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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

Cada processo industrial tem suas particularidades, entretanto existem muitas semelhanças
na maneira pela qual as matérias-primas e insumos entram nas indústrias e são transformadas ou
processadas até a obtenção do produto final. Diferentes processos químicos, físicos ou biológicos
são compostos por várias etapas de processamento, chamadas OPERAÇÕES UNITÁRIAS. São
comuns a diversos processos, independentemente do tipo de indústria, produto ou matéria-prima, e
constituem a base da Engenharia Química.
Observando os processos mostrados nas figuras abaixo, podemos identificar algumas
operações em comum, tais como a filtração, que no processo Phillips para obtenção de polietileno
de alta densidade (PEAD), tem por objetivo recuperar o catalisador, no processo de tratamento de
água é utilizada para retirar impurezas que ainda estão em suspensão após a etapa de decantação.

PROCESSO PHILLIPS DE PRODUÇÃO DE PEAD

Ainda no processo Phillips, podemos identificar outras operações unitárias: centrifugação,


secagem e uma etapa de recuperação dos solventes que é a destilação.
A destilação também é utilizada para extrair as frações do petróleo como mostra a figura
abaixo, e também é utilizada na indústria de bebidas para separar o álcool. O processo de secagem
de grãos na indústria alimentícia é regido pelos mesmos fundamentos do processo de secagem do
PEAD.

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PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

DESTILAÇÃO DE PETRÓLEO

Outros exemplos podem ser citados, tais como: a secagem de grãos e outros alimentos é
similar à secagem de precipitados filtrados; a absorção do oxigênio do ar num processo
fermentativo, ou numa planta de tratamento de resíduos ou na absorção do gás hidrogênio num
processo para hidrogenação líquida de óleo. A evaporação de soluções salinas na indústria química
é similar à evaporação de soluções de açúcares na indústria de alimentos. São similares a deposição
e a sedimentação de sólidos suspensos na indústria de resíduos e mineração. O escoamento de
hidrocarbonetos líquidos numa refinaria de petróleo e o escoamento de leite numa planta de
laticínios são fundamentados no mesmo conceito.

1.1 – TIPOS DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS

A) MECÂNICAS – operações de separação de misturas heterogêneas e transporte de


fluidos são processos que envolvem transferência de quantidade de movimento. Essas operações
envolvem somente processos e propriedades físicas. Ex.: filtração, peneiramento, escoamento de
água pelas tubulações, operações de agitação e mistura etc.

B) FÍSICO-QUÍMICAS – são operações de separação de misturas homogêneas, que


envolvem a manipulação de propriedades físico-químicas, tais como: solubilidade (extração por

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solventes), ponto de ebulição (destilação), etc. Também estão inseridas nessa classificação as
operações de transferência de calor, tais como resfriamento e aquecimento de fluidos.

1.1.1 - FENÔMENOS DE TRANSPORTE FUNDAMENTAIS

A) Transferência de momento – refere-se à transferência de momento que ocorre em meios


em movimento, tais como nas operações unitárias de escoamento de um fluido, sedimentação e
mistura.
B) Transferência de calor – neste processo fundamental refere-se à transferência de calor
de um corpo para outro, ou para o ambiente. Ela ocorre nas operações unitárias de secagem,
evaporação, destilação e outras.
C) Transferência de massa – neste caso massa está sendo transferida de uma fase para uma
outra fase distinta; o mecanismo básico é o mesmo se as fases são gasosas, sólidas ou líquidas. Isto
inclui destilação, absorção, extração líquido-líquido, separação por membrana, adsorção, etc.

1.2 – OPERAÇÕES UNITÁRIAS ENVOLVENDO PROCESSOS DE SEPARAÇÃO

As principais operações unitárias que estudaremos envolvem processos de separação. Na


indústria é necessário purificar determinada matéria-prima ou produto de outras substâncias que não
são desejáveis ao processo. A escolha dessas operações depende do estado físico no qual se
encontram os componentes da mistura que se quer separar.
A DESTILAÇÃO é a operação na qual componentes de uma mistura líquida são separados
pela diferença de ponto de ebulição entre eles. É realizada num equipamento chamado torre de
destilação.
A EXTRAÇÃO POR SOLVENTES também separa misturas líquido-líquido, retirando o
soluto (líquido em menor quantidade) por contato com um solvente relativamente imiscível com a
solução. A propriedade manipulada neste caso é a solubilidade.
A FILTRAÇÃO é usada para remover sólidos de um fluido (líquido ou gás). O fluido
permeia através de uma membrana filtrante (material poroso), que retém as partículas sólidas
dispersas no fluido.
A ABSORÇÃO é usada quando se deseja remover de uma mistura gasosa um ou mais
componentes, através do contato direto com um líquido ou uma solução líquida que tem afinidade
por estes componentes e não tem com os demais. É utilizada quando se deseja minimizar perdas de
processo ou quando se deseja ajustar parâmetros ambientais de emissões. A figura abaixo mostra
um esquema de como funciona uma torre de absorção ou coluna absorvedora.

ESQUEMA DE UMA TORRE DE ABSORÇÃO OU COLUNA ABSORVEDORA

A ADSORÇÃO é usada quando se deseja remover de uma mistura de líquidos ou de gases


um ou mais componentes através do contato direto com um sólido. Nesta operação, a carga a ser
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tratada escoa através dos espaços vazios entre as partículas do sólido adsorvente, colocado no
interior do adsorvedor.
A SECAGEM é utilizada para reduzir o teor de líquido (normalmente água) de um sólido
úmido, usualmente pela recirculação de ar sobre o sólido, de modo a carrear a água em forma de
vapor.
A UMIDIFICAÇÃO é a operação inversa à de secagem. Ela pode ser usada para controlar
a umidade do ambiente, ao se promover a evaporação da água para o ar.
A EVAPORAÇÃO é usada para remoção de solvente de uma solução líquida, através de
aquecimento da solução e/ou redução da pressão de operação. A obtenção de água potável pela água
do mar pode ser feita utilizando evaporadores em série.
A CRISTALIZAÇÃO é usada quando se deseja remover da solução líquida um
componente dissolvido (soluto) em forma de cristais.

1.3 – OPERAÇÃO CONTÍNUA E DESCONTÍNUA

Uma operação contínua é aquela na qual as condições operacionais não variam com o
tempo. Diz-se que um sistema contínuo está em regime permanente ou em estado estacionário. É
utilizada para operações em grande escala.
As operações descontínuas são operações geralmente feitas em menor escala, ou quando o
processo corrosivo é muito acentuado. Neste regime, agora chamado transiente, o equipamento é
carregado com toda carga (matéria-prima) e ao final do processo é totalmente esvaziado. Essas
operações também são chamadas operações em batelada.

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CAPÍTULO 2 – SISTEMAS DE UNIDADES E ANÁLISE DIMENSIONAL

2.1 – UNIDADES E DIMENSÕES

Há alguns séculos atrás, as pessoas usavam medidas imprecisas


baseadas no corpo humano (palmo, pé, polegada, braça, etc.) para expressar
medidas. A falta de um padrão para determinar quantidades de produtos levou
o mundo a tentar padronizar unidades de medida. Em 1789 a Academia de
Ciências da França criou um sistema de medidas baseado numa "constante
natural". Assim foi criado o Sistema Métrico Decimal.
O sistema métrico decimal acabou sendo substituído pelo Système
International d’Unités, ou seja, Sistema Internacional de Unidades (SI), mais complexo e
sofisticado. No Brasil, o SI foi adotado em 1962 e ratificado pela Resolução nº. 12 de 1998 do
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), tornando seu
uso obrigatório em todo o Território Nacional.
Apesar de o SI ser o mais importante, existem outros sistemas de unidades ainda
empregados atualmente em engenharia e ciência. Um é o Sistema Inglês pé (ft)-libra (lb)-segundo
(s), ou fps, e o sistema centímetro (cm)-grama (g)-segundo (s): Sistema cgs.

2.1.2 – SISTEMA SI DE UNIDADES

Vantagens obtidas com o uso do SI:

A) UNICIDADE – existe uma e apenas uma unidade para cada quantidade física (ex: o
metro para comprimento, o quilograma para massa, o segundo para tempo, e assim por diante). É a
partir destas unidades, chamadas fundamentais, que todas as outras são derivadas.

B) UNIFORMIDADE – elimina confusões desnecessárias no uso dos símbolos.

C) RELAÇÃO DECIMAL ENTRE MÚLTIPLOS E SUB-MÚLTIPLOS: a base 10 é


conveniente para o manuseio da unidade de cada quantidade física e o uso de prefixos facilita a
comunicação oral e escrita.

D) COERÊNCIA: evita interpretações errôneas.


As quantidades básicas usadas no sistema SI são as seguintes: a unidade de comprimento é o
metro (m); a unidade de tempo é o segundo (s); a unidade de massa é o quilograma (kg); a unidade
de temperatura é o kelvin (K); e a unidade de um elemento é o quilograma mol (kg mol). As outras
unidades padrão são derivadas destas quantidades básicas.

UNIDADES DE BASE DO SI
GRANDEZA E SÍMBOLO DIMENSÃO UNIDADE UNIDADE
(por extenso) (Símbolo)
Comprimento (L) L metro m
Massa (M) M quilograma kg
Tempo (t) T segundo s
Corrente elétrica I ampere A
Temperatura (T) - kelvin K
Quantidade de matéria - mole mol

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UNIDADES DERIVADAS DO SI
GRANDEZA E DIMENSÃO UNIDADE UNIDADE
SÍMBOLO (por extenso) (símbolo)
Área (A ou S) L² metro quadrado m²
Volume (V) L³ metro cúbico m³
Freqüência (f ou ν) T-1 hertz Hz
-1
Velocidade (v) LT metro por segundo m/s
-2
*Aceleração (a) LT metro por segundo ao quadrado m/s²
-3
Massa específica (ρ) ML quilograma por metro cúbico kg/m³
-1
Vazão (Q) L³T metro cúbico por segundo m³/s
-2
Força (F) LMT Newton (kg m/s²) N
**Pressão (p) L-1MT-2 Pascal (N/m²) Pa
-2
Trabalho, Energia (W) L²MT joule (kgm²/s²) J
Potência (P) L²MT-3 Watt (joule/segundo) W
Carga elétrica (Q) TI coulomb C
-3 -1
Tensão elétrica, ddp, L²MT I volt V
f.e.m. (V)
Resistência elétrica (R) L²MT-3I-1 ohm Ω
Viscosidade (μ) L-1MT-1 quilograma por metro . segundo Kg/(m s)
*A aceleração padrão da gravidade é definida como g = 9,80665 m/s2.
**Pressão em atmosfera (atm) não é um padrão SI mas está sendo usada durante o período de transição.

Algumas unidades são usuais para certas grandezas e são utilizadas independentemente do
sistema de unidades adotado:
Volume === Litros (l ou L)
Massa === tonelada (t) [ton não é correto]
Tempo === minuto (min), hora (h) e dia
Pressão === atmosfera (atm)
Energia === caloria (cal)

ATENÇÃO!!!
- Os nomes das unidades só vão para o plural quando são escritos
por extenso e quando a quantidade expressa é maior do que 2.
Exemplos: 0,3 metro ou 0,3 m; 1,3 ampere ou 1,3 A; 2,3 metros
ou 2,3 m.
- Os símbolos que são formados por produtos devem ter apenas um
espaço entre os símbolos. Quando esse espaço não existe, indica que o
prefixo é um submúltiplo.
Exemplos: 17 N m (newton por metro) ≠ 17 nm (nanômetros).
Alguns dos prefixos padrão para múltiplos e submúltiplos das
unidades básicas são os seguintes: giga (G) = 10 9, mega (M) = 106, kilo
(k) = 103, centi (c) = 10-2, mili (m) = 10-3, micro (μ) = 10-6 e nano (n) = 10-9.

2.1.3 – ESCALAS DE TEMPERATURA

Há duas escalas de temperatura em uso comum nas indústrias químicas e biológicas. Estas
são os graus Fahrenheit (abreviado ºF) e Celsius (abreviado ºC). Freqüentemente é necessário fazer
a conversão de uma escala para a outra. Ambas utilizam como pontos base o ponto de fusão e o
ponto de ebulição da água a pressão de 1 atmosfera. Usualmente, as temperaturas são expressas
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como graus absolutos K (padrão SI) ou graus Rankine (ºR) ao invés de ºC ou ºF. A tabela a seguir
mostra as equivalências das quatro escalas de temperatura.

Escalas e Equivalentes de Temperatura


FAHRENHEIT KELVIN RANKINE CELSIUS
Água em ebulição 212ºF 373,15 K 671,7ºR 100ºC
Fusão do gelo 32ºF 273,15 K 491,7ºR 0ºC
Zero absoluto -459,7ºF 0K 0ºR -273,15ºC

A diferença entre o ponto de ebulição da água e o ponto de fusão do gelo a 1 atm é de 100ºC
ou 180ºF. Então, uma alteração de 1,8ºF é igual a uma de 1ºC. Comumente, o valor de -273,15ºC é
arredondado para -273,2ºC e o de -459,7ºF para -460ºF. As seguintes equações podem ser usadas
para realizar a conversão de uma escala para a outra.

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ºF = 32 + 1,8(ºC) ºC   º F  32 ºR = ºF + 460 K = ºC + 273,15
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2.1.4 – CONVERSÃO DE UNIDADES

A – SISTEMA CGS X SI

O sistema cgs é relacionado ao sistema SI como se segue:


1 g de massa (g) = 1 x 10-3 kg de massa (kg)
1 cm = 1 x 10-2 m
1 dina (dyn) = 1 g · cm/s2 = 1 x 10-5 newton (N)
1 erg = 1 dyn · cm = 1 x 10-7 joule (J)
A aceleração padrão da gravidade é g = 980,665 cm/s2.

B – SISTEMA INGLÊS X SI
O sistema inglês é relacionado ao sistema SI como se segue:
1 lb de massa (lbm) = 0,45359 kg
1 ft = 0,30480 m
1 lb força (lbf) = 4,4482 newtons (N)
1 ft · lbf = 1,35582 newton · m (N · m) = 1,35582 joules (J)
1 psia = 6,89476 x 103 newton/m2 (N/m2)
1,8ºF = 1 K = 1ºC (centígrado ou Celsius)
A aceleração padrão da gravidade é g = 32,174 ft/s2

C – OUTRAS CONVERSÕES IMPORTANTES

PRESSÃO 1 atm = 1,01 x 105 Pa


1 bar = 1 x 105 Pa
760 mmHg = 1 atm

VISCOSIDADE 1 cP = 10-3 kg/(m s) = 10-3 Pa.s


1 lb/(ft s) = 1,49 kg/(m s)

FORÇA 1 kgf = 9,8 N

ENERGIA 1caloria = 4,1868J

2.1.5 – INTERPOLAÇÃO

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Quando se deseja usar um valor tabelado correspondente a um outro que não está na tabela
(e sim entre outros dois valores), deve-se utilizar o recurso da interpolação para aumentar a exatidão
do resultado.
Por exemplo, analise a tabela que se segue:

Pressão de Vapor da Água


Temperatura (ºC) Pressão de vapor (mm de Hg)
10 9,21
20 17,54
(23) x
25 23,76
30 31,82

Imagine que se precise, em algum problema, da pressão de vapor da água a 23ºC,


representada na tabela por x. Assim, utiliza-se a interpolação da seguinte maneira:
25  20 23,76  17,54

23  20 x  17,54
e efetua-se a regra de três, encontrando x = 21,29 mm Hg.

ATENÇÃO!!!
Não se esqueça que em textos e tabelas em inglês a vírgula e o ponto são usados
da forma oposta em relação ao português. Ou seja, a divisão entre a parte inteira e a
decimal do número é feita com ponto em inglês e com vírgula em português. Por
exemplo, dez e meio escreve-se 10.5 em inglês e 10,5 em português.
Não custa nada relembrar!

2.2 – ANÁLISE DIMENSIONAL

O valor de qualquer magnitude física é expressa como o produto de dois fatores: o


valor da unidade e o número de unidades, como já vimos anteriormente. A dimensão expressa o
significado físico da grandeza medida e, portanto serve como ponto de partida para expressar essa
grandeza em qualquer sistema de unidades.
Para resolução de problemas faremos uma abordagem em que as unidades, tais como
centímetro, metro, grama ou segundo são tratadas como quantidades algébricas.

2.2.1 – CONVERSÃO DE UNIDADES UTILIZANDO ANÁLISE DIMENSIONAL

Podemos relacionar quantidades na mesma dimensão, ou seja, comprimento com


comprimento, tempo com tempo, etc, utilizando o que se convencionou chamar de fator unitário ou
fator de conversão. O fator unitário consiste na razão entre duas quantidades equivalentes. Veja o
exemplo abaixo:

1 polegada (in) 2,54 cm

A razão entre essas quantidades vale 1, pois representam o mesmo comprimento. Assim,
podemos representar os fatores unitários como:

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 1in   2,54cm 
 ou  
 2,54cm   1in 
 1in  53,4in
Exemplo: 53,4 cm equivalem a quantas polegadas? 53,4cm     21in
 2,54cm  2,54
Observe que cm/cm desaparece na equação, ficando somente a polegada como unidade.

2.2.2 – HOMOGENEIDADE DIMENSIONAL

Uma equação não pode ser verdadeira se não for dimensionalmente homogênea. Deve-se
entender que as dimensões de um membro da equação devem ser iguais às dimensões do outro
membro.
Obs.: o princípio da homogeneidade é só uma das condições para que uma equação seja
considerada verdadeira.
Da matemática sabemos que só podemos somar quantidades que representem a mesma
dimensão, ou seja: metro com metro, cm com cm, erg com erg, e assim sucessivamente.
Exemplo:
F=m.a
Força = massa . aceleração
m
N  kg  2
s

F
p
A
Pressão = Força / área

N kg
Pa  ou Pa 
m 2
m  s2

2.2.3 – PREVISÃO DE FÓRMULAS

A análise dimensional é um poderoso instrumento auxiliar na previsão de fórmulas. Veja o


exemplo.
Um estudante, fazendo experiências num laboratório, verifica que o período de oscilação de
um pêndulo simples depende do comprimento do fio (i) e do módulo da aceleração da gravidade
(g). Ele concluiu então que:
Período  k  i a  g b , onde k (constante adimensional que depende da natureza do fio)
Podemos determinar os valores dos expoentes a e b através da análise dimensional.
Resolução:
Representação dimensional da: T  La   LT 2  ou seja T  La  Lb  T 2b
b

Para descobrir os valores de a e b, precisamos comparar os expoentes de ambos os


membros, lembrando o princípio da homogeneidade dimensional. É só igualar os expoentes de
ambos os membros primeiro em termos de T e depois em termos de L.
Expoentes de T  1 = -2b  b = - ½
Expoentes de L  0 = a + b  a = -b  a = ½
i
Temos então a expressão: Período  k  i 0,5  g 0,5  Período  k
g

CAPÍTULO 3 – FLUIDOS NA INDÚSTRIA

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3.1 – DEFINIÇÃO DE FLUIDO

É uma substância que não apresenta forma própria e estando em repouso não resiste a
esforços tangenciais, por menores que estes se apresentem, o que equivale a dizer que se deforma
continuamente.
Os estados possíveis de um fluido são: o estado líquido, o estado gasoso e o estado vapor.
Entretanto, alguns sólidos finamente divididos (na forma de pó) podem se comportar de maneira
análoga a um fluido.
O estado gasoso é aquele no qual o fluido encontra-se acima de sua temperatura crítica, e
suas propriedades são intermediárias entre as do líquido e do vapor. Os fluidos que se encontram
acima de sua temperatura crítica são também chamados de fluidos supercríticos.
De um modo geral, a nossa atenção estará voltada para obtenção de propriedades físicas dos
fluidos. Assim, poderemos manipular o fluido da maneira que nos for mais conveniente.

3.1.1 – Reologia
Reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento da matéria. A preocupação
com o aspecto da fluência da matéria remonta um passado distante da história quando se utilizavam
conceitos primários através da percepção das diferenças de textura e viscosidade de materiais, uns
resistindo mais à fluência que outros.
Atualmente é um conceito primordial na indústria de petróleo, na qual o escoamento de
fluidos em dutos é importantíssimo para o transporte de produtos, bem como na indústria de
alimentos, onde o conceito de textura e as propriedades reológicas devem ser determinados para
cada alimento e com isso pode-se então melhorar as características do mesmo.
Reômetro – é um aparelho capaz de medir os níveis de tensão e de deformação dos diversos
materiais. É utilizado para concreto, borracha, etc., visando à determinação da resistência mecânica.

3.1.2 – Fluido Como Meio Lubrificante

Para um corpo deslizar sobre outro, deve-se vencer uma força adversa denominada: força de
atrito. Apesar de o atrito apresentar uma série de aspectos positivos, já que sem o mesmo seria
impossível andar, ou até mesmo frear um automóvel, em muitas outras aplicações ele é indesejável,
pois se gasta certa quantidade de energia para vencê-lo, o que implica em perda, tanto da potência
como do rendimento do sistema. Além disto, sabemos que o atrito pode acarretar em aumento da
temperatura das partes que se encontram em contato, podendo até mesmo originar uma fusão das
mesmas.
É preciso controlar o atrito, aumentá-lo onde o mesmo é necessário e reduzi-lo onde for
inconveniente. Desejando reduzi-lo, recorremos à lubrificação, que consiste em introduzir uma
película fluida com a finalidade de transformar o atrito sólido x sólido em sólido x fluido.
Lubrificar é aplicar uma substância (lubrificante) entre duas superfícies em movimento
relativo, formando uma película, que evita o contato direto entre as superfícies, promovendo
diminuição do atrito, e conseqüentemente do desgaste e da geração de calor.
Todos os fluidos, de certo modo, são lubrificantes, sendo que alguns apresentam melhor
desempenho do que outros. A escolha adequada de um fluido lubrificante é responsável por uma
boa eficiência ou não do funcionamento do sistema.
Certos derivados do petróleo mostraram ser excelentes fluidos lubrificantes, já que:
• apresentam elevada capacidade de umectação;
• apresentam capacidade de aderência, o que permite a formação de um filme deslizante
protetor das partes móveis;
• resistem às constantes tentativas do calor e do oxigênio de alterarem suas propriedades;
• removem calor dos componentes internos do equipamento.
3.2 – VISCOSIDADE DE FLUIDOS

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A viscosidade é a propriedade que determina o grau da resistência do fluido a uma força
cisalhante.

3.2.1 – Lei da Viscosidade de Newton


O experimento de Newton: sejam duas lâminas paralelas, distantes y entre si
conforme figura abaixo, entre as quais existe um fluido. Considera-se a placa inferior fixa e na placa
superior, de área S, é aplicada uma força tangencial F que faz a camada fluida em contato com a
mesma se deslocar com uma velocidade v.

Experimento de Newton

A tensão cisalhante  (razão entre a força F e a área S em que ela se aplica) numa interface
tangente à direção do escoamento é proporcional à variação de velocidade v na direção y normal à
interface. Matematicamente:
F d
  
S dy

Viscosidade Absoluta ou Dinâmica () – é definida na equação de Newton, como:

F d
 
A V
Onde: d = distância entre duas placas
V = velocidade
S = área da placa
F = Força aplicada

A unidade de viscosidade dinâmica no SI, como já foi dito no capítulo anterior, é o Pa.s. O
poise (P) corresponde a 0,1 Pa.s.

Viscosidade Cinemática () – é definida como a relação entre a viscosidade absoluta () e
a massa específica do fluido (ρ), ambas a mesma temperatura e pressão. Ela foi criada para
determinação da viscosidade cinemática, de fluidos newtonianos, com maior simplicidade.

 ML1T 1 L2
v dimensionalmente representada como:  L2 1
T 
 ML3 T

A viscosidade cinemática tem como unidade no SI o m²/s, entretanto industrialmente utiliza-


se o centistokes (cSt), que equivale a 10-6 m²/s.

3.2.2 – Influência da Temperatura e da Pressão na Viscosidade

A) Gases

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Nos gases a resistência à deformação se dá devido à transferência de quantidade de
movimento molecular. Como o movimento molecular aleatório dos gases aumenta com a
temperatura, a viscosidade também aumenta.
Entretanto, Maxwell desenvolveu o conceito de viscosidade para fluidos reais e verificou
que a viscosidade dos gases é independente da pressão.

B) Líquidos
No caso dos líquidos, onde as moléculas estão mais unidas umas às outras, a resistência à
deformação é controlada pelas forças coesivas entre as moléculas, que decrescem com o aumento
de temperatura fazendo com que a viscosidade diminua.
Em relação à pressão, os líquidos só têm sua viscosidade alterada a pressões elevadas. Ex.:
 H 2O  1 cP a 1 atm e  H 2O  2 cP a 1000 atm.

3.2.3 – Viscosímetros
Os viscosímetros são aparelhos que permitem a determinação da viscosidade dos fluidos.
Tais aparelhos podem ser baseados nos seguintes princípios:
 O tempo de passagem de um determinado volume do fluido
através de tubos capilares; (Figura ao lado)
 Velocidade de queda de uma esfera, cuja massa e diâmetro
são conhecidos, através de um líquido;
 O decréscimo das oscilações amortecidas de um pêndulo de
torção submerso no fluido em estudo.

3.3 – CLASSIFICAÇÃO DE FLUIDOS

3.3.1 – Em Relação à Lei de Newton


Fluidos Newtonianos – aqueles que obedecem à lei de Newton da viscosidade, ou seja,
aqueles em que a tensão cisalhante aplicada é diretamente proporcional à taxa de deformação.
Exemplos: água, óleos lubrificantes, glicerina, ar, gasolina, etc.
Fluidos não Newtonianos – aqueles que não obedecem à lei de Newton da viscosidade.
Exemplos: sangue, asfalto, pasta de dente, etc.

3.3.2 – Em Relação à Massa Específica


Fluidos Incompressíveis – são aqueles que para qualquer variação de pressão, a variação de
seu volume e de sua temperatura é desprezível (ρ = constante).
Fluidos Compressíveis – são aqueles que para qualquer variação de pressão ocorrem
variações sensíveis tanto de seu volume quanto de sua temperatura (ρ não é constante).

3.4 – ESCOAMENTO DE UM FLUIDO

Durante um processo, muitos fluidos são transportados (pós e pequenas partículas são
manuseados como fluidos). Os gases seguem as mesmas leis dos líquidos e, para fim de cálculos,
eles são tratados como fluidos compressíveis. O estudo dos fluidos é de grande importância nas
indústrias de processos. É dividido em estática de fluidos (fluidos estacionários) e dinâmica de
fluidos (fluidos em movimento).
Uma propriedade dos líquidos estáticos é a pressão que eles exercem sobre o tanque ou
recipiente. A pressão é relacionada à densidade do líquido e à altura de líquido dentro do recipiente.
Os líquidos na base do tanque estão sob maior pressão do que na superfície. Isto é importante
quando se projeta um tanque de armazenamento ou de processamento. Uma grande pressão

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hidrostática também afeta o ponto de ebulição dos líquidos, o que é importante no projeto de
equipamentos de evaporação.
Quando um fluido escoa através de um equipamento de processamento há perdas por fricção
e mudanças nas energias potencial e cinética e na pressão. A energia é adicionada por bombas, com
intuito de compensar essas perdas ou de movimenta-los a níveis mais elevados, ou pelo
aquecimento do fluido, que causa uma maior agitação das moléculas e muitas vezes facilita o
escoamento de fluidos muito viscosos.

3.4.1 – Princípio de Aderência

“As partículas fluidas em contato com uma superfície sólida apresentam a velocidade da
superfície”. Ou seja, formam uma película que fica aderida às paredes da tubulação, e esta camada é
chamada camada limite, ou camada estacionária.

3.4.2 – Tipos de Escoamento de Fluidos

Em qualquer sistema no qual um fluido escoa, há formação de uma camada estacionária


próxima à superfície sobre o qual o fluido escoa. A espessura da camada estacionária é influenciada
por diversos fatores, incluindo velocidade, viscosidade, densidade e temperatura do fluido. Fluidos
com baixa vazão ou alta viscosidade podem se dispor em uma série de camadas que se movem
umas sobre as outras sem se misturarem.
Isto produz o movimento do fluido em um escoamento simples, chamado escoamento
laminar. Em uma tubulação, a velocidade do fluido varia de zero, junto à superfície do tubo até v no
centro do tubo, onde a velocidade é maior.
Acima de certa vazão, que é determinada pela natureza do fluido e da tubulação, as camadas
de líquido se misturam e estabelece-se o escoamento turbulento.

Escoamento de Fluido: (a) distribuição de velocidade e camadas estacionárias; (b) escoamento


laminar; (c) escoamento turbulento.

Camadas
estacionárias

Escoamento
Laminar

Escoamento
Turbulento

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Intuitivamente, a turbulência pode ser entendida como o movimento caótico dos fluidos -
seja ele a poeira cósmica interestrelar em galáxias espirais, atmosferas gasosas planetárias, ou água
fluindo através de uma torneira.

Torneira Galáxia espiral

A existência dos escoamentos laminar e turbulento pode ser mais facilmente visualizada
pelos experimentos de Reynolds, mostrados na figura abaixo. Usou-se um tubo transparente onde
um fluxo de água controlado passava por uma válvula. Um corante foi introduzido no fluxo através
de um “fio” fino. Em baixas vazões de água o perfil do corante era regular e formava uma linha fina
(figura a). Não havia mistura lateral do fluido. Porém notou-se que o perfil se tornava errático
quando a velocidade era aumentada (figura b).

Experimentos de Reynolds
corante

água laminar

água turbulento

Para que se pudesse determinar o tipo de escoamento realizado por um fluido, sem precisar
repetir os experimentos de Reynolds, foi criado um grupo adimensional denominado número de
Reynolds (Re).
Dv
Re 

Onde: D é o diâmetro da tubulação em metros;
v é a velocidade média em m/s;
 é a densidade do fluido em kg m-3;
e  é a viscosidade do fluido kg m-1 s-1.

Para uma tubulação reta e de seção circular, um número de Reynolds menor que 2100
descreve o escoamento laminar e um número de Reynolds maior que 4000 descreve o escoamento
turbulento. Para números de Reynolds entre 2100 e 4000 o fluido tem um escoamento transitório,
que pode ser laminar ou turbulento em tempos distintos. Estas diferentes características de
escoamento têm importantes implicações para as operações de transferência de calor e de mistura; o
escoamento turbulento produz camadas estacionárias mais finas, as quais permitem maiores taxas

14
de transferência de calor. O número de Reynolds pode ser usado para determinar a potência
necessária para bombas e misturadores.
No escoamento turbulento as partículas do fluido movem-se em todas as direções e os
sólidos são mais retidos em suspensão. Isto reduz a formação de depósitos nos trocadores de calor.
Sob turbulência o fluido ganha energia cinética desordenada, que causa maiores perdas por
fricção do que o escoamento laminar e, portanto, requer maior potência das bombas. A perda de
pressão em tubulações é determinada por uma série de fatores incluindo a densidade e a viscosidade
do fluido, e o comprimento e o diâmetro da tubulação.

Exercício 1:
Dois fluidos, leite e óleo, são escoados através de tubos de mesmo diâmetro (5 cm) a 20ºC e
a mesma velocidade de 3 m s-1. Determine se o fluxo é laminar ou turbulento em cada fluido.
(Dados: leite = 2,10 x 10-3 Pa.s e leite = 1030 kg m-3; óleo = 118 x 10-3 Pa.s e óleo = 900 kg m-3.)

Exercício 2:

Água a 303 K é escoada a uma velocidade de 0,957 ft/s em um tubo que possui diâmetro
interno de 2,067 in. Calcule o número de Reynolds usando o sistema inglês. (Dados: 7,481 gal = 1
ft3; 1ft = 12 in; água a 303 K = 62,2 lbm/ft3;  água a 303 K = 5,38 x 10-4 lbm/ft · s.)

3.5 – OUTRAS PROPRIEDADES FÍSICAS IMPORTANTES DOS FLUIDOS

3.5.1 – Densidade Absoluta (Massa Específica) e Densidade Relativa:

A densidade absoluta ou massa específica (ρ) é uma grandeza com a qual nós químicos
estamos habituados a trabalhar. É a massa por unidade de volume (dimensão = ML-3).
Usa-se a densidade relativa (δ) em alternativa à massa específica ρ do fluido à pressão p e
temperatura T de operação. Para gases e líquidos ela assume expressões diferentes.

Para líquidos
 ( p ,T ) dolíquido
 
 Tref daágua

Na literatura americana onde existem muitas referências para produtos de petróleo, o valor
de ρ da água é 999,08 kg/m³, medido a 60°F (15,56°C). Assim, a partir dessas referências, a massa
específica de um líquido pode ser calculada conhecendo sua densidade relativa:

ρ (p,T) do líquido, em kg/m³ = δ . 999,08

15
Valores de Massa Específica de Algumas Substâncias

Também na indústria de petróleo, comumente utiliza-se como unidade de massa específica o


°API (densidade API), que é uma escala em graus dada por números inteiros:
141,5
  131,5
 60
60 F

Onde  60 representa a densidade relativa medida a 60°F e referenciada pela água também a 60°F.
60 F

Para gases

Densidade relativa real: razão entre massa específica do gás e do ar na mesma T e p.


 ( p ,T ) gás
 
 ( p ,T ) ar
Densidade relativa ideal: razão entre massa molecular do gás e do ar.
M gás
 
M ar

3.5.2 – Volume Específico e Volume Molar

Volume molar é uma grandeza com a qual já estamos habituados a lidar. Representa a razão
entre o volume ocupado por 1 mol de determinado fluido. Entretanto determinar o mol de
determinadas misturas complexas pode dar um pouco de trabalho, por isso às vezes se utiliza a
grandeza volume específico para facilitar os cálculos.
Volume específico é o contrário da massa específica. Representa a razão entre o volume
ocupado por um fluido por unidade de massa, que no SI é 1 kg.
Vocupado
 
kg
3.5.3 – Peso Específico (γ)

O peso específico é dado pelo produto da massa específica do fluido pela aceleração da
gravidade.
γ=ρ.g

3.5.4 – Pressão

Pressão atmosférica ou barométrica: é a pressão que a atmosfera exerce sobre a superfície da


Terra. Quanto maior a coluna de ar maior a pressão.
Pressão Absoluta: é a medida de pressão a partir do vácuo absoluto.

16
Pressão Relativa ou manométrica: é a medida de pressão em relação à pressão
atmosférica, tomada como referência. É a medida que usamos em manômetros etc.
Pressão Negativa ou Vácuo: é quando um sistema tem pressão relativa menor que a
atmosférica.

Os manômetros (medidores de pressão) utilizam a pressão atmosférica como referência,


medindo a diferença entre a pressão do sistema e a pressão atmosférica. Tais pressões chamam-se
pressões manométricas. A pressão manométrica de um sistema pode ser positiva ou negativa,
dependendo de estar acima ou abaixo da pressão atmosférica. Quando o manômetro mede uma
pressão manométrica negativa, ele é chamado de manômetro de vácuo.

Pressão do ar em várias altitudes:


 Nível de mar – 14,7 psi
 10.000 pés – 10,2 psi
 20.000 pés – 6,4 psi
 30.000 pés – 4,3 psi
 40.000 pés – 2,7 psi
 50.000 pés – 1,6 psi

Muitas vezes no nosso dia-a-dia utilizamos as unidades erradas para expressar determinadas
grandezas. Um bom exemplo é ilustrado na tirinha abaixo. Nela, a pressão de ar que é colocado
num pneu, é expressa em libras. Qual deve ser a unidade correta para este caso?

(http://www.cbpf.br/~caruso/tirinhas/index.htm)

Pressão hidrostática: é a pressão p exercida pelo fluido na base da coluna.

p hidrostática = ρ.g.h

Onde: h = altura da coluna de líquido


 = massa específica do fluido
g = aceleração da gravidade

17
3.6 - ESTÁTICA DOS FLUIDOS APLICADA

3.6.1 – Teorema de Stevin

“A diferença entre as pressões em dois pontos


considerados no seio de um líquido em repouso (pressão no
ponto mais profundo e a pressão no ponto menos profundo) é
igual ao produto do peso específico pela diferença de altura
entre dois pontos”. Ou seja:

 p = . g . h ou  p = γ . h

Assim, todos os pontos situados na mesma altura que A neste recipiente, estão submetidos a
uma pressão igual. Tem-se então, planos paralelos no líquido, onde os pontos estão submetidos a
mesma pressão.

A pressão aumenta com a profundidade. Para pontos


situados na superfície livre, a pressão correspondente é igual à
exercida pelo gás ou ar sobre ela. Se a superfície livre estiver ao
ar atmosférico, a pressão correspondente será a pressão
atmosférica, patm.

Exercício 1:
Temos um mergulhador estacionado a 10 m de profundidade. No mesmo nível em que se
encontra existe uma gruta que encerra ar. Calcule a pressão a que se acha submetido o mergulhador.
Considere: ρágua = 1.000 kg/m3 ; g = 9,8 m/s2 e patm = 105 N/m2 .

A figura ao lado representa um


manômetro de tubo em U aberto.
Pela diferença de níveis do líquido
nos dois ramos do tubo em U,
mede-se a absoluta do sistema.
Escolhendo os dois pontos A e B
mostrados na figura.
pA = pB (pelo teorema de Stevin)
pB = patm + ρ . g . h

Exercício 2:
A figura acima representa um balão contendo gás, conectado a um tubo aberto com
mercúrio. Se a pressão atmosférica local é a normal (760 mm Hg) e a altura h = 24cm, determine a
pressão do gás, em Pa. (Hg = 13.600 kg/m³)

18
Observação: Quando medimos a pressão através de um tubo em U aberto, estamos medindo
a pressão absoluta, e quando a extremidade do tubo é fechada medimos a pressão relativa ou
manométrica.

3.7 – HIDRODINÂMICA

3.7.1 – Equação da Continuidade

Na figura abaixo mostramos o fluxo de massa (ou vazão) que passa por uma seção
transversal de um tubo. Ele é dado por m/ t, onde m é a quantidade de massa que passa pela
seção transversal A, por unidade de tempo t.

m
Q   vazão mássica
t
m

A quantidade de volume de fluido que passa pela área A é, V = A.L . Mas, como L =
v.t, temos que m = .V = A.v .t. Logo,

m
Q   Av Qv = vazão volumétrica = A.v
t
m

Onde: v = velocidade do fluido, A = área da seção transversal do tubo e  = massa específica


do fluido.

Mas, e se a área A muda de uma seção para a outra? A figura abaixo mostra os novos
parâmetros entram em nosso cálculo.

19
Temos que no ponto 1 , m1= 1 A 1 v1 t , e no ponto 2, m2= 2 A 2 v2 t . Não estamos
criando nem destruindo massa. Logo, a massa m1 que flui para uma região deve ser igual à massa
m2 que sai da região. Isto é, m1= m2 . Ou seja, 1 A 1v1 t = 2 A 2 v2 t , ou 1 A 1v1 = 2 A 2
v2 , ou
 A v = constante .

No caso em que a massa específica do fluido é constante, a equação de continuidade será


dada por:

A v = constante

A equação da continuidade é utilizada somente em escoamentos em regime permanente, ou


seja, para escoamentos nos quais a vazão é constante.

Exercício 1:
Uma mangueira de diâmetro de 2 cm é usada para encher um balde de 20 litros.
a) Se leva 1 minuto para encher o balde. Qual é a velocidade com que a água passa pela
mangueira?
b) Um brincalhão aperta a saída da mangueira até ela ficar com um diâmetro de 5 mm, e
acerta o vizinho com água. Qual é a velocidade com que a água sai da mangueira?

3.7.2 - Escoamento de um Fluido Ideal (equação de Bernoulli)

A energia potencial da água muda enquanto ela se move. Enquanto que a água se move, a
mudança na energia potencial é a mesma que aquela de um volume V que se movimentou da
posição 1 para a posição 2. Logo, temos que:

Para o escoamento sem atrito de um fluido ideal, vale a equação desenvolvida por Daniel
Bernoulli:

20
p1 +  g h1+ ½  v12 = p2 +  g h2 + ½  v22

Onde: h = altura em relação a um plano de referência, p = pressão,  = massa específica, v =


velocidade do fluido e g aceleração da gravidade.

Esta igualdade é a lei da conservação da energia aplicada ao escoamento. Desde que este
ocorre sem atrito, não há troca de energia com o meio e a energia total do fluido permanece
constante.
As parcelas têm dimensão de comprimento e podem ser entendidas como alturas, em relação
a um plano de referência, representativas das formas de energia presentes no escoamento:
.g.h = energia potencial da massa do fluido.
v2 / (2 g) energia cinética devido à velocidade adquirida.

A equação de Bernoulli implica que, se um fluido estiver escoando em um estado de fluxo


contínuo, então a pressão depende da velocidade do fluido. Quanto mais rápido o fluido estiver se
movimentando, tanto menor será a pressão à mesma altura no fluido.
Esta é uma equação muito utilizada para determinar perda de carga (queda de pressão em
função da diferença de altura no escoamento).

Exercício 1:
A água escoa dentro de um tubo, como mostra a figura abaixo, com uma taxa de escoamento
de 0,10 m 3 /s . O diâmetro no ponto 1 é 0,4 m. No ponto 2, que está 3,0 m acima do ponto 1, o
diâmetro é 0,20 m. Se o ponto 2 está aberto para a atmosfera, determine a diferença de pressão
entre o ponto 1 e o ponto 2.

Aplicações da equação de Bernoulli:

Aviões: A asa de um avião é mais curva na parte de cima. Isto faz com que o ar passe mais
rápido na parte de cima do que na de baixo. De acordo com a equação de Bernoulli, a pressão do ar
em cima da asa será menor do que na parte de baixo, criando uma força de empuxo que sustenta o
avião no ar.

Vaporizadores: Uma bomba de ar faz com que o ar seja empurrado paralelamente ao


extremo de um tubo que está imerso em um líquido. A pressão nesse ponto diminui, e a diferença de
pressão com o outro extremo do tubo empurra o fluido para cima. O ar rápido também divide o
fluido em pequenas gotas, que são empurradas para frente.

Chaminé: O movimento de ar do lado de fora de uma casa ajuda a criar uma diferença de
pressão que expulsa o ar quente da lareira para cima, através da chaminé.

Medidores de velocidade de um fluido: Conhecendo a densidade do fluido do medidor, a


diferença de pressão, P-P0 é determinada. Da equação de Bernoulli, a velocidade do fluido dentro
do tubo, v, pode ser determinada.

21
CAPÍTULO 4 – CALOR

Todos os corpos possuem energia interna. Esta energia interna está de certa maneira
armazenada nos corpos e se origina do movimento vibracional dos átomos e moléculas que formam
a matéria. Nos sólidos as moléculas não se locomovem de um lado para outro do material, somente
vibram. No caso dos líquidos e gases, as moléculas conseguem se deslocar com maior facilidade,
além de vibrarem também. Quanto maior a vibração, maior será a sua temperatura.

TEMPERATURA – é uma grandeza física que mede o nível de agitação das partículas
(átomos e moléculas), ou seja, a energia térmica associada a esse movimento.

CALOR – é a energia térmica que flui espontaneamente de um corpo mais quente para um
corpo mais frio. Essa energia é quantificada através de medições de temperatura. É importante
notar, que nenhum corpo pode armazenar calor. O que pode acontecer é um corpo ceder e outro
receber certa quantidade de calor. A figura abaixo mostra as mudanças de fase da água em termos
de temperatura e calor.

MUDANÇAS DE FASE DA ÁGUA COM AQUECIMENTO

CALOR LATENTE – esta propriedade está relacionada com a quantidade de calor


necessária para modificar o estado físico de uma substância, alterando a organização entre suas
moléculas, aumentando ou diminuindo a energia potencial entre elas. Quanto maior for a massa de
uma substância, maior a quantidade de calor que devemos ceder para realizar a mudança de estado,
pois também o número de moléculas que interagem é maior.

CALOR ESPECÍFICO – é a quantidade de calor necessária para que seja acrescido um


grau na temperatura de uma unidade de massa (no SI, é a quantidade de calor necessária para elevar
a temperatura de 1 kg de água em 1 K).

22
A todo momento em volta de nós, ocorrem trocas térmicas. O sol aquece a Terra, queimamos
nossas mãos ao encostá-las numa superfície quente, e um balão sobre por que o ar dentro dele é
mais quente que no exterior. Na indústria, muitas operações unitárias envolvem transferência de
calor, e em alguns casos precisamos evitá-la. O arrefecimento (resfriamento), o congelamento,
cozimento, branqueamento são algumas operações na indústria de alimentos que envolvem
transferência de calor. Em reatores industriais muitas vezes é necessário utilizar um material
isolante para evitar trocas térmicas com o ambiente e com isso evitar perdas com maiores
suprimentos de energia, e o transporte de fluidos aquecidos também deve ser feitos em tubulações
revestidas pela mesma razão.

4.1 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Quando colocamos corpos em diferentes temperaturas em contato, eles trocam calor até que
suas temperaturas se igualem. Como já foi dito acima, o calor flui do corpo mais quente para o
corpo mais frio, ou seja, do de maior temperatura para o de menor temperatura. Quando isso
acontece, dizemos que os corpos estão em EQUILÍBRIO TÉRMICO.
A transferência de calor em estado permanente acontece quando há uma diferença de
temperatura constante entre os dois materiais. A quantidade de calor que entre em um material é
igual à quantidade de calor que sai e assim, não há mudança na sua temperatura. Isto ocorre, por
exemplo, quando calor é transferido através da parede de uma câmara refrigerada caso a
temperatura da câmara e do ambiente sejam constantes. Também ocorre em processos contínuos
desde que as condições operacionais tenham sido atingidas. Entretanto, na maioria das aplicações
de processamento a temperatura do material e/ou do meio aquecedor ou refrigerante está mudando
constantemente. Isto se chama transferência de calor em estado transiente.
São três as maneiras pelas quais os corpos podem trocar calor: condução; convecção e
irradiação (ou radiação).

4.1.1 – Condução

É o processo de transferência de calor por transferência de


energia vibracional das moléculas. É um processo que exige a
presença de um meio material e por isso não ocorre no vácuo.
Colocando-se uma das extremidades de uma barra metálica
numa chama e segurando-se a outra com a mão, sente-se que esta se
torna cada vez mais quente, embora não esteja em contato direto
com o fogo. Diz-se que o calor atinge o extremo mais frio da barra
por condução. As moléculas na extremidade quente aumentam a
intensidade de suas vibrações à medida que a temperatura desta
extremidade aumenta. O calor é transferido molécula a molécula,
como na figura ao lado, até alcançarem uma temperatura comum.
É bem conhecido o fato de os metais serem bons condutores
de eletricidade e calor. Essa capacidade advém do fato de estes terem
elétrons livres, isto é, elétrons mais fracamente ligados ao núcleo por
força de atração, fornecendo um mecanismo eficiente de
transferência de calor das partes quentes para as regiões frias.
Além de a condução ocorrer em um só corpo, ela pode também ocorrer entre corpos.
A Lei de Fourier mostra que o fluxo de calor (), no estado estacionário, é proporcional a
área de troca térmica (A), à diferença de temperatura (T = T2 – T1) e inversamente proporcional a
espessura do material (x). Essas proporções podem ser traduzidas na equação abaixo que apresenta
uma constante k, cujo valor numérico depende do material dos corpos. Essa constante é chamada
condutividade térmica do material.

23
 = k A (T)
x

No SI, as unidades são: [] = J/s; [A] = m²; [T] = K; [x] = m e [k] = J. s-1.m-1.K-1 ou W. m-1.K-
1
. A diferença de temperatura dividida pela espessura do material é também conhecida como
gradiente de temperatura.
A condutividade térmica da maioria dos materiais é função da temperatura, aumentando
suavemente com a mesma, mas a variação é pequena e freqüentemente poder ser desprezada.
Alguns valores numéricos de k, a temperatura ambiente, são dados na tabela a seguir.

CONDUTIVIDADE TÉRMICA PARA ALGUNS MATERIAIS


MATERIAIS k (J . s-1.m-1.°C-1)
Alumínio 205
Latão 109
METAIS

Cobre 385
Chumbo 34,7
Mercúrio 8,3
Prata 406
Aço 50,2
Tijolo refratário 0,15
Tijolo comum 0,6
Concreto 0,8
SÓLIDOS

Cortiça 0,04
Feltro 0,04
Vidro 0,8
Gelo 1,6
Lã de vidro 0,04
Madeira 0,12 – 0,04
Ar 0,024
Argônio 0,016
GASES

Hélio 0,14
Hidrogênio 0,14
Oxigênio 0,023

4.1.2 – Convecção

O termo convecção aplica-se à transmissão ou transferência de calor de um lugar para outro


pelo deslocamento material. Dois exemplos são: o forno de ar quente e o aquecedor de água. Se o
material aquecido for forçado e se mover por intermédio de agitadores ou bombas, o processo é
chamado convecção forçada; se o faz por causa da diferença de densidade entre massas de fluido,
causada pela mudança de temperatura, esse é chamado convecção natural ou livre.
Nota-se que não faz sentido falar em convecção em sólidos, mas esse movimento dos
fluidos provoca uma transferência de calor para sólidos e deve ser levado em conta quando sua
influência for relevante.
A convecção forçada é útil na indústria, pois aumenta a taxa de transferência de calor e a
redistribuição de temperatura se dá mais rapidamente.
O calor perdido ou recebido por uma seção a temperatura T 1 em contato com um fluido a
temperatura T2 depende de muitos fatores. Como a forma e a orientação da superfície, as
propriedades mecânicas e térmicas do fluido e a natureza do fluido e a natureza do escoamento do
líquido (laminar ou turbulento), ou seja, a taxa de transferência de calor de um fluido quente para a
superfície de um material é encontrada usando a expressão abaixo:

24
 = h . A . T
Onde  continua sendo a taxa de troca térmica (J/s), h é o coeficiente de transferência de
calor na superfície (W.m-2.K-1), A é a área de troca térmica (m²) e T é a diferença de temperatura
entre os corpos (K).
O coeficiente h de transferência de calor da superfície (do filme, de película ou de uma
camada) é uma medida da resistência ao fluxo de calor que é causada pela camada estacionária.
Com isso, este coeficiente é maior em escoamentos turbulentos que em escoamentos laminares. A
fim de facilitar nossa nomenclatura, chamaremos h de coeficiente de película daqui por diante.
Os valores de h não são constantes, dependem da diferença de temperatura a qual estão
submetidos os materiais, mas existem tabelas e gráficos com coeficientes de película adequados a
situações específicas. Alguns valores constam na tabela abaixo.

Valores de coeficientes de transferência de calor de superfícies


FLUIDO h (W.m-2.K-1) APLICAÇÕES
2.400 -
Líquidos em ebulição Evaporação
60.000
Esterilização de latas e
Vapor saturado 12.000
evaporação
Vapor com 3% de ar 3.500
Esterilização de latas
Vapor com 6% de ar 1.200
Amônia 6.000 Congelamento e resfriamento
Líquido de alta viscosidade fluindo por tubos 1.200-6.000 Pasteurização
Líquidos de baixa viscosidade fluindo por
120-1.200 Evaporação
tubos
Ar em movimento (3 m/s) 30 Congelamento
Ar 6 Câmaras refrigeradas

Esses dados indicam que a transferência de calor por convecção através do ar é menor que
através de líquidos. Portanto, são necessários trocadores de calor maiores quando se utiliza ar para
aquecimento ou resfriamento e as taxas de transferência de calor são maiores com ar em
movimento. Vapor produz melhores taxas de transferência de calor que a água quente na mesma
temperatura e a presença de ar no vapor reduz a mesma.

4.1.3 – Irradiação

Irradiação é a transmissão de calor de calor através de ondas eletromagnéticas.


O termo radiação refere-se à emissão contínua de energia da superfície de todos os corpos. É
chamada energia radiante e tem a forma de ondas eletromagnéticas. Essas ondas propagam-se com a
velocidade da luz e são transmitidas através do vácuo ou do ar. (Na realidade, transmitem-se melhor
no vácuo, pois no ar são parcialmente absorvidas). Quando atingem um corpo que não lhes é
transparente, como por exemplo, a superfície da mão ou as paredes de um quarto, são absorvidas.
Toda energia radiante, transportadas por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz
visível, raios-X, etc, pode converter-se em energia térmica por absorção. Porém, só as radiações
infravermelhas são chamadas de ondas de calor.
A energia radiante emitida por uma superfície, por unidade de tempo e de área, depende da
natureza e da temperatura do corpo. Em qualquer temperatura, a energia radiante emitida é uma
mistura de ondas de diferentes comprimentos. Comprimentos de onda na faixa do espectro visível
variam de 0,4 x 10-6 m (violeta) até 0,7 x 10-6 m (vermelho). Na temperatura de 300°C, quase toda
energia radiante emitida por um corpo tem comprimentos de onde maiores que esses. Tais ondas são
chamadas infravermelhas. A 3000°C, que corresponde à temperatura do filamento da lâmpada de

25
tungstênio (lâmpada incandescente), a energia radiante contém uma proporção suficiente de
comprimentos de onda mais curtos para parecer aos nossos olhos próximos à luz branca.

 Lei de Stefan-Boltzmann
A taxa de radiação de energia por uma superfície é proporcional à área da superfície e à
quarta potência da temperatura absoluta (em kelvin). Depende também da natureza da superfície,
descrita pelo número adimensional , que está entre 0 e 1.

 = A...T4
Onde:  é a emissividade;  é a constante de Boltzmann = 5,67 x 10-8 W.m-2.K-4.

Podemos ter um corpo a uma temperatura T1 envolvido por paredes cuja temperatura é T2, a
taxa efetiva de perda (ou ganho) de energia por radiação, por unidade de área é dada pela equação
abaixo:

 = A...(T41 – T42)

EMISSIVIDADE () DE ALGUNS MATERIAIS


MATERIAL T (ºC)  MATERIAL T (ºC) 
Aço laminado 21 0,66 Granito polido 21 0,85
Aço oxidado 100 0,74 Latão fosco 200 0,22
Alumínio bruto 26 0,07-0,09 Latão polido 19 0,05
Alumínio polido 130 0,056 Latão polido 300 0,03
Alumínio polido 230 0,038 Madeira aplainada recente 21 0,90
Asfalto 4 0,97 Mármore cinza claro polido 22 0,93
Chapa estanhada 24 0,06-0,09 Níquel polido 230 0,07
Chapa de ferro zincada 28 0,23 Níquel polido 380 0,09
Chumbo polido 130 0,06 Ouro polido 630 0,034
Cobre oxidado 25 0,78 Pintura preta 80 0,97
Cobre polido 23 0,05 Porcelana lisa 21 0,92
Concreto 24 0,93 Prata polida 230 0,02
Cortiça 21 0,70 Tijolo vermelho comum 22 0,94
Esmalte branco em chapas 24 0,90 Vidro liso 22 0,94
Ferro fundido líquido 1330 0,28 Zinco polido 230 0,044

4.1.3.1 – Corpo negro


Um corpo bom absorvente e emissor de calor é mau refletor, e obviamente um bom refletor
é um mau absorvente e um mau emissor. Os corpos negros são bons absorventes. Eles representam
o sistema físico que sob equilíbrio termodinâmico possui máxima capacidade de emitir e de
absorver radiação. Daí o conceito de emissividade, que é a eficiência de emissão de um sistema,
relativa a emissão do corpo negro à mesma temperatura.
O conceito de absortividade deriva do conceito de emissividade, e é a fração de fluxo de
radiação incidente, sobre um sistema, que é absorvida por ele. Esses conceitos são importantes para
o entendimento dos fenômenos envolvidos em técnicas analíticas envolvendo espectroscopia (Como
vocês já estudaram em Análise Instrumental, os materiais absorvem energia irradiada e nós usamos
isso para identificar e quantificar substâncias).

FIQUE SABENDO: A transferência de calor no corpo humano envolve


uma combinação de mecanismos que juntos mantêm uma temperatura
notavelmente constante e uniforme, apesar de grandes variações nas condições

26
ambientais. O principal mecanismo interno é a convecção forçada, com o coração servindo de
bomba e o sangue como fluido circulante. As trocas de calor com o ambiente envolvem condução,
convecção e irradiação, em proporções que dependem das circunstâncias.

4.2 – TROCADORES DE CALOR

Com bastante freqüência num processo químico, a temperatura de uma corrente de fluido
deve ser alterada. Isto pode ser feito através da passagem do fluido através de um trocador de calor,
no qual entre em contato térmico (mas normalmente não em contato físico direto) com algum outro
fluido com temperatura diferente. O arranjo mais comum, através do qual isso é conseguido,
consiste em fazer passar um dos fluidos por um tubo de metal imerso no outro fluido.
Devido às dificuldades mecânicas de se manter dois tubos concêntricos, um arranjo físico
mais comum é utilizado, sendo conhecido por trocador de calor de carcaça e tubos (ou casco e
tubos), onde um fluido passa através de um grande número de tubos paralelos mantidos no interior
de um grande recipiente cilíndrico. Este sistema é mostrado na figura abaixo, por dentro dos tubos
passa um fluido e por fora deles passa o outro fluido. Os fluidos trocam calor sem entrarem em
contato um com o outro.

Trocador de calor do tipo caso e tubo (uma passagem no casco e uma nos tubos)

Em sistemas de fluxo, freqüentemente existem turbulências que intensificam grandemente a


taxa de transmissão de calor. Essas turbulências não penetram diretamente a fronteira sólida,
existindo colada a essa fronteira uma região sem turbulência conhecida como camada estacionária,
na qual a transmissão de calor é somente condutiva. Se a distinção entre a camada estacionária e o
restante do fluido fosse bem definida, o coeficiente de transmissão térmica seria k/x, onde x seria
espessura da camada estacionária, mas o número e a dimensão das turbulências aumentam
gradualmente com a distância em relação à parede e, portanto é impossível fornecer um valor
preciso para x. Deve-se, portanto recorrer a grupos adimensionais, cujos resultados são
determinados experimentalmente.
Um deles já é conhecido do capítulo anterior, que é o número de Reynolds. E além dele
existem outros dois.
O coeficiente de película (h) está relacionado com as propriedades físicas de um fluido (por
exemplo, densidade, calor específico), à aceleração da gravidade (causa da convecção quando
ocorrem mudanças de densidade dos fluidos), à diferença de temperatura e ao comprimento ou
diâmetro do equipamento.

h.D
 Número de Nusselt (Nu) Nu 
k

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Representa gradiente de temperatura numa fronteira sobre difusividade molecular do calor.
Onde o h = coeficiente de película (W.m-2.K-1); D = diâmetro do tubo (m) e k = condutividade
térmica do fluido (W. m-1.K-1).

 Número de Prandtl (Pr)

c 
Pr  p

Representa a difusividade molecular do momento sobre a difusividade molecular do calor.


Onde o cp corresponde ao calor específico à pressão constante do material (J.Kg-1.K-1) e  é a
viscosidade dinâmica do fluido em Pa.s.

Trocador de calor com quatro passes nos tubos e um passe no casco

O termo “trocador de calor a placas” e a sigla PHE (plate heat exchanger) é normalmente
usado para representar o tipo mais comum de trocador a placas: o “trocador de calor a placas com
gaxetas” (gasketed plate heat exchanger ou plate and frame heat exchanger). Entretanto, existem
ainda outros tipos menos comuns de trocadores a placas, como o espiral ou o de lamela. Em todos
eles, os fluidos escoam por estreitos canais e trocam calor através de finas chapas metálicas.
Os PHEs foram introduzidos comercialmente na década de 30 para atender às exigências de
higiene e limpeza das industrias alimentícias e farmacêuticas, pois eles podem ser facilmente
desmontados, limpos e inspecionados. Entretanto, contínuos aperfeiçoamentos tecnológicos
tornaram o PHE um forte concorrente aos tradicionais trocadores de casco e tubos ou duplo tubo em
várias outras aplicações industriais. Atualmente os PHEs são extensamente empregados em diversos
processos de troca térmica entre líquidos com pressões e temperaturas moderadas (até 1,5 MPa e
150 oC) quando se deseja alta eficiência térmica.
Uma das aplicações deste tipo de trocador é na pasteurização de leite.

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Tubos com superfície ampliada

Placa do Trocador e Trocador de calor de placas (PHE’s)

O escoamento de fluidos em contra-corrente (figura abaixo) tem uma eficiência de troca de


calor menor que o escoamento concorrente e por isso o escoamento concorrente é amplamente
usado em trocadores de calor.
Entretanto, a diferença de temperatura varia ao longo do trocador e uma diferença de
temperatura média logarítmica é usada nos cálculos.

Tm = T1 – T2 onde T1 > T2


ln(T1/T2)

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Esquema de escoamento dos fluidos num trocador de calor e perfis de temperatura

4.3 – CALDEIRAS

Segundo a NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO


TRABALHO nº. 13 (NR-13), caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular
vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia.
Caldeiras de Recuperação: são aqueles geradores que não utilizam combustíveis como
fonte geradora de calor, aproveitando o calor residual de processos industriais (gás de escape de
motores, gás de alto forno, etc.).
Caldeiras de Água Quente: são aqueles em que o fluido não vaporiza, sendo o mesmo
aproveitado em fase líquida (calefação, processos químicos), funciona somente como um
aquecedor.
Geradores Reatores Nucleares: são aqueles que produzem vapor utilizando como fonte de
calor a energia liberada por combustíveis nucleares (urânio enriquecido).
Dentro das Caldeiras de Vapor temos as seguintes classificações:
1) Quanto à posição dos gases quentes e da água:
- Aquatubulares (Aquotubulares)
- Flamotubulares (Fogotubulares, Pirotubulares)
2) Quanto à posição dos tubos:
- Verticais
- Horizontais
- Inclinados

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Esquema de funcionamento de uma caldeira

Um dos principais cuidados na operação de caldeiras é a qualidade da água para geração de


vapor. Essa água deve ser extremamente limpa, ou seja, isenta de substâncias que possam causar
incrustações, sob pena de perda da capacidade de troca térmica, conforme é mostrado no gráfico
abaixo.

Relação da espessura da incrustação com o consumo de combustível

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