Artigo Original
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E IMAGEM CORPORAL DE
MULHERES ADULTAS
VIEIRA, Andressa Amorim; SOARES, Priscilla Kálisy Duarte; FINELLI, Leonardo Augusto Couto; JONES, Kimberly Marie,
SOARES, Fernando Bryan Duarte; SOARES, Wellington Danilo
RESUMO
As alterações do estado nutricional são relacionadas
com sérios agravos para a saúde. Este estudo teve
como foco principal analisar o estado nutricional e
imagem corporal de mulheres adultas. Foi realizada
uma pesquisa descritiva, quantitativa e transversal. A
amostra foi constituída de 50 mulheres, na faixa etária
de 20 a 50 anos, inscritas e frequentes no programa de
emagrecimento de uma clínica de estética da cidade
de Bocaiúva – MG. Para avaliação nutricional foi
utilizado um aparelho de bioimpedância e para
mensuração da imagem corporal foi utilizado a
Escala de Silhueta com figuras contendo imagens
corporais. Foi realizada uma análise descritiva dos
dados. Os resultados mostraram que as mulheres
pesquisadas apresentaram médias de IMC e
percentual de gordura com classificação de
sobrepeso. Com relação a imagem corporal as
silhuetas mais apontadas como atual foram a 2 e 3, já a
escolhida como silhueta ideal foi a número 1.
Conclui-se que a amostra foi composta por mulheres
com sobrepeso refletindo no alto nível de insatisfação
com a imagem corporal, que parece se agravar com o
passar do tempo às mulheres, no qual vão
envelhecendo, otimizando o processo de
sedentarismo, aumento do peso e gordura corporal
resultando em baixa autoestima.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliação nutricional.
Autoestima. Índice de massa corporal. Imagem
corporal. Estado Nutricional.
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INTRODUÇÃO
O excesso de peso se tornou um grave
problema de saúde pública, pois serve como fator
motivador para doenças crônicas degenerativas. Seu
aumento gradativo tem relação direta com o
aumento da idade cronológica e diminuição das
capacidades físicas, ocasionando um processo
epidêmico (AMER; MARCON; SANTANA,
2010). Existe um forte apelo divulgado pelas mídias
que tem levado as pessoas a uma desenfreada busca
pelo corpo perfeito, preocupação com a imagem e
peso corporal nos últimos tempos.
Pode-se conceituar a imagem corporal como o
conjunto de percepções, pensamentos e sentimentos
de um indivíduo sobre o seu próprio corpo, e essa
forma de perceber o próprio corpo pode influenciar a
forma como percebemos o ambiente à nossa volta,
inclusive modificando nossas relações com outras
pessoas. (REZENDE, 2011).
A insatisfação com a imagem corporal,
entendida como um sentimento negativo, afeta o
estado psicológico do indivíduo, influencia a
relação com seu peso e à sua forma corporal, é um
aspecto importante para o diagnóstico de alguns
transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia

nervosas. Essa insatisfação com o corpo está
associada a fatores prejudiciais à saúde, como baixa
autoestima, depressão, estados de ansiedade social e,
principalmente, a atitudes inadequadas de controle do
peso, como o abuso de laxantes, usa de substâncias
anorexígenas e esteroides anabólicos, e
comportamentos alimentares inadequados
(CARVALHO, 2013).
A mídia cada vez expõe mais mulheres com
corpos musculosos e tonificados que influenciam
mulheres a insatisfações consigo mesma, e com isso
aumenta mais as buscas por todos os tipos de métodos
existentes de emagrecimento que levam a procura,
por exemplo, por procura por cirurgias plásticas,
programas de exercícios físicos, entre outros
métodos. Mulheres desejam cada dia mais estarem
magras e pensam que esse é o padrão tido como ideal
(RIBEIRO, 2009).
A imagem corporal é uma construção
multidimensional por meio da qual os indivíduos
descrevem as representações internas da estrutura
corporal e da aparência física, em relação a si próprio
e aos outros. Vários fatores podem influenciar o
processo de autoavaliação, dentre eles o gênero, a
idade, os meios de comunicação, além da relação do
corpo com os processos cognitivos como crença,
valores e atitudes inseridos em uma cultura (CASH,
2005).
Dados de diversos estudos têm demonstrado
que há uma tendência, principalmente entre as
mulheres, na escolha de figura mais tonificada,
portanto, uma clara necessidade em expandir o
entendimento em relação com a autoavaliação da
imagem corporal e a autoestima (KAKESHITA,
2009).
Segundo Thompson et.al.(2013), a utilização
do termo imagem corporal seria uma maneira de
padronizar os diferentes componentes que integram a
imagem corporal. Dentre eles tem-se: satisfação com
o peso, o diagnóstico da percepção do tamanho,
satisfação corporal, avaliação da aparência,
estimativa, padronização do corpo ideal, distorção
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Artigo Original
corporal e desordem da imagem corporal, dentre
outras. (DUARTE et.al., 2007).
O método de autoavaliação da imagem
corporal consiste na apresentação de uma
determinada série de figuras que, geralmente vai de
figuras eutróficas até as obesas, onde a avaliada
deverá escolher a figura que representa seu corpo
atual e o desejado. Essas avaliações são úteis não só
para pessoas com preocupação com a estética, mas
para reconhecer casos de pessoas com distúrbios
alimentares como a (anorexia e a bulimia).
(ALMEIDA, 2005).
A avaliação do Índice de Massa Corporal
(IMC) tem se mostrado uma importante ferramenta
de diagnóstico de desnutrição e obesidade,
(Desnutrição IMC < 17), (Sobrepeso IMC ≥25) e
(obesidade IMC≥30). O peso e estatura são duas
medidas antropométricas usuais na prática clínica e
nas pesquisas. Estas medidas são obtidas com
equipamentos específicos e amplamente
disponíveis É um método de baixo custo e que aplica
grandes grupos, é uma alternativa para se monitorar
e controlar o ganho de peso (THOMAZ, 2013).
Em geral, a aplicação de Avaliação de
Bioimpedância tem sido associada a medidas
objetivas que avaliam o estado nutricional. Nesse
aspecto, o índice de massa corporal (IMC) é a
medida mais prática e de fácil reprodução para
determinar o estado nutricional pela análise dos
artigos revistos, contatamos que existe um consenso
sobre temática, pois os estudos apontam para a
existência de relações entre o exercício físico a
depressão e entre o IMC (DRAGAN, 2007).
Dentro deste contexto, o presente estudo
buscou avaliar o estado nutricional e imagem
corporal de mulheres adultas frequentadoras de uma
clínica particular da cidade de Bocaiúva– MG. Além
disso, tal reflexão poderá evidenciar uma ligação
íntima entre moda e corpo feminino, o que a torna
atual e importante ao aprofundamento da temática,
ainda pouco explorada.
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MÉTODO obesidade foram propostas pela Organização
Mundial de Saúde (WHO, 2000).
Essa pesquisa foi submetida e aprovada pelo Para coleta dos dados foi feito inicialmente
Comitê de Ética em Pesquisa da Associação um contato com a clínica de estética e foi
Educativa do Brasil (SOEBRAS) sob o parecer nº apresentado o objetivo e a metodologia da pesquisa
1.145.831/2015. Trata-se de um estudo descritivo, e sua justificativa. Após a autorização, foram
com abordagem quantitativa e transversal. agendados dias e horários para recolha dos dados.
Participaram do estudo 50 mulheres, na faixa Todos os dados foram coletados em uma sala
etária de 20 a 50 anos (31,5 ± 9,2 anos) todas reservada para esse fim.
submetidas a um programa de emagrecimento em A partir dos dados coletados feito uma análise
uma clínica estética da cidade de Bocaiúva – MG. descritiva dos mesmos. O programa estatístico
Foram incluídas as mulheres que aceitaram a utilizado será o StatisticalPackage for the Social
participar da pesquisa de forma voluntaria ter entre 20 Sciences(SPSS) 22.0 para Windows.
a 50 anos de idade, não está sobre uso de
medicamentos antidepressivos. Foram excluídas as RESULTADOS
mulheres que não aceitam a assinar o termo de
TABELA 1 - Dados descritivos do grupo amostral (n=50).
consentimento livre e esclarecido, não ter entre 20 a VARIÁVEL MINIMO MÁXIMO MÉDIA E DP
50 anos de idade, e está sobre uso de medicamentos Tempo 1 36 7,4 ± 0,9
Peso 50,1 106,0 69,8 ± 13,6
antidepressivos.
Estatura 144 176 160,9 ± 5,2
Para avaliação da imagem corporal foi IMC 20,0 41,0 27,0 ± 4,9
%G 8,0 51,2 32,2 ± 7,4
utilizado a escala de silhueta proposta por
Massa magra 33,5 55,3 44,1 ± 4,8
(STUNKARD, 1983), que contém figuras que % Água 36,6 68,2 50,2 ±5,2
TMB 196 1781 1396 ± 231,6
representa diversos tipos de imagens, as avaliadas
devem ao final responder duas perguntas após avaliar %G – Percentual de gordura/ % Água – Percentual de água/
TMB – Taxa de metabolismo basal.
as imagens propostas: em qual das imagens você se
encaixa e qual delas gostaria que estivesse. Através dos dados apresentados na tabela 1
Na mensuração do estado nutricional foi usada referente ao IMC e percentual de gordura foi
uma balança de bioimpedância que se caracteriza possível verificar que a amostra pesquisada
como uma alternativa na avaliação da composição encontra-se na classificação de sobrepeso segundo
corporal, que dá o diagnóstico completo do estado os padrões de referência da organização mundial de
nutricional, taxas de gordura, massa magra, água. saúde (WHO, 2000; JACKSON; POLLACK,
Possibilita trabalhar com equipamento portátil, de 1978). O grupo amostral apresentou um tempo
fácil manuseio, e viável para a prática clínica e para médio no programa de emagrecimento de sete
estudos epidemiológicos. Sua utilização determina o meses.
fracionamento da composição corporal e é uma Também os valores de massa magra,
técnica capaz de superar dificuldades encontradas em percentual de água no corpo e a taxa de metabolismo
outros métodos. basal se encontraram dentro dos padrões de
Para utilização da bioimpedância foi normalidade de acordo com valores de referência
necessário os dados da estatura, para avaliação internacionais ((GALLAGHER et.al, 2000).
dessas, foi utilizado um estadiômetro da marca Seca Na tabela 2 demonstram a distribuição da
com capacidade de precisão de 2,2 metros e precisão amostra em relação à SA e SI. Percebe-se a
de 0,1 centímetros. As definições de sobrepeso e tendência, identificada pela moda, da maioria das
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mulheres escolheram a silhueta 2 e 3, como sendo a
SA. A silhueta 1apontada como ideal a ser atingido
pela maioria.
Colaborando com nossos achados, estudos que
relacionam o IMC e a satisfação com a imagem
corporal indicam que o ideal de corpo magro, o baixo
conceito, a baixa autoestima e a percepção negativa
do corpo têm maior influência na insatisfação
corporal que o próprio peso ou IMC (CANPOLAT,
2005).
DISCUSSÃO
Podemos perceber que os fatores subjetivos se
sobrepõem aos aspectos objetivos relacionados à
satisfação com a imagem corporal.
Segundo Adami et. al (2005) o processo de
construção e desenvolvimento da imagem corporal
está associado a todas as fases da existência humana,
compreensão determinantes da sociedade e cultura.
Portanto o significado do que é beleza varia de acordo
com a idade, nível socioeconômico, etnia, históricos
pessoais, ou seja, é importante relevar as condições
individuais. De acordo com que vão passando os anos
as mulheres vão ganhando peso, massa gorda,
diminuindo a estatura, e ficando mais insatisfeitas
com sua imagem corporal.
O estudo de Saur e Pasian (2008) investigando
o nível de satisfação corporal e possível influência do
sexo e idade em indivíduos com diferentes pesos,
concluíram que a satisfação com a imagem corporal
não se mostrou associada ao sexo e à idade.
Diferentemente desse estudo nossos achados
mostraram que parece que com o passar do tempo as
mulheres vão ficando mais sedentárias e ganhando
mais peso e massa gorda.
O estudo de Kakeshita e Almeida (2006)
obteve resultados de mulheres com IMC abaixo da
normalidade e as escolhas das figuras foram de
imagens hipertróficas, o que caracteriza insatisfação
da imagem corporal. Já o nosso estudo obteve
resultados de mulheres com IMC acima da
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normalidade e as escolhas das imagens foram de
figuras magras, o que caracteriza insatisfação.
Estudo de Ferrando et.al(2002) de 57% das
avaliadas, 56% relataram satisfação com a imagem
corporal, independente do estado nutricional. Em
contrapartida nossos resultados demonstraram um
fato preocupante, pois das 50 avaliadas apenas 7
relataram satisfação com a imagem corporal,
independente do estado nutricional, evidenciando
uma alta prevalência das mulheres pesquisadas com
insatisfação com a imagem corporal e baixa da
autoestima.
A busca da saúde e da qualidade de vida não
parece ser o principal motivo que determina a
escolha da atividade física ou o exercício
sistematizado, existe quase em sua totalidade uma
preocupação exacerbada com a aparência estética,
geralmente imposta pela mídia. Cobra-se das
pessoas um padrão de corpo inatingível e desta
forma, aumenta-se também o número de pessoas
insatisfeitas com sua autoimagem.
Conclui-se que a amostra avaliada foi
composta por mulheres com sobrepeso refletindo no
alto nível de insatisfação com a imagem corporal,
que parece se agravar com o passar do tempo, no
qual as mulheres vão envelhecendo, otimizando o
processo de sedentarismo, aumento do peso e
gordura corporal resultando em baixa autoestima.
O estudo apresenta as limitações típicas de
uma pesquisa transversal na impossibilidade de uma
inferência causal.
Recomendamos a realização de novas
pesquisas sobre a temática proposta para poderem
embasar ou não os resultados aqui encontrados.
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