 08 de Janeiro de 1991
ma de texto dos documentos possam ser pesquisados.
5.2.5 Um SIGAD tem que permitir que um documento ou Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e pri-
dossiê/processo possa ser recuperado por meio de um número vados e dá outras providências.
identificador . Decreto nº 2.942, de 18.1.99, regulamenta os arts. 7º, 11 e
5.2.6 Um SIGAD tem que permitir que um documento ou 16 (revogado)
dossiê/processo possa ser recuperado por meio de todas as Decreto nº 4.073, de 03.01.02, regulamenta a Lei 8.159/91
formas de identificação implementadas, incluindo no mínimo:
Capítulo I
identificador; título; assunto; datas; procedência/interes-
sado; autor/escritor/originador e classificação de acordo com Disposições Gerais
o plano ou código de classificação. Art. 1º É dever do Poder Público a gestão documental
5.2.7 Um SIGAD deve fornecer uma interface que possibilite e a de proteção especial a documentos de arquivos,
a pesquisa combinada de metadados e de conteúdo do docu- como instrumento de apoio à administração, à cultura,
mento por meio dos operadores booleanos: “E”, “OU” e “NÃO”. ao desenvolvimento científico e como elementos de
A expressão booleano vem de George Boole, matemático prova e informação.
inglês. Operadores booleanos são palavras que têm o objetivo Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta lei,
de definir para o sistema de busca como deve ser feita a com- os conjuntos de documentos produzidos e recebidos
binação entre os termos ou expressões de uma pesquisa. por órgãos públicos, instituições de caráter público e
5.2.8 Um SIGAD deve permitir que os termos utilizados na entidades privadas, em decorrência do exercício de ati-
pesquisa possam ser qualificados, especificando-se um meta- vidades específicas, bem como por pessoa física, qual-
dado ou o conteúdo do documento como fonte de busca. quer que seja o suporte da informação ou a natureza
5.2.9 Um SIGAD pode permitir o uso de períodos típicos dos documentos.
nos pedidos de pesquisa nos campos de data, como por exem- Art. 3º Considera-se gestão de documentos o conjun-
plo: “semana anterior”, “mês corrente” etc. to de procedimentos e operações técnicas referentes
5.2.10 Um SIGAD deve permitir a utilização de caracteres co- à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquiva-
ringa e de truncamento à direita para a pesquisa de metadados. mento em fase corrente e intermediária, visando a sua
Por exemplo: O argumento de pesquisa “Bra*il“ pode recu- eliminação ou recolhimento para guarda permanente.
perar “Brasil“ e “Brazil“. Art. 4º Todos têm direito a receber dos órgãos públicos
O argumento de pesquisa “Arq*” pode recuperar “Arqui- informações de seu interesse particular ou de interesse
vo”, “Arquivística” etc. coletivo ou geral, contidas em documentos de arqui-
5.2.11 Um SIGAD deve permitir a utilização de caracteres vos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de

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coringa e de truncamento à direita para a pesquisa no conteú- responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
do do documento. imprescindível à segurança da sociedade e do Estado,
5.2.12 Um SIGAD deve proporcionar a pesquisa por proxi- bem como à inviolabilidade da intimidade, da vida pri-
midade, isto é, que uma palavra apareça no conteúdo do do- vada, da honra e da imagem das pessoas.
cumento a uma distância máxima de outra. Art. 5º A Administração Pública franqueará a consulta
5.2.13 Um SIGAD deve permitir que os usuários possam ar- aos documentos públicos na forma desta lei.
mazenar pesquisas para reutilização posterior. Art. 6º Fica resguardado o direito de indenização pelo
5.2.14 Um SIGAD deve permitir que os usuários possam dano material ou moral decorrente da violação do sigi-
refinar as pesquisas já realizadas. lo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
5.2.15 Quando o órgão ou entidade utilizar tesauros ou Capítulo II
vocabulário controlado, um SIGAD deve ser capaz de realizar
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

pesquisa dos documentos e dossiês/processos por meio da Dos Arquivos Públicos


navegação destes instrumentos. Art. 7º Os arquivos públicos são os conjuntos de docu-
5.2.16 Um SIGAD deve permitir que usuários autorizados mentos produzidos e recebidos, no exercício de suas
configurem e alterem os campos default de pesquisa de forma atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, esta-
a definir metadados como campos de pesquisa. dual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de
5.2.17 Um SIGAD tem que permitir a pesquisa e recupera- suas funções administrativas, legislativas e judiciárias.
ção de uma unidade de arquivamento completa e exibir a lista § 1º São também públicos os conjuntos de documentos
de todos os documentos que o compõem, como uma unidade, produzidos e recebidos por instituições de caráter pú-
blico, por entidades privadas encarregadas da gestão
em um único processo de recuperação. de serviços públicos no exercício de suas atividades.
5.2.18 Um SIGAD tem que restringir o acesso a qualquer in- § 2º A cessação de atividades de instituições públicas
formação (metadado ou conteúdo do documento arquivístico) e de caráter público implica o recolhimento de sua do-
nos casos em que restrições de acesso e questões de seguran- cumentação à instituição arquivística pública ou a sua
ça assim determinarem. transferência à instituição sucessora.
Destacamos, para efeito de leitura e fixação, as seguintes Art. 8º Os documentos públicos são identificados como 489
normas legais: correntes, intermediários e permanentes.
§ 1º Consideram-se documentos correntes aqueles em Poder Judiciário. São considerados, também, do Poder
490 curso ou que, mesmo sem movimentação, constituam Executivo os arquivos do Ministério da Marinha, do Mi-
de consultas frequentes. nistério das Relações Exteriores, do Ministério do Exér-
§ 2º Consideram-se documentos intermediários aque- cito e do Ministério da Aeronáutica.
les que, não sendo de uso corrente nos órgãos produ- § 2º São Arquivos Estaduais o arquivo do Poder Exe-
tores, por razões de interesse administrativo, aguar- cutivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

dam a sua eliminação ou recolhimento para guarda Poder Judiciário.


permanente. § 3º São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do Po-
§ 3º Consideram-se permanentes os conjuntos de docu- der Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o ar-
mentos de valor histórico, probatório e informativo que quivo do Poder Judiciário.
devem ser definitivamente preservados. § 4º São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Exe-
Art. 9º A eliminação de documentos produzidos por cutivo e o arquivo do Poder Legislativo.
instituições públicas e de caráter público será realizada § 5º Os arquivos públicos dos Territórios são organi-
mediante autorização da instituição arquivística públi- zados de acordo com sua estrutura político-jurídica.
ca, na sua específica esfera de competência. Art. 18. Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o reco-
Art. 10. Os documentos de valor permanente são inalie- lhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo
náveis e imprescritíveis. Poder Executivo Federal, bem como preservar e facul-
tar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acom-
Capítulo III panhar e implementar a política nacional de arquivos.
Dos Arquivos Privados Parágrafo único. Para o pleno exercício de suas funções,
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Art. 11. Consideram-se arquivos privados os conjuntos o Arquivo Nacional poderá criar unidades regionais.
de documentos produzidos ou recebidos por pessoas Art. 19. Competem aos arquivos do Poder Legislativo
físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades. Federal a gestão e o recolhimento dos documentos
Art. 12. Os arquivos privados podem ser identificados
produzidos e recebidos pelo Poder Legislativo Federal
no exercício das suas funções, bem como preservar e
pelo Poder Público como de interesse público e social,
facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
desde que sejam considerados como conjuntos de fon-
tes relevantes para a história e desenvolvimento científi- Art. 20. Competem aos arquivos do Poder Judiciário
co nacional. (Por exemplo, o que dispõe o DECRETO DE Federal a gestão e o recolhimento dos documentos
9 DE MAIO DE 2012, que Declarou de interesse público e produzidos e recebidos pelo Poder Judiciário Federal
social o acervo documental privado da Cúria Diocesana no exercício de suas funções, tramitados em juízo e
de Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro). oriundos de cartórios e secretarias, bem como preser-
var e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
Art. 13. Os arquivos privados identificados como de
Art. 21. Legislação estadual, do Distrito Federal e munici-
interesse público e social não poderão ser alienados
com dispersão ou perda da unidade documental, nem pal definirá os critérios de organização e vinculação dos
arquivos estaduais e municipais, bem como a gestão e o
transferidos para o exterior.
acesso aos documentos, observado o disposto na Cons-
Parágrafo único. Na alienação desses arquivos o Poder tituição Federal e nesta lei.
Público exercerá preferência na aquisição.
Art. 14. O acesso aos documentos de arquivos privados Capítulo V
identificados como de interesse público e social poderá Do Acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos
ser franqueado mediante autorização de seu proprie- Art. 22. É assegurado o direito de acesso pleno aos do-
tário ou possuidor. cumentos públicos (Revogado pela Lei 12.527, de 18 de
Art. 15. Os arquivos privados identificados como de novembro de 2011)
interesse público e social poderão ser depositados a Art. 23. Decreto fixará as categorias de sigilo que deve-
título revogável, ou doados a instituições arquivísticas rão ser obedecidas pelos órgãos públicos na classifica-
públicas. ção dos documentos por eles produzidos. (Revogado
Art. 16. Os registros civis de arquivos de entidades religio- pela Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011).
sas produzidos anteriormente à vigência do Código Civil § 1º Os documentos cuja divulgação ponha em risco a
ficam identificados como de interesse público e social. segurança da sociedade e do Estado, bem como aque-
les necessários ao resguardo da inviolabilidade da in-
Capítulo IV timidade, da vida privada, da honra e da imagem das
pessoas são originariamente sigilosos. (Revogado pela
Da Organização e Administração de Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011).
Instituições Arquivísticas Públicas § 2º O acesso aos documentos sigilosos referentes à se-
Art. 17. A administração da documentação pública ou gurança da sociedade e do Estado será restrito por um
de caráter público compete às instituições arquivísticas prazo máximo de 30 (trinta) anos, a contar da data de
federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais. sua produção, podendo esse prazo ser prorrogado, por
§ 1º São Arquivos Federais o Arquivo Nacional do Po- uma única vez, por igual período. (Revogado pela Lei
der Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do 12.527, de 18 de novembro de 2011)
§ 3º O acesso aos documentos sigilosos referente à recebam, para realização de ações de interesse públi-
honra e à imagem das pessoas será restrito por um co, recursos públicos diretamente do orçamento ou
prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data mediante subvenções sociais, contrato de gestão, ter-
de produção. mo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros
Art. 24. Poderá o Poder Judiciário, em qualquer instância, instrumentos congêneres.
determinar a exibição reservada de qualquer documen- Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as
to sigiloso, sempre que indispensável à defesa de direito entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recur-
próprio ou esclarecimento de situação pessoal da parte. sos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das
(Revogado pela Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011) prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
Parágrafo único. Nenhuma norma de organização admi- Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-
nistrativa será interpretada de modo a, por qualquer se a assegurar o direito fundamental de acesso à infor-
forma, restringir o disposto neste artigo. (Revogado mação e devem ser executados em conformidade com
pela Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011) os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes:
Disposições Finais
I. observância da publicidade como preceito geral e
Art. 25. Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil e do sigilo como exceção;
administrativa, na forma da legislação em vigor, aquele
II. divulgação de informações de interesse público,
que desfigurar ou destruir documentos de valor per-
independentemente de solicitações;
manente ou considerado como de interesse público e
social. III. utilização de meios de comunicação viabilizados
pela tecnologia da informação;
Art. 26. Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos
(Conarq), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que IV. fomento ao desenvolvimento da cultura de
definirá a política nacional de arquivos, como órgão transparência na administração pública;
central de um Sistema Nacional de Arquivos (Sinar). V. desenvolvimento do controle social da adminis-
§ 1º O Conselho Nacional de Arquivos será presidido tração pública.
pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
representantes de instituições arquivísticas e acadêmi- I. informação: dados, processados ou não, que po-
cas, públicas e privadas. dem ser utilizados para produção e transmissão de
§ 2º A estrutura e funcionamento do conselho criado conhecimento, contidos em qualquer meio, supor-
neste artigo serão estabelecidos em regulamento. te ou formato;
Art. 27. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. II. documento: unidade de registro de informações,
Art. 28. Revogam-se as disposições em contrário. qualquer que seja o suporte ou formato;

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III. informação sigilosa: aquela submetida tempo-
Lei nº 12.527, de 18 de Novembro de 2011 rariamente à restrição de acesso público em razão
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. de sua imprescindibilidade para a segurança da
5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição sociedade e do Estado;
Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a IV. informação pessoal: aquela relacionada à pes-
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de soa natural identificada ou identificável;
8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. V. tratamento da informação: conjunto de ações
referentes à produção, recepção, classificação, uti-
Capítulo I lização, acesso, reprodução, transporte, transmis-
são, distribuição, arquivamento, armazenamento,
Disposições Gerais eliminação, avaliação, destinação ou controle da
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

informação;
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- VI. disponibilidade: qualidade da informação que
nicípios, com o fim de garantir o acesso a informações pode ser conhecida e utilizada por indivíduos,
previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º equipamentos ou sistemas autorizados;
do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. VII. autenticidade: qualidade da informação que tenha
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
I. os órgãos públicos integrantes da administração
VIII. integridade: qualidade da informação não
direta dos poderes executivo, legislativo, incluindo modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e
as cortes de contas, e judiciário e do ministério pú- destino;
blico; IX. primariedade: qualidade da informação coleta-
II. as autarquias, as fundações públicas, as empresas da na fonte, com o máximo de detalhamento pos-
públicas, as sociedades de economia mista e demais sível, sem modificações.
entidades controladas direta ou indiretamente pela Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso
união, estados, distrito federal e municípios. à informação, que será franqueada, mediante procedi-
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que mentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara 491
couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que e em linguagem de fácil compreensão.
Capítulo II § 3º O direito de acesso aos documentos ou às infor-
492 mações neles contidas utilizados como fundamento da
Do Acesso a Informações e da sua Divulgação tomada de decisão e do ato administrativo será asse-
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, gurado com a edição do ato decisório respectivo.
observadas as normas e procedimentos específicos § 4º A negativa de acesso às informações objeto de pe-
dido formulado aos órgãos e entidades referidas no art.
aplicáveis, assegurar a:
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

1º, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a


I. gestão transparente da informação, propiciando medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.
amplo acesso a ela e sua divulgação; § 5º Informado do extravio da informação solicitada,
II. proteção da informação, garantindo-se sua dis- poderá o interessado requerer à autoridade compe-
ponibilidade, autenticidade e integridade; e tente a imediata abertura de sindicância para apurar o
III. proteção da informação sigilosa e da informação desaparecimento da respectiva documentação.
pessoal, observada a sua disponibilidade, autenti- § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo,
o responsável pela guarda da informação extraviada
cidade, integridade e eventual restrição de acesso.
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e in-
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei com- dicar testemunhas que comprovem sua alegação.
preende, entre outros, os direitos de obter: Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promo-
I. orientação sobre os procedimentos para a con- ver, independentemente de requerimentos, a divulga-
secução de acesso, bem como sobre o local onde ção em local de fácil acesso, no âmbito de suas compe-
poderá ser encontrada ou obtida a informação al- tências, de informações de interesse coletivo ou geral
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mejada; por eles produzidas ou custodiadas.


§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o
II. informação contida em registros ou documentos,
caput, deverão constar, no mínimo:
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou en-
I. registro das competências e estrutura organiza-
tidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; cional, endereços e telefones das respectivas uni-
III. informação produzida ou custodiada por pessoa dades e horários de atendimento ao público;
física ou entidade privada decorrente de qualquer II. registros de quaisquer repasses ou transferên-
vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que cias de recursos financeiros;
esse vínculo já tenha cessado; III. registros das despesas;
IV. informação primária, íntegra, autêntica e atua- IV. informações concernentes a procedimentos li-
lizada; citatórios, inclusive os respectivos editais e resul-
tados, bem como a todos os contratos celebrados;
V. informação sobre atividades exercidas pelos ór-
V. dados gerais para o acompanhamento de pro-
gãos e entidades, inclusive as relativas à sua políti-
gramas, ações, projetos e obras de órgãos e enti-
ca, organização e serviços; dades; e
VI. informação pertinente à administração do pa- VI. respostas a perguntas mais frequentes da so-
trimônio público, utilização de recursos públicos, ciedade.
licitação, contratos administrativos; § 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos
VII. informação relativa: e entidades públicas deverão utilizar todos os meios
a) à implementação, acompanhamento e resulta- e instrumentos legítimos de que dispuserem, sen-
dos dos programas, projetos e ações dos órgãos do obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
mundial de computadores (internet).
e entidades públicas, bem como metas e indica-
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de
dores propostos; regulamento, atender, entre outros, aos seguintes re-
b) ao resultado de inspeções, auditorias, presta- quisitos:
ções e tomadas de contas realizadas pelos órgãos I. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que
de controle interno e externo, incluindo presta- permita o acesso à informação de forma objetiva,
ções de contas relativas a exercícios anteriores. transparente, clara e em linguagem de fácil com-
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não com- preensão;
preende as informações referentes a projetos de pes- II. possibilitar a gravação de relatórios em diversos
quisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não pro-
prietários, tais como planilhas e texto, de modo a
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
facilitar a análise das informações;
de e do Estado.
III. possibilitar o acesso automatizado por sistemas
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral à informa- externos em formatos abertos, estruturados e legí-
ção por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso veis por máquina;
à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia IV. divulgar em detalhes os formatos utilizados
com ocultação da parte sob sigilo. para estruturação da informação;
V. garantir a autenticidade e a integridade das in- § 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato,
formações disponíveis para acesso; na forma disposta no caput, o órgão ou entidade que
VI. manter atualizadas as informações disponíveis receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20
para acesso; (vinte) dias:
VII. indicar local e instruções que permitam ao inte- I. comunicar a data, local e modo para se realizar a
ressado comunicar-se, por via eletrônica ou telefô- consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
nica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; e II. indicar as razões de fato ou de direito da recusa,
VIII. adotar as medidas necessárias para garan- total ou parcial, do acesso pretendido; ou
tir a acessibilidade de conteúdo para pessoas III. comunicar que não possui a informação, indicar,
com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei no se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade
10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com esse órgão ou entidade, cientificando o interessado
Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo da remessa de seu pedido de informação.
no 186, de 9 de julho de 2008. § 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por
§ 4 Os Municípios com população de até 10.000 (dez mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da
mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obri- qual será cientificado o requerente.
gatória na internet a que se refere o § 2º, mantida a § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das in-
obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de in- formações e do cumprimento da legislação aplicável,
formações relativas à execução orçamentária e finan-
o órgão ou entidade poderá oferecer meios para que
ceira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da
o próprio requerente possa pesquisar a informação de
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de
que necessitar.
Responsabilidade Fiscal).
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tra-
Art. 9º O acesso a informações públicas será assegura-
tar de informação total ou parcialmente sigilosa, o re-
do mediante:
querente deverá ser informado sobre a possibilidade
I. criação de serviço de informações ao cidadão, de recurso, prazos e condições para sua interposição,
nos órgãos e entidades do poder público, em local devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe-
com condições apropriadas para: tente para sua apreciação.
a) atender e orientar o público quanto ao acesso
§ 5º A informação armazenada em formato digital será for-
a informações; necida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
b) informar sobre a tramitação de documentos
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao
nas suas respectivas unidades;
público em formato impresso, eletrônico ou em qual-
c) protocolizar documentos e requerimentos de

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quer outro meio de acesso universal, serão informados
acesso a informações; e ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual
II. realização de audiências ou consultas públicas, se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida in-
incentivo à participação popular ou a outras formas formação, procedimento esse que desonerará o órgão
de divulgação. ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento
Capítulo III direto, salvo se o requerente declarar não dispor de
meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.
Do Procedimento de Acesso à Informação Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informa-
Seção I ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de
documentos pelo órgão ou entidade pública consultada,
Do Pedido de Acesso situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedi- valor necessário ao ressarcimento do custo dos serviços
do de acesso a informações aos órgãos e entidades re- e dos materiais utilizados.
feridos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre-
devendo o pedido conter a identificação do requerente vistos no caput todo aquele cuja situação econômica
e a especificação da informação requerida. não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento pró-
§ 1º Para o acesso a informações de interesse público, prio ou da família, declarada nos termos da Lei no 7.115,
a identificação do requerente não pode conter exigên- de 29 de agosto de 1983.
cias que inviabilizem a solicitação. Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida
§ 2º Os órgãos e entidades do poder público devem em documento cuja manipulação possa prejudicar sua
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia,
de acesso por meio de seus sítios oficiais na internet. com certificação de que esta confere com o original.
§ 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có-
motivos determinantes da solicitação de informações pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expen-
de interesse público. sas e sob supervisão de servidor público, a reprodução
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou seja feita por outro meio que não ponha em risco a 493
conceder o acesso imediato à informação disponível. conservação do documento original.
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões de-
494 decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. negatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e
de revisão de classificação de documentos sigilosos
Seção II serão objeto de regulamentação própria dos Poderes
Dos Recursos Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em
Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa- seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante,
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o inte- em qualquer caso, o direito de ser informado sobre o
ressado interpor recurso contra a decisão no prazo de andamento de seu pedido.
10 (dez) dias a contar da sua ciência. Art. 19. (VETADO).
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade § 1º (VETADO).
hierarquicamente superior à que exarou a decisão § 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 blico informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao
(cinco) dias. Conselho Nacional do Ministério Público, respectiva-
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou mente, as decisões que, em grau de recurso, negarem
entidades do Poder Executivo Federal, o requerente po- acesso a informações de interesse público.
derá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deli- Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a
berará no prazo de 5 (cinco) dias se: Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimen-
I. o acesso à informação não classificada como sigi- to de que trata este Capítulo.
losa for negado; Capítulo IV
II. a decisão de negativa de acesso à informação
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total ou parcialmente classificada como sigilosa Das Restrições de Acesso à Informação


não indicar a autoridade classificadora ou a hie- Seção I
rarquicamente superior a quem possa ser dirigi-
do pedido de acesso ou desclassificação; Disposições Gerais
III. os procedimentos de classificação de informa- Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação ne-
ção sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem cessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
sido observados; e fundamentais.
IV. estiverem sendo descumpridos prazos ou outros Parágrafo único. As informações ou documentos que
procedimentos previstos nesta Lei. versem sobre condutas que impliquem violação dos
direitos humanos praticada por agentes públicos ou a
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
mando de autoridades públicas não poderão ser objeto
dirigido à Controladoria-Geral da União depois de sub- de restrição de acesso.
metido à apreciação de pelo menos uma autoridade
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipó-
hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão
impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. teses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hi-
póteses de segredo industrial decorrentes da explora-
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a
ção direta de atividade econômica pelo Estado ou por
Controladoria-Geral da União determinará ao órgão pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer
ou entidade que adote as providências necessárias vínculo com o poder público.
para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
§ 3º Negado o acesso à informação pela Controlado- Seção II
ria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à Co- Da Classificação da Informação
missão Mista de Reavaliação de Informações, a que se
refere o art. 35. quanto ao Grau e Prazos de Sigilo
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de des- Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança
classificação de informação protocolado em órgão da da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
administração pública federal, poderá o requerente re- classificação as informações cuja divulgação ou acesso
correr ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das irrestrito possam:
competências da Comissão Mista de Reavaliação de In- I. pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou
formações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. a integridade do território nacional;
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser II. prejudicar ou pôr em risco a condução de nego-
dirigido às autoridades mencionadas depois de sub- ciações ou as relações internacionais do País, ou as
metido à apreciação de pelo menos uma autoridade que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por
hierarquicamente superior à autoridade que exarou a outros Estados e organismos internacionais;
decisão impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao III. pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da
respectivo Comando. população;
§ 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha IV. oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
como objeto a desclassificação de informação secreta econômica ou monetária do País;
ou ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de V. prejudicar ou causar risco a planos ou operações
Reavaliação de Informações prevista no art. 35. estratégicos das Forças Armadas;
VI. prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa § 2º O acesso à informação classificada como sigilosa
e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim cria a obrigação para aquele que a obteve de resguar-
como a sistemas, bens, instalações ou áreas de in- dar o sigilo.
teresse estratégico nacional; § 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e me-
VII. pôr em risco a segurança de instituições ou de didas a serem adotados para o tratamento de informa-
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus ção sigilosa, de modo a protegê-la contra perda, alte-
familiares; ou ração indevida, acesso, transmissão e divulgação não
VIII. comprometer atividades de inteligência, bem autorizados.
como de investigação ou fiscalização em anda- Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providên-
mento, relacionadas com a prevenção ou repressão cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado
de infrações. hierarquicamente conheça as normas e observe as me-
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entida- didas e procedimentos de segurança para tratamento
des públicas, observado o seu teor e em razão de sua de informações sigilosas.
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, se- que, em razão de qualquer vínculo com o poder públi-
creta ou reservada. co, executar atividades de tratamento de informações
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à in- sigilosas adotará as providências necessárias para que
formação, conforme a classificação prevista no caput, seus empregados, prepostos ou representantes obser-
vigoram a partir da data de sua produção e são os se- vem as medidas e procedimentos de segurança das
guintes: informações resultantes da aplicação desta Lei.
I. ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
Seção IV
II. secreta: 15 (quinze) anos; e
III. reservada: 5 (cinco) anos. Dos Procedimentos de Classificação,
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a Reclassificação e Desclassificação
segurança do Presidente e Vice-Presidente da Repúbli- Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âm-
ca e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classifica- bito da administração pública federal é de competên-
das como reservadas e ficarão sob sigilo até o término cia: (Regulamento)
do mandato em exercício ou do último mandato, em I. no grau de ultrassecreto, das seguintes autorida-
caso de reeleição. des:
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, po-
a) Presidente da República;
derá ser estabelecida como termo final de restrição de
b) Vice-Presidente da República;
acesso a ocorrência de determinado evento, desde que

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este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
classificação. mas prerrogativas;
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consuma- d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
do o evento que defina o seu termo final, a informação ronáutica; e
tornar-se à, automaticamente, de acesso público. e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
§ 5º Para a classificação da informação em determi- permanentes no exterior;
nado grau de sigilo, deverá ser observado o interesse II. no grau de secreto, das autoridades referidas
público da informação e utilizado o critério menos res- no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações
tritivo possível, considerados: ou empresas públicas e sociedades de economia
I. a gravidade do risco ou dano à segurança da so- mista; e
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

ciedade e do Estado; e III. no grau de reservado, das autoridades referidas


II. o prazo máximo de restrição de acesso ou o nos incisos I e II e das que exerçam funções de direção,
evento que defina seu termo final. comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
Seção III hierarquia equivalente, de acordo com regulamenta-
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas ção específica de cada órgão ou entidade, observado
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a di- o disposto nesta Lei.
vulgação de informações sigilosas produzidas por seus § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se
órgãos e entidades, assegurando a sua proteção. (Re- refere à classificação como ultrassecreta e secreta, po-
gulamento) derá ser delegada pela autoridade responsável a agen-
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de infor- te público, inclusive em missão no exterior, vedada a
mação classificada como sigilosa ficarão restritos a subdelegação.
pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que § 2º A classificação de informação no grau de sigilo ul-
sejam devidamente credenciadas na forma do regula- trassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d”
mento, sem prejuízo das atribuições dos agentes públi- e “e” do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos 495
cos autorizados por lei. Ministros de Estado, no prazo previsto em regulamento.
§ 3º A autoridade ou outro agente público que classifi- § 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo,
496 car informação como ultrassecreta deverá encaminhar relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
a decisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de I. terão seu acesso restrito, independentemente
Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35, de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
no prazo previsto em regulamento. 100 (cem) anos a contar da sua data de produção,
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau a agentes públicos legalmente autorizados e à pes-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

de sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, soa a que elas se referirem; e
no mínimo, os seguintes elementos: II. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso
I. assunto sobre o qual versa a informação; por terceiros diante de previsão legal ou consenti-
II. fundamento da classificação, observados os cri- mento expresso da pessoa a que elas se referirem.
térios estabelecidos no art. 24; § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que
III. indicação do prazo de sigilo, contado em anos, trata este artigo será responsabilizado por seu uso in-
meses ou dias, ou do evento que defina o seu ter- devido.
mo final, conforme limites previstos no art. 24; e § 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não
IV. identificação da autoridade que a classificou. será exigido quando as informações forem necessárias:
Parágrafo único. A decisão referida no caput será manti- I. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pes-
da no mesmo grau de sigilo da informação classificada. soa estiver física ou legalmente incapaz, e para uti-
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada lização única e exclusivamente para o tratamento
pela autoridade classificadora ou por autoridade hierar- médico;
quicamente superior, mediante provocação ou de ofício,
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II. à realização de estatísticas e pesquisas científi-


nos termos e prazos previstos em regulamento, com
cas de evidente interesse público ou geral, previs-
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de
tos em lei, sendo vedada a identificação da pessoa
sigilo, observado o disposto no art. 24. (Regulamento)
a que as informações se referirem;
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deverá con-
siderar as peculiaridades das informações produzidas III. ao cumprimento de ordem judicial;
no exterior por autoridades ou agentes públicos. IV. à defesa de direitos humanos; ou
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão V. à proteção do interesse público e geral prepon-
ser examinadas a permanência dos motivos do sigilo e derante.
a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da § 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida
divulgação da informação. privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da infor- invocada com o intuito de prejudicar processo de apu-
mação, o novo prazo de restrição manterá como termo ração de irregularidades em que o titular das informa-
inicial a data da sua produção. ções estiver envolvido, bem como em ações voltadas
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou enti- para a recuperação de fatos históricos de maior rele-
dade publicará, anualmente, em sítio à disposição na vância.
internet e destinado à veiculação de dados e informa- § 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para
ções administrativas, nos termos de regulamento: tratamento de informação pessoal.
I. rol das informações que tenham sido desclassifi-
cadas nos últimos 12 (doze) meses; Capítulo V
II. rol de documentos classificados em cada grau de Das Responsabilidades
sigilo, com identificação para referência futura;
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
III. relatório estatístico contendo a quantidade de
ponsabilidade do agente público ou militar:
pedidos de informação recebidos, atendidos e in-
deferidos, bem como informações genéricas sobre I. recusar-se a fornecer informação requerida nos
os solicitantes. termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu
§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de
da publicação prevista no caput para consulta pública forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
em suas sedes. II. utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total
de informações classificadas, acompanhadas da data, ou parcialmente, informação que se encontre sob
do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação. sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimen-
to em razão do exercício das atribuições de cargo,
Seção V emprego ou função pública;
Das Informações Pessoais III. agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ções de acesso à informação;
ser feito de forma transparente e com respeito à intimi- IV. divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
dade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem permitir acesso indevido à informação sigilosa ou
como às liberdades e garantias individuais. informação pessoal;
V. impor sigilo à informação para obter proveito do a apuração de responsabilidade funcional nos casos
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de
ato ilegal cometido por si ou por outrem; regresso.
VI. ocultar da revisão de autoridade superior com- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou pessoa física ou entidade privada que, em virtude de
a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e vínculo de qualquer natureza com órgãos ou entida-
VII. destruir ou subtrair, por qualquer meio, do- des, tenha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a
cumentos concernentes a possíveis violações de submeta a tratamento indevido.
direitos humanos por parte de agentes do Estado.
Capítulo VI
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla de-
fesa e do devido processo legal, as condutas descritas Disposições Finais e Transitórias
no caput serão consideradas: Art. 35. (VETADO).
I. para fins dos regulamentos disciplinares das For- § 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de In-
ças Armadas, transgressões militares médias ou formações, que decidirá, no âmbito da administração
graves, segundo os critérios neles estabelecidos, pública federal, sobre o tratamento e a classificação de
desde que não tipificadas em lei como crime ou informações sigilosas e terá competência para:
contravenção penal; ou
I. requisitar da autoridade que classificar informa-
II. para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de de- ção como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou
zembro de 1990, e suas alterações, infrações admi- conteúdo, parcial ou integral da informação;
nistrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo,
II. rever a classificação de informações ultrassecretas
com suspensão, segundo os critérios nela estabe-
lecidos. ou secretas, de ofício ou mediante provocação de
pessoa interessada, observado o disposto no art. 7º e
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar
demais dispositivos desta Lei; e
ou agente público responder, também, por improbidade
administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, III. prorrogar o prazo de sigilo de informação classi-
de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992. ficada como ultrassecreta, sempre por prazo deter-
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver
minado, enquanto o seu acesso ou divulgação pu-
informações em virtude de vínculo de qualquer nature- der ocasionar ameaça externa à soberania nacional
za com o poder público e deixar de observar o disposto ou à integridade do território nacional ou grave
nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções: risco às relações internacionais do País, observado
o prazo previsto no § 1º do art. 24.
I. advertência;
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única
II. multa;

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renovação.
III. rescisão do vínculo com o poder público;
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do §
IV. suspensão temporária de participar em licitação
1º deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos,
e impedimento de contratar com a administração
após a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar
pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e
de documentos ultrassecretos ou secretos.
V. declaração de inidoneidade para licitar ou
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão
contratar com a administração pública, até que seja
Mista de Reavaliação de Informações nos prazos pre-
promovida a reabilitação perante a própria autori-
dade que aplicou a penalidade. vistos no § 3º implicará a desclassificação automática
das informações.
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão
ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegu- § 5º Regulamento disporá sobre a composição, organi-
zação e funcionamento da Comissão Mista de Reavalia-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

rado o direito de defesa do interessado, no respectivo


processo, no prazo de 10 (dez) dias. ção de Informações, observado o mandato de 2 (dois)
anos para seus integrantes e demais disposições desta
§ 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada
somente quando o interessado efetivar o ressarcimen- Lei. (Regulamento)
to ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante
após decorrido o prazo da sanção aplicada com base de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá
no inciso IV. às normas e recomendações constantes desses instru-
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de mentos.
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Seguran-
ou entidade pública, facultada a defesa do interessado, ça Institucional da Presidência da República, o Núcleo
no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por
abertura de vista. objetivos: (Regulamento)
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem I. promover e propor a regulamentação do creden-
diretamente pelos danos causados em decorrência da ciamento de segurança de pessoas físicas, empre-
divulgação não autorizada ou utilização indevida de sas, órgãos e entidades para tratamento de infor- 497
informações sigilosas ou informações pessoais, caben- mações sigilosas; e
II. garantir a segurança de informações sigilosas, II. pelo treinamento de agentes públicos no que se
498 inclusive aquelas provenientes de países ou orga- refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas
nizações internacionais com os quais a República à transparência na administração pública;
Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo, III. pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbi-
contrato ou qualquer outro ato internacional, sem to da administração pública federal, concentrando e
prejuízo das atribuições do Ministério das Relações consolidando a publicação de informações estatísti-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Exteriores e dos demais órgãos competentes. cas relacionadas no art. 30;


Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composi-
IV. pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
ção, organização e funcionamento do NSC.
relatório anual com informações atinentes à imple-
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12
mentação desta Lei.
de novembro de 1997, em relação à informação de pes-
soa, física ou jurídica, constante de registro ou banco Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto
de dados de entidades governamentais ou de caráter nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar
público. da data de sua publicação.
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proce- Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de de-
der à reavaliação das informações classificadas como zembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) “Art. 116....
anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei.
VI. levar as irregularidades de que tiver ciência em
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão da
razão do cargo ao conhecimento da autoridade su-
reavaliação prevista no caput, deverá observar os pra-
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perior ou, quando houver suspeita de envolvimento


zos e condições previstos nesta Lei.
desta, ao conhecimento de outra autoridade compe-
§ 2º No âmbito da administração pública federal, a rea- tente para apuração;
valiação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informa- (Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de
ções, observados os termos desta Lei. 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
previsto no caput, será mantida a classificação da infor- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
mação nos termos da legislação precedente. cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
§ 4º As informações classificadas como secretas e ultras- de envolvimento desta, a outra autoridade competente
secretas não reavaliadas no prazo previsto no caput se- para apuração de informação concernente à prática de
rão consideradas, automaticamente, de acesso público. crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ainda que em decorrência do exercício de cargo, em-
vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão prego ou função pública.”
ou entidade da administração pública federal direta e Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
indireta designará autoridade que lhe seja diretamente nicípios, em legislação própria, obedecidas as normas
subordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas,
entidade, exercer as seguintes atribuições: especialmente quanto ao disposto no art. 9º e na Seção
I. assegurar o cumprimento das normas relativas II do Capítulo III.
ao acesso a informação, de forma eficiente e ade- Art. 46. Revogam-se:
quada aos objetivos desta Lei; I. a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
II. monitorar a implementação do disposto nesta
II. os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro
Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
de 1991.
cumprimento;
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
III. recomendar as medidas indispensáveis à imple- após a data de sua publicação.
mentação e ao aperfeiçoamento das normas e pro-
cedimentos necessários ao correto cumprimento Lei nº 5.433, de 8 de Maio de 1968
do disposto nesta Lei; e
Regula a microfilmagem de documentos oficiais e dá ou-
IV. orientar as respectivas unidades no que se refere tras providências.
ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regu-
lamentos. Art 1º É autorizada, em todo o território nacional, a
microfilmagem de documentos particulares e oficiais
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da arquivados, êstes de órgãos federais, estaduais e mu-
administração pública federal responsável: nicipais.
I. pela promoção de campanha de abrangência § 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as
nacional de fomento à cultura da transparência na certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas
administração pública e conscientização do direito diretamente dos filmes produzirão os mesmos efeitos
fundamental de acesso à informação; legais dos documentos originais em juízo ou fora dêle.
§ 2º Os documentos microfilmados poderão, a critério cebidos pelos órgãos dos Poderes Executivo, Judiciário
da autoridade competente, ser eliminados por incine- e Legislativo, inclusive da Administração indireta da
ração, destruição mecânica ou por outro processo ade- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
quado que assegure a sua desintegração. pios, e os documentos particulares ou privados, de
§ 3º A incineração dos documentos microfilmados ou pessoas físicas ou jurídicas.
sua transferência para outro local far-se-á mediante Art. 2° A emissão de cópias, traslados e certidões extraídas
lavratura de têrmo, por autoridade competente, em de microfilmes, bem assim a autenticação desses docu-
livro próprio. mentos, para que possam produzir efeitos legais, em juízo
§ 4º Os filmes negativos resultantes de microfilmagem ou fora dele, é regulada por este Decreto.
ficarão arquivados na repartição detentora do arquivo, Art. 3° Entende-se por microfilme, para fins deste Decre-
vedada sua saída sob qualquer pretexto. to, o resultado do processo de reprodução em filme, de
§ 5º A eliminação ou transferência para outro local dos documentos, dados e imagens, por meios fotográficos ou
documentos microfilmados far-se-á mediante lavratura eletrônicos, em diferentes graus de redução.
de têrmo em livro próprio pela autoridade competente. Art. 4° A microfilmagem será feita em equipamentos
§ 6º Os originais dos documentos ainda em trânsito, que garantam a fiel reprodução das informações, sen-
microfilmados não poderão ser eliminados antes de do permitida a utilização de qualquer microforma.
seu arquivamento. Parágrafo único. Em se tratando da utilização de mi-
§ 7º Quando houver conveniência, ou por medida de crofichas, além dos procedimentos previstos neste De-
segurança, poderão excepcionalmente ser microfil- creto, tanto a original como a cópia terão, na sua parte
mados documentos ainda não arquivados, desde que superior, área reservada à titulação, à identificação e à
autorizados por autoridade competente. numeração seqüencial, legíveis com a vista desarma-
Art 2º Os documentos de valor histórico não deverão da, e fotogramas destinados à indexação.
ser eliminados, podendo ser arquivados em local diver- Art. 5° A microfilmagem, de qualquer espécie, será
so da repartição detentora dos mesmos. feita sempre em filme original, com o mínimo de 180
Art 3º O Poder Executivo regulamentará, no prazo de linhas por milímetro de definição, garantida a segu-
90 (noventa) dias, a presente Lei, indicando as auto- rança e a qualidade de imagem e de reprodução.
ridades competentes, nas esferas federais, estaduais e § 1° Será obrigatória, para efeito de segurança, a extra-
municipais para a autenticação de traslados e certidões ção de filme cópia do filme original.
originárias de microfilmagem de documentos oficiais. § 2° Fica vedada a utilização de filmes atualizáveis, de
§ 1º O decreto de regulamentação determinará, igual- qualquer tipo, tanto para a confecção do original, como
mente, quais os cartórios e órgãos públicos capacitados para a extração de cópias.

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para efetuarem a microfilmagem de documentos parti- § 3° O armazenamento do filme original deverá ser fei-
culares, bem como os requisitos que a microfilmagem to em local diferente do seu filme cópia.
realizada por aquêles cartórios e órgãos públicos devem Art. 6° Na microfilmagem poderá ser utilizado qual-
preencher para serem autenticados, a fim de produzirem quer grau de redução, garantida a legibilidade e a qua-
efeitos jurídicos, em juízo ou fora dêle, quer os microfil- lidade de reprodução.
mes, quer os seus traslados e certidões originárias. Parágrafo único. Quando se tratar de original cujo
§ 2º Prescreverá também o decreto as condições que tamanho ultrapasse a dimensão máxima do campo
os cartórios competentes terão de cumprir para a au- fotográfico do equipamento em uso, a microfilmagem
tenticação de microfilmes realizados por particulares, poderá ser feita por etapas, sendo obrigatória a repe-
para produzir efeitos jurídicos contra terceiros. tição de uma parte da imagem anterior na imagem
Art 4º. É dispensável o reconhecimento da firma da subseqüente, de modo que se possa identificar, por su-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

autoridade que autenticar os documentos oficiais ar- perposição, a continuidade entre as seções adjacentes
quivados, para efeito de microfilmagem e os traslados microfilmadas.
e certidões originais de microfilmes. Art. 7° Na microfilmagem de documentos, cada série
Art 5º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. será precedida de imagem de abertura, com os seguin-
Art 6º Revogam-se as disposições em contrário. tes elementos:
I. identificação do detentor dos documentos, a se-
Decreto nº 1.799, de 30 rem microfilmados;
de Janeiro de 1996 II. número do microfilme, se for o caso;
Regulamenta a Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, que III. local e data da microfilmagem;
regula a microfilmagem de documentos oficiais, e dá outras IV. registro no Ministério da Justiça;
providências. V. ordenação, identificação e resumo da série de
Art. 1° A microfilmagem, em todo território nacional, documentos a serem microfilmados;
autorizada pela Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, VI. menção, quando for o caso, de que a série de
abrange os documentos oficiais ou públicos, de qual- documentos a serem microfilmados é continuação 499
quer espécie e em qualquer suporte, produzidos e re- da série contida em microfilme anterior;
VII. identificação do equipamento utilizado, da uni- ou públicos só deverá ocorrer se prevista na tabela de
500 dade filmadora e do grau de redução; temporalidade do órgão, aprovada pela autoridade
VIII. nome por extenso, qualificação funcional, se competente na esfera de sua atuação e respeitado o dis-
for o caso, e assinatura do detentor dos documen- posto no art. 9° da Lei n° 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
tos a serem microfilmados; Art. 13. Os documentos oficiais ou públicos, com valor
IX. nome por extenso, qualificação funcional e as- de guarda permanente, não poderão ser eliminados
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

sinatura do responsável pela unidade, cartório ou após a microfilmagem, devendo ser recolhidos ao ar-
empresa executora da microfilmagem. quivo público de sua esfera de atuação ou preservados
Art. 8º No final da microfilmagem de cada série, será pelo próprio órgão detentor.
reproduzida a imagem de encerramento, imediata- Art. 14. Os traslados, as certidões e as cópias em papel
mente após o último documento, com os seguintes ou em filme de documentos microfilmados, para pro-
elementos: duzirem efeitos legais em juízo ou fora dele, deverão
I. identificação do detentor dos documentos micro- estar autenticados pela autoridade competente deten-
filmados; tora do filme original.
II. informações complementares relativas ao inciso 1° Em se tratando de cópia em filme, extraída de microfil-
V do artigo anterior; mes de documentos privados, deverá ser emitido termo
próprio, no qual constará que o filme que o acompanha
III. termo de encerramento atestando a fiel obser- é cópia fiel do filme original, cuja autenticação far-se-á
vância às disposições deste Decreto; nos cartórios que satisfizerem os requisitos especifica-
IV. menção, quando for o caso, de que a série de dos no artigo seguinte.
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documentos microfilmados continua em microfil- 2° Em se tratando de cópia em papel, extraída de mi-


me posterior; crofilmes de documentos privados, a autenticação far-
V. nome por extenso, qualificação funcional e se-á por meio de carimbo, aposto em cada folha, nos
assinatura do responsável pela unidade, cartório cartórios que satisfizerem os requisitos especificados
ou empresa executora da microfilmagem. no artigo seguinte.
Art. 9° Os documentos da mesma série ou seqüência, 3° A cópia em papel, de que trata o parágrafo anterior,
eventualmente omitidos quando da microfilmagem, poderá ser extraída utilizando-se qualquer meio de re-
ou aqueles cujas imagens não apresentarem legibili- produção, desde que seja assegurada a sua fidelidade
dade, por falha de operação ou por problema técnico, e a sua qualidade de leitura.
serão reproduzidos posteriormente, não sendo permi- Art. 15. A microfilmagem de documentos poderá ser
tido corte ou inserção no filme original. feita por empresas e cartórios habilitados nos termos
1º. A microfilmagem destes documentos será precedi- deste Decreto.
da de uma imagem de observação, com os seguintes Parágrafo único. Para exercer a atividade de micro-
elementos: filmagem de documentos, as empresas e cartórios
a) identificação do microfilme, local e data; a que se refere este artigo, além da legislação a que
b) descrição das irregularidades constatadas; estão sujeitos, deverão requerer registro no Ministério
c) nome por extenso, qualificação funcional e as- da Justiça e sujeitar-se à fiscalização que por este será
sinatura do responsável pela unidade, cartório ou exercida quanto ao cumprimento do disposto no pre-
empresa executora da microfilmagem. sente Decreto.
2° É obrigatório fazer indexação remissiva para recu- Art. 16. As empresas e os cartórios que se dedicarem
perar as informações e assegurar a localização dos do- a microfilmagem de documentos de terceiros, forne-
cumentos. cerão, obrigatoriamente, um documento de garantia,
3° Caso a complementação não satisfaça os padrões de declarando:
qualidade. exigidos, a microfilmagem dessa série de I. que a microfilmagem foi executada de acordo
documentos deverá ser repetida integralmente. com o disposto neste Decreto;
Art. 10. Para o processamento dos filmes, serão utiliza- II. que se responsabilizam pelo padrão de qualida-
dos equipamentos e técnicas que assegurem ao filme de do serviço executado;
alto poder de definição, densidade uniforme e dura- III. que o usuário passa a ser responsável pelo ma-
bilidade. nuseio e conservação das microformas.
Art. 11. Os documentos, em tramitação ou em estudo, Art. 17. Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no
poderão, a critério da autoridade competente, ser mi- exterior, somente terão valor legal, em juízo ou fora
crofilmados, não sendo permitida a sua eliminação até dele, quando:
a definição de sua destinação final. I. autenticados por autoridade estrangeira compe-
Art. 12. A eliminação de documentos, após a microfil- tente;
magem, dar-se-á por meios que garantam sua inutili- II. tiverem reconhecida, pela autoridade consular
zação, sendo a mesma precedida de lavratura de termo brasileira, a firma da autoridade estrangeira que os
próprio e após a revisão e a extração de filme cópia. houver autenticado;
Parágrafo único. A eliminação de documentos oficiais III. forem acompanhados de tradução oficial.
Art. 18. Os microfilmes originais e os filmes cópias re- ou recebidos em decorrência das funções executi-
sultantes de microfilmagem de documentos sujeitos à va, legislativa e judiciária;
fiscalização, ou necessários à prestação de contas, de- VI. subsidiar a elaboração de planos nacionais de
verão ser mantidos pelos prazos de prescrição a que desenvolvimento, sugerindo metas e prioridades da
estariam sujeitos os seus respectivos originais. política nacional de arquivos públicos e privados;
Art. 19. As infrações às normas deste Decreto, por par- VII. estimular a implantação de sistemas de arqui-
te dos cartórios e empresas registrados no Ministério vos nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
da Justiça sujeitarão o infrator, observada a gravidade da União, dos Estados, do Distrito Federal e nos Po-
do fato, às penalidades de advertência ou suspensão deres Executivo e Legislativo dos Municípios;
do registro, sem prejuízo das sanções penais e civis VIII. estimular a integração e modernização dos
cabíveis. arquivos públicos e privados;
Parágrafo único. No caso de reincidência por falta IX. identificar os arquivos privados de interesse pú-
grave, o registro para microfilmar será cassado defini- blico e social, nos termos do art. 12 da Lei no 8.159,
tivamente. de 1991;
Art. 20. O Ministério da Justiça expedirá as instruções X. propor ao Presidente da República, por intermé-
que se fizerem necessárias ao cumprimento deste De- dio do Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú-
creto. blica, a declaração de interesse público e social de
Art. 21. Revoga-se o Decreto n° 64.398, de 24 de abril arquivos privados;
de 1969. X. propor ao Presidente da República, por intermé-
Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua dio do Ministro de Estado da Justiça, a declaração de
publicação. interesse público e social de arquivos privados; (Re-
dação dada pelo Decreto nº 7.430, de 2011) Vigência
Decreto nº 4.073, de 3 de Janeiro de 2002 XI. estimular a capacitação técnica dos recursos hu-
Regulamenta a Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dis- manos que desenvolvam atividades de arquivo nas
põe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados. instituições integrantes do SINAR;
Capítulo I Do Conselho XII. recomendar providências para a apuração e a
reparação de atos lesivos à política nacional de ar-
Nacional de Arquivos quivos públicos e privados;
Art. 1º O Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, XIII. promover a elaboração do cadastro nacional
órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, criado de arquivos públicos e privados, bem como desen-
pelo art. 26 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, volver atividades censitárias referentes a arquivos;

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tem por finalidade definir a política nacional de arqui- XIV. manter intercâmbio com outros conselhos e
vos públicos e privados, bem como exercer orientação instituições, cujas finalidades sejam relacionadas
normativa visando à gestão documental e à proteção ou complementares às suas, para prover e receber
especial aos documentos de arquivo. elementos de informação e juízo, conjugar esforços
Art. 2º Compete ao CONARQ: e encadear ações;
I. estabelecer diretrizes para o funcionamento do XV. articular-se com outros órgãos do Poder Públi-
Sistema Nacional de Arquivos - SINAR, visando à co formuladores de políticas nacionais nas áreas de
gestão, à preservação e ao acesso aos documentos educação, cultura, ciência, tecnologia, informação
de arquivos; e informática.
II. promover o inter-relacionamento de arquivos Art. 3º São membros conselheiros do CONARQ:
públicos e privados com vistas ao intercâmbio e à I. o Diretor-Geral do Arquivo Nacional, que o pre-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

integração sistêmica das atividades arquivísticas; sidirá;


III. propor ao Chefe da Casa Civil da Presidência da II. dois representantes do Poder Executivo Federal;
República normas legais necessárias ao aperfei- III. dois representantes do Poder Judiciário Federal;
çoamento e à implementação da política nacional
IV. dois representantes do Poder Legislativo Federal;
de arquivos públicos e privados;
V. um representante do Arquivo Nacional;
III. propor ao Ministro de Estado da Justiça normas
legais necessárias ao aperfeiçoamento e à imple- VI. dois representantes dos Arquivos Públicos Esta-
mentação da política nacional de arquivos públicos duais e do Distrito Federal;
e privados; (Redação dada pelo Decreto nº 7.430, VII. dois representantes dos Arquivos Públicos
de 2011) Vigência Municipais;
IV. zelar pelo cumprimento dos dispositivos consti- VIII. um representante das instituições mantene-
tucionais e legais que norteiam o funcionamento e doras de curso superior de arquivologia;
o acesso aos arquivos públicos; IX. um representante de associações de arquivistas;
V. estimular programas de gestão e de preservação X. três representantes de instituições que congreguem
de documentos públicos de âmbito federal, esta- profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesqui- 501
dual, do Distrito Federal e municipal, produzidos sa, preservação ou acesso a fontes documentais.
§ 1º Cada Conselheiro terá um suplente. Capítulo II Do Sistema
502 § 2º Os membros referidos nos incisos III e IV e res- Nacional de Arquivos
pectivos suplentes serão designados pelo Presidente Art. 10. O SINAR tem por finalidade implementar a po-
do Supremo Tribunal Federal e pelos Presidentes da lítica nacional de arquivos públicos e privados, visando
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respec- à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos
tivamente. de arquivo.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

§ 3º Os conselheiros e suplentes referidos nos inciso II Art. 11. O SINAR tem como órgão central o CONARQ.
e V a X serão designados pelo Presidente da República, Art. 12. Integram o SINAR:
a partir de listas apresentadas pelo Chefe da Casa Civil I. o Arquivo Nacional;
da Presidência da República, mediante indicações dos II. os arquivos do Poder Executivo Federal;
dirigentes dos órgãos e entidades representados. III. os arquivos do Poder Legislativo Federal;
§ 4º O mandato dos Conselheiros será de dois anos, IV. os arquivos do Poder Judiciário Federal;
permitida uma recondução. V. os arquivos estaduais dos Poderes Executivo,
§ 5º O Presidente do CONARQ, em suas faltas e impe- Legislativo e Judiciário;
dimentos, será substituído por seu substituto legal no VI. os arquivos do Distrito Federal dos Poderes
Arquivo Nacional. Executivo, Legislativo e Judiciário;
Art. 4º Caberá ao Arquivo Nacional dar o apoio técnico VII. os arquivos municipais dos Poderes Executivo
e administrativo ao CONARQ. e Legislativo.
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Art. 5º O Plenário, órgão superior de deliberação do § 1º Os arquivos referidos nos incisos II a VII, quando
CONARQ, reunir-se-á, em caráter ordinário, no mínimo, organizados sistemicamente, passam a integrar o SI-
uma vez a cada quatro meses e, extraordinariamente, NAR por intermédio de seus órgãos centrais.
mediante convocação de seu Presidente ou a requeri- § 2º As pessoas físicas e jurídicas de direito privado, de-
mento de dois terços de seus membros. tentoras de arquivos, podem integrar o SINAR mediante
acordo ou ajuste com o órgão central.
§ 1º O CONARQ funcionará na sede do Arquivo Nacional.
Art. 13. Compete aos integrantes do SINAR:
§ 2º As reuniões do CONARQ poderão ser convocadas
I. promover a gestão, a preservação e o acesso às
para local fora da sede do Arquivo Nacional, por deli-
informações e aos documentos na sua esfera de
beração do Plenário ou ad referendum deste, sempre competência, em conformidade com as diretrizes
que razão superior indicar a conveniência de adoção e normas emanadas do órgão central;
dessa medida. II. disseminar, em sua área de atuação, as diretrizes
Art. 6º O CONARQ somente se reunirá para delibera- e normas estabelecidas pelo órgão central, zelando
ção com o quorum mínimo de dez conselheiros. pelo seu cumprimento;
Art. 7º O CONARQ poderá constituir câmaras técnicas III. implementar a racionalização das atividades
e comissões especiais, com a finalidade de elaborar arquivísticas, de forma a garantir a integridade do
estudos, normas e outros instrumentos necessários à ciclo documental;
implementação da política nacional de arquivos pú- IV. garantir a guarda e o acesso aos documentos de
blicos e privados e ao funcionamento do SINAR, bem valor permanente;
como câmaras setoriais, visando a identificar, discutir e V. apresentar sugestões ao CONARQ para o apri-
propor soluções para questões temáticas que repercu- moramento do SINAR;
tirem na estrutura e organização de segmentos especí- VI. prestar informações sobre suas atividades ao
ficos de arquivos, interagindo com as câmaras técnicas. CONARQ;
Parágrafo único. Os integrantes das câmaras e comis- VII. apresentar subsídios ao CONARQ para a elabo-
sões serão designados pelo Presidente do CONARQ, ad ração de dispositivos legais necessários ao aperfei-
referendum do Plenário. çoamento e à implementação da política nacional
de arquivos públicos e privados;
Art. 8º É considerado de natureza relevante, não en-
VIII. promover a integração e a modernização dos
sejando qualquer remuneração, o exercício das ativi- arquivos em sua esfera de atuação;
dades de Conselheiro do CONARQ e de integrante das
IX. propor ao CONARQ os arquivos privados que pos-
câmaras e comissões. sam ser considerados de interesse público e social;
Art. 9º A aprovação do regimento interno do CONARQ, X. comunicar ao CONARQ, para as devidas provi-
mediante proposta deste, é da competência do Chefe da dências, atos lesivos ao patrimônio arquivístico
Casa Civil da Presidência da República. nacional;
Art. 9º A aprovação do regimento interno do CONARQ, XI. colaborar na elaboração de cadastro nacional
mediante proposta deste, é da competência do Minis- de arquivos públicos e privados, bem como no de-
tro de Estado da Justiça. (Redação dada pelo Decreto senvolvimento de atividades censitárias referentes
nº 7.430, de 2011) a arquivos;
XII. possibilitar a participação de especialistas nas Capítulo IV Da Gestão de Documentos,
câmaras técnicas, câmaras setoriais e comissões
especiais constituídas pelo CONARQ; Da Administração Pública Federal
XIII. proporcionar aperfeiçoamento e reciclagem Seção I Das Comissões Permanen-
aos técnicos da área de arquivo, garantindo cons- tes de Avaliação de Documentos
tante atualização.
Art. 18. Em cada órgão e entidade da Administração
Art. 14. Os integrantes do SINAR seguirão as diretrizes Pública Federal será constituída comissão permanen-
e normas emanadas do CONARQ, sem prejuízo de sua te de avaliação de documentos, que terá a responsa-
subordinação e vinculação administrativa. bilidade de orientar e realizar o processo de análise,
Capítulo III Dos Documentos Públicos avaliação e seleção da documentação produzida e acu-
mulada no seu âmbito de atuação, tendo em vista a
Art. 15. São arquivos públicos os conjuntos de docu- identificação dos documentos para guarda permanen-
mentos: te e a eliminação dos destituídos de valor.
I. produzidos e recebidos por órgãos e entidades
públicas federais, estaduais, do Distrito Federal e § 1º Os documentos relativos às atividades-meio serão
municipais, em decorrência de suas funções admi- analisados, avaliados e selecionados pelas Comissões
nistrativas, legislativas e judiciárias; Permanentes de Avaliação de Documentos dos órgãos
e das entidades geradores dos arquivos, obedecendo
II. produzidos e recebidos por agentes do Poder
aos prazos estabelecidos em tabela de temporalidade
Público, no exercício de seu cargo ou função ou
e destinação expedida pelo CONARQ.
deles decorrente;
III. produzidos e recebidos pelas empresas públicas § 2º Os documentos relativos às atividades-meio não
e pelas sociedades de economia mista; constantes da tabela referida no § 1º serão submetidos
IV. produzidos e recebidos pelas Organizações às Comissões Permanentes de Avaliação de Documen-
Sociais, definidas como tal pela Lei nº 9.637, de 15 tos dos órgãos e das entidades geradores dos arquivos,
de maio de 1998, e pelo Serviço Social Autônomo que estabelecerão os prazos de guarda e destinação daí
Associação das Pioneiras Sociais, instituído pela Lei decorrentes, a serem aprovados pelo Arquivo Nacional.
nº 8.246, de 22 de outubro de 1991. § 3º Os documentos relativos às atividades-fim serão
Parágrafo único. A sujeição dos entes referidos no avaliados e selecionados pelos órgãos ou entidades
inciso IV às normas arquivísticas do CONARQ constará geradores dos arquivos, em conformidade com as ta-
dos Contratos de Gestão com o Poder Público. belas de temporalidade e destinação, elaboradas pelas
Comissões mencionadas no caput, aprovadas pelo Ar-
Art. 16. Às pessoas físicas e jurídicas mencionadas no
quivo Nacional.

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art. 15 compete a responsabilidade pela preservação
adequada dos documentos produzidos e recebidos no Seção II Da Entrada de Documentos
exercício de atividades públicas. Arquivísticos Públicos no Arquivo Nacional
Art. 17. Os documentos públicos de valor permanen-
Art. 19. Os documentos arquivísticos públicos de âm-
te, que integram o acervo arquivístico das empresas
bito federal, ao serem transferidos ou recolhidos ao
em processo de desestatização, parcial ou total, serão
recolhidos a instituições arquivísticas públicas, na sua Arquivo Nacional, deverão estar avaliados, organiza-
esfera de competência. dos, higienizados e acondicionados, bem como acom-
panhados de instrumento descritivo que permita sua
§ 1° O recolhimento de que trata este artigo constituirá cláu- identificação e controle.
sula específica de edital nos processos de desestatização.
§ 2° Para efeito do disposto neste artigo, as empresas, Parágrafo único. As atividades técnicas referidas no
caput, que precedem à transferência ou ao recolhimen-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

antes de concluído o processo de desestatização, pro-


videnciarão, em conformidade com as normas arqui- to de documentos, serão implementadas e custeadas
vísticas emanadas do CONARQ, a identificação, classi- pelos órgãos e entidades geradores dos arquivos.
ficação e avaliação do acervo arquivístico. Art. 20. O Ministério do Planejamento, Orçamento e
§ 3° Os documentos de valor permanente poderão ficar Gestão deverá, tão logo sejam nomeados os inven-
sob a guarda das empresas mencionadas no § 2º, enquan- tariantes, liquidantes ou administradores de acervos
to necessários ao desempenho de suas atividades, confor- para os órgãos e entidades extintos, solicitar à Casa
me disposto em instrução expedida pelo CONARQ. Civil da Presidência da República a assistência técni-
§ 4° Os documentos de que trata o caput são inaliená- ca do Arquivo Nacional para a orientação necessária à
veis e não são sujeitos a usucapião, nos termos do art. preservação e à destinação do patrimônio documen-
10 da Lei no 8.159, de 1991. tal acumulado, nos termos do § 2º do art. 7º da Lei no
§ 5º A utilização e o recolhimento dos documentos 8.159, de 1991.
públicos de valor permanente que integram o acervo Art. 20. O Ministério do Planejamento, Orçamento e
arquivístico das empresas públicas e das sociedades Gestão deverá, tão logo sejam nomeados os inventa-
de economia mista já desestatizadas obedecerão às riantes, liquidantes ou administradores de acervos para 503
instruções do CONARQ sobre a matéria. os órgãos e entidades extintos, solicitar ao Ministro de
Estado da Justiça a assistência técnica do Arquivo Na- § 2º A avaliação referida no § 1o será homologada pelo
504 cional para a orientação necessária à preservação e à Presidente do CONARQ.
destinação do patrimônio documental acumulado, nos § 3º Da decisão homologatória caberá recurso das par-
termos do § 2º do art. 7o da Lei no 8.159, de 1991. (Re- tes afetadas ao Chefe da Casa Civil da Presidência da
dação dada pelo Decreto nº 7.430, de 2011) Vigência República, na forma prevista na Lei no 9.784, de 29 de
Art. 21. A Casa Civil da Presidência da República, me- janeiro de 1999.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

diante proposta do Arquivo Nacional, baixará instrução § 3o Da decisão homologatória caberá recurso das
detalhando os procedimentos a serem observados pe-
partes afetadas ao Ministro de Estado da Justiça, na
los órgãos e entidades da Administração Pública Fede-
forma prevista na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de
ral, para a plena consecução das medidas constantes
1999 . (Redação dada pelo Decreto nº 7.430, de 2011)
desta Seção.
Art. 24. O proprietário ou detentor de arquivo privado
Art. 21. O Ministro de Estado da Justiça, mediante pro-
declarado de interesse público e social deverá comuni-
posta do Arquivo Nacional, baixará instrução detalhan-
do os procedimentos a serem observados pelos órgãos e car previamente ao CONARQ a transferência do local
entidades da administração pública federal, para a plena de guarda do arquivo ou de quaisquer de seus docu-
consecução das medidas constantes desta Seção. (Re- mentos, dentro do território nacional.
dação dada pelo Decreto nº 7.430, de 2011) Vigência Art. 25. A alienação de arquivos privados declarados
de interesse público e social deve ser precedida de
Capítulo V da Declaração de Interesse notificação à União, titular do direito de preferência,
Público e Social de Arquivos Privados para que manifeste, no prazo máximo de sessenta
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dias, interesse na aquisição, na forma do parágrafo


Art. 22. Os arquivos privados de pessoas físicas ou ju- único do art. 13 da Lei nº 8.159, de 1991.
rídicas que contenham documentos relevantes para a
Art. 26. Os proprietários ou detentores de arquivos pri-
história, a cultura e o desenvolvimento nacional podem
vados declarados de interesse público e social devem
ser declarados de interesse público e social por decreto manter preservados os acervos sob sua custódia, ficando
do Presidente da República. sujeito à responsabilidade penal, civil e administrativa,
§ 1º A declaração de interesse público e social de que na forma da legislação em vigor, aquele que desfigurar
trata este artigo não implica a transferência do respec- ou destruir documentos de valor permanente.
tivo acervo para guarda em instituição arquivística pú- Art. 27. Os proprietários ou detentores de arquivos pri-
blica, nem exclui a responsabilidade por parte de seus vados declarados de interesse público e social pode-
detentores pela guarda e a preservação do acervo. rão firmar acordos ou ajustes com o CONARQ ou com
outras instituições, objetivando o apoio para o desen-
§ 2º São automaticamente considerados documentos volvimento de atividades relacionadas à organização,
privados de interesse público e social: preservação e divulgação do acervo.
I. os arquivos e documentos privados tombados Art. 28. A perda acidental, total ou parcial, de arquivos
pelo Poder Público; privados declarados de interesse público e social ou de
II. os arquivos presidenciais, de acordo com o art. quaisquer de seus documentos deverá ser comunicada
3º da Lei nº 8.394, de 30 de dezembro de 1991; ao CONARQ, por seus proprietários ou detentores.
III. os registros civis de arquivos de entidades re-
ligiosas produzidos anteriormente à vigência da Capítulo VI Disposições
Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, de acordo Finais e Transitórias
com o art. 16 da Lei nº 8.159, de 1991. Art. 29. Este Decreto aplica-se também aos documen-
Art. 23. O CONARQ, por iniciativa própria ou mediante tos eletrônicos, nos termos da lei.
provocação, encaminhará solicitação, acompanhada Art. 30. O Chefe da Casa Civil da Presidência da Re-
de parecer, ao Chefe da Casa Civil da Presidência da pública baixará instruções complementares à execução
República, com vistas à declaração de interesse público deste Decreto.
e social de arquivos privados pelo Presidente da Re- Art. 30. O Ministro de Estado da Justiça baixará instru-
pública. ções complementares à execução deste Decreto. (Re-
dação dada pelo Decreto nº 7.430, de 2011)
Art. 23. O CONARQ, por iniciativa própria ou mediante
provocação, encaminhará solicitação, acompanhada Art. 31. Fica delegada competência ao Chefe da Casa
Civil da Presidência da República, permitida a subdele-
de parecer, ao Ministro de Estado da Justiça, com vistas
gação, para designar os membros do CONARQ de que
à declaração de interesse público e social de arquivos trata o § 3º do art. 3º.
privados pelo Presidente da República. (Redação dada
Art. 31. Fica delegada competência ao Ministro de Es-
pelo Decreto nº 7.430, de 2011) Vigência
tado da Justiça, permitida a subdelegação, para desig-
§ 1º O parecer será instruído com avaliação técnica pro- nar os membros do CONARQ de que trata o § 3º do
cedida por comissão especialmente constituída pelo art. 3º. (Redação dada pelo Decreto nº 7.430, de 2011)
CONARQ. Vigência
Art. 32. Este Decreto entra em vigor na data de sua serção das mensagens de correio eletrônico como documen-
publicação. to digital. Isto ficou estabelecido pela Resolução nº 20, de 16
Art. 33. Ficam revogados os Decretos nos 1.173, de de julho de 2004.
29 de junho de 1994, 1.461, de 25 de abril de 1995, Art. Os órgãos e entidades integrantes do Sistema
2.182, de 20 de março de 1997, e 2.942, de 18 de ja- Nacional de Arquivos deverão identificar, dentre as in-
neiro de 1999. formações e os documentos produzidos, recebidos ou
armazenados em meio digital, aqueles considerados
5. Documentos Eletrônicos e Digitais arquivísticos para que sejam contemplados pelo pro-
grama de gestão arquivística de documentos.
Documentos Eletrônicos §1º - Considera-se documento arquivístico como a infor-
mação registrada, independente da forma ou do supor-
Um documento eletrônico é uma informação registrada, te, produzida e recebida no decorrer das atividades de
codificada em forma analógica ou em dígitos binários, acessí- um órgão, entidade ou pessoa, dotada de organicidade
vel por meio de um equipamento eletrônico e no seu processo e que possui elementos constitutivos suficientes para
de digitalização não é obrigatória a manutenção da confiden- servir de prova dessas atividades.
cialidade do documento digital. Isso é o que estabelece a Lei nº
§2º - Considera-se documento arquivístico digital o
12.682, de 9 de julho de 2012 em seu Artigo 3º - “O processo de
documento arquivístico codificado em dígitos biná-
digitalização deverá ser realizado de forma a manter a integri-
rios, produzido, tramitado e armazenado por sistema
dade, a autenticidade e, se necessário, a confidencialidade do
computacional. São exemplos de documentos arqui-
documento digital, com o emprego de certificado digital emi-
vísticos digitais: planilhas eletrônicas, mensagens de
tido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
correio eletrônico, sítios na internet, bases de dados
- ICP – Brasil”. Observe o termo “e, se necessário”, portanto,
e também textos, imagens fixas, imagens em movi-
não é obrigatório.
mento e gravações sonoras, dentre outras possibili-
Um documento eletrônico é acessível e interpretável por dades, em formato digital.
meio de um equipamento eletrônico (aparelho de videocasse-
Art. 2º - Um programa de gestão arquivística de do-
te, filmadora, computador), podendo ser registrado e codifica-
cumentos é aplicável independente da forma ou do
do em forma analógica ou em dígitos binários.
suporte, em ambientes convencionais, digitais ou hí-
Documentos Digitais bridos em que as informações são produzidas e arma-
zenadas.
Um documento digital é um documento eletrônico carac-
terizado pela codificação em dígitos binários e acessado por Gerenciamento Eletrônico de
meio de sistema computacional.
Documentos ou Gestão Eletrônica

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Todo documento digital é eletrônico, mas nem todo docu-
mento eletrônico é digital. de Documentos - GED
Os documentos eletrônicos se mantêm autênticos por
É um conjunto de tecnologias que permite o gerenciamen-
meio de processos contínuos de cópia e migração. Tais pro-
to de documentos em forma digital, auxiliando a produção,
cessos se fazem necessários devido à fragilidade do suporte,
controle, armazenagem, compartilhamento e recuperação de
magnético ou óptico, e à obsolescência tecnológica.
suas informações.
É importante ressaltar que cópia e migração têm conse-
Tecnologias relacionadas ao GED:
quências diferentes para a autenticação dos documentos. A
01. Gerenciamento da Imagem dos Documentos (Docu-
cópia consiste em uma reprodução completa dos elementos
ment Imaging – DI):
de forma e conteúdo de um documento. Consequentemente,
os documentos copiados se constituem em reproduções fiéis Conversão de documentos do meio físico para o digital.
Não se deve confundir digitação com digitalização;
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

dos documentos originais. Entretanto, há que ressaltar que,


apesar de menos invasiva, a cópia de documentos eletrônicos 02. Gerenciamento de Documentos (Document Mana-
também se constitui em uma intervenção, logo, interfere na gement – DM):
autenticidade desses documentos. Gerenciar a criação, revisão, aprovação e descarte de
“Quanto à migração, esta implica mudanças na confi- documentos eletrônicos de forma eficiente e eficaz;
guração que afetam o documento por inteiro. Na verdade, 03. Fluxo de Trabalho (Workflow - BPM):
após serem migrados os documentos podem parecer os Controla e gerencia processos para garantir que as ta-
mesmos, mas não são. Sua forma física é profundamente refas sejam executadas por pessoas corretas, em tempo
alterada, com perda de alguns dados e acréscimos de ou- hábil, com objetividade e segurança;
tros”. Fonte: Rosely Curi Rondinelli, Gerenciamento arqui- 04. Gerenciamento da Informação e das Gravações (Re-
vístico de documentos eletrônicos. Rio de Janeiro: editora cords and Information Management – RIM):
FGV, 2007, página 70. É o gerenciamento do ciclo de vida de um documento,
As diretrizes para a gestão arquivística do correio ele- não importando a mídia em que se encontre. Por meio
trônico corporativo, elaboradas pelo Conselho Nacional de desse sistema, ocorre o gerenciamento da criação, do
Arquivos (CONARQ) estabeleceu que as instituições que armazenamento, processamento, manutenção, dispo- 505
possuem política de preservação digital devem prever a in- nibilização e descarte dos documentos sob controle de
categorização e da Tabela de Temporalidade. Fonte: Ar- ▷ A tecnologia associada ao documento, a qual não
506 quivologia, George Melo Rodrigues, 2ª Edição, Editora interessa ao usuário.
Juspodivm, Salvador, 2012. Os atributos físicos de um documento eletrônico, quando
Gerenciamento de Documentos alterados, geram um documento distinto, diferentemente do
suporte.
Eletrônicos - GDE
Nos documentos convencionais, a existência de data e as-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

É o gerenciamento de documentos produzidos exclusiva-


mente em meio eletrônico. É de grande auxílio para políticas sinatura são suficientes para que sejam considerados comple-
de recuperação de documentos e manutenção das atividades tos, o mesmo não ocorre com os documentos eletrônicos, que
da empresa em caso de acidente e facilita as atividades que necessitam de complementos como: à data do documento é
envolvem colaboração entre pessoas e equipes. necessário acrescentar a hora de sua transmissão; a facilidade
O GED e o GDE permitem acesso rápido às informações de- de se digitar uma assinatura torna necessário o nome do au-
sejadas, pelo fato de que os documentos podem ser acessados de tor no cabeçalho do documento, que é feito automaticamente
qualquer lugar simultaneamente. pelo sistema ou por meio de uma assinatura eletrônica, (uso
A principal preocupação em se adotar uma ferramen- pelo computador de qualquer símbolo adotado ou autoriza-
ta de gestão eletrônica está na preservação dos dados e do) ou digital (baseada em métodos criptográficos de auten-
informações armazenados devido às constantes atualiza- ticação do originador, podem ser verificados a identidade de
ções de softwares e hardwares. quem assina e a integridade do dado).
Exatamente como os documentos arquivísticos convencio- A idoneidade de um sistema eletrônico é garantida pela
nais, os eletrônicos se constituem em elementos que podem ser prevenção e pela verificação. A prevenção inclui a limitação
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identificados e avaliados por meio da diplomática – estudo da de acesso à tecnologia por meio de senhas, cartões magné-
estrutura formal e da autenticidade dos documentos. Os docu- ticos, etc, e definição de regras de workflow (conjunto de
mentos podem e devem ser identificados por seus constituintes regras formais que são definidas para melhorar a eficiência
formais, e não pela informação que transmitem. de um processo específico – Sawaya, 1999) que definem o
Gerenciamento de Produtos que será feito e como será feito. Por verificação, temos a
trilha de auditoria a qual é um mecanismo que permite re-
Eletrônicos - GPE gistrar todas as intervenções feitas no documento, garante
Gestão de documentos criados em meio eletrônico e cujo a autenticidade do documento arquivístico. Segundo Mac-
original permanece neste meio, embora também englobe os Neil, 2000, “autenticidade é a capacidade de se provar que
documentos digitalizados. um documento arquivístico é o que diz ser”.
Em relação ao suporte que contem o documento
A digitalização de acervos é uma das ferramentas essen-
01. Os documentos convencionais não existem até que se-
jam afixados em um suporte. ciais ao acesso e à difusão dos acervos arquivísticos, além de
02. Nos documentos eletrônicos o suporte é uma parte fí- contribuir para a sua preservação, uma vez que restringe o ma-
sica separada do conteúdo. nuseio de documentos originais, constituindo-se como instru-
Os documentos eletrônicos não tem no suporte um ele- mento capaz de dar acesso simultâneo local ou remoto. Possui
mento significativo, mas um simples carregador físico, assim natureza complexa de um ambiente tecnológico de rápidas
sendo, em cada reprodução de um documento eletrônico em mudanças e, em geral, de custos elevados para sua implemen-
que a única alteração é o suporte, o documento continua sen- tação e manutenção.
do idêntico ao que foi reproduzido.
Sistema de Informação
Em relação ao suporte que
Conjunto organizado de políticas, procedimentos, pessoas,
contém o documento equipamentos e programas computacionais que produzem,
01. Os documentos convencionais não existem até que se- processam, armazenam e proveem acesso à informação origi-
jam afixados em um suporte. nária de fontes internas e externas para apoiar o desempenho
02. Nos documentos eletrônicos, o suporte é uma parte das atividades de um órgão ou entidade.
física separada do conteúdo.
Os documentos eletrônicos não têm no suporte um ele- Gestão Arquivística de Documentos
mento significativo, mas um simples carregador físico, assim Conjunto de procedimentos e operações técnicas referen-
sendo, em cada reprodução de um documento eletrônico em tes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento dos
que a única alteração é o suporte, o documento continua sen- documentos em fase corrente e intermediária, visando a sua
do idêntico ao que foi reproduzido. eliminação ou seu recolhimento para a guarda permanente.
Em relação à Forma ou Estrutura, sua forma física consiste
em atributos que determinam a sua forma externa e, no caso Sistema de Gestão Arquivística
dos documentos eletrônicos, esses atributos são: de Documentos
▷ O texto escrito (tipo de fonte, tamanho, formato, Conjunto de procedimentos e operações técnicas, cuja in-
cores, idioma, existência de anexos, logomarca, as- teração permite a eficiência e a eficácia da gestão arquivística
sinatura digital, etc.); de documentos.
Gerenciamento Eletrônico computacional, produzida ou recebida por pessoa física ou ju-
rídica, tratada e gerenciada em um sistema de arquivos.
de Documentos (GED) Documento digital é a informação acessível por meio de
Conjunto de tecnologias utilizadas para organização da in- sistema computacional, e são considerados como arquivísticos
formação não-estruturada de um órgão ou entidade, que pode quando são produzidos ou recebidos pelo órgão ou entidade
ser dividido nas seguintes funcionalidades: captura, gerencia- no decorrer de suas atividades, possuindo relação orgânica
mento, armazenamento e distribuição. Entende-se por infor- entre si. Os documentos digitais apresentam especificidades
mação não-estruturada, aquela que não está armazenada em que podem comprometer sua autenticidade e seu acesso, uma
banco de dados, tais como mensagem de correio eletrônico, vez que são suscetíveis à degradação física dos seus supor-
arquivo de texto, imagem ou som, planilhas, etc. O GED pode tes, à obsolescência tecnológica de hardware, software, de
englobar tecnologias de digitalização, automação de fluxos de formatos e a intervenções não autorizadas. O resultado disso
trabalho (workflow), processamento de formulários, indexa- é a sua adulteração e/ou destruição. Portanto, é fundamental
ção, gestão de documentos, repositórios, entre outras. que sejam desenvolvidas estratégias de preservação digital
que considerem as características do documento arquivístico,
Sistema Informatizado de Gestão principalmente no que diz respeito à forma fixa, ao conteúdo
Arquivística de Documentos (SIGAD) estável e à relação orgânica.
É um conjunto de procedimentos e operações técnicas, ca- Os documentos digitais devem ser armazenados de forma a
racterístico do sistema de gestão arquivística de documentos, estarem protegidos da destruição, reprodução, alteração, uso e
processado por computador. O SIGAD e aplicável em sistemas acesso não autorizados, pois de acordo com a Lei nº 12.682/2012
híbridos, isto é, que utilizam documentos digitais e documen- que dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de documentos
tos convencionais. em meios eletromagnéticos, em seu art. 3º - “O processo de digi-
Com base nos documentos e resoluções elaborados pelo talização deverá ser realizado de forma a manter a integridade, a
Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), um documento ar- autenticidade e, se necessário, a confidencialidade do documento
quivístico digital é a informação registrada, codificada em dí- digital, com o emprego de certificado digital emitido no âmbito da
gitos binários; produzida ou recebida; tramitada e armazenada Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP – Brasil”. 
por sistema computacional; dotada de organicidade e com ele- Parágrafo único. Os meios de armazenamento dos do-
mentos suficientes para servir como prova das atividades de um cumentos digitais deverão protegê-los de acesso, uso,
órgão, entidade ou pessoa. Segundo o MODELO DE REQUISITOS alteração, reprodução e destruição não autorizados. 
PARA SISTEMAS INFORMATIZADOS DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA As estratégias de preservação de documentos arquivís-
DE DOCUMENTOS - e-ARQ – Brasil – 2006, dezembro. ticos, devem ser selecionadas com base em sua capacidade
Um sistema informatizado de gestão arquivística de docu- de manter as características desses documentos e na avalia-
mentos (SIGAD), é um conjunto de procedimentos e operações ção custo-benefício. Podem incluir monitoramento e controle

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técnicas apoiado em um sistema informatizado, que, de acordo ambiental, restrições de acesso, cuidados no manuseio direto
com os princípios da gestão arquivística, visa ao controle do ci- e obtenção de suportes e materiais mais duráveis (papel, tin-
clo de vida dos documentos, desde a produção até a destinação ta, disco óptico, fita magnética). No caso específico dos do-
final. O sucesso do SIGAD, dependerá fundamentalmente da im- cumentos digitais, essas estratégias incluem a prevenção da
plementação prévia de um programa de Gestão Arquivística de obsolescência tecnológica e de danos físicos ao suporte, por
Documentos. A produção de documentos digitais levou à cria- meio de procedimentos de migração, como atualização (refre-
ção de sistemas informatizados de gerenciamento de documen- shing) e conversão. O Objetivo é identificar o originador do do-
tos. Entretanto, para assegurar que documentos arquivísticos cumento, fornecer informação sobre o contexto de produção
digitais sejam confiáveis e autênticos e que possam preservar do documento, demonstrar a autenticidade de um documen-
suas características, é fundamental que os sistemas acima refe- to, indicando o responsável legal pela sua emissão.
ridos incorporem os conceitos arquivísticos e suas implicações Credencial de segurança - Atributo ou conjunto de atri-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

no gerenciamento dos documentos digitais. butos associados a um usuário que definem as categorias de
segurança, segundo as quais o acesso é concedido.
Documento Arquivístico Marca d’água digital - Marca que serve para distinguir uma
É o documento produzido e/ou recebido por uma pessoa imagem digital com informação sobre sua proveniência e carac-
física ou jurídica, no decorrer das suas atividades, qualquer terísticas, utilizada para proteger a propriedade intelectual. As
que seja o suporte, e dotado de organicidade. marcas d’água sobrepõem, no mapa de bits de uma imagem,
um desenho complexo, visível ou invisível, que só pode ser su-
Documento arquivístico digital primido mediante a utilização de um algoritmo e de uma chave
É o documento arquivístico codificado em dígitos binários, protegida. (I) Digital watermark.
produzido, tramitado e armazenado por sistema computacio- Trilha de auditoria - Conjunto de informações registradas
nal. São exemplos de documentos arquivísticos digitais: tex- que permite o rastreamento de intervenções ou tentativas de
tos, imagens fixas, imagens em movimento, gravações sono- intervenção no documento arquivístico digital ou no sistema
ras, mensagens de correio eletrônico, páginas web, bases de computacional. (I) Audit trail.
dados, dentre outras possibilidades de um vasto repertório de Criptografia simétrica - Método de criptografia que utili-
diversidade crescente. Portanto, um documento arquivístico za uma chave simétrica, de maneira que o texto seja cifrado e 507
digital é a informação registrada acessível por meio de sistema decifrado com esta mesma chave.
Criptografia assimétrica - Método de criptografia que Governo Eletrônico (e-Gov)
508 utiliza um par de chaves diferentes que se relacionam, mate- Decreto Presidencial de 3 de abril de 2000 criou o Grupo
maticamente, por meio de um algoritmo, de modo que o texto de Trabalho Interministerial – conhecido por GTTI ou Grupo
cifrado por uma chave só possa ser decifrado pela outra que for- de Trabalho em Tecnologia da Informação com o objetivo de
ma com ela um par. As duas chaves envolvidas na criptografia examinar e propor políticas, diretrizes e normas relacionadas
assimétrica são denominadas chave pública e chave privada. com as novas formas eletrônicas de interação com ênfase na
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

universalização dos serviços, governo ao alcance de todos e


Documento Eletrônico infra-estrutura avançada. Em julho do mesmo ano foi apresen-
Os documentos eletrônicos se mantêm autênticos por tado pelo GTTI a criação do Governo Eletrônico.
meio de processos contínuos de cópia e migração. Tais pro- O CONARQ por meio de sua portaria nº 60, de 7 de março
cessos se fazem necessários devido à fragilidade do suporte, de 2002 reformulou a Câmara Técnica de Documentos eletrô-
magnético ou óptico, e à obsolescência tecnológica. nicos que passou a ser integrada por uma equipe interdisci-
É importante ressaltar que cópia e migração têm conse- plinar.
quências diferentes para a autenticação dos documentos. A As diretrizes para a gestão arquivística do correio eletrôni-
cópia consiste em uma reprodução completa dos elementos co corporativo, elaboradas pelo Conselho Nacional de Arqui-
de forma e conteúdo de um documento. Consequentemente, vos (CONARQ), estabeleceu que as instituições que possuem
os documentos copiados se constituem em reproduções fiéis política de preservação digital devem prever a inserção das
dos documentos originais. Entretanto, há que ressaltar que, mensagens de correio eletrônico como documento digital.
apesar de menos invasiva, a cópia de documentos eletrônicos Isto ficou estabelecido pela Resolução nº 20, de 16 de julho de
também se constitui em uma intervenção, logo, interfere na 2004 em seu Artigo 1º - “Os órgãos e entidades integrantes
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autenticidade desses documentos. do Sistema Nacional de Arquivos deverão identificar, dentre as


Quanto à migração, esta implica mudanças na configura- informações e os documentos produzidos, recebidos ou arma-
ção que afetam o documento por inteiro. Na verdade, após zenados em meio digital, aqueles considerados arquivísticos
serem migrados os documentos podem parecer os mesmos, para que sejam contemplados pelo programa de gestão arqui-
mas não são. Sua forma física é profundamente alterada, com vística de documentos”.
perda de alguns dados e acréscimos de outros. §1º - Considera-se documento arquivístico como a in-
Os documentos eletrônicos são identificados e avaliados formação registrada, independente da forma ou do su-
por meio da análise diplomática, da mesma forma que são porte, produzida e recebida no decorrer das atividades
analisados os documentos convencionais, já que na diplomáti- de um órgão, entidade ou pessoa, dotada de organici-
ca os documentos podem e devem ser identificados por meios dade e que possui elementos constitutivos suficientes
de sues constituintes formais e não pela informação que está para servir de prova dessas atividades.
sendo transmitida. §2º - Considera-se documento arquivístico digital o
Fidedignidade é a capacidade de um documento arquivís- documento arquivístico codificado em dígitos binários,
tico sustentar os fatos que atesta e está ligada ao momento produzido, tramitado e armazenado por sistema com-
da produção do documento. Em documentos convencionais putacional. São exemplos de documentos arquivísticos
bastam data e assinatura, porém os eletrônicos necessitam digitais: planilhas eletrônicas, mensagens de correio
de acréscimos, tais como a hora de sua transmissão aos des- eletrônico, sítios na internet, bases de dados e também
tinatários junto com a data do documento. O sistema acres- textos, imagens fixas, imagens em movimento e grava-
centa, automaticamente, o nome do autor no cabeçalho do ções sonoras, dentre outras possibilidades, em formato
documento ou uma assinatura digital ou eletrônica. Segun- digital.
do MacNeill (2000) assinatura digital “é um tipo especial de Art. 2º - Um programa de gestão arquivística de do-
assinatura eletrônica, baseada em métodos criptográficos de cumentos é aplicável independente da forma ou do
autenticação do originador” e assinatura eletrônica é a compi- suporte, em ambientes convencionais, digitais ou hí-
lação, por computador, “de qualquer símbolo ou séries de sím- bridos em que as informações são produzidas e arma-
bolos executados, adotados ou autorizados por um indivíduo zenadas.
para ser o laço legalmente equivalente à assinatura manual do
indivíduo”.
Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos
Fonte: http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br
Com base nos requisitos funcionais e nas regras de produ-
ção, delineou-se um conjunto de metadados e esses foram de- • Perguntas Frequentes
lineados para permitir futura identificação e rastreamento dos 01. O que é considerado um documento arquivístico num
documentos encapsulados em metadados e distribuídos em 6 ambiente digital?
camadas: Registro; Termos e condições de acesso, usoe desti- Resposta: Um documento em formato digital é considera-
nação; Estrutura que garante seu valor de prova ao longo do do arquivístico quando produzido (elaborado ou recebido) no
tempo; Contexto que identifica a proveniência do documen- curso de uma atividade, ou seja, de um processo de trabalho,
to e possui algumas subcamadas: instituição, quem recebeu como instrumento ou resultado de tal atividade, e retido para
a transação e o horário, tipo de transação; Conteúdo; História ação ou referência.
do uso desde sua criação que possui ainda informações sobre Exemplos: textos, e-mail, fotografias, filmes, plantas de
quando e por quem foi usado, como foi usado (copiado, edi- arquitetura, bases de dados, áudio ou mesmo websites, desde
tado, arquivado). que atendam aos critérios definidos anteriormente.
02. Documento digital é a mesma coisa que documento 06. Um documento digital sem assinatura digital pode
eletrônico? ser considerado autêntico?
Resposta: Na literatura arquivística internacional, ainda é Resposta: Sim. Um documento pode ter sua autenticidade
corrente o uso do termo “documento eletrônico” como sinônimo presumida por meio de procedimentos que controlem sua pro-
de “documento digital”. Entretanto, do ponto de vista tecnológi- dução, transmissão, armazenamento, manutenção e preserva-
co, existe uma diferença entre os termos “eletrônico” e “digital”. ção. Um sistema informatizado de gestão arquivística de do-
Um documento eletrônico é acessível e interpretável por cumentos (SIGAD) idôneo e confiável oferece um alto grau de
meio de um equipamento eletrônico (aparelho de videocas- presunção de autenticidade dos documentos. Porém o uso da
sete, filmadora, computador), podendo ser registrado e co- assinatura digital é recomendável nos casos em que é obriga-
dificado em forma analógica ou em dígitos binários. Já um tório garantir a autoria e/ou a integridade de um documento
documento digital é um documento eletrônico caracterizado transmitido entre sistemas ou entre usuários e sistemas.
pela codificação em dígitos binários e acessado por meio de Exemplos:
sistema computacional. Assim, todo documento digital é ele- 1) Um boletim de notas de uma disciplina produzido,
trônico, mas nem todo documento eletrônico é digital. mantido e acessado por meio de um sistema acadê-
Apesar de ter seu foco atualmente direcionado para os mico informatizado não necessita ser assinado digi-
documentos digitais, a CTDE (Câmara Técnica de Documen- talmente pelo professor, desde que este sistema seja
tos Eletrônicos) mantém seu nome, uma vez que este escopo idôneo e confiável. Para isso, os controles de segu-
pode ser expandido ao longo do desenvolvimento de seus rança exigem a identificação e autenticação do pro-
trabalhos. fessor ao acessar o sistema, e só ele tem permissão
Exemplos: para lançar as notas e autorizar a emissão do boletim.
1) documento eletrônico: filme em VHS, música em fita 2) Ao ser transmitida de um sistema de gestão de pes-
cassete. soas para o sistema de uma instituição financeira
2) documento digital: texto em PDF, planilha de cálculo (como um banco), uma autorização de pagamento
em Microsoft Excel, áudio em MP3, filme em AVI. precisa de assinatura digital para garantir sua auten-
03. As fotografias e filmes digitais produzidos na minha ticidade.
instituição podem ser considerados documentos ar-
quivísticos? 3) Em documentos encaminhados por meio de correio
Resposta: Sim, desde que tenham sido produzidos (elabo- eletrônico, é recomendado o uso de assinatura digi-
rados ou recebidos) no curso de uma atividade, ou seja, de um tal, quando for necessário garantir sua autenticidade.
processo de trabalho, como instrumentos ou resultados de tal 07. O documento digital e o documento digitalizado são
atividade, e retidos para ação ou referência. Esses documentos a mesma coisa?
devem ser contemplados pelo programa de gestão arquivísti- Resposta: O documento digitalizado é um tipo de do-

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ca da instituição. cumento digital. Os documentos digitais têm duas origens
Exemplo: As fotografias e filmes que documentam eventos distintas: os que já nascem digitais e os que são gerados a
e atividades da instituição. partir de digitalização. Ambos são codificados em dígitos bi-
nários, acessíveis e interpretáveis por meio de um sistema
04. Um website pode ser considerado um documento ar-
computacional.
quivístico?
Resposta: Sim, desde que tenha sido elaborado no curso O documento digitalizado é a representação digital de um
de uma atividade, ou seja, de um processo de trabalho, como documento produzido em outro formato e que, por meio da
instrumento ou resultado de tal atividade, e retido para ação digitalização, foi convertido para o formato digital. Geralmen-
ou referência. O website deve ser contemplado pelo programa te, esse representante digital visa a facilitar a disseminação e
de gestão arquivística da instituição. o acesso, além de evitar o manuseio do original, contribuindo
para a sua preservação.Todo documento digitalizado é um do-
05. Mensagens de correio eletrônico (e-mails) podem ser
cumento digital, mas nem todo documento digital é um docu-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

consideradas documentos arquivísticos?


mento digitalizado.
Resposta: Sim, desde que tenham sido produzidas (elabo-
radas ou recebidas) no curso de uma atividade, ou seja, de um Exemplo:
processo de trabalho, como instrumentos ou resultados de tal 1) Documento nato digital (born digital): Textos em
atividade, e retidas para ação ou referência. Na qualidade de Microsoft Word, fotografias tiradas em câmeras digi-
documentos arquivísticos, as mensagens devem ser completas tais, plantas de arquitetura e urbanismo criadas em
e criadas por pessoa s autorizadas, e é recomendável que se- AutoCAD, mensagens de correio eletrônico, planilhas
jam redigidas de acordo com normas oficiais de comunicação. eletrônicas.
Não devem ser tratados assuntos fora da matéria que originou 2) Documento digitalizado: Cópia digitalizada da Lei
o documento e devem existir procedimentos que controlem Áurea; negativos e fotografias escaneados.
a tramitação e o arquivamento, de forma a garantir sua au- 08. A digitalização permite a eliminação imediata do ori-
tenticidade. Esses documentos devem ser contemplados pelo ginal?
programa de gestão arquivística da instituição. Não. A eliminação do original não pode ser feita apenas
Exemplo: porque ele foi digitalizado. A eliminação do documento origi-
E-mail convocando para uma reunião da Câmara Técnica nal, bem como de sua cópia digital, dependerá de uma avalia- 509
de Documentos Eletrônicos do CONARQ. ção prévia que definirá seu prazo de guarda e sua destinação.
A eliminação de documentos, no setor público, obedece a 11. O que é um sistema informatizado de gestão arqui-
510 procedimentos previstos na legislação arquivística específica, vística de documentos (SIGAD), proposto pelo e-ARQ
entre os quais, a constituição de comissão permanente de ava- Brasil?
liação de documentos, a elaboração de tabela de temporalida- É um sistema desenvolvido para realizar as operações
de e destinação de documentos e o cumprimento do disposto técnicas da gestão arquivística de documentos, processado
nas resoluções do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) eletronicamente e aplicável em ambientes digitais ou em am-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

que tratam da eliminação de documentos. Caso o original seja bientes híbridos, isto é, ambientes que incluem documentos
considerado de valor permanente, este não poderá ser elimi- digitais e convencionais.
nado, conforme também determina a legislação. Um SIGAD contempla funcionalidades, tais como: gestão
No setor privado, recomenda-se a elaboração de tabela e aplicação do plano e código de classificação; captura; avalia-
de temporalidade e destinação e que se institua comissão de ção e destinação (aplicação da tabela de temporalidade); pes-
avaliação de documentos para aplicar os prazos previstos na quisa, localização e apresentação; segurança; armazenamen-
tabela e realizar os procedimentos de eliminação. to e preservação. Pode incluir ainda outras funcionalidades,
A finalidade principal da digitalização não é a eliminação, e como tramitação e fluxo de trabalho, e características, como
sim facilitar a disseminação e o acesso, além de evitar o manu- usabilidade; interoperabilidade; disponibilidade; e desempe-
seio do original, contribuindo para a sua preservação. nho e escalabilidade.
9. Posso eliminar documentos arquivísticos digitais? 12. Qual é a diferença entre o SIGAD e o gerenciamento
Como fazê-lo? eletrônico de documentos (GED)?
Sim. A eliminação de documentos arquivísticos segue o Um SIGAD tem por objeto o documento arquivístico e visa
mesmo processo, sejam eles convencionais ou digitais. a gerenciá-lo em todo o seu ciclo de vida. Portanto é capaz
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No setor público, a eliminação deve ser precedida pela de realizar todas as operações técnicas da gestão arquivística
elaboração de listagem de eliminação de documentos, que, desde a produção até a destinação final do documento.
depois de aprovada pela instituição arquivística na específi- Já o GED tem por objeto o documento sem a perspectiva
ca esfera de competência, deverá ser publicada e, quando for arquivística. Portanto não gerencia o ciclo de vida dos docu-
efetivada a eliminação, será lavrado o termo de eliminação mentos, nem é capaz de manter a relação orgânica ou contro-
de documentos, segundo a legislação vigente. Caso o original lar a temporalidade e a destinação.
seja considerado de valor permanente, este não poderá ser eli- Isso não significa que um é melhor do que outro; simples-
minado, conforme também determina a legislação. mente, eles possuem objetivos diferentes. A escolha de um ou
No setor privado, recomenda-se a elaboração de tabela de outro, ou a adoção de ambos, depende das necessidades
de temporalidade e destinação e que se institua comissão de da organização.
avaliação de documentos para aplicar os prazos previstos na Apesar das diferenças, existe, inclusive, uma tendência de
tabela e realizar os procedimentos de eliminação. GEDs incorporarem as funcionalidades de um SIGAD.
Em ambos os setores, deve-se observar ainda os seguintes 13. Qual é a diferença entre autenticidade e autenticação?
procedimentos: A autenticidade é uma qualidade do documento; a auten-
a) os documentos arquivísticos que estiverem penden- ticação é uma declaração desta qualidade.
tes sob litígio ou investigação não poderão ser des- Autenticidade é a qualidade de um documento ser autên-
truídos; tico e merecedor de aceitação, isto é, a característica de um
b) a eliminação deverá ser realizada de forma a impos- documento ser o que diz ser e de estar livre de adulteração e
sibilitar a recuperação posterior de qualquer docu- corrupção.
mento eliminado; e Autenticação é a declaração de autenticidade de um do-
c) todas as cópias dos documentos eliminados, incluin- cumento, num determinado momento, por uma pessoa física
do cópias de segurança e cópias de preservação, ou jurídica investida de autoridade para fazer tal declaração
independentemente do suporte, deverão ser destruí- (servidor público, notário, autoridade certificadora). Ela tem a
das. forma de uma declaração que se insere no documento para
10. Quando um documento digital é produzido e depois atestar que ele é autêntico.
impresso, qual deles é o original? Observação: A assinatura digital é um exemplo de auten-
Depende do contexto em que se dá a produção do docu- ticação, visto que ela identifica o emissor de um documento
mento: e permite a verificação de que seu conteúdo não foi adulte-
rado. A autoria e a integridade são alguns dos elementos do
a) Se o documento digitado em processador de texto é documento que apoiam a presunção de autenticidade de um
impresso e assinado, tramita e é arquivado em papel, documento digital, mas não são suficientes para assegurá-la.
ele será considerado original. Neste caso, o computa- 14. Como posso preservar documentos em formato digi-
dor foi utilizado como uma ferramenta para apoiar a tal?
produção do documento em papel. A instituição deve possuir um programa de preservação de
b) Se o documento é produzido em sistema informa- documentos arquivísticos que incorpore os documentos con-
tizado e, após a assinatura e a tramitação, é arqui- vencionais e digitais.
vado em meio digital, a impressão em papel será A preservação digital é o conjunto de estratégias e meto-
eventual, e o documento dela resultante será consi- dologias destinadas a preservar os documentos em formato
derado uma cópia. digital. Ela pode implicar desde transferências periódicas dos
suportes de armazenamento até a conversão para outros for- técnicas apoiado em um sistema informatizado, que, de acordo
matos digitais, bem como a atualização do ambiente tecnoló- com os princípios da gestão arquivística, visam ao controle do
gico, o hardware e o software. ciclo de vida dos documentos, desde a produção até a destina-
Tais estratégias devem alcançar todas as características ção final. O sucesso do SIGAD dependerá fundamentalmente
essenciais que definem um documento digital, que são: físicas da implementação prévia de um programa de Gestão Arqui-
(suporte / registro físico), lógicas (software e formato digital) vística de Documentos. A produção de documentos digitais le-
e conceituais (estrutura / conteúdo exibido). Além disso, elas vou à criação de sistemas informatizados de gerenciamento de
devem levar em conta os elementos necessários para a produ- documentos. Entretanto, para se assegurar que documentos
ção, a manutenção e o acesso aos documentos digitais. arquivísticos digitais sejam confiáveis e autênticos e que pos-
Deve-se compreender, ainda, que a preservação digital não sam preservar suas características é fundamental que os sis-
é a digitalização de documentos que se apresentam em outros temas acima referidos incorporem os conceitos arquivísticos e
suportes. A digitalização é uma ação que serve à captura de do- suas implicações no gerenciamento dos documentos digitais.
cumentos para sistemas de informação como forma de facilitar
seu gerenciamento e acesso, bem como auxiliar a preservação Programa AN Digital
dos originais. Já a preservação digital visa exclusivamente à Tem como objetivo implantar os procedimentos necessá-
preservação dos documentos digitais. rios e dotar o Arquivo Nacional de um repositório para receber,
descrever, armazenar, preservar e dar acesso aos documentos
Correio Eletrônico arquivísticos digitais sob sua custódia. Neste sentido o pro-
Organização das Nações Unidas – ONU grama deverá incluir: definição da abordagem de preserva-
A Organização das Nações Unidas – ONU, ao estabelecer ção digital do Arquivo Nacional; definição de procedimentos;
orientações sobre como gerenciar a mensagem de correio ele- definição de padrões; desenvolvimento e implantação de um
trônico, aponta situações em que é possível identificá-la como repositório; aquisição de equipamentos; formação de equipe
documento arquivístico; dentre elas, destacamos (UNITED NA- especializada. Fonte: www.siga.arquivonacional.gov.br. AN Di-
TIONS, 2010): gital - Política de Preservação Digital.
01. Mensagem cujo conteúdo inicia, autoriza ou completa
uma ação de um órgão ou entidade. ANOTAÇÕES
02. Mensagem trocada entre pessoas da mesma equipe ou
de outras equipes, em trabalho conjunto, e cujo con-
teúdo se refere à atividade do órgão ou entidade.
03. Mensagem recebida de fonte externa (pessoa física ou
jurídica) que compõe um documento arquivístico oficial.
04. Mensagem cujo conteúdo refere-se à pauta ou registro

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de reunião.
05. Mensagem cujo conteúdo é nota, relatório final ou re-
comendação para uma ação em desenvolvimento ou
finalizada.
As mesmas orientações da ONU apontam situações em
que a mensagem de correio eletrônico NÃO é considerada do-
cumento arquivístico; dentre elas, destacamos:
01. Mensagem cujo conteúdo é de caráter pessoal (não
tem relação com as atividades do órgão ou entidade).
02. Mensagem cujo conteúdo se refere a “correntes”, pro-
pagandas, promoções e afins.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

03. Cópia de mensagem enviada para grupos de trabalho


ou coordenações, com a única finalidade de referência
ou informação.
04. Material de referência, isto é, documentos usados ape-
nas para subsídio teórico no desenvolvimento de uma
atividade.
A mensagem de correio eletrônico considerada como um
documento arquivístico precisa ser declarada como tal, ou
seja, incorporada ao conjunto de documentos do órgão ou
entidade, a fim de manter sua autenticidade, confiabilidade e
acessibilidade pelo tempo que for necessário.
Fonte: CONARQ – Conselho Nacional de Arquivo - Câmara Técnica de
Documentos Eletrônicos. Diretrizes para a Gestão Arquivística do Correio
Eletrônico Corporativo, Rio de Janeiro, 2012
Um sistema informatizado de gestão arquivística de docu- 511
mentos (SIGAD) é um conjunto de procedimentos e operações
512
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE ECONOMIA 513

ÍNDICE
1. Conceitos Iniciais ...................................................................................................... 516
Conceito de Contabilidade ..........................................................................................................516
Objeto ..........................................................................................................................................516
Finalidade ....................................................................................................................................516
Usuários .......................................................................................................................................516
Funções da Contabilidade ...........................................................................................................516
Aspectos Patrimoniais .................................................................................................................516
Campo de Aplicação ....................................................................................................................516
Técnicas Contábeis ......................................................................................................................516
2. Patrimônio ............................................................................................................... 517
Conceitos ..................................................................................................................................... 517
Componentes Patrimoniais ......................................................................................................... 517
Equação Fundamental da Contabilidade..................................................................................... 517
Estados Patrimoniais ...................................................................................................................518
3. Contas......................................................................................................................520
Conta .......................................................................................................................................... 520
Tipos de Contas .......................................................................................................................... 520
Classificação das Contas ............................................................................................................. 520
Elementos essenciais da conta ................................................................................................... 521
Plano de Contas .......................................................................................................................... 521
Função da Conta – Razão de sua Existência ................................................................................ 521
Teoria das Contas ........................................................................................................................ 521
Situações das Contas: Débitos e Créditos................................................................................... 522
Razonete .................................................................................................................................... 523
Saldo das Contas......................................................................................................................... 523
Balancete .................................................................................................................................... 523
4. Escrituração .............................................................................................................524
Conceitos ................................................................................................................................... 524
Processos de Escrituração .......................................................................................................... 524
Métodos de Escrituração ............................................................................................................ 525
Funcionamento das Contas ........................................................................................................ 525
Fórmulas de Lançamento ........................................................................................................... 527
Erros de Escrituração .................................................................................................................. 528
Regimes de Escrituração ............................................................................................................ 529
Livros de Escrituração................................................................................................................. 530
Balancete de Verificação ............................................................................................................. 531
Fatos Contábeis .......................................................................................................................... 532
514 NOÇÕES DE ECONOMIA Ş
ŝ#-ŝŦ

5. Balanço Patrimonial .................................................................................................534


6. Conceitos .................................................................................................................535
7. Ativos ......................................................................................................................536
8. Passivos ...................................................................................................................538
9. Patrimônio Líquido...................................................................................................538
10. Componentes Patrimoniais Teoria e/ou Contabilização ...........................................542
Despesa Antecipada e Receita Antecipada ................................................................................ 542
Aplicações Financeiras ............................................................................................................... 543
Empréstimos ...............................................................................................................................544
Debêntures ................................................................................................................................. 545
Folha de Pagamento ................................................................................................................... 546
Ativo Diferido (Extinto pela Lei 11.941/09) ............................................................................... 548
Reserva de Reavaliação .............................................................................................................. 548
Estimativa de Crédito de Liquidação Duvidosa .......................................................................... 549
Duplicata Descontada ................................................................................................................. 550
Duplicata x Nota Promissória ...................................................................................................... 551
11. Operações com Mercadorias.....................................................................................552
Estoques – Conceito e Composição ............................................................................................ 552
Mensuração do Estoque.............................................................................................................. 552
Operações de Compra ................................................................................................................ 553
Custo da Mercadoria Vendida .....................................................................................................560
Operações de Venda ...................................................................................................................560
Apuração do ICMS....................................................................................................................... 564
Resultado com Mercadoria (RCM) .............................................................................................. 564
Sistema de Inventário ................................................................................................................. 565
Critério de Avaliação dos Estoques ............................................................................................ 565
Registro nas Fichas de Controle de Estoque .............................................................................. 566
Baixa do Estoque ........................................................................................................................ 570
12. CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório
Contábil-Financeiro .....................................................................................................572
Introdução .................................................................................................................................. 572
Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Geral ..................................................................... 572
Características Qualitativas da Informação Contábil-Financeira .............................................. 573
Estrutura Conceitual das Demonstrações Contábeis.................................................................. 575
Conceitos de Capital ................................................................................................................... 579
13. Depreciação, Amortização e Exaustão...................................................................... 581
Conceito .......................................................................................................................................581
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE ECONOMIA 515

Imobilizado .................................................................................................................................581
Depreciação ................................................................................................................................ 584
Métodos de Depreciação ............................................................................................................ 585
Alteração da Vida útil doImobilizado ......................................................................................... 589
Baixa do Ativo Não Circulante .................................................................................................... 589
Intangível ....................................................................................................................................590
Amortização ................................................................................................................................591
Exaustão ..................................................................................................................................... 592
14. Demonstrações Contábeis ...................................................................................... 594
Lei nº 6.404/76........................................................................................................................... 594
Demonstração do Resultado do Exercício .................................................................................. 596
516
1. Conceitos Iniciais dos elementos que compõem o patrimônio (bens, direitos e
obrigações).
Quantitativos: relacionados à identificação em valores
Conceito de Contabilidade monetários dos elementos que compõem o patrimônio.
Iniciaremos o estudo desta disciplina entendendo o que é
Contabilidade. Para isso, vejamos dois conceitos: o primeiro foi Campo de Aplicação
apresentado no 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade, e o O campo de aplicação da Contabilidade é a azienda (pat-
NOÇÕES DE ECONOMIA

segundo já foi abordado em prova da ESAF: rimônio considerado juntamente com a pessoa que tem sobre
Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções ele poderes de administração e disponibilidade. Patrimônio +
de orientação, controle e registro relativos aos atos e fatos da pessoa que o administra).
administração econômica. (1º Congresso Brasileiro de Contab- Muito cuidado neste item! É fácil confundir o campo de
ilidade – 1924) aplicação (azienda) com o objeto da Contabilidade (patrimô-
Contabilidade é a ciência que estuda, registra, controla e nio). O que ocorre é que muitos concurseiros pensam: “Ora,
interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades com se o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio, então
fins lucrativos ou não. (ESAF) ele (o patrimônio) será o local onde aplicarei a Contabilidade
(campo de aplicação), certo?” Errado! A Contabilidade é apli-
Objeto cada em um patrimônio que sofre variação, e o patrimônio
Na Contabilidade, o objeto é sempre o patrimônio de uma não sofrerá variação sozinho. Para que ele sofra variação,
entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de é necessária a figura do gestor, capaz de administrar o pat-
obrigações. rimônio. Ou seja, para que possamos aplicar a Contabilidade, é
Ş
ŝ#-ŝŦ

necessário um patrimônio sob gestão organizada.


Conjunto de
Objeto Patromônio bens, direito e
obrigações Técnicas Contábeis
As técnicas contábeis são quatro:
Finalidade ▷ Escrituração:(registrará os fatos que alteram o pat-
A Contabilidade é mantida com a finalidade de fornecer rimônio).
às pessoas interessadas (usuários) informações sobre um pat- ▷ Demonstração:(exporá, por meio de relatórios, to-
rimônio. dos os fatos contábeis).
▷ Análise das Demonstrações Contábeis:(interpretará
Usuários os fatos contábeis expostos nas demonstrações).
As informações contábeis são elaboradas e apresentadas ▷ Auditoria:(revisará os fatos contábeis expostos nas
para usuários externos em geral, tendo em vista suas finali- demonstrações).
dades distintas e necessidades diversas. Essas informações se
destinam, primariamente, aos seguintes usuários externos: ANOTAÇÕES
▷ Investidores.
▷ Financiadores;
▷ Outros credores.
Por meio da Contabilidade, elaboram-se algumas demon-
strações contábeis que são usadas pelos usuários para obter as
informações que desejam.

Funções da Contabilidade
A Contabilidade possui as seguintes funções:
Função administrativa: controle do patrimônio. O pat-
rimônio é composto por bens, direitos e obrigações. Portanto,
a função administrativa é responsável por controlar os bens
que a entidade possui, tudo que ela tem a receber de terceiros
(direitos) e aquilo que ela irá pagar a terceiros (obrigações).
Função econômica: apurar o lucro ou prejuízo, ou seja,
calcular o resultado (rédito). O resultado será apurado por
meio do confronto entre as receitas e despesas, e poderá ser
um lucro ou prejuízo. A função econômica é responsável pela
apuração de quanto a empresa lucrou ou perdeu no período.

Aspectos Patrimoniais
A Contabilidade se ocupa de dois aspectos patrimoniais:
Qualitativos: relacionados à identificação da natureza
2. Patrimônio Ativo: é um recurso controlado pela entidade como resul-
tado de eventos passados e do qual se espera que resultem
futuros benefícios econômicos para a entidade.
Conceitos
Passivo: é uma obrigação presente da entidade, derivada
Como vimos no capítulo anterior, o patrimônio é formado
pelo conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte
uma pessoa física ou jurídica, que possam ser avaliados eco- em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.
nomicamente. Patrimônio Líquido: é o valor residual dos Ativos da enti-
Se não for possível atribuir valor ao bem, direito ou dade depois de deduzidos todos os seus Passivos.
obrigação, estes não serão registrados no patrimônio da en- A demonstração contábil responsável por organizar e
tidade.
apresentar os bens, direitos e obrigações chama-se Balanço
Patrimonial:
Componentes Patrimoniais
Ativo Passivo
Bens: são os itens que pertencem a uma pessoa (física ou
jurídica), e que podem ser avaliados economicamente, ou seja, Bens Obrigações
é possível estabelecer um valor em moeda, um preço. Direitos Patrimônio Líquido
É importante citar que bens estão ligados a direitos legais, Na coluna da esquerda, demonstramos os itens do Ativo
inclusive a direito de propriedade. Porém, ao determinar a ex- (bens e direitos), que representam Aplicações de Recursos.
istência de um Ativo, o direito de propriedade não é essencial.
Assim, um bem pode ser considerado um Ativo mesmo que a Na coluna da direita, demonstramos os itens do Passivo
entidade não tenha o direito de propriedade sobre esse bem, (obrigações e patrimônio líquido), que representam Origens
bastando que ela tenha controle e que o bem lhe seja útil. de Recursos.
Os bens podem ser classificados como tangíveis ou in- Os bens e direitos representam o aspecto positivo patri-
tangíveis. monial, e as obrigações, o aspecto negativo.
Bens tangíveis (também chamados de corpóreos) são
aqueles que têm existência física. Exemplos: máquinas, eq- Duplicatas emitidas pela
Direito. Classificação: Ativo
uipamentos, veículos, imóveis, estoques, móveis e utensílios, empresa
dinheiro, terrenos, ferramentas.
Duplicatas aceitas pela
Bens intangíveis (também chamados de incorpóreos) empresa / emitidas por Obrigação. Classificação: Passivo
são aqueles que não têm existência física, mas são regis- terceiros
trados e controlados pela Contabilidade. Exemplos: soft-

Ş
ŝ#-ŝŦ
wares, marcas, patentes de fabricação, pontos comerciais, Notas promissórias emiti-
Obrigação. Classificação: Passivo
propriedades científicas. das pela empresa
Direitos: são os valores a receber/recuperar de terceiros.
Exemplos: duplicatas a receber, clientes, aluguel a receber, im- Notas promissórias
postos a recuperar, notas promissórias emitidas por terceiros, emitidas por terceiros / Direito. Classificação: Ativo
recebidas pela empresa
duplicatas emitidas pela empresa, empréstimos concedidos,
adiantamentos a fornecedores, adiantamentos a empregados.
Adiantamento a fornece-
Obrigações: são os valores a pagar/recolher/compensar Direito. Classificação: Ativo
dores
em transações com terceiros. Exemplos: impostos a recolher,
salários a pagar, fornecedores, duplicatas a pagar, contas a pa- Adiantamento de clientes Obrigação. Classificação: Passivo
gar, duplicatas aceitas pela empresa, notas promissórias emit-
idas pela empresa, empréstimos obtidos, adiantamentos de
NOÇÕES DE ECONOMIA

clientes, duplicatas descontadas. As obrigações também são Equação Fundamental


chamadas de Passivo Exigível. da Contabilidade
Os bens, direitos e obrigações fazem parte do patrimônio
de uma entidade, e devem ser classificados em Ativo e Passivo. Ativo Passivo
▷ Os bens e direitos serão classificados no Ativo.
▷ As obrigações serão classificadas no Passivo. Bens Obrigações
Além das obrigações com terceiros, temos, no Passivo, um Direitos Patrimônio Líquido
grupo chamado Patrimônio Líquido. Esse grupo irá registrar
as obrigações da empresa com os sócios e é formado a partir Ou seja:
de aporte de recursos dos sócios (Capital Social). Falaremos Ativo = Bens + Direitos
sobre sua composição no capítulo 5.
Passivo = Obrigações + Patrimônio Líquido (PL)
De acordo com o Pronunciamento Técnico 00 do CPC
(Comitê de Pronunciamentos Contábeis), Ativo, Passivo e Pat- Os itens de Ativo e Passivo deverão ser demonstrados com 517
rimônio Líquido podem ser conceituados como: seus respectivos valores monetários, por exemplo:
- Reduções de Passivo R$ 80.000,00
Ativo Passivo
518 - Obtenção de ganhos e rendas R$ 95.000,00
Veículos: R$ 30.000 Salários a pagar: R$ 15.000
- Realização de consumos R$ 70.000,00
Duplicatas a receber: R$ 20.000 Patrimônio Líquido: R$ 35.000 Considerando que todo o movimento contábil dessa entidade
está expresso na equação acima, pode-se dizer que o item que
Total do Ativo = R$ 50.000 Total do Passivo = R$ 50.000
a completa será um aumento de
NOÇÕES DE ECONOMIA

aplicação no valor de R$ 10.000,00.


Convém observar que o total do Ativo é exatamente igual
ao total do Passivo. Isso é fundamental para que o Balanço origem no valor de R$ 10.000,00.
Patrimonial esteja apresentado corretamente. Portanto: aplicação no valor de R$ 5.000,00.
Total do Ativo = Total do Passivo origem no valor de R$ 5.000,00.
Com base em todas essas informações, podemos formar a redução de origens no valor de R$ 5.000,00.
Equação Fundamental da Contabilidade: Resolução:
Ativo Passivo Ativo = Aplicação de
Passivo = Origem de recursos
recursos
Bens Obrigações (Passivo Exigível) Obrigações: R$215.000
Direitos Patrimônio Líquido Aumentos de Passivo: R$120.000
Bens: R$ 200.000 Reduções de Passivo: (R$
A=P Direitos: R$ 150.000 80.000)
Ş
ŝ#-ŝŦ

A = Bens + Direitos Aumentos de Ativo: R$


P = Obrigações + PL = Passivo Exigível + PL 100.000 Situação líquida: R$135.000
Reduções de Ativo: (R$ Obtenção de ganhos e rendas: R$
* Obrigações = Passivo Exigível 45.000) 95.000
Com base nessas informações, chegamos à equação fun- Realização de consumos: (R$
damental: 70.000)
A=P
Total = R$ 405.000 Total = R$ 415.000
A = Passivo Exigível + PL
Os componentes patrimoniais possuem alguns sinônimos A. Para que o Ativo total seja igual ao Passivo total,
que são usados em questões de prova, por isso é muito impor- é necessário aumentar o saldo das Aplicações em R$
tante conhecê-los:
10.000.
▷ Ativo = Ativo Total = Ativo Patrimonial = Patrimônio
Bruto = Capital Investido Estados Patrimoniais
▷ Direitos Reais = Bens A diferença entre o Ativo e o Passivo Exigível é denominada
▷ Direitos Pessoais = Direitos Situação Líquida (Patrimônio Líquido).
▷ Passivo = Passivo Total = Passivo Patrimonial Se A = P + SL, então SL = A - P
Existem três espécies de situações líquidas:
▷ Passivo Exigível = Passivo = Capital de Terceiros =
Capital Alheio - Situação Líquida Nula;
- Situação Líquida Positiva;
▷ Passivo Real = Passivo Circulante + Passivo Não Cir-
culante = Passivo Exigível - Situação Líquida Negativa.
- Situação Líquida Nula:
▷ Patrimônio Líquido = Situação líquida = Capital
Próprio = Recursos Próprios Também denominada compensada ou equilibrada. Nessa
situação, o Ativo é igual ao Passivo exigível e a empresa não
▷ Capital Total à Disposição = Capital Próprio + Capital possui situação líquida (igual a zero).
de Terceiros
Ex.: (ESAF) A firma Equacionada S.A. apurou o seu Ativo Passivo Exigível
patrimônio em 2011, computando os saldos iniciais e a
movimentação do exercício. Disto resultaram os valores A=P
abaixo listados: SL = Zero
- Bens R$ 200.000,00 - Situação Líquida Positiva:
- Direitos R$ 150.000,00 Também denominada ativa, superavitária ou favorável.
- Obrigações R$ 215.000,00 Nessa situação, o Ativo é maior que o Passivo exigível, e a situ-
- Situação Líquida R$ 135.000,00 ação líquida é positiva (maior que zero).
- Aumentos de Ativo R$ 100.000,00
Passivo Exigível
- Aumentos de Passivo R$ 120.000,00 Ativo
- Reduções de Ativo R$ 45.000,00 Situação Líquida
A>P
SL > 0
- Situação Líquida Negativa:
Também denominada passiva, deficitária, desfavorável ou
Passivo a Descoberto. Nessa situação, o Ativo é menor que o
Passivo exigível, e a situação líquida é negativa (menor que
zero).
Ativo Passivo
SL Exigível
A<P
SL < 0

ANOTAÇÕES

Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE ECONOMIA

519
520
3. Contas CONTAS PATRIMONIAIS
ATIVO PASSIVO
Conta Ativo Circulante Passivo Circulante
É um título que identifica um elemento patrimonial com Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
características semelhantes (bem, direito, obrigação ou PL) ou
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
uma variação patrimonial (receitas e despesas).
NOÇÕES DE ECONOMIA

Conta Sintética: conta genérica. Nome que indica um Capital Social


conjunto de contas. Assim, o valor patrimonial de uma conta ARLP (-) Capital a Realizar
sintética é igual à soma dos valores patrimoniais das contas Investimento Reserva de Capital
analíticas que a compõem. Imobilizado (+/-) Ajuste de Avaliação Patri-
monial
Conta Analítica: conta específica. É aquela que demanda Intangível
Reservas de Lucro
controle e acompanhamento em separado das demais. Apre-
(-) Prejuízo Acumulado
senta um maior grau de detalhamento e, por isso, recebe o
(-) Ações em Tesouraria
registro contábil.
Conta Sintética CONTAS DE RESULTADO: utilizadas para a apuração do re-
Banco conta movimento = 100 sultado do exercício (lucro ou prejuízo). Consideradas contas
transitórias, visto que seu tempo de vida é limitado a um ex-
Conta analítica Conta analítica ercício social, pois, ao final de cada exercício, seus saldos serão
Banco do Brasil = 80 Bradesco = 20 zerados (encerrados) a fim de que se possa apurar o resultado
Ş
ŝ#-ŝŦ

do período. São elas:


Ex.: (CESPE/AFT/2013) Julgue o item a seguir, relativo ao
plano de contas e a funções e estrutura das contas.A con- ▷ Contas de Receita.
ta Passivo Circulante é denominada conta sintética, sen- ▷ Contas de Despesa.
do o seu saldo obtido pelo somatório do saldo de contas CONTAS RESULTADO
analíticas.
DESPESAS RECEITAS

▷ Conta sintética: conta genérica. Classificação das Contas


▷ Conta analítica: conta específica.
Exs.: Quanto aos Elementos que Registrem
▷ Passivo Circulante= 100 (conta sintética) Patrimoniais: registram bens, direitos, obrigações e PL.
▷ Fornecedor = 60 (conta analítica) São contas estáticas, compõem o Balanço Patrimonial.
▷ Impostos a recolher = 10 (conta analítica) Ex.: caixa, fornecedor, capital social.
▷ Empréstimos obtidos = 30 (conta analítica) Resultado: registram receitas e despesas. São contas
dinâmicas, compõem a DRE.
Tipos de Contas Ex.: juros Ativos, salários, desconto concedido, desconto obtido.
PATRIMONIAIS Ativo, Passivo e PL BP
Quanto à Necessidade de
Contas permanentes Desdobramento ou Divisão
CONTAS
Sintéticas: conta genérica. Nome que indica um conjunto
de contas (funciona como agregadora, possuindo conta em
RESULTADO Receita e Despesa DRE nível inferior).
Ex.: Passivo Circulante.
Contas temporárias Analíticas: conta específica. Apresentam um maior grau
de detalhamento e, por isso, recebem o registro contábil.
▷ Contas permanentes: saldos acumulados de um
período para outro. Ex.: fornecedor, imposto a recolher.
▷ Contas transitórias: saldos encerrados ao final de Quanto à Natureza do Saldo
cada período.
Devedora: Ativo, Retificadora do Passivo (-) P, Retificado-
CONTAS PATRIMONIAIS: utilizadas para controle e apu- ra do PL (-) PL, Despesa.
ração do patrimônio, registram bens, direitos, obrigações e
Ex.: caixa, capital a integralizar, salários.
situação líquida. Consideradas contas permanentes, saldos
acumulados de um período para outro. São elas: Credora: Retificadora do Ativo (-) A, Passivo, PL, Receita.
Ex.: depreciação acumulada, fornecedor, juros Ativos.
▷ Contas do Ativo.
▷ Contas do Passivo. Quanto à Movimentação
▷ Contas do Patrimônio Líquido. Unilaterais: recebem registro apenas a débito ou a crédito
▷ Contas Retificadoras: têm a função de reduzir o saldo de (sofrem variações somente em um sentido).
outra conta. Ex.: receitas, despesas.
Bilaterais: recebem registro tanto a débito quanto a crédi- Elementos essenciais da conta
to (sofrem variações nos dois sentidos). ▷ Nome;
Ex.: fornecedor, clientes, caixa. ▷ Data da ocorrência do fato (período);
▷ Saldo (em valor monetário);
Quanto à Variação na Natureza do Saldo ▷ Valor debitado e creditado (movimento);
Estáveis: contas cujo saldo só pode ser devedor ou credor, ▷ Histórico do fato contábil.
sem variação. Ex.: (CESPE/TRT 10R/2013) Em relação às contas e à
escrituração contábil, julgue o item seguinte. A estrutu-
Ex.: fornecedor, capital a integralizar, caixa. ra básica de uma rubrica contábil ou conta contempla o
Instáveis: contas cujo saldo ora pode ser devedor, ora, cre- nome da conta, o período a que ela se refere, seu saldo
dor. em valor monetário e seu movimento em determinado
período.
Ex.: ajuste de avaliação patrimonial. ▷ Elementos essenciais da conta são:
Patrimonial e estática ▷ nome.
Elementos
Resultado e dinâmica ▷ Data da ocorrência do fato (período);
▷ Saldo (em valor monetário).
Sintética
Necessidade ▷ Valor debitado e creditado (movimento).
Analítica
▷ Histórico do fato contábil.
Classificação Devedora
Natureza
das contas Credora Plano de Contas
Unilateral
Movimentação Conceito
Bilateral
É o conjunto composto pela relação ordenada e codificada
Estável das contas utilizadas pela entidade, com objetivo de uniformi-
Variação do saldo
Instável zar seus registros contábeis.
O plano de contas deve ser flexível, permitindo a exclusão
Ex.: (CESPE/AFT/2013) Julgue o item a seguir, relativo a ou inclusão de contas, acompanhando a dinâmica das oper-
plano de contas e a funções e estrutura das contas. A conta ações da entidade.
Juros Ativos é uma conta de resultado, analítica, de nature- Composição

Ş
ŝ#-ŝŦ
za credora, unilateral e dinâmica.
Um plano de contas é composto, basicamente, pelos se-
guintes elementos:
▷ Conta sintética: conta genérica. ▷ Elenco de Contas: é a estrutura do plano de contas.
▷ Conta analítica: conta específica. Compreende a relação ordenada e codificada de to-
das as contas utilizadas pela entidade (listagem das
▷ Passivo Circulante= 100 (conta sintética) contas a serem adotadas nos registros contábeis).
▷ Fornecedor = 60 (conta analítica) 1. ATIVO - Grupo
▷ Impostos a recolher = 10 (conta analítica) 1.1. Ativo Circulante – Subgrupo (primeiro grau)
▷ Empréstimos obtidos = 30 (conta analítica) 1.1.1. Disponibilidades – Subgrupo (segundo grau)
1.1.1.1. Caixa – Conta (primeiro grau)
Conta: Juros Ativos = Receita 1.1.1.1.0001 Caixa matriz – conta (segundo grau)
NOÇÕES DE ECONOMIA

▷ Manual de Contas: evidencia o uso adequado de


Quanto aos Registram receitas.
Contas de Resul- cada conta, definindo os seguintes elementos:
elementos que São contas dinâmicas,
tado
registrem compõem a DRE.
Função da Conta – Razão
Quanto à necessi- Contas Analíticas –
Apresentam um maior
grau de detalhamento
de sua Existência
dade de desdobra-
mento ou divisão conta específica e por isso, recebem o ▷ Funcionamento da Conta – quando a conta será
registro contábil. debitada ou creditada, bem como seu saldo.
Quanto à natureza ▷ Natureza do Saldo – devedor ou credor.
Credora
do saldo ▷ Modelos de demonstrações padronizadas
Recebem registro ape-
Quanto à movi- nas a débito ou a crédito Teoria das Contas
Unilaterais
mentação (sofrem variações so- Teoria Personalista: vincula a conta à pessoa responsável 521
mente em um sentido).
pelos procedimentos administrativos a ela relacionados.
▷ Agentes Consignatários: bens da empresa. D.
522 ▷ Agentes Correspondentes: direitos e obrigações da
empresa. CONTAS PERSONALISTA PATRIMONIALISTA
▷ Conta dos Proprietários: patrimônio líquido, receitas Agente Consig-
e despesas. CAIXA Patrimonial
natário
Teoria Materialista: as contas representam valores mate- Conta de Propri-
riais, são apenas valores positivos ou negativos no patrimônio. CAPITAL SOCIAL Patrimonial
etário
NOÇÕES DE ECONOMIA

Contas Integrais: bens, direitos e obrigações. CUSTO DAS MERCA- Conta de Propri-
▷ Contas Diferenciais: receita, despesa e patrimônio DORIAS VENDIDAS etário
Resultado
líquido.
DESPESAS DE ALU- Conta de Propri-
Teoria Patrimonialista: reconhece o patrimônio como objeto Resultado
GUEL etário
da Contabilidade. Distingue os elementos que compõem o pat-
Agente Correspon-
rimônio (contas patrimoniais) dos elementos que o modificam DUPLICATAS A PAGAR Patrimonial
dente
(contas de resultado).
▷ Contas Patrimoniais: bens, direitos, obrigações e DUPLICATAS A Agente Correspon-
Patrimonial
RECEBER dente
patrimônio líquido.
▷ Contas de Resultado: receita e despesa. IMPOSTOS A RECOL- Agente Correspon-
Patrimonial
HER dente
Agente Con-
Bens Conta de Propri-
signatário LUCROS ACUMULADOS Patrimonial
etário
Ş
ŝ#-ŝŦ

Agente Corre- Direitos e


Personalista Agente Consig-
spndente Obrigações MERCADORIAS Patrimonial
natário
Conta de Receita, Despesa
Agente Consig-
Teoria Proprietário e PL MÓVEIS E UTENSÍLIOS Patrimonial
natário
das
Bens, Direitos e
Contas Integrais Conta de Propri-
Obrigações RECEITAS DE JUROS Resultado
Materialista etário
Receitas, Despesas
Diferenciais Conta de Propri-
e PL RECEITAS DE VENDAS Resultado
etário
Patrimonial Ativo, Passivo e PL
Patrimonialista Conta de Propri-
RESERVA LEGAL Patrimonial
Resultado Receita e Despesa etário
Ex.: (ESAF) No Plano de Contas da Empresa Valpeças e SALÁRIOS E ORDE- Conta de Propri-
Resultado
Acessórios S/A constam diversos títulos contábeis, dos NADOS etário
quais extraímos os seguintes, em ordem alfabética: Agente Consig-
VEÍCULOS Patrimonial
01 - CAIXA natário
02 - CAPITAL SOCIAL
03 - CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS Situações das Contas:
04 - DESPESAS DE ALUGUEL
05 - DUPLICATAS A PAGAR Débitos e Créditos
06 - DUPLICATAS A RECEBER
07 - IMPOSTOS A RECOLHER DÉBITOї Situação de dívida da conta.
08 - LUCROS ACUMULADOS CRÉDITOї Situação de direito da conta.
09 - MERCADORIAS
10 - MÓVEIS E UTENSÍLIOS Na identificação dos débitos e créditos nas contas, apli-
11 - RECEITAS DE JUROS caremos o seguinte raciocínio:
12 - RECEITAS DE VENDAS
13 - RESERVA LEGAL ▷ ATIVO, (-) PASSIVO e (-) PL - natureza devedora
14 - SALÁRIOS E ORDENADOS (saldo devedor):
15 - VEÍCULOS
Analisando-se as contas acima, em conformidade com a ▷ Toda vez que aumentar, DEBITAR a respectiva conta.
classificação técnica indicada nas Teorias Personalista e Patri-
monialista das Contas, respectivamente, pode-se dizer que a ▷ Toda vez que diminuir, CREDITAR a respectiva conta.
relação contém: ▷ (-) ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO – na-
06 Contas de Resultado e 09 Contas Patrimoniais.
07 Contas Integrais e 08 Contas Diferenciais. tureza credora (saldo credor):
07 Contas de Consignatários e 08 Contas do Proprietário. ▷ Toda vez que aumentar, CREDITAR a respectiva conta.
08 Contas do Proprietário e 05 Contas de Resultado.
10 Contas Patrimoniais e 08 Contas do Proprietário ▷ Toda vez que diminuir, DEBITAR a respectiva conta.
CONTAS CAIXA
PATRIMO- NATUREZA DÉBITO CRÉDITO SALDO
10.000 3.000
NIAIS
7.000
Ativo
Retificadora
do Passivo ј љ
(-) P
DEVEDORA DEVEDOR As contas de natureza credora apresentarão saldos CRE-
(aumentam) (diminuem)
DORES.
Retificadora
do PL (-) PL
Exemplo.
Fornecedor-----débitos = 6.000,00
Retificadora
do Ativo            créditos = 13.000,00
(-) A љ ј              saldo final = 7.000,00 (devedor)
CREDORA CREDOR
Passivo (diminuem) (aumentam)
FORNECEDOR
PL 6.000 13.000
DESPESAS – natureza devedora (saldo devedor): 7.000
▷ Toda vez que ocorrer uma Despesa, DEBITAR a re-
spectiva conta.
▷ Creditadas somente para efeito de apuração do re-
sultado do período.
Balancete
▷ RECEITAS - natureza credora (saldo credor): O balancete de verificação é um demonstrativo auxiliar,
▷ Toda vez que ocorrer uma Receita, CREDITAR a re- levantado unicamente para fins operacionais, composto por
spectiva conta. todas as contas com seus respectivos saldos, que são extraí-
▷ Debitadas somente para efeito de apuração do re- dos do Livro Razão, com a finalidade de verificar se o total
sultado do período. dos débitos é exatamente igual ao total dos créditos, ou seja,
verifica se o método das partidas dobradas foi aplicado corre-
CONTAS DE tamente.
RESULTA- NATUREZA DÉBITO CRÉDITO SALDO
DO Balancete de Verificação = pré-balanço
Saldo DEVEDOR = Saldo CREDOR
ј Encerramento
Despesa DEVEDORA
do Exercício
DEVEDOR A + (- P) + (- PL) + D = (- A) + P + PL + R
(aumentam)
APLICAÇÃO = ORIGEM
Encerramento ј

Ş
ŝ#-ŝŦ
Receita CREDORA CREDOR
do Exercício (aumentam)
ANOTAÇÕES
Razonete
Representação gráfica de uma conta = T, em que o lado
esquerdo é o lado dos débitos, e o lado direito, dos créditos.
D C

NOÇÕES DE ECONOMIA

Saldo das Contas


Diferença positiva entre o total de débitos e o total de
créditos efetuados na conta.
▷ Saldo Credor: total dos créditos > total dos débitos.
▷ Saldo Devedor: total dos créditos < total dos débitos.
▷ Saldo Nulo: total dos créditos = total dos débitos.
Importante!
As contas de natureza devedora apresentarão saldos DE-
VEDORES.
Exemplo.
Caixa------------débitos = 10.000,00
           créditos = 3.000,00 523
             saldo final = 7.000,00 (devedor)
524
4. Escrituração § 2º. É dispensado das exigências deste artigo o
pequeno empresário a que se refere o Art. 970.
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido,
Conceitos diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao
Escrituração é a técnica contábil responsável pelo registro pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos
dos fatos contábeis (todos os acontecimentos que alteram a daí decorrentes.
situação patrimonial da empresa). O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da
NOÇÕES DE ECONOMIA

Ex.: Quando uma entidade efetua o pagamento de uma ITG 2.000 (R1), dispõe sobre as formalidades e estabelece
dívida, é preciso que ocorra a escrituração desse paga- critérios e procedimentos a serem adotados pela entidade
mento, para que o fato seja registrado na contabilidade para a escrituração contábil de seus fatos patrimoniais:
da entidade. ITG 2000 (R1) – Escrituração Contábil
Vejamos o que a Lei nº 6.404/76 e o Código Civil dispõem Formalidades da Escrituração Contábil
sobre esse tema: 3. A escrituração contábil deve ser realizada com ob-
Lei 6.404/76 servância dos Princípios de Contabilidade.
Escrituração 4. O nível de detalhamento da escrituração contábil
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em deve estar alinhado às necessidades de informação
registros permanentes, com obediência aos preceitos de seus usuários. Nesse sentido, esta Interpre-
da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de tação não estabelece o nível de detalhe ou mes-
contabilidade geralmente aceitos, devendo observar mo sugere um plano de contas a ser observado.
métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e O detalhamento dos registros contábeis é direta-
Ş
ŝ#-ŝŦ

registrar as mutações patrimoniais segundo o regime mente proporcional à complexidade das operações
de competência. da entidade e dos requisitos de informação a ela
§ 1º. As demonstrações financeiras do exercício em que aplicáveis e, exceto nos casos em que uma auto-
houver modificação de métodos ou critérios contábeis, ridade reguladora assim o requeira, não devem
de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e res- necessariamente observar um padrão predefinido.
saltar esses efeitos. 5. A escrituração contábil deve ser executada:
§ 2º. A companhia observará exclusivamente em livros a) em idioma e em moeda corrente nacionais;
ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da
b) em forma contábil;
escrituração mercantil e das demonstrações reguladas
nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de c) em ordem cronológica de dia, mês e ano;
legislação especial sobre a atividade que constitui seu d) com ausência de espaços em branco, en-
objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a trelinhas, borrões, rasuras ou emendas; e
utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes e) com base em documentos de origem externa
ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a ou interna ou, na sua falta, em elementos que
elaboração de outras demonstrações financeiras.  comprovem ou evidenciem fatos contábeis.
§ 3º. As demonstrações financeiras das companhias 6. A escrituração em forma contábil de que trata o
abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela item 5 deve conter, no mínimo:
Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoria- a) data do registro contábil, ou seja, a data em
mente submetidas à auditoria por auditores indepen- que o fato contábil ocorreu;
dentes nela registrados. b) conta devedora;
§ 4º. As demonstrações financeiras serão assinadas pelos c) conta credora;
administradores e por contabilistas legalmente habilitados. d) histórico que represente a essência econômica
§ 5º. As normas expedidas pela Comissão de Valores da transação ou o código de histórico padroniza-
Mobiliários a que se refere o § 3º deste Artigo deverão do, neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa
ser elaboradas em consonância com os padrões inter- em livro próprio;
nacionais de contabilidade adotados nos principais
e) valor do registro contábil;
mercados de valores mobiliários.
f) informação que permita identificar, de forma
§ 6º. As companhias fechadas poderão optar por
unívoca, todos os registros que integram um
observar as normas sobre demonstrações financeiras
mesmo lançamento contábil.
expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para
as companhias abertas. Processos de Escrituração
Código Civil
Os processos de escrituração contábil são os seguintes:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são
obrigados a seguir um sistema de contabilidade, me- Manual: a escrituração é feita à mão.
canizado ou não, com base na escrituração uniforme Maquinizado ou semimecanizado: a escrituração é feita
de seus livros, em correspondência com a documen- por meio de máquinas de escrever.
tação respectiva, e a levantar anualmente o balanço Mecanizado: a escrituração é feita por meio de máquinas de
patrimonial e o de resultado econômico. escrituração. São máquinas específicas, destinadas a esse fim.
Computadorizado ou por processamento eletrônico: a Pensemos na conta “caixa”, que registra os valores que a
escrituração é executada por meio de computadores. empresa tem em caixa, e suas respectivas entradas e saídas
O processo mais utilizado nos dias atuais é o computador- de dinheiro:
izado. Quando fazemos um pagamento utilizando o dinheiro do
caixa, nosso saldo de caixa aumenta ou diminui? Diminui, cer-
Métodos de Escrituração to?! Saiu dinheiro, diminuiu o saldo do caixa.
Método de escrituração é a forma utilizada para o registro E quando recebemos um valor em dinheiro e guardamos
dos fatos contábeis. esse dinheiro no caixa, o que ocorre com o saldo do caixa nes-
É nesse momento da disciplina que iniciaremos o estudo sa situação? Aumenta ou diminui? Aumenta, certo?! Se entra
de débitos e créditos. A partir daqui o estudante aprenderá a dinheiro, o saldo de caixa aumenta.
efetuar as contabilizações de fatos que alteram o patrimônio
de uma entidade. As contabilizações são feitas por meio de É importante saber que essa movimentação (entrada e
lançamentos contábeis. Lançamento nada mais é que o regis- saída de recursos) é registrada, na contabilidade, por meio de
tro de um fato contábil, utilizando débito e crédito. Um lança- débitos e créditos. Quando desejamos registrar o aumento do
mento deve conter local e data do registro, contas debitadas, saldo de caixa, debitamos; quando desejamos registrar a di-
contas creditadas, histórico da operação (descrição do evento minuição do saldo de caixa, creditamos. E isso ocorre em todas
que gerou a contabilização) e valor da operação. as contas contábeis. Todas as contas são movimentadas por
Antes de saber aplicar o débito e o crédito, é preciso saber meio de débitos e créditos.
qual é o método adotado na contabilidade para registrar tais E para que saibamos registrar as movimentações que
débitos e créditos. ocorrem em uma conta, é fundamental conhecer o funciona-
Todos os registros contábeis são feitos por meio do mét- mento das contas.
odo das partidas dobradas, mas existem outros dois métodos Já vimos que, na contabilidade, existem contas de nature-
que, apesar de estarem em desuso, podem ser cobrados em za devedora e contas de natureza credora. É essencial lembrar
prova: a natureza das contas para que seja possível movimentá-la por
Método das partidas simples: nesse método, há somente meio de débitos e créditos. Vamos relembrar:
o registro dos direitos e obrigações. Está em desuso. Contas de Ativo e Despesas: possuem natureza devedora.
Método das partidas mistas: são mantidas contas para o Contas de Passivo, Patrimônio Líquido e Receita: pos-
registro dos bens, direitos e obrigações. Está em desuso.
suem natureza credora.
Método das partidas dobradas: esse é o método ad-
Contas retificadoras: possuem natureza inversa ao grupo
otado na contabilidade. Ele determina que a soma dos
valores dos débitos deve ser igual à soma dos valores dos a que pertencem, ou seja:
! Retificadoras do Ativo possuem natureza

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créditos. Convém notar que ele não informa que teremos
apenas um débito e apenas um crédito, ou que registra- credora. Exs.: (-) PECLD (Perdas Estimadas
remos apenas direitos, ou bens. Esse método registra com Créditos de Liquidação Duvidosa), (-)
qualquer situação que modifique o patrimônio, seja um Depreciação Acumulada, (-) Amortização
bem, direito, obrigação, receita ou despesa. E uma modi- Acumulada, (-) Provisão para ajuste a valor
ficação patrimonial pode dar origem ao registro de um ou de mercado.
mais débitos e um ou mais créditos. O importante é que o ! Retificadoras do Passivo e Patrimônio Líquido
valor total dos débitos seja igual ao valor total de créditos. possuem natureza devedora. Exs.: (-) Encargos
Um lançamento contábil pode ser feito por meio do a transcorrer, (-) Capital a Integralizar, (-) Ações
chamado “razonete”. Razonete é a representação gráfica de em Tesouraria, (-) Prejuízos Acumulados.
uma conta, em que é possível registrar toda a movimentação A seguir, aprenderemos como movimentar as contas.
que ocorre (aumentos e diminuições de saldo).
ATENÇÃO!
NOÇÕES DE ECONOMIA

Ele é apresentado da seguinte forma:


Contas de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido: sempre
Título da Conta que desejarmos aumentar o saldo de uma conta, deveremos
seguir a natureza que ela possui. Para diminuir o saldo, dever-
Valor a débito Valor a crédito emos proceder ao lançamento inverso, ou seja:
Saldo Contas de Ativo, Retificadoras do Passivo e Retificadoras
Saldo = total de débitos – total de créditos, se: do PL: possuem natureza devedora, então, quando desejarmos
▷ Total de débitos > total de créditos: a conta terá aumentar o saldo dessas contas, deveremos debitar! Para di-
saldo devedor; minuir, deveremos realizar o lançamento inverso, ou seja, um
▷ Total de créditos > total de débitos: a conta terá crédito.
saldo credor. Contas de Passivo, Patrimônio Líquido e Retificadoras do
Ativo: possuem natureza credora, então, quando desejarmos
Funcionamento das Contas aumentar o sado dessas contas, deveremos creditar! Para di-
Para iniciar o estudo do funcionamento das contas, é pre- minuir, deveremos realizar o lançamento inverso, ou seja, um 525
ciso entender o seguinte: débito.
Natureza Devedora Aumentar Diminuir
526 nD pC Ativo D C
Natureza Credora Retificadoras do Ativo C D
nC pD Passivo C D
Contas de Receitas e Despesas: Retificadoras do Passivo D C
! Despesa – Debitamos; Patrimônio Líquido C D
NOÇÕES DE ECONOMIA

! Receita – Creditamos. Retificadoras do Patrimônio Líquido D C


Se o estudante preferir, pode memorizar as informações Receitas C
abaixo: Despesas D
Contas de Ativo, Retificadoras do Passivo e Retificado- Ex.: (ESAF) O lançamento contábil apropriado para regis-
ras do PL: possuem natureza devedora; trar o pagamento de duplicatas no valor de R$ 2.800,00,
▷ Para aumentar o saldo: DEBITA-SE com descontos de 15%, é o que segue abaixo:
▷ Para diminuir o saldo: CREDITA-SE a) Diversos
Contas do Passivo, Patrimônio Líquido e Retificadoras a Caixa
do Ativo: possuem natureza credora;
Duplicatas a Pagar 2.380,00
▷ Para aumentar o saldo: CREDITA-SE
Descontos Ativos 420,00 2.800,00
▷ Para diminuir o saldo: DEBITA-SE
Procedimentos para efetuar um lançamento: b) Caixa
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1º) Identificar as contas que deverão ser utilizadas. a Diversos


2º) Depois de identificá-las, devemos determinar a que a Duplicatas a Pagar 2.380,00
grupo de contas elas pertencem (Ativo, Passivo Exigível, a Descontos Ativos 420,00 2.800,00
PL, Receitas ou Despesas).
3º) Identificar se o saldo da conta aumenta ou diminui. c) Diversos
4º) Aplicar o mecanismo de débito e crédito. a Duplicatas a Pagar
Ex.: Efetuar o lançamento de um depósito de R$ 50.000, Caixa 2.380,00
feito em conta corrente do Banco do Brasil com dinheiro Descontos Passivos 420,00 2.800,00
extraído do caixa.
1º) Identificar as contas que deverão ser utilizadas. d) Duplicatas a Pagar
Nesse caso, utilizaremos as contas “Caixa” (de onde sairá a Diversos
o dinheiro para depósito) e “Bancos” (o dinheiro será de- a Caixa 2.380,00
positado no banco).
a Descontos Ativos 420,00 2.800,00
2º) Depois de identificá-las, devemos determinar a que
grupo de contas elas pertencem (Ativo, Passivo Exigível, e) Duplicatas a Pagar
PL, Receitas ou Despesas). a Diversos
Caixa: os valores em caixa são considerados bens numerários,
portanto, registrados no Ativo. a Caixa 2.380,00
Bancos: depósitos bancários são considerados, pela ESAF, bens a Descontos Passivos 420,00 2.800,00
numerários, portanto, registrados no Ativo. D.
3º) Identificar se o saldo da conta aumenta ou diminui. Contabilizaremos o pagamento de duplicatas com desconto.
Caixa: quando ocorre a saída de dinheiro do caixa, o saldo Para contabilizar a operação, seguiremos os procedimentos
diminui (nesse caso, diminuiu o saldo, porque a empresa tira abaixo:
dinheiro do caixa para depositar na conta bancária). 1º) Identificar as contas que deverão ser utilizadas.
Bancos: quando entra dinheiro por meio de um depósito Duplicatas a pagar (é importante notar que o enun-
bancário, o saldo de caixa aumenta. ciado diz que estamos pagando uma duplicata):
4º) Aplicar o mecanismo de débito e crédito: R$ 2.800,00.
D: Bancos R$ 50.000,00 Descontos obtidos (estamos “ganhando” esse desconto no pa-
C: Caixa: R$ 50.000,00 gamento da duplicata): R$ 420,00.
OU Caixa (pela saída do dinheiro utilizado para quitar a duplicata):
R$ 2.380,00 (valor líquido do desconto. Representa quanto,
Bancos efetivamente, saiu do saldo do Caixa).
a Caixa R$ 50.000,001 2º) Depois de identificá-las, devemos determinar a que grupo
de contas elas pertencem (Ativo, Passivo Exigível, PL, Receitas
ou Despesas).
1 Essa maneira de demonstrar a contabilização é bastante cobrada em prova. A
conta que não recebe nenhuma informação na frente (nesse caso, Bancos) sem- Duplicatas a pagar: representa uma obrigação, portanto um
pre será a conta debitada, e a conta que recebe “a” (nesse caso, Caixa) na frente Passivo.
sempre será a conta creditada.
Descontos obtidos: conta de Receita. C: Duplicatas a pagar R$ 20.000,00;
Caixa: representa um bem numerário, portanto, um Ativo. 1 débito e 2 créditos => 12 => 2ª fórmula.
3º) Identificar se o saldo da conta aumenta ou diminui. 03. Pagamento com atraso de uma duplicata no valor de
Duplicatas a pagar: a quitação de uma dívida gera a diminui- R$ 15.000,00, com acréscimo de juros de 10%.
ção das obrigações, portanto, diminui o Passivo. D: Duplicatas a pagar R$ 15.000,00;
Descontos obtidos: por ser uma Receita, já sabemos qual lan- D: Juros Passivos (o mesmo que Despesas com Juros)
çamento faremos, certo?! Um crédito! R$ 1.500,00;
Caixa: o pagamento gera a saída de dinheiro do Caixa e, por-
tanto, a diminuição do saldo do Ativo. C: Caixa R$ 16.500,00;
4º) Aplicar o mecanismo de débito e crédito: 2 débitos e 1 crédito => 21 => 3ª fórmula.
D: Duplicatas a pagar R$ 2.800,00; 04. A empresa PC comprou um computador no valor de R$
C: Descontos obtidos R$ 420,00; 1.200,00 e uma motocicleta no valor de R$ 6.000,00.
Efetuou o pagamento em dinheiro no valor de R$
C: Caixa R$ 2.380,00;
3.000,00 e o restante da quantia será pago em 30 dias.
OU
D: Computadores e periféricos R$ 1.200,00;
Duplicatas a pagar:
D: Veículos R$ 6.000,00;
a Diversos R$ 2.800,00;
a Descontos obtidos R$ 420,00; C: Caixa R$ 3.000,00;
a Caixa R$ 2.380,00. C: Duplicatas a pagar R$ 4.200,00;
2 débitos e 2 créditos => 22 => 4ª fórmula.
Fórmulas de Lançamento Ex.: (ESAF) Observemos o seguinte fato contábil: paga-
Vimos que um lançamento deve ter, de acordo com o Mét- mento, mediante a emissão de cheque, de uma duplicata
odo das Partidas Dobradas, o valor total de débitos igual ao antes do vencimento, obtendo-se um desconto finan-
valor total de créditos. Vimos também que podem existir uma ceiro, por essa razão. Para que o registro contábil desse
ou mais contas debitadas e uma ou mais contas creditadas. fato seja feito em um único lançamento, deve-se utilizar a
Vejamos quais são os tipos (fórmulas) de lançamento que ex- a) primeira fórmula, com 1 conta devedora e 1
istem: conta credora.
1ª Fórmula: uma conta debitada e uma conta creditada. b) segunda fórmula, com 1 conta devedora e 2
(11)
contas credoras.
2ª Fórmula: uma conta debitada e duas ou mais contas
creditadas. (12) c) terceira fórmula, com 2 contas devedoras e 1
3ª Fórmula: duas ou mais contas debitadas e uma conta conta credora.

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creditada. (21) d) quarta fórmula, com 2 contas devedoras e 2
4ª Fórmula: duas ou mais contas debitadas e duas ou mais contas credoras.
contas creditadas. (22) e) terceira fórmula, com 3 contas devedoras e 1
conta credora.
Conta (s) Debitada (s) Conta (s) Creditada (s)
B.
1º) Identificar as contas que deverão ser utilizadas:
1ª Fórmula 1 1
Bancos;
2ª Fórmula 1 2 Duplicatas a pagar;
3ª Fórmula 2 1 Desconto obtido.
4ª Fórmula 2 2 2º) Depois de identificá-las, devemos determinar a que gru-
NOÇÕES DE ECONOMIA

Para memorizar, é importante lembrar a ordem das fórmulas: po de contas elas pertencem (Ativo, Passivo Exigível, PL,
11, 12, 21, 22. Receitas ou Despesas):
Para entender como funcionam as fórmulas de lançamen- Bancos: bens numerários no Ativo;
to, vejamos o exemplo a seguir: Duplicatas a pagar: obrigações no Passivo;
01. Compra de um veículo, à vista, no valor de R$ Desconto obtido: Receita.
30.000,00. Pagamento efetuado em cheque. 3º) Identificar se o saldo da conta aumenta ou diminui:
D: Veículos R$ 30.000,00;
Bancos: diminui o saldo pelo pagamento;
C: Bancos R$ 30.000,00;
Duplicatas a pagar: a quitação de uma dívida diminui o sal-
1 débito e 1 crédito => 11 => lançamento de 1ª fórmula.
do das obrigações;
02. Compra de veículo sendo parte à vista em dinheiro (R$
10.000,00) e parte com prazo de 30 dias. O valor do Desconto obtido: Receita.
veículo é de R$ 30.000,00. 4º) Aplicar o mecanismo de débito e crédito:
D: Veículos R$ 30.000,00; D: Duplicatas a pagar; 527
C: Caixa R$ 10.000,00; C: Bancos;
C: Desconto obtido; Lançamento em duplicidade: a entidade contabiliza duas
528 1 débito e 2 créditos ї 12 ї 2ª fórmula. vezes o mesmo fato.
Ex.:
Erros de Escrituração Lançamento correto:
Durante o processo de escrituração, podem ocorrer alguns D: Caixa R$ 1.000,00;
erros, como: C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00;
Erro na identificação da conta debitada ou creditada:
NOÇÕES DE ECONOMIA

Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro.


quando o débito ou o crédito são feitos incorretamente.
Lançamento em duplicidade: a entidade contabiliza duas
Ex.:
vezes o mesmo fato.
Lançamento correto:
D: Caixa R$ 1.000,00;
D: Caixa R$ 1.000,00;
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00;
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00;
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro.
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro.
Omissão de lançamento: quando a entidade deixa de es-
Erro na identificação da conta debitada ou creditada:
criturar um fato.
D: Bancos R$ 1.000,00;
Ex.:
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00;
Lançamento correto:
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro.
D: Caixa R$ 1.000,00;
Inversão de contas: quando ocorre a inversão do lança-
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00;
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mento contábil, ou seja, debita-se a conta que deveria ser


creditada e credita-se a conta que deveria ser debitada. Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro.
Ex.: Omissão de lançamento: ocorre quando a entidade deixa de
Lançamento correto: escriturar um fato.
D: Caixa R$ 1.000,00; Técnicas de Correção
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00;
Estorno: anulação integral do lançamento incorreto por
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro. meio de um lançamento inverso.
Inversão de contas: Transferência: utilizado para corrigir a conta indevida-
D: Duplicatas a receber R$ 1.000,00; mente debitada ou creditada. Por meio da transferência, é
C: Caixa R$ 1.000,00; possível a correção do erro mediante um único lançamento,
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro. sem a necessidade de se estornar integralmente o lançamento
Erro na identificação do valor: quando o valor é registra- incorreto.
do incorretamente (maior ou menor do que o correto). Complementação: lançamento feito posteriormente para
Ex.: complementar, aumentando ou reduzindo o valor anterior-
mente registrado.
Lançamento correto:
Ressalva: correção de erro no histórico por meio de ex-
D: Caixa R$ 1.000,00 pressões como “digo”, “ou melhor”, “em tempo” etc. O erro
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00 deve ser corrigido imediatamente após ter ocorrido.
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro. ITG 2000 (R1) – Escrituração Contábil
Erro na identificação do valor: Retificação de lançamento contábil
D: Caixa R$ 100,00 31.Retificação de lançamento é o processo técnico
de correção de registro realizado com erro na es-
C: Duplicatas a receber R$ 100,00 crituração contábil da entidade e pode ser feito por
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro. meio de:
Erro no histórico: quando ocorre erro no histórico que a) estorno;
acompanha o lançamento. b) transferência; e
Ex.: c) complementação.
Lançamento correto: 32. Em qualquer das formas citadas no item 31, o
D: Caixa R$ 1.000,00; histórico do lançamento deve precisar o motivo da
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00; retificação, a data e a localização do lançamento de
Histórico: Recebimento da duplicata nº 100 em dinheiro. origem.
Erro no histórico: 33. O estorno consiste em lançamento inverso àquele
feito erroneamente, anulando-o totalmente.
D: Caixa R$ 1.000,00;
34. Lançamento de transferência é aquele que
C: Duplicatas a receber R$ 1.000,00; promove a regularização de conta indevidamente
Histórico: Recebimento da duplicata nº 1.000 em di- debitada ou creditada, por meio da transposição do
nheiro. registro para a conta adequada.
35. Lançamento de complementação é aquele que III. pagamento das comissões referentes a de-
vem, posteriormente, complementar, aumentando
ou reduzindo o valor anteriormente registrado.
zembro de 2010, no valor de R$ 2.500,00;
36. Os lançamentos realizados fora da época dev- IV. pagamento do aluguel do caminhão corres-
ida devem consignar, nos seus históricos, as datas pondente a janeiro de 2011, no valor de R$ 3.200,00;
efetivas das ocorrências e a razão do registro ex-
temporâneo.
V. recebimento de juros relativos a 2010, no
Estorno: anulação integral do lançamento incorreto por valor de R$ 1.200,00.
meio de um lançamento inverso. Na apuração final do lucro, a empresa verificou que
Transferência: utilizado para corrigir a conta indevida- faltava registrar o valor de R$ 4.000,00, decorrente
mente debitada ou creditada. Por meio da transferência, é de comissões ganhas no ano, ainda não recebidas. Tais
possível a correção do erro mediante um único lançamento, eventos foram computados no resultado da empresa Pri-
sem a necessidade de se estornar integralmente o lançamento
incorreto. meira & Cia. Ltda., sob o regime de competência. Com
Complementação: lançamento feito, posteriormente, isso, houve uma redução de lucros na importância de
para complementar, aumentando ou reduzindo o valor ante- a) R$ 6.900,00.
riormente registrado.
b) R$ 6.100,00.
Ressalva: correção de erro no histórico por meio de ex-
pressões como “digo”, “ou melhor”, “em tempo” etc. O erro c) R$ 4.500,00.
deve ser corrigido imediatamente após ter ocorrido. d) R$ 2.900,00.
Regimes de Escrituração e) R$ 500,00.
Corresponde ao processo de reconhecimento das contas
D.
de resultado na escrituração da empresa. A empresa quer saber qual o resultado de 2010 de acor-
Existem dois regimes de escrituração na contabilidade, do com o regime de competência. Para apurar esse
porém apenas um deles é aceito pela Lei 6.404/76: resultado, utilizaremos todas as receitas e despesas
Lei 6.404/76 que pertencem ao exercício de 2010, independentemente
Escrituração da data de recebimento das receitas e da data de paga-
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em
mento das despesas. Para que compreendamos o período
registros permanentes, com obediência aos preceitos
da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de em que as receitas e despesas devem ser contabilizadas, de
contabilidade geralmente aceitos, devendo observar acordo com o Regime de Competência, sinalizaremos tal in-

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métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo formação em cada alternativa da questão. Vejamos:
e registrar as mutações patrimoniais segundo o re- I. recebimento de aluguéis relativos a janeiro de 2011, no va-
gime de competência.
lor de R$ 4.800,00: os aluguéis referem-se a janeiro de 2011,
Regime de Caixa portanto, devem ser contabilizados, de acordo com o regime
O reconhecimento das receitas e despesas por esse méto- de competência, em janeiro de 2011;
do deve ser feito quando ocorre impacto nas disponibilidades
da empresa. O que importa é a efetiva entrada de recursos, no II. salários de dezembro de 2010 para pagamento apenas
que diz respeito às receitas, e do efetivo pagamento ou saída em janeiro de 2011, no valor de R$ 5.600,00: os salários
de recursos, no que diz respeito às despesas. referem-se a dezembro de 2010, portanto, devem ser con-
tabilizados, de acordo com o regime de competência, em
Regime de Competência
dezembro de 2010;
NOÇÕES DE ECONOMIA

Considera que o reconhecimento das receitas deve ser


feito quando elas são geradas e, das despesas, quando são III. pagamento das comissões referentes a dezembro de 2010,
incorridas, ou seja, no período da ocorrência dos seus fatos no valor de R$ 2.500,00: as comissões referem-se a dezem-
geradores, independentemente de seu recebimento (receit- bro de 2010, portanto, devem ser contabilizadas, de acordo
as) ou pagamento (despesas). com o regime de competência, em dezembro de 2010;
Ex.: (ESAF) Contabilizando suas operações em 2010 sob o
regime contábil de caixa, a empresa Primeira & Cia. Ltda. IV. pagamento do aluguel do caminhão correspondente a
registrou os seguintes eventos, entre outros que compõem janeiro de 2011, no valor de R$ 3.200,00: o aluguel refere-se
seus resultados: a janeiro de 2011, portanto, deve ser contabilizado, de acor-
I. recebimento de aluguéis relativos a janeiro do com o regime de competência, em janeiro de 2011;
de 2011, no valor de R$ 4.800,00; V. recebimento de juros relativos a 2010, no valor de R$
II. salários de dezembro de 2010 para paga- 1.200,00: os juros referem-se a 2010, portanto, devem ser
mento apenas em janeiro de 2011, no valor de R$ contabilizados, de acordo com o regime de competência, 529
5.600,00; em 2010.
Na apuração final do lucro, a empresa verificou que faltava re- ! a escrituração deve ser feita em língua e
530 gistrar o valor de R$ 4.000,00, decorrente de comissões ga- moeda nacionais.
nhas no ano, ainda não recebidas. (...): as comissões referem-se Formalidades Extrínsecas: são as formalidades relaciona-
ao ano de 2010, portanto, devem ser contabilizadas, de acordo das à apresentação ou aparência dos livros.
com o regime de competência, em 2010. ! deve ser encadernado;
Resultado pelo Regime de Competência: ! suas páginas devem ser numeradas sequen-
NOÇÕES DE ECONOMIA

Despesas com salários: (5.600,00); cialmente;


Despesas com comissões: (2.500,00); ! termos de abertura e encerramento;
Receita de juros: (1.200,00); ! deve ser registrado em repartição compe-
tente.
Receita de comissões: (4.000,00);
Requisitos necessários para o registro de uma operação
Resultado = (2.900,00).
no Livro Diário:
Livros de Escrituração ▷ Local e data da operação.
▷ Conta a ser debitada.
Livros de escrituração são os livros nos quais a entidade
registra os fatos que alteram o patrimônio. Existem livros con- ▷ Conta a ser creditada.
tábeis em formato não digital, e livros contábeis em formato ▷ Histórico da operação.
digital. ▷ Valor da operação em moeda nacional.
A ITG 2000 (R1) determina que os livros contábeis Ex.: Cascavel, 01 de julho de 2016
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obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o Livro Razão, em for- Mercadorias


ma não digital, devem revestir-se de formalidades extrínse- a Caixa R$ 1.200,00
cas, tais como:
Pela aquisição à vista, nesta data, de mercadorias para
! serem encadernados;
revenda NF 07.
! terem suas folhas numeradas sequencialmente;
Atenção!
! conterem termo de abertura e de encerramento assi-
▷ A conta que não vem precedida de “a” é a conta
nados pelo titular ou representante legal da entidade
debitada. Nesse caso, a conta “Mercadorias”.
e pelo profissional da contabilidade regularmente
habilitado no Conselho Regional de Contabilidade. ▷ A conta que vem precedida de “a” é a conta credita-
Determina também que os livros contábeis obrigatórios, da. Nesse caso, a conta “Caixa”.
entre eles o Livro Diário e o Livro Razão, em forma digital, Essa contabilização também poderia ser apresentada da
devem revestir-se de formalidades extrínsecas, tais como: seguinte forma:
! serem assinados digitalmente pela entidade e pelo D: Mercadorias R$ 1.200,00.
profissional da contabilidade regularmente habilitado; C: Caixa R$ 1.200,00.
! quando exigível por legislação específica, serem
autenticados no registro público ou entidade com- Livro Razão
petente. O Razão é um livro principal (registra todos os fatos que al-
teram o patrimônio), sistemático (registra os fatos por contas,
Livro Diário e não por ordem cronológica), obrigatório pela Legislação do
No Livro Diário devem ser lançadas, em ordem cronológi- IR (para aquelas entidades sujeitas à tributação do IR pelo Lu-
ca, com individualização, clareza e referência ao documento cro Real) e facultativo pela Legislação Comercial. Cada página
probante, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros do Livro Razão representa uma conta.
fatos que provoquem variações patrimoniais. Ex.:
As principais características do Livro Diário são: Conta Mercadorias
! Obrigatório (exigido pelo Código Civil).
Data Histórico Débito Crédito Saldo
! Principal (registra todos os fatos que alteram o pat-
rimônio). Compra
24/04/2016 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00
NF07
! Cronológico (os fatos são registrados em ordem
cronológica de dia, mês e ano). Compra R$
25/04/2016 R$ 800,00
NF11 2.000,00
O Livro Diário possui formalidades intrínsecas e extrínse-
Venda
cas: 25/04/2016 R$ 500,00 R$ 1.500,00
NF33
Formalidades Intrínsecas: são as formalidades relaciona-
das ao lançamento contábil. Livros Especiais
! deve ser escriturado em ordem cronológica; São considerados obrigatórios apenas para determinadas
! não são permitidos borrões, rasuras, emen- pessoas ou atividades. O Art. 100 da Lei 6.404/76 descreve os
das, espaços em branco e ocupação de mar- livros que as sociedades anônimas estão obrigadas a escritu-
gens ou entrelinhas; rar. Vejamos:
Lei nº 6.404/76 Ex.:
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros Natureza do Saldo
obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, Contas
Devedora Credora
revestidos das mesmas formalidades legais:
Mercadorias R$ 3.200,00
I. O livro de Registro de Ações Nominativas, para Caixa R$ 800,00
inscrição, anotação ou averbação: 
Fornecedores R$ 700,00
a) do nome do acionista e do número das suas Capital Social R$ 3.300,00
ações; Total R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
b) das entradas ou prestações de capital realizado; Existem dois tipos de Balancetes:
c) das conversões de ações, de uma em outra es- Balancete Inicial: possui contas patrimoniais (contas
pécie ou classe;  de Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio Líquido) e contas
d) do resgate, reembolso e amortização das de resultado (receitas e despesas). É elaborado antes da
ações, ou de sua aquisição pela companhia; Apuração do Resultado do Exercício.
e) das mutações operadas pela alienação ou Balancete Final: composto apenas por contas patrimo-
transferência de ações; niais (contas de Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio Líquido).
É elaborado depois da Apuração do Resultado do Exercício.
f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação
fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que Ex.: (Esaf) A companhia Metalgrosso S.A. apresenta
grave as ações ou obste sua negociação. como extrato de seu Livro Razão, em 31.12.2011, a se-
guinte relação de contas e respectivos saldos:
II. O livro de “Transferência de Ações Nominati-
vas”, para lançamento dos termos de transferên- Contas Saldos
cia, que deverão ser assinados pelo cedente e pelo 01 - Ações de Coligadas 60
cessionário ou seus legítimos representantes; 02 - Ações em Tesouraria 10
III. O livro de “Registro de Partes Beneficiárias 03 - Aluguéis Passivos 32
Nominativas” e o de “Transferência de Partes
04 - Amortização Acumulada 25
Beneficiárias Nominativas”, se tiverem sido emit-
idas, observando-se, em ambos, no que couber, o 05 - Bancos c/ Movimento 100
disposto nos números I e II deste artigo; 06 - Caixa 80
IV. O livro de Atas das Assembleias Gerais;   07 - Capital a Realizar 45

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ŝ#-ŝŦ
V. O livro de Presença dos Acionistas; 08 - Capital Social 335
VI. Os livros de Atas das Reuniões do Conselho de 09 – Clientes 120
Administração, se houver, e de Atas das Reuniões 10 - Comissões Ativas 46
de Diretoria;
11 - Custo das Vendas 200
VII. O livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.
12 - Depreciação 28
§ 1º. A qualquer pessoa, desde que se destinem a defe-
sa de direitos e esclarecimento de situações de interes- 13 - Depreciação Acumulada 45
se pessoal ou dos acionistas ou do mercado de valores 14 - Descontos Concedidos 18
mobiliários, serão dadas certidões dos assentamentos 15 - Descontos Obtidos 17
constantes dos livros mencionados nos incisos I a III, e
16 - Despesas de Organização 90
por elas a companhia poderá cobrar o custo do serviço,
NOÇÕES DE ECONOMIA

cabendo, do indeferimento do pedido por parte da 17 - Duplicatas a Receber 85


companhia, recurso à Comissão de Valores Mobiliários. 18 - Duplicatas a Pagar 115
§ 2º. Nas companhias abertas, os livros referidos nos 19 - Duplicatas Descontadas 35
incisos I a V do “caput” deste artigo poderão ser substi-
20 - Fornecedores 195
tuídos, observadas as normas expedidas pela Comissão
de Valores Mobiliários, por registros mecanizados ou 21 - Máquinas e Equipamentos 130
eletrônicos. 22 - Mercadorias 145
23 - Móveis e Utensílios 40
Balancete de Verificação
24 - Obrigações Trabalhistas 18
É uma relação de todas as contas abertas em um exercício.
Possui a finalidade de verificar e demonstrar a correta apli- 25 - Prêmio de Seguros 40
cação do método das partidas dobradas, ou seja, verificar se o 26 - Prejuízos Acumulados 12
total de saldos devedores é igual ao total de saldos credores. O 27 - Provisão para Devedores Duvidosos 30
balancete é feito a partir do Livro Razão, do qual são extraídos 531
os saldos para a sua elaboração. 28 - Provisão para Imposto de Renda 22
29 - Receitas de Vendas 350 24 - Obrigações Tra-
18 Passivo
532 balhistas
30 - Reservas de Capital 65
25 - Prêmio de Seguros 40 Despesa
31 - Reservas de Lucro 125 Retificadora
26 - Prejuízos Acumu-
32 - Salários e Ordenados 60 12 do Patrimônio
lados
Líquido
33 - Seguros a Vencer 28
27 - Provisão para Deve- Retificadora do
30
NOÇÕES DE ECONOMIA

34 - Títulos a Pagar 20 dores Duvidosos Ativo


35 - Veículos 180 28 - Provisão para
22 Passivo
Imposto de Renda
Elaborando um balancete de verificação com os saldos 29 - Receitas de Vendas 350 Receita
acima, certamente encontraremos saldos credores no Patrimônio
montante de 30 - Reservas de Capital 65
Líquido
a) R$ 1.065,00. Patrimônio
31 - Reservas de Lucro 125
Líquido
b) R$ 1.308,00. 32 - Salários e Orde-
60 Despesa
c) R$ 1.338,00. nados
d) R$ 1.373,00. 33 - Seguros a Vencer 28 Ativo
34 - Títulos a Pagar 20 Passivo
e) R$ 1.443,00.
35 - Veículos 180 Ativo
E.
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Total 1.503 1.443


Saldo Saldo
Contas
Devedor Credor Fatos Contábeis
01 - Ações de Coligadas 60 Ativo Fatos contábeis são todos os fatos que ocorrem em uma
Retificadora empresa, e que alteram qualitativamente e/ou quantitativa-
02 - Ações em Tesou-
10 do Patrimônio mente seu patrimônio.
raria
Líquido
Se a ação praticada pela administração não afetar o pat-
03 - Aluguéis Passivos 32 Despesa
rimônio da empresa, será considerado um Ato Administrativo.
04 - Amortização Retificadora do
Acumulada
25
Ativo
Os atos relevantes podem ser controlados em contas de com-
pensação.
05 - Bancos c/ Movi-
100 Ativo Os fatos podem ser classificados como:
mento
06 - Caixa 80 Ativo ! Fatos Permutativos.
Retificadora ! Fatos Modificativos.
07 - Capital a Realizar 45 do Patrimônio ! Fatos Mistos.
Líquido
08 - Capital Social 335
Patrimônio Fatos Permutativos, Qualitativos
Líquido
ou Compensativos
09 - Clientes 120 Ativo
10 - Comissões Ativas 46 Receita
São aqueles que não provocam alterações quantitativas no
Patrimônio Líquido.
11 - Custo das Vendas 200 Despesa
Ex.: Compra de mercadoria à vista, pagamento de uma
12 - Depreciação 28 Despesa
duplicata, compra de máquina a prazo.
13 - Depreciação Acu- Retificadora do
45
mulada Ativo Fatos Modificativos ou Quantitativos
14 - Descontos Conce- São aqueles que provocam alterações quantitativas no
18 Despesa
didos
Patrimônio Líquido, seguidos de alterações no Ativo ou no
15 - Descontos Obtidos 17 Receita
Passivo Exigível. Podem ser classificados em modificativos
16 - Despesas de Organi- aumentativos (aumentam o PL) ou modificativos diminutivos
90 Despesa
zação
(diminuem o PL).
17 - Duplicatas a
Receber
85 Ativo Ex.: Prescrição de dívidas, faturamento de um serviço,
compra de ações da própria empresa, reconhecimento
18 - Duplicatas a Pagar 115 Passivo
de despesas de salários.
19 - Duplicatas Descon-
35 Passivo
tadas Fatos Mistos ou Compostos
20 - Fornecedores 195 Passivo
São aqueles que provocam alterações qualitativas e quan-
21 - Máquinas e Equipa- titativas no patrimônio da entidade. Uma “parte” do fato é
130 Ativo
mentos
permutativa e outra “parte” do fato é modificativa. Também
22 - Mercadorias 145 Ativo
podem ser aumentativos ou diminutivos, conforme aumentam
23 - Móveis e Utensílios 40 Ativo ou diminuem o PL.
Ex.: Recebimento de duplicatas com juros e pagamento Ex.: (ESAF) A empresa Material de Construções Ltda. ad-
de duplicata com desconto. quiriu 500 sacos de argamassa Votoram, de 20 kg cada
um, ao custo unitário de R$1,00 o quilo, pagando 15% de
Fatos Permutativos Fatos Modificativos Fatos Mistos entrada e aceitando duplicatas pelo valor restante. A op-
eração foi isenta de tributação. 
Contabilizações que
ocorrem entre os Do material comprado, 10% serão para consumo pos-
Contabilizações que terior da própria empresa e o restante, para revender. 
seguintes grupos:
ocorrem entre os Contabilizações que
seguintes grupos: ocorrem entre os * A – A – PL (ou O registro contábil dessa transação é, tipicamente, um
seguintes grupos: Receitas ou Despe- lançamento de quarta fórmula, e o fato a ser registra-
*A–A
sas**) do é um Fato Administrativo
*A–P * A – PL (ou Receitas
ou Despesas**) * A – P – PL (ou
*P–P Receitas ou Despe- a) composto aumentativo.
* PL – PL (aumentan- * P – PL (ou Receitas sas**)
do e reduzindo o ou Despesas**) b) composto diminutivo.
* P – P – PL (ou
saldo do PL, provo- ** Receitas provocam Receitas ou Despe-
c) modificativo aumentativo.
cando uma alteração alterações aumentati- sas**) d) modificativo diminutivo.
quantitativa nula vas no PL e Despesas
provocam alterações ** Receitas provocam permutativo.
[alterando apenas
diminutivas no PL. alterações aumentati-
qualitativamente o E.
vas no PL e Despesas
PL]).
provocam alterações 500 sacos x 20 Kg = 10.000 x R$1,00 (valor do Kg) = R$
diminutivas no PL. 10.000,00
Exemplo sobre atos e fatos: Entrada: 10.000 x 15% = 1.500
01. Assinatura de um contrato publicitário para veiculação Duplicatas a pagar = 10.000 – 1.500 = 8.500
de mídia dentro do período de 6 meses. Material para consumo = 10.000 x 10% = 1.000
Ato administrativo Material para revenda = 10.000 – 1.000 = 9.000
02. Aquisição de máquinas e equipamentos à vista, pelo
valor de R$ 80.000,00. D: Mercadorias (A) R$ 9.000,00
D: Máquinas e Equipamentos (A) R$ 80.000,00. D: Material de Consumo (A) R$ 1.000,00
C: Caixa (A) R$ 80.000,00. C: Caixa (A) R$ 1.500,00
▷ Essa contabilização movimentou os seguintes gru- C: Duplicatas a pagar (P) R$ 8.500,00
pos: Essa contabilização movimentou os seguintes grupos:
A – A: Fato Permutativo. A – A – A – P: Fato Permutativo (não alterou quantitativamente

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03. A empresa Pátria Ltda. prestou serviços e cobrou a o Patrimônio Líquido).
quantia de R$ 25.000,00 recebidos no ato.
D: Caixa (A) R$ 25.000,00. ANOTAÇÕES
C: Receita (Rec.) R$ 25.000,00.
▷ Essa contabilização movimentou os seguintes
grupos:
A – Rec.: Fato Modificativo Aumentativo.
04. Aquisição de equipamentos a prazo. Valor dos bens
adquiridos: R$ 12.000,00. Prazo para pagamento: em
quota única com vencimento em 90 dias.
D: Equipamentos (A) R$12.000,00.
NOÇÕES DE ECONOMIA

C: Duplicatas a pagar (P) R$ 12.000,00.


▷ Essa contabilização movimentou os seguintes
grupos:
A – P: Fato Permutativo.
05. Pagamento de títulos no valor de R$ 18.000,00. Os
títulos foram pagos em dinheiro, após a data de venci-
mento e com cobrança de juros no valor de R$ 250,00.
D: Títulos a pagar (P) R$ 18.000,00.
D: Juros Passivos (Desp.) R$ 250,00.
C: Caixa (A) R$ 18.250,00.
▷ Essa contabilização movimentou os seguintes
grupos: 533
A – P – Desp.: Fato Misto Diminutivo.
534
5. Balanço Patrimonial As notas explicativas devem:
Apresentar informações sobre a base de preparação das
Antes de iniciarmos o estudo do Balanço Patrimonial, é demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas
importante que saibamos quais são as demonstrações con- selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; 
tábeis obrigatórias.
Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis
A Lei 6.404/76 determina, em seu Art. 176, que ao fim de
cada exercício social*, a diretoria fará elaborar, com base na es- adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhu-
NOÇÕES DE ECONOMIA

crituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações ma outra parte das demonstrações financeiras;
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do pat- Fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias
rimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma
▷ Balanço Patrimonial - BP. apresentação adequada; e 
▷ Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ▷ Indicar: 
- DLPA.
» os principais critérios de avaliação dos elemen-
▷ Demonstração do Resultado do Exercício - DRE. tos patrimoniais, especialmente estoques, dos
▷ Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC**; e  cálculos de depreciação, amortização e exaustão,
▷ Se companhia aberta, Demonstração do Valor Adi- de constituição de provisões para encargos
cionado.
ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas
* O exercício social terá duração de 1 ano e a data do término será fixada
no estatuto. Na constituição da companhia e nos casos de alteração prováveis na realização de elementos do Ativo; 
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estatutária o exercício social poderá ter duração diversa. » os investimentos em outras sociedades, quando
** A companhia fechada com Patrimônio Líquido, na data do balanço, relevantes;
inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à
elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. » o aumento de valor de elementos do Ativo re-
As demonstrações financeiras auxiliarão a Contabilidade a sultante de novas avaliações; 
cumprir sua finalidade de fornecer informações aos usuários. » os ônus reais constituídos sobre elementos do
Cada demonstração contábil fornecerá uma informação espe- Ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
cífica. responsabilidades eventuais ou contingentes; 
O Balanço Patrimonial fornecerá informações sobre a com- » a taxa de juros, as datas de vencimento e as ga-
posição do patrimônio de uma entidade (seus bens, direitos e rantias das obrigações de longo prazo;
obrigações). Veremos, no capítulo 7, as demais demonstrações
obrigatórias. » o número, espécies e classes das ações do cap-
A Lei 6.404/76 também determina que: ital social; 
▷ As demonstrações de cada exercício serão publica- » as opções de compra de ações outorgadas e ex-
das com a indicação dos valores correspondentes ercidas no exercício; 
das demonstrações do exercício anterior. » os ajustes de exercícios anteriores; e 
▷ Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão » os eventos subsequentes à data de encerra-
ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser mento do exercício que tenham, ou possam vir
agregados, desde que indicada a sua natureza e que
a ter, efeito relevante sobre a situação financei-
não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do re-
spectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização ra e os resultados futuros da companhia. 
de designações genéricas, como “diversas contas” O Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) - Apresentação das
ou “contas correntes”. Demonstrações Contábeis, que define a base para apresen-
▷ As demonstrações serão complementadas por no- tação das demonstrações contábeis, determina que o conjunto
tas explicativas e outros quadros analíticos ou completo de demonstrações contábeis inclui:
demonstrações contábeis necessários para esclare- ▷ Balanço Patrimonial ao final do período;
cimento da situação patrimonial e dos resultados do
▷ Demonstração do Resultado do período;
exercício.
▷ Demonstração do Resultado Abrangente do período;
▷ As demonstrações financeiras registrarão a desti-
nação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da ▷ Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Administração, no pressuposto de sua aprovação pela do período;
assembleia geral. ▷ Demonstração dos Fluxos de Caixa do período;
▷ A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ▷ Notas explicativas, compreendendo as políticas con-
deverá indicar o montante do dividendo por ação tábeis significativas e outras informações elucidativas;
do capital social e poderá ser incluída na demon- ▷ Informações comparativas com o período anterior;
stração das mutações do Patrimônio Líquido, se ▷ Balanço Patrimonial do início do período mais an-
elaborada e publicada pela companhia. tigo, comparativamente apresentado, quando a
entidade aplicar uma política contábil retrospectiv- parte negativa, apresentada do lado direito da demonstração,
amente ou proceder à reapresentação retrospectiva chamada de Passivo. Vimos em capítulos anteriores que o Pas-
de itens das demonstrações contábeis, ou quando sivo será composto por obrigações e Patrimônio Líquido.
proceder à reclassificação de itens de suas demon- A Lei 6.404/76, em seu Art. 178, trata do Balanço Patrimo-
strações contábeis; e nial. Vejamos:
▷ - Demonstração do Valor Adicionado do período, se Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem,
exigida legalmente ou por algum órgão regulador,
e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
ou mesmo se apresentada voluntariamente. análise da situação financeira da companhia.
O CPC 26 (R1) determina que o conjunto completo das § 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem
demonstrações contábeis deve ser apresentado pelo menos decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
anualmente (inclusive informação comparativa). registrados, nos seguintes grupos:
Quando se altera a data de encerramento das demon- I. Ativo Circulante; e 
strações contábeis da entidade, e as demonstrações contábeis II. Ativo Não Circulante, composto por Ativo Real-
são apresentadas para um período mais longo ou mais curto izável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado
do que um ano (exercício social), a entidade deve divulgar, e Intangível. 
além do período abrangido pelas demonstrações contábeis: § 2º no Passivo, as contas serão classificadas nos se-
▷ A razão para usar um período mais longo ou mais guintes grupos:
curto; e I. Passivo Circulante; 
▷ O fato de que não são inteiramente comparáveis II. Passivo Não Circulante; e 
os montantes comparativos apresentados nessas III. Patrimônio Líquido, dividido em Capital So-
cial, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação
demonstrações.
Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Te-
Demonstrações Contábeis souraria e Prejuízos Acumulados. 
§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia
CPC 26 (R1) - Apresen-
Lei 6.404/76 tação das Demonstrações não tiver direito de compensar serão classificados
Contábeis separadamente.” (Grifo nosso)
- Balanço Patrimonial; Portanto, de acordo com a Lei, o Balanço Patrimonial será
- Demonstração dos Lucros composto pelos seguintes grupos e subgrupos:
ou Prejuízos Acumulados;
Balanço Patrimonial

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- Demonstração do Resulta- - Balanço Patrimonial;
do do Exercício; - Demonstração do Resulta-
Ativo Passivo
- Demonstração dos Fluxos do do Período;
de Caixa*; e  - Demonstração do Resulta- Ativo Circulante Passivo Circulante
- se companhia aberta, do Abrangente do período;
Demonstração do Valor - Demonstração das
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
Adicionado. Mutações do Patrimônio
Líquido do período; - Ativo Realizável a Longo
Prazo
* A companhia fechada com - Demonstração dos Fluxos
de Caixa do período; - Investimentos Patrimônio Líquido
Patrimônio Líquido, na data
- Notas explicativas; - Imobilizado - Capital Social
do balanço, inferior a R$
2.000.000,00 (dois milhões - Demonstração do Valor - Intangível - Reservas de Capital
de reais) não será obrigada Adicionado. - Ajustes de Avaliação
NOÇÕES DE ECONOMIA

à elaboração e publicação Patrimonial


da demonstração dos fluxos - Reservas de Lucros
de caixa. - Ações em Tesouraria

6. Conceitos - Prejuízos Acumulados


De acordo com o CPC 26, o Balanço Patrimonial deve apre-
Balanço Patrimonial é a representação gráfica equilibrada sentar, respeitada a legislação, as seguintes contas:
do patrimônio de uma entidade em determinada data, eviden- ▷ Caixa e Equivalentes de Caixa.
ciando todas as contas patrimoniais e seus respectivos saldos. ▷ Clientes e Outros Recebíveis.
Ele é preparado com o objetivo de fornecer informações sobre
a situação patrimonial da entidade. É considerado como sendo ▷ Estoques.
a situação estática do patrimônio. ▷ Ativos Financeiros.
Será composto por uma parte positiva, apresentada do ▷ Ativos classificados como disponíveis para venda - In-
lado esquerdo da demonstração, chamada de Ativo. Como já strumentos Financeiros e Ativo Não Circulante de Oper-
vimos em capítulos anteriores, no Ativo são demonstrados os ação Descontinuada. 535
bens e direitos da entidade. Também será composto por uma ▷ Ativos Biológicos.
▷ Investimentos avaliados pelo método da equivalên- VI. no Intangível: os direitos que tenham por objeto
536 cia patrimonial. bens incorpóreos destinados à manutenção da com-
▷ Propriedades para Investimento; panhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o
▷ Imobilizado. fundo de comércio adquirido.
▷ Intangível. Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo opera-
▷ Contas a Pagar comerciais e outras; cional da empresa tiver duração maior que o exercício
▷ Provisões. social, a classificação no Circulante ou Longo Prazo terá
NOÇÕES DE ECONOMIA

▷ Obrigações Financeiras; por base o prazo desse ciclo.


▷ Obrigações e Ativos relativos à tributação corrente. O CPC 26 determina que o Ativo deve ser classificado como
▷ Impostos diferidos Ativos e Passivos; Circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:
▷ Obrigações associadas a Ativos à disposição para ▷ Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que
venda; seja vendido ou consumido no decurso normal do
▷ Participação de não controladores, apresentada de ciclo operacional* da entidade;
forma destacada dentro do Patrimônio Líquido; e ▷ Esteja mantido essencialmente com o propósito de
▷ Capital Integralizado e reservas e outras contas atribuíveis ser negociado;
aos proprietários da entidade.
▷ Espera-se que seja realizado até doze meses após a
O Pronunciamento Técnico não prescreve a ordem ou o data do balanço; ou
formato que deva ser utilizado na apresentação das contas do
Balanço Patrimonial. O parágrafo anterior simplesmente lista ▷ Seja caixa ou equivalente de caixa**, a menos que
Ş
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os itens que são suficientemente diferentes na sua natureza sua troca ou uso para liquidação de Passivo se en-
ou função para assegurar uma apresentação individualizada contre vedada durante pelo menos doze meses após
no Balanço Patrimonial. a data do balanço.
A entidade deve apresentar contas adicionais, cabeçalhos Todos os demais Ativos devem ser classificados como Não
e subtotais nos balanços patrimoniais sempre que sejam rele- Circulantes.
vantes para o entendimento da posição financeira e patrimo- O Ativo Não Circulante deve ser subdividido em Realizável
nial da entidade.
a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível.
7. Ativos * O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de Ativos
para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes.
Vimos, no capítulo 2, que Ativo é um recurso controlado Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente
pela entidade como resultado de eventos passados e do qual identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses.
se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a
** Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de
entidade. Agora, detalharemos a composição desse grupo.
alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido
De acordo com o Art. 179 da Lei 6.404/76 as contas do Ati-
vo serão classificadas do seguinte modo: de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de
valor.
I. no Ativo Circulante: as disponibilidades, os dire-
itos realizáveis no curso do exercício social subse- Então, de acordo com a Lei 6.404/76 e com o CPC 26, o
quente e as aplicações de recursos em despesas do Ativo será composto pelos seguintes itens:
exercício seguinte; Ativo Circulante
II. no Ativo Realizável a Longo Prazo: os direitos re- ▷ Disponibilidades
alizáveis após o término do exercício seguinte, as-
Representam os bens numerários, ou seja, serão classifi-
sim como os derivados de vendas, adiantamentos
ou empréstimos a sociedades coligadas ou contro- cados em Disponibilidades os itens que representem dinheiro
ladas, diretores, acionistas ou participantes no lu- ou que possam ser convertidos imediatamente em dinheiro.
cro da companhia, que não constituírem negócios Ex.: Caixa, Bancos, Numerários em trânsito e Aplicações
usuais na exploração do objeto da companhia; financeiras de liquidez imediata (aplicações financeiras
III. em investimentos: as participações permanen- de curto prazo – até 90 dias – que não tenham quase
tes em outras sociedades e os direitos de qualquer nenhum risco de mudança de valor e que possuam alta
natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, e liquidez).
que não se destinem à manutenção da atividade ▷ Direitos realizáveis no curso do exercício social sub-
da companhia ou da empresa; sequente
IV. no Ativo Imobilizado: os direitos que tenham por
Podemos classificar como direitos realizáveis no curso do
objeto bens corpóreos destinados à manutenção
das atividades da companhia ou da empresa ou exercício social subsequente os direitos realizáveis pessoais e
exercidos com essa finalidade, inclusive os decor- os direitos realizáveis reais.
rentes de operações que transfiram à companhia Direitos realizáveis pessoais representam os créditos da
os benefícios, riscos e controle desses bens; empresa.
Ex.: Duplicatas a receber, Adiantamento a fornecedores, Investimentos
Adiantamento a empregados. Classificaremos as participações permanentes em out-
Direitos realizáveis reais representam os bens de proprie- ras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não clas-
dade da companhia. sificáveis no Ativo Circulante, e que não se destinem à ma-
nutenção da atividade da companhia ou da empresa.
Ex.: Estoque de mercadorias, Estoque de material de
Exemplos: Ações de coligadas, Imóvel para alugar, Ações
consumo. de controladas, Obras de arte.
- Aplicações de recursos em despesas do exercício se- Imobilizado
guinte Classificaremos os direitos que tenham por objeto bens
Registraremos os itens que correspondem às despesas corpóreos destinados à manutenção das atividades da com-
pagas no exercício atual, mas os fatos geradores ocorrerão panhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclu-
apenas no exercício seguinte. São as chamadas despesas an- sive os decorrentes de operações que transfiram à companhia
tecipadas (despesas cujo fato gerador ainda não aconteceu). os benefícios, os riscos e o controle desses bens*.
Ex.: Móveis e utensílios, Máquinas e equipamentos, Imóveis,
Ex.: Prêmios de seguros a apropriar (também conhecidos
Veículos, (-) Depreciação acumulada.
como Seguros a vencer), Despesas pagas antecipadamente, * os itens que não pertencem juridicamente
Aluguéis pagos antecipadamente. à companhia, mas dos quais ela detém os
Ativo Não Circulante benefícios, os riscos e o controle, serão classifi-
▷ Realizável a Longo Prazo: cados no Imobilizado. Trataremos desses itens no
Capítulo 6, mais especificamente em Arrenda-
Classificaremos os direitos realizáveis após o término do
mento Mercantil.
exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adian-
Dessa forma, podemos afirmar que Ativo Imobilizado é o
tamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou contro- item tangível que:
ladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da com- ▷ É mantido para uso na produção ou fornecimento de
panhia, que não constituírem negócios usuais na exploração mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou
do objeto da companhia. para fins administrativos; e que
Direitos realizáveis após o término do exercício seguinte ▷ Se espera utilizar por mais de um período.
são os valores cujo prazo de realização extrapole o período de Intangível
12 meses de exercício social, ou após o período operacional se- Classificaremos os direitos que tenham por objeto bens
guinte, caso o ciclo operacional seja superior a 12 meses. incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou ex-
ercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio
Ex.: Duplicatas a receber em longo prazo, Despesas an-

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adquirido.
tecipadas em longo prazo.
Exemplos: Softwares, Direitos autorais, Direitos de ex-
“Valores derivados de vendas, adiantamentos ou em- ploração de recursos minerais, (-) Amortização acumulada.
préstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, Alguns componentes patrimoniais também podem ser en-
acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não contrados em prova com as seguintes denominações:
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da com- Bens numerários: equivalem ao disponível, como Caixa,
panhia”: estes direitos independem do prazo! Bancos e Aplicações financeiras de liquidez imediata.
Vendas, Adiantamentos Bens de venda: são os bens que a empresa vende, como
ou Empréstimos Estoque de mercadorias.
Bens de renda: são os bens adquiridos com a intenção de
obter renda para a empresa, como Imóveis para alugar e Obras
NOÇÕES DE ECONOMIA

de arte.
Feitos a Sociedades
Coligadas ou Controladas, Bens fixos: são os bens utilizados nas atividades da em-
Diretores, Acionistas ou presa, como Veículos, Máquinas e equipamentos, e Móveis e
Participantes no lucro da utensílios.
companhia
Bens imateriais: são os bens que não têm existência física,
mas podem ser traduzidos em moeda, como Softwares.
Créditos de funcionamento: valores a receber decor-
Não constituem negócios rentes das atividades da empresa, como Duplicatas a receber
usuais na exploração do e Impostos a recuperar.
objeto da companhia
Créditos de financiamento: valores a receber decorrentes
de financiamentos, como Empréstimos a terceiros.
Ex.: (ESAF) No balanço de encerramento do exercício
social, as contas serão classificadas segundo os elemen-
RLP 537
tos do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a
facilitar o conhecimento e a análise da situação financei-
ra da companhia. No Ativo Patrimonial, as contas serão ▷ Espera-se que seja liquidado durante o ciclo opera-
538 dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos cional normal da entidade;
elementos nelas registrados, compondo os seguintes ▷ Esteja mantido essencialmente para a finalidade de
grupos: ser negociado;
Ativo Circulante; Ativo Realizável a Longo Prazo; ▷ Deve ser liquidado no período de até doze meses
Investimentos; Ativo Imobilizado; e Intangível. após a data do balanço; ou
Ativo Circulante; Ativo Realizável a Longo Prazo; e Ativo ▷ A entidade não tem direito incondicional de diferir
NOÇÕES DE ECONOMIA

a liquidação do Passivo durante pelo menos doze


Permanente, dividido em Investimentos, Ativo Imobiliza- meses após a data do balanço. Os termos de um Pas-
do e Ativo Diferido. sivo que podem, à opção da contraparte, resultar na
Ativo Circulante; e Ativo Não Circulante, composto por sua liquidação por meio da emissão de instrumentos
Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobili- patrimoniais não devem afetar a sua classificação.
zado e Intangível. Todos os outros Passivos devem ser classificados como
Não Circulantes.
Ativo Circulante; Ativo Realizável a Longo Prazo; Então, de acordo com a Lei 6.404/76 e com o CPC 26, o
Investimentos; Ativo Imobilizado; e Ativo Diferido. Passivo será composto pelos seguintes itens:
Ativo Circulante; e Ativo Não Circulante, composto por Passivo Circulante
Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobili- Classificaremos nesse grupo as obrigações da companhia,
zado e Diferido. quando vencerem no exercício seguinte.
Exemplos: Duplicatas a pagar, Salários a pagar, Impostos a
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C
Lei 6.404/76 recolher, Dividendos a pagar, Adiantamento de clientes, Alu-
Art. 178. § 1º No Ativo, as contas serão dispostas em guéis a pagar, Multas a pagar.
ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos Passivo Não Circulante
nelas registrados, nos seguintes grupos: Classificaremos nesse grupo as obrigações da companhia,
I – Ativo Circulante; e  quando tiverem vencimento após o término do exercício se-
II – Ativo Não Circulante, composto por Ativo Rea- guinte.
lizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Porém, se o ciclo operacional da empresa tiver duração
Intangível.” maior que o exercício social, utilizaremos o ciclo operacional
para fazer a classificação entre Circulante e em Longo Prazo.
8. Passivos Exemplos: Duplicatas a pagar em Longo Prazo, Financia-
mentos a pagar em Longo Prazo, Empréstimos a pagar em
Vimos, no capítulo 2, que Passivo é uma obrigação pre- Longo Prazo.
sente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liq-
Alguns componentes patrimoniais também podem ser en-
uidação se espera que resulte em saída de recursos capazes
contrados em prova com as seguintes denominações:
de gerar benefícios econômicos. Assim como fizemos com o
Ativo, detalharemos a composição desse grupo. ▷ Capital de Terceiros: corresponde ao Passivo Ex-
igível, ou seja, Passivo Circulante + Passivo Não Cir-
De acordo com o Art. 180 da Lei 6.404/76, as contas do
culante.
Passivo serão classificadas do seguinte modo:
▷ Débitos de Funcionamento: correspondem às dívi-
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive fi-
das decorrentes das atividades normais da empresa,
nanciamentos para aquisição de direitos do Ativo Não
como Fornecedores, Salários a pagar e Impostos a
Circulante, serão classificadas no Passivo Circulante,
recolher.
quando se vencerem no exercício seguinte, e no Pas-
sivo Não Circulante, se tiverem vencimento em prazo ▷ Débitos de Financiamento: correspondem às dívi-
maior, observado o disposto no parágrafo único do Art. das decorrentes de recursos obtidos para ampliação
179 desta Lei. e desenvolvimento da empresa, como Empréstimos
a pagar e Financiamentos obtidos.
Art. 179. Parágrafo único. Na companhia em que o cic-
lo operacional* da empresa tiver duração maior que o
exercício social**, a classificação no circulante ou Lon- 9. Patrimônio Líquido
go Prazo terá por base o prazo desse ciclo. Vimos, no capítulo 2, que Patrimônio Líquido é o valor re-
* O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de Ativos sidual dos Ativos da entidade depois de deduzidos todos os
para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes. seus Passivos. Agora, detalharemos a composição desse gru-
Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente
identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses.
po.
** O exercício social terá duração de 1 ano, e a data do término será fixa- De acordo com a Lei 6.404/76, as contas do Patrimônio
da no estatuto. Na constituição da companhia e nos casos de alteração Líquido serão classificadas do seguinte modo:
estatutária, o exercício social poderá ter duração diversa. Art. 178. § 2º III – Patrimônio Líquido, dividido em
O CPC 26 determina que o Passivo deve ser classificado capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação
como Circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e
critérios: prejuízos acumulados. 
Art. 182. A conta do capital social discriminará o mon- a) a contribuição do subscritor de ações que ul-
tante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não trapassar o valor nominal e a parte do preço de
realizada. emissão das ações sem valor nominal que ultra-
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as passar a importância destinada à formação do
contas que registrarem: capital social, inclusive nos casos de conversão
a) a contribuição do subscritor de ações que ul- em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
trapassar o valor nominal e a parte do preço de § 2° Será ainda registrado como reserva de capital o
emissão das ações sem valor nominal que ultra- resultado da correção monetária do capital realizado,
passar a importância destinada à formação do enquanto não capitalizado.
capital social, inclusive nos casos de conversão Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser
em ações de debêntures ou partes beneficiárias; utilizadas para:
b) o produto da alienação de partes beneficiárias I. absorção de prejuízos que ultrapassarem os lu-
e bônus de subscrição; cros acumulados e as reservas de lucros;
c) (revogada);  II. resgate, reembolso ou compra de ações;
d) (revogada).  III. resgate de partes beneficiárias;
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o IV. incorporação ao capital social;
resultado da correção monetária do capital realizado, V. pagamento de dividendo a ações preferenciais,
enquanto não capitalizado. quando essa vantagem lhes for assegurada.
§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação Parágrafo único. A reserva constituída com o produto
patrimonial, enquanto não computadas no resultado
do exercício em obediência ao regime de competência, da venda de partes beneficiárias poderá ser destinada
as contrapartidas de aumentos ou diminuições de ao resgate desses títulos.” (Grifo nosso)
valor atribuídos a elementos do Ativo e do Passivo, em Bônus de Subscrição: são títulos negociáveis, emitidos por
decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos sociedades anônimas, que conferem aos seus titulares direito
previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela de preferência para subscrever ações do capital social.
Comissão de Valores Mobiliários, com base na com- Ágio na Subscrição: a contribuição do subscritor que ul-
petência conferida pelo § 3º do Art. 177 desta Lei*.  trapassar o valor nominal constituirá reserva de capital, repre-
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas sentando ágio na emissão das ações.
constituídas pela apropriação de lucros da companhia.
Partes Beneficiárias: são títulos negociáveis, sem valor
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do Patrimônio Líquido nominal, emitidos por sociedades anônimas de capital fecha-
que registrar a origem dos recursos aplicados na sua do. Esses títulos conferem aos seus titulares o direito de par-
aquisição. ticipação nos lucros da empresa emissora (máximo de 10%).

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* Art. 177,§ 3º: As demonstrações financeiras das companhias abertas Companhias abertas não podem emitir partes beneficiárias.
observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mo- - (+/-) Ajustes de Avaliação Patrimonial
biliários e serão obrigatoriamente submetidas a auditoria por auditores Lei 6.404/76
independentes nela registrados.”
Art. 182.
Então, de acordo com a Lei 6.404/76, o Patrimônio Líquido
§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação pat-
será composto pelos seguintes itens:
rimonial, enquanto não computadas no resultado do
Patrimônio Líquido exercício em obediência ao regime de competência, as
▷ Capital Social contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor
Lei 6.404/76 atribuídos a elementos do Ativo e do Passivo, em decor-
Art. 182. A conta do capital social discriminará o mon- rência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos
tante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de
realizada. Valores Mobiliários.
NOÇÕES DE ECONOMIA

Capital Social: parte do Patrimônio Líquido formada por Reservas de Lucros


ações ou quotas subscritas na constituição ou no aumento do Lei 6.404/76
capital de uma entidade. Art. 182.
Capital a Realizar (a Integralizar/ não Realizado): ações ou § 4º Serão classificados como reservas de lucros as
quotas subscritas que ainda não foram realizadas/integraliza- contas constituídas pela apropriação de lucros da
das pelos acionistas. companhia.”
Capital Realizado (Integralizado): ações ou quotas sub- Reserva Legal
scritas e realizadas pelos acionistas ou sócios em dinheiro ou Lei 6.404/76
quaisquer outros bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cen-
Reservas de Capital to) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação,
Lei 6.404/76 na constituição da reserva legal, que não excederá de
Art. 182. 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as § 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva 539
contas que registrarem: legal no exercício em que o saldo dessa reserva,
acrescido do montante das reservas de capital de que § 2º A reserva será revertida no exercício em que
540 trata o § 1º do Art. 182, exceder de 30% (trinta por cen- deixarem de existir as razões que justificaram a sua
to) do capital social. constituição ou em que ocorrer a perda.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade Reserva de Incentivos Fiscais
do capital social e somente poderá ser utilizada para Lei 6.404/76
compensar prejuízos ou aumentar o capital. Art. 195-A. A assembleia geral poderá, por proposta
Para o cálculo da Reserva Legal: dos órgãos de administração, destinar para a reserva
NOÇÕES DE ECONOMIA

▷ Res. Legal = 5% x Lucro Líquido de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decor-
Limite máximo obrigatório: rente de doações ou subvenções governamentais para
▷ 20% do Capital Social (a reserva legal só pode ser investimentos, que poderá ser excluída da base de cál-
constituída até esse valor) culo do dividendo obrigatório.
▷ Limite facultativo: Reserva de Retenção de Lucros
▷ A empresa poderá deixar de constituir a reserva le- Lei 6.404/76
gal quando: Art. 196. A assembleia geral poderá, por proposta dos
▷ Reserva Legal + Reserva de Capital > 30% do Capital órgãos da administração, deliberar reter parcela do
Social lucro líquido do exercício prevista em orçamento de
Ex.: capital por ela previamente aprovado.
A empresa “X” possui as seguintes contas e saldos: § 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da adminis-
Lucro líquido: R$ 4.000,00 tração com a justificação da retenção de lucros propos-
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Capital Social: R$ 10.000,00 ta, deverá compreender todas as fontes de recursos e


Reservas de Capital: R$ 2.500,00 aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a
Reserva Legal: R$ 1.800,00 duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de
execução, por prazo maior, de projeto de investimento.
Cálculo da Reserva Legal:
§ 2º O orçamento poderá ser aprovado pela assem-
Res. Legal = 5% x Lucro Líquido = 5% x 4.000 = 200,00 bleia geral ordinária que deliberar sobre o balanço do
Limite obrigatório = 20% do Capital Social = 20% x exercício e revisado anualmente, quando tiver duração
10.000 = 2.000,00 (valor máximo permitido para a conta superior a um exercício social.”
de Reserva Legal)
Reserva de Lucros a Realizar
Limite facultativo = Res. Legal + Res. Capital = 1.800 +
2.500 = 4.300,00 Lei 6.404/76
30% x Capital Social = 30% x 10.000 = 3.000,00 Art. 197. No exercício em que o montante do dividen-
do obrigatório ultrapassar a parcela realizada do lucro
Convém observar que o limite facultativo já foi atingido e,
por isso, a empresa já pode deixar de constituir a reserva legal. líquido do exercício, a assembleia geral poderá, por
Caso resolva constituí-la, deverá observar o limite obrigatório. proposta dos órgãos de administração, destinar o ex-
Reserva Estatutária cesso à constituição de reserva de lucros a realizar. 
Lei 6.404/76 § 1º Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da
para cada uma: soma dos seguintes valores: 
I - indique, de modo preciso e completo, a sua fi- I. o resultado líquido positivo da equivalência pat-
nalidade; rimonial; e 
II - fixe os critérios para determinar a parcela an- II. o lucro, rendimento ou ganho líquidos em op-
ual dos lucros líquidos que serão destinados à sua erações ou contabilização de Ativo e Passivo pelo
constituição; e valor de mercado, cujo prazo de realização finan-
III - estabeleça o limite máximo da reserva. ceira ocorra após o término do exercício social se-
Reserva de Contingências guinte.
Lei 6.404/76 § 2º A reserva de lucros a realizar somente poderá ser
Art. 195. A assembleia geral poderá, por proposta utilizada para pagamento do dividendo obrigatório e
dos órgãos da administração, destinar parte do lucro serão considerados como integrantes da reserva os lu-
líquido à formação de reserva com a finalidade de cros a realizar de cada exercício que forem os primeiros
compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro a serem realizados em dinheiro.” 
decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa Reserva especial de dividendos obrigatórios não distribuídos
ser estimado.
Lei 6.404/76
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá
indicar a causa da perda prevista e justificar, com as Art. 202.
razões de prudência que a recomendem, a constituição § 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos
da reserva. termos do § 4º* serão registrados como reserva espe-
cial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios b) Caixa [Ativo Circulante = R$ 3.200,00]; Capi-
subsequentes, deverão ser pagos como dividendo as- tal Social [Patrimônio Líquido = R$ 8.400,00]; Capital
sim que o permitir a situação financeira da companhia. a Integralizar [Patrimônio Líquido = R$ 5.200,00].
* § 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no
c) Capital a Integralizar [Ativo Circulante = R$
exercício social em que os órgãos da administração informarem à
3.200,00]; Caixa [Ativo Circulante = R$ 5.200,00];
assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a situação financei-
ra da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar
Capital Social [Patrimônio Líquido = R$ 8.400,00].
parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus adminis- d) Capital Social [Patrimônio Líquido = R$
tradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 8.400,00]; Caixa [Ativo Circulante = R$ 5.200,00];
(cinco) dias da realização da assembleia geral, exposição justificativa da Capital a Integralizar [Patrimônio Líquido = R$
informação transmitida à assembleia.” 3.200,00].
- (-) Ações em Tesouraria e) Capital a Subscrever [Patrimônio Líquido =
Lei 6.404/76 R$ 3.200,00]; Caixa [Ativo Circulante = R$ 5.200,00];
Art. 182. Capital Social [Patrimônio Líquido = R$ 8.400,00].
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no D
balanço como dedução da conta do Patrimônio Líquido A questão demanda que o candidato encontre o saldo das
que registrar a origem dos recursos aplicados na sua contas. Para apurar os saldos, efetuaremos a movimentação
aquisição.” contábil por meio da contabilização:
- (-) Prejuízo Acumulado - Contabilização da constituição dos saldos de Capital So-
Ex.: (ESAF) No tratamento contábil das contas de Reser- cial:
vas, são classificadas como Reservas de Lucros: D: Capital a Integralizar: R$ 8.400,00
C: Capital Social: R$ 8.400,00
a) a Reserva de Reavaliação de Ativos Próprios
- Contabilização da integralização em dinheiro:
e a Reserva Legal. D: Caixa: R$ 5.200,00
b) a Reserva para Contingências e a Reserva de C: Capital a Integralizar: R$ 5.200,00
Incentivos Fiscais. - Saldos:
c) a Reserva de Lucros para Expansão e a Re- Capital Social (PL) = R$ 8.400,00
serva de Ágio na Emissão de Ações. (-) Capital a Integralizar (Retificadora do PL) = R$ 3.200,00
(8.400 – 5.200)
d) a Reserva de Contingência e a Reserva de
Caixa (AC) = R$ 5.200,00

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Reavaliação de Ativos de Coligadas.
e) a Reserva Especial de Ágio na Incorporação e ANOTAÇÕES
a Reserva Legal.
B
Reservas de Lucros
Reserva Legal;
Reserva Estatutária;
Reserva de Contingências;
Reserva de Incentivos Fiscais;
Reserva de Retenção de Lucros;
NOÇÕES DE ECONOMIA

Reserva de Lucros a Realizar;


Reserva especial de dividendos obrigatórios não
distribuídos.
Ex.: (ESAF) Na assembleia de constituição de uma socie-
dade anônima, é fixado um capital social de R$ 8.400,00
e, na ocasião, os acionistas subscrevem todo o capital
social, integralizando R$ 5.200,00 em moeda corrente.
O registro contábil da operação conduzirá ao surgimento
das seguintes contas, grupos e saldos:
a) Capital Integralizado [Patrimônio Líquido
= R$ 5.200,00]; Capital a Integralizar [Patrimônio
Líquido = R$ 3.200,00]; Caixa [Ativo Circulante = R$ 541
8.400,00].
542
10. Componentes Patrimoniais Teoria Quando uma despesa vier acompanhada dos seguintes
termos: a apropriar, a transcorrer, a incorrer, a vencer significa
e/ou Contabilização que o fato gerador da despesa ainda vai ocorrer. Portanto, não
são contas de resultado, visto que o fato gerador não aconte-
ceu. São contas patrimoniais, pertencentes, em geral, ao Ativo,
Despesa Antecipada e por representar um direito.
Receita Antecipada Despesa a vencer
NOÇÕES DE ECONOMIA

Despesa Antecipada (contas Despesa a apropriar


Despesa Antecipada = Aplicação patrimoniais) Despesa a Incorrer
de Recurso em Despesas Despesa a transcorrer
do Exercício Seguinte
As despesas antecipadas representam pagamentos
Receita Antecipada
antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviço à As receitas antecipadas representam recebimentos anteci-
empresa ocorrerão em momento posterior. O fato gerador pados, cuja entrega do bem ou prestação do serviço ocorrerão
ainda não ocorreu, por isso, não há despesa. Em obediência em momento posterior. O fato gerador ainda não ocorreu, por
isso, não há receita. Em obediência ao regime de competência
ao regime de competência serão registradas, em regra, no
serão registradas, em regra, no Passivo representando uma
Ativo representando um direito (de usar ou consumir). obrigação (de entregar o produto ou prestar o serviço).
Exemplos: aluguéis antecipados, seguros passivos a Exemplos: adiantamento de cliente, receita de serviço a
vencer, assinatura de jornal a apropriar, comissões passivas
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apropriar.
a transcorrer. Exemplo:
Exemplo: Uma empresa recebeu de um cliente o valor de R$
Pagamento de prêmio de seguro contra incêndio no dia 1.200.000,00 para prestar serviços de manutenção pelo prazo
30/09/x1. de um ano.
Período de cobertura: 01/10/x1 a 30/09/x2. Recebimento antecipado para prestar serviços de seguro
Valor pago: R$ 1.524,00 (à vista). pelo prazo de um ano no dia 30/09/x1.
Período para prestação do serviço: 01/10/x1 a 30/09/x.2
Lançamento:
Valor pago: R$ 1.524,00 (à vista).
Registro em 30/09/x1, data do pagamento do seguro:
Lançamento:
D- Seguros a Vencer Registro em 30/09/x1, data do recebimento do seguro:
C- Caixa------------------------------------1.524,00 D- Caixa
Apropriação da despesa com seguro mês a mês, pela C- Receita de Serviço a Apropriar---------1.524,00
fluência do prazo, conforme regime de competência: Apropriação da receita mês a mês, pela fluência do prazo,
D- Seguros conforme regime de competência:
C- Seguros a Vencer------------ 127,00 (1.524/12) D- Receita de Serviço a Apropriar
Existem casos específicos em que as despesas anteci- C- Receita de Serviço ----------- 127,00 (1.524/12)
padas não significam desembolso imediato de recursos, e Exemplo:
sim valores a pagar em curto prazo. A empresa Chaves recebeu do cliente Alfa em 01.04.X1
Exemplo: a quantia de R$ 1.000,00 para entrega de mercadorias em
Contratação de prêmio de seguro contra incêndio no 20.06.X1. A receita só será reconhecida por Chaves quando da
dia 30/09/x1. entrega das mercadorias ao cliente. Quando o cliente efetua o
pagamento à empresa, essa passa a ter a obrigação de entre-
Período de cobertura: 01/10/x1 a 30/09/x2. gar o produto ao cliente.
Valor pago: R$ 1.524,00 (a prazo, em 3 parcelas). Lançamento
Lançamento: Em 01.04.X1 - recebimento em dinheiro:
Registro em 30/09/x1, data da contratação do seguro: D – Caixa
D- Seguros a vencer C - Adiantamento de clientes ------------ 1.000,00
C- Seguros a pagar-------------------------1.524,00 No dia 20.06.X1, quando a mercadoria for entregue, deve-
Apropriação da despesa com seguro mês a mês, pela mos reconhecer a receita:
fluência do prazo, conforme regime de competência: D – Adiantamento de clientes
D- Seguros C – Receita de vendas -------------------- 1.000,00
C- Seguros a Vencer------------ 127,00 (1.524/12) Quando uma receita vier acompanhada dos seguintes ter-
Pagamento das parcelas do seguro: mos: a apropriar, a transcorrer, a realizar, a vencer significa
D- Seguros a pagar
que o fato gerador da receita ainda vai ocorrer. Portanto, não
são contas de resultado, visto que, o fato gerador não aconte-
C- Caixa-------------------------- 508,00 (1.524/3)
ceu. São contas patrimoniais, pertencentes, em geral, ao Passi- D- Receita Financeira a Apropriar
vo, por representar uma obrigação. C- Receita Financeira---------------------1.740,00
Receita a vencer Em 31/12/X1- Apropriação da Receita Financeira, pela
fluência do prazo, atendendo ao regime de competência.
Despesa Antecipada (contas Receita a apropriar
Rendimento do período: 5.400/90 = R$ 60/dia.
patrimoniais) Receita a Incorrer
Dez/X1 = 31 dias x 60 = R$ 1.860,00.
Receita a transcorrer
Apresentação no Balanço Patrimonial de Apresentação na DRE de
Aplicações Financeiras 31/12/X1 31/12/X1
ATIVO Receita financei-
APLICAÇÃO FINANCEIRA ra------3.600,00
Aplicações Financeiras de Aplicações com rendimento pré-fixado
Liquidez Imediata Aplicação Financei-
Aplicações de curtíssimo prazo, resgate em até 3 meses. ra-----------------------105.400,00
Possui alta liquidez, o dinheiro aplicado pode ser resgatado (-) Receita Financeira a Apropriar- (1.800,00)
em qualquer dia dentro desse prazo máximo. Registrada no Em 30/01/X2 – Data do resgate da aplicação financeira
grupo disponível. Apropriação do restante da Receita Financeira
Exemplo: aplicações em caderneta de poupança. Rendimento do período: 5.400/90 = R$ 60/dia.
Aplicações com Rendimento Pré- Jan/X2 = 30 dias x 60 = R$ 1.800,00.
Fixado (Rendimento Antes) D- Receita Financeira a Apropriar
C- Receita Financeira---------------------1.800,00
Quando o investidor já sabe o valor do rendimento no
próprio dia da aplicação, ou seja, na data da aplicação já sabe Cálculo do IRRF
quanto será resgatado. IRRF: 5.400 x 1,5% = R$ 81,00.
O valor da receita financeira será apropriado proporcional- D- IRRF a Compensar
mente ao número de dias da aplicação (pro rata die), excluindo C- Aplicação Financeira----------------------81,00
o primeiro dia e incluindo o último. Obs.: a conta IRRF a Compensar representa um crédito da
Exemplo: empresa contra a Receita Federal. É, portanto, uma conta de
Em 01/11/X1, a empresa Alfa efetuou uma aplicação no val- Ativo, e poderá ser compensada com o Imposto de Renda so-
or de R$ 100.000,00, com rendimento (total) pré-fixado de R$ bre o lucro real.
5.400,00. O prazo da aplicação é de 90 dias. IRRF (Imposto de Resgate:
Renda Retido na Fonte) de 1,5%.

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Saldo da conta aplicação financeira = 105.400 – 81 = R$
Obs.: como o rendimento total foi pré-fixado, independen- 105.319,00.
temente do regime de capitalização (simples ou composto),
D- Banco
o rendimento será o mesmo, então haverá a apropriação da
receita financeira de forma linear. C- Aplicação Financeira-------105.319,00
Registro da aplicação financeira (1/11/X1): Aplicações com Rendimento Pós-
D- Aplicação Financeira---------------105.400,00 Fixado (Rendimento Depois)
C- Receita Financeira a Apropriar-------- 5.400,00
Quando o investidor não sabe o valor do rendimento na
C- Banco--------------------------------100.000,00
data da aplicação. Esse rendimento somente será conhecido
ATIVO à medida que o tempo vai passando e o dinheiro permanece
APLICAÇÃO FINANCEIRA aplicado.
Aplicações com rendimento pré-fixado Exemplo:
NOÇÕES DE ECONOMIA

Aplicação Financeira-------------------105.400,00 Em 01/11/X1, a empresa Alfa efetuou uma aplicação no val-


(-) Receita Financeira a Apropriar *--- (5.400,00) or de R$ 100.000,00. O prazo da aplicação é de 3 meses. IRRF
* Receita financeira a apropriar: receita antecipada. (Imposto de Renda Retido na Fonte) de 1,5%.
O fato gerador ainda não ocorreu, por isso, não há receita. Obs.: como o rendimento é pós-fixado, somente será con-
Em obediência ao regime de competência, serão registradas, hecido o rendimento ao final de cada mês, pelo tempo que o
em regra no Passivo, representando uma obrigação. Quando dinheiro se mantiver aplicado.
essas receitas antecipadas estiverem relacionadas a itens do Em 1/11/X1 - Registro da aplicação financeira
Ativo, como aplicações financeiras ou empréstimos concedi-
D- Aplicação Financeira
dos, serão contabilizadas como conta retificadora do respec-
tivo Ativo. C- Banco--------------------------------100.000,00
Em 30/11/X1- Apropriação da Receita Financeira, pela ATIVO
fluência do prazo, atendendo ao regime de competência. APLICAÇÃO FINANCEIRA
Rendimento do período: 5.400/90 = R$ 60/dia. Aplicações com rendimento pós-fixado 543
Nov./X1 = 29 dias x 60 = R$ 1.740,00. Aplicação financeira-------------------100.000,00
Em 30/11/X1 - Reconhecimento da Receita Financeira, D- Custo de transação a amortizar----------300,00
544 ao final do primeiro mês de aplicação (novembro). C- Empréstimo Obtido-----------------101.500,00
Rendimento do período: 2% ao mês. PASSIVO
Nov./X1 = 100.000 x 2% = R$ 2.000,00 EMPRÉSTIMO PRÉ-FIXADO
D- Aplicação financeira Empréstimo Obtido--------------------101.500,00
C- Receita Financeira---------------------2.000,00 Juros passivos a transcorrer-------------(1.200,00)
NOÇÕES DE ECONOMIA

Em 31/12/X1- Reconhecimento da Receita Financeira do Custo de transação a amortizar-----------(300,00)


período (dezembro) *Juros passivos a transcorrer: despesa antecipada, em reg-
Rendimento do período: 2,3% ao mês. ra, registrada no Ativo.
Dez./X1 = 102.000 x 2,3% a.m = R$ 2.346,00 Quando essas despesas antecipadas estiverem relaciona-
D- Aplicação financeira das a itens do Passivo, como financiamentos ou empréstimos,
C- Receita Financeira---------------------2.346,00 serão contabilizadas como conta retificadora do respectivo
Passivo.
Apresentação no Balanço Patrimonial Apresentação na DRE de 30/11/X1: Apropriação da Despesa
de 31/12/X1 31/12/X1
ATIVO D- Despesa Financeira------------------------- 400,00
APLICAÇÃO FINANCEIRA Receita financei- D- Despesa com amortização do custo de transação --100,00
Aplicações com rendimento pós-fixado ra--------4.346,00 C- Juros passivos a transcorrer---------------- 400,00
Aplicação Financeira-------104.346,00 C- Custo de transação a amortizar------------ 100,00
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Em 30/01/X2 – Data do resgate da aplicação financeira 31/12/X1: Apropriação da Despesa


Reconhecimento da Receita Financeira do período (ja- D- Despesa Financeira------------------------- 400,00
neiro). D- Despesa com amortização do custo de transação -- 100,00
Rendimento do período: 2,1% a.m
C- Juros passivos a transcorrer---------------- 400,00
Jan./X2 = 104.346 x 2,1% am = R$ 2.191,27
C- Custo de transação a amortizar------------ 100,00
D- Aplicação financeira
C- Receita Financeira---------------------2.191,27 Apresentação no Balanço Patri- Apresentação na DRE de 31/12/X1
monial de 31/12/X1
Cálculo do IRRF
PASSIVO Encargos Financeiros
Rendimento = 2.000,00 + 2.346,00 + 2.191,27 = R$ 6.537,27 EMPRÉSTIMO PRÉ- FIXADO Despesa financeira------- 800,00
IRRF: 6.537,27 x 1,5% = R$ 98,06 Empréstimo Obtido--101.500,00 Despesa com amortização do
D- IRRF a Compensar Juros passivos a transcorrer ----- custo de transação--------200,00
C- Aplicação Financeira----------------------98,06 -------------------------(400,00)
Obs.: a conta IRRF a Compensar representa um crédito da Custo de transação a amortizar
--------------------------(100,00)
empresa contra a Receita Federal. É, portanto, uma conta de
Ativo, e poderá ser compensada com o Imposto de Renda so- 31/01/X2: Data do pagamento do empréstimo
bre o lucro real. Apropriação do restante da despesa
Resgate: D- Despesa Financeira---------------------- 400,00
Saldo da conta aplicação financeira = 100.000,00 + D- Despesa com amortização do custo de transação --100,00
6.537,27 – 98,06 = R$ 106.439,21. C- Juros passivos a transcorrer----------------- 400,00
D- Banco C- Custo de transação a amortizar-------- 100,00
C- Aplicação Financeira----------------106.439,21 Pagamento do empréstimo
D- Empréstimo Obtido
Empréstimos C – Banco--------------------------------101.500,00
Empréstimos Pré-Fixados CPC 20 – Custo dos Empréstimos
Custos de empréstimos são juros e outros custos que a
Caracterizam-se quando a empresa já sabe, no dia da tran-
entidade incorre em conexão com o empréstimo de recursos.
sação, qual o valor dos encargos financeiros incidentes sobre
a operação. Custos de empréstimos incluem:
(a) encargos financeiros calculados com base no método
Exemplo:
da taxa efetiva de juros como descrito nos Pronunciamentos
A empresa Alfa contraiu, em 1/11/X1, um empréstimo no Técnicos CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão
valor de R$101.500,00 que deverá ser pago em 90 dias. Foi de Títulos e Valores Mobiliários e CPC 38 – Instrumentos Finan-
descontada, no ato da liberação do referido empréstimo, a ceiros: Reconhecimento e Mensuração;
importância de R$ 1.200,00, a título de juros e um custo de (b) (eliminada);
transação de R$ 300,00. (c) (eliminada);
Em 01/11/X1: contrato empréstimo (d) encargos financeiros relativos aos arrendamentos mer-
D- Banco--------------------------------100.000,00 cantis financeiros reconhecidos de acordo com o Pronunciamen-
D- Juros passivos a transcorrer *---------1.200,00 to Técnico CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil;
(e) variações cambiais decorrentes de empréstimos em Empréstimo obtido = 101.500 x 2,0% = R$ 2.030,00
moeda estrangeira, na extensão em que elas sejam considera- D- Despesa financeira
das como ajuste, para mais ou para menos, do custo dos juros.
C- Empréstimo Obtido ------------------ 2.030,00
CPC 08 – Custo de Transação
Pagamento do empréstimo (principal + juros)
Custos de transação são somente aqueles incorridos e dire-
tamente atribuíveis às atividades necessárias exclusivamente à D- Empréstimo Obtido
consecução das seguintes transações: C – Banco--------------------------------103.530,00
▷ Distribuição primária de ações ou bônus de subscri- Ex.: (2014/CESPE/SUFRAMA/Contador) Acerca de en-
ção, dividamento das empresas, seus custos, itens do patri-
▷ Aquisição e alienação de ações próprias, mônio líquido e demonstração do resultado abrangente,
▷ Captação de recursos por meio da contratação de julgue o item seguinte. A conta de despesas financeiras
empréstimos ou financiamentos ou pela emissão de a vencer, decorrentes de empréstimos e financiamentos
títulos de dívida, bem como dos prêmios na emissão contraídos com correção pós-fixada, registra uma despe-
de debêntures e outros instrumentos de dívida ou de sa a ser levada para a de resultado do exercício do ano em
patrimônio líquido. que a empresa contraiu a dívida.
A despesa deve ser registrada no resultado por competência,
Exemplos de custos de transação são: conforme a passagem do tempo, e não no ano em que a
i) gastos com elaboração de prospectos e relatórios;
empresa contraiu a dívida.
ii) remuneração de serviços profissionais de terceiros (advo-
gados, contadores, auditores, consultores, profissionais de ban-
cos de investimento, corretores etc.);
Debêntures
Títulos de crédito, com valor nominal, negociado com o
iii) gastos com publicidade (inclusive os incorridos nos pro-
cessos de road-shows); intuito de captar recursos.
iv) taxas e comissões; Lei 6.404/76
v) custos de transferência; Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que
vi) custos de registro etc. conferirão aos seus titulares direito de crédito contra
ela, nas condições constantes da escritura de emissão
Custos de transação não incluem ágios ou deságios na
e, se houver, do certificado.
emissão dos títulos e valores mobiliários, despesas financeiras,
custos internos administrativos ou custos de carregamento. Art. 56. A debênture poderá assegurar ao seu titular
juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da com-
Empréstimos Pós-Fixados panhia e prêmio de reembolso.
A empresa não sabe o valor dos juros incidentes na op- Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações
eração na data do empréstimo. Esses juros somente serrão nas condições constantes da escritura de emissão.

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conhecido ao final de cada período, pela fluência do prazo do (Grifo nosso)
empréstimo. Para a companhia emissora, as debêntures representam
Exemplo: uma espécie de empréstimos, em que os credores são os
A empresa Alfa contraiu, em 1/12/X1, um empréstimo no próprios debenturistas (essência sobre forma).
valor de R$100.300,00 que deverá ser pago em 60 dias. Os Formas de emissão de debêntures:
juros serão calculados ao final de cada mês. Emissão ao par: debêntures negociadas sem ágio ou
Em 01/12/X1: contrato empréstimo deságio.
D- Banco--------------------------------100.000,00 Valor nominal = Valor de venda.
C- Empréstimo Obtido-----------------100.000,00 Exemplo:
PASSIVO 1.000 debêntures
EMPRÉSTIMO PÓS-FIXADO Valor nominal = R$ 10,00
NOÇÕES DE ECONOMIA

Empréstimo Obtido--------------------100.000,00 Valor de venda: R$ 10,00


31/12/X1: Reconhecimento dos juros do período. Taxa D- Caixa
de 1,5% a.m. C- Debênture a resgatar------------------10.000,00
Empréstimo obtido = 100.000 x 1,5% = R$ 1.500,00 ATIVO PASSIVO
D- Despesa financeira Caixa------------------10.000,00 Debênture a resgatar--10.000,00
C- Empréstimo Obtido ------------------ 1.500,00 Emissão abaixo do par: debêntures negociadas com
deságio.
Apresentação no Balanço Patri- Apresentação na DRE de 31/12/
monial de 31/12/X1 X1
Valor nominal > Valor de venda.
PASSIVO Exemplo:
EMPRÉSTIMO PÓS-FIXADO Encargos Financeiros 1.000 debêntures
Empréstimo Obtido---101.500,00 Despesa financeira----- 1.500,00 Valor nominal = R$ 10,00
30/01/X2: Data do pagamento do empréstimo Valor de venda: R$ 8,00 545
Reconhecimento dos juros do período. Taxa de 2% a.m. D- Caixa-----------------------------------8.000,00
D- Deságio a amortizar--------------------2.000,00 Ex.: (FCC/2013/ICMS SP) Em 01/03/2013, a Empre-
546 C- Debênture a resgatar------------------10.000,00 sa Esperança fez uma captação de recursos no merca-
ATIVO PASSIVO do financeiro, por meio de debêntures, no valor de R$
Caixa--------------8.000,00 Debênture a resgatar-------10.000,00 5.000.000,00, incorrendo em custos de transação no valor
(-) Deságio a amor- de R$ 450.000,00. A taxa de juros compostos contratual
tizar-----(2.000,00)
da operação foi de 10% ao ano, sendo que a empresa fará
NOÇÕES DE ECONOMIA

Emissão acima do par: debêntures negociadas com prê-


o resgate das debêntures, num único pagamento (princi-
mio (ágio).
pal e juros), ao final de três anos. Pelas regras atuais, em
Valor nominal < Valor de venda.
01/03/2013, a Empresa Esperança
Exemplo:
1.000 debêntures a) não reconheceu Despesa com Encargos
Valor nominal = R$ 10,00 Financeiros.
Valor de venda: R$ 12,00 b) reconheceu Despesa com Encargos Financei-
D- Caixa----------------------------------12.000,00
ros de 450.000,00.
C- Debênture a resgatar------------------10.000,00
c) reconheceu Despesa com Encargos Financei-
C- Prêmio recebido na emissão de debênture a apropri-
ros de 950.000,00.
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ar--------------------------------------2.000,00
ATIVO PASSIVO d) reconheceu Despesa com Encargos Financei-
Caixa------------------12.000,00 Debênture a resgatar--10.000,00 ros de 1.655.000,00.
PRED a apropriar--------2.000,00
e) reconheceu Despesa com Encargos Financei-
Exemplo:
1.000 debêntures ros de 2.105.000,00.
Valor nominal = R$ 10,00 A
Valor de venda: R$ 12,00 Em 01/03/2013, o custo de transação deverá ser contabiliza-
Custo de transação: R$ 500,00 do como conta retificadora do Passivo e apropriado ao resultado,
D- Caixa----------------------------------11.500,00 mês a mês, pela fluência do prazo.
D- Custo de transação a amortizar--------500,00
C- Debênture a resgatar------------------10.000,00
Folha de Pagamento
C- Prêmio recebido na emissão de debênture a apropri- Documento elaborado ao final de cada mês contendo os
ar--------------------------------------2.000,00 valores das remunerações dos funcionários da entidade. En-
ATIVO PASSIVO
globa o nome dos empregados, seus cargos, valores que in-
Caixa-------------------11.500,00 Debênture a resgatar--10.000,00 tegram suas remunerações, categorias como contribuintes da
(-) Custo de transação a amor- Previdência.
tizar-----------------500,00
PRED a apropriar-------2.000,00 Os salários, encargos e contribuições trabalhistas e prev-
idenciárias a cargo do empregador, representam DESPESAS
CPC 08 – Custo de Transação
para empresa, conforme o regime de competência. Valores
Os custos de transação incorridos na captação de recursos
retidos dos empregados, como Imposto de Renda e con-
por meio da contratação de instrumento de dívida (emprés-
tribuição, não são despesas da empresa, e sim do próprio
timos, financiamentos ou títulos de dívida tais como debên-
tures, notas comerciais ou outros valores mobiliários) devem empregado.
ser contabilizados como redução do valor justo inicialmente No modelo de folha de pagamento, inicialmente são feitas
reconhecido do instrumento financeiro emitido, para eviden- as descrições individuais de cada empregado e, no final, o re-
ciação do valor líquido recebido. Em outras palavras, será sumo geral. Registraremos o resumo geral.
reconhecido inicialmente como conta retificadora do Passivo.
EXEMPLO
Os encargos financeiros incorridos na captação de recursos
FOLHA DE PAGAMENTO/ RESUMO MENSAL
junto a terceiros devem ser apropriados ao resultado em função
da fluência do prazo, pelo custo amortizado usando o método Empresa:
dos juros efetivos. Mês/Ano:
Código Empregado Evento Referência Provento (R$) Desconto(R$)
Cargo: Nome do Empregado Descrição individual de cada empregado
Cargo
Resumo Mensal
Salário-base 200.000,00
Auxílio-Maternidade 2.000,00
Salário-Fámilia 500,00
INSS 9.500,00
IRRF 6.000,00
202.500,00 15.500,00
FGTS: Líguido a Receber 187.000,00
16.000,00
BC-FGTS: 200.000,00 BC-INSS: 200.000,00

As questões que abordam esse assunto podem solicitar C- IRRF a recolher-------------------------6.000,00


o total da despesa da empresa, então precisamos identificar 3º passo: Auxílio-Maternidade e Salário-Família
essas despesas. Auxílio-Maternidade - Despesa da Previdência. É um
Salário-base Despesa da empresa 200.000,00 benefício pago às seguradas que acabaram de ter um filho,
Auxílio-Maternidade Despesa da Previdência 2.000,00
seja por parto ou adoção, ou aos segurados que adotem uma
criança.
Salário-Família Despesa da Previdência 500,00
Salário-Família - Despesa da Previdência. É um valor pago
INSS (empregado) Despesa do empregado 9.500,00 ao empregado (inclusive o doméstico) e ao trabalhador avul-
IRRF Despesa do empregado 6.000,00 so, segurados da Previdência, de acordo com o número de fil-
FGTS Despesa da empresa 16.000,00 hos ou equiparados que possua. Filhos maiores de quatorze
anos não têm direito, exceto no caso dos inválidos (para quem
40.000,00
INSS (patronal) Despesa da empresa
(guia INSS)
não há limite de idade).
Nas duas situações, são gastos assumidos pela Previdência
TOTAL DESPESA DA EMPRESA R$ 256.000,00
que deverão ser pagos ao empregado pelo empregador (au-
Contabilização da folha de pagamento.

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mentando o montante do salário a pagar) e compensados com
1º passo: reconhecimento da despesa com salário o valor devido a título de contribuição previdenciária patronal
D- Salários (diminuindo o saldo do INSS a recolher).
C- Salários a pagar--------------------- 200.000,00 D- INSS a recolher
* Neste exemplo, os salários serão pagos no quinto dia C- Salários a pagar------------------------ 2.500,00
útil do mês subsequente. Caso o salário seja pago dentro do 4º passo: INSS patronal
próprio mês, a contrapartida será o caixa, não sendo reconhe-
Para o empregador, o INSS patronal é um tributo, visto que
cida nenhuma obrigação.
o contribuinte não recebe uma contrapartida pelos valores pa-
Salários gos. Assim, a empresa lança como despesa do período e em
a Caixa contrapartida assume a obrigação de recolher à Previdência
2º passo: INSS do segurado e IRRF no mês subsequente.
NOÇÕES DE ECONOMIA

INSS - Despesa do próprio empregado. Funciona como D- INSS


uma espécie de seguro social para o qual ele contribui ao lon- C- INSS a recolher----------------------- 40.000,00
go dos anos, na expectativa de receber uma aposentadoria no
5º passo: FGTS
futuro.
IRRF – Despesa do próprio empregado. É uma obrigação Criado com o objetivo de proteger o trabalhador demitido
tributária principal em que a pessoa jurídica ou equiparada sem justa causa, mediante a abertura de uma conta vinculada
(empresa), está obrigada a reter do beneficiário da renda (em- ao contrato de trabalho. Os depósitos são feitos pelo empre-
pregado), o imposto correspondente. gador em nome do empregado, na Caixa Econômica Federal.
Portanto, é uma despesa do empregador, que não poderá ser
Nas duas situações, o valor devido pelo empregado é
descontado pelo empregador do montante do salário a pa- descontada do salário do empregado.
gar e repassado à Previdência ou Secretaria da Fazenda. Em D- FGTS
contrapartida, a empresa reconhece a obrigação de repassar C- FGTS a recolher-----------------------16.000,00
os valores aos órgãos competentes. Total do Passivo----------------------- 256.000,00
D- Salários a pagar------------------------15.500,00 Salários a pagar: 200.000,00 – 15.500,00 + 2.500,00 = 547
C-INSS a recolher--------------------------9.500,00 187.000,00
INSS a recolher: 9.500,00 – 2.500,00 + 40.000,00 = sificados para outro grupo de ativos, devem ser baixados no
548 47.000,00 balanço de abertura, na data de transição, mediante o reg-
IRRF a recolher: 6.000,00 istro do valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido
FGTS a recolher: 16.000,00 dos efeitos fiscais ou mantidos nesse grupo até sua completa
No mês subsequente, pagamento das obrigações: amortização, sujeito à análise sobre recuperação.
D- Salários a pagar----------------------187.000,00 Conclusão: o Ativo Diferido foi extinto pela Lei 11.941/09.
D- FGTS a recolher---------------------- 16.000,00 Consequências:
NOÇÕES DE ECONOMIA

D- INSS a recolher------------------------47.000,00 Se puderem ser classificados em outro grupo de contas:


serão alocadas para esse grupo.
D- IRRF a recolher-------------------------6.000,00
Exemplo: transferência para Intangível ou Imobilizado.
C- Caixa---------------------------------256.000,00
Ex.: (2014/CESPE/SUFRAMA/Contador) Acerca de en- D- Ativo Diferido
dividamento das empresas, seus custos, itens do patri- C- Imobilizado ou Intangível
mônio líquido e demonstração do resultado abrangente, Caso não possam ser reclassificados em outro grupo de
julgue o item seguinte. contas.
Salário mensal do empregado ............... R$ 1.000,00 2.1. Poderá permanecer no Ativo sob essa classificação até
Adiantamento salarial ................................R$ 250,00 sua completa amortização, sujeito à análise sobre a recuper-
Previdência Social, parte patronal ....................... 21% ação/teste de impairment. (Lei 6.404/76 e CPC 13).
Previdência Social, parte do segurado ..................11% D- Despesa com Amortização
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço .............8% C- Amortização Acumulada
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Considerando que tenha sido este o fato ocorrido, podem- 2.2. Poderá ter seus saldos baixados no balanço de abertura,
os dizer que essa empresa deverá contabilizar uma despesa na data de transição, mediante o registro do valor contra lucros
no valor de ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais (CPC 13).
a) R$ 1.400,00. D- Lucros ou Prejuízos Acumulados
b) R$ 1.320,00. C- Ativo Diferido
c) R$ 1.290,00.
d) R$ 1.210,00.
Reserva de Reavaliação
A reavaliação não é mais permitida no Brasil desde a
e) R$ 1.150,00. vigência da Lei 11.638/07.
C Art. 178, Lei 6.404/76
Salário mensal do empregado....................................... §2º, d) patrimônio líquido, dividido em capital social,
R$ 1.000,00 – DESPESA DA EMPRESA
reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial,
Adiantamento salarial ................................................... reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos
  R$ 250,00 - DIREITO
acumulados.
Previdência Social, parte patronal .................................
 21% x 1.000 = 210 – DESPESA DA EMPRESA Os saldos existentes nas reservas de reavaliação deverão
ser mantidos até a sua efetiva realização ou estornados até o
Previdência Social, parte do segurado ...........................
final do exercício social em que esta Lei entrar em vigor.
  11% - DESPESA DO EMPREGADO
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.................... CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida
  8% x 1.000 = 80 – DESPESA DA EMPRESA Provisória no 449/08
TOTAL DESPESA = 1.290,00 A Lei nº 11.638/07 eliminou a possibilidade de reavaliação
espontânea de bens.
Ativo Diferido (Extinto Assim, os saldos existentes nas reservas de reavaliação
constituídas antes da vigência dessa Lei, inclusive as reaval-
pela Lei 11.941/09) iações reflexas de controladas e coligadas, devem:
Art. 299-A, Lei 6.404/76 - O saldo existente em 31 (a) ser mantidos até sua efetiva realização; ou
de dezembro de 2008 no Ativo diferido que, pela (b) ser estornados até o término do exercício social de
sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo 2008.
de contas, poderá permanecer no Ativo sob essa
classificação até sua completa amortização, sujeito Conclusão: a reserva de reavaliação foi extinta pela Lei
à análise sobre a recuperação de que trata o § 3o 11.638/07.
do art. 183 desta Lei. (Grifo nosso) CPC 13 – Adoção Consequências:
Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória no Se optarem por manter o saldo da reserva até sua comple-
449/08 ta realização:
A Lei nº. 11.638/07 restringiu o lançamento de gastos no O valor do Ativo Imobilizado reavaliado existente no in-
Ativo diferido, mas, após isso, a Medida Provisória nº 449/08 ício do exercício social passa a ser considerado como o novo
extinguiu esse grupo de contas. Assim, os ajustes iniciais de valor de custo para fins de mensuração futura e determinação
adoção das novas Lei e Medida Provisória devem ser assim do valor recuperável. A reserva de reavaliação, no patrimônio
registrados: os gastos ativados que não possam ser reclas- líquido, continuará sendo realizada para a conta de lucros ou
prejuízos acumulados, na mesma base que vinha sendo efetu- C- Duplicatas a receber-----------------480.000,00
ada antes da promulgação da Lei nº. 11.638/07. O que fazer com a ECLD? Baixar em contrapartida do sal-
D- Reserva de reavaliação do da duplicata pois, entendemos que esse direito não será
C- Lucros acumulados exercido.
A reserva será realizada na mesma proporção que o bem D- Estimativa de Créditos de Liquidação Duvidosa
reavaliado vai sendo depreciado, amortizado, exaurido, baixa- C- Duplicata a Receber------------------ 20.000,00
do por perecimento ou venda.
2ª consequência: perda não comprovada, ou seja, todo
Se optarem por estornar o saldo da reserva até o término valor foi recebido.
de 2008:
Durante o exercício de X2, foram recebidos R$ 500.000,00
O estorno retroagirá à data de transição estabelecida pela
das duplicatas a receber, não havendo inadimplência.
entidade quando da adoção inicial da Lei nº 11.638/07. O mes-
mo tratamento deve ser dado com referência à reversão dos D- Caixa
impostos e contribuições diferidos, que foram registrados por C- Duplicatas a receber-----------------500.000,00
ocasião da contabilização de reavaliação. O que fazer com a ECLD? Reverter, reconhecendo uma re-
D- Reserva de Reavaliação ceita.
C- Bem reavaliado D- Estimativa de Créditos de Liquidação Duvidosa
D- Imposto de Renda Diferido C- Reversão de Estimativa de Créditos de Liquidação Duvi-
C- Tributo s/ Reserva de Reavaliação dosa -----------------------------20.000,00
3ª consequência: Perda > Estimativa
Estimativa de Crédito de Vamos considerar uma perda de R$ 30.000,00, como ex-
Liquidação Duvidosa emplo.
Conta retificadora dos créditos a receber de clientes, di- Durante o exercício de X2, foram recebidos R$ 470.000,00
ante da possibilidade de inadimplência deles. Pode-se afirmar do total de duplicatas a receber, sendo comprovada uma inad-
que o termo Estimativa de Crédito de Liquidação Duvidosa é implência de R$ 30.000,00, uma perda maior que a estimada.
um eufemismo para se referir aos “CALOTEIROS”. D- Caixa
O valor da provisão é obtido aplicando-se um percentual C- Duplicatas a receber-----------------470.000,00
(baseado nas perdas com clientes de períodos anteriores) so- O que fazer com o excesso de perda? Registrar direta-
bre os valores a receber existentes na época do Balanço Patri- mente no resultado como despesa, usaremos a conta perda
monial. A constituição da estimativa de perda faz com que as com clientes.
contas a receber sejam avaliadas de acordo com o critério do D- Estimativa de Créditos de Liquidação Duvidosa ------------
valor provável de realização (valor recuperável).

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-----------------------------------20.000,00
Exemplo: D- Perda com Clientes-------------------10.000,00
Em 31/12/X1, a Cia Alfa Ltda. possuía saldo de duplicatas
C- Duplicata a Receber------------------30.000,00
e outras contas a receber no montante de R$ 500.000,00. O
departamento de crédito e cobrança estimou em 4% as perdas 4ª consequência: Perda < Provisão
prováveis no recebimento desses créditos. Vamos considerar uma perda de R$ 15.000,00, como ex-
Em 31/12/X1 – Constituição PDD emplo.
D- Perdas com Créditos de Liquidação Duvidosa Durante o exercício de X2, foram recebidos R$ 485.000,00
do total de duplicatas a receber, sendo comprovada uma inad-
C- Estimativa de Créditos de Liquidação Duvidosa ---------
-------------------20.000 (500.000 x 4%) implência de R$ 15.000,00, uma perda menor que a estimada.
Assim, no balanço patrimonial de 31/12/x1, teremos: D- Caixa
AC C- Duplicatas a receber-----------------485.000,00
NOÇÕES DE ECONOMIA

Duplicatas a Receber------------------- 500.000,00 O que fazer com a diferença? Registrar diretamente no re-
sultado como receita.
(-) Estimativa de Créditos de Liquidação Duvidosa ------------
---------------------------------(20.000,00) D- Estimativa de Créditos de Liquidação Duvidosa --------
-------------------------------------20.000
As perdas reconhecidas em um período serão confirma-
das no exercício seguinte, à medida que as duplicatas forem C- Reversão de Estimativa de Créditos de Liquidação Du-
ou não sendo recebidas. De modo que no período seguinte, vidosa ----5.000
as estimativas de perda do período anterior, podem ter quatro C- Duplicata a Receber----------------------15.000
consequências: 5ª consequência: a partir de X3
Em X2 (Exercício seguinte): Em X2 a duplicata foi considerada incobrável e, portanto,
1ª consequência: perda comprovada baixada como perda. A partir de X3, a qualquer tempo, o cli-
Durante o exercício de X2, foram recebidos R$ 480.000,00 ente resolve pagar a dívida. Neste caso, o ganho vai direta-
do total de duplicatas a receber, sendo comprovada uma in- mente para o resultado como receita.
adimplência de R$ 20.000,00, exatamente o valor estimado. D- Caixa 549
D- Caixa C- Receita Eventual----------------------20.000,00
Para reconhecermos essa receita eventual, a duplicata de- Com a aplicação do conceito da essência sobre a forma,
550 verá ter sido baixada em um momento anterior, por ser con- o desconto de duplicatas é semelhante a um empréstimo
siderada incobrável. bancário, no qual as duplicatas são entregues ao banco em
Ex.: (SEFAZ PI /FCC /2015) A Cia. Vende a Prazo S.A. garantia. Por esse motivo, a conta duplicata descontada será
apresentava em seu Balanço Patrimonial de 31/12/2013 evidenciada no Passivo e os encargos incidentes na operação
os seguintes saldos relativos às suas vendas a prazo: e cobrados antecipadamente, serão registrados como conta
▷ Duplicatas a Receber de Clientes: R$ 500.000,00 retificadora do Passivo e apropriados ao resultado pela fluên-
NOÇÕES DE ECONOMIA

▷ Estimativa para Perdas com Créditos de Liquidação cia do prazo, obedecendo ao regime de competência.
Duvidosa (EPCLD): R$ 25.000,00 Exemplo:
Em fevereiro de 2014, a Cia. Vende a Prazo S.A. foi infor- No dia 01/03/X1 a empresa Alfa efetuou o desconto de du-
mada de que um importante cliente não tinha condições de plicatas vencíveis em dois meses, no valor de R$ 20.000,00,
saldar a sua dívida no valor de R$ 20.000,00 que foi conside- junto ao Banco Sul, cobrando, este, antecipadamente juros de
rada incobrável. R$ 1.200,00 e mais despesas bancárias de R$ 300,00 pela op-
Ao reconhecer este evento, a Cia. Vende a Prazo S.A. eração. Nesta data foi creditado na conta corrente da empresa
a) reduziu o Patrimônio Líquido. o valor líquido de R$ 18.500,00.
b) reduziu o saldo de Duplicatas a Receber de 01/03/x1- Desconto da Duplicata
D- Banco--------------------------------- 18.500,00
Clientes.
D- Juros passivos a vencer-----------------1.200,00
c) reduziu o saldo total do Ativo. D- Custo de transação a amortizar----------300,00
d) reconheceu uma Perda com Clientes no resul-
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C- Duplicata descontada----------------20.000,00
tado do período. PASSIVO
e) creditou a conta EPCLD e debitou o Resulta- PASSIVO CIRCULANTE
do do período. Duplicata Descontada-----------------20.000,00
B (-) Juros Passivos a Vencer------------(1.200,00)
É confirmada uma perda de R$ 20.000,00. A Cia. deverá (-) Custo de Transação a amortizar------(300,00)
efetuar o seguinte lançamento: ATIVO
D- Estimativa para Perdas com Créditos de Liquidação Du- Banco------------------------------------18.500,00
vidosa (EPCLD) Duplicata a receber---------------------20.000,00 (saldo
C- Duplicatas a Receber de Clientes------20.000,00 inicial do Ativo)
a) reduziu o Patrimônio Líquido. 31/03/x1 – Apropriação dos encargos financeiros (adotare-
Errado. Fato permutativo no Ativo, não altera o PL. mos o método linear, a fim de simplificar os cálculos)
b) reduziu o saldo de Duplicatas a Receber de Clientes. D- Encargos financeiros -------------------750,00
Certo. A conta de duplicata a receber foi creditada. C- Juros passivos a vencer------------------ 600,00
c) reduziu o saldo total do Ativo. C- Custo de transação a amortizar--------- 150,00
Errado. Fato permutativo no Ativo, não altera o total do 30/04/x1 – Apropriação do restante dos encargos financeiros
Ativo.
D- Encargos financeiros --------------------750,00
d) reconheceu uma Perda com Clientes no resultado do
período. C- Juros passivos a vencer------------------ 600,00
Errado. Não houve excesso de perda e havia uma provisão C- Custo de transação a amortizar--------- 150,00
constituída anteriormente. 30/04/x1 – Vencimento da Duplicata
e) creditou a conta EPCLD e debitou o Resultado do pe- 1ª consequência: o banco recebe os R$ 20.000,00 refer-
ríodo. entes à duplicata. É remetido um aviso à empresa Alfa, que só
Errado. Creditou a conta Duplicata a receber de clientes e então efetua a baixa das duplicatas descontadas, mediante o
debitou a Estimativa para Perdas com Créditos de Liquida- seguinte lançamento:
ção Duvidosa. D- Duplicata Descontada
C- Duplicata a Receber-------------------20.000,00
Duplicata Descontada Quando o devedor vai ao banco e paga a duplicata, dois
O desconto de duplicatas é uma operação financeira em problemas serão resolvidos de uma só vez. Ou seja, o cliente
que a empresa entrega determinadas duplicatas para o banco resolve seu problema com a empresa Alfa (baixa do direito) e
e este lhe antecipa o valor em conta corrente, cobrando juros esta com o banco (baixa da obrigação).
antecipadamente. 2ª consequência: o banco não recebeu as duplicatas. Neste
Embora a propriedade dos títulos negociados seja trans- caso, a empresa Alfa terá que arcar com o pagamento da dívi-
ferida para a instituição, a empresa está coobrigada, juntam- da junto ao banco, e continuará com o direito de receber a du-
ente com os devedores, ao pagamento das duplicatas, isto é, plicata do cliente.
caso os devedores não paguem ao banco, a empresa assumirá D- Duplicata Descontada
a dívida. C- Banco----------------------------------20.000,00
Ex.: (AFRFB/ESAF/2014) De acordo com as normas con- Ex.: (2003/ESAF/AFRFB) Assinale abaixo a opção que
tábeis atualizadas, os juros cobrados sobre a operação de contém a asserção verdadeira.
desconto devem ser: a) A nota promissória é um título de crédito au-
a) lançados como despesa financeira após o recebi- tônomo, próprio para operações mercantis de compra
mento do último título descontado. e venda entre pessoas físicas.
b) contabilizados pelo montante total dos juros b) O sacado na nota promissória é o credor,
descontados como despesas no momento inicial da enquanto que na duplicata o sacado é o devedor.
operação. c) A duplicata é um título de crédito próprio
c) registrados como despesas financeiras no momento para transações financeiras, que só é emitido por
da quitação de cada um dos títulos descontados. pessoas jurídicas.
d) registrados como despesa financeira em três parce- d) A nota promissória e a duplicata são títu-
las iguais através de rateio do total por 90 dias. los de crédito, sendo que na primeira o emitente é
e) transferidos para o resultado como despesa finan- também chamado sacado; e na segunda, o emitente é
ceira de acordo com o regime de competência. também chamado sacador.
E e) A triplicata é um título de crédito de emissão
Os juros cobrados no início da operação de desconto ficam
em conta de juros a incorrer (despesa antecipada), e são apro- obrigatória, mas apenas quando houver o extravio da
priados como despesa com o passar do tempo, em atendimento segunda duplicata.
ao princípio da competência. D
Alternativa: A. Incorreta. A NP é um título autônomo, mas
Duplicata x Nota Promissória não é próprio para operações mercantis de compra e venda. É
um título utilizado em operações financeiras.
Duplicata: Título Comercial Alternativa: B. Incorreta. O sacado na nota promissória é o
Além da fatura, que é de emissão obrigatória nas vendas devedor, que saca (emite) o título contra si próprio.
a prazo, o comerciante pode emitir duplicata. Sua emissão é Alternativa: C.Incorreta. A duplicata é um título de crédito
comum nas vendas a prazo. próprio para transações comerciais.
Alternativa: D. Correta. Nota promissória é emitida pelo
VENDEDOR COMPRADOR próprio devedor (sacado) e a duplicata é emitida pelo credor
(credor) (devedor) (sacador).
Emite NF, Fatura e Duplicata. Aceita a duplicata.

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Alternativa: E. Incorreta. A triplicata é a 2ª via da duplicata,
Obs.: o aceite é o reconhecimento da dívida representada não é de emissão obrigatória.
pelo título de crédito, mediante a assinatura do devedor.
Duplicata emitida
Direito Ativo Duplicata a Receber
ANOTAÇÕES
(de nossa emissão)
Duplicata aceita
Obrigação Passivo Duplicata a Pagar
(de nosso aceite)

Nota Promissória: Título Financeiro


A nota promissória é uma promessa de pagamento feita
pelo devedor em favor de seu credor. O emitente assina uma
declaração de que pagará, na data combinada, certa quantia
NOÇÕES DE ECONOMIA

ao credor indicado no título. É utilizada por bancos, sociedades


imobiliárias e demais pessoas que não operem com merca-
dorias ou prestação de serviços.
Ao contrário da duplicata, quem emite a nota promissória
é o próprio devedor.
CREDOR DEVEDOR
Aceita a Nota Promissória. Emite a Nota Promissória.
Obs.: não há necessidade de aceite da nota promissória,
uma vez que, ao emitir o título, o devedor já reconhece a dívida.
Nota promissória emiti-
Obrigação Passivo NP a Pagar
da (de nossa emissão)
Nota promissória aceita 551
Direito Ativo NP a receber
(emitida por terceiro)
552
11. Operações com Mercadorias Ativo Circulante
Estoque
(-) Estimativa de Ajuste ao Valor Realizável Líquido
Estoques – Conceito e Composição Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no
Conceito curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados
São bens adquiridos ou produzidos pela empresa com o para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para
NOÇÕES DE ECONOMIA

objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de se concretizar a venda.


suas atividades A prática de reduzir o valor de custo dos estoques para o
Definição segundo CPC 16- Estoques: valor realizável líquido é consistente com o ponto de vista de
Estoques são Ativos: que os Ativos não devem ser escriturados por quantias supe-
riores àquelas que se espera que sejam realizadas com a sua
a) mantidos para venda no curso normal dos negócios;
venda ou uso.
b) em processo de produção para essa venda; ou
Ex.: (CESPE) Neste item, é apresentada uma situação hipo-
c) na forma de materiais ou suprimentos, a serem con- tética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Uma grande
sumidos ou transformados no processo de produção
empresa de comércio varejista adquiriu um lote de merca-
ou na prestação de serviços.
dorias para revenda ao custo de R$ 900.000,00. No encerra-
Componentes do Grupo Estoque mento do exercício, a empresa apurou que o valor realizável
Bens adquiridos e destinados à venda, incluindo, por ex- líquido desse lote era avaliado em R$ 700.000,00. Nessa
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emplo, mercadorias compradas por um varejista para revenda, situação, a empresa deverá realizar uma contabilização,
ou terrenos e outros imóveis para revenda; lançando o valor de R$ 200.000,00 em uma conta do Ativo
Produtos acabados e produtos em processo de produção e e em uma conta do Patrimônio Líquido.
incluem matérias-primas e materiais aguardando utilização no Os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo (R$
processo de produção, tais como: componentes, embalagens e 900.000,00) ou pelo valor realizável líquido (R$ 700.000,00),
material de consumo. dos dois, o menor.
Como o VRL foi inferior, o custo deverá ser deduzido de
Mensuração do Estoque estimativa para ajustá-lo ao valor de mercado, por meio do
Lei 6.404/76 seguinte lançamento:
D- Perdas estimadas para ajuste ao valor realizável líqui-
Os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou
pelo valor justo, dos dois, o menor. do.
Art. 183, Lei 6.404/76 C- Estimativa de ajuste ao valor realizável líqui-
II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias do--------200.000,00.
e produtos do comércio da companhia, assim A quantia de qualquer redução dos estoques para o val-
como matérias-primas, produtos em fabricação e or realizável líquido deve ser reconhecida como despesa do
bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou período em que a redução ocorrer. Portanto, o item está in-
produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao correto.
valor de mercado, quando este for inferior;
§ 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se Custo do Estoque
valor justo: O valor de custo dos estoques deve incluir todos os custos
a) das matérias-primas e dos bens em almox- de aquisição e de transformação, bem como outros custos in-
arifado, o preço pelo qual possam ser repostos, corridos para trazer os estoques à sua condição e localização
mediante compra no mercado; atuais.
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o CPC 16 – Estoques:
preço líquido de realização mediante venda no O custo de aquisição dos estoques compreende:
mercado, deduzidos os impostos e demais des-
▷ o preço de compra;
pesas necessárias para a venda, e a margem de
lucro. ▷ os impostos de importação e outros tributos (exceto
os recuperáveis junto ao Fisco);
Ativo Circulante
Estoque
▷ os custos de transporte, seguro, manuseio e outros
(-) Estimativa de Ajuste ao Valor de Mercado diretamente atribuíveis à aquisição de produtos aca-
bados, materiais e serviços.
CPC 16 – Estoques * Descontos comerciais, abatimentos e outros itens sem-
Os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou elhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de
pelo valor realizável líquido, dos dois, o menor. aquisição.
Preço de compra, Operações de Compra
+ Impostos de importação e outros tributos
(-) Impostos recuperáveis junto ao Fisco Impostos Recuperáveis
+ Custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente
atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços.
De acordo com a CF/88, o IPI e o ICMS:
(-) Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes ▷ Impostos recuperáveis ou não cumulativos: o ad-
CUSTO DE AQUISIÇÃO quirente da mercadoria tem o direito de se creditar
Armazenagem de matéria-prima = CUSTO DE PRODUÇÃO do imposto cobrado em operações anteriores, para
Armazenagem de mercadorias ou produtos acabados = DESPESA compensá-lo com o imposto devido na operação
Outros Custos seguinte.
Outros custos que não são de aquisição nem de transfor- Compra = crédito = imposto a recuperar
mação devem ser incluídos nos custos dos estoques somente Venda = obrigação = imposto a recolher
na medida em que sejam incorridos para colocar os estoques
Os impostos incidentes nas operações de compras, quando recupe-
no seu local e na sua condição atuais. Por exemplo, pode ser ráveis, não integrarão o custo de aquisição.
apropriado incluir no custo dos estoques gastos gerais que não
sejam de produção ou os custos de desenho de produtos para a) ICMS
clientes específicos. Características:
Itens não incluídos no custo dos estoques e reconhecidos ▷ Competência estadual.
como despesa do período em que são incorridos: ▷ Incide sobre a circulação de mercadorias e prestação
a) valor anormal de desperdício de materiais, mão de obra de serviços de transporte interestadual e intermu-
ou outros insumos de produção; nicipal e de comunicação.
b) gastos com armazenamento, a menos que sejam ▷ Imposto “por dentro”; seu valor está incluso no
necessários ao processo produtivo entre uma e outra fase de preço da mercadoria, ou seja, faz parte da sua
produção; própria base de cálculo.
c) despesas administrativas que não contribuem para traz- ▷ Como o ICMS é um tributo não cumulativo, o valor
er o estoque ao seu local e condição atuais; e do ICMS pago ao fornecedor por ocasião da compra
d) despesas de comercialização, incluindo a venda e a en- corresponde a um direito da empresa classificado no
trega dos bens e serviços aos clientes. Ativo Circulante, caso a empresa seja contribuinte
O Pronunciamento CPC 20 – Custos de Empréstimos – es- do imposto, e não integra o custo dos estoques de
tabelece que os custos de empréstimos que são diretamente mercadorias.

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atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um Ativo ▷ Mercadoria é a coisa móvel destinada ao comércio. Para
qualificável formam parte do custo de tal Ativo, ou seja, os
efeito do ICMS a energia é tratada como mercadoria.
custos de empréstimos incorridos para financiar a con-
Exclui os bens imóveis, ainda que sejam destinados à
strução de Ativos qualificáveis são apropriados ao custo do
venda;
Ativo. Outros custos de empréstimos devem ser reconhecidos
como despesa no período em que são incorridos. ▷ Contribuinte do imposto: Comércio/ Indústria.
* Custos de empréstimos são juros e outros custos que a A compra gera CRÉDITO de ICMS – ICMS a recuperar.
entidade incorre em conexão com o empréstimo de recursos. A venda da mercadoria gera DÉBITO de ICMS- ICMS a recolher.
* Ativo qualificável é um Ativo que, necessariamente, No período de apuração da conta, os créditos e débitos de
demanda um período de tempo substancial para ficar pronto ICMS serão comparados para se conhecer a parcela do imposto
para seu uso ou venda pretendidos. Pode ser estoque, imo- a recuperar ou a recolher:
NOÇÕES DE ECONOMIA

bilizado, Ativo Intangível, plantas para manufaturas, e outros.


Se o DÉBITO de ICMS for maior que o Crédito de ICMS
Ex.: (CESPE) Com relação aos critérios de avaliação de Ativos
(ICMS a recolher > ICMS a recuperar) há obrigação de recolher
de companhias abertas, julgue o item a seguir. O Imposto de
o imposto.
Importação e os impostos não recuperáveis junto ao Fisco,
diretamente atribuíveis à aquisição de mercadorias destina- Se o DÉBITO de ICMS for menor que o Crédito de ICMS
das à revenda, devem compor o custo de aquisição desses (ICMS a recolher < ICMS a recuperar) há crédito do imposto.
estoques. b) IPI
CPC 16- Estoques Características:
O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de ▷ Competência Federal.
compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto
▷ Incide sobre produtos industrializados ou manufatu-
os recuperáveis junto ao Fisco), bem como os custos de trans-
porte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à rados, é devido por empresas industriais ou equi-
aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descon- paradas.
tos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ▷ Imposto “por fora”, o seu valor não está incluso no 553
ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. preço dos produtos.
▷ Como o IPI é um tributo não cumulativo, o valor do Vendedor: Indústria
554 IPI pago ao fornecedor por ocasião da compra cor- Mercadorias -------------R$ 3.000,00
responde a um direito da empresa classificado no IPI de 20% ---------------+R$ 600,00 (3.000 x 20%)
Ativo Circulante, caso a empresa seja contribuinte Valor da NF --------------R$ 3.600,00
do imposto, e não integra o custo dos estoques de ICMS de 10% incluso no valor da operação = R$ 300,00 (3000 x10%)
mercadorias. Comprador: Indústria
▷ Contribuinte do imposto: indústria ou equiparadas. Compra Líquida:
NOÇÕES DE ECONOMIA

= 3.600 – 300(ICMS recuperável) – 600(IPI recuperável) = R$ 2.700,00 ou


A compra gera CRÉDITO de IPI – IPI a recuperar;
3.000 – 300(ICMS recuperável) = R$ 2.700,00
A venda do produto manufaturado gera DÉBITO de IPI – IPI a recolher.
Lançamento:
No período de apuração da conta, os créditos e débitos de D- Mercadorias ----------------2.700,00
IPI serão comparados para se conhecer a parcela do imposto a D-ICMS a Recuperar------------300,00
recuperar ou a recolher: D- IPI a Recuperar --------------600,00
Se o DÉBITO de IPI for maior que o Crédito de IPI (IPI a C- Caixa/ Fornecedor ------- 3.600,00
recolher > IPI a recuperar) há obrigação de recolher o imposto.
Se o DÉBITO de IPI for menor que o Crédito de IPI (IPI a SITUAÇÃO 3: vendedor (comércio) x Comprador (comércio)
recolher < IPI a recuperar) há crédito do imposto.
ATIVIDADE IMPOSTOS APLICÁVEIS Comércio (comprador):
Comércio (vendedor):
IPI Contribuinte somente do ICMS.
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Destaque do ICMS, pois, é 


contribuinte do imposto. Significa que terá o direito de
INDÚSTRIA ICMS compensar o ICMS na compra.
PIS/ COFINS
ICMS
COMÉRCIO Vendedor: comércio
PIS/ COFINS
Mercadorias ----------------------------------------------R$ 3.000,00
NÃO É CONTRIBUINTE DE NENHUM Valor da NF -----------------------------------------------R$ 3.000,00
CONSUMIDOR FINAL
IMPOSTO ICMS de 10% incluso no valor da operação = R$ 300,00 (ICMS =
3.000 x 10%= 300,00)
Operações de Compras
Comprador: comércio
SITUAÇÃO 1: Vendedor (indústria) x Comprador (comércio) Compra Líquida: 3.000-300= R$ 2.700,00
Empresa comercial (comprador): Lançamento:
Indústria (vendedor): Contribuinte somente do ICMS. D- Mercadoria-------------------------------------------------2.700,00
Destaque do ICMS e IPI na Significa que terá o direito de D-ICMS a Recuperar--------------------------------------------300,00

nota fiscal, pois contribui compensar o ICMS na compra. C- Caixa/Fornecedor-----------------------------------------3.000,00
com os dois impostos. O IPI fará parte do custo de aqui-
sição, pois não será recuperado.
SITUAÇÃO 4: BEM DE CONSUMO
Vendedor: Indústria
Mercadorias ----------------------------------------------R$ 3.000,00 Vendedor (Indústria) x Comprador (Consumidor Final)
IPI de 20% --------------------------------- +R$ 600,00 (3.000 x
20%) Se o produto é destinado a consumo ou a ativo fixo do ad-
Valor da NF -------------------------------- R$ 3.600,00
ICMS de 10% incluso no valor da operação = R$ 300,00 (3000 x 10%)
quirente, o IPI integra a base de cálculo do ICMS do remetente.
Comprador: Comércio
Compra Líquida:
3.000 – 300(ICMS recuperável) + 600(IPI não recuperável) = R$ 3.300,00 Vendedor: Indústria
ou 3.600 – 300 = R$ 3.300,00 Bem -------------------------------------------------------R$
Lançamento: 3.000,00
D- Mercadorias -----------------------------------------------3.300,00 IPI-20%--------------------------------------------------- + R$ 600,00
D- ICMS a Recuperar------------------------------------------300,00 NF--------------------------------------------------------- R$
3.600,00
C- Caixa/ Fornecedor ----------------------------------------3.600,00
ICMS de 10% incluso no valor da operação = 3.600 x 10% = R$
SITUAÇÃO 2: Vendedor (indústria) x Comprador (in- 360,00
dústria) Comprador: Consumidor Final
Indústria (vendedor): Indústria (comprador): Custo de Aquisição: R$ 3.600,00
Destaque do ICMS e IPI na Contribuinte do ICMS e IPI. Lançamento

nota fiscal, pois contribui Significa que terá o direito de D- Estoque/ Material de Consumo
com os dois impostos. recuperá-los na compra. C- Caixa/Fornecedor -------------------------------------R$ 3.600,00
Ex.: (ESAF) A Empresa Comércio Industrial Ltda. com- Transporte realizado por
prou 250 latas de tinta ao custo unitário de R$ 120,00, terceiros e pago pelo Para o comprador não há custo
tributadas com IPI de 5% e ICMS de 12%. Pagou entrada vendedor. 
com transporte.
de 20% e aceitou duas duplicatas mensais de igual valor. Despesa com vendas.
A tinta adquirida foi contabilizada conforme sua natureza con-
tábil funcional, com a seguinte destinação: Vendedor: Indústria
50 latas para consumo interno; Mercadoria--------------------------------- R$ 3.000,00
IPI de 20%----------------------------------R$ 600,00 (3.000 x 20%)
100 latas para revender; e
Total NF ------------------------------------R$ 3.600,00
100 latas para usar como matéria-prima.
ICMS de 10% = R$ 300,00 (3.000,00 X 10%)
Após efetuar o competente lançamento contábil, é corre- NFCT: 400 ICMS: 400 x 10% = 40
to afirmar que, com essa operação, os estoques da em- Pago pelo vendedor = despesa com vendas
presa sofreram aumento no valor de Lançamento:
a) R$ 31.500,00. D- Frete sobre venda
b) R$ 30.000,00. C- Caixa/ Duplicata a pagar-----------------400,00
c) R$ 28.020,00. Como o frete foi pago pelo vendedor, não compõe o custo de aqui-
d) R$ 27.900,00. sição do comprador.
e) R$ 26.500,00. O vendedor deverá reconhecer uma despesa operacional/despesa
com vendas.
O primeiro passo na resolução de questões que envolvem
Comprador: comércio
operações com mercadorias é identificar vendedor e comprador
CL = 3.000 + 600 – 300 = 3.300
e, em seguida, compor a NF de venda.
Lançamento:
No enunciado da questão é citado o nome da empresa
D- Mercadorias-----------------------------3.300,00
adquirente, Empresa Comércio Industrial Ltda., o que nos faz
D- ICMS a Recuperar----------------------- 300,00
concluir que a empresa compradora é comercial e industrial e,
C- Caixa/ Fornecedor---------------------- 3.600,00
consequentemente, é contribuinte do ICMS E IPI.
Para identificarmos a empresa vendedora, precisamos (CESPE) No item a seguir, é apresentada uma situação
analisar o que foi comprado e de quem foi comprado. Foram hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
adquiridas 250 latas de tinta ao custo unitário de R$ 120,00, dos critérios de avaliação de estoques de companhias abertas.
tributadas com IPI de 5% e ICMS de 12%. Observa-se que o Uma empresa comercial adquiriu, à vista, mercadorias para re-
vendedor destacou tanto o IPI, quanto o ICMS na venda do venda por R$ 1.200.000,00. Nesse valor estavam embutidos
produto, portanto, o vendedor também é indústria e comércio. R$ 155.000,00 de ICMS e R$ 200.000,00 de IPI, mais o gasto
Composição da NF de venda (em reais): adicional de R$ 1.000,00 com frete e seguro de transporte das

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Vendedor: Indústria e Comércio mercadorias adquiridas. Nessa situação, o custo de aquisição
250 latas -----Cun 120,00 dessas mercadorias foi inferior a R$ 1.000.000,00.
IPI + 6,00 (120 x 5%) Compra líquida: 1.200.000(total da NF) – 155.000 (ICMS
NF 126,00 recuperado) + 1.000(frete) = 1.046.000
ICMS = 120 x 12% = 14,40 É preciso ter muito cuidado com as questões que mencio-
Comprador: Indústria e Comércio nam o “valor da nota fiscal” ou o “valor pago”, este já inclui
A tinta adquirida foi contabilizada conforme sua natureza contábil o IPI. Neste caso, já estão embutidos no valor total da nota
funcional: o ICMS e IPI.
50 latas para consumo interno: assume o papel do consumidor
final, não recupera nenhum dos impostos. Vale ressaltar que nessa PIS e COFINS
situação o ICMS seria de R$ 15,12 (126 x 12%), mas de qualquer forma Características:
não seria recuperado.
▷ contribuições Federais;
NOÇÕES DE ECONOMIA

100 latas para revender: assume o papel de empresa comercial,


recupera apenas o ICMS. ▷ contribuições “por dentro”, seus valores estão inclu-
100 latas para usar como matéria-prima: assume o papel de indús- sos no preço da mercadoria;
tria, recupera tanto ICMS quanto o IPI. ▷ a partir da vigência da lei 10.637/02 e da Lei
Estoque 10.833/03, o PIS e COFINS estão sujeitos a duas re-
- consumo interno: 50 x 126 = R$ 6.300,00. gras gerais de apuração:
- para revender: 100 x (126 – 14,40) = 100 x 111,60 = R$ 11.160,00
» - Regime de incidência cumulativa;
- para usar como matéria-prima = 100 x (126 - 6 - 14,40) = 100 x
105,60 = R$ 10.560,00 » - Regime de incidência Não Cumulativa
Total do estoque: R$ 28.020,00 Regime Cumulativo: PIS e COFINS não são recuperáveis,
seus valores integram o custo de aquisição da mercadoria.
Frete e Seguro na Compra Incidem somente na saída (venda), gerando a obrigação de
SITUAÇÃO 5: Frete e seguro pagar o imposto.
Se o transporte for dentro do município, não incidirá ICMS, Contribuintes: pessoas jurídicas de direito privado e as
somente ISS. que lhes são equiparadas pela legislação do IR, que apurem o 555
SITUAÇÃO 6: Frete e seguro IR com base no lucro presumido ou arbitrado.
Fato Gerador: faturamento mensal = receita bruta. I - isentas ou não alcançadas pela incidência da con-
556 Receita bruta abrange: tribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero).
▷ produto da venda de bens nas operações de conta Alíquota zero: venda de livro técnico, as receitas financei-
própria; ras das pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência
▷ preço da prestação de serviço em geral; não cumulativa, exceto as receitas financeiras de JSCP;
▷ resultado auferido nas operações de conta alheia; Isenção: exportação de mercadoria para exterior, prestação
▷ receitas da atividade ou objeto principal da PJ não
NOÇÕES DE ECONOMIA

de serviço para PF ou PJ domiciliadas no exterior; venda a em-


compreendidas nos itens anteriores. presa comercial exportadora com o fim específico de expor-
Exclusão da Base de Cálculo: tação.
Para fins de determinação da base de cálculo, podem ser II - decorrentes da venda de bens do Ativo Não Circulante,
excluídos do faturamento, quando o tenham integrado, os va- classificado como investimento, imobilizado ou intangível;
lores: III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda
▷ das receitas isentas ou não alcançadas pela incidên- de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida
cia da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); da empresa vendedora, na condição de substituta tributária;
▷ das vendas canceladas e os descontos incondiciona- IV - referentes a:
is concedidos;
a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais con-
▷ do IPI e do ICMS, quando destacado em nota fiscal cedidos;
e cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos
serviços na condição de substituto tributário; b) reversões de provisões e recuperações de créditos
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baixados como perda que não representem ingresso de no-


▷ as reversões de provisões e recuperações de crédi-
vas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimen-
tos baixados como perda, que não representem
ingresso de novas receitas, o resultado positivo da tos pelo valor do Patrimônio Líquido e os lucros e dividendos
avaliação de investimento pelo valor do Patrimônio derivados de participações societárias, que tenham sido com-
Líquido e os lucros e dividendos derivados de par- putados como receita;
ticipações societárias, que tenham sido computados V- decorrentes de transferência onerosa a outros con-
como receita bruta; tribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação
▷ a receita decorrente da venda de bens classificados de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
no Ativo Não Circulante que tenha sido computada Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS de
como receita bruta; créditos de ICMS originados de operações de exportação;
▷ a receita reconhecida pela construção, recuperação, VI - financeiras decorrentes do ajuste a valor presente, ref-
ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja erentes a receitas excluídas da base de cálculo da Contribuição
contrapartida seja Ativo Intangível representativo de para o PIS/Pasep;
direito de exploração, no caso de contratos de con- VII - relativas aos ganhos decorrentes de avaliação de Ati-
cessão de serviços públicos.
vo e Passivo com base no valor justo;
Regime não cumulativo: admite o direito a crédito rel-
VIII - de subvenções para investimento, inclusive mediante
ativo à entrada de mercadorias, bens e serviços no estabe-
lecimento do contribuinte, além de permitir o desconto de isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à
créditos apurados com base em custos, despesas e encargos implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e
da pessoa jurídica. de doações feitas pelo poder público;
Contribuintes: pessoas jurídicas de direito privado, e as IX - reconhecidas pela construção, recuperação, reforma,
que lhe são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contra-
que apurem o IRPJ com base no Lucro Real, exceto institu- partida seja Ativo intangível representativo de direito de ex-
ições financeiras, cooperativas de crédito, pessoas jurídicas ploração, no caso de contratos de concessão de serviços pú-
que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliári- blicos;
os e financeiros, operadoras de planos de assistência à saúde, X - relativas ao prêmio na emissão de debêntures.
empresas particulares que explorem serviços de vigilância e Crédito do PIS e da COFINS para o sistema não cumu-
de transporte de valores de que trata a Lei nº 7.102/83, e socie-
lativo.
dades cooperativas.
Incidência: as contribuições para o PIS/PASEP e COFINS I - bens adquiridos para revenda;
não cumulativas incidem sobre o total das receitas auferidas II - bens e serviços utilizados como insumo na prestação
no mês pela pessoa jurídica. de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produ-
O total das receitas compreende a receita bruta e todas as tos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes;
demais receitas auferidas pela pessoa jurídica, com os respec- (adquiridos no mês)
tivos valores decorrentes do ajuste a valor presente. III - energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma
Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica;
as receitas: (incorridos no mês)
IV - aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos Receita da venda de bem do Ativo Imobilizado
a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; (incor- ....................................................................20.000,00
ridos no mês)
Despesas de aluguel de imóvel, pago a uma pessoa físi-
V - valor das contraprestações de operações de arrenda-
mento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo ca....................................................30.000,00
SIMPLES; (incorridos no mês) Com base nesses dados, o valor da COFINS não cumula-
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados tiva, a ser recolhida pela Companhia no mês de junho de
ao Ativo Imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a 2011, corresponde a, em R$,
terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à
venda ou na prestação de serviços; (incorridos no mês) a) 28.880,00.
VII - edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de b) 22.800,00.
terceiros, utilizados nas atividades da empresa; (incorridos no
mês)
c) 21.800,00.
VIII - bens recebidos em devolução cuja receita de venda d) 21.280,00.
tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e e) 19.000,00.
tributada conforme o disposto nesta Lei; (devolvidos no mês)
COFINS não cumulativo:
IX - armazenagem de mercadoria e frete na operação de ven-
da, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo Receita da venda de mercadorias...........800.000,00
vendedor; (incorridos no mês) Devolução de vendas..............................(50.000,00)
IX - armazenagem de mercadoria e frete na operação de ven- Aquisição de mercadorias para revenda....(350.000,00)
da, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo
vendedor; (incorridos no mês) Despesas de energia elétrica...............................(80.000,00)
X - vale-transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, far- Fretes sobre vendas, cujo ônus coube à companhia.....
damento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa (40.000,00)
jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de
limpeza, conservação e manutenção; Base de cálculo-------------------------280.000,00
XI - bens incorporados ao Ativo Intangível, adquiridos Alíquota COFINS não cumulativo: x 7.6%
para utilização na produção de bens destinados a venda ou na COFINS a pagar------------------------- 21.280,00
prestação de serviços (incorridos no mês).
SITUAÇÃO 7: Empresa comercial (optante do Lucro Real)
O direito ao crédito aplica-se, exclusivamente, em relação:
I - aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica dom- adquire mercadorias de outra empresa comercial.

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iciliada no País;
II - aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a Vendedor: Comércio 
Comprador: Comércio
pessoa jurídica domiciliada no País. Optante do Lucro Real
O crédito não aproveitado em determinado mês pode ser
utilizado nos meses subsequentes
Vendedor: comércio
CUMULATIVO NÃO CUMULATIVO Mercadorias ---- R$ 3.000,00
PIS 0,65% 1,65% NF R$ 3.000,00
ICMS -10% x 3.000 = R$ 300,00
COFINS 3% 7,6%
Comprador: comércio
TOTAL 3,65% 9,25% PIS e COFINS não Cumulativo
Na demonstração do resultado do exercício, a COFINS in- PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50
NOÇÕES DE ECONOMIA

cidente sobre a receita bruta é apresentada como dedução da COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
receita bruta. Já a COFINS incidente sobre as demais receitas CL: 3.000 – 300 (ICMS) – 49,50 (PIS) – 228 (COFINS) = 2.422,50
classifica-se como despesa operacional. Lançamento:
Ex.: (FCC) São dadas as seguintes informações, em R$, D- Mercadorias---------------------2.422,50
relativas ao mês de maio de 2011, retiradas da escritu- D- ICMS a Recuperar---------------300,00
ração contábil da Cia. Monte Azul, que é tributada pelo D- PIS a Recuperar--------------------49,50
imposto de renda das pessoas jurídicas com base no Lu- D- COFINS a Recuperar--------------228,00
cro Real: C- Caixa/Fornecedor--------------3.000,00
Receita da venda de mercadorias......800.000,00
SITUAÇÃO 8: Indústria (optante do Lucro Real) adquire
Devolução de vendas..............................50.000,00
mercadorias de indústria.
Receitas financeiras...............................100.000,00
Aquisição de mercadorias para revenda.....350.000,00
Despesas de energia elétrica...................80.000,00 Comprador: Indústria
Vendedor: Indústria 
Fretes sobre vendas, cujo ônus coube à companhia ............. Optante do Lucro Real 557
..........................................................40.000,00
Vendedor: indústria Seu estoque inicial de mercadorias, em maio
558 Mercadoria ------- R$ 3.000,00 (01/05/2006), era composto por 100 unidades do pro-
IPI-20%----------- R$ 600,00 (recuperável= não compõe o custo) duto “Felicidade” e estava avaliado pelo valor total de $
NF ----------------R$ 3.600,00 1.000,00.
ICMS de 10% x 3.000 = R$ 300,00 No dia 10/05/2006, a Cia. Comercial Ju-Ju adquiriu 100
Comprador: indústria unidades do produto “Felicidade”. Os dados na nota fis-
PIS e COFINS não Cumulativo cal de compra eram os seguintes:
NOÇÕES DE ECONOMIA

PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50


_ o Fornecedor é um fabricante;
COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
CL = 3.600 – 600 (IPI)- 300 (ICMS) – 49,50 (PIS) – 228 (COFINS) = _ a compra foi negociada FOB no estabelecimento do
R$ 2.422,50 fornecedor (free on board no embarque);
Lançamento: _ valor das mercadorias (com impostos) = $ 1.500,00 pelas
D- Mercadorias---------------------2.422,50 100 unidades;
D- IPI a Recuperar-------------------600,00 _ IPI sobre as mercadorias (10%), por fora;
D- ICMS a Recuperar---------------300,00
_ ICMS sobre as mercadorias (20%);
D- PIS a Recuperar--------------------49,50
D- COFINS a Recuperar--------------228,00 _ PIS sobre as mercadorias (2%);
C- Caixa/Fornecedor--------------3.600,00 _ COFINS sobre as mercadorias (8%);
SITUAÇÃO 9: Empresa comercial (optante do Lucro Real) _ frete intermunicipal (com impostos) = $ 500,00;
adquire mercadorias de indústria. _ ICMS sobre o frete (20%);
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Comprador: comércio
_ PIS sobre o frete (2%);
Vendedor: Indústria  Optante do Lucro Real _ COFINS sobre o frete (8%).
De acordo com a Instrução SRF 404/04 e com base, so-
mente, nas informações deste enunciado, apure o custo
Vendedor: indústria unitário das mercadorias adquiridas em 10/05/2006, que
Mercadoria ------- R$ 3.000,00 foi lançado no Estoque.
IPI-20%-------------- R$ 600,00 (não recuperável = compõe custo a) $ 14,00.
de aquisição)
NF -------------------R$ 3.600,00 b) $ 15,35.
ICMS de 10% X 3.000 = R$ 300,00 c) $ 15,50.
Comprador: comércio d) $ 16,00.
PIS e COFINS não Cumulativo
e) $ 21,50.
PIS- 1,65% x 3.600 = R$ 59,40
B
COFINS- 7,6% x 3.600 = R$ 273,60
CL= 3.000 + 600 – 300(ICMS) – 59,40(PIS) – 273,60(COFINS) = R$
Comercial Ju-Ju: empresa comercial, contribuinte do Lu-
2.967,00 cro Real.
Lançamento: Vendedor: empresa industrial.
D- Mercadoria-----------2967,00 1º passo: identificar o vendedor e compor a NF de venda.
D- ICMS a recuperar---300,00
Vendedor: indústria
D- PIS a recuperar----------59,40
D- COFINS a recuperar---273,60 Valor das mercadorias ---- 1.500,00
C- Cx./Fornecedor-------3.600 IPI – 10%------------------+ 150,00
IPI recuperável - Seu valor não entra na base de cálculo do: Total da Nota---------------1.650,00
▷ ICMS; ICMS já incluído – 20% x 1.500,00 = 300,00.
▷ PIS; e PIS e COFINS já incluídos – 10% x 1650,00 = 165,00 (com-
▷ COFINS. prador é optante do Lucro Real, PIS e COFINS recuperá-
-IPI não recuperável, e o bem é destinado à venda: vel).
▷ Seu valor integra a base de Cálculo do: PIS e COFINS. Nota Fiscal de Serviços do Transportador (transporte in-
▷ Seu valor não entra na base de cálculo do: ICMS termunicipal)
Ex.: (FGV) A Cia. Comercial Ju-Ju é uma empresa mer-
NFCT - 500,00.
cantil contribuinte do ICMS por movimentação econômi-
ca (alíquota = 20%), contribuinte do IR pelo Lucro Real ICMS já incluído – 20% x 500 = 100,00.
(25%), contribuinte da CS (10%), contribuinte de PIS e PIS e COFINS já incluídos – 10% x 500 = 50,00.
COFINS (2% e 8%, respectivamente), não contribuinte de 2º passo: calcular o valor da compra líquida
IPI nem do ISS. (Observe que, para facilitar os cálculos, as
Comprador: comércio
alíquotas deste enunciado não correspondem às alíquo-
tas verdadeiras. Portanto, considere as taxas apresenta- CL = 1.650 – 300 – 165 +500 – 100 – 50 = 1.535,00
das neste enunciado.) Custo unitário = 1.535,00/100 = 15,35
Fatores que alteram as Compras b) Abatimento sobre Compra
a) Devoluções (ESTORNO) Redução no valor da mercadoria concedido pelo vendedor
com objetivo de evitar uma devolução. Concedido em razão
Ato pelo qual a mercadoria retorna ao fornecedor, por de: avarias, divergência em qualidade ou quantidade entre a
estar em desacordo com o pedido inicial, por defeito de fab-
entrega e o pedido. O abatimento é concedido após o ato da
ricação, por estar fora das especificações técnicas ou por en-
venda, consequentemente, após emissão da NF, não diminu-
trega fora do prazo. A devolução poderá ser total ou parcial,
indo a base de cálculo dos impostos.
acompanhada de NF de devolução.
Em função de o abatimento ser concedido após a emissão da
SITUAÇÃO 10: empresa comercial (optante do Lucro Real)
NF, este valor não influenciará os impostos que incidiram na oper-
adquire mercadorias de indústria.
ação, prevalecendo o montante calculado quando da ocorrência
Vendedor: indústria do fato gerador.
Mercadoria ------- R$ 3.000,00 SITUAÇÃO 11: comércio (optante do Lucro Real) adquire
IPI-20%-------------- R$ 600,00 (não recuperável = compõe custo mercadorias de Indústria.
de aquisição)
NF -------------------R$ 3.600,00 Vendedor: indústria
ICMS de 10% X 3000 = R$ 300,00 Espelho da NF:
Comprador: comércio Mercadoria ------- R$ 3.000,00
PIS e COFINS não Cumulativo IPI-20%-------------- R$ 600,00 (não recuperável)
PIS- 1,65% x 3.600= R$ 59,40 NF -------------------R$ 3.600,00
COFINS - 7,6% x 3.600= R$ 273,60 ICMS de 10% X 3000 = R$ 300,00
CL= 3.000 + 600 – 300(ICMS) – 59,40(PIS) – 273,60(COFINS) = R$ Comprador: comércio (optante do Lucro Real)
2.967,00 * PIS e COFINS não Cumulativo
Lançamento: PIS- 1,65% x 3.600= R$ 59,40
D- Mercadoria-----------2967,00 COFINS- 7,6% x 3.600= R$ 273,60
D- ICMS a recuperar---300,00 Custo de aquisição:
D- PIS a recuperar----------59,40 Mercadoria (NF) – ICMS – PIS - COFINS = CL
D- COFINS a recuperar---273,60 3.600 300 59,40 273,60 2.967,00
C- Cx./Fornecedor-------3.600 Lançamento:
Devolução de 50% dessa compra: D- Mercadoria---------------2967,00
1) Estorno D- ICMS a recuperar---------300,00
D- PIS a recuperar--------------59,40
Nesse primeiro registro utilizamos a conta transitória que
D- COFINS a recuperar--------273,60
precisará ser encerrada ao final do período, para ajuste do es-

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C- Cx./Fornecedor--------------3.600
toque.
FATO: Abatimento s/ compra de R$ 500,00
Lançamento
Lançamento:
D- Cx./Fornecedor----------------------1.800,00
D- Caixa/Fornecedor
C- Devolução de compra ----------------1.483,50
C- Abatimento s/ Compra*-----------R$ 500,00
C- ICMS a recuperar----------------------150,00
* Conta transitória redutora da conta Mercadoria.
C- PIS a recuperar--------------------------29,70
AC/Mercadoria--------------------------2.967,00
C- COFINS a recuperar-------------------136,80
(- ) Abatimento sobre compra-------(500,00)
AC/ Mercadoria------------------------2.967,00
Ajuste do estoque
(- ) Devolução de Compra------ ---(1.483,50)
Lançamento
Ajuste do estoque:
D- Abatimento s/ compra
Lançamento
NOÇÕES DE ECONOMIA

C- Mercadoria-------------------------R$ 500,00
D- Devolução de compra
Saldo Final:
C- Mercadoria-----------------------------1.483,50
AC/Mercadoria--------------------------2.467,00
Saldo Final:
Ex.: (CESPE) Uma empresa comercial que adota o in-
AC/ Mercadoria------------------------ 1.483,50 ventário periódico apresentou, no início de determinado
2) Estorno mês, os seguintes saldos contábeis.
Nesse segundo registro o estorno foi realizado direta- Mercadorias - R$ 30.000,00
mente na conta mercadorias. Compras - R$182.000,00
Lançamento Vendas - R$ 224.000,00
D - Cx./Fornecedor----------------------1.800,00 Clientes - R$ 322.000,00
C- Mercadoria---------------------------1.483,50 Fornecedor – R$ 107.000,00
C- ICMS a recuperar----------------------150,00 Suponha ainda que essa mesma empresa tenha realizado
C- PIS a recuperar--------------------------29,70 duas aquisições de mercadorias no mês, uma no valor de 559
C- COFINS a recuperar-------------------136,80 R$ 18.000,00 e outra no valor de R$ 25.000,00, e que a
primeira tenha sido integralmente devolvida, por não estar SITUAÇÃO 12: desconto incondicional concedido de 10%.
560 de acordo com o pedido, e que, na segunda, obteve-se um Vendedor: indústria
abatimento de 20% em razão de problemas de qualidade Mercadoria ------- R$ 3.000,00
do produto. Considerando-se que não houve qualquer outro Desconto Incondicional (R$ 300,00)
evento e que são nulos os efeitos tributários sobre as com- IPI-20%-------------- R$ 600,00 (não recuperável)
pras, é correto afirmar que, após essas transações, os saldos NF -------------------R$ 3.300,00
ICMS de 10% X (3000 – 300) = R$ 270,00
NOÇÕES DE ECONOMIA

das contas compras e fornecedores devem ser, respectiva-


Comprador: comércio
mente, de
* PIS e COFINS não Cumulativo
a) R$ 202.000,00 e R$ 127.000,00. PIS- 1,65% x 3.300 = R$ 54,45
COFINS- 7,6% x 3.300 = R$ 250,80
b) R$ 182.000,00 e R$ 107.000,00.
CL= 3.000 – 300 + 600 – 270(ICMS) – 54,45(PIS) – 250,80(COFINS)
c) R$ 127.000,00 e R$ 202.000,00. = R$ 2724,75
Lançamento:
d) R$ 107.000,00 e R$ 182.000,00.
D- Mercadoria-----------2724,75
e) R$ 20.000,00 e R$ 20.000,00. D- ICMS a recuperar---270,00
A D- PIS a recuperar----------54,45
D- COFINS a recuperar---250,80
Compras
C- Cx./Fornecedor-------3.300
Saldo inicial: compras - 182.000 = 182.000
Importante!
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Compra 1 – 18.000 (totalmente devolvida = estorno)


O STF reconheceu a inconstitucionalidade parcial desse
Compra 2- 25.000 – 20% x 25.000 = 25.000 – 5.000 =
dispositivo (art.14, §2°), estabelecendo que os descontos in-
20.000
condicionais NÃO INTEGRAM a base de cálculo do IPI.
Saldo final das compras: R$ 202.000,00 P.S 1: a decisão foi no julgamento do RE nº 567.935, ou
Fornecedor seja, foi em sede de controle incidental de constitucionalidade.
Saldo inicial: 107.000 Logo, não tem efeito vinculante e sua eficácia é apenas inter
Compra 2 - 25.000 – 20% x 25.000 = 25.000 – 5.000 = partes.
20.000 P.S 2: o Regulamento do IPI segue o art. 14, § 2º, ou seja, a
Saldo final de fornecedor: R$ 127.000,00 legislação que rege o assunto não foi modificada.
Blog prof. Ricardo Vale. http://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/
c) Descontos Incondicionais ou Comerciais questao-garantida-proximo-concurso-da-receita-federal/
Desconto dado incondicionalmente pelo fornecedor ao Fatores que alteram Efeitos nos tributos
cliente, visto que não depende das condições de pagamento. as compras
Concedido no ato da transação, portanto, é destacado na NF. Devolução Diminui a base de cálculo do IPI, ICMS, PIS e
Também chamado de desconto comercial. COFINS.
O lançamento do desconto comercial obtido, regra geral, Abatimento Não diminui a base de cálculo dos impostos.
não é contabilizado pelo comprador. A mercadoria é registra- Desconto Incondi- Diminui a base de cálculo do ICMS, PIS e
da pelo valor líquido, já deduzido o desconto, obedecendo ao cional (NF) COFINS.
conceito de custo histórico ou valor original. Não diminui base de cálculo do IPI.

Lei 4.502/64 Custo da Mercadoria Vendida


Art. 14. II - quanto aos produtos nacionais, o valor to- CMV = EI + CL - EF
tal da operação de que decorrer a saída do estabelec- CMV = Custo da Mercadoria Vendida = Custo da Venda
imento industrial ou equiparado a industrial. (Redação EI = estoque Inicial
dada pela Lei nº 7.798, de 1989) EF = estoque Final
§ 1º. O valor da operação compreende o preço do pro- CL = compra líquida
duto, acrescido do valor do frete e das demais despesas
acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao Operações de Venda
comprador ou destinatário. (Redação dada pela Lei nº
Venda bruta
7.798, de 1989) (-) devoluções de venda
§ 2º. Não podem ser deduzidos do valor da operação (-) abatimentos s/ venda
os descontos, diferenças ou abatimentos, concedidos (-) descontos incondicionais
a qualquer título, ainda que incondicionalmente. (Re- (-) impostos incidentes s/ venda.
Receita Líquida
dação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)
Tributos Incidentes sobre as Vendas Vendedor: comércio
Mercadorias ---- R$ 3.000,00
▷ ICMS-Imposto s/ Circulação de Mercadorias e
NF R$ 3.000,00
Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal ICMS -10% x 3.000 = R$ 300,00
e de Comunicação (imposto estadual); PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50
▷ ISS- Imposto sobre Serviços (imposto municipal); COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
CMV: R$ 800,00
▷ PIS- Contribuição do Programa de Integração Social Lançamento:
(contribuição federal); D- Duplicata a Receber/Caixa
▷ COFINS- Contribuição Social sobre Faturamento C- Receita Bruta ------------------------3.000,00
D- Impostos s/ Venda---------------------577,50
(contribuição federal);
C- ICMS a Recolher-----------------------300,00
▷ IPI - Imposto s/ Produtos Industrializados (imposto C- PIS a Recolher---------------------------49,50
federal) C- COFINS a Recolher--------------------228,00
D- CMV
Obs.: o IPI incidente sobre a venda não é uma dedução da
C- Mercadoria-----------------------------800,00
receita de venda, pois é um imposto por fora e, portanto, deve
ser adicionado à receita para compor o faturamento bruto.
01. (ESAF) A empresa Expert S/A obteve Receita
Bruta de Vendas no valor de R$ 400.000,00 no exer-
A base de cálculo do IPI é o valor bruto da venda, descon-
cício de 2005. Essas vendas são tributadas com ICMS
siderados, portanto, os descontos incondicionais concedidos,
ou seja, o IPI incide sobre o valor cheio.
de 17% não incidindo sobre elas nem PIS nem COFINS.
As entradas de mercadorias do período foram decor-
SITUAÇÃO 13: Vendedor = Indústria rentes de uma compra de 400 unidades, cuja nota fiscal
DRE foi paga com um cheque de R$ 312.000,00, além de 200
Faturamento Bruto-------------------------------------------3.600,00 unidades da mesma mercadoria, que a empresa já tinha,
IPI s/ Faturamento--------------------------------------------(600,00) avaliadas em R$ 120.000,00.
= Receita Bruta-----------------------------------------------3.000,00 Neste tipo de mercadoria, as entradas são tributadas
Impostos s/ Venda--------------------------------------------(577,50) com ICMS de 12% e IPI de 4%, não havendo implicações
= Receita Líquida----------------------------------------------2.422,50 com PIS ou COFINS.
CMV-----------------------------------------------------------(800,00) As receitas foram decorrentes da venda de 60% das mer-
= Lucro Bruto--------------------------------------------------1.622,50 cadorias, sendo os estoques avaliados pelo critério PEPS.

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Considerando os dados e informações acima, pode-se
Vendedor: indústria dizer que a empresa obteve lucro operacional bruto de
Mercadoria ------------------------- R$ 3.000,00
IPI-20%------------------------------- R$ 600,00
a) R$ 94.400,00.
NF ------------------------------------R$ 3.600,00 b) R$ 97.184,00.
ICMS de 10% X 3.000 = R$ 300,00 c) R$116.000,00.
PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50 d) R$106.570,00.
COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
*CMV: R$ 800,00
e) R$101.600,00.
Lançamento: E
D- Duplicata a Receber/ Caixa A empresa Expert compra e vende mercadorias; por-
C- Faturamento Bruto ------------------3.600,00 tanto, é uma empresa comercial, na venda destacou
NOÇÕES DE ECONOMIA

D- IPI s/ Faturamento somente o ICMS. A questão pede o lucro bruto e essa


C- IPI a Recolher--------------------------600,00 informação é extraída da DRE.
D- Impostos s/ Venda---------------------577,50 DRE
C- ICMS a Recolher-----------------------300,00 Receita-------------------------------400.000
C- PIS a Recolher---------------------------49,50
(-) ICMS s/ Venda----17%-----------(68.000)
C- COFINS a Recolher--------------------228,00
D- CMV = Receita líquida---------------------332.000
C- Mercadoria----------------------800,00 (-) CMV-----------------------------?
SITUAÇÃO 14: Vendedor: Comércio Precisamos encontrar o valor do CMV para chegarmos ao
lucro bruto. O que fazer?
Receita Bruta-------------------------------------------------3.000,00 Analisaremos as entradas de mercadorias.
Impostos s/ Venda--------------------------------------------(577,50) No período, a empresa Expert adquiriu 400 unidades, cuja
= Receita Líquida----------------------------------------------2.422,50 nota fiscal foi paga com um cheque de R$ 312.000,00.
CMV-----------------------------------------------------------(800,00) Neste tipo de mercadoria, as entradas são tributadas com 561
= Lucro Bruto--------------------------------------------------1.622,50
ICMS de 12% e IPI de 4%.
Cuidado com as questões que mencionam o “valor da SITUAÇÃO 15:
562 nota fiscal” ou o “valor pago”, este já inclui o IPI. Quan-
do a questão fizer referência ao total da nota, neste va-
lor estão embutidos o ICMS e IPI.
Portanto, no valor de R$ 312.000,00 já estão embutidos DRE
o ICMS e IPI. Faremos uma simples regra de três para en- Faturamento Bruto-------------------------------------------3.600,00
contrarmos o valor da mercadoria. Devolução de venda-----------------------------------------1.800,00)
NOÇÕES DE ECONOMIA

312.000---------------104% (100% da mercadoria + 4% IPI s/ Faturamento--------------------------------------------(300,00)


do IPI/imposto por fora) = Receita Bruta-----------------------------------------------1.500,00
Merc----------------------------------------100% Impostos s/ Venda--------------------------------------------(288,75)
= Receita Líquida-----------------------------------------------1.211,25
Mercadoria = 300.000,00
CMV----------------------------------------------------------(400,00)
Composição da NF de compra = Lucro Bruto-----------------------------------------------------811,25
Mercadoria------------------------------300.000
IPI--------------------------------------- + 12.000
Total NF---------------------------------312.000
ICMS = 12% x 300.000            = 36.000 Vendedor: indústria
Como a empresa Expert é contribuinte somente do ICMS, Mercadoria ------- R$ 3.000,00
o IPI vai compor seu custo de aquisição. IPI-20%-------------- R$ 600,00
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CL = 312.000 – 36.000 = 276.000. NF -------------------R$ 3.600,00


As 400 unidades entraram no estoque pelo valor líquido ICMS de 10% X 3.000 = R$ 300,00
de R$ 276.000,00. PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50
COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
No estoque já existiam 200 unidades da mesma merca-
*CPV: R$ 800,00
doria, avaliadas por R$ 120.000,00. E a empresa adota o
método PEPS.
Quantidade Valor unitário Valor total
Sado inicial
200 600 120.000
(1º lote)
Compra 690 (276.000
400 276.000
(2º lote) /400)
Venda/ 200 600 120.000 Devolução de 50% da venda
CMV 160 690 110.400 Lançamento da devolução :
D- Devolução de Venda
Saldo final 240 690 165.600
C- Duplicata a Receber/ Caixa ---1.800,00
Na data da venda existiam 600 unidades à disposição para D- IPI a Recolher
venda. Deste montante, foram vendidas apenas 60%, ou C- IPI s/ Faturamento-----------300,00
seja, 360 unidades. Como o método adotado é o PEPS, D- ICMS a Recolher----------150,00
devemos baixar 200 unidades do primeiro lote e mais 160 D- PIS a Recolher--------------24,75
unidades do segundo. D- COFINS a Recolher-------114,00
Encontrado o CMV, temos como calcular o lucro bruto: C -Impostos s/ Venda-------288,75
DRE D- Mercadoria
Receita-----------------------------------400.000 C – CPV-------------------------400,00
(-) ICMS s/ Venda----17%---------------(68.000)
= Receita líquida--------------------------332.000
(-) CMV---------------------------------(230.400)
= Lucro Bruto------------------------------101.600 SITUAÇÃO 16:
Fatores que alteram as vendas
a) Devolução de Vendas = ESTORNO
Ocorre quando o adquirente da mercadoria devolve parte
ou toda compra efetuada. DRE
As devoluções de Vendas ou Vendas Canceladas são reg- Receita Bruta-------------------------------------------------3.000,00
istradas em uma conta redutora da Receita de Vendas, de- (-) Devolução de Venda------------------------------------ (1.500,00)
nominada Devolução de Vendas, diminuindo o resultado da Impostos s/ Venda-------------------------------------------(288,75)
empresa vendedora. = Receita Líquida-----------------------------------------------1.211,25
CMV----------------------------------------------------------(400,00)
= Lucro Bruto----------------------------------------------------811,25
Lançamento da Venda: Vendedor: indústria
D- Duplicata a Receber/ Caixa Mercadoria ----------------------------------------------- R$ 3.000,00
C- Faturamento Bruto ---3.600,00 IPI-20%---------------------------------------------------- R$ 600,00
D- IPI s/ Faturamento NF --------------------------------------------------------R$ 3.600,00
C- IPI a Recolher-------------600,00 ICMS de 10% X 3.000 = R$ 300,00
D- Impostos s/ Venda-------577,50 PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50
C- ICMS a Recolher----------300,00 COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
C- PIS a Recolher--------------49,50 *CPV: R$ 800,00
C- COFINS a Recolher-------228,00 Lançamento da Venda:
D- CPV D- Duplicata a Receber/ Caixa
C- Mercadoria------------800,00 C- Faturamento Bruto ---------------------------------------3.600,00
Vendedor: comércio D- IPI s/ Faturamento
Mercadorias ---------------------------------------------- R$ 3.000,00 C- IPI a Recolher------------------------------------------------600,00
NF---------------------------------------------------------R$ 3.000,00 D- Impostos s/ Venda-------------------------------------------577,50
ICMS -10% x 3.000 = R$ 300,00 C- ICMS a Recolher----------------------------------------------300,00
PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50 C- PIS a Recolher-------------------------------------------------49,50
COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00 C- COFINS a Recolher-------------------------------------------228,00
Lançamento Venda: D- CPV
D- Duplicata a Receber/ Caixa C- Mercadoria---------------------------------------------------800,00
C- Receita Bruta----------------------------------------------3.000,00 Foi concedido um abatimento de ---------------------------R$
D- Impostos s/ Venda-------------------------------------------577,50 500,00
C- ICMS a Recolher----------------------------------------------300,00 D- Abatimento s/ Venda
C- PIS a Recolher-------------------------------------------------49,50 C- Caixa/Duplicata a Receber---------------------------------500,00
C- COFINS a Recolher-------------------------------------------228,00
SITUAÇÃO 18:
D- CMV
C- Mercadoria---------------------------------------------------800,00 DRE
Devolução de 50% da venda Receita Bruta-------------------------------------------------
Lançamento: 3.000,00
D- Devolução de Venda (-) Abatimento s/ Venda-------------------------------------(500,00)
C- Duplicata a Receber/Caixa ------------------------------------1.500 Impostos s/ Venda--------------------------------------------(577,50)
D- ICMS a Recolher----------------------------------------------150,00 = Receita Líquida----------------------------------------------1.922,50
D- PIS a Recolher------------------------------------------------- 24,75 CMV-----------------------------------------------------------(800,00)

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D- COFINS a Recolher--------------------------------------------114,00 = Lucro Bruto---------------------------------------------------1.122,50
C- Impostos s/ Venda------------------------------------------- 288,75
D- Mercadoria
Vendedor: comércio
C- CMV---------------------------------------------------------400,00
Mercadorias ---------------------------------------------- R$ 3.000,00
NF---------------------------------------------------------R$ 3.000,00
b) Abatimento sobre Venda ICMS -10% x 3.000 = R$ 300,00
PIS- 1,65% x 3.000 = R$ 49,50
O abatimento concedido reduz o resultado e deverá ser COFINS- 7,6% x 3.000 = R$ 228,00
Lançamento Venda:
contabilizado em uma conta redutora da Receita de Vendas, D- Duplicata a Receber/ Caixa
C- Receita Bruta----------------------------------------------3.000,00
denominada Abatimento sobre Venda. São concedidos pelo D- Impostos s/ Venda-------------------------------------------577,50
NOÇÕES DE ECONOMIA

C- ICMS a Recolher----------------------------------------------300,00
vendedor, com objetivo de evitar devoluções. C- PIS a Recolher-------------------------------------------------49,50
C- COFINS a Recolher-------------------------------------------228,00
SITUAÇÃO 17: Abatimento sobre Venda D- CMV
C- Mercadoria---------------------------------------------------800,00
Foi concedido um abatimento de R$ 500,00
DRE D- Abatimento s/ Venda
Faturamento-------------------------------------------------3.600,00 C- Caixa/Duplicata a Receber----------------------------------500,00
(-) IPI---------------------------------------------------------(600,00)
Receita Bruta-------------------------------------------------3.000,00 c) Desconto Incondicional ou Comercial
(-) Abatimento s/ Venda-------------------------------------(500,00) São concedidos no momento da venda, portanto, constam
Impostos s/ Venda-------------------------------------------(577,50)
= Receita Líquida----------------------------------------------1.922,50 na NF. Diminuem o resultado, sendo registrados em uma conta
CMV-----------------------------------------------------------(800,00) redutora da receita de vendas, denominada Desconto Incondi- 563
= Lucro Bruto---------------------------------------------------1.122,50
cional Concedido.
Não Esquecer! Desconto incondicional de R$ 300,00
564 Vendedor: comércio
Observa-se que os tributos s/ as vendas são calculados Mercadorias ----------------------------------------------R$ 3.000,00
Desconto Incondicional------------------------------------R$(300,00)
NF---------------------------------------------------------R$ 2.700,00
após a dedução do desconto comercial concedido. Exceção ICMS -10% x 2.700 = R$ 270,00
PIS- 1,65% x 2.700 = R$ 44,55
NOÇÕES DE ECONOMIA

COFINS- 7,6% x 2.700 = R$ 205,20


seria o IPI, que é calculado sobre o valor bruto das operações.
CMV: R$ 800,00
Lançamento:
SITUAÇÃO 19: D- Duplicata a Receber/Caixa--------------------------------2.700,00
D- Desconto Incondicional-------------------------------------300,00
C- Receita Bruta ---------------------------------------------3.000,00
D- Impostos s/ Venda--------------------------------------------519,75
DRE
C- ICMS a Recolher----------------------------------------------270,00
Faturamento Bruto-------------------------------------------3.600,00
C- PIS a Recolher-------------------------------------------------44,55
IPI-------------------------------------------------------------(600,00)
C- COFINS a Recolher-------------------------------------------205,20
Receita Bruta-------------------------------------------------3.000,00
D- CMV
Desconto Comercial------------------------------------------(300,00)
C- Mercadoria---------------------------------------------------800,00
Impostos s/ Venda--------------------------------------------(519,75)
= Receita Líquida----------------------------------------------2.180,25 DESCONTO FINANCEIRO OU CONDICIONAL:
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CPV-----------------------------------------------------------(800,00) Características:
= Lucro Bruto--------------------------------------------------1.380,25 1) condicionado à antecipação do prazo de pagamento;
2) não constam da nota fiscal, são indicados apenas na fa-
tura comercial;
Desconto incondicional de R$ 300,00 3) serão tratados como Despesa Financeira quando conce-
Vendedor: indústria didos e como Receita Financeira quando obtidos.
Mercadoria ----------------------------------------------- R$ 3.000,00
Desconto Incondicional-------------------------------------—(300,00) Apuração do ICMS
IPI-20%----------------------------------------------------- R$ 600,00 No final de cada período é feito um confronto entre os va-
NF ---------------------------------------------------------R$ 3.300,00 lores a compensar do ICMS (compras) e a Recolhe r(vendas), a
ICMS de 10% X 2.700 = R$ 270,00 fim de apurarmos o saldo final do ICMS.
PIS- 1,65% x 2.700 = R$ 44,55 ICMS a Compensar >ICMS a Recolher, a empresa ficará com
COFINS- 7,6% x 2.700 = R$ 205,20 créditos para serem compensados em períodos seguintes.
*CPV: R$ 800,00 ICMS a Recolher > ICMS a Compensar, a empresa recolhe
Lançamento: a diferença.
D- Duplicata a Receber/ Caixa -------------------------------3.300,00
Obs.: o mesmo raciocínio será aplicado ao IPI e ao PIS e
D- Desconto Incondicional--------------------------------------300,00
COFINS quando não cumulativos.
C- Faturamento Bruto ----------------------------------------3.600,00
D- IPI s/ Faturamento
C- IPI a Recolher------------------------------------------------600,00
Resultado com Mercadoria (RCM)
D- Impostos s/ Venda--------------------------------------------519,75 RCM = VL - CMV
C- ICMS a Recolher----------------------------------------------270,00 Onde; VL = Vendas Líquidas e CMV = Custo da Mercadoria
C- PIS a Recolher-------------------------------------------------44,55 Vendida
C- COFINS a Recolher-------------------------------------------205,20 Se, VL > CMV = Lucro Bruto
D- CPV Se, VL < CMV = Prejuízo Bruto.
C- Mercadoria---------------------------------------------------800,00 Ex.: (AFRFB/ESAF 2010) No mercadinho de José Maria
Souza, que ele, orgulhosamente, chama de Supermerca-
do Barateiro, o Contador recebeu a seguinte documen-
SITUAÇÃO 20: tação:
Inventário físico-financeiro de mercadorias:
Elaborado em 31.12.2007: R$ 90.000,00;
DRE
Receita Bruta-------------------------------------------------3.000,00 Elaborado em 31.12.2008: R$ 160.000,00.
Desconto Comercial-------------------------------------------(300,00) Notas-fiscais de compras de mercadorias:
Impostos s/ Venda---------------------------------------------(519,75) Pagamento à vista R$ 120.000,00;
= Receita Líquida----------------------------------------------2.180,25 Pagamento a prazo R$ 80.000,00.
CPV-----------------------------------------------------------(800,00) Notas-fiscais de vendas de mercadorias:
= Lucro Bruto--------------------------------------------------1.380,25 Recebimento à vista R$ 90.000,00;
Recebimento a prazo R$ 130.000,00 fatos. Assim, tem-se a qualquer momento o valor
Os fretes foram cobrados à razão de R$ 25.000,00 so- de todas as compras do período, o valor de todas as
bre as compras e de R$ 15.000,00 sobre as vendas; o saídas do período (custo das mercadorias vendidas),
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços foi bem como o valor do estoque final e inicial.
calculado à razão de 15% sobre as compras e sobre as ▷ A cada venda é possível determinar o seu lucro, pela
vendas. Não há ICMS sobre os fretes, nem outro tipo de diferença entre a receita de venda e o custo da ven-
tributação nas operações. da.
Com base nessa documentação, coube ao Contador con- ▷ Escrituração no Livro Registro de Inventário, sem
tabilizar as operações e calcular os custos e lucros do Su- contagem física.
permercado. Terminada essa tarefa, podemos dizer que ▷ Métodos de Controle:
foi calculado um lucro bruto de vendas, no valor de » Preço específico;
a) R$ 90.000,00. » PEPS: Primeiro que Entra, Primeiro que Sai;
b) R$ 47.000,00. » UEPS: Último que Entra, Primeiro que Sai;
» MPM: Média Ponderada Móvel;
c) R$ 87.000,00.
d) R$ 62.000,00. Critério de Avaliação dos Estoques
e) R$ 97.000,00. CPC 16- Estoques
D O custo dos estoques de itens que não são normalmente
1º passo: o mercadinho Supermercado Barateiro é uma intercambiáveis e de bens ou serviços produzidos e segrega-
empresa comercial, contribuinte apenas do ICMS. dos para projetos específicos deve ser atribuído pelo uso da
2º passo: encontrar o valor da compra líquida identificação específica dos seus custos individuais.
CL = 120.000 + 80.000 – (15% x 200.000) + 25.000 = 195.000 A identificação específica do custo significa que são
(compra bruta)--(ICMS s/ compra)--(frete s/ compra) atribuídos custos específicos a itens identificados do estoque.
Este é o tratamento apropriado para itens que sejam segrega-
3º passo: calcular o CMV
dos para um projeto específico, independentemente de eles
CMV = EI + CL – EF terem sido comprados ou produzidos.
90.000 + 195.000 – 160.000 = 125.000 O custo dos estoques, que não sejam os tratados pelo cus-
4º passo: calcular o lucro bruto to específico, deve ser atribuído pelo uso do critério Primeiro a
LB = RB – Deduções - CMV Entrar, Primeiro a Sair (PEPS) ou pelo critério do custo médio
220.000 – (15% x 220.000) – 125.000 = 62.000,00 ponderado.
(receita bruta)-(ICMS s/ venda)-(CMV) a) Preço Específico

Ş
ŝ#-ŝŦ
Vale ressaltar que o frete sobre venda é despesa operacional e Segundo o CPC 16 este critério de avaliação relaciona cada
deve ser evidenciado após o lucro bruto. venda ao seu custo efetivo. Significa valorizar cada unidade do
estoque ao preço efetivamente pago para cada item especifi-
Sistema de Inventário camente determinado.
O controle das mercadorias em estoque e de sua movi- Utilizado em revenda de itens de alto valor, como veículos,
mentação nas compras e vendas pode ser realizado de duas máquinas, equipamentos pesados.
formas:
Este método é aceito pela legislação
Sistema de Inventário Periódico do IR e pelo CPC 16.
▷ Não há controle dos custos de cada venda, pois a Obs.: quando há grandes quantidades de itens de estoque
empresa não controla seus estoques (entradas e que sejam geralmente intercambiáveis, a identificação específi-
saídas) ao longo do período.Necessidade de levan- ca de custos não é apropriada. Em tais circunstâncias, um critério
tamento físico (contagem física) para a verificação e de valoração dos itens que permanecem nos estoques deve ser
NOÇÕES DE ECONOMIA

valoração dos estoques existentes no final do perío- usado.


do ou em determinada data. b) PEPS: Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (FIFO)
▷ O Custo da Mercadoria Vendida somente será recon- Segundo o CPC 16, o critério PEPS (Primeiro a Entrar, Pri-
hecido no final do período, por meio da fórmula do meiro a Sair) pressupõe que os itens de estoque que foram
CMV. comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em pri-
▷ O lucro bruto será obtido pela diferença entre receita meiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem
líquida e o CMV. em estoque no fim do período sejam os mais recentemente
CMV = EI + CL - EF comprados ou produzidos.
Obs.: é necessário proceder a um controle por lotes de
Sistema de Inventário Permanente compras.
▷ Controle permanente (continuo) dos estoques, por
meio da utilização de fichas de controle para cada es- Este método é aceito pela legislação do IR e pelo CPC 16.
pécie de mercadoria. c) Média Ponderada Móvel ou Custo Médio Ponderado
▷ Registro das aquisições e das saídas de forma ime- Segundo o CPC 16, pelo critério do custo médio ponder- 565
diata e concomitante, com a ocorrência física desses ado, o custo de cada item é determinado a partir da média
ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um coluna total de ‘Entradas’(V.T) com sinal negativo, pois não
566 período e do custo dos mesmos itens comprados ou produz- altera a quantidade de unidades de mercadorias.
idos durante o período. A média pode ser determinada em
base periódica ou à medida que cada lote seja recebido, de- Frete na compra = o frete na compra compõe o custo de
pendendo das circunstâncias da entidade. aquisição quando pago pelo comprador. Na ficha de controle
Este método é aceito pela legislação do IR e pelo CPC 16. de estoque o valor do frete é lançado somente na coluna to-
tal de ‘Entradas’(V.T), aumentando, portanto, o valor total
NOÇÕES DE ECONOMIA

d) UEPS ou LIFO: Último a Entrar, Primeiro a Sair


(LIFO – last in first out) das mercadorias em estoque, sem alterar a quantidade de
O critério UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair) pressupõe unidades existentes ou como o valor é embutido no custo de
que os itens de estoque que foram comprados ou produzidos aquisição, já compõe o próprio custo, não sendo necessário
por último sejam vendidos em primeiro lugar e, consequen- destacá-lo na ficha.
temente, os itens que permanecerem em estoque no fim do ▷ A baixa da mercadoria vendida (CMV)
período sejam os mais antigos, os primeiros comprados ou
– será registrada pelo custo de aquisição
produzidos.
nas as três colunas de ‘Saídas’ (Q/V.U/
Obs.: é necessário proceder a um controle por lotes de
compras. V.T) considerando ainda o critério de
avaliação permitido. Na coluna de
Este método é aceito pela legislação do IR e pelo CPC 16.
saída devemos registrar também as
Registro nas Fichas de Controle de devoluções de vendas.
Ş
ŝ#-ŝŦ

▷ Vendas - o preço de venda será utilizado


Estoque para calcularmos a receita na DRE. Não
será evidenciado na
Compras Compras
ficha de con-
trole de
DATA ENTRADA SAÍDA SALDO estoque.
Quant. Vr.Unit Vr.Total Quant. Vr.Unit Vr.Total Quant. Vr.Unit Vr.Total Devolução de
E.I Venda = na ficha
de controle de es-
(-) (-) toque, a devolução
(-) de vendas, é lança-
E.F da nas três colu-
nas de ‘Saídas’(Q,
V.U,V.T) com sinal
Devolição de Devolução Abatimento negativo, ou seja,
Lembre-se: Estoque Final (EF) Compra de venda s/ compra
diminui o CMV.
de um período = Estoque Inicial (EI)
do período seguinte Nesta operação o
Procedimentos a serem observados no registro de estoque irá aumentar pela entrada da mercadoria
controle de estoque: devolvida pelo cliente.
▷ O estoque inicial deverá ser indicado na coluna Abatimento s/ venda = não é mencionado na ficha de
de Saldo com a indicação da quantidade, custo controle de estoque, pois não altera o estoque de mercadorias
unitário e o valor total. nem o CMV. É contabilizado como dedução de venda na DRE.
▷ As compras efetuadas serão anotadas pelo valor
Desconto incondicional = não é mencionado na ficha de
líquido de impostos recuperáveis na coluna das
entradas, inclusive os fretes, seguros, instalação, controle de estoque, pois não altera o estoque de mercadorias
quando pagos pelo comprador. Na coluna de en- nem o CMV. É contabilizado como dedução de venda na DRE.
trada devemos registrar também as devoluções Frete s/ venda = despesa da empresa vendedora, registra-
de compras e os abatimentos sobre compra. do diretamente no resultado.
Devolução de Compra = na ficha de controle de es-
toque, a Devolução de Compras é lançada nas três colunas Exemplo:
de ‘Entradas’ (Q/V.U/VT) com sinal negativo. Nesta oper-
Suponha-se que o estoque inicial em 01/12/15 é composto
ação o estoque irá diminuir pela saída da mercadoria de-
volvida ao fornecedor. por 60 unidades (1º lote) adquiridas por R$ 50,00 cada e que
Abatimento sobre Compra = na ficha de controle de es- no mês de dezembro ocorreram as seguintes operações:
toques o Abatimento sobre Compras é lançado somente na 01/12 – compra de 40 unidades (2º lote) por R$ 60,00 cada;
05/12 – venda de 20 unidades por R$ 120 cada; Estoque final = R$ 1.400 = Estoque inicial do período seguinte.
10/12 – venda de 50 unidades por R$ 130 cada;
18/12 – compra de 50 unidades (3º lote) por R$ 70 cada;
28/12 - venda de 60 unidades por R$ 140 cada.
Elaborada a ficha, podemos fazer algumas indagações?
PEPS- Primeiro que Entra,
Primeiro que Sai (FIFO)
Exemplos:
ENTRADAS SAÍDA SALDO
DATA
Qtd. Vr. Un Vr. Tot Qtd. Vr. Un Vr. Tot Qtd. Vr. Un Vr. Tot

S.I 60 50 3.000
- Qual o valor do estoque final do dia 18/12?

60 50 3.000
01/12 40 60 2.400
40 2º 60 2.400
40 1º 50 2.000
05/12 201º 50 1.000 Resp. EF = 1.800 + 3.500 = R$ 5.300,00
40 2º 60 2.400
40 1º 50 2.000
10/12
10 2º 60 600 30 2º 60 1.800
30 2º
60 1.800
- Qual o valor do CMV no dia 10.12?
18/12 503º 70 3.500
503º 70 3.500
30 2º 60 1.800
28/12
303º 70 2.100 203º 70 1.400 Resp. CMV = R$ 2.600,00
5.900= 7.500 1.400 =
Soma
Compras =CMV E.F

Saldo inicial (final do período anterior)= 60 x 50 = 3.000


- Qual o lucro da venda do dia 10.12?
Dia 1/12 – aquisição de 40 x 60 = 2.400. Ao final do dia 1/12 teremos
dois lotes de mercadorias, o primeiro adquirido a R$ 50 cada e o
segundo a R$ 60,00 cada. Resp. Receita = 50 x 130 = 6.500 (receita calculada a partir
Dia 5/12 - venda de 20 unidades ao preço de venda de R$ 120. O
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda na

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DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A mer-
cadoria será baixada pelo seu custo de aquisição e, como o método do preço de venda)
adotado é o PEPS, as primeiras mercadorias compradas serão as
primeiras a serem vendidas.
CMV = 20 X 50 = 1.000. Restaram 40 unidades do primeiro lote a R$
50 cada e 40 unidades do segundo lote a R$ 60 cada. CMV --------------------------------------- (2.600)
Dia 10/12 - venda de 50 unidades ao preço de venda de R$ 130. O
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda na
DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A mer-
cadoria será baixada pelo seu custo de aquisição e como o método LB---------------------------------------------3.900
adotado é o PEPS, as primeiras mercadorias compradas serão as
primeiras a serem vendidas.
CMV = 40 x 50 = 2.000, não sendo suficiente, entramos no lote
NOÇÕES DE ECONOMIA

seguinte e retiramos mais 10 x 60 = 600. Cumpre notar que só entra- - Lucro do período?
mos no segundo lote quando baixamos todo o primeiro (PEPS).
Restaram 30 unidades do segundo lote a R$ 60 cada.
Dia 18/12 – aquisição de 50 x 70 = 3.500 (3º lote). Ao final do dia
18/12 teremos dois lotes de mercadorias, um lote adquirido a R$ 60 Receita total = 20 x 120 + 50 x 130 + 60 x140 = 2.400 +
cada, e o outro a R$ 70,00 cada.
Dia 28/12 - venda de 50 unidades ao preço de venda de R$ 130. O
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda na 6.500 + 8.400 = 17.300
DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A mer-
cadoria será baixada pelo seu custo de aquisição e como o método
adotado é o PEPS, as primeiras mercadorias compradas serão as
primeiras a serem vendidas.
CMV----------------------------------------(7.500)
CMV = 30 x 60 = 1.800, não sendo suficiente, entramos no lote
seguinte e retiramos mais 30 x 70 = 2.100. Cumpre notar que só
entramos no terceiro lote quando baixamos todo o segundo (PEPS). 567
Restaram 20 unidades do terceiro lote a R$ 70 cada.
Lucro Bruto----------------------------------9.800
MPM - Média Ponderada Móvel
568
ENTRADAS SAÍDA SALDO
DATA
Qtd. Vr. Un. Vr. Tot. Qtd. Vr. Un. Vr. Tot Qtd. Vr. Un. Vr. Tot.
S.I 60 50 3.000
01/12 40 60 2.400 100 54 5.400
NOÇÕES DE ECONOMIA

05/12 20 54 1080 80 54 4.320


10/12 50 54 2.700 30 54 1.620
18/12 50 70 3.500 80 64 5.120
28/12 60 64 3.840 20 64 1.280
5.900
Soma 7.620= CMV 1.280 = EF
Compras

Saldo inicial (final do período anterior)= 60 x 50 = 3.000


Dia 1/12 – aquisição de 40 x 60 = 2.400. A cada compra tiramos uma
média entre o saldo existente e a mercadoria adquirida. O resultado
encontrado será o saldo final do dia.
Qtd. 60 + 40 = 100
Vr. 3.000 + 2.400 = 5.400
Ş
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Vr/Qtd = 5.400/100 = 54 (vr. unitário)


Dia 5/12 - venda de 20 unidades ao preço de venda de R$ 120. O
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda
na DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A
mercadoria será baixada pelo seu custo médio.
CMV = 20 X 54 = 1.080.
Restaram 80 unidades ao custo unitário médio de R$ 54.
Dia 10/12 - venda de 50 unidades ao preço de venda de R$ 130. O
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda
na DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A
mercadoria será baixada pelo seu custo médio.
CMV = 50 X 54 = 2.700.
Restaram 30 unidades ao custo unitário médio de R$ 54.
Dia 18/12 – aquisição de 50 x 70 = 3.500. A cada compra tiramos
uma média entre o saldo existente e a mercadoria adquirida. O
resultado encontrado será o saldo final do dia.
Qtd. 30 + 50 = 80
Vr. 1.620 + 3.500 = 5.120
Vr/Qtd = 5.120/80 = 64 (vr. unitário)
Dia 28/12 - venda de 60 unidades ao preço de venda de R$ 140. O
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda
na DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A
mercadoria será baixada pelo seu custo médio.
CMV = 60 X 64 = 3.840.
Restaram 20 unidades ao custo unitário médio de R$ 64.
Estoque final = R$ 1.280 = Estoque inicial do período seguinte.
Elaborada a ficha, podemos fazer algumas indagações?
Exemplos:
- Qual o valor do estoque final do dia 18/12?
Resp. EF = R$ 5.120,00
- Qual o valor do CMV no dia 10.12?
Resp. CMV = R$ 2.700,00
- Lucro do período?
Receita total = 20 x 120 + 50 x 130 + 60 x140 = 2.400 +
6.500 + 8.400 = 17.300
CMV----------------------------------------(7.620)
Lucro Bruto---------------------------------- 9.680
UEPS- Último a Entrar, Primeiro a Sair (LIFO)
ENTRADAS SAÍDA SALDO
DATA
Qtd. Vr. Un. Vr. Tot. Qtd. Vr. Un Vr. Tot. Qtd. Vr. Un. Vr. Tot.

S.I 60 50 3.000

60 50 3.000
01/12 40 60 2.400
40 2º 60 2.400
60 1º 50 3.000
05/12 202º 60 1.200
20 2º 60 1.200
20 2º 60 1.200
10/12
30 1º 50 1.500 30 1º 50 1.500

30 50 1.500
18/12 503º 70 3.500
503º 70 3.500
503º 70 3.500
28/12
10 1º 50 500 20 1º 50 1.000
5.900= 7.900= 1.000 =
Soma
Compras CMV E.F

Saldo inicial (final do período anterior)= 60 x 50 = 3.000 - Qual o valor do CMV no dia 10.12?
Resp. CMV = R$ 2.700,00
Dia 1/12 – aquisição de 40 x 60 = 2.400. Ao final do dia 1/12 teremos
dois lotes de mercadorias, o primeiro adquirido a R$ 50 cada, e o - Lucro do período?
segundo a R$ 60,00 cada. Receita total = 20 x 120 + 50 x 130 + 60 x140 = 2.400 +
Dia 5/12 - venda de 20 unidades ao preço de venda de R$ 120. O 6.500 + 8.400 = 17.300
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda CMV----------------------------------------(7.900)
na DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. A Lucro Bruto---------------------------------- 9.400
mercadoria será baixada pelo seu custo de aquisição e, como o
método adotado é o UEPS, as últimas mercadorias compradas serão Comparando os principais métodos:
as primeiras a serem vendidas. Item PEPS MPM UEPS
CMV = 20 x 60 = 1.200.
RECEITA 17.300 17.300 17.300
Restaram 60 unidades do primeiro lote a R$ 50 cada, e 20 unidades
do segundo lote a R$ 60 cada. CMV 7.500 7.620 7.900

Ş
ŝ#-ŝŦ
Dia 10/12 - venda de 50 unidades ao preço de venda de R$ 130. O RCM = LB 9.800 9.680 9.400
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda
EF 1.400 1.280 1.000
na DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque.
A mercadoria será baixada pelo seu custo de aquisição e como o Obs.: a necessidade de escolha de um método de avaliação
método adotado é o UEPS, as últimas mercadorias compradas serão de estoque decorre da instabilidade de preços. Se tivermos
as primeiras a serem vendidas. uma economia com preços perfeitamente estáveis, qualquer
CMV = 20 x 60 = 1.200, não sendo suficiente, voltamos ao lote ante- que seja o método adotado, o resultado será igual.
rior e retiramos mais 30 x 50 = 1.500. Convém notar que só entramos
no primeiro lote quando baixamos todo o segundo (UEPS). INFLAÇÃO
Restaram 30 unidades do primeiro lote a R$ 50 cada. CMV PEPS < MPM < UEPS
Dia 18/12 – aquisição de 50 x 70 = 3.500 (3º lote). Ao final do dia LUCRO PEPS > MPM > UEPS
18/12 teremos dois lotes de mercadorias, um lote adquirido a R$ 50
EF PEPS > MPM > UEPS
NOÇÕES DE ECONOMIA

cada, e o outro a R$ 70,00 cada.


Dia 28/12 - venda de 50 unidades ao preço de venda de R$ 130. O DEFLAÇÃO
preço de venda será utilizado para calcularmos a receita de venda
na DRE, não sendo, portanto, evidenciado na ficha de estoque. CMV PEPS > MPM > UEPS
A mercadoria será baixada pelo seu custo de aquisição e como o LUCRO PEPS < MPM < UEPS
método adotado é o UEPS, as últimas mercadorias compradas serão
as primeiras a serem vendidas. EF PEPS < MPM < UEPS
CMV = 50 x 70 = 3.500, não sendo suficiente, voltamos ao lote Ex.: O custo do produto vendido apurado pelo método
anterior e retiramos mais 10 x 50 = 500. da média ponderada móvel será sempre um valor inter-
Restaram 20 unidades do primeiro lote a R$ 50 cada. mediário entre o custo apurado pelo método PEPS e o
Estoque final = R$ 1.000 = Estoque inicial do período seguinte. apurado pelo método UEPS.
Elaborada a ficha, podemos fazer algumas indagações? A escolha de um método de avaliação de estoque decorre
Exemplos: da instabilidade de preços. Em virtude da existência de in-
flação ou mesmo deflação, os valores de custo de aquisição
- Qual o valor do estoque final do dia 18/12? das mercadorias tendem a variar durante o exercício. Se tivés- 569
Resp. EF = R$ 5.000,00
semos uma economia com preços perfeitamente PEPS – PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI
570 estáveis, qualquer que fosse o método adotado,
o resultado seria o mesmo. Os valores obtidos Quantidade Vr. Unitário Vr. Total
pela média ponderada móvel serão intermediári- Saldo Inicial 100 (1º lote) 2,70 270
os entre o PEPS e UEPS se a economia for infla- Compra (02/10) 600 (2º lote) 2,70 1620 Cl= 1800 – 180 =
cionária ou deflacionária. Numa economia con- 1.620/600 = 2,70
stante, esses valores não mudam, portanto, o
Venda (03/10) 400 2,70 1080
NOÇÕES DE ECONOMIA

item está errado quando afirma que sempre será


um valor intermediário. Saldo (03/10) 300 (2º lote) 2,70 810
Compra (05/10) 200 (3º lote) 3,60 720 CL = 800-80 =
Baixa do Estoque 720/200 = 3,60
Os estoques são baixados quando: Venda (10/10) 300 (2º lote) 2,70 810
▷ As receitas a que se vinculam os es- Saldo 3,60 720
200 (3º lote)
toques são reconhecidas;
▷ Os estoques são consumidos nas ativi- Compra (15/10) 500 (4º lote) 4,50 2.250 CL = 2500 – 250 =
2250/500 = 4,5
dades a que estavam destinados; e
▷ Há redução dos estoques ao valor re- Venda (16/10) 200 (3º lote) 3,60 720
alizável líquido ou quaisquer outras 100 (4º lote) 4,50 450
perdas. Saldo final 400 (4º lote) 4,50 1.800
CPC 16 – Estoque: o valor do estoque baixa-
Ş
ŝ#-ŝŦ

do, reconhecido como uma despesa durante o ANOTAÇÕES


período, o qual é denominado frequentemente como cus-
to dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos,
consiste nos custos que estavam incluídos na mensuração do
estoque que agora é vendido.
Obs.: quando os estoques são vendidos, o custo escrit-
urado desses itens deve ser reconhecido como despesa do
período em que a respectiva receita é reconhecida. A quantia
de qualquer redução dos estoques para o valor realizável líqui-
do e todas as perdas de estoques deve ser reconhecida como
despesa do período em que a redução ou a perda ocorrerem.
A quantia de toda reversão de redução de estoques, proveni-
ente de aumento no valor realizável líquido, deve ser registra-
da como redução do item em que for reconhecida a despesa
ou a perda, no período em que a reversão ocorrer.
Ex.: (AFC/STN 2002 - ESAF) Abaixo está demonstrado o
fluxo de entradas e saídas da mercadoria Alfa da empre-
sa Beta, em outubro de 2001.
As operações de compra e venda foram tributadas com
ICMS de 10%.
- compras 600 unidades preço de fatura R$ 1.800,00
data 02/10;
- compras 200 unidades preço de fatura R$ 800,00 data 05/10;
compras 500 unidades preço de fatura R$ 2.500,00 data 15/10;
- vendas 400 unidades preço de fatura R$ 1.600,00 data 03/10;
- vendas 300 unidades preço de fatura R$ 1.500,00 data 10/10;
- vendas 300 unidades preço de fatura R$ 1.200,00 data 16/10.
Sabendo-se que o estoque em primeiro de outubro con-
stava de 100 unidades ao custo unitário de R$ 2,70 e com
base no fluxo demonstrado acima, pode-se dizer que o
estoque de mercadorias em 31/10/01 terá o valor de
R$ 1.080,00, se for avaliado a PEPS.
R$ 1.388,00, se for avaliado a Preço Médio.
R$ 1.440,00, se for avaliado a UEPS.
R$ 1.530,00, se for avaliado a PEPS.
R$ 1.800,00, se for avaliado a Preço Médio.
MPM – MÉDIA PONDERADA MÓVEL
Quantidade Vr. Unitário Vr. Total
Saldo Inicial 100 2,70 270
Compra (02/10) 600 2,70 1620 Cl= 1800 – 180 = 1.620/600 = 2,70
Venda (03/10) 400 2,70 1080
Saldo (03/10) 300 2,70 810
Compra (05/10) 200 3,60 720 CL = 800-80 = 720/200 = 3,60
Saldo/média 500 3,06 1.530 Média = 810 + 720 = 1530/500 = 3,06
Venda (10/10) 300 3,06 918
Saldo 200 3,06 612
Compra (15/10) 500 4,50 2.250 CL = 2500 – 250 = 2250/500 = 4,5
Saldo/média 700 4,09 2862 Média = 612 + 2.250 = 2862/700 = 4,09
Venda (16/10) 300 4,09 1.227
Saldo final 400 4,09 1.636

UEPS – ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI


Quantidade Vr. Unitário Vr. Total
Saldo Inicial 100 (1º lote) 2,70 270
Compra (02/10) 600 (2º lote) 2,70 1620 Cl= 1800 – 180 = 1.620/600 = 2,70
Venda (03/10) 400 2,70 1080
Saldo (03/10) 300 (2º lote) 2,70 810
Compra (05/10) 200 (3º lote) 3,60 720 CL = 800-80 = 720/200 = 3,60
Venda (10/10) 200 (3º lote) 3,60 720
100 (2º lote) 2,70 270
Saldo 200 (2º lote) 2,70 540

Ş
ŝ#-ŝŦ
Compra (15/10) 500 (4º lote) 4,50 2.250 CL = 2500 – 250 = 2250/500 = 4,5
Venda (16/10) 300 (4º lote) 4,50 1.350
Saldo final 200 (2º lote) 2,70 540
200 (4º lote) 4,50 900

ANOTAÇÕES
NOÇÕES DE ECONOMIA

571
▷ os conceitos de capital e de manutenção de capital.
572
12. CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual Ex.: (Cesgranrio) O Pronunciamento Conceitual Básico
para Elaboração e Divulgação de (R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis dispõe
sobre a Estrutura Conceitual para Elaboração e Divul-
Relatório Contábil-Financeiro gação de Relatório Contábil-Financeiro, aprovado pela
Deliberação CVM n° 675, de 13 de dezembro de 2011. Esse
Introdução Pronunciamento estabelece que a estrutura conceitual,
NOÇÕES DE ECONOMIA

quanto ao seu alcance, dentre outros aspectos conceitu-


O CPC 00 (R1) é um Pronunciamento do Comitê de Pro-
nunciamentos Contábeis (CPC), que dispõe sobre a Estrutura ais, aborda
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Con- a) o reconhecimento e a mensuração dos ele-
tábil-Financeiro. mentos a partir dos quais as demonstrações contábeis
As demonstrações contábeis são elaboradas de acordo são elaboradas.
com este Pronunciamento e apresentadas para usuários ex-
ternos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e
b) o objetivo da elaboração do relatório contá-
necessidades diversas. bil-financeiro e da evidenciação de seus respectivos
Demonstrações contábeis elaboradas dentro do que pre- elementos.
screve esta Estrutura Conceitual objetivam fornecer infor- c) o objetivo da divulgação das demonstrações
mações que sejam úteis na tomada de decisões econômicas
e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o
contábeis e da classificação dos respectivos elemen-
tos que elas evidenciam.
Ş
ŝ#-ŝŦ

propósito de atender à finalidade ou necessidade específica


de determinados grupos de usuários. d) as características quantitativas, qualitativas
Demonstrações contábeis elaboradas com tal finalidade sat- e informacionais dos elementos apresentados nas
isfazem as necessidades comuns da maioria dos seus usuários,
uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações
demonstrações contábeis.
contábeis para a tomada de decisões econômicas, tais como: e) as características e a mensuração dos ele-
a) decidir quando comprar, manter ou vender instru- mentos da estrutura de capitais, sua manutenção e
mentos patrimoniais; respectiva evidenciação.
b) avaliar a administração da entidade quanto à re- A. Trata-se de uma questão literal. Vejamos:
sponsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto
A Estrutura Conceitual aborda:
à qualidade de seu desempenho e de sua prestação
de contas; ▷ O objetivo da elaboração e divulgação de relatório
contábil-financeiro.
c) avaliar a capacidade de a entidade pagar seus em-
pregados e proporcionar-lhes outros benefícios; ▷ As características qualitativas da informação con-
tábil-financeira útil.
d) avaliar a segurança quanto à recuperação dos recur-
sos financeiros emprestados à entidade; ▷ A definição, o reconhecimento e a mensuração dos
elementos a partir dos quais as demonstrações con-
e) determinar políticas tributárias;
tábeis são elaboradas; e
f) determinar a distribuição de lucros e dividendos;
▷ Os conceitos de capital e de manutenção de capital.
g) elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou
h) regulamentar as atividades das entidades. Relatório Contábil-Financeiro
Pode haver um número limitado de casos em que seja ob-
servado um conflito entre a Estrutura Conceitual e um Pronunci-
de Propósito Geral
amento Técnico, uma Interpretação ou uma Orientação. Nesses De acordo com a Estrutura Conceitual, o objetivo do
casos, as exigências do Pronunciamento Técnico, da Interpre- relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer in-
tação ou da Orientação específicos devem prevalecer sobre a formações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta
Estrutura Conceitual. É importante citar que o CPC 00 (R1) não é essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investi-
um Pronunciamento Técnico propriamente dito e, portanto, não dores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e
define normas ou procedimentos para qualquer questão partic- a outros credores, quando da tomada decisão ligada ao forne-
ular sobre aspectos de mensuração ou divulgação. cimento de recursos para a entidade.
A Estrutura Conceitual aborda: Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter par-
▷ o objetivo da elaboração e divulgação de relatório ticipações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de
contábil-financeiro; dívida, e a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras for-
▷ as características qualitativas da informação con- mas de crédito.
tábil-financeira útil; Ex.: Decisões a serem tomadas por investidores relacio-
▷ a definição, o reconhecimento e a mensuração dos nadas a comprar, vender ou manter instrumentos patri-
elementos a partir dos quais as demonstrações con- moniais dependem do retorno esperado dos investimen-
tábeis são elaboradas; e tos feitos nos referidos instrumentos.
Os investidores, credores por empréstimo e outros cre- evante e que é representada com fidedignidade e, por isso, são
dores, existentes e em potencial, são os usuários primários chamadas de características qualitativas de melhoria.
para quem relatórios contábil-financeiros de propósito geral
são direcionados. Isso porque eles não podem requerer que Relevância
as entidades que reportam a informação prestem a eles dire- Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz
tamente as informações de que necessitam, devendo, desse de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos
modo, confiar e utilizar os relatórios contábil-financeiros de usuários. A informação pode ser capaz de fazer diferença em
propósito geral que são fornecidos pelas entidades. Estes uma decisão, mesmo no caso de alguns usuários decidirem
usuários têm diferentes (e possivelmente conflitantes) dese- não a levar em consideração, ou mesmo se já tiverem tomado
jos e necessidades de informação. Por esse motivo, a entidade ciência de sua existência por outras fontes. A informação con-
pode prestar informações adicionais que sejam mais úteis a tábil-financeira é capaz de fazer diferença nas decisões se tiver
um subconjunto particular de usuários primários. valor preditivo, valor confirmatório ou ambos.
Os relatórios contábil-financeiros de propósito geral não Valor Preditivo
são elaborados para se chegar ao valor da entidade que re-
porta a informação; a rigor, fornecem informação para auxiliar A informação contábil-financeira tem valor preditivo se
investidores, credores por empréstimo e outros credores, ex- puder ser utilizada como dado de entrada em processos em-
istentes e em potencial, a estimarem o valor da entidade que pregados pelos usuários para predizer futuros resultados. A in-
reporta a informação. formação contábil-financeira não precisa ser uma predição ou
uma projeção para que possua valor preditivo. A informação
Os relatórios contábil-financeiros de propósito geral for-
contábil-financeira com valor preditivo é empregada pelos
necem informação acerca da posição patrimonial e financeira
usuários ao fazerem suas próprias predições.
da entidade que reporta a informação, e sobre os efeitos de
transações e outros eventos que alteram os recursos econômi- Valor Confirmatório
cos da entidade. Essas informações podem auxiliar usuários a A informação contábil-financeira tem valor confirmatório
identificarem a fraqueza e o vigor financeiro da entidade que se for retroalimentar – servir de feedback – avaliações prévias
reporta a informação. (confirmá-las ou alterá-las).
Mudanças nos recursos econômicos da entidade que re- O valor preditivo e o valor confirmatório da informação
porta a informação resultam da performance financeira da en- contábil-financeira estão inter-relacionados. A informação
tidade e de outros eventos ou transações, como, por exemplo, que tem valor preditivo muitas vezes também tem valor con-
a emissão de títulos de dívida ou de títulos patrimoniais. firmatório. Por exemplo, a informação sobre receita para o ano
O CPC 00 (R1) também apresenta a importância de regis- corrente, a qual pode ser utilizada como base para predizer
trar as receitas e despesas segundo o regime de competência receitas para anos futuros, também pode ser comparada com
(aquele que determina o registro de receitas e despesas quan- predições de receita para o ano corrente, as quais foram feitas

Ş
ŝ#-ŝŦ
do ocorre o fato gerador, independentemente de recebimento nos anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem
ou pagamento), quando cita que ele retrata com propriedade auxiliar os usuários a corrigirem e a melhorarem os processos
os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias que foram utilizados para fazer tais predições.
sobre os recursos econômicos da entidade que reporta a in-
formação nos períodos em que ditos efeitos são produzidos, Representação Fidedigna
ainda que os recebimentos e pagamentos em caixa derivados Os relatórios contábil-financeiros representam um fenôme-
ocorram em períodos distintos. no econômico em palavras e números. Para ser útil, a informação
contábil-financeira não tem só que representar um fenômeno
Características Qualitativas da relevante, mas tem também que representar com fidedignidade
Informação Contábil-Financeira o fenômeno que se propõe representar. Para ser representação
perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três
As características qualitativas da informação contábil-fi- atributos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erro.
nanceira útil identificam os tipos de informação que muito
NOÇÕES DE ECONOMIA

provavelmente são reputadas como as mais úteis para investi- Informação Completa
dores, credores por empréstimos e outros credores, existentes O retrato da realidade econômica completo deve incluir
e em potencial, para tomada de decisões acerca da entidade toda a informação necessária para que o usuário compreenda
que reporta com base na informação contida nos seus relatórios o fenômeno sendo retratado, incluindo todas as descrições e
contábil-financeiros. Estas características devem ser aplicadas à explicações necessárias. Por exemplo, um retrato completo de
informação contábil-financeira. um grupo de Ativos incluiria, no mínimo, a descrição da na-
Se a informação contábil-financeira objetiva ser útil, ela tureza dos Ativos que compõem o grupo, o retrato numérico
precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que de todos os Ativos que compõem o grupo, e a descrição acer-
se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-fi- ca do que o retrato numérico representa (por exemplo, custo
nanceira é melhorada se ela for comparável, verificável, tem- histórico original, custo histórico ajustado ou valor justo).
pestiva e compreensível. Para alguns itens, um retrato completo pode considerar,
As características qualitativas fundamentais são relevân- ainda, explicações de fatos significativos sobre a qualidade e a
cia e representação fidedigna. Comparabilidade, verificabili- natureza desses itens, fatos e circunstâncias que podem afetar
dade, tempestividade e compreensibilidade são características a qualidade e a natureza deles, e os processos utilizados para 573
qualitativas que melhoram a utilidade da informação que é rel- determinar os números retratados.
Informação Neutra Comparabilidade não significa uniformidade. Para que a
574 Um retrato neutro não deve ser distorcido com contornos informação seja comparável, coisas iguais precisam parecer ig-
que possa receber, dando a ele maior ou menor peso, ênfase uais e coisas diferentes precisam parecer diferentes. A compa-
maior ou menor, ou qualquer outro tipo de manipulação que rabilidade da informação contábil-financeira não é aprimorada
aumente a probabilidade de a informação contábil-financeira ao se fazer com que coisas diferentes pareçam iguais ou ainda
ser recebida pelos seus usuários de modo favorável ou desfa- ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes.
vorável. Verificabilidade
NOÇÕES DE ECONOMIA

Informação neutra não significa informação sem A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a infor-
propósito ou sem influência no comportamento dos usuári- mação representa fidedignamente o fenômeno econômico que
os. A bem da verdade, informação contábil-financeira rel- se propõe representar. A verificabilidade significa que diferentes
evante, por definição, é aquela capaz de fazer diferença nas observadores, cônscios e independentes, podem chegar a um
decisões tomadas pelos usuários. consenso, embora não cheguem necessariamente a um comple-
Informação Livre de Erro to acordo, quanto ao retrato de uma realidade econômica em
Um retrato da realidade econômica livre de erros significa particular ser uma representação fidedigna. A informação quan-
que não há erros ou omissões no fenômeno retratado, e que tificável não necessita ser um único ponto estimado para ser
o processo utilizado, para produzir a informação reportada, verificável. Uma faixa de possíveis montantes com suas probab-
foi selecionado e foi aplicado livre de erros. Nesse sentido, ilidades respectivas pode também ser verificável.
um retrato da realidade econômica livre de erros não significa A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta
algo perfeitamente exato em todos os aspectos. Por exemplo, significa averiguar um montante ou outra representação por
a estimativa de preço ou valor não observável não pode ser meio de observação direta, como, por exemplo, por meio da
Ş
ŝ#-ŝŦ

qualificada como sendo algo exato ou inexato. Entretanto, a contagem de caixa. Verificação indireta significa checar os da-
representação dessa estimativa pode ser considerada fided- dos de entrada do modelo, fórmula ou outra técnica e recal-
igna se o montante for descrito claramente e precisamente cular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma
como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitações do metodologia. Um exemplo é a verificação do valor contábil dos
processo forem devidamente reveladas, e nenhum erro tiver estoques por meio da checagem dos dados de entrada (quan-
sido cometido na seleção e aplicação do processo apropriado tidades e custos) e por meio do recálculo do saldo final dos
para desenvolvimento da estimativa. estoques utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do
custo (por exemplo, utilizando o método PEPS).
Características Qualitativas de Melhoria Tempestividade
Comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e Tempestividade significa ter informação disponível para
compreensibilidade são características qualitativas que mel- tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em
horam a utilidade da informação que é relevante e que é repre- suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem
sentada com fidedignidade. As características qualitativas de menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu
melhoria podem também auxiliar a determinar qual de duas atributo tempestividade prolongado após o encerramento do
alternativas, que sejam consideradas equivalentes em termos período contábil, em decorrência de alguns usuários, por ex-
de relevância e fidedignidade de representação, deve ser usa- emplo, necessitarem identificar e avaliar tendências.
da para retratar um fenômeno.
Compreensibilidade
Comparabilidade
Classificar, caracterizar e apresentar a informação com
As decisões de usuários implicam escolhas entre alternati- clareza e concisão torna-a compreensível.
vas, como, por exemplo, vender ou manter um investimento, Certos fenômenos são inerentemente complexos e não
ou investir em uma entidade ou em outra. Consequentemente, podem ser facilmente compreendidos. A exclusão de infor-
a informação acerca da entidade que reporta informação será mações sobre esses fenômenos dos relatórios contábil-fi-
mais útil caso possa ser comparada com informação similar nanceiros pode tornar a informação constante em referidos
sobre outras entidades e com informação similar sobre a mes- relatórios mais facilmente compreendida. Contudo, os referi-
ma entidade para outro período ou para outra data. dos relatórios seriam considerados incompletos e potencial-
Comparabilidade é a característica qualitativa que permite mente distorcidos (misleading).
que os usuários identifiquem e compreendam similaridades Relatórios contábil-financeiros são elaborados para
dos itens e diferenças entre eles. Diferentemente de outras usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de
características qualitativas, a comparabilidade não está rela- atividades econômicas e que revisem e analisem a informação
cionada com um único item. A comparação requer, no mínimo, diligentemente. Por vezes, mesmo os usuários bem informa-
dois itens. dos e diligentes podem sentir a necessidade de procurar aju-
A consistência, embora esteja relacionada com a com- da de consultor para compreensão da informação sobre um
parabilidade, não possui o mesmo significado que ela. A fenômeno econômico complexo.
consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os Ex.: (ESAF) Entre as características qualitativas de mel-
mesmos itens, tanto de um período para outro, considerando horia, a comparabilidade está entre as que os analistas
a mesma entidade que reporta a informação, quanto para um de demonstrações contábeis mais buscam. Dessa forma,
único período entre entidades. A comparabilidade é o objeti- pode-se definir pela estrutura conceitual contábil que
vo; a consistência auxilia a alcançar esse objetivo. comparabilidade é a característica que:
permite que os usuários identifiquem e compreendam Posição Patrimonial e Financeira
similaridades dos itens e diferenças entre eles nas De-
Ativos
monstrações Contábeis. O benefício econômico futuro incorporado a um Ativo é
utiliza os mesmos métodos para os mesmos itens, tan- o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o
to de um período para outro, considerando a mesma fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Tal
entidade que reporta a informação, quanto para um potencial pode ser produtivo, quando o recurso for parte inte-
grante das atividades operacionais da entidade. Pode também
único período entre entidades. ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de
considera a uniformidade na aplicação dos procedi- caixa ou pode ainda ser capaz de reduzir as saídas de caixa,
mentos e normas contábeis, em que, para se obter como no caso de processo industrial alternativo que reduza os
a comparabilidade, as entidades precisam adotar os custos de produção.
mesmos métodos de apuração e cálculo. A entidade geralmente emprega os seus Ativos na pro-
dução de bens ou na prestação de serviços capazes de satis-
garante que usuários diferentes concluam de forma fazer os desejos e as necessidades dos consumidores. Tendo
completa e igual, quanto à condição econômica e fi- em vista que esses bens ou serviços podem satisfazer esses
nanceira da empresa, sendo levados a um completo desejos ou necessidades, os consumidores se predispõem a
pagar por eles e a contribuir, assim, para o fluxo de caixa da
acordo.
entidade. O caixa por si só rende serviços para a entidade, vis-
estabelece procedimentos para a padronização dos mé- to que exerce um comando sobre os demais recursos.
todos e processos aplicados em demonstrações contábeis Os benefícios econômicos futuros incorporados a um Ativo
de mesmo segmento. podem fluir para a entidade de diversas maneiras. Por exemp-
A. lo, o Ativo pode ser:
Trata-se de questão literal. Vejamos: a) usado isoladamente ou em conjunto com outros Ati-
“Comparabilidade é a característica qualitativa que per- vos na produção de bens ou na prestação de serviços
mite que os usuários identifiquem e compreendam similari- a serem vendidos pela entidade;
dades dos itens e diferenças entre eles.” (Grifo nosso) b) trocado por outros Ativos;
c) usado para liquidar um Passivo; ou
Estrutura Conceitual das d) distribuído aos proprietários da entidade.
Demonstrações Contábeis Muitos Ativos, como, por exemplo, itens do imobilizado,
As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimo- têm forma física. Entretanto, a forma física não é essencial para

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ŝ#-ŝŦ
niais e financeiros das transações e outros eventos, por meio a existência de Ativo. Assim sendo, as patentes e os direitos
do grupamento deles em classes amplas de acordo com as autorais, por exemplo, são considerados Ativos, caso deles se-
suas características econômicas. Essas classes amplas são de- jam esperados que benefícios econômicos futuros fluam para
a entidade e caso eles sejam por ela controlados.
nominadas de elementos das demonstrações contábeis. Os
elementos diretamente relacionados à mensuração da posição Muitos Ativos, como, por exemplo, contas a receber e
patrimonial e financeira no balanço patrimonial são os Ativos, imóveis, estão associados a direitos legais, incluindo o direito
os Passivos e o Patrimônio Líquido. Os elementos diretamente de propriedade. Ao determinar a existência do Ativo, o direito
relacionados com a mensuração do desempenho na demon- de propriedade não é essencial. Assim, por exemplo, um imóvel
stração do resultado são as receitas e as despesas. A demon- objeto de arrendamento mercantil será um Ativo, caso a en-
stração das mutações na posição financeira usualmente reflete tidade controle os benefícios econômicos que são esperados
os elementos da demonstração do resultado e as alterações que fluam da propriedade. Embora a capacidade de a entidade
nos elementos do balanço patrimonial. Assim, esta Estrutura controlar os benefícios econômicos normalmente resulte da
NOÇÕES DE ECONOMIA

Conceitual não identifica qualquer elemento que seja exclusivo existência de direitos legais, o item pode, contudo, satisfazer a
dessa demonstração. definição de Ativo, mesmo quando não houver controle legal.
Por exemplo, o conhecimento (know-how) obtido por meio
Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da atividade de desenvolvimento de produto pode satisfazer
da posição patrimonial e financeira são os Ativos, os Passivos e a definição de Ativo quando, mantendo esse conhecimento
o Patrimônio Líquido. Estes são definidos como segue: (know-how) em segredo, a entidade controlar os benefícios
Ativo: recurso controlado pela entidade como resultado econômicos que são esperados que fluam desse Ativo.
de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros Os Ativos da entidade resultam de transações passadas ou
benefícios econômicos para a entidade; de outros eventos passados. As entidades normalmente ob-
Passivo: obrigação presente da entidade, derivada de têm Ativos por meio de sua compra ou produção, mas outras
eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na transações ou eventos podem gerar Ativos. Pode-se citar como
saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios exemplos um imóvel recebido de ente governamental como
econômicos; parte de programa para fomentar o crescimento econômico de
Patrimônio Líquido: interesse residual nos Ativos da enti- dada região, ou a descoberta de jazidas minerais. Transações 575
dade, depois de deduzidos todos os seus Passivos. ou eventos previstos para ocorrer no futuro não dão origem,
por si só, ao surgimento de Ativos. Desse modo, por exem- serviços dão origem a contas a pagar (a não ser que pagos
576 plo, a intenção de adquirir estoques não atende, por si só, à adiantadamente ou na entrega), e o recebimento de emprés-
definição de Ativo. timo bancário resulta na obrigação de honrá-lo no vencimen-
Há uma forte associação entre incorrer em gastos e gerar to. A entidade também pode ter a necessidade de reconhecer
Ativos, mas ambas as atividades não são necessariamente in- como Passivos os futuros abatimentos baseados no volume
dissociáveis. Assim, o fato de a entidade ter incorrido em gasto das compras anuais dos clientes. Nesse caso, a venda de bens
pode fornecer uma evidência de busca por futuros benefícios no passado é a transação que dá origem ao Passivo.
NOÇÕES DE ECONOMIA

econômicos, mas não é prova conclusiva de que um item que Alguns Passivos somente podem ser mensurados por
satisfaça à definição de Ativo tenha sido obtido. De modo análo- meio do emprego de significativo grau de estimativa. No Bra-
go, a ausência de gasto relacionado não impede que um item sil, denominam-se esses Passivos de provisões. A definição
satisfaça à definição de Ativo e se qualifique para reconhec- de Passivo segue uma abordagem ampla. Desse modo, caso
imento no balanço patrimonial. Por exemplo, itens que foram a provisão envolva uma obrigação presente e satisfaça os de-
doados à entidade podem satisfazer a definição de Ativo. mais critérios da definição, ela é um Passivo, ainda que seu
montante tenha que ser estimado. Exemplos concretos in-
Passivos cluem provisões para pagamentos a serem feitos para satis-
Uma característica essencial para a existência de Passivo é fazer acordos com garantias em vigor e provisões para fazer
que a entidade tenha uma obrigação presente. Uma obrigação em face de obrigações de aposentadoria.
é um dever ou responsabilidade de agir ou de desempenhar
uma dada tarefa de certa maneira. As obrigações podem ser Patrimônio Líquido
legalmente exigíveis em consequência de contrato ou de ex- Embora o Patrimônio Líquido seja definido como algo
igências estatutárias. Esse é normalmente o caso, por exemp- residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimo-
Ş
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lo, das contas a pagar por bens e serviços recebidos. Entretan- nial. Por exemplo, na sociedade por ações, recursos aporta-
to, obrigações surgem também de práticas usuais do negócio, dos pelos sócios, reservas resultantes de retenções de lucros
de usos e costumes e do desejo de manter boas relações e reservas representando ajustes para manutenção do capital
comerciais ou agir de maneira equitativa. Desse modo, se, por podem ser demonstrados separadamente. Tais classificações
exemplo, a entidade que decida, por questão de política mer- podem ser relevantes para a tomada de decisão dos usuários
cadológica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, das demonstrações contábeis quando indicarem restrições le-
mesmo quando tais defeitos tenham-se tornado conhecidos gais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade
depois da expiração do período da garantia, as importâncias tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos
que espera gastar com os produtos já vendidos constituem patrimoniais. Podem também refletir o fato de que determina-
Passivos. das partes com direitos de propriedade sobre a entidade têm
Deve-se fazer uma distinção entre obrigação presente e direitos diferentes com relação ao recebimento de dividendos
compromisso futuro. A decisão da administração de uma enti- ou ao reembolso de capital.
dade para adquirir Ativos no futuro não dá origem, por si só, a A constituição de reservas é, por vezes, exigida pelo estat-
uma obrigação presente. A obrigação normalmente surge so- uto ou por lei para dar à entidade e a seus credores uma mar-
mente quando um Ativo é entregue ou a entidade ingressa em gem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos. Outras
acordo irrevogável para adquirir o Ativo. Nesse último caso, reservas podem ser constituídas em atendimento a leis que
a natureza irrevogável do acordo significa que as consequên- concedem isenções ou reduções nos impostos a pagar quan-
cias econômicas de deixar de cumprir a obrigação, como, por do são feitas transferências para tais reservas. A existência e o
exemplo, em função da existência de penalidade contratual tamanho de tais reservas legais, estatutárias e fiscais represen-
significativa, deixam a entidade com pouca, caso haja alguma, tam informações que podem ser importantes para a tomada de
liberdade para evitar o desembolso de recursos em favor da decisão dos usuários. As transferências para tais reservas são
outra parte. apropriações de lucros acumulados; portanto, não constituem
A liquidação de uma obrigação presente geralmente im- despesas.
plica a utilização, pela entidade, de recursos incorporados de O montante pelo qual o Patrimônio Líquido é apresentado
benefícios econômicos a fim de satisfazer a demanda da outra no balanço patrimonial depende da mensuração dos Ativos e
parte. A liquidação de uma obrigação presente pode ocorrer Passivos. Normalmente, o montante agregado do Patrimônio
de diversas maneiras, como, por exemplo, por meio de: Líquido somente por coincidência corresponde ao valor de
a) pagamento em caixa; mercado agregado das ações da entidade ou da soma que
b) transferência de outros Ativos; poderia ser obtida pela venda dos seus Ativos Líquidos em
c) prestação de serviços; uma base de item por item, ou da entidade como um todo,
tomando por base a premissa da continuidade (going concern
d) substituição da obrigação por outra; ou basis).
e) conversão da obrigação em item do Patrimônio Atividades comerciais e industriais, bem como outros
Líquido. negócios, são frequentemente exercidas por meio de firmas
A obrigação pode também ser extinta por outros meios, individuais, sociedades limitadas, entidades estatais e outras
tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus di- organizações cujas estruturas, legal e regulamentar, em regra,
reitos. são diferentes daquelas aplicáveis às sociedades por ações.
Passivos resultam de transações ou outros eventos pas- Por exemplo, pode haver poucas restrições, caso haja, sobre
sados. Assim, por exemplo, a aquisição de bens e o uso de a distribuição aos proprietários ou a outros beneficiários de
montantes incluídos no Patrimônio Líquido. Não obstante, a Receitas
definição de Patrimônio Líquido e os outros aspectos dessa A definição de receita abrange tanto receitas propria-
Estrutura Conceitual que tratam do Patrimônio Líquido são
mente ditas quanto ganhos. A receita surge no curso das ativ-
igualmente aplicáveis a tais entidades.
idades usuais da entidade e é designada por uma variedade
Performance de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos,
O resultado é frequentemente utilizado como medida de royalties, aluguéis.
performance ou como base para outras medidas, tais como o Ganhos representam outros itens que se enquadram
retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos na definição de receita e podem ou não surgir no curso das
diretamente relacionados com a mensuração do resultado são atividades usuais da entidade, representando aumentos nos
as receitas e as despesas. O reconhecimento e a mensuração benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza,
das receitas e despesas e, consequentemente, do resultado, de- das receitas. Consequentemente, não são considerados como
pendem em parte dos conceitos de capital e de manutenção de elemento separado nesta Estrutura Conceitual.
capital adotados pela entidade na elaboração de suas demon-
Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da
strações contábeis.
venda de Ativos não circulantes. A definição de receita tam-
Os elementos de receitas e despesas são definidos como
bém inclui ganhos não realizados. Por exemplo, citam-se os
segue:
que resultam da reavaliação de títulos e valores mobiliários
▷ Receitas são aumentos nos benefícios econômicos
negociáveis e os que resultam de aumentos no valor contábil
durante o período contábil, sob a forma da entrada
de recursos ou do aumento de Ativos ou diminuição de Ativos de longo prazo. Quando esses ganhos são reconheci-
de Passivos, que resultam em aumentos do Patrimô- dos na demonstração do resultado, eles são usualmente apre-
nio Líquido, e que não estejam relacionados com a sentados separadamente, porque sua divulgação é útil para
contribuição dos detentores dos instrumentos pat- fins de tomada de decisões econômicas. Os ganhos são, em
rimoniais. regra, reportados líquidos das respectivas despesas.
▷ Despesas são decréscimos nos benefícios econômi- Vários tipos de Ativos podem ser recebidos ou aumen-
cos durante o período contábil, sob a forma da saída tados por meio da receita; exemplos incluem caixa, contas a
de recursos ou da redução de Ativos ou assunção receber, bens e serviços recebidos em troca de bens e serviços
de Passivos, que resultam em decréscimo do Pat- fornecidos. A receita também pode resultar da liquidação
rimônio Líquido, e que não estejam relacionados de Passivos. Por exemplo, a entidade pode fornecer merca-
com distribuições aos detentores dos instrumentos dorias e serviços ao credor por empréstimo em liquidação da
patrimoniais.
obrigação de pagar o empréstimo.
As definições de receitas e despesas identificam suas car-

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acterísticas essenciais, mas não correspondem a uma tentativa Despesas
de especificar os critérios que precisam ser satisfeitos para que A definição de despesas abrange tanto as perdas quanto
sejam reconhecidas na demonstração do resultado. as despesas propriamente ditas que surgem no curso das ativ-
As receitas e as despesas podem ser apresentadas na idades usuais da entidade. As despesas que surgem no curso
demonstração do resultado de diferentes maneiras, de modo a das atividades usuais da entidade incluem, por exemplo, o custo
serem prestadas informações relevantes para a tomada de de- das vendas, dos salários e da depreciação. Geralmente, tomam a
cisões econômicas. Por exemplo, é prática comum distinguir os
forma de desembolso ou redução de Ativos como caixa e equiv-
itens de receitas e despesas que surgem no curso das atividades
alentes de caixa, estoques e Ativo imobilizado.
usuais da entidade daqueles que não surgem. Essa distinção é
feita considerando que a origem de um item é relevante para Perdas representam outros itens que se enquadram na
a avaliação da capacidade que a entidade tem de gerar caixa definição de despesas e podem ou não surgir no curso das
ou equivalentes de caixa no futuro. Por exemplo, atividades atividades usuais da entidade, representando decréscimos nos
NOÇÕES DE ECONOMIA

incidentais, como a venda de um investimento de longo prazo, benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza,
são improváveis de voltarem a ocorrer em base regular. Quando das demais despesas. Consequentemente, não são consideradas
da distinção dos itens dessa forma, deve-se levar em conta a como elemento separado nesta Estrutura Conceitual.
natureza da entidade e suas operações. Itens que resultam das Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros,
atividades usuais de uma entidade podem não ser usuais em
como incêndio e inundações, assim como as que decorrem da
outras entidades.
venda de Ativos Não Circulantes. A definição de despesas tam-
A distinção entre itens de receitas e de despesas e a
bém inclui as perdas não realizadas. Por exemplo, as que sur-
sua combinação de diferentes maneiras também permitem
gem dos efeitos dos aumentos na taxa de câmbio de moeda
demonstrar várias formas de medir a performance da en-
tidade, com maior ou menor grau de abrangência dos itens. estrangeira, com relação aos empréstimos da entidade a pagar
Por exemplo, a demonstração do resultado pode apresentar em tal moeda. Quando as perdas são reconhecidas na demon-
a margem bruta, o lucro ou o prejuízo das atividades usuais stração do resultado, elas são geralmente demonstradas sep-
antes dos tributos sobre o resultado, o lucro ou o prejuízo das aradamente, pois sua divulgação é útil para fins de tomada
atividades usuais depois desses tributos e o lucro ou prejuízo de decisões econômicas. As perdas são, em regra, reportadas 577
líquido. líquidas das respectivas receitas.
Reconhecimento dos Elementos Um Ativo não deve ser reconhecido no balanço patri-
578 monial quando os gastos incorridos não proporcionarem a
das Demonstrações Contábeis expectativa provável de geração de benefícios econômicos
Reconhecimento é o processo que consiste na incorpo- para a entidade além do período contábil corrente. Ao invés
ração ao balanço patrimonial ou à demonstração do resultado disso, tal transação deve ser reconhecida como despesa na
de item que se enquadre na definição de elemento e que satis- demonstração do resultado. Esse tratamento não implica dizer
faça os critérios de reconhecimento descritos a seguir: que a intenção da administração ao incorrer nos gastos não
NOÇÕES DE ECONOMIA

▷ for provável que algum benefício econômico futuro tenha sido a de gerar benefícios econômicos futuros para a
associado ao item flua para a entidade ou flua da entidade, ou que a administração tenha sido mal conduzida.
entidade; e A única implicação é que o grau de certeza quanto à geração
▷ o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado de benefícios econômicos para a entidade, além do período
com confiabilidade. contábil corrente, é insuficiente para garantir o reconhecimen-
O reconhecimento envolve a descrição do item, a mensu- to do Ativo.
ração do seu montante monetário e a sua inclusão no balanço Reconhecimento de Passivos
patrimonial ou na demonstração do resultado. Os itens que
satisfazem os critérios de reconhecimento devem ser reconhe- Um Passivo deve ser reconhecido no balanço patrimonial
cidos no balanço patrimonial ou na demonstração do resulta- quando for provável que uma saída de recursos detentores de
do. A falta de reconhecimento de tais itens não é corrigida pela benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obrigação
divulgação das práticas contábeis adotadas nem tampouco presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser
pelas notas explicativas ou pelo material elucidativo. mensurado com confiabilidade. Na prática, as obrigações orig-
inadas de contratos ainda não integralmente cumpridos de
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Probabilidade de Futuros Benefícios Econômicos modo proporcional – proportionately unperformed (Ex.: Pas-
O conceito de probabilidade deve ser adotado nos critérios sivos decorrentes de pedidos de compra de produtos e merca-
de reconhecimento para determinar o grau de incerteza com dorias ainda não recebidos) – não são geralmente reconheci-
que os benefícios econômicos futuros referentes ao item ven- das como Passivos nas demonstrações contábeis. Contudo, tais
ham a fluir para a entidade ou a fluir da entidade. O conceito obrigações podem enquadrar-se na definição de Passivos caso
está em conformidade com a incerteza que caracteriza o ambi- sejam atendidos os critérios de reconhecimento nas circunstân-
ente no qual a entidade opera. As avaliações acerca do grau de cias específicas, e podem qualificar-se para reconhecimento.
incerteza atrelado ao fluxo de benefícios econômicos futuros Nesses casos, o reconhecimento dos Passivos exige o reconhe-
devem ser feitas com base na evidência disponível quando as cimento dos correspondentes Ativos ou despesas.
demonstrações contábeis são elaboradas. Por exemplo, quan-
do for provável que uma conta a receber devida à entidade Reconhecimento de Receitas
será paga pelo devedor, é então justificável, na ausência de A receita deve ser reconhecida na demonstração do resul-
qualquer evidência em contrário, reconhecer a conta a receber tado quando resultar em aumento nos benefícios econômicos
como Ativo. Para uma ampla população de contas a receber, futuros, relacionado com aumento de Ativo ou com diminuição
entretanto, algum grau de inadimplência é normalmente con- de Passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso
siderado provável. Dessa forma, reconhece-se como despesa a significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre
esperada redução nos benefícios econômicos. simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos Ati-
Confiabilidade da Mensuração vos ou da diminuição nos Passivos (Ex.: o aumento líquido nos
Ativos, originado da venda de bens e serviços, ou o decréscimo
O segundo critério para reconhecimento de um item é do Passivo, originado do perdão de dívida a ser paga).
que ele possua custo ou valor que possa ser mensurado com
confiabilidade. Em muitos casos, o custo ou valor precisa ser Os procedimentos normalmente adotados, na prática, para
estimado. O uso de estimativas razoáveis é parte essencial da reconhecimento da receita, como, por exemplo, a exigência de
elaboração das demonstrações contábeis e não prejudica a sua que a receita tenha sido ganha, são aplicações dos critérios
confiabilidade. Quando, entretanto, não puder ser feita estima- de reconhecimento definidos nesta Estrutura Conceitual. Tais
tiva razoável, o item não deve ser reconhecido no balanço patri- procedimentos são geralmente direcionados para restringir o
monial ou na demonstração do resultado. Por exemplo, o valor reconhecimento como receita àqueles itens que possam ser
que se espera receber de uma ação judicial pode enquadrar-se mensurados com confiabilidade e tenham suficiente grau de
nas definições tanto de Ativo quanto de receita, assim como nos certeza.
critérios probabilísticos exigidos para reconhecimento. Todavia, Reconhecimento de Despesas
se não é possível mensurar com confiabilidade o montante que
será recebido, ele não deve ser reconhecido como Ativo ou re- As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do
ceita. A existência da reclamação deve ser, entretanto, divulgada resultado quando resultarem em decréscimo nos benefícios
nas notas explicativas ou nos quadros suplementares. econômicos futuros, relacionado com o decréscimo de um
Ativo ou o aumento de um Passivo, e puder ser mensurado
Reconhecimento de Ativos com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhe-
Um Ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial cimento da despesa ocorre simultaneamente com o recon-
quando for provável que benefícios econômicos futuros dele hecimento de aumento nos Passivos ou de diminuição nos
provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder Ativos (Ex.: a alocação por competência de obrigações tra-
ser mensurado com confiabilidade. balhistas ou da depreciação de equipamento).
As despesas devem ser reconhecidas na demonstração Custo corrente: os Ativos são mantidos pelos montantes
do resultado com base na associação direta entre elas e os em caixa ou equivalentes de caixa que teriam de ser pagos se
correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente esses mesmos Ativos ou Ativos equivalentes fossem adquiri-
chamado de confrontação entre despesas e receitas (regime dos na data do balanço. Os Passivos são reconhecidos pelos
de competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não desconta-
combinado das receitas e despesas que resultem direta- dos, que se espera sejam necessários para liquidar a obrigação
mente ou conjuntamente das mesmas transações ou outros na data do balanço.
eventos. Por exemplo, os vários componentes de despesas Valor realizável (valor de realização ou de liquidação):
que integram o custo das mercadorias vendidas devem ser os Ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equiv-
reconhecidos no mesmo momento em que a receita derivada alentes de caixa que poderiam ser obtidos pela sua venda
da venda das mercadorias é reconhecida. Contudo, a apli- em forma ordenada. Os Passivos são mantidos pelos seus
cação do conceito de confrontação, de acordo com esta Es- montantes de liquidação, isto é, pelos montantes em caixa ou
trutura Conceitual, não autoriza o reconhecimento de itens equivalentes de caixa, não descontados, que se espera sejam
no balanço patrimonial que não satisfaçam a definição de pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso
Ativos ou Passivos. normal das operações.
Quando se espera que os benefícios econômicos sejam Valor presente: os Ativos são mantidos pelo valor pre-
gerados ao longo de vários períodos contábeis e a asso- sente, descontado, dos fluxos futuros de entradas líquidas de
ciação com a correspondente receita somente possa ser feita caixa que se espera sejam gerados pelo item no curso normal
de modo geral e indireto, as despesas devem ser reconhe- das operações. Os Passivos são mantidos pelo valor presente,
cidas na demonstração do resultado com base em procedi- descontado, dos fluxos futuros de saídas líquidas de caixa que
mentos de alocação sistemática e racional. Muitas vezes, isso se espera sejam necessários para liquidar o Passivo no curso
é necessário ao reconhecer despesas associadas com o uso normal das operações.
ou o consumo de Ativos, tais como itens do imobilizado, ágio A base de mensuração mais comumente adotada pelas
pela expectativa de rentabilidade futura (goodwill), marcas entidades na elaboração de suas demonstrações contábeis é
e patentes. Em tais casos, a despesa é designada como de- o custo histórico. Ele é normalmente combinado com outras
preciação ou amortização. Esses procedimentos de alocação bases de mensuração. Por exemplo, os estoques são geral-
destinam-se a reconhecer despesas nos períodos contábeis mente mantidos pelo menor valor entre o custo e o valor líqui-
em que os benefícios econômicos associados a tais itens se- do de realização, os títulos e valores mobiliários negociáveis
jam consumidos ou expirem. podem em determinadas circunstâncias ser mantidos a valor
A despesa deve ser reconhecida imediatamente na demon- de mercado, e os Passivos decorrentes de pensões são manti-
stração do resultado quando o gasto não produzir benefícios dos pelo seu valor presente. Ademais, em algumas circunstân-
econômicos futuros ou quando, e na extensão em que, os cias, determinadas entidades usam a base de custo corrente

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benefícios econômicos futuros não se qualificarem, ou deixarem como resposta à incapacidade de o modelo contábil de custo
de se qualificar, para reconhecimento no balanço patrimonial histórico enfrentar os efeitos das mudanças de preços dos Ati-
como Ativo. vos não monetários.
A despesa também deve ser reconhecida na demonstração
do resultado nos casos em que um Passivo é incorrido sem Conceitos de Capital
o correspondente reconhecimento de Ativo, como no caso de O conceito de capital financeiro (ou monetário) é adota-
Passivo decorrente de garantia de produto. do pela maioria das entidades na elaboração de suas demon-
strações contábeis. De acordo com o conceito de capital finan-
Mensuração dos Elementos das ceiro, tal como o dinheiro investido ou o seu poder de compra
Demonstrações Contábeis investido, o capital é sinônimo de Ativos líquidos ou Patrimônio
Mensuração é o processo que consiste em determinar os Líquido da entidade. Segundo o conceito de capital físico, tal
montantes monetários por meio dos quais os elementos das como capacidade operacional, o capital é considerado como a
NOÇÕES DE ECONOMIA

demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apre- capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, nas
sentados no balanço patrimonial e na demonstração do re- unidades de produção diária.
sultado. Esse processo envolve a seleção da base específica O conceito de capital dá origem aos seguintes conceitos de
de mensuração. manutenção de capital:
Um número variado de bases de mensuração é empregado Manutenção do capital financeiro: de acordo com esse
em diferentes graus e em variadas combinações nas demon- conceito, o lucro é considerado auferido somente se o mon-
strações contábeis. Essas bases incluem o que segue: tante financeiro (ou dinheiro) dos Ativos líquidos no fim do
Custo histórico: os Ativos são registrados pelos montantes período exceder o seu montante financeiro (ou dinheiro)
pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo no começo do período, depois de excluídas quaisquer dis-
dos recursos entregues para adquiri-los na data da aquisição. tribuições aos proprietários e seus aportes de capital durante o
Os Passivos são registrados pelos montantes dos recursos re- período. A manutenção do capital financeiro pode ser medida
cebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias em qualquer unidade monetária nominal ou em unidades de
(como, por exemplo, Imposto de Renda), pelos montantes em poder aquisitivo constante.
caixa ou equivalentes de caixa que se espera sejam necessári- Manutenção do capital físico: de acordo com esse con- 579
os para liquidar o Passivo no curso normal das operações. ceito, o lucro é considerado auferido somente se a capacidade
física produtiva (ou capacidade operacional) da entidade (ou
580 os recursos ou fundos necessários para atingir essa capaci-
dade), no fim do período, exceder a capacidade física produ-
tiva no início do período, depois de excluídas quaisquer dis-
tribuições aos proprietários e seus aportes de capital durante
o período.
O conceito de manutenção de capital está relacionado com
NOÇÕES DE ECONOMIA

a forma pela qual a entidade define o capital que ela procura


manter. Ele representa um elo entre os conceitos de capital e
os conceitos de lucro, pois fornece um ponto de referência para
medição do lucro; é uma condição essencial para a distinção
entre o retorno sobre o capital da entidade e a recuperação
do capital; somente os ingressos de Ativos que excedam os
montantes necessários para manutenção do capital podem
ser considerados como lucro e, portanto, como retorno sobre
o capital. Portanto, o lucro é o montante remanescente depois
que as despesas (inclusive, os ajustes de manutenção do capi-
tal, quando for apropriado) tiverem sido deduzidas do resulta-
do. Se as despesas excederem as receitas, o montante residual
será um prejuízo.
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ANOTAÇÕES
13. Depreciação, Amortização e Imobilizado
Exaustão Conceito
CPC 27 - Imobilizado
Conceito Ativo Imobilizado é o item tangível que:
Depreciações, Amortizações e Exaustões: reduções de (a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de
valor de Ativos, em virtude de desgaste pelo uso, ação da na- mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins
tureza, superação tecnológica, exercício de direitos, ou esgot- administrativos; e
amento de reservas minerais/ florestais. (b) se espera utilizar por mais de um período.
Para bens materiais ўdepreciação Lei 6.404/76
Para bens materiais ўamortização Art. 179, IV – Ativo Imobilizado: os direitos que tenham
Para recursos minerais e florestais ўexaustão por objeto bens corpóreos destinados à manutenção
das atividades da entidade ou exercidos com essa fi-
Lei 6.404/76 nalidade, inclusive os decorrentes de operações que
Art. 183. No balanço, os elementos do Ativo serão aval- transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle
iados segundo os seguintes critérios: desses bens.
V - os direitos classificados no imobilizado, pelo CPC 06 (R1) Arrendamento Mercantil
custo de aquisição, deduzido do saldo da respecti- A classificação de um arrendamento mercantil como ar-
va conta de depreciação, amortização ou exaustão; rendamento mercantil financeiro ou arrendamento mercantil
VII- os direitos classificados no intangível, pelo operacional depende da essência da transação e não da forma
custo incorrido na aquisição, deduzido do saldo da do contrato.
respectiva conta de amortização; há transferência substancial dos
Financeiro
§ 2º A diminuição de valor dos elementos do Ativo Arrendamento riscos e benefícios
Imobilizado e Intangível será registrada periodica- Mercantil não há transferência substancial
Operacional
mente nas contas de: dos riscos e benefícios

a) depreciação, quando corresponder à perda do ▷ O bem objeto de leasing financeiro deve ser recon-
valor dos direitos que têm por objeto bens físicos hecido no balanço patrimonial do arrendatário como
sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, Ativo.
▷ O bem objeto de leasing operacional não deve ser

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ação da natureza ou obsolescência;
reconhecido no balanço patrimonial do arrendatário
b) amortização, quando corresponder à perda
como Ativo, e sim como despesa.
do valor do capital aplicado na aquisição de di-
Ex.: (CESPE) Com relação ao reconhecimento e à mensu-
reitos da propriedade industrial ou comercial e
ração de itens patrimoniais e de resultado, julgue o item
quaisquer outros com existência ou exercício de
subsecutivo.
duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de
Caso uma empresa realize gastos para a aquisição de um
utilização por prazo legal ou contratualmente
bem, em que se espera que os benefícios econômicos ocorram
limitado; somente ao longo do período corrente, então essa transação
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, deverá ser reconhecida como despesa na demonstração do
decorrente da sua exploração, de direitos cujo ob- resultado.
jeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens Segundo o CPC 27 – Imobilizado: para ser registrado no
NOÇÕES DE ECONOMIA

aplicados nessa exploração. imobilizado, espera-se que o bem seja utilizado por mais de
§ 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, um período. Caso contrário, será contabilizado com despesa.
análise sobre a recuperação dos valores registrados no Ativo Imobilizado é o item tangível que:
imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: (a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de
I – registradas as perdas de valor do capital aplica- mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins
do quando houver decisão de interromper os em- administrativos; e
preendimentos ou atividades a que se destinavam (b) se espera utilizar por mais de um período.
ou quando comprovado que não poderão produzir
resultados suficientes para recuperação desse val- Reconhecimento
or; ou O custo de um item de Ativo Imobilizado deve ser reconhe-
II – revisados e ajustados os critérios utilizados cido como Ativo se, e apenas se:
para determinação da vida útil econômica esti- a) for provável que futuros benefícios econômicos associa-
mada e para cálculo da depreciação, exaustão e dos ao item fluirão para a entidade; e 581
amortização. b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente.
Custo de um Imobilizado fazer a remoção do equipamento e reestruturar o imóvel
582 para as condições estabelecidas no contrato de aluguel.
O custo de um item do Ativo Imobilizado compreende:
A taxa acumulada de juros projetada para o período do
a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de im-
contrato de aluguel é 30%.
portação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois
de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; O valor contábil do equipamento a ser apresentado no
b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o Balanço Patrimonial em 31/12/2013 e o valor da Despesa
de Depreciação apresentado na Demonstração do Resul-
NOÇÕES DE ECONOMIA

Ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz


de funcionar da forma pretendida pela administração; tado do ano de 2013 são, respectivamente, em reais,
c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e re- a) 5.080.000,00 e 520.000,00.
moção do item e de restauração do local (sítio) no qual este
está localizado. Tais custos representam a obrigação em que
b) 4.500.000,00 e 500.000,00.
a entidade incorre quando o item é adquirido ou como con- c) 4.480.000,00 e 520.000,00.
sequência de usá-lo durante determinado período para finali- d) 5.100.000,00 e 500.000,00.
dades diferentes da produção de estoque durante esse perío-
do. e) 4.540.000,00 e 460.000,00.
Exemplos de custos diretamente atribuíveis são: A
(a) custos de benefícios aos empregados (tal como defini- O custo de desmontagem e remoção do equipamento e
dos no Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empre- restauração deverá ser incluído no custo de aquisição do imo-
gados) decorrentes diretamente da construção ou aquisição bilizado, essa é a grande novidade do CPC 27.
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de item do Ativo Imobilizado; O custo de um item do Ativo Imobilizado compreende:


(b) custos de preparação do local; (...)
(c) custos de frete e de manuseio (para recebimento e in- c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remo-
stalação); ção do item e de restauração do local (sítio) no qual este está
(d) custos de instalação e montagem; localizado. Tais custos representam a obrigação em que a enti-
(e) custos com testes para verificar se o Ativo está fun- dade incorre quando o item é adquirido ou como consequência
cionando corretamente, após dedução das receitas líquidas de usá-lo durante determinado período para finalidades dife-
provenientes da venda de qualquer item produzido, enquanto rentes da produção de estoque durante esse período.
se coloca o Ativo nesse local e condição (tais como amostras
produzidas quando se testa o equipamento); Assim, temos que trazer o valor de R$ 780.000,00 para a
data atual mediante a utilização da taxa acumulada de juros
(f) honorários profissionais.
de 30%.
Exemplos que não são custos de um item do Ativo Imo-
bilizado: Custo de desmontagem: 780.000/1,3 = 600.000
(a) custos de abertura de nova instalação. Custo do equipamento = Preço de compra + custo de des-
(b) custos incorridos na introdução de novo produto ou montagem e remoção
serviço (incluindo propaganda e atividades promocionais). Custo do equipamento = 5.000.000 + 600.000 = R$
(c) custos da transferência das atividades para novo local 5.600.000,00
ou para nova categoria de clientes (incluindo custos de trein- Depreciação: Custo: 5.600.000
amento). e Valor Residual: (400.000)
(d) custos administrativos e outros custos indiretos. Valor Depreciável: 5.200.000/10
A Legislação Fiscal permite abater como despesa opera- Despesa com depreciação: R$ 520.000,00
cional do período o custo de aquisição de bens do Imobiliza- O valor contábil do equipamento no Balanço Patrimonial
do, se o valor unitário não ultrapassar R$ 1.200,00 ou o prazo em 31/12/2013 será de:
de vida útil não exceder um ano. (art. 301 RIR/99/ art. 15 Lei
11.973/14). Custo do Equipamento R$ 5.600.000,00
Ex.: (FCC) Uma empresa adquiriu um equipamento in- ( – ) Depreciação Acumulada (R$ 520.000,00)
dustrial que foi instalado em um imóvel alugado pelo pra- = Valor Contábil R$ 5.080.000,00
zo de 10 anos. O custo de aquisição do equipamento foi O valor da Despesa de Depreciação apresentado na
R$ 5.000.000,00 e a compra ocorreu em 01/01/2013. A Demonstração do Resultado do ano de 2013 é igual a R$
empresa estima que utilizará o equipamento por 10 anos 520.000,00
de forma contínua durante 24 horas por dia, em função O custo de um item de Ativo Imobilizado é equivalente ao
da sua atividade. No final deste prazo de utilização, o eq-
preço à vista na data do reconhecimento. Se o prazo de paga-
uipamento poderá ser vendido por R$ 400.000,00.
mento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre
O contrato de aluguel do imóvel estabelece que a empre-
sa deverá devolvê-lo nas mesmas condições em que o re- o preço equivalente à vista e o total dos pagamentos deve ser
cebeu no início do prazo do contrato. No final do 10º ano, reconhecida como despesa com juros durante o período (...),
a empresa retirará o equipamento do imóvel e projeta a menos que seja passível de capitalização de acordo com o
que incorrerá em gastos no valor de R$ 780.000,00 para Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Empréstimos.
Exemplo: teriais de construção. Os juros incorridos sobre o empréstimo
Equipamento à vista: R$ 40.000,00 tomado junto ao Banco Zeta S.A., durante esse período, foram
Equipamento a prazo = arrendamento financeiro = R$ de R$ 40.000, e a companhia obteve receitas financeiras de
52.000,00 (6 parcelas – efeito relevante) R$ 8.000 pela aplicação desses recursos antes de efetuar os
Juros embutidos: R$ 12.000,00 pagamentos necessários à condução da obra. De 01/12/x0 a
Lançamento 15/12/x0, data em que o armazém foi inaugurado, a Cia. Di-
D- Equipamento----------------------------40.000 gama gastou R$ 50.000 para transferir os equipamentos de
D- Juros Passivos a transcorrer-------------12.000 um armazém antigo para esse novo armazém. Esse novo ar-
C- Arrendamento financeiro a pagar------52.000 mazém deverá ser reconhecido no imobilizado da Cia. Digama
pelo custo de:
O custo do equipamento foi equivalente ao preço à vista.
a) R$ 6.287.000.
PASSIVO b) R$ 6.325.000.
Arrendamento Financeiro
ATIVO
a pagar----------52.000,00
c) R$ 6.357.000.
Equipamento------R$ 40.000,00
(-) Juros Passivos a d) R$ 6.365.000.
transcorrer-----(12.000,00) e) R$ 6.407.000
A diferença entre o preço equivalente à vista e o total dos Custo da Edificação (armazém)
pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros Honorários profissionais: 25.000
durante o período, consequentemente, mês a mês a despesa Gastos/construção:
financeira será apropriada ao resultado segundo o regime de Mão de obra: 850.000
competência. Preparação do terreno:150.000
D- Juros Passivos Frete: 300.000
C - Juros Passivos a transcorrer-------R$ 2.000,00 Materiais de construção: 5.000.000
(...) a menos que seja passível de capitalização de acor- Juros incorridos sobre o empréstimo: 40.000
do com o Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Em- Receitas financeiras: (8.000)
préstimos. Custo da Edificação: R$ 6.357.000
O Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Emprés- C
timos estabelece critérios para o reconhecimento dos juros e Algumas considerações:
outros custos que a entidade incorre em conexão com o em-
▷ o terreno foi contabilizado separadamente;
préstimo de recursos para aquisição ou construção de Ativo
qualificável, como componente do valor contábil desse Ativo. ▷ o faturamento obtido no período em que o terreno foi
utilizado como estacionamento deve ser reconhecido

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Os juros de empréstimos contratados para a construção ou
aquisição de Ativo qualificável (Ativo que demanda um perío- como receita;
do de tempo substancial para seu uso ou venda pretendidos) ▷ os gastos para transferir os equipamentos de um ar-
devem ser capitalizados, ou seja, contabilizados como custo mazém antigo para esse novo armazém devem ser con-
do Ativo qualificado. Podemos citar como exemplos de Ativos tabilizados diretamente no resultado como despesa;
qualificáveis o imobilizado, o estoque, dentre outros. A enti- ▷ o empréstimo obtido será registrado no Passivo em con-
dade deve reconhecer os outros custos de empréstimos como trapartida do reconhecimento da entrada do recurso no
despesa no período em que são incorridos. banco.
Após o Ativo qualificável ficar pronto para o uso, os juros
do empréstimo serão computados no resultado como despesa Custos Subsequentes
financeira. A entidade não reconhece no valor contábil de um item
Até que o Ativo fique pronto, os juros serão contabiliza- do Ativo Imobilizado os custos da manutenção periódica do
NOÇÕES DE ECONOMIA

dos como componente do valor contábil do Ativo Imobilizado. item. Pelo contrário, esses custos são reconhecidos no resul-
Depois de pronto, os juros serão registrados diretamente no tado quando incorridos. Os custos da manutenção periódica
resultado como despesa financeira.
são principalmente os custos de mão de obra e de produtos
Ex.: (FGV) Em 01/02/x0, a Cia. Digama adquiriu por R$ consumíveis, e podem incluir o custo de pequenas peças. A
3.000.000, um terreno destinado à construção de um novo
finalidade desses gastos é, muitas vezes, descrita como sendo
armazém. De 01/02/x0 a 30/04/x0 o terreno foi utilizado
para “reparo e manutenção” de item do Ativo Imobilizado.
como estacionamento, e a companhia faturou R$ 70.000 du-
rante esse período com a locação de vagas. Em 01/05/x0, a Partes de alguns itens do Ativo Imobilizado podem requer-
companhia pagou R$ 25.000 de honorários aos engenheiros er substituição em intervalos regulares. Por exemplo, um forno
responsáveis pelo projeto do armazém e deu início à sua con- pode requerer novo revestimento após um número específico
strução. Para isso, ela tomou um empréstimo de R$ 6.000.000 de horas de uso; ou o interior dos aviões, como bancos e eq-
junto ao Banco Zeta S.A.. Até 01/12/x0, data em que foi con- uipamentos internos, pode exigir substituição diversas vezes
cluída, a Cia. Digama gastou na construção do armazém R$ durante a vida da estrutura. Segundo o princípio de reconheci-
850.000 com mão de obra, R$ 150.000 com a preparação mento, a entidade reconhece no valor contábil de um item do 583
do terreno, R$ 300.000 com frete e R$ 5.000.000 com ma- Ativo Imobilizado o custo da peça reposta.
Manutenção Não compõe o custo Obs.: um prédio registrado no grupo Investimento que es-
Despesa teja alugado a terceiros estará sujeito à depreciação. Portanto,
584 Custos e Reparo do imobilizado
Subsequentes Compõe o custo do apesar de a Lei 6.404/76 destacar a depreciação apenas no
Reposição Imobilizado imobilizado, é admitida a depreciação no investimento, como
imobilizado
▷ Manutenção e Reparo – não aumentam a vida útil do é o caso dos imóveis alugados.
bem de forma relevante. Início da Depreciação
▷ Reposição – aumentam a vida útil do bem por mais
NOÇÕES DE ECONOMIA

de um ano. A depreciação do Ativo se inicia quando este está dis-


ponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição
Depreciação de funcionamento na forma pretendida pela administração. A
depreciação de um Ativo deve cessar na data em que o Ati-
Lei 6.404/76 vo é classificado como mantido para venda (ou incluído em
Depreciação corresponde à perda do valor dos direitos que um grupo de Ativos classificado como mantido para venda de
têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Cir-
utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. culante Mantido para Venda e Operação Descontinuada) ou,
CPC 27 – Imobilizado ainda, na data em que o Ativo é baixado, o que ocorrer pri-
meiro. Portanto, a depreciação não cessa quando o Ativo se
Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável
torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser que o Ativo
de um Ativo ao longo da sua vida útil. Dessa forma, o custo de
tais Ativos deve ser alocado de maneira sistemática aos exer- esteja totalmente depreciado. No entanto, de acordo com os
métodos de depreciação pelo uso, a despesa de depreciação
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cícios beneficiados por seu uso no decorrer de sua vida útil.


pode ser zero enquanto não houver produção.
Lançamento Contábil Vale ressaltar que, independente do dia do mês que o bem
D- Despesa (ou Custo) com Depreciação é posto em funcionamento ou condições de uso, conta-se o
C- Depreciação Acumulada primeiro mês integralmente, exceto, no último dia do mês
A depreciação do período deve ser normalmente recon- quando a depreciação poderá ser calculada a partir do mês
hecida no resultado. No entanto, por vezes os benefícios seguinte.
econômicos futuros incorporados no Ativo são absorvidos Dec. 3000/99 RIR
para a produção de outros Ativos. Nesses casos, a depreciação
Art. 309, § 2º A depreciação poderá ser apropriada em
faz parte do custo de outro Ativo, devendo ser incluída no seu
quotas mensais, dispensado o ajuste da taxa para os
valor contábil (Por exemplo, a depreciação de máquinas e eq-
uipamentos de produção é incluída nos custos de produção de bens postos em funcionamento ou baixados no curso
estoque). do mês.
Art. 305, § 2º A quota de depreciação é dedutível a
Bens Depreciáveis – Dec. 3000/99 RIR partir da época em que o bem é instalado, posto em
Art. 307. Podem ser objeto de depreciação todos os serviço ou em condições de produzir.
bens sujeitos a desgaste pelo uso ou por causas natu-
rais ou obsolescência normal, inclusive: Conceitos Importantes
I. edifícios e construções, observando-se: VidaÚtil (V.U)
a) a quota de depreciação é dedutível a partir da a) o período de tempo durante o qual a entidade espera
época da conclusão e início da utilização; utilizar o Ativo; ou
b) o valor das edificações deve estar destacado b) o número de unidades de produção ou de unidades
do valor do custo de aquisição do terreno, ad- semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do
mitindo-se o destaque baseado em laudo peri- Ativo.
cial;
II. projetos florestais destinados à exploração dos Valor Residual (V.R)
respectivos frutos É o valor estimado que a entidade obteria com a venda do
Ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o
Vedações a Depreciação – Legislação IR Ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de
▷ Terrenos, salvo em relação a benfeitorias e con- sua vida útil. Trata-se de parcela do bem que não sofre depre-
struções. ciação.
▷ Bens que aumentam de valor com o tempo, como Obs.: o valor residual pode ser zero.
antiguidades e obras de arte. O valor residual e a vida útil de um Ativo são revisados pelo
▷ Bens para os quais sejam registradas quotas de menos ao final de cada exercício.
amortização ou exaustão.
▷ Prédios ou construções não alugados, nem utiliza- Valor Depreciável (V.D)
dos na produção de bens ou serviços, destinados à É o custo de um Ativo ou outro valor que substitua o custo,
venda. menos o seu valor residual.
Valor Contábil (V.C) d) limites legais ou semelhantes no uso do Ativo, tais como
É o valor pelo qual um Ativo é reconhecido após a dedução as datas de término dos contratos de arrendamento mercantil
da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável relativos ao Ativo.
acumulada.
Métodos de Depreciação
Custo de aquisição (-) depreciação acumulada (-) perda por redução
ao valor recuperável acumulada. O método de depreciação utilizado reflete o padrão de
consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros.
Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para
Base de Cálculo da Depreciação apropriar de forma sistemática o valor depreciável de um Ativo
Custo de aquisição ao longo da sua vida útil. Tais métodos incluem:
+ Gastos necessários para colocação do bem em funcionamento ▷ o método da linha reta;
(-) Valor residual ▷ o método dos saldos decrescentes;
Valor Depreciável ▷ o método de unidades produzidas.
A entidade seleciona o método que melhor reflita o padrão
Taxas de Depreciação baseadas do consumo dos benefícios econômicos futuros esperados in-
na vida útil do Ativo corporados no Ativo. Esse método é aplicado consistentemente
entre períodos, a não ser que exista alteração nesse padrão.
O RIR/99 estabelece os critérios básicos de depreciação.
No entanto, as taxas máximas anuais de depreciação permit- Método linear resulta em despesa constante
idas, para os bens utilizados num período normal de 8 horas durante a vida útil do ativo, caso
o seu valor residual não se altere.
diárias, são publicadas separadamente pela Receita Federal.
Seguem alguns exemplos, utilizados apenas para fins fiscais: Saldos decrescentes resulta em despesa decrescente
durante a vida útil.
Bem Anos de Vida Útil Taxa Anual
Unidades produzidas resulta em despesa baseada no
Edifícios e Benfeitorias 25 4% uso ou produção esperado.
Máquinas e Equipamentos 10 10%
Linear ou Quotas Constantes
Instalações 10 10%
Corresponde ao método de depreciação em que a depre-
Móveis e Utensílios 10 10% ciação acumulada é diretamente proporcional ao tempo, orig-
Veículos de passageiro e carga 5 20% inando assim uma função linear.
Computadores e Periféricos 5 20% A depreciação pode ser calculada de duas formas:
1ª forma: aplicando-se uma taxa constante sobre o valor a

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Tratores 4 25%
ser depreciado.
Por sua vez, a legislação societária determina que a vida Taxa de depreciação = 100%
útil de um Ativo seja definida em termos da utilidade esperada Tempo de vida útil
do Ativo para a entidade. Os benefícios econômicos futuros
incorporados no Ativo são consumidos pela entidade prin- 2ª forma: dividindo-se o valor a ser depreciado pelo tempo
cipalmente por meio do seu uso. Porém, outros fatores, tais de vida útil.
como obsolescência técnica ou comercial e desgaste normal
Valor depreciável
enquanto o Ativo permanece ocioso, muitas vezes dão origem
Tempo de vida útil
à diminuição dos benefícios econômicos que poderiam ter
sido obtidos do Ativo. Consequentemente, todos os seguintes Exemplo 1:
fatores são considerados na determinação da vida útil de um Custo do bem: R$ 60.000,00
Ativo: Vida útil estimada: 5 anos ї tx. anual = 100%/5 anos =
NOÇÕES DE ECONOMIA

a) uso esperado do Ativo, que é avaliado com base na ca- 20%a.a


pacidade ou produção física esperadas do Ativo; (Encargo) Despesa de depreciação (anual): 60.000 x
b) desgaste físico normal esperado, que depende de fa- 20% = 12.000 a.a ou
tores operacionais tais como o número de turnos durante os 60.000,00 = 12.000 a.a
quais o Ativo será usado, o programa de reparos e manutenção 5 anos
e o cuidado e a manutenção do Ativo enquanto estiver ocioso; Lançamento:
D- Despesa com Depreciação
c) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mu-
danças ou melhorias na produção, ou de mudança na deman- C- Depreciação Acumulada---------R$ 12.000,00
da do mercado para o produto ou serviço derivado do Ativo. Tempo de uso: 3 anos
Reduções futuras esperadas no preço de venda de item que - Depreciação acumulada: uso = 3 anos
foi produzido usando um Ativo podem indicar expectativa de Tx. acumulada: 20%aa x 3 anos = 60%
obsolescência técnica ou comercial do bem, que, por sua vez, D/AC: 60.000 x 60% = 36.000 ou
pode refletir uma redução dos benefícios econômicos futuros 60.000 = 12.000 x 3 = 36.000
incorporados no Ativo; 5 585
Depreciação acumulada: R$ 36.000,00
Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. Acumulada = Dec. 3000/99 RIR
586 60.000 – 36.000 = R$ 24.000,00 Art. 309. A quota de depreciação registrável na es-
Exemplo 2: crituração como custo ou despesa operacional será
Custo do bem: R$ 60.000,00 determinada mediante a aplicação da taxa anual de
Vida útil estimada: 5 anos ou 60 meses depreciação sobre o custo de aquisição dos bens de-
preciáveis (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 1º).
Tx. anual = 20%a.a = Tx. mensal: 20/12 = 1,666% a.m
§ 1º A quota anual de depreciação será ajustada pro-
NOÇÕES DE ECONOMIA

(Encargo) Despesa de Depreciação (mensal): 60.000 x porcionalmente no caso de período de apuração com
1,666% = 1.000 a.m ou prazo de duração inferior a doze meses, e de bem
60.000,00 = 1.000 a.m acrescido ao Ativo, ou dele baixado, no curso do perío-
60 meses do de apuração.
Lançamento: § 2º A depreciação poderá ser apropriada em quotas
D- Despesa com Depreciação mensais, dispensado o ajuste da taxa para os bens pos-
tos em funcionamento ou baixados no curso do mês.
C- Depreciação Acumulada----------R$ 1.000,00
Ex.: (CESPE) Cada um dos próximos itens apresenta
Exemplo 3: uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
Custo do bem: R$ 60.000,00 julgada em relação ao reconhecimento e à mensuração
Data da aquisição: 10.04.13 (depreciação do período será contábil, de acordo com os pronunciamentos contábeis
proporcional ao tempo de uso) emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Tempo de uso no exercício = 9 meses (abril a dezembro) Determinado bem imobilizado foi adquirido ao custo de
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R$ 100.000, sendo sua vida útil estimada em dez anos,


Vida útil estimada: 5 anos ou 60 meses sem valor residual. Em 2014, após oito anos de uso, fo-
Tx. anual = 20%a.a = Tx. mensal: 20/12 = 1,666% a.m ram realizados gastos de R$ 1.000 para manutenção e
Depreciação do exercício: reparos nesse imobilizado. Nessa situação, o valor líquido
Tx. proporcional = 1,6666%am x 9 meses = 14,999% = 15%aa desse imobilizado, no final de 2014, é igual a R$ 20.000.
(Encargo) Despesa depreciação = 60.000 x 15% =
9.000ou Resolvendo a questão passo a passo:
60.000 x 9 meses(uso) = 9.000 A questão pede o valor contábil líquido ao final de 2014.
60 meses (v. útil) 1º passo: qual método utilizar?
Lançamento: Se a questão não disser nada sobre um método específico,
devemos utilizar o da linha reta ou linear.
D- Despesa com Depreciação
2º passo: encontrar a depreciação acumulada do período.
C- Depreciação Acumulada----------R$ 9.000,00
Se a vida útil é de 10 anos, o bem sofre um desgaste de
Exemplo 4: 10% ao ano.
Custo do bem: R$ 60.000,00 10 anos-----------100%
Vida útil estimada: 5 anos
1 ano---------------x = 10%
Valor residual: 10% (não sofre depreciação)= 60.000 x 10%
Taxa acumulada = tx. anual x tempo de uso = 10% x 8 = 80%
= 6.000
Depreciação acumulada: Custo = 100.000 x 80% = 8.000 ou
(Encargo) Despesa depreciação: Custo de aquisição=
60.000 Custo= 100.000 x uso = 8anos = 80.000
(–) V. residual =(6.000) Vida útil = 10
=V. depreciável =  54.000 3º passo: Calcular o valor contábil (VC)
x 20% VC: Custo = 100.000
10.800 (-) Dep./ac = (80.000)
Lançamento: Vr. líquido contábil = 20.000
D- Despesa com Depreciação Outro aspecto importante: precisamos diferenciar gastos
de reposição de gastos de manutenção.
C- Depreciação Acumulada---------R$ 10.800,00
Depreciação acumulada: uso = 3 anos Manutenção Não compõe
e o custo do Despesa
Tx. Acumulada = 20% x 3 = 60%
Custos Reparo imobilizado
Depreciação Acumulada: Custo de aquisição= 60.000
Subsequentes Compõe
(–) V. residual= (6.000)
Reposição o custo do Imobilizado
=V. depreciável= 54.000 imobilizado
x 60% Manutenção e Reparo – não aumentam a vida útil do bem
R$ 32.400,00 de forma relevante.
Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. acumulada = Reposição – aumenta a vida útil do bem por mais de um
60.000 – 32.400 = R$ 27.600,00 ano.
Método Decrescente ou Soma dos Ex.:
Custo do Bem: R$ 60.000,00
Dígitos ou Método de Cole
Capacidade produtiva estimada: 1.200.000 unidades
1°passo - somam-se os algarismos que compõem o núme- Produção anual: 300.000 unidades
ro de anos de vida útil do bem.
Taxa anual: produção anual/capacidade produtiva =
2° passo – multiplica-se o valor a ser depreciado, a cada ano, 300.000/ 1.200.000 = 25%
pela fração, cujo denominador (constante) é a soma encontrada (Encargo) Despesa depreciação: 60.000 x 25% = 15.000
no 1º passo, e o numerador (variável), para o primeiro ano, é o ou
tempo de vida útil do bem (n), para o segundo ano é n-1, e assim
60.000/1.200.000 = R$0,05 por unid. x 300.000 = 15.000
sucessivamente.
Lançamento:
Exemplo:
D- Despesa com Depreciação
Custo do bem: R$ 60.000,00
C- Depreciação Acumulada---------R$ 15.000,00
Vida útil estimada: 5 anos
Soma dos algarismos que compõem o número de anos Depreciação Acelerada
da vida útil: 1+2+3+4+5 = 15 (denominador da fração) Utilizada quando o bem for usado em mais de um turno
Quotas Decrescentes: o método dos saldos decrescentes de 8 horas diárias.
resulta em despesa decrescente durante a vida útil. Consiste em atribuir coeficientes multiplicativos em função
do número de horas trabalhadas por bens móveis sujeitos ao
Ano Fração Despesa Depreciação Anual
desgaste pelo uso.
1 5/15 x 60.000,00 20.000 Nesse caso, consideram-se os seguintes coeficientes (lim-
2 4/15 x 60.000,00 16.000 ites admitidos pela legislação fiscal RIR/99):
3 3/15 x 60.000,00 12.000 Turno Coeficiente
4 2/15 x 60.000,00 8.000 8h 1,0
5 1/15 x 60.000,00 4.000 16 h 1,5
Tempo de uso = 3 anos 24 h 2,0
Depreciação Acumulada: 20.000 + 16.000 + 12.000 = R$
48.000,00 É aplicável exclusivamente a bens móveis.
Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. acumulada = Dec. 3000/99- RIR
60.000 – 48.000 = R$ 12.000,00 Art. 312. Em relação aos bens móveis, poderão ser
Quotas Crescentes: o método dos saldos crescentes resulta adotados, em função do número de horas diárias de

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em despesa crescente durante a vida útil. operação, os seguintes coeficientes de depreciação
Ano Fração Despesa Depreciação Anual
acelerada (Lei nº 3.470, de 1958, artigo 69):
I. um turno de oito horas............................1,0;
1 1/15 x 60.000,00 4.000
II. dois turnos de oito horas.......................1,5;
2 2/15 x 60.000,00 8.000 III. três turnos de oito horas.......................2,0.
3 3/15 x 60.000,00 12.000 Parágrafo único. O encargo de que trata este artigo
4 4/15 x 60.000,00 16.000 será registrado na escrituração comercial.
5 5/15 x 60.000,00 20.000 Ex.:
Tempo de uso = 3 anos Uma máquina adquirida por R$ 60.000,00 com vida útil es-
timada em cinco anos, operando durante 16 horas diárias, terá
Depreciação Acumulada: 4.000 + 8.000 + 12.000 = R$ como quota de depreciação anual:
NOÇÕES DE ECONOMIA

24.000,00
V.u = 5 anos= 20% a.a.
Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. acumulada =
Uso = 16h/dia = coeficiente de depreciação acelerada = 1,5
60.000 – 24.000 = R$ 36.000,00
Tx. Acelerada = 20% x 1,5 = 30%
Unidades Produzidas ou (Encargo) Despesa depreciação: Despesa com Depre-
Horas Trabalhadas ciação: 60.000 x 30% = R$ 18.000
Lançamento:
Depreciação do bem em função de sua capacidade total de
D- Despesa com Depreciação
produção ou das horas totais estimadas.
C- Depreciação Acumulada----------------18.000
Unidade produzida = Quota anual de depreciação = nº de
Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. acumulada =
unidades produzidas no ano
60.000 – 18.000 = R$ 42.000,00
Capacidade total de produção Ex.: (CESPE) Julgue o item a seguir, relativo aos procedi-
Horas de trabalho= Quota anual de depreciação = nº de mentos contábeis e à forma correta de registro das tran-
horas trabalhadas no ano sações. Uma entidade cujas atividades sejam exercidas 587
Total de horas de trabalho estimadas em dois ou mais turnos de trabalho poderá desconsiderar
essa informação ao estabelecer a vida útil de suas máqui- d) A empresa deve suspender a despesa de
588 nas, para fins de contabilização da depreciação de seu depreciação uma vez que o valor justo está maior que
imobilizado, visto que a legislação do imposto de renda o valor contábil.
determina os percentuais fixos para cada tipo de Ativo. e) A empresa deve acelerar a despesa de depre-
A Legislação do IR, no artigo 312, trata da depreciação ciação uma vez que o valor justo aumentou.
acelerada, que consiste em se lançar contabilmente parcela C
da depreciação adicional àquela que é registrada com base no Custo = R$ 10.000
NOÇÕES DE ECONOMIA

tempo de vida útil normal. Funcionamento: 01/01/07


A ideia é a seguinte: se o bem é utilizado por mais de um V.u. = 5 anos = 20%aa
turno ininterrupto, será desgastado mais rapidamente. Por 1º passo: encontrar o valor contábil do Ativo na data da
isso, são atribuídos coeficientes multiplicativos em função do reavaliação. Para isso, precisaremos calcular a depreciação
número de horas trabalhadas por bens móveis sujeitos ao des- acumulada de 1/1/07 até 31/12/09.
gaste pelo uso. Uso = 3 anos
Turno Coeficiente Tx. acumulada: 20% x 3 = 60%
8h 1,0 Depreciação Acumulada: 10.000 x 60% = 6.000
Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. acumulada =
16 h 1,5 10.000 – 6.000 = R$ 4.000,00
24 h 2,0 Em 01.01.2010 - a empresa procedeu a uma revisão dos
Dec. 3000/99- RIR valores:
VJ = 4.500 »»» A depreciação é reconhecida mesmo que o
Art. 312. Em relação aos bens móveis, poderão ser
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valor justo do Ativo exceda o seu valor contábil.


adotados, em função do número de horas diárias de VR = 4.800,00. »»» O valor residual de um Ativo pode aumentar.
operação, os seguintes coeficientes de depreciação
VR (4.800) > VC (4.000) »»» A despesa de depreciação
acelerada (Lei nº 3.470, de 1958, artigo 69):
será zero enquanto o valor residual subsequente for igual ou
I. um turno de oito horas............................1,0; superior ao seu valor contábil.
II. dois turnos de oito horas.......................1,5; II. Depreciação do imobilizado com custo significativo
III. três turnos de oito horas.......................2,0. De acordo com CPC 27, cada componente de um item do
Parágrafo único. O encargo de que trata este artigo Ativo Imobilizado com custo significativo em relação ao custo
será registrado na escrituração comercial total do item deve ser depreciado separadamente.
A entidade aloca o valor inicialmente reconhecido de um
Aspectos Importantes- CPC 27 item do Ativo Imobilizado aos componentes significativos desse
I. Valor depreciável e período de depreciação item e os deprecia separadamente. Por exemplo, pode ser ad-
A depreciação é reconhecida mesmo que o valor justo do equado depreciar separadamente a estrutura e os motores de
Ativo exceda o seu valor contábil, desde que o valor residual aeronave, seja ela de propriedade da entidade ou obtida por
do Ativo não exceda o seu valor contábil. A reparação e a ma- meio de operação de arrendamento mercantil financeiro. Um
nutenção de um Ativo não evitam a necessidade de depreciá-lo. componente significativo de um item do Ativo Imobilizado pode
O valor residual de um Ativo pode aumentar. A des- ter a vida útil e o método de depreciação que sejam os mesmos
pesa de depreciação será zero enquanto o valor residual que a vida útil e o método de depreciação de outro componen-
subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil. te significativo do mesmo item. Esses componentes podem ser
Ex.: (SEFAZ RJ – FGV) A Cia Barra Mansa apresentava os agrupados no cálculo da despesa de depreciação.
seguintes dados em relação ao seu Ativo Imobilizado: eq- Exemplo:
uipamentos – custo R$10.000,00. Esses Ativos entraram A empresa Beta adquiriu em 01.01.2012 uma aeronave
em operação em 01.01.2007 e têm vida útil estimada em para transporte de seus diretores por R$ 50.000.000,00. Sa-
5 anos, sendo depreciados pelo método linear. be-se que as duas turbinas representam 25% do custo total. A
No início de 2010, a empresa procedeu a uma revisão dos aeronave possui uma vida útil de 20 anos e valor residual de
valores, conforme previsto no CPC 27, aprovado pelo CFC. 10%, enquanto que as turbinas têm uma vida útil de 10 anos.
Assim, constatou as seguintes informações: Cálculo da depreciação.
Valor Justo R$ 4.500,00. Custo das turbinas = 50.000.000 x 25% = 12.500.000
Valor Residual R$ 4.800,00. Custo da Aeronave s/ turbina = 50.000.000 x 75% =
Analisando as informações citadas, assinale a alternativa 37.500.000
que indique corretamente o tratamento contábil a ser se- Depreciação em 2012
guido, a partir de 01.01.2010. Turbinas = 12.500.000 x 10% = 1.250.000
a) A empresa deve manter a despesa de depre- Aeronave s/ turbina = 37.500.000
ciação de R$ 2.000,00 ao ano. VR = 10% (3.750.000)
b) A empresa deve acelerar a despesa de deprecia- VD 33.750.000
ção uma vez que o valor residual aumentou. X 5%
c) A empresa deve suspender a despesa de de- Depreciação: 1.687.500
preciação uma vez que o valor residual está maior que (Encargo) Despesa depreciação: 1.250.000 + 1.687.500
o valor contábil. = 2.937.500
Alteração da Vida útil doImobilizado a) 900.000,00 e 8.300.000,00.
b) 1.100.000,00 e 7.700.000,00.
O valor depreciável de um Ativo deve ser apropriado de
forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada. c) 1.140.000,00 e 8.060.000,00.
O valor residual e a vida útil de um Ativo são revisados pelo d) 1.140.000,00 e 6.060.000,00.
menos ao final de cada exercício e, se as expectativas diferirem e) 740.000,00 e 6.460.000,00.
das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada C
como mudança de estimativa contábil, segundo o Pronuncia-
mento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Esti- Momento 1 Momento 2
mativa e Retificação de Erro. Aquisição: 31/12/2011 Reestimativa da v. útil e v.
Custo: R$ 11.000.000,00 residual: 02/01/2014
CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
V. útil: 10 anos V. útil: 5 anos
Retificação de Erro.
V. residual: R$ 2.000.000,00 V. residual: R$ 3.500.000,00
Mudança na estimativa contábil é um ajuste nos saldos
contábeis de Ativo ou de Passivo, ou nos montantes relativos ao 1º passo: calcular o valor contábil do Ativo em 31.12.2013,
consumo periódico de Ativo, que decorre da avaliação da situ- pois, em janeiro/2014, terá sua vida útil e valor residual rees-
ação atual e das obrigações e dos benefícios futuros esperados, timados.
associados aos Ativos e aos Passivos. As alterações nas estima- Aquisição: 31/12/2011
tivas contábeis decorrem de nova informação ou inovações e, Custo: R$ 11.000.000,00
portanto, não são retificações de erros. V. útil: 10 anos = 10% a.a
A estimativa envolve julgamentos baseados na última in-
V. residual: R$ 2.000.000,00
formação disponível e confiável. Por exemplo, podem ser ex-
igidas estimativas de: Uso: 2 anos
a) créditos de liquidação duvidosa; Tx. acumulada = 10% a.a x 2 = 20%
b) obsolescência de estoque; Depreciação Acumulada: Custo: 11.000.000
c) valor justo de Ativos financeiros ou Passivos financeiros; V. residual: (2.000.000)
d) vida útil de Ativos depreciáveis ou o padrão esperado V. depreciável: 9.000.000
de consumo dos futuros benefícios econômicos incorpora- x 20%
dos nesses Ativos; e Depreciação Acumulada 1. 800.000
e) obrigações decorrentes de garantias. Valor contábil: custo de aquisição (-) dep. acumulada =
O efeito de mudança na estimativa contábil deve ser recon- 11.000.000 – 1.800.000 = R$ 9.200.000,00
hecido prospectivamente, incluindo-o nos resultados do:
Em 02/01/2014 a empresa redefiniu sua política de subs-

Ş
ŝ#-ŝŦ
a) período da mudança, se a mudança afetar apenas esse tituição de equipamentos e estabeleceu nova vida útil e novo
período; ou valor residual.
b) período da mudança e futuros períodos, se a mudança 2º passo: calcular o valor contábil do Ativo em 31.12.2014,
afetar todos eles. considerando as novas avaliações.
O reconhecimento prospectivo do efeito de mudança na V. útil: 5 anos = 20% aa
estimativa contábil significa que a mudança é aplicada a tran-
sações, a outros eventos e a condições a partir da data da mu- V. residual: R$ 3.500.000,00
dança na estimativa. Depreciação 2014: Custo: 11.000.000
Ex.: (FCC) Uma empresa adquiriu uma máquina pelo val- V. residual: (3.500.000)
or de R$ 11.000.000,00. A compra ocorreu em 31/12/2011, Dep. Acumulada em 12/2013: (1.800.000)
a empresa definiu a vida útil econômica em dez anos e V. depreciável: 5.700.000
estimou que a máquina será vendida ao final de sua vida
NOÇÕES DE ECONOMIA

x 20%
útil por R$ 2.000.000,00 (valor líquido das despesas es-
Desp. Depreciação 2014: 1.140.000
timadas de venda).
Em 02/01/2014, a empresa redefiniu sua política de subs- Valor contábil em 31.12.2014 = custo: 11.000.000
tituição de equipamentos e estabeleceu que utilizaria a Dep. Acumulada: (2.940.000)
máquina por apenas mais cinco anos. No final deste pe- Vr. Contábil: 8.060.000,00
ríodo adicional de cinco anos o valor líquido de venda da
máquina foi estimado em R$ 3.500.000,00. Baixa do Ativo Não Circulante
A empresa adota o método das quotas constantes para CPC 27 - O valor contábil de um item do Ativo Imobilizado
o cálculo da despesa de depreciação e sabe-se que não deve ser baixado:
houve necessidade de ajuste por redução ao valor recu-
perável (impairment). a) por ocasião de sua alienação;
O valor da despesa de depreciação apresentado na De- b) quando não há expectativas de benefícios econômicos
monstração do Resultado de 2014 e o valor contábil do futuros com a sua utilização ou alienação.
Ativo evidenciado no Balanço Patrimonial de 31/12/2014 Ex.1: baixa de uma máquina totalmente depreciada, com 589
foram respectivamente, em reais, custo histórico de R$ 10.000,00.
Ativo Imobilizado Total = 54 meses
590 Máquina 10.000 Dep. Acumulada = custo: 2.500
(-) Depreciação Acumulada 10.000 (-) V. residual: (500)
D – Depreciação Acumulada Vr. Depreciável: 2.000 x 54 meses = 900
C – Máquinas ------------------------R$ 10.000,00 120 meses
Ex.2: baixa de uma máquina obsoleta, com custo de R$ Valor contábil: custo (-) depreciação acumulada = 2.500 –
900 = R$ 1.600,00
NOÇÕES DE ECONOMIA

10.000,00 e depreciação acumulada de R$ 7.000,00.


Ativo Imobilizado Na data da venda, o bem valia contabilmente R$ 1.600,00
Máquina 10.000 e foi vendido por R$ 1.000,00, gerando uma perda de R$
600,00.
(-) Depreciação Acumulada 7.000
D – Depreciação Acumulada---------R$ 7.000,00 Intangível
D – Outras Despesa
Prejuízos na Baixa de Imobilizado---R$ 3.000,00 Conceito
C – Máquinas-------------------------R$ 10.000,00 Ativo Intangível é um Ativo não monetário identificável
Ex.3: máquina vendida a prazo por R$ 3.200,00 com custo sem substância física.
de R$ 10.000,00 e depreciação acumulada de R$ 7.000,00 Um Ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de
Imobilizado definição de um Ativo Intangível, quando:
Máquina 10.000 a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade
e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individ-
Ş
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(-) Depreciação Acumulada 7.000


ualmente ou junto com um contrato, Ativo ou Passivo relacio-
D – Depreciação Acumulada--------- R$ 7.000,00 nado, independente da intenção de uso pela entidade; ou
D – Contas a Receber/Caixa----------R$ 3.200,00 b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais,
C – Máquinas-------------------------R$ 10.000,00 independentemente de tais direitos serem transferíveis ou
C – Outras Receitas separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações.
Lucro na Venda de Imobilizado-------R$ 200,00
Reconhecimento
Ganho de capital: preço de venda > valor contábil
Um Ativo Intangível deve ser reconhecido apenas se:
Perda de capital: preço de venda < valor contábil
Ex.: (Ministério do Turismo/Contador/ESAF-2014) A em- a) for provável que os benefícios econômicos futuros esper-
ados atribuíveis ao Ativo serão gerados em favor da entidade; e
presa Máquinas, Móveis e Mercadorias S.A., em abril de
2009, adquiriu 4 máquinas de igual valor e pagou por b) o custo do Ativo possa ser mensurado com confiabili-
elas, à vista, R$ 10.000,00. A vida útil foi estimada em dade.
10 anos e o valor residual em 20%. Em 30 de setembro Obs.: a norma deixa claro que, se as condições não pud-
de 2013, a empresa vendeu uma dessas máquinas por R$ erem ser atendidas, os gastos devem ser lançados como DES-
1.000,00, a prazo. PESA.
Uma vez realizada esta operação, pode-se dizer que a em- Custo de Aquisição
presa contabilizou perda de capital no valor de
Um Ativo Intangível deve ser reconhecido inicialmente ao
a) R$ 600,00. custo.
b) R$ 375,00. O custo de Ativo Intangível adquirido separadamente in-
c) R$ 500,00. clui:
d) R$ 100,00. a) seu preço de compra, acrescido de impostos de impor-
tação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de
e) R$ 875,00. deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; e
C b) qualquer custo diretamente atribuível à preparação do
Data aquisição: 04/2009 Ativo para a finalidade proposta.
Custo de cada máquina: R$ 2.500,00 Exemplos de custos diretamente atribuíveis são:
V. útil: 10 anos = 120 meses a) custos de benefícios aos empregados (conforme CPC 33
V. residual: 20% – Benefícios a Empregados) incorridos diretamente para que
Data venda: 30/09/2013 PV = R$ 1.000,00 o Ativo fique em condições operacionais (de uso ou funcio-
1º passo: encontrar o valor contábil da máquina na data da namento);
venda; para isso, precisamos calcular a depreciação acumula- b) honorários profissionais diretamente relacionados para
da do período. que o Ativo fique em condições operacionais; e
Uso: 4/2009 a 30/09/2013 c) custos com testes para verificar se o Ativo está funcio-
2009 = 9 meses nando adequadamente.
2010/2011/2012 = 36 meses Exemplos de gastos que não fazem parte do custo de Ativo
Intangível:
3013 = 9 meses
a) custos incorridos na introdução de novo produto ou Início da Amortização
serviço (incluindo propaganda e atividades promocionais);
A amortização deve ser iniciada a partir do momento em
b) custos da transferência das atividades para novo local que o Ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando se en-
ou para nova categoria de clientes (incluindo custos de trein- contrar no local e nas condições necessários para que possa
amento); e funcionar da maneira pretendida pela administração.
c) custos administrativos e outros custos indiretos. A amortização deve cessar na data em que o Ativo é classi-
O reconhecimento dos custos no valor contábil de Ativo ficado como mantido para venda ou incluído em um grupo de
Intangível cessa quando esse Ativo está nas condições opera- Ativos classificado como mantido para venda.
cionais pretendidas pela administração.
Método de Amortização
Vida Útil
O valor amortizável de Ativo Intangível com vida útil defin-
A entidade deve avaliar se a vida útil de Ativo Intangível ida deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua
é definida ou indefinida e, no primeiro caso, a duração ou o vida útil estimada.
volume de produção ou unidades semelhantes que formam Podem ser utilizados vários métodos de amortização
essa vida útil. para apropriar de forma sistemática o valor amortizável de
A entidade deve atribuir vida útil indefinida a um Ativo In- um Ativo ao longo da sua vida útil. Tais métodos incluem o
tangível quando, com base na análise de todos os fatores rele- método linear, também conhecido como método de linha
vantes, não existe um limite previsível para o período durante reta, o método dos saldos decrescentes e o método de uni-
o qual o Ativo deverá gerar fluxos de caixa líquidos positivos dades produzidas.
para a entidade.
A contabilização de Ativo Intangível baseia-se na sua vida útil. Método Linear ou Quotas
Sobre amortização Constantes (mais utilizado)
Vida útil Definida Sujeito ao teste de A taxa de amortização é fixada tendo em vista o tempo
recuperabilidade de utilização do bem intangível, podendo tal tempo ser fixado
Ativo Intangível em lei que regule os direitos sobre o bem, em contrato ou ser
Não sobre amortização
Vida útil Indefinida
proveniente da natureza do bem com existência limitada.
Sujeito ao teste de
recuperabilidade Exemplo:
Em 02.01.X8 a Cia. Alfa adquiriu o direito de explorar a
linha de transporte pelos 10 anos subsequentes. O custo para
Amortização obter a concessão foi R$ 600.000,00.
Amortização é a alocação sistemática do valor amor- Concessão obtida: R$ 600.000,00

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tizável de Ativo Intangível ao longo da sua vida útil.
Tx. amortização: 100%/10 = 10%a.a
Aplicável aos bens imateriais (direito), intangíveis, ou
(Encargo) Despesa Amortização Anual: 600.000x 10% =
incorpóreos.
R$ 60.000,00 a.a ou
Bens Intangíveis sujeitos à 600.000 = 60.000 a.a
Amortização - Art. 325/RIR     10
Poderão ser amortizados: Amortização acumulada
I. o capital aplicado na aquisição de direitos cuja Tempo se uso: 3 anos
existência ou exercício tenha duração limitada, ou Tx. acumulada: 10% x 3 = 30%
de bens cuja utilização pelo contribuinte tenha o Amortização Acumulada: 600.000 x 30%= 180.000 ou
prazo legal ou contratualmente limitado, tais como: 600.000 x 3 = 180.000
NOÇÕES DE ECONOMIA

a) patentes de invenção, fórmulas e processos  10


de fabricação, direitos autorais, licenças, autor- Valor contábil: custo de aquisição (-) Amort. Acumulada =
izações ou concessões; 600.000 – 180.000 = R$ 420.000,00
b) investimento em bens que, nos termos da lei
ou contrato que regule a concessão de serviço Lançamento Contábil
público, devem reverter ao poder concedente, ao A amortização deve normalmente ser reconhecida no re-
fim do prazo da concessão, sem indenização; sultado. No entanto, por vezes, os benefícios econômicos fu-
c) custo de aquisição, prorrogação ou modificação turos incorporados no Ativo são absorvidos para a produção
de contratos e direitos de qualquer natureza, inclu- de outros Ativos. Nesses casos, a amortização faz parte do cus-
sive de exploração de fundos de comércio; to de outro Ativo, devendo ser incluída no seu valor contábil.
d) custos das construções ou benfeitorias em bens lo- D- Despesa (custo) com Amortização.
cados ou arrendados, ou em bens de terceiros, quan- C- Amortização Acumulada.
do não houver direito ao recebimento de seu valor; Ex.: (CESPE) No que se refere ao disposto no Comitê
e) o valor dos direitos contratuais de exploração de Pronunciamentos Contábeis 04 – Ativo Intangível, 591
de florestas de que trata o art. 328. julgue o item seguinte. O valor amortizável de Ativo In-
tangível com vida útil indefinida deverá ser amortizado Tempo de uso: 9 anos
592 de modo a refletir o padrão de consumo, pela entidade, Tx. Acumulada: 5% x 9 = 45%
dos benefícios econômicos futuros. Exaustão Acumulada: 150.000 x 45% = 67.500
CPC 04 – Intangível Valor Contábil: Custo = 150.000
Ativo Intangível é um Ativo não monetário identificável (-) E/Ac: = (67.500)
sem substância física.
R$ 82.500,00
Amortização é a alocação sistemática do valor amortizável
NOÇÕES DE ECONOMIA

Exaustão em função da relação do período e da pos-


de Ativo Intangível ao longo da sua vida útil.
sança conhecida da mina:
A entidade deve avaliar se a vida útil de Ativo Intangível
Método das unidades extraídas.
é definida ou indefinida e, no primeiro caso, a duração ou o
volume de produção ou unidades semelhantes que formam Exemplo:
essa vida útil. Custo de concessão = R$ 150.000,00
A entidade deve atribuir vida útil indefinida a um Ativo In- Possança conhecida = 50.000m3
tangível quando, com base na análise de todos os fatores rele- Produção do ano = 2.000m3
vantes, não existe um limite previsível para o período durante Taxa de exaustão do ano =prod. ano/possança =
o qual o Ativo deverá gerar fluxos de caixa líquidos positivos 2.000/50.000 = 4%a.a ou
para a entidade. Tempo previsto para esgotamento da mina = possança/
A contabilização de Ativo Intangível baseia-se na sua vida prod. ano = 50.000/2.000 = 25 anos = 4%a.a
útil. Um Ativo Intangível com vida útil definida deve ser amor- (Encargo) Despesa de Exaustão do ano = 4% x R$
tizado, enquanto a de um Ativo Intangível com vida útil in- 150.000,00 = 6.000,00 ou
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definida não deve ser amortizado.


Exaustão de Recursos Florestais
Exaustão Só haverá exaustão de recursos florestais quando o esgota-
Conceito mento dos recursos estiver previsto para ocorrer antes do fim do
Corresponde à perda do valor, decorrente da sua exploração, prazo contratual, ou quando o prazo de exploração dos recursos
de direitos cujo objeto seja recursos minerais ou florestais, ou bens for indeterminado.
aplicados nessa exploração. Hipóteses de exploração dos recursos florestais:
Valor desembolsado para exercer o direito de exploração 1) Quando o prazo contratual for inferior ao período previs-
+ todos os dispêndios necessários a essa exploração to para esgotamento dos recursos florestais, a perda de valor
será contabilizada como amortização, e não como exaustão,
Base de Cálculo da Exaustão visto que, antes do esgotamento dos recursos, o direito de ex-
Lançamento: ploração terá terminado.
D- Despesa Exaustão. 2) Quando o esgotamento dos recursos estiver previsto para
C- Exaustão Acumulada. ocorrer antes do fim do prazo contratual, a perda de valor será
contabilizada como exaustão.
Não Devem Sofrer Exaustão 3) Quando o prazo de exploração dos recursos for indeter-
▷ Recursos minerais que não têm previsão de esgot- minado, a perda de valor será contabilizada como exaustão.
amento. 4) Os projetos florestais destinados à exploração dos re-
▷ As florestas destinadas à exploração dos respectivos spectivos frutos sujeitam-se à depreciação, calculada com
frutos sujeitam-se à depreciação e não à exaustão. base na vida útil estimada dos recursos florestais objeto da
▷ florestas plantadas com a finalidade de proteção do exploração.
solo ou do meio ambiente como um todo também Exemplo
não se sujeitam ao cômputo dos encargos das in- Bem a ser exaurido = Plantação de eucaliptos para uti-
versões (depreciação, amortização ou exaustão). lização em uma siderúrgica.
▷ Os direitos contratuais para a exploração de recursos Valor de Aquisição = R$ 600.000,00.
florestais por prazo determinado (inferior ao esgot- Quantidade total = 400 hectares de floresta com eucalipto
amento dos recursos) estão sujeitos à amortização, plantado.
e não à exaustão, cujo critério econômico será o pra- Extração do ano = 80 hectares da floresta.
zo de vigência do contrato. Taxa de exaustão do ano = 80/400 = 20%.
Exaustão de Recursos Minerais Despesa de exaustão = 600.000 x 20% = R$ 120.000,00.
Exaustão em função do prazo de concessão: Dec. 3000/99 RIR
Ex.: Art. 334. Poderá ser computada, como custo ou encar-
go, em cada período de apuração, a importância corre-
Custo de Concessão = R$ 150.000,00
spondente à diminuição do valor de recursos florestais,
Prazo de concessão = 20 anos resultante de sua exploração (Lei nº 4.506, de 1964,
Taxa de exaustão anual = 100%/20 = 5% a.a artigo 59, e Decreto-Lei nº 1.483, de 1976, artigo 4º).
(Encargo) Despesa de exaustão (anual): 5% x 150.000,00 § 1º A quota de exaustão dos recursos florestais des-
= 7.500 tinados a corte terá como base de cálculo o valor das
florestas (Decreto-Lei nº 1.483, de 1976, artigo 4º, § 1º). c) A taxa de exaustão será de 12,5% ao ano. (verdadeiro)
§ 2º Para o cálculo do valor da quota de exaustão será v. útil = 8 anos
observado o seguinte critério (Decreto-Lei nº 1.483, de taxa = 100%/8 = 12,5% aa
1976, artigo 4º, § 2º): d) Ao fim do 5º ano, a exaustão acumulada será de 50% do
I - apurar-se-á, inicialmente, o percentual que custo da mina. (verdadeiro)
o volume dos recursos florestais utilizados ou a Exaustão/Ac: custo: 300.000
quantidade de árvores extraídas durante o período (-) V. residual: (60.000)
de apuração representa em relação ao volume ou à Vr. Exaurido: 240.000 x 5 = 150.000
quantidade de árvores que no início do período de 8
apuração compunham a floresta; Exaustão acumulada de R$ 150.000,00, que representa
II - o percentual encontrado será aplicado sobre o 50% do custo total da mina de R$ 300.000,00.
valor contábil da floresta, registrado no Ativo, e o e) O custo a ser baixado no ato da venda será de R$
resultado será considerado como custo dos recur- 90.000,00. (ERRADO)
sos florestais extraídos.
O bem é baixado pelo seu valor contábil na data da venda.
§ 3º As disposições deste artigo aplicam-se também às
Valor contábil: custo: 300.000
florestas objeto de direitos contratuais de exploração
por prazo indeterminado, devendo as quotas de ex- E/Ac: (150.000)
austão ser contabilizadas pelo adquirente desses dire- 150.000
itos, que tomará como valor da floresta o do contrato Valor contábil: R$ 150.000,00
(Decreto-Lei nº 1.483, de 1976, artigo 4º, § 3º).
Ex.: (ESAF) A mina Etereal, após a aquisição e instalação, ANOTAÇÕES
custara R$ 300.000,00 aos cofres da nossa empresa, mas
tinha capacidade estimada em 500 mil metros cúbicos
de minério e foi instalada com capacidade de exploração
em 8 anos, mantendo-se o residual de proteção de 20%
da capacidade produtiva. Ao fim do 5º ano de exploração
bem-sucedida, a mina foi alienada por R$ 200.000,00,
com quitação em vinte duplicatas mensais.
Analisando essas informações, assinale abaixo a única
assertiva que não é verdadeira.
a) A exploração anual será de 50 mil m3 de minério.
b) A taxa de exaustão será de 10% do custo total

Ş
ŝ#-ŝŦ
por ano.
c) A taxa de exaustão será de 12,5% ao ano.
d) Ao fim do 5º ano, a exaustão acumulada será de
50% do custo da mina.
e) O custo a ser baixado no ato da venda será de R$
90.000,00.
E
Custo: R$ 300.000,00
Capacidade estimada: 500 mil m3
Capacidade de exploração: 8 anos
NOÇÕES DE ECONOMIA

Residual de proteção: 20%


Uso: 5 anos
PV: R$ 200.000,00
a) A exploração anual será de 50 mil m3 de minério. (ver-
dadeiro)
capacidade estimada – residual de proteção/v. útil =
500.000 – 100.000 = 400.000/8 = 50.000m3
Residual de proteção: 20% x 500.000 = 100.000
b) A taxa de exaustão será de 10% do custo total por ano.
(verdadeiro)
Custo mina – valor residual/v. útil = 300.000 – 60.000 =
240.000/8 = 30.000
Vr. Residual = 300.000 x 20% = 60.000
Despesa com exaustão é de R$ 30.000,00 que representa 593
10% do custo total da mina de R$ 300.000,00
594
14. Demonstrações Contábeis a) os principais critérios de avaliação dos ele-
mentos patrimoniais, especialmente estoques,
dos cálculos de depreciação, amortização e ex-
Lei nº 6.404/76 austão, de constituição de provisões para encar-
gos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas
Exercício Social prováveis na realização de elementos do Ativo;
Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e b) os investimentos em outras sociedades, quando
NOÇÕES DE ECONOMIA

a data do término será fixada no estatuto. relevantes (art. 247, parágrafo único);
Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos c) o aumento de valor de elementos do Ativo re-
casos de alteração estatutária o exercício social poderá sultante de novas avaliações (art. 182, § 3º);
ter duração diversa. d) os ônus reais constituídos sobre elementos do
Ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
Demonstrações Financeiras responsabilidades eventuais ou contingentes;
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as
elaborar, com base na escrituração mercantil da com- garantias das obrigações a longo prazo;
panhia, as seguintes demonstrações financeiras, que f) o número, espécies e classes das ações do cap-
deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio ital social;
da companhia e as mutações ocorridas no exercício: g) as opções de compra de ações outorgadas e
I - balanço patrimonial; exercidas no exercício;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumu- h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, §
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lados; 1o); e
III - demonstração do resultado do exercício; e j) os eventos subsequentes à data de encerramento
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito
V – se companhia aberta, demonstração do valor relevante sobre a situação financeira e os resultados
adicionado. futuros da companhia.
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publica- § 6º A companhia fechada com patrimônio líquido, na
das com a indicação dos valores correspondentes das data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões
de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da
demonstrações do exercício anterior. ( Demonstrações
demonstração dos fluxos de caixa.” (NR)
Comparativas)
§ 7º A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes
critério, disciplinar de forma diversa o registro de que
poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão trata o § 3o deste artigo.
ser agregados, desde que indicada a sua natureza e Ex.: (ESAF) Assinale abaixo a opção correta.
não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respecti- a) Na constituição da companhia e nos casos de
vo grupo de contas; mas é vedada a utilização de des- alteração estatutária, o exercício social não poderá ter
ignações genéricas, como “diversas contas” ou “contas duração diferente de um ano.
correntes”. b) Nas demonstrações, as contas semelhantes
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a des- poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser
tinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da agregados e é permitida a utilização dos termos “diver-
administração, no pressuposto de sua aprovação pela sas contas” ou “contas correntes”.
assembleia geral. c) As demonstrações financeiras registrarão a
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos
explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações da administração no pressuposto de sua aprovação
contábeis necessários para esclarecimento da situação pat- pela assembleia geral.
rimonial e dos resultados do exercício. d) Na determinação do resultado do exercí-
§ 5º As notas explicativas devem: cio, serão computados as receitas e os rendimentos
I - apresentar informações sobre a base de prepa- ganhos e realizados no período, além dos custos,
ração das demonstrações financeiras e das práticas despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos.
contábeis específicas selecionadas e aplicadas para e) O aumento do valor de elementos do Ativo
negócios e eventos significativos; em virtude de novas avaliações, registrado como
II - divulgar as informações exigidas pelas práti- reserva de reavaliação, poderá ser computado como
cas contábeis adotadas no Brasil que não este- lucro para efeito de distribuição de dividendos ou
jam apresentadas em nenhuma outra parte das participações.
demonstrações financeiras; C.
III - fornecer informações adicionais não indicadas Alternativa A. Lei nº 6.404/76, Art. 175. O exercício social
nas próprias demonstrações financeiras e consid- terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no
eradas necessárias para uma apresentação ade- estatuto.
quada; e Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos casos de
IV - indicar: alteração estatutária o exercício social poderá ter duração diversa.
Alternativa B. Lei nº 6.404/76, Art. 176, § 2º Nas demons- Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins ex-
trações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pe- clusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob
quenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua controle comum que tiver, no exercício social anterior, Ativo to-
natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respec- tal superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões
tivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00
genéricas, como “diversas contas” ou “contas correntes”. (trezentos milhões de reais). (Grifo nosso)
Alternativa C. Lei nº 6.404/76, Art. 176, § 3º As demonstra- Ex.: (FGV) A alternativa que contém apenas relatórios
ções financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a que integram o conjunto completo de demonstrações
proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua contábeis exigidas pelo Pronunciamento Técnico CPC –
aprovação pela assembleia geral. 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis é:
Alternativa D. Lei 6.404/76, Art. 187, § 1º Na determinação a) balanço patrimonial, demonstração do resultado do
do resultado do exercício serão computados: exercício e relatório dos auditores independentes.
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, inde-
pendentemente da sua realização em moeda; e b) demonstração do valor adicionado, relatório de
b ) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incor- sustentabilidade e balanço patrimonial.
ridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
c) notas explicativas, demonstração do resultado
Alternativa E. A reserva de reavaliação foi extinta.
abrangente e demonstração das mutações do patri-
Lei nº 6.404/76 x CPC 26
mônio líquido.
Demonstrações Contábeis
Lei 6.404/76 CPC 26 – Apresentação das DCs d) demonstração do resultado abrangente, relatório
Balanço patrimonial ao final do da administração e demonstração dos lucros acumu-
Balanço Patrimonial.
período. lados.
Demonstração dos lucros Demonstração do resultado do
ou prejuízos acumulados. período. e) demonstração das mutações do patrimônio líquido,
Demonstração do resultado Demonstração do resultado abrangen- demonstração do resultado do exercício e relatório da
do exercício. te do período. administração.
Demonstração dos fluxos Demonstração das mutações do C.
de caixa. patrimônio líquido do período.
CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis
Se companhia aberta, O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:
Demonstração dos fluxos de caixa do
demonstração do valor
período. (a) balanço patrimonial ao final do período;

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adicionado.
Balanço patrimonial do início do (b1) demonstração do resultado do período;
§ 6º A companhia fechada (b2) demonstração do resultado abrangente do período;
período mais antigo, comparati-
com patrimônio líquido, na
vamente apresentado, quando a (c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do pe-
data do balanço, inferior
entidade aplicar uma política contábil ríodo;
a R$ 2.000.000,00 (dois
retrospectivamente ou proceder à rea-
milhões de reais) não será (d) demonstração dos fluxos de caixa do período;
presentação retrospectiva de itens das
obrigada à elaboração e
publicação da demon-
demonstrações contábeis, ou quando (e) notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis
proceder à reclassificação de itens de significativas e outras informações elucidativas;
stração dos fluxos de caixa.
suas demonstrações contábeis.
(ea) informações comparativas com o período anterior
Demonstração do valor adicionado do (f) balanço patrimonial do início do período mais antigo, com-
período. parativamente apresentado, quando a entidade aplicar uma
A CVM determina que as cias abertas devam publicar a política contábil retrospectivamente ou proceder à reapresen-
NOÇÕES DE ECONOMIA

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL, tação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou
ficando desobrigadas, portanto, de elaborar a Demonstração quando proceder à reclassificação de itens de suas
de Lucros ou Prejuízos Acumulados- DLPA. (f1) demonstração do valor adicionado do período, conforme
O CPC 26 inclui na composição do conjunto completo de Pronunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por
demonstrações contábeis: algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntaria-
a) notas explicativas, compreendendo as políticas con- mente.
tábeis significativas e outras informações elucidativas; A entidade pode usar outros títulos nas demonstrações em vez da-
b) informações comparativas com o período anterior. queles usados neste Pronunciamento Técnico, desde que não con-
Demonstrações Financeiras de Sociedades de Grande Porte trarie a legislação societária brasileira vigente.
Lei 11.638/07, Art. 3º Aplicam-se às sociedades de grande por-
te, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por
Escrituração
ações, as disposições da Lei nº 6.404/76, sobre escrituração e Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em
elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de registros permanentes, com obediência aos preceitos
auditoria independente por auditor registrado na Comissão de da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de 595
Valores Mobiliários. contabilidade geralmente aceitos, devendo observar
métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e VII- o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
596 registrar as mutações patrimoniais segundo o regime montante por ação do capital social.
de competência. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão
§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que computados:
houver modificação de métodos ou critérios contábeis, a) as receitas e os rendimentos ganhos no perío-
de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e res- do, independentemente da sua realização em
saltar esses efeitos. moeda; e
NOÇÕES DE ECONOMIA

§ 2º A companhia observará exclusivamente em liv- b ) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos


ros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação ou incorridos, correspondentes a essas receitas e
da escrituração mercantil e das demonstrações regu- rendimentos.
ladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de
Demonstração do Resultado do Exercício – Lei nº 6.404/76
legislação especial sobre a atividade que constitui seu
objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a RECEITA BRUTA
utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes Vendas Brutas
ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a
Prestação de Serviços
elaboração de outras demonstrações financeiras.
§ 3º As demonstrações financeiras das companhias (-) DEDUÇÕES DA RECEITA
abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Impostos s/ Vendas e Serviços (ICMS, ISS, PIS, COFINS)
Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoria- Devoluções ou Cancelamentos
mente submetidas a auditoria por auditores indepen-
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Descontos Incondicionais e Abatimentos


dentes nela registrados.
§ 4º As demonstrações financeiras serão assinadas (=) RECEITA LÍQUIDA
pelos administradores e por contabilistas legalmente (-) Custo das mercadorias vendidas ou dos produtos e serviços
habilitados. vendidos
§ 5º As normas expedidas pela Comissão de Valores (=) LUCRO BRUTO OU RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
Mobiliários a que se refere o § 3º deste artigo deverão (-) DESPESAS OPERACIONAIS
ser elaboradas em consonância com os padrões inter-
(-) Despesas com Vendas
nacionais de contabilidade adotados nos principais
mercados de valores mobiliários. (-) Despesas Administrativas
§ 6º As companhias fechadas poderão optar por ob- (-) Despesas Financeiras
servar as normas sobre demonstrações financeiras ex- (+) Receitas Financeiras
pedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as
companhias abertas. (-) Outras Despesas Operacionais
(+) Outras Receitas Operacionais
Demonstração do Resultado (=) RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO OU LUCRO/PREJUÍZO
do Exercício OPERACIONAL
(+) Outras Receitas
Lei nº 6.404/76 (-) Outras Despesas
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício (=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA = LAIR
discriminará: (-) Contribuição Social s/ o Lucro (CSLL)
I. a receita bruta das vendas e serviços, as de-
(-) Imposto de Renda s/ o Lucro
duções das vendas, os abatimentos e os impostos;
II. a receita líquida das vendas e serviços, o custo das (=) LUCRO APÓS O IMPOSTO DE RENDA = LAPIR
mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; (-) PARTICIPAÇÕES ESTATUTÁRIAS
III. as despesas com as vendas, as despesas finan- Debêntures
ceiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais
Empregados
e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras re- Administradores
ceitas e as outras despesas; Partes Beneficiárias
V. o resultado do exercício antes do Imposto sobre Fundos de Assistência de Empregados
a Renda e a provisão para o imposto; (=) LUCRO/ PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
VI - as participações de debêntures, empregados,
LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO POR AÇÃO = Lucro líquido/Nº de ações
administradores e partes beneficiárias, mesmo na em circulação
forma de instrumentos financeiros, e de institu-
Outras receitas e outras despesas = ganho ou perda de
ições ou fundos de assistência ou previdência de
capital decorrente da venda de Ativo fixo (investimento, imo-
empregados, que não se caracterizem como des-
bilizado ou intangível) ou perda de capital pela baixa do Ativo
pesa;
fixo por perecimento, obsolescência ou extinção.
Participações estatutárias = são participações no lucro (-) Contribuição Social s/ o Lucro (CSLL)
previstas no estatuto. São determinadas sucessivamente e
(-) Imposto de Renda s/ o Lucro
nessa ordem, pois cada participação diminui a base de cálculo
da participação seguinte. (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS
Ex.: (+/-) RESULTADO LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES DESCONTINUADAS
(=) LUCRO APÓS O IMPOSTO DE RENDA = LA-
= RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO.
PIR--------10.000
(-) PARTICIPAÇÕES ESTATUTÁRIAS Novidades CPC 26
Debêntures = 10% x 10.000 = 1.000 1) Início a partir da receita líquida
Empregados = 10% (10.000 – 1.000) = 900 CPC 30, Item 8: Para fins de divulgação na demonstração
Administradores = 0 do resultado, a receita inclui somente os ingressos brutos de
Partes Beneficiárias = 5% (9.000 – 900) = 405 benefícios econômicos recebidos e a receber pela entidade
Fundos de Assistência de Empregados = 0 quando originários de suas próprias atividades. As quantias co-
bradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre vendas,
CPC 26 tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor adicionado
Além dos itens requeridos em outros Pronunciamentos não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não
do CPC, a demonstração do resultado do período deve, no resultam em aumento do patrimônio líquido. Portanto, são ex-
mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as cluídos da receita.
determinações legais: 2) Separação das receitas e despesas financeiras
(a) receitas; No modelo previsto no CPC 26, as receitas e despesas finan-
(aa) ganhos e perdas decorrentes de baixa de Ativos finan- ceiras devem ser destacadas após o resultado antes das receitas
ceiros mensurados pelo custo amortizado; e despesas financeiras. A separação do resultado financeiro evi-
dencia com mais propriedade o resultado oriundo das operações
(b) custos de financiamento; da empresa.
(c) parcela dos resultados de empresas investidas recon- 3) Resultado de operações descontinuadas
hecida por meio do método da equivalência patrimonial; Segundo ED Luiz Ferrari:
(d) tributos sobre o lucro; ▷ Operações continuadas: são aquelas que a empresa
(ea) um único valor para o total de operações descontinua- pretende realizar para o presente e futuro, pois tais
das (ver Pronunciamento Técnico CPC 31); operações têm, por prazo indeterminado, o potencial
(f) em atendimento à legislação societária brasileira vigen- de gerar receitas e atrair a atenção dos consumidores.
te na data da emissão deste Pronunciamento, a demonstração ▷ Operações descontinuadas: operações que a empresa
do resultado deve incluir ainda as seguintes rubricas: apoio no passado, mas não irá dar continuidade no
futuro. Estão em processo de acabar até acabar e não

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(i) custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços
vendidos; necessariamente aquelas que já acabaram, de forma
que num determinado período presente ainda podem
(ii) lucro bruto; gerar resultados para empresa até o momento de efe-
(iii) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras tivamente acabarem.
despesas e receitas operacionais; CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Oper-
(iv) resultado antes das receitas e despesas financeiras; ação Descontinuada, item 32, define:
(v) resultado antes dos tributos sobre o lucro; Uma operação descontinuada é um componente da enti-
dade que foi baixado ou está classificado como mantido para
(vi) resultado líquido do período. venda e
Demonstração do Resultado do Exercício – CPC 26 (a) representa uma importante linha separada de negócios
ou área geográfica de operações;
RECEITA LÍQUIDA
(b) é parte integrante de um único plano coordenado para
NOÇÕES DE ECONOMIA

(-) Custo das mercadorias vendidas ou dos produtos e serviços venda de uma importante linha separada de negócios ou área
vendidos geográfica de operações; ou
(=) LUCRO BRUTO OU RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (c) é uma controlada adquirida exclusivamente com o ob-
(-) Despesas com Vendas
jetivo da revenda.
Vale ressaltar que não são as vendas normais de Ativo
(-) Despesas Administrativas Imobilizado e sim vendas relativas a divisões, produtos ou
(-) Despesas gerais atividades que a empresa abandonou que não existirão mais
no futuro.
(-) Outras Despesas Operacionais/ Outras despesas
A primeira forma de análise é o método da natureza da
(+) Outras Receitas Operacionais/ Outras receitas despesa. As despesas são agregadas na demonstração do
(=) RESULTADO ANTES DAS RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS resultado de acordo com a sua natureza (por exemplo, de-
(-) Despesas Financeiras preciações, compras de materiais, despesas com transporte,
benefícios aos empregados e despesas de publicidade), não
(+) Receitas Financeiras sendo realocados entre as várias funções dentro da entidade. 597
(=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA = LAIR Esse método pode ser simples de aplicar, porque não são
necessárias alocações de gastos a classificações funcionais. Ex.: (FGV) O Frigorífico Eta S.A. atua em três diferentes
598 Um exemplo de classificação que usa o método da natureza segmentos, que durante x1 apresentaram os seguintes
do gasto é o que se segue: resultados, apurados em 31/12, em milhares de reais:
Receitas X
Outras Receitas X
Variação do estoque de produtos X
NOÇÕES DE ECONOMIA

acabados e em elaboração
Consumo de matérias-primas e X
materiais
Despesa com benefícios a X
empregados Devido à baixa rentabilidade do segmento
Depreciações e amortizações X de aves, a direção do Frigorífico Eta S.A. deu início, em
Outras despesas X novembro de x1, a um plano para vender esse segmento
Total da despesa (X) de negócios, tendo iniciado um programa firme para
Resultado antes dos tributos X localizar um comprador e concluir o plano. O segmento
A segunda forma de análise é o método da função da despesa estava disponível para venda imediata em suas condições
ou do “custo dos produtos e serviços vendidos”, classificando-se
atuais, e a direção da companhia acreditava ser altamente
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as despesas de acordo com a sua função como parte do custo dos


produtos ou serviços vendidos ou, por exemplo, das despesas provável que a venda estivesse concluída até o final do
de distribuição ou das atividades administrativas. No mínimo, a primeiro semestre de x2. Durante dezembro de x1 a dire-
entidade deve divulgar o custo dos produtos e serviços vendidos ção do Frigorífico Eta S.A. passou a discutir a possibilidade
segundo esse método separadamente das outras despesas. Esse de concentrar suas atividades apenas no segmento de
método pode proporcionar informação mais relevante aos usuári-
os do que a classificação de gastos por natureza, mas a alocação suínos, devido a sua maior rentabilidade, e colocar à venda
de despesas às funções pode exigir alocações arbitrárias e envolv- também o segmento de bovinos.
er considerável julgamento. Um exemplo de classificação que uti- Nas demonstrações contábeis do Frigorífico
liza o método da função da despesa é a seguinte: Eta S.A. relativas a x1, o resultado líquido das opera-
Receitas X ções continuadas será apresentado por:
Custo dos produtos e serviços (X) a) R$ 980.000.
vendidos
b) R$ 2.100.000.
Lucro bruto X
c) R$ 2.240.000.
Outras receitas X
d) R$ 2.940.000.
Despesas de vendas (X)
e) R$ 3.080.000.
Despesas administrativas (X)
D.
Outras despesas (X)
Segundo os dados do enunciado, em novembro de X1, a cia.
Resultado antes dos tributos X iniciou um plano para vender o segmento de aves, tendo ini-
A escolha entre o método da função das despesas e o mét- ciado um programa firme para localizar um comprador e con-
odo da natureza das despesas depende de fatores históricos e cluir o plano. O segmento de aves também estava disponível
setoriais e da natureza da entidade. Ambos os métodos propor- para venda imediata em suas condições atuais, devendo ser
cionam uma indicação das despesas que podem variar, direta classificado como Ativo mantido para venda, e seu resultado
ou indiretamente, com o nível de vendas ou de produção da demonstrado como Resultado de operações descontinuadas.
entidade. Já o segmento de bovinos estava apenas em discussão da
Dado que cada método de apresentação tem seu mérito possibilidade de também ser colocado à venda, a diretoria do
conforme as características de diferentes tipos de entidade, o Frigorífico está “discutindo a possibilidade” de atuar apenas
Pronunciamento Técnico estabelece que cabe à administração no segmento de suínos, não atendendo aos requisitos para ser
eleger o método de apresentação mais relevante e confiável, classificado como Ativo mantido para venda.
atendidas as exigências legais. Entretanto, tendo em vista que Portanto, o resultado líquido das operações continuadas apu-
a informação sobre a natureza das despesas é útil ao prever os rados em 31/12, em milhares de reais, será de:
futuros fluxos de caixa, é exigida divulgação adicional quando Lucro Líquido Suínos ................................................ 2.100
for usada a classificação com base no método da função das + Lucro Líquido Bovinos ............................................. 840
despesas. = Resultado líquido das operações continuadas ....... 2.940
Lucro, Participações e Destinações. Ex.: (ESAF) O estatuto social da Cia. Amarílis prevê direito
à participação nos lucros de empregados, administra-
Dedução de Prejuízos e Imposto sobre a Renda dores e as debêntures emitidas, a base de 10% cada uma.
Em um determinado período, o valor do Lucro após o Im-
Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, posto de Renda e Contribuições foi de R$ 1.500.000,00
antes de qualquer participação, os prejuízos acumu- e, no mesmo período, a empresa apresenta um saldo de
lados e a provisão para o Imposto sobre a Renda. prejuízos acumulados no valor de R$ 450.000,00. Com
base nessas informações e de acordo com o estabelecido
Parágrafo único. O prejuízo do exercício será obriga- no artigo 187 da Lei n° 6.404/76, é correto afirmar que,
toriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas nesse período,
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. a) o valor a ser transferido para o Patrimônio
Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser Líquido é de R$ 984.150,00.
utilizadas para:
b) o lucro líquido apurado no exercício é de R$
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os
900.000,00.
lucros acumulados e as reservas de lucros (artigo
189, parágrafo único). (Grifo nosso) c) a provisão para participação dos Administra-
dores foi R$ 150.000,00.
d) a provisão para participações a empregados
é de R$ 94.500,00.
e) a provisão para participação de debêntures é
de R$ 76.545,00.
DRE Cálculo extracontábil
Antes da transferência do prejuízo do exercício apurado na
LAPIR----1.500.000 LAPIR----1.500.00
DRE para a conta de prejuízo acumulado, deve-se observar o
Debenturista----(105.000) (-) Prejuízo acumulado----(450.000)
parágrafo único do art. 189 e, havendo saldo remanescente, a
Empregado----(94.500) BC debenturista----1.050.000
transferência é concluída.
Administradores----(85.050) Debenturista – 10%----(105.000)
LLE----1.215.450 BC empregado----945.000

Ş
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Empregado – 10%----(94.500)
BC administradores----850.500
Administradores----(85.050)
Participações
Lucro-----765.450
Art. 190. As participações estatutárias de emprega- *BC = base de cálculo
dos, administradores e partes beneficiárias serão de- Os valores das participações calculados extracontabilmente serão
terminadas, sucessivamente e nessa ordem, com base transferidos para DRE.
nos lucros que remanescerem depois de deduzida a Para evitarmos esse “vai e volta” de informações, a única
participação anteriormente calculada. diferença dos valores apresentados na DRE e no cálculo
extracontábil é o prejuízo acumulado, então poderíamos
Parágrafo único. Aplica-se ao pagamento das partici-
chegar ao LLE da seguinte maneira: Lucro + Prejuízo acu-
NOÇÕES DE ECONOMIA

pações dos administradores e das partes beneficiárias mulada = 765.450 + 450.000 = R$ 1.215.450,00
o disposto nos parágrafos do artigo 201. (Grifo nosso)
RESPOSTA: D.
Convém observar que apesar de o Art. 190 não fazer
referência aos debenturistas, esta participação deverá ser a
Lucro Líquido
primeira a ser calculada (vide Art. 187). Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado do exercí-
cio que remanescer depois de deduzidas as participações
A conta Prejuízo Acumulado não faz parte da DRE, mas de que trata o artigo 190.
ela influência na base de cálculo das participações estatutárias
Proposta de Destinação do Lucro
(vide Art. 190). A DRE evidencia as receitas e despesas do
período, o prejuízo acumulado corresponde a prejuízos de Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras
do exercício, os órgãos da administração da companhia
períodos anteriores. Por esse motivo, não devem contar na apresentarão à assembleia geral ordinária, observado o
DRE do exercício atual, fazendo-se necessários cálculos extra- disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta 599
contábeis. sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício.
Demonstração do Lucro ou CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
600 Retificação de Erro.
Prejuízo Acumulado – DLPA Mudança na estimativa contábil é um ajuste nos saldos
contábeis de Ativo ou de Passivo, ou nos montantes relativos
ao consumo periódico de Ativo, que decorre da avaliação da
situação atual e das obrigações e dos benefícios futuros es-
perados, associados aos Ativos e Passivos. As alterações nas
NOÇÕES DE ECONOMIA

estimativas contábeis decorrem de nova informação ou in-


ovações e, portanto, não são retificações de erros. Aplicação
Lei 6.404/76- Art. 186. retrospectiva.
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados Erros de períodos anteriores são omissões e incorreções nas
discriminará: demonstrações contábeis da entidade de um ou mais períodos
anteriores decorrentes da falta de uso, ou uso incorreto, de infor-
I. o saldo do início do período, os ajustes de exer- mação confiável que: (a) estava disponível quando da autorização
cícios anteriores e a correção monetária do saldo para divulgação das demonstrações contábeis desses períodos; e
inicial; (b) pudesse ter sido razoavelmente obtida e levada em consid-
II. as reversões de reservas e o lucro líquido do ex- eração na elaboração e na apresentação dessas demonstrações
ercício; contábeis. Tais erros incluem os efeitos de erros matemáticos,
erros na aplicação de políticas contábeis, descuidos ou interpre-
III. as transferências para reservas, os dividendos, a tações incorretas de fatos e fraudes. Aplicação retrospectiva.
Ş
ŝ#-ŝŦ

parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo Ex.:


ao fim do período. No exercício de 2015 a Cia. Chaves deixou de registrar uma
§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão nota fiscal de venda a prazo no valor de R$ 10.000,00. Isso
considerados apenas os decorrentes de efeitos da provocou a redução do lucro daquele exercício.
O erro foi percebido somente em 2016. Não sendo possível
mudança de critério contábil, ou da retificação de
contabilizar uma venda de 2015 em 2016, devido ao regime
erro imputável a determinado exercício anterior,
de competência, é feito um ajuste diretamente na conta de
e que não possam ser atribuídos a fatos subse-
lucros acumulados por meio do seguinte lançamento:
quentes. D- Duplicata a receber.
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acu- C- Lucros Acumulados.
mulados deverá indicar o montante do dividendo É importante lembrar que as contas de resultado são en-
por ação do capital social e poderá ser incluída na cerradas ao final de cada período. Por isso, uma receita de ex-
demonstração das mutações do patrimônio líquido, ercícios anteriores não pode ser reconhecida no período atual.
se elaborada e publicada pela companhia. Já as contas patrimoniais têm os seus saldos acumulados de
um período para outro, permitindo a correção diretamente na
ESTRUTURA DE DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS
conta de lucros acumulados e duplicata a receber.
ACUMULADOS
Ex.: (2015/CESPE/CGE-PI) De acordo com a Lei n.º
Saldo no Início do Período 6.404/1976, julgue o próximo item, a respeito da elab-
(+/-) Ajuste de Exercícios Anteriores oração e apresentação das principais demonstrações
(+) Reversões de Reservas de Lucros
contábeis.
(+/-) Lucro (Prejuízo) Líquido do Exercício Os ajustes de exercícios anteriores devem ser evi-
denciados na demonstração de lucros ou prejuízos acumula-
(-) Transferências para reservas de lucros
dos quando motivados por mudança de critério contábil ou
(-) Dividendos (indicando o dividendo por ação) por retificação de erro atribuível a um exercício anterior, e
(-) Parcela dos lucros incorporada ao capital não puderem ser atribuídos a fatos subsequentes.
(-) Dividendos antecipados (art.204)
Comentário:
(=) Saldo ao final do período
Art. 186. § 1º Ajustes de Exercícios anteriores
Ajuste de Exercícios Anteriores
Art. 186. § 1º Ajustes de Exercícios anteriores Como ajustes de exercícios anteriores serão con-
Como ajustes de exercícios anteriores serão consider- siderados apenas os decorrentes de efeitos da mu-
ados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de dança de critério contábil, ou da retificação de erro
critério contábil, ou da retificação de erro imputável a
imputável a determinado exercício anterior, e que não
determinado exercício anterior, e que não possam ser
atribuídos a fatos subsequentes. (Grifo nosso) possam ser atribuídos a fatos subsequentes.
Todo ajuste de exercício anterior será corrigido diretamente na
conta de lucros ou prejuízo acumulado. Ex.: (2010/FCC/TRF - 4ªR) Dados extraídos da Demon-
stração de Lucros Acumulados da Cia. Pouso Alegre, relati-
vos ao exercício encerrado em 31/12/2009 (em R$):
Ajuste credor de períodos anteriores........... 10.000,00 (d) para cada componente do patrimônio líquido, a con-
ciliação do saldo no início e no final do período, demonstran-
Dividendos propostos pela administração 150.000,00 do-se separadamente as mutações decorrentes:
Constituição da Reserva Legal..................... 20.000,00 (i) do resultado líquido;
(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e
Lucro líquido do Exercício .......................... 400.000,00 (iii) de transações com os proprietários realizadas na
Reversão da Reserva de Contingências ...... 70.000,00 condição de proprietário, demonstrando separadamente suas
integralizações e as distribuições realizadas, bem como modi-
Constituição de outras reservas de lucros 240.000,00 ficações nas participações em controladas que não implicaram
Saldo em 31/12/2009................................................ 0,00 perda do controle.
Informação a ser apresentada na demonstração das mu-
O saldo inicial em 31/12/2008 correspondia a um prejuízo tações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas
acumulado, em R$, de Para cada componente do patrimônio líquido, a entidade
50.000,00. deve apresentar, ou na demonstração das mutações do pat-
30.000,00. rimônio líquido ou nas notas explicativas, uma análise dos out-
ros resultados abrangentes por item.
70.000,00. O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as
60.000,00. reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as res-
80.000,00. ervas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos
acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados
Comentário: e as demais contas exigidas pelos Pronunciamentos Técnicos
Razonete da conta Lucros ou Prejuízos emitidos pelo CPC.
Acumulados – DLPA A entidade deve apresentar, na demonstração das mu-
tações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, o
Sd. Inicial = ? montante de dividendos reconhecidos como distribuição aos
240.000,00 10.000,00 proprietários durante o período e o respectivo montante dos
dividendos por ação.
20.000,00 70.000,00 Alteram o Patrimônio Líquido
150.000,00 400.000,00 a) LLE ou PLE (prejuízo líquido do exercício);
b) redução por dividendos distribuídos;
410.000,00 480.000,00 c) aumento de capital pelos sócios;
Sd. Final= 0 d) acréscimos pela constituição de reservas de capital;

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ŝ#-ŝŦ
e) decréscimos pela aquisição de ações da própria com-
Sd. inicial + 480.000 – 410.000,00 = 0
panhia/ ações em tesouraria;
Sd. inicial + 70.000 = 0 f) acréscimo ou redução por ajustes de exercícios ante-
Sd. inicial = - 70.000,00 riores;
g) acréscimo ou redução por ajustes de avaliação patri-
C. monial.
Demonstração das Mutações Razonete do Patrimônio Líquido – DMPL
do Patrimônio Líquido Devedor Credor
A demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é Saldo Inicial
aquela destinada a evidenciar as mudanças, em natureza e valor, PLE LLE
ocorridas no patrimônio líquido da entidade, em um determina- Dividendo distribuído Aumento de capital pelos sócios
NOÇÕES DE ECONOMIA

do período de tempo.
Aquisição de ações da própria Constituição de reservas de
CPC 26 – Apresentação das DCs companhia/ ações em tesouraria capital
A demonstração das mutações do patrimônio líquido inclui Ajustes de exercícios anteriores Ajustes de exercícios anteriores
as seguintes informações: Ajustes de avaliação patrimonial Ajustes de avaliação patrimonial
(a) o resultado abrangente do período, apresentando sepa-
Saldo Final
radamente o montante total atribuível aos proprietários da enti-
dade controladora e o montante correspondente à participação Não alteram o Patrimônio Líquido
de não controladores; a) aumento de capital com utilização de reservas e lu-
(b) para cada componente do patrimônio líquido, os cros;
efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação ret- b) constituição de reservas de lucros;
rospectiva, reconhecidos de acordo com o Pronunciamento c) reversão de reservas para conta de lucros acumulados;
Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e d) compensação de prejuízos com reserva.
Retificação de Erro; Ex.: (Analista Previdenciário/CESGRANRIO) As infor- 601
(c) (eliminada); mações abaixo foram colhidas na Cia. Alvorada.
- Ocorreu um erro contábil no exercício de 2002, somente Contábeis, e que aumentaria o resultado daquele exercício
602 identificado após a publicação das Demonstrações Contá- em R$ 56. 000,00.
beis, e que aumentaria o resultado daquele exercício em Fato Modificativo Aumentativo – AEA
R$ 56. 000,00.
- Em novembro de 2003 houve um aumento de capital de
- Em novembro de 2003 houve um aumento de capital de R$ 1.000.000,00, com a seguinte origem:
R$ 1.000.000,00, com a seguinte origem: Transferência
de Reserva de Capital, R$ 500.000,00; Lucros Acumula- Transferência de Reserva de Capital, R$ 500.000,00 - Fato
NOÇÕES DE ECONOMIA

dos, R$ 200.000,00; e Aporte de Recursos por parte dos Permutativo;


sócios, R$ 300.000,00. Lucros Acumulados, R$ 200.000,00 - Fato Permutativo;
- Em dezembro, por não ocorrido o fato que a originou, foi Aporte de Recursos por parte dos sócios, R$ 300.000,00 -
realizada a reversão das Reservas para Contingências no Fato Modificativo Aumentativo.
valor de R$ 50.000,00. - Em dezembro, por não ter ocorrido o fato que a originou,
- O Lucro Líquido do exercício montou a R$ 487.500,00. foi realizada a reversão das Reservas para Contingências
- O número de ações da empresa em 2003 era de no valor de R$ 50.000,00 - Fato Permutativo.
780.000. - O Lucro Líquido do exercício montou a R$ 487.500,00 -
A Diretoria apresentou a seguinte proposta para distribui- Fato Modificativo Aumentativo.
ção do Lucro Líquido: - O número de ações da empresa em 2003 era de
Reserva Legal 5% 780.000.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Reserva Estatutária 10%


- A Diretoria apresentou a seguinte proposta para distri-
Reserva para Contingência R$ 100.000,00
buição do Lucro Líquido:
Dividendos R$ 0,25 por ação
Reserva Legal 5%
Considere, a seguir, as características da Demonstração de
Reserva Estatutária 10%
Mutações do Patrimônio Líquido.
Reserva de Lucros
Reserva para Contingência R$ 100.000,00
Reserva Lucros
Itens Capital de
Legal
Es-
Con-
tingên-
Acumu- Total Dividendos R$ 0,25 por ação
Capital tatutária lados
cia * Reserva Legal – 5% x LLE = 5% x 487.500 = 24.375,00
Saldo em
31.12.2002
1.500.000 650.000 150.000 220.000 180.000 270.000 2.970.000 * Reserva Estatutária – 10% x LLE = 10% x 487.500 =
Ajuste de 48.750,00
exercícios
anteriores
* Reserva para Contingência – 100.000,00
Aumento Total---------------------R$ 173.125,00 - Fato Permutativo
de Capital
Reversão
* Dividendos = 0,25 x 780.000 = 195.000 - Fato Modifica-
de Reser- tivo Diminutivo
vas
Lucro C.
Líquido Reserva de Lucros
do Reserva de Lucros
exercício Itens Capital Es- Contingên- Acumulados Total
Capital Legal
tatutária cia
Proposta
da Saldo em
Diretoria 1.500.000 650.000 150.000 220.000 180.000 270.000 2.970.000
31.12.2002

Reservas Ajuste de
exercícios 56.000 56.000
Dividen- anteriores
dos
Aumento
Saldo em 1.000.000 (500.000) (200.000) 300.000
2.500.000 150.000 174.375 268.750 230.000 295.375 3.618.500 de Capital
31.12.2003
Reversão
Tendo em vista todas as informações apresentadas, o de 50.000 -
Reservas
valor que será retirado do grupo do Patrimônio Líquido,
em reais, é: Lucro
Líquido do 487.500 487.500
a) 56.000,00 exercício

b) 176.125,00 Proposta
da
c) 195.000,00 Diretoria

d) 300.000,00 Reservas 24.375 48.750 100.000 (173.125) -

e) 487.500,00 Dividen-
dos
(195.000) (195.000)

- Ocorreu um erro contábil no exercício de 2002, so- Saldo em


2.500.000 150.000 174.375 268.750 230.000 295.375 3.618.500
31.12.2003
mente identificado após a publicação das Demonstrações
Demonstração do Valor Adicionado - DVA ilidade e com informações que, por exemplo, a demonstração
de resultados por si só não é capaz de oferecer.
Lei 6.404/76 IV. Modelo DVA
Art. 188 - II – demonstração do valor adicionado – o Modelo I - Demonstração do Valor Adicionado – EMPRESAS
valor da riqueza gerada pela companhia, a sua dis- EM GERAL
tribuição entre os elementos que contribuíram para a
DESCRIÇÃO 20X1 20X0
geração dessa riqueza, tais como empregados, finan-
ciadores, acionistas, governo e outros, bem como a 1 – RECEITAS
parcela da riqueza não distribuída. 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e
serviços
CPC 09 - DVA
I. Conceito 1.2) Outras receitas
O valor adicionado é a diferença entre receita gerada e in- 1.3) Receitas relativas à construção de Ativos
sumos. próprios
II. Objetivo 1.4) Provisão para créditos de liquidação
duvidosa – Reversão / (Constituição)
A entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte
integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
final de cada exercício social. (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI,
A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações PIS e COFINS)
contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e
em determinado período e a forma como tais riquezas foram dos serviços vendidos
distribuídas. 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros
A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, mini- e outros
mamente, da seguinte forma: 2.3) Perda / Recuperação de valores ativos
(a) pessoal e encargos;
2.4) Outras (especificar)
(b) impostos, taxas e contribuições;
3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
(c) juros e aluguéis;
(d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E
EXAUSTÃO
(e) lucros retidos/prejuízos do exercício.
5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZI-
III. Características das informações da DVA DO PELA ENTIDADE (3-4)
A DVA está fundamentada em conceitos macroeconômi-

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6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM
cos, buscando apresentar, eliminados os valores que repre- TRANSFERÊNCIA
sentam dupla contagem, a parcela de contribuição que a en-
tidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB). Essa 6.1) Resultado de equivalência patrimonial
demonstração apresenta o quanto a entidade agrega de valor 6.2) Receitas financeiras
aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou 6.3) Outras
consumidos durante determinado período.
7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR
Existem, todavia, diferenças temporais entre os modelos (5+6)
contábil e econômico no cálculo do valor adicionado. A ciência
econômica, para cálculo do PIB, baseia-se na produção, en- 8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
(*)
quanto a contabilidade utiliza o conceito contábil da realização
da receita, isto é, baseia-se no regime contábil de competên- 8.1) Pessoal
cia. Como os momentos de realização da produção e das ven- 8.1.1 – Remuneração direta
NOÇÕES DE ECONOMIA

das são normalmente diferentes, os valores calculados para 8.1.2 – Benefícios


o PIB por meio dos conceitos oriundos da Economia e os da
Contabilidade são naturalmente diferentes em cada período. 8.1.3 – F.G.T.S
Essas diferenças serão tanto menores quanto menores forem 8.2) Impostos, taxas e contribuições
as diferenças entre os estoques inicial e final para o período Federais/ Estaduais/ Municipais
considerado. Em outras palavras, admitindo-se a inexistência
de estoques inicial e final, os valores encontrados com a uti- 8.3) Remuneração de capitais de terceiros
lização de conceitos econômicos e contábeis convergirão. 8.3.1 – Juros
Para os investidores e outros usuários, essa demonstração 8.3.2 – Aluguéis
proporciona o conhecimento de informações de natureza 8.3.3 – Outras
econômica e social e oferece a possibilidade de melhor aval-
iação das atividades da entidade dentro da sociedade na qual 8.4) Remuneração de Capitais Próprios
está inserida. A decisão de recebimento por uma comunidade 8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio
(Município, Estado e a própria Federação) de investimento 603
8.4.2 – Dividendos
pode ter nessa demonstração um instrumento de extrema ut-
8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício ERRADO.
604 8.4.4 – Participação dos não controladores Os resultados de equivalência patrimonial representam
nos lucros retidos (só p/ consolidação) Valores Recebidos em Transferência sendo evidenciados,
Ex.: (2016/ESAF/ANAC) Sobre a “Demonstração do Valor portanto, após o Valor Adicionado Líquido.
Adicionado” (DVA), é correto afirmar que: d) o Valor Adicionado Bruto contempla despesas com
a) tornou-se obrigatória, por intermédio da Lei depreciação e exaustão.
NOÇÕES DE ECONOMIA

n. 11.638/2007 para todas as companhias abertas. ERRADO.


b) como o conceito de “valor adicionado” está
intimamente ligado à formação do Produto Interno Despesas com depreciação e exaustão representam
Retenções sendo evidenciados, portanto, após o Valor
Bruto (PIB), da mesma forma que uma pessoa que Adicionado Bruto. Influenciam no cálculo do Valor Adicio-
realiza serviços para si mesma não gera incremento nado Líquido
no PIB, os Ativos construídos pela própria empresa e) Receitas Financeiras integram o Valor Adicionado
não devem ser contabilizados na DVA. Bruto.
c) o Valor Adicionado Líquido inclui resultados ERRADO.
de equivalência patrimonial.
As Receitas Financeiras integram os Valores Recebidos em
d) o Valor Adicionado Bruto contempla despe- Transferência.
sas com depreciação e exaustão. RESPOSTA: A.
Ş
ŝ#-ŝŦ

e) Receitas Financeiras integram o Valor Adicio- V. Definições


nado Bruto. Valor adicionado representa a riqueza criada pela empre-
Comentários: sa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das
vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o
a) tornou-se obrigatória, por intermédio da Lei n.
valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido
11.638/2007, para todas as companhias abertas. por terceiros e transferido à entidade.
CERTO. A DVA, em sua primeira parte, deve apresentar de forma
Lei 6.404/76, Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a detalhada a riqueza criada pela entidade.
diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil a) Receitas
da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços rep-
que deverão exprimir com clareza a situação do patrimô- resenta os valores reconhecidos na contabilidade a esse título
nio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: pelo regime de competência e incluídos na demonstração do
resultado do período.
(...)
- Venda de mercadorias, produtos e serviços - inclui os va-
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicio- lores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemp-
nado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) lo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso
b) como o conceito de “valor adicionado” está bruto ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração
intimamente ligado à formação do Produto Interno do resultado tais tributos estejam fora do cômputo dessas re-
ceitas.
Bruto (PIB), da mesma forma que uma pessoa que
Outras receitas representam os valores que sejam oriun-
realiza serviços para si mesma não gera incre- dos, principalmente, de baixas por alienação de Ativos Não
mento no PIB, os Ativos construídos pela própria Circulantes, tais como resultados na venda de Imobilizado, de
empresa não devem ser contabilizados na DVA. investimentos, e outras transações incluídas na demonstração
ERRADO. do resultado do exercício que não configuram reconhecimento
de transferência à entidade de riqueza criada por outras enti-
A primeira parte do item está correta; o conceito de valor dades.
adicionado está intimamente ligado à formação do Produ-
Diferentemente dos critérios contábeis, também incluem
to Interno Bruto (PIB). Existem, todavia, diferenças tempo-
valores que não transitam pela demonstração do resultado,
rais entre os modelos contábil e econômico no cálculo do como, por exemplo, aqueles relativos à construção de Ativos
valor adicionado. A ciência econômica, para cálculo do PIB, para uso próprio da entidade e aos juros pagos ou creditados
baseia-se na produção, enquanto a contabilidade utiliza o que tenham sido incorporados aos valores dos Ativos de longo
conceito contábil da realização da receita, isto é, baseia-se prazo (normalmente, imobilizados).
no regime contábil de competência. Assim sendo, sob a
ótica contábil, receitas oriundas da construção de Ativos No caso de estoques de longa maturação, os juros a eles
incorporados deverão ser destacados como distribuição da
próprios estarão evidenciadas nessa demonstração. riqueza no momento em que os respectivos estoques forem
c) o Valor Adicionado Líquido inclui resultados de baixados; dessa forma, não há que se considerar esse valor
equivalência patrimonial. como outras receitas.
Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Consti- ministração (inclusive os pagamentos baseados em
tuição/Reversão - inclui os valores relativos à constituição e ações), férias, comissões, horas extras, participação
reversão dessa provisão. de empregados nos resultados etc.
b) Insumo adquirido de terceiros representa os valores relati- ▷ Benefícios - representados pelos valores relativos a
vos às aquisições de matérias-primas, mercadorias, materiais, assistência médica, alimentação, transporte, planos
energia, serviços etc. que tenham sido transformados em des- de aposentadoria etc.
pesas do período. Enquanto permanecerem nos estoques, não
compõem a formação da riqueza criada e distribuída. ▷ FGTS – representado pelos valores depositados em
conta vinculada dos empregados.
- Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços ven-
didos - inclui os valores das matérias-primas adquiridas junto Impostos, taxas e contribuições - valores relativos ao im-
a terceiros e contidas no custo do produto vendido, das mer- posto de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições
cadorias e dos serviços vendidos adquiridos de terceiros; não aos INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes
inclui gastos com pessoal próprio. do Trabalho) que sejam ônus do empregador, bem como os
Materiais, energia, serviços de terceiros e outros - inclui demais impostos e contribuições a que a empresa esteja su-
valores relativos às despesas originadas da utilização desses jeita. Para os impostos compensáveis, tais como ICMS, IPI, PIS
bens, utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros. e COFINS, devem ser considerados apenas os valores devidos
ou já recolhidos, e representam a diferença entre os impostos
Obs.: nos valores dos custos dos produtos e mercadorias e contribuições incidentes sobre as receitas e os respectivos
vendidos, materiais, serviços, energia etc. consumidos, devem valores incidentes sobre os itens considerados como “insumos
ser considerados os tributos incluídos no momento das com- adquiridos de terceiros”.
pras (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), recuperáveis ou
não. Esse procedimento é diferente das práticas utilizadas na ▷ Federais – incluem os tributos devidos à União, in-
demonstração do resultado. clusive aqueles que são repassados no todo ou em
parte aos Estados, Municípios, Autarquias etc., tais
- Perda e recuperação de valores ativos - inclui valores rel- como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS, COFINS. Incluem
ativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, também a contribuição sindical patronal.
imobilizados, investimentos etc. Também devem ser incluídos
os valores reconhecidos no resultado do período, tanto na ▷ Estaduais – incluem os tributos devidos aos Estados,
constituição quanto na reversão de provisão para perdas por inclusive aqueles que são repassados no todo ou em
desvalorização de Ativos, conforme aplicação do CPC 01 – Re- parte aos Municípios, Autarquias etc., tais como o ICMS
dução ao Valor Recuperável de Ativos (se no período o valor e o IPVA.
líquido for positivo, deve ser somado). ▷ Municipais – incluem os tributos devidos aos Mu-
c) Depreciação, amortização e exaustão representam os va- nicípios, inclusive aqueles que são repassados no

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ŝ#-ŝŦ
lores reconhecidos no período e normalmente utilizados para todo ou em parte às Autarquias, ou quaisquer outras
conciliação entre o fluxo de caixa das atividades operacionais entidades, tais como o ISS e o IPTU.
e o resultado líquido do exercício.
Remuneração de capitais de terceiros - valores pagos ou
d) Valor adicionado recebido em transferência representa a
creditados aos financiadores externos de capital.
riqueza que não tenha sido criada pela própria entidade, e sim
por terceiros, e que a ela é transferida, como, por exemplo, ▷ Juros - incluem as despesas financeiras, inclusive as
receitas financeiras, de equivalência patrimonial, dividendos, variações cambiais passivas, relativas a quaisquer
aluguel, royalties etc. Precisa ficar destacado, inclusive, para tipos de empréstimos e financiamentos junto a in-
evitar dupla contagem em certas agregações. stituições financeiras, empresas do grupo ou outras
formas de obtenção de recursos. Incluem os valores
- Resultado de equivalência patrimonial - o resultado da
que tenham sido capitalizados no período.
equivalência pode representar receita ou despesa; se despesa,
deve ser considerado como redução ou valor negativo. ▷ Aluguéis - incluem os aluguéis (inclusive as despe-
NOÇÕES DE ECONOMIA

- Receitas financeiras - inclui todas as receitas financeiras, sas com arrendamento operacional) pagos ou cred-
inclusive as variações cambiais ativas, independentemente de itados a terceiros, inclusive os acrescidos aos Ativos.
sua origem. ▷ Outras - incluem outras remunerações que config-
- Outras receitas - inclui os dividendos relativos a investi- urem transferência de riqueza a terceiros, mesmo
mentos avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia etc. que originadas em capital intelectual, tais como roy-
e) Distribuição da Riqueza alties, franquia, direitos autorais etc.
A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detal- Remuneração de capitais próprios - valores relativos à re-
hada como a riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Os muneração atribuída aos sócios e acionistas.
principais componentes dessa distribuição estão apresentados ▷ Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos - in-
a seguir: cluem os valores pagos ou creditados aos sócios e
Pessoal – valores apropriados ao custo e ao resultado do acionistas por conta do resultado do período, ressal-
exercício na forma de: vando-se os valores dos JCP transferidos para conta
▷ Remuneração direta - representada pelos valores de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os 605
relativos a salários, 13º salário, honorários da ad- valores distribuídos com base no resultado do próprio
exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuí- DESCRIÇÃO
606 dos com base em lucros acumulados de exercícios an-
1 – RECEITAS
teriores, uma vez que já foram tratados como “lucros
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e 500.000
retidos” no exercício em que foram gerados. serviços
▷ Lucros retidos e prejuízos do exercício - incluem os 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
valores relativos ao lucro do exercício destinados às (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS
NOÇÕES DE ECONOMIA

reservas, inclusive os JCP quando tiverem esse trat- e COFINS)


amento; nos casos de prejuízo, esse valor deve ser Custos das mercadorias vendidas = 220.000 250.000
incluído com sinal negativo. + 30.000
3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 250.000
▷ As quantias destinadas aos sócios e acionistas na
forma de Juros sobre o Capital Próprio – JCP, inde- 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EX- 20.000
AUSTÃO
pendentemente de serem registradas como Passivo
(JCP a pagar) ou como reserva de lucros, devem ter 5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO 230.000
PELA ENTIDADE (3-4)
o mesmo tratamento dado aos dividendos no que
diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. 6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM 0
TRANSFERÊNCIA
Ex.: (SEFAZ RJ 2014 FCC) Determinada empresa comer- 7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR 230.000
cial apresentava as seguintes informações referentes ao (5+6)
Ş
ŝ#-ŝŦ

primeiro semestre de 2013: 8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)


Receita Bruta de Vendas ....................... R$ 500.000,00 8.1) Pessoal 10.000
Remuneração direta 10.000
(−) Impostos sobre vendas ..................... R$ 90.000,00
(=) Receita Líquida .................................. R$ 410.000,00 8.2) Impostos, taxas e contribuições 84.000
Imposto efetivamente pago = imposto a
(−) Custo das Mercadorias Vendidas .... R$ 220.000,00 recolher (-) imposto a recuperar = 90.000 –
30.000 = 60.000
(=) Lucro Bruto ........................................ R$ 190.000,00 IR e CSLL = 24.000 84.000
(−) Despesas operacionais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 0
8.4) Remuneração de Capitais Próprios
Despesa de depreciação ........................... R$ 20.000,00
Sócios 0
Despesa com salários ................................ R$ 10.000,00 Lucros retidos / Prejuízo do exercício 136.000

(=) Lucro antes do IR e CSLL ................... R$ 160.000,00


A.
(−) IR e CSLL ............................................... R$ 24.000,00
Casos especiais - Ativos construídos pela empresa para uso
(=) Lucro Líquido ...................................... R$ 136.000,00 próprio
Sabe-se que o valor dos tributos recuperáveis referentes A construção de Ativos dentro da própria empresa para seu
às mercadorias comercializadas no primeiro semestre foi próprio uso é procedimento comum. Nessa construção diversos
R$ 30.000,00 e, além da obrigação assumida com forne- fatores de produção são utilizados, inclusive a contratação de
cedores, nenhum gasto adicional foi necessário para colo-
recursos externos (por exemplo, materiais e mão de obra ter-
car as mercadorias em condições de serem vendidas. Com
base nestas informações, o Valor Adicionado a Distribuir ceirizada) e a utilização de fatores internos como mão de obra,
gerado pela empresa, no primeiro semestre de 2013, foi com os consequentes custos que essa contratação e utilização
provocam. Para elaboração da DVA, essa construção equivale à
a) R$ 230.000,00.
produção vendida para a própria empresa, e por isso seu valor
b) R$ 410.000,00. contábil integral precisa ser considerado como receita. A mão
c) R$ 190.000,00. de obra própria alocada é considerada como distribuição des-
sa riqueza criada, e eventuais juros ativados e tributos também
d) R$ 280.000,00. recebem esse mesmo tratamento. Os gastos com serviços de
e) R$ 250.000,00. terceiros e materiais são apropriados como insumos.
À medida que tais Ativos entrem em operação, a geração + depreciação dos Ativos Imobilizados utilizados no pro-
de resultados desses Ativos recebe tratamento idêntico aos cesso de construção: R$ 10.000,00
resultados gerados por qualquer outro Ativo adquirido de ter-
ceiros; portanto, sua depreciação também deve receber igual Total: R$ 90.000,00
tratamento. Elaborar a DVA
Para evitar o desmembramento das despesas de depre-
ciação, na elaboração da DVA, entre os componentes que ser- DESCRIÇÃO
viram de base para o respectivo registro do Ativo construído 1 – RECEITAS
internamente (materiais diversos, mão de obra, impostos, alu- Receitas relativas à construção de Ativos
90.000
guéis e juros), os valores gastos nessa construção devem, no próprios
período da construção, ser tratados como Receitas relativas à 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
construção de Ativos próprios. Da mesma forma, os compo- (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI,
nentes de seu custo devem ser alocados na DVA seguindo-se PIS e COFINS)
suas respectivas naturezas. Custos dos produtos vendidos/ matéria-pri-
40.000
ma
O referido procedimento de reconhecimento dos valores
gastos no período como outras receitas, além de aproximar do 3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 50.000
conceito econômico de valor adicionado, evita controles com- 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E
plexos adicionais, que podem ser custosos, durante toda a vida 10.000
EXAUSTÃO
útil econômica do Ativo. 5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZI-
40.000
Ex.: (2015/FGV/DPE MT) No ano de 2013, uma empresa DO PELA ENTIDADE (3-4)
construiu uma máquina para usar em seus negócios. Os 6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM
0
custos com a construção da máquina foram: matéria-pri- TRANSFERÊNCIA
ma: R$ 40.000,00; mão de obra: R$ 25.000,00; juros 7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR
40.000
sobre empréstimo: R$ 15.000,00; depreciação dos Ativos (5+6)
imobilizados utilizados no processo de construção: R$ C.
10.000,00. Dado que esse foi o único evento da empresa
em 2013, o valor adicionado a distribuir no ano foi de Demonstração do Fluxo de Caixa
R$ 15.000,00. Lei 6.404/76
R$ 25.000,00. Art. 176, IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Re-
R$ 40.000,00. dação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

Ş
ŝ#-ŝŦ
R$ 80.000,00. § 6o A companhia fechada com patrimônio líquido, na
data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois mil-
R$ 90.000,00. hões de reais) não será obrigada à elaboração e publi-
Comentários: cação da demonstração dos fluxos de caixa. (Redação
dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
Segundo o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado,
a construção de Ativos dentro da própria empresa para CPC 03 - DFC
seu próprio uso é procedimento comum. Nessa construção
diversos fatores de produção são utilizados, inclusive a I. Conceitos
contratação de recursos externos (por exemplo, materiais A DFC tem o objetivo de apresentar aos usuários a variação
e mão de obra terceirizada) e a utilização de fatores inter- do disponível de uma empresa em determinado período.
nos como mão de obra, com os consequentes custos que  Variação do Disponível = SF Disponível
essa contratação e utilização provocam.
NOÇÕES DE ECONOMIA

- SI Disponível
Para elaboração da DVA, essa construção equivale à pro- Obs.: SF = saldo final; SI = saldo inicial
dução vendida para a própria empresa, e por isso seu valor As informações dos fluxos de caixa de uma entidade são
contábil integral precisa ser considerado como receita. A úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações con-
mão de obra própria alocada é considerada como distri- tábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade ger-
buição dessa riqueza criada, e eventuais juros ativados e ar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades
tributos também recebem esse mesmo tratamento. Os da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões
gastos com serviços de terceiros e materiais são apropria- econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação
dos como insumos. da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de
Custo total do Ativo construído para uso próprio: caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de cer-
teza de sua geração.
matéria-prima: R$ 40.000,00
Disponível = caixa + equivalente de caixa
+ mão de obra: R$ 25.000,00 * Equivalente de Caixa = Banco + Aplicações Financeiras de Liq- 607
+ juros sobre empréstimo: R$ 15.000,00 uidez Imediata + numerários em trânsito
Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de Informações históricas dos fluxos de caixa são frequen-
608 atender a compromissos de caixa de curto prazo, e não para temente utilizadas como indicador do montante, época de
investimento ou outros propósitos. Para que um investimento ocorrência e grau de certeza dos fluxos de caixa futuros. Tam-
seja qualificado como equivalente de caixa, ele precisa ter con- bém são úteis para averiguar a exatidão das estimativas pas-
versibilidade imediata em montante conhecido de caixa e estar sadas dos fluxos de caixa futuros, assim como para examinar
sujeito a um insignificante risco de mudança de valor. Portanto, a relação entre lucratividade e fluxos de caixa líquidos e o im-
um investimento normalmente qualifica-se como equivalente pacto das mudanças de preços.
NOÇÕES DE ECONOMIA

de caixa somente quando tem vencimento de curto prazo, por


exemplo, três meses ou menos, a contar da data da aquisição. III. Apresentação de uma Demonstração dos Fluxos de Caixa
O CPC 03 requer que todas as entidades apresentem A demonstração dos fluxos de caixa deve apresentar os
demonstração dos fluxos de caixa. fluxos de caixa de período classificados por atividades opera-
cionais, de investimento e de financiamento.
Ex.: (2015B/CESPE/FUB) Cada item a seguir apresenta
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equiva-
julgada em relação ao reconhecimento e à mensuração lentes de caixa.
contábil, de acordo com os pronunciamentos contábeis
emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Determinada empresa, no final do exercício, levantou
os seguintes saldos contábeis:
Ş
ŝ#-ŝŦ

aplicações financeiras de liquidez


R$ 4.000
imediata
aplicações financeiras para resgate R$ 4.000
em 30 dias
caixa R$ 4.000
depósitos bancários à vista R$ 40.000
depósitos bancários vinculados à
R$ 40.000 IV. Métodos de Elaboração da DFC
liquidação de empréstimos
Nessa situação, a conta disponibilidade (caixa e equivalen-
tes de caixa) registrará um saldo de R$ 52.000.
Comentário:
Disponível = caixa + equivalente de caixa
aplicações financeiras de liquidez R$ 4.000
imediata
a) Método Direto
aplicações financeiras para resga-
R$ 4.000 Pelo método direto, as informações sobre as principais classes
te em 30 dias
de recebimentos brutos e de pagamentos brutos podem ser
caixa R$ 4.000
obtidas alternativamente:
depósitos bancários à vista R$ 40.000
(a) dos registros contábeis da entidade; ou
TOTAL R$ 52. 000
(b) pelo ajuste das vendas, dos custos dos produtos, merca-
II. Benefícios da informação dos fluxos de caixa dorias ou serviços vendidos (no caso de instituições financei-
A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em ras, pela receita de juros e similares e despesa de juros e encar-
conjunto com as demais demonstrações contábeis, propor- gos e similares) e outros itens da demonstração do resultado
ciona informações que permitem que os usuários avaliem as ou do resultado abrangente referentes a:
mudanças nos Ativos líquidos da entidade, sua estrutura fi- (i) variações ocorridas no período nos estoques e nas contas
nanceira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade operacionais a receber e a pagar;
para mudar os montantes e a época de ocorrência dos fluxos (ii) outros itens que não envolvem caixa; e
de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias
(iii) outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das
e oportunidades.
atividades de investimento e de financiamento.
As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para
avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes Vendas o Clientes
de caixa e possibilitam aos usuários desenvolver modelos para Compras o Fornecedores
avaliar e comparar o valor presente dos fluxos de caixa futuros
de diferentes entidades. Despesas o Contas a Pagar
Pagamento a Pagamento de (b) itens que não afetam o caixa, tais como depreciação,
Recebimento de Clientes provisões, tributos diferidos, ganhos e perdas cambiais não
Fornecedor Despesa
SI Clientes SI Fornecedor SI Contas a Pagar realizados e resultado de equivalência patrimonial quando
(-) SI PDD + Compras (CO) + Despesas aplicável; e
(-) SI Duplicata Descon- (-) SI Despesas (c) todos os outros itens tratados como fluxos de caixa advin-
(- ) SF Fornecedor dos das atividades de investimento e de financiamento.
tada Antecipadas
(-) SI Adiantamento de
Saída de Recurso
+ SF Despesas Alternativamente, o fluxo de caixa líquido advindo das
Cliente Antecipadas atividades operacionais pode ser apresentado pelo método
+ Vendas Líquidas
(-) SF Contas a indireto, mostrando-se as receitas e as despesas divulgadas
Pagar na demonstração do resultado ou resultado abrangente e as
(- ) SF Clientes CMV = EI + CO - EF Saída de Recurso variações ocorridas no período nos estoques e nas contas op-
+ SF Duplicata Descontada eracionais a receber e a pagar.
+ SF Adiantamento de A conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líqui-
Cliente do das atividades operacionais deve ser fornecida, obrigator-
(-) Perdas com Clientes iamente, caso a entidade use o método direto para apurar o
+ Reversão de PDD fluxo líquido das atividades operacionais. A conciliação deve
Ingresso de Recurso apresentar, separadamente, por categoria, os principais itens
a serem conciliados, à semelhança do que deve fazer a enti-
Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto 20X2 dade que usa o método indireto em relação aos ajustes ao lu-
Fluxos de caixa das atividades operacionais cro líquido ou prejuízo para apurar o fluxo de caixa líquido das
atividades operacionais.
Recebimentos de clientes
Pagamentos a fornecedores e empregados Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto 20X2

Caixa gerado pelas operações Fluxos de caixa das atividades operacionais

Juros pagos Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição


social
Imposto de renda e contribuição social pagos
Ajustes por:
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Depreciação
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Perda cambial
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Renda de investimentos
Aquisição da controlada X líquido do caixa incluído

Ş
ŝ#-ŝŦ
Despesas de juros
na aquisição (Nota A)
Aumento nas contas a receber de clientes e outros
Compra de Ativo Imobilizado (Nota B)
Diminuição nos estoques
Recebido pela venda de equipamento
Diminuição nas contas a pagar – fornecedores
Juros recebidos
Caixa proveniente das operações
Dividendos recebidos
Juros pagos
Caixa líquido usado nas atividades de investimento
Imposto de renda e contribuição social pagos
Fluxos de caixa das atividades de financiamento
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Recebido pela emissão de ações
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Recebido por empréstimo a logo prazo
NOÇÕES DE ECONOMIA

Fluxos de caixa das atividades de investimento


Pagamento de Passivo por arrendamento
Aquisição da controlada X menos caixa líquido
Dividendos pagos*
incluído na aquisição (Nota A)
Caixa líquido usado nas atividades de financiamento
Compra de Ativo Imobilizado (Nota B)
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa
Recebimento pela venda de equipamento
Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota
C) Juros recebidos

Caixa e equivalentes de caixa ao fim do período (Nota C) Dividendos recebidos


b) Método Indireto Caixa líquido usado nas atividades de investimento
De acordo com o método indireto, o fluxo de caixa líquido Fluxos de caixa das atividades de financiamento
advindo das atividades operacionais é determinado ajustando Recebimento pela emissão de ações
o lucro líquido ou prejuízo quanto aos efeitos de: Recebimento por empréstimos em longo prazo
(a) variações ocorridas no período nos estoques e nas contas 609
operacionais a receber e a pagar; Pagamento de obrigação por arrendamento
Dividendos pagos* Também são classificados como operacionais, as
610 Caixa líquido usado nas atividades de financiamento seguintes atividades:
Aumento líquido de caixa e equivalente de caixa - Dividendos recebidos.
Caixa e equivalente de caixa no início do período - Juros pagos e recebidos.
Caixa e equivalente de caixa no fim do período
b) Atividades de Financiamento:
V. Fluxo de Caixa por Atividade
NOÇÕES DE ECONOMIA

Atividade Financiamento: ' PNC e 'PL


a) Atividade Operacional: + Empréstimos Obtidos
Atividade Operacional:'AC e' PC A divulgação separada dos fluxos de caixa advindos das
Os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais atividades de financiamento é importante por ser útil na
são basicamente derivados das principais atividades gerado- predição de exigências de fluxos futuros de caixa por parte
ras de receita da entidade. Portanto, eles geralmente resultam de fornecedores de capital à entidade. Exemplos de fluxos de
de transações e de outros eventos que entram na apuração caixa advindos das atividades de financiamento são:
do lucro líquido ou prejuízo. Exemplos de fluxos de caixa que a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros in-
decorrem das atividades operacionais são: strumentos patrimoniais;
a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou
pela prestação de serviços; resgatar ações da entidade;
c) caixa recebido pela emissão de debêntures, emprés-
b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, hon-
Ş
ŝ#-ŝŦ

timos, notas promissórias, outros títulos de dívida,


orários, comissões e outras receitas; hipotecas e outros empréstimos de curto e longo
c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias prazo;
e serviços; d) amortização de empréstimos e financiamentos; e
d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para re-
empregados; dução do Passivo relativo a arrendamento mercantil
financeiro.
e) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora
de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios - Os Empréstimos Obtidos, assim como as Notas
da apólice; Promissórias a Pagar (título financeiro), Debêntures
a Resgatar, Arrendamento Mercantil Financeiro a
f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos
sobre a renda, a menos que possam ser especifica- pagar (Financiamento) serão classificadas como ati-
mente identificados com as atividades de financia- vidade de financiamento, independente de estarem
mento ou de investimento; e registrados no PC ou no PNC.
- Os dividendos e JSC pagos são classificados como
g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos
mantidos para negociação imediata ou disponíveis
financiamento, pois, representam devolução de
para venda futura. recursos aos sócios.

Algumas transações, como a venda de item do imobili- Obs.: apesar de ser atividade relacionada à Ativo Imobilizado
zado, podem resultar em ganho ou perda, que é incluído na (arrendamento mercantil financeiro), o pagamento em caixa
apuração do lucro líquido ou prejuízo. Os fluxos de caixa rel- para redução de Passivo relativo a arrendamento mercantil fi-
ativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de nanceiro é fluxo de caixa de financiamento.
atividades de investimento. Entretanto, pagamentos em caixa C) Atividades de Investimento:
para a produção ou a aquisição de Ativos mantidos para alu-
guel a terceiros que, em sequência, são vendidos, são fluxos de Atividade Investimento: oANC + Empréstimos
caixa advindos das atividades operacionais. Os recebimentos Concedidos
de aluguéis e das vendas subsequentes de tais Ativos são tam- A divulgação em separado dos fluxos de caixa advindos
bém fluxos de caixa das atividades operacionais. das atividades de investimento é importante em função de tais
A entidade pode manter títulos e empréstimos para fins fluxos de caixa representarem a extensão em que os dispên-
de negociação imediata ou futura (dealing or trading purpos- dios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de
es), os quais, no caso, são semelhantes a estoques adquiridos gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. Somente desembolsos
especificamente para revenda. Dessa forma, os fluxos de caixa que resultam em Ativo reconhecido nas demonstrações con-
advindos da compra e venda desses títulos são classificados tábeis são passíveis de classificação como atividades de inves-
como atividades operacionais. Da mesma forma, as anteci- timento. Exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades
pações de caixa e os empréstimos feitos por instituições finan- de investimento são:
ceiras são comumente classificados como atividades operacio- a) pagamentos em caixa para aquisição de Ativo Imo-
nais, uma vez que se referem à principal atividade geradora de bilizado, intangíveis e outros Ativos de longo prazo.
receita dessas entidades. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos
custos de desenvolvimento ativados e aos Ativos capital próprio pagos podem ser classificados como com-
Imobilizados de construção própria; ponente dos fluxos de caixa das atividades operacionais, a
b) recebimentos de caixa resultantes da venda de Ativo
Imobilizado, intangíveis e outros Ativos de longo prazo; fim de auxiliar os usuários a determinar a capacidade de a
c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumen- entidade pagar dividendos e juros sobre o capital próprio
tos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras utilizando os fluxos de caixa operacionais.
entidades e participações societárias em joint ven-
tures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos Este Pronunciamento encoraja fortemente as enti-
considerados como equivalentes de caixa ou aqueles dades a classificarem os juros, recebidos ou pagos, e
mantidos para negociação imediata ou futura);
os dividendos e juros sobre o capital próprio recebido
d) recebimentos de caixa provenientes da venda de in-
strumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de como fluxos de caixa das atividades operacionais, e os
outras entidades e participações societárias em joint dividendos e juros sobre o capital próprio pago como
ventures (exceto aqueles recebimentos referentes aos fluxos de caixa das atividades de financiamento.
títulos considerados como equivalentes de caixa e aque- Alternativa diferente deve ser seguida de nota evi-
les mantidos para negociação imediata ou futura);
denciando esse fato.
e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a ter-
ceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos
Juros Recebidos ou pagos o Atividades Operacionais
feitos por instituição financeira);
Dividendos e Juros sobre o
f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantam- o Atividades operacionais
capital próprio recebidos
entos ou amortização de empréstimos concedidos a
terceiros (exceto aqueles adiantamentos e emprésti- Dividendos e Juros sobre o
o Atividades de financiamento
mos de instituição financeira); capital próprio pagos
g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido
de opção e swap, exceto quando tais contratos forem Os fluxos de caixa referentes ao imposto de renda (IR)
mantidos para negociação imediata ou futura, ou os
pagamentos forem classificados como atividades de e contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) devem ser
financiamento; e divulgados separadamente e devem ser classificados como
h) recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, fluxos de caixa das atividades operacionais, a menos que pos-
de opção e swap, exceto quando tais contratos forem sam ser identificados especificamente como atividades de fi-
mantidos para negociação imediata ou venda futura,
ou os recebimentos forem classificados como ativi- nanciamento e de investimento.
dades de financiamento. Os impostos pagos são comumente classificados como

Ş
ŝ#-ŝŦ
fluxos de caixa das atividades operacionais. Todavia, quando for
- Os Empréstimos Concedidos serão classificados praticável identificar o fluxo de caixa dos impostos com uma de-
como atividade de investimento, independentemen-
terminada transação, da qual resultem fluxos de caixa que sejam
te de estarem registrados no AC ou no ANC.
classificados como atividades de investimento ou de financia-
mento, o fluxo de caixa dos impostos deve ser classificado como
Obs.: os fluxos das atividades de financiamento e de investi-
mentos são iguais nos dois métodos. atividade de investimento ou de financiamento, conforme seja
apropriado. Quando os fluxos de caixa dos impostos forem alo-
Juros e dividendos cados em mais de uma classe de atividade, o montante total dos
Os juros pagos e recebidos e os dividendos e os juros so- impostos pagos no período também deve ser divulgado.
bre o capital próprio recebidos são comumente classificados Ex.: (FGV/CGE/MA/2014) O CPC 03 – Demonstração dos
como fluxos de caixa operacionais em instituições financeiras.
NOÇÕES DE ECONOMIA

Fluxos de Caixa versa sobre a elaboração e a apresen-


Todavia, não há consenso sobre a classificação desses fluxos de
tação desta demonstração. Em relação à classificação dos
caixa para outras entidades. Os juros pagos e recebidos e os
dividendos e os juros sobre o capital próprio recebidos podem juros pagos e recebidos, o CPC determina que
ser classificados como fluxos de caixa operacionais, porque eles a) os juros pagos podem ser classificados como ativi-
entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alterna- dade operacional ou de investimento, enquanto os ju-
tivamente, os juros pagos e os juros, os dividendos e os juros ros recebidos podem ser classificados como atividade
sobre o capital próprio recebidos podem ser classificados, res- operacional ou de financiamento.
pectivamente, como fluxos de caixa de financiamento e fluxos b) os juros pagos podem ser classificados como ativi-
de caixa de investimento, porque são custos de obtenção de
recursos financeiros ou retornos sobre investimentos.
dade operacional ou de financiamento, enquanto os
Os dividendos e os juros sobre o capital próprio pagos
juros recebidos podem ser classificados como ativida-
podem ser classificados como fluxo de caixa de financia- de operacional ou de investimento.
mento porque são custos da obtenção de recursos finan- c) os juros pagos e recebidos têm que ser classificados 611
ceiros. Alternativamente, os dividendos e os juros sobre o como atividade operacional.
d) os juros pagos têm que ser classificados como ati- Arrendamento
Financeiro Operacional
612 vidade de financiamento, enquanto os juros recebidos Mercantil
têm que ser classificados como atividade de investi- A. Financiamento A. Operacional
mento.
e) os juros pagos podem ser classificados como ativi-
Ações Compra Venda
dade de financiamento ou operacional, enquanto os
juros recebidos podem ser classificados como ativida- Participação Soci- Participação Soci-
NOÇÕES DE ECONOMIA

de de financiamento ou investimento. De outras compan-


etária = A. Investi- etária = A. Investi-
hias
Comentário: mento. mento.
Os juros pagos e recebidos e os dividendos e os juros sobre
o capital próprio recebidos podem ser classificados como Da própria com- Ações em tesouraria Capital Social = A.
fluxos de caixa operacionais, porque eles entram na deter- panhia = A. Financiamento Financiamento
minação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente, os
juros pagos e os juros, os dividendos e os juros sobre o ca- Dividendo/JSCP Pago Recebido
pital próprio recebidos podem ser classificados, respectiva-
mente, como fluxos de caixa de financiamento e fluxos de A. Financiamento A. Operacional
caixa de investimento, porque são custos de obtenção de
recursos financeiros ou retornos sobre investimentos.
B. Duplicata Descontada A. Operacional
VI. Transação que não envolve caixa ou equivalentes de caixa
Ş
ŝ#-ŝŦ

Transações de investimento e financiamento que não en- Notas Promissórias a Pagar (título financeiro) / Debêntures a
volvem o uso de caixa ou equivalentes de caixa devem ser excluí- Resgatar/ Arrendamento Mercantil Financeiro a pagar (Financiamen-
das da demonstração dos fluxos de caixa. Tais transações devem to) = Atividade de financiamento, independentemente de estarem
ser divulgadas nas notas explicativas às demonstrações contábeis, registrados no PC ou no PNC.
de modo que forneçam todas as informações relevantes sobre es-
sas atividades de investimento e de financiamento.
Exemplos de transações que não envolvem caixa ou equiva-
- efeitos de transações que não envolvem
lente de caixa são: caixa;
a) a aquisição de Ativos, quer seja pela assunção direta ex.: depreciação, amortização, exaustão,
do Passivo respectivo, quer seja por meio de arrenda- despesa de equivalência patrimonial,
mento financeiro; receita de equivalência patrimonial.
b) a aquisição de entidade por meio de emissão de in-
strumentos patrimoniais; e - efeitos de quaisquer diferimentos ou
c) a conversão de dívida em instrumentos patrimoniais. LLE ajustado
apropriações por competência sobre
recebimentos de caixa ou pagamentos em
Resumo caixa operacionais passados ou futuros.
MÉTODO INDIRETO
A = P + PL - efeitos de itens de receita ou despesa
Disponível + Outras contas do AC + ANC = PC + PNC + PL associados com fluxos de caixa das ati-
' Disponível = PC - AC + PNC + PL – ANC vidades de investimento ou de financia-
A. Operacional: 'AC A. Financiamento: A. Investimento: mento;
e 'PC 'PNC e 'PL 'ANC ex.: lucro na venda de imobilizado, prejuí-
zo na venda de investimento.
LLE ajustado n PNC nDisp. n ANC nDisp.
n PC nDisp. n PL nDisp. n ANC nDisp. Ex.: (2011 /FGV/SEFAZ-RJ) Em X9, as atividades opera-
n AC nDisp. n PNC nDisp. cionais da Cia. X consumiram R$ 3.000, as atividades de
n PC nDisp. n PL nDisp. financiamentos consumiram R$ 7.000 e as atividades
n AC nDisp. de investimento geraram R$ 12.000. Qual foi o saldo de
'Disponível = A. Operacional + A. Financiamento + A. Investimento = caixa e equivalentes a caixa da Cia. X em 31/12/X9, con-
SF Disponível - SI Disponível siderando que esse saldo em 01/01/X9 era de R$ 14.000?
Não esquecer!
a) R$ 12.000.
Obtenção/Paga- Concessão/Recebi- b) R$ 8.000.
Empréstimos mento mento
PC/PNC AC/ANC
c) R$ 2.000.
d) R$ 16.000.
Principal A. Financiamento A. Investimento
e) R$ 26.000.
Pago = A. Opera- Recebido = A. Opera-
Juros Comentário:
cional cional
'Disponível = A. Operacional + A. Financiamento + A.
Investimento
'Disponível = (3.000) + (7.000) + 12.000 = 2.000
'Disponível = SF Disponível - SI Disponível
2.000 = SF Disponível – 14.000
SF Disponível = 16.000
D.
Ex.: (2015/FCC/TCE CE) Os Balanços Patrimoniais em 31/12/2013 e 31/12/2014 e a Demonstração do Resultado do ano
2014 da empresa Armas da Paz S.A. são apresentados nos dois quadros a seguir (Valores em reais):

Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE ECONOMIA

Sabe-se que, no ano de 2014,


− a empresa não vendeu participações em outras empresas e equipamentos;
− os imóveis foram vendidos à vista em 02/01/2014;
− a empresa pagou metade das despesas financeiras, mas não houve pagamento de principal dos empréstimos;
613
− a empresa classifica os pagamentos de despesas financeiras nas atividades operacionais.
Os valores correspondentes ao caixa consumido ou gerado ' Empréstimo = 350.000 +
o776.000
614 pelas Atividades Operacionais, Atividades de Investimento 40.000 = 390.000
e Atividades de Financiamento em 2014 foram, respectiva- Novos empréstimos +
mente, em reais, 386.000
a) (A) 4.000 (positivo), 124.000 (positivo) e E.
376.000 (negativo).
b) (B) 24.000 (negativo), 104.000 (negativo) e Demonstração do Resultado Abrangente
NOÇÕES DE ECONOMIA

376.000 (positivo).
Conceito
c) (C) 4.000 (negativo) e 84.000 (negativo) e
336.000 (positivo). Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimô-
d) (D) 44.000 (negativo), 84.000 (negativo) e nio líquido durante um período que resulta de transações e
386.000 (positivo). outros eventos que não sejam derivados de transações com
e) (E) 44.000 (negativo), 84.000 (negativo) e os sócios na sua qualidade de proprietários. Compreende to-
376.000 (positivo). dos os componentes da “demonstração do resultado” e da
Comentários: “demonstração dos outros resultados abrangentes”.
Atividade Operacional Resultado Abrangente = resultado do exercício + outros
LLE = 18.400 resultados abrangentes
Depreciação = + 48.000 Ajuste de reclassificação é o valor reclassificado para o re-
Provisão = + 80.000 sultado no período corrente que foi inicialmente reconhecido
Ş
ŝ#-ŝŦ

REP = (20.000) como outros resultados abrangentes no período corrente ou


em período anterior, ou seja, os resultados abrangentes se
Venda de Imóveis = (40.000)
transformarão em algum momento no futuro em resultado,
Despesa Financeira = + 40.000 integrando a DRE como receita ou despesa.
LLE ajustado = 126.400 Outros Resultados Abrangentes/ Estrutura
'D/R (40.000) Outros resultados abrangentes compreendem itens de
'Estoque (128.000) receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que
ΔFornecedor (24.000) não são reconhecidos na demonstração do resultado como re-
querido ou permitido pelos Pronunciamentos, Interpretações
(44.000)
e Orientações emitidos pelo CPC.
31/12/2013 31/12/2014 Os componentes dos outros resultados abrangentes in-
Valores a Receber = 224.000 292.000 cluem:
(-) Perdas com Clientes= - (28.000) (a) variações na reserva de reavaliação, quando permitidas
Valor líquido = 224.000 264.000 '40.000 legalmente;
Atividade de Investimento (b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com
'Participações em empresas = (68.000) benefício definido reconhecidos conforme item 93A do Pro-
nunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados;
'Equipamentos = (240.000)
(c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações
ΔImóveis = +224.000 contábeis de operações no exterior (Ajuste Acumulado de
(84.000) Conversão – CPC 02 Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câm-
bio e Conversão de Demonstrações Contábeis);
'Participações em empresas = 56.000 +
o 144.000 (d) ganhos e perdas na remensuração de Ativos financeiros
20.000 = 76.000
disponíveis para venda (ajuste de Avaliação Patrimonial); e
Novos investimentos +68.000
(e) parcela efetiva de ganhos ou perdas advindos de instru-
336.000 –
'Equipamentos = o 528.000 mentos de hedge em operação de hedge de fluxo de caixa (ver
48.000 = 288.000
Novos equipamentos + 240.000 Pronunciamento Técnico CPC 38).
'Venda de imóveis = 184.000 + 40.000 = 224.000 Demonstração do Resultado Abrangente - Estrutura
Atividade de Financiamento LLE
'Empréstimos = +386.000 + Outros Resultados Abrangentes
(-) Outros Resultados Abrangentes
Pagamento dividendo= (10.000) = Resultado Abrangente
+ 376.000
Demonstração do Resultado Abrangente - Estrutura cas para valores de:
Lucro ou prejuízo líquido do exercício (vindo da DRE) (a) outros resultados abrangentes [excluindo valores previstos
na alínea (b)], classificados por natureza e agrupados naquelas
(+/-) variações na reserva de avaliação (se ainda permitida)
que, de acordo com outros pronunciamentos:
(+/-) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão
(i) não serão reclassificados subsequentemente para o resul-
(+/-) conversão câmbio de operações no exterior tado do período; e
(+/-) avaliação de instrumentos disponíveis para venda (ii) serão reclassificados subsequentemente para o resultado
(+/-) ganhos e perdas em operações de hedge de fluxo de do período, quando condições específicas forem atendidas;
caixa
(b) participação em outros resultados abrangentes de coliga-
(+/-) parcela de outros resultados abrangentes de investi- das e empreendimentos controlados em conjunto contabiliza-
das avaliadas pelo MEP dos pelo método da equivalência patrimonial, separadas pela
= resultado abrangente do período (RA) participação nas contas que, de acordo com outros pronunci-
parcela do RA de sócios não controladores amentos:
parcela do RA de controladores (detentores do capital (i) não serão reclassificadas subsequentemente para o resul-
próprio) tado do período; e
Obs.: os itens que aparecem na DRA não estão contabilizados (ii) serão reclassificadas subsequentemente para o resultado
na DRE. Passarão da DRA para a DRE no momento em que do período, quando condições específicas forem atendidas.
forem realizados, por meio do processo de reclassificação. Ajustes de reclassificação
Outros resultados abrangentes do período Alguns Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orien-
A entidade deve divulgar o montante do efeito tributário tações do CPC especificam se e quando itens anteriormente
relativo a cada componente dos outros resultados abrangen- registrados como outros resultados abrangentes devem ser
tes, incluindo os ajustes de reclassificação na demonstração do reclassificados para o resultado do período. Tais ajustes de re-
resultado abrangente ou nas notas explicativas. classificação são incluídos no respectivo componente dos out-
Os componentes dos outros resultados abrangentes po- ros resultados abrangentes no período em que o ajuste é re-
dem ser apresentados: classificado para o resultado líquido do período. Por exemplo,
(a) líquidos dos seus respectivos efeitos tributários; ou o ganho realizado na alienação de Ativo financeiro disponível
(b) antes dos seus respectivos efeitos tributários, sendo apre- para venda é reconhecido no resultado quando de sua baixa.
sentado em montante único o efeito tributário total relativo a Esse ganho pode ter sido reconhecido como ganho não real-
esses componentes. izado nos outros resultados abrangentes do período corrente
A entidade deve divulgar ajustes de reclassificação relativos a ou de períodos anteriores. Dessa forma, os ganhos não realiza-
componentes dos outros resultados abrangentes. dos devem ser deduzidos dos outros resultados abrangentes

Ş
ŝ#-ŝŦ
no período em que os ganhos realizados são reconhecidos no
A demonstração do resultado e outros resultados abrangentes
resultado líquido do período, evitando que esse mesmo ganho
(demonstração do resultado abrangente) devem apresentar,
além das seções da demonstração do resultado e de outros seja reconhecido em duplicidade.
resultados abrangentes: Os ajustes de reclassificação podem ser apresentados na
demonstração do resultado abrangente ou nas notas explica-
(a) o total do resultado (do período);
tivas. A entidade que apresente os ajustes de reclassificação
(b) o total de outros resultados abrangentes; nas notas explicativas deve apresentar os componentes dos
(c) o resultado abrangente do período, sendo o total do resul- outros resultados abrangentes após os respectivos ajustes de
tado e de outros resultados abrangentes. reclassificação.
Se a entidade apresenta a demonstração do resultado sep- Os ajustes de reclassificação são cabíveis, por exemplo, na
arada da demonstração do resultado abrangente, ela não deve baixa de investimentos em entidade no exterior (ver Pronun-
apresentar a demonstração do resultado incluída na demon- ciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas
stração do resultado abrangente.
NOÇÕES DE ECONOMIA

de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis), no


Obs.: a legislação societária brasileira vigente na data da desreconhecimento (baixa) de Ativos financeiros disponíveis
emissão deste Pronunciamento requer que a demonstração do para a venda (ver Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instru-
resultado seja apresentada em uma demonstração separada. mentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e quando
A entidade deve apresentar os seguintes itens, além da a transação anteriormente prevista e sujeita à hedge de fluxo
demonstração do resultado e de outros resultados abrangen- de caixa afeta o resultado líquido do período (ver item 100 do
tes, como alocação da demonstração do resultado e de outros Pronunciamento Técnico CPC 38 no tocante à contabilização
resultados abrangentes do período: de operações de hedge de fluxos de caixa).
(b) resultado abrangente atribuível a: Ajustes de reclassificação não decorrem de mutações na
(i) participação de não controladores; e reserva de reavaliação (quando permitida pela legislação vi-
(ii) sócios da controladora. gente) reconhecida de acordo com os Pronunciamentos Técni-
Informação a ser apresentada na demonstração do resul- cos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível ou
de ganhos e perdas atuariais de planos de benefício definido,
tado e na demonstração do resultado abrangente
reconhecidos em consonância com o Pronunciamento Técnico 615
Outros resultados abrangentes devem apresentar rubri- CPC 33 – Benefícios a Empregados. Esses componentes são
reconhecidos como outros resultados abrangentes e não são
616 reclassificados para o resultado líquido em períodos subse-
quentes. As mutações na reserva de reavaliação podem ser
transferidas para reserva de lucros retidos (ou prejuízos acu-
mulados) na medida em que o Ativo é utilizado ou quando
é baixado (ver Pronunciamentos Técnicos CPC 27 e CPC 04).
Ganhos e perdas atuariais devem ser reconhecidos na reserva
NOÇÕES DE ECONOMIA

de lucros retidos (ou nos prejuízos acumulados) no período em


que forem reconhecidos como outros resultados abrangentes
(ver o Pronunciamento Técnico CPC 33).

ANOTAÇÕES
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS 617

ÍNDICE
1. Cinemática................................................................................................................ 618
Cinemática Escalar .......................................................................................................................618
Cinemática Vetorial ....................................................................................................................620
Movimento Circular .................................................................................................................... 622
2. Dinâmica ..................................................................................................................623
Leis de Newton e suas Aplicações .............................................................................................. 624
Trabalho ...................................................................................................................................... 626
Potência ...................................................................................................................................... 627
Energia ........................................................................................................................................ 627
Conservação de Energia e suas Transformações ........................................................................ 628
Impulso, Quantidade de Movimento e Conservação da Quantidade de Movimento ................. 628
Colisões....................................................................................................................................... 629
3. Estática ....................................................................................................................629
Estática dos Corpos Rígidos ....................................................................................................... 629
Estática dos Fluidos - Hidrostática .............................................................................................630
4. Ondulatórias ............................................................................................................632
Movimento Harmônico Simples (MHS)....................................................................................... 632
Ondas .......................................................................................................................................... 634
Ondas Sonoras ............................................................................................................................ 635
Efeito Doppler............................................................................................................................. 636
Ondas Eletromagnéticas............................................................................................................. 637
Frequências Naturais e Ressonância .......................................................................................... 637
5. Óptica ......................................................................................................................638
Reflexão da Luz .......................................................................................................................... 638
Refração da Luz ...........................................................................................................................641
Instrumentos Óticos ...................................................................................................................644
618
1. Cinemática A velocidade instantânea é dada em um momento especí-
fico, no qual não há variações para o tempo.
É o campo da física que estuda os movimentos realizados A medida da velocidade pode ser expressa tanto em Km/h
pelos corpos. (quilômetro por hora) como em m/s (metro por segundo).
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Para transformar de uma unidade para outra, basta multiplicar


Cinemática Escalar ou dividir por 3,6.
Ponto Material Ex.: 90Km/h o 25m/s (de Km/h para m/s divide-se
É um corpo cujas dimensões podem ser desprezadas, le- por 3,6)
vando-se em conta um referencial. Ex.: 30m/s o 108Km/h (de m/s para Km/h multiplica-
Ex.: Uma pessoa no deserto. se por 3,6)
Corpo Extenso Velocidade Relativa
É um corpo cujas dimensões são levadas em conta de acor- Existem duas regras práticas para se chegar ao módulo de
do com o referencial.
uma velocidade escalar relativa entre dois corpos:
Ex.: Uma pessoa numa sala.
▷ Quando dois ou mais corpos vão para o mesmo sen-
Referencial, Repouso e Movimento
tido, a velocidade escalar relativa (Vrel) é dada pelas
Referencial é o que se toma por base para avaliar se um corpo
está em repouso ou em movimento. Quando a distância entre o diferenças entre as velocidades desses corpos.
referencial e o corpo aumenta (ou diminue), diz-se que há mo- ▷ Quando dois ou mais corpos estão em sentidos con-
vimento, mas quando a distância entre eles fica inalterada, então trários, a velocidade escalar relativa (Vrel) é dada
Ş
ŝ#-ŝŦ

há repouso. pelas somas entre as velocidades desses corpos.


Ex.: Uma pessoa caminhando (referencial = árvore) = Movimento Uniforme (MU)
movimento. É quando um corpo se desloca com velocidade constante
Ex.: Duas pessoas dentro de um mesmo carro (referen- durante todo o percurso.
cial = próprias pessoas) = repouso.
Para calcular a posição do corpo no decorrer do tempo,
Trajetória
usa-se a seguinte equação:
É uma linha que une todas as posições ocupadas por um
corpo durante o seu movimento. A trajetória também depen-
de do referencial adotado. Resumindo, trajetória é o caminho
feito pelo corpo em relação ao referencial adotado.
Ex.: Objeto lançado de um avião. Para uma pessoa que Em que:
observa a queda de dentro do avião, o objeto cairá em li- S = espaço final;
nha, mas para uma pessoa que observa do solo, o objeto
terá uma trajetória oblíqua. So = espaço inicial;
Espaço v = velocidade;
É a medida algébrica, ao longo de uma trajetória, da dis- t = tempo.
tância do ponto onde se encontra o corpo ao ponto de referên- Acompanhe-me: quando o corpo se desloca no mesmo
cia adotado como origem. sentido da orientação da trajetória indicada (v > 0 e 'S > 0),
Deslocamento Escalar diz-se que ele está em movimento progressivo. Já quando o
É a variação do espaço, ou seja, diferença entre o espaço corpo se desloca no sentido contrário da orientação da traje-
final e o espaço inicial. Em outras palavras, é a distância entre tória indicada (v < 0 e 'S < 0), diz-se que ele está em movi-
as posições inicial e final. mento retrógrado.
Distância Percorrida Gráficos do Movimento Uniforme
É a soma dos valores dos deslocamentos parciais. São dois os gráficos do movimento uniforme, um do Espa-
Velocidade Escalar ço X tempo e outro da Velocidade X tempo.
É a relação entre o deslocamento de um corpo em deter- Gráfico: espaço X tempo:
minado tempo. Em outras palavras, é a rapidez com que o
corpo se desloca. Divide-se em velocidade escalar média e ve- s
locidade escalar instantânea. Matematicamente, a velocidade
média é representada pela equação:

Vm
t
Em que:
Vm = velocidade média;
'S = variação do espaço = espaço final (S) – espaço inicial (So);
't = variação do tempo = tempo final (t) – tempo inicial (to). Gráfico: Velocidade X tempo:
s
s

Em que:
t V = velocidade final;
Vo = velocidade inicial;
a = aceleração;
'S = variação do espaço = espaço final (V) – espaço inicial (Vo).
Movimento Uniformemente Variado (MUV) Gráficos do Movimento Uniformemente Variado
É quando um corpo se desloca com velocidade variada São três os gráficos do movimento uniformemente varia-
durante o percurso, existindo, nesse deslocamento, uma ace-
do, um do Espaço X tempo, outro da Velocidade X tempo e um
leração que produz essa variação de velocidade. É também
conhecido como movimento acelerado (ou retardado). da Aceleração X tempo.
Para calcular a aceleração média do corpo no movimento, Gráfico: espaço X tempo:
usa-se a seguinte fórmula:
s

Em que:
Dm = velocidade média; t
'V = variação da velocidade = velocidade final (V) – velo-
cidade inicial (Vo);
't = variação do tempo = tempo final (t) – tempo inicial
(to). Gráfico: Velocidade X tempo:
A aceleração instantânea é dada em um momento es- v
pecífico, no qual não há variações para o tempo.
A medida da aceleração deve ser expressa em m/s2
(metro por segundo ao quadrado).
α

Ş
ŝ#-ŝŦ
Para calcular a velocidade do corpo no decorrer do tem-
po, usa-se a seguinte equação: t

Em que:
V = velocidade final;
Vo = velocidade inicial; A tangente do ângulo formado é igual à medida da acele-
ração, e a área formada entre dois tempos é igual ao desloca-
a = aceleração;
mento (variação do espaço).
t = tempo.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Gráfico: Aceleração X tempo:
Já, para calcular o deslocamento (variação do espaço),
usa-se outra equação: a

at2

Em que: t
S = espaço final;
So = espaço inicial;
Vo = velocidade inicial;
a = aceleração; Obs.: A área formada entre dois tempos é igual à varia-
ção da velocidade.
t = tempo.
Movimento Vertical
Existe outra equação, usada tanto para encontrar a veloci-
dade, como para o deslocamento, que não necessita do tempo É uma variação do MUV quando os corpos são lançados
(observe que todas as equações anteriores usam o tempo), é a para cima ou para baixo. 619
chamada equação de TORRICELLI: Obs.: no movimento vertical, deve-se desprezar a resistência do ar.
As equações são as mesmas do MUV, devendo apenas tro-
620 car a aceleração “a” pela aceleração da gravidade “g”, que tem Quando temos um caso particular, no qual os vetores estão
valor de g = 9,80m/s2 (na maioria dos cálculos, usa-se o valor em posições ortogonais entre si, basta aplicar o teorema de
de 10m/s2 – por aproximação), e o espaço “S” pela altura “h”.
Pitágoras.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Obs.: Deve-se também atentar para quando um corpo é lançado


para cima ou para baixo. Quando for para cima, o valor de “g” será
negativo; quando for para baixo, o valor de “g” será positivo. R
a
As equações são:

± gt b
gt2
▷ Subtração entre dois vetores
2g¨h Dados dois vetores e , o vetor resultante é dado por
, em que A é a extremidade e B é a origem.

Em que:
V = velocidade final; a R
Vo = velocidade inicial;
Ş
ŝ#-ŝŦ

g = aceleração da gravidade;
t = tempo; O B
h = altura final;
b
ho = altura inicial; Analiticamente, o vetor é dado por:
'h = variação da altura = altura final (V) - altura inicial (Vo). » Módulo:
» Direção: da reta AB
Cinemática Vetorial » Sentido: de B para A
Grandezas físicas que não ficam totalmente determinadas
com um valor e uma unidade são chamadas de grandezas ve- ▷ Produto de um número por um vetor:
toriais. Os vetores têm, além do valor numérico, a direção e o O produto de um número a por um vetor resultará em
sentido determinados. outro vetor dado por:
Um vetor pode ser representado da seguinte forma: com Módulo: | | = a .
uma seta acima da letra que o representa para indicar que se Direção: a mesma de ;
trata de uma grandeza vetorial. Sentido:
Graficamente, um vetor é representado por um segmento
▷ se a > 0 - o mesmo sentido de
orientado de reta.
▷ se a < 0 - contrário de .
▷ Cálculos com vetores.
Alguns cálculos com vetores necessitarão do conhecimen- ▷ Vetor Oposto
to sobre trigonometria. Denomina-se vetor oposto de um vetor o vetor - com as
▷ Adição de vetores. seguintes características:
Quando é feita uma operação com vetores, chama-se o seu
resultado de resultante . Dado dois vetores e , a resultan- Direção de é a mesma de
te é obtida graficamente traçando-se pelas extremidades de Sentido de é contrário ao de
cada um deles uma paralela ao outro.
A C

a R

a
O b B -a
Em que é o vetor soma.
Como a figura formada é um paralelogramo, este método
é denominado método do paralelogramo.
A intensidade do vetor é dada por:
A figura representa o vetor e o seu oposto - . ▷ Vetor soma de mais de dois vetores:
Preste atenção para dois detalhes: Quando um sistema é formado por mais de dois vetores
▷ Quando dois vetores tiverem a mesma direção e o concorrentes e coplanares, a solução analítica é possível. Para
mesmo sentido (a = 0º), o vetor resultante será: tanto, deve-se empregar o método das projeções de cada ve-
tor em dois eixos perpendiculares. Neste item, vamos conside-
Intensidade: R = a + b rar o ângulo que o vetor forma com o eixo de referência como
Direção: Mesma de e sendo um ângulo menor ou igual a 90º. O eixo de referência
Sentido: Mesmo de e será sempre o eixo x. De acordo com essa convenção, observa-
se o ângulo que cada vetor da figura forma com o eixo x.
y
▷ Quando dois vetores tiverem a mesma direção e os
sentidos opostos (a = 180º), o vetor resultante será:
c
b
Intensidade: R = a - b
d
Direção: Mesma de e 45o
30o
Sentido: Mesmo do vetor x
de maior módulo e a
45o
60o
▷ Decomposição de um vetor
h
São dados um vetor e um sistema de dois eixos ortogonais
x e y: f
g
y

P” P
Movimento em Duas Direções
ay Também conhecido como Principio de Galileu, diz que se
um corpo realiza um movimento em várias direções ao mes-
mo tempo, pode-se estudar o movimento de cada direção em
O ax P’ x separado.
Projeta-se ortogonalmente as extremidades do vetor nos

Ş
ŝ#-ŝŦ
Ex.: um barquinho se movimentando em um rio.
eixos x e y, obtendo-se suas componentes retangulares ax e ay.
Analiticamente, temos: o triângulo OP’P é retângulo, portanto: Observe que se não houvesse correnteza, a velocidade do
barquinho em relação a um observador parado na margem
seria VB, porém, com a correnteza, o movimento do barco em
relação a este observador seria uma composição do movimen-
to do rio e do próprio barco, de forma que em relação a este
observador, o barco apresentaria uma velocidade resultante
diferente da velocidade do barco, o que pode ser observado
▷ Adição de mais de dois vetores (método do polígono):
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
nos exemplos abaixo.
Neste método, o objetivo é formar um polígono com os
vetores que se deseja somar. O vetor soma ou resultante será ▷ Barco se movimentando a favor da correnteza:
aquele que tem origem na origem do primeiro e extremidade Vc
do último.
Note que:
Quando a extremidade do último vetor coincidir com a VB
origem do primeiro, isto é, quando o polígono for fechado, o
vetor resultante será nulo. (R = 0)
Sendo a velocidade do barco em relação ao observador pa-
rado na margem, B a velocidade do barco e C a velocidade da
correnteza, podemos observar que a velocidade é resultante
de B e C, e conforme a teoria, quando vetores atuam na mes-
ma direção e mesmo sentido, o módulo do vetor resultante é
dado pela soma dos módulos dos vetores, então: V = VB + VC
(o barco desce o rio mais rapidamente do que desceria se não 621
existisse a correnteza).
▷ Barco se movimenta contra a correnteza:
622 Vc

VB
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Agora, B e C possuem sentidos opostos, sendo assim, o 45º


módulo da velocidade resultante será: V = VB – VC (o barco
gastará mais tempo para subir o rio do que para descer).
O que interessa aqui são as medidas da altura máxima
▷ Barco se movimentando perpendicularmente às atingida e do alcance máximo.
margens.
Para calcular a altura máxima, usa-se a seguinte fórmula:
B

=
Trajetória do VB V
Barco
Em que:
Vo = velocidade inicial;
Vc g = aceleração da gravidade;
Ş
ŝ#-ŝŦ

T = ângulo formado com o eixo “x”.


A Para calcular o alcance máximo, usa-se a seguinte fórmula:
Neste caso, B e C são perpendiculares entre si. O barco
deslocar-se-á na trajetória AB, como mostra a figura. O mó- =
dulo da velocidade resultante será determinado pelo Teorema
de Pitágoras. Em que:
Vo = velocidade inicial;
g = aceleração da gravidade;
T = ângulo formado com o eixo “x”.

Pode-se, então, observar que a velocidade do barco e a Movimento Circular


velocidade da correnteza são perpendiculares entre si, e que Define-se o movimento circular e uniforme (MCU) como
a velocidade do barco B não tem componente na direção de sendo um movimento em círculos (podendo ser uma circunfe-
C, ou seja, a correnteza não terá nenhuma influência no tempo rência ou um arco de circunferência) e com velocidade cons-
em que o barco gasta para atravessar o rio; haja ou não cor- tante.
renteza, o tempo de travessia será o mesmo, pois o efeito da Parece que não, mas é um movimento bastante usual, pre-
correnteza é unicamente o de deslocar o barco rio abaixo. Do sente nos ventiladores, liquidificadores, rodas gigantes, etc.
mesmo modo, sendo nula a componente de B na direção da Um corpo descreve um movimento circular uniforme
correnteza, a velocidade do barco não terá influência no seu quando passa, de tempo em tempo, no mesmo ponto da traje-
movimento rio abaixo. É essa independência de dois movi- tória, sempre com a mesma velocidade. Assim, podemos dizer
mentos simultâneos que constitui o princípio da independên- que esse movimento é repetitivo e pode ser chamado de mo-
cia dos movimentos de Galileu. vimento periódico. Nos movimentos periódicos, existem dois
conceitos muito importantes que são o período e a frequência.
Movimento Oblíquo Período (T): é o tempo gasto para se completar uma volta.
É um movimento que une uma parte vertical e uma parte
horizontal. =
Ex.: O lançamento de uma bola.
Trajetória A unidade do período é o segundo (s).
y g do corpo Frequência (f): é o número de voltas que o corpo efetua em
um determinado tempo.

f=
X
0
A unidade da frequência é o Hertz (Hz). Em que:
Já quando um corpo descreve uma trajetória circular, mas T = ângulo final;
sua velocidade não é constante, ele está realizando um movi-
mento circular uniformemente variado (MCUV). T0 = ângulo inicial;
Equações do Movimento Circular Z= velocidade angular final;
As equações que determinam o movimento circular são as Z0 = velocidade angular inicial;
seguintes:
▷ Posição (deslocamento) angular: S = ‫ צ‬. R J = aceleração angular;
Em que: t = tempo;
S = espaço percorrido; 'T= variação de ângulo.
‫ = צ‬ângulo; Para o MCUV, ainda há a seguinte fórmula:
R = raio de circunferência. t

▷ Velocidade angular média:

Em que:
Z = velocidade angular; r

'‫ = צ‬variação de ângulo;


't = variação de tempo.
A velocidade angular é medida em radianos por segundo
(rad/s).
Relação entre velocidade escalar “v” e velocidade angular “Z”:
Em que:
▷ Aceleração centrípeta (ac): ar = aceleração resultante;
at = aceleração tangencial;
ac = ou ac = 2 ·R
ac = aceleração centrípeta.
Em que:
Transmissão de movimento circular

Ş
ŝ#-ŝŦ
V = velocidade escalar;
Z = velocidade angular;
Ra Rb
R = raio de circunferência.
▷ Aceleração angular:
Na transmissão de movimento circular, a velocidade linear
é a mesma em todos os pontos e, por isso, vale a seguinte re-
Em que: lação entre raios e frequência de rotação.
J = aceleração angular; FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

'Z = variação de velocidade;


't = variação do tempo.
A aceleração angular é medida em radianos por segundo Em que:
ao quadrado (rad/s2). R = raio da circunferência;
▷ Relação entre aceleração escalar D e aceleração an- f = frequência da circunferência.
gular J:
2. Dinâmica
Outras equações do Movimento Circular são: É o estudo do movimento com a força, e força é a interação
entre dois corpos.
Associado ao conceito de força, tem-se outros três conceitos:
Aceleração: faz com que o corpo altere a sua velocidade
quando uma força é aplicada.
Deformação: faz com que o corpo mude seu formato 623
quando sofre a ação de uma força.
Força Resultante: É a força que produz o mesmo efeito O Peso de um corpo é a força com que a Terra o atrai, po-
624 que todas as outras aplicadas a um corpo. dendo ser variável, quando a gravidade variar, mas a massa do
corpo, por sua vez, é constante, ou seja, não varia.
Leis de Newton e suas Aplicações Uma das unidades da Força Peso é o kilograma-força, que
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

por definição é:
A 1ª lei de Newton, também conhecida como Princípio da
Inércia, diz: 1 kgf é o peso de um corpo de massa 1kg submetido à ace-
leração da gravidade de 9,8 m/s2.
“Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e
um corpo em movimento tende a permanecer em movimento.” A sua relação com o Newton é:
Ex.: Você dentro de um veículo. P = mg
A 2ª lei de Newton, também conhecida como Princípio 1 Kgf = 1 kg . 9,8 m/s2
Fundamental da Dinâmica, diz: 1 Kgf = 9,8 Kg . m/s2 = 9,8 N
“A força é sempre diretamente proporcional ao produto Existe outra força que também é vertical, a Força Normal,
da aceleração de um corpo pela sua massa.” porém, essa é vertical na perpendicular ao plano em que o cor-
Em outras palavras, pode ser também: a aceleração que um po está. Trata-se de uma força de reação do plano ao corpo.
corpo adquire é diretamente proporcional à força que atua sobre ele. Quando as forças que atuam na vertical se anulam e o
Ou seja: corpo se encontra em equilíbrio, diz-se que o Peso é igual a
Normal.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Força de Atrito
Em que: É uma força que se opõe ao movimento.
F = resultante de todas as forças que agem sobre o corpo (em N);
m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg);
a = aceleração adquirida (em m/s2).
A unidade de força é o N (Newton).
Em que:
Ex.: Empurrar um carro.
Fat = força de atrito;
A 3ª lei de Newton, também conhecida como Princípio da
P = coeficiente de atrito;
Ação e Reação, diz:
N = força Normal.
“As forças atuam sempre em pares; para toda força de
A força de atrito pode ser estática ou dinâmica, depende
ação, existe uma força de reação, de igual intensidade, mesma
se há movimento ou não. Sempre que não tiver movimento, o
direção e sentido contrário.”
atrito será estático; agora, quando houver movimento, então o
Ex.: Para se deslocar, o nadador empurra a água para trás, e atrito será dinâmico.
esta, por sua vez, empurra-o para frente.
Força Elástica
Força de Tração
É a força que atua nas molas, calculando a sua deformi-
T F dade.

Dado um sistema no qual um corpo é puxado por um fio


ideal, ou seja, que seja inextensível, flexível e tem massa des- Em que:
prezível, podemos considerar que a força é aplicada no fio, F = intensidade da força;
que, por sua vez, aplica uma força no corpo, a qual se chama k = constante elástica da mola;
Força de Tração , que faz com que o corpo se mova. x = deformidade da mola.
Força Peso Força Centrípeta
Ocorre quando a aceleração que um corpo assume é a É a força que atua no corpo para garantir que o ele man-
aceleração da gravidade. É uma força vertical. tenha sua trajetória circular. É uma força voltada para o centro
da circunferência.

Em que:
P = força Peso (em N); Em que:
m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg); Fc = força centrípeta;
g = aceleração da gravidade (em m/s2). m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg);
ac = aceleração centrípeta;
v = velocidade escalar;
Z = velocidade angular;
ma + mb
R = raio da circunferência. 
Plano Inclinado
No plano inclinado, ocorre uma decomposição de força.
y

Depois de sabermos a aceleração, que é igual para ambos


Px os blocos, podemos calcular as forças que atuam entre eles,
utilizando a relação que fizemos acima:
0
x Py

P
0
▷ Corpos ligados por um fio ideal:
A força Peso se divide em duas outras: Px e Py. Um fio ideal é caracterizado por ter massa desprezível, ser
Logo, a força resultante no eixo “y” é: inextensível e flexível, ou seja, é capaz de transmitir totalmen-
te a força aplicada nele de uma extremidade à outra.
(na vertical há equilíbrio)

Como o fio ideal tem capacidade de transmitir integral-


mente a força aplicada em sua extremidade, podemos tratar o
E a força resultante no eixo “x” é:
sistema como se os corpos estivessem encostados:

Ş
ŝ#-ŝŦ
ou
A tração no fio será calculada por meio da relação feita
(se houver força de atrito) acima:

FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Sistemas de Forças ▷ Corpos ligados por um fio ideal através de polia


A resultante das forças que atuam em vários corpos ao ideal:
mesmo tempo depende da forma como esses corpos estão Uma polia ideal tem a capacidade de mudar a direção do
relacionados, veja algumas situações e como ficam: fio e transmitir a força integralmente.
▷ Corpos em contato: A
A
B

Quando uma força é aplicada a corpos em contato existem


“pares ação-reação” de forças que atuam entre eles e que se 625
anulam. Podemos fazer os cálculos, neste caso, imaginando: Das forças em cada bloco:
Então, conforme a 2ª Lei de Newton:
Na
626
T
T
A
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Mas F = k · x e P = m · g, então:
B
Pa

Pb
Trabalho
Como as forças Peso e Normal no bloco se anulam, é fácil
verificar que as forças que causam o movimento são a Tração Quando se fala de trabalho, está se falando do trabalho de
e o Peso do Bloco B. uma força, que produz deslocamento de um corpo.
Utilizamos a letra grega “tau” minúscula (t) para expressar
trabalho.
A unidade de Trabalho é o Joule (J)
Ş
ŝ#-ŝŦ

Quando uma força tem a mesma direção do movimento, o


Conhecendo a aceleração do sistema, podemos calcular a trabalho realizado é positivo: t > 0;
Tensão no fio: Quando uma força tem direção oposta ao movimento, o
trabalho realizado é negativo: t < 0.

Força Paralela ao Deslocamento


Quando a força é paralela ao deslocamento, ou seja, o ve-
▷ Corpo preso a uma mola:
tor deslocamento e a força não formam ângulo entre si, calcu-
Dado um bloco, preso a uma mola:
lamos o trabalho:

Força Não Paralela ao Deslocamento


Sempre que a força não é paralela ao deslocamento, de-
vemos decompor o vetor em suas componentes paralelas e
perpendiculares:

Dadas as forças no bloco:

Considerando FII a componente paralela da força. Ou seja:

P Quando o móvel se desloca na horizontal, apenas as forças


paralelas ao deslocamento produzem trabalho. Logo:
Energia Cinética
É a energia ligada ao movimento dos corpos, que põe os
corpos em movimento.
Sua equação é dada por:

Trabalho da Força Peso A unidade de energia é a mesma do trabalho:


Para realizar o cálculo do trabalho da força peso, devemos o Joule (J)
considerar a trajetória, como a altura entre o corpo e o ponto
de origem, e a força a ser empregada, a força Peso. Então: Teorema da Energia Cinética
Considere um corpo movendo-se em MUV.
vi vf
m m

Potência O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que:


Está diretamente relacionado ao Trabalho, pois nada mais “O trabalho da força resultante é medido pela variação da
é que o Trabalho em função do tempo.
energia cinética.”
Definimos, então, potência relacionando o Trabalho com o
tempo gasto para realizá-lo: Ou seja:

Como sabemos que:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Energia Potencial
Então: Energia Potencial é a energia que pode ser armazenada
e tem a capacidade de ser transformada em energia cinética.
Conforme o corpo perde energia potencial, ganha energia
cinética ou vice-e-verso.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Energia Potencial Gravitacional
A unidade de potência é o watt (W).
É a energia que corresponde ao trabalho que a força Peso
realiza.
Além do watt, usa-se com frequência as unidades: É obtido quando consideramos o deslocamento de um
▷ 1kW (1 quilowatt) = 1.000W corpo na vertical, tendo como origem o nível de referência
▷ 1MW (1 megawatt) = 1.000.000W = 1.000kW (solo, chão de uma sala...).
▷ 1cv (1 cavalo-vapor) = 735W
▷ 1HP (1 horse-power) = 746W

Energia Enquanto o corpo cai, vai ficando mais rápido, ou seja, ga-
É a capacidade de executar um Trabalho. nha Energia Cinética, e como a altura diminui, perde Energia
Dentre tantas energias, aprenda sobre: Potencial Gravitacional.
▷ Energia Cinética;
▷ Energia Potencial Gravitacional; Energia Potencial Elástica 627
▷ Energia Potencial Elástica. Corresponde ao trabalho que a força Elástica realiza.
Impulso, Quantidade de
628
Movimento e Conservação da
x0
Quantidade de Movimento
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Impulso
É a atuação de uma força em um corpo durante um perío-
x
do de tempo.
Calcula-se o impulso por:
Como a força elástica é uma força variável, seu trabalho é
calculado através do cálculo da área do seu gráfico, cuja Lei de
Hooke diz ser:
Força No gráfico de uma força constante, o valor do impulso é
numericamente igual à área entre o intervalo de tempo de in-
teração:
F Força
Ş
ŝ#-ŝŦ

A
A
x Deformação

Como a área de um triângulo é dada por: t1 t2 Tempo

Quantidade de Movimento
É a transferência de movimento de um corpo para outro.
Então: A quantidade de movimento relaciona a massa de um cor-
po com sua velocidade:

Relação entre Impulso e


Quantidade de Movimento
▷ Teorema do Impulso:
Conservação de Energia e Considerando a 2ª Lei de Newton:
suas Transformações
A energia mecânica de um corpo é igual à soma das ener-
gias potenciais e cinética dele. Então:

E utilizando-a no intervalo do tempo de interação:

Quando não são consideradas as forças dissipativas (atrito,


por exemplo), a energia mecânica é conservada, então:
Mas sabemos que: , logo:

Já quando são levadas em conta as forças dissipativas, fica:


Como vimos: Tipos de Choque
No choque entre dois corpos, podem ocorrer perdas de
energia em virtude do aquecimento, da deformação e do som
provocados pelo impacto, porém, jamais haverá ganho de
Então: energia. Portanto, o módulo da velocidade de afastamento
deve ser menor ou, no máximo, igual ao módulo da velocidade
de aproximação.

O impulso de uma força, devido à sua aplicação em certo


intervalo de tempo, é igual à variação da quantidade de mo-
Como a velocidade de afastamento (Vaf) apresenta mó-
vimento do corpo ocorrida neste mesmo intervalo de tempo.
dulo menor ou igual ao módulo da velocidade de aproximação
Conservação da Quantidade (Vap), a razão entre elas determina um coeficiente de restitui-
ção compreendido entre zero e um.
de Movimento ▷ Choque inelástico:
Assim como a energia mecânica, a quantidade de movi- É o tipo de choque que ocorre quando, após a colisão, os
mento também é mantida quando não há forças dissipativas, corpos seguem juntos (com a mesma velocidade).
ou seja, o sistema é conservativo, fechado ou mecanicamente
▷ Choque parcialmente elástico:
isolado.
É o tipo de choque que ocorre quando, após a colisão, os
Um sistema é conservativo se:
corpos seguem separados (velocidade diferentes), tendo o sis-
tema uma perda de energia cinética.
▷ Choque perfeitamente elástico:
É o tipo de choque que ocorre quando, após a colisão, os
corpos seguem separados (velocidade diferentes) e o sistema
não perde energia cinética.

Então, se o sistema é conservativo, temos:


3. Estática
Estática é a parte da física que estuda e explica o equilíbrio
das forças que atuam em um corpo, fazendo com que esse cor-

Ş
ŝ#-ŝŦ
po não se mova ou fique em MU.
Como a massa de um corpo, ou mesmo de um sistema, Quando o corpo está parado (v = 0), diz-se que ele está
dificilmente varia, o que sofre alteração é a velocidade deles. em equilíbrio estático, já quando o corpo está em Movimento
Uniforme (v = constante), ele está em equilíbrio dinâmico.
Colisões
Durante uma colisão de dois corpos, as forças externas são
Estática dos Corpos Rígidos
desprezadas se comparadas às internas, portanto, o sistema Para que um ponto esteja em equilíbrio, ele precisa satisfa-
pode ser sempre considerado mecanicamente isolado: zer a seguinte condição:
A resultante de todas as forças aplicadas a este ponto deve FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ser nula.
Chamamos de corpo rígido ou corpo extenso todo o objeto
que não pode ser descrito por um ponto. Para conhecermos
o equilíbrio nestes casos, é necessário estabelecer dois con-
ceitos:

Coeficiente de Restituição Centro de Massa


Antes do choque (colisão), os corpos A e B se aproximam Seja CM o ponto em que podemos considerar concentrada
com velocidade Vap (velocidade de aproximação). Após o toda a massa do corpo, este ponto será chamado Centro de
choque, os corpos A e B se afastam com velocidade Vaf (velo- Massa do corpo.
cidade de afastamento). O coeficiente de restituição (e) de um Para corpos simétricos, que apresentam distribuição uni-
choque é definido pela razão entre as velocidades de afasta- forme de massa, o centro de massa é o próprio centro geomé-
mento e velocidade de aproximação. trico do sistema, como no caso de uma esfera homogênea ou
de um cubo perfeito.
Para os demais casos, o cálculo do centro de massa é feito
através da média aritmética ponderada das distâncias de cada 629
ponto do sistema.
Momento de uma Força Particularmente, ao falar em fluídos líquidos, deve-se falar
630 em sua viscosidade, que é o atrito existente entre suas mo-
Imagine uma pessoa tentando abrir uma porta: ela preci- léculas durante um movimento. Quanto menor a viscosidade,
sará fazer mais força se for empurrada na extremidade con- mais fácil o escoamento do fluido.
trária à dobradiça, onde a maçaneta se encontra, ou no meio
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

da porta? Pressão
Claramente, percebemos que é mais fácil abrir ou fechar a É a força exercida sobre a superfície de determinada área.
porta se aplicarmos força em sua extremidade, onde está a ma- Matematicamente, a pressão é igual ao quociente entre a
çaneta. Isso acontece, pois existe uma grandeza chamada Mo- força aplicada e a área desta superfície.
mento de Força , que também pode ser chamado Torque.
Esta grandeza é proporcional à Força e à distância da apli-
cação em relação ao ponto de giro, ou seja:

Em que:
▷ p = Pressão (Pa);
Como este é um produto vetorial, podemos dizer que o ▷ F = Força (N);
módulo do Momento da Força é:
▷ A = Área (m2).
A unidade de pressão é o Pascal (Pa), que é o nome ado-
tado para N/m2.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Em que: Densidade
M = Módulo do Momento da Força; A densidade é a grandeza que relaciona a massa de um
F = Módulo da Força; corpo ao seu volume.
d = distância entre a aplicação da força ao ponto de giro; braço
de alavanca;
sen T = menor ângulo formado entre os dois vetores.
Em que:
Como sen 90° = 1, se a aplicação da força for perpendicular
▷ d = Densidade (kg/m3);
à “d”, o momento será máximo;
▷ m = Massa (kg);
Como sen 0° = 0, quando a aplicação da força é paralela à
▷ V = Volume (m3).
“d”, o momento é nulo.
O Momento da Força de um corpo é: Pressão Hidrostática
▷ Positivo quando girar no sentido anti-horário; Da mesma forma como os corpos sólidos, os fluídos tam-
▷ Negativo quando girar no sentido horário. bém exercem pressão sobre outros, devido ao seu peso. Para
obtermos essa pressão, consideremos um recipiente contendo
Condições de Equilíbrio um líquido de densidade “d” que ocupa o recipiente até uma
de um Corpo Rígido altura “h”, em um local do planeta onde a aceleração da gravi-
dade é “g”. A Força exercida sobre a área de contato é o peso
Para que um corpo rígido esteja em equilíbrio, além de não do líquido.
se mover, esse corpo não pode girar. Por isso, precisa satisfazer
duas condições:
▷ A resultante das forças aplicadas sobre seu centro de P=
massa deve ser nula (não se move ou se move com
velocidade constante).
▷ A resultante dos Momentos da Força aplicados ao
corpo deve ser nula (não gira ou gira com velocida-
de angular constante). Como:

Estática dos Fluidos - Hidrostática d=


Chamamos hidrostática a ciência que estuda os líquidos
em equilíbrio estático.
Fluido
Fluido é uma substância que tem a capacidade de escoar.
Quando um fluído é submetido a uma força tangencial, de- Mas:
forma-se de modo contínuo, ou seja, quando colocado em um
recipiente qualquer, o fluído adquire o seu formato. V=
Podem-se considerar como fluidos líquidos e gases.
Logo: Teorema de Pascal
“O acréscimo de pressão exercida num ponto em um líqui-
do ideal em equilíbrio se transmite integralmente a todos os
pontos desse líquido e às paredes do recipiente que o contêm.”
Ou seja, a pressão hidrostática não depende do formato do
recipiente, apenas da densidade do fluído, da altura do ponto Quando aplicamos uma força a um líquido, a pressão cau-
onde a pressão é exercida e da aceleração da gravidade. sada se distribui integralmente e igualmente em todas as di-
reções e sentidos.
Pressão Atmosférica Pelo teorema de Stevin sabemos que:
Atmosfera é uma camada de gases que envolvem toda a
superfície da Terra.
Aproximadamente, todo o ar presente na Terra está abai-
xo de 18000 metros de altitude. Como o ar é formado por
Então, considerando dois pontos, A e B:
moléculas que têm massa, o ar também tem massa e, por
consequência, peso. A pressão que o peso do ar exerce sobre
a superfície da Terra é chamada Pressão Atmosférica, e seu
valor depende da altitude do local onde é medida. Quanto
maior a altitude menor a pressão atmosférica e vice-versa.
Teorema de Stevin
“A diferença entre as pressões de dois pontos de um fluído
F
em equilíbrio é igual ao produto entre a densidade do fluído, a ________
aceleração da gravidade e a diferença entre as profundidades B h
dos pontos.” ________
A
Seja um líquido qualquer de densidade d em um recipiente
Ao aplicarmos uma força qualquer, as pressões no ponto A
qualquer.
e B sofrerão um acréscimo:
Escolhemos dois pontos arbitrários R e T.

Ş
ŝ#-ŝŦ
hQ
________ hR
Q Se o líquido em questão for ideal, ele não sofrerá compres-
________
são, então, a distância h será a mesma após a aplicação da
R força.
Assim:
As pressões em Q e R são: FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

A diferença entre as pressões dos dois pontos é:

▷ Prensa hidráulica:

S2

S1
Por meio desse teorema, podemos concluir que todos os
pontos a uma mesma profundidade, em um fluido homogê-
neo (que tem sempre a mesma densidade), estão submetidos 631
à mesma pressão.
Uma das principais aplicações do teorema de Pascal é a Assim:
632 prensa hidráulica.
Essa máquina consiste em dois cilindros de raios diferen-
tes A e B, interligados por um tubo. No seu interior, existe um
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

líquido que sustenta dois êmbolos de áreas diferentes S1 e S2.


Se aplicarmos uma força de intensidade F no êmbolo de
área S1, exerceremos um acréscimo de pressão sobre o líquido Em que:
dado por: = Empuxo (N);
dF = Densidade do fluido (kg/m3);
VFD = Volume do fluido deslocado (m3);
g = Aceleração da gravidade (m/s2).
O valor do empuxo não depende da densidade do corpo
Pelo teorema de Pascal, sabemos que esse acréscimo de pres-
que é imerso no fluido, mas podemos usá-la para saber se o
são será transmitido integralmente a todos os pontos do líquido,
corpo flutua, afunda ou permanece em equilíbrio com o fluido.
inclusive ao êmbolo de área S2, porém, transmitindo uma força
Então, se:
diferente da aplicada:
▷ Densidade do corpo > densidade do fluido: o corpo
afunda;
▷ Densidade do corpo = densidade do fluído: o corpo
Ş
ŝ#-ŝŦ

fica em equilíbrio com o fluido;


▷ Densidade do corpo < densidade do fluído: o corpo
Como o acréscimo de pressão é igual para ambas as ex-
flutua na superfície do fluido.
pressões, pode-se igualá-las:
Peso Aparente
Conhecendo o princípio de Arquimedes, podemos es-
tabelecer o conceito de peso aparente, que é o responsável,
no exemplo dado da piscina, por nos sentirmos mais leves ao
Empuxo submergirmos.
Ao entrarmos em uma piscina, nos sentimos mais leves do Peso aparente é o peso efetivo, ou seja, aquele que real-
que quando estamos fora dela. mente sentimos. No caso de um fluido:
Isso acontece devido a uma força vertical para cima exerci-
da pela água a qual chamamos Empuxo, e a representamos
por .
O Empuxo representa a força resultante exercida pelo flui-
do sobre um corpo. Como tem sentido oposto à força Peso,
causa o efeito de leveza, no caso da piscina.
A unidade de medida do Empuxo é o Newton (N).

4. Ondulatórias
Chamamos de ondulatória a parte da física que é respon-
m sável por estudar as características e propriedades em comum
dos movimentos das ondas.

Movimento Harmônico Simples (MHS)


Os movimentos harmônicos simples estão presentes em
vários aspectos de nossas vidas, como nos movimentos do
pêndulo de um relógio, de uma corda de violão ou de uma
mola. Esses movimentos realizam um mecanismo de “vai e
Princípio de Arquimedes vem” em torno de uma posição de equilíbrio, sendo caracteri-
Arquimedes descobriu que todo o corpo imerso em um zados por um período e por uma frequência.
fluido em equilíbrio, dentro de um campo gravitacional, fica O período “T” é o menor intervalo de tempo para uma re-
sob a ação de uma força vertical, com sentido oposto a este petição desse fenômeno. A frequência “f” é o número de vezes
campo, aplicada pelo fluido, cuja intensidade é igual à intensi- que um movimento é repetido em um determinado intervalo
dade do Peso do fluido que é ocupado pelo corpo. de tempo.
Assim, pode-se verificar que:

ou

Posição do Móvel em MHS


A unidade de “T” é o segundo e a de f é hertz (Hz). A equação que representa a posição de um móvel em MHS
No estudo feito do MHS, utilizaremos como referência um será dada a seguir em função do tempo.
sistema massa-mola, que pode ser visualizado na figura a seguir.
m

-a x0 a
x0
As posições a e -a são deformações máximas que a mola
O bloco em vermelho ligado a uma mola tendo como terá quando o bloco de massa m for colocado em oscilação.
posição de equilíbrio do sistema a posição Xo. A posição X é dada em função do tempo.
Nesse sistema, desprezaremos as forças dissipativas (atri-
to e resistência do ar). O bloco, quando colocado em oscilação,
movimentar-se-á sob a ação da força restauradora elástica,
que pode ser calculada pela seguinte expressão: Em que:
▷ A = elongação máxima (m);
Z = frequência angular (rad/s);
▷ = espaço angular que um ponto projetado pelo
bloco sobre uma circunferência realiza (rad);

Ş
ŝ#-ŝŦ
Período ▷ t = intervalo de tempo.
O período de um corpo em MHS é o intervalo de tempo re- Velocidade do Móvel em MHS
ferente a uma oscilação completa e pode ser calculado através
da seguinte expressão:

Sendo:

FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Logo:
O período [T(s)] depende da massa do corpo colocado em
oscilação [m(kg)] e da constante elástica da mola [k(N/m)].

Frequência
Em que:
A frequência de um corpo em MHS corresponde ao número ▷ a = elongação máxima (m);
de oscilações que esse corpo executa por unidade de tempo e ▷ Z= frequência angular (rad/s);
essa grandeza pode ser determinada pela seguinte expressão: ▷ = espaço angular que um ponto projetado pelo
bloco sobre uma circunferência realiza (rad);
▷ t = intervalo de tempo.
Aceleração do Móvel em MHS

Frequência é inversamente proporcional ao período e pode ser 633


expressa matematicamente pela seguinte relação:
Sendo: Para todos os outros pontos do sistema:
634
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Então:

Como não há dissipação de energia nesse modelo, toda a


energia mecânica é conservada durante o movimento de um
▷ A fase é sempre medida em radianos. oscilador massa-mola horizontal.
▷ A pulsação pode ser definida por: Pêndulo Simples
▷ A fase inicial é o igual ao ângulo inicial do mo- Um pêndulo é um sistema composto por uma massa aco-
vimento em um ciclo trigonométrico, ou seja, é o
plada a um pivô que permite sua movimentação livremente. A
ângulo de defasagem da onda senoidal.
massa fica sujeita à força restauradora causada pela gravidade.
Energia do Oscilador O pêndulo simples consiste em uma massa presa a um fio
Analisando a energia mecânica do sistema, tem-se que: flexível e inextensível por uma de suas extremidades e livre
por outra, representado da seguinte forma:
v=0
Ş
ŝ#-ŝŦ

v=0
ы
-A 0 A x
Quando o objeto é abandonado na posição x = A, a
energia mecânica do sistema é igual à energia potencial
elástica armazenada, pois não há movimento e, consequen-
temente, energia cinética. Assim: m
O período de um pêndulo simples pode ser expresso por:

Ondas
No estudo da física, onda é uma perturbação que se propa-
ga no espaço ou em qualquer outro meio, como, por exemplo,
na água. Uma onda transfere energia de um ponto para outro,
Ao chegar na posição x = -A, novamente o objeto ficará
momentaneamente parado (v = 0), tendo sua energia mecâni- mas nunca transfere matéria entre dois pontos. As ondas po-
ca igual à energia potencial elástica do sistema. dem se classificar de acordo com a direção de propagação de
energia, quanto à natureza das ondas e quanto à direção de
No ponto em que x = 0, ocorrerá o fenômeno inverso ao da
propagação.
máxima elongação, sendo que:
ї Quanto à direção de propagação de energia, as ondas se
classificam da seguinte forma:
▷ Unidimensionais: propagam-se em uma única di-
mensão;
▷ Bidimensionais: propagam-se num plano;
▷ Tridimensionais: propagam-se em todas as direções.
ї Quanto à natureza, as ondas se classificam em:
▷ Ondas mecânicas: são aquelas que necessitam
de um meio material para se propagar como, por
exemplo, onda em uma corda ou mesmo as ondas
Assim, podemos concluir que, na posição x = 0, ocorre sonoras;
a velocidade máxima do sistema massa-mola, já que toda a ▷ Ondas eletromagnéticas: são aquelas que não ne-
energia mecânica é resultado dessa velocidade. cessitam de meio material para se propagarem,
elas podem se propagar tanto no vácuo (ausência É comum aos movimentos uniformes, mas, conhecendo a es-
de matéria) como também em certos tipos de ma- trutura de uma onda:
teriais. São exemplos de ondas eletromagnéticas: a ʄ
luz solar, as ondas de rádio, as micro-ondas, raios X,
entre muitas outras.
ї Quanto à direção de propagação, as ondas se classificam em:
▷ Ondas transversais: são aquelas que têm a direção
de propagação perpendicular à direção de vibração,
como, por exemplo, as ondas eletromagnéticas.
▷ Ondas longitudinais: nessas ondas, a direção de pro-
pagação se coincide com a direção de vibração. Nos
líquidos e gases, a onda se propaga dessa forma.
Para descrever uma onda, é necessária uma série de gran-
dezas, entre elas, temos: velocidade, amplitude, frequência, Temos que 'S = O e que 't = T, assim:
período e o comprimento de onda.
Componentes de uma onda
Uma onda é formada por alguns componentes básicos,
quais sejam:
Crista

Esta é a equação fundamental da Ondulatória, já que é valida


A para todos os tipos de onda.
Desse modo, é comum utilizar-se frequências na ordem
de kHz (1quilohertz = 1.000Hz) e de MHz (1megahertz =
Vale 1.000.000Hz)
Em que:

Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ A = amplitude da onda.
Ondas Sonoras
São ondas mecânicas, pois somente se propagam através
É denominada comprimento da onda, e expressa pela letra de um meio material. Diferentemente das ondas eletromagné-
grega lambida (O), a distância entre duas cristas ou dois vales ticas (como, por exemplo, a luz), as ondas sonoras não podem
consecutivos. se propagar no vácuo.
Chamamos período da onda (T) o tempo decorrido até que As ondas sonoras são consideradas ondas de pressão. Por
duas cristas ou dois vales consecutivos passem por um ponto, e exemplo, quando um músico bate em um tambor musical, a
frequência da onda (f) o número de cristas ou vales consecutivos vibração da membrana produz alternadamente compressões
que passam por um mesmo ponto, em uma determinada unidade e rarefações do ar, ou seja, produz variações de pressão que se FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
de tempo. propagam através do meio, no caso, o ar.
Portanto, o período e a frequência são relacionados por: Dependendo da fonte emitente, as ondas sonoras podem
apresentar qualquer frequência, desde poucos hertz (como as
ondas produzidas por abalos sísmicos), até valores extrema-
mente elevados (comparáveis às frequências da luz visível).
Porém, nós, seres humanos, só conseguimos ouvir ondas so-
A unidade internacionalmente utilizada para a frequência noras cujas frequências estejam compreendidas entre 20 Hz e
é Hertz (Hz), sendo que 1Hz equivale à passagem de uma 20.000 Hz, sendo chamadas, genericamente, de sons.
crista ou de um vale em 1 segundo. Ondas sonoras que possuem frequência abaixo de 20 Hz
são denominadas infrassons e as ondas que possuem fre-
Velocidade de Propagação das Ondas quência superior a 20.000 Hz são denominadas ultrassons.
Como não transportam matéria em seu movimento, é previ- A propagação do som em meios gasosos depende fortemen-
sível que as ondas se desloquem com velocidade contínua, logo, te da temperatura do gás. É possível, inclusive demonstrar experi-
estas devem ter um deslocamento que valide a expressão: mentalmente que a velocidade do som em gases é dada por:

635
Em que: Efeito Doppler
636 ▷ k = constante que depende da natureza do gás; O Efeito Doppler é a alteração da frequência sonora per-
▷ T = temperatura absoluta do gás (em kelvin). cebida pelo observador em virtude do movimento relativo de
aproximação ou afastamento entre a fonte e o observador.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Intensidade Sonora Veja, inicialmente, o caso de uma fonte sonora fixa e um


A intensidade do som é a qualidade que nos permite ca- observador movendo-se ao longo de uma mesma reta, ado-
racterizar se um som é forte ou fraco, e depende da energia tando um referencial que esteja em repouso em relação ao
que a onda sonora transfere. meio através do qual as ondas se propagam. Se ambos, fonte
A intensidade sonora (I) é definida fisicamente como a po- e observador, estivessem em repouso, o número de ondas re-
tência sonora recebida por unidade de área de uma superfície, cebidas na unidade de tempo seria dada por:
ou seja: ї Número de ondas =
Em que:
▷ v é a velocidade do som;
▷ O é o comprimento de onda emitido pela fonte.
No entanto, em virtude do movimento do observador, em
Mas como a potência pode ser definida pela relação de energia direção à fonte de ondas, ela receberá um número adicional de
ondas (simultaneamente) que será dado por:
por unidade de tempo:
ї Numero adicional de ondas =
Ş
ŝ#-ŝŦ

Em que:
▷ vo é a velocidade do observador.
Como a frequência de uma onda pode ser definida como o
Então, também podemos expressar a intensidade por: número de comprimentos de onda que serão produzidos (re-
cebidos) na unidade de tempo, então, a frequência percebida
pelo observador será a seguinte:

As unidades mais usadas para a intensidade são


J/m2 e W/m2.
É chamada mínima intensidade física, ou limiar de audi-
bilidade, o menor valor da intensidade sonora ainda audível:

É chamada máxima intensidade física, ou limiar de dor, o


maior valor da intensidade sonora suportável pelo ouvido:
Tornando a relação mais geral, para o caso em que o ob-
servador se aproxime (sinal positivo) ou se afaste (sinal nega-
tivo), a frequência percebida pelo observador poderá ser dada
pela seguinte expressão:
Conforme um observador se afasta de uma fonte sonora, a
intensidade sonora ou nível sonoro (E) diminui logaritmica-
mente, sendo representado pela equação:
Em que: o termo f´ representa a frequência percebida pelo
observador (chamada frequência aparente), e f é a frequência
emitida pela fonte (chamada frequência real).
Agora, no caso em que a fonte se move enquanto o observa-
dor permanece em repouso, os comprimentos de ondas tornar-
A unidade utilizada para o nível sonoro é o Bel (B), mas se-ão cada vez menores (som mais agudo). Então, sabendo que
como essa unidade é grande, se comparada com a maioria dos a frequência da fonte é f e vs é a velocidade das ondas emitidas
valores de nível sonoro utilizados no cotidiano, seu múltiplo (lembremo-nos que estamos tratando do som), o comprimento
usual é o decibel (dB), de maneira que 1B = 10dB. de onda que chegará ao observador será dado por:
Tanto a luz como o infravermelho ou ondas de rádios são
iguais, e o que diferencia uma onda eletromagnética da outra
é a sua frequência. Quanto mais alta for essa frequência, mais
energética é a onda.
Em uma onda eletromagnética, o campo elétrico variável
Dessa forma, como o som torna-se mais agudo (maior fre- e o campo magnético variável estão intimamente ligados:
quência), essa fonte poderá ser calculada da seguinte forma: ambos variam em fase, ou seja, quando um deles atinge a in-
tensidade máxima, o mesmo ocorre com o outro e, quando um
deles se anula, o outro também se anula.
Além disso, os campos e são perpendiculares um ao outro
e também à direção de propagação da onda que se desloca com
velocidade v. Isso nos permite classificar a onda eletromagnética
como onda transversal. A figura abaixo mostra-nos a disposição
Generalizando, mais uma vez, os resultados para os casos dos campos elétricos e magnéticos de uma onda eletromagnética,
em que a fonte aproxima-se (sinal negativo) ou afasta-se (si- e a direção e o sentido de sua propagação.
nal positivo) do observador:
x
ʄ v

z
Portanto, se ambos movem-se relativamente entre si, a y
expressão resultante será:

Representação esquemática da oscilação dos campos elé-


trico e magnético de uma onda eletromagnética.
Observe que a distância entre dois pontos vizinhos de máximo do
Fenomenologicamente, podemos compreender o Efei- campo elétrico, ou do campo magnético, corresponde ao compri-
to Doppler da seguinte forma: no caso de aproximação, a mento de onda Oda onda eletromagnética. Para as ondas eletro-
frequência aparente da onda recebida pelo observador fica magnéticas, vale, também, a equação fundamental das ondas: v =
maior que a frequência emitida. Ao contrário, no caso de afas- O . f, em que f é a frequência com que os campos variam.
tamento, a frequência aparente diminui. Um exemplo típico é

Ş
ŝ#-ŝŦ
o caso de uma ambulância com sirene ligada que passe por Assim, é possível estabelecer uma relação entre a inten-
um observador. Ao se aproximar, o som é mais agudo (maior sidade E do campo elétrico e a intensidade B do campo mag-
frequência e menor comprimento de onda), enquanto que, ao nético:
se afastar, o som é mais grave (menor frequência e maior com-
primento de onda).
Por um viés mais prático, o efeito Doppler permite a me-
dição da velocidade de objetos através da reflexão de ondas
emitidas pelo próprio equipamento de medição, que podem Em que v é a velocidade de propagação da onda eletro-
ser radares, baseados em radiofrequência, ou lasers, que magnética.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
utilizam frequências luminosas. Muito utilizado para medir a
velocidade de automóveis, aviões, na Mecânica dos fluidos e Frequências Naturais e Ressonância
na Hidráulica, em partículas sólidas dentro de um fluido em Sempre que um corpo capaz de oscilar sofrer uma série
escoamento. periódica de impulsos, com uma frequência igual a uma das
frequências naturais de vibração do corpo, este, em geral, é
Ondas Eletromagnéticas posto em vibração com uma amplitude relativamente grande.
O resultado da interação de campos variáveis é a produ- Esse fenômeno é chamado de ressonância e diz-se que o cor-
ção de ondas de campos elétricos e magnéticos que podem po entra em ressonância com os impulsos aplicados.
se propagar até mesmo pelo vácuo e apresentam proprieda- Cada sistema físico capaz de vibrar possui uma ou mais
des típicas de uma onda mecânica, como reflexão, retração, frequências naturais, isto é, que são características do sistema,
difração, interferência e transporte de energia. A essas ondas, mais precisamente da maneira como este é construído. Como,
dá-se o nome de ondas eletromagnéticas. por exemplo, um pêndulo ao ser afastado do ponto de equilí-
As ondas eletromagnéticas têm como característica prin- brio, cordas de um violão ou uma ponte para a passagem de
cipal a sua velocidade. Da ordem de 300.000Km/s no vácuo, pedestres sobre uma rodovia movimentada.
no ar, sua velocidade é um pouco menor. Considerada a maior Todos esses sistemas possuem sua frequência natural, que
velocidade do universo, elas podem vencer vários obstáculos lhes é característica. Quando ocorrem excitações periódicas
físicos, tais como gases, atmosfera, água, paredes, dependen- sobre o sistema, como quando o vento sopra com frequência 637
do da sua frequência. constante sobre uma ponte durante uma tempestade, acon-
tece um fenômeno de superposição de ondas que alteram a ї 1ª lei da reflexão: O raio de luz refletido e o raio de luz
638 energia do sistema, modificando sua amplitude. incidente, assim como a reta normal à superfície, perten-
Conforme estudamos anteriormente, se a frequência na- cem ao mesmo plano, ou seja, são coplanares.
tural de oscilação do sistema e as excitações constantes sobre ї 2ª Lei da reflexão: O ângulo de reflexão (r) é sempre
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ele estiverem sob a mesma frequência, a energia do sistema igual ao ângulo de incidência (i).
será aumentada, fazendo com que vibre com amplitudes cada
vez maiores. i=r
O fenômeno da ressonância é facilmente demonstrado ao
colocarmos dois diapasões idênticos no ar, quando um é posto Espelho Plano
a vibrar, naturalmente o outro poderá ser ouvido, pois iniciará
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão
uma vibração.
é totalmente plana.
5. Óptica Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados
Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos re- instrumentos ópticos.
lacionados à luz. A óptica explica os fenômenos da reflexão, Representa-se um espelho plano por:
refração e difração. N
A C
Reflexão da Luz
Reflexão é um fenômeno físico no qual ocorre a mudança da i r
direção de propagação da luz (desde que o ângulo de incidência
Ş
ŝ#-ŝŦ

Espelho plano
não seja de 90°). Ou seja, consiste no retorno dos feixes de luz
B
incidentes em direção à região de onde ela veio, após eles en-
trarem em contato com uma determinada superfície refletora.
Quando a luz incide sobre uma superfície e retorna para o
meio em que estava se propagando, dizemos que ela sofreu
As principais propriedades de um espelho plano são a si-
reflexão. A reflexão difere da refração, pois a refração consiste
metria entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte
no desvio de luz para um meio diferente do qual a luz estava se
da reflexão que acontece é regular.
propagando. A reflexão pode ser de dois tipos: reflexão regular,
quando os raios de luz incidem sobre superfícies totalmente poli- ї Construção das imagens em um espelho plano:
das, e reflexão difusa, quando os raios incidem sobre superfícies Para se determinar a imagem em um espelho plano, bas-
irregulares. Essa última é a responsável pela percepção do am- ta imaginarmos que o observador vê um objeto que parece
biente que nos cerca. estar atrás do espelho. Isso ocorre porque o prolongamento
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir do raio refletido passa por um ponto imagem virtual (PIV),
uma superfície polida, da seguinte forma: “atrás” do espelho.
N Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm
A C sempre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro
deve ser virtual, portanto, para se obter geometricamente a
imagem de um objeto pontual, basta traçar por ele, através
i r do espelho, uma reta e marcar simetricamente o ponto ima-
gem.
T
ї Translação de um espelho plano:
B Considerando a figura:

Em que:
AB = raio de luz incidente;
d1 d1
BC = raio de luz refletido; x
N = reta normal à superfície no ponto B;
T = reta tangente à superfície no ponto B;
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a ы
d2 d2
reta normal;
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta normal.
A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma
Leis da Reflexão distância “d1”do espelho, logo, a imagem aparece a uma dis-
Os fenômenos em que acontece reflexão, tanto regular tância “d1” em relação ao espelho.
quanto difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais Na parte inferior da figura, o espelho é transladado “l” para
que são: a direita, fazendo com que o observador esteja a uma distância
“d2” do espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x Espelhos Esféricos
para a direita.
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que
Pelo desenho, podemos ver que:
seja polida e possua alto poder de reflexão.
x = 2d2 - 2d1

Que pode ser reescrito como:

x = 2(d2 - d1)
É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz
Mas, pela figura, podemos ver que: parte tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a
superfície refletiva considerada for a interna, o espelho é cha-
l = d2 - d 1 mado côncavo, já nos casos em que a face refletiva é a externa,
o espelho é chamado convexo.
Logo:
espelho convexo

x = 2l

Assim, pode-se concluir que sempre que um espelho é


transladado paralelamente a si mesmo, a imagem de um ob-
jeto fixo sofre translação no mesmo sentido do espelho, mas
com comprimento equivalente ao dobro do comprimento da espelho côncavo
translação do espelho. ї Reflexão da luz em espelhos esféricos:
Se utilizarmos essa equação, e medirmos a sua taxa de Assim como para espelhos planos, as duas leis da reflexão
variação em um intervalo de tempo, podemos escrever a ve- também são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ân-
locidade de translação do espelho e da imagem da seguinte gulos de incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos,
forma: refletidos e a reta normal ao ponto incidido.
refletido
normal

incidente

Ş
ŝ#-ŝŦ
refratado
Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual
ao dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a velocidade relativa entre o observador e o espe- ї Aspectos geométricos dos espelhos esféricos:
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja:
Para o estudo dos espelhos esféricos, é útil o conhecimen-
to dos elementos que os compõe, esquematizados na figura
abaixo: FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ї Associação de dois espelhos planos


Dois espelhos planos podem ser associados, com as su- calota
perfícies refletoras se defrontando e formando um ângulo “D”
entre si, com valores entre 0° e 180°.
R
Para se calcular o número de imagens que serão vistas na as-
sociação, usa-se a fórmula: e.p.
ɲ V
C

Sendo “D” o ângulo formado entre os espelhos.

Quando a expressão for um número par, o ponto ob-


▷ C é o centro da esfera;
jeto P poderá assumir qualquer posição entre os dois espelhos.
▷ V é o vértice da calota;
Se a expressão for um número ímpar, o ponto objeto O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é cha- 639
P, deverá ser posicionado no plano bissetor de “ɲ”. mado eixo principal.
As demais retas que cruzam o centro da esfera são chama- ї Determinação de imagens:
640 das eixos secundários. Analisando objetos diante de um espelho esférico, em
O ângulo “D”, que mede a distância angular entre os dois eixos posição perpendicular ao eixo principal do espelho, podemos
secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calo- chegar a algumas conclusões importantes.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ta, é a abertura do espelho. Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos,
O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de dizemos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do
espelho. No caso de espelhos esféricos, a imagem de um ob-
curvatura do espelho. jeto pode ser maior, menor ou igual ao tamanho do objeto. A
Um sistema óptico que consegue conjugar, a um ponto imagem pode, ainda, aparecer invertida em relação ao objeto.
objeto, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os Se não houver sua inversão, dizemos que ela é direita.
espelhos esféricos normalmente não são estigmáticos, nem Nos espelhos côncavos:
aplanéticos ou ortoscópicos, como os espelhos planos. ▷ Se o objeto estiver antes do centro de curvatura, sua
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para imagem será real, invertida e menor do que o obje-
os raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma to e estará entre o centro de curvatura e o foco do
espelho;
pequena inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho
▷ Se o objeto estiver no centro de curvatura, sua ima-
com essas propriedades é conhecido como espelho de Gauss. gem será real, invertida e do mesmo tamanho do
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (in- objeto e estará no centro de curvatura do espelho;
cidência próxima do vértice e pequena inclinação em relação ▷ Se o objeto estiver entre o centro de curvatura e o
ao eixo principal) é dito astigmático. Um espelho astigmático foco do espelho, sua imagem será real, invertida e
Ş
ŝ#-ŝŦ

conjuga a um ponto uma imagem parecendo uma mancha. maior do que o objeto e estará antes do centro de
ї Focos dos espelhos esféricos: curvatura;
▷ Se o objeto estiver no foco, sua imagem não existirá;
Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que
▷ Se o objeto estiver depois do foco, sua imagem
todos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma di-
será virtual, normal e maior do que o objeto.
reção paralela ao eixo secundário passam por (ou convergem
Nos espelhos convexos:
para) um mesmo ponto F - o foco principal do espelho.
▷ As imagens são sempre virtuais, normais e meno-
res do que o objeto.
ї Equação fundamental dos espelhos esféricos:
y

F
i

o
x C F
p p’
espelho côncavo
No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio re-
fletido é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios
refletidos se originassem do foco.
Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível de-
terminar, analiticamente, a posição da imagem por meio da
equação de Gauss, que é expressa por:

ї Aumento linear transversal:


A ampliação ou aumento da imagem é dada por:

espelho convexo
Sendo o foco do espelho aproximadamente igual ao ponto
médio do centro de curvatura ao vértice do espelho, tem-se:

Ou seja:
Refração da Luz
A refração é o fenômeno que ocorre com a luz quando ela
passa de um meio homogêneo e transparente para outro meio
também homogêneo e transparente, porém, diferente do pri-
meiro. Nessa mudança de meio, podem ocorrer mudanças na
velocidade de propagação e na direção de propagação.
Refringência
▷ Meio homogêneo: é o meio no qual todos os pontos Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
apresentam as mesmas propriedades físicas, como seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
densidade, pressão e temperatura. mais refringente que a água.
▷ Meio transparente: é o meio através do qual pode- De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais
mos visualizar nitidamente os objetos. refringente que outro quando a luz se propaga por ele com
▷ Meio isotrópico: é o meio no qual a velocidade da velocidade menor que no outro.
luz é a mesma em qualquer que seja sua direção de
propagação. Leis de Refração
Observe o desenho:
Índice de Refração Absoluto
Para o entendimento completo da refração, convém a in-
Meio de incidência
Raio 1
trodução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da
radiação monocromática no vácuo e em meios materiais. Essa v .ʄ .f
1 1 ɽ1
grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio
apresentado, e é expressa por: dioptro

Ş
ŝ#-ŝŦ
ɽ2
Raio 2
Em que n é o índice de refração absoluto no meio, e c é a v2 . ʄ2 . f
velocidade da luz no vácuo (300.000.000m/s ou 3.108m/s). Meio de refração
É importante observar que o índice de refração absoluto
Em que:
nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade
possível em um meio é c, se o meio considerado for o próprio ▷ Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e compri-
vácuo. mento de onda característico;
Para todos os outros meios materiais, n é sempre maior ▷ Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e compri-
que 1. mento de onda característico; FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

▷ A reta tracejada é a linha normal à superfície;


Índice de Refração Relativo ▷ O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o
entre Dois Meios ângulo de incidência;
Chama-se índice de refração relativo entre dois meios a ▷ O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o
relação entre os índices de refração absolutos de cada um dos ângulo de refração;
meios, de modo que: ▷ A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.
Conhecendo os elementos de uma refração, podemos en-
tender o fenômeno através das duas leis que o regem.
ї 1ª Lei da Refração: diz que o raio incidente (raio 1), o raio
refratado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidência
Mas, como visto: (reta tracejada) estão contidos no mesmo plano, que, no
caso do desenho acima, é o plano da tela.
ї 2ª Lei da Refração - Lei de Snell: é utilizada para calcu-
lar o desvio dos raios de luz ao mudarem de meio, e é 641
Então, podemos escrever: expressa por:
A fórmula que determina essa distância é:
642
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

No entanto, sabemos que:


Prisma
Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face
superior e uma face inferior paralelas e congruentes (também
= chamadas de bases) ligadas por arestas. As laterais de um pris-
ma são paralelogramos.
No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma
Além de que: o elemento óptico transparente com superfícies retas e poli-
das que é capaz de refratar a luz nele incidida. O formato mais
usual de um prisma óptico é o de pirâmide com base quadran-
gular e lados triangulares.

Ao agruparmos essas informações, chegamos a uma forma


completa da Lei de Snell:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e
transparentes.
Quando essa separação acontece em um meio plano, cha- A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para sepa-
mamos, então, dioptro plano. rar a luz branca policromática nas sete cores monocromáticas
ar do espectro visível, além de que, em algumas situações, pode
refletir tais luzes.
dioptro ї Funcionamento do prisma:
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
água
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem
um índice de refração diferente, e logo, ângulos de refração di-
ferentes, chegando à outra extremidade do prisma separadas.
A figura acima representa um dioptro plano, na separação ї Tipos de prismas:
entre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e trans- ▷ Prismas dispersivos são usados para separar a luz
parentes. em suas cores de espectro.
ї Formação de imagens através de um dioptro: ▷ Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
Considere um pescador que vê um peixe em um lago. ▷ Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz
O peixe encontra-se a uma profundidade H da superfície da em componentes de variadas polaridades.
água. O pescador o vê a uma profundidade h. Conforme mos- Lentes Esféricas Convergentes
tra a figura a seguir: Em uma lente esférica com comportamento convergente,
Observador a luz que incide paralelamente entre si é refratada, tomando
direções que convergem a um único ponto.
ɽ1 Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas
Ar - meio 1 podem ser convergentes, dependendo do seu índice de re-
h Água - meio 2 fração em relação ao do meio externo.
ɽ2
H O caso mais comum é aquele em que a lente tem índice
x
de refração maior que o índice de refração do meio externo.
Nesse caso, um exemplo de lente com comportamento con-
vergente é o de uma lente biconvexa (com bordas finas):
Focos de uma Lente e Vergência
ї Focos principais:
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal
n1 objeto (F) e foco principal imagem (F’), ambos localizam-se a
sobre o eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou
seja, a distância OF é igual a distância OF’.
▷ Foco imagem (F’): É o ponto ocupado pelo foco
n1 < n2 imagem, podendo ser real ou virtual.
Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem me- ▷ Foco objeto (F): É o ponto ocupado pelo foco obje-
nor índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo to, podendo ser real ou virtual.
de lente com comportamento convergente é o de uma lente ▷ Distância focal: É a medida da distância entre um
bicôncava (com bordas espessas): dos focos principais e o centro óptico, esta medida é
caracterizada pela letra f.
▷ Vergência: Dada uma lente esférica em determina-
do meio, chamamos vergência da lente (V) a unida-
de caracterizada como o inverso da distância focal,
n1 ou seja:
n2

n1 > n2

Lentes Esféricas Divergentes A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Siste-


Em uma lente esférica com comportamento divergente, ma Internacional de Medidas é a dioptria, simbolizado por di.
a luz que incide paralelamente entre si é refratada, tomando Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja:
direções que divergem a partir de um único ponto.
Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas po-
dem ser divergentes, dependendo do seu índice de refração 1di = 1m-1
em relação ao do meio externo.
O caso mais comum é aquele em que a lente tem índice de Uma unidade equivalente à dioptria, muito conhecida por

Ş
ŝ#-ŝŦ
refração maior que o índice de refração do meio externo. Nes- quem usa óculos, é o “Grau”.
se caso, um exemplo de lente com comportamento divergente
é o de uma lente bicôncava (com bordas espessas):
1di = 1grau

Quando a lente é convergente, usa-se distância focal posi-


tiva (f > 0), e para uma lente divergente, usa-se distância focal
negativa (f < 0).
n1 Associação de Lentes FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

n2 Duas lentes podem ser colocadas de forma que funcionem


como uma só, desde que sejam postas coaxialmente, isto é,
n1 < n2 com eixos principais coincidentes. Nesse caso, elas serão cha-
Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor madas de justapostas, se estiverem encostadas, ou separa-
índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo de len- das, caso haja uma distância d separando-as.
te com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa Essas associações são importantes para o entendimento
(com bordas finas): dos instrumentos ópticos.
Quando duas lentes são associadas, é possível obter uma
lente equivalente. Esta terá a mesma característica da associa-
ção das duas primeiras.
Se a lente equivalente tiver vergência positiva, será con-
vergente, e se tiver vergência negativa, será divergente.
n1
ї Associação de lentes justapostas:
n2 Quando duas lentes são associadas de forma justaposta,
utiliza-se o teorema das vergências para definir uma lente 643
n1 > n2 equivalente.
Como exemplo de associação justaposta temos: do anteparo consiste em um dispositivo eletrônico, conheci-
644 do como CCD (Charge-CoupledDevice), que converte as in-
tensidades de luz que incidem sobre ele em valores digitais
Lente 1 Lente 2 armazenáveis na forma de Bits (pontos) e Bytes (dados). O
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

funcionamento óptico da câmera fotográfica é basicamente


E.p. equivalente ao de uma câmera escura, com a particularidade
que, no lugar do orifício, uma lente convergente é utilizada. No
fundo da câmera, encontra-se o anteparo no qual a imagem
será gravada.
Esse teorema diz que a vergência da lente equivalente à
associação é igual à soma algébrica das vergências das lentes
componentes. Ou seja:

Veq = V1 + V2

Que também pode ser escrita como:


A

B’
Ş
ŝ#-ŝŦ

0 i
0
ї Associação de lentes separadas: A’
Quando duas lentes são associadas de forma separada, B
utiliza-se uma generalização do teorema das vergências para
definir uma lente equivalente.
Um exemplo de associação separada é:
Lente 1 p p’

Lente 2

E.p.
d

Projetor
A generalização do teorema diz que a vergência da lente Um projetor é um equipamento provido de uma lente con-
equivalente à tal associação é igual à soma algébrica das ver- vergente (objetiva) que é capaz de fornecer imagens reais, in-
gências dos componentes menos o produto dessas vergências vertidas e maiores que o objeto, que pode ser um slide ou filme.
pela distância que separa as lentes. Desta forma: Normalmente, os slides ou filmes são colocados invertidos,
assim, a imagem projetada será vista de forma direta.
Veq = V1 + V2 - V1V2d

Que também pode ser escrito como:

Instrumentos Óticos Lupa


A Lupa é o mais simples instrumento óptico de observa-
Câmera Fotográfica ção. Também é chamada de lente de aumento. Uma lupa é
A câmera fotográfica é um equipamento capaz de proje- constituída por uma lente convergente com distância focal na
tar e armazenar uma imagem em um anteparo. Nos antigos ordem de centímetros, capaz de conjugar uma imagem virtual,
equipamentos, nos quais um filme deve ser posto dentro da direta e maior que o objeto.
câmera, o anteparo utilizado é um filme fotossensível capaz No entanto, esse instrumento se mostra eficiente apenas
de propiciar uma reação química entre os sais do filme e a luz quando o objeto observado estiver colocado entre o foco prin-
que incide nele. No caso das câmeras digitais, uma das partes cipal objeto e o centro óptico.
Olho Humano
O olho humano é um sistema óptico complexo, formado
por vários meios transparentes, além de um sistema fisiológico
com inúmeros componentes.
Todo o conjunto que compõe a visão humana é chamado
globo ocular.
humor vítreo conjuntiva
retina íris
Quando uma lupa é presa a um suporte, recebe a denomi- esclera cristalino
nação de microscópio simples. coróide pupila
Microscópio Composto mácula córnea
nervo ópitico humor aquoso
Um microscópio composto é um instrumento óptico com-
posto fundamentalmente por um tubo delimitado nas suas ex-
tremidades por lentes esféricas convergentes, formando uma A luz incide na córnea e converge até a retina, formando
associação de lentes separadas. as imagens.
A lente mais próxima do objeto observado é chamada Para essa formação de imagem, acontecem vários fenô-
objetiva, e é uma lente com distância focal na ordem de milí- menos fisiológicos, no entanto, para o estudo da óptica, po-
demos considerar o olho como uma lente convergente, com
metros. A lente próxima ao observador é chamada ocular, e é
distância focal variável. Sendo representado:
uma lente com distância focal na ordem de centímetros.
O funcionamento de um microscópio composto é bastan- lente
te simples. A objetiva fornece uma imagem real, invertida e
maior que o objeto. Essa imagem funciona como objeto para o córnea retina
ocular, que funciona como uma lupa, fornecendo uma imagem
final virtual, direta e maior.
Ou seja, o objeto é aumentado duplamente, fazendo com
que objetos muito pequenos sejam melhores observados.

5mm 15mm

Ş
ŝ#-ŝŦ
Tal representação é chamada olho reduzido, e traz a repre-
sentação das distâncias entre a córnea e a lente e entre a lente
e a retina, sendo a última a distância da imagem produzida em
relação a lente (p’).
Esse microscópio composto também é chamado Microscó-
pio Óptico, sendo capaz de aumentar até 2.000 vezes o objeto ї Adaptação visual:
observado. Existem também Microscópio Eletrônicos capazes Chama-se adaptação visual a capacidade apresentada
de proporcionar aumentos de até 100.000 vezes e Microscó- pela pupila de se adequar à luminosidade de cada ambiente,
pios de Varredura que produzem aumentos superiores a 1 mi- comprimindo-se ou dilatando-se. FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
lhão de vezes.
Em ambientes com grande luminosidade, a pupila pode
Luneta atingir um diâmetro de até 1,5mm, fazendo com que entre me-
Lunetas são instrumentos de observação a grandes dis- nos luz no globo ocular, protegendo a retina de um possível
tâncias, sendo úteis para observação de astros (luneta astro- ofuscamento.
nômica) ou para observação da superfície terrestre (luneta Já em ambientes mais escuros, a pupila se dilata, atingindo
terrestre). diâmetro de até 10mm. Assim, a incidência de luminosidade
Uma luneta é basicamente montada da mesma forma que aumenta no globo ocular, possibilitando a visão em tais am-
um microscópio composto, com objetiva e ocular, no entanto, bientes.
a objetiva da luneta tem distância focal na ordem de metros,
sendo capaz de observar objetos afastados. ї Acomodação visual:
As pessoas que têm visão considerada normal, emétropes,
têm a capacidade de acomodar objetos de distâncias de 25cm
em média, até distâncias no infinito visual.
ї Ponto próximo:
A primeira distância (25cm) corresponde ao ponto próxi- 645
mo, que é a mínima distância que uma pessoa pode enxergar
corretamente. O que caracteriza essa situação é que os múscu-
646 los ciliares encontram-se totalmente contraídos. ANOTAÇÕES
Nesse caso, pela equação de Gauss:
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Considerando o olho com distância entre a lente e a retina


de 15mm, ou seja, p’=15mm:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Nesse caso, o foco da imagem será encontrado 14,1mm


distante da lente.
ї Ponto remoto:
Quando a distância infinita corresponde ao ponto remo-
to que a distância máxima alcança para uma imagem focada.
Nessa situação, os músculos ciliares encontram-se totalmente
relaxados.
Da mesma forma que para o ponto próximo, podemos uti-
lizar a equação de Gauss para determinar o foco da imagem.

No entanto, é um valor indeterminado, mas se pensar-


mos que infinito corresponde a um valor muito alto, veremos
que essa divisão resultará em um valor muito pequeno, po-
dendo ser desprezado.
Assim, teremos que:

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