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Sinaloa, México... desertos assustadores, noites


quentes e vampiros que estiveram lá por centenas de
anos observando as sombras, jogando seus jogos,
manipulando humanos e sobrevivendo a qualquer
custo.

Vincent Kuxim, poderoso e carismático, foi feito


vampiro por um líder ambicioso à procura de soldados
para pavimentar seu caminho para o governo de todo
o México. Mas mais de um século depois, o Senhor de
Vincent está olhando por cima do ombro quando
Vincent chega, pronto para reivindicar o título de
Senhor do México para si mesmo.

Lana Arnold é uma caçadora de recompensas,


inteligente, bonita e determinada a traçar seu próprio
futuro. Então, quando o mais poderoso senhor dos
vampiros de toda a América do Norte alista sua ajuda
no rastreamento de um sangue muito velho e evasivo,
Lana não vê nada além de oportunidade. Há apenas
uma captura. O cliente quer que ela leve Vincent - um
vampiro que ela nem conhece, nem confia - em sua
caçada. Então, novamente, talvez seja ela mesma, ela
não confia porque Vincent Kuxim é como o sexo
personificado caminhando com um jeans preto
apertado.

Juntos pela circunstância, Vincent e Lana logo se


encontram lutando contra um mal que eles não sabiam
que existia em uma luta que deixa Vincent mais
decidido a destruir o seu senhor, aproveitar o México
para si mesmo... e manter Lana ao seu lado para
sempre.

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CAPÍTULO UM
Hermosillo, Sonora, Mexico

VINCENT saiu para a varanda e se espreguiçou, sem se importar


com o fato de que estava completamente nu. Sua casa era no limite de
um condomínio particular, e sua varanda dava para o nada, um deserto
silencioso. Embora a sacada pudesse estar no meio de uma cidade
movimentada, ele ainda assim não teria se importado em mostrar um
pouco de pele. Ou até mesmo um monte.
Ele estava em Hermosillo, em um prédio privado, que era uma
das muitas propriedades de Enrique no México. Embora o Lorde Vampiro
não tivesse estado no local há anos e provavelmente, nem sequer se
lembrasse que possuía tal construção. O Senhor Mexicano ficava em sua
casa na Cidade do México, enquanto Vincent preferia qualquer residência
que o mantivesse o mais longe possível de Enrique. Hermosillo era um
bom lugar, assim como a propriedade sobre a água em Los Cabos,
principalmente porque ambos os lugares eram locais onde Enrique
raramente se aventurava.
Um pouco mais de 40 anos atrás, Enrique explorava seu território
em uma base regular, mas nos dias de hoje, se fosse necessária alguma
viagem, ele enviaria Vincent. A única exceção à regra ocorria se os demais
Lordes Vampiros da América do Norte estivessem envolvidos.
Historicamente significava que Enrique comparecia a reunião do
Conselho de Vampiros da América do Norte uma vez ao ano.
Ultimamente, o continente estava cheio com antigos Lordes
morrendo ou sendo assassinados, a torto e a direito. Nos últimos dois
anos, quatro dos territórios tiveram novos Lordes subindo ao poder, e
duas dessas ascensões necessitaram uma reunião especial do Conselho.
Os outros dois novos Lordes foram gentis o suficiente para agendar sua

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ascensão coincidindo com os encontros anuais do Conselho. A ascensão
de um novo Lorde não necessitava da aprovação do Conselho — poder
era a única coisa importante entre vampiros.
Se um vampiro conquistasse e conseguisse manter um território
era dele. Mas era costume de o Conselho dar as boas-vindas ao novo
colega... Que era uma maneira educada de mostrar que o Conselho
queria conhecer o novo cara e ver se conseguiriam trabalhar com ele.
Caso não conseguisse, seu governo seria bem curto. Porque por mais
poderoso que fosse um Lorde Vampiro, ele sozinho não era páreo contra
todo o Conselho. A não ser que esse vampiro fosse Raphael. Ninguém
sabia ao certo do que Raphael era capaz, e até agora, ninguém foi tolo o
bastante para tentar descobrir.
Vincent inspirou o ar seco. Estava fresco e claro esta noite.
Algumas noites, se o vento soprasse na direção errada, ele pegaria o fedor
de óleo e metal proveniente do surgimento das novas indústrias em
Hermosillo. Ele sabia que elas geravam um monte de emprego aos locais
e não poderia ter má vontade com elas, mas preferia muito mais quando
Enrique montou sua base por aqui há um século.
E apenas pensar sobre o assunto o fazia se sentir como um velho
rabugento remoendo seus bons dias de juventude. Era ruim o suficiente
que fosse um velho, mesmo que não parecesse. Mas ele não precisava
pensar como um velho também.
O celular tocou — era seu tenente, Michael, fazendo check in no
início da noite. Para falar a verdade, Vincent não deveria ter um tenente
desde que ele próprio era um tenente para o atual Lorde Enrique.
Especialmente quando criou Michael sem a autorização prévia de
Enrique. Seu Lorde e Mestre não estivera contente sobre o assunto, mas
Vincent particularmente não se importava. Se fosse aguardar a
permissão de Enrique jamais teria um vampiro de sua criação. O velho
segurava suas regalias como uma criança mimada com seus brinquedos
ou alguém ganancioso com seu dinheiro.
Quando confrontado com a existência de Michael, no entanto,
Enrique não teve coragem de ordenar a execução do vampiro, mesmo que

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estivesse no direito. Ele provavelmente estava relutante em desafiar
Vincent, suspeitando que fosse desobedecido. E ele estava certo. Vincent
teria o mandado se foder, e poderia ter se transformado em algo feio.
Vincent não era tenente de Enrique por amor ou respeito. Ele
escalou para o topo a moda antiga, matando quem estivesse em seu
caminho. Ele era o vampiro mais forte no estábulo do velho, e fora assim
por mais de cem anos. Ele cumpriu seu dever com Enrique, que era seu
Sire e Senhor. Ele era leal, e quando o momento pedisse era
convenientemente obediente. Basicamente ele ignorava tudo e ficava fora
do caminho para evitar confronto, enquanto Enrique finge governar em
pleno poder.
Vincent pegou o celular no caminho para se vestir.
— Yo, Michael. O que há?
— Boa noite, Sire, Michael respondeu obedientemente. Quando
necessário ambos podiam ser tão formais quanto o antigo protocolo
vampiro exigia. Mas ambos eram amigos, a única outra pessoa em quem
podiam confiar num mundo de cão engolindo cão ao qual Enrique
governava.
— Sí, sí, Vincent respondeu. — Alguma repercussão daquela
bagunça em Acuña? — Vincent não sabia os detalhes, mas um grupo de
vampiros europeus tentou um golpe em Raphael algumas semanas atrás.
O que ocorreu em Acuña, uma pequena cidade fronteira com os EUA,
colocando o pequeno tête-à-tête praticamente dentro do México.
Os relatórios diziam que Raphael limpou o chão com os vampiros.
O que não era surpresa para Vincent, o que foi surpresa foi o encontro
ocorrer no território de Enrique. Vincent não possuía provas da
participação de Enrique, mas contava com fortes suspeitas. De jeito
nenhum no inferno um grupo de vampiros fortes o suficiente para
desafiar Raphael cruzaria o território de Enrique sem o seu
conhecimento.
Vincent também sabia que era do conhecimento de Enrique o
envolvimento de Raphael em todas as mudanças territoriais na América
do Norte, e Enrique não gostou nada. Ele acreditava que Raphael queria

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dominar o continente e que o México seria o próximo domínio a cair.
Vincent não concordava com seu Sire nesta questão. Nem
Enrique podia negar que os vampiros europeus estavam de olho na
América do Norte, o que fez com que as alianças entre os membros do
Conselho fosse uma jogada inteligente. Mas Enrique não via motivo em
se arriscar defendendo o território de outro. Vincent concordava com
Raphael de que seriam mais fortes lutando juntos.
— Quer dizer algo diferente da pilha de poeira em alguma igreja
velha? Michael perguntou em resposta a indagação de Vincent sobre o
confronto em Acuña.
— Sim, sem ser isto, Vincent respondeu seco.
— Tive relatórios... Michael hesitou, o que fez a atenção de
Vincent maior.
— Michael?
— Preciso checar novamente os detalhes. Vou ter algumas
respostas para você quando chegar ao escritório.
Vincent franziu o cenho. Ele suspeitava que Michael tivesse toda
a informação necessária, mas não quisesse discutir ao telefone. Os
espiões de Enrique estavam sempre por perto, e o sinal de celular era
muito fácil de interceptar. Ele olhou o relógio de cabeceira. Era quase
oito. A primavera estava chegando o que significava que os dias seriam
um pouquinho mais longos. Não era a melhor época do ano para
vampiros.
— Certo. Te vejo no escritório então, ele disse a Michael.
— Sim, sobre isso. Você tem um compromisso esta noite.
Vincent tentou se lembrar, mas nada veio à tona. — Não, não
tenho.
— Sim, você tem, jefe. Algum caçador de recompensas. Ele vem
com uma indicação do próprio Raphael.
Vincent franziu o cenho. O que infernos Raphael estava
aprontando? Primeiro a batalha no território de Enrique e agora isso?
— Um caçador de recompensas com uma indicação do Raphael?
Por quê? Ele perguntou.

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— Não sei. O cara ligou da estrada hoje, falou com Lou no
escritório central. Lou marcou o compromisso e me deixou uma
mensagem.
— Que horas é o compromisso?
— Dez.
— Bem, foda-se. Assim se vai minha noite. Preciso me vestir. Te
vejo em trinta. — E desligou. Mas não pode deixar de se perguntar por
que Raphael estava enviando alguém para ele, pulando os canais oficiais
que passariam por Enrique. Especialmente porque não se lembrava em
ter trocado mais do que dez palavras com o Lorde Vampiro desde que o
conheceu.
Ele começou a escolher a roupa para a noite. Jeans — preto
porque tinha um compromisso a noite — e uma blusa de manga longa,
também preta. Sentado no banco do closet, calçou meias e sua bota de
cowboy favorita, todo de preto. Não que representasse o estereótipo de
como um vampiro se vestia — todo de preto — mas roupas não
importavam para ele. Vestir uma só cor era mais fácil. Além de que ele
usava jeans com a mesma frequência que usava preto. Variedade o
bastante para ele.
Olhou-se no espelho antes de sair, passando as mãos pelo cabelo
longo e dando mais atenção à barba e bigode, que eram suas verdadeiras
vaidades. Cortava o cabelo uma vez por mês, mas fazia a barba toda noite.
Ele sabia que era bonito, e Deus sabia que usava sua aparência para
atrair mulheres — porque se havia algo que ele amava neste mundo, era
uma mulher macia e disposta — mas com exceção da barba não se
importava muito com sua aparência. Tomava banho, fazia barba e se
mantinha em forma como maneira de sobreviver. E era isso.
Seu tempo e energia eram usados de maneiras mais importantes,
incluindo, aparentemente, fazer um favor a Raphael. Não sabia se ficava
preocupado ou exultante com aquele desenvolvimento.
O complexo em que Vincent e os demais vampiros de Hermosillo
viviam era um quadrado que ocupava duas quadras da cidade. O
escritório de Vincent estava num prédio oposto à propriedade onde

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morava. Estava fora do perímetro central, e era a única estrutura fora a
boate adjacente que possuía entrada ao público. Como nada de valor
ficava no recinto, exceto alguns equipamentos de escritório, a segurança
era feita por câmeras de vigilância do estacionamento e da recepção.
Contudo, permanecia fechado até o pôr do sol, assim como o restante do
complexo. Se um humano quisesse fazer uma visita viria após o pôr do
sol, ou não viria.
Lou — cujo nome era Louisa — era a secretária humana de
Vincent. Ela chegava ao meio dia e trabalhava no prédio principal até
Vincent levantar-se pela noite. Então ia para recepção fora do escritório.
Como sempre, fervilhava de atividades pela área, enquanto
Vincent percorria o jardim para seu escritório. Hermosillo possuía uma
população substancial de vampiros atraídos pelos mais de 700.000
humanos que moravam na cidade. E como vampiros tendem a viver em
grupos, muitos viviam no complexo. Vincent escutava as vozes ao cruzar
o composto, mas não via ninguém. Essa parte do complexo contava um
forte paisagismo, contrastando com as paredes desertas por dentro.
Continha palmeiras e outras plantas tropicais, que exalavam o cheiro das
flores. Era necessário um exército de jardineiros para manter o
paisagismo, e muita água que era retirada de um poço somente para este
intuito. Não era nada ecológico, mas Vincent gostava muito dos
resultados para protestar. Acenou aos dois vampiros de guarda ao passar
para a parte pública do edifício. Nenhuma palmeira dentro do concreto.
O ambiente era limpo e elegante, porém estéril, no máximo um cacto
como ornamento. Com vinte passos Vincent chegou ao escritório. Era
uma estrutura plana, que não indicava que seu ocupante era um dos
vampiros mais poderosos do território. Ele subiu os três degraus para a
porta de ferro, e inseriu o código correto para abrir e entrar na sala onde
sentiu a temperatura cair vários graus. Mesmo no verão, as grossas
paredes bloqueavam o calor do deserto. A bota de Vincent fez barulho no
chão e ele ouviu vozes de dentro do escritório. Mas nenhuma pertencente
ao seu visitante. Ainda não.
Ele entrou em seu escritório privado, passando sua mesa em

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direção a um pequeno lobby onde Michael e Lou aguardavam por ele.
— Boa noite, Louisa, — ele murmurou, sorrindo quando seu
cumprimento causou um rubor na outra mulher, mesmo que ela já
trabalhasse para ele há mais de dez anos, e fosse velha o suficiente para
ser sua mãe, se alguém se baseasse só nas aparências.
— Boa noite, Vincent, — ela respondeu. Levou anos para fazê-la
chamá-lo pelo primeiro nome. — Você tem um compromisso, — ela o
informou.
— Assim eu soube. Às dez?
— Sim, senhor. Seus outros recados estão sobre a mesa.
— Certo. Michael junte-se a mim. Louisa, mi amor, segure minhas
ligações, sim?
Ela corou com o termo carinhoso, mas assentiu rapidamente e
disse — Sim senhor.
Vincent sorriu, então gesticulou para Michael segui-lo. Entrou no
escritório e sentou-se à mesa, uma monstruosidade de nogueira,
esperando a porta se fechar para olhar interrogativamente para seu
tenente.
Michael não perdeu tempo. — Tenho um monte de relatórios,
humanos e vampiros, que há uma semana, um grupo de vampiros foi
visto dirigindo como os infernos pelo Norte, parando apenas para dormir
e drenar algumas vítimas não voluntárias, a caminho da Cidade do
México.
Vincent transformou Michael em vampiro por diversas razões,
mas ele se provou uma decisão inspirada. Como vampiro seu poder só
perdia para o de Vincent, e como tenente ele provou-se um gênio em
cultivar fontes e reunir informações. Ele abraçou a era tecnológica,
sabendo tudo que precisava para saber sobre computadores e network, e
francamente, como espiar locais que não deveria.
— Dirigindo, — Vincent repetiu, pensando nos últimos
acontecimentos. — Alguma identidade conhecida?
— Duas fêmeas, é tudo que sabemos até o momento. No entanto,
tenho uma fonte que diz que um dos vampiros envolvidos era a irmã de

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Raphael.
Vincent arregalou os olhos em surpresa. — A irmã que ninguém
vê em meses? Qual seu nome... Alexandra? Todos pensaram que estava
morta.
— Pensei o mesmo. Mas e se ela não estiver? E se ela estava
Acuña, as chances são de que ela seja uma das fêmeas que percorreu o
caminho direto para a Cidade do México e para Enrique.
Vincent xingou baixinho. — O que o bastardo está aprontando?
— Ele murmurou.
Michael assentiu. — Estou tentando confirmar a identidade da
irmã, ou pelo menos, achar alguém que saiba se ela está viva ou morta.
Mas você conhece o pessoal do Raphael. Eles são leais até os ossos, e
maldito se sua segurança não é praticamente impossível de se infiltrar.
Não consigo chegar a ninguém que confirme o status da irmã. O cara que
alega que ela esteve em Acuña é um policial cuja esposa ouviu uma
conversa fora do hotel onde os vampiros europeus se hospedaram. Ela
também alega que a vampira que se chamava Alexandra estava com os
vampiros europeus.
— Alexandra veio com os europeus? Como isso é possível?
— Não sei, mas ela não cruzou o México com Raphael. E também
não retornou aos EUA com ele. Tenho o vídeo da fronteira em ambas
direções. Apenas cinco pessoas viajaram com Raphael, e a única mulher
era sua companheira.
Vincent pensou no significado daquilo e não chegou a nenhuma
conclusão. — As duas fêmeas que foram em direção a Cidade do México
ainda estão por lá?
Michael balançou a cabeça. — Duvido. Um avião privado saiu do
aeroporto Benito Juarez em direção a Paris. Uma passageira, uma fêmea
que chegou de limusine direto do quartel general de Enrique. Minha
suposição é que nossa passageira era uma das viajantes.
— E quanto a outra?
— Não se sabe.
— Droga. Não quero ir para a Cidade do México.

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— Você já viu a irmã? Alguém sabe como ela se parece?
— Vi ela através do salão em uma festa do conselho certa vez em
Malibu.
— A irmã é uma versão feminina de Raphael?
— Isso a faria uma grande mulher, Mikey. — Vincent bufou. —
Não, Alexandra é uma coisinha pequena, especialmente para os padrões
de hoje. Não mais que 1,52 de altura sem sapatos. Ela tem cabelos pretos
como ele, é tudo que me lembro. Não acho que a reconheceria se a visse
na rua, mas poderia reconhecê-la se visse uma foto. Acredito que você
tenha uma foto da fêmea vampira que entrou naquele voo? —
Michael mexeu no celular e mostrou a Vincent. — A imagem está ruim
por causa da distância.
Vincent pegou o celular e olhou atentamente para a imagem.
Obviamente o zoom da câmera foi usado ao máximo, mas... — Não é a
irmã, — disse. — A cor do cabelo pode ser mudada, mas algo sobre o
corpo não se encaixa. Essa mulher é muito grande. E a aparência está
errada. Não é Alexandra.
— Então a irmã de Raphael está morta ou na Cidade do México.
Que porra é essa, jefe?
— Bem que eu queria saber. — Vincent prendeu a ponta do nariz
com os dedos, se perguntando se deveria ligar para Enrique e ver o que
estava acontecendo. Por um lado, se houvesse um esquema envolvendo
a irmã de Raphael, Enrique deveria saber. Por outro, se Enrique fosse
parte do esquema... Bem, foda-se. Não havia nada no manual de tenente
que dizia que Vincent deveria seguir seu Lorde para o suicídio.
— Tem alguém ao Sul que podemos contactar para informações?
— Ele perguntou a Michael. — Se Raphael esteve no Texas, Anthony ou
alguém do seu séquito deve saber.
As relações de trabalho de Vincent com os Vampiros do Sul eram
melhores e mais extensas do que com os vampiros no território de
Raphael no longínquo oeste. Isto porque o Sudeste dividia um enorme
território de fronteira com o México, com um tráfego intenso, tanto legal
como ilegal. Vampiros não se envolviam em questões humanas, o que não

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significava que estavam imunes à violência e a corrupção que por vezes
ocorria. A fronteira EUA/México estava instável ultimamente; tanto que
Vincent e sua contraparte ao Sul frequentemente se reuniam.
— Vou contactá-los, — Michael disse. — Nesse meio tempo — Ele
se calou quando se ouviu um grito do outro lado do edifício, na direção
da boate que também era uma casa de alimentação. Quase que
concomitantemente ao grito os três telefones começaram a tocar — o
celular de Vincent, de Michael, e o telefone do escritório. Vincent ainda
estava segurando o celular de Michael, então ele atendeu.
— Nós temos problemas, Mike, — uma voz masculina disse. —
Nós precisamos de Vincent
— É ele, — Vincent respondeu enquanto ele e Michael saíam
apressados do escritório. — Estarei aí em dois minutos.
A boate estava no fim da quadra do escritório, e foi construída
para ser o oposto da discrição. Música explodia dentro, tão alta que nem
o melhor sistema de acústica podia contê-la. O pesado som do baixo
parecia a batida do coração de algum demônio que estava dentro do
prédio. Quatro noites por semana — quinta a domingo — uma longa fila
de humanos se formava ansiosa e disposta a doar sangue e ter parceiros
sexuais. Ambos entraram juntos. Era a maneira de a evolução garantir
que os vampiros tivessem o necessário à sua sobrevivência. Eles eram os
perfeitos predadores.

A FILA COMEÇAVA na entrada com o segurança, percorria os 6


metros de corda de veludo e virava a esquina em direção ao
estacionamento. Se os vampiros quisessem teriam a mesma fila todas as
noites da semana, mas aqueles que viviam no complexo precisavam de
um tempo sem humanos ao redor. Ou, pelo menos, Vincent precisava.
Ele gostava o suficiente de humanos. Eles o sustentavam em mais de
uma maneira. Mas eram barulhentos e sempre queriam alguma coisa
dele, o que era estranho se considerar que ele era o único a se alimentar

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deles.
Ele deixou claro quando assumiu o complexo de Hermosillo que o
clube ficaria fechado três noites, e ninguém se opôs. Pelo menos não que
tenha escutado.
Quando Michael se apressou para entrada, notou que estava
lotado como sempre. O que não era costumeiro foram os gritos que se
ouviam e os humanos se espremendo pela única porta para tentar sair
do clube. Também tinham os grunhidos e rugidos de alguns vampiros
furiosos vindos de dentro.
Foda. Isso era péssimo em tantos níveis. Boa coisa que ele estava
usando jeans preto esta noite, Vincent pensou. Eles não deixavam
transparecer o sangue respingado.
— Meu Lorde! — o segurança gritou quando pegou um vislumbre
de Vincent. Ele estava lutando para manter alguma ordem entre os
humanos que tentavam escapar, e no processo, quase pisoteavam uns
aos outros durante a fuga. — O que eu faço?
— Fique na porta, — Vincent rugiu. — E se livre deles, —
acrescentou, apontando para enorme fila de humanos que aguardavam
a entrada. Eles estavam esticando os pescoços para os humanos gritando
freneticamente e saindo às pressas do clube, mas nenhum deles parecia
pronto para abrir mão do seu lugar na fila. Pelo contrário, eles pareciam
ainda mais ansiosos para entrarem.
— O clube está fechado esta noite, — Vincent ordenou, então
girou em direção a porta, onde os humanos mais próximos ouviram e
gemeram um protesto barulhento. Quase como um, eles se afastaram do
seu olhar frio, os olhos arregalados, seus pequenos corações mortais
pulsando com medo. Exceto por uma pequena e bonita loira cujos olhos
arregalados estavam cheios de uma emoção totalmente diferente. Vincent
queria rolar seus próprios olhos em desgosto. Humanos. Alguns deles
não possuíam senso de sobrevivência em tudo. Incrível a espécie
florescer, para chegar aos dias de hoje.
Mas ele não tinha tempo para uma lição de sobrevivência, ou
mesmo uma loira com tesão. Ele abriu a segunda das portas duplas,

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quebrando o parafuso e mantendo-a fechada. Os poucos humanos
imediatamente foram para nova rota de fuga, mas após um grunhido de
mostrar presas, os humanos se esquivavam, decidindo que ele era
claramente uma ameaça maior do que a que eles estavam fugindo.
Vincent entrou no clube e parou. O baixo da música era tão profundo,
que fez suas presas doerem. Sua visão de vampiro podia ver bem o
suficiente, apesar da iluminação intencionalmente fraca. Sombras foram
criadas para dar a ilusão de privacidade. O sexo era quase sempre o
resultado quando um vampiro tomava sangue da veia, e na pressa sexual
desencadeada pela mordida do vampiro, ninguém se preocupou em
demasia sobre quem eram ou quem poderia estar assistindo. Sexo
desenfreado, seja nos cantos ou fora da pista de dança, era praticamente
regra.
Mas isso não é o que estava acontecendo lá fora agora. Cinco
grandes vampiros dominavam o centro da pista de dança, suas presas
nuas e brilhando, seus ombros curvados e os dedos se enroscaram em
uma exibição flagrante de agressão de todos os lados. Três fêmeas
humanas estavam amontoadas contra o bar, presas pelos vampiros
irritados na frente delas. Uma das mulheres estava sangrando
profusamente a partir de uma mordida no pescoço que alguém não se
preocupou em vedar corretamente. Ou, mais provável, dado o estado de
espírito dos cinco vampiros, o mordedor foi interrompido antes que
pudesse terminar.
Havia outros vampiros ainda no clube, também. Eles estavam
reunidos nas sombras ao redor da pista de dança, alguns se aglomerando
para proteção dos seres humanos, outros posicionados para bloquear a
porta, inteligente o suficiente para saber que eles não podiam deixar os
combatentes levar a briga para fora. Uma coisa era uma multidão de
seres humanos em pânico pelas ruas; outra completamente diferente era
uma luta sangrenta de vampiros fazer isso.
Vincent lançou um olhar e tomou uma fração de segundo para
considerar suas opções. Ele era poderoso o suficiente para encerrar todos
os cinco combatentes sem levantar um dedo. Ele podia ser sutil e

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simplesmente deixá-los cair inconscientes. Ou ele poderia ser vistoso,
uma explosão de energia iria reduzi-los a uma pilha de carne se
contorcendo no chão. Por outro lado, passou um longo tempo desde que
teve autorização para utilizar seu lado menos civilizado.
— Essa é minha, Mikey, — ele murmurou, sentindo um sorriso
de antecipação dividir seu rosto. Ele adorava uma boa briga.
— Ah foda, jefe. Você vai ficar com toda a diversão.
Vincent pulou para a briga, seus dedos afundando no ombro do
primeiro vampiro que encontrou. O vampiro estava muito preso em sua
própria raiva para perceber que fora agarrado, e girou com um rosnado
enfurecido. Mas Vincent estava esperando por ele. Com um gancho no
queixo, o vampiro voou pelo ar antes de cair como um boneco quebrado
contra a parede oposta. Ao mesmo tempo, os aliados do cara perceberam
que havia um novo jogador em campo e rugiram em descontentamento.
Uivando um grito de batalha alegre de sua autoria, Vincent entrou na
briga, com os punhos batendo, sangue voando. Ele agarrou um vampiro
pelo pescoço, os dedos cavando tão profundamente que o sangue
derramado para fora da boca do vampiro escorreu para baixo de seu
pescoço diante de seus olhos, que estavam abruptamente focados em
Vincent, em reconhecimento.
— Misericórdia, meu senhor, — ele engasgou, e Vincent jogou-o
de lado. Ele não se interessava em matar alguém hoje à noite.
Um intenso golpe bateu em suas costas, com força suficiente para
que cambaleasse meio passo. Com um uivo furioso, ele mudou seu peso
de um pé ao outro e girou, chutando para fora com o pé oposto,
reconhecendo seu agressor como o primeiro vampiro que agarrou, ao
mesmo tempo em que ele o mandou voando pelo chão até bater no bar.
O cheiro de licor derramado espalhou-se em uma nuvem
esmagadora quando as três mulheres que estavam paralisadas nas
proximidades gritaram e correram para a porta, apoiando uma a outra
sobre uma chuva de estilhaços de vidro. O próprio vampiro estava tão
furioso com a batalha pela luxúria, que ficou de pé quase imediatamente
e retornou para a briga quando Vincent foi agarrado por trás por um

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terceiro vampiro. Um poderoso braço rodeou sua garganta, esmagando
seu esôfago e puxando sua cabeça para trás duramente, enquanto o
ombro do vampiro foi de encontro ao seu estômago, quase partindo sua
coluna em dois.
— Filho da puta, — Vincent xingou. Era uma coisa desfrutar de
uma boa briga, outra era ser esmagado entre um par de gigantes sem
cérebro. Ele alcançou o seu poder e lançou-o no Berserker intrometido,
fazendo-o deslizar pelo chão para então esmagá-lo no bar mais uma vez.
Mas desta vez, o cara ficou lá, caído em uma poça de bebidas alcoólicas
e vidro, com o queixo no peito, mãos largadas de lado.
Alcançando por atrás dele com as duas mãos, Vincent pegou o
filho da puta que estava tentando moer seu pescoço em pó. O vampiro
gritou de dor quando os dedos de Vincent apertaram os músculos e ossos.
Ele dobrou os joelhos e sacudiu o vampiro para cima de sua cabeça,
deixando-o cair no chão onde pisou no peito do idiota tirando seu fôlego,
em seguida, o chutou para pista de dança junto com seu amigo em meio
aos destroços do bar.
— Você está pagando por essa porra de bar, — ele rugiu para os
dois, em seguida, virou-se sobre os dois combatentes restantes com um
uivo selvagem. Eles depararam com o brilho de cobre em seus olhos e o
sangue de seus companheiros escorrendo de seus dedos.
Reconhecimento caiu sobre os vampiros, como um balde de água gelada
sobre a raiva da batalha, e eles caíram de joelhos. — Meu senhor, — um
deles murmurou. — Nós não sabíamos que era você. — Vincent olhou a
multidão de vampiros ainda remanescentes nas sombras. — Tenham os
seres humanos fora daqui, — ele ordenou. Eles saltaram para obedecer
enquanto Michael cruzou o salão para afastar as três mulheres perto do
bar, que aparentemente estavam no centro da disputa. Dentro de
instantes, as portas estavam fechadas, com apenas vampiros restantes
no clube quase silencioso. Até mesmo a música foi desligada.
Vincent sentiu um gotejamento pelo queixo e percebeu que em
algum lugar ao longo do caminho, ele conseguiu um lábio cortado. —
Filho da puta, — ele xingou e agarrou a parte inferior de sua camiseta,

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puxando-a para limpar o sangue enquanto se virou para olhar para os
vampiros briguentos, os quais estavam agora em seus joelhos e mais ou
menos conscientes.
— Eu tenho que dizer-lhes o quão estúpida foi esta merda? —
Vincent exigiu. — Toda essa buceta apenas esperando na fila por vocês,
e vocês idiotas brigando por um pedaço de bunda?
— Ela é minha, — um deles murmurou. — Ele não tinha o direito.
Vincent olhou para o vampiro que falou. — Você está acoplado?
— Ele perguntou em voz baixa.
A boca do vampiro se apertou brevemente. — Não, meu senhor.
— Então, quando você diz minha, você quer dizer... O que
exatamente?
— Eu estava dançando com
— Silêncio, — Vincent retrucou. Se o vampiro dissesse outra
palavra, ele mataria o filho da puta e salvar a evolução da necessidade de
fazer isso por ele.
— Vocês cinco pagarão por todos os danos. Eu baniria vocês
completamente, mas provavelmente acabariam drenando as pessoas nas
esquinas e me causariam uma dor de cabeça ainda maior do que a porra
da que eu tenho no momento. Então, eu vou te dar esse aviso. Mais um
incidente como este — qualquer um — e vai ser o seu último. Vou matá-
los eu mesmo.
Ele olhou ao redor da sala, chamando a atenção de todos os cinco
vampiros ajoelhados, incluindo os dois ainda gemendo em meio aos
destroços do bar. — Vocês entenderam?
— Sim, meu senhor, — eles murmuraram mais ou menos em
uníssono.
O celular de Vincent tocou. Ele ignorou tempo suficiente para
oferecer aos vampiros um último olhar de repreensão, em seguida,
puxou-o para fora e olhou para a tela. Era um texto de Louisa, dizendo-
lhe que o caçador de recompensas de Raphael chegara. Ótimo. Caralho.
Ele procurou pelo clube até que encontrou o gerente no meio da
multidão. — Cuide disso. Eu quero abrir na quinta-feira conforme a

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programação. Se você precisar de músculo, esses idiotas vão ajudar.
Pelo menos os filhos da puta decidiram bagunçar seu clube em
um domingo. Eles não seriam capazes de reparar todos os danos antes
de quinta-feira, mas poderiam, pelo menos, fazer algo funcional e
substituir o vidro quebrado e a bebida derramada.
O gerente foi inteligente o suficiente para não trazer qualquer um
desses detalhes, no entanto, parecendo entender que Vincent não estava
no clima para discussões práticas. Sua única resposta foi um — Sim,
meu Senhor, — e um aceno de cabeça.
Vincent assentiu, por sua vez, em seguida, apontando para
Michael segui-lo, ele caminhou de volta para a noite. Ele ainda conseguiu
esconder seu sorriso até que os dois estavam bem longe da cena.

LANA estacionou sua Yukon no estacionamento de um edifício de


escritórios no puro estilo Texmex. O edifício era relativamente novo, não
mais do que cinco anos de idade por seu palpite, com os acentos estilo
Pueblo adicionados estritamente para efeito. Ela não possuía muita
experiência com vampiros, apenas o pouco que ganhou através de sua
associação empresarial com Cynthia Leighton, mas percebeu que eles
falavam muito sério sobre um par de coisas. Uma delas era a sua
segurança pessoal. Eles dispunham de um alto nível de sistemas de
segurança, e enquanto suas casas ou escritórios fossem projetados para
se misturar com os seus arredores, eles eram, geralmente, muito mais
resistente do que o normal. A outra coisa que notou foi à preferência em
permanecer afastados dos seres humanos. Eles faziam negócios e bebiam
seu sangue, com certeza, mas sempre viviam separados, mesmo que
fosse apenas uma casa com um quintal maior do que a média uma
quadra abaixo. Não viviam em prédios e não contavam amigos humanos.
Alguns deles possuíam maridos e esposas — companheiros, assim os
chamavam — mas o companheiro humano passava a viver com o
vampiro, não vice-versa. O que se adequava a Lana muito bem. Mais

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poder para eles e que eles possam viver muito e prosperar. Mas ela estava
feliz em permanecer separada.
Ela abriu a porta de sua Yukon e saiu, sua atenção imediatamente
atraída para a direita, onde podia ver as luzes e a multidão em torno de
uma casa noturna movimentada. Só que naquela noite em particular, a
multidão parecia ter saído do controle. As pessoas estavam empurrando
seu caminho para fora, em vez de entrar, e ela podia ouvir os sons suaves
de uma altercação vindos de dentro do clube.
O que estava acontecendo lá dentro não era seu negócio, porém,
assim que ela deu de ombros, se inclinou para o SUV, e pegou a mochila
que usava ao invés de uma bolsa. Deslizando-a sobre um dos ombros,
ela fechou a porta e trancou-a antes de caminhar ao redor e subir os três
degraus para uma porta do escritório modesto. Não havia sinais gravados
a ouro, sem enfeites extravagantes, apenas uma grade de ferro forjado
ordinário e três escadas de concreto que levam a um nível superior um
pouco mais profundo, onde uma placa de plástico com um pequeno sinal
gravado convidou os visitantes a se anunciarem. Ela olhou ao redor e
encontrou um interfone básico. Ela apertou o botão e ouviu um leve sinal
sonoro a partir do interior.
— Sim? — A voz agradável de uma mulher perguntou.
— Arnold Recoveries para Vincent Kuxim. — Ela tentou
pronunciar o último nome corretamente. Ela estava intrigada com o nome
incomum e olhou para cima, descobrindo que era de origem maia, com o
x pronunciado como — sh, — como Kushim. Lembrou-se de uma aula de
história da faculdade em que a civilização maia desaparecera a mais de
mil anos atrás, então pensou que deveria ser um nome de família
transmitido através das gerações. Embora, supôs tudo era possível com
um vampiro.
Uma nova campainha soou, mais alto e mais dura desta vez, a
porta se abriu um par de polegadas. Lana entendeu como um convite
para entrar, então empurrou a porta aberta o resto do caminho e entrou
no escritório.
As noites eram frias nesta época do ano, mas estava ainda mais

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frio dentro do escritório. Ela ficou feliz de estar vestindo uma camiseta de
manga comprida e jaqueta de combate preto.
Uma atraente mulher de meia-idade cuja aparência combinava
com a voz agradável pelo interfone estava sentada em uma mesa. Seus
olhos se arregalaram quando Lana entrou e ela inclinou um pouco a
cabeça, como se estivesse tentando ver se alguém estava atrás dela.
— É só você, então? — Perguntou a mulher.
Lana olhou com uma expressão intrigada, fingindo não entender.
Quando ela ligou para marcar o encontro, não corrigiu o pressuposto da
secretária que o Arnold que estaria aparecendo seria seu pai. As pessoas
que ela encontrava em sua linha de negócios não eram sempre os que
respeitavam e cumpriam a lei, e ela preferiu não anunciar o fato de que
uma mulher estava prestes a mostrar-se sozinha.
— Só eu, — ela confirmou. — Eu tenho uma reunião às dez
horas?
— Sim, você tem, — a mulher concordou um sorriso brincando
em seus lábios. — Qual é o seu nome, querida?
— Lana Arnold, Arnold Recoveries.
O sorriso da mulher cresceu. — Bem, Sra. Arnold, o Senhor
Vincent foi chamado por um momento, mas ele estará de volta dentro de
pouco tempo. Eu já mandei uma mensagem para que ele saiba que você
está aqui. Posso arranjar-lhe alguma coisa enquanto espera? Algo gelado
para beber? Ou talvez um café?
— Não, obrigado. — A última coisa que Lana queria depois de
dirigir 400 kms movida a cafeína e quase sem parar, para chegar aqui a
tempo era mais café. E ainda neste assunto, ela também não estava com
vontade de se sentar. Mas seria rude andar de um lado para o outro na
frente da mesa da mulher, por isso se dirigiu até a cadeira mais distante,
sentou-se e pegou o telefone. Ela e todos os caras no escritório de seu pai
trabalharam muitas vezes no México, tanto que cada um deles
dispunham de um telefone celular em separado para quando estavam no
país. Quanto mais longe dos EUA, mais necessário se tornava. Era hábito
de Lana trocar o celular assim que cruzasse a fronteira, e por isso foi

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possível que ela se sentasse na sala de espera do Kuxim para realizar
alguns negócios.
Ela estava checando seu e-mail, apagando a maior parte das
mensagens, quando a porta exterior se abriu e algo como uma corrente
elétrica correu pela sala, fazendo com que os pequenos pêlos na parte de
trás de seu pescoço se levantar. Ela olhou para cima para ver um homem
em pé de aspecto perigoso lá. Perigoso, não só por causa de seu tamanho
— o que era considerável, um pouco mais de 1,82 de altura, muito dos
quais músculos — mas por causa do sangue manchando os dedos e
ainda escorrendo de um lábio cortado pelo queixo em uma barba bem
aparada. Ele parecia estar em seus vinte e tantos anos e tinha um bigode
para combinar com a barba, cabelos pretos ondulados, e olhos castanhos
com manchas bonitas da cor que ela supostamente chamaria de avelã,
mas eles pareciam mais cobre para ela. E agora, aqueles lindos olhos
estavam dando a recepcionista um olhar irritado que ele quase
imediatamente transferiu para Lana.
— ¿Dónde está tu jefe, cariño? — Perguntou a ela em espanhol, o
que era traduzido como onde está seu chefe, querida?
Lana embolsou seu telefone, em seguida, levantou-se e deu-lhe
um olhar seco. — Eu não tenho um chefe, querida, — disse ela em Inglês
deliberadamente. — O que eu tenho é um compromisso com Vincent
Kuxim. É você?
Ele olhou para ela sem expressão por um longo momento, e então
seus olhos se iluminaram e seus lábios se curvaram em um sorriso sexy-
como-o-inferno. — Me chame de Vincent. Mas tenho que dizer, você não
parece um caçador de recompensas.
— Você tem muita experiência com caçadores de recompensas?
— Ela perguntou, sabendo que deveria ser mais educada pois precisava
da ajuda desse tipo. Mas não conseguiu se conter.
Seu sorriso se alargou. — Mais do que eu gostaria. Venha para o
escritório. — Ele se moveu para fora da porta, e ela viu que havia outro
homem atrás dele, também um vampiro, ela assumiu. Ele era tão grande
quanto Vincent, mas o oposto polar na aparência, loiro de olhos verdes,

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o cabelo cortado brutalmente curto, o rosto bem barbeado, bonito, um
homem todo americano. Ele acenou-lhe brevemente uma vez mais, os
gestos para ela ir à frente dele. Ela teria preferido ter ambos à frente dela,
mas não estava disposta a admitir isso, então, balançou a cabeça e
seguiu Vincent para o escritório.
— Meu tenente, Michael, — disse Vincent, indicando o outro
vampiro. — Sente-se. — Ele apontou para duas cadeiras pesados em
frente a uma enorme mesa de madeira que era, obviamente, uma
antiguidade. Seu projeto estava em sintonia com o tema do sudoeste do
edifício, mas não era uma nova peça. Era pesada e antiga, a madeira
manchada com a idade, e era lindo.
— Perdoe a minha aparência, — disse Vincent, limpando o queixo
com a bainha de sua camiseta preta e descobrindo uma extensão suave
da pele dourada e lindos músculo no processo.
Lana manteve o rosto inexpressivo, mas ela não descartou nem
por um minuto que o show do tanquinho não fosse intencional. Ela lidava
com machos latinos o tempo todo. Ela conhecia o tipo. Ele era
extraordinariamente bonito e sabia disso. Ele queria que as pessoas
pensassem que o cabelo comprido era acidental, o resultado de pular um
corte de cabelo ou dois. Mas ele provavelmente passou uma hora na
frente do espelho para deixá-lo do jeito atual, para não mencionar o
tempo que passou na barba e bigode. Ele chegou a abrir uma gaveta e
ela pegou um brilho de ouro através dos fios de seda, preto de seu cabelo.
Ele usava um brinco na orelha esquerda, um anel de ouro simples, porém
mais grosso, como uma algema desgastada.
Michael reapareceu de algum lugar a direita, provavelmente um
banheiro, porque ele entregou a Vincent uma toalha molhada. Vincent
usou para limpar o sangue de suas mãos, em seguida, passou sobre o
rosto e a jogou para trás. Alguns momentos depois, ele arrancou sua
camiseta ensanguentada e jogou-a no lixo. Apesar de suas melhores
intenções, a garganta de Lana ficou seca. Seu corpo era perfeitamente
esculpido com músculos, ombros largos e definidos, com braços fortes, o
peito era profundo, e seu abdômen rígido acima do jeans de cintura baixa.

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Como se isso não bastasse, uma tatuagem intrincada cobria seu bíceps
esquerdo, algo colorido e pré-hispânico, ela pensou. Maia talvez,
considerando-se o nome. Ela não podia dizer com certeza e não queria
olhar tempo suficiente para descobrir. O cara parecia que não precisava
da massagem de ego. Felizmente, ele pegou uma camisa limpa e vestiu,
cobrindo-se antes que ela fizesse algo do que se arrependeria. Como
babar.
Ugh. Se ela achou que conhecia o tipo? Ela conhecia, e os evitava
como a praga. Eles eram muito apaixonados por si mesmos para se
envolver com alguém mais.
Ela acenou com a mão em seu desalinho óbvio. — Eu posso voltar
se
— Não, não, — Vincent interrompeu, recostando-se na cadeira
com sua camiseta limpa. — Houve uma alteração menor no clube. E nós
curamos rápido. — Ele sorriu para ela, convidando-a a partilhar da piada.
Ela simplesmente olhou para ele.
— Bem, — ele continuou soando como se quisesse bufar para ela
por ignorar seu humor estelar. — Como posso ajudá-la, Sra. Arnold?
— Chame-me de Lana, — ela disse, imaginando se devia chamá-
lo de Vincent, em seguida, e retornar a cortesia. — Meu cliente quer uma
mensagem entregue. Foi-me dito que você poderia ajudar a localizar o
destinatário da mensagem.
— Quem é seu cliente?
Ela não respondeu à pergunta diretamente, disse apenas — Como
eu mencionei a sua recepcionista quando liguei mais cedo, foi Raphael
quem sugeriu que eu o contatasse.
— Raphael, — Vincent repetiu, olhando para ela como se ele
pudesse ler a verdade de suas palavras escritas no interior de seu crânio
se olhasse forte o suficiente.
— Eu tenho uma carta para você, — ela disse suavemente,
pegando sua mochila e tirando a carteira de couro que segurava suas
notas sobre o caso. — Gostaria de vê-la?
Vincent piscou. Ele claramente não esperava isso.

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— Eu gostaria, obrigado, — disse ele, estendendo a mão. Ela
notou que os nós dos dedos estavam rasgados e ainda escorriam sangue.
Obviamente, a luta foi bastante brutal. O que provavelmente explicaria a
multidão em fuga e o barulho que ouviu vindo de dentro do clube quando
ela chegou.
Vincent tomou a carta dela, claramente não se incomodando pelo
estado de suas mãos. Ele examinou a nota de Raphael com o mesmo
olhar de laser que usou para a estudar momentos antes. Então ele virou
para Michael, que estava em pé atrás de seu ombro esquerdo.
— Ok, vamos dizer então que eu estou inclinado a fazer um favor
a Raphael, — disse Vincent. — Quem é a pessoa desaparecida?
— Xuan Ignacio, — disse ela, observando sua reação.
Ele franziu a testa. — Xuan Ignacio? Ele é um conto popular. O
vampiro mais antigo no México, e blá, blá, blá. Eu não acho nem mesmo
que ele seja real.
— Raphael pensa que ele é.
— Então, Rafael é seu cliente?
— Raphael sabe que estou procurando Xuan Ignácio, — ela
desviou, ainda não disposta a revelar mais do que o necessário. — E,
como pode ver, ele sugeriu que você poderia ajudar.
Vincent obviamente notou sua linguagem cuidadosa e fez uma
careta para ela. Ela imaginou que ele não estava acostumado a ser
bloqueado assim. Ela sabia a partir de suas conversas com Leighton que
a estrutura social e/ou político dos vampiros era bastante rígida, com o
poder concentrado no topo. Um vampiro como Vincent, que dirigia uma
cidade do tamanho de Hermosillo, teria muito poder, pelo menos em seu
próprio domínio.
— Tudo bem, — ele admitiu. — Então, onde é que vamos começar
a procurar?
Foi a vez de Lana formar uma carranca. — Eu pensei que você
soubesse, — disse ela, mordendo de volta sua impaciência.
— Ei, você veio até mim. Não tenho a pretensão de nenhuma
informação privilegiada.

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Lana apertou os lábios em desgosto. Esta era uma missão de
tolos. Vincent pode ser o homem mais bonito que já vira, mas ele
claramente não era o mais correto. Ou talvez ele simplesmente não queria
ajudá-la e estava jogando de mudo, ser um pé no saco para sair da
obrigação, sem ofender Raphael. E isso era um grande inconveniente
para ela. Ela preferia não ter ajuda do que arrastar um vampiro
desmedido ao redor com ela como um adolescente relutante, mas
Raphael queria esse cara no trabalho. Droga. Ela considerou suas
opções. Vincent Kuxim podia ser um vampiro, mas ele também era um
cara. Um indivíduo macho alfa. E Lana contava com vasta experiência
com eles. Ela não cresceu no escritório de seu pai cercada por caçadores
de recompensa? Você não pode ser muito mais alfa do que isso. Então,
ela sabia que a melhor maneira de obter a sua cooperação era fingir não
precisava dele. Essa foi a única coisa que o seu ego gigante não poderiam
lidar.
Ela fechou a carteira em um piscar de olhos, a colocou em sua
mochila, e se levantou. — Obrigado pelo seu tempo, — disse ela
educadamente. — Se eu tiver alguma dúvida que ache que você possa
responder, — disse ela, não sendo capaz de resistir a acrescentar um
pouco de sarcasmo — te chamarei.
Ela fez todo o caminho até a porta fechada do escritório antes de
ouvir a cadeira de Vincent deslizar pelos ladrilhos no chão de. — Espere,
— disse ele, ou melhor, ordenou, uma palavra atada com um toque de
irritação.
Infelizmente para ele, Lana não aceitava ordens de ninguém,
exceto seu pai em certas ocasiões, e certamente não de vampiros
temperamentais e ensanguentados de luta. Ela o ignorou e estendeu a
mão para a maçaneta da porta.
— Eu disse para esperar. — Houve um inferno de muito mais do
que irritação neste momento. E quando Lana passou a torcer a maçaneta
da porta, ela não se mexeu.
Uma onda de inquietação fez cócegas em seu intestino. Ela tentou
outra vez discretamente, mas foi ineficaz, virou-se em seguida com um

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olhar para Vincent.

— ABRA A PORTA, SR. KUXIM, — Lana Arnold exigiu, e seus


olhos escuros brilharam com raiva.
Foi a primeira emoção verdadeira que Vincent viu dela, ele estava
tanto intrigado quanto aliviado. Ela estava tão controlada a partir do
momento em que ele entrou no escritório. Ela não respondeu ao seu
charme plenamente, e, francamente, Vincent estava acostumado a
mulheres se jogando para ele. Velhas, jovens, solteiras, casadas, não
importava. Toda a sua vida, mesmo antes de se tornar um vampiro, as
mulheres sempre lhe corresponderam do mesmo modo como sua
assistente Louisa fazia. Elas coravam, gaguejavam, e o perseguiam a
esquerda e à direita, mas sempre faziam o que ele queria. Exceto por esta.
Se ele não tivesse pego uma breve reação dela quando tirou a camisa,
não mais do que um alargar involuntário dos olhos e um único salto de
seu coração antes que se tornasse a Rainha do Gelo novamente — ele
teria suspeitado Lana jogasse no outro time. Ele tirou alguns segundos
para fantasiar a mulher a sua frente nos braços de outra. Agradável.
Mas logo estava de volta ao presente com uma Lana Arnold muito
chateada. A raiva parecia bem nela. Isso a fez muito mais atraente, mais
humana. Ela não era o seu tipo habitual, demasiada alto, demasiada
magra, e com certeza muito opinativa. Ele preferia mulheres baixas,
mulheres gordas, cujo objetivo na vida era fazê-lo feliz. Mas Lana Arnold
era uma mulher bonita. Sua altura deu-lhe uma certa elegância, e sua
magreza era toda elegantemente muscular, dura por baixo de uma
camisa estilosa e calças pretas de estilo combate. As roupas eram
inerentemente masculinas, mas a camisa agarrou-se a seu peito, e as
calças abraçaram os quadris estreitos e uma bunda firme. Sem um
centímetro de gordura, ele apostaria. Ela possuía uma estrutura óssea
linda com maçãs do rosto salientes e uma mandíbula delgada, uma boca

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sexy com um lábio inferior, e longos cabelos negros trançados pelas
costas. Seus cílios eram negros, também, enquadrando olhos que eram
um marrom pálido incomum.
Olhos que estavam lançando punhais para ele do outro lado da
sala. Ele notou os dedos de sua mão esquerda branco até os ossos
enquanto apertavam a alça de sua mochila, enquanto sua mão direita
estava segurando a maçaneta da porta... Uh oh. Hora de parar de encarar
a caçadora de recompensas antes que seus dedos encontrassem a faca
dentro do bolso da coxa de seus jeans de combate bem ajustados. Ele
esteve tão ocupado admirando sua forma que foi cegado pela atração
sexual. Mesmo que não estivesse realmente atraído por ela. — Sente-se,
Lana, — ele disse suavemente, usando todas as suas habilidades de
persuasão, e talvez trapaceando ao colocar uma pitada de impulso
vampiresco. Seu olhar redobrou sua ferocidade. — Não se atreva a tentar
me forçar contra a minha vontade.
Os olhos de Vincent que se arregalaram desta vez. Ela não deveria
saber o que ele estava fazendo. Ou ele estava enferrujado — o que não
era o caso — ou Lana Arnold era incomum, de fato.
Ele levantou as mãos em sinal de rendição. — Peço desculpas. Foi
automático.
— Não faça isso de novo.
Ele apontou para a cadeira que ela desocupou. — Eu não vou.
Sente-se... Por favor.
Ela lhe deu um longo olhar desconfiado, em seguida, moveu a mão
do local em que deslizou em direção a arma e foi em direção a cadeira.
Ela sentou-se sem nunca tirar os olhos dele.
Vincent afundou lentamente em sua grande cadeira, olhando para
ela como se fosse um animal imprevisível e selvagem. Ele não sabia sobre
a parte selvagem, embora, vamos enfrentá-lo, ela era uma caçadora de
recompensas do sexo feminino, que não era exatamente tímida, mas ela
era absolutamente imprevisível. Ele nunca conheceu um homem que era
imune ao poder persuasivo de seu sangue de vampiro. Era a única
habilidade que todos os vampiros possuíam até certo ponto, porque era

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uma grande parte do que os faziam predadores de sucesso.
— Eu não sei onde encontrar Xuan Ignácio, — ele disse a ela com
cuidado. — Mas, — acrescentou, levantando uma mão para evitar sua
objeção, — isso não significa que eu não posso descobrir. Há vampiros
mais velhos do que eu, incluindo vários na cidade.
Ela inclinou a cabeça curiosamente. — Eu tive a impressão de
meu cliente que você era o mestre, ou como vocês o chamam em
Hermosillo.
— Eu sou tenente de Lorde Enrique, — ele corrigiu
uniformemente. — Como tal, eu gasto muito do meu tempo em várias
cidades em seu nome. Embora Hermosillo possa ser a minha favorita, —
ele confidenciou com uma piscadela que era para ser envolvente.
Ela não reagiu, a não ser para tirar sua carteira e uma caneta
para fazer uma nota de algum tipo. Mulher amaldiçoada.
Ela olhou para cima a partir de suas anotações. — Se há vampiros
mais velhos do que você nesta cidade, então por que você está no
comando? — Ela perguntou.
— Idade não é igual a poder para um vampiro, — ele disse a ela.
— Há alguns que nascem, ou renascem com poder, e alguns que nunca
alcançarão o poder real, não importa quanto tempo eles vivam.
Ela fez um pequeno movimento com a boca, como se intrigada
com este boato de vampiro. — Tudo bem, — disse ela. — Então, onde é
que vamos começar?
Vincent não sabia o que pensar sobre sua suposição rápida que
eles estariam trabalhando juntos. Seu plano era questionar alguns dos
vampiros mais velhos e ligar para eles. Ela estava olhando para ele com
cuidado, embora, e havia apenas uma sugestão de desafio lá, como se
desafiando-o a provar que ele estava à altura da tarefa de resolver seu
quebra-cabeça. Tudo bem então. Dois podiam jogar esse jogo. Ele sabia
que podia sobreviver em seu mundo; ele vem fazendo isso há mais de 150
anos. Vamos ver se ela poderia sobreviver no seu.
— Eu vou precisar fazer alguns telefonemas, — ele disse a ela. —
Dê-me uma hora.

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Ela assentiu com a cabeça uma vez, em seguida, guardou suas
coisas novamente, e se levantou. — Obrigado. Volto em seguida.
Vincent estava junto a ela. — Você é livre para esperar aqui, — ele
disse rapidamente. — Louisa poderia arranjar algumas bebidas. Jantar,
se você estiver com fome.
Ela estudou-o por um momento, sem entregar um pensamento.
— Obrigado, mas não. Eu tenho meus próprios arranjos a fazer. — Ela
andou até a porta e nem sequer hesitou em alcançar a maçaneta. Ela
abriu facilmente, é claro. Ele já decidiu ter uma abordagem diferente com
Lana Arnold.
Ela abriu a porta e olhou para ele por cima do ombro. Ele pensou
ter visto um pouquinho de diversão em seus olhos pálidos. — Eu voltarei
em uma hora, — ela disse, então saiu de seu escritório.
Ele seguiu seus passos em todo o hall de entrada de azulejos,
ouviu a porta abrir e fechar, e depois o som de um veículo arrancar e
conduzir a distância.
— Então, o que você acha? — Perguntou Michael, que agora
estava sentado na cadeira ao lado da que a caçadora de recompensas
ocupou momentos antes.
— Pelo menos você sabia que Xuan Ignacio existia, mesmo que
apenas em contos de fadas. Eu nunca ouvi falar dele.
— Isso é porque você ainda é uma criança com presas.
Michael bufou. — E você é um homem velho... meu velho,
aparentemente. Estranho. Ok, então eu vou fazer a mesma pergunta que
a nossa linda caçadora de recompensas fez. Onde é que vamos começar?
— Você acha que ela é linda? — Perguntou Vincent, mais curioso
do que qualquer outra coisa.
— Infernos sim. Aquelas maçãs do rosto ou aqueles lábios de mel
não podem ser falsos. Não que ela precisa de alguma coisa falsa, com um
corpo assim. Atlético. Eu gosto disso.
— Você gosta de qualquer coisa com uma buceta, meu amigo.
Mas mãos fora dessa. —
As sobrancelhas de Michael dispararam em surpresa. — Ela não

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parece o seu tipo em tudo, jefe.
— Não parece, não é? — Disse Vincent, pensativo. — Talvez seja
o momento para uma mudança.

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CAPÍTULO DOIS

LANA esperou até que estivesse no SUV e de volta à estrada


antes de soltar o fôlego que pareceu preso por horas. Vincent Kuxim pode
ser um vampiro poderoso, mas como homem, era definitivamente de
outra galáxia. Ela nunca acreditou muito na ideia de feromônios e
atração à primeira vista, não quando se tratava de pessoas, de qualquer
maneira. Mas, caramba, o homem exalava sexualidade. Ele era um perigo
ambulante para a população feminina.
Levou cada grama de força que ele desenvolveu ao longo de anos
de trabalho com caçadores de recompensas cheios de testosterona para
manter seus sentimentos escondidos. Ela deveria estar imune aos
homens como Vincent por agora, especialmente aqueles com seu charme
latino. Ela morava no Arizona e encontrava homens hispânicos em seu
trabalho diariamente. E uma abundância de traços hispânicos
ultrapassavam a fronteira mexicana.
Mas ela suspeitava que o apelo de Vincent era mais proveniente
do vampirismo do que com sua ascendência hispânica. Ou talvez seus
talentos de vampiro tivessem se somado ao charme latino que já estava
lá. Ele disse que idade não se igualava a poder, mas talvez poder se
igualasse a carisma. Certamente ele tentou usar esse poder nela quando
tentou sair do escritório. Ou pelo menos tentou. E ele surpreendeu-se
como o inferno quando não funcionou. E ainda nesse assunto, ela
também se surpreendeu. Ela sentiu um puxão em seu cérebro e
instintivamente lutou contra. Mas até o momento em que ela o pegou
olhando para ela como se fosse um bezerro de duas cabeças, não
considerou que o puxão viera dele.
Leighton a avisara quando começaram a trabalhar juntas que
vampiros possuíam alguns talentos e peculiaridades estranhos, e na
verdade, Lana poderia listar um monte deles. Ela alcançou um ponto em

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que simplesmente considerava excentricidade todas as coisas estranhas
que aconteciam perto dos vampiros. Mas ela nunca presenciara esse
truque de mente antes. Claro, ela também nunca conheceu um vampiro
tão poderoso quanto Vincent antes. Talvez o que quer que fosse que fez
com que seu cérebro resistisse ao truque de Vincent, espantou os outros
vampiros, os mais fracos, sem que ela nem percebesse.
Se fosse verdade, era uma coisa boa. Ela teria que processar essa
nova informação, mas não antes que finalizasse o trabalho. Ela deveria
trabalhar com Vincent e achar Xuan Ignacio para Raphael. Ela poderia
se preocupar mais tarde com estranhos poderes vampiros e o que tudo
isso poderia significar.
Mas no momento, ela contava com uma hora para gastar, e sua
primeira prioridade era fazer o check in em um hotel. Ela estava
acostumada a trabalhar a base de cafeína e com pouco sono, mas como
estava com tempo — e como ela passou horas no carro para chegar aqui
— tomaria um banho e trocaria de roupa. Fizera sua reserva no hotel San
Sebastian. Era melhor que a maioria e o preço razoável, assim como
seguro suficiente para uma mulher viajando sozinha. Isso não significava
que não guardaria uma ou duas facas sobre o travesseiro quando fosse
dormir, mas o mais provável era que não as usaria.
Assim que chegou ao quarto trancou a porta e tirou as roupas. No
caminho para o chuveiro, desfez a trança, passando os dedos pelos
cabelos soltos. Uma sensação divina, melhor ainda que tirar o sutiã, o
que fez em seguida. O sutiã era preto e de modelo atlético. Era apertado,
mas seus seios eram médios — bem formados, mas um número 42 em
um bom dia. Seu cabelo, por outro lado, era grosso, longo e pesado, e
juntar esse peso todo em uma trança constantemente puxava seu couro
cabeludo. Usar cabelos soltos não era uma opção no trabalho, não
importava quantos filmes mostrassem o contrário. Ela poderia deixá-los
curtos — de fato, ela provavelmente deveria — mas essa era a única
concessão para sua feminilidade. E além do mais ela amava seu cabelo.
A água era quente, mas a pressão fraca, porém ela já esperava por
isso nesses dias de economia de água. A boa notícia era que ela poderia

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ficar lá o tempo que levasse para enxaguar o corpo e lavar o cabelo.
Quando saiu do banho sua pele café com leite pálido que herdara do seu
pai irlandês e sua mãe mexicana, estava um pouco corada, mas ela se
sentia maravilhosa.
Infelizmente, a massagem da água quente a lembrou que ela
estava com poucas horas de sono, antes de ir para a estrada, por isso
abriu uma lata de coca que estava no cooler que ela guardava no carro.
Não era café, mas serviria até que conseguisse um.
Envolvendo-se em uma toalha e seu cabelo em outra, ela tirou a
colcha da cama e jogou-a em um canto. Ela leu em algum lugar que
colchas de hotel eram paraísos para todos os tipos de coisas
desagradáveis, e que elas raramente eram lavadas. Seu trabalho exigia
que gastasse uma quantidade razoável de tempo em quartos de hotel, de
modo que ela criou alguns hábitos.
Apoiando todos os travesseiros contra a cabeceira da cama, ela se
sentou na cama e abriu o computador portátil. O hotel oferecia internet
sem fio, de modo que ela conectou e entrou em um site onde fornecia os
horários do nascer e pôr do sol de praticamente qualquer lugar do
mundo. Ela localizou o de Hermosillo, fez o download, em seguida enviou
para seu e-mail para que pudesse acessar em seu telefone celular
também.
Voltando ao mundo dos humanos, ela conectou ao correio de voz
do escritório e descobriu várias mensagens, incluindo uma do seu pai.
Ela ligou da estrada e deixou uma mensagem em seu telefone de casa,
não queria que ele se preocupasse, mas não queria discutir com ele sobre
ter um dos caras com ela na viagem. Sua mensagem ordenava que ela
desse notícias diariamente, algo que não intencionava fazer. E o resto das
mensagens a convenceu de que seu pai não estava esperando que ela
ligasse também. Havia... Ela contou... Onze mensagens de Dave
Harrington, um dos caçadores do seu pai, provavelmente o seu caçador
número um se ela fosse honesta. Dave era um cara grande e bonito, com
cabelo loiro selvagem, e muito bom em seu trabalho. Também possuía
uma boa amizade com seu chefe, também conhecido como o pai de Lana.

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Na verdade, eles eram tão bons amigos que os dois decidiram que Dave
deveria ser o herdeiro de Sean Arnold, e aparentemente com Lana sendo
sua princesa, ela se casaria com ele e, assim, solidificar seu papel como
sucessor. Até parece.
Lana realmente cedeu e namorou Dave durante seu primeiro ano
na faculdade, principalmente para agradar seu pai. Dave acabou por ser
doce, atencioso e cheio de planos para o futuro. E ela tinha dezenove anos
e ingênua o suficiente para acreditar nele.
Até que ela descobriu que o príncipe era apenas outro cão que
fodia uma mulher diferente em cada cidade antes de voltar para casa
para sua princesa.
Lana teve um estilo Joãozinho a maior parte de sua vida, o que
não ajudou a namorar muito no colégio. Dave foi seu primeiro
relacionamento realmente sério. Eles saíram por um ano e meio, e feriu,
mais do que ela queria admitir, descobrir que ele a traía o tempo todo.
Ela orgulhava-se o suficiente para fazer um término limpo, mas,
previsivelmente, Dave não entendeu o problema. Aparentemente, a rotina
de mulher-em-cada-cidade era comum entre os caras do escritório de seu
pai, incluindo seu próprio pai. Eles eram apenas homens, afinal, e
ficavam muito longe de casa. Eles tinham necessidades. O que mais eles
poderiam fazer?
Mas isso foi há sete anos. Lana havia superado isso a muito tempo
e seguido em frente e nunca olhou para trás, enquanto Dave ainda
persistia em apresentá-la como sua noiva. Era embaraçoso para ela, mas
ainda precisava trabalhar com Dave Harrington, então ela deslizou
através de suas mensagens, apenas no caso de que uma delas fosse
importante. Infelizmente, eram todas variações sobre o mesmo tema.
Previsivelmente, o pai dela, o traidor, disse a Dave o que ela estava
fazendo. Dave designou, portanto, a si mesmo, seu parceiro para o
empreendimento e estava exigindo que ela ficasse exatamente onde
estava até que ele pudesse se juntar a ela. Infelizmente, ou felizmente, a
partir de seu ponto de vista, ele não sabia exatamente onde estava, e
assim ela foi instruída para contatá-lo imediatamente com os detalhes.

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Lana revirou os olhos e apagou todas as mensagens sem resposta.
Dave Harrington era um bom caçador e provavelmente faria um marido
terrível para uma mulher algum dia. Mas não seria ela. Ele era dez anos
mais velho que ela, e uma centena de anos fora de época. Para ele as
mulheres deveriam limpar a casa, cozinhar o jantar, e ter filhos. E não se
preocupar quando seu marido se desviasse, desde que ele chegasse em
casa na hora.
Lana, por outro lado, descobriu que não estava com vontade de
limpar uma casa, porra, ela não poderia cozinhar, e se seu pai e Dave
queriam netos, seria melhor encontrar outra incubadora, porque essa
não era a ideia de Lana de céu. E quando se tratava de seus amantes, ela
não desejava de compartilhar.
Mandou um rápido e-mail para seu pai. Sem detalhes, porque ele
acabaria passando-os para Dave, mas ela o deixou saber que estava bem
e que a investigação estava correndo sem problemas. Dave a encontraria
eventualmente. Encontrar as pessoas era a sua profissão, afinal, e ela
não estava fazendo nenhum esforço sério para evitar a detecção. Rastrear
seu celular seria a maneira mais rápida. Ela pagou o hotel em dinheiro,
mas ainda podia localizá-la pelo e-mail usando a rede local. Ela calculou
um dia para sair de Hermosillo e seguir o rastro de Xuan Ignacio antes
que Dave aparecesse. Ela esperava que Vincent estivesse preparado para
mover-se rapidamente. Caso contrário, ela o deixaria para trás.
Ela pensou em sua reação quando lhe dissesse e sorriu.
Uma hora mais tarde, estava em frente ao escritório de Vincent
pela segunda vez naquela noite. Ela trocou de roupa, mas vestia-se
semelhante — com uma blusa de manga comprida preta, calças pretas
em estilo combate e jaqueta e botas pretas de amarrar. Seu revólver
favorito no coldre em seu lugar de costume, a faca escondida em sua
jaqueta, e suas habituais três facas escondidas pelo corpo — uma na
bainha personalizada em sua bota direita, a segunda no bolso da coxa, e
uma pequena, mas mortal, com uma lâmina de meia polegada em seu
bolso lateral. Seu cabelo arrumado em sua trança habitual, ainda
molhado por baixo, porque o secador de cabelo do hotel não possuía

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energia suficiente para secá-los completamente no tempo em que ela teve
para ficar pronta.
O ar em Hermosillo estava quente. Secaria seu cabelo molhado
em breve, e a umidade sentia-se refrescante contra a sua pele recém-
hidratada.
Enquanto pegava sua mochila e trancava o carro, ela notou que a
boate estava agora completamente fechada. Sem luzes, sem música, sem
aglomeração de pessoas na porta de entrada. Ela podia ver raios de luz
provenientes das portas e janelas, como se alguém estivesse lá dentro,
mas não havia festa. Talvez estivessem limpando a confusão que ocorreu
anteriormente — a bagunça que, sem dúvida, envolvia Vincent e seus
dedos sangrando.
A porta do escritório de Vincent se abriu antes que ela chegasse
ao degrau mais alto, prova de que alguém estava prestando atenção.
— Bem-vinda de volta, Sra. Arnold, — a mesma recepcionista
disse com um sorriso rápido. — Vá em frente. Senhor Vincent está
esperando por você.
Lana escondeu sua surpresa. Ela esperava que ele a fizesse
esperar simplesmente porque podia. Talvez não fosse tão terrível
trabalhar com ele depois de tudo. Exceto por sua sexualidade
desenfreada, é claro. Ela teria que estar em guarda contra isso. E talvez
mudar o chuveiro para banhos gelados até que o trabalho fosse feito.

VINCENT se levantou quando Lana Arnold entrou no escritório e


pegou o olhar de surpresa que ela rapidamente escondeu. Ele foi educado
para se levantar quando uma senhora entrasse na sala, mesmo quando
a senhora estava vestida como um soldado e usando uma arma. Inferno,
talvez especialmente então. Seu cabelo longo, escuro estava de volta em
seu confinamento, embora ela o lavou enquanto esteve fora. Ele podia
sentir o cheiro do xampu e sentir o traço persistente de umidade.
Ele deu a Michael a tarefa de trabalhar em uma lista telefônica,

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tentando encontrar um vampiro em Hermosillo que tivesse realmente
conhecido Xuan Ignacio. Enquanto isso, Vincent pesquisou na Internet
em busca de alguma sujeira sobre Lana Arnold. Infelizmente, ou talvez
felizmente, não havia muito para ser encontrado. Ela se formou pela
Universidade do Arizona com uma licenciatura em biologia — o que foi
uma surpresa — e agora trabalhava com o pai, Sean Arnold, na
recuperação de fugitivos, razoavelmente bem-sucedida, negócio também
conhecido como caçador de recompensas. Sean empregou três caçadores
de tempo integral, incluindo Lana, e subcontratou vários outros em uma
base de caso a caso. A maioria do trabalho envolvia procurar vestígios,
mas também realizavam outras tarefas, como rastrear os descendentes
de famílias ricas que se desviaram e trazê-los de volta para casa para
mamãe e papai. O atual trabalho de Lana, entregar uma mensagem a um
vampiro há muito perdido, não era seu habitual, e ele achava que era um
negócio de uma só vez.
Lana vivia sozinha e nunca foi casada. Esse detalhe em especial o
agradou, embora o motivo ainda fosse um mistério. Ela era uma mulher
atraente. Bem. Ela também contava com uma atitude forte. Não tão bem,
em tudo.
Lana deixou cair a mochila na cadeira em frente à mesa, em
seguida, inclinou-se e ofereceu um aperto de mão. Vincent tomou sua
mão automaticamente, embora em vez de sacudi-la, ele levantou-a a boca
e tocou os lábios na parte de trás, demorando um pouco para saborear o
que era a pele muito suave para um caçador de recompensas. Seus
perceptíveis músculos apertados, e ele soltou sua mão antes que ela
pudesse puxar para fora. Mas ele estava observando a reação dela, e
pegou o olhar vagamente decepcionado em seu rosto, a sobrancelha
levantada que dizia que ele estava sendo previsível e chato. Vincent
odiava ser previsível e chato.
— Você teve algum sucesso? — ela perguntou, soltando a mão
para o lado com um movimento inquieto, como se estivesse lutando
contra o desejo para esfregá-la contra a calça e remover a mancha do seu
beijo.

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Os olhos de Vincent estreitaram, mas ele seria condenado se ela
o congelasse fora. — Meu tenente, Michael, falou com dois dos vampiros
mais velhos na cidade, — ele respondeu suavemente. — Eles
concordaram em se reunir conosco.
— Podemos nos encontrar hoje à noite?
Vincent não respondeu sua pergunta. — Você parece ansiosa para
a caça, Lana. Existe alguma urgência que eu desconheça? — Perguntou
ele, em vez disso.
— Não — ela disse rapidamente. — Eu quero dizer, não
exatamente. Mas nós gostamos de fazer nosso cliente feliz.
— Especialmente aqueles que não estão indo para a cadeia,
hmm? — Ele disse, meio brincando.
— Nosso cliente nunca é o que volta para a cadeia, — informou
ela, obviamente, nem mesmo meio divertida.
— É claro, — ele murmurou, em seguida, deu-lhe uma piscadela,
simplesmente para testar os limites de sua reserva. Ela quebraria
eventualmente. — Bem, você está com sorte, — ele disse a ela, — porque,
como se vê, ambos os vampiros estão disponíveis para nos encontrar hoje
à noite. — Ele esqueceu de dizer que não solicitou uma reunião. Esta não
era uma porra de democracia. Se ele queria falar com um vampiro, eles
se faziam disponíveis ou que sofreriam as consequências.
— Será que eles vão virão aqui ou
— Eles estão a caminho. A menos que você se oponha, vamos nos
encontrar na sala de conferências e ter uma boa conversa.
— Isso funciona.
— Sem fotos, — Vincent esclareceu imediatamente. — Sem vídeo,
nenhum registro de qualquer tipo.
— Claro que não, — ela concordou. — Eu só vou tomar notas, se
estiver tudo bem.
— E você vai compartilhar, é claro.
Ela inclinou a cabeça, dando-lhe um pequeno sorriso curioso. —
Muito desconfiado?
— Nós temos boas razões para desconfiar quando se trata de

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seres humanos, Lana, — disse sério, deixando de fora o fato de que ele
era ainda mais desconfiado de seus companheiros vampiros.
Ela corou em constrangimento — em nome de seus companheiros
humanos? — E era uma visão a ser vista. Um leve rosado aqueceu sua
linda pele marrom dourada, a primeira rachadura em sua armadura.
Vincent gostou do momento, então fez um gesto em direção à porta.
— A sala de conferências está do outro lado do corredor. Como
está o seu espanhol?
— Não fluente, mas suficiente para conversação.
Vincent assentiu. — Se você não entender alguma coisa, me avise.
Não pergunte a eles diretamente, pergunte-me. Estes são vampiros
antigos, e você é humana e fêmea. Eles são muito tradicionais, e de uma
época em que as mulheres não executavam as coisas.
— Elas não executam as coisas agora também, — ela murmurou
e deu um pequeno sorriso quando ele riu. Outra fenda na armadura?
Talvez.
— Bem, elas não executam tudo, de qualquer maneira, —
admitiu, deixando o riso suas palavras. — Mas será mais fácil esta noite,
se fizermos particularmente essa coisa, do meu jeito.
— É por isso que estou aqui. Você é o perito, — disse ela.

LANA esperou pela resposta de Vincent.


— Sim, eu sou, — disse ele suavemente. Não houve surpresa
verdadeira, apesar de sua relutância anterior. Ela estava disposta a
apostar que ele poderia ser suave como a seda quando queria ser, até o
momento em que ele seduzia uma mulher fora de seus pés. Dirigiu-a fora
do escritório para o outro lado do corredor, descansando a mão em sua
parte inferior das costas sob o disfarce de guiá-la para a sala de
conferência. Foi um toque inocente, educado até. Mas ele estava um
pouco perto demais para inocência. Ela podia sentir o calor do seu corpo,
sentir seu limpo, perfume masculino, e o toque educado repente pareceu

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surpreendentemente íntimo. Ela endureceu, mas conseguiu evitar se
afastar. Ela precisava da cooperação de Vincent para completar este
trabalho para Raphael, e insultá-lo por saltar ao menor toque não era a
maneira de ganhar essa cooperação. E seu ego não precisava saber que
a afetava fortemente.
Ela entrou na sala de conferência para encontrar Michael e outros
dois vampiros esperando por eles. Eles estavam sentados em uma pesada
mesa de madeira, outro antiquário impressionante que parecia uma vez
ter sido uma mesa de jantar de alguns ricos latifundiários mexicanos. As
cadeiras de couro espalhadas ao redor da mesa, por outro lado, estavam
a altura do conforto moderno.
Lana se afundou em uma das cadeiras confortáveis com gratidão.
O corpo dela estava começando a ficar irritado em sua demanda para
dormir, com cada lesão antiga começando a tornar-se conhecida, desde
o braço que queboru com dez anos, até os músculos danificados por lutar
com um fugitivo de 113 kg ano passado. Ela engoliu um suspiro de alívio
quando se acomodou na cadeira e estudou os dois vampiros sentados do
outro lado da mesa. Vincent disse que eles eram velhos, mas como todos
os vampiros, a sua verdadeira idade não estava clara. Ambos pareciam
estar nos seus vinte anos, um deles um pouco mais velho que o outro, e
ambos eram baixos e morenos, com cabelo curto e reto e olhos negros
desconfiados.
Vincent não se preocupou com introduções. Ele entrou na sala
atrás dela, sentou-se em uma das cadeiras e começou a falar em um
rápido, e um tanto arcaico espanhol, falando o que parecia muito com
uma ordem.
Lana traduziu em sua na cabeça e sabia que não entendia todas
as palavras, mas podia ser resumido em você vai dizer a esta mulher tudo
o que você sabe sobre Xuan Ignacio. Definitivamente uma ordem.
Os dois vampiros mais velhos assentiram, as expressões
mostrando muito pouco. Mas Lana teria jurado que viu um lampejo de
medo em seus olhos antes que voltassem sua atenção para ela. Eles
pareciam estar esperando uma pergunta dela. Ela olhou para Vincent.

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Ele foi o único que disse para ela não falar diretamente com eles, afinal
de contas.
— ¿Dónde vive? — Ele começou. — Onde ele mora?
— Pénjamo, — o de aparência ligeiramente mais velha disse em
sotaque Inglês. — Em El Cero San Miguel. Tem sido sempre assim.
— El Diablo, — o mais jovem concordou, balançando a cabeça.
Lana franziu a testa. O diabo? O que diabos isso significa?
— Contos de fada para crianças estúpidas, — Vincent se desfez
quase com raiva. — Você o conheceu? — Perguntou, dirigindo sua
pergunta para o vampiro mais velho.
— Uma vez, — disse ele. — Ele apareceu como um homem, mas
não como você ou eu. Ele é pálido como um fantasma, com cabelo branco
e olhos cegos, mas vê tudo.
Vincent fez um gesto impaciente. — Onde foi isso?
— Eu falei a verdade, meu Senhor. Eu nunca troquei palavras
com ele, e o vi apenas uma vez. Em El Cero San Miguel. É aí que você vai
encontrá-lo.
Vincent girou em sua cadeira ligeiramente olhando cético para
Lana. — Alguma pergunta?
— Mais do que uma, — ela admitiu.
— Deixe-me reformular, — disse ele. — Qualquer dúvida que
nossos visitantes possam responder?
Lana franziu a testa. — Eu não quero insultar ninguém — disse
ela, parando quando Vincent voltou sua atenção para Michael e fez um
movimento de cabeça em direção à porta. Antes que Lana pudesse
registrar sua intenção, Michael e os dois vampiros mais velhos haviam
saído do quarto, fechando a porta atrás deles.
— Eu não terminei, — ela retrucou irritada que ele não tenha lhe
dado a oportunidade de questionar os vampiros mais velhos. Por que ele
se deu ao trabalho de perguntar se seria um idiota sobre o assunto?
— Sim, você terminou, — disse ele, iniciando novamente sua ira
com a atitude de desprezo. — Olha, sempre que uma questão começa
com eu não quero insultar ninguém, alguém está prestes a ser insultado.

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Por todos os seus séculos de vida — ou talvez por causa deles — os dois
permanecem sem sofisticação e são muito tradicionais em seu coração.
Você é uma mulher e uma gringa. Se eles considerassem algo que você
disse como um insulto — o que não iria demorar muito — eles se
recusariam a ajudá-la novamente. E eles só foram tão educados, porque
eu estava na sala com você. Além disso, eles acreditam em cada palavra
que disseram. — Ele balançou a cabeça em descrença. — É difícil
entender tão persistente superstição.
Lana apaziguou-se um pouco com a explicação, mas não podia
deixar de retrucar, — Você parece entendê-los muito bem.
Vincent sorriu, escolhendo claramente ignorar o insulto em suas
palavras. — Eu sei sobre o que eles estavam falando. Conheço o local do
qual eles estão falando.
Lana suspirou dedos coçando pelo computador para poder colocar
no Google El Cero San Miguel. Infelizmente, tudo o que ela tinha era
Vincent. Ela preferia o Google, mas Raphael fez sua intenção clara, de
que Vincent devia acompanhá-la quando finalmente entregasse a
mensagem para Xuan Ignacio. Seu plano original era encontrar Xuan e
trazê-lo junto a Vincent para o grande final, mas ela estava começando a
pensar que a coisa toda seria mais tranquila se tivesse um guia local ao
longo da jornada. E a pessoa mais lógica para isso era Vincent. Ela
poderia matar dois pássaros com uma pedra. Se ela não matasse Vincent
em primeiro lugar.
— Então você acha que eles são confiáveis? — Perguntou.
— Eles estão dizendo a verdade como a conhecem. Celio, em
particular, o mais falante dos dois, é muito confiável. Se ele diz que viu
Xuan Ignacio em carne e osso, então ele fez.
— O que é isso, El Cero San Miguel, que ele falou?
— É no Pénjamo, uma cidade em Guanajuato, no sopé das
montanhas. El Cero San Miguel é, essencialmente, um grande monte que
tem a reputação de ser assombrado. É meio que um destino turístico para
os interessados em tais coisas.
— Isso é o que o outro quis dizer quando chamou Xuan Ignacio

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de diabo. Ele acha que Xuan é o diabo que assombra esta colina.
— Eu te disse, — Vincent falou com um encolher de ombros
descuidado, — eles são supersticiosos.
— Tudo bem, bom como eu? — Droga, eu preciso do meu
computador. Podemos voltar à era moderna agora?
Vincent riu depois se levantou e estendeu a mão. — Vamos, vamos
voltar para o meu escritório.
Lana ignorou sua mão. Ela não precisava de ajuda para ficar de
pé, pelo amor de Deus. Ela cruzou de volta para o escritório, sentindo
sua presença atrás dela novamente. Ela estava muito consciente dele, e
ele estava muito atento em fazê-la se sentir dessa maneira. Se iriam viajar
ao redor do México juntos, ela teria que descobrir uma maneira de lidar
com isso.
Indo diretamente para seu laptop, ela puxou um mapa do México,
concentrando em Pénjamo. Porra. Eram uns bons 1600 km de
Hermosillo. Uma longa viagem. Especialmente com Vincent sentado ao
lado dela.
— Isso é uma longa viagem, — observou ela em voz alta, testando
as águas.
— Especialmente para uma mulher sozinha, — Vincent
comentou.
— Eu poderia voar.
— Nós poderíamos, — disse ele agradavelmente.
Ela olhou para cima para encontrá-lo dando-lhe um sorriso
maroto.
— Raphael me quer junto quando você encontrar Xuan Ignacio.
Negue o quanto quiser, mas eu sei que Raphael é seu cliente, e você me
disse que gosta de seus clientes felizes. Assim, parece que vamos juntos
a Pénjamo, querida. Mas eu prefiro dirigir. — Ele piscou para ela.
Lana apertou os dentes. A cada minuto que passava na
companhia de Vincent, sua atração por ele parecia crescer. Ele era como
um daqueles fungos em um filme de monstro que começava pequeno,
mas, eventualmente, comia tudo ao seu redor.

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— Você provavelmente está muito ocupado aqui, — ela se opôs.
Ela poderia precisar de sua ajuda, mas não admitiria isso facilmente. Seu
ego era grande o suficiente. — Eu entendo se você não puder sair
imediatamente. Pensei em localizar Ignacio primeiro, então
— Ser o patrão tem seus benefícios, e eu odiaria decepcionar o
grande cara.
Ele não faria isso fácil para ela. Que choque. Tudo bem, então, ela
teria que engolir. — Você está pronto para viagem? — Perguntou ela.
O sorriso de Vincent se alargou. — Pois bem Lana, eu pensei que
você nunca pediria.

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CAPÍTULO TRÊS

— Eu não gosto de você saindo assim, jefe, — Michael disse na


noite seguinte enquanto seguia Vincent até a garagem privativa abaixo
de sua residência, onde os veículos pessoais estavam estacionados.
Vincent possuía dois. O primeiro era um Venom preto de 2014 Viper TA,
mas que não seria o ideal para uma viagem através do deserto mexicano.
Assim, dirigiu-se para o segundo veículo, que também era preto, mas
muito mais substancial. Um SUV Suburban, com insulfilm e blindado
por todos os lados. Vincent era um poderoso vampiro, mas mesmo o mais
forte deles poderia ser atingido com o número suficiente de balas. A
estaca de madeira pode ser o método tradicional de execução, mas
qualquer coisa que rasgasse o coração de um vampiro iria funcionar
muito bem.
— Você só está com ciúmes que não está vindo comigo, — Vincent
disse ao seu tenente, quando ele abriu o porta malas e jogou a mochila.
— Foda-se, é claro que sim, — Michael concordou. — Por que
será isso afinal? Quem vai proteger a suas costas?
— Lana parece ser perfeitamente capaz.
— Lana parece que logo vai enfiar uma estaca em você.
Vincent fechou o porta malas e virou com um sorriso. — Você
acha? Acho que ela está completamente encantada por mim.
— Você está iludido.
— Então você não acha que eu sou irresistível?
Michael bufou. — Sério, jefe, porque eu tenho que ficar aqui?
Vincent parou e olhou para ele diretamente. — Porque eu não
quero que seja óbvio que fui embora. Isto é para Raphael. Você entende
o que isso significa? Eu estou fazendo um favor para um Lorde Vampiro
rival. E se isso não é razão o suficiente para manter esta missão a mais
discreta possível, há também o papel de Enrique em tudo o que aconteceu

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em Acuña. Não pode ser uma coincidência que o pedido de Raphael
apareceu duas semanas após alguém tentar matá-lo com a ajuda de
Enrique. E quem diabos é Xuan Ignacio que Rafael tanto quer encontrar?
— Foda-se, — Michael xingou. — Você precisa de alguém em suas
costas.
— O que eu preciso é que você coloque pressão sobre suas fontes,
e descubra o que aconteceu com a irmã de Raphael. Ela está morta? Eu
preciso saber.
— Eu vou deixar você saber assim que eu encontrar alguma
coisa, mas, Sire — Ele esperou até que o uso da palavra de respeito
focasse a atenção de Vincent para si. — Não vá para a Cidade do México
sem mim. Falo sério.
Vincent assentiu. Ambos sabiam que só poderia haver uma razão
pela qual ele iria para a Cidade do México, e seria para desafiar Enrique
pelo território. O confronto era inevitável e foi evitado por muito tempo.
Os dois vampiros estavam dançando em torno dele, não suficientemente
motivados para perturbar o status quo. Era apenas uma questão de
acender o fogo certo. E se Enrique descobrisse que Vincent estava
correndo por todo o México, a pedido de Raphael, poderia ser a faísca que
faltava para acender o fogo.
— Não se preocupe, Mikey. Se eu chegar a qualquer lugar perto
da Cidade do México, com certeza você vai estar lá. Eu preciso de você
comigo.
Michael concordou ainda infeliz. — E se acontece alguma coisa
aqui, como no clube na outra noite? O que eu digo aos outros?
— Você poderia ter lidado com o clube sem mim, — disse Vincent
e caminhou para o lado do motorista do SUV. — Enquanto você está aqui,
os outros vão assumir que eu também estou. Mas, se alguém ficar muito
curioso, dê-me um aviso, e eu vou lidar com isso. Eu estou levando o
telefone por satélite, bem como meu celular.
Ele deslizou para o banco do motorista. — Não fique tão triste,
Mikey. Eu vou lhe trazer um presente.
Michael levantou ambas as mãos com os dedos do meio levantado,

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em uma saudação dupla para que o outro fosse se foder.
Vincent riu quando fechou a porta e girou a chave, em seguida
abaixou a janela e acenou enquanto dirigia para fora da garagem.

LANA deixou o hotel sem realizar o check-out. Ela estava


registrada por mais uma noite e poderia ter economizado dinheiro
realizando um check-out antecipado, mas decidiu contra a ideia. Em seu
negócio, não machucava deixar as pessoas se perguntando onde
exatamente você estava. Ao pagar uma noite extra, ninguém saberia que
ela já havia partido para lugares desconhecidos. Pelo menos não
imediatamente. Ela colocaria do lado de fora da porta a placa de “NÃO
PERTURBE” como medida de segurança extra, mas isso não enganaria
um investigador determinado como seu pai ou Dave Harrington. Ela não
achava que eles chegariam tão longe ainda, mas preferiu assumir o pior.
Era a melhor maneira de estar preparada quando a merda finalmente
batesse no ventilador, o que sempre acontecia eventualmente.
Ela desceu a escada dos fundos, evitando o lobby. Sua Yukon
estava estacionada no final do estacionamento. Abriu-a, escondeu sua
mochila nas costas, e estava de pé na escotilha aberta percorrendo sua
lista de contatos para o número de Vincent, quando um Suburban preto
parou atrás dela.
Jogando o telefone de lado, ela retirou sua arma e se virou em um
único movimento. A janela fumê mais próxima a ela se abriu para revelar
Vincent atrás do volante, sorrindo como um idiota. Um idiota
particularmente bonito, no entanto.
— Você vai atirar em mim antes mesmo de começar?
Ela deu-lhe um olhar frio. — Não me tente, — disse ela, guardando
a arma. — Eu pensei que estava indo te buscar.
— Eu não acredito que nós discutimos isso, — disse ele
alegremente. — Mas desde que eu já estou aqui, suba.
— Acho que devemos ir com meu carro. É menos evidente.

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— Onde estamos indo, evidente é bom. Faz de você um alvo
menor.
— Isso não faz nenhum sentido.
— Faz no México, querida. O meu é à prova de balas. E o seu?
Lana fez uma careta, mas teve que dar o braço a torcer a ele. —
Tudo bem, — ela concordou. — Mas vamos revezar a condução.
Vincent bufou com desdém. — Eu não penso assim.
— Temos mais de 1600 km para viajar. Você dirige à noite, eu
vou dirigir durante o dia. Chegaremos lá mais rápido.
— Viajaremos durante a noite e vamos parar para dormir durante
o dia como pessoas civilizadas.
— As pessoas civilizadas dormem à noite. E se não houver
nenhum lugar para ficar quando o sol nascer?
— Haverá.
— Como você sabe?
— Porque eu programei a maldita rota, e eu estou dirigindo, —
Vincent rosnou, finalmente, perdendo a calma.
Lana deu-lhe um olhar complacente, permitindo-se um pequeno
sorriso de satisfação. — Tudo bem, — disse descuidadamente, como se
toda a questão não tivesse importância. — Destrave a traseira.
— Está destravada, — ele retrucou.
Ela não disse nada, mas seu sorriso se alargou quando se virou e
pegou sua mochila, em seguida, se aproximou e atirou-a para o espaço
de carga do Suburban. Voltando ao seu Yukon, ela reuniu o resto de suas
coisas -- à mochila com os seus documentos, laptop, carteiras,
identificação, além de refrigerador portátil com gelo e Coca-Cola,
juntamente com um pouco de comida de viagem. Ela franziu a testa,
pensando que o vampiro provavelmente não estaria compartilhando suas
barras de chocolate e batatas fritas, então quis saber exatamente o que
ele estaria comendo. Não ela, isso é certo.
Ela despejou tudo no banco de trás de Vincent, em seguida, subiu
para o lado do passageiro do Suburban, afundando-se em um banco que
era muito mais luxuoso do que o de seu Yukon. Talvez fosse uma coisa

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boa que eles estavam tomando SUV de Vincent, depois de tudo. Embora
ela não achasse que dissesse muito da relação de trabalho futuro de
ambos que eles não podiam sequer sair do estacionamento sem um
argumento.
— Eu não tenho certeza que isso vai funcionar, — disse ela
quando Vincent fez uma curva brusca na Rota 15, que os levaria quase
todo o caminho para o seu destino
— O que? — Ele perguntou distraidamente, cortando ao redor e
na frente dos outros carros, como se estivessem no Daytona Speedway,
em vez de uma via pública.
— Você e eu, trabalhando juntos. Não parecemos nos dar bem.
Ele girou a cabeça para olhá-la por um longo segundo, e seu
brinco de ouro brilhou nas luzes do painel. — Nós vamos passar muito
bem, querida. Você vai ver.
Lana revirou os olhos para o termo carinhoso, mas não disse
nada. Ela estava determinada a fazer este trabalho, o que significava que
estava presa com ele para os próximos dias. Mas ela era uma profissional.
Ela poderia lidar com um pouco de irritação, se isso significasse
encontrar esse vampiro fantasma de Raphael, fazer o trabalho e voltar
para casa.
Ela não se deu conta até cerca de 160 km depois de que ela estaria
fazendo muito mais do que sentar ao lado de Vincent em sua grande SUV.
Ela estaria compartilhando um hotel com ele, também.
Porra.

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CAPÍTULO QUATRO

LANA ESTENDEU a mão para pegar a garrafa de água, afastando-


a rápido quando roçou no braço de Vincent que estava apoiado no console
central. Você pensaria que um SUV tão grande como o Suburban teria
espaço suficiente para todos, mas Vincent era tão malditamente grande,
e seus ombros tão largos. Sem dúvida alguma que ele estava
constantemente se encostando contra o console e invadindo o espaço
dela.
Ela deslizou o olhar em sua direção e viu que um lado da boca
dele estava curvado para cima num sorriso convencido. Ele percebeu a
reação dela ao toque deles, é claro. Ele percebia tudo. Ela estava
começando a questionar sua estratégia original de lidar com ele. Pensou
que fria e profissional era o caminho que devia ir, mas a indiferença dela
parecia apenas estimulá-lo a fazer coisas para provocá-la.
Coisas como... Isso!
Ele apenas pegou a garrafa dela e trouxe-a para os próprios lábios,
enchendo a boca de água enquanto ela encarava incrédula. Ele esperava
que ela ainda bebesse da garrafa agora? Ela nem mesmo dividia garrafas
de água com pessoas que conhecia.
— Então, Lana, — ele disse, colocando a garrafa de volta no
porta-copo sem olhar para ela. — Como você se tornou uma caçadora de
recompensas? Não é exatamente a escolha de carreira que a maioria das
garotinhas sonham, não é?
Lana o encarou até que ele olhou para ela, as sobrancelhas dele
se arquearam numa pergunta.
— Vamos conversar agora? — Ela perguntou friamente.
— Claro, — ele disse. — Por que não? Temos centenas de km para
rodar.
Lana o observou por um longo momento, então disse. — Ok. Uma

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pergunta por uma pergunta. Eu respondo uma, e depois você responde
uma.
Ele deu de ombros. — Por mim tudo bem.
— Meu pai era um caçador de recompensa, — ela disse,
respondendo sua pergunta. — Como você se tornou um vampiro? —

— Oh, não, — Vincent disse, deixando sair uma risada suja. —


Não é assim que se joga o jogo. Eu já sei que seu pai é um caçador de
recompensa. Eu quero saber por que você se tornou uma caçadora de
recompensas como o seu pai. O que sua mãe pensa?
— São duas perguntas, mas tudo bem. Eu basicamente cresci no
escritório do meu pai. Minha mãe possuía um emprego, então quem
trabalhasse no escritório era minha babá, e os caras que trabalhavam
para ele se consideravam meus tios. Alguns dele ainda o fazem.
— Sua mãe não trabalhava para seu pai como você?
— Não, ela estava em vendas. Ela ainda está, mas agora ela está
à maior parte do tempo ocupada sendo a esposa de mais alguém. Meus
pais se divorciaram quando eu tinha onze anos. Eles dividiram a custódia
até que eu fiz doze anos, então minha mãe se casou com seu amante e
se mudou para Califórnia. Eles não poderiam mais dividir a custódia
desse jeito, então me fizeram escolher.
— Isso é uma merda.
— Sim, foi. Eu tinha doze. Naquele tempo, eu disse a mim mesma
que era por que os dois me queriam muito. Mas agora eu acho que era
porque nenhum dos dois se importava.
Lana percebeu que estava soando mais que um pouco amarga e
continuou. — De qualquer forma, a escolha foi para o que me convinha
mais. E garotas de doze anos são bastante superficiais. Tudo o que eu
sabia era que se eu fosse com minha mãe eu teria que mudar de escola e
fazer novos amigos. E eu já não era boa em fazer amigos. Então escolhi
meu pai.
— Você amava seu pai?
— É claro, — Lana disse, mas até mesmo para seus próprios

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ouvidos isso soava fraco. Vincent ficou silencioso por um momento, e ela
esperou que ele não tivesse percebido.
— Vocês se dão bem?
— Eu me tornei uma caçadora de recompensas, não foi? Eu
trabalho para o homem.
— Não foi isso o que eu perguntei.
— O que você está perguntando? Você não é meu terapeuta,
Vincent.
— Justo. E sua mãe?
— Nós nos damos bem. Nunca tivemos muito em comum.
— Por que você apresentava problemas em fazer amigos?
— Encrenqueira demais, eu acho. Eu era o filho que meu pai
sempre quis.
— Quem era sua melhor amiga? Garotas sempre tem uma, certo?
Lana sorriu, se lembrando. — Gretchen Foster. Ela vivia no prédio
atrás do escritório do meu pai. Nós meio que nos ligamos em nossa
mútua miséria.
— Ela era encrenqueira como você?
— Oh, não. Gretchen era linda.
— Você é linda.
Lana piscou surpresa com a simples afirmação. Ele disse como se
fosse um fato, e não como uma paquera, mas como se ele realmente
quisesse dizer isso. Ela ficou silenciosa por tempo suficiente para ele
olhar para ela.
— Você é, — ele disse baixo, parecendo confuso com a reação
dela.
— É, bem, — ela murmurou, e então finalmente disse, — Eu
definitivamente não era até então, mas Gretchen era. E garotas
adolescentes podem ser malvadas. Todos os garotos amavam Gretchen.
Ela nunca saía com nenhum deles, mas eles a rodeavam de toda forma,
e as outras garotas odiavam isso. Elas começaram o rumor de que
Gretchen era fácil, e que era por isso que os garotos gostavam dela. Que
ela abriria as pernas para qualquer garoto que quisesse.

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— Mas ela não era assim.
— Ela era exatamente o oposto. Eu acho que Gretchen não teve
um encontro até o primeiro ano do ensino médio. Seus pais eram muito
rígidos. Ela ia para a escola e voltava para casa logo depois.
— Então como vocês duas se conheceram?
— Como eu disse, os pais dela eram rígidos. Eles queriam boas
notas, e Gretchen estava com um problema com matemática. E eu era
meio que um gênio nisso, então nós fizemos uma troca. Ela resolvia meu
problema e eu resolveria o dela.
— Não entendi.
— Ela lia todas as revistas de moda, sabia tudo sobre
maquiagem, roupas e essas coisas. Eu não tinha uma mãe, e meu pai
não mantinha uma Vogue no escritório. Então, Gretchen me ensinou
coisas de garotas, como se vestir, como fazer meu cabelo e minha
maquiagem. E eu fui sua tutora em matemática.
— O que seu pai pensou sobre seu filho aprendendo coisas de
garotas?
Ela riu. — É, no momento em que meus peitos cresceram, ele fez
uma reviravolta. Decidiu que não me queria tanto por perto do escritório.
Eu acho que ele se preocupava sobre seus caras tendo ideias. — Ela
quase adicionou, pelo menos até que ele escolheu meu marido por mim.
Graças a Deus, não o fez. Vincent ficaria em cima disso se ela dissesse.
— Onde está Gretchen agora? — Ele perguntou.
— Fomos para a faculdade juntas e ela conheceu um cara. Eles
se casaram depois da graduação e têm duas crianças. Eles vivem em
Nova York.
— Final feliz.
— É, foi mesmo. — Lana ficou em silêncio e então olhou
carrancuda. — E isso foi muito mais que uma só pergunta. Você me deve.
Vincent riu com tanto prazer que Lana se esqueceu de respirar
por um momento.
Vincent carrancudo ou sorrindo era maravilhoso. Mas Vincent
rindo? Estava tão além de maravilhoso que ele nem mesmo possuía uma

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palavra para isso.
— Acho que devo, — ele concordou, parecendo não perceber a
fascinação dela. — Pergunte.
Lana engoliu, dando a seus hormônios exagerados uma chance
de se acalmarem. Talvez ela precisasse transar mais frequentemente se
uma simples risada podia fazer isso com ela. Quanto tempo fazia desde
que ela transou?
Ela franziu a testa. Tanto tempo que ela não podia nem lembrar
exatamente quando. Ela teria que remediar isso quando chegasse em
casa. Mas agora, lidarei com o vampiro perto dela, e ele estava esperando
que ela perguntasse.
— Certo, — ela disse. — Eu ainda quero saber como você se
tornou um vampiro. E. — e o quê? Ela precisava dizer algo antes que ele
percebesse que ela estava balbuciando. — E, eu também tenho uma
segunda pergunta, então, qual é a sua idade?
— Essas são questões muito pessoais para um vampiro, Lana, —
ele disse, sem nenhum traço de humor na voz.
— Assim como perguntar sobre o divórcio dos meus pais, — ela
considerou calmamente.
Ele assentiu. — Você está certa. Tudo bem então, se encoste
querida, e eu vou lhe contar um conto de dois irmãos.

Texas, 1876

— POR FAVOR, SEJA CUIDADOSO, mijo. E tome conta do seu


irmão.
Vincent prendeu a última fivela de sua sela e se virou para sua
pequena mãe. — Mama.
Ele a abraçou cuidadosamente, como a delicada boneca que ela
parecia. Mesmo com dois filhos gigantes e mais de vinte anos vivendo em
pecado com o pai dele, ela ainda era a mulher mais bonita do rancho.
Poderia ser o amor de filho falando, mas ele via a luz nos olhos de seu

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pai, também, toda vez que ele olhava para ela. Ela fora uma garota pobre
da Guatemala, uma empregada na grande casa dos avós de seu pai,
quando ela prendeu o olhar de seu pai. Os mesmos avós agora se
recusam a reconhecer Vincent ou seu irmão mais novo por eles serem
bastardos. Nascidos do amor, mas fora do casamento. Seu pai era o único
filho e descendente do império de gado de sua família rica, mas eles
juraram que iria deserdá-lo se ele se casasse. Eles fizeram do jeito deles,
mas seu pai também fez do seu jeito. Ele não casou com sua amante
guatemalteca, a mãe de seus filhos. Mas também nunca casou com
ninguém mais. Vincent e seu irmão, John, cresceram no rancho. Não na
casa grande, é claro. Seus parentescos continuaram não reconhecidos,
mesmo com todo mundo no rancho sabendo a verdade. Talvez seus
cavalos fossem um pouco mais cuidados, seus caminhos mais leves, mas
assim que estivesse velho o suficiente, eles trabalhariam do nascer do sol
até o pôr do sol como qualquer outro que morasse no rancho. E hoje os
dois irmãos estavam indo em sua primeira condução de gado, indo para
Abilene e para os gigantes mercados pecuários de lá. Normalmente, eles
teriam conduzido gado há muito tempo. Mas sua querida mãe se opôs,
dizendo que era perigoso demais, e o pai deles não podia negar nada para
ela. Então, ano após ano, seus filhos permaneceram para trás. John não
se importou muito. Ele estava feliz no rancho, aprendiz do veterinário,
que era a razão dele não estar presente durante as lágrimas de sua mãe
enquanto seus filhos iam para Abilene. John estava do outro lado do
rancho ajudando o doutor com os suprimentos. Vincent, por outro lado,
não estava satisfeito em viver sua vida inteira em um lugar. Ele queria
ver o mundo além do rancho, visitar a grande cidade de Abilene, ver as
vastas planícies do Kansas e além. Qualquer lugar e todo lugar que não
fosse o rancho no qual ele cresceu.
— Seremos cuidadosos, Mama, — ele assegurou, beijando sua
testa. — Sempre somos.
— Si, eu sei. Eu esperarei por vocês.
— Tome conta de Papa.
— Puff. — Sua mãe fez um gesto qualquer, mas Vincent viu o

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amor em seus olhos também. O chefe gritou a ordem de todos montarem
e Vincent inspirou em alívio.
— Eu tenho que ir, Mama. Teremos cuidado e veremos você antes
do Natal.
— Oy, um tempo tão longo, mi hijo, — ela sussurrou de forma
intensa e o abraçou apertadamente. Ela era forte para uma mulher tão
pequena.
Vincent se soltou com outro beijo em sua testa. Ela o manteria lá
o dia inteiro se ele não acabasse com isso agora. Ele montou em seu
cavalo e, com uma saudação vistosa, despediu-se de sua bela mãe, sem
saber que era a última vez que iria vê-la.

— PODEMOS APENAS IR para casa? — John perguntou alguns


meses depois, jogando um graveto em Vincent do seu lugar, no outro lado
da pequena fogueira deles. — Abilene não foi suficiente?
A condução do gado acabou, e não foi de forma alguma tão
emocionante quanto Vincent pensou que seria. Sua grande aventura não
foi nada além de meses de sujeira, trabalho duro, longos dias em cima
da sela, e comida ruim. Por outro lado, ele e seu irmão estavam agora
livres para fazer seu caminho de volta para casa em seu próprio ritmo, e
Vincent estava determinado a tirar o máximo proveito disso.
— Uma cantina Mexicana, irmãozinho, alguns km fora de nossa
rota. É tudo o que peço. Essa pode ser nossa única chance.
— O gado vai ao mercado todos os anos, Vicentillo.
— Mas quem sabe se nos deixarão ir? Se nosso avô morrer, papa
herdará o rancho, e nunca nos enviará novamente. Mama não o deixará
fazer isso.
— Se vovô morrer, — John bufou. — Aquele velho é mal demais
para morrer.
— Mesmo o diabo recebe o que merece Juanito.
— Muito bem, uma cantina, mas você — ele parou de repente,

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virando para encarar a escuridão. — Quem está aí? — ele chamou,
elevando a voz enquanto alcançava a bainha da arma que ele tirou mais
cedo.
Vincent se levantou na mesma hora, sua Smith e Wesson já em
suas mãos quando os bandidos invadiram o pequeno acampamento deles
— imundos, homens ferozes entraram atirando, canos de armas
aparecendo na escuridão. Vincent assistiu horrorizado quando a primeira
bala rasgou o peito do seu irmão. John foi lançado pelo ar devido à força
do impacto.
O dedo de Vincent empurrou o gatilho, sua arma explodindo
rapidamente, mas era tarde demais. Uma dor lancinante rasgou seu
peito, e ele se encontrou batendo contra a imundície da planície do Texas.
Ele se mexeu, procurando por John, tentando alcançar o irmão que ele
deveria tomar conta, o irmão que ele prometera que traria para casa, para
a mãe deles, para o Natal. Dor entrecortada fatiou seu peito. E de repente,
ele sabia que nenhum deles iria para casa novamente.

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CAPÍTULO CINCO
México, hoje.

— ISSO É HORRÍVEL, — Lana disse, encarando o vampiro


sentado perto dela. Ele contou sua história com nenhuma emoção, como
se tivesse acontecido com outra pessoa. Ele não disse nada, mas encarou
bem em frente, seu olhar parecia cravado na estreita faixa de luz branca
que era tudo o que eles podiam enxergar da rua com seu farol dianteiro.
Eles estavam numa parte da estrada particularmente vazia, então ele
estava dirigindo bem acima do limite de velocidade. Mas ele lidava com a
grande SUV tão facilmente quanto ele faria se tivesse algo baixo e doce e
construído para a velocidade, uma mão no volante e a outra sobre o
console central, seus dedos batendo no ritmo de uma música que só ele
podia ouvir.
Lana podia entender sua necessidade de distância emocional para
tais eventos dolorosos. E ela continuava esquecendo que, apesar de
aparentar ser um homem em seus vinte e poucos anos, ele era muito,
muito mais velho que isso.
Talvez o que para ela era uma terrível tragédia, pois era acabara
de ouvir sobre isso, era para ele uma memória distante. Ela até mesmo
quase acreditou que ele não estava tentando tão fortemente fingir que
isso não importava
— Eu não estou familiarizada com armas, mas se eles atiraram
no seu peito, por que você não morreu?
Ele então lhe lançou um olhar, mas apenas para zombar dela. —
O quê? Você não crê que vampiros estão mortos? Não é isso o que todos
vocês, humanos, acreditam sobre nós?
Lana o perdoou por ser um idiota rude, devido aos terríveis
eventos que ele acabou de reviver para ela.

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— Eu não sei dos humanos em geral, mas eu sei que você não
está morto, — ela disse a ele. Ela não falou nada mais, pois mesmo
sabendo que definitivamente eles não se erguem da morte da forma que
algumas ficções populares indicam, ela não sabia o que acontecia para
torná-los vampiros.
A única pessoa que talvez fosse capaz de colocá-la a par disso era
Cynthia Leighton, e embora Leighton tivesse passado algumas pequenas
e úteis informações quando trabalharam juntas, as duas eram
exatamente isso — parceiras de negócios em primeiro lugar e amigas
depois. Elas trocavam detalhes e resultados, e não fofocas. Isso era em
parte a razão dela ter concordado em compartilhar informação com
Vincent. Ele estava curioso sobre ela — embora Lana não imaginasse o
porquê, e outra coisa que a incentivou foi, sem dúvida, a necessidade dele
de encantar cada mulher com quem tivesse contato. Mas já que a história
dela era bem ordinária, ela estava disposta a trocar os monótonos fatos
da sua vida pelos detalhes de longe mais intrigantes da vida dele.
Vincent, no entanto, ficara quieto. Ele não parecia inclinado a
continuar jogando o jogo deles, mesmo não respondendo a sua primeira
e mais importante pergunta — como ele se tornou um vampiro.
Obviamente, ele não morreu na noite em que foi alvejado, mas tão
óbvio quanto isso, de alguma coisa, o levou a tornar-se um vampiro. Ela
não achava que ele teria compartilhado algo tão pessoal de outra forma.
E o seu irmão mais novo? John morreu? Ou ele também virou um
vampiro? Ela estava morrendo de vontade de perguntar, mas não possuía
coração para isso. Mesmo Vincent agindo distante e indiferente, ninguém
era capaz de recontar sua própria experiência de quase morte e sentir
nada.
— A hora da história acabou por hoje, — ele finalmente disse. —
O Sol nascerá logo. Temos que pensar sobre parar.
Lana checou o painel do carro. Eles fizeram um bom tempo,
mesmo sendo forçados a diminuir de velocidade em áreas mais povoadas.
Vincent estava determinado a manter-se discreto por razões que ele não
comentou com ela, e também não queria arriscar ser parado por algo tão

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trivial como velocidade. Eles provavelmente teriam seguido com nada
mais que uma multa, mas até mesmo isso criaria um registro oficial que
uma certa pessoa poderia usar para rastreá-los. Eles também foram
desacelerados por toda a blindagem que fazia o Suburban uma excelente
escolha para atravessar um território perigoso, mas também fazia o
veículo muito mais pesado. Ele bebia gasolina como um filho da mãe, e
já que havia trechos em que eles não tinham certeza se havia um posto
de gasolina, às vezes tiveram que parar antes mesmo do tanque esvaziar,
apenas para ter certeza que isso não iria acontecer na hora errada.
E não vamos esquecer que em todos os lugares que eles pararam,
Vincent encantava cada mulher a vista. Velha, jovem... Inferno se tivesse
um bebê por perto ele provavelmente a encantaria também. E nenhuma
das mulheres pareceu se importar se Vincent estava viajando com Lana.
Com toda a informação que elas possuíam, ela poderia ser a namorada
dele, até mesmo sua esposa. Isso não importava.
A pior fora a adolescente no primeiro lugar que eles pararam. Ela
olhou para Lana, de cima para baixo, e completamente a desconsiderou.
Como se a garota soubesse que Vincent iria contente substituir Lana por
uma adolescente estúpida no caixa de um posto de gasolina.
Não que Lana o quisesse para ela. Inferno, não. Era apenas o
princípio da coisa.
Ela estreitou seu olhar em Vincent, e então rolou seus olhos em
desgosto, tanto com ela mesma quanto com Vincent. Por que ela se
importava com quantas mulheres ele flertava? Ela tirou seu celular e
procurou pela localização deles. Sua energia seria mais bem gasta
encontrando um lugar para pararem antes de amanhecer.
— Que tal Guamúchil? — ela perguntou, dando zoom no mapa.
— Podemos parar lá. É uma cidade de bom tamanho, e não devemos ter
problemas
— Vamos parar antes disso, — Vincent interrompeu. — Uma
pequena cidade cerca de cinquenta quilômetros a nordeste.
— Eu não vejo
— Não estará no mapa. A cidade é pequena demais.

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— Então como você
— Eu já estive aqui antes. Há um local. Ela tem alguns quartos
e devem estar vazios nesse tempo do ano.
Ela. É claro que teria uma ‘ela’. Parecia que homens, ou ela talvez
devesse dizer homens do sexo masculino, eram iguais em qualquer lugar.
A menos os tipos de homens que ela parecia destinada a encontrar. Eles
eram ousados, tomavam o risco, procuravam por emoção, alta
testosterona, bêbados por adrenalina que conseguiam mulheres como
moscas e pareciam incapazes de se estabelecer com apenas uma. Ela
lembrou de que não se importava nem um pouco com quantas mulheres
Vincent encantou, seduziu ou fodeu.
— Você programou isso no GPS?
Ele lançou lhe um olhar, talvez sentindo algo no humor dela, mas
a única resposta verbal foi um conciso, — Yep.
Quase 32 km mais tarde, o sistema nav (GPS) disparou num
aviso. Vincent imediatamente desacelerou, chegando perto de parar para
fazer uma curva acentuada a direita, numa estrada que Lana talvez teria
se perdido e percebido mesmo na luz do dia. Não era pavimentada. Ela
podia ver e sentir isso. O Suburban aguentou a nova superfície com
relativa suavidade, mas então, Vincent dificilmente fazia 50 km/h. Ela
podia ouvir pedras raspando a parte de baixo do carro, mas não havia
nenhum buraco e os pneus não estava deslizando tanto quanto ela
esperava que fizessem quando estavam fora da estrada.
Vincent subitamente apagou os faróis, mas continuou dirigindo
como se nada tivesse mudado. Lana não podia distinguir nenhuma
maldita coisa.
— O que você está fazendo? — ela perguntou, se esforçando para
enxergar.
— Eu posso ver melhor lá fora sem elas.
Lana mudou seu olhar entre Vincent e a estrada bastante escura.
— Você pode?
Um pequeno sorriso iluminou sua expressão pela primeira vez
desde que ele interrompeu sua própria história. — Eu posso. Não se

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preocupe Lana. Eu tomarei conta de você.
— Eu posso tomar conta de mim mesma, obrigada. Apenas dirija.
Seu pequeno sorriso cresceu. — O que você disser.
— E sobre essa cantina?
— O que sobre isso? É bastante popular entre os moradores
locais, principalmente por conta da música. Há um homem que toca
violão clássico lá. Um dos melhores do mundo.
— Qual o nome dele?
Vincent balançou a cabeça. — Você não terá ouvido falar dele.
— Como você sabe? — ela exigiu, sentindo-se insultada. Ela
gostava de violão clássico.
— Não é você, querida. Ninguém ouviu sobre ele a não ser que já
tenha estado aqui. Ele não grava, ele não viaja. Ele simplesmente toca
seu violão.
Lana lhe deu um olhar curioso. Existiam camadas em Vincent
Kuxim. Camadas embrulhadas num pacote muito bonito. Ela piscou e se
trouxe de volta a realidade. Bonito ou não, ele era um vampiro e um
jogador. E ela não queria nenhuma das duas partes.

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CAPÍTULO SEIS

— VICENTILLO, MI corazón! Tanto tiempo sin vernos!


Lana ficou na porta de entrada da pequena e lotada cantina e
assistiu enquanto a mulher recebia Vincent como um amigo de longa
data. Ou um amante. Ela o chamou de coração, embora tenha adicionado
que eles não se viam há bastante tempo. Então talvez fossem antigos
amantes, ainda amigos. Companheiros de foda, talvez, Lana pensou
enojada e não sabia por que se importava.
A mulher fora bonita na juventude. Você podia ver no suave e
dourado brilho de sua pele, no flash de seus olhos marrons escuro, na
elegante curva de sua mandíbula. Ela ainda era adorável, mas a idade e
a vida refletiam em seu rosto agora, também. Essa vida era uma das boas,
se o largo sorriso fosse uma indicação. Ela era a imagem viva de uma
mulher que encontrou a vida que queria e a viveu ao máximo.
Lana pensou na facada de inveja cortando seu peito. Ela tinha
uma boa vida, não tinha? Ela fazia o que queria fazer, algo que amava. É
claro que ela não conseguia se imaginar perseguindo homens ruins
quando ela tivesse quarenta... Ou cinquenta, como a mais nova
admiradora de Vincent. Mas por agora, estava exatamente onde queria
estar. Não estava?
Vincent parecia certamente tão feliz em ver a mulher quanto ela
parecia em vê-lo. Ele estampou um enorme sorriso em seu rosto — não o
sorriso sarcástico que ele geralmente oferecia a Lana, mas um sorriso
genuíno cheio de aconchego e algo mais que uma simples afeição. Eles já
foram amantes? O abraço íntimo certamente falava de uma familiaridade
longa e íntima.
— Marisol, te haces más bella cada vez que te miro, — Vincent
disse, olhando para baixo, para ela.
Você fica mais bonita cada vez que te vejo.

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A mulher, Marisol, espantou o elogio da forma que belas mulheres
faziam quando pensavam que o sentimento era verdadeiro, mas fingiam
modéstia. Ela e Vincent beijaram-se na bochecha e então deram um beijo.
Certo, talvez isso fosse um exagero. As bocas deles se tocaram, mas Lana
achava que não havia nenhuma língua envolvida. Quando o beijo acabou
eles se abraçaram de novo e então trocaram algumas palavras
suavemente. Marisol afagou o peito de Vincent e começou a se mover na
direção de Lana, como se tivesse um propósito. Lana recuou quando
percebeu que Marisol não estava indo para ela, mas para uma pequena
escrivaninha num canto na parede à sua esquerda. Vincent seguiu e os
dois continuaram a conversa, falando espanhol tão rápido que Lana teve
que se esforçar para pegar o que eles estavam falando. Mesmo assim, ela
não podia ter certeza se estava traduzindo cada palavra corretamente,
mas o contexto geral era claro.
— Rodrigo apareceu novamente, e você sabe que não posso dizer
não para ele, — Marisol estava dizendo por sobre o ombro para Vincent,
enquanto se inclinava para a escrivaninha.
— Rodrigo? Ele não deveria estar na sua cama?
— Vincent! Que tipo de pergunta é essa? — Ela exclamou, virando
seu olhar para ele, uma mão no meio do peito num gesto tão
escandalizado quanto falso. — Além disso, você sabe que eu gosto de um
homem mais jovem.
— Mais de um, pelo que me lembro. — Vincent provocou de volta,
o que fez Marisol abanar o rosto.
— Bem, — ela disse claramente ainda frustrada pela memória
que Vincent havia invocado. — Isso significa que eu tenho apenas um
quarto, mas é seu se
— Está bom, — ele assegurou, embora Lana não achasse nada
tranquilizador.
— Um quarto?
— Lana é minha guarda-costas, — Vincent continuou. — Ela vai
ficar comigo.
Lana cavou buracos nas costas dele enquanto contemplava todas

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as formas que poderia usar para matá-lo sem nem mesmo mover um
passo de onde estava, mas ele permaneceu alegremente inconsciente
disso.
Tanto para a telepatia de um vampiro. Ou isso, ou ele estava
ignorando ela.
Marisol entregou a chave para Vincent, em seguida, esticou-se
para beijá-lo, sua mão demorando ao longo de sua mandíbula.
— Você sabe onde é, meu querido. Eu ainda verei você amanhã à
noite?
— É claro, você acha que eu partiria sem ouvir Chencho tocar?
— Doce garoto. — Ela afagou a bochecha dele, então se apressou
para voltar a seus clientes, mas não antes de escanear Lana da cabeça
aos pés com seu olhar enquanto passava por ela.
— Vamos lá, — Vincent disse, virando em direção a Lana e
balançando a cabeça para a porta. — Temos tempo de nos limparmos e
conseguirmos algo para comer antes do sol nascer.
Lana não podia evitar perceber que sua voz estava toda negócios,
completamente vazia do carinho que ele mostrara a Marisol.
— Eu sou seu guarda-costas?
— Achei que você preferia isso a amante.
Ela fez uma careta para ele. — Olha, se você preferir ficar aqui
com
— Lana.
Ela olhou para cima para encontrar seus olhos salpicados de
ouro.
— Eu estou cansado, — ele lhe disse. — Eu posso ser um
vampiro, mas eu não aprecio ficar sentado dentro de um carro por horas
mais que você. Eu quero uma ducha, e então eu vou dormir.
— Dormir tipo...
— Sim, — ele disse, parecendo de alguma forma confuso pela
inabilidade dela de ser direta e dizer que ele estaria fazendo sua coisa de
vampiro. — Dormir tipo vampiro. Agora, podemos ir para o quarto?
Ela se virou para segui-lo pela porta. — Eu não posso dividir um

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quarto com você.
— Por que não? — ele perguntou, andando para um estreito
caminho entre a cantina e outro prédio baixo.
— Eu mal te conheço.
Ele deu de ombros. — Sua virtude está a salvo comigo. Eu estarei
morto para o mundo.
Ela franziu o cenho. — Eu te disse, eu sei que vampiros não estão
mortos.
Ele virou para encarar ela. — É uma expressão, Lana, — ele
informou secamente, e virou num caminho para a esquerda, que
terminava num pequeno chalé com duas entradas separadas.
Elas estavam em lados opostos do chalé e cada um era marcado
por uma pequena trilha e uma porta de madeira pintada numa cor
brilhante. A porta de Vincent parecia ser azul, embora com a fraca
iluminação ela não prometesse que fosse. Ambas as portas estavam
moldadas por videiras que Lana pensava ser jasmim, por conta de seu
cheiro leve e adorável. Embora, com todo o seu conhecimento sobre
flores, poderiam ser qualquer coisa e ela não saberia a diferença.
Vincent destrancou a porta, então a abriu e entrou sem acender
a luz.
Lana parou na porta deixando seus olhos se ajustarem, e então
atravessou para uma pequena mesa e acendeu a lâmpada.
— Desculpe-me, — ele disse do outro lado do quarto onde já
estava tirando a jaqueta. — eu esqueço às vezes.
— Esquece o quê?
— Que humanos não podem ver no escuro.
— Você pode?
Ele assentiu distraidamente. — Bastante. Você se importa se eu
tomar banho primeiro?
Lana piscou nesse lembrete de que ela dividiria o quarto com
Vincent. Vincent dos ombros largos e tanquinho. Ela suspirou. Ela estava
definitivamente querendo seu salário dessa vez.
— Claro, vá em frente.

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Ele agarrou a bainha de sua camisa de manga longa e puxou-a
por sua cabeça. Ela engoliu um segundo suspiro. Ela esqueceu a
tatuagem. Ombros largos, tanquinho e tatuagem. Ainda bem que ele era
feio. Porra.
— Eu tenho que pegar uma coisa do SUV, — ela disse, sabendo
o quão patético isso soava mesmo enquanto dizia. — Você ficará bem
aqui?
— Bastante seguro, — ele assegurou e começou a desabotoar os
botões de sua calça. Lana pegou um vislumbre da barriga lisa e dos
músculos esculpidos e abriu a porta rápido.
— Eu já volto, — ela disse. E então rapidamente escapou.

VINCENT sorriu enquanto a porta era fechada atrás de Lana. Ele


precisava de privacidade e imaginou que se começasse a se despir ela
fugiria. Bom saber que não perdeu completamente o toque, embora ele
tivesse começado a se perguntar. Ela parecia impermeável ao charme
dele, mas talvez não a seu corpo.
Hmmm.
Marisol claramente não pensava que ele havia perdido o toque,
nem ninguém mais. Se ele tivesse insinuado ela teria chutado o jovem da
cama dela e ao invés passaria o resto da noite com ele. Mas ele não estava
aqui para isso.
Além de que, ele estava determinado a vencer Lana. Ela estava
resistindo por agora, mas ele amava um desafio. E ele não gostava de ser
ignorado.
Ele ouviu seus passos desaparecerem pelo caminho e puxou seu
celular com satélite. Michael não ligara durante o dia todo, o que
interpretou como um bom sinal. Mas ele queria ter certeza. Ele digitou o
número pegando de sua memória. Ele não salvava números nesse
celular, devido ao fato de que ele estar usando-o significava que estava
viajando, geralmente num território não familiar. E isso usualmente

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significava que havia perigo em potencial.
Melhor não oferecer informações para inimigos.
Michael respondeu no segundo toque. — Boa tarde, Sire.
— Rigorosamente falando, é manhã, Mikey.
— Sim, mas não tem nada de bom nas manhãs, então...
— Bom ponto. Algo que eu precise saber?
— Ninguém percebeu que você saiu, se é isso o que você está
perguntando.
— Eu não sei se devo me sentir magoado ou aliviado.
— Fique aliviado. O clube está fechado para reparos, então a
atividade está fraca. E nenhuma ligação de Enrique.
— Falando de... Alguma notícia sobre a irmã de Raphael?
— Possivelmente. Eu tenho um relatório que diz que ela está
morta. Estou tentando confirmar isso, mas minha fonte disse que ela foi
interrogada, considerada inútil e então foi executada no local.
— Frio. Foi Enrique?
— Sobre isso minha fonte não tem certeza. Ocorreu na Cidade do
México, na sede de Enrique, mas indicações apontam que ele não foi o
executor.
— Interessante. É claro, a própria presença dela na sede dele é
uma evidência de que Enrique armou contra Raphael.
— Sim. Diga-me uma coisa, jefe. Alexandra estava duplamente
ligada a Raphael. Eles eram irmãos quando humanos por nascimento,
adicionando que ele era seu mestre por alguns séculos, certo?
— Algo assim.
— Então, mesmo que ele não fosse mais seu mestre, ele não
saberia se ela estivesse morta? Quero dizer, Raphael é poderoso. Ele não
sentiria sua morte de alguma forma?
Vincent considerou a pergunta de Michael. Não havia ligação mais
forte do que a de um vampiro e seu Sire — assim lhe disseram. Ele nunca
se sentiu particularmente ligado a Enrique, isso com certeza. Sua
lealdade com o velho era baseada unicamente na praticidade e ambição
pessoal. Porém ele era o Sire de Michael e estavam ligados fortemente.

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Ele morreria para defender sua criança, e sabia bastante bem que
Michael sentia-se fortemente da mesma forma.
Mas Raphael fora o senhor de Alexandra, não seu Sire. A história
era que eles dois foram transformados durante o mesmo ataque, mas por
diferentes Sires. Ele ouviu que isso aconteceu a um par de séculos antes
de Raphael resgatar Alexandra de desconhecidas, mas horríveis
circunstâncias. Ele matara o Sire dela e desde então tem sido seu senhor.
E mesmo essa ligação não tendo a mesma força da ligação de um Sire,
dois séculos era muito tempo. E como Michael disse, eles possuíam o
vínculo de irmãos com eles, também.
— Você deve estar certo, — ele disse pensativamente. — De fato,
eu aposto que você está certo. Então, se Alexandra está morta, Raphael
já sabe. Logo, qual será o próximo passo dele? Ele contratou Lana Arnold
para entregar uma mensagem para um vampiro que ninguém vê a mais
de cem anos. Pelo menos ninguém confiável. E não só isso, ele me escreve
uma carta, pedindo ajuda, e deixando claro que prefere que eu esteja lá
quando ela encontrar o tal vampiro. Esses eventos devem estar
relacionados.
— Exatamente meus pensamentos. Então o que você vai fazer?
Vincent soltou uma longa respiração. — Se Raphael pensa que eu
devo encontrar Xuan Ignacio, então eu vou encontrar o fodido e descobrir
o porquê. Eu manterei o celular ligado, caso você precise de mim.
— E lembre-se de sua promessa.
Vincent franziu o cenho, mas não disse nada.
— Nada de Cidade do México sem mim, — Michael lhe lembrou.
— Sem chance, Mikey.
— Fica a salvo, jefe.
— Falo com você amanhã.
Vincent desligou, e então tirou o resto de suas roupas e andou nu
até o chuveiro. Ele não mentira para Lana. O Suburban era confortável,
mas passar tantas horas sentado em sua bunda era exaustante. E sua
viagem nostálgica com Lana não fora emocionante também. Ele gostou
de ouvir a história dela, mas então, por alguma razão, ele voluntariou a

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sua própria, mesmo não tendo pensado sobre aquela última viagem com
seu irmão há um bom tempo.
Ele abriu a torneira do chuveiro e esperou até que esquentasse.
As cabines de Marisol eram bastante primitivas, com uma exceção. A
pressão na água era excelente e não teve medo de usá-la. Ele pisou
embaixo da água e deixou a água quente lavar a longa noite.

O CHUVEIRO AINDA estava ligando quando Lana se aventurou a


voltar para o chalé. Ela amaldiçoou baixinho. O que ele estava fazendo lá
dentro? Ela intencionalmente levou seu tempo, passeando pelos jardins,
demorando do lado de fora da cantina, escutando o som da festa lá
dentro. Música alta preenchia o ambiente, mas não o músico do violão
clássico que Vincent comentou. Ou ele tocou mais cedo na noite, o que
era parecia muito provável, ou não estava aqui ainda. Ela ouviu Vincent
dizer algo sobre ficar aqui amanhã de noite, por tempo o suficiente para
ouvir Checho tocar. Esse deve ser o violonista.
Mas agora ela viu tudo o que precisava ver sem se aventurar a
entrar no deserto. E Vincent ainda estava no chuveiro, deixando suas
roupas descartadas espalhadas por todo o chão do outro lado da cama.
A cama. Uma cama.
Ela olhou ao redor, tentando descobrir onde podia dormir.
Obviamente, Vincent ficaria com a cama, porque tipicamente masculino,
ele não teria vergonha. Ele teria ficado nu bem na sua frente se ela não
tivesse saído. Ele claramente esperava que ela fosse dividir a cama com
ele. De fato, ele sem nenhuma dúvida teria prazer em saber que isso a
fazia desconfortável. Ainda bem que era uma cama grande, com espaço
o suficiente para duas pessoas dormirem bem separadas. Marisol não
poupou em seus chalés. Tapetes coloridos estavam espalhados sobre
pisos de azulejo e cortinas pesadas cobriam a única janela, então não
teriam problema com a luz do sol. A cama tamanho gigante tomava quase
todo o espaço do quarto, mas havia uma pequena mesa redonda e duas

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cadeiras perto da janela, e pequenas quadradas mesinhas de cada lado
da cama, que eram apenas grandes o suficiente para colocar itens
pessoais ao redor do abajur que cada um possuía. Lana rodeou para o
lado mais distante da cama e acendeu a segunda lâmpada. Havia espalho
o suficiente entre a cama e a redonda mesa de jantar para que ela
dormisse no chão. Não era o arranjo mais confortável, mas ela já teve
pior. Ela olhou para os edredons macios da cama. Ajudaria com o ladrilho
duro do chão. Ela se perguntou se vampiros precisavam de edredons
quando dormiam.
— Nós dois podemos dormir na cama.
Lana reprimiu a vontade de pular pelo inesperado som da voz de
Vincent. Ela nem mesmo escutou o chuveiro ser desligado. Que caçadora
de recompensas ela era.
Ela se virou... E imediatamente abaixou o olhar para evitar ver
Vincent numa toalha e nada mais.
— Eu não acho que seja apropriado, — ela disse, fingindo estudar
o chão. — Eu posso...
— Lana.
Ele não disse mais nada até que ela finalmente olhou para cima e
encontrou o seu olhar. E apenas o seu olhar!
— Uma vez que adormeço, eu não me movo, querida. Você estará
perfeitamente segura.
— Eu não estou preocupada com a segurança, — ela protestou.
— Isso apenas não parece
— Eu achava que eu era a pessoa do século dezenove aqui. O que
aconteceu com a liberdade da mulher e tudo isso?
— Tá. Eu vou dormir na maldita cama. Feliz agora?
Ele sorriu para ela — Estou. Você está com fome?
Seu olhar foi brevemente para baixo antes de bater de volta em
seu rosto. — Sim, — ela disse quase desafiadora. E pela primeira vez
desde que ela o conheceu, Vincent pareceu de alguma forma
desconcertado com a resposta de uma palavra dela. Não foi atingido, mas
definitivamente o tirou de seu jogo... por alguns segundos. Mas depois

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seu sorriso lentamente aumentou e seus olhos se tornaram preguiçosos.
— Você pode comer o que quiser querida, — ele falou em uma voz
profunda e um sexy ronronar.
A respiração de Lana ficou presa em seus pulmões. Vincent Kuxim
pela metade já era sexy demais e ela estava louca para ficar sozinha com
ele nesse pequeno quarto com essa grande cama.
Ela conseguiu dar a ele um olhar frio, levantando uma única e
cética sobrancelha.
— Jantar, — ela lhe falou secamente. — Marisol ainda está
servindo comida?
Vincent piscou para ela, de forma alguma sendo atingido pela
resposta indiferente dela. — Ela terá algo pronto para a gente agora. Ela
gosta de me alimentar.
— Ela se importará?
— Você é meu guarda-costas. Você precisa comer. Vai tomar
banho?
Lana se sentia suja e suada, como se ela tivesse andado aqueles
500 km pelo deserto ao invés de viajar no conforto do ar condicionado.
Mas ela não iria se despir com um Vincent metade nu no quarto.
— Vou tomar banho mais tarde, — ela lhe disse. — Eu vou lavar
meu rosto e minha mãos antes de irmos, mas eu posso esperar até que
você termine.
— Eu já terminei de usar o banheiro. Por que você não vai em
frente, e eu estarei pronto quando você terminar.
Ela assentiu. Isso soava como o acordo perfeito. Ela tirou sua
jaqueta e a colocou nas costas da cadeira, e então abriu sua mochila e
retirou uma pequena bolsa que continha seus artigos de higiene pessoal.
Passando pela pilha de roupas de Vincent ela começou a se dirigir
para o banheiro, antes de perceber que Vincent, ainda meio nu, estava
bloqueando a passagem. Sem querer parecer como uma virgem, ela
estava preparada para rodeá-lo, quando ele de repente deu um passo
para fora do caminho.
Ela ainda teve que chegar muito perto dele, perto o suficiente para

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sentir o cheiro limpo de sua pele, sentir o calor emanando de seu grande
e morno corpo. Isso foi o chuveiro, ela se perguntou, ou ele era
simplesmente tão quente quanto um homem humano regular seria? Os
vampiros não deveriam ser frios?
Ela estava tentada a perguntar para ele, mas se lembrou
abruptamente que ele estava ali numa toalha. Decidindo que agora era
definitivamente a hora errada para um tutorial sobre vampiros, ela
manteve seus olhos em qualquer outro lugar até que estava a salvo lá
dentro, e então empurrou a porta fechada e finalmente deixou sair o longo
fôlego que estava prendendo. Deixando sua nécessaire em cima da pia,
ela pegou uma toalha limpa de mão e passou pelo espelho para ver o
estrago que o dia lhe causara. Ela quase gemeu em voz alta. Não era à
toa que a adolescente a desconsiderou. Ela parecia horrível. Seus olhos
estavam com círculos escuros e ela estava suada e despenteada, com fios
esvoaçantes de seu cabelo presos ao redor de seu rosto e saindo do que
uma vez fora sua trança. Isso também explicava o olhar de dúvida de
Marisol. Ela parecia o tipo de mulher que sempre aparentava seu melhor,
mesmo se tivesse acabado de sair de um galão de leite. Um olhar para
Lana e ela provavelmente decidiu que, guarda-costas ou não, Lana não
era digna de seu precioso Vincent.
Lana sorriu para seu próprio reflexo, vaidosa o suficiente para
sentir uma faísca de convencida satisfação de estar dormindo junto com
Vincent, pelo menos isso era o tanto que Marisol sabia.
Ela se endireitou e ligou a água quente. Se eles estavam prestes a
jantar com Marisol, então ela teria que fazer algum esforço, pelo seu
próprio orgulho se nada mais. Ela podia não gritar sensualidade da forma
que a outra mulher fazia, mas também não era tão ruim. Vincent falou
que ela era bonita, embora não acreditasse nele. Ela faria um esforço hoje
à noite. Não por Marisol, e não por Vincent. Mas por si mesma. E por
Gretchen.
O quarto estava vazio quando ela saiu do banheiro, e seu primeiro
pensamento foi que se ela soubesse que Vincent iria sozinho, ela teria
tomado a porra de um banho e se sentido o inferno de muito melhor.

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Tarde demais agora. Ela lavou seu rosto e braços, escovado os dentes e
colocado desodorante. Isso, mais uma camisa limpa e uma calça Levis,
ao invés de sua calça de combate, teria que servir. Ela também libertara
seu cabelo pesado da longa trança e o escovou. Ela ainda estava
refazendo a trança quando abriu a porta e encontrou Vincent sentado
perfeitamente imóvel numa cadeira de madeira de um lado da trilha.
Era uma bela noite, um fato que ela perdeu enquanto atravessava
o deserto no escuro Suburban. A lua crescente desaparecendo, sua luz
prateada pintava o deserto com tons de preto e cinza. Tão longe das luzes
da cidade, o céu estava perfeitamente claro, e havia muitas estrelas para
se olhar. Era o tipo de noite que tentava alguém a encontrar algum lugar
para se deitar e simplesmente observar o universo. Ela tremeu levemente,
o ar frio depois de um banho quente. Não era frio o suficiente para usar
casacos grossos, mas havia frio suficiente para ela estar grata por ter
colocado uma regata por baixo da sua camiseta de mangas longas e
jaqueta de combate. Vincent observou enquanto ela se aproximava dele,
a trança por sobre seu ombro enquanto ela terminou de amarrá-la com
um elástico nada sexy.
— Você alguma vez usa seu cabelo solto? — ele perguntou sua
profunda voz uma carícia inesperada de veludo ao luar.
Ela sentiu um estranho aperto em seu peito com a pergunta,
implicando que ele conscientemente pensava nela como uma mulher, e
não só como uma caçadora de recompensas.
— Não quando estou trabalhando, — ela lhe falou, cuidadosa
para manter sua voz casual. — Ele fica no caminho.
Vincent a estudou por um momento, longo o suficiente para ela
começar a se sentir desconfortável e tivesse que lutar contra o impulso
de torcer a longa trança em suas mãos.
— Você alguma vez não está trabalhando, Lana?
— É claro. Quando estou em casa e tal.
— E tal, — ele repetiu com um leve sorriso. Ele esperou por um
momento e então disse, — Bem, mesmo mulheres trabalhadoras
precisam de comida. Você está pronta?

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— Sim. Você tem a chave com você?
Ele se levantou, e então tirou a chave de seu bolso e estendeu
para ela. Ainda estava quente do contato com o corpo dele, e ela estava
mais uma vez tentada a perguntar sobre a temperatura corporal de
vampiros. Mas algo sobre essa noite não convidava perguntas íntimas
como essa. Ou talvez o oposto fosse verdade — a noite já estava de longe
íntima demais e ela não queria ir lá. Ela foi trancar a porta, então voltou
e ofereceu a chave de volta para ele.
— Você fica com ela, — ele disse. — Em um pouco mais de uma
hora, você e essa porta serão as únicas coisas entre eu e a morte. Eu
prefiro que você fique com a chave.
Lana piscou em surpresa enquanto digeria o que ele estava
dizendo. Ela já sabia que ele dormiria durante as horas do dia, mas agora
que o tempo os pressionava, isso a assustou um pouco.
Ela realmente seria a sua única linha de defesa.
— Não se preocupe querida, — ele disse, puxando a trança que
ainda estava sobre seu peito. — Eu já fiquei com Marisol várias vezes ao
longo dos anos. Estamos entre amigos.
— Quanto tempo faz? — ela perguntou de repente.
— Quanto tempo faz o quê?
— Desde que você ficou aqui, — ela disse, e então sentiu seu rosto
se aquecer enquanto se apressava para explicar. — Eu só quis dizer que
as coisas mudaram no México nos últimos anos. Lugares que uma vez
foram seguros podem não serem mais.
— Você está certa. Mas Marisol tem boas conexões e,
francamente, eu também tenho. As forças por trás da recente violência,
o que seu governo chama de TCOs
— Organização Criminal Transnacional, — Lana falou, seu
cérebro já conjurando conspirações entre os vampiros e os cartéis que
controlava a maioria do México.
— Sim, exatamente. Eles apreciam o que você chamaria de
acordo com a comunidade vampírica. Eles não tocam no que é nosso —
pessoas e negócios — e nós não arrancamos os seus corações de seus

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corações.
Lana fez uma careta. — Você está brincando, certo?
— Nem um pouco, — ele assegurou.
— Então você faz negócios com narcotraficantes?
— Não eu pessoalmente, e nenhum dos meus também. Mas eu
não posso me assegurar de todos os outros. Esse é o trabalho de Enrique.
Lana achou aquilo dificilmente tranquilizador. Mas já que não
estava aqui para fazer negócios com Enrique e nem com Vincent, ela
deixou passar. Quando esse trabalho acabasse ela iria voltar para o
Arizona e provavelmente nunca mais veria Vincent novamente. Isso
deveria fazê-la se sentir feliz, mas não fez. E já que ela não queria
examinar o porquê. Ela também deixou isso passar.
— Se nós só temos uma hora até o nascer do sol, — ela disse
mudando de assunto, — devemos ir logo.
— Certamente. — Ele gesticulou para o caminho curvo da trilha,
e então começou a andar do lado dela. E quando eles chegaram no prédio
abaixo que os separava da cantina principal, o doce som de uma guitarra
chegou até eles.
— Esse é o guitarrista que você falou? — ela perguntou surpresa.
— Ele ainda está tocando?
— O nome dele é Chencho, e essa é sua música, mas é uma
gravação.
— Como você sabe?
— Ele nunca toca tão tarde. E também o som está frio demais. É
um CD. Um LP soaria melhor.
— LP. Você quer dizer uma gravação de vinil de verdade? Eles
eram arranhados e outras coisas. O som digital é mais limpo, é suposto
ser quase perfeito.
— É, e algumas pessoas preferem isso. Mas arte é a expressão
humana, e se há uma coisa que aprendi, é que humanos estão longe da
perfeição.
— Mas vampiros não?
— São o quê? Perfeitos? Inferno, não. Perfeição é entediante,

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Lana. Perfeição é morta.
— Você sabe, você nunca respondeu a minha segunda pergunta,
— ela disse pensativa, presa pela meditação filosófica dele sobre a
condição humana.
— Qual era? — ele perguntou, embora ela estivesse certa de que
ele se lembrasse.
— Qual a sua idade?
— Eu vou salvar isso para a nossa próxima jornada juntos, — ele
lhe disse, dando um passo para frente e abrindo a porta da cantina com
um galante gesto.
— Isso não vai acontecer até amanhã de noite, — ela lhe lembrou.
— Estou ciente, querida. Vamos jantar.
Lana já estava atravessando a porta aberta quando registrou suas
palavras. — Você vai comer também? — ela perguntou surpresa.
— Vicentillo, mi amor! — Marisol apareceu como mágica da sala
próxima, uma mão estendida em convite, a qual Vincent imediatamente
segurou e trouxe para seus lábios para um rápido beijo.
Enquanto se endireitava, ele olhou bem para Lana e disse, — O
jantar está servido.

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CAPÍTULO SETE

Lana abriu a porta do banheiro depois do banho. O ar frio entrou


correndo quando ela espiou a cama onde Vincent estava dormindo. Ou o
que quer que fosse. Do que vocês chamam o sono durante o dia de um
vampiro? Será que ele sonha? Talvez ela usasse uma de suas perguntas
esta noite, para perguntar-lhe isso. Mas agora, estava mais preocupada
com a determinação de que ele estava, de fato, verdadeiramente fora e
que não estava indo testemunhar sua caminhada nua em seu quarto
compartilhado.
Ela considerou levar sua roupa com ela para o banheiro, mas um,
elas iriam se molhar no vapor do chuveiro, e dois, a ideia parecia um
pouco antiquada demais, mesmo para ela.
O quarto estava escuro, com apenas uma lâmpada acesa em seu
lado da cama. As cortinas foram puxadas apertadas sobre as janelas no
quarto, mas a estreita janela no alto da parede do banheiro não foi
coberta, e a luz solar escapou por uma fresta da porta aberta para lançar
um raio estreito sobre a extremidade da cama.
Lana olhou para ela por um longo momento, então engasgou em
horror e bateu a porta. Inclinando-se contra a porta fechada, ela tentou
imaginar a cama com Vincent nela. Estava completamente coberto? A luz
caía sobre ele diretamente? Certamente, ele teria grunhido de dor ou algo
assim, não teria?
Droga.
De pé sobre o assento do vaso sanitário fechado, ela fez o seu
melhor para cobrir a janela. Era um único painel, abrindo para baixo a
partir do topo. Abriu-a o suficiente para tocar uma toalha lá, então a
fechou, de modo que a maior parte da luz foi bloqueada.
Ela abriu a porta novamente, seu olhar fixo para o pé da cama
onde a estreita faixa apareceu antes. Houve um pouco de luz a partir do

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topo da janela, mas não tocava a cama. Bom. Ela envolveu a toalha de
forma mais segura em torno de seu peito e entrou no quarto, fechando a
porta atrás dela. Um olhar sobre Vincent lhe disse que ele não estava se
movendo. Ele estava deitado de bruços, dormindo, seu rosto ficou longe
dela, ambos os braços dobrados sob um travesseiro e o lençol para baixo
em torno de sua cintura.
— Não olhe, — ela sussurrou para si mesma, deliberadamente
voltando seu olhar para longe. — Não olhe, não olhe, — ela repetiu, em
seguida, pegou um flash de cor na pele dourada suave e se virou para
olhar. Porra, mas ele era bonito. Todo costas largas e músculos elegantes.
A cor que ela viu era a tatuagem de antes em seu bíceps esquerdo. Ela
queria chegar mais perto para verificar o detalhe, mas não queria comer
com os olhos. Na verdade, ela queria comer com os olhos, ela
simplesmente não queria ser pega. Ele estava completamente nu sob
essas cobertas. Ele tirou tudo bem na frente dela, com absolutamente
nenhum sentido de modéstia, e caído na cama apenas momentos depois
de terem retornado da cantina esta manhã.
Ela meio que esperava que o lugar estivesse vazio quando eles
fossem jantar, mas a festa estava acontecendo tão selvagem como se
fosse meia-noite, em vez de quase nascer do sol. No início, Lana pensou
que Vincent chamou antes e, portanto, a grande festa. Mas a surpresa de
Marisol ao vê-lo parecia genuína, então talvez eles festejavam assim todas
as noites por aqui. Isso a fez se perguntar o que eles faziam com o resto
do seu tempo. Então ela decidiu que não queria saber. Esta área foi o lar
de um dos maiores cartéis de drogas, e Vincent disse que Marisol possuía
conexões. Talvez seja a isso que ela era bem conectada.
Mas seja qual foi a razão para a folia tarde da noite, isso
certamente se adequou bem às necessidades de Vincent. Todas as
mulheres do lugar fizeram seu caminho até a mesa deles durante o curso
da refeição - a refeição de Lana, isto é. Vincent não comia. Mas ele
conseguiu cumprimentar cada única mulher da sala como se fossem a
última mulher na terra - lisonjeando, beijando, acariciando. E ele
desapareceu mais de uma vez, ostensivamente para dançar, mas não o

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suficiente de uma multidão para se perder. Ficou óbvio para Lana que
Vincent e seus pares faziam mais do que dança, e eles fizeram isso em
algum lugar da pista de dança. A única exceção a sensual ofensiva de
charme de Vincent sobre uma jovem que não parecia muito mais velha
do que dezesseis anos. Ele foi doce com ela, beijou sua mão num gesto
cortês, e, em seguida, enviou-lhe no seu caminho com um sorriso.
Lana pensou que Marisol poderia estar com ciúmes de toda a
atenção que Vincent estava recebendo dos outros. Mas ela parecia
perversamente encantada, olhando com orgulho para Vincent toda vez
que ele voltava de uma de suas pequenas excursões, como se ele tivesse
dando-lhe um elogio ao sugar seus clientes e amigos. Lana não sabia
exatamente o que era o seu relacionamento. Só sabia que toda vez que
Vincent desapareceu com outra linda de cabelos escuros, ela se sentiu
como uma idiota, sentada lá os assistindo ir embora. Mas então, ela era
apenas um guarda-costas, certo?
Estando lá envolto em nada além de uma toalha, ela reviveu seu
embaraço mais cedo e franziu o cenho para baixo na forma adormecida
de Vincent. De repente, era mais fácil de tirar o olhar para longe de sua
perfeição nua. Ela andou a passos largos para o seu lado da cama, onde
sua mochila estava na luz amarela fraca da única lâmpada, e ficou
completamente vestida, mesmo que seus únicos planos imediatos fossem
para o sono. Ou então ela esperava. Ela não sabia se seria capaz de
dormir com Vincent ao seu lado na cama, mesmo que estivesse
completamente vestida. Mas ela precisava tentar, porque seus olhos
estavam arenosos e seus músculos doíam com exaustão.
Ela vestiu uma roupa interior fresca – incluindo um sutiã, porque
não havia nenhuma maneira que ela estava indo sem sutiã em torno da
sedução andante que era Vincent- e, em seguida, vestiu sua roupa de
viagem habitual uma Levis e uma camisa de mangas compridas. Ela
vestiu meias, mas deixou suas botas de fora, e comprometida deixou as
calças desabotoadas, embora a fechou até o meio do caminho. E deixou
seu cabelo para baixo. Ela odiava ir dormir com ele trançado. Dava-lhe
uma dor de cabeça e havia pouca coisa pior do que começar o dia com

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uma cabeça doendo.
Enfiando as roupas sujas no saco de roupa que sempre
empacotava, ela voltou para a cama e contemplou seus arranjos de
dormir. Vincent estava certo. Era uma grande cama. Mas ele era um cara
muito grande, e um espaçoso. Ele começou em um lado da cama, mas se
estendeu de forma que ele agora pegava bem mais do que a sua metade.
E ele com certeza não era a imagem estereotipada de um vampiro em
repouso, também. Ele deveria estar deitado de costas, coluna rígida, com
as mãos cruzadas sobre o peito. Em vez disso, ele estava deitado de
barriga para baixo, como se ele não ligasse, a colcha mal cobrindo os
quadris, sua tatuagem brilhando dourada à luz do abajur amarelo.
De repente curiosa sobre a misteriosa tatuagem, ela olhou ao
redor, como se esperasse encontrar alguém assistindo, então na ponta
dos pés ao redor da cama, se agachou para estudá-lo mais de perto. Ela
amaldiçoou, percebendo que não havia luz suficiente. Avançando um
pouco, ela examinou o rosto de Vincent por sinais de consciência. Não
encontrando nada, ela se estendia por cima dele e acendeu a luz do seu
lado da cama, em seguida, voltou para o seu estudo sobre a tatuagem.
Era uma estrela de quatro pontas em tons de dourado e marrom, com o
rosto do deus Maia Sol em uma careta no meio de um círculo de contas
e uma faixa verde estilizada de cada lado. Lana não levava consigo
tatuagens, mas todos os caçadores de seu pai sim, e ela tinha uma boa
ideia de como precisava de muito talento para criar algo tão bonito como
isto. Ela estendeu a mão para traçar seu dedo sobre a imagem, em
seguida, puxou de volta culpada.
Já era ruim o suficiente que ela estivesse cobiçando-o em seu
sono. Não parecia justo tocá-lo, também. Embora, conhecendo Vincent
mesmo tão pouco como fazia, ela duvidava que ele se importaria. Ela se
levantou e apagou a luz, em seguida, retornou com determinação para o
seu lado da cama. Vincent Kuxim era a própria imagem da beleza
masculina e meio sexy. Inferno, muito sexy completamente a julgar pelo
seu efeito sobre a população feminina da cantina.
E sorte, ela tem que dormir na mesma cama com ele. Foda-se,

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foda.
Agarrando o cobertor sobressalente – não havia nenhuma
maneira que ela estava ficando debaixo das cobertas com ele enquanto
ele estava nu – deitou-se atentamente, com cuidado para ficar na beira
da cama. Ela agarrou o único travesseiro que deixado para ela, então
endireitou o cobertor e fechou os olhos.
A última coisa que ela lembrava era que estava pensando que
nunca cairia no sono.

VINCENT acordou enquanto últimos raios do sol ainda brilhavam


sobre o horizonte e ficou imediatamente ciente de que alguém estava no
quarto com ele. Não só no quarto, mas em sua cama. E ela estava
dormindo.
Sentindo nenhuma ameaça, ele ainda permaneceu deitado por
um longo momento, no entanto, como ele considerou esta ocorrência
incomum. Vincent frequentemente compartilhou sua cama com as
mulheres que se alimentou. O ato de tomar sangue era intensamente
sexual e, desde que vampiros do sexo masculino foram abençoados com
o tipo de resistência e poder de recuperação que mantiveram seus
parceiros felizes, um encontro tipicamente resultava em uma grande
quantidade de prazer mútuo. Ele não sabia sobre os vampiros do sexo
feminino. Ele nunca teve relações sexuais com um e nunca pensou em
perguntar.
Mas mesmo que compartilhasse sua cama durante a noite, ele
nunca, como em nunca, compartilhou de sua cama durante o dia. Ele
nunca confiou em qualquer um de seus parceiros humanos tão longe.
Michael sabia isto, e foi por isso que ele estava tão surpreso que Vincent
decidiu viajar sozinho com Lana Arnold. Geralmente, Vincent viajava com
uma equipe de segurança que incluía guardas diurnos. E ele sempre
dormia sozinho.
Neste caso, no entanto, o desejo de Vincent de sigilo, e endosso

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tácito de Rafael, o fez dar uma chance a Lana. Especialmente desde que
ele sentiu nenhuma duplicidade nela, e, como um poderoso vampiro, ele
definitivamente sabia. A maioria dos seres humanos eram mentirosos
imperfeitos. Eles experimentam uma resposta física ao estresse de
mentir, e um vampiro, mesmo com potência modesta poderia detectar
essas respostas. Isso não era verdade nos sociopatas, mas Lana Arnold
não era uma sociopata. Um vampiro não vivia mais de 150 anos entre os
seres humanos, sem ser capaz de detectar os predadores entre eles,
especialmente quando se era um predador consumado.
E esses pensamentos o trouxeram de volta para a mulher deitada
ao lado dele, dormindo.
Com um sorriso lento, ele virou oh tão cuidadosamente,
compreendendo intuitivamente que se Lana acordasse, ela estaria fora
da cama em um flash. Ela provavelmente não intencionava dormir tanto,
muito menos para chegar tão perto dele que ele podia sentir o calor do
seu corpo ao longo de todo o comprimento do seu lado direito
Empurrando-se fora de seu estômago e para o lado esquerdo, ele
se apoiou em um cotovelo e estudou-a na sala escura. Estava frio e ela
estava coberta apenas por um cobertor fino, que foi provavelmente por
isso que ela se moveu inconscientemente para tão perto dele, atraída por
seu calor. Vampiros não são tão quentes como os seres humanos, mas
eles não são tão frios quanto alguma ficção diria também. O mais sensato
teria sido para ela subir sob o edredom com ele, mas ela ainda estava
fingindo que não estava atraída por ele. Será que ela percebe o quanto
ela deu optando por não dormir debaixo das cobertas com ele?
Ele deslizou com cuidado para mais perto. Lana estava deitada de
lado de costas para ele, e ela estava completamente vestida. Ele revirou
os olhos, mas não estava realmente surpreso. Ele ficou surpreso e
encantado, ao descobrir que ela deixou seu cabelo livre dos limites de sua
trança perpétua. Como ele suspeitava, era belo - um fluxo ondulado de
seda preta cobrindo os ombros e costas. Incapaz de se conter, ele ergueu
o braço e esfregou-o entre os dedos, encontrando tão suave e sensual
como parecia. Ele imaginou todo aquele cabelo deslizando sobre seu

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corpo enquanto ela lambia seu caminho para baixo sobre sua barriga,
enquanto o levava em sua boca... E seu membro instantaneamente ficou
duro. Seus pensamentos decolaram, antecipando todas as maneiras que
ele poderia levá-la, todos os lugares que ele podia sentir o gosto dela.
Ele congelou quando ela suspirou em seu sono, esperando para
ver se ela acordaria. Girando a mecha de cabelo em torno de seu dedo,
ele estava lá, indeciso se ele queria que ela acordasse ou não. Quando
sua respiração acalmou no sono, ele sorriu e empurrou o edredom longe
de si mesmo, de modo que a única coisa os separava era o lençol. E então
ele lentamente curvou seu corpo ao redor dela até seu membro ainda
duro foi pressionado contra a curva firme de sua bunda. Quando ela
ainda não se mexeu, ele foi ainda mais longe, colocando seu braço em
volta da cintura, liberando todo o peso dele lentamente até que seus
dedos repousavam sobre a pele nua de seu estômago tenso na brecha
entre a camiseta e seus jeans desabotoados. Baixando a cabeça, ele
cobriu o rosto com a seda quente de seu cabelo e respirou
profundamente, levando-se em seu perfume. Delicioso. Limpo, doce,
feminino.
Mudanças nos músculos de Lana o avisaram um instante antes
que ela acordasse com um puxão controlado. Ela continuou deitada,
acordada e consciente, tentando fingir que ela não estava. Vincent limpou
o sorriso do rosto e fechou os olhos, fingindo dormir, apertando os olhos
abertos apenas o suficiente para ver através de seus cílios quando ela
virou lentamente a cabeça para checá-lo. Seu corpo relaxou ao ver que
ele ainda estava dormindo, e ela começou a mover-se lentamente,
centímetro por centímetro, tentando livrar-se de seu abraço sem acordá-
lo. Ou, então ela pensou.
Vincent teve que lutar para manter o sorriso de seu rosto, mas,
eventualmente, Lana conseguiu fugir livre dele, continuando até que ela
rolou para a direita fora da cama e em seus pés. Ela ficou lá estudando
seu corpo seminu e, a seus olhos, dormindo, completo com a ereção que
ela não podia ver sob o lençol, mas que tinha, sem dúvida, sentido contra
sua bunda. Na verdade, ela ficou olhando o tempo suficiente que Vincent

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sentiu seu pau começando a endurecer ainda mais difícil, com força
suficiente que ele podia senti-lo empurrando contra o tecido da coberta.
Lana deve ter visto, também, porque ela deu uma sacudida culpada e
empurrou o olhar para o rosto dele para ter certeza de que ele ainda
estava dormindo. Vendo que ele estava, ou assim ela pensava, ela soltou
um suspiro, em seguida, correu ao redor da cama e fora da vista.
Vincent não se moveu até que ouviu a porta do banheiro fechar e
a água começar a correr na pia. Então ele rolou de costas e se esticou
luxuosamente, enquanto envolvia com o punho seu pau dolorido. Ele
pretendia ter Lana Arnold antes que isso terminasse. Ao ouvi-la aleatória
em torno do banheiro, ele chamou de volta o pensamento de ter todo
aquele cabelo sedoso fluindo sobre seu corpo, sua morna, boca molhada
fechando sobre seu membro, seus dentes raspando suavemente
enquanto ela chupava cada vez mais forte... Ele veio com um gemido
engolido apenas alguns segundos antes de a porta do banheiro se abrir e
Lana espiar.
— Boa noite, Lana, — ele disse agradavelmente, pulando para
fora da cama e indo para o banheiro sem qualquer pretensão de cobrir-
se.
Ela conseguiu controlar a maior parte de sua reação assustada e
teve o cuidado de evitar escovar-se contra ele quando ele passou por ela
para o banheiro. Mas Vincent sorriu de satisfação. Ela era difícil, mas ela
o queria.
Ele tomou um banho rápido, apenas o suficiente para se lavar,
mas se barbeou corretamente, cuidadosamente cortou em torno de sua
barba e bigode. Ele escovou os dentes e bagunçou seu cabelo com os
dedos, em seguida, sacudiu a maçaneta da porta ruidosamente para
avisá-la.
— Eu estou saindo, Lana, — ele chamou, sem se preocupar em
esconder o riso.
Mas quando ele abriu a porta, ela já havia saído. As cortinas foram
puxadas para trás, a cama foi puxada para cima, e sua mochila sumiu.
Ainda bem que estava com as chaves, ou ela provavelmente estaria a

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caminho de Pénjamo por agora. Ele franziu a testa, em seguida,
rapidamente deu um tapinha nos bolsos de sua calça jeans para verificar
que ela não levou as chaves enquanto ele dormia. Mas não, elas estavam
lá. Ele deu um suspiro de alívio e começou a puxar suas roupas,
planejando a noite à frente.
Ele se alimentou bem antes de se retirar esta manhã, por isso não
havia necessidade de se alimentar antes de sair, embora a seleção na
cantina fora deliciosa, mais do que ele poderia ter esperado. Marisol
lamentavelmente disse-lhe que seu amante era novo e ela não queria se
afastar, mas ela também entendeu necessidades de Vincent e não era
uma mulher ciumenta, pelo menos, não onde ele estava preocupado. Ela
fez com que muitas mulheres fossem para ele na cantina, a maioria delas
disponíveis como parceiras sexuais, também, se isso tivesse sido a sua
preferência. Mas ele ainda não considerava tomar qualquer uma delas.
Teria sido de mau gosto de ter sexo com uma mulher quando viajava com
outra, mesmo que ele e Lana não fossem amantes... ainda. Embora ele
tenha toda a intenção de fazê-la sua amante antes da viagem acabar.
Ele colocou os pés em suas botas e amarrou-os, em seguida,
puxou a jaqueta, jogou a última de suas coisas em sua mochila e, com
um último olhar ao redor, deixou a casa de campo. Lana estava saindo
da cantina quando ele caminhava em seu caminho para o
estacionamento.
— Boa noite, Lana. Você conseguiu algum jantar? — Perguntou.
Ela assentiu com a cabeça. — Mais café da manhã do que jantar,
mas sim. Foi bom. Esta é uma agenda estranha que você mantém
vampiro.
— Não é como se eu tivesse uma escolha, — disse ele, dando de
ombros. — Deixe-me colocar isso no SUV e dizer adeus a Marisol, então
nós podemos sair daqui.
— A minha mochila já está ao lado do SUV, — ela disse a ele,
parecendo um pouco irritada. — Eu não tenho as chaves para colocá-la
dentro.
Ele poderia ter oferecido a ela, mas ainda não estava convencido

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de que ela não iria deixá-lo na poeira. Então, em vez disso, ele disse, —
Eu vou cuidar dela e voltar.
Ela assentiu com a cabeça. — Marisol está lá dentro. Acho que ela
está esperando por você.
Suas palavras eram bastante inofensivas, mas a atitude era muito
mais reveladora. Ela estava muito curiosa sobre sua relação com Marisol.
Talvez ele dissesse a ela sobre isso mais tarde se ela fosse boa para ele.
O pensamento o fez sorrir. Ela pegou seu sorriso e estreitou os
olhos em crescente aborrecimento. Que só o fez sorrir mais duro.
— Eu vou esperar no SUV, — ela disse a ele. — Se está tudo bem
com você.
— Você promete não fugir e deixar-me?
Lana revirou os olhos e estalou em voz alta. — Claro que não.
— Então você vai me deixar?
— Não! — Ela retrucou. — Eu prometo não deixar você, ok?
— Bom o suficiente. Então, aqui — Ele estendeu a mochila e as
chaves. — Você pode levar minha mochila, e eu vou dizer adeus para
Marisol. Podemos sair mais cedo desse jeito.
— Oh, alegria.
Vincent riu e mal conseguiu se impedir de dar tapinhas na bunda
dela enquanto passava por ela para a cantina.

LANA olhou para fora de sua janela enquanto eles zumbiam pela
estrada escura, mais uma vez, mas ela não estava olhando para a
paisagem. Ela estava estudando o perfil de Vincent que estava refletido
em sua janela. E ela estava lembrando a beleza masculina de seu corpo
nu, seu corpo nu completamente excitado, se ela não estava enganada.
Era possível que ele não tivesse estado completamente excitado, uma vez
que estava dormindo. Mas ele estava mais do que ereto o suficiente para
lembrá-la de que já se passou muito tempo desde que ela teve um
amante, ereto o suficiente para fazê-la saber o que seria como ter relações

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sexuais com um vampiro. Era dito que eles eram ótimos amantes. Talvez
tenha sido todos esses anos de prática. Ela não podia imaginar que a
parte perfurante era muito divertida, embora nenhuma das mulheres de
Vincent desaparecera com na noite passada. E Marisol era claramente
uma fã.
— Eu poderia ter dormido no SUV se você tivesse necessidade de
privacidade, você sabe, — disse ela, admitindo para si mesma que ela
estava sondando.
Vincent atirou-lhe um cenho franzido. — Por que eu preciso de
você para fazer isso?
— Eu sei que quando você se alimenta, envolve sexo. Se você
queria o quarto para si mesmo, eu teria entendido.
— Eu não durmo com mulheres das quais eu me alimento.
Lana bufou em descrença educada. — Certo. É por isso que você
dorme nu. — Maldição. Essa era a coisa errada a dizer.
Vincent sorriu. — Você estava me secando, Srta. Arnold?
— Eu não tenho necessidade de te secar, com você se pavoneando
dessa forma.
— Eu não pavoneio.
— O inferno que não.
— Bem, de qualquer maneira, eu não durmo com meus parceiros.
Nunca.
Ela franziu a testa. — Por que não?
— É uma questão de segurança. Você viu como é. Estou
totalmente fora. Na verdade, você poderia ter me feito seu brinquedo
enquanto eu dormia, e eu nunca teria sabido.
— Em seus sonhos, vampiro.
— Hmm, talvez. Você admitiu você estava cobiçando.
— Eu não admiti tal coisa. Além disso, se você é tão vulnerável,
por que você me permitiu no quarto com você?
Vincent deu de ombros. — Porque Raphael confia em você.
— Raphael não me conhece mesmo. O trabalho veio de Cynthia
Leighton.

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— Confie em mim, querida, Leighton e Raphael são um e o
mesmo. Você está aqui porque Raphael quer que você aqui.
— Ele não é um deus, você sabe.
— Não, não é um deus. Mas ele é um vampiro assustador.
Lana estudou-o no brilho das luzes do painel, em seguida, virou-
se para olhar para a escuridão do lado de fora da janela da frente. Ela
não sabia se gostava da ideia de ser manipulada por qualquer pessoa
como essa, especialmente não um vampiro superpoderoso cujas
habilidades ela não poderia esperar compreender.
— Você me deve uma resposta, — disse ela, abruptamente
cansada de contemplar as coisas que não entendia.
— Uma resposta para o que? — Ele perguntou distraidamente.
Ela se virou para encará-lo. — Eu perguntei como e quando você
se tornou um vampiro e você prometeu que terminaria a história essa
noite.
Ele lançou o olhar em sua direção, segurando-a tempo suficiente
para que ficasse um pouco nervosa. Eles estavam indo perto de 160
km/h. Concedido, eles pareciam ser o único veículo na estrada, mas
ainda assim.
— Tudo bem, — disse ele abruptamente e olhou para frente mais
uma vez. — Onde foi que paramos?
— Você e seu irmão acabaram de ser atacados. Você levou um
tiro.
Algo muito parecido com tristeza tomou conta de expressão de
Vincent e ele suspirou. — Esse foi o começo... e o fim.

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CAPÍTULO OITO
Texas, 1876

VINCENT acordou com uma dor esmagadora. Cada comprimento


de músculo, cada polegada de osso do seu corpo doía, e seu sangue
parecia fogo.
— A dor vai desaparecer — disse uma voz de homem.
Vincent tentou responder, virar a cabeça para ver o orador, saltar
para cima e se defender, mas os músculos não iriam cooperar. Ele estava
deitado quase de costas, com a cabeça apoiada contra o que pareciam
rochas. Havia um fogo queimando, embora não tivesse ideia se era o
mesmo o qual ele e seu irmão estavam sentados ao serem emboscados.
Memórias do ataque deram uma nova urgência aos seus medos.
John também fora baleado. Onde ele estava?
Vincent finalmente conseguiu virar a cabeça, quase cego pelas
chamas brilhantes, tentando ver além da escuridão. Mas não foi capaz
de encontrar quem falava.
— Onde está meu irmão? — Ele perguntou, chocado com o som
áspero de sua própria voz.
— Ele estava gravemente ferido, — respondeu o estranho.
O coração de Vincent apertou enquanto ele lutava inutilmente. —
Ele está morto? — Resmungou.
— Ele está se recuperando, como você, embora não tão
rapidamente.
— Quem é você? Venha para perto de onde eu posso vê-lo.
Um homem de cabelos escuros apareceu. Ele era de estatura
baixa, mas de boa aparência e em forma, mais velho do que Vincent uns
dez anos ou mais. Parecia ser um homem de posses, suas roupas
melhores do que a maioria, o rosto pálido e quase de aparência delicada,

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o cabelo e a barba limpos e bem cortados.
— Quem é você? — Perguntou Vincent novamente.
— Sou quem salvou sua vida. Então, me diga como você chegou
a essas circunstâncias infelizes?
— Estávamos no nosso caminho de casa para Abilene quando
esses homens nos atacaram.
— Abilene, — o estranho repetiu. — Isso é uma cidade de gado.
Vincent começou a assentir, então congelou quando o movimento
fez sua cabeça explodir. Ele engoliu a náusea e disse, — Eu trabalho em
um rancho no Texas.
— Você conhece os homens que atacaram você? Por que eles
queriam que você morto?
— Não. Eu imagino que eles eram ladrões comuns, atrás de
nossos cavalos e dinheiro.
— Possivelmente. Durma agora. Teremos muito o que discutir
quando você acordar.
Vincent começou a protestar, ele não era uma criança para ser
posto a ninar, mas antes que pudesse dizer uma única palavra, as suas
pálpebras ficaram pesadas e a escuridão desceu.
A próxima vez que ele acordou, a dor havia sumido. Mais do que
ir embora. Sentiu-se melhor do que estava desde que começou a
trabalhar com gados semanas antes. Quanto tempo ele dormiu?
Ele se sentou e olhou ao redor. Era noite de novo, e o fogo ainda
estava ardendo. Poderia ter sido o mesmo acampamento ou não. Um
parecia praticamente o outro. Seu equipamento foi empilhado para a
esquerda, com John próximo, mas... Ele não viu seu irmão.
— Boa noite, Vincent.
Ele virou-se, vendo quando o mesmo homem de cabelos escuros
entrou na luz do fogo. Fez um grande esforço para se lembrar, mas não
se lembrava de dar ao homem o seu nome.
— Você está se sentindo melhor? — Perguntou o homem.
Vincent estudou-o antes de responder. Quem era esse homem?
Algum Bom Samaritano que decidiu ajudar dois irmãos? Isso era

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incomum o suficiente para que Vincent estivesse desconfiado do
estrangeiro. Ele não se parecia com um padre ou um irmão, cujo trabalho
era ajudar os infelizes. Por outro lado, ele não podia negar que o homem
o havia ajudado, ido tão longe como permanecer nas proximidades
enquanto Vincent recuperava seus sentidos.
— Estou melhor. Obrigado. Posso saber o seu nome?
— Eu sou Enrique Fernandez Del Solar.
— E como você sabe o meu nome, Sr. Del Solar?
— Eu sei muitas coisas, algumas das quais vocês vai aprender
com o tempo.
Vincent ficou de pé, de repente consciente de que poderia fazê-lo.
Ele não se limitou a se sentir melhor, ele estava completamente curado.
Quanto tempo ele esteve fora? Ele passou a mão sobre o peito,
empurrando de lado os restos sangrentos de sua camisa, e não encontrou
nada, somente a pele brilhante, o pálido de uma cicatriz desaparecendo.
Era como se tivesse levado um tiro a meses, em vez de... Ele
abruptamente lembrou de levar um tiro, a dor aguda quando a bala
atingiu seu peito. Inferno, ele deveria estar morto, não querendo saber
como se curou tão rapidamente. Ele não deveria ter se curado em tudo!
O medo se apoderou dele, não para si, mas para John. Ele
procurou pelo acampamento, olhando para a escuridão além do fogo,
descobrindo que ele era capaz de ver muito mais do que devia.
— Onde está meu irmão? — Perguntou ele. — O que você fez para
nós?
— Ah. Quanto ao que eu fiz para você, eu o transformei para
sempre. O fiz melhor.
Vincent girou e atravessou o acampamento para confrontar
Enrique. — O que significa isso? — Ele rosnou.
— Eu fiz de você um Vampiro, — disse Enrique, parecendo
imperturbável pelo comportamento ameaçador de Vincent, embora
Vincent fosse mais alto e mais musculoso do que ele era.
— Vampiro? — Vincent zombou. — Você está louco? Vampiros só
existem nas histórias feitas para assustar as crianças malcomportadas.

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Enrique sorriu placidamente. — Somos bastante reais, menino. E
você é um de nós agora.
— Eu não acredito em você.
— Não? Tente isso.
Sem aviso, Enrique o cortou com uma faca, mais rápido do que
Vincent poderia seguir, mais rápido do que teria pensado possível,
cortando profundamente o bíceps de Vincent através de sua manga. Ele
sangrou instantânea e profusamente, encharcando o tecido rasgado, mas
então ele simplesmente... parou. O músculo e a pele estavam mudando
sob seus olhos incrédulos, se recompondo junto com um calor escaldante
que não era de todo desagradável. Ele rasgou os pedaços de pano à
distância e passou a mão sobre a ferida quase curada. Foi dolorido, mas
não mais do que isso.
Vincent engoliu em seco, seu coração batendo quando levantou
os olhos para olhar para Enrique... Para o vampiro. Só de pensar tal
palavra fez sentir-se tolo, mas também o assustou como nada antes. Ele
foi transformado num monstro, uma criatura não natural que matou
outros seres humanos e bebeu seu sangue para sobreviver.
— Oh, não seja tolo, — Enrique repreendeu-o, como se estivesse
lendo seus pensamentos. — Você não precisa matar os humanos ao se
alimentar. Na verdade, eu vou te ensinar a maneira de fazer o que é
bastante agradável. Para ambos.
— Ambos? Você quer dizer, o meu irmão? Onde ele está?
— Ah. Receio... A transição é uma coisa desgastante. Muito difícil
em um corpo. E o seu irmão estava gravemente ferido.
— Onde ele está? — Perguntou Vincent novamente enquanto
uma sensação doente atravessava seu intestino.
— Ele não conseguiu, Vincent. Sinto muito. Ele está morto.
Vincent não disse nada. Ele não podia. Ele se afastou e entrou na
escuridão além da fogueira. Ele precisava ficar sozinho com sua dor, e
sua culpa. Seu irmão estava morto e foi culpa dele. Ele foi o único que
insistiu que eles se juntassem a unidade de gado. John não queria ir,
mas ele não queria Vincent sozinho. E agora ele estava morto. Ele nunca

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iria voltar e se tornar um veterinário para seu pai. E a sua mãe... ¡Dios
mio! A mãe deles! Como ele poderia dizer a sua mãe que seu filho mais
novo estava morto? Ela iria morrer de tristeza. E ela nunca iria perdoá-
lo. Ele gemeu em voz alta, com as pernas cedendo debaixo dele quando
caiu no chão do deserto frio. Lágrimas derramadas em uma inundação
quando enterrou o rosto em seus braços. Melhor morrer do que enfrentar
seus pais com esta perda terrível, com seu fracasso. A dor edificada nele
até que pensou que iria rasgar o peito, até que a pressão foi tão grande
que ele jogou a cabeça para trás e uivou.
— Eu sinto muito, Vincent — disse Enrique atrás dele.
Vincent pulou, girando para enfrentar o desconhecido, o homem
que alegou não ser um homem em tudo. — Deixe-me morrer, — ele exigiu.
— Eu quero morrer com o meu irmão.
O homem deu-lhe um olhar de pena. — Não seja tolo, rapaz. Você
está sofrendo agora, mas em breve você vai ver isso pelo dom que é.
— Eu não pedi pelo seu presente, — sussurrou de volta para ele.
— Era a única maneira de salvar sua vida.
— Você deveria ter me deixado morrer com meu irmão.
Enrique estalou com impaciência. — Chega dessa loucura. Você
vai me agradecer um dia, mas por agora, você deve simplesmente
sobreviver. E isso significa encontrar um lugar para descansar antes do
amanhecer. Venha.
— Onde está o corpo do meu irmão? Eu quero enterrá-lo.
— Se foi. Eu tentei salvá-lo, você sabe — acrescentou irritado. —
Você deveria me agradecer.
Vincent apenas olhou para ele com desconfiança.
Enrique suspirou. — Quando um vampiro morre, ele vira pó. Seu
irmão já era vampiro quando morreu. Não há nada para enterrar.
Vincent gemeu novamente. Isso poderia ficar pior? O que
aconteceria com a alma de seu irmão? Será que Deus entenderia que não
fora a escolha de John a ser feita?
— Venha, — Enrique estalou novamente. — O nascer-do-sol está
quase aí.

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— Nascer-do-sol? — Vincent repetiu entorpecido, sentindo-se
como se estivesse em um sonho, um pesadelo.
— Sua primeira lição, menino. Você quer ser pó como o seu
irmão? Fique aqui e espere o sol nascer. Se você quer viver, então venha
comigo.
Sem se incomodar se Vincent seguiu-o ou não, Enrique voltou
para a fogueira e começou a ajustar a sela sobre um cavalo marrom que
Vincent nunca viu antes. Ele estava de pé placidamente ao lado de seu
próprio cavalo castrado preto, mas o castanho de John estava longe de
ser visto.
— O cavalo do meu irmão, — disse ele distraidamente, ainda
tendo problemas para pensar direito.
— Os bandidos levaram. O seu correu, mas eu consegui
recuperar para você. Estou saindo agora. Você pode seguir ou não.
Vincent assistiu em transe quando Enrique montou em seu cavalo
e partiu para a noite. Ele podia ouvir o clap dos cascos do animal, o
repique das fivelas tão claramente como se estivesse apenas a pés de
distância. Ele pensou sobre o que o vampiro lhe disse, que a luz do sol
queimaria-o ao pó se demorasse. E ele tentou encontrar a energia para
se cuidar.
Será que ele queria morrer? Ou será que ele queria viver?
Ele olhou para a fogueira, como a que ele tinha tão recentemente
compartilhado com seu irmão, John. Como eles riram sobre a unidade
de gado, imaginando o futuro. Um futuro que os bandidos haviam
roubado deles. Enrique não fez isso. Ele fez uma escolha para eles que
ele não tinha o direito de fazer, mas ele não fez nada disso. Não, a culpa
pertencia aos homens que os atacaram em primeiro lugar.
E nesse momento, Vincent decidiu. Ele viveria tempo suficiente
para vingar a morte de seu irmão. Pelo menos esse tempo. E então ele
decidiria o que viria depois.

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México, dias atuais

— E você? — Perguntou Lana sombriamente. — Alguma vez você


encontrou os homens que atacaram você?
— Eles já estavam mortos. Enrique os emboscou enquanto eles
corriam do nosso acampamento e matou todos eles.
— Mas ele disse
— Sim. Ele disse que eles roubaram o cavalo de John e deixou-
me supor que eles escaparam. Ele me queria vivo por suas próprias
razões, então ele disse o que quer que pensou que iria funcionar.
— Ele é seu chefe?
— Em uma maneira de falar. Ele é o Senhor do México. Coisa
completamente diferente.
— Você gosta dele?
— Odeio o filho da puta, para ser honesto. Mas ele é o cara no
comando, então eu tento me dar bem.
Lana soltou uma risada aguda. — Você não parece um cara que
se dá bem.
Vincent se virou e deu-lhe um sorriso torto que ampliou seus já
elevados níveis de deslumbramento para algum lugar na estratosfera.
— Você está dizendo que eu não sou um jogador em equipe,
Lana?
Ela encolheu os ombros. — Não, eu estou dizendo que você não
me parece o tipo de cara que vai beijar a bunda para subir a escada
corporativa.
O sorriso de Vincent desapareceu e seu rosto ficou duro, seus
olhos frios. — Você não sabe muito sobre vampiros, se você acha que
estou onde eu estou beijando bundas. Subi a escada corporativa por
matar qualquer um que ficou no meu caminho.
— Hey, — Lana se opôs, fingindo que seu sangue não congelou
em suas veias quando ele olhou para ela. — Eu disse que você não parece
o tipo, lembra? Relaxe, cara durão.

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A tensão na cabine reduziu alguns tons, e ela sentiu seu sangue
começar a fluir novamente.
— Assunto delicado, — ele murmurou.
— Obviamente. — Uma mudança de assunto estava em ordem,
Lana disse: — Então, o que o seu roteiro de viagens tem programado para
nós esta noite? Onde vamos parar?
— Em algum lugar perto de Durango. Não tenho feito muitos
negócios nessa área, por isso vamos ter que dar uma olhada.
— Sem Marisol esperando para cumprimentá-lo hoje à noite?
— Receio que não. Mas Durango é uma cidade grande. Eu prefiro
não ir para a cidade em si, mas há pequenas comunidades dentro de
alguns quilômetros. Apenas o suficiente para um motel, e uma cantina
ou duas.
Ele deu um sorriso que dizia que ele sabia o que ela estava
pensando. Mais uma vez, ela estava pensando que seria bom ter um
quarto para si mesma a noite, imaginou que se ele realmente soubesse
seus pensamentos, não estaria sorrindo assim. Quaisquer que sejam
suas acomodações de motel, no entanto, ela duvidou que ele estaria
sozinho. Enquanto a cidade fosse grande o suficiente, haveria uma
abundância de mulheres esperando para recebê-lo com seus
suprimentos de sangue... E suas camas. Não que ela se importasse de
qualquer maneira. Se ele queria ser um homem vagabundo, era o seu
negócio, não dela.
— Você quer que eu encontre um lugar com antecedência? — Ela
perguntou.
— Procure se você quiser, mas não é necessário nesta época do
ano.
Lana deu de ombros. Tudo bem por ela. Ela preferia achar um
motel antes de se comprometer de qualquer maneira.
Seguiram em silêncio por um tempo, a atitude de Vincent
visivelmente mais revigorante do que demonstrava. Ela, obviamente, o
havia ofendido com a observação de puxa-saco, e talvez ela fez isso de
propósito. Ela precisava de alguma distância emocional depois de ouvir

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a história sobre seu irmão morrendo. Ela não queria sentir simpatia por
Vincent, não queria sentir algo diferente de uma profissional... cortesia.
Sim, isso é o que era. Duas pessoas que fazem negócios juntos, e que
iriam seguir caminhos separados no final.
— Será que Enrique vive em Hermosillo, também? — Ela
perguntou, e imediatamente se questionou por que diabos ela disse
alguma coisa. O que aconteceu com a ideia do silêncio cortês?
— Enrique vive onde ele quer. Ele tem lugares em todo o México.
— Incluindo Hermosillo? — Perguntou ela, empurrando o
assunto agora, porque era tão óbvio que ele não queria falar no assunto.
Vincent olhou para ela brevemente, em seguida, disse — Ele não
vai para Hermosillo há muito tempo, e é por isso que eu vivo lá.
— Então onde é que Enrique vive?
— Por que você quer saber?
— Só por curiosidade. Por quê? Você acha que eu estou indo
atacar Enrique para derrubá-lo? — Ela riu, em seguida, teve uma ideia.
— Espere, se eu matá-lo, eu seria sua chefe? Você não disse que é assim
que se avança até as fileiras entre os vampiros?
Vincent não fingiu esconder seu desprezo pela ideia. — Sim, certo.
Você duraria longos três minutos antes de um vampiro de verdade
remover você do cargo
— Estraga-prazeres.
Ele bufou com desdém. — Você aprende a lidar com a realidade
muito rapidamente quando se é um vampiro.
Lana pensou sobre isso, pensou sobre um jovem Vincent
acordando para encontrar o seu mundo dilacerado.
— Doeu quando você se tornou um vampiro? — Ela perguntou-
lhe em voz baixa.
— Eu não me lembro muito do processo real. Doeu como o inferno
quando eu acordei pela primeira vez, embora.
— E sobre a primeira vez que você... Você sabe, bebeu sangue.
Isso foi estranho?
Vincent atirou-lhe um olhar desconfiado. — O que há com as

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cinquenta perguntas? Você está escrevendo um livro ou algo assim?
— Apenas jogando conversa fora. Você não tem que falar sobre
isso, se você não quiser.
— Bom. Eu acho que é a minha vez de qualquer maneira. Você
me deve algumas respostas.
Ela acenou com a mão em um gesto de desprezo. — Pergunte a
vontade.
— Quando você perdeu sua virgindade?
Lana engasgou e virou-se para olhar para ele, incrédula, o que só
o fez rir. — Eu não estou dizendo, — ela disse.
— Ok, e quanto a isso? — Ele disse, ainda rindo. — Você tem
namorado?
Lana analisou responder ou não. Se ela admitisse que não, ele iria
tentar seduzi-la? Não porque ele estava atraído por ela necessariamente,
mas simplesmente porque era isso que ele fazia. Por outro lado, se ela
mentisse e dissesse que possuía um namorado, ele poderia considerá-la
um desafio. Ela suspirou, desejando nunca ter concordado com este
estúpido jogo de perguntas e respostas, em primeiro lugar. Teria sido
melhor ler um livro.
— Sem namorado, — disse ela, finalmente.
— Nunca?
— Eu não disse isso, — ela retrucou. — Eu tive alguns. Não durou
muito.
— Hmm.
— O que hmmm?
— Eu só estava pensando que deve ser difícil estar em um
relacionamento quando você viaja a maior parte do tempo.
— Uh-huh.
— Qualquer um sério?
— Apenas um.
— Quem era ele?
— Alguém que acabou por ser um jogador, como todo o resto de
vocês.

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— Você tem uma opinião muito baixa da metade dos machos da
espécie, querida.
Ela não disse nada, porque era verdade. Seguiram em silêncio por
mais algum tempo, até que ele perguntou — Como você conhece
Raphael?
— Não conheço. Eu te disse, eu lido com Cyn. Você
provavelmente sabe que ela faz algum trabalho de investigação. Às vezes
ela precisa checar alguém do meu lado do bosque, e ela me chama. É
mais rápido, mas tenho a impressão de que Raphael gosta que ela fique
mais perto de casa.
— Isso é um eufemismo. Vampiros são possessivos como uma
questão de disciplina. Mas quando você considera a agressão extra e a
territorialidade extras que um Lorde Vampiro tem, estou surpreso que ele
não a está mantendo em um porão. Um porão muito bom, mas um porão,
no entanto.
— Ela não me parece uma mulher que aceite algo assim.
— Eu acho que você está certa. Eu nunca a conheci, só vi ela do
outro lado da sala. Sua reputação é bem sólida, no entanto.
— Eu gostaria de conhecê-la pessoalmente um dia. Nós só temos
falado ao telefone.
— O que nos traz de volta para a tarefa em mãos. Por que Rafael
quer que a gente encontre Xuan Ignacio?
— Você sabe tudo que eu sei. Perguntou a Enrique se ele conhece
Xuan?
— Sem chance. Você sabe aquele instinto territorial que eu estava
falando? Bem, vamos apenas dizer que Enrique não ficaria emocionado
ao descobrir seu tenente está em uma missão para Raphael.
— Você é tenente de Enrique? Eu não sabia disso. Isso é alto na
escala, não é?
— Só Enrique é maior.
— Então, se você acha que Enrique é um idiota, outros vampiros
pensam que você também é?
Seu sorriso finalmente voltou quando ele disse, — Eu com certeza

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espero que não.
— Michael parece gostar de você.
— Michael é meu. Ele está praticamente obrigada a gostar de
mim.
— Seu? Quer dizer que você o fez um vampiro?
— Eu fiz. Ele é meu único filho.
— Então ele tem que gostar de você? Mas você disse Enrique era
seu Sire e você o odeia.
— Acho que sou melhor Sire que Enrique, — ele disse
distraidamente, sua atenção em um indicador de quilometragem para o
lado direito da estrada. — Acho que estamos quase lá. Verifique o GPS.
— Sim, senhor, — disse ela, atirando uma saudação.
— Por favor.
Lana sorriu quando ela verificou os dados imediatos sobre o GPS.
— 16 km, — disse ela. — Quase lá. Você quer parar na periferia ou ir em
frente?
— Nós vamos em frente e decidimos.
Trinta minutos mais tarde, Vincent estava segurando aberta uma
frágil porta, para que Lana pudesse entrar no quarto para a noite.
— Não me diga, — disse ela, olhando para o edredom feio na cama
king-size solitária. — Eles só tinham um quarto disponível.
— Não exatamente, — disse Vincent, abrindo caminho por ela
para despejar sua mochila em uma cômoda que parecia como se pudesse
entrar em colapso sob o peso. — Mas eles não têm quaisquer quartos
conjugados, e você é supostamente minha guarda-costas.
— Nós somos parceiros, Vincent. Parceiros temporários. A coisa
de guarda-costas era apenas uma história que você contou para Marisol,
para que ela não achasse que você perdeu o seu toque mágico com as
mulheres.

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— Ouch! Assim, você não se importa se algum bandido ciumento
me apunhalar no coração enquanto estou desamparado porque sua
namorada falou comigo na cantina fugiu para o meu quarto?
— Talvez você deva evitar falar com mulheres estranhas, — ela
sugeriu docemente.
— Mas a única mulher que eu conheço nesta cidade é você. Você
está oferecendo?
Ela fez uma careta para ele. — Tudo bem, eu vou assistir você
dormir.
Ele deu um sorriso devastador. Ele poderia pensar que ela era
imune a seus encantos, na verdade, ela realmente esperava que ele
pensasse isso, mas quando ele sorria daquele jeito? Seu estômago vibrou,
sua boca ficou seca e partes ao sul estremeceram de desejo. Ela
conseguiu manter tudo isso fora de sua expressão, no entanto.
Ela amassou o edredom e jogou-o em um canto, em seguida,
deixou cair sua própria mochila sobre a cama. — Podemos comer alguma
coisa agora?
— Claro que sim. Aquele lugar entre aqui e posto de gasolina
parecia que estava se preparando para ficar aberto a noite toda.
— Estou surpreso que há qualquer lugar aberto até tão tarde.
— Vampiros não são as únicas criaturas que fazem o seu melhor
trabalho à noite, querida. Especialmente no México.
O bar que Vincent notou era apenas um quarteirão de distância
do motel, mas eles dirigiram de qualquer maneira. Na experiência de
Lana, era sempre melhor ter suas próprias rodas ao alcance das mãos. O
estacionamento estava repleto de velhos sedans americanos. Seu SUV se
destacou como o proverbial polegar machucado.
— Você tem uma boa segurança nesta coisa? — Perguntou ela,
enquanto saiam do carro e se dirigiam à frente do parque.
— Extremamente boa. As janelas são quase inquebráveis, os
bloqueios são exclusivamente eletrônicos e há três alarmes separados. O
último desliga o motor até que o código correto seja inserido.

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Ela assentiu com a cabeça e repetiu, — Extremamente bom.
— Eu levo minha segurança a sério. É por isso que eu preciso de
um guarda-costas pessoal.
— Isso está ficando velho, Vincent.
— Não somos todos?
— Você não está, aparentemente.
Eles viraram para o edifício quando a banda começou a tocar algo
que soou como um cruzamento entre o country americano e o mexicano
tradicional. Lana sabia com certeza que o estilo de música possuía um
nome, mas não sabia qual era. Ela não costuma viajar tão ao interior do
México. Fugitivos do sistema de justiça dos EUA tendiam a ficar perto de
qualquer fronteira da costa do Pacífico, onde havia mais pessoas, e onde
o Inglês era falado quase tão frequentemente quanto espanhol.
Ambos passaram pela primeira de duas grandes janelas abertas,
de frente para o bar. Não havia nenhum vidro nas aberturas, apenas
venezianas jogadas para trás, bloqueado o local. De dentro vinham sons
de pessoas tendo um bom tempo e absorvendo uma grande quantidade
de bebidas alcoólicas, mas o resto da rua parecia estar deserta. Isso a fez
desconfortável. Se Vincent estivesse certo e o tipo de negócio realizado
nesta cidade funcionava melhor na calada da noite, este bar era
suscetível a conter um monte de pessoas que ela prefere não cruzar. Ela
lembrou que, apesar de seus encantos flagrantes e formas de playboy,
Vincent era provavelmente a pessoa mais mortal no bar. Mas ainda...
Ela franziu a testa e fez uma automática checagem, verificando
suas armas e equipamentos.
— Meu telefone, — ela murmurou.
Vincent estava olhando para a multidão através da janela, e ela
agarrou seu braço para chamar sua atenção.
— Eu deixei meu telefone no — As palavras dela desapareceram
quando viu o olhar em seus olhos. Era um olhar que ela nunca viu em
seu rosto antes, o olhar de um predador avaliando sua presa.
— Um, você vai para dentro, — ela disse a ele, soltando o braço e
alisando a longa manga de sua camisa com cuidado. — Dê-me as chaves,

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e eu vou acompanhá-lo.
Ele tirou as chaves do bolso e segurou-as automaticamente para
fora, mas então hesitou, virando os olhos para encontrar os dela em um
longo olhar como se pesando sua lealdade.
— Vou pegar o meu telefone, — disse ela, impaciente. — Eu não
vou a lugar nenhum.
Ele sorriu, mas faltava o charme habitual. E o olhar em seus olhos
lhe disse que seus pensamentos já estavam longe. A fome do predador
ultrapassou mais uma vez o vampiro calculista. Ele deixou cair as chaves
em sua mão sem uma palavra e entrou pela porta da cantina.
Lana deixou escapar um suspiro. Segurando as chaves em sua
mão esquerda, ela girou nos calcanhares e voltou em direção ao
estacionamento. Levou apenas um minuto para abrir as fechaduras e
pegar seu telefone. Ela observou de passagem que o SUV não emitiu um
sinal sonoro em resposta ao comando remoto, mas ficou completamente
em silêncio. Interessante. Ela acabava de fechar o veículo e estava prestes
a voltar para a cantina quando um segundo SUV virou para entrar no
estacionamento com pressa, pneus girando e chutando pelo cascalho.
Ela pisou instintivamente de volta para as sombras, deixando a
maior parte do Suburban escondê-la enquanto observou os recém-
chegados. Eles eram notáveis não só por causa de sua chegada cantando
pneus, mas porque seu SUV era muito mais bonitos do que qualquer
outro veículo no estacionamento, com exceção do que ela e Vincent
estavam dirigindo. Isso por si só os fez suspeitos. Mas quando as portas
se abriram e quatro homens corpulentos saíram, Lana sabia que ela não
queria estar no caminho. Esses caras não estavam aqui para a festa. Eles
não estavam rindo. Inferno, eles apenas conversavam entre si.
De repente, ela desejou que tivesse insistido que Vincent a
acompanhasse de volta para o SUV. Porque o que quer que esses
bandidos haviam planejado, não poderia ser bom. Em outras
circunstâncias, ela teria subido no SUV e ido embora.
Mas Vincent estava naquele bar. E vampiro poderoso ou não, eles
eram parceiros.

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Lana checou suas armas mais uma vez. Ela estava com três facas
que sempre carregava, além da Sig nove milímetros em um equipamento
sob o ombro de sua jaqueta com balas de reposição no bolso de sua
jaqueta. Ela pensou em voltar para o SUV para mais munição escondida
no porta-luvas, mas decidiu que se chegasse a um tiroteio entre ela e
esses quatro homens, para não mencionar todos os aliados que estariam
no bar, mais munição não faria muita diferença. Restava apenas uma
arma com ela, já que a Glock estava em sua mochila no motel. Ela não
previu precisar dela para o que deveria ter sido uma viagem rápida para
a cantina local.
Ela esperou até que os recém-chegados estavam fora de vista.
Então, dizendo a si mesma que ia entrar no bar, pegar Vincent, e obter o
inferno fora de lá, ela começou a atravessar o estacionamento.
A multidão era tão barulhenta quanto a alguns minutos mais
cedo. Tentando ser sutil, ela escorregou pela porta aberta e encontrou
um espaço ao longo da parede para o outro lado de uma das janelas onde
não havia muita luz. Apesar de sua pele morena e cabelos pretos, sabia
que se destacava como americana. Sua altura trabalhou contra ela,
assim como seu vestuário, mas era mais do que isso. Foi a atitude que
levaria mais de uma muda de roupa para esconder. Então ela enfiou-se
nas sombras e procurou na multidão por Vincent. Tão grande quanto ele
era, deveria estar escondido quase tanto quanto ela, mas ela descobriu
cedo que as pessoas viam o que quer que Vincent queria que elas vissem.
Ela o encontrou afinal, na borda da pista de dança. Cercado por
moradores, a maioria mulheres, atualmente com uma encantadora
garota local que estava flertando descaradamente e provavelmente
pensando que ela estava no controle. Mal sabia ela...
Vincent inclinou para sussurrar algo no ouvido da menina, e Lana
teve certeza de que eles estavam indo para um canto escuro. Mas, de
repente, apareceu uma outra mulher da multidão. Ela era mais velha do
que a menina que estava conversando com Vincent, seu corpo e os
movimentos mostravam uma confiança e maturidade que era dos anos a
mais em relação a criança que ela estava prestes a suplantar. Ela também

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era incrivelmente atraente, com um corpo voluptuoso que chamou a
atenção de todos os homens que se esfregavam em seu caminho através
da multidão.
Vincent com certeza a notou, e assim fez a sua vítima inicial... er,
doadora. A mulher mais velha foi até eles e sussurrou no ouvido da moça,
correndo a mão para cima e para baixo do seu braço em um gesto calmo.
Mas algo sobre a coisa toda não desceu bem para Lana. Especialmente
quando a moça lançou um olhar a Vincent, e Lana viu os mesmos quatro
homens que derraparam pelo estacionamento. Os homens maus, ela
pensou novamente. E parecia que eles vigiavam Vincent.
Lana teve uma sensação de mal-estar no estômago. Ela havia
acabado de se afastar da parede, com a intenção de arrastar Vincent para
fora de lá a força se tivesse que fazer, quando a mulher bonita o puxou
para a pista de dança. Vincent riu e descansou as mãos nos quadris
voluptuosos enquanto seus braços foram ao redor de seu pescoço. A
música diminuiu e eles começaram a dançar, a mulher nem mesmo
tentou ser sutil quando esfregou seus seios contra o peito de Vicente,
enquanto suas mãos acariciavam seus ombros, o pescoço...
O olhar de Lana afiou ao ver o perigo. Vincent pareceu perceber
no mesmo momento, mas ambos foram muito tarde.
A mulher enfiou duas pequenas facas em suas mãos e cortou
ambos os lados do pescoço de Vincent em um único movimento
coordenado. Os olhos de Vincent eram chamas de cobre quando ele rugiu
sua indignação e empurrou-a para longe, o movimento só serviu para
cavar as facas mais profundamente quando ela voou para trás.
Impulsionada pelo seu poder, tanto quanto sua fúria, a mulher voou pela
pista de dança vazia e de repente caiu no palco, equipamentos caíram
quando a banda correu para ele. Os clientes no bar estavam gritando,
empurrando e abrindo caminho em direção à porta, alguns pularam
através das janelas abertas em uma tentativa de escapar da carnificina.
Vincent caiu de joelhos, com as mãos sobre ambos os lados de
seu pescoço em um esforço infrutífero para estancar o sangramento.
Lana começou a avançar, e os olhos dele de repente levantaram para

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encontrar os dela com um olhar atento. Ele deu um aceno de cabeça em
um minuto e ela parou. Ela franziu a testa e ele a olhou mais
intensamente. Ele estava tentando lhe dizer alguma coisa. Mas o quê? Os
quatro homens se afastaram do bar e foram na direção de Vincent. Ele
estava embebido em seu próprio sangue, ajoelhando-se em uma piscina
na pista de dança.
Por dentro, Lana estava gritando. O instinto lhe dizia para correr
e ajudá-lo, para arrastá-lo para fora de lá, se fosse preciso. Mas a razão
— e Vincent — lhe diziam outra coisa.
O sangramento já começara a diminuir no momento em que os
quatro homens chegaram a ele, tornando-se, um gotejamento lento e
pegajoso em vez de um jorro de pesadelo vermelho. Tão improvável
quanto parecia, nem mesmo isso foi suficiente para matá-lo. E os quatro
homens aparentemente sabiam disso. Eles claramente o queriam
enfraquecido, não morto.
Agarraram Vicente e arrastaram-no para a porta, examinando a
multidão enquanto atravessavam a pista de dança agora deserta. Lana
se encolheu atrás de um grupo de três casais, dobrando os joelhos para
se misturar melhor. Ela não sabia se os homens maus estavam
procurando por ela, ou se eles sequer sabiam sobre ela. Mas se a vissem,
eles saberiam que ela não pertencia ao local. E se eles a agarrassem, ela
não teria nenhuma chance de chegar a Vincent antes que eles
realizassem seus planos, e isso não seria bom.
Lana ficou para trás, até passar um tempo, ouvindo a conversa
em torno dela, tentando descobrir o que pudesse sobre quem eram os
homens e, mais importante, onde eles estavam levando Vincent. Ela
pegou dicas de um acampamento fora da cidade, de um homem muito
perigoso que ninguém nomeava, mas todo mundo falava. Sem surpresas
aí. Esse era um território narco. O que ela não entendia era porque
levaram Vincent. Ele disse a ela que os vampiros possuíam um acordo
com os cartéis do México, então por que agarrá-lo?
Ela ouviu as conversas rápidas acontecendo ao seu redor, mas
nenhuma dessas pessoas sabia nada sobre a situação de Vincent, nem

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se importavam. Com a ameaça ausente, eles estavam prontos para
retomar a festa. Pessoas que fugiram para as ruas começaram a voltar
para a boate. Alguém havia derramado o que parecia areia para gatos na
pista de dança, para absorver o sangue de Vincent, e uma mulher mais
velha estava agora diligentemente varrendo e esfregando, enquanto a
banda recuperou seu equipamento e voltou a tocar. Até mesmo os
barmans estavam a pleno vapor, a multidão crescia em torno do bar, as
pessoas substituíram as bebidas derramadas. Enquanto isso, a mulher
que atacou Vincent cambaleou sobre seus pés e estava saindo pela porta
da frente.
Lana seguiu os movimentos vacilantes da mulher. Ela não podia
lidar com quatro caras maus, mas uma cadela conivente? Poderia fazer.
Ela escorregou ao longo da parede e arrastou a mulher para fora. Vincent
fez algum dano quando a jogou para o outro lado da sala, mas nenhum
dos bandidos permaneceram o suficiente para verificar se ela estava bem,
e muito menos para escoltá-la em casa com segurança.
Lana observou-a tropeçar e cair de joelhos na calçada, em
seguida, se agarrar à parede enquanto lutava para subir. Pegando seu
ritmo, Lana tocou o braço da mulher.
— Você está bem? — Perguntou ela em espanhol. — Posso ajudá-
la?
A mulher olhou para cima, viu quem estava falando, e forçou uma
risada antes de responder em forte sotaque Inglês. — Você está com o
bonitão? O vampiro?
— É o homem que tentou matar? — Perguntou Lana, fingindo
não entender.
— Só o poder de Deus pode matar um como esse.
— Por que esses homens querem vê-lo morto?
— Eles não querem. — A mulher se apoiou pesadamente contra
a parede, ofegante quando olhou para cima para encontrar os olhos de
Lana. — Você deveria ir para casa, esquecê-lo. Ele é mau.
— Eu não posso, — Lana admitiu. — Eu jurei protegê-lo.
— Então você é uma tola, — a mulher sussurrou.

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— Onde é que eles o levaram?
Ela riu de novo, tossindo com o esforço. — Você vai morrer se você
for lá.
Lana deu de ombros. — Todos nós morremos, eventualmente.
— Você tem um carro? — A mulher sussurrou.
— Sim.
— Leve-me para casa, e eu lhe direi o que você quer saber.
Lana considerou a oferta da mulher. Obviamente, ela não poderia
ser confiável. Mas não havia dúvida de que os homens a abandonaram,
e, além disso, Lana não era tão fácil de se livrar.
— Tudo bem, — disse Lana. — Mas tente algo, e eu vou te matar.
A mulher deu um pequeno riso cínico, como se ela não acreditasse
na ameaça, mas, em seguida, ela encontrou o olhar frio de Lana e sua
risada morreu. Ela assentiu com a cabeça tristemente. — Eu só quero a
minha cama. Eu me machuquei muito.
— Bom, — Lana murmurou, ajudando a mulher a ficar em pé. —
Eu espero que o que quer que eles te pagaram tenha valido a pena.
Uma vez que elas estavam no SUV, a mulher — Lana considerou
perguntar o nome, mas descobriu que ela não se importava, as levou para
uma pequena casa independente a 3 km do bar. Estava limpa e
arrumada, com flores em caixas sob os peitoris das janelas dianteiras e
em panelas de barro ao longo da passarela. Era, provavelmente, muito
bonita à luz do sol, se alguém desse a mínima. Lana não dava.
Ela estacionou na entrada, pegou as chaves e dirigiu ao redor da
frente do SUV. Lana abriu a porta do passageiro e a mulher gemeu
quando tentou sair. Tomando seu braço, Lana a retirou do banco e depois
colocou-a no chão. Elas fizeram o caminho lento até a porta da frente,
que a mulher abriu com um conjunto de chaves, que pegou de um bolso
em sua saia.
Uma vez lá dentro, ela caiu exausta em uma cadeira estofada. —
Você pode me arrumar um pouco de água? — Ela perguntou em uma voz
que era principalmente um sussurro.
— Eu não estou aqui para cuidar de você, — disse Lana

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friamente. — Eu disse que a levaria para casa. Você está em casa. Agora
diga-me onde o levaram.
— Água, — a mulher disse asperamente. — Por favor. Então, eu
posso te dizer.
Lana estava mais irritada e mais impaciente a cada minuto. Ela
ficou tentada a pegar a água e jogá-la no rosto da mulher tortuosa, mas
isso não a tiraria daqui mais cedo. Então, ela abriu a geladeira, pegou
uma das várias garrafas de água, e a entregou.
— Ok. Fale.
— Meu nome é Fidelia Reyes.
Lana apenas encarou. Ela não dava a mínima para o nome da
cadela. E se ela pensasse que Lana era estúpida o suficiente para falar o
seu próprio nome, ela estava louca, bem como fora de si.
— Você é uma tola, — Reyes murmurou.
— E você é uma mulher morta, se você não começar a falar.
Reyes deu de ombros, então engasgou com o movimento e se
abraçou com ambos os braços. — Seu vampiro me machucou
gravemente.
— Você tem sorte que ele não a matou. Fale. Quem te mandou
atrás dele?
— La Mana, os narcos.
— Como eles sabiam que ele estaria aqui? Acabamos de chegar
na cidade, e ninguém sabia que estávamos vindo para cá.
— O outro o reconheceu e disse ao patrón quem ele era, que ele
era poderoso.
— O outro quem? De quem você está falando?
— O outro vampiro.
— Outro vampiro vive aqui? E ele trabalha para estes narcos?
Reyes assentiu. — Sí, sim. Mas ele não trabalha para eles. Eles
são donos dele.
Lana franziu o cenho. Ela nunca ouviu falar de um vampiro sendo
possuído por seres humanos. Isso não queria dizer que nunca aconteceu,
mas Vincent não saberia sobre outro vampiro por perto? Ele era tenente

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de Enrique, que, segundo ele, significava que ele sabia quase tanto como
o Lorde Vampiro. E Hermosillo era a sua casa. Certamente, ele teria
ouvido falar sobre algo como isso acontecendo praticamente em seu
próprio quintal? Algo definitivamente não estava bem aqui.
— Você disse que eles não querem vê-lo morto. Quais os planos
deles para ele?
— Ele tem poder. Ele vai ser escravo, como o outro, mas melhor.
Lana encarou. Os caras do cartel local pensavam que poderiam
fazer Vincent seu escravo? Isso não ia acabar bem.
— Então, onde posso encontrá-lo?
— Vá para casa, señorita. Esqueça-o.
Lana riu com desdém. — Não vai acontecer. Agora, diga-me onde
eles estão.
Reyes suspirou e balançou a cabeça em um comentário óbvio
sobre a sanidade de Lana. — Eles têm um acampamento, uma fazenda,
fora da cidade. Não muito longe. Vá para o sul. Há uma grande rocha que
se parece com um gigante que bateu com o martelo. E há uma estrada.
Mas a fazenda tem uma parede ao redor dela e muitos guardas.
— Você já esteve lá?
— Muitas vezes, mas não vou
— Eu não quero sua companhia. — Ela cortou fora Reyes,
antecipando seu protesto. — Eu quero saber em que lugar do
acampamento eles estão propensos a mantê-lo, qual prédio?
— Eles farão com ele como com o outro. É um prédio pequeno,
um barraco, no pátio onde não há sombra, apenas a luz solar. Ele tem
muitas janelas com persianas que podem abrir e fechar. Se o vampiro é
bom, eles fecham todas as janelas. Se ele é ruim, eles abrem e ele sofre
com a luz do dia.
— Eles o queimam?
— É o castigo de Deus para o seu mal.
Lana revirou os olhos. — E quanto à noite? Eles não podem
controlá-lo durante a noite.
— Eles fazem como eu fiz esta noite. Eles o sangram durante o

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dia e só o alimentam um pouco.
Lana pensou que fosse ficar doente. Isto é o que eles planejaram
para Vincent? Ela bateu com o punho na parede, tentando pensar. Ela
era apenas uma pessoa. Ela não podia assumir um acampamento inteiro
de bandidos do cartel. Eles felizmente a chutariam e a deixariam
apodrecer. E isso se eles não a estuprarem até a morte pela primeira vez.
Mas ela não poderia abandonar Vincent. Ela pensou em chamar Michael
como reforço, mas o tempo da sua chegada até aqui, poderia ser tarde
demais.
— Existe um momento em que os guardas não estão prestando
atenção? Eu não sei, como uma mudança de turno ou algo assim?
A mulher tentou rir, mas respirou de dor ao invés. — Esta não é
uma maquila para ter sinos e relógios. Esqueça-o. Vá para casa.
— Eu não posso. Ele é.... um amigo.
— Você é uma tola, — disse ela novamente.
Lana abriu a boca para dizer, obrigado por nada, mas Reyes não
havia terminado.
— Se você está decidida a morrer com ele, você deve agir agora,
hoje. Há uma grande entrega e muitos dos sicários, os soldados, já se
foram.
— Quando eles voltam?
Reyes deu de ombros. — Alguns talvez esta noite, mais tarde,
muitos outros amanhã. Eles não me compartilharam tais detalhes.
— Tudo certo. O que mais você pode me dizer?
Reyes deu-lhe um olhar cansado, e Lana achava que ela chegou
ao fim de sua cooperação, mas, em seguida, ela disse — Durante a sesta,
só há um guarda na cabana e muito poucos no quintal.
— Onde está esse barraco?
— No pátio. É fácil de ver. Não há nada além de terra — sem
jardins, sem árvores.
Lana balançou a cabeça, em seguida, girou nos calcanhares e se
dirigiu para a porta da frente.
— Vá para casa, gringa. Você não pode salvá-lo. Ele é uma

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criatura do diabo.
Lana fez uma pausa com os dedos segurando a maçaneta da
porta, sua mandíbula apertada. Ela disse a si mesma que não faria
nenhum bem em ir para cima de Reyes, que sua energia seria melhor
gasta planejando o resgate de Vincent. Mas então, por trás dela, ela ouviu
o glug da garrafa de água quando Reyes tomou um gole, ouviu a mulher
expirar profundamente, o som de uma pessoa relaxando depois de um
dia duro. Forçando as palavras em torno da raiva que lhe apertava a
garganta, Lana voltou-se para a mulher. — Vamos estar de volta. E se eu
fosse você, eu não estaria aqui. Ele vai te matar. E eu não vou impedi-lo.

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CAPÍTULO NOVE

A primeira parada de Lana foi no motel onde ela e Vincent fizeram


o check in antes de ir para a cantina. Não havia como dizer onde este
outro vampiro — o que Reyes dizia ser escravizado pelo chefe local da
narco — vira e reconhecera Vincent. Poderia ter sido no posto de gasolina
quando eles chegaram a cidade, ou no motel, ou inferno, em qualquer
lugar. Não havia nenhuma maneira de saber com certeza, e ela não queria
deixar suas coisas no motel. Especialmente desde que não sabia o que o
dia do resgate traria. Se Vincent estivesse fraco ou ferido, poderia precisar
de um lugar seguro para esconder-se por algumas horas. Teria sido
melhor se ela pudesse acompanhar e encontrar Vincent hoje à noite,
quando ele, pelo menos teoricamente, poderia ajudar em seu próprio
resgate. Teoricamente, porque ele não estava parecendo muito saudável
quando eles o arrastaram para fora da cantina. E se Fidelia Reyes
estivesse dizendo a verdade, eles com certeza não estariam dando-lhe o
sangue para ajudá-lo a curar, também. Lana não podia deixar de se
perguntar se os narcos sabiam exatamente quem eles possuíam em suas
mãos. Sim, o vampiro informante havia dito a seus chefes que Vincent
era poderoso, mas eles sabiam que ele praticamente se igualava a
Enrique em poder?
Lana suspirou, pensando que todo esse poder não lhe faria
qualquer bem se eles o mantivessem sedento de sangue, ou queimando
ao sol. Ela esfregou o peito, tentando aliviar uma dor real em seu coração
ao pensar em Vincent sendo torturado assim.
Quando ela chegou no motel, estacionou na vaga da bodega ao
lado, estacionando na parte de trás onde havia pouco tráfego, a esta hora.
O SUV de Vincent era muito chamativo, embora ela provavelmente ficaria
feliz por toda blindagem a prova de balas quando o tirasse de sua prisão.
Reyes disse que a siesta mais tarde hoje seria sua melhor chance, mas,

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obviamente, Lana não levaria isso a sério. O céu estava começando a
clarear, mas ela ainda contava com uma hora antes do amanhecer. Ela
iria de carro, assim pegou suas coisas, estacionou a alguma distância,
em seguida, caminhou para alcançar o lugar por si mesma antes de
decidir sobre um plano.
A pé pelo beco, ela se aproximou do motel na parte de trás,
deslizando ao longo da parede exterior do edifício até que ela pode ver o
estacionamento do motel e a rua em frente. De pé nas sombras da
manhã, ela ficou perfeitamente imóvel por alguns minutos, seus olhos
abertos para qualquer coisa fora do comum. Anos de caça a bandidos que
não queriam ser encontrados a treinaram muito bem em detectar quando
as coisas ou pessoas pareciam fora do lugar. Mas ela não viu nada
parecido. Talvez o vampiro não lhes dissera sobre ela. Ou talvez ele não
havia percebido que Vincent estava viajando com alguém.
Uma vez em seu quarto, ela pegou as poucas coisas que
desempacotou e as empurrou de volta para a mochila. Deixou as luzes
acesas, na esperança de que se alguém viesse procurando por ela,
poderiam ser abrandados pela possibilidade de que ela ainda estivesse
lá. Então, jogando ambos os sacos sobre os ombros, ela saiu do jeito que
veio, pendurando a placa de — Não Perturbe — na porta pela primeira
vez.
De volta ao SUV, jogou as duas mochilas na parte de trás e,
seguindo as instruções de Reyes, foi ao sul da cidade. Não demorou muito
para que encontrasse a formação rochosa onde ela deveria virar, viu as
luzes brilhantes ainda queimando contra o nascer do sol e da alta parede
do acampamento a distância. Ela não se virou, mas continuou dirigindo
até que já não podia ver o acampamento, imaginando se não pudesse vê-
los, eles não poderiam vê-la também. Então, aproveitando o material
reforçado do SUV, ela saiu da estrada completamente e se dirigiu para o
deserto de encontro ao acampamento. Ela dirigiu até que encontrou um
aglomerado de rochas enormes amontoados sob uma pequena elevação,
em seguida, fez uma volta de 180° e apoiada na tampa das rochas de
modo que ela estava escondida da estrada, mas ainda poderia fazer uma

- 115 -
fuga rápida quando encontrasse Vincent.
Ao desligar o motor, ouviu o ping de metal quando ele esfriou, e
recostou-se, percebendo abruptamente que o assento era muito para
trás. Ela era alta, mas o assento foi ajustado para a altura de Vincent e
em toda a pressa e estresse da última hora, ela não se preocupou em
alterar as configurações. Lágrimas inundaram seus olhos pela primeira
vez desde que Vincent fora sequestrado. Ela sabia que era em parte
exaustão, mas não podia desligar seu cérebro, não poderia deixar de ver
a garganta de Vincent fatiada por Reyes, o sangue se derramando em
uma inundação vermelha sobre seu peito enquanto seus olhos se
encontraram do outro lado da sala. Ela respirou fundo e lutou contra as
lágrimas. Essa foi a única coisa que a mantinha lutando, o olhar nos
olhos de Vincent quando eles encontraram os dela, a certeza de que ela
ficaria livre, que ela o encontraria e o deixaria livre.
Desligando as luzes interiores, ela saiu de trás do volante e se
agachou ao lado do SUV longe da estrada. Era muito mais frio do lado de
fora, o sol da manhã ainda muito fraco para fornecer o calor, mas ela
precisava usar seu iPad e não queria flashes aleatórios para entregá-la.
Felizmente, não havia cobertura de celular aqui no meio do deserto,
provavelmente graças aos caras muito maus cujo acampamento ela
estava tramando invadir.
Ela abriu o iPad e abriu os mapas do Google, rapidamente
localizando a cidade, em seguida, expandiu para fora até que ela avistou
o acampamento dos narcos. Ela sorriu, pensando que, enquanto os
senhores das drogas eram poderosos, eles não eram mais poderosos do
que o Google. Nem tinham o tipo de atração que poderia desfocar a
imagem do acampamento do mapa. Ela possuía uma visão de águia do
pátio, o que não era nada além de terra, assim como aquela cadela Reyes
disse.
O acampamento em si era composto por vários edifícios, incluindo
alguns que foram separados da hacienda principal, mas era óbvio que
um era o barraco onde Reyes assumiu que manteriam Vincent. Lana
estudou o layout e teve um único pensamento. Não era bom. Ela teria

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que passar por cima do muro, atravessar uns bons 9 metros de largura
de terreno aberto, desativar o guarda um, se Reyes pudesse ser confiável,
— o que ela já provou que não poderia ser — e de alguma forma tirar um
Vincent enfraquecido de lá.
Mas então, os planos chegaram a um impasse. Ela não poderia
tirá-lo para fora de lá à luz do dia! Porra. Vincent seria um peso morto e
ele era muito pesado para ela carregá-lo para longe. Mas, mesmo que de
alguma forma conseguisse levá-lo, a luz solar iria matá-lo.
Droga, droga, droga.
Ela fechou os olhos e tentou pensar, mas estava tão cansada,
porra. Seu cérebro não estava funcionando da maneira que costumava
fazer. Então ela tentou outra tática, quebrando a operação para baixo em
partes essenciais. Primeiro, ela precisava chegar lá. Franziu o cenho para
o iPad e tentou aumentar o zoom no próprio barraco, querendo detalhes.
Do que era o edifício construído? Havia um cadeado na porta? E, em caso
afirmativo, ela poderia lidar com isso? Mas a resolução não era
suficientemente boa e o ângulo não era certo de qualquer maneira. Ela
podia ver algo que parecia as persianas que Reyes falou, porém, apenas
confirmou o que já sabia, que era o prédio à direita.
E então ela pensou sobre o outro cara, o vampiro que deu
informações a seu chefe do cartel sobre Vincent. Ele estava lá com
Vincent? Ela com certeza esperava que não. Mas se estivesse... ela
simplesmente teria que enfiar uma estaca nele. Afinal, ele traiu Vincent.
Ela não devia nada a ele.
Mas eles o torturaram, uma pequena voz a lembrou. Eles o
mantiveram escravizado. Ele era responsável por suas ações nessas
condições? Ele era mesmo capaz de desafiar seus mestres?
Ela deixou cair o iPad sobre a pasta ao seu lado, em seguida,
puxou os joelhos até o peito, e enterrou o rosto em seus braços. Isso tudo
era demais. Ela não era algum tipo de super-herói em operações
especiais, ela era uma caçadora de recompensas. Sim, com certeza, ela
era um jogo justo, e era um gênio com uma faca. Mas ela não sabia muito
sobre o planejamento de um assalto tático. Ela não poderia disparar em

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seu caminho fora de uma multidão sem obter um arranhão, ou saltar por
cima até mesmo de um pequeno prédio.
Ela descansou a cabeça contra o metal quente do SUV e suspirou.
Não, ela não era super-heroína, mas de alguma forma, ela descobriria
uma maneira de resgatar Vincent. Porque sabia que se a situação se
invertesse, ele faria o mesmo por ela.
— Tudo bem, — disse ela em voz alta, em seguida, continuou a
conversa em sua cabeça, lembrando-se de que estava na clandestinidade.
Primeiro, ela listou as coisas que a seu favor.
Um, eles não esperariam por ela, porque não sabiam sobre ela.
Ela precisava que acreditar nisso. Se soubessem, teriam a levado do
clube ou a rastreado depois.
Dois, ela estava com este SUV de primeira como veículo de fuga,
à prova de balas e liso, e totalmente pronto para arrancar.
Três, ela possuía armas. Sua Sig nove milímetros, bem como a
Glock e muita munição extra e, claro, suas facas. Não serviriam contra
um exército, mas um guarda ou dois, ela poderia encarar. E então havia
Vincent. Dada a forma como ele conseguiu jogar Reyes em frente ao bar,
mesmo depois de ter sido cortado e cortado, ela imaginou que era a sua
melhor arma. Mas valeria a pena verificar a mochila para ver se ele trazia
alguma coisa escondida.
Lana piscou na realização súbita. Vincent era a sua melhor arma.
Ela olhou para a encosta à sua frente, com os milhões e detalhes
revelados à luz rosa de um novo dia. Ok, então ela invadiria durante a
luz do dia, mas e se ela não saísse até depois do anoitecer? Se ela pudesse
entrar no barraco sem ninguém vê-la, ela poderia estar lá quando Vincent
acordasse e eles poderiam sair juntos. Claro, ele provavelmente
precisaria... Porra. Ele precisaria de sangue, e de alguma forma, ela não
achava que os traficantes de drogas agradáveis teriam deixado uma bolsa
de sangue em uma bandeja para o seu jantar.
Ela teria que ser o seu jantar. Droga. Vincent riria até não poder
mais sobre isso. Ele teria sorte se ela não o estacasse quando tudo isso
chegasse ao fim.

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Mas primeiro, ela precisava resgatá-lo.

LANA VERIFICOU o Google maps novamente, querendo confirmar


sua posição em relação ao acampamento. Ela não estava muito
preocupada com a caminhada. Ela era uma alpinista experiente, em boa
forma, e suas botas de combate eram boas para caminhar a longas
distâncias. Mas se ela e Vincent estavam lutando por suas vidas, ao sair,
seria melhor se eles não tivessem de correr 1,5 Km ou mais através do
deserto aberto para chegar ao seu veículo de fuga.
O terreno não era completamente plano nesta parte do México. A
cordilheira de Sierra Madre corria paralela à costa entre o oceano e o
interior, e os homens que estavam segurando Vincent construíram seu
acampamento de modo que ele estava enfiado contra o sopé das
montanhas. Ele provavelmente dava ao o pátio de trás da hacienda
alguma sombra à tarde, e tendo a maior parte das colinas em suas costas
provavelmente, dando aos bandidos uma falsa sensação de segurança.
Lana olhou para aquelas colinas e viu um lugar conveniente para
espionar o acampamento. Mas a maioria das pessoas que viviam por aqui
estavam provavelmente ou com muito medo de fazer qualquer
espionagem, ou trabalhavam para o cartel e, portanto, não estavam
inclinados a fazê-lo.
Ela estudou o mapa até que estava confiante de que sabia onde
seu veículo estava em relação ao acampamento, e havia mapeado uma
trilha que a levaria lá. Ela sabia que a visão do Google deste local remoto
não incluía o tipo de obstáculos terrestres que poderia atrapalhar um
andarilho, mas serviria, pelo menos, para mantê-la indo na direção certa.
Satisfeita de que se preparou como podia, ela subiu no banco de trás e
se esticou. Realmente não esperava dormir, mas percebeu que poderia,
pelo menos, fechar os olhos e encontrar seu interior Zen por algumas
horas. Não que houvesse muita chance disso. Ela estava ansiosa para
começar, impaciente para seu primeiro olhar real no acampamento, uma

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vez que não poderia planejar totalmente até que ela visse com o que
estava lidando. Ela colocou o alarme do telefone por duas horas e fechou
os olhos.
Vinte minutos mais tarde, ainda estava acordada. Aparentemente,
não importava o cansaço. Seu cérebro se recusou a desligar. Então ao
invés de dirigir-se louca contando ovelhas, desistiu. Na frente da
escotilha de carga aberta, ela trocou suas Levi’s por calças pretas em
estilo de combate, precisando dos bolsos extra para suprimentos, e
substituiu a camisa de mangas compridas com uma que contava mangas
curtas. Foi se aquecer antes da manhã terminar, e enquanto ela não
poderia ir sem a jaqueta, a camisa, pelo menos, seria mais fresca. Uma
pequena garrafa de água entrou em um dos bolsos da jaqueta. Era o
mínimo que ela precisava, mas nada mais e ela precisava de uma mochila
separada. A Sig entrou na bolsa do equipamento, os outros no bolso
profundo em sua coxa. Seu kit de primeiros socorros compacto, bastante
completo para toda a sua dimensão, entrou em seu outro bolso da coxa,
juntamente com uma pequena lanterna. Sua Sig estava embainhada no
coldre, com um silenciador compactado no bolso interno de seu casaco.
Ela considerou tomar a Glock, mas decidiu que não. Ela só possuía
muitos bolsos e, além disso, estava apostando para a discrição, não poder
de fogo. Isso significava facas, e ela possuía muitas dessas. O estilete de
nove polegadas entrou em sua bota, uma lâmina de seis polegadas em
uma bainha em sua coxa, e as três polegadas em seu bolso. Mas
enquanto ela não estava exatamente preparada nesta viagem para as
operações de combate, ela era uma caçadora de recompensas. Metade de
sua descrição do trabalho era a vigilância, e ela estava preparada para
isso.
Ao descompactar um dos compartimentos internos de sua
mochila, ela empurrou sua mão no interior da bolsa, com um aha em
silêncio quando seus dedos tocaram seus binóculos. Compacto, mas
incrivelmente poderoso, muito útil quando sentado fora de um
apartamento esperando por um fugitivo se mostrar. Ao agarrá-los, os
dedos fecharam em outra coisa, também. Algo que ela apenas vagamente

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reconheceu porque comprou ele há alguns meses por um capricho, no
México, como uma questão de fato. Mas ela nunca usou. Era um auto-
injetor cheio de morfina, semelhante a um EpiPen em forma, mas com o
efeito completamente oposto. Na época, que ela o comprou, Lana estava
em uma caça, onde o bandido era um cara grande e fora da média e nada
feliz ao descobrir que ele não só estava sendo capturado, mas capturado
por uma mulher. Ela contava um parceiro para esse trabalho, mas tão
frequentemente quanto não, ela trabalhou sozinha. O episódio a fez
pensar no que poderia ter acontecido se ela tivesse ido sozinha e o
grandalhão decidido lutar. Então, quando ela viu o auto-injetor de
morfina apenas alguns dias depois, ela não pensou duas vezes. Ela pegou
três deles e empurrou um em sua mochila. Os outros dois ainda estavam
armazenados em sua geladeira de volta em casa. Mas este seria útil de
fato.
Levou cerca de quatro horas para subir o morro e fazer o seu
caminho para o outro lado e ao redor para uma posição onde poderia ver
o acampamento. Ela se moveu lentamente, com cuidado para evitar a
colina, grata que o sol que se erguia atrás da colina e lançou-se na
sombra. Quando encontrou uma boa posição, se acomodou para assistir.
Trabalho de vigilância era tedioso e desgastante. Sentada em um só lugar,
olhando para a mesma coisa por horas, pode parecer fácil, mas o tédio
vem depois de um tempo, come sua concentração, fazendo seu corpo
enrijecer os músculos enquanto exigia o movimento.

Havia um monte de atividade no acampamento, apesar da


insistência de Fidelia Reyes que a maioria dos guardas foram embora.
Lana identificou o barraco com bastante facilidade, embora, desde que
era construído de blocos de concreto, ela não teria chamado assim. Para
ela um barraco era algo frágil e feito de madeira.
Mas o único guarda armado que estava exatamente onde ele
deveria estar, sentado em uma cadeira a apenas alguns pés da única
porta — do barraco. — Um guarda-chuva em estilo pátio em um suporte
de metal deu-lhe um círculo de proteção contra o sol, mas o ângulo do

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jeito que estava, seria cortado de sua linha de visão, também. Ela se
perguntou por que eles possuíam um guarda de qualquer maneira, uma
vez que os vampiros não estavam indo em qualquer lugar durante o dia.
Mas então, ela assumiu que era a força do hábito. Se havia um
prisioneiro, deveria haver um guarda, mesmo que o prisioneiro fosse um
vampiro e, portanto, completamente imobilizado pela luz do sol.
Ou isso ou o guarda foi projetado para manter possíveis aliados,
como Lana, para fora, em vez de manter os vampiros dentro.
Em qualquer caso, pelo menos, muitas das informações de Reyes
foram precisas. Lana usou seus binóculos para fazer zoom e visualizar os
detalhes do barraco, incluindo aquelas malditas venezianas. Até onde ela
podia ver, as canaletas foram fechadas com força, por isso os captores de
Vincent não decidiram torturá-lo ainda. Talvez eles esperavam convencê-
lo a pensar como eles. Ou talvez eles realmente não entendiam a
diferença entre seu atual escravo vampiro e um vampiro poderoso o
suficiente para ser o segundo-em-comando de todo um território. Ela
estava com a sensação de que eles descobririam antes que a aventura
terminasse.
Ciente de que as persianas não eram ameaça, ela se concentrou
na porta, ou, mais importante, na sua fechadura. Entre as muitas
habilidades ilícitas que ela aprendeu com os caçadores de seu pai ao
longo dos anos, abrir fechaduras foi uma delas. Os rapazes trataram-na
como um animal de estimação inteligente, ou, mais caridosamente, um
mascote, ensinando-lhe todos os tipos de truques. A maioria das
fechaduras eram fáceis o suficiente para uma criança razoavelmente
inteligente abrir, mas ela fez melhor que isso. Muito melhor. Seu pai
pensou que suas habilidades em abrir fechaduras vieram do fato de que
ela era uma mulher, que seus dedos eram mais delicados, e também mais
sensíveis. Ela não sabia se isso era verdade, mas sabia que poderia abrir
uma fechadura mais rápido do que qualquer um dos caras no escritório
de seu pai.
O truque neste caso seria entrar dentro do barraco sem ninguém
perceber que ela fizera isso. Se fosse um cadeado, ela estava sem sorte.

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Pode ser fácil passar pelo cadeado, mas seria impossível fazer a fechadura
parecer aberta por dentro do barraco. Ela se moveu vários passos para a
esquerda, tentando conseguir um ângulo melhor sobre o mecanismo de
bloqueio. Ela ainda estava em movimento, agachada para a frente,
quando houve um surto de atividade abaixo. Parando onde estava viu
quando três SUVs apareceram em um dos edifícios de fora e foram até a
entrada do edifício principal. O portão de ferro forjado foi aberto e duas
crianças vieram correndo para fora da casa, seguidos, em um ritmo mais
calmo por um casal que, obviamente, vestia-se para a igreja. A saia da
mulher caia modestamente duas polegadas abaixo de seu joelho, e ela
usava um casaco de lã que cobria os braços nus, enquanto uma mantilha
de renda preta cobria metade de seu cabelo longo e escuro. O homem
usava um terno claro, e os filhos, ambos meninos, usavam versões em
miniatura de uma mesma coisa.
Lana franziu a testa, tentando lembrar que dia da semana era.
Viajando durante toda a noite e dormindo durante todo o dia confundiu
o calendário, mas ela chegou ao escritório de Vincent no domingo, o que
fazia de hoje... Quarta-feira. Talvez o dia fosse um feriado religioso.
México era principalmente católico, mas, apesar de ambos os pais sendo
da mesma religião, Lana não frequentava qualquer religião.
O que quer que estivesse acontecendo lá embaixo, no entanto, era
bom para ela. O homem prestes a sair com sua família era obviamente
alguém importante, talvez até mesmo o grande chefe, porque ele estava
levando um monte de guardas com ele. Dois foram no SUV que a família
subiu, e outros seis empilhados nos veículos restantes. O guarda do
barraco ficou ereto assim que a família apareceu, e ele ficou assim, em
pé duro e reto, como em guarda, até que os SUVs saíram do
acampamento e aceleraram pela estrada de terra, deixando uma nuvem
de poeira atrás deles. Quase imediatamente, o guarda caiu para trás em
sua cadeira, olhando mais aborrecido do que nunca.
O coração de Lana acelerou enquanto ela contemplava o que a
partida do chefe significava. Esta poderia ser sua melhor chance de
entrar dentro do barraco. Como o grande homem se fora, todo mundo

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relaxaria, especialmente o cara que guardava o barraco, que não ficou
alerta para começar. Ele saberia que não havia chance de alguém tentar
escapar. Mas ainda mais importante, havia agora menos oito guardas
armados no acampamento.
Ela trocou seu foco para a parede em frente. Era pelo menos dez
metros de altura e construído com o mesmo tipo de blocos usados para
construir o barracão. Só que as paredes da barraca eram lisas, enquanto
a parede do perímetro era pintada com uma sombra adequadamente
agradável de amarelo pálido. Havia uma abundância de sulcos e buracos
entre os blocos, se soubesse como fazer uso deles. Mas enquanto Lana
era um alpinista passável, escalar o muro não era sua primeira escolha.
Ela começou a procurar um atalho, algo que lhe daria impulso para cima
do muro, para que ela não tivesse de subir a coisa toda. Ele não parecia
bem. O melhor que podia esperar era uma pilha de pedras cobertas de
musgo que nunca viu o sol. Elas seriam escorregadias como o inferno,
mas estavam perto o suficiente da parede em um ponto que ela poderia
usá-los como ponto de partida. Infelizmente, ainda teria que escalar o
resto do caminho.
Ela suspirou, olhando para o morro e apertando os lábios com
irritação. Droga Vincent. Por que não podia ter sido um idiota, alguém
que ela poderia deixar para trás sem um pensamento? Ela começou a
reembalar seu equipamento, prendendo-o para uma descida rápida,
seguida de uma subida pela parede toda. Ela estava tão fodida. Ela
provavelmente acabaria prisioneira de um cartel de drogas mexicano. Se
tivesse sorte, eles a resgatariam de lá e de volta para seu pai. Se não...
bem, ela não queria pensar sobre isso. Não quando ela estava prestes a
lançar o que foi provavelmente a mais arriscada aventura de sua vida
inteira.
Droga Vincent.

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LANA ESCALOU para baixo no canto do acampamento, o que foi
inesperadamente fácil. Ela se moveu lentamente, verificando cada ponto
de apoio, porque ela não podia se dar ao luxo de deixar que algo tão
evitável como um tornozelo torcido colocasse tudo em ruínas. Mas entre
o terreno irregular, as sombras da manhã, e o matagal áspero crescia
entre as pedras, não havia cobertura suficiente para que estivesse em
perigo de ser rastreada, a menos que alguém estivesse olhando
especificamente sua localização. Mas isso não parecia ser o caso. Havia
guardas, mas seu foco estava claramente no portão principal e o deserto
aberto com a rodovia para além dela.
Em pouco tempo, Lana se encontrou equilibrando-se sobre a
superfície muito lisa e irregular das rochas que havia identificado de
cima. Elas eram ainda mais curtas do que ela esperava, dando-lhe talvez
dois pés de ajuda na parede dos dez totais. Esticando os braços para
cima, ela poderia tocar o plano superior da parede, mas por muito pouco.
Ela precisaria subir pelo menos mais dois pés, a fim de alavancar a si
mesma para cima, e uma vez lá, ela teria que se mover rapidamente. Os
guardas poderiam não estar prestando muita atenção, mas eles eram
muito mais propensos a notá-la sentada em cima do muro do que
rastejando para baixo da encosta.
Fechando seus vários bolsos, ela flexionou os dedos e começou a
subir. Sua primeira tentativa foi malsucedida, conseguindo apenas
mandá-la de volta para baixo para bater seu joelho dolorosamente nas
rochas lisas. Ela curvou abaixo, esfregando o joelho e dizendo a si mesma
que ia fazer isso. Isso porque Vincent estava lá e tão improvável quanto
parecia, ele precisava dela. Ela esticou a perna para fora, colocando o pé
no chão e dobrando o joelho experimentalmente. Doeu demais, e a
sensação de aperto disse-lhe que, provavelmente, foi o inchaço, mas
ainda se movia. Então, ela levantou-se sobre as rochas, e tentou
novamente.
Ela enterrou os dedos nas rachaduras, suas botas deslizando
sobre a superfície lisa. Eventualmente, conseguiu lançar um antebraço
por cima. Não foi o suficiente para puxar-se mais, mas ela desligou os

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músculos esticando-os enquanto usava o pouco de alavancagem para
diminuir o peso sobre as pernas. Finalmente, com uma manobra que era
ao mesmo tempo estranha e dolorosa, ela teve ambos os braços por cima
do muro, e ali pendurados por alguns minutos, esperando para ser
descoberta, para ouvir os gritos e tiros que acabariam com sua vida.
Mas o clamor não veio. Ela receava que houvesse guardas que não
tivesse visto, alguém entre o verde intenso do jardim ou sentado atrás de
uma das chaminés no telhado. Quando ninguém reagiu, ela engoliu um
grunhido de esforço e arrastou a metade superior de seu corpo todo o
caminho, forçando rapidamente as pernas a seguir, e depois meio que
caiu, meio que se jogou ao chão poeirento onde ela congelou. Ninguém
soou um alarme, mas ela ainda permaneceu por alguns minutos,
checando seus arredores. Não havia um portão de ferro para a sua
direita, e ela podia ver os jardins na parte de trás da casa através de suas
barras revestidas. Para a esquerda era um edifício sem janelas que ela
achava que era uma garagem. Os SUVs que viu anteriormente vieram
nessa direção, e combinava com o mapa mental que ela fez do lugar
depois de estudar a imagem em seu iPad. Foi pura boa sorte, mas ela
tropeçou em um excelente local. O pátio onde precisava ir era apenas ao
virar a esquina, com o barraco cerca de 150 metros além disso. Ela
poderia abraçar as sombras entre a garagem e a casa principal até chegar
ao pátio, em seguida, usar o paisagismo perto da própria casa por vários
estaleiros enquanto vinha por trás do guarda solitário.
Trabalhando o mais silenciosamente possível, ela reorganizou
seus pensamentos, desempacotou os bolsos segurando atirador de
morfina, e verificando tudo mais para ter certeza de que era seguro. Ela
puxou a 9mm, recuperou o silenciador do bolso, e os montou. Ela estava
sem planos de atirar em ninguém, mas se viesse para isso, ela não queria
alertar o acampamento inteiro.
Com o Sig em uma das mãos, ela se levantou e começou a fazer o
seu caminho ao longo da parede da garagem para o pátio. Uma vez que
ela chegou lá, uma espiada mostrou que estava tão tranquila desde
quando os SUVs partiram. O guarda estava caído na cadeira, sua

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metralhadora descansando em uma ampla barriga, um chapéu puxado
para baixo sobre a testa. Se Lana fosse otimista, poderia ter pensado que
ele estava dormindo. Se pudesse ter contado com isso, ela teria pulado a
observação, caminhado diretamente por trás dele, e lhe dado uma injeção
com a morfina auto injetor. Mas ela não estava muito otimista. Era muito
parecido com pensamento positivo, o que poderia obter um caçador
morto.
Então, ela se ateve a seu plano original, esgueirando ao longo da
parede da casa principal, esquivando-se sob janelas com suas barras de
ferro decorativas, deslizando atrás de arbustos, passando por cima de
cactos, até que estava nervosamente perto do guarda. Ele estava sentado
cerca de 30 metros para a esquerda e não mais de seis metros à sua
frente.
Era isso. Ela puxou o auto injetor de seu bolso, segurando-o na
mão esquerda quando removeu a tampa de plástico com os dentes,
sentindo uma pontada de culpa ridícula quando ela deixou a tampa cair
no chão. Com a 9mm em sua mão direita e o auto injetor na sua
esquerda, ela se fortaleceu e deu um passo para longe da casa. Não havia
tempo para dúvidas, sem espaço para hesitação. Sentindo-se como se
houvesse um alvo em sua testa o tempo todo, caminhou diretamente
atrás do guarda e empurrou o auto injetor contra o seu pescoço nu. Ele
fez um assobio engraçado como um grunhido, empurrou uma vez como
se estivesse tentando endireitar de seu desleixo, e em seguida, caiu para
frente.
Lana considerou o que aconteceria quando o guarda acordasse de
seu sono drogado. Será que ele se lembraria de alguém o batendo por
trás? Ou será que ele simplesmente assumiria que adormecera e seria
grato por ninguém ter notado? Ela não tinha ideia de quanto tempo os
efeitos da morfina durariam. Mas de qualquer forma, ela estaria presa
dentro do barraco com Vincent até lá, e seria muito tarde para mudar
seu plano. Esperemos que, se o guarda ativasse um alarme, ninguém
pensaria ou mesmo sequer olharia para dentro da cela dos vampiros.
Todos esses pensamentos passaram pela sua cabeça enquanto ela

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correu para o barraco e se agachou para obter sua primeira boa olhada
na fechadura. Só que não havia uma. Ela desperdiçou um minuto inteiro
olhando incrédula, então fitou cada polegada da porta, procurando
armadilhas. Quando não encontrou qualquer uma, ela percebeu que
fazia sentido. Não houve necessidade de um bloqueio durante o dia
porque os vampiros estavam dormindo, e à noite, até mesmo um vampiro
ordinário seria forte o suficiente para rasgar a porta de suas dobradiças,
assim um bloqueio seria inútil. Adicionando à alegação de Fidelia Reyes
de que os narcos mantinham seu vampiro de estimação fraco e bem
treinado, ele provavelmente estava tão condicionado a obediência que
nunca teria considerado tentar escapar.
Vincent, por outro lado, era uma categoria totalmente diferente de
vampiro, como seus captores estavam prestes a descobrir.
Ela abriu a porta lentamente, preocupada sobre deixar a luz solar
no interior, mas como ela saiu, isso não importou. Vincent estava no
outro extremo do barraco – extremo sendo um termo relativo – deitado
abaixo da janela fechada. Sua altura dificultava para se esticar
completamente, então ele estava descansando de lado, enrolado em uma
posição fetal desconfortável. O outro vampiro estava literalmente
amontoado em um canto, sentado com as pernas dobradas e contra o
peito, seus braços firmemente em torno de seus joelhos e sua cabeça
descansando em seus braços. Parecia ainda mais desconfortável do que
a posição fetal de Vincent.
Lana abriu a porta silenciosamente. Estava quente e empoeirado
dentro do pequeno edifício. Nem uma onda de ar fresco circulava e o chão
não era nada além de terra batida. Ela não podia acreditar que o outro
vampiro viveu dessa maneira por muitos anos. Lana se ajoelhou ao lado
de Vincent, seu coração batendo, seus pulmões se esforçando por ar no
intenso calor, o suor já começava a tomar conta da blusa por baixo da
jaqueta.
Ele estava usando as mesmas roupas ensanguentadas que tivera
na noite passada, e seu cabelo estava emaranhado e suado. Ela escovou
os fios pesados da testa e congelou, pensando que havia sangue em seu

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cabelo, mas depois percebeu que o suor em si era um pouco rosa. Um
dos efeitos secundários de consumir apenas sangue, aparentemente. Ele
estava respirando lentamente, mas facilmente, e considerando a
gravidade dos ferimentos sofridos ontem à noite, ele parecia muito bem.
Ela viu o que a mulher, Reyes, havia feito com ele, viu o sangue jorrando
de suas veias em um rio de vermelho. As feridas ainda estavam lá em seu
pescoço, mas já estavam cicatrizando. Se ele estivesse alimentado
corretamente, eles poderiam já ter escapado por agora. Ela acariciou seus
dedos suavemente sobre o tecido da cicatriz rosa escuro, em seguida,
puxou a mão de volta, sentindo-se desconfortável abruptamente. Ela e
Vincent eram amigos, não amantes. Ela não tinha o direito de tocá-lo
assim.
Julgando a distância até a porta, ela reposicionou-o ligeiramente,
de modo que suas pernas dessem mais espaço. Se alguém abrisse a
porta, ela sempre poderia movê-lo. Mas então, se alguém abrisse a porta,
eles dois estariam em um mundo de dor.
Tirando sua jaqueta, ela removeu as várias peças de
equipamentos dos bolsos, colocando-os no chão, onde poderia chegar a
eles na pressa. Dobrou a jaqueta sobre si e colocou sob a cabeça de
Vincent. Ele poderia não estar ciente do que estava acontecendo, mas ela
não podia suportar vê-lo deitado no chão.
Ela colocou mais uma vez a mão em seu peito – descansando a
mão em seu coração, sentindo a batida lenta e constante — então se
posicionou entre Vincent e a porta e encostou-se à parede de concreto
com um suspiro. Agora que estava aqui, contava com horas a fio sem
nada a fazer senão esperar. Ela nunca planejou esgueirar-se tão cedo.
Era suposto ter sido durante a sesta à tarde, não logo depois do café. Mas
excursão do chefe para a cidade foi uma oportunidade que não podia
deixar passar. Ela olhou em volta e não viu nada além de sujeira e
paredes de bloco. E isso era o que o outro vampiro possuía como — casa
— todas as manhãs. Lana olhou-o com curiosidade. Era difícil julgar, com
ele enrolado no canto assim, mas ele definitivamente parecia menor do
que Vincent. Claro, Vincent era maior do que a maioria dos homens,

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vampiro ou não, por isso provavelmente não era uma comparação justa.
Este outro vampiro parecia se igualar a sua altura e peso, o que fazia dele
delgado para um homem. E ele parecia jovem. Vampiros todos pareciam
jovens, em sua maior parte, mas desde que sua aparência refletia a idade
em que eles foram transformados, havia variações entre eles. Esse cara
não parecia mais velho do que dezoito ou vinte. E depois havia o fato de
que ele estava encolhido em um canto como um rato assustado em vez
de um vampiro que poderia tirar a espinha de um homem com facilidade.
Isso por si só disse a ela mais do que queria saber sobre sua vida e como
ele foi tratado. Ela não queria sentir pena dele. Afinal, ele levou Vincent
a ser capturado e escravizado pelas mesmas pessoas que o atormentavam
diariamente. Mas o próprio fato de que ele havia sido torturado, mesmo
que apenas por sua prisão nesta caixa, a fez questionar sua culpa. Se ele
já conheceu alguma outra coisa? Vampiros eram como patos? Será que
eles imprimiam a figura de pai em qualquer um que os encontrasse
primeiro? E se essa pessoa era alguém que iria trancá-lo em uma cela
suja todos os dias, isso influenciaria quem você se tornaria?
Ela se perguntou se qualquer culpa do outro vampiro importaria
para Vincent. Ele não parecia o tipo de cara que perdoava facilmente. Sua
advertência a Fidelia Reyes não foi em tom de brincadeira. Ela não tinha
nenhuma dúvida de que Vincent iria atrás da mulher, tão logo ele lidasse
com seus captores atuais, o que seria em... Ela verificou o tempo em seu
relógio esportivo e quase gemeu em voz alta. Ela ainda contava com pelo
menos seis horas a percorrer antes do pôr do sol. Seis horas de sessão
em um chão de terra no calor sufocante depois de uma noite sem dormir
e nada para fazer. Ela não se enganaria em acreditar que não iria
cochilar. Talvez se não estivesse tão quente, ela poderia ter conseguido.
Mas entre o calor, o tédio, e a falta de sono... ela teve que assumir
logicamente que seus olhos iriam fechar eventualmente.
Sabendo disso, ela manteve a 9mm com silenciador em sua mão
direita. Se alguém abrisse a porta inesperadamente, ela queria uma
reação rápida, tranquila. Ela não queria levantar o acampamento inteiro
porque o guarda dormindo fora acordou com um bug no rabo para

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verificar os prisioneiros.
E então, tão preparada quanto ela imaginou que pudesse estar,
ela recostou-se contra a parede ao lado de Vincent e esperou pôr do sol.

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CAPÍTULO DEZ

VINCENT despertou com a memória perfeita, onde estava e o que


havia acontecido. Permaneceu imóvel, os olhos fechados, respirando
lentamente. Havia outros nas proximidades e ele precisava saber quem
eles eram antes de se mostrar. Levou apenas alguns segundos para
identificar... Lana? Que porra ela estava fazendo aqui? Ele avisou-a da
melhor forma que podia a noite passada e pensou que ela tivesse captado
o aviso. Ele a viu sumir na multidão. E se a tivessem pego de qualquer
maneira?
Mas, mesmo sabendo que era Lana sentada próxima a ele, não se
moveu. Havia outro vampiro aqui, alguém que ele não conhecia. Não
havia nenhuma razão para ele, pessoalmente, estar familiarizado com
todos os vampiros do México, embora, como o segundo em comando e
Tenente de Enrique, ele conhecia mais do que a maioria. Mas este... Ele
inalou o cheiro do outro vampiro pelas narinas. Vincent não sabia sua
idade física, mas como um vampiro, ele era jovem, transformou-se a não
mais de alguns anos atrás. E desde que se encontrava nesta prisão de
baixa qualidade, provavelmente não era tão poderoso também.
Certo, Vincent estava na mesma prisão de baixa qualidade, e ele
certamente era poderoso o suficiente. Porém foi capturado com
subterfúgios. E, além disso, esta cela não o seguraria por muito mais
tempo.
Ele também sabia que o outro vampiro não havia sido capturado
da mesma maneira violenta que ele fora, não recentemente de qualquer
maneira. O único cheiro forte de sangue – fora o atraente e prontamente
disponível sangue de Lana – era o sangue que ensopava as roupas de
Vincent que era seu próprio sangue.
Então, quem era esse cara? Enrique não criou quaisquer novos
vampiros que Vincent soubesse, e ele possuía espiões perto de Enrique

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que relatavam a ele especificamente esse tipo de atividade. Então, havia
um mestre no território de Enrique que estava criando novos vampiros
sem a permissão do Lorde Mexicano? E, em caso afirmativo, por que esse
mestre iria tão longe para raptar Vincent? O ataque furtivo da mulher no
bar – a mulher que seria morta em breve – só funcionaria uma vez, e
ninguém forte o suficiente para ser um vampiro mestre saberia que ele
não conseguiria segurar Vincent. Quem quer que tivesse orquestrado o
ataque ontem à noite queria ele capturado vivo. Se eles o quisessem
morto, teriam atirado nele, para efeito muito maior.
Mas Vincent estava muito vivo, e precisava descobrir o cérebro
por trás de sua captura estava planejando. Mesmo enfraquecido, Vincent
ainda era páreo para quase qualquer um no México. Excetuando Enrique,
é claro, embora em plena força, Vincent era páreo até mesmo para ele. A
paridade na força foi parte da razão pela qual Vincent e Enrique não se
davam bem. O Lorde Mexicano queria um poderoso tenente, mas não um
que poderia vencê-lo em um desafio.
Mas Enrique não estava por trás do ataque de ontem à noite. Se
ele quisesse Vincent fora do quadro, o teria matado diretamente, ou pelo
menos tentado. Não havia nada sobre esta situação que fizesse sentido.
Mas de todas essas coisas sem sentido, o único que realmente o
preocupava era o fato de que Lana estava presa ao seu lado.
Ele abriu os olhos. Que lixo. Paredes de blocos e um chão de terra.
Ele olhou ao redor, movendo apenas os olhos. Persianas com nada atrás
delas, apenas o último suspiro da luz do dia. O sol já estava abaixo do
horizonte ou Vincent não estaria acordado. O pouco de luz à esquerda foi
simplesmente o brilho da luz solar sobre a curva da terra. Para a maioria
dos vampiros, mesmo esse remanescente da luz solar teria os mantido
dormindo, mas os vampiros mais poderosos, como Vincent, poderiam
acordar assim que o próprio sol mergulhasse abaixo do horizonte. Ele
ainda não conseguia andar na luz, mas ela não o mantinha deitado tão
pouco.
Essas persianas, por outro lado, contavam uma história diferente.
Foram concebidas para torturar vampiros. Viu algo como isso uma vez,

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mas foi há muito tempo, e não poderia trazer a memória em foco. Ele
poderia, com um pouco de concentração, mas havia coisas mais
importantes para se preocupar agora.
Lana estava sentada entre ele e a porta, com a cabeça contra a
parede, com os olhos fechados, mas com a arma na mão. Seus braços
estavam nus e ele percebeu que estava deitada em sua jaqueta. Ele
sorriu. Ela o estava guardando e lhe dera o casaco como travesseiro. Ela
se importava. Ele sabia que a conquistaria eventualmente. Embora
pudesse pensar em uma centena de maneiras melhores para fazer isso.
O outro vampiro estava encolhido no canto oposto, para que
pudesse ser o menor alvo possível, e Vincent experimentou uma onda de
raiva crua pela forma como o vampiro fora tratado.
— Vincent? — O sussurro de Lana era tão suave que ele mal
ouviu. Mas desviou o olhar para ela, em seguida, estendeu a mão e
apertou-lhe o braço em um aviso de cuidado. Ela se inclinou para frente
em direção ao seu rosto até que eles estavam face a face, a boca perto o
suficiente para beijar. Ela segurou seu queixo com cuidado, seu polegar
se movendo para trás e para frente sobre a barba. — Você está bem? —
Perguntou ela.
Vincent lutou contra o desejo de se esfregar contra a mão dela
como um gato. — Estou chegando lá, — ele disse a ela. — Conte-me o
que aconteceu.
— Essa puta...
— Eu sei essa parte, querida. O que aconteceu depois?
— Eu desapareci no meio da multidão como você queria que
ocorresse
Suas palavras soaram mais como uma pergunta e ele acenou com
a cabeça para indicar que fez a coisa certa.
— Mas enquanto eu voltava ao SUV, vi a mulher que o esfaqueou
praticamente rastejando pela rua. Você a jogou do outro lado da sala
depois que ela o atacou.
— Eu me lembro disso também. Eu deveria tê-la matado.
— Há tempo para isso mais tarde. De qualquer forma, lhe dei

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uma carona para casa em troca de alguma informação sobre quem a
mandou para atacá-lo. Ela praticamente admitiu que o cartel possui essa
cidade inteira.
— É quase noite, Lana, — disse ele com urgência, querendo que
ela acelerasse.
— Certo, desculpe. Enfim, ela me disse onde eles o estavam
prendendo e o que eles queriam. Aquele cara lá — Ela apontou para o
outro vampiro que ainda estava dormindo profundamente, o que só
reafirmou a sua juventude. — é um vampiro, mas você provavelmente já
sabia disso. Ele esteve com eles praticamente desde o primeiro dia. Ele
acha que pertence a eles, como um escravo. E é assim que eles o tratam.
Eles o mantêm aqui
— Eu percebi isso. O que eles querem de mim?
— Ele sabia quem era você, — disse ela, indicando o outro
vampiro com um empurrão de sua cabeça. — Ele deve ter nos visto
quando chegamos a cidade ou algo assim. Ele sabia que você era
poderoso, e lhes disse sobre você. Eles acham que podem transformá-lo
em escravo da mesma forma que fizeram com ele. Mas com você, eles têm
muito mais poder em seu comando.
Vincent olhou para ela, piscando os olhos contra a poeira, sem
palavras pela primeira vez. Os patrões, provavelmente o cartel local —
uma regional de um maior cartel que forma uma organização — pensam,
que com base em sua experiência com o novato lá, que eles poderiam
escravizar Vincent?
— Tanto para não misturar os cartéis e os vampiros, — Lana
murmurou. E ela tinha razão. Isso não deveria ter acontecido. Algo estava
muito errado aqui.
Vincent começou a sentar-se, mas foi forçado a deitar-se quando
sua cabeça girou vertiginosamente. Isso não era bom. Estava mais fraco
do que esperava. Ele havia perdido sangue antes, mas nunca tanto, nem
tão rápido. Um vampiro mais fraco estaria para baixo durante dias e,
poderia muito bem ter morrido. Se a mulher cortasse as artérias, em vez
das veias, Vincent estaria morto também. Havia restrições ao que a

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simbiose vampírica poderia fazer para manter seu hospedeiro vivo e bem
em face a este tipo de trauma.
— Vincent? — Lana começou a sentar-se com ele e agora se
inclinou, seus dedos uma vez mais suave e quente contra seu rosto. —
Você está bem?
— Ainda tentando chegar lá. Eu perdi mais sangue do que eu
pensava.
Ela olhou para ele, a testa franzida em preocupação, mordendo o
lábio inferior de uma forma que fez seu pau duro. Ou, pelo menos, tão
duro como poderia quando estava curto em alguns litros de sangue.
— Você precisa de sangue? — Ela sussurrou hesitante.
Vincent queria sorrir, mas ele sabia o quanto custou-lhe fazer a
oferta. Ele agarrou seu pulso suavemente. — Eu odeio perguntar Lana
— Você não está pedindo. Eu estou me voluntariando, — ela disse
a ele. — Eu não entrei neste buraco só para que morrêssemos aqui.
— Então, se você não se importar... — Ele disse suavemente.
— Você sabe... Isto não estaria acontecendo se você não tivesse a
necessidade de seduzir cada mulher a meio metro de você, — ela
murmurou quando deslizou para baixo ao lado dele novamente.
— Ciumenta? — Ele brincou, sabendo que ela estava nervosa e
disfarçando com irritação.
Ela deu um suspiro feminino típico negando. — Como se. — Ela
puxou o pescoço de sua camiseta e disse: — Como é que nós
Vincent poderia ter dito a ela que seu pulso serviria tão bem
quanto seu pescoço... Mas ele não era um homem tão bom. Ele queria
um gosto de Lana Arnold a partir do momento em que a conhecera. Ela
não estava tão errada sobre ele seduzir todas as mulheres que conheceu,
mas não era por isso que queria saboreá-la. Estava disposto a admitir
que parte, era precisamente porque ela fora tão completamente imune ao
seu charme. A emoção da perseguição e tudo isso. Ele era um predador,
depois de tudo. Mas era mais do que apenas o instinto da caça. Ela era
como estes pequenos astros autossuficiente, que viajam através da vida
sozinhos, não deixando ninguém realmente tocá-los. Ela se preocupava

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com as pessoas, como seu pai e mãe, e os homens que chamava de tios.
Mas ela se manteve distante. Era sobre a responsabilidade, mais sobre
dever do que o amor.
Ele queria saber o que era ser amado por uma mulher, queria ser
a chama que finalmente aquecesse o seu coração.
E, além disso, ela possuía um corpo assassino e o cabelo mais
sedoso.
Ele rolou em um cotovelo, segurou seu quadril em uma mão e
puxou-a debaixo dele. Os olhos dela se arregalaram de surpresa, e talvez,
um toque de medo.
— Não tenha medo, querida, eu nunca a machucaria.
— Eu não tenho medo. Apenas faça.
Vincent sorriu. Não a proposta mais romântica que ele já recebeu,
mas certamente entre as mais convidativas. Ele passou algumas mechas
soltas de cabelo longe de seu pescoço, lamentando que os cabelos
estivessem atados dentro sua trança habitual. A próxima vez que ele
tomasse sua veia, seu cabelo cairia em cascatas ao redor dela como folhas
de seda.
— Vincent? — Ela sussurrou, e lá estava o tremor mais ínfimo
em sua voz.
— Lana?
— Algo errado?
— Nada. — Ele tocou a boca em seu pescoço e mordiscou a carne
delicada. Para uma mulher tão difícil, ela tinha a pele muito macia. Sua
língua deslizou entre seus dentes para uma lambida por mais tempo. Sua
pele era salgada de suor, ligeiramente arenosa do chão sujo. Foi a coisa
mais deliciosa que já experimentou. Ele revirou os olhos para cima e
encontrou os olhos confusos de Lana. Suas bochechas estavam
vermelhas, era quente, ela estava envergonhada, mas era mais do que
isso. Seu coração estava acelerado e sua respiração tornou-se superficial.
Ela estava animada com seu toque, com a perspectiva de sua mordida. E
o cheiro fraco de sua excitação era ainda mais intoxicante do que o do
sangue correndo sob seus lábios.

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Ele sustentou seu olhar por um longo momento. Esqueça o chão
sujo, o calor esmagador de sua pequena cela. Nesse momento, seu
mundo desmoronou, era somente ele e Lana. Ela fez um som suave,
flexionou os joelhos para que sua perna caísse entre as suas. Vincent
gemeu, quase inundado por uma onda de fome, e não só de sangue. Ele
queria transar com ela até que ela gritasse, se excitar com o gozo de seu
orgasmo, e depois afundar suas presas em sua coxa enquanto ela resistia
embaixo dele.
Ele freou sua luxúria com força brutal. Ele teria Lana Arnold em
todos os sentidos que queria. Mas este não era o lugar. Por enquanto, ele
iria se contentar com um gosto de seu sangue doce. Se tal coisa poderia
se classificar como contentar. Ele abaixou a cabeça para seu pescoço,
suas presas perfurando a pele dela e deslizando na suavidade de veludo
de sua veia. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto a euforia em
sua saliva bateu sua corrente sanguínea, seguido por um gemido
tranquilo enquanto ela estremeceu em seu abraço, fechou o joelho
dobrado sobre sua coxa para segurá-la perto quando ela flexionou contra
a ereção que estava se esforçando dolorosamente contra suas calças.
Vincent rosnou suave e baixo, suas presas ainda no fundo de sua
veia, o néctar escuro do seu sangue escorrendo pelo seu pescoço, tão
deliciosa, como ele sabia que seria.

LANA reprimiu um grito, seus dedos cavando em seus ombros


enquanto ela se contorcia em agonia do orgasmo causado por sua
mordida. Vincent levantou a cabeça, lambendo as duas pequenas feridas
automaticamente, totalmente cativado pela visão diante dele. Levou toda
força de vontade que possuía para se impedir de levá-la ali mesmo. Ela o
teria deixado. Inferno, em seu estado atual, ela provavelmente teria
implorado para transar com ela e para o inferno com o chão de terra ou
os guardas do cartel à porta. Para o inferno com o vampiro estranho no
canto...

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Vincent desviou o olhar abruptamente e encontrou o outro
vampiro não o olhando, mas para Lana. Vincent agiu mais rápido do que
pensava possível, pulando para agachar-se de forma protetora entre Lana
e o estrangeiro, rosnando um aviso suave, mesmo quando ele enviou uma
lança estreita de energia que forçou o outro vampiro a olhar para ele e
não Lana.
Os olhos assustados do vampiro mais jovem encontraram os de
Vincent por um breve instante antes dele os abaixar numa pequena
reverência. O vampiro estava apavorado. Inferno, vivendo assim, ele
provavelmente passou a maior parte de suas horas de vigília aterrorizado,
mas ele tinha uma razão particularmente boa para estar preocupado com
Vincent. Porque esse pequeno bastardo era o único que traíra Vincent
para os meninos do cartel local, os quais se definiram em sua tentativa
de captura e escravização. E, sim, Vincent pensava em termos de
tentativa porque, embora eles não soubessem ainda, o plano de seus
captores estava prestes a explodir na cara deles de uma forma muito
espetacular.
— Qual é seu nome, rapaz? — Ele perguntou, ainda bloqueando
a visão do vampiro de Lana cujo orgasmo estava desaparecendo e
lentamente sendo substituído por intenso constrangimento.
— Jerry Moreno, senhor, — o vampiro murmurou, ainda não
encontrando o olhar de Vincent.
Vincent inclinou a cabeça curiosamente e no impulso mudando
para Inglês. — Quem é seu mestre?
— Alessio Olivares Camarillo é meu mestre, senhor, — respondeu
Moreno em perfeito inglês, sem sotaque, o que disse a Vincent sobre sua
origem, mas não muito mais.
Vincent franziu a testa. — Eu não conheço nenhum vampiro com
esse nome e, certamente, nenhum mestre. Não no México. Ele está nos
EUA?
Jerry Moreno finalmente olhou para cima e deu a Vincent um
olhar perplexo. — Señor Camarillo não é um vampiro, — ele disse,
surpresa evidente em sua voz.

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— Então ele não é seu mestre, — Vincent o despachou. — Eu não
perguntei para quem trabalha, eu perguntei quem era o seu mestre.
Moreno pareceu visivelmente perturbado. — Perdoe-me, senhor.
Eu quero responder a sua pergunta, mas eu não entendo.
— Quem criou você? — Vincent perguntou impaciente. — Quem
te fez vampiro?
— Eu não sei. Ninguém nunca me disse.
Vincent encarou. Ele nunca se deparou com nada parecido com
isso. A única maneira de que um vampiro não saberia quem era seu
próprio Sire era se...
— Quantos anos você tem?
— Eu tinha vinte anos quando eu despertei como um vampiro.
Isso foi há dois anos atrás, então... Eu acho que eu tenho vinte e dois.
— O que aconteceu antes disso? Você é americano, certo? Por
que você estava no México?
— Sim, senhor, minha família está no Oregon. Eu estava no
Exército. Tínhamos acabado de voltar de nossa segunda turnê no
Afeganistão e um grupo de nós veio para o México em licença. E isso é
tudo que eu lembro.
— Você não se lembra de conhecer alguém novo? De se ferir,
talvez estar morrendo?
Moreno parecia chocado. — Não, senhor!
— E você esteve aqui com Camarillo o tempo todo?
— Sim senhor. Señor Camarillo foi o primeiro cara que eu vi
quando eu despertei como um vampiro. Ele me disse que eu pertencia a
ele, que ele era o meu Senhor, e me deu meu primeiro sangue.
— Não é o seu primeiro sangue, — Vincent murmurou para si
mesmo. Algum mestre vampiro tomou esse garoto à beira da morte,
alimentou-o com seu sangue, fez dele um vampiro, então,
essencialmente, amarrou-o ao traficante humano. E se ele tivesse sido a
pessoa que o matou? Ou teria ele o encontrado já morrendo? De qualquer
maneira, ele transformou o garoto sem o seu consentimento.
Vincent pegou o menino esgueirando um olhar para Lana e

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estalou um chicote de poder para ele. — Se você quiser sobreviver os
próximos dez minutos, menino, não olhe para ela, — ele rosnou. — Olhe
para mim.
O medo estampado no olhar do garoto fez Vincent se sentir
culpado, mas não tão culpado que estivesse deixando o bastardo babar
em Lana.
— Você está bem, querida? — Ele perguntou por cima do ombro
ao ouvi-la sentar-se atrás dele e começar a recolher suas armas.
— Tudo bem, — ela murmurou, parecendo envergonhada. — Não
machuque o garoto.
— Ele não é um garoto. Ele é a porra de um vampiro que ajudou
um grupo de seres humanos malditos a me capturar. Ou tentar.
— Tentar? — Ela repetiu, e ele ficou satisfeito ao ouvir o estalo
de volta em sua voz. — Parece que eles conseguiram.
— Você não acredita nisso, — disse ele, confiante. — Você não
estaria aqui se acreditasse.
— Bem, não machuque o garoto de qualquer maneira. Eles já o
machucaram o suficiente.
Vincent lançou um olhar por cima do ombro em direção a ela. —
Como você sabe?
— Da mesma forma que você, cara durão. Olhe para a forma
como eles o tratam, mantendo-o nessa prisão de baixa qualidade, fazendo
suar durante todo o dia ao sol. E você sabe que eles não estão
alimentando-o corretamente, ou isso nunca funcionaria.
— Ele não tem muito poder, — Vincent informou a ela, mais do
que um pouco chateado que ela estava defendendo o vampiro que poderia
ter-lhe conseguido matar.
— Mas você tem, — ela lembrou a ele desnecessariamente. — Se
eles fizeram isso com você, imagine o que eles fizeram para ele.
Ela tinha um ponto. Ele ainda se irritou, mas ela tinha um ponto.
Ele conseguiu não revirar os olhos, mas queria.
— Tudo bem, — disse ele, voltando-se para o outro vampiro.
Jerry, aperte a minha mão.

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— Senhor?
— Agite minha maldita mão, menino. Eu quero saber o que você
fez.
Moreno franziu a testa, mas estendeu a mão trêmula. Vincent
agarrou-a com força, em seguida, olhou para cima e pegou o olhar do
garoto. — Vamos dar um passeio pelo passado, Jerry.
Os olhos de Jerry se arregalaram e Vincent entrou em suas
memórias. Este era seu talento. Cada vampiro poderoso tinha um, assim
como todos os vampiros possuía alguma habilidade telepática. Mas os
vampiros realmente poderosos sempre foram distinguidos por algo mais,
um talento que era exclusivo para eles. E o talento de Vincent era a
capacidade de mergulhar nas memórias de uma pessoa — humana ou
vampiro, — ele não pareceu se importar. A primeira vez que isso
aconteceu, pensou que era o único que estava sendo capturado, que era
o outro vampiro com o poder. Mas rapidamente percebeu que ele estava
no controle, que estava literalmente revivendo a vida do outro vampiro
com ele, vendo detalhes que até mesmo o próprio vampiro não poderia
ter recordado se ele tivesse sido convidado.
Vincent não sabia da onde as habilidades de um vampiro vinham.
Magia, alguns vampiros insistiam. Ciência, outros zombavam, o
reservatório inexplorado do cérebro humano trazido pelo simbionte
vampiro. Desde que o próprio simbionte era praticamente um mistério,
Vincent achava tudo possível. Ele tendia para o lado da ciência embora.
Ele realmente não crê na magia.
Mas de onde quer que seu talento tenha vindo, provou ser muito
útil. Ele se atrapalhou um pouco nas primeiras vezes em separar suas
memórias daquelas em que ele habitava. Mas ele trabalhou ao longo do
tempo, utilizando algumas dessas partes do cérebro, os tipos que a
ciência insistia serem inexploradas. Ele pensou nisso como a construção
de músculos que nunca teve que usar antes, da mesma forma que teria
que exercitar e desenvolver músculos para lidar com um ferimento e a
construção de novos músculos para apoiar os feridos.
Ele também descobriu um lado mais sombrio de seu talento, uma

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aplicação útil, mas cruel de sua habilidade única. Era algo que usou mais
de uma vez em sua escalada até o poder para se tornar o segundo e
tenente de Enrique. Sim, ele poderia guiar gentilmente uma pessoa para
ver as coisas em suas próprias memórias que eles tenham esquecido.
Mas havia uma correlação escura com a capacidade de forçar uma pessoa
a ver coisas que ela preferia não ver, para prendê-los em um loop infinito
de horror e perda até enlouquecerem, afundando em catatonia, tornando-
se pouco melhor do que um vegetal, até eles morrerem de fome ou pior.
Embora o — pior, — na opinião de Vincent, era ser mantido vivo por
alguém que pensava que lhes estava fazendo um favor, enquanto você
vivia uma existência atormentada dentro de sua própria mente.
Mas ele não tinha tais planos para o jovem Jerry Moreno. Ainda
não de qualquer maneira. O destino de Moreno dependeria do que
Vincent encontrasse.
Deixando de lado os pensamentos de culpa ou inocência de
Moreno, Vincent bisbilhotou na cabeça do jovem vampiro. Ele viu as mais
recentes memórias primeiro. Viu o garoto no mesmo posto de gasolina
onde ele e Lana pararam no caminho para a cidade, querendo estar
pronto para decolar na noite seguinte. Moreno acabava de sair da loja de
conveniência enquanto Vincent olhava os números na bomba de gás.
Lana estava sentada no SUV, e foi por isso que Moreno não a notou.
Vincent franziu a testa quando ele percebeu o que estava vendo.
Moreno não simplesmente reconheceu Vincent como um poderoso
vampiro, ele realmente conhecia Vincent pessoalmente. Como era
possível que Moreno conhecesse Vincent, quando Vincent não sabia nada
sobre a existência de Moreno?
A resposta precisava estar em algum lugar mais profundo no
passado do jovem vampiro, e assim Vincent se aprofundou nas
memórias. Ele cavou além das memórias recentes, folheou o chato, a um
tanto violenta rotina da vida de Moreno como um executor para o cartel,
acelerando todo o caminho de volta para a última memória que Jerry
Moreno teve como um ser humano, os momentos finais de sua vida antes
que alguém o transformasse em vampiro. E lá, Vincent encontrou o que

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começou a suspeitar, mas não queria acreditar. Porque o vampiro mestre
que emboscou Jerry Moreno em uma rua escura em Cancun, e que o
havia sangrado até secar e então o transformou sem ao menos um oi, não
era outro senão o próprio Enrique.
Enrique era o Lorde do México. Ele poderia fazer tantos novos
vampiros quanto quisesse. Vincent não estava surpreso que Enrique
tivesse matado Moreno exclusivamente para esse efeito. Vincent não teria
feito isso, mas não era tão incomum, especialmente entre os vampiros
mais velhos. Mas a indignação era o que Enrique fez a seguir, algo que
Vincent nunca ouviu falar antes. Alessio Camarillo estava lá com Enrique
quando Moreno despertou em sua primeira noite como um vampiro. As
primeiras palavras que Enrique falou para seu novo filho, palavras
imbuídas com o poder que ele possuía como Sire de Moreno foi uma
ordem para o jovem vampiro obedecer e proteger Camarillo. Ele disse-lhe
que o barão da droga mexicano era seu mestre. E foi isso. Camarillo levou
Moreno ao seu composto, e lá ele viveu desde então. Tratado como um
cão, torturado quando fazia errado, recompensado com uma ração
minúscula de sangue quando fazia bem. Nunca recebeu o sangue
necessário, o suficiente para permitir-lhe pensar por si mesmo, porque
isso poderia levá-lo a questionar sua existência.
E amaldiçoado Enrique por saber sobre isso o tempo todo.
Vincent deslizou lentamente para fora das memórias de Jerry
Moreno, passo a passo, primorosamente cuidando para não causar
qualquer lesão ou dor. O garoto havia sofrido o suficiente. Ele não
precisava de Vincent zoando seu cérebro.
Vincent voltou a si entre um piscar de olhos. Voltou para o buraco
de concreto que era a sufocante prisão de Jerry Moreno. Mas não por
muito tempo.
— Lana? — Disse ele sem se virar.
— Eu estou aqui. Qual é o plano?
— Você trouxe uma arma?
— É claro. Eu tenho a minha Sig com balas extras. E minhas
facas.

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Vincent sorriu por cima do ombro. — Facas? Plural?
Ela encontrou seu olhar uniformemente e deu de ombros.
— Você tem um plano para sair daqui? — Perguntou a ela.
— Você é o grande vampiro mau. Pensei em deixar isso para você.
— Mulher esperta, — disse ele. — Aqui está o que vamos fazer.
Vamos explodir a porta aberta e —
— Não está trancada, — Lana disse-lhe secamente.
— Nunca é trancada, — Moreno ofereceu, falando pela primeira
vez desde que Vincent mexeu com suas memórias. — Quando eu acordo,
vou para a cozinha para ser alimentado. E então eu reporto ao Señor
Camarillo e faço o que ele me diz.
— Não esta noite, garoto, — Vincent rosnou. — Pode me
emprestar uma faca, Lana?
Ela piscou surpresa, mas ofereceu de bom grado, entregando-lhe
a faca com uma liberação de botão de pressão. Era pequena, mas
realmente mortal nas mãos certas.
Vincent levou a lâmina e, mesmo sem hesitar, fez uma fenda
vertical em seu antebraço esquerdo, começando em seu pulso e cortando
pelo menos quatro polegadas. Em seguida, enfrentou Jerry Moreno
diretamente.
— De joelhos, garoto, — disse ele, colocando energia suficiente
em seu comando para que o garoto caísse imediatamente ao chão de
joelhos. Vincent estendeu o braço sangrando e disse — Agora beba.
Moreno inclinou em direção a festa sangrenta, suas narinas
dilatadas, seus dentes arreganhados. Mas ele não bebeu imediatamente.
Foi uma prova da força de criação de Enrique sobre ele que, em vez disso,
ele ergueu os olhos para Vincent com um olhar interrogativo.
— Senhor? — Ele conseguiu dizer.
— Você é um vampiro, menino. É hora de você aprender o que
isso significa. Beba e seja meu, e vamos dar o fora deste lugar.
O desejo cru no olhar do garoto foi suficiente para quebrar mesmo
um coração tão cansado como o de Vincent.
— Beba, Jerry, — disse ele suavemente. — Eu prometo que vou

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cuidar de você.
Uma única lágrima rosa rolou pelo rosto do jovem vampiro quando
ele abaixou a boca para o pulso de Vincent e, finalmente, começou a
sugar a recompensa de sangue que estava sendo oferecida. Vincent era
um grande vampiro poderoso. Seu sangue era mais rico do que qualquer
coisa que Moreno teria experimentado desde o seu primeiro e último
gosto do sangue de Enrique quando foi transformado. Sua sucção foi
hesitante no início, mas quanto mais tempo ele sugava, mais força
desempenhava ao chupar, até que no final ele estava estalando os lábios
e praticamente gemendo de prazer contra o braço de Vincent.
Vincent sorriu para seu prazer óbvio, mas eles tinham outras
preocupações hoje à noite. Não faria a Moreno qualquer bem ser liberado
da escravização de Enrique e Camarillo, a menos que Vincent e Lana
conseguissem tirá-lo do acampamento e mantivessem-no longe o
suficiente para que não pudesse voltar. O que significava que era
necessário que Vincent mantivesse toda a força que o delicioso sangue
de Lana lhe proporcionara.
Ele tocou o rosto de Moreno levemente e o vampiro levantou
imediatamente a cabeça para olhar para Vincent com devoção absoluta.
— Jerry Moreno, — Vincent disse formalmente. — Você vem para
mim de sua própria vontade e desejo?
— Eu faço, senhor, — Moreno sussurrou fervorosamente.
— E isso é o que você realmente deseja?
— Oh, sim, senhor.
— Então seja meu, — disse Vincent, omitindo a parte — beba e
seja meu, — porque o garoto já bebera sua cota. Ou, pelo menos tanto
quanto Vincent poderia lhe poupar dadas as atuais circunstâncias.
Levaria várias alimentações — de alguém que não Vincent, talvez
uma linda jovem humana em algum bar na volta para casa — antes que
Moreno estivesse em sua força plena.
O jovem vampiro caiu para trás, sentando-se em seus
calcanhares, parecendo tão atordoado com tudo o que aconteceu quanto
desacostumado pela riqueza do sangue bebido. Enquanto isso, Vincent

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olhou para o pulso em ruínas em desânimo. Ele vai se curar rapidamente,
mas preferiria embrulhar ele
— Aqui, — disse Lana atrás dele. — Deixe-me limpar isso. Eu
tenho algumas ataduras. Não muito. Eu não poderia trazer um kit de
primeiros socorros, mas... — Ela pegou um compacto saco de nylon
vermelho que abriu para revelar alguns pacotes fechados de compressas
antissépticas, um par de gaze e uma bandagem achatada, juntamente
com vários Band-Aids de vários tamanhos.
— Eu não acho que o Band-Aids vai fazer muita coisa sobre isso,
— ela murmurou, abrindo uma das compressas e começando a lavar o
sangue.
— Amanhã já vou estar curado, — Vincent disse a ela.
— Mas esta noite, você vai espalhar sangue por toda parte, então
deixe-me comprimir.
— Sim, senhora.
Ela deixou escapar um suspiro de desgosto, mas estava sorrindo,
e Vincent sabia que, em algum momento nas últimas doze horas ou mais,
ele ganhou o seu afeto. Não obstante a sua mordida com orgasmo, ela
não estava pronta para ir para a cama com ele ainda, mas ela gostava
dele. Ela era leal a ele. Afinal de contas, arriscou a vida para entrar aqui
e salvá-lo, não foi? Mas, enquanto a olhava limpar e enfaixar seu braço,
ele tinha a sensação de que era sua bondade com Moreno, e sua raiva
evidente na maneira com que Enrique usou e abusou dele, ganhando seu
afeto. Lana não deixava ninguém chegar muito perto, mas ela se
preocupava com o certo e o errado. E Vincent mostrou a ela que ele
também o fazia. Ele havia superado o primeiro obstáculo com ela, mas
agora precisava passar por essa última barreira. A que não permitia que
ela se envolvesse com alguém porque a vida lhe mostrava que ao se
importar poderia se decepcionar.
Vincent mostraria a ela de forma diferente. Era só uma questão
de tempo.
Mas, falando de tempo, o deles estava correndo rapidamente.
Camarillo enviaria alguém em breve para descobrir onde seu animal de

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estimação vampiro estava, e porque ele não apareceu na cozinha na
programação.
Vincent esperou até que Lana terminasse de envolver seu braço,
em seguida, pegou a mão dela. — Eu estou bem, querida, mas não posso
assumir um exército sozinho. Então, nós vamos fazer uma corrida para
fora daqui. Você sabe uma maneira tranquila de sair daqui?
Lana assentiu. — O SUV está a menos de meia milha de distância,
estacionado atrás de uma colina ao leste daqui. Eu vim com ele esta
manhã. Mas se você puder nos passar pelo portão, vai encurtar a
distância que temos para chegar até lá.
— Correremos diretamente para o portão então. Eu posso
— Além disso, — acrescentou ela, interrompendo-o. — Fidelia
Reyes — a mulher que o cortou — disse que a maioria dos guardas de
Camarillo estariam fora. Há um grande carregamento de drogas ou algo
assim. Eles estarão de volta hoje à noite, mas eles podem não ter chegado
ainda. Eu não ouvi nada hoje que soou como um bando de guardas
voltando, não é grande o ruído dos veículos que chegam. — Ela franziu a
testa, em seguida, admitiu — Embora eu tenha dormido por algumas
horas.
— Se houvesse alguma coisa, você provavelmente teria acordado,
então vamos esperar pelo melhor. Vamos para o portão. Jerry e eu
podemos nos mover muito mais rápido do que você, querida. Então, você
vai ter que me deixar levá-la.
— Eu não vou!
— Lana, — disse ele pacientemente. — Eu não vou deixar você, e
se nós viajarmos ao seu ritmo humano, todos morreremos. Você entende?
Sua boca se apertou e ela deu-lhe um olhar rebelde, mas, em
seguida, assentiu. — Ok.
Vincent sorriu. — Eu terei cuidado, e eu não contarei a ninguém.
— Babaca, — ela murmurou. — Você quer uma arma?
— Não. Você as mantém. Só tente não atirar nem em mim nem
em Jerry, ok?
Ela lhe deu um encolher de ombros, indicando um talvez.

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Vincent piscou para ela, em seguida, virou-se para Moreno. —
Você está pronto, Jerry? Você entende o plano?
— Sim, senhor, — respondeu com muito mais energia do que
possuía anteriormente. — Eu sei o layout e as disposições de guarda.
Haverá dois homens no portão, e outros que patrulham o acampamento.
Lana está certa ao dizer que a maioria dos guardas se foram, mas os
outros estão aqui. Eu posso correr rápido, senhor.
Vincent acenou com a aprovação. — Eu sei que você pode.
Cuidarei de Lana. Você apenas nos acompanhe. Qualquer um que tentar
nos parar, nós o tiramos do caminho. Você pode fazer isso?
— Sim senhor. Mas se posso sugerir, senhor?
— O que?
— A saída furtiva seria melhor. O cartel detém esta cidade e todo
mundo está armado. Apenas um guarda estará esperando do lado de fora
deste edifício por mim, e eu o conheço. Ele sabe que sou inofensivo, e ele
provavelmente vai supor que você é também. Ele não vai esperar uma
mulher, mas
— Eu posso cuidar de todos os guardas que encontrarmos. Eles
não pensarão qualquer coisa que eu não queira que eles pensem, — disse
Vincent com confiança.
— Se eles não esperam uma mulher, quem eu vou ser nesse
pequeno cenário de vocês? — Perguntou Lana.
Vincent passou um braço em volta da cintura dela e puxou-a,
trazendo-a perto o suficiente para beijar, se ela o deixasse. O olhar no
rosto dela disse-lhe que era uma boa maneira de ser mordido, então ele
simplesmente sorriu e disse — Você é o jantar, o que mais?
Lana revirou os olhos. — Não esqueça a arma.
Vincent riu e apertou seus braços por um momento antes de
soltá-la em pé pela primeira vez. Ou, o mais próximo da posição vertical
quanto podia no recinto apertado. — Todo mundo pronto? — Perguntou
ele, brincadeiras à parte.
Ele olhou para Jerry que estava ao lado — Sim, senhor.
Lana acabou de guardar o kit de primeiros socorros em seu bolso.

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Ela ficou em pé, a 9mm agarrada a sua mão direita e pressionada contra
sua perna, de modo que estaria prontamente disponível, mas não visível,
e deu um aceno de cabeça a Vincent.
— Vamos fazer isso, — disse ele, e abriu a porta destrancada.

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CAPÍTULO ONZE

JERRY MORENO foi na frente, já que era aquele que todos


esperavam ver. Lana não pode deixar de reparar na confiança dele que
parecia até uma segunda pele desde que Vincent o alimentou. Esse não
era o vampiro que covardemente se escondia em um canto a menos de
uma hora atrás. Na sombra da porta, Lana esperou que o guarda notasse
a diferença em seu prisioneiro, que comentasse sobre isso, mas ele nunca
o fez. Ou talvez estivesse tão acostumado a Jerry se apresentar ao pôr do
sol que ele nem mesmo olhou.
No entanto, ele reparou quando Vincent apareceu atrás de
Moreno. Como não poderia? Vincent marcava presença, pelo menos 1,85
m de altura poderosamente construído. Mas ele tinha mais do que físico.
Possuía tanta energia ao seu redor que Lana esperava que os arbustos
tremessem e os pequenos objetos saíssem do seu caminho quando ele
passasse. Também havia algo acontecendo com seus olhos. Ela reparou
as nuances cobres anteriormente, a luz que incidia sobre o cobre
provocando um brilho no olhar. Ela interpretou como um simples truque
de luz, mas agora sabia que era mais que isso. Com os olhos em um
brilho de cobre, Vincent sorriu para o guarda, e simples assim, estava
acabado. A boca do guarda abriu ligeiramente, seus olhos vidrados, e ele
encarava Vincent como se fosse um novo messias enviado ao mundo.
— ¿Cómo te llamas? — Vincent perguntou ao guarda. Lana
entendeu fácil o começo, mas teve que se esforçar para traduzir o restante
do diálogo, que foi pronunciado num rápido espanhol.
— José, jefe. Me llamo José.
— O grande portão é a única maneira para fora daqui, José?
— Não, não, jefe, tem um pequeno portão que os jardineiros
usam, às vezes, e outro secreto que ninguém deve conhecer. É secreto e
para o uso privado do Señor Camarillo. Para quando ele — José pausou

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e encarou, como se envergonhado de sua revelação.
— Ele o que, José? — Vincent quase ronronou.
— Mi patron é homem, jefe.
— Ah, — Vincent disse, curvando os lábios em uma risada
masculina que fez Lana franzir o cenho, porque ela tinha uma ideia do
que eles falavam, mesmo que entendesse que Vincent estava enganando
o guarda.
— E o Señor Camarillo está ocupado esta noite? Ou devo dizer
estão lhe ocupando? — A risada de Vincent era completa, profunda, e
neste momento era dividida entre os três machos. Legal. Camarillo era
casado e com filhos, mas fodia outras mulheres em paralelo. Tantas que
ele possuía uma entrada secreta para elas irem e virem do complexo. Que
imbecil.
— Não, não, — José o assegurou. — Hoje é o dia santo do Señor
Camarillo.
— Mas ele ainda vai dormir em seu quarto privado, não vai? —
Vincent perguntou confiante.
— Oh, si, jefe. Sempre. Mi patron tem inimigos e ele não colocaria
em risco sua família.
— Claro que não.
Lana perguntou se Vincent estava realmente comprando a
história de pôr em perigo a família. Ela revirou os olhos em desgosto e
não sabia porque Vincent estava perdendo tempo com esta linha inútil
de inquérito. Ela não se importava onde Camarillo dormia. Ela só queria
chegar ao muro e para fora da cidade antes que percebessem que seu
animal de estimação vampiro fora embora.
— Você sabe onde o señor está agora, José?
— Si. Ele ainda dorme a sesta, mas ele vai acordar cedo esta
noite.
— Excelente. Leve-me até lá.
Lana deu a Vincent um olhar afiado. Que porra é essa?
— Vincent, — ela começou a protestar, mas, de repente, ele
estava bem ali na sua frente, pairando sobre ela com toda sua altura e

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força, olhos de cobre queimando brilhante e prendendo-a sob seu olhar
zangado. Mas se ele pensava em intimidá-la, estava sem sorte. Ela esteve
em torno de grandes homens toda a sua vida. Ela não estava medo deles.
Ela lhe deu um olhar desafiador. — Não temos tempo para isso.
Precisamos ir embora. Você concordou.
— Isso foi antes de descobrir que o idiota estava dormindo ao
virar ao caralho da esquina. E há sempre tempo para isso, — ele rosnou.
— Ninguém, e eu quero dizer... Ninguém. Coloca uma faca em meu
pescoço, me joga em uma cela suja, e acha que pode me curvar à sua
vontade. Ninguém, Lana. Lições devem ser ensinadas. Se você está
preocupada, você pode sair e eu vou
— Foda-se, — disse ela, erguendo-se na ponta dos pés para ficar
de frente, face a face. — Eu não invadi este lugar e passei o dia inteiro
em uma cela imunda para deixá-lo para trás.
O grunhido de Vincent transformou-se em um sorriso, enquanto
seu braço enrolou em torno de sua cintura, segurando-a em sua posição
na ponta dos pés, esmagando-a contra o corpo dele. Uma erupção de
sensações conflitantes perseguiu-a sobre a pele e os abalados nervos
enquanto seu corpo se lembrava do que era ser esmagada sob o peso
dele, sentir a dura longitude de sua excitação pressionando contra sua
coxa. Metade dela vibrava com o agarre forte de Vincent enquanto a outra
metade gritava para que fugisse o mais rápido possível.
— Isso não vai demorar muito, querida, — ele murmurou. — Você
e Jerry podem
— Não, — ela reiterou com força. — Onde você for, eu vou. Então,
vamos acabar com isso.
Antes que ela pudesse impedi-lo, ele a beijou rápido e forte, então
a soltou, certificando-se de que ela estava firme em seus pés antes que a
soltasse e voltasse a encarar o guarda.
— Vamos, José.
Lana esperava que José oferecesse, pelo menos, um protesto
simbólico, mas ela claramente havia subestimado o controle de Vincent.
O guarda deu-lhe uma piscadela — o que diabos foi aquilo? — E, em

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seguida, marchou através do pátio, indo em direção a garagem, seguindo
o mesmo caminho que Lana usou para chegar à cela de Vincent.
Jerry Moreno os seguiu prontamente, não lançando nem um olhar
duvidoso pelos modos de Vincent, como se este tivesse sido o plano o
tempo todo. Foi-se a ideia de uma saída rápida e tranquila. De repente,
era tudo sobre vingança e todos pareciam entender isso. Mesmo Lana.
Ela nunca admitiria isso para Vincent, mas ele estava certo. Camarillo
pensou que poderia capturar e escravizar Vincent da mesma maneira que
fizera com Jerry. Mas desta vez, pensou em fazê-lo por conta própria,
cortar Enrique fora da equação. Era um jogo de poder não só contra
Vincent, mas contra Enrique, e Enrique era a face dos vampiros no
México.
Lana pode não viver sobre a política de poder da forma como os
vampiros faziam, mas entendia o conceito bem o suficiente. Se Vincent
deixasse Camarillo sem punição, o humano iria tentar novamente com
outro vampiro. Talvez ele aprendesse com seu erro e levaria alguém mais
fraco da próxima vez, alguém que não poderia se defender. E isso era
inaceitável para um homem como Vincent. Ela não o conhecia bem, mas
isso ela sabia. Ele tinha aquela coisa macho alfa que precisava proteger
aqueles que eram mais fracos do que ele. Ela ouviu a angústia em sua
voz quando ele contou a história da morte do seu irmão mais novo e sua
incapacidade de salvá-lo. Ela enxergava também na maneira como ele
tratava as mulheres em sua vida. As mulheres não eram exatamente
frágeis, mas para um homem como Vincent, elas sempre traziam à tona
o desejo de proteger.
Então Lana seguiu José e os dois vampiros, sentindo-se como o
fim de um desfile. Ela não sabia o que Vincent havia planejado para
Camarillo, e esse pensamento rapidamente a levou a caminhar ao lado
dele.
— Pode haver guardas, — disse ela calmamente e começou a lhe
entregar sua Sig. — Você pode levar
— Mantenha-a, — disse ele, tocando seu braço. — Eu não vou
precisar de uma arma.

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— Mas
— Assista e aprenda, querida.
Lana franziu a testa, mas percebeu que ele sabia o que estava
fazendo. José os levou todo o caminho em torno da garagem, passando
pelo local onde Lana pulou o muro, através do portão de ferro que notou
e para os jardins na parte de trás da casa. O rico aroma de terra e
perfumadas flores cumprimentou-a, o ar fresco da noite úmida com a
água do sistema de irrigação que ela ainda podia ouvir em
funcionamento. Eles seguiram um caminho de pedra por cerca de 4
metros, em seguida, desviaram-se para um pequeno caminho, reto e feito
de algo parecido com areia compactada. O que os levou a uma porta de
madeira comum, que parecia abrir para o armário de armazenagem de
um jardineiro, se não fosse pelo bloqueio com pesadas e sofisticadas
dobradiças. Não havia janela na porta ou nas paredes.
José parou a alguns metros de distância e apontou para a porta.
— É isso, jefe, — disse ele, esperançoso. — Devo bater para?
— Não há necessidade, — Vincent garantiu-lhe, e Lana se
perguntou como diabos ele achava que passaria pelo que parecia uma
trava de alta segurança. Mas então ele levantou a mão e empurrou-a para
frente, como se estivesse empurrando a porta aberta... E a porta voou
completamente fora de suas dobradiças fortemente reforçadas.
Lana encarou. Ouvira falar sobre os poderes de vampiro, mas
pensou que eram limitadas a coisas como telepatia e persuasão. Isto foi
algo totalmente diferente. Como se ouvisse seus pensamentos, Vincent
olhou por cima do ombro e deu-lhe uma piscadela, em seguida,
desapareceu para dentro do quarto escuro.
Moreno hesitou no limiar, mas apenas por um segundo, antes de
seguir Vincent para dentro. Não querendo ficar para trás, Lana correu a
frente, com cuidado de evitar as laterais da porta. Esquivando-se para
dentro, ela imediatamente encostou-se na parede e esperou que seus
olhos se ajustassem quando uma luz fraca surgiu.
A primeira coisa que viu foi Camarillo sentado na cama, sua mão
caindo longe da lâmpada de cabeceira. Sua boca estava esticada em um

- 155 -
grunhido irritado, mas ao que ela viu, seus olhos vidrados de terror
quando ele reconheceu tardiamente quem era o intruso.
— Você sabe quem eu sou? — Perguntou Vincent, sua voz um
ronronar exalando perigo.
Camarillo assentiu sem palavras, a boca aberta. Lana não sabia
se ele estava com muito medo de falar ou se Vincent fizera algo para
silenciá-lo.
— E ainda assim você pensou em me escravizar, — comentou
Vincent, como se estivesse tentando descobrir por que Camarillo sequer
consideraria tal coisa. — Assim como você escravizou Moreno aqui, —
acrescentou ele, seu olhar cintilante transformando-se em duro e
inflexível. Ele deu um passo mais perto da cama e parou, as mãos na
cintura, a cabeça inclinada, estudando o homem aterrorizado. — O que
vou fazer com você, Señor Camarillo?
Camarillo engoliu em seco, depois lambeu os lábios e encontrou
sua voz o suficiente para ofegar, — Misericórdia.
O sorriso de Vincent congelou Lana até a alma.
— Vincent, — ela sussurrou.
Sua expressão apagada quando ele se virou para olhá-la por cima
do ombro. — Você deve esperar lá fora, — disse a ela.
— Ele tem filhos, — disse ela, sua voz ligeiramente presa.
— Assim como todos os homens e mulheres que ele matou.
— Portanto, esta vingança é para eles?
Sua boca se elevou em um meio sorriso. — Não. Essa vingança é
para mim. É proteção para os meus filhos, os vampiros por quem sou
responsável, homens e mulheres como Moreno aqui que merecem mais
do que ser transformado em assassino em nome de um traficante de
drogas, porra.
— Mas foi um vampiro que fez isso. Enrique foi aquele que
escravizou Jerry.
— Eu vou lidar com Enrique no tempo certo. Mas esta noite, aqui
e agora, eu estou fazendo um ponto. Não se escraviza meu povo, e com a
maldita certeza não me escravizam — Havia tanta raiva nas palavras que

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ele pausou antes de terminar o seu pensamento. — sem sofrer as
consequências. Há um preço e eu vou cobrar. Se você não consegue lidar
com isso, então você deve esperar lá fora.
Lana encarou. Ele era tão alto e forte, seu poder enchendo a sala,
sacudindo papéis sobre a pequena mesa, fazendo com que as cortinas da
cama de dossel vibrassem como uma brisa. Foi-se o Vincent provocador,
o vampiro que flertava e seduzia qualquer mulher que conhecia. Este era
o vampiro que governava como o segundo de Enrique, que possuía a
capacidade de assumir a mente de um homem em um instante, de
arrancar uma pesada porta para fora de suas dobradiças.
E, pela primeira vez, ela se perguntou do que ele era capaz. Ele
era cruel? Um assassino? Se permanecesse no quarto, iria descobrir.
Talvez não todo ele, nem todas as partes, mas sabia que Camarillo ia
morrer, e não seria porque Vincent fosse colocar um travesseiro sobre o
rosto do homem tão pouco.
— Droga, — ela murmurou para si mesma, mas Vincent ouviu.
Uma sobrancelha elevou-se em um questionamento zombeteiro. Ela
assentiu rapidamente, em seguida, trabalhou em sua 9mm e assumiu
uma posição perto da porta.
— Eu vou ficar, — disse ela, desafiadora.
Vincent inclinou a cabeça em reconhecimento, e ela queria
acreditar que havia uma pitada de respeito lá, também. Ele voltou sua
atenção para Camarillo, que estava choramingando
desavergonhadamente, seus olhos arregalados de terror em tudo o que
estava vendo no rosto do vampiro.
— Preste atenção, Moreno, — Vincent disse sem olhar para seu
mais novo pupilo vampiro, que estava fitando com ódio o homem que fora
seu mestre proclamado apenas algumas horas antes.
Vincent levantou a mão negligentemente e as cobertas foram
arrancadas dos dedos de Camarillo que as seguravam, de modo que ele
se ajoelhou seminu, vestindo nada além de um par de calças de pijama.
Seus olhos estavam em branco e com medo, suor brilhava em sua pele,
espalhando o odor fétido pela sala de modo que mesmo Lana podia sentir

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o cheiro com seus sentidos humanos. Ele juntou as mãos na frente dele
em uma postura de oração e começou a murmurar quase sem parar, em
rápido espanhol. Lana pegou apenas uma ou duas palavras. Ele estava
implorando por sua vida, mas se ele estava orando a Vincent ou a Deus,
ela não sabia.
Vincent levantou a mão e fechou os dedos estendidos em direção
a palma da mão em um gesto que era o retrato da graça... até que
Camarillo gritou em tormento, as mãos apertando o peito, os dedos
cavando em sua pele tão fervorosamente que as unhas rasgaram a pele,
deixando sulcos irregulares que pingavam sangue para baixo em sua
barriga e coxas.
Lana olhou, seus pulmões apertados em horror. Ela presenciou
muita violência na sua vida, viu homens baleados e até ela mesma foi
baleada, mas esta... ela nunca havia visto um homem ser rasgado como
agora.
Lana se sacudiu quando a boca de Camarillo abriu e um ruído
agudo horrível encheu a sala. Foi desumano, nada além de agonia crua.
E ela pensou que certamente esta era a vingança de Vincent, deixar o
homem louco de dor, um idiota babando sem pensar, mas com
sofrimento... Ou talvez não. Ela apertou-se contra a parede às suas
costas quando Vincent levou seu ato ao passo final em direção à cama,
até que estava bem em cima de Camarillo, o brilho de cobre de seu olhar
refletindo no branco dos olhos do chefe do tráfico, transformando-os em
mármores amarelados de terror. Vincent passou a mão macia ao longo
da mandíbula suada de Camarillo, passou um dedo longo sobre a jugular
do homem... e então sua mão se apertou em uma garra e ele rasgou a
garganta do homem para fora.
Ele fez isso casualmente, sem esforço aparente. Ele simplesmente
fechou os dedos sobre a garganta de Camarillo, espremeu até que seus
dedos tivessem ao nível do esôfago do traficante, e depois o arrancou.
Camarillo sufocou, um som medonho, enquanto seu cérebro
implorou por oxigênio, enquanto seu rosto ficou vermelho e depois azul,
até que finalmente a única coisa que restou foi o aperto de Vincent em

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sua garganta devastada.
Vincent abriu a mão. Camarillo desabou sobre a cama em uma
pilha sem ossos, sangue manchando os lençóis de seda debaixo dele.
Vincent olhou para a mão ensanguentada em desgosto, e Lana
aguardou, meio esperando ele lamber o sangue fora, mas ele não o fez.
Em vez disso, ele usou a colcha descartada para limpar o sangue, em
seguida, afastou-se da cama e falou com Jerry Moreno.
— Você entendeu o que eu fiz? — Perguntou.
Moreno assentiu. — Sim, senhor.
— E por quê?
— Definitivamente, senhor.
Vincent assentiu. — Você vai vir com a gente por agora. Quando
chegarmos a Pénjamo, eu terei Michael, meu tenente, levando-o de volta
para a minha sede em Hermosillo.
— Você não vai voltar com a gente? — Perguntou Moreno.
Vincent sacudiu a cabeça. — Lana e eu tenho negócios para
terminar primeiro.
— E quanto aos outros?
Vincent fez uma careta. — O que tem os outros?
— Os outros como eu, os outros vampiros que Enrique vendeu
aos senhores da droga.
Vincent encarou e Lana teve aquela sensação de novo, como se
alguém estivesse arranhando um fio vivo logo acima de sua pele. A fúria
de Vincent se tornou um ser vivente, inchando para fora do espaço, até
que se tornou um furacão girando em torno da sala, batendo o mobiliário
pesado e um espelho de grossa moldura de prata fora da parede. Ele caiu
para o azulejo nu e despedaçado, enviando brilhantes cacos voando por
toda parte.
Lana agarrou a moldura da porta e esperou a morte, certa de que
Vincent finalmente havia enlouquecido. Mas ele teve um melhor controle
que isso. Ele respirou fundo e a tempestade morreu. Mas ela podia ver o
esforço que ele fez. Seus músculos estavam tensos e apertados, as veias
se destacando em seus braços nus.

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— Onde eu vou encontrá-los? — Vincent perguntou a Moreno,
sua voz apertada com raiva reprimida.
— Eles estão espalhados por todo o México, mas o mais próximo
é Salvio Olivarez. Seu mestre não vive longe de Pénjamo, ao norte da
cidade.
— Vincent, — Lana se atreveu a interromper. — Nós temos que
sair daqui.
Ele se virou com um olhar frio, mas seus olhos aqueceram quase
imediatamente. — Não se preocupe, Lana. Eu posso matá-los todos, se
for esSa a preocupação.
Lana não estava tranquila. — Eu prefiro não chegar a esse ponto,
— explicou ela suavemente, porque ele estava claramente tão fora de si a
ponto de não ter noção. — Nossa fuga será muito mais fácil se sairmos
discretamente.
— Ou se nós não deixarmos testemunhas, — ele respondeu.
— Vincent, — alertou impaciente.
Ele suspirou e perguntou: — Será que José ainda está esperando
lá fora?
Lana entrou pela porta e encontrou o fiel seguidor de Vincent
ainda em guarda permanente.
— Ele está, — ela confirmou.
— Tudo certo. Esqueça o portão da frente. Sairemos da maneira
como você veio, sobre o monte, ao invés de contorna-lo. Moreno, você vai
me dizer tudo o que sabe sobre a unidade de Pénjamo.
— Sim, senhor.
Vincent lançou um olhar de ódio final para um Camarillo morto,
então atravessou a sala, pegando o braço de Lana enquanto passava. —
Vamos, boa menina.
Lana fez uma careta. Ela não estava sendo boa, estava sendo
inteligente. Foi apenas sorte, ou talvez mais da magia de Vincent, que
ninguém veio para investigar os gritos de Camarillo. Mas a sorte só
poderia levá-los até certo ponto. Eles tiveram que passar por cima da
parede e pela estrada antes que alguém estivesse ciente de que Camarillo

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estava morto, e que os prisioneiros fugiram.
Ela manteve o ritmo de Vincent enquanto seguia José mais a
fundo no verde luxuriante do jardim. Era um lugar bonito, cheio de seres
vivos. Parecia errado algo assim no quintal de um homem que não deixou
nada além de morte e destruição em seu rastro.
José levou-os a uma seção da parede que estava coberto de uma
videira grossa, envolvendo o muro. Assustador. A planta rasteira possuía
folhas verde escuro, e sementes estranhas em suspensão. Com nada
além do luar para iluminar, parecia algo peculiar apenas esperando para
se ocupar dos incautos. Lana olhou-o com desconfiança, mas José virou
a cabeça e sorriu largamente para Vincent, apontando para a parede. —
É isso, jefe.
O coração de Lana afundou, convencida de que José se perdera,
mas Vincent desceu os degraus à direita até a parede e empurrou a
videira revelando um teclado eletrônico.
Ela moveu-se perto dele. — Como você sabia que estava lá? — Ela
perguntou distraidamente, estudando o teclado e se perguntando quais
as datas de nascimento dos filhos de Camarillo. As pessoas tendem a ser
bastante previsível em sua seleção de senhas.
— O dispositivo emite um ruído, provavelmente com uma
frequência muito elevada — e curta — que deveria ter sido consertada.
— Não creio que a alta frequência está apitando o código de
acesso — ela murmurou sarcasticamente.
Previsivelmente, Vincent só se entreteu por seu sarcasmo. Ele
sorriu para ela, em seguida, voltou sua atenção para José, que estava
pacientemente, aguardando o seu próximo comando.
— ¿Sabes la contraseña, José? — Perguntou Lana, passando a
frente de Vincent. Infelizmente, a afeição do guarda parecia estar
reservada para Vincent, porque ele só lhe deu um olhar confuso antes de
transferir sua atenção de volta para o vampiro.
— ¿Sabes la contraseña, mi amigo? — Vincent perguntou. Você
sabe a senha, meu amigo?
José brilhou imediatamente, enchendo o peito e parecendo maior.

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— Si, jefe. Es cero nueve uno dos cero seis. — Sim, jefe. É zero, nove, um,
dois, zero, seis.
Vincent cutucou Lana com um cotovelo, digitou o código-chave,
em seguida, ficou para trás com uma expressão satisfeita quando a
parede se moveu sob as videiras, revelando uma rachadura na forma de
um portão. Foi tão habilmente construído e escondido que, mesmo
sabendo que estava lá, Lana precisou olhar de perto para ver a linha de
sua abertura. Vincent puxou-o abrindo mais, em seguida, virou-se para
José.
— Este é o lugar onde nos separamos, meu amigo — disse ele,
falando inglês quase com pesar. — Durma agora.
Lana começou a franzir a testa, em seguida, recuou quando José
desmoronou onde estava, como se todos os ossos do seu corpo tivessem
desaparecido.
— Ele está
— Adormecido, — Vincent a assegurou. — E ele não vai lembrar-
se de nada disso quando acordar. Vamos lá, você é a única que queria
uma saída tranquila. Agora é a hora.
Lana não precisava escutar duas vezes. Ela correu até o portão,
parando vários metros à frente para pegar seu celular e determinar
exatamente onde eles estavam. Ela tinha a localização GPS do SUV
programado, por isso era apenas uma questão de... Sim. Lá estavam eles.
Jerry e Vincent ambos surgiram rapidamente, com Jerry vindo
para ficar ao lado dela, enquanto Vincent puxou o portão de volta a
posição até que, mais uma vez estava misturado com perfeição para a
parede.
— Estamos um pouco mais de um quarto de milha a partir do
SUV, em linha reta, — Lana disse a ele. — Infelizmente, não podemos
voar... — As palavras dela sumiram e ela estudou Vincent. — Você não
pode, não é?
— Claro que não, — disse ele, parecendo ofendido com a
pergunta. Como se ela não tivesse o visto fazer sua mágica em um homem
com nada, além de sua voz e explodir através de uma porta trancada com

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um toque de seus dedos. Para não mencionar a parte da garganta toda
arrancando, mas supôs que qualquer homem forte, com o estômago
igualmente forte, poderia ter feito isso.
— Apenas perguntando, — ela disse suavemente, secretamente
satisfeita por ter finalmente irritado ele. — Ok, então com este terreno,
nossa caminhada é provavelmente quase um quilômetro, e com esta
noite, vai ser bastante difícil visualizar o terreno.
— A escuridão não é um problema para Jerry e eu. Nem o terreno.
E para você? — Ele perguntou, olhando de cima a baixo.
— Eu já sobrevivi a um inferno de muito pior, — ela disse sem
rodeios, esperando que ele entendesse parte de um inferno de muito pior,
incluía a companhia dele.
O meio sorriso de Vincent disse-lhe que compreendia
perfeitamente e isso o agradava. — Vamos indo então. Você define o
ritmo, Lana.
Lana enfiou o celular no bolso da jaqueta. Ela não precisava do
mapa para lhe dizer qual caminho a percorrer. Ela não exagerou quando
disse a Vincent que ela escalou lugar pior. Dê-lhe um objetivo e que ela
iria chegar lá, faça chuva ou sol. Flexionando os dedos, ela começou a
subir pela encosta rochosa.
Horas mais tarde, Lana estava em uma espécie de estado zen
enquanto se concentrava em colocar um pé na frente do outro e não
quebrar um tornozelo no processo. Ela teve que lançar mão de uma
pequena lanterna para enxergar. Precisava que ser cuidadosa com o
brilho, o cobrindo com as mãos e apontando a lanterna para baixo, para
não despertar a visão noturna dos vampiros, sem falar que ela poderia
entregar sua localização em uma possível fuga. Mas era isso ou quebrar
um tornozelo, com certeza, de modo que ela escolheu a lanterna. Eles
estavam na parte descendente da caminhada, quase próximos ao pé da
montanha, chegando ao deserto, e ela estava começando a suspeitar que
Vincent ocupar a posição traseira na primeira parte de sua escalada tinha
menos a ver com deixá-la ditar o ritmo, e mais em colocar-se entre ela e
qualquer possível perseguição. Porque assim que eles saíram do topo da

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colina e começaram a descida, eles mudaram, deixando Jerry como
retaguarda enquanto Vincent abriu o caminho, com sua atitude
constante de prontidão.
Até agora, parecia que sua fuga ou passou despercebida, ou que
os homens de Camarillo estavam relutantes em perseguir um vampiro
que poderia puxar a garganta de um homem fora. Mas, mesmo sem
ninguém para lutar, a ideia de que Vincent queria protegê-la a fez querer
gostar dele. Ou melhor, gostar dele ainda mais, uma vez que o navio de
gostar dele havia partido há muito tempo.
Perigo, Will Robinson1, recordou-se. Era ruim o suficiente que ele
fosse grande e sexy e lindo e... Ela mencionou sexy? Ele ser um cara
decente no topo de tudo isso...
— Pensamentos profundos, querida? — A voz de Vincent estava
em seu ouvido, e ela se surpreendeu. Ele estava vários metros à frente e
ela não o notou ficar para trás. O que só reforçou o perigo que ele
representava com ela.
Ela lançou lhe um olhar irritado. — Só pensando em sair desta
cidade e nunca mais voltar.
— Há mais uma coisa que temos que
— Vincent, — ela disse em advertência.
— Lana, — ele respondeu, imitando o tom de voz com precisão.
— A mulher na cantina.
— O que tem ela?
— Ela tem que morrer. Você sabe disso.
— Eu disse que ela me ajudou. Ela me disse onde eles estavam
prendendo você. Eu não teria encontrado você em tempo sem ela.
— Você também disse que ela só a ajudou para salvar sua própria
bunda. A cadela cortou meu pescoço e me sangrou, deixando-me quase
seco, Lana.
— Eu disse a ela para sair da cidade, — disse Lana sem fôlego.
— Que você a mataria se ela ficasse. — Ela reconheceu a carranca de

1
Famoso bordão da série Perdidos no espaço falado pelo personagem Robô B9

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Vincent com um encolher de ombros e acrescentou — Portanto, não há
ponto
— Mas você sabe onde ela mora, não?
Lana suspirou. — Sim.
— Vamos ver se ela seguiu seu conselho. Se não, muito ruim para
ela. Se assim for, eu vou deixar uma mensagem garantido em dar-lhe
noites sem dormir para o resto de sua vida.
— Precisamos colocar algum quilômetros
Ele entrou na sua frente e parou, forçando-a a fazer o mesmo.
— Lembra do que eu te disse sobre Camarillo? Por que ele tinha
que morrer? — Ele perguntou, olhando para ela.
Ela estudou-o em silêncio e depois disse — Para proteger outros
vampiros, para que ninguém mais tentasse a mesma coisa.
— Exatamente. E isso vale em dobro para a cadela, porque ela
fez isso na frente de testemunhas.
Ela olhou-o por mais um momento. — Eu entendo, — ela admitiu,
embora não sem hesitação. Porque mesmo que ela tivesse advertido
Fidelia Reyes sobre o que aconteceria com ela se Vincent a encontrasse,
ela não acreditava realmente em suas próprias palavras, até que viu o
que ele fez a Camarillo.
A expressão de Vincent suavizou um pouquinho, como se
compreendesse o seu dilema e simpatizasse. Não que isso iria mudar sua
mente em tudo, ela tinha certeza. Ele balançou a cabeça, em seguida,
virou-se e retomou sua posição de liderança, se movendo para baixo na
mesma encosta com uma graça que Lana não podia espelhar. Ela pensou
brevemente que pode não ser tão ruim ser um vampiro às vezes. Em
seguida, ela se conteve.
Não é tão ruim? Ela devia estar delirando.
Eles desceram os últimos metros, as rochas desmoronando sob
os pés a cada passo, até que finalmente atingiram o chão plano do
deserto. Lana suspirou de alívio, apressando-se para frente até que
pudesse ver a traseira do SUV saindo entre as rochas onde estacionou.
Vincent agarrou sua mão quando ela teria corrido para o carro. —

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Espere, — ele advertiu. — Jerry, você e eu vamos primeiro.
— Sim, senhor.
Lana quis protestar. Claro, estava contente que Vincent queria
protegê-la, mas isso não significava que ela precisava. Ela possuía um
trabalho perigoso e trabalhou sozinha a maior parte do tempo.
Infelizmente, discutir com Vincent só iria perder tempo, então ela ficou
para trás, mas apenas por um pouco, enquanto cobriam os últimos
cinquenta metros e o SUV entrou plenamente em vista.
Não houve bandidos esperando por eles.
Ela puxou o controle remoto do bolso, apertou o botão e as portas
desbloquearam quase silenciosamente. Lana andou a passos largos,
abriu o lado do motorista e dobrou-se sobre o assento, mesmo sem tomar
o tempo para descarregar o conteúdo de seus bolsos. Isso podia esperar
até que eles estivessem a uma distância segura.
Ela acabou de ligar o motor quando Vincent apareceu na porta do
motorista. Ele não disse nada, apenas olhou para ela com expectativa.
Lana lançou lhe um olhar de lado, seu foco sobre a programação
do sistema de navegação para uma saída rápida. — O quê? — Ela
perguntou, distraída.
— Eu dirijo.
Lana jogou-lhe um olhar de desprezo. — Eu não penso assim.
Você estava quase morto apenas algumas horas atrás. Eu vou dirigir.
Além disso, você não sabe para onde estamos indo.
— Isso não é um sistema de navegação que você está
programando aí?
— Eu estou programando nossa viagem para fora da cidade, e
não para a casa de Reyes. Então vamos.
Vincent, o maldito, sorriu. — Então vamos, não? — Repetiu ele.
Ela se inclinou e agarrou a maçaneta da porta, olhando para ele
com um olhar agravado. — Pode ter passado despercebido, oh ser
poderoso, mas nós estamos correndo por nossas vidas. Agora, se mova.
Ele deu um passo para fora do caminho, mas não antes de tomar
vantagem de sua posição e depositar, um beijo rápido, duro em sua boca.

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Lana piscou surpresa, e seu coração deu uma batida dupla. Perigo, Will
— Oh, que porra. Não estava funcionando. Ela não deveria ser atraída
por ele em tudo. Ele era arrogante e mandão e um assassino para início
de conversa. Ela não se apaixonava por assassinos, ela os esmurrava e
os prendia até serem julgados. Então, por que achava Vincent tão maldito
irresistível?
Não, não é irresistível. Ela poderia resistir a ele. Ela resistiria a
ele. Mais um dia e eles chegariam a Pénjamo. Eles encontrariam este
homem, Xuan Ignacio, entregar a mensagem de Raphael, e era isso.
Vincent voltaria à sua vida e Lana para a dela, seus caminhos nunca se
cruzariam novamente.
Então, por que diabos era mais difícil de resistir, em vez de
menos? A imagem de quando Vincent se inclinou sobre ela naquela caixa
quente de uma prisão veio à sua mente, os olhos brilhando um ouro
acobreado, presas descendo lentamente quando ele baixou a boca em seu
pescoço. Ela ainda podia sentir a pressão de seu corpo duro contra o
dela, e estremeceu de prazer lembrado do orgasmo mais intenso de sua
vida. Se ele pode fazer isso com uma única mordida, imagine o que
poderia fazer se realmente estivesse fazendo amor com ela. Seus olhos se
fecharam... e depois se abriram quando ela intencionalmente trouxe à
sua mente a imagem de Vincent quando ele rasgou a garganta de
Camarillo fora, pingando sangue e dentes arreganhados. Mas mesmo isso
não funcionou.
Camarillo era um monstro, um fornecedor de morte e miséria,
alguém que sem dúvida havia matado mais do que sua parte de inocentes
em seu caminho até a escada do sucesso.
A porta do passageiro se abriu e Vincent deslizou para o assento,
enchendo o veículo com seu corpo, sua mera presença. Lana sentiu um
rubor aquecer suas bochechas. Ela virou-se rapidamente e se ocupou
com o ajuste dos espelhos, em seguida, engrenou o SUV.
— Você tem certeza que quer
Ele nem sequer a deixou terminar.
— Eu tenho certeza, — ele interrompeu, corretamente supondo

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que ela estava prestes a questionar se ele realmente queria tomar o tempo
para ir à casa de Reyes.
— Tudo bem, — ela retrucou. — É o seu funeral. Está pronto aí
atrás, Jerry? — Ela perguntou, olhando para o outro vampiro em seu
espelho retrovisor.
— Sim.
Um homem de poucas palavras. Gostava disso. Ela fez uma pausa
para fazer a varredura do horizonte com cuidado, olhando para as nuvens
de poeira ou qualquer indicação de que as tropas de Camarillo estavam
em movimento. Não vendo nada, pressionou o pedal do acelerador e refez
seu caminho, em direção à estrada que os levaria para a cidade.
Foi apenas alguns minutos mais tarde que o bairro de Reyes
entrou a vista. Estava mais escuro do que a última vez que ela esteve
aqui, no meio da noite, em vez de quase amanhecer. E não havia
iluminação pública nesta parte da cidade. A única iluminação vinha de
dentro das pequenas e espalhadas casas, a cintilação pálida de uma tela
de TV daqueles com antenas parabólicas no telhado.
Lana evitou a entrada de automóveis na casa de Reyes, preferindo
estacionar na rua em caso de uma fuga rápida ser necessária. Vincent
estava fora do carro antes que ela tivesse desligado a ignição.
Quando ela finalmente se apressou em torno da frente do SUV
para ficar ao seu lado, ele estava olhando para a casa infeliz.
— Problema? — Perguntou ela.
— Ninguém está lá dentro.
Lana digitalizou a frente da pequena casa. As janelas estavam
escuras, mas a luz da varanda estava acesa. Lembrou-se ainda da outra
manhã, e percebeu que era provavelmente um temporizador. Reyes vivia
sozinha. Talvez não gostasse de voltar para uma casa escura após uma
longa noite de tentar matar vampiros. A cadela.
— Talvez ela esteja morta — Lana comentou e descobriu que não
se importava de qualquer maneira. — Ela estava em muito mau estado,
quando eu saí daqui.
— Deixe-me reformular, — Vincent disse secamente. — Ninguém

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vivo ou morto está lá dentro.
— Nós podemos cheirar corpos mortos, — Jerry forneceu
amavelmente, quando saiu do banco traseiro para ficar ao lado deles.
— Huh, — disse Lana, imaginando onde sua vida tomou um
rumo tão errado que este conhecimento nem sequer a perturbou. — Ela
provavelmente seguiu o meu conselho e se escafedeu da cidade.
Vincent lançou lhe um olhar hostil. Aparentemente, ele ainda
estava segurando um rancor sobre isso.
— Devemos ir, — disse Lana, sacudindo as chaves na mão.
— Ainda não, — disse Vincent em um escuro tom de voz
enquanto estudava a casa vazia.
— Mas não há ninguém aqui, e não podemos ficar esperando. É
só uma questão de tempo
Um ruído surdo profundo a cortou. Ela sentiu o primeiro tremor
de movimento sob seus pés e olhou em volta, nervosamente. Lana
sobreviveu a um terremoto, uma vez, durante uma visita à sua mãe na
Califórnia. Todo mundo lá fora, lhe assegurou que, desde que foi apenas
3,9 graus na escala Richter, mal qualificava como um evento. Mas
lembrou de que no fundo, houve um estrondo de som e a terrível
sensação de sentir a terra se movendo sob seus pés.
— Terremoto, — resfolegou. Ela agarrou o braço de Vincent, mas
congelou ao vê-lo olhando fixamente para a casa, os olhos semicerrados,
os lábios puxados para trás em um rosnado que expôs suas presas
reluzentes.
— Vincent? — Ela sussurrou, então girou, examinando o bairro,
pronta para enfrentar qualquer ameaça e não encontrou nada, apenas a
pequena casa de Reyes ao redor, em choque, quando estremeceu na sua
fundação e o ar ficou espesso com pó. O tremor tornou-se um tremor
vicioso. Rachaduras se espalham como uma teia de aranha ao longo das
paredes exteriores, e o som de madeira rachada e vidro estilhaçando
contou a história do que estava acontecendo lá dentro. A luz da varanda
estourou com um pop afiado e Lana cobriu os olhos para protegê-los de
quaisquer pequenos pedaços de vidro que voassem a distâncias incríveis

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através da escuridão repentina. Alcançando em seu bolso, ela agarrou a
mini lanterna e ligou-a apenas a tempo de ver porta de madeira de Reyes
com uma abertura frontal no meio e telhas quebradas caindo do telhado.
Segundos depois, as paredes exteriores cederam completamente e a
estrutura deu lugar, até que, com a queda final no estuque pelas
rachaduras e lascas de madeira, a casa inteira desabou.
O silêncio caiu sobre a noite. Uma nuvem de poeira e sujeira
arrastadas lentamente sobre a pilha restante de detritos. Ninguém, a não
ser os cachorros da vizinhança pareciam perturbados pelo que aconteceu
— fora das portas abertas, ninguém apareceu para reclamar sobre a
implosão abrupta da casa do seu vizinho.
Lana franziu a testa, virando um círculo completo para estudar o
bairro sem perturbação.
— O que você fez? — Ela perguntou a Vincent suavemente, seus
olhos ainda sobre as casas tranquilas. Sentia-o mais do que o via olhar
para ela.
— Deixei um aviso a ela e toda esta cidade, — disse ele, e havia
tanta arrogância em sua voz normalmente amigável que ela se retorceu
para olhar para ele.
— Eles ainda estão vivos? — Ela respirou.
Vincent fez uma careta. — Quem ainda está vivo? Não havia
ninguém na casa. Eu te falei isso.
— Quero dizer o resto dessas pessoas, seus vizinhos.
Deu-lhe um olhar incrédulo. — Que porra, Lana? Claro que eles
estão.
— Então por que, — Ela engoliu em uma garganta seca. — Por
que ninguém
— Porque eu contive o som. Porque você é toda sobre uma fuga
discreta. Jesus, você acha que eu matei todas aquelas pessoas? Que tipo
de monstro que você acha que eu sou?
Lana estudou a casa destruída e percebeu que, por todo o barulho
que aconteceu, não fora tão alto como deveria ter sido. Talvez fosse só
porque ela estava assistindo acontecer que parecia muito mais alto.

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Ela olhou para Vincent em desânimo. — Sinto muito, eu não
Mas ele já estava se afastando. — Sim, tanto faz. Vamos sair
daqui. Eu tive mais do que suficiente desta cidade. Dê-me as chaves. —
Ele estendeu a mão numa exigência impaciente.
— Vincent, eu sinto muito, — ela repetiu, entregando-lhe as
chaves.
— Tudo bem. — Ele pegou as chaves e se dirigiu ao redor do SUV.
— Jerry, — ele retrucou. — Na SUV.
— Sim, senhor.
Jerry subiu na traseira e Lana deslizou rapidamente para o banco
do passageiro, preocupada que Vincent estivesse com raiva o suficiente
para partir sem ela. Ele ligou o SUV e arrancou, cantando pneus e
cuspindo cascalho enquanto ela colocava o cinto de segurança. Ela
lançou alguns olhares de soslaio para Vincent, mas ele a ignorou. Não foi
até chegarem à estrada principal e em direção ao sul para Pénjamo que
ele falou com todos, e, em seguida, apenas com Michael, usando o viva-
voz.
— Boa noite, Senhor, — ela ouviu Michael dizer.
— Michael, prepare o jato para amanhã à noite. Eu preciso de
você em Pénjamo.
— Sim, meu Senhor. Devo levar?
— Alguns músculos, vou deixar os detalhes para você, e uma
tripulação para luz do dia. Temos alguns negócios localmente, mas
depois que você levar um par de bebês — Ele olhou para Jerry no espelho
e mudou o que estava prestes a dizer. — Jovens vampiros de volta para
Hermosillo. Enrique está fazendo coisas que não deveria. Sem surpresas
até aqui, mas isto é baixo até mesmo para ele. Vou dar detalhes quando
ver você.
— Certo. Devo chamar quando chegarmos?
— Isso seria bom. Qualquer outra coisa para relatar?
— Nada, jefe. Os reparos do clube estão indo muito bem.
— Bom. Vejo você amanhã à noite.
— Amanhã à noite, meu senhor.

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Vincent desconectou sem outra palavra. Na verdade, ele não disse
ou fez qualquer coisa diferente do que olhar para frente para os próximos
402 km ou algo assim quando tiveram que parar para abastecer. Lana
estava apenas esperando por essa chance, desde a primeira hora que se
passou em silêncio, pensando que poderia trocar com Jerry e deixá-lo
sentar-se ao lado da esfinge, enquanto ela dormia no banco traseiro.
Quando finalmente pararam no posto de gasolina, ela saiu do veículo
quase ao mesmo tempo em que eles pararam. Normalmente, ela teria se
oferecido para encher o tanque ou pagar, mas Vincent, sendo da antiga
escola chauvinista — e por velha escola, literalmente, já que ele estava se
aproximando do seu segundo século de vida e havia deixado claro para
ela desde cedo que tais coisas eram trabalho de homem. E isso estava
bem por ela, especialmente quando o homem estava em um modo
irritadiço.
Ela foi direto para o banheiro, mudando de ideia uma vez que viu,
e cheirou lá dentro. Anos de viagem a longa distância havia lhe ensinado
como segurar quando necessário, e isso se qualificava como necessário.
Ela voltou para o SUV, então pensou em pegar alguns lanches para o
resto da viagem. Ela estava com fome, e eles estavam apenas cerca de
metade do caminho para Pénjamo. Ela não conseguia ver Vincent
parando em um restaurante, não para ela, e não esta noite, então se viu
em pé no corredor de lanches, estudando uma seleção sem inspiração de
doces e batatas fritas. Ela suspirou, em seguida, virou-se e saiu da loja
de mãos vazias. Esta não era sua noite.
Jerry estava enchendo o carro com gasolina quando ela voltou ao
Suburban. Ela olhou em volta e encontrou Vincent a alguma distância
em um campo vazio ao lado da estação, falando em seu telefone celular.
Provavelmente em conferência com Michael sobre — a supersecreta —
merda vampiro. Tanto faz.
Ela se aproximou e encostou-se no SUV ao lado de onde Jerry
estava segurando o bico de gasolina. Esta era uma estação mais velha
com bombas mecânicas e sem nenhum filtro de recuperação de vapor,
com cheiro forte de gasolina, combinado com o estômago vazio, a fez se

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sentir um pouco enjoada. Ela virou-se contra o vento, o que ajudou um
pouco.
— Ei, Jerry, — disse ela. — Se estiver tudo bem com você, eu vou
sentar na parte de trás na próxima parte da viagem. Vou esticar as
— Não.
Lana virou-se ao som da voz profunda de Vincent. — Como é?
— Jerry vai sentar-se na parte de trás.
— Sim, Senhor, — Jerry disse imediatamente. Lana apertou sua
mandíbula com raiva. Nada do que ela tinha a dizer jamais convenceria
Jerry a ir contra Vincent. Ela não sabia se era uma coisa de vampiro em
geral, uma ressaca de seus dias como um escravo, ou talvez dos militares
antes disso. Ela sabia que era frustrante como o inferno.
— O que importa? — Ela perguntou... para Vincent, não Jerry,
porque qual era o ponto?
— Não importa, — ele disse, sem rodeios, em seguida, mudou de
assunto como se estivesse decidido. — Poderíamos chegar a Pénjamo hoje
à noite, mas não vamos. Eu não quero entrar em uma situação
desconhecida com o amanhecer prestes a aparecer. Vamos parar bem
longe da cidade e seguimos amanhã à noite.
Lana olhou para ele sem dizer nada. Ela poderia argumentar.
Mas, novamente, qual era o ponto? Vincent charmoso poderia levar em
consideração um argumento. Este Vincent? O mestre do universo, a
minha palavra-é-lei Vincent? Não era o caso.
Ela girou nos calcanhares e entrou no banco do passageiro da
frente, mas ao se afastar do poso, decidiu que não rolaria e morrer como
um cachorro só para tornar a vida de Vincent mais fácil.
— Acho que devemos percorrer todo o caminho para Pénjamo, ou
pelo menos o mais próximo quanto possível antes do sol nascer. Dessa
forma, você pode começar o dia cedo amanhã à noite.
— E é por isso que eu estou dirigindo, — disse Vincent. —
Pararemos antes de Pénjamo.
— Ouça, idiota, — disse ela, de repente furiosa. — Eu posso não
estar dirigindo, mas não se esqueça quem dorme durante todo o dia e

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quem não dorme. Eu posso estar longe dez minutos após o sol nascer, e
onde vai estar, então, hein? Em alguma cidadezinha mexicana sem
nenhum carro, é onde vai estar.
— Tudo bem, princesa. Você escolhe uma cidade para parar. Mas
não me importo com o que você diz, eu não estou dirigindo em qualquer
merda que está acontecendo em Pénjamo com o sol perto de nascer.
— Tudo bem, — Lana murmurou e se inclinou para seu telefone
celular.
Eles dirigiram vários quilômetros mais em silêncio, e então ele a
surpreendeu, dizendo — Você joga sujo, querida. Faz-me um bocado
quente.
Lana deu um suspiro muito pouco feminino. — Qualquer coisa
com uma vagina e um piscar de olhos faz você quente.
— Eu não posso evitar se as mulheres me acham irresistível.
— Nem todas as mulheres, — ela retrucou, mas lançou um olhar
de soslaio para ele. Parecia que toda irritação se fora. Talvez ele ouviu
uma boa notícia durante seu telefonema secreto, ou talvez fosse apenas
um filho da puta temperamental. De qualquer maneira, ela não teve
vontade de jogar bonito, então manteve os olhos em seu celular e não
disse nada, apenas estendeu a mão para o sistema de navegação e
programou as direções para um motel cerca de 90 quilômetros ao norte
de Pénjamo que tinha quartos vagos.
Vincent desviou o olhar para ver o navegador, mas sua única
resposta quando o mapa surgiu foi um grunhido sem palavras. Lana
fechou os olhos e se encostou na porta, fingindo dormir. Vincent soltou
uma risada divertida e ela se lembrou, tarde demais, que ele poderia dizer
que ela estava fingindo. Mas até então ela estava comprometida com a
pretensão e assim manteve os olhos fechados até que finalmente
cochilou.
Ela acordou quando o SUV parou, seus olhos se abrindo tão logo
Vincent desligou o motor e abriu a porta.
— Eu espero que eles tenham quartos, — disse ele secamente, e
se dirigiu para a recepção.

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Lana sentiu-se preocupada que tivesse cometido um erro, e que,
apesar de sua pesquisa no celular, o motel isolado na pequena cidade
não teria quartos e agora eles teriam que correr para encontrar um lugar
seguro para Vincent e Jerry antes do amanhecer. Mas então ela saiu do
SUV e deu uma boa olhada no motel, e reconheceu o comentário de
Vincent — como uma observação sarcástica sobre a qualidade das
acomodações, e não da quantidade.
O motel parecia ter sido construído, pelo menos, cinquenta anos
atrás, se não mais. A pintura descascando e as grades ao longo das
escadas para o segundo andar foram mantidas juntas pela ferrugem. Ela
estudou o edifício com uma careta, perguntando se era melhor estar no
segundo andar quando um prédio desabasse — assim, pelo menos, cairia
em cima dos escombros, ou no piso térreo, para que não caísse tanto
assim.
A porta do SUV abriu atrás dela e Jerry saiu, movendo-se tão
quieto que, se não fosse o som da porta, não saberia que ele estava lá.
— Você o julga mal, você sabe, — disse ele de supetão.
Ela olhou para o vampiro geralmente calado. — Eu não o julgo em
tudo, — disse ela, sabendo que eles estavam discutindo sobre Vincent.
A expressão de Jerry não se alterou. — Eu passei os últimos dois
anos em um lugar onde a minha vida dependia da leitura precisa do que
os seres humanos em torno de mim estavam pensando, antecipando seus
desejos e necessidades antes mesmo deles saberem o que eram. Conheço
as pessoas, Lana. Vincent poderia ter matado cada um dos homens de
Camarillo, mas ele não quis.
— Ele matou Camarillo. E, além disso, a única razão que ele não
matou os outros foi porque estávamos com pressa.
Jerry sorriu como se ela estivesse sendo tola. — Ele poderia ter
esse lugar repleto de corpos, deixar uma cidade fantasma, e caminhar
para fora do portão pela frente. Em vez disso, ele nem sequer matou José.
— José era inofensivo, — ela insistiu, ignorando a voz suave de
dúvida, que estava sussurrando na parte traseira de seu cérebro.
Ele balançou sua cabeça. — Eu vi José alegremente cortar as

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mãos de um homem por roubar drogas. Vincent é um homem honrado,
Lana.
— Como você pode saber? — Ela perguntou, agarrando-se a seu
argumento. — Você acabou de conhecê-lo, e, além disso, você o chama
de mestre. Como ele é diferente do que Camarillo foi para você?
Seu sorriso tornou-se quase de pena. — É verdade que Vincent é
meu mestre, mas não sou seu escravo. Sim, eu devo a ele minha lealdade,
mas é dado livremente. E, em troca, eu sou dele para proteger.
Certamente você pode ver a diferença? Com o tempo, eu vou lutar por ele,
não porque assim o exige, mas porque ele é alguém que eu de bom grado
sigo, alguém que estou honrado de proteger. — Ele virou e encontrou
seus olhos diretamente. — Ele vai governar este território um dia, e eu
estarei com orgulho nas fileiras dos seus guerreiros.
— Como você sabe tudo isso?
Ele encolheu os ombros. — Ele me disse algumas coisas, mas
principalmente... Eu só sei.
Vincent saiu da recepção naquele momento, lançando um
chaveiro entre seus dedos.
— Boas notícias, crianças, — ele anunciou. — Eles têm quartos!
Lana revirou os olhos. Ele pode ser o Lorde do México algum dia,
mas agora, era apenas uma grande dor na bunda dela.
— Lá em cima ou lá embaixo? — Ela perguntou, ainda
preocupada com o todo edifício entrar em colapso.
— Andar de cima. Eu prefiro cair sobre os escombros do que ficar
preso embaixo deles.
Ela deu-lhe um olhar penetrante. Ele disse a ela que não podia ler
seus pensamentos. Isso significava que eles pensavam da mesma forma?
Porcaria. Isso foi ainda mais assustador do que pensar que ele podia ler
sua mente.
Seguindo Jerry para o bagageiro do SUV, ela puxou a mochila
para fora e os três deram uma pequena parada próximos ao conjunto de
escadas que era tão frágil quanto parecia. Eles seguiram para baixo o
mezanino até que Vincent parou em uma das poucas portas com uma luz

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acesa. Ele inseriu a chave com uma volta e entrou no quarto escuro, em
seguida, foi diretamente para a lâmpada de cabeceira e ascendeu,
obviamente, para seu benefício
— Oh, olhe, nós temos tv a cabo, — Vincent disse
maliciosamente. Ele estava dando a ela um olhar que cruzava a sala, uma
sobrancelha arqueada para cima como se comentando sobre o estado
pobre do motel que ela selecionou.
Lana evitou seu olhar, embora privadamente, ela concordou. —
Design interessante, — ela comentou, olhando a colcha desbotada e a
única janela, estranhamente colocada no alto da parede de trás.
— As paredes são bastante espessa, e a ausência de janelas,
provavelmente mantém o quarto mais frio, — Jerry ofereceu como
explicação.
Lana assentiu distraída. Sua atenção estava voltada para a cama
de solteiro. Morto para o mundo ou não, certamente Vincent não
esperava que os três
— Você vai dormir lá, Jerry, — disse Vincent, novamente
parecendo ler seus pensamentos. Ela se virou para ver o que ele queria
dizer, e percebeu que o quarto do motel era realmente uma suíte, com
uma sala quase idêntica do outro lado de uma porta de madeira barata
que Vincent abriu na parede interior.
Jerry balançou a cabeça e caminhou em direção a porta sem
nenhum comentário, enquanto Lana franziu a testa para Vincent.
— Existe uma porta para o exterior a partir desse quarto? —
Perguntou ela.
— Não, sem janela também. Duvido que Jerry vai se importar, no
entanto, uma vez que ele está acostumado a muito pior. E tem seu
próprio banheiro com uma janela se ele quiser um pouco de ar.
— Você deve tanto dormir lá, então. Vou ficar aqui no caso de
alguém vir bisbilhotar.
Vincent bufou. — Sim, eu não penso assim. Eu não estou
dormindo com Jerry.
— Bem, então eu posso

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— E nem você, — ele rosnou, adivinhando sua próxima sugestão,
embora ela teria sugerido em tom de brincadeira. A única coisa que fazia
sentido era para ambos os vampiros dormir no quarto sem janela
enquanto ela dormia aqui. Então, por que ele estava sendo tão difícil
sobre isso?
— Eu não entendo, — disse ela, com a paciência por um fio. —
Você ficou com raiva de mim a noite toda, mal falou uma palavra para
mim, e agora, de repente, você está insistindo em dormimos na mesma
cama? Você nem mesmo
Sem aviso, Vincent virou, e ele estava na frente dela, seus corpos
se tocando, sua mão grande e quente cobrindo seu rosto. — Eu gosto
muito de você, querida, — ele sussurrou.
Calor rolou por cada polegada do corpo de Lana, um toque
acendendo o flashback de sentir a respiração de Vincent quente contra
seu pescoço, a picada de sua mordida muito rapidamente inundando por
uma tempestade de sensações que construiu a um orgasmo diferente de
qualquer outro que ela já experiente. Ela deu um passo para trás,
atingindo a quina da cômoda com dor o suficiente para ter a cabeça
limpa. Ela piscou e virou-se para o lado, colocando ainda mais espaço
entre ela e a tentação do toque de Vincent.
— É quase o nascer do sol, — disse ela bruscamente, desistindo
de seu argumento sobre o acerto de dormir. Afinal de contas, o que
importava? Uma vez que era a luz do dia, seria como se Vincent não
estivesse lá de qualquer maneira. — Você quer tomar banho? —
Perguntou ela.
— Isso é um convite?
Ele disse levemente, mas o olhar em seus olhos desmentia o tom
de provocação das suas palavras.
— Vincent, — ela disse, quase desesperadamente, mas a raiva
estava começando a infiltrar-se. Ele estava brincando com ela e ela
detestava isso.
— Tudo bem, — disse ele, arrastando a palavra para fora ao fazer
o seu sofrimento claro. — Eu vou tomar banho. Não deixe o quarto.

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— Sim, mestre.
Ela quis dizer isso sarcasticamente, mas ele entortou um meio
sorriso para ela, então, na forma típica de Vincent, ele começou a tirar
suas roupas antes de caminhar para o pequeno banheiro com cada
centímetro de seu corpo nu em exposição. Cada polegada.
Lana inspirou, segurando o ar até que a porta do chuveiro
estivesse fechada. Graças a Deus por Jerry. Porque ela era fraca. Se o
outro vampiro não estivesse há apenas alguns passos de distância, ela
provavelmente estaria nesse banho com Vincent no momento.
Ela olhou para a porta do banheiro fechada e franziu a testa, sem
saber se estava desapontada ou aliviada com sua situação atual. Uma
coisa sabia com certeza, embora; ela estava cansada. Acabada. Não tão
cansada para se deitar sobre a colcha, no entanto. Jogando a cobertura
desbotada e esfarrapada em um canto, ela se sentou na cama e
desamarrou as botas, em seguida, puxou-as uma de cada vez, seguida
por suas meias. Ela olhou para o tapete em dúvida, então pensou em
colocar as meias sujas de volta em seus pés suados, e disse para o inferno
com isso. Parecia bom demais estar descalça. Então, ela ignorou a
probabilidade de que o tapete não fora limpo na última década ou três e
enrolou os dedos sem restrições e com prazer.
Não há closet, apenas ganchos na parede perto da porta. Ela
pendurou o casaco em um e desejou que pudesse tirar o resto de suas
roupas também. Eles viajaram constantemente para o sul e as
temperaturas estavam subindo, juntamente com a umidade, estava
quente e abafado no quarto. Ela olhou em volta por algum tipo de
termostato, mas não encontrou um. Normalmente, teria aberto a porta
para deixar um pouco de ar entrar, mas Vincent provavelmente piraria
se ele saísse de seu chuveiro para encontrar a porta aberta. Não porque
ele estava nu. Não, isso não o incomodaria em tudo, ela sabia. Mas
porque eles ainda não sabiam se os soldados de Camarillo estavam em
seu caminho.
Ela ergueu o olhar para a janela isolada, que Jerry havia dito era
para circulação. Possuía uma manivela para abrir e fechar, mas olhando

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em volta, ela não conseguia encontrar qualquer meio de alcançá-la pois
estava muito malditamente próximo do teto. Ela começou a olhar para a
mobília, para descobrir algo que servisse como uma escada, então
suspirou. Não importava. A janela teria de estar coberta de qualquer
maneira, uma vez que o vampiro teimoso insistiu em dormir fora em vez
de lá dentro com Jerry.
Murmurando imprecações contra os vampiros em geral, e um em
particular, ela se aproximou para estudar a janela mais de perto e viu os
restos de uma persiana presa na parte superior do quadro. Estava cheia
de crosta de sujeira e gordura que misturados com a sombra do teto na
sala mal iluminada, não dava para ser visto direito. Também estava
faltando qualquer tipo de haste ou corda de puxar, mas ela poderia
liberá-la se... Ela voltou ao exame anterior do mobiliário. Tinha uma
pequena mesa e duas cadeiras que não combinavam, nenhum dos quais
pareciam fortes o suficiente para manter seu peso. A mesa, por outro
lado... ela a arrastou para a parede sob a janela e subiu. A mesa era de
fato um pouco alta demais, e ela teve de curvar a cabeça para evitar bater
no teto.
Ela examinou as cortinas e descobriu que, enquanto a haste já
era, a corda ainda estava lá, emaranhada e com nós, mas em condições
de funcionamento. Felizmente, em um ato de mau planejamento ou pura
sorte, não tirou suas calças e assim ainda tinha uma faca pequena no
bolso. Não se preocupando em abrir as cortinas novamente, ela
simplesmente puxou sua faca e cortou a corda, que libertou as persianas,
as deslizando para baixo em um chuveiro desordenado de alumínio
imundo. Lana tossiu, só Deus sabia, anos de sujeira e poeira flutuaram
para fora. Ela acenou com a mão na frente do rosto, e examinou a agora
reduzida persiana fazendo pequenos ajustes para vedar tanta luz quanto
possível. E enquanto trabalhava, notou algo inesperado. Havia luz já no
céu. Não era uma luz solar radiante, mas o céu começava a ficar cinza já.
Ela preocupou-se um momento com Vincent no chuveiro,
preocupada que ele estivesse muito perto do raiar do sol e ficasse
inconsciente, mas, em seguida, a água desligou e ela podia ouvi-lo se

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mover. Ela desceu, em seguida, correu para sua mochila e atirou-a sobre
a cama. A porta abriu e ela se forçou a continuar a reorganizar suas
roupas, separando o limpo do sujo, contando suas meias. Qualquer coisa
para evitar pensar sobre o fato de que Vincent estava a poucos passos
dela, e provavelmente nu. Ela se perguntou se ele tinha o hábito de andar
por aí desse jeito, ou se ele só fez isso para atormentá-la. Não que ela
estivesse atormentada. De modo nenhum.
— O chuveiro é todo seu, Lana, — ele sussurrou. Como ele fazia
aquilo? Tudo soar como uma sedução. Ele estava dizendo a ela a mais
normal das coisas, mas com sua voz profunda e suave, as palavras
simples enviavam tremores e arrepios acima de sua pele.
Ela lutou para controlar a reação de seu corpo, sabendo que seus
sentidos de vampiro poderiam detectar coisas que preferia que ele não
soubesse. — Obrigada, — ela disse, sem olhar para cima. — Quanto
tempo até o nascer do sol? — Ela perguntou curiosamente, pensando na
luz solar além da janela.
— O amanhecer oficial já passou, — disse ele, surpreendendo-a
a ponto de fazê-la olhar para cima. — Os humanos calculam o nascer do
sol como a primeira borda do sol ao longo do horizonte. Poderosos
vampiros — Nesse momento ele tocou o peito. E, sim, ele estava
completamente nu. — Podem aguentar até o sol alcançar a esfera plena,
— explicou.
— Você pode sair nesta luz? — Ela perguntou, mais curiosa do
que embaraçada.
Ele andou até a cama e se inclinou para puxar para trás as
cobertas. Lana se afastou dele, como se estivesse pegando fogo, então
cobriu a reação dela, agarrando a mochila e levando para o topo da
penteadeira gasta. Vincent não respondeu sua pergunta. Em vez disso,
ele perguntou — É porque eu estou perto de você, querida, ou está um
pouco quente aqui?
— Está quente, — ela confirmou. Ela ouviu o deslizamento da
pele sobre os lençóis e se atreveu a virar-se novamente. Vincent estava
sentado na cama, com as costas contra a cabeceira frágil, o lençol branco

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puxado quase até os quadris em um forte contraste com a pele bonita
que herdou de sua mãe guatemalteca. Ele deu uma risada baixa,
masculina que fez os olhos dela encontrar os dele, e seu sorriso mais
branco do que os lençóis e mil vezes mais sexy. A menos que se
considerasse que os lençóis mal conseguiam cobri-lo.
Ela reprimiu um gemido. — Você vai responder a minha
pergunta? — Ela perguntou, conseguindo apenas manter a voz fria e
profissional. — Se você pode ficar acordado com esta luz, você pode ir lá
fora?
— Eu não deveria dizer isso, — disse ele, dando-lhe um olhar
calculista, mas depois ele deu de ombros. — Não, a luz solar é a luz solar,
seja de um raio ou a coisa toda. É só o sono que posso adiar. Infelizmente,
mesmo esse tempo é curto, por isso não posso seduzi-la como você
merece. Mas temos tempo para fazer se você quiser. — Sua expressão era
perfeitamente inocente... e não conseguiu enganá-la nem por um
momento.
Lana deu-lhe um olhar sombrio, que se transformou em
especulativo quando ela considerou não só o que ele disse, mas como ele
disse isso. — Seu Inglês é muito bom, você sabe, — comentou. —
Coloquialismos como esse, dar uns amassos, é a coisa mais difícil de
aprender.
Vincent esticou os braços sobre a cabeça, em seguida, entrelaçou
os dedos e recostou-se, flexionando seus músculos sedutoramente. Ele
precisava que saber como ele era, tinha que estar fazendo isso de
propósito.
— Meu tenente, Michael, é americano, — disse ele, se
acomodando. — Nascido e criado na Califórnia, e não há muito tempo
atrás. Ele tem sido meu por menos de vinte anos. Seu espanhol é muito
bom até agora, mas ele ainda prefere os entretenimentos americanos —
televisão e filmes, e esportes, também. E entre nós, sempre falamos
inglês. Ajuda a manter as nossas habilidades sobre a linguagem atual.
— Bem, está funcionando.
— Michael estará satisfeito ao saber disso. — Seus olhos caíram

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e ele deu-lhe um sorriso sonolento. — Minhas desculpas, querida. Nós
vamos ter que deixar os amassos para mais tarde esta noite.
Seus braços caíram para os lados e ele deslizou na cama e rolou
sobre o estômago. E então ele se foi.
— Vincent? — Lana chamou, só para ter certeza. Mas não houve
resposta.
Foi na ponta dos pés até a cama, em seguida, perguntou por que
diabos ela estava na ponta dos pés. Ela ficou ali, admirando a perfeição
física das suas costas — músculos e tendões, a curva de sua coluna e o
seu bumbum apertado. Eles saíram direto de um livro de anatomia.
Sentindo-se como uma pervertida por olhar fixamente, Lana rapidamente
puxou o lençol até a cintura, mas não mais longe. Ia ficar ainda mais
quente, antes que o dia terminasse. Ela resistiu ao forte desejo de deixar
cair um beijo de boa noite em seu ombro, e afastou-se, indo até a mochila
e despindo-se.
Quando ela finalmente entrou no chuveiro, descobriu que, como
na maioria dos outros lugares, a pressão da água era uma merda. Mas a
água era quente e abundante, por isso tomou seu tempo, lavando o suor
de um dia passado caminhando subindo e descendo colinas. Ela gastou
o tempo com o shampoo e condicionador para seus longos cabelos.
No momento em que abriu a porta do banheiro e espiou para fora
para ter certeza que Vincent não se moveu, sentiu-se mil vezes melhor.
Andando nua para a mochila, ela considerou suas opções. Se ela fosse
sensata, estaria completamente vestida e dormiria sobre as cobertas
como fizera no lugar da Marisol. Mas estava muito quente na sala, e
Vincent não saberia a diferença, contanto que ela levantasse e se vestisse
antes que ele acordasse para a noite. Ela poderia definir o alarme em seu
telefone celular — que estava totalmente carregado desde que ela e
Vincent se revezaram ao carregar seus telefones no SUV — para acordá-
la bem antes de anoitecer. E ela trouxera um par de shorts de pijama de
seda e uma regata para dormir, nunca pensando que ela poderia estar
compartilhando uma cama com ninguém.
Ainda tentando convencer a si mesma, ela voltou para o banheiro

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e penteou os longos cabelos, tendo tempo para secá-los completamente
e, provavelmente, duplicar a fatura de energia mensal do motel no
processo. E, como se viu, foi o que ela decidiu. No momento em que seu
cabelo estava seco, era como um cobertor quente em suas costas. E,
combinado com o ar sufocante no quarto, não havia nenhuma maneira
que ela fosse ficar totalmente vestida, não se quisesse dormir. E ela
realmente precisava dormir.
Então, depois de verificar o tempo preciso do pôr do sol sobre o
calendário que baixou para seu telefone, definiu o alarme, puxou seu
short e parte superior do top, e deslizou sob os lençóis com cheiro
surpreendentemente limpo.
Ela exalou um suspiro longo e aliviado quando sua cabeça bateu
no travesseiro, e, antes que ela pudesse exalar o próximo, estava
dormindo.

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CAPÍTULO DOZE

VINCENT ACORDOU com os sons que Lana fazia dormindo ao seu


lado. Ele abriu seus olhos. Ela estava ao seu lado, de costas para ele, tão
perto que a curva firme de seu traseiro pressionaria sua coxa se ela
respirasse um pouco mais profundo, tão perto que se ele movesse sua
cabeça poderia sentir o cheiro limpo de seus lindos cabelos. Ele se virou
cuidadosamente para o seu lado, e seu cabelo acariciou sua pele como
seda quente. Ele ergueu-se sobre um cotovelo e congelou com a visão de
um ombro nu, no brilho de sua pele à luz de baixo da caixa de cabo de
LED. Apertando o lençol entre seus dois dedos, puxou-o lentamente para
baixo e aspirou um longo suspiro. Este não era o seu traje usual de
camiseta e jeans. Ela estava usando um par de minúsculos shorts de
cetim azul, com uma fenda grande o suficiente para mostrar toda sua
coxa bem torneada. E com ele, um top elástico que delineou o contorno
redondo de seus seios, os mamilos gêmeos se insinuando sob o fino tecido
branco.
Vincent a comeu com os olhos enquanto o brilho de cobre de sua
fome tocava o brilho de sua pele. Ele foi feito de pedra e ela esperava que
ele resistisse a isso? Ela não estava nem mesmo fingindo colocar
distância entre eles. Na Marisol, ela dormira aqui totalmente vestida e em
cima das cobertas, e era uma enorme cama. Esta cama foi apenas
suficientemente grande para os dois, e ainda assim ela escolheu quase
nada para vestir e pressionara a curva tentadora de seu traseiro direito
contra o seu lado.
Um flash de luz chamou sua atenção e ele mudou-se com a
rapidez de um vampiro. Num piscar de olhos identificou a fonte, estendeu
a mão sobre ela, e desativou o som em seu telefone celular antes que
pudesse tocar.
Ele olhou para o telefone e sorriu. Então era isso. Ela definiu um

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alarme de acordo com o que dissera a ela sobre o pôr do sol, pensando
que estaria acordada e vestida antes que ele acordasse. Ele disse a ela
que podia permanecer acordado após o nascer do sol. Ela, obviamente,
não conseguiu definir o horário entre o nascer e pôr do sol e perceber que
ele acordaria cedo também.
Seu sorriso se alargou quando deixou cair o telefone para o lado
da cama, em seguida, abaixou a cabeça para aspirar seu perfume doce e
quente. Ela era incomum, sua Lana. Uma mulher que era inteligente e
corajosa o suficiente para infiltrar-se no composto de um traficante de
drogas a fim de resgatar um vampiro que mal conhecia, e generosa o
suficiente para alimentar esse vampiro com seu próprio sangue, mesmo
que provavelmente nunca sequer pensasse em fazer algo assim antes.
Uma caçadora de recompensas por profissão, ela estava armada até os
dentes e acostumada a derrubar fugitivos, às vezes, perigosos e muito
maiores do que ela, no decorrer de seu negócio. Mas apesar de tudo isso,
Lana era toda mulher, com pele acetinada e cheirosa, e um monte de
cabelo quente e sedoso que ele queria envolver em torno de seu punho e
segurar enquanto batia profundamente no calor úmido entre suas coxas.
Ele mergulhou o nariz na curva do seu pescoço e inalou
profundamente. Podia sentir o delicado buquê de seu sangue, podia ouvi-
lo correndo através das veias sob a pele. Ele mal tocou seus lábios na
pulsação de sua jugular, ouvindo a mudança em sua respiração e
sabendo que ela iria em breve acordar e escapar dele. Ele escovou os
cabelos para trás de seu rosto e havia apenas começado a colocar um
pouco de espaço entre eles quando ela deu um gemido suave que
disparou em linha reta para o seu pau. Ele prendeu a respiração quando
ela levantou a mão e chegou por cima do ombro para a parte de trás de
sua cabeça, acariciando-o, pedindo-lhe para que se aproximasse. Vincent
reprimiu um rosnado de posse. Sua língua deslizou entre os dentes para
saborear o doce salgado do seu pescoço, um gosto que se lembrava da
noite anterior quando despertou em sua cela humana, um gosto que fazia
suas presas emergirem avidamente, que endurecia seu membro ainda
mais até que a ponta foi empurrando a seda que vestia.

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— Vincent, — ela sussurrou e rolou para encontrá-lo, levantando
o rosto para seu beijo, seus lábios macios e cheios, a língua hesitante
quando ele deslizou em sua boca, raspando as bordas de suas presas.
Vincent soltou um rosnado então, suave e baixo, enquanto
aprofundava o beijo, sugando a língua em sua boca, enredando-a com a
sua própria enquanto acariciava seus lábios, movendo-se lentamente,
luxuosamente. Vincent adorava beijar uma mulher, amava o
deslizamento de seus lábios macios contra o seu, o gosto de suas bocas.
Havia pouca coisa melhor do que o primeiro toque da boca de uma
mulher, o primeiro beijo que lhe dizia muito sobre ela. Ela era uma
amante hesitante, era apaixonada, insegura, confiante?
Lana Arnold era tudo ao mesmo tempo. Uma mulher de profunda
paixão que tinha medo de dar muito, com medo de entregar o controle.
Mas então, ele sabia disso antes que a tocasse. O beijo era apenas um
delicioso ponto sobre o ponto de exclamação do que ele já sabia sobre ela.
E ele queria mais.
Ele passou os dedos de uma mão em torno de seu quadril e
puxou-a para a curva de seu corpo, deixando-a sentir o duro
comprimento de sua excitação, cobrindo-a com seu peso muito maior.
— Vincent, — ela sussurrou novamente, seu ondulante corpo
contra ele, seus dedos torcendo em seu cabelo.
E então seus olhos se abriram e ela congelou.
Porra. Vincent não percebeu que ela estava dormindo. Sonhando
com ele, talvez, provavelmente, mas definitivamente mais do que meio
adormecida. E ela não estava feliz de acordar em seus braços.
— Vincent? — Ela disse em um tom muito diferente da voz, suas
bochechas assumindo um rubor quente de vergonha um instante antes
de sua mão desaparecer e ela rolar para fora da cama.
— O que estava... — Ela começou a perguntar, então,
tardiamente, parecendo lembrar o que estava usando, correu para a
cômoda barata e se inclinou sobre a mochila para desenterrar algumas
roupas. — Eu não quis dizer, não significa... Eu estava dormindo...
Sonhando. Não com você, mas...

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Vincent relaxou contra os travesseiros e admirando a visão de
seus minúsculos shorts de cetim puxados para cima até revelar o inchaço
de um lado do traseiro firme. Ele sentiu a fragrância de sua excitação.
Sim, claro, preferia estar enterrado em sua boceta agora, mas a vista era
agradável, e deu-lhe grande prazer só de saber que Lana Arnold queria
ele o bastante para que estivesse sonhando com ele. Tal fato significava
que ele a teria dentro de pouco tempo.
Lana apertou suas roupas contra o peito e fugiu para o banheiro,
fechando a porta atrás dela.
Vincent pegou o celular e o colocou de volta na mesa de cabeceira
onde estava, para que ela não suspeitasse de nada. Depois, deitou-se e
acariciou-se, ouvindo Lana no banheiro e imaginando deslizar por trás
dela e puxando aquele shortinho bonito para o lado, deslizando seu pau
em sua boceta molhada e pronta, em seguida, transando com ela até que
gritasse.
Ele veio com um gemido, e um sorriso no rosto.
— Sinto muito... Por antes. Eu ainda estava dormindo, — disse
Lana, fingindo estar envolvida em arrumar suas roupas. Ela estava muito
envergonhada para olhar Vincent no rosto. Teria sido mais fácil se
pudesse ter alegado que ele havia se aproveitado dela, que não queria que
ele. Mas sabia que não era verdade. Ela estava sonhando com ele, sobre
exatamente o que eles estavam fazendo quando ela finalmente acordou.
Sonhou que rolava para encontrar o corpo poderoso de Vincent
esmagando-a contra o colchão, seu joelho entre suas pernas, espalhando
suas coxas enquanto fazia amor com ela com a boca. Em seu sonho, ela
sabia que era apenas o começo do que ele faria com ela, e acolheu esse
conhecimento.
Mas então acordou e percebeu que era mais do que um sonho.
Ainda assim, estava tentada a deixar que continuasse. Mas Vincent
sentira a mudança em sua consciência quase antes dela, e registrou sua
reação de surpresa. E, maldição, ele parou. Só uma vez, ela teria gostado
que ele fosse um idiota. Ele seria muito mais fácil de resistir, se fosse um
idiota.

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— Não há nada para se desculpar, — ele assegurou, fechando
sua bolsa e passando por dela, em direção a porta. — Você estava
sonhando
Ela pensou que ele deixaria por isso, mas embora não fosse um
idiota, ele ainda era Vincent.
— Comigo, — acrescentou ele, inclinando-se para sussurrar as
palavras em seu ouvido enquanto passava, seu hálito quente, fazendo
cócegas, enquanto afastava alguns fios de cabelos que escaparam sua
trança.
Lana estremeceu. Ela nunca quis ninguém como queria Vincent.
Ela era uma mulher adulta, vinte e nove anos de idade, pelo amor de
Deus. Dave Harrington poderia ter sido o seu primeiro, mas ele com
certeza, como o inferno não seria seu último. Ela teve amantes bons e
ruins, alguns ternos, outros... Não. Mas nunca havia experimentado o
tipo de desejo puro e ardente que sentia por Vincent.
Ela se endireitou, erguendo a mochila quando Jerry saiu do
quarto ao lado. Ele estava vestindo as mesmas roupas que usara no dia
anterior, porque não tem mais nada. Lana a ela mesma de pedir a Vincent
parar em algum lugar para que Jerry pudesse fazer compras. Mas, apesar
do enrugado e sujo vestuário, Jerry parecia mais fresco e mais relaxado,
e obviamente banhou-se.
— Boa noite, Lana.
— Oi, Jerry. Você dormiu bem?
— Sim, obrigado.
— Desculpe a falta de ar condicionado. Mas pelo menos havia
uma cama, hein?
— Essas coisas não importam. O que importa é que, pela primeira
vez em dois anos, acordei sem temer por minha vida.
Lana olhou para ele com espanto.
— Vincent fez isso. Eu acordei e sabia que estava a salvo. — Ele
deu um sorriso tingido com tristeza, em seguida, passou por ela e para
fora da porta.
Ela ficou olhando para ele. Ele estava certo. Vincent fizera isso.

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Ele libertou Jerry de uma vida muito longa servidão horrível. Ela
suspirou. A evidência foi acumulando, e foi confirmando que Vincent não
era um idiota.
Cara, ela estava totalmente ferrada.

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CAPÍTULO TREZE

— ENTÃO, JERRY, — Vincent disse enquanto se afastavam do


hotel, — o que você pode me dizer sobre esse Salvio Olivarez?
— Eu acho que ele foi feito vampiro quase ao mesmo tempo que
eu. Ele era um capitão da polícia mexicana antes disso.
— Qual é o nome do seu assim chamado mestre, você sabe?
— Domingo Poncio, mas não sei se esse é o seu nome real.
— Provavelmente não, — Vincent comentou. — Esses caras
geralmente usam os nomes das ruas. O que ele faz para o cartel?
— Ele tortura pessoas, e depois as mata. Para obter informações
principalmente. Às vezes, ele elimina rivais, embora nem sempre. Pelo
menos é o que Salvio me disse. Mas nossas conversas eram curtas e
raramente privadas. Normalmente, apenas algumas palavras trocadas
quando os nossos mestres estavam muito ocupados com seus próprios
negócios para prestar atenção em nós.
— Será que Poncio tem um exército? Guardas pessoais? —
Perguntou Lana.
— Minha impressão era que ele trabalhava sozinho, exceto Salvio,
é claro. Salvio é sua arma favorita.
Vincent grunhiu de forma audível.
— Ele deve ter segurança no local, no entanto, — disse Lana,
olhando para Vincent. — Eu não acredito que nós vamos encontrá-lo
sentado em sua casa sozinho, exceto por um vampiro.
— Eu concordo, — disse Vincent, assim que seu telefone celular
tocou. Colocando um receptor Bluetooth em seu ouvido, ele respondeu.
— Yo, Michael. — Ele ouviu brevemente, em seguida, disse — Tudo bem,
temos algo para fazer em antes, mas terminaremos pelo tempo que você
chegar aqui. Ligue quando você pousar. — Ele escutou um pouco mais,
em seguida, acenou para o que quer que seu tenente estava dizendo. —

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Te vejo em breve. — Ele desligou e disse — Michael está a caminho com
dois rapazes, mas não soa como se fossemos precisar dele para lidar com
Poncio.
— Eu ainda não acho — Lana se opôs.
— Mas... — Vincent continuou dando-lhe um olhar que dizia que
não havia terminado. — Vamos sondar o local de Poncio, obter a
configuração do terreno, verificar a sua segurança. Se a informação de
Jerry for correta e não houver ninguém, somente Salvio, entraremos. Se
precisamos de reforços, vamos esperar até Mikey chegar aqui. —
— Por que não esperar para
— Eu não gosto de esperar.
— Se me permite, senhor, — Jerry interrompeu da parte de trás.
— Nós podemos não precisar de lutadores adicionais para Poncio, mas
acredito que vamos para o mestre de Carolyn.
— Carolyn? — Repetiu Vincent.
— Que Carolyn?
— Senhor, eu...
Lana virou em seu assento para olhar para trás para Jerry,
surpresa com sua súbita hesitação. Ele estava tão próximo até este
ponto, preciso em suas respostas, especialmente se era Vincent fazendo
a pergunta. E no entanto, de repente, ele parecia incapaz, ou não
querendo enfrentar qualquer um deles diretamente, baixando os olhos e
virando-se para olhar pela janela.
— Jerry? — Perguntou ela, seu estômago apertando com uma
sensação de mal-estar.
— Carolyn é outro vampiro, — ele disse, encontrando seu olhar
finalmente. — Eu não sei o sobrenome dela. Nós nos víamos
frequentemente, mas ela raramente falava. Eu acho que... — Ele fez uma
pausa e sua mandíbula se apertou em óbvio desconforto quando desviou
o olhar longe de Lana e encontrou o olhar de Vincent no espelho. —
Senhor, eu não posso ter certeza —
— Desembucha, — Vincent rosnou.
— Eu acredito que seu mestre a está usando para algo diferente

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de execução. — Os dedos de Vincent agarraram o volante com tanta força
que Lana pensou que racharia. Mas todos seus pensamentos sobre o
volante condenado foram soprados, quando a raiva de Vincent explodiu
através do interior do SUV, ao ponto de ela pensar que os vidros
estourariam.
— Sexo? — Vincent cerrou os dentes, sua voz tão profunda e
gutural que mal poderia sair uma palavra.
— Sim, senhor, — Jerry confirmou miseravelmente. — Seu
mestre e outros.
— Puta que pariu, — Vincent rosnou. — Vou destruir esse filho
da puta.
— Jerry? — Disse Lana, torcendo em seu assento para encará-lo.
— Você disse que nós precisamos de mais do que três de nós para
Carolyn. Por quê? — falou em voz baixa, fazendo a pergunta racional em
uma tentativa de desarmar a raiva de Vincent, tão compreensível como
era. A própria ideia do que acontecera com Carolyn fez Lana querer
vomitar. Ela havia sido estuprada repetidas vezes enquanto impotente
para resistir às ordens de seu mestre. Isso foi além de fodidamente
doente.
Mas não ajudaria Carolyn se Vincent deixasse sua ira determinar
sua próxima jogada.
— Jerry? — Ela repetiu, desesperada para cortar a tensão
insuportável que a raiva de Vincent estava criando.
— Sim, — Jerry disse finalmente, soando como um homem
acordando de um pesadelo. — O negócio do seu mestre é como o de
Camarillo, o que significa que ele terá guardas.
Lana olhou para Vincent que estava olhando para o reflexo de
Jerry de uma forma que lhe disse que sua raiva não havia diminuído nem
mesmo um pouquinho.
— Vincent, — ela disse, mantendo a voz baixa e fácil. — Você
disse que Michael está trazendo apenas dois lutadores, talvez
— Dois será mais do que suficiente, — ele rosnou. — Eu poderia
pegar todos eu mesmo se fosse necessário.

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— Talvez devêssemos esperar
— Não ficaremos esperando, — ele retrucou, espetando-a com
um olhar. E o que ela viu em seus olhos naquele momento foi um
assassino de sangue frio. Este não era mais o charmoso, sexy Vincent
que estava determinado a seduzir todas as mulheres que conhecia. Este
era o vampiro que Jerry alegou que poderia governar o México se
quisesse. O vampiro reduziu a casa de Fidelia a escombros com nada
além de um pensamento, rasgando a garganta de Camarillo com alegria
escura estampada em seu rosto.
Teria ficado aterrorizada se visse esse olhar em outra pessoa que
não fosse Vincent.
Mas não estava com medo, pelo menos não por si mesma. Sabia
que sua raiva não era dirigida a ela, mas aos homens, vampiro ou não,
que se aproveitaram de uma maneira bruta e cruel de uma mulher
indefesa. Mais ainda, não tinha medo porque sabia que era Vincent, e ela
nunca poderia ter medo dele.
— Ok, — disse ela deliberadamente. — Então, vamos seguir o
plano original. Faremos um reconhecimento do lugar de Poncio. Se
parecer bom, vamos levá-lo para fora e você pode fazer a sua magia sobre
Salvio como você fez com Jerry.
— Magia, — Vincent repetiu sombriamente.
— Eu falo como um leigo, é claro, — disse ela sendo
intencionalmente obtusa. — Eu tenho certeza que não é realmente
mágica, mas é o que parece para mim.
— Magia, — ele disse de novo, mais suave desta vez, um sorriso
brincando em torno de sua boca sensual enquanto a tensão no veículo
regredia algumas centenas de níveis para baixo. — Tudo bem. Jerry?
— Senhor?
— Você pode me guiar até propriedade de Poncio?
Jerry analisou o deserto fora da janela, vendo, Lana estava certa,
nada além da negra noite, apesar de sua visão de vampiro, porque
simplesmente não havia mais nada lá fora. — Quando chegarmos mais
perto, eu posso, — disse ele. — Há um desvio a partir desta estrada. Eu

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vou reconhecê-la quando a ver.
— Ótimo. Lana, quando chegarmos lá
— Não desperdice o seu fôlego, — disse ela, interrompendo-o. —
Não vou ficar na SUV.
— É um reconhecimento. Jerry e eu nesse estilo de discrição
— Eu sou perfeitamente capaz de examinar um alvo sem mexer
em um ninho de vespas, — informou ela. — Esse é o meu tipo de trabalho,
você sabe.
— Você mexe em muitos ninhos de vespas?
— Ha, ha. Muito engraçado, — ela respondeu, embora em
privado, estivesse emocionada e aliviada por Vincent ser capaz de ter
senso de humor novamente.
— Eu vou decidir quando chegarmos lá, — disse Vincent, como
se isso fosse a palavra final.
— Já está decidido.
— Eu estou esperando por derramamento de sangue, — ele
rosnou. — Estou me sentindo um pouco aborrecido.
A boca de Lana apertou irritada. Ela não poderia concordar com
isso, e seu sorriso lhe disse que ele sabia disso.
Idiota.

VINCENT OLHOU Lana especulativamente enquanto ela estava


na traseira aberta do Suburban e se preparavam para o reconhecimento
da casa de Poncio. Ela atualmente estava escondendo uma variedade de
facas sobre si mesma que um homem menor, ou vampiro, poderia ter
considerado alarmante. Vincent achava que era sexy como inferno.
Apenas olhando para ela estava lhe deixando duro. Isso não quer dizer
que gostou da ideia de ela ir com ele, no entanto. Ele pensou e rejeitou a
noção de a — persuadir — para ficar aqui e esperar por ele. Primeiro,
porque ainda não descobrira uma forma de romper essa resistência
estranha dela para o poder vampírico, mas ainda mais do que isso, ele

- 195 -
não iria fazê-lo, porque respeitava muito para marginalizar sua mente
contra a sua vontade. Além disso, se tentasse, ela provavelmente ficaria
chateada como o inferno, o que tornaria muito mais difícil alcançar seu
plano de estendê-la em uma cama grande e fodê-la até que ela gritasse.
Ele sorriu, pensando sobre essa eventualidade. Lana olhou de
para cima naquele momento e estreitou seu olhar para ele, obviamente,
achando sua expressão suspeita. Ele piscou para ela, apenas para sua
própria diversão, e porque sabia que a faria ter ainda mais suspeitas.
Resmungando para si mesma, ela se voltou para suas armas,
enfiando uma faca em sua bota com suficiente força para que ele fizesse
uma careta.
— É melhor se você não estiver sangrando antes de começar, —
ele lembrou.
Ela soprou um suspiro de desdém. — Não preocupe sua linda
cabecinha, vampiro. Eu fiz isso uma centena de vezes. E para sua
informação tem uma bainha costurada sob encomenda para o encaixe.
— Existe? — Disse ele, intrigado. — Cem vezes, você diz?
— Pelo menos.
— Mas quantas vezes você tirou isso?
Ela deu-lhe um olhar impaciente quando puxou para baixo e
fechou a escotilha de carga. — O suficiente, — disse, mas em seguida,
acrescentou: — Mas, principalmente, em treinamento.
Uma sensação incomum, desconfortável, inchou em torno do
coração de Vincent em sua admissão. Ele revelou uma vulnerabilidade
em Lana que sempre suspeitou que estivesse lá. Ele olhou ao redor, mas
Jerry estava na frente do SUV, agachado e examinando a hacienda no
pequeno vale abaixo. Vincent veio por trás de Lana e a prendeu entre seu
corpo e a escotilha de carga fechada. Ele deslizou um braço em volta de
sua cintura, sua mão descansando plana contra sua barriga quando ele
se inclinou e descansou sua bochecha contra a lateral de sua cabeça. Ela
endureceu um pouco, mas não o empurrou, o corpo tenso, à espera para
ver o que ele faria.
— Eu não vou dizer-lhe para não fazer isso, querida, — ele disse

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calmamente. — Mas tome cuidado. Lembre-se, você está lidando com
vampiros. Jerry e eu somos mais fortes, mais rápidos e mais resistentes
do que você. Poncio pode ser humano, mas ele ainda pode disparar uma
arma, e Salvio é um completo desconhecido. Você é — Ele procurou uma
maneira de dizer o que precisava ser dito sem que pudesse ofendê-la, sem
fazer com que ela parasse de ouvir. — Mais fácil de danificar do que nós.
— Ela tentou se afastar, mas ele só apertou ainda mais. — Prometa-me,
Lana. Não se arrisque por mim ou Jerry. Eu preciso de você viva.
Ela suavizou o suficiente para perguntar: — Por quê?
Vincent sorriu ligeiramente e apertou o braço ao seu redor,
fechando o pequeno espaço entre eles até que suas costas estivessem
pressionadas a sua frente, deixando-a sentir a reação do seu corpo a ela.
Ela chupou em uma respiração consciente e seu batimento cardíaco
acelerou um nível.
— Porque eu quero você na minha cama, querida, não apenas
para dormir, mas para terminar o que começou mais cedo esta noite.
Sua cabeça caiu para trás contra seu ombro por um momento,
então ela se virou em seus braços e ele deixou ela empurrá-lo. — Não se
preocupe comigo, — ela disse rapidamente. — Eu tenho toda a intenção
de ficar viva, e não apenas para você conseguir o que quer também.
Vincent agarrou seu braço, dobrando-o atrás das costas quando
ele a puxou para perto e baixou a cabeça até que eles estavam respirando
o ar do outro. — Você trata de permanecer viva. Eu farei o resto. — Ele
beijou-a em seguida duro e exigente. Mas se pensava que ela lutaria com
ele, se enganou. A outra mão veio para a parte de trás do seu pescoço, os
dedos torcendo em seu cabelo enquanto ela o puxava com força e o
beijava de volta rudemente. Quando ela o soltou, ambos estavam
respirando rapidamente e seus olhos castanho-claros brilhavam com um
desejo que combinava com o seu próprio.
— Nós dois vamos sobreviver, — ela murmurou. — E então nós
vamos conversar.
Vincent acariciou a mão pelo comprimento da sua trança e deu-
lhe um puxão. — Combinado. Vamos ver o que Jerry descobriu.

- 197 -
Eles haviam estacionado o SUV acima da fazenda, ocultando-o
atrás de uma colina para evitar a detecção de baixo. Vincent liderou o
caminho para a propriedade de Poncio, rastejando nos últimos metros
para não aparecer à luz da lua brilhante. Ele não sabia se a lua era
tecnicamente cheia, mas estava muito perto disso. Lana deslizou ao seu
lado e então os três estavam olhando para os edifícios abaixo.
— É muito quieta para uma residência vamp, — Lana observou,
puxando um pequeno par de binóculos de seu bolso. Ela mudou dos Levis
apertados que estava vestindo, e agora usava um par de calças de
combate pretas. Vincent gostava dos jeans, mas ela encheu os combates
muito bem, também.
— Alguém viu alguma coisa? — Perguntou Vincent.
— Eu estou em visão noturna aqui, mas não estou vendo muito.
Que tal vocês? — Lana perguntou, não tirando os binóculos de seus
olhos.
— Estamos várias horas do pôr do sol, — Jerry comentou. —
Talvez eles tenham ido embora.
— Ou talvez eles nunca foram para casa para começar. Se esse
cara é um executor, ele deve viajar.
Um súbito clarão de luz fez Lana amaldiçoar enquanto deixava
cair as lentes de visão noturna de seus olhos. — Droga. O que é que foi
isso?
— A dependência do lado esquerdo, — Jerry disse calmamente.
Vincent assentiu. Ele viu a mesma coisa. Alguém abriu e fechou
a porta, e agora duas figuras, dois humanos, estavam atravessando o
pátio longe da dependência. Eles estavam caminhando diretamente, mas
sem pressa. Um seguia ligeiramente a frente do outro e havia um ar de
confiança sobre ele. Movia-se como se estivesse certo de seu lugar e sem
medo, mesmo que ele fosse inútil em uma luta. O cara estava acima do
peso e fora de forma, com uma barriga que pairava sobre seu cinto. Sua
confiança foi, sem dúvida, devida, em grande parte, à presença do homem
fortemente armado que o acompanhava. Aquele se movia como um
guarda-costas, mão sobre a MP5 pendurada no pescoço, a cabeça

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constantemente virava à esquerda e à direita enquanto examinava o
quintal, em seguida, moveu-se rapidamente para abrir e conferir uma
porta entre os edifícios antes que sua carga pudesse passar.
— Ambos humanos, — disse Vincent para o benefício de Lana.
Ela fez um som hmm, reconhecendo a informação enquanto colocava os
binóculos em seus olhos mais uma vez.
— Deve haver um porão no prédio à esquerda, senhor, — disse
Jerry, confirmando o que Vincent estava pensando.
— Eu concordo. Você disse que Poncio é um executor. Ele
precisaria algum lugar para questionar suas vítimas, em algum lugar
onde seus gritos não seriam ouvidos.
— Sim. — Poncio é o cara gordo? — Lana perguntou de seu outro
lado.
— Sim, — Jerry confirmou.
Vincent assentiu. Ele adivinhou. — Isso torna o nosso trabalho
mais fácil, — disse ele.
— Como você sabe disso? — Lana questionou.
— Os alvos estão divididos, — Jerry respondeu por ele. Vincent
foi lembrado que este jovem fizera duas turnês em uma zona de guerra
muito quente, para não mencionar quaisquer atividades nefastas que
havia se envolvido ao longo dos últimos dois anos para Camarillo.
— Mas nós não sabemos quantos ainda estão no porão, — Lana
protestou. — Ou até mesmo se há realmente um porão em tudo.
— Há um porão, — Vincent disse, confiante. — Tudo o que a
sujeira abafa os sinais de vida, faz com que seja difícil dizer com certeza
quantas pessoas estão lá embaixo. Mas o próprio fato de que é abafado
me diz que há um porão. Ou isso, ou o edifício está blindado como um
louco. Embora, se for, isso é ainda melhor. Eu prefiro invadir um edifício
que um porão.
— Nós estamos invadindo um edifício? — Perguntou Lana.
— Invasão pode ser uma palavra muito forte. Vamos abordar
tranquilamente, tirar Poncio da casa, em seguida, fazer uma entrada
secreta na dependência. Se há um porão, o que eu acho provável, não

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teremos escolha a não ser verificá-lo.
— Não podemos apenas jogar uma granada descer as escadas ou
algo assim?
Jerry girou a cabeça a encarando em silêncio, enquanto o olhar
de Vincent era um pouco mais divertido. — Você tem uma granada de
mão, querida?
Lana deu de ombros, desconfortável. — Eu tenho um par de
granadas de luz na minha mochila.
O sorriso de Vincent se ampliou. — Elas são legais?
— Mais ou menos. Temos nossa fonte militar do Reino Unido.
Eles vêm a calhar às vezes.
— Estou intrigado com a parte do mais ou menos da sua
resposta, mas podemos discutir isso mais tarde. Para agora, no entanto,
estou relutante em usar suas granadas de luz. Se esse porão é o que eu
acho que é, então Salvio provavelmente estará lá embaixo, talvez com os
prisioneiros. Estou preocupado com os danos que sua granada pode fazer
para os sentidos mais afinados de um vampiro. E já que estamos
tentando libertar Salvio, prefiro não começar estourando seus tímpanos
ou pior.
— Ele pode se curar, — ela murmurou. — Mas e se ele tem um
monte de guardas humanos lá com ele? Você poderia estar entrando em
um tiroteio.
— Eu não vou entrar em nada. Confie em mim, posso me mover
rápido quando preciso. Mas vamos organizar as coisas primeiro. Jerry,
quando chegarmos lá, quero que você encontre uma posição perto da
saída desse edifício. Se alguém que não seja Salvio tentar sair, você pega.
— Sim senhor.
— Lana, você vem comigo. Faremos uma visitinha ao nosso gordo
amigo Poncio.

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CAPÍTULO CATORZE

LANA SEGUIU na traseira de Vincent, tentando não fazer tanto


barulho como um rebanho de vacas correndo descendo a encosta.
Vincent e Jerry se moviam como fantasmas. Ela não seria capaz de saber
que eles estavam lá se não estivesse com eles. Mesmo assim, sabia que
eles estavam se contendo, indo devagar para não deixá-la comendo
poeira. Não que levantassem qualquer uma. Bastardos.
Ela estremeceu quando um outro pedaço de mato estalou sob
seus pés, dando um suspiro de alívio quando eles finalmente atingiram
uma base principalmente de pedra e sujeira da colina. Essa parte não foi
tão diferente da sua saída do complexo de Camarillo, exceto que, neste
caso, ela não se atreveu a arriscar até mesmo a mais menor luz. Tudo
estava escuro na propriedade de Poncio. Não havia luzes ao longo do
caminho ou no portão que Poncio usava, e nenhum sistema de segurança
fora disparado em resposta à sua caminhada pelo pátio, ou sua
movimentação ao longo da borda. Uma luz muito fraca apareceu de cima
de um dos dois andares da residência de adobe que era a residência
principal, mas foi um pouco mais do que um vislumbre na janela.
Se não fosse a luz brilhante da Lua, Lana quase estaria cega. Mas
mesmo com ela, mal conseguiu evitar tropeçar em Vincent. Ele estava
agachado, esperando por ela enquanto Jerry correu ao longo do canto da
propriedade, usando a encosta desigual como cobertura enquanto se
aproximava do celeiro onde pensavam que Salvio seria encontrado, e
talvez um prisioneiro ou dois.
Lana descansou levemente uma mão no ombro de Vincent para
que ele soubesse que estava lá, embora, em retrospecto, ele
provavelmente não precisava da advertência, então se agachou ao seu
lado. Ela rapidamente perdeu Jerry nas sombras, mas Vincent parecia
seguir o seu progresso com bastante facilidade. Lana manteve os olhos

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no resto da propriedade, a digitalizando da esquerda para a direita.
— Está muito quieto, — ela sussurrou. — Onde estão os animais?
Os coiotes?
— Eles são inteligentes o suficiente para saber que há um
predador aos arredores esta noite, que é muito mais feroz do que eles são,
— ele murmurou.
Lana franziu a testa, em seguida, pegou o lampejo branco que era
o sorriso de Vincent. — Você quer dizer ... você? Ah. — Ela nunca pensou
em vampiros como predadores, mas, é claro, eles eram. — Estou feliz que
você esteja do meu lado, então.
— Por que, Lana. Eu estou tocado.
Ela fez uma careta. — Você está tocado, sei. Então, o que vem
depois?
— Em seguida, você e eu vamos encontrar Señor Poncio e lembrá-
lo de que existem criaturas andando esta noite que são muito mais
perigosas do que ele.
— É uma casa grande. Como você vai saber onde ele está?
— Se o seu coração está batendo, eu vou encontrá-lo. Mas vamos
ter de passar pela porta em primeiro lugar. Eu sou um vampiro. Eu não
posso entrar sem um convite.
— Essa história é verdadeira?
— Essa é. E esse pode ser o motivo da guarda de Poncio ser
humana. Ele se protege do seu próprio vampiro executor ao não convidá-
lo para dentro de casa.
— Eu não sou um vampiro, — disse ela, pensativa.
— Não, você não é, mas não estou te mandando para aquela casa
sozinha.
— Se eu entrar, eu poderia convidá-lo uma vez que eu esteja lá?
— Você não pode se esgueirar e depois me convidar. Você teria
que ser convidada primeiro, e mesmo assim teria que trazer Poncio ou o
guarda para convidar seus amigos, pelo menos indiretamente.
— Se eu bater, o guarda provavelmente será aquele que
responderá.

- 202 -
— Provavelmente.
— Então, tudo que eu preciso fazer é ser convidada para dentro,
e depois arrumar um convite para o meu amigo. Não tem problema.

VINCENT OBSERVOU quando Lana se levantou e começou a tirar


seu equipamento, sua jaqueta primeiro, e depois com um suspiro
profundo, sua Sig, juntamente com o coldre de ombro. A jaqueta ela
dobrou e deixou no chão, com a arma em cima dela. Ela tocou a arma
levemente e disse: — Cuide bem isso, ok? Esta é a minha favorita.
— A arma? — Ele perguntou, se divertindo com o fato dela ter
uma arma favorita.
— Sim, — ela disse como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Ela então começou a puxar a camiseta de mangas compridas para fora
da calça e puxou-a sobre a cabeça, deixando-a em nada, apenas um sutiã
esportivo e camisa regata branca que ela usou para dormir.
Vincent fez uma careta. Ele não estava gostando de onde isso
daria. — Lana, o que... — Sua infelicidade cresceu quando ela virou de
costas para ele, levantou a camiseta e começou a abrir o sutiã de abertura
frontal.
— Que porra é essa? — Perguntou ele. Não estava realmente certo
se deveria deixá-la ir lá sozinha em primeiro lugar, e este pequeno
striptease dela não estava fazendo ele se sentir melhor sobre isso. Ela
tirou o sutiã, puxou a blusa de volta, em seguida, virou-se para ele
enquanto começava a trabalhar em sua trança.
— Quando se trata de mulheres, os homens são facilmente
distraídos, — ela disse distraidamente, enquanto passava os dedos pelo
cabelo agora sem a trança e sacudiu a cabeça para soltá-lo sobre os
ombros.
Vincent se endireitou ao lado dela, pelo menos em parte, para
aliviar a tensão repentina de sua virilha com a visão de seus seios
pressionando contra a camisa fina. Eles não eram grandes, mas eram

- 203 -
redondos e firmes, com mamilos escuros que estavam em plena vista sob
o tecido quase transparente. Ele percebeu com um sobressalto que ele
acabava de provar seu ponto sobre os homens facilmente distraídos.
— Lana, — disse ele, sua exibição também provando seu ponto.
— Eu não vou deixar você
— Você não é meu mestre, Vincent. Nós somos parceiros. Eu não
preciso de sua permissão. Além disso, esta é a única coisa que vai
funcionar. Você precisa entrar naquela casa e eu posso chegar lá.
Vincent olhou com raiva para ela. Era muito mais fácil trabalhar
com seus vampiros. Eles faziam o que lhes era mandado.
— Você precisa ficar perto, — disse ela, agachando-se para
verificar a posição da faca oculta em sua bota. Seu cabelo caiu para frente
em uma onda de seda preta, deslizando ao longo de seus braços nus e
enrolando sobre os seios sem restrições, que não fizeram nada para a
crescente pressão na virilha. — Eu vou ser a fêmea impotente afinal, —
explicou, acrescentando seu sutiã e laço de cabelo para a pilha de
equipamentos em cima de sua jaqueta.
— O meu amigo e eu estamos andando por horas. Nosso carro
quebrou, estamos perdidos em o deserto, e blá blá blá.
Ela amarrou tudo em um pacote amarrado com as mangas de sua
jaqueta.
— E se não funcionar?
Ela fez uma pausa em suas preparações para dar-lhe um olhar
impaciente. — Bem, eu não sei, Vincent. Por que você não pensa em
alguma coisa? Ou melhor ainda, me deseje boa sorte e leve minhas coisas
para que eu possa me vestir uma vez que estivermos dentro.
Ela empurrou o pacote coberto de jaqueta para ele.
— Você deveria ser impotente, querida, não mal-intencionada.
Seus olhos se arregalaram em afronta, então se estreitaram. —
Você está tentando me irritar, então eu ficarei com medo. Mas não estou
com medo. Já fiz isso antes. Não exatamente assim, porque eu não estava
lidando com vampiros, mas perto o suficiente, quando eu queria entrar
dentro de uma casa onde eu pensei que o meu alvo poderia estar se

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escondendo.
— As muitas faces de Lana Arnold, — Vincent disse, pensativo,
aceitando o casaco dela. — Tudo certo. Não podemos ver a entrada que
Poncio usou, mas há provavelmente um pátio por aquele portão, com a
porta para a casa do outro lado.
Vincent começou a atravessar o quintal, sem se preocupar com
ocultação. Ele saberia se alguém estivesse olhando, e ninguém estava.
Eles se aproximaram do grande portão de ferro forjado que Poncio e o
guarda usaram antes. Abriram lentamente, com medo de fazer o tipo de
ruído que alertaria o guarda. Mas as dobradiças se moveram
silenciosamente, admitindo-os a uma passagem estreita cercada por
várias plantas. Haviam grandes samambaias verdes, baixas vinhas
cheias de pequenas flores em forma de estrela, e talos de treliça com
grandes flores de trompete que subiam em ambas as paredes.
Provavelmente foi uma pausa bem-vinda do sol do deserto quente
durante o dia, mas à noite, ele criou uma riqueza de possíveis
esconderijos.
Ele e Lana pararam na extremidade da passagem, usando a
folhagem espessa para como cobertura quando finalmente avistaram a
entrada da casa, juntamente com mais evidências de que alguém estava
lá dentro. Agora que estavam mais perto, o esboço da persiana era o
suficiente para lançar um brilho amarelo escuro no estreito pátio, e havia
uma lâmpada adicional queimando atrás da sombra desenhada em uma
janela ao lado da porta. Enquanto observavam, as barras estreitas de luz
no andar de cima piscaram e desligaram como se alguém passasse pela
janela e se movia para a sala.
— Você acha que Poncio está lá em cima? — Lana sussurrou.
Vincent assentiu. — Provavelmente. O guarda provavelmente fica
lá embaixo. — Ele parou por um momento, concentrando-se. — Não
existem vampiros dentro, e apenas dois humanos. Mas não sabemos
quantos estão no porão com Salvio. Eles poderiam aparecer a qualquer
minuto.
— Então é melhor eu começar.

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Vincent a deteve com uma mão em seu braço. — Lana, lembre-se,
você não pode mentir. Se você levá-lo a convidar sua amiga para dentro,
não vai funcionar.
Ela assentiu com a cabeça. — Mas eu posso chamá-lo de amigos,
certo? Embora eu não goste de você?
Vincent sorriu e segurou a mão sobre a parte de trás do seu
pescoço, enredando os dedos em seu cabelo. — Você gosta de mim,
querida. — Ele beijou sua boca, segurando-a mais do que deveria, dado
as limitações de tempo, mas não tanto quanto ele teria gostado. — Seja
cuidadosa.
Ela lambeu os lábios lentamente, os olhos brilhantes à luz do luar.
— Eu vou, — ela sussurrou. — Fique perto, OK?
— Conte com isso, — ele disse e depois recuou, cerrando os
punhos, enquanto a observava andar pelo pátio.

LANA RESPIROU fundo pelo nariz, em seguida, puxou para baixo


a parte superior da blusa em seus seios e atravessou o pátio aberto,
tropeçando um pouco para o efeito, botas arrastando nas pedras de
pavimentação, como se ela estivesse exausta demais para levantar seus
pés corretamente. Ela procurou em suas memórias e lembrou-se da
morte da mãe de sua amiga Gretchen no ano passado. Ela encheu sua
mente com a imagem de Gretchen soluçando nos braços do marido, da
filha de três anos de Gretchen chorando, com lágrimas escorrendo pelo
seu rosto suave, porque sua mãe estava triste e não sabia por quê. Lana
chorou também, pela tristeza da amiga e pela sua própria. A mãe de
Gretchen foi um ser humano caloroso e amoroso, que sempre tratou Lana
como um dos seus próprios filhos. O funeral foi o dia mais triste da vida
de Lana, mesmo incluindo o dia em que sua mãe voou para a Califórnia
e a deixou para trás. E agora ela usou essa memória para trazer lágrimas
aos seus olhos por um desempenho que talvez salvaria a vida de um
vampiro que ela nem sequer conhecia.

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Lágrimas transbordaram de seus olhos quando se forçou a
hiperventilar, tendo respirações rápidas e superficiais até que ela teve de
se inclinar contra a parede ao lado da porta para ter apoio. Estendendo
a mão e bateu na porta, usando a pressão regular, em primeiro lugar, em
seguida, mais difícil e mais frenético até que ela estava batendo com o
punho fechado.
A porta abriu-se sem aviso e ela quase caiu no homem que estava
lá. Assim que o viu, ela sabia que ele não era Poncio, o que significava
que tinha razão sobre ele ser o cara na sala fechada no andar de cima. O
guarda de frente para ela estava uma 9mm no coldre na cintura e uma
espingarda em sua mão. Ele foi iluminado pela luz interior que era muito
mais brilhante com a porta aberta, mas ela podia ver que seus cabelos e
olhos eram escuros, e ele parecia ter algo em torno de quarenta. Vincent
havia dito o homem era humano, e Lana não tinha nenhuma razão para
duvidar dele.
— Graças a Deus você está em casa, — ela suspirou, utilizando
seu pior espanhol, quebrado. Ela se inclinou para frente para descansar
as mãos sobre as coxas, olhando para ele com olhos cheios de lágrimas
e deixando o generoso decote aparecer um pouco para dar-lhe uma
melhor visão de seus seios sem sutiã. — Por favor, senhor, precisamos
da sua ajuda. Meu amigo e eu estávamos quase sem gasolina, e saímos
da estrada principal pensando que poderíamos encontrar algum posto,
mas nós devemos ter lido o mapa errado ou alguma coisa, porque não
havia nada lá e, depois, tentamos virar de volta, mas... — Seu discurso
ofegante foi interrompido quando ela engasgou com soluços, inclinando-
se levemente contra o batente enquanto lutava para recuperar o fôlego.
— Por favor nos ajude. Se pudéssemos usar o telefone, podemos
chamar... Oh meu Deus, será que existe mesmo um posto por aqui? —
ela gemeu e começou a chorar com mais força, ousando estender uma
mão para segurar seu braço. — Por favor... — Ela conseguiu espremer a
palavra para fora entre soluços, ao mesmo tempo observando o guarda,
que estava tão concentrado em seus seios que ela duvidou que ele estava
ouvindo uma palavra do que dizia. Seu olhar caiu brevemente para os

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quadris e a barriga, foi ainda mais rapidamente para seu rosto, em
seguida, de volta para ela e seios, que foram claramente delineadas
abaixo da parte superior da blusa branca.
— Relaxe, chica, — o guarda disse num inglês com sotaque, seu
olhar crescendo calculado quando estendeu a mão e levantou uma mecha
de cabelo de seu peito e envolveu-o em torno de seu dedo. — Eu cuidarei
de você.
— Você fala Inglês, — disse Lana, sua voz rompendo com emoção
aliviada. — Oh, graças a Deus.
— Venha para dentro, — o guarda disse suavemente, tomando
seu braço nu e recuando. — Sua pele está tão fria, você deve estar com
muito frio e com sede também, sim? — Ela começou a segui-lo.
— Água? Oh Deus, sim, eu adoraria — Ela parou abruptamente
e fez como se fosse recuar, libertando seu braço. — Mas eu não posso, —
disse ela, fingindo estar dividida entre ir para dentro e vai voltar para seu
”amigo”. — Eu não posso deixar o meu amigo...
— Seu amigo pode entrar também. Você pode descansar um
pouco, e então vamos encontrar o seu carro e
— Obrigado, — ela interrompeu, ofegante. — Deixe-me apenas...
— Ela começou a se afastar, depois voltou. — Já voltamos. Por favor, não
vá embora.
— É claro que não, — disse ele. — Vou começar o fogo. Você vai
pegar o seu amigo e vamos aquecer a ambos. — Ele se virou, saindo
supostamente para acender o fogo, embora não soubesse exatamente o
que ele estava fazendo, preparando uma bebida batizada para ela muito
provavelmente, e talvez uma para seu — amigo — também. Inferno, talvez
ele convidasse Poncio para o térreo e os dois teriam uma festa privada
com os americanos estúpidos.
Lana se afastou antes que cedesse à tentação e acertasse o
bastardo no rosto. Sua intenção era tão óbvia que estava espantada que
ele pensou que estava enganando alguém. Ela queria esfregar o braço
onde ele a tocou. Se ele tivesse sido mais descaradamente predatório, ele
teria esfregando as mãos juntas como um vilão de um filme antigo. Mas

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então, ela já jogou de idiota sem cérebro antes e sempre funcionou. Talvez
por isso, deslumbrado, ele não se perguntou como ela era tão estúpida a
ponto de ter se perdido e acabou na hacienda no meio da porra de lugar
nenhum.
Vincent a agarrou antes que ela tivesse dado três passos da porta
aberta, envolvendo os braços ao seu redor e puxando-a para o calor de
seu corpo grande.
— Você está bem? — Ele murmurou.
Lana estremeceu, grata por ele estar ali, deixando-se desfrutar de
um momento de conforto antes de se empurrar longe do seu abraço. —
Estou bem. Era apenas uma encenação.
Vincent estudou brevemente, em seguida, balançou a cabeça e
tirou a jaqueta. — Coloque isso, — ordenou, deslizando-a sobre os
ombros.
Ela queria discutir. Ela tinha sua própria jaqueta, não precisa da
dele. Mas realmente estava com frio e podia sentir o calor do seu corpo
ainda aquecendo o material.
— Obrigada. — Ela puxou-o e teve que forçar-se a não mexer feliz.
Era apenas tão quente como ela pensou que seria, e cheirava como ele,
também. Isso não deveria tê-la afetado tanto quanto fez. Inferno, ele não
deveria afetar ela. Mas ela não podia negar o efeito tranquilizador do seu
cheiro, e ela sabia que ele estava certo. Ela fez como ele, mais do que um
pouco
— Suas coisas, — disse Vincent, trazendo-a de volta para a
realidade da sua situação. Este não era o momento de agir como uma
colegial.
— Obrigada, — ela disse novamente. Não querendo desistir do
calor de sua jaqueta, ela colocou a pilha de suas coisas no chão, depois
se inclinou para recuperar sua Sig. Deslizando-a para fora do coldre, ela
trabalhou o canhão para confirmar sua carga, em seguida, manteve-o em
sua mão, segurando-a contra a coxa. — É melhor irmos antes que o lover
boy venha me procurar.
— Certo. Vamos pegá-lo. Podemos deixar o guarda vivo se você

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tiver escrúpulos, mas Poncio tem que morrer. Assim como Camarillo e
pelas mesmas razões.
— Nenhum argumento da minha parte, — disse ela. — Como
faremos isso?
Vincent sorriu. — Essa parte você pode deixar para mim.

LANA ENTROU na casa primeiro, olhando por cima do ombro


nervosamente, ainda preocupada com Vincent.
Mas ele cruzou o limiar sem nenhum problema, dando-lhe uma
piscadela brincalhona, enquanto fazia isso.
— É bom ter amigos, — ele sussurrou, mas um instante depois,
ele estava examinando a casa, sua expressão muito séria.
Lana ouviu um baque na direção do que parecia ser a cozinha.
Arma na mão, ela deslizou em torno de uma parede divisória e o lover boy
se encontrava caído no chão, um copo de água derramada ao lado dele.
Ela chegou mais perto, viu a garrafa de plástico de comprimidos
no balcão, e sabia que ela tinha razão. O rótulo estava em espanhol, o
nome do medicamento, no entanto era o mesmo. Flunitrazepam, o
genérico para Rophynol, conhecido na rua como uma droga de estupro.
Cara legal. Talvez ela deixasse Vincent matá-lo. Por outro lado, a melhor
morte para ele pode ser quando seus mestres do cartel descobrissem que
ele falhou em proteger Poncio e perdeu o vampiro, para começar.
— Lana. — A voz de Vincent era suave, mas urgente, e ela correu
de volta para o pé das escadas, onde ele a estava esperando.
— Você fez isso? — Perguntou ela, sacudindo a cabeça na direção
do guarda inconsciente.
— Brincadeira de criança, — Vincent disse distraidamente e
colocou um pé na escada antes de parar. — Poncio está lá em cima, —
ele disse a ela. — Ninguém mais. Você vem?
Ela sabia por que ele estava perguntando, sabia o que ele estava
realmente perguntando. A morte de Camarillo foi horrível, grotesca em

- 210 -
sua violência e filme de horror classe B. Poncio seria o mesmo. Vincent
estava dando a ela uma chance de cair fora.
— Vou, — disse ela. — Estamos nisso juntos.
Vincent tomou sua mão, apertando-a com força antes de trazê-la
aos lábios. — Obrigado, querida.
Lana corou em uma combinação de prazer e constrangimento,
não sabia o que fizera para merecer o seu agradecimento. Só sabia que
não havia nenhuma maneira deixá-lo sozinho nessa. Eles estavam na
casa por causa de uma missão que ela trouxe para ele. Ela não se
esconderia lá embaixo, enquanto ele fazia o trabalho sujo para que ela
pudesse fingir que nunca aconteceu.
Além disso, havia toda aquela coisa. Ela não o mandaria para o
perigo com um beijo e deixar por isso mesmo. Não enquanto ela pudesse
lutar ao seu lado.
— Você vai fazer com ele o que fez com Camarillo? — Ela
sussurrou enquanto subiam a escadas.
— Isso seria um pouco chato, não é? Você me considera algum
tipo de homem sem imaginação? — Ele perguntou, balançando as
sobrancelhas sugestivamente.
Lana revirou os olhos, mas só pela metade. Ele era fofo.
Concedido, ele era devastadoramente bonito, mas também fofo de uma
maneira inteligente. Mas então ocorreu-lhe que ele estava prestes a usar
essa astúcia para improvisar uma forma particularmente sangrenta de
matar alguém, e ele não parecia tão charmoso mais.
Vincent virou à esquerda no topo da escada, parecendo saber
exatamente onde encontrar Poncio. Uma semana atrás, ela teria se
surpreendido, mas aprendeu muito sobre vampiros em pouco tempo. Ele
era provavelmente seguiu o som dos batimentos cardíacos, ou algo
igualmente impossível.
Eles seguiram pelo corredor até um quarto na outra extremidade,
longe da cozinha e na parte de trás a casa onde ficaria de frente para o
deserto. Vincent deu-lhe um olhar interrogativo, e ela balançou a cabeça
para dizer estava pronta. Ele abriu a porta sem avisar e entrou, ficando

- 211 -
na porta aberta um segundo a mais do que necessário. Lana sabia que
ele fez isso de propósito, certificando-se de que era seguro antes de a
expor a tudo o que esperava dentro.
Quando Vincent se moveu para fora do caminho, no entanto, ela
descobriu que o que os esperava dentro era apenas um homem acima do
peso, de meia-idade em sua cueca, que atualmente estava cheirando
cocaína. Ele endireitou, olhando em estado de choque quando eles
entraram no quarto, um canudo de porcelana em uma mão, suas narinas
ainda com o traço revelador de pó branco.
O primeiro pensamento de Lana era que Vincent estava indo para
ficar desapontado, porque se Poncio estava voando cheio de coca, ele
talvez não seria suscetível a dor. Mas então ocorreu-lhe que poderia
realmente ser pior para ele. Não para dor, mas os jogos mentais que
Vincent poderia usar contra ele em seu lugar. E em seguida, ela se
perguntava o que diabos acontecia com ela, que poderia até mesmo
abordar o assunto se não passasse de um problema para resolver.
— ¿Y tú, chingados quién eres? — Poncio exigiu, seus olhos
vidrados e piscando estupidamente. Quem diabos é você? Tardiamente,
ele pareceu reconhecer o perigo e tentou agarrar a Glock 9mm no
gabinete ao lado do espelho que ainda tinha três linhas puras de coca.
Mas Vincent estava lá antes que Poncio chegasse em qualquer lugar perto
da arma, colocando a mão no cabelo grosso do homem e puxando para
trás até que ele gritou de dor.
— Meu nome é Vincent, e você tem algo que me pertence.

— SOY VINCENT, y tu tienes algo que me pertence — , Vincent


rosnou, extraindo o cheiro do medo do humano, mais intoxicante do que
qualquer droga que os seres humanos poderiam evocar.
— ¿Qué? — Perguntou Poncio. Sua voz era um lamentável
choramingo, e Vincent se sentiu maravilhou que tal fraco poderia ganhar
tanto poder no mundo humano.

- 212 -
— Sálvio, — Vincent respondeu à pergunta do homem, e então
sorriu, deixando emergir as presas de suas gengivas com um
deslizamento lento, assistindo o terror se construir no olhar de Poncio.
Ele apertou mais o cabelo do homem e arrastou-o para a enorme cama.
Poncio estava choramingando por todo o caminho, pedindo, explicando,
insistindo que Salvio era um presente de el gran jefe, el gran vampiro.
Que, se Vincent apenas ligasse para Enrique, ele veria...
Sua mendicância foi cortada abruptamente quando Vincent
levantou-o pelos cabelos e jogou-o sobre a cama. Poncio gritou como uma
mulher, e imediatamente tentou rastejar para longe. Vincent jogou as
cobertas longe, agarrando o lençol de cetim preto e rasgando-o em quatro
tiras.
Poncio empurrou-se contra a cabeceira da cama, tentando colocar
distância entre ele e Vincent, e agora estava lutando para o outro lado,
tentando escapar. Ele estava balbuciando de medo e fazia muito pouco
sentido. Se ele tivesse alguma célula funcionando em seu cérebro, teria
pulado para longe da cabeceira e simplesmente rolado de lado em
primeiro lugar e corrido para a porta. Ele tinha uma melhor chance
contra Lana do que Vincent, o que queria dizer, nenhuma chance.
Vincent estava certo de que Lana também poderia ter impedido a fuga do
homem aterrorizado. Ela era uma caçadora de recompensas; ela sabia
como derrubar um homem. Se nada mais, ela provavelmente teria atirado
nele. Ela não disse uma palavra sobre a morte de Camarillo, não piscou
um olho quando Vincent deixou claro que ele tinha o mesmo destino
previsto para Poncio. Não, Lana não o teria deixado sair pela porta.
Mas Poncio não sabia disso, o que o fez um tolo por não aproveitar
a chance.
Não que isso importasse. Vincent estava sobre ele antes dele
conseguir colocar os dois pés no chão, agarrando seu tornozelo e
arrastando-o para o outro lado da cama, chutando e gritando. Ele
conseguiu marcar um pontapé decente com o pé livre enquanto Vincent
prendia o outro tornozelo ao pé da cama, e Vincent amaldiçoou
silenciosamente, mais irritado do que ferido. Ele estava irritado o

- 213 -
suficiente sobre isso, porém, que olhou para cima e puxou seu poder para
desferir um golpe dirigido que estalou tíbia do homem como um galho. O
filho da puta não estaria dando mais chutes. Poncio gritou, e Vincent
sorriu.
Ele agarrou a perna quebrada sem piedade e amarrou-a na outra
cabeceira da cama, mal registrando os gritos de agonia do homem. Seu
único pensamento foi ter sido uma boa ideia usar o lençol como amarras,
porque era uma maldita grande cama e Poncio não era tão grande para
um cara. Havia uma boa distância entre os pés da cama e os vários
membros do homem. Não que isso importaria por muito tempo.
— Você quer que eu o amordace com alguma coisa? — Lana
perguntou, e Vincent se virou para ela com um sorriso satisfeito. Como
um vampiro, estava em sua natureza ser o que os humanos consideram
impiedoso, mesmo cruel. Ele não via dessa forma. Ele simplesmente fazia
o que precisava ser feito sem deixar nenhuma emoção inútil estragar a
situação. Mas poucos humanos iriam vê-lo da mesma maneira que ele.
Ele encantou-se por Lana ter compreendido. Ele estava com uma ereção
apenas por ficar perto dela, acordar ao seu lado. Adicionando isso a
mistura, e não havia mais desculpas. Eles estavam indo foder... em breve.
Mas primeiro...
— Nah, deixe ele gritar, — disse Vincent, voltando-se para sua
tarefa. — Não há ninguém para ouvi-lo, e ele não ficará gritando muito
mais tempo. Eu não quero manter Jerry esperando.
— Eu tenho dinheiro, — Poncio implorou, usando inglês agora,
mal inteligível através de seus soluços.
— Que coincidência, — Vincent disse secamente. — Eu também.
— Por favor, o que você quer de mim?
— A sua dor, na verdade, mas você pode responder a uma
pergunta para mim em primeiro lugar.
— Si, si, qualquer coisa, — ele engasgou.
— Eu sei que você está usando Salvio como um executor,
portanto, não negue. Eu quero saber quem o deu para você.
— Señor Enrique. Pergunte a ele. Ele vai dizer-lhe que está tudo

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bem o que eu faço.
— Oh, eu vou perguntar a ele. Mas não está bem. Nunca esteve
bem. — E com isso, Vincent cravou ambos os punhos no peito do homem,
um de cada lado, quebrando várias costelas e os conduziu em seus
pulmões, retalhamento ambos os órgãos, antes de pisar para trás e
observando como Poncio lutar para respirar, para gritar. Os olhos do
homem cresceram comicamente arregalados, sua boca escancarada
como a de um peixe, horror enchendo seu olhar quando percebeu que
não havia ar.
Lana surgiu ao lado de Vincent, sua mão se movendo para a parte
inferior de suas costas, avisando-o que ela estava lá. Como se ele não
estivesse perfeitamente consciente de sua presença, como se não
soubesse o momento em que ela começou a atravessar o quarto em sua
direção.
Seus dedos cerrados na camisa de Vincent enquanto Poncio
lutava por oxigênio, os lábios se transformando em azuis que
eventualmente se espalhou para todo o seu rosto, um azul tingido de
vermelho que beirava a roxo enquanto se esforçava contra o inevitável.
— Quanto tempo vai demorar? — Ela perguntou suavemente, e
Vincent sabia que ela não era tão blasé como gostava de fingir.
— Eu posso acabar com isso agora, — ele disse a ela. — Devemos
nos juntar a Jerry, de qualquer maneira.
Lana não disse nada no início, e ele percebeu que ela estava
dividida entre querer acabar com isso e não querendo parecer fraca. Mas
então ela disse: — Não podemos perder muito tempo aqui. Ainda
precisamos encontrar com Michael e chegar a Carolyn.
Carolyn. Vincent amaldiçoou. Lana estava certa. Não havia tempo
a perder. Ele esfaqueou uma lança de seu poder no peito de Poncio e
incinerou seu coração, terminando a vida inútil do homem de uma vez
por todas.
Vincent pegou o braço de Lana quando se virou,
momentaneamente assustado com a visão fresca de seu peito sem sutiã
embaixo da blusa branca e coberto por sua jaqueta. Merda.

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— Você deve se vestir antes de ir para o celeiro.
— Eu estou bem, se você não quer que-
— Você vai se vestir, Lana. Só vai demorar um momento, e está
frio, — acrescentou, embora soasse fraco até mesmo para seus próprios
ouvidos. A verdade era que ele não queria que Jerry ou Salvio ou qualquer
outra pessoa pudesse vê-la como aquilo.
— Sim, senhor, mestre, senhor, — ela disse, mas parecia mais
divertida do que qualquer outra coisa. Vincent suspeitava que ela sabia
a verdadeira razão dele querer ela coberta.
Eles não se demoraram na casa. Poncio deu o que eles queriam.
Vincent passou à frente dela descendo as escadas, principalmente para
que pudesse pegar a trouxa de roupa e trazê-la de volta para dentro.
O guarda na cozinha estava apagado e ficaria assim por várias
horas ainda. Então, não havia nenhuma razão para que ela fosse para
fora... onde qualquer pessoa poderia vê-la.
Lana tirou a jaqueta, e depois desapareceu na sala de estar em
frente à cozinha para pegar suas roupas. Levou apenas alguns minutos,
mas quando voltou, ele viu que o sutiã estava de volta no lugar, bem
como sua camiseta de mangas compridas, e que seu arnês fora mais uma
vez colocado no lugar quando ela puxou seu próprio casaco sobre ele.
— Então, qual é o plano? — Perguntou ela, entregando-lhe de
volta sua jaqueta, e depois trabalhando para voltar a trançar seu cabelo.
— Eu não tenho certeza, mas é muito provável que Salvio sentiu
a morte de Poncio. Se Poncio fosse um mestre vampiro, Salvio com certeza
saberia. Mas se — Vincent congelou quando um súbito e forte fio de
alarme sacudiu seus sentidos. Não era sua própria percepção, o que
significava... Jerry. Não havia outro vampiro em torno que pertencesse a
ele.
— Vamos, — disse ele com urgência. — Algo aconteceu.
Ele teria esperado por Lana, mas ela deu um tapa no ombro e
disse: — Vá. Vou em seguida.
Vincent fez uma pesquisa rápida para ter certeza de que não havia
perigo à espreita nas sombras, em seguida, decolou com uma explosão

- 216 -
de velocidade vampírica que teve ele fora do pátio e à vista do celeiro em
um momento.
Jerry não estava mais escondido nas sombras, mas mudou-se
para o centro do quintal. Ele estava olhando para o celeiro onde Vincent
podia ver o contorno de uma luz brilhante ao redor da porta fechada.
— Jerry? — Perguntou.
— Senhor, — disse Jerry, reconhecendo-o.
— Lana? — Perguntou. — Bem aqui, — Lana disse antes que
Vincent pudesse responder. Ela veio atrás deles, nem mesmo com ligeira
falta de ar em seu prazo.
— Eu ouvi tiros, senhor, armas automáticas, e gritos. Muitos
gritos, — disse Jerry. — Não uma pessoa, mas muitas.
Vincent franziu a testa, contemplando as possibilidades. Mas, em
seguida, a porta do celeiro se abriu e ele não o teve que fazer mais. Uma
única pessoa foi mostrada em silhueta no vão da porta, um vampiro, não
um humano. Salvio?
Jerry começou a avançar e o vampiro desconhecido fez o mesmo,
tropeçando de joelhos quando o dois estavam menos de dez pés
afastados. Ele havia sido baleado. Seu peito era uma confusão sangrenta,
e seu braço esquerdo parecia quebrado na melhor das hipóteses,
devastado por tiros na pior das hipóteses.
— Jerry? — Disse o novo vampiro, sua voz fraca com a perda de
sangue.
— Está tudo bem, Sálvio, — Jerry garantiu-lhe, correndo para
ajoelhar-se ao seu lado. Ele falou inglês, o que disse a Vincent que Salvio,
pelo menos, entendia a linguagem.
— Meu mestre humano está morto, — Jerry continuou, — Assim
como o seu.
Salvio assentiu fracamente. — Eu senti sua morte. Era a minha
chance. — Ele tentou apoiar-se usando o seu braço ferido e engasgou.
Sua voz, quando ele continuou, estava apertada com a dor. — Eu matei
meus guardas para fugir. O outro prisioneiro, o que eu estava
questionando, morreu no fogo cruzado.

- 217 -
Jerry colocou a mão no ombro de Salvio, num gesto de apoio, em
seguida, deu um aceno de cabeça para indicar Vincent, que ainda estava
logo atrás dele. — Este é — ele começou a dizer.
Mas Vincent falou, sem esperar por uma introdução. Havia um
protocolo entre os vampiros, e não inclui a espera de vampiros menores
para fazer apresentações.
— Sálvio, — disse ele. — Eu sou Vincent. — Ele mostrou seu
poder por um instante, tempo suficiente para que Salvio saber quem e o
que agora enfrentava.
— Meu senhor, — Salvio sussurrou, a cabeça baixa, ombros
caídos em resignação. Vincent sentiu um momento de pena do vampiro.
Salvio assumiu que passou de uma frigideira proverbial para o fogo. De
um mestre cruel para outro ainda pior, com apenas um tempo para
respirar o ar fresco da liberdade no meio.
— Está tudo bem, Salvio, — Jerry estava dizendo. Ele descansou
a mão suavemente no ombro do amigo em reafirmação. — Senhor Vincent
não é como nossos mestres humanos. Você vai ver por si mesmo. Há um
mundo novo para nós, meu amigo.
— Salvio, — repetiu Vincent, exigindo atenção quando ele parou
diante do vampiro ajoelhado. — Seu mestre humano está morto. Eu o
matei. Se ele fosse vampiro, isso o faria meu. Mas sua situação, como a
de Jerry, não é tão simples. Enrique escravizou você a um humano, o que
vai contra todos os princípios da sociedade vampírica. Mas ele ainda é o
seu Sire, e por agora, você pertence a ele. Então, eu estou oferecendo-lhe
uma escolha. Você pode voltar para Enrique, que pode muito bem
entregar-te a outro ser humano, se não o executar no local por saber
demais. Ou... você pode jurar sua lealdade para mim. Mas saiba disso,
Salvio, eu não tolero deslealdade no meu povo. A traição é punida de
forma rápida e permanentemente.
— Senhor, posso? — Perguntou Jerry, olhando para Vincent.
Vincent fez uma careta. Ele não queria Salvio persuadido contra
a sua vontade. Por outro lado, dada a sua experiência com Enrique, o
vampiro não tinha motivos para confiar em nada que Vincent dissesse.

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Ele acenou para Jerry ir em frente.
— Salvio, você me conhece. Nossas situações eram as mesmas, e
eu estou lhe dizendo, você pode confiar no Senhor Vincent.
Salvio olhou para o último. Ele era menor que Jerry, com cabelos
e olhos escuros, e os traços característicos de ascendência indígena
mexicana.
— Como posso fazer isso? — Ele perguntou, e Vincent percebeu
que, apesar de sua aparência mexicana, ele passara tempo suficiente
perto dos EUA o que o permitiu compreender e falar o inglês Americano.
— Seu sobrenome é Olivarez, certo, Salvio? — Vincent perguntou
quando tirou a jaqueta mais uma vez e entregou a Lana. Ela tomou-a, e,
em seguida, sem dizer uma palavra, entregou a mesma pequena faca que
ele usou antes. Ele sorriu enquanto ela se movia ligeiramente para longe
dele. Longe o suficiente para estar fora do seu caminho se Salvio fizesse
um movimento hostil, mas perto o suficiente para que pudesse ver o que
estava acontecendo. Poderia ter sido curiosidade de sua parte, ou um
desejo de estar dentro do alcance se ele precisasse dela. Mas, fosse o que
fosse, deu-lhe uma sensação estranha e calorosa de que ela não se
esquivava do que ele era. Assim como ela não ficou horrorizada com o
que fizera para Poncio, ela não foi tocada pelo sangrento aspecto do ritual
que ele estava prestes a se envolver com Salvio.
— Sim, mestre, — Salvio respondeu. — Meu último nome é
Olivarez. Minha família é de Los Cabos.
Vincent deu-lhe um olhar de pena. — Não mais, Salvio. Sua
família sou eu agora.
Lágrimas encheram os olhos de Salvio, mas ele balançou a
cabeça. — Eu sei.
Vincent tocou a cabeça inclinada do jovem vampiro brevemente.
— Eles vão ficar melhor, mijo. — Lembrou-se o que era deixar sua família
para trás sem ao menos uma carta a dizer adeus. Era como deveria ser,
mas isso não torna mais fácil.
Com estes pensamentos correndo em sua cabeça, cortou o braço
aberto com a faca de Lana. Doeu como um filho da puta, mas manteve

- 219 -
sua expressão cuidadosamente em branco. Não seria bom para deixar os
novatos saberem que até mesmo um poderoso vampiro podia sentir dor.
Ele baixou o braço e o sangue subiu da ferida, que correu para
sua mão em concha. Ele estendeu a mão sangrenta para o vampiro
ajoelhado e falou as palavras formais.
— Você vem a mim por sua própria vontade e desejo, Salvio?
Os olhos escuros de Salvio estavam ligeiramente confusos quando
olhou para Vincent, mas, em seguida, suas narinas captaram o rico
cheiro do sangue de Vincent, e a perplexidade transformou-se em fome
crua.
— Eu faço, mestre, — ele rosnou.
— E é isso o que você realmente deseja? — Vincent exigiu.
— Sim mestre. Por favor. — Elas não foram as palavras formais,
mas elas serviam.
Vincent ofereceu sua mão em concha e disse: — Então beba,
Salvio Olivarez, e seja meu.
Lana assistiu o ritual que, aparentemente, ligaria Salvio a
Vincent, de alguma forma vampírica. Ela não fingiu entender os laços,
mas não podia negar que eles estavam lá. Ela viu a transição em Jerry.
Não só em sua devoção recém-descoberta para Vincent, mas a iluminação
de toda a sua persona, como se ele tivesse carregado algum peso enorme
nos dois anos que ele foi escravizado por Camarillo e agora estava livre
disso. Embora ele não estivesse realmente livre. Ou ele estava? Era tudo
muito confuso e ela fez uma observação a si mesma para pedir que
Vincent falasse sobre isso na próxima vez que eles estivessem sozinhos.
E esse pensamento a fez tremer em antecipação. Se fosse
inteligente, ela faria questão de nunca mais estar sozinha com Vincent
novamente. Mas (a) ela não era tão inteligente, e (b) ela não queria ser tão
inteligente. O que ela queria era apenas uma noite com o corpo nu de
Vincent só para ela. Ela mal provou o que ele poderia fazer quando
acordaram juntos anteriormente, ou melhor, quando despertou em seus
braços. Tudo que fizeram foi beijar, mas ela ainda podia sentir o calor de
seu desejo por ele como um incêndio depositado em sua barriga que foi

- 220 -
aguardando o seu tempo. E quando chegasse a hora, ela sabia que iria
queimar incandescente. Viu isso toda vez que Vincent olhava para ela,
viu a fome em seu olhar, a promessa do que estava por vir.
Uma pequena brisa atravessou o quintal, trazendo consigo o
cheiro de cobre de sangue. Lana piscou visões de distância de um Vincent
nu e centrou-se na cena sangrenta a sua frente. Este novo vampiro,
Salvio, passou claramente pelo inferno e sobreviveu. Seu braço parecia
que estava prestes a cair, e sua camisa estava agarrada ao peito e dura
com o sangue. Ele provavelmente era sortudo por estar vivo desde que
Jerry disse ter ouvido armas automáticas. Leighton havia dito a Lana que
qualquer coisa que destruísse o coração de um vampiro o mataria, ela
achava que sendo rasgado ao meio por balas faria o truque.
Salvio estremeceu quando ele bebeu o sangue de Vincent, e Lana
teve um flashback momentâneo de quão bem que sentiu quando Vincent
bebeu de seu sangue. Perguntou-se se provando o seu sangue era a
mesma emoção, ou se isso era apenas para os vampiros.
Depois de alguns minutos, Vincent descansou a mão livre sobre a
cabeça de Salvio e afastou-se da boca questionadora do jovem vampiro.
Salvio deu um suspiro de satisfação — era saciedade, bem-aventurança.
Por outro lado, quando olhou para o rosto de Vincent, ela pegou um flash
de exaustão enquanto olhava para seu braço devastado.
— Deixe-me, — disse ela instantaneamente, puxando-o para
longe dos outros dois vampiros. Jerry era um bom cara, e não tinha
nenhuma razão para pensar que Salvio não era o mesmo, mas eles
olhavam para Vincent por tudo, e agora, ele precisava de alguém para
cuidar dele, em vez do contrário.
— Vamos lá, — disse ela, puxando-o pelo quintal para um banco
de madeira rústica que se sentava ao lado de um poste de amarração
antiquado que provavelmente nunca vi um cavalo. — Sente-se, — disse
ela.
Vincent sorriu quando ela mandou nele, mas fez o que ela pediu,
sem comentários, o que disse a ela o quanto ele estava cansado. Quando
foi a última vez que ele teve sangue? Ele alimentou Jerry e agora Salvio,

- 221 -
mas ele foi drenado por essa cadela Fidelia Reyes apenas dois dias atrás
e ele só tinha alimentou-se de Lana uma única vez.
— Você está bem? — Ela perguntou em um murmúrio que foi
feito para os seus ouvidos. Tomando a faca dele, ela a limpou na perna
da calça e colocou-a de volta no bolso. Ela limparia corretamente mais
tarde.
— Eu ficarei, — Vincent assegurou.
— Deixe-me limpar isso. Eu tenho meu kit maior no SUV, mas...
— Ela puxou o pequeno kit de primeiros socorros que carregava com ela
não importava onde fosse. Felizmente, ela pensou em reabastecê-lo
depois de usá-lo em Vincent na outra noite.
Ela virou o braço de Vincent para a luz da lua quase cheia para
que pudesse ver o estrago melhor. Sua boca se apertou com o que
encontrou. Foi o mesmo braço que ele alimentou Jerry, o braço que curou
extremamente rápido, mas ainda apresentava as cicatrizes
esbranquiçadas da alimentação de Jerry. Ou melhor, que tinha antes de
Vincent ter cortado novamente para alimentar Salvio.
— Isso tem que parar, — ela murmurou, e Vincent riu.
— Isso nunca para, querida. É o que nós somos.
— Não existe alguma outra maneira?
— Infelizmente não. Nós somos criaturas de sangue.
Lana suspirou. — Eu não suponho que você me deixará levá-lo de
volta para a cozinha para limpar isso.
— Não temos tempo.
— Isso foi o que eu pensei. — Lana começou a abrir os pacotes
de gaze. Ela não tinha muitos. Era um kit de viagem, depois de tudo.
Mas, em seguida, seu trabalho principal aqui era para limpar o sangue
desde que o super sistema de Vincent iria curar-se sem qualquer ajuda
dela. Ela usou a gaze regular primeiro, terminando com os toalhas anti-
sépticas. Quando terminou, a ferida parou de sangrar. Ela ainda parecia
irritada e crua, mas o sangue estava coagulando em alguns pontos mais
próximos de seu pulso onde a faca abrira caminho até seu cotovelo.
Lana empurrou a imagem horrível para longe, então olhou para a

- 222 -
pequena pilha de ligaduras ensanguentadas a seus pés.
— Não precisamos queimar estes ou algo assim?
— Quer dizer, porque o meu sangue está sobre eles?
— Bem, sim.
Vincent deu-lhe um sorriso torto. — Não somos bruxas, Lana.
Ninguém vai lançar um feitiço em mim. — Sem aviso, ele se inclinou tão
perto que sua barba fazia cócegas na pele abaixo de sua orelha, sua
respiração um sopro de calor quando ele sussurrou: — Exceto você.
O desejo surgiu, e de repente, suas roupas eram muito quentes,
muito apertadas. Ela pegou a pilha de ataduras, esmagando-as em seus
punhos junto com os invólucros de papel enquanto ela parava. — Eu não
posso simplesmente deixar isso aqui. Não é ... higiênico.
Ouviu-se falar e sabia que ela soou como um idiota certinha, mas
Vincent... enervava.
Ele a fez sentir coisas que ela nunca sentira por outro homem,
coisas que ameaçavam fazê-la esquecer tudo de sua formação, sua
experiência, e seu senso comum.
— Eu só vou... — Ela fez um gesto com as mãos unidas. — Eu
tenho um isqueiro.
— Como quiser, — disse Vincent com um sorriso. — Vou
descansar aqui, tudo bem?
Lana tinha certeza que ele estava tirando sarro dela, que ele não
precisava descansar. Mas isso estava tudo bem. Enquanto ele ficasse
onde estava e ela fosse longe o suficiente dele, ela poderia pensar.
Ela encontrou um local afastado. Não havia necessidade de iniciar
um incêndio apenas para acalmar seus hormônios galopantes. Ela fez
um belo monte com as bandagens, em seguida, acendeu o isqueiro sob
um único ramo de mato que colocou na parte inferior da pilha. Ele
brilhou rapidamente, os invólucros de papel alimentando o fogo até as
ataduras começaram a queimar.
No momento em que sua mini fogueira foi reduzida a cinzas,
Vincent atravessou o pátio e foi se aproximando dela, impaciente.
— Vamos. — Ele começou a acrescentar algo, mas, em seguida,

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pegou o telefone celular. — Michael, — disse ele e Lana percebeu que o
telefone deve ter estado no modo de vibração para o ataque furtivo sobre
Poncio. Ela teve um momento de constrangimento porque não fez o
mesmo. Então, novamente, ela não fez muito isso de esgueirar-se em seu
negócio como uma caçadora de recompensas. Claro, ela frequentemente
fingia ser alguém que não era e com a mesma frequência mentia para
burro, e havia horas sentada em seu SUV na vigilância, mas ela não
rastejava muito no escuro.
— Estaremos lá dentro de uma hora, — disse Vincent depois de
ouvir por um momento. — Eu vou atualizá-lo então.
Ele desligou, depois virou campainha de seu telefone de volta e
colocou-o no bolso.
— Michael está no aeroporto. Vamos deixar Salvio no avião
quando chegarmos lá. Ele não poderá lutar mais essa noite.
— Você deveria deixá-lo sozinho desse jeito?
— Ele não estará sozinho. Michael trouxe um par de soldados
vamp, mais guardas de luz do dia. Um dos vampiros e todos os guardas
de luz do dia vão ficar para trás. — Ele hesitou, depois acrescentou: —
Você também deveria. Este próximo cara não vai ser tão fácil quanto o
gordo do Poncio. Teremos luta a frente.
Lana não dignaria sua sugestão com uma resposta. Ela
simplesmente deu-lhe um olhar de foda-se e caminhou até onde Jerry e
Salvio estavam à espera. Ela não se incomodou em atualizá-los, porque
suas orelhas de morcego teriam pego toda a conversa. Ela estava
começando a apreciar o quanto era difícil manter qualquer coisa privada
com vampiros ao redor. Ela teria que lembrar disso no futuro.
— Como está se sentindo, Salvio? — Perguntou ela. Foi uma
resposta humana a seus ferimentos; ela sabia disso. Mas ela era humana,
não era? Como mais ela poderia se comportar?
— Melhor, — disse ele, parecendo quase incapaz de olhar para
ela. — Muito melhor. Obrigado senhorita.
Lana suspirou. Esta já havia sido uma longa noite e não foi sequer
metade. — Me chame de Lana, — ela lhe disse, e em seguida, virou-se e

- 224 -
se dirigiu para a colina que teria que subir a fim de obter de volta o SUV.
Ocorreu-lhe que ela estava fazendo uma enorme quantidade de
caminhadas e escaladas neste trabalho. Além do mais, ela provavelmente
estava perdendo peso, o que nem sempre era o caso. Tudo isso de estar
sentada e à espera de um fugitivo, muitas vezes significava lanches e
cafeína.
Vincent a alcançou antes que estivesse no meio da encosta. —
Você está bem? — Ele perguntou.
— Excelente.
— Todo homem vivo sabe que quando uma mulher diz excelente,
isso normalmente significa o oposto. Diga-me o que está errado.
— Eu estou indo atrás de Carolyn com você.
— Eu sei.
— Você poderá ficar feliz de eu estar lá enfim.
— Estou feliz agora.
— Não, você não está. Você gostaria de enfiar-me em um canto
em algum lugar até que esteja pronto para ir para cama todas as manhãs,
em seguida, puxar-me para fora, me deixar um pouco louca com sua
paquera inútil, em seguida, colocar-me de volta no canto.
Eles chegaram ao topo da colina e Lana bateu seus pés, tentando
tirar um pouco da sujeira que se agarrava em suas botas. Ela começou a
descer a curta distância em direção ao SUV, mas Vincent a agarrou pelo
braço, puxando-a para a parar.
— Eu a deixo louca? — Ele perguntou, sua voz profunda, lenta e
sexy. Lana olhou para ele, sem surpresa pelo seu comentário sobre o —
louca — foi o que ele se agarrou. Ela olhou para baixo do morro, onde
Jerry e Salvio estavam apenas começando a subir, e disse baixinho:
— Você sabe você que sim, Vincent. É por isso que você faz. Você
gosta de brincar.
— Eu gosto de fazer outras coisas, também, querida.
— Grande discurso, — disse ela. Então, se perguntando que jogo
ela estava jogando e se ela de repente perdeu a sua mente, ela puxou o
braço para fora do aperto de Vincent e continuou até onde o SUV

- 225 -
esperava.
Ela ouviu as fechaduras abrindo quando se inclinou sobre as
escotilhas de carga e olhou de volta para acenar seu agradecimento a
Vincent, que ainda estava em pé no topo do morro, observando-a.
Deixe-o assistir. Ela tinha coisas para fazer. Abrindo as escotilhas
de carga, ela puxou sua mochila e esvaziou seus bolsos, mantendo a Sig
e suas facas. Ela fez uma nota mental para reabastecer seu primeiro kit
de emergência, mais uma vez, em seguida, fechou a escotilha e abriu a
porta do passageiro de trás.
— Sente-se na frente, — Vincent ordenou. — Estou dirigindo.
Jerry e Salvio vão na parte de trás.
Lana abriu a boca para protestar, mas, no final, ela simplesmente
deu de ombros e deslizou para o banco da frente ao invés disso.

VINCENT OLHOU para Lana enquanto seguiam de volta para a


estrada principal. Foi um trecho irregular, mas ela agarrou-se a barra
acima da porta e saltou junto com o resto deles. Ela não disse uma
palavra desde que retornaram para o Suburban, e ele não conseguia
descobrir se ela estava chateada ou desapontada. Isso não era típico para
ele. Ele era muito bom com as mulheres, bom em agradá-las, e em
descobrir o que queriam dele. Ele era experiente com as mulheres a sua
volta. Mas, em seguida, a maioria de seus relacionamentos com as
mulheres foram de curta duração e envolvia muito sexo e sangue. Mesmo
sua relação com Marisol, a quem ele conhecia há mais de uma década,
foi baseada no sexo. Foram amantes que descobriram um amor
compartilhado pelo violão clássico. Mas sexo e sangue ainda estavam no
cerne. Normalmente, quando a visitava, ele lhe dava um pouco de seu
sangue. Apenas o suficiente para prolongar a sua juventude e, mais
importante para Marisol, sua aparência. Não a manteria jovem para
sempre, não a faria imortal ou amarrar sua vida a Vincent, mas ela
sempre parecia mais jovem do que realmente era. Ele não duvidava de

- 226 -
que houve verdadeira afeição lá, mas não era exatamente uma amizade.
Talvez não fosse possível para um homem ser apenas amigo de
uma mulher. Claro, ele não queria ser amigo de Lana. Ela pensou que ele
estava brincando com ela. E talvez estivesse, um pouco. Ele gostava de
provocar, gostava de flertar. Mas se ela achava que era tudo o que era,
ela teria uma dura surpresa. Ele sorriu para si mesmo com o pensamento
de exatamente quão difícil essa lição seria.
— Mestre? — Jerry chamou do banco traseiro.
— Sim, Jerry.
— Você ainda pretende lidar com Carolyn esta noite?
— Absolutamente. É por isso que encontraremos meu tenente,
Michael, no aeroporto. Ele trouxe alguns lutadores, bem como guardas
de luz do dia apenas no caso de precisarmos deles. Algum de vocês sabe
o nome de chefe de Carolyn? — Ele não conseguia se referir ao humano
que havia escravizado ela — coma ajuda de Enrique — como seu mestre.
— Ele não é seu chefe, — Salvio murmurou. — Ele é seu mestre.
— Não, ele não é, — Vincent disse bruscamente. — Sua primeira
lição, Salvio. Nenhum humano pode dominar um vampiro. Vocês três
foram traídos por Enrique quando ele escravizou vocês para os humanos,
mas assim como seu Sire, ele também era o seu mestre.
— Não importa do que você o chama, — Salvio respondeu, com a
voz mais forte e mais irritado. — Eu era um cão e Poncio tinha a coleira.
— E agora ele está morto, — Vincent disse suavemente. A
dinâmica da sociedade vampírica exigia que Salvio soubesse o seu lugar
na estrutura de poder logo no início. Qualquer outra coisa o traria a morte
muito rapidamente, quer por alguém — como Michael — que se ofenderia
em nome de Vincent, ou por Vincent se ficasse bravo o suficiente. Então,
se assegurou de que suas próximas palavras tivessem o açoite do seu
poder — não o suficiente para prejudicar, mas o suficiente para ter
certeza de Salvio compreendia. — Mas entenda que eu não sou aquele
verme do Poncio, nem mesmo perto. Eu não escravizo aqueles que estão
juramentados para mim. Eles, e você, têm uma escolha de como você vive
sua vida. Se você quiser vender livros, ir à escola, ser um fazendeiro —

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embora essa última possa ser difícil à noite, você é livre para fazê-lo. Se
você quer ser um lutador, você vai se juntar às fileiras das minha guarda
e lutar apenas para mim. Mas você vai me respeitar e vai honrar o vínculo
entre nós. Se você falhar, ou se você me trair, a punição será muito pior
do que qualquer coisa Poncio poderia vir a fazer.
Salvio ficou em silêncio por um longo tempo, então ele disse: —
Perdoe-me, mestre.
Vincent revirou os olhos. O destino que o salve do bebê vampiro.
Já era ruim o suficiente para ele porque Lana dava sinais controversos,
agora ele precisava lidar com Salvio que não sabia a diferença entre um
humano que o tratava como um escravo e um verdadeiro mestre vampiro.
E por falar em Lana, ele a pegou olhando para ele e deu-lhe um olhar que
dizia que inferno que você quer de mim?
E ela deu-lhe um olhar silencioso de volta, que respondeu Olha
quem está falando.
Vincent queria grunhir, mas em vez disso, ele afrouxou sua
mandíbula o suficiente para lembrar os dois novatos em banco de trás de
sua pergunta anterior. — O nome do chefe de Carolyn?
— Albert Serrana, — Salvio disse, soando um pouco mal-
humorado. — Ele tem uma propriedade a noroeste de Pénjamo, talvez 80
km — cinquenta milhas — e, sim, muitos mais guardas do que o meu...
do que Poncio possuía.
— Por que isso? — Perguntou Lana, provavelmente porque
mesmo seus sentidos humanos estavam captando a tensão no veículo.
Talvez esperasse que o toque de uma mulher tornaria mais fácil extrair a
informação. Talvez ela tivesse um ponto.
— Meu ... Quer dizer, Poncio
Vincent voltou a cerrar os dentes, perguntando o que ele estava
pensando. Teria sido tão muito mais fácil deixar outras pessoas educar
os novos vampiros nas realidades e protocolos da vida como um vampiro.
— Era um especialista, alguém que os outros chamavam para
extrair informações através da tortura, que é algo que ele gostava. A
tortura, muitas vezes durava muito tempo depois da informação ter sido

- 228 -
entregue, — ele adicionou com nenhuma emoção. — Mas ele precisava
de pouco em termos de segurança. Serrana, por outro lado, é como Señor
Camarillo de Jerry, diretamente envolvido na colheita e transporte de
produtos, o que exige muitos guardas armados.
— Quantos? — Lana perguntou antes que Vincent pudesse
chegar a isso.
— Depende de onde eles estão no ciclo de distribuição, mas eu o
vi com até trinta homens. Claro, que poderia ter sido uma exibição para
o meu... para o benefício de Poncio.
— Será que Michael tem o suficiente — Lana começou a
perguntar.
— Eu disse a você, apenas eu e Michael seríamos suficientes, —
Vincent interrompeu, sabendo que estava sendo rude, mas estava
cansado de ter que adivinhar o que estava acontecendo em seu veículo.
Ele era muito mais acostumado que sua palavra fosse tomada por lei sem
alguém questionando suas decisões.
Lana ergueu as sobrancelhas e voltou a olhar pela janela.
Ótimo. Quão longe era essa porra de aeroporto de qualquer
maneira?

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CAPÍTULO QUINZE

VINCENT não achava que ele já tivera uma visão mais doce do que
o aeroporto internacional em Silao. Isso ainda ficava a uma certa
distância de Pénjamo, mas tudo bem, porque estava ao norte da cidade,
o que significava que esta noite ele chegaria lá mais cedo. E isso era tudo
para o bem. Além disso, o único outro aeroporto na área não poderia lidar
com o Gulfstream 450 que era o jato particular de Vincent. Ele possuía
um par de pequenos prop-jatos, mas raramente voava naqueles. Ele
raramente viajava sozinho e era realmente necessária uma grande
aeronave para ele e seus funcionários.
Ele ligou para Michael assim que o aeroporto entrou em exibição.
— Sire.
— Yo, Mikey. Eu estou aqui. — Ele conseguiu se impedir de
adicionar um — Graças a Deus — para a declaração, imaginando que
seus passageiros poderiam se ofender. Não que se preocupasse com Jerry
ou Salvio, mas ele possuía planos para Lana que não incluíam ela
chateada com ele.
— Devo transmitir alguma ordem para pegá-lo, meu senhor? —
Perguntou Michael.
— Eu não quero ser detido, imbecil. Apenas me diga para onde
ir.
Michael riu, e Vincent levou um momento para se alegrar de estar
de volta com vampiros que compreendiam o que significava ser um
vampiro. Ele sabia que não era culpa dos vampiros bebês que não tinham
nenhuma pista, mas isso não os tornava mais fáceis de lidar.
— Passe o terminal principal. Você vai ver algumas construções,
em seguida, a aviação geral. Não é um enorme aeroporto, mas temos um
hangar privado para nós. Estarei esperando lá fora.
Vincent fez a curva indicada, mas não precisou das instruções a

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partir daí. Ele podia sentir o traçado do sangue de seu filho. Sua ligação
com Michael era mais forte do que qualquer outra, mais forte do que o
laço para o seu próprio Sire, Enrique, muito mais forte do que o que ele
teve com vampiros como Jerry que foram jurados a ele como mestre, mas
não eram vampiros de sua própria criação.
Ele passou o terminal principal e o local da construção, em fase
precoce do que os sinais diziam que iria eventualmente, ser um terminal
de cargas. E então, finalmente, ele viu o hangar único que foi reservado
para jatos particulares. Era dividido em três compartimentos, o que era
longe do ideal, pelo menos para os propósitos de Vincent. Ele preferia
muito mais um hangar individual, especialmente se qualquer um de seu
pessoal tivesse que passar o dia aqui. Ele esperava que Michael tivesse
trazido pilotos humanos também, apenas no caso de ter que retornar na
parte da manhã.
Michael estava do lado de fora, esperando por eles. Ele acenou,
dirigindo Vincent para a direita no hangar ao lado do jato.
Vincent estacionou onde Michael indicara, desligou o motor e
abriu a porta.
Michael estava esperando lá fora. — Sire! — Disse ele, o tom
formal, contradizendo o grande sorriso em seu rosto.
— Mikey! — Vincent estava igualmente feliz em ver seu tenente.
Vincent era bem quisto em Hermosillo, e sabia que vários vampiros
ficariam ao seu lado em uma luta... Desde que o inimigo não fosse
Enrique. Mas o único vampiro que podia confiar completamente para ter
as suas costas era Michael, e ele sentia falta de ter essa força atrás dele.
Vincent puxou para um abraço que terminou com os dois batendo-se
mutuamente nas costas para afirmar sua masculinidade.
— Estou feliz que você esteja aqui, — ele disse calmamente,
deixando um pouco da seriedade da sua situação infiltrar-se o prazer de
ver um ao outro.
— Estou feliz de estar aqui. Sem desrespeito, Sire, mas eu estou
olhando para esse cara — Ele acenou para Salvio que saiu do banco de
trás e estava apenas chegando agora à vista em torno do SUV. — e penso

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que eu deveria ter estado aqui antes.
— Eu tinha Lana... — Vincent sorriu com o olhar especulativo
que Michael lhe deu, e terminou, dizendo: — mas esse é Salvio, e seus
danos aconteceram antes de eu chegar lá.
— Lana?
— Ela é mais difícil do que parece. Ela também salvou a minha
vida.
Michael fez uma carranca. — Salvou sua vida? — Ele repetiu
cuidadosamente. — Existe algo que você queira compartilhar comigo,
jefe?
— Uma coisa ou duas. Quem você trouxe com você?
— Quatro guardas de luz do dia, incluindo dois pilotos, apenas
no caso.
Vincent assentiu. Ele deveria saber que Mike viria preparado.
Afinal, ele teve o melhor professor — o próprio Vincent.
— Dois lutadores vamps, Ortega e Zárate, — Michael continuou
nomeando dois dos que estavam brigando no clube na noite em que Lana
apareceu no escritório de Vincent. — Eu deixei entendido que eu
precisava de lutadores para alguma ação no sul. Eu não disse para o que,
imaginando que não seria tão incomum que você seja chamado para
entregar um pouco de disciplina. E uma vez que não exatamente
anunciamos exatamente sua ausência, permite que fique desconhecido
onde você esteve. De qualquer forma, Ortega e Zárate estavam se
sentindo culpados por quebrar o bar. Eu acho que eles estavam
procurando um caminho de volta para a sua boa graça.
— Assumindo que eles já estavam lá, — Vincent murmurou.
— Eu não lhes disse essa parte, — Michael disse, sorrindo. —
Mas eles são bons lutadores
— Obviamente. Tudo bem. Aqui está o que temos em curso... —
Ele andou com Michael para fora do hangar, usando o ruído do aeroporto
para a abafar a voz enquanto enchia o tenente sobre os últimos pecados
de Enrique, transformando pessoas contra a sua vontade e, em seguida,
forçando-os como escravos para mestres humanos.

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— Puta que pariu, Vincent! — Michael jurou, tão chocado que
usou o primeiro nome de seu Sire, o que raramente fazia. — Isso é baixo
mesmo para Enrique. Você já ouviu falar disso acontecer antes?
Vincent sacudiu a cabeça. — Nunca. Mas eu sei que o Conselho
o condenaria, razão pela qual Enrique tem sido tão discreto.
— Fodido.
— Fica pior. Você viu Salvio. Ele foi ferido depois que Lana e eu
matamos sua versão humana de mestre
— Ele defendeu o humano? — Michael perguntou, franzindo a
testa.
— Não. Mas quando o ser humano morreu e a ligação que
Enrique colocou sobre ele foi embora, ele ficou por sua própria conta. Ele
matou todos os seus guardas humanos. Eles estavam armados e não foi
fácil, mas aparentemente, valeu a pena a ele para ser livre. Ele era um
capitão da Polícia Federal mexicana. E Enrique fez dele um escravo.
— Porra! Isto é ainda pior
— Nem de perto, Mikey. O humano de Jerry manteve-o em uma
caixa de concreto no meio de um pátio durante o dia. Ele mal se
alimentava, e se Jerry não se comportasse como o esperado, eles
deixavam as persianas abertas. Ele dormia enrolado em um canto como
um cão.
— Ele lhe disse isso?
— Eu vi. Foi quando Lana salvou minha vida. Tenho a sensação
de que Enrique havia alertado o chefe de Jerry sobre mim. Então, quando
Jerry nos viu dirigindo para a cidade, ele foi obrigado a avisar os
humanos. Infelizmente, eles achavam que, se Jerry era um bom escravo,
alguém como eu seria ainda mais útil.
— Foda-me! Eles não o fizeram?
— Eles fizeram. Derrubaram-me em um bar, eu tenho vergonha
de dizer. Usaram uma mulher bonita para chegar até mim. Cortaram meu
pescoço
— Puta que pariu, Sire. Eu deveria ter estado
— Lana estava lá. Ela viu o que estava acontecendo e foi

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inteligente o suficiente para desaparecer na madeira. Jerry não deveria
saber que ela estava comigo, porque não os avisou sobre ela. Ela agarrou
a cadela que me cortou, descobriu onde eu estava, em seguida, aguardou
até a luz do dia.
Ele voltou a entrar no hangar, observando como Lana ficou na
escotilha de carga aberta do SUV, verificando suas armas e
provavelmente repondo seu prático kit de primeiros socorros. Ele sorriu
quando ela puxou a faca do bolso, a que ele usou para cortar o pulso
para Salvio, e começou a limpá-la com um pano de limpeza.
— Ela se esgueirou no composto, Mike. Você sabe o que esses
lugares são e como são — eles são campos armados. Mas ela pulou o
muro e passou o dia em uma caixa quente de concreto comigo, colocando-
se entre eu e a porta, apenas no caso de precisar.
— Se você sangrou, então
— Ela fez isso também. Ela nunca deu sangue antes, mas ela me
ofereceu sua veia.
Lana olhou para cima e viu que ele a observava. Ela inclinou a
cabeça curiosamente, em seguida, sacudiu-a e voltou ao que ela estava
fazendo com um sorriso confuso.
— Bem, foda-se, — disse Michael. — Você não precisava de mim,
depois de tudo. — Vincent virou e bateu no ombro de Michael.
— Se eu não precisasse de você, você não estaria aqui. Até agora,
tem sido mais sobre se esgueirar do que matar pessoas que precisavam
morrer. Mas esta noite, eu vou precisar de poder e força, e isso é você.
— Estamos indo atrás de outro animalzinho humano de Enrique?
— Ah sim. E se você pensou que Enrique merecia morrer para os outros
dois, este vai fechar o acordo.
— Cristo. Eu quero saber?
— Provavelmente não, mas você precisa. Porque esse está nos
levando a Cidade do México, meu amigo. Enrique finalmente cruzou a
linha.

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Lana manteve o olhar baixo e viu através de seus cílios enquanto
Vincent informava seu tenente. Ela quase podia marcar os pontos na
conversa pela raiva crescente de Michael, soube o momento em que
Vincent disse a ele sobre Carolyn e por que eles estavam indo resgatá-la
esta noite. Ela não conseguia ouvir o que Michael disse, mas ele
amaldiçoou alto e longo, e teve que caminhar vários passos para longe e
de volta antes de enfrentar Vincent. Ela podia vê-lo ouvindo atentamente,
cada polegada de seu corpo musculoso apertado com raiva.
Ele era um cara de boa aparência, grande e loiro, e, como Vincent,
todo músculos. Sob outras circunstâncias, ela poderia tê-lo achado
atraente — outras circunstâncias sendo, onde não conhecesse Vincent,
que ela certamente já a havia arruinado todos os outros homens. Pelo
menos para o futuro previsível. Ela superaria assim como fez com todos
os outros, mas ele poderia demorar um pouco mais.
Vincent estava falando com Michael atentamente, com uma mão
em seu ombro, enquanto Michael assentia de vez em quando. Vincent
estava claramente dando suas ordens ao tenente para a missão de desta
noite. Ela imaginou qual os seus planos para ela. Ela deixou claro que
não ficaria para trás, mas isso não significava que ele não tentaria.
Vincent bateu no ombro de Michael com uma palavra final e os
dois se separaram. Michael dirigiu diretamente para o avião, onde todos
os tipos de atividades estavam acontecendo. Salvio desapareceu dentro
do jato assim que chegaram. Jerry entrou com ele, mas ressurgiu logo
depois. Lana assumiu que Salvio estava recebendo todo o tratamento
médico para um vampiro. Mesmo com o sangue de Vincent, ele estava
muito ferido. Ele melhorou um pouco ao longo do último par de horas,
mas ainda não estava se movendo muito bem.
Michael não subiu a bordo do avião, mas se dirigiu a um par de
vampiros que pareciam lutadores. Ambos eram enormes, maior do que
Michael ou Vincent, e pareciam que pertencer a uma luta de gaiola
particularmente cruel na TV a cabo. Quando Michael começou a falar
com eles, eles pareciam inchar ainda mais, as mãos em garra, as presas
emergindo...

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— Você gosta do meu tenente, querida?
Ela virou-se para encontrar Vincent de pé bem atrás dela.
Enquanto a questão foi formulada levemente, não havia nada de leve no
olhar que ele estava dando a ela.
Ela sorriu. Ele estava com ciúmes. Legal. Mas ela não era estúpida
o suficiente para atormentar o monstro. Ela sacudiu cabeça. — Ele não
é meu tipo, — disse ela. — Eu estava lendo sua linguagem corporal no
início, quando você estava informando-o. Eu sei que você disse a ele sobre
Carolyn.
Ele abaixou a cabeça e acariciou sua bochecha, sua barba se
sentindo como veludo contra sua pele. — Não é o seu tipo? — ele repetiu,
quase previsivelmente ignorando tudo o mais que ela disse. — Qual é o
seu tipo?
Ela esfregou sua bochecha contra a dele, em seguida, puxou para
trás e encontrou seu olhar escuro. — Você, — disse ela honestamente.
Seus olhos queimaram com calor cor de cobre, e o seu braço veio
ao redor da sua cintura, puxando-a nivelada contra seu corpo. —
Lembre-se disso mais tarde, — disse ele, em seguida, deslizou sua boca
contra a dela em um beijo suave, antes de soltá-la. — E fique segura esta
noite.
Ela assentiu com a cabeça. — Eu vou. Você também.
Ele sorriu e disse: — Sempre. — Então ele deu um passo para trás
e acrescentou: — Sairemos em cinco minutos.

ELES ESTAVAM todos empilhados em um SUV. Vincent não


queria despertar a atenção pela locação de um segundo veículo, e o
Suburban era grande o suficiente para armazenar todos eles, embora não
com o conforto que estavam acostumados. Cinco vampiros, nenhum
deles pequeno, e Lana feita para um ajuste apertado. Vincent abandonou
a direção com relutância, mas apenas porque não havia nenhuma
maneira dele deixar Lana sentada na parte de trás cercada por machos,

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e não fazia sentido para ela sentar no banco dianteiro, quando era a
menor pessoa entre eles. Portanto, Vincent sentou na parte de trás com
Lana e Zárate, enquanto Michael foi com Ortega no banco do passageiro,
e Jerry espremido no terceiro assento sozinho.
Lana agora estava sentada entre Vicente e Zárate, embora Vincent
tivesse certeza de que havia uma abundância de espaço entre ela e o
lutador vampiro grande. Ela aceitou a nova disposição dos assentos sem
uma palavra, obedientemente apertada contra o lado de Vincent depois
que ele colocou o braço em volta dos seus ombros para dar lugar a Zárate.
Ela não disse uma palavra, mas Vincent podia sentir a tensão em
seu corpo onde estava pressionada contra o seu. Ela não parecia
preocupada, porém, parecia muito... focada, preparando-se mentalmente
para a batalha por vir. Vincent informou a todos sobre o que esperar,
deixando claro que a noite de trabalho provavelmente incluiria um nível
de violência maior do que o que já enfrentaram naquela noite, com
Camarillo ou Poncio.
Vincent queria dizer alguma coisa para ela, oferecer
encorajamento, uma piada, ou até mesmo um comentário lascivo sobre
o que faria depois da batalha, mas com um veículo cheio de vampiros,
não houve tal coisa como uma conversa particular. Assim, ele deixou cair
o braço de onde estava sobre a parte traseira do assento atrás dela e
acariciou seu ombro. Ela desviou o olhar da estrada em frente e olhou
para cima para dar-lhe um pequeno sorriso. Seu calor atingiu os olhos
antes dela se virar novamente, e Vincent contou como uma vitória
suficiente para agora.
A propriedade de Albert Serrana, o traficante a quem Enrique deu
Carolyn, estava nas colinas baixas, abaixo de uma alameda curva e
malconservada. A natureza em torno da estrada serviu bem, já que
ninguém no portão principal poderia ver quando eles quebraram o
primeiro perímetro de segurança e seguiram ao posto de segurança
localizado a umas cem jardas de distância. Havia quatro guardas no total,
sendo que um deles foi ao rádio no momento em seu veículo entrou à
vista. Vincent botou todos para dormir antes que o dedo do guarda

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solitário apertasse o botão — enviar — . Eles agora estavam dormindo
pacificamente dentro de sua guarita, onde permaneceriam dormindo até
de manhã... Ou até Vincent decidir se era mais sensato eliminá-los
permanentemente.
Uma vez passado o posto de verificação, eles prosseguiram a pé,
passando por cima das colinas em vez de tomar a estrada em torno deles.
Em pouco tempo, eles tiveram uma visão panorâmica do composto de
Serrana de uma colina próxima. Em termos de layout, era muito parecido
com o de Poncio, mas as semelhanças terminavam aí. A segurança era
muito maior e mais óbvia, mesmo à noite. Mas ele contou muito com a
única estrada como medida de segurança armada. Os seres humanos
abaixo não tinham nenhuma maneira de saber que havia invasores
olhando para eles, planejando a sua destruição. Porque Vincent não se
contentaria com nada menos. Tal como aconteceu com os outros, Serrana
precisava ser executado, não só por seus crimes contra Carolyn, mas
como um exemplo para qualquer um que pensasse em usar um vampiro
desta maneira.
— Lugar ocupado, — comentou Michael, ao lado de Vincent.
— Formigas em um formigueiro, — Vincent zombou. — Formigas
particularmente cruéis, mas formigas, no entanto.
— Formigas do exército, — Lana disse calmamente. — Elas não
canibalizam os seus?
Eles observaram em silêncio por mais um momento, em seguida,
Michael perguntou: — Será que vamos matar todos eles?
Vincent considerou a questão. — Não, — ele decidiu de repente.
— Criaremos uma nova lenda esta noite, um conto preventivo para
aqueles que pensam em atravessar nosso futuro.
Ele olhou para cima e viu sua própria selvageria refletida no
sorriso de Michael... E na expressão cuidadosamente em branco de Lana.
— Vincent? — Ela disse, e foi a primeira coisa que ela disse a ele.
Melhor do que nada. Mas seus lábios se curvaram em um sorriso
divertido quando perguntou — Você já viu o filme — O Silêncio dos
Inocentes?

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Vincent levou um momento, mas então ele riu, jogando a cabeça
para trás com prazer. Ele sabia exatamente o que ela pensava, e
definitivamente funcionou para ele. Ele olhou por cima e encontrou
Michael rindo em compreensão, enquanto olhava para Lana com uma
expressão que combinava perplexidade com respeito.
— Ok, jefe, — disse ele, voltando a olhar para Vincent. — Como
vamos faremos isso?
— Rápido e tranquilo.
— Os caras ficarão decepcionados. Eu acho que eles estavam
ansiosos para algum caos no velho estilo.
— Haverá caos suficiente para todos nós ao longo dos próximos
dias. Mas não esta noite. Esta noite, eu preciso de um único guarda
acordado e funcionando. Os outros tirarão uma longa soneca.

LANA AFAGOU seus vários bolsos, certificando-se que tinha


tudo, infeliz que tudo não incluía a Sig. Era apenas temporário, uma vez
que ela, mais uma vez tirou a jaqueta, a fim de mostrar um pouco de
pele, mas ainda não a deixou feliz.
— Eu estou ficando um pouco cansada de ser seu fantoche de
carne, — ela murmurou para Vincent, que estava de pé ao seu lado,
esperando.
— Fantoche de carne? — Ele perguntou, claramente divertido.
— O que mais você chamaria isso? — Ela perguntou, indicando
a sua blusa puxada para baixo novamente, embora ela ainda estivesse
usando seu sutiã.
— Querida, você não quer saber como eu chamo isso. Pelo menos,
não na atual circunstância.
O rosto de Lana aqueceu, mas ela admitiu para si mesma que o
rubor era tanto prazer quanto de embaraço.
— Eu quero minha arma de volta no minuto que entrarmos, —
informou a Michael.

- 239 -
— Sim, senhora, — disse ele, lutando contra um sorriso.
Lana olhou para ele, não particularmente entusiasmada para ser
a fonte de entretenimento para um bando de vampiros.
Sentindo seu humor, Vincent inclinou-se e disse baixinho: —
Obrigado por fazer isso, Lana.
Lana estreitou os olhos para ele, mas ele parecia sincero, então
ela deu de ombros. — É tudo por uma boa causa. E não se esqueça que
você prometeu que eu poderia estar lá quando você derrubar esse imbecil.
— Definitivamente, — Vincent disse, abruptamente sério. —
Carolyn não sabe sobre qualquer um de nós. Eu posso acalmá-la rápido
o suficiente, mas, inicialmente, ela é suscetível de ser mais tranquilizada
por uma presença feminina.
Em face desse lembrete de por que eles estavam fazendo isso,
Lana esqueceu seu próprio desconforto. O que seria um pouco de pele
em comparação com o que a vampira passou? Nada.
— Eu estou pronta, — disse ela, puxando sua blusa para baixo e
prendendo-a com mais força em suas calças. Ela não poderia deixar de
notar a expressão infeliz de Vincent enquanto ela fazia isso. Bem, muito
ruim. Esta foi a sua ideia, depois de tudo.
— Vamos, — disse rispidamente.
Eles desceram do topo da colina, e imediatamente arrancaram em
torno da curva final da estreita estrada que iria levá-los para o portão da
frente do composto. O plano era que Lana e Vincent se aproximassem a
pé. À primeira vista, eles apareceriam como um par de caminhantes, os
turistas que se perderam no sopé.
Lana abriu um largo sorriso quando eles se aproximaram. — Oi.
Quer dizer, buenos dias, — ela chamou, em seu pior espanhol. — Por
favor, estamos perdidos, — ela continuou. Em seguida, agitando as mãos
na sua frente, como se estivesse aflita, acrescentou: — Sinto muito, meu
espanhol é... ruim. Você pode nos ajudar? Eu acho que estamos perdidos.
O olhar do guarda vagou entre ela e Vincent, que era claramente
a maior ameaça. Ele não disse uma palavra, mas também, não era
preciso. Seu trabalho era usar seu mojo vampiro, que, como ela entendia,

- 240 -
era praticamente um esforço silencioso. Ela esperava que ele fizesse isso
em breve, porém, porque, que velho clichê sobre ser despida com olhos
de um indivíduo? Sim, isso é como se sentia, e foi ficando cada vez mais
e mais desconfortável a cada minuto. Os guardas estavam manuseando
as armas — HK MP5s, a arma de escolha de cada criminoso por estes
dias — e ficando cada vez mais nervosos, divididos entre encarar seus
peitos e avaliar Vincent.
Lana estava prestes a atirar Vincent um olhar o-que-no-inferno,
quando os dois guardas caíram no chão, suas armas caindo com um
barulho metálico. Ela olhou para eles por um momento de surpresa, em
seguida, virou-se para questionar Vincent. Porém, ela perdeu o fôlego ao
vê-lo. Ele sempre era uma visão e tanto, bonito e em forma, com um
carisma que o rodeava como uma nuvem cintilante. Mas ela nunca o viu
assim.
Ele ficou perfeitamente imóvel, quase sem respirar, o brilho de
cobre de seus olhos tão brilhantes que eram como dois holofotes
brilhando na escuridão. Ela sentiu o mesmo choque eletrostático sobre a
pele que sentira antes, mas este foi mais forte, quase doloroso em sua
intensidade, uma mortalha de aperto em vez de um toque de seda. Mas,
apesar disso, ela olhou para ele sem medo, sabendo em seu coração que,
mesmo que ele se concentrasse em um inimigo atrás dos portões, ele
estava protegendo-a.
O movimento macio por trás deles avisou que Michael e os outros
chegaram, mas ela não se virou para olhar. Sua atenção estava toda em
Vincent, que estava em chamas com o seu poder, temível na intensidade
de seu foco. Sem aviso, ele piscou, e, lentamente, virou a cabeça para
olhar para ela. Ele sorriu.
— Você confia em mim, querida?
Lana nem sequer teve que pensar em sua resposta. — Sim.
Seu sorriso aqueceu. — Michael, — disse ele, sem tirar seus olhos
dela.
— Aqui está, linda, — disse Michael com uma voz provocante. Ele
estendeu sua jaqueta e arma, que ela vestiu rapidamente, sem saber

- 241 -
exatamente quanto tempo eles tinham ou se o feitiço de Vincent
funcionaria.
— Vamos, — disse Vincent, uma vez que ela estava pronta. Ele
estendeu a mão, e ela tomou-a automaticamente, dando aos dois guardas
inconscientes um olhar perplexo.
— Você não vai amarrá-los ou algo assim?
— Não é necessário, — Vincent respondeu com desdém. — Eles
estarão desmaiados até de manhã. — Então ele empurrou o portão e Lana
tem a surpresa de sua vida. Além do portão era o edifício principal, e na
frente desse um pátio de terra... Que estava cheio de corpos.
— Eles estão...?
— Inconscientes, assim como os outros, — disse ele.
Lana estava tendo dificuldade para respirar. Ela sabia que os
vampiros eram poderosos, e que Vincent era classificado como um dos
mais fortes. Mas isso... Uma coisa era para derrubar um par de guardas,
mas haviam vinte ou mais homens no pátio, e aqueles eram apenas os
que ela podia ver. Muitos deles estavam agrupados em torno de um
grande caminhão, como se tivessem estado no processo de carregá-lo e
simplesmente se deixou cair onde eles estavam. E deveria haver outros
que ela não poderia ver, no edifício principal, na grande garagem. Mas
ninguém veio para investigar o colapso repentino de seus companheiros,
e ninguém desafiou Vincent e os outros quando eles entraram no
composto.
Vincent fez uma pausa, o que significava que Lana parou também,
uma vez que ele ainda estava segurando sua mão.
Ele ficou perfeitamente imóvel novamente. Lana ficou tensa e
começou a puxar a mão dela, mas Vincent aumentou seu aperto. —
Apenas um momento, — ele murmurou.
Quando se moveu novamente, foi para puxá-la contra o seu lado
quando ele passou por um portão escancarado e indo direto para as
grandes portas duplas da casa principal de ferro forjado.
— Há apenas um outro vampiro nas instalações, e eu estou
supondo que seja Carolyn, — disse ele para Michael, falando sobre a

- 242 -
cabeça de Lana para onde seu tenente caminhou ao seu lado oposto. —
Eu derrubei ela e todos os outros agora. Vamos entrar e encontrar alguém
que possa nos dizer onde encontrar o senhor da casa. Então vamos
acordá-lo.
Michael assentiu, dando um passo à frente de Vincent, sua
postura alerta, seu olhar movendo-se constantemente. Lana ouviu, mais
do que viu, os outros fecharem em suas costas, formando um círculo de
proteção quando se aproximaram da porta da frente, pisando em torno
dos corpos inconscientes que desarrumam a ampla varanda.
Mas, enquanto os outros vampiros estavam tensos e prontos para
lutar, Vincent parecia mais relaxado do que nunca. Segurando a mão de
Lana, ele passeou até a porta de entrada totalmente aberta, como se os
dois estivessem aqui em uma missão para procurar imóveis,
inspecionando cada detalhe importante.
— Aquela, — Vincent disse de repente, apontando para uma
mulher de meia-idade, deitada um pouco abaixo da frente da porta. Como
os outros, parecia que ela havia desmaiado no meio de um passo. Ela
usava um conjunto simples de saia e blusa preta e sapatos sem graça, e
estava cercada por uma pilha de lençóis e toalhas que estavam dobrados
antes de sofrerem uma queda.
Michael caiu de joelhos ao lado da mulher e tocou seu ombro
levemente. Ela se mexeu, então acordou com um sobressalto, sua
expressão de medo em encontrar um gringo estranho ajoelhado sobre ela.
Michael ofereceu sua mão para a mulher e ajudou-a a ficar de pé.
— ¿Como se chama, señora? — Qual é o seu nome?
— Dolores, — disse ela, com o rosto pálido quando ela viu os
corpos em torno dela.
Michael sorriu, parecendo um jovem americano qualquer,
agradável e sem segundas intenções.
— Dolores — repetiu ele. — Que bonito nombre. — Lindo nome.
Dolores olhou para ele em silêncio, seus dedos agarrando o
crucifixo no pescoço.
Michael continuou, seu espanhol fluido e fácil. — Você sabe onde

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Albert Serrana está agora? — Perguntou a ela. A mulher assentiu. — E
você sabe sobre o vampiro que ele mantém? A mulher? — A expressão de
Dolores amoleceu.
— A bonita, — disse ela. — Tão triste.
— Você quer dizer que é triste ela estar aqui?
— Não, señor. Ela está triste. O tempo todo. Tão bonita, mas tão
triste.
A pressão de Vincent na mão de Lana apertou quase
dolorosamente e ela apertou de volta, em parte para evitar que ele
quebrasse sua mão, mas também para que soubesse que ela
compartilhava de sua raiva.
— Onde ele está? — Vincent rosnou, e Dolores olhou para ele em
alarme.
— Tranquilo, Dolores, — Michael disse suavemente. Se acalme. —
Estamos aqui para a bonita. Ela pertence a nós. Pode nos mostrar onde
ela está agora?
— Si, — Dolores disse com firmeza e fez um gesto em direção à
escada dentro da porta da frente. — Entre. — Michael sorriu e indicou
que ela deveria dar o exemplo.
Dolores atravessou as portas e subiu as escadas com Michael a
seguindo. Vincent foi o próximo com Lana ao seu lado, mas ela soltou a
mão da dele. Ela fez isso delicadamente, apertando sua mão antes de
deixar ir, mas ela não intencionava entrar em uma situação
potencialmente hostil com a mão direita preenchida com algo diferente
de sua arma. Vincent olhou por cima quando ela puxou a Sig e acenou
em compreensão. Levando a arma para baixo ao longo de sua coxa, ela
seguiu Michael e Dolores pelas escadas e ao longo do mezanino, em
seguida, por outro corredor que terminava em uma única porta de
grandes dimensões de madeira escura unida.
Dolores parou na frente da porta. — Devo bater, señor? — Ela
perguntou, olhando para Michael.
— Não, obrigado, Dolores, — disse ele suavemente, em seguida,
a pegou antes que ela caísse. Levantando-a facilmente, ele arrombou a

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porta para o que acabou por ser uma pequena sala de estar e a deitou
em um sofá de veludo laranja. Deixando-a lá, ele voltou para o corredor
e fechou a porta atrás de si.
— Sire? — Ele perguntou, virando-se para Vincent.
— Carolyn está lá dentro, — disse Vincent, olhando para a porta
de madeira escura, com uma expressão de repulsa. — Mas só um
humano. Eu estou supondo que é Serrana, uma vez que sua nova
namorada parecia ansiosa por agradar.
— O que posso dizer, meu senhor? As senhoras me amam.
— Especialmente aquelas com idade suficiente para ser sua mãe,
— Vincent respondeu secamente. — Abra a porta.
Michael tentou a maçaneta. Ela resistiu ao seu esforço por alguns
segundos até que ele aplicou um pouco da sua força de vampiro e
quebrou a fechadura com facilidade infantil. Ele entrou pela primeira vez
e parou, bloqueando a porta. Lana franziu a testa para a manobra não
era inteligente enquadrar-se assim, dando a quem estava esperando
dentro um tiro certeiro. Mas depois lembrou-se de que todos dentro
estavam inconscientes.
Ele se moveu finalmente, caminhando enquanto Lana o seguia,
um passo à frente de Vincent. O lampejo amarelo fogo lançou sombras
sobre a sala mal iluminada, o que tornava muito quente e abafado para
seu gosto. Era um quarto, naturalmente. Onde mais um estuprador
manteria sua prisioneira? Havia uma cama king-size com uma cabeceira
ornamentada e duas mesas de cabeceira combinando. Lâmpadas de cada
lado iluminaram o quarto brilhantemente, suas bases de cobre
marteladas reluzentes.
Lana se aventurou para dentro do quarto, sentindo os outros
entrarem e se espalhando atrás dela. Ela encontrou o dono da
propriedade caído entre a cama e as janelas fechadas. Ele estava
completamente nu, e seu primeiro pensamento foi que ele deveria estar
acendendo as luzes. Mas, em seguida, ela ouviu o profundo murmúrio da
voz de Vincent e se virou para vê-lo embrulhando um cobertor em torno
de uma jovem nua. Lana imediatamente se voltou em torno de Serrana e

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o chutou nas bolas. Ela só esperava que ele pudesse sentir. Mas então,
ela confiava de que o que quer que Vincent planejou para o bastardo seria
muito pior.
— Lana, — Vincent disse, em voz baixa e urgente.
Ela esqueceu tudo sobre Serrana e correu, caindo de joelhos ao
lado dele.
A mulher, possivelmente Carolyn, estava acordada e se
encolhendo para longe de Vincent, segurando o cobertor sobre ela. O
coração de Lana se apertou de tristeza para a mulher e o ódio para o
homem, o porco que fez isso com ela.
— Carolyn, — ela disse suavemente, empurrando-se na frente de
Vincent, se colocando entre ele e Carolyn para que ela fosse a única
pessoa quem a jovem abusada visse. E, sim, ela sabia que era uma
vampira, com força suficiente para lançar um homem do outro lado da
sala, mas agora, ela era simplesmente uma mulher, tão vulnerável e
danificada como qualquer mulher humana teria sido nessas
circunstâncias.
Os olhos baixos de Carolyn levantaram e encontraram os dela,
enchendo-se de lágrimas. — Você tem que correr, — ela sussurrou. —
Afaste-se enquanto pode.
Lana piscou em confusão, antes de perceber que Carolyn pensou
que Serrana, ou talvez Vincent, teria de alguma forma levado Lana como
prisioneira e destinava-se a atormentá-la também. Porque Carolyn não
tinha nenhuma razão para acreditar que os vampiros eram melhores do
que os humanos que viviam com ela.
— Não, Carolyn, — Lana disse gentilmente, com lágrimas picando
em seus próprios olhos enquanto ela puxava o cobertor mais firmemente
sobre os ombros da vampira. Seu instinto era de abraçá-la, mantê-la
próxima e lhe dizer que tudo ficaria bem. Mas o primeiro movimento era
de Carolyn. Ela havia sido tocada de muitas maneiras e por muitas
pessoas contra sua vontade. Ela precisava saber que ela estava no
controle novamente.
— Estamos aqui para te tirar deste lugar. Este é Vincent, — disse

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Lana, sacudindo a cabeça em sua direção. — Você pode confiar nele. Ele
e esses outros vieram aqui para libertá-la.
Carolyn olhou, primeiro para Lana, e, em seguida, levantou os
olhos, pegou os outros vampiros enchendo o quarto, fazendo-a parecer
pequena, com seu tamanho e raiva eriçados. Ela se encolheu um pouco,
mas Lana falou rapidamente, dizendo: — Eles não estão com raiva de
você. Eles estão com raiva dele. — Ela apontou para Serrana, permitindo
seu ódio preencher suas palavras, querendo fazer com que Carolyn a
ouvisse e soubesse exatamente onde estava.
Carolyn baixou o olhar para Lana novamente, e então de repente
explodiu em lágrimas, segurando o cobertor a sua volta e deixando cair
a cabeça contra o ombro de Lana. Lana abraçou a jovem vampira, com
cautela no início, mas, em seguida, mais apertado enquanto o corpo de
Carolyn começou a tremer com a força de suas lágrimas, seus soluços
crus e dolorosos.
Vincent jurou violentamente sob sua respiração. Ele se pôs de pé
e Lana foi perifericamente consciente de seus passos quando ele batia no
chão de ladrilhos. Ela virou o suficiente para vê-lo pegar o inconsciente
Serrana e jogá-lo em cima da cama, em seguida, com seus dedos
cravados na garganta do homem e ele rosnou, — Acorde, seu bastardo
doente.
Lana não podia ver o rosto do homem, mas ouviu o seu grito
aterrorizado quando ele acordou para encontrar-se sendo sufocado até a
morte — para não mencionar rodeado por — um grupo de desmedidos e
irritados vampiros, cada um deles o olhando com as presas totalmente
distendidas e olhos brilhantes.
— Como eu vou matar você? — Vincent cantarolou. — Eu poderia
rasgar seu coração, mas seria muito rápido. Eu poderia quebrar todos os
ossos do seu corpo e cortar suas veias. Deixá-lo sangrar lentamente,
deixando você sentir a sua vida escorrendo enquanto está impotente para
detê-la. — Serrana gritou de repente, e Lana torceu ainda mais para ver
Vincent brincando com ele, sacudindo os dedos para as grandes veias do
pescoço do homem, movendo-se para baixo para fazer o mesmo com seu

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ombro e com o peito, exceto que agora, Lana podia ouvir o som abafado
de ossos quebrando com cada movimento dos dedos de Vicente.
Serrana gritou e a cabeça de Carolyn disparou, os olhos
assumindo um brilho pálido próprio enquanto ela olhava para seu ex-
torturador.
— Meu — ela sussurrou com voz rouca.
O primeiro pensamento de Lana foi que Carolyn estava
reconhecendo seu captor de alguma forma e estava pronta para defendê-
lo. Mas, em seguida, ela registrou a raiva e o ódio na voz da jovem. Ele
deslizou sobre a pele de Lana como uma coisa viva antes de atravessar a
sala para onde Serrana estava gritando.
— Meu, — Carolyn repetiu com mais força quando se levantou,
segurando o cobertor ao seu redor. Lana ficou de pé com ela, virando-se
para Vincent, que estava levantando Serrana fora da cama, ainda o
agarrando pela sua garganta, segurando-o alto enquanto enrolava a
outra mão em uma garra em torno do lamentável órgão do estuprador.
— Vincent, — Lana disse bruscamente.
Ele girou a cabeça em sua direção, com raiva de ter sua diversão
interrompida. Até que seu olhar deslocou sobre seu do ombro e viu
Carolyn ali de pé, seus próprios olhos se iluminados, com poder
suficiente para dar eles um brilho azul suave.
Vincent sorriu lentamente, e foi uma coisa terrível de se ver.
Serrana viu, e gemeu de horror, mas o único pensamento de Lana foi a
de que ele teria ficado muito melhor com Vincent do que ele estava indo
para estar com Carolyn.
Vincent abriu os dedos e deixou o humano cair na cama. Serrana
imediatamente tentou fugir, mas Vincent o deteve com um olhar
negligente, segurando-o como um inseto fixado a uma borda.
— Ele é todo seu, Carolyn, — disse Vincent, afastando-se da
cama com um grande gesto na direção de Serrana. — Tome o seu tempo.
Lana ouviu um ronco baixo soando às suas costas. Ela se virou
para ver Carolyn no modo vamp completo, presas brilhando com elas
pressionado em seu lábio inferior, os olhos incandescentes quando ela

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deixou cair o cobertor e seguiu até o outro lado da sala, sua nudez
esquecida. Todos os machos recuaram, dando-lhe muito espaço, lhe
permitindo este momento para se vingar.
O olhar de Serrana seguia Vincent enquanto ele se afastava, mas
então avistou Carolyn. Seus olhos se arregalaram em realização
apavorada e ele gritou de medo, se debatendo sem rumo, mantido no
lugar pelo poder de Vincent.
Carolyn parou a sua frente, e então, levantou o olhar para
Vincent. — Pode soltar, meu senhor, — ela disse, com a voz baixa e rouca,
embora se era por falta de uso ou de gritar, Lana não sabia.
Vincent segurou seu olhar por um momento, como se julgando se
ela poderia lidar com o humano, mas então ele inclinou a cabeça
ligeiramente em aquiescência e deu um passo para trás. Lana sentiu um
breve frisson de poder, e em seguida, Serrana saltou quando foi
abruptamente libertado de suas restrições. Ele imediatamente tentou
rolar para fora da cama e fugir, sem pensar em o quanto tolo isso era,
mas isso não importava. A mão de Carolyn se moveu mais rápido do que
Lana poderia seguir, agarrando as bolas do homem e esmagando-as em
seu punho, os dedos apertando até que Lana podia ver o osso branco de
seus dedos. Serrana gritou, o som aumentando com o agarre de Carolyn
se apertava, até que com um puxão final, ela rasgou-os completamente.
Ignorando os gritos angustiados de Serrana, Carolyn segurou os pedaços
sangrentos de carne na mão, olhando-os curiosamente e por tempo o
suficiente para que Lana começasse a se perguntar o que ela finalmente
faria. Mas então, era como se ela estivesse saindo de um transe. Seus
olhos piscaram e todo o seu corpo estremeceu duro, uma vez. Ela trocou
seu olhar dos testículos triturados para Serrana soluçando e de volta, em
seguida, mostrou todos os seus dentes numa careta viciosa, agarrou
Serrana pelos cabelos e empurrou os pedaços sangrentos em sua
garganta.
Ela se virou para Vicente e, falando em um sotaque suave, lento,
que traiu suas origens do Sul, disse: — Eu ficaria agradecida, meu
senhor, se você mantivesse este verme vivo enquanto eu brinco com ele.

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— Considere feito, — disse Vincent, como se manter um homem
vivo para ser torturado era algo que ele fizesse todos os dias.
Carolyn sorriu pela primeira vez desde que a encontraram. E
Serrana gritou.

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CAPÍTULO DEZESSEIS

LANA olhou para o que restava de Albert Serrana e teve de engolir


em seco para conter a náusea agitando seu estômago. Ela não podia
reclamar sobre o quadro horrível uma vez que toda coisa de — O Silêncio
dos Inocentes — foi ideia dela, mas não considerou a realidade... Ou o
mau cheiro. Seria ainda pior quando o povo de Serrana acordasse algum
tempo depois do amanhecer para descobrir o corpo de seu chefe em
exibição. A maioria deles veria faltando uma pinta ou duas de seu próprio
sangue, também. Vincent permitiu todas as suas pessoas jantar à
vontade sobre os guardas inconscientes, instruindo-os a deixar as feridas
no pescoço sangrando. Ele queria que não houvesse nenhuma dúvida a
respeito de quem foi que lhes visitou durante a noite. A exibição macabra
de Serrana foi concebida como um aviso, depois de tudo. Um aviso para
não foder com os vampiros a menos que você esteja disposto a pagar o
preço.
Mas Lana e os outros estariam muito longe até então. O que era
uma coisa para ser grato, ela supôs, que não estaria por perto ao nascer
do sol. As moscas viriam então.
Ela estremeceu e se virou, apenas para dar de cara com Vincent.
— Então o que você acha? — Ele perguntou, olhando para os
portões de ferro altos em frente à porta principal. Eles haviam sido
mantidos aberto anteriormente, mas agora estavam fechados, a fim de
exibir melhor sua nova decoração.
Lana se forçou a olhar mais uma vez. Ortega e Zárate arrastaram
o sangrento e devastado corpo de Serrana para o portão, usando algum
arame pesado que encontraram no caminhão. Eles ficaram orgulhosos
de seu trabalho, ligando as pernas e os braços estendidos, até mesmo
puxando a cabeça para trás de modo que seu olhar, sem visão e sem
olhos, parecia estar examinando o quintal.

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Quando ela não disse nada, Vincent colocou os braços ao seu
redor, abraçando-a de volta ao seu peito. — Carolyn precisava disso, —
ele sussurrou, tanto um pedido de desculpas e uma explicação.
— Eu sei. E o bastardo merecia cada pedacinho disso.
— O mesmo acontece com Enrique, — ele rosnou contra sua
orelha.
Lana se torceu em seus braços para olhar para ele. — Mas
Enrique é muito mais perigoso. Não?
Vincent colocou dois dedos sobre seus lábios. — Eu não tenho
nenhum desejo de morrer jovem... Bem, jovem de certa maneira, — ele
emendou com um sorriso torto. — Vamos lá, o nascer do sol não está
muito longe e temos que começar a levar Michael e os outros de volta
para o aeroporto.
— E sobre Carolyn? — Perguntou ela. A vampira quase desabou
em um colapso emocional e físico depois que terminou lidar com seu
estuprador. Lana encontrou algumas roupas em um quarto adjacente
para ela. Eram roupas de homens, mas estavam limpas e era fácil de se
adaptar em uma mulher menor. Vincent falou com Carolyn, suas
palavras suaves e para seus ouvidos apenas, antes dele cortar o pulso e
deixá-la beber. Ela não bebeu tanto como Jerry ou Salvio fizeram, mas,
aparentemente, foi o suficiente. Vincent acariciou seu rosto uma vez e,
em seguida, a pegou quando ela caiu em um sono profundo, segurando-
a por um momento antes de transferi-la para Michael, que a levou para
o SUV esperando no jardim. Ortega recuperou o veículo antes de ajudar
Zarate na exibição de Serrana.
Carolyn estava lá agora, no compartimento de carga, ainda
dormindo sob a compulsão que Vincent colocou sobre ela, um que Lana
tinha certeza que duraria até que ela acordasse em Hermosillo na
próxima noite.
— Temo um par de vampiros do sexo feminino em Hermosillo —
, disse Vincent Lana. — Também algumas mulheres humanas que estão
acopladas a vampiros. Elas vão prestar qualquer assistência que Carolyn
precisar. Mas ela é uma vampira, Lana, e é minha agora. Ela pode contar

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com minha ajuda e qualquer que seja a força que ela precisa recuperar.
Não vai ser fácil, mas não vai ser tão doloroso como seria para um
humano também.
Lana assentiu. Ele disse a ela tudo isso antes, mas ela ainda se
sentia responsável de alguma forma.
— Você pode vê-la quando tudo isso acabar, — ele lembrou a ela
suavemente.
— Eu sei.
— Você está pronta para sair daqui, então?
Ela respirou fundo. — Definitivamente.
Os outros já estavam se empilhando no SUV, que estava ainda
mais cheio agora. Jerry foi andando na área de carga com Carolyn,
primeiro porque ele a conhecia um pouco, mas principalmente porque ele
era o mais magro dos vampiros presentes, e Vincent ainda se recusou a
permitir que Lana se sentasse em qualquer lugar, sem ser ao seu lado.
Lana quase cochilou enquanto corriam para o aeroporto. Vincent
e Michael concordaram com a rota que o jato sairia logo que todos
estivesse a bordo. Os pilotos humanos estariam no comando, pois a
maior parte do voo seria após o nascer do sol, mas, aparentemente, uma
vez em Hermosillo, eles teriam — Luz do dia — era assim que Vincent o
chamou — o próprio aeroporto. O único pensamento de Lana foi que
esperava que os guardas humanos fossem confiáveis, mas, em seguida,
Vincent apontou que os mesmos guardas protegiam o composto em
Hermosillo todos os dias. E que eles eram muito bem compensados.
Havia também algum tipo de tabu vampiro contra o ataque de seu inimigo
à luz do dia, porque ninguém queria iniciar esse rolamento de bola de
neve particular.
A outra razão para a sua pressa para chegar ao aeroporto foi que
Lana e Vincent não retornariam a Hermosillo com os outros. Eles
continuariam a busca por Xuan Ignacio, o que significava que precisavam
de tempo suficiente para dirigir a um hotel e obter o check-in antes do
amanhecer. A coisa mais sensata a fazer teria sido ficar em Silao, que era
a cidade mais próxima do aeroporto, mas, naturalmente, Vincent possuía

- 253 -
outros planos. Ele insistiu em escolher o hotel, lembrando a Lana, cheio
de sarcasmo, das encantadoras acomodações com as persianas
quebradas que ela arranjou a última vez que ele deixou ela escolher.
Isso não era de todo justo, pois havia um mundo de diferença
entre encontrar acomodações no meio do nada e em uma cidade real.
Mas ela se manteve calma por duas razões. Um, Vincent era um pé no
saco quando não conseguia o que queria; mas, dois, ele estava
acostumado com o melhor de tudo, e após o último par de noites em
motéis que, provavelmente eram quartos alugados por hora, Lana estava
mais do que pronta para qualquer luxo ele que pudesse encontrar.
Vincent puxou seu celular, grunhiu uma ou duas vezes, então,
aparentemente, fez uma reserva, embora não compartilhou os detalhes.
Lana estava cansada demais para reclamar, no entanto. Ela só queria ver
os outros com segurança em seu caminho e, em seguida, encontrar seu
próprio caminho para um banho quente, logo que possível.
Michael virou-se para o aeroporto, passou o terminal principal e
o local de construção, e entrou no hangar privado. Eles ligaram antes, de
modo que a porta do hangar estava aberta, e o jato já estava preparado e
esperando por eles. Ortega e Zárate esperaram até Vincent sair do SUV,
em seguida, deu-lhe um respeitoso aceno e desapareceram pelas escadas
para a pista de pouso. Jerry saltou da escotilha de carga e estava indo
para pegar Carolyn quando Vincent o deteve.
— Eu nunca tive a chance de lhe perguntar, Jerry, — disse ele,
chamando a atenção do outro vampiro. — Como você sabia quem eu era?
Quero dizer, obviamente, sou um vampiro, mas você me conhecia
especificamente. Como? Eu nunca te conheci.
Jerry respondeu com a mesma sinceridade e respeito que ele
sempre mostrou Vincent. — Senhor Enrique. Estávamos na Cidade do
México para uma reunião, e você entrou enquanto saíamos. Estávamos
atravessando a sala, mas Enrique fez questão de parar Camarillo e lhe
disse para evitá-lo, porque você era muito poderoso. Eu não acho que ele
sabia que eu estava ouvindo, ou talvez ele não se importou. Mas acho
que Camarillo decidiu então que queria você para ele mesmo, porque

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Enrique tinha medo de você.
Vincent parecia pensar por um momento. — Lembro-me dessa
reunião. Ele criou um problema com alguns vampiros em Cabo e queria
minha ajuda para limpar sua bagunça. Eu estive na Cidade do México
por apenas uma noite. — Ele olhou para cima e encontrou o olhar de
Lana sobre ele, e ela sabia que ele estava pensando a mesma coisa que
ela, como um encontro casual mudou tantas vidas. Se ele chegasse
poucos minutos mais tarde naquela noite, talvez Camarillo nunca tivesse
recebido o aviso de Enrique, Jerry e os outros ainda seriam escravos, e
Vincent não poderia estar preparado para destruir Enrique mais cedo ou
mais tarde.
Vincent bateu no ombro de Jerry. — É melhor você levar Carolyn
para o avião. Ele estará saindo em breve.
Jerry fez uma pequena reverência, então facilmente levantou uma
Carolyn adormecida e subiu as escadas.
Finalmente, apenas Michael ficou, mas ele claramente não queria
os deixar.
— Você fez inimigos com tudo isso. Se Enrique já não ouviu falar,
ele vai em breve. E ele não vai querer palavra do que ele fez se espalhe,
nem mesmo para seus próprios vampiros. E, especialmente, não para os
outros senhores. Eu não gosto de você estar aqui sozinho.
— Eu não estou sozinho. Eu tenho Lana.
— Sem desrespeito, — Michael disse, dando-lhe um olhar de
desculpas, — mas a senhorita Arnold não é... — Ele soltou um longo
suspiro, claramente à procura de uma palavra que não a ofendesse.
— Você quer dizer que ela não é um vampiro, — Vincent forneceu,
parecendo mais confuso do que qualquer outra coisa.
— Exatamente.
— Ficaremos bem, Michael. Eu acho que nós dois sabemos que
Enrique tem assuntos mais urgentes em seu prato agora. Temos alguns
dias antes dele realmente agir, e é tudo o que precisamos. Terminaremos
essa missão de Raphael e ver o que vem a seguir.
Michael lhe deu um olhar sombrio. — Cidade do México é o que

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vem a seguir.
Vincent assentiu. — A única questão é o tempo. E eu tenho uma
forte suspeita de que o quê Xuan Ignacio tem a nos dizer deve incidir
sobre essa decisão.
Michael não parecia feliz, mas assentiu com a cabeça. — Lembre-
se de sua promessa, Sire.
— Sim, sim, não ir à Cidade do México sem você. Você é como
uma criança irritante.
Michael riu, então olhou de volta para o jato quando os motores
aumentaram de potência. — Isso é o piloto me dizendo para pôr a minha
bunda a bordo. Tome cuidado, jefe. E me mantenha informado.
Vincent puxou Michael para um abraço, então empurrou-o em
direção às escadas. — Vá, antes de começarmos a nos humilhar,
chorando na frente de Lana.
Michael sorriu e avançou até as escadas, levando-os três de uma
vez. Lana invejava sua energia. Do jeito que estava sentindo, ela teria
agarrada o corrimão e arrastando-se um passo de cada vez.
Vincent puxou-a para longe do jato enquanto alguém subia a
escada e fechava a escotilha. No momento em que o avião estava taxiando
lentamente pelo hangar, os dois já estavam no SUV. E antes que ele se
virasse para a pista, estavam correndo de volta através do aeroporto, em
direção à rodovia principal.
Lana verificou seu cinto de segurança, em seguida, acomodou-se
no banco do passageiro da frente com um suspiro de alívio, sentindo-se
estranhamente em casa, como se por estar de volta em seu assento, ela
poderia relaxar agora que o SUV foi restaurado para a sua ordem
apropriada. E isso significava que era novamente apenas ela e Vincent
correndo através da noite.
— Quão longe até o hotel? — Ela perguntou, abafando um bocejo.
— 80 km mais ou menos.
Ela olhou para ele, incrédula. — 80 km? Não havia nada mais
perto?
— Claro que tinha, mas não o tipo de lugar que eu queria. Você

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ficará feliz quando chegarmos lá.
— Eu vou estar morta quando chegarmos lá. Estou cansada e
com fome. Preciso comer você sabe. Comida de verdade. — Ela estava
começando a soar como uma criança chorona, mas não se importava. Ela
estava morrendo de fome e queria um chuveiro.
— Feche os olhos, querida. Eu vou acordá-la antes de chegarmos,
— disse ele calmamente, como se não tivesse ouvido uma palavra do que
ela disse. Ou que isso não importava. Provavelmente o último, uma vez
que ele estava tão acostumado a estar no comando.
Lana poderia ter discutido, mas teria sido apenas por causa do
argumento, porque o grande cabeça dura não mudaria de ideia. Ele
sorriria e faria o que quisesse de qualquer maneira. Ela se debruçou
contra a porta e fechou os olhos, não realmente acreditando que
dormiria, mas não no humor para discutir, também.
A última coisa que ouviu foi Vincent falando com alguém no
telefone, arranjando em um rápido e fluente espanhol para que uma
refeição estivesse à espera quando chegassem.
Lana acordou com um sobressalto quando Vincent acariciou sua
bochecha com o dorso dos dedos. Ela olhou ao redor com as percepções
atordoadas de alguém que adormeceu em um lugar e acordado em outro.
Em algum lugar que nunca fora antes.
Ela olhou para cima e encontrou Vincent observando-a. — Você
está pronta? — Perguntou.
Ela piscou em confusão, depois estudou a cidade movimentada
em torno deles. Poderia ter sido qualquer grande cidade, em qualquer
parte do mundo. Em qualquer lugar do mundo de língua espanhola, de
qualquer maneira. Abaixando a cabeça, ela olhou para fora da janela de
Vincent para o hotel. Ela não sabia de onde estavam, mas descobriu que
realmente não se importava. Enquanto tivesse uma cama e um chuveiro,
e pelo menos uma barra de chocolate no mini-bar, ela iria sobreviver.
— Pronta, — disse ela. Ela foi abrir a porta, mas encontrou um
jovem ansioso para abrindo-a.
— Bienvenida, señora, — disse ele com uma polidez ansiosa que

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se encaixava com a elegante fachada do hotel à sua frente.
Vincent estava esperando por ela do outro lado do SUV. Ele
estendeu a mão e ela tomou-a, admirada de quão completamente natural
isso que se sentia. Apenas alguns dias atrás... Ela sabia se ela contasse
de volta, poderia descobrir exatamente quanto tempo eles estavam
viajando juntos, mas que isso realmente não importava. O que importava
era o quão completamente as coisas mudaram. Foram de estranhos
desconfiados para parceiros relutantes, e agora? Agora, eles deram as
mãos enquanto caminhavam para o hotel elegante que Vincent escolheu,
parecendo como um casal de verdade.
Um porteiro abriu a pesada porta de vidro precisamente quando
eles chegaram, fazendo eco dos sentimentos do valete de boas-vindas,
parecendo não notar que os novos hóspedes estavam empoeirados e sujos
e que suas roupas estavam com algumas manchas misteriosas que não
iriam querer examinar muito de perto. Lana correu uma mão auto-
consciente sobre seu cabelo, sabendo mesmo quando fez isso, que não
havia nada que pudesse fazer para reparar o estrago antes de chegar à
recepção.
Vincent, é claro, entrou no ar doce, e fresco do lobby como se fosse
dono do lugar, todo confiante em sua roupa suja e incrustado de sangue
como ele teria estado em um smoking sob medida.
Lana pegou uma matrona bem tonificada dando a Vincent um
olhar ousado e admirador enquanto se dirigia para fora para uma corrida
de manhã cedo. Ou pelo menos suas roupas faziam parecer que ela
queria que todos acreditassem que é onde estava indo. Lana não estava
convencida de que qualquer atleta sério usaria essa quantidade de
maquiagem. Mas então ela não estava se sentindo particularmente
caridosa sobre o assunto. Ela olhou para o barracuda feminina e apertou
a mão de Vincent, aproximando-se do seu lado.
Ele olhou para baixo e deu-lhe uma piscadela conhecedora. Lana
revirou os olhos, mas o estrago estava feito. Ele sabia o que fez e por quê.
Houve uma pequena fila na recepção, mas Vincent não parou. Em
vez disso, ele caminhou até o outro lado do balcão onde um homem de

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aparência séria, levantou-se, concentrando-se em algo na tela na frente
dele. Ele olhou para cima quando Vincent chegou, e seus olhos
arregalaram-se.
— Señor Kuxim, bienvenido, — disse ele, parecendo satisfeito com
a ligação que Vincent dignou-se a deixar cair no último momento.
— Felipe, — Vincent cumprimentou-o, continuando em inglês, —
e a nossa suíte está pronta?
— Mas é claro. Eu vou informar a cozinha de sua chegada. —
Felipe trocou algumas palavras, com ele, puxou um folheto já preparado
e chaves de uma gaveta e os entregou. — Seu habitual.
— Eficiente como sempre. Obrigado.
— O prazer é meu. — Seus olhos brilhavam com prazer genuíno,
tanto que Lana acreditou nele.
Eles tinham o elevador para si, o que era bom, porque no espaço
confinado Lana podia cheirar a si mesma e não foi agradável. O perfeito
Vincent não era exatamente um anúncio de colônia masculina, o que ela
realmente achou bastante tranquilizador.
Ele deslizou seu cartão-chave na abertura reservada para
determinados andares e o elevador acelerou para cima sem parar. O
corredor se estendia para ambos os lados quando as portas se abriram.
Era perfeitamente silencioso, em parte, Lana estava certa de ser por
causa da hora mais cedo, mas o tapete grosso e papel de parede paredes
foram projetados para absorver o som, e os quartos eram provavelmente
bem isolados. Não haveria batidas de cabeceiras neste hotel.
Seu quarto ou suíte de acordo com Felipe, era quase todo o
caminho até ao fim, e Lana teve certeza de que, se ela tivesse energia para
se virar, teria encontrado pequenos depósitos de sujeira e lama onde seus
pés estavam se arrastando ao longo do tapete caro.
Vincent inseriu a chave e abriu a porta pesada, entrando na sua
frente e checou o quarto antes de voltar e puxá-la para dentro. Então ele
fechou e trancou a porta.
Lana estava mais do que cansada, mas isso não a impediu de
admirar o quarto. Ele era espaçoso e elegante, com iluminação suave,

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uma TV de tela plana grande, e uma cama fodidamente grande que
parecia o céu.
— Eu preciso de um banho, — disse ela.
— Vá em frente, — Vincent disse a ela. — A bagagem deve estar
aqui quando você terminar.
Ela considerou esperar. Afinal, Vincent provavelmente queria um
banho tanto quanto ela, mas desde que ele ofereceu, ela decidiu ser
egoísta e seguir em frente.
O banheiro do hotel era feito de um reluzente mármore rosa com
torneiras douradas, e era maior do que seu quarto em casa. Através de
uma porta à esquerda havia uma área de vestir com espaço no armário o
suficiente para abrigar todo o seu guarda-roupa e ainda ficaria vazio.
Uma cesta de suprimentos de banho orgânicos se encontrava no balcão,
assim, em vez de esperar a mochila, ela arrancou as garrafas de xampu
e condicionador, juntamente com um sabonete sem cheiro e colocou tudo
no chuveiro. Ligou a água quente, e deixou o vapor correr até o quarto.
O jato era regulado, mas ela preferiu algo mais brusco. Hoje à noite, ou
melhor, essa manhã, ela queria uma massagem dura e pungente. Além
disso, ela precisava para lavar os cabelos. As imagens do que Carolyn
fizera para Albert Serrana não saíam de sua cabeça, como um vídeo em
replay. Mas não foi a brutalidade que a incomodou, porque o bastardo
merecia tudo o que ele recebeu. Não, o que fez Lana estremecer era a
convicção de que pedaços dele ainda estavam agarrados em seus cabelos,
pele e roupas.
Em minutos, ela deixou suas botas e roupas em uma pilha no
chão e estava sob o jato de água, deixando o calor embeber os músculos
doloridos. A porta abriu e ela reconheceu Vincent apesar do vidro do
chuveiro estar embaçado. Não havia dúvida quanto a sua altura e
largura, ou a graciosa maneira como ele se movia. Ela pensou a princípio
que ele queria se juntar a ela e não sabia como se sentia sobre isso. Não
tinha dúvidas de que eles estariam fazendo sexo mais cedo ou mais tarde,
mas, ao mesmo tempo, não sabia se ela queria que sua primeira vez com
ele fosse no chuveiro. Especialmente quando a água ainda estava

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correndo rosa com o sangue que ela estava tentando lavar fora de seu
cabelo. Eca.
Vincent deve ter tido dúvidas semelhantes, porque ele se virou e
saiu da sala. Ou talvez era simplesmente demasiado perto de nascer do
sol. Esse pensamento a fez se apressar para terminar. Não seria justo se
ela pudesse tomar um bom banho e ele não.
Ela lavou o condicionador do cabelo e deu um passo para o ar
relativamente mais frio do banheiro, envolvendo uma grande toalha
macia em torno de seu cabelo. Ela notou roupões de banho no armário,
então em vez de tomar tempo para se secar com a toalha, vestiu um dos
roupões e saiu para a sala principal.
A primeira coisa que notou foi o cheiro de comida. Comida
deliciosa e picante. Seu estômago roncou em voz alta o suficiente para
que Vincent notasse. Mas então o que é que ele não notava? Ele olhou
para cima e acenou para o carro de serviço de quarto que apareceu
enquanto ela tomava banho.
— Como você pediu, — disse ele.
Lana levantou a tampa de metal do prato principal e seu estômago
roncou ainda mais alto. Ela não sabia exatamente o nome apropriado
para esta refeição, mas o chamou de carne assada. Havia um recipiente
coberto separado com tortillas de farinha recém-feitas, e ela quase
desmaiou.
A risada de Vincent a fez olhar para ele. — Apenas observando
você olhar para a comida está me deixando duro, querida.
Lana corou. — Desculpe.
— Oh, não se desculpe. Você vai olhar para mim assim em breve.
— Seu corpo inteiro aqueceu enquanto ele continuou. — Infelizmente, o
nascer do sol está perto e eu preciso de um banho.
— Lamento ter demorado tanto.
Vincent se aproximou e segurou seu rosto em sua mão. — Não se
desculpe. Eu gosto de você doce e limpa. — Ele beijou seus lábios
suavemente, apenas um toque rápido de sua boca. — Coma seu jantar,
Lana.

- 261 -
Ela esperou até que ouviu a água correndo, em seguida, sentou-
se e tentou não gemer de prazer enquanto comia sua primeira refeição de
verdade em dias. Uma coisa sobre se pendurar com vampiros, eles
tendem a esquecer que humanos precisam de alimentos. As refeições que
ela conseguiu encontrar ao longo dos últimos dias agarrou com pressa, e
até mesmo ela se cansou de barras de chocolate e batatas fritas.
Lana acabou de comer e foi empurrando o carrinho até a porta do
corredor para colocá-lo fora, quando ouviu a porta do banheiro abrir.
— Não abra a porta, — disse Vincent atrás dela.
Ela virou-se para encontrá-lo ali de pé completamente nu, é claro.
Vincent tinha apenas duas configurações, nu ou totalmente vestido. Ele
estava secando-se com uma toalha grande, mas nem sequer fingiu estar
tentando cobrir-se. Ela disse a si mesma para se concentrar em seu rosto,
mas era difícil. Vincent vestido era lindo. Vincent nu era o tipo de beleza
que você normalmente só via em museus.
Ele pegou seu olhar de admiração e lhe deu um sorriso perverso,
dentes brilhantes contra sua pele e barba ainda mais escura.
Lana suspirou. — Devo chamar alguém para levar o carro? —
Perguntou ela, tentando aliviar a tensão sexual no quarto. Ou talvez fosse
a única que sentia isso, porque ele parecia relaxado o suficiente.
— Vou levá-lo para fora, — disse ele e começou a atravessar a
sala em direção a ela.
— Você não tem nenhuma roupa, — ela disse afetadamente. —
Eu vou levar.
— Não há ninguém lá fora para ver, — comentou ele e agarrou o
carrinho.
— Então não há nenhuma razão que eu não possa fazer isso.
Vincent revirou os olhos, em seguida, agarrou a maçaneta e abriu
a porta, ali de pé em toda sua glória nua segurando a porta para ela. —
Você vai ser tão teimosa assim quando fodermos?
O rosto de Lana se aqueceu enquanto ela empurrava o carrinho
ao passar por ele. Mas ela se recuperou, dando o seu melhor. — Quem
disse que vamos foder?

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Ela levou mais tempo do que o necessário para colocar o carro
contra a parede do corredor, tentando ganhar tempo. Vincent pendurou
o sinal No Molestar2 na maçaneta da porta, esperou até que ela estivesse
de volta, em seguida, fechou e trancou a porta empurrando-a contra a
parede com seu grande corpo. Seu grande, corpo nu.
— Seu corpo me diz que vamos foder, — ele murmurou, seus
dedos fazendo um trabalho rápido no nó de seu roupão. Ele empurrou o
tecido de pelúcia longe, a mão deslizando sobre a pele nua de sua barriga
para descansar em seu quadril. — E você também sabe disso. Eu vejo em
seu rosto cada vez que você olha para mim. — Ele baixou sua boca na
dela e beijou-a. Não um toque provocador de sua boca, e não um rápido,
beijo duro, mas um prolongado beijo delicioso que a fez subir na ponta
dos pés para encontrá-lo, seus lábios se abriram em boas vindas, sua
língua acariciando dele, quente e sensual, provando calor, especiarias e
masculinidade. A mão dele caiu para sua bunda e puxou-a contra ele,
deixando-a sentir o comprimento de sua excitação.
Ela arqueou contra ele e ele gemeu. — Droga.
Lana se afastou e olhou para ele, seu cérebro tão embaçado com
o desejo de demorou um momento antes que ela compreendesse o
problema. Nascer do sol.
— Oh, Deus, Vincent, eu sinto
— Pare de se desculpar, maldição. — Seus olhos se fecharam de
repente e ele pareceu afundar onde ele estava em pé. Quando abriu os
olhos, foi lentamente, como se as pálpebras estivessem muito pesadas.
— Eu tenho que ir para a cama, querida. Não há tempo.
Lana não hesitou. Colocando seu ombro debaixo do braço, ela
caminhou com ele para a grande cama, jogando as almofadas decorativas
para o chão e puxando as cobertas apenas a tempo para Vincent cair
sobre o colchão.
— Hoje à noite, Lana, — ele sussurrou. Então rolou em sua
barriga e estava fora. Lana passou seus dedos sobre suas costas,

2
Não Perturbe

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sentindo as bandas firmes de músculos sob a pele dourada suave,
rastreando ao longo do comprimento de sua coluna todo o caminho até
seu belo traseiro. Sentiu-se tentada a tocar isso também. Para apertar os
músculos em volta firmes. Mas ela não o fez. Isso seria um pouco
pervertido para ela.
Ela suspirou e puxou o lençol e o cobertor até a sua cintura. Um
bocejo de quebrar a mandíbula a lembrou que também ficou acordada a
noite toda. Apressando-se de volta para o banheiro, ela escovou os dentes
e mais ou menos deu uma secada em seu cabelo. Levaria muito tempo
para secar tudo, e ela estava muito cansada. Tirando o roupão, ela se
dirigiu até o grande armário. Um sorriso cansado atravessou seu rosto
com a visão das duas malas empoeiradas no meio do elegante closet. Ela
cavou através da sua e encontrou uma outra regata e shorts de cetim
azul. Ela olhou para a limitada vestimenta duvidosa, depois sacudiu a
cabeça. Era inútil fingir por mais tempo. Ela estava dormindo na mesma
cama com Vincent por dia. Se eles tivessem chegado no hotel até uma
hora antes, ele provavelmente estaria enterrado dentro dela até agora.
Ela enfiou a blusa sobre a sua cabeça e entrou no shorts curtos,
pensando que ela provavelmente deveria ter economizado tempo e ido
para a cama sem nada. Mas não estava assim tão certa por ele. Talvez
quando acordasse ao pôr do sol, ele teria mudado de ideia. Ou talvez algo
surgisse. Algo diferente da impressionante ereção que sentira contra seu
ventre antes.
Um tremor de desejo ondulou sobre sua pele quando ela desligou
a luz do banheiro e fez seu caminho para a cama. Ela era o que eles
chamaram de California King, o que significava que ela poderia
facilmente se arrastar e nunca tocar Vincent em tudo. Mas, em vez disso,
ela encontrou-se movendo todo o caminho para o lado dele, puxando as
cobertas sobre ambos e enrolando-se ao seu lado. E, quando fechou os
olhos, ela sonhou sobre como seria fazer amor com um vampiro.

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VINCENT ACORDOU com o calor do corpo de uma mulher de
contra o seu lado e o roçar de cabelo sedoso sobre a sua pele.
Ele se virou e colheu Lana contra ele, colocando-a sob seu corpo,
deixando-a sentir o peso e calor dele enquanto cutucava o joelho entre
suas coxas. Seus braços rodearam seu pescoço mesmo antes que ela
estivesse completamente acordada, suas pálpebras tremulando, sua boca
se abrindo a dele com um gemido doce e faminto enquanto ela puxava
sua cabeça para baixo para um beijo.
Vincent engoliu os deliciosos pequenos ruídos que ela fazia
quando se arqueava contra ele, sua língua deslizando em sua boca,
varrendo as gengivas inchadas, atormentando-o enquanto ele lutava para
manter suas presas sob controle. Ele ainda podia lembrar o sabor mel
escuro de seu sangue, sentir o seu deslizamento lento pela sua garganta
quando ele tomou sua veia naquela caixa quente de prisão. Ela se
ofereceu a ele para salvar sua vida, mas esta noite, ela saberia o
verdadeiro prazer carnal de sua mordida, iria chorar deliciosamente
enquanto o calor e o desejo correria pôr o seu corpo, enquanto sua boceta
apertaria em torno de seu pau até que ela gritasse seu nome.
— Vincent, — ela sussurrou e seus olhos se abriram. — Eu estava
sonhando com você.
— E o que você sonhou, querida?
Ela ondulou debaixo dele, o cetim de seus shorts minúsculos
acariciando seu membro inchado enquanto seus seios se empurravam
contra seu peito, seus mamilos cutucando contra o tecido elástico de sua
camisa.
— Isto, — ela disse e encontrou com o seu olhar em demanda
atrevida.
O sorriso de Vincent era lento e confiante. — Eu posso fazer isso,
— ele murmurou, arrancando seus shorts, empurrando-os para baixo de
suas coxas e os deixando lá, prendendo as pernas juntas.
Ele acariciou seu corpo, roçando seus seios através de sua

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camisa, achatando os dedos sobre sua barriga e acariciando ao longo de
seu quadril até a coxa. Lana se arqueou contra sua mão, joelhos
transformando o cetim calções em ataduras quando ela tentou abrir as
pernas para seu toque.
— Vincent, — ela murmurou irregularmente, meio suplicante e
meio exigindo que ele a libertasse. Ela torceu os dedos em seus cabelos e
puxou duro, castigando-o. Mas ele apenas sorriu e deslizou sua mão
entre as coxas, mergulhando um dedo para o centro cremoso de seu sexo.
Lana gemeu, lutando contra o cetim enquanto empurrava contra sua
mão. Ela estava tão molhada, tão gostosa. Ele acrescentou um segundo
dedo, mergulhando profundamente dentro dela, sentindo o tremor de
suas paredes internas quando ele começou a fodê-la, pressionando a
palma da mão contra seu clitóris, esfregando frente e para trás enquanto
empurrava seus dedos dentro e fora observando-a se contorcer embaixo
dele. Ele gemeu na visão de seus seios lutando contra sua regata, seus
mamilos redondos, gordos e sedutores. Inclinando a cabeça, ele fechou a
boca sobre o mamilo através do tecido e chupou com força, até que ela
gritou, até que os dedos que ela torcera em seu cabelo estavam
segurando-o contra o seu peito, até que sua camisa estava encharcada e
ele podia ver o contorno rosado de sua auréola. Ele fechou os dentes
sobre o cone inchado de seu mamilo e ela gritou alto, sua boceta
apertando em torno de seus dedos quando ela se desfez para ele, seus
gemidos abafados quando ela mordeu o lábio tentando ficar quieta.
Foda-se.
Vincent levantou a cabeça para admirar os círculos rosa escuro
de seus mamilos, agora inchados por chupá-los. Ela ainda estava
respirando com dificuldade de seu orgasmo, seus seios subindo e
descendo sedutoramente. Seu olhar viajou para cima, demorando-se na
linha de sua jugular saturada, atraído para a gota de sangue em seus
lábios quando ela os mordeu reprimindo seus gritos.
Pegando seu olhar, ele lentamente tirou os dedos de dentro dela,
arrastando-os sobre seu clitóris supersensível. Suas pálpebras caíram
pesadamente quando ela choramingou alto, enquanto seus quadris se

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levantavam contra seus dedos quase sem vontade, como se seu corpo
soubesse melhor do que ela, o que queria, o que precisava. Seu olhar
sobre ele estava agitado, quase com medo, mas ela não estava com medo.
Não dele, de qualquer maneira. Não havia cheiro de medo, apenas
excitação e desespero. Ela não estava com medo do que ele faria, só do
que a faria sentir.
Ele arrastou os dedos, molhado com seus sucos, sobre a barriga
nua, em seguida, levantou-os deliberadamente para sua boca, lambendo
o sabor cremoso dela, observando seus olhos se incendiarem com o
desejo.
— Delicioso, querida.
Ela corou constrangida mesmo enquanto seu pulso disparava.
Vincent baixou a cabeça e tocou sua boca sangrenta com a língua,
saboreando aquele pequeno gole de seu sangue, enquanto se misturava
com o gosto de seu gozo já em sua boca. E então ele a beijou, deixando-
a provar-se enquanto sua língua se torcia com a sua, fazendo amor com
o seu beijo até que ela se contraiu debaixo dele, tentando chutar os shorts
fora, querendo abrir as pernas em sua volta.
Mas ele não estava pronto para isso ainda.
Ela gemeu em protesto quando ele interrompeu o beijo, mas ele
queria ouvi-la gritar seu nome da próxima vez que ela gozasse. Não
haveria mais gritos abafados, não mais reprimindo sua paixão. Ele
lambeu seu caminho ao longo de sua mandíbula para a delicada concha
de sua orelha, sentiu sua pele tremer, ele provocou a sua língua dentro,
traçando o contorno, mordendo o lóbulo, em seguida, beijando para
afastar a pequena dor. Seu coração pulou contra seu peito quando sua
boca tocou sua veia, quando sua língua seguindo sua linha por trás da
orelha, para baixo ao longo da curva de seu pescoço. Ele podia ouvir o
fluxo de sangue através do pulsar de seu batimento cardíaco, podia
cheirar a riqueza dele, podia sentir o gosto em sua língua. Ele sabia
exatamente qual seria o gosto, como o sangue dela seria ao deslizar como
melaço rico em sua garganta e alimentando seu desejo.
As gengivas se dividiram quando suas presas surgiram, um

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grunhido em sua garganta. Passaram-se dias desde que ele se alimentou
pela última vez, dias desde Lana lhe deu seu sangue para fortalecê-lo
para a batalha por vir. Se ela tivesse sido uma de suas amantes regulares,
suas presas já estariam enterradas em seu pescoço enquanto a fodia o
mais forte que podia. Mas Lana era mais do que isso, e ela não estava
acostumada a ter um amante vampiro. Ainda não.
Então ele continuou beijando e lambendo. Seguindo sua veia para
baixo até seu peito, mordiscando seu caminho ao longo do arco de sua
clavícula, expondo seu ombro, e beijando a ondulação superior do seu
peito. Impulsionado pela fome em suas veias, a frustração de seu sangue
tão perto, ele agarrou o material fino de sua parte superior e rasgou,
mostrando seus seios. Lana engasgou, seu coração batendo tão alto que
era tudo o que podia ouvir. Ele lambeu cada polegada de sua pele sedosa,
sugando quase todo seu peito em sua boca, a língua raspando sobre o
mamilo até que ele também estava cheio de sangue, pulsando no tempo
com o seu batimento cardíaco, implorando por sua mordida. Ele fechou
os dentes sobre a carne inchada, com força suficiente para deixar a sua
marca, mas não para tirar sangue. Lana gemeu baixinho, murmurando
palavras sem sentido, impulsionando seus quadris contra ele.
Vincent deu em seu mamilo uma lambida áspera final, depois
passou a boca para o outro seio e deu a mesma atenção. Ela gritou de
frustração, as unhas curtas arranhando seu couro cabeludo, seu corpo
inteiro ondulando debaixo dele.
— Vincent, — ela respirou.
Ele levantou a cabeça, encontrando seu olhar, seus olhos
normalmente brilhantes nebulosos com a necessidade. — O que você
quer, Lana? — ele perguntou, sua própria luxúria tão grande que ele foi
incapaz de fazer muito mais do que rosnar as palavras.
— Você, — ela sussurrou. — Eu quero você.
Vincent mostrou os dentes num sorriso lupino. — Você me tem.
Ele arrancou os shorts de cetim, espalhando suas pernas
enquanto segurava seu traseiro entre as mãos e colocava a boca em sua
vagina. Lana protestou. Ela queria seu pau, não sua boca. Mas ele não

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concluíra com ela ainda. Ela lutou para recuperar o fôlego, quase
chorando quando ele deu uma longa lambida entre suas dobras e sobre
o clitóris, enquanto os lábios se fechavam sobre essa delicada pérola. Ele
fechou os olhos, em seguida, lutando contra a vontade de morder. Não
havia lugar mais suculento no corpo de uma mulher, nenhum sangue
mais gostoso. Ela gritaria se ele mordesse lá. Ela gritaria seu nome
enquanto gozasse com tanta força que provavelmente iria desmaiar. Mas
ele precisava fodê-la primeiro.
Ele rosnou uma maldição. O suficiente.
— Espalhe suas pernas, — ele exigiu, empurrando seus quadris
entre as coxas quando ela não se moveu rápido o suficiente, dobrando os
joelhos contra o peito até que ela estava nua e aberta para ele. E então
ele a fodeu.
Segurando seu pau na mão, ele colocou-o contra o calor cremoso
de seu sexo e empurrou profundamente em seu corpo, deslizando
facilmente com a umidade de sua excitação, impulsionado pelo aroma de
sua necessidade, o aperto de sua bainha em torno dele. Ela gemeu
quando seu corpo se ajustou para ele, seus músculos internos tremendo
enquanto se esticavam para acomodar seu comprimento. Mas ela não
esperou. Em vez disso, ela levantou-se urgentemente às suas estocadas,
agarrando seu traseiro enquanto seus quadris batiam um contra o outro,
friccionando a pele em sua urgência, dentes e lábios se chocando quando
suas bocas se encontraram em uma necessidade súbita e frenética.
As presas de Vincent rasparam sua língua, os dentes esmagados
em seus lábios, e seu sangue fluindo e se misturando. Lana gritou
quando seu sangue acendeu seus nervos e seus músculos se apertaram
debaixo dele, quando foi jogada quase que instantaneamente em outro
orgasmo. Vincent lutou contra o desejo irresistível de prová-la ainda
mais, de afundar suas presas em seu pescoço, sua coxa, seu sexo. Ele
não se importava. Mas em vez disso, ele a fodeu, batendo seu pau em seu
corpo apertado, sentindo-a tremer em torno dele, sua vagina ondulando
ao longo de seu comprimento, acariciando-o com mil dedos, apertando e
liberando, exigindo que ele se rendesse, que a enchesse com seu semêm.

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Até que, finalmente, foi muito. Seu clímax era um peso ardente enquanto
suas bolas se apertaram até que sua libertação rugiu para baixo de seu
membro e irrompeu, enchendo-a enquanto ela gritava seu nome.

LANA LEVOU suas mãos sobre os ombros e as costas de Vincent,


sentindo a força, e sua amplitude. Ela ainda estava tremendo de seus
orgasmos múltiplos. Ela não tinha certeza de quantos. Ela nunca teve
que contar antes. A maioria dos seus amantes mal conseguira um. Mas
não Vincent.
Ela sabia que ele seria assim. Que faria amor com cada parte do
corpo de uma mulher, que ele a deixaria mole, sua boceta tremendo,
ainda apertando com mini orgasmos enquanto seu membro flexionava
profundamente dentro dela. Que ele a deixaria com fome de mais.
Ele beijou o lado do pescoço, sua língua deslizando para fora para
provar sua pele suada. Lana tremia antecipando sua mordida, inclinando
a cabeça para um lado e expondo seu pescoço para ele em um
desavergonhado convite.
Lembrou-se de como se sentiu, o calor abrasador, o fogo correndo
por suas veias e ao longo de seus nervos. Foi além de sensual nos confins
quentes da cela. Ela sonhou todos os dias desde então, o que seria tê-lo
mordendo-a enquanto ele fazia amor com ela, enquanto estivesse
enterrado profundamente dentro dela, sua ereção dura e grossa, o poder
de seu corpo pressionando-a enquanto ele empurrava uma e outra vez.
Lana estremeceu apenas de pensar nisso, e Vincent se levantou
sobre os cotovelos, levantando o peso de cima dela para que pudesse ver
seu rosto.
— Tudo certo?
Ela assentiu, com a garganta muito apertada para falar enquanto
encontrava seus olhos salpicados de cobre, os dedos vasculhando as
ondas de seu cabelo preto, quando de repente ela franziu a testa. Por que
ele não a mordeu?

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Sem aviso, ele levantou-se da cama e foi até a pequena geladeira.
Lana se sentiu abruptamente nua, com a parte superior da blusa em
farrapos, seu short... em algum lugar. Ela se levantou e dirigiu-se para o
banheiro, sem saber o que faria lá, sabendo apenas que ela não podia
deitar na cama como um amante que a rejeitou, aquela cujo sangue,
obviamente, não era desejável, ao menos que ele estivesse preso sem
opções.
Vincent pegou sua mão enquanto passava por ele. — Lana? —
Disse ele, franzindo o cenho enquanto a parava. — O que está errado?
— Errado? Por que algo estaria errado? — Ela retrucou,
recusando-se a olhar para ele. Ela tentou se soltar, mas o aperto em sua
mão se fortaleceu enquanto ele a puxava contra o peito, os braços
poderosos a apertaram para mantê-la lá.
— Diga-me, — ele exigiu.
Lana apertou os dentes, recusando-se a dar-lhe a satisfação.
— Eu posso fazer você dizer, — ele murmurou.
— Mas você não vai, — ela respondeu presunçosamente.
Seus braços se apertaram ao redor dela. — Não tenha tanta
certeza, — ele rosnou. — Um momento atrás, você estava gritando meu
nome, enquanto sua vagina apertava meu pau com tanta força que pensei
que iria perdê-lo. O que aconteceu entre agora e depois?
— Não é o que aconteceu, — disse ela, lutando inutilmente contra
a sua espera. — É o que n- Fechou sua boca antes que ela fizesse a si
mesma de idiota ainda mais.
— O que não? — Ele adivinhou, inteligente demais para seu
próprio bem. — O que não aconteceu, Lana? — Perguntou ele, soando
genuinamente confuso.
Ela empurrou para trás o suficiente para morder seu braço, mas
ele apenas riu.
— Você acha que morder vai me fazer libertá-la? Eu sou um
vampiro, querida. Mordendo unicamente me excita.
Ela podia sentir a verdade de suas palavras no comprimento duro
de seu eixo pressionando contra sua barriga.

- 271 -
— Bem, pelo menos um de nós está usando os dentes, — ela
retrucou. E quase imediatamente, ela desejou que tivesse dito nada
quando Vincent ficou muito quieto, os braços de repente, como barras de
ferro.
— Você quer que eu te morda?
— Não coloque palavras em minha boca, — ela estalou. — Eu não
sou uma ...
Ela nunca terminou sua frase pois Vincent colocou os dedos em
seus cabelos, puxou a cabeça para um lado, e afundou suas presas em
sua veia.
Todo o corpo de Lana convulsionou enquanto ela tremia surpresa
para o orgasmo de corpo inteiro no espaço de um batimento cardíaco. Ela
gritou, ofegando por ar, seu coração correndo tão forte que batia em seus
pulmões, roubando sua respiração. Os braços fortes de Vincent a
ampararam, um em volta do pescoço, o queixo seguro na sua mão
enquanto ele a manteve imóvel por sua mordida, sua outra em torno de
sua cintura, esmagando-a contra seu corpo, seus pés mal tocando o chão
enquanto ela estremecia com sua devassa fome.
Lana estendeu a mão e acariciou a parte de trás de sua cabeça,
enfiando os dedos pelos seus cabelos longos enquanto lutava com uma
onda de prazer, inundando cada polegada de seu corpo.
— Vincent, — ela sussurrou, agarrando seus ombros, suas
unhas cavando os músculos grossos.
Com um grunhido, Vincent levantou a cabeça, seus dentes
brilhando vermelho com seu sangue. Seus músculos flexionaram
enquanto a virava e jogava-a de cara para a cama. Ajoelhado atrás dela,
ele agarrou seus quadris em ambas as mãos e levantou sua bunda para
o ar. Não houve finesse, sedução. Seus dedos grossos mergulharam entre
as coxas e encontrou-a molhada e pronta para ele, e, em seguida, seu
pau estava batendo nela, seus quadris batendo em sua bunda enquanto
se enterrava até as bolas em um único golpe.
Lana enterrou a cabeça nos braços e gemeu, seus nervos ainda
vibrando com a excitação de sua mordida enquanto ele a fodia

- 272 -
descontroladamente, seus grunhidos pontuando cada impulso, até que
ele agarrou seu cabelo mais uma vez, e puxou-a para os seus joelhos.
Com as costas pressionadas contra seu peito, ele enterrou seus dedos em
sua boceta e suas presas em seu pescoço e ambos vieram com tanta força
que pensou que o quarto iria quebrar em torno deles.
Lana gritou o nome de Vincent, uma e outra vez, a euforia em sua
mordida gritando ao longo de seus nervos, enquanto sua libertação a
encheu de calor até que, finalmente, ela não aguentou mais e gritou sem
palavras.
A próxima coisa que ela sentiu foi a língua de Vincent molhada e
quente em seu pescoço, e uma vaga memória lhe disse que estava selando
as feridas. Eles estavam deitados, estendidos na cama, suas costas ainda
para a frente de Vincent, mas ele estava acariciando-a agora, a
acalmando enquanto ela descia da dupla euforia de ter seu pau e sua
mordida. Foi tão devastador como imaginou que seria, e ela achava que
não seria capaz de se mover novamente.
— Eu machuquei você? — Vincent perguntou em voz baixa, e ela
ouviu o interesse genuíno em sua voz, sua preocupação.
Ela balançou a cabeça em silêncio, chegando de volta para
acariciar sua mandíbula. — Foi lindo, — ela sussurrou. — Você é lindo.
Vincent beijou o lado de seu pescoço. — Essa é minha linha, —
ele murmurou, sorrindo contra sua pele. — Além disso, eu tenho que ser
devastadoramente bonito, não lindo.
Lana sorriu. — Convencido, também.
— Ah, com certeza.
Ela riu. — Nós temos que nos mover agora? Porque eu não tenho
certeza que posso.
— Nós podemos fazer o que quiser, mas eu não tenho nenhuma
objeção a passar a noite dentro de você.
Lana estremeceu. Ela sabia que ele quis dizer isso. — Vou precisar
de comida.
— Eu posso fazer isso.
— Durante toda a noite, será, então, — ela respirou e se

- 273 -
transformou em seu beijo.

- 274 -
CAPÍTULO DEZESSETE

LANA acordou antes do anoitecer na noite seguinte. Ela sabia


disso porque Vincent ainda estava dormindo e porque uma verificação
rápida do app do sol em seu telefone celular confirmou que ela tinha
vários minutos antes do sol se pôr. Ela saiu da cama o tempo suficiente
para utilizar as instalações e pegar seu laptop, em seguida, recostou-se
e conectou a Internet do hotel para verificar seu email enquanto esperava.
Seu inbox possuía o lixo usual, e mais cinco novas mensagens de
Dave Harrington e uma do seu pai. Abriu a de seu pai e não encontrou
nada novo. Ele ainda falou sobre Dave como se ele fosse a segunda vinda
e a instruiu a se encontrar com Dave para terminar o que quer que essa
atribuição fosse, que ela assumiu sem dizer a ninguém. Ele não
perguntou como estava indo, não perguntou ela precisava de ajuda.
Inferno, os caras assumiam trabalhos particulares todo o tempo, e ele
nunca se queixou. Na verdade, ela pensou que era uma boa coisa — a
mantendo feliz e alinhada enquanto o negócio estava lento. Mas ele
obviamente não pensava da mesma forma quando se referia a ela. Esta
atitude fez com que ela não contasse a ele sobre o trabalho para Raphael
em primeiro lugar.
Ela sabia qual seria sua reação.
Ela continuou lendo, perguntando o quão profundamente ele
havia bisbilhotado em seus negócios. Parecia que ele sabia que o trabalho
teria algo a ver com os vampiros, mas não muito mais. Isso significava
que Dave Harrington provavelmente a seguiu até Hermosillo, mas não
conseguiu espremer qualquer informação das pessoas de Vincent. Dado
o que ela agora sabia sobre a hierarquia vampírica, isso não a
surpreendeu, especialmente desde que o único vampiro que realmente
sabia o que estava acontecendo era Michael. Dave ainda poderia
encontrá-la se estivesse determinado, mas seria necessário um longo

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tempo, talvez mesmo tempo suficiente para que o trabalho estivesse
terminado.
E ela considerou, pela primeira vez, que quando o trabalho
terminasse, ela e Vincent voltariam às suas vidas separadas. A ideia de
que talvez nunca mais o veria novamente... feria. Era uma verdadeira dor
física em seu coração. Ela pressionou a mão no peito e tentou dizer a si
mesma que era outra coisa, toda a comida picante, talvez. Mas isso não
explicava as lágrimas ardendo parte de trás de seus olhos.
Os lençóis sussurraram enquanto Vincent acordava atrás dela.
Colando um sorriso, ela olhou por cima ombro para vê-lo olhando para
ela.
— Você pode ler meus emails, também, se prometer fazê-lo nua,
— ele ronronou.
Ela riu, aliviada por ele não ter notado seu humor. — Eu estava
esperando por você. Eu preciso de um banho.
— Sexo no chuveiro...Muito melhor do que ler emails nua.
— Quem disse alguma coisa sobre sexo?
Ele não disse uma palavra, simplesmente jogou as cobertas e
levantou em toda a sua beleza nua, sua ereção sobressaindo dura, grossa
e orgulhosa. Lana não percebeu que ela estava olhando, até que ele se
aproximou e levantou o queixo, forçando-a a olhar para seu rosto.
— Hellooo? Meu rosto está aqui em cima, — disse ele em uma
paródia cantada de uma fêmea virtuosa protestando.
Lana novamente, sentindo isso dessa vez, quando ela se levantou
para envolver os braços em volta do pescoço. — Sexo no chuveiro soa
bem, — ela murmurou, acariciando sua pele. Ela pegou a mão de Vincent
enquanto se levantava e dirigiu-se ao banheiro, parando apenas o tempo
suficiente para fechar seu laptop sem abrir qualquer um dos e-mails de
Dave Harrington.

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VINCENT levantou Lana contra a parede de azulejos e bateu seu
pau dentro dela, impulsionado pela necessidade de possuí-la, tanto
quanto pela raiva por ela lhe fazer querê-la tanto. Eles passaram toda a
noite anterior na cama, na maior parte com ele dentro dela, com apenas
breves pausas para repouso e alimentação, apenas para Lana, de
qualquer maneira. Ele não precisava de qualquer comida, apenas o seu
sangue, e ele não precisa de muito descanso também.
E ainda assim, ele acordou esta noite duro como uma rocha e
estendendo a mão para ela. Talvez se ele transasse com ela o suficiente,
ele iria se satisfazer. Talvez essa fome que o levava a reclamá-la, para
garantir que nenhum outro homem ousasse olhar para ela, seria
finalmente saciada, e ele poderia voltar para sua vida. De volta a pegar
qualquer porra de mulher para saciar suas fantasias. Só que ele não
queria foder qualquer mulher, apenas essa.
Ele grunhiu sua raiva, agarrando sua coxa e a envolvendo mais
elevada em torno de sua cintura, esmagando sua boca contra a dela.
Lana ecoou seu grunhido, cavando seus dedos em seus cabelos com
tanta força que doía, o que só abasteceu seu desejo por ela. Ele provou
sangue quando seus lábios se partiram com a ferocidade de seu beijo, em
seguida, mais sangue quando ela o mordeu de volta, sua risada baixa e
sensual. Seu pau cresceu incrivelmente mais duro com o som e com seu
sexo, quente e apertado, pulsando ao seu redor. Ele se afastou e
encontrou seu olhar, seus olhos tão cheios de um abandono selvagem,
como o seu também deveria estar. Cristo, eles iriam foder um aos outros
até a morte neste ritmo.
E que maneira de morrer.
Ele deixou suas presas emergirem, saboreando a dor ao dividir
suas gengivas, o alargamento dos olhos de Lana quando ela olhou para
seu comprimento afiado e reluzente. E então, com seus olhos nunca
deixando os seus, ela sorriu e inclinou a cabeça, mostrando a elegante
extensão de seu pescoço.
Porra. Minha, ele pensou e virou a cabeça para a frente, suas
presas cortando o calor úmido de sua pele, perfurando uma veia tão

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inchada com sangue que ela explodiu como um fruto maduro, inundando
sua boca, rolando goela abaixo. Tanto sangue, e tão deliciosa, que teve
que fechar os olhos contra o êxtase, para que Lana não visse e soubesse
o poder que tinha sobre ele. Isto era mais do que sangue. Este era o
sangue da mulher que poderia ser sua companheira se ele lhe permitisse
isso ir tão longe.
O grito de Lana o fez abrir os olhos. Ele puxou a cabeça para trás,
querendo ver como ela culminou em torno dele, como ela perdeu o
controle, presa na mesma armadilha que ele estava, seu corpo
estremecendo na agonia de um orgasmo que Vincent lhe dera, e que ela
era incapaz de resistir.
— Vincent, — ela sussurrou seu nome, tão suave e doce, tão
cheia de emoção. Tão vulnerável.
Tolo que ele era, seu coração inchou. Inclinando a cabeça, lambeu
as feridas de sua mordida, selando-os para parar o fluxo de sangue.
Então mordiscou seu caminho para sua boca, lhe dando um tipo
diferente de beijo, um cheio de desejo e anseio. E assim, ele deslizou seu
pau dentro e fora devagar, sentindo seu corpo convulsionando em torno
dele, seus mamilos raspando seu peito, seu coração acelerado como o
orgasmo se formando através dela. E quando ela estava quase feita,
quando sentiu as contrações em sua barriga começar a abrandar, a
carícia de sua vagina começa a perder a sua agitação, ele segurou seu
traseiro, segurando-a bem aberta, e ele fodeu com ela a sério, batendo
seu pau tão profundo quanto poderia ir moendo contra seu clitóris com
cada impulso.
Os olhos de Lana se abriram em choque quando um novo clímax
se agarrou a ela, enquanto sua vagina ondulava em torno de seu membro
mais uma vez. Seus braços se apertaram convulsivamente sobre seus
ombros e ela gritou impotente. Vincent sentiu seu próprio corpo
responder, seu orgasmo subindo como o calor de um vulcão, que ruge
através de todos os músculos, queimando cada nervo até sua libertação
ser derramada, reivindicando sua mulher com o seu pau da mesma
maneira que fez com suas presas.

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LANA afrouxou seu aperto em Vincent, tão superaquecida pelo o
chuveiro quente quanto pelo vampiro ainda mais quente entre suas coxas
que pensou que derreteria. Ou isso, ou explodir. Ela não sabia de qual
ela não tinha certeza. E ela não se importava, porque valeu a pena.
Vincent valeu a pena. Talvez isso fizesse dela uma idiota, porque ele não
era apenas um vampiro, ele era um homem. E homens como Vincent não
se amarram a uma mulher. Ela precisava se lembrar disso. Precisava que
lembrar que tudo o que eles possuíam era passageiro. Que poderia ser
quente e incrível, mas, no final, era apenas diversão. Algo glorioso para
recordar quando fosse velha e senil.
Ela acariciou a mão sobre a parte de trás da cabeça de Vincent.
Sua testa descansou contra o azulejo as suas costas, e sua respiração
era quente e alta em seu ouvido. Uma câimbra lembrou-lhe que suas
pernas ainda estavam enroladas em torno de seus quadris e ela fez uma
careta, não tendo certeza de que forçara para movê-las... Ou para estar
em seus próprios pés, se ela tentasse.
— Eu acho que preciso de um banho, — ela murmurou,
consciente de sua pele suada, da umidade entre suas coxas, tanto dele
quanto dela.
Vincent riu e levantou a cabeça, os olhos salpicados de cobre
quando encontraram os dela. — Você pode se mover?
— Talvez. Se você ajudar.
Ele apertou sua nádega, então arrastou seus dedos para baixo em
sua umidade e ao longo de sua coxa.
— Pare com isso, — ela repreendeu fracamente. — Nós vamos
ficar aqui a noite toda.
— Isso é uma coisa ruim?
— Eu não sei sobre você, vampiro, mas eu vou enrugar como uma
ameixa. E isso não é atraente em uma amante.
Ele deu uma palmadinha em sua bunda e em seguida, deu um

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passo atrás, facilitando suas pernas para o chão e segurando-a até que
ela ficasse mais ou menos constante. Mas este era Vincent, o que
significava que não deixar isso parar por aí.
Alcançando atrás dela, ele havia bombeado um bom punhado de
gel de banho e começou a lavá-la, deslizando suas fortes mãos por todo
o corpo, lavando entre as coxas e sobre seu traseiro. Sentindo-se mais
relaxada do que já se sentiu, Lana fechou os olhos e aproveitou a
massagem.
— Enxágue.
Ela piscou os olhos abertos para encontrar Vincent olhando-a
melindroso.
— Enxágue-se, querida. Você está toda cheia de sabão.
— Certo, — ela disse, como se não tivesse ficado meio
adormecida. Vincent se afastou para que ela pudesse ficar sob o jato,
mas, em seguida, agarrou o pulverizador de mão e dançou sobre o corpo
dela, fingindo ser útil apontando-o entre as pernas.
— Me dá isso, — ela retrucou, levando-o para longe e apontando-
a para seu rosto brevemente antes de terminar a sua própria lavagem.
Foi uma sorte, pensou ela, que lavou o cabelo antes que transarem.
Porque se ficaria tão perto de um Vincent nu por muito mais tempo, só
havia uma maneira que poderia ir. E em seguida, ela seria uma ameixa
com certeza.
Entregando-lhe o pulverizador, ela se levantou na ponta dos pés
para beijar sua boca, então deu um tapa em sua bunda no caminho para
fora do chuveiro. Instantaneamente sentindo cerca de dez graus mais
frio, ela puxou um dos macios robes, em seguida, pegou uma toalha e
um pente, atravessou a área de vestir e saiu para o quarto.
Envolvendo o manto apertado em torno de seu corpo, ela
amarrou-o frouxamente, e em seguida, ficou na frente do espelho e
começou a pentear o cabelo molhado. Alguém bateu na porta do quarto
e ela franziu a testa, verificando a hora. Talvez Vincent pedira algo no
serviço de quarto para o café da manhã... ou jantar... ou o que você
chamaria quando você dormiu durante todo o dia e acordou durante a

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noite. Ou talvez fosse a camareira, uma vez que eles perderam a limpeza
regular programada.
Ela foi até a porta e verificou o olho mágico, cobrindo-o com a mão
em primeiro lugar, apenas no caso alguém estar lá fora, com uma arma.
Ela viu isso em um filme uma vez. O filme em si não foi muito
impressionante, mas a cena foi.
Afastando-se seus dedos — que ainda estavam inteiros e livres de
ferimentos de bala — ela colocou seu olho no olho mágico e encontrou
algo muito pior.
Dave Harrington. Que porra ele estava fazendo aqui?
Ela estalou os bloqueios e abriu a porta.
— Que porra é essa, Dave?
— Você me pergunta isso? — Ele perguntou, empurrando e
entrando no quarto. — Eu estive deixando mensagens, emails... Seu pai
está doente de preocupação. Ninguém sabe no que você está trabalhando,
ou por que você está aqui no meio do país do cartel... E por sua conta,
pelo amor de Deus.
— Saia, — disse ela, dando um passo à frente dele, tentando
impedi-lo de ir mais longe na sala de antes do desastre. — O que eu faço
não é da sua conta ou do meu pai. Agora, saia.
— Não até que você me diga por que você está aqui. No que você
está trabalhando? — Ele deu vários passos para dentro do quarto,
forçando-a a se afastar, um homem grande por qualquer padrão, forte e
em forma... E Vincent com certeza o destroçaria.
— Não aqui, — Lana disse com firmeza. — Eu preciso me vestir.
Por que não encontro você no café?
Infelizmente, Dave pode ser ignorante, mas não era estúpido. Ele
virou-se em um círculo, olhando para a cama desarrumada, olhando para
a porta do banheiro fechada. Ela sabia o momento em que ele ouviu a
água a correr chuveiro. Seu corpo inteiro ficou tenso, e ele virou-se, com
os olhos arregalados em descrença.
— Você está fodendo alguém? Você fugiu do seu pai, de mim,
para ter uma boa transa no México?

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Mas Lana não estava olhando para Dave mais. A porta do
banheiro se abriu e ela encontrou o olhar de Vincent.
— Você não me disse que tinha um convidado, querida.

VINCENT ACABAVA de sair do chuveiro, sentindo-se ótimo,


quando ouviu um homem gritando com Lana na sala ao lado. Ele agarrou
sua calça, puxou-as para cima de suas pernas molhadas, e abriu a porta
do banheiro para encontrar um homem gritando algo sobre uma foda
mexicana.
Vincent olhou por cima do ombro volumoso do humano e
encontrou o olhar preocupado de Lana.
— Você não me disse que tinha um convidado, querida.
O humano se virou, uma mão indo para a grande pistola na
cintura quando olhou para Vincent, seu olhar o medindo da cabeça aos
pés, com ódio desmascarado. Vincent não teve que mergulhar nem
mesmo em seus pensamentos superficiais para saber o que ele estava
pensando. Parecia haver uma lâmpada piscando sobre sua cabeça. Ele
viu um Vincent principalmente nu, seu cabelo e pele ainda molhados do
banho, e viu Lana, toda limpa e brilhante, enrolada no robe envolvente,
seus longos cabelos ainda pingando água.
O humano lançou um olhar atordoado para Lana, depois para
Vincent. E sua expressão mudou, tornando-se mais calculada,
observando tamanho e força de Vincent, a maneira como ele estava
parado, equilibrado e pronto para lutar. E ainda mais, a sua total falta
de preocupação com a súbita aparição do humano.
Este era Dave Harrington, Vincent presumiu, com base na
descrição de Lana, tanto do homem e seu temperamento. Ele era 5 ou 6
cm mais baixo do que Vincent, mas volumosos com os músculos, e,
provavelmente, os utilizava para intimidar as pessoas.
Pena Vincent não se intimidou, e Dave Harrington sabia disso.
— Você estava dizendo? — Vincent perguntou suavemente,

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esperando que o idiota persistisse em insultar Lana, assim, dando a
Vincent uma razão para bater sua bunda no chão.
— Quem diabos é você? — Harrington exigiu.
Lana passou em torno dele e assumiu uma posição ao lado de
Vincent, um movimento significativo que não foi despercebido por
Harrington, se seu olhar boquiaberto em Lana fosse qualquer indicação.
— Eu acredito que essa seria a minha pergunta, — Vincent
respondeu, — uma vez que este é o meu... isto é, o nosso quarto que você
tão rudemente invadiu.
Harrington olhou para Lana, esperando que ela claramente fizesse
algo. Apresentá-lo, talvez? Declarar seu amor eterno?
Mas, então, o robe de Lana se moveu, e Harrington teve um olhar
em seu pescoço, onde Vincent recentemente a mordera. Não havia muito
na forma de uma marca, mas foi o suficiente, uma vez que o homem
obviamente já sabia, que ele tirou à conclusão correta.
Mas então ele fez o movimento errado.
— Você está fodendo um vampiro? — Harrington exigiu e
estendeu a mão para Lana, seja para empurrar o robe de lado para ver
melhor ou para agarrá-la, Vincent não sabia. E ele não se importava.
Movendo-se mais rápido do que o humano poderia seguir, ele
agarrou o pulso do homem antes que sua mão pudesse tocar Lana, em
seguida, entrou em seu espaço, pararando a um fio de cabelo do peito do
humano.
— Não toque nela, — Vincent rosnou. — E você vai manter sua
língua na sua cabeça, ou eu vou rasgá-la para fora e empurrá-la em sua
garganta.
— Vincent, — Lana disse calmamente.
Ele esperou o tempo suficiente para o humano perceber que ele
estava impotente contra a força maior de Vincent, em seguida, o deixou
ir empurrando o homem um passo para trás, longe de Lana.
Envolvendo um braço descaradamente possessivo ao redor dos
ombros de Lana, ele tocou sua cabeça com a dela de uma forma que
gritou intimidade e perguntou: — Quem é este palhaço? — Mesmo já

- 283 -
sabendo.
Harrington fuzilou para ele. — Eu sou seu noivo, imbecil. Quem é
você?
Lana bufou de desgosto, mas reveladora não fez nenhuma
tentativa de desalojar o braço de Vincent. — Você não é meu noivo, Dave.
Nós nunca estivemos noivos.
— Quanto a quem eu sou, — Vincent interrompeu. — Eu sou o
único fo
Lana virou a cabeça devagar e o olhou fixamente, como se
desafiando-o a terminar a frase.
Vincent sorriu e terminou, dizendo: — seguindo Lana por todo o
país. A mantive segura... entre outras coisas.
— Vincent, — Lana repreendeu suavemente, virando-se para
tocar o queixo com os dedos, lutando contra um sorriso que ela
provavelmente não queria que ele visse. Ela voltou para Harrington.
— Sinto muito que você veio até aqui para nada, Dave. Mas este
não é o seu negócio, ou do meu pai. Eu agradeço sua preocupação, mas
como você pode ver, eu estou perfeitamente segura. Agora, eu vou lhe
pedir para sair.
Harrington, que era ou ignorante ou estava em um grande caso
de negação, olhou para Lana em descrença.
— Você está escolhendo um vampiro sobre nós?
— Não há nós, — Lana gritou, tendo finalmente chegado ao seu
limite com o imbecil. — Você poderia por favor enfiar isso na sua cabeça!
Nós namoramos! Muito tempo atrás! Deixe isso para trás!
— Lana
— Não. Droga! — A calma de Lana desapareceu para sempre. —
Vá para casa, — ela rosnou tão violentamente como qualquer vampiro
poderia. — E diga a meu pai para parar de se intrometer nos meus
negócios. Eu estou de férias. Agora, me deixe em paz!
Harrington finalmente pareceu cair na real. — Tudo bem, — ele
retrucou. — É o seu funeral. — Ele esbravejou e abriu a porta, parando
para uma última ressalva. — Ou talvez o do seu pai, uma vez que isso

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vai quebrar a porra de seu coração.
Lana revirou os olhos para esse último pedaço de drama, mas não
disse nada até que a porta se fechou em sua bunda inútil.
— Como se fosse possível, — ela murmurou. — Sean Arnold pode
sobreviver a tudo apenas para provar que pode.
Vincent passou o braço em volta de sua cintura e puxou-a contra
o peito, inclinando-se para esfregar sua bochecha contra a dela. — Você
está bem?
Ela assentiu com a cabeça.
— Ele ainda quer você, você sabe.
— Ele quer o negócio do meu pai.
— Talvez. Mas ele quer você também.
— Muito ruim para ele então.
— Você o deseja?
Ela virou-se para dar-lhe o tipo de olhar uma pessoa dá alguém
que é particularmente sem noção. — Não, Vincent, — ela explicou
pacientemente. — Se eu quisesse Dave Harrington, eu teria fodido ele no
chuveiro há dez minutos ao em vez de você. Feliz agora?
Vincent sorriu, então se inclinou e fechou os dentes sobre seu
lábio inferior antes de lamber embora a dor. — Peço desculpas.
— Hmph. Eu não preciso de você para me proteger, você sabe.
— Eu sei disso. Mas eu preciso.
Ela sorriu com relutância. — Orgulho, teu nome é homem, ou
macho, de qualquer forma.
— Naturalmente, — Vincent concordou.
— Sim, bem, agora que a parte de entretenimento da nossa noite
está concluída, precisamos começar procurando Xuan Ignacio. Ele é a
razão de estarmos aqui, afinal.
— Eu que pensei que estávamos aqui para que você pudesse tirar
proveito de mim.
— Isso é verdade. Mas pensei que talvez eu devesse lhe dar uma
pausa. Você sabe, algum tempo para recuperar a sua força.
Vincent baixou a cabeça para dar-lhe um olhar malicioso. — Isso

- 285 -
é um desafio?
Ela balançou a cabeça com um sorriso. — Eu não sou tão tola.
Mas nós realmente temos que encontrar Xuan.
— Tudo bem, — admitiu. — Devemos mudar de hotel de qualquer
maneira. Se Harrington nos encontrou, outros podem também.
— Ele provavelmente está rastreando meu celular. Esta é a
primeira vez que ficamos em um lugar por tempo o suficiente para ele
encontrar a gente.
— Mais uma razão para mudar. Vamos empacotar e sair daqui.
Vamos pegar um pouco de comida e vou fazer algumas chamadas. Xuan
não é o único vampiro no Pénjamo. É hora para lembrar aos moradores
quem é que está no comando.
— Você quer dizer Enrique? — Perguntou Lana, fingindo
inocência.
Vincent rosnou e agarrou-a pelas lapelas, puxando o rosto para o
seu e estabeleceu um duro, rápido beijo contra sua boca doce. — Eu,
querida, e não se esqueça disso.
— Pfftt. — Com essa dispensa, ela bateu um beijo contra seus
lábios, em seguida, desengatou os dedos de seu robe e caminhou de volta
para o banheiro, deixando-o a se perguntar como é que ele poderia estar
caído por uma mulher que parecia não precisar dele em tudo.

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CAPÍTULO DEZOITO

ENQUANTO LANA jantava no restaurante, Vincent bebeu um


copo de vinho, para manter as aparências e fez telefonemas, começando
com Michael.
— Sire, — seu tenente respondeu.
— Mikey, o que você tem para mim?
— Primeiro, os filhotes estão indo bem. Jerry só precisava de
algumas boas refeições, e ele já está patrulhando com um dos regulares.
Salvio é um pouco mais difícil de se conectar, ele não parece tão privado
de sangue quanto Jerry.
— Ele matou um grupo de guardas um pouco antes de o
encontrarmos. Eu estou supondo que ele se alimentou deles.
— Isso explica tudo. Ele parece um pouco desconfortável, mas
está começando a patrulhar esta noite. Pensei em manter os dois juntos,
mas Salvio parecia relutante.
— Problema?
— Acho que não. Vamos ver como ele se ajusta, mas por agora,
ele está de segurança no clube, cuidando da porta. Eu pedi para Ortega
manter um olho sobre ele, pois ele conhece a história.
— Boa ideia. E Carolyn? — ele perguntou, cobrindo a boca e
falando tão baixinho que Lana não pode ouvir.
— Eu não a vi desde que voltamos, mas estou recebendo
relatórios noturnos. Fisicamente, ela está totalmente recuperada, é claro.
Quanto ao resto, pode ser que demore um pouco até que se sinta
confortável diante de qualquer macho, mas ela está bem com as outras
mulheres. Ela é forte.
— Ela teria que ser para sobreviver a isso e manter a sanidade.
— Falando de insanidade, jefe, recebi a palavra da minha fonte
dentro do HQ de Enrique, e não é bom. Ele diz que Alexandra está morta.

- 287 -
— Porra. Enrique a matou?
— Não Enrique. Um visitante da França. O mesmo que planejou
o atentado contra Raphael no Acuña. A palavra é que ele ainda está na
Cidade do México, escondendo-se na villa de Enrique.
— Por que ele ainda está lá? Você pensaria que ele estaria
correndo para casa, especialmente desde que foi estúpido o suficiente
para matar a irmã de Raphael.
— Ninguém parece saber. Raphael já deve saber que ela está
morta, certo?
— Conte com isso. Porra, essa situação só fica mais e mais
complicada. Porra. Tudo bem, uma coisa de cada vez. Encontrou alguma
coisa para me ajudar com Xuan Ignacio? Eu gostaria de encontrar o cara
e acabar logo com isso.
— A rosa já desabrochou3?
— De jeito nenhum. O que eu gostaria é para passar algumas
semanas de qualidade com esta rosa em particular na casa de Cabo.
Nenhum visitante, nenhuma política.
— Huh.
Vincent franziu a testa para o telefone. — Huh o quê?
— Oh, uh, nada. Apenas verificando minhas notas. E, sim, eu
tenho alguma ajuda para você. Celio — você se lembra dele, o vampiro
mais velho que afirmou ter visto Xuan
— Sim sim.
— Bem, querendo agradar a si mesmo, e se dedicou a pensar
novamente sobre o passado e veio com um nome para você. É outro vamp
como ele. Velho, mas não forte. Ainda vivendo em Pénjamo. — Michael
fez uma pausa. — Você já pensou sobre quantos caras devem haver
assim, vivendo no mundo? Vampiros realmente velhos que pendurados
em pequenas aldeias, sobrevivendo com um gole de uma linda coisinha
jovem — menina ou menino?
Enquanto Michael continuava a ser inteligente, Vincent foi

3
Michael usa essa expressão com o intuito de perguntar se Vincent já perdeu o interesse por Lana.

- 288 -
arrebatado com a visão de Lana tomando um gole de sua Coca. Seus
lábios, cheios e molhados com alguma coisa rosa que ela colocou sobre
eles no andar de cima, em volta do canudo grosso enquanto ela
chupava... Ele colocou a mão sobre a dela na mesa, enrolando seus dedos
juntos. Lana olhou para cima e encontrou seus olhos com um sorriso
suave.
E tudo o que Vincent podia pensar era tê-la nua e debaixo dele o
mais rápido possível.
— Nenhum poder, mas não preocupado com isso, porque há
vampiros como você mantendo a ordem na terra, — Michael terminou.
— Você sabe, Mikey, — disse Vincent, seu olhar nunca deixando
Lana. — Eu não posso dizer que já pensei sobre isto. Mas você sabe o que
eu posso dizer?
— Eu estou supondo que é que você não dá a mínima para isso
também.
— Homem inteligente. Eu sabia que havia uma razão pela qual
eu mantive você por perto. Agora me diga se o que Celio tem a dizer vai
me ajudar a encontrar Xuan.
— Seu amigo sabe o paradeiro atual do Xuan, e está disposto a
se encontrar com você.
— Excelente. Me mande a localização por mensagem.
— Enquanto falamos.
— Eu te ligo mais tarde, — disse Vincent e desconectando. Então
ele virou-se para Lana. — Temos uma reunião com um cara que sabe
onde encontrar Xuan.
— Isso foi rápido. Quem é ele?
— Um velho amigo de Celio que ainda vive na área.
— Quão perto?
— Eu preciso chamá-lo e configurá-lo, mas não aqui. Ligarei da
estrada.
Lana soltou a mão e imediatamente começou a recolher suas
coisas, se preparando para sair. Ela tomou um último gole de sua bebida,
limpou a boca, pediu a conta e colocou algum dinheiro na mesa... Mas a

- 289 -
única coisa em que Vincent podia pensar era na falta do calor de seus
dedos nos dele.
Ele piscou e deu um tapa mental em sua cabeça. Que porra é
essa? Ele era um cara-tipo-transe-e-saia-feliz. Ele não era um
adolescente apaixonado.
— Você está pronta? — Perguntou. Quando Lana olhou para ele
com surpresa, percebeu que soou um pouco grosseiro.
— Tudo bem? — Perguntou ela.
— Sim, desculpe-me. Eu simplesmente pensei que estávamos
realmente fazendo o que viemos fazer em primeiro lugar.
— Muitas viagens paralelas, — observou ela.
— Exatamente.
— Então vamos ver um homem sobre uma coisa.
Vincent riu e colocou um braço em volta de seus ombros enquanto
caminhavam para fora do restaurante.
— Você tem lido muitas histórias policiais.
— Há algum outro tipo?
— Bom ponto.

— VOCÊ TEM CERTEZA que esse é o caminho? — Perguntou


Vincent. Ele estava falando com um velho amigo de Celio, usando o viva-
voz enquanto se dirigiam para Pénjamo.
— A menos que você o tenha assustado. Ele sabe que você está
vindo?
Lana pensou que a voz do outro vampiro soou velha, como um
humano velho, e se perguntou como ele se parecia. Seria possível que
alguns humanos tivessem sido transformados quando estavam perto do
fim das suas vidas? E se sim, o que acontecia então? Será que o vírus
vampiro ou o que quer seja começaria a repará-los então eles voltariam
a ser jovens de novo? Ou eles estavam destinados a serem velhos
eternamente? Certamente, pelo menos, a sua saúde teria melhorado. Eles

- 290 -
não teriam de suportar a imortalidade com artrite ou frágeis ossos, ou
teriam?
— Você deve ter cuidado com quem você está falando, meu velho,
— Vincent rosnou.
— O que vai fazer, me perseguir e me matar, porque eu não beijei
a sua bunda?
Os olhos de Lana arregalaram-se.
— Se foder isso, eu poderia fazer, — Vincent estalou, em seguida,
bateu com o punho contra a tela desligando.
Claro, a tela não foi projetada para responder a punhos, de modo
que eles ainda podiam ouvir o velho vampiro na outra extremidade
murmurando sobre lordes vampiros de merda que pensam que sua
merda não fede, só porque eles têm o melhor da loteria genética antes de
Lana tocar a tela com seu dedo e desconectar a chamada.
— Ignore-o, — disse ela calmamente. — Ele é um velho infeliz.
Tudo o que importa é se a sua informação é boa. Você acha que é?
— Provavelmente, — Vincent admitiu a contragosto, obviamente,
ainda chateado. — Eu não sei nada sobre ele, exceto o que Celio me disse,
mas não há nenhuma razão para ele mentir. Não há nada para ele nisso
de qualquer jeito.
— Ele parecia velho.
— Sim, então? Sabíamos que ele era velho. Celio nos disse.
— Mas ele parecia um humano de idade, com a voz trêmula e
outras coisas. Os vamps eventualmente envelhecem desse jeito?
Vincent parecia pensar sobre isso. — Alguns fazem. É como se o
cérebro não pudesse sustentá-los mais, mesmo os mais fortes. O último
Lord do Nordeste era assim. Ao olhar para ele, você teria pensado que ele
não possuía mais de trinta. Mas sua mente foi indo para o inferno.
— O que aconteceu?
— Seu tenente o matou.
— Tipo um golpe de misericórdia?
Vincent mostrou os dentes. — Eu não acho que Rajmund teve
misericórdia em sua mente na época. A maneira mais rápida para um

- 291 -
vampiro morrer é ameaçar seu companheiro.
Lana absorveu aquele pedaço de informação, em seguida,
perguntou: — Então, onde é que vamos, então?
— Sul da cidade, nas colinas. O cara diz que não vai aparecer no
GPS, mas que já esteve lá uma ou duas vezes. Ele está me enviando
informações que vão nos direcionar para lá.
— Quão longe você acha que é?
— 100km. Vai demorar duas horas ou mais. Por que, você está
com pressa?
— Estou curiosa. Você não?
— Sim, eu acho que sim. Não é incomum que Raphael enviasse
uma mensagem privada para um dos vampiros de Enrique. Mas quando
você me contou, especificamente, deixando claro que me quer lá na hora
da entrega, significa obviamente alguma coisa. Como ele saberia que eu
não iria direto para Enrique com isso? Inferno, como ele sabia que eu não
a levaria e a mensagem, para Enrique?
— Por que você não fez? — Perguntou Lana, ignorando o frio que
arrepiou ao longo de sua coluna com a ideia.
Ela não pensou sobre essa possibilidade. Se tivesse,
provavelmente teria enviado o dinheiro de volta e dito para Cyn e Raphael
para encontrar outro mensageiro.
Vincent estendeu a mão e pegou a dela, da mesma maneira que
fez no restaurante. Ele fez seu coração acelerar e seu estômago apertar.
Ela queria confiar em seu coração, mas estava com a sensação de que
seu estômago tinha opinião própria.
— Eu não podia deixar passar a chance de ir em uma viagem
particular com você, poderia?
Lana zombou ruidosamente.
— Você se subestima, querida. Mas eu admito que estava
intrigado com o mistério do pedido de Raphael. Que você era a
mensageira foi um belo bônus.
Ele apertou seus dedos e Lana sentiu seu estômago apertar
novamente.

- 292 -
— Bem ... mais duas horas e você saberá tudo, não é mesmo?
— Nós saberemos, — ele emendou. — Você é uma parte disso,
também.
Lana queria acreditar nisso, queria acreditar que havia algo em
seu futuro. O problema era que ela não podia ver um futuro que incluísse
ela e Vincent juntos.

FOI UMA BOA COISA que o velho vampiro enviou essa lista de
marcadores naturais, Vincent pensou consigo mesmo. Foi também uma
maldita coisa boa que seu veículo tivesse tração nas quatro rodas e
calotas especiais, ou eles teriam se afundado ou ficado presos em
algumas rochas lá atrás. O assim chamado caminho que estavam
seguindo era apenas uma estrada de terra. Se não tivesse duas faixas de
terra pouco visíveis em meio ao matagal, teria assumido que não era nada
além de uma trilha de animais e teria ignorado. Mas era óbvio que alguém
estava usando-a em uma base pouco frequente, mas regular, e cada um
dos marcadores do velho vamp estava aparecendo onde ele disse que
estariam. Então, eles continuaram.
— Xuan Ignacio deve realmente querer ser deixado sozinho, —
Lana comentou.
Isso foi o máximo do que ela disse nas últimas horas. À exceção
de uma ou duas palavras salientando as curvas seguintes, ela ficou
estranhamente quieta. Não que ela normalmente fosse uma tagarela, mas
havia um sentimento sob seu silêncio dessa vez. Um humano não teria
percebido isso, mas ele sim. Seus poderes vampíricos eram bons para
mais do que apenas tropeçar ao longo memórias de sua vítima. Ele
possuía o pacote completo de habilidades telepáticas vampíricas, todas
ampliadas pelo poder que lhe tornava um potencial lorde vampiro. E seus
sentidos vampíricos estavam lhe dizendo que Lana estava pensando. Em
sua experiência, quando uma mulher começava a pensar, ele precisava
começar a se preocupar.

- 293 -
— Quase lá, — ela disse a ele, verificando o texto em seu telefone
celular. — Mais uma curva.
— Você está pronta para isso?
Ela olhou para ele, então de volta para a estrada. — Eu deveria
estar lhe perguntando isso. Você é o — Uau, olha esse cacto em forma de
pênis! É enorme.
Vincent olhou para o cacto gigante que estava aparecendo nos
faróis como um extraterrestre, então olhou para Lana.
Ela notou sua expressão divertida e corou com veemência. —
Desculpa. Eu apenas nunca vi um tão grande. A propósito, essa é a sua
curva. A casa não deve estar longe agora.
Vincent teve que desacelerar quase a uma parada para fazer a
curva acentuada à esquerda, e mesmo assim o estúpido cacto que Lana
admirou tanto raspou ao longo do lado do seu SUV, fazendo com que
seus dentes cerrassem de irritação. Michael riria dele sobre isso o tempo
todo, mas Vincent gostava que seus veículos tivessem uma boa
aparência. E isso não inclui um fodido cacto arranhando a lataria do lado
do motorista.
— Fumaça, — Lana disse de repente. — Eu pensei ter visto
fumaça refletindo nos faróis.
Vincent assentiu. Ele podia cheirá-la. — Quando chegarmos lá,
você ficará atrás de mim, querida, até que saibamos o que é o quê. Este
é um vampiro que estamos lidando. Um astuto o suficiente para ter
sobrevivido por muito, muito tempo.
Ele levou o SUV a uma parada a mais ou menos seis metros da
porta da frente, sentou-se por um momento, e soltou uma pequena parte
de seu poder, deslizando-a por entre as fendas da casa de bloco de pedra
a sua frente, querendo aprender o máximo que pudesse antes de bater
na porta da frente.
— Há um vampiro dentro, — ele informou Lana suavemente. —
Ninguém mais.
— Será que ele sabe que você está aqui? — Ela perguntou,
sussurrando, como se o vampiro pudesse ouvi-los de dentro da casa.

- 294 -
— Ele sabe que alguém está aqui. Mas eu consigo mascarar a
minha assinatura. Não é para me gabar nem nada, mas eu sou um cara
muito poderoso. Eu não queria que ele surtasse.
— Não é para me gabar nem nada, — ela repetiu secamente.
Vincent deu de ombros. — É o que é. Quem quer que esteja dentro
daquela casa não está na minha confederação. Ainda assim, há alguma
coisa... — Ele inclinou a cabeça, curioso. Ele não sabia se o vampiro
dentro era Xuan Ignacio, mas quem quer que fosse, havia algo
estranhamente familiar sobre a sensação dele, como se o vampiro fosse
alguém que Vincent deveria conhecer.
— O que é? — Perguntou Lana.
Vincent franziu a testa, balançando a cabeça. — Um gosto de...
alguma coisa. Uma conexão. Pode ser pelo fato de ambos termos sido
gerados por Enrique, mas eu nunca... Deixa para lá. Saberei mais uma
vez se eu tocá-lo. Você está pronta? Você tem o envelope?
— Bem aqui, — disse ela.
Vincent notou a firmeza de sua voz e mãos quando ela abriu a
porta, e se sentiu estranhamente orgulhoso de sua coragem. Ele
balançou a cabeça, afastou esses pensamentos fantasiosos e diminuiu a
luz dos faróis para apenas luzes de estacionamento. Havia o suficiente
com uma Lua brilhante sobre eles para que não precisasse delas, mas
faria diferença para Lana. Abriu sua própria porta e saiu do SUV,
andando ao redor para encontrá-la. Ele não tomou sua mão, embora
quisesse. Mas, como ela, ele entendeu a necessidade de manter as mãos
livres em situações de risco potencial.
Não que estivesse sentindo qualquer hostilidade do vampiro
dentro. Se houvesse alguma coisa, saberia...
A porta se abriu, e um vampiro ficou enquadrado na abertura,
uma luz laranja dançando às suas costas a partir do brilho de uma
lareira.
— Vincent, — o vampiro disse em uma voz cheia de emoção. —
Eu sabia que você me acharia algum dia.

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CAPÍTULO DEZENOVE

VINCENT sentiu os olhos de Lana sobre ele, enquanto olhava para


o vampiro que foi chamado Xuan Ignacio. Ele era de estatura baixa, com
cabelo preto, com as características largas e planos que falavam de raízes
indígenas, central americana ou mexicana. Vincent sabia que ele não
conhecia esse vampiro, mas também tinha certeza de que deveria
conhecê-lo. Era apenas mais uma questão em uma viagem que já estava
cheia deles. Muitas perguntas. Era hora de algumas respostas de merda.
Sem aviso, Vincent tirou a máscara que vestiu para o conforto de
Xuan e soltou totalmente seu poder. Ele rugiu através de seu sangue,
vibrando ao longo de cada nervo, flexionando os músculos, expandindo
seus pulmões a ponto de quase arrebentarem, e acender o brilho de cobre
de seus olhos. Eles atingiram a figura de Xuan Ignacio como um holofote,
queimando duas vezes tão quente quanto às chamas às suas costas
dentro da cabine.
Vincent esperava que o vampiro reagisse, mas Xuan apenas
sorriu, quase com orgulho, como se tivesse esperando exatamente isso
de seu visitante. O vampiro então se dirigiu a Lana, indo para frente com
mão estendida, e, falando em um inglês com sotaque. — Perdoe-me, eu
não me apresentei. Meu nome é
Ele não foi mais longe do que isso. Vincent deu um passo à frente
de Lana, protegendo-a de Xuan, mesmo sabendo que ela provavelmente
não iria agradecer por isso. Sua raiva pulsava em suas costas, mas era
melhor tê-la irritada e viva, do que morta. Ou pior.
— Quem é você? — Vincent exigiu.
O vampiro puxou sua mão para trás e olhou para Vincent. — Meu
nome é Xuan Ignacio. Mas você já sabe disso, Vincent Kuxim.
— Como você me conhece?
— Todo mundo conhece o poderoso tenente de Enrique, — Xuan

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disse suavemente. — Mas o que te traz à minha porta?
Lana empurrou Vincent de lado, e não suavemente. Mas ele
observou que ela sabiamente manteve sua distância de Xuan mesmo
quando se dirigiu a ele. — Eu sou Lana Arnold, — disse ela. — Nós
estamos aqui porque um cliente me pediu para te entregar isso.
Ela estendeu o envelope com a mensagem de Raphael nela, mas
Xuan não pegou de imediato.
— Quem é o seu cliente? — Ele perguntou com cautela.
Lana teria respondido, mas Vincent venceu-a. Ele queria ver a
reação do vamp. — Raphael.
Os olhos de Xuan se fecharam, e acenou para si mesmo, como se
aceitasse algo que soubesse que aconteceria, mas ao mesmo tempo
temia... ou temera. Ele estendeu a mão.
— Posso? — Perguntou.
Lana olhou para Vincent, em seguida, tomou um passo necessário
para a frente e entregou a mensagem de Raphael.
O vampiro segurou o envelope em suas mãos, transformando-a
sobre e ao redor, estudando o seu nome escrito com a letra de Rafael.
— Você sabe o que a mensagem diz? — Ele perguntou a Lana,
mas sua atenção estava em Vincent.
— Não, — respondeu Lana por ambos.
Xuan assentiu. — Vocês deveriam entrar. Eu suspeito que eu
tenha uma história para contar.

LANA esperou para ver o que Vincent faria. Ela não gostou quando
ele se colocou entre ela e Xuan, como se fosse incapaz de proteger a si
mesma. Mas suspeitava que Vincent sabia disso e fez isso de qualquer
maneira. Então, ok, ela não era estúpida o suficiente para deixar o seu
orgulho lhe matar, e Vincent entendia esta situação muito melhor do que
ela. Mas ele também ficou surpreso, talvez até um pouco abalado, com o

- 297 -
aparecimento de Xuan. Ainda assim, deveria haver mais do que isso.
Vincent estava preocupado, antes mesmo de chegarem aqui.
Isso significava que Xuan era mais poderoso do que Vincent
esperava? Será que ele tem algum talento que poderia alcançar e tocar
alguém... E não de uma boa maneira? Era isso que Vincent sentiu
enquanto se aproximava?
Ela não podia pedir que Vincent respondesse a qualquer uma
dessas questões sem revelar sua ignorância, então esperou para ver o
que ele faria.
Vincent estudou Xuan por um momento, e, enquanto ela não
podia ver nada, sabia que haveria algum tipo de medição de pau de
vampiros em curso, com Vincent demonstrando a Xuan quanto poder ele
poderia trazer para a mesa.
Xuan não parecia preparado para lutar, apesar de tudo. Ele
simplesmente se inclinou um pouco a partir da cintura e se afastou de
sua porta, como se para convidá-los para dentro.
— Vamos conversar, — Vincent concordou, em seguida, estendeu
a mão e colocou o braço na frente de Lana, curvando sua mão o seu
quadril, puxando-a ligeiramente atrás dele. — Mas você não vai tocá-la.
Xuan endireitou-se e inclinou a cabeça em uma aceitação
sorrindo. — Claro que não. Você se juntará a mim para o café? Confesso
um gosto persistente por ele, apesar da nossa... Necessidade dietética.
Vincent esperou até as costas de Xuan se voltassem para puxá-la
contra seu lado e murmurar: — Você pode ter raiva de mim depois, mas
por favor, siga a minha liderança neste processo. Não deixe que ele te
toque.
— Eu não sou uma idiota.
— Eu sei que você não é, — disse ele, firmando seu aperto em um
abraço e colocando um beijo suave contra sua têmpora.
O coração de Lana balançou feliz e ela disse para ele se comportar.
Isso era apenas Vincent sendo Vincent. Ele era um macho alfa,
naturalmente protetor. Nada mais.
Ela seguiu Vincent para a pequena casa enquanto Xuan rodeava

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a sala, acendendo as luzes. Ela suspeitava que era para seu benefício,
assim como sabia que Vincent deixou as luzes do SUV acesas pela mesma
razão. O que lembrou a ela...
— As luzes do SUV? — Ela disse a Vincent.
Deu-lhe um olhar perplexo, depois inclinou-se para trás e olhou
para o SUV. As luzes apagaram quase imediatamente.
— Truque legal, — ela murmurou.
— Não seja tão chata, — ele murmurou de volta para ela.
— Por favor, sentem-se, — Xuan disse, apontando para um
pequeno sofá e uma cadeira solitária que estava colocada na frente da
lareira.
A sala era pequena o suficiente para que os móveis ocupassem
metade do espaço disponível. A outra metade era uma cozinha
minimalista, com uma pia e geladeira construída em um conjunto de
armários. Tinha uma mesa de madeira básica com duas cadeiras e,
contra a outra parede, estava um pequeno armário antiquado que parecia
ter visto alguns anos. A julgar pelas portas fechadas na outra
extremidade da casa, suspeitou que havia um quarto e um banheiro. Ela
franziu a testa, pensando que ele deveria ter um sistema de fossa séptica
e um gerador também. Xuan poderia viver como um eremita, mas ele
abraçou as conveniências da tecnologia moderna.
Lana sentou-se no sofá, deixando espaço para Vincent no lado
mais próximo da cadeira solitária, onde presumivelmente Xuan se
sentaria. — Você deve ter um gerador, — ela comentou com Xuan quando
ele lhe entregou café em uma caneca de cerâmica.
Xuan assentiu. — Eu preciso de geladeira para o sangue, é claro.
Estou sozinho a maior parte do tempo e meus livros são minha única
companhia. Eu não preciso de muita luz, especialmente desde que eu
comprei um e-reader em uma de minhas viagens para a cidade para o
combustível do gerador. Sempre que eu vou buscar combustível agora,
eu carrego o meu leitor. É uma invenção maravilhosa.
— Eu concordo, — disse Lana, dando o velho vampiro um sorriso
genuíno. Ele parecia um cara legal, gentil e... um pouco solitário. Ela

- 299 -
quase sentia pena dele. Quase. A vida e os negócios que ela possuía a
tornou cínica o suficiente para considerar a possibilidade de que era tudo
um truque.
— Você não parece do jeito como ele descreveu, — ela disse,
pensativa.
— Alguém me descreveu?
Vincent estava rondando o quarto, mas agora ele se juntou a Lana
no sofá, jogando um braço atrás dela em um movimento descaradamente
possessivo. Lana queria revirar os olhos, mas ela conseguiu manter sua
expressão em branco.
— Mais do que um, na verdade, — Vincent pegou a conversa. —
Disseram que era um demônio, que você tinha o cabelo branco, um rosto
branco, e seus olhos eram vermelhos.
Xuan riu suavemente. — Bem. Meus olhos ainda são vermelhos,
mas isso não é incomum entre os vampiros, como você bem sabe. O
branco... quando eu vim pela primeira vez a Pénjamo, vivi muito mais
perto da cidade. Eu queria ser deixado sozinho, mas os camponeses
estavam curiosos. Felizmente, eles também eram primitivos. Eu me cobri
de roupas brancas e percorri El Cero San Miguel por algumas noites.
Com meus olhos na cor vermelho vampiro, eu tenho certeza que era
bastante assustador. Os moradores já acreditavam que a colina era
assombrada. Eu simplesmente somei algo mais à lenda. Deixaram-me
em paz depois disso. Eventualmente, me mudei para aqui e todos se
esqueceram de mim. — Ele olhou para Vincent. — Ou quase todos.
Raphael tem uma longa memória.
Vincent ficou em silêncio por um momento, então abruptamente
disse: — Chega. Abra o envelope.
Xuan acomodou-se na cadeira. Ele estava com o envelope em uma
mão e uma xícara de café na outra. Colocou o copo numa mesa ao lado
e segurou o envelope em ambas as mãos, em seguida, virou-o e deslizou
um dedo sob a aba selada. Abriu-se facilmente. Ele estendeu a mão e
removeu a carta de Raphael.
Lana queria arrebatá-la para fora de seus dedos e lê-lo. Raphael

- 300 -
queria Vincent aqui. Por quê? A resposta estava na carta.
Ela se inclinou para frente, impaciente, silenciosamente pedindo
Xuan para ir mais rápido. O braço de Vincent deslizou mais baixo em
suas costas e apertou, como se ele estivesse preocupado que ela fosse
saltar sobre o outro vampiro e rasgar a carta fora de suas mãos. Ela podia
sentir a tensão no braço de Vincent e sabia que ele estava tão ansioso
como ela estava.
A boca de Xuan se apertou brevemente enquanto lia, em seguida,
olhou para cima e encontrou o olhar de Vincent, seus próprios olhos
brilhantes de lágrimas.
Que diabos foi isso?
Xuan entregou a carta para Lana. Ela resistiu ao impulso de
agarrá-la, levando-a lentamente de sua mão, em seguida, girando para
que Vincent pudesse ler com ela.
Era uma linha, escrita na mesma caligrafia com o nome de Xuan
no envelope. E nela dizia...
É hora de contar a história.

- 301 -
CAPÍTULO VINTE
Texas, 1876

XUAN IGNACIO estava parado na escuridão, protegendo os olhos


contra as chamas brilhantes da fogueira. Era um bom fogo, muito maior
do que os dois jovens precisavam. Cercado pelo campo negro de uma
noite no deserto, ele provavelmente os fez se sentir seguros. Infelizmente,
ele fez o contrário.
— Os tolos poderiam muito bem pintar alvos em suas costas, —
Enrique comentou com desdém. Mas então, Enrique não entendeu que o
fogo trazia conforto aos jovens humanos, bem como a luz. Enrique
abraçou sua nova existência de vampiro sem olhar para trás, perdendo
sua humanidade como uma camisa indesejada.
— Poderíamos levá-los agora, — disse Xuan. — Eles não precisam
passar pelo resto. — Ele não estava feliz com o plano de Enrique, ele
nunca esteve. Mas Enrique era poderoso, um vampiro destinado a liderar
outros, enquanto Xuan... Xuan principalmente queria ser deixado
sozinho. Mas Enrique não o deixava. Ele cansou de vaguear pelo campo
e aterrorizar os camponeses. Ele queria descobrir um território próprio e
se estabelecer. Ele precisava de soldados para fazer isso, então ele fixou
os dois em uma campanha para criar seguidores leais. Era simples, na
verdade. Eles localizaram um grupo de ladrões e assassinos e, em
seguida, os seguiam, — salvando — suas vítimas de uma morte certa.
Mas não até que eles estivessem a beira da morte primeiro.
Os primeiros gritos zangados quebraram a serenidade enganosa
da noite quando os bandidos atacaram os dois jovens, atirando
descontroladamente, seus tiros mais errando do que acertando. Os dois
viajantes foram para suas próprias armas, mas muito lentamente.
Foram tolos, ingênuos, ao pensar que não havia perigo na

- 302 -
escuridão. Idiotas por não reconhecer que seus belos cavalos e
equipamentos iriam atrair o pior daqueles percorriam o deserto
procurando roubar os incautos.
O humano mais alto alcançou seu revólver primeiro e conseguiu
obter fora alguns bons tiros, matando um dos ladrões e ferindo levemente
outro. Mas não foi o suficiente. Poucos minutos depois, os dois jovens
estavam no chão, mortalmente feridos, suas vidas sangramento na
sujeira. Os ladrões chutaram seus corpos flácidos de lado e tomaram o
que queriam. Eles não se preocuparam em matar os jovens, assumindo
que o deserto faria isso para eles. E eles certamente não tinham interesse
em aliviar o seu sofrimento.
Xuan olhou para cima e pegou o brilho do sorriso de Enrique à
luz da lua, suas presas totalmente distendidas enquanto observava o
caos.
— Vou pegar o mais distante, — Enrique disse a ele. — O outro é
seu.
Xuan escondeu sua surpresa. Enrique raramente pedia a Xuan
para criar qualquer um dos novos vampiros. Ele queria que a lealdade
fosse somente para ele. Mas Xuan não discutiu. Ele nunca discutia. Ele
não a forçou para recusar qualquer coisa Enrique quisesse. Sempre foi
assim, mesmo que Xuan fosse muito mais velho do que Enrique. Eles
eram filhos do mesmo Sire, um vampiro que não tinha nenhum interesse
em construir um império ou até mesmo um pequeno reino. Não havia
nenhuma história ou razão para os humanos que ele escolheu, e ele não
se importava com o que acontecia, uma vez que foram transformados.
Quando Enrique se deparou com Xuan Ignacio em suas andanças, ele se
aproximou, dizendo a Xuan eles teriam uma melhor chance de sobreviver
juntos do que sozinhos. A verdade era que Enrique não gostava de ficar
sozinho. Ele sempre precisou de plateia, e agora ele decidiu que precisava
de um exército. Xuan foi junto, porque é isso o que ele fazia.
Até agora.
Xuan decidiu que ele estava quase terminado com o plano de
Enrique. Enrique agora possuía muitos vampiros para ajudar a construir

- 303 -
e defender seu território. Ele não precisava mais de Xuan. E Xuan não
tinha estômago para o derramamento de sangue que Enrique parecia se
deliciar.
Voltando sua atenção para sua caça atual, Xuan seguiu Enrique
para o acampamento e se ajoelhou ao lado do humano meio-morto que
Enrique escolheu para ele. O jovem estava mortalmente ferido. Xuan
levou algum consolo nisso. Sem a sua intervenção, o humano certamente
morreria esta noite.
Ele inclinou a cabeça para o pescoço do homem morrendo e bebeu
profundamente. O sangue do humano era grosso e rico. Ele era, ou foi,
forte e saudável, a sua riqueza óbvia concedendo-lhe uma vida de
facilidade e boa nutrição. E Xuan saboreou o gosto de seu sangue,
saboreou o conhecimento de que ele poderia beber sua suficiência. Que
vampiro não teria prazer em beber tão profundamente? Na maioria das
vezes, ele foi forçado a aprender a se controlar, seja por ditame de Enrique
ou da simples sobrevivência. Ele e Enrique pegavam apenas o que
precisavam para viver, deixando suas vítimas vivas de modo a evitar
chamar a atenção para si.
Mas não mais. Enrique cresceu para governar, e moderação era
uma coisa do passado.
Quando o humano estava na beira da morte, quando sua pele
morena estava pálida e seu batimento cardíaco tão fraco que a audição
aguçada de um vampiro mal podia ouvi-lo, Xuan abriu seu próprio pulso
e segurou-o acima da boca do rapaz, deixando as primeiras gotas
deslizarem sobre a língua do humano e descendo pela garganta. E então
ele esperou.
Ele viu Enrique fazer isso muitas vezes. Sabia que não demoraria
muito. Nunca demorava. E com certeza, o humano de repente engoliu em
seco, sua língua trabalhando no inesperado sustento do sangue de Xuan.
Um momento depois, o peito do homem inchou com a primeira respiração
completa que ele desenhara desde Xuan começou em seguida, um
segundo fôlego enquanto seu coração ganhava força, quando ele começou
a bater no peito como um tambor.

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Estremecendo em antecipação, Xuan baixou o pulso para a boca
do homem, fechando os olhos contra a dor misturada com prazer quando
o humano fechou os lábios sobre o pulso devastado de Xuan, como seus
dentes ainda sem presas rasgaram sua carne, escavando para segurá-lo
no lugar enquanto o humano bebeu... e bebeu.
Xuan entrou em uma espécie de euforia. Ele nunca se sentira
assim antes, quase como se seu próprio poder tivesse dobrado pelo sabor
do sangue do humano. Ele quase perguntou a Enrique sobre isso, mas
algo o fez permanecer em silêncio. Ele nunca notou Enrique reagir desta
forma para a criação de um novo vampiro, e ele não sabia o que
significava. Talvez fosse apenas ele, uma fraqueza que fez dele vulnerável.
E era sempre melhor não revelar qualquer fragilidade quando Enrique
estava envolvido.
— É quase o amanhecer.
Os olhos de Xuan se abriram ao som da voz áspera de Enrique.
Ele gentilmente separou os dentes do humano de seu pulso, escovando o
cabelo escuro longe da testa do jovem. Ele era bonito; ambos os irmãos
eram. Mas era mais do que isso. Havia uma sugestão em suas
características de uma antiga raça, os maias, os descendentes do mesmo
império que o gerou e seus antepassados até onde ele podia contar.
Xuan teria gostado de manter este para si mesmo, para ser seu
irmão mais novo, aquele que nunca teve. Mas Enrique nunca permitiria
isso. Ele engoliu um suspiro e disse: — O meu está pronto para viajar.
— Seu? — Enrique zombou. — Não há o seu. Ambos são meus.
Agora, vamos lá, me ajudar a conseguir uma caverna para nós.
Eles levaram os dois novos vampiros para a escuridão mais fria
de uma caverna nas proximidades. Era a razão pela qual escolheram esta
localização em particular, esse grupo de ladrões em particular. A troca de
sangue era desgastante não só para os novos vampiros, mas para os
velhos também.
Eles voltaram para a segurança da caverna antes do amanhecer
e com tempo de sobra. Os dois humanos eram grandes homens, mas
Xuan e Enrique forçaram de seu sangue de vampiro para ajudá-los. Xuan

- 305 -
deixou os dois irmãos tão confortáveis quanto possível sob as condições
primitivas, então se estabeleceu em seu próprio saco de dormir. Amanhã
à noite seria um novo desafio. Apresentariam os dois jovens vampiros a
suas novas vidas e seu novo senhor.
Xuan acordou na noite seguinte ao som odioso da voz de Enrique.
Esta seria sua última noite juntos. Ele cumpriu qualquer tipo de
obrigação que possuía para com o outro vampiro, mas o mais importante,
ele não tinha nenhum desejo de ser um soldado de infantaria sob o
governo de Enrique. Ele sabia que o tipo de senhor Enrique se tornaria.
Ele às vezes se sentia culpado sobre seu papel na criação de um exército
para torná-lo possível.
— Eles não estão indo bem, — Enrique informou-o, com a
paciência tensa de alguém que teve de repetir a si mesmo. — Está frio
aqui. Me ajude a levá-los de volta para o fogo.
Xuan levantou o vamp mais próximo em seu ombro e se arrastou
de volta para o acampamento. Sem aviso, o fogo deflagrou, cortesia do
poder de Enrique. Xuan estava acostumado com isso agora e não reagiu
além de estabelecer sua carga para baixo perto do calor, tomando um
momento para endireitar os novos membros do vampiro, tornando-o mais
confortável.
Enrique colocou sua carga para baixo também, mas em vez de
fazer o vampiro inconsciente confortável, puxou uma faca e cortou o
pescoço do vampiro recém-criado, deslizando o dedo através do fio de
sangue que produziu. Ele trouxe o dedo à boca e chupou, provando.
— Fraco, — ele pronunciou. — E nós não podemos ficar aqui mais
uma noite.
Sem aviso, ele deslizou com a faca, cortando a grande artéria na
garganta do vampiro. Então alternando o controle sobre a faca, ele
esfaqueou no coração enquanto o sangue jorrava de seu pescoço em uma
fonte horrível de vermelho.
Xuan olhou, sem acreditar no que estava vendo. Este foi um novo
nível de brutalidade, mesmo para Enrique. O jovem vampiro apenas
precisaria do resto da noite para florescer. Eles poderiam ter dado a ele

- 306 -
aquele período. Mas não foi a lenta recuperação do rapaz que influenciou
a decisão de Enrique, era a força de seu sangue. Enrique queria
guerreiros fortes, e este jovem vampiro, aparentemente, não tinha a força
adequada.
Xuan colocou uma mão protetora sobre o peito do vampiro ao seu
lado, mesmo sabendo que ele não poderia vencer contra Enrique.
— Esse é forte. Ele vai acordar em breve.
— Ele é meu, — Enrique lembrou.
— É claro, — Xuan concordou. — Eles são todos seus. Vou pegar
nossas coisas da caverna.
Enrique não disse nada. Em vez disso, simplesmente se agachou
ao lado do vampiro dormindo e esperou que ele acordasse para a primeira
noite de sua nova vida. Quanto mais jovem o vampiro, mais tarde ele
acordaria depois do pôr-do-sol, mas não demoraria muito agora. E
Enrique gostava de ter a certeza de ser o primeiro rosto que os jovens
viam ao acordar.
Xuan levantou-se e olhou para a avareza na expressão de Enrique
enquanto estudava seu mais novo soldado e, próximo a ele, a pilha de
gordurosa de poeira que ainda ontem era um jovem humano saudável.
Naquele momento, Xuan tomou uma decisão. Ele caminhou de
volta para a caverna e reuniu seus equipamentos, embalando o que podia
em seus alforjes. E, em seguida, tomando o seu próprio pequeno
equipamento em mãos, ele deixou a segurança da caverna e da
companhia duvidosa de Enrique, e entrou na noite.

Pénjamo, Guanahuato, México, dias atuais

XUAN terminou de falar, mas ficou sentado ali, olhando para as


chamas como ele fez durante o relato de seu conto. Lana começou a fazer
uma pergunta, mas Vincent falou primeiro.
— Como você conhece Raphael? — Perguntou. Era uma pergunta

- 307 -
bastante natural, mas não havia nada de natural na maneira como ele
perguntou. A voz de Vincent era baixa e crua, cada palavra precisamente
ladrada, como se estivesse suprimindo alguma emoção violenta. Ainda
mais revelador eram seus olhos, que haviam assumido um brilho de
cobre que colocava as chamas na pequena lareira no chinelo.
Lana estudou-o com preocupação, mas ele não estava olhando
para ela. A atenção de Vincent estava fixa em Xuan, mas Xuan não estava
o olhando de volta. Ele estava estudando o fogo intensamente, como se
nele contivesse os segredos do maldito universo.
— Eu conheci Raphael não muito tempo depois que deixei
Enrique, aqui no México, — Xuan disse finalmente, ainda se recusando
a olhar para Vincent. — Raphael nunca disse por que estava aqui, mas
olhando para trás, acho que ele estava tentando decidir o quão distante
para o sul ele queria expandir seu território. Enrique gosta de fingir que
o México sempre foi o seu, mas só é dele, porque Raphael não queria para
si.
— Vá direto ao ponto, — Vincent rosnou.
Lana virou a cabeça bruscamente para olhar para ele. Ela tinha
razão. Ele estava furioso. Claro, ele estava no direito de estar, já que
acabou de descobrir que Enrique havia mentindo para ele todo esse
tempo sobre como seu irmão morreu, e quem o havia matado. Mas havia
mais do que isso. Algo mais profundo que Xuan revelou, algo que ela não
entendeu, talvez algo que não podia compreender. Algo amarrado com
ser um vampiro.
Mas ela entendeu muito. A chave de toda a insistência de Raphael
que Vincent enfrentasse Xuan diretamente. Por que ele faria isso? Por
que enviar-lhes todo o caminho até aqui só para que Xuan pudesse dizer
a Vincent que foi Enrique quem matou seu irmão? Por que não dizer ele
mesmo a Vincent? Um telefonema de cinco minutos teria feito isso. Havia
algo mais, alguma razão para que Raphael quisesse que Vincent viesse
ver Xuan Ignacio em pessoa, algo que estava empurrando Vincent
diretamente para o limite da violência.
— Raphael me perguntou sobre Enrique, — Xuan continuou. —

- 308 -
Ele estava tentando entender que tipo de homem Enrique era, que tipo
de senhor ele seria. Então, eu disse Raphael essa história, e disse a ele
sobre você.
Xuan arriscou um breve olhar na direção de Vincent, mas o que
ele viu ali não incentivou o seu a ficar. Ele rapidamente baixou os olhos
novamente. — Raphael poderia ter me matado então. Ele estava
certamente com raiva o suficiente para fazê-lo depois de ouvir sobre o
que fizemos, porque eu era tão culpado quanto Enrique. Mas ele
concordou em me deixar viver com uma condição — que se você
aparecesse na minha porta, eu diria a você a verdade.
Vincent se levantou, visivelmente vibrando de raiva. Ele estendeu
a mão na direção de Lana, mas sem tirar os olhos de Xuan Ignacio, como
se não confiasse nele.
Lana se levantou e deslizou seus dedos nos de Vincent. Seu aperto
aumentou imediatamente, e ele a puxou para longe de Xuan, colocando-
se entre eles.
— Você tem cinco dias, — Vincent rosnou, — para sair do México.
Não me importa para onde você vai. Mas se você ainda estiver aqui após
cinco dias, eu vou te matar.
Finalmente, Xuan olhou para cima. — Você acha que você pode
fazê-lo? — Ele perguntou, seu olhar de repente afiado e penetrante.
A reação de Vincent foi imediata... e aterrorizante. Ele pareceu
inchar de raiva, crescendo ainda mais alto do que era, músculos tensos
sob sua camiseta e nas costuras de suas calças pretas. Sua energia
abruptamente encheu a pequena casa, fazendo as vigas de madeira um
rangerem alto, enviando as poucas peças de mobiliário patinar para as
paredes, apagando as velas e definindo as chamas na lareira à dançar
descontroladamente.
— ¿Dudas de mi, viejo? — Ele rosnou, sua voz profunda e
ameaçadora, as palavras ditas em um espanhol tão gutural que ela
poderia compreender o seu significado. Você duvida de mim, meu velho?
Xuan encolheu-se em uma bola, de modo que até Lana quase
sentiu pena dele, encolhido no chão como se estivesse certo de que sua

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morte terrível era iminente.
— No, — ele sussurrou. — No, yo le creo. — Não. Não, eu acredito
em você.
— Cinco días, — Vincent repetiu, enquanto a esmagadora
sensação de perigo era abruptamente drenada da sala. — ¿Comprendes?
— Cinco dias. Você entende?
Xuan assentiu sem olhar para cima. — Comprendo. — Eu entendo.
Vincent girou e, empurrando Lana à sua frente, saiu da pequena
casa, sem falar novamente até que eles estavam no SUV.
— Coloque seu cinto de segurança, — ordenou enquanto batia o
SUV em marcha e fazia um giro de 180°, vomitando sujeira e poeira
quando ele acelerou para fora do quintal e volta para a estrada estreita.
— Diga-me o que aconteceu, — disse ela, clicando o cinto no
lugar.
A mandíbula de Vincent estava apertada com tanta força que ela
podia ver os músculos tremendo mesmo com apenas as luzes do painel
para ver.
— Vincent, se você não me disser o que está acontecendo, eu vou
saltar para fora do veículo e voltar e fazer Xuan me contar.
Ele lançou-lhe um olhar zangado. — Mesmo você não seria
estúpida o suficiente para saltar de um veículo em movimento.
Ela imaginou que ele estava furioso o suficiente para dizer coisas
idiotas ele mesmo, então ela ignorou seu estúpido comentário... por
agora. Em vez disso, ela disse docemente, — O veículo não estará se
movendo quando você fizer a curva grande cacto esquisito.
— Não me empurre sobre isso, Lana, — ele disse em uma voz
dura.
— Não vou calar a boca, Vincent, — ela respondeu tão difícil
quanto.
Ele bateu a mão contra o volante com tanta força que ela o ouviu
gemer.
— Enrique matou meu irmão, — ele cuspiu.
— Eu entendi. Agora, diga-me o resto.

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— Isso não é o suficiente para você?
Lana não caiu nessa. Ele estava tentando envergonhá-la tentando
fazê-la cair, mas ela não ia fazer isso. Ela fazia parte desta peregrinação,
também, e ela precisava saber toda a história.
— Diga-me o resto, Vincent.
Sua mandíbula se apertou novamente e ela pensou que não ia
responder. Mas então ele disse: — Ele foi cuidadoso na forma como ele
contou a história.
Ela franziu a testa. O que diabos isso significa? — Você quer dizer
Xuan Ignacio.
— Sim.
— E...?
Ele demorou tanto para responder que ela pensou que teria que
fazer toda a música e dançar ela toda novamente. Mas então ele pegou
sua mão, enfiando os dedos entre eles e descansou as mãos unidas em
sua coxa, seu polegar acariciando para trás e para frente como se ele
precisasse de conforto.
— Vincent? — Ela disse, ficando alarmada. O que era tão
horrível?
— Xuan foi cuidadoso na forma como ele contou a história, —
Vincent disse novamente, — porque Enrique não é meu Sire. Xuan
Ignacio é.

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CAPÍTULO VINTE E UM

LANA piscou surpresa. Era isso? Esse foi o grande segredo?


Claramente, estava faltando alguma coisa.
— Como você sabe que Xuan é seu Sire, em vez de Enrique? —
Ela perguntou, tentando descobrir por que isso era um negócio tão
grande.
Vincent zombou. — Porque eu ouvi o que Xuan disse, como ele
descreveu aquela noite. E eu estava lá, droga! Mas principalmente
porque... o momento em que pisei naquele quintal, o momento em que vi
Xuan... eu senti alguma coisa, e eu sabia.
— Mas você não ficou com raiva até
— Até que eu descobri que eles assassinaram meu irmão porque
ele era inconveniente! — Vincent interrompeu. — Em vez de lhe dar mais
uma noite para se recuperar, eles o mataram. Eles fizeram isso. Não os
bandidos, mas Enrique e Xuan, meu Sire.
Ele disse que a palavra como se fosse algo sujo, algo nojento.
— Mas por que importa quem é o seu Sire? — Ela perguntou
cuidadosamente.
— Por que isso importa? — Ele repetiu, virando-se para olhar
para ela sem acreditar.
— Eu não sou um vampiro, Vincent, — ela lembrou a ele
bruscamente.
Ele deixou escapar um longo suspiro. — A única conexão que é
sagrada na sociedade vampira é o relacionamento com seu Sire. Não
importa o que acontece em sua vida como um vampiro, essa conexão está
sempre lá. — Ele soltou uma risada áspera. — Por que você acha Raphael
nos enviou para Xuan? Manipulador desgraçado. Ele sabia que se eu
descobrisse o que realmente aconteceu, que Xuan é o meu Sire e que
Enrique assassinou meu irmão... Raphael sabia que eu mataria Enrique.

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E Raphael quer Enrique morto.
— Então, não é sobre Xuan ser seu Sire. É sobre quem matou o
seu irmão.
Vincent parecia desinflar, de repente, toda a sua ira desaparecer
em um instante. — A traição... São ambos. Tanto Xuan ir embora, quanto
Enrique... Eu fui um tenente leal por mais de um século para o vampiro
que matou meu irmão.
Lana apertou sua mão. — Mas você sempre o odiou. Mesmo
quando era leal. Talvez uma parte de você soubesse sem realmente saber.
Vincent sorriu amargamente. — Todo poderoso vampiro chega a
um ponto em que ele não precisa mais de seu Sire para sobreviver,
quando seu próprio poder é suficiente para sustentá-lo. Mas, mesmo
assim, os laços de afeto permanecem, fazendo com que a ideia de matar
o vampiro que te deu esta vida impensável. Eu digo isso só porque eu já
vi isso em outros. Pela minha parte, eu sempre soube que eu desafiaria
Enrique algum dia, e nunca me incomodou saber que eu ganharia poder
literalmente sobre o seu cadáver.
— Mas agora que sei a verdade, agora que eu sei o que ele fez,
sua morte será ainda mais doce. Vou arrancar o seu coração batendo de
seu peito e assistir a sua vida desaparecendo em pó. E então eu vou
tomar todo o seu território e todos nele. Tudo o que ele sempre se
preocupou, todo mundo que ele já amou — se um coração negro como o
dele for capaz de tal coisa — serão meus.
Os olhos de Lana se arregalaram, os lábios achatando em uma
linha estreita. — Okaaay, — disse ela, eventualmente, imaginando que
era melhor não desafiar Vincent quando ele estava planejando caos.
Vincent apertou sua mão, como se estivesse tentando tranquilizá-
la de que seu coração estava a salvo de todo o tratamento — Arrancando
para fora do peito.
— Posso te fazer uma pergunta? — Perguntou cuidadosamente.
Ele lhe deu um olhar quase divertido. — Claro.
— Por que você está dirigindo como se os cães do inferno
estivessem em nossos calcanhares?

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Ele soltou uma gargalhada que não era alegria. — Porque se eu
tivesse que gastar mais um minuto na presença daquele bastardo, eu o
teria rasgado em pedaços sangrentos. E eu pensei que você não
entenderia.
O peito de Lana se encheu de calor. Isso foi quase doce. E então
ela se engasgou com o pensamento. Era doce que seu amante vampiro
não queria rasgar uma pessoa em pedaços sangrentos na sua presença?
Claramente, ela caiu no buraco do coelho sem perceber.
Ela respirou profundamente pelo nariz. — Bem. Bom. Então,
estamos indo para a Cidade do México?
Vincent quase sorriu enquanto apertava sua mão com força. —
Michael vai trazer o avião e nós vamos embora. Mas não esta noite,
querida. Hoje à noite, vamos encontrar um hotel, e eu vou lhe mostrar o
que significa ter um lorde vampiro em sua cama.

IMAGINANDO que havia pelo menos uma pequena chance de que


Xuan Ignacio telefonar para seu velho amigo Enrique e enchê-lo sobre os
atuais eventos, Vincent decidiu que ele e Lana precisavam estar o mais
longe de Pénjamo que poderiam antes do sol nascer. Eles acabaram em
Guadalajara, que era apenas a uma centena de quilômetros, mas o
suficientemente grande, com mais de um milhão de habitantes, para lhes
dar algum anonimato, para não mencionar muitos hotéis e um grande
aeroporto.
Vincent selecionou um hotel de forma aleatória — não seu
habitual modus operandi, mas provavelmente mais seguro sob as
circunstâncias. Quem o conhecia bem — e Enrique conhecia — saberia
da sua preferência por hospedagem de alta qualidade, o que significava
que ficar em um hotel mais simples e perto do aeroporto era
provavelmente o lugar mais seguro para esta noite.
O check-in correu bem. Eles usaram ID e cartão de crédito de
Lana, para dificultar para Enrique, se ele estivesse o procurando, e eles

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foram os únicos a entrar no elevador. A maioria do tráfego do lobby
consistia em homens de negócios que iam para outra direção, e iriam
embora para pegar um voo no início da manhã. Nenhum deles falou no
elevador ou na longa caminhada pelo corredor sem graça para o seu
quarto. Lana inseriu o cartão-chave, mas Vincent empurrou à sua frente,
ignorando o suspiro exasperado. Ela teria que se acostumar com sua
natureza protetora, porque não havia nada que ele pudesse fazer sobre
isso. Bem, ela supôs que ele poderia mudar se quisesse, mas ele
realmente não queria.
Ele sorriu enquanto Lana vinha atrás dele e jogava a bolsa sobre
a cama. Pelo menos ele a deixava levar sua própria mochila. Isso foi
evoluído de sua parte, não foi?
— O que você está rindo? — Ela resmungou.
Ele baixou a própria mochila no chão e agarrou-a. — Você, — ele
disse a ela. — Você me faz sorrir.
— Certo, — ela descartou, empurrando para longe dele. — Preciso
de um banho antes que seja tarde demais. Você não precisa de um?
Vincent arqueou uma sobrancelha para suas palavras, e Lana
captou no caminho óbvio que seus pensamentos tomaram, mas ela não
conseguiu segurar sua expressão severa por muito tempo. Ela já estava
sorrindo quando caiu para a cama e começou a desamarrar suas botas.
— Grandes planos, vampiro? — Brincou ela, tirando primeiro
uma depois a outra.
Vincent puxou sua camiseta pela cabeça e sentou-se para
trabalhar em suas próprias botas. — Grande vampiro, querida, — ele
replicou.
A única resposta de Lana era ficar e retirar sua camiseta e calça,
deixando-a em nada, apenas sutiã e calcinha, sendo que ambos eram
simples, de algodão preto, sem detalhes, sem graça. Não particularmente
sexy. Mas então ela os tirou e, com um olhar tímido por cima do ombro,
dirigiu-se para o chuveiro, ela balançou a bunda enquanto puxava o laço
de sua trança e enfiava os dedos por seus longos cabelos até cair como
seda preta sobre suas costas nuas.

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— Filha da puta, — Vincent murmurou. Ele fez um trabalho
rápido com o resto de suas roupas, agarrando Lana quando ela puxou a
cortina de chuveiro e entrou na banheira. Ele odiava chuveiros banheira.
Nunca havia espaço suficiente para um banho adequado. Mas esta noite,
ele especialmente odiou, porque não havia suficiente espaço para foder
Lana do jeito que queria.
— Eu odeio esses chuveiros, — disse ele quando se empurrou
atrás dela, deixando a cortina do chuveiro semi-aberta, não se
preocupando com a água que espirrava no chão.
— Você é mimado, — disse ela, estendendo a mão para o pequeno
aparador, tentando pegar o sabão.
Vincent pegou dela e arrancou o papel. — Eu odeio barra de
sabão, também.
Lana riu. — Você está muito mal-humorado. Você quer que eu
saia para que você possa ficar sozinho?
Vincent a agarrou pela cintura. — Não, se você valoriza a sua vida.
Ela virou-se em seus braços, os seios nus pressionados contra o
peito, a cabeça inclinada para trás para olhar para ele. — Você nunca me
machucaria.
Vincent baixou a cabeça até que seus lábios estavam quase se
tocando. — Você está certa. Mas isso não significa que você pode sair de
qualquer coisa que você quiser. Eu tenho os meus métodos, você sabe.
— Você tem? — Ela se esticou na ponta dos pés, fechando a
pequena distância entre eles enquanto seus braços enroscavam em seu
pescoço e sua boca tocou-lhe. Ela o beijou timidamente no início, os
lábios abrindo lentamente, sua língua deslizando ao longo do vinco entre
os lábios, pedindo entrada. Vincent deslizou sua mão pelas suas costas,
segurando-a no lugar, enquanto a outra mão se torcia em seus longos
cabelos, puxando sua cabeça para trás enquanto ele assumia o controle
do beijo, sentindo o calor de sua boca, a dança delicada de sua língua
enquanto ela explorava as gengivas... Ofegou de surpresa quando suas
presas responderam tão rapidamente que ele furou sua língua, enchendo
suas bocas unidas com sangue.

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Vincent engoliu em seco, fechando os olhos contra o golpe de
luxúria. Seu membro, já despertado por seu corpo nu, ficou ainda mais
duro com o gosto do seu sangue, pressionando contra sua barriga, sua
pele acetinada molhada e lisa, assim como seu sexo seria.
Ele rosnou e baixou a mão para pegar sua bunda, levantando-a
mais. Os braços de Lana apertaram em torno de seu pescoço quando ela
enrolou a perna em torno de sua coxa, tentando se encaixar em seu pau.
Ela fez um pequeno ruído frustrado, não mais do que um pequeno gemido
necessitado, mas que o enviou para o limite. Girando-a, ele pegou o
sabonete e ensaboou-o entre mãos enquanto se aproximava para
acariciar seus seios, beliscando seus mamilos com dureza até que ela
apoiou a cabeça em seu ombro com um suspiro desejoso, cobrindo suas
mãos com o dela enquanto acariciava sobre sua barriga, enquanto seus
dedos mergulhados entre suas coxas.
Ela engasgou quando seus dedos deslizaram mais profundo,
quando ele começou a bombeá-la com longas e lentas estocadas,
enquanto o polegar brincava com seu clitóris, esfregando círculos em
torno dele, passando pelos nervos apertados sem tocá-lo. Lana balançou
contra ele, tentando manobrar sua mão onde ela queria, para forçar seus
dedos a provocando a lhe dar o que ela precisava. Mas ele a segurou no
lugar, sua outra mão ainda em seu seio, beliscando um mamilo, depois
o outro, a boca em seu pescoço, beijando e chupando, provando o salgado
úmido de sua pele, deleitando-se com o aroma de seu sangue tão perto.
Lana deslizou sua mão entre seus corpos e envolveu seus dedos
ao redor de seu membro onde estava aninhado contra as bochechas
firmes de seu belo traseiro. Ela acariciou-o uma vez, duas vezes, em
seguida, liberou ele, só para voltar e agarrar seu traseiro, segurando-o
enquanto se esfregava contra ele, comprimindo seu pau contra a curva
tentadora de sua parte traseira. Muito tentadora.
Vincent segurou seu seio uma última vez, beliscando seu mamilo
até ficar rosa e inchado, e então ele deslizou a mão coberta de sabão entre
seus corpos, acariciando a fenda de seu traseiro, encontrando sua
abertura e mergulhando dentro. Era tão liso quanto sua vagina. E então,

- 317 -
quando as unhas de Lana cavavam em suas coxas, seus gritos encheram
seus ouvidos e sua vagina apertou seus dedos, ela veio com tanta força
que ela resistia em seu aperto, ele deslizou seu membro para dentro do
canal quente e apertado de seus traseiros, com um gemido de prazer. Isso
era a perfeição, sua vagina pulsando em torno de seus dedos, seu pau
enterrado no calor de veludo de seu traseiro, seus gritos desamparados
em seus ouvidos enquanto orgasmos múltiplos disparavam através de
seu corpo.
Vincent obrigou a mover-se, para puxar seu membro para fora da
carícia quente do seu corpo, mas apenas o tempo suficiente para
mergulhar novamente enquanto ele começava a foder sua vagina com os
dedos, deslizando seu pau dentro e fora de seu traseiro... E percorria com
sua veia com suas presas mordendo-a então no pescoço, extraindo a
plenitude rica de seu sangue.
Lana gritou, seus sentidos já sobrecarregados agitados
novamente pela euforia em sua mordida. Ela convulsionou em seus
braços, cada músculo do seu corpo apertando, apertando seus dedos,
seu membro, até mesmo suas presas enquanto serpenteava um braço em
volta de seu pescoço e segurava a parte de trás de sua cabeça, segurando-
o perto dela.
Vincent gemeu profundamente em seu peito, o calor escaldante
de próprio orgasmo construindo mais e mais quente, até que se
derramou, enchendo Lana com sua liberação quente, contraindo seus
próprios músculos até que pensou ele também iria gritar com a deliciosa
dor. Até que, finalmente, ele levantou a cabeça, o sangue de Lana
pingando de suas presas, e seu nome em seus lábios.

LANA FEZ COM QUE o sinal No Molestar estivesse para fora, então
fechou a porta e verificou as fechaduras, girando uma volta firmemente
no lugar. Ela estava mais cansada e mais relaxada do que ela podia se
lembrar de sentir. Orgasmos múltiplos, aparentemente, fazem isso com

- 318 -
uma pessoa, algo ela não conhecia antes de conhecer Vincent. Ela não
sabia se sua incrível habilidade sexual era uma coisa de vampiro ou uma
coisa Vincent, e não se importava. Ela só sabia o que ela sentia quando
ele fazia amor com ela, e praticamente todo o resto do tempo, também.
Vincent estava no telefone quando ela se aproximou da cama,
seus olhos escuros levantando para encontrar os dela. Ele estava falando
com Michael, mas puxou as cobertas para trás e deu um tapinha no
colchão ao lado dele num convite. Havia uma mulher viva que poderia
resistir a isso? Lana sorriu ao ver a expressão exagerada de sedução que
ele estava dando a ela. Porque, na verdade, um Vincent nu era toda a
tentação que ela precisava.
Antes de se juntar a ele, ela verificou a carga em sua Sig e a deixou
a uma curta distância no lado da mesa de cabeceira. Vincent não achava
que Enrique sabia onde eles estavam, ainda não, de qualquer maneira,
mas ela não estava descartando qualquer chance. Se alguém entrasse
por aquela porta, ela estava indo para supor que eram os caras maus e
não reagiria de acordo.
Apenas para uma boa medida, ela enfiou uma faca debaixo do
travesseiro antes de deslizar sob os lençóis frescos.
Vincent desconectou e jogou o celular em sua mesa de cabeceira.
Ele puxou-a para a curva de seu duro, musculoso, e incrivelmente lindo
corpo.
— Michael diz oi.
— O que mais ele disse? — Ela perguntou, virando-se para ele e
esfregando uma mão apreciativa sobre os planos firmes de seu peito.
— Ele colocará o avião no ar assim que puder, depois do pôr do
sol amanhã. Jerry e os outros pediram para acompanhá-lo. Eles querem
vingança.
Lana franziu a testa. — Carolyn, também? Isso é sábio?
Vincent deu de ombros. — Ela tem o direito de estar na matança.
Eu deixei para Mikey, mas ele me disse que ela pode lidar com isso.
— Você diz que eles querem vingança, mas você precisa ser o
único a matar Enrique, a fim de assumir seu território, certo?

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— Está certo. Mas vou precisar de pessoas nas minhas costas,
vampiros que eu possa confiar e aproveitar a força se eu precisar disso.
Eu sei que posso matar Enrique, mas eu não me engano pensando que
será fácil. Ele é poderoso e é implacável. E ele também sabe que estou
indo. Ele estará pronto para mim.
Lana franziu a testa. — Isso é perigoso, — disse ela lentamente.
Seus olhos se arregalaram e ela olhou para ele, atordoada. — Ele poderia
te matar!
Vincent a abraçou com força, envolvendo seus braços em torno
dela. — Eu não vou morrer, querida. Eu sou mais forte que Enrique.
— Mas você disse que ele estará pronto, e que não vai jogar justo.
Como você sabe?
— Lana. — Ele reivindicou sua boca em um beijo lento, molhado,
que deixou seus nervos formigando todo o caminho até os dedos dos pés.
— Eu não vou perder, — ele sussurrou contra seus lábios. — Eu sei o
que Enrique vai fazer. E eu conheço os seus truques. Eu posso fazer isso.
Lana assentiu sem palavras, mas estava mais aterrorizada do que
nunca. Ela enfrentou fugitivos desesperados e traficantes assassinos,
mas nada a assustou tanto quanto a ideia de Vincent confrontando
Enrique. E se ele morresse? O que ela faria então?
Ela fechou os olhos contra a terrível imagem do corpo
ensanguentado de Vincent deitado no chão enquanto seu assassino
cantava sua vitória. Ela empurrou a imagem para o fundo de sua mente
o tanto quanto poderia, se querer Vincent pegando até mesmo uma
sugestão disso. A última coisa que ele precisava era ir para a luta de sua
vida era com seus medos sobre ele.
— Então, Cidade do México, amanhã à noite, certo? — Perguntou
ela, mesmo que já soubesse a resposta.
— Cidade do México, — ele confirmou. Em seguida, ele colocou
um dedo sob seu queixo, forçando-a a olhar para ele. — Eu suponho que
eu não poderia convencê-la a ir para algum lugar seguro, algum lugar
— Sem chance, — ela o interrompeu.
Vincent suspirou. — Isso não é um jogo, Lana, — disse ele, mais

- 320 -
sério do que ela já o vira.
— Eu estou ciente disso
— Eu sei que você é inteligente e capaz, e eu vi sua coragem, mas
isso... Isso vai ser como nada que você já assistiu. Enrique fará qualquer
coisa, qualquer coisa, para ganhar isso. Você viu o que ele fez para
Carolyn. Ele fará ainda pior para você, porque você é humana; você não
significa nada para ele. Mas você importa para mim, e ele vai usá-la se
ele puder.
— Você está tentando me assustar? Você acha que eu vou correr
para casa?
— Você deveria ter medo. Mas a única coisa que me interessa é
que você viva. Se eu soubesse que você correria para casa, eu faria o que
fosse preciso para que isso acontecesse. Mas eu sei que você não vai.
— Malditamente certo que não vou.
Vincent deu-lhe um sorriso torto. — Por que não?
Lana virou-se, fazendo um show afofando seu travesseiro,
empurrando-o para trás enquanto se sentava.
— Porque eu me importo com você, — disse ela, intencionalmente
sem olhar para ele, não querendo que visse a verdade em seus olhos.
— Você se importa comigo.
Ela engoliu em seco e assentiu. — Somos parceiros. Estivemos
juntos nisso desde o início. Eu preciso ver isso até o fim.
— Parceiros.
Por que ele continua repetindo tudo o que eu digo?
Vincent inclinou a cabeça, estudando-a. — É isso que você?
Lana empurrou as cobertas para baixo, de repente sentindo calor.
Ela precisava que ele parasse de falar. — Que horas são?
Ela foi rolar para fora da cama, mas Vincent impediu-a com um
braço em volta de sua cintura, puxando-a de volta e deslizando um joelho
entre suas coxas, onde Lana sabia que ele iria encontrá-la molhada e
pronta mais uma vez.
— É muito tarde, — ele murmurou, acariciando seu pescoço. —
Mas sinta-se livre para usar meu corpo para o seu prazer depois que eu

- 321 -
estiver dormindo, parceira.
Lana deu um tapa em seu peito. — Eu não acredito que você disse
isso. Eu nunca
Vincent murmurou em silêncio, e ela pôde sentir os lábios
sorrindo contra a sua pele.
Ele levantou a cabeça. — Beije-me, querida. Está quase na hora.
Lana deu o que ele queria, esticando-se para tocar sua boca na
dele, sentindo a escova macia de sua barba em sua pele. — Bons sonhos,
— ela sussurrou.
— Você estará neles? — Ele murmurou, e então, como uma
criança deslizando para sua posição favorita, Vincent rolou de barriga e
se foi.
Lana acariciou seus dedos suavemente sobre a extensão suave de
suas costas, e depois seu braço, onde ela contornou o deus maia de sua
tatuagem. Colocando os lábios no rosto sorridente do deus sol, ela fez
uma oração silenciosa para a antiga deidade, pedindo-lhe para proteger
o filho de seus adoradores, esperando enquanto ela fazia isso que o deus
inconstante estava ouvindo.

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CAPÍTULO VINTE E DOIS

MICHAEL estava os aguardando quando Lana e Vincent


chegaram no aeroporto internacional de Guadalajara no dia seguinte.
Vincent dirigiu o SUV um tanto arranhado e danificado para o hangar
privado, em seguida, esperou até as grandes portas se fecharem atrás
dele para sair e cumprimentar o seu tenente.
Lana estava na porta, olhando por cima do SUV enquanto os dois
homens, dois vampiros, se abraçavam. Vincent disse a ela que a ligação
entre um vampiro e seu Sire era o vínculo mais próximos que dois
vampiros poderiam ter. Ela não sabia o que isso significava até este
momento, quando viu a reação de Michael a Vincent, a compreensão
instantânea em seu rosto do que Vincent passou, todo o tumulto
emocional e a raiva. Havia um amor genuíno entre eles, algo que ela sabia
que Vincent nunca experimentaria com o seu próprio Sire. Certamente
não de Enrique que usurpou o lugar de direito de Xuan, e não de Xuan
Ignacio. Ele abdicou desse papel sem se preocupar no que isso
significaria para Vincent.
Vincent e Michael se separaram, batendo nas costas uns dos
outros com força suficiente para quebrar ossos em um humano,
enquanto o resto da equipe gradualmente apareceu de trás do jato
particular. Jerry e Salvio estavam lá, junto com Zárate e Ortega que
esteve com eles quando resgataram Carolyn. Seu coração apertou com
uma ternura inusitada quando viu que os dois grandes lutadores vamp
tinham Carolyn entre eles. Eles não estavam sendo óbvios sobre isso,
mas estava claro, de qualquer forma, que eles estavam mantendo um
olho de águia para qualquer um que poderia significar perigo a Carolyn.
Lana considerou sua tendência súbita e irritante para
sentimentos ternos. Se isso era o que acontecia quando se apaixonava
por uma pessoa, não estava surpresa que ela nunca fez isso antes.
No mesmo momento que teve esse pensamento, Vincent sorriu

- 323 -
para ela por cima do ombro e ela não conseguiu não sorrir de volta. Mais
emoções ternas. Ele estendeu a mão em sua direção, e ela forçou-se a
caminhar lentamente até ele.
— Lana, — Michael disse, saudando-a. — Meu Sire me disse que
você está se juntando a nós para a Cidade do México. Como estão suas
armas? Você precisa de munição, armas adicionais? Eu soube que você
gosta de facas?
Lana piscou surpresa. Ela esperava que o tenente de Vincent
tentasse dissuadi-la a ir junto de alguma maneira, talvez até mesmo
tentasse dissuadi-la diretamente.
— Eu estou bem de armas, — disse ela lentamente. — Mas
precisarei de alguma munição de 9mm, da que tiver um bom poder de
fogo. Vampiros são um pouco mais difíceis de matar.
Michael concordou. — Você terá que falar com Cynthia Leighton
quando isto acabar, ou talvez com a companheira de Lucas, qual é o
nome dela? — ele perguntou, dirigindo o comentário a Vincent antes de
fornecer sua própria resposta. — Kathryn Hunter. Eu sempre pensei que
era um nome particularmente adequado para um agente do FBI, —
acrescentou com um sorriso.
— Ou a companheira de um lorde vampiro, — Vincent concordou,
sorrindo. Michael acenou amigavelmente, em seguida, virou-se para Lana
e o assunto em questão.
— Infelizmente, não temos qualquer um desses especialistas aqui
esta noite, então por enquanto...
— Por enquanto, vamos tentar evitar tiroteios, — Vincent
interrompeu. — Meu desafio é para Enrique, ninguém mais.
— Mas você sabe que ele não está sentado, esperando
educadamente você aparecer. Ele tentará detê-lo antes de chegar lá, —
comentou Michael.
— É por isso que nos moveremos rápido. Vamos voar para Cidade
do México hoje à noite, nos instalar e conversar com amigos. Amanhã à
noite, iremos diretamente ao QG de Enrique. Uma vez que eu estiver na
villa, ele não poderá fazer nada, além de aceitar o desafio. Se ele jogar

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seus guardas em mim, então, irá fazê-lo parecer fraco. Ele não permitirá
isso.
Michael não parecia feliz, mas balançou a cabeça. — Eu odeio
isso, mas você está certo.
— Tenha fé, Mikey, — disse Vincent, agarrando o ombro do
vampiro mais jovem. — Eu posso derrota-lo.
— Eu sei. E você sabe que eu estarei às suas costas quando você
fizer isso.
Michael moveu seu olhar para algo sobre o ombro de Vincent
quando uma voz profunda disse: — Nós também gostaríamos de estar lá
para você, meu senhor.
Lana virou-se com Vincent e viu Ortega e Zárate ajoelhando-se. —
Gostaríamos de jurar nossa fidelidade se você nos aceitar, meu senhor,
— disse Ortega.
A mão de Vincent apertou brevemente o quadril de Lana antes de
soltá-la para livrar-se de sua jaqueta e lançá-la sobre o capô do SUV.
Arregaçando a manga de sua camiseta, ele foi para levantar o pulso para
suas presas, mas Lana chegou lá primeiro, entregando-lhe a faca
Spyderco perversamente afiada do bolso.
Os olhos escuros de Vincent aqueceram com emoção. — Obrigado,
querida.
— Hey, mi navaja es su navaja. — Minha faca é sua faca.
Vincent piscou-lhe um sorriso rápido antes de sua expressão
mudar e ele considerar os dois vampiros ajoelhando-se diante dele.
— Richard Ortega, — disse ele, dirigindo-se ao vampiro que falou:
— Você vem a mim de sua livre e espontânea vontade e desejo?
Ortega encontrou o olhar de Vincent diretamente e disse: — Sim,
meu senhor.
— E é isso o que você realmente deseja? — Vincent perguntou
solenemente.
— É meu desejo mais verdadeiro, — Ortega respondeu, com os
olhos ainda fixos em Vincent.
Vincent balançou a cabeça, em seguida, estalou a lâmina preta de

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Lana aberta e cortou o braço verticalmente entre seu pulso e antebraço.
O sangue jorrou imediatamente, escorrendo pelo seu braço e
revestimento sua mão e dedos.
— Então beba, Richard Ortega, e seja meu, — ele disse e segurou
seu pulso para Ortega, cujos olhos fecharam em algo próximo ao êxtase
enquanto inalava a fragrância acobreada do sangue de Vincent. Ele
pareceu prender a respiração por um instante, como se prendendo o
cheiro dentro de seu peito, saboreando o rico aroma. Então seus olhos se
abriram, brilhantes sob a luz fraca, e ele colocou a boca no pulso de
Vincent e bebeu.
Lana viu o processo antes, com Jerry e os outros, mas isso foi de
algum modo diferente. Estavam meio de uma crise, um compromisso em
meio a batalha, em vez desta lenta e ritualizada cerimônia. Mesmo tendo
visto isso antes, ela teve que morder sua reação a Vincent cortando seu
próprio braço dessa maneira. Especialmente quando o sangue começou
a fluir. Ela sabia como afiada a faca era, quão profundo ela teria cortado.
Mas Vincent não estremeceu. Outra coisa de vampiro, ela adivinhou.
Nunca mostrar dor. Ou talvez ele simplesmente fez isso tantas vezes que
os nervos foram destruídos. Ela fez uma nota para perguntar-lhe mais
tarde, quando as tropas não estavam por perto para ouvir sua resposta.
Havia a aparências a serem mantidas, afinal.
Ela ficou esperando pacientemente enquanto Ortega terminou de
beber e, em seguida, enquanto Vincent passava pelo mesmo ritual com
Zárate. Depois disso, as coisas se moveram rapidamente. O SUV foi
esvaziado — Vincent lhe assegurou que alguém voltaria pelo veículo mais
tarde — e todos se empilharam no jato.
O vôo para a Cidade do México foi curto, pouco mais de uma hora.
Vincent e Michael passaram a maior parte desse tempo discutindo
logística. Vincent já possuía aliados na Cidade do México, vampiros que
estavam preparados para jurar sua fidelidade assim que
desembarcassem. Aparentemente, quanto mais vamps Vincent tivesse às
suas costas quando fosse enfrentar Enrique, mais forte ele estaria, desde
que ele poderia tirar o poder dos seus apoiantes enquanto estava lutando.

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Algum tipo de magia vampiro metafísica. Ugh. Ela gemeu por dentro. Ela
não acreditava em magia, ou pelo menos nunca havia antes de conhecer
Vincent. Mas ela precisava admitir que muito do que se passou com os
vamps não poderia ser explicado de outra maneira. Pelo menos não por
ela.
No minuto em que eles desembarcaram na Cidade do México, os
apoiadores de Vincent apareceram. Cinco longas SUVs pretas com as
janelas escuras estavam esperando em um hangar privado, com um
número de vamps alinhados na frente deles, quase como soldados de
prontidão. E, como soldados, eles foram todos armados — HK e MP5s,
com uma arma secundária jogada aqui e ali.
Aqueles foram os primeiros vampiros que vira carregando armas.
Obviamente, algo mudou.
Lana desembarcou com Vincent, mas foi pegar sua mochila da
pilha de bagagem, enquanto ele cruzou diretamente para sua linha de
apoiadores e fez questão de cumprimentar cada um pessoalmente. Lana
ficou para trás e viu, meio esperando um ritual de sangue em massa para
cimentar a relação entre Vincent e esse novo grupo. Ela estava agradecida
ao ver que não seria o caso. Pelo menos por enquanto.
Talvez eles fariam uma sangria grupal mais tarde, ela pensou com
uma careta interna.
Apesar do comitê de boas-vindas, os vampiros não permaneceram
no aeroporto. Os pilotos de Vincent desligaram o jato e,
surpreendentemente, se juntaram ao resto dos vampiros em empilhados
nas SUVs e aceleraram fora na noite. Lana sentiu um pouco como se
estivesse em um filme, com os tipos segurança todos falando no que ela
imaginou que fossem dispositivos bluetooth, enquanto ela e Vincent se
apertavam no banco do meio de uma das SUVs. Um vamp que ela não
conhecia assumiu o volante, e Michael sentou-se na frente no banco do
passageiro.
Lana não conhecia a Cidade do México. A maioria dos fugitivos
que ela perseguiu foram capturados mais perto da fronteira EUA. Então,
ela não sabia de que distrito ou subúrbio da cidade estavam quando o

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comboio finalmente parou.
Ela olhou pela janela curiosamente, enquanto os novos
seguranças de Vincent saíram dos outros veículos e correram para
verificar o perímetro. Eles estavam na frente de uma residência de quatro
andares, presumivelmente o condomínio que Vincent mencionou
anteriormente. O edifício estava em um grande terreno, o que permitiu
um recuo substancial de seus vizinhos. Jardins e árvores enchiam o
espaço, e uma passarela curva levava a uma porta de vidro. Cada um dos
quatro níveis continha uma varanda ao longo da lateral voltada para a
rua, e em cada varanda haviam vasos de flores transbordando de cor sob
a suave iluminação indireta. Era bonito, embora com certeza não se
parecesse muito com o estereotipado covil de um vampiro. Por outro lado,
poderia-se facilmente perder as câmeras de segurança igualmente
discretas em cada curva. Assim como se poderia confundir com a
decoração das persianas metálicas pesadas em cada porta e janela, as
quais ela não duvidava desciam diariamente ao nascer do sol, selando os
vampiros e os humanos.
Os vamps de Vincent os rodearam quando eles saíram do SUV, e
Vincent segurou a mão dela enquanto foram escoltados diretamente para
dentro do prédio. Ela viu a entrada de uma garagem subterrânea para
um lado e se perguntou por que eles não entraram dessa forma — que
parecia oferecer mais cobertura, e portanto, mais segurança. Mas então
ela viu um novo comitê de boas-vindas esperando por eles no lobby, e
entendeu. Não poderiam fazer uma grande entrada através da porta da
garagem.
Uma vez lá dentro, Vincent foi levado para cumprimentar seus
seguidores, o que deixou Lana com bastante tempo para olhar ao redor.
Ela ficou surpresa ao ver que o lobby parecia pertencer a um prédio de
escritórios ao invés de um condomínio. Ela também observou que
ninguém parecia estar ao redor, exceto vampiros. Onde estavam os
outros inquilinos? O que eles pensam sobre ter a sede de um ninho
vampiro em seu edifício, sobre sua segurança assumindo o controle?
— Esse prédio é meu, — disse Vincent em seu ouvido. Ela virou-

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se, mais feliz do que deveria ter sido para encontrá-lo ao seu lado. Foi um
pouco desconcertante ser o único humano na multidão. — A cobertura é
só minha, — ele continuou, — mas há outras oito unidades todos
ocupadas por meu povo. — Ele segurou seu braço quando eles entraram
no elevador, puxando-a contra seu lado enquanto Michael e outros dois
vampiros que ela nunca conheceu se espremeram atrás deles formando
uma parede sólida de músculos na frente da porta.
— Oito unidades? — Ela repetiu. — Quatro para um andar?
Vincent assentiu. — Não há nenhuma unidade no piso térreo, mas
há uma piscina e um ginásio, bem como escritórios do edifício.
— Você vem aqui muitas vezes? — Perguntou ela. Ela tinha a
impressão de que ele evitava a Cidade do México, e ainda assim aqui
estava, este edifício muito caro e um monte de vampiros que pareciam
estar apenas esperando a sua chegada.
— Era necessário de tempos a tempos. Tenho deveres como
tenente de Enrique.
— Há mais do que isso, porém, — ela comentou. Vincent abraçou
e colocar os lábios em sua orelha. — Há mais, mas não aqui.
Lana assentiu. Não se discutia planos para um golpe enquanto
se estava no elevador, não importa quem possuísse o edifício.
O andar da cobertura acabou por ser metade residência e meio
centro estratégico. Para a direita, assim que saíram do elevador, havia
um par de mesas de escritório agradáveis, equipadas com telefones e
computadores. Além disso possuía uma área de estar aberta completa
com uma grande TV de tela plana montada na parede que foi silenciada
e sintonizada para — no que? — CNN. Um par de portas abertas fora da
área de estar revelou uma grande sala de conferências vazia, com uma
mesa de madeira e cadeiras de couro em frente a uma parede de janelas.
Tudo era enorme. Grandes espaços, mobiliário grande, TV de tela
grande. Mas o que atingiu Lana mais que qualquer outra coisa foi a total
falta de ruído. Era como se tivessem entrado numa câmara acústica,
onde nenhum som penetrou pelo lado de fora, enquanto todos dentro
ficavam com medo de perturbar o silêncio. Exceto não havia ninguém

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aqui. Ela imaginou que iria mudar uma vez que a turma lá de baixo
fizesse o seu caminho para cima. Mas, por agora, era um estranho espaço
vazio — esperando ser preenchido.
Vincent puxou sua atenção longe da área do escritório, pegando
sua mão e levando-a para a esquerda, seus passos não fazendo nenhum
som no carpete profundo enquanto faziam seu caminho para um segundo
conjunto de portas duplas. Como aquelas guardando a sala de
conferência, elas eram quase do chão ao teto, cerca de dez pés de altura,
e lacadas em um preto uniforme sem adornos senão o aço polido em um
embelezamento rústico. A diferença era que estas portas foram
garantidas por um teclado digital, que ficava à direita das portas e incluía
uma fechadura biométrica com um scanner. Vincent introduziu um
código de oito dígitos, pressionou o polegar no scanner, e as portas se
abriram.
— Vamos digitalizar você para o sistema de hoje à noite, —
Vincent comentou. — Ninguém além de nós e Michael terá acesso a esta
suíte.
Lana assentiu, secretamente aliviada. Com o súbito aparecimento
de tantos vampiros estranhos cujo único trabalho parecia manter Vincent
seguro, ela estava um pouco preocupada. Ela sabia que algumas pessoas
viviam com uma presença de segurança constante e, eventualmente,
esqueciam que os guardas estavam lá, mas ela nunca quis ser uma delas.
Ela gostava muito de sua privacidade.
Uma vez que entraram no condomínio de Vincent, no entanto,
todas as preocupações sobre privacidade e muitos guardas fugiram de
seus pensamentos, substituídas por uma única certeza... Ela não
pertencia a esse lugar.
O quarto era de tirar o fôlego — teto alto e uma parede inteira de
vidro com uma visão que continuava para sempre. Ela sabia que haviam
muitos dias na Cidade do México, onde a qualidade do ar era uma
porcaria e a neblina fechada, mas esta noite, com céu claro e a meia-lua
minguante alta no céu, as luzes da cidade iluminavam o fundo do vale de
uma forma que lhe dizia que eles estavam em uma borda da subida do

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vale.
Este era um imóvel caro. Muito caro. E Vincent possuía todo o
maldito edifício. Mesmo que ele não fosse bonito e charmoso, ele era rico
o suficiente para obter qualquer mulher que quisesse. Assim o que ele
estava fazendo com ela? Talvez quando tentou convencê-la a ficar para
trás antes, ele realmente queria que ela ficasse para trás, em vez de se
preocupar com sua segurança.
Ela suspirou e vagou para o quarto, que, como tudo neste prédio,
foi construído em grande escala. Os móveis eram escuros e masculinos,
de madeira pesada e profundamente tingida. A cama era enorme e
claramente feita por encomenda. Concedido, Vincent era um homem
grande. Mas mesmo que ele não precisava de todo esse espaço, a menos
que fizesse algumas orgias. Que, pelo que sabia, era exatamente o que
ele fazia.
Lana empurrou para o banheiro extravagante, mas em vez de ser
acalmada ou mesmo encantada com as belas luminárias e o chuveiro
grande o suficiente para seis, tudo o que viu apenas elevou o volume da
voz sussurrante dentro de sua cabeça, que repetia uma e outra vez que
ela não pertencia aqui.
— Lana?
Ela virou-se para encontrar Vincent encostado no batente da
porta, estudando-a com um olhar preocupado. Ela se perguntou quanto
tempo ele estava lá e o que viu em seu rosto enquanto isso. Ele pode não
ser capaz de ler sua mente, mas poderia ler sua linguagem corporal bem
o suficiente.
— Isso é lindo, — disse ela e quis dizer isso. Ela não lhe disse que
se sentia como uma intrusa total. Que estava quase com medo de tocar
em qualquer coisa, com medo de deixar suas impressões digitais sujas
para trás.
Ele olhou em volta, como se a visse pela primeira vez. — É legal.
Eu não fico muito aqui.
— Por que, então?
— Porque eu sabia que esse dia chegaria, e as aparências

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importam, especialmente para os vampiros. Se eu vou desbancar
Enrique, eu preciso parecer como um lorde vampiro.
Ela sorriu fracamente. — Eu diria que você conseguiu.
Ele se aproximou e esfregou as mãos para cima e para baixo de
seus braços. — Você está bem? Você parece
— Cansada, — ela forneceu, poupando-lhe a busca de um
adjetivo adequado. — E com fome. Deve haver ser uma cozinha por aqui
em algum lugar, não é?
Vincent franziu a testa, claramente não comprando a desculpa,
mas disposto a deixá-la fugir com ela por agora. — Há uma cozinha, —
disse ele, — mas provavelmente sem comida. Talvez um pouco de sangue,
uma vez que sabiam que eu estava vindo, mas isso não lhe faria nenhum
bem, — disse ele com uma risada forçada.
Lana assentiu. — Está tudo bem. Tenho certeza que há um
supermercado nas proximidades. E você deve ter reuniões para ir.
Sua carranca se aprofundou, mas assentiu.
— Certo. Então, irei até a loja, em seguida, cozinhar algum jantar
e talvez dar um mergulho. Poderemos nos encontrar aqui mais tarde.
Vincent estudou um momento muito longo. — Você estará aqui
quando eu voltar, certo?
Lana lutou contra o rubor que subiu em seu rosto, porque ela
realmente considerou ir direto para o aeroporto e pegar um voo para casa.
A Cidade do México tinha um grande aeroporto; ela sabia que havia uma
abundância de vôos indo para o seu destino. Mas, assim como havia
considerado isso, ela o rejeitou. Vincent merecia mais do que isso,
porque, independentemente de quais sentimentos que ela pudesse
abrigar por ele, eram parceiros. E os parceiros não abandonavam uns aos
outros, na véspera da batalha. — Claro que estarei aqui, — assegurou
ela, como se alguma outra sugestão fosse absurda. — Você acha que eu
vou sair sem experimentar o chuveiro?
Vincent sorriu lentamente, e pareceu relaxar. Mas não havia nada
relaxado sobre a marca de posse em seu beijo, nem o aviso profundo em
sua voz quando ele deslizou os lábios até sua orelha e disse: — Eu vou te

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cobrar isso, querida.
Lana beijou de volta, deixando-o pensar que a expectativa de que
causou o tremor de emoção que ondulava sobre seu corpo. Mas foi a
ameaça inconfundível em suas palavras que a fez estremecer, que lhe
dizia que ele a encontraria, não importa o quão longe ela corresse.

VINCENT NÃO QUERIA deixar Lana. Havia algo acontecendo em


sua linda cabeça, algo que ele não conseguia descobrir. Ele faria com o
tempo, mas o tempo era escasso esta noite. Ele tinha pessoas para se
encontrar, vampiros que arriscaram tudo para aparecer aqui esta noite.
Não haveria volta depois disso. Conspirar para assassinar um Lorde não
era algo que um vampiro fazia levianamente, ou em segredo.
Enrique saberia que ele estava na cidade, e por quê. Vincent
poderia aproveitar esta noite para fortalecer o seu apoio, para tranquilizar
seus vampiros leais de que ele possuía o que era preciso para derrotar
Enrique e tornar-se o novo Lorde do México. E ainda mais importante,
que, como seu lorde, ele seria um melhor governante. Enrique tinha
muitos aliados, mas poucos amigos. Seu reinado de séculos era
puramente baseado em força e o conhecimento de que a deslealdade seria
punida com uma morte brutal.
Vincent não era ingênuo o suficiente para pensar que poderia
governar com benevolência. Ele estava prestes a se tornar um Lorde
Vampiro, não um padre. A maioria dos vampiros vivia uma vida tranquila
e só queriam ser deixados sozinhos. Mas aqueles poucos que não, os que
formariam a corte de Vincent e sua equipe de guerreiros, precisavam
saber que a força encontraria a força, e deslealdade a morte.
Mas eles também precisavam saber que a lealdade seria
recompensada, e que a riqueza do território seria compartilhada entre
aqueles que a criaram, não acumulada e distribuída a quem beijou o seu
traseiro, como Enrique fez. Infelizmente, tudo precisava ser transmitido
esta noite. Ele queria ficar com Lana, fazer amor com ela naquela cama

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gigante até que ela não tivesse forças para sequer pensar em deixá-lo.
Mas ele tinha um dever, uma responsabilidade para com os vampiros que
já colocaram suas vidas em risco, simplesmente concordando em se
encontrar com ele.
Ele teve que colocar sua fé na palavra de Lana e seus sentimentos
no beijo que eles compartilharam, embora não podia deixar de sussurrar
um aviso em seu ouvido delicado. — Vou cobrar isso de você, querida.
Ela podia correr, mas não conseguiria se esconder. Não dele. Ela
estremeceu e ele soube que ela pegara a mensagem subjacente de suas
palavras.
Ele atravessou a sala de estar da suíte, virando-se para ela
quando chegaram em frente ás portas. — Você terá um guarda com você
onde quer que você vá.
Ela fez uma careta. — Eu não preciso disso. Eu não gosto de
estranhos
— Eu sei, e eu sinto muito. Mas é necessário.
— E se eu esperar até o dia? — Argumentou. — Todos os maus
estarão dormindo, certo?
O coração de Vincent apertou com a sugestão de que ela não
dormiria com ele, mas não deixou isso aparecer. Afinal, ela era humana
e a luz do sol era necessária. Ele provavelmente deveria se acostumar
com a ideia, já que isso não mudaria.
— Luz do sol não é garantia de segurança, — ele disse a ela,
deslizando a mão pelo seu braço e ligando seus dedos. — Enrique tem
guardas humanos, assim como eu. Se você preferir, eu posso atribuir um
deles para você em vez de um vampiro. Dessa forma, não importa qual é
a hora.
Lana inclinou a cabeça para trás e para a frente, infeliz, mas
finalmente acenou em acordo. — OK. Eu acho que isso funciona. Quando
eu o conheço?
— Eu vou ter alguém vindo aqui agora. Vou esperar até que ele
chegue.
— Isso não é necessário. Eu te prometi

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— Eu vou esperar, — Vincent insistiu, não confiando muito em
suas intenções. — Além disso, você precisa ser digitalizada no sistema de
segurança antes de sair, e você vai precisar do código. — A campainha
da porta soou e ele disse: — Deve ser Michael.
— Eu pensei que você disse que ele tinha acesso.
— Ele tem. Mas, enquanto estamos aqui juntos, ele não vai usá-
lo. Vamos lá, vamos começar a sua impressão no sistema, para que possa
ir às compras. Você se sentirá melhor, uma vez que tiver um pouco de
comida de verdade.
Lana se afastou quando ele abriu a porta, os dedos deslizando
longe dos seus. Vincent pensou que ela só recuou porque ele precisava
para abrir a porta para Michael, mas isso não explicou por que parecia
que ela estava se afastando muito mais do que sua mão.

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CAPÍTULO VINTE E TRÊS
VINCENT abriu a porta do veículo logo que Ortega levou o SUV a
uma parada em frente ao edifício. Apenas uma noite, e ele já estava
cansado dos protocolos de segurança que rodeada suas idas e vindas.
Uma das coisas que ele sentiria falta depois de matar Enrique e se tornar
o Lorde do México seria a liberdade para se movimentar livre de toda essa
cerimônia. Como ele havia dito a Lana, ele entendia a necessidade dela.
Pelo menos metade disso era apenas para manter as aparências, mas a
outra metade lidava com questões de segurança reais. Ele podia
defender-se, mas um lorde territorial era um grande fodido alvo, e não
serviria a ninguém se ele gastasse toda a sua energia lutando contra todo
Davi que pensassem em derrubar Golias.
Ainda assim, isso o irritou. Ele teve que deixar o edifício do
condomínio cedo. Seus partidários foram se reunindo, mas nem todo
mundo poderia, ou deveria vir a ele. Fazia mais sentido para ele ir para
alguns deles, ao invés de aparecerem todos aqui. Especialmente desde
que Enrique certamente possuía alguém vigiando. Era melhor deixar o
antigo lorde ficasse tentando adivinhar qual dos vampiros em sua corte
o apoiaria no desafio final amanhã.
Mas não era isso que estava incomodando Vincent, não era o que
o fez correr de volta para o condomínio esta noite. O que monopolizou os
cantos de sua mente durante toda a noite foi a sua última conversa com
Lana. Tudo aconteceu tão rápido, ele sabia que ela estava se sentindo
sobrecarregada, talvez até mesmo ameaçada como a única humana em
um edifício cheio de vampiros. Depois de tudo, no espaço de poucas
horas, eles foram de tomar uma viagem pela estrada, com os dois pulando
de motel para motel no México, para ter uma comitiva inteira e uma
cobertura na Cidade do México à sua disposição. Mesmo para ele, a
situação era claustrofóbica. Quão pior deve ser para ela?
O que explicou a sua pressa de voltar para o andar de cima. Ele
checou os relatórios do guarda humano atribuído para ela, então sabia

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que ela foi fazer suas incumbências e já voltou. E agora Vincent queria
tomá-la antes do amanhecer, para se certificar de que ela entendeu o
quão importante ela era para ele, e que juntos, eles lidariam com
qualquer problema que surgissem com estes novos acordos, assim como
eles fizeram quando era apenas os dois. Todos os outros vampiros, os
tipos segurança, os seus apoiantes e puxa-sacos, eram secundários. Era
Lana que importava.
Ele não estava há mais de dois metros do SUV, superando a
equipe de segurança em sua pressa, quando em sua visão periférica, ele
viu um homem correndo em sua direção. Um humano, grande e
vagamente familiar.
Vincent virou, tentando obter um melhor olhar através da parede
da carne que os seus seguranças formaram em torno dele, enquanto
alguns dos outros agarraram o homem e começaram a empurrá-lo a uma
distância segura.
— Ela não pertence a você, — gritou o humano.
Vincent olhou, então empurrado por seus guarda-costas para
obter sua primeira boa olhada no humano.
Harrington. Dan, não, Dave Harrington, o ex-namorado ou noivo
de Lana, dependendo de quem você acreditava. Vincent foi com a versão
de Lana. Mas de qualquer forma, ele queria saber o que o homem estava
fazendo aqui.
— Deixem-no ir, — ele ordenou e viu como o humano
imediatamente veio mais perto, aparentemente muito estúpido para
compreender a extensão de próprio perigo.
Harrington parou apenas fora do alcance de sua mão. Ele parecia
exausto e verdadeiramente angustiado. Vincent quase sentiu pena do
homem. Ele disse a Lana que Harrington ainda a queria, e agora sabia
que tinha razão. Harrington não entendia que ele estragou tudo isso há
anos atrás, não acreditava que realmente a perdera. Que tolo.
— Ela não é para você, vampiro. Ela pertence a sua própria
espécie, — disse o humano, seus olhos cheios de ódio.
— Sua própria espécie... Esse seria você? — Vincent perguntou

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friamente.
— Você está certo. Lana é minha. Ela sempre foi minha.
— Eu não acredito que Lana vê dessa maneira.
— Porque você ferrou com a cabeça dela. Eu não vou deixar você
tê-la.
— Lana vai para onde ela quiser. Você é um idiota se você não vê
isso. — Vincent olhou ao redor, procurando um rosto familiar, alguém
em quem pudesse confiar. — Ortega, Zárate, — disse ele, voltando para
seu pessoal de Hermosillo. — Escoltem o Sr. Harrington para o aeroporto.
Se assegurem que ele pegue seu voo para casa.
Os dois vampiros gigantescos se aproximaram de ambos os lados
de Harrington. Eles não o tocaram, mas eles não precisavam. A ameaça
era clara. Harrington era um grande homem, mas os vampiros eram
maiores. E eles eram vampiros.
— Isto não é o fim. Você não pode fazê-la feliz.
A garganta de Vincent se apertou quando sinalizou a Ortega e
Zárate para ir em frente. Não porque ele desse a mínima para Dave
Harrington ou suas ameaças vazias, mas porque as terríveis advertências
do humano ecoavam seus próprios medos. E Vincent não teve medo de
nada há muito tempo.
Girando nos calcanhares, ele entrou no prédio e foi direto para o
elevador que a sua segurança estava segurando para ele. Eram apenas
três andares até a cobertura, mas pareceu durar uma eternidade.
— Ela não vai agradecer por isso, — Michael murmurou ao seu
lado.
Vincent lançou um olhar silencioso ao seu tenente, mas não disse
nada, porque sabia que o que Michael disse era verdade. Quando Lana
descobrisse sobre Harrington, sobre como Vincent o despachou para o
aeroporto, não ficaria contente. Ela não gostava dele lutando suas
batalhas. E ela especialmente não gostaria que ele agisse sem sequer
consultar com ela.
— Lana está no edifício? — Ele estalou em vez disso, não dirigindo
a pergunta a ninguém em particular.

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— Sim, meu senhor, — disse alguém. — Na suíte.
Bom, pensou Vincent. É aí que ele precisava dela. Eles fecharam
a porta e ficaram sozinhos novamente, e então eles poderiam falar.
As portas do elevador se abriram e seu passo era hesitante ao
nível de atividade que o cumprimentou, e o barulho que o acompanhava.
Quando ele saiu, as coisas ainda estavam sendo preparadas. Agora,
parecia que metade dos vampiros na Cidade do México foram pendurados
fora de sua porta da frente. Ele não tinha tempo para isso. Ele começou
a sair do elevador, com a intenção de ir diretamente para o seu
apartamento, mas uma voz familiar o deteve.
— Vincent.
Era uma voz que era tão familiar com a sua própria, mas que ele
não ouviu há muito tempo. Ele virou com um sorriso que transmitia todo
o calor e alegria que sentiu ao vê-la novamente.
— Camille, — disse ele, tomando o passo final para encontrá-la,
sua mão segurando seu queixo elegante. — Quando foi que você chegou
aqui?
— Na Cidade do México? Ou na sua sede?
— Ambos.
A risada dela era como o som de delicados sinos. Mais homens do
que ele poderia contar fizeram papel de bobo apenas para ouvir aquele
som. Ele e Camille eram irmãos de certa maneira. Ambos os filhos de
Enrique — ou então ele pensava na época — eles — cresceram — juntos,
tendo sido criados ao mesmo tempo.
— Cheguei a pouco esta noite, — disse ela. — Enrique empurrou-
me para longe da costa. Ele sempre se ressentiu da nossa proximidade,
e tenho certeza que sabe que minha lealdade é mais para você do que ele.
Ele não vai gostar de saber que estou aqui, mas eu não podia perder o
grande final. E, além disso, eu trouxe alguns amigos. — Ela indicou a
sala de conferências com uma ligeira mudança de seus olhos.
Vincent acariciou as costas de seus dedos sobre a suavidade
aveludada de sua bochecha. — Obrigado, bella. É bom ver você, — ele
murmurou. Ele estava prestes a dizer mais quando um pequeno ruído

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chamou sua atenção no final do corredor à sua esquerda. Ele se virou e
viu Lana parado na porta aberta do apartamento, olhando para ele. Ela
estava vestida com um moletom e carregava uma toalha, como se em seu
caminho para baixo para o ginásio.
Ela parecia linda e forte, e ele lamentou abruptamente seu
confronto baseado no orgulho com Harrington. Ele abriu a boca para
chamá-la, mas com um único olhar ilegível, ela atravessou o corredor até
que estava perto o suficiente para tocar.
Só que ela baixou a mão quando ele a alcançou, estendendo a sua
própria para Camille e tomando um passo mais perto.
— Camille, — disse Vincent, picando a rejeição de Lana. — Esta
é Lana Arnold. Lana e eu somos
— Parceiros, — Lana interrompeu. — Vincent ajudou-me com
uma atribuição de trabalho que acabei de terminar.
Vincent viu os olhos de Camille dançando com o riso, mas ele não
achou nada de engraçado. Ele virou a carranca para Lana e estava
prestes a dar alguma desculpa para Camille, enquanto ele arrastava Lana
de volta para a cobertura e descobria o que diabos estava acontecendo,
mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Lana falou novamente.
— Bem, eu vou deixar vocês dois com suas... consultas, — disse
ela, recuando. — Prazer em conhecer você, Camille. Vincent, — disse ela
com um aceno rápido, então ela se foi antes que ele tivesse a chance de
dizer qualquer coisa, descendo a escada com seu guarda-costas humano
a reboque.
Vincent deu um passo para ir atrás dela, mas Michael apareceu
ao seu lado e disse baixinho: — Sire, Camille trouxe Tulio.
— Sinto muito, Vincent, — Camille disse suavemente, seu olhar
cheio de compreensão com a sua situação. — Mas Tulio está esperando
na sala de conferências, — ela lembrou.
Vincent praguejou suavemente. Amado Tulio era um poderoso
mestre de Baja que odiava Enrique, mas nunca seria poderoso o
suficiente para derrubá-lo por si mesmo. Ele estava disposto a apoiar a
candidatura de Vincent, mas só se ele pudesse ser convencido de que iria

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ganhar. Tulio queria que Enrique desaparecesse, mas não estava
disposto a arriscar o próprio pescoço por isso. Se houvesse mais tempo,
Vincent teria dito para o inferno com Tulio e teria ido atrás de Lana. Mas
não havia tempo algum. Ele precisava saber esta noite de que lado Tulio
estaria amanhã.
— Certifique-se de que ela não deixe o prédio, — ele rosnou para
Michael, e então virou-se com um sorriso para Camille e se dirigiu para
a sala de conferências.

LANA ABRAÇAVA a toalha de banho dobrada como um cobertor


de segurança enquanto descia as escadas para o primeiro piso. Ela já
estava em seu caminho para a piscina, mesmo antes de ver Vincent com
sua amiguinha, na esperança de aliviar um pouco do estresse que estava
sentindo desde que eles entraram no avião para a Cidade do México.
Essa ideia parecia um inferno agora. Ela teria que nadar até que
estivesse exausta para apagar a imagem de Vicente e Camille, olhando
para o outro com aquele olhar em seus rostos. Tudo o que imagem
precisava era de poeira de pó de fadas brilhando ao redor de suas
cabeças, de tão fofa que foi.
A ironia era que Lana ficou feliz em vê-lo. Ela ouviu sua voz antes
mesmo de as portas se abrirem, e seu coração deu um salto proverbial
para a alegria. Ela sabia naquele momento que, enquanto ela poderia não
pertencer aqui, este era o lugar onde queria estar. Com Vincent.
Seu primeiro pensamento quando Vincent saiu do elevador foi que
ele parecia cansado. Mas então a mulher — Camille — disse seu nome, e
sua exaustão pareceu escorrer.
Camille era adorável, é claro. Pequena e delicada, com uma
cintura fina e seios transbordando, ela tinha lábios exuberantes pintados
de vermelho, seu cabelo negro caindo em ondas graciosas pelas costas.
Ela riu de algo que Vincent disse e cabeças se viraram ao som. O sorriso
de Vincent cresceu mais amplo e ele passou as costas de seus dedos

- 341 -
sobre a bochecha elegante da mulher, murmurando algo para seus
ouvidos somente.
Lana sentiu o toque dos dedos como um soco em seu estômago.
Ela não tinha a intenção de fazer nenhum som, mas ela deve ter feito,
porque a cabeça de Vincent se virou, e nesse primeiro momento de
descuido, ela viu a culpa em seus olhos. E, de repente, a voz sussurrante
na parte de trás de seu cérebro, a que ela convenceu em estar errada,
porque ela queria tanto ficar com Vincent, se tornou um aviso gritante,
reforçando o que sabia o tempo todo. Ela realmente não pertencia a esse
lugar.
Lana se forçou a andar pelo corredor, a segurar a onda e ser
educada. Mas quando Vincent tentou tocá-la, quando ele lhe deu aquele
olhar magoado quando evitou sua mão, ela soube que precisava ir
embora antes que começasse a gritar.
Ela resmungou algo educado, então, aproveitando a distração
fornecida quando Michael sussurrou algo no ouvido de Vincent, ela
desceu a escada e foi embora, a pesada porta batendo atrás dela.
E agora ela estava correndo escada abaixo, esperando em cada
curva para ouvi-lo às suas costas, ouvir sua voz chamando seu nome,
mas ele nunca o fez. Ela tinha que decidir o que fazer, onde ir a partir
daqui. Sua melhor aposta seria a de esperar até o nascer do sol, voltar
para a cobertura, arrumar suas coisas e ir embora. Ela já não acreditava
Vincent iria tentar impedi-la de ir. Agora que sua namorada vampiro
estava aqui, ele provavelmente estaria aliviado ao descobrir que ela foi
embora, que ela faria isso tão fácil para ele.
Ela continuou em movimento seus pés seguindo o ritmo de seus
pensamentos que corriam rápido e sem sentido.
Antes que percebesse, o guarda-costas abriu a porta para o
primeiro andar, lembrando-a de que ele ainda estava com ela. Ela
esqueceria tudo sobre ele por um momento. Seu nome era Jeff Garcia e
estava com Vincent por quase quatro anos. O que Jeff faria se ela se
dirigisse para o aeroporto? Será que ele tentaria impedi-la? Iria com ela?
Uma vez que deixasse o México, ela não precisaria mais de um guarda-

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costas. Ela não tinha certeza de que precisava de um agora.
Lana parou por um momento, uma mão cobrindo os olhos
fechados. Ela precisava pensar sobre o que estava fazendo. Ela estava
deixando a emoção levá-la ao invés da razão, correndo com medo.
Correndo era a palavra chave. Ela precisava parar e pensar. Ela tornou-
se ciente do cheiro de cloro, o eco abafado das águas contra a telha.
Abrindo os olhos, ela percebeu que a escada seguia diretamente para a
área da piscina. Através de uma parede de janelas para a sua direita era
a parte principal do ginásio, com o habitual equipamento e algumas
almas resistentes começando a treinar antes do sol nascer. Ela assumiu
que eram todos vampiros, mas era possível que alguns deles fossem
guardas humanos como Jeff.
Ninguém estava usando a piscina.
Ela veio até aqui para nadar, e isso é o que faria. Sem sequer
pensar, jogou a toalha em uma espreguiçadeira e tirou a camiseta. Ela
sentou-se para sair das calças, não porque precisasse, mas porque não
queria que Jeff visse que ela tinha sua pequena faca Spyderco enfiada no
bolso pequeno de seu moletom. O bolso havia sido projetado para
transportar chaves e talvez um telefone celular, mas Lana pensou que
uma faca seria mais útil. E guarda-costas ou não, ela não ia a lugar
nenhum sem algum tipo de arma. Ela dobrou as calças com cuidado, em
seguida, levantou-se para a borda da piscina. Ela estava usando um maiô
de uma peça preta simples que comprou de uma loja ao lado do
supermercado onde fora antes. Ela puxou-o para baixo sobre seu traseiro
um pouco autoconsciente. Ela estava em boa forma, mas o maiô era
cortado um pouco mais alto do que ela normalmente usava.
Ela puxou a touca barata que comprou com o maiô, em seguida,
com um aceno para Jeff, que tomou uma posição na porta que acabou
de passar, Lana pisou na borda e mergulhou. Natação era como
meditação para ela. Após os primeiros golpes, ela não teve que pensar
sobre isso mais, não ouviu a voz irritante no fundo de sua mente, não viu
o carinho no rosto de Vincent, a suavidade de suas palavras quando
tocou na mulher, Camille, no andar de cima. Ela simplesmente se moveu

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através da água, e caiu no ritmo familiar de um crawl4 para frente...
braçada, respirar, braçada, respirar, bater na parede, por sua vez,
deslize, e começa tudo de novo. Ela nadou até que seus músculos
começaram a queimar, e então nadou um pouco mais, até que suas
braçadas não eram mais suaves, suas voltas não mais graciosas.
Quando bateu na parede em sua volta seguinte, ela parou,
pendendo para o lado da piscina, respirando o cheiro de cloro da água
enquanto o esgotamento começou a surgir. Ela poderia não ser um
vampiro, mas ela viveu como um na semana passada, o que significava
que estava acordada a noite toda e seu corpo precisava dormir.
E, em algum momento durante o seu mergulho, seu cérebro
chegou a uma decisão, ou talvez fosse seu coração. Tão fácil e simples
como seria, ela não precisava entrar de fininho e ir embora sem dizer
adeus a Vincent, sem qualquer explicação. Talvez fossem apenas
parceiros, afinal de contas, mas mesmo um parceiro merecia o respeito
de uma despedida decente.
Lana suspirou, sabendo o que faria, o que ela precisava fazer.
— Que horas são? — Ela perguntou a Jeff, que estava exatamente
onde ele estava quando começou a nadar.
Ele lhe deu um sorriso torto e disse: — Quase nascer do sol. Os
vampiros abandonaram o ginásio.
Lana se puxou para fora da água. Demorou mais do que deveria
e ocorreu-lhe que ela poderia ter feito algumas voltas mais do que seu
corpo poderia lidar. Pelo menos não teria que se preocupar com sua
mente mantendo-a acordada hoje. O único pensamento em sua cabeça
agora era dormir.
Ela pôs de pé com esforço e se enrolou na toalha grande, retirando
a touca desconfortável e a jogando no lixo. Ela pensou em subir o elevador
sem se vestir, mas havia um monte de pessoas que desconhecidas entre
ela e sua cama, então ela se arrastou em suas roupas novamente, sem
se importar que seu traje estivesse molhado.

4
É o nome que é dado ao estilo de nado simples.

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— Vamos, — disse a Jeff, pressionando a toalha em torno da
trança úmida de seus cabelos.
Jeff estava falando com alguém no botão bluetooth em seu ouvido.
Lana esperou pacientemente, inclinando-se contra a parede, porque se
preocupou que se ela se sentasse, iria simplesmente cair, dormindo, e
não se levantar novamente. Jeff tocou o botão em seu ouvido, desligando
a chamada. — Os elevadores estão bloqueados no andar de cima, — ele
disse, balançando a cabeça em simpatia. — Algum grande vampiro se
preparando para partir. Pronta para as escadas?
Lana olhou dele para a porta da escada, pensando, Inferno, não.
Mas o que disse foi: — Claro.
Ele deu uma risada simpática enquanto Lana abria a porta para
as escadas.
— Lana, — Jeff disse urgentemente e ela se lembrou que ele
deveria ir primeiro. Mas, em seguida, um movimento na escada chamou
sua atenção, e ela olhou em choque para a pessoa em pé lá.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ela quando Jeff
amaldiçoar, e então o som irregular de um taser encheu o vão das
escadas de concreto.

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CAPÍTULO VINTE E QUATRO

VINCENT passeava enquanto as persianas desciam sobre as


janelas. Onde diabos estava Lana? Ele ligou em seu celular, mas não
recebeu nenhuma resposta. Então ele tentou Jeff Garcia e nada. O GPS
em ambos os telefones lhes disse que estavam no prédio, mas não
conseguiu descobrir nada mais específico do que isso, e agora o nascer
do sol estava prestes a lhe tirar a capacidade de ir à procura deles. Ele
ainda poderia pedir a seus seguranças diurnos para encontrá-los, mas
não estava exatamente com pressa de anunciar a todos que sua amante
o estava evitando. Seu telefone tocou. Era Michael com um check-in final.
Seu tenente era jovem como vampiro, o que significava que ele iria colidir
com o sono a luz do dia bem antes de Vincent.
— Mike, — ele respondeu laconicamente.
— A construção foi bloqueada. Ninguém entra ou sai, até o pôr
do sol. Como foi com Tulio?
— Ele está a bordo por enquanto. Mas ele está inseguro de sua
aposta. Ele estará no local de Enrique quando chegarmos lá, mas não
nos acompanhará visivelmente.
— Então ele não quer ser visto com a gente até que saiba quem
vai ganhar.
— É melhor descobrirmos agora que tipo de doninha ele é. Eu
vou saber para não depender dele no futuro.
— Lana?
— Ainda no ginásio, tanto quanto eu sei.
O silêncio saudou essa declaração, e, em seguida, — Ela não
deixou o prédio.
— Eu sei. Durma bem, Michael. — Vincent desligou sem esperar
por uma resposta. Michael pode ser a coisa mais próxima que ele tinha
de um amigo, mas não estava prestes a discutir sua vida amorosa com
ele. Não quando se tratava de Lana, de qualquer maneira. Ela não era

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como uma mulher qualquer que ele tivesse pegado em um bar e
esquecido em seguida. Ela importava para ele, mas era óbvio que ele não
a convencera desse fato.
Então, onde diabos ela estava? Escondendo-se até que ele
estivesse dormindo para o dia? Ele não teria pensado que era o seu estilo.
Na verdade, ele sabia que não era seu estilo. Mas então, ela não foi ela
mesma desde que eles chegaram na Cidade do México, e ela viu a maneira
como ele vivia aqui, visto todos os vampiros cortejando-o, os ouvindo lhe
chamar de senhor. Ele não perdeu sua reação para a cobertura também.
Ela agiu como se fosse um museu em vez de uma casa. Talvez porque ele
nunca viveu aqui. Isto foi apenas o lugar que ele ficava quando a política
não lhe deu uma escolha. Ele apostava que se Lana viu o seu lugar em
Hermosillo, ela teria ficado completamente à vontade.
Ele simplesmente não teve tempo suficiente com ela antes que
tudo isso descesse sobre ele. Ele não planejou confrontar Enrique tão
cedo. Sua mão forçou-se em várias frentes. Primeiro, pelo que Enrique
fizera para Jerry e Salvio, e especialmente Carolyn. Como ele poderia
deixar isso sem questionamento? E então houve Raphael, certificando-se
de que Vincent corresse para Xuan Ignacio, de modo que o velho vampiro
pudesse deixar cair sua pequena bomba da verdade. Vincent poderia ter
estado pronto para desafiar Enrique depois Carolyn, mas saber sobre o
assassinato de seu irmão pela mão de Enrique havia selado o negócio.
Assim como Raphael sabia que seria.
Se apenas Vincent pudesse ter tido mais um dia com Lana, mais
um dia com apenas os dois, para prepará-la para tudo isso, para deixar
que seus sentimentos viessem a tona.
Então, onde diabos ela estava? Ele pegou seu celular, com a
intenção de chamá-la uma última vez, mas cambaleou de repente, quase
caindo, quando o nascer do sol afirmou seu controle inexorável sobre ele.
Com passos arrastando, ele mal conseguiu chegar ao quarto, antes de
cair de cara na cama grande vazia.

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CAPÍTULO VINTE E CINCO

O TELEFONE de Vincent estava tocando quando ele saiu do


chuveiro. Pegou-o de cima do balcão onde o deixou, na esperança de que
fosse Lana. Ela não voltou para a cobertura durante o dia, nem mesmo
para pegar suas coisas, e a preocupação que ele sentiu ao acordar esta
noite para encontrá-la se foi cimentada em algo muito pior enquanto a
noite avançava. Michael assegurou Vincent que ele pessoalmente
verificou a cada fita de vídeo e que não havia nenhum sinal de Lana ou
Jeff Garcia, que esteve protegendo-a. Mas os vídeos poderiam ser
cortados, e seus celulares, que foram rastreados dentro do edifício antes
do amanhecer, agora, não apareciam. Eles nem foram desligados e as
baterias removidas, estavam destruídas.
Não havia nenhuma razão para Lana para fazer algo assim, e ele
sabia, com certeza, que Garcia não faria isso. Não por sua vontade. Jeff
Garcia era leal a Vincent. Michael jurou, e Vincent acreditou. O que
significava que tudo o que aconteceu com Lana provavelmente aconteceu
com Garcia em primeiro lugar.
Vincent riu sem humor em tudo, quando percebeu que sua
esperança mais cara neste momento era que Dave Harrington estivesse
com ela. Que ele de alguma forma conseguiu esgueirar-se para fora do
aeroporto e retornou a cidade, a fim de arrastar Lana de volta para a
segurança de seu seio familiar. Isso explicaria a ausência de um sinal de
celular. Harrington saberia como evitar a detecção, e como tirá-la do país
com ninguém sabendo. E se Lana estava confusa, ou chateada o
suficiente sobre seu relacionamento com Vincent, ela nem sequer teria
lutado com ele. Mas mesmo quando teve esse pensamento, ele rejeitou.
Não importa o quanto Lana estivesse puta, Vincent não acreditava que
ela iria embora sem dizer adeus. Mesmo que seu adeus fosse só para lhe
mandar se foder.
O telefone tocou novamente e Vincent verificou o identificador de

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chamadas, jurando quando viu o nome de outro de seus partidários
vampiros. Quase desde o momento em que o sol deixou cair abaixo do
horizonte, eles estavam chamando-o, tão nervosos como gatos em uma
sala cheia de cactos. Ele não respondeu a qualquer um deles, deixando
Michael acalmar seus nervos, oferecendo garantias. Ele não deveria ficar
segurando mãos na iminência da batalha mais perigosa de sua vida. Pelo
menos isso era o que Michael estava dizendo a eles. Eles não precisavam
saber a verdade. Que ele estava com medo que algo terrível acontecera a
sua amante e estava lutando uma batalha consigo mesmo entre marchar
para o covil de Enrique e oferecer um desafio, ou dizer foda-se tudo e ir à
procura de Lana ao invés.
Infelizmente, ele estava começando a temer que essas duas coisas
eram as mesmas. Que era Enrique que havia pego Lana, e que tinha a
intenção de usá-la contra ele.
O telefone tocou novamente, e Vincent quase o jogou contra a
parede antes que visse o nome de Michael no visor. — O quê? — Ele
rosnou.
— Sire, — Michael disse formalmente, voltando ao protocolo em
face da raiva de Vincent. — Perdoe- me, mas... Eu preciso saber o que
dizer à sua equipe de segurança.
Vincent desviou o olhar e seus olhos caíram sobre a necessaire de
Lana. Ela não usava muita maquiagem, não era uma mulher de alta
manutenção, que mexia com cremes e loções. Sua única vaidade, se ela
tivesse uma, era o seu cabelo. Ela tinha garrafas de viagem de shampoo
e condicionador caros, e uma variedade de laços de cabelo e faixas para
segurar sua trança. Mas a única coisa que ela usou mais foi a escova. Ele
notou isso porque era incomum, não é uma dos tipos de plástico típicas
encontradas no caixa de uma grande loja local. Lana lhe disse que ela a
teve por anos, que foi projetada para o seu tipo de cabelo e lhe custara
uma fortuna, mas valeu a pena. E quando ele a assistiu escovar e trançar
a cada noite, assistindo os cursos longos e lentos através da queda negra
de seus cabelos, ele teve que concordar com ela. Apenas observando ela
o fez querer jogá-la na cama e transar com ela até que gritasse. Ele ia

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comprar-lhe uma centena dessas escovas se fosse isso que ela queria.
Então, por que, se decidiu deixá-lo, ela não teria pelo menos
recolhido a escova e os laços para levar com ela?
— Estamos indo encontrar Enrique, — disse Vincent para
Michael. Porque ele estava convencido que era onde encontraria Lana. E
se Enrique a tivesse machucado... Bem, o lorde vampiro já ia morrer esta
noite, mas Vincent se certificaria de que seu sofrimento seria tão
insuportável que ele imploraria por sua morte antes que tudo terminasse.

NINGUÉM DESAFIOU Vincent quando ele chegou na sede da


Enrique na periferia da cidade. Era uma enorme propriedade, adquirida
muito antes da cidade atingir os seus limites atuais. Vincent chegou com
apenas uma pequena comitiva — três SUVs, cheias principalmente com
seus seguranças, mas cada um deles tomou seu sangue. Todo mundo foi
jurado a ele pessoalmente e iriam apoiá-lo em uma luta, se ele precisasse.
E isso além de seus partidários menos óbvios, como Tulio, que já estaria
com Enrique.
Os guardas do portão deram uma olhada para ele e abriram os
pesados portões de madeira e de ferro. Nem mesmo Enrique esperaria
que seus guardas barrassem as portas para Vincent. O lorde mexicano
deixaria-os secos caso precisasse de sua força para derrotar o desafio de
Vincent, mas ele não esperava que eles ficassem contra Vincent por conta
própria.
Ninguém estava no pátio quando Vincent saiu do SUV e se dirigiu
para dentro. Sua equipe de segurança formou um círculo ao seu redor
enquanto se moviam através dos corredores desertos, botas golpeando o
piso, ecoando nos espaços vazios. Michael caminhou ao seu lado, Ortega
e Zárate em suas costas, juntamente com Jerry, Salvio e Carolyn. Vincent
percebeu que eles tinham tanto em jogo nesta batalha quanto ele. Eles
mereciam estar aqui. Todos os outros, defensores e detratores, ou
deixaram a propriedade para evitar serem apanhados no conflito, ou

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estavam esperando com Enrique atrás das grandes portas duplas onde
Vincent estava indo.
Vincent não precisava de ninguém para lhe dizer onde Enrique o
esperaria. Seria a sala onde Enrique realizava seu tribunal, o lugar que
Vincent sempre pensou como a sala do trono. Era enorme e na maior
parte vazia, sem móveis e sem lugar para qualquer um, senão Enrique,
sentar-se, porque, afinal, súditos não se sentavam na presença de seu
rei, não é? O teto era abobadado, com uma cúpula de vidro pequena no
centro. O vidro era claro para que Enrique pudesse observar as estrelas
— ou talvez para que as estrelas pudessem brilhar em Enrique — mas
tornou-se muito cansativo impedir que os pombos cagassem sobre ele,
ou para limpá-lo quando eles inevitavelmente faziam. Então, Enrique teve
trocar, instalando um vitral escuro. Mesmo nessa época, quando Vincent
conhecia muito pouco sobre tais extravagâncias, ele ainda entendeu que
suplementos de vidro deveriam ter custado uma pequena fortuna. Agora,
era apenas mais um lembrete do egoísmo de Enrique, que ele se dedicou
tanto para decorar este quarto em um momento quando a maioria de seu
próprio povo dormia em buracos cavados debaixo de suas casas.
Vincent abriu as portas sem uma palavra e caminhou para a
frente até que ele parou no meio da sala, não querendo ficar como um
peticionário na frente do lorde vampiro que estava prestes a matar.
Michael e os outros se espalharam por trás dele, fazendo sua
fidelidade clara. O seu apoio iria lhes custar a vida se ele não vencesse
esta noite. Esse conhecimento forçou Vincent a pôr de lado o último
resquício de dúvida que possuía sobre se ele poderia derrotar Enrique,
as reservas finais sobre se realmente queria este trabalho. Ele também
empurrou para trás suas preocupações sobre a segurança de Lana.
Muitas vidas pesavam sobre seu sucesso essa noite. Ele não podia
se dar ao luxo de falhar, e por isso não o faria.
— Vincent. Mas que surpresa, — Enrique zombou, seu ódio
estampado em cada sílaba.
— Não vamos fingir, Enrique, — Vincent respondeu. — Você não
está mais surpreso ao me ver aqui do que eu em encontrá-lo rodeado por

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seu bando de bajuladores sem valor.
Os vampiros em questão vacilaram em afronta, mas nenhum
deles teve a coragem de desafiar a avaliação de Vincent.
Ele os dispensou com um olhar.
— Eu vejo que você adquiriu um bando próprio, — Enrique
observado, em seguida, ergueu a voz. — Jerry, Salvio, oh, e especialmente
você, querida Carolyn, de joelhos, — ele ordenou, colocando o suficiente
de poder para que vários dos vampiros às suas costas caíssem no chão
em submissão.
Mas nenhum dos três vampiros que Enrique nomeou moveram
um músculo.
O rosto de Enrique se distorceu com raiva. — Eu sou seu mestre
e seu senhor, e vocês vão me obedecer, — ele rosnou.
Vincent novamente sentiu o poder no comando de Enrique e
chamou seu próprio poder para proteger os vampiros de pé atrás dele.
— Eles já não os seus são, Enrique, — ele chamou, desviando a
ira do lorde vampiro. — Você nunca teve seu o amor, e você perdeu a sua
lealdade no dia em que os escravizou aos mestres humanos.
Um murmúrio de choque correu através do quarto enquanto essa
parte da história era absorvida.
— Então você os fez seus escravos em vez disso, — Enrique disse
com desdém. — Como isso é melhor do que o que eu posso oferecer?
— Não são escravos. Eles me deram a sua lealdade em troca da
minha proteção. Essa é a realidade entre vampiro e mestre, entre um
lorde vampiro e todos os vampiros vivendo em seu território. É uma
responsabilidade, não um direito.
— Oh, entendi, — Enrique zombou. — Tais palavras elevadas do
filho bastardo de uma prostituta. — Ele usou a farpa como um insulto,
algo para enfurecer Vincent a agir estupidamente. Mas Vincent só
sacudiu a cabeça, zombando a fraqueza da torrente verbal do adversário.
— Suas palavras não significam nada, Enrique. Eu sei quem eu
sou, quem meus pais eram. — Ele fez uma pausa, vendo Xuan Ignacio
entrar na sala ao lado. — Eu também sei quem era meu irmão, — Vincent

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continuou. — E eu sei como ele morreu.
Enrique viu Xuan também, e seus olhos se arregalaram em
surpresa, uma reação descontrolada e que sumiu tão rapidamente que
Vincent não teria notado se não estivesse olhando para ele. Mas foi a
confirmação final que precisava de que Xuan lhe forneceu a verdade. A
mesma verdade que Raphael sabia que definiria Vincent nesse caminho.
— Eu vejo que você conheceu meu velho amigo Xuan Ignacio, — Enrique
disse suavemente. — Ele esteve reescrevendo história de novo?
— Não se preocupe, Enrique, — disse Vincent. — Sangue fala
com sangue.
— Talvez, mas não muda nada. Você fala de forma tão eloquente
de lealdade, mas e o que você para o seu senhor de direito?
— Um lorde vampiro possui apenas o que ele pode conter. Tem
sido sempre assim.
A resposta de Enrique foi um sorriso tão presunçoso que enviou
um arrepio para o menor e mais distante dos ossos de Vincent.
— Eu pensei que você poderia se sentir assim, — disse o lorde
vampiro e apontou para a pequena porta atrás do seu trono.
A porta foi puxada para trás, mas Vincent não precisava olhar
para saber o que ele veria. Ele sentiu o aroma de seu sangue no momento
em que a porta se abriu. Era aí o lugar onde Lana estava, onde ela e seu
guarda desaparecerem. Ela não se escondeu, não fugiu dele e tudo o que
ele representava. De alguma forma, um dos espiões de Enrique conseguiu
sequestrá-la, tirando-a do edifício, apesar de toda a segurança de
Vincent.
Mas a forma como isso aconteceu poderia ser tratada mais tarde.
O porquê disso nesse instante era muito claro. Enrique pensava em
negociar com Vincent, para trocar a segurança de Lana pela rendição de
Vincent.
Poderia ter funcionado se Vincent não conhecesse Enrique tão
bem como ele conhecia. Mas ele o conhecia, sabia d duplicidade, da
depravação do lorde vampiro era capaz. Mesmo que Vincent caísse de
joelhos neste momento e jurasse lealdade eterna a Enrique, o antigo lorde

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não deixaria Lana viver. Ele cortaria sua garganta na frente de Vincent e
deixaria seu sangue pintar o chão simplesmente para provar que podia,
para punir Vincent por sequer pensar em desafiá-lo.
Enrique pensou que poderia usar Lana para enfraquecer Vincent,
mas ele só conseguiu endurecer sua determinação ainda mais.
O olhar de Lana encontrou Vincent enquanto era arrastada para
a sala. Ela estava vestindo nada além de um maiô e calça de moletom,
nem mesmo sapatos, apesar do frio na sala, e seu cabelo estava
emaranhado em uma bagunça. Seus braços foram agarrados em ambos
os lados por vampiros que lhe superavam por vinte quilos, como se ela
fosse uma ameaça tão grande que dois deles foram necessários para lhe
conter. Vincent queria sorrir para a estupidez disso, e para mostrar a
Lana que não havia nada para se preocupar. Mas não podia. Enquanto
Enrique permanecesse vivo, ela estava em perigo.
Enrique sinalizou quando os vampiros se aproximaram, e eles
lançaram Lana com um empurrão que teria a jogada no chão, se Enrique
não a pegasse primeiro, envolvendo um braço de forma casual em seu
pescoço, os dedos finos acariciando sua garganta.
— O seu gosto por mulheres melhorou, Vincent. Esta tinha
espírito... antes que eu o fodesse para fora dela.
— Ele está mentindo, — Lana falou o mais alto que podia com a
mão de Enrique agarrando sua garganta. — Ele tentou, mas não consegui
fazê-lo.
Enrique rosnou furiosamente, enrolado a mão livre em um punho,
socando seu estômago. Ela caiu no chão e se curvou sobre os joelhos,
segurando seu estômago e controlando a náusea. Enrique se abaixou e
casualmente torceu seu longo cabelo em torno de seu punho, puxando
sua cabeça para cima, para que Vincent pudesse ver as lágrimas
escorrendo pelo rosto, o sangue pintando seus lábios.
— Muito espírito não é atraente em uma mulher, — disse Enrique
meticulosamente.
Vincent rangeu os dentes contra uma raiva tão forte que parecia
que ele era um animal selvagem preso dentro de seu corpo, arranhando

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longas garras sobre suas costelas e contra as paredes de seu peito,
exigindo ser libertado, uivando por vingança contra o monstro que se
atreveu a prejudicar a sua mulher. Os punhos de Vincent se enrolaram
em garras em uma imitação inconsciente da criatura, enquanto olhava
para Lana, seu rosto amassado de dor, as lágrimas escorrendo enquanto
ela ofegava para respirar.
Mas, então, os olhos de repente se abriram, e seu olhar, quando
se encontrou com o dele, era direto com intenção sob a dor. Vincent viu
sua determinação, mas não sabia o que ela queria, o que pretendia fazer.
Ele a olhou, desejando que ela não fosse tão resistente à sua telepatia,
desejando que ela pudesse dizer-lhe de algum modo... Ele pegou o leve
movimento da mão direita, viu o brilho do medo em seus olhos quando
ele seguiu o movimento, com receio que ele a entregasse. E nesse
instante, Vincent soube o que ela planejou, e era tão perigoso que a besta
dentro dele que era a sua raiva contra Enrique começou a uivar em seu
esforço para se libertar.
Mas Vincent entendeu, e ele esperou. Ele não compraria a morte
de Enrique ao custo de Lana. Ele precisava dela livre do aperto de Enrique
antes de atacar.
— Vincent, — ela suspirou, e ele olhou para ela bruscamente,
alarmado com a fraqueza em sua voz. — Salvio, — ela sussurrou. — Foi
Salvio.
Salvio partiu de trás de Vincent, parecendo com a intenção de
atingir o lado de Enrique, como se realmente acreditasse que o lorde
vampiro poderia protegê-lo. Mas era muito pouco e muito tarde. No
momento que Vincent ouviu o nome de Salvio, ele estendeu a mão com o
seu poder e congelou o vampiro menor no lugar.
— Sire, — Salvio ofegou, seu olhar suplicante na direção de
Enrique que estava sentado em seu trono improvisado, assistindo o
quadro se desdobrar com uma expressão alegre.
— Por quê? — Vincent exigiu. — Eu lhe dei a sua liberdade.
Salvio virou um olhar rancoroso para Vincent. — Mas você nunca
perguntou se eu queria, — ele retrucou. — Talvez eu gostasse da minha

- 355 -
vida como um pesadelo nas sombras. Eu tinha poder, eu era temido. E o
que você me deu em vez disso? A vida de um soldado humilde.
Vincent olhou para ele. — Então por que não foi embora? Você
poderia ter voltado para Enrique. Eu não teria parado você.
— Porque meu Sire tinha um uso melhor para mim dentro de seu
círculo, perto de sua mulher, — acrescentou, com um sorriso
presunçoso.
A raiva de Vincent redobrou. — Eu lhe disse quando você jurou
para mim, — disse ele, a voz baixa e dura com raiva. — Eu não tolero
traição.
Ele não levantou nem mesmo uma mão na direção de Salvio, não
perdeu a energia em desnecessária na teatralidade. Um fio fino de poder
cortou o ar entre ele e Salvio, tornando-se um atiçador quente que bateu
no coração do traidor, rasgando o músculo, aquecendo a carne.
Salvio caiu de joelhos, mãos rasgando o peito, lamentando em
angústia enquanto se virava para olhar em descrença para Enrique que
não fez nada, apenas se inclinou para a frente em sua cadeira, os olhos
ardendo com fome, deleitando-se com o medo e a dor que irradiavam para
fora de Salvio como suor de seus poros.
Vincent mostrou os dentes. — Olhe para o seu Sire agora, — ele
rosnou para Salvio. — Você ainda acha que ele vai te salvar? — E com
isso, ele aumentou o poder que queimava no peito de Salvio até o traidor
gritar em agonia, até que o fogo incinerou seu coração em um instante.
Até que Salvio não existia mais.
Vincent sacudiu a mão, como se desprendendo o resíduo da morte
de Salvio, e então ele virou-se para enfrentar Enrique mais uma vez.
— Ele era leal a você, — ele disse em voz alta, principalmente
para o benefício dos muitos vampiros que lotaram a grande sala. — Ele
deu-lhe o que queria, ele traiu seu juramento para mim. E ainda assim,
você não fez nenhum esforço para salvá-lo.
— Ele não possuía mais uso para mim.
— E então que você o matou.
— Oh, não, isso foi você, Vincent. Que herói que você é.

- 356 -
Vincent mal ouviu resposta sarcástica de Enrique. Sua atenção
estava concentrada em vez disso, em Carolyn que se manteve firme em
suas costas em face da cruel provocação de Enrique. Ela era um fogo de
queimando baixo de raiva e determinação às suas costas e ele estendeu
a mão com a sua mente, encontrando-a facilmente, seu vínculo para ele
ainda forte e brilhando.
— Carolyn, quando eu for atrás Enrique, você pega Lana e a
protege. Você entendeu?
— Eu vou protegê-la com a minha vida, — ela respondeu
imediatamente.
Vincent esperava que não precisasse disso, mas ele não insultaria
Carolyn, dizendo-lhe isso. Sua confiança de um jovem vampiro, seu senso
de auto-estima foi recentemente restaurado. Então, ele enviou sua
gratidão pelo link, em seguida, virou-se e esperou por Lana para fazer o
primeiro movimento nessa dança.
Como se ela entendesse que ele estava pronto, que ele não poderia
não gostar, mas que aceitou seu plano, Lana deu-lhe um sorriso
sangrento que desafiava sua situação e transmitiu tanto amor por ele que
quebrou seu coração. E, em seguida, em um único movimento praticado,
ela deslizou a pequena faca do bolso, abriu-a, em seguida, virou-se e
esfaqueou Enrique na coxa.
Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.
Enrique gritou em uma mistura de fúria e dor, e jogou Lana no
outro lado da sala.
E Vincent... atacou.
A maioria das batalhas entre vampiros poderosos foram travadas
no comprimento do braço, ou melhor, em batalhas de poder e força
mental, com armas feitas de energia e magia. Mas isso não era o
suficiente para Vincent, não hoje e não para Enrique. Ele precisava
rasgar a carne do antigo lorde, sentir o seu sangue arder e esvair
enquanto ele arrancava sua garganta.
Vincent atravessou a sala em um piscar de olhos e agarrou
Enrique pela garganta, sua mão tão grande que quase rodeou o pescoço

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do vampiro menor inteiramente. Mas ele não era tão tolo que pensava
que a força física por si só seria suficiente. Mesmo quando sufocou a
respiração de seu antigo mestre, ele colocou um escudo de poder em
torno de si, selando-o uma fração de segundo antes de Enrique atacar
com sua própria força considerável. Enrique era um idiota e um traidor
de seu próprio povo, mas também era um maldito poderoso lorde vampiro
que governou o México por quase 200 anos. E enquanto Vincent possuía
um punhado de vampiros leais às suas costas, Enrique tinha todos os
recursos de um lorde. Ele podia recorrer a cada uma das almas que
consideravam ele para sua proteção, milhares de vampiros cujos
corações batiam pela vontade de Enrique. E Vincent sabia que o bastardo
iria drenar o território todo antes de se render.
Reunindo cada grama de sua própria força, confiando em todas
as horas de experiência que ele adquiriu, todas as técnicas que aprendeu
ao longo de sua longa vida, Vincent mergulhou na mente de Enrique.
Usando a única habilidade que era só dele, ele forçou o lorde vampiro de
volta em sua juventude, de volta para quando ele veio para o México, e
depois de volta ainda mais longe, à sua infância nas ruas do sul da
Espanha.
Porque assim como Enrique sabia a história de Vincent, Vincent
também conhecia a de Enrique. Era seu talento, depois de tudo, conhecer
os segredos que todos os vampiros escondiam do mundo.
E o segredo de Enrique era um que ele guardou
desesperadamente, não só de Vincent mas também dele mesmo. Porque
embora Enrique insultasse Vincent como sendo o filho bastardo de uma
prostituta, era o próprio Enrique, que nascera nas ruas, o filho de uma
prostituta adolescente que vendeu seu filho pelo preço de uma boa
refeição. Ele era o mais baixo servo em uma família rica, todo mundo o
tratando como um cão, chutado e abusado, forçado a ver as recompensas
de uma enorme riqueza todos os dias, mas existindo no sofrimento e
degradação abjeta. Não foi até que era mais velho e escravizado durante
longas horas, transportando um carregamento para o seu dono que ele
chamou a atenção de um vampiro em busca de novos seguidores —

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jovens, homens fortes que poderiam servi-lo nas guerras de vampiros tão
comuns naquele tempo. O vampiro transformou Enrique, e o primeiro ato
de Enrique ao acordar como um vampiro foi caçar seu mestre humano e
rasgar sua garganta.
Mas não foi o assassinato de seu antigo dono que assombrou
Enrique. Foram os anos que ele passou à mercê dos outros, torturado,
faminto, muito jovem e fraco para se defender. Foi uma infância horrível,
uma que teria ganhado sua simpatia e compreensão, se ele não tivesse
se tornado um monstro.
Se ele não tivesse ameaçado a vida da mulher que Vincent amava.
Assim, a batalha começou. Vincent estava familiarizado com o
poder de Enrique, familiarizado com a forma como ele usou para punir e
intimidar. Enquanto o talento de Vincent era uma coisa de sutileza e
manipulação complexa, a força de Enrique era um instrumento sem
corte, um porrete exercido por um valentão, literalmente. Ele tentaria
destruir fisicamente Vincent, esmagar os órgãos e quebrar os ossos.
Vincent poderia agredi-lo de volta, mas custaria seus esforços para
destruir a mente de Enrique. Em vez disso, endureceu seu escudo,
determinado a sobreviver ao espancamento tempo suficiente para
permitir o seu próprio talento incomum trabalhasse em Enrique, para
escavar em suas memórias de maneira selvagem e sem piedade até que
não houvesse nenhum intelecto para dirigir o tremendo poder do lorde
vampiro, até que ele estivesse preso no círculo de seus próprios
pensamentos, seu próprio pesadelo de infância.
Vincent rasgou através das memórias de Enrique como papel de
seda, cavando imprudentemente, deixando de lado quaisquer memórias
que não o ajudassem, qualquer coisa que deu Enrique prazer ou
satisfação, obliterando-os em seu rastro. Ele não se importava com a
destruição que deixou para trás. Enrique não precisaria de sua mente
funcionando quando Vincent acabasse com ele. Ele seria nada mais que
um monte de pó.
Mas Enrique ainda não fora derrotado. Vincent sentiu a onda de
poder atravessá-lo, um momento antes que ele foi batido no chão com

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tanta força que o piso rachou sob seu peso. Carne rangeu e músculos
gritaram e ainda assim ele segurou, enterrando Enrique no horror de seu
passado, forçando-o a reviver toda a humilhação, cada instante de terror
da infância, até que Vincent estava certo de que a maré estava prestes a
virar.
Mas, novamente, Enrique revidou, esmurrando Vincent com uma
série de golpes que eram como pedras voando pelo ar, batendo nele com
tanta velocidade e força que um dos braços de Vincent quebrou sob o
assalto. Ele uivou em agonia, mas se segurou, se forçando a ignorar a
dor, para esquecer moagem de seus ossos, enquanto ele agarrou Enrique
em um bloqueio, impedindo seu ataque, enquanto Vincent continuou a
arar através de sua mente, deixando um rastro de destruição e tormento.
Os dois rolaram a muito tempo para o chão, Vincent esmagando
o lorde menor sob sua maior massa enquanto Enrique gritava sua fúria,
pontuando seus ataques com gritos enfurecidos. Mas mesmo quando
Enrique continuou a lutar, enquanto seus gritos desafiadores sacudiam
a cúpula de vidro, todos os vampiros no quarto sentiram o momento em
que a dinâmica mudou, quando o desafio de seu senhor voltou oco. O
clima entre os vampiros assistindo mudou naquele instante, quando
perceberam — muitos pela primeira vez — que Enrique poderia muito bem
morrer nos próximos minutos.
O medo se tornou um monstro à espreita nas profundezas escuras
da enorme sala, temendo que se Enrique morresse, todos morreriam com
ele, temendo que na vitória, Vincent executaria os seguidores de Enrique;
e havia muitos deles. E esse medo sugou o poder de Enrique, mesmo
enquanto lutava por sua vida, quando ele estendeu a mão para seus
vampiros, disposto a drená-los para se salvar, apenas para encontrá-los
gritando de terror, sugando sua força, em vez disso, em sua necessidade
desesperada por tranquilidade e segurança.
Sem aviso, alguma coisa... mudou, algo indefinível, uma privação
repentina de ar, uma bolha de eletricidade estática que explodiu para
fora, agarrando-se a pele de todos os vampiros presentes e cortando o
rugido enfurecido de Enrique. Os gemidos de um garotinho surgiram

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para substituir o rosnado do poderoso lorde. E Vincent soube
imediatamente o que aconteceu. Ele agarrou a memória que encontrou e
a rodou impiedosamente, forçando o homem crescido a enfrentar os
horrores da criança, a reviver uma e outra vez, o terror, a impotência, a
fome e a sede.
Até que finalmente os golpes que haviam sido desferidos pela
força do poder de um lorde vampiro se tornaram nada, senão os punhos
de um homem comum. Vincent se endireitou com um rugido de vitória,
um rugido com sabor de agonia quando ele apertou sua quebrada mão e
bateu com ela no peito de Enrique. Em um ato de pura força de vontade,
ele espremeu a vida fora do coração do lorde vampiro, destruindo o órgão
e, finalmente, terminando com a longa vida de Enrique Fernandez del
Solar, Lorde do México.
Vincent ajoelhou-se no sangue e poeira da destruição de Enrique
com um único objetivo: encontrar Lana. A imagem da selvageria de
Enrique, quando a jogou através da sala estava presa no fundo da mente
de Vincent, jogando em um loop assustadoramente semelhante ao que
ele usou para torturar Enrique à sua morte. Ele se forçou a virar,
ignorando a dor, piscando contra o sangue enchendo seus olhos
enquanto procurava por Lana, quando de repente ele foi atingido por um
golpe do nada, um golpe mais poderoso do que qualquer coisa Enrique
entregou. Impelido para trás até que ele foi dobrado quase plano, ele teria
entrado em colapso se Michael não o tivesse pego, se não tivesse sentido
o poder de seus vampiros em torno dele, se não estivessem protegendo-o
enquanto o manto de senhorio colidia com ele. Milhares de vampiros
gritaram ao mesmo tempo, agarrados a ele, exigindo a vida e proteção,
implorando para o conforto quando a ordem que conheceu por séculos
sob Enrique agora se desintegrou e se uniram em torno de um novo
centro, um novo Lorde do México. Vincent.
Vincent balançou para trás, sentando sobre os calcanhares, de
olhos fechados, a cabeça apoiada em suas sangrentas mãos quebradas.
Ele gemeu, espantado que houvesse qualquer nova dor que pudesse
sentir, que não houvesse uma única polegada dele que poderia doer mais

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do que já fazia. Enrique falou uma vez do ônus da liderança, reclamando
das queixas e as demandas, sobre o bombardeio constante de
necessidade, até que ele sentiu como se nunca estivesse sozinho em sua
própria cabeça. Vincent o descartou, pensando que era simplesmente
mais um sinal da personalidade odiosa de Enrique. Mas agora ele
entendeu. E se perguntou por que ele não poderia ter deixado quieto, não
poderia ter deixado algum outro vampiro matar Enrique e assumir esse
fardo de responsabilidade e liderança.
Mas mesmo quando pensou isso, ele soube que não teria
funcionado. Talvez se ainda fosse humano, ele teria de bom grado
aceitado um papel secundário na vida, aceitado as limitações inerentes
de seu nascimento bastardo e seguido o exemplo de outra pessoa. Mas a
partir do momento em que foi feito vampiro, algo nasceu dentro dele, algo
que o incitou a ação e fez ele agarrar seu caminho para o topo, tomando
o poder de vampiro depois vampiro até que culminou, neste momento.
Vincent era o Lorde do México. Era o que ele havia renascido para
se tornar.
Ele estendeu a mão para os milhares de vampiros que agora eram
seus para proteger. Protegendo-os de sua dor, ele lhes enviou uma
mensagem de confiança primeiro, um bálsamo de cuidados. Mas ele
seguiu com um gosto de seu poder, uma demanda que eles deixam de
choramingar como crianças e voltassem para suas vidas. Eles estavam
seguros, e agora deveriam calar a porra da boca.
O silêncio desceu e Vincent só tinha um pensamento. Onde estava
Lana?
Ele abriu os olhos turvos de suor e sangue e esquadrinhou a
enorme sala. O cheiro do sangue dela o atingiu em um golpe que — foi
muito forte, havia muito sangue — e ele conheceu o medo real pela
primeira vez em décadas. Ele tentou se levantar, mas suas pernas não
iriam segurá-lo, então ele se arrastou. Ela deitou-se onde Enrique a
jogou, mole e imóvel, ainda escondida atrás de Carolyn que se agachou
protetoramente, com as presas reluzentes, lançando punhais com o olhar
para qualquer um que chegasse muito perto. Sua cabeça girou e ela

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sibilou um aviso na abordagem de Vincent, antes de seu olhar se apagar
e ela corar em reconhecimento.
— Meu senhor, — ela sussurrou, encolhendo-se para trás como
se esperasse punição.
— Obrigado, Carolyn. — Ele conseguiu dizê-lo suavemente, sem
rosnar, embora tudo o que queria fazer era empurrá-la de lado para
chegar a Lana.
Parecendo compreender, Carolyn se afastou, limpando a
abordagem.
Vincent rugiu então. Quando viu o que Enrique fez para Lana, ele
desejou poder trazer o bastardo de volta, desejando que ele pudesse
mantê-lo vivo por semanas, brincando com suas memórias, fazendo-o
reviver cada tormento, cada humilhação uma e outra vez.
O gemido de Lana tirou-o para fora de suas fantasias de tortura.
Ele se arrastou para mais perto e acariciou a parte de trás de seus dedos
sobre sua bochecha.
— Lana, — disse ele calmamente.
Seus olhos se abriram e seus lábios se curvaram em um sorriso
vazio. — Vincent, — ela sussurrou, sua voz tão fraca e tão entrelaçada
com a dor que ele queria uivar.
Colocando-a em seu colo, ele ignorou seus gritos de dor e passou
os braços em sua volta. Então recostando-se contra a parede, ele rasgou
seu pulso com suas presas e segurou-o contra sua boca. — Beba,
querida.
Ela virou a cabeça num primeiro momento, os olhos fechados, o
rosto contorcido em protesto.
— Eu preciso de você forte, Lana, — ele murmurou, sabendo que
a convenceria. — A luta ainda não acabou, e eu preciso de você comigo.
Ela suspirou, um exalar longo e exausto, em seguida, rolou a
cabeça para trás e abriu os lábios. Vincent colocou seu pulso sangrento
em sua boca, depois fechou os olhos e descansou a cabeça contra a dela
quando ela começou a chupar. Cada empate de sua boca, cada toque de
sua língua sentiu como se fosse seu pau em sua boca, em vez de seu

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pulso. Ele lutou de volta um gemido, bem consciente dos muitos olhos
observando cada movimento.
— Michael, — disse ele finalmente.
— Sire? — Vincent abriu os olhos para olhar para seu tenente.
— Encontre quartos seguros para o meu povo e traga nossos
próprios guardas de luz do dia.
Mesmo quando disse isso, ele percebeu que todos os vampiros na
sala eram agora seu povo. Mas isso levaria algum tempo para se
acostumar, e Michael sabia o que ele quis dizer.
Vincent olhou para baixo para ver os olhos de Lana abertos e
olhando para ele. Ela afastou sua boca para longe de seu pulso com um
curso prolongado de sua língua e disse: — Jeff Garcia. Sua voz era fraca,
mas urgente. — Ele está ferido, mas está vivo. Na sala onde eles me
prenderam.
— Michael, — Vincent disse, nunca olhando para longe dela.
— Eu ouvi, Sire.
Lana fechou os olhos e respirou, como se reunindo sua força, em
seguida, seus olhos se abriram novamente. — Nós ganhamos?
Vincent sorriu. — Ganhamos. Graças a você e sua faca.
Lana sorriu e tentou rir, mas só conseguiu uma tosse sem fôlego.
— Eu sinto como se eu pudesse dormir por um mês, — ela respirou.
— Nós dois vamos dormir, — ele disse, segurando-a em seu peito.
— Há apenas mais uma coisa que você precisa saber.
Ela olhou para ele em questionamento, e ele inclinou a cabeça
para baixo, falando apenas para seus ouvidos. — Eu não sou a porra do
seu parceiro.

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EPÍLOGO
Malibu, Califórnia

RAPHAEL olhou de relance quando determinada linha telefônica


tocou, notando o número do visor. Ele trocou um olhar cúmplice com
Cyn, que compreendia tão bem como ele, quem deveria estar chamando
nessa linha e desse número.
— Vincent, — disse ele, pegando o telefone e saudando o mais
novo lorde vampiro da América do Norte. Ele nem sequer tentou esconder
a satisfação presunçosa que sentiu com a morte de Enrique, nem
precisava desse telefonema para que soubesse que o antigo lorde estava
morto. Ele, junto com todos os outros lordes vampiro no continente,
sentiram a morte de Enrique no momento em que aconteceu.
— Raphael, — Vincent respondeu, não usando nenhum título ou
honorífico. Intencionalmente, Raphael sabia, uma forma de estabelecer
que os dois eram iguais agora, ambos lordes, ambos os membros do
Conselho.
— Parabéns, — disse Raphael. — Enrique não vai ser lamentado.
— Não por alguém que eu conheça, — Vincent concordou.
— E Xuan Ignacio?
— Vivo da última vez que o vi. Embora se quer ficar desse jeito,
ele deve encontrar um novo senhor mais cedo ou mais tarde.
— Muito generoso, — Raphael disse, e quis dizer isso. Se fosse
Vincent, teria executado Xuan e pronto.
— Lana pleiteou seu caso. Ela foi eloquente.
— Ah. — Raphael entendeu exatamente o que Vincent quis dizer.
Uma amante ou companheira, pode ser muito persuasiva se importasse
o suficiente com ela. E, aparentemente, Vincent se importava.
Interessante.

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— Mudando de assunto, — disse Vincent, — Eu tenho um
presente para você.
— Um presente, — repetiu Raphael, deixando sua dúvida
aparecer nas palavras. Ele e Vincent não trocavam presentes. Eles não
eram amigos. Seu papel na ascensão incipiente de Vincent ao Conselho
foi puramente por auto interesse.
— Um presente bastante singular, — Vincent continuou. — De
origem parisiense, eu acredito. Difíceis de transportar, mas Lana e eu
gostaríamos de recebê-lo e sua companheira na Cidade do México se você
estiver interessado em dar uma olhada.
Raphael ficou em silêncio por vários minutos, enquanto
considerava o que Vincent estava dizendo — e o que não estava. —
Estaremos aí amanhã à noite, — ele disse finalmente.
— Meu povo entrará em contato com o seu com os detalhes.
— Excelente. Estou confiante de que você vai encontrar a sua
visita... Gratificante.

Cidade do México, México

Cyn entrou no edifício no braço de Rafael. Raphael estava tão


devastador como sempre em um de seus elegantes ternos, enquanto Cyn
escolhera um vestido de seda cinza escuro. Era sem mangas, em
deferência ao calor abafado de um clima mexicano, de fácil encaixe e
simples, exceto para o decote nas costas, que mostrou a pele até a
cintura. Raphael amou esse vestido, que foi por isso que o usava.
Reuniões entre vampiros poderosos a lembravam daqueles filmes de
máfia onde o sucesso de um indivíduo era julgado pelo modo como sua
mulher estava vestida. Exceto, é claro, naqueles filmes as mulheres não
gostavam de tudo, considerando que Cyn possuía um excelente senso de
estilo... Se ela disse isso para si mesma.
Ela enlaçou o braço de Raphael mais perto quando eles deixaram

- 366 -
o ar noturno abafado para trás e entraram no prédio. Jared e Juro os
seguiram, enquanto o resto da segurança de Raphael tomou sua posição
fora. Para todos os efeitos, isso não era nada mais que uma visita
amigável de um lorde para outro, uma recepção para o novo Lorde
Vincent.
Mas ninguém era tolo. O nível de tensão aumentou no minuto em
que Raphael subiu os degraus do que costumava ser a villa de Enrique
na Cidade do México. Cyn olhou ao redor. Era um dinossauro antigo de
uma casa, escura e empoeirada. Ela preferia um estilo mais moderno,
mais ar, mais luz solar... ou pelo menos luar.
— Quantos anos tem este lugar? — Ela perguntou a Raphael,
lutando para manter seu desgosto oculto.
— Quase tão antiga como Enrique... antes de morrer, é claro.
— Você é tão orgulhoso de si mesmo, — ela repreendeu
suavemente. Raphael fez uma pausa quando um par de portas abriu
diretamente na frente deles. Jared começou a se movimentar, para
assumir uma posição protetora, mas Raphael deteve com um sinal baixo.
— É Vincent, — assegurou a seu tenente.
As portas se abriram completamente e Vincent emergiu. Cyn só
viu ele uma vez antes, e de uma longa distância. Ele era grande, alto e,
vestindo uma jaqueta escura e calças largas, mas com uma camisa de
seda preta e sem gravata. Ele tinha cabelo preto comprido e barba e
bigodes muito elegantes e bem aparados. Combinados, o cabelo e a barba
davam-lhe um ar de libertino bonitão, embora ele não precisasse de
nenhum aprimoramento. Ele era um cara muito bonito. Nada comparado
com Raphael, é claro, mas de boa aparência, no entanto. E ele
definitivamente aperfeiçoou essa atitude de mestre do universo que Cyn
associava a todos os vampiros poderosos. Era mais do que arrogância,
era uma confiança que quando ele entrasse em qualquer sala, em
qualquer lugar, ele seria o fodão mais poderoso do lugar.
Exceto neste caso, isso não era bem verdade. Vincent era
certamente um dos mais fodões do mundo, mas neste quarto, ele foi
superado por Raphael. E ele sabia disso.

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Isso foi parte da razão para o nível crescente de tensão que ela
estava sentindo. A outra parte veio do simples fato de que dois poderosos
lordes vampiros estarem reunidos em um espaço confinado. Lordes
Vampiros não jogavam muito bem juntos.
Que foi outra razão que este encontro foi um pouco incomum. No
curso normal das coisas, não seria um lorde, mas todo o Conselho, que
se reuniria para acolher ao novo lorde para o clube. E eles, neste caso,
também. Apenas não até depois que Raphael levasse para casa o presente
que Vincent estava segurando para ele.
Vincent deu um passo à frente, parecendo relaxado, desmentindo
a tensão na sala. — Raphael, bem-vindo ao México.
Raphael manteve vários pés entre eles. — Vincent, — disse ele,
acenando com uma confirmação. — Eu acredito que você não conhece
minha companheira, Cynthia Leighton.
— Senhora Leighton, um prazer, — Vincent disse suavemente,
dando-lhe um sorriso que ela certamente tirou as calças de todas as
mulheres do México.
— Chame-me Cyn, — disse ela secamente. Ela poderia ter
oferecido sua mão se Raphael não estivesse lá, mas então preferiu não
fazer. Cyn tendia a não confiar em vampiros que não conhecia. E mesmo
Raphael desempenhando um papel crucial por trás da cena na ascensão
de Vincent ao poder, nem ele nem Cyn realmente sabiam nada sobre
Vincent.
— Cyn, — Vincent concordou, em seguida, virou-se ligeiramente
e estendeu a mão, como se alcançar algo... ou alguém, Cyn viu, enquanto
uma mulher surgiu e pegou a mão estendida de Vincent e se aproximou
do seu lado.
— Lana, esta é Raphael, — disse Vincent. — E eu acredito que
você tenha falado com sua companheira, Cynthia Leighton.
Lana parecia não sentir ou não se preocupar com o stress na sala.
Ela veio até Cyn e ofereceu a mão, dizendo: — Cynthia, é tão bom
finalmente conhecê-la pessoalmente.
Cyn a encontrou no meio — Me chame de Cyn, e da mesma forma.

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Lana Arnold era adorável e não o que a maioria das pessoas teria
esperado de uma caçadora de recompensas. Ela estava vestida muito
mais simples do que Cyn, com calças pretas e uma blusa de seda
vermelha que fez coisas maravilhosas para sua coloração, com um par
de botas pretas elegantes, mas simples.
Alguém que não as conhecia poderia pensar que Cyn e Lana
Arnold não possuíam nada em comum, mas Cyn sabia melhor. Cyn
vestida do jeito que fez, olhando da maneira como ela fez, porque gostava
disso. Mas sua aparência não a definia mais do que a de Lana. Lana
Arnold seria uma excelente adição ao Clube dos Companheiros, embora
essa conversa provavelmente teria de esperar pela próxima reunião do
Conselho. Ou talvez uma boa e longa conversa pelo Skype. A visita de
hoje à noite não duraria tempo o suficiente para sutilezas sociais. Vincent
disse a Raphael que tinha um presente para ele. E Rafael disse à Cyn que
o chamado presente era provavelmente o vampiro que matou a irmã de
Raphael, Alexandra. E muito provavelmente o que orquestrou a tentativa
de assassinato de Raphael também.
Sendo esse o caso, Raphael não queria questionar o vampiro sob
o teto de Vincent. O plano era aceitar a entrega do presente, levá-lo de
volta para a Califórnia e interrogá-lo lá. Depois disso, ele iria morrer uma
morte dolorosa na mão de Rafael.
Cyn concordou que o vampiro estrangeiro necessário para ser
interrogado e executado. Eles precisavam aprender tanto o quanto
poderiam sobre a trama para derrubar Raphael e o grande estrategista
por trás da planejada invasão dos europeus da América do Norte. E, claro,
depois de ter tentado e não conseguido matar Raphael, o vamp precisava
morrer. Mas, quanto a morte de Alexandra... Na mente de Cyn, a cadela
teve o que mereceu. Embora Raphael não visse dessa maneira.
— Entrem, — disse Vincent, retornando para o negócio em
questão. Ele olhou ao redor do hall de entrada bem aberto. — Teremos
mais privacidade.
Vincent abriu o caminho para uma sala bem equipada com
madeira de grandes dimensões e mobiliário de couro e uma enorme

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lareira de pedra, fria agora que o clima era mais quente. O tenente de
Vincent, um loiro alto surfista a quem Vincent introduziu como Michael,
estava lá junto com um vampiro macho corpulento chamado Ortega, que
parecia que ele deveria estar guardando a corda de veludo em uma boate.
Ortega e Juro se posicionaram de cada lado das portas fechadas,
Ortega dando a Juro um olhar desafiador que Juro ignorou como se o
outro fosse um cachorro mau comportado. Ele foi gentil com isso, mas
não deixou nenhuma dúvida sobre quem ganharia se Ortega fosse
ingênuo o suficiente para derrubar um desafio.
Cyn sorriu e deslizou a mão pelo braço de Rafael e entrelaçou os
dedos com os dele. Deixe Vincent pensar o que quisesse, deixe-o pensar
que ela estava nervosa e precisava da garantia de contato de Rafael. A
realidade era que Raphael estava montando uma linha fina de raiva. Ele
queria o vampiro que matou sua irmã. Era necessário para jogar este jogo
pouco da diplomacia para obtê-lo, mas a paciência de Raphael não era
ilimitada. O toque de Cyn chamou-o de volta a partir da borda, e, uma
vez que tocar Raphael não era exatamente uma dificuldade, ela estava
feliz por estar de serviço.
Jared parou à esquerda de Rafael, enquanto Michael ficou perto
de Vincent e Lana. Todos estavam aqui. Todo mundo em seu lugar. O
negro olhar de Rafael ergueu-se para Vincent, sua expressão
completamente em branco.
— Obrigado por ter vindo tão depressa, — disse Vincent. Raphael
inclinou a cabeça em reconhecimento.
— Você está ansioso para se livrar dele. — Ele disse isso como
um fato, não uma pergunta.
Vincent sorriu, quebrando a cordialidade quase dolorosa que
arquitetou. — Ele é uma dor na bunda. Se eu não soubesse que você iria
querê-lo, eu teria o matado dois minutos após o conhecer.
— Eu aprecio a cortesia, — Raphael disse ironicamente.
Vincent deu de ombros. — Eu percebi que lhe devia, por Xuan
Ignacio, se nada mais. E eu não gosto de estar em dívida com as pessoas.
— Não havia nenhuma dívida contraída, — Raphael respondeu

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suavemente. — Enrique era um tolo que pensava que poderia permanecer
de fora do conflito que se aproxima. Sua ignorância colocou todos nós em
perigo.
— Considere isso como um presente, então, diante de futuras
boas ações.
Cyn reprimiu um suspiro. Esses caras levavam doze palavras para
dizer o que alguém conseguiria com duas. Ela pegou o olhar de Lana e
viu a outra mulher cobrindo a boca, lutando contra uma risada.
O olhar de Vincent deslizou para sua amante? Companheira? Cyn
não sabia, mas havia mais do que uma simples afeição entre eles, isso
era certo.
— Ele está no quarto ao lado, — Vincent admitiu finalmente. —
Talvez as mulheres devessem esperar — Lana bufou desdenhosa
cortando tudo o que ele estava prestes a dizer.
Cyn riu alto e se inclinou para o lado de Raphael, segurando sua
mão entre as suas. — Eu quero ver, também, — ela disse alegremente.
Lana nem sequer tentou esconder seu riso neste momento. Os
olhos de Vincent encontraram Raphael.
— Eu sou novo nisso, — disse ele. — Vale a pena?
Raphael voltou seu olhar sobre Cyn e deu-lhe um sorriso lento. —
Oh, sim. — Cyn descansou a cabeça brevemente em seu ombro,
endireitando quando Vincent balançou a cabeça em sinal de rendição.
— Tudo bem, — disse ele. — Vamos todos, então.

RAPHAEL TOMOU conhecimento da presença do outro vampiro a


partir do momento em que entrou no prédio. Estando lá trocando
palavras educadas com Vincent tomou toda a sua restrição. Ele estava
aqui por uma única razão, que era para pegar o assassino de Alexandra.
Vincent finalmente teve o suficiente da conversa educada, ou
talvez fosse o desprezo das mulheres que o motivou a fazer as coisas se
moverem Normalmente, Raphael teria se oposto a ser objeto da diversão

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de Cyn, especialmente tendo em conta as circunstâncias. Mas, neste
caso, ele teve de concordar com ela. Ele queria obtê-lo e que se foda o
resto.
Vincent abriu caminho para uma única porta despretensiosa, e
entrou um código de oito dígitos no teclado. A porta tocou, então deslizou
suavemente aberta para revelar uma sala vazia com uma cela na parede
distante. Raphael afrouxou os dedos de Cyn de e aproximou-se da cela e
seu ocupante solitário. O vampiro olhou para trás, os olhos brilhando
levemente, com a boca torcida em um sorriso de escárnio.
— Eu estou cansado disso, Vincent. Liberte-me agora e minha
senhora
— Silêncio, — Raphael disse calmamente.
Os olhos do prisioneiro se arregalaram, temor substituindo o
escárnio quando seu olhar caiu sobre Raphael e ele pareceu reconhecê-
lo pela primeira vez. Raphael podia senti-lo tentando falar, lutando contra
a compulsão que Raphael colocou sobre ele. Divertindo-se com os
esforços do outro vampiro, e curioso sobre que defesa ele ofereceria,
Raphael aliviou a restrição, mas o fez de tal forma que o prisioneiro
pensaria que ele conseguiu quebrar isso por conta própria. Triunfo
brilhou nos olhos do prisioneiro quando ele respirou fundo. — O grande
Raphael, — ele zombou. — Não estou impressionado.
Raphael mostrou os dentes no sorriso de um predador e
prometeu: — Você ficará.

Continua em...

DECEPTION

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