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NO S P O D E M E N S I NA R S O B R E
A A RT E D E B E M V I V E R
MICHAEL PUETT
CHRISTINE GROSS-LOH
The Path
What Chinese Philosophers Can
Teach Us About the Good Life
Traduzido do inglês
por Margarida Periquito
Conteúdos
Prefácio :: 13
Introdução :: 19
1 A Era da Resignação :: 23
2 A Era da Filosofia :: 33
3 Das Relações: Confúcio e os Rituais «Como Se» :: 41
4 Das Decisões: Mêncio e o Mundo Inconstante :: 71
5 Da Influência: Lao-Tsé e a Criação de Mundos :: 101
6 Da Vitalidade: O Inward Training
e Ser Como um Espírito :: 129
7 Da Espontaneidade: Zhuangzi e um Mundo de
Transformações :: 149
8 Da Humanidade: Xunzi e Padronizar o Mundo :: 169
9 A Era da Possibilidade :: 187
Agradecimentos :: 203
Fontes e Leituras Complementares :: 205
Prefácio
CHRISTINE GROSSLOH
Prefácio
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se repercutem neles próprios e em quem os rodeia. Como foi dito
por um aluno, «o Professor Puett abriu as portas a uma forma
diferente de interagir com o mundo que me rodeia, de processar
os meus sentimentos, de estabelecer comigo próprio, e com os
outros, uma sensação de calma que antes nunca sentira.»
Estes jovens brilhantes, vocacionados para serem futuros
líderes, fosse qual fosse a carreira que seguissem, disseram-me que
essas ideias mudaram o seu modo de abordar as principais deci-
sões da vida e a sua própria trajetória. Quer decidissem ir para
Gestão Financeira ou para Antropologia, Direito ou Medicina,
tais ideias apetrechavam-nos com ferramentas diferentes e uma
visão diferente do mundo, em relação àquelas com que haviam
crescido, abrindo uma nova janela para o objetivo de vida e as suas
infinitas possibilidades. Um estudante disse-me: «É muito fácil
termos a convicção de estar a construir algo com vista a um obje-
tivo supremo e a subir um escadote para alcançar algum sonho,
seja ele uma determinada posição ou um determinado lugar na
vida. Mas esta mensagem é de facto poderosa, ou seja, se vivermos
a nossa vida de forma diferente, podemos estar recetivos a cir-
cunstâncias que nunca imaginámos sequer que eram possíveis.»
E não são apenas os textos filosóficos que influenciam estes
estudantes. O próprio Michael é uma inspiração. Ele é conhecido
pela generosidade, humildade e dedicação com que ajuda os seus
alunos a progredir. Características essas que são o resultado de
décadas de concentração no pensamento chinês. «Ele personifica
completamente essas doutrinas», afirmou um estudante.
O que é que existe nessas filosofias para terem semelhante
impacto naqueles que as estudam? Nenhuma destas ideias tem
a ver com a aprender a «aceitarmo-nos», a «encontrarmo-nos»,
nem implica seguir uma série de instruções para alcançar um
objetivo claro. Na realidade, são a perfeita antítese desse tipo de
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O Caminho
da Vida
Introdução
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pensamento atual é o legado desses primitivos modos de ver dos
protestantes.
Hoje em dia, acreditamos que cada pessoa devia ser um indi-
víduo singular que se conhece a si próprio. Cremos que devíamos
ser autênticos, leais a uma verdade que hoje tendemos para situar,
não numa divindade superior, mas dentro de nós. Esforçamo-nos
para agir de acordo com o «eu» que tencionámos ser.
Mas e se essas ideias, que nós julgamos que enriquecem as
nossas vidas, na realidade nos estão a limitar?
Muitas vezes associamos a filosofia a ideias abstratas ou,
mesmo, sem qualquer préstimo. Mas a força dos pensadores de
que este livro fala reside no facto de eles muitas vezes exemplifica-
rem os seus ensinamentos através de aspetos concretos e comuns
da vida diária. Estavam convencidos de que é a esse nível do quo-
tidiano que ocorrem as maiores mudanças e que uma vida plena
tem início.
Ao pesquisarmos esses pensadores, temos a esperança de que
o leitor permita que eles desafiem algumas das suas convicções
mais arreigadas. Algumas das ideias que manifestam podem fazer
sentido de forma intuitiva; outras, não. Não esperamos necessa-
riamente que o leitor esteja de acordo com tudo o que lê. Mas o
próprio confronto com ideias tão diferentes das nossas permite-
-nos reconhecer que as nossas convicções acerca de um bom
modo de viver são apenas uma entre muitas. E, depois de reco-
nhecermos isso, não é possível que voltemos à nossa velha vida
inalterados.
A Era da Resignação
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dominam são as únicas que incentivam as pessoas a determinar
as suas vidas; ou seja, que as ideias atuais são as únicas corretas.
O facto é que tem havido uma vasta gama de opiniões sobre
a forma como os seres humanos podem construir a vida a seu
modo. Ao reconhecermos isso, podemos ver o «moderno» como
ele realmente é: uma narrativa entre muitas, construída a partir
de um tempo e de um lugar específicos. Um mundo inteiro de
pensamento fica assim ao nosso dispor, um mundo que desafia
alguns dos mitos mais cultivados.
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O que estamos a analisar aqui não deve ser interpretado
como pontos de vista «chineses» em oposição a pontos de vista
«ocidentais», nem como ideias tradicionais em oposição a ideias
modernas. À medida que formos explorando estes conceitos, vere-
mos que as pessoas começaram a discutir qual a melhor forma de
organizar o mundo muito antes da era moderna e, também, que
existem verdadeiras alternativas de pensamento sobre o modo de
viver bem.
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dessa maneira, todos os encontros e experiências proporcionam
uma possibilidade de criar conscientemente um mundo novo e
melhor.
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