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Rita Pimenta1
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30/01/2018 A função pedagógica da retórica: a racionalidade que negocia distâncias
1 Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista “ Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).
Professora de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz
de Fora. E-mail: ritapimentar@yahoo.com.br
APRENDER - Cad. de Filosofia e Psic. da Educação Vitória da Conquista Ano IX n. 14 p. 113-129 2015
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Além disso, nem mesmo que tivéssemos a ciência mais exata nos
seria fácil persuadir com ela certos auditórios. Pois o discurso
científico é próprio do ensino, e o ensino é aqui impossível, visto
ser necessário que as provas por persuasão e os raciocínios se
formem de argumentos comuns, como já tivemos ocasião de
dizer nos Tópicos a propósito da comunicação com multidões
(ARISTÓTELES, Retórica, Livro I, 1, 1355a).
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encontram, pois,
conhecimento dostalelementos,
como em Geometria é bom ser
e, em Aritmética, versado
saber no
na ponta
do dedo a multiplicação dos dez primeiros números – o que é
muito importante também para o conhecimento dos múltiplos
dos outros números – também nos argumentos é uma grande
vantagem deter os princípios e conhecer as premissas de cor
(ARISTÓTELES, Tópicos, Livro VIII, 14, 163b).
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pelo homem bondoso, ou pela lei justa, ou por gente estudiosa enquanto
escolhe nessa qualidade” (Tópicos, Livro III, 1, 116a). Outro lugar comum
de argumentação diz que “o que tem categoria de essência é preferível
ao que não se acha neste gênero, a justiça, por exemplo, ao homem justo
porque uma é absolutamente o bem, enquanto o outro não é” (Tópicos,
Livro III, 1, 116a). Outro lugar comum: “o que mais se aproxima do bem
é melhor e preferível, isto é, o que se mostra mais semelhante ao bem, por
exemplo, a justiça, é melhor do que o homem justo” (Livro III, 2, 117b).
Encontramos nos Tópicosuma lista de lugares úteis no momento da
argumentação, mas não é só lá que Aristóteles indica esses topói, também
na Retórica os encontramos. Ao tratar do objetivo da deliberação sobre o
bom e o conveniente, diz: “Também é bom o que a maioria deseja e o que
parece digno de ser disputado; pois o que todos desejam é sem dúvida
bom, e ‘a maioria’ representa aqui ‘todos’. É também bom o que é objeto
de elogio, visto que ninguém louva o que não é bom” (Retórica, Livro I,
6, 1363a). Ainda na Retórica lemos: “Em geral: o difícil é melhor do que
o fácil, porque é raro; e, ao contrário, o fácil é melhor do que o difícil,
por ser o que desejamos” (Livro I, 7, 1364a). Eis porque Perelman e
Olbrechts-Tyteca (1996, p. 94) ficam autorizados a dizerem que os lugares
podem servir para fundamentar valores ou hierarquias, ou reforçar a
intensidade da adesão que eles suscitam.
Assim, a “retórica não encontrará teoricamente o provável para
cada indivíduo, mas sim o provável para os homens desta ou daquela
condição, e nisso se assemelha à dialética”, e que esta arte “estriba em
fatos que já estamos habituados a pôr em deliberação” (Retórica, Livro
I, 2, 1357a) porque, do contrário, as coisas serão admitidas pura e
simplesmente.
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Considerações finais
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retórica. O Estagirita
prática, relativa ao fimvia a retórica
último do serconsiderando
humano, istoduas
é, à perspectivas:
felicidade, nãouma
no sentido normativo, mas no sentido empírico e outra perspectiva, a
cognitiva, não demonstrativa, é claro, mas uma cognição que beberia na
fonte do verossímil. Além disso, reconhecia a neutralidade de valor da
retórica, diferentemente de Cícero e Quintiliano.
Não pertencendo ao domínio das proposições necessárias, isto
é, das ciências demonstrativas, a verdade na retórica está comprometida
com as proposições válidas. O domínio da retórica é aquele que contém
“exatamente as coisas sobre as quais se tem de entrar em conselho
consigo mesmo ou com os outros (I 2, 1357a2ss)” (HÖFFE, 2008, p. 61).
Na direção apontada acima, Höffe (2008, p. 61) qualifica a retórica
como uma “teoria de racionalidade da vida”, pois ao tempo em que nela
não há qualquer referência a uma anticientificidade, é possível também
ver que Aristóteles não atribuiu valor somente ao logos, mas, também ao
ethos, o caráter do orador que o torna verossímil, e ao pathos, as paixões
que este orador amplia, estimula ou minimiza nos ouvintes. As paixões
ocuparão lugares fundamentais na racionalidade retórica, amplamente
utilizada por nós professores.
Na sistematização que Aristóteles realiza acerca do campo da
retórica, vemos uma investigação sobre a relação do orador, objeto do
discurso e ouvinte, bem como dos três gêneros de discurso público:
o judiciário, o deliberativo e o epidíctico e, conhecemos também uma
análise das condições psicológicas, éticas e políticas a respeito das quais
um orador pode despertar não somente o interesse a respeito de uma dada
questão, mas, além disso, pode negociar a distância entre os indivíduos
sobre essa mesma questão, tal como nos sugere Meyer (2007). É aqui,
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argumentos de modo coerente, cuida do estilo, encontra as melhores
construções argumentativas e as figuras mais adequadas e fala com
entusiasmo, a questão que podemos fazer é: essas ações não são próprias
da retórica? Defendemos que o estudo da função pedagógica da retórica
permite ao professor explorar esta racionalidade e técnica em todas as suas
potencialidades formativas e humanas, pois “[...] aprender a arte de bem
dizer é já e também aprender a ser” (REBOUL, 2000, p. XXII).
Neste texto, propusemos recuperar a retórica em sua função
pedagógica, tomando como norteador desta função a seguinte orientação:
o que vale para produzir o discurso persuasivo, vale para sua análise,
permitindo a realização de uma crítica rigorosa dos mais diversos
discursos. Portanto, o resgate da retórica, em sua função pedagógica,
possibilita questionar os pensamentos que procuram alicerçar-se em
argumentos carregados de ideias supostamente inabaláveis.
Referências
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30/01/2018 A função pedagógica da retórica: a racionalidade que negocia distâncias
Tradutores:
Edições ASA,Fernando
1993. Trindade e Rui Alexandre Grácio. Porto (Portugal):
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