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CONCRETO ARMADO II
De acordo com a NBR 6118/2014
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e-mail: profclauderson@gmail.com
telefone: 31 9 9999-1979
Link curriculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2759161121752780
site: www.basisengenharia.com.br
1. PILARES ........................................................................................................ 3
2.TORÇÃO ....................................................................................................... 26
3. PUNÇÃO ...................................................................................................... 35
4. LAJES NERVURADAS................................................................................ 50
9. ANEXOS ...................................................................................................... 89
2
1. PILARES
1.1. INTRODUÇÃO
3
Os pilares de concreto armado podem apresentar-se de diversas formas de eixos e de
seção transversal, porém, a seção retangular ou seção quadrada são as mais comumente
empregadas. Exemplificando outra das formas comuns da engenharia moderna, temos a
de formato circular.
Quando um dos lados da seção é muito maior que o outro (bw 5h) utiliza-se a
denominação de pilar-parede. Os pilares-parede podem ser elementos de superfície plana
ou casca cilíndrica e também podem ser compostos por uma ou mais superfícies
associadas. Embora elas aconteçam em muitos empreendimentos da vida prática, não
serão tratadas neste estudo.
Os pilares de edifícios podem ser classificados de acordo com a posição que ocupam
no edifício, em planta, em (figura 2):
4
Como revisão da disciplina resistência dos materiais tem-se que o índice de esbeltez
l fl
é:
i
onde lfl é o comprimento de flambagem (figura 4), também conhecido como
comprimento destravado e i é o raio de giração dado por:
5
Análise de 2ª ordem (p-delta)
Os momentos fletores originados a partir de excentricidades de 2ª ordem são os
acréscimos de solicitações provenientes das deformações que ocorrem nas estruturas em
um “instante após” a aplicação do carregamento, conforme mostrado na figura 6.
n prumadas de pilares
Figura 7 – Imperfeições geométricas globais
6
onde
1mín = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais;
1máx = 1/200;
H é a altura total da edificação, expressa em metros;
n é o número de prumadas de pilares no pórtico plano.
Para edifícios com predominância de lajes lisas ou cogumelo, considerar a = 1.
Já na análise local mais precisamente na verificação de um lance de pilar, deve ser
considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilineidade do eixo do pilar.
7
1.3. ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE PILARES
a) Características geométricas
Comprimentos equivalentes e índice de esbeltez
b) Excentricidades
Inicial (eix; eiy) – Base e topo do pilar;
Acidental (eax; eay) – Seção intermediária:
Verificar o momento mínimo de 1ª ordem (M1d,mín)
Necessidade de excentricidade de 2ª ordem:
Esbeltez limite (λ1)
Efeitos de 2ª ordem: Métodos simplificados/aproximados
c) Situações de cálculo
Seção de topo, seção de Base, seção Intermediária
d) Dimensionamento das armaduras
Situação mais desfavorável, equações adimensionais, escolha do ábaco, taxa
mecânica de armadura (ω), ou equações pelo método “k”, área de aço
e) Detalhamento
Armadura Longitudinal, diâmetro das barras, taxas mínimas e máximas de
armadura longitudinal, número mínimo de barras, espaçamentos para armadura
longitudinal, detalhamento, armadura transversal, diâmetro, espaçamentos para
armadura transversal, proteção contra flambagem localizada das armaduras,
comprimento dos estribos, comprimento dos estribos suplementares, número de
estribos, número de estribos suplementares, desenho da seção transversal,
comprimento das esperas, comprimento total das barras longitudinais
f) Desenhos
8
Esse “novo” coeficiente de majoração γn (que deve ser acrescentado ao coeficiente de
majoração tratado nas combinações dos esforços solicitantes em ELU) é calculado por:
γn = 1,95 - 0,05b
onde b é a menor dimensão do pilar
Tabela 1 – Valores do coeficiente adicional γn para pilares e pilares-parede
b cm 19 18 17 16 15 14
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25
O coeficiente γn deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo quando de seu dimensionamento
9
de terem os coeficientes de ponderação das ações majorados.
A NBR 6118/2014 não admite pilares com índice de esbeltez λ superior a 200,
exceto no caso de elementos pouco comprimidos, com força normal menor que 0,10 fcdAc.
Para pilares com índice de esbeltez maior ou igual a 140, na análise de 2ª ordem, devem-
se multiplicar os esforços solicitantes finais de cálculo por um coeficiente adicional:
n1 1 [0,01 ( 140) / 1,4]
A esbeltez limite (λ1) corresponde ao valor da variável que a partir do qual os
efeitos de 2ª ordem provocam uma redução da capacidade resistente do pilar no estado
limite último, quando comparada com a capacidade resistente obtida de acordo com a
teoria de 1ª ordem. Essa redução é definida arbitrariamente, não devendo ser superior a
10%, segundo a NBR 6118/2014.
O valor de 1 pode ser calculado pela expressão:
e1
25 12,5
1 h onde 35 1 90
b
e1/h é a excentricidade relativa de 1ª ordem na extremidade do pilar onde ocorre
o momento de 1ª ordem de maior valor absoluto. Com os diagramas de esforços normais
e de momentos fletores em cada tramo do pilar, calculam-se as excentricidades iniciais
no topo e na base, dividindo-se o valor do momento pela força axial.
M topo M base
ei ,topo e ei ,base (excentricidades iniciais)
N N
h é a dimensão da seção na direção considerada.
Com relação ao parâmetro b temos as seguintes considerações a serem feitas:
a) Para pilares biapoiados sem carga horizontal, com pelo menos um dos momentos
que atuam nas extremidades do pilar sendo maior que o momento mínimo:
MB
b 0,60 0,40 0,40, sendo 0,4 b 1
MA
análise de 1ª ordem no caso de estruturas de nós fixos e os momentos totais (1ª ordem e
2ª ordem global) no caso de estruturas de nós móveis. Deve ser adotado para MA o maior
10
valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal positivo, se tracionar a mesma
αb = 1,0
c) Para pilares em balanço:
MC
b 0,80 0,20 0,85 Onde: MA é o momento de 1ª ordem no engaste e
MA
MC é o momento de 1ª ordem no meio do pilar em balanço (figura 10b).
d) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores (ou iguais)
que o momento mínimo:
αb = 1,0
11
respeitado em cada uma das direções principais, separadamente.
Excentricidade de 2ª ordem
A força normal atuante no pilar, sob ação das excentricidades de 1ª ordem
(excentricidade inicial ou excentricidade mínima/acidental), provoca deformações que
dão origem a uma nova excentricidade, denominada excentricidade de 2ª ordem. A
determinação dos efeitos locais de 2ª ordem em barras submetidas à flexo-compressão
normal, pode ser feita pelo método geral ou por métodos aproximados. A consideração
da fluência, como dito anteriormente é obrigatória para índices de esbeltez λ > 90,
acrescentando-se ao momento de 1ª ordem (M1d) a parcela relativa à excentricidade
suplementar ecc.
A NBR 6118/2014, em seu item 15.8.3.3.1 afirma que a determinação dos
esforços locais de 2ª ordem pode ser feita por métodos aproximados, como o do pilar
padrão e do pilar padrão melhorado. Com isso dois processos serão estudados:
Método do pilar-padrão com curvatura aproximada
Método do pilar-padrão com rigidez κ aproximada.
Sendo 1/r a curvatura na seção crítica, que pode ser avaliada pela expressão
aproximada:
1 0,005 0,005
r h( 0,5) h
onde:
Nd
( Ac f cd )
12
αb e o coeficiente de uniformidade dos momentos e tem as mesmas definições do
exposto acima.
M1d,A e o valor de cálculo do momento de 1ª ordem MA (maior momento no
extremo do pilar);
h é a dimensão da seção do pilar, na direção analisada;
ν é a força normal adimensional;
fcd é a resistência a compressão de cálculo do concreto;
M1d,min é o momento mínimo de 1ª ordem.
13
onde:
A = 5h (com h sendo a dimensão da seção transversal do pilar na direção
analisada);
N d l e2
B h 2 .N d 5.h.M c , com Mc sendo o momento a ser amplificado pelo
320
efeito de 2ª ordem (= αb.M1d,A ≥ Md1,min)
C N d .h 2 .M c
B B 2 4 AC
M Sd ,tot
2A
Nesse presente estudo trataremos de pilares com esbeltez menor do que 90,
desconsiderando assim os efeitos mais agudos da instabilidade em segunda ordem e
também da fluência e qualquer efeito reológico associado.
Pilares esbeltos
A determinação dos esforços locais de 2ª ordem em pilares 140 (de 90 a 140, mais
precisamente) pode ser feita pelos métodos do pilar-padrão ou pilar-padrão melhorado,
utilizando-se para a curvatura da seção crítica os valores obtidos de diagramas M, N e 1/r
específicos para o caso, considerando-se obrigatoriamente os efeitos da fluência como
dito anteriormente e estudado a seguir.
Consideração da Fluência
Embora não estudemos os pilares esbeltos nesse material com muita ênfase, torna-se
interessante o conhecimento teórico da fluência para possíveis aplicações futuras, e outras
aplicações práticas na vida do profissional de engenharia.
A consideração da fluência deve obrigatoriamente ser realizada em pilares com índice
de esbeltez > 90 e pode ser efetuada de maneira aproximada, considerando a
excentricidade adicional ecc dada a seguir:
N Sg
M Sg
1
N e N Sg
ecc ea 2,718
N
Sg
14
onde
10 Eci I c
Ne
l e2 ;
x le ou tg x le/2).
permanente;
15
direções principais), temos as seguintes expressões:
1º Caso
Nd > 0 se compressão
h
N d (d ) M d k k L k ' k Armação simples
k 2
f c bw d ² k k L k ' k L Armação dupla
f c bw d (1 1 2k ' ) N d
As1
f yd
As As1 As 2 f b d (k k ' )
As 2 c w
f yd d'
(1 )
d
As 2
A' s
Caso As < 0 → passar ao 2º caso
Caso k < 0 → passar ao 4º caso
2º Caso
As < 0 no 1º caso ou Nd(h/2 – d’) >> Md
h
Nd ( d') M d
y d ' d ' 2 2 2 h
f c bw
As = 0
N d f c bw y
A' s 0
f yd
Caso y > h → passar ao 3º caso
Caso A’s < 0 → nenhuma armadura é necessária teoricamente. Adotar armadura
16
mínima.
3º Caso
y>h
1ª alternativa: adotando duas armaduras As e A’s
h h
( N d f c bw h)( d ' ) M d ( N d f c bw h)(d ) M d
As 2 A' s 2
f yd (d d ' ) ; f yd (d d ' )
2ª alternativa: adotando uma armadura centrada A*s e
uma adicional As, junto à borda mais comprimida.
Md
( N d f c bw h )
h
d'
A *s 2
f yd
Md
h
d'
As 2
f yd
4º Caso
Md
Nd
d h
A *s 2
f yd
Md
d h
As 2
f yd
17
1.8. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS
Caso hajam força cortante e/ou momentos torsores consideráveis no pilar, os estribos
devem ser dimensionados da mesma maneira que em vigas.
Com vistas a garantir a ductilidade dos pilares, recomenda-se que os espaçamentos
máximos entre os estribos sejam reduzidos em 50% para concretos de classe C51 a C90,
com inclinação dos ganchos pelo menos 135º.
18
Para proteger as barras longitudinais contra flambagem os estribos devem ser
complementados com outros estribos ou barras retas terminadas em ganchos conforme
figura 11 abaixo (conhecidos como “sargentos”):
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Análise de estruturas de nós móveis
Na análise estrutural de estrutura de nós móveis, devem ser obrigatoriamente
considerados os efeitos da não linearidade geométrica e da não linearidade física, e,
portanto, no dimensionamento devem ser obrigatoriamente considerados os efeitos
globais e locais de 2ª ordem.
20
Htot é a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um
nível pouco deslocável do subsolo;
Nk é somatória de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para Htot), com seu valor característico;
Ecs é módulo de elasticidade secante do concreto;
Ic é a somatória dos momentos de inércia dos pilares na direção considerada,
considerando a seção bruta (estádio I), podendo ser utilizado a rigidez de um pilar
equivalente.
A rigidez do pilar equivalente deve ser determinada da seguinte forma:
- calcular o deslocamento do topo da estrutura de contraventamento, sob a ação
do carregamento horizontal na direção considerada.
- calcular a rigidez de um pilar equivalente de seção constante, engastado na base
e livre no topo, de mesma altura Htot tal que, sob a ação do mesmo carregamento, sofra o
mesmo deslocamento no topo.
Em resumo, este método baseia-se na verificação da deslocabilidade da estrutura
geral para uma carga horizontal qualquer, aplicada no topo da edificação, a partir da
equação da flecha elástica para vigas em balanço com uma carga concentrada na
extremidade (f = PL³/3EI – vide anexo).
O valor-limite 1 = 0,6 prescrito para n 4 é, em geral, aplicável às estruturas usuais
de edifícios.
Para associações de pilares-parede e para pórticos associados a pilares-parede, adotar
1 = 0,6. No caso de contraventamento constituído exclusivamente por pilares-parede,
adotar 1 = 0,7. Quando só houver pórticos, adotar 1 = 0,5.
Coeficiente γz
O coeficiente γz, de avaliação da importância dos esforços de segunda ordem globais,
é valido para estruturas reticuladas de no mínimo quatro andares. Ele pode ser
determinado a partir dos resultados de uma análise linear de primeira ordem, para cada
caso de carregamento, adotando-se os valores de rigidez dados na página 20.
O valor de γz para cada combinação de carregamento é dado pela expressão:
1
z
M tot ,d
1
M 1,tot ,d
onde
21
M1,tot,d é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as
forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à
base da estrutura.
Mtot,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura ,
na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos
horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos na análise de 1ª ordem.
Considera-se que a estrutura é de nós fixos se for obedecida a condição γz 1,1, e
neste caso pode ser dispensada a consideração dos esforços globais de 2ª ordem.
Para estruturas com γz até 1,3 os esforços de 2ª ordem são muito significativos e
por conseqüência devem ser levados em consideração nos cálculos. Neste caso o valor
dos esforços horizontais devem ser majorados em 95% do valor de γz, variando de 1,05 a
1,24. Para estruturas com γz maiores que 1,3 esta solução aproximada não pode ser
utilizada, devendo para tal ser feito uma análise rigorosa dos reais efeitos de 2ª ordem,
como por exemplo, uma análise não linear em elementos finitos.
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Exercício
Um pilar de concreto armado com seção transversal de 30 cm x 30 cm e pé-direito de
290 cm apresenta vigas superiores e inferiores de 20/50. Utilizou-se concreto com
resistência a compressão de 30 MPa, aço CA-50 e cobrimento de 4 cm. O carregamento
axial foi de 20 tf de compressão e tivemos dois momentos fletores, nas duas direções
principais, indo de +5 tfxm no topo a -5 tfxm na base. Considerar a atuação de cargas
horizontais. Dimensione o pilar descrito no enunciado.
Resolução
le 290 50 340 ou 290 30 320 le 320cm
320
x y 3,46 36,91
30
500
25 12,5 20
1 30 35,42
1
> 1 → deverá ser considerada as excentricidades de segunda ordem
Excentricidade mínima: 0,015 + 0,03x0,3 = 0,024 metros = 2,4 cm
Excentricidade inicial: 500/20 = 25 cm
M1d,mín = 1,4x20000x2,4 = 67200 kgfxcm
320 2
e2 0 ,000167 1,71cm
10
M d ,tot 1 1,4 500000 1,4 20000 1,71 747882 kgfxcm
A = 5x30 = 150
23
1,4 20000 320 2
B 30 .1,4 20000
2
5 30 1 1,4 500000 88760000
320
C 1,4 20000 30 2 1 1,4 500000 17640000000000
748787 ,28
aprox 32 1 5 0 ,145 25 ,32
30 1,4 20000
1 500000 1,4
M Sd ,tot 748674,82kgfxcm
36,912
1
120 25,32
0,145
24
Flexão Composta Oblíqua (N, Mx e My)
0,17
ex/b= 0,89
ey/h= 0,89
w= 0,225
r 0,01
Ast= 8,48
Para =0,2
Flexão Composta Oblíqua (N, Mx e My)
0,17
ex/b= 0,89
ey/h= 0,89
w= 0,68
r 0,03
Ast= 25,64
Exercício
Uma edificação de 4 pavimentos apresentou em seu modelo de cálculo 7,5 cm de
deslocamento horizontal em seu topo após a aplicação de uma carga horizontal de 500
kN. Sabendo-se que a altura efetiva do pórtico é de 12 metros e o somatório de cargas
verticais, incluindo carga permanente e carga variável, é de 14200 kN. Verificar se esta
estrutura é classificada como de nós fixos ou móveis utilizando o parâmetro da NBR
6118 e fazer uma conclusão sobre os conceitos envolvidos nesta variável.
Resolução
f = PL³/3EI 7,5 cm = 500 x 1200³/3EI EI = 3,84x1010
14200
1200 0 ,73 1 0 ,6
3,84 10 10
Esta edificação é de nós móveis, pois apresentou um coeficiente maior que o limite
para 4 pavimentos. Deve-se então levar em consideração nos cálculos os efeitos de
segunda ordem globais, ou, redimensionar a estrutura enrijecendo-o nesta direção. Seja
com o aumento da inércia das peças estruturantes (pilares e vigas de travamento) ou com
o engastamento das colunas na fundação.
25
2. TORÇÃO
2.1 CONCEITOS
26
As condições fixadas pela NBR 6118/2014 pressupõem um modelo resistente
constituído por treliça espacial, definida a partir de um elemento estrutural de seção
vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar, conforme visto na teoria das
paredes finas em resistência dos materiais. Ensaios como o de Stuttgart, mostram que a
resistência à torção é mobilizada, quase que integralmente, junto à capa da seção
transversal. Este efeito pode ser melhor visualizado através dos gráficos na figura 15.
Podemos concluir então que uma seção quadrada maciça, no estádio II (concreto não
plastificou a compressão), apresenta a mesma capacidade resistente de uma seção vazada,
27
com armaduras iguais.
As diagonais de compressão dessa treliça espacial descrita acima e mostrada na figura
abaixo, formada por elementos de concreto, têm inclinação que pode ser arbitrada pelo
projeto no intervalo 30º 45º (45º seria conservador).
Figura 17 – Treliça espacial para viga com torção simples com armadura
longitudinal e transversal (Leonhardt & Mönnig, 1982)
Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural, deve existir
armadura destinada a resistir aos esforços de tração oriundos da torção. Essa armadura
deve ser constituída por estribos verticais periféricos normais ao eixo do elemento
estrutural e barras longitudinais distribuídas ao longo do perímetro da seção resistente,
calculada de acordo com as prescrições normativas e com a taxa geométrica mínima dada
pela seguinte expressão:
Asl
r sl
he u e
r w,mín com f ywk 500MPa
Asw
r sw
bw s
2/3
f 0,3 f ck
r w,mín 0,2 ctm 0,2 0,012% f ck
2/3
(fck em MPa e menor que C55)
f ywk fy
28
é possível desprezá-la, desde que o elemento estrutural tenha a capacidade adequada de
adaptação plástica e que todos os outros esforços sejam calculados sem considerar os
efeitos por ela provocados. Em regiões onde o comprimento do elemento sujeito a torção
seja menor ou igual às 2h, para garantir um nível razoável de capacidade de adaptação
plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção e limitar a força cortante, tal que:
Vsd 0,7 VRd2.
Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras
longitudinais contidos no interior da parede fictícia da seção vazada equivalente (em
armaduras duplas os ramos devem ser avaliados no que tange seu posicionamento).
Os estribos por torção devem ser fechados em todo seu contorno, envolvendo as
barras longitudinais de tração, e com as extremidades adequadamente ancoradas por meio
de ganchos em ângulo de 45º.
As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou
concentrado ao longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo de 35 cm.
Nas seções poligonais, em cada vértice dos estribos de torção, deve ser colocada pelo
menos uma barra longitudinal.
O diâmetro da barra que constitui o estribo (como visto no estudo do cisalhamento),
segundo a NBR 6118/2014, deve ser maior ou igual a 5 mm, sem exceder 1/10 da largura
da alma da viga – bw.
O espaçamento mínimo entre estribos, medidos segundo o eixo longitudinal do
elemento estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador. O
espaçamento máximo deve atender às seguintes recomendações.
0,6d
- se Vd 0,67VRd 2 s máx
30 cm
0,3d
- se Vd 0,67VRd 2 s máx
20 cm
29
2.2 MÉTODO DE VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA A TORÇÃO
30
o cobrimento exigido nos estribos.
Verificação da armadura transversal
Devem ser consideradas efetivas as armaduras contidas na área correspondente à
parede equivalente, sendo que a resistência decorrente dos estribos normais ao eixo do
elemento estrutural é dada por:
TRd3 = (As90/s) fywd 2Ae cotg
onde fywd é o valor de cálculo da resistência ao escoamento do aço da armadura passiva,
limitada a 435 MPa.
Verificação da armadura longitudinal
A resistência decorrente das armaduras longitudinais é dada pela seguinte
expressão:
TRd4 = (Asl/ue) fywd 2Ae tg
onde Asl é a soma das áreas das seções das barras longitudinais e ue é o perímetro de Ae.
A armadura longitudinal de torção, de área total Asl, deve manter obrigatoriamente
constante a relação Asl/u, onde u é o trecho de perímetro, da seção efetiva,
correspondente a cada barra ou feixe de barras de área Asl.
31
tangencial de torção calculada por:
Td
Td
2 Ae he
2.4 SOLICITAÇÕES COMBINADAS: TORÇÃO E FORÇA CORTANTE
Resolução
Diagramas de esforços solicitantes
32
Força Cortante
Adotando o Modelo I (= 90º e = 45º)
Verificação do concreto:
VRd 2 0,27 v 2 f cd bw d
As 90
0,00192 20 0,0384cm² / cm (1 ramo)
s
Armadura longitudinal necessária
uTd 1120 76
As 2,91cm²
2 Ae f ywd tg 2 336 43,48 1
u = 2 x 14 + 2 x 24 = 76 cm
33
Solicitações combinadas: torção e força cortante
VSd TSd 56 11,2
1 0,93 1
VRd 2 TRd 2 234,3 16,2
Detalhamento
Armadura transversal
As1 As 90
0,00683 0,0384 0,04523cm² / cm (1 ramo)
s s
Taxa de armadura mínima
f ctm 0,3 25 2 / 3
r sw,mín 0,2 0,2 1,03 10 3 0,103% r sw
f ywk 500
0,6 27 16 cm
56 0,67 234,3 s máx
30 cm
8 mm a cada 11 cm
34
3. PUNÇÃO
35
- na zona com armadura de cisalhamento, com ruptura do concreto e da armadura
transversal (punção não restrita internamente à armadura transversal);
- na zona situada além da armadura de cisalhamento, com ruptura do concreto
(punção não restrita externamente à armadura transversal).
A situação ideal seria a segunda condição, isto é, quando há ruptura da armadura
transversal. Assim, a armadura entraria em escoamento plástico, aumentando a
ductilidade da estrutura antes do colapso da laje. A figura 20 mostra os tipos de ruptura
em lajes com armadura de punção.
36
rotação” CR, como mostra a figura 22. Esse ponto seria o limite entre dois estágios ideais
de fissuração: as fissuras que limitam a superfície inclinada, bem como as fissuras radiais,
seriam formadas antes da ruptura da laje, e a fissura localizada entre a periferia do pilar e
o CR somente seria formada no instante da ruptura da laje.
A partir dessas hipóteses de funcionamento, é possível estabelecer as condições de
equilíbrio entre os esforços externos e internos, mostrados na figura 21. Nessas
circunstâncias, há condições de se estabelecer uma teoria próxima da realidade, bastando,
para isso, aplicar o princípio dos trabalhos virtuais, supondo a rotação do elemento como
mostra a figura 22. Porém, como o modelo estudado por KINNUNEN e NYLANDER foi
realizado em pilares circulares, quando se tenta estender essa teoria para formas
quadradas ou retangulares, a formulação fica pouco confiável.
37
Figura 22 – Esquema da fissuração inclinada e da rotação dos segmentos da laje
38
d = altura útil da laje no Contorno C’2;
dc = altura útil da laje na face do pilar ou da carga concentrada;
da = altura útil da laje no Contorno C’1; e
lc = distância entre a borda do capitel e a face do pilar.
39
onde:
onde:
Tabela 2 - Valores de k
c1/c2 0,5 1,0 2,0 3,0
40
contorno C” Wp1 = c1²/2 + c1c2 + 4c2d + 16d² + 2dc1 + 2c2β + 16dβ + 4β²
+ c1β & Wp2 = c2²/2 + c2c1 + 4c1d + 16d² + 2dc2 + 2c1β + 16dβ + 4β² + c2β
onde β é a distância da face do pilar até a última linha de conectores, ou haste da armadura
de punção.
- para um pilar circular:
contorno C Wp = D²
contorno C’ Wp = (D + 4d)²
contorno C” Wp = (D + 2β +4d)²
onde D é o diâmetro do pilar, d é a altura útil da laje e β é a distância da face do pilar até
a última linha de conectores, ou haste da armadura de punção;
Wp pode ser calculado desprezando a curvatura dos cantos do perímetro crítico através
da seguinte expressão:
u
W p e dl ,
0
onde:
Fazendo-se as adaptações necessárias para k1 e k2, bem como para Wp1 e Wp2. A figura 26
esclarece as associações dos momentos com os lados da seção.
41
Cálculo da tensão resistente nas superfícies críticas de contorno C, C’ e C’’
Contorno C
sd Rd 2 0,27 v f cd ,
v = (1 - fck/250), com fck em MPa,
onde:
αv é o fator de fragilidade do concreto; e
fcd é a resistência à compressão de cálculo do concreto.
O valor de Rd2 poderá ser ampliado em 20%, quando os vãos que chegam ao pilar em
questão não diferem entre si em mais de 50%, e se não existirem aberturas junto ao pilar,
ou seja, Rd 2 0,324 v f cd .
Contorno C’
20
sd Rd 1 0,131 100 r f ck 3 ,
1
d
r rx ry ,
onde:
d é a altura útil média da laje ao longo do contorno crítico C’, em centímetros;
r é a taxa geométrica de armadura de flexão aderente;
fck é a resistência característica à compressão do concreto, em MPa;
rx e ry são as taxas de armadura nas duas direções ortogonais, assim calculadas:
- na largura igual à dimensão ou área carregada do pilar, acrescida de 3d para cada
um dos lados;
- no caso de proximidade da borda, prevalece a distância até a borda, quando menor
que 3d.
20 dA f sen
sd Rd 3 0,101 100 rf ck 3 1,5 sw ywd
1
,
d s r (ud )
42
onde:
sr é o espaçamento radial entre linhas de armadura de punção, sempre menor ou
igual a 0,75d;
Asw é a área da armadura de punção em um contorno completo paralelo a C´;
α é o ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o plano da laje;
u é o valor numérico do perímetro crítico;
fywd é a resistência de cálculo da armadura de punção, não maior que 300 MPa para
conectores, ou 250 MPa para estribos (CA-50 ou CA-60). Para lajes com espessura
maior que 15 cm, pode assumir os seguintes valores:
Quando for necessário utilizar armadura de combate à punção, ela deve ser estendida em
contornos paralelos a C’ até que, em um contorno C’’ afastado 2d do último contorno de
armadura (figura 27), não seja mais necessária armadura, isto é sd Rd 1 .
Tratando dos pilares de borda, quando não agir momento no plano paralelo à borda
livre:
43
FSd K M
τ Sd 1 Sd1
u* d W p1 d
sendo:
MSd1 = (MSd - MSd*) 0 (pode-se considerar MSd* igual a zero à favor da segurança)
onde:
FSd é a reação de apoio;
u* é o perímetro crítico reduzido;
MSd é o momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre;
MSd* é o momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico reduzido
u* em relação ao centro do pilar;
WP1 é o módulo de resistência plástica perpendicular à borda livre, calculado para o
perímetro u.
O coeficiente K1 assume os valores estabelecidos para K na tabela 2, com c1 e c2
de acordo com a figura 28
FSd K M K M
Sd 1 Sd 1 2 Sd 2
u* d W p1 d Wp2 d
onde:
MSd2 é o momento de cálculo no plano paralelo à borda livre;
WP2 é o módulo de resistência plástica na direção paralela à borda livre, calculado pelo
perímetro u.
O coeficiente K2 assume os valores estabelecidos para K na tabela 2, substituindo-
se c1/c2 por c2/2c1 (sendo c1 e c2 estabelecidos na figura 28).
44
Com relação aos pilares de canto aplica-se o disposto para o pilar de borda quando
não age momento no plano paralelo à borda.
Como o pilar de canto apresenta duas bordas livres, deve ser feita a verificação
separadamente para cada uma delas, considerando o momento fletor cujo plano é
perpendicular à borda livre adotada.
Nesse caso, K deve ser calculado em função da proporção c1/c2, sendo c1 e c2,
respectivamente, os lados do pilar perpendicular e paralelo à borda livre adotada,
conforme tabela 2 (ver figura 29).
45
Armadura contra colapso
progressivo (armadura que
aumenta a ductilidade da ligação
na fase de pós puncionamento,
redistribuindo os esforços de
modo a evitar a ocorrência do
colapso progressivo)
1,5 FSd
As ,ccp
f yd
onde As,ccp é o somatório de todas as áreas das barras inferiores que cruzam cada
uma das faces do pilar e FSd pode ser calculado com γf (coeficiente de majoração dos
o diâmetro da armadura de estribos não pode superar h/20, onde h é a espessura da laje.
Além disso, deve haver contato mecânico das barras longitudinais com os cantos dos
estribos (ancoragem mecânica), conforme mostra a figura 31;
46
as armaduras devem ser dispostas de forma que se possa garantir o seu posicionamento
durante a concretagem.
Exercício
Considerando as seguintes características para o dimensionamento à punção da laje com
carregamento usual para prédios de apartamentos convencionais.
Trata-se de um pilar de centro com carga total de 300 kN/pavimento (Fsd = 300x1,4 =
420kN) e dimensões 100 x 35 cm, laje de espessura total de 17 cm (altura útil 15 cm) e
concreto fck = 30 MPa.
Os vários contornos críticos a se considerar são:
Ao longo da superfície crítica C: u = 2 × 100 + 2 × 35 = 270,00 cm
Ao longo da superfície crítica C’: u* = 2 × 100 + 2 × 35 + 2 × ×30 = 458,50 cm
Ao longo da superfície crítica C”: uo* = 2 × 100 + 2 × 35 + 2 × × 60 = 647,00 cm
47
Taxa de armadura:
rx = 10 c/ 20 → rx = As/Ac → rx = 4 cm² / 100 cm x 15 cm – 0,27%
10 = 0,79 cm² → 100/20 = 5 → 5 x 0,79 4 cm²
ry = 10 c/ 20 → ry = As/Ac → ry = 4 cm² / 100 cm x 15 cm – 0,27%
10 = 0,79 cm² → 100/20 = 5 → 5 x 0,79 4 cm²
48
Rd 1 1,5 Asw f ywd
Rd 3
1,3 sr u *
Isolando Asw/sr tem-se:
Asw ( Sd Rd 1 / 1,3 ) u * ( 0 ,61 0 ,56 / 1,3 ) 458 ,5
0 ,204cm²
sr 1,5 f ywd 1,5 268 ,5
49
4. LAJES NERVURADAS
4.1 Introdução
50
perdas e aumento da produtividade, racionalizando a construção.
Essas nervuras podem ser numa só direção ou nas duas direções constituindo,
como nas lajes maciças, lajes nervuradas armadas em uma só direção e lajes de armaduras
cruzadas.
No anexo desse estudo um catálogo técnico é apresentado, mais precisamente de
uma das mais conceituadas empresas, em termos nacionais, da comercialização e
otimização deste tipo de laje: a forma ATEX.
O valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser 5 cm, quando existirem
tubulações embutidas de diâmetro menor ou igual a 10 mm. Para tubulações com
diâmetro maior que 10 mm, a mesa deve ter a espessura mínima de :
- 4 cm + o diâmetro da tubulação ou 4 cm + duas vezes o diâmetro da tubulação
no caso de haver cruzamento destas tubulações.
A espessura das nervuras não pode ser inferior a 5 cm.
Nervuras com espessura menor que 8 cm não podem conter armadura de
compressão (armadura dupla). Nesses casos adotamos expedientes como “alargar” as
nervuras nestas regiões.
Para o projeto das lajes nervuradas, devem ser obedecidas as seguintes condições:
a) para lajes com espaçamentos entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm,
pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do
cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios
da laje;
b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 e 110 cm, exige-
se a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas ao
cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o
espaçamento entre eixos de nervuras for até 90 cm e a largura média das
51
nervuras for maior que 12 cm;
c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110
cm, a mesa deve ser projetada como lajes maciça, apoiada na grelha de vigas,
respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.
Os apoios das lajes nervuradas devem sempre ser feitos ao longo das nervuras,
podendo também ser necessária a utilização de capitéis ou engrossamentos locais nas
lajes.
As lajes pré-moldadas devem atender adicionalmente às prescrições das normas
brasileiras especificas (ABNT NBR 9062).
As lajes nervuradas unidirecionais devem ser calculadas segundo a direção das
nervuras, desprezadas a rigidez transversal e a rigidez á torção. Por outro lado, as lajes
nervuradas bidirecionais, podem ser calculadas, para efeito de esforços solicitantes, como
lajes maciças.
52
seu peso próprio e as ações de construção, necessitando apenas de cimbramentos
intermediários. Além das vigotas, essas lajes são constituídas de elementos de
enchimento, que são colocados sobre os elementos pré-moldados, e também de concreto
moldado no local. Há três tipos de vigotas (figura 36).
4.4 Vinculação
Para as lajes nervuradas, procura-se evitar engastes e balanços, visto que, nesses
casos, têm-se esforços de compressão na face inferior, região em que a área de concreto
é reduzida. Nos casos em que o engastamento for necessário, duas providências são
possíveis:
• limitar o momento fletor ao valor correspondente à resistência da nervura à
compressão;
• utilizar mesa na parte inferior (figura 37), situação conhecida como laje
dupla, ou região maciça de dimensão adequada (capitéis como visto acima).
53
Figura 37 – Diagrama de momentos para lajes nervuradas contínuas
4.5 Dimensionamento
O dimensionamento das lajes nervuradas é feito através da consideração das
nervuras como vigas “T” ou “L”. Assim devem-se observar as orientações normativas,
bem com os cálculos, referentes a estas peças, conforme estudado anteriormente.
54
No caso dos momentos fletores devemos fazer duas considerações:
Caso 1 – se as nervuras e o espaçamento entre elas são iguais (inércias iguais nas duas
direções), conforme visto na figura 39.
No caso 1 calculamos os esforços como lajes comuns utilizando para tal qualquer
tabela de laje, exceto as que consideram como princípio básico as “linhas de ruptura”.
Sendo assim utilizaremos a tabela de “Bares” de momentos fletores em regime elástico.
55
No caso 2 os esforços são calculados utilizando-se a “teoria das grelhas” que tem
como princípio básico a compatibilidade das flechas das nervuras nas direções a e b.
Assim determinam-se “quinhões de carga” para cada direção. Procedendo-se assim
reduzimos o problema da bi-flexão das lajes em duas flexões ortogonais “independentes”.
Neste caso não levamos em consideração o efeito benéfico dos momentos volventes que
reduzem o efeito dos momentos fletores positivos atuantes.
Assim temos:
qa = ka x q ou qb = kb x q
1
ka 4
ou k b 1 k a
c I a
1 a b
cb I a b
56
a e b são os vãos da laje.
q a cb E a I a b 4 qa cb E a I a b 4
qb c a Eb I b a 4 q a q b c a E b I b a 4 cb E a I a b 4
Porém sabemos que qa + qb = q e como o concreto armado tem o mesmo módulo
de elasticidade nas duas direções, temos:
57
cb I a b 4 1
qa q ou q a q ou ainda
c a I b a 4 cb I a b 4 c I a
4
1 a b
cb I a b
1
qa = ka x q onde k a 4
ca I b a
1
cb I a b
Analogamente:
1
qb = kb x q onde k b 4
cb I a b
1
ca I b a
Exercício
Dimensionar a laje nervurada abaixo para um concreto com fck = 20 MPa, aço CA-50,
sobrecarga de 200 kgf/m², 50 kgf/m² de revestimento e utilizando tijolos cerâmicos
furados como enchimento das nervuras. Adotar cobrimento igual a 2 cm.
58
b/a = 1000/800 = 1,25 laje tipo 1 ma = 16,45 e mb = 23,95
Ma = 600 x 8²/ 16,45 = 2334 kgf x m/m
Mb = 600 x 8²/ 23,95 = 1603 kgf x m/m
ou
Ma = 2334 x 0,50/1,00 = 1167 kgf x m/nervura
Mb = 1603 x 0,50/1,00 = 801 kgf x m/nervura
Dimensionamento como viga “T”
Para Ma
Cálculo de bf
0 ,1 800 80
b1
0 ,5 40 20
bf = 10 + 20 + 20 = 50 cm
Armadura para as nervuras
0 ,85 200
fc 121,43kgf / cm²
1,4
d = h – d’ = 17 – 3 = 14 cm
k k L k ' k Armação simples
Md bf hf hf
k 1 (1 ) k 0 Seção re tan gular b f h
f c bw d ² bw d 2d k k k ' k Armação dupla
L L
1,4 116700 50 7 7
k 1 ( 1 ) 0 ,813 k 0 Seção re tan gular b f h
121,43 10 14² 10 14 2 14
1,4 116700
k 0 ,137 0 ,295
121,43 50 14²
121,43 50 14
As ( 1 1 2 0 ,137 ) 2 ,89cm² 1 8 3 10 por nervura
4348
Para Mb
Cálculo de bf
0 ,1 1000 100
b1
0 ,5 40 20
bf = 10 + 20 + 20 = 50 cm
59
Armadura para as nervuras
1,4 80100 50 7 7
k 1 ( 1 ) 1,03 k 0 Seção re tan gular b f h
121,43 10 14² 10 14 2 14
1,4 80100
k 0 ,094 0 ,295
121,43 50 14²
121,43 50 14
As ( 1 1 2 0 ,094 ) 1,93cm² 1 8 2 10 por nervura
4348
Exercício
Dimensionar a laje nervurada abaixo para um concreto com fck = 20 MPa, aço CA-50,
sobrecarga de 150 kgf/m², 50 kgf/m² de revestimento e utilizando tijolos cerâmicos
furados como enchimento das nervuras. Adotar cobrimento igual a 2 cm.
Cálculo de bfa
0 ,1 700 70
b1
0 ,5 20 10
bf = 10 + 10 + 10 = 30 cm
Cálculo de bfb
0 ,1 900 90
b1
0 ,5 40 20
bf = 10 + 20 + 20 = 50 cm
60
Cálculo de Ia e Ib
30 7 18 ,5 10 15 7 ,5
ya 13,92cm
30 7 10 15
30 7 3 10 15 3
Ia 30 7 18 ,5 13,92 10 15 13,92 7 ,5 14257 ,50cm 4 / nerv
2 2
12 12
12 12
Como temos inércias diferentes nas duas direções usaremos a teoria das grelhas
1
ka 0 ,793
5 4
33893,33 700
1 384
5 47525 ,01 900
384
61
Mb = 1370,70 x 0,50/1,00 = 685,35 kgf x m/nervura
Dimensionamento como viga “T”
Para Ma
Armadura para as nervuras
d = h – d’ = 22 – 3 = 19 cm
1,4 95297 30 7 7
k 1 ( 1 ) 0 ,297 k 0 Seção re tan gular b f h
121,43 10 19² 10 19 2 19
1,4 95297
k 0 ,101 0 ,295
121,43 30 19²
121,43 30 19
As ( 1 1 2 0 ,101 ) 1,70cm² 1 6 ,3 2 10 por nervura
4348
Para Mb
Armadura para as nervuras
1,4 68535 50 7 7
k 1 ( 1 ) 0 ,983 k 0 Seção re tan gular b f h
121,43 10 19² 10 19 2 19
1,4 68535
k 0 ,044 0 ,295
121,43 50 19²
121,43 50 19
As ( 1 1 2 0 ,044 ) 1,19cm² 1 6 ,3 2 8 por nervura
4348
62
5. LAJES LISAS E LAJES COGUMELOS
Segundo a NBR 6118/2014 as lajes-cogumelo são elementos laminares apoiados
diretamente em pilares com capitéis, enquanto lajes lisas são apoiadas nos pilares sem
capitéis (ver figura 42).
A análise estrutural de lajes lisas e cogumelo deve ser realizada mediante emprego
de procedimento numérico adequado, por exemplo, diferenças finitas, elementos finitos
ou elementos de contorno. Na figura 43 tem-se uma laje lisa modelada no software Sap
2000 (MEF – método dos elementos finitos).
63
a) 45% dos momentos positivos para as duas faixas internas, ou 22,5 % para cada
uma delas;
b) 27,5% dos momentos positivos para cada uma das faixas externas;
c) 25% dos momentos negativos para as duas faixas internas, ou 12,5 % para cada
uma delas;
d) 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas externas.
Devem ser cuidadosamente estudadas as ligações das lajes com os pilares, com
especial atenção aos casos em que não haja simetria de forma ou de carregamento da laje
em relação ao apoio.
Obrigatoriamente, devem ser considerados os momentos de ligação entre laje e pilares
extremos.
A punção deve ser verificada de acordo com o capítulo 3.
Figura 44 – Faixas de laje para distribuição dos esforços nos pórticos múltiplos
Em lajes sem vigas, maciças ou nervuradas, calculadas pelo processo visto acima,
devem ser respeitadas as disposições contidas na figura 45.
- pelo menos duas barras inferiores devem passar continuamente sobre os apoios,
respeitando-se também a armadura contra o colapso progressivo visto no capítulo 3.
- em lajes com capitéis, as barras inferiores interrompidas, além de atender as demais
prescrições, devem penetrar pelo menos 30 cm ou 24ф no capitel.
- devem ser atendidas as condições de ancoragem.
O diâmetro máximo da armadura de flexão é h/8 e seu espaçamento máximo 2h
ou 20 cm. As armaduras secundárias devem ter 20% da área da armadura principal no
mínimo e espaçamento até 33 cm
64
Figura 45 – Disposições construtivas para lajes lisas
As lajes cogumelo devem ter espessura mínima de 14 cm fora do capitel; já as
lajes lisas devem ter no mínimo 16 cm
Método de dimensionamento
O método de dimensionamento das lajes lisas ou cogumelo partem da divisão dos
painéis das lajes em faixas internas e externas, como visto na figura 44.
Para o cálculo dos esforços atuantes, considera-se que o conjunto laje-pilares
formem pórticos (pórticos equivalentes), ou vigas, perpendiculares entre si, de acordo
com a figura 46. E neste procedimento o carregamento total atua em cada direção
isoladamente. Naturalmente que, para o cálculo das reações nos pilares, isso não deve ser
considerado (a área de influência do pórtico nas duas direções não deve ser sobreposta).
A partir daí carregam-se os pórticos com as solicitações atuantes. E como o
carregamento pode ter parcelas de cargas de natureza diferentes (cargas permanentes e
cargas acidentais), deve-se comparar os valores dessas cargas afim de se considerar suas
combinações mais desfavoráveis.
Como última etapa deste procedimento de cálculo deve-se distribuir os momentos
fletores encontrados, pelas faixas internas e externas, de acordo com os percentuais
estudados na página anterior. Somente após esta divisão e que se parte para o
dimensionamento das seções a flexão no Estado Limite Último.
Se a variação no módulo dos carregamentos for considerável em termos de
natureza dos esforços, por exemplo, a carga permanente apresentar uma magnitude
65
similar à carga acidental, uma pesquisa de “maior momento” nas seções pode ser
requerida; conforme visto nas considerações estudadas anteriormente para as cargas
acidentais maiores que 20% da carga total (estudo de VIGAS).
Por considerações arquitetônicas, nem sempre se consegue que os pilares estejam
alinhados. Com isso permite-se um desalinhamento máximo entre pilares de até 10% dos
vãos entre pilares adjacentes para validação do processo estudado. Do contrário, métodos
mais avançados deverão ser utilizados (MEF).
Exercício
Dimensionar a laje abaixo usando CA-50 e fck igual a 20 MPa. Trata-se de um piso de
prédio residencial. O desnível entre andares é de 3,05 m. Espessura da laje igual a 16 cm
e dimensões dos pilares iguais a 30 cm x 30 cm. Adotar como carregamento peso próprio,
revestimento de 80 kgf/m², carga de alvenaria distribuída uniformemente de 100 kgf/m²
e sobrecarga de 150 kgf/m². Adotar cobrimento igual a 2 cm (d’ 3 cm).
66
Resolução
q = 0,16 x 2500 + 80 + 100 +150 = 730 kgf/m²
Cálculo dos esforços (Direção x igual a direção y)
Inércia da viga fictícia: Iv = 4 x 0,16³/12 = 0,001365 m4 (linhas externas)
Inércia da viga fictícia: Iv = 6 x 0,16³/12 = 0,002048 m4 (linhas interna)
Inércia do pilar: 0,34/12 = 0,000675 m4
Diagrama de momentos fletores para as linhas externas por metro de laje (tf x m)
67
Diagrama de momentos fletores para as linhas internas por metro de laje (tf x m)
Dimensionamento
O cálculo é feito para os valores máximos encontrados para cada trecho. Será feito um
dimensionamento único para todos os eixos já que pequenas diferenças foram
encontradas entre os valores dos pórticos externos e internos.
6m
Momentos Finais
Largura das faixas → 6,00/4 = 1,50 m
Faixas Externas
Momentos % por Momento As (total)*** As (por
(Painel) * faixa por faixa** metro)****
1580 x 6 = 37,5 3555 9,68 cm² 6,46 cm²
9480 kgfxm/m kgfxm/m
2580 x 6 = 37,5 5805 17,09 cm² 11,39 cm²
15480 kgfxm/m kgfxm/m
1320 x 6 = 27,5 2178 5,70 cm² 3,80 cm²
7920 kgfxm/m kgfxm/m
68
Faixas Internas
Momentos % por Momento As (total)*** As (por
(Painel) * faixa por faixa** metro)****
1580 x 6 = 12,5 1185 3,02 cm² Asmín
9480 kgfxm/m kgfxm/m
2580 x 6 = 12,5 1935 5,03 cm² 3,36 cm²
15480 kgfxm/m kgfxm/m
1320 x 6 = 22,5 1782 4,62 cm² 3,08 cm²
7920 kgfxm/m kgfxm/m
*O valor que multiplica os momentos finais (6 m) deve ser igual à base em que foi
modelado o pórtico; lembrando que nesse exemplo o dimensionamento foi único para
todos os eixos
**O momento por faixa será o valor do momento no painel dividido por 1 metro e
multiplicado pela porcentagem por faixa.
***As (total) tem como base a largura da faixa (bw)
****As (por metro) divide o As (total) pela largura da faixa
Asmín = 0,15% bwh = 2,40 cm²/m
O detalhamento das barras nas respectivas faixas deve ser orientado de acordo
com a figura 45.
Não será verificada a resistência ao puncionamento apenas por questões
acadêmicas, já que este assunto foi abordado no capítulo 3. Porém salienta-se que a
mesma deve ser analisada sempre que tratarmos de projetos estruturais de engenharia.
69
6. ESCADAS E CAIXAS D’ÁGUA
Cálculo de escadas usuais
Classificação
Podemos classificar as escadas comuns de edifícios em 3 classes:
a) Escadas armadas transversalmente;
b) Escadas armadas longitudinalmente;
c) Escadas armadas em cruz.
Depois de estudar o funcionamento destas 3 classes de escadas, passaremos ao cálculo
das vigas que servem de apoio às mesmas e, em seguida, ao projeto dos principais tipos
de escadas usualmente empregados em edifícios.
Cargas atuantes
As cargas que atuam nas escadas são a sobrecarga (NBR 6120/1980), os
revestimentos, o peso próprio e os parapeitos.
A sobrecarga é tomada como carga vertical por metro quadrado de projeção horizontal
de escada, sendo adotados os seguintes valores:
- Escada com acesso ao público → 3 kN/m²
- Escada sem acesso ao público → 2,5 kN/m²
Quando uma escada for constituída por degraus isolados, estes devem ser calculados
para suportarem um carga concentrada de 2,5 kN, aplicada na posição mais desfavorável.
Este carregamento não deve ser considerado na composição de cargas das vigas que
suportam os degraus, as quais devem ser calculadas para a carga indicada acima.
O revestimento varia de 50 a 100 kgf/m², e é considerado como carga vertical por metro
quadrado de projeção horizontal.
O peso próprio das escadas pode também ser avaliado por metro quadrado de projeção
horizontal. Porém, devido à variação da espessura pela existência dos degraus, uma
espessura média deve ser considerada.
Uma relação, utilizada nos projetos arquitetônicos, entre o piso do degrau e seu espelho
é estabelecida pela fórmula de Blondel; preconizada por:
2E + P = 64 cm
onde E é a altura do espelho e P é o piso (ver figura 47)
70
Figura 47 – Fórmula de Blondel
O parapeito, em geral, se apóia nas vigas laterais, salvo o caso de escadas sem vigas,
onde o seu peso pode ser distribuído por metro quadrado de projeção horizontal.
Escadas armadas transversalmente
Nas escadas armadas transversalmente, os apoios serão vigas ou paredes situadas
longitudinalmente nas faces laterais da escada.
71
Apesar de termos que recorrer intuitivamente a relações trigonométricas (seno e
cosseno) para transformarmos as cargas por metro de projeção horizontal em cargas
normais ao eixo da escada e por metro segundo o plano inclinado da escada (vide li da
figura 49); verifica-se que as escadas nessa situação podem ser calculadas tomando-se
para o vão o valor da projeção horizontal do comprimento da escada e para a carga aquela
que age verticalmente por metro quadrado de projeção horizontal.
Calculado o momento fletor máximo devemos observar na figura 49 que só podemos
considerar como espessura da escada a parte que constitui uma laje inclinada com
espessura h situada por baixo dos degraus.
Na ligação das escadas com os pisos existe um pequeno engastamento que pode ser
considerado no cálculo, usando-se para momento positivo e momento negativo os
valores: M = ql²/10 e X= -ql²/40.
Escadas armadas em cruz
Nas escadas armadas em cruz (vide figura 50), os apoios serão vigas ou paredes
situadas longitudinalmente e transversalmente, devendo-se fazer um estudo associado às
duas situações anteriores, com a aplicação dos conceitos adquiridos nas lajes armadas nas
duas direções (visto anteriormente). Porém, como estes casos são muito pouco comuns
por questões econômicas, convenciona-se adotar um ou outro caso; ou seja, considera-se
o dimensionamento exatamente igual às escadas armadas longitudinalmente ou às escadas
armadas transversalmente, fazendo com que pelo menos duas vigas paralelas entre si, não
recebam a solicitação a título de cálculo. Estas duas, das quatro vigas existentes, atuem
apenas como vigas de composição.
Como espessura de cálculo convenciona-se, independente do processo assumido,
espessura h situada por baixo dos degraus.
72
Exercício
A escada residencial descarrega nas vigas V1 e V2, conforme esquema abaixo,
dimensione a armação principal da escada considerando-se fck igual a 30 MPa,
revestimento de 50 kgf/m², cobrimento de 2 cm e CA-50.
73
Cálculo de caixas d’água
Classificação
Nos edifícios, as caixas d’água se apresentam, em geral, constituídas de várias placas
planas, podendo ser adotada uma classificação simples abrangendo os principais tipos
encontrados na prática.
As caixas d’água serão divididas em duas classes quanto à situação em relação à
estrutura de base: elevadas e enterradas.
Ambos estes tipos são subdivididos em:
a) Caixas d’água armadas segundo um plano horizontal;
b) Caixas d’água armadas segundo um plano vertical;
c) Caixas d’água armadas em vários planos;
d) Caixas d’água contendo vigas ou paredes intermediárias.
Cargas
As cargas que atuam nas caixas d’água, além das sobrecargas e do peso próprio, temos:
- Nas caixas elevadas: empuxo d’água;
- Nas caixas enterradas: empuxo d’água, empuxo de terra e subpressão d’água.
O empuxo d’água será representado por uma carga triangular atuando normalmente às
paredes, e o valor em qualquer ponto será:
qágua = 1000xh, onde h é a altura da coluna d’água em metros e qa o empuxo em kgf/m².
Na figura 51 apresentamos a configuração dos diagramas dos esforços solicitantes
oriundos do peso d’água.
74
Nos reservatórios enterrados, quando o nível do lençol freático (nível d’água) é mais
elevado que o fundo da caixa, temos que considerar uma pressão exercida pela água no
sentido ascendente (baixo para cima), denominada subpressão (ver figura 52). Chamando
de h’ a diferença entre o nível d’água (NA) e o fundo da caixa, podemos considerar a
subpressão com o valor igual a 1000xh’, expresso em kgf/m².
75
Figura 55 – Corte vertical e horizontal de reservatório enterrado cheio, respectivamente
Nas caixas d’água enterradas, teremos que acrescentar as cargas devidas à subpressão,
quando houver. Nas figuras 54 e 55 essa situação foi negligenciada.
Ainda nas caixas enterradas, desde que o terreno permita, podemos aproveitar o fundo
da caixa como fundação da mesma, de modo que teremos uma carga de baixo para a cima
constituída pela reação do terreno que é igual ao peso total da caixa acrescido das
sobrecargas e dividido pela área do fundo.
Nota-se, também, que para a caixa cheia há concomitância da carga devida ao empuxo
d’água com a devida ao empuxo de terra, podendo ser calculada desde o início pela
resultante das duas. Porém, devido a vários fatores que podem ocorrer na situação de
caixa enterrada cheia, tais como: o solo adjacente não ter sido bem compactado, ou
mesmo a retirada deste material por alguma necessidade futura (por exemplo
manutenção), o autor aconselha não subtrair o empuxo de solo do empuxo da água, ou
seja, o carregamento ficará conforme a figura 56.
Cálculo aproximado
Nas caixas d’água armadas em mais de uma direção, o cálculo exato se torna muito
complexo, pois teríamos que considerar a situação da caixa com seu funcionamento em
conjunto no espaço, estudando o problema à luz da teoria da elasticidade.
76
Para estudar o calculo das lajes armadas em mais de uma direção por métodos
aproximados, podemos inicialmente observar que, na união das lajes entre si, isto é, nas
8 arestas da caixa d’água existem dois tipos de situação distintas:
a) Arestas que possuem grandes momentos devido à continuidade, os quais se
aproximam dos valores que se obtêm imaginando engastamento perfeito;
b) Arestas que possuem momentos pequenos, podendo ser assimiladas a apoio
simples, para efeito de cálculo aproximado.
As arestas verticais, que unem as paredes entre si, são sempre do tipo “a”, isto é, tem
grandes momentos e podem ser consideradas como engaste perfeito, para efeito de cálculo
aproximado.
Quanto às arestas horizontais que ligam as paredes com a tampa e as paredes com o
fundo, devemos considerar a direção das cargas de acordo com as figuras 57, 58 e 59.
77
A
q
B
Tabela 4 – Laje retangular simplesmente apoiada em dois lados opostos e engastada nos
outros, sujeita a carga triangular – Tipo 1
A/B f Xb Ma Mb fmax Xb max Ma max Mb max
0,50 0,00422 -0,0596 0,0399 0,0117 0,00422 -0,0601 0,0425 0,0117
0,55 0,00370 -0,0577 0,0349 0,0133 0,00370 -0,0582 0,0375 0,0133
0,60 0,00322 -0,0556 0,0302 0,0146 0,00322 -0,0562 0,0330 0,0146
0,65 0,00279 -0,0532 0,0260 0,0155 0,00279 -0,0543 0,0290 0,0155
0,70 0,00240 -0,0506 0,0221 0,0159 0,00240 -0,0522 0,0254 0,0159
0,75 0,00207 -0,0479 0,0187 0,0160 0,00207 -0,0499 0,0225 0,0160
0,80 0,00177 -0,0451 0,0158 0,0159 0,00177 -0,0475 0,0202 0,0159
0,85 0,00152 -0,0425 0,0133 0,0157 0,00152 -0,0450 0,0191 0,0157
0,90 0,00131 -0,0398 0,0112 0,0153 0,00131 -0,0424 0,0163 0,0153
0,95 0,00112 -0,0373 0,0095 0,0149 0,00113 -0,0399 0,0146 0,0149
1,00 0,00096 -0,0349 0,0079 0,0142 0,00098 -0,0375 0,0130 0,0142
A
q
B
Tabela 5 – Laje retangular simplesmente apoiada em dois lados opostos e engastada nos
outros, sujeita a carga triangular – Tipo 2
A/B f Xb Ma Mb fmax Xb max Ma max Mb max
0,50 0,00131 -0,0423 0,0009 0,0207 0,00161 -0,0572 0,0076 0,0247
0,55 0,00129 -0,0421 0,0015 0,0204 0,00156 -0,0546 0,0089 0,0239
0,60 0,00126 -0,0419 0,0021 0,0200 0,00150 -0,0521 0,0099 0,0231
0,65 0,00123 -0,0414 0,0029 0,0195 0,00144 -0,0496 0,0108 0,0220
0,70 0,00120 -0,0408 0,0036 0,0190 0,00138 -0,0473 0,0115 0,0210
0,75 0,00117 -0,0401 0,0044 0,0183 0,00132 -0,0451 0,0121 0,0198
0,80 0,00114 -0,0392 0,0052 0,0175 0,00126 -0,0433 0,0125 0,0185
0,85 0,00110 -0,0382 0,0059 0,0167 0,00119 -0,0417 0,0129 0,0174
0,90 0,00106 -0,0372 0,0067 0,0159 0,00112 -0,0403 0,0131 0,0163
0,95 0,00101 -0,0361 0,0073 0,0151 0,00105 -0,0389 0,0131 0,0152
1,00 0,00096 -0,0349 0,0079 0,0142 0,00098 -0,0375 0,0130 0,0142
A
q 1
B
78
Tabela 6 – Laje retangular engastada em seu contorno, sujeita a carga triangular – Tipo 1
A/B f Xa¹ Xa² Xb Ma Mb fmax Xb max Ma max Mb max
0,50 0,00125 -0,0469 -0,0327 -0,0280 0,0200 0,0019 0,00125 -0,0294 0,0200 0,0050
0,55 0,00122 -0,0487 -0,0319 -0,0280 0,0192 0,0028 0,00122 -0,0296 0,0192 0,0051
0,60 0,00117 -0,0475 -0,0309 -0,0281 0,0183 0,0038 0,00117 -0,0297 0,0183 0,0052
0,65 0,00111 -0,0463 -0,0297 -0,0283 0,0173 0,0048 0,00111 -0,0298 0,0173 0,0055
0,70 0,00104 -0,0449 -0,0282 -0,0284 0,0161 0,0058 0,00104 -0,0298 0,0161 0,0058
0,75 0,00098 -0,0431 -0,0266 -0,0282 0,0149 0,0066 0,00098 -0,0296 0,0152 0,0066
0,80 0,00092 -0,0412 -0,0249 -0,0279 0,0136 0,0072 0,00092 -0,0293 0,0142 0,0072
0,85 0,00085 -0,0391 -0,0230 -0,0275 0,0123 0,0078 0,00085 -0,0290 0,0132 0,0078
0,90 0,00078 -0,0370 -0,0211 -0,0270 0,0111 0,0083 0,00078 -0,0285 0,0122 0,0083
0,95 0,00071 -0,0351 -0,0194 -0,0263 0,0099 0,0086 0,00071 -0,0279 0,0112 0,0086
1,00 0,00064 -0,0333 -0,0178 -0,0255 0,0088 0,0088 0,00064 -0,0270 0,0101 0,0088
A
q
1
Tabela 6 – Laje retangular engastada em seu contorno, sujeita a carga triangular – Tipo 2
A/B f Xa¹ Xa² Xb Ma Mb fmax Xb max Ma max Mb max
0,50 0,00125 -0,0449 -0,0111 -0,0413 0,0019 0,0200 0,00139 -0,0500 0,0092 0,0223
0,55 0,00122 -0,0434 -0,0123 -0,0403 0,0028 0,0192 0,00128 -0,0482 0,0092 0,0210
0,60 0,00117 -0,0427 -0,0135 -0,0392 0,0038 0,0183 0,00119 -0,0461 0,0092 0,0196
0,65 0,00111 -0,0419 -0,0147 -0,0380 0,0048 0,0173 0,00112 -0,0438 0,0092 0,0180
0,70 0,00104 -0,0410 -0,0158 -0,0366 0,0058 0,0161 0,00104 -0,0414 0,0093 0,0164
0,75 0,00098 -0,0399 -0,0166 -0,0349 0,0066 0,0149 0,00098 -0,0387 0,0097 0,0150
0,80 0,00092 -0,0387 -0,0171 -0,0330 0,0072 0,0136 0,00092 -0,0360 0,0101 0,0136
0,85 0,00085 -0,0375 -0,0175 -0,0310 0,0078 0,0123 0,00085 -0,0336 0,0103 0,0123
0,90 0,00078 -0,0362 -0,0177 -0,0290 0,0083 0,0111 0,00078 -0,0313 0,0104 0,0111
0,95 0,00071 -0,0348 -0,0178 -0,0271 0,0086 0,0099 0,00071 -0,0291 0,0103 0,0099
1,00 0,00064 -0,0333 -0,0178 -0,0255 0,0088 0,0088 0,00064 -0,0270 0,0101 0,0088
A
q
B
79
A/B f Xa Xb Ma Mb fmax Xb max Ma max Mb max
0,50 0,00203 -0,0621 -0,0362 0,0251 0,0044 0,00203 -0,0362 0,0251 0,0058
0,55 0,00188 -0,0603 -0,0360 0,0235 0,0056 0,00188 -0,0360 0,0235 0,0062
0,60 0,00173 -0,0578 -0,0356 0,0217 0,0068 0,00173 -0,0356 0,0217 0,0068
0,65 0,00159 -0,0548 -0,0352 0,0198 0,0079 0,00159 -0,0352 0,0198 0,0079
0,70 0,00145 -0,0516 -0,0346 0,0179 0,0089 0,00145 -0,0346 0,0179 0,0089
0,75 0,00132 -0,0482 -0,0338 0,0161 0,0096 0,00132 -0,0338 0,0161 0,0096
0,80 0,00119 -0,0450 -0,0329 0,0143 0,0101 0,00119 -0,0329 0,0143 0,0101
0,85 0,00107 -0,0422 -0,0319 0,0127 0,0105 0,00107 -0,0319 0,0128 0,0105
0,90 0,00095 -0,0395 -0,0307 0,0112 0,0107 0,00095 -0,0307 0,0117 0,0107
0,95 0,00084 -0,0370 -0,0295 0,0098 0,0106 0,00084 -0,0296 0,0104 0,0106
1,00 0,00074 -0,0345 -0,0283 0,0085 0,0105 0,00074 -0,0285 0,0095 0,0105
A
q
B
80
Carga triangular com valor máximo na base
q = 1000 x 3 = 3000 kgf/m²
Momento de engastamento entre as paredes (Xb) A
q
-0,0285 x 3000 x 3² = -769,15 kgfxm/m B
81
estruturais, sejam elas normais, tangenciais ou de flexão, e sua distribuição no solo com
uma característica qualquer.
Nosso estudo limita-se apenas aos dimensionamentos básicos e correlações entre as
dimensões e o cálculo das armaduras. Lembrando que um estudo mais aprofundado dos
parâmetros do solo e das interações entre o concreto armado e o material elástico de apoio
deve ser mais bem avaliado.
Sendo assim, temos:
Tubulões
1) Diâmetro do fuste
4 Nd
Fuste 70cm (NR18 – Ministério do Trabalho e Emprego)
0 ,875 f c
onde Nd é a carga vertical majorada e fc = 0,85fck/1,4
2) Diâmetro da base
4 N
Base
adm
Cintas de fundação
Geralmente as cintas de fundação são adotadas em uma das situações abaixo:
1 – Para suportar as alvenarias do nível inferior, evitando fissuras nas ligações das paredes
com os pilares (ver figura 60)
82
Figura 60 – Alvenaria em nível inferior
Neste caso o cálculo é feito normalmente considerando a cinta apoiada (ou engastada)
nas fundações, suportando o peso da alvenaria e o seu peso próprio.
2 – Para “travarmos” as fundações, principalmente nas soluções em tubulões e estacas
isoladas (ver figura 61).
Blocos de coroamento
1 Elemento
83
Dimensões
L = ø + (2 x 15) cm
0 ,75( L a )
h 0 ,75( L )
L
b
H = h + 5 cm
Estribos Horizontais (fretagem)
(La)
Z 0 ,25 P com P igual a carga na estaca ou tubulão.
h
1,4 Z 1,4 Z
2 As As
f yd 2 f yd
2 Elementos
84
Os blocos de 3, 4, 5 ou mais estacas obedecem ao mesmo método utilizado acima – teoria
das bielas – e podem ser adotados, utilizando-se geometria própria.
Sapatas
F v
1,5
F h
onde é o coeficiente de atrito entre o solo e o concreto armado, que pode ser tomado
simplificadamente por tg2/3 = tg2/3 x 30º = 0,364;
Fv é o somatório de cargas verticais (Peso próprio + peso do solo + P + etc...);
Fh é o somatório de cargas horizontais.
F v
6M
adm
A B B A²
onde M = Fh x H
Armações principais das sapatas
85
q= Tensão máxima
86
σ = 2 σmédio
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
87
2. Teixeira, Pedro Wellington G. N; Pilares: dimensionamento e determinação
de cargas nas fundações. Notas de aula, 2011, 38p.
3. Rabelo, Antônio Carlos Nogueira; Curso de Projeto Estrutural de Edifícios
em Concreto Armado conforme a nova NB-1. Apostila, 89p.
4. Schäffer, Almir; Concreto Armado II – Flexão Composta. Apostila - PUC-RS,
2006, 24p.
5. Notas de Aula da disciplina de estrutura de concreto II - Material de Apoio
– PUC – GO, 20p.
6. PFEIL, Walter. Concreto Armado. Volume II. LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A.
7. Scadelai, Murilo Alessandro. Dimensionamento de pilares de acordo com a
NBR 6118:2003. Dissertação de mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos,
SP, 2004, 124p.
8. Tepedino, José de Miranda; Calixto, José Márcio; Silva, Márcio Dario da;
Chaves, Ronaldo Azevedo. Apostila de Concreto Armado II – Notas de aula
– UFMG, BH, 2001, 106p.
9. Bittencourt, Túlio N. – Análise de vigas submetidas a momento de torção –
LMC, Escola Politécnica da USP.
10. Carvalho, Clauderson Basileu – Análise Crítica dos Critérios Normativos de
Dimensionamento à Punção em Lajes Lisas – Dissertação de Mestrado –
UFMG, BH, 2008, 215p.
11. Souza, Ronilson Flávio de; Notas de aula – Estruturas de Concreto Armado.
Apostila – Pitágoras, 2014, 182p.
12. Site ATEX Brasil - http://www.atex.com.br/Content/dadosTecnicos.pdf
13. Filho, Américo Campos – Projeto de Pilares de Concreto Armado. Apostila –
UFRGS, 2011, 32p.
14. Piancastelli, Élvio Mosci – Fundações Superficiais. Apostila – UFMG, 78p.
88
9. ANEXOS
9.1 Ábacos para cálculo de pilares
89
90
91
92
9.2 Tabelas de deslocamentos e momentos de engastamento perfeito
93
94
95
96
97
98
99
9.3 Dados Técnicos – ATEX Brasil
100
101
102
103
104
105
9.4 Expressões Práticas para Perímetros e Módulos de Resistência Plástica
das Superfícies Críticas para Pilares de Borda e Canto.
Pilares de borda
Perímetros reduzidos
1,5d
onde a0 1,5d e a
0,5C1
– Contorno C
u * 2a0 C2 2C1 C2
C12 C1C 2
w p1
2 2
C22
wp2 C1C2
4
CC
C1a 0 a 02 1 2
e* 2
2a 0 C 2
– Contorno C’
u * 2a C2 2d
C12 C1C 2
w p1 2C 2 d 8d 2 dC1
2 2
2
C
w p 2 2 C1C2 4C 1d 8d 2 dC2
4
CC
C1a a 2 1 2 2C 2 d 8d 2 dC1
e* 2
2a C 2 2d
106
– Contorno C”
u * 2a C2 2d p
C12 C1C 2 pC1
w p1 2C 2 d 8d 2 dC1 C 2 p 8dp 2p 2
2 2 2
C2 pC2
w p 2 2 C1C2 4C 1d 8d 2 dC2 2C1 p 8dp 2 p2
4 2
CC pC1
C1a a 2 1 2 2C 2 d 8d 2 dC1 C 2 p 8dp 2p 2
e
* 2 2
2a C 2 2d p
Pilares de canto
– Contornos críticos
1,5d 1,5d
a01 a02
C1 C 2
1,5d 1,5d
a1 a2
0,5C1 0,5C2
107
– Análise de Msd1
– Análise de Msd2
– Contorno C
u * a01 a02 C1 C2
– Análise de Msd1
C12 C1C2
w p1
4 2
C1 a01 a01
2
a02C1
e1
*
2a01 a02
– Análise de Msd2
C22 C2C1
wp2
4 2
108
C 2 a02 a02
2
a01C 2
e2*
2a02 a01
– Contorno C’
u * a1 a2 d
– Análise de Msd1
– Análise de Msd2
– Contorno C”
p
u * a1 a2 d
2
– Análise de Msd1
– Análise de Msd2
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