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º 1 de GONDOMAR
TESTE DE AVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS – 11º ANO
Turma: _____ Nº _____
GRUPO I
Parte A
1 Foi como uma inesperada aparição - e vergou profundamente os ombros, menos a saudá-la,
que a esconder a tumultuosa onda de sangue que sentia abrasar-lhe o rosto. Ela, com um vestido
simples e justo de sarja preta, um colarinho direito de homem, um botão de rosa e duas folhas
verdes no peito, alta e branca, sentou-se logo junto da mesa oval, acabando de desdobrar um
5 pequeno lenço de renda. Obedecendo ao seu gesto risonho, Carlos pousou-se
embaraçadamente à borda do sofá de repes. E depois de um instante de silêncio, que lhe
pareceu profundo, quase solene, a voz de Maria Eduarda ergueu-se, uma voz rica e lenta, dum
tom de ouro que acariciava.
Através do seu enleio, Carlos percebia vagamente que ela lhe agradecia os cuidados que ele
10 tivera com Rosa: e, de cada vez que o seu olhar se demorava nela um instante mais, descobria
logo um encanto novo e outra forma da sua perfeição. Os cabelos não eram loiros, como julgara
de longe à claridade do sol, mas de dois tons, castanho-claro e castanho-escuro, espessos e
ondeando ligeiramente sobre a testa. Na grande luz escura dos seus olhos havia ao mesmo
tempo alguma coisa de muito grave e de muito doce. Por um jeito familiar cruzava às vezes, ao
15 falar, as mãos sobre os joelhos. E através da manga justa de sarja, terminando num punho
branco, ele sentia a beleza, a brancura, o macio, quase o calor dos seus braços.
Ela calara-se. Carlos, ao levantar a voz, sentiu outra vez o sangue abrasar-lhe o rosto. […]
- Não é a sua filha que está doente, minha senhora?
- Oh! não! Graças a Deus!
20 Ergueu-se, foi puxar um enorme cordão de campainha que pendia ao lado do piano. O seu
cabelo, por trás, repuxado para o alto da cabeça, deixava uma penugem de ouro frisar-se
delicadamente sobre a brancura láctea do pescoço. Entre aqueles móveis de repes, sob o teto
banal de estuque enxovalhado, toda a sua pessoa parecia a Carlos mais radiante, duma beleza
mais nobre, e quase inacessível; e pensava que nunca ali ousaria olhá-la tão francamente, com
uma tão clara adoração, como quando a encontrava na rua.
Eça de Queirós, Os Maias, cap. XI.
1. Contextualize a ação deste excerto, referindo a sua importância para a dimensão trágica da
obra.
Juião Bolseiro, Antologia da poesia portuguesa, vol.I, (sécs. XII-XVI, pg. 80)
Leia o texto.
O Primeiro Amor
1 É fácil saber se um amor é o primeiro amor ou não. Se admite que possa ser o primeiro, é
porque não é, o primeiro amor só pode parecer o último amor. É o único amor, o máximo amor, o
irrepetível e incrível e antes morrer que ter outro amor. Não há outro amor. O primeiro amor
ocupa o amor todo.
5 Nunca se percebe bem por razão começa. Mas começa. E acaba sempre mal só porque acaba.
Todos os dias parece estar mesmo a começar porque as coisas vão bem, e o coração anda alto. E
todos os dias parece que vai acabar porque as coisas vão mal e o coração anda em baixo.
O primeiro amor dá demasiadas alegrias, mais do que a alma foi concebida para suportar. É por
isso que a alegria dói - porque parece que vai acabar de repente. E o primeiro amor dói sempre de
10 mais, sempre muito mais do que aguenta e encaixa o peito humano, porque a todo o momento se
sente que acabou de acabar de repente. O primeiro amor não eixa de parte um único bocadinho
de nós. Nenhuma inteligência ou atenção se consegue guardar para observá-lo. Fica tudo
ocupado. O primeiro amor ocupa tudo. É inobservável. É difícil sequer refletir sobre ele. O
primeiro amor leva tudo e não deixa nada.
15 Diz-se que não há amor como o primeiro e é verdade. Há amores maiores, amores melhores,
amores mais bem pensados e apaixonadamente vividos. Há amores mais duradouros. Quase
todos. Mas não há amor como o primeiro. É o único que estraga o coração e que o deixa
estragado. [...]
O primeiro amor é aquele que não se limita a esgotar a disposição sentimental para os amores
20 seguintes: quer esgotá-la. Depois dele, ou depois dela, os olhos e os braços e os lábios deixam de
ter qualquer utilidade ou interesse. [...]
Não há amor como o primeiro. [...] O primeiro amor é uma chapada, um sacudir das raízes
adormecidas dos cabelos, uma voragem que nos come as entranhas e não nos explica.
Cardoso, Miguel Esteves (2015), Os meus problemas, Porto, Porto Editora [com supressões]
1-Coordenador nacional das Olimpíadas das Químicas
1. Neste texto, o tema do amor
(A) surge como tema central, incidindo-se nos efeitos do primeiro amor na vida das
pessoas.
(B) é um tema abordado por meio de um tom humorista.
(C) é abordado como tema secundário, salientando as suas causas.
(D) surge associado aos benefícios de uma paixão sem limites.
6. A nível semântico, as palavras "olhos" (l.20) e corpo estabelecem entre si uma relação de
(A) sinonímia.
(B) antonímia.
(C) inclusão.
(D) hierarquia.
8. Sabendo que a palavra "amor" (l.1) tem a sua origem na palavra latina amore, refira o
fenómeno fonológico que nela se operou.
9. Classifique as orações subordinadas presentes na frase “E todos os dias parece que vai acabar
porque as coisas vão mal e o coração anda em baixo.” (ll. 6,7 ).
10. Substitua o complemento direto presente na frase "O primeiro amor não deixa de parte um
único bocadinho de nós."(ll.11,12) pelo pronome pessoal correspondente.
GRUPO III
(50 pontos)
Escreva um texto, de 170 a 200 palavras, onde dê a sua opinião sobre a importância do amor
na vida humana.
Observe as seguintes orientações:
* estrutura tripartida.
- introdução: apresentação da posição a defender.
- desenvolvimento: fundamentação das ideias, através de argumentos e exemplos.
- conclusão: reforço da ideia inicial.
* Correção sintática e ortográfica.
* Observância dos mecanismos de coesão e coerência textual.
* Concisão e objetividade.
Cotações
Grupos Item (cotação em pontos)
A
(3X20=60 pontos)
1. a 3.
I
B
(2X20=40 pontos)
4. e 5.