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Investigação Criminal

Brasília-DF.
Elaboração

Luiz Henrique Horta Hargreaves

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7

UNIDADE ÚNICA
CONCEITOS......................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL – ASPECTOS
ÉTICO-LEGAIS......................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL – RECURSOS INVESTIGATIVOS.......................................................... 50

PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 59
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A investigação criminal é o conjunto de ações que tem início com a avaliação do local do crime, com
o objetivo de esclarecer a autoria, a motivação e os meios utilizados para o cometimento de um ilícito
penal. Envolve diferentes questões e habilidades, embora possa parecer fácil, em filmes policiais,
na prática revela-se como sendo um processo extremamente complexo, uma vez que possui sérias
consequências. A condenação de um inocente é tão grave quanto à absolvição de um culpado.

Há algumas diferenças no processo de investigação criminal quando fazemos uma comparação com
outros países, inclusive no que diz respeito às questões legais, o que também será apresentado nesta
disciplina.

No Capítulo 1, estudaremos os aspectos éticos e legais da investigação criminal, apresentando


particularidades da legislação brasileira, como crimes transnacionais são investigados, dentre
outros tópicos.

O Capítulo 2 está voltado para o estudo dos recursos investigativos, ou seja, como se dá o processo
da investigação propriamente dita. Desde a avaliação da cena do crime, já estudada na disciplina
anterior até a conclusão do processo.

Desejamos a todos um bom estudo!

Objetivos
»» Conceituar Investigação Criminal, dimensionando sua importância e papel na
resolução de crimes.

»» Apresentar os aspectos relevantes da Investigação Criminal na Segurança Pública


e Privada.

»» Discutir casos de problemas críticos ocorridos na área de Investigação Criminal.

»» Contextualizar a Investigação Criminal na Segurança Pública e Privada.

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CONCEITOS UNIDADE ÚNICA

CAPÍTULO 1
Investigação Criminal – Aspectos
Ético-Legais

“O homicídio é único, pois anula o prejudicado. Assim, a sociedade deve


assumir o lugar da vítima e em seu lugar exigir punição, ou garantir o perdão.”
Wystan Hugh Auden

Investigação Criminal no Brasil


O que é uma investigação?

Se formos em busca de uma definição formal, temos que:

Investigação é a “verificação de um fato por meio de informes obtidos em diversas fontes. / Indagação
pormenorizada. / Inquirição. / Pesquisa”.

Fonte: <http://www.dicionariodoaurelio.com/>

Ou seja, a investigação requer a utilização de diferentes fontes e não pode ser simplesmente o
resultado de um “achismo” ou de suposições que não foram devidamente apuradas.

A palavra investigação vem do Latim “investigationem” . Investigação é o “ato ou efeito de investigar;


inquirição; indagação; estudo ou série de estudos aprofundados sobre determinado tema, numa
área científica ou artística; pesquisa” de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa 2008 da
Porto Editora.

Assim, a investigação pode ocorrer em qualquer campo do conhecimento e nesta disciplina,


estudaremos a que é voltada para a área criminal, ou seja, para a elucidação de crimes. Os crimes
previstos no Código Penal Militar não serão objeto de estudo em nosso curso, mas é importante nos
lembrarmos que não apenas militares, mas também civis, podem ser julgados pela Justiça Militar
se , forem autores ou coautores de crimes.

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

No Brasil, o modelo investigativo na área criminal tem sido motivo de muita discussão nos últimos
anos. O Código de Processo Penal prevê a realização do inquérito policial, defendido por alguns e
criticado por outros. Os críticos alegam que este é um processo burocrático, que pode ser contestado
pelo Ministério Público, que poderia ser substituído por um relatório com as conclusões periciais
e investigativas e que acaba por retardar a ação penal. Poucos países utilizam modelo similar. Nos
Estados Unidos, por exemplo, o processo é bem mais ágil e não possui nada semelhante ao inquérito
policial.

DO INQUÉRITO POLICIAL

“Art. 4o A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no


território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das
infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei no 9.043, de 9.5.1995)

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de


autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou


a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de


convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá


recurso para o chefe de Polícia.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração


penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-
la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito.

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,


não poderá sem ela ser iniciado.

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder


a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade


policial deverá:

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada
pela Lei no 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei no 5.970, de 1973)

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; (Redação dada pela Lei no 8.862, de 28.3.1994)

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no


Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado
por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a


quaisquer outras perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se


possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,


familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de


determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública.

Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II


do Título IX deste Livro.

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas


a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver


sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará


autos ao juiz competente.

§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem


sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a


autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à


prova, acompanharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que


servir de base a uma ou outra.

Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:

I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e


julgamento dos processos;

II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;

III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;

IV - representar acerca da prisão preventiva.

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer


qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade
policial.

Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito


à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao
oferecimento da denúncia.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito
serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido
ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
mediante traslado.

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação


do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados,


a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes
a instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação dada pela Lei no
12.681, de 2012)

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho


nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a
conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será


decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese,
o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do
Brasil (Lei no 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei no 5.010,
de 30.5.1966)

Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma
circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos
inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição
de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim
providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer
fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição.

Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a


autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou
repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e
os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.”

A Constituição Federal, no artigo 144, trata da Segurança Pública, da seguinte forma:

“Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1o - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento


de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser
em lei;

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o


contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2o - A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela


União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais.

§ 3o - A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela


União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.

§ 4o - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,


ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares.

§ 5o - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem


pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§ 6o - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares


e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§ 7o - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis


pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8o - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à


proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9o A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados


neste artigo será fixada na forma do § 4o do Art. 39. “

Uma proposta de emenda constitucional chegou a ser apresentada (PEC 37/2011) visando
acrescentar ao art.144, o seguinte texto: “A apuração das infrações penais de que tratam os §§ 1o
e 4o deste artigo, incumbem privativamente às polícias federal e civis dos Estados e do Distrito
Federal, respectivamente”. Se aprovada, impediria a possibilidade de investigação de crimes por
outros órgãos e em especial pelo Ministério Público. A emenda foi rejeitada por ampla maioria em
25/06/2013, após grande número de manifestações populares contra a medida.

A previsão das Polícias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal está nos artigos 51 e 52 da
Constituição Federal:

“Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,


transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços,
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;”

(grifo nosso)

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,


transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços,
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;” (grifo nosso)

Este curso não tem por objetivo estudar o processo penal brasileiro, mas tão somente a investigação
criminal, como sendo o processo de elucidação de um crime. O foco será nos recursos e viés
investigativo e menos nos aspectos da legislação brasileira e seus pormenores, sobretudo no que
diz respeito à ação penal. Uma investigação bem feita e bem conduzida possibilita uma ação penal
adequada e com baixo risco de incertezas.

Crimes Transnacionais
Os crimes transnacionais como o próprio nome já indica, são aqueles em que há uma organização
e um envolvimento que transcende a jurisdição de um determinado país. Como exemplos, temos o
crime organizado (inclui o tráfico de pessoas, tráfico de drogas, contrabando, biopirataria, tráfico de
animais, tráfico de armas, pedofilia, dentre outros) e os grupos terroristas internacionais.

Este não é um conceito novo, uma vez que a atuação das máfias e do terrorismo com atuação em
diferentes países não é recente.

Por vezes, uma investigação de um crime aparentemente local, acaba por revelar-se como um crime
transnacional. Um caso que ficou conhecido foi o de uma mulher que foi encontrada morta com um
tiro na cabeça em um bar. Tudo indicava para um homicídio simples, com motivação que parecia ser
passional. Ela havia marcado um encontro com um suposto conhecido ou namorado e dali não saiu
viva. As investigações, contudo, mostraram que na verdade, tratava-se de um caso transnacional.
Alguns meses antes ela havia sido traficada para um país europeu, havia conseguido fugir e então foi
assassinada a mando da organização criminosa que a traficou.

Os atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos também são exemplos de crimes
transnacionais. Percebam, no entanto, que um crime transnacional não precisa ter sido cometido
por um estrangeiro. Não é a nacionalidade do criminoso que qualifica o tipo de crime como
transnacional, mas a extensão de sua organização. Ele diz respeito ao terrorismo doméstico e o
internacional. Em 2013, um atentado terrorista em Boston provocou três mortes e vários feridos.
Os suspeitos foram apontados como sendo os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, de origem
chechena. Os dois imigraram para os Estados Unidos, na condição de asilados e em 2012, Dzhokhar
tornou-se cidadão americano. O irmão dele não conseguiu naturalizar-se. Assim, sob o aspecto

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

legal, os atentados foram cometidos por um americano e um estrangeiro. O crime foi transnacional?
Até o momento, tudo indica que não. Teria sido um atentado cometido por duas pessoas que agiram
de forma independente, sem que tivessem ligadas a um grupo internacional. Com o seguimento das
investigações, contudo, pode-se chegar a outra conclusão no futuro.

Assim, é fundamental que os países possuam instrumentos para aprofundar suas investigações
e, assim, descobrir a autoria de crimes transnacionais, a extensão da rede do crime organizado
e adoção de medidas preventivas, mas também que permitam a prisão dos criminosos. Uma das
medidas utilizadas com esta finalidade é o acordo de extradição. Este instrumento é assinado entre
países, que estabelecem as condições para que seja utilizado e permite a prisão e extradição de seus
nacionais quando se encontra no país com quem há este tipo de acordo. Com frequência, contudo,
vemos casos de criminosos valendo-se de dupla cidadania que encontram abrigo em um dos países
em que é cidadão, com vistas a impedir a extradição.

A INTERPOL, com frequência retratada em filmes e novelas, como sendo uma agência policial que
possui agentes internacionais com missão de prender foragidos de outros países, não corresponde
à realidade. A INTERPOL não possui agentes próprios para realizar prisões. Não existe um presídio
da INTERPOL. Trata-se na verdade, da maior organização policial do mundo com 190 países
membros. O papel da INTERPOL é permitir a troca de informações entre as polícias dos países
membros, de tal forma a permitir que todos envolvidos possam ter ciência, além de suporte técnico
e operacional para realizar investigações e combater o crime. Quem realiza as prisões, portanto,
são os policiais de cada país. Digamos que um criminoso brasileiro está foragido. A Polícia Federal,
poderá emitir uma solicitação de alerta para a INTERPOL, que repassará a todos países membros,
de que aquele criminoso está sendo procurado e caso ele tente ingressar em um desses países,
poderá ser preso e extraditado para o país em que está sendo procurado, dependendo da existência
de tratado nesse sentido. A Secretaria Geral da Interpol está localizada em Lyon na França, e possui
sete escritórios regionais em diferentes regiões do mundo, além de um representante na ONU, em
New York e outro na União Europeia, em Bruxelas. Cada um dos países membros mantém um
Escritório Central Nacional composto por policiais nacionais, no caso do Brasil, da Polícia Federal,
devidamente treinados para o exercício de suas funções.

Figura 1 - Logomarca da Interpol

Fonte: <www.interpol.int>

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

De acordo com a página eletrônica da Interpol, a sigla ICPO vista na logo acima, é a abreviação
de ‘International Criminal Police Organization’, enquanto que “O.I.P.C.”, significa “Organisation
Internationale de Police Criminelle”. Ambas denominações podem ser traduzidas em português
como “Organização Internacional de Polícia Criminal”. As oliveiras de cada lado do globo terrestre
representam a paz, a espada simboliza a ação da polícia e as balanças, são o símbolo da justiça. A
utilização do globo terrestre deve-se à ação internacional da organização.

A INTERPOL elencou quatro prioridades estratégicas para suas ações:

1. Rede de comunicações protegida – Trata-se de uma rede internacional,


conhecida como I-24/7, que permite a troca de informações imediata, segura e
com acesso aos bancos de dados com informações essenciais e importantes a serem
transmitidas e compartilhadas entre as polícias. A rede vem sendo melhorada e
ampliada.

2. Apoio permanente (24h por dia/7 dias por semana) às forças policiais e
instituições encarregadas de cumprir a lei.

3. Capacitação – Programa voltado para a capacitação continuada de colaboradores


e policiais dos países membros de tal forma a melhorar a qualidade no trabalho e da
infraestrutura de segurança internacional.

4. Auxílio aos países membros na identificação de crimes e de criminosos


–Embora a INTERPOL não possua agentes próprios para realizar prisões, possui
especialistas em análise de inteligência e forenses que trabalham na identificação
de criminosos de tal forma a dar suporte aos países membros. A organização possui
expertise e atuação em diversas áreas e realiza as seguintes ações para os crimes
abaixo descritos:

5. Corrupção – A corrupção é um flagelo mundial que traz sérias consequências a


todos países, agravando condições sociais, sobretudo as miseráveis e dificultando o
progresso da região. Segundo estimativas do Banco Mundial (2004), anualmente
cerca de 50 a 100 milhões de dólares são perdidos em países em desenvolvimento,
em virtude da corrupção, prática infelizmente endêmica em nosso país. Há em
muitas situações, clara conexão entre a corrupção e organizações criminosas e
terroristas.

A INTERPOL possui três projetos de investigação e atuação nesta área:

- O primeiro deles diz respeito a desenvolver iniciativas e suporte às polícias


nacionais de tal forma a possibilitar o retorno de dinheiro público que tenha
sido desviado para outros países. Para este fim, determinados agentes foram
designados para realizar a troca de informações com policiais de diferentes
países de tal forma a melhor coordenação das investigações.

- A segunda estratégia é composta por Equipes de Resposta à Corrupção


(CRTs) que fornece suporte operacional aos países que solicitam ajuda, através

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

do envio de especialistas da Interpol até o local, de tal forma a colaborar nas


investigações.

- A terceira estratégia é atuar na área de esportes, com vistas a prevenir


e identificar fraudes e corrupção que comprometam os resultados das
competições esportivas. Em 2011, a INTERPOL iniciou projeto junto à FIFA
com vistas a atuar em competições e também de forma preventiva, na área
do futebol. Todas modalidades esportivas contudo estão dentro do escopo
deste projeto, com especial atenção para aquelas que envolvem importantes
investimentos e são de grande repercussão. Um dos objetivos é investir no
treinamento de tal forma a permitir que as pessoas percebam e conheçam as
estratégias mais utilizadas pelos criminosos e os meios de detecção e reação.

Para saber mais: <http://www.interpol.int/Crime-areas/Corruption/Corruption>


(inglês)

Filmes: Há muitos filmes abordando investigações em crimes de corrupção. Sugerimos os seguintes:

Enron - Os mais espertos da sala (2005)

Documentário sobre um dos maiores escândalos acontecido no


mundo corporativo norte-americano. Os executivos da sétima
maior companhia dos EUA fugiram com bilhões de dólares,
deixando investidores e empregados sem um tostão. O filme
mostra documentos e gravações reveladoras sobre o escândalo,
mostrando a diferença absurda da hierarquia na empresa em
questão, a Enron.

Fonte: <http://www.interfilmes.com/filme_16173_enron.os.mais.
espertos.da.sala.html>

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Tropa de Elite 2

Nascimento (Wagner Moura), agora coronel, foi


afastado do BOPE por conta de uma mal sucedida
operação. Desta forma, ele vai parar na inteligência da
Secretaria de Segurança Pública do Estado. Contudo,
ele descobre que o sistema que tanto combate é mais
podre do que imagina e que o buraco é bem mais
embaixo. Seus problemas só aumentam, porque o
filho Rafael (Pedro Van Held) tornou-se adolescente,
Rosane (Maria Ribeiro) não é mais sua esposa e seu
arqui-inimigo Fraga (Irandhir Santos) ocupa posição de
destaque no seio de sua família.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-189340/>

»» Armas de Fogo - Com relação a este tema, nós brasileiros sabemos o que
significa os milhares de mortos anualmente, a maioria jovens, em nosso país. No
entanto, esta é uma ameaça internacional e aflige todos os continentes. A Interpol
possui neste tema, as seguintes ações:

»» IFRT (Quadro de Referência da INTERPOL sobre Armas de Fogo) é um instrumento


que está disponível aos países membros, on-line e permite, por meio de um banco
de dados com mais de 250.000 referências e 75.000 imagens, obter por uma
metodologia própria, a identificação e descrição de armas de fogo, utilizadas nos
mais diferentes países. Este quadro possui informações particulares, inclusive
marcas e descrição que permitem a identificação de qual arma, por exemplo, foi
utilizada em determinado crime. Está voltado para a identificação do tipo de arma
utilizada e suas características, o que em alguns casos pode ajudar na identificação
da origem e grupos ou criminosos envolvidos.

Rede de Informação sobre Balística (IBIN). Trata-se de um banco de dados com informações
balísticas sobre armas utilizadas em crimes, de tal forma a auxiliar os investigadores de diferentes
países na identificação de crimes que possam ter sido cometidos pela mesma arma, por exemplo, e
conexões correlatas.

Sistema de INTERPOL para a Gerência dos Registros e o Rastreamento de Armas Ilícitas (iARMS) é


um aplicativo que permite a troca de informações sobre crimes ocorridos com uso de armas de fogo,
permitindo a consulta sobre armas de fogo pérfidas, roubadas, traficadas, o envio de rastreamento
de determinada arma, bem como informações estatísticas.

19
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

<http://www.interpol.int/en/Internet/Crime-areas/Firearms/Firearms> (inglês)

Sugestão de filme:
O Senhor das Armas (2005)

Yuri Orlov (Nicolas Cage) é um traficante de armas que realiza


negócios nos mais variados locais do planeta. Estando
constantemente em perigosas zonas de guerra, Yuri tenta sempre
se manter um passo a frente de Jack Valentine (Ethan Hawke),
um agente da Interpol, e também de seus concorrentes e até
mesmo clientes, entre os quais estão alguns dos mais famosos
ditadores do planeta.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-54676/>

Crimes contra Crianças – Infelizmente são comuns os crimes envolvendo crianças, o que inclui
o sequestro, o rapto, a pedofilia, o tráfico, a violência, a escravidão, dentre outros. Muitos destes
crimes são de jurisdição nacional ou local, mas há alguns casos, em que há conexões internacionais.
A INTERPOL possui as seguintes estratégias e ações para estes crimes:

»» Crimes na Internet: Da mesma forma que a internet facilitou o conhecimento e


a troca de informações importantes na área da investigação, também propiciou
aos criminosos, a divulgação e venda de imagens envolvendo abusos a crianças,
sobretudo pedofilia, bem como a abordagem de crianças em “salas de bate-papo”
e não são incomuns os casos de adultos que se passam por crianças para conseguir
uma aproximação e o cometimento de abusos. Em conjunto com os provedores de
acesso de internet, a INTERPOL realiza o bloqueio de acesso a material on-line que
contenha material com abuso infantil, incluindo a pedofilia.

»» Viagem de Abusadores Sexuais: Esta é uma modalidade de crime ainda comum no


Brasil, em que turistas viajam para cá, em busca de sexo com crianças e adolescentes.
No Brasil, a prostituição não é crime e com frequência, crianças são exploradas,
passando-se por “maiores de idade” e “fazendo ponto” livremente nas ruas, em
volta de hotéis, como também são claramente identificadas crianças ainda na pré-
adolescência sendo abusadas. Diversas matérias jornalísticas já foram feitas sobre
o tema, mas o crime ainda continua, inclusive com a participação em muitos casos,
de autoridades e políticos. Em outros países em desenvolvimento, o turismo sexual
também é largamente praticado. Este tipo de crime é relacionado com o tráfico de
crianças e o crime organizado. A INTERPOL encoraja os investigadores de todos os
países a proceder a troca de informações e utilizar ao máximo os recursos disponíveis
para o combate a este crime.

20
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

»» Identificação de Vítimas: A INTERPOL trabalha na identificação de vítimas de


abuso sexual, por intermédio das imagens encontradas em fotografias e filmes
utilizados por pedófilos. Além da investigação tradicional, é utilizada uma sofisticada
ferramenta denominada Base de Dados de Exploração Internacional de Crianças
Sexualmente Abusadas (International Child Sexual Exploitation image database) .

»» Alerta Amarelo (Yellow Notices): A INTERPOL pode emitir o chamado “alerta


amarelo” a todos países membros, por solicitação de um dos países, para ajuda na
localização de pessoas desaparecidas, especialmente crianças.

<http://www.interpol.int/en/Crime-areas/Crimes-against-children/Crimes-against-
children> (inglês)

Sugestão de filmes:
Tráfico de Bebês (2004)

Polêmico filme no qual um casal se envolve em uma perigosa


operação para desvendar um esquema de tráficos de bebês.
Tudo começa quando eles decidem adotar uma criança. Todos
os procedimentos são respeitados e tudo parece normal, até
que eles descobrem que o bebê que pretendem adotar faz
parte, na verdade, de um leilão e só será entregue aquele casal
que oferecer a melhor oferta para levar a criança. A partir daí,
eles começam uma investigação que os colocará de frente
com uma perigosa operação agenciada por bandidos da pior
espécie. Sua briga para desmascarar o esquema de tráfico de
crianças poderá levá-los a caminhos muito perigosos, mas
nem isso vai fazer com que eles desistam de sua importante
missão.

Fonte: <http://www.interfilmes.com/filme_16393_
trafico.de.bebes.html>

21
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Anjos do Sol (2006)

Maria (Fernanda Carvalho) é uma jovem de 12 anos, que mora no


interior do nordeste brasileiro. No verão de 2002 ela é vendida por
sua família a um recrutador de prostitutas. Após ser comprada em
um leilão de meninas virgens, Maria é enviada a um prostíbulo
localizado perto de um garimpo, na floresta amazônica. Após
meses sofrendo abusos, ela consegue fugir e passa a cruzar o
Brasil através de viagens de caminhão. Mas ao chegar no Rio de
Janeiro a prostituição volta a cruzar seu caminho.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-140936/>
Confiar (2011)

Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener) têm três filhos.


Enquanto um está prestes a entrar para a faculdade, a filha do meio,
Annie (Liana Liberato), começa a apresentar os sintomas comuns
das adolescentes que querem se parecer mais velhas e ser aceitas
entre seus pares. Publicitário bem-sucedido e superenvolvido
com a profissão, Will procura ter uma relação de confiança com
os filhos, mas Annie inicia um relacionamento no computador
com um jovem de 16 anos e dá continuidade através do telefone.
Sem que seus pais soubessem, ela aceita o convite dele para um
encontro, mas a surpresa que ela tem no primeiro momento é só
o começo de um pesadelo que marcará para sempre a sua vida e
a de sua família.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-174066/>

»» Crime cibernético – Com a expansão dos serviços oferecidos pela internet, uma
série de crimes também passou a ser praticado por causa dessa facilidade. Muitos,
semelhantes ao que ocorre fora do mundo virtual, como fraude, estelionato,
pedofilia, ataques contra computadores, furtos, disseminação de vírus, terrorismo
cibernético, dentre outros. É comum que criminosos possuam endereços em outros
países e que a identidade deles seja de difícil detecção. Espionagem também tem
sido realizada e mais recentemente, funcionários de governos têm divulgado
informações sigilosas a eles confiadas, cometendo crimes de traição e colocando em
risco a vida de milhares de agentes e funcionários. Nem todos os países possuem
legislação voltada para crimes cibernéticos, o que dificulta o indiciamento e a
investigação.

De acordo com a INTERPOL, em 2007 e 2008, aproximadamente 8 bilhões de dólares foram


resultados de crimes cibernéticos e houve um prejuízo de 1 trilhão de dólares decorrentes de
espionagem cibernética, crimes na internet, roubo de propriedades intelectuais, dentre outros.

22
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

A INTERPOL tem atuado de tal forma para promover a troca de informações entre seus membros,
capacitar e manter protocolos atualizados, coordenar e dar suporte a operações internacionais,
estabelecer uma lista global de especialistas para crimes cibernéticos, dar assistência aos países
vítimas desses crimes, desenvolver parcerias com órgãos privados, identificar parceiros estratégicos,
elencar ameaças emergentes e compartilhar as informações, bem como fornecer ambiente seguro
para o acesso ao banco de dados e documentos da organização.

Para saber mais: <http://www.interpol.int/en/Crime-areas/Cybercrime/Cybercrime>


(inglês)

Sugestão de filmes:
Sem Vestígios (2008)

Como parte do FBI, existe uma divisão dedicada à


investigação e condenação de criminosos que atuam
por meio da internet. Bem-vindo à linha de frente do
cibercrime, onde a Agente Especial Jennifer Marsh (Diane
Lane, de Jumper, Sob o Sol de Toscana e Infidelidade) e
Griffin Dowd (Colin Hanks, de Um Crime de Mestre e 24
Horas) já viram de tudo... até agora. Um predador perito
em internet está exibindo seus assassinatos cruéis em seu
website e o destino de suas agoniadas vítimas fica nas mãos
do público: quanto mais visitas o site recebe, mais rápido as
vítimas morrem. Quando esse jogo de gato e rato torna-se
algo pessoal, Jennifer e sua equipe precisam correr contra o
relógio para encontrar esta mente criminosa que age sem
deixar vestígios.

Fonte: <http://www.interfilmes.com/filme_17204_
sem.vestigios.html>

A Rede (1995)

Angela Bennett (Sandra Bullock) é uma especialista em


corrigir sistemas de informática, que se vê repentinamente
envolvida em uma trama pelo fato de ter recebido um
disquete que revela graves segredos. Para destruí-la um
esquema é criado, com a finalidade de mudar seu nome e
passado. Logo ela é conhecida na polícia como prostituta,
viciada e ladra, tendo que provar quem é de verdade fica
cada vez mais difícil.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-13212/>

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

»» Drogas- O combate às drogas, em especial ao tráfico, vem sendo debatido há


décadas e cada vez mais fica evidente a correlação com o crime organizado, mas
também em alguns casos, com grupos terroristas. O tráfico internacional de drogas é
acompanhado de diversas outras ações criminosas e financia também outros crimes.
Apesar dos esforços, o tráfico continua se expandindo, sobretudo com o surgimento
de drogas sintéticas. A resposta da INTERPOL é realizada por meio da investigação
do tráfico de narcóticos, como também de precursores químicos e substâncias que
provocam o doping. Um dos objetivos principais da INTERPOL é a identificação
de cartéis, rotas de distribuição internacionais e organizações criminosas que
estejam operando em nível internacional e fornecer suporte aos países membros.
A assistência é fornecida por meio da coleta e análise pela inteligência, dos dados
obtidos pelos países membros e compartilhamento dos relatórios; do auxílio e
suporte nas investigações criminais, bem como da organização de conferências
regionais e globais sobre o tema.

Para saber mais: <http://www.interpol.int/en/Crime-areas/Drugs/Drugs> (inglês)

Sugestão de Filmes:
Traffic (2001)

Uma série de histórias interligadas dão um panorama sobre


o alto escalão do tráfico de drogas, envolvendo um policial
mexicano preso numa teia de corrupção, uma dupla de
agentes do DEA (Departamento Antidrogas), infiltrada no
perigoso mundo dos negociantes de San Diego, um barão da
droga que após ser preso, explica como sua mulher tomou seu
negócio ilegal e ainda um juiz da Suprema Corte de Justiça de
Ohio, conhecido pela sua posição antidrogas, que precisa lidar
com sua filha viciada.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-27443/>

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Profissão de Risco (2001)

Em plenos anos 70, o tráfico de drogas cresce e se espalha


cada vez mais rumo aos quatro cantos do planeta. Nos Estados
Unidos seu elo principal é George Jung (Johnny Depp), que
logo se torna o principal importador de cocaína do Cartel
de Medelin, comandado por Pablo Escobar. Durante duas
décadas, Jung foi um dos principais alvos do combate às
drogas pelo Governo americano e foi o principal contato entre
o tráfico americano e os principais cartéis colombianos.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-31057/>

Meu nome não é Johny (2008)

João Guilherme Estrella (Selton Mello) nasceu em uma família


de classe média do Rio de Janeiro. Filho de um diretor do
extinto Banco Nacional, ele cresceu no Jardim Botânico e
frequentou os melhores colégios, tendo amigos entre as
famílias mais influentes da cidade. Carismático e popular,
João viveu intensamente os anos 80 e 90. Neste período ele
conheceu o universo das drogas, mesmo sem jamais pisar
numa favela. Logo se tornou o maior vendedor de drogas do
Rio de Janeiro, sendo preso em 1995. A partir de então passou
a frequentar o cotidiano do sistema carcerário brasileiro.

Baseado em fatos reais.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-146072/>

»» Crimes Ambientais – Com a industrialização de diversas cidades, bem como as


facilidades de transporte e utilização de matérias-primas oriundas de diferentes
países, os crimes ambientais têm sido cometidos com grande intensidade, variando
da exploração ilegal da fauna e flora, à contaminação de rios e lagos, incêndios
florestais criminosos, dentre outros crimes. Há diversos países que dependem da
água de rios que nascem além da fronteira. O controle da água pode resultar em sérias
consequências, inclusive econômicas e sociais. Incêndios florestais não respeitam
fronteiras e podem também ocasionar grandes problemas e no caso dos incêndios
criminosos, devem ser devidamente investigados. Os crimes ambientais possuem
com frequência conexão com outros tipos de crime, como fraude, contrabando,
lavagem de dinheiro, assassinato e até mesmo terrorismo.

O Programa de Crimes Ambientais da INTERPOL atua na coordenação de operações globais e


regionais com vistas ao desmantelamento de redes criminosas, a utilização de protocolos e práticas
padronizadas de combate a esse tipo de crime, além de realizar a troca de informações com os

25
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Estados-membros e trabalhar em conjunto com o Comitê de Crimes Ambientais. Há ainda dois


grupos da INTERPOL, atuando nesta área: O Grupo de Trabalho para Crimes contra a Natureza e o
Grupo de Trabalho para Crimes relacionados à Poluição.

Para saber mais:

<http://www.interpol.int/en/Crime-areas/Environmental-crime/Environmental-
crime> (inglês)

Sugestão de Filme:
Erin Brockovich (2001)

A história de Erin Brockovich (Julia Roberts), uma mulher


solteira, mãe de três filhos, que perde uma ação judicial e
exige que o seu advogado a empregue em seu escritório.
Organizando arquivos de um caso judicial, ela decide
investigar o problema e acaba descobrindo que uma empresa
vem contaminando as águas de uma pequena cidade, onde
os moradores contraíram câncer. Erin, que antes estava
sem perspectivas, vê sua vida mudar enquanto ajuda aos
outros. Baseado em uma história verídica, com uma ponta da
verdadeira Erin Brockovich no papel de uma garçonete.

Fonte: <http://www.cineclick.com.br/erin-brockovich-uma-mulher-de-
talento>

»» Crimes Financeiros– Como já discutimos anteriormente, no mundo globalizado,


muitas facilidades surgiram, sobretudo no chamado ambiente virtual. O impacto
nas bolsas de valores, de notícias divulgadas segundos antes, pode ser catastrófico.
O mundo está conectado em tempo real. Com isso, os crimes financeiros também
evoluíram e se sofisticaram. Praticamente os cheques deixaram de ser utilizados
por pessoas físicas e jurídicas, dando lugar a transações eletrônicas, feitas em
poucos minutos e o crédito também passou a ser concedido com mais facilidade
para muitas pessoas. Por outro lado, as organizações criminosas tiveram que se
atualizar e buscar meios alternativos e mais difíceis de serem descobertos para o
financiamento de suas ações, como também de atividades terroristas e relacionadas
a outros crimes, estando diretamente relacionados com crimes cibernéticos. Não
apenas no Brasil, mas também em outros países, os crimes financeiros são com
frequência chamados de crimes do “colarinho-branco” em referência às camisas
utilizadas por quem usa terno e faz parte do ambiente financeiro.

Os crimes financeiros podem arruinar a vida de pessoas, sociedades, organizações e até mesmo a
economia nacional. A INTERPOL atua com iniciativas voltadas para crimes envolvendo cartões de

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

crédito, lavagem de dinheiro, falsificação de moedas e documentos sigilosos, bem como fraudes,
o que inclui cartas e e-mails falsos frequentemente enviados, em que alguém se diz milionário ou
que recebeu uma herança e pede os dados do destinatário, para realizar o depósito. Há pessoas que
acreditam nessas mensagens, conhecidas como “Cartas Nigerianas”, pois muitas vieram da Nigéria e
acabam sendo vítimas de crimes, inclusive assassinatos. As diferenças em leis e tratados, no entanto,
muitas vezes dificultam as investigações, sobretudo quando envolvem os chamados paraísos fiscais,
com bancos que sequer conhecem a identidade de seus clientes, dentre outros problemas.

Sugestão de Filme:

Wall Street - Poder e Cobiça (1987)

Filme que aborda situações envolvendo corrupção em Wall Street


na década de 1980.

Wall Street - O dinheiro nunca dorme


(2010)

Continuação do filme acima descrito, mostra a corrupção


sob diferentes ângulos e envolvendo situações comumente
encontradas nos chamados crimes de “colarinho branco”.

»» Busca de Foragidos – Um dos trabalhos da INTERPOL, mais conhecidos do


público, talvez seja o de busca de foragidos internacionais. Com todas as facilidades
de transporte e de fuga existentes, um criminoso pode facilmente cruzar fronteiras
em poucas horas e fugir do país em que é procurado. Podem ainda viajar com
documentos falsos ou roubados e continuar a cometer crimes. Alguns podem ter
sido condenados, mas não ter sido presos, como também podem ter cometido um
ato considerado crime em um país, mas não em outro. A prostituição, por exemplo,
é crime nos Estados Unidos, mas não no Brasil. A INTERPOL possui uma Unidade
de Suporte à Investigação de Fugitivos que age de forma proativa, em conjunto com
as polícias de países membros, em busca dos foragidos que tenham fugido para
outros países. Atua também na localização de pessoas condenadas e procuradas por

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

crimes contra a humanidade, genocídios e crimes de guerra. Os países que solicitam


auxílio na captura de criminosos obtêm da INTERPOL, o envio do chamado “Alerta
Vermelho” (Red Notice) que é distribuído para as polícias de todos os países-
membros, de tal forma que o criminoso possa ser preso, com vistas a extradição,
assim que seja identificado pelos oficiais de imigração ou pelas polícias dos países
em que se tenha notícia da presença do criminoso. Esses alertas possuem todas as
informações judiciais e de identificação dos criminosos procurados. A INTERPOL
possui ainda um programa chamado “Operação Infravermelho” (Operation Infra-
Red) voltado para a localização e captura de foragidos perigosos e de longa data.

Figura 2 - Cartaz da “Operação Infravermelho”

Fonte: <www.interpol.int>

No site da “operação infravermelho” <http://www.interpol.int/en/Crime-areas/Fugitive-


investigations/Operation-Infra-Red> está a relação dos criminosos mais procurados. Os
nomes ao serem clicados com o mouse, apresentam a foto do procurado, bem como, as
informações sobre os crimes cometidos, a nacionalidade e em que foi visto pela última
vez.

Os países-membros também possuem páginas de consulta para os procurados por


nacionalidade, que pode ser consultada em <http://www.interpol.int/en/Crime-areas/
Fugitive-investigations/National-wanted-websites>, como também em <http://www.interpol.
int/en/Wanted-Persons?IPSGT_Interpol_Office=129&wanted_search=>

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Sugestão de filmes:

US Marshalls - Os Federais (1997)

A polícia de Chicago, ao investigar um acidente, descobre que


as impressões digitais do ferido conferem com as impressões
digitais de um suspeito por duplo assassinato. Assim Mark
Sheridan (Wesley Snipes), o acidentado, é preso ainda no
hospital. Sua remoção para Nova York, local onde ele cometeu
crimes, é providenciada. Mas durante o voo (no qual há outros
detentos) uma tentativa de fuga provoca a queda do avião,
num acidente que matou e feriu diversos civis. Sheridan
consegue fugir. Samuel Gerard (Tommy Lee Jones), um
experiente agente, fica encarregado de recapturá-lo, mas em
pouco tempo fica claro que o fugitivo não é um mero assassino
e que uma intricada trama se esconde atrás da “versão oficial”.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-17261/>

»» Pirataria Marítima – Para alguns pode parecer curioso que em pleno século XXI
ainda estejamos falando de piratas marítimos, no entanto, este é um tema que possui
diferentes abordagens. A pirataria é com frequência praticada em portos regionais e
nacionais, incluindo em nosso país, para roubo de cargas e assalto a embarcações e
neste caso, a menos que os criminosos estejam conectados a grupos internacionais
ou que embarcações de outros países tenham sido vítimas, a investigação não está
relacionada com a INTERPOL. No entanto, inúmeros são os casos de pirataria
marítima internacional, com destaque para os crimes ocorridos no chamado “chifre
da África”, nas costas da Somália e do Iêmen.

A INTERPOL diante da captura de navios por piratas tem condições de enviar uma equipe de
especialistas, denominada de “Equipe de Resposta de Incidentes” (Incident Response Team-IRT)
de tal forma a colaborar na investigação no local do crime (CSI) e na coleta de evidências.

De acordo com a INTERPOL, o primeiro caso envolvendo uma equipe, foi em abril de 2011, em
Durban na África do Sul, para dar suporte aos policiais daquele país diante da tomada de um navio
grego por piratas somalis. O papel da equipe neste episódio compreendeu a coleta de evidências
físicas, o que incluiu impressões digitais, DNA e a obtenção de informações pela equipe de tripulantes,
contribuindo para a investigação da polícia sul-africana.

O Projeto EVEXI (Iniciativa de Exploração de Evidências) prevê o auxílio e suporte de equipes


de investigadores aos países-membros, nas áreas de inteligência, coleta de evidências e
compartilhamento de informações para o combate à pirataria marítima. Outro Projeto nesta área
foi o Cerberus que consistiu na entrevista de piratas somalis em prisões das Ilhas Seychelles. Este
projeto foi ampliado para Madagascar, Maldivas e Tanzânia.

29
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Saiba mais: <http://www.interpol.int/Crime-areas/Maritime-piracy/Operational-


support>

Sugestão de Filme:
A Hijacking (2013)

Um navio é tomado por piratas, que exigem um resgate


de US$ 15 milhões. Os homens de negócios responsáveis
pelo navio querem trazê-lo de volta intacto, enquanto
os membros da tripulação aos poucos sofrem um
colapso emocional. “A Hijacking” é obra do diretor
Tobias Lindholm, que parece não segurar nenhum soco
ao mostrar o drama daqueles que estão presos junto a
criminosos violentos. A falta de esperança é sufocadora
para onde quer que olhemos, seja com os prisioneiros,
suas famílias ou com aqueles que buscam encerrar essa
história de um jeito pacífico.

Fonte: <http://blogs.pop.com.br/cinema/piratas-selvagens/>

»» Crime Organizado–O crime organizado está atualmente envolvido em diversas


atividades e nos mais diferentes países. Não existe uma modalidade única que
possa ser atribuída ao crime organizado, embora exista em muitos locais a divisão
de lucros e atividades entre os grupos existentes. A definição de crime organizado
varia conforme a legislação de cada país, não havendo um conceito aplicável a
todos. A INTERPOL além de atuar em cada um dos crimes usualmente praticados
por organizações criminosas, como estamos vendo neste capítulo, também possui
três projetos especialmente voltados para alguns aspectos particulares desses
criminosos.

O projeto Pink Panthers (Panteras Cor de rosa) está voltado para o enfrentamento de organizações
que praticam o roubo (armado) de joias. O projeto AOC está focado nas organizações criminosas
asiáticas e o Millennium, para organizações criminosas da Eurásia.

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Figura 3 - Imagem do Projeto Millenium da Interpol

<www.interpol.int>

Para saber mais:

<http://www.interpol.int/Crime-areas/Organized-crime/Organized-crime> (inglês)

Sugestão de filmes:

Gomorra (2008)

Toto (Salvatore Abruzzese) tem 13 anos e trabalha


como mensageiro de um grupo de traficantes de
drogas e armas. Pasquale (Salvatore Cantalupo),
alfaiate contratado secretamente por chineses para
formar operários, descobre subitamente que sua
vida corre perigo. Don Ciro (Gianfelice Imparato)
é responsável por levar dinheiro a famílias cujos
membros estão presos ou mortos. Como eles,
outros tantos habitantes de Nápoles e da região da
Campanha têm suas vidas regidas pela Camorra, a
tradicional máfia local que alimenta uma espiral de
violência sem fim.

<http://www.adorocinema.com/filmes/filme-134985/>

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

400 contra 01 (2010)

Nos anos 1970, um grupo de presos resolveu se reunir


para lutar por direitos e ideais coletivos, liderados por
William da Silva Lima. Juntos, eles construiriam as bases
de uma das maiores organizações criminais do país: o
Comando Vermelho.

Fonte: <http://telecine.globo.com/filmes/400-contra-1-uma-
historia-do-crime-organizado/>

O Poderoso Chefão - partes I,


II e III

Trilogia sobre a família mafiosa Corleone, mostrando


a guerra do crime organizado ao longo dos anos.
Quanto mais se assiste a sequência dos filmes, mais é
possível perceber o caráter internacional das máfias.

Donnie Brasco
(1997)

Nos anos19 70, policial (Johnny Depp) usa o nome


de Donnie Brasco para infiltrar-se entre mafiosos.
Um criminoso mais velho (Al Pacino) o toma sob sua
tutela, ensinando-lhe os caminhos do crime. Mas ele
coloca sua vida pessoal em xeque, pondo em risco sua
missão.

Baseado em fatos reais

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-13896/>

»» Crimes Farmacêuticos - Na verdade poderíamos dizer que estes também são


crimes contra a saúde pública, pois envolvem falsificações de medicamentos
colocando em sério risco a saúde dos usuários. Este tipo de crime envolve a
fabricação, armazenamento e distribuição de medicamentos falsificados, roubados

32
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

e medicamentos e produtos ilegais. Inclui ainda o contrabando, a venda de


medicamentos com validade vencida, bem como mal conservados. O uso destes
produtos tem levado a diversas consequências, desde o agravamento de doenças
tratadas com medicamentos sem produto ativo, vencidos ou falsificados até mesmo
a morte. Geralmente, são produtos comercializados em feiras, pela internet e de
outras formas clandestinas a preços bem inferiores aos do mercado.

A atuação da INTERPOL tem se dado por diversas formas e operações que receberam os nomes de
Pangea, Mamba, Storm e Cobra.

A Operação Pangea tem por objetivo o combate à venda ilegal de medicamentos pela internet. .

Figura 4 - Folder da Operação Pangea V, desencadeada em 2012.

A Operação Mamba tem por objetivo interromper as atividades criminais que envolvam a falsificação
de produtos médicos na África Ocidental.

A Operação Storm por sua vez atua no combate à falsificação de medicamentos no Sudeste Asiático.

A Operação Cobra envolve uma série de ações na África Ocidental, com vistas a identificar, investigar
e desbaratar esquemas criminosos envolvendo desde a falsificação de medicamentos à produção
ilícita e distribuição de medicamentos.

Para saber mais:

<http://www.interpol.int/Crime-areas/Pharmaceutical-crime/Operations>

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Sugestão de filme:
O Jardineiro fiel (2005)

Um viúvo determinado em descobrir as causas da


morte de sua esposa, vai a um país africano e tem que
lidar com crimes envolvendo corrupção e indústria
farmacêutica.

»» Terrorismo - Os atos terroristas são cometidos no mundo há centenas de anos, sob


as mais diversas formas e por diferentes razões. Contudo, há quem afirme, que o
século XXI começou de fato, em 11 de setembro de 2001, com os ataques terroristas
perpetrados pela Al-Qaeda aos Estados Unidos. Paradigmas foram quebrados e o
mundo passou a perceber o terrorismo como uma ameaça capaz de atingir qualquer
pessoa em qualquer lugar. Esta certeza foi fortalecida com os ataques à Madri,
Londres, Bali, dentre outros e em 2013, em Boston. O Brasil, inexplicavelmente,
apesar de signatário de todos os acordos e tratados internacionais contra o
terrorismo, além de prever que deve ser tratado como crime hediondo, repudiado
em nossa Constituição e previsto como ameaça a ser combatida na Política de
Defesa Nacional, não é um crime tipificado em nosso Código Penal. O que significa
que ninguém pode ser acusado e preso por terrorismo no Brasil. Absurdo, mas
verdadeiro. Nosso país tampouco trabalha com listas de grupos terroristas.

A INTERPOL ciente desta ameaça global definiu diversas ações e programas voltados para o
enfrentamento do terrorismo.

Especialistas desta organização, coletam, arquivam e analisam informações sobre indivíduos e


grupos suspeitos e compartilham estas informações com países membros e outras organizações
internacionais. A Fusion Task Force, criada após os ataques de 11 de setembro, visa identificar
grupos terroristas ativos e seus membros, faz solicitações, realiza coletas e compartilha informações
de inteligência, bem como realiza análise de suporte.

Uma das grandes preocupações de quem atua no combate ao terrorismo, é o chamado CBRNE, ou
seja, Terrorismo Químico, Biológico, Radioativo, Nuclear e Explosivos.

Com esse escopo, a INTERPOL, possui programas voltados para a prevenção do terrorismo CBRNE,
como também regularmente circulam alertas e avisos com relações a deslocamentos de terroristas,
criminosos e armas. Estes alertas são conhecidos como “Alertas Laranjas” (Orange Notices). Além
disso, para qualquer grupo ou entidade relacionada a Al-Qaeda ou Taliban identificado, alertas são
enviados. Na ocorrência de atentados, se necessário, à pedido do país atingido, a INTERPOL poderá

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

despachar equipes de resposta a incidentes, como já vimos anteriormente, as IRT, para atuar em
suporte às equipes locais.

Para saber mais: <http://www.interpol.int/Crime-areas/Terrorism/Terrorism>

Sugestão de filmes:
O Reino (2007)

Num dos piores ataques contra ocidentais no Oriente


Médio, homens-bomba mataram mais de 100 e feriram
mais de 200 funcionários de uma petrolífera, além
de integrantes de suas famílias. O ataque ocorreu ao
complexo residencial de Oasis, em Riad, na Arábia
Saudita. Enquanto burocratas discutem questões sobre
a territorialidade, o agente especial Ronald Fleury
(Jamie Foxx) e sua equipe negociam uma viagem
secreta de 5 dias à Arábia Saudita, na qual pretendem
localizar o responsável pelo bombardeio. Quando
chegam no deserto eles se deparam com autoridades
sauditas desconfiadas e hostis a americanos se
intrometerem em um assunto local. De mãos atadas
devido ao protocolo e com o tempo contra eles, os
agentes do FBI percebem que sua experiência é inútil
caso não conquistem a confiança dos sauditas.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-62537/>

Nova York Sitiada (1998)

Após o sequestro de um líder religioso islâmico, a cidade


Nova York vira o alvo de ataques terroristas. O agente do
FBI Anthony Hubbard (Denzel Washington), a oficial da CIA
Elise Kraft (Annette Bening) e o general William Devereaux
(Bruce Willis) unem forças para capturar um perigoso grupo
de terroristas que plantam bombas em diversos lugares de
Nova York, levando a cidade ao caos.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-16896/>

35
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Voo United 93 (2006)

Em 11 de setembro de 2001 o voo 93 da United Airlines é


sequestrado por terroristas, que têm por objetivo abatê-
lo junto a algum símbolo norte-americano. Durante 90
minutos o avião permanece no ar, sendo que neste período
os passageiros decidem reagir para evitar que os planos
terroristas sejam concluídos.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-108587/>

O Lobo (2004)

Inspirado na vida de Mikel Lejarza (Eduardo Noriega),


também conhecido como Lobo, agente secreto
espanhol que na década de 1970 infiltrou-se no
movimento revolucionário ETA. Lobo foi responsável
pela queda de um quarto dos ativistas terroristas
da organização, representando 150 colaboradores
– incluindo alguns membros das forças especiais e
algumas figuras do grupo. A infiltração de Lejarza
desestabilizou a organização terrorista numa época em
que suas ações estavam se tornando justificáveis para
o braço mais conservador do regime Franco, tomando
posse total e parando o processo democrático da
Espanha. A “Operação Lobo” abortou os planos
terroristas de escapar da prisão onde estavam presos, e
interrompeu também uma campanha para libertá-los.

Fonte: <http://www.interfilmes.com/filme_15152_o.lobo.html>

36
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Dvd - Dias que abalaram


o mundo - Atentado de
Oklahoma - documentário

Documentário que apresenta em detalhes a


reconstituição do atentado de Oklahoma City em
1995, mesclando imagens reais com entrevistas com
pessoas e autoridades que estiveram no local.

O Grupo Baader Meinhof (2008)

Alemanha, anos 70. A ainda frágil democracia alemã é abalada


por uma série de atentados a bomba. Um grupo liderado por
Andreas Baader (Moritz Bleibtreu), Ulrike Meinhof (Martina
Gedeck) e Gudrun Ensslin (Johanna Wokalek) combate o que
acredita ser a nova face do fascismo: o imperalismo norte-
americano. Eles têm o objetivo de criar uma sociedade mais
humana, mas para atingi-lo usam métodos que espalham
sangue e terror.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-129305/>

Homeland (seriado)

A agente da CIA Carrie Mathison, especialista em terrorismo


no Oriente Médio, recebe de um informante a dica de que
um soldado americano vai começar a trabalhar para uma
organização terrorista. Pouco meses depois, o sargento
Nicholas Brody é encontrado, após oito anos desaparecido
em território inimigo, e é recebido com um herói por toda
a nação — menos pela brilhante, mas instável Carrie, que
tem certeza de que ele é o inimigo infiltrado. A CIA está
com um pé atrás em relação às deduções da agente, afinal
suas últimas ações no Oriente Médio foram fracassadas e
ninguém quer acusar um herói nacional de terrorismo sem
provas suficientes.

Fonte: <http://www.minhaserie.com.br/serie/566-homeland>

37
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

»» Tráfico de Pessoas - Embora seja inacreditável o tráfico de pessoas ainda e uma


realidade em muitos países, vitimando, sobretudo os mais jovens, incluindo
crianças.

O tráfico de pessoas pode ser considerado a versão moderna da escravidão.

Podemos ter diferentes tipos de tráfico, conforme o objetivo a ser alcançado pelos criminosos:

»» Tráfico para escravidão, visando obtenção de mão de obra escrava;

»» Tráfico para exploração sexual;

»» Tráfico de órgãos.

Há uma série de outros crimes que possuem conexão com o tráfico de pessoas, como o tráfico de
drogas, a pedofilia, bem como grupos que contratam criminosos para ingresso ilegal em outros
países.

A resposta da INTERPOL a estes crimes se dá por meio de programas e operações, bem como do
compartilhamento de informações e suporte aos países-membros.

Para saber mais:

<http://www.interpol.int/Crime-areas/Trafficking-in-human-beings/Trafficking-in-
human-beings>

Sugestão de Filme:

A Informante (2010)

Ao ser convidada pelas Nações Unidas para participar da


pacificação da Bósnia, a policial Kathy Bolkovac não imaginava
o que a esperava. Ela descobre uma rede de corrupção e tráfico
sexual encoberta pela ONU e tenta ajudar os envolvidos, mas
descobre que seu poder é pequeno em comparação ao da
organização.

Fonte: <http://telecine.globo.com/filmes/a-informante/>

»» Tráfico de Materiais Ilícitos e Falsificações - Nesta categoria estão elencados diversos


crimes, como a pirataria que viola os direitos autorais, falsificações de produtos
e materiais, contrabando e evasão de divisas. Muitas organizações criminosas
internacionais estão envolvidas nestes crimes. A resposta da INTERPOL se dá por
meio de operações, capacitação e treinamento de policiais dos países-membros,
campanhas de conscientização da população, assistência técnica-legal e o chamado

38
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

I-Checkit, que consiste na possibilidade de verificação da origem do produto pelo


usuário e desta forma saber se está usando um produto original ou ilegal. Produtos
legais com frequência são vendidos no câmbio negro.

Para saber mais:

<http://www.interpol.int/Crime -areas/Trafficking-in-illicit-goods-and-
counterfeiting/Trafficking-in-illicit-goods-and-counterfeiting>

Sugestão de filme:
Diamante de Sangue (2007)

Serra Leoa, final da década de 90. O país está em plena


guerra civil, com conflitos constantes entre o governo e a
Força Unida Revolucionária (FUR). O filme aborda o tema do
contrabando internacional de diamantes.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-61469/>

»» Crimes envolvendo veículos – O roubo de veículos é um problema mundial e


frequentemente associado ao financiamento de outros crimes e comandado por
muitas organizações criminosas. O banco de dados da INTERPOL conhecido como
Veículos a Motor Roubados (SVM) é fundamental para o trabalho de investigação
realizado em conjunto com as polícias nacionais. De acordo com a INTERPOL, em
2012, mais de 92.000 veículos roubados em todo o mundo foram identificados pelo
sistema SVM. No final do ano de 2012, o sistema já contabilizava mais de 7 milhões
de registros de roubo. Diversas outras iniciativas da INTERPOL tem sido realizadas,
inclusive em conjunto com as fábricas de veículos.

Para saber mais: <http://www.interpol.int/Crime-areas/Vehicle-crime/Vehicle-


crime>

»» Obras de Arte - O furto e o roubo de obras de arte, como também falsificações,


fazem parte dos esforços da INTERPOL em deter este comércio ilegal e que há anos
é praticado em todo o mundo. Desde 1947, a INTERPOL tem emitido alertas sobre

39
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

obras contrabandeadas e roubadas. Durante a 2ª Guerra Mundial, muitas obras


foram roubadas e confiscadas pelos nazistas e parte delas jamais foi recuperada.
Não apenas pinturas são subtraídas, mas também objetos de grande valor cultural
são contrabandeados para outros países, o que inclui achados arqueológicos. A
INTERPOL divulga para o público, as mais recentes obras de arte roubadas, bem
como as que foram encontradas. Também são divulgadas as obras mais procuradas
e há uma parceria com a UNESCO, o Conselho Internacional de Museus (ICOM),
a Organização das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC) e a Organização
Mundial Alfandegária (WCO). Além disso, a INTERPOL trabalha com o chamado
Object-ID que descreve cada obra de arte, com vistas a facilitar a recuperação.

Figura 4 - Cartaz da Interpol de divulgação de obras de arte procuradas em dezembro de 2012.

Fonte: <www.interpol.int>

Para saber mais: <http://www.interpol.int/Crime-areas/Works-of-art/Works-of-art>

Sugestão de filmes:

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CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Thomas Crown (1999)

Quando um Monet avaliado em 100 milhões de dólares é roubado


do Metropolitan em Nova York, Thomas Crown (Pierce Brosnan), um
bilionário que está acostumado a ter tudo que deseja, não é nem ao
longe considerado suspeito, mas Catherine Banning (Rene Russo), uma
investigadora contratada para reaver a pintura (por 5% do seu valor),
tem certeza que Thomas é o responsável. Paralelamente Catherine e
Thomas se sentem atraídos e ela principalmente é afetada pelo ciúme,
mas mesmo assim diz para Thomas que sabe que ele cometeu o roubo
e espera um erro dele para pegá-lo. Os dois então começam a jogar,
mas também se apaixonam e isto não estava nos planos de ninguém.

Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-20498/>

Considerações Éticas
As investigações de um modo geral assumem questões extremamente sensíveis e que precisam ser
tratadas com muito cuidado. O fato de um policial agir estritamente no cumprimento às normas
legais não necessariamente significa que ele tenha agido de forma legal. Há diversos momentos em
uma investigação, que embora legais, são desprovidos de comportamentos éticos ou morais. Para
uma diferenciação rápida entre ética e moral, os dois conceitos são muito próximos e semelhantes,
a ética deriva da palavra grega Ethos, que pode ser traduzida como “modo de ser” e diz respeito ao
caráter e a conduta individual do profissional. Por esta razão existem códigos de ética que visam
disciplinar a forma como determinada profissão deve ser exercida. Já a moral, vem da palavra
latina “morales” e diz respeito aos costumes. Por essa razão, o que pode ser considerado imoral em
algumas culturas, não é em outras. Em alguns países, mulheres podem ser presas se estiverem na rua
andando sozinhas ou na companhia de homens que não sejam parentes, ou ainda, sem determinado
tipo de vestimenta. Em outros, a homossexualidade ainda é tratada como crime e penas severas
podem ser aplicadas. Assim, não podemos falar de um comportamento moral sob o ponto de vista
mundial, mas há alguns costumes e valores que são mais compartilhados pelos países ocidentais,
enquanto outros se guiam pelos costumes orientais, assim como depende da religião de países
teocratas, como os que adotam a lei da Sharia e seguem fielmente os livros sagrados islâmicos, com
pouca flexibilidade para interpretações. Era o caso do Afeganistão quando governado pelo Taliban,
no qual as mulheres deviam andar cobertas por burcas e eram proibidas de estudar.

Apesar de não existir um Código de Ética federal para policiais, ministério público e todos que
estão responsáveis por investigações, alguns princípios podem ser encontrados em Leis Orgânicas
de Policiais, como a da Polícia Civil do Mato Grosso, previsto na Lei Complementar no 114, de
19/12/2005, que assim dispõe:

Art. 153. O policial civil manterá observância dos seguintes preceitos éticos:

I - servir à sociedade como obrigação fundamental;

41
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

II - proteger vidas e bens;

III - preservar a ordem;

IV - respeitar os direitos e garantias individuais;

V - jamais revelar tibieza ante o perigo e o abuso;

VI - exercer a função policial com probidade, discrição e moderação, fazendo


observar as leis;

VII - não permitir que sentimentos ou animosidades pessoais possam influir


em suas decisões;

VIII - respeitar a dignidade da pessoa humana;

IX - manter o aprimoramento técnico profissional;

X - ter a verdade e a responsabilidade como fundamentos da ética do serviço


policial;

XI - respeitar e fazer respeitar a hierarquia do serviço policial;

XII - prestar auxílio, ainda que não esteja em hora de serviço:

a) a fim de prevenir ou reprimir perturbação da ordem pública;

b) quando solicitado por qualquer pessoa carente de socorro policial,


encaminhando-a à autoridade competente, quando insuficientes as
providências de sua alçada.

Um dos maiores erros e problemas encontrados em investigações é a falta de neutralidade e


imparcialidade na análise dos fatos. Sob o ponto de vista ético e legal, não deve haver diferença
no empenho e na análise de crimes cometidos na periferia, daqueles cometidos em locais de alto
luxo. Criminosos podem ser pobres, ricos, desempregados ou autoridades. Dizem que uma grande
diferença ética e moral existente em nosso país comparado com outros mais desenvolvidos é a
pergunta a ser feita quando uma autoridade é flagrada em ato ilícito. No Brasil ainda existe a famosa
frase: Sabe com quem está falando? Nos países mais desenvolvidos, a frase geralmente ouvida pelo
policial que faz a abordagem é: Quem você pensa que é? Ou seja, ninguém está acima da lei. Ou, não
deveria estar.

Cada caso é um caso. O investigador deve partir dos seguintes pressupostos para cada crime a ser
investigado:

1. O que aconteceu?

2. O que as testemunhas dizem que ocorreu?

3. O que os peritos apresentam como evidências?

4. Quem são os principais suspeitos? Por quê? O que eles têm a dizer?

42
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

O investigador deve ter atenção e foco no que está sendo investigado. Histórias paralelas ou pré-
convicções são altamente prejudiciais. Um dos grandes erros é acompanhar os trabalhos pela
imprensa e se deixar impressionar pelo que está sendo dito.

Um caso que ficou tristemente famoso no Brasil, foi o da Escola Base em São Paulo:

No dia 27 de março de 1994, as mães de Fábio e Carla, ambos com quatro anos
na época foram à 6º DP, no Cambuci, bairro da zona sul de São Paulo, para
registrar uma queixa contra os diretores da Escola de Educação Infantil Base.

  Segundo as mães das crianças, Icushiro e Aparecida Shimada; Maurício e


Paula Alvarenga, os donos da escola, organizavam orgias sexuais com os alunos
durante o horário das aulas. Segundo relato, as crianças eram levadas à casa
do coleguinha Ronaldo, de quatro anos, filho do casal Saulo e Mara Nunes, na
Kombi de Maurício.

O delegado Antonino Primante assumiu o caso e, após encaminhar as duas


crianças para exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal),
conseguiu um mandato de busca e apreensão no apartamento dos pais de
Ronaldo, porém não encontrou nada além de uma fita de vídeo com o show
do cantor Fábio Júnior. A escola também foi revirada e novamente não foi
encontrada nenhuma prova.

A essa altura, a imprensa já sabia sobre o caso.  Achando  que não havia
recebido a atenção necessária, Cléa, mãe de Carla, entrou em contato com a
Rede Globo. Naquela mesma noite, o Jornal Nacional noticiava o acontecido.
Mesmo com nada realmente comprovado, todos os grandes veículos de São
Paulo abraçaram a denúncia e deram manchete sobre o caso. Notícias que
resultaram na depredação da escola e também no linchamento moral dos
envolvidos.

Depois de alguns dias, novas denúncias surgiram. Jornais sugeriram o


consumo de drogas durante as supostas orgias e a possibilidade de contágio
com o vírus HIV em decorrência dos abusos. A essa altura, o caso já havia
tomado dimensões estratosféricas. Novamente, a Base é saqueada. A casa de
Maurício e Paula também.

Para quebrar o silêncio, Icushiro, Cida e Paula resolvem falar à imprensa. Mas
a percepção do erro veio tarde. O delegado já havia ganhado bastante espaço e
era amparado em qualquer atitude que tomasse. Sendo assim, ele decretou a
prisão preventiva de todos os suspeitos. A advogada do casal Saulo e Mara teve
acesso ao resultado do IML, que constava como inconclusivo.

Primeiramente foi afastado do caso, e em seu lugar assumiram Jorge Carrasco


e Gérson de Carvalho. A investigação foi reiniciada com o intuito de finalmente
explicar o caso.

43
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Novo revés. A partir de uma denúncia anônima, a casa do americano Richard


Pedicini foi invadida pela polícia; e ele, preso por pedofilia. Pedicini seria o
contato internacional dos molestadores da Base, promovendo orgias em seu
casarão e filmando e fotografando crianças de várias idades. Mais uma vez,
a imprensa se apressou e colocou Pedicini como vilão da história. Nada ficou
provado. Gérson de Carvalho desmentiu a ligação e absolveu o americano. O
delegado também inocentou os seis acusados e o inquérito do Caso Escola Base
foi arquivado.

A conclusão: Se houve crime, ocorreu em outro lugar, com outros personagens.


Os acusados, apesar da absolvição legal, nunca mais tiveram paz em suas vidas.

Fonte: <http://equipemidianamira.wordpress.com/2009/04/08/breve-resumo-do-
caso-escola-base/>

Percebam o que representou para os envolvidos, as famílias e para a comunidade, um conjunto de


precipitações e de atitudes pouco éticas de vários dos atores envolvidos nesta investigação, incluindo
a imprensa que resolveu publicar com manchetes, fatos sem comprovação e poucos foram os que
depois apresentaram desculpas formais pelos erros cometidos.

Há diversos filmes que retratam investigações mal-realizadas e conduzem à prisão de suspeitos que
na verdade eram inocentes. Como sugestão temos:

A Vida de David Gale (2003)

David Gale (Kevin Spacey) é um brilhante professor de filosofia.


Tem livros publicados, é respeitado, extremamente inteligente,
mas está no corredor da morte, aguardando sua execução. Ele é
acusado de ter estuprado e assassinado uma colega de trabalho
e ex-aluna. Às vésperas de sua morte, David pede a presença da
repórter Bitsey Bloom (Kate Winslet) para que lhe conceda uma
entrevista na qual contaria toda a verdade sobre o caso. Uma
história inacreditável, envolvendo alcoolismo, a mulher que o
abandonou, a melhor amiga (Laura Linney), que está morrendo
de leucemia, um advogado incompetente e um governador
que adoraria eletrocutá-lo. Quanto mais Bitsey ouve, mais fica
estarrecida. Mas, com apenas quatro dias para a execução, talvez
seja tarde demais para inocentá-lo.

Fonte: <http://www.cultvideo.com.br/site/detalhe.
asp?id=7644&sec=cult>

44
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

A Caça (2013)

Um professor recém-divorciado e que tenta se recompor é


injustamente acusado de pedofilia. A situação é tão mais cruel
quando até amigos de infância se voltam contra ele. O filme
ataca um tema aterrador abertamente, ao mesmo tempo em que
procede uma mudança de foco interessantíssima: uma vez que
não ocorre abuso sexual e a acusação, portanto, é inócua, o nosso
horror (e identificação) é (são) dirigido(s) para a selvagem reação
da comunidade em torno do injustiçado, transformado num pária
e desgraçado por todos em tempo recorde. 

<http://www.timeout.com.br/sao-paulo/cinema/features/498/os-filmes-
da-semana-22313>

Cuidados devem ser adotados durante a investigação. Por exemplo, as digitais do suspeito no objeto
que provocou a morte da vítima são sem dúvida alguma relevante. Mas a única possibilidade real
é a de que ele seja o autor ou o objeto poderia ter sido manuseado previamente? Recentemente
foi amplamente divulgado o caso de médicos que fraudavam o sistema eletrônico de registro de
frequências de uma prefeitura, utilizando “dedos de silicone” com as impressões digitais dos
servidores, de tal forma a marcar presença para eles quando na verdade não estavam lá. E se um deles
estivesse cometendo um crime em outro local? Poderia utilizar como álibi, o fato de, oficialmente,
estar trabalhando, inclusive com o registro feito por sua digital. Percebem? Fatos devem ser
investigados. Outra questão diz respeito a investigadores que simplesmente reconstituem ou criem
em suas “cabeças” e tentam dirigir a investigação para provar a sua teoria.

Outra questão diz respeito às testemunhas: Qual o grau de convicção do que se alega ter sido
visto? Era tecnicamente possível que o que está sendo afirmado de fato possa ter ocorrido? Se uma
testemunha afirma que viu o suspeito no local do crime, é fundamental saber com a reconstituição,
feita no mesmo horário, com as mesmas condições de luminosidade, de clima (estava chovendo?) e
distância, dentre outras considerações com vistas a verificar a veracidade do depoimento.

Uma outra questão ética diz respeito ao envolvimento emocional do investigador com a vítima
e os suspeitos. A neutralidade fica bastante comprometida quando a vítima possui ou possuía
algum grau de intimidade com o investigador. Seja porque eram amigos íntimos ou ao contrário,
inimigos. Nessas situações o investigador deve declarar-se impedido. Da mesma forma, pode
haver o surgimento de sentimentos positivos e até mesmo paixão, por parte de testemunha ou de
algum suspeito com relação ao investigador. Ou o oposto, uma relação de ódio. Quando isso ocorre,
dizemos que está havendo um mecanismo de transferência. Quando este sentimento existe do
investigador com relação aos depoentes, à vítima (até então desconhecida) ou suspeito, falamos de
contratransferência. Tanto um quanto o outro são prejudiciais à investigação e cabe ao profissional
ou seu supervisor identificar o surgimento deste tipo de relação danosa ao processo e que pode
comprometer a ética.

Ainda com relação às questões éticas, é fácil de entender o porquê de ser condenável o recebimento
de qualquer tipo de facilidade ou presente por parte de suspeitos aos investigadores. Sob qualquer

45
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

hipótese. Nem mesmo um almoço ou uma viagem. A imparcialidade estaria comprometida. Se a


oferta é explícita ou tem o objetivo claro de modificar o curso da investigação, estamos também
falando de crime, incluindo a tentativa de corrupção, o que deve ser imediatamente reportado.

Outro ponto importante é com relação às evidências coletadas. Nada pode ser direcionado para se
tentar uma condenação. O material coletado deve complementar a investigação e não o contrário.
Há necessidade de contextualização e um erro grave é tentar colocar um suspeito no local do crime,
pelo achado de uma evidência não contextualizada. Por exemplo, você como investigador acredita
que determinado suspeito realmente cometeu o crime que está sendo apurado. No entanto, você
não tem evidências. Descobre então, que havia marcas de calçado número 42 no local do crime e que
o suspeito calça o mesmo número e que tem um sapato sujo na casa dele. Pronto, era tudo que você
queria para relacionar o suspeito ao local do crime. Contudo, de forma imparcial, precisa responder
as seguintes perguntas:

»» O solado do sapato é coincidente com o que deixou rastros?

»» A sujeira encontrada no sapato possui as mesmas características de solo da cena do


crime?

»» O suspeito possui álibis para o horário do crime?

»» É possível ou razoável que o suspeito tenha estado no local do crime antes ou


depois do fato ter ocorrido? Por exemplo, o local pode ser o mesmo utilizado para o
deslocamento diário do suspeito para o trabalho.

Há muitas outras perguntas e questões que devem ser devidamente analisadas, sempre de forma
imparcial e neutra. Uma técnica de investigação muito utilizada por analistas de perfis criminosos
é aquela em que eles constroem primeiro o perfil com base na análise da cena do crime e evidências
encontradas, sem saber dos suspeitos, para que não haja “contaminação” do raciocínio deles e acabe
por influenciar o curso da investigação.

Há ainda um ponto a ser levantado com relação à ética, que diz respeito às minorias de toda espécie
e preconceitos. Nenhum tipo de preconceito pode ser admitido em uma investigação. Qualquer um
pode ser um criminoso. Hoje temos com frequência pressa em buscarmos culpados e não raramente,
inocentes podem ser apontados.

Vejam o que a pressa em apontar culpados pode ocasionar:

Em 11 de março de 2004, a Espanha sofreu duros ataques terroristas cometidos pela


Al-Qaeda em represália ao apoio espanhol aos Estados Unidos, contra o terrorismo
praticado pelo Taleban e pela própria Al-Qaeda. No entanto:

“Nas primeiras horas após as explosões, o governo anunciou que


o principal suspeito era o ETA, grupo terrorista basco que luta
desde a década de 1960 pela independência da região. A longa
ficha corrida dos extremistas – em seu maior atentado, na década
de 1980, 21 foram mortos em um supermercado em Barcelona

46
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

– fez com que a possibilidade não fosse descartada pela polícia.


O primeiro-ministro chegou a telefonar a todos os principais
jornais e emissoras de TV do país para dizer que tinha certeza
da participação do ETA. Os etarras negaram veementemente a
autoria da ação, justificando que seu modus operandi era diferente.
Geralmente eles têm como alvos somente militares e não usam o
tipo de explosivo encontrado nos trens. A insistência em acusar o
ETA, mesmo sem apresentar evidências da participação do grupo,
fez com que os eleitores espanhóis desconfiassem do governo.
Milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra os
ataques, mas também para exigir informações mais consistentes
sobre os autores.”

Fonte: <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/11-marco-2004-434060.
shtml>

Essa desconfiança da população, aliada ao desastroso comportamento do Primeiro-Ministro eleito


pela primeira vez em 1996, e que ainda continuava no poder, e uma promessa de campanha do
opositor Zapatero que era contrário à política externa de Aznar, foram responsáveis pela mudança
de governo espanhol.

As prisões, entrevistas e interrogatórios devem seguir estritamente o que é previsto na lei e não são
toleráveis ameaças e nem o emprego de violência ou tortura para se obter confissões ou delações.

O Código de Ética Europeu da Polícia adotado em 19 de setembro de 2001 pelo Conselho de Ministros
dos países membros da União Europeia assim dispõe sobre a ética nas investigações:

Art. 47. As investigações policiais deverão no mínimo ser baseadas em razoável


suspeição sobre uma ofensa ou crime atual ou possível de ter sido cometido.

Art. 48. A polícia deve seguir os princípios que todos estão sujeitos ao serem
indiciados por crimes, o que significa dizer que todos devem ser considerados
inocentes até que sejam condenados por um tribunal e que todos indiciados
tem alguns direitos, inclusive o de ser imediatamente informado das razões
pelas quais está sendo acusado, contra quem e o direito de preparar sua
defesa ou de contratar um advogado para fazê-la.

Art.49. Investigadores policiais devem ser objetivos e justos. Devem ser


sensíveis e flexíveis às necessidades especiais das pessoas, como crianças,
jovens, mulheres, minorias, inclusive étnicas e pessoas vulneráveis.

Art. 50. Orientações para conduta de procedimento e integridade dos


entrevistadores policiais serão estabelecidas, tendo por base o disposto no
artigo 48. Em particular, eles deverão assegura-se de que a entrevista (ou
interrogatório) seja justa e que durante todo o procedimento o entrevistado
(ou interrogado) esteja ciente das razões pelas quais está sendo entrevistado,
bem como outras informações que sejam relevantes. Gravações sistemáticas
desses procedimentos serão realizadas e mantidas arquivadas.

47
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Art.51. Os policiais deverão estar conscientes das necessidades especiais


das testemunhas e serem guiados pelas regras que visem a proteção dessas
pessoas e o devido apoio durante a investigação, especialmente se há risco de
intimidação das testemunhas.

Art. 52. Os policiais deverão providenciar o suporte necessário, assistência e


informação às vítimas de crimes, sem qualquer discriminação.

Art. 53. A polícia providenciará intérpretes e tradutores quando necessário no


curso da investigação policial.
Fonte: <http://polis.osce.org/library/f/2687/500/CoE-FRA-RPT-2687-EN-500>

Por fim, gostaria de lembrar o que prevê o artigo 5oda Constituição Brasileira:

Art.  5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

I -  homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;

II -  ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;

III -  ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou


degradante;

IV -  é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V  -  é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

Continua:

X -  são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;

XI -  a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

XII -  é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,


de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal; [...]

Assim, ninguém será exposto à mídia, nem detalhes de investigação podem ser divulgados sem que
haja devida comprovação de fatos e sempre de tal forma a não prejudicar as investigações. Há duas

48
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

hipóteses que devem ser seguidas ao se dar informações sobre o andamento de investigações para
a mídia:

1) Para informar o que aconteceu, atualizar o que está sendo feito e


posteriormente dar respostas à sociedade.

2) Para solicitar ajuda e apoio em busca de informações e de paradeiro de


suspeitos. Fora isso, não faz sentido que investigadores permaneçam na mídia
além do razoável, apenas para “aparecer” e tumultuar as investigações.

Contudo, deve-se ter em mente, sempre que a imprensa é importante e poderosa colaboradora
do Poder Público e dos investigadores e de forma alguma deve ser alijada do processo ou receber
informações incorretas ou deixar de ser atualizada. A falta de informações é fábrica para rumores e
boatos. Há, no entanto, necessidade de planejamento e coordenação na forma como as informações
serão divulgadas, que devem ser concentradas em um único canal. Ou seja, não é qualquer pessoa
que deve ser autorizada para dar entrevistas, mas apenas aqueles designados para tal e que isso seja
feito de forma regular e não apenas quando a imprensa solicita. Deve ser assegurado à imprensa:

»» Local adequado para que possam instalar equipamentos e estejam abrigados de


condições climáticas adversas;

»» Utilizar expressões e linguagem clara para o correto entendimento da população,


evitando sempre termos técnicos ou que são entendidos apenas por profissionais
da área;

»» Jamais mentir;

»» Se não tem certeza de uma informação, esclareça o fato e se comprometa a informar


o correto, assim que possível. Nos casos em que a informação for comprometer
a investigação ou ser contrária aos direitos constitucionais de qualquer suspeito,
também informar esta condição;

»» Fornecer informações regularmente e desmentir boatos e rumores tão logo surjam;

»» Jamais se recusar a falar com a imprensa ou dizer “nada a declarar”. A polícia deve
informações à Sociedade e, portanto, sempre haverá algo a ser dito.

»» Solicitar a compreensão e apoio dos jornalistas;

»» Jamais conceder informações exclusivas ou privilegiadas a um ou mais jornalistas


em detrimento dos demais;

»» Permitir o livre trabalho dos jornalistas dentro dos princípios legais, da ética e da
moral.

49
CAPÍTULO 2
Investigação Criminal – Recursos
Investigativos

“Aos vivos devemos respeito, mas aos mortos devemos apenas a verdade.”

Voltaire

Primeiros passos na investigação criminal


Há diferentes formas de se conduzir uma investigação, mas os princípios são basicamente os
mesmos.

O primeiro passo é tomar conhecimento da existência de um crime. Estar certo de que o fato
denunciado realmente corresponde a uma ofensa prevista em lei e dirigir-se ao local que faça parte
de sua jurisdição. É importante lembrarmos que há prerrogativas legais para diferentes tipos de
crimes. A jurisdição não diz respeito apenas a áreas físicas, mas também a competências legais.
Um crime pode ser federal independente da área em que ocorra desde que os elementos para que
o configurem estejam presentes. Por exemplo, uma pessoa presa por tráfico de drogas, mas que
pertença a um esquema de tráfico internacional passa a configurar um crime que deve ser investigado
pela Polícia Federal, o que não significa que as demais polícias não possam atuar em apoio, se assim
solicitado pelo órgão responsável pela investigação.

Uma vez resolvida a questão da competência legal, o investigador deve conversar o quanto antes
com os peritos criminais, se possível ainda na cena do crime, para buscar as primeiras informações,
ao mesmo tempo em que pode iniciar o trabalho de busca de testemunhas. Quanto mais cedo as
testemunhas são ouvidas, mais recentes são as lembranças do ocorrido e maior a chance de se obter
detalhes. A conversa com as testemunhas deve sempre ser feita de forma adequada, reservada e
respeitosa. Observe e fotografe a multidão que está assistindo o trabalho dos peritos. Em alguns
casos, o criminoso permanece ou volta ao local para acompanhar o trabalho policial.

O passo seguinte é tentar montar o “quebra-cabeças” e começar a responder algumas questões:

1. O que aconteceu?

2. Houve mortos? Quem morreu? Qual foi a causa da morte? Há indícios de suicídio,
homicídio ou acidente? Quais? Em casos suspeitos, o que pode ter provocado
a morte? Quem encontrou as vítimas? A que hora se deu a morte? Quem eram
as vítimas? Faça um estudo de vitimologia (nome, idade, profissão, ocupação,
residência, amigos, inimigos, namorados, grau de estudo, hobbies, filhos, parentes
etc). Se houve mais de um morto, de que forma as mortes estão relacionadas? Há
indícios de que uma única pessoa cometeu o crime? Converse com os familiares e
amigos mais próximos.

50
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

3. O que os peritos criminais encontraram no local? Veja as fotos, sketches, desenhos


e gráficos. Foi encontrado algum objeto compatível com o que possa ter provocado
a morte ou ferimento em alguém? Impressões digitais foram colhidas? E materiais
que possam conter DNA? É possível um retrato falado? Há câmeras de vídeo na
região? Requisite-as o quanto antes.

4. Há testemunhas? Quem são? O que viram? Onde estavam? O que estavam fazendo
no local? Onde moram? Converse com eles.

5. Há feridos? O que houve? Converse com eles.

6. Quais são as evidências objetivamente encontradas?

7. É possível ou necessária a construção de um perfil criminal?

8. Há algum suspeito? Por quê? Como chegou até ele? Por que ele cometeria o crime?
Qual motivação? De que forma? Com uso de que meios? Onde ele está? Onde ele
estava na hora do crime? Há álibis? Quem são? Quais são? Houve alguma confissão?
É verossímil? Em que condições foi obtida? Houve alguma coerção? Há algum
ganho secundário?

9. Há correlações entre as evidências, o relato das testemunhas e o suspeito?

10. Qual a sua hipótese? Por quê? Como chegou até ela?

11. Qual o seu planejamento para corroborar ou descartar a hipótese levantada?

A investigação não pode ser conduzida sem um planejamento. Simplesmente pelo “faro policial”.
Uma hipótese (ou mais) deve ser levantada com base nos relatórios do legista, dos peritos, dos
policiais que chegaram primeiro ao local do crime, das testemunhas, do suspeito (ou suspeitos),
do estudo da vitimologia e quando necessário da análise de perfis criminais, especialmente úteis
em crimes em série. Outras análises, exames e entrevistas podem ser requeridas e necessárias.
Mantenha sempre informado o encarregado das investigações ou seus superiores, do que está sendo
investigado. Em alguns casos, pode ser necessária a solicitação de mandados de busca e apreensão
na casa ou local de trabalho de suspeitos, como também pode ser solicitada autorização judicial para
escuta telefônica (é crime a escuta não autorizada).

Se a hipótese pode ser comprovada é hora de apresentar as conclusões e seguir para viabilizar a
ação penal e conforme o caso, nos termos da legislação em vigor.

Entrevistas e Interrogatórios
Todos que já assistiram algum filme policial já viram cenas de interrogatórios e de entrevistas.
Necessariamente esses filmes não reproduzem a realidade ou a legalidade desses procedimentos
como na vida real, já que o objetivo das produções cinematográficas é o do entretenimento. A
exceção são os documentários.

51
UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Antes de começarmos a falar de entrevistas e interrogatórios, devemos nos lembrar que cada
país tem legislação própria e que há métodos e medidas que não podem ser utilizados por serem
desumanos ou ilegais, já que os presos também possuem direitos.

Entrevista não é sinônimo de interrogatório. A entrevista é uma conversa em que não existe
confrontação e nem acusação, que são típicas do interrogatório. A entrevista geralmente é feita com
vítimas, testemunhas, mas também pode ser feita com suspeitos, sobretudo em uma fase inicial em
que se pretende buscar indícios ou provas. No Brasil, durante o inquérito policial, um suspeito pode
ser ouvido em uma delegacia de polícia, sobre os fatos que estão sendo apurados. Ele, no entanto,
tem o direito de permanecer calado e de ter um advogado a seu lado. Na fase de ação penal, já
indiciado, o procedimento realizado pelo Juiz, é o do interrogatório e mesmo nesta condição, o réu
tem direito a advogado e a permanecer calado também sobre os fatos que está sendo acusado. Os
aspectos legais do interrogatório estão no Código de Processo Penal Brasileiro, a partir do art.185,
alterado pela Lei no 10.792, de 1 de dezembro de 2003.

As entrevistas investigativas possuem diferenças quando aplicadas a testemunhas, vítimas


e suspeitos. Espera-se das testemunhas e vítimas, que forneçam de forma o mais detalhada
possível, informações sobre os fatos que presenciaram, incluindo pessoas que pudessem estar no
local, horários e tudo o que puder ajudar na investigação. Dos suspeitos, a menos que se saiba
que estiveram no local do crime, busca-se na entrevista prestar atenção em seu comportamento,
forma de se expressar, sobretudo quando algumas perguntas são feitas e o que fazia no momento do
crime, com quem estava e outras perguntas pertinentes. Nesse momento, busca-se a colaboração e
a busca por sinais que possam demonstrar que a pessoa esteja mentindo ou escondendo algo. Muito
cuidado com livros que “ensinam” a perceber quando alguém está mentindo. São com frequência
“ensinados” que os mentirosos quando confrontados, coçam o nariz, possuem maneirismos,
desviam o olhar e embora isso possa ocorrer com algumas pessoas, nem sempre os mentirosos
agem desta forma e nem sempre quem age assim, é mentiroso. Não existe “receita de bolo” para
análise comportamental. Indivíduos sociopatas mentem com muita facilidade e sem nenhum sinal
de que estão mentindo. Quem já foi vítima ou já entrevistou estelionatários sabe o quanto é difícil
diferenciar a verdade da mentira. Da mesma forma, pessoas tímidas ou constrangidas poderão
desviar olhares, ficarem extremamente nervosas, gaguejar, sem que tenham qualquer tipo de “culpa
no cartório”. O subjetivismo não é um instrumento adequado para a investigação. Se o seu “sexto-
sentido” diz que há algo de errado em uma entrevista, confie nele e aprofunde as investigações,
mas com critérios técnicos e científicos. A imprensa vez por outra relata a utilização de videntes
e pessoas com poderes paranormais para auxílio em investigações. À luz do conhecimento atual,
sobretudo quando se trata de apontar culpados, este não é um método considerado como aceitável.

As entrevistas como também os interrogatórios devem sempre que possível ser gravadas, o que
é lei em alguns países. Esta medida visa não apenas garantir que os direitos do preso não foram
desrespeitados, o que poderia acarretar em anulação de depoimento mais tarde ou acusação de
coerção ou tortura, como também permite a análise do comportamento e das respostas do suspeito
por uma equipe especializada que não precisa estar presente durante a oitiva do suspeito.

De acordo com Gudjonsson (2003):

52
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Manuais práticos de interrogatório são geralmente baseados na grande


experiência de interrogadores e alegam oferecer técnicas efetivas para tirar
a resistência dos suspeitos. Os autores desses manuais argumentam que a
“verdade” seja revelada. Além disso, eles enxergam as técnicas de persuasão
em interrogatórios como essenciais ao trabalho policial e acreditam que elas
se justificam

Na Inglaterra, um Comitê Nacional composto por policiais, advogados e psicólogos, criou alguns
princípios para serem utilizados nas entrevistas e interrogatórios (WILLIAMSON, 2006):

1. O objetivo da entrevista investigativa é o de se obter depoimentos verossímeis e


confiáveis de vítimas, testemunhas e suspeitos de tal forma a descobrir a verdade
sobre os fatos que estão sendo investigados;

2. O investigador deve fazer a abordagem da entrevista com a “mente aberta” e


comparar a informação obtida com o que é conhecido ou o que pode ser facilmente
verificado;

3. O entrevistador deve sempre agir de forma justa e razoável em acordo com que cada
circunstância exige;

4. O entrevistador não é obrigado a aceitar a primeira resposta como verdadeira e nem


considerar que repetir de forma persistente a mesma pergunta, como sendo algo
errado ou injusto;

5. O investigador tem o direito de fazer perguntas ao suspeito, mesmo quando ele


exerce o direito de permanecer calado;

6. Durante as entrevistas os investigadores são livres para fazer perguntas para checar
a verdade, exceto nos casos de crianças vítimas de abuso sexual ou de violência,
cujos questionamentos serão utilizados em procedimentos criminais;

7. Vítimas, testemunhas e suspeitos que são considerados como vulneráveis devem


sempre ser tratados com consideração especial.

O que faz com que uma pessoa seja considerada vulnerável, não é a posição social ou o cargo público
que ocupa, mas, deficiências físicas, condições de saúde ou idade muito avançada, por exemplo.

Ainda na Inglaterra, os interrogatórios e as entrevistas investigativas, devem seguir a regra


mnemônica do PEACE:

»» P - Preparação e Planejamento - o que se sabe sobre o caso, sobre quem será


entrevistado ou interrogado e o que se busca saber;

»» E - Engajamento e Explicação - é o momento inicial em que é explicado ao


entrevistado ou interrogado, o que se pretende fazer e quais são os direitos legais
dele durante o procedimento;

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

»» A - Account (depoimento) - os entrevistados devem dar a sua versão dos fatos, o


que pode exigir alguns esclarecimentos, perguntas e interrupções;

»» C - Conclusão - O entrevistador resume o que foi dito, reforçando os pontos fortes


e dando a oportunidade ao entrevistado de modificar o seu depoimento.

»» E - Evaluate (avaliação) - O depoimento e as respostas são avaliadas, bem como


a postura e os procedimentos do entrevistador também.

Segundo Gudjonsson (2003), existe uma série de situações em que um interrogatório pode resultar
em resultados insatisfatórios ou mesmo representarem sérios problemas à unidade de investigação:

1. A confissão ainda que verdadeira, é considerada ilegal, por ter sido obtida com
utilização de coerção, violência ou tortura;

2. Uma falsa confissão é obtida e o processo posteriormente anulado;

3. Pressão desnecessária ou injusta resultando em ressentimento e causando a retração


do suspeito em realizar a confissão, ainda que verdadeira e não colaboração com a
polícia em investigações futuras;

4. Pressão ou coerção resultando no desenvolvimento de desordens pós-traumáticas;

5. A perda de confiança da população na polícia pela divulgação de casos em que


resultaram em anulações judiciais;

6. Baixo padrão de interrogatório, levando suspeitos a se negarem a confessar, quando


poderiam fazê-lo se não tivessem sido pressionados de forma inadequada ou
inoportuna;

7. Suspeitos que eventualmente tenham confessado e voltam atrás, negando a confissão


ao perceberem que estão sendo demasiadamente pressionados para revelar mais
informações, no que é conhecido como “efeito boomerang”.

Dentre as muitas técnicas aceitáveis de interrogatório, Leo (1996) apresenta as seguintes, que
considera como efetivas para obtenção da confissão de suspeitos (que efetivamente tenham
cometido o crime):

1. Apelar para a consciência do suspeito;

2. Identificar pontos e contradições no depoimento e na história apresentada;

3. Oferecer justificativa moral ou desculpa psicológica para o crime;

4. Fazendo elogios ao suspeito.

54
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

Nos Estados Unidos, o uso do polígrafo é bastante difundido e muito utilizado, incluindo como teste
pré-admissional em alguns órgãos públicos, como sendo um instrumento confiável para detecção
da veracidade de depoimentos. Não é, contudo, aceito no Brasil.

Para saber mais: <http://www.polygraph.org/>

O art. 5o da Constituição Federal repudia a tortura e o tratamento desumano ou degradante.

Há muitos filmes comerciais que abordam interrogatórios. Assista aqueles que puder e faça sua
própria crítica ao que está correta e ao que não funciona ou mesmo é ilegal.

Fazer entrevistas e interrogatórios não é algo que se aprende apenas com livros, sendo fundamental
àqueles que pretendem atuar nessa área, que acompanhem profissionais mais experientes.
A literatura, contudo, nos ensina muito sobre o embasamento teórico a ser utilizado para esses
procedimentos e é fundamental para que o processo não seja realizado de forma descoordenada e
nem improvisada ou pior, que seja feita de forma ilegal ou desumana.

Perfil de suspeitos
Em muitos crimes, não se tem um suspeito, sobretudo, os cometidos em série e há necessidade de
que um perfil seja estabelecido. Em alguns países, como os Estados Unidos, há unidades destinadas
especificamente à elaboração de perfis criminais.

Ault e Reese (1980) propõem as informações que devem fazer parte do perfil criminal:

1. Etnicidade do criminoso;

2. Sexo do criminoso;

3. Faixa etária;

4. Estado Civil;

5. Tipo de emprego ou ocupação;

6. Reação ao ser confrontado pela polícia;

7. Grau de maturidade sexual;

8. Possibilidade do indivíduo cometer novos crimes;

9. Possibilidade do criminoso ter cometidos crimes semelhantes;

10. Condenações prévias.

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UNIDADE ÚNICA │ CONCEITOS

Traçar um perfil criminal requer estudo, conhecimentos técnico-científicos aprofundados, em que


o “achismo” não tem lugar. O perfil criminal não é realizado para tentar provar que um suspeito
realmente tenha cometido determinado crime. É ao contrário. Na ausência do suspeito, busca-
se com base nos estudos feitos com os vestígios, vitimologia e análise da cena do crime, oferecer
aos investigadores, condições para que possam melhor orientar suas investigações. Um perfil não
necessariamente acertará em todos os seus aspectos, mas quando bem realizado e por equipe
devidamente capacitada, pode ser de grande auxílio.

A unidade comportamental do FBI conhecida como BSU, com base em entrevistas de presos e estudo
de características comuns encontradas em crimes de natureza semelhante, propôs uma classificação
em que denomina o criminoso de organizado ou desorganizado, conforme a forma com que o crime
foi praticado.

Com relação às características encontradas na cena do crime:

Organizado Desorganizado
Crime planejado Crime espontâneo
Conversação controlada Mínima conversação
A cena reflete controle Cena é aleatória
Mostra que a vítima foi subjugada Violência súbita contra a vítima
Uso de algemas ou imobilização Uso mínimo de imobilização
Agressivo antes da morte Sexo após a morte
Corpo da vítima é escondido Corpo deixado à mostra
Ausência evidente de arma Presença evidente de arma
Corpo da vítima transportado Corpo deixado no local

Fonte: Burgess, et al (1985)

O assassino organizado está no controle da situação. Geralmente há sinais claros de planejamento


e a vítima não é fruto de uma escolha aleatória e nem de um impulso. O local no qual o crime é
cometido também é previamente determinado, de preferência aquele em que o criminoso tenha
tempo com a vítima sem ser perturbado ou descoberto. Em alguns casos, pode haver um ritual.
São pessoas bem apresentáveis, que demonstram confiança ou ocupam cargos de autoridade. O
serial killer John Wayne Gacy, não despertava qualquer suspeita e vestia-se de palhaço em festas,
dai ser posteriormente conhecido como o “palhaço assassino”. Os assassinos organizados tendem a
torturar suas vítimas e remover evidências do crime. O modus operandi pode mudar se o criminoso
entender que há um novo método mais sofisticado e eficaz. Geralmente, possuem relações estáveis
e por ocasião do crime, podem se mostrar com raiva ou frustrados.

O criminoso desorganizado está fora de controle, não planejou o ato e a cena do crime é descrita
como caótica. O ataque geralmente é por impulso e com frequência as vítimas são feitas diante de
oportunidades. As vítimas são pegas desprevenidas, não há preocupação em ocultar o cadáver e
nem de esconder a arma utilizada. Não raramente, são presos momentos após o crime, ainda com
as roupas sujas de sangue. Geralmente este tipo de criminoso possui dificuldade em manter relações
estáveis, tem baixa condição social e é comum que more sozinho e perto do local do crime. Pode
sofrer de transtornos de personalidade ou ser psicótico.

56
CONCEITOS │ UNIDADE ÚNICA

As descrições acima não são voltadas para crimes comuns, como o assalto a uma padaria em que
na fuga, o criminoso comete um assassinato. Estamos falando de crimes seriados ou de natureza
sexual, com emprego de violência e no qual o criminoso é desconhecido.

Para saber mais:

Serial killer – Ilana Casoy – 2008 – Ediouro

Primeira coletânea sobre serial killers elaborada por uma escritora


brasileira. Este livro é composto por duas partes. Na primeira são
expostas informações e características psicológicas e físicas sobre
os serial killers. Na segunda, casos reais clássicos de serial killers
internacionais.

Criminal Minds – Seriado iniciado em 2005 e exibido pela rede


americana CBS. No Brasil recebeu o título de Mentes Perigosas.
Aborda o dia a dia da unidade especializada (BSU) em perfis
criminais do FBI .

57
Para (não) finalizar

A investigação criminal é uma área com muitos desafios e que requer a adoção de técnicas intuitivas,
dedutivas, mas, sobretudo, respaldadas em conhecimentos teóricos bem embasados e do apoio
técnico-científico. Não há espaço na investigação criminal para a adoção de métodos desumanos ou
cruéis com vistas a obtenção de confissões e tampouco, o investigador pode agir apenas com base
em suas próprias convicções, abrindo “mão” de evidências e de depoimentos de testemunhas, do
estudo da vitimologia e da análise da cena do crime, sem falar na entrevista e no interrogatório de
suspeitos, que deve ser feito dentro das normas éticas e legais.

Foram propostos diversos filmes para complementarem o estudo e naturalmente, por não
serem documentários, possuem muitas informações que são partes da ficção e muitas outras
não correspondem ao sistema jurídico brasileiro. No entanto, possuem como mérito e por isso a
indicação, buscam retratar o que ocorre no submundo do crime em diferentes áreas. O filme Traffic,
por exemplo, ganhador de vários prêmios, mostra de forma bastante convincente, a complexidade
do tráfico de drogas, as relações de corrupção existentes, a luta de cartéis, a atuação de órgãos
policiais e algumas linhas investigativas que de fato são adotadas, bem como a questão da cooperação
internacional de agências. Este é o objetivo da indicação dos filmes e ao mesmo tempo, permitir a
comparação do que está sendo apresentado com o referencial teórico.

A apostila é tão somente um guia de estudos e as referências devem ser consultadas e o estudo
aprofundado. Da mesma forma, é necessário que todos que se disponham a atuar como investigadores,
adquiram a experiência prática diária, acompanhando os mais experientes e discutindo casos.

Nosso curso possui, ainda, uma outra disciplina, na qual são apresentados e discutidos casos
envolvendo investigações criminais e psicologia forense.

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Referências
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River, NJ. 2000.

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CASOY, Ilana. A Prova e a Testemunha. Editora Larousse do Brasil, 2010.

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60

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