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Resumo: O filósofo René Descartes, conhecido por sua reflexão metafísica e preocupação com o método,
escreveu sobre música e suas relações com as paixões da alma, tanto em seu primeiro texto o Compendium
Musicæ,escrito aos vinte e dois anos de idade logo após sair do colégio La Flèche, como em sua última obra
As Paixões da Alma, publicada postumamente. A época, há um diálogo intenso em torno do tema, por isso
será analisado o contexto dessa discussão filosófico e musical, pois no Renascimento não há separação
entre as disciplinas. As proposições cartesianas em torno do tema, tendo em conta sua correspondência.
Em seguida pode-se propor uma hipótese sobre as obras estudadas por Descartes através da comparação
textual, inclusive por ser um texto de juventude.
Palavras-chave: Descartes, Mersenne, Murs, Zarlino, Salinas, paixões.
Abstract: The philosopher Rene Descartes, known for his metaphysical reflection and concern for
method, however, wrote about music and his relations with the passions of the soul, both in his first text
the Compendium Musicæ, written at the age of twenty-two just after leaving the college La Flèche, as in
his last work The Passions of the Soul, published posthumously. In epoch, there was an intense dialogue
around the theme, so we will analyze the context of this philosophical and musical discussion, because
in the Renaissance there is no separation between disciplines. The Cartesian propositions around the
theme, taking into account their correspondence. Then it is possible to propose a hypothesis on the works
studied by Descartes with a textual comparison, even for being a text of youth.
Keywords: Descartes, Mersenne, Murs, Zarlino, Salinas, passions.
Introdução1
René Descartes (1596-1650) é conhecido como um dos pais da filosofia moderna,
principalmente reconhecido pela frase “penso, logo sou” (DESCARTES, A.T. IX)2 e pelo
método cartesiano. Uma das principais de suas preocupações foi como diferenciar o erro
da verdade sem utilizar a tradição filosófica como parâmetro sobre a verdade de uma
proposição, daí a postura filosófica de preocupar-se com o método de conhecimento ter
a mesma importância com o resultado da reflexão. Utilizando-se da dúvida hiperbólica,
ou seja, de colocar em dúvida toda a realidade até o ponto em que uma verdade clara
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Contexto filosófico-musical
O Renascimento é um momento histórico em que diversas tendências de pensamento
estão mutuamente em diálogo e contraposição. A publicação de textos da Antigui-
dade Clássica leva a uma tendência humanista, na qual a utilização de argumentos
advindos destas obras torna-se essencial a qualquer discussão enquanto também
há quem discuta a necessidade desse esteio teórico clássico. Tendências filosóficas
diferentes como neoplatonismo, aristotelismo e ceticismo permeiam esse contexto.
Do ponto de vista religioso, há a Reforma Protestante de Lutero e a Contrarreforma
católica, ambas com impacto na música sacra. O cerne do que posteriormente se
denominará Revolução Científica também permeia esse momento.
Pensar sobre música, nesse contexto, não implica em ser um músico teórico. A dis-
cussão em torno dela vai além das discussões práticas e teóricas, sendo importante
nem ignorar as proposições dos músicos práticos e teóricos ou dos intelectuais, afinal,
não há uma clara divisão de disciplinas. Outro erro seria pensar em uma hierarquia
entre estes âmbitos de discussão. Estas diferentes visões estão em contínuo diálogo
nesse período.
O neoplatonismo é muito presente nesse contexto, principalmente após a publicação
e comentário da ora completa de Platão e Plotino pelo filósofo humanista, filólogo,
teólogo e médico florentino Marsílio Ficino (1433-1499), o qual realizou uma relei-
tura do neoplatonismo em face do cristianismo após a predominância da influência
aristotélica sendo a base da compreensão sobre o neoplatonismo na Renascença.
Nessa tradição propõe a música como uma espécie de medicina do corpo e da alma,
na qual a música, enquanto uma técnica dos sons, equilibraria os humores do corpo,
em que sua ordem é concebida como música humana, desde que a primeira reflita
a ordem cósmico, ou seja, em sua particularidade esteja contida a própria ordem
cósmico, a música celeste. Em sua concepção o prazer também está presente, o qual
advém dessa ação quase medicinal sobre o corpo e a alma. Dessa forma, há uma
relação direta entre a música e os afetos por esta provocados (Cf. GOZZA, 2004).
O aristotelismo, mesmo estando em crise, ainda encontra seus defensores, inclusive
por um maior acesso a obra de Aristóteles. O helenista, filólogo, linguista e teórico
da literatura Lorenzo Giacomini Tebalducci Malespini (1552-1599) proporá uma
compreensão da música também enquanto medicina do corpo e da alma, porém em
uma concepção aristotélica, na qual através da khatarsis (κάθαρσις), o corpo e a alma
expurgariam os humores deletérios, os quais seriam fluidos corporais causadores dos
temperamentos da personalidade e das doenças quando em proporções desequilibra-
das no âmbito da medicina de Galeno. A ideia desta advém da Poética de Aristóteles,
a qual propõe que a audiência da tragédia vivenciaria os afetos dos personagens,
gerando um expurgo dos excessos destes e propiciando equilíbrio, tendo em conta
que originalmente o termo se relaciona com o uso de purgantes na medicina antiga.
De maneira que Malespini propõe que este efeito catártico faz com que os humores
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da nota musical (Cf. BERKEL, 2013; BUZON, 1985; COHEN, 1984). Beeckman não
discute diretamente os afetos, no entanto, há essa preocupação de entender como
o som é apreendido pelo ouvinte.
Vicenzo Galilei, o pai de Galileu Galilei (1564-1642), estudou profundamente a tra-
dição clássica, como era comum entre os membros da Camerata Fiorentina, porém,
questionava o uso desta tradição para embasar a prática moderna pelas diferenças
dos contextos culturais, defendo o uso de uma metodologia experimental e do uso
do ouvido para embasar as teorias musicais. Aplicava uma metodologia experimen-
tal como forma de estudar o problema do temperamento musical, principalmente
sua relação dos materiais de construção de instrumentos musicais. Em relação aos
afetos, também defendia a necessidade de o material musical expressar os afetos do
texto (Cf. BROMBERG, 2011; COHEN, 1984).
Esse contexto complexo no qual se instrui sobre música e escreve sua própria obra
sobre o tema.
seu objeto é o som, seu fim é deleitar [delectet] e mover em nós paixões
[affectus] diversas. Também as canções podem ser ao mesmo tempo tristes e
agradáveis [delectabiles], e não há nada de espantoso que elas produzam efeitos
diferentes: também os autores elegíacos e os autores trágicos tanto mais nos
agradam quanto excitam em nós a aflição (DESCARTES, A.T. X, p. 89:3-8).
Ao dizer que seu objeto é o som, propõe que o objeto de pesquisa da música é o
próprio som, afirmando que sua finalidade é deleitar e mover affectus no ouvinte. O
termo pode ser traduzido tanto como paixão como afeto.
O verbo latino delectet, presente do subjuntivo de delectare, implica a ideia de prazer
dos sentidos, porém relacionando-os a alma também, já em Cícero há uma relação
necessária entre o prazer dos sentidos com a alma (Cf. FONTANIER, 2009, p. 55-56)
estar consciente de seu objeto de deleite, principalmente após o século XII, segundo
Magnavacca (Cf. 2005, p. 199-200). Dessa forma, a escolha deste verbo estabelece a
relação intrínseca entre a satisfação dos sentidos como a satisfação da alma, por esta
estar consciente de seu objeto de deleite, portanto, o deleite musical ocorre através
do efeito da música sobre o sentido da audição e a própria consciência da alma sobre
a música durante o deleite.
Seria diferente se o autor escolhesse o verbo latino voluptatis o qual, segundo Magna-
vacca (2005, p. 743), implica em prazer através da satisfação dos próprios sentidos,
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Designo como ações todas as nossas volições, pois sentimentos que vêm
diretamente de nossa alma, e parecem depender somente dela. Por outro
lado, em um sentido geral, poder ditas “paixões” as várias percepções ou
espécies de conhecimento presente em nós, pois, amiúde, não é nossa alma
que as faz ser como são, e a alma sempre as recebe das coisas que são por
elas representadas (DESCARTES, A.T. XI, p. 342:13-22).
Percebe-se uma correlação com o uso do termo affectus no Compendium Musicæ, sendo
que não é um termo pejorativo, pois no texto é que ele virá a classificar posteriormente
como paixões referentes a objetos que estão fora de nós (Cf. DESCARTES, A.T., XI,
p. 347:15-348:5), pois através dos sons atingindo o sentido da audição, movimenta
determinadas paixões na alma.
A seguir o Compendium Musicæ propõe que “como meio a essa finalidade, existem
duas propriedades [affectiones] principais do som, a saber, as diferenças sob as
razões [ratione] de duração ou tempos, e sob as razões [ratione] de altura relativas
ao grave a o agudo (DESCARTES, A.T. X, p. 89:9-12).
Esse trecho é curioso pois estabelece que tanto o material melódico-harmônico
como o rítmico são utilizados para movimentar as paixões no ouvinte, por serem
ocorrerem através de razões, ou seja, relações matemáticas, como é desenvolvido ao
longo do texto, que possibilitam a análise racional destas duas propriedades tanto
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Buzon (1990) e Vendrix (1992, p. 245-246) propõem que o tratado musical que
influenciou a concepção rítmica do em Descartes fora a obra De musica libri septem
(1577) de Francisco de Salinas (1513-1590), organista, teórico musical e professor
da Universidade de Salamanca, na qual o quinto livro é todo dedicado a discutir o
ritmo e sua importância na composição musical, onde os critérios para pensar o
ritmo são os mesmo para pensar outros elementos da música, colocando ambos como
essenciais para pensar a finalidade da composição musical, da mesma maneira que
Descartes faz em sua obra. Salinas esmiúça configurações rítmicas, citando algumas
danças populares da época inclusive. É de levar em conta que nesse contexto não é
comum enfatizar tanto o ritmo em si mesmo, quanto mais citar dança como exemplo
em tratados teóricos.
Essa preocupação com conhecer os movimentos da alma expressos no trecho acima
mostra o como as questões que vão originar obras futuras como Discurso do Método
(1637), Meditações Metafísicas (1644) e Princípios de Filosofia (1644), nas quais o
problema do método, da alma, da relação do corpo com a alma, são desenvolvidos,
até o momento em Descartes escreve sua última obra, publicada postumamente: As
Paixões da Alma em 1649, a qual volta a buscar compreender as paixões.
Ele não publicou nenhuma outra obra sobre música, porém escreveu sobre música em
sua correspondência com ao padre jesuíta Marin Mersenne (1588-1648), o qual fora
físico, matemático, filósofo, teólogo e teórico musical. Como argumenta Wymeersch
(1990, p. 123-130), Descartes passou a questionar a possibilidade de uma explicação
puramente racional das paixões que a música movimenta porque além das sensações
que os sons geram no ouvido, existe uma certa disposição do cérebro a isso, ponto
de união do corpo e da alma, como da história pessoal desta ouvinte, o que o leva a
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dizer a Mersenne, em uma carte escrita em 18 de março de 1630 “A mesma coisa que
leva alguns a dançar, pode levar ao choro outros. Porque se trata apenas das ideias
que são excitadas em nossa memória” (DESCARTES, A.T. I, p. 134), exemplificando
que se a primeira vez que escuta uma dança sentir alegria, a mesma alegria virá ao
escutá-la novamente; ao contrário de quem nunca sentiu essa alegria, mesmo sem
ter sentido aflição com esta, não vai reagir alegremente ao escutar a mesma dança.
Descartes muda sua visão racionalista sobre os afetos ao passar a levar em conta
a história pessoal do ouvinte, sendo por isso que não escreveu novamente sobre
música, já que o problema se tornou mais complexo para ele.
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a polifonia renascentista (Cf. PIRRO, 1907, p. 102), de maneira que estas relações
entre proporções matemáticas, música e paixões são temáticas da obra de Tyard,
sendo um dos divulgadores dos humanistas italianos na França (Cf. VENDRIX,
1994), principalmente do pensamento musical de Zarlino. A relação da música com
medicina em Zarlino era mais uma citação a ideia, no entanto, Tyard aprofunda este
aspecto com o conceito ético de temperança, advindo de Aristóteles, em sua análise
sobre música. O gosto por poesia de Descartes torna factível ele ter estudado sua obra
em sua juventude, ao mesmo tempo, a relação entre paixões e o corpo, remetendo
diretamente a escrita da obra As Paixões da Alma, ainda mais que o autor também
trabalha com a ideia de proporções matemáticas na analítica das consonâncias.
A obra teórica Siete livros sobre la musica de Francisco de Salinas, publicada em de 1577,
sendo uma das principais fontes de estudo do pensamento musical renascentista.
O colégio La Flèche, como uma instituição jesuíta, tinha em sua biblioteca obras de
origem ibérica, já que o pensamento jesuíta, surgido com Inácio de Loyola, tem forte
ligação com a produção intelectual ibérica. Pode-se exemplificar que o próprio estudo
de lógica era feito com obras do filósofo português Pedro de Fonseca (1528-1599),
de metafísica por Francisco Suárez (1548-1617), ambos jesuítas. Dessa forma, é
muito provável a leitura de Salinas por Descartes. No que concerne à temática da
música e das paixões, o autor a discute no décimo terceiro livro do Sétimo Livro a
partir do Didascálicon do teólogo medieval Hugo de São Vitor (1096-1141), a qual
servia como uma espécie de enciclopédia e livro didático contendo o conhecimento
estabelecido nas diversas áreas do conhecimento. Nesse contexto, é um resumo de
pensamento de Boécio (480-524) sobre tema, sendo que ao final do capítulo ele
explica ter transcrito pelo livro ser pouco acessível e recomenda a leitura de Platão
para seus leitores.
Mersenne publica a obra Harmonie Universelle em 1636. Mesmo sendo posterior a
Descartes, ela permite ilustrar as mudanças que começam a ocorrer em torno do
pensamento teórico sobre a relação entre música e afetos. Ele vai dizer que “os gregos
tinham conhecimento do temperamento dos ouvintes, da natureza das paixões e dos
intervalos” (MERSENNE,1986b, p. 98), no livro Traitez de la Voix et des Chants, na
parte de sua obra voltada a analisar o canto, considerando o conhecimento do compo-
sitor sobre os meios técnicos e sobre o público essencial para esse processo. O autor
discute a complexidade de seguir regras precisas para isso devido as características
peculiares a cada língua, principalmente pela força desta teoria na música italiana.
Nessa forma, Mersenne não advoga contra a teoria dos afetos, porém, relativizando
a possibilidade de criar regras estritamente racionais para isso, por isso o comentário
sobre os gregos. Na mesma obra, especificamente no livro Traitez des Consonances,
Mersenne (1986b, p. 356-358) discute a escola a italiana, da Camerata Fiorentina,
nas relações entre o texto e o canto. Como o diálogo de Mersenne com Descartes fora
intenso, pode-se pensar o quanto a crítica deste a seu próprio pensamento de juven-
tude sobre as paixões, como discutido acima, pode ter levado Mersenne a repensar
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essa relação direta entre a constituição racional do material musical com a expressão
de determinadas paixões. Mersenne também trocou correspondência com diversas
figuras históricas daquele período de diferentes áreas, de Beeckman à Monteverdi,
por exemplo, podendo outros diálogos também terem influído nessa sua postura.
O autor que provavelmente mais influenciou Descartes na definição sobre música foi
Giulio Caccini, Giulio Caccini, alaudista, compositor e membro da Camerata Fioren-
tina. Seria muita coincidência Descartes começar a definir música dizendo que “[...]
seu fim é deleitar e mover em nós paixões [affectus] diversas” (DESCARTES, A.T. X,
p. 89:4-5) e não ter lido a obra Le nuove musiche (1602) de Caccini, onde é dito que
“[...] o fim do músico que é deleitar e mover os afetos da alma” (1602, p. 10), sendo
que o termo italiano affetto traduz o conceito latino de affectus. Paradoxalmente, o
foco do trecho em Caccini é sobre a função do músico, analisando o melhor modo
para entoar a voz para cumprir a finalidade descrita, enquanto o texto cartesiano é
sobre a música em si mesma, analisando o processo pela qual as alturas e os ritmos
movimentam as paixões, sendo que não esmiúça esse aspecto devido a considerar ser
necessário conhecer melhor os processos das paixões da alma para esse fim, ainda
mais que a relação de música com o texto não é aprofundada no texto cartesiano,
enquanto em Caccini o texto tem maior importância, na medida que a música movi-
menta os afetos necessários ao discurso expresso no texto.
A relação de Descartes com a Camerata Fiorentina é plausível já que ele também faz
uma crítica a música contrapontística, após discutir sobre os processos de compo-
sição musical, ao dizer que
Mas no que diz respeito aos contrapontos artificiais, como dizem, em que
se usa de um artifício do início ao fim, não acho que eles pertencem mais
a música que os acrósticos e poemas retrógrados pertençam a poética;
esta arte, como nossa música, foi inventada para excitar os movimentos
da alma (DESCARTES, A.T. X, p. 139:2-8).
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Considerações finais
Nesse panorama é possível ver o quanto a temática da música e das paixões, ou
afetos, estavam sendo discutida por perspectivas diversas, da mais técnica do ponto
de vista musical e mais abstrata, passando pela própria medicina.
Mesmo tendo da obra As Paixões da Alma (1649) o ponto de chegada da reflexão
cartesiana sobre o tema, ela inicia-se logo em um texto de juventude sobre música.
Como consta acima, ali já há uma preocupação de compreender melhor os movimentos
da alma e da própria relação do corpo com esta, já que a música é apreendida pelos
sentidos, porém ele fala em prazer enquanto deleite, no qual há um componente
espiritual claramente posto; de forma que as questões que caracterizaram o pen-
samento cartesiano estão presentes neste texto. As grandes obras como o Discurso
do Método (1637), Meditações Metafísicas (1644) e Princípios de Filosofia (1644) são
realizadas entre o Compendium Musicæ e sua obra derradeira. Como visto, a temática
sobre música tornou-se secundária, porém, a mudança de pensamento constante na
correspondência mostra que a temática ainda fora refletida por Descartes.
Para a escrita do Compendium Musicæ, no que tange as paixões ficou claro o diálogo com
Caccini e a Camerata Fiorentina. O recorte de autores analisados permite perceber o
processo pelo qual a teoria dos afetos fora desenvolvendo-se com o passar do tempo.
Mesmo a relação entre músicas e as paixões, ou afetos, serem alvo constante de
reflexão a época de Descartes, e mesmo anteriormente, apreender a unidade do
debate implica em mergulhar na multiplicidade de perspectivas.
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