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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Filosofia e Ciências Humanas


Curso de História
Disciplina: LSB7904-07326 - Língua Brasileira de Sinais I
Professor: Letícia Fernandes
Aluna: Caroline Bernardi

Análise de Livros
GESSER, Audrei. “Libras? Que língua é essa?” e STROBEL, Karin. “As
imagens do outro sobre a cultura surda”

Apesar de, desde 2002, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) ser, junto
com o português, uma das línguas oficiais do Brasil, ainda é pouco conhecida
pela comunidade ouvinte e cercada de preconceitos. Não é nenhuma surpresa,
pois sua história é marcada pela repressão, proibições e pela resistência, uma
vez que o povo surdo precisou lutar para ter seu direito a comunicação
garantido. E mesmo com essa garantia ainda encontra dificuldades de
sobreviver numa sociedade majoritariamente ouvinte que não está preparada –
e nem parece preocupada em estar – para a inclusão do surdo.
Mas o que é a Libras e qual sua importância? E principalmente, qual sua
importância para o ensino de crianças surdas? É o que vamos discutir no
seguinte trabalho através dos livros Libras? Que Língua é Essa?, de Audrei
Gesser (ouvinte), e As Imagens do Outro Sobre a Cultura Surda, de Karin
Strobel (surda).
Libras? Que Língua é Essa? é uma obra muito interessente, que tem
como objetivo quebrar muitos dos preconceitos que cercam a Libras, os surdos
e a surdez. Em apenas três capítulos a autora responde de forma direta
diversas dúvidas sobre esse universo tão desconhecido, e muitas vezes
ignorado, pelos ouvintes. Entre os principais pontos de seu livro estão a
reafirmação da Libras como uma língua natural, composta de diversos níveis
linguisticos como fonologia, morfologia, sintaxe e semântica, e, diferente da
crença do senso comum, não é limitada ou simplificada, muito menos uma
versão sinalizada da língua portuguesa, uma vez que tem suas raízes na
Língua Francesa de Sinais.Também trás ao leitor uma visão diferente da
comunidade surda, como pessoas que tem uma forma diferente de ver, e ouvir,
o mundo e não como deficientes auditivos, se afastando do discurso médico.
Vale lembrar que o livro foi escrito a partir do ponto de vista de uma ouvinte.
Já o livro de Strobel é uma narrativa da história do povo surdo escrita por
uma autora surda, que em diversos momento trás exemplos de sua própria
vida ao relatar a relação entre o surdo e uma sociedade ouvinte que não
disponibiliza assebilidade a ele. A autora trás os conceitos de povo surdo,
comunidade surda e cultura surda, sensibilizando o leitor a perceber a luta por
direitos da população surda como um movimento social, assim como o
movimento negro ou o feminismo, contra a discriminação e a exclusão do
surdo. Também destaca como muitas das formas de inclusão da população
surda na sociedade ouvinte são práticas veladas de exclusão, onde o surdo é
obrigado a se adaptar, oralizando-se ou procurando curas para a sua surdez
por exemplo, para fazer parte de um mundo considerado normal.
Mas um ponto forte que ambos os livros trazem é a importância da Libras
para o ensino de crianças surdas. Pois a língua materna do surdo é a língua de
sinais, e a oralização do mesmo só acontece através de exercícios repetitivos e
cansativos. Sendo assim, o contato com a língua de sinais é extremamente
importante para a criança surda, e sua falta pode causar atrasos na habilidade
linguistica da criança assim como grande dificuldade de se comunicar com
aqueles ao seu redor. A língua de sinais possibilita ao surdo uma interação
muito mais abrangente com o mundo do que as línguas orais, estas sim se
tornam limitadoras para ele.
O que nos leva a questão de como o ensino formal/ouvinte lida com
alunos surdos. No Brasil é garantido por lei que haja um interprete de Libras
em sala de aula, mas isso não significa que todas as dificuldades de
assebilidade do aluno surdo estejam resolvidas. Uma vez que é necessário que
o aluno preste atenção ao interprete durante todo o período da aula, não
podendo copiar o conteúdo escrito no quadro pelo professor, ou ler os slides
que pode ser passados em aula, o que torna dificil acompanhar o conteúdo e
dificulta seu desempenho. É comum, também, que o professor não saiba
Libras, o que impede que o aluno tire dúvidas, obrigando o a estudar por conta
própria sem mesmo ter anotações sobre a aula. Tal situação pode criar no
aluno um sentimento de não-pertencimento na escola, o que leva a uma auto-
exclusão dentro da turma e até mesmo a desistência. Além de ser comum o
bullying dentro das escolas e a exclusão daqueles que são diferentes,
principalmente por parte dos adolescentes.
Como futura professora entendo que não é apenas importante aprender
a Libras, mas também necessário compreender a realidade destes alunos para
saber lidar com suas especifidades na avaliação de provas e trabalhos, e
planejar aulas que sejam acessíveis. Durante o Estágio Obrigatório em História
tive a oportunidade de ministrar aulas para duas turmas do nono ano do
Colégio de Aplicação, sendo que em uma das turmas havia uma aluna surda e
pude ver como, mesmo em uma escola que busca ser acessível a todos dentro
de uma universidade que possui o curso de graduação em Libras, ainda é
grande a exclusão do aluno surdo. Inclusive uma das práticas de inclusão da
escola era a obrigatoriedade da disciplina de Libras apenas para as turmas
com alunos surdos, o que acabava excluindo ainda mais o aluno dentro da
turma pois seus colegas não achavam justo terem uma disciplina a mais do
que as outras turmas fazendo com que o aluno surdo se sinta culpado por ser
“diferente”.
Ainda assim, foi uma experiência importante para mim, pois pude notar
como a sociedade e o próprio sistema escolar não são acessíveis a população
surda e me sensibilizou, assim como ambos os livros citados, da necessidade
de, como professora, mudar esta realidade. Seja trazendo materiais didáticos
acessíveis a todos, como por exemplo vídeos com legenda para que o aluno
surdo possa assistir o vídeo ao invés do interprete, procurar formas de fazer
com que o aluno participe das aulas e interaja com a turma, ou aprender Libras
para poder tirar dúvidas dentro e fora de sala de aula.
Tanto o livro de Gesser quanto o de Strobel são importantes para a
formação de professores mais conscientes e mais preparados para entrar em
sala de aula, buscando adaptar suas aulas e não que os alunos surdos se
adaptem a elas. O papel do professor não é normatizar seus alunos, sejam
eles surdos ou ouvintes, ricos ou pobres, negros ou brancos, homens ou
mulheres, mas sim ensinar a todos de formar igualitária, adaptando suas aulas
para melhor atender as especifidades de seus alunos, pois todos tem direito a
educação.
Bibliografia:

GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? São Paulo, Editora Parábola:
2009.

STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4ª Ed. Rev.


Florianópolis/SC: Editora da UFSC, 2016.

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