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Os versos nas dez canções ora têm seis sílabas, ora têm dez sílabas. Predominam,
no entanto, os versos decassilábicos.
Os dados extraídos do Lexicon correspondem apenas às últimas duas colunas: o
número de palavras e o número de ocorrências existentes em cada canção. Os dados
relativos às estrofes, ao número de versos, à finda (ou estrofe que serve de conclusão a
cada canção) e ao número de sílabas, contabilizámo-los manualmente. O total das
ocorrências é o resultado, não da soma dos valores de cada canção, mas da soma das
ocorrências de todas as canções em conjunto.
Se fizermos uma leitura horizontal dos dados, verificamos que os valores mais
elevados nas duas últimas colunas são, em geral, proporcionais ao tamanho das canções.
Por exemplo, a Canção X é, em extensão, a maior de todas, quer em número de estrofes,
quer em número de versos, reflectindo uma maior frequência de palavras e um maior
número de ocorrências. Inversamente, a Canção VI é a mais pequena de todas, sendo a
mais reduzida em número de estrofes, versos, palavras e ocorrências.
Verificamos ainda que o total do número de palavras e o total de ocorrências em
todas as canções varia em menos de metade (por exemplo: 492 / 246).
Quanto às classes gramaticais – retiradas a partir do número de ocorrências e não
contando por isso as formas repetidas –, estão distribuídas de acordo com o seguinte
quadro:
Quadro 2
Sendo o verbo na língua portuguesa o motor da frase, não é de estranhar que esta
classe gramatical tenha maior predominância em relação às restantes. Se pensarmos
ainda que a temática das canções é autobiográfica e o poeta descreve poeticamente
estados de espírito quer no presente, quer no passado, tendo por isso necessidade de
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utilizar com frequência as formas verbais, facilmente encontramos explicação para uma
frequência tão elevada de formas verbais em relação às outras formas gramaticais.
Dentro dos verbos, verifica-se uma ocorrência reduzida do modo conjuntivo (95
ocorrências), do modo condicional (11 ocorrências), do modo imperativo (7
ocorrências) e do modo infinitivo (122 ocorrências), tendo o poeta privilegiado o modo
indicativo (402 ocorrências). As restantes formas pertencem ao particípio passado, que,
ora aparece em tempos compostos, ora tem a função de adjectivo.
No modo indicativo, mais de metade das formas pertence ao presente (209
ocorrências), podendo a partir daí colocar-se a hipótese, a comprovar através do estudo
extra-gramatical, que, do ponto de vista temporal, a voz do sujeito da enunciação das
canções fala de uma situação presente. Os tempos indicativos do pretérito estão assim
distribuídos: o pretérito perfeito tem 76 ocorrências, o pretérito imperfeito 79
ocorrências, o pretérito mais-que-perfeito 20 ocorrências, o que, somando, dá 175
formas diferentes, número inferior às formas do presente do indicativo.
O futuro imperfeito tem dezoito ocorrências e grande parte das formas pertence a
verbos sensitivos e declarativos: gritarei, queixarei, direi, dirás, dirá, sentirei, sentirão,
verás, verá, dando a ideia de que as considerações do poeta se projectarão no futuro.
Depois do verbo, surge o nome ou substantivo. Camões serviu-se basicamente de
dois subdomínios: os nomes abstractos que remetem para o campo do sentimento:
alegria, amor, afeição, desejo, desgosto, desesperação, etc.; e os nomes concretos que
surgem em momentos descritivos, pertencentes ao campo da Natureza: aves, flores,
arvoredos, gados, orvalho, vento, etc.
Os adjectivos são, curiosamente, de utilização bastante reduzida relativamente aos
verbos e aos substantivos. Também estes podem subdividir-se em dois campos
semânticos: os que se referem à descrição da Natureza que rodeia o poeta (fresca,
suaves, brandas, cristalinas, etc.); e os que se referem a sentimentos em relação a si
próprio, em relação às coisas, ou em relação aos outros (gentil, graciosa, honesto,
infelice, tímido, vingativo, justos, saudosos, etc.).
Os advérbios têm uma frequência reduzida. Dentro destes, apenas dezasseis são
advérbios de modo que, no plano da significação, remetem para a melancolia, uma das
temáticas do Camões maneirista: suavemente, sutilmente, mansamente, docemente,
brandamente, vamente, enganosamente, etc.
Surgem vinte nomes próprios, sete deles relativos à geografia: Abássia (o mesmo
que Abissínia, região junto ao Mar Vermelho), Arábia, Cabo, Oriente, Félix (monte),
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Quadro 4
A primeira forma, ama, surge uma vez como pertencente ao verbo amar e outra
como nome comum («Foi minha ama üa fera»). Sendo etimologicamente problemática
a origem desta palavra, não a poderemos considerar como pertencente ao campo lexical
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BIBLIOGRAFIA