O estudo da vocação médica abrange desde a história da profissão, a
personalidade do médico, seus aspectos conscientes e inconscientes, variáveis como raça, religião, cultura e classe social. A maior dificuldade para levantamentos deste aspecto é a não existência de instrumentos que de fato mensurem a vocação médica. Porem, porque falar sobre a vocação medica? Há alguns anos observa-se um grande “boom”de criação de universidades de medicina pelo país, colocando o Brasil entre um dos países com mais faculdades de medicina do mundo. Portanto, com tamanho número vindouro de profissionais, cabe-se fazer avaliações da familiaridade e aceitação do que a rotina do profissional médico irá trazer. Além obviamente de que a vocação à esta lindíssima profissão traz histórias maravilhosas de superação. Para um bom começo de exemplo, vale-se exemplificar que desde a Grécia Antiga as mulheres eram proibidas de exercer a medicina. Casos como este foram “quebrados” com corajosas mulheres que enfrentaram o preconceito e chegaram simular serem homens para exercer a profissão. Observe o exemplo de James Barry, o cirurgião mais famoso do século XIX, que salvou incontáveis vidas enquanto fez carreira no exercito britânico, mas que na verdade era Margaret Ann Bulkley. Estudos relacionados à vocação médica se baseiam majoritariamente em pesquisar alunos de medicina dos períodos iniciais. Este artigo foi escrito em base de um levantamento do autor em seu cotidiano universitário, no qual, foram entrevistados 40 alunos de ambos os sexos e com idade que variava de 16 a 45 anos. Apesar de ligeiras diferenças com o padrão de imagem de médico, a Universidade ainda traz uma maioria branca (80%) e de classe média alta (95%). Porém, observa-se que 60% dos novos universitários são mulheres. A atenção se dá ao fato de que 95% dos entrevistados vêm de famílias religiosas e 80% se dizem ateus. Outro detalhe interessante é que 70% dos alunos tem algum médico na família (até primeiro grau). Em geral, alunos de ambos os gêneros optam por essa carreira bem cedo, enquanto os homens tendem a se espelhar em alguém já conhecido e as mulheres mais pela ideação. Na pesquisa também observou-se que ambos os sexos relacionavam altruísmo como ponto principal da escolha, o conhecimento, o reconhecimento social e o perfil da profissão. A grande maioria (80%) disse que foi desencorajada quando relatou o desejo de fazer medicina. No âmbito de expectativa de carreira, os alunos apresentam certa consciência e expressão relativa sobre as responsabilidades, sacrifícios pessoais e sociais e o fato de que suas vidas privadas poderão sofrer variadas avarias em decorrência da profissão, porém, é claro o otimismo em relação ao futuro. Também mantém certa consciência sobre a dificuldade do curso, o excesso de matérias, as dificuldades das relações medico-pacientes e às provas de residências. O que acaba por chamar mais atenção em todo o futuro estresse que os alunos ainda irão passar, é observar que a vocação médica transcende gênero, idade e classes sociais. Neste século em que a medicina está compartimentalizada e aposta-se tudo nas tecnologias, observar que o real motivo de ingresso ainda é o aspecto da humanidade se torna um deleite e um grande potencial de esperança para que a saúde em nosso país tome caminhos iluminados, mantendo os médicos como profissionais altruístas, com contato com a realidade social da maioria das pessoas, com domínio técnico e principalmente: humano.