Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
São Paulo
Outubro de 2017
Manuela Costa Pires
São Paulo
2017
À minha mãe, por me inspirar a tomar na vida a linha de
frente e recusar o lugar de submissão a mim imposto, me mostrar o
espaço crescente de mulheres na ciência, e por nunca desistir – mesmo
que muitas vezes a custo de seus prazeres pessoais - de me fazer
entender a importância de trazer para minha vida material e
momentânea os meus ideais.
AGRADECIMENTOS
Um trabalho como este, mesmo possuindo uma única autora, não é construído
apenas por uma pessoa. E gostaria, portanto, de agradecer:
Ao meu pai, por me instigar desde sempre a questionar, argumentar e procurar
entender o mundo com meu próprio olhar.
Ao meu irmão João, por, mesmo tendo apenas onze anos, ler meu este trabalho e
me ajudar em tudo que conseguisse.
À minha orientadora, Lúcia Martarello Bon, por me aconselhar sobre este trabalho
desde seu início e fazer-me apaixonar por este tema cada vez mais.
Ao Colégio Ítaca, por me proporcionar a oportunidade de fazer este trabalho, e por
servir como minha segunda casa desde meus sete anos.
À Mercedes, por acolher-me a todo momento, me aconselhando e tranquilizando
em relação à todas as esferas da minha vida.
Aos meus colegas de sala, por serem sempre tão solidários e unidos, passando por
um ano de tanto estresse sempre a meu lado.
À Ana, por ajudar-me sempre a desvendar os infinitos caminhos dentro de mim
mesma.
Ao Allan, por ser um dos indivíduos que mais admiro, não apenas pelo ser
extraordinário que é, mas também por estar sempre atento a todos a sua volta, mantendo a
modéstia e humildade – sempre na medida correta.
Ao Bruno e Danilo, por me darem, mesmo em dias exaustivos, motivos para
gargalhar.
Aos Miguxos V. D. como um todo, por me concederem a graça de suas presenças
sempre que possível.
À Fernanda, Gabriela, Isabella, Júlia e Marina, que mereceriam, cada uma, centenas
de páginas explicitando todas as suas qualidades, por me ouvirem, aconselharem,
aconchegarem, motivarem e amarem todos os dias, estando próximas ou afastadas.
O universo não é apenas mais
excêntrico do que imaginamos, mas mais
excêntrico do que podemos imaginar.
(HALDANE)
LISTA DE FIGURAS
1.HISTÓRICO...........................................................................................................................10
2.APLICAÇÕES ATUAIS........................................................................................................14
2.2.2 RNAi..................................................................................................................................17
2.2.3 CRISPR-Cas......................................................................................................................18
3. POSSIBILIDADES FUTURAS.........................................................................................21
4.2. EUGENIA............................................................................................................................24
4.2.1 Aborto.................................................................................................................................25
CONCLUSÃO............................................................................................................................27
REFERÊNCIAS........................................................................................................................29
ANEXO A...................................................................................................................................31
8
INTRODUÇÃO
Desde o início da vida na Terra, aproximadamente quatro bilhões de anos atrás, a
evolução se baseou na seleção natural e em mutações aleatórias. Com os novos conhecimentos
adquiridos e as novas tecnologias desenvolvidas pelos seres humanos, esse processo passa a se
modificar, tendo a possibilidade de ser moldado conscientemente pela espécie humana.
Durante séculos, pesquisadores procuraram por uma maneira de compreender a
hereditariedade das características das espécies. Gregor Mendel, a partir de sua pesquisa
realizada com ervilhas por volta da década de 1860, observando o comportamento de suas cores
com o passar das gerações de seu cultivo, descobriu a existência de fatores responsáveis por
pelas particularidades da espécie humana, fatores esses que hoje são conhecidos como os genes.
Em 1882, Walther Flemming descobriu os cromossomos, filamentos nucleares que observou
durante estudos da divisão celular. Muita pesquisa foi feita, e enfim se criou o conceito de
genoma.
O genoma é o conjunto de moléculas de DNA (ácido desoxirribonucleico) de uma
espécie e carrega a informação química que permite a transmissão exata da informação genética
de uma célula para suas células-filhas de uma geração para a próxima. Na espécie humana, com
exceção das células que desenvolvem os gametas, todas as células do corpo são chamadas de
células somáticas e o genoma contido em seu núcleo consiste em 46 cromossomos, 23 pares.
Destes, 22 pares são semelhantes em homens e mulheres e são denominados autossomos e o
par restante compreende os cromossomos sexuais: dois cromossomos X nas mulheres, e um X
e um Y nos homens. Cada cromossomo carrega um subconjunto de genes que podem ser
definidos como “unidades de informação genética que estão arranjados linearmente ao longo
do DNA.
Apesar de já se ter todos estes dados, até a década de 1990, não se sabia quais eram
as informações contidas em cada um destes genes, quantos deles existiam, e muito menos como
as informações se manifestavam no corpo da espécie humana. Para trazer à tona este
conhecimento, em 1990 criou-se o Projeto Genoma Humano, que envolveu milhares de
cientistas do mundo inteiro, com o intuito de mapear e sequenciar o genoma do ser humano.
Este projeto abriu caminho para a manipulação dos genes visando a escolha das
características que se desejam presentes nos embriões, ou seja, a programação de seres humanos
e a possibilidade de diagnosticar doenças genéticas em estágio pré-sintomático e até mesmo
pré-natal. Entretanto, apesar de todas as vantagens que a leitura do código genético humano
9
pode gerar, cabem algumas questões: Seria adequado programar indivíduos “superiores”? Em
que circunstâncias deveriam se aplicar testes genéticos? A quem cabe responder estas questões?
O trabalho a seguir tem o intuito de identificar o que se pode fazer hoje com os
avanços da manipulação genética, como ela é possibilitada e o que poderá ser feito no futuro, e
assim, o trabalho discutirá o que, dentre as possibilidades geradas pelos avanços tecnológicos,
deve ou não ser feito, além de responder quais são os caminhos para definir tais limites, por
uma ótica da ética.
É possível, hoje, entender quais as possibilidades atuais e futuras para a
manipulação genética de forma simples e puramente descritiva. Entretanto, compreender e
investigar quais são os efeitos, não apenas científicos do desenvolvimento tecnológico, mas
também as repercussões sociais e legais que ele necessariamente trará, é fundamental para que
toda esta tecnologia possa ser utilizada de forma justa.
O trabalho aqui proposto pretende examinar, a partir de algumas informações, como
a comunidade científica deve se regular para se esquivar de todas as formas possíveis dos
emblemas que traz a manipulação do genoma humano e as aplicações do conhecimento
genético, sem ferir o caráter da essência humana.
A evolução do conhecimento humano na área biológica e o desenvolvimento
tecnológico crescente desencadeou importantes descobertas na área da genética. A partir do
estudo da evolução deste conhecimento será possível entender como chegamos ao momento
atual em que se encontra a genética humana. Neste contexto, será necessário saber o que é
possível fazer hoje para a área da saúde com tudo o que conhecemos e desenvolvemos, e o que
será possível no futuro. Assim, a partir de leituras, pesquisas e entrevistas com profissionais da
área, pretende-se chegar à conclusão de quais, dentre as situações possibilitadas pela tecnologia
e estudadas no trabalho, do ponto de vista da autora, são éticas ou não, e como a comunidade
científica deve prosseguir acerca destas.
10
1. HISTÓRICO
1
Fonte: < http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/1388.htm>
12
identificaram o estágio no qual o óvulo materno não fertilizado sofre um erro que acarreta na
Síndrome de Down. Ao analisarem um marcador específico, o polimorfismo de DNA, puderam
determinar a origem de um cromossomo extra (cromossomo 21) e identificaram o momento em
que a falha na divisão cromossômica ocorre. Em agosto de 1993, pesquisadores do Centro
Médico da Universidade de Duke descobriram que pessoas nascidas com uma variante do gene
APOe (apolipoproteína E) têm maior propensão a desenvolver o mal de Alzheimer em torno
dos 70 anos do que pessoas com outras versões deste mesmo gene. E em abril de 1996, biólogos
moleculares do Centro Médico da Administração dos Veteranos de Seattle e da Corporação
Molecular Darwin anunciaram ter encontrado um gene humano causador dos sintomas de
envelhecimento. Eles previram que quanto mais conseguirmos entender o funcionamento deste
gene, mais poderemos deter o processo de envelhecimento e modificar sua participação no
surgimento de doenças cardíacas, osteoporose e câncer. Houveram inúmeras outras descobertas
ao longo dos anos em que o Projeto Genoma Humano entrou em andamento, e ainda poderão
haver diversas.
Ainda assim, mesmo com toda a tecnologia já desenvolvida até então, o que se tinha
acesso no momento não permitia que fossem sequenciadas moléculas de DNA do tamanho das
do ser humano, e, portanto, o sequenciamento foi dividido por grupos, que se responsabilizaram
cada um por codificar e analisar um certo cromossomo. Em 1998 o prazo inicial foi reavaliado
pela HUGO e a nova data de término do sequenciamento passou a ser 2003. Ainda neste ano,
a empresa Celera Genomics Corporation (CGC) se manifestou dizendo que sequenciaria o
Genoma Humano a prazo de três anos, terminando antes do consórcio público. A CGC adotou,
para chegar ao objetivo, uma forma alternativa para sequenciar os genes. Eles picotariam todo
o genoma em fragmentos sobrepostos e pequenos, sequenciando-os de forma desordenada. Este
método gerou milhões de pequenas sequencias de aproximadamente 500 a 1000 nucleotídeos.
Todas estas informações desordenadas foram organizadas a partir de um supercomputador, que
utilizava uma tecnologia nomeada shotgun.
Assim como qualquer empresa privada, a Celera nunca teve a intenção de
disponibilizar o sequenciamento por eles feito para o público de forma gratuita, o que acarreta
em problemas para a comunidade científica. Se uma empresa tem acesso a informações
genéticas anteriormente a quaisquer outros pesquisadores, ela poderá patentear genes,
dificultando, e por vezes impedindo, que grupos de pesquisa estudem determinados genes, algo
que atrasa o desenvolvimento científico mundial.
A HUGO, ameaçada de perder sua liderança para a Celera, mudou seu prazo de
término para o final de 2000, e passou a trabalhar de forma menos acadêmica e mais acelerada.
13
2
Tradução livre: Privacidade e Progresso no Sequenciamento Completo do Genoma
3
Tradução livre: Enciclopédia de Elementos do DNA
4
Tradução livre: Projeto de Anatomia do Genoma do Câncer
14
2. APLICAÇÕES ATUAIS
de 50% se localizavam nos estados de SP e RJ, e 85% em meio do total nas regiões Sul e
Sudeste.
Entretanto, apesar da criação e ação das clínicas brasileiras, a grande maioria dos
portadores de patologias genéticas no país não participa do processo de Aconselhamento
Genético, e sendo assim, não são diagnosticados, informados sobre suas condições ou tratados.
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 71% dos brasileiros procura atendimento
em unidades públicas ao apresentar problemas de saúde. Portanto, para que a situação precária
do diagnóstico e tratamento de disfunções genéticas no país seja revertida, é necessária a
implementação de políticas públicas as quais qualifiquem profissionais da área da saúde em
diversas regiões para praticar o AG no Sistema Assistencial Público de Saúde no Brasil (SUS).
7
Enzimas de restrição “recortam” o DNA em determinados pontos, o que leva à criação de pontas adesivas
nos locais de corte, que se ligam com outras pontas de DNA também “recortado” pela mesma enzima.
8 Os plasmídeos são pequenas moléculas circulares de DNA bacteriano.
16
9
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/recombinante.php>
17
2.2.2. RNAi
10
Organismos eucariontes são possuidores de células do tipo que leva o mesmo nome, estas de diferenciam
de células procariontes por serem mais complexas. Diferentemente das procariotas, possuem membrana
nuclear individualizada e vários tipos de organelas.
11 Na genética, alelos são as diversas formas de um certo gene que ocupam o mesmo loco em
cromossomos homólogos, sendo estes cromossomos que formam pares, apresentando formato e tamanho
similares.
18
2.2.3. CRISPR-Cas
12
Patógenos são organismos capazes de causar doença em um hospedeiro, sendo estes: bactérias, vírus,
fungos, protozoários, entre outros.
13 Loco é o lugar de um cromossomo onde se localiza um gene.
14 Músculos esqueléticos são os responsáveis pelos movimentos voluntários.
15 Cada gene de um genoma é formado por diversos nucleotídeos. Assim, éxons são segmentos de
nucleotídeos de um gene.
19
3. POSSIBILIDADES FUTURAS
16Fonte: <https://www.ted.com/talks/paul_knoepfler_the_ethical_dilemma_of_designer_babies?language=pt-
br#t-641740>
22
mais atléticos, inteligentes, bonitos17 e mais adequados à sociedade em um sentido geral. Hoje,
muitos países possuem leis as quais não permitem que as técnicas de manipulação do DNA
sejam usadas em embriões humanos, apesar de pesquisadores de grandes potências tecnológicas
como a China, e mais recentemente, em julho de 2017, os Estados Unidos18.
Mesmo que nos casos de edição em embriões humanos citados acima, os
modificados não conseguiram se desenvolver por mais de alguns dias – além de nunca ter
havido a intenção de inseri-los em um útero por parte dos cientistas –, testes como estes
mostram a progressiva aceitação da modificação genética em humanos na comunidade
científica de países pioneiros, dando, assim, abertura para o desenvolvimento de tais técnicas e
seus usos como forma de projetar ou ao menos interferir minimamente no genoma das futuras
gerações humanas.
17
Utilizado no sentido de beleza ocidental e tradicionalmente padronizada.
18
Disponível em: <https://www.technologyreview.com/s/608350/first-human-embryos-edited-in-us/>.
Acesso em: 3 out. 2017.
19 Disponível em: <http://stm.sciencemag.org/content/8/335/335ps10.full>. Acesso em: 5 out. 2017.
20 Tradução livre: Um roteiro de pesquisa para informáticas de sequenciamento de próxima geração.
23
Assim como a leitura e interpretação do código genético de uma pessoa pode levar
à diversas vantagens, tentativas de remediar suas fraquezas e um estilo de vida mais saudável,
adequando-se com suas suscetibilidades genéticas em mente, ela pode também ser vista de outra
forma: como precedente para discriminação e preconceito.
Atualmente, são feitos testes até mesmo para a admissão de crianças em colégios,
sendo estes, de forma geral, baseados na capacidade intelectual do aluno. Identificando genes
indicadores das tendências comportamentais, e permitindo o acesso aos genomas por terceiros,
escolas poderão passar a aceitar crianças baseadas em suas informações genéticas. É, entretanto,
importante ressaltar a ainda não estabelecida relação entre os genes que dizem respeito ao
comportamento humano – como de agressividade, inteligência, déficit de atenção, entre outros
– e suas manifestações concretas:
Uma criança que tem o gene da agressividade vai
necessariamente bater nos colegas, ser descontrolado? Qual é realmente o
poder da genética no comportamento? Até que ponto os genes influenciam o
comportamento e até que ponto isso pode ser moldado pelo meio ambiente?
(VEIGA, 2017)
24
4.2. EUGENIA
4.2.1. Aborto
Tendo em vista que muitos países, incluindo grandes potências mundiais, possuem
uma legislação a qual permite a terminação de gravidezes mesmo sem a apresentação de um
motivo21, o aborto de crianças com graves doenças genéticas, ou até mesmo com características
genéticas não prejudiciais à suas saúdes, mas indesejadas pelos pais, pode ser permitido no
futuro por grande parte dos países.
Assim como o tópico no geral é hoje, o aborto de embriões com patologias genéticas
provavelmente causará polêmica e discussão acerca da ética e moral em terminar o que, com
discordâncias de alguns grupos, é chamado de vida. Entretanto, os países se mostram hoje, de
modo geral, progressivamente mais abertos à descriminalização da terminação de gravidezes.
Os movimentos defensores da descriminalização do aborto argumentam que, sendo
o corpo afetado pela gravidez o da mulher grávida, ela é quem deve decidir se vai prosseguir
ou não com a gestação. Entretanto, seria ético alguém que quer ter filhos abortar por não
considerar o embrião que carrega “perfeito”?
A grande questão a ser levantada a partir desta situação é: quem e como se pode
definir quem deve ou não viver?
21
Segundo pesquisas do Pew Research Center, 58 de 196 países permitem o aborto por motivos quaisquer,
sendo a maioria destes situados no hemisfério Norte.
26
se iniciem manipulações visando eliminar traços não ligados à saúde dos indivíduos, mas a
características como inteligência, altura, padrões comportamentais, cor, sexo, entre outros.
A banalização da manipulação de genomas pode ser usada por empresas privadas
sem o objetivo de aprimoramento da saúde, mas sim o de gerar cada vez mais lucro, não se
importando com a seriedade deste tipo de procedimento. Exemplificando, tem-se a indústria
das cirurgias plásticas, a qual movimenta bilhões de reais por ano no Brasil22, tendo cerca de
1,5 milhões de clientes no país todo ano23. A seriedade e os riscos de uma cirurgia não são
levados em conta, além de serem feitas, em grande parte dos muitos casos, por motivos
desconectados por completo da saúde, por razões apenas estéticas.
Em uma sociedade que apresenta ainda hoje crimes de ódio e discriminação e
indústrias bilionárias que se aproveitam dos avanços tecnológicos visando apenas o lucro, como
garantir que tecnologias possuidoras de um poder como o de modificar toda a estrutura de um
ser vivo serão usadas sensatamente?
22
Fonte: < http://www.jb.com.br/economia/noticias/2008/09/24/mercado-de-estetica-movimenta-us-4-
bilhoes-por-ano-no-brasil/>
23 Fonte: < http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2015/06/brasil-e-recordista-mundial-com-15-
milhao-de-cirurgias-plasticas-ao-ano.html>
27
CONCLUSÃO
24
Disponível em: < https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm>
28
genético de um indivíduo ele mesmo e quem ele permitir. De outra forma, estas informações
podem ser erroneamente utilizadas como formas de discriminação contra a pessoa.
Ninguém possui o direito de decidir se outro ser humano “merece” ou não nascer.
Entretanto, a terminação de uma gravidez não diz respeito ao embrião, mas sim à mulher que o
carrega, afinal, o aborto é apenas permitido até um ponto em que o bebê não possui sistema
nervoso formado, e, portanto, não sente dor ou possui qualquer tipo de consciência. A pessoa
que terá de arcar com as dores físicas e psicológicas, as mudanças hormonais, e todas as
transformações que ocorrem com a gravidez, é a mulher grávida, e assim, mesmo que seus
motivos não sejam considerados éticos, a decisão final deve ser dela.
Da mesma forma que outras biotecnologias tiveram seu uso deturpado conforme o
tempo, caso a manipulação genética seja permitida de forma irrestrita, as consequências podem
ser desastrosas, como visto no capítulo anterior. A sociedade, hoje, não se mostra pronta para
utilizar tecnologias como esta equilibradamente, sendo que muitos poderão, previsivelmente,
se aproveitar delas para benefício próprio ou atrelando seu uso a ideologias excludentes e
discriminatórias. Restrições bem elaboradas se revelam, assim, novamente, cruciais,
especialmente, apesar de não exclusivamente, para usos não relacionados à saúde.
O ser humano possui sua evolução nas próprias mãos, e em certos aspectos, as
decisões a serem feitas, sobretudo em relação à manipulação de seu genoma, podem ser
irreversíveis na medida em que após modificar um ser, seus genes serão passados de geração
em geração. As escolhas a respeito do tema deverão ser feitas instruída e cautelosamente, tendo
em vista seu cunho primordial e extremamente revolucionário para o futuro da vida humana.
29
REFERÊNCIAS
LIVROS
BRODY, David Eliot, BRODY, Arnold R; tradução MOTTA, Laura Teixeira. As sete maiores
descobertas científicas da história. Página 379 a 410. São Paulo: Companhia das Letras, 1999
PEREIRA, Lygia da Veiga. Sequenciaram o genoma humano... E agora? / São Paulo: Moderna,
2001
PEREIRA, Tiago Campos et al. (Org.). Introdução à técnica de CRISPR. 1. ed. Ribeirão Preto:
Cubo, 2013.
PEREIRA, Tiago Campos et al. (Org.). Introdução à técnica de Interferência por RNA - RNAi.
1. ed. Riberão Preto: Cubo, 2013.
WEB
CONNOR, Steve. First Human Embryos Edited in U.S. MIT Technology Review, 2017.
Disponível em: < https://www.technologyreview.com/s/608350/first-human-embryos-edited-
in-us/>. Acesso em: 5 out. 2017.
CORREA, Marilena V.. O admirável Projeto Genoma Humano. Physis, Rio de Janeiro , v.
12, n. 2, p. 277-299, dez. 2002 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-73312002000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 5 out. 2017
FRANCA, Natália Regine de et al . Interferência por RNA: uma nova alternativa para terapia
nas doenças reumáticas. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 50, n. 6, p. 695-
702, Dec. 2010 Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0482-50042010000600008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 5 out. 2017
LINDEN, Rafael. Terapia gênica: o que é, o que não é eo que será. Estud. av. , São Paulo, v.
24, n. 70, p. 31-69, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-40142010000300004&lng= pt_BR&nrm=iso>. Acesso em: 5 out.
2017GENOME Map. Science, [S.l.], v. 291, p. 1218, fev. 2001. Disponível em:
<http://science.sciencemag.org/content/291/5507/1218.full>.
SAMPLE, Ian. Craig Venter creates synthetic life form. The Guardian, 2010. Disponível em:
<https://www.theguardian.com/science/2010/may/20/craig-venter-synthetic-life-form>.
Acesso em: 3 out. 2017.
ZATZ, MAYANA. Projeto genoma humano e ética. São Paulo Perspec., São Paulo , v. 14, n.
3, p. 47-52, jul. 2000 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci
_arttext&pid=S0102-88392000000300009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 5 out. 2017
31
ANEXO A