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Valdir Campoi Junior

Manual de
Combate com
Espingarda 12

Fundamentos
Crédito das Fotografias utilizadas:

• Fotografias 4.1 a 5.13 - Luciano Machado da Silveira.

• Fotografias 5.14 a 6.19 - Edjor dos Santos Moraes.

355 Campoi Junior, Valdir


C21 m Manual de combate com espingarda 12:
Fundamentos / Valdir Campoi Junior. Taquarituba-SP:
GRIL - Gráfica e Editora, 2006.
150p il.

1. Ciências Militares 2. Espingardas 3. Fundamentos


I. Título

O direito desta obra é reservado ao autor.


Proibida a reprodução total ou parcial da mesma.

—2— Manual de Combate com Espingarda 12


Sumário

Agradecimentos......................................................................................6
Apresentação..........................................................................................7
Prefácio...................................................................................................8
Introdução...............................................................................................9

Capítulo I - Espingardas ................................................................... 11


Histórico................................................................................................ 11
Partes das Espingardas........................................................................12
Partes de espingardas no sistema de bomba................................12
Partes das espingardas semi-automáticas.....................................14
Descrição das partes......................................................................15
Tipos de Espingardas...........................................................................17
Espingardas de cano duplo............................................................18
Espingardas de sistema de bomba................................................20
Espingardas semi-automáticas.......................................................26
Espingardas híbridas......................................................................30
Espingardas automáticas...............................................................32
Espingardas sem classificação específica....................................33
Acessórios............................................................................................34

Capítulo II - Munições .......................................................................41


Generalidades......................................................................................41
Partes dos Cartuchos...........................................................................42
Descrição das partes......................................................................43
Tipos de Cartuchos...............................................................................48

Manual de Combate com Espingarda 12 —3—


Dispersão de Projéteis..........................................................................53
Áreas de dispersão.........................................................................54
Tipos de “Chokes”................................................................................61
Poder de Parada...................................................................................62
Ferimentos............................................................................................64
Descrição dos ferimentos...............................................................64

Capítulo III - Fundamentos ...............................................................67


Fundamentos de Segurança................................................................67
Regras de Segurança no uso de Armas de Fogo.................................68
Código de Cores para o Alerta.............................................................69
Mentalidade de Combate................................................................70
Observação ao código de cores.....................................................71
Os níveis de competência....................................................................73
Fundamentos de Operações................................................................74
Princípios de Tática..............................................................................74
Descrição dos Princípios................................................................75
Complementos................................................................................78
Combate em Ambiente Confinado........................................................79
Regras do Combate em Ambiente Confinado................................80
Aspectos Básicos do Emprego Tático da Espingarda..........................82
Tipos de Recarga de uma Espingarda.................................................83
Condições de Prontidão da Espingarda...............................................83
Considerações sobre o Nível de Prontidão....................................85

Capítulo IV - Fundamentos de Tiro...................................................87


Fundamentos de Tiro............................................................................87
1º Fundamento - Posição Estável...................................................87
Posição de Tiro.........................................................................87
Empunhadura...........................................................................88
Descrição das Posições de Tiro...............................................88
2º Fundamento - Pontaria...............................................................97
3º Fundamento - Respiração..........................................................99
4º Fundamento - Acionamento do Gatilho....................................100

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Posições de Pronto e de Transporte..................................................102
Posições de Pronto.......................................................................102
Descrição das posições................................................................102
Posições de Transporte................................................................105
Descrição das posições com bandoleira......................................106
Descrição das posições sem bandoleira......................................107

Capítulo V - Treinamentos ..............................................................109


Familiarização com a Espingarda....................................................... 110
Prática em Seco................................................................................. 111
Passos para a Prática em Seco................................................... 113
Técnicas Práticadas em Seco...................................................... 114
Respostas à direita, à esquerda e à retaguarda...........................120
Tiro com a Espingarda........................................................................123
Carregamento da arma.................................................................124
Transição para balote...................................................................126
Exercícios de tiro..........................................................................128
Exercícios básicos........................................................................128
Tiro em baixa luminosidade e à noite.................................................129
Combinação arma-lanterna..........................................................130
Padrão para tiro com arma e lanterna..........................................131

Capítulo VI - Saneamento de Panes ..............................................133


Saneamento de Panes na Espingarda...............................................133
Atitudes para evitar panes............................................................134
Técnicas para sanar panes..........................................................134
Transição de armas......................................................................138
Pane provocada pelo operador....................................................141

Conclusão...........................................................................................142
Referências.........................................................................................143
O Autor................................................................................................149

Manual de Combate com Espingarda 12 —5—


Agradecimentos

A
confecção deste livro, com as informações e conceitos que
ele traz, não teria sido possível se não houvesse o apoio de
várias pessoas, ao longo dos anos em que se pesquisou e testou
aquilo que ele aborda e em que se escreveu e corrigiu a expressão das idéias das
quais ele se ocupa.
Agradeço ao Coronel Nei Paulo Panizzutti, antigo mestre da Academia
Militar das Agulhas Negras, que com paciência revisou a Língua Portuguesa nos escritos
originais que preparei, além de me animar para prosseguir escrevendo.
Agradeço ao Coronel Athos Gabriel Lacerda de Carvalho, a análise militar
da tática e das técnicas de tiro e emprego do que foi desenvolvido nestas poucas
páginas e ao Primeiro-Sargento PM Luís Alberto Daia Martins do Lago, instrutor de
tiro da Polícia Militar de São Paulo, no reforço desta análise, no sentido policial.
Faço menção especial aos amigos Marcelo Augusto Silva, Luiz Filipe
de Souza Leão e Fábio Pimentel Araújo, que me auxiliaram em diversas instruções
de tiro, das quais foram extraídas experiências práticas que embasaram as teorias
e os treinamentos que aqui se encontram. Todos são excelentes operadores das
armas de fogo, em especial das espingardas. Ao diretor da Gun Sight, Luís Antonio
Martins de Freitas Horta (Tatai), pela oportunidade de ministrar cursos desta escola,
aprendendo novas técnicas e ensiná-las a cidadãos e a equipes operacionais que
delas necessitam.
Ao atleta de tiro Carlos Rodrigues Flores, agradeço a cessão das
instalações do Centro Nacional de Instrução Tática, no Rancho, onde foram realizados
os testes das armas e munições, dos quais ele participou ativamente e ao Tenente
Coronel Autacyr César Coutinho de Queiroz, pelas adequações nas informações
técnicas das espingardas apresentadas. Enfim, agradeço a compreensão de minha
esposa e de meus filhos, quando tive que tomar parte do tempo em que poderíamos
estar aproveitando nossa convivência e a utilizei para finalizar esta pequena obra.

O Autor

—6— Manual de Combate com Espingarda 12


Apresentação

C
onheci o, então, Capitão Campoi em 2001, como instrutor da Se-
ção de Tiro da AMAN, quando do início do Projeto Caçador. Partici-
pamos, junto com outros companheiros no Seminário, e depois,
como partícipe do Estágio de “Sniper”, quando fui seu aluno. Já demonstrava naqueles
dias gosto pela pesquisa nos assuntos que envolviam a preparação do combatente,
particularmente preocupado com as lacunas existentes, editando, na época, o seu
Manual de Combate com Facas.
Prosseguindo na mesma senda, com a recente adoção pela Força
da Espingarda Cal. 12, elabora o presente Manual, que vem suprir a carência do
conhecimento deste armamento.
O Manual de Combate com Espingarda 12, trata de todos os aspectos
necessários aos usuários. Inicia com a apresentação dos diversos modelos
existentes no mercado nacional e externo, até porque, ao que parece, o EB
adotou dois modelos aqui fabricados e, também, o rol de munições de possível
utilização. Prossegue com os fundamentos, com ênfase às regras de segurança
e do emprego da arma em cenário normal e em ambiente confinado. Divulgando
o inusitado, para nós, código de cores para o alerta.
Como instrutor de tiro dedicou um capítulo aos fundamentos do tiro,
desde as posições básicas até os princípios fundamentais da pontaria. Preconiza
um programa, bastante viável, de treinamento, prevendo o tiro em situação de
baixa visibilidade. Tudo com uma proposta de consumo de munição adequado,
equilibrando o mínimo necessário para a formação do combatente e a economia
de recursos da Força.
Meu parecer é que este Manual é bastante abrangente e completo nos
aspectos técnicos e táticos para a formação do combatente armado de Espingarda
12, podendo ser adotado na certeza de excelentes resultados.

Porto Alegre, abril de 2006.

Athos Gabriel Lacerda de Carvalho


Cel R/1 Inf-QEMA.

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Prefácio

T
endo sido solicitado, pelo Maj. CAMPOI, a fazer a revisão grá
fica deste Manual, preparei espírito e paciência para enfrentar
mais um trabalho inçado de lugares-comuns, incorreções gramaticais
e vocabulário pobre, como sói acontecer com boa parcela dos escritos quarteleiros.
Contrariando Bilac, parece que os militares, com raríssimas exceções,
somos apenas capazes de gestar produções insossas, obesas de expressões gastas
pelo uso e repetição, ricas em atentados à concordância, regência, ortografia e demais
cacoetes gramáticais e – o que é pior – de conteúdo indigesto.
Qual não foi minha surpresa, ao constatar que o autor domina muito
bem o idioma pátrio, manejando-o com simplicidade tal, que não nos cansa a sua
leitura. Ao longo das cento e cinqüenta páginas de um trabalho que mescla – com
rara habilidade e maestria - conhecimentos táticos com técnicos, fomos recordando
toda uma vivência de ítalo-brasileiro acostumado a lidar com espingardas de caça
desde a mais tenra idade. E mais, filho de artesão emérito, que só não produzia a
pólvora com que caçava, fui encontrando, ao correr do texto, as explicações técnicas
daquilo que usava, instintivamente, desde tempos imemoriais.
Daí, poder afirmar que minha leitura do texto do Maj Art Valdir CAMPOI
Júnior foi um aprendizado útil e agradável, qualidades que raramente andam juntas
em semelhantes compêndios. Da existência de espingardas dotadas de cano raiado,
tomamos conhecimento por esta leitura, além de mil e uma outras noções óbvias, mas,
que, exatamente por serem óbvias – como os cuidados primários com a segurança
– devem ser repetidas à exaustão, para evitar acidentes e incidentes.
Em nenhum momento de sua escritura, o autor se deixou enlear pela
tentação de exibir cultura técnica militar. Seus ensinamentos tanto servem para um
competidor de tiro esportivo, como para alguém que se prepare para a guerra de
resistência que – mais cedo ou mais tarde – o Exército Brasileiro terá de utilizar na
Amazônia. Portanto, é com prazer que saudamos o aparecimento deste MANUAL DE
COMBATE COM ESPINGARDA 12. E festejamos seu jovem autor, elogiável debutante
nas letras impressas.
AMAN, fevereiro de 2006
Nei Paulo Panizzutti
Cel R/1 Assessor do Comando da AMAN

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Introdução

A
s espingardas são armas pouco conhecidas e pouco entendi-
das, mesmo por pessoas que as utilizam diariamente. Essas
armas são dotadas de características que as tornam
praticamente insuperáveis em determinadas situações. Por exemplo, quando se
necessita de um grande poder de parada, em distâncias curtas, poucas armas
podem superar a atuação das espingardas.
Além disso, a simplicidade de operação e a possibilidade de se acertar
um alvo no primeiro tiro fazem dela uma arma capaz de ser bem utilizada mesmo
por iniciantes, com um mínimo de treinamento.
Ao contrário do que a mídia quer fazer crer ao cidadão, apresentando
a espingarda 12 como uma arma poderosíssima, capaz, como já ouvimos, de
“matar elefantes”, ela tem algumas limitações que a impedem de realizar tal
feito com facilidade.
Explodir automóveis, derrubar helicópteros ou impelir um ser humano
num vôo, após ele receber um disparo, também são coisas que vemos em filmes,
na televisão e no cinema, mas não denotam uma realidade absoluta.
De qualquer forma, a aparência dela e a sua sólida reputação intimidam
muito e fazem com que ela seja levada a sério em um confronto armado.
A utilização correta de uma espingarda, por um policial, um militar
ou um cidadão, dará a ele uma grande vantagem, desde que ele conheça suas
limitações e suas possibilidades, bem como tire proveito dos equipamentos que
podem ser acoplados a ela, para facilitar o seu uso, ou torná-las melhores.
O uso correto das munições existentes vai completar essa vantagem,
por isto elas devem ser do conhecimento do operador da arma. A rápida perda de
velocidade dos bagos de chumbo utilizados para carregar a munição das espingardas,
causa uma menor penetração e não coloca em risco premente a vida de pessoas
que estejam próximas do local onde uma espingarda venha a ser utilizada.
Diferentemente ocorrerá com relação a um projetil disparado de uma
arma curta, submetralhadora ou fuzil, que alcança distâncias muito maiores,
colocando em risco cidadãos afastados do local onde tenha acontecido um tiro
de uma destas armas.

Manual de Combate com Espingarda 12 —9—


A existência de munições de baixo poder letal, como aquelas
carregadas com projéteis de borracha, com cargas de gás e com os chamados
“bean bags”, tornam-na ainda mais aptas às ações em ambientes onde haja
concentração de pessoas.
Nas operações militares em áreas urbanas, de combate ou de
Garantia da Lei e da Ordem (GLO) a espingarda 12 será uma das principais
armas leves a serem utilizadas. Em operações policiais, mormente as operações
que envolvam as entradas táticas, com invasão de construções e atuação em
ambiente confinado, essa arma poderá ser usada para abrir caminho e render
suspeitos e terroristas.
Costuma-se chamar a espingarda 12 de “calibre 12”. Essa designação
não seria a mais correta tendo em vista que o conceito de calibre envolve a
existência de raias em um cano, e as espingardas são classificadas como armas
de cano não raiado. As raias são estrias, na parte interna do cano, que dão aos
projéteis o movimento de rotação que os estabilizam, enquanto se deslocam
seguindo uma trajetória no ar.
Tendo-se em vista a existência de empresas, atualmente, que estão
fabricando espingardas cujo cano é raiado, voltadas para a caça com munições
de projétil singular (balote), visando uma maior precisão em tiros de longa
distância, já se pode aceitar a denominação popular de “calibre 12” . Deve-se
levar em conta que já há bastante tempo esse modo de se referir a essa arma
é utilizado, tendo ganhado a preferência da população em geral.
Este manual tem por principal objetivo oferecer informações e
conhecimentos básicos sobre as espingardas 12, para aqueles que necessitem
usá-las. Nele são abordadas algumas técnicas de tiro e treinamentos que poderão
ser realizados no intuito de se alcançar a familiarização com ela.
Recomenda-se a todos aqueles que se interessarem por praticar o
que for mostrado neste livro, procurarem uma pessoa capacitada e habilitada
nas lides do uso das armas de fogo.
Os iniciantes e os veteranos terão sempre a ganhar treinando sob o
olhar atento e seguindo as orientações de um bom instrutor.

— 10 — Manual de Combate com Espingarda 12


Espingarda

Capítulo I

Histórico

A
s espingardas, de modo geral, foram concebidas como armas
de caça, que garantissem ao homem o acesso a animais que
ele pudesse utilizar para sua alimentação e em seu vestuário.
Considerando-se que são chamadas espingardas as armas cujos canos não
possuem raiamento, podemos dizer que as primeiras armas de fogo inventadas
pelo homem foram espingardas, não importando os nomes que receberam à
época de sua criação. Ao longo do tempo, devido à facilidade de se lidar com
elas, à sua simplicidade de funcionamento e de manutenção e, principalmente,
a grande possibilidade de se acertar um tiro no alvo pretendido à curta distância,
ela passou a ser utilizada para defesa pessoal. Logo se seguiu o seu uso em
combate, desde o século XIX, tanto por militares, especialmente tropas de
operações na selva, quanto por policiais, em diversos países.
O aparecimento de espingardas cuja recarga era feita pelo sistema de
bomba (“pump action”) ou de forma semi-automática, com carregadores tubulares
ou do tipo cofre metálico, elevou bastante sua eficiência. A maior quantidade
de munição disponível aumentou o seu poder de fogo. As novas espingardas
ultrapassaram em muito as antigas, de um cano ou dois, que exigiam a abertura
da arma para inserção de cartuchos carregados e a retirada dos utilizados.
De qualquer modo, o peso dos cartuchos, ainda bastante elevado, quando
comparados aos de outras armas, limita a quantidade que um operador pode
levar consigo em uma missão.
Chamadas de “Armas de Trincheira”, pelos militares, devido ao seu
destacado desempenho neste tipo de combate, na 1ª Guerra Mundial e chamadas,
ainda, de “Arma de controle de distúrbios”, quando usada por forças policiais, elas

Manual de Combate com Espingarda 12 — 11 —


vêm sendo bastante aprimoradas, sem perder sua inerente simplicidade. Muitas
espingardas usadas inicialmente em operações eram adaptações de armas de
caça, encontradas comercialmente. Na atualidade, pode-se encontrar armas
deste tipo desenvolvidas especialmente para situações de combate. A lista de
equipamentos que lhe podem ser acoplados é longa e eles vão de lanternas a
suportes para cartuchos, fixados em sua coronha ou em sua armação, até alças
e massas de mira, que permitem uma pontaria mais precisa.
No entanto, o que mais impressiona é o seu massivo poder de parada,
demonstrado no raio do alcance de utilização desta arma. O seu recuo também
é bastante impressionante e assusta aqueles que não a conhecem muito bem,
contudo, controlá-la, mesmo em rápidos disparos seqüenciais, não é tão difícil,
e requer, tão somente, uma prática orientada. Pode-se inferir, assim, que as
espingardas que estão acompanhando o homem na evolução da humanidade há
séculos, continuarão a se fazer presentes durante um bom tempo, seguindo ao seu
lado por mais algumas centenas de anos.

Partes da Espingarda
Serão descritas a seguir partes importantes de algumas espingardas,
com o intuito de familiarizar o leitor com essas armas. O nome de alguns dos
componentes apresentados serão exaustivamente repetidos nos capítulos que
compõem este manual, por isso é necessário seu conhecimento.

Partes de espingardas no sistema de bomba.

Fig. 1.1 - Partes da Espingarda CBC 586.2 – P/7, vista direita.

— 12 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 1.2 - Partes da Espingarda CBC 586.2 – P/7, vista esquerda.

Fig. 1.3 - Valtro PM-5.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 13 —


Partes de espingardas semi-automáticas

Fig. 1.4 - SPAS 15.

Fig. 1.5 - USAS-12.

— 14 — Manual de Combate com Espingarda 12


Descrição das partes
Coronha – Pode ser confeccionada em madeira, polímero ou metal.
As coronhas dobráveis, também chamadas rebatíveis, podem ser dobradas
para uma das laterais da arma ou para cima, repousando sobre sua caixa da
culatra. As coronhas retráteis podem ser estendidas ou encurtadas para atender
às dimensões de seu usuário.
Trava da Coronha – A trava da coronha, que é encontrada
nas coronhas rebatíveis, nas dobráveis e nas retráteis deve ser premida,
normalmente, para liberar o movimento desta peça, possibilitando que ela seja
colocada na posição aberta, para seu uso normal.
Soleira – Confeccionada em plástico ou em borracha, ajuda na
absorção do impacto do recuo após um disparo. Ela ajuda, ainda, a evitar que
a arma escorregue e escape do seu apoio no ombro.
Bandoleira – É um acessório essencial em uma arma longa. Permite
a quem a utiliza transportá-la em uma posição mais confortável, especialmente
em longos deslocamentos, porém preparada para uso imediato.
Telha – É a parte da arma onde se exerce o maior esforço físico do
operador durante a execução de disparos com a arma, imprimindo movimento
ao ferrolho. Isto possibilita a extração e a ejeção de um cartucho já utilizado e
a inserção de um novo na câmara.
Haste da Corrediça – As hastes da corrediça transmitem o movimento
da telha para o ferrolho. Elas são duas, uma em cada lado da arma. Existem
espingardas mais antigas que têm apenas uma haste.
Ferrolho – É a parte da arma que, movimentada para trás, extrai o estojo
utilizado, puxando-o pelo seu culote, com o extrator. Movimentada para frente, ela
empurra o novo cartucho para a câmara. Dentro do ferrolho encontra-se o percutor,
que é lançado à frente para disparar um cartucho, ferindo sua espoleta.
Caixa da Culatra – A caixa da culatra, denominada também de
receptáculo ou armação, é a parte central da arma, onde estão afixados o cano,
o carregador tubular, a coronha e onde estão algumas partes móveis e controles
da espingarda. Essa parte pode ser feita de aço, de duralumínio, ou outro material
tão resistente quanto estes.
Janela de Ejeção – É a abertura no corpo da armação da espingarda
(caixa da culatra, receptáculo), por onde são lançados os estojos já utilizados,
após retirados da câmara.
Manual de Combate com Espingarda 12 — 15 —
Gatilho – É a peça que pressionada possibilita o disparo da arma.
Guarda-Mato – O guarda mato é a parte da arma que protege o
gatilho, não deixando que ele seja premido sem intenção, por qualquer esbarrão
ou toque acidental.
Trava do Gatilho – A trava de segurança do gatilho impede que ele
seja deslocado, bloqueando-o, mesmo que ele sofra uma pressão. Na trava existe
uma indicação, usualmente na cor vermelha, que aparece quando ela não está
em uso, ou seja, está destravada, e a arma em condições de disparar.
Carregador Tubular – Chamado, ainda, de depósito, ele tem
capacidade para receber entre 05 (cinco) e 10 (dez) cartuchos, dependendo da
arma. O tamanho do cartucho a ser utilizado pelo operador da arma 70, 76 ou
89 mm ( 2 ¾ , 3 ou 3,5 polegadas) faz variar essa quantidade, também.
Bujão do Depósito – O bujão do depósito é a peça que tampa o
carregador tubular.
Carregador tipo Cofre Metálico – Onde são colocados os cartuchos
para realimentar a arma, facilita bastante a recarga quando sua munição finda.
Existem carregadores do tipo cofre metálico com forma circular e cilíndrica e
com diversas capacidades de cartuchos.
Retém do Carregador – Evita que o carregador se solte da arma com
facilidade. É necessário que esta trava seja apertada para que o carregador seja
extraído da arma, evitando que ele caia durante o uso.
Alça de Mira – Existem inúmeros tipos de alças de mira, algumas
podem ser ajustadas para diversas distâncias, ou seja, aceitam regulagem,
outras são fixas. Ela facilita a pontaria e a realização de tiros mais precisos,
especialmente com munições de projéteis singulares (balotes). Algumas armas de
caça e espingardas de combate mais antigas não apresentam alça de mira.
Massa de Mira – A massa de mira é, normalmente, do tipo esférica
quando a espingarda não tem alça de mira. No entanto, boa parte das armas
atuais possuem uma massa tipo poste, que facilita a realização da pontaria,
quando usadas junto com a alça.
Porta-Cartuchos – O porta cartuchos não é um item de fábrica, que
acompanha a arma. No entanto é considerado um item de grande importância,
pois coloca uma quantidade mediana de cartuchos ao alcance do seu operador,
possibilitando uma rápida recarga. Ele pode ser afixado na coronha ou na caixa
da culatra da arma.

— 16 — Manual de Combate com Espingarda 12


Alça de transporte – A alça de transporte é usada para se transportar
a arma, empunhando-a, quando não estiver em condições de utilização para o
tiro. Em algumas armas a alça de mira é solidária à alça de transporte.
Punho – Algumas espingardas, que seguem as linhas gerais de
apresentação de um fuzil, costumam ser confeccionadas com um punho. Isso
possibilita uma mais fácil adaptação de soldados acostumados com os chamados
fuzis de assalto, com os quais treinam constantemente, às espingardas de
combate.
Alavanca de carregamento – A alavanca de carregamento é também
chamada de alavanca de armar ou de manejo. É a parte da arma na qual agimos
para efetuar o seu carregamento, puxando-a e liberando-a para que um cartucho
seja introduzido na câmara, após inserirmos seu carregador já municiado.
Guarda-mão – Serve como proteção para o usuário da arma poder
empunhá-la e não segurar diretamente o cano, que pode estar quente.
Zarelho – Permite que seja afixada uma bandoleira na arma, que
passe por dentro dele.
Tão logo um militar ou um policial receba uma espingarda para cumprir
uma missão ele deve se familiarizar com ela, conhecendo seus controles e a
localização de cada um.
O mesmo se exige de um cidadão que compre uma delas para sua
defesa. Os controles apresentados pelas espingardas são bastante variados e
dependem do tipo de arma e do fabricante.
As finalidades desses controles vão do travamento do ferrolho ao
desmuniciamento sem que seja necessário manobrar a arma, levando seus
cartuchos para a câmara. A leitura do Manual de Instruções não pode ser
relegada, sob pena de a arma ser inutilizada quando seu uso for necessário.

Tipos de Espingardas
As empresas que produzem espingardas oferecem, normalmente,
diversos tipos e modelos destas armas, para que possam preencher nichos
importantes e possam adquirir para si uma boa parte do mercado nacional e
internacional de armamentos.
Existem em vários países, como Brasil, Itália, Estados Unidos da
América, Rússia e África do Sul, grandes fabricantes de espingardas, fazendo

Manual de Combate com Espingarda 12 — 17 —


armas específicas para competições e para utilização por forças policiais e militares.
Estas armas apresentam uma excelente qualidade, mercê dos novos sistemas de
produção e das máquinas precisas que as elaboram. Os tratamentos químicos e
térmicos a que são submetidas, quando de sua fabricação, estendem sua vida útil
e as tornam mais resistentes aos abusos cometidos pelos seus usuários.
As espingardas que serão apresentadas a seguir são alguns poucos
exemplos de modelos produzidos em vários países. A gama de tipos, modelos e
variações deles não permite que sejam todos mostrados nem sequer se discuta
as características de cada um, pois seriam necessários vários livros para isto.

Espingardas de Cano Duplo


Algumas espingardas de cano duplo são ainda encontradas sendo
utilizadas em operações militares e policiais, nos modelos de canos justapostos
e sobrepostos. A rapidez no disparo dos cartuchos existentes em suas duas
câmaras é enorme, já a recarga toma um tempo considerável, se comparada a
outros modelos. O disparo pode ser feito por dois gatilhos ou por apenas um,
que aciona um mecanismo de disparo por vez.
Existe a possibilidade de carregar cada uma das câmaras com um tipo
de cartucho, como o de projetil singular (balote) em uma delas e o de bagos de
chumbo (3T, SG, 4 ) na outra. Isso permite uma rápida escolha do melhor tipo
de munição para a situação enfrentada.
O comprimento dos canos, nas armas fabricadas para a caça, não as
indica para o combate, pois são longos, chegando a ter até 30 polegadas, o que
dificulta o seu transporte e o seu manuseio, apesar de melhorar a sua precisão.
Aquelas com cano mais curtos apresentarão uma maior manobrabilidade, devendo
ser escolhidas para uso em operações, em detrimento das mais compridas. No
ambiente de uma casa, onde um cidadão precise se defender, a arma de cano
mais curto facilitará o seu manuseio, pois ali ele estará num ambiente considerado
confinado, onde armas mais curtas têm melhor atuação.
Essa assertiva é válida, também, para militares e policiais cumprindo
missões dentro de construções, como casas, prédios e outras. De qualquer modo,
este tipo de arma é considerado obsoleto para uso em operações.
Estas Espingardas são classificadas como de 1ª geração.

— 18 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig.1.6 - Boito A 680.

Fig.1.7 - Beretta Imperiale Monte Carlo.

Fig.1.8 - Browning Cynergy de canos sobrepostos.

Fig.1.9 - Boito Miura de canos sobrepostos.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 19 —


Espingardas de sistema de bomba
(“pump action”, “trombone action”)

Utilizadas extensamente no meio policial e no meio militar, tem


inúmeras vantagens quando comparadas às de dois canos e algumas vantagens
com relação às semi-automáticas.
É uma arma de preço bastante acessível, à disposição de qualquer
cidadão. No aspecto da relação custo-benefício, o preço de uma espingarda é
razoável, quando comparado ao preço de uma arma curta, como um revólver ou
uma pistola. Adquirida em grandes lotes, como fazem as corporações policiais
ou as forças armadas, seu preço diminui ainda mais.
O funcionamento de seu mecanismo do ferrolho se dá pelo
deslocamento da telha, colocada sob o cano e que empurra as corrediças. Por
depender apenas da habilidade e força de seu operador, trabalha bem mesmo
sem a devida manutenção e apresentando sinais de sujeira, como pó ou pólvora
acumulados. O saneamento de panes, normalmente, pode ser realizado com
a aplicação de força física sobre sua estrutura, tornando-a mais confiável em
momentos de estresse.
As munições que vierem a ser utilizadas na arma, ainda que não
estejam absolutamente dentro dos padrões normais de pressão ou tenham algum
defeito de fabricação, não afetarão de maneira negativa o seu funcionamento. A
recarga após o tiro será feita pela manobra do sistema de bomba, que independe
das pressões geradas na câmara, aumentando sua confiabilidade. A capacidade
de levar entre cinco e vinte cartuchos, dependendo do tipo de carregador que
utilize, põe à disposição do usuário uma boa quantidade de munição.
As coronhas utilizadas neste tipo de espingarda podem ser de vários
modelos, incluindo as rebatíveis e as “pistol grip”. Existem mais equipamentos
que podem ser acoplados de diversas maneiras à arma, tais como lanternas,
lunetas, miras de ponto vermelho (red dot) e suportes de munições. Todos esses
equipamentos devem ser testados pelo usuário da arma antes de colocá-la em
uso, pois eles podem interferir em seu perfeito funcionamento.
É preciso que seja lembrado, a título de informação, que algumas
armas longas, em calibres destinados a fuzis e carabinas, foram construídos
utilizando-se o sistema de bomba. A empresa Rossi, no Brasil e a Winchester
nos Estados Unidos da América produziram armas assim. As espingardas de
sistema de bomba são consideradas de 2ª Geração.
— 20 — Manual de Combate com Espingarda 12
CBC 586 – A espingarda CBC 586 tem um peso, sem munição, de
2,7 kg, seu receptáculo é construído em aço e ela comporta oito cartuchos,
sendo sete no carregador tubular e um na câmara. Possui massa de mira
do tipo esférica e não possui alça de mira. Outros modelos apresentam alça
de mira regulável, fixada na porção anterior do cano e massa de mira tipo
poste. O comprimento do cano da arma varia de 460 mm a 610 mm (18 a 24
polegadas) e ele é cilíndrico. A trava do gatilho encontra-se localizada logo
atrás dele, no guarda-mato. Pode-se utilizar cartuchos de 70 ou 76 mm (2
¾ ou 3 polegadas) para o tiro.

Fig.1.10 - CBC Modelo 586.

Boito BSA – A espingarda Boito BSA tem um peso, sem munição,


de 1,9 kg, seu receptáculo é construído em duralumínio e ela comporta oito
cartuchos, sendo sete no carregador tubular e um na câmara. Possui massa de
mira do tipo esférica e não possui alça de mira. O comprimento do cano da arma
aqui mostrada é de 460 mm (18 polegadas) e ele é cilíndrico. A trava de segurança
encontra-se localizada na parte superior da caixa da culatra, facilitando a ação
de travar e destravar a arma, especialmente para usuários canhotos. Pode-se
utilizar cartuchos de 70 mm (2 ¾ polegadas) para o tiro.

Fig.1.11 - Boito com coronha retrátil.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 21 —


Browning BPS – A espingarda Browning BPS tem um peso, sem
munição, de 3,5 kg, seu receptáculo é construído em aço e ela comporta cinco
cartuchos, sendo quatro no carregador tubular e um na câmara. Possui um
suporte que pode receber lunetas ou outros equipamentos óticos de pontaria.
O comprimento do cano da arma aqui mostrada é de 560 mm (22 polegadas),
ele é raiado, com o passo de raiamento de uma volta em vinte e oito polegadas
(1:28”). Essa característica aumenta a precisão do tiro com munições de projétil
singular (balote) e leva em conta a existência de locais, nos EUA, onde a caça
só pode ser feita com espingardas. A trava de segurança do gatilho encontra-
se localizada na parte superior da caixa da culatra. Pode-se utilizar somente
cartuchos carregados com balotes. A janela de ejeção fica voltada para a parte

Fig.1.12 - Browning BPS com cano raiado.

Mossberg 590 – A espingarda tem um peso, sem munição, de 3,1 kg


e comporta nove cartuchos, sendo oito no carregador tubular e um na câmara.
Possui massa de mira do tipo poste e alça de mira do tipo dióptro (“ghost ring”),
protegida por abas laterais. O comprimento do cano da arma aqui mostrada é
de 508 mm (20 polegadas) e ele é cilíndrico. A trava de segurança encontra-se
localizada na parte superior da caixa da culatra, facilitando a ação de travar
e destravar a arma, especialmente para usuários canhotos. Pode-se utilizar
cartuchos de 70 e 76 mm (2 ¾ ou 3 polegadas) para o tiro. A capacidade desta
arma fica diminuída em um cartucho caso sejam utilizados os de 3 polegadas.

Fig.1.13 - Mossberg 590.

— 22 — Manual de Combate com Espingarda 12


Remington 870 14” – A espingarda tem um peso, sem munição, de
2,5 kg, seu receptáculo é construído em aço e ela comporta cinco cartuchos,
sendo quatro no carregador tubular e um na câmara. Possui massa de mira
do tipo poste e alça de mira do tipo metálica aberta, de fuzil, fixadas no cano.
O comprimento do cano da arma aqui mostrada é de 356 mm (14 polegadas)
e ele é cilíndrico. A trava do gatilho encontra-se localizada logo atrás dele, no
guarda mato. Pode-se utilizar cartuchos de 70 ou 76 mm (2 ¾ ou 3 polegadas)

Fig.1.14 - Remington 870 com cano de 14 polegadas.

Winchester 1300 Coastal Marine – A espingarda 1300 Coastal


Marine tem um peso, sem munição, de 3,0 kg, seu receptáculo é construído
com uma liga metálica de alumínio e ela comporta oito cartuchos, sendo sete no
carregador tubular e um na câmara. Possui massa de mira do tipo fibra ótica e
não possui alça de mira. O comprimento do cano é de 460 mm (18 polegadas),
ele é cilíndrico e confeccionado em aço inoxidável. A trava de segurança do
gatilho encontra-se localizada logo a frente dele, no guarda mato. Pode-se
utilizar cartuchos de 70 ou 76 mm (2 ¾ ou 3 polegadas) para o tiro. O sistema
de bomba de inércia assistida, devido ao uso de ferrolho rotativo, permite uma
maior velocidade nos disparos.

Fig.1.15 - Winchester Coastal Marine.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 23 —


Valtro PM-5 – A espingarda tem um peso, sem munição, de 3,0 kg,
seu receptáculo é construído em aço e ela comporta oito cartuchos, sendo sete
no carregador tipo cofre, destacável, e um na câmara. Possui massa de mira
do tipo poste e possui alça de mira metálica aberta. O comprimento do cano da
arma aqui mostrada é de 356 mm (14 polegadas), mas existem modelos com
canos de até 508 mm (20 polegadas). A trava do gatilho encontra-se localizada
logo atrás dele, no guarda mato. Pode-se utilizar cartuchos de 70 ou 76 mm (2
¾ ou 3 polegadas) para o tiro. O tubo debaixo do cano serve como apoio para
ele e como um trilho onde corre a telha. A coronha é de polímero, mas existem
modelos em que ela é dobrável para cima da caixa da culatra.

Fig.1.16 - VALTRO PM-5.

RMB-93 – A espingarda é de fabricação russa, tem um peso, sem


munição, de 2,5 kg e comporta sete cartuchos, sendo seis no carregador tubular,
localizado acima do cano, e um na câmara. Possui massa de mira do tipo poste
e possui alça de mira metálica aberta. O comprimento do cano é de 460 mm (18
polegadas). Pode-se utilizar cartuchos de 70 mm (2 ¾ polegadas) para o tiro.
O sistema de bomba desta arma funciona empurrando-se a telha no sentido
contrário ao que é usualmente feito. A coronha é rebatível para cima da caixa
da culatra, mas pode, também, ser retirada, deixando a arma com “pistol grip”.
O gatilho funciona em dupla ação. Os cartuchos usados são ejetados para

Fig.1.17 - RMB-93.

— 24 — Manual de Combate com Espingarda 12


ARMSCOR M 30 BG – A espingarda M 30 BG, fabricada nas Filipinas,
tem um peso, sem munição, de 2,0 kg, seu receptáculo é construído em aço
carbono e ela comporta cinco cartuchos, sendo quatro no carregador tubular e
um na câmara. Possui massa de mira do tipo esférica e não possui alça de mira.
O comprimento do cano da arma aqui mostrada é de 470 mm (18 ½ polegadas)
e ele é cilíndrico. Pode-se utilizar cartuchos de 70 e 76 mm (2 ¾ e 3 polegadas)
para o tiro. A capacidade desta arma fica diminuída em um cartucho caso sejam
utilizados os de 3 polegadas. A empunhadura tipo “pistol grip” é de polímero.

Fig.1.18 - ARMSCOR M 30 BG.

Mossberg 590 A1 Compact – A espingarda tem um peso, sem


munição, de 2,6 kg e ela comporta seis cartuchos, sendo cinco no carregador
tubular e um na câmara. Possui massa de mira do tipo esférica e não possui
alça de mira. O comprimento do cano da arma aqui mostrada é de 356 mm
(14 polegadas) e ele é cilíndrico. A trava de segurança encontra-se localizada
na parte superior da caixa da culatra, facilitando a ação de travar e destravar
a arma, especialmente para usuários canhotos. Pode-se utilizar cartuchos de
70 e 76 mm (2 ¾ ou 3 polegadas) para o tiro. Existe uma tira afixada na telha
para evitar que a mão do operador escorregue quando ele a esteja utilizando e
passe na frente do cano. A coronha é do tipo “pistol grip”.

Fig.1.19 - Mossberg 590 A1 Compact.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 25 —


Espingardas semi-automáticas
Atualmente bastante utilizadas por unidades policiais e militares que
executam operações especiais, são armas que realizam a sua recarga de maneira
automática, sem necessitarem da ação muscular de seu operador. Esta é uma
vantagem que possibilita uma maior velocidade no engajamento de alvos múltiplos.
Uma outra vantagem é que se pode executar diversos disparos com apenas uma
das mãos, já que a recarga é executada pela própria arma. Haveria dificuldade de
se fazer isso com uma espingarda de sistema de bomba ou de cano duplo.
A perda de gases e sua utilização na movimentação do mecanismo interno
faz o seu recuo ser reduzido, facilitando a absorção dele. Isto possibilita o treinamento
e a aprendizagem dos novatos com dores menos acentuadas no ombro que recebe
o impacto do recuo. A necessidade de uma boa manutenção. Para que haja um
funcionamento confiável da arma, é uma de suas desvantagens. Uma outra é que
não se pode utilizar qualquer tipo de munição, pois é preciso que seja alcançado um
nível mínimo de pressão dos gases, que faça funcionar seu sistema de recarga. As
espingardas semi-automáticas são consideradas de 3ª Geração.
Benelli M1 Super 90 – Esta espingarda tem um peso de 3,18 a 3,63 kg,
seu receptáculo é construído com uma liga metálica de alumínio e ela comporta
um total de três a sete cartuchos, contando sempre aquele da câmara. Possui
massa de mira do tipo poste, alça de mira do tipo dióptro (“ghost ring”), protegida
por abas laterais. Existem modelos com miras abertas, de fuzil e com suportes
para se acoplar miras “red dot”, apontadores laser e lanternas. O comprimento
do cano é de 508 mm (20 polegadas) nos modelos táticos, mas podem variar em
tamanho. A trava do gatilho encontra-se localizada logo atrás dele, no guarda-
mato. Pode-se utilizar cartuchos de 70 e 76 mm (2 ¾ e 3 polegadas) para o tiro.
A coronha é de polímero e pode ser encontrada com punho ou no formato “pistol
grip”. O sistema que utiliza a inércia do recuo das partes móveis para movimentar
o ferrolho e fazer funcionar a arma é bastante eficaz.

Fig.1.20 - Benelli M1 Super 90.

— 26 — Manual de Combate com Espingarda 12


Saiga12 K – A espingarda de fabricação russa, tem um peso de 3,5 kg
e comporta cinco ou oito cartuchos em seus carregadores plásticos destacáveis,
tipo cofre. Possui alça e massa de mira fixadas em uma pequena barra metálica,
localizada sobre o cilindro de gases. Existem suportes laterais para se afixar
miras “red dot”. O cano tem um comprimento de 430 mm (17 polegadas) e pode
ter acoplados em seu final alguns tipos de “choke”. A coronha é de plástico,
rebatível para o lado da arma. O aspecto geral desta espingarda lembra o do
fuzil AK-47, no qual é baseada . Pode-se utilizar cartuchos de 70 e 76 mm (2 ¾
ou 3 polegadas) para o tiro. A espingarda Saiga 12 S tem cano de 520 mm (20
2/5 polegadas).

Fig.1.21 - Russa Saiga 12K.

Winchester X2 3 ½ Magnum Greenhead – Esta espingarda tem um


peso de 3,6 kg, seu receptáculo é construído com uma liga metálica de alumínio
e comporta cinco cartuchos, sendo quatro no carregador e um na câmara. A trava
do gatilho encontra-se localizada logo atrás dele, no guarda-mato. A massa de
mira é do tipo esférica, branca, e não há alça de mira. O comprimento do cano
é de 710 mm (28 polegadas) e a arma é fornecida com três tipos de “choke” (ver
ACESSÓRIOS). A coronha é sintética. Pode-se utilizar cartuchos de 70, 76 ou 89
mm (2 ¾, 3 ou 3,5 polegadas) para o tiro. A capacidade desta arma fica diminuída
em um cartucho caso sejam utilizados cartuchos de 3 ou 3,5 polegadas.

Fig.1.22 - Winchester X2 3 ½ Magnum Greenhead.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 27 —


USAS-12 – Fabricada na Coréia do Sul, tem um peso de 5,5 kg
e comporta dez cartuchos em carregador tipo cofre ou vinte em carregador
circular, ambos destacáveis. Possui alça de mira ajustável, solidária à alça de
transporte, e massa de mira tipo poste, protegida e fixada sobre o cilindro de
gases. O cano tem um comprimento de 460 mm (18 polegadas). A coronha é
oca, feita de polímero e serve para abrigar o recuo do mecanismo do ferrolho.
Existem duas janelas de ejeção, uma em cada lado da armação, que podem
ser utilizadas de acordo com a necessidade do usuário. Utilizam-se cartuchos
de 70 mm (2 ¾ polegadas) para o tiro. Existem armas deste tipo que executam
tiro automático, em rajadas curtas (“bursts”). O peso e o tamanho exagerado
ajudam no controle do recuo.

Fig.1.23 - USAS 12, com carregador circular.

Mossberg 935 Autoloader – A espingarda tem um peso, sem munição,


de 3,5 kg e comporta cinco cartuchos, sendo quatro no carregador tubular e um
na câmara. Possui massa de mira do tipo esférica, na cor branca e não possui
alça de mira. O comprimento do cano é de 710 mm (28 polegadas). A trava de
segurança encontra-se localizada na parte superior da caixa da culatra, facilitando
a ação de travar e destravar a arma, especialmente para usuários canhotos. Pode-
se utilizar cartuchos de 70, 76 e 89 mm (2 ¾, 3 ou 3,5 polegadas) para o tiro. A
capacidade desta arma fica diminuída em um cartucho caso sejam utilizados os
de 3,5 polegadas. A arma é fornecida com três tipos de “choke”.

Fig.1.24 - Mossberg 935 Autoloader

— 28 — Manual de Combate com Espingarda 12


Browning Gold – A espingarda Browning Gold tem um peso, de 3,6 kg
e comporta cinco cartuchos, sendo quatro no carregador tubular e um na câmara.
Possui massa de mira do tipo fibra ótica e não possui alça de mira. O comprimento
do cano é de 760 mm (30 polegadas) e ele tem pequenas perfurações em sua
porção final, para diminuir o recuo após o disparo. A trava do gatilho encontra-
se localizada logo atrás dele, no guarda mato. Pode-se utilizar cartuchos de 70
mm (2 ¾ polegadas) para o tiro. A arma é fornecida com vários tipos de “choke”
e a sua coronha é ajustável.

Fig.1.25 - Espingarda Browning Gold.

Beretta A 391 Xtrema Camo – A espingarda tem um peso, de 3,5 kg


e comporta cinco cartuchos, sendo quatro no carregador tubular e um na câmara.
Possui massa de mira tipo esférica e não possui alça de mira. O comprimento
do cano é de 610 a 660 mm (24 a 26 polegadas) e seu receptáculo é de uma
liga metálica de alumínio. A trava do gatilho encontra-se localizada logo à frente
dele, no guarda mato. Pode-se utilizar cartuchos de 70, 76 e 89 mm (2 ¾, 3 e
3,5 polegadas) para o tiro. A arma é fornecida com um tipo de “choke” e a sua
coronha é polímero reforçado com fibra de vidro. A capacidade desta arma fica
diminuída caso sejam utilizados os cartuchos de 3,5 polegadas.

Fig.1.26 - Espingarda Beretta A 391 Xtrema Camo.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 29 —


Espingardas híbridas
As espingardas híbridas são aquelas que podem funcionar no sistema
de bomba ou como semi-automáticas.
São consideradas espingardas de 4ª Geração.

Franchi SPAS 12 – A espingarda Franchi SPAS 12 tem um peso de


4,4 kg e comporta um total de nove cartuchos, sendo oito no carregador tubular
e um na câmara. Possui massa de mira do tipo poste e alça de mira aberta, de
fuzil. O comprimento do cano é de 546 mm (21 polegadas) e ele é cilíndrico. A
trava de segurança encontra-se na parte posterior do guarda mato e era do tipo
alavanca nos modelos mais antigos, sendo substituída por um botão de empurrar,
no mesmo local, nos modelos mais novos. Pode-se utilizar cartuchos de 70 e
76 mm (2 ¾ e 3 polegadas) para o tiro. Esta arma pode ser utilizada no sistema
de bomba ou semi-automática, com uma pressão no botão encontrado na parte
inferior da telha. A coronha pode ser metálica, rebatível para cima da caixa da
culatra, ou de polímero com punho. Na boca do cano há a possibilidade de se
acoplar um quebra-chamas.

Fig. 1.27 - SPAS 12 com coronha metálica rebatível.

Benelli M3 Super 90 – A espingarda tem um peso de 3,2 a 3,5 kg, seu


receptáculo é construído com uma liga metálica de alumínio e ela comporta um
total de nove cartuchos, sendo oito no carregador tubular e um na câmara. Possui
massa de mira do tipo poste e alça de mira aberta, de fuzil. Existem modelos
com miras do tipo dióptro (“ghost ring”) e com suportes para se acoplar miras
“red dot”, apontadores laser e lanternas. O comprimento do cano é de 508 mm
(20 polegadas) nos modelos táticos, mas pode variar em tamanho. A trava do
gatilho encontra-se localizada logo atrás dele, no guarda mato.

— 30 — Manual de Combate com Espingarda 12


Pode-se utilizar cartuchos de 70 e 76 mm (2 ¾ e 3 polegadas) para
o tiro. A coronha é de polímero e pode ser dobrável, com punho ou no formato
“pistol grip”. O sistema que utiliza a inércia do recuo das partes móveis para
movimentar o ferrolho e fazer funcionar a arma é bastante eficaz. Esta arma
pode ser utilizada no sistema de bomba ou semi-automática com uma mudança
bastante simples na chave encontrada na parte posterior da telha.

Fig.1.28 - Benelli M3 Super 90

Franchi SPAS 15 – A espingarda Franchi SPAS 15 é um aperfeiçoamento


da SPAS 12. Tem um peso de 3,9 kg e comporta um total de sete cartuchos, sendo
seis no carregador tipo cofre destacável e um na câmara. Possui massa de mira
do tipo poste e alça de mira aberta, de fuzil. Pode ser equipada com miras “red
dot” e apontadores laser. O comprimento do cano é de 460 mm (18 polegadas)
e ele é cilíndrico. A trava do gatilho é ativada por uma alavanca localizada dentro
do guarda- mato. Existe, ainda, uma trava de segurança no punho da arma.
Pode-se utilizar cartuchos de 70 e 76 mm (2 ¾ e 3 polegadas) para o tiro. Esta
passa do sistema de bomba para semi-automático, com uma pressão no botão
encontrado na parte inferior da telha. A coronha é de plástico, rebatível para a
lateral da caixa da culatra. Na boca do cano podem ser acoplados alguns tipos
de “chokes”. Seu receptáculo é de uma liga metálica de alumínio.

Fig.1.29 - SPAS 15.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 31 —


Espingardas automáticas
Existem pesquisas bastante adiantadas para se fabricar espingardas
que funcionem automaticamente, recarregando e disparando enquanto seu
gatilho é mantido premido. Exatamente como fazem as metralhadoras e
submetralhadoras. Os sistemas de operação dessas armas é variado e, em
sua maioria, elas ainda não entraram em produção comercial. O seu uso seria
direcionado exclusivamente para forças policiais e militares. As espingardas
automáticas podem ser consideradas de 5ª Geração.

HK Close Assalt Weapon System (CAWS) – Esta espingarda tem


um peso de 4,3 kg, e comporta dez cartuchos no carregador tipo cofre. A chave
seletora, que coloca a arma em segurança, encontra-se localizada logo acima do
guarda mato. Possui alça de mira e massa de mira solidárias a alça de transporte.
O comprimento do cano é de 460 mm (18 polegadas). A coronha é sintética.
Pode-se utilizar apenas os estojos de latão cinturados, projetados especialmente
para ela. A arma funciona em modo semi-automático ou automático. No modo
automático ela pode disparar 240 tiros por minuto. Note-se a configuração “
Bullpup”, com o mecanismo da culatra embutido dentro da coronha.

Fig.1.30 - HK CAW.

Auto Assault 12 (AA-12) – Esta espingarda tem um peso de 4,5


kg, e comporta dez cartuchos no carregador tipo cofre ou vinte no carregador
cilíndrico. O seletor de segurança bloqueia o gatilho. Possui alça e massa de
mira metálicas, protegidas por abas. O comprimento do cano é de 460 mm (18
polegadas), existindo uma versão com cano de 330 mm (13 polegadas). O corpo
da arma, incluindo coronha, punho e guarda-mão, é sintético, dividido em duas
partes. Pode-se utilizar cartuchos de 70 mm (2 ¾ polegadas) para o tiro. A arma
— 32 — Manual de Combate com Espingarda 12
funciona em modo automático, podendo realizar rajadas curtas de acordo com o
controle exercido pelo operador na pressão dada em seu gatilho. Sua cadência
é de 300 tiros por minuto.

Fig.1.31 - AA-12.

Espingarda sem classificação específica


A espingarda descrita aqui não possui características que permitam
classificá-la junto àquelas que já foram abordadas.

Espingarda Protecta – A espingarda Protecta, fabricada na África


do Sul, tem um peso de 4,2 kg e comporta doze cartuchos em um carregador
cilíndrico rotativo e não destacável, que é girado pelo esforço aplicado no
punho frontal da arma. O comprimento do cano é de 304 mm (12 polegadas),
mas existem modelos com outros tamanhos, podendo chegar a 760 mm (30
polegadas). A coronha é rebatível para cima da caixa da culatra e diminui bastante
o comprimento total da arma. O gatilho funciona no sistema de dupla ação. No
lado direito do cano encontra-se a haste ejetora, utilizada para remover o último
cartucho utilizado ou aqueles que não foram disparados.

Fig.1.32 - Protecta.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 33 —


Acessórios
Existe uma verdadeira infinidade de acessórios. Alguns são
fabricados pelas próprias empresas que produzem as espingardas, outros
são confeccionados por empresas especializadas em oferecer alterações nas
armas para que sejam empregadas nas mais diversas finalidades. Não haveria
espaço suficiente neste manual para mostrar uma grande parte destes itens,
por isso serão abordados apenas os mais comuns e alguns considerados
mais interessantes, por trazerem inovações importantes. A instalação desses
acessórios deve ser seguida de testes com a arma para verificar se não houve
alteração em seu funcionamento.

Prolongadores do carregador tubular – Os prolongadores do


carregador tubular são utilizados para aumentar sua capacidade em cartuchos.
A quantidade que será acrescida variará de acordo com o comprimento
do prolongador e poderá haver a necessidade de ser substituída a mola
impulsionadora e o transportador, que empurram os cartuchos, para que haja
um funcionamento confiável deles.

Fig.1.33 - Prolongador. Fig.1.34 - Prolongador M3 S 90.

Miras – As miras são itens imprescindíveis em quaisquer tipos de


armas de fogo. Existem instrutores de tiro que advogam o uso de massa de mira
esférica nas espingardas 12, somente. Eles dizem que por não ser uma arma
de tiro preciso não há necessidade de alça. Contudo, levando-se em conta a
possibilidade de se utilizar cartuchos carregados com projétil singular (balotes),
a existência de alça e massa de mira possibilitará um disparo com uma precisão
muito maior. Há, ainda, a possibilidade de se utilizar as miras holográficas e as do
tipo “red dot”, que oferecem um ponto vermelho como massa de mira, facilitando
a pontaria e retomada da visada após um disparo.

— 34 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig.1.35 - Miras “ghost ring”. Fig.1.36 - Mira Holográfica.

Porta-cartuchos – Os porta-cartuchos permitem que seja colocado


ao alcance do usuário da arma uma certa quantidade de munição que possibilite
uma rápida recarga dela. Esses itens são confeccionados em polímero ou nylon
e podem ser afixados nas coronhas das espingardas, em seu receptáculo ou no
cinto do usuário. Existem coronhas que têm em sua conformação um espaço já
reservado para colocação de cartuchos.

Fig.1.37 - Cartuchos na armação Fig.1.38 - Cartuchos na coronha

Fig.1.39 -Porta cartucho embutido. Fig. 1.40 - “Clip” para cinto.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 35 —


Lanternas – Uma regra muito importante quando se usa uma arma
em situações de combate ou em defesa própria é reconhecer o alvo antes de
disparar, de forma que não se atinja inocentes. Em locais com pouca luminosidade
ou em horas de escuridão noturna deve-se ter a possibilidade de iluminar o alvo
para poder-se identificá-lo. Nesses momentos não se pode abrir mão de uma
lanterna. Caso ela esteja acoplada a arma será mais fácil colocá-la em uso. Nas
espingardas esse acessório estará preso, normalmente, ao carregador tubular
ou à telha e seu facho de luz será dirigido diretamente para frente, na direção
para onde o cano estiver apontado.

Fig. 1.41 - Lanterna no carregador. Fig. 1.42 - Lanterna na telha.

Suportes – Os suportes permitirão que se utilize lunetas e miras “red


dot” ou holográficas em substituição às miras metálicas. Eles são afixados na
caixa da culatra em sua maioria, porém existem alguns que são prolongamentos
do cano, mas ficam sobre o receptáculo, também.

Fig. 1.43 - Suporte no cano.

— 36 — Manual de Combate com Espingarda 12


“Chokes” – Os acessórios chamados “choke” são peças metálicas, de
forma cilíndrica, com várias espessuras em suas paredes, utilizadas para causar
um estrangulamento na saída do cano das espingardas. O estrangulamento vai
forçar os bagos de chumbo a ficarem mais juntos, quando estiverem deixando
o cano da arma, fazendo diminuir o seu espalhamento. Dependendo do tipo de
“choke” utilizado talvez não seja possível disparar munições de projetil singular
(balotes), pois o projetil único acabaria por arrancar a peça, inutilizando o cano.
Essas peças podem ser afixadas por fora do cano ou por dentro deles, sendo
estes os mais comuns. Eles são muito utilizados por atiradores que praticam
o esporte do tiro ao prato e por caçadores de pássaros, no entanto, várias
espingardas de combate já são fornecidas com algum tipo de “choke”.

Fig.1.44 - “Chokes” externos. Fig.1.45 - “Chokes” internos ao cano.

Bandoleiras – As bandoleiras permitem o transporte das armas


longas com maior facilidade em deslocamentos a pé e possibilitam a aplicação
de algumas técnicas de retenção e de transição de armas longas para curtas. As
chamadas bandoleiras de três pontos são um aperfeiçoamento das bandoleiras
normais e são bastante utilizadas por operadores em ambientes confinados.

Fig.1.46 - Bandoleira simples. Fig.1.47 - Bandoleira de três pontos.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 37 —


Coronhas – As coronhas não são propriamente acessórios e sim
partes das armas, mas existem coronhas que possuem um sistema de absorção
de recuo, que facilitam sobremaneira o treinamento de iniciantes no uso da
espingarda 12. Dessa forma foram colocadas aqui essas coronhas para que
elas pudessem ser conhecidas.

Fig. 1.48 - Sistema de absorção de recuo. Fig. 1.49 - Coronha rebatível.

Protetor do cano – O protetor do cano é utilizado para facilitar o


resfriamento dele e para proteger as mãos do usuário. Ele é usado, também,
com o intuito de dar uma aparência mais agressiva à arma.

Fig. 1.50 - Espingarda com protetor do cano.

Perfurações no cano (“Porting”) – As perfurações no cano são


feitas para funcionarem como um compensador, dirigindo parte dos gases para
cima e forçando a arma para baixo.

Fig. 1.51 - Cano com perfurações.

— 38 — Manual de Combate com Espingarda 12


Telha com punho – O punho colocado na telha pode facilitar, para
alguns operadores das espingardas, a ação de manobrar a arma.

Fig. 1.52 - Espingarda com punho na telha.

Redutores de recuo – Os redutores de recuo são peças que


acopladas à espingarda vão acrescer algum peso a ela, evitando que o seu recuo,
após um disparo, faça subir muito a ponta do cano. Isto facilita a retomada da
visada para um tiro subseqüente. Existem redutores de recuo que podem ser
colocados dentro da coronha e outros que podem substituir o bujão do carregador
tubular. Eles são preenchidos com mercúrio, normalmente.

Fig. 1.53 - Redutor para carregador. Fig. 1.54 - Redutor para coronha.

Adaptador de bocal – O adaptador de bocal é uma peça que se adapta


à extremidade do cano de uma espingarda 12, de modo que seja possibilitado o
arremesso de uma granada a uma distância maior que aquela alcançada por um
arremesso manual. O adaptador é fabricado pela empresa Condor, no Brasil, e
deve ser utilizado em conjunto com o Cartucho de Lançamento AM-405.

Fig. 1.55 - Adaptador de bocal.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 39 —


Apoio de bochecha almofadado (“Cheek pad”) – O recuo
acentuado de uma espingarda será transmitido para os pontos do corpo do
atirador que estiverem em contato com ela. Desta forma ele poderá sentir dor em
seu rosto estando com a bochecha apoiada na coronha. Os apoios de bochecha
almofadados, elaborados com borrachas macias, couro e outros materiais fazem
diminuir bastante o desconforto da absorção do recuo no rosto.

Fig. 1.56 – Apoio de bochecha.

Chapa da soleira macia (“Recoil pad”) – A chapa da soleira de


uma arma longa, que fica apoiada no ombro quando ela é disparada, pode
ser modificada para absorver parte do recuo. Existem inúmeros fabricantes
que oferecem este acessório fabricado com materiais especiais que têm a
capacidade de aliviar o recuo gerado pelo disparo de uma espingarda. Algumas
são reguláveis, para melhor se adequar à compleição física do atirador e facilitar
a tomada de uma boa posição de tiro. Elas são moldadas, normalmente, com
algum tipo de borracha macia.

Fig.1.57 – Soleira grossa. Fig.1.58 – Soleira fina.

— 40 — Manual de Combate com Espingarda 12


Munições

Capítulo II

Gereralidades

U
ma característica extremamente vantajosa das espingardas
é a possibilidade de se utilizar nelas uma imensa variedade
de cartuchos. Esses cartuchos podem ser carregados com
projéteis feitos de vários materiais, como chumbo, borracha e plásticos, em
quantidades que chegam ás centenas de unidades. Grande parte das munições
encontradas atualmente é carregada com múltiplos bagos de chumbo, que variam
bastante em tamanho e peso. Quanto menor o seu tamanho, mais rapidamente
ele perde energia, tornando-se menos letais a distâncias que passem dos 50
metros. Tendo isso em vista, pode-se dizer que apesar da gama imensa de
munições passíveis de serem utilizadas nas espingardas 12, apenas uma
pequena quantidade tem as características necessárias para ser utilizada em
combate. Os chamados “chumbos grossos”, como o SG (“00 Buck”) e os projéteis
singulares (balotes), estão entre eles, pois mantém sua energia a distâncias bem
maiores que os chumbos mais finos.
As medidas ou graduações, também chamadas de calibre e gáugio
(“gauge”), para as armas não raiadas, como são a absoluta maioria das
espingardas, baseiam-se no número de esferas de mesmo diâmetro que podem
ser confeccionadas a partir de 01 libra (454 gramas) de chumbo. Há que se ter
atenção, nessa oportunidade, pois se está falando de como surgiu a medida
utilizada no estabelecimento do padrão de gáugio ou calibre para as espingardas
e não se está falando dos chumbos utilizados no carregamento de um cartucho,
esse assunto será discutido mais adiante, em item específico.
No caso da medida, gáugio ou calibre 12, pode-se confeccionar 12
esferas de igual diâmetro partindo-se de uma libra de chumbo. O diâmetro de
uma dessas esferas é o mesmo do cano e mede 18,52 mm (0,729 pol). Existem
outras medidas para as quais foram construídas espingardas, muito utilizadas
para caça de animais de grande porte, em especial os africanos, calçando
munições de calibre 2, 4 e 8. A energia gerada por esses cartuchos é muito
grande e o peso da arma que os dispara, também, ainda assim o seu recuo
castiga severamente a estrutura física de seus operadores. Nos Estados Unidos
da América o calibre 10 foi utilizado em algumas corporações policiais, um disparo
dele é praticamente equivalente a dois disparos de calibre 12. Nas medidas
menores, como os calibres de 16 a 36 ainda são encontradas espingardas em
todo o mundo, utilizadas para a caça de pequenos animais e aves.

Fig. 2.1 - Cartuchos 4, 8 e 12. Fig. 2.2 - Cart.9mm,.45,12,.44,.38.

Partes dos Cartuchos


Externamente os cartuchos das espingardas são divididos em tubo,
estojo e espoleta. Internamente, eles possuem chumbo, bucha e pólvora. O
comprimento dos cartuchos de munição 12 varia, sendo os mais comuns de
70mm (2 ¾pol), 76mm (3 pol) ou de 89mm (3,5 pol), como já foi exposto no
Capítulo I, quando foram mostradas as características das espingardas. Essas
medidas são referidas quando os tubos ainda estão abertos, por não terem sido
carregados ou já terem sido disparados. Daí decorre a importância de se utilizar
os cartuchos de comprimento correto nas câmaras das armas, ou um mais curto,
pois se o espaço não for suficiente para a completa abertura do tubo do cartucho
ali inserido, pode ocorrer uma sobrepressão que colocará em risco a arma e o
atirador. O usuário da espingarda deve verificar a indicação do comprimento do
cartucho a ser usado na arma, usualmente gravada sobre sua câmara.
— 42 — Manual de Combate com Espingarda 12
TUBO
CHUMBO

BUCHA
ESTOJO

PÓLVORA
ESPOLETA

Fig. 2.3 - Partes externas. Fig. 2.4 – Partes internas.

Fig. 2.5 – Cartuchos 70, 76 e 89 mm.

Descrição das partes


Estojo – É a parte metálica do corpo do cartucho. Ele pode ser alto
ou baixo. Os estojos altos foram bastante utilizados nos antigos cartuchos de
papel, para possibilitar uma extração confortável e foram utilizados, ainda, nos
primeiros cartuchos de plástico, para aumentar sua resistência, evitando que se
partissem. Atualmente, os estojos altos são utilizados em cartuchos carregados
com cargas mais fortes do que aquelas usuais.

Fig. 2.6 - Estojo alto. Fig. 2.7 – Estojo baixo

Manual de Combate com Espingarda 12 — 43 —


Tubo – É a parte plástica do corpo do cartucho. Em munições mais
antigas o tubo era confeccionado em papel e existiam alguns totalmente de metal.
Os cartuchos fabricados recentemente utilizam plásticos de resistência elevada,
possibilitando que os estojos baixos sejam usados sem colocar em risco a arma
ou o seu operador. O fechamento do tubo pode ser Orlado ou tipo Estrela.

Fig. 2.8 - Estrela e Orlado. Fig. 2.9 - Papel, metálico e plástico.

Espoleta – É uma capsula que se localiza no centro da base do


estojo. As espoletas utilizada nos cartuchos 12 são as do tipo “Bateria”. A mistura
iniciante, prensada contra a bigorna pelo percutor da arma, provocará a chama
que, passando pelo evento, estimulará a combustão da pólvora.

Mistura iniciante

Bigorna

Evento
Fig. 2.10 -Espoleta tipo bateria. Fig. 2.1 - Espoleta na

Pólvora – É o material que se queima, gerando os gases que vão


propelir o projétil. Pode ser pólvora negra, quase em desuso, ou pólvora sem
fumaça (base simples, dupla e tripla). A maior parte dos cartuchos fabricados
atualmente, utilizados em espingardas, usa a pólvora sem fumaça, de base
simples. Há que se ter uma atenção especial com relação ao uso da espingarda,
quando ele se der em regiões de temperaturas muito baixas. Nessa situação a
queima da pólvora não ocorrerá da mesma forma que em temperaturas mais
elevadas, ocorrendo uma sensível perda de calor, que se traduzirá em energia
mais baixa do cartucho. A perda de energia será notada, também, quando o cano
de uma espingarda for mais curto do que o originalmente colocado na fábrica,
pois haverá menos espaço para a combustão da carga de projeção.

— 44 — Manual de Combate com Espingarda 12


Bucha – A bucha é uma peça plástica colocada entre a pólvora e o
chumbo. Os formatos das buchas variam bastante, algumas são construídas de
modo a proteger completamente a carga de chumbo, evitando que as esferas
se choquem com as paredes do cano. A deformação do chumbo, causada pelo
choque com as paredes do cano, faz com que ele perca precisão, espalhando-
se de forma errática. Existem cartuchos nos quais é utilizado um enchimento
de polietileno granulado que preenche os espaços entre as esferas de chumbo,
evitando que a fricção entre elas venha a deformá-las.

Fig. 2.12 – Buchas. Fig. 2.13 - Enchimento.

Chumbo – O chumbo, em forma esférica ou de projéteis singulares,


varia enormemente de tamanho e peso. Para que ele possa manter sua forma,
após disparado o cartucho e quando começa a se chocar com as paredes do
cano, utiliza-se em sua confecção, na realidade, uma liga de chumbo, que é
mais dura. A dureza maior dessa liga é importante para evitar que uma grande
quantidade de resíduos de chumbo venham causar intoxicação ao se acumularem
no organismo de um ser humano, em especial nas pessoas que atiram
constantemente com espingardas ou façam isso em ambientes fechados.
Existem empresas estrangeiras que oferecem cartuchos em que o
chumbo é recoberto de cobre ou substituído por esferas de aço, de bismuto,
de latão ou de uma liga de tungstênio-níquel-ferro. Além da preocupação com
a saúde dos seres humanos, há a preocupação com a saúde dos animais, pois
alguns ingerem as pequenas esferas de chumbo quando estão se alimentando.
O grande desafio para as empresas que oferecem cartuchos carregados com
esferas metálicas feitas com outros metais ou ligas metálicas, diferentes do
chumbo, é manter um peso próximo ao dele, para que os efeitos do impacto
no alvo e o alcance não sejam muito diminuídos. Na figura 2.15 , vê-se uma
representação do tamanho das esferas de aço utilizadas no carregamento de
cartuchos fabricados nos Estados Unidos da América (EUA), a de número 6 tem
2,79 mm de diâmetro e a F tem 5,59 mm.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 45 —


Fig. 2.14 - Chumbo cobreado.

Fig. 2.15 – Esferas de aço 6, 5, 4, 3, 2, 1, Air Rifle, BB, BBB, T, F.

Ainda nos EUA, as esferas de chumbo do tipo “Bukshot”, Fig. 2.16 , mais
grossos, são bastante utilizadas no trabalho policial, em especial as “0 Buck” (8,1
mm de diâmetro), “00 Buck” (8,4 mm) e “000 Buck” (9,1 mm). Os outros chumbos
“Buckshot” de número 4 (6 mm), 3 (6,3 mm), 2 (6,9 mm) e 1 (7,6 mm) já foram
utilizados para esse fim, mas perderam espaço, pois tinham uma penetração
limitada em veículos e anteparos finos, porém continuam a ser utilizados na caça
de animais grandes. Outros diâmetros, que vão de 12 (1,27 mm) a BB (4,6 mm)
são utilizados para caça de animais menores e aves. Vários fabricantes oferecem
cartuchos carregados com esses tipos de chumbo, naquele país.

Fig. 2.16 – Chumbo 4, 3, 2, 1, 0, 00, 000 “Buckshot”.

Fig. 2.17 – Chumbo 12, 9, 8 ½ , 8, 7 ½, 6, 5, 4, 2, BB.

No Brasil, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), utiliza os


chumbos de número 12 (1,27 mm) a 6 (2,75 mm), Fig. 2.18 e de 5 (3,0 mm)
a SG (8,4 mm), Fig. 2.19, para carregar seus cartuchos, oferecendo-os para
competições, caça e para o trabalho policial e militar. Nesse mister os chumbos
SG, equivalentes ao “00 Buck”, têm lugar garantido. Perceba-se que a numeração
norte-americana das esferas de chumbo não é equivalente à brasileira, no que
se refere aos chumbos “Buckshot”.

— 46 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 2.18 – Chumbos 12, 11, 9, 8, 71/2, 7 e 6.

Fig. 2.19 – Chumbos 5, 3,1,T, 3T, SG.

Existem muitos tipos diferentes de cartuchos carregados com


projéteis singulares ou balotes. Esses balotes, de grande dimensão e peso,
possibilitam que se utilize uma espingarda para atingir alvos a distâncias muito
superiores àquelas que os chumbos comuns alcançam. Além disso, eles têm
boa capacidade de penetrar portas de casas, de carros, vidros e outros tipos
de anteparos. Alguns desses balotes são montados para uso exclusivo em
espingardas com cano raiados.

Fig. 2.20 – Balote “Brennek”, “Sabot”, “Knock Down” e “Foster”.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 47 —


Tipos de Cartuchos
Os cartuchos para espingarda são de uma variedade imensa, como
já se disse anteriormente. A exposição que se segue, dos tipos de cartuchos,
serve para corroborar a afirmativa que foi feita inicialmente, neste capítulo, e
serve, ainda, para o leitor poder compará-los e concluir sobre o melhor uso
de cada um.

Cartuchos carregados com chumbo fino – Aqueles nos quais são


utilizados chumbos cujos diâmetros estão abaixo de 8,0 mm e são muito leves.
Esses cartuchos não servem para uso em operações, devendo ficar restritos
à caça e competições desportivas. Eles podem, no entanto, ser usados nos
treinamentos de equipes policiais e militares, com vistas à familiarização dos
operadores da espingarda 12, pois são mais baratos e causam um recuo menos
acentuado, possibilitando mais disparos antes que o atirador sinta dores no ombro
onde apóia a arma. De qualquer modo, um disparo a curtíssima distância ou à
queima roupa, fará com que a carga de chumbos atinja o alvo como uma massa
única, provocando grande estrago.

Cartuchos carregados com chumbo grosso – Aqueles que utilizam


chumbos cujo diâmetro são maiores que 8,0 mm. O seu peso possibilita que
eles atinjam alvos a até 50 metros ou um pouco mais, com energia suficiente
para causar-lhes danos. A penetração em portas e outros anteparos encontrados
em áreas urbanas e rurais é bastante consistente. Esse tipo de cartucho
deverá ser escolhido, comumente, para uso em operações policiais e militares.
Parte do treinamento mais avançado dos operadores das espingardas será
conduzido utilizando-os, pois esses operadores deverão estar acostumados
com o impacto que eles causam na arma. Tendo em vista minorar a sensação
desagradável do recuo, algumas empresas, especialmente norte-americanas,
oferecem cartuchos carregados de maneira a reduzir esse recuo. As empresas
Remington e Winchester oferecem cartuchos carregados com 8 esferas de
chumbo “00 Buck”, ao invés das 9 esferas usuais, lançadas a uma velocidade
menor, classificando-os como de recuo reduzido (“reduced recoil”) e baixo recuo
(“low recoil”), respectivamente.

— 48 — Manual de Combate com Espingarda 12


Tabela de cartuchos 12 carregados com Chumbo SG / “00 Buck”

Fabricante / Tipo Vel Esferas Cartucho


(m/s) (Quantidade) (Polegada)

CBC Magnum 380 12 3


CBC HI-IMPACT 400 09 2¾
Remington LE Express 389 09 2¾
Remington Reduced Recoil 358 08 2¾
Winchester Supreme 394 12 2¾
Winchester Super X 403 09 2¾
Winchester Low Recoil 350 08 2¾
PMC Buckshot Heavy 403 09 2¾
PMC Buckshot Light 347 09 2¾

Cartuchos carregados com projéteis de borracha – São aqueles


cujos projéteis são confeccionados com borrachas em vários formatos. Eles são
utilizados em situações em que não haja necessidade do uso de força letal, como
no controle de distúrbios envolvendo cidadãos munidos de instrumentos que
não sejam armas de fogo. O operador da espingarda que estiver utilizando este
cartucho deve praticar no estande de tiro, para saber como utilizá-lo da melhor
forma e para conhecer o ponto de impacto correto, ao fazer a pontaria. Esse
cuidado se explica por que, se o projétil atingir áreas muito sensíveis, como os
olhos, poderá provocar ferimentos sérios. As empresas CBC e Condor oferecem
cartuchos assim carregados, no Brasil. Nos EUA, a empresa Combined Tactical
Systems (CTS) oferece esses tipos de cartuchos.

Tabela de cartuchos 12 carregados com projéteis de borracha


Fabricante/Tipo Vel Alcance Tamanho Peso Forma Quant.
(m/s) (m) (mm) (gr)

CBC Anti-Motim 162 40 18 04 Esférica 03


CBC Anti-Motim 230 15 08 0,38 Esférica 20
Condor AM-403 125 50 41 12 Cilíndrica 01
Condor AM-403/P 125 50 42 12 Precision 01
Condor AM-403/A 212 50 19 4,5 Esférica 03
CTS Sting Ball 122 15 08 0,35 Esférica 18
CTS HV 274 18 08 0,35 Esférica 18
CTS 2555 152 15 15 02 Esférica 03

Manual de Combate com Espingarda 12 — 49 —


Cartuchos carregados com projétil singular – Aqueles que utilizam
um único projétil, chamado, também, de balote. Eles possibilitam um tiro com
precisão a uma distância maior que aqueles carregados com outros tipos de
chumbo, além disso, mantêm boa capacidade de penetração. Para aumentar sua
precisão são normalmente raiados, o que permite que tenham melhor estabilidade
ao deixarem o cano da arma. É essencial que as espingardas utilizadas com
este tipo de cartucho sejam dotadas de alça e massa de mira, sendo a alça
ajustável. Explica-se tal necessidade pela possibilidade de “zerar” uma arma
para o cartucho que nela seja usado normalmente. Em caso de mudança do
tipo de cartucho, do fabricante ou mesmo do lote de fabricação, basta “zerar”
novamente a arma, ajustando sua alça de mira. Existem cartuchos carregados
com balotes especialmente confeccionados para uso em espingardas raiadas.
Esses balotes são do tipo “sabot”, em que o projétil é protegido por um invólucro
de plástico, que aumenta sua estabilidade e sua precisão, possibilitando-se
atingir o animal caçado a uma distância considerada grande para o alcance de
uma espingarda.

Tabela de cartuchos 12 carregados com projéteis singulares

Fabricante / Tipo Vel Energia Peso Cart


(m/s) (kg.m) (gr) (Pol)

CBC Foster 450 223 28g 2¾


CBC Knock Dow 420 280 32g 2¾
Remington Copper Solid Sabot(*) 440 282 31g 2¾
Winchester Supreme Sabot 441 290 31g 2¾
Winchester Rifled HP Slug 487 344 31g 2¾
Lightfield Hybred EXP Sabot (*) 440 354 39g 2¾
Winchester Super X Sabot 472 332 31g 3
Winchester Rifled Slug 535 416 31g 3
Remington Copper Solid Sabot (*) 470 322 31g 3
Lightfield Commander Sabot (*) 545 462 33g 3
(*) Balotes utilizados especialmente em espingardas com cano raiado.

— 50 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 2.21 – Projéteis de borracha. Fig. 2.22 - Condor 403/P.

Cartuchos carregados com cargas de gás – São aqueles cujos


projéteis contêm um agente químico, normalmente lacrimogêneo (CS) ou
pimenta (OC), que se espalha em uma determinada área. Esses cartuchos
podem ser utilizados disparando-se por sobre o alvo, como no caso de uma
turba, em operações de controle de distúrbio, causado por uma multidão. Podem
ser disparados, também, em portas ou divisórias, de forma a penetrarem em
ambientes confinados, onde existam indivíduos alojados, “barricados”, com ou
sem reféns. O operador da espingarda que estiver utilizando esses cartuchos
deve conhecer bem suas características, tendo recebido treinamento específico
para seu uso. Ele deverá saber, inclusive, a quantidade de disparos necessários
para alcançar a saturação desejada de gases no ambiente, de forma que não
coloque em risco desnecessário as pessoas envolvidas. O disparo não deverá ser
executado diretamente em seres humanos, pois há o risco de causar ferimentos

Tabela de cartuchos carregados com carga de gás


Fabricante/Tipo Alcance Peso Material Cartucho
(m) (gr)
Condor GL-101 100 11,5 Pó (CS) 2¾
Condor GL-103 3 - Pó (CS) 2 ¾

Tabela de cartuchos com carga de gás encapsulada em projetil


Fabricante/Tipo Vel Alcance Peso Material Cartucho
(m/s) (m) (gr)
CTS Liquid 366 45 8,2 Líquido 2 ½
CTS Powder 366 45 6,0 Pó (OC/CS) 2½

Manual de Combate com Espingarda 12 — 51 —


Cartuchos carregados com projéteis frangíveis – São aqueles
cujos projéteis, feitos de pó de metal prensado, desintegram-se após o
impacto no alvo. Esses projéteis são utilizados para destruir os mecanismos
de trancamento de portas, maçanetas e dobradiças, permitindo sua abertura e
a entrada de equipes táticas em um cômodo. Eles evitam que se coloque em
risco as pessoas que estejam do outro lado de uma porta, pois não provocam
fragmentos ao atravessarem-na. Devem ser disparados a uma distância de 10
a 20 cm do alvo.

Cartuchos para lançamento de granadas – São utilizados para


propelir granadas a uma distância maior que aquela atingida por um arremesso
manual.
Cartuchos carregados com projéteis tipo “bean bag” – São aqueles
cujos projéteis tem o formato de pequenos sacos. Eles são preenchidos por
esferas de chumbo de tamanho diminuto ou outro material que lhes dê algum
peso e são lançados a uma velocidade baixa, quando do disparo do cartucho.
Suas características balísticas são muito pobres, conseqüentemente devem
ser utilizados em distâncias muito curtas, para que atinjam o alvo e provoquem

Tabela de cartuchos 12 carregados com projétil “bean bag”


Fabricante/Tipo Vel Alcance Peso Cartucho
(m/s) (m) (gr) (mm)
CTS 85 18 56 61
LTL 82 10 26 70
FIOCCHI 80 10 40 70

Fig. 2.23 – “Bean bag” caudado. Fig. 2.24 – “Bean bag” Fiocchi.

— 52 — Manual de Combate com Espingarda 12


Cartuchos carregados com projéteis explosivos, detonantes e de
clarão – Os cartuchos assim carregados provocam uma detonação que visa afetar,
temporariamente, a audição das pessoas que estiverem próximas ao local onde
eles forem disparados, e podem, ainda, acionar um clarão, que aumentará a sua
desorientação.

Cartuchos carregados com projéteis plásticos – São carregados


com projéteis em formato de pequenos discos para uso em operações de controle
de distúrbios e motins. Devem ser disparados a curtíssima distância. Eles são
fabricados no Brasil pela empresa CBC e nos EUA pela empresa “Fiocchi”.

Dispersão de Projéteis
A dispersão de projéteis, o seu espalhamento, é o modo como eles se
distribuem ao longo de sua trajetória, no ar, até atingirem um alvo, a uma distância
determinada. Os resultados alcançados por uma espingarda, disparando um
certo tipo de munição, variam bastante. Fazer o teste de dispersão, com a arma
que será utilizada por um operador, com a munição que nela será usada é uma
necessidade. Isto deverá ser feito em todas as distâncias em que possam se
apresentar alvos para uma espingarda 12.
A medição da dispersão para cartuchos de caça é chamada “Rosada”
e é feita disparando-se sobre um círculo de 76 centímetros de diâmetro, a 36
metros de distância e medindo-se a porcentagem de bagos que atingiram o
círculo. No uso da espingarda para fins de combate ou defesa pessoal, espera-
se que o diâmetro do círculo atingido pelos bagos de chumbo seja bem menor,
cobrindo a área aproximada de um torso ou de um rosto humano, dependendo
da distância.
Alguns fatores que influem na dispersão são: o cano da arma, as
condições atmosféricas, os componentes usados no carregamento de um
cartucho e o tamanho e material de que são feitas as esferas. O cano da arma
pode ser dotado de “choke”, o que reduzirá a dispersão, pois ele forçará os
bagos a ficarem mais juntos. As condições atmosféricas, como a temperatura, a
densidade do ar e a pressão influenciarão na queima da pólvora e na maior ou
menor resistência do ar à passagem dos projéteis. Os componentes usados no
carregamento de um cartucho, como pólvora, bucha e espoleta vão determinar,
em conjunto, as características daquele cartucho e estas características não

Manual de Combate com Espingarda 12 — 53 —


se repetirão, com absoluta igualdade, em outro carregado da mesma forma.
O tamanho das esferas usadas vai determinar a quantidade delas que será
colocada em um cartucho e o tipo de material de que forem feitas determinará
a ocorrência de fenômenos como a sua deformação, em maior ou menor grau,
ao se chocarem antes de deixar o cano da arma.

Áreas de dispersão
Pode-se considerar quatro áreas ou zonas ao se dividir o estudo dos
padrões de dispersão de projéteis disparados por espingardas em situação de
combate. Na primeira área a distância vai até 5 metros . Nessa área os projéteis
disparados atingem o alvo com uma dispersão mínima, não importando o tamanho
do chumbo usado. O efeito destrutivo no alvo é deveras impressionante.
Na segunda área, a partir de 5 metros até 25 metros, a dispersão
dos projéteis vai alcançar seu melhor padrão. Nessa área o espalhamento vai
possibilitar que os projéteis atinjam um alvo já com suficiente separação entre eles
para distribuir melhor a energia da pancada, provocando efeitos consideráveis e
danos sensíveis. Uma vez mais é bom que seja lembrado que há a necessidade
de serem testadas as munições que serão utilizadas em uma missão, disparadas
pela arma que será usada, pois só assim haverá segurança do operador de que
a dispersão possibilitará que seja atingido um alvo.
Na terceira área, a partir dos 25 metros até aproximadamente
45 metros, a dispersão dos projéteis será bastante grande, fugindo daquele
padrão quase ideal encontrado na área anterior. A rápida perda de velocidade
dos projéteis esféricos, cujas características balísticas são pobres, fará cair
sua energia e poderá não provocar o efeito desejado no alvo. Nessa área pode
ocorrer, inclusive, uma dispersão tão grande, que os projéteis passem por um
alvo sem que sequer um deles o atinja. O comportamento arma-munição deve ser
do conhecimento do operador da espingarda, pois sabe-se que cada modelo de
arma provoca uma dispersão diferente. Ele talvez tenha que pensar seriamente
em abandonar as munições carregadas com vários projéteis e passar a utilizar
aquelas carregadas com balotes.
Na quarta área, a partir dos 45 metros e mais distante, deverão
ser usadas munições carregadas com projéteis singulares. O operador deve
conhecer o ponto de impacto desses balotes, desde a distância de 20 metros,
quiçá menos, até a máxima distância que seja possível alcançar com precisão

— 54 — Manual de Combate com Espingarda 12


e que poderá passar dos 100 metros. O aparelho de pontaria da espingarda
deverá ser ajustado para o tipo de balote usado e para a distância requerida.
Um padrão interessante é ajustar as miras da espingarda “zerando-as” para 50
metros e mantendo anotações para regulagem a 75 e 100 metros.

Dispersão de cartuchos carregados com chumbo fino – Pode-se


perceber que o chumbo fino, utilizado em distâncias de até 5m, atinge o alvo com
uma dispersão diminuta, especialmente se a espingarda utilizada possuir cano com
“choke”. A distâncias maiores, ele se espalhará demasiadamente para que possa ser
utilizado com propriedade em uma operação policial ou militar, ainda assim, talvez
possa ser bem utilizado por um cidadão que precise disparar uma arma dentro de
sua residência, defendendo-se de intrusos, e não deseje uma penetração excessiva

Fig. 2.25 – Chumbo 7 ½ , cano cilíndrico, distância de 5 m.

Fig. 2.26 – Chumbo 7 ½ , cano “full choke”, distância de 5 m.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 55 —


Fig. 2.27 – 7 ½ , cilíndrico, 10 m. Fig. 2. 28 – 7 ½ , “full choke”, 10 m.

Fig. 2.29 – Chumbo 3T, cano cilíndrico, 5 m.

— 56 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 2.30 – Chumbo 3T , cano cilíndrico, 10 m.

Dispersão de cartuchos carregados com chumbo grosso – O


chumbo grosso se espalha pouco a distâncias de até 5m, da mesma forma que
o chumbo fino. Nas distâncias maiores, a dispersão estará dentro dos padrões
buscados para utilização em operações, especialmente na segunda área, até 25
m. Na terceira área, até 45 m, a dispersão mostra-se demasiada em espingardas
de cano cilíndrico. Em espingardas cujos canos possuem “choke” ainda há
uma dispersão moderada, possibilitando o uso deste tipo de chumbo nessas
distâncias, porém com ressalvas.

Fig. 2.31 – Chumbo SG , cano cilíndrico, 5 m.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 57 —


Fig. 2.32 – SG , cilíndrico, 10 m. Fig. 2.33 – SG, “full choke”, 10 m.

Fig. 2.34 – SG , cilíndrico, 20 m. Fig. 2.35 – SG, “full choke”, 20 m.

— 58 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 2.36 – SG , cilíndrico, 30 m. Fig. 2.37 – SG, “full choke”, 30 m.

Fig. 2.38 – SG , cilíndrico, 40 m. Fig. 2.39 – SG, “full choke”, 40 m.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 59 —


71
Dispersão de cartuchos carregados com projétil singular – O
uso do projétil singular será necessário a partir dos 45 m, aproximadamente, ou
seja, na quarta área de dispersão. Há que se ter cuidado com a utilização de
balotes em espingardas cujos canos possuam “chokes”, pois existe o risco de
eles forçarem demais o cano, vindo a danificá-lo. A CBC, em seu Informativo
Técnico Nº 38, de agosto de 2004, informa que seus cartuchos carregados com
balotes “Foster” e “Knock Down” podem ser disparados em espingardas com
quaisquer tipos de “choke”, sendo melhores, porém, os do tipo modificado ou
cilíndrico.

Fig. 2.40– Balote, cilíndrico, 50 m. Fig.2.41 – Balote, cilíndrico, 75 m.

— 60 — Manual de Combate com Espingarda 12


Tipos de Chokes
Na descrição das quatro áreas da dispersão de projéteis foi necessário
tocar novamente no assunto do “choke”. A definição desse acessório foi feita no
Capítulo I, no entanto, serão acrescentadas algumas novas informações que
auxiliem um melhor entendimento sobre ele.
O cano de uma espingarda pode vir da fábrica com um estrangulamento
na sua porção final, pelo espessamento de suas paredes; pode ter seu diâmetro final
reduzido por esmagamento, realizado com um mandril ou outro aparelho de pressão
ou pode ter um tipo de rosca sulcada, onde são atarraxados os chamados “chokes”
cambiáveis. Nas competições de tiro ao prato, em suas várias modalidades, ou na
caça de aves, essas peças podem ser instaladas de acordo com a rosada que o
atirador deseja, em determinada distância.
Sabe-se que os “chokes” forçam os bagos de chumbo a permanecerem
mais próximos uns dos outros ao deixarem o cano de uma espingarda, esses
são os mais comumentes encontrados. Contudo, existem alguns deles que têm
por objetivo fazer exatamente o contrário, ou seja, espalhar os projéteis mais do
que seria possível com um cano cilíndrico, como fazem os “chokes” difusores.
Há ainda os “chokes “ ovais, que forçam um espalhamento maior em largura
do que em altura, e os de compensação, que fazem mudar o ponto de impacto
de uma arma, pois são construídos levemente fora do centro da boca do cano.
Estes podem ser usados em espingardas de canos justapostos, de forma que
os disparos de ambos os canos atinjam o alvo no mesmo lugar.

Fig. 2.42 - Cano com “choke” cilíndrico.

Fig. 2.43 - Cano com “choke” pleno.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 61 —


Tabela de “chokes” para cartuchos com projéteis de chumbo

Tipo de Nome Constrição Alcance


“Choke” Inglês do cano efetivo
(mm) (m) (*)

Cilíndrico Cylinder 0,0000 18


Skeet Skeet 0,0127 21
Cilíndrico Improved 0,0254 23
melhorado cylinder
Modificado Light 0,0381 26
leve modified
Modificado Modified 0,0508 32
Modificado Improved 0,0635 33
melhorado modified
Pleno leve Light full 0,0762 35
Pleno Full 0,0889 37
Pleno extra Extra full 0,1143 39
Pleno super Super full 0,1270 40
(*) valores aproximados.

Poder de Parada
(“Stopping Power”)

Nas últimas décadas houve uma profusão de pesquisas e testes,


principalmente nos Estados Unidos da América e em alguns países europeus,
relativos ao poder de parada dos vários tipos de cartuchos nos calibres existentes.
Diversos animais, como vacas, cabras e porcos foram abatidos para se fazer
medições de tempo de colapso, profundidade de ferimentos, deformações de
projéteis e outros. Em laboratórios foram usados blocos de materiais gelatinosos
que procuravam simular as características da carne, nos quais se executaram
disparos que levaram a conclusões sobre penetração, permitindo a comparação
entre diversos tipos de projéteis. Além disso, pesquisas foram feitas sobre tiroteios
e situações onde se utilizaram armas de fogo para se atingir um atacante,
parando-o com apenas um disparo. Estabeleceram-se porcentagens para a
possibilidade de se parar um ser humano agressivo com apenas um tiro, para
aqueles calibres de armas mais utilizados.
— 62 — Manual de Combate com Espingarda 12
As conclusões foram muitas e bastante disparatadas, porém uma coisa
é certa, quando se fala a respeito do poder de parada de uma espingarda 12,
especialmente se utilizada na sua distância de melhor aplicação e com cartuchos
carregados com chumbo grosso, toda discussão cessa. Existem pouquíssimas
armas que podem exibir um poder de parada tão grande quanto o dela e qualquer
agressor atingido por um disparo raramente continua sua ação.
Os dois modos de se parar um atacante humano com total
confiabilidade, utilizando-se de uma arma de fogo são: em primeiro lugar causar
um trauma diretamente sobre o sistema nervoso central (SNC), especialmente o
cérebro e a coluna vertebral, na sua região cervical e, em segundo lugar, provocar
um ferimento que cause um grande sangramento e leve à perda de pressão
sangüínea e à falta de oxigênio no cérebro. Para isso é necessário colocar um
projétil em um ponto do corpo do atacante que seja bastante vulnerável, como sua
caixa craniana, seu coração ou seu pescoço, provocando um grande dano. Neste
ponto é preciso que se faça uma ressalva com relação a ferimentos causados
no coração. Ainda que um indivíduo tenha o seu severamente danificado por um
tiro, ele será capaz de agir, voluntariamente, por 10 a 15 segundos, por conta
do oxigênio residual existente em seu cérebro.
O estado mental de um agressor, seu preparo psicológico para
suplantar um ferimento ou a reação que ele se programou para executar não
será suficiente, na maioria dos casos, para possibilitar que leve seus intentos
adiante, após ser atingido por um tiro de espingarda 12. No caso de serem
alvejados outros pontos, pode ser necessário um segundo disparo, para pôr fim a
um ataque. Algumas drogas fazem um ser humano ser capaz de suplantar a dor
e continuar uma agressão, mesmo quando o ferimento é fatal em curto espaço
de tempo, nesse caso, pode ser necessário mais de um disparo, também.
A capacidade de penetração que possui um cartucho de espingarda
12 carregado com chumbo grosso é mais que suficiente para atingir órgãos
importantes no corpo de um animal grande ou de um ser humano. A empresa
Remington indica seus cartuchos 12, de 2 ¾ carregados com chumbo do tipo
“Buckshot” para a caça do urso negro (0 e 00 “buck”) e de cervos (4,1,0,00
“buck”). Quanto aos balotes, de qualquer tipo, há pouco que acrescentar, já
que são utilizados para caça de animais ainda maiores, nos EUA. A empresa
CBC, no Brasil, indica seus cartuchos carregados com balotes para a caça de
animais como os porcos-do-mato e as capivaras, que podem passar dos 70 kg
de peso. A porcentagem para o poder de parada de um cartucho carregado com

Manual de Combate com Espingarda 12 — 63 —


balote, com apenas um tiro, gira ao redor dos 98% (noventa e oito por cento). Em
situações de combate a penetração é importante, pois os projéteis muitas vezes
deverão ser capazes de ultrapassar galhos de árvores, portas e vidros de casas
e de automóveis, além de outros anteparos. É bom que se tenha em mente que
o disparo de um cartucho carregado com chumbos finos, como o 7 ½, provocará
um ferimento de aspecto brutal, quando disparado a curtíssima distância, porém
em distâncias maiores haverá pouca penetração dos chumbos.

Tabela de capacidade de parada com um único disparo

Fabricante / Tipo Chumbo Cartucho Porcentagem (*)

Federal Tactical 00 “buck” 2 ¾ 96 %


CBC Magnum 00 “buck” 3 94 %
Remington magnum 00 “buck” 3 94 %
Winchester Super X 00 “buck” 2 ¾ 92 %
CBC High Impact 00 “buck” 2 ¾ 92 %
PMC Buckshot Heavy 00 “buck” 2 ¾ 92 %
Remington Express 4 “buck” 2 ¾ 83 %
(*) valores estimados.

Ferimentos
Os disparos de espingardas 12 podem produzir diversos tipos de feri-
mentos, dependendo da munição usada e da distância em que se encontra um
alvo. A distância tem um efeito crítico na severidade do traumatismo provocado.

Descrição dos ferimentos


Os ferimentos causados por disparos a curtíssima distância produzem
um só orifício de entrada, bastante grande. Nas distâncias intermediárias, serão
produzidos diversos ferimentos que estarão circundando um ferimento maior,
central e podem mostrar uma contusão retangular, feita pelo impacto da bucha.
Esta bucha que protege e envolve os bagos de chumbo pode, inclusive, penetrar
junto com eles. Nas distâncias mais longas, haverá vários pequenos ferimentos,
— 64 — Manual de Combate com Espingarda 12
pois as esferas de chumbo ter-se-ão separado e se espalhado até atingirem o
alvo. Os projéteis singulares ou balotes promoverão ferimentos muito parecidos
com aqueles provocados por outras armas de fogo, mas com um diâmetro bem
maior. Nas figuras 2.44 e 2.45 vê-se a indicação das cavidades temporária e
permanente. Cavidade temporária é aquela em que as fibras que foram afas-
tadas pela ação da penetração de um ou mais projéteis retornam ao seu lugar.
Cavidade permanente é aquela em que as fibras foram rompidas pela ação de
um projétil e não retornam à sua conformação original.
As características balísticas dos projéteis esféricos são pobres; devido
à aerodinâmica, eles rapidamente perdem velocidade, o que faz cair sua energia.
De qualquer forma, o disparo de um cartucho 12, carregado com nove projetis
tipo SG (“00 Buck”) alcançam, na boca do cano, uma energia muito superior
àquela gerada por um disparo de .44 Magnum e próxima a de calibres de fuzis.
Os ferimentos provocados em algumas áreas do corpo humano podem ser
descritos como se segue:
Disparos com a boca do cano em contato com a cabeça – Os
ferimentos feitos desta maneira são profundamente mutilantes, pois despejam
um volume enorme de gases e toda a energia do tiro em uma área pequena.
Normalmente ocorre o evisceramento dos hemisférios cerebrais e os projéteis
e a bucha que penetram acabam transfixando a caixa craniana. O ponto de
entrada pode ser identificado, mas o de saída, não.
Disparo realizado dentro da boca – É uma maneira que alguns
suicidas encontram para alcançar seu intento e que já foi utilizado por indivíduos
desequilibrados e assassinos para tirar a vida de suas vítimas. Da mesma forma
que os tiros descritos anteriormente, a destruição de tecidos deforma e mutila
muito. Os ferimentos assim provocados mostram lacerações de estiramento nas
dobraduras naso-labiais e nas margens da boca.
Disparo realizado com a boca do cano em contato com o torso
– Provoca uma deformidade do tamanho aproximado da abertura correspon-
dente a ela e deixa uma marca, uma impressão, desta. Caso o contato seja
frouxo ou haja roupas interpostas, ocorre uma mancha de fuligem ao redor do
ferimento. A saída dos projéteis do tipo “Buckshot”, após atravessarem o corpo,
não é usual, mas pode ocorrer se a pessoa for muito magra ou se eles apenas
tangenciarem o alvo.
Não se pode deixar de descrever, ao se estudar os ferimentos causados
por espingardas, disparando cargas de projéteis esféricos, o efeito “Bola de Bilhar”.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 65 —


Esse efeito ocorre quando os bagos de chumbo penetram um alvo, como um corpo
humano e se chocam uns com os outros, o que faz com que haja uma dispersão
parecida com aquela que se vê quando uma bola de bilhar atinge outras, na mesa
desse jogo. No caso da carga de chumbo atingir ossos ou atravessar algum tipo de

Fig. 2.44
Ferimento com balote.

Fig. 2.45
Ferimento
com chumbo
4 “Buckshot”.

A figura 2.46 mostra um ferimento que resultou


de um disparo de espingarda 12 em contato com
o torso da vítima, logo abaixo do mamilo.

Fig. 2.46
Ferimento de contato.

— 66 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fundamentos

Capítulo III

M
uitos são os fundamentos, princípios e regras que devem
ser observados quando se utiliza uma arma de fogo em trei
namentos e em operações.
Nos treinamentos deve-se levar em conta que o objetivo é chegar o
mais próximo daquilo que pode ser exigido de um militar, de um policial ou de um
cidadão que encara uma situação de risco. No entanto, a segurança deve estar
em primeiro lugar quando se está treinando. Não se concebe que um acidente ou
incidente qualquer venha a ferir com gravidade alguém que esteja se preparando
para bem utilizar uma arma. A perda da vida de um instrutor ou de um instruendo,
nessas ocasiões, não pode ser aceita como uma possibilidade.
Em operações há enormes dificuldades para se controlar um ambiente
onde um combate se desenrola e as pessoas que nele atuam. Há necessidade
de se estar preparado para utilizar uma arma com precisão e eficiência, de forma
a pôr fim a uma agressão ou cumprir uma missão determinada e, ainda, para
socorrer e evacuar feridos, quando necessário. Para que isso seja possível,
existem fundamentos importantes, que serão abordados e descritos para serem
prontamente entendidos quando deles se falar. A sua intelecção possibilitará sua
aplicação nas situações em que sejam necessários.

Fundamentos de Segurança
Os fundamentos que dão base as regras de segurança são inúmeros
e cada profissão possui uma verdadeira infinidade deles. Todos são importantes
e visam preservar a incolumidade das pessoas e não deixar que corram riscos
desnecessários no desenrolar de seus trabalhos. Na utilização de armas de
fogo, em quaisquer situações, algumas regras são fundamentais e, como não
são muitas, fica fácil entendê-las. Elas devem ser aplicadas constantemente.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 67 —


Regras de Segurança no uso de Armas de Fogo
Uma arma de fogo está sempre carregada – Qualquer pessoa é
muito mais cuidadosa ao lidar com uma arma quando sabe que ela está carrega-
da. Sempre que alguém pegar uma arma nas mãos deverá se comportar como
se ela estivesse carregada. Caso a arma tenha sido apanhada para sofrer uma
inspeção, ou mesmo uma manutenção, deverão ser tomados os procedimentos
para descarregá-la, sempre voltando-a para uma direção segura.
Nunca deixe o cano da arma voltado para algo, ou alguém, em
que você não queira atirar – Essa regra serve para qualquer situação de
manuseio da arma, quer no seu transporte ou em treinamento, quer em sua
utilização durante um combate. Caso haja a necessidade de se dar cobertura a
um companheiro que reviste um suspeito ou um inimigo e tenha que imobilizá-lo
e algemá-lo, a arma deverá estar apontada para aquele suspeito, porém o dedo
que dispara a arma não deverá estar tocando o seu gatilho.
Mantenha o dedo fora do gatilho até que haja necessidade de
disparar – O dedo que dispara a arma só tocará o gatilho dela no momento
em que a necessidade de disparar contra algo ou alguém se apresente. Nos
deslocamentos ou em qualquer outra situação em que não haja a premente
necessidade de atirar, o gatilho não deverá ser tocado.
Tenha certeza de qual é o seu alvo e do que existe além dele – Em
nenhuma situação deve-se disparar em uma direção qualquer simplesmente porque
se ouviu um som vindo dali ou viu-se um vulto passando, pois não há como se
ter certeza de que o que provocou aquilo foi algo que representa perigo. Alguns
inocentes já foram feridos ou foram até mesmo mortos por causa de um descuido,
ou por terem sido confundidos com pessoas que estavam sendo procuradas e
caçadas. Conhecer seu alvo e saber o que existe atrás dele é importante, pois,
se os projéteis oriundos de um disparo trespassarem-no ou não o acertarem, eles
continuarão sua trajetória e colocarão em grande risco as pessoas próximas.
Conheça e tenha certeza de qual munição está utilizando – Em se
tratando da espingarda 12, com sua imensa gama de munições, com aplicações
variadas, há que se ter certeza de que tipo está sendo utilizada na arma. Não se
concebe disparar um tiro de chumbo grosso na direção de uma multidão, em uma
situação de controle de distúrbios, quando o objetivo era disparar um tiro com projé-
teis de borracha. Essa regra não é usualmente explorada no tiro com outras armas
de fogo, mas se encaixa bem para todas e em especial para as espingardas.
— 68 — Manual de Combate com Espingarda 12
Código de Cores para Alerta
Muito pouco adianta uma tremenda habilidade no uso de uma arma,
qualquer que seja, se uma pessoa for atacada em um momento de grande desa-
tenção e esse ataque a apanhar completamente desprevenida. Nenhuma reação
é mais rápida que uma ação, por isso, qualquer um que tenha que reagir a um
ataque está em desvantagem com relação àquele que ataca, que age. Além dis-
so, todas as pessoas devem desenvolver uma habilidade mínima para perceber
quando uma luta se aproxima ou quando o perigo começa a rondá-las.
É quase inaceitável que um militar, um policial ou um cidadão que
se prepara para defender a própria vida e as vidas daqueles que lhe são caros,
seja surpreendido por um agressor, por não ter prestado atenção nos sinais que
ele envia, sobre suas intenções. Pode-se taxar de totalmente inaceitável que
alguém, cujo trabalho envolva o uso de armas, não esteja alerta em todos os
momentos de seu dia-a-dia.
O estado de alerta constante é necessário, especialmente no mundo
violento de hoje e todos devem saber passar pelos vários níveis de alerta, de
modo a minorar o grande desgaste e o estresse que isto provoca. Os níveis de
alerta que se pode utilizar são associados a uma determinada cor, de forma a
facilitar sua intelecção, sua memorização e seu rápido uso. Eles são chamados:
condição branca, condição amarela, condição alaranjada, condição vermelha
e condição preta.
Condição BRANCA – Nesta, uma pessoa está completamente desa-
tenta a tudo que a cerca e despreparada para encarar qualquer ameaça. Como
exemplo, pode-se citar alguém dirigindo-se para seu trabalho, enquanto ouve
uma boa música e planeja sua diversão para a noite ou para o fim-de-semana.
Assim, não nota o perigo que se aproxima e são necessários vários segundos
para reagir a ele, o que dá ao agressor uma vantagem infinita.
Condição AMARELA – Nesta, uma pessoa encontra-se em seu nível
mínimo de alerta. Nela deve-se permanecer a partir do momento em que se des-
perta, independente do lugar onde alguém se encontre, mesmo em sua própria
casa. Permanece-se atento a tudo que ocorre ao redor e, apesar de estar relaxado,
pode-se passar para um nível maior de prontidão com muita rapidez. Agressores
de quaisquer tipos perceberão quais pessoas encontram-se atentas e quais não
se encontram e preferirão atacar as desatentas. Como um exemplo pode-se citar:
alguém caminhando numa calçada ouve passos e percebe um homem andando
Manual de Combate com Espingarda 12 — 69 —
atrás de si; um casal que caminha de mãos dadas começa a vir na sua direção,
atravessando a rua. Pode-se dizer que há aqui um alerta inespecífico.
Condição ALARANJADA – Nesta, um perigo potencial foi percebido
e deve-se avaliar a situação para saber se ele está se tornando real. Deve-se,
ainda, tomar atitudes que minimizem a exposição ao perigo percebido e tra-
gam alguma vantagem no caso de uma ação ser tomada. Nesse ínterim, um
plano para lidar com a ameaça já está sendo formulado. Desenvolvendo-se os
exemplos utilizados na condição amarela, ter-se-ia: o homem andando atrás de
você começa a apressar suas passadas e você pára, de modo que ele possa
passar ou muda sua direção de deslocamento, para evitá-lo; o casal que vem
atravessando a rua se separa e começa a se aproximar por direções opostas,
você tenta se desviar deles, mudando seu caminho.
Condição VERMELHA – Nesta, o perigo que era potencial já se tornou
real. Não há dúvidas sobre isso em sua mente. Você tentou evitá-lo, mas não
foi possível, portanto, colocará aquele plano formulado anteriormente em ação.
Sem hesitar responderá instantaneamente às atitudes daqueles que lhe trazem
risco. O exemplo pode ser: o casal que se aproximava muda novamente suas
direções, para poder acompanhar você e para mantê-lo exatamente entre eles,
enquanto fazem isto, a mulher coloca a mão dentro da bolsa que ela carrega
e parece empunhar uma arma que pode estar ali. Você se proteje junto a uma
coluna de um prédio e grita alto para ambos “Parem!”, “O que vocês querem?”,
“Eu conheço vocês?”. Caso eles continuem avançando, você passará para o
próximo nível, a condição preta.
Condição PRETA – Nesta, o combate pela sua vida e pelas vidas
daqueles que lhe são caros já está acontecendo. Você deverá se valer de suas
habilidades, confiar no treinamento que recebeu e controlar sua mente, para
desenvolver seu plano de ação. Aqui a aplicação de sua mentalidade de combate
será essencial.

Mentalidade de Combate
A Mentalidade de Combate é um estado mental alcançado por aqueles
que conseguem se sobrepor ao medo e ao aturdimento que uma situação muito peri-
gosa pode causar, especialmente aquelas em que um combate ou um enfrentamento
acontece, envolvendo armas. Essas pessoas, através de treinamentos constantes e
da visualização de cenários em que tais circunstâncias aparecem, têm confiança na

— 70 — Manual de Combate com Espingarda 12


sua capacidade de lidar com situações assim. Algumas, que já viveram experiências
do gênero, conseguem se manter ainda mais controladas.
Para pessoas completamente despreparadas um ato violento, repentino
e não provocado por elas, pode paralisá-las, deixando-as em tal estado mental de
confusão e choque que elas não conseguem reagir a eles. Elas talvez nunca tenham
pensado nisso tudo, mas têm o dever para consigo mesmas e para com aqueles
que elas amam, de se preparar com antecedência para uma situação dessas, pois
não haverá tempo para fazer isso no momento em que ela aparecer.
O Código de Cores para o Alerta deve ser usado diuturnamente. Ele
possibilitará que muitos problemas sejam evitados antes que se tornem situações
violentas e causem estragos à vida daqueles que sejam por eles envolvidos. O
código possibilitará que o perigo seja enfrentado com maior determinação e com
um mínimo de planejamento das ações que serão tomadas, pois este perigo
será percebido com antecipação.

Observação ao Código de Cores


Quando se usa uma arma de maneira séria, ela é usada sob estresse.
A partir da condição alaranjada, experimenta-se a reação de alarme do corpo
cujo metabolismo se acelera, ao perceber um grave perigo.
A pressão do sangue aumenta, a respiração se altera e fica quase
ofegante, podendo levar à tontura e, até mesmo, a desmaios. A concentração
melhora. A adrenalina é lançada no sangue e ele será dirigido para as vísceras,
apanhando a energia ali gerada e transportando-a para os grandes grupos mus-
culares. Por isso, a face fica pálida e as mãos frias e úmidas. O corpo torna-se
menos hábil e podem começar tremores, nas mãos e nos joelhos. Nos estágios
mais avançados da descarga de adrenalina, pode ocorrer a perda de controle
dos esfíncteres, levando uma pessoa a urinar e defecar.
A força aumenta e a tolerância à dor fica maior. Surge o instinto
reflexo de lutar ou fugir, que é a resposta do ser humano em face de um perigo
mortal. O corpo se prepara para o esforço máximo. Ocorre, então, a visão em
túnel e a exclusão auditiva. O instinto de sobrevivência força a concentração no
perigo mais imediato e impede que sejam vistos outros perigos próximos e que
sejam ouvidos gritos de aviso. Pode ocorrer, ainda, uma perda da consciência
temporal, que fará com que as ações pareçam acontecer muito devagar, como
em um filme rodado em câmara lenta.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 71 —


Percebe-se que o estresse é essencial para elevar o padrão de per-
formance, até um determinado nível; quando ele se eleva demais, o padrão de
performance cai. Para se começar a lidar com o estresse, de maneira incipiente,
pode-se participar de competições e atirar com amigos, apostando pequenos
valores, de forma que haja alguma pressão. A prática de algum tipo de arte
marcial, que envolva o combate corpo a corpo , especialmente daquele tipo
em que um contendor possa levar o outro ao nocaute é bastante interessante.
Uma vez que uma pessoa aprenda a lidar com ele e saiba qual a sua reação,
terá mais confiança em si mesma. Essa confiança deixará sua mente livre para
pensar nas táticas que usará para lidar com o perigo que enfrenta.
O padrão de raciocínio que a mente segue quando alguém está
enfrentando uma ameaça que se traduz em um enorme perigo ao seu maior
bem, a sua vida, começa pela identificação da ameaça e do nível dela. Após
isso, a mente procura uma experiência que já tenha sido vivida ou um con-
dicionamento com o qual haja alguma similaridade e que possa ser aplicado
naquela situação. Então ela compara o que encontrou e decide o que será
realizado para resolver o problema. No caso de não encontrar uma solução
após percorrer todo esse caminho, a mente pode ser conduzida ao choque ou
ao pânico. O choque se caracteriza pela apatia e o pânico pelo descontrole
emocional. Ocorrendo algo assim, o tempo necessário para sanar o problema
será alongado e corre-se o risco de que sua solução não seja alcançada, o
que pode levar uma pessoa à morte.
Para se diminuir o tempo de reação, três coisas são bastante impor-
tantes: estar alerta; ter um mínimo de condicionamento, baseado na “memória
muscular” e estudar cenários de situações críticas que podem ocorrer. Aplicando
o código de cores, já explicado anteriormente, o alerta é mantido constantemente.
A memória muscular é alcançada com a repetição de certos movimentos, que
poderão ser utilizados em combate corpo a corpo ou com vários tipos de arma-
mentos, inclusive armas de fogo.
Esses movimentos serão executados milhares de vezes. Isso
possibilitará um condicionamento que diminuirá o tempo de resposta de um
indivíduo à ação de um contendor, fazendo-o se sobrepor aos efeitos do
excesso de adrenalina, ao descontrole emocional, ao medo, ao choque e ao
pânico. A memória muscular deve ser sempre reavivada, pois a habilidade
na execução rápida e precisa de um movimento, mesmo o mais simples,
perde-se com facilidade.

— 72 — Manual de Combate com Espingarda 12


É bom que seja lembrado, ainda, com relação à parte física, que os
músculos não deverão estar retesados, mas relaxados para que se tenha flexi-
bilidade e velocidade e os movimentos sejam fluidos e suaves. Os batimentos
cardíacos interferem sobremaneira na disposição e na habilidade física durante
a resposta dada por um ser humano enfrentando uma situação de vida ou morte.
A performance na aplicação de técnicas aprendidas será otimizada quando os
batimentos estiverem por volta de 140 por minuto, acima disto os controles mo-
tores refinados, ou sutis, serão prejudicados. No caso de eles ultrapassarem 175
batimentos por minuto, apenas a habilidade de empurrar ou puxar terá restado.
Um exercício que pode ajudar na diminuição dos batimentos e pode ser realizado
em qualquer situação é o seguinte: respira-se profundamente, mantém-se o
ar nos pulmões e solta-se o ar, dando-se a essas ações a mesma duração de
tempo, que será aproximadamente a de dez batimentos cardíacos.

Os Níveis de Competência
Na classificação adotada quando do estudo dos níveis de compe-
tência, a palavra competência está sendo usada com o sentido de uma pessoa
possuir habilidade, tanto física quanto mental, para agir em determinadas situa-
ções de estresse. As categorias que são utilizadas para se classificar as pessoas
são: inconscientemente incompetente (II), conscientemente incompetente (CI),
conscientemente competente (CC) e inconscientemente competente (IC).
Inconscientemente Incompetente (II) – A pessoa classificada nesse
nível não tem competência para usar uma arma de fogo em uma situação de
grande risco ou em uma situação tática. Ela não teve o treinamento necessário
dentro dos padrões exigidos ou nem mesmo teve qualquer treinamento e, por
conta disto, não tem consciência de sua incompetência. Ela encara sua inade-
quação, normalmente, num momento de perigo extremo e só se conscientiza dela
quando já se encontra em combate. A sua primeira grande lição pode também
ser a última. Infelizmente, parte significativa das pessoas que possuem armas
ou as utilizam em seu trabalho podem ser assim consideradas. Um exemplo é
o cidadão que adquire uma arma e a munição dela, dispara alguns tiros em um
estande e, de volta à sua residência, guarda essa arma em uma gaveta, acredi-
tando estar em condições de utilizá-la com eficiência para proteger-se, quando
necessário. Nesta categoria podem ser classificados os militares e policiais que
atiram com suas armas de serviço apenas uma ou duas vezes por ano.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 73 —


Conscientemente Incompetente (CI) – A pessoa classificada nesse
nível é aquela que sabe que tem pouco conhecimento e preparo para usar uma
arma em situações de risco e procura auxílio para adquirir as habilidades que
lhe faltam. Ela consegue se motivar para estudar e praticar com sua arma, de
forma a alcançar um novo nível de competência.
Conscientemente Competente (CC) – A pessoa classificada nesse
nível é aquela que, com prática e treinamento adequados, alcançou este nível de
competência. Ela sabe manipular sua arma e sanar panes eficientemente. Além
disso, conhece bem a munição que deve utilizar, aplica os fundamentos de tiro
e consegue acertar seus disparos. O CC conhece, ainda, princípios de combate
e táticas, sabendo aplicá-los e usa a mentalidade de combate, que já conseguiu
incorporar ao seu dia-a-dia. Ele é muito rápido e competente, contudo, deve pensar
a respeito do que está fazendo e as decisões e ações que toma são resultado de
um intrincado processo de pensamento. Ainda não alcançou um nível de resposta
reflexa. Desta forma responderá bem àquelas situações de estresse que não
requeiram a tomada de decisão e a ação em décimos de segundo.
Inconscientemente Competente (IC) – A pessoa classificada nesse
nível toma decisões sem que se perceba que ela está pensando a respeito do
problema que enfrenta. As suas ações são rápidas, precisas e acontecem com
enorme fluidez. Ela consegue reagir em uma fração de segundos, respondendo
consistentemente a uma situação de grande estresse, pois programou seu corpo
e sua mente para isso.

Fundamentos de Operações
Os fundamentos de operações devem ser observados quando se
planeja, se executa e se finaliza uma missão. Eles possibilitarão que exista
uma vantagem para aqueles que os apliquem, fazendo com que os objetivos
determinados sejam alcançados com um mínimo de exposição ao perigo e sem
perdas ou com perdas aceitáveis, caso venham a ocorrer.

Princípios de Tática
As táticas passíveis de serem utilizadas nos diversos cenários que
podem se desenrolar à frente de um cidadão, um militar ou um policial são muitas.
Algumas devem ser do conhecimento de todos, pois possibilitarão que se consiga

— 74 — Manual de Combate com Espingarda 12


uma vantagem sobre um oponente. Os princípios para aplicação de táticas, apre-
sentados aqui, estão mais voltados para um operador em uma perspectiva indivi-
dual, mas podem servir, também, para equipes. Quando equipes são empregadas
em uma situação tática princípios como o de Cobertura, Apoio e Comunicação
devem ser observados com maior atenção, de modo que uma missão seja bem
cumprida, com segurança para todos os seus componentes. Surpresa, Utilização
de cobertas e abrigos, Disciplina de ruídos, Movimento e Manutenção de distâncias
serão princípios abordados, bem como seus complementos: evitar o “funil fatal”,
aplicação da técnica “cortando o bolo” e inspecionar tudo visualmente.

Descrição dos princípios


Surpresa – Poucos princípios, mesmo quando bem aplicados, podem
superar o da surpresa. Quando se surpreende um oponente, ele é colocado em
uma situação de inferioridade, pois terá que reagir a algo e todos sabem que a
reação nunca é tão rápida quanto a ação. Saber onde o inimigo está, sem que ele
saiba onde você se encontra lhe possibilita engajá-lo quando desejar, ou for mais
oportuno. Para o cidadão que sabe que sua casa foi invadida esse princípio pode
ser aplicado por ele encontrando um cômodo seguro onde possa proteger-se,
evitando que o invasor o alcance. Daquela posição ele poderá acionar a polícia.
As operações militares que envolvem emboscar uma tropa inimiga dependem
muito da surpresa. Em operações policiais, as invasões noturnas a redutos de
criminosos e as entradas táticas, também dependem.
Utilização de Cobertas e Abrigos – Coberta diz-se de uma localiza-
ção em que alguém possa se furtar à observação de um oponente, mas possa
observá-lo. Abrigo é chamada aquela posição em que alguém estará protegido
de projéteis disparados por um oponente. A posição abrigada poderá, também,
estar coberta, porém, uma posição coberta não oferece abrigo. Havendo a ne-
cessidade de se mover de um local para outro, esse movimento deve ser feito
de uma posição abrigada para outra.
Disciplina de Ruídos – Qualquer tipo de ruído pode ser um indicador
da posição de alguém. Caso se saiba escutar, ouvir com atenção, pode-se pro-
teger-se de um atacante e surpreendê-lo, obtendo-se uma vantagem tática. Há
que se ter cuidado com algumas coisas que comumente fazem barulho como:
arrastar os pés ao se deslocar; pisar em folhas, gravetos e entulhos; esfregar-se
ou esbarrar em paredes ou móveis; tossir e espirrar. Conversar, respirar pesada-

Manual de Combate com Espingarda 12 — 75 —


mente ou levar um equipamento mal ajustado ao corpo também provoca ruídos,
que podem denunciar a localização de alguém. Tudo isso deve ser evitado.
Movimento – Existirão situações em que será necessário que alguém
se movimente para colocar-se em uma posição dominante e obter vantagem.
Nesta oportunidade, quando se sai de uma posição segura para outra desco-
nhecida, deve-se ter um grande cuidado. A movimentação deve ser feita com
vagar, aplicando-se a disciplina de ruídos, utilizando-se de cobertas e abrigos,
além de se observar tudo no deslocamento e na nova posição. Deve existir uma
preocupação com a manutenção do equilíbrio corporal, de forma que se possa
realizar um disparo com o máximo de precisão, caso necessário. Com esse
objetivo o deslocamento não pode ser muito rápido, pois, se for, atrapalhará a
observação e impossibilitará a manutenção do equilíbrio. Não se deve passar
por um local qualquer sem se confirmar que seja seguro.
Manutenção da distância – A distância age em favor de quem sabe
aplicar os princípios de tática. Deve-se manter distância de cantos, vãos de
portas e intersecções de corredores. Deve-se manter distância, também, de
um oponente, a menos que não haja outra escolha, pois, quanto mais perto se
estiver dele, mais facilmente ele poderá acertá-lo com um disparo, ás vezes
por pura sorte e sem sequer fazer pontaria. Devido à possibilidade de ricochete
de projéteis, não se deve ficar muito próximo de um anteparo que esteja sendo
utilizado como abrigo e proteção, pois pode-se ser atingido.
Cobertura – Quando ocorre uma ação desencadeada por uma equipe,
independente de quantas pessoas a compõem, é possível que, além de suas missões
individuais seus componentes possam oferecer alguma segurança uns aos outros.
Também uma equipe pode dar segurança a outra. A isso se chama cobertura. No
caso de uma pane no armamento de um operador, por exemplo, ele pode solicitar a
cobertura de um companheiro até que a tenha sanado e possa voltar a usá-lo. Ha-
vendo a necessidade de se fazer uma verificação em um cômodo ou em um armário,
após uma entrada tática efetuada em um edifício, um componente da equipe pode
realizá-la, enquanto outro dá cobertura a este. Assim, aumenta-se a segurança para
o caso de ser encontrado um invasor. Quando um operador necessita de cobertura
ele simplesmente deve solicitá-la, dizendo em alto tom “cobertura!” ou utilizando um
sinal pré-definido que seja do conhecimento de todos.
Comunicação – Não há como se controlar as ações desencadeadas
em uma operação se não houver um modo de transmitir ordens, orientações ou
sinais. Aquelas pessoas empregadas em operações que envolvam diversos indi-

— 76 — Manual de Combate com Espingarda 12


víduos e equipes precisam de um meio que lhes permita comunicarem-se, para
que possam se manter informadas do que ocorre e para poderem movimentar
os meios existentes de forma a alcançar um objetivo. Em uma equipe pequena o
comandante pode transmitir suas ordens através da voz ou de sinais. Em um nível
mais alto, quando várias equipes são empregadas, pode haver necessidade de
que todos utilizem comunicadores tipo rádio. De qualquer forma, a comunicação
é essencial para que os homens e equipes se entendam e cumpram as missões
determinadas, apoiando-se mutuamente.
Apoio – O apoio pode ser traduzido no auxílio, na possibilidade de
ser um esteio, que uma equipe tem com relação a outra. Por exemplo, quando
um grupo que executa uma ação encontra uma resistência muito maior que a
esperada, ele pode solicitar o apoio de um segundo grupo, que possa reforçá-
lo. O apoio deste segundo grupo permitirá que a resistência encontrada seja
vencida e o objetivo alcançado.
Conhecer o inimigo – Obter informações sobre o oponente que será
enfrentado é essencial para o planejamento de uma operação. Sun Tzu já dizia
isso em seu livro “A arte da Guerra”, escrito há séculos. Caso não seja possível
se obter alguma informação, deve-se estar preparado para a mais difícil situ-
ação, o pior cenário que possa ser encontrado. Para um cidadão que tem sua
casa invadida no meio da noite, é difícil ter alguma informação a respeito dos
invasores, por isso a sua melhor tática, mesmo estando armado, é tomar uma
posição defensiva em um dos cômodos de sua casa, protegendo sua família e
ligar para a polícia. Uma equipe militar ou policial que esteja partindo para uma
missão terá apoio de uma seção de inteligência da qual receberá informações
que descrevam os causadores do problema ou da crise que enfrentarão.
Desviar a atenção do adversário – Antes de se desencadear um
ataque contra uma força oponente, seja por policiais invadindo uma construção
para libertar reféns, seja por militares em uma guerra, desviar a atenção do inimigo
possibilitará surpreendê-lo. Pode-se aplicar uma finta, enviando equipes secundá-
rias para um local onde o oponente espera alguma ação e as equipes principais
para um ponto menos vigiado. Em ações de entradas táticas pode-se utilizar luzes
ofuscantes, geradas por holofotes ou fogo; barulho muito alto, provocado por caixas
de som potentes e, ainda, granadas do tipo Luz e Som para esse fim.
Rapidez – Desencadear uma ação com rapidez e fazê-la se desenvolver
com agilidade e fluidez torna mais fácil que se consiga dobrar a vontade de um ad-
versário. No entanto, a rapidez não deve deixar de levar em conta a segurança.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 77 —


Segurança – A importância deste princípio não pode deixar de ser
constantemente frisada. Não se pode conceber um plano qualquer de operação
ou os passos que serão seguidos no desenrolar de uma missão sem que a
segurança para os envolvidos ocupe lugar de destaque. Pode-se notar na des-
crição dos princípios anteriormente citados que a segurança é um dos escopos
da aplicação deles.

Complementos
Evitar o “Funil Fatal” – Chama-se funil fatal àquela posição em
que alguém atrai a observação e o fogo de um adversário. Ele pode ser o vão
de uma porta, por onde uma pessoa deve forçosamente passar para entrar em
uma sala; pode ser, também, um grande corredor ou, em campo aberto, uma
posição em que alguém tenha a silhueta de seu corpo destacada contra um
fundo contrastante, como o céu azul. Entre os militares isso é chamado “dar
sopa na crista”, pois quando um deles se encontra na crista de uma elevação,
que é a parte mais alta, a sua silhueta se destaca e ele passa a ser um alvo
fácil para o inimigo.
Aplicar a técnica “Cortando o Bolo” – Essa técnica deve ser apli-
cada por alguém que se aproxima de um canto, de um vão de porta ou de um
outro local em que não seja possível verificar o seu entorno. Deve-se inspecionar
toda a área, um pedaço, por vez. Quando se realiza essa ação, não se deve
deixar que qualquer parte do corpo ou da arma que se está utilizando durante a
aplicação da técnica, se adiante e seja vista pelo oponente. Conforme se verifica
cada área, deve-se manter a habilidade para realizar um tiro preciso, fazendo
com que o olho que faz a pontaria, o ombro que apoia a arma e a mão que a
disparará, caso necessário, estejam em um mesmo plano, movendo-se juntos
para a área que será verificada. Na figura 3.1 observa-se um operador que
aplica a técnica, ocupando as posições sucessivas 1,2,3 e 4.
Inspecionar tudo visualmente – Todos os cômodos de uma cons-
trução, seja ela uma casa, seja um apartamento ou outra qualquer, deve ser
inspecionado visualmente, quando se aplica a técnica “cortando o bolo”. Tudo
deve ser verificado, inclusive sótãos, armários e móveis embaixo dos quais possa
se esconder um ser humano. Em locais mal iluminados, uma boa lanterna será
essencial. Essa inspeção será realizada verticalmente, do chão para o teto e
em cada pedaço em que se tenha dividido um cômodo. Vários podem ser os

— 78 — Manual de Combate com Espingarda 12


indicativos da presença de alguém, como partes do corpo que estejam expostas
ou não tenham sido totalmente ocultadas, pés e ombros e ,ainda, partes de uma
arma como seu cano ou a ponta da lâmina de uma faca. No caso de haver racha-
duras ou aberturas nas paredes ou pequenas janelas em portas, elas poderão
ser usadas para se observar um local antes de se entrar em seu interior.

Fig. 3.1 - Técnica “Cortando o Bolo”.

Combate em Ambiente Confinado


O combate que se desenrola em um recinto confinado (“Room
combat”, “close quarter combat”, “close quarter battle”, etc.) envolve distâncias
bastante curtas, dificultando o uso de armas longas. A maior parte das equipes
que se preparam para operações que envolvam este tipo de combate é dotada
de armas curtas e submetralhadoras.
A espingarda 12 pode ser utilizada em operações deste tipo, como a
arma do arrombador (“Breacher”), empregada para arrebentar a fechadura de
uma porta, possibilitando que ela seja aberta e permitindo a passagem de uma

Manual de Combate com Espingarda 12 — 79 —


equipe que vá invadir uma construção ou um cômodo. Ela pode ser usada, tam-
bém, por um operador que vá participar da ação dentro de um recinto confinado,
porém deverá possuir características que a tornem mais manobrável em espaços
exíguos, como um cano e uma coronha mais curtos.
Caso existam reféns a serem resgatados, que estejam sendo usados
como escudos por seqüestradores, há que se ter um grande cuidado no disparo da
espingarda. Deve-se usar um cartucho carregado de forma a apresentar um risco
mínimo para um refém quando disparado para abater um seqüestrador. Existem
diversas instituições e escolas de tiro pelo mundo todo que aceitam e praticam o
uso da espingarda nessas situações e existem outras tantas que não aceitam.

Regras para o Combate em


Ambiente Confinado
Trabalhar sempre em duplas – Quando estiver sendo realizada uma
ação em recinto confinado, no mínimo dois operadores deverão estar trabalhando
juntos, na abordagem de cada recinto, de cada cômodo, desta forma um estará
apoiando e dando segurança ao outro.

Fig. 3.2 - Abordando um canto.

— 80 — Manual de Combate com Espingarda 12


Ter sempre um reserva – Quando dois ou três homens entrarem
em um cômodo deverá haver pelo menos mais um do lado de fora, que atuará
como reserva dos que estiverem lá dentro. Caso um daqueles seja ferido, o de
fora o substituirá, na continuação das ações. Se possível, o mesmo se aplicará
às equipes, devendo haver sempre uma reserva.

Preencher os espaços – Quando um homem da equipe tiver que sair


de seu lugar para substituir um outro ou para entrar em um recinto qualquer, o
espaço que ele deixou deverá ser preenchido. Desta forma haverá sempre um
reserva para garantir o prosseguimento de uma operação.

Fig. 3.3 - Funil Fatal.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 81 —


Aspectos Básicos do
Emprego Tático da Espingarda
Os aspectos básicos para o emprego tático de uma espingarda devem
ser seguidos para possibilitarem ao operador desta arma utilizá-la da melhor
forma, quando estiver inserido em uma situação tática, no desenrolar de uma
missão ou de uma operação. Estes aspectos são descritos a seguir:

• Ter um planejamento já elaborado, mesmo que simples e feito rapi-


damente. Ele poderá sofrer adequações, conforme a situação adquira contornos
mais nítidos.

• Conhecer bem as características da arma e da munição que está


sendo empregada.

• Possuir um suprimento de munição além daquele que está no


carregador da arma. Esta munição extra pode estar em porta cartuchos preso
à arma, em uma pequena bolsa e, ainda, nos bolsos do uniforme ou da roupa
usada pelo atirador.

• Estar em condições de utilizar as Posições de Pronto. A partir delas


as posições de tiro e os fundamentos de tiro, segurança e operações serão
aplicados com maior facilidade e maior fluidez. As posições de pronto serão
descritas no capítulo 4.

• Conhecer e estar habituado à Condição de Prontidão da arma.

• Não deixar que o cano da arma avance além do necessário, quando


em deslocamento, aparecendo nos vãos de porta, dobras de cantos e de corre-
dores. Isto pode dar uma vantagem ao oponente, caso ele o veja.

•Repor na arma a munição que utilizar, tão logo seja possível.Amunição


que for disparada no decorrer de uma operação deve ser prontamente reposta no
carregador da arma. Faz-se isto tendo em vista a pequena quantidade de cartuchos
que a maior parte das espingardas é capaz de levar em seus carregadores e a
manutenção do equilíbrio da arma, que terá seu carregador sempre pleno.
— 82 — Manual de Combate com Espingarda 12
Tipos de Recarga de uma Espingarda
As recargas que podem ser executadas em uma espingarda são:
Recarga administrativa, Recarga Tática e Recarga de Emergência.

Recarga Administrativa – É a recarga executada em uma situação


de normalidade, sem que o operador da arma a esteja empregando em uma
situação tática. Esta recarga pode ser feita antes da chegada ao local onde será
cumprida uma determinada missão.

Recarga Tática – É aquela que visa manter a arma com sua capaci-
dade plena. Será realizada durante o desenrolar de uma operação, logo após o
disparo da espingarda e quando o operador tiver oportunidade de recarregar.

Recarga de Emergência – É a recarga executada quando a arma


estiver completamente vazia, sem munição, por conta de seu operador ter tido
a necessidade de dispará-la muitas vezes.

Condições de Prontidão da Espingarda


A condição de prontidão de uma espingarda é a situação em que ela
é conduzida pelo seu operador, com relação à aplicação de seus controles me-
cânicos, tais como a trava do gatilho e do ferrolho e com relação ao modo como
sua munição se encontra nela colocada. Esta condição não deve ser confundida
com a posição de pronto, que diz respeito à posição corpórea assumida por um
operador e o modo como ele leva a arma junto de si.
Existem várias condições de prontidão em que uma arma pode ser
colocada. Cada uma delas exibe características que são mais adequadas ao
estresse que envolve uma ação ou ao local onde uma arma é guardada. Um
militar ou policial que esteja participando de uma operação pode ter que manter
sua arma em um nível de prontidão alto. Este nível pode ser imposto pelas
regras a que eles estão submetidos ou pelo próprio desenrolar da operação. Um
cidadão que tenha uma espingarda em casa, para defender seu lar e sua família,
pode querer mantê-la em um nível de prontidão menor, para a própria segurança
de seus entes queridos, que venham a ter acesso a ela, inadvertidamente.
Manual de Combate com Espingarda 12 — 83 —
As condições de prontidão de uma espingarda, do nível mais baixo
para o mais alto, são:
a. Desmuniciada e Descarregada;
b. Desmuniciada e Pronta;
c. Municiada e Descarregada;
d. Carregada;
e. Completamente Carregada.

Desmuniciada e Descarregada – A espingarda estará sem munição


no seu carregador e com a câmara vazia. Não haverá cartuchos carregados
próximos a ela que permitam seu uso imediato.

Desmuniciada e Pronta – A espingarda estará sem munição no


seu carregador, com a câmara vazia, porém terá cartuchos próximos a ela, que
permitam seu uso imediato. Esses cartuchos poderão estar presos à arma, em
porta cartuchos, ou em recipientes que permitam um rápido acesso. Carregá-la
será questão de poucos segundos.

Municiada e Descarregada – Haverá munição no carregador da


arma, porém não haverá na sua câmara. Carregar a arma a partir dessa condição
é apenas questão de acionar o sistema de bomba ou a alavanca de carregamento.
Levará somente décimos de segundo.

Carregada – Haverá munição na câmara da arma e no seu carregador.


Ela estará pronta para realizar um disparo imediato. A trava do gatilho da arma
pode estar aplicada ou já ter sido desengajada, dependendo da situação que
se apresente ao operador.

Completamente Carregada – Haverá munição na câmara e no seu


carregador. Além disso, haverá cartuchos extras presos à arma, no cinto do
operador, em seus bolsos ou em um recipiente qualquer que ele leve consigo.

— 84 — Manual de Combate com Espingarda 12


Considerações sobre os Níveis de Prontidão
Existem considerações importantes sobre o nível de prontidão no qual
deve permanecer uma espingarda.
Manter uma arma carregada e destravada, ou mesmo carregada e
travada, dentro de uma residência, para a defesa própria e dos que ali vivem,
pode ser um convite ao desastre. Imagine um adolescente ou uma criança
apanhando esta arma e pressionando a trava do gatilho e o gatilho, por pura
curiosidade. Dependendo da direção para onde ela estiver voltada, poderá haver
a perda de uma ou mais vidas ou ferimentos graves em pessoas queridas, que
deixarão seqüelas sérias.
A melhor opção para condição de prontidão de uma espingarda, que
sirva para defender um lar, será Desmuniciada e Pronta ou Municiada e Des-
carregada, dependendo da habilidade de quem pretende utilizá-la.
Um homem ou uma mulher com um mínimo de treinamento pode
rapidamente acessar uma arma guardada na condição de Desmuniciada e
Pronta e carregá-la. Aquela que estiver estocada na condição de Municiada
e Descarregada será carregada com maior velocidade, ainda. O cidadão que
possua uma espingarda deve conhecê-la e deve, também, conhecer bem e
orientar as pessoas que vivem debaixo do mesmo teto.
As espingardas utilizadas por militares e policiais devem ser manti-
das em uma condição de prontidão que possibilite a eles agirem prontamente
e cumprirem as missões que receberem. Um policial no meio de um tiroteio e
um militar no calor de uma batalha preferirão estar com sua arma na condição
Completamente Carregada.
No entanto, se o policial precisar render um suspeito para prendê-lo, a
condição Carregada pode ser suficiente, lembrando-se que a trava de segurança
deverá estar aplicada, caso o suspeito seja mantido sob a mira da arma. A trava
só será desengajada se o operador sentir a necessidade de atirar. No caso de
um militar que esteja sendo transportado por aeronave até um local onde se dará
seu emprego, a sua espingarda poderá estar Municiada e Descarregada.
Desta forma, ele evitará o perigo de um disparo acidental que colocaria
em risco a aeronave e os companheiros que estivessem seguindo com ele. Ao
chegar no local onde sua missão será desencadeada, ele passaria a arma para
a condição Carregada.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 85 —


Existe um ponto importante para se esclarecer quando se considera
a possibilidade de manter uma espingarda carregada. Diferentemente do que
acontece com a maioria absoluta das armas curtas mais modernas, pistolas ou
revólveres, que possuem uma trava do percussor, as espingardas, normalmente,
não a possuem. Esta trava bloqueia a ida do percussor á frente, evitando que
ele atinja a espoleta do cartucho que se encontrada na câmara. Isto impossibilita
o disparo. Ela só será desengajada quando o gatilho da arma for pressionado.
Depreende-se disto que uma arma não disparará se sofrer uma queda ou for
arremessada contra um anteparo qualquer.
Será necessária a ação consciente de um atirador para premir o ga-
tilho, desengajando a trava, para que possa atirar. Caso uma espingarda esteja
carregada e sofra uma queda, dependendo do modo como ela cair, a pancada
que vier a sofrer poderá transferir energia suficiente ao percussor para lançá-
lo de encontro à espoleta do cartucho, disparando a arma. Um operador deve
levar em conta essa informação para determinar com maior propriedade qual a
condição de prontidão que melhor se adequará a sua arma.
Muitos cidadãos crêem, por conta da desinformação e daquilo a que
assistem em filmes televisivos e cinematográficos, que basta ciclar o sistema de
bomba de uma espingarda e apertar seu gatilho, e ela disparará.
Poucos sabem ou têm consciência de que uma trava deve ser mani-
pulada, para possibilitar um disparo. Por outro lado, o operador que utiliza uma
espingarda diuturnamente é, com certeza, um profundo conhecedor de sua arma,
em seus mais recônditos aspectos.
Portanto, se um operador deixar sua arma na condição de prontidão
Municiada e Descarregada, engatilhada e travada, qualquer um que a encontre e
a pegue, não conseguirá ciclá-la e não conseguirá dispará-la, também, a menos
que a conheça bem.
Disparar a arma, nesta situação, exigirá o desengajamento da trava
do ferrolho ou da corrediça, para que se possa manobrar a telha e da trava de
segurança, para poder acionar o gatilho.
A necessidade de manipular essas travas e de conhecer suas loca-
lizações dá ao operador uma vantagem sobre o leigo que teve acesso à sua
arma, sem seu conhecimento ou sua autorização.

— 86 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fundamentos
de Tiros

Capítulo IV

O
s fundamentos de tiro abordados em antigos manuais de ins-
trução eram apresentados em número excessivo. Ao longo
do tempo, conforme foram sendo ensinados e postos em
prática pelas turmas de aprendizes que passavam pelo treinamento de tiro, tanto de
precisão quanto de combate, esses fundamentos foram lapidados e se amalgamaram.
Hoje poucos princípios embasam o ensino das técnicas de tiro mais importantes e
funcionais, são eles: Posição Estável, Pontaria, Respiração e Acionamento do Gatilho.
Estes fundamentos, bem aplicados, possibilitam a realização de um disparo que pode
acertar um alvo em um ponto determinado pelo atirador.

1º Fundamento - Posição Estável


A posição estável é muito importante para manter a base de onde partirá
um disparo, de forma que o projétil lançado não se desvie do seu ponto de impacto
pretendido ou se desvie muito pouco, após deixar o cano de uma arma. Pode-se
decompor este fundamento em dois: a posição de tiro e a empunhadura.

Posição de Tiro
Posição de tiro é a postura corporal assumida quando há a
necessidade de se atirar. Ela deve dar um bom equilíbrio ao atirador, para
absorver o impacto do recuo da arma e para possibilitar disparos sucessivos,
com uma boa recuperação da visada das miras sobre o alvo. Em competições
de tiro, especialmente de precisão, as posições são determinadas nas regras
aplicadas a cada disputa. Exige-se que os competidores executem uma dada
quantidade de disparos em pé, deitado, sentado ou ajoelhado. Em situações de

Manual de Combate com Espingarda 12 — 87 —


combate a posição que alguém irá tomar depende do quadro que se desenrola à
sua frente e da aplicação dos fundamentos de tática, que já foram abordados no
Capítulo III. Em algumas situações pode ocorrer a necessidade de um operador
se abrigar atrás de uma proteção e atirar em uma posição esdrúxula, muito
diferente das usuais. Desde que essa posição permita a visada no alvo e tenha
um mínimo de estabilidade, o disparo poderá ser realizado.

Empunhadura
Empunhadura é o modo como são colocadas as mãos em uma arma e
como ela é apoiada no corpo, de forma que sua estabilidade seja a melhor possível.
Quando se empunha deve-se fazê-lo de maneira firme, de modo que ela possa ser
disparada repetidamente, caso haja necessidade. Rigidez e pressão excessivas
na empunhadura não traduzem firmeza, cansam rapidamente um operador e
fazem deteriorar a aplicação de outros fundamentos de tiro, de combate e de
segurança. Costuma-se utilizar uma figura bastante útil no ensino daquilo que se
espera quando se exige firmeza na empunhadura. É a figura do pássaro. Quando
se tem um pássaro na mão e se aperta demasiadamente, acaba-se por matá-lo,
esmagando-o. Se a mão for deixada frouxa, o pássaro escapará. Deve-se, então,
dosar a pressão para que ele possa ser mantido cativo, sem que seja morto ou
possa fugir. Em relação às armas de fogo pode-se aplicar essa idéia, apenas há
que se conhecer a intensidade de seu recuo, praticando-se constantemente com
ela, para que não venha a saltar das mãos que a empunham.

Descrição das Posições de Tiro


Posição de Pé – É a posição que oferece a menor estabilidade para
a execução de um tiro. Ela é, também, a que deixa mais exposto o atirador, no
entanto, permite uma movimentação mais fluida e veloz e pode ser adotada e
utilizada com grande rapidez. Nesta posição os pés estão separados na distância
aproximada da largura dos ombros, com a perna do lado da mão auxiliar (mão
que não atira) colocada um passo à frente da perna do lado da mão principal
(mão que atira). No caso de um atirador destro, a perna esquerda estará à
frente, o pé esquerdo voltado para o alvo e o pé direito voltado para um ângulo
próximo de 45 graus em relação à direção onde o alvo se encontra. O joelho da
perna da frente deve estar bastante flexionado e o da perna de trás levemente.

— 88 — Manual de Combate com Espingarda 12


O torso deve ser lançado à frente, de maneira agressiva, para sustentar o recuo
da arma com mais facilidade. As mãos deverão estar segurando firmemente a
arma. A mão que não atira colocada sobre a telha, a mão que atira colocada na
parte mais estreita da coronha (delgado da coronha), ou segurando o punho da
arma, caso ela possua. O dedo indicador da mão que atira estará sobre a trava
do gatilho, se a trava estiver localizada atrás dele. Se ela for construída sobre o
receptáculo, então o dedo polegar é que a tocará, em condições de desativá-la
para permitir o disparo da arma. A chapa da soleira estará encostada com muita
firmeza no cavado do ombro, que é a depressão formada logo abaixo da clavícula,
entre o músculo peitoral e o deltóide, quando o cotovelo é erguido até a altura do
ombro. A bochecha deverá estar encostada na coronha (“stock weld”, “cheek weld”),
colocando o olho que fará a pontaria bem atrás da alça de mira. Deve ser lembrado
que a coronha será trazida para o rosto e não este levado até ela.

Fig. 4.1 – Posição de Pé.

Fig. 4.2 – Apoio da Bochecha.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 89 —


Para minorar a exposição inerente a esta posição pode-se utilizar algum
tipo de proteção ou anteparo, atrás do qual um atirador possa se abrigar. Uma
coluna de sustentação de uma construção qualquer, um poste ou uma árvore
servirá perfeitamente para tal finalidade. Quando se fizer isto, o cotovelo não
deverá ser mantido na altura do ombro, mas levemente abaixado para aproveitar
melhor a proteção, conforme se vê na figura 4.3. Esta posição será chamada de
Pé Abrigada para que seja diferenciada da posição de Pé Usual. Caso não seja
possível manter os pés separados o suficiente para alcançar o balanço ideal e se
tenha que aproximá-los um do outro de forma que todo o corpo fique abrigado,
isto deverá ser feito. Sacrifica-se o equilíbrio em prol da proteção.

Fig. 4.3 – De Pé Abrigada. Fig. 4.4 – Abrigada, lado auxiliar.

O cano da arma pode, inclusive, ser apoiado no anteparo, pois isto não
fará com que haja perda de precisão, mesmo utilizando-se balotes. O cuidado a
ser tomado é de não se apoiar o cano muito próximo de sua porção final, a sua
boca, pois o recuo poderá fazer com que ele venha para trás da proteção e em
disparos subseqüentes acabe por atingi-la. Em espingardas semi-automáticas a
própria telha pode ser apoiada, já que não haverá a necessidade de movê-la.

— 90 — Manual de Combate com Espingarda 12


É importante enfatizar que, quando uma espingarda é disparada
apoiada em uma superfície dura, o seu recuo será quase todo direcionado para
trás, exigindo maior firmeza do atirador. No caso de haver a necessidade de o
operador da arma disparar utilizando o lado da mão auxiliar, ele deverá tomar a
posição de tiro de Pé Abrigada como se fosse aquele lado o da mão principal.
Utilizar a técnica de colocar a coronha da arma sob a axila e dispará-la
assim, facilita a absorção do recuo. Este posicionamento da coronha faz com
que o cano da arma fique no nível do peito do atirador, apontado para o torso de
um oponente. A técnica deve ser utilizada para curtas distâncias, como aquelas
encontradas em recintos confinados.

Fig. 4.5 – Coronha sob a axila.

Posição de Joelhos – Oferece uma estabilidade maior do que a da


posição de pé, além de diminuir a exposição do atirador, tornando menor a sua
silhueta. Esta posição não permitirá uma movimentação tão fluida e veloz quanto
a anterior; no entanto, assumi-la, partindo de uma das posições de pronto pode
ser feito com rapidez. Tomar a posição de joelhos rapidamente deve exigir uma
atenção maior do atirador com o local onde se encontra, pois uma superfície
dura ou muito irregular, como aquelas cobertas por pedras, pode causar lesões
sérias nesta articulação.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 91 —


Os pés estarão separados com uma abertura aproximada da largura
dos ombros do atirador, com a perna do lado da mão auxiliar (mão que não atira)
colocada um passo à frente da perna do lado da mão principal (mão que atira).
No caso de um atirador destro, mantendo seu corpo voltado para uma direção
aproximada de 45 graus em relação à direção em que se encontra o alvo, ele
colocará o joelho da perna direita no chão, mantendo a perna esquerda à frente
do corpo, flexionada.

Fig. 4.6 – Joelhos vista direita.

Competidores em torneios de tiro de precisão costumam manter o


pé da frente levemente fletido para dentro da posição e não voltado na direção
do alvo, desta forma conseguem travar a posição, tornando-a mais estável.
Em situações de combate, onde a necessidade de se movimentar com rapidez
aparece com freqüência, pode não ser uma boa idéia travar a posição, pois será
mais difícil abandoná-la e assumir outra ou, então, mover-se para um outro local.
O torso deverá ser dobrado agressivamente para frente. A empunhadura a ser
realizada na arma seguirá todos os detalhes que já foram expostos em relação
à posição de pé.

— 92 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig.4.7 – Joelhos, frontal. Fig. 4.8 – Pé fletido e cotovelo apoiado.

Atiradores de tiro de precisão, que costumam utilizar com freqüência


a posição de joelhos, apóiam o cotovelo do braço auxiliar sobre o joelho da
perna do mesmo lado, que está à frente, de forma que possam adquirir uma
estabilidade ainda maior. Desta forma aumentam a precisão de um disparo que
deva atingir um alvo distante. A espingarda de funcionamento semi-automático
permitirá que isto seja feito sem problemas, aquelas cujo funcionamento seja
no sistema de bomba podem dificultar um pouco este apoio, pois os atiradores
terão que manobrar a telha para recarregar a arma e, assim, desfarão o apoio
e terão que recompô-lo para executar o próximo tiro. Isso tudo fará diminuir, em
parte, a velocidade de disparo em tiros sucessivos. A ação de apoiar o cotovelo
no joelho também limita a flexibilidade do operador no caso de necessitar engajar
um alvo que surja em suas laterais, pois será obrigado a movimentar toda a
posição na direção dele. Mantendo-se o torso elevado, sem se utilizar do apoio
citado e vergando-o um pouco para frente, para absorver melhor o recuo, pode-
se engajar alvos em uma frente bastante ampla, para onde a posição adotada
estiver voltada, incluindo boa parte de suas laterais.
A posição pode ser tomada, ainda, com ambos os joelhos apoiados
no chão. Dessa forma pode-se diminuir ainda mais a exposição do atirador e
aproveitar melhor as proteções que serão encontradas nos locais onde a arma
esteja sendo utilizada.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 93 —


Fig. 4.9 – Ambos joelhos apoiados.

Posição de Cócoras – Da mesma forma que a posição de joelhos, ela


faz diminuir a silhueta de um atirador e pode ser tomada com bastante rapidez,
oferecendo um menor perigo de que os joelhos ou alguma outra parte do corpo
venha a ser ferida, já que apenas os pés tocam o solo.
Sair desta posição é fácil e mais rápido do que da posição anterior
e ela pode ser utilizada onde a superfície seja irregular, muito dura ou na qual
existam pedras, pedaços de vidro, lascas de madeira e outros entulhos.
Partindo de uma posição onde os pés estejam separados com a
abertura aproximada da largura dos ombros do atirador, com a perna do lado da
mão auxiliar à frente e o corpo voltado para uma direção de mais ou menos 45
graus em relação à direção onde se encontra o alvo, simplesmente flexionam-se
as pernas até que as nádegas cheguem perto de tocar os calcanhares. Os braços
deverão ser apoiados nos joelhos, para aumentar o equilíbrio do corpo.
O fato das posições de tiro de joelhos e de cócoras permitirem que
um operador baixe sua silhueta e se exponha menos, faz com que o disparo
seja executado em uma trajetória ascendente, na maior parte das vezes. Atirar
para uma direção em que os projéteis subam vai causar uma diminuição na
possibilidade de um projétil perdido, ou que tenha atravessado o alvo, vir a
atingir pessoas inocentes que se encontrem próximas ao local do disparo de
uma espingarda.

— 94 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 4.10 – Cócoras.

Posição deitado – É a posição que oferece a maior estabilidade para


a realização de um disparo e a que apresentará a menor silhueta do atirador,
tornando mínima a sua exposição. No entanto, é uma posição que exige algum
cuidado no momento de tomá-la, pois o corpo todo entrará em contato com o
solo. Abandonar esta posição, no caso de surgir a necessidade de movimentar-
se, será feito mais lentamente do que abandonar uma das outras já citadas,
portanto há que se pesar a vantagem da precisão do tiro com relação à saída
rápida da posição.
Partindo de uma posição onde os pés estejam separados com a
abertura aproximada da largura dos ombros do atirador, com a perna do lado da
mão auxiliar à frente e o corpo voltado para uma direção de mais ou menos 45
graus em relação à direção onde se encontra o alvo, coloca-se os dois joelhos
no chão. Apoiando-se sobre a mão principal baixa-se o corpo, até que ele toque
completamente o solo. Refaz-se a empunhadura da arma e faz-se a pontaria. O
corpo estará voltado para uma direção aproximada de 140 graus com relação
à direção onde a pontaria está sendo realizada. Quando houver necessidade
de se utilizar um anteparo o ângulo do corpo deverá possibilitar que ele esteja
aproveitando ao máximo a proteção oferecida. O cotovelo do braço auxiliar deverá
ser forçado para debaixo da arma, para diminuir a oscilação dela.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 95 —


Fig. 4.11 – Posição deitado vista direita.

Alguns operadores evitam por completo utilizar a posição deitado, pois


se ressentem da dificuldade para executar a manobra da telha, para recarga
da arma. Quando se utiliza uma espingarda semi-automática isso não é uma
preocupação. Manobrar o sistema de bomba exigirá que o atirador incline-se para
o lado da mão principal, até aliviar o peso sobre o braço da mão auxiliar, de forma
que ela possa movimentar-se com liberdade e possa trazer à retaguarda a telha,
sacando o cartucho disparado da câmara, ejetando-o e inserindo um novo.

Fig. 4.12 – Posição deitado.

— 96 — Manual de Combate com Espingarda 12


2º Fundamento - Pontaria
Realizar a pontaria de uma arma é colocá-la na direção exata de um
alvo ou de um ponto neste alvo, utilizando-se o aparelho de pontaria que ela
possui. Esse aparelho pode ser de vários tipos, nas espingardas, desde simples
massas de mira esféricas, sem alça, até aparelhos holográficos, de ponto
vermelho (“Red dot”) e lunetas. Algumas definições e conceitos são importantes
quando se explica a realização da pontaria, tais como: linha de mira, linha de
visada, fotografia e acompanhamento (“Follow through”). A linha de mira é uma
linha imaginária que sai do olho do atirador, passa pela alça e chega até a
massa. Ela é importante porque qualquer erro de alinhamento em um dos três
pontos que a definem pode fazer com que um projétil disparado por uma arma
erre completamente o alvo, ou o atinja em um ponto que não provocará o efeito
desejado por um atirador. Quanto maior a distância do alvo, maior o erro.

Fig. 4.13 – Linha de Mira (olho, alça, massa).

Fig. 4.14 – Linha de Visada (olho, alça, massa, alvo).

A chamada fotografia é a imagem que o operador da arma verá quando


olhar a alça e a massa de mira e colocar ambas sobre o alvo pretendido. O foco
da visão do operador deverá ser colocado sobre a massa. A alça e o alvo estarão
borrados. Isso possibilitará que haja uma concentração dos tiros disparados,
aumentando a precisão e o efeito no alvo. Esta orientação vale, também, para as
espingardas que possuam apenas a massa de mira tipo esférica, sem alça.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 97 —


Fig. 4.15 – Alça dioptro. Fig. 4.16 – Miras “Ghost Ring”.

O acompanhamento (“follow through”) é a ação de manter a fotografia,


mesmo após o disparo da arma, retornando a linha de mira sobre o alvo e
refazendo a linha de visada. Depois que uma arma é disparada, o seu recuo, por
mais leve que seja, vai desfazer a linha de visada. Retomá-la é muito importante
pois pode ser necessário disparar novamente sobre aquele alvo para obter o
resultado pretendido. O atirador terá maior facilidade para executar disparos
sucessivos se aplicar de maneira correta o acompanhamento.
Quando se pretender utilizar munições com projéteis singulares
(balotes), é interessante que a arma seja dotada de alça e massa de mira, o que
possibilitará disparos a distâncias mais longas, com a precisão requerida. Os
atiradores que realizam seus disparos com ambos os olhos abertos podem ter
uma maior facilidade de fazer a pontaria com armas assim equipadas. Aqueles
que dispararem com a arma no lado auxiliar do corpo, devido a estarem atrás
de barricadas ou em cantos, poderão se beneficiar com miras deste tipo.

Fig. 4.17 – Mira aberta de Fuzil.

As espingardas dotadas de miras esféricas devem ser miradas olhando-


se por cima de seu receptáculo, acompanhando a canaleta que existe nele e que se
destaca em sua parte superior, focando a massa esférica e colocando-a no centro
desta parte chanfrada. Nenhuma parte do cano deverá ficar visível, ou o ponto
de impacto não será o desejado. Para atingir um alvo simplesmente coloca-se a
massa sobre ele, no ponto em que se deseja acertá-lo e dispara-se.

— 98 — Manual de Combate com Espingarda 12


O espalhamento dos projéteis se dará ao redor do ponto visado.
Caso haja necessidade de disparar balotes, com espingardas assim, cresce de
importância fazer testes que mostrem a diferença entre o ponto visado e o ponto
de impacto, em distâncias variadas, para cada tipo de munição utilizada.

Fig. 4.18 – Massa esférica.

Há uma dificuldade, para a maioria das pessoas, de se sobrepor àquilo que


se convencionou chamar de visão em túnel, já explicado no ítem Observação ao Código
de Cores, do Capítulo III. A atenção estará muito concentrada naquilo que traz perigo
para a vida de quem está sendo ameaçado e o foco visual deste ser humano será
levado, por instinto, para aquilo que o ameaça. O treinamento constante e a aplicação
de algumas técnicas simples podem minimizar tal ocorrência e auxiliar o ajustamento
do foco à massa de mira, mesmo em situações de estresse.

3º Fundamento - Respiração
Fazer o controle da respiração, quando se dispara uma arma, significa
para o atirador, interromper seu ciclo respiratório, composto pelas fases de inspiração
e expiração, por sua própria vontade. A movimentação do diafragma e dos músculos
intercostais, que são responsáveis pela respiração, pode influir no disparo, tirando a
arma da exata direção para onde está sendo feita sua pontaria.
O controle da respiração, realizado em competições de tiro, é feito
enchendo-se os pulmões, pela inspiração e esvaziando-os, pela expiração, até
que se encontrem com uma quantidade de ar que permita ao competidor acionar
o gatilho, mantendo sua pontaria precisa, em um lapso de tempo que varia de 8 a
12 segundos. Nesta pausa respiratória controlada o atleta atirador obtém o melhor
de sua performance. Em uma situação de combate, quando um tiro deve ser
disparado com rapidez e em um momento indeterminado, a pausa na respiração
poderá ocorrer em qualquer oportunidade, durante o ciclo respiratório.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 99 —


A partir daí um operador atira, desloca-se, abriga-se e resolve a
situação que ele enfrentar, respirando e pausando sua respiração à medida que
necessitar disparar novamente.

4º Fundamento - Acionamento do gatilho


O acionamento do gatilho é considerado o fundamento mais importante
para se obter o resultado de atingir um alvo no exato ponto em que se deseja.
Acionar o gatilho de uma arma é comprimi-lo, agindo em sua tecla, de forma
progressiva, até que ele libere o cão, que atingirá o percussor que, por sua vez,
vai bater na espoleta do cartucho.
O atirador deve-se preocupar em exercer uma força diretamente para
a retaguarda, quando estiver pressionando o gatilho, como mostra o primeiro
desenho da figura 4.19. De outra forma, se a força exercida tiver vetores
laterais,como nos outros dois desenhos da mesma figura, a arma poderá ser
tirada da direção desejada. Outra preocupação do atirador é esforçar-se por
premir o gatilho utilizando a falange distal de seu dedo indicador da mão principal.
A parte exata da falange é mostrada na figura 4.20.

Fig. 4.19 – Vetores da força no gatilho. Fig. 4.20 – Falange Distal.

Em competições de tiro ao prato, em que são usadas espingardas, os


competidores disparam-nas com um toque leve e rápido no gatilho. Este modo
de disparar é bastante eficaz para essas competições. Os atiradores necessitam
que os pratos arremessados sejam quebrados, ou pelo menos atingidos, por
qualquer um dos pequenos bagos de chumbo fino, cuja quantidade chega às
centenas, usados para carregar o cartucho. Em uma situação de combate o
disparo de uma espingarda deve possibilitar que a pontaria feita por um operador
e a sua posição de tiro, bem como sua empunhadura, não sejam influenciadas pelo

— 100 — Manual de Combate com Espingarda 12


premir do gatilho, pois a dispersão que se espera dos poucos projéteis esféricos
de chumbo grosso, deve se dar no ponto exato em que é necessário atingir o alvo.
Sendo assim, o modo de disparo usado em competições não se adequará àquele
exigido para situações táticas.
A adequação do comprimento da coronha da espingarda às dimensões
do corpo do operador, em especial ao comprimento de seus braços, é deveras
importante. Uma coronha mais comprida que o necessário trará dificuldades no
acionamento, uma mais curta, também. Verifica-se a adequação colocando a chapa
da soleira apoiada na parte interna do braço, com a mão principal segurando o
delgado da coronha, como na figura 4.21. O dedo indicador deve alcançar o gatilho,
tocando-o com a falange distal, sem grande esforço. Na aplicação do fundamento
de tiro para acionar com correção o gatilho de uma arma é necessário que sejam
evitados alguns erros. Entre eles estão a gatilhada, a antecipação, a esquiva e o
fechamento dos olhos. A gatilhada acontece porque o atirador aperta rapidamente
o gatilho, dando um verdadeiro puxão na arma, desalinhando as miras.
A antecipação é a contração dos músculos do punho e da mão, para
receber o recuo da arma, exatamente antes do disparo, alterando a empunhadura.
A esquiva é a tentativa do atirador de não receber o impacto do recuo da arma,
para tanto ele desfaz, em parte, a empunhadura e a posição de tiro, o que afeta
sua pontaria, também. O fechamento dos olhos acontece como uma fuga do
estampido do disparo, especialmente por parte dos iniciantes. Um abafador de
ruídos pode ajudar um atirador a superar esse erro.

Fig. 4.21 – Alcance do dedo.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 101 —


Posições de Pronto e de Transporte

Posições de Pronto
As posições de pronto possibilitam a tomada rápida das posições de tiro
e facilitam a aplicação dos fundamentos de tiro. Elas são utilizadas em situações
onde há uma grande possibilidade de um operador vir a utilizar sua arma. Estas
situações são chamadas de alto risco ou de risco moderado. Existem diversos tipos
de posições de pronto e cada uma delas se adequará a determinadas exigências.
De qualquer modo, há uma melhor possibilidade de reação, demandando um tempo
mais curto, quando um operador utiliza-se de sua espingarda a partir de uma delas.
As seguintes serão descritas: posição de Pronto Alta, posição de Pronto Baixa e
posição de Pronto para Ambiente Confinado.

Descrição das posições


Posição de Pronto Alta – É aquela onde o cano é mantido elevado,
colocando a massa de mira na linha que vai do olho ao alvo. A coronha permanece
na altura aproximada da cintura, em contato com o antebraço do lado principal. A
mão que atira empunha o delgado da coronha ou seu punho, e o dedo indicador
se mantém sobre a trava do gatilho. Caso a trava fique sobre o receptáculo então
o polegar é que estará sobre ela, preparado para desativá-la.

Fig. 4.22 – Pronto Alta ,vista lateral. Fig. 4.23 – Vista frontal.

— 102 — Manual de Combate com Espingarda 12


Quando for necessário disparar, traz-se a coronha para o cavado do
ombro, mantendo-se o alinhamento olho, massa, alvo, até que se possa olhar
pela alça e completar a linha de visada. Durante esse movimento da arma, a
trava é desativada e, ao seu final, executa-se o acionamento do gatilho.
Esta posição é bastante adequada para ser utilizada quando houver
a possibilidade de um alvo aparecer em um nível de maior altura. Ela se
adequará, também, para uso em espaços amplos e abertos, pois um adversário
teria dificuldade para se aproximar sem ser notado, até que pudesse agarrar a
espingarda. Há uma maior dificuldade na aplicação de técnicas de retenção de
armas quando a posição de pronto alta é utilizada.

Posição de Pronto Baixa – É aquela em que o cano é mantido


abaixado e a chapa da soleira encaixada no cavado do ombro. A altura em que a
boca do cano é mantida deve possibilitar que as mãos de um oponente sejam vistas,
bem como a maior área de seu corpo, principalmente acima da cintura, quando
o operador estiver olhando para ele, por sobre a espingarda. A empunhadura
realizada e a colocação dos dedos sobre a trava seguem o padrão citado para a
posição de pronto alta. Quando for necessário disparar, eleva-se a boca do cano
até a altura do alvo, desativando a trava ao mesmo tempo em que esse movimento
é feito. Assim que a linha de visada estiver clara, atira-se.

Fig. 4.24 – Pronto Baixa ,vista lateral. Fig. 4.25 – Vista frontal.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 103 —


Esta posição é bastante adequada para ser utilizada quando um
alvo puder aparecer em um nível de menor altura e em espaços mais exíguos e
limitados, onde, contudo, não haja muitos móveis ou outros materiais em que se
possa bater acidentalmente com a arma. Há uma maior facilidade na aplicação
de técnicas de retenção a partir dessa posição. É possível que o braço auxiliar
se canse rapidamente caso ela seja mantida assim por longo tempo, pois ele
suporta o peso da arma quase todo.

Posição de Pronto para Ambiente Confinado – É uma variação


da posição de pronto baixa, em que a boca do cano da arma estará voltada para
um ponto um pouco à frente do operador. Os detalhes da chapa da soleira no
cavado do ombro, da empunhadura e do dedo colocado sobre a trava continuam
da mesma forma. Esta posição se adequará muito bem para ambientes com
espaços muito exíguos. Realizar buscas e verificações em ambientes como
quartos, salas e “closets” fica dificultado quando feito portando uma espingarda,
mesmo aquelas de cano mais curto. Um operador que realize tal missão pode
considerar interessante passar da arma longa para a curta, de modo que possa
aproveitar melhor o espaço de que dispõe para se movimentar, enquanto
vasculha o local.

Fig. 4.26 – Confinado,vista lateral. Fig. 4.27 – Vista frontal.

— 104 — Manual de Combate com Espingarda 12


Posições de Transporte
As posições de transporte são aquelas utilizadas em situações em que
o uso de uma espingarda pode não ser feito de maneira imediata. Elas poderão
ser assumidas quando o operador da arma estiver realizando um treinamento,
enquanto aguarda sua vez de atirar ou enquanto recebe orientações a respeito
de sua missão.
Podem ser assumidas, ainda, quando ele estiver montando guarda
em um determinado local, para que não se canse demasiadamente, enquanto
mantém sua arma longa junto de si.
Essas posições possibilitam, também, que uma posição de tiro seja
rapidamente tomada. Elas tornam possível, ainda, que os fundamentos de tiro
e de operações sejam aplicados na solução de uma situação tática que surja e
exija alguns disparos para ser resolvida.
Utilizando-se de uma bandoleira presa à arma as posições de
transporte são:
a. Tipo Americana;
b. Tipo Africana;
c. Tipo Bandoleira Tática.

Existem instrutores que acham desnecessário o uso de bandoleiras


em espingardas. Pensam assim tendo em vista a possibilidade de elas
interferirem na manobrabilidade da arma e de se enroscarem em maçanetas,
móveis e outros pontos protuberantes que podem ser encontrados em
residências, escritórios, depósitos e, até mesmo, em veículos.
Além disso, dizem que ela pode ser mais um ponto que um atacante
pode agarrar para tentar desarmar um operador.
De qualquer forma, caso haja a possibilidade de se transportar a arma
por um longo período de tempo, junto ao corpo, a bandoleira tornará muito mais
fácil este transporte.
Ajustá-la, para que não fique pendendo da arma é uma opção que
pode ser considerada, para evitar que ela se prenda em qualquer lugar.
No caso de não se utilizar a bandoleira, as posições serão:
a. Tipo Berço;
b. Silhueta Alta;
c. Silhueta Baixa.
Manual de Combate com Espingarda 12 — 105 —
Descrição das posições com bandoleira
Tipo Americana – A espingarda estará com o cano voltado para cima,
segurada pela bandoleira e pendurada no ombro do lado principal, ou seja, o
lado da mão que atira. Esta mão estará tocando a bandoleira e, no caso de ser
necessário atirar, ela trará a arma para frente, enquanto a mão auxiliar agarra a
telha e continua o movimento. A mão principal, então, empunhará o delgado da
coronha, ou o punho dela, e completará o posicionamento da arma.

Fig. 4.28 – Americana, lateral. Fig. 4.29 – Americana, vista frontal.

Tipo Africana – A espingarda estará com o cano voltado para baixo,


segurada pela bandoleira e pendurada no ombro do lado auxiliar, ou seja, o
lado da mão que não atira. A mão auxiliar estará tocando a telha e, caso seja
necessário disparar, ela trará a arma para frente do corpo, girando-a para
que a mão principal possa empunhar o delgado da coronha e completar o
posicionamento da arma. O movimento completo, até o disparo é mais rápido
que o realizado no transporte do tipo americano.
Tipo Bandoleira Tática – A espingarda estará com o cano voltado
para baixo, cruzando o peito do operador ou de lado. Normalmente, usa-se a
bandoleira de três pontos ou outra que possibilite tal posicionamento. As mãos
podem estar empunhando a arma ou podem estar livres para realizar outros
trabalhos. Empregar a arma a partir deste modo de transporte é ainda mais
rápido que a partir do modo africano.
— 106 — Manual de Combate com Espingarda 12
Fig. 4.30 Fig. 4.31 Fig. 4.32
Africana, lateral. Africana, vista frontal. Tática, vista frontal.

Descrição das posições sem bandoleira


Tipo Berço – A espingarda estará sendo segurada pela mão principal,
colocada no delgado da coronha e repousará sobre o antebraço do braço auxiliar.
Esta posição oferece uma melhor possibilidade de aplicação de técnicas de
retenção e facilita a assunção de uma boa posição de tiro. Além disso, é bastante
confortável para se transportar uma espingarda por um longo tempo. O grande
cuidado a ser tomado quando se utilizar esta posição é o de não permitir que o
cano fique voltado para pessoas que estejam próximas.

Fig. 4.33
Transporte tipo berço.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 107 —


Tipo Silhueta Baixa – A espingarda estará sendo segurada pela mão
do lado principal (mão que atira), colocada ao redor do receptáculo e ao lado
do corpo. Nesta posição há uma dificuldade maior na aplicação de técnicas de
retenção e na assunção de uma boa posição de tiro, portanto, ela não deve ser
utilizada em ambientes onde haja risco para o operador, mesmo um risco de
nível mais baixo.

Fig. 4.34
Silhueta baixa.

Tipo Silhueta Alta – A espingarda estará sendo segurada pela mão


principal, com a chapa da soleira apoiada na cintura do operador e o cano
voltado para cima. Esta posição oferece uma limitação pequena na aplicação
de técnicas de retenção, porém não dificulta a assunção de uma boa posição
de tiro. De qualquer maneira, ela não deve ser utilizada em áreas onde haja um
risco iminente para um operador.

Fig. 4.35
Silhueta alta.

— 108 — Manual de Combate com Espingarda 12


Treinamentos

Capítulo V

H
á sempre a necessidade de se realizar treinamentos para a
manutenção de habilidades e para a aquisição de novas ha
bilidades. É muito importante que o treinamento seja
acompanhado e orientado por pessoas qualificadas que possam corrigir os
praticantes e levá-los a atingir patamares mais elevados.
É bastante difícil para os militares e policiais conseguirem munição
suficiente, de boa qualidade, para executarem treinamentos com constância.
O acesso a estandes que possibilitem o tiro e a sua aplicação tática também
é difícil hoje em dia, pois eles são escassos. Para o cidadão que se dispõe a
praticar as dificuldades são ainda maiores.
Apesar disso, a recarga de munições pode melhorar esta situação
e, sendo as espingardas mais utilizadas no combate aproximado, os locais
de prática de tiro não necessitam possuir distâncias muito longas entre as
linhas de tiro e os paredões, barrancos ou barreiras que absorverão os
impactos dos projéteis.
Além de tudo isso, há a prática em seco. Praticar em seco significa
realizar os movimentos que compõem cada técnica mostrada aqui ou aprendida
em cursos ou nas experiências vividas por um operador, sem, no entanto, realizar
o tiro real. Faz-se o disparo, sem munição real na arma. Esse treino em seco
pode ser feito em um cômodo, onde tenha sido afixado um alvo na parede e onde
não haja muitos móveis para atrapalhar o manuseio da espingarda.
É de suma importância que não haja munição real por perto, de
preferência nem sequer dentro da sala onde a prática esteja sendo realizada.
Isto evitará, por completo, a possibilidade de um disparo acidental dentro de
uma residência, por exemplo.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 109 —


Familiarização com a Espingarda
Antes de desencadear qualquer treinamento, com o tiro real ou com
disparos em seco, o operador de uma espingarda deve-se familiarizar com ela.
Ele deve consultar seu manual de orientações técnicas e outros operadores,
para saber quais as características dela. Dentre essas características deverão
estar: a localização dos controles de segurança; dos controles de alimentação,
carregamento e descarregamento; a capacidade de munição; a seqüência da
realização da desmontagem e montagem; a limpeza mais simples - e aquela um
pouco mais profunda - e os acessórios que a arma pode aceitar. Deve-se praticar
o manuseio dos controles para alcançar a destreza que possibilitará o melhor uso
da arma. Ao se praticar a alimentação, carregamento e descarregamento, nas
primeiras vezes, é essencial que sejam utilizados os chamados “cartuchos de
manejo”. Eles são munições sem pólvora e com espoletas inertes, especialmente
montadas para este fim.
Os primeiros tiros disparados por um atirador, para conhecer a arma
e começar a adquirir confiança no seu funcionamento, devem ser feitos em
alvos de papel. Poderá ser utilizada a munição carregada com chumbos finos
(“Birdshot”), cujo recuo é menos acentuado que o daquelas carregadas com
chumbo grosso. Depois de praticar diversas vezes com a munição “birdshot”, ela
deverá ser trocada por aquela que será usada em operações, em todas as suas
variantes de carregamento e projéteis. A dispersão será avaliada nas distâncias
de 5, 10, 15, 25, 35 e 50 metros para os projéteis esféricos. Isso possibilitará
ao avaliador ratificar ou retificar a escolha da munição, para aquela espingarda.
Para a obtenção dos ajustes necessários (“clicagens”) ao tiro com balotes, de
modo que se possa “zerar” a arma, as distâncias deverão ser 20, 50, 75 e 100
metros, no mínimo.
Existe a necessidade de que testes de penetração sejam conduzidos
para cada tipo de munição a ser utilizada em uma ação militar ou policial e, até
mesmo, a ser utilizada por um cidadão na defesa de seu lar. Os testes deverão ser
realizados em portas de madeira (maciça, laminada, etc.) e de metal, em vidros
utilizados em janelas e, também, em portas e vidros de janelas de carros.
Na continuação do treinamento de tiro, os alvos de papel, com
desenhos ou fotos de homens e mulheres em situação ameaçadora, deverão ser
utilizados. Neles será feita a confirmação da aplicação dos fundamentos de tiro,
já que será mais fácil verificar os impactos no papel e corrigir os fundamentos
— 110 — Manual de Combate com Espingarda 12
que necessitem correção. Alvos impressos, que representem situações de reféns,
deverão ser usados em fases mais avançadas dos treinos, mormente quando
equipes estiverem praticando.
Os alvos de metal serão utilizados na maior parte da prática de
tiro, já que os de papel se estragarão muito rapidamente. Os metálicos são,
sem dúvida, os que possibilitam maior eficiência na prática orientada, após os
fundamentos terem sido verificados e se constatar que um operador os está
aplicando com propriedade, após tê-los corrigido. O impacto dos projéteis
esféricos em um alvo metálico é verificado imediatamente por um instrutor e
faz reduzir o tempo necessário de treinamento para cada atirador. Eles podem
ter o formato circular ou retangular, e podem estar apoiados em bases cuja
altura chegue próximo àquela do torso de um homem. Podem ser, também,
“Pepper popers” de tamanhos variados. Os disparos nesses alvos só deverão
ser realizados a uma distância mínima de 10 metros, com munições carregadas
com projéteis esféricos. Disparos de munições carregadas com balotes não
devem ser feitos em alvos de metal, pois o seu ricochete leva grande perigo
aos praticantes, além de danificar os alvos.
Alvos do tipo galões plásticos descartáveis, garrafas plásticas de
refrigerante, pequenas e grandes, também são boas opções para o uso na
prática do tiro. Enchê-las de água, normal ou tingida com cores variadas, dará
uma indicação instantânea de um impacto.
A prática de tiro, qualquer que seja, deve ser realizada com o atirador
utilizando um bom protetor de ouvido, internamente ao canal auditivo ou por
fora, nos moldes de um abafador de ruído. Convém que seja lembrado neste
espaço que as perdas auditivas que acometem os seres humanos não podem
ser revertidas naturalmente. O uso de bons óculos de proteção, capazes de
resistir a pequenos estilhaços de chumbo e outros metais que sofram ricochete
e retornem na direção do praticante é imprescindível.

Prática em Seco
A prática em seco é assim chamada porque não envolve o disparo de
munição real. Ela consta de exercícios, distribuídos ao longo de uma sessão, em
que a arma estará descarregada, sem munição na câmara e não-alimentada,
ou seja, sem munição no seu carregador. Este tipo de prática permitirá ao
atirador manter e aperfeiçoar seus movimentos, concernentes às manobras que

Manual de Combate com Espingarda 12 — 111 —


ele aprendeu, melhorando a sua habilidade na manipulação da espingarda. A
ausência do estampido do tiro e do recuo possibilitarão que o praticante corrija os
pequenos erros que ainda estiverem ocorrendo, sem que tenha que se preocupar
com aquelas distrações.
Pode-se realizar uma sessão de prática em seco em qualquer local,
de preferência fechado, onde um praticante esteja sozinho e no qual ele possa
se isolar por um tempo que varie de 15 a 20 minutos. Quartos, escritórios,
depósitos e até banheiros de casas ou apartamentos podem ser usados, desde
que algumas regras simples sejam seguidas. São elas: estabelecer um estado
mental apropriado; controlar o ambiente e separar a munição da arma.

Estabelecer um estado mental apropriado – é crucial para que a


prática em seco seja realizada com segurança. Não se pode conceber que um
operador tenha sua atenção desviada quando estiver lidando com uma arma,
mesmo que ela esteja descarregada. Programando-se para um estado mental
correto, sempre que for manusear uma arma o atirador evitará o chamado
“disparo acidental”.
Controlar o ambiente – para iniciar uma sessão de prática em seco,
o praticante deve ter o controle do ambiente que escolheu para levar a cabo o
seu treinamento. As distrações devem ser eliminadas, dentre elas podem ser
destacadas: desligar a televisão ou aparelho de som; tirar o telefone do gancho
e desligar o celular e, ainda, fechar as janelas, portas e cortinas do local. Caso a
família esteja em casa, avisar as crianças e o cônjuge que não quer ser perturbado
pelos próximos 20 minutos.

Deve-se preparar um alvo simples, que será usado exclusivamente


para o treinamento em seco. Ele será afixado em um local que seja capaz de
suportar e parar um projétil, como uma parede ou uma porta de madeira maciça.
Esta precaução se explica pois se houver um disparo real, por qualquer motivo, os
projéteis serão detidos ou, pelo menos, perderão grande parte de sua energia ao
atingirem esse anteparo. O alvo escolhido será usado apenas durante a sessão
e será retirado tão logo ela termine. Tomadas de energia elétrica, maçanetas,
portinholas, televisões, quadros e computadores não devem ser utilizados no lugar
do alvo escolhido. Eles podem provocar no praticante o impulso de fazer algum
dos exercícios “apenas mais uma vez”, mesmo após findar seu treino, já que
continuarão no local que ocupavam. Isto pode provocar um acidente. O alvo, uma

— 112 — Manual de Combate com Espingarda 12


vez retirado, marca com justeza o momento do término da prática. Caso o operador
queira simular distâncias menores ou maiores, ele terá apenas que aumentar ou
diminuir o tamanho do alvo, de modo proporcional ao alcance desejado.
Espelhos não devem ser utilizados como alvos, pois fazem com que o
praticante foque sua visão na imagem que ele vê refletida e não na massa de mira,
como deve acontecer. Desta forma, ele deixa de adquirir o reflexo de ver a massa
nítida e colocá-la sobre o alvo, quando estiver completando a linha de visada.

Separar a munição da arma – para que uma sessão de treino seja


segura, não poderá haver munição na arma. Para garantir ainda mais tal segurança,
o ideal é que qualquer munição que esteja na arma e no corpo do praticante seja
colocada em um recipiente e fique fora da sala onde o treinamento terá lugar.

A prática em seco vai ajudar a desenvolver a memória muscular no


operador, de forma que ele possa colocar as técnicas aprendidas em uso, em
décimos de segundo, em um momento de estresse. Sendo assim, não deve haver
munição na arma nem no carregador, nem com o intuito de que ela tenha o peso
apropriado, por exemplo. Durante a realização dos exercícios algum cartucho
poderá acabar na câmara da arma e ser disparado. O saneamento de panes
e a recarga da arma podem ser praticados em um estande, com munição real,
estando a arma voltada para uma direção segura, mas não em um cômodo de
uma residência. No entanto, os movimentos que compõem o carregamento e
descarregamento da arma podem ser treinados, sem munição.

Passos para a Prática em Seco


a. Descarregar a arma, apontando-a para um local seguro. A retirada
dos cartuchos do carregador tubular deve ser feita agindo-se no retém dos
cartuchos e não no sistema de bomba. Agir no sistema de bomba fará cada
cartucho ser inserido na câmara, antes de ser retirado da arma. Isto poderá
levar a ocorrência de um disparo acidental. O retém dos cartuchos, em uma
espingarda do tipo CBC 586, fica localizado no lado esquerdo da armação e é
chamado “Localizador Esquerdo Longo”. Na espingarda BOITO BSA, há que se
agir diretamente em uma peça chamada “Braço Limitador dos Cartuchos”, que
fica junto à entrada do carregador tubular. As munições que estiverem presas
aos porta-cartuchos também devem ser retiradas.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 113 —


b. Colocar a munição em um contêiner e levá-la para um local
afastado, de preferência uma outra sala.
c. Inspecionar a câmara da arma e o transportador do carregador,
visualmente e fisicamente, introduzindo o dedo. Caso a arma seja de
funcionamento semi-automático, há que se ter cuidado para que a ação não
seja liberada e se feche sobre os dedos do praticante, prendendo-os e ferindo-
os quando vier à frente.
d. Fechar as portas, janelas e cortinas do cômodo onde ocorrerá
a prática. Desligar os aparelhos domésticos tipo telefone, televisão, som e
outros.
e. Estabelecer o estado mental apropriado, concentrando-se e
programando-se para o que será realizado.
f. Afixar o alvo escolhido na parede.
g. Fazer a checagem da câmara da arma (‘press check”, “chamber
check”), para se certificar de que está vazia. Esta checagem é realizada forçando-
se o ferrolho um pouco para a retaguarda e verificando se ele traz consigo algum
cartucho, conforme se dá a abertura da arma.
h. Escolher a técnica a ser praticada e mentalizar os movimentos
que a compõem.
i. Praticar a técnica escolhida passo a passo, tentando executá-la
do modo mais perfeito possível. Tentar alcançar a fluidez e a correção nos
movimentos e não a velocidade. A prática constante trará a velocidade como
conseqüência.
j. Retirar o alvo da parede e guardá-lo, ao findar o tempo de prática.

l. Mentalizar o término da sessão, concentrando-se em parar de


praticar.
m. Colocar a arma de volta à sua condição de prontidão.
n. Retomar os seus afazeres normais.

Técnicas Práticadas em Seco


A maior parte das técnicas de utilização da espingarda 12 pode ser
praticada sem o disparo de munição real.
Assumir uma posição estável, tomando uma boa posição de tiro e
empregando uma empunhadura firme é essencial para a execução de um bom

— 114 — Manual de Combate com Espingarda 12


tiro. A assunção daquela posição deverá se dar a partir de uma das posições
de pronto ou de transporte da arma. Portanto, os primeiros exercícios em seco
abordarão a realização da montada da arma, que se resume na empunhadura, e
a colocação do corpo na posição de tiro escolhida. Pode-se, por exemplo, partir
da Posição de Pronto Alta, realizar a montada e assumir a posição de tiro de pé,
como mostra a seqüência das figuras 5.1 a 5.4. Outras seqüências passíveis
de serem praticadas são:
a. Partindo da posição de pronto alta, realizar a montada e tomar a
posição de cócoras;
b. Partindo da posição de pronto alta, realizar a montada e assumir
a posição de joelhos;
c. Partindo da posição de pronto baixa, realizar a montada e assumir
a posição de pé;
d. Partindo da posição de pronto para ambiente confinado, realizar a
montada e assumir a posição de pé abrigado.

Fig. 5.1 – Posição de pronto alta. Fig. 5.2 – Início da montada.

Fig. 5.3 – Final da montada. Fig. 5.4 – Pontaria.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 115 —


Os exercícios de tomada de posição de tiro a partir das posições
de transporte devem ser executados em seco, também. A partir da posição
de transporte tipo Americana (Fig.5.5), para assumir a posição de pé, a mão
principal traz a bandoleira para frente, enquanto a mão auxiliar agarra a telha
(Fig. 5.6). Em seguida a mão auxiliar traz a arma para frente do corpo e a mão
principal empunha o delgado da coronha (Fig.5.7), apoiando a chapa da soleira
no cavado do ombro (Fig. 5.8). Ao final do movimento, a coronha encaixa-se no
rosto do atirador, permitindo que ele realize a pontaria (Fig.5.9).

Fig. 5.5 Fig. 5.6 Fig. 5.7

Fig. 5.8 Fig. 5.9

— 116 — Manual de Combate com Espingarda 12


A partir da posição de transporte tipo Africana, para assumir a posição
de pé, a mão auxiliar estará segurando a telha (Fig.5.10) e trará a arma para
frente do corpo, ao mesmo tempo em que a faz girar, para que fique em sua
posição normal (Fig. 5.11).
A mão principal agarra o delgado da coronha e traz a chapa da
soleira de encontro ao cavado do ombro (Fig. 5.12). Ao final do movimento, a
coronha encaixa-se no rosto do atirador, permitindo que ele realize a pontaria
(Fig.5.13).

Fig. 5.10 Fig. 5.11

Fig. 5.12 Fig. 5.13

Manual de Combate com Espingarda 12 — 117 —


Dominada a montada a arma, a partir das posições de pronto e de
transporte e a assunção das várias posições de tiro, o praticante deve aprender,
dando continuidade ao seu treinamento, a realizar a pontaria, controlar a
respiração e acionar o gatilho. Depois do disparo, logo após fazer uso de sua
espingarda, é importante que o atirador comece a se programar para quebrar a
visão em túnel e para tomar outras atitudes que aumentem sua segurança.
A partir da posição de pronto baixa, o praticante inicia a montada da
arma e , concomitante a isto, desengaja a trava de segurança do gatilho. O dedo
do gatilho permanece fora do guarda-mato, ao longo da armação. Executada
a montada, coloca-se a massa de mira no centro de massa do alvo (centro do
torso, desconsiderando a cabeça), ao mesmo tempo em que o dedo entra no
guarda-mato e puxa levemente o gatilho, progredindo sobre o seu espaço de
descanso. Vale a pena lembrar que o descanso do gatilho é o espaço em que
ele pode ser premido, sem que a arma dispare.
Alinham-se as miras com precisão, completando a linha de visada e foca-
se a massa de mira, não o alvo. A massa deve estar sempre nítida. O disparo em
seco surpreenderá o praticante. Caso a massa se mova lateralmente ou se abaixe,
durante o acionamento do gatilho ou no momento da pancada do cão no percussor,
o disparo não terá sido bom e, certamente, não terá surpreendido o praticante.
Imediatamente após a pancada do cão, o operador deve ciclar a arma.
No prosseguimento do treino, a arma será abaixada de volta para a
posição de pronto baixa, o dedo retirado do gatilho e colocado fora do guarda-
mato. O operador realizará uma checagem rápida das laterais, movimentando
apenas a cabeça para a direita e para a esquerda. Isto possibilitará a quebra
da visão em túnel e a garantia de que não há outro perigo imediato por perto.
Realizar-se-á, então, uma nova checagem no alvo, voltando-se as vistas para
ele e mantendo-se a espingarda na posição de pronto baixa, para garantir que
esteja realmente fora de combate. Verifica-se como estão colocadas suas mãos
e onde está sua arma. Isto levará apenas um ou dois segundos. Depois de tudo
isso, será feito o escaneamento da área. Movimenta-se a cabeça, a parte superior
do torso e a arma, ao mesmo tempo, para a direita e a esquerda, como se fosse
a torre e o canhão de um carro de combate.
Aproveitando-se da oportunidade desta prática, pode-se treinar a recarga
tática, ou seja, o recompletamento do carregador tubular, sem, no entanto, inserir ali
qualquer munição. Faz-se a checagem da câmara, para que se possa confirmar a
segurança da arma e repete-se o exercício todo, por um tempo de 15 a 20 minutos.

— 118 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 5.14 - Pronto baixa. Fig. 5.15 - Montada e disparo. Fig. 5.16 - Ciclando a arma.

Fig. 5.17 - Pronto baixa. Fig. 5.18 - Checagem. Fig. 5.19 - Checagem final.

Fig. 5.20 - Escaneamento. Fig. 5.21 - Recarga Tática.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 119 —


Respostas à direita, a esquerda e a retaguarda
Quando o operador da espingarda estiver cumprindo uma missão
ele pode ter a necessidade de responder a um perigo que o ameace, vindo de
uma de suas laterais ou de sua retaguarda. Caso a missão envolva uma equipe,
responder a esta ameaça será mais simples, já que existirão responsáveis por
cada setor, dentro de uma área que esteja sendo verificada.
Esse responsável enfrentará a ameaça, em apoio à equipe. De
qualquer forma, se ele for encarregado do setor ameaçado e tiver que virar para
a esquerda, direita ou para a retaguarda, para encarar o perigo, deverá tomar os
procedimentos que serão descritos a seguir, de modo a manter os fundamentos
que permitirão que uma operação se desenrole da melhor forma.

Resposta à direita – considerando-se um atirador destro, olhando


para a direita, a partir da posição de pronto baixa (Fig. 5.22). Ele lançará o pé
esquerdo por sobre o direito (Fig. 5.23) e girará para aquela direção, sobre a
planta de ambos os pés (Fig. 5.24). Este movimento o colocará de frente para
a ameaça (Fig. 5.25). Ele desempenhará, então, os procedimentos descritos
para a realização da montada da arma (Fig. 5.1 a 5.4), da tomada da posição
de tiro, disparo, checagem rápida, checagem final, escaneamento e recarga
tática (Fig. 5.13 a 5.18).

Fig. 5.22 Fig. 5.23

— 120 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 5.24 Fig. 5.25

Resposta à esquerda – considerando-se um atirador destro, olhando


para a esquerda, a partir da posição de pronto baixa (Fig. 5.25), ele lançará o
pé esquerdo para trás (Fig. 5.26) e girará para aquela direção, sobre a planta
de ambos os pés (Fig. 5.27). Estará, então, de frente com a ameaça (Fig. 5.28)
e poderá exercer os procedimentos que vão da montada da arma até a recarga
tática.

Fig. 5.26 Fig. 5.27

Manual de Combate com Espingarda 12 — 121 —


Fig. 5.28 Fig. 5.29

Resposta à retaguarda – considerando-se um atirador destro, a


partir da posição de pronto baixa (Fig. 5.30), ele lançará a perna esquerda para
a retaguarda e para a direita, cruzando a linha em que está colocado o pé direito
(Fig. 5.31) e girará sobre a planta de ambos os pés (Fig. 5.32). Olhará, então,
para trás, e ficará de frente com a ameaça (Fig. 5.33). A partir daí tomará os
procedimentos para a montada da arma até a recarga tática.

Fig. 5.30 Fig. 5.31

— 122 — Manual de Combate com Espingarda 12


Fig. 5.32 Fig. 5.33

No caso de o praticante ser canhoto, os procedimentos serão os


mesmos, mas aplicados de maneira diferente. A resposta à direita será realizada
como o que o destro faz para responder a um perigo vindo da esquerda (Fig.5.26
a 5.29), apenas lançando-se a perna direita para a retaguarda e não à esquerda.
A resposta à esquerda será realizada como o que o destro faz para responder
a um perigo vindo da direita (Fig.5.22 a 5.25), apenas lançando-se o pé direito
por sobre o esquerdo e não, o contrário. Na resposta à retaguarda, ele lançará
a perna direita para a retaguarda e para a esquerda, cruzando a linha em que
está colocado o pé esquerdo.

Tiro com a Espingarda


Os primeiros disparos com a espingarda darão oportunidade ao
operador de praticar o carregamento da arma; o tiro em um e em vários alvos e
a transição da munição carregada com projéteis múltiplos para aquela carregada
com balote. Além disto, ele poderá treinar o saneamento de panes; a transição
de armas e o tiro noturno e em baixa luminosidade, utilizando-se de uma lanterna
presa à arma ou segurada pelas suas mãos.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 123 —


Carregamento da arma
Carregar a arma é colocar um cartucho na sua câmara, deixando-a
em condições de ser disparada quando necessário. O modo mais comum de
carregar uma espingarda é fazê-lo com a montada da arma já realizada.
Partindo com a arma montada, ela é mantida na posição pela mão e
pelo braço principal, enquanto a mão auxiliar segura um cartucho da forma como é
mostrado pela Fig. 5.35 e, deixando-o com sua espoleta voltada para o praticante,
o insere pela janela de ejeção (Fig. 5.34). Ela passará por baixo da armação
para fazer isto. Após a inserção do cartucho, que agora estará apoiado sobre o
transportador da arma, a mão auxiliar empurra a telha para frente, inserindo o
cartucho na câmara (Fig. 5.36). O atirador deve-se lembrar de manter a arma
travada quando realizar estas manobras. Depois que a arma estiver carregada,
o operador alimentará o carregador tubular, inserindo a quantidade de cartuchos
que ele suporta, utilizando sua mão auxiliar, novamente, para fazer isto (Fig.
5.37). Deve-se olhar para a direção de onde o perigo vem e não, para a arma,
portanto a prática será realizada no sentido de possibilitar que o atirador possa
fazer isto pelo tato.

Fig. 5.34 Fig. 5.35

Fig. 5.36 Fig. 5.37

— 124 — Manual de Combate com Espingarda 12


No caso de um atirador canhoto, a sua mão direita (mão auxiliar),
não terá necessidade de ser passada por debaixo da armação para colocar o
cartucho diretamente na abertura da janela de ejeção (Fig. 5.38). Os passos que
se seguirão serão os mesmos que aqueles do destro.

Fig. 5.38 - Carregamento por canhoto.

Existe uma técnica de carregamento defendida por Massad Ayoob


em seu livro STRESSFIRE II, que utiliza a mão principal para carregar a arma
e não a mão auxiliar. Ele diz que, em uma situação de estresse, a mão mais
hábil é a que deve ser utilizada, pois haverá menor possibilidade de o atirador
se confundir com os movimentos a realizar. Sendo assim, mesmo tendo perdido
suas habilidades motoras refinadas, ele carregará e alimentará a arma sem
problemas e com mais velocidade.
A mão auxiliar deverá segurar a espingarda pela sua armação,
evitando tocar no cano, que poderá estar quente, mantendo-a levemente
inclinada, de forma que sua janela de ejeção esteja voltada para o atirador (Fig.
5.39). A mão principal segura um cartucho e o insere na arma, fechando-a em
seguida, agindo na telha ou no comando que controla o carregamento, se for
uma arma semi-automática (Fig. 5.40). A arma será, então, girada um pouco
mais, deixando exposto ao atirador o transportador e a entrada do carregador
tubular (Fig. 5.41), por onde ele realizará a alimentação (Fig. 5.42). Note-se
que o olhar deverá estar voltado para a direção onde se encontra o perigo e
não para a arma. A espingarda pode ser rapidamente utilizada, mesmo a partir
desta posição.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 125 —


Fig. 5.39 Fig. 5.40

Fig. 5.41 Fig. 5.42

Transição para balote


Em algum momento da utilização da espingarda o seu operador
pode ter a necessidade de atirar em um alvo mais distante. Ele deverá estar
preparado, então, para julgar a situação e a distância e para realizar a transição
da munição de vários projéteis para aquela do tipo balote. A necessidade de
maior penetração pode exigir isto, também. Sendo assim, o operador deverá
praticar a técnica de mudança de munição na arma. É essencial que ele leve
seus cartuchos de projétil único em um local que possibilite o rápido acesso
a eles e não cause confusão na oportunidade de seu uso. Caso eles estejam
afixados em um porta-cartuchos na arma, por exemplo, poderão ser colocados
com os estojos metálicos para baixo, enquanto os outros se encontrarão com
os estojos para cima.
— 126 — Manual de Combate com Espingarda 12
Partindo da posição de tiro de pé, com a montada já realizada e a
arma carregada, o atirador apanhará um cartucho de projétil singular, com a
mão auxiliar, e o inserirá no carregador tubular. Após isso, agirá na trava da
corrediça, desativando-a, com a mão principal, para possibilitar o acionamento
do sistema de bomba que, por sua vez, possibilitará a retirada do cartucho da
câmara. Uma vez extraído e ejetado o cartucho que se encontrava na câmara
da espingarda, o balote que estava no carregador será liberado para se postar
sobre o transportador e poderá ser inserido na câmara, quando a telha for levada
a frente. O atirador estará, então, pronto para disparar. Existem diferenças na
técnica utilizada para espingardas semi-automáticas, com relação a esta que
foi exposta. Dependendo do tipo de espingarda, seu fabricante e modelo, pode
ser que o atirador precise agir em alguma outra trava ou alavanca, para tirar
um cartucho e inserir outro, sem disparar. É imperioso que ele conheça muito
bem sua arma.

Fig. 5.43 - Alimentando com balote. Fig. 5.44 - Ciclando a arma.

Fig. 5.45 - Atirando com balote.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 127 —


Exercícios de tiro
Os exercícios iniciais para treinamento de tiro podem ser realizados
com munições carregadas com chumbo fino, do tipo utilizado para caça de
pássaros e para competições de tiro ao prato. Aqueles carregados com chumbo
3T também podem ser usados. Serão executados disparos a partir das posições
de pronto, carregando-se e alimentando-se a arma, assumindo as posições
de tiro escolhidas pelo atirador, aplicando os fundamentos da posição estável,
respiração, pontaria e acionamento do gatilho. Após o disparo há que ser
executada a checagem rápida, a checagem final e o escaneamento e, depois
disso, a recarga tática. Tudo isso possibilitará um reforço na memória muscular,
que já terá sido alcançada com a prática em seco.

Exercícios básicos
Partindo da posição de pronto baixa, com a arma carregada, realizar
a montada, desengajando a trava de segurança. Aplicar os fundamentos de tiro
e disparar, visando o centro do alvo. Executar as checagens, o escaneamento
e a recarga tática. Utilizar alvos de papel.
5 metros, 1 tiro em 1 alvo. Repetir 4 vezes. Tempo: 1,0 segundo.
10 metros, 1 tiro em 1 alvo. Repetir 4 vezes. Tempo: 1,5 segundos.
15 metros, 1 tiro em 1 alvo. Repetir 4 vezes. Tempo: 2,0 segundos.
25 metros, 1 tiro em 1 alvo. Repetir 4 vezes. Tempo: 2,0 segundos.
35 metros, 1 tiro em 1 alvo. Repetir 4 vezes. Tempo: 2,5 segundos.
Obs.: O tempo considerado é para cada disparo.

Partindo da posição de pronto baixa, com a arma carregada. Identificar


a ameaça à direita, à esquerda ou à retaguarda, fazer frente para ela, realizar a
montada da arma, desengajando a trava de segurança. Aplicar os fundamentos
de tiro e disparar. Executar as checagens, o escaneamento e a recarga tática.
Utilizar alvos de papel ou de metal.
10 metros, 1 tiro, 1 alvo. Direita. Repetir 4 vezes. Tempo: 1,5 seg.
10 metros, 1 tiro, 1 alvo. Esquerda. Repetir 4 vezes. Tempo: 1,5 seg.
10 metros, 1 tiro, 1 alvo. Retaguarda. Repetir 4 vezes. Tempo: 2,0 seg.

— 128 — Manual de Combate com Espingarda 12


Partindo da posição de pronto baixa, com a arma carregada, realizar
a montada, desengajando a trava de segurança. Aplicar os fundamentos de tiro
e disparar em alvos múltiplos. Executar as checagens, o escaneamento e a
recarga tática. Utilizar alvos de papel.
5 metros, 2 alvos, 1 tiro em cada. Repetir 2 vezes. Tempo: 1,5 seg.
5 metros, 3 alvos, 1 tiro em cada. Repetir 2 vezes. Tempo: 2,0 seg.
10 metros, 3 alvos, 1 tiro em cada. Repetir 2 vezes. Tempo: 2,5 seg.
Obs.: os alvos deverão estar separados 1 metro, medido do centro de
um ao centro do outro. O tempo indicado é para execução de todos os disparos,
sejam 2 ou 3.

Partindo com a montada já realizada e a arma sem munição. Praticar


a recarga de emergência. Alvos de papel ou metal.
10 metros, 1 alvo, 1 tiro. Repetir 4 vezes. Tempo: 3 segundos.

Partindo da posição de pronto alta, com a arma carregada com


munição de projétil singular (balote), disparar aplicando os fundamentos e
executando os movimentos padrão estabelecidos (checagens, escaneamento
e recarga tática). Alvos de papel.
50 metros, 1 alvo, 1 tiro. Repetir 3 vezes. Tempo: 3,5 seg.
10 metros, 1 alvo, 1 tiro, cabeça. Repetir 3 vezes. Tempo: 2,0 seg.

Partindo da posição de pronto alta, arma carregada com munição de


projéteis múltiplos e com um cartucho tipo balote em condições de ser apanhado.
Inserir o balote no carregador tubular e manobrar a arma para colocá-lo na
câmara. Disparar em um alvo a 50 metros.
50 metros, 1 alvo, 1tiro. Repetir 3 vezes. Tempo: 5 seg.

Tiro em baixa liminosidade e a noite


Algumas oportunidades surgirão em que o usuário da espingarda terá
a necessidade de utilizá-las durante horas em que não haja uma boa iluminação
natural. Quando o sol está se pondo ou está nascendo, considera-se que um
tiro está sendo executado em uma situação de baixa luminosidade. Durante
o período noturno, utilizam-se às técnicas para o tiro à noite. Em ambas as

Manual de Combate com Espingarda 12 — 129 —


situações haverá necessidade de se usar uma lanterna, para reconhecimento
e identificação de um alvo antes que um tiro seja disparado.
Existem ambientes fechados, como alguns depósitos, porões e casas
de máquinas, por exemplo, que não possuem iluminação suficiente para permitir
a identificação de um alvo, seja durante o dia, seja durante a noite. Neste caso, é
muito importante que o operador porte uma boa lanterna, com potência suficiente
para iluminar aquela parte do ambiente que está sendo perscrutada.
Normalmente, os cômodos de uma construção qualquer têm suas paredes
e seu teto pintados com tintas de cores claras, de modo que a luz que entre ali seja
potencializada pelo seu reflexo e aumente a iluminação. Sendo assim, uma lanterna
potente poderá ter sua capacidade de iluminar aumentada, se o operador dirigir seu
facho para as paredes ou para o teto, enquanto realiza uma busca.
Dificilmente serão encontrados locais habitados por seres humanos
em que não exista qualquer tipo de luz, ou seja, que permaneçam na escuridão
completa, como é o caso de cavernas profundas. Um exemplo que confirma a
regra são as “casas de fumaça”, utilizadas no treinamento de bombeiros e cujas
paredes são pintadas de preto, impossibilitando a visão em seu interior.
Não se pode deixar de ressaltar que, a partir do momento em que
uma lanterna seja ligada, aquele que a conduz se torna um ponto focal e será
imediatamente notado por um oponente. Uma outra ilação é que a partir do
momento em que ela é ligada, a adaptação da visão à escuridão será perdida
e só retornará após um tempo médio de 30 minutos.
Portanto, ela deverá ser utilizada de modo intermitente e não ficar
constantemente ligada. No entanto, uma lanterna potente, cujo foco seja dirigido ao
rosto de um adversário, fará com que ele fique momentaneamente cego, facilitando
sua abordagem e captura, sem sequer, talvez, a necessidade de atirar.

Combinação arma-lanterna
A melhor maneira de combinar uma arma com uma lanterna é acoplar a
segunda à primeira. No caso de uma espingarda, existem telhas que podem substituir
as originais e que possuem uma lanterna já afixada, como foi mostrado no Capítulo
1, quando foram abordados os acessórios. Há, também, a possibilidade de montar
um suporte no carregador tubular da arma e prendê-la ali. Todas as vezes em que a
arma for colocada em uso, o imprescindível acessório estará com ela. Em ambas as
formas de acoplamento o foco estará voltado para a direção da boca do cano e, tão

— 130 — Manual de Combate com Espingarda 12


logo sejam ativadas, lançarão luz sobre um alvo para o qual a arma esteja apontada
e permitirão seu rápido reconhecimento e o disparo, caso seja mandatário.
Uma outra maneira de combinar arma e lanterna é segurá-la junto à
telha, com a mão auxiliar. Esta maneira exigirá uma lanterna pequena, já que
mãos normais não conseguirão agarrar ambas ao mesmo tempo, especialmente
se a lanterna for grande. Atualmente é bastante fácil encontrar lanternas
pequenas com grande capacidade de iluminação.Existe pelo menos uma dúzia
de empresas que as oferecem. Deve-se dar preferência àquelas que possuam um
botão liga / desliga na sua lateral ou na sua parte traseira. Aquelas que precisam
ter qualquer parte sua rotacionada para serem ligadas e desligadas exigem o
uso de ambas as mãos e não são indicadas para uso tático.

Padrão para o tiro com arma e lanterna


Os padrões estabelecidos para o disparo da arma e as atitudes
tomadas na sua seqüência sofrerão uma pequena modificação quando houver
a necessidade de se utilizar uma lanterna em conjunto com a espingarda. Na
prática do operador, em períodos de baixa luminosidade e de escuridão, o padrão
descrito abaixo deverá ser seguido.
A partir da posição de pronto baixa o praticante realiza a montada
da arma, ao mesmo tempo em que desengaja a trava de segurança do gatilho,
mantendo o dedo indicador fora do guarda-mato. Ele acionará, então, a lanterna
e fará o reconhecimento do alvo. Na continuação do movimento, o dedo do
gatilho retirará o seu descanso, enquanto se completa a pontaria. O disparo
será efetuado no centro de massa do alvo e o atirador acionará o sistema de
bomba da arma, extraindo o cartucho vazio e inserindo um novo na câmara. A
arma será abaixada o suficiente para que o alvo, que deverá se encontrar agora
no chão, possa ser visto. O dedo será retirado do guarda-mato e o praticante
fará a checagem rápida, movimentando a cabeça para a direita e a esquerda,
quebrando a visão em túnel. A lanterna continuará ligada. É feita, então, a
checagem final no alvo, para garantir que ele esteja fora de combate. Isso levará
entre um e dois segundos. A lanterna será desligada e o atirador dará um passo
para a direita ou para a esquerda, para sair do local de onde disparou a arma. Na
nova posição, com a lanterna desligada, ele efetuará o escaneamento da área,
movendo a parte superior do torso para a direita e para a esquerda. A recarga
tática será feita, então.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 131 —


Fig. 5.46 - Lanterna segurada junto à telha.

Algumas lanternas que podem ser utilizadas do modo descrito no


item anterior são aquelas das marcas “SUREFIRE” e “STREAMLIGHT” de
fabricação norte-americana. Estas lanternas são pequenas e, no entanto, têm
uma grande potência, gerando um forte facho de luz. Há que se ter cuidado
quando da utilização delas em operações porque as suas baterias se gastam
rapidamente, proporcionando um tempo de utilização de 40 minutos a uma hora,
aproximadamente. Além disso, as lâmpadas utilizadas geram um nível alto de
calor, podendo provocar queimaduras ou a combustão de materiais, como papéis
e tecidos. Pensando nisto, foram lançadas lanternas com lâmpadas frias, que
gastam menos energia e não provocam aquecimento. As figuras 5.47, 5.48 e
5.49 mostram, respectivamente, as lanternas “Surefire 6Z”, “Surefire Nitrolon”
e “Streamlight Scorpion”.

Fig. 5.47 - Surefire 6Z. Fig. 5.48 - Nitrolon.

Fig. 5.49 - Scorpion.

— 132 — Manual de Combate com Espingarda 12


Saneamento
de Panes

Capítulo VI

A
s armas de modo geral, mesmo aquelas construídas com ma-
teriais de altíssima qualidade e técnicas muito acuradas, es
tão sujeitas a terem peças quebradas e sofrerem algum tipo
de pane que impossibilite sua utilização.
Essas panes podem ser geradas por um mau uso, um uso prolongado
ou pela falta de manutenção, desgastando partes importantes da arma. Podem
ser geradas, ainda, pelo uso de munição de baixa qualidade ou cujo carregamento
não seguiu os parâmetros especificados para aquele calibre.
A utilização incorreta de uma espingarda por um operador, que
desconheça suas características e as localizações de seus controles pode,
também, levar à ocorrência de panes.

Saneamento de Panes na Espingarda


O reconhecimento do tipo de pane que aconteça e da possibilidade de
saná-la é tão importante quanto saber aplicar as técnicas que tornarão possível
a retomada do tiro, com uma arma que tenha apresentado problema. Existem
dois tipos de panes: aquele que pode ser resolvido rapidamente, pelo próprio
operador e aquele que exigirá um tempo maior e o apoio de técnicos e armeiros
com ferramentas especiais.
Exemplo de pane que pode ser sanada de imediato é aquela
provocada pela munição defeituosa. Simplesmente age-se no sistema de bomba
ou na alavanca de manejo, extraindo-se o cartucho defeituoso e inserindo-se um
novo. Exemplo de uma pane que não pode ser sanada de imediato é aquela que
envolve um percussor ou um extrator quebrado, que exigirá a troca da peça.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 133 —


Atitudes para evitar panes
A primeira atitude a ser tomada por um operador para evitar panes
é manter sua arma em boas condições, utilizando-a e praticando com ela
regularmente. Além disso, ele deve usar munições que ela possa digerir bem e
que estejam em boas condições de conservação, trocando-as quando estiverem
estocadas há muito tempo ou quando apresentarem sinais que indiquem esta
necessidade. A munição será inspecionada antes de ser colocada na arma e,
depois de algum tempo de utilização, deverá ser inspecionada novamente. Faz-se
isso para evitar que cartuchos plásticos deformados pelo calor e estojos metálicos
amassados e marcados, pela constante inserção e extração da câmara, sejam
usados inadvertidamente.
A segunda atitude é preparar-se para bem utilizar a arma, especialmente
a espingarda do tipo ação de bomba. Elas exigem um movimento rápido e firme
da telha para trás, em toda a extensão da corrediça e o mesmo quando a telha
for levada para frente. O operador deve ser capaz de fazer isso mesmo quando
submetido a um grande estresse ou a espingarda sofrerá o chamado “short-stroke”
que fará travar completamente a ação de bomba. No caso dele utilizar uma
espingarda semi-automática, esse problema não será preocupação.

Técnicas para sanar panes


A técnica mais rápida e de maior simplicidade para sanar uma pane
na espingarda é realizar a transição de armas. Abandona-se a arma longa, cuja
utilização está prejudicada, e se apanha outra arma, que esteja ao alcance do
atirador. A segunda arma será aquela que ele traz consigo, normalmente como
uma arma reserva, em seu coldre, e poderá ser um revólver ou uma pistola.
No caso de não haver a opção de abandonar a arma em pane, o
atirador deve ter a possibilidade de saná-la e fazer a arma funcionar de novo.
As panes mais comuns que podem ser resolvidas pelo atirador são: a falha na
percussão, que é a pane do tipo 1; a falha na ejeção que é a pane do tipo 2 e a
pane do tipo 3, que ocorre quando um cartucho se coloca entre o transportador
e o ferrolho, estando a arma fechada.

— 134 — Manual de Combate com Espingarda 12


A pane do tipo 1 – Falha na percussão, será notada quando o operador
escutar um “clic”, ao invés de um “bang” após acionar o gatilho. Resolvê-la será
uma questão de ele ciclar a arma com firmeza e rapidez, acionando o sistema
de bomba ou agindo na alavanca de manejo do ferrolho, expulsando o cartucho
defeituoso, não deflagrado, e inserindo um novo na câmara. A partir daí ele disparará
a espingarda, caso necessite. Se a arma não atirar, novamente, pode ser que o seu
percussor esteja quebrado e então a opção passará a ser a transição de arma.
A pane do tipo 2 – Falha na ejeção, será percebida pelo atirador
quando ele notar que o cartucho deflagrado não foi ejetado, está encalacrado
na janela de ejeção ou está com uma parte dele exposta por aquela abertura.
Resolvê-la demandará ciclar a arma com rapidez e firmeza, inclinando-a para
o lado da janela de ejeção, de forma que a saída do cartucho seja facilitada,
contando com o auxílio da força da gravidade. Extratores e ejetores defeituosos
podem causar esta pane, bem como estojos deformados ou danificados.

Fig. 6.1
Ciclando a arma
com firmeza.

Fig. 6.2
Inclinando a arma.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 135 —


Pode acontecer a situação de um estojo dilatar-se ou se partir dentro
da câmara da arma, impedindo que o atirador consiga ciclar a arma. Neste caso,
ele se abaixará e, mantendo seu rosto afastado da arma, agarrará com força sua
coronha e a sua telha e baterá com a chapa da soleira no chão. Esta manobra é
muito dura com a estrutura da arma e não deve ser executada com freqüência,
mas deverá sanar a pane que tenha essas características.

Fig. 6.3 - Batendo a chapa da soleira.

A pane do tipo 3 – Chamada algumas vezes de “dupla alimentação”,


ocorre por uma falha na peça responsável por bloquear a saída dos cartuchos
do carregador tubular para o transportador, estando a arma fechada. Isso pode
ocorrer pelo fato de o atirador não ter inserido completamente a munição dentro
do carregador. A espingarda se apresentará, então, com um cartucho colocado
entre o ferrolho, fechado sobre a câmara e o transportador, impedindo-a de ser
aberta. Nesta situação, a fricção não deixará que a arma seja ciclada.
A primeira solução para esta pane é a mesma aplicada para a pane do
tipo 2, quando o cartucho deflagrado se prende firmemente à câmara. O operador
deve-se abaixar, segurar a arma com firmeza, pela coronha e pela telha, e bater com
sua chapa da soleira no chão. A idéia é que seja alcançada uma força suficiente para
reinserir parcialmente o cartucho no carregador, por conta da inércia, e permitir que
a arma seja ciclada. Essa manobra nem sempre surte o efeito desejado.
— 136 — Manual de Combate com Espingarda 12
A segunda solução para a pane do tipo 3 é utilizar um instrumento
como uma chave de fenda, um canivete ou uma chave comum, introduzindo-o
pela abertura que a maior parte das espingardas têm em seu transportador e
empurrar o cartucho de volta para o carregador tubular. Essa manobra é muito
perigosa. O operador deve ter um grande cuidado para não tocar a espoleta, pois
se o fizer poderá deflagrá-lo. Isso fará com que toda a munição do carregador
seja disparada e acarretará sérios ferimentos no operador. Esta solução será
sempre uma última opção.

Fig. 6.4 - Manobra perigosa - canivete. Fig. 6.5 - Manobra perigosa - chaves.

Fig. 6.6 - Transportador Fendido SPAS 12.

Fig. 6.7 - Transportador Fendido CBC 586 P.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 137 —


Transição de armas
Anteriormente já se disse que o melhor modo de sanar uma pane é
realizar a transição de armas. Existem diversas técnicas de transição de armas,
bastante úteis quando um operador necessita enfrentar um perigo e sua arma
longa apresenta uma pane. As técnicas a seguir descritas são: transição Baixa,
transição Alta, transição com Bandoleira Arma à Retaguarda e transição com
Bandoleira Arma à Frente.

Transição baixa – partindo da posição de tiro de pé, com a montada


realizada, o praticante trará para baixo a mão auxiliar, sustentando o peso da
arma com ela (Fig. 6.8), ao mesmo tempo em que a mão principal empunha a
arma curta (Fig. 6.9). No fim do movimento a arma longa estará com seu cano
voltado para a lateral do lado auxiliar e para baixo e a arma curta estará em
condições de disparar, apontada para o oponente (Fig. 6.10).

Fig. 6.8 Fig. 6.9 Fig. 6.10

— 138 — Manual de Combate com Espingarda 12


Transição alta – partindo da posição de tiro de pé, com a montada
realizada, o praticante trará para a altura do peito a mão auxiliar (Fig. 6.11),
sustentando o peso da arma com ela, ao mesmo tempo em que a mão principal
empunha a arma curta (Fig. 6.12). No fim do movimento a arma longa estará
com seu cano voltado para cima, no lado da mão principal e a arma curta estará
em condições de disparar, apontada para o oponente (Fig. 6.13). O atirador deve
ter cuidado para não deixar o cano quente voltado para sua face ou poderá

Fig. 6.11 Fig. 6.12 Fig. 6.13

Transição com bandoleira arma à retaguarda – partindo da posição


de tiro de pé, com a montada realizada, o operador empunhará a bandoleira
com a mão principal e o receptáculo da arma com a mão auxiliar, passando o
braço auxiliar e a cabeça entre eles (Fig. 6.14). Lançará a arma para as costas
e acessará a arma curta (Fig. 6.15). Ao final do movimento a arma estará nas
costas do atirador, sustentada pela bandoleira e a arma curta estará apontada
para o oponente, empunhada por ambas as mãos (Fig. 6.16).

Transição com bandoleira arma à frente – partindo da posição de


tiro de pé, com a montada realizada, o operador empunhará a bandoleira com
a mão auxiliar e o delgado da coronha com a mão principal, passando a cabeça
entre eles (Fig. 6.17). Deixará a arma pendurada pela bandoleira, no pescoço,
e acessará a arma curta (Fig. 6.18). Ao final do movimento a arma estará na
frente do atirador, sustentada pela bandoleira e a arma curta estará apontada
para o oponente, empunhada por ambas as mãos (Fig. 6.19).

Manual de Combate com Espingarda 12 — 139 —


Fig. 6.14 Fig. 6.15 Fig. 6.16

Fig. 6.17 Fig. 6.18 Fig. 6.19


Todas as técnicas de transição mostradas aqui devem ser praticadas,
tanto em seco, seguindo as orientações para esta prática, quanto em um estande,
realizando tiro e verificando os resultados. Somente assim o atirador desenvolverá
a habilidade e alcançará a memória muscular que lhe permitirá executar os
movimentos com precisão e rapidez em um momento de necessidade.

— 140 — Manual de Combate com Espingarda 12


Pane provocada pelo operador
A pane provocada pelo operador é assim chamada porque a pessoa
que está manobrando a arma é quem provoca a sua ocorrência. A arma estará
em perfeito estado mecânico, funcionando da exata maneira como deveria e
o atirador faz com que ela sofra algum tipo de incidente, vindo a funcionar de
maneira imprópria ou parando seu funcionamento. Esta pane não deve ser
confundida com a situação de um operador ser levado ao choque ou ao pânico,
como discutido no item Observação ao código de Cores, do capítulo 3. Aquilo é
um problema pessoal e não do equipamento. O modo de evitar tal problema é
conhecer bem a arma, a munição e as técnicas de uso da espingarda.

Fig. 6.20 - Cano inferior estourado.

Nas figuras 6.20 e 6.21 vê-se o resultado de um disparo, em uma


espingarda de canos sobrepostos, em que um atirador carregou o cano inferior
com munição tipo “bean bag”, que ele desconhecia e cuja pólvora estava em mau
estado e atirou, ficando o pequeno saco de projéteis parado no seu interior. Sem
fazer a verificação da alma do cano e sem compreender o que havia acontecido,
ele carregou novamente o cano inferior da arma, desta vez com munição de
caça, e disparou. Quando os projéteis esféricos bateram no “bean bag” que
estava obstruindo a passagem as paredes do cano sofreram tal pressão que
se romperam. Felizmente o operador não sofreu ferimentos, mas a espingarda
ficou sem condições de uso. O cano inferior “estourou” e o seu cano superior foi
comprometido, pois sofreu um amassamento que, com certeza, prejudicaria sua
precisão caso fosse usado para o tiro. Desta forma praticamente perdeu-se uma

Fig. 6.21 - Vista da peça completa composta pelos canos.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 141 —


Conclusão
As espingardas são armas que estão acompanhando o ser humano
há séculos. Utilizando-as ele pôde prover sua alimentação; proteger seus bens
e os seus entes queridos; defender-se de agressões e de ataques, tanto de
animais quanto de outros homens.
Atualmente, apesar de todo o desenvolvimento experimentado pela
humanidade, muitos continuam precisando destas armas. Elas servem, ainda,
para aquilo mesmo que serviam em épocas passadas.
Nos rincões afastados, muitos povos caçam para se alimentar e,
em outros, a agressividade humana não parece ter-se esmaecido. O homem
continua sendo o lobo do homem.
A facilidade de operação, a simplicidade mecânica e de funcionamento
e a legislação menos restritiva à qual estão submetidas as espingardas faz delas
opções viáveis para a aquisição por qualquer cidadão. Dominar as técnicas de
utilização delas, adequadas às situações que alguém possa vir a enfrentar, exigirá
dedicação mínima, para conhecer os controles e executar aqueles movimentos
básicos que permitirão colocá-la em rápido uso. O retorno, em benefícios, será
grande para quem se dispuser a praticar.
Os formatos, pesos, capacidade de munição variados e a enorme
gama de tipos de cartuchos disponíveis atendem aos mais diversos trabalhos e
missões. Os militares, policiais e os cidadãos de bem de modo geral, deverão
ter à mão, sempre que puderem, este instrumento espetacular.
Ele lhes permitirá continuar sua caminhada rumo ao amanhã, que
todos esperam que seja muito melhor. E quando lá chegarem, talvez possam,
finalmente, prescindir de sua utilização e manter as suas espingardas apenas
como uma lembrança de tempos de antanho.

— 142 — Manual de Combate com Espingarda 12


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BASIC SELF-DEFENSE HANDGUN USE AND SAFETY, VOLUME I. Bill Wilson and
Ken Hackathorn. San Diego: Lenny Magill Productions, 1997. 01Videocassete.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 147 —


BASIC SELF-DEFENSE HANDGUN USE AND SAFETY, VOLUME II. Bill Wilson and
Ken Hackathorn. San Diego: Lenny Magill Productions, 1997. 01Videocassete.
COMBAT PISTOL. John Shaw. Westlake Village: Brentwood Home Video, 1995. 01Vi-
deocassete.
COMBAT SHOTGUN SHOOTING TIPS & techniques. Jim Clark Jr. San Diego: Gun
Video, 1997. 01Videocassete.

DEADLY EFFECTS WOUND BALLISTICS. Alexander Jason and Dr. Martin L. Fakler.
Pinole: Anite Productions, 1987. 01Videocassete.
G. DAVID TUBB NRA HIGH POWER RIFLE, VOLUME I: equipment and 200 yard
positions. San Diego: Lenny Magill Productions, 1992. 01Videocassete.
G. DAVID TUBB NRA HIGH POWER RIFLE, VOLUME II: 300 yard and 600 yard posi-
tions. San Diego: Lenny Magill Productions, 1992. 01Videocassete.
G. DAVID TUBB NRA HIGH POWER RIFLE, VOLUME III: questions and answers. San
Diego: Lenny Magill Productions, 1992. 01Videocassete.
house cleAring and cornering TACTICS AND TECHNIQUES. Bill Wilson and
Ken Hackathorn. San Diego: Lenny Magill Productions, 1997. 01Videocassete.
MASTERING REVOLVERS. Lenny Magill. San Diego: Lenny Magill Productions, 1995.
01Videocassete.
NIGHT MASTER “LOW LIGHT” SHOOTING & FLASHLIGHT TECHNIQUES. Bill Wilson
and Ken Hackathorn. San Diego: Lenny Magill Productions, 1997. 01Videocassete.
SHOOT TO LIVE: gunfight survival. Massad Ayoob. San Diego: Lenny Magill Productions,
1994. 01Videocassete.
TACTICAL CARBINE. Bill Jeans and Jack Furr. Paulden:Gunsite Training Center, 1997.
01Videocassete.

— 148 — Manual de Combate com Espingarda 12


O Autor

O
autor teve o primeiro contato com armas de fogo aos seis
anos de idade, auxiliando seu avô na preparação de muni-
ções e espingardas para caçar aves e pequenos animais e acom-
panhando-o nestas caçadas. Isto se deu nos primeiros anos da década de 1970.
O reforço neste contato foi feito por seu pai, que lhe mostrou como disparar armas
curtas e longas. Ambos também lhe ensinaram o respeito que as armas de fogo
exigiam, sem, no entanto, impor-lhe o temor a elas. No decorrer de seu crescimento,
diversas outras oportunidades surgiram, que o levaram ao trato com espingardas,
carabinas, pistolas e revólveres.
Depois de se incorporar ao Exército Brasileiro, aos dezoito anos de idade,
o interesse pelas armas aumentou substancialmente. Concomitante ao aprendizado
do uso tático e técnico do armamento militar e da instrução ministrada aos seus
subordinados, aproximou-se dos atiradores civis que praticavam nos clubes de tiro
que freqüentou. Novos conhecimentos e habilidades foram, então, somados aos que
já trazia. Exerceu a função de diretor de tiro, do Clube de Tiro de Itu; reativou o Clube
de Caça e Tiro de Guarapuava, do qual foi vice-presidente; administrou o Clube de
Tiro da AMAN e participou, como sócio, das competições do Clube de Tiro Guilherme
Paraense, quando morou na cidade de Boa Vista, Roraima. Destacou-se e venceu
diversos torneios locais, tanto militares quanto civis, nas cidades onde viveu.
Nomeado instrutor da Seção de Tiro da Academia Militar das Agulhas
Negras, onde serviu de 1999 a 2001, auxiliou na elaboração do Programa Curricular
do Estágio de Sniper Militar, hoje chamado Caçador. Coordenou o primeiro estágio,
além de ter sido um dos instrutores. Deu início ao processo que levou ao reconhe-
cimento do estágio pelo Exército.
Freqüentou vários cursos onde a habilidade no uso de armas e as táticas
para emprego delas foram treinadas e praticadas com profundidade. Entre estes
cursos estão:
• Operações na Selva Categoria B (COS B) - CIGS.
• Defensive Handgun Course - Front Sight Firearms Training Institute.
• VIP Protection Course Bodyguard - Tactical Explosive Entry School.
• Resgate de Reféns e Operações Especiais de Alto Risco - Academia
Policial Militar do Guatupê.

Manual de Combate com Espingarda 12 — 149 —


• Sobrevivência Policial - Academia Policial Militar do Guatupê.
• Estágio de Tiro Sniper Militar - Gun Sight / AMAN.
• Estágio de Ações Táticas Especiais -Gun Sight / 1º BFE.
• Instrutor de Tiro - Instituto de Logística da Aeronáutica.
• Proteção VIP Nível II - Instituto de Tática Defensiva ISIS.
• Segurança de Autoridades e Proteção VIP Nível 2 - Gun Sight.
• Táticas Especiais de Combate I / 04 - Base Aérea de Boa Vista.
• Tiro Tático Nível 2 - Armas Curtas e Espingarda 12 -Gun Sight.

Outros cursos frequentados pelo autor e que forneceram subsídios para


alguns dos itens expostos neste livro foram:
• Curso Básico de Pronto Socorrismo - Corpo de Bombeiros de São Paulo.
• Curso de Pronto Socorrismo - Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná.
• Curso de Árbitro Internacional de Tiro - CBTE / ISSF.
• Estágio de Combate Corpo a Corpo - AMAN.
• Estágio de Combate com Faca - AMAN.
• Curso de Defesa Pessoal Nível 1 - Gun Sight.
• Curso de Instrutor de Defesa Pessoal - FER Karatê Goju Ryu.
• Estágio de Garantia da Lei e da Ordem - 1ª Brig. de Infantaria de Selva.
• Estágio de Operações Psicológicas - Comando Militar da Amazônia.

Modificou e reestruturou os currículos dos cursos da Gun Sight, com apoio


do diretor da escola, conseguindo o reconhecimento deles pela Polícia Militar de
Roraima. Formou centenas de militares e policiais que passaram por estes cursos,
em inúmeros Estados do Brasil.
Chefiou a equipe de instrução, do 1º Estágio de Combate com Faca do
Comando Militar da Amazônia (CMA) e foi um dos instrutores do Curso de Sniper
Policial da PMRR, que formou atiradores de elite, inclusive para a Guarda Nacional
Venezuelana, no ano de 2003. Em 2004, ministrou instruções no Curso de Ações
Táticas e Operações Especiais e no Curso de Táticas Especiais de Combate. Foi o
instrutor-chefe do 1º Estágio de Segurança de Autoridades desenvolvido na Academia
Militar das Agulhas Negras, em 2005.
É autor, também, do “Manual de Combate com Facas”, livro que apresenta
técnicas de ataque e defesa com armas brancas.

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