Pecege.QCF.
Esalq
Compra de fertilizantes, como otimizar este processo?
Glauber dos Santos - IPECEGE
Luiz Gustavo Nussio - ESALQ
A compra de fertilizantes para a produção de
forragens sempre recebeu atenção especial por ser,
historicamente, responsabilizada por elevar o custo de
produção e, em geral, receber boa parte da culpa dos
altos custos associados com o processo de produção.
Quando questionados sobre os itens responsáveis
pelas dificuldades financeiras intrínsecas ao setor de
produção animal, é comum posicionar-se entre os mais
lembrados pelos produtores.
Na Edição 6 do Boletim da Forragem, foi publicado
que os fertilizantes que representam 54% do custo
operacional efetivo e 30% do custo total de produção.
Assim, alterações de 10% no custo dos corretivos e
fertilizantes normalmente promovem mudanças que
respondem por somente 3% a 5% no custo final de
produção do respectivo volumoso e de cerca de metade
desses valores no custo da ração total oferecida aos
animais, para a cultura do milho. Apesar da pequena
relevância desses números no custo final de produção,
Produção agropecuária competitiva
Em explorações pecuária competitiva, em geral,
presume certo grau de intensificação no sistema de
produção e a adoção de doses adequadas de corretivos
e fertilizantes está entre os fatores essenciais do
processo de intensificação da produção. Apesar disso,
ao contrário do que se imagina, esses insumos não
representam os maiores custos total de produção. A
falsa ideia de estar se “enterrando” um insumo caro
sem a perspectiva de retorno esperado deve-se,
principalmente, ao uso inadequado dessas fontes, pela
falta de tecnificação na recomendação e aplicação
das doses, resultando em produção vegetal aquém da
esperada. Essa impressão negativa pode ser facilmente
revertida com o amparo de um técnico no planejamento
e organização executiva da produção de volumosos. De
fato, os fertilizantes estão entre os fatores de produção
de menor relação custo/benefício devido às respostas
agronômicas potencialmente elevadas em relação
ao custo relativo dessa estratégia técnica. Boa parte
dessa má fama se dá pelo fato de que esses insumos
devem ser adquiridos em épocas específicas do ano,
concentrando com isso despesas e impactando de
forma pontual o fluxo de caixa.
Existem maneiras de se atenuar esse cenário de
concentração de despesas com fertilizantes, que passam
1 BOLETIM DA FORRAGEM . PECEGE . QCF . ESALQ
07 JUL/AGO 2016
a reputação negativa de agente de elevação de custo
atribuída aos fertilizantes ainda perdura no meio
agrícola. Devido a grandeza do valor, fato que pode
gerar dificuldades com o equilíbrio do fluxo de caixa da
fazenda, não é raro o produtor/técnico sumariamente
decidir por cortes ditos “estratégicos”, porém
arbitrários, nas quantidades recomendadas desses
insumos sob o pretexto de equacionar, ao menos de
imediato, a situação financeira da propriedade.
Essa estratégia de negligenciar as recomendações
agronômicas de reposição de fertilidade ao solo promove
resultados muito negativos. Embora inicialmente não
tão críticos, uma vez que em alguns solos o banco de
nutrientes disponível poderá permitir a manutenção da
produção vegetal sem prejuízos imediatos. Contudo,
no universo de exploração do médio-longo prazo, essa
política tem mostrado um cenário de difícil reversão
culminando com a inviabilização da exploração das
áreas agrícolas.
pela adoção de estratégias de compra explorando a
relação de troca conveniente. Em um mercado de
grandes sazonalidades, é coerente e inteligente estar no
contra-fluxo em que vai a maioria do mercado, falando
especificamente na compra de fertilizantes sabe-se que
o primeiro semestre tem sempre uma menor demanda
do que o segundo semestre. Devemos lembrar ainda,
dos desafios logísticos (filas, preço frete, atraso na
entrega, etc.) que enfrentamos em épocas onde as
compras de fertilizantes se concentram.
A Figura 1 apresenta a tendência da evolução de preços
de alguns fertilizantes, numa série de 6 anos. Nota-se
que, ao longo do ano, o período de maior conveniência
para aquisição deste insumo, quando a relação de troca
é mais favorável ao produtor, concentra-se no período
compreendido entre meados de abril e início de julho.
Embora esse não seja o período de atividade agrícola
mais intenso, ele antecede o início das atividades da
safra de verão (agosto em diante) e a propriedade
deve se organizar para efetuar suas compras nesse
período. Diferenças apresentadas nesta série histórica
chegam à 18% de variação, algo muito significativo
quando multiplicado pelo volume total de fertilizantes
normalmente utilizados na produção de silagem.
 120
115
110
105
100
95
90
85

Índice sazonal Limite inferior Limite superior

Figura 1. Sazonalidade do preço de fertilizantes pago pelos agricultores de São Paulo, 2008 a 2014.
Fonte: Mendes e Silva.

Em resumo, os fertilizantes não representam tanto
como muitos produtores imaginam no custo total de
produção de volumosos, ou seja, o uso racional dos
todos os insumos e bens de serviço são importantes
para uma produção economicamente eficiente.
Acréscimos de 10% nos custos desses insumos
respondem por somente 3% a 5% na variação do custo
total dos volumosos; Redução arbitrária nas doses de
fertilizantes recomendadas na produção de volumosos
não podem ser justificadas como forma de efetuar
cortes nas despesas; É preciso explorar a conveniência
de épocas mais propícias para aquisição de insumos
com vistas a melhor relação custo/benefício.

Indicadores de qualidade de forragem - IQF

Pré-secados: Azevém vs. Tifton

Marcelo Hentz Ramos, PhD
Diretor 3rlab

Nesta coluna iremos apresentar dados referentes a forragens brasileiras com o objetivo de entender a qualidade
do material presente nas propriedades como também apresentar aos técnicos a terminologia empregada.
Na tabela 1 podemos notar a composição bromatológica de pré-secados de azevém e na tabela 2, a composição
de pré-secados de tifton. Uma comparação muito importante, pois, apesar de na média o pré-secado de azevém
apresentar menos proteína bruta (PB) do que o pré-secado de tifton, o material produzido com azevém resultou
em mais leite por tonelada de matéria seca. O pré-secado de azévem apresentou uma menor quantidade de fibra
em detergente neutro (FDN), ficando assim evidente que quantidade de fibra tem um impacto maior na produção
de leite quando comparado a quantidade de PB.
Outro ponto importante é o alto valor de pH que pode gerar perdas de matéria seca assim como o alto valor de
ácido butírico que pode resultar em problemas para os animais. Em ambos os casos materiais com altos valores
de potássio poderão causar problemas durante o período pré-parto (seco) mas certamente pode ajudar durante o
período de lactação.

JUL/AGO 2016 2
Tabela 1 – Composição do pré-secado de azevém durante o ano de 2015.

%MS Mínimo Média Máximo Desvio Padrão

PB 5.7 11.9 18.1 3.11
Amido 0 1.7 4.8 1.6
Açúcares 0 4.4 9.5 2.5
FDN 46.5 57.4 68.4 5.4
Dig. FDN 24 hrs, %FDN 2.0 27.3 52.5 12.6
Dig. FDN 30 hrs, %FDN 10.2 36.7 63.1 13.2
Dig. FDN 48 hrs, %FDN 30.9 52.3 73.6 10.6
Kd do FDN, %/hr 2.4 4.0 5.6 0.8
TTNDFD, %FDN 21.9 41.6 61.3 9.8
Acético 0 0.6 2.5 0.8
Lático 0 4.8 10.6 2.8
Butírico 0.3 0.6 0.8 0.1
pH 3.7 4.5 5.3 0.4
Cálcio (Ca) 0.17 0.4 0.63 0.1
Fósforo (P) 0.17 0.3 0.38 0.05
Potássio (k) 0.71 2.2 3.71 0.7
Magnésio (Mg) 0.16 0.2 0.28 0.03
Milk2006* 764 1205 1647 220
*Milk2006 em kg de leite por tonelada de matéria seca.

Tabela 2 – Composição do pré-secado de tifton durante o ano de 2015.

%MS Mínimo Média Máximo Desvio Padrão
PB 8.3 15.9 23.4 3.8
Amido 0 1.3 4.7 1.7
Açúcares 0 2.8 6.2 1.7
FDN 48 60 73 6
Dig. FDN 24 hrs, %FDN 15 33 53 9
Dig. FDN 30 hrs, %FDN 26 43 59 8
Dig. FDN 48 hrs, %FDN 40 58 75 8
Kd do FDN, %/hr 2.8 4.5 6.1 0.8
TTNDFD, %FDN 25 45 64 9
Acético 0 1.2 3.1 0.9
Lático 0 3.9 8.1 2.1
Butírico 0.2 0.7 1.1 0.2
pH 3.7 4.7 5.8 0.5
Cálcio (Ca) 0.16 0.43 0.69 0.13
Fósforo (P) 0.18 0.32 0.45 0.07
Potássio (k) 1.03 2.51 3.98 0.74
Magnésio (Mg) 0.17 0.25 0.34 0.04
Milk2006* 773 1186 1599 206
*Milk2006 em kg de leite por tonelada de matéria seca.

3 BOLETIM DA FORRAGEM . PECEGE . QCF . ESALQ

 GERENCIAMENTO DA PRODUÇÃO DE SILAGEM - EAD
Conheça mais sobre o gerenciamento da produção de silagem com os principais
especialistas do Brasil. Saiba quais as características dos sistemas de produção
do volumosos no Brasil, como escolher pela opção correta de volumoso, comprar
estrategicamente insumos e fertilizantes, o custo de produção de silagem e as
principais perdas que ocorrem no processo de silagem – do campo ao cocho.

Confira a programação completa:

Institui-
Data Tema Professor
ção
14/ Características dos sistemas de produção de sila-
Thiago Bernardes UFLA
set gem no Brasil
21/
Planejamento da conservação de forragem Luiz Gustavo Nussio ESALQ
set
28/
Custo de produção de silagem de milho Glauber dos Santos PECEGE
set
05/
Negociação na compra de fertilizantes e insumos Lucas do Prado FGV
out
19/ Escolha do volumosos e material genético a ser
Luiz Gustavo Nussio ESALQ
out plantado
26/ Desafios agronômicos na produção de milho para Joao Ricardo A. Pe-
UEPG
out silagem reira
09/ Desafios da colheita do milho para silagem: Avan-
Thiago Romanelli ESALQ
nov ços e Desafios
16/ Dimensionamento do conjunto de máquinas na
João Henrique Rosa PECEGE
nov produção de silagem
23/ Efeito do processamento na ensilagem e o reflexo
Gustavo Salvati ESALQ
nov no desempenho animal
30/
Recentes avanços na produção de silagem Ricardo Andrade Reis UNESP
nov
07/ Estimativas de perdas no processo: Do campo ao
João Luiz Pratti Daniel UEM
dez cocho

mais pecege.org.br Cursos

Rápidos
(19) 3371.9072 Pecege
informações glauber@pecege.org.br pecege

JUL/AGO 2016 4
CURTAS
O Boletim da Forragem - Esalq, sob orientação do Prof. Luiz Gustavo Nussio, iniciou um projeto com
objetivo de conhecer as características e a regionalização da produção de cana-de-açúcar na alimentação
animal. Assim, gostariam de contar com a tua colaboração para responder o questionário que
disponibilizado no link (http://goo.gl/forms/bknB7w81D4). Ao término do levantamento as informações
serão disponibilizadas em nossas redes sociais.
Conheça o custo de produção de volumosos da tua propriedade, participe conosco deste levantamento
e receba gratuitamente uma análise de benchmarking entre todas as propriedades participantes do
projeto. Entre em contato com a equipe do Boletim da Forragem.

ANUNCIE
Deixe a tua empresa com mais visibilidade entre técnicos, produtores e estudantes. Anuncie no Boletim
da Forragem e tenha alcance nacional de sua marca, vinculada a um projeto de extensão da Esalq. Entre
em contato pelo e-mail forragem@pecege.org.br ou pelo telefone (19) 3375.4250 e informe-se sobre
cotas de divulgação.

Siga nossas redes sociais:

/boletimdaforragem
Boletim da Forragem
/boletimdaforragem

O Boletim da Forragem é uma publicação 19 3371.9072 | forragem@pecege.org.br

do Pecege e da QCF/ Esalq. Rua Alexandre Herculano, 120 · Sala T6 · Piracicaba SP

Equipe técnica: Prof. Luiz Gustavo Nussio, Para receber o Boletim da Forragem digital, encaminhe
Prof. Pedro Valentim Marques, Daniel Y. Sonoda, e-mail para forragem@pecege.org.br com os seguintes
Glauber dos Santos e Haroldo Torres. dados: nome, e-mail, endereço completo e telefone.

Estagiários:

João Marcos Meneghel de Moraes;

Rodrigo Spechoto.

5 BOLETIM DA FORRAGEM . PECEGE . QCF . ESALQ