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ESA - OAB

Curso de Especialização em Direito do Trabalho e Previdenciário

Karina Oliveira Nascimento

A SUBORDINAÇÃO E AS NOVAS FACES DAS RELAÇÕES


TRABALHISTAS

Petrolina
2014
Karina Oliveira Nascimento

A SUBORDINAÇÃO E AS NOVAS FACES DAS RELAÇÕES


TRABALHISTAS

Monografia apresentada como requisito para


obtenção do título de Especialista em Direito
promovido pela OAB-ESA e Grupo Ser
Educacional.

Coordenador: Bruno Galvão.

Petrolina
2014
ESA - OAB
Curso de Especialização em Direito do Trabalho e Previdenciário

Karina Oliveira Nascimento

A SUBORDINAÇÃO E A NOVA FACE DAS RELAÇÕES


TRABALHISTAS ATUAIS

Monografia submetida ao corpo docente do Curso de Especialização em Direito do


Trabalho e Previdenciário promovido pela Escola Superior da Advocacia e a Ordem
dos Advogados do Brasil, aprovada em _____ de _____________ de _______.

Avaliadores:

Assinatura completa do examinador 1________________________________


Nota: _______

Assinatura completa do examinador 2________________________________


Nota: _______
Ofereço este trabalho à minha Vó, Otacília Maria da
Silva (in memoriam) que mesmo não estando
presente fisicamente iluminando os meus dias;
sempre está presente em pensamento, sendo minha
guia.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, pelo dom da vida e por ser o guia dos meus
passos em busca da satisfação dos meus objetivos.

Ao meu pai e à minha mãe pela dedicação, cuidado e zelo que me mostram e
me dão os motivos diários para seguir em frente.

Por fim, a Ciro e às demais pessoas que estão ao meu redor, onde cada uma
ao seu modo e do seu jeito me complementam e me fortalecem nessa caminhada.
“Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem
com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”

O Pequeno Príncipe.
RESUMO

O presente trabalho é voltado para abordagem da evolução do conceito de


subordinação ante as novas formas de concretização do contrato de trabalho.
Ressaltando as mudanças históricas de cada fase atreladas a necessária
atualização do direito do trabalho de cada época. Relevando a equivalência entre a
livre iniciativa e o valor social do trabalho e demonstrando que economia e trabalho
andam juntos, na medida em que a modernização da economia revela a
necessidade de atualização das normas relativas ao trabalho. Assim, considerando
a subordinação o elemento primordial das relações empregatícias é essencial a
definição das novas formas de subordinação na sociedade atual, a fim de uma maior
efetivação dos direitos conquistados pelos trabalhadores. Nesse contexto,
apresentam-se as novas formas utilizadas buscando evitar as lacunas presentes,
inclusive, apresentando propostas doutrinarias e jurisprudências para solucionar o
problema da atualização da definição de subordinação ante as novas tecnologias e
os novos contratos de trabalho.

Palavras-chave: Contrato de trabalho. Subordinação. Globalização. Modernização


dos meios de produção. Direito do Trabalho.
ABSTRACT

The present work is aimed at the development of the concept of subordination before
the implementation of new forms of employment contract approach. Emphasizing the
historical changes of each phase tied to necessary updating of labor law at a time.
Emphasizing the equivalence between free enterprise and social value of work and
demonstrating that the economy and work go together, in that the modernization of
the economy reveals the need to update the rules on the job. So considering tying
the primordial element of employee relations is essential to define new forms of
subordination in society today, to a greater realization of rights won by workers. In
this context, we present the new forms used for avoiding gaps present, including
presenting proposals and doctrinal jurisprudence to resolve the problem of updating
the definition of subordination before the new technologies and new labor contracts.

Key-words: The employment contract. Subordination. Globalization. Modernization


of the means of production. Labor law.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO 12


ATRELADA AO ELEMENTO SUBORDINAÇÃO

3 SUBORDINAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES 16


3.1 Conceito de subordinação 17
3.2 Natureza Jurídica e critérios de determinação da subordinação 20
3.3 Subordinação objetiva 24
3.4 A subordinação na relação de emprego 26

4 SUBORDINAÇÃO E MODERNIDADE 28
4.1 Parassubordinação 29
4.2 Teletrabalho 30
4.3 Terceirização 32

5 TENDÊNCIAS DA SUBORDINAÇÃO 35
5.1 Subordinação estrutural 35
5.2 Flexibilização 37

6 CONCLUSÕES 39

REFERÊNCIAS 41
10

1 INTRODUÇÃO

Após uma série de lutas e revoluções acerca do tratamento adotado com os


empregados e prestadores de serviço, há que se destacar que atualmente houve
uma grande mudança e uma importante valorização dos direitos previstos para tal
categoria.

Trabalhadores antes escravos, inferiorizados, marginalizados conquistaram


e cada vez mais conquistam direitos frente às relações de trabalho. Há um respeito,
uma valorização e uma concretização do princípio da dignidade da pessoa humana.

O direito do trabalho, englobado como direito social do homem, previsto


constitucionalmente e assegurado como “cláusula pétrea”, determina o tratamento
mínimo a ser adotado.

Diante de tais fatos, o elemento subordinação, caracterizador da relação de


emprego, merece maior destaque, posto que ela teve seu conceito e abordagem
reformulados a cada nova fase de desenvolvimento dos direitos destes
trabalhadores.

Nesse diapasão, ao tratar de subordinação, há de se ressaltar que esta


consiste em um elemento essencial da relação de emprego, que representa uma
espécie do gênero relação de trabalho.

A relação de trabalho engloba as diferentes formas de prestação de serviço,


seja o prestado por empregado, trabalhador avulso, voluntário, estagiário, etc. Já a
relação de emprego é aquela caracterizada e conceituada com os elementos
caracterizadores descritos nos artigos 2º e 3º, da CLT, quais sejam: trabalho por
pessoa física, pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação.

Destes, a subordinação representa o elemento essencial e diferenciador em


relação a alguns outros tipos de relações de trabalho, e por isso, destaca-se sua
importância.
11

O trabalho subordinado evoluiu juntamente com a evolução da cadeia


produtiva. Novas relações de emprego foram criadas e novos conceitos foram dados
à subordinação, mas o primordial foi que, a medida que o tempo passava, via-se
uma maior valorização do homem, um maior respeito a forma digna de trabalho.

Atualmente, o conceito de subordinação abrange muito mais do que poderia-


-se imaginar, o progresso abarcou novos tipos de trabalhadores, cada vez mais
autônomos e menos dependente do empregador, mas que não deixaram de ser
hipossuficientes.

Este fator, atualmente tem gerado duvidas em relação a existência ou não


de subordinação na relação analisada, sendo difícil inclusive aferir sobre quais
situações merecem ou não serem regidas pela égide do Direito do trabalho, cabendo
em muitos casos uma analise jurisdicional para assegurar tais situações.

É justamente sobre essa evolução nos modos de produções e essas


diversas formas de emprego criadas por esta nova realidade diante das implicações
geradas no contrato de trabalho que trata o presente estudo.

Por tudo isso, primordial e necessária uma maior exposição do conceito


subordinação, como elemento caracterizador da relação de emprego, e suas
implicações na sociedade atual, conforme segue.
12

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO


ATRELADA AO ELEMENTO SUBORDINAÇÃO.

A Constituição alemã, de Weimar, foi um dos marcos iniciais para a


concretização dos direitos individuais, ela assegurava, entre outros, o direito a
proteção ao individuo, à vida social, à religião, à instrução e á vida econômica.

Surgida após a Primeira Guerra Mundial, serviu de fundamento às


constituições dos demais países. E representou um grande avanço no campo do
direito e deu margem à evolução econômica dos países, inclusive atrelando a
dignidade e a justiça a um ponto de vista social.

A vida econômica está intimamente atrelada à produção de bens, às


condições de trabalho e aos interesses econômicos de cada país, fator este que
representou a maior evolução no campo dos direitos dos trabalhadores, visando um
amparo e proteção aos mesmos, diminuindo as injustiças e a forma degradante
como eram tratados.

A constituição brasileira de 1934 já transparecia a intenção do legislador em


atrelar o viés econômico ao cunho social, garantindo uma vida digna e justa e
assegurando os primeiros direitos aos trabalhadores, quais sejam: instituição de um
salario mínimo, criação da Justiça do Trabalho, proteção ao trabalho de menores e
das mulheres e o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.

Após tal período, outro fator evolutivo importante, foi o intervencionismo


estatal, gerado depois da Segunda Guerra Mundial e após a crise de 1929,
caracterizando-se pela garantia do trabalho como uma obrigação estatal a todos os
cidadãos; no Brasil tal previsão se deu na Constituição de 1946.

Assim, o trabalho passou a ser um dos pilares da organização da ordem


econômica, e a valorização do trabalho passou a ser um meio primordial de alcançar
o desenvolvimento econômico.
13

As demais mudanças foram no sentido de encaixar as condições dos


trabalhadores à dignidade da pessoa humana, fundamentadas na justiça social,
basilar da sociedade contemporânea.

Por fim, surgiu a Constituição do Brasil de 1988, conhecida como a


Constituição Cidadã, outorgando amplos direitos sociais que visavam a valorização
do trabalho e garantiam uma existência digna ao trabalhador, promovendo uma
amplificação de garantias nas relações trabalhistas, considerando a hipossuficiência
do empregado em relação ao empregador

Entrementes, a redação do art. 7º da referida Constituição, aplica-se aos


trabalhadores empregados apenas, não englobando os demais trabalhadores,
devidos as peculiaridades referentes a cada tipo de atividade laborativa. Cabendo
mencionar que a relação de emprego representa apenas uma espécie da relação de
trabalho.

Isto, porque, para ser considerado empregado, e fazer jus a tais direitos
assegurados constitucionalmente, o prestador de serviço deve preencher os
seguintes requisitos no desempenho de sua atividade:

a) trabalho por pessoa física, onde o prestador de serviço deve ser


sempre uma pessoa, não podendo ser considerado empregado a pessoa jurídica
prestadora de serviço;

b) pessoalidade, segundo o qual a pessoa que possui os direitos


assegurados deve ser a mesma participante da relação empregatícia e que presta o
serviço;

c) não eventualidade, onde o serviço prestado por esta pessoa deve ser
habitual e com vínculos, não sendo considerado empregado aquele que presta
serviço apenas uma vez ou duas para um determinado empregador;

d) onerosidade, representando a contraprestação devida ao empregado


pelo desempenho de sua função; e,
14

e) subordinação, o requisito mais importante e de maior complexidade


dentro dos elementos, consistindo no vinculo que existe entre empregado e
empregador, segundo o qual o empregado se submete às ordens e a estrutura
organizacional determinada pelo empregador, devendo satisfação a ele sempre em
relação aos serviços desempenhados.

A proteção a este tipo de relação de trabalho foi necessária, por serem tais
trabalhadores considerados hipossuficientes, dependendo de mecanismos que
assegurem o efetivo exercício de seus direitos.

Cumpre mencionar que fazem parte desta categoria de trabalhadores os


empregados, empregados rurais, trabalhadores avulsos, servidores públicos e
empregados domésticos. Não fazendo parte deste rol o trabalhador eventual, o
autônomo e o temporário, pois possuem legislação própria.

Enfim, é justamente neste contexto que surge o Direito do Trabalho, um


ramo do direito criado para garantir o exercício dos direitos sociais ante uma
sociedade capitalista e que visa apenas o lucro, ansiando por um sistema capaz de
afastar e solucionar conflitos entre estas categorias.

Deste modo, o direito do trabalho passou a ser visto, para alguns


doutrinadores, como a legalização da exploração do trabalho do homem, e, para
outros, como uma estrutura social e econômica decorrente do regime capitalista.

No direito do trabalho, a subordinação ou o trabalho subordinado originou-se


nos contratos de prestações de serviços, tendo posteriormente se adquirido uma
dimensão organizacional (trabalho subordinado prestado por empregado que esta
submetido a organização do empregador), onde a empresa passou a ser também
um referencial para o direito do trabalho.

A Constituição de 1988 também assegurou a livre iniciativa e os valores


sociais do trabalho (art. 1º, IV), como meio de promover o desenvolvimento
econômico da nação com participação ativa dos cidadãos, ambos direitos
15

amplamente desenvolvidos e limitados por outros princípios, podendo de dizer que,


utilizando-se de um sistema “de pesos e contrapesos”.

O tratamento igualitário dispensado aos valores sociais do trabalho e à livre


iniciativa é fundamental para a interpretação evolutiva do tema, pois com o
aprimoramento das cadeias produtivas foi necessária uma remodelação dos
conceitos trabalhistas, em prol da adequação ao mundo globalizado e ao
crescimento da competitividade.

Deste modo, a subordinação, essencial para a caracterização da relação


empregatícia, teve que se adequar às peculiaridades de cada nova fase, tendo que
ser reinterpretada e reinventada a cada novo avanço constitucional.

O trabalho subordinado passou a ter novas características, se adequando às


novas formas de contratação e as novas espécies de trabalhadores, tendo inclusive
dificuldades em suas tipificações. E, essa problemática além de repercutir no direito
do trabalho, atinge também a própria relação entre os envolvidos na relação
empregatícia, e toda a sociedade.

A solução para tais empasses se dá com a viabilização a satisfação dos


direitos fundamentais, ampliando os mais diversos enquadramentos ao conceito de
empregado, como inerentes a condição de trabalho atrelando a tais fundamentos a
livre iniciativo e o desenvolvimento econômico social do país, através do equilíbrio
das forças produtivas.
16

3 SUBORDINAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES.

A subordinação é tida como um dos paradigmas caracterizadores do Direito


do Trabalho, posto que essencial à caracterização da relação de emprego. E, como
todos os paradigmas necessitam se adequar às necessidades sociais de cada
época.

Sobre o tema cumpre destacar o pensamento de Angel Blasco (1995, p. 20),


segundo o qual “o direito do trabalho é o conjunto de normas dirigidas a equilibrar os
conflitos sociais do trabalho subordinado e por conta alheia”.

Assim, a subordinação, como demonstrado, sempre fez parte das relações


trabalhistas, e como principal elemento caracterizador desta relação ela deve se
adaptar à realidade econômica e aos novos tipos de trabalho e trabalhadores.

Atualmente as mudanças relacionadas com o desenvolvimento das


comunicações e de novas tecnologias alteraram mais uma vez o cenário trabalhista,
embasado no desenvolvimento pessoal do próprio cidadão que intensifica o seu
elemento volitivo, exigindo uma expansão do conceito de trabalho subordinado.

Por isto a realidade exige que a criação de novo parâmetros diante da


evolução das relações diante de um mundo empresarial cada vez mais competitivo e
influenciado pelas tendências tecnológicas, onde a integração das empresas
determina mudanças no desempenho das atividades laborativas.

Porém, destaca-se que seu conceito material continua inalterado,


consistindo numa forma de dependência e hierarquia entre empregado e
empregador.

No mesmo sentido sustentam Francisco Aleman e Santiago Castan (1997,


p.13-14) ao determinarem que o histórico da dependência representa o progresso de
sua própria flexibilização progressiva, partindo de um contexto originariamente rígido
e estrito às determinações do empregador até a atualidade, com novas formas de
contratos. As vezes a subordinação se mostra estrita as diversas circunstâncias
17

determinadas pelo empregador, e outras vezes representa uma adaptação da


atividade laborativa aos objetivos que a formam.

Segundo Luis Carlos Amorim Robotella (1994, p. 51),

a subordinação é, afinal, uma questão chave, por dois motivos: é o


pressuposto clássico da aplicação do Direito do Trabalho e do mundo
de garantias em torno dele construído; é um dos eixos sobre o qual
sempre assentou a autonomia científica da disciplina.

Por isto, os autores vêm a subordinação como um critério alcançado de


maneira dedutiva, obtendo indícios ou manifestações que ao menos se aproximem
de uma típica relação de emprego.

3.1 CONCEITO DE SUBORDINAÇÃO

Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, subordinação


representa “ato ou efeito de subordinar; dependência”, em outras palavras, é uma
sujeição ao poder dos outros, que no caso da relação de emprego citada, refere-se a
sujeição do empregado ao empregador.

O artigo 3º da CLT, conceituando o empregado revela a característica da


subordinação quando ressalta o fato de que a prestação de serviço deve se dar sob
a dependência do empregador, senão vejamos: “Considera-se empregado toda
pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.”.

Porém, apesar da legislação pátria usar o termo dependência, atualmente, é


pacífico na doutrina e jurisprudência que o termo mais bem usado seria
subordinação, até porque dependência, de uma forma geral, engloba muito mais que
verdadeiramente o termo deve englobar em uma relação de emprego comum.

Como afirmou Délio Maranhão, citando Vicenzo Cassi, “dependência é uma


expressão muito vaga: pode ser jurídica, como pode ser econômica, pode ter efeitos
18

de conteúdo puramente moral ou consequências de ordem pessoal, patrimonial etc.”


(SÜSSEKIND, 2005, p. 245).

Assim sendo, subordinação traduz perfeitamente o sentido do que


representa o termo legal.

Cumpre destacar que, o conceito inicial de subordinação, trazido por


Ludovico Barassi (2003, p. 29), com origem civilista baseada nos primeiros contratos
trabalhista, de locação de serviços, assemelhava-se bastante ao conceito atual,
senão vejamos: “o trabalhador é um instrumento e um instrumento passivo, no
senso que ele presta sua própria atitude física e intelectual para que outra parte a
dirija como bem entender”.

Dito isto, e para enfatizar o quanto alegado, acha-se por certo trazer a baila
o conceito de subordinação segundo Octavio Bueno Magano (1993, p. 50), onde “a
subordinação constitui o poder de direção visto do lado do trabalhador. Por isso que
o empregador organiza e controla os fatores da produção, advém-lhe o poder de
dirigir seus empregados”.

Já segundo Arion Romita (1979, p. 82), a subordinação é a “integração da


atividade do trabalhador na organização da empresa mediante um vínculo
contratualmente estabelecido, em virtude do qual o empregado aceita a
determinação, pelo empregador, das modalidades de prestação de trabalho”.

E, Maurício Godinho Delgado (2010, p. 303) entende que:

a subordinação classifica-se, inquestionavelmente, como um


fenômeno jurídico, derivado do contrato estabelecido entre
trabalhador e tomador de serviços, pelo qual o primeiro acolhe o
direcionamento objetivo do segundo sobre a forma de efetuação da
prestação do trabalho.

Nestes termos então, a subordinação nada mais é do que um estado de


sujeição em que se coloca o empregado, por sua livre e espontânea vontade, em
virtude de um contrato de trabalho, onde ao empregador é dado o poder de dirigir a
19

força de trabalho do empregado, seja manual ou intelectual, em troca de uma


contraprestação.

Este conceito geral elaborou-se considerando sempre a evolução social do


trabalho, ressaltando a “democratização”, que representou uma passagem da
escravidão e da servidão para o trabalho contratado, segundo a vontade das partes.

De certo que a legislação trabalhista não traz um conceito legal do que seria
subordinação, porém, deixa claro suas acepções dentro da relação de emprego,
posto que é fundamental a sua existência.

Há ainda uma discussão a cerca da diferenciação entre trabalho


subordinado e autônomo; a qual gerou a criação de diversas teorias, cada uma com
características peculiares atreladas a estas conceituações, porém nenhuma delas
traz uma diferenciação completa dos termos, posto que sempre deixam de abarcar
situações especificas relacionadas com a prestação destes serviços.

Assim, para Amauri Mascaro (2009, p. 465) a subordinação deve ser


avaliada em cada caso concreto, verificando-se o modo como o trabalho é prestado
e não a denominação da atividade profissional, já que “a mesma profissão pode ser
exercida de modo subordinado ou autônomo, dependendo das circunstâncias em
que se efetivas o trabalho”.

Evaristo de Morais Filho (1995, p. 226), afirma que:

a subordinação não equivale a uma tutela ou curatela, ou seja, não


incide a todo e qualquer momento, dentro e fora da empresa. Trata-
se de um dever do trabalhador em contrapartida a uma faculdade do
empregador de exercer seu poder de controle e fiscalização, mas
adstritos a determinados limites de ordem temporal e dentro do
contexto da prestação de serviço, ou, caso o contrário, seja
qualificado como abusivo.

Toda esta divergência a cerca da conceituação de subordinação, a priori,


deve-se ao fato de que a maioria dos conceitos se fundamenta apenas na
subordinação como elemento capaz de formar a relação trabalhista. Entretanto, o
20

ponto central é que ela representa um critério primordial para a distinção com outras
formas de trabalho.

Tudo isto devido ao fato de que o direito do trabalho tem caráter


protecionista, assegurando aos empregados direitos ao empregado hipossuficiente,
onde a conceituação de subordinação prescinde a valorização politica e social do
momento atual.

Por fim, ressalta-se que ante a dificuldade de aplicação prática do conceito


de subordinação a doutrina e a jurisprudência passaram a definir critérios de
determinação da existência do trabalho subordinado em cada caso concreto,
diferenciando assim a natureza jurídica do termo em comento, conforme passa-se a
analisar.

3.2 CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DA SUBORDINAÇÃO

Outro ponto de bastante relevância nos ditames da relação empregatícia


consiste na apresentação da natureza jurídica desta subordinação. Inicialmente,
destaca-se a existência de quatro tipos principais de subordinação: a) econômica; b)
técnica; c) social; e, d) jurídica.

A subordinação econômica, nada mais é do que o fato de que o


subordinado depende financeiramente do subordinador, e a relação entre ambos se
dá pelo fato de que para sobreviver há uma dependência indispensável do valor que
lhe paga a pessoa para quem trabalha. Relacionando a relação de emprego apenas
pelo salário recebido.

É sabido que este critério não é essencialmente verdadeiro, o que, por


exemplo, pode-se aferir ao analisar uma relação de emprego onde apesar de ser
economicamente independente e não depender do salário há quem se submeta a
uma relação de emprego, assim como também pode haver uma dependência
econômica sem que haja uma relação de emprego.
21

Maria do Rosário Palma Ramalho (2009, p. 437) também destaca a


precariedade desta concepção ao afirmar que:

A dependência do trabalhador tem cunho pessoal e não econômico,


já que esta ultima hipótese corresponde a uma necessidade do
trabalhador de receber seu salario como subsistência e o
empregador passaria a ser visto como mero credor e não possuidor
de poderes conferidos pelo caráter sinalagmático particular da
relação laboral (poderes diretivos e disciplinar).

Deste modo, a subordinação econômica, por si só não serve como base


caracterizadora da relação de emprego, como era visto antigamente, porém, cumpre
destacar a tendência atual a uma retomada desta concepção, como sendo um dos
critérios que atrelado ao critério da subordinação jurídica e a outros fatores
fundamentem a existência do vínculo laboral.

A subordinação técnica esta representada ao fato de que a forma de


realização do serviço seja totalmente comandada pelo empregador, onde o
empregado apenas cumpre as ordens que lhes são dadas, sujeitando aos critérios
técnicos estabelecidos.

Ou seja, o trabalhador precisa da orientação e direção do empregador para


a execução de seu trabalho, sendo que é o empregador quem tem os
conhecimentos necessários para o desenvolvimento do serviço.

Porém, tem-se que alguns trabalhos por exigirem um conhecimento técnico


mais presente no empregado, é o empregador que se “submete” a forma
estabelecida, em outras palavras, é o empregado quem tem o conhecimento técnico
de como o serviço deve ser prestado, estando o empregador apenas responsável
em observar e garantir a prestação adequada do serviço.

Não sendo, portanto, este um critério absoluto para definição de relação de


trabalho, tendo em vista a variação do grau de instrução recebido e do controle
sofrido, em função da qualificação do interessado e da natureza da atividade.
22

A subordinação social se traduz no fato de que é o empregador o


responsável pela inserção do empregado na sociedade, pois este depende daquele
para ter uma “vida social”. Outro tipo de subordinação que também merece críticas e
que não representa verdadeiramente a dependência que o termo legal quer passar
como requisito essencial da relação de emprego.

Por fim, a subordinação jurídica, a priori, é a mais adequada a


característica essencial da relação de emprego, pois se fundamenta como sendo a
dependência que deriva do contrato de trabalho, segundo a manifestação de
vontade das partes envolvidas.

Inclusive, vale mencionar que a doutrina e a jurisprudência pátria


determinaram a dependência como sendo a jurídica, tendo em vista que as
anteriores se mostraram insuficientes como critério determinada da relação
empregatícia.

Neste diapasão destaca-se o pensamento de Orlando Gomes e Elson


Gottschalk (2005, p. 134), os quais entendem ser a subordinação de natureza
jurídica, pois a relação de trabalho encontra sua causa determinante no acordo
inicial das partes, nas vontades do empregador e do empregado, onde são aceitas,
desde o início, as suas consequências, sendo a mais importante e onerosa a da
situação de subordinação. “O pressuposto do acordo de vontades está,
normalmente, à base da relação de trabalho”.

Mauricio Godinho Delgado (2006, p. 163), ao tratar de subordinação jurídica


afirma que:

(…) a situação jurídica, derivada do contrato de emprego, em


decorrência da qual o trabalhador acata a direção laborativa
proveniente do empregador. É uma situação jurídica que se expressa
por meio de certa intensidade de ordens oriundas do poder diretivo
empresarial, dirigidas ao empregado.

Assevera-se, também, que é esse o posicionamento sumulado pelo Egrégio


Tribunal Superior do Trabalho ao determinar na Súmula nº 269, que:
23

O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo


contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de
serviço desse período, salvo se permanecer a subordinação
jurídica inerente à relação de emprego. (grifo nosso).

A acepção jurídica se dá devida ao fato de a pessoa assumir a obrigação de


trabalhar para outrem por sua vontade, trazendo consequências à mesma, no
sentido de respeitar as ordens de quem o contratou, sendo uma “dependência real
do empregado ao comando do empregador” (NASCIMENTO, 2009, p.622).

Há autores que sustentam a tese de que a subordinação é elemento fático


do contrato de trabalho, não devendo ser vista apenas numa acepção jurídica pura e
sim como um “poder-dever-jurídico” das partes que estrutura a existência deste
contrato.

Neste diapasão, “surge para o empregador o direito de direção, comando,


controle e de aplicação de penas disciplinares, e para o empregado resta o dever de
diligência, obediência e fidelidade” (MARANHÃO, citado por SÜSSEKIND, 2005, p.
248).

Segundo Evaristo de Moraes Filho (2000, p. 242), a subordinação jurídica é:

(…) direito completamente geral de superintender a atividade de


outrem, de interrompê-la à vontade, de lhes fixar limites, sem que
para isso seja necessário controlar continuamente o valor técnico dos
trabalhos efetuados. Direção e fiscalização, tais são então os dois
pólos da subordinação jurídica.

Por tudo isso, há a prevalência do critério jurídico em determinar a natureza


jurídica do termo “subordinação” presente nos contratos trabalhistas, posto que mais
do que o dever de sujeição do empregado, o empregador possui o poder jurídico de
atuação sobre ele.

Entretanto, vale apontar que todas as teorias acima apontadas e utilizadas


para definir a subordinação do empregado ao empregador, quais sejam a
24

econômica, a técnica, e a social também devem ser consideradas, por se fazerem


verificáveis, em certa medida, em toda relação de emprego.

3.3 SUBORDINAÇÃO OBJETIVA

Para alguns doutrinadores a subordinação jurídica em alguns casos se torna


insuficiente para caracterizar a relação de emprego. Pois, as novas formas de
trabalho advindas da modernidade exigiram a criação de uma extensão deste
conceito para enquadrá-las.

Com isso, além da ótica subjetivista da subordinação, onde o trabalho


subordinado seria aquele submetido às ordens e à fiscalização do empregador,
passou-se a observar a subordinação sob uma ótica objetiva, relacionada a
integração da atividade do empregado na organização da empresa do empregador,
através de um vínculo estabelecido entre as partes, onde o empregado aceita se
submeter à direção do empregador.

Dito isto, assevera-se que tal ótica não é usada isoladamente, mas sim em
comunhão com as demais características da subordinação e os demais elementos
formadores da relação de emprego, sendo necessária a sua utilização apenas para
englobar as novas tendências funcionais advindas da nova era tecnológica e
globalizada, que criou novas formas de emprego.

A subordinação objetiva é tida como aquela onde o trabalhador realiza


atividades fundamentais à organização da empresa, devendo ser tratado como
efetivo empregado, mesmo quando não está tão nítida a sua vinculação à direção do
empregador. Tendencialmente percebe-se a ampliação da aplicação deste conceito
em demandas relativas a terceirização e ao trabalho à distância.

É fundamental à caracterização do vínculo empregatício a junção dos


conceitos elencados anteriormente, sendo que à aplicação ao caso concreto para
analisar a existência de relação empregatícia deve se dar através da flexibilização
de tais conceitos adequando-os a atualidade.
25

Neste sentido, cabe mencionar decisão do TRT da 4ª Região que determina:

VÍNCULO DE EMPREGO. INSERÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL


DO RECLAMANTE NO OBJETO SOCIAL DO EMPREGADOR.
A inserção dos serviços prestados pelo obreiro na atividade-fim do
empregador é elemento suficiente a configurar o caráter não eventual
da relação havida entre as partes, restando preenchidos os requisitos
previstos no artigo 3º da CLT para configuração do vínculo de
emprego. (...).(Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. Processo
nº: 0000834-73.2010.5.04.0015. Ano: 2011. Turma: 8ª. Data de
publicação: 10/11/2011. Relator: Juiz Convocado JOSÉ CESÁRIO
FIGUEIREDO TEIXEIRA).

Deste modo, apenas a partir desta concepção é viável a explicação de como


um empregado aparentemente independente na execução de seu trabalho seja
considerado subordinado, posto que inserido numa organização de meios de
produção de outrem e sob sua direção em relação a individualização da atividade
desenvolvida.

Segundo Giuseppe Santoro-Passarelli (2008, p. 41), o legislador ao


mencionar, na redação do art. 3º da CLT, “sob a dependência” não quis apenas
atestar o caráter sinalagmático do contrato (subordinação x direção), quis também
dar evidencia a sua função organizativa, no sentido de que o empregado é
contratado para atingir o resultado produtivo almejado pelo empregador.

Enfim, independentemente do conceito adotado e da visão estabelecida, o


fato é que a subordinação é indiscutivelmente importante para a caracterização do
emprego, e diante da evolução das cadeias produtivas haverá sempre a evolução do
conceito e da abordagem deste elemento; valendo-se de suas variáveis
(dependência econômica, subordinação objetiva ou subjetiva, alteridade,
heterodireção) e da apreciação do caso concreto para auferi-la.

Posto que, a jurisprudência tem se baseado num juízo de aproximação,


verificando se há a maioria dos indícios legais [e não todos] para poder determinar
se há subordinação.
26

3.4 A SUBORDINAÇÃO NA RELAÇÃO DE EMPREGO

Após toda esta fundamentação a cerca do tema, é importante frisar o que a


subordinação representa no contrato de trabalho e porque ela é essencial para a
manutenção da relação de emprego, assim para melhor representar o papel e a
função do empregado nesta relação, inclusive interpretando a concretização do que
a norma representa, Orlando Gomes em parceria com Elson Gottschalk (2005, p.
284) afirma que:

A atividade do empregado consistiria em se deixar guiar e dirigir, de


modo que as suas energias convoladas no contrato, quase sempre
indeterminadamente, sejam conduzidas, caso por caso, segundo os
fins desejados pelo empregador. Tanto ao poder de comando como
ao de direção do empregador corresponde o dever específico do
empregado de obedecer. O poder de comando seria o aspecto ativo
e o dever de obediência o passivo da subordinação jurídica.

Também nesse sentido, cumpre transcrever os ditames de Roberto Norris


(1998, p. 84) que diz que:

(...) a todo contrato de trabalho se aplica o poder diretivo do


empregador, com os seus respectivos consectários. Desta forma,
pode-se afirmar que o contrato laboral gera o estado de
subordinação, vinculado à própria relação jurídica empregatícia,
surgindo, desta forma, o status subietionis do empregado.

Nesse sentido, observa-se que apesar dos inúmeros direitos conquistados


pelos empregados na relação empregatícia durante a evolução social do
empregado, ele deve, juridicamente, obediência e fidelidade ao seu empregador,
encontrando-se sempre em permanente estado de submissão da sua vontade às
ordens do empregador, este que possui o poder de dirigi-lo, de fiscalizar a sua
conduta e a sua vida, e, por consequência, “puni-lo” no próprio interesse.

Sobre os conceitos e a qualificação da subordinação cumpre destacar


trechos dos votos do Desembargador Luiz Otávio Linhares Renault, proferidos no
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, senão vejamos:

No que tange à subordinação, a realidade tem demonstrado que o


seu conceito não ficou estático diante das mudanças do mundo do
trabalho do homem. (...) Na sociedade pós-moderna, vale dizer, na
27

sociedade info-info (expressão do grande Chiarelli), baseada na


informação e na informática, a subordinação já não é mais a mesma
de tempos atrás. Do plano subjetivo – corpo a corpo ou boca a
ouvido – típica do taylorismo/fordismo, ela passou para a esfera
objetiva, objetivada e derramada sobre o núcleo da atividade
econômica. (...) mudaram-se os métodos de obtenção do lucro; não a
sujeição, que trespassa o trabalho, nem tanto no seu modo de fazer,
mas no seu resultado, nas metas a serem cumpridas. O saber,
agora, vem do prestador e não do dador de serviços. (...) No fundo e
em essência, o que vale mesmo é a inserção objetiva do trabalhador
no núcleo da atividade econômica, que, com os avanços, pode ser
tanto material, quanto imaterial. (Acórdão proferido pelo TRT da 3°
Região, Recurso Ordinário n. 00563-2007-069-03-00-7, 4ª Turma,
Redator Desembargador Luiz Otávio Linhares Renault, publicado em
23/02/2008).

Resumindo, a subordinação representa um estado pessoal de submissão à


direção do empregador, este que é um estado jurídico, criado pelo contrato de
trabalho, do qual decorrem deveres e obrigações, entre os deveres, estão o de
fidelidade, obediência e disciplina.

Do mesmo modo, há segundo a brilhante jurista Aldacy Rachid Coutinho


(1999, p. 36):

uma relação de coordenação ou de participação integrativa ou


colaborativa, através da qual a atividade do trabalhador como que
segue, em linhas harmônicas, a atividade da empresa, dela
recebendo o influxo próximo ou remoto de seus movimentos.

Enfim, o vínculo subordinativo criado tem como a atividade coordenada uma


atitude regulada do prestador de serviços diante da harmônica manutenção do
processo produtivo que lhe cabe dar seguimento.
28

4 SUBORDINAÇÃO E MODERNIDADE

A priori, ressalta-se que a submissão do trabalhador ao seu empregador, no


meio produtivo primitivo, era claramente percebível, não exigindo grandes esforços
para a sua configuração.

Porém, como mencionado, efetivamente houve e continua havendo uma


evolução em todos os campos do direito e das demais relações sociais e, o ramo do
direito do trabalho também vem se modernizando.

Com a globalização e a criação de novas formas de prestação de serviço,


que por não serem típicas e tradicionais, surgiram dúvidas sobre a existência ou não
de relações de empregos em determinados vínculos entre trabalhador e “tomador de
serviço”, principalmente pela dificuldade de determinação da presença do elemento
subordinação em tais relações.

Assim várias formas de exemplificar a subordinação vão surgir, sendo


necessária a criação de novas faces para o termo.

Inclusive, podemos destacar a redação do parágrafo único do art. 6º, da


CLT, introduzido pela Lei 12.551/2011, que determina que: “Os meios telemáticos e
informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de
subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e
supervisão do trabalho alheio”.

Foi justamente por conta da alteração nos meios de produção que o


legislador se viu “obrigado” a alterar a redação deste artigo, adequando-a a nova
roupagem das relações empregatícias atuais.

O fato é que é necessária a atualização deste instituto, posto que a


caracterização da relação de emprego garantia uma ampla variedade de direitos aos
trabalhadores empregados, uma vez que por serem hipossuficientes em relação aos
seus contratantes necessitam de uma ampla proteção jurisdicional.
29

Pois, a atual sociedade capitalista marcada pela competitiva e a busca


incessante pelo lucro, as vezes desvirtua a típica relação trabalhista, mitigando
direitos indisponíveis e desrespeitando os princípios básicos da dignidade da pessoa
e da boa-fé e as garantias a uma vida digna e justa e à proteção aos direitos sociais.

Então, uma vez estabelecido em lei os critérios e as tipologias do vinculo


empregatícia não há como burlar os ditames judiciais no tocante à proteção dos
empregados, evitando-se assim a precarização das relações de trabalho.

Entre outros fatores é justamente por isso que os magistrados trabalhistas


brasileiros têm alinhado a aplicação destes critérios determinantes ao principio da
primazia da realidade, segundo o qual o que realmente importa a realidade fática da
relação empregatícia e não o nome dado contratualmente a esta relação.

Dentre as novas formas de emprego podemos citar o teletrabalho, como


sendo o trabalho fora da supervisão do empregador, os contratos em cascatas,
representados por empresas que contratam outras empresas que subcontratam
outros trabalhadores, terceirização, etc.

Deste modo, a seguir abordam-se a título exemplificativo e demonstrativo


algumas das modificações atuais sobre o tema em tese.

4.1 PARASSUBORDINAÇÃO

A parassubordinação, criação da doutrina italiana, reside na fronteira entre


trabalho autônomo e a relação de emprego, traduzindo uma subordinação mitigada,
àquela específica de profissionais empregados qualificados ou controlados à
distância, como por exemplo, o representante comercial.

Este instituto visa tutelar o trabalho exercido dentro de uma organização


empresarial, coordenadamente, e de forma continuativa. Sendo a coordenação o
elemento característico fundamental da parassubordinação, este representando os
30

objetivos comuns entre empregados e empregadores em busca da concretização de


um resultado determinado, que elenca na organização empresarial.

Para Otavio Pinto e Silva (2004, p. 104), o trabalho parassubordinado “deve


se destinar a atender uma necessidade do tomador que tenha um determinado
prolongamento no tempo, tendo em vista os interesses de ambas as partes”.

Diante disto e consideradas as argumentações pode-se ter uma


interpretação includente acolhendo tais figuras na relação empregatícia habitual.
Porém, a doutrina diverge sobre a possibilidade de extensão dos direitos do trabalho
subordinado aos parassubordinados, parte dela entende ser necessária tal acepção,
discutindo apenas sobre os limites desta extensão.

4.2 TELETRABALHO

Outro exemplo da nova face da subordinação é o teletrabalho, que já tem


reconhecida sua relação de empregado, tendo, inclusive, previsão na legislação
pátria, esta que determina que o reconhecimento da relação de emprego atrelada a
subordinação vem diante da fiscalização pelo empregador do trabalho exercido pelo
empregado.

No Brasil, no que concerne à presença de subordinação no teletrabalho,


merece destaque a seguinte decisão:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


HOME OFFICE: ENQUADRAMENTO E EFEITOS JURÍDICOS.
OUTROS TEMAS: SUBSTITUIÇÃO. ACÚMULO DE FUNÇÕES.
HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. HORAS DE
SOBREAVISO. FÉRIAS INTERROMPIDAS. DECISÃO
DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. O teletrabalho e o trabalho em
domicílio (home office) tornaram-se freqüentes nas últimas décadas
em face da invenção, aperfeiçoamento e generalização de novos
meios comunicacionais, ao lado do advento de novas fórmulas
organizacionais e gerenciais de empresas e instituições. Isso não
elimina, porém, necessariamente, a presença de subordinação na
correspondente relação socioeconômica e jurídica entre o
trabalhador e seu tomador de serviços, desde que ultrapassado o
conceito tradicional desse elemento integrante da relação
empregatícia em favor de sua dimensão objetiva ou, até mesmo, em
31

favor do conceito de subordinação estrutural. Dentro deste novo,


moderno e atualizado enfoque da subordinação, os trabalhadores em
domicílio, mesmo enquadrando-se no parâmetro do home office,
podem, sim, ser tidos como subordinados e, desse modo, efetivos
empregados. Não obstante, não se pode negar que, de maneira
geral, em princípio, tais trabalhadores enquadram-se no tipo jurídico
excetivo do art. 62 da CLT, realizando o parâmetro das jornadas não
controladas de que fala a ordem jurídica trabalhista (art. 62, I, CLT).
Por outro lado, a possibilidade de indenização empresarial pelos
gastos pessoais e residenciais efetivados pelo empregado no
exercício de suas funções empregatícias no interior de seu home
office supõe a precisa comprovação da existência de despesas
adicionais realizadas em estrito benefício do cumprimento do
contrato, não sendo bastante, em princípio, regra geral, a evidência
de certa mistura, concorrência, concomitância e paralelismo entre
atos, circunstâncias e despesas, uma vez que tais peculiaridades são
inerentes e inevitáveis ao labor em domicílio e ao teletrabalho.
Finalmente, havendo pagamento pelo empregador ao obreiro de
valores realmente dirigidos a subsidiar despesas com telefonemas,
gastos com informática e similares, no contexto efetivo do home
office, não têm tais pagamentos natureza salarial, mas meramente
instrumental e indenizatória. Na mesma linha, o fornecimento pelo
empregador, plenamente ou de modo parcial, de equipamentos para
a consecução do home office obreiro (telefones, microcomputadores
e seus implementos, etc.) não caracteriza, regra geral, em princípio,
salário in natura, em face de seus preponderantes objetivos e sentido
instrumentais. Agravo de instrumento desprovido. (Processo: AIRR -
62141-19.2003.5.10.0011, Relator Ministro: Mauricio Godinho
Delgado, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/04/2010).

A lei põe fim a esta discussão doutrinária e jurisprudencial quando prevê o,


já mencionado, paragrafo único do art. 6º, da CLT, que “Os meios telemáticos e
informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de
subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e
supervisão do trabalho alheio.” (Redação dada pela Lei 12.551/2011).

Sobre o tema, destaca-se que Sidnei Machado (2009, p. 135) usa o termo
“telessubordinação”, para caracterizar o neologismo referente ao Teletrabalho,
senão vejamos.

O teletrabalho é uma atividade executada em forma de uma espécie


de telessubordinação, ou seja, uma subordinação jurídica à distância,
que se diferencia do trabalho prestado na empresa por tratar-se de
um modo particular de organizar o trabalho. Por outro lado, o Direito
do Trabalho brasileiro ainda não possui regulamentação do
teletrabalho e a jurisprudência tende a tratá-lo como uma modalidade
de trabalho autônomo, por vezes, um empregado em domicílio,
32

quando presentes todos os elementos qualificadores da relação de


emprego.

De fato, o teletrabalho representa uma inovação do mundo tecnológico que


permite o exercício do trabalho fora do campo de visão do contratante. Valendo-se
da subordinação no tocante ao controle de metas, quantificadas por um determinado
período de tempo, tendo em vista que a jornada de trabalho ou mesmo a efetiva
execução não tem como serem fiscalizadas.

Neste sentido, o teletrabalho possui característica similar ao trabalho


autônomo, posto que este também é voltado para o alcance de resultados, e para
uma diferenciação especifica nestes casos deve se valer dos demais critérios de
diferenciação, citados acima.

4.3 TERCEIRIZAÇÃO

A terceirização representa nada mais do que uma nova forma de transferir


atividades tidas como secundárias ou de suporte para outrem, ficando a empresa
apenas com a atividade principal. Para tanto, eles estabelecem contratos cíveis com
outras pessoas, físicas ou jurídicas, visando a redução dos custos e a melhoria da
qualidade dos serviços.

Alice Monteiro de Barros (1995, p.4) sustenta que “a terceirização surge


entre os debates acerca das tendências de flexibilização do direito do trabalho, como
o questionamento da relação típica de emprego e protegida contra a dispensa
arbitrária e injusta”.

Ao terceirizar o serviço para outras empresas há um desrespeito e um tipo


de “burla” aos direitos dos trabalhadores prestadores destes serviços, devido ao
vínculo cível estabelecido, por isso, surgiu a necessidade de modernização da forma
como é vista a subordinação neste tipo de relação.
33

Outro ponto importante, refere-se a falta de regulamentação legal sobre a


matéria, que acarreta em injustiças e desrespeito de direitos. Visando diminuir as
consequências de tal fato coube a jurisprudência criar parâmetros para caracterizar
a prestação de serviços desta modalidade.

O primeiro entendimento estabelecido sobre o tema foi o Enunciado nº 256,


publicado em 22 de setembro de 1986, in verbis:

Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância,


previstos nas Leis ns. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, e 7.102, de 20
de junho de 1983, é ilegal a contratação de trabalhadores por
empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente
com o tomador dos serviços.

Com isso percebe-se que inicialmente os julgadores tentaram reprimir a


interposição da contratação de trabalhadores.

Porém, tal entendimento precisou ser revisto, pois a terceirização passou a


ser pratica constante adotada por varias empresas, surgindo a necessidade de uma
maior regulamentação sobre o tema. Com isso foi elaborada a Sumula 331,
determinando que a terceirização só será lícita se realizada em atividades-meio da
empresa, onde a pessoalidade e a subordinação direta sejam inexistentes, senão
vejamos:

Contrato de Prestação de Serviços - Legalidade


I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,
formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços,
salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da
CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 - TST)
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação
e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à
atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a
subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
relação processual e conste também do título executivo judicial.
(Alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000)
34

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta


respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
prestadora de serviço como empregadora. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
contratada.
VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período
da prestação laboral.

Deste modo, a locação de mão de obra e a transferências dos poderes


diretivos e disciplinar do empregador ao tomador não representa a terceirização, e
sim a contratação de empresa interposta, o que é vedado pelo ordenamento.

Nesse sentido, o Tribunal Superior do Trabalho passou a responsabilizar o


tomador do serviço, para manter a terceirização baseada em seus princípios
fundadores, quais sejam: a melhoria na qualidade dos serviços e a redução de
custos.

O fato é que a propagação do instituto da terceirização acarreta até hoje


inúmeras discussões julgadores e doutrinários sobre a sua efetividade, posto que o
seu mau uso poderia ocasionar renuncia de direitos dos trabalhadores.

O fato é que a terceirização já é um processo irreversível, cabendo apenas


ao direito se adequar a esta realidade e buscar meios de haver uma maior
efetivação dos direitos desses trabalhadores envolvidos em tal sistema.
35

5 TENDÊNCIAS DA SUBORDINAÇÃO

Como bastante enfatizado, as transformações sociais e econômicas


resultantes da globalização e das novas tecnologias, houve a necessidade de
alteração do conceito do trabalho assalariado e de seus elementos formadores,
entre eles, a subordinação.

O surgimento de novas formas de emprego, sem a devida previsão legal de


adequação à condição de trabalho assalariado, foi responsável pelo aumento de
contratações “irregulares”, que não respeitam os direitos fundamentais assegurados
aos empregados numa relação de emprego.

Tudo isso exigiu a evolução deste instituto, ampliando seu conceito para
adequar-se as necessidades atuais. Assim, a subordinação atual tem outra feição,
ampliando a reflexão dos juristas para além da dicotomia de trabalho subordinado e
autônomo.

Com isso, passa-se a analisar as principais tendências no campo de


caracterização da subordinação, visando adequar o trabalho à realidade e garantir
aos empregados a efetiva concretização de seus direitos trabalhistas.

5.1 SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL

A subordinação estrutural foi um instituto criado atualmente para incluir a


relação de trabalho existente nos casos de terceirização destas relações
tradicionalmente defendidas pelos direitos trabalhistas.

Segundo Mauricio Godinho Delgado (2010, p. 56),

(...) estrutural é, pois, a subordinação que se manifesta pela inserção


do trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços,
independentemente de receber ou não suas ordens diretas, mas
acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e
funcionamento.
36

Deste modo, a subordinação estrutural foi a forma encontrada, atualmente,


para garantir o respeito aos princípios gerais do direito dos cidadãos e para a
proteção do trabalhador.

Neste ponto de vista, vale destacar a evolução da dimensão do termo


subordinação, de clássica, objetiva até chegar a estrutural, [as quais se
complementam]. A clássica era a subordinação original, consistindo na situação
jurídica derivada do contrato de trabalho. A objetiva é atrelada ao critério atividade,
onde o elemento que vincula empregado e empregador é a atividade. Por fim, é a
estrutural, que insere o empregado na dinâmica do tomador de serviço.

Assim, atualmente, há o elemento subordinação na relação de emprego


quando o trabalhador labora, de alguma forma, inserido na organização estrutural e
no funcionamento da empresa.

É o entendimento adotado em diversos julgados atuais, senão vejamos.

RECURSO DE REVISTA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. O


julgamento ocorreu dentro dos limites da lide. O
TRTentendeucomprovado o trabalho prestado diretamente e por
pessoa física, com habitualidade, onerosidade e subordinação, e,
diante desse contexto, reconheceu o vínculo de emprego da
reclamante diretamente com a segunda reclamada. No caso, a causa
de pedir é a comprovação de vínculo de emprego, em razão da
prestação de serviços à cooperativa e à segunda reclamada. A
subordinação jurídica pode se manifestar nas seguintes dimensões:
a tradicional, de natureza subjetiva, por meio da intensidade de
ordens do tomador de serviços à pessoa física que os presta; a
objetiva, pela correspondência dos serviços deste aos objetivos
perseguidos pelo tomador (harmonização do trabalho do empregado
aos fins do empreendimento); a estrutural, mediante a integração do
trabalhador à dinâmica organizativa e operacional do tomador de
serviços, incorporando e se submetendo à sua cultura corporativa
dominante. Recurso de revista de que não se conhece.
TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. COOPERATIVA. VÍNCULO DE
EMPREGO. O TRT consignou que o trabalho de despeliculamento
de castanhas, realizado de forma manual pela reclamante, é uma
etapa do processo produtivo, e atende a uma necessidade da
empresa, motivo pelo qual está caracterizada a subordinação
estrutural, em razão da inserção do trabalhador na estrutura da
produção da empresa. Concluiu, por essas razões, que houve
intermediação ilegal da força de trabalho por meio da cooperativa, e
reconheceu o vínculo de emprego diretamente com a segunda
reclamada. Nesse contexto, para se chegar a conclusão diversa da
37

decisão recorrida, seria necessário o reexame do conjunto fático-


probatório, procedimento que é vedado nesta fase recursal, nos
termos da Súmula nº 126 desta. Recurso de revista de que não se
conhece . MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INAPLICABILIDADE AO
PROCESSO DO TRABALHO. A reclamada carece de interesse para
recorrer, pois não foi sucumbente na matéria. Recurso de revista de
que não se conhece. (TST, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de
Julgamento: 03/09/2014, 6ª Turma)

VÍNCULO DE EMPREGO. CONFIGURAÇÃO. A relação


empregatícia forma-se quando presentes os elementos fático-
jurídicos especificados pelo caput dos artigos 2o. e 3o. da CLT:
trabalho prestado por pessoa física a um tomador, com
pessoalidade, não-eventualidade, onerosidade e subordinação. A
subordinação, elemento cardeal da relação de emprego, pode se
manifestar em qualquer das seguintes dimensões: a clássica, por
meio da intensidade de ordens do tomador de serviços sobre a
pessoa física que os presta; a objetiva, pela correspondência dos
serviços deste perseguidos pelo tomador (harmonização do trabalho
do obreiro aos fins do empreendimento); a estrutural, mediante a
integração do trabalhador à dinâmica organizativa e operacional do
tomador de serviços, incorporando e se submetendo à sua cultura
corporativa dominante. Atendida qualquer destas dimensões da
subordinação, configura-se este elemento individuado pela ordem
jurídica trabalhista (art. 3o., caput, CLT). (TRT 3ª Reg. – 1ª T. – RO
00326-2007-076-03-00-4 – Rel. Des. Maurício Godinho Delgado –
DJMG 31/08/2007, p. 05).

Enfim, a proposta da subordinação estrutural é ampliar o conceito inicial de


subordinação, englobando critérios que vão além de sua visão clássica; sendo
aplicável as novas formas de emprego relacionadas à terceirização da atividade fim
de uma empresa, como se pôde perceber. Sobre este tema, inclusive, já há
posicionamento sumulado (Sumula 331 do TST) vedando tal pratica [terceirização
da atividade fim].

5.2 FLEXIBILIZAÇÃO

Ressalta-se a necessidade de haver uma flexibilização do direito do


trabalho, tendo em vista que, como demonstrado, ele surgiu da economia e esta
sofreu importantes mudanças, então o direito do trabalho deve se adequar às essas
novas concepções.
38

O fato é que a sociedade clássica difere bastante da sociedade atual, na


forma de pensar dos cidadãos, nos meios de execução dos serviços, nas
necessidades da época, na organização da sociedade e em vários outros aspectos.
Assim, esta mudanças geraram a necessidade de diversas mudanças, entre estas
destaca-se a latente necessidade de flexibilização dos direitos trabalhistas e do
instituto da subordinação.

Deve –se ressaltar que a flexibilização necessária ao direito do trabalho se


dá no sentido de não se existirem normas absolutas, mas no sentido de interpretar
cada caso concreto e aplicar o melhor direito para o caso, independente se esse
direito é mais favorável ao empregado ou ao empregador.

Posto que, por mais que os direitos sociais sejam irrenunciáveis, as


necessidades econômicas por vezes justificam a postergação de alguns direitos
trabalhistas.

Não se pode admitir um desrespeito aos direitos fundamentais mínimos do


trabalhador, mas é permitido a flexibilização de alguns outros, que não o prejudicam,
para dar espação ao avanço das novas tendências. Por isto, admite-se que a
flexibilização tem ter limites, mas não pode ser amplamente ignorada.

Deste modo, no tocante a subordinação, a flexibilização se faz necessária


para adequar o direito à nova realidade, ate para garantir uma maior efetivação dos
direitos, sempre atrelada, no entanto, a constante necessidade do desenvolvimento
econômico.
39

6 CONCLUSÃO

A relação de emprego formalmente constituída por todos os requisitos legais


possui garantias fundamentais que resguardam a proteção do trabalhador. E, o
requisito de fundamental importância para essa diferenciação é, como já dito, a
subordinação.

Pôde-se perceber que a existência da subordinação é bastante importante


para a caracterização do empregado diante de uma prestação de serviço do mesmo,
sendo também fundamental a presença da onerosidade, habitualidade e demais.
Mas, a subordinação tida como a dependência do empregado ao empregador é o
grande diferencial.

Com o capitalismo, a modernização da prestação de serviço o conceito de


subordinação foi se alterando para não negar direitos ao hipossuficiente nesta
relação de emprego. Houve uma flexibilização no seu conceito e na sua
caracterização garantindo a ampliação desta proteção.

Importante ressaltar sobre as palavras de Souto Maior (2000, p. 54) a


importância desta relação e da existência de suas garantias, segundo ele:

O trabalho é da essência humana, no sentido de dever valorizar


pessoal e de integração social, e será ao mesmo tempo um dever e
um direito, na relação do individuo com a sociedade e o Estado. O
direito do trabalho, que regula o trabalho prestado por uma pessoa à
outra, deve ter por base, portanto, o respeito à essência do trabalho,
enquanto dever e direito. Nisso consiste a ética do direito do
trabalho, e sua existência só terá sentido na medida em que respeitar
isso.

Assim, após a análise do fundamento da subordinação e de ressaltar sua


importância, vê-se necessária a atualização deste conceito e uma constante
modificação nos critérios que a caracterizem no campo da realidade de uma relação
empregatícia, pois sempre haverá evolução dos campos sociais e de toda forma de
prestação de serviço, devendo ter reconhecida nelas, a subordinação, apesar de
diferente das clássicas formas de apresentação.
40

Com o presente estudo, demonstrou-se a latente necessidade de


atualização do direito do trabalho, uma vez que a conceituação de trabalho
subordinado e trabalho autônomo traz consequências à proteção a dignidade do
trabalhador, podendo até comprometer a eficácia do sistema.

Para tanto, deverá haver alterações no sentido redefinir e adaptar os


critérios adotados pelos artigos 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, que
não conseguem englobar todas as novas formas de contratação.

Depois, deverá haver uma maior definição sobre quem está sob a tutela
direta do direito do trabalho, tipificando cada forma de trabalho.

Finalizando com a previsão de um rol de garantias para cada tipo de


trabalhador. Assegurando e aplicando os direitos referentes aos trabalhadores
subordinados de maneira geral, considerando a sua condição de hipossuficiente.

Tudo isso, não irá por um fim nas zonas conflituosas, e nem irá conseguir
abarcar todos os tipos de trabalhadores, pois o sistema está sempre em constante
mudança, mas com certeza diminuirá bastante a lacuna formada pela modernização.

Sobre isso, ressalta-se a necessidade do dinamismo do direito, inclusive


sendo constante a necessidade de adaptação do direito do trabalho frente às
transformações ocorridas na subordinação, adequando-o a realidade atual.

Enfim, não se pode esquecer que onde há submissão de ordem jurídica a


alguém, há subordinação, esta, frisa-se, deve ser sempre relacionada à função do
empregado, à prestação do serviço de acordo com o funcionamento e a organização
da empresa por parte do empregador, independente de ter dimensão clássica,
objetiva ou eventual, pois a modernização de campo de atuação deve levar à
modernização das normas técnicas sobre o mesmo campo.
41

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Tatiana Guimarães Ferraz. As novas faces da subordinação no


contrato de trabalho. Disponível em:
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