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Direito das Crianças Ordem dos Advogados – Conselho Regional do Porto

Aula 06/04/2018

É o direito das crianças e não o direito dos menores. A criança é todo o ser
humano que tenha menos de 18 anos. Existem várias perspetivas, desde logo,
a civil, a penal, a segurança social, etc.

Falamos em primeiro lugar, de direitos humanos, de direitos fundamentais. As


suas bases estão no direito romano.

No Ocidente, admitem os direitos humanos desde o direito romano. Mas


estavam limitados a classe de sujeitos. Limitados, essencialmente, à
capacidade de exercício. Aos escravos era negada a identidade pessoal. Eram
considerados coisas por isso podiam ser vendidos. A sua vida física estava na
disponibilidade do dono.

Nem todos eram cidadãos romanos. A cidadania também era limitada. O


cidadão romano era aquele nascido no berço de Roma. As mulheres não tinham
identidade social e era-lhes negada a capacidade de exercício. Havia alguns
direitos fundamentais, mas não existia a universalidade deles.

Não se pode julgar o passado com os critérios do presente. Apesar de tudo,


Roma legou várias instituições para o presente. Os conceitos “Libertas” (que
não é servo; oposto de escravidão) e “Humanitas” (algo mais do que
humanidade; conceito recuperado no renascimento que leva à formação do
humanismo), foram elevados pelos ensinamentos de Roma.

O Cristianismo, fenómeno marcante no Imperio Romano, surgiu na atual


Palestina e rapidamente chegou a Roma. Foi a partir de Roma que se
disseminou rapidamente por todo o império. Foi através das legiões romanas
que S. Paulo conseguiu levar muito longe o Cristianismo.

O Mitrismo – S. Paulo adaptou as características do mitra ao cristianismo. Esta


adaptação foi muito simples pois ambos tinham características muito
semelhantes.

O cristianismo passou a ensinar que todos os homens são iguais. Deu uma
nova dignidade ao conceito “Humanitas”. Isto levou a que as crianças fizessem
parte do centro da família. Centralizou o papel das crianças na família.

A Idade Média é considerada como uma noite escura de 1000 anos. Afastou
tudo de bom do império romano, como por exemplo, a cultura. Marcou a queda
do Imperio Romano.

Em Roma, existiam vários povos e como não existia um líder, passou a existir
os nacionalismos e as lutas territoriais.

Foi a primeira subordinação do poder político ao poder religioso, acabando com


as investiduras. A Igreja era a entidade legitimadora do poder civil. Portanto,
existe a concentração de poderes, a subordinação política ao poder religioso e a
economia feudal. Devido a estes fatores, não existia espaço para os direitos
humanos, para os direitos fundamentais. Só na Grã-Bretanha é que existiu uma
certa imposição de regras mínimas – entre 1100 e 1215. Em 1100, o preço a
pagar pela coroa foi Henrique I libertar João Senterra. E em 1215 foi a Magna
Carta.

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Isto trás consigo um enorme simbolismo, do poder de insubordinação perante o


soberano. Foi a partir daqui que nasceu a ideia das modernas constituições. Foi
uma pequena semente – Revolução Francesa e Americana.

No sec. XIV, surge o Renascimento, o retorno às fontes clássicas – Humanismo.

Para o Humanismo, todas as fontes se centram no Homem. Proclamada a


igualdade e dignidade filosófica de todos os seres humanos. No entanto, não
evitou a expansão colonial revelando-se uma proclamação apenas de caracter
filosófico.

John Locke, através da corrente do Jusnaturalismo, elaborou o “Discurso sobre


o Estado Natureza”. Através desta obra, o objetivo era perceber a origem do
poder político e considerar os homens antes do poder político. Estes, viviam em
estado de natureza de caracter, essencialmente, pacifico. Atualmente, esta
premissa é errada. Deu origem ao mito do bom selvagem onde teríamos um
estado de perfeita liberdade, com poucos homens e muita abundância de bens.
Não haveria necessidade de lutas. Sendo a sociedade que tornou o homem
menos bom.

Esta ideia incidiu sobre a pessoa e sobre a propriedade. Neste estado de


natureza, os direitos fundamentais eram o direito à vida e à liberdade – ideia
basilar do conceito de bom selvagem. Foram surgindo vínculos: em primeiro
lugar, a família, depois os laços de afinidade sociais entre famílias, o vínculo
económico, o religioso e, finalmente, os vínculos políticos.

Isto era considerado um imperativo moral, não existindo qualquer lei a regular.

O positivismo deu-se com a Revolução Americana e, mais tarde, com a


Revolução Francesa. Com a revolução americana, os direitos fundamentais
passaram a estar escritos (Cartas dos Direitos do Homem), que influenciou
muito na Revolução Francesa.

Foram estas revoluções que positivaram e concretizaram os direitos


fundamentais. Os direitos eram, tendencialmente, universais, onde a
titularidade era reservada a determinadas pessoas. A universalidade nasceu
das revoluções industriais e tecnológica.

Na 1º Revolução Industrial, temos a invenção do tear mecânico, associado à


máquina a vapor que levou à criação de fábricas. Como era preciso muita
gente, isto levou à secagem do setor primário. Criam-se condições para a
exploração da mão de obra. Os trabalhadores uniram-se para contestar e
afirmar os seus direitos. Então, quem tinha a posse, tinha de reconhecer esses
direitos. Surgem os direitos de 2º geração – direitos de poder exercer. Exigiram
determinadas contrapartidas. Assim, surge o Estado Providência.

A afirmação de direitos originários que são inerentes ao homem, não tinham de


ser exigidos de ninguém, converteram-se em normas jurídicas.

O primeiro momento onde isto acontece, é na Grã-Bretanha onde nasce a


sociedade contra a escravidão (movimento cívico – 1839). O segundo
momento, foi na 1º Convenção de Genebra. Aqui, já temos direitos, mas é um
direito humanitário e não humano.

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No final da 1º GM, com a Conferencia de Paz de Versalhes, fala-se pela


primeira vez em direitos humanos. A grande novidade foi a participação do
Presidente Americano, pois abandonou o seu país por imensos meses para
garantir a sua participação nesta conferencia – único caso na história. Levava
um relatório com 14 pontos, mas apenas dois deles foram tomados em
consideração: a criação da Sociedade das Nações e a criação de uma
Organização de Trabalho.

A Sociedade das Nações falha, pois embora tenha tido muitos países aderentes,
não teve eficácia por falta de um órgão executivo, e temos a 2º GM.

Em Versalhes, não existiu um tratado de paz, mas sim uma suspensão da


guerra.

Com a 2º GM, os direitos humanos começaram a ser falados mais


assertivamente. Existiram muitos crimes atrozes contra o ser humano. Foi por
isso que, os direitos humanos ganharam uma enorme relevância. Perto do fim
da guerra, reuniram-se em Moscovo, vários políticos que levou à criação de um
tratado. Foi a Carta das Nações Unidas. O art. 1º, nº 3 da Carta deu origem à
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. Todos os países da
ONU assinaram.

Temos uma positivação dos Direitos fundamentais, a proteção dos direitos de


2º geração e a universalidade.

Quem assina a Declaração e não cumpre, é expulso da ONU. Não era um


instrumento vinculativo, então surgiu a necessidade de elaborar textos
vinculados. Foi a Comissão dos Direitos do Homem que elaborou os pactos,
sendo um órgão permanente. Emanaram diversas convenções a proteger
diretamente os direitos fundamentais.

O sistema universal dos Direitos Humanos está sediado na ONU, mas existem
sistemas regionais, como o Conselho da Europa e a União Europeia.

Roma, 1950 – Convenção Europeia dos Direitos do Homem e das Liberdades


Fundamentais.

1959 – Tribunal dos Direitos do Homem – Todos os países do Conselho da


Europa têm de reconhecer a sua jurisdição; têm de cumprir as decisões do
Tribunal.

1961 – Carta Social Europeia (revista) – Direitos Económicos e Sociais.


Conselho Europeu de Direitos Sociais  Não impõem nenhuma condenação
efetiva.

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O Sistema Regional dos Direitos do Homem é um pilar e a União Europeia é


outro.

Art. 151º do Tratado de Lisboa – Carta dos Direitos Fundamentais dos


Trabalhadores.

Direito das Crianças  são seres humanos e, por isso, têm todos os direitos
fundamentais gerais. Mas pelo seu estatuto têm mais alguns.

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Estatuto da Criança – até à modernidade pensava-se que a criança era um


ser humano em aperfeiçoamento. A menoridade era entendida, a nível geral,
como incapacidade de pensar como um adulto ou défice de razão.

A criança era entendida como incapaz de agir como um adulto. Não tinham
opinião e eram meros recetáculos da atividade dos adultos que, eram vistos
como meros conformadores ou padronizadores. Eram disciplinadores.

A atividade disciplinadora podia ser exercida pela força, se necessário, para


uma melhor atividade educativa. Esta força aparece com intuito corretivo.

Até ao séc. XX, a legislação que incidisse com este tema visava,
essencialmente, aquelas crianças que estavam sozinhas, sem adultos que as
guiassem e tinha um carater higienista. Esta legislação via as crianças como
coisas. Não protegia as crianças, protegia a sociedade das crianças órfãs. Fazia
com que as crianças saíssem da vista da sociedade.

As crianças eram reclusas em instituições indiscriminadamente (juntamente


com as crianças delinquentes). Aos 18 anos tinham de sair destas instituições
e, por norma, acabavam por cometer crimes, indo para a prisão.

Este entendimento muda, mais ou menos ao mesmo tempo, tanto dos EUA
como na Europa.

Nos EUA, existem leis higienistas, mas com vista à educação e proteção contra
os maus tratos dos próprios pais. O Caso Mary Hellen foi o ponto de viragem.
Existe uma consciencialização mundial das sociedades protegerem as crianças.
Mais ou menos ao mesmo tempo, existe um caso na europa, mais
concretamente, na Polonia. Janusz Korczak (Henryk Goldszimit) formou-se em
medicina e dedicou a sua vida à atividade clínica, essencialmente, com
crianças, formando uma casa para elas. Dentro desta casa existia uma espécie
de democracia, dando-lhe direitos e deveres. Formou a ideia de que a criança
não é um adulto em miniatura. Tem os mesmos direitos que um adulto, mas
necessitam de alguma proteção.

As suas ideias foram vertidas na Convenção das Nações Unidas dos Direitos das
Crianças.

A OIT, em 1918, aprovou a proibição do trabalho noturno dos menores de 18


anos na indústria. Este foi o 1º Tratado a ter em vista as crianças como meio
de proteção do exercício de certas atividades.

Em 1924, surge a Declaração de Genebra sobre os Direitos das Crianças. É esta


Convenção que se encontra nas paredes dos tribunais da família. São conceitos
indeterminados, são princípios gerais.

Na Declaração dos Direitos dos Homem, existem pontos dedicados às crianças


– art. 25º e 26º.

Em 1959, na Assembleia Geral da ONU, a declaração de 1924 é aperfeiçoada,


dando origem a uma nova Declaração dos Direitos da Criança, com 10
princípios.

Nesta declaração, surge a ideia de que a criança não deve ser retirada à mãe;
aparece o Interesse Superior da Criança que, deve ser o princípio diretivo e que

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não pode ser desconsiderado. Também o Princípio da Primazia dos Pais surge
nesta declaração. A criança passa a ser sujeito de Direito Internacional, logo
com capacidade de exercício e de gozo de liberdades. Reconhece-se o afeto e o
direito a brincar. O Interesse superior da criança passa a estar subordinado à
atividade legislativa e é o princípio orientador à sua educação e criação (art. 8º
CRP).

O tema das crianças passou a ser um tema muito presente, principalmente


devido às guerras mundiais. Essencialmente, à 2ª GM por ter sido a mais
mortífera e atroz.

Em 1979, é proclamado o Ano Internacional da Criança. Em 1989, é aprovada a


Convenção dos Direitos da Criança que, entra em vigor no ano de 1990. Foi
ratificada por todos os países da ONU, exceto os EUA e a Somália.

Nesta Convenção, a criança é todo o ser humanos menor de 18 anos. O Direito


à Identidade Pessoal é afirmado. O art. 3º, nº 1 dispõe acerca do Interesse
Superior da Criança. O art. 12º dá o direito de a criança ser ouvida em tribunal
nos processos que lhe digam respeito. Não fixa qualquer idade, apenas refere
que a criança deve ter capacidade de entendimento, ser capaz de formar a sua
própria convicção.

No Sistema do Direito Internacional Privado, existem convenções,


nomeadamente a de 1996 – Convenção Internacional de Haia (Medidas de
Proteção dos Filhos).

No Sistema Europeu, temos a convenção do ano de 2000, mas que em Portugal


apenas entrou em vigor a 1 de Setembro de 2014. Aplica-se aos menores de 18
anos e refere-se ao Direitos de Visita e Residência Habitual.

Interesse Superior da Criança  é o interesse da criança abstrata que pode


não coincidir com o interesse da criança concreta. É um conceito indeterminado
em constante analise e evolução. Segundo a Dra. Clara Sottomayor, a definição
ganha se for abordada de forma multidisciplinar, não sendo avaliada
concretamente à criança ideal, mas sim, àquela determinada criança.

Em Portugal, temos o Instituto de Apoio à Criança que, é um instituto não


governamental. Este instituto juntamente com a AR em 2006, tentaram
clarificar o conceito de Interesse Superior da Criança.

Isto surge porque se compreende que o julgador não tem capacidade para
aferir, sozinho, este conceito.

A via legislativa de fixar o conceito?

Deve criar condições para o julgador ter um guia, mas não se deve fixar o
conceito. Apenas apresentar linhas orientadoras.

Relação de Coimbra, Caso Esmeralda – não existe uma única menção à


criança e ao interesse superior da criança. É um exemplo do que nunca pode
acontecer num tribunal de família.

O adulto tem um papel socializador na criança. A criança vê o decurso do


tempo pela satisfação das suas necessidades. As crianças têm sempre um
adulto de referência.

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A justiça deve ser célere e para as crianças ainda mais célere.

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Quanto à proteção da criança no direito interno, começa pela CRP que possui
algumas características reativas/para salvaguardar a instauração de um novo
regime ditatorial. Alterou o CC (1967) em 1977, na parte relativa à família.

Art. 36º CRP

Nº 4 – quanto aos filhos. Não existe diferenciação entre os filhos nascidos


dentro do casamento e fora. Reação ao regime de pretérito.

Nº 5 – norma fundamental, trazida das leis internacionais. Direito e Dever que


diz respeito às responsabilidades parentais.

Nº 6 – os filhos não podem ser separados dos pais. Só através de decisão


judicial é que é possível existir uma separação e, quando for estritamente
necessário.

Nº 7 – Adoção.

Art. 67º CRP

Nº 1 – R = Art. 68º CRP. A família é o elemento essencial da sociedade.


Centraliza a família nas preocupações da família.

Nº 2 – norma programática. Norma orientadora para o executivo, para as


políticas legislativas.

Art. 64º, nº 1 CRP – o imposto sobre o rendimento deve ter em conta a


família.

Art. 68º CRP – A paternidade e a maternidade têm todo um programa que o


governo e a AR têm de cumprir.

Art. 69º CRP – as crianças têm direito a uma proteção especial do Estado.
Esta proteção é feita em todas as formas (nº 1). Protege as crianças órfãs ou
privadas de um ambiente familiar normal (nº 2). Consagra o trabalho de
menores (nº 3).

Art. 70º CRP – a juventude. Não apresenta um conceito de jovem, mas


sabemos que se usa para distinguir a criança dos jovens adultos. No nº 2, está
presente uma norma essencialmente programática.

Art. 74º CRP – o Ensino. Concretiza as normas programáticas dos artigos


anteriores.

Quanto ao Direito Internacional, este é colhido no nosso Direito Interno,


essencialmente, pelo art. 8º da CRP.

No Direito Interno Comum

O Direito Penal é um direito de ultima ratio porque as crianças são


especialmente vulneráveis.

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Art. 69º-C do CPenal R = Art. 164º a 176º-A do CPenal  quando a vítima seja
menor existe a proibição de confiança de menor (tutela, adoção, etc.). inibição
do exercício das Responsabilidades Parentais.

No Código Penal – arts. 152º/152º-A/171º e ss/249º/250º/296º.

O Direito Civil protege a criança atribuindo-lhe incapacidade de exercício. Não


tem um caracter de castigo ou punição, mas sim a proteção das crianças.

A personalidade jurídica adquire-se com o nascimento completo e com vida –


Art. 123º CC.

122º CC – quem é menor.

Art. 127º CC – atos validos praticados pelo menor.

Art. 127º, nº 1, b) do CC – mesada/ semanada/ dinheiro de bolso – são livres e


validos VS ART. 124º e ss do CC.

Onde está poder parental deve ser trocado por responsabilidades parentais.

Quando a criança nasce tem direito à Identidade Pessoal e a conviver com os


pais. O Código do Registo Civil consagra que a criança tem direito ao nome,
que é feito por assento. No seu art. 96º dispões sobre o prazo e o lugar a dar
conhecimento do nascimento. É um código adjetivo. Se não for comprovado o
nascimento, o assento não é lavrado. No artigo 105º, surge o conceito de
criança abandonada. A autoridade lavra um auto. O assento é lavrado com os
elementos estritos do auto. Em relação ao nome, é o conservador que lhe
atribui e escolhe os nomes de uso vulgar.

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O nome da criança vem previsto no art. 1875º do CC e quem o escolhe são os


pais. Não existindo acordo é o juiz que decide.

Só se segue para mediação familiar se existir acordo.

Art. 103º e 104º do CRegCivil – a composição do nome. A alteração do nome


só é possível pela vontade do próprio ou por retificação do registo. Existe uma
lista de nomes aceites no site da IRN. O nome não pode por em causa o sexo
da criança. Existe uma limitação, no caso de irmãos não podem ter o mesmo
nome a não ser que um deles tenha morrido.

Art. 85º do CC – Domicílio do menor.

Hoje em dia, não se fala em guarda, mas sim em responsabilidades parentais.

Pelo art. 1887º do CC, a criança não pode ter a iniciativa de sair de casa; a
criança vive onde os pais viverem.

Pelo art. 32º do CC, a criança pode ser apátrida.

O poder paternal, em 2008, passou a ser designado por Responsabilidades


Parentais. Quanto à sua natureza, segundo o Prof. Miguel Raial, não integram
direitos subjetivos porque mesmo não sendo exercidos, não se perdem. Pode
ser inibido de as exercer, mas não é pelo simples decurso do tempo que perde
o poder de exercício. No caso dos direitos subjetivos, se não se exercerem por
determinado período de tempo, o direito deixa de existir na esfera jurídica. Isto
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não acontece com as responsabilidades parentais. Ao poder dos pais não


corresponde uma contraprestação por parte dos filhos. As responsabilidades
parentais são um poder de facto de exercer. Exerce no interesse dos filhos.

De acordo com Baptista Machado, são direitos de direção. O exercício é no


interesse do terceiro – filho. Não são direitos subjetivos. É um direito
determinado pela função. A definição cabe na noção geral e abstrata de direitos
subjetivos, mas têm um caracter especial – chamados de poder-dever.

Segundo Orlando de Carvalho, são verdadeiros direitos subjetivos. No caso do


tutor não se compreende esta definição.

Para Santos Justo, são direitos subjetivos. Tem a sua justificação legal no art.
1878º/1888º e 1897º do CC. Justificação no plano dos interesses. O filho deve
estar entregue aos pais. As responsabilidades também devem estar entregues
aos pais. Esta justificação vale para os progenitores mas não se consegue
encaixar no caso do tutor.

As responsabilidades parentais duram até á maioridade da criança ou até ser


emancipado pelo casamento. São irrenunciáveis – art. 1882º do CC. Os pais
não podem renunciar a este direito de convívio ou direito de visita com os
filhos.

 Síndrome da Alienação Parental

Art. 1878º do CC (anotado/comentário de Antunes Varela) – o conteúdo das


responsabilidades parentais. Deve ser exercido no interesse dos filhos.

Podem existir responsabilidades parentais, ainda antes do nascimento da


criança – art. 1884º do CC.

Art. 1884º do CC – o filho concebido fora do matrimonio. O progenitor não


pode colocá-lo no âmbito familiar sem o consentimento do seu cônjuge.

Existe o dever de os pais zelarem pelos filhos, no que diz respeito à segurança
e à saúde – vacinas, tratamentos hospitalares e restrições alimentares.

Aula 20/04/2018

Conteúdo das Responsabilidades Parentais

O sustento – refere-se ao art. 2003º do CC. Conceito de alimentos. Prover


tudo o quanto eles necessitam. Quanto ao modo, no caso de os progenitores
não viverem juntos temos o art. 2005º do CC. A cessação no art. 2013º do CC.
Ação de Alimentos – art. 1905º do CC – a pensão fixada dura até aos 25 anos.
A pensão que se mantém é de caracter pecuniário.

A educação – art. 1885º do CC – tem dois requisitos: as aptidões e as


inclinações da criança devem ser tidas em conta (o entrave – são as
possibilidades financeiras dos pais); a educação religiosa deve ser mantida até
aos 16 anos.

No caso de um filho ser mais beneficiados em relação a outro, pelo art. 2110º
do CC, estas despesas são chamadas à colação.

A representação dos filhos - art. 1881º do CC: pelo nº 1, alínea b) não têm
a administração. De acordo com o art. 1897º do CC, a administração dos bens

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dos filhos é feita de forma igual à dos pais. Esta administração cessa com a
maioridade – art. 1900º do CC. Existem certos atos cuja validade depende da
autorização do tribunal – art. 1889º do CC.

Proteção do menor no CC – art. 1890º/1892º/877º/1893º/1894º/1896º.

O exercício das Responsabilidades Parentais

O ideal para a criança era ter ambos os progenitores juntos. Art. 1901º do CC.
Art. 1911º do CC.

Art. 1902º do CC – presunção do exercício das responsabilidades parentais.

Art. 1903º do CC – impedimento para 1 ou ambos os progenitores exercerem


as responsabilidades parentais. A ordem do artigo tem de ser seguida.

Art. 1904º do CC – por morte de um dos progenitores.

Art. 1904º-A do CC – vem dar resposta aos problemas sociológicos. Se o


progenitor morrer, devem ser retiradas as responsabilidades parentais ao unido
de facto ou cônjuge (que não é progenitor dessa criança)? – a norma vem
responder a esta questão.

Art. 1909º CC – cônjuges separados de facto.

Art. 1906º do CC – o exercício em comum. Estabelece o 3º regime sucessivo de


cônjuges separados de facto. Casos da união de facto ou quando os
progenitores não são casados entre si. É um exercício conjunto das
responsabilidades parentais, em todos os casos, salvo nos casos de urgência
manifesta.

Pode-se alterar as responsabilidades parentais alegando que as visitas são


prejudiciais para a criança, pois o progenitor não segue, quando devia seguir,
as orientações do progenitor com quem a criança vive.

O art. 1918º do CC deve ser lido pelos Princípios da Lei de Proteção Tutelar da
Criança sendo que, um desses princípios é o da Intervenção Mínima.

Quando as crianças devam ser confiadas a terceira pessoa, um dos caminhos é


o Apadrinhamento Civil.

As responsabilidades parentais podem ser comprimidas legalmente e, em


último caso, segue-se pela via da Inibição. Existe a inibição de Pleno Direito
que, está consagrada no art. 1913º do CC e não é necessário nenhum tipo de
declaração; fica inibido automaticamente. Tem previsão legal da cessação no
art. 1914º do CC.

Também existe a inibição por via da Declaração – art. 1915º do CC – é por


requerimento ao tribunal e tem de preencher determinados requisitos.

A inibição pode ser total ou parcial e pode ser aplicada a ambos os progenitores
ou só a um, sobre todos os filhos ou apenas a alguns. No entanto, quando um
progenitor é inibido sobre todos os filhos atuais, também é inibido perante os
filhos futuros. Mesmo inibido, continua a dever prestação de alimentos à
criança.

Art. 1920º do CC – má administração dos bens dos filhos.

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Art. 1920º-A do CC – as providencias podem ser revistas.

Os processos relativos a crianças produzem um transito em julgado temporário;


tem um critério de revisibilidade.

A jurisdição voluntaria tem subjacente critérios de oportunidade.

Idade da Criança

Tem sempre na sua base a autodeterminação da criança.

Art. 1981º do CC – o maior de 12 anos tem de consentir na adoção.

Art. 1931º do CC – para o tutor, quando tiver completado 14 anos.

Art. 1601º do CC – aos 16 anos atinge a idade núbil.

Art. 1850º do CC – perfilhar – aos 16 anos.

Art. 1886º do CC – educação religiosa – aos 16 anos.

Art. 1957º do CC – 16 anos.

Art. 820º do CC – proteção obrigacional.

Art. 488º, nº 2 do CC – menores de 7 anos. Inversão do ónus da prova. O


ofendido é que tem de alegar e provar que a criança é imputável.

Art. 705º do CC – hipoteca legal.

Art. 1649º do CC – bens do casamento; casado com 16 anos sem autorização


dos pais.

Aula 20/04/2018

Quanto ao entendimento do conceito de responsabilidades parentais, concorda


com Baptista Machado. É um poder-dever, com características de direito
subjetivo.

Art. 128º e 1878º do CC – dever de obediência. Até onde pode ir?

Castigos Corporais

Para a criança, um castigo corporal é visto como uma pena.

Ac. Uniformização de Jurisprudência 20/11/1991 – bater a uma criança, mesmo


que não lhe cause dor, é um crime – art. 142º do CPenal.

Ac. 2006, Juiz Conselheiro João Bernardo – comentário conimbricense, Taipa


Carvalho. Ofensa à integridade física. O Ac. admite os castigos corporais. Este
acórdão fez com que Portugal fosse condenado pelo Comité dos Direitos Sociais
e levou à alteração do CPenal em 2007.

Bater nos filhos é crime, mesmo que não cause dor.

No código de Seabra, no art. 133º era permitido que os filhos fossem presos e
o tutor podia bater no tutelado. Existe a interpretação de José Dias Ferreira
quanto aos castigos moderados.

Os castigos corporais moderados surgem do comentário conimbricense.

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A Comissão dos Direitos Sociais, relacionado com os castigos corporais,


condenou, mais do que uma vez, França e Portugal por não cumprirem o art.
17º da Carta.

Legalmente, não é permitido o uso de castigos corporais; é punido.

Consequências Negativas do Uso de Castigos Corporais

 Dano físico da aplicação do castigo corporal à criança.


 Quando chega a tribunal não tem aplicabilidade.
 Risco de escalar pela noção de eficácia.
 Aumento das agressões entre as crianças. Ficam predispostas a usar a
violência.
 Fraca interiorização moral. O comportamento existe, mas longe da
visibilidade dos pais. A criança não incorpora a censura do
comportamento. Perpetuação da vitimização – adulto com tendências
abusadoras.
 Danos psicológicos e físicos, causados de forma indireta – normalmente,
levam a comportamentos delinquentes e dependentes. Baixa
autoestima, ansiedade e nervosismo.
 Tendem a não confiar e a ter medo dos pais.

Todos os castigos corporais são crime.

Art. 1887º-A do CC – direito de visita dos avós. Quem tem este direito é a
própria criança. Só se aplica a irmãos que não vivem juntos. Não é visita, mas
sim um direito ao convívio. Direito de visita é para os progenitores que não
vivem juntos.

Os avós têm direito o direito, a nível processual, de impulsionar uma ação. Têm
legitimidade para assegurar o direito da criança.

Projeto-Lei 475º-6, deu origem ao art. 1887º-A do CC.

Existe o direito autónomo da criança ao convívio e não o direito de visita dos


avós.

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