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10.

Indiciamento

10.1. Conceito.
Indiciar consiste em atribuir à alguém a autoria ou participação em determinada
infração penal.

10.2. Momento.
O indiciamento é um ato exclusivo da fase investigatória. Ele só pode ocorrer
durante essa fase. O marco inicial do indiciamento seria o auto de prisão em
flagrante. Apesar de não ser comum, é perfeitamente possível que o indivíduo
seja indicado já no próprio auto de prisão em flagrante, já que, afinal de contas,
no APF é possível coletar muitas informações quanto à autoria e materialidade.
O marco final seria a conclusão das investigações, que geralmente se dão com
a apresentação de um relatório pela autoridade policial. O Delegado tem como
atribuição relatar o inquérito policial, que geralmente, ocorre o indiciamento.

- Não é cabível o indiciamento durante o curso do processo! A partir do momento


que o processo criminal teve início, já não se pode querer retroceder para indiciar
alguém. Caso venha a ocorrer, os tribunais superiores entendem que
caracteriza-se constrangimento ilegal que poderá ser sanado pela impetração de
um habeas corpus. Vejamos:

STJ: “(...) Esta Corte Superior de Justiça, reiteradamente, vem decidindo que o
indiciamento formal dos acusados, após o recebimento da denúncia, submete
os pacientes a constrangimento ilegal e desnecessário, uma vez que tal
procedimento, que é próprio da fase inquisitorial, não mais se justifica quando a
ação penal já se encontra em curso. Habeas Corpus concedido para cessar a
decisão que determinou o indiciamento formal dos pacientes, excluindo-se todos
os registros e anotações, relativos ao processo de que aqui se cuida, sem
prejuízo do regular andamento da ação penal. (STJ, 6ª Turma, HC 182.455/SP,
Rel. Min. Haroldo Rodriges, j. 05/05/2011).

10.3. Pressupostos.
Existem alguns pressupostos para o indiciamento:

 Elementos de informação quanto à autoria e materialidade = “fumus comissi


delicti” (a fumaça do cometimento do delito)

 Fundamentação, pelo Delegado de Polícia.

STF: “(...) Indiciamento. Ato penalmente relevante. Lesividade teórica.


Indeferimento. Inexistência de fatos capazes de justificar o registro.
Constrangimento ilegal caracterizado. Liminar confirmada. Concessão parcial de
habeas corpus para esse fim. Precedentes. Não havendo elementos que o
justifiquem, constitui constrangimento ilegal o ato de indiciamento em
inquérito policial”. (STF, 2ª Turma, HC 85.541, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe
157 21/08/2008).
10.4. Atribuição.
Quem pode indiciar? A atribuição é exclusiva do Delegado de polícia. A Lei
12.830/13 estabelece isso:

Art. 2ª (...)
§6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a
autoria, materialidade e suas circunstâncias.

O indiciamento não pode ser requisitado pelo MP e nem pelo juiz!

STF: “(...) Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade


policial, não existe fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber
a denúncia, requisitar ao Delegado de Polícia o indiciamento de determinada
pessoa. A rigor, requisição dessa natureza é incompatível com o sistema
acusatório, que impõe a separação orgânica das funções concernentes à
persecução penal, de modo a impedir que o juiz adote qualquer postura inerente
à função investigatória. Doutrina. Lei 12.830/2013. Ordem concedida. (STF, 2ª
Turma, HC 115.015/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 27/08/2013).

10.5. Sujeito passivo.

Quem que pode ser indiciado?

REGRA = qualquer pessoa pode ser indiciada.

Existem algumas exceções à regra no que tange a prerrogativas:

1ª Exceção = JUÍZES e PROMOTORES


A lei orgânica da magistratura e a do Ministério Público (Lei 8625 e LC 35),
estabelece que essas autoridades não podem ser indiciadas. Quando existirem
indícios suficientes de autoria e materialidade do fato, o inquérito deverá, nesses
casos, ser remetido à Procuradoria Geral que designará membros que realizarão
as devidas investigações (Promotor de Justiça).

2ª Exceção = demais AUTORIDADES COM FORO POR PRERROGATIVA DE


FUNÇÃO
Não há previsão legal. A exceção é resultado de uma decisão do STF, numa
questão de ordem suscitada, no inquérito de nº 2411, onde afirma que tratando-
se de autoridade dotada de foro por prerrogativa de função (ex: deputado federal,
senador, prefeito, governador), se você quiser indiciar essa autoridade, você
precisa de autorização do tribunal competente na pessoa do relator designado
para aquele caso.

STF: “(...) Se a Constituição estabelece que os agentes políticos respondem, por


crime comum, perante o STF (CF, art. 102, I, b), não há razão constitucional
plausível para que as atividades diretamente relacionadas à supervisão judicial
(abertura de procedimento investigatório) sejam retiradas do controle judicial do
STF. A iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF
contando com a supervisão do Ministro-Relator do STF. A Polícia Federal não
está autorizada a abrir de ofício inquérito policial para apurar a conduta de
parlamentares federais ou do próprio Presidente da República (no caso do STF).
No exercício de competência penal originária do STF (CF, art. 102, I, “b” c/c Lei
nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts. 230 a 234), a atividade de supervisão
judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitação
das investigações desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o
eventual oferecimento, ou não, de denúncia pelo dominus litis. Questão de
ordem resolvida no sentido de anular o ato formal de indiciamento promovido
pela autoridade policial em face do parlamentar investigado”. (STF, Pleno, Inq.
2.411 QO/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 74 24/04/2008).

Obs: Surgindo indícios da prática de crime por parte de magistrado, o


prosseguimento dessa investigação criminal não depende de deliberação
do órgão especial do tribunal competente, cabendo ao relator a quem o
inquérito foi distribuído determinar as diligências que entender cabíveis. O
parágrafo único do art. 33 da LOMAN não autoriza concluir ser necessária a
submissão do procedimento investigatório ao órgão especial tão logo chegue ao
tribunal competente, para que seja autorizado o prosseguimento do inquérito.
Trata-se, em verdade, de regra de competência. No tribunal, o inquérito é
distribuído ao relator, a quem cabe determinar as diligências que entender
cabíveis para realizar a apuração, podendo chegar, inclusive, ao arquivamento.
Cabe ao órgão especial receber ou rejeitar a denúncia, conforme o caso,
sendo desnecessária a sua autorização para a instauração do inquérito judicial.
Nesse contexto: STJ, 6ª Turma, HC 208.657/MG, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, j. 22/4/2014, DJe 13/05/2014.

10.6. Afastamento do servidor público do exercício de suas funções como efeito


automático do indiciamento em crimes de lavagem de capitais.

A Lei de Lavagem (Lei nº 9.613/98) é de 1998 e alterada em 2012, trazendo um


dispositivo que foi alvo de polêmica:

Art. 17-D, com redação dada pela Lei nº 12.683/12: “Em caso de indiciamento
de servidor público, este será afastado, sem prejuízo da remuneração e
demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão
fundamentada, o seu retorno”.

A lei prevê que do indiciamento irá resultar automaticamente o afastamento


desse servidor. Aos olhos da doutrina, esse dispositivo seria inconstitucional,
uma vez que não posso permitir que uma mero indiciamento acarrete o
afastamento do servidor. Caso entenda-se que o afastamento deve ocorrer, não
se tratará de competência do Delegado no ato do indiciamento, mas sim o juiz,
valendo-se das cautelares diversas da prisão, do art. 319, inciso VI, do CPP.

11. Conclusão do inquérito policial.


11.1. Prazo para a conclusão do IP.

- Indivíduo solto = 30 dias (prazo pode ser prorrogado quantas vezes forem
necessárias, conforme a doutrina e jurisprudência).

- Indivíduo preso = 10 dias (prazo não pode ser prorrogado)*

*Os tribunais superiores entendem que a contagem desses prazos, quando o


indivíduo está preso, não é feita de maneira isolada, mas sim globalizada, total.
Por mais que esteja-se no 12ª dia de inquérito o indivíduo preso, esses dois dias
poderão ser compensados mais pra frente, além da própria complexidade do
caso justificar a dilação que não foi tão grande assim.

Qual a natureza desse prazo? Penal (material) ou processual penal?


Quando um prazo tem natureza material, trabalha-se com o art. 10 do CP, no
qual, o dia do começo inclui-se no computo do prazo. Se for processual, o prazo
só começa a fluir a partir do primeiro dia útil subsequente. Se o prazo processual
terminar em sábado ou domingo, ele é prorrogado até o primeiro dia útil
subsequente.

- Investigado solto = prazo com natureza processual (unânime)

- Investigado preso = prazo penal (material) ou processual. A última posição é a


mais acertada.

Art. 10, CPP: “O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado


tiver ido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipóteses, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

- Atenção para alguns prazos previstos na legislação especial:

Lei 5.010/66 (Justiça Federal)


Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando
o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido,
devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que
competir o conhecimento do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do
inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz.

Preso = 15 dias (+15)

Lei 11.343/06 (Drogas)


Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o
indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados
pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade
de polícia judiciária.

Preso = 30 dias
Solto = 90 dias

CPPM
Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro de vinte dias, se o indiciado estiver
preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão;
ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir
da data em que se instaurar o inquérito. 1º Este último prazo poderá ser
prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não
estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de
diligência, indispensáveis à elucidação do fato.

Preso = 20 dias
Solto = 40 dias

Lei nº 1.521/51 (crimes contra a economia popular)


Art. 10. (...) §1º Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria)
deverão terminar no prazo de 10 (dez) dias.

Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos)


Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)
§4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro
de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
(Incluído pela Lei 11.464 de 2007)

PRAZO SOLTO PRESO


Justiça Estadual 30 10
Justiça Federal 30 15 + 15
Lei de drogas 90 + 90 30 + 30
Justiça Militar 40 20
Crimes contra a
economia popular 10 10

Prisão temporária em
crimes hediondos Não se aplica 30 + 30

11.2. Providência a serem adotadas pelo MP após ter vista dos autos do
inquérito policial

Não são necessariamente providências alternativas, dependendo do caso, pode


ser tomada mais de uma delas. As providências dependem da espécie de ação:
a) Crimes de ação penal privada – MP vai pedir a permanência dos autos
em cartório, aguardando-se a iniciativa do ofendido. A titularidade desses
crimes é do ofendido ou de seu representante legal, não restando ao MP
outra opção. O juiz dá vista ao MP, pois as vezes pode haver naquele
crime outro que seja de ação pública.

CPP  Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o
pedir, mediante translado.

b) Crimes de ação penal pública – várias possibilidades.

b.1. Oferecimento de denúncia:

b.2. Promoção de arquivamento:

b.3. Requisição de diligências: feitas diretamente do MP ao Delegado,


salvo de houver necessidade de autorização judicial. Essas diligências devem
ser imprescindíveis para o oferecimento da denúncia, não devendo ser utilizadas
para protelar a provável denúncia.

CPP  Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do


inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao
oferecimento da denúncia.

b.4. Declinação da competência: deverá ser apresentada quando o MP


concluir que o juízo não teria competência para processar o feito.

b.5. Suscitar conflito de competência: não é a mesma coisa que


declinar competência. Ao suscitar o conflito, um outro juízo já havia se
manifestado no sentido da (in)competência.

Ex: Justiça Estadual declina da competência de um crime que entende ser de


moeda falsa, e remete os autos à Justiça Federal. Chegando na Justiça Federal,
o juízo entende tratar-se de crime de estelionato, pois a falsificação foi grosseira,
não caracterizando moeda falsa (suscitado o conflito de competência), sendo a
competência deste crime da Justiça Estadual

Conflito de competência: trata-se de instrumento que visa dirimir eventual


controvérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias acerca da
in(competência) para o processo e julgamento de determinada demanda.
Previsto no art. 113 a 117 do CPP.

Espécies de conflitos de competência:

a) POSITIVO: ocorre quando duas ou mais autoridades se entendem


COMPETENTES para julgamento do delito
b) NEGATIVO: mais comum, ocorre quando duas ou mais autoridades
judiciárias se consideram INCOMPETENTES para o julgamento de
determinada demanda.

Atenção para o limite temporal previsto na súmula 59 do STJ: não há conflito de


competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos
juízos conflitantes.

Tribunal competente para decidir o conflito de competência

Quando o juízo A e o juízo B estiverem com conflito, deve-se subir na hierarquia


do Poder Judiciário, até que se encontre um órgão superior e comum a ambos
para dirimir o conflito. Além disso, ressalta-se que não haverá conflito quando
houver hierarquia jurisdicional. Por exemplo, não existe conflito entre tribunal de
justiça e turma recursal.

Súmula 348 do STJ: compete ao Superior Trinual de Justiça decidir os conflitos


de competência entre juizado especial federal e juízo federal, ainda que da
mesma seção judiciária.

Súmula 428 do STJ: compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos


de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção
judiciária.
- leia-se (vale) também a súmula 428 no âmbito da justiça estadual: compete ao
Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre juizado especial
estadual e juiz estadual pertencente ao mesmo tribunal.

- Distinção entre conflito de competência e conflito de atribuições:


Conflito de atribuições é o que se estabelece entre duas ou mais autoridades
administrativas (dois ou mais órgãos do Ministério Público) que possuem
responsabilidade ativa para a persecução penal. O conflito de competência é
quando algum juiz estiver envolvido. O conflito também pode ser negativo ou
positivo.

1) MP/RS X MP/RS: Procurador Geral de Justiça do RS


2) MPF/BA X MPF/PE: Câmara de Coordenação e Revisão (art. 49, IIX)
3) MPM X MPF: Procurador Geral da República (chefe na União)
4) MPF/RS X MP/SC: Procurador Geral da República*
5) MP/MG X MP/BA: Procurador Geral da República*

STF: “Não cabe ao STF julgar conflitos de atribuição entre o Ministério Público
Federal e os Ministérios Públicos dos Estados. A questão não é jurisdicional, e
sim administrativa. Logo, seve ser remetida ao Procurador-Geral da República”.
(STF, ACO 924/ ACO 1.394/ PET 4.706/ PET 4.863).

12. Arquivamento do Inquérito Policial.


O arquivamento do inquérito policial é uma decisão judicial, muito embora ainda
não haja um processo judicial em curso. Ele depende de um pedido de promoção
de arquivamento feito pelo MP, que será apreciado pelo juiz.

Trata-se, portanto, de decisão judicial. Resulta do consenso do MP (promoção


de arquivamento) e do juiz (homologação).

O inquérito policial não pode ser arquivado de ofício pelo juiz, nem mesmo nos
casos de foro por prerrogativa de função.

STF: “(...) O inquérito policial é procedimento de investigação que se destina a


apetrechar o Ministério Público (que é o titular da ação penal) de elementos que
lhe permitam exercer de modo eficiente o poder de formalizar denúncia. Sendo
que ele, MP, pode até mesmo prescindir da prévia abertura de inquérito policial
para a propositura da ação penal, se já dispuser de informações suficientes para
esse mister de deflagrar o processo crime. É por esse motivo que incumbe
exclusivamente ao Parquet avaliar se os elementos de informação de que dispõe
são ou não suficientes para a apresentação da denúncia, entendida esta como
ato-condição de uma bem caracterizada ação penal. Pelo que nenhum inquérito
é de ser arquivado sem o expresso requerimento ministerial público”. (STF, 1ª
Turma, HC 88.589/GO, Rel. Min. Carlos Britto, j. 28/11/2006, DJ 23/03/2008).

STF: “(...) Deveras, mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por
prerrogativa de função, é do Ministério Público o mister de conduzir o
procedimento preliminar, de modo a formar adequadamente o seu
convencimento a respeito da autoria e materialidade do delito, atuando o
Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir ilegalidades
manifestas. In casu: (i) inquérito destinado a apurar a conduta de parlamentar,
supostamente delituosa, foi arquivado de ofício pelo i. Relator, sem prévia
audiência do Ministério Público; (ii) não se afigura atípica, em tese, a conduta de
Deputado Federal que nomeia funcionário para cargo em comissão de natureza
absolutamente distinta das funções efetivamente exercidas, havendo juízo de
possibilidade da configuração do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, do
Código Penal)”. (STF, Pleno, Inq. 2.913 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, j.
1º/03/2012, DJe 121 20/06/2012).

12.1. Fundamentos para o arquivamento.

A lei não fala explicitamente quais são esses fundamentos.


Os fundamentos são:
1) Interpretação sistemática;
2) Cumprimento integral do acordo de não persecução penal;

A interpretação sistemática do Código de Processo Penal, em seu art. 395


(causas de rejeição da peça acusatória) e no art. 397 (causas de absolvição
sumária). A doutrina orienta a utilização desses dois artigos para a
fundamentação do arquivamento do IP.
CPP
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I – for manifestamente inepta; (não vale para arquivamento)
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste


Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
a inimputabilidade; (o inimputável tem que ser denunciado com pedido de
absolvição imprópria, pois a medida de segurança só pode ser aplicada após
o final de um devido processo legal).
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (atipicidade da
conduta – formal ou material)
IV – extinta a punibilidade do agente.

Além deste, o outro fundamento se refere ao cumprimento integral do acordo


de não persecução penal. Neste acordo feito entre o MP e o autor do delito,
deixa-se de processar o indivíduo se houver o cumprimento de determinadas
condições. Se forem cumpridas tais condições, o inquérito deverá ser arquivado.

Resolução n. 181 do CNMP, com redação alterada em 12/12/2017


Art. 18. (...)
§11 Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá o
arquivamento da investigação, nos termos desta Resolução.

12.2. Coisa julgada na decisão de arquivamento.


Quando o juiz determina o arquivamento do inquérito, essa decisão faz coisa
julgada? Se sim, coisa julgada formal ou formal e material?

Coisa julgada: ocorre em relação à decisão judicial contra a qual não caiba mais
recurso, tornando-se imutável.
Há coisa julgada quando houve o esgotamento de todos os recursos, seja
porque nenhum recurso foi interposto, seja porque todos os recursos disponíveis
foram interpostos. O principal efeito da coisa julgada é a imutabilidade daquela
decisão. Quando não cabe mais recurso, posso dizer que não cabe mais recurso,
e portanto, aquela decisão tornou-se imutável.

A coisa julgada pode ser formal ou material:


COISA JULGADA FORMAL: é formada dentro do processo em que a decisão
foi proferida. Imutabilidade da decisão dentro do processo. (endoprocessual –
dentro)

COISA JULGADA MATERIAL: pressupõe a coisa julgada formal. É a


imutabilidade daquela decisão fora do processo em que foi proferida.
Imutabilidade da decisão que se estende para fora do processo.
(extraprocessual – fora do processo)

Em torno da decisão de arquivamento, a coisa julgada depende do fundamento


utilizado.

Quando uma decisão é proferida com base em aspectos processuais,


geralmente a decisão só faz coisa julgada formal. Por outro lado, quando a
decisão leva em consideração aspectos do direito material, a coisa julgada será
também material.

Quando o arquivamento se der nas hipóteses dos incisos II e III do art. 395 do
CPP, a coisa julgada será formal. Nos incisos do art. 397 do CPP, relacionadas
com o mérito, a coisa julgada será formal e material.

FUNDAMENTOS DO ARQUIVAMENTO COISA JULGADA


Ausência de pressupostos processuais ou de
condições da ação Formal

Falta de justa causa Formal


Atipicidade Formal e material
Excludente de ilicitude Formal e material*
Excludente de culpabilidade Formal e material
Excludente de punibilidade Formal e material

OBS: quando o IP for arquivado com base em uma excludente da ilicitude, não
haverá coisa julgada material, ou seja, o IP poderá ser desarquivado. (STF)

STJ: “(...) A representação do ofendido ou de seu representante legal – condição


de procedibilidade da ação penal pública condicionada – prescinde de rigor
formal, sendo suficiente a demonstração inequívoca da parte interessada de que
seja apurada e processada a infração penal. A comprovação da miserabilidade
da família da vítima pode se dar pela simples declaração verbal ou até pela
notoriedade do fato, não sendo imprescindível a apresentação do atestado de
pobreza. Improcede a alegação de decadência quando a representação dos
responsáveis pelo menor ofendido for apresentada tempestivamente, tão logo
tomem conhecimento da autoria do crime. O promotor de Justiça não exaure
suas atribuições no feito quando promove o arquivamento do inquérito se
manifestando apenas sobre condição de procedibilidade da ação penal pública
condicionada à representação, sem se pronunciar sobre a justa causa para a
ação penal”. (STJ, 5ª Turma, HC 54.148/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 27/03/2008,
DJe 22/04/2008).

STF: “(...) Não se revela cabível a reabertura das investigações penais, quando
o arquivamento do respectivo inquérito policial tenha sido determinado por
magistrado competente, a pedido do Ministério Público, em virtude da atipicidade
penal do fato sob apuração, hipótese em que a decisão judicial – porque
definitiva – revestir-se-á da eficácia preclusiva e obstativa de ulterior instauração
da “persecutio criminis”, mesmo que a peça acusatória busque apoiar-se em
novos elementos probatórios. Inaplicabilidade, em tal situação, do art. 18 do CPP
e da Sumula 524/STF”. (STF, 2ª Turma, HC 84.156/MT, Rel. Min. Celso de Mello,
DJ 11/02/2005).

STF: “(...) A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a
punibilidade do réu pode ser revogada, dado que não gera coisa julgada em
sentido estrito”. (STF, 2ª Turma, HC 84.525/mg, Rel. Min. Carlos Velloso, j.
16/11/2004, DJ 03/12/2004).

STF: “(...) O arquivamento de inquérito, a pedido do Ministério Público, em


virtude da prática de conduta acobertada pela excludente de licitude do estrito
cumprimento do dever legal (COM, art. 42, inciso III), não obsta seu
desarquivamento no surgimento de novas provas (Súmula nº 5241/STF).
Precedente. Inexistência de impedimento legal para a reabertura do inquérito na
seara comum contra o paciente e o corréu, uma vez que subsidiada pelo
surgimento de novos elementos de prova, não havendo que se falar, portanto,
em invalidade da condenação perpetrada pelo Tribunal do Júri. 3. Ordem
denegada. STF, 2ª Turma, HC 125.101/SP, Rel. min. Dias Toffoli, j. 25/08/2015,
DJe 180 10/09/2015).

12.2. Desarquivamento do Inquérito policial e oferecimento da denúncia.

Desarquivamento do inquérito e oferecimento da denúncia só é valido quando a


decisão de arquivamento produzir apenas coisa julgada formal. Afinal de
contas, quando o arquivamento produzir coisa julgada formal e material, não há
falar em desarquivamento, porque aquela decisão tornar-se-á imutável dentro e
fora do processo em que foi proferida.

Hipóteses:
- Ausência de pressupostos processuais ou de condições da ação;
- Falta de justa causa;

Essa decisão é produzida com base na cláusula “rebus sic stantibus” = trata-se
de uma decisão proferida com base naqueles pressupostos então existentes. Se
houver uma alteração dos pressupostos, a decisão poderá ser modificada.

Ex) O arquivamento do inquérito por desconhecimento do autor do delito é uma


decisão que faz coisa julgada formal, com base na cláusula, portanto, se houver
uma mudança dos pressupostos fáticos ou jurídicos que deram amparo a essa
decisão, a decisão poderá ser modificada. Aí então, surgindo o desarquivamento
e o oferecimento de nova denúncia.

Atenção: desarquivamento não se confunde com o subsequente e possível


oferecimento de denúncia.
Desarquivamento Oferecimento da denúncia

Reabertura das investigações; - Preciso de: provas novas


(capazes de alterar o contexto
- Preciso de: notícia de provas novas probatório dentro do qual foi proferida
a decisão de arquivamento).
Ex. de notícia de prova) anotar a placa
da moto Ex. de prova nova) dono da moto

Fundamento: art. 18, CPP Fundamento: Súmula 524, STF

PROVAS NOVAS, podem ser:


a) Substancialmente nova – prova inédita, que era até então
desconhecida.
b) Formalmente nova – prova que já existia, mas que ganhou uma nova
versão. (ex: testemunha que antes mentiu, e depois deu nova versão)

CPP
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. = DESARQ.

Súmula 524, STF:


“Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor
de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”. = OFEREC.
DENÚNCIA.

12.4. Procedimento do arquivamento.

- Art. 28, CPP = regula o procedimento do arquivamento no âmbito da justiça


estadual.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,


requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferece-
la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado
a atender.

ARTIGO CONHECIDO COMO PRINCÍPIO DA DEVOLUÇÃO


O art. 28 também é utilizado todas as vezes que não houver concordância entre
o juiz e o MP, como por exemplo: recusa injustificada em oferecer proposta de
transação ou suspensão condicional do processo; colaboração premiada;
aditamento no caso de mutatio libelli.
a) Arquivamento na Justiça Estadual

MP JUIZ PROCURADOR
não homologa
GERAL DE
promoção de
Art. 28, CPP JUSTIÇA
arquivamento

OBS.: Quando o juiz aplica o art. 28, está exercendo uma função anômala de
fiscal do princípio da obrigatoriedade. Trata-se de função estranha à figura
do juiz, que acaba fiscalizando o princípio da obrigatoriedade da ação penal
pública.

• O procurador geral não pode designar mesmo promotor do arquivamento;


• O procurador deverá designar outro órgão do MP (outra promotoria) para
analisar o caso, o qual agirá como se fosse longa manus do procurador
geral (age por delegação) ficará obrigado a oferecer denúncia caso o
procurador tenha designado o órgão para tanto.

12.5. Arquivamento implícito.

Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato ou autor


investigado, sem, todavia, se manifestar quanto ao arquivamento.
Não é admitido pela doutrina e nem pelos tribunais superiores! Porque toda
manifestação ministerial deve ser fundamentada...

STF: “(...) Inexiste dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito do


inquérito policial, devendo ser o pedido formulado expressamente, a teor do
disposto no art. 28 do Código Processual Penal. Inaplicabilidade do princípio da
indivisibilidade à ação penal pública”. (STF, 1ª Turma, RHC 95.141/RJ, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, j. 06/10/2009, DJe 200 22/10/2009).

12.6. Arquivamento indireto.

Ocorre quando o MP deixa de oferecer denúncia por entender que o juízo


perante o qual atua não teria competência para o julgamento daquela demanda.

A solução novamente, passa pelo art. 28, devendo o juiz remeter os autos ao
Procurador Geral.
STJ: “(...) Quando o órgão ministerial, por meio do Procurador-Geral de Justiça,
deixa de oferecer denúncia em razão de incompetência do Juízo, entendendo
este ser o competente, opera-se o denominado arquivamento indireto”. (STJ, 3ª
Seção, CAT 225/MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 09/09/2009).

12.8. Arquivamento de ofício.

Nenhum inquérito policial pode ser arquivado de ofício!!

12.9. Arquivamento determinado por juízo absolutamente incompetente.

Ex) crime eleitoral, foi objeto de arquivamento, com base em suposta atipicidade.
O arquivamento foi determinado pela Justiça Militar. Será que esse
arquivamento faz coisa julgada?

Posição minoritária: não faz coisa julgada.

Jurisprudência: Se houve uma decisão proferida por uma autoridade judiciaria,


ainda que absolutamente incompetente, essa decisão transita em julgado.

STF: “(...) A decisão que determina o arquivamento do inquérito policial, quando


fundado o pedido do Ministério Público em que o fato nele apurado não contitui
crime, mais que preclusão, produz coisa julgada material, que – ainda quando
emanada a decisão de juiz absolutamente incompetente -, impede a
instauração de processo que tenha por objeto o mesmo episódio (...)” (STF,
1ª Turma, HC 83.346/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 17/05/2005, DJ
19/08/2005).

13. Investigação Criminal pelo Ministério Público.

O Supremo entendeu que o MP pode sim investigar. A investigação não


é tarefa precípua do Ministério Público, fazendo-a de maneira subsidiária,
complementar, apenas em situações em que a polícia não consiga investigar tais
delitos, como por exemplo: crimes cometidos por policias, crimes cometidos pela
Administração Pública.
O Supremo utilizou, inclusive, a Teoria dos Poderes Implícitos = quando
a CF confere a determinado órgão uma determinada finalidade, a ele também
concede, implícita e simultaneamente, todos os meios para se desincumbir
desse mister.
Assim, do que adiantaria a Constituição outorgar ao MP a titularidade da
ação penal pública se também não concedesse o poder investigatório.

Argumentos favoráveis:
a) Não há falar em violação ao sistema acusatório = pois tudo o que for
produzido pelo MP durante uma investigação, receberá o mesmo
tratamento dispensado àqueles elementos de informação. Ou seja, após
esses elementos precisarão ser confirmados sobre o crivo do contraditório
e da ampla defesa.
b) Teoria dos Poderes Implícitos = ao conceder uma atividade-fim a
determinado órgão, a Constituição também concede a ele, implícita e
simultaneamente, todos os meios necessários para a consecução
daquele objetivo.
c) Polícia Judiciária não se confunde com Polícia Investigativa = a tarefa
investigatória não é exclusiva da polícia, confirmado pelo parágrafo único
do art. 4º, do CPP.
d) Procedimento investigatório criminal: Resolução n. 181 do CNMP = é o
instrumento a ser utilizado pelo Ministério Público.

Súmula 234 do STJ: a participação de membro do Ministério Público na fase


investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia.

Resolução 181 do CNMP (07/08/2017): Dispõe sobre a instauração e tramitação


do procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público.

Informativo n. 785 do STF (14/05/2015): RE 593.727 (Rel. Min. Gilmar Mendes)


O ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade
própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que
respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a
qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus
agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os
advogados, sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado
democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos,
necessariamente documentados (Enunciado 14 da súmula vinculante),
praticados pelos membros dessa Instituição. (...) A legitimidade do poder
investigatório do órgão seria extraída da Constituição, a partir da cláusula que
outorgaria o monopólio da ação penal pública e o controle externo sobre a
atividade policial. O “parquet”, porém, não poderia presidir o inquérito policial,
por ser função precípua da autoridade policial. Ademais, a função investigatória
do Ministério Público não se converteria em atividade ordinária, mas
excepcional, a legitimar a sua atuação em casos de abuso de autoridade, prática
de delito por policiais, crimes contra a Administração Pública, inércia dos
organismos policias, ou procrastinação indevida no desemprenho de
investigação penal, situações que, exemplificativamente, justificariam a
intervenção subsidiária do órgão ministerial. (...) Haveria, no entanto, a
necessidade de fiscalização da legalidade dos atos investigatórios, de
estabelecimento de exigências de caráter procedimental e de se respeitar
direitos e garantias que assistiriam a qualquer pessoa sob investigação –
inclusive em matéria de preservação da integridade de prerrogativas
profissionais dos advogados, tudo sob o controle e a fiscalização do Poder
Judiciário”.

14. Acordo de não persecução penal.


Deixa de lado o princípio da obrigatoriedade (todo e qualquer crime deve
ser processado) e aplica o princípio da oportunidade da ação penal pública,
baseado em critérios de política criminal, cabe ao MP deliberar quais são os
crimes que realmente interessam à sociedade.

14.1. Conceito.
O acordo de não persecução penal pode ser tratado como um verdadeiro
negócio jurídico extrajudicial, celebrado entre o autor do delito (assistido por
defensor) e o Ministério Público, o qual, obrigatoriamente, será submetido a
homologação judicial, onde o indivíduo confessará formal e
circunstanciadamente a prática do delito e se sujeitará a determinadas condições
(não privativas de liberdade), as quais, após totalmente compridas, ensejarão o
arquivamento do inquérito policial.

14.2. Previsão normativa.


Não está previsto em lei ordinária, e sim na Resolução 181 do CNMP (art. 18).

Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
ao investigado acordo de não persecução penal, quando, cominada pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou
grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal e
circunstanciadamente a sua prática, mediante as seguintes condições, ajustadas
cumulativa ou alternadamente:
I – reparar o dano ou restitui a coisa à vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois
terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público;
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código
Penal, a entidade pública ou de interesse social a ser indicada pelo Ministério
Público, devendo a prestação ser destinada preferencialmente àquelas
entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito;
V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal aparentemente praticada.

14.3 (In)constitucionalidade do art. 18 da Resolução n. 181 do CNMP


O grande problema é a previsão normativa, pois o acordo está previsto em
Resolução, e não em lei ordinária, como acontece com a transação penal,
suspensão condicional do processo e a colaboração premiada.

1ª corrente = inconstitucional.
Argumentos: a matéria em questão trata sobre direito processual penal, cabe a
União legislar sobre o assunto, e não um órgão de natureza administrativa
(CNMP). (aparentemente mais forte esta corrente)

2ª corrente = constitucional.
Argumentos: o CNMP ele pode expedir atos regulamentares, ou seja, detém
atribuições administrativas, e esses atos do CNMP e do CNJ são dotados de
caráter normativo primário, pois extraem seu fundamento de validade de
dispositivos constitucionais. (Posição do CNMP)

Ainda não há posição definitiva do Supremo! Mas provável que seja de acordo
com a inconstitucionalidade.

VERIFICAR NO ESTADO SE O MP JÁ VEM FAZENDO ACORDOS, E QUAL A


ORIENTAÇÃO DO MP DO ESTADO************

14.4. Requisitos para celebração do acordo

Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
ao investigado acordo de não persecução penal quando, cominada pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência
ou grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal e
circunstanciadamente a sua prática, mediante as seguintes condições, ajustadas
cumulativa ou alternativamente: (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24
de janeiro de 2018)
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo;
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo Ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime; (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois
terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público; (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código
Penal, a entidade pública ou de interesse social a ser indicada pelo Ministério
Público, devendo a prestação ser destinada preferencialmente àquelas
entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal aparentemente praticada.
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que: (Redação dada
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
I – for cabível a transação penal, nos termos da lei; (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
II – o dano causado for superior a vinte salários mínimos ou a parâmetro
econômico diverso definido pelo respectivo órgão de revisão, nos termos da
regulamentação local; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro
de 2018)
III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no art. 76, §
2º, da Lei nº 9.099/95; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro
de 2018)
IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a
prescrição da pretensão punitiva estatal; (Redação dada pela Resolução n° 183,
de 24 de janeiro de 2018)
V – o delito for hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei
nº 11.340, de 7 de agosto de 2006; (Redação dada pela Resolução n° 183, de
24 de janeiro de 2018)
VI – a celebração do acordo não atender ao que seja necessário e
suficiente para a reprovação e prevenção do crime. (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 2º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo serão
registrados pelos meios ou recursos de gravação audiovisual, destinados a obter
maior fidelidade das informações, e o investigado deve estar sempre
acompanhado de seu defensor. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24
de janeiro de 2018)
§ 3º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completa
do investigado e estipulará de modo claro as suas condições, eventuais valores
a serem restituídos e as datas para cumprimento, e será firmado pelo membro
do Ministério Público, pelo investigado e seu defensor. (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 4º Realizado o acordo, a vítima será comunicada por qualquer meio
idôneo, e os autos serão submetidos à apreciação judicial. (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 5º Se o juiz considerar o acordo cabível e as condições adequadas e
suficientes, devolverá os autos ao Ministério Público para sua implementação.
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 6º Se o juiz considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou
insuficientes as condições celebradas, fará remessa dos autos ao procurador-
geral ou órgão superior interno responsável por sua apreciação, nos termos da
legislação vigente, que poderá adotar as seguintes providências: (Redação dada
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
I – oferecer denúncia ou designar outro membro para oferecê-la;
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
II – complementar as investigações ou designar outro membro para
complementá-la; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de
2018)
III – reformular a proposta de acordo de não persecução, para apreciação
do investigado; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
IV – manter o acordo de não persecução, que vinculará toda a Instituição.
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 7º O acordo de não persecução poderá ser celebrado na mesma
oportunidade da audiência de custódia. (Redação dada pela Resolução n° 183,
de 24 de janeiro de 2018)
§ 8º É dever do investigado comunicar ao Ministério Público eventual
mudança de endereço, número de telefone ou e-mail, e comprovar mensalmente
o cumprimento das condições, independentemente de notificação ou aviso
prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar
imediatamente e de forma documentada eventual justificativa para o não
cumprimento do acordo. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro
de 2018)
§ 9º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ou não
observados os deveres do parágrafo anterior, no prazo e nas condições
estabelecidas, o membro do Ministério Público deverá, se for o caso,
imediatamente oferecer denúncia. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de
janeiro de 2018)
§ 10 O descumprimento do acordo de não persecução pelo investigado
também poderá ser utilizado pelo membro do Ministério Público como justificativa
para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
(Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 11 Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá o
arquivamento da investigação, nos termos desta Resolução. (Incluído pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 12 As disposições deste Capítulo não se aplicam aos delitos cometidos
por militares que afetem a hierarquia e a disciplina. (Incluído pela Resolução n°
183, de 24 de janeiro de 2018)
§ 13 Para aferição da pena mínima cominada ao delito, a que se refere o
caput, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao
caso concreto. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)

14.5. Condições a serem impostas ao investigado.


Confessar o delito + cumprimento das condições do art. 18.

14.6. Controle jurisdicional.

Um vez celebrado o acordo, ele é levado para homologação judicial.

14.7. Descumprimento injustificado das obrigações assumidas pelo


investigado.

Se o indivíduo descumprir as condições, de núncia será oferecida contra ele.

14.8. Cumprimento integral do acordo de não persecução penal.

Após o cumprimento integral do acordo, haverá o arquivamento do procedimento


investigatório.

15. Controle externo da atividade policial pelo Ministério Público.

15.1. Conceito.
Deve ser compreendido como o conjunto de normas que regulam a fiscalização
exercida pelo Ministério Público em relação à polícia, na prevenção, apuração e
investigação de fatos delituosos, na preservação dos delitos e garantias
constitucionais dos presos que estejam sob responsabilidade das autoridades
policias e na fiscalização do cumprimento das determinações judiciais.
15.2. Previsão.

Art. 129, CF: São funções institucionais do Ministério Público:


(...)
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;

LC 75/93
Art. 9º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade
policial por meio de medidas judiciais e extrajudiciais podendo:
I – ter livre ingresso em estabelecimentos policiais ou prisionais;
II – ter acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial;
III – representar à autoridade competente pela adoção de providências para
sanar a omissão indevida, ou para prevenir ou corrigir ilegalidade ou abuso de
poder;

Resolução n. 20 do CNMP – disciplina, no âmbito do MP, o controle esterno da


atividade policial.

15.3. Espécies de Controle.

a) Controle difuso: exercido por todos os promotores. É aquele exercido


por todos os órgãos do MP com atribuição criminal por ocasião da análise
dos procedimentos que lhes são distribuídos.

b) Controle concentrado: promotor de justiça designado para exercer


atribuições específicas quanto ao controle externo. É aquele exercido por
órgãos do MP com atribuição específica para o controle externo da
atividade policial.

16. Investigação por Detetive Particular.

Pode ser contratado para coletar informações de natureza não criminal.

Lei n. 13.432/17

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se detetive particular o profissional que,
habitualmente, por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial,
planeje e execute coleta de dados e informações de natureza não criminal,
com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos
permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do
contratante.

Art. 5º O detetive particular pode colaborar com investigação policial em


curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante.
Parágrafo único. O aceite da colaboração ficará a critério do delegado de
polícia, que poderá admiti-la ou rejeitá-la a qualquer tempo.

Art. 10. É vedado ao detetive particular:


I – aceitar ou captar serviço que configure ou contribua para a prática de infração
penal ou tenha caráter discriminatório;
(...)
IV – participar diretamente de diligências policiais;
V – utilizar, em demanda contra o contratante, os dados, documentos e
informações coletados na execução do contrato.

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