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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Ciências Sociais


Curso de Ciências Sociais
Disciplina: História do Brasil VIII
Prof. Carlos Eduardo P. de Pinto
Aluno: Anderson Ribeiro da Silva Turma: Noite

"Ditadura civil-militar: a história brasileira convergindo em ato falho"


Toda ditadura reserva questões obscuras e fatos a explicar, o que sublinha esse
caráter assombroso desse tipo de regime. A centralização política e a exclusão de espaços de
deliberação política constroem esse ambiente retrógado onde direitos costumam ser entendidos
como mera consequência do desenvolvimento, sem mensurar qualquer exercício que qualifique
a atividade política como ferramenta de participação social. O que temos que perceber, no
entanto, é que as ditaduras representam, em sua maioria, uma resultante de desdobramentos
políticos e diplomáticos de difíceis resoluções.

O debate acerca se revela crucial principalmente em função das leituras de momento


que fazemos das ambivalências políticas que regem o jogo do poder no Brasil atual. Assim
como nos demais regimes verticais relatados nos anais da história, podemos enxergar um
agrupamento social que pressiona no sentido de fragilizar o poder estabelecido, em nome de
uma reorganização compulsória das forças decisórias.

Em nome de estabilidade econômica e do ordenamento social, o empresariado


costuma intervir politicamente junto a regimes de exceção. No Estado Novo, os liberais
admitem a guinada autoritária para constranger qualquer iniciativa incentivada pela polaridade
comunista do globo.

Em todo caso, as ditaduras aparentemente se apresentam como resposta a alguma


abertura e flexibilização política considerada exagerada e perigosa do ponto de vista da
soberania nacional. Essa foi a justificativa de Getúlio Vargas ao instituir medidas de
verticalização do poder. Ele visava neutralizar movimentos que cooperavam, na avaliação do
Estado Novo, com o clima político hostil.

"Elas ocorreram em vários níveis: reorganização do Estado, reordenamento da economia, novo direcionamento
das esferas pública e privada, nova relação do Estado com a sociedade, do poder com a cultura, das classes
sociais com o poder, do líder com as massas. Além disso, a conjuntura internacional, marcada por
acontecimentos extremamente importantes, que culminaram com a eclosão da Segunda Guerra, obrigaram o pais
a redimensionar suas relações internacionais e assumir posições que se definiam a partir do complexo jogo
militar e diplomático." (2013, pg. 113)

Da mesma forma, depois de um longo período de ampliação de direitos, de concessão


permanente de espaços de debate e do aperfeiçoamento da democracia representativa, o temor
de intervenções externas - neste caso a Guerra Fria era um agravante que influenciou diversas
democracias pelo mundo – motivou a insurgência militar. Assim como o Estado Novo, a
ditadura civil-militar recebe apoio significativo das alas liberais, em nome de possíveis levantes
comunistas, o que corrobora um alinhamento com os EUA.

Uma outra similitude entre os dois períodos políticos era a bandeira do desenvolvimento
e do progresso, que visava a conversão integral da sociedade em função do crescimento
econômico e industrial brasileiro. Grande obras infra estruturais foram auferidas pelo "Brasil
Potência" com o intuito de reorganizar as bases produtivas. Eram as reformas de base, iniciadas
no Estado Novo e continuadas por Juscelino Kubitschek.

Com a interrupção de garantias políticas e a revisão de direitos trabalhistas e sindicais,


a ditadura manteve índices espetaculares de crescimento econômico durante boa parte dos anos
de 1970, conhecidos como Milagre Econômico. Com percentuais na casa de 10% do produto
interno, a imagem do governo militar passava a confiança necessária aos liberais brasileiros e
aos países capitalistas.

É importante salientar mais um indicativo comum aos dois regimes: a comunicação


de massa. Nenhum regime conseguiria tamanha adesão se não tivesse apoio amplo das massas.
Tanto a ditadura quanto o Estado Novo fizeram uso de ostensiva propaganda alusiva aos
respectivos governos, o que deram condições de ratificar com algum conforto suas
empreitadas. No entanto, foi esse crescimento econômico alheio ao conjunto da sociedade,
portanto, conferido apenas ao governo, ampliou o abismo entre os extratos sociais.

E com a intensificação das violações de direitos e cerceamentos políticos, essa adesão


fora se dissolvendo. As diversas obras geraram um custo elevado a ser honrado posteriormente,
o que sacrificou a economia. Recursos advindos de capitais estrangeiros foram permutados
para viabilizar as "reformas de base", o que posteriormente onerou dramaticamente o
orçamento público.

O próprio momento atual é interessante para ilustrar as tensões vividas na ditadura


civil-militar brasileira. Em comparação às ditaduras militares e varguistas, a coalisão
encabeçada pela esquerda trabalhista, representada pelo Partido dos Trabalhadores, que foi
montada a partir das eleições de 2002, vem sofrendo um duro massacre orquestrado pelas elites
ligadas à indústria e as telecomunicações.
Ainda tendo de administrar graves dilemas internos, o que corrobora para o esvaziamento
da política brasileira, o PT, que apostou em uma economia heterodoxa, de distribuição de renda
e intervenção fiscal para captação de receita, agora precisa encarar os encargos da dívida
pública que sacrificam a vigência de boa parte das concessões e políticas públicas mantidas
pelo Governo Federal. O acirramento explorado por uma oposição ligada às alas neoliberais e
religiosas, que seguiram desmobilizadas até metade da gestão de Dilma Rousseff vem
colaborando para o avivamento de debates que excluem grandes conquistas.

A questão da segurança nacional vem sendo suscitada costumeiramente, evocando


a necessidade de se assegurar a soberania do estado em relação a quaisquer insurreição
antidemocrática. Assim como as bandeiras que execram os direitos humanos e marginalizam
as drogas e a pobreza, diversas são as assertivas que depreendem as conquistas democráticas
dos últimos 30 anos.

E essas críticas parecem convergir entorno da questão análoga ao populismo,


pretenso conceito que sugere o entendimento sobre a figura que capitaliza para si atenção e
devoção irrestrita das massas, à revelia das demais expressões representativas. Carlos Fico trata
da leitura de parte da intelectualidade brasileira que interpreta no desgaste do conceito a
justificativa para a intervenção de 1964. Curiosamente, diferente da ditadura de Vargas,
considerado populista, a intervenção militar foi produto da negação ao personalismo da gestão
do João Goulart. Tentou-se rechaçar um autoritarismo populista com um golpe militar, em
nome da proteção do Estado de Direito frente à ameaça comunista.

Sejam os autores marxistas, que defendem um "determinismo econômico" ou os


historicistas que consideram os arranjos de poderes e as conjunturas sociais, o debate
contemporâneo sobre a história dos fatos políticos precisam registrar seus contornos, com o
intuito de aperfeiçoar as representações democráticas. Verticalizar o poder em nome do
apartidarismo é legar as democracias a uma apostasia. E o retardo dos efeitos da crise
econômica de 2008 podem surgir como indicativo para fomentar a radicalização política em
nome da ordem, mas é a história crítica sobre os desdobramentos que culminaram na
Constituição de 1988 que nos fará avaliar insistentemente sobre a possibilidade de uma
intervenção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPELATO, Maria Helena. "O Estado Novo: o que trouxe de novo?"

FERREIRA, Jorge; GOMES, Angela de Castro. "Além do golpe" Cap. XII. FICO, Carlos.

SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. "Crise da ditadura militar e o processo da abertura
política no Brasil, 1974-1985".

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