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O número de municípios apresentados no artigo refere-se ao ano de 2005. Não foi pesquisado
outro dado para 2017.
de informação local pode ser de interesse da região daquela localidade, e até mesmo a
nível nacional, dependendo do assunto tratado na notícia. Há ainda o conceito de território,
explicado pela autora. Para ela, as bases conceituais podem ser diversas: “para lá das
dimensões geográficas surge um novo tipo de território, que pode ser de base cultural,
ideológica, idiomática, de circulação da informação, etc” (p.73). Ela se refere às
características que determinados locais possuem, que se parecem uns com os outros.
A globalização também tem papel fundamental na questão debatida por Peruzzo,
um vez que a difusão de informação não está somente direcionada a um lugar, e sim
impulsionada para diferentes público. Com o conceito da globalização, muitos estudiosos
consideravam que as especificidades das sociedades e suas culturas seriam sufocadas,
mas constatou-se o contrário, uma vez que o “local e o global fazem parte de um mesmo
processo”(p.73).
Segundo a autora, a mídia regional “se ancora na informação gerada dentro do
território de pertença e de identidade de uma dada localidade ou região” (p.74). Contudo, o
conteúdo informacional varia de acordo com o que a linha editorial do veículo dita. Isso quer
dizer que por mais que as informações ali estejam “certas” a nível local/regional, a sombra
do molde nacional estará sempre presente. Há uma constante preocupação em estar de
acordo com o que a mídia nacional faz, para que o poder identitário e político-econômico
exercido pela empresa não fique esquecido. Sendo assim, aquele veículo regional é mais
uma “estratégia de ampliação de mercado do que por vocação regional” (p. 75).
Em jornalismo, estar próximo do que será noticiado muitas vezes é bom, pois pode-
se estar confirmando o fato. Mas a proximidade não é estar sempre perto, em medidas. O
conceito de proximidade discutido no artigo é apoiado nas ideias de diversos autores.
Peruzzo (p.75) explica que “quando se trata de mídia local e regional, ela se refere aos
laços originados pela familiaridade e pela singularidade de uma determinada região”. A
autora ressalta que, para além da comunicação privada, existem caminhos que não visam o
lucro, e sim as comunidades.
A comunicação comunitária tem suas próprias significações e especificidades. Nela,
o protagonista da comunicação é o povo: é para ele que é feito todo o trabalho. ONG’s,
doações, voluntariado são os combustíveis desses serviços, que muitas vezes têm uma
equipe de funcionários pagos bem reduzida, para conseguirem manter a instituição em
funcionamento. De acordo com Peruzzo, a informação que circula nesses veículos são
aquelas que “encontram pouco ou nenhum espaço na grande mídia” (p.76), dando enfoque
em questões que tenham relação com a comunidade a qual está inserida.
A TV a cabo também foi, em 1996, uma oportunidade de levar os programas locais e
regionais ao público. Sem precisar seguir uma linha editorial ou se encaixar nos modelos
nacionais de grandes empresas televisivas, os programas podem fortalecer os laços das
comunidades e praticar “o exercício da cidadania a partir dos próprios cidadãos” (p.76).
Os meios de comunicação locais e regionais podem, segundo a autora, levar a
informação de uma forma mais pura, sem deturpações. As pessoas conseguem
acompanhar as informações de forma direta e objetiva. Porém, assim como os grandes
veículos, existem forças que interferem em questões de interesse político-econômico dos
próprios proprietários. Assim como na mídia nacional, o jornalismo local e regional também
enfrenta problemas que podem comprometer a qualidade das informações, como a
manipulação de dados, ou apresentação de somente uma parte interessada em
determinado assunto, dando um lado, somente, da história.
Peruzzo cita, ainda, duas autoras que analisam jornais de diferentes localidades no
Brasil para discorrer sobre o tratamento das fontes, a apuração das pautas, além do
trabalho realizado em assessorias. Em pequenas redações, a reprodução de press releases
é muito comum, devido à falta de mão-de-obra, além do pouco tempo para a apuração do
que foi encaminhado à redação. A prioridade dada às fontes oficiais, para a autora, além
das ligações políticas que os veículos de comunicação têm “vêm comprometendo a
qualidade das informações em jornais de capitais e cidades do interior” (p.81).
Analisando a estrutura dos pequenos jornais, percebe-se que eles possuem poucos
recursos e pessoal preparado para o fazer jornalístico. Peruzzo afirma que se basear
somente em fontes oficiais, “o jornalismo local deixa de explorar seu imenso potencial de
trabalhar com a informação isenta e atender a todos os setores que perfilam a vida de uma
“comunidade”” (p.81). Com isso, a relação de proximidade pode estar comprometida, uma
vez que a informação não foi bem apurada, tendo sequelas em questões como identificação
com o público, o pertencimento, e outros tanto fatores que constroem o sentido de local e
regional.
A autora alerta para o vício que a mídia local pode ter: tentar imitar os grandes
veículos nacionais, falar sobre assuntos a nível nacional e internacional de maneira
pretensiosa, ou até mesmo seguir um padrão imposto - nas TV’s, principalmente. Os
veículos tendem , segundo Peruzzo, a fazer esse tipo de coisa para não bater de frente com
seus interesses.
Os assuntos (´política, economia, esportes, e outros modelos) que são tratados nos
jornais, muitas vezes, viram um padrão seguido em todo o país. Querendo, ou não, isso já
está enraizado nas redações, até mesmo nas salas de aula de universidades de
comunicação. De acordo com a autora, a mídia interiorana segue o mesmo molde das
capitais, “a diferença é que sua ocorrência é regional, ou local’ (p.82) e não
nacional/internacional.
Não se pode cometer o equívoco de pensar que os grandes jornais não possuem
um lado local/regional. De certa forma, eles tratam de assuntos ocorridos em suas cidades-
sede, como problemas urbanos, de trânsito, culturais. Os jornais de bairro, de acordo com
autora, muitas vezes não cumprem o papel de informar, e sim de vender anúncios
publicitários. Peruzzo lembra da existência de outras alternativas que não citadas no
decorrer do artigo, como os canais universitários, do legislativo-judiciário, comunitários…
todos exercem o papel do “desenvolvimento comunitário e em prol da comunidade” (p.83).
A autora conclui que as comunidades locais e regionais têm uma demanda muito
forte em relação à difusão de informações que circundam suas relações. As pessoas
dessas localidades querem se ver como fonte de informação, querem ser notícia. A mídia,
por sua vez, quer ocupar esses espaços, mas depende dos interesses políticos e
econômicos, que muitas vezes comprometem a essência da informação de qualidade, com
isenção. O jornalismo independente seria uma saída para que os poderes políticos e
econômicos não sejam tão fortes, porém, ainda existem ideologias por trás de todas essas
questões, que podem contribuir para a informação de qualidade existir, mas a proximidade
com as fontes pode ser maior neste caso.