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o ESPECIAL

A SOCIOMETRIA
NA ADMINISTRAÇAO
DE RECURSOS
HUMANOS
• ODIVA SILVA XAVIER
Mestre em Administração pela UFRGS e Técnica do
Departamento de Recursos Humanos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),
Brasília, DF.

RESUMO: Este estudo explora o teste sociométrico


aplicado a um grupo de 49 indivíduos recém-admiti-
dos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
EMBRAPA, com o objetivo de subsidiar o processo de
integração desses novos empregados à organização. A
análise focaliza três estruturas grupais, nas quais se
pode observar como ocorrem as primeiras relações in-
terpessoais num grupo novo, como poderão se reestru-
turar e os prováveis líderes para situações de trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Sociometria, relações interpes-


soais, teste sociométrico, estrutura grupal, integração
de indivíduos à organização de trabalho.

INTRODUÇÃO

E studos no campo da sociometria fundamen-


tam-se na Psicologia e na Sociologia. A so-
ciometria, segundo Alves', compreende o teste so-
ciométrico, que é uma técnica diagnóstica, e o psi-
codrama e sociodrama, que são técnicas tipica-
mente terapêuticas.
Este trabalho focaliza apenas o teste so-
ciométrico. Teoricamente, é uma técnica muito de-
fendida pela sua plasticidade e sistematicidade na
exploração da estrutura e dinâmica de grupos so-
ciais; entretanto, o seu uso em grupos de trabalha-

1. ALVES, D. O teste sociométríco. Rio de Janeiro, FGV,


1964.

Revista de Administração de Empresas São Paulo, 30(1) 45-54 Jan./Mar. 1990 45


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dores não tem sido muito difundido. Assim, o ob- exemplos de grupos sociais, dos quais os homens
jetivo deste estudo é mostrar aos administradores são chamados "átomos sociais". Eles, necessaria-
de recursos humanos uma experiência da apli- mente, se relacionam num sentido negativo ou
cação desse teste num grupo de empregados positivo, formando uma rede de interações e
recém-admitidos numa Unidade da Empresa demonstrando a hierarquização que existe em to-
Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA, do grupo social'.
visando a subsidiar o processo de integração Não haveria sociedade sem interação. A intera-
desses novos membros à organização. ção se baseia na comunicação (que não significa
O questionário foi aplicado em 1987, ao final apenas manifestações verbais, mas qualquer sím-
de um treinamento introdutório, cuja progra- bolo que seja entendido por um mínimo de mem-
mação envolvia ações informativas, interativas e bros do grupo) e é regulada por determinados
de levantamento de opiniões para que esses em- padrões, que constituem os direitos e obrigações
pregados se conhecessem melhor, tivessem uma ou regras de comportamento do grupo.
visão do sistema EMBRAPA e desenvolvessem ati- A organização de trabalho é também um grupo
tudes de cooperação e de comprometimento com social que, na conceituação de Katz & Kahn', "é
o cargo e com a organização a que se vincularam. um dispositivo social para cumprir eficientemente, por
A análise focaliza três estruturas do grupo, intermédio do grupo, alguma finalidade declarada ...".
criadas a partir dos critérios estabelecidos no ques- Considerada assim, e sob o ponto de vista sis-
tionário. Na primeira, pode-se observar como têmico, ela congrega diferentes subgrupos, com
ocorrem as primeiras relações interpessoais num características específicas, os quais criam a sua
grupo novo; na segunda, como poderão se própria cultura', mas, na medida em que os obje-
reestruturar; e na terceira, como são identificados tivos desses subgrupos convergem para as finali-
os prováveis líderes para situações de trabalho. dades organizacionais, eles, necessariamente, in-
teragem, harmonizam-se e amoldam-se, modelan-
ABORDAGEM TEÓRICA do uma cultura geral.
Por isso, pressupõe-se que o indivíduo ingressa
O teste sociométrico tem apoio nas Ciências So- numa organização por uma opção própria, de
ciais, especialmente na Psicologia de Grupos, com acordo com os requisitos estabelecidos por ela. Is-
o auxílio de Métodos Quantitativos. Não se pre- so significa que a escolha é feita, em primeiro lu-
tende aqui fazer um estudo exaustivo sobre o as- gar, pelo indivíduo, que dificilmente irá trabalhar
sunto, mas discutir alguns conceitos básicos para numa organização com a qual não mantenha um
compreensão do tema. grau mínimo de afinidade, seja pelo lado profis-
sional ou pela concepção de vida.
1. O indivíduo e a organização de trabalho A integração de indivíduos à organização não
se dá simplesmente pela palavra, isto é, através
O homem vive agregado por uma questão na- de palestras, orientações e instruções, por ocasião
tural de sobrevivência. Ele tem necessidades e de- do ingresso de recém-admitidos "para que vistam
sejos que o levam a associar-se a outros, forman- a camisa da empresa". Essas técnicas de treina-
do grupos e neles interagindo, para atingir obje- mento são importantes, mas produzem efeito
tivos comuns. muito mais emocional do que cognitivo. A ver-
Esse é o pressuposto de toda constituição gru- dadeira integração poderá iniciar-se com tais
pal e é a força que impele as pessoas à coesão, atividades de treinamento, mas é um processo
mesmo tendo elas características, hábitos, atitudes, mais cultural do que instrucional, que se consoli-
valores, aspirações e sentimentos individuais. da através de ações positivas de ambas as partes e
Há diferenças nítidas entre grupo social e re-
lações sociais em geral. Todos os grupos são cons-
tituídos de relações sociais, mas nem todas as re- 2. BAQUERO MIGUEL, G. Métodos e técnicas de
lações sociais constituem grupos. As relações so- orientação educacional. São Paulo, Loyola, 1975.
ciais variam desde interações tênues e tran-
3. KATZ, D. & KAHN, R.L. Psicologia social das orga-
sitórias, até mesmo as permanentes, como no caso nizações. São Paulo, Atlas, 1976, p.31.
de amigos de infância, mas sem comprometimen-
to com objetivos. Os grupos sociais têm como ca- 4. SOUZA, E. L. P. "Considerações em torno de DO e
racterística principal a cooperação para a conse- cultura organizacional". In: Revista de Administração,
vol. 16, n23, julho/setembro, 1981, pp. 8-15; XAVIER,
cução de propósitos comuns, o que não exclui an- 0.5. "A cultura de organizações de pesquisa: percepção
tagonismos entre os membros. e aspiração". In: Revista de Administração, vol. 22, n22,
A família, a escola, a igreja, o clube são alguns abril/junho, 1987, pp.3-16.

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que se traduz por uma postura filosófica de eleva- oferecia um campo sociológico aberto a qualquer
do grau de comprometimento do empregado experiência nova.
com a organização, por ser ela um meio para sa-
tisfazer suas necessidades básicas e de auto-rea- 2. O teste sociométrico
lização, e da organização com o empregado, por
ser ele o seu principal insumo de produção e efi- Segundo a literatura especializada, a sociome-
ciência. tria foi criada por [acob L. Moreno, romeno, que
O homem é uma unidade psicossocial, que nasceu em 1892 e se radicou nos Estados Unidos a
tem valores próprios, e interesses e expectativas partir de 1925. Ele é o autor da obra Fundamentos
conforme esses valores. Mesmo assim, procura da Sociometria (cujo nome original é Who shall stzr-
adaptar-se a situações de trabalho. A integração uioei), onde diz que a sociometria possui três
do empregado ao grupo e à organização é, por- pontos de referência: socius - o companheiro;
tanto, uma decorrência do seu sistema de valores meirum - a medida; e drama - a ação; resultando
e do seu papel ocupacional. Por outro lado, há três áreas de investigação: o grupo, a medida e a
uma série de bloqueios que podem dificultar a ação no campo social.
sua integração, tais como: desconhecimento dos Na sua conceituação, o teste sociométrico é um
companheiros, insegurança com relação ao seu recurso exploratório extremamente útil para estu-
grau de sociabilidade ou ao que lhe será exigido dar as estruturas sociais num dado momento, à
pelo grupo, temor de não ser aceito, sentimento luz das atrações, repulsas e sentimentos manifes-
de inferioridade por razões de posição social, tados no interior do grupo. Afirma, ainda, que
educação e até mesmo modo de trajar. Há muitos uma das principais preocupações dessa técnica é
outros bloqueios e frustrações que podem atuar medir a intensidade e a expansão das correntes
muito fortemente no consciente ou inconsciente psicológicas que se irradiam nos grupos sociais.
do indivíduo, inibindo-o de se integrar plena- Para Alves', os dados sociométricos podem ser
mente no grupo. provenientes de dois tipos de teste:
Nesse sentido, Beal, Bohlen & Raudabaugh' a) do teste de projeção sociométrica - que
dão a seguinte sugestão: "Para se tornar um mem- fornece a imagem do indivíduo para o grupo e do
bro eficiente, i1 pessoa deve analisar-se e lutar contra grupo para o indivíduo;
esses bloqueios e frustrações. Um dos deveres dos b) do teste de percepção sociométrica - que for-
membros de grupos democráticos sólidos é ajudar os nece a forma pela qual o próprio indivíduo se
outros a se analisarem obieiioamente a fim de que pos- percebe e sente que é percebido pelo grupo.
sam sobrepujar suas limitações e, desse modo, partici- Essa nomenclatura expressa melhor a classifi-
par mais tficientemente do trabalho grupal". cação, do que as nomenclaturas propostas por
De qualquer modo, a formação de grupos é um Bastin" e Northway",
processo complexo, dado que certo número de Weil et alii'" afirmam que o teste sociométrico é
pessoas, com suas forças internas positivas ou um instrumento dinâmico utilizado "para obser-
negativas (objetivos, valores, aptidões, inibições, var, descrever e medir a coesão grupal, ou seja, a
fobias), se transforma num grupo produtivo, se- rede de relações entre os participantes".
gundo objetivos comuns. Esse teste consiste, basicamente, de um simples
A dinâmica de um grupo é, portanto; resul- questionário, onde se pede a cada membro para
tante da atuação dessas forças internas (das indi- escolher, no gmpo a que pertence ou a que pode-
vidualidades) e externas (ambientais) na busca da ria pertencer, os indivíduos que gostaria de ter co-
integração, da harmonia e da coesão, fazendo
com que a interação seja uma necessidade cons- 5. BEAL, G. M. et alii. Liderança e dinâmica de grupo.
Rio de Janeiro, Zahar, 1972, p.5l.
tante na vida do grupo.
Nas organizações de trabalho, nota-se uma 6. MORENO, J. L. Fondements de la sociométrie. Paris,
crescente preocupação com a dinâmica de grupos Presses Universitaires de France, 1970.
ou relações interpessoais, especialmente naquelas 7. ALVES, D. Op. cit.
onde há subculturas bastante diferenciadas, como
é o caso da EMBRAPA. 8. BASTIN, G. As técnicas sociométricas. Lisboa,
Livraria Moraes Editora, 1966.
Um dos recursos que a literatura sugere para
explorar esse aspecto é a sociometria, técnica de- 9. NORTHWAY, M.L. A primer of sociometry. Toronto,
senvolvida por Moreno', que encontrou nos Esta- University of Toronto Press, 1967.
dos Unidos um ambiente propício para o seu de- 10.WEIL, P. et alii. Dinâmica de grupo e desenvolvimen-
senvolvimento inicial, visto que a situação políti- to em relações humanas. Belo Horizonte, Itatiaia, 1967,
ca daquele país, após a Segunda Guerra Mundial, p.166.

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mo companheiros, isto é, de a eles se associar em las e são os possíveis líderes do grupo com re-
situações específicas. As questões podem ser for- lação ao aspecto explorado.
muladas de maneira a atender propósitos diver- Na estrutura grupal, há outras figuras distintas
sos de relacionamento interpessoal. Daí porque os que, na classificação de Teles", se denominam:
diferentes critérios de escolhas podem produzir - esquecidos: são os membros que votam, têm
estruturas diferentes de um mesmo grupo. participação no grupo, mas não recebem votos,
As respostas dadas (escolhas, preferências ou por serem inexpressivos;
opções) constituem, inicialmente, a sociomatriz e, - companheiros: são os que se situam entre os
em seguida, um gráfico denominado sociograma, líderes e os esquecidos. Eles constituem a susten-
onde passam a ter mais sentido pela represen- tação do grupo, uma vez que são, geralmente, es-
tação conjunta. colhidos por estes e por aqueles. E deles que re-
Para Alves", a sociomatriz ou matriz so- sulta o clima de cooperação ou de hostilidade ge-
ciométrica é mais um instrumento de análise do rado dentro de um grupo. São, como diz o referido
que de síntese, visto que "nos apresenta com clareza autor: "... a matéria-prima que a liderança vai usar";
os totais das indicações realizadas nos grupos e no en- - isolados: são os membros que não são esco-
tanto nos dá apenas uma vaga idéia das inter-relações lhidos e que também não escolhem. Geralmente
dos componentes do grupo". Faz, também, referência estão situados na periferia do sociograma.
ao sociograma, dizendo que ele "nos dá uma visão Assim, a hierarquia está sempre presente em
sintética dos grupos, permitindo uma perspectiva mais todo grupo social, seja ele grande ou pequeno.
adequada da dinâmica dos mesmos, que é mais do que
a simples soma das ações dos componentes". ABORDAGEM PRÁTICA
Sintetizando, pode-se dizer que a sociomatriz é
um quadro de dupla entrada para quantificação Essa técnica sociométrica, pela sua versatili-
das respostas, e o sociograma é a representação dade, é aplicável a qualquer grupo social,
gráfica desse quadro ou a fotografia de "quem é fornecendo informações importantes sobre a es-
quem" dentro do grupo. Nele se realçam: trutura psicossocial, desde que haja, para as di-
a) a dinâmica de um grupo e a posição de cada versas situações, uma adequada variação dos
um de seus membros (átomos); testes.
b) os indivíduos mais populares e os possíveis No caso específico deste trabalho, a técnica foi
líderes para situações diversas; aplicada num grupo de trabalho, ou seja, numa
c) os subgrupos e as "panelinhas" ou "igreji- unidade de pesquisa da EMBRAPA, que havia ad-
nhas" (grupinhos fechados); mitido 49 novos empregados, os quais partici-
d) o grau de aceitação ou não dos membros por param, durante três dias, de um treinamento in-
seus pares; trodutório.
e) as relações existentes entre os membros,
quer sejam afetivas (simpatia, amizade, ...) ou con- 1. O grupo de aplicação
flitivas (antipatia, ódio, rivalidade, ...), bem como
a neutralidade ou inexistência de relações (in- o grupo de respondentes ficou constituído de
diferença); 80% dos participantes do treinamento intro-
f) a integração ou desintegração dos membros dutório.
e o grau de coesão existente no grupo. Esse grupo foi se formando lentamente, à me-
Como diz Bastín", essa técnica encontrou na dida que se foram concretizando as contratações.
Psicologia de Grupos o seu campo ideal de apli- Assim, havia empregados com, aproximada-
cação "... pelo jogo incessante das interações indivi- mente, 100 dias de convivência na unidade, e ou-
duais e grupais, e também pelo jogo das forças exterio- tros que nela ingressaram havia apenas uma se-
res, é, por excelência, a sede de transformações con- mana do treinamento.
tínuas: transformações no plano dos indivíduos como
dos subgrupos, transformações no plano estrutural de
todo o grupo. É o que Kurt Lewin designou por
dinâmica do grupo". 1l.ALVES, D. Op.cit., p. 106.
Na vida de um grupo, os sentimentos e as in- 12.BASTIN, G. Op. cit., p. 20.
terações não circulam uniformemente, fato este
que Teles13 denomina de "Lei Sociodinâmica: poucos 13.TELES, A. X. Psicologia organizacional: q psicologia
. no centro e muitos na periferia". Assim, num gráfico na empresa e na vida em sociedade. São Paulo, Atica, 1981,
p.129.
sociométrico, os membros que recebem um maior
número de votos ou escolhas são chamados estre- 14. Idem, ibidem.

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Deve-se ressaltar, ainda, que era um grupo bas- utilizar outras técnicas (como, por exemplo, entre-
tante heterogêneo em termos profissionais e soci- vista), que possam subsidiar a análise.
ais (escolaridade, especialidade, padrão social,...), Para este trabalho, as informações comple-
por congregar pesquisadores, laboratoristas, au- mentares provêm de arquivo (cadastro de pessoal)
xiliares administrativos, técnicos agrícolas, artí- e das discussões durante a execução do treinamen-
fices, motoristas e um programador. to introdutório, do qual a autora foi uma instrutora.
O fato de o questionário não ter sido distribuí-
2. Metodologia do a todos os empregados da unidade de pesquisa
quebrou um pouco as regras da Sociometria. En-
Os dados apresentados na próxima seção tretanto isso não trouxe prejuízo para o presente
provêm de um teste de projeção sociométrica, trabalho, porque o grupo de referência é o de
aplicado no último dia do treinamento intro- recém-admitidos (exclusivamente novos) na uni-
dutório. O teste teve como objetivos: identificar a dade, que estavam em fase de integração e que
posição das pessoas no grupo, retratar a rede de participaram de todo o treinamento introdutório.
relações já formada entre eles e detectar o grau de Alguns elementos do grande grupo (unidade),
integração dos novos empregados. que não participaram do treinamento, aparecem
O questionário foi composto de apenas três nos sociogramas (que serão analisados adiante)
questões, com três critérios específicos. Em ambas apenas como escolhidos, porque o questionário
as questões, os respondentes deveriam fazer duas não podia excluir essa possibilidade. Os elemen-
escolhas (em primeira e em segunda opção). tos do grupo estão representados por números,
A primeira questão explorou o sentimento dos para preservar-lhes o anonimato. Em todos os
recém-admitidos ao chegarem à unidade, e a po- gráficos, a numeração identifica as mesmas pes-
pularidade dos que lá já estavam. A segunda soas, até o número 39. A partir do número 40,
questão foi mais dirigida para a afetividade, e a nem sempre os números identificam os mesmos
terceira, para a liderança. indivíduos, por se tratar apenas dos escolhidos,
Dos três métodos de análise sociométrica des- que podem estar presentes numa estrutura mas
critos por Kerlinger" - matriz sociométrica, so- não em outra. Assim, optou-se por fazer constar
ciograrna e índice sociométrico -, será apresenta- todos os escolhidos e dar uma numeração seqüen-
do aqui apenas o sociograma, embora a sua cial específica (a partir de 40) às três estruturas, ao
elaboração tenha sido facilitada por uma socioma- invés de se adotar uma numeração geral e excluir
triz. deste ou daquele sociograma os empregados que
não foram escolhidos.
3. Análise do teste sociométrico A representação gráfica não seguiu, a rigor, a
recomendação de alguns autores como, por exem-
Há várias formas de apresentar-se um so- plo, Teles]",uma vez que o centro não está ocupa-
ciograma. Uns são mais simples, outros mais do somente pelos elementos "estrelas" e nem
complexos. Entretanto, em qualquer dos casos, os sempre os demais membros estão posicionados
gráficos sociométricos têm como característica co- concentricamente. Entretanto, essas alterações de
mum o posicionamento dos indivíduos no grupo
e o delineamento de toda uma estrutura social,
sem, contudo, explicar os porquês dos fenô- 15.KERLINGER, F. N. Foundations of behavioral re-
search. New York,Holt, Rinehart Winston, 1973.
menos. Por isso, o sociometrista precisa ter um
mínimo de conhecimento sobre o grupo, ou deve 16.TELES, A. X. Op. cito

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procedimento não descaracterizam as estruturas congrega os resultados das seguintes indagações:


construídas (conforme a proposta de cada ques- "Desde que você assumiu o seu cargo na EMBRA-
tão formulada), porque houve a preocupação de PA, com quem você se tem relacionado mais no ...
evitar cruzamentos de linhas, para facilitar a visua- (unidade)?" e "Cite o nome de umía) segundo(a)
lização. colega com quém você, também, se tem relaciona-
A primeira questão deu origem à figura 1 e do muito, ultimamente".

Figura 1 : Primeiras relaç6es Interpessoals no grupo de trabalho

(\, Masculino _1lEscolha


Feminino .......•. 21 Escolha

Essa figura mostra como ocorreu a receptivi- 19 e 30 (do setor de documentação e informação);
dade dos novos empregados na unidade e quais os 22 e 28 (motoristas) e 14 e 21 (laboratoristas).
que se mostraram mais comunicativos ou mais Os empregados que se mostraram mais recep-
populares. No que diz respeito à integração, esta é tivos foram: 43 e 41. Estes já trabalhavam na
a mais importante, sobretudo porque a maioria dos unidade (o segundo sem vínculo empregatício e o
empregados já estava há mais de 30 dias na primeiro, contratado, mas em cargo administrati-
unidade e alguns deles já ultrapassavam os 90 dias. vo). Ambos se submeteram à seleção pública, nas
Como se pode notar, a estrutura mostra vários mesmas condições dos estranhos, e se tomaram
subgrupos, geralmente formados por circunstân- pesquisadores. Eles figuram no sociograma como
cias do trabalho, indicando que as relações têm si- os elementos mais fortes de ligação entre o pes-
do mais entre pessoas de um mesmo cargo ou que soal de apoio e de pesquisa. Talvez o fato de já
trabalham juntas, como seria de se esperar nessa conhecerem a unidade e a posição de novo em-
fase de relações no trabalho. Focaliza muitos pregado em que se encontravam tenham favoreci-
"companheiros" que fazem parte de grupos es- do a integração do maior subgrupo da figura 1.
pecíficos, dezoito empregados "esquecidos" e um Outras pessoas que, na unidade, também exer-
"isolado" (elemento de número 23). São perce- ceram o papel de facilitadores da integração, nes-
bidas, também, seis escolhas recíprocas: entre os se primeiro momento, foram as de números: 40,
membros 1 e 11, 16 e 34 (pesquisadores); 19 e 20, 49,57 e 59 (empregados/estagiários antigos) e 1,

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6, 19, 34 e 46 (empregados novos). É interessante dois) poderiam ter tido uma participação mais efe-
notar que muitos desses facilitadores não foram tiva no processo. Pela própria natureza de suas
dos primeiros a ingressar na unidade, mas se funções, era esperado que eles tivessem sido os
revelaram quanto à receptividade para com os principais agentes de integração. Provavelmente, as
colegas que os sucederam na chegada. atividades prementes e as rotinas diárias, aliadas às
Em termos de integração, o grupo apresenta tarefas de efetivações de contratos, absorveram ex-
características de pouca estruturação. Realça dois cessivamente a atenção dessas pessoas, impossibili-
subgrupos fechados, cujos elementos são: 14,21 e tando-as de manterem maiores contatos com os
48 - 1, 6, 11, 16 e 34, os quais estão mais integrados empregados novatos e de constituírem grandes elos
por identidade de funções: laboratoristas entre si de ligação. Isso revela que não houve preparação
(que formam um trio isolado) e pesquisadores en- para esse momento, por parte dos antigos emprega-
tre si, que se comunicam com outros membros do dos da unidade. Talvez, nem mesmo a chefia
subgrupo maior. tivesse imaginado que o processo de integração de
O restante do grupo está dividido em vários novos membros deva ser facilitado e que só devida-
subgrupos, em forma de correntes, com bastante mente integrado o indivíduo é capaz de aprender e
clivagem. Nota-se que as pessoas que se ligam (de de apresentar desempenho satisfatório.
alguma forma) o fazem porque têm um mesmo A figura 2 apresenta a estrutura das relações
cargo, trabalham num mesmo local ou já se co- interpessoais resultantes do critério proposto no
nheciam, visto que a cidade onde se localiza a segundo item do questionário: "Cite, por ordem
unidade não é tão grande. de preferência, o nome de dois colegas de traba-
Nessa fase de ingresso e de integração de novos lho com quem você gostaria de manter maiores
empregados, algumas constatações merecem co- contatos (cultivar companheirismo) porque acha
mentários: o pessoal do setor de Recursos Hu- que poderão ser bons amigos, em quaisquer cir-
manos da unidade e os Chefes-Adjuntos (que eram cunstâncias" .

Figura 2: Relações afetivas no grupo de trabalho

/\ Masculino _1l1Escolha
=) Feminino -------. 211 Escolha

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O gráfico anterior apresenta uma situação real se tratar de três técnicos agrícolas que estão traba-
da época, e a figura 2 mostra uma estrutura dese- lhando juntos numa fazenda, onde há outros
jada, mas que poderá se estabelecer ao longo do profissionais, mas, como têm a mesma formação,
tempo, uma vez que diz respeito às relações afeti- idades semelhantes, e as circunstâncias favorecem
vas. No campo da simpatia, os membros que (distância da cidade, atividades idênticas), espera-
parecem transmitir melhor imagem aos colegas, se o estabelecimento de sólida amizade entre eles.
de acordo com a questão formulada, são os de As relações afetivas ocorrem mais lentamente,
número 61 em primeiro lugar, com três escolhas e algumas pessoas sentem dificuldade de mani-
de primeira opção; 11 e 48, em segundo; e 8, 21, festar seus sentimentos, sobretudo ,quando eles
24,25,27,38,39,41,42,44,46,51 e 56, em terceiro. são expressos na forma de desejo. E o caso dos
Dos três subgrupos distintos, um congregou a elementos de números: 18, 23 e 35, que se situam
maioria dos elementos e gerou algumas ramifi- na posição de "isolados", isto é, não escolheram
cações, o que indica incertezas com relação à ver- nem foram escolhidos. O número 23 causa certa
dadeira estruturação de laços de amizade entre os preocupação pelo fato de estar nessa mesma
elementos do grande grupo. Os outros dois sub- posição também na figura 1. Por outro lado, já se
grupos estão isolados, aparentando duas "ilhas". sentiu mais à vontade para escolher o coorde-
Apenas duas escolhas recíprocas ocorreram nessa nador (assunto da próxima figura).
estrutura: entre os membros de números 8 e 15, e A figura 3 focaliza o aspecto da liderança. Ela
entre 29 e 32. Somente as escolhas não sugerem retrata uma nova estrutura do grupo, gerada a
conclusões precisas, mas é muito provável que, partir da seguinte questão: "Qual o nome de dois
no primeiro caso, uma grande amizade será con- colegas que você conhece bem e gostaria de ter
solidada entre as duas colegas que se escolheram, como coordenadores de grupo de trabalho,
em primeira opção. A amizade da segunda du- porque possuem qualidades de organização, sim-
pla também tem boas possibilidades de se formar, patia, e sabem dirigir os companheiros, inclusive
juntamente com outro colega de número 24, por em casos difíceis?".
Figura 3: Relações de liderança no grupo de trabalho

6. Masculino -1~Escolha
O Feminino ...... -. 211 Escolha

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o grupo em análise é bastante novo, mas já se


nota o destaque de alguns membros como
prováveis líderes para a situação aludida. Assim,
o principal líder ou "estrela" é o de número 40,
com nove preferências, sendo três delas de
primeira opção. O segundo líder em destaque é o
de número 43, com quatro escolhas de primeira
opção e uma de segunda. Em terceiro lugar apare-
ceram os membros de números: 16 e 45 e, em
quarto: 42,51 e 59.
A figura mostra quatro subgrupos. Um está
constituído de quarenta e um membros. E o maior
deles e apresenta muitas ramificações, mas pouca
coesão. Os outros três subgrupos estão isolados.
Cada um com 5, 7 e 9 elementos, respectivamente.
Aparecem, também, três elementos isolados (8, 15
e 18).
Pode-se ver apenas uma escolha recíproca, en-
tre dois pesquisadores (números 6 e 16). Apesar
de a estrutura mostrar uma liderança bastante
diluída, são percebidos alguns subgrupos que, à
semelhança da figura I, foram formados pela
É impressionante notar que, até à terceira
proximidade física ou pela identidade das ativi-
posição, nenhum membro do sexo feminino foi
dades que executam. Isso faz crer que os grupos
escolhido como líder, nem mesmo uma pes-
tendem a se preservar (em fronteiras) em qual-
quisadora que ocupava cargo de chefia na uni-
quer situação. dade foi lembrada para a situação proposta. O
Observando a mesma figura, pode-se notar
que isso pode significar? "Machismo" ou inabili-
que os subgrupos estão ligados ao líder principal
dades gerenciais no sexo feminino? É possível
(número 40) por meio dos responsáveis por se-
que, em certas situações, a segunda hipótese seja
tores. A equipe de transporte, por exemplo, é for-
verdadeira, mas, nesse caso, tudo indica que as
mada pelos elementos de números: 7, 57, 22, 23 e
escolhas foram mais dirigidas por valores cultu-
45. Este faz a união entre seus liderados e o líder
rais - credibilidade e confiança no "homem" -
principal. Outro exemplo é o subgrupo que en-
do que mesmo por falta de habilidade na "mu-
volve todos os membros da equipe de informação
lher", visto que a referida pesquisadora tem reve-
e documentação (19, 30,46 e 20), que está ligada
lado muita eficiência no posto que ocupa. Isso
ao líder principal pelo responsável por setor
mostra quanto ainda é forte, numa unidade de
(número 20).
pesquisa, o preconceito em relação à capacidade
Nessa estrutura, destacam-se mais membros
antigos da unidade do que novos. Apenas o de feminina para gerenciar.
número 16 é recém-contratado. Isso significa que
as escolhas recaíram sobre colegas mais experi- CONCLUSÕES E SUGESTÕES
entes, isto é, que estão na unidade há mais tempo.
Talvez por essa razão foram considerados mais Da análise dos gráficos sociométricos, pode-se
aptos para dirigir ou coordenar grupos de traba- concluir que o grupo de novos empregados ainda
lho, o que faz sentido, porque, tratando-se de está bastante desintegrado. A rede de relações re-
unidades de pesquisa, um coordenador deve ter trata forte clivagem (pouca ou nenhuma interação
determinadas qualidades, inclusive experiência, entre subgrupos), principalmente na estrutura da
que pode ser traduzida como habilidade técnica, o figura 1, mostrando que as primeiras relações
que está de acordo com a proposição de Katz", num grupo de trabalho são mais contratuais e for-
Por outro lado, deve-se ressaltar que o princi- mais do que amistosas. Isso significa que o cargo,
pai líder escolhido pelo grupo é um pesquisador a profissão e até mesmo o espaço físico con-
que, na ocasião, presidia a Associação dos Empre-
gados. Como havia uma mobilização para nova
eleição, ele devia estar em evidência, o que é 17.KATZ, R. L. "Skills of an effective administrator".
possível ter favorecido a sua escolha como In: Haroard Business Review, vol. 52, n2 5, September /
primeiro líder. October, 1974, pp. 90-102.

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o ESPECIAL

tribuem para a formação de subgrupos e para o cilidade e o entrosamento diminui a tensão e a an-
fortalecimento de relações entre seus membros. siedade, o que contribui para melhorar o clima
As "ilhas" (pares ou pequenos subgrupos iso- geral e reforçar a coesão. No entanto, esse aspecto
lados) que se formaram são exemplos típicos de merece atenção, porque nem sempre um grupo
relações que se estabelecem nos primeiros dias de coeso é participativo e produtivo. As vezes é con-
vida de um grupo. Elas mostram que as lideran- veniente o conflito, embora ele possa exigir que o
ças para cada situação ou critério proposto ainda gerente seja um artista no manejo do grupo, e por
não estão claramente definidas. Entretanto, quase mais habilidoso que seja um gerente de recursos
em todos esses pequenos subgrupos há um inex- humanos, é sempre prudente utilizar recursos
pressivo líder, que pode ser trabalhado e utilizado (como o sociograma) que possam auxiliá-lo na
como elo de integração. identificação ou sinalização de fenômenos da in-
A estrutura referente à afetividade (figura 2) teração grupal que, muitas vezes, são impercep-
retrata uma liderança muito diluída, mas no cam- tíveis no dia-a-dia.
po da amizade isso é aceitável, porque a simpatia Em síntese, pode-se dizer que o teste so-
é muito pessoal e a confiança é algo que se con- ciométrico é um instrumento de identificação de
quista na convivência. Além disso, ela ocorre, estruturas informais dos grupos sociais e de so-
normalmente, entre as pessoas que comungam cialização de seus membros.
determinados valores culturais. O teste sociométrico enfrenta, às vezes, alguma
Quanto ao aspecto da liderança para situações resistência, porque deixa os respondentes com cer-
de trabalho, foi revelada pouca coesão. Porém, to grau de apreensão, frente à possibilidade de re-
não se sabe se isso se deve à falta de integração conhecerem a sua posição no grupo e à necessi-
dos membros ou se eles ainda não se conheciam o dade de manifestarem suas preferências, rejeições e
suficiente para uma decisão dessa natureza. sentimentos em relação aos colegas. Por isso, exige
Considerando os critérios propostos no ques- tática do sociometrista no estabelecimento da pre-
tionário e os totais ponderados de escolhas, até à disposição dos membros do grupo, no sentido de
terceira posição, são cinco os empregados que se que respondam do modo mais natural e espontâ-
destacaram como mais populares ou mais hospi- neo possível, o que é proposto no questionário, que
taleiros; oito, os preferidos como amigos para deve ser simples, sem nenhuma finalidade oculta.
qualquer situação, e quatro, os prováveis líderes Finalmente, é importante ressaltar que, assim
de equipes de trabalho na unidade. como os sistemas de valores humanos são
Esses resultados indicam que a técnica so- mutáveis e a dinâmica do grupo, por sua vez,
ciométrica, aplicada em grupos de trabalho, pode também sofre mutações, os resultados desse teste
ser um excelente recurso para o administrador de retratam apenas aquele momento da vida desse
recursos humanos, tanto para selecionar como grupo, sendo necessário, no caso de acompa-
para acompanhar e orientar pessoas ou grupos. nhamento, reaplicações do teste com as devidas
Como instrumento de seleção, ela ajuda a: adaptações, tendo sempre o cuidado de imprimir
a) escolher, entre empregados conhecidos,os nele uma filosofia educativa, isto é, de desen-
mais adequados para ocuparem cargos vagos; volvimento de recursos humanos, e não de dis-
b) identificar indivíduos com habilidades geren- criminação ou de punição .•
ciais para as mais diversas situações de trabalho.
Como instrumento de acompanhamento e ori-
entação,ela facilita a integração de empregados e ABSTRACT:This study explores the sociometric test
ajuda-os a desenvolver: applied to a group of 49 individuais, recently admitted
a) hábitos de convivência; by the Brazilian Agricultural Research Corporation-
b) atitudes de cooperação; EMBRAPA, with a view to aiding the integration pro-
c) capacidade de autocrítica; cess of these new employees within the organization.
d) espírito de união de forças; e The analysis focalizes on three group structures, by
e) capacidade de discernimento e de valoriza- means of which one can observe the first interpersonal
ção dos colegas. relations occurring within the new group, how they
Além disso, a técnica sociométrica orienta a may be restructured and the probable leaders for work
formação de grupos de trabalho para situações es- situations.
pecíficas, de forma que possam desenvolver ati-
tudes positivas em relação aos objetivos da orga- KEY TERMS: Sociometry, interpersonal test, group
nização. structure, integration of individuais within the work
Sabe-se que nos grupos formados por pessoas organization.
que se escolhem a comunicação flui com mais fa-

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