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Análise De Livro Didático De História

Lucas Brito Santana Da Silva1


Leonardo Bruno Da Silva Nascimento

1 – Sobre o autor:
Roberto Catelli Júnior possui graduação em História, mestrado (USP) em
História Econômica e doutorado (USP) em educação. Atualmente é coordenador do
Programa Educação de Jovens e Adultos da Ação Educativa na USP. Também é
autor de uma série de livros didáticos na área de História para o Ensino Médio e EJA.

2 – O livro:
O livro de que nos servimos para a análise didática foi produzido em 2013, além
disso a versão que utilizamos está em um suporte digital, um pdf. Foi escrito apenas
por Roberto Catelli e tem como público os alunos do primeiro ano do Ensino médio.
Sendo acompanhado por outros dois volumes para os anos seguintes, todos sob o
título de Conexão História.
A organização do livro dá-se em duas unidades, contendo a primeira quatro
capítulos e a segunda seis, distribuídos ao longo de 260 páginas. As unidades foram
intituladas respectivamente como “Viver nas cidades” e “Dominação, resistência e
conflito cultural”. Quanto aos capítulos são estes os títulos: O cotidiano das cidades
contemporâneas; Cidades da Antiguidade; Os muros, os feudos e o cristianismo; A
reconstrução do espaço na sociedade capitalista; Conquistas espanholas e
portuguesas na América; A prática colonizadora na América portuguesa; As práticas
colonizadoras espanholas e britânicas; Viajantes e naturalistas no Brasil: a visão do
outro mundo; Diferentes formas de escravidão em diversos tempos; A escravidão
ainda existe?.

3 – Orientação teórica do autor:


Catelli propõe uma história-problema e um ensino de história onde se possa
fazer correlações entre os conteúdos estudados e a realidade social contemporânea.
No livro, no final de cada capítulo é colocada uma série de questões que incitam o

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Discentes do curso de História na Ufal Campus do Sertão. 4º Período. Disciplina: Teoria e
Métodos da História II.
aluno a confrontar aspectos do mundo atual, convidando-o a historiar alguns desses
aspectos. O autor não segue um único paradigma teórico, apesar de estarem listados
na bibliografia apresentada vários historiadores que adotam o materialismo histórico,
é o caso do Ciro Flamarion Cardoso, Pierre Leveque. Estes historiadores são citados
diretamente no corpo dos textos escritos por Catelli, entretanto essas explicações
históricas não estão respaldadas necessariamente no paradigma do materialismo
histórico, como se pode ver na transcrição abaixo:
Desde o Reino Antigo, ao lado das extensas propriedades do rei dos
templos, encontramos uma propriedade dos templos, formada por
doações reais que, por outro lado, frequentemente isentavam tais
terras de impostos e seus habitantes de trabalhos forçados para o
governo. Também achamos diversas gradações de propriedades
privadas em mãos de altos funcionários, algumas com caráter vitalício,
outras transmissíveis hereditariamente; sua origem se prende ao
exercício de funções públicas e à necessidade de manter o culto
funerário. É verdade, porém, que todas as formas de propriedade
existentes ao lado da do rei dependiam da aprovação do monarca
(inclusive no caso de herança paterna ou materna) (CARDOSO apud
CATELLI, 2013, p. 31).

Na citação acima, apesar de se tratar de um historiador marxista, a explicação


histórica não está ancorada no materialismo histórico, é uma compreensão produzida
a partir dos documentos que sobreviveram do Egito Antigo. É algo fácil de
compreender se tivermos em mente que “teorias” não necessariamente formam um
paradigma.
Outra questão que decorre de não se ter escolhido um único paradigma é que
os choques teóricos reduzem-se, ainda mais porque a explicação histórica não se
reduz ao ancoramento em paradigmas, podendo as explicações partirem de teorias
mais particulares, algo que corroboraria ainda mais a diminuição dos choques
teóricos. Um dos principais fundamentos da pluralidade teórica neste livro é a
abordagem de várias dimensões da realidade humana/social (econômica, social,
mental, cultural), apesar dessa pluralidade aparecer mais nos textos apresentados no
final do capítulo, onde são trazidos vários historiadores. Além de variados “pontos de
vista” trazidos pelo autor, é focada a interdisciplinaridade, onde além dos textos de
outros historiadores, onde já se tem uma história interdisciplinar, são apresentados
textos de pesquisadores de outras áreas, como um texto da arquiteta e urbanista
Raquel Rolnik na unidade “Viver nas cidades”.
Outro ponto interessante neste livro é a apresentação de documentos escritos
das épocas abordadas, além de pinturas, esculturas e outros produtos culturais.
Quanto a esses documentos, não há uma problematização deles, quase que numa
atitude onde espera-se que o documento fale por si mesmo, como se aquilo que o
autor quisesse demostrar com o documento fosse auto-evidente.
Apesar da proposta de uma história-problema, parte do que o livro traz não sai
do âmbito da história factual. A parte da problematização dessa parte factual fica a
cargo dos usuários do livro didático. Aqui cabe uma reflexão a respeito da relação
entre uma história factual e uma história-problema tal como vem sendo proposta pelo
movimento dos Annales desde as primeiras décadas do século passado. A escrita de
uma história-problema elimina toda a informação meramente factual e descritiva de
um texto historiográfico? Não. Para que não se produza uma história que apenas narre
os fatos históricos ou os descreva, o historiador se ver obrigado a interpretá-los, a
entender como a sociedade, os grupos sociais, os sujeitos respondem a um
determinado acontecimento, processo. Não há espaço no livro didático para a
problematização de todo a história nele contada. Ainda que contenha alguma
obviedade nisso, vale lembrar de como é produzida a história-problema: escolhida a
temática, o objeto de estudo, coloca-se um problema central, então o historiador em
sua pesquisa passa a construir uma resposta para esse problema a partir de uma
hipótese, esta por sua vez pode ser seguida de várias hipóteses subjacentes. A seguir
transcrevemos alguns trechos não problematizados:
Nos anos 350 a.C., um novo império começou a ganhar força: o da
Macedônia, liderado por Filipe II (382-336 a.C.). Atenas sofreu várias
derrotas militares para esse império, como a de Olinta, quando Filipe
II arrasou a cidade e escravizou seus habitantes. Em 337 a.C., Atenas
e outras cidades gregas, fragilizadas diante do Império Macedônico,
aceitaram um acordo de paz no qual Filipe II lideraria as cidades
gregas e comandaria a ofensiva contra os persas. Ele faleceu antes
que a campanha contra os persas ocorresse, mas seu filho Alexandre
(356-323 a.C.), de vinte anos de idade, não só derrotou o rei persa
Dario como conquistou o Egito e iniciou uma grande onda de
conquistas pela Europa e pela Ásia Menor, chegando até a Índia. Ele
formou um grande império, do qual a Grécia fazia parte. Esse novo
mundo dominado pelos macedônios ficou conhecido como mundo
helenístico (CATELLI, 2013, p. 39-40).

Diferentemente do que ocorreu no Ocidente, a parte do Império


Romano localizada no Oriente, que tinha sua sede em Constantinopla,
não sofreu as invasões bárbaras. Sob o comando do imperador
Justiniano (527-565), recuperaram-se parte do Império perdido e a
própria cidade de Roma. Após o século VI, entretanto, o Império
Bizantino (relativo à cidade de Bizâncio, atual Istambul), ou Império
Romano do Oriente, não conseguiu manter sua hegemonia,
passando por várias crises, até que, em 1453, foi dominado pelos
turco-otomanos, que tomaram Constantinopla (CATELLI, 2013, p. 64).
Nos dois trechos transcritos, o primeiro sobre a ascensão da Macedônia e o
segundo sobre o império Bizantino, tem-se apenas a narração de fatos não
problematizados. Por exemplo, no primeiro trecho, o que levou Atenas a sofrer essas
derrotas pelo Império Macedônico? Seria meramente uma questão de poder militar?
Estariam por trás conflitos internos? No segundo texto, a “queda” do Império Bizantino
é reduzida à conquista pelos turco-otomanos. Em ambos os casos ver-se a
superestimação do acontecimento de caráter militar, sem a preocupação de um
problematização e explicação que contemple outros tipos de acontecimentos,
processos e dimensões das sociedades em questão.

4 – Conclusão:
O presente livro de história do ensino médio traz, em sua maior parte, uma
história-problema, além de promover a interdisciplinaridade. Ainda que o autor não
problematize alguns documentos apresentados, entendemos que fazer os alunos
entrarem em contato com os documentos da própria época estudada pode ser uma
experiência enriquecedora do processo de aprendizagem, ainda que a parte da
problematização fique por conta do professor e dos próprios alunos, o que não é si
um problema. Quanto aos conteúdos do livro, percebemos que há uma defasagem
em relação à História da África, assim como de povos indígenas do próprio Brasil. Na
primeira unidade, poderiam muito bem aparecer as cidades africanas, por exemplo.
Mas isso é algo que diz respeito a uma discussão que parta do currículo.

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