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ALEXANDRE FREITAS DUQUE

FLÁVIA LIRA
JOÃO XAVIER MACEDO
LUCAS PERINE

O PASQUIM: O HUMOR REFEM DO TEMPO

SÃO PAULO
2012
O PASQUIM: O HUMOR REFÉM DO TEMPO

Monografia apresentada às Faculdades Metropolitanas


Unidas - FMU - Para a conclusão do primeiro semestre
no curso de Design. (Área de concentração: História e
Sociedade)

Profª Orientadora: Isabel Cristina Nóbrega

SÃO PAULO
2012

ALEXANDRE FREITAS DUQUE


FLÁVIA LIRA
JOÃO XAVIER MACEDO
LUCAS PERINE
O PASQUIM: O HUMOR REFÉM DO TEMPO

Monografia apresentada às Faculdades Metropolitanas


Unidas - FMU - Para a conclusão do primeiro semestre
no curso de Design. (Área de concentração: História e
Sociedade)

Aprovada em:

Banca examinadora:
SÃO PAULO
2012
AGRADECIMENTO

Agradecemos ao Prof. Walter Luiz Macedo pelo auxílio em nosso projeto ao longo de
todo o processo de estudos a respeito do semanário. Também agradecemos ao Prof. Milton e a
Profª Isabel da FMU pelas valiosas dicas que deram ao longo das aulas.
Também temos que fazer um agradecimento póstumo ao Jornalista Emílio Chagas, que
foi o responsável por montar o livro raro de edições antigas do Pasquim da década de 70 que
utilizamos como fonte primária durante todo o processo de elaboração da tese.
RESUMO

O Pasquim foi um jornal que mudou pra sempre o rumo da mídia impressa brasileira.
Embora a forte censura da época da ditadura militar tentasse apagá-lo, junto a tantos outros
meios de comunicação da época, O Pasquim se sobressaiu, tirando forças do próprio
sofrimento, por forma de manchetes e tiras sarcásticas, e, por muita das vezes satirizando eles
próprios. Jaguar, como um dos fundadores, teve a visão de comandar o setor de humor, e
revelar cartunistas até hoje consagrados. Muitos jornais e revistas tentaram depois copiar a
fórmula do sucesso, porém, em uma tentativa de relançamento do tablóide mais afrente na
história, nem ele mesmo alcançou o patamar que conseguiu atingir em suas épocas de auge...
ABSTRACT

O Pasquim was a newspaper that changed the course of the Brazilian media. Even
with the strong censure of the military dictatorship triyng to block it, along with many other
media of the time, O Pasquim has excelled, gaining strength from his own suffering, with
sarcastic strips and headlines, and, very often satirizing themselves. Jaguar, as one of the
founders had the vision to lead the humor editing group of the journal, revealing cartoonists
enshrined until nowadays. Many newspapers and magazines then have tried to copy their
formula for success, but, after the newspaper return as "Pasquim 21" afterwards on history,
even them never reached the same range of people again...
SUMÁRIO

Introdução………………………………………………………………….... 1

1. A trajetória de Jaguar e o surgimento do Pasquim.................................. 2

2. Ditadura......................................................................................................... 4
2.1. O que foi?.................................................................................................... 4
2.2. Sociedade na ditadura.................................................................................. 5
2.3. Censura Jornalística..................................................................................... 7

3. O Pasquim....................................................................................................... 9
3.1. O que foi O Pasquim?....................................................................................9
3.2. Influências....................................................................................................10
3.3. Como começou?...........................................................................................13
3.4. Ipanema e o Pasquim....................................................................................15
3.5. A fórmula do Pasquim................................................................................. 17
3.5.1. Como driblavam a censura........................................................................19
3.6. Perseguições aos jornalistas e cartunistas.....................................................21
3.7. Os problemas de gestão no Pasquim 

e o período em que Millôr comandou o editorial................................................24
3.8. A abertura política e o fim da ditadura militar.............................................25
3.9. A sobrevida e fim do Pasquim.....................................................................26

4. Sociedade pós-ditadura................................................................................28
4.1. O fim da ditadura e a liberdade de expressão...............................................28
4.2. A sociedade Pós-moderna.............................................................................29
4.3. A globalização, a indústria cultural e a sociedade de consumo.....................33
5. Casseta Popular e Planeta Diário: O humor que surgiu do pasquim........36
5.1 Planeta Diário...............................................................................................36
5.2. Casseta Popular............................................................................................39

6. Pasquim 21......................................................................................................41
6.1. Por que começar um novo Pasquim?.............................................................41
6.2. O objetivo do Pasquim 21 e seu rápido declínio...........................................43
7. Construção histórica do humor no Brasil a partir do Pasquim..............44
7.1. Seria o humor refém do tempo?..................................................................45

Considerações Finais.........................................................................................46
Referências Bibliográficas.................................................................................49
INTRODUÇÃO.

Esta monografia tenta como objetivo explicar o porquê do semanário denominado O
Pasquim, que foi distribuido nas bancas de nosso país durante a década de 70 e o começo da
década de 80 não ter tido sucesso após a ditadura militar (mesmo que este tablóide tenha
influênciado a estética jornalística e a forma de se fazer humor de toda uma geração e parte de
sua   genialidade   poder   ser   vista   ainda   hoje   em   publicações   jornalísticas   que   foram
influênciadas e que permanecem ativas em nossos dias). Também abordaremos o porquê da
tentativa de se retomar as idéias do semanário em uma nova versão (já em 2002) chamada de
Pasquim 21 ter sido, por sua vez, falha, logo que o mesmo só teve a duração de 2 anos.
Ao decorrer desta monografia o leitor poderá se perder no texto caso não perceba o
nosso objetivo ao formatá­lo de maneira específica, o que será explicado a seguir:
No começo iremos dissertar a respeito do cartunista escolhido pelo nosso grupo, o
Jaguar e explicar a importância que ele teve para a criação do semanário.
Após esta explicação faremos uma breve pausa no tema do Pasquim para explicar o
contexto da época da ditadura (para que o leitor não se perca, pois de nada adiantará tentar
entender a respeito de uma publicação da época, se pouco se sabe sobre a época em questão)
Neste mesmo caminho iremos focar o texto na mídia, em como funcionava a mídia
nesta   mesma   época   e   como   era   a   censura   feita   pelos   militares   à   mesma,   parte   muito
importante para o entendimento do sucesso que o Pasquim fazia,
Depois das explicações retornaremos ao tema do Pasquim explicando tudo o que faz
parte de seu universo: O por que de sua criação, influências, sua fórmula, acontecimentos que
ocorreram ao decorrer de sua história, etc...
Explicando   ao   leitor   o   que   de   fato   era   o   Pasquim,   iremos   então   (posteriormente)
introduzir o tema da sociedade pós ditadura, contando como a sociedade foi se modificando
ao longo do tempo desde a época final da ditadura até tempos mais próximos aos de hoje. Esta
parte do texto será crucial para entendermos o porque da versão seguinte do Pasquim: O
Pasquim 21 não ter dado certo.
Posteriormente faremos uma explicação sobre as "crias do pasquim" outros tablóides
que foram influênciados por esta mesma estética do jornal pasquiniano e pelo humor também,
criado por membros que fizeram parte do Pasquim na ditadura.
Já adentrando novamente no tema do Pasquim, contaremos o que foi esta nova versão
do tablóide: O Pasquim 21 e um pouco do porquê da mesma não ter tido muito sucesso.
Por fim faremos uma breve relação a respeito da história do humor em nosso país para
poder explicar também os motivos do semanário não permanecer vivo até hoje. Após esta
parte iremos para as considerações finais, motivados a resolver nossa problematização.
Desejamos a você uma boa leitura!
CAPÍTULO 1:  A TRAJETÓRIA DE JAGUAR E O SURGIMENTO DO 

PASQUIM.

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe nasceu em 1932 no Rio de Janeiro, e é um dos
mais importantes cartunistas brasileiros.
As grandes influências  de Sérgio foram principalmente os cartunistas do The New
Yorker ­ uma importante revista semanal americana­ como Saul Steinberg, e Art Spielgeman,
mas também cartunistas franceses, como Bosc, André François, e Chaval, como o próprio
disse:  “Eu   passei   a   vida   inteira   ’copiando’   as   coisas   do   New   Yorker,   influenciado   pelo
Chaval, pelos franceses, pelos ingleses...” 1
Sempre   quando   questionado   sobre   a   origem   de   seu   estilo,   Jaguar   nunca   omitiu   a
verdade:
"Eu, como todo garoto, gostava de desenhar. Desenhava pessimamente. Aliás, desenho
mal até hoje, é que eu engano muito. Eu não sei desenhar, pô. Na verdade, eu sempre me
interessei pela coisa, lia  Paris Match  e ficava fascinado... "Como é que esses caras bolam
essas coisas?", eu me perguntava, tentava, mas não conseguia fazer. Pra você ver como eu

1
Entrevista a Associação Brasileira de Imprensa (2009)
tinha um discernimento péssimo, de todos os cartunistas, que eram o Mose, Bosc, Chaval, e
outros, todos bons... Eu escolhi exatamente o Trez, o pior deles, pra começar a copiar..."2
Sérgio começou sua carreira na revista Manchete, em 1952, fazendo a seção de humor,
onde por influência de outro cartunista, o Borjalo (a quem Sérgio substituiu), passou a assinar
apenas como Jaguar. Ao mesmo tempo em que trabalhava na revista, era também funcionário
do Banco do Brasil, onde seu chefe foi Sérgio Porto, mais conhecido como Stainslaw Ponte
Preta, grande cronista brasileiro, que o apoiava na carreira de cartunista, mas o aconselhava a
não deixar o emprego de escriturário para fazer apenas humor.
Nahum Sirotzky, o diretor da Manchete, estava insatisfeito com os trabalhos de Jaguar
na revista, e o demitiu. Mas em 59, o mesmo Sirotzky, tinha planos de o contratar novamente,
para um novo projeto.
"Fui demitido da Manchete pelo Sirotzky. Eu fiquei puto. Saí espalhando barbaridades
sobre ele, dizendo que era um centauro, metade cavalo e metade também. Eu não sabia, mas
ele  já  estava  tramando,  em  1959,  a revista   Senhor, junto  com  o  Carlos   Scliar  e  o Paulo
Francis.  Quando o projeto deixou de ser segredo, ele me chamou. Foi a publicação mais
importante editada no país. É claro que O Pasquim teve sua importância, mas a Senhor reuniu
um time imbatível, de Rubem Braga a Drummond, de Fernando Sabino a Carlinhos Oliveira.
Fiquei até o fim, em 1964."3
Nesse período, Jaguar obteve um relativo  sucesso, e colaborou para que a revista,
apesar da curta duração de cinco anos, seja cultuada até hoje, pela sua revolução na forma de
tratar assuntos da cultura em geral, além da diagramação e projetos gráficos inovadores para a
época.
Depois da revista Senhor, Jaguar colaborou em muitas outras publicações, como as
revistas: Revista da Semana, Civilização Brasileira, no semanário de humor Pif­Paf (criada
por Millôr Fernandes) e os jornais Última Hora ­ onde conhecera Sérgio Cabral e Tarso de
Castro ­ e Tribuna da Imprensa.

(Jaguar desenhando a si mesmo, demonstrando seu conhecido lado bohêmio em O'Pasquim ­ ed 34 ­
18/02/1970 ­ Rio de Janeiro) 

2
Entrevista à Associação Brasileira de Letras (2009)
3
Revista do Brasil (2009)
Em   68   tem   a   sua   primeira   coleção   lançada,   “Átila,   você   é   bárbaro”.   No   final   do
mesmo ano, morre um de seus melhores amigos e mentor, Sérgio Porto, que era o fundador e
editor do jornal A Carapuça. A distribuidora do jornal de Porto procurou depois o jornalista
Tarso   de   Castro,   que   teve   a   ideia   de   fazer   uma   nova   publicação.   A   ele   se   juntaram   os
jornalistas, Sérgio Cabral e Carlos Prósperi, e o cartunistas Fortuna além do próprio Jaguar. 
Depois   de   muitas   reuniões,   Jaguar   sugeriu   o   nome   do   jornal   de   O   Pasquim,   que
significa jornal difamador, injurioso, já prevendo as críticas negativas contra a publicação e
ironizando a existência do jornal, que, mais adiante veremos, será a sua essência. Mas antes
disto iremos discutir em nossa tese sobre o que foi a ditadura militar no Brasil, período de
grande repressão no qual o tablóide que dissertamos a respeito, iniciou suas operações e teve
suas edições publicadas e distribuídas na maior parte de seu tempo de existência, inclusive
explicando em boa parte a criação e a relevância do jornal. A ditadura acabou por fornecer os
principais alvos para suas sátiras e críticas, nesta época da história brasileira.

CAPÍTULO 2:  DITADURA 
2.1   O QUE FOI ?

"Ditadura militar, regime militar ou governo militar é uma forma de governo onde o poder
político é efetivamente controlado por militares. Como qualquer ditadura ou regime, ela pode ser
oficial ou não. Também existem formas mistas, onde o militar exerce uma influência muito forte, sem
ser totalmente dominante.
O típico regime militar na América Latina era governado por um governante de alta patente, chamado
de caudilho. Em alguns casos um grupo composto por vários militares, uma junta militar, assumia o
poder. Em qualquer caso, o líder da junta ou o único comandante pode muitas vezes pessoalmente
assumir mandato como chefe de estado."4

Existem vários motivos para explicar o porquê das ditaduras terem ocorrido ao redor
do mundo. Cada nação teve um motivo particular para o surgimento dos golpes de estado
pelos militares, mas ao decorrer do texto devemos nos restringir apenas  aos motivos  que
levaram o nosso país a ter passado por esse momento triste na história.
Assim   como   no   Brasil,   em   toda   a   América   latina   também   houveram   os   golpes
militares,  que ocorreram todos de forma semelhante e pelas mesmas razões. 
Mesmo com a obtenção da soberania política de todos os estados latino­americanos,
após a independência de cada qual, estas mesmas nações ainda permaneciam dependentes
econômicamente e no plano de interesses das grandes potências econômicas da época.
As classes populares dos países da América do sul, começavam a entender o quão
eram excluidos do jogo político pelas elites dominantes, principalmente com o surgimento de
novas idéias revolucionárias que tomavam forma com os movimentos pró socialismo vindos
da União Soviética.
Em contrapartida, não era interesse das elites que dominavam estas classes populares
que houvessem revoluções como a que ocorreu em cuba, muito menos interesse dos Estados
Unidos (que tinha como objetivo difundir o capitalismo ao redor do mundo e lutava contra os
ideais soviéticos). A burguesia industrial sofria um grande abalo por conta do ânimo acirrado
das classes trabalhadoras buscando seus direitos na pirâmide social e viu nas forças militares
americanas um aliado para, de algum modo, manter a ordem que assegurava, até então, sua
acomodação social.
Utilizando de sua influência no poder e com o respaldo dos americanos, as classes
dominantes, por sua vez, conseguiram o que queriam e viram os militares de cada nação latino
americana, por meio de suas forças de repressão, "apaziguar" o resto da população em sua
busca revolucionária por mais direitos.
Já tomados por estes governos autoritários, os países da américa do sul testemunharam
perseguições   políticas,   torturas   e   censura   às   liberdades   individuais   ocorrerem   como   fato
comum do cotidiano, tudo sempre mediado pelo uso da força.
4
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar
Na época do golpe, o presidente eleito democráticamente em nosso país era o João
Goulart, que era simpatizante de movimentos sindicalistas e de reforma agrária (considerados
nocivos e frequentemente relacionados aos comunistas pelos militares).
O golpe militar no Brasil ocorreu no dia 1o de abril de 1964 e só foi ter seu fim no ano
de 1985 já na década de 80.

2.2   SOCIEDADE NA DITADURA

"A principal característica da década de 60 é a contradição. Ela se expressa através de variadas e
múltiplas posições em todos os campos da atividade política, econômica e cultural. " 
5

A sociedade na década de 60 foi a mesma que passou pelos "anos de chumbo" logo
que o golpe de estado no Brasil ocorreu em 1964. As pessoas que viviam nesse tempo se
encontravam em constante contraste de idéias, por um lado boa parte dela era regida pelos
costumes e tradições ligadas a moral e ao sistema familiar paternalista, com traços religiosos,
(herança   da   década   de   50,   que   exacerbava   tais   características),   já   por   outro   lado   estava
começando a aflorar um sentimento de rebeldia (mais por parte das gerações mais jovens) à
todo esse moralismo vigente nos anos anteriores.
Ao   passar   do   tempo   esse   contraste   começou   a   ficar   cada   vez   mais   evidente,
principalmente com todos os acontecimentos ocorrendo ao redor do mundo (a divisão dos
blocos econômicos entre capitalismo e socialismo) acabaram por polarizar muito mais os já
divergentes pensamentos entre a direita conservadora (que apoiava esse conceito da moral e
bons costumes já citado anteriormente) e a esquerda no país (que tinha o anseio por mudanças
do quadro vigente até então).

"A esquerda nacionalista tratou de pressionar cada vez mais o governo João Goulart em direção às
reformas de base. Os conservadores, por outro lado, organizaram­se, fartamente financiados através da
CIA, nas manobras que resultariam no golpe de 1964. O desenlace, uma vez mais, apresenta­se
contraditório: pode ser visto enquanto a ruptura com a tendência nacionalista e populista, na medida
em que a ditadura modificaria profundamente o espaço de interferência tanto da intelectualidade
quanto dos segmentos sindicais e religiosos brasileiros." 6

5
HOHLFELDT, Antônio ­ A fermentação cultural da década brasileira de 60 (Artigo de jornal­ Revista 
Famecos ­ pág 38 ­Porto Alegre­RS, 1999) 
6
HOHLFELDT, Antônio ­ A fermentação cultural da década brasileira de 60 (Artigo de jornal­ Revista 
Famecos ­ pág 40 ­Porto Alegre­RS, 1999)
A medida que a repressão foi aumentando, mais adeptos aos movimentos libertários
foram  aderindo  as   causas  revolucionárias,  refletindo  em  uma   geração  marcada   por traços
politizados, a contracultura ("A contracultura pode ser definida como um ideário altercador
que   questiona   valores   centrais   vigentes   e   instituídos   na   cultura   ocidental.   Justamente   por
causa disso, são pessoas que costumam se excluir socialmente e algumas que se negam a se
adaptarem   às   visões   aceitas   pelo   mundo.   Com   o   vultoso   crescimento   dos   meios   de
comunicação, a difusão de normas, valores, gostos e padrões de comportamento se libertavam
das amarras tradicionais e locais – como a religiosa e a familiar ­, ganhando uma dimensão
mais universal e aproximando a juventude de todo o globo, de uma maior integração cultural
e   humana.   Destarte,   a   contracultura   desenvolveu­se   na   América   Latina,   Europa   e
principalmente nos EUA onde as pessoas buscavam valores novos." 7 ) e forte interesse pelos
movimentos culturais e artísticos que promoviam (também por sua vez) uma mudança de
valores com propostas inovadoras.
Foi neste mesmo período que movimentos  "anti ideológicos" tiveram uma guinada
histórica como o movimento feminista, movimentos de igualdade racial, movimentos pelos
direitos dos homossexuais, movimentos a favor dos direitos humanos e movimentos pró paz.
Apesar   de   todo   esse   esforço   por   parte   destes   diversos   movimentos,   tanto   os
movimentos   igualitários   como   aqueles   que   tinham   uma   essência   mais   sindicalista,   entre
muitos   outros   que   surgiram   na   época,   a   maioria   dessas   organizações   populares   foram
desmanteladas ou silenciadas pelos orgãos repressores, que não permitiam folêgo algum a
qualquer   iniciativa   da   esquerda,   exceto   o   movimento   estudantil,   que   foi  de   fato,   um   dos
únicos   que   conseguiu   se   rearticular   à   nivel   nacional   durante   o   começo   da   ditadura   e
especialmente em meados de 1968.
Foi grande parte destes estudantes que se uniu à grupos de guerrilha que acreditavam
que o único modo do país se ver livre do poderío militar subjulgando seu governo, era via luta
armada, destacam­se por exemplo (neste grupo) pessoas ilustres da nossa atualidade como o
político Fernando Gabeira ou até a atual presidente Dilma Roussef, entre muitos outros. Por
outro lado havia uma outra face da esquerda que era denominada: a "esquerda festiva", na
qual todos os integrantes de O'Pasquim assim como a maioria de seus leitores e a maioria dos
artistas e intelectuais da época que se ausentaram das lutas armadas, eram denominados.
A "esquerda festiva" era uma maneira de chamar os simpatizantes esquerdistas que só
demonstravam   seu   desapontamento   com   a   repressão   ditatorial   nos   planos   das   idéias,   no
máximo conseguiam expressar um pouco mais seu pensamento com publicações jornalísticas
como era o caso dos cartunistas e jornalistas objetos de nosso estudo ou com letras de músicas
como ocorreu no caso do cantor e compositor Chico Buarque e também com Gilberto Gil,
além   de   muitos   outros   que   foram   perseguidos   na   época   por   expor   a   público   suas   idéias
libertárias, abertamente ou até mesmo de forma subliminar.

7
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Contracultura
(Charge do fortuna no PASQUIM que discute a respeito da censura prévia exercida nos tempos da ditadura)

2.3  CENSURA JORNALÍSTICA 

O período ditatorial no Brasil é marcado pelo despotismo, opressão policial e militar,


veto dos direitos estabelecidos pela constituição, prisões e torturas de seus opositores como já
foi discutido antes em nosso texto. A censura em todo tipo de mídia e produção cultural foi
intensa, tudo era acompanhado muito de perto pelos censores do governo. A censura poderia
funcionar tanto após as publicações serem divulgadas a público como antes, que no caso era
denominada   censura   prévia,   neste   caso   um   censor   ou   fiscal   a   serviço   do   governo   era
encarregado de vistoriar as publicações em sua própria redação, antes mesmo de saírem das
prensas.
A censura prévia na mídia foi instaurada após uma entrevista da atriz Leila Diniz ao
próprio tabloide que estudamos: O'Pasquim, que acabou por irritar os militares. Na época ela
disse em sua entrevista diversos palavrões (que foram substituídos por asteriscos) e disparou a
seguinte   frase:  ­­"Você   pode  muito  bem   amar   uma  pessoa  e  ir   para  cama  com   outra.  Já
aconteceu comigo".

              
O   objetivo   principal   da   censura   era   passar   à   população   a   ideia   de   que   o   país   se
encontrava em ordem, os jornais eram calados, muitas vezes se viam obrigados a publicar
desde poesias até receitas no lugar das verdadeiras atrocidades que o país passava.

(Matéria do Jô Soares censurada no 
O'Pasquim: "O Sanduiche" , que foi substituida por 
essa receita de sanduiche e pela ilustração do molde 
para sanduiche ao lado)

O   despotismo   se   agravava   na   mesma   dimensão   em   que   a   oposição   reagia.   Os


manifestos públicos nas ruas das principais cidades do país cresciam. Porém, em 1968 , um
manifesto foge do controle e um estudante de nome Édson Luís morre em um confronto com
a polícia e estudantes no Rio de Janeiro, torando­se assim um ícone da luta contra a censura e
a ditadura. O movimento estudantil e a coletividade civil reagem promovendo um manifesto
que entrou para a história como a Passeata dos Cem mil, ato que reuniu o maior número de
pessoas lutando juntas contra o regime militar. Na mesma época, o deputado Márcio Moreira
Alves fez um discurso em que pedia ao povo brasileiro que boicotasse as festividades de 7 de
setembro   de  1968,  assim  protestando   contra   o  governo  militar.   Devido  a  essa  situação  o
governo vê que esta perdendo poder, implantando assim o Ato Institucional de número 5 , no
dia 13 de dezembro de 1968, um dos atos mais conhecidos e mais duros na história do país.
O Ato Institucional número 5 (AI­5) foi o quinto decreto emitido pelo governo militar
brasileiro  e deu poderes  quase absolutos  ao regime  militar,  foi  redigido  pelo ministro  da
Justiça Luís Antônio da Gama e Silva e entrou em vigor durante o governo do presidente
Arthur da Costa e Silva. 
O decreto concedia poder ao Presidente da República para dar recesso a Câmara dos
Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de vereadores, no meio tempo o poder federal
assumiria a função destes poderes legislativos; também dava ao Presidente da República o
poder de intervir nos estados e municípios sem respeitar limitações constitucionais; permitia
que o Presidente suspende­se os direitos políticos de qualquer cidadão brasileiro no período
de   10   anos;   permitia   o   poder   de   cassar   mandatos   de   deputados   federais,   estaduais   e
vereadores; Proibia manifestações populares de caráter político; Suspendia o direito de habeas
corpus em casos de crime político, crimes contra ordem econômica, segurança nacional e
economia popular e por fim, impunha a censura prévia para jornais, revistas, livros, peças de
teatro, filmes e musicas.
No período em que esteve em vigor o AI­5 (de 1968 a 1978) a censura coibiu mais de
seiscentos   filmes,   quinhentas   peças   teatrais,   a   editoração   de   vários   livros,   a   inclusão   de
assuntos   essenciais   para   a   carreira   escolar,   inúmeras   músicas   e   inúmeras   matérias
jornalísticas.
No ano de 1978, no governo de Ernesto Geisel, o AI­5 encontrou seu fim.

(Publicação do Jornal Estado de São Paulo vetada pelos censores. Jornalistas substituíram matéria original por
trecho do famoso livro de poemas Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões)

CAPÍTULO 3: O PASQUIM
3.1   O QUE FOI O PASQUIM?

Pasquim:   uma   palavra   derivada   do   italiano:   "Paschino"  que   significa   jornal   ou


panfleto difamador.
Nosso objeto de estudo foi um semanário editado entre 26 de junho de 1969 e 11 de
novembro de 1991.
Na década de 1970 este irreverente tablóide carioca teve seu auge se tornando um dos
maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.
"A princípio uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, feminismo e
divórcio, entre outros) O Pasquim foi se tornando mais politizado à medida que aumentava a
repressão da ditadura, principalmente após a promulgação do repressivo ato AI­5. O Pasquim
passou então a ser porta­voz da indignação social brasileira."8

3.2   INFLUÊNCIAS 

Entre as influências do tablóide humorístico que estudamos, se destacaram a revista O
Cruzeiro, Pif Paf, Cartum JS (projeto alternativo humorístico de Ziraldo que pertencia  ao

8
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pasquim
Jornal dos Sports) e A Carapuça de Sérgio Porto, este último que acabou por ser reformulado
depois da morte de Sérgio, com uma nova equipe e o nome de O'Pasquim.
O Cruzeiro foi uma revista fundada por Carlos Malheiro Dias, e teve o início de suas
publicações em 1928.
"Foi   importante   na   introdução   de   novos   meios   gráficos   e   visuais   na   imprensa
brasileira, citando entre suas inovações o fotojornalismo e a inauguração das duplas repórter­
fotógrafo, a mais famosa sendo formada por David Nasser e Jean Manzon que, nos anos 40 e
50, fizeram reportagens de grande repercussão.
Entre  seus  diversos assuntos, a revista  O Cruzeiro  contava  fatos  sobre a vida dos
astros   de   Hollywood,   cinema,   esportes   e   saúde.   Ainda   contava   com   seções   de   charges,
política, culinária e moda."9

Já   o   tablóide   Pif   Paf,   foi   considerado   um   dos   primeiros   no   estilo   de   O'Pasquim,


fazendo parte da chamada "imprensa nanica".
Pif  Paf foi  criado   pelo  humorista  Millôr  Fernandes   (que  mais   tarde  faria  parte   da
equipe pasquiniana) dois meses depois do movimento militar de primeiro de abril de 1964.
Millôr acabava de ser demitido da revista citada acima (O Cruzeiro) onde ele teve uma
página de humor que levava o mesmo nome: "Pif Paf".
"Em 63, uns amigos começaram a me pressionar para que eu fizesse o Pif Paf então
autônomo, independente. Porque a minha seção na revista O Cruzeiro se chamava “Pif Paf”.
Eu então fiz o Pif Paf. Digo eu porque, na verdade, levantei o dinheiro em bancos e fiz a
revista,   e   organizei   a   revista,   porque   não   havia   condições   das   pessoas   me   darem   mais
cobertura do que a colaboração, por sinal, de alta qualidade. 
E esta revista, o Pif Paf, de todas as que estão por aí, inclusive O Pasquim, no qual
trabalhei   e   outras   de   que   participei,   era   uma   das   mais   extraordinariamente   estruturadas.
Porque o Pif Paf não foi feito por acaso. Tinha uma estrutura, um pensamento do princípio ao
fim. Foi feito para ser visto graficamente também, como um trabalho gráfico importante. E,
além disso, não era um negócio pobre do ponto de vista gráfico, era feito em quatro cores. A
9
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Cruzeiro_%28revista%29
revolução foi em 1o de abril, que eles depois retardaram para 31 de março... Eu ia sair naquele
momento e esperei mais um mês. 
Um   mês   e   nós   saímos.   E   se   vocês   pegarem   o   Pif   Paf,   vão   ver   que   não   tomei
conhecimento, em absoluto, da repressão que já estava no ar. Então, tem gozações violentas
em Castelo Branco, tem gozações violentas em Magalhães Pinto, tem gozações violentas em
Carlos Lacerda. (...)"10

Após quatro meses de duração (8 edições) o Pif Paf terminou suas atividades, depois
da quarta edição o jornal havia criado um concurso imaginário denominado: "Miss Alvorada
65",  fazendo   referências   aos   candidatos   à   presidência   da   república.   Em   seu  conteúdo   foi
disposta uma fotomontagem do presidente na época (Marechal Castello Branco) como uma
das "concorrentes" a miss.
"O Pif Paf foi fechado por um conluio entre o governo federal e o governo estadual
aqui, que naquela época era o Carlos Lacerda, com o coronel Borges que dirigia a polícia
dele, e como ninguém estava satisfeito eu num certo momento não tive forças para lutar, eles
começaram a apreender um número, depois devolveram o número, depois o oitavo número
eles apreenderam todo e eu não tinha mais dinheiro para fazer. Eu me lembro que estava
extenuado do ponto de vista físico, de trabalho que eu fazia, e com uma dívida que não sabia
como pagar, realmente não sabia como pagar. Mas no dia em que eu fechei tudo, decidi fechar

10
Imprensa alternativa: apogeu, queda e novos caminhos. — Rio de Janeiro : Prefeitura da Cidade do Rio de 
Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação Social, 2005.
80 p.: — (Cadernos da Comunicação. Série Memória; v.13)
e fechei, e resolvi os problemas todos e formulei a dívida, me deu um tremendo alívio. (...)"11
Além destes  jornais  pertencentes  a imprensa nanica (já citados  até  agora) também
existia outro denominado: A Carapuça (lançado em 1968), pertencente a Sérgio Porto que na
época era mais conhecido por seu pseudônimo: Stanislaw Ponte Preta.
A Carapuça tinha um formato parecido com os outros tablóides supracitados, mas teve
pouco tempo de existência logo que, Sérgio Porto veio a falecer, pouco depois que o mesmo
foi criado. Esta publicação foi a que deu origem ao Pasquim.

Outro projeto que vale a pena ser citado é o Cartum Js, um suplemento humorístico
idealizado por Ziraldo que pertencia à publicação esportiva carioca: Jornal dos Sports.
"O Jornal dos Sports foi um diário de notícias esportivas do Rio de Janeiro, tendo sido
fundado   pelo   jornalista   Argemiro   Bulcão   em   13   de   Março   de   1931.   Sua   última   edição
circulou no dia 10 de abril de 2010.
Ficou famoso por suas páginas em cor­de­rosa. Apesar da semelhança com o jornal
esportivo italiano  La Gazzetta dello Sport, a verdadeira inspiração para o cor­de­rosa foi o
francês L'Auto.
O Jornal dos Sports teve como um de seus proprietários o jornalista Mário Filho, que
nas   suas   páginas   escreveu   uma   série   de  crônicas   defendendo   a   construção   do  estádio   do

11
Imprensa alternativa: apogeu, queda e novos caminhos. — Rio de Janeiro : Prefeitura da Cidade do Rio de 
Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação Social, 2005.
80 p.: — (Cadernos da Comunicação. Série Memória; v.13)
Maracanã   para   a   Copa   do   Mundo   de   1950.   Como   homenagem,   o   estádio   recebeu   o   seu
nome."12

(Edição mais recente do Jornal dos Sports 
que permaneceu na ativa desde 1931 
encerrando suas atividades em 2010.)

O Cartum JS acabou por revelar no Jornal dos Sports uma série de chargistas de uma
nova   geração   onde   se   incluiam   Miguel   Paiva,   Juarez   Machado,   Al,   Wagner   e   o   mineiro
Henrique Filho, o Henfil (alguns deles, assim como Ziraldo, terminaram fazendo parte de
O'Pasquim posteriormente).

3.3  COMO  COMEÇOU?

O tablóide que estudamos teve suas origens em um projeto datado de 1968 e posto em
prática no ano seguinte. Em uma reunião (ocorrida na casa de Carlos Magaldi), Jaguar e os
jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral discutiram a respeito de opções para substituir o
tablóide  humorístico  A Carapuça  (já citado no item  anterior  desta monografia)  que havia
perdido o fôlego após a morte de seu editor: Sérgio Porto.
Ao   passar   dos   tempos   outros   membros   foram   se   juntando   ao   elenco   de   grandes
jornalistas   e   humoristas,   como   foi   o   caso   de   Henfil,   Paulo   Francis,   Ivan   Lessa,   Carlos
Leonam, Sérgio Augusto, Ziraldo, Millôr, Prósperi, Claudius e Fortuna.
"Como símbolo do jornal foi criado o ratinho Sig (de Sigmund Freud), desenhado por
Jaguar, baseado na anedota da época que dizia que "se Deus havia criado o sexo, Freud criou
a sacanagem".13
12
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornal_dos_Sports
13
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pasquim
"A primeira capa do Pasquim, foi a entrevista com o colunista social Ibrahim Sued. E
já no número de lançamento, um furo: o próximo general a governar o país, depois de Costa e
Silva, seria Emilio Médici. A primeira edição contou ainda com textos da atriz Odete Lara,
que   se   encontrava   no   festival   de   Cannes   e   do   cantor   e   compositor   Chico   Buarque.   A
irreverência do tablóide já se revelara na legenda de capa. “É um semanário executado só por
jornalistas que se consideram geniais”, dizia."14

(Primeira capa de O'Pasquim datada de 26/06/1969)15

Na fundação do tablóide houve um impasse a respeito de como seriam divididos os
lucros do mesmo. Com uma postura mais radical, os humoristas mais jovens (liderados por
Henfil)   tinham   em   sua   proposta   o   formato   de   cooperativa   para   o   funcionamento   de
O'Pasquim, visando uma postura igualitária a respeito dos ganhos de cada colaborador. Já os
cartunistas   mais   consagrados   na   época   (como   Millôr   por   exemplo)   se   opuseram   pois
acreditavam que não era justo os humoristas de renome receberem a mesma quantia daqueles
que estavam começando, e desta forma apresentaram a proposta de de divisão qualitativa
(metade das cotas para os veteranos e a outra metade para os artistas mais jovens).
Jaguar,   que   por   sua   vez   liderava   o   grupo,   não   ficou   satisfeito   com   nenhuma   das
propostas. No fim acabou­se instaurando uma forma mais deficiente de sociedade por cotas
(não   houveram   nem   as   vantagens   de   um   comando   hierárquico,   tampouco   as   de   uma
cooperativa). O empresário dono da distribuidora (Murilo Reis) terminou com 50% das cotas
e Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Carlos Prosperi e Cláudio Ceccon com 10% delas. 

14
fonte: http://midiaalternativabypc.blogspot.com.br/2007/05/sobre­o­pasquim.html
15
fonte: http://caminhosdojornalismo.wordpress.com/2011/05/31/o-pasquim/
3.4  IPANEMA E O PASQUIM

No ínicio do Pasquim (em 1969) muitos desacreditaram pois diziam que o Pasquim
era um jornal de Ipanema que só interessava à Ipanema.
Diferente dos jornais alternativos da época o Pasquim mesclava humor com críticas
políticas, sem engajamento político­partidário. A ideia era ressaltar a intelectualidade boêmia
da Zona Sul ( em especial Ipanema). Contestavam os próprios valores moralistas da sociedade
em que viviam.
Apesar de nem todos os colaboradores serem cariocas, Ziraldo e Henfil são mineiros e
Luiz Carlos Maciel era gaúcho, havia uma identificação com aquela sociedade carioca, em
geral havia um sentimento de pertencimento aquele ambiente. 
Nesta   época   Ipanema   era   o   centro   cultural   do   Rio   de   Janeiro,   onde   todos   os
movimentos intelectuais ocorriam, concentração de todos os artistas, a boemia, a praia e a
Banda16  .   O   ambiente   promovia   as   “estruturas   elementares   da   sociabilidade   intelectual
pasquiniana”17, destacou Elio Chaves Flores em sua tese: A República às Avessas.
Tanto o humor reacionário quando o humor pasquiniano saíram dos redutos elitizados
da zona sul carioca e, não, raras às vezes, se cruzaram nos calçadões, nas praias, nas redações
dos   jornais   e   nos   botequins   do   Rio   de   Janeiro,   ainda   capital   cultural   e   ideológica   da
República18, ( FLORES, 2002: 189). 

16
A Banda de Ipanema eé um bloco carnavalesco carioca, idealizado por Jaguar, Albino Pinheiro e Ferdy
Carneiro em 1965. Entre seus fundadores constavam alguns dos jornalistas do Pasquim, aleé m de Jaguar,
assim como Ziraldo. O primeiro síémbolo feminino da Banda foi Leila Diniz.
17
FLORES, Élio Chaves. República às Avessas: narradores do cômico, cultura política e coisa pública no Brasil 
Contemporâneo (1993­1930).
18
FLORES, Élio Chaves. República às Avessas: narradores do cômico, cultura política e coisa pública no Brasil 
Contemporâneo (1993­1930).
Fredy   Carneiro   rememorou   no   Pasquim   na   década   de   1990,   sobre   a  Banda   de
Ipanema:
"Fez renascer o carnaval de rua [...]. Foi caldo cultural de muito movimento. Para
início de conversa, lembremos Jaguar que desfilava, na Banda, como o cartaz “O Pasquim é
filho da Banda de Ipanema”. Foi na Banda que o tropicalismo explodiu de verde e amarelo.
Inspirou   Gilberto   Gil:   “Alô   Banda   de   Ipanema,   aquele   abraço”   (   Pasquim   nº   1034,
09/02/1990, p. 11)
A  fala pasquiniana  influenciou a publicidade e outros jornais da época, através da
criatividade, oralidade e expressividade de seus jornalistas. Criticavam a ditadura, a classe
média, o moralismo e alguns segmentos da esquerda. Não concordando com o método de
oposição   do   Pasquim,   alguns   militantes   esquerdistas   e   a   direita   utilizaram   a   expressão
“esquerda  festiva”   para  caracterizar  os   jornalistas  do  Pasquim.    Os  mesmo  segmentos  da
esquerda que o Pasquim criticava não concordavam com a forma de oposição que tratavam, e
com o termo “esquerda festiva” desqualificavam a importância do trabalho dos jornalistas,
julgando que se tratava muito mais de lirismo do que denúncia política. Em contrapartida,
Jaguar criticou esta idéia dizendo:
"A  Banda  foi pra rua um ano depois do golpe e incomodava a direita e muitos da
esquerda, que não entendiam que o riso e a crítica eram nossas armas. A gente se divertia
sacaneando os caras encastelados (com trocadilho) no poder" (JAGUAR, 2000; 40)
De  acordo  com  Jaguar, o  inventor  da  expressão  “esquerda  festiva”     foi  o escritor
Carlos Leonam, também  autor e morador do bairro de Ipanema.  Ferdy Carneiro afirmou,
“Leonam  não sabe   é que muitos  que desfilam  na  Banda  de Ipanema  pegaram  em armas
quando   a   coisa   engrossou”.   Para   Ferdy,   o   espírito   gozador   e   irreverente   moldava   os
intelectuais   responsáveis   pelo   Pasquim.   “   Seriam   pessoas   que   compunham   a   República
Popular   de   Ipanema,   também   denominada   “esquerda   festiva”   pelos   pobres   de
espírito”( CARNEIRO, “ O filho da Banda” In: O Pasquim nº 521, de 22 a 28/06/1979, p 40).
Analisando a memória que Jaguar constituiu para Ipanema observamos que existia
uma cultura política autoritária que caracterizava Ipanema e os que nela conviviam. Entre os
colaboradores   do   Pasquim,   principalmente,   instaurou­se   um   Imperialismo   Ipanemense.
Circulava o pensamento que “esse era um bairro que se intrometia na cidade no estado, ditava
moda, hábitos e costumes para o Brasil e o mundo,  cagava regra” (JAGUAR, 2001: 12).
O  Imperialismo   Ipanemense    foi     a   fonte   para   o   surgimento   de   uma   identidade
compartilhada entre os que criaram  o Pasquim.  Jaguar destacou que   “nós, os ipanemenses
dos   anos   60,   estávamos   nos   lixando   para   os   limites   geográficos   do   bairro.   Eu   mesmo,
enchendo   a   boca   falando   em   “nós   ipanemenses”,   morava   em   Copacabana”     (JAGUAR,
2001:17)
O memorialista do bairro carioca acrescenta que:  "nossos "Toms" e Vinicius eram os
melhores "Toms" e Vinicius do universo, nossos humoristas mais criativos, nossas bandas de
ipanemas imcomparáveis, [...] nossos malucos, mais malucos, nossos porres antológicos até
nossos   mineiros   e   baianos   muito   melhores   do   que   os   de   lá,   nossos   cachorros   mais
inteligentes" (JAGUAR, 2001: 17)
Até mesmo Ziraldo que era mineiro, mas incorporou­se a esse ambiente, disse que “O
Pasquim foi feito para Ipanema. Naquela época Ipanema significava o Olimpo. O Pasquim vai
divulgar   esse   modus   vivendi”   (Entrevista   de   Ziraldo   ao   documentário   O   Pasquim:   A
revolução pelo Cartum, Roberto Stefanelli, 2004).
Assim como por um lado o Pasquim criticava a ditadura, e depois o AI­5, aumentando
o controle sobre a sociedade  por meio  da censura, por outro lado, o jornal exerceu forte
influencia no âmbito comportamental, principalmente em relação ao bairro de Ipanema e à
cidade do Rio de Janeiro.
Jornalistas de outros estados, e até mesmo jornalistas cariocas criticaram severamente
o chamado Imperialismo Ipanemense . Discordavam do idealismo provinciano e do conjunto
de valores que projetavam o bairro como referencia cultural. 
Portanto através da construção da identidade do Pasquim , atrelada a rotina que vivía a
sociedade de Ipanema e ao conflito cultural e político que se instaurava, a rememoração do
passado do Jornal ficou associada aos aspectos do Imperialismo Ipanense.

3.5  A FÓRMULA DO PASQUIM 

O Pasquim chegou às bancas em 26 de junho de 1969, em um texto mordaz, editado
no alto da primeira página, a equipe expunha o seu ideário
 “ O Pasquim surge com duas vantagens: é um semanáriio com autocrítica, planejado e
executado só por jornalistas que se consideram geniais e que, como os donos dos jornais não
conhecessem   tal   fato   em   termos   financeiros,   resolveram   ser   empresários.   É   também,   um
semanário definido, a favor dos leitores e anunciantes, embora não seja tão radical quanto o
artigo PSD. Até agora o Pasquim vai muito bem pois conseguimos um prazo de 30 dias para
pagar as faturas. Este primeiro número é dedicado à memória do nosso Sérgio Porto, que hoje
deveria estar aqui conosco.”
Na última página aparecia o expediente: Tarso de Castro (editor), Sergio Jaguaribe
(humor), Sérgio Cabral (editor de texto), Carlos Prósperi (editor gráfico), Claudius Ceccon e
Murilo Pereira Reis (diretor­ responsável).
O   sucesso   do   Pasquim   não   demorou   a   acontecer,   apesar   de   muitos   criticarem   o
formato tablóide, na primeira edição rodaram uma tiragem de 14 mil exemplares, na mesma
noite receberam um telefone de Altair de Souza , da gráfica, informando que iriam rodar mais
14  mil   pois   já  haviam   esgotado.  Quando  conseguiram  abertura  em   São  Paulo,  o  sucesso
adquiriu nível nacional, equiparando­se com os veículos de mídia que temos hoje.
O Pasquim destacava­se pela  criatividade  e pelo rompimento  com a formalidadem
utilizando uma linguagem coloquial, que chamavam a atenção do leitor pois se aproximava da
forma em que se falava. O palavrão foi introduzido, gírias, e expressões como “inserido no
contexto”. Com claros alvos de ataque: a ditadura, a classe média, o moralismo e a grande
imprensa. A diagramação valorizava os desenhos, caricaturas e montagens fotográficas.
Ganhava,   também,   diferencial   nas   entrevistas   realizadas   com   personalidades19  que
eram reproduzidas  exatamente  da mesma forma como saíam do gravador, o que foi uma
grande   quebra   jornalística   na   época   (onde   todos   os   jornais   e   revistas   faziam   uso   do
copydesk20). Na verdade este sucesso foi acidental, pois na primeira entrevista (com Ibrahim
Sued)   imprimiu­se   todo   o   conteúdo   sem   qualquer   revisão,   e   os   leitores   receberam   a
transcrição integral da conversa.

19
Uma das entrevistas mais famosas foi com a atriz e modelo Leila Diniz, nessa entrevista ela falava inúmeros 
palavrões e discutia abertamente sobre sexo, o que na época era um comportamento anormal para uma mulher. 
Essa entrevista foi censurada, mas o pouco que foi publicado foi suficiente para o governo criar uma severa lei 
de censura Decreto nº 1077 apelidada  Decreto Leila Diniz.
20
Trabalho de revisão, não só gramatical, como também de reestruturação das ideias.
(Entrevista com Tostão realizada ­ assim como todas as outras entrevistas no Pasquim ­ sem o recurso
copydesk, transcritas da maneira que foram gravadas)
Outro motivo à que podemos atribuír o grande sucesso do Pasquim eram as Dicas do
Sig, personagem criado por Jaguar, baseado no psicanalista: Sigmund Freud, que se tornou o
mascote do Pasquim, anunciando as matériam à serem publicadas.

Um dos principais motivos do Pasquim ter obtido tanto sucesso e criado uma herança
jornalistica   para   seus   sucessores,   foi   pela   relação   que   conseguiram   desenvolver   com   os
leitores, de forma hermética criaram “códigos secretos” que muitas vezes a censura não era
capaz de compreender, mas somente os leitores assíduos atráves desse laço de cumplicidade
conseguiram,   o   humor   era   muitas   vezes   usado   como   vantagem   para   se   driblar   a   censura
ditatorial (tema que iremos abordar com mais ênfase a seguir no texto).

  (Exemplo de como os jornalistas e humoristas de O'Pasquim se utilizavam de brincadeiras e jogos gráficos para
a construção de uma linguagem única para se relacionar com seus leitores, passando algumas vezes 
despercebidos, pelos censores da ditadura, ao realizarem críticas no conteúdo do semanário).

3.5.1  COMO DRIBLAVAM A CENSURA

Na década de 70 houve o início do Pasquim como um periódico, fazendo oposição ao
regime da ditadura, utilizando como principal elemento o humor. Em uma época onde haviam
demissões em massa nas redações devido a não aceitação das novas “diretrizes” o Pasquim
deu voz a uma série de jornalistas, intelectuais e  artistas excluidos dos meios de comunição. 
E  antes  mesmo  do crivo do censor, os  donos  dos  jornais,  redatores,  editores  e os
próprios   jornalistas   se   censuravam   seguindo   as   “recomendações”   das   instituições
governamentais. Nesse sentido, o jornalista que não concordasse ou desobedecesse tais leis
era demitido. ( KUSHIR, 2004)
Portanto, estes jornalistas buscaram através de uma imprensa alternativa ao regime
ditatorial uma nova forma de expressão. Nos anos 70 o termo “imprensa alternativa” era de
dominio   comum   da  sociedade   brasileira,   nesta   mesma   época   foram   criados   cerca   de   150
periódicos que buscavam uma oposição ao regime, identificados como jornal tipo tablóide , a
venda era feita em bancas ou “de mão em mão”. Dentre estes jornais, podemos destacar o Pif­
Paf e A Carapuça que foram precursores do Pasquim (como já foi citado no texto).

         É difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a
assolar o país. Pouco depois da redentora, cocorocas de diversas classes sócias e algumas
autoridades que geralmente se dizem “otoridades”, sentindo a oportunidade de aparecer, já
que a redentora, entre outras coisas, incentivou à política do dedurismo (corruptela de dedo­
durismo, isto é, a arte de apontar com o dedo um colega, um vizinho, o próximo, enfim, como
corrupto ou subversivo­ alguns apontavam dois dedos duros, para ambas as coisas) iniciaram
essa feia prática advindo daí cada besteira que vou te contar (PRETA, 1996:5)
O Pasquim utilizou a ideia do dedodurismo com base em Stanislaw 21   e inverteu sua
lógica a seu favor, denunciando jornalistas, intelectuais, personagens públicos, políticos, que
apoiavam a ditadura.

(Críticas aos "dedo duros" em O'Pasquim foram 
influências de Stanislaw Ponte Preta ­ Sérgio Porto)

Além de Stanislaw os jornalistas do  Pasquim  tiveram como influência o humor do


Barão de Itararé22, que aparece diversas vezes  nas  edições  através  da reprodução de seus
artigos. Esporadicamente os jornalistas do semanário prestavam ao humorista do início do
21
Pseudônimo de Sérgio Porto, responsável pela produção do Jornal A Carapuça, foi o grande percursor da 
sátira, irreverência e deboche, como dizia Millôr Fernandes era o patrono do Pasquim.
século.
Os motivos do sucesso do Pasquim e da driblagem que conseguiram com a censura,
foram herdados do trabalho do Barão de Itararé, bem como: utilização da publicidade como
parte da produção humorística, alta capacidade de sintetizar, habilidades para brincar com o
veículo   impresso,   o   reconhecimento   da   instabilidade   da   língua,   a   subversão   do   sentido
original das palavras, adaptando­as a uma realidade brasileira tacitamente reconhecida pela
sociedade. As características humorísticas do Barão de Itararé foram representadas pelo uso
da   oralidade   e   expressividade,   brincando   com   os   fonemas,   contrução   de   neologismos   e
resignação das palavras.
Do ponto de vista dos jornalistas do Pasquim, o Barão de Itararé teria ensinado a sátira
política num tempo mais remoto e Stanislaw teria aprofundado, numa duração mais recente,
uma “visão pasca” da política e do poder. ( O Pasquim nº 483, de 29/09 a 05/10/1978, pp. 14­
18).

(A publicidade também fazia parte da própria produção humorística no tablóide ­ À direita: Propaganda
do Rum Montilla que utilizou­se da frase bordão de O'Pasquim: "inserido no contexto" para destacar sua marca)

3.6  PERSEGUIÇÕES AOS JORNALISTAS E CARTUNISTAS

22
Pseudônimo do gaúcho Aparício Torelly, produzia sonetos e quadrinhos populares. Ficou conhecido através de
sua coluna “ Amanhã tem mais” no jornal O Globo.
No ano de 1971 após a sátira do célebre quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga
anunciando “Eu quero Mocotó!”,  os jornalistas: Paulo Francis, Jaguar, Ivan Lessa, Ziraldo,
Luiz Carlos Maciel, Sergio Cabral Paulo Garcez, Flavio Rangel, Tarso de Castro e Fortuna
foram convidados a prestar esclarecimentos aos militares, pois os oficiais queriam saber se
havia alguma ligação deles com o comunismo internacional. 23

Ao comparecerem perante os militares quase todos os jornalistas supra citados foram
presos. 
Tal fato não poderia ser noticiado em página alguma do tablóide, pois prejudicaria na
popularidade do mesmo diante dos leitores e principalmente dos anunciantes. Millôr teve a
ideia então de anunciar que era uma epidemia de gripe no  Pasquim,  ele ficou no comando
editorial junto com Henfil e Martha Alencar. 
Além de fazer seus próprios desenhos Henfil fazia, também, cartuns imitando o estilo
dos cartunistas que estavam presos. Neste período grandes artistas e intelectuais da época
colaboraram, entre estes: Chico Buarque, Antonio Callado, Odete Lara e Glauber Rocha .
Na ocasião da prisão Jaguar e Sergio Cabral não estavam presentes, Jaguar estava
escondido na casa de Samuel Weiner, reacionário que depredou o Jornal da Hora, e Sérgio
Cabral estava em um  encontro de estudantes em Campos, quando Paulo Francis ligou para os
dois pedindo que voltassem ao Rio pois queriam apenas depoimentos.
Ficaram   dois   meses   presos   e   nunca   prestaram   nenhum   esclarecimento,   apesar   da
dureza da época com os jornalistas e cartunistas do Pasquim nada ocorreu durante a prisão.
A única ameaça grave que sofreram veio de grupos esquerdistas que os selecionaram
para uma lista de prisioneiros a serem trocados em caso de sequestro, solicitavam que fossem
à Argélia para a operação, mas, obviamente ninguém aceitou participar.
Segundo Jaguar, a única tortura física que aplicaram foi de cortar a imensa “cabeleira”
de Luís Carlos Maciel. O cartunista diz que foi o melhor período de sua vida, bebiam o dia
inteiro. Sérgio Cabral que nem havia sido convocado inicialmente foi levado à prisão , conta
que em certa ocasião o Capitão os chamou para conversar,   “abriu a cela, pediu copos de

23
 Imagem que deu início às suspeitas dos censores e causou a prisão dos jornalistas.
cerveja e um soldado para tocar violão e ficaram a noite inteira batendo papo, eles gostavam
da gente e eram leitores do Pasquim”24.
Depois da prisão, o Pasquim ficou chato, os anunciantes fugiram...virou a subversão
da   subversão.   Começamos   a   aplicar   autocensura,   que   é   o   pior   tipo   de   censura   que   pode
existir.25
O fato é que o comportamento dos integrantes do Pasquim era tão anárquico quanto
seu próprio conteúdo, eram apolíticos.
Após   o   acontecimento   da   prisão   dos   jornalistas   era   necessário   que,   antes   da
publicação, cada edição fosse enviada à Brasília para aprovação dos censores. Apesar de não
terem sofrido durante a prisão, a situação para o Jornal ficava cada vez mais complicada,
perderam   anunciantes,   semanalmente   bancas   de   jornais   sofriam   ataques   de   bombas   e   os
jornaleiros eram ameaçados caso insistissem em continuar vendendo o Pasquim.

24
 Trecho retirado de entrevista durante o documentário “ O Pasquim­ A Subversao do humor” (Produção: TV 
Câmara)
25
 Sérgio Cabral, durante o documentário  “ O Pasquim­ A Subversao do humor” (Produção: TV Câmara)
26

26
  Carta de Chico Buarque quando retornou da Itália e descobriu que toda a redação estava presa.
3.7 OS PROBLEMAS DE GESTÃO NO PASQUIM E O PERÍODO EM QUE MILLÔR
COMANDOU O EDITORIAL

Houveram períodos no decorrer da história do semanário o qual estudamos, em que os
jornalistas participantes obtiveram lucro o bastante a ponto de modificar toda a estrutura de
O'Pasquim, tornando­o um dos grandes grupos editoriais da época, mas não o fizeram.
Durante os primeiros  18 meses  e também após 7 anos de sua primeira  publicação
(quando a Editora Codecri ­ nova razão social de O 'Pasquim ­ liderou em vendas de livros no
Brasil tendo em 1976, 6 títulos e mais de 250 mil exemplares vendidos) os lucros do grupo
foram demasiados.
Tais   oportunidades   foram   pelo   ralo   por   pura   incompetência   empresarial,   um   dos
exemplos de grande destaque foi a época em que o jornal era dirigido por Tarso de Castro:

"No primeiro ano, o Pasquim teve um lucro de Cr$ 700 mil, e nunca tinha dinheiro. o contador
José grossi tinha um talão de 50 cheques pré­ assinados pelo Jaguar e pelo Tarso. grossi tinha um
Alfa­romeo italiano que custava us$ 50 mil [...].
O Tarso de Castro era a pessoa chave, a cabeça do jornal, o que bolava tudo, fazia e acontecia,
mandava mais que o Jaguar, que ainda trabalhava no Banco do Brasil, nessa época. o Pasquim
começou a ganhar muita grana e eles extrapolaram. era uma fortuna o que se ganhava. Cartão de
crédito do Diners, restaurantes, bebida, foi uma loucura, uísque sempre do melhor. Quem dirigia o
jornal, no começo, era o sérgio Cabral e o tarso. sérgio Cabral deixava os talões assinados e o tarso
gastava tudo. suítes em hotéis, carro puma. eu me divertia a meu modo, passava cinco dias da semana
no Arraial do Cabo. Tarso de Castro havia se apoderado do controle e gastava no que queria,
aproveitava­se da desorganização"27

No intúito de impedir que mais erros fossem cometidos dentro da direção do tablóide,
Millôr pressionou Tarso de Castro a redistribuir as cotas de ganhos dentro da redação, Tarso
por   outro   lado   impôs   a   condição   que   sua   mulher:   Bárbara   Oppenheimer   entrasse   na
presidência do grupo. Em uma reunião somente dos humoristas (dentro do ateliê de Millôr) os
mesmos   decidiram   que   aceitariam   a   proposta   de   Tarso,   mas   que   no   dia   seguinte   a
redistribuição das cotas iriam (em assembléia) depôr sua mulher como presidente.
O clima era de indecisão e disputas internas no tablóide. No dia em que os humoristas
iriam depôr Bárbara foi justamente quando a prisão dos humoristas pelos militares ocorreu,
fato que resultou no aborto dos planos de Millôr.

"Do retorno da prisão, em janeiro de 1971, até setembro de 1972, quando Millôr assumiu a
direção do jornal no contexto de uma intervenção da sociedade civil, a “patota” sofreu o agravamento
dos conflitos internos, chegando à semidissolução. tarso de castro saiu em janeiro, sendo substituído
por sérgio cabral, que no entanto só ficou até junho, quando também saíram fortuna e Luís carlos
Maciel. Martha alencar foi substituída por Mauricio glatt. Ivan Lessa volta de Londres e reforça a
27
KUCINSKI, Bernardo - paé g 114 - Livro: "Jornalíéstas e Revolucionaé rios" - (1991 - Editora Paé gina Aberta)
equipe. o jornal no final de 1972 era basicamente produzido por henfil, ziraldo, Lessa e jaguar, o único
que nunca abandonou o jornal. cláudio ceccon e carlos Prosperi já haviam saído. foi discutida e mais
uma vez abandonada a idéia de formar uma cooperativa."28

Dada a situação já delicada em que o Pasquim se encontrava, um empresário apareceu
diante do grupo para tentar auxiliar a todos ­ Fernando Gasparian, (interessado em conseguir
mais conhecimentos a respeito do jornal alternativo) ele então realizou um exame de tudo que
estava   ocorrendo,   comprovando   suspeitas   anteriores   de   que   havia   uma   enorme   dívida   no
jornal da patota e além de tudo, desvios internos.
Gasparian   fez   uma   parcela   nas   dívidas   para   pagá­las   em   24   meses   avalizando­as
pessoalmente.

"Após um trabalho de meses de convencimento, em setembro de 1972 Millôr aceitou a tarefa
de administrar o Pasquim. Gasparian financiou o pagamento das dívidas, recebendo ações que depois
doou a Fausto Wolf. Henfil assumiu as tarefas de administração. ficara clara a não­ confiabilidade
administrativa de Jaguar, o gênio d’o Pasquim. Millôr cortou os telefonemas internacionais, as
despesas extravagantes. a razão social foi mudada para codecri e iniciou­se a publicação de livros.
Haviam caído verticalmente as vendas do jornal, por um processo de rápido envelhecimento
editorial. A venda avulsa caiu a apenas 45,5 mil exemplares no último trimestre de 1972. Em meados
de 1973 estava em 40 mil exemplares..."

"...com o colapso do milagre econômico, reduziu­se o poder de compra da classe média,
aumentaram desproporcionalmente os custos de transporte. Ao mesmo tempo, abria­se um período de
reflexão crítica, não bastava o deboche. Essa mudança já havia sido detectada em 1971, por Henfil. os
encalhes eram grandes, chegando a 50% da tiragem. “os caras pararam de comprar o Pasquim, o
pessoal mais novo, e aconteceu o fenômeno que os pais começaram a comprar [...]"29

De acordo com Jaguar, o semanário já deveria ter finalizado suas atividades logo após
o saneamento das dívidas que Millôr promoveu, enquanto as tiragens ainda atingiam 70 mil
exemplares.
Existiam estudos que afirmavam O Pasquim como uma atividade empresarial inviável.
No   ano   de   1973   Millôr   realizou   outro   levantamento,   desta   vez   a   respeito   do   sistema   de
distribuição   da   Editora   Abril   (responsável   pela   prensas   nas   quais   eram   impressos   os
exemplares   do   semanário)   onde   a   mesma   se   tornava   responsável   pelo   baixo   retorno   de
vendagem nas bancas, logo que a editora cobrava uma comissão absurda de 45% do preço de
capa e não permitia aos jornaleiros ficarem com o tablóide em consignação (eles pagavam à
vista por tudo). 

28
KUCINSKI, Bernardo - paé g 115 - Livro: "Jornalíéstas e Revolucionaé rios" - (1991 - Editora Paé gina Aberta)

29
KUCINSKI, Bernardo - paé g 115 - Livro: "Jornalíéstas e Revolucionaé rios" - (1991 - Editora Paé gina Aberta)
3.8 A ABERTURA POLÍTICA E O FIM DA DITADURA MILITAR

Neste tópico do texto iremos fazer uma breve pausa nas dissertações a respeito do
Pasquim para fazer uma contextualização histórica do leitor a respeito do fim da ditadura
militar, fato que também ajudou a mudar os rumos do tablóide e será de enorme importância
para a conclusão da tese posteriormente...
A abertura política brasileira foi um processo de desestabilização do Regime Militar
no Brasil  a  caminho   da  Democracia.   Começou  em  1974  no governo  do General   Ernesto
Geisel e terminou em 1985 com o mandato de João Baptista Figueiredo, no ano em que a
ditadura militar acabou.
Ernesto Geisel assumiu a presidência  em 1974 com o projeto de “distensão lenta,
segura   e   gradual”.   A   imagem   dos   militares   estava   começando   a   ser   questionada   após   as
dezenas de torturas, assassinatos e desaparecimentos de estudantes e operários nos anos de
chumbo.  A  ideia  era  suavizar  o regime  militar  e  permitir  algumas  pequenas  liberdades  e
posteriormente retirar os militares do governo.
O País passava por uma crise econômica que se agravava a cada dia. O elevado preço
do petróleo e as altas taxas de juros internacionais desequilibravam o balanço brasileiro de
pagamentos e estimulava a inflação, apesar de todos esses problemas econômicos, o governo
não cessava o ciclo de expansão econômica iniciado nos anos 70, com isso aumentando o
desemprego.
Em 1979 João Batista Figueiredo assumiu a presidência do Brasil, sua administração
promoveu uma frouxa transição para os civis.  Em seu discurso ao vencer as eleições promete
fazer deste País uma democracia no plano político concedeu anistia ampla geral e irrestrita
aos políticos cassados pelos atos institucionais, permitiu o retorno ao Brasil dos exilados pelo
regime militar. O governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país e os partidos
políticos voltam a funcionar dentro da normalidade.
Nos últimos anos do governo militar, a oposição ganha terreno com o surgimento de
novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos. Em 1984, políticos de oposição, artistas
e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável
à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantia eleições diretas para Presidente da
República naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos
Deputados. No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo
Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Foi o fim do
regime   militar,   porém   Tancredo   Neves   fica   doente   antes   de   assumir   e   acaba   falecendo.
Assume então o vice­presidente José Sarney. Em 1988 foi aprovada uma nova constituição
para  o país,  apagando  assim  todos   os   rastros  da  ditadura   militar   e  estabeleceu  princípios
democráticos no país.
Já situados na história agora podemos terminar nossa breve explicação a respeito do
tablóide, finalizando assim o capítulo que leva seu mesmo nome.
3.9 A SOBREVIDA E O FIM DO PASQUIM

Após a prisão de boa parte da redação do Pasquim, a maioria dos anunciantes não
queria mais se envolver com o jornal, e outros que continuaram sofriam uma pressão para não
colocar anúncios no jornal. 
Além disso, a censura estava muito mais pesada em cima do Pasquim, corroendo toda
a liberdade de expressão e também destruindo o jornal econômicamente, a censura causando
atrasos na produção e na distribuição do Pasquim, muito dinheiro e tempo estavam sendo
desperdiçados. Para colaborar com a ruína do jornal também haviam atentados em que grupos
contrários   aos   redatores   pasquinianos,   que   colocavam   bombas   nas   bancas   de   jornal,
ameaçando assim os jornaleiros à não venderem mais o Pasquim  (mais da metade das bancas
que vendiam o tabloide deixaram de vender aterrorizados com a ameaça).
Também   haviam   problemas   na   administração   financeira   do   Pasquim,   que   era   um
jornal de custo muito  barato,  porém, sendo mal administrado,  ele não estava dando mais
lucro.
      Quando o semanario estava quase falído, Jaguar e Ziraldo levaram o jornal a uma
disputa político­partidaria, contrariando assim sua tradição anarquica e os separando. Ziraldo
apoiava a tese defendida pelo PC, de que era importante eleger governantes do PMDB, entre
eles   Miro   Teixeira,   no   Rio   de   Janeiro,   propondo   assim   que   o   Pasquim   trabalhasse   na
candidatura dele em troca de anúncios de Chagas Freitas, em uma ruptura total às tradições do
jornal.   Jaguar   por   outro   lado   apoiava   a   candidatura   de   Brizola.   Assim   o   Pasquim   se
desmoralizou   e   o   pouco   do   público   assíduo   que   o   tablóide   ainda   tinha,   começou   a   ficar
descontente. 
Semanalmente   saindo   com   matérias   "PMDBistas"   do   Ziraldo   e   "Brizolistas"   do
Jaguar, o semanário entrou em um declinio sem volta. Os dois ainda apostaram que quem
vencesse ficaria com todas as cotas do Pasquim. Brizola ganhou e Jaguar se tornou o unico
dono do falído Pasquim, com US$ 200 mil em dívidas.
Após o fim da Ditadura, o Pasquim decaiu muito, pois o jornal ia contra a censura, e
sem  censura eles  não  tinham   o que  ir  contra.  Muitas  brigas   internas  ocorreram   devido  a
opinião política individual dos membros da redação e um por um da redação do Pasquim foi
deixando o jornal de lado para ir criar outros projetos, como o Planeta Diário, que era um
tabloide mensal, feito por Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva, que faziam parte da redação do
Pasquim, criando assim um tipo de concorrência para o Pasquim. 
Graças aos esforços de Jaguar (o único da equipe original a permanecer no Pasquim) o
semanário continuou a ser lançado, porém a qualidade caiu, pois não havia dinheiro e nem
pessoal. Com isso o Pasquim chegou ao fim com sua última edição lançada em novembro de
1991.
CAPÍTULO 4:  SOCIEDADE PÓS­DITADURA

"Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta"

Chico Buarque.

4.1   O FIM DA DITADURA E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A partir de 1985 o nosso país virava uma das páginas de sua história e entrava em um
processo que fora denominado como Redemocratização. Era o início da abertura política que
retomava os valores democráticos na pauta do estado brasileiro.
Em   1988   foi   estabelecida   pela   assembleia   constituinte   a   primeira   constituição   do
período pós­ditatorial da República Federativa do Brasil, assinada por diversos partidos e foi a
mesma responsável por assegurar o direito do cidadão brasileiro à votar em eleições diretas e
garantir sua liberdade de expressão em diversos aspectos, e isso incluiu toda a mídia e os
profissionais do ramo jornalístico no país...
Notícia da primeira página do jornal O Dia (26/05/1988)

"A   Constituinte   decidiu   anteontem   que   qualquer   tipo   de   censura   à   informação


jornalística,  em  qualquer   veículo  de  comunicação,   está  definitivamente  afastada   da futura
Constituição, com a aprovação do capítulo referente à Comunicação."... "segundo decisão da
Constituinte, é vetada toda e qualquer censura, "de natureza política, ideológica e artística". 30
Com o fim da censura, tanto jornais de grande porte até os de menores tiragens, desde
aqueles voltados aos fatos do cotidiano que apresentavam conteúdo mais formal e dissertavam
de maneira mais  séria, como os tablóides  de humor (que era o caso de O' Pasquim) não
precisavam   ser   mais   submetidos   aos   mecanismos   de   repressão   à   liberdade   de   imprensa
impostos   pelos   censores   do   estado.   Com   essa   realidade   sendo   consolidada,   os   órgãos   de
imprensa começaram a explorar novamente possibilidades que por muito tempo não podiam
nem   pensar   a   respeito,   a   imprensa   brasileira   ficou   praticamente   20   anos   de   mãos   atadas
contrastada entre veículos de comunicação que apoiavam o regime ditatorial e outros que
criticavam o mesmo. 
Tudo isto foi essencial, para que, dentre essas novas possibilidades surgissem também
novos   tipos   de   publicações,   tanto   de   revistas   especializadas   em   temas   até   então   nunca
analizados   antes,   como   revistas   de   humor   que   retomavam   o   modelo   de   O'Pasquim   mas
adicionavam uma fórmula inovada, com um humor mais despojado em muito de seu conteúdo
(por conta do fim da censura) mas ao mesmo tempo políticamente correto (pois era essencial
entender que, com a abertura política, uma nova sociedade estava se consolidando e dentro de
um pensamento mercadológico havia a necessidade de se atingir um público em grande escala
sem precisar impactar da mesma forma que as publicações críticas a ditadura impactavam).
Ao mesmo tempo que o jornalismo de menores tiragens expandia com essa demanda
de uma sociedade já liberta das repressões ditatoriais, os grandes representantes da mídia no
país (Estado de São Paulo, Grupo Folha, O Globo, entre outros) aproveitavam o contexto
social e político da redemocratização para fidelizar ainda mais leitores, com o pressuposto que
a grande mídia fora essencial para o processo de abertura política (afirmação que procede até
certo ponto, logo que, muito se sabe do apoio que foi feito à ditadura por esses próprios meios
de comunicação, mesmo que no final do regime, a maioria tenha tido o anseio de clamar pela
volta da democracia e das eleições diretas. 2) 

30
Trecho da matéria de jornal referente ao fim da censura, extraída do portal O Dia datada de 26/05/1988
­Teresina­PI.
31

Com   o   fim   da   ditadura,   os   tablóides   mais   alternativos,   que   permaneceram   vivos


durante todo o regime, tiveram um visível enfraquecimento de suas frentes, principalmente os
que viviam de críticas politizadas às classes dominantes e ao governo militar apoiado por elas.
Muitos  desses  jornais  citados   no parágrafo  anterior  (os  de  grande  tiragem)  acabaram  por
absorver em sua redação grande parte dos jornalistas de esquerda que ajudaram a popularizar
esta mídia alternativa (dos tablóides e jornais de pequeno porte) durante os anos de repressão
(Paulo Francis ­colaborador do Pasquim ­ foi um bom exemplo).
Além deste fato, o fortalecimento das mídias televisivas, os erros administrativos nos
tablóides   alternativos   anteriormente   citados,   assim   como   uma   falta   de   competência   dos
editores em renovar sua linguagem dificultando o envolvimento das gerações mais novas e
também por conta de uma nova guinada entre os políticos  de esquerda no Brasil (com a
formação   do   partido   dos   trabalhadores,   por   exemplo)   foram   motivos   fortes   para   que   a
população   em   geral   acabasse   por   desviar   a   sua   atenção   destas   publicações   de   menores
tiragens, que durante a ditadura, tiveram seu período de auge.
Logo, o que podemos afirmar em relação ao impacto do fim da ditadura, é que: a
redemocratização   mudou   profundamente   aspectos   sociais,   políticos   e   culturais   dos
envolvidos, dos quais dissertamos apenas a respeito dos meios de comunicação (impressa) até
agora, mas ao longo deste mesmo capítulo iremos discutir mais a fundo a relação dos fatos
ocorridos neste período com toda uma mudança que pôde ser vista nos próprios pilares da
sociedade, na indústria, nas formas de comunicação em geral e na percepção de mundo de
toda uma geração e consequentemente das gerações seguintes (e claro, tudo isto servirá como
base para que possamos, mais à frente no texto, entender a respeito do porquê nosso objeto de
estudo foi menos aceito, com o fim da repressão).
                

31
Capa do jornal "Folha de Saã o Paulo" - (Saã o Paulo-SP) datada de 20/03/1964 dando a entender (pela
manchete da mesma) que o interesse da maior parte do povo era pela manutençaã o do regime militar.
4.2  A SOCIEDADE PÓS MODERNA

"As velhas identidades que por tanto tempo estabilizaram o mundo social estão em declínio, fazendo
surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito
unificado. A assim chamada "crise de identidade" é vista como parte de um processo mais amplo de
mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando
os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social"  32

O que Stuart Hall define em seu livro como uma "crise de identidade" da sociedade
pós­moderna é um dos elementos chave para a compreensão de como foram se moldando,
através do tempo, as gerações seguintes aquelas que vivenciaram os períodos obscuros da
ditadura e das guerras que ocorreram ao redor do mundo enquanto nosso país lutava sua
própria   "guerra   interna"   pela   liberdade.   Mas   antes   que   possamos   retomar   esta   parte   da
discussão precisamos entender mais a respeito do significado de pós­modernismo.
Para diversos autores a pós modernidade é caracterizada como uma ruptura com o
pensamento modernista que era, até então, a noção progressista de mundo na qual a sociedade
caminhava e acreditava ser o modelo ideal a ser seguido (mas de acordo com os pensadores
pós modernistas) não bastou e nunca foi o bastante para compreender a humanidade.
Dentro da noção do modernismo podiamos incluir o progressismo, o iluminismo (que
mobilizava o poder da razão em seus conceitos: "O Iluminismo é, para sintetizar, uma atitude
geral de pensamento e de ação. Os iluministas  admitiam que os seres humanos estão em
condição de tornar este mundo um mundo melhor ­ mediante introspecção, livre exercício das
capacidades humanas e do engajamento político­social."33) , o Positivismo de Auguste Comte
("Basicamente,   a   característica   essencial   ao   positivismo,   tal   qual   o   concebeu   Comte,   é   a
devoção à ciência, vista como único guia da vida individual e social, única moral e única
religião  possível.   Desse  modo,  em   última   análise,   o  positivismo   é  compreendido  como   a
"religião   da   humanidade".  34)   ,   entre   outras   formas   de   pensamento   que   também
compartilhavam de uma visão otimista para os rumos da humanidade (cada qual com sua
particularidade, claro) mas todas sempre deslumbrando um futuro onde, em algum ponto, o
ser humano atingiria seu ápice. 
Todas essas correntes foram impulsionadas pelos avanços científicos e filosóficos que
foram se intensificando desde o fim da idade média, passando pela revolução industrial e
culminando   em   todo   um   novo   formato   de   se   enxergar   o   mundo,   o   próprio   avanço   das
primeiras   formas   do   capitalismo   e   ,em   contraponto   ao   mesmo,   o   socialismo,   podem   ser

32
  HALL, Stuart ­ "A identidade cultural da pós­modernidade" , 10 ed. ,2003,  pág 07, DP&A Editora.
33
Reill, Peter Hanns (2004) "Introduction". In: Encyclopedia of the Enlightenment. Editada por Peter Reill and 
Ellen Wilson. New York: Facts on File, pp. x­xi 
34
fonte: http://educacao.uol.com.br/filosofia/positivismo­ordem­progresso­e­a­ciencia­como­religiao­da­
humanidade.jhtm
entendidos dentro desta lógica modernista (pois em seu ideal existe uma jornada humana pelo
progresso mesmo que por diferentes caminhos).
Esta   busca   progressista   nesta   era   da   modernidade   acabou   resultando   em   inúmeros
embates:   uma   busca   imperialista   pela   hegemonia   econômica,   corridas   armamentistas,     o
aflorar   de   sentimentos   nacionalistas   entre   diversos   outros   fatos   que   terminaram
desencadeando as guerras que caracterizamos como primeira e segunda guerra mundial, e
posteriormente a guerra fria. Todo esse aspecto negativo que a noção de mundo modernista
trouxe com essa procura incessante pelo progresso, como é o caso das guerras, foi um dos
fatores que serviu como combustível das críticas pós­modernistas.

Cena do Filme: "Tempos Modernos" de Charlie Chaplin 
(Uma crítica do cineasta aos valores perseguidos na modernidade)

"A modernidade dos séculos 19 e 20 foi um período de grandes transformações econômicas,
sociais e culturais no Ocidente. Foi a época em que mais rapidamente avançaram e prevaleceram as
idéias otimistas do Iluminismo, de uma sociedade baseada na razão, na ciência, na busca da verdade,
no humanismo, na democracia liberal, no individualismo e na liberdade. Mas foi também o momento
em que o homem protagonizou o terror e a barbárie das duas grandes guerras mundiais."35

A   visão   de   mundo   pós­modernista   pode   ser   entendida   como   uma   negação   ao


modernismo,   uma   forma   de   criticar   o   pensamento   moderno   apontando­o   como   obsoleto,
indicando   que   o   mesmo   já   não   era   condizente   com   a   realidade   e   a   busca   humana   pelo
progresso   era,   e   sempre   será,   algo   utópico,   ou   seja,   os   defensores   do   conceito   de   pós
modernismo enxergavam toda e qualquer noção progressista de forma niilista, para eles essa
lógica do progresso na modernidade levou a catástrofes como as guerras e demonstrou que
qualquer valor absoluto acaba por se dissolver, se posto em prática ao longo da história. 

"A educação recebida dos pais e das escolas, os valores como ética, moral e caráter, a religião,
a solidez do casamento e da família, estão perdendo espaço para novas formas de
comportamento regidas pelas leis do mercado, do consumo e do espetáculo.   
 
35
fonte: http://lazer.hsw.uol.com.br/modernismo.htm
    Vive­se numa época de grande barbárie e de pouca solidariedade. São tempos de alta
competitividade guiados pela lógica da acumulação de bens e das aparências. Em nome dessa
nova ideologia, os indivíduos se permitem agir passando por cima de valores que sequer
chegaram a formar. O que importa é ser reconhecido, ser admirado, ter acesso a uma
infinidade de produtos e serviços e usufruir o máximo do prazer..."

"...para a maioria dos autores, a Pós­Modernidade é traçada como a época das incertezas, das
fragmentações, da troca de valores, do vazio, do niilismo, da deserção, do imediatismo, da
efemeridade, do hedonismo, da substituição da ética pela estética, do narcisismo, da apatia, do
consumo de sensações e do fim dos grandes discursos."36

Tendo em mente todas estas informações a respeito do significado do que é o pós
modernismo podemos, à esta altura, retomar os conceitos apresentados anteriormente onde
relacionávamos   os   conhecimentos   de   Stuart   Hall   a   respeito   da   crise   de   identidade   pós
moderna com a sociedade que foi tomando forma durante o período final e contemporâneo à
ditadura.
Em seu livro "A identidade cultural na pós modernidade"   Stuart tenta demonstrar a
existência de uma crise com a identidade cultural entre todos os seres humanos modernos, ele
defende   em   sua   tese   que   a   identidade   moderna   acabou   por   ser   fragmentada,   ou   seja,   as
paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade (por exemplo)
que no passado nos serviam para fornecer sólidas localizações como indivíduos sociais, não
são mais suficientes para definir o sujeito pós moderno como um "ser integrado"... 
"Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento
ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento­ Descentração dos indivíduos tanto de
seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos­ constitui uma "crise de identidade"
para o indivíduo."37
Para   este   autor,   (anteriormente   na   história)   haviam   "quadros   de   referências   que
ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural" que posteriormente foram descentrados,
principalmente por conta do processo de globalização (conceito que iremos retomar mais a
frente no texto). 
"Desde a década de 1980, desenvolveu­se um processo de construção de uma cultura
em nível global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde meados
do século XX, mas um verdadeiro sistema­mundo cultural que acompanha o sistema­mundo
político­econômico resultante da globalização" 38
A essa altura o leitor já deve estar se perguntando: ­­Mas qual a relação do que foi
descrito até agora com os leitores de O' Pasquim ou com a sociedade pós ditadura (a mesma
que dá o nome para este capítulo no qual nos encontramos) ???
Nesta   leitura,   o   que   tentamos   evidenciar   com   todos   estes   conceitos,   desde   a
36
fonte: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/otimismopos­moderno2.html
37
HALL, Stuart ­ "A identidade cultural da pós­modernidade" , 10 ed. ,2003,  pág 09, DP&A Editora.
38
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pós­modernidade
modernidade e pós modernidade até a "crise da identidade" de Stuart Hall é que houve uma
ruptura   entre   a   forma   de   pensar   de   grande   parte   da   sociedade   que   vivenciou   o   período
ditatorial e a forma de pensamento das gerações subsequentes (nas quais podemos identificar
esta "crise de identidade" da qual este mesmo autor supracitado se refere em seu livro).
O que pode­se perceber do leitor assíduo deste tabloide de humor (objeto de nossa
pesquisa) durante os anos de repressão, é que, o mesmo ainda não estava passando por essa tal
"crise de identidade", os valores que estabeleciam o perímetro do que podemos chamar de
identidade   cultural  ainda   eram   bastante   presentes  e  estavam   ainda  vivos  no  contexto   dos
interessados   em   todo   o   conteúdo   crítico­humorístico   e   de   contracultura   de   O'Pasquim
naqueles tempos, em outras palavras, a sociedade de uma forma geral (por conta de todo o
contexto da época) era mais politizada e mais segura de seus valores e ideais, mas o mundo
foi   se   modificando   (como   já   explicamos   ­   em   parte   ­   ao   descrevermos   os   conceitos   de
modernismo/pós modernismo) e com isso a sociedade e as gerações posteriores àquela que
lutou   contra   os   militares   também   se   modificou,   não   interessada   em   carregar   consigo   os
mesmos parâmetros e causas perseguidas por seus antecessores.
Outro   fator   que   foi   importante   para   entender   a   desmotivação   desta   sociedade   pós
ditadura   ­   não   só   pelo   conteúdo   pasquiniano   ­   mas   por   diversas   outras   publicações
jornalísticas alternativas, foi o fenômeno da globalização,  que modificou também o ser social
e contribuiu para a (já descrita) crise de identidade que Stuart Hall disserta a respeito, além de
ter sido responsável pela criação de diversos conteúdos concorrentes ao Pasquim (mesmo que
­   alguns   ­   baseados   nele)   por   conta   (além   de   outras   coisas)   da   eficácia   na   rapidez   da
informação. A seguir iremos discutir mais a respeito do tema...

4.3  A GLOBALIZAÇÃO, A INDÚSTRIA CULTURAL E A SOCIEDADE DE 
CONSUMO
 

Entre diversos fatos que contribuíram para uma mudança de pensamentos e valores na
sociedade   que   sucedeu   aquela   que   vivenciou   a   década   de   60/70,   podemos   ressaltar   o
fenômeno da globalização, o "boom" da indústria cultural com a ascensão do capitalismo
como o sistema econômico vigente até hoje, e o conceito da "sociedade de consumo", que
iremos falar a respeito nas próximas páginas.
A globalização pode ser entendida como um fenômeno advindo do capitalismo, que ao
se   tornar   um   bloco   econômico   unificado   no   mundo   todo,   interligou   econômicamente,
políticamente,  socialmente   e  culturalmente   todos  os  países  que  o integram,  acabando   por
mundializar   o   espaço   geográfico.   O   processo   de   globalização   pode   ocorrer   em   diversas
escalas   e  as  consequências   dele  são divergentes   de  acordo  com  o país   onde  o fenômeno
ocorre, porém são as nações com maior poder econômico aquelas que mais se beneficiam com
a globalização, expandindo seu mercado consumidor por meio de empresas transnacionais.
Existem   diversas   teorias   a   respeito   da   origem   desta   "aldeia   global"   onde   muitas
apontam que ela pode ter tido início no período mercantilista aproximadamente no século XV,
quando houve uma queda dos custos de transporte marítimo e um aumento da complexidade
entre as relações políticas na europa.
Mais   tarde   este   fenômeno   começou   a   tomar   um   formato   modernizado   a   partir   da
revolução industrial e posteriormente se alavancou mais uma vez, sendo chamado então de
globalização moderna (fato ocorrido no fim da Segunda Guerra mundial).
"É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a
vontade de impedir que uma monstruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo
que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram a conclusão
que   era   de   suma   importância   para   o   futuro   da   humanidade   a   criação   de   mecanismos
diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações uma das outras. Deste
consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de bloco econômico pouco
após isso com a fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço ­ CECA." 39
"A necessidade de expandir seus mercados levou as nações a aos poucos começarem a
se abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do
liberalismo."40
Outro aspecto que foi essencial para o avanço da globalização foi o desenvolvimento e
a expansão dos sistemas de comunicação, em um primeiro momento (antes do que chamamos
de globalização moderna) o rádio e posteriormente a tv, logo após em um segundo momento a
comunicação   via   satélites,   a   informática/internet,   melhoras   nos   sistemas   de   transporte   e
também na telefonia, interferindo amplamente nas relações sócio­econômicas entre os países
no   mundo.   Este   segundo   momento   descrito   acima   podemos   dar   o   nome   de   Terceira
Revolução Industrial.
A influência desse fenômeno acabou por interferir não só em aspectos econômicos e
sociais como em um âmbito cultural também (em diversas populações), com uma rapidez
maior dos meios de comunicação em especial a televisão e a internet, os hábitos dos seres
humanos começaram a sofrer alterações por conta deste mundo tecnológico.
Outro conceito a ser aprofundado é o da indústria cultural. A sociedade que viveu os
períodos pós ditadura (muito mais do que as gerações antecessoras a ela) sofreu fortemente
influências do avanço na indústria cultural que se deu (entre outros motivos) pelo fim da

39
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Globalização
40
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Globalização
censura, abertura maior dos mercados e principalmente por conta da globalização.

"O termo indústria cultural (em alemão Kulturindustrie) foi cunhado pelos filósofos e sociólogos
alemães Theodor Adorno (1903­1969) e Max Horkheimer (1895­1973), a fim de designar a situação
da arte na sociedade capitalista industrial.

Para os dois pensadores, a autonomia e poder crítico das obras artísticas derivariam de sua
oposição à sociedade. No entanto, o valor contestatório dessas obras poderiam não mais ser possível,
já que provou ser facilmente assimilável pelo mundo comercial. Adorno e Horkheimer afirmavam que
a máquina capitalista de reprodução e distribuição da cultura estaria apagando aos poucos tanto a arte
erudita quanto a arte popular. Isso estaria acontecendo porque o valor crítico dessas duas formas
artísticas é neutralizado por não permitir a participação intelectual dos seus espectadores.

A arte seria tratada simplesmente como objeto de mercadoria, estando sujeita as leis de oferta e
procura do mercado. Ela encorajaria uma visão passiva e acrítica do mundo ao dar ao público apenas o
que ele quer, desencorajando o esforço pessoal pela posse de uma nova experiência estética. As
pessoas procurariam apenas o conhecido, o já experimentado. Por outro lado, essa indústria
prejudicaria também a arte séria, neutralizando sua crítica a sociedade.
Para Adorno e Horkheimer, Indústria Cultural distingue­se de cultura de massa. Esta é oriunda do
povo, das suas regionalizações, costumes e sem a pretensão de ser comercializada, enquanto que
aquela possui padrões que sempre se repetem com a finalidade de formar uma estética ou percepção
comum voltada ao consumismo. E embora a arte clássica, erudita, também pudesse ser distinta da
popular e da comercial, sua origem não tem uma primeira intenção de ser comercializada e nem surge
espontaneamente, mas é trabalhada tecnicamente e possui uma originalidade incomum – depois pode
ser estandardizada, reproduzida e comercializada segundo os interesses da Indústria Cultural."41

O avanço da indústria cultural no nosso país no período de pós ditadura foi crescente e
evidente no mercado, a forma com que a cultura começou a ser dispersa pelos  meios  de
comunicação   tanto   impressos   como   televisivos   foi   impressionante,   e   vista   de   uma   forma
mercadológica   é   claro   (assim   podendo   ser   entendida   como   parte   da   indústria   cultural).  
Foi a partir deste avanço na indústria da cultura que vimos uma sociedade (mais do
que   nunca   antes)   dependente   desta   mesma   indústria   e   muito   mais   "faminta"   por   novas
informações, por novos pontos de referência para se pautar, e foi por conta deste fato que
pudemos perceber um descontentamento dela por publicações antigas (como era o caso de
O'Pasquim)   e   sua   atenção   agora   dispersa   por   novas   públicações   que   foram   surgindo   e
entrando no mercado para concorrer em diversos eixos que até então nunca foram explorados,
e outros que já eram de praxe mas que precisavam se readaptar aos novos tempos (e não o
fizeram).
Um ótimo exemplo dessa enorme força que a indústria cultural trouxe consigo quando
teve  essa guinada   com  a  globalização  atingindo  de  maneira   mais   drástica  nosso país  e  a
41
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Indústria_cultural
redemocratização do mesmo, foram as novelas da rede globo de televisão, que ofereciam uma
nova forma de ótica da sociedade, costumes e cultura do nosso povo, dentro dessa indústria
cultural, este canal soube a princípio (e sabe até hoje) as maneiras mais eficientes de interferir
e (de certa forma) moldar a cultura de nossa sociedade.
Outro conceito que devemos colocar em pauta é o da sociedade de consumo, este
conceito é utilizado para explicar a sociedade característica deste mundo desenvolvido onde o
capitalismo acelerou os processos de consumo e aumentou a oferta de produtos em relação a
demanda   dos   mesmos,   massificando   os   padrões   de   consumo   como   explica   o   texto   da
wikipédia a seguir:

" As principais características da sociedade de consumo são as seguintes:
. Para a maioria dos bens, a sua oferta excede a procura, levando a que as empresas recorram a
estratégias   de   marketing   agressivas   e   sedutoras   que   induzem   o   consumidor   a   consumir,
permitindo­lhes escoar a produção.
. A maioria dos produtos e serviços estão normalizados, os seus métodos de fabrico baseiam­
se na produção em série e recorre­se a estratégias de obsolescência programada que permita o
escoamento permanente dos produtos e serviços.
.   Os   padrões   de   consumo   estão   massificados   e   o   consumo   assume   as   características   de
consumo de massas, em que se consome o que está na moda apenas como forma de integração
social.
. Existe uma tendência para o consumismo (um tipo de consumo impulsivo, descontrolado,
irresponsável e muitas vezes irracional)."42

Agora que abordamos um pouco destes três conceitos podemos relacioná­los melhor
com o ser pós moderno (e sua "crise de identidade") explicados no decorrer deste texto:
A globalização acelerou os meios de comunicação e as formas da sociedade de se
interagir com o mundo, ela foi uma das reponsáveis por essa "multiplicidade de identidades"
em que podemos definir o ser pós moderno e muito de seu descontentamento em encontrar
uma identidade única (pois a informação dentro desse contexto corre solta e desenfreada não
dando margem ao indivíduo de se identificar com uma estética ou visão de mundo única). Ela
possibilitou também uma guinada na indústria cultural que ajudaria a formar padrões culturais
na sociedade de maneira massificada, não abrindo espaço para que muitos pudessem construir
melhor sua individualidade. Já o avanço da sociedade de consumo ajudou a exacerbar ainda
mais características da pós modernidade ja exemplificadas aqui antes, como o individualismo,
o consumismo, a ética hedonista e a fragmentação do tempo e do espaço.
Já com todo esse tema da sociedade pós ditadura tratado, podemos notar vísivelmente
como a sociedade desde a década de 80 até hoje foi se moldando com diferenças enormes
daquelas que estudamos antes, no capítulo que explicou a respeito da sociedade que vivenciou
na década de 60/70 todos os anos de repressão. 
42
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_de_consumo
Em contraponto a um modo de vida pautado em mudanças, em um certo romantismo
por acreditar que os valores poderíam ser diferentes no futuro, quase uma geração inteira que
caminhava um trajeto politizado, muitos em busca de uma revolução envolvendo toda uma
maneira de se pensar e viver nova, vimos desde o fim da repressão até agora o outro lado da
moeda: uma sociedade niilista que não acredita mais em rumo algum, que assiste de maneira
até banal o seu futuro acontecer, sem se importar, nem tentar qualquer tipo de interferência no
mesmo. E foi este um dos motivos pelos quais o Pasquim sucumbiu, e que pode dar pistas do
porquê   a   sua   tentativa   de   se   reerguer   (no   Pasquim   21,   que   discutiremos   posteriormente)
também foi falha, onde pudemos observar um novo tablóide com proposta semelhante, ter tão
pouco tempo de vida.
Mas antes de dissertar a respeito da retomada do Pasquim por alguns de seus membros
mais   afrente   na   história,   iremos   abordar   no   próximo   capítulo   dois   jornais   que   foram
influenciados  diretamente   pelo  Pasquim,  inclusive   contando  com  parte   de  alguns  de   seus
antigos colaboradores: o Casseta Popular e o Planeta Diário.

CAPÍTULO 5:  CASSETA POPULAR E PLANETA DIÁRIO: O HUMOR QUE
SURGIU DO PASQUIM

5.1  PLANETA DIÁRIO

(Matéria do Planeta Diário datada de 1984)

O Planeta Diário foi um tablóide humorístico brasileiro públicado mensalmente entre
1984   e   1992.   Suas   raízes   partem   do   tablóide   O'Pasquim   do   qual   os   humoristas   que
idealizaram O Planeta Diário fizeram parte como colaboradores durante muito tempo (Hubert,
Reinaldo e Cláudio Paiva).
Apesar de sua forma irreverente, personagens e alguns clichês que lembravam muito o
semanário pasquiniano o Planeta Diário inovou em muitos aspectos se relacionado com seu
antecessor   e   por  isso  foi   um   pouco   mais   aceito   pela   sociedade   que  viveu   o   processo  de
redemocratização, apesar de ter tido bem menos tempo de duração.
Uma de suas inovações  foi o uso de um layout bem parecido com o de jornais comuns
de distribuição diária e conteúdo sério, com o intuito de confundir realmente o leitor como se
suas matérias fossem reais apesar de todas terem um conteúdo humorístico: 
"O Planeta  Diário  trazia  manchetes  falsas como "Nelson Ned  é o novo Menudo",
"Maluf se entrega à polícia" e "Ozzy Osbourne morde Ivan Lins" 43
Muito de seu conteúdo também apresentava em seu formato gráfico (de uma maneira
nostálgica)   referências   ao   estilo   e   linguagem   dos   quadrinhos,   além   de   copiar   anúncios   e
chamadas   de   influentes   revistas   estrangeiras   como  National   Geographic,   Life  e  Saturday
Evening Post.
Em relação  ao humor, O Planeta Diário, aproveitou sua existência  pós ditatorial e
abusou de palavrões e de tiradas cômicas bem mais políticamente incorretas do que era visto
em O'Pasquim.
O Planeta Diário ficou tão famoso já em seus primeiros meses de vida, que no ano 
seguinte algumas das notas que eram publicadas nele em uma sessão denominada "O Planeta 
em Órbita", chegaram a serem transmitidas via rádio pela Transamérica do Rio de Janeiro. 
Em 1986 a coluna do Perry White (sátira com o editor­chefe do jornal fictício das 
histórias em quadrinhos americanas do Super­Homem, que levava o mesmo nome do tablóide
humorístico) passou a ser reproduzida no jornal Folha de São Paulo.

43
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Planeta_Diário
    (Matéria falsa do Planeta Diário satirizando o político José Sarney datada de Fevereiro/1985)

"Em 1987 o tabloide sentiu as consequências da crise pós­Plano Cruzado. A queda nas
vendas foi acompanhada de uma série de reformas criativas. Deixando para trás os tempos da
novidade e do modismo, o  Planeta  adotou uma linha mais popular, reduzindo, mas nunca
suprimindo, a importância dos sutis jogos de palavras e das referências (algo obscuras) à
cultura pop que sempre rechearam os textos."44
Já no ano de 1988 os redatores do tablóide começavam a fazer sucesso em outra de
suas empreitadas, juntamente com a equipe do Casseta Popular (tablóide similar ao planeta
diário   que   fazia   diversas   colaborações   ao   mesmo   e   que   discutiremos   mais   a   frente)   eles
realizavam o roteiro do programa Vandergleyson Show na Rede Bandeirantes e devido ao
retospecto positivo no programa da Band acabaram sendo convidados a participar na Rede
Globo   do   TV   Pirata,   onde   então   Cláudio   Paiva   resolveu   dedicar­se   exclusivamente,
abandonando a redação do Planeta Diário.
Na   década   de   90   mais   precisamente   no   ano   de   1990,   o   tablóide   sofre   com
irregularidades no papel e na impressão e tem sua periodicidade prejudicada (muito por conta
do Plano Collor também) além de falhas da distribuição e redução do número de páginas.
Em   1992   os   humoristas   participantes   começam   a   integrar   o   grupo   do   Casseta   &
Planeta Urgente (programa humorístico da Rede Globo de enorme sucesso), juntos novamente
com o pessoal do Casseta Popular e passam a ter cada vez menos tempo para se dedicar ao
Planeta Diário.

44
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Planeta_Diário
Em julho do mesmo ano, tendo dificuldades financeiras a equipe do tablóide mensal se
juntou definitivamente com a equipe do Casseta Popular para dar fim ao Planeta Diário (e
também   ao   Casseta   Popular)   formando   uma   revista   com   esta   fusão:   a   revista   Casseta   &
Planeta.

5.2  CASSETA POPULAR

A tablóide de humor Casseta Popular tem origens na época em que seus criadores 
(Beto Silva, Hélio de la Peña e Marcelo Madureira) ainda cursavam engenharia na UFRJ em 
1978.
Para fazer uma paródia ao jornal Gazeta Popular, eles começaram a distribuir um 
fanzine somente em sua universidade com o nome de Casseta Popular.
Já na década de 1980 para poder transformar este fanzine em um tablóide com o 
conteúdo mais rebuscado, o trio chamou então seus amigos Bussunda e Cláudio Manuel.
"O tabloide era vendido em bares, praias e na noite do Rio de Janeiro e em meados dos
anos 1980 atingiu um status cult com seu humor anárquico e irreverente, muitas vezes com 
sobra de palavrões, mas sempre um legítimo representante do "politicamente incorreto" antes 
mesmo que se viesse a falar de politicamente correto.
O Planeta Diário lançado em dezembro de 1984, contou com a colaboração da turma 
do Casseta desde seu primeiro número, o que levou à distribuição nacional os artigos da 
turma carioca."45 
A revista dos cassetas se destacava muito por suas capas satíricas, que (semelhante a 
fórmula do Planeta Diário) copiavam o layout de revístas sérias, recheando de humor em seu 
conteúdo.
Muitas de suas capas apresentavam teor crítico aos comportamentos e costumes e 
também a classe política da época, nelas incluiam temas como um Papai Noel fumando 
maconha, militares das três armas como camêlos e Fernando Collor nu da cintura para baixo 
apresentado como "Caçador de Maracujás".
"O conteúdo, com poucas seções fixas (uma exceção notável era a seção de cartas, na 
qual os editores se divertiam "detonando" os leitores, à semelhança da tradição da Mad 
brasileira), era muito variado, incluindo paródias de grandes reportagens e cadernos culturais 
de jornais famosos, anúncios falsos, entrevistas, estudos pseudo­intelectuais e alguma 
autopromoção da equipe "casseteana". Em fins dos anos 1990 a revista tornou mais intensa a 
paródia dos modelos editoriais "sérios", em especial os da Veja e da Folha de S. Paulo."46

45
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Casseta_Popular
46
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Casseta_Popular
(Campanha fictícia do tablóide Casseta Popular ­ piada que seria reproduzida novamente na televisão 
no programa Casseta & Planeta Urgente.)

No ano de 1992 pelos mesmos motivos que deram fim ao tablóide Planeta 
Diário (dificuldades financeiras e a atenção desviada aos programas de televisão que os 
integrantes da redação ja participavam no caso do TV Pirata) além da escassez de anunciantes
os humoristas do Casseta Popular deram fim as suas atividades, mas recomeçaram um novo 
projeto junto aos humoristas do Planeta Diário (como já foi citado anteriormente) 
denominado: Revista Casseta & Planeta.
No capítulo a seguir iremos tratar do nosso segundo objeto­chave de estudo: O 
Pasquim 21. Uma tentativa de alguns membros do antigo semanário de retomar o mesmo, 
adicionando algumas inovações à formula original.
CAPÍTULO 6:  PASQUIM 21

6.1  POR QUÊ COMEÇAR UM NOVO PASQUIM?

No ano de 2002, o cartunista Ziraldo resolve idealizar um novo projeto retomando o 
antigo tablóide O'Pasquim. Nascia então O'Pasquim 21.
Ziraldo havia acabado de fechar as portas de sua revista humorística que fazia sátira a 
revista Caras (da editora Abril) denominada: Bundas, pois a mesma demonstrou ter problemas
administrativos e dificuldades para encontrar anunciantes.
O Pasquim 21 fazia parte de uma idealização nostálgica de Ziraldo que estava 
motivado em ressucitar o antigo semanário, contribuindo com novos elementos para que o 
mesmo não caisse na mesma impopularidade que marcou O'Pasquim original nos anos que 
sucederam o fim da ditadura militar.  

(Foto da Capa de O'Pasquim 21 ­ Rio de Janeiro­RJ)

Um   editorial   de   Luiz   Fernando   Veríssimo   descrevia   um   pouco   do   objetivo   dos


criadores de O'Pasquim 21, na época que foi lançado nas bancas:
"Nossa ambição é modesta: queremos reinventar a imprensa. Ser o Gutemberg do pós­
setembro 11. Respeitaremos  algumas  convenções do jornalismo  brasileiro ­ impressão em
papel, cafezinho ruim, estagiárias sem soutien etc. ­mas mudaremos o resto, pois O'Pasquim
21 não pode ser igual a nada que já existe ou existiu. Inclusive o Pasquim." (VERISSIMO,
2002, p.3).47

O Pasquim 21 começou com um bom investimento, de quase 2 milhões de reais e seu
discurso (assim como no primeiro Pasquim)  era crítico  a respeito  da grande imprensa da
época (desta vez muito mais articulada e com uma capacidade de formadora de opinião muito
maior do que na época ditatorial) e ao governo em 2002, do qual Ziraldo e boa parte dos
integrantes do novo tablóide eram contra, o governo de Fernando Henrique Cardoso político
filiado ao PSDB.
"Para começar, queremos deixar bem clara a nossa posição, fato inédito na imprensa
nacional. Somos a favor do contrário de tudo que está aí [...] Nossa burrice oficial é
proporcional ao talento desperdiçado. Nossa inteligência sempre se perde no caminho do
poder, além de ser subaproveitada na grande imprensa. Assim toda reunião de talentos
brasileiros, como esta, se não serve para mais nada, serve para denunciar o desperdício. Não,
não, ninguém aqui quer o poder. Bom, talvez o Ziraldo. Só queremos ser o contraste."
(VERISSIMO, 2002, p.3).48
Participaram de O'Pasquim 21 os seguintes colaboradores: Fausto Wolff, Aroeira,
Ferreira Gullar, Arthur Poerner, Aldir Blanc, Mauro Santayana, Paulo Caruso, Santiago e
Sílvio Lancellotti. Jaguar e Millôr que também participaram anteriormente da Revista Bundas
e da primeira versão de O'Pasquim recusaram o convite para participar da versão pasquiniana
do século 21, afirmando que comparações com o semanário antigo seriam feitas e seu
conteúdo assim como sua linguagem não seriam assimilados pelo novo público jovem da
época (fato que já explicamos o porquê, anteriormente nesta dissetação, no capítulo: A
Sociedade pós ditadura).
Ziraldo enfatizou (respondendo às críticas) que não pretendia dar iníco a um
"renascimento" do primeiro Pasquim e queria na verdade só herdar seu nome e seu sentimento
contestatório para dar margem a novas interpretações por uma sociedade que já havia se
modificado e que já não vivia há tempos os anos de ditadura e guerra fria.
"Mas afinal, a idéia de um veículo como foi o Pasquim não seria apenas saudosismo,
um jornal com ‘cabeça de 70 em corpinho de 21’? ‘Claro que não estamos vivendo os anos 70
e as circunstâncias são outras. Mas fizemos levantamentos e há muita gente interessada no
projeto.   Além   disso,   vamos   abrir   espaço   para   novos   cartunistas   e   cronistas.   Será   uma
renovação’" ­ Afirmou Zélio (irmão de Ziraldo e editor­chefe no novo semanário).49

6.2  O OBJETIVO DO PASQUIM 21 E SEU RÁPIDO DECLÍNIO

47
SBARDELOTTO, Moiseé s. "DO PAPEL AOS BITS - As alternativos do jornalismo independente
comtemporaâ neo" - paé g. 54 - UFRS - Comunicaçaã o Social - (Porto Alegre-RS, 2006)
48
SBARDELOTTO, Moiseé s. "DO PAPEL AOS BITS - As alternativos do jornalismo independente
comtemporaâ neo" - paé g. 55 - UFRS - Comunicaçaã o Social - (Porto Alegre-RS, 2006)
49
fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/asp30012002991.htm
Em nossa pesquisa conseguimos assimilar que este tablóide teve como objetivo reviver
um   pouco  do   sentimento   humorístico,   contracultural,   e   crítico   ao   governo   que  existia   no
semanário original, mas tentando ao mesmo tempo inovar em alguns aspectos a fórmula do
Pasquim antigo, com novos integrantes, conteúdo a cores e a proposta de se opor a situação
política do ano de 2002 com um humor já livre de censuras, apesar de não tão escrachado,
como foi o exemplo da Revista Bundas, lembrando um pouco do humor irreverente sem ser
totalmente incorreto como víamos no Pasquim original.
Em seus primórdios o Pasquim 21 tinha mais "combustível" para críticas pois entre sua
redação existia um sentimento opositor aos políticos que se encontravam no governo naquele
período. Mais afrente sabemos que o governo de Fernando Henrique Cardoso perdeu terreno
para o então partido de oposição, o PT (Partido dos Trabalhadores), liderados por Lula (Luís
Inácio Lula da Silva) que viria a ser o novo Presidente da República. Diante de tal fato, um
dos motivos que tornavam o Pasquim 21 um tablóide mais crítico e opositor terminou por se
dissolver, logo que, para os editores e colaboradores do semanário, não havia interesse em se
criticar a situação governista, como era o caso do Presidente Lula e sua base aliada, que eles
tanto apoiaram ao longo de diversas publicações no conteúdo do novo Pasquim.
"Nós   aqui,   nós   chegamos   lá;   Lula,   nosso   operário,   chegou   lá   com   os   meninos
guerrilheiros que encontrou pelo caminho e que não perderam a fé nem a esperança. Vivi o
bastante para ver isto; eu queria ver isto! Estou muito alegre porque estou vendo isto. E
porque vou poder assistir ­ com qualquer consequência que seja, com êxito ou fracasso, não
importa, estou falando de emoção ­ a esta experiência absolutamente nova em nossa história.
[...] A vitória de um verdadeiro homem do povo, meu representante, aquele que o Euclides
disse que era, antes de tudo, um forte. Vai lá, Lula, que o Deus do Frei Betto te proteja!"
(PINTO, 2002b, p.62).50
Apesar do nome Pasquim nos trazer a mente lembranças de uma imprensa alternativa
das épocas ditatorias, no momento em que Lula subiu no palanque, muito se perdeu a respeito
do cárater opositor deste tablóide. A procura por uma visão crítica que já havia se perdido no
semanário acabou por afastar muitos dos leitores e por criar divergências dentro da redação do
mesmo. Em julho de 2004 é lançada a última edição do Pasquim 21.
"Não dá para fazer um jornal que apóie o governo", disse Ziraldo.
"O   cartunista   Ziraldo   anunciou   o   fim   do   jornal   O   Pasquim   21   por   achar
"desconfortável" fazê­lo agora que Lula chegou ao poder.
 O tablóide, inspirado em O Pasquim dos anos 70, foi lançado há dois anos e meio. O
último   número   irá   as   bancas   nesta   semana,   com   uma   homenagem   a   Brizola,   morto
recentemente, com a manchete "Adeus, Velho Briza".
Ziraldo explicou que a volta do jornal visava defender os ideais de Lula e que agora se
sente em uma posição desconfortável.
"Não posso abandonar o Lula agora. Como disse o pai de Fernando Sabino, se não
acabou bem é porque ainda não acabou", disse Ziraldo, sobre a situação política do país.

50
SBARDELOTTO, Moiseé s. "DO PAPEL AOS BITS - As alternativos do jornalismo independente
comtemporaâ neo" - paé g. 56 - UFRS - Comunicaçaã o Social - (Porto Alegre-RS, 2006)
"Estou com uma vontade de meter o pau neles também."51
Outro   fator   que   foi   importante   para   o   declínio   do   semanário   foram   os   problemas
econômicos que acabaram por resultar em uma diminuição de vendas dentro das bancas de
jornal. Em seu último ano o Pasquim 21 havia perdido fôlego por conta de menos contratos
com anunciantes, além disso ele concorria com muitos outros jornais de circulação semanal
que já tinham visibilidade há tempos nas bancas e pertenciam aos grandes grupos de mídia.
Além disso era essencial (diferentemente da época de repressão onde os jornais conseguiam
toda sua receita de anúncios + vendas nas bancas) que o jornal conseguisse um público fixo
que realizasse assinaturas do mesmo, e neste aspecto o Pasquim 21 também não teve êxito.
Em   sua   crítica   (relacionada   abaixo)   um   dos   integrantes   do   antigo   Pasquim:   Sérgio
Augusto,   dispara   contra   a   publicação   pasquiniana   do   século   21,   relembrando   muitos   dos
pontos  que  já  discutimos   em  nossa  tese  quando nos   referimos   a  sociedade  pós  moderna,
ressaltando   a   visão   niilista   do   público   da   época   de   2002/2004   (e   que   não   tem   muitas
diferenças ao público dos dias de hoje, arriscamos dizer):
" O país mudou, a imprensa mudou e boa parte dos que fizeram o Pasquim morreu. As
pessoas não querem mais o Pasquim, querem a Caras - o que nos dá a justa medida da
decadência. [...] Poucas pessoas se interessaram por elas [publicações como Bundas e O
Pasquim21]. Bundas, a meu ver, muitíssimo superior ao Pasquim21, tinha um nome inviável.
O Pasquim21 era ruim mesmo, uma melancólica caricatura do original" (AUGUSTO apud
PINHEIRO, 2006, p.4) 52

  
CAPÍTULO 7: CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO HUMOR NO BRASIL A 
PARTIR DO PASQUIM

7.1  UMA BREVE CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO HUMOR NO BRASIL DESDE O
FINAL DO PASQUIM

Nesta parte do texto iremos discutir a respeito de como o humor foi sendo modificado e
renovado ao longo do tempo em nosso país (tomando como base O Pasquim, claro, para que
possamos não sair de nosso foco) sempre seguindo uma cadeia de influências, onde (no fim
do capítulo) tentaremos evidenciar a forte relação que todo e qualquer conteúdo humorístico
tem com o contexto social e o período na hístoria onde o mesmo foi inserido, mesmo que
muito do que tenha sido feito no âmbito humorístico, seja considerado por alguns como uma
crítica atemporal.

51
fonte: http://diversao.terra.com.br/arteecultura/noticias/0,,OI341315­EI3615,00­
Ziraldo+desiste+de+publicar+O+Pasquim.html
52
fonte: SBARDELOTTO, Moisés. "DO PAPEL AOS BITS ­ As alternativos do jornalismo independente 
comtemporâneo" ­ pág. 56 ­ UFRS ­ Comunicação Social ­ (Porto Alegre­RS, 2006)
Para isto usaremos um trecho de um texto retirado da internet que é bem pertinente para
nossa explicação:
"...Na segunda etapa do século, viradas se deram com o Pasquim, jornal que cutucou a
ditadura militar com humor e picardia, e com a influência do Monthy Python, que na
Inglaterra emparedou o conservadorismo político, no final da década de 1970, e aqui deu
impulso a programas como a TV Pirata e o Casseta & Planeta, levados ao ar entre o fim dos
anos 1980 e o início dos 1990. Até hoje, pouco há de renovação nesses formatos consagrados.
Há um quê de humor de rádio em programas como Zorra Total e A Praça É Nossa, por
exemplo. “Em algumas épocas, sobretudo as de forte censura, o humor funcionou como
válvula de escape, já que possui vocação intrínseca para revelar verdades escondidas sob o
véu da mera diversão”, diz Saliba.
O stand up, embora só agora tenha virado febre no país, já está por aqui desde a
década de 1960, representado pelo recém-falecido humorista José Vasconcellos. E não só com
ele. Outros veteranos do humor experimentaram o gênero. Conhecidos principalmente por
seus trabalhos na televisão, como os já clássicos Chico City, Satiricom e Planeta dos Homens,
nomes como Jô Soares e Chico Anysio já faziam uso do formato desde os anos 1960. Na
antiga TV Tupi, Anysio enfrentava a plateia munido de um microfone – e de verve.
Renascido como novidade em meados dos anos 2000 com auxílio da internet, o gênero
revelou uma nova leva de humoristas que, assim como se deu no começo do século passado
com o rádio e o cinema, migraram da web para a televisão. Na TV, o humor de clubes e
pequenos palcos ganhou amplitude nacional com os participantes do CQC, exibido pela Band,
assim como o grupo em torno de Marcelo Adnet, que levou elementos desse formato para a
MTV. O movimento deu aos humoristas audiência, mas também limitações e riscos, além de
críticas e debates sobre os textos que criam ou improvisam. Piadas com teor de bullying são
defendidas pelos autores como o sagrado direito ao politicamente correto, quando o que está
em jogo é, na realidade, a qualidade artística do texto. "53

7.2 SERIA O HUMOR REFÉM DO TEMPO?

De acordo com o texto anterior pudemos evidenciar que apesar da fórmula inicial ser
sempre aproveitada, tudo o que foi sendo produzido à respeito do humor ao longo da história
teve  seu destaque  e  se sobressaiu (podendo  gozar de um  período de auge)  porquê soube
utilizar a medida certa de influências X inovações em sua fórmula (sempre levando em conta
nestas inovações, o contexto da época, que vai sempre se modificando conforme o tempo e o
gosto do próprio público adepto ao humorismo, que da mesma maneira vai se transformando a
medida que presencia novos marcos no humor e que ao mesmo tempo também pode ser um
fator mutacional para o próprio humor em questão).
Reforçando o que já pode ser entendido na notícia a respeito da história do humor no
Brasil, vimos um humor pasquiniano reinar durante um belo tempo na nossa história, mas
vimos também o humor do Planeta Diário (como cria do próprio Pasquim) se sobressair em
alguns aspectos e aproveitar as novas possibilidades que se faziam presentes após o término
da ditadura. Mais tarde nesta mesma sociedade vimos o Planeta Diário e o Casseta Popular
dar   origens   a   revista   e   posteriormente   ao   programa:   Casseta   e   Planeta,   que   se   mostrou
bastante original e divertiu gerações nas telas da Rede Globo mas que perante ao humor mais

53
fonte: http://abcimaginario.blogspot.com.br/2012/03/o-humor-brasileiro-reflete-falta-de-uma.html
ácido e descompromissado de programas (já mais recentes) como Pânico na TV, CQC entre
outros que englobam humoristas de stand up comedy, não conseguiu resistir. 
Desta   maneira   podemos   reparar   que   existe   um   padrão   nisto   tudo,   e   que   muito
provavelmente a fórmula deste humor que vemos hoje em dia pode muito bem não ser a
mesma fórmula vista no humor daqui há 10 anos por exemplo, concluíndo que assim como
muitas coisas na vida, o humor também é refém do tempo.
Mas este não é um dos únicos fatos isolados que provam o porquê de uma publicação
tão   controversa,   influente   e   desafiadora   como   o   Pasquim   difícilmente   será   repetida
posteriormente na história. A seguir nas considerações finais deste trabalho iremos destacar
em tópicos, alguns dos porquês nos quais (ao nosso ver) podemos explicar este fato, que nos
estimulou a realizar todo este trabalho apresentado até então.
  

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Ao longo de nossa tese pudemos perceber os diversos motivos pelos quais o Pasquim
não teve forças para retomar suas atividades com o mesmo êxito que o fez ser tão reconhecido
na década em que ajudou a criar uma nova estética jornalística no cenário brasileiro. De todos
os   motivos   já   abordados   os   que   mais   chamaram   atenção   para   poder   explicar   nossa
problematização foram:

­ A censura como combustível.

Sim.   A   censura   que   ao   mesmo   tempo   que   fechou   negócios   e   oprimiu   diversas
publicações sem dar fôlego a muitos jornalistas de esquerda, foi justamente um dos fatores
que alavancou a criatividade dos humoristas e colaboradores do Pasquim, foi um combustível
para o tablóide, que conseguia driblar os censores utilizando o humor como arma, e neste jogo
de gato e rato entretia a todos os leitores e destacava­se dos outros órgãos da imprensa. No
momento em que a censura terminou, um pouco da fórmula pasquiniana também se perdeu...

­ Erros administrativos/ dívidas.

Outro fator a ser levado em conta foram os erros administrativos, as diversas brigas
por divisões mais igualitárias das cotas dentro do semanário, o gasto abusivo de dinheiro por
parte da diretoria (como foi o caso já citado de Tarso de Castro) a falta  de engajamento
empreendedor   ao   não   se   utilizar   do   dinheiro   do   lucro   (que   chegou   a   ser   um   valor
considerável)   para  comprar  imóveis  e  equipamentos  afim  de  se  libertar   dos   interesses   da
distribuidora e responsável pela impressão do Pasquim (Editora Abril) que nunca deixava que
os órgãos de imprensa pertencentes a "imprensa nanica" atingissem uma quantidade de cópias
superiores aos seus concorrentes , no caso, os semanários da grande mídia (como a Veja) e
que também  dificultava  a relação de venda dos tablóides  na própria banca de jornal, não
possibilitando o jornaleiro comprar as edições em consignação.

­ Descaso das grandes editoras com a imprensa nanica.

Mais um motivo foi esse já supra citado no item acima, a respeito da não possibilidade
de crescimento que era imposta por diversos meios pela Editora Abril ao imprimir e distribuir
as cópias do semanário.

 ­ Inovações no humor/ O humor como refém do tempo.

Assim como já foi explicado no capítulo anterior: "...pudemos evidenciar que apesar
da fórmula inicial ser sempre aproveitada, tudo o que foi sendo produzido à respeito do humor
ao longo da história teve seu destaque e se sobressaiu (podendo gozar de um período de auge)
porquê soube utilizar a medida certa de influências X inovações em sua fórmula (sempre
levando em conta nestas inovações, o contexto da época, que vai sempre se modificando
conforme o tempo e o gosto do próprio público adepto ao humorismo, que da mesma maneira
vai se transformando a medida que presencia novos marcos no humor e que ao mesmo tempo
também pode ser um fator mutacional para o próprio humor em questão)".
O  humor foi  se adaptando  as  novas  realidades  e sempre  irá realizar  este caminho
(mesmo quando retoma um pouco de suas origens em alguns momentos...) O Pasquim apesar
de   extremamente   importante   como   marco   de   inovações   no   humor   para   um   determinado
período, não soube se adaptar e por conta disto também sucumbiu.
­ A aceitação na sociedade pós ditadura.

Este item está intimamente ligado ao item anterior, mas ainda sim deve ser observado
de maneira avulsa. Como já foi explicado em um capítulo todo, houveram mudanças entre a
sociedade das décadas de 60/70 e a sociedade que foi se formando no final da ditadura. Uma
das reclamações de um dos integrantes do Pasquim já citadas neste texto foi a que, a partir de
um determinado período, os jovens paravam de comprar o Pasquim nas bancas e eram os país
que começavam a adquiri­los, isto pode ser explicado pelo pensamento pós moderno em que
muitos   dos   valores   antes   perseguidos   (como   ter   um   ideal   político,   buscar   uma   ética   de
trabalho e uma referência familiar, enfim... se identificar com alguma referência) acabaram
por se dissipar, chegando a um ponto onde a sociedade acabou por entrar em uma crise de
identidade  onde nem a própria nação de um indivíduo consegue mais  ser utilizada  como
referência para a identidade do mesmo.
Isto é uma das explicações­chave para o entendimento de porquê o Pasquim terminou,
porquê o Pasquim 21 não teve muito tempo nas bancas e que pode explicar o motivo pelo qual
dificilmente veremos uma imprensa alternativa (naqueles moldes) tão forte quanto já foi um
dia.

     ­ A globalização, a indústria cultural e a sociedade de consumo.

"A globalização acelerou os meios de comunicação e as formas da sociedade de se
interagir com o mundo, ela foi uma das reponsáveis por essa "multiplicidade de identidades"
em que podemos definir o ser pós moderno e muito de seu descontentamento em encontrar
uma identidade única (pois a informação dentro desse contexto corre solta e desenfreada não
dando margem ao indivíduo de se identificar com uma estética ou visão de mundo única). Ela
possibilitou também uma guinada na indústria cultural que ajudaria a formar padrões culturais
na sociedade de maneira massificada, não abrindo espaço para que muitos pudessem construir
melhor sua individualidade. Já o avanço da sociedade de consumo ajudou a exacerbar ainda
mais características da pós modernidade ja exemplificadas aqui antes, como o individualismo,
o consumismo, a ética hedonista e a fragmentação do tempo e do espaço."
Neste   trecho   podemos   evidenciar   que   tanto   o   processo   de   globalização   como   o
aumento   do   poder   da   indústria   cultural   e   as   maiores   guinadas   ao   consumo   por   parte   da
sociedade   possibilitaram   que   uma   vasta   concorrência   fosse   aberta   para   disputar   com   o
Pasquim. Em muitas páginas do semanário que estudamos vimos temas como drogas, rock
and roll, futebol... enfim... temas específicos que chamavam atenção de diversos leitores que
não se interessavam somente nas notícias em geral do país e no humor, mas também queriam
diversidade. Com o aumento do leque de possibilidades no mercado (que pode ser explicado
por estes 3 conceitos abordados neste tópico) o Pasquim perdeu um pouco do seu terreno para
uma forma de fabricar fatos e notícias já massificada que acabou por tornar a grande mídia
(posteriormente) na máquina formadora de opinião que conhecemos hoje (que por um lado já
existia na época mas não tinha tanta força como podemos ver agora).
 
­ A Partidarização do Pasquim.

Em alguns momentos no texto vemos que, apesar de todos os integrantes do Pasquim
terem   em   sua   pauta   o   objetivo   de  criticar   a  ditadura   (  e   de   muitos   ­   em   contrapartida   ­
afirmarem   que   o   humor   não   deve   tomar   partido,     e   deveria   ser   descompromissado   com
qualquer coisa) cada qual tinha seu ponto de vista político. O Paulo Francis por exemplo (algo
que não foi mencionado em nenhum momento na tese, mas devemos frisar) era Trotskista54, já
Ziraldo não apoiava uma esquerda tão extrema e mais tarde acabou por se declarar adepto ao
partido do PMDB (e posteriormente no Pasquim 21 ao PT) em contrapartida ao Jaguar que na
redemocratização apoiou Brizola... Enfim, o que tentamos mostrar neste tópico é que na época
da ditadura já haviam diferenciações entre cada integrante da redação na hora de perceber a
esquerda politicamente, mas como havia um objetivo comum (que era combater a ditadura)
todos relevavam um pouco do extremismo de cada ideal em separado para perseguir um ideal
comum, e isto ajudava a caracterizar o Pasquim, também como uma frente política, ao lado de
diversas outras publicações  de jornais alternativas. Com o término do regime ditatorial, o
inimigo em comum havia dado adeus, desta forma abrindo espaço para a discussão (agora
democrátca "em corpo e alma")  de cada ponto de vista a respeito da esquerda... Isto (apesar
de saudável, pensando que há pouco tempo antes só havia repressão) levou a redação a sofrer
varias disputas internas e ao leitor do Pasquim se sentir (muito mais do que antes), dividido e
confuso...

Desta forma podemos concluír nossa tese, com as causas­chave do porque o Pasquim
não deu mais certo, mas também abrindo espaço para o próprio leitor imaginar quais outras
causas poderiam ter sido (além destas todas) um estopim para que um semanário com tanta
originalidade, coragem e tão influente como ele foi, não ter tido mais espaço ao longo de
nossa história...
Convidamos o leitor a pesquisar mais sobre o tema caso tenha tido interesse ao longo
da   leitura   e   reviver   um   pouco   do   que   foram   aqueles   tempos   que   influênciaram   e   ainda
influênciam muito do que vemos hoje em nossa sociedade. 

54
 O trotskismo é uma doutrina marxista baseada nos escritos do político e revolucionário ucraniano Leon 
Trótski. É formulada como teoria política e ideológica e apresentada como vertente do comunismo por oposição 
ao stalinismo.  ­ fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trotskismo
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