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2016 - Ministé rio da Justiça e Cidadania
Secretaria Especial de Polıt́icas de Promoçã o da Igualdade Racial
Secretaria de Polıt́icas para Comunidades Tradicionais
Tiragem: 15.000 mil exemplares
Distribuição Gratuita

"A reproduçã o de todo ou parte deste documento é permitida


somente para ins nã o lucrativos desde que citada a fonte".

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial


Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais
Esplanada dos Ministé rios, Bloco A, 5° e 9° andares
CEP: 70.054-906 – Brasıĺia-DF
+55 61 2025-7000 / 7008
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www.seppir.gov.br
www.facebook.com/igualdaderacial.br
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Michel Temer

MINISTRO DA JUSTIÇA E CIDADANIA


Alexandre de Moraes

SECRETÁRIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE


PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Luislinda Valois

SECRETÁRIA DE POLÍTICAS PARA


COMUNIDADES TRADICIONAIS
Renata Melo Barbosa do Nascimento

PRODUÇÃO DE CONTEÚDO:
José Pedro da Silva Neto,
consultor PRODOC PNUD BRA 13/020

REVISÃO:
Carolina Carret Hö fs
Desiré e Ramos Tozzi
Fernanda Martins

COLABORADORES:
Aulo Barretti Filho
Buda de Bobossa
Jú lio Santana Braga
Makota Valdina Oliveira Pinto
Muniz Sodré
Paulo Cé sar Pereira de Oliveira
Regina Nogueira
Silas Nogueira
Silvany Euclê nio
Tiã o Soares
Vilma Piedade
Wanderson Flor do Nascimento.
SUMARIO
Apresentação - pg. 01

Povo, Tradição, Território e Ação Política


De quando os africanos foram trazidos para o Brasil - pg. 06
Os Povos Tradicionais de Matriz Africana - pg. 07
As tradiçõ es vindas de Africa e sua permanê ncia no Brasil - pg. 08
Origens e Tradiçõ es - pg. 09
Ancestralidade e Oralidade - pg. 11
Territó rios Tradicionais - pg. 12
Visgo para Combater o racismo - pg. 17

INTERFACES DAS CULTURAS TRADICIONAIS PARA


DIALOGAR COM O ESTADO - pg. 19

CULTURA:
Matriz Transversal - pg. 21

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO:
Magia Por Si Só Nã o Enche Barriga - pg. 25

Bibliogra ia - pg. 29
à O
N T AÇ
ES E
APR

Matu kana malevele ka malendi luta ntu ko


"Por mais compridas que sejam, as orelhas não podem ultrapassar a cabeça"
Provérbio Bantu
O
artigo 3º, inciso I, do Decreto 6.040/2007 de ine como Povos e Comunidades
Tradicionais os "grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem
como tais, que possuem formas pró prias de organizaçã o social, que ocupam e
usam territó rio e recursos naturais como condiçã o para sua reproduçã o cultural,
social, religiosa, ancestral e econô mica, utilizando conhecimentos, inovaçõ es e
prá ticas gerados e transmitidos pela tradiçã o".
Em todo o territó rio tradicional, nos chamados "terreiros" ou "roças" sã o
vivenciados valores de organizaçã o coletiva e tradiçõ es, incluindo a relaçã o com o
universo sagrado oriundo de diferentes contextos culturais africanos. As prá ticas
tradicionais de matrizes africanas rea irmam a dimensã o histó rica, social e cultural
dos territó rios negros constituıd ́ os no Brasil do qual a religiosidade e religiã o – relaçã o
com o sagrado – sã o algumas de suas facetas sã o també m amparados pelos princıp ́ ios
que regem o decreto nº 6040/2007, art. 1º, inciso I: "(I) reconhecimento das
comunidades tradicionais, levando-se em conta os recortes raciais, de gê nero, [...] e
religiosidade e ancestralidade".
Em 2013, foi lançado o "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentá vel dos
Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana", resultante de um esforço para
integrar e ampliar as açõ es no â mbito do Governo Federal para esses povos e
comunidades. O Plano foi coordenado pela Secretaria de Polıt́icas de Promoçã o da
Igualdade Racial da Presidê ncia da Repú blica - SEPPIR/PR em parceria com os
seguintes ó rgã os do governo federal: Ministé rio da Saú de, Ministé rio da Educaçã o,
Ministé rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministé rio da Cultura,
Ministé rio do Meio Ambiente, Ministé rio do Planejamento, Orçamento e Gestã o,
Instituto do Patrimô nio Histó rico e Artıśtico Nacional, Fundaçã o Cultural Palmares,
Secretaria de Direitos Humanos e Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuá ria. As
iniciativas e metas estã o distribuıd ́ as por trê s eixos estraté gicos: (i) Garantia de
Direitos, (ii) Territorialidade e Cultura e (iii) Inclusã o Social e Desenvolvimento
Sustentá vel, num total de 10 (dez) objetivos, 19 (dezenove) iniciativas e 56 (cinquenta
e seis) metas.
Esta cartilha tem o objetivo de informar e quebrar estereó tipos sobre os
povos e comunidades tradicionais de matriz africana e orientar a implementaçã o de
programas e polıt́icas pú blicas, fomentando o debate em torno deste segmento da
populaçã o brasileira. O conceito de Povos Tradicionais de Matriz Africana, aqui posto,
baseia-se na histó rica luta de movimentos e lideranças tradicionais de matriz africana,
subsidiado a partir de discussõ es feitas entre a sociedade civil entre 2011 e 2014.
O material utilizado para a construçã o desta Cartilha foram os relató rios e
transcriçõ es dos seguintes eventos:
Ÿ Seminário "Territórios das matrizes africanas no Brasil - Povos Tradicionais"

pg. 02
(2011);
Ÿ IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, MDS (2011);
Ÿ O icina de Trabalho "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana" (2012);
Ÿ Reunião de trabalho com Lideranças Tradicionais de Matriz Africana (2012);
Ÿ Plenária preparatória dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz
Africana para a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(2013);
Ÿ III Conferencia Nacional de Promoção da Igualdade Racial (2013);
Ÿ III Conferência Nacional de Cultura, MinC (2013);
Ÿ Seminário Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana (2014), sobre o conceito de Povos Tradicionais
de Matriz Africana e da relação dessa população com o Estado brasileiro na
perspectiva do acesso às políticas públicas e da promoção da igualdade racial
para a superação do racismo apresentamos os artigos que seguem.
Ao longo destes encontros, lideranças tradicionais de matriz africana
discutiram sobre o conceito de povo, tradiçã o e territó rio à luz das rupturas e
permanê ncias das culturas banto, é wé -fon e yorubá no Brasil, e aqui, pretendemos
que suas vozes sejam lidas junto a uma vasta bibliografia (documentos do Governo Federal,
Marcos Legais e bibliografia de intelectuais que também participaram das discussões).

Foto: Fernanda Procopio/2012.[Abaçá Oxum Oxossi - Mãe Caçulinha – SP]


pg. 03
POVO, TRADIÇÃO,
TERRITÓRIO E AÇÃO POLÍTICA
De quando os africanos foram trazidos
para o Brasil

Os Povos Tradicionais de Matriz Africana

As tradições vindas de África e sua permanência


no Brasil

Origens e Tradições

Ancestralidade e Oralidade

Territórios Tradicionais

Visgo para Combater o racismo

"[...] a violência é a pedra de toque, o núcleo central do problema abordado. Ser negro
é ser violentado de forma constante, contínua e cruel sem pausa ou repouso, por uma dupla injunção:
a de encarnar o corpo e os ideais de Ego do sujeito branco e de recusar, negar e anular a presença do corpo negro".

Jurandir Freire da Costa
De quando os africanos foram trazidos para o Brasil

O trá ico de pessoas escravizadas de Africa para o continente


americano começou em 1545, quando Martin Ferreira
estabeleceu comé rcio na Africa. Em 1550, os espanhó is izeram
das terras conquistadas na Amé rica suas colô nias, o que pediu o rá pido
desenvolvimento do trá ico de pessoas para atender suas demandas
econô micas. A partir de 1580, mercadorias da Europa eram trocadas por
pessoas escravizadas em Africa, sequestradas de diferentes partes do
continente. Entre os sé culos XVI e XIX, chegaram vivos à s Amé ricas
aproximadamente 11 milhõ es de negros africanos escravizados,
originá rios de diversas regiõ es do Continente. Somente para o Brasil
foram trazidos cerca de 5 milhõ es de pessoas (Alencastro,2000), de
origem bantu, ewé , fon, yoruba, ijexá , egbá , egbadó , savé , Quicongo,
Quimbundo, Nbundo, Haussás, Mande, Fulas e de outros povos e
segmentos é tnicos, o que explica a diversidade de idiomas e tradiçõ es
preservadas nos territó rios tradicionais de matriz africana no nosso paıś.

1 Da Guiné Sé c. XVI - 1.550 A 1.580

Do Congo e
2 Sé c. XVII - 1.580 a 1.650
Angola
Da Costa da
3 Sé c. XVII/XVIII - 1.650 a 1760
Mina
Do Golfo do
4 Sé c. XVIII/XIX - 1.770 A 1.850/88
Benin
Quadro Sinóptico A produzido a partir de VERGER, Pierre. Fluxo e Re luxo Do Trá ico de Escravos
entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos dos séculos XVII a XIX. Editora Corrupio, 1987.

Pierre Verger (1987) dividiu em quatro fases o luxo de negros da Africa para
a Bahia entre os sé culos XVI e XIX, usando os nomes das regiõ es africanas das quais
procediam os escravizados. No entanto, nã o podemos falar em datas de inıćio e im
absolutos do comé rcio de pessoas de determinada regiã o ou das viagens para esse
im, lembrando que no ú ltimo perıo ́ do, o Ciclo do Golfo do Benin, o trá ico de pessoas
já era considerado ilegal.

pg. 06
Os Povos Tradicionais de Matriz Africana

O
signi icado do que sã o os Povos Tradicionais de Matriz
Africana se sustenta na histó ria. Povos em luta desde a
diá spora e a escravizaçã o; povos com cultura de origem
identi icá vel cronoló gica e geogra icamente e, cujas trajetó rias,
incluindo perdas e desaparecimentos tanto quanto resistê ncia e
renovaçã o, preservam, inventam e reinventam sua tradiçã o, sua
fonte de saber e sua identidade. Povos em luta.

"Assim sendo, no processo de elaboração


do primeiro Plano de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana, no
diálogo que mantivemos com o Governo e
outras lideranças de Matriz Africana,
desde dezembro de 2011, algumas
e x p r e s s õ e s e c o n c e i t o s f o r a m s e
materializando e estão presentes no
documento, segue algumas: Povos
Tradicionais de Matriz Africana referindo
ao conjunto dos povos africanos para cá
transladados e as suas diversas variações
e d e n o m i n a ç õ e s o r i g i n á r i o s d o s
processos históricos diferenciados em
cada parte do país em relação com o meio
ambiente com os povos locais" (Makota
Valdina)

pg. 07
As tradições vindas de África e sua permanência
no Brasil
Os Povos Tradicionais de Matriz Africana nã o se constituem em uma unidade
homogê nea, mas em uma diversidade integradora. Passamos a descrever alguns
elementos que caracterizam os trê s grupos em maior nú mero no territó rio brasileiro –
bantu, fon e yorùbá – nã o só a partir das divisõ es dos grupos linguıśticos e seus espaços
geográ icos, mas també m a partir de macro padrõ es culturais, socais, rituais, esté ticos e
plá sticos, alimentares e performá ticos.
Bantu - "Nome dado a um conjunto de candomblés denominados angola e congo-
a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 0 l í n g u a s angola. [...] foram, na maioria, levados às
comprovadamente aparentadas, como p l a n t a ç õ e s e m d i f e r e n t e s r e g i õ e s ,
também aos povos que falam essas línguas. principalmente para os Estados do Rio de
Os povos bantos vivem numa extensa área do Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas
continente africano que vai desde a Gerais. Contudo, não se pode subestimar a
República dos Camarões até à África do Sul. signi icativa contribuição desses povos na
Dessa região da África sub-equatoriana [...], construção de uma religiosidade afro-
entre esses, destacam-se os congos, angolas, brasileira a partir da Bahia, especialmente
cabindas, benguelas e tantos outros que com o deslocamento de sacerdotes para a
tiveram papel saliente na criação da região meridional o partir do século XX."
religião afro-brasileira, especialmente dos

Fon - "Mas, na verdade, o termo 'jeje' parece asseverou que ainda hoje existe um pequeno
ter designado originariamente um grupo grupo no Benim que se autodenomina jeje.
é t n i c o m i n o r i t á r i o , p r o v a v e l m e n t e No Brasil o termo é usado para designar os
localizado na área da atual cidade de Porto grupos religiosos que cultuam os Voduns. A
Novo, e que, aos poucos, devido ao trá ico, rigor, a tradição religiosa, no Brasil
passou a incluir uma pluralidade de grupos denominada jeje e seus correlatos, jeje-
étnicos localmente diferenciados. Trata-se, mina, jeje, mahi, jeje savalu, jeje-mundobi,
portanto, de uma outra denominação faz referência direta aos povos Fons, os Fons-
metaétnica (PARÈS, 2006: 30). O linguista gbe, isto é os falantes da língua fon na atual
Beninense Olabyi Yai, em conversa, nos República Popular do Benin."

Yorùbá - "grupo étnico que hoje, na sua eles se chamassem uns aos outros por um
grande maioria se concentra na Nigéria, em mesmo nome." (S. O. Biobaku). Antes de se ter
menor parte no atual Benim (antigo Daomé) conhecimento do termo "yorùbá", livros e
e em sua minoria no Togo e em Gana, todos mapas antigos, entre 1656 e 1730, são
na África Negra. O grupo étnico yorùbá, é "unânimes" em chamar esses povos de
subdividido em vários subgrupos tais como Ulkumy. Em 1734, o termo "Ulkumy"
os: Kétu, Òyó, Ìjèsà, Ifè, Ifòn, Ègbá, Èfòn, etc. desaparece dos mapas e é substituído por
Esses deram origem na diáspora à religião Ayo ou Eyo, para designar os do império de
dos Òrìsà. "O termo yorùbá," aplica-se a um Òyó. O termo "yorùbá", efetivamente, chegou
grupo linguístico de vários milhões de ao conhecimento do mundo ocidental em
indivíduos. Além da linguagem comum, os 1826. Parece ter sido atribuído pelos haussá
yorùbá estão unidos por uma mesma cultura exclusivamente ao povo de Òyó".
e tradições de sua origem comum, na cidade
de Ilé-Ifè. É duvidoso que, antes do século XIX,

pg. 08
. Foto: Claúdio Zeiger/2009.[Festival de Sàngó, Oya e Obà do Ilé Àse Palepa Mariwo Sesu – SP]

Origens e Tradições

A tradiçã o para os Povos de Matriz Africana é entendida "não como


uma ixação no passado ou a elementos anacrônicos, mas sim como
'lugar que se ritualiza a origem e o destino, ou seja, tradição como
ritualização da origem de todos', ressaltando que 'nem todos ritualizam' origens e
destino'" .
É importante a gente manter as tradições dos mais velhos, mas
entender que também nós precisamos dos mais novos para dar
continuidade na nossa luta"(Doné Kika de Becen)
A tradição está intimamente ligada ao conceito de àsèsè, origem e
passagem, contido nesse cântico usado pelo povo yorùbá nos ritos
de morte, significando o retorno à própria origem" (Paulo Cesar
Pereira de Oliveira).

Ìyá mi, àsèsè!


Bábà mi, àsèsè!
Olódùmarè un mi àsèsè o!
Ki Ntoo bò Orìsà à è.

Minha mãe é minha origem!
Meu pai é minha origem!
Olódùmarè é minha origem!
Portanto, adorarei as minhas origens.
pg. 09
Nesse sentido, a tradiçã o é um aspecto vivo da
cultura que nã o se prende de forma ixa ao passado
nem vive do "apego ao passado" , mas o reinventa sem
perder raıźes, origens e sem perder a perspectiva do
movimento da histó ria na construçã o do presente e do
futuro.
Para Sodré (1988), a origem das tradiçõ es de
matriz africana nã o tem inıćio cronoló gico, mas, sim, o
"eterno impulso inaugural da força de continuidade do
grupo.
A ritualizaçã o da origem e do pertencimento
dos povos tradicionais de matriz africana se dá
naqueles lugares conhecidos no Brasil como
"terreiros" ou "roças", por meio de vivê ncias, de
prá ticas e construçõ es simbó licas. Pensando e
vivenciando o presente, essas prá ticas apontam para o
futuro da existê ncia ao mesmo tempo em que, sem
cortar o io histó rico e condutor, remetem à
ancestralidade e à origem.

pg. 10
Ancestralidade e Oralidade

Q uando foi negado ao escravizado "falar" sua lın ́ gua, negaram-lhe sua cultura.
Para os povos tradicionais de matriz africana, a palavra é uma força vital e
fundamental, pois é o enunciado oral, é uma exteriorizaçã o de forças vitais e o
resultado da integraçã o de forças vitais das pessoas.
Pela oralidade, transmite-se a essê ncia do ser, o ìwà, em yorubá , que sã o
caracterıśticas e qualidades que a pessoa possui ou pode vir a adquirir em sua vida. E
també m destino, que surge dos procedimentos diá rios da pessoa no àiyé, as virtudes e
as peculiaridades que regem sua norma de conduta, consigo e com a sociedade,
favorecendo ou nã o as oportunidades que surgem em sua vida.
Para as tradiçõ es africanas, há momentos no qual a unidade deve ser evocada,
na tentativa de escapar das armadilhas do disperso e do desunido que empobrecem. E
há momentos no qual a diversidade deve ser evocada quando a homogeneizaçã o,
armadilha do mesmo e do ú nico, empobrece. Tal como ensina um ditado banto –
originá rio de Cabinda: "nã o há loresta boa com um tipo só de á rvore".
O humano é signi icado pelo princıp ́ io banto do 'ntu', no qual a existê ncia do
indivıd́ uo se dá no coletivo. O pertencimento e a capacidade de entendimento e
aceitaçã o dos processos vividos no espaço tradicional passam pelo domın ́ io da lıń gua
e das linguagens corpó reas, rı́tmicas e musicais e oferece as condiçõ es para a
valorizaçã o e o reconhecimento da identidade dos povos tradicionais de matriz
africana.
Língua, representações e práticas, mesmo que visceralmente
associadas à sobrevivência, não se limitam a valores econômicos, se
entendido economia no sentido ocidental da palavra. Para a concepção
negra, é a ampliação dos valores que dará conta de explicar o ser na sua
integridade. Essa mesma ampliação que tornará possível a construção
d o s el e m e n to s d a i d e n t i d a d e , a s re f e rê n c i a s q u e p a s s a m
necessariamente pela ancestralidade, composta pelos mitos
fundadores, pelos arquétipos humanizados ou divinizados que
integram a história e revitalizam, com energia e conhecimento, o
presente. Essas mesmas construções se territorializam porque
prescindem das trocas presenciais, trocas essas que não se restringem a
valores de troca, valores medidos em objetos de utilidade prática e
imediata (OLIVEIRA, 2011).

pg. 11
Territórios Tradicionais
(...) Foram e ainda são quilombos as comunidades de terreiro que ao
longo da história do negro no Brasil mostraram ter sido o lócus de
engendramento por suas características especiais de útero mítico, que
possibilitou a reaglutinação dos elementos fundamentais para a
manutenção do negro enquanto grupo e cultura. (SODRÉ, 1988, p.56)

Os terreiros se constituem espaços de busca do sentido de pertencimento.


Embora tenham recebido diferentes denominaçõ es a depender da regiã o do paıś,
prevaleceu em todos esses territó rios tradicionais de matriz africana, "um conjunto
organizado de representaçõ es litú rgicas" que tornam esses espaços/terreiros
"territó rios polıt́ico/mıt́ico", lugares de resistê ncia, transmissã o de conhecimentos e
preservaçã o de identidades. Os terreiros se tornaram ao longo das dé cadas lugares
privilegiados de manutençã o, construçã o e reconstruçã o tanto da tradiçã o quanto de
sua identidade religiosa, considerando que, no caso dos Povos Tradicionais de Matriz
Africana, o vın ́ culo entre essas duas esferas é intrın
́ seco e indissolú vel.
Os territó rios, terreiros ou roças, sã o espaços de alta complexidade, por
serem onde se ritualizam origem e destino e onde tomam forma a cultura, as
representaçõ es e os valores ancestrais.

" Nessa quali icação dos espaços negros, a primeira referência colocada
para o pensamento, tanto no aspecto concreto quanto na forma de
categoria analítica, é a Terra. Dela partem as noções antigas e
contemporâneas de territórios e de terreiros ou roças. Para as culturas
originárias e ancestrais africanas, só se concebe a terra como parte do
cosmo. E, como tal, necessariamente ligada a uma cosmogonia que lhe
confere valores e signi icados completamente distintos das concepções
ocidentais mesmo aquelas que conseguem atingir a dimensão dos
estudos do espaço sideral de forma mais avançada e menos ortodoxa"
(OLIVEIRA, 2011).

"Nosso corpo é nossa terra. Uma árvore e eu somos a mesma coisa"


(NOGUEIRA, 2015)

Os territó rios tradicionais, ou os terreiros, nos ensinam a nã o separabilidade
da dimensã o do sagrado das outras dimensõ es da vida da pessoa e da comunidade. Sã o
espaços de mediaçã o entre o material e outras manifestaçõ es de vida, entre diferentes
indivıd
́ uos e diferentes naturezas, entre todos e o cosmo.

pg. 12
Trata-se, na visão africana, de uma dimensão que, se dialoga com o
sagrado e a meta ísica, não exclui de maneira alguma os aspectos
ísicos, quantitativos concretos e energéticos que permitem a
compreensão ilosó ica a partir também, mas não só, da experiência,
incluindo tanto a experiência concreta, veri icável, quanto a
experiência sutil e etérea do sagrado ou do segredo, em uma
aproximação que torna o sentido mais acessível a um número maior
de pessoas. A ki gbo ikú ile a ibi oba a ("Não se tem má notícia da
terra, ela não morre") (OLIVEIRA 2011).

O conhecido prové rbio yorùbá, Kosi Ewé, Kosi Òrìsà "sem folha nã o existe
Orixá " sintetiza a complexidade do lugar da terra na vida do povo africano. "Folha", a
despeito de toda sua importâ ncia para as culturas africanas no Brasil, representa a
manifestaçã o material da vida e a pró pria terra.

Assim, se a loresta, o rio, a montanha, homens e animais integram a


terra na sua totalidade, tanto como frutos quanto partes
inseparáveis, os valores ancestrais unem o que seria o biológico, o
visível e palpável da experiência, ao transcendente, ao invisível, mas
que se manifesta também na forma de energia (àse, ngunzu, força)
na experiência do sagrado que, por sua vez, não se desassocia do real
concreto (Oliveira 2011).

Como espaço existente ao mesmo tempo no campo fıśico e no imaginá rio. A


diá spora, a escravizaçã o e as muitas outras violê ncias e violaçõ es estã o na base do
processo de desterritorializaçã o e descontruçã o de referê ncias e identidades desses
povos nas Amé ricas.
O enfrentamento das violê ncias, que incluıám a destruiçã o das relaçõ es
comunais e de parentesco e as formas de solidariedade exigiu do povo negro a criaçã o
de espaços para as tentativas de recriaçã o e revitalizaçã o do universo cultural
violentado e fragmentado, para a retomada do contato mıt́ico e mıśtico com a matriz,
com a origem, com a Africa, origem tanto geográ ica quanto simbó lica, fonte do existir
original, tomada entã o como espaço existente ao mesmo tempo no campo fıśico e no
imaginá rio.
Os espaços que expressam "essa forma social negro-brasileira" foram e
continuam sendo fundamentalmente os terreiros, as roças, as casas de tradiçã o, que
passam a ser entã o, como a irma Sodré (1988), "uma Africa qualitativa que se faz
presente, condensada, reterritorializada" em espaços construı́dos em diferentes
localidades, inicialmente, durante a vigê ncia da escravidã o, mais afastados das á reas

pg. 13
Foto: Fernanda Procópio/2013.[Preparo do acarajé e assepsia tradicional
das folhas de mamona no Ilé Àse Palepa Mariwo Sesu – SP]

urbanas e depois em todo local onde fosse possıv́el, tomando as cidades, vilas, bairros,
sıt́ios. Fala-se em "Africa qualitativa" para expressar a dimensã o tanto territorial
quanto cultural desses terreiros pois, "pouco importa (...) a pequenez (quantitativa)
do espaço topográ ico do terreiro, pois ali se organiza, por intensidades, a simbologia
de um Cosmos" (idem). E por reproduzir por diferentes formas uma mesma
Cosmovisã o, o espaço/terreiro é també m metafó rico e sinté tico na medida que nele se
"realizou um fenô meno de condensaçã o do rito", sın ́ teses, recriaçõ es, adaptaçõ es de
um universo fragmentado pela repressã o profunda e pelas divisõ es operadas pelo
escravismo, separando pessoas de uma mesma etnia, comunidade e até de uma
mesma famıĺia.
Ao resistir em territó rios especı́ icos, denominados terreiros, receberam
diferentes nomes: seitas, cultos e, por ú ltimo, apenas como prá tica religiosa, e estas
nomenclaturas foram sendo absorvidos em cada geraçã o.
Para os meus antepassados, não importava como chamavam eles. O
importante é que, como todo povo que migra, mas de forma
absoluta, neste território foi constituído o espaço sagrado, cultural,
de ensino, de cura e de manutenção econômica (NDANALAKATA,
2013, comunicação oral).

pg. 14
Desenho: Àkódì- Casa Tradicional, desenho de Inatobi 2016

Negar este espaço como territó rio de um povo é uma forma de nã o
reconhecer as sociedades africanas como modelos civilizató rios que contê m uma
economia possı́vel de sobrevivê ncia e també m de desconsiderar as relaçõ es
autô nomas de sustentabilidade, e de impô r um modelo externo de exploraçã o da
natureza como ú nica via possıv́el (ALVES & CARVALHO, 2008).
Os territó rios negros sã o essenciais para a identidade, a preservaçã o da
cultura e a resistê ncia do povo negro ao longo da histó ria e sã o peças-chaves para a
elaboraçã o das polıt́icas pú blicas em â mbito nacional.

Nesse sentido, pode-se fazer uma referência direta ao decreto n.


6.040, de fevereiro de 2007, da Casa Civil da Presidência da
República, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. No seu artigo 30,
parágrafo II, ao referir-se a Territórios tradicionais, no que tange ao
povo negro e a sua cultura, o decreto indica apenas os territórios
quilombolas. Essa redução ignora a amplitude dos territórios
negros, de inidos também a partir de valores ancestrais e não
contempla uma in inidade de espaços, urbanos e rurais, que não se
enquadram na de inição corrente de quilombolas, mas que são
tradicionais na medida em que cultivam e preservam tradições,
valores culturais e ancestrais. Rede inir o conceito de territórios

pg. 15
tradicionais se torna, portanto, urgente sob a pena de se excluir
parcela signi icativa da população negra das políticas de
desenvolvimento e demais planos de políticas públicas de caráter
nacional. (Idem)

Até a presente data, o conjunto material e imaterial da cultura de origem


africana preservado e recriado nos terreiros é identi icado como "patrimô nio material
e imaterial" à "memó ria coletiva" de um grupo, de um povo e contam com algumas
açõ es das polıt́icas de proteçã o e salvaguarda do patrimô nio.
As referê ncias ancestrais africanas, presentes nos territó rios que garantem as
construçõ es identitá rias do "sujeito singular" como parte de uma continuidade
histó rica". Sem fontes e referê ncias, a constituiçã o do "si mesmo" torna-se por demais
difıćil e confusa, quando nã o impossıv́el, inviabilizando as relaçõ es de conhecimento e
reconhecimento de si e "do outro".
Comprometidamente, busca-se aqui perspectivas afro-centradas e os
valores das culturas africanas presentes em praticamente todas as culturas dos paıśes
que vivenciaram a escravidã o moderna, como o caso do Brasil e que,de certa forma,
sã o capazes de compor alguma unidade dessas culturas em que pese todos os esforços
para suas fragmentaçõ es e destruiçã o.

É justamente a mediação, a ampliação do espaço para outros


aspectos e sentidos da existência que dão signi icado e sentido para
as diferentes manifestações da vida. Uma mediação que inclui o
cosmo e o outro, o próximo, o dotado de possibilidades de ações e de
respostas. Nisso reside o signi icado de "humano", de ntu, do povo
bantu: "Eu sou porque você me reconhece", ou seja a valorização do
coletivo. O entendimento e a aceitação desses processos, que passam
pelo domínio da língua e das linguagens corpóreas, rítmicas e
musicais oferece as condições para a identi icação, para o
reconhecimento da identidade. (OLIVEIRA, 2011)

pg. 16
Visgo para Combater o racismo
As complexidades inerentes à s culturas e povos tradicionais de matriz
africana foram preservadas e continuamente reconstruıd ́ as, mas hoje correm riscos
de toda ordem de perdas. O racismo, a violaçã o de direitos, a discriminaçã o religiosa,
incluindo sistemá tica difamaçã o pela mídia, as di iculdades inanceiras, o desenfreado
e agressivo avanço imobiliá rio colocam em risco a existê ncia e a continuidade de um
"patrimô nio material e imaterial" construıd ́ o ao longo dos sé culos da histó ria desses
povos e do pró prio paıś.
O enfraquecimento e mesmo o desaparecimento dos territó rios implica, alé m
de violê ncia contra a humanidade e contra a pró pria histó ria, na perda de um universo
que é potê ncia, é força e que é capaz de contribuir efetivamente para a criaçã o de
alternativas e condiçõ es de enfrentamento das crises que ameaçam as sociedades
contemporâ neas baseadas hegemonicamente nos parâ metros polıt́icos e ilosó icos
ocidentais. As caracterıśticas dos territó rios resumidas aqui indicam objetivamente
que esses "lugares" das culturas de matriz africana tê m elementos e respostas para
formas destrutivas e violentas inerentes ao tipo de desenvolvimento predador,
alienante e desigual.
Com essas caracterıśticas, os terreiros sã o fonte primordial da identidade do
povo negro nas complexas sociedades contemporâ neas. Na sua amplitude e plenitude
de açã o, os territó rios sã o importantes instrumentos de saú de pú blica, tanto no que
refere à sanidade do corpo quanto da mente e do meio ambiente.

" Essa condição, pela capacidade de enfrentamento da negação da


existência e das referências psicossociais, confere aos terreiros a
qualidade de agentes sociais construtores de sujeitos, individuais e
coletivos que se a irmam com capacidades de embate e resistência
aos processos alienantes e empobrecedores da condição humana.
São fontes de pensamento e ações saudáveis que atuam diretamente
na saúde mental no âmbito individual ou coletivo. São fontes para o
combate humano e inteligente ao uso desmedido de drogas, à adesão
aos processos violentos oriundos das desigualdades, do racismo e
das diferentes formas da exclusão social" . Silas Nogueira

A relaçã o com o sagrado é um dos elementos que constituem a complexa


dimensã o do conceito de povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Olhar
para os grupos sociais contemplados por essa de iniçã o para alé m de seu cará ter
religioso, é de extrema importâ ncia na construçã o das polıt́icas pú blicas.
Entender esses diferentes grupos como pertencentes a povos e comunidades
tradicionais, com diferenciadas visõ es de mundo, cultura, modos de fazer, valores,
pg. 17
cosmologias, relaçõ es com ancestralidade, torna-se ainda, fundamental para o real
enfrentamento ao racismo, já que a expressã o intolerâ ncia religiosa nã o dá conta do
grau de violê ncia que incide sobre os territó rios e tradiçõ es de matriz africana. Esta
violê ncia constitui a face mais perversa do racismo, por ser a negaçã o de qualquer
valoraçã o positiva à s tradiçõ es africanas, daı ́serem demonizadas e / ou reduzidas em
sua dimensã o real.
Desde dezembro de 2011, a SEPPIR, por meio de sua Secretaria de Polıt́icas
para Comunidades Tradicionais, criou espaços e instâ ncias de diá logo envolvendo
lideranças tradicionais e instituiçõ es parceiras, que culminaram na elaboraçã o do I
Plano de Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e Comunidades Tradicionais de
Matriz Africana. Alé m disso, nesses espaços, foram discutidos e construıd ́ os os muitos
conceitos identitá rios, do qual o de povos e comunidades tradicionais de matriz
africana, foi sendo fortalecido como paradigma para a elaboraçã o de polı́ticas
pú blicas.
Povos Tradicionais de Matriz Africana
O conjunto dos povos africanos para cá transladados, e à s suas diversas
variaçõ es e denominaçõ es originá rias dos processos histó ricos
diferenciados em cada parte do paıś, na relaçã o com o meio ambiente e
com os povos locais.

Comunidades Tradicionais de Matriz Africana


Territó rios ou Casas Tradicionais - constituıd ́ os pelos africanos e sua
descendê ncia no Brasil, no processo de insurgê ncia e resistê ncia ao
escravismo e ao racismo, a partir da cosmovisã o e ancestralidade africanas,
e da relaçã o desta com as populaçõ es locais e com o meio ambiente.
Representam o contın ́ uo civilizató rio africano no Brasil, constituindo
territó rios pró prios caracterizados pela vivê ncia comunitá ria, pelo
acolhimento e pela prestaçã o de serviços à comunidade.

Autoridades Tradicionais
de Matriz Africana
Sã o os mais velhos, investidos da autoridade
que a ancestralidade lhes confere.

Lideranças Tradicionais de Matriz Africana


Sã o as demais lideranças constituıd
́ as
dentro da hierarquia pró pria dos territó rios
Desenho: Egungun por Inatobi
inspirado em foto de Pierre Verger 1954.
e das casas tradicionais.
pg. 18
AS R
U R GA
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L IALO
S C D
S DA ARA
C E IS P
A
RF IONA O
E
INT ADIC STAD
TR M O E
CO
As culturas de matriz africana preservadas nos territó rios
oferecem elementos exemplares para a elaboraçã o de polıt́icas pú blicas
orientadas para a preservaçã o do meio ambiente, a difusã o da cultura, a
promoçã o da saú de. A iloso ia das culturas tradicionais de matriz africana,
sejam elas bantu, yoruba ou ewe-fon, baseia-se nos elementos primordiais,
nas relaçõ es do humano com o universo manifesto na forma de oceanos,
rios, matas, lorestas, lagos. Uma relaçã o que nã o se resume ao uso mas que
també m envolve valores que vã o muito alé m da troca predató ria e do
domın ́ io para usufruto. Nesse sentido, todo territó rio é um centro de
preservaçã o ecoló gica.
Sã o també m "escolas" ou centros de saberes capazes de
ultrapassar o ensino tradicional e oferecer um aprendizado que busca o
desenvolvimento integral, humano, completo, um desenvolvimento que
nã o visa o mercado, mas sim a plenitude da vida. A lide com as diferentes
formas de expressã o, mú sica, dança, expressõ es lú dico-corpó reas
fornecem à criança e ao adulto as condiçõ es para o desenvolvimento tanto
dos sentidos, do raciocın ́ io e de ordenamento do pensamento quanto do
pró prio corpo, instrumento de manifestaçã o da vida na sua inteireza.
Como centros de saberes, os territó rios, em suas formas
tradicionais de ensino e transmissã o de conhecimento, sã o, por excelê ncia,
os lugares de preservaçã o das diferentes lın
́ guas de matriz africana que
aqui chegaram com a diá spora. Entendidas nos seus signi icados amplos, as
lın
́ guas trazem em seus bojos a pró pria cultura, o universo simbó lico,
imaterial, onde passado, presente e futuro tramam a existê ncia sustentada
em valores e princıp ́ ios.

pg. 20
SA L
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R RA
LT U T
CU TRIZ
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Foto: Felipe Torres/2012.
Quais são as interfaces entre os povos tradicionais de matriz africana e a cultura
negra no Brasil? Como debater uma produção cultural tão complexa, de di ícil
de inição?

A escravidã o, o preconceito, o racismo e o reducionismo construıŕam, ao longo


do tempo, uma cultura negra baseada em duas grandes má ximas. Uma que busca a
"pureza" africana, indıćios de um passado mıt́ico que di icilmente será encontrado.
Outra que mistura, recon igura e altera a cultura dos povos tradicionais de matriz
africana, a partir do olhar da diversidade, incorporando assim, elementos notadamente
de outros grupos culturais.
Neste contexto, há uma grande complexidade em de inir o que é ou nã o cultura
negra. O que podemos é de inir alguns padrõ es perfeitamente aplicá veis no Brasil. Um
primeiro padrã o, quando aceitá vel, é aquele que divide os povos tradicionais de matriz
africana nas chamadas naçõ es. A partir de divisõ es dos grupos linguıśticos yorùbá, fon e
bantu e seus espaços geográ icos, o candomblé foi diferenciado respectivamente em
trê s macro-naçõ es: kétu, jeje e angola. Hoje, compreendemos que estas divisõ es podem
ser estabelecidas nã o só pelos aspectos linguıśticos e geográ icos, mas també m por
macro-padrõ es rituais, esté ticos e plá sticos, alimentares e performá ticos.
Podemos entã o dizer que a cultura criada nos territó rios dos povos
tradicionais de matriz africana no Brasil e levada para fora desse espaço – a rua, a praça,
o mercado, a casa de show, o teatro – també m pode ser identi icada a partir destas
divisõ es, destas iliaçõ es.
Os povos tradicionais de matriz africana historicamente levaram para a rua
indıćios do sagrado, signos recon igurados de objetos litú rgicos, vestimentas, mú sicas,
câ nticos, danças, alimentos. O samba e suas vá rias vertentes (o jongo, o samba de roda
do recô ncavo da Bahia, o samba rural paulista, o samba carioca, o batuque de umbigada,
o carimbó do Pará , entre outros) tê m sua principal matriz nos povos tradicionais de
matriz africana bantu.
Os Maracatus de Pernambuco, por exemplo, já foram chamados de candomblé s
de rua, e dentre inú meros indıćios em sua performance temos a calunga, boneca negra
vestida com peruca e roupas europeizadas que possui no seu interior elementos
má gicos dos povos tradicionais de matriz africana recifenses. Os Bumbá do Maranhã o,
dentre outros vá rios elementos, contam com o Cazumbá , personagem mascarado
representando a fusã o dos espıŕitos dos homens e dos animais. O afoxé liga-se aos povos
yorùbá. Os Afoxé s de Salvador, Recife e Rio de Janeiro foram durante muito tempo
també m conhecidos como candomblé s de rua, quando com seus ìlù (atabaques), agogo
(agogô s), sèkèrè (xequerê s) percutem o ritmo "sagrado" chamado ìjèsà (ijexá ).
O samba, exemplo clá ssico, em suas primeiras letras na dé cada de 30 tinha
citaçõ es de elementos das religiõ es afro-brasileiras, mesma é poca que marca a
constituiçã o da indú stria fonográ ica e a instalaçã o efetiva da rá dio do Brasil, no Rio de
pg. 23
Janeiro. Embora na sua origem, o samba esteja intimamente ligado à mú sica bantu,
nestes mesmos anos 30 foi elaborado um estilo mais voltado para a sociedade
abrangente, o samba urbano em oposiçã o ao samba de morro.
O hip hop que surgiu nos guetos negros de Nova York e migrou para vá rios
paıśes, inicia em Sã o Paulo seu movimento cultural atrelando nitidamente as questõ es
da cultura urbana e os inú meros problemas sociais sofridos pela maioria da populaçã o
é outro exemplo da interface entre os povos tradicionais de matriz africana e a cultura
negra.
No Brasil, o hip hop constituiu-se com elementos tipicamente nacionais. A
improvisaçã o das letras do MC e a maneira do DJ tocar as "bolachas" e do "breaker"
dançar estã o intimamente ligadas a esté tica dos povos tradicionais de matriz africana. A
"pick-up" do DJ é a ressigni icaçã o dos tambores sagrados – run, runpí e lé, onde de um
lado há a percussã o da base musical e do outro a improvisaçã o.
Todos esses pequenos exemplos materiais, super icialmente acima descritos,
nos mostram a in luê ncia da cultura negra dos povos tradicionais. Todos os sım ́ bolos
levados para a rua possuem sentido e signi icado, nã o estã o ali ao acaso ou
simplesmente por sua beleza.
Na discussã o devemos indicar a iliaçã o, para que se seja possı́vel
contextualizar, descontextualizar e re-contextualizar a presença das tradiçõ es de
matriz africana na cultura negra brasileira e para o que aparentemente seria repulsado
passe a fazer parte de ligaçõ es e lembranças de nossos antepassados.
O tambor, repleto de signi icados, quando apreendidos, traz mais sentidos, nã o
só o da festividade e alegria e possibilita vencer o preconceito de uma macumba
perversa. A inal, ele está arraigado no ethos brasileiro.
Fazer sentido é trazer à tona nossa iliaçã o e para o ethos, referenciar sua
memó ria é de certo modo remontar um passado que nã o é percebido, muito menos
permitido em seu cotidiano. Está aı ́mais uma brecha para utilizar o conceito de povos
tradicionais de matriz africana. Ele permite trazer os sentidos do passado pelos ruıd ́ os
internos, pelos olhares, pelos sabores e sons da memó ria do corpo e signi icar o
presente.
Desta maneira, o conceito de Povos Tradicionais de Matriz Africana é ,
sobremaneira, mais alargado do que apenas a relaçã o com o sagrado afro-brasileiro,
constituindo assim um importante instrumento para do diá logo com o Estado
Brasileiro.

pg. 24
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Foto: Fernanda Procópio/2010.[Olubaje no Ilé Obá Kétu Àse Omi Nla – SP]

"Diferentes nações têm concepções diferentes das coisas". Em mundos diversos,


existem diferentes educaçõ es (BRANDAO, 1985, p. 8-9). Para viver democraticamente
em uma sociedade plural, é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a
constituem (SOARES, 2005). E os povos tradicionais de matriz africana na diá spora
ainda sã o vıt́imas de um processo histó rico de massacres e humilhaçõ es.
A invasã o portuguesa no continente africano, a instalaçã o de novos modelos
econô micos e, principalmente, a desterritorializaçã o fıśica e cultural, signi icaram
para os povos africanos de Africa e da diá spora uma drá stica alteraçã o em sua
economia de subsistê ncia. O empobrecimento e a carê ncia alimentar dessas
populaçõ es foram resultados de tais eventos (BANDEIRA ET al., 2008).
O processo de resistê ncia e resiliê ncia, no Brasil, se deu de diferentes
maneiras, de acordo com a é poca, mas medido, principalmente, pela negaçã o ou
aceitaçã o da cultura dominante. O modelo econô mico africano, reproduzido de forma
autô noma nos Quilombos, tem seu cerne na riqueza e diversidade encontradas no
respeito a todo ser vivo. Um respeito que leva a nã o exploraçã o pelo lucro, o nã o uso da
terra de forma a destruir da mesma e a criaçã o de animais e de vegetais para sua
subsistê ncia. "Tem a cadeia alimentar, mato para alimentar o povo neste dia, amanhã é
um dia que nã o nasceu. Ao nascer estarei fortalecido para buscar o alimento, pois
ontem me alimentei" (NDANDALAKATA, 2013, comunicaçã o oral).
A forma de resistê ncia dos povos africanos na diá spora, sem terra e sem

pg. 26
direito a sua forma tradicional de alimentar, prejudica o processo de sustentabilidade,
de tal forma que essas populaçõ es sã o obrigadas a reverter paradoxalmente a fartura e
a diversidade alimentar numa dieta monó tona e nutricionalmente pobre.

O QUE É ALIMENTAÇÃO TRADICIONAL


DE MATRIZ AFRICANA?
E a alimentaçã o constituıd
́ a dentro de O QUE É ALIMENTO TRADICIONAL
um processo ritualıśtico que inclui a DE MATRIZ AFRICANA?
produçã o, o bene iciamento, o Alimento tradicional é todo alimento
preparo e o consumo dos alimentos (I que pode ser compartilhado com a
Plená ria permanente do Fó rum divindade e a ancestralidade e que
Nacional de Segurança Alimentar e garanta a vida de todos os seres vivos
Nutricional dos Povos Tradicionais de (I Plená ria permanente do Fó rum
Matriz Africana - FONSANPOTMA – Nacional de Segurança Alimentar e
Natal 2012). Nutricional dos Povos Tradicionais de
Matriz Africana - FONSANPOTMA –
Natal 2012).

Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, ter


segurança alimentar é ter acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidade su iciente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,
tendo como princıp ́ io, prá ticas alimentares promotoras de saú de, que respeitem a
diversidade cultural e que sejam social, econô mica e ambientalmente sustentá veis
(CONSEA, 2004). Portanto, para o alcance da soberania alimentar pelas populaçõ es
indı́genas e os povos tradicionais de matriz africana deve-se ir muito alé m da
distribuiçã o de alimentos.
Para avançar neste objetivo, é preciso reestruturar e criar polıt́icas pú blicas
que correspondam à s necessidades de saú de, educaçã o e, sobretudo, à garantia do
territó rio e das territorialidades dos povos tradicionais de matriz africana no Brasil. A
expansã o das cercas que hoje delimitam a reproduçã o cosmoló gica da mulher, do
homem e da criança de matriz africana ao espaço do que denominamos terreiro, é o
que possibilitará a ampla execuçã o de prá ticas alimentares promotoras de saú de,
sustentá vel e culturalmente adequadas.
Um importante desa io é fazer chegar à maioria das pessoas que aquilo que os
ancestrais africanos trouxeram na sua memó ria como princıp ́ ios civilizató rios, dentre
eles o alimentar, é um direito seu inaliá vel, tal como o é a garantia do respeito ao
conhecimento e valores para qualquer outro povo tradicional. "Podem tirar tudo de
nó s, os africanos, e nó s també m podemos ter tudo, como ser de qualquer religiã o, mas
nã o podem tirar de nó s os afrodescendentes, a nossa tradiçã o" (NDANLAKATA, 2013,

pg. 27
comunicaçã o oral).
Outro desa io é superar a barreira da pele e de outra forma respeitar esta
barreira como divisor de á guas na atual sociedade. Os valores dos povos africanos
podem ser reproduzidos, e tem sido, tanto que encontramos cotidianamente naqueles
que nã o se declaram afrodescendentes manifestaçõ es nitidamente desta tradiçã o, por
todas as pessoas, mas é de patrimô nio dos que se autodeclaram negros.
Estas pessoas resistiram e tornaram-se resilientes para negarem sua origem e
seus princı́ p ios. Foram as pessoas dentro de territó rios, por muitas vezes
considerados marginais, que os mantiveram oralmente e que possibilita, hoje, o
reconhecimento dos povos tradicionais de matriz africana. Reconhecê -los como
responsá veis pela manutençã o e, portanto pela reproduçã o destes saberes em escolas,
equipamentos de saú de ou assistê ncia social é o passo a ser dado pelas instituiçõ es
para vencer o racismo institucional.
A tradiçã o é muito mais que religiã o. O alimentar tradicional como forma de
resistê ncia ica muitas vezes delimitado ao terreiro, mas é certo que está presente em
muitos outros lugares, na cozinha regional como mineira, baiana e, inclusive, em
restaurantes caros dos grandes centros urbanos. O reconhecimento da alimentaçã o
tradicional africana deve ser feito para nã o manter o roubo epistemoló gico e
principalmente romper com os pré -conceitos que alimentam o racismo e o ó dio entre
as pessoas. Fazer com que os interlocutores apropriem-se dos referenciais teó ricos
aqui apresentados e de outras fontes para enriquecer o trabalho.

pg. 28
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Ÿ Seminá rio "Territó rios das matrizes africanas no Brasil - Povos Tradicionais" (2011)
Ÿ O icina de Trabalho: "Pontos de Leitura – Ancestralidade Africana no Brasil" (2012)
Ÿ O icina de Trabalho "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e
Comunidades Tradicionais de Matriz Africana" (2012)
Ÿ Diá logos "Governo – Sociedade Civil No Mê s da Consciê ncia Negra" (2012)
Ÿ Reuniã o de trabalho com Lideranças Tradicionais de Matriz Africana (2012)
Ÿ O icina de Trabalho: "Formaçã o em elaboraçã o e execuçã o de Projetos no Portal dos
Convê nios do Governo Federal – Siconv" (2013)
Ÿ Lançamento do "I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e
Comunidades Tradicionais de Matriz Africana" (2013)
Ÿ O icina de Trabalho: "Formaçã o em elaboraçã o e execuçã o de Projetos no Portal dos
Convê nios do Governo Federal – Siconv" (2013)
Ÿ Plená ria preparató ria dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana para A III
Conferê ncia Nacional de Promoçã o da Igualdade Racial" (2013)
Ÿ III Conferencia Nacional de Promoçã o da Igualdade Racial" (2013)
Ÿ Seminá rio: "Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades Tradicionais de
Matriz Africana" (2014)
Ÿ O icina de Trabalho com Lideranças Tradicionais de Matriz Africana do Rio de Janeiro"
(2014)

Instrumentos de gestão do Governo Federal

Ÿ Polıt́ica Nacional de Promoçã o da Igualdade Racial (PNPIR)


Ÿ Polıt́ica Nacional de Saú de Integral da Populaçã o Negra (PNSIPN)
Ÿ Programa Nacional de Patrimô nio Imaterial (PNPI)
Ÿ Plano Plurianual (PPA) (2012-2015)
Ÿ I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e Comunidades Tradicionais
de Matriz Africana (2012-2015)
Ÿ Plano Nacional de Cultura (2012)
Ÿ III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) (2010)
Ÿ I Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2012-2015)
Ÿ Diretrizes Curriculares para Educaçã o das relaçõ es é tnico-raciais e para o ensino de
histó ria e cultura afro-brasileira e africana (2004);

Marcos Legais
Ÿ Constituiçã o Federal de 1988 – artigos 3°, 4°, 5°; 215 e 216;
Ÿ Lei n° 9.459 de 13 de maio de 1997 sobre a injú ria racial;
Ÿ Lei nº 10.639 de 9 de janeiro 2003, de que inclui no currıćulo o icial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temá tica "Histó ria e Cultura Afro-Brasileira";
Ÿ Lei nº 10.678 de 23 de maio de 2003, que cria a SEPPIR;
Ÿ Decreto Nº 4.886 de 20 de novembro de 2003, que institui a Polıt́ica Nacional de
Promoçã o da Igualdade Racial;
Ÿ Decreto 5.051, de 19 de abril de 2004, que promulga a Convençã o n° 169 da Organizaçã o
Internacional do Trabalho;
Ÿ Decreto n° 6.040 de 07 de fevereiro de 2007, que institui a Polıt́ica Nacional de
Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e Comunidades Tradicionais;
Ÿ Decreto nº 6.177 de 01 de agosto de 2007, que promulga a Convençã o sobre a Proteçã o e
Promoçã o da Diversidade das Expressõ es Culturais da Organizaçã o das Naçõ es Unidas
para a Educaçã o, a Ciê ncia e a Cultura - UNESCO;

pg. 35
Ÿ Portaria n° 992 de 13 de maio de 2009, que institui a Polıt́ica Nacional de Saú de Integral
da Populaçã o Negra;
Ÿ Decreto nº 6.872 de 04 de junho 2009, que institui o Plano Nacional de Promoçã o da
Igualdade Racial;
Ÿ Lei n° 12.288, de 20 de julho de 2010 que institui o Estatuto da igualdade Racial;
Ÿ Decreto 7.272, de 25 de agosto de 2010, que de ine as diretrizes e objetivos da Polıt́ica
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

pg. 36
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais
Esplanada dos Ministé rios, Bloco A, 5° e 9° andares
CEP: 70.054-906 – Brasıĺia-DF
+55 61 2025-7000 / 7008
seppir.secomt@seppir.gov.br
www.seppir.gov.br
www.facebook.com/igualdaderacial.br

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