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A SOCIOMETRIA
NA ADMINISTRAÇAO
DE RECURSOS
HUMANOS
• ODIVA SILVA XAVIER
Mestre em Administração pela UFRGS e Técnica do
Departamento de Recursos Humanos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),
Brasília, DF.
INTRODUÇÃO
dores não tem sido muito difundido. Assim, o ob- exemplos de grupos sociais, dos quais os homens
jetivo deste estudo é mostrar aos administradores são chamados "átomos sociais". Eles, necessaria-
de recursos humanos uma experiência da apli- mente, se relacionam num sentido negativo ou
cação desse teste num grupo de empregados positivo, formando uma rede de interações e
recém-admitidos numa Unidade da Empresa demonstrando a hierarquização que existe em to-
Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA, do grupo social'.
visando a subsidiar o processo de integração Não haveria sociedade sem interação. A intera-
desses novos membros à organização. ção se baseia na comunicação (que não significa
O questionário foi aplicado em 1987, ao final apenas manifestações verbais, mas qualquer sím-
de um treinamento introdutório, cuja progra- bolo que seja entendido por um mínimo de mem-
mação envolvia ações informativas, interativas e bros do grupo) e é regulada por determinados
de levantamento de opiniões para que esses em- padrões, que constituem os direitos e obrigações
pregados se conhecessem melhor, tivessem uma ou regras de comportamento do grupo.
visão do sistema EMBRAPA e desenvolvessem ati- A organização de trabalho é também um grupo
tudes de cooperação e de comprometimento com social que, na conceituação de Katz & Kahn', "é
o cargo e com a organização a que se vincularam. um dispositivo social para cumprir eficientemente, por
A análise focaliza três estruturas do grupo, intermédio do grupo, alguma finalidade declarada ...".
criadas a partir dos critérios estabelecidos no ques- Considerada assim, e sob o ponto de vista sis-
tionário. Na primeira, pode-se observar como têmico, ela congrega diferentes subgrupos, com
ocorrem as primeiras relações interpessoais num características específicas, os quais criam a sua
grupo novo; na segunda, como poderão se própria cultura', mas, na medida em que os obje-
reestruturar; e na terceira, como são identificados tivos desses subgrupos convergem para as finali-
os prováveis líderes para situações de trabalho. dades organizacionais, eles, necessariamente, in-
teragem, harmonizam-se e amoldam-se, modelan-
ABORDAGEM TEÓRICA do uma cultura geral.
Por isso, pressupõe-se que o indivíduo ingressa
O teste sociométrico tem apoio nas Ciências So- numa organização por uma opção própria, de
ciais, especialmente na Psicologia de Grupos, com acordo com os requisitos estabelecidos por ela. Is-
o auxílio de Métodos Quantitativos. Não se pre- so significa que a escolha é feita, em primeiro lu-
tende aqui fazer um estudo exaustivo sobre o as- gar, pelo indivíduo, que dificilmente irá trabalhar
sunto, mas discutir alguns conceitos básicos para numa organização com a qual não mantenha um
compreensão do tema. grau mínimo de afinidade, seja pelo lado profis-
sional ou pela concepção de vida.
1. O indivíduo e a organização de trabalho A integração de indivíduos à organização não
se dá simplesmente pela palavra, isto é, através
O homem vive agregado por uma questão na- de palestras, orientações e instruções, por ocasião
tural de sobrevivência. Ele tem necessidades e de- do ingresso de recém-admitidos "para que vistam
sejos que o levam a associar-se a outros, forman- a camisa da empresa". Essas técnicas de treina-
do grupos e neles interagindo, para atingir obje- mento são importantes, mas produzem efeito
tivos comuns. muito mais emocional do que cognitivo. A ver-
Esse é o pressuposto de toda constituição gru- dadeira integração poderá iniciar-se com tais
pal e é a força que impele as pessoas à coesão, atividades de treinamento, mas é um processo
mesmo tendo elas características, hábitos, atitudes, mais cultural do que instrucional, que se consoli-
valores, aspirações e sentimentos individuais. da através de ações positivas de ambas as partes e
Há diferenças nítidas entre grupo social e re-
lações sociais em geral. Todos os grupos são cons-
tituídos de relações sociais, mas nem todas as re- 2. BAQUERO MIGUEL, G. Métodos e técnicas de
lações sociais constituem grupos. As relações so- orientação educacional. São Paulo, Loyola, 1975.
ciais variam desde interações tênues e tran-
3. KATZ, D. & KAHN, R.L. Psicologia social das orga-
sitórias, até mesmo as permanentes, como no caso nizações. São Paulo, Atlas, 1976, p.31.
de amigos de infância, mas sem comprometimen-
to com objetivos. Os grupos sociais têm como ca- 4. SOUZA, E. L. P. "Considerações em torno de DO e
racterística principal a cooperação para a conse- cultura organizacional". In: Revista de Administração,
vol. 16, n23, julho/setembro, 1981, pp. 8-15; XAVIER,
cução de propósitos comuns, o que não exclui an- 0.5. "A cultura de organizações de pesquisa: percepção
tagonismos entre os membros. e aspiração". In: Revista de Administração, vol. 22, n22,
A família, a escola, a igreja, o clube são alguns abril/junho, 1987, pp.3-16.
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que se traduz por uma postura filosófica de eleva- oferecia um campo sociológico aberto a qualquer
do grau de comprometimento do empregado experiência nova.
com a organização, por ser ela um meio para sa-
tisfazer suas necessidades básicas e de auto-rea- 2. O teste sociométrico
lização, e da organização com o empregado, por
ser ele o seu principal insumo de produção e efi- Segundo a literatura especializada, a sociome-
ciência. tria foi criada por [acob L. Moreno, romeno, que
O homem é uma unidade psicossocial, que nasceu em 1892 e se radicou nos Estados Unidos a
tem valores próprios, e interesses e expectativas partir de 1925. Ele é o autor da obra Fundamentos
conforme esses valores. Mesmo assim, procura da Sociometria (cujo nome original é Who shall stzr-
adaptar-se a situações de trabalho. A integração uioei), onde diz que a sociometria possui três
do empregado ao grupo e à organização é, por- pontos de referência: socius - o companheiro;
tanto, uma decorrência do seu sistema de valores meirum - a medida; e drama - a ação; resultando
e do seu papel ocupacional. Por outro lado, há três áreas de investigação: o grupo, a medida e a
uma série de bloqueios que podem dificultar a ação no campo social.
sua integração, tais como: desconhecimento dos Na sua conceituação, o teste sociométrico é um
companheiros, insegurança com relação ao seu recurso exploratório extremamente útil para estu-
grau de sociabilidade ou ao que lhe será exigido dar as estruturas sociais num dado momento, à
pelo grupo, temor de não ser aceito, sentimento luz das atrações, repulsas e sentimentos manifes-
de inferioridade por razões de posição social, tados no interior do grupo. Afirma, ainda, que
educação e até mesmo modo de trajar. Há muitos uma das principais preocupações dessa técnica é
outros bloqueios e frustrações que podem atuar medir a intensidade e a expansão das correntes
muito fortemente no consciente ou inconsciente psicológicas que se irradiam nos grupos sociais.
do indivíduo, inibindo-o de se integrar plena- Para Alves', os dados sociométricos podem ser
mente no grupo. provenientes de dois tipos de teste:
Nesse sentido, Beal, Bohlen & Raudabaugh' a) do teste de projeção sociométrica - que
dão a seguinte sugestão: "Para se tornar um mem- fornece a imagem do indivíduo para o grupo e do
bro eficiente, i1 pessoa deve analisar-se e lutar contra grupo para o indivíduo;
esses bloqueios e frustrações. Um dos deveres dos b) do teste de percepção sociométrica - que for-
membros de grupos democráticos sólidos é ajudar os nece a forma pela qual o próprio indivíduo se
outros a se analisarem obieiioamente a fim de que pos- percebe e sente que é percebido pelo grupo.
sam sobrepujar suas limitações e, desse modo, partici- Essa nomenclatura expressa melhor a classifi-
par mais tficientemente do trabalho grupal". cação, do que as nomenclaturas propostas por
De qualquer modo, a formação de grupos é um Bastin" e Northway",
processo complexo, dado que certo número de Weil et alii'" afirmam que o teste sociométrico é
pessoas, com suas forças internas positivas ou um instrumento dinâmico utilizado "para obser-
negativas (objetivos, valores, aptidões, inibições, var, descrever e medir a coesão grupal, ou seja, a
fobias), se transforma num grupo produtivo, se- rede de relações entre os participantes".
gundo objetivos comuns. Esse teste consiste, basicamente, de um simples
A dinâmica de um grupo é, portanto; resul- questionário, onde se pede a cada membro para
tante da atuação dessas forças internas (das indi- escolher, no gmpo a que pertence ou a que pode-
vidualidades) e externas (ambientais) na busca da ria pertencer, os indivíduos que gostaria de ter co-
integração, da harmonia e da coesão, fazendo
com que a interação seja uma necessidade cons- 5. BEAL, G. M. et alii. Liderança e dinâmica de grupo.
Rio de Janeiro, Zahar, 1972, p.5l.
tante na vida do grupo.
Nas organizações de trabalho, nota-se uma 6. MORENO, J. L. Fondements de la sociométrie. Paris,
crescente preocupação com a dinâmica de grupos Presses Universitaires de France, 1970.
ou relações interpessoais, especialmente naquelas 7. ALVES, D. Op. cit.
onde há subculturas bastante diferenciadas, como
é o caso da EMBRAPA. 8. BASTIN, G. As técnicas sociométricas. Lisboa,
Livraria Moraes Editora, 1966.
Um dos recursos que a literatura sugere para
explorar esse aspecto é a sociometria, técnica de- 9. NORTHWAY, M.L. A primer of sociometry. Toronto,
senvolvida por Moreno', que encontrou nos Esta- University of Toronto Press, 1967.
dos Unidos um ambiente propício para o seu de- 10.WEIL, P. et alii. Dinâmica de grupo e desenvolvimen-
senvolvimento inicial, visto que a situação políti- to em relações humanas. Belo Horizonte, Itatiaia, 1967,
ca daquele país, após a Segunda Guerra Mundial, p.166.
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mo companheiros, isto é, de a eles se associar em las e são os possíveis líderes do grupo com re-
situações específicas. As questões podem ser for- lação ao aspecto explorado.
muladas de maneira a atender propósitos diver- Na estrutura grupal, há outras figuras distintas
sos de relacionamento interpessoal. Daí porque os que, na classificação de Teles", se denominam:
diferentes critérios de escolhas podem produzir - esquecidos: são os membros que votam, têm
estruturas diferentes de um mesmo grupo. participação no grupo, mas não recebem votos,
As respostas dadas (escolhas, preferências ou por serem inexpressivos;
opções) constituem, inicialmente, a sociomatriz e, - companheiros: são os que se situam entre os
em seguida, um gráfico denominado sociograma, líderes e os esquecidos. Eles constituem a susten-
onde passam a ter mais sentido pela represen- tação do grupo, uma vez que são, geralmente, es-
tação conjunta. colhidos por estes e por aqueles. E deles que re-
Para Alves", a sociomatriz ou matriz so- sulta o clima de cooperação ou de hostilidade ge-
ciométrica é mais um instrumento de análise do rado dentro de um grupo. São, como diz o referido
que de síntese, visto que "nos apresenta com clareza autor: "... a matéria-prima que a liderança vai usar";
os totais das indicações realizadas nos grupos e no en- - isolados: são os membros que não são esco-
tanto nos dá apenas uma vaga idéia das inter-relações lhidos e que também não escolhem. Geralmente
dos componentes do grupo". Faz, também, referência estão situados na periferia do sociograma.
ao sociograma, dizendo que ele "nos dá uma visão Assim, a hierarquia está sempre presente em
sintética dos grupos, permitindo uma perspectiva mais todo grupo social, seja ele grande ou pequeno.
adequada da dinâmica dos mesmos, que é mais do que
a simples soma das ações dos componentes". ABORDAGEM PRÁTICA
Sintetizando, pode-se dizer que a sociomatriz é
um quadro de dupla entrada para quantificação Essa técnica sociométrica, pela sua versatili-
das respostas, e o sociograma é a representação dade, é aplicável a qualquer grupo social,
gráfica desse quadro ou a fotografia de "quem é fornecendo informações importantes sobre a es-
quem" dentro do grupo. Nele se realçam: trutura psicossocial, desde que haja, para as di-
a) a dinâmica de um grupo e a posição de cada versas situações, uma adequada variação dos
um de seus membros (átomos); testes.
b) os indivíduos mais populares e os possíveis No caso específico deste trabalho, a técnica foi
líderes para situações diversas; aplicada num grupo de trabalho, ou seja, numa
c) os subgrupos e as "panelinhas" ou "igreji- unidade de pesquisa da EMBRAPA, que havia ad-
nhas" (grupinhos fechados); mitido 49 novos empregados, os quais partici-
d) o grau de aceitação ou não dos membros por param, durante três dias, de um treinamento in-
seus pares; trodutório.
e) as relações existentes entre os membros,
quer sejam afetivas (simpatia, amizade, ...) ou con- 1. O grupo de aplicação
flitivas (antipatia, ódio, rivalidade, ...), bem como
a neutralidade ou inexistência de relações (in- o grupo de respondentes ficou constituído de
diferença); 80% dos participantes do treinamento intro-
f) a integração ou desintegração dos membros dutório.
e o grau de coesão existente no grupo. Esse grupo foi se formando lentamente, à me-
Como diz Bastín", essa técnica encontrou na dida que se foram concretizando as contratações.
Psicologia de Grupos o seu campo ideal de apli- Assim, havia empregados com, aproximada-
cação "... pelo jogo incessante das interações indivi- mente, 100 dias de convivência na unidade, e ou-
duais e grupais, e também pelo jogo das forças exterio- tros que nela ingressaram havia apenas uma se-
res, é, por excelência, a sede de transformações con- mana do treinamento.
tínuas: transformações no plano dos indivíduos como
dos subgrupos, transformações no plano estrutural de
todo o grupo. É o que Kurt Lewin designou por
dinâmica do grupo". 1l.ALVES, D. Op.cit., p. 106.
Na vida de um grupo, os sentimentos e as in- 12.BASTIN, G. Op. cit., p. 20.
terações não circulam uniformemente, fato este
que Teles13 denomina de "Lei Sociodinâmica: poucos 13.TELES, A. X. Psicologia organizacional: q psicologia
. no centro e muitos na periferia". Assim, num gráfico na empresa e na vida em sociedade. São Paulo, Atica, 1981,
p.129.
sociométrico, os membros que recebem um maior
número de votos ou escolhas são chamados estre- 14. Idem, ibidem.
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Deve-se ressaltar, ainda, que era um grupo bas- utilizar outras técnicas (como, por exemplo, entre-
tante heterogêneo em termos profissionais e soci- vista), que possam subsidiar a análise.
ais (escolaridade, especialidade, padrão social,...), Para este trabalho, as informações comple-
por congregar pesquisadores, laboratoristas, au- mentares provêm de arquivo (cadastro de pessoal)
xiliares administrativos, técnicos agrícolas, artí- e das discussões durante a execução do treinamen-
fices, motoristas e um programador. to introdutório, do qual a autora foi uma instrutora.
O fato de o questionário não ter sido distribuí-
2. Metodologia do a todos os empregados da unidade de pesquisa
quebrou um pouco as regras da Sociometria. En-
Os dados apresentados na próxima seção tretanto isso não trouxe prejuízo para o presente
provêm de um teste de projeção sociométrica, trabalho, porque o grupo de referência é o de
aplicado no último dia do treinamento intro- recém-admitidos (exclusivamente novos) na uni-
dutório. O teste teve como objetivos: identificar a dade, que estavam em fase de integração e que
posição das pessoas no grupo, retratar a rede de participaram de todo o treinamento introdutório.
relações já formada entre eles e detectar o grau de Alguns elementos do grande grupo (unidade),
integração dos novos empregados. que não participaram do treinamento, aparecem
O questionário foi composto de apenas três nos sociogramas (que serão analisados adiante)
questões, com três critérios específicos. Em ambas apenas como escolhidos, porque o questionário
as questões, os respondentes deveriam fazer duas não podia excluir essa possibilidade. Os elemen-
escolhas (em primeira e em segunda opção). tos do grupo estão representados por números,
A primeira questão explorou o sentimento dos para preservar-lhes o anonimato. Em todos os
recém-admitidos ao chegarem à unidade, e a po- gráficos, a numeração identifica as mesmas pes-
pularidade dos que lá já estavam. A segunda soas, até o número 39. A partir do número 40,
questão foi mais dirigida para a afetividade, e a nem sempre os números identificam os mesmos
terceira, para a liderança. indivíduos, por se tratar apenas dos escolhidos,
Dos três métodos de análise sociométrica des- que podem estar presentes numa estrutura mas
critos por Kerlinger" - matriz sociométrica, so- não em outra. Assim, optou-se por fazer constar
ciograrna e índice sociométrico -, será apresenta- todos os escolhidos e dar uma numeração seqüen-
do aqui apenas o sociograma, embora a sua cial específica (a partir de 40) às três estruturas, ao
elaboração tenha sido facilitada por uma socioma- invés de se adotar uma numeração geral e excluir
triz. deste ou daquele sociograma os empregados que
não foram escolhidos.
3. Análise do teste sociométrico A representação gráfica não seguiu, a rigor, a
recomendação de alguns autores como, por exem-
Há várias formas de apresentar-se um so- plo, Teles]",uma vez que o centro não está ocupa-
ciograma. Uns são mais simples, outros mais do somente pelos elementos "estrelas" e nem
complexos. Entretanto, em qualquer dos casos, os sempre os demais membros estão posicionados
gráficos sociométricos têm como característica co- concentricamente. Entretanto, essas alterações de
mum o posicionamento dos indivíduos no grupo
e o delineamento de toda uma estrutura social,
sem, contudo, explicar os porquês dos fenô- 15.KERLINGER, F. N. Foundations of behavioral re-
search. New York,Holt, Rinehart Winston, 1973.
menos. Por isso, o sociometrista precisa ter um
mínimo de conhecimento sobre o grupo, ou deve 16.TELES, A. X. Op. cito
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Essa figura mostra como ocorreu a receptivi- 19 e 30 (do setor de documentação e informação);
dade dos novos empregados na unidade e quais os 22 e 28 (motoristas) e 14 e 21 (laboratoristas).
que se mostraram mais comunicativos ou mais Os empregados que se mostraram mais recep-
populares. No que diz respeito à integração, esta é tivos foram: 43 e 41. Estes já trabalhavam na
a mais importante, sobretudo porque a maioria dos unidade (o segundo sem vínculo empregatício e o
empregados já estava há mais de 30 dias na primeiro, contratado, mas em cargo administrati-
unidade e alguns deles já ultrapassavam os 90 dias. vo). Ambos se submeteram à seleção pública, nas
Como se pode notar, a estrutura mostra vários mesmas condições dos estranhos, e se tomaram
subgrupos, geralmente formados por circunstân- pesquisadores. Eles figuram no sociograma como
cias do trabalho, indicando que as relações têm si- os elementos mais fortes de ligação entre o pes-
do mais entre pessoas de um mesmo cargo ou que soal de apoio e de pesquisa. Talvez o fato de já
trabalham juntas, como seria de se esperar nessa conhecerem a unidade e a posição de novo em-
fase de relações no trabalho. Focaliza muitos pregado em que se encontravam tenham favoreci-
"companheiros" que fazem parte de grupos es- do a integração do maior subgrupo da figura 1.
pecíficos, dezoito empregados "esquecidos" e um Outras pessoas que, na unidade, também exer-
"isolado" (elemento de número 23). São perce- ceram o papel de facilitadores da integração, nes-
bidas, também, seis escolhas recíprocas: entre os se primeiro momento, foram as de números: 40,
membros 1 e 11, 16 e 34 (pesquisadores); 19 e 20, 49,57 e 59 (empregados/estagiários antigos) e 1,
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6, 19, 34 e 46 (empregados novos). É interessante dois) poderiam ter tido uma participação mais efe-
notar que muitos desses facilitadores não foram tiva no processo. Pela própria natureza de suas
dos primeiros a ingressar na unidade, mas se funções, era esperado que eles tivessem sido os
revelaram quanto à receptividade para com os principais agentes de integração. Provavelmente, as
colegas que os sucederam na chegada. atividades prementes e as rotinas diárias, aliadas às
Em termos de integração, o grupo apresenta tarefas de efetivações de contratos, absorveram ex-
características de pouca estruturação. Realça dois cessivamente a atenção dessas pessoas, impossibili-
subgrupos fechados, cujos elementos são: 14,21 e tando-as de manterem maiores contatos com os
48 - 1, 6, 11, 16 e 34, os quais estão mais integrados empregados novatos e de constituírem grandes elos
por identidade de funções: laboratoristas entre si de ligação. Isso revela que não houve preparação
(que formam um trio isolado) e pesquisadores en- para esse momento, por parte dos antigos emprega-
tre si, que se comunicam com outros membros do dos da unidade. Talvez, nem mesmo a chefia
subgrupo maior. tivesse imaginado que o processo de integração de
O restante do grupo está dividido em vários novos membros deva ser facilitado e que só devida-
subgrupos, em forma de correntes, com bastante mente integrado o indivíduo é capaz de aprender e
clivagem. Nota-se que as pessoas que se ligam (de de apresentar desempenho satisfatório.
alguma forma) o fazem porque têm um mesmo A figura 2 apresenta a estrutura das relações
cargo, trabalham num mesmo local ou já se co- interpessoais resultantes do critério proposto no
nheciam, visto que a cidade onde se localiza a segundo item do questionário: "Cite, por ordem
unidade não é tão grande. de preferência, o nome de dois colegas de traba-
Nessa fase de ingresso e de integração de novos lho com quem você gostaria de manter maiores
empregados, algumas constatações merecem co- contatos (cultivar companheirismo) porque acha
mentários: o pessoal do setor de Recursos Hu- que poderão ser bons amigos, em quaisquer cir-
manos da unidade e os Chefes-Adjuntos (que eram cunstâncias" .
/\ Masculino _1l1Escolha
=) Feminino -------. 211 Escolha
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O gráfico anterior apresenta uma situação real se tratar de três técnicos agrícolas que estão traba-
da época, e a figura 2 mostra uma estrutura dese- lhando juntos numa fazenda, onde há outros
jada, mas que poderá se estabelecer ao longo do profissionais, mas, como têm a mesma formação,
tempo, uma vez que diz respeito às relações afeti- idades semelhantes, e as circunstâncias favorecem
vas. No campo da simpatia, os membros que (distância da cidade, atividades idênticas), espera-
parecem transmitir melhor imagem aos colegas, se o estabelecimento de sólida amizade entre eles.
de acordo com a questão formulada, são os de As relações afetivas ocorrem mais lentamente,
número 61 em primeiro lugar, com três escolhas e algumas pessoas sentem dificuldade de mani-
de primeira opção; 11 e 48, em segundo; e 8, 21, festar seus sentimentos, sobretudo ,quando eles
24,25,27,38,39,41,42,44,46,51 e 56, em terceiro. são expressos na forma de desejo. E o caso dos
Dos três subgrupos distintos, um congregou a elementos de números: 18, 23 e 35, que se situam
maioria dos elementos e gerou algumas ramifi- na posição de "isolados", isto é, não escolheram
cações, o que indica incertezas com relação à ver- nem foram escolhidos. O número 23 causa certa
dadeira estruturação de laços de amizade entre os preocupação pelo fato de estar nessa mesma
elementos do grande grupo. Os outros dois sub- posição também na figura 1. Por outro lado, já se
grupos estão isolados, aparentando duas "ilhas". sentiu mais à vontade para escolher o coorde-
Apenas duas escolhas recíprocas ocorreram nessa nador (assunto da próxima figura).
estrutura: entre os membros de números 8 e 15, e A figura 3 focaliza o aspecto da liderança. Ela
entre 29 e 32. Somente as escolhas não sugerem retrata uma nova estrutura do grupo, gerada a
conclusões precisas, mas é muito provável que, partir da seguinte questão: "Qual o nome de dois
no primeiro caso, uma grande amizade será con- colegas que você conhece bem e gostaria de ter
solidada entre as duas colegas que se escolheram, como coordenadores de grupo de trabalho,
em primeira opção. A amizade da segunda du- porque possuem qualidades de organização, sim-
pla também tem boas possibilidades de se formar, patia, e sabem dirigir os companheiros, inclusive
juntamente com outro colega de número 24, por em casos difíceis?".
Figura 3: Relações de liderança no grupo de trabalho
6. Masculino -1~Escolha
O Feminino ...... -. 211 Escolha
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tribuem para a formação de subgrupos e para o cilidade e o entrosamento diminui a tensão e a an-
fortalecimento de relações entre seus membros. siedade, o que contribui para melhorar o clima
As "ilhas" (pares ou pequenos subgrupos iso- geral e reforçar a coesão. No entanto, esse aspecto
lados) que se formaram são exemplos típicos de merece atenção, porque nem sempre um grupo
relações que se estabelecem nos primeiros dias de coeso é participativo e produtivo. As vezes é con-
vida de um grupo. Elas mostram que as lideran- veniente o conflito, embora ele possa exigir que o
ças para cada situação ou critério proposto ainda gerente seja um artista no manejo do grupo, e por
não estão claramente definidas. Entretanto, quase mais habilidoso que seja um gerente de recursos
em todos esses pequenos subgrupos há um inex- humanos, é sempre prudente utilizar recursos
pressivo líder, que pode ser trabalhado e utilizado (como o sociograma) que possam auxiliá-lo na
como elo de integração. identificação ou sinalização de fenômenos da in-
A estrutura referente à afetividade (figura 2) teração grupal que, muitas vezes, são impercep-
retrata uma liderança muito diluída, mas no cam- tíveis no dia-a-dia.
po da amizade isso é aceitável, porque a simpatia Em síntese, pode-se dizer que o teste so-
é muito pessoal e a confiança é algo que se con- ciométrico é um instrumento de identificação de
quista na convivência. Além disso, ela ocorre, estruturas informais dos grupos sociais e de so-
normalmente, entre as pessoas que comungam cialização de seus membros.
determinados valores culturais. O teste sociométrico enfrenta, às vezes, alguma
Quanto ao aspecto da liderança para situações resistência, porque deixa os respondentes com cer-
de trabalho, foi revelada pouca coesão. Porém, to grau de apreensão, frente à possibilidade de re-
não se sabe se isso se deve à falta de integração conhecerem a sua posição no grupo e à necessi-
dos membros ou se eles ainda não se conheciam o dade de manifestarem suas preferências, rejeições e
suficiente para uma decisão dessa natureza. sentimentos em relação aos colegas. Por isso, exige
Considerando os critérios propostos no ques- tática do sociometrista no estabelecimento da pre-
tionário e os totais ponderados de escolhas, até à disposição dos membros do grupo, no sentido de
terceira posição, são cinco os empregados que se que respondam do modo mais natural e espontâ-
destacaram como mais populares ou mais hospi- neo possível, o que é proposto no questionário, que
taleiros; oito, os preferidos como amigos para deve ser simples, sem nenhuma finalidade oculta.
qualquer situação, e quatro, os prováveis líderes Finalmente, é importante ressaltar que, assim
de equipes de trabalho na unidade. como os sistemas de valores humanos são
Esses resultados indicam que a técnica so- mutáveis e a dinâmica do grupo, por sua vez,
ciométrica, aplicada em grupos de trabalho, pode também sofre mutações, os resultados desse teste
ser um excelente recurso para o administrador de retratam apenas aquele momento da vida desse
recursos humanos, tanto para selecionar como grupo, sendo necessário, no caso de acompa-
para acompanhar e orientar pessoas ou grupos. nhamento, reaplicações do teste com as devidas
Como instrumento de seleção, ela ajuda a: adaptações, tendo sempre o cuidado de imprimir
a) escolher, entre empregados conhecidos,os nele uma filosofia educativa, isto é, de desen-
mais adequados para ocuparem cargos vagos; volvimento de recursos humanos, e não de dis-
b) identificar indivíduos com habilidades geren- criminação ou de punição .•
ciais para as mais diversas situações de trabalho.
Como instrumento de acompanhamento e ori-
entação,ela facilita a integração de empregados e ABSTRACT:This study explores the sociometric test
ajuda-os a desenvolver: applied to a group of 49 individuais, recently admitted
a) hábitos de convivência; by the Brazilian Agricultural Research Corporation-
b) atitudes de cooperação; EMBRAPA, with a view to aiding the integration pro-
c) capacidade de autocrítica; cess of these new employees within the organization.
d) espírito de união de forças; e The analysis focalizes on three group structures, by
e) capacidade de discernimento e de valoriza- means of which one can observe the first interpersonal
ção dos colegas. relations occurring within the new group, how they
Além disso, a técnica sociométrica orienta a may be restructured and the probable leaders for work
formação de grupos de trabalho para situações es- situations.
pecíficas, de forma que possam desenvolver ati-
tudes positivas em relação aos objetivos da orga- KEY TERMS: Sociometry, interpersonal test, group
nização. structure, integration of individuais within the work
Sabe-se que nos grupos formados por pessoas organization.
que se escolhem a comunicação flui com mais fa-
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