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2016 - Ministé rio da Justiça e Cidadania
Secretaria Especial de Polıt́icas de Promoçã o da Igualdade Racial
Secretaria de Polıt́icas para Comunidades Tradicionais
Tiragem: 15.000 mil exemplares
Distribuição Gratuita
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO:
José Pedro da Silva Neto,
consultor PRODOC PNUD BRA 13/020
REVISÃO:
Carolina Carret Hö fs
Desiré e Ramos Tozzi
Fernanda Martins
COLABORADORES:
Aulo Barretti Filho
Buda de Bobossa
Jú lio Santana Braga
Makota Valdina Oliveira Pinto
Muniz Sodré
Paulo Cé sar Pereira de Oliveira
Regina Nogueira
Silas Nogueira
Silvany Euclê nio
Tiã o Soares
Vilma Piedade
Wanderson Flor do Nascimento.
SUMARIO
Apresentação - pg. 01
CULTURA:
Matriz Transversal - pg. 21
SAÚDE E ALIMENTAÇÃO:
Magia Por Si Só Nã o Enche Barriga - pg. 25
Bibliogra ia - pg. 29
à O
N T AÇ
ES E
APR
pg. 02
(2011);
Ÿ IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, MDS (2011);
Ÿ O icina de Trabalho "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana" (2012);
Ÿ Reunião de trabalho com Lideranças Tradicionais de Matriz Africana (2012);
Ÿ Plenária preparatória dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz
Africana para a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(2013);
Ÿ III Conferencia Nacional de Promoção da Igualdade Racial (2013);
Ÿ III Conferência Nacional de Cultura, MinC (2013);
Ÿ Seminário Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana (2014), sobre o conceito de Povos Tradicionais
de Matriz Africana e da relação dessa população com o Estado brasileiro na
perspectiva do acesso às políticas públicas e da promoção da igualdade racial
para a superação do racismo apresentamos os artigos que seguem.
Ao longo destes encontros, lideranças tradicionais de matriz africana
discutiram sobre o conceito de povo, tradiçã o e territó rio à luz das rupturas e
permanê ncias das culturas banto, é wé -fon e yorubá no Brasil, e aqui, pretendemos
que suas vozes sejam lidas junto a uma vasta bibliografia (documentos do Governo Federal,
Marcos Legais e bibliografia de intelectuais que também participaram das discussões).
Origens e Tradições
Ancestralidade e Oralidade
Territórios Tradicionais
"[...] a violência é a pedra de toque, o núcleo central do problema abordado. Ser negro
é ser violentado de forma constante, contínua e cruel sem pausa ou repouso, por uma dupla injunção:
a de encarnar o corpo e os ideais de Ego do sujeito branco e de recusar, negar e anular a presença do corpo negro".
Jurandir Freire da Costa
De quando os africanos foram trazidos para o Brasil
Do Congo e
2 Sé c. XVII - 1.580 a 1.650
Angola
Da Costa da
3 Sé c. XVII/XVIII - 1.650 a 1760
Mina
Do Golfo do
4 Sé c. XVIII/XIX - 1.770 A 1.850/88
Benin
Quadro Sinóptico A produzido a partir de VERGER, Pierre. Fluxo e Re luxo Do Trá ico de Escravos
entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos dos séculos XVII a XIX. Editora Corrupio, 1987.
Pierre Verger (1987) dividiu em quatro fases o luxo de negros da Africa para
a Bahia entre os sé culos XVI e XIX, usando os nomes das regiõ es africanas das quais
procediam os escravizados. No entanto, nã o podemos falar em datas de inıćio e im
absolutos do comé rcio de pessoas de determinada regiã o ou das viagens para esse
im, lembrando que no ú ltimo perıo ́ do, o Ciclo do Golfo do Benin, o trá ico de pessoas
já era considerado ilegal.
pg. 06
Os Povos Tradicionais de Matriz Africana
O
signi icado do que sã o os Povos Tradicionais de Matriz
Africana se sustenta na histó ria. Povos em luta desde a
diá spora e a escravizaçã o; povos com cultura de origem
identi icá vel cronoló gica e geogra icamente e, cujas trajetó rias,
incluindo perdas e desaparecimentos tanto quanto resistê ncia e
renovaçã o, preservam, inventam e reinventam sua tradiçã o, sua
fonte de saber e sua identidade. Povos em luta.
pg. 07
As tradições vindas de África e sua permanência
no Brasil
Os Povos Tradicionais de Matriz Africana nã o se constituem em uma unidade
homogê nea, mas em uma diversidade integradora. Passamos a descrever alguns
elementos que caracterizam os trê s grupos em maior nú mero no territó rio brasileiro –
bantu, fon e yorùbá – nã o só a partir das divisõ es dos grupos linguıśticos e seus espaços
geográ icos, mas també m a partir de macro padrõ es culturais, socais, rituais, esté ticos e
plá sticos, alimentares e performá ticos.
Bantu - "Nome dado a um conjunto de candomblés denominados angola e congo-
a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 0 l í n g u a s angola. [...] foram, na maioria, levados às
comprovadamente aparentadas, como p l a n t a ç õ e s e m d i f e r e n t e s r e g i õ e s ,
também aos povos que falam essas línguas. principalmente para os Estados do Rio de
Os povos bantos vivem numa extensa área do Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas
continente africano que vai desde a Gerais. Contudo, não se pode subestimar a
República dos Camarões até à África do Sul. signi icativa contribuição desses povos na
Dessa região da África sub-equatoriana [...], construção de uma religiosidade afro-
entre esses, destacam-se os congos, angolas, brasileira a partir da Bahia, especialmente
cabindas, benguelas e tantos outros que com o deslocamento de sacerdotes para a
tiveram papel saliente na criação da região meridional o partir do século XX."
religião afro-brasileira, especialmente dos
Fon - "Mas, na verdade, o termo 'jeje' parece asseverou que ainda hoje existe um pequeno
ter designado originariamente um grupo grupo no Benim que se autodenomina jeje.
é t n i c o m i n o r i t á r i o , p r o v a v e l m e n t e No Brasil o termo é usado para designar os
localizado na área da atual cidade de Porto grupos religiosos que cultuam os Voduns. A
Novo, e que, aos poucos, devido ao trá ico, rigor, a tradição religiosa, no Brasil
passou a incluir uma pluralidade de grupos denominada jeje e seus correlatos, jeje-
étnicos localmente diferenciados. Trata-se, mina, jeje, mahi, jeje savalu, jeje-mundobi,
portanto, de uma outra denominação faz referência direta aos povos Fons, os Fons-
metaétnica (PARÈS, 2006: 30). O linguista gbe, isto é os falantes da língua fon na atual
Beninense Olabyi Yai, em conversa, nos República Popular do Benin."
Yorùbá - "grupo étnico que hoje, na sua eles se chamassem uns aos outros por um
grande maioria se concentra na Nigéria, em mesmo nome." (S. O. Biobaku). Antes de se ter
menor parte no atual Benim (antigo Daomé) conhecimento do termo "yorùbá", livros e
e em sua minoria no Togo e em Gana, todos mapas antigos, entre 1656 e 1730, são
na África Negra. O grupo étnico yorùbá, é "unânimes" em chamar esses povos de
subdividido em vários subgrupos tais como Ulkumy. Em 1734, o termo "Ulkumy"
os: Kétu, Òyó, Ìjèsà, Ifè, Ifòn, Ègbá, Èfòn, etc. desaparece dos mapas e é substituído por
Esses deram origem na diáspora à religião Ayo ou Eyo, para designar os do império de
dos Òrìsà. "O termo yorùbá," aplica-se a um Òyó. O termo "yorùbá", efetivamente, chegou
grupo linguístico de vários milhões de ao conhecimento do mundo ocidental em
indivíduos. Além da linguagem comum, os 1826. Parece ter sido atribuído pelos haussá
yorùbá estão unidos por uma mesma cultura exclusivamente ao povo de Òyó".
e tradições de sua origem comum, na cidade
de Ilé-Ifè. É duvidoso que, antes do século XIX,
pg. 08
. Foto: Claúdio Zeiger/2009.[Festival de Sàngó, Oya e Obà do Ilé Àse Palepa Mariwo Sesu – SP]
Origens e Tradições
pg. 10
Ancestralidade e Oralidade
Q uando foi negado ao escravizado "falar" sua lın ́ gua, negaram-lhe sua cultura.
Para os povos tradicionais de matriz africana, a palavra é uma força vital e
fundamental, pois é o enunciado oral, é uma exteriorizaçã o de forças vitais e o
resultado da integraçã o de forças vitais das pessoas.
Pela oralidade, transmite-se a essê ncia do ser, o ìwà, em yorubá , que sã o
caracterıśticas e qualidades que a pessoa possui ou pode vir a adquirir em sua vida. E
també m destino, que surge dos procedimentos diá rios da pessoa no àiyé, as virtudes e
as peculiaridades que regem sua norma de conduta, consigo e com a sociedade,
favorecendo ou nã o as oportunidades que surgem em sua vida.
Para as tradiçõ es africanas, há momentos no qual a unidade deve ser evocada,
na tentativa de escapar das armadilhas do disperso e do desunido que empobrecem. E
há momentos no qual a diversidade deve ser evocada quando a homogeneizaçã o,
armadilha do mesmo e do ú nico, empobrece. Tal como ensina um ditado banto –
originá rio de Cabinda: "nã o há loresta boa com um tipo só de á rvore".
O humano é signi icado pelo princıp ́ io banto do 'ntu', no qual a existê ncia do
indivıd́ uo se dá no coletivo. O pertencimento e a capacidade de entendimento e
aceitaçã o dos processos vividos no espaço tradicional passam pelo domın ́ io da lıń gua
e das linguagens corpó reas, rı́tmicas e musicais e oferece as condiçõ es para a
valorizaçã o e o reconhecimento da identidade dos povos tradicionais de matriz
africana.
Língua, representações e práticas, mesmo que visceralmente
associadas à sobrevivência, não se limitam a valores econômicos, se
entendido economia no sentido ocidental da palavra. Para a concepção
negra, é a ampliação dos valores que dará conta de explicar o ser na sua
integridade. Essa mesma ampliação que tornará possível a construção
d o s el e m e n to s d a i d e n t i d a d e , a s re f e rê n c i a s q u e p a s s a m
necessariamente pela ancestralidade, composta pelos mitos
fundadores, pelos arquétipos humanizados ou divinizados que
integram a história e revitalizam, com energia e conhecimento, o
presente. Essas mesmas construções se territorializam porque
prescindem das trocas presenciais, trocas essas que não se restringem a
valores de troca, valores medidos em objetos de utilidade prática e
imediata (OLIVEIRA, 2011).
pg. 11
Territórios Tradicionais
(...) Foram e ainda são quilombos as comunidades de terreiro que ao
longo da história do negro no Brasil mostraram ter sido o lócus de
engendramento por suas características especiais de útero mítico, que
possibilitou a reaglutinação dos elementos fundamentais para a
manutenção do negro enquanto grupo e cultura. (SODRÉ, 1988, p.56)
" Nessa quali icação dos espaços negros, a primeira referência colocada
para o pensamento, tanto no aspecto concreto quanto na forma de
categoria analítica, é a Terra. Dela partem as noções antigas e
contemporâneas de territórios e de terreiros ou roças. Para as culturas
originárias e ancestrais africanas, só se concebe a terra como parte do
cosmo. E, como tal, necessariamente ligada a uma cosmogonia que lhe
confere valores e signi icados completamente distintos das concepções
ocidentais mesmo aquelas que conseguem atingir a dimensão dos
estudos do espaço sideral de forma mais avançada e menos ortodoxa"
(OLIVEIRA, 2011).
pg. 12
Trata-se, na visão africana, de uma dimensão que, se dialoga com o
sagrado e a meta ísica, não exclui de maneira alguma os aspectos
ísicos, quantitativos concretos e energéticos que permitem a
compreensão ilosó ica a partir também, mas não só, da experiência,
incluindo tanto a experiência concreta, veri icável, quanto a
experiência sutil e etérea do sagrado ou do segredo, em uma
aproximação que torna o sentido mais acessível a um número maior
de pessoas. A ki gbo ikú ile a ibi oba a ("Não se tem má notícia da
terra, ela não morre") (OLIVEIRA 2011).
O conhecido prové rbio yorùbá, Kosi Ewé, Kosi Òrìsà "sem folha nã o existe
Orixá " sintetiza a complexidade do lugar da terra na vida do povo africano. "Folha", a
despeito de toda sua importâ ncia para as culturas africanas no Brasil, representa a
manifestaçã o material da vida e a pró pria terra.
pg. 13
Foto: Fernanda Procópio/2013.[Preparo do acarajé e assepsia tradicional
das folhas de mamona no Ilé Àse Palepa Mariwo Sesu – SP]
urbanas e depois em todo local onde fosse possıv́el, tomando as cidades, vilas, bairros,
sıt́ios. Fala-se em "Africa qualitativa" para expressar a dimensã o tanto territorial
quanto cultural desses terreiros pois, "pouco importa (...) a pequenez (quantitativa)
do espaço topográ ico do terreiro, pois ali se organiza, por intensidades, a simbologia
de um Cosmos" (idem). E por reproduzir por diferentes formas uma mesma
Cosmovisã o, o espaço/terreiro é també m metafó rico e sinté tico na medida que nele se
"realizou um fenô meno de condensaçã o do rito", sın ́ teses, recriaçõ es, adaptaçõ es de
um universo fragmentado pela repressã o profunda e pelas divisõ es operadas pelo
escravismo, separando pessoas de uma mesma etnia, comunidade e até de uma
mesma famıĺia.
Ao resistir em territó rios especı́ icos, denominados terreiros, receberam
diferentes nomes: seitas, cultos e, por ú ltimo, apenas como prá tica religiosa, e estas
nomenclaturas foram sendo absorvidos em cada geraçã o.
Para os meus antepassados, não importava como chamavam eles. O
importante é que, como todo povo que migra, mas de forma
absoluta, neste território foi constituído o espaço sagrado, cultural,
de ensino, de cura e de manutenção econômica (NDANALAKATA,
2013, comunicação oral).
pg. 14
Desenho: Àkódì- Casa Tradicional, desenho de Inatobi 2016
Negar este espaço como territó rio de um povo é uma forma de nã o
reconhecer as sociedades africanas como modelos civilizató rios que contê m uma
economia possı́vel de sobrevivê ncia e també m de desconsiderar as relaçõ es
autô nomas de sustentabilidade, e de impô r um modelo externo de exploraçã o da
natureza como ú nica via possıv́el (ALVES & CARVALHO, 2008).
Os territó rios negros sã o essenciais para a identidade, a preservaçã o da
cultura e a resistê ncia do povo negro ao longo da histó ria e sã o peças-chaves para a
elaboraçã o das polıt́icas pú blicas em â mbito nacional.
pg. 15
tradicionais se torna, portanto, urgente sob a pena de se excluir
parcela signi icativa da população negra das políticas de
desenvolvimento e demais planos de políticas públicas de caráter
nacional. (Idem)
pg. 16
Visgo para Combater o racismo
As complexidades inerentes à s culturas e povos tradicionais de matriz
africana foram preservadas e continuamente reconstruıd ́ as, mas hoje correm riscos
de toda ordem de perdas. O racismo, a violaçã o de direitos, a discriminaçã o religiosa,
incluindo sistemá tica difamaçã o pela mídia, as di iculdades inanceiras, o desenfreado
e agressivo avanço imobiliá rio colocam em risco a existê ncia e a continuidade de um
"patrimô nio material e imaterial" construıd ́ o ao longo dos sé culos da histó ria desses
povos e do pró prio paıś.
O enfraquecimento e mesmo o desaparecimento dos territó rios implica, alé m
de violê ncia contra a humanidade e contra a pró pria histó ria, na perda de um universo
que é potê ncia, é força e que é capaz de contribuir efetivamente para a criaçã o de
alternativas e condiçõ es de enfrentamento das crises que ameaçam as sociedades
contemporâ neas baseadas hegemonicamente nos parâ metros polıt́icos e ilosó icos
ocidentais. As caracterıśticas dos territó rios resumidas aqui indicam objetivamente
que esses "lugares" das culturas de matriz africana tê m elementos e respostas para
formas destrutivas e violentas inerentes ao tipo de desenvolvimento predador,
alienante e desigual.
Com essas caracterıśticas, os terreiros sã o fonte primordial da identidade do
povo negro nas complexas sociedades contemporâ neas. Na sua amplitude e plenitude
de açã o, os territó rios sã o importantes instrumentos de saú de pú blica, tanto no que
refere à sanidade do corpo quanto da mente e do meio ambiente.
Autoridades Tradicionais
de Matriz Africana
Sã o os mais velhos, investidos da autoridade
que a ancestralidade lhes confere.
pg. 20
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Foto: Felipe Torres/2012.
Quais são as interfaces entre os povos tradicionais de matriz africana e a cultura
negra no Brasil? Como debater uma produção cultural tão complexa, de di ícil
de inição?
pg. 24
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Foto: Fernanda Procópio/2010.[Olubaje no Ilé Obá Kétu Àse Omi Nla – SP]
pg. 26
direito a sua forma tradicional de alimentar, prejudica o processo de sustentabilidade,
de tal forma que essas populaçõ es sã o obrigadas a reverter paradoxalmente a fartura e
a diversidade alimentar numa dieta monó tona e nutricionalmente pobre.
pg. 27
comunicaçã o oral).
Outro desa io é superar a barreira da pele e de outra forma respeitar esta
barreira como divisor de á guas na atual sociedade. Os valores dos povos africanos
podem ser reproduzidos, e tem sido, tanto que encontramos cotidianamente naqueles
que nã o se declaram afrodescendentes manifestaçõ es nitidamente desta tradiçã o, por
todas as pessoas, mas é de patrimô nio dos que se autodeclaram negros.
Estas pessoas resistiram e tornaram-se resilientes para negarem sua origem e
seus princı́ p ios. Foram as pessoas dentro de territó rios, por muitas vezes
considerados marginais, que os mantiveram oralmente e que possibilita, hoje, o
reconhecimento dos povos tradicionais de matriz africana. Reconhecê -los como
responsá veis pela manutençã o e, portanto pela reproduçã o destes saberes em escolas,
equipamentos de saú de ou assistê ncia social é o passo a ser dado pelas instituiçõ es
para vencer o racismo institucional.
A tradiçã o é muito mais que religiã o. O alimentar tradicional como forma de
resistê ncia ica muitas vezes delimitado ao terreiro, mas é certo que está presente em
muitos outros lugares, na cozinha regional como mineira, baiana e, inclusive, em
restaurantes caros dos grandes centros urbanos. O reconhecimento da alimentaçã o
tradicional africana deve ser feito para nã o manter o roubo epistemoló gico e
principalmente romper com os pré -conceitos que alimentam o racismo e o ó dio entre
as pessoas. Fazer com que os interlocutores apropriem-se dos referenciais teó ricos
aqui apresentados e de outras fontes para enriquecer o trabalho.
pg. 28
F IA
RA
IO G
I B L
B
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Ÿ Seminá rio "Territó rios das matrizes africanas no Brasil - Povos Tradicionais" (2011)
Ÿ O icina de Trabalho: "Pontos de Leitura – Ancestralidade Africana no Brasil" (2012)
Ÿ O icina de Trabalho "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e
Comunidades Tradicionais de Matriz Africana" (2012)
Ÿ Diá logos "Governo – Sociedade Civil No Mê s da Consciê ncia Negra" (2012)
Ÿ Reuniã o de trabalho com Lideranças Tradicionais de Matriz Africana (2012)
Ÿ O icina de Trabalho: "Formaçã o em elaboraçã o e execuçã o de Projetos no Portal dos
Convê nios do Governo Federal – Siconv" (2013)
Ÿ Lançamento do "I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e
Comunidades Tradicionais de Matriz Africana" (2013)
Ÿ O icina de Trabalho: "Formaçã o em elaboraçã o e execuçã o de Projetos no Portal dos
Convê nios do Governo Federal – Siconv" (2013)
Ÿ Plená ria preparató ria dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana para A III
Conferê ncia Nacional de Promoçã o da Igualdade Racial" (2013)
Ÿ III Conferencia Nacional de Promoçã o da Igualdade Racial" (2013)
Ÿ Seminá rio: "Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades Tradicionais de
Matriz Africana" (2014)
Ÿ O icina de Trabalho com Lideranças Tradicionais de Matriz Africana do Rio de Janeiro"
(2014)
Marcos Legais
Ÿ Constituiçã o Federal de 1988 – artigos 3°, 4°, 5°; 215 e 216;
Ÿ Lei n° 9.459 de 13 de maio de 1997 sobre a injú ria racial;
Ÿ Lei nº 10.639 de 9 de janeiro 2003, de que inclui no currıćulo o icial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temá tica "Histó ria e Cultura Afro-Brasileira";
Ÿ Lei nº 10.678 de 23 de maio de 2003, que cria a SEPPIR;
Ÿ Decreto Nº 4.886 de 20 de novembro de 2003, que institui a Polıt́ica Nacional de
Promoçã o da Igualdade Racial;
Ÿ Decreto 5.051, de 19 de abril de 2004, que promulga a Convençã o n° 169 da Organizaçã o
Internacional do Trabalho;
Ÿ Decreto n° 6.040 de 07 de fevereiro de 2007, que institui a Polıt́ica Nacional de
Desenvolvimento Sustentá vel dos Povos e Comunidades Tradicionais;
Ÿ Decreto nº 6.177 de 01 de agosto de 2007, que promulga a Convençã o sobre a Proteçã o e
Promoçã o da Diversidade das Expressõ es Culturais da Organizaçã o das Naçõ es Unidas
para a Educaçã o, a Ciê ncia e a Cultura - UNESCO;
pg. 35
Ÿ Portaria n° 992 de 13 de maio de 2009, que institui a Polıt́ica Nacional de Saú de Integral
da Populaçã o Negra;
Ÿ Decreto nº 6.872 de 04 de junho 2009, que institui o Plano Nacional de Promoçã o da
Igualdade Racial;
Ÿ Lei n° 12.288, de 20 de julho de 2010 que institui o Estatuto da igualdade Racial;
Ÿ Decreto 7.272, de 25 de agosto de 2010, que de ine as diretrizes e objetivos da Polıt́ica
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
pg. 36
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais
Esplanada dos Ministé rios, Bloco A, 5° e 9° andares
CEP: 70.054-906 – Brasıĺia-DF
+55 61 2025-7000 / 7008
seppir.secomt@seppir.gov.br
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