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ESTABELECIMENTO COMERCIAL
CASO N.º 7
Haverá trespasse sempre que ocorrer uma transferência inter-vivos, definitiva e unitária de
um estabelecimento comercial ou industrial.
Dispõe a lei que é permitida a transmissão por ato entre vivos da posição de arrendatário,
sem dependência da autorização do senhorio, no caso de trespasse do estabelecimento comercial ou
industrial.
O estabelecimento
O trespasse do estabelecimento não pressupõe necessariamente a transmissão do local onde
ele está instalado, bem podendo suceder que o titular de um estabelecimento, sendo dono do local,
transmita o estabelecimento sem o local, ou que não sendo dono deste, transmita o estabelecimento
sem o direito ao arrendamento do local.
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um ou mais elementos que integram o estabelecimento, desde que fique salvaguardada a sua
autonomia e funcionalidade. Assim, não haverá trespasse quando a transmissão não seja
acompanhada de transferência, em conjunto, das instalações, utensílios, mercadorias ou outros
elementos que integram o estabelecimento, não sendo forçoso que a negociação do estabelecimento
abranja todos os elementos que o compõem ou integram, basta que sejam transmitidos os elementos
que asseguram o funcionamento do estabelecimento, pelo menos os que formam o seu mínimo.
De referir que, conforme dispõe a Lei do Contrato Individual de Trabalho, a posição que dos
contratos de trabalho decorre para a entidade patronal transmite-se ao adquirente, por qualquer
título, do estabelecimento onde os trabalhadores exerçam a sua atividade, salvo se, antes da
transmissão, o contrato de trabalho houver deixado de vigorar nos termos legais, ou se tiver havido
acordo entre o transmitente e o adquirente no sentido de os trabalhadores continuarem ao serviço
daquele noutro estabelecimento. Neste último caso, o acordo entre o transmitente e o adquirente só
é oponível ao trabalhador se não lhe causar prejuízos sérios, de outro modo a possibilidade de
transferência do trabalhador fica comprometida.
Significa isto que, com a transmissão, com o trespasse neste caso, o adquirente por princípio
assume todos os direitos e obrigações emergentes dos contratos de trabalho celebrados com o
anterior empregador. Ou seja, a transmissão da relação laboral, ligada ao estabelecimento, produz-
se "ipso jure", ficando o adquirente do estabelecimento na posição do dador de trabalho sem
necessidade de anuência do trabalhador.
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Concluindo
Não haverá trespasse quando a transmissão não seja acompanhada de transferência, em
conjunto, das instalações, utensílios, mercadorias ou outros elementos que integram o
estabelecimento, não sendo forçoso que a negociação do estabelecimento abranja todos os
elementos que o compõem ou integram, basta que sejam transmitidos os elementos que asseguram o
funcionamento do estabelecimento, pelo menos os que formam o seu mínimo.
Também não haverá trespasse quando, transmitido o gozo do prédio, passe a exercer-se nele
outro ramo de comércio ou indústria ou quando, de um modo geral, lhe seja dado outro destino.
O trespasse deve constar de documento escrito, sob pena de nulidade. Desde 1 de Maio de
2000 que não é exigível escritura pública.
Convém salientar que, muito embora se tenha dito que para haver trespasse é essencial que
se transmita o estabelecimento como universalidade, tal não significa que a transmissão do ativo do
estabelecimento e a transmissão deste como universalidade sejam sinónimos, uma vez que, em
nenhuma universalidade, como tal, se dá o fenómeno de ficar obrigado a pagar o passivo quem
adquirir o ativo.
Por esse motivo, o adquirente de estabelecimento comercial ou do seu ativo não fica
obrigado pelas dívidas do estabelecimento, a não ser que, por esse ou por outro ato, assuma tal
passivo. O trespasse de um estabelecimento comercial não implica só por si a transmissão para o
trespassário da responsabilidade pelo respectivo passivo, sendo para tanto necessário o
consentimento do ou dos credores na substituição do devedor.
Quer isto dizer que, como é aceite pela doutrina em geral, se as dívidas não forem excluídas,
o transmitente continua responsável pelo seu pagamento, excepto, naturalmente, se for exonerado
pelo credor.
O trespasse deve ser comunicado ao senhorio que, no caso de trespasse por venda ou dação
em cumprimento de estabelecimento comercial, tem direito de preferência.
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Essa comunicação deverá ser realizada com uma antecedência em relação à data prevista
para a celebração do contrato de trespasse que permita ao senhorio o exercício do direito de
preferência (aplica-se o prazo geral de 15 dias art. 1038/g) do CCivil). A comunicação pode ser
judicial ou extrajudicial, verbal ou escrita, embora seja aconselhável o uso de carta registada com
aviso de recepção. O senhorio que pretenda exercer o direito de preferência deve comunicar tal
facto ao inquilino dentro do prazo de 8 dias, salvo se estiver vinculado a prazo mais curto ou o
inquilino lhe facultar prazo superior. Se o senhorio deixar correr o prazo para preferência sem se
pronunciar, tal conduz à caducidade do seu direito de preferência.
De referir que é o senhorio que tem o direito de preferência, pelo que se o proprietário não
for titular do direito de arrendamento, ou seja, se não for o senhorio, não tem direito de preferência
(por exemplo, no caso de arrendamento celebrado por usufrutuário).
Embora não seja necessária a autorização do senhorio, é indispensável que o trespasse lhe
seja comunicado no prazo de quinze dias após a sua realização. Não tendo havido comunicação do
trespasse, verbalmente ou por escrito, nos quinze dias seguintes à data da celebração do contrato,
este ato é ineficaz em relação ao locador, dando motivo ao senhorio para resolver o contrato,
excepto se tiver reconhecido o beneficiário do trespasse como tal. A ação de despejo deve ser
intentada contra o trespassante.
• Caducidade: "Quando, por força da lei ou por vontade das partes, um direito deva ser exercido
dentro de certo prazo, são aplicáveis as regras da caducidade, a menos que a lei se refira
expressamente à prescrição" - artigo 298.º, n.º 2, do Código Civil.
• Dação em cumprimento: modo de extinção de uma obrigação, pela prestação de coisa diversa da
que for devida ( cfr. artigo 837º do Código Civil).
• Responsabilidade solidária: Cada um dos devedores responde pela prestação integral e esta
libera-os a todos. O devedor que satisfizer o direito do credor além da parte que lhe competir
tem direito de regresso contra os demais (cfr. artigos 512.º e 524.º do Código Civil).
• Trespassante/trespassário: transmitente/adquirente
Referências
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• Código Civil, artigos 416.º, 417.º, 418.º, 1038.º, 1049.º e 1410.º
• Regime do Arrendamento Urbano, artigos 64.º, 111.º, 115.º e 116.º
• Decreto-Lei n.º 64-A/2000 de 22 de Abril - (Dispensa de escritura publica os contratos de
arrendamento e o trespasse)
• Código de Procedimento e Processo Tributário, artigos 82.º e 157.º
• Decreto-Lei n.º 49 408, de 24 de Novembro de 1969, artigo 37º - (Regime jurídico do contrato
individual de trabalho)
1ª questão que se coloca é saber que bem foi alienado. Foi transmitido um estabelecimento.
Aviamento é a aptidão funcional, que corresponde á soma de todos os bens, que vendido
tudo junto gera uma mais valia face ao conjunto dos bens.
Artigo 424.º
Noção e requisitos
1. No contrato com prestações recíprocas, qualquer das partes tem a faculdade de transmitir a
terceiro a sua posição contratual, desde que o outro contraente, antes ou depois da celebração do
contrato, consinta na transmissão.
2. Se o consentimento do outro contraente for anterior à cessão, esta só produz efeitos a partir da
sua notificação ou reconhecimento.
Noção:
A lei não dá nenhuma definição de trespasse;
1- O trespasse tem por objecto um estabelecimento (não tendo que ser comercial), o art.1112
CCivil, abarca também empresas não jurídico-mercantis;
2- O trespasse traduz-se numa transmissão com carácter definitivo ao contrário da locação que é
temporário, é a transmissão da propriedade do estabelecimento;
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3- O trespasse pode ser realizado através de vários negócios (compra e venda; troca; dação em
cumprimento);
4- O trespasse traduz-se em negócios necessariamente oneroso patente no direito de preferência do
senhorio ou quando estejam em causa interesses patrimoniais dos sócios;
5- É um ato de comercio objectivo;
O trespasse exige que haja um estabelecimento efetivo, que reúna todos os elementos
necessários para funcionar e que funcione em termos comerciais – artº1112º nº2 CCivil (utensílios;
mercadorias…)
Exige-se que haja uma transmissão de estabelecimento no seu todo, como uma
universalidade (inclui todos os seus elementos);
No entanto, as partes ao abrigo da autonomia privada poderão retirar os elementos que
assim entenderem desde que não descaracterizem ou que lhe retire o carácter de estabelecimento ou
que não se continue aí o comercio então aí estabelecido – art. 1112/2 al a) e b) CCivil;
No caso de ser dado outro fim ao prédio ou não continue o mesmo exercício há direito á
resolução do contrato pela via do art. 1083/2 al c). e art. 483/1, 2º parte;
O trespasse exige que com a sua transmissão sejam respeitados âmbitos de entrega:
- Âmbito mínimo: ou essencial de entrega, constituído pelos elementos sem os quais não há
trespasse; alguns elementos como a firma; marca; patente; ou o prédio (a Brasileira); a patente (a
receita dos pastéis de Belém); o know-how;
Aqui o silêncio das partes quanto aos elementos a transmitir é também acompanhado pelo silêncio
da lei isto é, se as partes nada estipularem não é a lei que irá cobrir esta falta, no entanto não se pode
esquecer que o estabelecimento é organizado por meios e elementos necessários para o exercício de
uma atividade de produção; assim o trespassante fica obrigado a entregar o complexo que o compõe
– maquinas; utensílios; patentes…
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estabelecimento independentemente da vontade das partes, como por ex: os contratos de trabalho; o
trespassário assume todos os direitos e obrigações emergentes do contrato de trabalho salvo se,
antes da transmissão, contrato de trabalho houver deixado de vigorar ou se, tiver havido acordo
entre transmitente e o adquirido;
Daqui resulta, a consequência que é defendida pelo Prof. Meneses Cordeiro, que o dono do
imóvel que preferiu o estabelecimento tem que continuar a exercer a mesma atividade presente nos
termos do contrato, pois ele esta adquirir o estabelecimento.
Isto que dizer que ele terá que ficar eternamente com o estabelecimento?
Temos que considerar qual o âmbito mínimo do estabelecimento. Saber se sem estes
elementos o estabelecimento continua a poder exercer a sua atividade. Se sim então estes elementos
não fazem parte do âmbito mínimo e estamos perante um trespasse, caso contrario não podemos
considerar que estamos perante um contrato de trespasse
Teríamos que saber que tipo de funções exerciam estes 3 funcionários. Se exerciam funções
de cozinheiros e sem os quais o restaurante não funcionaria ou se exerciam funções de simples
colaboradores, facilmente substituíveis.
Artigo 285.º
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Efeitos de transmissão de empresa ou estabelecimento
2 – O logótipo deve ser adequado a distinguir uma entidade que preste serviços ou comercialize
produtos, podendo ser utilizado, nomeadamente, em estabelecimentos, anúncios, impressos ou
correspondência.”
1 – Os registos de logótipo são transmissíveis se tal não for susceptível de induzir o consumidor em
erro ou confusão.
Ou seja,
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altura eu já destaquei o estabelecimento do logótipo e fazer uso do logótipo num estabelecimento
futuro.
Aula 16/10
Prof. Menezes Cordeiro classifica estabelecimento comercial como tendo uma esfera
jurídica de afectação. Ou património autónomo de afectação, sendo que normalmente património
autónomo só reúne um conjunto de situações jurídicas ativas, dai o Prof. Menezes Cordeiro fazer
uma classificação, do património do estabelecimento, incluindo também as dividas, criando o
conceito de esfera jurídica autónoma de afectação. Que ´dentro da esfera juridica de um
comerciante há um conjunto de situações jurídicas ativas e passivas que estão afectas ao
desenvolvimento daquela atividade comercial. São essas situações jurídicas que o beneficiário
pretende em “bolo” transmitir a outrem quando efetua o trespasse.
Coisas corpóreas implicam um direito real sobre a coisa. Se se tratar de um bem que eu
sou locatário eu posso Ceder a minha Posição Contratual.
Quando se diz na questão que o direito ao nome Caravela Azul fica excluído, estamos a considerar
o nome como um logótipo.
Firma Denominação: é composto por algum elemento de fantasia que identifica parte da atividade.
A sociedade caravela azul seria uma firma, mas quando ele reserva o nome do estabelecimento, por
isso aqui enquadrar-se –ia no conceito de logótipo. Se o nome Caravela Azul disse-se respeito á
Firma, a Firma seria a Firma da Sociedade Comercial, na medida em que o que ele esta a alienar
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não é a Sociedade Comercial, nem ações da Sociedade Comercial, mas sim o próprio
estabelecimento, significa que ele ficaria sempre titular da Sociedade Comercial (esta continuaria a
existir) e nos termos do Principio da Novidade, não poderiam os adquirentes ficar com uma Firma
idêntica à deles, pois já há uma firma previamente registada, logo não precisaria excluir do contrato
o uso desta Firma. O que esta em causa é designação de estabelecimento que entra com o conceito
de Logótipo, art. 304 A do Registo da Propriedade Industria (art. 33/1 CRPC)
Firma designa sociedade comercial, art. 37, comerciante individual, art. 38...identifica sujeitos.
Neste caso o que confunde é a sociedade ter o mesmo nome do estabelecimento (art. 44/4
CRPC)
Nota: só pode usar o logótipo se o seu uso não fizer concorrência ao novo estabelecimento.
Aula 21/10
No mesmo dia, a sociedade Caravela Azul, Lda. alienou o direito a usar o nome
“Caravela Azul” a uma sociedade suíça que explora restaurantes nas marinas de Cascais e
Vilamoura.
O negócio corria bem a Bento e Carlos quando, já em Outubro, foram surpreendidos
com um facto insólito: a sociedade Caravela Azul, Lda. tinha adquirido um espaço comercial
no lado fronteiro à mesma rua do Chiado no qual acaba de abrir um novo restaurante,
denominado “Amigos Para Sempre”.
Art. 1112/a) não precisa da autorização do senhorio, o 1112/3 deveria ser comunicado ao
senhorio, segundo o art. 1112/4 o senhorio poderá exercer o seu direito de preferência.
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O facto do negocio de transmissão ter caris unitário não quer dizer que m função das
relações jurídicas em causa não tenham que cumprir as normas especificas para essa transmissão.
No caso dos trabalhadores é uma norma especifica, em que a cessão do estabelecimento implica a
cessão da posição contratual dos contratos de trabalho sem a necessidade de consultar os
trabalhadores, há assim uma derrogação do regime do art. 424 do CCivil. O mesmo vale para a
questão do arrendamento.
Nos demais casos tem que pedir o consentimento aos contratado sob pena de não se
considerara valida a transmissão (EDP, CTT, EPAL). Se ele disser que o comprador assumiu a
divida, pelo 424 do CCivil, até ao consentimento o devedor original continua a ser devedor,
respondendo solidariamente pela divida.
A sociedade Caravela Azul transmitiu uma posição contratual, que inclui em cláusula no
contrato, que as dividas referentes ás rendas em atraso, são de sua responsabilidade. No art. 1112
CCivil depreende-se que o Bento e o Carlos adquiriram todo o estabelecimento incluindo as
dividias.
Não há assunção de divida porque é a sociedade que continua a dever ao senhorio. Num
contrato de prestação continuada e num contrato de locação há obrigações reciprocas de parte a
parte.
O que é transmitido através do art. 1112 do CCivil é a declaração obrigacional complexa,
que não requere a autorização do senhorio. Por isso as dividas transmitem-se. As dividas devem
acompanhar os ativos, porque se houver incumprimento é necessário que com o produto desses
bens sejam pagos os credores, dai que, da perspectiva do senhorio, a única garantia que tem para
que lhe paguem as rendas é poder despejar o inclino.
Se as dividas pertencem ao anterior locatário, que agora já não lhe é nada, temos que
perceber a posição do senhorio que ao ir cobrar as rendas ao novo locatário e o novo arrendatário
diz para ele as ir solicitar ao anterior locatário, fazendo menção à cláusula prevista no contrato, só
resta ao senhorio ameaçar o antigo locatário que ou ele paga ou ele fecha a loja, claro que, o
mesmo, vai responder que não tem nada a ver com isso porque já transmitiu o negocio a um
terceiro e tendo o dinheiro no bolso esta-se nas tintas para que o senhorio feche a loja.
Em ultima analise se o senhorio for solicitar a renda em atraso aos novos arrendatários, estes
veem pedir direito de regresso aos antigos arrendatários (questão interna).
Distinguir os efeitos inter-partes ou em relação a terceiros. Ou seja para o Prof. Menezes
Cordeiro existem dois tipos de efeitos, o efeito interno e o efeito externo. No efeito interno o
Bento e o Carlos teriam que pagar a divida e no efeito externo só não teriam se o senhorio disse que
não teriam de pagar as divida (dar consentimento do senhorio).
Daqui, quanto muito, poderia retirar-se que, da comunicação ao senhorio dá-se uma
cumulação de responsabilidades, ou seja, na medida em que a cláusula contratual fosse
comunicada ao senhorio poderia ser interpretada (Prof. Tem duvidas) o trespassante ficaria
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solidariamente responsável com o trespassário pelas dividas com o senhorio, somando a
responsabilidade da Sociedade à dos atuais arrendatários (solidariedade passiva, art. 1100 CCom).
A responsabilização do novo arrendatário pressupõe a autorização do senhorio. (art.
1112 CCivil, pois a posição contratual dá-se com os ativos e passivos)
3 – É válida a alienação do direito a usar o nome “Caravela Azul” à sociedade suíça que
explora restaurantes nas marinas de Cascais e Vilamoura? E a alienação da firma “Caravela
Azul, Lda.”?
A Caravela Azul faz uma transmissão do estabelecimento com reserva de utilizarem o nome
em estabelecimento futuro.
Não. Tem que haver um ato prévio de destaque, que se faz com a alienação do
estabelecimento e reserva do nome. (pode ser para oral de melhoria). O que resulta do teor literal
do art. 304P/2 e 3 do CRPC é que só se pode transmitir o logótipo depois de transmitir o
estabelecimento e ter reservado para mim, nessa mesma transmissão, o uso do logótipo.
Neste caso a Caravela Azul vendeu a Firma a uma sociedade Suíça. Segundo o Principio da
Novidade, não podemos ter uma firma que possa ser confundível com uma Firma existente, art.
33/1 CRPC.
Se eu tivesse uma empresa em que a firma fosse XPTO e quisesse abrir uma outra com
a Firma XPTO1, XPTO2, XPTO3 poderia?
Sim, art. 33/4 CRPC. Primeiro tem que ser autorizada pelo titular da Firma. Podemos ter
derrogações ao Principio da Novidade desde que o titular da Firma autorize. O direito é de quem
fez o primeiro registo. Neste caso não há uma dissociação da Firma ao estabelecimento ele pode
vender a Firma a quem quiser.
Aula 23/10
Aqui temos várias posições na doutrina, mas a maioria entende não obstante a existência
de uma previsão legal específica, que existe uma obrigação de não concorrência. A dúvida está
em saber qual é o fundamento jurídico dessa obrigação de não concorrência, há quem de uma
forma mais concreta, que não faz parte do regime da alienação da compra e venda máxima, portanto
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quem vende não pode ir tirar um bocado daquilo que lhe deu, isto é uma imagem tosca da situação.
Ou seja, o trespassante não pode vir apossar‐ se do bem, não em termos materiais, mas
das potencialidades do bem, designadamente abrindo outro estabelecimento em termos de
localização designadamente que retirem a especificidade do bem alienado.
Agora a questão está em saber quais são os limites aplicáveis. Para já quem está sujeito a
uma obrigação de não concorrência. Eu diria que está o trespassante, mas também um ciclo de
pessoas que em concreto envolvem o trespassante e que ele controle de forma indireta ou direta.
Portanto, designadamente os conjugue, descendentes, até trabalhadores qualificados, também
sociedades que sejam constituídas por alguma dessas pessoas. Aponta‐ se para 2‐ 3 anos para que
a exploração do estabelecimento possa singrar.
O Prof. Menezes Cordeiro diz que estamos perante uma cláusula de não concorrência, em
que dentro das potencialidades do bem está o aviamento e a clientela, não podendo o locador retirar
riqueza ao bem alienado. Está ainda sujeita a esta norma, o circulo de pessoas como descendentes,
trabalhadores qualificados, cônjuges, sociedades de trabalhadores, por um limite de 2 a 3 anos,
prazo durante o qual o estabelecimento tem hipótese de vingar. E dentro de certos limites espaciais.
O trespasse implica o dever de não concorrência (durante certo tempo e num espaço não
iniciar atividade similar á exercida no estabelecimento trespassado), face ao trespassário, caso este
não seja pactuado, poderá exigir-se esta através do princípio da Boa Fé (principio da lealdade,
usos do comercio…); a violação de não concorrência pode levar a cessão de concorrência indevida,
indemnização ao lesado, reconstituindo a situação que existiria sem a violação; sanção pecuniária
compulsória art. 829 A CCivil; resolver o contrato de trespasse art. 801 CCivil ou intentar uma
ação de incumprimento;
Além do trespassante outras pessoas podem ficar sujeitas a obrigação implícita de não concorrência,
é o caso por ex. do cônjuge do trespassante, filhos quando com ele tenham colaborado na
exploração da empresa transmitida;
No caso em que o trespassante é uma sociedade, alguns sócios também ficaram sujeitos á obrigação
de não com concorrência, essencialmente aqueles que tenham conhecimento relativamente á
empresa trespassada;
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Prof. Coutinho de Abreu refere que a cláusula de não concorrência tem vários argumentos:
- Principio de Boa Fé (Igual ao Prof. Menezes Cordeiro)
- Principio da Equidade
- Usos de Comercio
- Concorrencial Leal
- Dever do alienante assegurar o gozo da coisa alienada
Nos limites temporais, refere que são necessários pelo menos 3 anos, até o alienante abrir novo
estabelecimento concorrencial, caso a abertura deste, implique concorrência na clientela do
estabelecimento alienado. Isto é feito por analogia ás cláusulas não concorrência.
Aula 28/10
Sim, o contrato entre a Caravela Azul, o B e o C nas relações externas com os fornecedores
trata-se de uma Cessão da Posição Contratual, art. 424 do CC. Esta é a regra geral, mas há
desvios. O caso do arrendatário, art. 1112 CC, no caso dos trabalhadores, art. 285 do CT, etc.
Mas, fora dos casos especialmente previstos na lei, funcionam as regras gerais. É necessário saber
essas regras, para se saber quais as regras que são aplicadas nos contratos com terceiros. O Sr. Do
talho só fica vinculado ao contrato de fornecimento da carne se consentir na Cessão da Posição
Contratual, caso contrario esta Cessão não é oponível a terceiros.
Imaginemos que para fugir à situação de não ter que pedir autorização aos
fornecedores, eu vendo as ações da sociedade?
O que esta em causa é saber s, pela transmissão das cotas da sociedade, houve ou não houve
um abuso da personalidade jurídica da sociedade. O negocio que as partes pretendem é o trespasse e
através da transmissão das cotas, fugindo à aplicação das regras do trespasse. Poderão os
interessados no trespasse suscitar a questão, perante o tribunal, de que se trata de um ato
formalmente correto mas materialmente abusivo, com isto o que se pretendeu foi por exemplo não
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aplicar a disposição de preferência do senhorio, presente no art. 1112 CC, exercer o direito de
preferência.
O Prof. Menezes Cordeiro refere que, exatamente para evitar ter que falar com todos os
fornecedores. A transmissão das cotas permite uma segurança jurídica associada ao facto que se
mantem o estabelecimento inalterado na esfera jurídica da sociedade. Mas temos que verificar se o
ato foi abusivo ou não, em cada caso concreto.
Concluindo:
CASO N.º 8
Um contrato de locação é aquele contrato pelo qual uma das partes (locador) se obriga a
ceder à outra (locatário), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível,
mediante certa retribuição.
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A cedência do gozo de uma coisa apresenta-se, assim, com uma certa continuidade,
principalmente limitando-se a possibilidade de o locador reaver o bem, o que levaria a admitir
alguma semelhança entre a posição do locatário e a de outros titulares de direitos reais de gozo,
como o uso e habitação ou o usufruto. Além disso, o gozo atribuído ao locatário confere-lhe um
poder sobre coisa corpórea, consubstanciado no seu uso e, eventualmente, fruição. Acresce que, e
do ponto de vista da qualificação é este o aspecto mais relevante, ao locatário é conferido um
direito de gozo inerente a uma coisa, oponível erga omnes, tendo sido consagrado no ordenamento
jurídico português o princípio emptio non tollit locatum (art. 1057° CC) e atribuídas ações
possessórias ao locatário (art. 1037°, n° 2 CC)3.
Quando o contrato for celebrado por tempo certo, na falta de regime convencionado para a
denuncia, aplica-se o disposto no art. 1098/2 CCivil, (denuncia do locatário, o locador não tem
esse direito),
excepto se o prazo for de 5 anos, o locatário poderá denunciar o contrato com antecedência
não inferior a 1 ano- art. 1110/2 CCivil;
O contrato de locação caducara findo o prazo do art. 1051 al. a) CCivil, com possibilidade
de as partes preverem a prorrogação do contrato;
O art. 1111 CCivil não se aplica visto que estão aí em causa relações entre senhorio e
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arrendatário a locação não ser um arrendamento de prédios;
Para além do art. 1112/3 CCivil também se aplica o nº2 do mesmo artigo, com algumas
adaptações assim: não há locação de estabelecimento se não forem incluídos no negocio os
elementos mínimos da empresa(al. a) , ou se houver exercício de outro ramo de comercio ou
industria (al. b), também não há locação de estabelecimento se se verificarem, pertencendo o
prédio a um terceiro, um subarrendamento, que seria ilícito sem autorização do senhorio;
Aplica-se o art. 1113 CCivil assim a locação de estabelecimento não caduca por morte do
arrendatário mas podem os sucessores renunciar á transmissão;
O penhor é uma garantia prevista no artigo 666 e SS, do código civil, o artigo 669 do C.
Civil, diz-nos que o penhor só produz os seus efeitos pela entrega da coisa empenhada. Portanto
com base nesta norma a doutrina civilista, diz que o requisito fundamental do penhor de coisa, é o
chamado desapossamento, porque tem que haver entrega da coisa empenhada.
No penhor mercantil, o artigo 398 do C. Comercial, existe uma situação diversa desta,
porque a entrega da coisa neste caso, pode ser dispensada através de uma entrega meramente
simbólica, portanto este requisito do desapossamento não se verifica quando estamos no domínio
mercantil. Se pensarmos no estabelecimento comercial, percebemos que é difícil dizer que, tem que
ser requisito da constituição de penhor, sobre estabelecimento comercial, o desapossamento. No
caso, através de Locação Daniel adquiriu o estabelecimento comercial e, precisou de dinheiro,
celebrou um contrato mútuo com Francisco, mas este precisa de garantias, as garantias que Daniel
pode dar é o próprio estabelecimento, com as suas máquinas, seus objetos, ou seja, não faria
sentido nenhum fazer obras e depois haver desapossamento, ou seja, para constituir esta garantia
de ter que se entregar o estabelecimento ao Mutuante. O Prof. Menezes Cordeiro, explica bem isto
quando diz que não há uma dogmática própria para o estabelecimento comercial. O que existe é
uma esfera jurídica afeta ao comercio, portanto não há necessidade de ver se há uma
universalidade ao direito, se é uma coisa, ou um bem, é uma realidade atípica. A quem diga
também Prof. Orlando Carvalho, que é um bem corpóreo sugeneris, o que interessa é que todos
concordam que é uma realidade diferenciável.
CASO N.º 9
Francisco arrendou uma loja sita na Rua do Alecrim por € 500,00. Fez obras e montou
uma pastelaria com todo o equipamento necessário, pronta a funcionar. Acordou de seguida
com Gustavo que este passaria a explorar a pastelaria e que, em troca, lhe pagaria a quantia
mensal de €3.500,00. Gustavo contratou trabalhadores, fornecedores, etc. e dois meses depois
iniciou a exploração do estabelecimento.
No dia da inauguração, o senhorio foi tomar café à nova pastelaria e deu-se conta que,
afinal, quem explorava a pastelaria era Gustavo e não Francisco.
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Dias depois, Gustavo recebeu uma carta com o seguinte teor: “Informa-se V.Exa. que o
presente subarrendamento não foi autorizado pelo senhorio e que, ainda que houvesse sido, o
valor da sublocação excede o disposto no art.1062.º do CC.”.
Quid Juris?
1 resolução: Ou bem que se confirma que há um estabelecimento, então podemos dizer que
há uma locação de um estabelecimento, aplica-se o art. 1109/2 CC, porque é um regime especial
face ao regime geral de regras de subarrendamento, derroga as regras do subarrendamento. Ao
contrario do que diz o senhorio, não era necessário a sua autorização, panas a comunicação do
facto, art. 1062 CC.
2 resolução: Se, pelo contrario, considerar-mos que não há estabelecimento, não havendo
locação de estabelecimento aplicam.se as regras do subarrendamento e aqui aplicam.se, tal como
exigido pelo senhorio as regras do art. 1062 CC.
CASO N.º 10
António, conhecido designer, decidiu, em 2005, iniciar-se na concepção e venda de vestuário,
celebrando com Bernardo, por escrito, um contrato nos termos do qual este se obrigava a
promover, durante três anos, a venda das excêntricas roupas desenhadas e produzidas por António
na região de Lisboa. Ficou estipulado que Bernardo teria direito a 6% das facturas das vendas que
promovesse, obrigando-se António a não contratar outros agentes. Ainda nos termos do contrato,
Bernardo assegurava, ele próprio, o cumprimento das obrigações dos clientes por si angariados
caso estes não pagassem os valores devidos.
1. Qualifique o contrato e analise a validade das respectivas cláusulas.
2. Pode António denunciar o contrato em 2009, sabendo que este nunca deixou de ser executado?
Se sim, em que termos?
3. Perante o sucesso do negócio, António contrata um concessionário para vender as suas roupas
na região de Lisboa. Bernardo pretende, por isso, pôr termo ao contrato, exigindo-lhe, além de
uma indemnização pelos danos causados, uma indemnização pela clientela angariada, pois
“António não podia ficar a lucrar com o seu extraordinário trabalho”. Quid juris?
4. Logo em 2006, Bernardo contrata Carlos como subagente. Este, de imediato, começa a
celebrar contratos em nome de António, entregando cartões comerciais de António, que ia
fechando os olhos à situação: “enquanto recebesse os créditos cobrados – dizia ele –, não havia
problema”. Até que um dia Carlos gastou no casino Lisboa todo o dinheiro cobrado por um
grande fornecimento. António dirige-se então ao cliente, exigindo-lhe novamente o
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cumprimento: este recusa-se a pagar, profundamente indignado, tanto mais que Carlos sempre
cobrara os valores por ele devidos, sem que António levantasse qualquer problema. Quid juris?
CASO N.º 11
A sociedade Alibabá, Lda. celebrou com a sociedade Biribiri, S.A. um denominado
“contrato de distribuição exclusiva”, por um período de cinco anos, nos termos do qual a
Alibabá, Lda. fornecia à sociedade Biribiri, S.A, em termos exclusivos, determinada quota de
automóveis, que esta se obrigava a vender no território nacional ao preço definido pela primeira,
obrigando-se ainda a prestar assistência técnica aos clientes, para além de se sujeitar à
fiscalização da sociedade Alibabá, Lda. Todavia, o acordo nunca chegou a ser reduzido a
escrito. (i) Admita que a sociedade Alibabá, Lda., ao terceiro ano, celebrou um contrato de
agência com C, também para o território nacional. Quid juris? (ii) Admita que a sociedade
Alibabá, Lda. denunciou o contrato ao terceiro ano. Quid juris?
CASO N.º 12
Há mais de dez anos, Jerónimo, ainda estudante de medicina chinesa, casado com Joana,
celebrou com a conhecida sociedade inglesa Oriental Therapy Ltd. um contrato nos termos do qual
este abriria o primeiro centro de medicina tradicional oriental em Lisboa, num prédio que Jerónimo
arrendara em Picoas. O centro obedeceria à imagem e ao modelo de sucesso desenvolvido por
aquela empresa no Reino Unido. Para além do direito de entrada a pagar no momento da celebração
do contrato, Jerónimo vinculou-se ao pagamento mensal de 5% dos lucros decorrentes da
exploração do centro. Apesar das dificuldades iniciais, graças ao extraordinário esforço e prestígio
de Jerónimo, o sucesso do Reino Unido repetiu-se em Portugal e o centro passou a obter lucros
significativos.
Recentemente, com os lucros obtidos, Jerónimo decide fazer uma viagem à volta do mundo
e, com o consentimento da sociedade inglesa, vende o centro a Luís. Pouco tempo depois,
Jerónimo vem exigir da sociedade inglesa uma indemnização pela clientela que ele próprio
angariara e de que esta continuava a beneficiar por Luís continuar a pagar 5% dos lucros. Furiosos
com a situação, os administradores da Oriental Therapy Ltd. decidem terminar negócio em
Portugal: ainda não tinham decorrido três meses sobre a aquisição do negócio por Luís, enviam-lhe
uma carta pondo termo ao contrato. Luís, que fizera um avultadíssimo investimento na loja, fica
indignado e entende que o contrato não pode terminar daquela maneira.
1. Jerónimo não paga o direito de entrada. Pode o credor nomear à penhora os bens comuns do
casal?
2. Jerónimo tem direito à indemnização de clientela?
3. Luís tem razão?
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