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1.4. Acredito no Deus de Spinoza: Einstein

Albert Einstein (1879-1955), físico alemão de origem judaica que dispensa apresentações[8],
quando, em 1921, perguntado pelo rabino H. Goldstein, de New York, se acreditava em Deus, 
respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o
que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”[9]. Nesta
mesma ocasião, o cardeal O’Connel, de Boston, publicou uma declaração na qual dizia que a
teoria da relatividade “encobre com um manto o horrível fantasma do ateísmo, e obscurece
especulações, produzindo uma dúvida universal sobre Deus e sua criação”[10].

Posteriormente, em uma carta escrita em Berlim a um banqueiro do Colorado, datada de 5 de


agosto de 1927, Einstein explica: “Não consigo conceber um Deus pessoal que influa
diretamente sobre as ações dos indivíduos, ou que julgue, diretamente criaturas por Ele criadas.
Não posso fazer isto apesar do fato de que a causalidade mecanicista foi, até certo ponto, posta
em dúvida pela ciência moderna. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo
espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós,  com nossa fraca e transitória
compreensão, podemos entender da realidade. A moral é da maior importância – para nós,
porém, não para Deus”[11].

No artigo Religião e Ciência, que faz parte do livro Como vejo o mundo, publicado em alemão
em 1953, Einstein escreve: “Todos podem atingir a religião em um último grau, raramente
acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica e não posso falar
dela com facilidade já que se trata de uma noção muito nova, à qual não corresponde conceito
algum de um Deus antropomórfico (…) Notam-se exemplos desta religião cósmica nos
primeiros momentos da evolução em alguns salmos de Davi ou em alguns profetas. Em grau
infinitamente mais elevado, o budismo organiza os dados do cosmos (…) Ora, os gênios
religiosos de todos os tempos se distinguiram por esta religiosidade ante o cosmos. Ela não tem
dogmas nem Deus concebido à imagem do homem, portanto nenhuma Igreja ensina a religião
cósmica. Temos também a impressão de que hereges de todos os tempos da história humana
se nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus contemporâneos muitas vezes os
tinham por  suspeitos de ateísmo, e às vezes, também, de santidade. Considerados deste ponto
de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza se assemelham
profundamente”[12].

E no artigo A religiosidade da pesquisa, no mesmo livro, Einstein defende que “o espírito


científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica”.  Para
ele a religiosidade do sábio “consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das
leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e
todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este
sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que
supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele
que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos”[13].

1.5. Deve haver um nível mais profundo de explicação do Universo: Paul Davies

Paul Davies nasceu na Inglaterra em 1946 e doutorou-se em física pelo University College de
Londres. Ocupou cargos acadêmicos nas áreas de astronomia e matemática nas Universidades
de Cambridge e Londres. Contratado como catedrático de física pela Universidade de Adelaide,
Austrália, Paul Davies desenvolveu pesquisas no campo da gravitação e da cosmologia, com
ênfase no tema dos buracos negros e do big-bang. Posteriormente foi para a Arizona State
University, USA. É autor de muitos livros sobre física, uma dezena dos quais para o público não-
especializado, além de apresentar, com frequência, programas científicos no rádio e na
televisão.

Em seu livro Deus e a nova física, publicado em inglês em 1983, diz Paul Davies: “A ciência só é
possível porque vivemos num universo ordenado, que se conforma com leis matemáticas
simples. A tarefa dos cientistas é estudar, catalogar e relatar a ordenação da natureza, não
indagar a sua origem. Mas os teólogos têm argumentado, desde há muito, que a ordem do
mundo físico é uma prova da existência de Deus. Se isso assim for, então a ciência e a religião
adquirem um objectivo comum que é revelar a obra de Deus. Na realidade tem-se afirmado que
o aparecimento da cultura científica ocidental foi efectivamente estimulada pela tradição
judaico-cristã, com sua ênfase na organização intencional do cosmos por Deus – uma
organização que poderia ser discernida pelo uso da pesquisa científica racional”[14].
Aliás, nesta direção parece caminhar Einstein quando diz que a ciência  “só pode ser criada por
quem esteja plenamente imbuído da aspiração à verdade e ao entendimento. A fonte desse
sentimento, no entanto, brota na esfera da religião. A esta se liga também a fé  na possibilidade
de que as regulações válidas para o mundo da existência sejam racionais, isto é, compreensíveis
à razão. Não posso conceber um autêntico cientista sem essa fé profunda. A situação pode ser
expressa por uma imagem: a ciência sem religião é aleijada, a religião sem ciência é cega”[15].

Paul Davies, ainda sobre a relação entre ciência e religião, se pergunta se a ciência teria
florescido na Europa medieval e renascentista  não fosse a teologia ocidental. E exemplifica
com  a China,  que produziu inovações tecnológicas antes da Europa, mas que não as levou
avante porque aos chineses faltava o conceito de um ser divino que formulara leis da natureza
que os homens podiam compreender e utilizar[16].

Por sinal, é nesta mesma obra, A mente de Deus, escrita 9 anos após Deus e a nova física, que
Paul Davies nos lembra terem surgido muitas ideias sobre física fundamental  nestes anos, tais
como a teoria das supercordas, os novos desenvolvimentos na cosmologia quântica, a pesquisa
de Stephen Hawking sobre o “tempo imaginário”, a teoria do caos e tantas outras, e acrescenta:
“Tais acontecimentos assumiram duas formas diferentes. Primeiro, um diálogo muito mais
intenso entre cientistas, filósofos e teólogos sobre o conceito de criação e temas conexos.
Segundo, uma intensificação da moda do pensamento místico e da filosofia oriental, que alguns
comentadores afirmaram estar em contato profundo e significativo com a física
fundamental”[17].

Paul Davies nos diz que, após  a publicação de Deus e a nova física, ficou assombrado com a
postura religiosa dos cientistas, que podem ser classificados em dois grupos: os religiosos e os
não-religiosos: entre os religiosos, muitos praticam uma religião tradicional e em alguns casos
mantêm os dois aspectos de sua vida, o científico e o religioso, separados, de tal modo que são
governados pela ciência durante seis dias da semana e  pela religião no domingo. Entretanto,
um pequeno grupo de cientistas se esforça para dialogar com a religião, mesmo que o
resultado seja uma visão bastante liberal da religião e uma atribuição incomum de significado
aos fenômenos físicos. E mesmo entre os não-religiosos existe “uma vaga sensação de que há
algo além da realidade superficial da experiência cotidiana, algum sentido por trás da existência.
Mesmo ateus mais empedernidos frequentemente têm o que foi chamado de sentimento de
reverência pela natureza, fascínio e respeito por sua profundidade, beleza e sutileza, algo muito
semelhante à veneração religiosa”[18].

Paul Davies procura deixar claro sua própria posição: “Como cientista profissional, confio
plenamente no método científico de investigação do mundo”. A ciência, para ele, demonstra a
todo momento ser poderosa para explicar o mundo em que vivemos, mas  o que existe de mais
atraente no método científico é  “sua intransigente honestidade”, pois, antes de ser aceita, cada
nova descoberta tem que passar por rigorosos testes aplicados pela comunidade científica, o
que possibilita a eliminação das trapaças de cientistas inescrupulosos[19].

Acrescenta o físico que prefere não acreditar em fenômenos sobrenaturais, pois parte do
princípio de que as leis da natureza são sempre obedecidas. Mas, mesmo assim, pensa que a
ciência pode não conseguir explicar tudo no universo físico, já que “resta o velho problema do
término do raciocínio explicativo”. Pois se as leis da física são tomadas como algo válido em
princípio é preciso perguntar de onde vêm essas leis. Assim “mais cedo ou mais tarde todos
temos de aceitar algo como dado, seja Deus, ou a lógica, ou  um conjunto de leis ou algum
outro fundamento para a existência. Assim, as perguntas terminais sempre estarão fora do
alcance da ciência empírica, na sua definição corrente (…) Provavelmente sempre deverá restar
algum ‘mistério no fim do universo’”[20].

Completando a definição de sua postura, Paul Davies diz que pertence àquele grupo de
cientistas que não pratica uma religião tradicional, mas que nega ser o universo apenas um
acidente sem objetivo. “Meu trabalho científico”, explica, “levou-me a acreditar, cada vez mais
intensamente, que a constituição do universo físico atesta um engenho tão assombroso que
não posso aceitá-lo apenas como fato bruto. Parece-me que deve haver um nível mais
profundo de explicação. Querer chamar esse nível mais profundo de ‘Deus’ é uma questão de
gosto e definição”[21].

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[8]. Sobre Einstein, cf. a excelente biografia escrita por PAIS, A. Sutil é o Senhor: a ciência e a vida
de Albert Einstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. 

[9]. Citado em GOLGHER, I. O universo físico e humano de Albert Einstein, Belo Horizonte: Oficina
de Livros, 1991, p. 304.

[10]. Citado em Idem, ibidem, p. 304-305.

[11]. DUKAS, H./HOFFMANN, B. (org.) Albert Einstein: o lado humano. Rápidas visões colhidas em
seus arquivos. Brasília: Editora da UnB, 1984, p. 53.

[12]. EINSTEIN, A. Como vejo o mundo. 27. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 20-21.

[13]. Idem, ibidem, p. 23-24.

[14]. DAVIES, P. Deus e a nova física. Lisboa: Edições 70, 2000, p. 157.

[15]. EINSTEIN, A. Escritos da maturidade.  3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, p. 30.

[16]. Cf. DAVIES, P. A mente de Deus: A ciência e a busca do sentido último. Rio de Janeiro:
Ediouro,  p. 75.

[17]. Idem, ibidem, p. 14. O original, The Mind of God é de 1992. Sobre a nova física e o
pensamento oriental pode ser conferido o clássico de CAPRA, F. O Tao da física: Um paralelo
entre a física moderna e o misticismo oriental. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2011 (original inglês:
1975). De Stephen Hawking devem ser lidos Uma breve história do tempo: Do big bang aos
buracos negros. 29. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2002;  Buracos negros, universos-bebês e outros
ensaios. Rio de Janeiro: Rocco, 1995 e O Universo numa Casca de Noz. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2011.

[18]. DAVIES, P. A mente de Deus, p. 15.

[19]. Idem, ibidem, p. 14.

[20]. Idem, ibidem, p. 14-15.

[21]. Idem, ibidem, p. 15-16.

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