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Literatura Brasileira III – O romance-folhetim

[01] “Devido às sua propriedades e finalidades,o romance apresenta todos os elementos característicos da
forma épica: a tendência em adequar a forma da representação da vida no coneúdo; a universalidade e a
amplitude da matéria envolvida; a presença de vários planos; a submissão do princípio de reprodução dos
fenômenos da vida mediante uma atitude exclusivamente individual e subjetiva ao princípio da reprodução
plástica, em que homens e acontecimentos agem na obra como quase por si mesmos, como figuras vivas da
realidade exterior. Mas todas essas tendências alcançam sua expressão plena e acabada somente na poesia
épica da Antiguidade, que constitui a ‘forma clássica da epopeia’ (Marx). Nesse sentido, o romance é
produto da dissolução da forma épica, que, com o fim da sociedade antiga, perdeu a base para o seu
florescimento. O romance aspira aos mesmos fins a que aspira a epopeia antiga, mas nunca pode alcança-los,
porque nas condições da sociedade burguesa, que representam a base do desenvolvimento do romance, os
modos de realização das finalidades são tão diferentes dos antigos que os resultados são diametralmente
opostos às intenções. A contradição da forma épica reside precisamente no fato de que o romance, como
epopeia da socidade burguesa, é a epopeia de uma sociedade que destrói as possibilidades de criação épica”
(György Lukács, “O romance como epopeia burguesa”).

[02] “Mas, justamente porque é uma comunicação expressiva, a arte pressupõe algo diferente e mais amplo
do que as vivências do artista. Estas seriam nela tudo, se fosse possível o solipsismo; mas na medida em que
o artista recorre ao arsenal comum da civilização para os temas e formas da obra, e na medida em que ambos
se moldam sempre ao público, atual ou prefigurado (como alguém para quem se exprime algo), é impossível
deixar de incluir na sua explicação todos os elementos do processo comunicativo, que é integrador e
bitransitivo por excelência. Este ponto de vista leva a investigar a maneira por que são condicionados
socialmente os referidos elementos, que são também os três momentos indissoluvelmente ligados da
produção, e se traduzem, no caso da comunicação artística, como autor, obra, público. A atuação dos fatores
sociais varia conforme a arte considerada e a orientação geral a que obedecem as obras. Estas — de um
ponto de vista sociológico — podem dividir-se em dois grupos, dando lugar ao que chamaríamos dois tipos
de arte, sobretudo de literatura, e que sugiro para fixar as idéias em vista da discussão subsequente, não com
o intuito de estabelecer uma distinção categórica: arte de agregação e arte de segregação. A primeira se
inspira principalmente na experiência coletiva e visa a meios comunicativos acessíveis. Procura, neste
sentido, incor expressão de determinada sociedade. A segunda se preocupa em renovar o sistema simbólico,
criar novos recursos expressivos e, para isto, dirige-se a um número ao menos inicialmente reduzido de
receptores, que se destacam, enquanto tais, da sociedade”. (Antônio Cândido, “Literatura e vida social”. In:
Literatura e sociedade, p. 31-32).

[03] “Ambos [folhetim e jornal] estão estreitamente vinculados: inventado pelo jornal, e para o jornal, o
feuilleton-roman, como era chamado ao princípio, acabou sendo fator condicionante de sua vida. Nas ceu na
França, ma década de 1830, concebido por Émile de Girardin, que precebeu na época de consolidação da
burguesia, o interesse em democratizar o jornal, a chamada grande presse, e não só privilegiar os que podiam
pagar por caras assinaturas [dos círculos e dos gabinetes de leitura]. Para aumentar o público leitor, havia,
pois, que barateá-lo – o que conseguiu também mediante a utilização da publicidade, de origem inglesa – e
arejar-lhe a matéria, tornando-o mais acessível. Havia já, desde o começo do século, o feuilleton, ou rodapé,
tradicionalmente de tom e assuntos mais leves que o resto do jornal, muito cerceado pela censura. Podia ser
dramático, crítico, tornando-se cada vez mais recreativo. O folhetim vai ser completado com a rubrica
“variedade”, que é a cunha por onde penetra a ficção, na forma de contos e novelas curtas. O passo decisivo
é dado quando Girardin, utilizando o que já vinha sendo feito para os periódicos, decide publicar ficção em
pedaços. Está então criado o mágico chamariz ‘continua no próximo número’ [...]” (Marlyse Meyer,
Folhetim: uma história).

[04] “Todos sabem — para dar mais um exemplo — a influência decisiva do jornal sobre a literatura, criando
gêneros novos, como a chamada crônica, ou modificando outros já existentes, como o romance. Com a
invenção do folhetim romanesco por Gustave Planche na França, no decênio de 1820, houve uma alteração
não só nos personagens, mas no estilo e técnica narrativa. É o clássico "romance de folhetim", com
linguagem acessível, temas vibrantes, suspensões para nutrir a expectativa, diálogo abundante com réplicas
breves. Por sua vez, este gênero veio a influir poderosamente, quase um século depois, sobre a nova arte do
cinema, que se difundiu em grande parte, na fase muda, graças aos seriados, que obedeciam mais ou menos
aos mesmos princípios, ajustados à tela” (Antônio Cândido, “Literatura e vida social”. In: Literatura e
sociedade, p. 411-42).

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