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O documento discute os conceitos de genocídio e etnocídio. Genocídio refere-se ao extermínio de uma raça, enquanto etnocídio é a destruição sistemática de modos de vida e cultura de povos. O etnocídio foi praticado historicamente por missionários e Estados ocidentais para impor sua cultura e visão de mundo, visando a assimilação e uniformização cultural.
O documento discute os conceitos de genocídio e etnocídio. Genocídio refere-se ao extermínio de uma raça, enquanto etnocídio é a destruição sistemática de modos de vida e cultura de povos. O etnocídio foi praticado historicamente por missionários e Estados ocidentais para impor sua cultura e visão de mundo, visando a assimilação e uniformização cultural.
O documento discute os conceitos de genocídio e etnocídio. Genocídio refere-se ao extermínio de uma raça, enquanto etnocídio é a destruição sistemática de modos de vida e cultura de povos. O etnocídio foi praticado historicamente por missionários e Estados ocidentais para impor sua cultura e visão de mundo, visando a assimilação e uniformização cultural.
A palavra etnocídio foi criada para satisfazer uma necessidade de precisão
terminológica, acabou saindo do campo da etnologia para cair no domínio público. Surgiu para se distinguir de genocídio. O termo genocídio foi criado no Tribunal de Nuremberg, uma criminalização legal para o extermínio sistemático dos judeus europeus pelos nazistas alemães (1ª definição). Dessa forma, o genocídio tem sua raiz no racismo e embora tenha sido esse o primeiro momento a ser conceituado em forma de lei já existia a muito tempo (ex: expansão colonial) Se genocídio remete a raça e a vontade do extermínio de uma minoria racial, o termo etnocídio não apontaria para uma destruição física dos homens, como se enquadra a questão genocida, mas sim para a destruição de sua cultura. Sendo assim, o etnocídio é a destruição sistemática de modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que executam essa destruição. Genocídio = assassinato dos povos em seu corpo; Etnocídio = assassinato dos povos em seu espírito Esses dois termos tratam o outro como a diferença, só que uma má diferença. Enquanto o genocida pura e simplesmente nega essa diferença, extermina o outro pois são absolutamente maus, o etnocida admite a relatividade do mau no “outro diferente”, pois acreditam que podem melhorá-los, obrigando a se transformarem no que impuserem. Quando o etnocida nega o outro, nega sua diferença e particularidades ele o conduz a uma identificação a si. Na América do Sul e em outras regiões os primeiros etnocidas são os missionários, propagando a fé cristã, se esforçam para substituir as crenças dos “bárbaros pagãos” pela religião do Ocidente. Duas certezas: 1- a diferença, no caso o paganismo, é inaceitável e deve ser recusada; 2- o mal dessa “má diferença” pode ser abolido ou atenuado. Por isso a atitude etnocida é vista em comparação com a genocida como otimista, no outro são reconhecidas as possibilidades de alcançar a perfeição do cristianismo. “Eliminar a força da fé pagã é destruir própria substância da sociedade”, era exatamente essa a intenção, levar da selvageria à civilização, nessa visão, para o bem do selvagem (ex: políticas indigenistas, salvar da miséria, infelicidade e da vida nas florestas). A espiritualidade do etnocídio é a ética do humanismo. A prática do etnocídio se configura em duas verdade: 1- Hierarquia das culturas, inferiores e superiores; 2- Superioridade absoluta da cultura ocidental (só mantendo uma relação de negação quanto as outras). Negação positiva definida como aquilo que quer suprimir o inferior, mas a nível de torna-lo superior. Estaria fora de cogitação não fazer isso já o que o “humanismo” inserido na cultura ocidental exige. (ex: suprimir a indianidade do índio para fazer dele um cidadão brasileiro) Dessa forma, o etnocentrismo seria essa tendência de avaliar as diferenças pelo padrão da própria cultura. O texto também faz uma análise de como essas “sociedades primitivas” se veem e veem o outro. Todas nomeiam a si mesmas, em cada dialeto sempre com o mesmo significado “homens”, “pessoas”, “gente” e tem a tendência de colocar o outro num sentido pejorativo. Toda cultura então colocaria ela mesma como excelência do humano e os outros em um grau menor? As sociedades primitivas também podem ter um discurso etnocêntrico, afirmando sua superioridade e recusando reconhecer os outros como iguais. Então, o etnocentrismo seria um ponto comum em toda formação cultural, como imanente à própria cultura. Pertence à essência da cultura ser etnocêntrica, na medida exata em que se considera cultura por excelência. A alteridade cultural nunca é aprendida como diferença positiva mas sim como inferioridade, segundo um eixo hierárquico. Mas nos cabe pensar que se toda cultura é etnocêntrica somente a ocidental é etnocida. Percebemos assim, que a prática etnocida está desvinculada da convicção etnocêntrica, caso contrário todas seriam etnocidas. No caso do mundo ocidental, o que se percebe é uma abstração em relação ao fenômeno recorrente do etnocídio, como se fosse essência vaga que sempre envolveu essa prática. Porém, isso tem a ver com história e fatos. Tornou-se como uma vocação etnocida do mundo ocidental, como poderia legitimar essa concepção fatalista se nossa sociedade se considera com Estado ao contrário das “primitivas”? Já que está tão enraizado esse conceito “natural” do Ocidente, assim não caberia ao menos o direito de denúncia e proteção das vítimas. Seria essa uma explicação para as sociedade primitivas que são etnocêntricas mas não etnocidas já que são sociedades sem Estado? O etnocídio resulta na dissolução do múltiplo no Um, é a supressão de diferenças consideradas más e inferiores por um princípio de identificação, de um projeto de redução do outro ao mesmo. O Estado nesse caso é força centrípeta que tende quando necessário a esmagar as forças centrípetas inversas, ele é o centro da sociedade, todo o corpo social e mestre dos diversos órgãos. Sendo assim, está no núcleo desse Estado, na força atuante do Um, a recusa do múltiplo, o temor e o horror a diferença, ou seja, a prática etnocida e máquina estatal estão ligadas e funcionam da mesma maneira. Tanto o etnocídio sobre o Outro quanto o Estado no Ocidente sempre aplicam a redução da vontade, da diferença e da alteridade. Ainda explorando o Estado como supressor dos próprios indivíduos que compõe a sociedade, percebemos que o processo de integração de um Estado, o momento em que a nação é constituída requer a supressão das diferenças. Um simples exemplo é que o Estado só pode se proclamar detentor exclusivo do poder se as pessoas as quais exerce essa autoridade falarem a mesma língua que ele. Além disso a escola leiga, gratuita e obrigatória assim como o serviço militar obrigatório e divisão em províncias também são exemplos, cada vez mais a penetração do poder estatal fica mais fácil. Isso ficou muito claro na Revolução de 1789, todo esse processo é chamado de francinização por Pierre Clastres, um etnocídio consumado: línguas tradicionais enxotadas como dialetos de indivíduos atrasados, a vida aldeã foi conduzida a espetáculo folclórico destinado ao consumo de turistas. Enfim, o etnocídio está intimamente ligado ao funcionamento da máquina estatal, que age de acordo com a uniformização dos indivíduos: o Estado conhece apenas cidadãos iguais perante a lei. Portanto, afirmar que o etnocídio pertence a essência unificadora do Estado é dizer que toda formação estatal é etnocida, é o modo normal de existência do Estado seja nas sociedade “bárbaras” ou “civilizadas” do Ocidente. Essa universalidade do etnocídio caracteriza as sociedades com Estado. Mas Pierre Clastres nos leva a pensar que não podemos nos deter aí e cair novamente numa abstração e esquecer uma história completa do mundo cultural. O chamados Estados “Bárbaros” e os Estados “Civilizados” teriam uma das diferenças no nível de capacidade etnocida pelo seu aparelho estatal, os Incas por exemplo toleravam certa autonomia de outros povos se eles reconhecessem a autoridade política e religiosa, nos Estados ocidentais a capacidade etnocida é desenfreada, sem limites, por isso ela pode conduzir facilmente ao genocídio. A explicação para a sociedade ocidental ser absolutamente etnocida estaria no seu regime de produção econômica. É o capitalismo como sistema de produção para o qual nada é impossível, exceto não ser para si mesmo seu próprio fim (...) A sociedade industrial, a mais formidável máquina de produzir, é por isso mesmo a mais terrível máquina de destruir Raças, sociedades, indivíduos, espaço, natureza (...) tudo é útil, tudo deve ser utilizado, tudo deve ser produtivo; de uma produtividade levada ao seu regime máximo de intensidade. Por fim, entendemos por que é tão intolerável aos olhos do ocidente aquelas sociedades com sua improdutividade originária, o desperdício pela não exploração econômica de imensos recursos. Havia uma escolha: ou ceder a produção ou desaparecer, ou etnocídio ou genocídio.