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– Parábola do mau rico e do pobre Lázaro.

– Com o uso que façamos dos bens da terra, estamos ganhando ou perdendo o Céu.

– Desprendimento. Partilhar com os outros o que o Senhor coloca nas nossas mãos.

I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa1 apresenta-nos o profeta Amós que


chega do deserto à Samaria. Aí encontra os dirigentes do povo entregues a
uma vida mole, que encobre todo o género de vícios e o completo
esquecimento dos destinos do país, que caminha para a ruína. Ai daqueles
que vivem comodamente em Sião! Dormem em leitos de marfim e entregam-se
à moleza nos seus leitos; comem os melhores cordeiros do rebanho e os mais
escolhidos novilhos da manada; perfumam-se com óleos preciosos, sem se
compadecerem da aflição de José, recrimina-lhes o Profeta. E anuncia-lhes a
sorte que os espera: Por isso irão para o desterro à cabeça dos cativos. Esta
profecia viria a cumprir-se uns anos mais tarde.

Ao longo da liturgia deste domingo, põe-se de manifesto que a excessiva


ânsia de conforto, de bens materiais, de comodidade e luxo, leva na prática ao
esquecimento de Deus e dos outros, bem como à ruína espiritual e moral. O
Evangelho2 descreve-nos um homem que não soube tirar proveito dos seus
bens. Ao invés de ganhar com eles o Céu, perdeu-o para sempre. Tratava-se
de um homem rico, que se vestia de púrpura e de linho, e que todos os dias se
banqueteava esplendidamente. Entretanto, muito perto dele, à sua porta,
estava deitado um mendigo chamado Lázaro, todo coberto de chagas,
que desejava saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico. E até os
cães lambiam as suas chagas.

A descrição que o Senhor nos faz nesta parábola tem fortes contrastes:
grande abundância num, extrema necessidade no outro. Dos bens em si
mesmos, nada se diz. O Senhor apenas sublinha o uso que deles se faz:
roupas extraordinariamente luxuosas e banquetes diários. Ao mendigo Lázaro,
nem sequer lhe chegam as sobras.

Os bens do rico não tinham sido adquiridos fraudulentamente, nem ele era
culpado da pobreza de Lázaro, ao menos directamente: não se aproveitava da
sua miséria para explorá-lo. Tem, no entanto, um marcado sentido da vida e
dos bens: “banqueteava-se”. Vive para si, como se Deus não existisse.
Esqueceu uma coisa que o Senhor recorda com muita frequência: não somos
donos dos bens materiais, mas administradores.

Este homem rico vive como lhe apetece na abundância; não está contra
Deus nem oprime o pobre. Apenas está cego para as necessidades alheias.
Leva a melhor existência que pode. Seu pecado? Não ter visto Lázaro, a quem
poderia ter feito feliz com um pouco menos de egoísmo e um pouco mais de
despreocupação pelas suas próprias coisas. Não utilizou os bens conforme o
querer de Deus. Não soube compartilhar. “Não foi a pobreza – comenta Santo
Agostinho – que conduziu Lázaro ao céu, mas a sua humildade; nem foram as
riquezas que impediram o rico de entrar no descanso eterno, mas o seu
egoísmo e a sua infidelidade”3.

O egoísmo, que muitas vezes se concretiza na ânsia de usufruir sem medida


dos bens materiais, leva a tratar as pessoas como coisas; como coisas sem
valor. Pensemos hoje que todos temos ao nosso redor pessoas necessitadas,
como Lázaro. E não esqueçamos que os bens que recebemos para administrar
generosamente são também o afecto, a amizade, a compreensão, a
cordialidade, as palavras de ânimo...

II. DO USO QUE FAÇAMOS dos bens que Deus depositou nas nossas
mãos depende a vida eterna. Estamos num tempo de merecer. Por isso, não
sem um profundo mistério, o Senhor dirá: É melhor dar do que receber4.
Ganhamos mais dando do que recebendo: ganhamos o Céu. Sendo
generosos, descobrindo nos outros filhos de Deus que necessitam de nós,
somos felizes aqui na terra e mais tarde na vida eterna. A caridade é sempre
realização do Reino dos Céus, e é a única bagagem que permanecerá neste
mundo que passa. E devemos estar atentos, pois Lázaro pode estar no nosso
próprio lar, no escritório ou na oficina em que trabalhamos.

Na segunda Leitura5, São Paulo, depois de recordar a Timóteo que a raiz de


todos os males é o amor ao dinheiro e que muitos perderam a fé por causa
disso6, escreve: Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e busca a
justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Combate o bom
combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado...

Nós, cristãos, homens e mulheres de Deus, somos eleitos para ser fermento
que transforma e santifica as realidades terrenas. Devemos preservar da morte
todos os que estão ao nosso redor, como fizeram os primeiros cristãos nos
lugares em que lhes coube viver. E ao vermos a ânsia com que muitos se
embrenham nas coisas materiais, temos de compreender que, para
sermos fermento no meio do mundo, devemos viver desprendidos daquilo que
possuímos. Pouco ou nada poderíamos fazer à nossa volta se não
puséssemos esforço e empenho em não ter coisas supérfluas, em reduzir os
gastos, em levar uma vida sóbria, em praticar com magnanimidade as obras de
misericórdia. Mostraremos, em primeiro lugar com o exemplo, que a salvação
do mundo e a sua felicidade não estão nos meios materiais, por mais
importantes que possam parecer, mas em ordenar a vida conforme o querer de
Deus.

A sobriedade, a temperança, o desprendimento hão de levar-nos ao mesmo


tempo a ser generosos: ajudando os mais necessitados, levando adiante – com
o nosso tempo, com os talentos que recebemos de Deus, com os bens
materiais na medida das nossas possibilidades – obras boas, que elevem o
nível de formação, de cultura, de atendimento aos doentes... Esta
generosidade ensinar-nos-á a livrar-nos do egoísmo, do apego desordenado
aos bens materiais. E assim “estaremos em condições de fazer-nos solidários
com os que sofrem, com os pobres e doentes, com os marginalizados e
oprimidos. A nossa sensibilidade crescerá, e não nos custará ver no próximo
necessitado de ajuda o próprio Jesus Cristo. É Ele quem nos disse e agora nos
recorda: Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais
pequeninos, a mim o fizestes (Mt 25, 40). No dia do Juízo, estas serão as
nossas credenciais. E então compreenderemos também que de nada nos terá
servido ganhar todo o mundo, se no final não tivermos amado com obras e de
verdade os nossos irmãos”7.

III. NÃO VOS CONFORMEIS com este mundo...8, exortava São Paulo aos
primeiros cristãos de Roma. Quando se vive com o coração posto nos bens
materiais, as necessidades dos outros escapam-nos; é como se não
existissem. O rico da parábola “foi condenado porque [...] nem sequer percebeu
a presença de Lázaro, da pessoa que se sentava à sua porta e desejava
alimentar-se das migalhas que caíam da sua mesa”9. Não adiantou que o visse
tantas vezes.

Nós, cristãos, não podemos deixar-nos cegar por esse sentido da vida que
só vê o aspecto rentável de cada circunstância, negócio ou lugar de trabalho.
“A solidariedade é uma exigência directa da fraternidade humana e
sobrenatural”10, que nos levará, em primeiro lugar, a viver pessoalmente a
pobreza que Jesus declarou bem-aventurada, aquela que “está feita de
desprendimento, de confiança em Deus, de sobriedade e de disposição de
partilhar com os outros, de sentido de justiça, de fome do reino dos céus, de
disponibilidade para escutar a palavra de Deus e guardá-la no coração
(cfr. Libertatis conscientia, 66)”11.

Ao mesmo tempo, devemos examinar se o nosso desprendimento é real, se


tem consequências práticas, se a nossa vida é exemplar pela temperança no
uso dos bens, e sobretudo – e como uma consequência efectiva desse
desprendimento – se temos o coração posto no tesouro que não passa, que
resiste ao tempo, à ferrugem e à traça12.

Teremos Cristo connosco por toda uma eternidade sem fim. Quando
tivermos de deixar todas as coisas desta terra, não nos custará muito passar
por esse transe se tivemos o coração posto n’Ele. “Senhor! Como foi doce ver-
me subitamente privado da doçura daquelas coisas que são nada! – exclamava
Santo Agostinho recordando a sua conversão –.

Quanto mais temia perdê-las antes, tanto mais me rejubilava agora por tê-las
deixado; Deus, minha grande e verdadeira doçura, expulsara-as de mim.
Arrancara-as de mim, e em seu lugar entrava Ele, mais doce do que toda a
doçura, mas não para a carne; mais luminoso e mais claro do que a própria luz,
e ao mesmo tempo mais oculto do que qualquer segredo; mais sublime do que
todas as honrarias”13. Que pena se, alguma vez, não soubéssemos apreciá-lo!
(1) Am 6, 1; 4-7; (2) Lc 16, 19-31; (3) Santo Agostinho, Sermão 24, 3; (4) Act 20, 25; (5) 1
Tim 6, 11-16; (6) 1 Tim 6, 10; (7) A. Fuentes, El sentido cristiano de la riqueza, Rialp,
Madrid, 1988, pág. 176; (8) Rom 12, 2; (9) João Paulo II, Homilia no Yankee Stadium
de New York, 2.10.79; (10) Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé,
Instrução Libertatis conscientia, 22.03.86, 89; (11) João Paulo II,Homilia, México,
7.05.90; (12) cfr. Lc 12, 33; (13) Santo Agostinho, Confissões, 9, 1, 1.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI

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