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D I S C I P L I N A Educação e Tecnologia

A dimensão imagem

Autores

Célia Maria de Araújo

Marcos Aurélio Felipe

aula

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___


04
Nome:_______________________________________
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Estadual da Paraíba


Reitor Reitora
José Ivonildo do Rêgo Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitora Vice-Reitor
Ângela Maria Paiva Cruz Aldo Bezerra Maciel
Secretária de Educação a Distância Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Vera Lúcia do Amaral Eliane de Moura Silva

Coordenadora da Produção dos Materiais Revisor Técnico


Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Leonardo Chagas da Silva (UFRN)

Coordenador de Edição Revisora Tipográfica


Ary Sergio Braga Olinisky Nouraide Queiroz (UFRN)

Projeto Gráfico Ilustradora


Ivana Lima (UFRN) Carolina Costa (UFRN)

Revisores de Estrutura e Linguagem Editoração de Imagens


Eugenio Tavares Borges (UFRN) Adauto Harley (UFRN)
Janio Gustavo Barbosa (UFRN) Carolina Costa (UFRN)
Thalyta Mabel Nobre Barbosa (UFRN)
Diagramadores
Revisora das Normas da ABNT
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Verônica Pinheiro da Silva (UFRN) Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Revisoras de Língua Portuguesa Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Janaina Tomaz Capistrano (UFRN)
Sandra Cristinne Xavier da Câmara (UFRN)

Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Araújo, Célia Maria de.


   Educação e tecnologia  /  Célia Maria de Araújo, Marcos Aurélio Felipe. – Natal, RN : EDFURN, 2007.
   184 p. il.

   1. Educação. 2. Tecnologia. 3. Comunicação. 4. Prática pedagógica. I. Felipe, Marcos Aurélio. II. Título.

   ISBN: 978-85-7273-422-6
CDD 370
RN/UF/BCZM CDU 37
2008/46

Copyright © 2007  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação

N
esta quarta aula, depois que você estudou a Sociedade Tecnológica e as Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC’s), teremos agora a imagem como foco de
nossas discussões. Principalmente, porque na relação educação e tecnologia
os dispositivos imagéticos apresentam-se como a linguagem da contemporaneidade,
independentemente ou não de outras linguagens (sobretudo daquelas que encontram
seu espaço na Internet). A partir de suas dimensões, objetiva e subjetiva, a imagem será
apresentada permeando alguns aspectos da realidade: histórico, político e mercadológico.
Você verá também como as imagens existem a partir de suas funções e usos, bem como
as relações que mantêm com a palavra. No que concerne às suas potencialidades como
tecnologia, apresentam infinitas possibilidades educacionais, seja a partir do momento
em que os professores podem utilizá-las como recurso pedagógico, seja como objeto de
análise a ser trabalhado em sala de aula.

Objetivos
Compreender a imagem como a linguagem preponderante
1 da contemporaneidade.

Aprender a usar a variedade e a potencialidade


2 das dimensões e funções da imagem com
finalidades  educativas.

Saber estruturar um plano de trabalho para o


3 desenvolvimento de projetos a partir da relação imagem e
palavra.

Aula 04  Educação e Tecnologia 


Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________
Imagem, contexto & dimensões

D
o final do século XIX ao contexto do início do século XXI, veja que a Sociedade
Tecnológica vem se estabelecendo como determinante em boa parte das cidades,
regiões e países. Assim, tanto no âmbito político e econômico quanto no cultural e
social, cada vez mais os indivíduos enveredam por caminhos dominados pela tecnologia,
apesar dos seus desejos e vontades. A partir dos recursos tecnológicos instrumentais, da base
que se forma com os meios de comunicação e, agora, com as novas tecnologias, a dimensão
tecnológica impõe um determinado ritmo e um compasso específico (conforme visto na aula
1 – O contexto tecnológico). Nesse contexto, a imagem tem um papel preponderante como
linguagem, independente ou integrada a outras tecnologias (principalmente, aos espaços
existentes na Internet que, hoje, congrega uma diversidade de linguagens e formas de
comunicação da escrita, passando pelo rádio e pela televisão).

A partir de uma série de avanços provenientes do universo da ciência e da tecnologia, além


de lograr êxito nas áreas da biociência, da arte e da produção industrial, a base da Sociedade
Tecnológica passou a se formar com mais intensidade em torno dos Meios de Comunicação
e Informação. Como linguagem, a imagem tornou-se o principal referencial desses meios,
ou seja, sua base e suporte. Assim, das “velhas” (livro, cinema, rádio, jornal etc.) às novas
tecnologias (sobretudo, as advindas da Internet e os meios móveis como celular, notebooks,
mp4 etc.), não são apenas os visionários que sublinham a importância da imagem no mundo
atual. De certo modo, todos nós já vivenciamos, experienciamos e percebemos as imagens
como dimensão central das nossas sensações e virtualização da realidade.

 Aula 04  Educação e Tecnologia


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A seguir, apresentamos duas relações possíveis entre tecnologia e imagens.

n  Das relações cotidianas à produção e distribuição dos bens de consumo,


os indivíduos e os objetos ganham uma espécie de carcaça que,
respectivamente, especifica suas imagens para os outros e define um layout
dos seus produtos. Em casos como estes, a imagem é todo um invólucro
subjetivo/objetivo, no qual vemos o que sentimos e sentimos o que vemos.

n  Dos meios de comunicação à Internet, as imagens delineiam a


imaginação, ao intensificarem as sensações e emoções dos espectadores
e, virtualmente, ao inserirem- se em outras realidades (como os mundos
paralelos do Orkut, MSN e do Second Life, e a imersão em situações de
simulações com cenários virtuais como se fossem reais).

Sendo assim, a imagem atravessa uma diversidade de situações, seja como suporte
tecnológico seja como linguagem. Apresenta-se, portanto, ora como dado objetivo (que se
percebe e sobre o qual se pode dissertar, como, por exemplo, uma pintura de Magritte, na
qual nos deteremos mais adiante), ora como dado subjetivo (que, a partir de seus domínios,
cria-se para o outro um conjunto de representações que apontam para status, estilo de vida
ou tribos sociais). Dessa forma, ao falarmos da Dimensão da Imagem, falamos de uma
variedade de dimensões, a partir da qual é possível lançar várias perguntas, como a que
segue, por exemplo.

Que imagens, no final do século XX, um indivíduo nascido no sul do Brasil tem
do Nordeste brasileiro?

No caso do questionamento anterior, observe que a dimensão subjetiva da imagem


se fundamenta, ao mesmo tempo, em sua dimensão objetiva. Por exemplo, a imagem da
região seca e subdesenvolvida tem suas raízes, sobretudo, na imagem gerada pelos meios
de comunicação como a TV, o jornal e o cinema. Em relação aos filmes Vidas Secas (1962,
Nelson Pereira dos Santos), Os Fuzis (1963, Ruy Guerra) e Deus e o Diabo na Terra do Sol
(1964, Glauber Rocha), estes consolidaram um Nordeste preso à imagem de cangaceiros,
de fanáticos, de retirantes e de miséria. Da mesma forma, muitos programas do Globo
Repórter, exibidos pela Rede Globo na década de 1980, contribuíram para forjar a imagem
de um Nordeste preso a uma geografia física e humana bastante específica que continuou no
imaginário popular durante décadas.

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Que recursos da imagem as agências publicitárias utilizam para compor os
aspectos visuais dos produtos?

Essa pergunta remete-nos para a dimensão objetiva da imagem, como cores,


programação visual, figuras, relação dos objetos com o espaço e com outros objetos.
Entretanto, a composição de um dado layout (que, em última instância, aponta para
a forma visual de um dado produto) estabelece relação com uma determinada recepção
eminentemente subjetiva, pois procura equacionar as várias interpretações possíveis, a fim
de tornar uma idéia comum e de fácil entendimento a todos.

Fonte: <http://www.revistafatorbrasil.com.br/imagens/fotos/gota_coca_cola>.
Acesso em: 17 dez. 2007.
Figura 1 - Publicidade da Coca-Cola

Tanto as imagens dos meios de comunicação quanto as que perpassam a Internet se


alimentam dos aspectos objetivos e subjetivos dos espectadores/usuários. Imagens como
estas podem ser percebidas quando, por exemplo, nos interrogamos se o medo que outras
regiões brasileiras têm do Rio de Janeiro seria real se não fossem as imagens de terror,
violência e insegurança criadas pelas novelas, telejornais e filmes. Por outro lado, veja que as
realidades simuladas em jogos, simuladores de vôos e em aplicações de algumas situações
médicas (como o atendimento a distância através de videoconferência, diagnóstico simulado
em computador etc.), assim como as comunidades virtuais, têm todos os elementos que
delineiam o universo da imagem: da composição de cenários aos personagens – enredados,
programaticamente, em histórias, narrativas e lugares tomados por significados e sentidos.

Com base nisso, se não tomarmos cuidado, os cenários forjados pelas imagens podem
nos levar para dimensões de base marcadamente mercadológica, como a apontada pelo
filósofo contemporâneo Jameson (2001, p. 142) a seguir.

O que caracteriza a [contemporaneidade] na área cultural é a supressão de tudo


que esteja fora da cultura comercial, a absorção de todas as formas de arte, alta
e baixa, pelo processo de produção de imagens. Hoje, a imagem é a mercadoria
e é por isso que é inútil esperar dela uma negação da lógica da produção de
mercadorias. É também por isso que toda beleza hoje é meretrícia.

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Usos e funções da imagem

S
ob a Globalização, cuja lei de mercado cada vez mais se insere nos vários aspectos
contemporâneos (como o social, o cultural e o econômico), perceba que é necessário
atentar para a dimensão mercadológica da imagem. Se tudo hoje, afinal, transmuta-
se para uma dimensão da aparência, o cuidado que precisamos ter, como professores, é,
ao mesmo tempo, saber usar a tecnologia da imagem e desvelar seus significados mais
recônditos para não transformarmos a sala de multimeios e/ou o laboratório de informática
em mais um espaço publicitário, de manipulação e poder.

Portanto, como tecnologia contemporânea, a imagem tem sido utilizada para as


mais diversas finalidades, com os mais variados objetivos, e assumido inúmeras formas
e modos de uso. Em 1967, por exemplo, quando o Império Soviético publicou um livro
sobre a Revolução Russa de 1917, as fotos da História tinham passado por um processo
de “retocamento”. As imagens do presente já não correspondiam às imagens do passado,
com indivíduos desaparecendo dos álbuns da memória a cada instante que fosse necessário
exaltar e estabelecer o lugar de Josef Stalin nas comemorações.

Figura 2 - Foto com Trotsky ao lado de Lenin

Figura 3 - Foto sem Trotsky e outros

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Na foto original, lado a lado, dois dos mais importantes líderes da Revolução de
1917: Vladimir Lenin e Leon Trotsky. A comemoração do segundo ano da Revolução na
Praça Vermelha, em 1919, foi retocada quando foram publicadas as fotos em 1967. Se
você comparar a primeira imagem com a segunda, perceberá que não apenas Leon Trotsky
desapareceu do álbum da memória, mas outros dois participantes passaram pelo mesmo
processo de “retocamento” da memória, desaparecendo também das fotos: Lev Kamenev
(de barba e boné à esquerda de Lenin) e Artashes Khalatov (de barba, abaixo de Trotsky).
(KLINTOWITZ, 1997).

Quantas fotos, nos livros didáticos, de reis e rainhas, presidentes e governantes,


heróis e representantes populares constituem-se como fontes confiáveis
da  História?

A partir desses exemplos, você percebe o alcance das tecnologias na (re)construção


de cenários, espaços e fatos que envolvem a Dimensão da Imagem. Como professor, você
certamente vem há anos trabalhando com livros didáticos ou, em seu curso de graduação,
selecionando e analisando autores, livros e materiais para a sala de aula. Nesses materiais
didáticos, veja a complexidade do uso de fotografias, filmes ou qualquer outro gênero de
imagem em um contexto de ensino-aprendizagem. Perceba também que em determinado
momento, a imagem pode ser a chave para a memória de uma família, lugar ou tempo,
enquanto em outros ela obedece tão somente à lógica de uma época.

A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam


nossa experiência pessoal a das gerações passadas – é um dos fenômenos
mais característicos e lúgubres [do Século XX]. (HOBSBAWM, 1995, p. 14).

Nesse contexto de dimensões (objetivas e subjetivas), formas e modos de usos (com


fins de mercado, políticos e outros), a imagem está impregnada de valores: (1) simbólicos,
(2) estéticos e (3) epistêmicos.

No primeiro caso, temos a indicação de significados para além do visível recheado


de informações, conhecimentos e dados relativos que dizem mais do que o objeto delineia
em termos do que apresenta. No segundo, o valor estético de uma imagem, a seu modo,
busca uma relação subjetiva dos sujeitos com o que vêem, sempre da ordem do desejo,
gosto e relação particular com os objetos representados. Já no terceiro, o valor epistêmico,
que, independentemente do seu valor simbólico ou estético, constitui-se em espaço a partir
do qual os indivíduos conhecem ou aprendem algo, sejam personagens da História, sejam
procedimentos de manipulação do passado. Assim, como professor, você certamente já se
pergunta pelas formas e modos de uso da imagem no processo de ensino-aprendizagem.

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Atividade 1
Você já se deu conta de que, cotidianamente, as tecnologias com as
1 quais nos deparamos estão, objetiva ou subjetivamente, permeadas
de imagens?

Você já analisou as imagens que constam nos livros didáticos da sua


2 escola (como professor ou mesmo quando aluno, ao cursar o Ensino
Médio ou Fundamental)?

Para responder, observe as orientações a seguir:


a) em relação à primeira questão, selecione no máximo três tecnologias,
objetos ou situações cotidianos e identifique as dimensões objetivas e/ou
subjetivas da imagem em cada um deles;

b) em relação à segunda, observe em algum livro didático (que tenha em


casa ou a que possa ter acesso) quais são os usos e funções (políticos,
mercadológicos e outros) das imagens diante do assunto abordado.

1.

sua resposta

2.

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Uma imagem. Mil palavras
Quais as relações entre a imagem e as palavras na pintura de René Magritte “Isto não
é um cachimbo”?

Fonte: <http://www.anacortes.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=287773>.
Acesso em: 17 nov. 2007.
Figura 4 - Imagem e palavras

Pensar as formas e os modos de uso da imagem no âmbito educacional, considerando


suas diversas dimensões (objetivas e subjetivas) e usos (econômicos, políticos e outros), é
preciso que você, antes de tudo, conheça as relações intrínsecas entre Imagem e Palavras.

Deve-se ter esse cuidado, principalmente, porque, independentemente das posturas


excludentes, imagem e palavra se complementam. Em um filme, por exemplo, a palavra
antecede a própria imagem, uma vez que tem início em uma estrutura de roteiro (a qual
antecede o processo de produção e realização) e, quando posto em locações, constitui muitas
de suas informações, expressões e composições em diálogos com personagens. Lembre-se
de que no cinema mudo os filmes não tinham diálogos, cartelas com palavras eram inseridas
entre uma seqüência e outra para informar, sublinhar ou contradizer a imagem visualizada.

De fato é injusto achar que a imagem exclui a linguagem verbal, em primeiro


lugar, porque a segunda quase sempre acompanha a primeira, na forma de
comentários, escritos ou orais, títulos, legendas, artigos de imprensa, bulas,
slogans, conversas, quase ao infinito. (JOLY, 1996, p. 116).

A relação não está na base apenas da imagem cinematográfica, pois, com a mesma
intensidade e propriedade de linguagem, as imagens e as palavras se complementam
também na publicidade (como na propaganda da Coca-Cola intercalada anteriormente
como exemplo nesta aula). Além do mais, você também pode ver essa relação em charges,
histórias em quadrinhos e cartazes. No entanto, mesmo que sejam independentes, ainda há
uma variedade de possibilidades complementares entre imagens e palavras que enriquecem
ambas as linguagens.

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Em um jogo de significados, veja que o quadro de René Magritte apresenta uma relação entre
imagem e palavras na qual a complementaridade ganha uma posição elevada na composição.
Em última instância, o que vemos não é senão um jogo com o valor e o status da representação
(um cachimbo), colocada em xeque a partir de uma frase que contradiz o que percebemos (“Isto
não é um cachimbo.”). Se tal aspecto gerado nessa pintura já clássica constitui quase toda a
verdade da interpretação, podemos também colocar que não apenas a representação entra em
desequilíbrio, mas também nossa própria percepção e, com ela, a categoria imprescindível na
leitura de toda e qualquer imagem: o sujeito “aprendente”, o sujeito leitor.

Como aponta Bittencourt (2001, p. 69-70):

Atualmente as obras didáticas estão repletas de ilustrações que parecem


concorrer, em busca de espaço, com os textos escritos. Ao lado dos acervos
iconográficos reproduzidos nos livros, têm sido ampliadas a produção e
a utilização de “imagens tecnológicas” em vídeos e, mais recentemente, as
informáticas dos softwares e dos CD-ROMs. As mais famosas editoras de
livros escolares fazem produções de multimídia educativas, e novos títulos de
CD-ROM de História têm sido lançados no Brasil nos últimos anos.

Quando programamos uma série de metodologias para alcançarmos um dado objetivo


no planejamento de uma aula, em quantas situações de sala de aula valorizamos mais os
materiais e menos os sujeitos que aprendem?

Fonte: <http://www.captures.it/rapaz2.jpg>.  Acesso em: 17 dez. 2007.

Figura 5 - Cangaceiro e Retirante (Newton Navarro, 1928)

Em determinadas relações entre imagens e palavras, só compreenderemos,


identificaremos e saberemos o que visualizamos se “alguém nos disser algo sobre estas”,
ou seja, se nos der algum esclarecimento sobre tais relações.

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A cultura potiguar fortemente presente nas imagens de Newton Navarro (1928-1992)
passa- nos despercebida se um discurso não lhe conferir o contexto histórico-cultural do
trabalho desse artista. Emblema da cultura popular nordestina, a obra de Navarro exige um
aprofundamento para entendermos melhor as nuances corporais e as técnicas de composição
das rendeiras, o universo dos navegadores e vaqueiros etc. Independentes enquanto
composições, suas pinturas intensificariam ainda mais o alcance se, por exemplo, fossem
colocadas lado a lado com os estudos de Câmara Cascudo (1898-1986) sobre a cultura
popular nordestina. Nesta relação, imagens e textos se alimentariam uns dos outros, ilustrando
e especificando mais as informações sobre a história e a cultura, os homens e a geografia.

Portanto, em um processo de leitura de imagens, perceba que dois campos são necessários
para a compreensão do que vemos: campo contextual e campo estrito do objeto.

n  O campo contextual é fundamental para a compreensão da imagem,


já que certos aspectos somente são revelados com o conhecimento da
História ou da cultura que a envolve, em função da dependência contextual
de qualquer mensagem.

n  O campo estrito do objeto torna-se imprescindível, pois a leitura de uma


dada imagem ocorre a partir de sua composição (como o lugar da cena e
dos personagens, o que vestem e como estão posicionados).

Na verdade, as variantes da relação imagem e palavra são numerosas. A partir de Joly


(1996) e Santaella e Nöth (2001), podemos compor um quadro contendo as relações dessas
duas dimensões, pautados nos seis pontos seguintes.

1.  Ancoragem

Indica uma forma de interação na qual o verbo aponta o “nível correto de leitura” da imagem
ou ancora toda a nossa atenção para uma determinada proposição, aspecto. Como se, por
exemplo, no quadro de René Magrite, direcionássemos a leitura para a relação entre o que
vemos e o que lemos, como fizemos anteriormente.

2.  Revezamento
Indica uma forma de interação na qual o verbo informa aspectos que a imagem dificilmente
pode mostrar (temporalidade e causa) ou explicar (aspectos simbólicos, culturais). Como
se, ainda tomando a pintura de Magrite como exemplo, fosse possível historicizar o objeto
cachimbo, a partir do que o seu quadro apresenta, pois a pintura em si não pode estabelecer
relações temporais, necessitando do verbo para explicar.

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3.  Imagem / Imaginário
Indica uma forma de interação que, necessariamente, não precisa de uma co-presença da
imagem e da palavra, já que, ao se referenciarem, se retroalimentam e geram umas as outras.
Como as adaptações de romances para o cinema, por exemplo, as quais foram originalmente
geradas pelas palavras e expressões que descrevem a vestimenta de um personagem, o
ambiente de uma casa ou sua mobília.

4.  Complementaridade / Relais


Indica uma forma de interação na qual ocorre uma equivalência entre imagens e palavras,
a partir de uma determinação recíproca em que as linguagens utilizam todo o seu potencial
expressivo. Às vezes, essa relação acontece em jornais, sobretudo em fotos de acidentes
intercaladas em uma reportagem sobre o fato, já que, por mais minuciosa, a narrativa não é
capaz de apresentar visualmente por meio do verbo.

5.  Referência substitutiva


Indica uma forma de interação em que imagem e palavras podem substituir umas as outras,
a partir de um jogo referencial entre o que é mostrado (visual) e o que não é mostrado
(verbal). Um exemplo típico pode ser encontrado no cinema mudo, com as cartelas, muitas
vezes, indicando o que havia naquele fotograma deteriorado dado a ausência de imagem:
“em uma sala com poucos móveis entram dois personagens, atravessam o ambiente e saem
pela porta localizada à esquerda do quadro”.

6.  Auto-contextual
Indica uma forma de auto-contextualidade da própria linguagem, a partir de uma interação
na qual a linguagem referencial contextualiza e explica a si própria. Próprio do cinema com
a articulação entre um plano e outro, estabelecendo de imagem a imagem uma relação de
significados sem, necessariamente, precisar de uma só palavra ou ambiência sonora.

Nessa discussão sobre a imagem e as palavras, perceba que atravessamos uma plataforma
em que a relação se encontra entre a redundância, a complementaridade e a autonomia das
linguagens. Assim, ao considerar a imagem como recurso pedagógico ou objeto de análise
em sala de aula, é preciso considerar, ao mesmo tempo, tais aspectos que concebem imagem
e palavra numa interação dinâmica. Principalmente porque não se pretende trabalhar sob
uma plataforma reducionista e excludente no campo dos estudos das linguagens. Portanto,
ora imagem e palavra interagem, coexistindo em um mesmo espaço ou interferindo uma na
outra, ora em um processo de co-referência e auto- referenciação contínuo.

Aula 04  Educação e Tecnologia 11


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Atividade 2

Agora, chegou o momento de você relacionar imagem e palavras, a partir do


segundo encaminhamento da atividade 1. Com as mesmas imagens selecionadas
do livro didático, veja com qual(ais) categoria(s) da relação imagem-palavra
você pode fazer a análise. Utilize-se do quadro de interações apresentado nesta
aula, assim como de toda a discussão referente aos campos de leitura de uma
determinada imagem.

Leituras complementares
KLINTOWITZ, Jaime. O pai da mentira. Veja, 19 nov. 1997. História. Disponível em: <http://
veja.abril.com.br/191197/p_062.html>. Acesso em: 17 nov. 2007.

CAMPOS, Jorge Lúcio de. Eis dois cachimbos: roteiro para uma leitura foucaultiana de
Magritte. Espéculo, ano IX, n. 27, jul. out. 2004. Disponível em: <https://www.ucm.es/info/
especulo/numero27/magritte.html>. Acesso em: 17 nov. 2007.

Duas leituras essenciais sobre aspectos da Dimensão da Imagem, pois, ambas trabalham
alguns pontos que discutimos nesta aula. A partir da matéria da revista Veja e do material
sobre a pintura de René Magritte por Michel Foucault, respectivamente, aprofunde a análise
sobre o caso das imagens em Stalin com mais detalhes históricos e o universo das palavras
na sua relação com as imagens. Já que ambas as indicações de leitura complementar estão
disponíveis na Internet através de seus respectivos links, aproveite e aprofunde com seus
colegas a discussão da aula em um trabalho colaborativo.

12 Aula 04  Educação e Tecnologia


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Resumo
Nesta aula, você estudou como a imagem perpassa diversos aspectos da
realidade: cotidiano, mercado, meios de comunicação e novas tecnologias.
Observou também a complexidade de suas dimensões, já que, ao se constituir
como dimensão subjetiva, a imagem não se resume a sua dimensão objetiva.
Estudou que, dependendo dos usos da imagem, suas finalidades de utilização
podem ultrapassar objetivos educacionais, sobretudo porque, em seu cerne, há
também uma dimensão política e mercadológica. Por fim, avaliou a variedade
de interações possíveis entre imagem e palavra, a partir da complementaridade
e da autonomia de linguagem.

Auto-avaliação
Com a discussão sobre imagem, que, em conjunto, desenvolvemos nesta
aula, você agora é capaz de desenvolver uma série de reflexões caso necessite
elaborar um plano de trabalho para realizar um projeto em sala de aula. Do uso
de um filme à análise de imagens em jornais, revistas ou sites, da identificação
de imagens que povoam sua cidade às imagens emblemáticas do nordeste
brasileiro (atuais ou históricas), as reflexões precisam contemplar aspectos
referentes às dimensões, às funções e aos modos de uso ou à relação das
imagens com as palavras.

Para tanto, quando for elaborar um plano de trabalho, desenvolva as questões de ordem
avaliativa, que se encontram logo a seguir.

Questões
Como você pensa em utilizar os conceitos de dimensão objetiva e
1 subjetiva da imagem?

Aula 04  Educação e Tecnologia 13


Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________
Que materiais são possíveis para uma discussão ou aplicação das
2 funções e usos da imagem? Justifique.

Qual(ais) categoria(s) você utilizará para desenvolver um trabalho


3 sobre a relação imagem e palavras? Justifique.

Referências
BITTENCOURT, Circe. Livros didáticos entre textos e imagens. In: BITTENCOURT, Circe
(Org.). O saber histórico na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2001. p.69-90.

HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia
das Letras, 1995.

JAMESON, Fredric. A cultura do dinheiro. Rio de Janeiro: Petrópolis, Vozes, 2001.

JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas, SP: Papirus, 1996.

KLINTOWITZ, Jaime. O pai da mentira. Veja, 19 nov. 1997. História. Disponível em: <http://
veja.abril.com.br/191197/p_062.html>. Acesso em: 17 nov. 2007.

SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo:
Iluminuras, 2001.

14 Aula 04  Educação e Tecnologia


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Anotações

Aula 04  Educação e Tecnologia 15


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Anotações

16 Aula 04  Educação e Tecnologia


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Educação e Tecnologia – GEOGRAFIA

Ementa
Processos e intervenções dos novos recursos tecnológicos da comunicação e da informação na Educação.
Desenvolvimento de habilidades básicas para a produção de conhecimentos fundamentados pelo uso de tecnologias
na prática pedagógica.

Autores
n  Célia Maria Araújo

n  Marcos Aurélio Felipe

Aulas

01 O contexto tecnológico
02 Nova escola / novos professores
03 Outros cenários, outras práticas
04 A dimensão imagem
05 Elaboração, aplicação e avaliação de projetos I
06 Os principais conceitos
07 Oficinas tecnológicas I – Fontes de informação
08 Oficinas tecnológicas II – O uso do filme
09 Oficinas tecnológicas III – O uso do blog
10 Elaboração, aplicação e avaliação de projetos II
Impresso por Gráfica:
2º Semestre de 2008
SEB/SEED

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