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SUMÁRIO

CAPÍTULO I: O EVANGELHO IRRESISTÍVEL.


A HISTÓRIA DAS MISSÕES NOS EVANGELHOS.....................................................5

CAPÍTULO II: DIFUSÃO DO CRISTIANISMO.


A HISTÓRIA DAS MISSÕES NO PERÍODO DAS TREVAS......................................32

CAPÍTULO III: O GRANDE PERÍODO 1295 – 1825.


ABUNDÂNCIA MISSIONÁRIA...................................................................................44

CAPÍTULO IV: MISSÕES ONTEM E HOJE.


A MISSÃO CONTINUA..............................................................................................63

CONCLUSÃO..........................................................................................................108

OBRAS CONSULTADAS........................................................................................109
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INTRODUÇÃO

Sempre que estudamos historias das missões, sentimos-nos limitados diante


de tamanhos desafios, e quando as pretensões forem à precisão dos fatos,
encontraremos mais dificuldades ainda, principalmente por falta de documentos que
nos comprovam a respeito de onde começa e para onde se estende cada
movimento histórico missionário geográfico.

Temos o privilégio do apoio do ITEPRAM e os alunos que trabalharam neste


material, com muito esmero e horas de pesquisa, o que resultou neste trabalho rico.
Os tais alunos a que mencionei são os autores. Ao ler este trabalho terás a sua
própria avaliação sobre eles.

Quanto ao objetivo, trabalhamos honestamente com o fim de trazer aos irmãos


do Amazonas, seja do interior ou cidades com nível superior ou ao menos
privilegiado as informações, um material que Glorifique a Deus e seja uma
ferramenta útil, tanto para leitura, ensino ou estudo, dando uma idéia ampla de
historia de missões em conjunto com história da igreja, tornando este material
acessível a todos.

Não pretendemos que este material seja a palavra final sobre o assunto,
sabemos que ha muitos fatos dos quais não foi possível relatar, devido
principalmente ao tempo que foi dispensado na realização deste trabalho, que foi de
apenas uma semana.
3
Esperamos que este material seja benção para a sua vida e ministério,
autorizamos a copia, citações e o uso do mesmo, de forma carinhosa por santos
irmãos em prol do reino de Deus.

O trabalho está sendo apresentado da seguinte forma:

No capitulo I desenvolvemos o movimento missionário dos evangelhos e Atos


dos apóstolos, onde detectamos a autoria das Cartas e Epistolas. Este
desenvolvimento histórico cobre o início das missões cristãs até a conquista do
Império Romano. Para tal consideramos os primeiros quinhentos anos da Igreja
cristã.

No capitulo II observamos missões na Idade Média também conhecida por


período das trevas, enfatizando o alcance do cristianismo no mundo pagão, entre o
ano 501-1294 da era cristã.

No capitulo III Continuamos com o período de missões no Oriente, Ásia e


Europa, neste período é percebido a coragem de grandes homens que, mesmo em
perseguição, e a igreja com problemas doutrinários, o Senhor Deus Eterno, pelo Seu
poder honrou Sua Palavra alcançando estes povos de forma soberana.

No capitulo IV neste período da história que se estende de 1816 a 2003


estamos nos esforçando para apresenta-lo de forma clara e organizada, todavia
sabemos que o tempo não nos permite apresentarmos os detalhes dos
acontecimentos, esta é a razão de estarmos apresentando a história missionária da
igreja cristã dividida por continentes, estaremos citando apenas os fatos mais
importantes e de maior influencia no curso da história, esperamos estar contribuindo
de alguma forma para o desenvolvimento da obra missionária.

A conclusão deste material traz a seguinte reflexão; Tudo se repete, mas o


Deus que faz a história continua agindo no seu curso, nós, porém, devemos
reconhecer o mover missionário em nossa época, avaliando os erros e acertos.
Nossa missão é glorificar a Deus, e portanto, devemos ter uma prática missiológica
genuinamente bíblica.
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Metodologia aplicada: Trabalho de pesquisa em equipe.

Desejamos que este material o desafie a continuar, não só a escrever, mas a


ser usado por Deus em sua historia.

A Deus a glória pra sempre. Amém!


Pr. Alcedir Sentalin e Licenciado BobLim
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CAPÍTULO I
O EVANGELHO IRRESISTÍVEL

A HISTÓRIA DAS MISSÕES


NOS EVANGELHOS

1.1 A Base da História das Missões:

Quando começamos a olhar para os Evangelhos do ponto de vista que visa


agrupar de forma sistemática o movimento missionário que cerca estes quatro
Evangelhos, não podemos olha-los separadamente sem detectar uma linha que os
ligue de forma mestral dentro da história das Missões.

Entendemos que o princípio que norteia e amarra a história das missões dentro
dos quatro Evangelhos diz respeito ao princípio Emanuel, ou, Deus Conosco, que
esteve presente dentro de toda a história da Igreja desde o Antigo Testamento.
Muitas coisas poderiam ser ditas neste ponto no que tange ao princípio Emanuel
começando em Gênesis até a organização da nação Israelita, entretanto, de forma
“mais clara” Ele se faz presente na figura do tabernáculo no meio do povo. Este era,
nada mais nada menos do que “a casa de Deus entre o povo”. Mais tarde, com a
chegada do povo e seu estabelecimento na terra prometida e a construção do
templo sagrado sob Salomão, o tabernáculo é substituído pelo templo. Este é,
agora, o referencial para a presença de Deus no meio do povo. Algo que não deve
deixar de ser dito é que estes símbolos passaram a ter no decorrer da história da
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salvação um significado tipológico, pois ambos apontavam para a própria presença
futura de Deus entre os homens. É a doutrina da encarnação do Verbo presente nas
páginas do Antigo Testamento em forma de sombra.

A linha mestra que liga os Evangelhos dentro da história das Missões é nada
mais nada menos do que a própria presença do Emanuel entre os homens, Nele o
“tipo” encontra o seu grande “antítipos”. Ele se faz carne com o objetivo primário de
“redimir para Si um povo de sua propriedade, zeloso de boas obras” ( Tt 2:14). Nos
Evangelhos sinóticos, principalmente em Mateus e Lucas nós encontramos de forma
coordenada a narrativa da Genealogia de Cristo. Depois de descrever toda a
descendência de Cristo, Mateus no capítulo 1 verso 16 nos diz: “E Jacó gerou a
José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo”. É
interessante enfatizarmos o verbo “nasceu” que indica sem sombra de dúvidas a
doutrina da encarnação. Esta palavra aparece 18 vezes no texto grego de Mateus 1:
1-17 e é traduzida por “gerou”. No nosso versículo ela aparece traduzida por
“nasceu”. Todo teólogo conservador logo saberá que esta palavra não se refere a
criação de Jesus, pois o mesmo é eterno, mas, refere-se, a uma forma que Cristo
assumiu que não possuía antes, isto é, a sua natureza humana. Esta palavra é
usada de “alguém que traz outros ao seu modo de vida”. E é exatamente isto que
acontece com Cristo, pois Ele toma o nosso modo de vida. O termo “Jesus, que se
chama o Cristo” ratifica ainda mais a nossa tese visto que se refere ao “Deus
tornado homem”. Conclui-se, pois, que este verso assinala-nos a mesma verdade de
João 1:14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. Pergunta-se:
“Como Ele se faz carne?”. Responde-se: “Deus na sua bendita misericórdia usa
Maria para que através dela o verbo se faça carne e habite entre nós”. Podemos
facilmente correlacionar Lucas 1:35 com a linha mestra que estamos descrevendo,
este verso diz: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o
poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente
santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”. O “Há de Nascer” refere-
se a encarnação, ao Deus conosco o princípio Emanuel. Já no livro de Marcos
encontramos o mesmo princípio sendo estabelecido logo no primeiro versículo deste
Evangelho, pois lemos: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”.
Mais uma vez se percebe o título “Jesus Cristo”, ou Salvador Ungido. A nome Jesus
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Cristo poderia ainda significar “Deus tornado ser humano”. Em suma, os Evangelhos
em linhas gerais falam da atividade missionária de Jesus Cristo, o Deus tornado
homem, o tabernáculo em carne e osso, o templo em toda a sua glória. Não é por
acaso que João diz que “vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai” (João
1:14).

Esta linha mestra que me referi anteriormente diz respeito a este ato de Deus
de “armar a sua tenda”, tabernacular entre os homens com uma missão missionária
específica, salvar todos aqueles que o Pai lhe deu, Ele disse em João 6:39: “E a
vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me
deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia”. A doutrina da encarnação
nos ensina que a atividade missionária á antes de tudo uma atividade de Deus, não
podemos falar de história das missões sem descrever que ela começa e termina em
Deus, Deus é o seu foco. Observem que Apocalipse termina dizendo: “Certamente
venho sem demora. Amém! Vem Senhor Jesus! Não somente os evangelhos, mas
toda a Bíblia é a história da missão de Deus em salvar o seu povo. Primeiro Ele
trabalha com promessas, depois com cumprimentos, e Cristo com toda a sua obra
de salvação que se inicia com a encarnação é, sem dúvida, a consumação do
propósito missionário de Deus. Cristo mesmo proclama: “O tempo está cumprido, e
o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1:15).
Na cruz Ele diz “está consumado”, ou, em outras palavras, missão cumprida. Agora,
cabe a nós Igreja do Senhor anunciarmos a todo o mundo sobre a missão cumprida
de Cristo, sua vida, morte e ressurreição, o evangelho de Deus. Poderíamos
sumarizar este ponto com a seguinte frase: “Se Deus não tivesse realizado missões
não haveria evangelho e, conseqüentemente, não haveria história das missões”.

1.2 João Batista e sua História Missionária:

Em termos cronológicos fica difícil dizermos com certeza o tempo ministerial de


João Batista, no entanto, sua história missionária foi sem sombra de dúvidas de
fundamental importância para o advento de Cristo. A Bíblia nos ensina que João
Batista veio como o precursor do Messias do Messias, aquele que prepararia o
coração do povo para o mais excelente que viria. A palavra “precursor” transmite a
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idéia de “alguém que vem antes em benefício de”. Por isso, quando os Judeus
perguntaram-lhe “quem és tu”, ele identificou-se com a profecia de Isaías 40:3, ou
seja, como a voz que prepararia o caminho para o Messias.

A história missionária de João Batista é mesmo de impressionar, ele mostra-se


irredutível dentro do seu papel sem oscilar. Seus meios não são tão convencionais,
pois ao invés de procurar os grandes centros seu ministério concentra-se
basicamente no deserto. A própria Profecia de Isaías 40:3 já antecipava esta
característica. Em Mateus 3:1-3 lemos: “1 Naqueles dias, apareceu João Batista
pregando no deserto da Judéia e dizia: 2 Arrependei-vos, porque está próximo
o reino dos céus. 3 Porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías:
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas”. Este aspecto, com toda certeza, vai de encontro com o planejamento do
moderno crescimento de Igrejas, que enfatiza com tanta veemência o local para a
realização do trabalho missionário. Na história missionária de João Batista um
aspecto surpreendente é que as multidões são levadas a João no deserto. Ele está
lá e o povo vai ouvi-lo. Mateus 3:5,6 nos diz: “5 Então, saíam a ter com ele
Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão; 6 e eram por
ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados”. Interessante é a
maneira que Mateus ratifica o mesmo princípio quando relata as seguintes palavras
de Cristo Jesus, ele diz: “Então, em partindo eles, passou Jesus a dizer ao povo a
respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Sim,
que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas
finas assistem nos palácios reais. Mas para que saístes? Para ver um profeta? Sim,
eu vos digo, e muito mais que profeta” (Mt 11:7-9). Percebe-se que por três vezes
Jesus usa praticamente a mesma oração para enfatizar a mesma verdade, isto é, o
povo saía para ver João. O texto nos permite dizer que possivelmente eles iam a
procura de algo inusitado ou, em outras palavras a procura de um show. Entretanto,
o que eles encontravam no deserto? Diz-nos o texto que os mesmos deparavam-se
com um profeta, aliás, o maior deles. Eles não encontravam “um bobo da corte”
como o próprio texto indica que eles esperavam encontrar, mas um profeta com uma
missão, ou seja, a de preparar o caminho para o Messias.
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A história relatada nos Evangelhos mostra-nos que João chega ao término de
sua missão nas masmorras do rei Herodes, de lá ele saiu apenas para ter sua
cabeça separada de seu corpo por puro intento de uma mulher maligna que não
suportava ver os seus pecados escancarados na boca do profeta João. Ele vive e
morre como precursor, nunca se esquiva de dizer a verdade, aliás, a verdade foi o
seu lema, Jesus disse em João 5:33: “Mandastes mensageiros a João, e ele deu
testemunho da verdade”. A história da vida e obra missionária de João Batista é um
exemplo para todos aqueles que almejam trilhar os caminhos da obra missionária de
maneira consistente e comprometida com a verdade. Podemos concluir este tópico
com a seguinte frase: “João foi dentre os nascidos de mulher o maior missionário,
visto que sua obra consistia em preparar o caminho não para um homem qualquer,
mas para o estabelecimento da obra missionária do próprio Deus entre os homens”.
Amem!

1.2 Jesus e sua História Missionária:

Talvez o leitor se pergunte o que este tópico está fazendo aqui visto que no
início do trabalho já abordamos algo sobre a história missionária de Cristo. No
entanto, tal tópico faz-se necessário neste ponto somente para facilitar a melhor
assimilação em termos didáticos, ou seja, anteriormente falamos somente sobre a
encarnação de Cristo e sua obra salvífica destacando-a somente como o fio que une
e serve de base a toda obra missionária posterior. Neste ponto falaremos da obra
missionária de Cristo propriamente dita destacando o desenrolar da mesma dentro
dos evangelhos sinóticos e do evangelho de João, obra esta que só pôde ser
realizada após o ministério de João Batista. Assim, após estes devidos
esclarecimentos fica justificado o “por quê” deste ponto vir somente aqui.

1.2.1 Jesus e sua História Missionária nos Evangelhos:

Os estudiosos têm separado o ministério de Cristo em fases que eles chamam


de anos, os quais são: ano da preparação, popularidade, paixão e vida ressuscitada.
Neste período missionário denominado de preparação Cristo concentra boa parte
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das suas atividades nas regiões da Galiléia. Tudo indica que neste período Ele fazia
viagens que iam da sua cidade residente (Nazaré) na Galiléia até o Jordão onde
João Batista batizava e, posteriormente voltava para Nazaré. Tudo indica que nestas
viagens ao rio Jordão Jesus visitava as duas províncias que ficavam nas margens
do rio, ou seja, Peréia e Judéia. Neste período de acordo com os sinóticos Ele
passava quase que desapercebido entre a multidão. Estes poucos relatos
descrevem de forma sucinta a atividade de Cristo neste período nos evangelhos,
sendo que no evangelho de João há mais relatos deste período os quais mostram-
nos que Cristo já possuía discípulos e Ele mesmo já realizava um certo tipo de
ministério paralelo ao de João Batista (ver João 3:22 – 24 e 4:1 – 2), sendo que de
forma mais anônima.

Suas atividades que o revelam para o mundo, mais propriamente dito, dizem
respeito àquilo que conhecemos como ano de popularidade. A prisão de João
Batista e sua eventual saída de cena indicam nos evangelhos sinóticos o início da
missão de Cristo sob o ano de popularidade, possivelmente entre os anos 26-27
d.C. (ver Mt 4:12,13; Mc 1:14,15; Lc 4:14,15). Quando Ele chega à Galiléia depois
da prisão de João Batista esta é a mensagem que estronda dos seus lábios: “O
tempo está cumprido”. Com a chegada do reino de Deus, as pessoas tinham que se
arrepender e crer no Evangelho (Mc 1:14,15). Ele prega nas sinagogas da Galiléia e,
na sua cidade Ele é expulso da sinagoga após aplicar a si mesmo a profecia de Is
61:1,2. A recepção as suas mensagens são mistas. Muitos espalham a sua fama por
toda a Galiléia, louvando-o (Lc 4:14,15, enquanto outros ficavam furiosos porque Ele
estava abrindo o reino a pecadores, coletores de impostos e gentios (Lc 4:24 – 30).
Cafarnaum que é palco de grande parte de seu ministério público Ele escolhe os
seus discípulos e depois os chama de apóstolos. Em síntese, os dias de Jesus eram
cheios de atividades, pois Ele viajava pregando a boa nova, chamando as pessoas
ao arrependimento, curando os doentes, ensinando e expulsando demônios. Esta é
a forma que Mateus resume este período:

“Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o


evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. E
a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes,
acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e
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paralíticos. E ele os curou. E da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e d’além do
Jordão numerosas multidões o seguiam” (Mt 4:23-25).

Neste período tudo indica que Cristo fez circuitos regulares de pregação e
ensino. Ele fazia longos discursos como os registrados em Mateus (Mt 5 – 7; 10:5 –
11.1; 13:1-53; 18:1 – 19:2; 24:1 – 25:46). Ao que parece em sua missão
evangelística Ele tinha o objetivo de alcançar o maior número possível de pessoas
com os seus sermões, pois estando em plena atividade missionária na Galiléia Ele
ausentava-se e ia pregar na região de Cesaréia de Filipe, nas regiões de Tiro e
Sidom na Fenícia e também prega em Decápolis. Ele também envia missionários (Mt
10:1-42) e, ao que nos parece, com o claro objetivo de alcançar territórios que Ele
não podia alcançar. Quando Cristo não ia as pessoas, as pessoas vinham até Ele.
Entretanto, tudo isto Ele fazia com muita responsabilidade, pois tinha hora para o
descanso (Mc 6:30 – 32). Ele também prega aos líderes religiosos que na sua
grande maioria são hostis para com Ele. Por isso Ele previu que fazer o que era
certo nem sempre traria louvor, por isso falou sobre a perseguição (Mt 5:10 – 12).
Em tudo isso Jesus estava treinando os seus seguidores para o que estava por vir.
Viria o tempo em que Ele não estaria com eles. Eles teriam que continuar sem a sua
presença física. Por isso Ele deu a eles um exemplo, por personificar o que
ensinava. Dessa forma, eles podiam ver o que teriam que fazer. Em segundo lugar,
Ele estabeleceu a organização reunindo os discípulos e indicando doze como
apóstolos acima deles. Ao selecionar doze, Ele estava traçando um paralelo entre a
obra de Deus no Antigo Testamento e sua própria obra no Novo Testamento. Em
terceiro lugar Ele enviou seus apóstolos a uma missão de pregação para que eles
conseguissem a experiência que precisariam quando fosse chegada a hora de faze-
los sozinhos. Em quarto lugar, ele os enviou dotados de seu próprio poder e
autoridade. Nada poderia resistir a eles, pois eles confiavam na força de Cristo.
Finalmente, Ele percorreu grandes distâncias para ensinar-lhes as coisas que eles
precisariam saber para seu ministério futuro. Com sua morte, a história missionária
deveria prosseguir através de seus discípulos, e, prosseguiu, pois nós somos as
provas vivas dessa história de missões.

Por fim, após este longo período na Galiléia Ele ausenta-se definitivamente
desta região e, no outono de 29 d.C sobe a Jerusalém pois estava convicto que
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tinha chegado a hora de cumprir o propósito de sua vida, que era morrer e
ressuscitar pelo do seu povo. Com esta resolução Ele dar início aquilo que
denominamos de o ano da paixão.

Chegando em Jerusalém Ele participa da Festa dos Tabernáculos em outubro


de 29 d.C., e cura um homem que tinha nascido cego. Com este acontecimento uma
série de disputas suje por parte dos governantes porque o que tinha acontecido não
tinha sido sob seus auspícios. Tudo isto indica-nos que o objetivo de Cristo era claro,
ou seja, o de suscitar oposição contra si mesmo com a clara finalidade de leva-lo a
cruz. Após este fato Ele viaja a Peréia em dado momento mandou 72 de seus
seguidores em grupos de dois (LC 10.1-24), da mesma forma que tinha enviado os
doze apóstolos antes, para pregar o evangelho e expulsar demônios. Dessa forma,
podia se atingir muito mais gente e treinar muito mais nos meses que restavam de
sua vida na terra que se Ele tivesse tentado fazer sozinho. Percebe-se, desta
maneira, que mesmo em face da eminente morte que se aproxima o desejo
missionário de Cristo não esfria, muito pelo contrário, queima ainda muito mais forte.

Jesus voltou a Jerusalém em dezembro para a festa da Dedicação. Ele se


apresentou como o Bom Pastor e, para defender isto, Jesus apelou para as boas
obras que vinha fazendo. Depois disso, retirou-se novamente para Betânia além do
Jordão, onde João tinha batizado antes (Jo 10:40). Depois de ensinar as pessoas lá,
Jesus viajou por toda a Judéia durante o inverno de 29 – 30 d.C. Só Lucas descreve
este período de forma extensa (Lc 11:1- 18:17). Nessa missão de pregação, Jesus
viajou de aldeia em aldeia (Lc 13:22) com grandes multidões o seguindo (LC 11:29;
12:1; 14:25), ensinando, nas sinagogas (Lc 13:10), comendo com importantes
fariseus (Lc 11:37; 14:1), e recebendo coletores de impostos, pecadores e até
criancinhas (Lc 15:1; 18:15). Ver-se, assim, que a história missionária de Cristo é
marcada com um forte desejo de evangelizar classes diferentes de pessoas, desde
aldeões, até criancinhas.

Em meio a todo este trabalho Jesus continua a receber forte oposição, porém,
Ele seguia calmamente o seu ministério em direção a Jerusalém, pois se aproximava
a Festa da Páscoa e Ele sabia o que lhe aguardava. Nesta época acontece a
ressurreição de Lázaro narrada em João 11, a notícia deste acontecimento notável
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se espalhou rapidamente até Jerusalém, onde os governantes judeus intensificaram
sua trama para tirar a vida de Jesus (Jo 11:53).

Depois disso, Jesus deixou a Betânia e retirou-se ao norte para Efraim, no


limite do deserto (João 11:54). Fez então um circuito por Samaria até a fronteira da
Galiléia, a leste da Peréia, ao sul de Jericó, e de volta a Betânia, onde foi recebido
por Maria com uma demonstração abundante de devoção durante um banquete em
sua honra (João 12:1 – 8).

Assim, no domingo antes da Páscoa em Abril de 30 d.C, Jesus se apresentou a


cidade de Jerusalém como o prometido de Deus, o Messias, chegando em
Jerusalém em triunfo sob aclamação do povo. Ele entre em Jerusalém de forma tão
majestosa e, por fim, é crucificado fora dela como um malfeitor. Entretanto, após sua
morte através da crucificação Ele ressuscita ao terceiro dia e reuni os seus
discípulos após o vasto tempo de preparação e os envia ao mundo para
continuarem aquilo que ele apenas começou, ou seja, realizar missões em todas as
nações “escrevendo” suas histórias missionárias como Ele escreveu a sua. No fim
dos quatro evangelhos encontramos quase que os mesmos dizeres: Ele disse em
Mateus 28: 18 – 20:

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi


dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os
a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século”.

Em Marcos 16:15

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda


criatura”.

Em Lucas 24:45 – 47

“Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as


Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e
ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se
pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações,
começando de Jerusalém”.
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Em João 20:21

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o
Pai me enviou, eu também vos envio”.

Vemos, assim, que os quatro evangelhos descrevem os períodos da vida e


ministério de Cristo ressaltando sua atividade constante que visava alcançar a
salvação do seu povo. Com este objetivo em mente Ele suportou todo tipo de
dificuldades e oposições com um firme propósito que mesmo em face da morte não
vacilou. Está é, sem dúvida, a mais bela história das missões, história esta que deve
inspirar todos aqueles que almejam escrever sua própria história, para que fique
registrada como mais um dos capítulos da história das missões.

2 História das Missões em Atos dos Apóstolos:

O Evangelho de Lucas termina basicamente com uma promessa missionária


que capacitaria os discípulos para a continuação da mesma, Jesus prometeu: “Eis
que envio sobre vós a promessa do meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até
que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24:49). Jesus ordena que os
discípulos fiquem em Jerusalém para aguardar o cumprimento da promessa, que
era, a descida do Espírito Santo e o derramamento de seu poder em suas vidas. Em
Atos 1:8, o Senhor Jesus, explica o propósito para o qual os discípulos seriam
revestidos com o poder do Espírito Santo: “... e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. Estava
estabelecida a comissão, ou seja, a ordenança, a todos os discípulos, de serem
testemunhas e disseminadores do Evangelho em todo lugar. No capítulo 2, vem,
então, o cumprimento da promessa (2: 1-4).

É interessante notarmos o propósito de Deus, de juntar todos em um só corpo,


ou em uma só igreja as ovelhas perdidas, estabelecendo, assim, a união entre: os
crentes judeus e os prosélitos do judaísmo que estavam em Jerusalém - “que é o
marco claro estabelecido no dia de Pentecostes” (2: 5-13); Crentes judeus e
samaritanos – “que é o aspecto claro do por quê o Espírito Santo não desceu
imediatamente sobre os recém convertidos de Samaria” (8: 4-8); e judeus e gentios
15
– “a ponto de Pedro exclamar: aos gentios foi por Deus concedido o mesmo dom
que a nós no princípio” (10: 44-48).

2.1 O Evangelho em Jerusalém:

Revestidos com o poder do Espírito Santo, os discípulos começaram a cumprir


a ordenança sendo usados pelo Senhor Deus, O Grande Missionário, para pregar o
Evangelho em Jerusalém. A estratégia estabelecida pelo Senhor Deus, é que, foram
atraídas à Jerusalém, pessoas de todas as nações a fim de participarem da festa de
Pentecostes1, sendo a ocasião oportuna para cumprir o propósito missionário. (2: 14-
37).

Assim o Evangelho começou a ser pregado em toda a Jerusalém. Pedro


discursa, e três mil novos crentes são recebidos pelo Senhor Deus em Sua igreja.
Eles continuaram pregando e sendo usados por Deus para fazerem milagres e
prodígios, glorificando o nome do Senhor (3:1-10). A igreja louvava a Deus e vivia
com alegria e simplicidade, “enquanto acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que
iam sendo salvos”. (2:47)

2.1.2 O Evangelho na Judéia e Samaria:

Mas, a ordem era avançar, não ficar apenas em Jerusalém. Então Deus, como
estratégia, permitiu que a igreja sofresse grande perseguição, mas experimentando,
também, grande livramento (4:1-31), com o propósito de expansão da igreja. A
história começa a mostrar como a perseguição da igreja em Jerusalém acabou
transformando-se em benefícios para a mesma, pois, os crentes que foram expulsos
de seus lares ou resolveram sair deles pregavam o Evangelho da salvação enquanto
iam de lugar em lugar. (8:4)

Um deles foi Filipe, que deixou Jerusalém, passando pelas regiões da Judéia
seguindo para Samaria onde também pregou o Evangelho com grande êxito, pois, o
1
FESTA DE PENTECOSTES - Festa da colheita, onde eram trazidas à Jerusalém, as primícias de toda colheita
para serem ofertadas em adoração ao Senhor.
16
povo prestava atenção a ele (8:6), e não a Simão (8:11). Os samaritanos deram
crédito a Filipe à medida que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do
nome de Jesus Cristo, dando assim, prosseguimento ao cumprimento da ordem de
Jesus de testemunhar em Jerusalém, na Judéia, Samaria e até os confins da terra.

2.1.3 O Evangelho “Até os Confins da Terra”:

Prosseguindo com seu propósito, o Senhor Deus, estrategicamente, usa Pedro


para levar o Evangelho aos gentios. Pedro estava na casa de Simão, o curtidor, em
Jope; teve fome, enquanto esperava que preparassem a refeição, teve uma visão de
um lençol com toda sorte de réptil da terra e aves do céu. Ouviu uma voz: “mata e
come”, mas, ele replicou: “de modo nenhum Senhor, jamais comi comida comum e
imunda”, então ele ouviu a voz pela segunda vez: “ao que Deus purificou não
consideres comum”. Vemos aqui, o propósito de Deus em unir os povos, para isso
Ele estava preparando Pedro para falar do Evangelho para o gentio Nicodemos.
Pedro recebeu os mensageiros mandados por Nicodemos e foi com eles, pregou-
lhes o Evangelho e receberam o Espírito Santo. (10: 1-48)

2.2 A História das Campanhas Missionárias de Paulo:

No capítulo 13 deu-se o início das campanhas missionárias de Paulo,


evangelização sistemática dos gentios.

A primeira em (11:19-30) relata a expansão da igreja para o norte, como


resultado da atividade evangelística de missionários anônimos que foram até a
Fenícia, Chipre e Antioquia anunciando a Palavra de Deus. Foi em Antioquia que os
discípulos foram pela primeira vez chamados de “cristãos”.

A partir de Antioquia, Paulo e Barnabé, iniciaram sua primeira viagem


missionária; desceram a Selêucia e navegaram para Chipre, Salamina, Pafos,
chegaram a Perge da Panfília, em seguida a Antioquia da Pisídia. Uma das
estratégias de Paulo ao chegar em uma cidade era ir a sinagoga. Chegaram em
17
Icônio, Listra e Derbe. Em listra, Barnabé foi chamado Júpiter e Paulo de Mercúrio
por causa da cura de um aleijado dos pés, o mesmo era coxo desde o ventre. Na
viagem, encontraram irmãos sendo ensinados que se não fossem circuncidados não
poderiam ser salvos. Isso gerou uma grande discussão que os levaram ao concílio
em Jerusalém. Que determinaram quatro pontos a serem obedecidos (15: 22-29).

2.2.1 O Evangelho em Filipos:

A Segunda viagem de Paulo, após ter uma visão de um homem que pedia que
passassem a Macedônia e os ajudassem, foi a Filipos. Ali encontrou uma mulher
chamada Lídia que vinha de Tiatira, era vendedora de púrpura, “o Senhor lhe abriu o
coração para atender às coisas que Paulo dizia” (16: 14). Então, ela e toda sua casa
foram batizadas. O Evangelho também alcançou uma escrava e o carcereiro
romano. Pelos anos 51 a 54 d.C., Paulo, já estava preso em Roma, de onde
escreveu a carta aos filipenses.

2.2.2 O Evangelho em Tessalônica:

Paulo dá continuidade à sua viagem e chega em Tessalônica, como era


costume, ele usava a sinagoga para pregar o Evangelho. A esta igreja, Paulo,
escreveu duas cartas, provavelmente, quando estava em Corinto. Após ser
perseguido em Tessalônica ele foi a Beréia onde encontrou, segundo ele, cristãos
mais nobres, pois examinavam as Escrituras. Seguiu para Atenas onde encontrou o
altar ao deus desconhecido, foi convidado a explicar, no areópago, perante o povo,
sobre o deus desconhecido, pois ele se apresentou como representante do mesmo.
No final muitos creram, entre eles, Dionísio o areopagita e uma mulher chamada
Damaris.

2.2.3 O Evangelho em Corinto:

De Atenas foi para Corinto (Atos 18), que por ser uma cidade de um povo
orgulhoso, gabavam-se de sua riqueza: era também uma cidade com grandes
18
práticas imorais, onde tinha um templo erguido em honra a Afrodite, deusa do amor,
que era servida por mil escravas que vagavam pelas ruas, à noite, como prostitutas.
Mas, o Evangelho de Cristo chamou os coríntios ao arrependimento e a santidade.
Paulo escreveu duas cartas aos coríntios.

2.2.4 O Evangelho em Éfeso:

Na terceira viagem, Paulo vai a Éfeso (Atos 19) entrou na sinagoga e falou
ousadamente por três meses, mas, o povo falava mal do Caminho perante a
multidão. Então, Paulo, estrategicamente usou a escola de Tirano para ensinar
diariamente por um período de dois anos; e como conseqüência desse trabalho
todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram o Evangelho da
salvação. (19:10)

Ainda em Éfeso, ouve grande tumulto acerca do Caminho, pois, certo ourives
chamado Demétrio que fazia, em prata, miniaturas do templo de Diana, juntou os
ourives e outras pessoas para protestar contra Paulo, pois, este dizia que não eram
Deuses os que se fazia com as mãos, então, aqueles homens passaram a clamar,
por duas horas pelo menos: “grande é a Diana dos efésios” (19:34). O escrivão da
cidade apaziguou a multidão e orientou para que fossem ao proconsul e fizessem a
acusação.

Após o tumulto ter cessado (Atos 20), Paulo despediu-se dos discípulos e
partiu para Macedônia até a Grécia, depois, chegando a Síria voltou pela Macedônia
até a Ásia visitando outra vez os trabalhos fundados, aonde, ao chegar, participava
com os discípulos em comunhão. Em Trôade o discurso foi até a meia noite; um
rapaz chamado Êutico estava sentado em uma janela do terceiro andar e tomado de
um profundo sono caiu e foi dado como morto. Paulo foi até o moço e abraçando-o o
espírito lhe voltou e Ele continuou a pregar até ao amanhecer, depois partiu. (Atos
20:7)

A caminho pela Costa Ocidental da Ásia Menor, na direção sul, ele despediu-se
dos anciãos de Éfeso que vieram encontrar-se com ele em Mileto. Ao mesmo tempo
19
em que prosseguia sua jornada em direção a Jerusalém, repetidas advertências
foram sendo dadas, de que ele seria detido e perseguido ali. Quando Paulo chegou
a Jerusalém, quatro crentes judeus haviam contraído impureza cerimonial durante o
período de um voto temporário do seu nazireado. Foi aconselhado pelos irmãos que
se juntasse com irmãos para que se santificassem, porém, chegaram alguns judeus
vindos da Ásia Menor, que equivocadamente pensaram que Paulo tinha feito entrar
no átrio do templo, onde só judeus poderiam entrar, seu colega gentio, chamado,
Trófimo. Os judeus causaram grande confusão, arrastaram Paulo para fora do
templo, procurando tirar sua vida, sendo necessário a intervenção do comandante
com os centuriões. Vemos nisto a oportunidade para Paulo chegar diante das
autoridades para pregar o Evangelho, estando no sinédrio pregou aos principais
sacerdotes. Devido à conspiração para matá-lo, foi enviado a Cesaréia onde falou
diante do governador Festo, e apelou para César. Falou para o rei Agripa; foi
enviado a Roma; depois de um trajeto muito difícil, chegou a seu destino.

2.2.5 O Evangelho em Roma:

O Evangelho chegou em Roma provavelmente trazidos pelos romanos que


estiveram em Jerusalém no Dia de Pentecostes. A carta aos romanos foi escrita no
fim da terceira viagem de Paulo quando estava em Corinto, foi levado por Febe de
Cencréia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma (Rm 16:1-2).

3 As Estratégias de Paulo:

Roberto Sper em seus livros falou das estratégias de Paulo, ele trabalhava nas
grandes cidades e tinha o povo judeu e os helenistas como alvo, e seu ponto de
partida era as sinagogas. Ele apresenta seis características da estratégia de Paulo:

1 – Equipe, Paulo trabalhava em equipe.


2 – Treinava os nativos,
3 – Flexibilidade cultural.
4 – Procurava povos não alcançados.
20
5 – Mesmo nível econômico.
6 – Seu método era pregar a Palavra.

3.1 Cronologia dos Escritos Bíblicos e a Soberania Divina:

No Ano 60 Lucas escreve o Evangelho e o Livro de Atos. Neste mesmo período


o apóstolo Paulo escreve na prisão as epístolas aos efésios; aos Filipenses; aos
Colossenses, e a Filemom. No Ano 64 Ele escreveu 1Timóteo. Neste mesmo ano
houve as primeiras perseguições contra os cristãos; Nero atéia fogo em Roma e
culpa os cristãos. Um ano depois Pedro escreveu sua primeira epístola
possivelmente em Babilônia. Existe uma tradição, do segundo século, em abono
desta idéia. Roma é chamada Babilônia em Ap 17 e 18, assim como em Ap 11.8
Jerusalém é denominada "Sodoma", sendo a idéia a seguinte: Jerusalém trazia
então as marcas da impiedade relacionada com a Sodoma de Gn 18 e 19. Assim, na
mente de Pedro, a Roma dos seus dias lembrava a antiga Babilônia em riqueza,
luxúria e licenciosidade. Pode bem ser que empregasse o termo "Babilônia" em vez
de Roma por uma medida de prudência, d’outra sorte a carta, caindo por
inadvertência nas mãos de algum funcionário romano, este ao ler o pós-escrito se
ofenderia, o que não podia deixar de ser possível, e isto então desse lugar a duras
conseqüências para os cristãos. A opinião de que o termo "Babilônia" usa-se aqui
para significar Roma era aceita universalmente na era cristã primitiva e ainda hoje se
tem como plausível. No mesmo ano Paulo escreve a epístola a Tito a qual não
podemos afirmar de onde
.
Entre os anos de 66 - 67 Pedro escreve sua segunda epístola que foi escrita
não muito antes do martírio desse apóstolo; a data, pois, seria mais ou menos 66 ou
67 A. D. Tivera notícias acerca da obra dos falsos mestres na Igreja e então exorta
os cristãos a perseverarem na verdade, ainda que rodeados de erros e infidelidade.
Adverte os falsos mestres sobre o crime que estão cometendo e o perigo que daí
decorre, apontando para a segunda vinda do Senhor que para eles não seria
ocasião de alegria, senão de juízo. Os cristãos, por outro lado, devem viver à luz
dessa vinda; insta com eles para que se santifiquem e sejam diligentes, ao mesmo
tempo humildes, como convém aos que esperam pela aparição do Senhor Jesus.
21

No Ano 67 Paulo escreve a segunda epístola a Timóteo não se podendo dizer


com certeza o local de sua escrita, possivelmente ele encontrava-se em seu último
aprisionamento.

Provavelmente nos meados do ano 68 João Marcos escreveu o Evangelho. As


maiorias dos eruditos, seguindo evidências antigas, apontam Roma como o lugar em
que foi escrito. Dr. Graham Scroggie considera que 1Pe 5.13 tende a confirmar esta
idéia, caso Babilônia significasse Roma. Outros sugerem Alexandria, Cesaréia e
Antioquia da Síria. É provável que este evangelho fosse escrito para leitores
gentílicos em geral e mais particularmente para os romanos. Há relativamente
poucas citações e alusões tiradas do Velho Testamento; expressões aramaicas são
interpretadas (Mc 5.41); os costumes dos judeus são explicados (v.g. Mc 7.3-11);
algumas palavras latinas aparecem. O teor geral da obra, que representa a
incessante atividade do Senhor e Seu poder sobre os demônios, a enfermidade e a
morte, atrairia o leitor romano, interessado mais em atividade do que em palavras.

Neste mesmo período, em meados do ano 68 d.C Judas, irmão de Jesus,


escreve sua epístola (Mt 13.55; Mc 6.3). Durante a vida terrestre de Jesus, Seus
irmãos não criam nEle (Mt 12.46; Mc 3.31; Lc 8.19; Jo 7.3-9). Entretanto, são
encontrados entre os discípulos no início do livro dos Atos (At 1.14), e Tiago tornou-
se um dos líderes mais destacados da igreja em Jerusalém (At 15.13-21.18; Gl 2.9).
É assim que muitos julgam que esta breve carta seja da autoria de Judas, o irmão
menos conhecido de Jesus. Nada há na epístola que exclua a possibilidade de ela
ter sido escrita no tempo da vida deste Judas, filho menor na família terrena de
Jesus. As condições na igreja descritas na carta não são incompatíveis com as do
fim do primeiro século, embora seja verdade que correspondem também à situação
criada pelo gnosticismo no segundo século. 1Coríntos revela condições semelhantes
àquelas mencionadas nesta epístola geral, cujo teor dá a entender que o autor se
sente perturbado por novidades que apenas começam a insinuar-se na igreja. Por
estas razões, alguns que não aceitam a autoria de Judas, irmão de Jesus, dão como
data da epístola o fim do século primeiro. A epístola foi escrita em conseqüência de
uma situação que se produziu no seio da igreja. Homens, sob a profissão do
Cristianismo, estavam-se metendo em franca imoralidade "tornando a graça de Deus
22
em luxúria". Outrossim, mostravam um baixo padrão moral em outros sentidos. Na
teoria e na prática, estavam pervertendo a doutrina evangélica da graça. Ainda que a
carta não tenha destino certo indicado no texto, parece ter sido escrita a alguma
comunidade desconhecida de cristãos, membros de uma igreja gentílica. Essa igreja
sentiu certa influência pagã, conhecida pelo autor, e, por conseguinte uma falsa
interpretação da fé cristã estava espalhando-se. O autor manda uma missiva
enérgica para combater esta influência nociva, que ameaça os leitores, e, ao mesmo
tempo, ele procura animá-los a resistir-lhe.

Ao ano de 68 é também atribuída a escrita da epístola aos Hebreus. Não se


sabe com certeza quem foi o autor desta epístola e muitas têm sido as suposições
de quem foi o seu autor. Em Alexandria, onde a epístola foi aceita por seus próprios
méritos, há evidência de uma tendência crescente, no terceiro século de nossa era,
de ligá-la ao apóstolo Paulo, ainda que bastante indiretamente. Clemente sugeriu
que Paulo escreveu-a em hebraico e que Lucas a traduziu para o grego. Orígenes
se inclinava a pensar que os pensamentos originais fossem do apóstolo, ainda que
não a forma escrita e a linguagem final. Tal conexão dessa epístola ao nome de
Paulo muito contribuiu para que lhe conferissem autoridade apostólica, na falta do
que muitos hesitaram em aceitá-la como canônica. Conseqüentemente, muitas
cópias manuscritas vieram a ser intituladas "A Epístola de Paulo aos Hebreus".
Entretanto, essa atribuição da epístola ao apóstolo, não é aceita pela maioria dos
eruditos contemporâneos. A própria evidência interna da epístola, como sua
linguagem, estilo e conteúdo, é considerada como prova conclusiva contra essa
suposição (por exemplo, contrastar Hb 2.3 com Gl 1.12; Gl 2.6).

Entre os anos de 85 a 90, O apóstolo João escreve 3 epístolas e o Evangelho.


As epístolas que trazem o nome de João são anônimas. A primeira não tem
dedicatória nem assinatura. Há, porém, afinidades tão íntimas entre ela e o quarto
Evangelho, no tocante ao estilo e à matéria versada, que a maioria dos eruditos
concorda que os quatro escritos tiveram um só autor. Até mesmo os poucos que
pensam diferentemente são constrangidos a admitir que o escritor da primeira
epístola deve ter sido alguém que recebeu forte influência do autor do Evangelho.
Não há razão para se rejeitar a tradição de ter sido o apóstolo João, filho de
Zebedeu, o autor dos quatro documentos. E, em Patmos, João tem a visão e
23
escreve o livro de apocalipse. Recentes escritores sobre o Apocalipse se inclinam à
aceitação da tradição dos primeiros cristãos de que foi escrito pelos fins do reinado
de Domiciano, i. e., cerca de 96. O autor do Apocalipse designa-se simplesmente
João. Embora residente na Ásia Menor (ou, antes, Ásia proconsular), ele era
claramente um cristão hebreu como a linguagem e o estilo do livro revelam, e
assumiu posição de influência entre as igrejas dessa região. Era natural, em vista da
forte tradição de que João, o filho de Zebedeu, emigrou para Éfeso, que os
escritores cristãos identificassem João, o apóstolo, com o vidente que escreveu o
Apocalipse. O motivo mais ponderável para essa conclusão é, talvez, o fato que o
profeta simplesmente se chama "João", como se não houvesse nenhum outro líder
cristão nessa região com quem ele pudesse ser confundido. As muitas afinidades
notáveis de pensamento e redação entre o Evangelho e o Apocalipse, quanto aos
pormenores, também reclamam o reconhecimento de alguma ligação na autoria dos
dois livros. O livro reflete os princípios de uma crise de perseguição prestes a
rebentar com toda a fúria sobre os cristãos da Ásia e, finalmente, sobre a igreja em
toda a parte.

Assim sendo, nota-se que, enquanto as atividades missionárias da Igreja eram


realizadas, Deus trabalhava junto aos seus servos levando-os a escrever a
revelação neotestamentária dentro de um contexto histórico específico que, apesar
dos vários contextos que nos encontramos hoje, serviriam para direcionar toda a
vida doutrinária e missionária que a Igreja empreenderia posteriormente. É Deus
trabalhando em prol do seu povo.

4 A História das Missões Entre os Anos 100 a 500 d.c.:

No começo deste período os cristãos chegaram a ver um mundo, em alguns


aspectos, favoráveis à pregação do Evangelho. Pois, o Império Romano impusera,
numa grande área do mundo então conhecida disciplina e unidade de forma
bastante intensa, até aí desconhecidas. Mas, a paz nunca foi total. Havia sempre
ameaças nas fronteiras; a revolta nas províncias tornara-se incontrolável: a queda
deste ou daquele imperador ameaçava sempre a organização intrincadamente
equilibrada do Império, embora muito mais tarde conseguisse derrubá-la. Contudo, a
24
paz não deixava de ser uma realidade. Onde os romanos chegavam, construíam
estradas, bem delineadas e pavimentadas, através dos montes e vales. Mais tarde,
quando a ordem romana ruiu e as estradas foram abandonadas, uma grande parte
da humanidade passou a viver em aldeias dispersas, que durante os longos
invernos ficavam sem comunicações com os outros centros habitados. Mas no
tempo de Roma isso não sucedia, as viagens ofereciam maior segurança e eram
mais rápidas do que em qualquer outro período, antes do século XIX.

A Igreja, nos seus primeiros dias, falava aramaico, idioma corrente na


Palestina. No decurso do tempo, verificou-se ser necessário empregar várias línguas
para a expressão da sua fé. Mas, quase de início, era fundamentalmente uma Igreja
de língua grega. O Império Romano aceitara o grego, tanto para fins comerciais,
como para meio de comunicação familiar entre os homens educados. Quem
soubesse grego poderia ir a todo o lado, que sempre encontraria amigos com quem
falar; quando as Igrejas de Lyons e Vienne, no Sul da França, cerca de 177 d. C.,
desejaram comunicar com o resto do mundo cristão, para o informar a cerca das
terríveis perseguições que haviam sofrido, foi em grego que se lhes dirigiram. Mais
ainda: as conquistas de Alexandre no século IV a.C. haviam difundido a civilização e
a língua grega até ao próprio coração da Ásia. Um reino grego mantivera-se cerca
de dois séculos na fronteira com a Índia, e, durante um certo período, no interior
deste último país, com notáveis influências sobre a arte indiana.

Talvez mais importante que qualquer dos dois fatores que mencionamos atrás,
foi a presença dos judeus, durante muitos anos, em todas as regiões do Império
Romano. É impossível saber quantos foram, mas algumas autoridades calculam que
representassem cerca de sete por cento da população total. Esses judeus formaram
um povo vigoroso, ativo e por vezes turbulento. Apesar da sua falta de amizade e da
sua secura, haviam conseguido exercer uma influência notável nos povos vizinhos,
atraindo muitos deles para a fé judaica. A procura da sabedoria era uma paixão
antiga nos gregos, sempre em busca de novidades; a sinagoga ofereceu-lhes uma
sabedoria profunda e dinâmica, aparentemente mais antiga quer a de Homero. O
monoteísmo andava no ar; o Velho Testamento estabelecera um monoteísmo mais
puro, mais radical e mais pessoal que qualquer outro sistema conhecido do mundo
antigo. Alguns gentios submeteram-se ao rito da circuncisão, passando assim a
25
pertencer ao povo dos judeus; a maioria ficava na categoria dos “tementes a Deus”,
espectadores interessados, que encontramos com tanta freqüência nas páginas dos
Atos dos Apóstolos.

Foi neste grupo que a pregação do Evangelho encontrou a sua resposta mais
firme e imediata. Quando se tornou claro aos olhos destes gentios que, sem passar
pelo rito da circuncisão (que tanto os gregos como os romanos consideravam
repulsivos), podiam ganhar não só o que o judaísmo lhes oferecia, mas ainda algo
mais, não lhes foi difícil aceitar a fé de Jesus Cristo. A presença desta elite
diferenciou as missões da era apostólica das de épocas subseqüentes, fazendo com
que a comparação se torne quase impossível. Estes povos, ou os melhores
indivíduos entre eles, haviam sendo bem instruídos pelo Antigo Testamento, de que
aceitaram a moral e as idéias teológicas. Muitos deles trouxeram para a sua fé cristã
a base de compreensão e de caráter disciplinado, que lhes permitia ocuparem
naturalmente posições destacadas na chefia das novas congregações cristãs. E, em
certos casos, tornaram-se pioneiros do desenvolvimento do pensamento da Igreja.

O segundo século foi um período perturbado e ansioso. O homem buscava de


novo a alma e encontrava-se livre, diante de vários tipos de religião. Nos últimos
anos tem-se escrito muito acerca das “religiões do mistério” do Império Romano em
decadência, como paralelo, e talvez como origem, da doutrina cristã. É indubitável
que alguns destes mistérios respeitavam a deuses que morriam e ressuscitavam, às
cerimônias de iniciação e refeições sagradas, cujo objetivo consistia em conseguir
uma certa forma de participação do crente na vida do deus. Uma investigação
cautelosa mostrou existirem poucos indícios da influência direta dos mistérios na fé
e na prática cristã; as semelhanças são mais o resultado de desenvolvimento
paralelo em situações equivalentes, do que contribuições diretas. Na realidade, os
pensadores cristãos parece haverem entrado diretamente em conflito com os
mistérios, que consideravam disfarces diabólicos da verdadeira revelação de Deus.
Contudo, as religiões de mistérios e o seu desenvolvimento, nos primeiros séculos
da nossa era, são como evidências do desejo irreprimível do homem em conseguir
obter certezas a respeito de Deus e do seu destino; nesse sentido, pode dizer-se
que serviram de preparação ao Evangelho.
26
Paulo foi o maior e provavelmente o mais sistemático de todos os primeiros
missionários. Teve por objetivo trabalhar entre os gentios. Após a conquista da
região da Ásia ele deseja alcançar a Europa com uma parceria com a Igreja
Romana. No entanto, não temos confirmação de nenhum trabalho estabelecido em
outras regiões fora da que citamos, possivelmente em outras direções a Igreja
também se expandia nas regiões do Oriente.

Outras evidências comprovam-nos a rápida difusão do cristianismo neste


período, as epístolas de Inácio e o medo de Plínio de que os santuários dos deuses
viessem a ficar inteiramente desertos comprovam-nos o quanto o cristianismo estava
empactando a sociedade de então. Com a destruição de Jerusalém a Igreja no ano
70 d.C. não chegou ao fim, ao invés disso instalou-se em Antioquia na Síria, onde
passou a ser o seu segundo lar. Na capital do Oriente, a fé cristã enraizou-se
fortemente e desenvolveu-se sob uma sucessão de vários bispos notáveis dos quais
não temos conhecimento. Vale ressaltar, entretanto, que para o fim do século IV
apesar desta informação provir de uma época consideravelmente posterior, a
população de Antioquia andaria a roda de 500.000 habitantes, dos quais mais da
metade seriam cristãos.

A Ásia Menor que nos tempos de Paulo apontava para um progresso promissor
não se concretizou, visto que não teve tanto sucesso entre os povos mais atrasados
que conversavam em suas línguas nativas e não no grego comum.

O terceiro centro do mundo cristão era Roma, que só passou a proclamar o


domínio universal no século IV. Esta Igreja foi fundamental dentro das disputas
teológicas que cercaram os anos de 100 a 400 a.C. é evidente que de início a Igreja
de Roma possuía a classe dos mais pobres sendo por mais de cem anos uma igreja
de língua grega. O povo mais culto que falava latim veio a ser ganho através do
bispo Vítor, entre os anos de 189-199 d.C., assim a Igreja penetra nas classes mais
altas da sociedade. Pelo fato desta Igreja está situada em um dos pólos mais
atrativos propiciou-lhe um rápido crescimento, segundo Harnack, Roma possuía
uma população cristã de pelo menos 30.000 seguidores.
27
Enquanto isso, na Gália e na Espanha, o progresso foi muito vagaroso. Irineu
(130 a 200) bispo de Lyon chega a evangelizar os povos tribais. A verdade é que já
no século III, haviam varias Igrejas estabelecidas na Espanha, tendo umas 36
dioceses espalhadas.

Na Inglaterra não se tem certeza do ano em que foi estabelecido o cristianismo,


alguns associam Paulo ou um dos seus companheiros como missionários nesta
região, o que é pouco provável, entretanto, Tertuliano já nos dá informação sobre os
crentes de língua inglesa no ano de 208 d.C., por certo, podemos afirmar que em
314 a Inglaterra já se encontrava representada no Concílio de Arles na França
Meridional.

O Evangelho também chega muito cedo ao Egito, sem podermos estabelecer


uma data precisa, porém, Alexandria, com toda certeza, já possuía uma classe de
crentes pensadores que se tornaram seguidores de Fílon. Eles foram os pioneiros
nestas regiões da Grécia não cristã. Pensadores como Clemente (150–215) e
Orígenes (185–254), embora se conservando firmemente dentro da doutrina
ortodoxa da revelação do Pai, através do Filho, que é também Palavra divina,
puderam reconhecer na filosofia grega uma verdadeira preparação para o evangelho
de Cristo e crer que o Deus que guiava os destinos de Israel se encontrava também
atuante na história dos gregos.

O cristianismo no Egito não se limitava aos que falavam grego. A tradução das
Escrituras em vários dialetos da língua que hoje conhecemos pelo nome de copta
começou em meados do século III. Por essa época, ou um pouco mais tarde, os
desertos começaram a encher-se de monges e de eremitas. Os habitantes desertos,
na grande maioria, falavam copta e pouco ou nada sabiam de grego. O fanatismo
que por vezes revelavam não justifica, entretanto, as ásperas observações de
Edward Gibbon acerca do triunfo do barbarismo e da religião. Mas este lado sombrio
deve comparar-se com a simplicidade e devoção manifestadas em quase todas as
páginas das vidas dos Padres do Deserto.

Cirene é mencionada em quatro passagens do Novo testamento: Simão de


Cirene transportou a cruz de Cristo; quando Pedro apresentou seu primeiro sermão
28
no dia de Pentecostes encontrava-se presente cirineus, os cirineus tomaram parte
decisiva no transporte dos evangelhos de Israel para o mundo gentio, graças ao
maravilhoso Sinésio persuadido em 410 que se tornou bispo da sua cidade nativa.
Existiam seis bispados nesta região. O evangelho penetrou mais rapidamente ao
norte da África, hoje, Tunísia e Argélia. A literatura latina Cristã surgiu provavelmente
no norte da África, representada, pelos ex-homens do fórum Tertuliano (160–220) e
Cipriano.

A igreja do norte de África era a igreja de bispos, cada cidade tinha o seu bispo.
Esta igreja como a do Egito, debatia-se com o problema da raça e do idioma. Parece
evidente que fatores lingüísticos e raciais entre outros, também condicionaram o
cisma donatista, que despedaçou a igreja da África do norte, geração após geração
e a enfraqueceu sem qualquer esperança. Na visão geral do fim do século III não
havia nenhuma do Império Romano que não tivesse sido penetrada em maior ou
menor extensão pelo evangelho. Porém, sua influência era desigual. A maior parte
da igreja falava grego e latim e os povos camponeses encontravam-se em uma
vasta extensão, alheios à sua influência.

Quais os fatores que permitiam a difusão das sagradas Escrituras?


O primeiro e mais importante fator a considerar, é a fervorosa convicção que
possuíam muitos dos primeiros cristãos.

Novas comunidades cristãs recomendavam-se a si mesmas pela evidente


pureza de suas vidas. Nos primeiros dias do Império romano, o sentido de
comunidade e de lealdade mutua foram muito forte, a desorganização da sociedade
resultava no enfraquecimento de lealdade local e embora os estóicos a tivessem
tento substituir por uma lealdade mais ampla na sua doutrina do homem como
cidadão do mundo, expresso pelo imperado estóico Marcos Aurélio.

O que os estóicos queriam, foi criado pelos cristãos, que era uma sociedade
em todos eram bem vindos sem distinção, discriminação. O cristão onde quer que se
encontrasse sabia que pertencia a uma sociedade potencialmente mundial e que
estava obrigado pelos princípios de um único Senhor, e de uma única fé, um único
batismo. O Teísmo (isto é a fé cristã) progrediu especialmente devido os serviços
29
prestados a estranhos e aos cuidados com o enterro dos mortos. Devemos
considerar o efeito da perseguição aos cristãos sobre a opinião pública. Até a
perseguição sistemática ordenada pelo imperador Décio em meados do éculo III,
quando a perseguição se iniciou, a mesma deve-se mais às pressões populares do
que ao resultado de uma campanha planejada por parte das autoridades. Todos
cristãos sabiam que mais cedo ou mais tarde teriam de testemunhar de sua fé a
custa de sua própria vida. Quando ocorria uma perseguição, o martírio
experimentava a maior publicidade possível, o publico romano era cruel e duro mas
nem sempre desprovido de compaixão, e não restam duvida de que as atividades
dos mártires e particularmente das mulheres jovens que sofriam juntamente com os
homens provocou uma profunda impressão.

Nos primeiros vinte anos do século IV, a situação modificou-se pois o


imperador Constantino (274-337) mostrou-se progressivamente favorável à nova
religião, aceitando-a como religião do estado. Aceitou o batismo cristão das mãos do
seu amigo Eusébio de Nicomédia. Os cristãos puderam sais das catacumbas e
beneficiar-se dos favores imperiais. No final do século II o inteligente Celso de
Alexandria escreveu um livro contra os cristãos. Justino Marte (100-165) nascido na
antiga Shechen, procurava a verdadeira sabedoria em muitas escolas filosóficas, só
quando encontrou um professor cristão em Éfeso, pode descobrir no Evangelho a
solução para seus problemas. Surgiram muitos filósofos como Tácito, Amiano,
Marcelino, Luciano, Pholino, Clemente, Orígenes, Tertuliano, o que originou a
literatura cristã foi o fato destes homens terem algo de vital importância a dizer.

O cristianismo estava na moda e a maioria dos homens como hoje,


consideravam conveniente seguir a moda. Em tudo havia perigo. A fé tornou-se
superficial e identificou-se com a aceitação de ensinamentos dogmáticos, mais do
que com uma transformação radical do próprio eu. Como a Igreja enriquecera, as
dioceses tornavam-se objetos de controvérsias, mais do que instrumentos de
serviços humildes. Com esta nova liberdade, a igreja podia penetrar no mundo, e, ao
mesmo tempo, de forma perigosa, o mundo entrava na igreja. O século IV foi o
período do desenvolvimento das grandes literaturas clássicas.
30
É de notar que mesmo antes da grande transformação que se realizou na era
de Constantino, a igreja ultrapassava já as fronteiras imperiais.

O siríaco é uma língua semita semelhante ao hebraico e aramaico. O


cristianismo de língua siríaca tinha um caráter próprio, eles eram simples, diretos e
introspectivos.

Na Índia do Sudoeste a igreja dos cristãos de Tomé ainda existe. A duas


certezas absolutas: 1º sabemos que esta igreja existe desde os primeiros tempos
cristãos; 2º podemos dizer que a igreja de São Tomé no Sul da Índia, no primeiro
século, teria sido perfeitamente possível. A fé continuará sem duvida a afirmar ate os
fins dos tempos a origem diretamente apostólica da igreja indiana.

O Evangelho estendeu-se da Capadócia a Armênia, onde o seu mais notável


difusor foi Gregório que nascera 213, estudara nas classes de Orígenes em
Cesaréia e deixou uma nobre oração de louvor ao seu grande professor. Os godos
obtiveram seu primeiro conhecimento do Evangelho por prisioneiros capadocianos,
mas a evangelização só começou com a vida de Ufilas (311 a 383) um dos mais
notáveis dos missionários de qualquer período da historia da igreja.

Ufilas parece ter sido filho de pai capadociano e de mãe goda. O maior serviço
por ele prestado consistiu em ter reduzido a linguagem gótica à escrita e em traduzir
a Bíblia para este idioma.

Acerca dos povos entre o Danúbio e o Mar do Norte, existe um grande


desconhecimento a respeito do que se passava neste período. Patrício nascera, em
algum lugar na Inglaterra, cerca de 389 d.C. Aos 16 anos de idade, um bando de
mercenários irlandeses desceu sobre a Inglaterra e raptou um certo numero de
pessoas. Patrício encontrava-se entre estas. Seis anos passou como pastor, entre
os bárbaros nas montanhas selvagens da Irlanda. No fim desse período, Patrício
fugiu para França onde se tornou monge da Abadia de Lerins.

Patrício decide regressar a Irlanda. É possível que tenha regressado a Irlanda


cerca de 432 e houvesse prosseguido seu trabalho até morrer em 461. a Irlanda era
31
um país quase inteiramente pagão. Deparou-se com muita oposição, por parte dos
representantes da velha religião, dos reis que tentou converter, dos ataques
britânicos que perturbava a sua obra e massacrava os convertidos. Mas sobreviveu
aos seus inimigos e cansou a oposição. Na altura da sua morte a Irlanda era já em
grande parte um país cristão.

O fim do século V assistiu em França a um acontecimento que tem sido


justamente considerado como um dos momentos culminantes da historia cristã, o
batismo de Clovis, reis dos francos.

No ano 500, a igreja podia contemplar 500 anos de êxitos miraculosos. Não
conhecia ainda quase nada das antigas e estáveis civilizações da índia e da china,
mas constituíra-se na maior força civilizadora do mundo Ocidental.

Nos grandes concílios desenvolvera um maravilhoso instrumento para


expressão e a conservação da unidade cristã.

Poderia parecer que a igreja iria buscar progressos constantes e sem


obstáculos até tornar-se literalmente co-extensiva com o mundo habitado e com a
raça humana. Na realidade, a partir do ano 500 iria entrar num período de conflitos
de amargos e desanimadores. Envolver-se-ia em lutas desesperadas, em duas
frentes. Uma, depois de mais de 500 anos de esforços, sairia quase inteiramente
vitoriosa. Outra iria sofrer terríveis perdas e durante mais de 500 anos limitar-se-ia a
conservar o que lhe pertencia.
32

CAPÍTULO II
DIFUSÃO DO CRISTIANISMO

A HISTÓRIA DAS MISSÕES


NO PERÍODO DAS TREVAS

No Século VI ocorre a decadência do império romano. Esta se deu em


decorrência de causas internas como: corrupção no senado; decadência econômica
e moral; e de causa externa: invasão dos bárbaros.

Como conseqüências:

- A Europa perde a liderança política, e a igreja toma para si o papel de liderar


politicamente a Europa com a sede do papado em Roma;
- Fortalecimento da igreja romana que toma as principais decisões universais;
- Divisão do império romano em ocidente e oriente, Roma e Constantinopla.

Columba:

O trabalho missionário, veio a ser realizados por missionários anônimos; e


também por Columba que foi missionário entre os celtas (521-597). Este preparou
monges, que passaram a ter um estilo próprio de fazer missão. Quando chegavam
em um país estranho, trabalhavam para construção de vilas missionária e
choupanas para os monges. Columba comandava um grupo de monges celtas na
Ilha de Iona, que estaa localizada na costa da Escócia, de onde enviava
missionários para Escócia, Bretanha e Irlanda e até Islândia.
33
Havia na Inglaterra duas formas de cristianismo, a romana e a escocesa. Elas
diferiam apenas em alguns ritos religiosos. A principal diferença, todavia era que os
missionários romanos reconheciam a autoridade papal, ao passo que os monges
escoceses, cujo cristianismo não fora originário de Roma, não seguiam suas regras.
Em 664, em um sínodo, por causa da influência do rei Oswin, ficou decidido, que a
Igreja inglesa obedecesse a autoridade de Roma.

Nos século VI e VII, as regiões da Europa mais remota eram as ilhas


Saxônicas e o extremo norte dos mares Bálticos e Mar do norte. Portanto estas
regiões tornaram-se alvo das missões romanas. Gregório I (540-640), ao ver os
ingleses dos olhos azuis chamou-os de anjos, seu sonho era de ser um missionário
entre os saxões, de família nobre, foi considerado o maior missionário da igreja
medieval, foi eleito prefeito de Roma e depois, tornou-se monge em seguida
embaixador do bispo de Roma em Constantinopla, depois da sua volta à Roma foi
escolhido abade do mosteiro de Santo André. Substituiu o papa Pelágio que morreu
em 590.

Após ter assumido o papado cuidou em fazer realizar seu sonho, enviando o
missionário Agostinho com uma companhia de monges que com muitas dificuldades
na viagem chegaram entre os celtas para começarem um trabalho. O resultado do
trabalho foi a conversão do rei Edelberto de Kent e dez mil saxões foram batizados.

Com todos estes esforços realizados por estes desbravadores da idade média
até o final desta época, todas as regiões remotas da Europa, Islândia, Irlanda,
Escócia, Bretanha (atual Inglaterra), Germana e o Mar do Norte, já estavam
evangelizados.

Bonifácio:

O apóstolo da Alemanha (680-754), foi consagrado em Roma em 722 como


bispo da fronteira germana pelo papa Gregório II, no seu retorno Bonifácio destruiu o
altar pagão dos germanos e com a madeira do carvalho, onde era realizada a
consagração pagã, ele construiu uma capela em honra a São Pedro. Ao envelhecer
34
resolveu trabalhar entre os bárbaros do extremo norte da Gália, aonde com muito
êxito veio a falecer.

Muito mais difícil, perigosa, e desastrosa, foi a luta da igreja na outra frente. Em
622 o profeta Maomé deslocou-se de Meca para Medina, depois de congregar um
numero muito grande de peregrinos com base na sua mensagem monoteísta
avançou nos desertos da Arábia para o resto do mundo. Em 650 conquistou a
Pérsia, Jerusalém em 638, Cesárea em 640, com isto a palestina e a Síria caíram
em domínio mulçumano. E em 642, Alexandria foi capturada, esta milícia conquistou
desde o Egito a todo norte da África, e em 697, conquistou Cartago, em 715 a maior
parte da Espanha encontrava-se em mãos mulçumanas, atravessando o Estreito de
Gibraltar, passando pela Espanha sofreram a sua primeira derrota em 732 contra o
general Carlos Martel em Taurs na França. O Islã nunca conseguiu estabelecer-se
ao norte da Europa, contudo o seu avanço prosseguiu em direção a Roma que foi
atacada e saqueada por esta milícia, mas posteriormente eles conseguiram
enfraquecer o movimento missionário das igrejas principalmente no oriente até a
queda de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, pondo fim a idade média.

Conseqüências:

O islamismo não conseguiu o domínio da Europa ocidental, mas enfraqueceu o


cristianismo da Ásia menor e África, fechando quase que definitivamente as portas
destas regiões ao cristianismo até os dias de hoje.

Por incrível que pareça a conquista da Ásia menor pelo islã trouxe um grande
benefício para igreja do ocidente, benefício este que somente interessava ao papado
de Roma, quanto que na verdade o avanço do islã trouxe grandes perdas para o
cristianismo em geral. Sempre houve diferenças entre os bispos de Roma e de
Constantinopla, briga por maiores influencia. A Igreja Nestoriana do oriente já
enfraquecida pelas confusões doutrinárias que vinham a muito minando as suas
bases agora sofre um abalo ainda maior com as conquistas do islã, e com o papa de
Roma tornando-se o mais importante chefe do cristianismo do mundo. Estes
acontecimentos fecharam o mediterrâneo desde a Península Ibérica até o Japão,
35
voltando para o ocidente pela costa sul do mediterrâneo até Marrocos, deixando
como conseqüência àquilo que nos chamamos nos tempos atuais de janela 10/40
que se constituiu na região do planeta terra considerada a mais resistente a
pregação do evangelho.

A tradição cristã pintou um quadro trágico do destino dos cristãos perante o


avanço islâmico, em termos das seguintes alternativas: a morte, ou a apostasia, eles
tinham que opinar entre o abandono da fé ou serem martirizados. Houve grandes
massacres e, sem dúvida muitas perdas de vidas, muitos cristãos converteram-se ao
islamismo. Mas o fato mais surpreendente destas invasões consistiu nas poucas
perdas de vidas em face do tão rápido desfacelamento da civilização cristã. Os
cristãos do oriente que resistiram ao islã perderam os privilégios e os direitos sociais,
passaram a pertencer a uma segunda classe social com uma carga tributária muito
alta e não podiam igualar-se aos mulçumanos. Os árabes não desejavam exterminar
ou converter a todos os cristãos, eles não eram agricultores e nem administradores,
por isso precisavam manter parte dos cristãos para estas tarefas.

As missões também contribuíram, em parte, para o soerguimento do poder de


Roma. Quando os papas enviavam missionários, encarregavam-nos de tornar as
terras conquistadas obedientes aos papas. Assim, cada conquista para o
cristianismo era outra para o poder do papa. Vimos como a igreja na Inglaterra caiu
sob a autoridade dos papas, pela atuação dos missionários romanos, Agostinho e
outros que atuavam junto aos missionários celtas para os conduzirem à obediência
ao papado.

Concluímos que as atividades missionárias da igreja da idade média estavam


estritamente ligadas a dois fatores: a expansão dos domínios territoriais do papado e
em segundo plano a divulgação superficial do nome de Cristo.

Séculos VIII-X:

O maior de todos os missionários deste período Wynfrith de Crediton, mais


tarde conhecido por Bonifácio (680-754) o apóstolo da Germânia. Até os quarenta
36
anos ele fora monge, vivendo segundo a tradição de Wessex nos mosteiros de
Exetes e Nuis ou Nuthshalling, próximo de Winchestes. Seus esforços missionários
estavam baseados na convicção firme de que o evangelho de Cristo devia ser
pregado a todos aqueles que do seu ponto de vista eram ainda povos bárbaros.

A grande modificação verifica-se quando Bonifácio foi chamado a Roma e


consagrado em 30 de novembro, pelo Papa Gregório II, como bispo de fronteira
Germana, com a primeira sede fixa. Bonifácio jurou ao papa e o mesmo
compreendera que as missões só seriam permanentes partindo da organização
eclesiástica, e tendo o apoio direto de Roma. Isto era novo, tornando-se mais tarde
eficaz e de muita importância para evangelização posterior da Europa. Neste
período de sua obra começou a usar mulheres dedicadas, como missionárias as
quais serviram a Cristo corajosa e eficientemente através da história da Igreja nos
campos missionários do mundo.

Do regresso de Roma no ano de 724, Bonifácio ganhou nome e reputação para


a causa cristã em virtude do ato corajoso de ter derrubado o carvalho sagrado de
Tor, objeto de culto dos não cristãos. Os germanos estavam convencidos que, quem
profanasse o santidade do santuário seria destruído pelos deuses. O carvalho foi
derrubado e nada sucedeu. Os espectadores diziam que Bonifácio tinha razão,
quando dizia que o seu Deus era mais forte que os deuses de seus pais. Com a
madeira de a árvore ele construir a capela em honra a São Pedro.

Ele recebeu autorização para organizar igreja na Baviera, constituiu as


dioceses de Freising, Passau, Ratbana e Sauzburgo. Em 744, fundou o mosteiro
Fulda, o qual tem desempenhou um papel especial no cristianismo romano da
Alemanha do centro.

No ano de 741, foi chamado a executar uma grande reforma na Igreja Franca.
Ele não conseguiu realizar todas as reformas que desejava impor. A medida que ia
envelhecendo, retirava-se cada vez mais do campo da administração. Por fim, o
espírito do missionário prevaleceu e mergulhou de novo em terras onde Cristo não
era conhecido. No ano de 753, em Zuiderze, começara uma obra onde os frísios
eram ainda pagãos. Notáveis resultados foram alcançados, provocando violenta
37
reação pagã. Em 5 de julho de 754 ou 755, ele e seus companheiros, aguardavam
perto de Dokkum a chegada de vários cristãos recém-convertidos, foram atacados
por pagãos furiosos, ele ergueu um livro dos evangelhos para tentar proteger a
cabeça mais nada conseguiu, o idoso missionário e os seus cinqüenta
companheiros foram mortos.

Bonifácio costumava batizar os recém-convertidos sem demora principalmente


nos períodos de celebração da páscoa e pentecostes. Tinha um longo e paciente
processo de tentar transformar cristãos nominais em cristãos verdadeiros.

A época de Bonifácio e de seus sucessores pertence o desenvolvimento das


regras e da prática da disciplina da penitência.

Carlos Magno:

É sem duvida uma das maiores figuras da história, tanto da igreja, como do
mundo, no ano de 771 até a sua morte em 914, foi o único rei dos francos. Quando
no dia de natal do ano 800, o Papa Leão III o coroou imperador em Roma, Carlos
Magno era um governador sábio e poderosamente eficaz, interessava-se bastante
pela teologia e desejava conhecê-la, reunindo em sua volta, eruditos, como Alcuino
de York (735-804). Iniciou o Renascimento Carlovíngio, que foi um dos marcos mais
luminosos da longa noite deste período.

No seu tempo os saxões constituíam uma grande ameaça, e o imperador


decidiu então que eles deveriam ficar sobre o seu controle, por meio da força
armada e da religião. No período de 772-798, sucedem-se inúmeras campanhas,
conversões, conspirações e repreensões.

Na conquista de uma tribo Germana a sua conversão figurava nos termos de


paz, como o preço a pagar para gozar da proteção do imperador e do bom governo
garantido pelas suas armas, isto significa uma associação perigosa da nova religião
com o poder conquistador.
38
Violência de um dos lados provocava violência do outro, recorda-se que uma
vez Carlos Magno massacrou 4500 saxões em um só dia. Acaptulatio de Partibus
Saxônial (Captura de partidos Saxões), estabelecia ferozes castigos para inflação de
toda uma séria de leis cristãs, dentre as quais destacam-se:

- Todo aquele que mata qualquer membro da organização eclesiástica, será


condenada a morte;
- Todo aquele que queima o corpo de uma pessoa morta como forma de ritual,
será condenada a morte;
- Todo aquele que conspire com os pagãos contra os cristãos será condenado
à morte.
Não se deve supor que essa atroz regulamentação tenha sido sempre
aplicada. Mas o fato de existirem como estatuto e de poderem a qualquer momento
tornar-se vigentes, faziam com que fosse perigoso ser saxão e pagão.

A resistência ao evangelho diminuía e, na altura da morte de Carlos Magno a


pacificação e conversão dos saxões consideravam-se completo.

O território recém conquistado organizou-se em seis dioceses. A perspectiva


que permitiu a fundação deste grande centro cristão conduz-nos a etapa seguinte da
conversão da Europa: as primeiras tentativas de penetração nos países
escandinavos.

A conquista dos territórios saxões por Carlos Magno provocava naturalmente


grande apreensão nos territórios do norte. Os dinamarqueses tomaram medidas
para se oporem. Em 810 construíram imensa muralha.

As primeiras tentativas da Igreja para transpor esta barreira foram bastante


auspiciosas. O imperador Luis o piedoso, deseja encarregar-se pessoalmente da
direção desta atividade. O seu primeiro ponto de contato foi o príncipe exilado
Harold Klak, que se persuadiu em 826 a receber o batismo, juntamente com 400 dos
seus companheiros, em Maniz Ele tratou de conquistar o seu reino, sendo
acompanhado de um missionário, porém não deu certo. Mas tarde através do rei
Bjorn foi construída a primeira igreja da Escandinava.
39

Mas tarde Anskar pode construir uma igreja em Slesvig e em Ribe, na costa
ocidental. Sendo ele uma figura profética admirável, paciente, e por sua dedicação
em atravessar uma porta difícil de abrir. O primeiro bispo que trabalhou fora dos
centros cristão, bem estabelecido em regiões ainda pagão.

Fim da Idade Média:

“O ano 1000 foi caracterizado por enorme terror e ansiedade ao longo de todo
mundo cristão”
Segundo os cálculos de Dionísio Exíguo este período seria o ultimo da
existência da igreja, porém nada disto aconteceu, porém este ano é considerado
“como uma espécie de marco divisório”.

“Neste período a Europa que possuía um contorno cristão, estava


saindo dos piores horrores da idade média e começava a manifestar aquilo
que tinha desenvolvido no período de opressão causado pela Idade média,
e agora seria manifestado nos séculos seguintes através do comercio,
viagens e na construção do edifício do pensamento teológico”2.

A partir deste momento vemos à Europa tendo como primeiro objetivo a difusão
do cristianismo até aos seus próprios limites.

Um dos povos a serem alcançados foram os escandinavos, estes viveram


durante séculos num quase completo isolamento em relação ao resto do mundo, e
com isto eles vieram a desenvolver uma cultura rica e completa o que necessitavam
sendo que, de forma diferente de tudo o que se podia encontrar no mundo que viveu
na idade média, o centro deste desenvolvimento cultural era a arte da guerra, à qual
tudo se subordinava, esta, foi bem utilizada nos séculos seguintes, sem que
houvesse fronteiras que não que não pudessem ser atingidas. Porém as suas
maiores realizações viriam a efetuar-se depois de se terem convertido ao
cristianismo.

2
Nota dos autores.
40
Da região da Escandinava a Dinamarca possuía maior contato com a
Alemanha, e, portanto com o mundo cristão, facilitando assim a entrada com êxito
do cristianismo.

Anskar fundou um certo numero de igrejas na Dinamarca, mas ocorreu devido


as condições fornecidas pela igreja uma queda no que diz respeito a evangelização.
No começo do século X o rei Gorm resolveu exterminar o cristianismo do seu reino e
tinha como passatempo familiar destruir igrejas e matar padres, o seu filho e
sucessor Harald, caminhou diferente e declarou ter “convertido dinamarqueses em
cristãos, mas no reino de Knut é que o cristianismo passou a ser parte ativa da vida
do povo dinamarquês”.

Neste período dois pontos merecem considerável atenção:

Em primeiro percebemos que, embora as primeiras tentativas de se levar o


evangelho a escandinava tivesse sido por germânicos a partir do século XI o
desenvolvimento do trabalho missionário coube a Inglaterra; em segundo vemos no
norte a aparição daquilo que podemos chamar, com propriedade, nações, ou seja,
com a entrada do evangelho todos os reis desejavam ter sua própria organização
eclesiástica assim se desligando do domínio da igreja de Roma.

Foi à Dinamarca, o primeiro país em que este choque entre os... Eclesiásticos
e nacionais se resolveu, e isto a favor da coroa.

Em 1104 Lund, que era a principal cidade no domínio dinamarquês, passou a


ser sede arcebispal, e um dinamarquês foi nomeado seu arcebispo. Assim a igreja
dinamarquesa ganha a sua própria estrutura independente de qualquer prelado
vizinho.

Na Noruega como na Dinamarca o poder real desempenhou um papel


importante na introdução da fé cristã.

O primeiro herói importante da campanha cristã foi Olaf Tryggvesson (969-


1000), este foi batizado por um eremita que encontrou em 990 nas ilhas Sclly. Após
41
o ano de 995 foi eleito rei de todo o seu país e partir daí dedicou-se a fazer do
cristianismo a religião dos noruegueses. Porém ele encontrou barreiras para efetuar
com êxito o que desejava, as várias assembléias gerais, as things (Assembléia para
fins jurídicos ou deliberações, conferências, transação, assunto, negócio, coisa,
objeto), estas dificuldades só foram vencidas quando “feliz solução democrática
surgiu, e todos estiveram de acordo em substituir a antiga religião pela nova”.

Com a sua morte no ano 1000 a sua obra foi continuada por outro Olof: Olof
Haraldsson (995-1030), ele foi conhecido como Santo Olof, sua canonização é
devido a notáveis serviços prestados a causa cristã, este como seu antecessor
dedicou-se a fazer com que os evangelhos penetrassem profundamente e
permanente no seu povo.

A Suécia foi ainda mais lenta que os outros países escandinavos para aceitar o
cristianismo. No começo do século XI parece ter tido o primeiro rei cristão que se
chamava Olof Skotkonung, este conseguiu que um bispo fosse consagrado em
Hamburgo e colocado em Skara, ele encontrou uma resistência obstinada em suas
tentativas de tornar cristã o povo sueco. Ocorreu na Suécia algumas tentativas sem
sucesso, objetivando a derrubada do famoso templo de Upsália, onde eram
efetuados sacrifícios pelos pagãos. Após mais de um século já no reinado de
Sverker (1130-1155), ocorreu a imposição da cristandade. Neste momento foi
estabelecida em Upsália, que era a alma e o centro do paganismo sueco a sede
arcebispal, então se verificou que “é mais fácil destruir templos que arrancar pelas
raízes, modos de pensamentos antigos e fortes”.

Quanto à Finlândia verifica-se que sua população não se via pertinência o uma
raça inteiramente diferente da Escandinava, principalmente por sua linguagem.

Na Noruega, como na Dinamarca o poder real desempenhou um papel


importante na introdução da fé cristã.

O próximo herói importante da campanha cristã foi Olaf Tryggrsson 969-1000,


foi batizado por eremita que encontrou em 990 nas ilhas Zally. Após 995, eleito rei de
todo o país e a partir daí dedicou-se a fazer do cristianismo a religião dos
42
Noruegueses. Porém ele encontrou barreira para efetuar com êxito o que desejava
as várias assembléias gerais, as Things (assembléia para fins jurídicos ou
deliberações, conferência, transação, assunto, negócio, coisa, objeto), estas
dificuldades só foram vencidas quando ocorreu uma feliz solução democrática surgiu
assim e todos estiveram de acordo em substituir a antiga religião pela nova. Com a
sua morte no ano 1000.

Na obra foi combinada por outro Olaf Hoholdsson (995–1030) foi conhecido
como Santo Olaf sua canonização é divido os notáveis serviços prestados a causa
crista, este como seu antecessor dedicou-se a fazer com que os evangelhos
penetrassem profundos e permanentemente no povo.

Os primeiros contatos cristãos com a rosna ocorreu mediante a cristandade de


Hamburgo. Bremerr, mas o contato não com o cristianismo veio pela Suécia, em
1155 o rei Erik IX conduziu uma cruzada contra a Finlândia, como estabelecia o
controle militar e como estava acompanhado pelo Bispo Henrique de Upsália, um
inglês, pediu aos habitantes que se batizassem, como era constante a reação paga
contra esta crença, Henrique foi martirizado e tem tudo sido venerado como
fundador da igreja Holandesa. Só em 1290 pode-se considerar terminada a
cristianização do país.

O avanço do islamismo em primeiro plano conseguiu fragmentar as principais


bases cristãs da Ásia menor e África. A região onde no primeiro século da era cristã
viu surgir o cristianismo, mais precisamente na palestina, com o próprio Cristo, agora
se vê ameaçada de ter a sua principal religião sendo esmagada por esta força do
mal. A estratégia do islã fora de tomar e saquear todas as principais cidades destas
regiões. Em 638 tomaram Jerusalém, uma importante base cultural e cristã da foz do
Nilo Alexandria, também foi tomada em 640 Cesárea, nesta oportunidade, toda a
Síria e Palestina foram invadida, e em 697 a tomada de Cartago, importante base
cultural e cristã da África do norte, terra natal de S. Agostinho; daí rumaram para o
extremo ocidente deste continente até as igrejas marroquinas foram invadidas no
noroeste do mesmo, sem oferecerem nenhuma resistência a este avanço
avassalador. Pelo estreito de Gibraltar passaram para a península ibérica
dominando a Espanha foram até a França onde sofreram sua primeira derrota em
43
um confronto com o exército de um general francês chamado Carlos Martel em 732.
Depois desta derrota rumaram para o oriente pela costa norte do mar mediterrâneo
até a babilônia posteriormente voltaram para o norte para combater Constantinopla
que era sede do cristianismo no oriente foram expulsos em uma desesperada
batalha, mas em seguida continuaram tentando e mais tarde aconteceu enfim a
tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453.
44

CAPÍTULO III
O GRANDE PERÍODO 1295 – 1825

ABUNDÂNCIA MISSIONÁRIA

Décadas se passaram, quando o papa Nicolau IV decidiu em 1289 e enviou um


homem a fazer uma missão, e sua escolha caiu em João de Monte Corvino, um
franciscano que já conhecia o oriente, devido às dificuldades usou a via
marítima.Levou treze meses a chegar a Índia, sendo a nossa melhor testemunha
das condições como missionário da cristandade neste país durante a idade média.
Chegou a Pequim provavelmente em 1294 e foi recebido pelo Imperador Kubla
Khan, em idade avançada, e esperava convertê-los, mas, este envelheceu na
idolatria. Conseguiram construir uma igreja e estabelecer-se diante da hostilidade de
pagãos nestorianos e alguns viajantes europeus que viviam em Pequim. Em 1305,
declarava ser batizado seis mil pessoas e formara também um grupo de 150
rapazes, ensinando-lhes grego e latim e a cantarem a missa segundo a forma
ocidental. Quando o papa, agora Clemente V ouviu falar desta obra notável, decidiu
enviar sete irmãos franciscanos zelosos e conhecedores das Sagradas Escrituras,
os mesmos foram consagrados bispos e enviados a tão longínquas terras a fim de
poder consagrar o seu metropolitano. Dos sete enviados, apenas três atingiram os
seus destinos, e em 1308 João Corvino tornou-se canonicamente o primeiro
Arcebispo Cambalensis da Igreja Latina no Extremo Oriente. A presença dos outros
bispos tornou possível a expansão e um segundo centro se abriu em Zaitum em
1313. Afirmam alguns que João Corvino traduzira o Novo Testamento e o livro dos
Salmos para a língua uighur e que teria mesmo celebrado missa por lá. Após o seu
falecimento em 1328, a missão declinou gradualmente, muitas tentativas foram
feitas mas, nem chegaram à própria China.
45
Em dezembro de 1335, João de Marignolli, acompanhado de cinqüenta frades
partiu a caminho da China e após uma viagem por mais de três anos, trinta e dois
dos navegantes chegara a Pequim e foram recebidos pelo Grande –Khan Timor. Em
1346 João de Marignolli partiu da China, sendo a nossa segunda autoridade
importante desse período da cristandade na Índia. Assim se paralisou o
empreendimento missionário Ocidental na China durante os duzentos anos seguinte.
A Igreja Ocidental tentou penetrar na Ucrânia e nas estepes Cáspio, mas não foi
bem sucedida e posteriormente a igreja verificou melhores condições e a tentativa
foi renovada a partir do ano 1300, tanto pelos franciscanos como pelos dominicanos.
Os missionários que foram enviados a estas regiões iriam encontrar um povo
nômade, e teriam que deixar a barba crescer e vestir trajes não eclesiásticos para se
adaptar a vida do povo. Entretanto foi no território da “Horda de Ouro”, na parte
oriental da Rússia, e verificaram que os missionários tiveram melhores êxitos. Toqtai,
que se tornara Kham de toda esta região em 1290, foi convertido e recebeu o
batismo juntamente com a sua mulher, seus três filhos e vários chefes mongóis, e
Toqtai irmão de João de Marignolli, morreu em 1312. Os seus dois filhos mais velhos
imediatamente se converteram ao islamismo, e o seu sucessor, Ozbeg (1312-40) foi
muçulmano convicto. Só em 1342 se tornou evidente que o futuro do povo mongol
estava nas mãos do Islã e não do Cristianismo. Em 1320 a cidade de Sarai, no
Volga, não muito longe do ponto em que este mergulha no mar Cáspio, passava a
ter o seu bispo latino. Os missionários não eram os únicos ocidentais nas regiões
em torno do Mar Negro e do mar Cáspio. Em 1333 dois dominicanos, Francisco de
Camerino e Guilherme os ingleses, conseguiram um notável êxito com a conversão
do príncipe Alan de Vospro, na Crimeia, que governou sob soberania mongol.

Uma grande parte da população era cristã e os Mongóis ainda não haviam
decidido abraçar a fé islâmica.Como na Rússia, grupos de viajantes ocidentais
tinham penetrado gradualmente na Ásia Menor, através da Armênia e da Pérsia,
onde o seu centro principal era Tabriz. Em 1318 o papa decidiu criar uma nova
missão, em parte para cuidar dos cristãos ocidentais da região, mais principalmente
para conseguir o regresso dos cristãos orientais ao redil romano. As conversões
entre os muçulmanos foram poucas, mas conseguiram produzir na Armênia,
desencadeou-se uma violenta reação nacionalista e depois de 1380 pouco ou nada
subsiste em relação a este movimento de unidade cristã.
46

Da Pérsia a Índia, não era muita a distancia, porém anotávamos a curta estadia
na Índia de missionários cristãos, a caminho da China. A partir do século XIV temos
conhecimento de uma tentativa de introduzir o cristianismo latino na Índia numa
base mais permanente.Um grupo de três frades franciscanos e de um irmão laico
chegara a Índia, e encontrava-se em Tana. Surgiu uma disputa, o irmão Tomé de
Tolentino, sendo diretamente desafiado para definir o pensamento de Maomet falou:
“Maomet é o filho da perdição e tem o seu lugar no inferno, junto do diabo seu pai, e
não apenas ele, mas, todos os que seguem e observam a sua lei, falsa, pestilenta e
maldita, hostil a Deus e a salvação das almas”. Naturalmente três dos visitantes
foram aprisionados e assassinados, o sobrevivente Jordão de Severac, reuniu os
seus restos e enterrou-os, tomando a decisão de dar a sua vida para evangelização
da Índia. No norte registrou poucos êxitos, e uma porta maior se lhe abriu no sul e
fixou-se em Columbo, Travancore entre os cristãos nestorianos, que sofriam de há
muito com o seu isolamento e em 1329 o papa o nomeou bispo de Columbo. Foi
encontrado algum traço de sua obra no forte trabalho missionário em ação e a obra
sem descanso prosseguida durante toda a Idade Média. Numa tentativa de abrir
caminho ao Evangelho as mais diversas regiões do mundo.

No fim do século XV o Cristianismo quase não passava de uma religião


européia. Em certas zonas fora totalmente exterminada. Os grupos cristãos se
encontravam totalmente isolados e sem poder dinâmico nem espírito de santidade.
Os missionários não recebiam visitas, durante anos e anos.As perdas eram
numerosas, tanto devido a violência das tribos bárbaras, como aos acidentes
naturais das viagens em regiões desconhecidas e climas muito diferentes, não
falavam a língua nativa e não podiam traduzir o N.T.

Nos anos cerca de 1241 e a ampla aniquilação das missões de que foram
responsáveis, mal os missionários haviam tido tempo de voltar a consolar as suas
posições, a última e a pior de todas as calamidades medievais desabou sobre eles
como um flagelo. Tamerlão, soberano civilizado com amplo conhecimento do mundo,
foi o mais cruel e destruidor de todos os invasores medievais. Suas conquistas
iniciaram em 1358 e doze anos mais tarde, o seu exército caminhava para o rio
Volga e o norte da Índia, China e quase até o Mediterrâneo, em 1405 a obra estava
47
terminada.Toda a presença de civilização ocidental e cristã havia sido varrida. O
oriente e o ocidente encontrava-se mais separados do que nunca.

O Cristianismo aproveitara com a paz romana, incerta e limitada da era


colonial. Sempre que o Evangelho tenha criado raízes e as igrejas se encontrem
bem estabelecidas, terão melhores possibilidades e sobreviver durante períodos de
perseguições. Só a grade revolução que iria fazer da Europa o poder dominante da
terra, durante quatro séculos sucessivos, precederia o grande período de expansão
do Cristianismo. Desde o século XII, a pressão cristã em Espanha e Portugal ia
obrigando os sarracenos a recuar. A última praça forte, Granada, caiu em 1492.Mas
desde meados do século XII Portugal encontrava-se livre de muçulmanos e era
evidente que em breve a Espanha o estaria também voltando a serem cristãos e por
meio da pregação clara e piedosa do evangelho, os próprios sarracenos seriam
ganhos para a fé de Cristo.

Raimundo Lúlio deve figurar como um dos maiores missionários da história da


Igreja. Outros possuíram o mesmo desejo ardente de pregar o Evangelho aos infiéis
e de se necessário sofrer por ele. Coube a ele ser o primeiro a desenvolver uma
teoria das missões, não apenas por desejo de pregar o Evangelho, mas para
trabalhar com um cuidado especial. Lúlio não foi o primeiro cristão a interessar-se
pelas línguas semitas. Haviam existido notáveis lingüistas na Espanha e foi por meio
da sua tradução do árabe para o latim que o conhecimento de Aristóteles começou a
ser difundido no Ocidente ignorante. Ele foi o primeiro a relacionar o estudo dos
idiomas com a obra de evangelização. A segunda condição era a composição de um
livro em que a verdade da religião cristã fosse comprovada por razões necessárias.

A terceira condição consistia na vontade de oferecer um testemunho fiel e


corajoso perante os sarracenos, mesmo a custo da própria vida. Os missionários
converterão o mundo por meio da pregação, mas também vertendo lágrimas e
sangue e através de grandes trabalhos e no meio de uma morte amarga.

Em 1492, a era dos descobrimentos Cristóvão Colombo atravessou o Atlântico


e chegando a pequena ilha de Guanahaní (São Salvador) pensando ter atingido as
costas da Índia, deu o nome de Índias Ocidentais. Em 1497, Vasco da Gama,
48
seguindo os passos de Bartolomeu Dias, como quase todas as expedições
portuguesas, a frota de Vasco da Gama transportava um certo número de padres.

Por detrás dos muçulmanos e evitando o controle que estes exerciam sobre as
vias terrestres e marítimas que ligavam o Ocidente à Ásia. Levar a luz do Evangelho
a nações até então desconhecida, que haviam vivido na escuridão construir uma
grande aliança mundial da fé, por meio da qual o poder dos muçulmanos acabaria
por ser derrubado.

Nos meados do século XV este papel foi tomado por Portugal de que a
Espanha viria a ser um poderoso rival. O papa havia já reconhecido os
descobrimentos dos portugueses em África. Em maio de 1493, o papa Alexandre VI
promulgou três bulas: A trazer a fé cristã aos povos que habitam nestas ilhas e no
continente, o papa traçou uma linha no mapa, desde o Pólo Norte ao Pólo Sul, a
Oeste dos Açores.

Por um acordo de 1494 a linha foi deslocada de 370 léguas para oeste e assim
o Brasil, que havia sido descoberta no ano de 1500, ficou incluída na zona
portuguesa com todos os seus privilégios, Cabral desembarcara num pequeno porto
de Granganore e encontrara um certo número destes cristãos, ficara encantado com
a dignidade simples destes cristãos (nestorianos) com pouco conhecimento de
teologia e acreditavam lealmente manter a fé tal como fora explicado por Thomé.
Estes se alegraram em poder contar com eles contra a agressão muçulmana. Os
sírios nunca ouviram falar do papa, os portugueses achavam impossível que
existissem cristãos independentes do bispo de Roma, que tinham como único vigário
de Cristo na terra, e lutaram para que eles se juntassem aos portugueses.

Os jesuítas entraram em Kerala e fundaram em Vaipicotta, um seminário para


formação de clérigos. O que eles ofereciam era melhor do que qualquer coisa, e isto
contribuíram para a tendência, de muitos dos membros da antiga Igreja desse
tempo, de estabelecerem bons relacionamentos com os portugueses e com Roma.

Os jesuítas de Travancore lembram o acontecimento mais importante da


história missionária da Igreja Católica: A fundação da Ordem dos Jesuítas em
49
15/08/1534, Inácio de Loyola reunira em Paris um pequeno grupo de seis amigos
que iriam constituir o núcleo da Nova Milícia de Cristo que não seria nem sacerdote
e nem religiosos, submetidos a rígidos votos de obediência, dependendo totalmente
do papa e dedicando-se à conversão dos hereges e dos pagãos à fé católica. Um
dos primeiros companheiros de Inácio foi o basco Francisco Xavier (1506-52) que
viera a ser um dos mais famosos missionários católicos romanos e de toda a história
da igreja.

Em 1536 toda a casta dos Bharathas (Paravas) povo pescador da costa de


Coromandel, num número talvez de 10.000 almas foi batizados em massa,
entregues a si mesmo durante oito anos, sem instrução ou cuidados pastorais, este
era o novo campo de trabalho de Xavier, um povo duro, indisciplinado e audacioso,
mas de bom coração. Primeiro com o auxílio de interpretes muito imperfeitos,
fabricavam uma tradução do padre-nosso, do credo e dos dez mandamentos
bastante deficiente como se provou posteriormente com a segunda aventura dos
jesuítas na Índia coincidiu com o poder mongol, eles nunca esqueceram a sua
origem estrangeira, nem suas relações com a cultura persa que puseram de moda
na Índia e conseguiram melhor que os ingleses, construir uma pátria nesta terra,
apesar dos muçulmanos serem tolerantes para com os hindus. Na Europa, os
jesuítas haviam aumentado grandemente a sua influência junto dos governantes e
nas classes aristocráticas. Em 1580, na altura da chegada dos jesuítas proclamou a
fé divina, monoteísta, mas generosa em extremo com as outras religiões existentes.
O budismo no Japão encontrava-se em descrédito, não existia nenhuma forma de
religião nacional fortemente enraizada que pudesse resistir a pregação do
Evangelho.

Os missionários sofreram muitíssimo com o frio, pois não havia previsto os


rigores do inverno japonês, não conseguiam o suficiente para comer e as
dificuldades da língua, o fizeram como estátuas entre eles, ficando calados como
criancinhas aprendendo o seu idioma. Resolveram introduzir termo português no
japonês para representar as idéias cristãos. A amizade e a compreensão
desenvolviam-se apesar dos desapontamentos. Entretanto Xavier nunca perdeu as
esperanças a respeito dos japoneses. Ele viveu vinte sete meses no Japão, deixou
três pequenos grupos de convertidos.
50

O francês Claude Maêtre resumiu este trabalho como se este povo orgulhoso,
inteligente, lógico, apaixonado pelo discurso, podia vir a ser conquistado para a fé,
porém seria necessário enviar-lhe missionários com as mais elevadas qualidades,
para adaptar-se aos costumes do país, até ao limite que lhe fosse permitido pela fé,
forte de caráter para modelarem o seu comportamento de acordo com as rígidas
exigências da fé.

Em 1579, o Japão foi visitado por Alexandro Valignano (1537-1606) Jesuíta


italiano, deixou a sua marca na missão do Japão.Acreditava que os missionários e
os cristãos devem se adaptar aos costumes e preconceitos locais e relacionava-se
com o traje de seda para os missionários de acordo, para ter acesso junto aos ricos
e poderosos. Ele escolheu quatro jovens de uma nobre família para empreenderem
viagem à Europa. Partiram em 1582 sobre seus cuidados e um jesuíta como tutor e
só regressou ao Japão em 1590; foi recebido pelo rei Felipe da Espanha e pelo papa
Gregório XIII; este grupo de viajantes despertara grande interesse em todo o mundo
cristão.

Em 1601 havia cerca de 250 dojuku sem serem ordenado sacerdote pela
simples razão de não haver bispo no Japão. Em 22 de setembro de 1601 o bispo
sufragâneo Luiz de Cerqueira realizou as primeiras ordenações de sacerdotes
japoneses. Um era secular, dois eram jesuítas, destes, um morreu como marte a 10
de Setembro de 1622, efetuando uma transformação completa na política do Japão
e na situação da Igreja Cristã que no fim do século reuniu 300.000 crentes
batizados.

Depois de 500 anos trouxe de novo a unidade ao país. No reinado de Limito


(1603-51) a perseguição aos cristãos atingiu tal ferocidade que a obra florescente de
cinqüenta anos caiu em ruínas; o problema cristão resolveu-se com a morte ou a
apostasia de quase todos os seus fiéis.

Em 1587, Hideyoshi promulga uma ordem de expulsão contra os estrangeiros.


O Japão é um país de Kami (deuses do Japão) e é repreensiva e maléfica que
venham poderes pregar uma lei diabólica intolerável, decido que os padres não
51
permaneçam em território Japonês. Ordeno que ao término de seus negócios,
dentro de vinte dias, regressem a seu país de origem. A perseguição começou de
verdade em 1614 com altos baixos e violência, até 1630 altura que o Cristianismo do
Japão se encontrava destruído por um decreto de 1614. Porém um certo número de
missionários abandonou o Japão, entretanto todos desejavam permanecer
escondidos e disfarçados para ajudarem os cristãos e partilharem de seus
sofrimentos. Porém, isso não foi possível.Contudo, vinte e sete jesuítas, quinze
frades e cinco seculares conseguiram iludir a ordem de expulsão.

Somente em 1617 se realizou o primeiro martírio de europeus em que foram


decapitados um Jesuíta e um franciscano em Omura, um dominicano, e um
agostinho. Todos os tipos de crueldade foram aplicados contra as lastimosas vítimas
da perseguição.A crucificação era o método, 70 cristãos numa ocasião foram
sacrificados de pernas para o ar, na maré baixa, morreram afogados quando a maré
subiu. Para os europeus a morte era dada por fogo. A China foi, durante muito
tempo, bastante menos acessível ao Evangelho que o Japão. A bem conhecida
xenofobia chinesa mantinha a sua portas totalmente fechadas, os padres que viviam
em Macau disse-lhe que a conversão da China era completamente impossível.

Em (1552-1610) Mateus Ricci, a primeira tarefa deste homem consistiu em


instalar-se em Macau para aprender a língua e os hábitos chineses e em esperar
que a rocha se abrisse. Em 1583, Ricci e um companheiro recebeu do vice-rei da
Província uma autorização para se instalarem na capital provincial. Como todos os
pioneiros, Ricci defronta-se com o espinhoso problema de encontrar termos
chineses, equivalentes para os termos cristãos e como o de decidir, entre os antigos
costumes chineses, quais eram os compatíveis com o princípio cristão. As suas
viagens haviam-no familiarizadas com a suspeita chinesa em relação a tudo o que é
estrangeiro.

Para que o Cristianismo fosse aceito pelos chineses havia que torna-lo menos
estrangeiro possível. Na China, toda a sociedade se baseia na coesão da família,
em que é simbólica a reverência prestada aos antepassados.È esta de caráter
pagão ou apresenta apenas o respeito cívico e familiar? No tempo da morte de
Ricci, a 1610, a Igreja tinha cerca de 2000 membros. Contudo, a presença dos
52
missionários e as vidas dos convertidos dependiam dos ventos sempre mutáveis do
favor imperial, como vimos quando das perseguições, em 1616 e de novo em 1622.
Como habitualmente, uma das acusações referia que os missionários eram
sediciosos. Mas parece que não houve a lamentar perdas de vidas e não tardou
muito que os Missionários regressassem à sua obra.

Os primeiros anos do século XVII foram assinalados por uma das mais
heróicas e aventurosas jornadas missionárias de todos os tempos. A 29 de outubro
de 1602, Bento de Góis, irmão leigo da Sociedade de Jesus que nascera nos
Açores, em 1562, partiu de Agra, disfarçada, para determinar finalmente as questões
de identidade do Catai e a existência do grande reino cristão de Prestes João. A
travessia da Ásia Central, Agora nas mãos dos muçulmanos, foi perigosa e lenta.

Na Páscoa de 1606, escreveu aos missionários de Pequim: Sou um membro


da sociedade.Fui enviado pelos meus superiores para descobrir o Catai, mas creio
que tal país não existe, pois atravessei a Ásia sem encontra-lo. Esse país a que na
Europa chamamos China é conhecido pelo povo da Ásia Central como Catai. Não se
encontrou cristãos, apesar das histórias de muitos maometanos. Peço-vos, padres,
ou quaisquer outros portugueses cristãos em Pequim, que me ajudeis a escapar das
mãos dos irmãos.

Esta carta prova o declínio do conhecimento da Ásia Central, desde o dia de


Rabban. A China foi do maior interesse científico. Entretanto, com a via marítima
aberta e largamente controlada pelos cristãos, a via terrestre tinha menos interesse
para o trabalho missionário. Em 1579, quando o papa criara o bispado de Manila,
classificou-o como sede sufragânea do México. Os primeiros missionários
Agostinianos parece terem desembarcado em 1565. No fim do século, um certo
número de outras ordens, incluindo os jesuítas espanhóis, desembarcara também,
pelo que as ilhas se encontravam bem assistidas de missionários cristãos. Aqui não
havia nenhuma civilização poderosa nem antiga, capaz de opor-se ao progresso do
Evangelho.

O método missionário seguido por todas as Ordens era o mesmo: criação de


fortes aldeias cristãs, em que a igreja, escola, hospital e orfanato desempenhavam
53
cada um o seu papel. Em 1601, os jesuítas permitiram a entrada dos filipinos nas
escolas que foram construídas para as crianças espanholas. As tribos que viviam
nas montanhas longínquas e os rudes “Moros” maometanos, foram pouco afetados.
Todavia, um século mais tarde toda a população se encontrava mais ou menos
cristianizada. Dois perigos afetavam a obra: primeiro as igrejas possuíam inúmeras
riquezas;consumia-se grande parte do tempo na administração das propriedades
materiais, em detrimento de ação espiritual. Até os nossos dias as Filipinas
continuam a representar um caso único no mundo, em virtude de serem a única
nação cristã do Oriente. As Filipinas não tem o substrato de uma antiga cultura não
cristã: a única cultura que conheceram até o fim do século XIX foi essa forma de
cristianismo que chegou até elas com os espanhóis no século XVI.

Devemos agora atentar na outra extremidade do mundo, para considerar os


êxitos dos espanhóis e dos portugueses na América Central e na América do Sul.
Essas três potências encararam o Novo Mundo do Ocidente e caracterizou-se por
três aspectos principais: conquista, colonização e evangelização.
Conseqüentemente os povos ficariam permanentes no domínio de reis cristãos, a
quem Deus por meio do papa dera soberania. O objetivo desta medida cristã
consistia em criar povos cristãos ao lado daqueles considerados pelos
conquistadores, como raças bárbaras e pagãs. Nada é mais espantoso do que
observar a rapidez com que as conquistas espanholas e portuguesas se efetuaram.
Mas antes do fim do século os jesuítas haviam iniciado esse empreendimento
missionário notável que os levou para as regiões do interior desolado do Chaco.
Nem os espanhóis nem os portugueses tiveram de defrontar campanhas longas ou
duras, na sua fácil conquista deste novo mundo.

Nem tudo ocorreu sempre bem para os missionários cristãos. Havia freqüentes
insurreições índias, que eram quase sempre acompanhadas pelo massacre de um
certo número de missionários, por exemplo, os do Estado do Novo México, dois
franciscanos em 1540 tentaram estabelecer-se nesta zona e foram assassinados
pelos nativos. As opiniões dos espanhóis do século XVI sobre os índios foram
violentamente e grosseiramente expressado pelo historiador Gonzalo de Oviedo y
Valdés.
54
Em 1544, já com setenta anos de idade, Lãs Casas aceitou a diocese de
Chiapa (Guatemala). Manteve-se neste lugar pouco mais de três anos e regressou
então a Espanha, para prosseguir a sua grande campanha escrita e oral, durante
quase vinte anos, até à morte em 1566. Se compararmos a situação cristã de 1600
com a de 1500, observamos imediatamente uma grande diferença. A Europa acelera
as suas etapas. Os seus poderes militar, político e econômico preparam para impor-
se a todo o mundo habitado. Os europeus começam a pensar que a sua civilização
é a única no mundo digna desse nome, e desenvolvem o estranho complexo do
povo superior. Com a expansão da Europa, e muitas vezes precedendo-a, verifica-
se a expansão da Igreja. Mas agora, como nunca, a Igreja tem de enfrentar o
desafio dos grandes sistemas religioso, no extremo Oriente, na Índia e no mundo
muçulmano. Tem de decidir se as suas relações com estes povos se basearão na
destruição ou na conservação de tudo o que caia sob a influencia de Cristo. Agora já
não se pode recuar. O estudo das missões cristãs fora da Europa, até 1500, tem
pouco mais que um interesse arqueológico.

No século XVII, como no século XVI foi para o mundo católico um período de
grandes e notáveis feitos, principalmente na radical transformação da organização
das missões e nas suas relações com o centro da Europa. Estes séculos
pertenceram aos reis de Espanha e de Portugal como ordens religiosas, talvez os
jesuítas como principal papel dirigente com os Franciscanos e os Dominicanos não
muito longe se tornou frutuoso.

Os missionários gozavam de proteção real e não tinham dificuldades de


passagens de barcos espanhóis e portugueses e o auxilio financeiro era generoso
Os missionários da Europa do Norte não eram desconhecidos, havia um inglês
jesuíta Thomas Stephens (1549-1609), que durante os muitos na Índia Ocidental
escreveu uma gramática do dialeto concani, um poema puramente cristão na
mesma língua.

Em 1622, o Papa Gregório XV criou a sagrada congregação para a


propaganda da fé, as vezes conhecidas por propaganda, criou uma congregação de
12 cardeais e dois prelados e ordenara o cuidado da propagação da fé.
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Francisco Ingole, primeiro secretário da propaganda em 1649 foi um dos mais
notáveis estadistas missionários que temos notícia, procurou informações de
missões em todos os cantos do mundo.

Em 1663, foi criado por Roma o seminário da Societé das Missões


estrangeiras, em Paris. Com o declínio da Espanha e de Portugal, a França
participou cada vez mais da ação missionária, como primeira nação católica
missionária.

Em 1605, um jovem italiano de boa família, Roberto de Nobíli (1577-1656),


desembarcou na Índia, aprendeu o tâmil, foi enviado a Madura. Ficou na Índia
durante cinqüenta anos e revelou-se um pioneiro de extraordinária habilidade, ao
elaborar novos métodos de aproximação do mundo indiano.

Em Madura existia uma missão, a cargo do jesuíta português, Padre


Fernandes. Segui o método, familiar em Goa, de transforma o mais possível os
convertidos em portugueses, tornando impossível um homem de posição respeitável
tornar-se cristão.

Nobíli estudou cm cuidado os costumes e preconceitos dos brâmanes, e


abandonou tudo que pudesse ofende-los. Conseguiu o tâmil clássico. Pôde aprender
o telugu e sânscrito. Batizou em Madura, dez jovens de uma casta superior. Em
1609, o número dos convertidos chegou a 63, incluindo-se alguns brâmanes. Em
1645, Nobíli foi retirado de Madura. O último ano de sua vida foi no meio da pobreza
e da quase cegueira total em Mylapore, perto de Madrasta lugar tradicional do
martírio de São Tomé. Morreu em 16.01.1656.

Um dos poucos mártires missionários em que a Igreja na Índia se pode


vangloriar é João de Brito, que devido sua devoção e gentileza, foi aprisionado e
decapitado publicamente, em 4.2.1693, perto da pequena cidade de Uraiyur.

O papa enviara ao Oriente, Charles Mailard de Tournon em 1701, que chegou a


Pondicherry em Novembro de 1703. Publicou um em dezesseis pontos, inteiramente
desfavorável para os métodos e práticos de Nobíli e de seus seguidores jesuítas.
56

Em Dezembro de 1705, Tournon chegou a China e a Pequim e avaliou


inteiramente mal a situação. Morreu em Macau, a oito de Junho de 1710.
Na China como na Índia os missionários fizeram muitas tentativas para que a
decisão de 1704 e os regulamentos de Tournon fossem revogados. Mas Roma
permaneceu impenetrável, o Papa Bento XIV, indicava oito permissões concedidas
por Mezzabarba e eliminava-o totalmente.

Alexandre de Rhodes, que nasceu em Avignon em 1591 e chegou a Macau,


com destino ao Japão, em 1623. Sua estadia foi curta todos os missionários foram
expulsos em 1625. Outra oportunidade para Rhodes surgiu em 1640, quando entrou
no Vietname do Sul. A segunda grande contribuição de Rhodes à Igreja foi à redução
da língua vietnamiana em alfabeto latino.

A segunda metade do século XVIII foi um período de colapso das missões


católicas romanas. A partir de 1600, as potências protestantes Inglaterra, Holanda e
Dinamarca, começaram a penetrar naquilo que as nações católicas haviam
considerado seu domínio exclusivo.

O Bispo Sanz, em 1747, com quatro dominicanos foi preso e torturado, em


Fukien. Ele foi decapitado no ano seguinte e o mesmo aconteceu com os seus
companheiros. O Bispo de Nanquim, Lainbeckhoven, contudo, escondido, desde
1760 a 1787, morreu em Tang-Ka-laong. Um dos mais notáveis sacerdotes chineses.

“Na América do Sul, o mais notável empreendimento foi à missão


jesuíta no Paraguai, “a República dos Guaranis”, com o método de reunir os
nativos destas regiões em aldeias cristãs, para sua proteção e melhor
instrução cristã. No centro destas aldeias, situava-se a igreja. Um edifício
nobre e esplêndido, como provam as ruínas que ainda existem na selva
invasora. Os jesuítas eram amo de tudo o que controlavam”3.

No começo do século XVII no Canadá o viajante Jaques Cartier em 1534


proclamava a posse do território e chamava-lhe Nova França. Construí-se uma
grande cruz, dizia Cartier “Juntamos as mãos e veneramos a cruz na presença de

3
Nota dos autores
57
grande número de Selvagens, a fim de mostrarmos que a salvação apenas dependia
da cruz”. Mas estes começos encorajadores não tiveram seguimento.

Os franceses dedicaram-se imediatamente a evangelização destes povos;


mas, entretanto, os jesuítas ocuparam a parte de Leão. A sociedade enviava
cinqüenta jesuítas franceses para este novo país. Chegando os primeiros grupos de
missionários ao Canadá em 1632.

Entre 1645 e 1700 0s capuchinhos batizaram 600.000 pessoas no Congo,


Angola e regiões vizinhas e que a partir de 1700 o número de batismo oscilava pelos
12mil por ano. Um relatório de 1648 informa-nos que os africanos se queixavam de
grande espaça de tempo que os missionários lidavam para o batismo.

A partir de 1643 os holandeses instalaram uma colônia comercial em Luando,


não favorecendo a obra missionária da Igreja Romana. O resultado é que pelo
menos 3000 missionários abandonaram seus campos de trabalho.

A conquista de Constantinopla marcou o fim do Império do Oriente e da grande


história missionária das Igrejas de língua de Grega. As Igrejas Ortodoxas do Sul,
Antioquia, Jerusalém e Alexandria viveram inúmeros sofrimentos durante o domínio
Árabe e Turco.

O mais notável missionário deste período, Estevão Charp (1340-96), foi em


1383, consagrado bispo de Perm. Este em vão seguiu as tradições das missões da
Igreja Oriental: o uso da língua local, a conservação dos costumes e hábitos da raça
Síria.

Ivan IV o Terrível (1533-84), procurou, a partir de 1552, reduzir o Khanato


tártaro de Kazan a sujeição, esta campanha tomou a seus olhos o caráter de uma
guerra santa, o seu primeiro documento oficial depois da conquista de Kazan era
referente a fundação de uma Igreja cristã. Os habitantes da cidade foram batizados
ou expulsos, e substituídos por Russos.
58
Os Russos chegaram em 1648 às praias do Oceano Pacífico e Dezher dobrou
o cabo do leste descobrindo o Mar de Behring. As características das missões
Russas eram conexão Igreja e estado.

A missão na Cibéria Ocidental teve um aspecto negativo de que o imperador


declarava livres de impostos os que se tornassem cristãos em 4 de Janeiro de 1702.

A missão na China a partir do século XVIII era um passo para uma missão
diplomática Russa o envio de sacerdotes russos.

A missão aos Kalmuks – o primeiro a tentar e iniciar este trabalho foi Nicodin
Lenkeevich procurou dar aos Kalmuks cristão uma religião fixa.

A missão da Cibéria Oriental – Em 1682 nas remotas cidades do Lena e do


Dauria. Os missionários enviados aceitaram os costumes impostos pelos cossacos
de comprarem e venderem humanos como se fossem gados; compraram alguns e
mandaram trabalhar nos mosteiros.

A missão americana - Em 1728, Vitees Bering, um dinamarquês a serviço da


Russa, reconheceu corretamente que a terra era um continente americano e cruzou
o mar que hoje tem o seu nome. Os missionários que chegaram viram que os
habitantes cuja religião própria pouco mais era que um medo pelos espíritos maus, e
que consideravam o Deus criado.

No mundo protestante durante o período da reforma houve pouco tempo para


pensar em missões. Até 1648 os protestantes lutavam pela própria vida. No fim do
século XVI, o famoso controversista católico Romano Roberto Berlarmino, incluiu a
atividade missionária nos dezoito pontos da Igreja verdadeira e censurou os
protestante por não terem nenhuma atividade semelhante.

A primeira tentativa a realizar esta tarefa coube ao presbiteriano John Eliot


(1604-90). Em 1632 tornou-se pastor de Roxbury, no Massachusetts, e quase
imediatamente começou aprender a língua Peguot, dos Iroqueses. Em 1651,
efetuaram-se os primeiros batismos. O seu trabalho mais conhecido foi tradução da
59
Bíblia para a língua Moicana. Publicou o Novo Testamento em 1661 e o V.T em
1663. Escreveu a frase que se resume a sua vida “a oração e o sofrimento por meio
da fé em Cristo sempre conseguiram algo”.

A história das Igrejas do Continente Europeu só começou com a formação do


movimento chamado o pietismo, com os princípios de conversão pessoal e da
santidade, fraternidade e a responsabilidade do testemunho.

Hermam Franke (1663-1727) construía um complexo de diversas obras pias,


cujo centro era o orfanato, cedeu imediatamente dois jovens, Bartolomew,
ziegenbalg e Henry Plustischau que partiram para a Europa no fim de 1705.

Chistian Friedrich (1724-98), foi o mais famoso missionário na Índia. Onde


serviu ao Senhor durante 48 anos sucessivos; dez anos em Tranguebar e 16 anos
em Trichinopoly, onde serviu também como capelão da Comunidade Britânica,
deslocou-se a Tanjore, que teve por residência desde de 1772 até a sua morte em
1798. Era um homem de grande influência no seu tempo, mas, nunca esqueceu que
primeiro que tudo era um missionário cristão. Pregou, catequizou e ensinou os
jovens. A igreja de Tanjore sob a sua direção chegou até 2000 cristãos. Era um
homem de vasto conhecimento, além do português, inglês e Tâmil, dominava o
persa, que era então a língua da corte de Haidar. Os últimos anos de sua vida foram
amargurados pelo o declínio do zelo missionário na Europa e pela a falta de apoio
das Igrejas, em relações a missões. Mas da sua morte deu-se dois acontecimentos:
William Carey chegara a Bengala e inicia-se o primeiro movimento de massas
protestantes na Índia. Entre 1795 e 1805, os missionários e os seus colegas
indianos batizaram mais de 5000 pessoas.

Um dos frutos do Colégio Missionário de Copenhague foi a missão de Hans


Egede a Gronelândia. Egede instalou-se em 1722, com a mulher e demais famílias
na Gronelândia, onde viveu até 1736. Seu trabalho experimentou todas as agruras
de um pioneiro. Teve dificuldade de aprender a língua esquimó com ouve dificuldade
em transmitir o evangelho com mais clareza. O povo era bastante supersticioso e
adorava espíritos malignos. Só mais tarde, depois de intensas lutas, pode batizar o
primeiro adulto gronelandês. Quando ocorreu a epidemia de varíola de 1733, ele a
60
sua esposa dedicaram-se em cuidar dos doentes, ele afetada pela doença não gozo
mais de saúde e chegou a falecer em 1736.

Em 1734 o seu filho Paulo regressou da Dinamarca e isto foi para ele um
revigorar das forças. Paulo foi ordenado ajudante de missões, cresceu com os
gronelandeses e falava a sua língua como seu pai nunca fizera. Traduziu os quatro
Evangelhos em 1744 para o dialeto esquimó falado na Groelândia, e em 1760 uma
gramática e o N.T em 1766.

Em 1731, o conde Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf que se encontrava em


Copenhague, conheceu dois esquimós que fora batizado por Egede e também um
negro batizado que servia nas Índias Ocidentais Dinamarquesas. Mais tarde tornou-
se ministro ordenado e finalmente, em 1737, bispo da Igreja dos irmãos. Sob a sua
direção, a pequena igreja que fora organizada na sua propriedade em Herrnhut foi
tomada por uma paixão missionária que jamais abandonaria.

Em Maio de 1773, os missionários moravianos chegaram a Gronelândia. Tendo


como dirigente um leigo que se chamava Christiam David, carpinteiro e que possuía
uma mensagem destemida e fiel as Escrituras.O mesmo fora louvado por
Zinzendorf.

Os Moravianos criticavam Egede como “colonizador” como homem de igreja


ortodoxa empedernida, possuído na sua opinião por muito pouca luz do evangelho;
por sua vez Egede criticava-os de mensageiros intoleravelmente sentimental.
Contudo, os Moravianos eram homens piedosos e construíram uma igreja que ainda
perdura. A obra moraviana no Ocidente começou com o envio de dois irmãos à ilha
de São Tome, nas Índias Ocidentais. E em 1738 a esta se estendeu a Surinam, ou
Guina holandesa. Um dos primeiros missionários, George Dahne, viveu dois anos,
sozinho numa cabana, situado em uma floresta, rodeado de animais ferozes e de
homens selvagens. Passou-se seis anos, daí então ocorreu a primeira conversão e
batismo de uma senhora idosa. Daí então a obra prosperou.

Em junho de 1793, Wiliam Carey partia para Índia com a família, como primeiro
missionário da sociedade Batista, e chegou a Hooghly, em 11 de Novembro de 1793.
61
Começara a era das Missões do ultramar, para os povos de língua inglesa. Carey e
o seu grupo viram-se de fato na situação de imigrantes ilegais, esta situação
revelou-se com o desaparecimento da família Carey no interior do país. Carey teve a
oportunidade de lançar seu incomparável conhecimento da língua Bengali. Traduziu
o N.T para esta língua. A gramática sânscrita de Carey, obra de cem páginas foi uma
contribuição notável. Ele foi fundador da literatura em prosa Bengali; insistia em
formar companheiro indiano, competente e bem instruído. Carey morreu em 9 de
Junho de 1834.

Henry Martyn, o mais notável dos “capelões piedosos” que chegou a Calcutá
em 1806 e morreu na Pérsia, entregou-se imediatamente com entusiasmo ao projeto
de seus amigos sobre a tradução da Bíblia. Foi o primeiro classificado em
matemática, em Camdribge, e aproveitou os melhores conhecimentos filológicos da
época. Traduziu i N.T em urdu, depois, mergulhou na revisão do árabe. Sua morte
foi uma perda enorme para a causa do cristianismo na Índia.

Os primeiros grandes triunfos do evangelho na Índia deu-se no Sul e ao Sul. A


primeira empresa a chamar a atenção é a missão de auxílio, enviada pela sociedade
Missionária da Igreja em 1816, a antiga Igreja dos cristãos de São Tomé.

Os Sírios não gostavam dos jesuítas e dos portugueses. Eles atentavam contra
os privilégios e isenções que lhe s haviam sido concedido pelo sínodo. E juraram
expulsar os jesuítas e não aceitar nenhuma autoridade eclesiástica a não ser do seu
próprio arquidiácono.

Um segundo movimento cristão no extremo sul da índia foi do lado de


Travancore, ,como testemunho de Vedamanikkam, que era de baixa camada da
sociedade Indú. Convidou W.T. Ringeltaube, que viera a Índia em representação da
sociedade missionária da Igreja, para visitar a sua aldeia de Mayiladi.
62

CAPÍTULO IV
MISSÕES Ontem E HOJE

A MISSÃO CONTINUA
63

Segundo as Escrituras, o Cristianismo chegou a Europa ainda no período da


igreja primitiva. De forma oficial ou com intenção missionária, podemos dizer que o
Cristianismo chegou a Europa através do apóstolo e missionário Paulo, como
podemos observar a seguir:

A partir de então a Igreja de Cristo esteve presente neste continente por todos
os séculos posteriores, sempre obedecendo ao IDE de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, ou seja, sempre esteve realizando missões.

Portanto é pensando em missões que estamos nos propondo a estudar o


assunto em pauta nos Continentes Europeu, Americano, Africano e Asiático.
Estaremos abordando, mais especificamente o período de 1816 – 2003. Certamente
que não temos a pretensão de esgotarmos o assunto nem mesmo de apresenta-lo
de forma detalhada, pois o curto espaço de tempo não nos permite assim realizar.
Todavia, queremos expor de forma calara e organizada os principais acontecimento
e movimentos missionários, assim também como suas influências, tanto na igreja
quanto na sociedade em geral e ainda observarmos seus pontos positivos e
negativos.

Esperamos que tudo isto venha contribuir para um maior prepara e melhor
qualidade para todos os da Igreja de Cristo e principalmente para aqueles que estão
servindo ao Senhor da igreja nos campos missionários de toda a terra.

4.1 Missões na Europa:

O século XIX é conhecido na história como o “Grande Século das Missões”.


Este é um período pós reforma e ao mesmo tempo é um momento de expansão
geográfica, intelectual e religiosa.
64

A expansão geográfica trouxe sua contribuição para a obra missionária na


Europa. Considerando que ainda havia um forte espírito de aventura e conquista
neste povo, eles estavam sempre em busca de novos horizontes e juntamente com
os acontecimentos ia também se expandindo os movimentos missionários já
existentes na época.

A expansão intelectual também trouxe grande ajuda para a obra missionária


deste período. Podemos observar que com os movimento que surgiram no período
pós reforma, surgiram homens de grande intelecto e capacidade de ensino
aprendizagem. De certa forma isto foi muito bom para a igreja, pois ela pode se
expandir na classe mais privilegiada e de maiores recursos financeiros, os quais
passaram a financiar muitos trabalhos tanto na Europa como também fora dela.
Todavia, os intelectuais também trouxeram prejuízos a causa de Cristo. Pois, logo
eles passaram a exercer grande influência no pensamento da igreja e nem todos
eram verdadeiramente nascido de novo e começaram a fundamentar sua fé em suas
filosofias e em seu sincretismo religioso.

A expansão religiosa trouxe consigo a oportunidade de todas as religiões e


seitas se desenvolverem e alcançarem os lugares mais longínquos da época.
Entretanto, o nosso objetivo é de observarmos apenas a expansão e obra
missionária da igreja cristã.

4.2 Os Movimentos:

4.2.1 O Movimento Evangélico:

O movimento evangélico surgiu no seio da Igreja Anglicana. Este movimento


era resultado da influência do reavivamento do século precedente. Este movimento
alcançou primeiramente a classe operária e agrícola da igreja e posteriormente veio
a alcançar a elite financeira da igreja. Na verdade a Igreja Anglicana estava dividida
tanto no pensamento quanto na prática, tendo ainda em seu meio a ala católica de
tendências romana.
65

A força deste movimento estava representada em seus ministros de grande


influência no governo e entre as igrejas livres. O movimento apresentava a
característica de ativismo no serviço da igreja, o interesse pelas Escrituras e a
piedade na vida de seus membros, podemos observar este fato na luta de William
Wilberforce, o qual após sua conversão passou a lutar incessantemente pela
libertação dos escravos. Na verdade, os evangélicos colocavam a vida de piedade
acima da doutrina. Quanto a doutrina, a ênfase deste grupo era acerca do amor de
Deus em Cristo, a salvação mediante a fé, a expiação de Cristo e o novo nascimento
ou regeneração. Este movimento tinha um grupo chamado também de “Seita de
Clapham”, seus membros eram ricos e poderosos e residiam no nobre bairro de
Clapham; logo sua influência adentrou os palácios do governo. Esta influência
chegou via “Exter Hall”, este era o nome do edifício onde as sociedades missionárias
se reuniam anualmente. De certa forma, isto trouxe beneficio a expansão da obra
missionária da época, as próprias autoridades facilitavam o trabalho.

O movimento evangélico continuou a ser a maior força religiosa da Inglaterra,


desenvolveu um estilo de vida religiosa pessoal e de profunda piedade e zelo, isto
contribuiu muito para o grupo se voltar para a obra social e interesse público. Este
sentimento pelas necessidades da sociedade, de certa maneira, os motivou para
realizarem o trabalho de cunho missionário com mais afinco e vigor. Todavia, no final
do século XIX, a disposição desta e igreja e de seu movimento já não eram mais de
mesma força e dedicação, quanto a obra de missões.

4.2.2 O Movimento Liberal:

O Movimento Liberal se apresenta como “igreja larga”, ou seja, está a procura


de um maior entendimento da verdade religiosa; é um movimento teológico
progressivo. Este movimento foi motivado pelo reavivamento do estudo teológico e
filosofia Alemã. Eram homens de alto intelecto que buscavam se livrar dos
pensamentos que não se pudesse provar ser verdadeiros, por isso era um
movimento teológico progressivo.
66
A ênfase deste grupo era quanto a praticidade da religião em seu próprio sei,
eles foram os principais responsáveis pela implantação do evangelho social. Seus
líderes eram homens de cultura notável como F. D. Maurício, grande teólogo;
Thomas Arnold, historiógrafo e mestre de Rugby; Frederico Robertson, grande
pregador; Carlos Kingsley e os bispos Ligtfoot e Westcoatt alem do Deão Stanley,
homens de grande prestigio e honra na Inglaterra e na América.

Este grupo criou muitas obras literárias de alto nível, contribuindo com o vigor
literário e “espiritual” da época. Suas pesquisas geraram sentimentos de que o
cristianismo não deveria temer nem retroceder diante das novas idéias, pelo
contrário, deveria ser aberto ao novo em todas as ares da teologia e religião, pois o
próprio evangelho só é uma verdade quando alguém crê nele, tornando-o uma
verdade.

A partir deste ponto, estaremos observando a influência kantiana, mais


especificamente através do pensamento de Schleirmacher.

A erronia definição de missões, com a influencia do pós-modernismo surgiu a


maior e perniciosa heresia de todos os tempos, o liberalismo missiológico.

O movimento surgiu no século XIX Schleirmacher questionou a exclusividade


do cristianismo, pois segundo ele ninguém poderia dizer ser o único caminho de
salvação ele argumentou que Deus esta de alguma forma manifestado em todas as
religiões, ainda que o evangelho de Jesus seja o complemento mais alto da
consciência religiosa” mais tarde os liberais questionaram se Jesus era mesmo o
cumprimento das religiões ou a expressão exata do Deus imanente. Ernest
Troeltsch disse, que o cristianismo é verdades e poder, mas que este julgamento só
tem validade para nos enquanto outras civilizações tem seu meio de salvação, então
surge o dialogo entre as religiões não-cristãs. Surgindo assim o pluralismo Religioso
que teve seu fundamento na filosofia humanista e influencias oriental, considerando
que nossa verdade é incompleta pois há outras verdades desconhecidas, neste
ponto a idéia do Absolutismo passa a ser uma afronta, ex: eu tenho uma verdade
religiosa, mas outras tem outras, eu devo entender e aprender com elas, não
importa se são bíblicas ou não, em alguns meios teológicos, comentam se que
67
Jesus é o salvador, mas não o único meio, procuram trabalhar a teologia dando
ênfase a bondade de Deus Pai em que manifestar-se homens e dar a salvação a
todos os que crêem, não importando se por meio de Cristo Jesus outro meio de
revelação.

Neste pensamento, tanto Buda, Allah e Jesus Cristo são meios viáveis em que
Deus se manifestou, sendo assim ninguém pode dizer está com a verdade, mas
caminhando nela. Isto leva a uma aceitação de todas as religiões e
conseqüentemente da aceitação teológica pluralista.

Neste aspecto pensam que Deus amoroso que jamais excluiria algum povo da
salvação, então não é necessária a forma antiga de evangelização, sendo que
segundo estas heresias a salvação passa a depender da forma em que Deus se
manifestou a este ou aquele povo e Jesus é a revelação de Deus, mas não a única,,
sendo assim não se deve levar ninguém a conversão de outra religião pois todos
estão servindo a Deus, e isto é uma agressividade, então se pergunta o que é
verdade? E Michel Foucault. Responde assim A "verdade" dá suporte aos sistemas
de repressão por identificar os padrões aos quais as pessoas podem ser forçadas a
se conformar.

As coisas que são más ou criminosas não dependem de um critério objetivo,


mas dos padrões e interesses daqueles que estão em autoridade, diz Foucault.
"Cada povo tem a sua verdade, seus meios sua política sua cultura, nada mais
‘imoral, tudo pode ser permitido”. Pois a salvação de Deus vem ao pecador e ele não
precisa fazer nada, pois tanto a vocação, justificação e santificação dependem de
Deus, então não há verdade objetiva no sentido moral, ninguém pode criticar
ninguém, isto é chamado de dialogo, enquanto deveria ser chamada de diabolo.

O pano de fundo desta idéia, estar retratado no pensamento de Rorty: “Não há


nada bem profundo dentro de nós, a menos que nós mesmos o tenhamos colocado;
não há nenhum critério que nós mesmos não tenhamos criado no curso de formar
uma prática; não há nenhum padrão de racionalidade que não seja um apelo a tal
critério; não há nenhuma argumentação rigorosa que não seja a obediência às
nossas próprias convenções”. Considerando que nada no homem e correto
68
absoluto, tudo e aceitável ex: a homossexualidade não tem sido mais concebida
como um problema psicológico-moral e sim que os valores devem ser criados pelas
próprias pessoas. Estimulada assim toda perversão sexual, tornar-se um "direito"
aquilo que antes era considerado uma transgressão moral.

Esta crença tem como base a idéia de tantos, entre eles está McGrath: “Todo o
sistema de crença devem ser considerados como igualmente plausíveis. Alguma
coisa é verdadeira se ela é verdadeira para mim. O cristianismo tem se tornado
aceitável porque é crido ser verdadeiro por alguns, não porque ele é verdadeiro”. Ele
faz algumas observações cruciais: Como podem as reivindicações de verdade do
cristianismo ser tomadas seriamente, quando há muitas alternativas rivais e quando
a "verdade" em si mesma tem se tornado uma noção esvaziada? Esta ausência da
verdade absoluta leva o homem para distante das escrituras. O homem diante de tal
crise tende a pender para as experiências, a exemplo disto as idéias do filósofo
estadunidense, William Ernest Hocking (1873–1966), discutem a revelação e a
crença mística. Ele trabalhou no CMI, escreveu na área de filosofia, tem frases
famosas como estas, que encontramos em sites espíritas “[...] o místico prático
continua a existir somente porque os homens, em número considerável, chegaram à
crença de que há um modo de experiência que pode ser chamado com propriedade
“experiência de Deus” [...] O místico neste ponto entra em conflito com todos os
pendores modernos para o modernismo [...]. Historicamente falando, os místicos [...]
se tem inclinado a converter a afirmativa “Achei um caminho” por esta outra: “Só eu
achei um caminho e este é o único caminho”, insistindo no uso exclusivo dele, sob o
fundamento dessa iluminação, descoberta ou revelação”. Alem de criticar o
exclusivismo, ou a verdade absoluta, ele da ênfase a experiências.

Hocking, William Ernest, 1873–1966, American idealist philosopher, b.


Cleveland, grad. Harvard (B.A., 1901; Ph.D., 1904). He was professor of philosophy
at Harvard from 1914 until his retirement in 1943. His writings, which emphasize in
particular the religious aspects of philosophy, include The Meaning of God in Human
Experience (1912), Human Nature and Its Remaking (1923), The Lasting Elements
of Individualism (1937), Science and the Idea of God (1944), The Coming World
Civilization (1956), and The Meaning of Immortality in Human Experience (1957).
69
4.2.3 O Movimento Anglo-Católico:

Este movimento e fruto das condições políticas da época ao observarem a


Revolução Francesa e seu morticínio, ficaram temerosos quanto ao crescimento do
poder popular e isto motivou um grupo de jovens de mente brilhante na Universidade
de Oxford a unirem seus pensamentos e idéias e criarem um movimento.

Seus principais liderem foram John Keble e John Newman, que era vigário da
Capela de Oxford, Edward Pusey, professor de hebraico e um dos mais influentes
dentro de toda a Oxford. Motivados pelo medo do povo de passarem a ver a igreja
como uma instituição meramente humana, e por isso abandoná-la, facilitando assim
a mudança tanto política quanto teológica, no seio da igreja Inglesa ou Anglicana. O
grupo desenvolveu a idéia de convencer o povo de que a igreja era uma instituição
puramente divina (como na verdade é), esta verdade deveria ser divulgada no meio
do povo para leva-lo a defender a igreja com suas próprias vivas se necessário
fosse.

Em 1833 a idéia ganhou formas de folhetos, o grupo passou então a publicar


os “Folhetos Para os tempos Atuais”, divulgando o que eles criam ser a verdadeira
natureza da igreja. A ênfase maior era a sucessão apostólica dos bispos e a
autoridade concedida por Deus à igreja, para ensinar e governar os homens. Eles
diziam que o ensino da igreja estava em igualdade e às vezes até eram superiores
aos da Escritura. Atribuíram poderes de salvação aos sacramentos.

Este movimento também apresentou a idéia de a igreja ser simplesmente


católica, não aceitavam o nome de protestante, pois isto traria a idéia da divisão e a
igreja primitiva era indivisa (que não se pode dividir), católica, congregando todos os
cristãos em todas as gerações. O culto público ganhou muita importância, os fiéis
passaram a exigir suas celebrações diariamente, entretanto, a ênfase caia sobre os
ritos e os sacramento, também passou a ser observada a boa arquitetura e a boas
mobília (móveis), além da boa música.
70
Muitos destes movimentos, também conhecidos como: Folhetistas passaram a
crer que não dava para ser católico sem ser católico romano. Em 1841, Newman
escreveu o famoso folheto de número 90, no qual ele afirmava que os nove artigos
que constituíam o credo na igreja Anglicana não eram necessariamente protestante,
isto permitia a pessoa ser católico romano, e ao mesmo tempo pertencer a igreja da
Inglaterra. Isto desencadeou umas verdadeiras conversões à igreja romana,
Newman abraçou o romanismo e foi nomeado cardeal, de 1845-1851 vários clérigos
seguiram o mesmo caminho de Newman, principalmente os de Oxford.

O movimento passou a ser conhecido como anglo-Católico, e não mais como


Folhetistas ou Oxford. O movimento provocou um real reavivamento da religião
quanto as obras sociais, esta influencia também pode ser observada no despertar
das obras missionárias realizadas por esta igreja.

4.2.4 As Igrejas Livres:

Não poderíamos deixar de relatar, ainda que de forma abreviada, a existência


das igrejas livres: Batistas, Congregacionais, Metodistas, Presbiterianas, e outras
comunidades menores. Durante o século XIX, estas igrejas se desenvolveram tanto,
que em 1900 possuíam tantos membros quanto a igreja Anglicana. Em parte, isto foi
fruto do desenvolvimento intelectual e financeiro de seus membros, os quais
estavam aptos para o ensino e ainda dispunham de recursos financeiros para
promoveram a obra missionária. Outro aspecto de contribuição para o crescimento
foi a organização de educandários (escolas de ensino), as quais apresentavam um
ensino de caráter religioso e isto contribuiu grandemente para a evangelização de
seus alunos e conseqüentemente para o crescimento e desenvolvimento das igrejas
livres.

Sem dúvida alguma, ainda teríamos muito que relatar a respeito das igrejas
livres, como por exemplo: a revolta contra o patrocínio leigo (a indicação do ministro
por um poderoso Landlord); conflito entre igreja e estado, a Cisão, entretanto o
tempo de que dispomos não nos permite assim realizar. Considerando que o nosso
71
objeto é apresentar um relato da história das missões, passaremos a observar o
movimento missionário no Continente Europeu como segue.

4.2.5 O Movimento Missionário:

Inglaterra: Como já oi observado acima, a Inglaterra foi o berço do movimento


missionário, a igreja Anglicana teve dois grandes movimentos neste período: A
Sociedade Missionária Eclesiástica e a Sociedade Para Propagação do Evangelho.
Todas as igrejas livres possuíam importantes agências de missões.

Uma outra importante agência missionária foi a missão do interior da china,


organizada em 1865, alem da divulgação da Bíblia e literatura cristã, ela sustentou e
enviou missionários a países como: Japão, China e Índia e África, em 1870,
motivada pelo reavivamento missionário ela expandiu ainda mais a sua área de
trabalho.

A Escócia foi outro país que também se entregou de forma integral ao trabalho
missionário neste período da história. A exemplo da Escócia, a Alemanha
experimentou este trabalho em 1822 com a criação da criação da sociedade da
Basiléia e depois da metade do século XIX, surgiram várias outras agências
missionárias naquele país. A Holanda também participou diretamente desta obra, em
1817, a Holanda, passou a enviar seus missionários a vários campos de trabalho e
vários lugares do mundo, motivando o surgimento de várias organizações voltadas
ao trabalho missionário. A França, a Suíça e a Escandinava também participaram
este movimento missionário, de forma que na metade do século XIX, o
protestantismo havia despertado parta o grandioso trabalho missionário em todas as
partes do mundo.

Todavia é importante frisar que este despertamento missionário não foi apenas
no seis da igreja protestante, mas também na igreja romana e nas seitas, co mo
pode ser observado no adventismo, por exemplo. A exemplo das igrejas protestantes
as outras organizações, também aproveitaram o momento missionário e
estabeleceram trabalhos em várias partes do mundo.
72

O movimento missionário que se desenvolveu de avassaladora e moderna nas


igrejas protestantes da Europa, assim como em muitas outras partes do mundo
durante o século XIX, deu continuidade em seu trabalho durante o século XX,
apresentando o mesmo vigor e paixão em proclamar a obra salvadora de Cristo
Jesus.

Como indicador supra citado, podemos observar a Conferência de Edimburgo


em 1910. Esta conferência contava com a representatividade de igreja de várias
partes do mundo e segundo a história, excedeu a todas as reuniões anteriores desta
natureza.

Um fator preponderante para o bom desempenho da obra missionária, foi o fato


de Deus ter dado graças àqueles homens para eles de forma paciente ter planejado
estabelecerem as metas visando o objetivo em que queriam chegar. Uma
comprovação disto é fato de que durante a conferencia de Edimburgo foi criado o
Conselho Missionário Internacional, esta organização abriga e representa em seu
corpo os interesses de todas as igrejas do mundo.

Entretanto, a Primeira Grande Guerra Mundial veio a interromper o magnífico


trabalho missionário realizado no inicio século XX. Isto gerou danos irreparáveis no
desenvolvimento do movimento missionário. As relações eclesiásticas foram
rompidas e a assistência aos campos missionários foi seriamente comprometida.
Graças ao nosso bom Deus, de forma milagrosa os danos foram combatidos e logo
superados demonstrando a perseverança, dedicação e o grande amor que as
agências missionárias dispunham para realizarem a obra de Cristo. Uma das
válvulas de escape para superar os prejuízos impostos pela guerra, foi justamente a
própria guerra. Muitos lugares do mundo estavam sendo aproximados uns dos
outros e os uniam pela mesma causa e despertou no homem um forte sentimento de
solidariedade humana e quebrou muitos paradigmas entre diferentes nações; nesta
lacuna entra a obra missionária que há séculos anunciava este sentimento por parte
de Deus em relação a humanidade, isto fez surgir entre as tropas soldados que na
verdade desempenhavam papel duplo, soldado e missionário. De certa forma isto
manteve acessa a chama missionária no seio da igreja protestante.
73

A conferencia mundial de missões, que ocorreu em Jerusalém em 1928,


comprova que o movimento missionário havia superado as dificuldades imposta pela
Primeira Grande Guerra Mundial e ainda mais, neste período de turbulência para
toda a humanidade o movimento havia se fortalecido, isto é notório, pelo fato de as
igrejas mais jovens, as quais eram frutos do trabalho missionário, apresentaram um
certo poder e uma notável influencia durante a conferência comprovando a
fortificação e o desenvolvimento destas igrejas. Outro indicador positivo do
desenvolvimento foi a descentralização do poder de liderança dos europeus e
americanos, sendo transferido para lideres nativos, confirmando o serio trabalho
realizado na preparação dos lideres dos povos alcançados. A ação-conjunta entre as
igrejas foi outro fator positivo relatado na conferencia de Jerusalém, as igrejas se
reuniram, em alguns lugares do mundo e juntas, realizaram trabalho que eram,
humanamente, impossíveis para apenas uma igreja realizar. O resultado desta
conferência foi o impulso ao trabalho missionário mundial.

Todavia em 1929, o movimento missionário sofreu um duro golpe, a depressão


mundial, isto veio a enfraquecer grandemente a resistência e manutenção de
material, em todos os aspectos para os trabalho missionário. Paralelamente
surgiram as disputas entre as missões e para complicar ainda mais a juventude da
época não demonstrava nenhum interesse em atender o clamor para o serviço para
obra missionária. Em meio a estas circunstancias veio a imergir a “Inquisição Leiga
de Missões de Estrangeiras”, criada nos Estados Unidos, um grupo independente
com base em estudos realizados em campos de missões procurava desenvolver
estratégias e métodos que atendesse as necessidades básicas de todos, porém as
modificações apareciam em todas as áreas, inclusive na teologia. Tudo isto foi
publicado em 1932, no livro “Rethinking Mission”.

A partir deste período surgiram as discussões a cercas de como realizar


missões corretamente abrangendo tanto a política quanto a orientação missionária
que deveria ser adotada.

As discordâncias de como realizar missões, somando mais a falta de recursos


financeiros, somados aos rumores e constantes ameaças de guerra, proporcionaram
74
um período de penúria na obra missionária. Entretanto, a mesma fé e amor convicto
que motivavam a obra missionária cristã, pela graça de Deus, mantiveram acesa a
chama da obra de Cristo, e a continuidade, embora sendo realizado contra o próprio
momento da História, a obra continuo firme e inabalável para honra e glória de
Cristo.

A conferência mundial de 1938, em Madrasta, Índia, comprova sobrevivência,


mais que isto, a mão e o cuidado de Deus pela sua obra confiada à sua igreja em
todo o mundo.

Acredito ser de valor histórico ressaltar a grande atividade da Igreja Católica


Romana. Nestes períodos acima citados, a Igreja Romana esteve ativamente
realizando missões de Grande porte, fazendo uso do seu poder e riqueza
conquistados ao longo da história, agora ela se utilizava destes recursos para se
expandir, e de certa maneira, para combater o Cristianismo. A verdade é que a Igreja
Romana cada vez se empenhava mais e realizar sua obra missionária, que fique de
positivo, pelo menos os esforços e visão de fazer missões.

4.3 Continente Africano:

O continente africano tem uma importância grandiosa nos planos de Deus, um


povo que dista do continente sul-americano milhões de Km. Sua importância esta
não por sua beleza natural ou pela biodiversidade, ou pela ou ainda devido ao vasto
mundo animal, mas devido existir nesses continentes centenas de milhares de
pessoas que precisavam e precisam ouvir as Boas Novas de Salvação.

A pergunta de Deus continua a ecoar de forma audível, “Depois disto, ouvi a


voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Is 6:8 alguns
que conseguiram ouvir e discernir o local de trabalho abdicaram de algumas coisas
dessa vida tipo: riquezas, um bom emprego, relacionamento com pessoas
aparentemente sociais e partiram em direção rumo a África.
75
Homens que não observaram a condição de saúde, mas resolveram enfrentar
as enfermidades resignadamente, não se contentaram em permanecer dentro de um
gabinete, com o conforto das grandes cidades, estes homens, talvez não tenham
feito tudo que deviam, mas marcaram época, deixaram um nome dentro da História
Cristã.

4.3.1 Os Pioneiros:

A missão na África começa com um homem, chamado John Theodore


Vanderkemp, por volta de 1799, mas precisamente no sul da África. Sustentado pela
LMS, Sociedade das Missões de Londres traduziu a Bíblia para a língua das tribos
importantes daquele lugar; sua contribuição foi notável, pois, além disso, foi grande
opositor contra o comercio de escravos árabes que destruiu os pontos de pregação
em potencial. Alem deste homem corajoso, em 1841, surge outro nome grandioso
que marcou como nenhum outro em sua época, chamava-se David Livingstone, ele
foi o desbravador destas terras longínquas. Livingstone certamente estava debaixo
da poderosa graça de Deus, pois mesmo acometido de varias doenças tropicais
como: Malária, desinteria, ulceras nos pés, além de forte pneumonia, continuou
naquele lugar, pois seu objetivo era o de ganhar almas para Jesus.

Certo dia, depois de longa e dura jornada, abriu sua maleta de viagem e tirou
de dentro dela sua agenda com base de metal, juntamente com o tinteiro e uma
pena, em seguida sentou-se e suspirou: “muitas dificuldades se antepõem em meu
caminho” escreve, “estou duvidando que Deus esteja comigo...” coloca sua agenda
na perna e pega sua Bíblia gasta pelo uso: “Toda autoridade me foi dada no céu e
na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações... E eis que estou
convosco todos os dias até a consumação do século”. Mc 3:15 Mt, assim sendo,
motivado e encorajado pelo dono da obra missionária, Livingstone prosseguiu sua
árdua tarefa. A igreja nessa época vivia dias difíceis, apáticos, devido ao liberalismo
que propagava pela Europa, esta era uma forte razão para que um homem em terra
tão distante senti-se triste e sozinho, pois não contava com o apoio da igreja
76
A partir de 1862, os missionários tiveram mais apoio, quando chegaram a
Lagos. O Governo britânico resolveu apoiar todos os tipos de serviço missionário e
ajudar no serviço Cristão, encorajou os Católicos e os protestantes. Talvez a maior
missão católica na África ocidental seja a de Camarões. Esta área era coberta pelo
Governo alemão, e, por conseguinte eles foram os primeiros empreendedores. No
entanto, grande parte do país havia sido evangelizada pelos Presbiterianos
americanos.

Muitos homens passaram pela África, mas, somente alguns marcaram aquele
país com tantas boas recordações. Eles não observaram suas próprias vidas, se não
em agradar somente àquele que os arregimentou. Homens como David Livingstone,
Henry M. Stanley, que se considerava tanto um explorador como um missionário.
Segundo Ruth A. Tucker, sua maior contribuição na área missionária foi uma carta
emocional (publicada no “Daily Telegraf”), “Oh, que algum missionário piedoso e
prático pudesse vir para cá... Que campo e colheita prontos para a ceifa da
civilização...É o instrutor pratico que pode ensinar as pessoas a se tornarem
pessoas cristãs, curar suas doenças, construir habitações...Não é necessário temer
gastos financeiros em tal missão...4

George Grenfell que teve como maior opositor o governo Belga, pois este
considerava o Congo como se fosse sua propriedade particular.Os oficiais do
governo exigiam os mapas particulares de Grenfell e suas observações escritas para
uso em suas ambições imperialistas.

Alexandre Makay que ao chagar à África em 1876, um ano após Grenfell ter
chegado. Makay aproveitou a oportunidade de relacionamento como rei Mtesa, ao
chegar ao lago Vitória, construí um barco e foi desenvolver o trabalho, apesar de ser
o escolhido do rei Mtesa, enfrentou varias dificuldades, como o os católicos romanos
e os mulçumanos. Além disso, o próprio rei era uma pessoa de pouca confiança,
pois executava seus súditos diariamente por causas banal, e dizia-se que ele tinha
um número muito grande de esposas, maior que qualquer outro. Este
relacionamento foi aproveitado de forma rápida, pois tão logo teve as primeiras
oportunidades, Makay já estava pregando o evangelho para o povo de Baganda,
4
Até os confins da terra, Uma História Biográfica das Missões Cristãs; TUCKE, Ruth A. pág. 163
77
este povo mostrou-se muito amigável e disposto a aprender. Sempre cercado de
crianças, pessoas de todas as idades pediam para serem ensinadas a ler, foi ai que
começou a traduzir as Escrituras. Passava longas horas sobre sua máquina de
impressão, o que lhe trouxe recompensas futuras. Em fins de 1879, após um ano de
sua chegada, ele escreveu: “Centenas de pessoas comparecem todos os dias para
aprender, especialmente a leitura”. 1882 ocorreram os primeiros batismos e dois
anos depois a igreja local apresentava 86 membros africanos.

Mary Slessor, esta foi a primeira mulher a ter um contato direto com o povo
africano 1876 foi quando chegou de navio a Calabar (que ficava onde hoje se acha a
Nigéria) este local era muito conhecido pelo tráfico de escravos e ambiente mortal.
Devido sua vida estar acostumada a de operários sentiu-se estranha em um
ambiente requintado e confortável onde viviam várias famílias missionárias
estabelecidas na cidade de Duke.

Depois de menos de três anos na África e enfraquecida por vários ataques de


malária ela teve permissão para entrar de férias e rever seus familiares, bem como
recuperar suas forças físicas. Ao voltar para o seu lugar de trabalho foi designada
para cidade velha, a cinco quilômetros mais para o interior junto ao rio Calabar. Ali
teve liberdade para trabalhar sozinha e manter seu próprio estilo de vida – vivendo
numa choupana de barro e comendo dos produtos locais, o que lhe permitia mandar
para a família a maior parte do seu salário. A evangelização em Calabar era um
processo lento e tedioso. A feitiçaria e o espiritismo eram largamente aceitos. Os
cruéis costumes tribais achavam-se arraigados na tradição e quase impossíveis de
serem extirpados. Um dos mais odiosos desses costumes era o assassinato de
gêmeos. A supertição decretava que o nascimento de gêmeos era uma maldição
causada por um espírito mau que gerara uma das crianças. Na maioria dos casos,
ambas das crianças eram brutalmente mortas e a mãe expulsa da tribo e exilada
para uma área reservada aos proscritos. Mary não só salvava os gêmeos e cuidava
das mães deles, como também lutava incansavelmente contra os perpetradores
desse ritual pagão, arriscando algumas vezes sua própria vida.
78
A vida de Mary como missionária pioneira foi solitária, mas, ela não ficou
inteiramente sem contados sociais. As licenças na Inglaterra e viagens periódicas a
cidade de Duke renovava os seus laços com o mundo exterior.

Durante o período do seu ministério na África houve um crescimento dramático


no trabalho missionário. Foi uma época em que as missões religiosas
independentes estavam se desenvolvendo em grande número. As missões
denominacionais sustentadas pelos Anglicanos (que aumentaram pouco mais de
uma centena para mais de mil durante esse período), presbiterianos, metodistas e
batistas fizeram acréscimos dramáticos em seus avanços no exterior, mas, por volta
de 1915, missões como Aliança Cristã e missionária e a Missão para o interior da
África, haviam penetrado solidamente no interior no interior estando a caminho de
tornar-se uma grande força missionária na África.

4.3.2 Estratégias Usadas Pelos Missionários no Continente Africano:

A estratégia usada por David Livingstone, talvez não nos mostre claramente
como alcançar o povo africano, se não que atravessando a selva tentando encontrar
o inicio do rio Nilo, devido a isso, ele pode desenvolver um trabalho que teve como
base missionária fundada por Robert Muffat. Nas suas andanças pela selva africana,
com sua equipe montada, não perdia a oportunidade de mostrar os slides com
gravuras bíblicas.

Se observarmos os missionários da África, notaremos que eles pouco fizeram


em termos de estratégia. Por exemplo, David Livingstone, não deixou uma liderança
local que pudesse dar continuidade ao trabalho feito por ele, este por sua vez, não
recebeu nenhum líder de Robert Moffat. À vontade de fazer o trabalho era grande e
foi feito, no entanto, o suporte para a continuidade de base, isso não existiu.

4.3.3 Estratégia Divina:


79
Não formar equipe, é um erro crucial, se olharmos a História veremos sempre o
Dono da obra formando sua Equipe. Ele, Deus, ordenou a Moises, a ir até aos
anciãos; Ex 3:16; depois, Josué foi formado pela liderança de Moises.

O Senhor Jesus, quando esteve aqui, escolheu doze (Mt 10: 1-4) pessoas para
realizar o Seu trabalho, sua equipe teve o privilégio de compartilhar muitas coisas e
aprender diretamente com o mesmo face a face.

Se olharmos para o livro de Atos poderemos perceber que o Apostolo Paulo


juntamente com Barnabé foram separados para serem usados como instrumentos
na obra.

ESTRATÉGIAS DE PAULO:

O apóstolo Paulo usava a seguinte estratégia. Ele foi destinado a pregar para
os gentios, reis e judeus. Quando ele chega juntamente com Barnabé em sua
primeira viagem a cidade de Salamina procurou as Sinagogas dos judeus, depois
em Antioquia da Pisídia, também foram à sinagoga (At 13: 5,14) assim, podemos
observar que sempre Paulo procurava um ponto central, onde os Judeus já estavam
se reunindo, pois ele sabia que era o local mais propicio para entrar em contato com
o povo local.

Paulo treinou sua equipe, pessoas nativas do local, que conheciam melhor
que ninguém cada região, e a vida funcional da cidade. Podemos citar como
exemplo Sóstenes (1Co1:1); Timóteo (2Co1:1); Silvano (1Ts 1:1); esta equipe era o
suporte de Paulo para a propagação do Evangelho.

O que podemos observar hoje é a falta do discernimento dos que estão em


alguns locais. Ao contrario Paulo deixava isso de lado, pois somente o Cristo
crucificado (1Co 1: 18-25) era importante para ele, e deve ser assim em nossos dias.
Os missionários não deveriam apoiar a cultura local (no caso do Amazonas, é o boi
80
bumbá) tão pouco expressar a sua própria cultura, mas, expressar a supra cultura,
ou seja, a cultura Bíblica.

Alcançar os distantes, os povos não alcançados. Aqui parece haver um certo


equilíbrio nas estratégias, pois ambos Paulo e os missionários africanos partiram
para outros paises, outras cidades, tendo dificuldades sim, mas sempre
perseverantes, pois quem prova das delicias dos céus, deseja que outros o façam.

Na África, os senhores não podiam jamais desfrutar do mesmo local que os


escravos. Caso o escravo fosse convertido não poderia ficar juntamente na mesma
sala que um nobre, e vice-versa, daí, o missionário ter de mostrar os valores de
união em Cristo para superar este ato cultural. O método de Paulo como já dissemos
era pregar a palavra.

O CONTINENTE AMERICANO:

A IMPLANTAÇÃO DO PROTESTANTISMO NA AMÉRICA LATINA:

É fato que a expansão do Cristianismo para o Novo Mundo começou antes do


ano 1500, quando Martinho Lutero era ainda criança. Antônio de Montesino trovejou
seu clamou por justiça na ilha de Hispaniola em 1511, anos antes de Lutero pregar
suas 95 teses na porta de Winttemberg.

Antes, os frades franciscanos já haviam batizados mais de um milhão de


ameríndios quando a Reforma já estava bem encaminhada na Alemanha e Suíça.

Embora o Cristianismo da Reforma contivesse a semente que mais tarde


germinaria num movimento missionário mundial, ele achava-se lamentavelmente
ausente durante os anos formativos da história latino-americana.

Os calvinistas até tentaram colonizar-se no Brasil (meado do século XVI e XVII)


mais não alcançaram êxito.
81
O protestantismo só obteve raízes com a derrubada do cesaropapismo ibérico.
A igreja católica teve 300 anos de vantagens para solidificar a seu domínio no Novo
Mundo.

Em termos humanos, a entrada de protestantes na América Latina, deu-se


devido às pressões econômicas aplicadas pela Inglaterra e Estados Unidos, bem
como de Pressões ideológicas liberais e anticlericais internas.

1819 – O protestantismo teve início auspicioso com a chegada do educador


James (Diego) Thompson na Argentina e a concessão de liberdade de culto aos
estrangeiros na Brasil na da ta de 1823.

A igreja Católica resistiu, tornando lento o processo (missões) durante o século


XIX, mas após a Segunda Guerra o Protestantismo veio a ter influência e começou a
colheita tão diligentemente semeada no último século.

1908 – Foi realizada uma histórica conferência de missões em Edimburgo a fim de


determinar os meios que capacitariam a Igreja à tarefa da evangelização mundial.
Não queriam considerar a América Latina, suspeitando que a América Portuguesa e
Espanhola já fossem Cristãs. Porém os evangélicos solicitando então uma reunião
para tratar sobre as necessidades e oportunidades espirituais desta área.

1916 – Foi feito um congresso protestante Pan-americano em Panamá em


respostas aquela situação.

1925 e 1929 – Reuniões continentais foram a fim de tratar de assuntos sul-


americanos, em Montevidéu e Havana, respectivamente.

A penetração do protestantismo na América no século XIX faz parte do “Grande


Século do Avanço Missionário”, segundo Latourette.

Muitos tipos de protestantismo procuraram buscaram um espaço para si nesta


área do globo, porém os que mais deram ênfase à evangelização e compromisso
82
pessoal (mudança de Comportamento) cresceram mais rapidamente, principalmente
no século XLX.

As denominações que começaram seus trabalhos na América Latina no século


XIX foram: anglicanos, luteranos, Irmãos (Plymouth), congregacionais,
presbiterianos, metodistas, batistas, menonitas e adventistas (Sétimo Dia).

Dentre elas as missões anglicanas luteranas e menonitas, trabalharam quase


exclusivamente junto às populações de imigrantes.

Já as demais missões trabalharam com os nativos em sua própria linguagem e


cultura, embora quase sempre houvesse uma imposição inconsciente do lastro
cultural e expectativa do missionário.

A Igreja católica não aceitou de bom grado o avanço missionário protestante e


foi considerado um aspecto anticatólico.

ORIGEM DO PROTESTANTISMO LATINO-AMERICANO:

O protestantismo só lançou raízes concretas na América-Latina quando as


colônias estavam em processo de libertar-se do domínio ibérico.

As tentativas abordadas de implantar colônias protestantes foram:


- (1555-1567) – Villegaignon e os Huguenotes;
- (1630-1654) – Os calvinistas Holandeses;
- (1529-1550) - A colônia Welser na Venezuela e
- (séc. XVI e XVII) – Tentativas fracassadas no México, Peru e Nicarágua.

E dito que Orlando Costa, citado por Gonzáles: “A única presença realmente
efetiva que pode ser citada a respeito dos protestantes durante este período do 16°
até o princípio do 17° século é a dos moráveis em Tomé e Suriname, os metodistas
no Caribe e inglês e os anglicanos (e mais tarde os moráveis) na costa atlântica da
América Central (especialmente Honduras e Nicarágua)”.
83

A colônia Moravia foi estabelecida nas Guianas e 1735. Cerca do ano 1900
esta colônia foi registrada como tendo 9000 membros.

A ABERTURA DA AMÉRICA DO SUL:

Foram dois incidentes que romperam o monopólio católico-romano: pressão


externa aplicada pela Inglaterra, forçando um tratado com o Brasil, outro foi à
nomeação de Diego Thomson e 1819 como diretor da educação primária na
Argentina.

1810 – Direito outorgado aos estrangeiros: terem suas próprias casas de


adoração no Brasil.

1823 – Constituição confirma liberdade de culto na Argentina.


O primeiro templo na América do Sul foi os anglicanos.

JAMES (DIEGO) THOMSON:

Um pastor batista foi para a Argentina em 1818 com o objetivo de fundar ali
escolas usando o método pedagógico de Lancaster. Em sua essência, este método
possuía dois pontos positivos que o adequavam perfeitamente ao trabalho
missionário. Primeiro fazia uso dos melhores alunos para ensinar os principiantes.
Segundo utilizava-se das passagens das Escrituras como textos para ensinar
gramática e alfabetizar. Não era difícil mediante o uso deste ensino bíblico transmitir
aos alunos o conteúdo da Revelação.

A chegada de Thomson à Argentina coincidiu com uma época caótica no


campo da educação, que se seguiu à guerra de Independência contra a Espanha. O
clero católico conservador fugira, deixando após si o clero pró-revolucionário mais
liberal. Em 1819, Thomson foi nomeado diretor da educação primária pelo novo
84
governo argentino. Isto lhe deu liberdade para estabelecer escolas lancasteriana
tanto em Buenos Aires como em Montevidéu. Thomson estabeleceu 100 escolas
Lancaster só em Buenos Aires.

A fama de Thomson espalhou-se rapidamente através da América espanhola.


Em julho de 1821 ele foi convidado por Bernardo de O’Higgins para fundar escolas
Lancaster no Chile. San Martin convidou-o também para irão Peru. Neste caso,
embora a guerra contra a Espanha não houvesse ainda terminado, ele conseguiu
estabelecer a metodologia Lancaster, graças à ajuda de um sacerdote liberal. San
Martin chegou de fato a expulsar os frades de um mosteiro, a fim de Thomson
instalar ali uma escola em 1822.

Thomson tem sido acusado de usar seu cargo de educador para encobrir seus
verdadeiros propósitos: proselitismo. Mas este não era aparentemente o seu plano;
pelo contrário, estava convicto de que a simples leitura do Texto Sagrado promoveria
a conversão e a auto-reforma.

A IMPLANTAÇÃO DO PROTESTANTISMO NA AMÉRICA LATINA:

A Inglaterra impôs a introdução do evangelho no Brasil: O batista Thomson


teve calorosa recepção na Argentina, Chile e Peru. Esses foram sinais que
acompanharam a mudança da posição colonial para a republicana (e monarquia no
caso do Brasil), embora não passassem de precursores do que estava por vir. Tudo
ocorreu vagarosamente, é certo, mas com a mesma segurança com que Deus é
soberano sobre todas as coisas.

A implantação definitiva do protestantismo na América Latina dependia de um


avanço duplo: a imigração e missionários. A imigração vinha quase sempre em
primeiro lugar e, num sentido real, preparava o caminho para força de serviço
missionária. O protestantismo imigrante, porém nada contribuiu para a
evangelização da América Latina.

PRECURSORES:
85

O avanço missionário protestante na América Latina ocorreu em sua maior


parte na segunda metade do século XIX depois das mudanças sócio-políticas terem
aberto as portas para o testemunho evangélico. Em certas ocasiões, os precursores
foram eles mesmos o meio usado por Deus para introduzir as modificações que
permitiriam atividade missionária abrangente.

FORAM ELES:

Capitão Allen Gardiner – um anglicano que renunciou o cargo na marinha


britânica com o fim de dedicar-se à evangelização das tribos indígenas no sul da
América.

Obadia M. Johnson – capelão de um grande número de homens do mar que


passava pelo Rio de Janeiro. A organização era chamada “American Seamen’s
Friend Society”.

Justin Spaulding e Daniel Kidder continuaram o ministério logo após.

Morris Pease, na seqüência, depois o presbiteriano James Cooley Fletcher


(ocupou o cargo durante três anos), este era obcecado em sua idéia: converter o
Brasil ao protestantismo e ao Progresso.

A distribuição de bíblias ajudou abrir as portas da América Latina. James


(Diego) Thomson foi num certo sentido o precursor de Toda Distribuição da
Escrituras.

PRIMEIRAS MISSÕES DENOMINACIONAIS IMPORTANTES:

Justin Spaulding e Daniel Kidder estabeleceram a primeira igreja metodista no


Rio de Janeiro em 1836.
86
John F. Thomson (nada com o batista James Thomson) celebrou culto
protestante em espanhol em Buenos Aires.

David Trumbull (congregacional) foi enviado pelo “Foreingn Mission Board”


para trabalhar com os marinheiros no Porto de Valparaíso.

O DESENVOLVIMENTO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL:

O Protestantismo começou a arraigar-se e crescer com a chegada de Robert


Reid Kalley no Rio de Janeiro em 1855.

Em 1868 a igreja congregacional de Kalley já tinha 360 membros, a maioria


brasileiro.

No Brasil três histórias prepararam o cenário para a forma e desenvolvimento


do protestantismo brasileiro:

(1) – O médico escocês, Robert Reid Kalley (1809-1888) e os Congregacionais.

Kalley e sua esposa Sarah já haviam lançado os fundamentos do


Presbiterianismo em Madeira e ministrado aos refugiados portugueses religiosos nas
Índias Ocidentais Britânicas antes de aportarem no Rio de Janeiro a 10 de maio de
1855. Kalley começou a Trabalhar com os estrangeiros residentes em Petrópolis.
Em 1859 foi noticiado que duas mulheres nobres haviam sido convertidas por Kalley:
Dona Gabriela A. Carneiro Leão e sua filha Henriqueta.

O resultado foi à proibição feita a Kalley não só de atrair prosélitos como também
de praticar a medicina. Mas o imperador D. Pedro II interferiu a Favor de Kalley.

O legado mais importante dos Kalley, entretanto, consistiu no estabelecimento de


uma igreja brasileira auto-suficiente, que logo expandiu sua influência a Portugal.

1890 – Foi fundada de fato a “Missão Evangelizadora do Brasil e Portugal”.


87

(2)– Ashbel Green Simonton e os Presbiterianos

(Estudo publicado no Brasil Presbiteriano em comemoração ao 139º


aniversário da Igreja Presbiteriana do Brasil – agosto de 1998)
Alderi Souza de Matos

Exaltamos, com justiça, a figura do apóstolo Paulo como o grande missionário


e plantador de igrejas do primeiro século. Todavia, com freqüência nos esquecemos
que o apóstolo dos gentios pouco poderia ter feito sem o auxílio de colaboradores
fiéis. Entre tais auxiliares havia figuras conhecidas como Barnabé, Silas, Timóteo,
Marcos, Lucas, Priscila e Áquila, Febe e também muitos cristãos anônimos cujos
nomes não chegaram até nós. Foram essas pessoas que apoiaram o apóstolo e lhe
proporcionaram o suporte financeiro, logístico e espiritual que o capacitou a fazer um
trabalho tão eficiente, em tantas regiões do Império Romano.

O mesmo se pode dizer do pioneiro presbiteriano no Brasil, o Rev. Ashbel


Green Simonton, cuja data de chegada ao nosso país – 12 de agosto de 1859 – é
comemorada como o aniversário da Igreja Presbiteriana do Brasil. A propósito, o
próprio Simonton talvez preferisse comemorar a data de 12 de janeiro de 1862,
quando foi organizada a primeira comunidade presbiteriana no Brasil, a Igreja
Presbiteriana do Rio de Janeiro. Em seu Diário, Simonton registrou: "…

Pois bem, à semelhança de Paulo, Simonton somente teve êxito em suas


iniciativas missionárias no Brasil, em meio a condições bastante adversas, em
primeiro lugar graças ao sustento e direção providente de Deus e, em segundo
lugar, em virtude do apoio recebido de muitos amigos leais, estrangeiros e
brasileiros. Entre esses amigos estavam outros missionários norte-americanos e os
primeiros crentes presbiterianos nacionais.

Um grande colaborador por vários anos foi o Rev. Alexander Latimer Blackford,
casado com a irmã de Simonton, Elizabeth (Lille). Após uma longa e perigosa
viagem de navio, o casal Blackford chegou ao Rio de Janeiro em julho de 1860,
menos de um ano após a chegada do pioneiro. Apesar de algumas divergências
88
quanto ao melhor local para a sede da missão – Blackford preferia São Paulo;
Simonton, o Rio –, este teve em Blackford um grande ajudador, que, entre outras
coisas, o substituiu na Igreja do Rio durante uma prolongada viagem de Simonton
aos Estados Unidos (março de 1862 a julho de 1863). Em outubro de 1863,
Blackford e Lille mudaram-se para São Paulo a fim de fundar o trabalho
presbiteriano naquela cidade (a igreja foi organizada em 5 de março de 1865).
Blackford haveria de dedicar quarenta anos de sua vida à obra missionária no Brasil,
tendo falecido em 1890.

Elizabeth Simonton Blackford teve a honra de ser a primeira missionária


presbiteriana a chegar ao Brasil e foi grande ajudadora do seu marido e do seu
irmão. Aprendeu a amar profundamente o povo brasileiro, a quem chamava de "meu
povo”. Foi na lar amigo e acolhedor dos Blackford em São Paulo, na antiga R. Nova
de São José, n° 1 (junto ao Largo de São Bento), que Simonton faleceu em 9 de
dezembro de 1867, encerrando o seu curto e abençoado ministério no Brasil. Hoje,
quem visita o Cemitério dos Protestantes naquela cidade vê lado a lado os túmulos
de Simonton e de sua irmã, a consagrada Elizabeth, falecida em 18…

Outra colaboradora especialmente preciosa para Simonton, ainda que por um


período mui breve, foi sua esposa Helen Murdoch Simonton, que ele desposou nos
Estados Unidos em março de 1863 e veio a falecer no final de junho de 1864, menos
de um ano após haver chegado ao Brasil. Simonton relata de modo tocante em seu
Diário as alegrias da sua breve vida conjugal e a dor sentida com a morte de Helen,
apenas nove dias após o nascimento de sua filhinha. A contribuição dessas
valorosas mulheres pioneiras – esposas de missionários, esposas de pastores
nacionais e educadoras – é uma página da história do presbiterianismo pátrio que
ainda está por ser escrita.

Outros dois missionários que muito auxiliaram Simonton e deram importante


contribuição para a implantação da Igreja Presbiteriana no Brasil foram os
Reverendos Francis Joseph Christopher Schneider e George Whitehill Chamberlain.
Schneider, um alemão que emigrou para os Estados Unidos e lá estudou teologia,
chegou ao Rio de Janeiro em dezembro de 1861 e no mês seguinte participou do
culto em que Simonton recebeu os primeiros membros e organizou a igreja-mãe do
89
presbiterianismo nacional. Schneider teve o privilégio de ser o primeiro obreiro
presbiteriano a residir e trabalhar na então Província de São Paulo (entre os
imigrantes alemães de Rio Claro) e mais tarde auxiliou Simonton lecionando no
"seminário primitivo."

Chamberlain chegou ao Brasil ainda como um leigo em julho de 1862. Depois


de uma passagem por São Paulo e pelo Rio Grande do Sul, voltou ao Rio em maio
de 1864, atendendo a um apelo de Simonton para que fosse ajudá-lo. Fez
companhia a Simonton nos dias amargos que se seguiram à morte de Helen. Em
julho de 1866, na segunda reunião do Presbitério do Rio de Janeiro, Chamberlain,
que já se destacava como um grande evangelista, foi ordenado e enviado aos
Estados Unidos para estudar teologia em Princeton. Retornou ao Brasil no final de
1868, já casado com Mary Ann Annesley, e no ano seguinte iniciou seu longo e
frutífero pastorado junto à Igreja Presbiteriana de São Paulo. Em 1870, o casal
fundou a modesta Escola Americana, marco inicial do que é hoje a Universidade
Mackenzie. Após quarenta anos dedicados à evangelização do Brasil, Chamberlain
faleceu na Bahia em 1902.

Simonton também contou com o apoio valioso e decisivo de elementos


"nacionais" (brasileiros e portugueses). Um dos primeiros foi Antonio dos Santos
Neves, um funcionário do Ministério da Guerra, taquígrafo do Senado e poeta.
Santos Neves foi recebido por profissão de fé pelo Rev. Blackford quando Simonton
estava nos Estados Unidos. Entre outras contribuições, ele foi autor de muitos hinos
e um dedicado colaborador de Simonton no jornal Imprensa Evangélica.

Outros personagens que merecem destaque foram os três únicos estudantes


que Simonton teve no seminário que criou no Rio de Janeiro em maio de 1867:
Modesto Perestrello de Barros Carvalhosa, Antonio Bandeira Trajano e Miguel
Gonçalves Torres, todos eles nascidos em Portugal e membros da novel Igreja
Presbiteriana de São Paulo (o quarto estudante, Antonio Pedro de Cerqueira Leite,
só ingressou no seminário após a morte de Simonton). Os três discípulos do pioneiro
foram denodados ministros presbiterianos, o primeiro em São Paulo e no Paraná, o
segundo no Rio de Janeiro e o terceiro em Caldas, Minas Gerais.
90
Finalmente, não se pode falar do ministério de Simonton e dos primórdios da
Igreja Presbiteriana do Brasil sem mencionar o Rev. José Manoel da Conceição, o
primeiro pastor evangélico brasileiro. Instruído na fé bíblica e reformada pelo Rev.
Alexander L. Blackford, o ex-padre Conceição professou a fé e foi batizado na Igreja
Presbiteriana do Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1864. No mesmo mês, quando
veio a lume o primeiro jornal evangélico do Brasil, a Imprensa Evangélica,
Conceição tornou-se um dos seus redatores. Um ano mais tarde, quando da
organização do Presbitério do Rio de Janeiro (16 de dezembro de 1865), Conceição
foi ordenado ministro presbiteriano, tendo Simonton proferido a parênese inspirado
em 2 Coríntios 5.20. A partir de então, Conceição passou a fazer as suas célebres
viagens missionárias, que se tornaram sementeiras de muitas igrejas.

Ao comemorarmos o 139° aniversário da chegada de Simonton, é bom


lembrarmos que a obra de Deus é mais agradável e eficaz quando feita em parceria
com os irmãos e irmãs de caminhada cristã. Que o mesmo espírito de
companheirismo e solidariedade possa caracterizar os nossos esforços em prol do
reino de Deus neste limiar do terceiro milênio.
Rev. Alderi S. Matos
(2) – William Buck Bagby e os Batistas

O pequeno grupo de imigrantes americanos que se radicaram no interior de


São Paulo durante os anos que se seguiram à Guerra Civil intensificaram o interesse
das Três principais denominações localizadas ao sul dos Estados Unidos.

Este interesse renovou os esforços missionários dos presbiterianos e


metodistas e resultou na abertura do trabalho batista no Brasil. Em 1867, Junior E.
Newman, nomeado pela “Southern Methodist Episcopal Church tornou-se o primeiro
pastor metodista em Santa Bárbara (São Paulo)”. No ano seguinte a pedido da
colônia Americana, Richard Lane G. Nasch Morton foram enviados a Campinas pela
“Southern Presbyterian Church”. Morton fundou o Colégio Internacional em
Campinas em 1869.

William Buck Bagby e sua esposa Anne passaram por Santa Bárbara em 1881,
mas resolveram radificar-se em Salvador (Bahia), a capital eclesiástica do Brasil. Ali
91
com os Zachariah C. Taylors e Antônio Teixeira de Albuquerque fundaram a primeira
igreja batista “brasileira” em outubro de 1882 (tem havido controvérsia quanto a
datar a obra batista a partir de 1882 em Salvador ou da colônia de Santa Bárbara
em época anterior).

O DESENVOLVIMENTO DO PROTESTANTISMO NO PERU:

Desde o início, grande parte da obra missionária na América Latina, Do México


à Terra do Fogo, fez uso da distribuição de Bíblias como um meio de evangelização.
A “British and Foreign Bibli Society” publicou 20000 novos testamentos em
português já em 1804-18007, a serem distribuído ao longo das costas do Brasil. A
Bíblia foi tanto o ponto de contato como o de diferenciação entre os católicos e
protestante.

Muitos nomes acham-se ligados com a distribuição das Escrituras começando


com a chegada de James Thomson na Argentina em 1818. A distribuição feita por
Kidder e Boyle no Brasil já foi mencionada. Outros como Frederick Glass (Advetures
with the Bibli in Brasil) devem ser citados.

Exemplo como o de Francisco G. Penzotti foi convertido numa cruzada


evangélica no Uruguai em 1876. Por ser de descendência italiana, trabalhou como
pastor valdense. Mais tarde, os metodistas absorveram os valdenses no Uruguai.
Ele viajou muito com Andrew Milne, tendo sido nomeado pela Sociedade Bíblica seu
agente em Callao (Peru). A comunidade evangélica não havia crescido por várias
por razões nos anos que se seguiram ao convite de San Martin a Thomson, a fim de
estabelecer escolas Lancaster em Lima.

Num prazo de três meses Penzontti conseguiu fazer reuniões nas tardes de
domingos a portas fechadas, com cerca de 50 pessoas. A sua metodologia consistia
em ir de casa em casa distribuindo as Escrituras.

Outro contribuinte foi o John Ritchie na formação da Igreja Evangélica Peruana,


o qual foi um marco importante no protestantismo da América Latina.
92

OUTROS CONTRIBUINTES PARA AS MISSÕES NAS AMÉRICAS:

- A. B. Simpson e a Aliança Cristã e Missionária: Nunca serviu como


missionário para o estrangeiro, mas sua influência a favor das missões foi enorme,
especialmente no que diz respeito ao progresso da sociedade missionárias de fins
do século XIX e início do XX no E.U.A.

- C.I. Scofield e a Missão para América Central: Não foi o primeiro cristão
evangélico a interessar-se pela Americanas quando essa área do mundo Chamou
sua Atenção em fins de 1880. Os missionários americanos, enquanto se
aventuravam por quase metades do mundo, tinha praticamente esquecido seus
vizinhos do lado. Baseando sua estratégia no que considerava como um princípio
missionário em Atos 1.8, Scofield decidiu corrigir este erro: “Tanto em Jerusalém,
como em toda a Judéia a Samaria – a América Central é o campo não-ocupado mais
próximo de qualquer cristão nos Estados Unidos ou Canadá! Nós nos esquecemos
da nossa Samaria!”.

Apesar do interesse de Scofield concentrar-se especialmente na América


Central, toda a América Latina foi negligenciada durante séculos pelas missões
protestantes.

Os motivos das juntas missionários protestantes terem negligenciado a


América Latina é um aspecto intrigante do “Grande Século” das missões no
estrangeiro. R. H. Glover escreveu que “não há explicação satisfatória... para a
indiferença e inação”.

Harold Cook, outro historiador dar algumas razões:

- violenta oposição católica romana tornava as missões protestantes para a


América Latina pouco atraente ou até impossível;
93
- não possuía a atração ligada de alguma forma às regiões como o Oriente, a
África ou os Mares do Sul.

- Argumentavam que a América Latina já era nominalmente cristã e portanto a


atividade protestante nessa área não podia ser propriamente classificada como
missões da mesma maneira que a obra na índia , China e África.

Mas se certas sociedades missionárias individuais hesitavam em entrar na


América Latina, a maioria das sociedades denominacionais de primeira linha –
especialmente as que estavam sendo formadas por volta da virada do século – não
tinham estas posição. Elas se introduziram na região com o propósito de converter
os “católicos romanos nominais”.

Notando esta situação foi que novas missões concentraram-se seus esforços,
fundadas com o objetivo de alcançar esses povos primitivos, as tais foram:

- A Missão para os Índios da América do Sul (“South American Indian Mission”)

- A Missão Evangélica para os Andes (“Andes Evangelical Mission”)

- A Missão Wycliffe para Tradução da Bíblia (“Wicliffe Bibli Translators”) e


- A Missão Novas Tribos (“New Tribes Misson”).

A Missão Novas Tribos foi fundada em 1942 por Fleming, um missionário


enfermo que retornara da Malásia, encorajado e assistido por Cecil Dye, um jovem
pastor de Michigan. Esta missão trabalhou nas sevas da Bolívia.

ALGUNS MISSIONÁRIOS E PREGADORES DESTE PERÍODO DA HISTÓRIA:

JOHN WESLEY (1703-1791):


94
John Wesley nasceu em Epworth (Inglaterra) em 17 de junho de 1703, décimo
quinto dos 19 filhos do pastor Anglicano Samuel Wesley e da muito piedosa Suzana
Wesley. O século XVIII era uma época de notável decadência religiosa,
acompanhada da patente hipocrisia do clero. Seguindo a carreira do pai, estudou na
Universidade de Oxford, sendo ordenado diácono em 1725 e admitido ao sacerdócio
da Igreja Anglicana em 1728. Como membro do Lincoln College, passou a residir em
Oxford em 1729. Não conformado com a degeneração reinante uniu-se ao “Clube
Santo”, que incluía seu irmão, Charles Wesley e, posteriormente, George Whitefield.
Os membros comprometiam-se a dar um bom testemunho de sua fé, ajudavam
pobres, visitavam presos e confortavam doentes, e eram bastante rigorosos em suas
atividades religiosas. Isso lhes valeu o apelido de “metodistas”, uma zombaria dos
colegas da Universidade.

Apesar de sua busca pela justiça, Wesley ainda sentia faltar-lhe algo, até que
em 1738, ao ouvir a leitura do prefácio do comentário de Lutero da Carta aos
Romanos, John passou pela seguinte experiência, narrada em seu diário: “Cerca
das nove, menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a
mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu
coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em
Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus
pecados, em verdade meus, e que me havia salvado da lei do pecado e da morte.
Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma maneira especial, me
haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que,
pela primeira vez, sentia em meu coração”. Seu irmão Charles havia passado por
experiência semelhante apenas poucos dias antes.

A intensidade desse fogo que incendiava o coração de John pode talvez ser
avaliada pelos resultados: Wesley viajava cerca de 5.000 milhas (8.000 Km) por ano,
pregando quatro ou cinco vezes por dia (freqüentemente ao ar livre), fundando
novas sociedades, e traduzindo do grego, latim e hebraico. Auxiliou endividado,
supria roupas e alimentos aos pobres, proveu empregos aos desempregados,
implantou centros de serviços médicos e opôs-se à escravidão. Quanto a Charles
Wesley, compôs cerca de 6.500 hinos, muitos dos quais cantados até hoje. John
Wesley pregou seu último sermão na quarta-feira, 23 de fevereiro de 1791.
95

GEORGE WHITEFIELD (1714-1770):

Conhecido como o “príncipe dos pregadores ao ar livre”, foi o evangelista mais


conhecido do século XVIII. Pregou durante 35 anos na Inglaterra e nos Estados
Unidos, quebrou as tradições estabelecidas a respeito da pregação e abriu o
caminho para a evangelização de massa. Enquanto jovem sua sede de Deus o
tornou consciente de que o Senhor tinha um plano para sua vida. Para preparar-se,
jejuava e orava regularmente, e muitas vezes ia ao culto duas vezes por dia. Na
Universidade de Oxford (Inglaterra) cooperou com os irmãos John e Charles Wesley,
participando com eles no “Clube Santo”.

Isso porém não o impedia de sentir-se cada vez mais distante de Deus até sua
conversão, em 1735. Nas suas próprias palavras, foi como se um “fardo pesado”
tivesse sido removido. Fez seu primeiro sermão na igreja em que havia sido
batizado. Seu fervor era evidente; alguns zombavam, mas outros ficavam
impressionados - houve a queixa de que quinze de seus ouvintes “enlouqueceram”
(se converteram)! Após isso pregou a mensagem do novo nascimento e da
justificação pela fé para grandes multidões em Londres, mas outros começaram a
recusar-lhe o púlpito, e a se lhe opor fortemente.

Na véspera da sua separação para o ministério, passou o dia em jejum e


oração. Após ser ordenado diácono e receber sua graduação, partiu para a Geórgia,
Estados Unidos, a convite de John Wesley, onde ajudou a fundar um orfanato.
Voltou à Inglaterra três meses depois para receber o sacerdócio, na sua Igreja
Anglicana. Ao perceber que muitos púlpitos ainda lhe estavam fechados, quebrou a
tradição e passou a pregar ao ar livre. Afirma-se que quase nunca pregava sem
chorar, e que costumava ler a Bíblia de joelhos. Tendo consagrado a vida a Cristo,
orava freqüentemente. A freqüência tornara-se tão numerosa que impressionara
John Wesley, que concordou em utilizar o mesmo método.

Quando retornou novamente ao serviço missionário na América, em 1739,


começou um período de atividades como ministro congregacional. Jonathan
96
Edwards realizou durante mais de um mês uma série de pregações pela Nova
Inglaterra, falando a multidões de até oito mil pessoas quase todos os dias. Essa
atividade missionária foi provavelmente o evento que desencadeou o movimento de
reavivamento conhecido como o Grande Despertamento. Seu trabalho também
lançou o alicerce para a fundação de aproximadamente 50 faculdades e
universidades americanas, incluindo a Universidade de Princeton e a da Pensilvânia.
Whitefield tornou-se o foco do reavivamento na América, visitando-a sete vezes, mas
seu trabalho no Velho Mundo era também bastante vigoroso: em certa ocasião, na
Escócia, pregou a 100.000 ouvintes, e 10.000 responderam ao apelo.

Firme defensor do Calvinismo, rompeu com o arminianismo de John Wesley


em 1741, mas continuaram amigos. Com isso, passou a ser conhecido como o líder
dos Metodistas Calvinistas. Whitefield continuou a pregar extensivamente nos
Estados Unidos e por toda a Grã-Bretanha e Irlanda: crê-se que pregou mais de
18.000 sermões. Whitefield morreu na América, em 1770, da forma que desejara: no
meio de uma série de pregações. No seu funeral, John Wesley o homenageou como
um grande homem de Deus.

DWIGHT LYMAN MOODY (1837-1899):

Moody é considerado o pai do movimento de evangelização, e ganhou


aproximadamente quinhentas mil almas para Cristo. Descendente de lavradores
pobres, era o sexto entre nove filhos. Cedo ficou órfão de pai, que os deixara
endividados, e os credores apossaram-se de tudo, até da lenha que os aquecia no
rigoroso inverno. Consta que não faltavam conselhos para que sua mãe entregasse
os filhos para que outros criassem. Dedicada e decidida, contudo, a mulher os criou
em seu lar, na doutrina unitarista. No entanto, não houve dinheiro para enviar o
jovem Moody para a escola. Como conseqüência, ele nunca foi capaz de falar
corretamente.

Aos 17 anos Moody saiu de casa para trabalhar na loja de sapatos do seu tio,
em Boston. Em 1856, época em que os congregacionais da região estavam em meio
a um reavivamento, recebeu certa manhã uma visita especial: durante o expediente
97
na loja, foi visitado pelo seu professor da Escola Dominical, que acreditava que tinha
de falar-lhe de Cristo. Em poucas palavras, falou do amor que Jesus tinha por ele e
do amor que esperava em retorno; colocou a mão sobre seu ombro e convidou-o a
vir para Cristo. Lá, nos fundos da loja, Moody recebeu a Cristo.

Moody tinha um forte desejo de ficar rico. Foi para Chicago, onde seu negócio
de sapatos e botas prosperou rapidamente. Imediatamente após sua conversão,
começou a agir como um novo homem. O costume da época era alugarem-se os
assentos nas igrejas. Moody pagou um banco e o enchia com homens que ele tirava
das ruas. Depois pagou outro, um terceiro e um quarto banco, que enchia com
homens e meninos. Buscando alcançar as crianças, Moody tornou-se também
professor da Escola Dominical. Em sua primeira manhã, reuniu 18 meninos de rua.
Logo o número destes chegou aos 600. Certo dia em que Moody resolveu fazer
algumas visitas evangelísticas, pecadores converteram-se a Cristo. Isso lhe marcou
tanto que Moody desligou-se do lucrativo negócio e passou a dedicar-se
exclusivamente à evangelização.

Sua Escola Dominical em North Market Hall tornou-se em 1863 a Igreja de


Illinois Street. Esta com o tempo passou a ser a Igreja Chicago Avenue, onde ele era
pastor leigo. Hoje é conhecida como Moody Memorial Church. Em 1870 uniu-se ao
cantor e compositor de hinos Ira David Sankey numa série de cultos evangelístico
nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Homem de oração, suas são as palavras:
“Se estamos cheios do Espírito Santo, ungidos, nossas palavras alcançarão os
corações do povo”. Seus sermões coloridos e dramáticos, sua convicção intensa, a
voz agradável de Sankey e seus hinos comoventes conduziram multidões aos pés
do Senhor.

Apesar de iletrado, Moody valorizava a educação: em 1879 abriu o Seminário


para Moças de Northfield; em 1881, a Escola Monte Hermon para Moços, e em 1889
fundou em Chicago o Instituto Bíblico, hoje em dia conhecido como Moody Bible
Institute, para treinar obreiros cristãos.

CHARLES HADDON SPURGEON (1834-1892):


98

Pastor batista inglês é chamado o “príncipe dos pregadores”. Ainda criança,


sua mãe orava: “Oh, que meu filho possa viver para ti”. Filho e neto de pastores,
desde pequeno convivia com um profundo sentimento de pecado. Buscando
conforto, visitava uma igreja após outra, sem resultado. Aos quinze anos aumentou
de tal forma seu desejo de ser salvo que ficava continuamente em oração. Nesta
época, converteu-se ao visitar numa manhã de domingo uma pequena igreja
metodista, onde ouviu a pregação de um sapateiro que substituía o pastor ausente.
A pregação foi simples e breve, baseada em Isaías 45:22: “Olhai para mim, e sereis
salvos”. O sapateiro, embora inculto, expôs o texto com clareza suficiente para
marcar o coração de Spurgeon. Logo foi batizado, e imediatamente começou a
distribuir folhetos, aproveitando cada oportunidade. A oração de sua mãe fora
respondida.

Ainda em 1849, filiou-se a uma igreja batista. Com 16 anos pregou seu primeiro
sermão numa casa de campo, e passou a pregar regularmente para uma
congregação batista aos 17. Aos 18 foi separado para o ministério, mas rejeitou o
título de “reverendo” por questão de princípios, e recusou-se a ser ordenado. Aceitou
o convite de tornar-se o pregador da pequena igreja de New Park Street, em
Londres, onde havia um grupo de intercessores que rogava incessantemente por um
avivamento. Com essa igreja continuou durante trinta e oito anos. Durante muitos
anos não havia órgão. Para muitos, as orações eram a parte mais sublime dos
cultos; para outros, o ponto alto era o sermão de Spurgeon. O templo teve de ser
ampliado algumas vezes, e mesmo assim não comportava as multidões que
desejavam ouvir o jovem pregador. Foi necessário alugar o Auditório Musical de
Surrey Gardens, o maior prédio de Londres, com capacidade para 12.000 pessoas.
No culto inaugural o prédio estava superlotado e havia 10.000 pessoas do lado de
fora, sem poder entrar.

Em 1861 foi aberto o grande Tabernáculo Metropolitano, onde Spurgeon


pregava aos domingos e quintas-feiras. Através de um programa de colportagem
seus sermões de domingo e outras literaturas cristãs eram distribuídos literalmente
99
às toneladas. Recebia grandes somas de dinheiro, mas era generoso com os pobres
e fundou um orfanato, em 1867.

Certa edição da Encyclopaedia Britânica declarou a respeito dos seus


sermões: “São um modelo de exposição puritana e de apelo à consciência individual
através da emoção”. No entanto, sua pregação era também “iluminada por
freqüentes toques espontâneos de humor”. Sempre manteve uma posição bíblica e
conservadora, rejeitando o liberalismo teológico. Mesmo não tendo recebido a
formação duma faculdade, seus sermões revelam que lia bastante, e foi tido como
um dos homens mais cultos de seu tempo. Após o período de controvérsias, sua
saúde debilitou-se bastante e ele foi levado a recuperar-se no sul da França, onde
morreu em 1892. Seu corpo foi trazido de volta para a Inglaterra, e no seu túmulo há
o epitáfio: “Aqui jaz o corpo de Charles Haddon Spurgeon aguardando o
aparecimento do seu Senhor, e Salvador Jesus Cristo”.

MARTYN LLOYD JONES (1899-1981):

Lloyd-Jones foi um fenômeno no movimento evangélico inglês do século XX.


Enquanto estudava medicina em Londres, Martyn Lloyd-Jones esteve sob a
orientação do famoso Sir Thomas Horder, o médico da corte real britânica. Horder
tinha uma abordagem peculiar de diagnóstico, baseada no método socrático: reunir
os fatos e raciocinar sobre eles até alcançar uma conclusão. Lloyd-Jones utilizou
essa abordagem como o alicerce de sua pregação e trabalho pastoral, ao tratar dos
males espirituais das pessoas. Assim, propôs o desafio de que se pensasse a fé
evangélica e suas implicações para a Igreja e o mundo.

Sendo designado em 1922 assistente de Horder, o Dr. Jones logo percebeu


que estava mais interessado nas necessidades espirituais das pessoas do que nas
doenças físicas. Com 27 anos, sem nenhum preparo teológico, tornou-se pastor.
Sua marca: ganhar as pessoas para Cristo através da pregação do Evangelho - sem
tentar atraí-los com atividades sociais, mas refletindo com os ouvintes acerca da
razoabilidade da fé cristã.
100
Lloyd-Jones enfatizava a importância do poder do Espírito Santo: "Se não há
poder, não é pregação. A verdadeira pregação, no fim das contas, é Deus atuando.
Não se trata de um homem meramente articulando palavras, mas Deus usando-o."
Ele mesmo, como pregador, possuía eloqüência, força e paixão, ao passo que
negava o rótulo de "apresentador". Mesmo sendo um avivalista, Lloyd-Jones nunca
aceitou extremismos quanto à atuação do Espírito Santo, e nunca chegou a adotar
uma posição carismática quanto aos dons espirituais.

O pregador doutor nunca concordou com o método evangelístico de


empreender grandes cruzadas para milhares de pessoas. Seus motivos:
desconfiava dos resultados em longo prazo e rejeitava a abordagem "técnica" do
evangelista. Na verdade, o próprio Lloyd-Jones nunca fazia o apelo para que os
ouvintes se convertessem, mas esperava que, após o sermão, fosse procurado
pelos que enfrentavam problemas em sua vida espiritual.

Uma das suas contribuições para o movimento evangélico atual foi sua crítica
ao secularismo/mundanismo, isto é, a tendência da Igreja de tornar-se semelhante
ao mundo. Assim como os israelitas (que deveriam ser luz para os gentios)
precisavam ser diferentes dos gentios em sua maneira de vestir, enfeitar-se, comer,
praticar sua religião e outros aspectos culturais, a Igreja não deve vestir o manto do
mundanismo nem mesmo a pretexto de atrair novos crentes: "Nosso Senhor atraía
os pecadores porque Ele era diferente. Aproximavam-se d’Ele porque sentiam haver
nEle algo diferente... E o mundo sempre espera que sejamos diferentes. Essa idéia
de que poderemos ganhar pessoas para a fé cristã, se lhes mostrarmos que, afinal
de contas, somos notavelmente parecidos com elas é um erro profundo, do ponto de
vista teológico e psicológico".

Dedicou grande parte do final dos seus dias à publicação de livros e a visitar
pequenas igrejas, encorajando-as. A maioria dos seus títulos traduzidos para o
português foram publicados pela editora PES (Publicações Evangélicas
Selecionadas).

WILLIAM FRANKLIN GRAHAM:


101

O evangelista americano Billy Graham, como é chamado, é provavelmente o


pregador mais conhecido em todo o mundo. Tendo estudado na Universidade Bob
Jones, no Florida Bible Institute e no Wheaton College, o Dr. Billy Graham foi
ordenado pela Convenção Batista do Sul em 1939, e tornou-se pastor da Primeira
Igreja Batista em Western Springs, Illinois, em 1943.

Logo após, contudo, tornou-se um evangelista itinerante. O calor da sua


pregação atraiu audiências cada vez maiores nos Estados Unidos. Em 1949 pregou
para mais de 350.000 pessoas em Los Angeles durante oito semanas, e
posteriormente este número foi muitas vezes ultrapassado. Na primeira viagem
missionária fora dos Estados Unidos, um milhão de pessoas esteve presente nas
suas pregações em Glasgow - foi o início de um reavivamento. Depois ele viajou
para o Oriente, em 1956, para a Oceania, em 1959, e para a África e Israel em 1960.
Daí em diante, começou a viajar por todo o mundo, chegando a pregar em quase
200 países.

Billy Graham iniciou a Conferência Mundial de Evangelização, em Berlin


(1966), concebeu a Conferência de Lausanne (1974), onde se discutiu a
evangelização e o envolvimento social dos cristãos, e teve notável participação na
Conferência da Paz, em Moscou (1982) e no Congresso Missionário de Amsterdã
(1983). Em 1974 pregou no Rio de Janeiro numa cruzada de quatro dias - mais de
25.000 pessoas se decidiram. Noutra pregação em Moscou, em 1992,
aproximadamente 40.000 almas entregaram-se a Cristo.

A Associação Evangelística Billy Graham planeja e coordena suas cruzadas,


presta aconselhamento e realiza o acompanhamento dos decididos. O evangelista
tornou-se conhecido por tratar as finanças de forma transparente, assessorado por
um grupo competente de profissionais. Seu nome nunca esteve envolvido em
escândalos morais ou financeiros. É por essa razão que seu nome sempre foi
respeitado nos EUA, tanto na comunidade evangélica como no contexto secular.
Sua pregação evita doutrinas polêmicas e controvertidas, e geralmente limita-se aos
102
alicerces da fé. Seus sermões são simples e focalizados na mensagem de salvação
para os perdidos.

Além do púlpito, seu ministério utiliza a televisão, o rádio e a mídia impressa. A


postura de Billy Graham nunca foi proselitista; sempre teve como objetivo a
multiplicação, e não a divisão. Ele decidiu jamais trabalhar numa cidade sem
primeiro ter um convite de representantes da maioria das igrejas locais, e sempre
encaminhar os novos convertidos para as igrejas da região. Alguns questionaram a
permanência destas conversões, mas dos cerca de três milhões que ele trouxe para
Cristo em suas cruzadas mais de 70% tornaram-se membros de alguma igreja, e
muitos têm se tornados obreiros de tempo integral ou tomadas outras posições de
responsabilidade, permanecendo em sua decisão já por diversas décadas.

Billy Graham é conhecido também por diversos livros publicados, dentre os


quais vários traduzidos para o português. Destacamos aqui o Espírito Santo, de
Edições Vida Nova.

LUIS PALAU:

Um menino de 12 anos, nascido na periferia de Buenos Aires (Argentina),


decidiu-se por Cristo. Seu fervor era evidente, mas poucos poderiam imaginar que
ainda traria mais de meio milhão de almas para o Senhor. Seu pai já havia mostrado
paixão pelas almas: sendo um próspero construtor e membro da igreja dos Irmãos
de Plymouth, usava seus caminhões nos fins de semana para levar crentes às
cidades vizinhas para testemunhar e distribuir folhetos.

Criado neste ambiente, Luis Palau começou a evangelizar ainda na


adolescência, pregando na escola e nas ruas. Quando o entusiasmo inicial se
apagou, Palau afastou-se do Senhor - mas foi tão grande a sensação de vazio e de
descontentamento que ele voltou - dessa vez para ficar. Aos 16 tomou a decisão:
"servir apenas a Jesus Cristo e dar minha vida para sua obra".
103
Certa noite, ao ouvir Billy Graham pregando pelo rádio, Palau orou: "Jesus,
usa-me também no rádio para trazer outros de volta a ti, da mesma forma que esse
programa aumentou meu compromisso contigo". Pouco depois, a oração começou a
ser respondida: logo começou um programa de rádio de sete minutos, chamada
Meditação Cristã.

"Às vezes parece que estive pregando toda minha vida", comenta Palau.
Embora tenha começado a pregar na Argentina ainda na adolescência, só após
completar trinta anos conseguiu desligar-se de seu emprego e unir-se a SEPAL para
dedicar-se de tempo integral à evangelização das massas. Na adolescência, apesar
de pregar em praça pública, e seu esforço evangelístico, muito pouco acontecia.
Não conseguia resultados e havia problemas em sua vida pessoal. Noites em
oração, e nada acontecia. Finalmente, Palau entendeu que ele era apenas um
veículo para a ação de Deus que, na sua soberania, faria a obra por meio do Seu
Espírito. Essa foi sua maior batalha espiritual: deixar Deus ser Deus, e Luis Palau
ser dependente dele.

Já na década de setenta, Palau e sua equipe começaram a pregar em toda a


América Latina; logo chegaram convites também da Europa. No início dos anos
oitenta, o ministério de Luis Palau tinha um impacto crescente e as portas
começaram a se abrir em todo o mundo. A partir de então, grandes multidões têm
lotado teatros, escolas e estádios para ouvir a mensagem do Evangelho. Na
Hungria, falando para 12.000 pessoas, 1.000 decidiram-se. Na Rússia teve a
oportunidade de falar para 40.000, e 8.500 tomaram a decisão.

Luis Palau já pregou o evangelho para 13 milhões de pessoas em 67 países,


além de já ter sido ouvido por centenas de milhões pelo rádio e televisão. Palau
ensina a fórmula do seu sucesso como pregador: "Já estou crucificado com Cristo; e
vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a
na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. -
Gálatas 2:20.
104

INFORMAÇÕES HODIERNAS:

Durante a realização deste módulo, tivemos a oportunidade e o privilégio de


ouvirmos o Rev. Sergio Horta, o qual atualmente encontra-se em campo missionário
europeu, mais especificamente em Belfarst – Irlanda. O pastor Sergio nos falou
acerca de seu trabalho desempenhado em meio aquela comunidade irlandesa e
também relatou a situação da Europa de forma geral quanto a questão missionária.

De forma geral a Europa está vivendo um momento de trevas, pois as igrejas


encontram-se vazias e os crentes existentes, quase em sua totalidade, têm apenas
compromisso social – são crentes nominais. O autodesenvolvimento cultural e
financeiro levou o povo europeu à uma condição de auto-suficiência a qual,
diabolicamente, passou a sensação de não haver necessidade de assumir um
compromisso pessoal e real com Deus.

Ao ouvirmos o relato da triste situação em que se encontra o Continente


Europeu, nos veio a memória a empolgação dos prognósticos dos pensadores,
filósofos, poetas e líderes políticos do fim do século IX. Nunca se esperou tanto de
um século, quanto do século XX. Tudo quanto prognosticavam estava alicerçado
sobre a teoria da evolução, não somente no sentido biológico, mas em sentido mais
verdadeiro ainda no campo filosófico. A idéia predominante era que a vida inteira
estava inexoravelmente progredindo, desenvolvendo-se e aprimorando-se. Era isso
que eles nos diziam, no sentido puramente biológico; o homem teria evoluído a partir
do animal, e atingiria um certo estágio de desenvolvimento. Não obstante, tal avanço
era mais ressaltado nos campo da mente, do pensamento e da perspectiva inteira
da humanidade. As guerras seriam abolidas, as enfermidades seriam, erradicadas, o
sofrimento não seria apenas aliviado, mas, finalmente, haveria de desaparecer. O
século XX seria um século em tudo admirado. A maioria dos problemas humanos,
segundo esperavam eles, seria solucionada, pois, finalmente, o homem realmente
aprendera a pensar. As massas populacionais, através de uma correta educação,
não mais se entregaria ao alcoolismo, à imoralidade e aos vícios. E então, quando
todas as nações estivessem educadas dessa maneira tornando-se capaz de refletir
105
e de sentar-se em torno da mesa de conferencias, ao em vês de se engalfinharem
em luta armada, em pouco tempo o mundo inteiro haveria de ser transformado em
um paraíso. Isso não era caricaturar a situação; e muitos acreditavam finalmente em
tal possibilidade. Mediante a atos parlamentares, e através de conferencias
internacionais, todos os grandes problemas do mundo encontrariam solução,
porquanto agora, finalmente, o homem havia começado a usar a sua mentalidade.

Todavia, mediante o testemunho atual do pastor Horta, a realidade é totalmente


diferente dos prognósticos feitos pelos homens supracitados. Na verdade, a Europa
que outrora foi o berço das igrejas e agências missionárias para todo o mundo, hoje
é um rico e vasto campo para as igreja e agências de quase o mundo todo. Mais
uma vez Deus humilha e envergonha a sabedoria humana, não que a situação do
evangelho na Europa nos alegre o coração, muito pelo contrário, entretanto, penso,
que seria muito pior se os prognosticadores tivessem acertado quanto ao futuro da
humanidade dos séculos que seguiram.

Fica claro que as influências liberais e filosóficas estão nitidamente presentes


no pensamento dos pensadores e os demais acima citados. A partir desses
pensamentos a igreja européia começou a experimentar o seu declínio espiritual,
passando a desenvolver uma vida de aparência e sem compromisso algum com a
Palavra de Deus. O que ouvimos do pastor Sergio deve nos motivar a orar e
também, uma vez estando cumprindo o nosso papel de proclamar entre os nossos,
ir ou enviar pessoas compromissadas com a Palavra e seu Rei para proclamar as
virtudes de Cristo, naquela que passou de berço para campo missionário.

Oremos pelo pastor e Sergio e por tantos outros missionários que estão
servindo ali, oremos pelos irmãos que foram alcançados pela graça do Senhor,
oremos para que o Senhor continue a usar missionários estrangeiros e nacionais,
oremos para que cada crente compreenda que o missionário só é missionário
porque é servo de Cristo, logo, todo crente é servo e sendo servo tem a missão de
seu Senhor, portanto servo de Cristo – missionário de Deus. Oremos para que não
somente a Europa, mas até aos confins da terra seja pregado o evangelho de Jesus
Cristo nosso Senhor, para honra e glória de Seu santo nome.
106
A CRISE DETECTADA:

A Crise da missão permanece, ainda que não damos conta de sua existência a
verdade é que quando menos se espera a crise aparece e se insta-la. A crise de
vocação sempre existiu e continuará a existir entre o povo de Deus, pois depende da
compreensão exata do povo de Deus e seu compromisso missionário no mundo.

O esforço missionário prático da igreja sempre permanece, em todas as


circunstancias, ambivalentes. Missão nunca é algo que dispensa explicação, e em
nenhum lugar, nem na prática de missão, nem nas melhores reflexões teológicas
sobre missão consegue se remover toda confusão, mal compressão, enigma e
tentação [tradução] (Bosch 1980:10).

Não queremos dizer com isto que não haja base teológica na missão da igreja,
pois há. O problema e na hora de aplicar a teologia, temos dificuldade com a
contextualização; histórica, cultural e social. Jamais podemos transferir o conceito
missionário de um lugar para outro, ainda que devemos aprender com os conceitos.
O que temos de fazer é sempre voltar à palavra de Deus, como nossa ÚNICA
REGRA DE FÉ E PRATICA, examinar as bases de sua identidade e vocação
missionária, a fim de realizar dentro de um contexto especifico e atual.

Temos ainda o problema de identificação missionária que consiste em o que


fazer e onde fazer, nós sempre pensamos em missão de uma forma local, gastamos
pouco recurso com as necessidades distantes, como Europa e Ásia e ainda as
nossas reflexões missionárias são cheias de emoções e amor, porém sem muita
reflexão.

E ao fazer grandes alvos deveríamos definir melhor o caminho para chegar


onde queremos. Deveríamos aprender com os erros de outros para não cometermos
o mesmo, deveríamos considerar o sucesso dos esforços missionários através da
história para termos nosso próprio modelo sem precisar importar modelos de outra
localidade, devemos manter os princípios bíblicos e corremos todos os riscos e
cumprir historicamente nosso papel de proclamar, apesar de estarmos sendo
107
bombardeados com todas as idéias sutis e diabólicas do pós-modernismo que
resulta em liberalismo e tantas outras mazelas, o papel missionário continua sendo
confiado a nós – Igreja de Cristo.
108

CONCLUSÃO

Portanto, ao chegarmos no final da pesquisa, adoramos ao Senhor nosso


Deus, por seu cuidado e providência para com a Sua igreja. Como é constatado no
decorrer da história, em meio às circunstâncias favoráveis ou não, o Senhor sempre
está no controle de forma soberana; nada acontece sem a sua permissividade. Isto
nos conforta, pois sabemos que a nós só nos resta sermos fiéis e dedicados em Sua
obra, pois o mais Ele fará, como comprova a história acima relatada.

Toda a glória seja a Ele eternamente. Amém!


109

OBRAS CONSULTADAS

Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. R. Laird Harris


organizador; tradução Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão,
Carlos Osvaldo C. Pinto. – São Paulo: Vida Nova, 1998.

FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico:


Explicitação das Normas da ABNT. 11 ed. Porto Alegre, 1998.

HENDRIKSEN, William. Mateus. Volume I. Traduzido por Rev. Valter Graciano


Martins. Cambuci – SP: Editora Cultura Cristã, 2001.

HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo. Editora Vida, 1979.

JR, Gleason L. Archer. Merece Confiança O Antigo Testamento. Traduzido por


Gordon Chow. 4 ed. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova., 1986.

NASCIMENTO, Adão Carlos. A Bíblia é Nossa Testemunha. Cambuci – SP:


Editora Cultura Cristã, 1998.

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