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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ECONOMIA

DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE

Determinantes do Risco de Incumprimento dos Empréstimos no Mercado


Financeiro Angolano – Um Estudo Aplicado ao Banco Regional Keve.

Elaborado por: Francisco João de Sousa

Orientador Prof. MSc. Aziz Sajó Manuel

Luanda, 2015.

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FACULDADE DE ECONOMIA

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE

Determinantes do Risco de Incumprimento dos Empréstimos no Mercado


Financeiro Angolano – Um Estudo Aplicado ao Banco Regional Keve.

Elaborado por: Francisco João de Sousa

55.947

Monografia apresentada à Faculdade de


Economia da Universidade Agostinho Neto
como Requisito parcial para a Obtenção do
Grau de Licenciado em Contabilidade e
Administração.

Luanda, 2015

2
EPIGRAFE

A verdadeira medida de um homem não é como ele se


Comporta em momentos de conforto e conveniência,

mas como ele se mantém em tempos de controvérsie


desafio.

Martin Luther King

3
DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho à minha mãe, a que


amo incondicionalmente e sem a qual eu
jamais poderia ter chegado até aqui.

4
AGRADECIMENTOS

Agradeço, antes de tudo, a Deus, que por meio de sua graça capacitou-me e permitiu-me
cumprir mais um objectivo da minha vida.

Expresso aqui o meu sincero agradecimento ao professor Msc. Aziz Sajó Manuel pelo
companheirismo, pela atenção, pelo incentivo e principalmente por fazer real a proposta de
estudo. Acredito que, o reconhecimento não está em apenas alcançar o resultado, o caminho
percorrido precisa ter sido válido. Muito obrigado!

Aos meus pais pelo apoio incondicional, pela sabedoria, e amizade, sem eles não seria
possível a conclusão desta etapa da minha vida. Que jamais hesitaram em me proporcionar as
melhores condições para a realização deste sonho.

Os meus amigos, que foram meu refúgio nos momentos difíceis e sobretudo, cúmplices nos
momentos de alegria, resultado em uma miscelânea de sentimentos nessa caixinha de
surpresas que é a vida.

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ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE TABELA V
ÍNDICE DE FIGURAS V
ÍNDICE DE GRÁFICOS V
SIGLAS VI
RESUMO VIII
ABSTRACT IX
INTRODUÇÃO 1
CAPITULO Iº : O SECTOR BANCÁRIO E O BANCO REGIONAL KEVE 4
1.1 Evolução do Sector Bancário Angolano 4
1.2 Apresentação do Banco Regional Keve 10
1.2.1 Caracterização e Organização do Banco 10
1.2.2 Serviços Oferecido pelo Banco Keve 11
1.3 Distribuição Geográfica do Crédito Concedido pelo Banco Keve 17
1.4 Rentabilidade Financeira do Banco Keve 17
CAPÍTULO IIº : REVISÃO DE LITERATURA 18
2.1 O Mercado de Crédito e a Sua Importância Para Economia 18
2.1.1 Definição do Risco de Incumprimento 20
2.1.2 Breve Historial do Risco de Incumprimento 21
2.2 O Risco de Crédito e o Incumprimento 23
2.2.1 Definição do Risco de Crédito 23
2.2.2 O Risco de Crédito no Processo de Incumprimento 26
2.3 Métodos de Avaliação do Risco de Crédito 33
2.4 Factores que Influência o Risco de Incumprimento 36
CAPÍTULO IIIº : ESTUDO EMPÍRICO 39
3.1 Caracterização da Amostra 39
3.1.1 Caracterização e Definição das Variáveis 40
3.2 Método de Estimação dos Dados 47

6
3.2.1 Modelo de Estimação 48
3.2.2 Introdução de Variáveis 50
3.2.3 Avaliação do Ajuste Geral do Modelo 51
4 RESULTADOS 55
4.1 Apresentação dos Resultados 55
4.1.1 O Efeito do Número de Dependentes 56
4.1.2 O Efeito do Estatuto Residencial no Incumprimento 57
4.1.3 O Efeito do Estado Civil no Incumprimento
57

CONCLUSÕES
58

RECOMENDAÇÕES
59

BIBLIOGRAFIA
60

ÍNDICE DE TABELA
Tabela nº 1 – Mapa da distribuição geográfica 17
Tabela nº 2 – Rentabilidade Financeira 17
Tabela nº 3 – Classificação do Crédito da Amostra 40
Tabela nº 4 – Medidas Estatísticas das Variáveis Dependentes 41
Tabela nº 5 – Sexo dos Clientes 44
Tabela nº 6 – Clientes por Nível Académico 46
Tabela nº 7 – Clientes por Formação Contínua 46
Tabela nº 8 – Omnibus Tests of Model Coefficients 50
Tabela nº 9 – Modelo Sumário 51
Tabela nº 10 –Teste Hosmer and Lemeshow 52
Tabela nº 11 – De Classificação (N =300) 53
Tabela nº 12 – De Classificação (N =150) 54

55
Tabela nº13 – Resultados do Modelo de Decisão Final de Credit Scoring

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ÍNDICE DE GRÁFICO
Gráfico 1 – Taxa de Juro dos Clientes Incumpridores e Cumpridores 42
Gráfico 2 – Estado Civil dos Clientes 45
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Estatuto Residencial dos Clientes 43
Figura 2 – Variável Dependente - Clientes Incumpridores 47

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SIGLAS

BNA ̶ Banco Nacional de Angola

BDA ̶ Banco de Desenvolvimento de Angola

BPC ̶ Banco de Poupança e Crédito

BCI ̶ Banco de Comércio e Indústria

BRK ̶ Banco Regional do Keve

BAI ̶ Banco Angolano de Investimento

BS ̶ Banco Sol

BIC ̶ Banco Internacional de Crédito

BFA ̶ Banco de Fomento de Angola

BESA ̶ Banco Espírito Santo Angola

BKI ̶ Banco Kwanza Investimento

BCA ̶ Banco Comercial Angolano

BANC ̶ Banco Angolano de Negócios e Comércio

BPA ̶ Banco Privado Atlântico

BTA ̶ Banco Totta de Angola

BNI ̶ Banco de Negócio Internacional

BMA ̶ Banco Millennium de Angola

BMF ̶ Banco BAI Microfinanças

FB ̶ Finibanco de Angola

BPD ̶ Banco Para Promoção e Desenvolvimento

SBA ̶ Standard Bank

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VTB ̶ Banco VTB ̶ África

BV ̶ Banco Valor

BCH ̶ Banco Comercial do Huambo

FED ̶ Reserva Federal

CIRC ̶ Central de Informação de Risco de Crédito

EUA ̶ Estados Unidos da América

PME`s ̶ Pequenas e Médias Empresas

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

SPC – Serviço de Protecção de crédito

SERASA – Centralização de Serviços de bancos

SCI – Segurança Crédito e Informação

TPAs – Terminais de Pagamento Automático

VIH – Vírus de Imunodeficiência Humana

SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

INLS – Instituto Nacional de Luta Contra a Sida

SADC – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral

10
RESUMO

A presente monografia é resultado da aplicação de um conjunto de teorias e ferramentas


econométricas ao estudo de risco de incumprimento dos empréstimos do Banco Keve, tendo
como cenário os principais acontecimentos ocorrido no período compreendido entre 2008 e
2011.

Os resultados foram obtidos a partir de análise estatística de regressão logística baseados nos
dados da instituição financeira (Banco Regional Keve). Os 300 clientes analisados constituem
o universo de clientes das operações realizadas na Agência Central em Luanda.

Através da aplicação da técnica estatística de regressão logística, foi obtido um modelo


econométrico de decisão final de credit scoring, composto por 3 variáveis, que permite avaliar
e prevenir o risco de incumprimento dos créditos no mercado financeiro do Banco Keve. A
taxa de acerto da precisão estimativa do modelo foi elevada, com 88.7% das operações dos
empréstimos correctamente classificadas.

Os resultados obtidos na estimação do Modelo de Classificação de Crédito permitiram


concluir que quanto maior for, o número de dependentes, o estatuto residencial e o estado
civil, maior será o risco de incumprimento de empréstimos no mercado financeiro do Banco
Keve. Ao contrário, o capital de giro ou circulante, o valor de empréstimo, o prazo de
empréstimo, a idade do cliente, o nível académico, a variável dependente e o tempo de
funcionamento do empreendimento, têm como efeito a redução do risco.

Palavras – chaves: Incumprimento, Empréstimos, modelo de credit scoring e Banco Keve.

11
ABSTRACT

This dissertation is the result of applying a set of theories and econometric study of the risk of
default of loans in the Angolan credit market, against the backdrop of major events in the
evolution of the Angolan banking system in the period between 2008 and 2011 tools.

The results are obtained from statistical data based on the financial institution Banco Regional
do Keve logistic regression analysis. The 300 customers are analyzed the universe of
transactions for clients in Central Agencies in Luanda.

By applying the statistical technique of logistic regression, an econometric model for the final
decision to credit scoring, composed of 3 variables, to evaluate and prevent the risk of default
of credit was obtained in the Angolan market. The hit rate estimated accuracy of the model
was high, with 88.7 % of the operations of correctly classified loans. Model validation was
performed using the Cross – validation method, ie dividing the original sample into two parts:
one for model definition and one for validation.

The results obtained in the estimation of Model Credit Rating to conclude that the greater the
number of dependents, marital status and residence, state higher the risk of default on loans in
the Angolan financial market. Rather, the business capital of the loan amount, loan term, the
customers age, education level, the dependent variable and time of operation of the enterprise
have the effect of reducing the risk.

Keywords: Failure of loans, credit scoring model, credit market and banking system Angolan.

12
INTRODUÇÃO

O sector bancário angolano bem como internacional vem sofrendo inúmeras transformações
implicando não só uma maior operacionalidade do sistema, mas também maior diversidade de
operações a serem desenvolvidas pela actividade financeira procurando – se assim satisfazer
os desafios de uma economia em mutação permanente. É nesta ordem de ideias que surge o
seguinte tema: Determinantes do Risco de Incumprimento dos Empréstimos no Mercado
Financeiro Angolano – Um Estudo Aplicado ao Banco Regional Keve (BRK).

A mutação das economias, é acompanhada de riscos e estes podem ser controlados por
métodos de risco de crédito. O sector de crédito afigura – se como um sector importante na
economia, daí a importância capital de supervisão que implica controlo de riscos devido ao
seu elevado grau de complexidade (Almeida, 2011).

O objectivo principal deste trabalho é avaliar “ Os Determinantes do risco de incumprimento


dos empréstimos no mercado financeiro do Banco Regional Keve” especificamente, o estudo
procura analisar a relação entre, a taxa de juro, o valor emprestado, o capital de giro ou seja,
circulante, o número de prestações, o tempo de funcionamento da empresa, o estatuto
residencial, o número de dependentes, o estado civil e o incumprimento. Igualmente propõe –
se a construção de um modelo de classificação de crédito (MCC) que permite avaliar e
prevenir o risco de incumprimento dos empréstimos no Banco Regional Keve, em
alinhamento com a metodologia do estudo realizado por Manuel A.Sajó (2010) sobre o risco
de incumprimento no mercado financeiro angolano.

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Formulação do Problema

Por meio desta pesquisa, procurou – se responder a seguinte pergunta de partida: Quais os
factores determinantes que influência o risco de incumprimento dos empréstimos no Banco
Regional Keve.

Hipótese

Quanto a formulação das hipóteses considera – se o estatuto residencial, o número de


dependente que o devedor tem que sustentar e o valor de empréstimo como factores que
influenciam o risco de incumprimento no Banco Regional Keve.

Objectivo Geral

A presente pesquisa tem como objectivo geral estudar os determinantes do risco de


incumprimento dos empréstimos no mercado de crédito do Banco Regional Keve. Prosseguir
com este objectivo geral do estudo delinear – se os seguintes objectivos específicos.

Objectivos Específicos

 Analisar o incumprimento dos empréstimos no mercado de crédito do Banco Regional


Keve;

 Procurar avaliar a relação entre o valor emprestado, a taxa de juro, o capital circulante
ou de giro, o prazo do empréstimo, o tempo de funcionamento da empresa, o número
de dependentes, o estatuto residencial e o incumprimento;

 Propor a construção de um modelo de classificação de crédito (MCC) – ou Credit


Scoring que permite avaliar e prevenir o risco de incumprimento dos empréstimos no
Banco Regional Keve

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Justificativa

A escolha do tema para a realização deste trabalho monográfico encontra sua justificativa na
série de transformação que o sector bancário está passando, surgindo a necessidade de
analisar o risco de crédito deste importante intermediário financeiro.

Além disso, é importante mencionar que a realização deste trabalho se justifica também pelas
possíveis contribuições que os seus resultados podem fornecer ao processo de concessão e
análise do crédito na respectiva instituição, bem como para outras instituições de crédito.

Metodologia

Esta pesquisa, de natureza exploratória e descritiva, pois para a caracterização deste estudo
adoptamos a metodologia seguinte;

 Elaboração de um plano com a estrutura do trabalho e com base neste iniciamos a


recolha de dados bibliográficos em livros, revistas especializadas, artigos nos jornais,
internet e outras publicações que relaciona com o tema;
 Pesquisa de campo foi realizada no Banco Regional Keve, BNA, INE, empresas a fins
e outras instituições financeiras nacionais para a recolha de dados nos, relatórios,
boletins e outros documentos publicados sobre a matéria em estudo;

 No estudo empírico foi necessário estruturar, uma base de dados agregando os valores
numéricos referentes ao conjunto de variáveis independentes pré – seleccionadas para
construção do modelo. Neste sentido, foi utilizado o software estatístico Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS), versão 15.0, como suporte para as análises
estatísticas desenvolvidas no modelo. Em seguida foi aplicada a técnica de regressão
logística.

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Estrutura e Organização do Trabalho

A monografia encontra – se estruturada em três capítulos, no primeiro capítulo, fez se uma


breve apresentação do Banco Regional Keve e do sector bancário angolano. No Segundo
capítulo, apresentamos as principais abordagens teóricas que servem para explicar a
importância do crédito para a economia. Apresentam – se os instrumentos e métodos de
análise e avaliação do risco de crédito utilizados nos estudos anteriormente, e que servem de
referência para a construção do modelo de decisão final de credit scoring no mercado de
crédito do Banco Regional Keve. Por fim, são referidos os factores que influenciam o risco de
incumprimento.

No terceiro capítulo procede – se o estudo empírico. É ainda analisado um conjunto de


questões metodológicas, desde a caracterização da amostra, caracterização e definição das
variáveis, método de estimação dos dados, técnica de regressão logística, o modelo a estimar,
a avaliação do ajuste geral do modelo, resultados, apresentação e discussão dos resultados do
modelo estimado bem como resultado do modelo estimado de decisão final de crédito.

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Capítulo I: O SECTOR BANCÁRIO E O BANCO REGIONAL KEVE

Neste capítulo iremos abordar um conjunto de aspectos relevantes que marcaram a evolução
do sector bancário angolano no período compreendido entre 2008 e 2011. O objectivo do
estudo consiste na análise dos principais acontecimentos.

1.1. Evolução do Sector Bancário Angolano

De acordo com Almeida (2011), O sistema financeiro angolano teve a sua origem
praticamente em 1865, quando surgiu o primeiro estabelecimento bancário que começou a
funcionar em Agosto do mesmo ano, no entanto era apenas uma sucursal do Banco Nacional
Ultramarino, com o surgimento do mesmo teve iniciou a actividade bancária. A 14 de Agosto
de 1926 foi criado o Banco de Angola com sede em Lisboa. Até 1957 o banco de Angola
deteve o exclusivo comércio bancário em Angola, até ao surgimento do Banco Comercial de
Angola, que era somente de direito angolano.

Para melhor entendimento da evolução do sistema financeiro os pontos essenciais foram


organizados em três fases:

 Primeira fase de 1976 – 1997;

 Segunda fase de 1998 – 2000;

 Terceira fase de 2001 – 2011.

 primeira Fase de 1976 – 1997

Foi através da lei nº 67/76, pelo qual foi confiscado o activo e passivo do Banco de Angola,
tendo – se cessadas todas as funções relativas a sua actividade na República Popular de
Angola assim sendo, aos 10 de Novembro de 1976 foi criado o Banco Nacional de Angola
(BNA) em todos os seus compromissos internos e externos, nesta mesma lei foi igualmente
aprovada a lei orgânica do BNA (Almeida, 2011).

Nos termos da referida lei, o BNA tinha por funções fundamentais as do Banco Central e de
banco comercial, estando sob a supervisão do Ministério das Finanças, só através da lei 4/78

17
de 25 de Fevereiro é que a actividade bancária passou a ser exclusivamente exercida pelos
bancos do Estado. Na sequência das reformas políticas e económicas iniciadas no fim da
década de 80 e princípios de 90, a comissão permanente da Assembleia do Povo faz aprovar a
lei nº4/91 a 20 de Abril em que no seu preâmbulo dispõem: “o sistema financeiro que
vigorava até a publicação da presente lei, assentava, praticamente num único banco – o BNA
– no qual se fundiam o exercício das funções central, comercial e investimentos. (Almeida,
2011)

Foi aprovada a nova lei orgânica do BNA, a mesma surgiu em consequência da nova filosofia
económico – financeira nacional que estava reflectida na primeira lei quadro reguladora das
instituições financeiras a lei nº5/91 que foi aprovada a 20 de Abril.

Em consequência da reorganização do sistema financeiro, foi aprovada a 11 de Julho a lei


nº6/97.

O novo quadro jurídico entretanto implementado passou a estabelecer:

 A diferença clara entre os mercados monetários, financeiro e cambial, definindo as


suas fronteiras mediante a utilização de meios e instrumentos de pagamentos para o
efeito;

 A instauração no mercado monetário de dois níveis de pagamento: o circuito primário


entre os bancos comerciais (ou agências de BNA em regime de transição) e os agentes
económicos no mercado dos bens e serviços, circuito secundário, isto é circuito
interbancário entre as agências do BNA, em regime de transição.

Neste contexto o quadro legal para a materialização de um sistema financeiro de dois


níveis, passou a apresentar a seguinte estrutura:

 Órgãos de supervisão do sistema: Banco Nacional de Angola (BNA);

 Instituições bancárias: estas abrangiam os bancos comerciais e os bancos de


investimentos e/ ou desenvolvimento;

 Instituições especiais de crédito: Cooperativas, caixas de crédito, instituições de


poupança e de crédito imobiliário;

 Instituições para – bancárias: Sociedades de investimento, sociedades de capital de


risco e sociedade de locação financeira de factoring.

18
Convém destacar que com base no quadro legal aprovado o BNA, passou a ser consagrado
como banco emissor e de reserva, banco dos bancos, banqueiro do estado, autoridade
monetária, coordenador, orientador, e controlador da política monetária e cambial dos
respectivos mercados tendo – lhe assim, consequentemente sido atribuído a função
fundamental de assegurar o equilíbrio monetário interno e a solvabilidade exterior da nossa
moeda como objecto basilar da sua actividade.

O sistema bancário nacional passou então a ser composto para além do BNA por dois bancos
comerciais angolanos constituídos sobre a forma de sociedades anónimas de capitais públicos,
o Banco de Poupança e Crédito (BPC, ex. BPA), e o Banco de Comércio e Indústria (BCI).

 Segunda Fase de 1998 – 2000

De 1998 – 2000 o governo situando – se no percurso das reformas estruturais para o alcance
da construção e estabilidade da economia, colocou mais uma vez a eficiência do mercado
financeiro nacional como elemento decisivo para alcançar esse objectivo, tendo deliberado na
sua 12ª sessão realizada em 26 de Outubro de 1999, que o BNA definisse uma estratégia para
evolução do sistema financeiro angolano, uma vez que a mesma se encontrava relativamente
desactualizada e dispersa. Esta desactualização decorria essencialmente de dois factores:

 A evolução dos mercados monetários, financeiro, cambial e dos respectivos agentes;


 Os direitos e garantias fundamentais consignados na constituição revista em 1992.

Paralelamente e como consequência das reformas legislativas o BNA submeteu em 1999, um


novo quadro legal, para o conjunto de instituições financeiras que regulasse – se de forma
mais sólida o processo de estabelecimento, o exercício da actividade, a supervisão, o
saneamento e aplicações de sanções, as instituições de crédito e sociedades financeiras, tendo
sido aprovada a lei nº 1/99 em 23 de Abril. Deste modo, o quadro legal para o sistema
financeiro e sua transparência passou a apresentar a seguinte estrutura:

 Órgãos de supervisão do Sistema financeiro: Banco Nacional de Angola e Instituto de


Seguros de Angola;

 Instituições de Crédito: Bancos, Cooperativas de Crédito e Sociedades de Locação


Financeira;

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 Sociedades Financeiras: Sociedades de Investimento, de capital de risco, de factoring,
de gestoras de património imobiliário, de fundos de investimento, fundos de pensões,
financeiras de corretagem, sociedades imobiliárias, seguradoras e casas de câmbio;

 Terceira Fase 2001 – 2011

Neste período, o desenvolvimento do mercado financeiro angolano registou consecutivas


alterações com vista a sua modernização e adequação aos padrões financeiros internacionais e
também a necessidade de dar respostas as exigências que caracterizam o dinamismo da
economia de mercado (Almeida, 2011).

No âmbito da evolução dos diversos mercados do sistema financeiro de Angola foi instituído
o sistema de pagamento de Angola (SPA), com o intuito de supervisionar e regular o sistema
de pagamentos interbancário.

Para além da harmonização do sector financeiro nacional com os padrões internacionais de


referência do sector, tem sido mobilizados um conjunto de acções multissectoriais com vista a
integração regional nos vários domínios do sector financeiro em particular do domínio da
modernização do sistema financeiro nomeadamente o bancário, resultante da integração do
estado angolano não só na organização da SADC, mas como em outras organizações. No
domínio dos mercados esteve em curso um conjunto de acções tendentes a criação do quadro
legal específico para instituições financeiras, com vista a adequá – los aos princípios
actualmente consagrados. Assim como também abertura da Bolsa de Valores de Angola
(Almeida, 2011).

É importante no entanto ressaltar que este panorama actual do sistema financeiro angolano
continua em mutação constante.

Os bancos são instituições que, fazem parte da intermediação financeira, ele pode actuar como
sujeito activo ou passivo nas operações realizadas. Se os Bancos estão na posição de devedor,
ou seja, se recebem recursos e, portanto, tem a obrigação de devolver no futuro o valor
recebido, acrescido de juros, tem – se uma operação passiva. Porém, se o banco concede
recurso a um tomador e passa ter direito de receber no futuro o valor emprestado acrescido de
juros, tem – se uma operação activa. Depósito e conta corrente são exemplo de operações
passivas, enquanto empréstimo, financiamento e desconto são exemplos de operações activas.

20
Nesse mesmo sentido, Covello1 afirma que as operações bancárias fundamentais ou típicas,
que são as que implicam intermediação do crédito, dividem – se em passivas (as que têm por
objecto a procura e provisão de fundos, sendo assim denominadas por importarem obrigações
para os bancos, que na relação jurídica, se torna devedor) e activas (as que visam à colocação
e ao emprego desses fundos; por meio dessas operações, o banco se torna credor do cliente).

De acordo com Mishkin (2000) e Fernando da Rocha (2008), contabilisticamente tem se o


passivo que é o conjunto de obrigações adquiridas pelos bancos, dos quais fazem parte:
produtos de captação; depósitos à vista; o prazo; caderneta de poupança e empréstimo
captados no mercado interbancário. E em contrapartida o activo. Sabe – se que um banco
utiliza os recursos que adquiriu, emitindo passivos para comprar activos geradores de receitas.
Portanto, os activos bancários e os juros recebidos são chamados utilizações de recursos, estes
são os que fazem com que os bancos tenham lucros.

Por assumir o risco da operação, os bancos cobram dos tomadores uma taxa de juros superior
à taxa contratada na captação de recursos, a fim de cobrir despesas e riscos assumidos, bem
como obter lucro. Spread2, margem bancária a taxa aplicada a um crédito, aumenta quando há
incertezas, risco de recebimento ou moratória alta, se a economia está fraca, neste cenário os
riscos são maiores e as instituições financeiras buscam maiores compensações.

Nos termos da lei das instituições financeiras, o sistema financeiro de Angola é administrado
pela lei 13/05 de 30 de Setembro de 2005, que contém disposições relativas ao
estabelecimento, exercício de actividade e supervisão de instituições financeiras
regulamentado pelo Ministério das Finanças.

As instituições de crédito são empresas cuja principal actividade consiste em receber do


público depósitos e outros fundos reembolsáveis para efeitos de atribuição de empréstimos
por sua própria conta, assim, as instituições de crédito podem ser os bancos as instituições
especiais de crédito e outras qualificadas como tal, Manuel A.Sajó (2010).

1Covello, Sergio Carlos. Contratos bancários. São Paulo: LEUD, 1999,P.38.

2Spread é um termo em inglês que em sentido amplo significa, extensão, amplitude, envergadura, vão de ponte etc. Em
finanças, o termo spread bancário quer dizer a diferença entre a taxa de captação e de aplicação, que fica em poder das
instituições financeiras. Desta forma, quanto maior o spread, maior é o lucro dos bancos.

21
Para Almeida (2011), são considerados instituições especiais de crédito as cooperativas de
crédito, as caixas económicas, as instituições de poupança e de crédito imobiliário. A
constituição das instituições especiais de crédito depende da autorização do Ministério das
Finanças, atendondo ao parecer do Banco Central.

De acordo com Manuel A. Sajó (2010) e BNA (2011), o sistema bancário angolano para além
do BNA é composto por seguintes bancos3:

Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)4, o Banco de Poupança e Crédito (BPC), o


Banco de Comércio e Indústria (BCI), dos quais os dois últimos são de capitais públicos, e
dezassete de capitais privados, sendo o Banco Regional do Keve (BRK), o Banco Angolano
de Investimento (BAI), o Banco Sol (BSOL), o Banco Internacional de Crédito (BIC), o
Banco de Fomento de Angola (BFA), o Banco Espírito Santo Angola (BESA), o Banco
Comercial Angolano (BCA), o Banco Valor (BVB), o Banco Comercial do Huambo (BCH), o
Banco Caixa Geral Totta de Angola (BCGTA), o Banco Privado Atlântico (BPA) o Banco de
Negócio Internacional (BNI), o Banco Millennium de Angola (BMA), o Banco Kwanza
Investimento (BKI), o Banco BAI Microfinanças, (BMF), O Finibanco de Angola (FNB), o
Banco Para Promoção e Desenvolvimento (BPPD), o Banco VTB – África5, o Banco
Angolano de Negócios e Comércio (BANC) e o Standard Bank (SBA).

3
O Sistema financeiro conta actualmente com 23 (vinte e três) instituições financeiras
bancárias, das quais, estão em funcionamento 21 (vinte e um) Bancos, sendo que 2
(dois) ainda não iniciaram as suas actividades.

4 BDA é uma instituição pública com objectivo de apoiar o financiamento de projectos de investimentos dos agentes
privados nacionais.

5 Banco BVT-África é a primeira instituição bancária Russa, criada no continente africano com participação de capitais
Russos, tem como principal função promover os investimentos Russos em Angola, contribuindo para um aumento do fluxo
de capitais entre os dois países.

Além de financiar projectos em Angola, o banco concede também empréstimos a projectos de desenvolvimento económico a
nível do continente africano (Angop, 2007) e Manuel A.Saj (2010).

22
1.2. Apresentação do Banco Regional Keve

1.2.1. Caracterização e Organização do Banco

O Banco Regional do Keve, S.A é um banco de capitais privado com sede no Sumbe,
província do Kwanza Sul. Foi constituído em 19 de Setembro de 2003. A actividade
comercial foi iniciada no dia 1 de Outubro de 2003. Por escritura pública de Dezembro de
2007, o Banco adoptou a abreviatura comercial (Banco Keve). O Banco criou uma ampla
rede, que conta com 32 agências, 5 postos de atendimento e 303 colaboradores.

O banco foi constituído com um capital de 456.000.000,00 (equivalente ao contra valor


5.700.000 USD), representando por 570.000 acções nominativas de oitocentos Kwanzas cada,
tendo sido integramente subscrito e realizado em dinheiro.

O objecto da sociedade é o exercício da actividade bancária nos termos permitidos por lei, que
inclui a obtenção de recursos de terceiros sobre a forma de depósitos ou outros, os quais
aplica, justamente com os seus recursos próprios, na concessão de empréstimos, depósito no
BNA, aplicações em instituições de crédito, aquisição de títulos e outros activos. Presta ainda
outros serviços bancários e realiza diversos tipos de operações em moeda estrangeira.

Na actividade comercial, o segmento das PME`s constitui uma das estratégias de crescimento
do Banco. Faz ainda parte da estratégia a prestação de serviço de seguros, através da Global –
Companhia de Seguros, da qual o Banco é o maior accionista.

Os órgãos sociais da sociedade é constituída por:

 Mesa da assembleia – geral, tem um presidente e dois vice – presidentes;


 Conselho de administração, tem um presidente, um vice – presidente e três
administradores;
 Conselho fiscal, tem um presidente e dois vogais;
 Auditores externos.

A missão do Banco Regional Keve é de criar uma experiência bancária excepcional, na qual
os seus clientes percebam o banco como um parceiro indispensável na concretização dos seus
negócios; os seus colaboradores atinjam um elevado sucesso pessoal e profissional; os seus

23
accionistas sejam adequadamente remunerados; e as comunidades que se encontram inseridas
beneficiem dos seus envolvimentos. Os valores assentam na atitude, eficiência e integridade

Nos finais de Dezembro de 2011, o banco contou com 303 colaboradores, menos 2
comparativamente a 2010. Do total de colaboradores, 54% são do sexo masculino, e 46% são
do sexo feminino, da média etária 75% dos colaboradores situam – se no intervalo de 24 à 34
anos e 25% 35 à 50. Quanto á antiguidade na instituição, 84% dos colaboradores estão no
banco a menos de cinco anos. No que respeita aos colaboradores por habilitações literárias
revela que 12% dos colaboradores têm o ensino médio completo, 50% possuem o nível de
frequência universitária, 37% possui a licenciatura completa e 1% possui o mestrado.

O banco reconhece que para oferecer um serviço de excelência é fundamental a existência de


colaboradores bem qualificados, motivados e preparados para a dinâmica e exigência do
sector bancário. Para tal o investimento na formação dos colaboradores é contínuo, de forma a
proporcionar – lhes ferramentas e competências para o auxílio com vista a um melhor
desempenho das suas funções.

1.2.2. Serviços Oferecidos Pelo Banco Regional Keve

 Caixas Automáticas (ATMs)

Em 31 de Dezembro de 2011, o banco dispunha de 67 ATMs (Um crescimento de 12% face a


2010), distribuído por 30 municípios.

No período em análise, a posição do banco face a rede, em termos de produtividade, reduzia


devido a colocação de ATMs remotos. Por sua vez, a taxa de operacionalidade de ATMs do
banco observou uma redução nos seus níveis em 2011 originado por problema de
comunicação.

 Terminais de Pagamento Automático (TPA)

Em Dezembro de 2011, o número de terminais de pagamento automático do banco teve um


crescimento de cerca de 57% comparativamente a igual período de 2010, atingindo 666 TPAs.
Este crescimento originou um aumento na quota de mercado do banco de 2,6% para 3,8% em

24
2011. O índice de actividade dos TPAs do banco (medido pelo rácio TPAs activos sobre
TPAs matriculados) manteve – se acima a maior parte do ano.

 Internet Banking (Keve) e Keve SMS

Podemos salientar que em 2011 havia 2.776 contratos celebrados, dos quais 1.256 empresas e
1.520 particulares, representando um crescimento de 20% face a 2010 e uma taxa de adesão
global de 8%.

O serviço Keve SMS, lançado no início de 2009, registou 1.369 contratos activos em
Dezembro de 2011, representando um crescimento de 250% face a 2010. Através de simples
troca de mensagem com siglas enviada aos clientes é possível disponibilizar um acesso a
várias consultas.

 Cartões De Débito – Multicaixa

Análise do rácio de cartões de débitos vivos sobre cartões válidos, revela que o banco
melhorou o desempenho em relação a rede de Junho a Novembro de 2011. Em 2011, os
cartões emitidos pelo banco aumentarão em 52%, tendo atingido 34.714 cartões em
Dezembro.

 Keve Corporate

O ikeve corporate, é um serviço de internet banking que o banco oferece aos seus clientes
corporate. Com leque alargado de operações que permite as pequenas, médias e grandes
empresas, públicas e privadas, fazer a gestão das suas contas com segurança, rapidez e
confiabilidade. Um serviço que se encontra disponível 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Garantia de total sigilo e segurança nas operações efectuadas, através da utilização de


tecnologia de primeira linha, ao nível de protecção de dados, complementada com o código de
acesso e cartão pessoal de coordenadas.

A subscrição deste produto/ serviço é feita através de contrato de adesão ikeve corporate,
existente. Deve ser preenchido na íntegra, e assinado pelos representantes legais da conta,
junto do banco keve

25
 Controlo Interno

O banco dispõe de um comité de controlo interno, agregando as funções de auditoria interna,


organização e cumprimento (compliace). Em especial, o comité tem por objectivo assegurar a
implementação do aviso nº 2/2006 de 10 de Março do BNA sobre controlo interno.

O objectivo para o primeiro ano do comité consistiu na coordenação da função de auditoria e


na divulgação abrangente de regulamento do BNA. Neste sentido, foram feitas acções de
formação e seminários internos de divulgação destes regulamentos, com o destaque para o
pacote publicado em Setembro de 2007, que introduz novas regras prudenciais bancárias.

Na sequência da elaboração do novo plano de contas (Contif), aprovado em Setembro de


2007, e entrada em vigor definida para 1 de Janeiro de 2009, a administração e as direcções de
contabilidade e de sistemas de informações participaram intensamente nas acções de
discussão técnica e de formação promovidas pelo BNA.

O banco tem assegurado ao mais alto nível presença activa nos grupos de trabalhos da
associação angolana de bancos para as materiais fiscais, de contabilidade e prudenciais. Esta
presença permite que as direcções dos bancos estejam permanentemente informadas sobre as
matérias em discussão e mais alertas sobre os impactos das alterações regulamentares.

Embora não se tivesse realizado seminários específicos, a prevenção do branqueamento de


capitais foi tema recorrente dos encontros da administração com os quadros do banco da
direcção comercial.

A análise e controlo de riscos são genericamente da competência das direcções e funções


onde tais riscos são originados. O acompanhamento dos principais riscos é feito pelo conselho
de administração com base em relatório periódico sistematizado para o acompanhamento da
actividade para cada função do banco.

A análise e controlo do risco de mercado e liquidez são feitos no comité diário de gestão do
risco de liquidez. São ainda feitas reuniões mensais e trimestrais para analisar os seguintes
relatórios:

 Relatório Financeiro (que inclui todos os rácios e limites prudenciais e a comparação


com orçamento);
 Relatório das taxas de juros;

26
 Relatório de Tesouraria;
 Relatório dos Indicadores Financeiro em Angola.

O banco tem vindo efectuar esforço permanente no sentido de colmatar as principais


deficiências do controlo interno, e tornar o processo mais robusto dotando igualmente a
organização de estrutura de suporte que apoiem na salvaguarda do sistema de controlo
interno.

Nesse sentido, foi reforçada a função de Auditoria Interna e criada a função de compliace,
dada a necessidade de dotar a área de recursos humanos qualificada. As competências destas
áreas incluem igualmente a prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do
terrorismo, por sua vez, as actividades de auditoria interna estiveram muito focalizada nas
agências, mas foram criadas condições para, poder se alargar o seu trabalho para áreas de
serviços centrais identificadas de maior risco.

Risco de mercado; resulta das variações no valor dos activos e passivos causadas pelas
incertezas das mudanças nos preços e taxas de mercado (taxas de juros, acções, taxas de
câmbios e preço de commodities).

O risco da taxa de juro é acompanhado mensalmente com base em informações estatística, o


risco cambial é acompanhado diariamente com base em relatório contendo as exposições,
assim como limites regulamentar.

O banco procede a classificação do risco de crédito (Rating) interno, baseado na análise do


cliente, operações e garantia assim como a sua revisão mensal, em função de dias de atraso e,
periodicamente, em função de uma nova análise do risco.

Risco de Liquidez ocorre quando as reservas e disponibilidade de uma instituição não são
suficiente para honrar suas obrigações, ou seja, quando um descompasso no fluxo de caixa
provoca incapacidade momentânea de liquidar os compromissos.

O acompanhamento e análise do risco de liquidez são feitos pelo Comité de Gestão Diário de
Liquidez. Este comité inclui os responsáveis pela banca comercial, crédito, operações e
financeira, sendo por um administrador. As reuniões tem uma duração limitada, a informação
é pré – definida e distribuída antecipadamente, e as decisões são reflectidas uma acta que é
distribuída a nível central pelos membros e principais colaboradores e administração. Para
suporte de tomada de decisões, é previamente definida informação. A informação inclui, entre

27
outros, um relatório diário contendo todas as operações, posições de liquidez actuais e
projecções até cinco dias, o balanço e a demonstração diária do resultado do banco.

O risco operacional representa a possibilidade de perda resultante de processos internos,


pessoas e sistemas inadequados ou falhas, ou de eventos externos.

No que diz respeito aos riscos de segurança e dos activos tangíveis e pessoas, são realizadas
auditorias as unidades principais e implementar acções preventivas e correctivas dos riscos
identificados. Regularmente, é reavaliado a cobertura financeira dos riscos seguráveis.

Em 2011, o banco foi especialmente afectada por fraudes internas na área comercial, cujo
prejuízo foi reflectido nas contas. Em função destas, foram energeticamente reforçadas as
medidas de controlo interno, desde a gestão dos recursos humanos até à abordagem da
Auditoria Interna, tendo em vista a prevenção de futuras ocorrências, também verificou se a
ocorrência pontual de falhas de comunicações, pouco usual para o banco então, que não
tiveram impactos negativos significativos.

 Responsabilidade Social

Em 2011, a política de responsabilidade social da Banca abrangeu acções nos domínios da


saúde, educação, cultura, desporto e outros de carácter social.

No mesmo ano, o Banco deu continuidade ao tema VIH/ SIDA, apoiando as 1º jornadas
científicas, realizada em Luanda, promovido pelo INLS com a participação de entidades
angolanas e estrangeiras. Neste âmbito, também foi promovido uma acção pelos
colaboradores do Banco com o objectivo de sensibilizar os clientes do Banco e toda a
população que passou pelos balcões do Banco em 1 de Dezembro de 2011 (dia internacional
da luta contra o VIH/ SIDA).

O banco apoiou ainda alguns casos particulares de evacuação para tratamento de


determinados cuidados patológicos.

O banco aderiu ao programa de educação financeira levado a cabo pelo BNA, que promoveu
dois produtos essencialmente orientados para a população não bancarizada: “ Depósito
Bankita” e Poupança Bankita Crescer”.

28
Em cerca de 3 meses de actividade (a campanha foi lançada em Setembro), o Banco
conseguiu obter fortes resultados, uma vez que atingiu o 1º lugar no Ranking de abertura de
contas Bankita, com 8.500 clientes em 31 de Dezembro de 2011.

O apoio consistiu ainda na disponibilidade de tempo dos colaboradores na organização das


acções de consciencialização junto da população de baixa renda e a inteira disponibilidade de
toda a sua rede de balcões para o aumento do nível de bancarização.

O banco também apoiou o Workshop pelo comité de especialidade dos bancários sobre o
tema da actualidade – “ o branqueamento de capitais.”

Patrocinou diversas actividades, entre as quais o apoio às festividades das cidades do Sumbe,
Porto Amboim e Calulo.

 Apoio ao clube Recreativo do Libolo;

 XXI Campeonato Nacional de Ciclismo;

 Torneio de Pesca de Luanda;

 II Clinic Internac de treinadores de basquetebol, atendendo às participações de Angola a


nível internacional;

 Comité Para – Olímpico Angolano nas modalidades de Futebol com muletas e


Basquetebol em cadeiras de rodas.

 Apoio a associações na construção de casas sociais, colaborando com a luta de combate à


pobreza;

 Entrega de alimentos ao Hospital municipal, projecto realizado pelo Instituto Médio


Agrário.

29
1.3. Distribuição Geográfica do Crédito Concedido pelo Banco Keve

Do ponto de vista de distribuição geográfica de crédito em Angola, a tabela nº 1 abaixo


mostra a cobertura do Banco Keve em oito províncias: Luanda, Bengo, Benguela, Huambo,
Huila, Kwanza Sul, Zaire e Namibe.

Tabela nº 1 – Mapa da distribuição geográfica

Província Agências
Bengo Mazozo
Benguela Benguela; Lobito; Secil e Soba Catumbela
Huila Lubango e Alfandega Lubango
Huambo Huambo e Nocebo
Kwanza Sul Posto Repartição Fiscal do Libolo; Sumbe; Wako Kungo; Calulo; Posto Repartição Fiscal da Cela;
Porto Amboim e Posto Alfandega Porto Amboim

Luanda Central; Maculusso; Nocal; Cimangola; Cuca; Talatona; Porto de Luanda; Filda; Zagope ;
Aeroporto 4 de Fevereiro; Porto Seco; Sovinhos; Cacuaco; Serpa Pinto; Nova Vida; Correios de
Angola; Major Kanhagulo ; Posto Aeroporto 4 de Fevereiro e Kilamba Kiaxi

Namibe Alfandega Namibe


Zaire Soyo

Fonte : Banco Keve.

1.4. A Rentabilidade Financeira do Banco Keve

Até à data de 31 de Dezembro de 2011, os seus resultados líquidos, obtidos através do


segmento de crédito apontam para um montante da ordem USD 2.087.137,63. Nesse espaço
de tempo o Banco Keve concedeu mais de USD 22.658.156,00 de crédito, com taxas de juro
em torno de 18% ao ano, contando com mais de 55.781 mil clientes. Por sua vez, o Banco
Keve já naquela altura possuía uma rede de balcões no total de 23 agências, 28 postos e um
centro de empresas na cobertura nacional. A tabela abaixo mostra a evolução deste tipo de
crédito concedido pelo Banco Regional Keve.

Tabela nº 2 – Rentabilidade Financeira

2008 2009 2010 2011

Resultado Líquido 15.1 13.1 2 6.6


Crédito Sobre o Clintes 168 201.2 202.2 257.2
Margem Financeira 19.6 19.7 17 24.3

Fonte : Banco Keve. 2011

30
Capítulo II : REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O Mercado de Crédito e a Sua Importância Para Economia

A importância do crédito6 é fundamental para actividade económica, e desde o início da


década de 50 que essa influência tem vindo a ser salientada por diversos autores.

De acordo com Azenha (2010), nas economias modernas o crédito continua a ter um papel
fulcral, contribuindo, em parte, para o desenvolvimento e crescimento das sociedades. É
considerado como um motor fundamental para o desenvolvimento de qualquer economia,
disponibiliza recursos financeiros às famílias e empresas, para que possam financiar suas
necessidades de consumo e investimento. Melhorando as condições de vida, na medida em
que permite as famílias antecipar a acessibilidade a determinados bens que de outra forma não
o seria possível.

Segundo Manuel A. Sajó (2010), o capital financeiro promove a cultura de experimentação,


protege o empreendedor de incerteza dos resultados das novas actividades empreendedoras,
facilita a implementação de novas estratégias e práticas, incluindo a promoção do novo
espírito inovador, isto é, o capital financeiro estimula a inovação. Sem obter financiamento
bancário as PME`vêem coartada sua capacidade produtiva e reduzidos os patamares de
facturação, tudo comprometendo a geração de futuro emprego e rendimento. Isto provoca
acréssimo percentual da falência das PME`s. Além de muitas não chegam a se concretizar.

O crédito detém a força económica, hoje a maioria das transacções comerciais não têm nada a
ver com moeda e sim com crédito. O crédito determina os rumos da economia Stiglitz (1990),
prêmio Nobel de economia. A compreensão do funcionamento da economia monetária exige a
análise das forças determinantes da demanda e oferta de crédito e envolve o entendimento do
papel dos bancos.

O crédito bancário movimenta a economia, garante o comércio, a indústria e a fluidez dos


mecanismos de troca. Há de se compreender que sistema financeiro é fundamental ao

6 A palavra “crédito” deriva do latim credere, que significa acreditar, confiar. definem crédito como a “disponibilização
imediata de rendimento que não se possui, permitindo antecipar a fruição de determinados bens, mas implica igualmente uma
penhora do rendimento futuro, impondo aos devedores um sacrifício financeiro por períodos de tempo mais ou menos
longos”. Marques, M. e Frade, C. (2003), “Uma sociedade aberta ao crédito”. Subjudice, n.º 24.

31
progresso de uma economia moderna e um sistema de crédito forte é a chave para o
desenvolvimento económico.

Quando o acesso ao crédito é facilitado, as empresas tendem a investir mais na expansão de


suas actividades e as famílias tendem aumentar o seu grau de consumo. Esse comportamento
das empresas e famílias colabora para uma maior taxa de crescimento. O crédito bancário
deve ser apreciado como negócio alavancador do crescimento económico, o caminho seguro
para aumento da renda per capita (Azenha, 2010).

Na economia existem indivíduos e entidades que poupam (Agentes superavitários) e,


portanto, dispõem de recursos financeiros excedentes, enquanto outros demandam recursos
financeiros além do que possuem (Agentes deficitários). De acordo com Carvalho (2007) e
Fernando da Rocha (2008), afirmam que nas relações financeiras ocorre o envolvimento dos
agentes superavitários e deficitários nas quais se transaccionam meios que permitem a
realização imediata de gastos desejados em troca de direitos sobre rendas futuras.

Desta feita, as relações financeiras envolvem a negociação de contratos em que se registam


como obrigações activas e passivas por parte das unidades superavitários e deficitários. No
entanto, para que estas operações se realizam é necessário um intermediário financeiro
(Banco), que irá fazer a ligação entre as pessoas ou empresas que têm dinheiro (Agentes
superavitários) e as pessoas ou empresas que necessitam de dinheiro (Agentes deficitários),
mediante a cobrança de uma taxa de juro.

De acordo com Bonatto Alexandre (2003), essa transferência de fundos permitem que pessoas
com boas oportunidades de investimentos, mas com poucos recursos correntes, possam
expandir a produção de bens e serviços na economia. Da mesma forma, os consumidores
podem planear seu consumo, optando por consumir no presente mais do que sua renda, ou
postergar o consumo para um momento futuro, aumentando desta forma o nível de bem –
estar na sociedade.

Segundo Assaf Neto (1999), o sistema financeira é o conjunto de instituições financeiras e


instrumentos financeiro que visam, em última análise, transferir recursos dos agentes
económicos (Pessoas, empresas e governo), superavitários para os deficitários.

O mercado de crédito é a parte do sistema financeiro onde ocorre o processo de concessão e


tomada de crédito, é composto por instituições de crédito que são empresas cuja principal

32
actividade consiste em receber do público depósitos e outros fundos reembolsáveis para
efeitos de atribuição de empréstimos por sua própria conta, assim, as instituições de crédito
podem ser os bancos, as instituições especiais de crédito e outras qualificadas como tal, pela
lei. Brito, (2009) e Manuel A.Sajó (2010).

Para Almeida (2011), são consideradas instituições especiais de crédito as cooperativas de


crédito, as caixas económicas, as instituições de poupança e de crédito imobiliário. A
constituição das instituições especiais de crédito depende da autorização do Ministério das
Finanças, atendo ao parecer do Banco Central.

Segundo Freixas e J. Rochet (1997), numa visão redutora, o banco é uma instituição em que
as suas operações consistem em conceder empréstimos e receber depósitos do público.

De acordo com Carvalho7, torna – se difícil definir com precisão a expressão banco, mas o
sistema bancário o compreende como intermediário financeiro que capta recursos através de
depósitos à vista. Tem a função de criador de meios de pagamento, sendo que pode captar
recursos através de outros meios como depósitos à prazo, poupança, etc.

2.1.1 Definição do Risco de Incumprimento

O risco de incumprimento trata – se da possibilidade de perdas pela falta de pagamento pelo


tomador de empréstimo ou emissor do título. Pode ocorrer por inexistência de capacidade de
pagamento por parte do devedor ou por outras razões subjectivas que levem o tomador a não
cumprir o contrato (Maia, 2007).

Para Manuel A. Sajó (2010), o incumprimento dos empréstimos pode ser definido como o não
pagamento dos compromissos financeiros por parte daquele que recorreu ao crédito e traduz
em primeira linha a violação do contrato de empréstimo (mútuo) pelo mutuário.

As instituições financeiras consideram geralmente que há incumprimento do microcrédito ou


seja, do crédito concedido após o atraso consecutivo de três meses (90 dias) na quitação das
prestações em débito e que há incumprimento definitivo quando se esgotam as possibilidades

7
Carvalho, Fernando J. Cardim de. et al. Economia Monetária e Financeira. Rio de
Janeiro: Campus, 2000.

33
de renegociação do débito e se iniciou procedimentos judiciais de cobrança coerciva
(Fazenda, 2008; Manuel A. Sajó, 2010)

Em Finanças um incumprimento acontece quando um devedor não cumpre com as suas


obrigações de acordo com um contrato de empréstimo, ou seja, quando falha um pagamento
calendarizado ou viola uma condição do contrato de empréstimo. O incumprimento pode
ocorrer por o devedor não querer ou não pagar a sua dívida.

2.1.2 Breve Historial do Risco de Incumprimento

A primeira manifestação com o Risco de Incumprimento em Angola surge em 2011, quando o


Banco Nacional de Angola (BNA), publicou um Aviso e um Instrutivo que regula a criação e
o funcionamento da Central de Informação de Risco de Crédito (CIRC), que alterou a
estrutura orgânica do Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras. 8(BNA,
2011).

A CIRC é uma base de dados gerida pelo BNA, com a informação prestada pelas instituições
financeiras relativas as operações de créditos. São participantes da CIRC todas instituições
financeiras que operam no sistema financeiro angolano que exercem funções de crédito. A
informação enviada ao CIRC é da inteira responsabilidade da instituição financeira remetente
é de uso exclusivo da CIRC (BNA, 2011).

A CIRC vem possibilitar às instituições que dela participam, ter uma visão sobre
endividamento dos seus clientes no sistema financeiro e consequentemente mitigar o risco de
crédito das mesmas, ao passo que, para o gestor da CIRC ter uma visão mais abrangente sobre
o risco de crédito nas instituições em particular e do sistema financeiro em geral (BNA,
2011).

8
O Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras – DSI – é o principal executor das
funções de supervisor do sistema financeiro angolano, atribuídas ao BNA pela Lei Nº 16/10, de 15
de Julho, em seu artigo nº 20. a este cabe, o acompanhamento inloco
e a distância (on-site e off-site), da situação patrimonial, liquidez, rentabilidade, adequação de
capital e solvência, bem como avaliar o cumprimento das normas e regulamentos por parte dos
bancos.

34
No âmbito do funcionamento da CIRC, foram realizados ao longo do primeiro trimestre de
2011 vários encontros com os Bancos Comercias no sentido de serem informados sobre a
necessidade do envio da informação para a base de dados da CIRC, ainda no decorrer do
mesmo período, procedeu – se a conclusão do cadastro dos nomes e perfis dos usuários das
instituições para o aplicativo, restando por concluir a criação dos certificados da Webservice e
a actualização da nova versão do aplicativo (BNA, 2011).

Em Julho de 1955, em Porto Alegre, foi fundado o SPC, o surgimento de empresas para a
exploração desse serviço, utilizando novas tecnologias deu origem a 54 empresas comerciais
voltadas para essa actividade económica. Dentre essas empresas destacam – se Centralização
de Serviços de Bancos S.A (SERASA) e a SCI, controlada por uma das três maiores empresas
norte americanas de protecção ao crédito (Bessa, 2003).

Para Bessa (2003), os bancos de dados de protecção ao crédito surgiram como fonte de
informações ao credor sobre o tomador de recursos, as informações dizem respeito ao
tomador e seus aspectos teoricamente úteis para permitir uma melhor avaliação dos riscos de
se conceder o crédito. É legítimo o direito do credor em possuir algumas informações do
tomador com a finalidade específica de avaliar os riscos dos negócios.

A realidade brasileira tem mostrado que os bancos de dados de protecção ao crédito não
funcionam como auxiliares na decisão de crédito e sim decisor. Há jurisprudência no
Supremo Tribunal Federal, para a não inclusão do nome do devedor em bancos de dados de
protecção ao crédito havendo discussão judicial a respeito do débito. Os agentes económicos
possuem tamanha confiança, que as informações contidas neles são assumidas como
verdadeiras, sem que haja qualquer verificação da veracidade do que consta em tais arquivos,
essa verificação poderia medir a importância do registo para se averiguar se o conteúdo
existente é impeditivo ou não para a decisão de crédito (Bessa, 2003).

Segundo Bessa (2003), divulgar, de qualquer modo, a notícia que alguém possui dívida
vencida e paga constitui – se em acto ilícito ofensivo a honra, ensejador de indemnização por
danos morais ou materiais. Deve sempre a instituição financeira verificar, com o máximo
cuidado, a inclusão de nomes nos bancos de dados para protecção ao crédito, pois trata – se,
teoricamente, de uma manifestação a honra, mesmo sendo verdadeiro o facto. O direito a
honra é afectado quando não se observa todo o procedimento que legitima as inscrições nos
arquivos de consumo.

35
2.2 O Risco de Crédito e o Incumprimento

2.2.1 Definição do Risco de Crédito

Segundo Silva (1988), o risco de crédito diz respeito aos diversos factores que poderão
contribuir para que aquele que concedeu o crédito não receba do devedor o pagamento na
época acordada.

Os riscos fazem parte de qualquer actividade económica. No sistema financeiro, eles


assumem uma relevância particular, uma vez que, o sector bancário lida com eventos futuros
incertos e o risco de falência bancária é sempre uma possibilidade num sistema que depende
essencialmente da confiança. Contudo, os bancos lucram com a tomada e gestão desses riscos,
sendo que eles decorrem da actividade de intermediação exercida, fundamentalmente através
de concessão de empréstimos e constituição de depósitos (Morais João, 2011).

O risco de crédito decorre da possibilidade de perda como resultado do incumprimento, tal


como sucede quando um cliente não cumpre as prestações de um empréstimo ou de qualquer
tipo de contrato financeiro. Em termos mais práticos, este incumprimento, refere – se a todas
as operações de crédito cujas prestações atinjam um atraso de pagamento igual ou superior a
90 dias. (Manuel A. Sajó 2010; Morais João, 2011)

O risco como definido por simples termo por Gitman (1997), tem se o risco como a
possibilidade de perda, dividindo se em risco interno e externo. O interno é responsável pela
perda financeira nas concessões e pode ser, de acordo com alguma natureza administrativa,
como profissionais desqualificados, controlo de risco inadequado, ausência de modelos
estatísticos e de concentração de crédito de clientes de alto risco. Enquanto factores externos,
de natureza macroeconómica, podem ser relacionados com a liquidez de pessoas físicas ou
jurídicas.

De acordo Borges e Sebastião (2001), o risco de crédito é a probabilidade de ocorrência de


perdas por incumprimento com relação a uma situação desejável, constituída pelo
repagamento integral dos créditos por parte da totalidade dos devedores.

Portanto, este risco é muito frequente e quase inevitável em qualquer sistema bancário, em
Angola esta situação torna se grave tende em conta que muitas pessoas furtam se para cumprir

36
com as suas responsabilidades com os bancos. Alegando que no momento não têm condições
para pagar, desta feita é importante que os bancos têm capacidade para investigarem os
negócios a quais eles se expõem e devem faze – lo cada vez mais, tendo em conta, que o
principal negócio dos bancos continua a ser a recolha de depósito e a concessão de
empréstimo (Almeida, 2011)

De acordo com Bonatto Alexandre (2003), Em toda e qualquer actividade que a instituição
financeira venha a actuar sempre haverá um componente maior ou menor de risco. Esse
componente de risco nasce da probabilidade de que um evento desejado venha a não ocorrer.
Assim, quando é concedida uma operação de crédito, espera – se receber, em uma data futura,
não só o principal como também seus rendimentos. Ou seja, o crédito, como a própria origem
da palavra expressa (credere = acreditar), é a crença de o devedor honrará os compromissos
para com a instituição. Julgamentos de crédito deficientes podem causar maior ou menor
perda potencial. O erro no julgamento de tal potencialidade pode ameaçar a liquidez da
instituição, prejudicando sua capacidade negocial. Portanto, a gestão eficiente dos riscos de
crédito assume papel fundamental dentro das instituições.

Na actividade bancária o risco de crédito apresenta – se de forma intensa, uma vez que as
instituições financeiras têm como principal actividade operacional a intermediação na
transferência de recursos entre poupadores e tomadores. A carteira de crédito é o maior activo
e fonte predominante de receita para a instituição financeira clássica (Bonatto Alexandre,
2003)

Cabe a gestão do risco de crédito identificar e mensurar os riscos a que o banco está exposto
durante o atendimento das necessidades de seus clientes. Desta forma, a importância da gestão
de risco de crédito pode ser caracterizada pela sobrevivência da instituição como prestadora
de serviços financeiros (Bonatto Alexandre, 2003).

Spence (1974), define com muita propriedade a actividade de emprestar como a compra de
uma lotaria, já que o banco não conhece, antecipadamente, a capacidade de pagamento dos
indivíduos que estão sendo atendidos através das operações de crédito. É exactamente este
desafio que a gestão do risco de crédito pretende enfrentar.

Nós podemos caracterizar o risco de crédito, como o faz Brito (2009), como a perda da
totalidade do principal emprestado acrescido dos juros contratuais. O risco de não
recebimento dá – se pelo não cumprimento da obrigação de pagar, por parte do devedor.

37
Ainda para Brito, o risco de crédito pode ser definido como prejuízo que o usuário final
sofrerá se a contraparte não liquidar seu vínculo financeiro no vencimento do contrato.

Segundo Blatt (1999), o risco de crédito é definido como a possibilidade de que aquele que
concedeu o crédito não o receba do devedor na época ou nas condições combinadas.

Ainda sobre risco de crédito, Saunders (2000), o conceitua como a probabilidade do devedor
não gerar fluxos de caixa suficientes para resgatar suas obrigações junto ao credor.

De acordo com Bonatto Alexandre (2003), A gestão eficiente de crédito é fundamental para a
segurança e a integridade de uma instituição. Ela deve buscar:

 Reduzir os riscos de não – recebimento dos empréstimos;


 Fornecer subsídios para uma precisa constituição de garantias para tais riscos;
 Alocar os recursos disponíveis de forma eficiente.

O risco de crédito, ou seja, a possibilidade de que um devedor não cumpra o combinado pode
ser minimizado ou aumentado pelas práticas de gestão de risco de crédito adoptadas pela
instituição financeira.

A primeira defesa de uma instituição contra o risco excessivo de crédito é o processo de


concessão de crédito – padrões confiáveis de captação de negócios, um processo eficaz e
equilibrado de selecção dos bons e maus créditos. Como uma instituição não pode se proteger
facilmente de tomadores com capacidade ou com carácter questionáveis em função da
assimetria de informações presente no mercado, esses factores exercem forte influência sobre
a qualidade das carteiras de empréstimos dos bancos. (Bonatto Alexandre, 2003)

Os tomadores cuja performance seja fraca ou insignificante podem ser rapidamente atingidos
por problemas económicos externos ou pessoais. Desta forma, a gestão de risco de crédito
também cumpre importante papel depois de assinado o contrato de empréstimo para prevenir
comportamentos que vão de encontro com o considerado adequado pela instituição. (Bonatto
Alexandre, 2003).

Em função do desenvolvimento da actividade bancária, a preocupação com a gestão de risco


de crédito vem ganhando dimensões ainda mais relevantes, representando entre os bancos o
tipo de risco de maior incidência.

38
2.2.2 O Risco de Crédito no Processo de Incumprimento

Segundo Lewis (1992), a história de credit scoring remonta de 1945, quando foi desenvolvido
o primeiro modelo estatístico de análise de crédito. Os primeiros modelos foram
desenvolvidos para análise do crédito ao consumidor, tanto por empresa de varejo quanto a
financeiras. A expansão de uso desses modelos está, segundo o autor, ligado a dois factores.
Primeiramente, a expansão do mercado de crédito massificado, que passou a demandar dos
analistas rapidez e homogeneidade na avaliação dos créditos, por outro lado, o
desenvolvimento de sistemas computacionais, possibilitou o tratamento estatístico adequado
dessas massas de dados.

Em relação a metodologia utilizada na construção de modelos de credit Scoring, Thomas


(2000), afirma que ele era, originalmente julgamental. Nos modelos julgamentais, as variáveis
que compõem o score seus respectivos pesos são determinados pelos gestores de crédito da
instituição, com base em critérios subjectivos como ressalta Andrade (2004), embora algumas
instituições ainda utilizam modelos de credit Scoring julgamentais, actualmente a vasta
maioria desses modelos são construídos a partir de técnicas de análise estatística
(multivariada), como análise discriminante e regressão logística, ou sem modelos de
inteligência artificial, como redes neurais Manuel A. Sajó (2010).

Sicsu (1998ª;1998b), ressalta que a metodologia básica para o desenvolvimento de um modelo


de credit scoring não difere entre as aplicações de pessoas físicas ou jurídicas, sendo que as
seguintes etapas devem ser cumpridas para o seu desenvolvimento:

Iº Epata Planeamento e definições: Mercados e produtos de crédito para os quais serão


desenvolvidos sistema, finalidade de uso, tipos de clientes, conceito de incumprimento a ser
adoptado e horizonte de previsão de modelo;

 Mercados e Produtos de Crédito: Inicialmente deve – se definir produto de crédito


ou família de produtos e para que mercados iremos desenvolver o sistema de Credit
Scoring. Em geral, quanto maior abrangência do sistema, menor será o poder
discriminador.
Modelos que atendem a vários produtos ou mercados perdem eficiência pois características
específicas de uma operação ou mercado não podem ser consideradas na fórmula de cálculo

39
do score. A decisão envolve a análise dos custos de desenvolvimento de diferentes sistemas e
dos benefícios decorrentes do maior acerto das decisões. É recomendado fortemente o
desenvolvimento de diferentes fórmulas quando operamos com produtos de crédito ou
mercados de características significativamente distintas: os benefícios serão muito maiores
que os custos de desenvolvimento.

 Finalidade de Uso: Deve – se especificar se o sistema será utilizado para aprovação de


propostas apresentadas pelos clientes ou se o objectivo é a pré – aprovação de crédito,
sistemas utilizados para pré – aprovação limitam – se às informações disponíveis na base de
dados. A finalidade de uso desse trabalho é conceder uma nota que avalie a qualidade de
crédito de uma instituição financeira.

 Tipos de Clientes: No que tange ao mercado alvo, cabe enfatizar a importância de


distinguir sistemas dedicados a novos clientes ou clientes que já operam com a
instituição.
Esse trabalho visa criar um modelo de Credit Scoring que avalie tanto os actuais como os
possíveis clientes de uma instituição financeira em termos de crédito.

 Conceito de Incumprimento: Clientes do produto estudado, que se tornarem


incumpridores, serão genericamente denominados “ maus clientes”. Os que não se
tornaram incumpridores durante um determinado período de observação serão
denominados “ bons clientes”.

 Horizonte de Previsão: Outra parte importante nesta fase de planeamento refere – se


ao horizonte de previsão do sistema. Se o horizonte de previsão é de um ano, espera –
se que o sistema permita prever operações que se tornaram incumpridas ou pouco
rentáveis no intervalo de doze meses a partir data da previsão, ou seja, da data da
decisão. Quanto mais longo for o horizonte de previsão, menor a eficácia do sistema.
 IIº Etapa Identificação de variáveis potenciais: Definição das Variáveis;
Caracterização do proponente ao crédito; Caracterização da operação.

 Definição das Variáveis: Ao seleccionar as variáveis que serão utilizadas, é


importante que sua definição seja muito clara, de forma que o seu valor ou o atributo a

40
ser codificado não dependa do analista que faz a codificação. Por exemplo, uma
variável normalmente sugerida para o caso de pessoas jurídicas é a “experiência” dos
sócios. Cabe por definir o que se entende por experiência, de que sócio, como
proceder quando há sócio por diferente “experiências” e, principalmente, verificar se
os dados estão disponíveis. No caso de pessoas físicas, uma das variáveis que requer
atenção é a “profissão” do solicitante. Além da variedade de profissões, muitas vezes
ela é confundida com cargo ou tipo de vínculo laboral.

 Caracterização do Proponente ao Crédito: Quanto ao proponente devemos


considerar em geral: dados do cadastro, informações das operações de crédito
realizadas com a instituição, índices de liquidez, rentabilidade etc; calculados a partir
das demonstrações financeiras para o caso de pessoas jurídicas, dados relativos a
empresas coligadas, informações negativas tais como protestos, cheques devolvidos,
etc.

 Caracterização da Operação: Devemos considerar as variáveis que caracterizam o


produto e a forma de financia – lo. Por exemplo, no caso de financiamento de
automóveis, devemos considerar o tipo de veículo, o ano de fabrico, a percentais de
entrada, o comprometimento de renda do solicitante e outras informações que os
analistas consideram importante para avaliar o negócio.

IIIº Etapa Planeamento da amostra e coleta de dados: Base de dados; Selecção da


Amostra, Dimensão da amostra.
 Base de Dados: A base de dados a partir do qual seleccionaremos a amostra que é
constituida por clientes cujos créditos foram negados ou concedidos (ou renovados)
em um determinado “ período de concessão”. A data de concessão deve ser tal que o
comportamento do cliente face ao crédito concedido possa ser analisado por um
período suficientemente longo para definir o seu carácter. Este período será
denominado período de observação.

 Selecção da Amostra: É importante, mas nem sempre viável, trabalhar também com
clientes cujas solicitações de crédito foram negados durante o período de concessão.
Desta forma teríamos uma amostra representativa do mercado de clientes potenciais e

41
não apenas de clientes cujos créditos foram concedidos. Estes últimos são clientes que
foram considerados convenientes quando da aprovação do crédito, e portanto, já
sofreram um crivo inicial. Trabalhar somente com eles criará naturalmente um viés no
estudo.

 Dimensão da Amostra: O tamanho da amostra depende de vários factores, como o


número e o tipo de variáveis que serão analisadas no estudo. Além do mais, devemos
considerar a conveniência em dividir a amostra em duas partes: uma para construção
do modelo e a outra para o teste. A amostra deve ser de maior tamanho para permitir
uma maior segmentação.

IVº Etapa Determinação da fórmulade score: através de técnica de estatística, como por
exemplo, à análise discriminante ou regressão logística;
O primeiro passo na determinação da fórmula de score é a análise e tratamento das variáveis
potenciais escolhidas pelos analistas. Além dos aspectos técnicos, esta análise permite que os
analistas se familiarizem com os dados e ganhem maior sensibilidade para aprimorar o
desenvolvimento do sistema. Esta análise individual tem vários objectivos, entre os quais
destacamos:
Identificar Eventuais Inconsistências: Por exemplo, um indivíduo com 22 anos de idade
dificilmente poderá ter tempo de serviço igual a 10 anos.
Análise dos casos de Missing Values (informações não disponíveis). Para cada variável
poderá haver interpretação e tratamento diferente.
.
Vº Etapa Determinação do ponto de corte: é o ponto a partir do qual o cliente é classificado
como incumpridor ou bom pagador em outras palavras, é o ponto a partir do qual a instituição
financeira pode aprovar a liberação do crédito; De acordo com Santos (2000), o ponto de
corte é resultado do cálculo de um sistema de pontuação numérica que mostra o perfil de cada
cliente e o risco que ele representa. A medida que todos os pontos de uma carteira são
somados, chega – se a uma pontuação média que determina certo nível de risco.
Se sua pontuação for maior ou igual a um determinado ponto de corte significa que o crédito
pode ser aprovado, caso contrário será reprovado. (Sicsu 1998, Caouette, Altman e Narayanan
2000, Manuel. A. Sajó, 2010). Todavia Santos (2006), alerta para delimitação do ponto de

42
corte, se muito alto pode acarretar a perda de negócio com o cliente, porém se muito baixo,
pode considerar um cliente ruim em bom, o que levará a incumprimento junto à instituição.

 Determinação das Regras de decisão: A fórmula está pronta e as classes de risco


definidas. Isto não significa que o Sistema de Credit Scoring está pronto. A concessão de
crédito é regida por certas normas baseadas em critérios estatísticos que denominaremos
filtros.
Por exemplo, a instituição financeira pode, em sua política de crédito, estabelecer restrições
quanto a idade mínima do cliente, rendimentos, números de protestos, percentual financiado
para determinação tipo de operação ou, no caso de pessoas jurídica, quanto ao seu ramo de
actividade e porte etc. Estas restrições sobrepõem – se ao escore do proponente. Do ponto de
vista operacional, adequar o sistema a estas restrições é simples.

 Validação do Sistema de Credit Scoring: Antes de implementar o sistema é vital que


seu desempenho seja testado. Para este fim devemos utilizar não só a amostra de teste
a que nos referimos anteriormente. Esta amostra foi seleccionada a partir de operações
mais antigas para que tivéssemos um período de observação suficiente para classificar
as operações como “ boas” ou “ más”. Devemos trabalhar também com uma amostra
de operações mais recentes para avaliar a actualidade do sistema.

Os modelos de credit scoring são divididos em duas categorias:

 Modelos de decisão final de crédito;


 Modelos de score Comportamental.

Thomas (2000) e Manuel A. Sajó (2010), explicam as diferenças entre modelos de decisão
final de crédito e de score comportamental. Segundo estes autores, os modelos de credit
Scoring propriamente ditos, são ferramentas que dão suporte à tomada de decisão sobre a
concessão de crédito para novas aplicações ou novos clientes e os modelos Behavioural
Scoring auxiliam na administração de crédito já existentes, ou seja, aquelas clientes que
possuem uma relação creditícia com a instituição.

A principal diferença entre as duas categorias de modelos, é o facto de, nos modelos de score
comportamental a instituição, por já conhecer o cliente, possui condições de inserir
características que avaliem seu comportamento em operações anteriores, o que não ocorre nos

43
modelos de decisão final de crédito, quando o solicitante do crédito ainda não possui um
histórico com a instituição e esta última não o conhece.

Caouette, Altman, Narayanam, Parkinson e Ochs (1999), fazem seguintes resumos das
principais vantagens dos modelos credit Scoring:

 Consistência: São modelos bem elaborados, que utilizam a experiência da instituição,


que permitem administrar objectivamente os créditos dos clientes já existentes e dos
novos solicitantes;
 Facilidade: Os modelos credit Scoring tendem a ser simples e de fácil interpretação,
com instalação relativamente fácil. As metodologias utilizadas para construção de tais
modelos são comuns e bem entendidos, assim como as abordagens de avaliação dos
mesmos;
 Melhor Organização da Informações de Crédito: A sistematização e organização
das informações contribuem para a melhoria do processo de concessão de crédito;
 Redução de Metodologia Subjectiva: O uso do método quantitativo com regras
claras e bem definidas contribui para a diminuição do subjectivismo na avaliação do
risco de crédito;
 Maior Eficiência do Processo: O uso de modelos credit Scoring na concessão de
crédito direcciona os esforços dos analistas, trazendo redução do tempo e maior
eficiência a este processo.

Os autores elencam também as principias desvantagem dos modelos de credit Scoring:

 Custo de Desenvolvimento: Desenvolver um sistema credit Scoring pode acarretar


custos, não somente com o sistema em si, mas também com o suporte necessário para
sua construção, como por exemplo: profissionais capacitados, equipamentos, coleta de
informações;
 Excesso de Confiança nos Modelos: algumas estatísticas podem super estimar a
eficácia dos modelos, fazendo com que usuários, principalmente aqueles menos
experientes, considerem tais modelos perfeitos, não criticando os seus resultados;

 Falta de Dados Oportunos: Se o modelo necessita de dados que não foram


informados, pode haver problemas na sua utilização na instituição, gerando resultados
diferentes dos esperados. Além da falta de algumas informações necessárias, faz – se

44
necessário analisar também a qualidade e fidedignidade das informações disponíveis,
uma vez que elas representam o insumo principal dos modelos de credit scoring;

 Interpretação Equivocada dos Escores: o uso inadequado do sistema devido à falta


de treinamento e aprendizagem de como utilizar suas informações pode ocasionar
problemas sérios às instituições;

Tendo em vista os possíveis constrangimentos que podem ocorre por parte do tomador não
honrar com o compromisso assumido. Devido a este facto as instituições estão a utilizar
métodos de risco de crédito eficazes para poderem se precaver de incumprimento.De acordo
com Gonçalves (2010), partindo do princípio que as instituições financeiras necessitam fazer
uma boa análise para que possam fornecer crédito para seus clientes, definiu – se algumas
características que são conhecidas como os 5 C do crédito. Apesar de haver divergências entre
alguns autores sobre a quantidade e em alguns casos até de nomenclatura, serão especificadas
neste trabalho os seguintes:

 Carácter: Refere – se à intenção do tomador em cumprir as obrigações assumidas. É


obtido tecnicamente através de dados cadastrais, junto a bancos fornecedores e por
meio de pesquisas cadastrais realizados em órgãos especializados;

 Capacidade : Está relacionada ao potencial do solicitante em poder pagar o crédito


solicitado. É obtido por meio de análise de demonstrativos financeiros, tais como:
índice de liquidez e de endividamento;
 Condições : Está relacionada ao planeamento estratégico da empresa e sua habilidade
de lidar com condições empresariais e económicas vigentes;
 Capital : Refere-se a solidez económica e financeira do solicitante, ou seja, pode ser
mensurado através dos bens e recursos possuídos pela empresa. O total de exigíveis da
empresa, bem como os índices de lucratividades;

 Colateral : São as garantias que podem ser dadas com o intuito de viabilizar o crédito
e seu respectivo pagamento. Podem ser reais (bens) e ou fidejussórias (aval).

45
2.3 Métodos de Avaliação do Risco de Crédito

 Método Risk Rating

Segundo Francisco (2007), Trata – se de uma metodologia que avalia uma série de factores,
atribuindo uma nota a cada um deles e, posteriormente, uma nota final ao conjunto destes
factores analisados.

Com base nesta nota final é atribuído um risk rating, ou seja, uma classificação para o risco,
que determina o valor (risco de crédito) que a instituição financeira dará ao tomador do
crédito. São utilizados escalas de 1 à 10, de 1 à 4 e de A à E, combinações de letras, números,
etc. O ideal é que o sistema seja eficiente e permite prever quais serão os créditos com maior
probabilidade de não obterem o seu retorno (Francisco, 2007).

Este autor afirma que a grande vantagem deste tipo de análise é que dá acesso às decisões de
crédito por pessoas que não sejam especialistas na matéria de avaliação de riscos e créditos.
Além disso, permite a utilização por empresas que trabalham com produtos de crédito em
massa (por exemplo, empresas financeiras, empresas de cartão de crédito e bancos de
investimento, etc) e que precisam de velocidade para o procedimento de grandes quantidades
de propostas num intervalo mínimo de tempo.

A classificação do risco de crédito é estabelecida em diferente escala que, em geral começa


com a nota máxima e vão decrescendo a medida que o risco observado aumenta.

Ratings, segundo Hansen Simone (2005), são opiniões sobre a capacidade futura dos
devedores de efectuarem, dentro do prazo, o pagamento do principal e dos juros e das suas
obrigações. Assim, reflectem o conjunto de observações e percepções de risco das agências
especializadas, e não devem em hipótese alguma, ser utilizada isoladamente como parâmetro
para justificar decisões de propostas de crédito, investimento em título de renda variável e
transacções financeiras estruturadas.

De acordo com Hansen Simone (2005), para pessoas física, ainda estabelece critérios para
classificação do risco de crédito. Porque se algo mais importante do que conceder um
empréstimo é acompanhar a capacidade do tomador de honrar com os seus compromissos,

46
prevenindo a saúde financeira das instituições com a possibilidade de adopção de medida
preventiva perante a insolvência.

Segundo Oliveira Natália (2010), a classificação do risco de crédito é estabelecida em


diferente escala que, em geral começa com a nota máxima e vão decrescendo a medida que o
risco observado aumenta.

Ao observar historicamente o evento default percebe – se que à medida que a classificação


aumenta, o risco diminui, chegando próximo a zero nos rating mais elevado, pois Rating é
uma opinião independente sobre a capacidade de um pagamento ser realizado no prazo
estipulado. O conceito expressão uma probabilidade de pagamento. (Hansen Simone, 2005).

Rating está directamente ligado a qualidade de crédito de cada cliente com linhas aprovada e
permite uma avaliação quantitativa do risco da carteira, portanto é mais uma ferramenta
gerencial de controlo que as instituições financeiras dispõem (Oliveira Natália, 2010)

De acordo com a Moody e Hansen Simone (2005), rating é uma opinião sobre risco relativa
(1) capacidade e vontade do emissor pagar completamente no prazo acordado, principal e
juros, durante o período de vigência do instrumento da dívida e, (2) severidade da perda, no
caso de incumprimento.

Para Austine Hansen Simone (2005), rating não constitui uma recomendação de investimento
para os efeitos, incorpora uma probabilidade de incumprimento das obrigações, sendo assim,
não existe garantia de default não ocorrer, pois o rating deve ser entendido como auxílio na
decisão investimento.

Em entrevista a Fundos de Pensão, o director geral da Moody no Brasil Luiz Tess, enfatiza
que o rating é uma opinião independente sobre a capacidade e a vontade de emissor cumprir
suas obrigações no prazo estipulado (Hansen Simone, 2005).

Esta afirmação não é somente da Austin e da Moody. De acordo com Invest New (2005), todas
as agências são unânimes em alertar que o ratings não são sugestão de investimento e o
problema de default podem ocorrer com qualquer rating.

47
 Método do Credit Scoring

De acordo com estudos realizados por Lewis, (1992) e Manuel A. Sajó (2010), os modelos de
credit Scoring são sistemas que atribuem pontuações às variáveis de decisão de crédito de um
proponente, mediante a aplicação de técnicas estatísticas. Esses modelos visam a segregação
de características que permitem distinguir os bons dos maus créditos.

Segundo Francisco (2007) e Manuel A. Sajó (2010), é um tipo de análise utilizado para a
avaliação da qualidade de crédito de clientes, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Através da
ponderação de vários factores tais como:

 Idade;

 Profissão;

 Renda do Proponente;

 Actividade profissional;

 Património;

 Tipo de residência;

 Nível Académico;

 Sexo;

 Taxa de Juro;

 Telefone (Contacto);

 Estado Civil;

 E – mail;

 Caixa postal; etc

Desta forma classifica os clientes em duas (2) categorias, bons Pagadores os que,
potencialmente, têm condições para honrar as obrigações, o empréstimo obtido; maus
pagadores os que, potencialmente, não reúnem as condições para cumprir as obrigações do
crédito.

48
Este tipo de análise é muito utilizado para a avaliação de crédito de compradores de bens
duráveis (por exemplo, automóveis), clientes de crédito pessoal e para atribuir limite de
crédito aos clientes (Francisco, 2007)

A maioria dos sistemas de credit score são únicos porque é baseada em experiências
individuais dos credores com seus consumidores. Para desenvolver um sistema o credor deve
escolher uma amostra aleatória de seus clientes e analisá – los estatisticamente para identificar
quais características podem ser usadas para demonstrar credibilidade.

A validade do credit score depende da actualização dos dados, para que se faça valer
estatisticamente avaliação de milhões de devedores que possuem características diferentes
entre si.

As Instituições financeiras e as demais empresas, através da integração dos sistemas de


informações com toda cadeia, estão aumentando o uso de credit score como um método de
decisão de concessão de crédito. A clara vantagem é que as decisões são feitas de forma
consistente de acordo com um critério pré – estabelecido e a um baixo custo, porque são
processadas por um computador e não através do julgamento humano.

E para o sucesso do desenvolvimento e implantação do projecto devem atender dois aspectos


importantes:

 A disponibilidade e interligação de bases de dados que alimentarão o sistema;


 O comprometimento das diversas áreas de actuação com o projecto, a começar pelo
mais alto escalão.

2.4 Factores Determinantes que Influência o Risco de Incumprimento

Pela análise de diversos estudos sobre a matéria, constata – se que o incumprimento pode
atingir com maior incidência determinadas franjas da sociedade. Podem estar na origem do
incumprimento factores económicos, sociais, pessoais ou intrínsecos às próprias operações de
crédito. Desta investigação, entre os factores considerados como determinantes no
incumprimento incluem – se, o valor do empréstimo, o capital, o prazo do empréstimo, o
número de dependentes de pessoa que pede o crédito, a taxa de juro, o estatuto residencial, o
número de funcionamento do empreendimento, a idade, o sexo, o estado civil, o nível de

49
instrução, etc. Estes factores podem, em maior ou menor número, indiciar potenciais situações
de risco de incumprimento Manuel A. Sajó (2010).

Deste modo, empréstimos com menores valores tendem a ser mais cumpridos, que
empréstimos maiores são natural, custam menos a pagar. Visto que, esse resultado está ligado
à metodologia de concessão de crédito adoptada em que os crédito são concedido com valores
médios, havendo aumento de valores dos empréstimos de acordo com a capacidade de
pagamento e pontualidade do cliente. Deste modo, a instituição concede créditos com
menores valores para aqueles clientes que ainda não possuem bons históricos (Araújoet al,
2006; Manuel A. Sajó, 2010)

Segundo estes autores, os clientes com maior rendimento líquido possuem maior tendência a
serem mais incumpridores. Esse resultado a princípio incoerente, possivelmente, tem como
causa o facto de os clientes declarem aos agentes de crédito rendimento superior àquele
realmente auferido. Uma vez que a maioria dos empreendimentos financiados pela instituição
é informais, não é exigida prova formal de rendimentos. O solicitante declara quais são suas
receitas provenientes do negócio e o agente de crédito faz uma avaliação do empreendimento
para verificar se as condições do negócio condizem com o rendimento declarado. Assim, o
coeficiente desta variável mostra que pode estar a haver uma distorção de informações dos
clientes, que declaram receitas maiores que os realmente auferidos apenas para conseguirem o
crédito.

No que diz respeito ao factor prazo de empréstimo, empréstimo com pagamentos divididos
em maior número de prestações tendem a ser mais incumpridos, uma vez que o coeficiente
desta variável possui sinal positivo. Isso, provavelmente, está ligado à finalidade do
empréstimo. Os empréstimos destinados a investimento em capital fixo possuem maiores
prazo de pagamento que aqueles destinados a capital circulante.

Neste contexto, os possíveis retornos para as pequenas empresas criados com o investimento
de capital fixo, acontecem de forma mais lenta. Portanto, há uma tendência de clientes com
empréstimos destinados a capital fixo possuírem maiores dificuldades para pagamento,
principalmente, nas primeiras prestações do empréstimo, sendo, assim, caracterizados como
mais arriscadas (Araújo et al, 2006; Manuel A,. Sajó, 2010).

No entanto Araújo et al (2006), afirma que os empréstimos com maior horizonte temporal são
mais cumpridos que aquele empréstimo concedido a novos empreendimentos. Geralmente,

50
quanto maior for o tempo de funcionamento do empreendimento é sinal de que o cliente
estará mais estabilizado financeiramente no mercado em que actua, o que é coerente com os
resultados obtidos.

Num estudo realizado por Crook et al (1992); Manuel A. Sajó (2010), concluiu – se que no
Vietname, tal como nos países industrializado a taxa de incumprimento aumenta
progressivamente com o número de dependentes que o devedor tem de sustentar. Por
exemplo, passar por zero para três (3), quadruplica o risco de incumprimento, de 1,1 para
4,3%. Note – se que as suas categorias de zero e mais do que três dependentes são um reflexo
do tamanho típico dos lares no Vietname. Em 2002, 57% de todos os lares possuíam quatro
ou menos membros (assim, três dependentes, além do devedor), os lares maiores possuem
geralmente cinco ou seis membros, ao passo que lares muito grandes são raros no Vietname
(menos de 10%) (Committee for population, family and childrem 2003 e Manuel A. (2010).

De acordo Zerbini, Rocha (2004), Fazenda (2008) e Manuel A. Sajó (2010), concluíram que
na análise ao comportamento de incumprimento, as características pessoais não são tão
importante quanto as características dos créditos concedidos. O valor das prestações é o
principal determinante na probabilidade de incumprimento, seguindo pelo número de
prestações, o que mostra que o aumento dos períodos de vencimento só terá contribuição
positiva no controle de casos de incumprimento quando os juros cobrados e, portanto, o valor
das prestações, forem significativamente reduzidos. Defendem estes autores que a idade, o
sexo, a casa própria, o número de anos no actual emprego não são estatisticamente
significativas. No entanto é possível traçar o perfil de bom pagador: Casado, trabalha no
sector público, isto é, não está de acordo com os nossos resultados.

51
Capitulo III : ESTUDO EMPÍRICO

Dada a importância que o risco de incumprimento tem merecido ao longo dos anos, o estudo
pretende – se indagar sobre os Determinantes do Risco Incumprimento dos Empréstimos do
Banco Regional Keve.

O presente capítulo tem como objectivo principal apresentar e analisar os dados obtidos na
pesquisa de campo. Analisa – se um conjunto de questões metodológicas, desde a
caracterização das variáveis, o método de estimação dos dados, o modelo de regressão
logística, o modelo a estimar, a avaliação do ajuste geral do modelo, a apresentação e os
efeitos dos resultados do modelo estimado e as recomendações.

3.1 Caracterização da Amostra

O Tema desta investigação, á partida delimitada a população objecto de estudo. A população


a estudar é constituída pelos clientes do Banco Regional Keve.

O estudo abarca o período compreendido entre Janeiro de 2008 a Dezembro de 2011. Isto é,
corresponde a um conjunto de operações de crédito realizadas durante um período de 4 anos.
Os dados utilizados na análise foi gentilmente fornecido pelo Departamento de Operação de
Crédito do Banco. Trata – se de informações que constam de ficheiros e relatórios de dados
anuais relativos às operações realizada na instituição financeira.

Das 500 operações de crédito de clientes que inicialmente constavam dos ficheiros obtidos a
partir da instituição financeira acima citada, 150 observações foram utilizados como amostra
de treino para validar o modelo, e 50 observações foram eliminadas por não existir
informação suficiente para efeitos de análise. Isto é, apresentam (missing values). Isso ocorreu
devido à existência de algumas lacunas na base de dado da instituição financeira, omitindo
dados que, para este trabalho se revelam indispensáveis, o que motivou a exclusão desses
clientes do universo de estudo.

A amostra que serviu de base para estimação do modelo é constituída por 300 clientes, 76%
destes cumpriram o pagamento das suas dívidas e 24% não cumpriram o pagamento dos
contratos de crédito, conforme mostra a tabela nº 3.

52
Tabela nº 3: Classificação do Crédito da Amostra.

Item Classificação das operações de crédito dos clientes

Nº de operações Percentagem

Operações de Crédito Incumpridas 72 0,24

Operações de Crédito Cumpridas 228 0,76

Total 300 1

Fonte : Tabela elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

3.1.1 Caracterização e Definição das Variáveis

De acordo com Boyle et al., (1992) e Manuel A. Sajó (2010), argumentam que as variáveis

podem ser codificadas com base na distribuição de empréstimos bons e maus na amostra:

 Estado civil;

 Sexo;

 Taxa de juro;

 Valor de empréstimo;

 Estatuto residencial;

 Número de dependentes;

 Número de Prestações;

 Tempo de funcionamento do empreendimento;

 Idade do cliente;

 Nível académico;

 Capital Circulante;

 Variável Dependente “ Cumprimento-Incumprimento”.

53
Tabela nº 4: Medidas Estatísticas das Variáveis Dependentes e Independentes

Tabela 3:Medidas Estatísticas das Variáveis Dependentes e Variáveis Independentes

Item Valor de Prazo Nº. Taxa Estat. Sexo Estado Idade Nível Tempo V.
Emprést. Emprést. Depend. J. Resid. Civil Acad. F. Depen.
Capital (%) Cliente Emp. Sim -
Não
Negócio

N 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300

Missing 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Média 18066,75 1770,39 35,99 0,75 17,57 0,38 0,52 0,59 33,35 1,65 3 0,24

Mediana 15000 1500 36 67 17 68 1 1 1 1 3 80

Desvio 627,099 61,87 0,03 0,074 0,118 0,028 0,028 0,031 0,47 0,50 0,50 0,025
Padrão

Variância 10861,69 1071,55 0,058 1,28 2,50 0,49 0,50 0,54 8,12 0,86 0 0,43

Mínimo 3000 300 35 0 13 0 0 0 18 1 3 0

Máximo 50000 5000 36 6 20 1 1 3 55 4 3 1

Soma 5420025 531117 10799 224 5271 115 156 176 10125 495 900 72

Fonte : Tabela elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

 Valor de empréstimo

O valor de empréstimo é uma variável numérica escalar. Na nossa amostra, os valores dos
empréstimos variam entre o valor mínimo de USD 3.000,00 e o valor máximo de USD
50.000,00. Por sua vez, o desvio patrão dos empréstimos é igual a 627,099 %, conforme
mostra a Tabela nº 4.

 Capital Circulante ou de Giro

O capital de negócio é uma variável independente, portanto verifica – se que, os valores do


capital variam entre mínimo 300 USD e máximo 5000 USD. O desvio patrão desta variável é
igual a 61,87 %.

 Número de Prestações

O número de prestações é uma variável numérica escalar. Na nossa amostra, o tempo das
prestações variam são 36 meses, para todos empréstimos. Por sua vez, o desvio patrão das
prestações é igual 0,03%, conforme mostra a tabela nº 4.

54
 Número de dependentes

A variável número de dependentes é uma variável numérica escalar. Na nossa amostra 76%
dos clientes que receberam empréstimos são cumpridores e têm agregados familiares que
variam entre 0 a 4 indivíduos, sendo que 24% dos clientes foram considerados incumpridores
e possuem agregados familiares com 5 a 6 indivíduos. O desvio patrão dos dois grupos é igual
a 0,074% dependentes. Os valores mínimos e máximo são 0 e 6, respectivamente, conforme
mostra a tabela nº 4.

 Taxas de juro

No Gráfico nº 1 observa – se que a prevalência da taxa de juro dos clientes que receberam
empréstimos acentua – se nas seguintes frequências distribuídas respectivamente: 30 têm uma
taxa de juros de 13%; 173 dos empreendedores com uma taxa de 17% e 97 têm uma taxa de
juro de 20%.

Na tabela nº 4 nota – se que o desvio patrão desta variável é igual 0,118% os valores mínimos
13 e máximo 20.

Gráfico nº 1 – Taxa de Juro dos Clientes Incumpridores e Cumpridores

Análise da Taxa de Juro

173
180
160
140
120 97
100 Taxa de juro
80 Frequência
60
30
40 17 20
13
20
0
1 2 3

Fonte : Gráfico elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

55
 Estatuto residencial

Podemos observar que o estatuto residencial é uma variável dicotómica. O estatuto residencial
divide – se em 2 categorias: habitação em casa própria e alugada. Na figura nº 1, observa – se
que 62% dos clientes vivem em casa própria e 38% em casa alugada.
Figura nº 1 - Estatuto Residencial dos Clientes

Análise do Estatuto Residencial

38

Casa Própria
62
Casa alugada

Fonte : Fígura elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

 Sexo

Podemos salientar que o sexo é uma variável nominal, dicotómica categórica, porque só
indica e não faz comparação. Relativamente a prevalência dos clientes em termos do sexo,
constata – se que dos 300 clientes que receberam empréstimos, 52% (156) são clientes do
sexo masculino e 48% (144) do sexo feminino, conforme mostra a tabela nº 5.

Scheiner (2004) e Manuel A. Sajó (2010), afirma que a menor taxa de incumprimento
encontra – se nos indivíduos do sexo feminino, porque optam com menos frequência por
recorrer a empréstimos.

56
Tabela nº: 5 - Sexo dos Clientes

Sexo n %

Feminino 144 48%

Masculino 156 52%

Total 300 100%

Fonte : Tabela elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

 Tempo de Funcionamento do Empreendimento

Constatamos numa primeira análise que o tempo de funcionamento do negócio é uma variável
numérica escalar. Podemos observar na amostra que empréstimos para empreendimentos com
maior horizonte temporal (3 anos de funcionamento) tendem a ser mais cumpridos que
aqueles empréstimos concedidos a novos empreendimentos, com zero meses. Portanto quanto
maior for o tempo de funcionamento do empreendimento é sinal de que o cliente estará mais
estabilizado financeiramente no mercado em que actua.

Na nossa amostra, o tempo de funcionamento do empreendimento variam entre 3 anos


mínimos e máximos respectivamente. Por sua vez, o desvio patrão é 0,50 conforme mostra a
tabela nº 4.

 Estado civil

Relativamente a prevalência dos clientes em termos do seu estado civil. No gráfico nº 2


constata – se que dos 300 clientes que receberam empréstimos, 131 são solteiro, 163 casados,
5 estão divorciado e 1 viúvo.

57
Gráfico 2 – Estado Civil dos Clientes

Discriminação dos Clientes por Estado Civil

180 163
160
131
140
120
Estado Civil
100
Frequências
80
60
40
20 5 1
0 Solteiro Casado Divorciado Viúvo

Fonte : Gráfico elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve

 Idade do cliente

Na amostra, a idade varia entre 18 – 55 anos 37% dos clientes que receberam empréstimos
têm idade compreendida entre 18 – 30 anos e 63%corresponde a 31 – 55 anos.

Na tabela nº 4 verifica – se que a idade média dos empreendedores que receberam empréstimo
é de 33,35% da amostra.

 Nível académico

Em termos de nível académico é uma variável ordinal. Porque indica a formação do indivíduo
e faz comparação. Na tabela nº 6 constata – se que a maioria dos clientes que receberam
empréstimos tem um nível de escolaridade compreendido entre ensino básico e médio, o que
representa cerca de 84% da amostra.

58
Tabela nº 6 - Clientes por Nível Académico

Nível Académico n %

Ensino de Base (1ª-8ª Classe) 167 55.7%

Ensino de Médio (9ª-12ª Classe) 85 28.3%

Bacharelato 34 11.3%

Licenciatura 14 4.7%

Pós-graduação 0 0

Total 300 100%

Fonte : Tabela elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

Na tabela nº 6 verifica – se que 80% dos empreendedores frequentou um curso complementar


visando a obtenção de conhecimentos sobre como gerir ou criar uma empresa.

Tabela nº 7 – Clientes por Formação Contínua

Formação Contínua n %

Sim 240 80%

Não 60 20%

Total 300 100%

Fonte : Tabela elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

GSO (2002) e Manuel A. Sajó (2010), afirma que as pessoas mais instruídas têm um emprego
mais estável e rentável, e portanto, a probabilidade de incumprimento (PD) é menor.

 Variável Dependente “ Cumprimento – Incumprimento

Relativamente à variável dependente “ sim e não”, é uma variável dicotómica categórica.


Porque só indica e não faz comparação.

59
Na figura nº 2, analisando os 300 clientes da nossa amostra, vemos que há uma clara
predominância de 76% de clientes que cumpriram o pagamento das suas dívidas e 24% que se
encontram em situação de incumprimento.

Figura nº 2 – “Variável Dependente” - Clientes Incumpridores e Cumpridores

Análise da Variável Dependente

24%

Não
sim
76%

Fonte : Fígura elaborada apartir do excel com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

3.2 Método de Estimação dos Dados

Nesta parte do trabalho será necessário estruturar uma base de dados, agregando os valores
numéricos referentes ao conjunto de variáveis independentes pré – seleccionadas para
construção do modelo. Neste sentido, será utilizado o software estatístico Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS), versão 15.0, como suporte para as análises estatísticas
desenvolvidas no modelo.

60
3.2.1 Modelo à Estimar

O passo a seguir consiste na estimação empírica do modelo de forma a concluir se as


hipóteses avançadas se verificam. Deste modo supondo que um evento dependente em que a
variável é uma varíavel binária, que assume valores 0 ou 1 ; e variáveis independentes
X₁,X₂,….Xj, a função de distribuição logística abaixo, de acordo com Gujarati (2000) , Zanini
(2000) e Manuel A. Sajó (2010), é dada por :

Zj=F(Z)=W₀+W₁x₁+W₂x₂ +…...+Wjxj+Ɛj Eq.(1)

Onde :

Zj = Representa a variável dependente;

Wj= São os coeficientes de regressão ;

Xj = São as variáveis independentes ;

Ɛj9 = Erro aleatório.

O procedimento estabelecido permite então o uso de dados da amostra para realizar uma
análise qualitativa e quantitativa dos indicadores com características dicotómicas do perfil do
cliente. A técnica de regressão logística permite a avaliação de incumprimento de
determinado grupo de cliente do Banco, em situação relativa à concessão de crédito,
assumindo que a probabilidade desse incumprimento é distribuida com resultado binomial 0
ou 1.

Na técnica de regressão logística, as previsões de pertinência ou classificação dos indivíduos


em cada um dos grupos (cumpridores ou incumpridores), são realizadas através da previsão
directa da probabilidade do evento de incumprimento acontecer.

Recorda – se que a variável dependente Zj representa a qualidade de crédito do indivíduo j, a


regressão logística calcula directamente a probabilidade condicional de Zj ser igual a 1, que,

9
É importante lembrar que todo modelo é uma simplificação da realidade. Neste contexto, todos os modelos estatísticos ou
probabilísticos apresentam um componente de erro. Isto indica que, mesmo o modelo tendo um bom poder de explicação, ele
sempre incorrerá num erro que deve ser minimizado (Zanini, 2007) e Manuel A. Sajó (2010).

61
neste estudo, significa a probabilidade do cliente ser incumpridor. A probabilidade
condicional Zj de ser igual a 1, dados os valores das variáveis independentes do indivíduo, é
representado pela seguinte fórmula :

1
P (Z=1) = 1+𝑒 −𝐹 (𝑥) Eq.(2)

Onde:

F(Z) =W₀+W₁x₁ +W₂x₂+…...+Wjxj+Ɛj Eq. (3)

F(Z) = Representa a equação do modelo de decisão de crédito estimado

P(Z) = Representa a probabilidade de o indivíduo x estar em incumprimento

1
Se W (X) =+ ∞ → =1 Eq. (4)
1+𝑒 −𝐹 (𝑥)

1
Se W(X) = − ∞ → =0 Eq. (5)
1+𝑒 −𝐹 (𝑥)

De acordo com Manuel A. (2010), há 2 valores entre os quais a P (Z) varia. No entanto, assim
teremos :

𝑃(Ԝ=1)
= Ɛᶠ ˣ Eq.(6)
𝑃(Ԝ=0)

𝑃(Ԝ=1)
Ln =Ln Ɛᶠ ˣ = F(Z)=W₀+W₁ x₁+W₂ x₂+…...+Wjxj + Ɛj Eq.(7)
𝑃(Ԝ=0)

Deste modo, a classificação dos clientes como cumpridores ou incumpridores, neste modelo,
foi realizada com base na probalidade de incumprimento, que é calculada de acordo com a
equação do modelo, que é por sua vez estimada com base nas informações de cada cliente
para as variáveis independentes.

O ponto de corte adoptado é de 0.5, valor padronizado para a técnica de regressão logística.
Esse valor de 0.5 representa a probabilidade de ocorrência do evento segundo o critério
aleatório. Ou chances iguais, de acordo com Hair Júnior et al. (2005) e Manuel A. Sajo

62
(2010), assim, aqueles clientes para os quais a probabilidade estimada de incumprimento é
inferior a 0.5, foram classificados como cumpridores. E aqueles para os quais a probabilidade
de incumprimento é superior a 0.5, foram classificados como incumpridores.

O modelo de regressão logística apresentado pelo programa SPSS inicia – se com a


apresentação de um sumário da distribuição da amostra. Os resultados obtidos são
comentados e, representam a parte mais importante (e final) do trabalho.

3.2.2 Introdução de Variáveis

Nos passos seguintes vão ser introduzidas sequencialmente variáveis no modelo de forma a
obter – se o melhor modelo. A primeira variável a ser introduzida no modelo será aquela que
estiver a estatística de pontuação mais alta, estatística de Wald (Fazenda, 2008).

De acordo com o que podemos verificar que as variáveis foram seleccionadas em 3 etapas, ou
seja a estatística Wald utilizou 3 passos até obter o modelo final. Pela observação das
significâncias estatísticas do modelo, podemos constatar que o coeficiente é significativo em
cada passo.

Tabela nº 8 – Omnibus Tests of Model Coefficients

Qui – quadrado Graus de Significância


Liberadade
Passo 1 Etape 72, 912 1 0.000
Bloc 72, 912 1 0.000
Modèle 72, 912 1 0.000
passo 2 Etape 21,639 1 0.000
Bloc 94,551 2 0.000
Modèle 94,551 2 0.000
Passo 3 Etape 8,445 1 0.004

Bloc 102,996 3 0.000


Modèle 102,996 3 0.000

Fonte : Tabela elaborada apartir do SPSS com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

63
3.2.3 Avaliação do Ajuste Geral do Modelo

Este ponto, apresenta três medidas para analisar o ajuste geral do modelo:

 -2log Likelihood;

 Cox & Snell (a qual está limitada visto que não obtém o valor 1);

 Nagelkerke (este corrige a medida anterior, já que apresenta um domínio de 0 à 1).

Tabela nº 9 – Modelo Sumário

Etape -2log-vraisemblance R²-deux de Cox & Snell R²-deux de Nagelkerke

1 166,050(a) 0,284 0,424

2 144,447(b) 0,352 0,527

3 136,223(b) 0,377 0,563

Fonte : Tabela elaborada apartir do SPSS com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

Pela análise, podemos verificar que, a medida que foram introduzidas variáveis no modelo,
houve uma redução no valor de - 2 log Likelihood, indicando uma melhoria no modelo.

O valor diminuiu de 166,050 no passo 1 para 136,223 no passo 3. Esta diminuição determina
que o modelo apresentado se encontra ajustado e o valor de 136,223 apresentado no último
passo (passo 3) corresponde à medida geral em como o modelo se ajusta. Cada um dos
valores de - 2LL, apresentados em cada um dos passos, traduz o ajuste que se verifica de uma
equação do modelo para outra com a introdução de mais variável.

Para Hair Júnior (2005), Fazenda (2008) e Manuel A. Sajó (2010), um modelo bem ajustado
possui um valor pequeno para - 2LL, sendo o seu valor mínimo zero.

Contrariamente à medida -2log Likelihood, no caso R² de Cox & Snell e do R² de Nagelkerke,


a melhoria do modelo é traduzida pelo aumento do valor destas medidas à medida que se
introduzem variáveis no modelo.

64
Na tabela nº 9, podemos verificar que o valor R² de Cox & Snell varia de 0,284 para 0,377 e o
valor R² de Nagelkerke (que corrige a anterior para poder apresentar um domínio de 0 a 1),
varia de 0,424 para 0,563.

No entanto, estas duas medidas comparam as probabilidades estimadas com as probabilidades


observadas, sendo que valores mais altos significam um melhor ajuste do modelo (Hair
Júnior, 2005; Manuel A. Sajó, 2010).

Assim, podemos verificar pela tabela nº 9,que à medida que foram introduzidas variáveis no
modelo, houve um aumento do valor nestas duas medidas, ou seja à medida que foram
introduzidas variáveis ao modelo, este foi – se ajustando melhor, de forma a apresentar
valores mais altos.

A última medida de ajuste do modelo é o valor de Hosmer and Lemeshow Test, na tabela nº
10, o qual mede a correspondência entre valores reais e os previstos da variável dependente.
Possui um modelo estatístico que indica se ocorreram diferenças estatisticamente
significativas entre as classificações observadas e previstas.

Tabela nº 10 – Teste Hosmer and Lemeshow

Passo Qui - quadrado Graus de Liberdade Significância

1 9,234 2 0,10

2 2,556 4 0,635

3 7,318 6 0,292

Fonte : Tabela elaborada apartir do SPSS com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

Nesta medida, o melhor ajuste do modelo é indicado por uma diferença menor na
classificação observada e prevista. De acordo com Fazenda (2008) e Manuel A. Sajó (2010),
um bom ajuste do modelo é dado por um valor de Qui – quadrado não significante.

Estas medidas combinadas (-2LL e Hosmer and Lemeshow Test), sugerem a aceitação do
modelo do último passo como um modelo significante de regressão logística.Pelos resultados
apresentados podemos concluir que o modelo obtido no passo três se encontra ajustado.
Aceita – se este Modelo de Regressão Logística, como significativo.

65
Tabela nº11 – de Classificação (N =300)

Previsto

Observado
Variável Dependente

Percentagem
Não Sim
(Cumpridos) (Incumpridos) (%) Correcta

Passo 1 Variável Dependente Não 210 18 92.6

Sim 28 44 61.1

Percentagem (%) Global 84.7

Passo 2 VariávelDependente Não 219 9 96.1

Sim 31 41 57

Percentagem (%) Global 88.7

Passo 3 VariávelDependente Não 218 10 92.1

Sim 24 48 66.7

Percentagem (%) Global 88.7

Fonte : Tabela elaborada apartir do SPSS com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

Verifica – se que o modelo apresenta uma melhor explicação no caso de operações cumpridas,
do que para as operações incumpridas. Explica correctamente 92.1.2% das operações
cumpridas e apenas 66,7% das operações incumpridas, ou seja explica correctamente 218 das
228 operações cumpridas e apenas explica correctamente 48 das 72 operações incumpridas.

Esta menor explicação no caso das operações incumpridas pode estar associada ao facto de
faltarem no modelo algumas variáveis, que podem ser consideradas de grande importância
para a ocorrência de incumprimento. Como referimos a amostra obtida esteve condicionada à
disponibilidade de dados existentes na população; como tal não foi possível incluir algumas
variáveis, que segundo a literatura são de grande importância na origem de incumprimento,
nomeadamente factores sociais, como situação perante o vínculo laboral e estado de saúde,
etc.

66
Na aplicação do modelo deve – se ainda salientar o aspecto da amostra não possuir o mesmo
número de observações para operações incumpridas e cumpridas, principalmente o facto do
número de operações incumpridas da amostra não representar a mesma proporção que a
população, ou a mesma proporção do mercado.

No entanto considerando todo o modelo, verificamos que a taxa de acerto geral é de 88,7% ou
seja, 88,7% das operações estão correctamente explicadas num dos dois grupos do modelo.

Julgamos que no seu todo o modelo apresenta um bom poder explicativo, embora seja mais
explicativo no caso das operações cumpridas.

Tabela nº 12 – de Classificação de Amostra de Treino (N = 150)

Previsto

Observado
Variável Dependente

Percentagem
Não Sim
(Cumpridos) (Incumpridos) (%) Correcta

Passo 1 Variável Dependente Não 111 3 90.2

Sim 15 21 53.8

Percentagem (%) Global 81.4

Passo 2 Variável Dependente Não 110 4 95.7

Sim 14 22 50.0

Percentagem (%) Global 94.7

Passo 3 Variável Dependente Não 107 7 97.4

Sim 9 27 61.5

Percentagem (%) Global 87.0

Fonte : Tabela elaborada apartir do SPSS com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

Verifica – se que o modelo apresenta uma melhor explicação no caso de operações cumpridas,
do que para as operações incumpridas. Explica correctamente 87% das operações cumpridas e
apenas 61,5% das operações incumpridas, ou seja explica correctamente 107 das 114
operações cumpridas e apenas explica correctamente 27 das 39 operações incumpridas.

67
4. RESULTADOS

4.1. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Tabela nº 13 – Resultados do Modelo de Decisão Final de Credit Scoring

Item Variáveis/Siglas Coeficientes Desvio Teste Graus - Signif. Exp(β)


Estimados Padrão ou Wald Liberdade
do
(β) (S.E) (Df)
Teste

X1 Número de Dependentes 1.239 0.208 35.531 1 0.000 3.453

X2 Estado Civil - 1.924 0.473 16.531 1 0.000 0.146

X3 Estatuto Residencial 1.261 0.443 8.107 1 0.004 3.530

Constante(β0) - 2.079 0.391 28.272 1 0.000 0.125

Fonte : Tabela elaborada apartir do SPSS com base nos dados fornecido pelo Departamento de Crédito do Banco Keve.

A tabela nº 13 representa as variáveis finais obtidas para regressão logística, e as


respectivas betas, ou seja apresenta os vários parâmetros presentes na equação de
regressão logística.

Verifica – se, que o valor da estatística Wald, que identifica o quanto cada variável
independente participa individualmente para explicar o comportamento da variável
dependente (Z). Observa – se pelo texte Wald que a significância de todos parâmetros
foi aceitável.

Como se verifica, o modelo final seleccionou 3 passos dos 11 inicialmente incluídos no


modelo. Excluiu as variáveis: valor de empréstimo; idades do cliente; sexo; nível
académico; taxas de juro; capital de negócio; tempo de funcionamento do
empreendimento e incumprimento “ Sim ou Não”.

68

68
aumenta a pressão exercida sobre o rendimento do devedor, devido a despesas mais
elevadas, tais como os encargos com a educação, saúde, etc.

Portanto, tomadores com maior número de dependentes tendem a ser mais incumpridos.
Esse é um resultado plausível, uma vez que um maior número de dependentes,
geralmente, significa que o cliente tomador de crédito compromete um maior percentual
da renda familiar com o provimento das necessidades dos seus dependentes, visto que a
família é mais numerosa. Além disso, como a renda familiar e do negócio são, na
maioria dos casos, associadas, as receitas provenientes do negócio costumam também
ser destinadas ao suprimento de necessidade da família do cliente.

4.1.1. O Efeito da Variável Estatuto Residencial no Incumprimento

Quanto à variável estatuto residencial, o seu coeficiente mostra que ela tem um efeito de
aumento, (Odds Ratio =3.530) sobre o risco de incumprimento de empréstimos no
Banco Keve. Este coeficiente exerce um efeito positivo e significativo no
incumprimento de crédito onde (β= -1231, S.E =0.443, Teste Wald =8.107,P <0.05)

De facto, estes resultados são consistentes com os obtidos por Crook et al. (1992). Este
coeficiente indica se os devedores possuem casa própria, então. A relação ex-ante (a
priori) entre o estatuto residencial e o incumprimento não é clara segundo Crook et al.
(1992) e Manuel A. Sajó (2010). O estatuto poderá indicar riqueza financeira,
particularmente no caso da posse de casa própria. Mas, de acordo com Crook et al.
(1992) e Manuel A. Sajó (2010), os devedores que vivem com os seus pais também têm
menos probabilidades de incorrer em incumprimento.

4.1.2. O Efeito da Variavel Estado Civil no Incumprimento

Quanto à variável estada civil, o seu coeficiente mostra que ela tem um efeito de
aumento, quer dizer aumenta 3 vezes (Odds Ratio = 0.146), o risco de incumprimento
de empréstimos no Banco Regional Keve.

69
CONCLUSÕES

O presente trabalho teve como objectivo analisar os factores responsáveis pelo


incumprimento dos empréstimos contraídos pelos mutuários nos contratos de crédito,
aferir quais as variáveis que mais poderiam contribuir para a ocorrência de
incumprimento nas operações de empréstimos do Banco Regional Keve.

O nosso estudo teve as 3 (três) variáveis que resultaram do incumprimento: Número de


Dependentes; Estatuto Residencial e Estado Civil.

Para a realização deste estudo utilizou – se um método estatístico de regressão logística,


o qual, segundo a literatura, é de fácil aplicação e leitura de resultados, traduzindo o
output final numa probabilidade de ocorrência de incumprimento. Isto é, segundo
Manuel A. Sajó (2010).

Com aplicação deste modelo obtivemos assim (de acordo com a nossa amostra) o
conjunto de variáveis explicativas da ocorrência de incumprimento e a probabilidade da
sua ocorrência para cada operação. Como exemplo de aplicabilidade desta metodologia
poderíamos sugerir à luz destes dados (não desenrando as limitações que existiram no
desenvolvimento do processo), que uma nova operação de empréstimos, de crédito,
pode ser avaliado com base nestas variáveis e calculada a probabilidade de poder vir a
ocorrer o incumprimento. Pensamos que esta metodologia pode, embora de forma
simplista, ajudar as instituições de crédito a aferirem as variáveis que devem usar nos
seus modelos de análise de risco de crédito.

Ora, o nosso modelo, ao contemplar um vasto leque de informações acerca de variáveis


que podem afectar o cumprimento por parte dos mutuários nas operações de crédito
contribui para a melhoria da qualidade de vida e do bem – estar da sociedade angolana.
Portanto é notório a sua importância no sistema financeiro, tanto para a protecção das
famílias como para geração de emprego. Pois, como afirma Gilberto (2010) e Almeida
(2011), a redução dos riscos e das incertezas constituem pilares fundamentais para
assegurar o desenvolvimento económico e social de qualquer país. Foi esse o nosso
objectivo.

70
RECOMENDAÇÕES

Tendo em conta os resultados obtidos, as variáveis que mais influenciaram o


incumprimento dos empréstimos (o números de Dependentes, o Estado Civil e o
Estatuto Residencial). Sugerimos que a referida instituição levam em consideração na
sua política de concessão de crédito as respectivas variáveis, no entanto sem descorar as
outras. Recomendamos também o recurso a Central de Risco de Crédito, para
concessões a mutuários credíveis.

Recomenda se a utilização proactiva dos instrumentos de gestão de carteira de créditos


incumpridos, para acompanhamento e rastreamento tempestivo das obrigações dos
clientes, permitindo o diagnóstico e identificação de soluções mais adequados para cada
caso.

O gerenciamento do processo de cobrança deve ocorrer a partir da liberação dos valores


emprestados ou financiados até seu efectivo retorno para o banco. As acções de
cobrança são iniciadas a partir da não quitação de juros em períodos de carência, atraso
nos pagamentos de parcelas.

Alertar sobre a importância de que a partir das informações disponibilizadas, a


instituição financeira deve rever a sua política” pós concessão do crédito”, o chamado “
pós venda” para que, tempestivamente, detecte o crédito problemático e actue,
rapidamente, em busca da recuperação deste activo, de forma a manter o equilíbrio
financeiro da empresa, e dos clientes, possibilitando assim a concessão de novos
empréstimos.

Inserir nas escolas uma disciplina que prepara desde cedo o cidadão para enfrentar o
mercado financeiro, pois isso consequentemente diminuirá seus riscos de crédito,
projectando para a prática de taxas mais amenas aos tomadores de crédito.

71
BIBLIOGRAFIA

Internet,AUSTIN, rating (Austin). Mapa do site disponível em http: //


www.austin.com.br. Acesso em 4 de abril de 2005.

Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras do Banco Nacional de Angola


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2011. Disponível em http:// www.bna.ao.09.06 2012. 10.00

Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras do Banco Nacional de Angola


(BNA) Avaliação de Desempenho do Sistema Financeiro Angolano no 2º Trimestre de
2011. Disponível em http:// www.bna.ao. 09.06.2012.10.00.

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Período de inflexão deve ser seguido de crescimento ( Invest News) Revista Invest
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maio de 2005.

Livros

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ARAÚJO, Elaine.CARMONA.Charles.DEBOÇÃ. Leonardo. (2006) – Risco de crédito:


Construção de um modelo de credit scoring com abordagem de regressão logística
para análise da inadimplência de uma instituição de microcrédito“ In : IX semead.
Administração no contexto internacional. Seminário em administração.

BOYLE, M. Crook.J.N; HAMILTON. E Thomas.L.C (1992) – “Methods for credit


Scoring applied to slow payers”

BLATT, Adriano – Avaliação de risco e decisão de crédito : Um enfoque prático. São


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72
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