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SINAIS DA ETERNIDADE
Autor
CLARK DARLTON
Tradução
S. PEREIRA MAGALHÃES
Digitalização e Revisão
ARLINDO_SAN
O Imortal em fuga! Seu legado é o caos...
E depois veio o mais importante. Felhak leu com muita atenção, pois se explicava a
razão por que Honur era um planeta interditado.
Gol Kamer e seu filho observavam a cena nas telas da Kam V. Olhavam fascinados
para o cruzador terrano, bem ampliado na tela.
O primeiro disparo dos canhões energéticos pegou o grande cruzador desprevenido
e o arrancou da rota de aterrissagem. O cruzador logo começou a cair.
Gol continuava pensativo: “Por que não reagiram? Deviam nos ter visto já há mais
tempo...”
Nos olhos de Fella cintilava um brilho selvagem.
— Atingimos o intruso. Já está perdido. Espero que não tenham tido tempo de emitir
um pedido de socorro.
— Acho que temos que contar com isto. Depois da destruição do inimigo, não nos
vai sobrar muito tempo para procurar o ativador.
A referência ao ativador veio despertar o clima de desconfiança que, por instantes,
ficara em segundo plano. Esqueceram-se momentaneamente das telas panorâmicas e não
perceberam quando uma nave auxiliar saiu do bojo do cruzador e logo desapareceu do
alcance das telas de bordo.
— Não haverá sobreviventes — disse Fella Kamer. — O que estamos ainda
esperando?
Antes que Gol pudesse responder, entraram na central três ou quatro homens.
— Espaçonave inimiga abatida, patriarca. Dê-nos agora permissão de poder mos
sair de bordo.
Gol fitou calmo seu interlocutor. Conhecia-o bem. Já haviam concluído juntos
muitos negócios escusos, sempre deixando de lado as leis. Seria muito perigoso, agora,
tentar impedi-lo de sair à procura do ativador.
— Não tenho nada contra — disse, embora na realidade tivesse e muito.
Os homens soltaram um grito de alegria e saíram correndo da sala de comando.
Fella estava indignado.
— Você acha que isto está certo? Não podia esperar um pouco até que eu estivesse
pronto? Você vai ficar aqui?
— Não estou pensando nisto, Fella. E não se esqueça de que, se achar o ativador,
não poderei mais ter-lhe nenhuma consideração e não levarei em conta que você é meu
filho, mas hei de combatê-lo.
Fella agüentou firme o olhar severo do pai.
— Eu também vou esquecer que você é meu pai.
De cabeça erguida, deixou a central de comando.
A escotilha externa já estava aberta há algum tempo. Em grandes grupos, os
saltadores deixaram a enorme nave cilíndrica e foram à procura do tesouro. Muitos
levaram aparelhos portáteis de rastreamento, para localizar mais depressa o valioso
objeto.
Gol deixou-os à vontade... Esperou até ouvir um grande baque que fez estremecer
sua Kam V. Era a nave dos terranos que fora abatida, não restando, certamente, mais nada
do seu arcabouço. O local da queda fora a uns três quilômetros da Kam V, exatamente na
direção oeste. Se os resultados dos aparelhos de rastreamento não estivessem errados, o
ativador deveria estar a cerca de dois quilômetros a sudoeste do local da queda.
Gol tinha nos lábios um sorriso sardônico. Seus homens se julgavam tremendamente
espertos. Exemplo disso era seu filho Fella. Dispararam, como idiotas pelo deserto a
dentro, duzentos gananciosos, deixando a nave do clã completamente desprotegida.
Saíram correndo ainda antes de a nave terrana explodir com a queda. E tudo, pela cobiça
desenfreada da vida eterna.
Gol continuava sorrindo, ao percorrer os corredores vazios da sua Kam V, chegando
já aos fundos, onde se localizavam os pequenos flutuadores.
“Flutuadores”, pensava Gol sorridente e feliz, “são sempre muito mais velozes do
que o melhor corredor!”
***
O sargento Redston era franzino, de cabelos negros. Em momentos apropriados, era
quem se tornava o foco das conversas, havendo muitos que diziam com muita seriedade
que sua boca era maior que ele mesmo. Foi exatamente este sargento que Faucette
escolheu para seu companheiro, não pelo fato de conhecê-lo ou de estimá-lo, mas tão-
somente porque Redston era radiotelegrafista.
Felhak dirigia o pequeno grupo e sob a proteção da floresta de cactos fez uma pausa
para se orientar. O outro grupo estava caminhando na direção dos impulsos de rádio do
ativador. Os homens passavam de pontos minúsculos na imensidão das grandes planícies.
Felhak puxou seu receptor e constatou a direção do ativador.
O ponto de interseção estava a cerca de três quilômetros a sudeste do local onde
estavam no momento. Lá estava, pois, o ativador esperando por seu feliz achador.
— Temos de andar ainda seis quilômetros para o leste, isto é, temos o caminho mais
longo. Isto quer dizer que o grupo de Becker achará logo o ativador. Só quero saber o que
vai acontecer depois.
— É óbvio o que vai acontecer — interveio o cadete Grabitsch. Vão se destruir
mutuamente até sobrar um só. Deste poderemos tirar o tesouro com muita facilidade.
Todos olharam para ele e Faucette disse:
— Você se esquece, cadete, de que os estranhos ainda estão aqui.
Continuaram sua caminhada para o leste, na direção da espaçonave dos estranhos.
No íntimo de Felhak, ardia o desejo de vingança contra os estranhos que abateram a
Nusis, embora soubesse que sem a ação destes talvez não estivesse mais vivo. Haveria de
transmitir o pedido de socorro na nave estranha, esperar a confirmação e depois deixar a
espaçonave sem possibilidade de voar. Mas, quem sabe a nave lhes poderia servir de
proteção contra os próprios estranhos, caso todos tivessem saído atrás do ativador?
Quando seus pensamentos chegaram a este ponto, ele parou de repente e olhou em volta,
como se procurasse alguma coisa. Uma rocha escarpada, quase cônica, de uns trinta
metros de altura, parecia ser o que procurava. Apontando para ela, disse:
— Esperem aqui. Vou subir para dar uma olhada lá de cima. Temos que saber se os
estranhos abandonaram sua espaçonave.
Sem esperar resposta, foi subindo pela pedra. Seus pés encontravam pontos de
apoio, mas teve de aumentar o suprimento de oxigênio, regulando seu aparelho.
Chegou finalmente ao cume, onde a vista era melhor do que pensava. No lado do
poente, via-se a pequena nave de emergência destroçada. Bastava um olhar superficial
para se perceber que estava imprestável. Do lado oposto, era uma cerrada plantação de
cactos. Felhak não conseguia, porém, ver nenhum sinal da espaçonave estranha. Quem
sabe estaria escondida numa clareira da floresta? Mas, no sudoeste, havia alguma coisa se
movendo. Não parecia ser o grupo de Becker, pelo fato de seus componentes serem
apenas sete. Os que lá caminhavam deviam ser pelo menos duzentas pessoas. Como uma
manada de búfalos, disparavam cegos na direção do lago, como se estivessem morrendo
de sede. Felhak ligou mais uma vez o rastreador.
O ativador estava mesmo na margem leste do lago. Desceu com cuidado até seus
companheiros.
— Proponho fazermos um armistício — disse ofegante. — Acho que daqui para
frente temos de considerar nosso objetivo comum a descoberta do ativador, independente
do fato de quem vai ficar com ele. Se não nos unirmos, não veremos nem cheiro do
ativador. Lá embaixo, na planície, estão caminhando umas duzentas pessoas na direção
do tesouro. Tenho receio de que, dos nossos sete colegas, não sobrará muita coisa quando
os dois grupos se defrontarem, o que infalivelmente acontecerá, pois ambos caminham
para o mesmo objetivo.
— Duzentas pessoas?! — perguntou Faucette, admirado. — Que quer dizer com
isto?
— De qualquer maneira, são humanóides, como nós. Se arcônidas, acônidas ou
saltadores, não sei.
— Saltadores! Isto pode ser. Somente eles poderiam atirar covardemente, sem
motivo, sem aviso, numa nave terrana. Em todo lugar onde houver complicações, lá estão
eles.
— A gente pode ter complicações também com os terranos — rebateu logo Felhak.
— Portanto, armistício entre nós...
Todos estavam de acordo. Até mesmo o fanfarrão Redston não fez nenhuma objeção
quando o comandante opinou.
— Bem, então vamos continuar a caminhada. Os saltadores, se é que são eles
mesmos, terão deixado apenas uma pequena guarda em sua nave.
Felhak hesitou um pouco e continuou em tom de zombaria:
— Se tomarmos por base o que se passou conosco, pode ser que não haja mesmo
ninguém a bordo, o que nos facilitará muito. Entraremos na espaçonave e fecharemos
todas as escotilhas. O sargento Redston se encarregará da sala de rádio. Quem sabe
mesmo poderemos entrar em contato com os saltadores para impor nossas condições?
— Que condições? — perguntou interessado o cadete Grabitsch.
Mas Felhak não estava disposto a detalhar-lhe o plano e tinha bons motivos para
isto.
Enquanto caminhavam sob a proteção da espigada plantação de cactos, na direção
do local onde estava a espaçonave dos saltadores, Felhak teve tempo de urdir toda sua
trama. Era bem provável que os comerciantes da Galáxia iriam descobrir facilmente os
sete homens da Nusis e matá-los. Então, iriam buscar o ativador e trazê-lo para a nave.
Neste meio tempo, a Frota Imperial teria recebido o alarma. Assim, com toda calma,
poderia propor aos saltadores que trocassem o ativador por sua nave cilíndrica, o que
aceitariam sem pestanejar, pois uma vez de posse de sua nave, julgariam ser muito fácil
retomar o tesouro da vida eterna.
Mas, até lá, já teriam chegado os gigantes da Frota Imperial aos céus de Honur e não
haveria mais comiseração com os malfeitores. As três testemunhas oculares — Felhak
estava olhando para seus comandados — não veriam nada disso, já estariam mortas.
Então, ele, Felhak, lamentavelmente, seria o único sobrevivente da Nusis. E no seu peito
repousaria, para sempre, a força da vida eterna.
Felhak não podia supor que o Capitão Faucette nutria as mesmas esperanças e que
os planos de Grabitsch e de Redston não eram essencialmente diferentes. Assim então,
todos os quatro caminhavam com a melhor das disposições e o mais rápido possível para
chegar à nave dos saltadores.
Uma hora mais tarde, estavam à sua sombra.
Para surpresa de todos, duas escotilhas estavam abertas. Primeiro a entrada normal,
depois, nos fundos, a comporta de carga.
— Esquisito! — disse Faucette, irritado. — Como se pode ser tão irresponsável
assim? Haverá alguém a bordo?
Esconderam-se atrás de alguns arbustos, sem perder de vista a clareira. Nela ou na
nave, não se percebia o menor movimento.
— Temos de estar preparados para tudo — disse Felhak. — Estejam de armas
engatilhadas. Fiquem afastados dez metros um do outro para não formarmos um alvo
fácil.
Nos próximos minutos, iriam arriscar a vida. Entrariam na espaçonave sem
nenhuma cobertura e podiam esperar que a qualquer momento alguém abrisse fogo contra
eles. Mas não aconteceu nada, chegaram sãos e salvos até uma das escotilhas abertas.
Felhak foi o primeiro a entrar. Depois de todos lá dentro, fechou-se a escotilha
externa. Para maior garantia, o Capitão Faucette travou-a por dentro, o que não era
necessário na comporta de carga que só se abria por dentro. Assim, havia sempre uma
saída à disposição para um caso de emergência.
O sargento Redston ocupou a cabina de rádio da nave e ficou estudando o
transmissor. Não havia mais dúvida quanto à identidade dos estranhos. O formato
cilíndrico da nave já dizia que seus donos eram os mercadores galácticos.
Quando Redston anunciou que o transmissor estava pronto, Felhak tomou posição.
Antes de entrar em contato com a base espacial terrana mais próxima, avisou:
— Não podemos ser apanhados de surpresa, em hipótese alguma, seria uma
desgraça. Faucette, vá para a central de comando e observe bem em torno da espaçonave.
Grabitsch, você será o responsável pelos postos de artilharia de bordo, enquanto souber
lidar com estas armas. Redston, procure achar munição para nossas armas. Rápido...
rápido!
Somente depois de ficar sozinho, transmitiu o pedido de socorro. Não foi preciso
esperar muito pela resposta. Um cruzador da vigilância, patrulhando a apenas dez anos-
luz, deu o sinal de reconhecimento.
— Aqui fala o Major Felhak. Peço socorro. Minha nave, a Nusis, foi abatida sobre o
planeta Honur pelos saltadores. Os poucos sobreviventes estão em luta com os piratas
espaciais. Consegui penetrar até a cabina de rádio da nave inimiga.
— Vamos apanhá-los e, logo depois, transmitir a notícia ao quartel-general. Espero
que vocês agüentem um pouco.
— Seria mais importante para mim, se você pudesse fazer imediatamente uma
ligação direta para o grande administrador. Gostaria de falar com ele.
Notou-se o espanto na voz do desconhecido interlocutor.
— Com Perry Rhodan? Você sabe que o administrador atende somente em casos de
extrema gravidade...
— É um caso de extrema gravidade, pode crer em mim. Trata-se de um ativador
celular.
Por alguns segundos, se fez silêncio total. Depois, o outro disse:
— Um ativador celular? Explique-se, por favor...
— Nada de explicação. Faça imediatamente a ligação com Rhodan, rápido, do
contrário terei que fazer queixa de seu comportamento.
Ficou esperando. Os minutos passavam como se fossem horas. Entrementes o
Capitão Faucette voltou.
— Lá fora está tudo tranqüilo. Não se vê um saltador. E, conforme Grabitsch
observou, está faltando um deslizador lá no hangar. Um dos saltadores deve estar a
caminho. Daí a razão da comporta aberta.
Antes que Felhak pudesse mandar de volta o Capitão Faucette, soou no alto-falante
a conhecida voz do administrador:
— Major Felhak! Aqui fala Rhodan. O senhor deseja fazer uma comunicação
importante?
Felhak sentiu o coração disparar, mas se controlou na presença de Faucette.
Descreveu com calma os acontecimentos, e omitiu os lances a respeito do motim. E
concluiu:
— A menos de quatro quilômetros daqui, há um ativador celular, pelo qual lutam
renhidamente os saltadores e o resto de minha tripulação. Era minha intenção entregar
este ativador ao quartel-general, mas me permito a pergunta se ele poderá ficar comigo,
caso o consiga arrebatar dos saltadores?
A voz de Rhodan estava um pouco hesitante.
— Do ponto de vista jurídico, ele lhe pertence, major. Por outro lado, temos de
considerar que o senhor está a serviço. E como cidadão normal jamais poderia chegar a
Honur... Sob este aspecto, a situação jurídica se altera um pouco.
Felhak viu como a mão de Faucette escorregou para a arma. Nos olhos do capitão se
vislumbrava a chama do ódio de quem se sente enganado. Se Rhodan já estava quase
prometendo o ativador a Felhak, era então mais do que evidente que não lhe restava
nenhuma chance de chegar a dono do precioso objeto.
Felhak disse tranqüilo no microfone:
— Senhor, desisto então do ativador e o deixo à sua disposição. No momento, aliás,
estou sendo ameaçado de morte pelo Capitão Faucette, meu primeiro-oficial. Ele quer o
ativador.
— Eu lhe agradeço, major — foi a resposta de Rhodan. — Que está havendo com o
Capitão Faucette?
O administrador não recebeu mais a resposta.
O Major Felhak silenciou. O transmissor foi desligado ou, quem sabe, destruído!
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