Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
O art. 497 “caput” do CPC, deixa cristalina a ideia de privilégio a tutela especifica nas
obrigações de fazer ou não fazer.
Sendo que a conversão em perdas e danos do fazer ou não fazer somente em caso de
requerimento do credor ou impossibilidade de obtenção do resultado específico. (Art. 499 do
CPC).
Porém é importante salientar que o art. 497 do CPC não trata apenas da tutela
especifica, mas também permite que o juiz determine providências para assegurar o resultado
prático equivalente ao adimplemento.
Assim podemos entender que o legislador trouxe na norma uma ordem de prioridade:
1º Tutela especifica
O parágrafo único do art. 497 do CPC diz respeito a tutela inibitória, esta como o
próprio nome sugere, não trata e tampouco gera efeitos naquilo que já ocorreu, é sempre
voltada para o futuro.
A discussão maior neste ponto recai sobre a hipótese de o credor requerer a conversão
em perdas e danos, mesmo quando o cumprimento especifico da obrigação é possível, tal
situação conflitaria com o princípio da menor onerosidade?
Em regra, o credor não pode exigir do devedor, prestação diversa daquela que foi
ajustada, porém a partir do momento em que sobrevém o inadimplemento, entende-se pelo
surgimento de um direito potestativo do credor em optar pelo cumprimento especifico ou pela
conversão em pecúnia.
Tal opção dada ao credor, não tem o intuito de mitigar o principio da menor
onerosidade, considerando que este princípio tem aplicabilidade de forma prioritária aos meios
executivos que serão aplicados pelo o julgador para impor ao devedor o cumprimento da
obrigação e não no tocante ao objeto da prestação imposta.
Desta forma, o princípio da menor onerosidade somente será considerado nos casos em
o juiz vislumbrar a possibilidade de impor outro fazer ou não fazer, que trará resultado prático
equivalente a tutela jurisdicional especifica pretendida.
Assim para que uma obrigação tenha validade, é requisito que seu objeto seja possível.
Insta ainda salientar, que se tal impossibilidade decorrer de um fato alheio a vontade do
devedor, como por exemplo, força maior, caso fortuito, ela extinguirá a obrigação, sem
possibilidade de conversão de perdas e danos.
Desta forma passamos a analisar as características que tal impossibilidade deve conter
para possibilitar a conversão em perdas e danos:
I – Superveniente
II – Absoluta
Salientando que o fato de não ser possível a conversibilidade, não exime o devedor de
indenizar a parte contraria pelos eventuais danos causados, por dolo ou culpa, porém não
significa dizer que tal indenização será equivalente a pecúnia da obrigação cujo objeto era
impossível.
A impossibilidade deve ainda se dar de maneira absoluta, ou seja, a obrigação não pode
ser cumprida pelo devedor e nem por qualquer outra pessoa, algumas doutrinas denominam tal
impossibilidade como objetiva.
Sendo fungível a obrigação originária, somente poderá ser convertida em pecúnia nos
casos de impossibilidade absoluta de cumprimento.
Caso ainda exista o interesse do credor na obtenção da obrigação especifica, não haverá
imposição, cabendo a escolha ao credor.
Essa imputabilidade pode se dar pelo inadimplemento culposo do devedor, que também
é chamada de imputabilidade subjetiva ou pode ocorrer de uma imputabilidade normativa, que
independe de culpa do devedor para o inadimplemento, chamada também de imputabilidade
objetiva.
Nos casos em que a impossibilidade do fazer ou não fazer, ocorrer sem a vontade ou
conduta do devedor, resolve-se a obrigação, em regra sem a possibilidade de conversão em
perdas e danos, é o que preceituam os arts. 248 e 250 ambos do Código Civil.
Importante destacar o devedor em mora, pois nesse caso, independentemente de culpa
do devedor, haverá imputação objetiva, ou seja, o devedor que estiver em mora responderá
pelas perdas e danos, mesmo que sem culpa (art. 399 do C.C).
Desta forma pode-se concluir que a culpa do devedor somente será requisito para
conversibilidade, quando esta se der de forma superveniente, antes do momento a partir do
qual se caracterizará a mora.
Lembrando que via de regra a citação do processo judicial, mesmo quando determinada
por juízo incompetente caracteriza a mora do devedor. (Art. 240 do CPC).
I – O autor pode optar pela conversão, desde a petição inicial, hipótese em que o pedido
não terá como objeto a tutela específica da obrigação originária, mas sim seu valor pecuniário
equivalente.
Igualmente a hipótese anterior, tal decisão irá reconhecer obrigação de pagar quantia,
devendo sua execução ocorrer conforme o procedimento previsto para este tipo de obrigação.
III – A conversão pode ainda ocorrer após o trânsito em julgado da decisão de mérito,
ou seja, certificada a obrigação de fazer ou não fazer, é licito o credor converter a prestação
originária, em pecúnia e dar inicio a fase de cumprimento para pagamento de quantia.
Porém nessa hipótese a possibilidade de conversão e a extensão de perdas e danos
deverá compor a causa de pedir e pedido e poderá ser debatida pelo devedor em sua
impugnação.
Se a conversão se der por opção do credor, deverá ser discutido nesse incidente:
Buscando efetivar a tutela jurisdicional, o juízo pode se valer das medidas executivas
diretas (sub-rogação) ou indiretas (medidas coercitivas).
O art. 536, §1º e 139, IV, ambos do CPC, preveem o poder geral de efetivação do órgão
julgador, instituindo uma clausula geral de atipicidade dos meios executivos.
Desta forma as medidas executivas podem ser típicas, que são aquelas previstas em lei,
lembrando que tal rol é meramente exemplificativo, tendo em vista que o juiz pode ainda se
valer dos meios atípicos, que são aqueles não previstos em lei.
Desta forma caberá ao julgador, partindo da análise do caso concreto, aplicar a medida
típica ou atípica que se revelar mais eficaz no caso concreto, não estando inclusive adstrito da
medida executiva requerida pelo credor, podendo assim impor , medida executiva não
requerida pela parte, ou ainda distinta do que foi requerido, seja ela mais gravosa, menos
gravosa ou mesmo de natureza distinta.
Insta salientar que este poder não existe, quando a parte lança mão de determinada
medida executiva, considerando o princípio da disponibilidade da execução. Tampouco é licito
ao julgador atuar de oficio, quando a legislação exige a provocação do credor para aplicação da
medida executiva, como por exemplo, a prisão civil do devedor de alimentos, protesto da
decisão, inclusão do nome no cadastro de inadimplentes etc.
É licito ainda ao magistrado, substitui uma medida executiva por outra, quando aquela
se mostrar ineficaz, ou se mostrar excessiva para o objetivo almejado. Podendo ainda reforçar
a medida aplicada que se mostrou ineficaz, cumulando-a ou substituindo por outra de natureza
igual ou distinta.
A decisão que concede tutela provisória, também esta sujeita as medidas coercitivas
para efetivação desse tipo de decisão, é o que dispõe o art. 297 c/c art. 537 ambos do CPC
Multa coercitiva
Pelo fato da multa não ter caráter punitivo e nem indenizatório, é licito a cumulação
com a indenização por perdas e danos (Art. 500 do CPC), bem como com a multa por litigância
de má-fé (Art. 536, §3º do CPC), não caracterizando “bis in idem”.
Por tais fatores, que a princípio tal multa não possui um teto, uma limitação, pois se
possuísse natureza indenizatória deveria observar a extensão do dano e se fosse punitiva,
deveria limitar-se ao montante da obrigação principal.
Porém insta salientar que não há qualquer impeditivo ao juiz, de limitar tal multa,
evitando a afronta aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, bem como o
enriquecimento sem causa da parte adversa. Porém ao estabelecer esse teto, o magistrado deve
observar se tal medida atingirá a finalidade que se presta, qual seja, pressionar o devedor a
cumprir a obrigação que lhe recai.
A multa não é um fim em si mesma, ou seja, se ela não irá cumprir a finalidade a qual se
destina, não deverá incidir, tendo em vista que somente agravará a situação do executado.
O art. 537 do CPC, dispõe que a multa pode ser utilizada como meio executivo indireto,
objetivando coagir o devedor ao cumprir a obrigação que lhe recai, porém para tanto é
necessário que de inicio seja concedido um prazo razoável para que o devedor cumpra a
obrigação, servindo este prazo como segurança para o devedor, no sentido de que dentro desse
prazo não incidirá qualquer medida executiva.
Assim cumpre destacar o §4º do art.537 do CPC “A multa será devida desde o dia em
que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão
que a tiver cominado.” Deixando claro que a multa somente passará incidir a partir do
descumprimento da ordem judicial, que se configura após escoado o prazo para cumprimento
voluntário.
Porém o julgador deve ser cauteloso quanto a estipulação desse prazo, analisando cada
caso concreto.
Critérios:
a) Avaliar se o cumprimento da obrigação na forma especifica é jurídica e
materialmente possível.
A multa coercitiva possui uma finalidade específica, qual seja, a coação, desta forma o
julgador deve ser ponderado ao aplicá-la, devendo ainda observar as peculiaridades do caso
concreto.
Assim, não há razão de ser, a imposição da multa, àquele que não possui condições
financeiras para arcar com a mesma, tendo em vista que a finalidade não será atingida e apenas
irá agravar a situação do executado.
Ou ainda nos casos em que o valor da obrigação é pequeno, podendo tornar-se objetivo
principal do exequente, que “torcerá” pelo descumprimento da decisão, visando a multa
imposta.
A doutrina entende ainda não ser apropriado, a aplicação da medida coercitiva, nos
casos em que o cumprimento da obrigação dependa de processo de inspiração ou criatividade,
considerando que a coação somente irá prejudicar esse processo, desta feita, é necessário
avaliar o caso concreto se a imposição da multa coercitiva será a melhor opção.
O juiz deve verificar se a imposição de tal medida não irá onerar o devedor de forma
desnecessária, pois em determinadas hipóteses, a aplicação de outras medidas executivas,
distintas da multa, se mostram muito mais eficazes, como por exemplo, uma busca e apreensão,
um bloquei de valores, que trariam a satisfação para o credor, de uma forma menos onerosa ao
devedor.
Nesse sentido o STJ traz o entendimento de que é um dever do julgador, a aplicação dos
meios executivos menos gravosos e que se mostre eficiente para entrega do bem da vida
almejado. (STJ, 4ª turma, AREsp 738.682/RJ, J. 17/11/2016).
O art. 537 do CPC, deixa cristalina a ideia de que deve haver compatibilidade entre a
tutela almejada e o valor da multa imposta.
Assim quando estamos diante de um direito fundamental, vida, educação, saúde etc,
haverá mais expressividade na imposição da multa, tendo em vista que tais direitos são
inestimáveis.
Por outro lado, se estivermos diante de uma obrigação que diz respeito a direito
material, que possa ser valorado, o montante correspondente a obrigação propriamente dita
deve servir como parâmetro para se estipular a multa. (Entendimento STJ, AREsp 738.682/RJ).
No que diz respeito a periodicidade da multa, é comum que seja diária, porém não é
uma regra, a multa pode ter periodicidade semanal, mensal ou ser até fixa.
A decisão fica a cargo do juiz, diante da analise do caso concreto, considerando o ilícito
que se pretende remover ou prevenir.
Insta salientar que o §1º permite a modificação da multa vincenda, mas não daquela
que já venceu, considerando que qualquer modificação realizada não afeta a multa que já
incidiu, pois conforme já mencionado sua eficácia/efeito é prospectivo.
Porém o texto de lei, prevê em seus incisos, três aspectos que o julgador deve considerar
no momento de realizar tal alteração.
Sendo possível também que a impossibilidade seja temporária, hipótese em que não
incidirá multa enquanto a impossibilidade perdurar, podendo a decisão ter eficácia retroativa.
Tal hipótese é possível, porém excepcional, pois em regra o momento para se fazer o
controle do valor e da periodicidade da multa é o da incidência e que sua eficácia seja
prospectiva, tal como prevê o art. 537, §1º do CPC quando trata da possibilidade de modificação
da multa VINCENDA, ou seja, admitir a revisão do valor já acumulado (revisão retroativa/multa
vencida) é uma excepcionalidade e deve ser realizada na execução que se busca seu pagamento,
cumprimento obrigação para pagamento de quantia.
Incide tal hipótese quando no caso concreto há um choque entre a efetividade da tutela
jurisdicional e a vedação do enriquecimento sem causa, admite-se a revisão do montante
acumulado com eficácia retroativa.
Tal pedido deve ser feito ao próprio juiz da causa, após deflagração da fase de
cumprimento para cobrança do valor, através da impugnação, art. 525 do CPC, essa é a regra.
Porém nos casos em que a multa ainda está incidindo e já existe um valor acumulado é
possível o devedor tomar duas providências: exercer o controle “ex-nunc” da multa, conforme
vimos no tópico anterior e formular de maneira concomitante o pedido de revisão “ex-tunc” do
valor acumulado.
Importante destacar que a compatibilidade trazida pelo art. 537 “caput” do CPC, refere-
se ao valor inicial fixado pelo órgão julgador e não ao montante que se acumular pelo
inadimplemento do devedor, assim o fato de a multa ter sido fixada de forma compatível, porém
seu montante acumulado se mostre incompatível, não descumpre o determinado pelo referido
artigo.
Não devemos considerar apenas a conduto do devedor, mas também a do credor, parte
interessada no bem da vida tutelado, é importante verificar se o credor também buscou a
efetivação da tutela, no sentido de requerer ao juízo adoção de medidas mais eficazes para
cumprimento da obrigação, ou manteve-se inerte, visando a percepção da multa e do benefício
econômico que ela lhe traria.
Decorre do principio da boa-fé (art. 422 do C.C) que deve nortear os contratos em geral,
ou seja, as partes devem ser leais, antes, durante e depois nas relações jurídicas.
Consiste então tal teoria na ideia de que o credor deve mitigar as suas perdas, seus
próprios prejuízos, caracterizando sua inercia uma afronta ao princípio da boa-fé.
A boa-fé objetiva é uma cláusula geral, não havendo previsão de consequência, diante
de sua violação, ficando a cargo do órgão jurisdicional, diante da análise do caso concreto
determinar medida sancionatória para tal conduta ilícita, sendo a mais comum nesses casos a
perda pelo credor de sua situação jurídica vantajosa.
Tal teoria criada para ser aplicada nas questões de direito privado, pode ser aplicada no
universo processual, considerando o principio da boa-fé processual, sendo assim é plenamente
possível reconhecer a existência de um dever que recai ao credor com base no art. 5º do CPC,
de mitigar o próprio prejuízo, evitando que a multa alcance um valor exorbitante.
A multa de que trata o §2º do art. 77 do CPC é aplicável os casos de atos atentatórios a
dignidade da justiça.
O não cumprimento de uma obrigação de fazer ou não fazer determinada a parte pelo
órgão julgador, pode caracterizar como ato atentatório a dignidade da justiça, é o que prevê o
art.77, IV do CPC.
Em tais hipóteses pode o juiz aplicar a parte, sem prejuízo as demais sanções civis,
criminais e processuais, aplicar multa de até 20% do valor da causa, levando em consideração a
gravidade da conduta, sendo o valor da causa irrisório ou inestimável a multa poderá ser fixada
em até 10 x o salário mínimo.
Tal multa tem natureza administrativa e tem por finalidade punir aquele que praticou o
ato atentatório, podendo beneficiar a União ou o Estado, a depender de onde tramita o feito e
o seu valor é revertido ao fundo de modernização do Poder Judiciário federal ou estadual.
Desta forma é possível a cumulação da multa coercitiva com a multa do art. 77, §2º do
CPC, pois possuem natureza, finalidade, destinatários e forma de fixação distintas.
A multa disposta no art. 774, IV do CPC, busca reprimir a mesma conduta do art. 77, §2º
do CPC, qual seja, atos atentatórios a dignidade da justiça.
Fredie Didier: entente não ser possível a cumulação quando se tratar da mesma conduta
atentatória, pois configuraria o “bis in idem”, puniria duas vezes pelo mesmo fato.
Daniel Assumpção: entende ser plenamente possível a cumulação das duas multas, pois
a diferença de credores afastaria o “bis in idem”, destacando que o STJ já admitiu a possibilidade
de cumulação REsp 1.101.500/RJ 27.05.2011.
Das intimações
Aplicando-se subsidiariamente o art. 523 do CPC, em caso de não fixação do prazo por
parte do magistrado, considera-se o prazo de 15 dias para o cumprimento da obrigação.
O prazo para apresentação de defesa do executado, que nessa hipótese será a
impugnação passa a fluir após o decurso do prazo para cumprimento voluntário. (Art. 536, §4º
c/c art. 525 ambos do CPC).
Referências bibliográficas:
➢ Gonçalves, Marcus Vinicius Rios, Direito processual civil esquematizado– 8. ed. – São
Paulo : Saraiva, 2017;
➢ Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – vol. III. 51. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017;
➢ Didier Junior, Fredie, Braga, Paula Sarno e outros - Curso de Direito Processual Civil –
vol. 5, 8ª ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2018;
➢ Neves, Daniel Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil, volume único,
10ª ed. rev. e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2018;
➢ BRASIL. Lei 13.105 de 16 de março de 2015
➢ Neves, Daniel Assumpção Neves, Novo Código de Processo Civil comentado, 3. ed. rev.
e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2018;