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Endereçados à ninguém
Fernanda Infinitiva
Luzes apagam estrelas
Co-r-isco no Cáos
a poesia é um risco
é sempre um risco
as paralelas se abrem
na deforma o formão
plantas em rascunhos
enormes conjuntos
em debandos de escrachos
a literalidade da metáfora
a metonímia da loucura
a sombra da hipérbole
no concreto em pedra
eufemismo d'agua
se foi o consenso
contexto
recomeço convexo
escrevo
sem nexo
em texto disléxico
conversão inversa
intensa
reversa
extensa
pra la de conversa
cisterna cheia
transbordada
de travessa
em travessia
de rio da curva
em maresia de mar
que enturva
piracema acima
da descida
que exclusa
se recusa
a seguir viagem
poesia lamento
canto em rito
tambor no chamado
coração pulsante
sangue em chuvisco
em mim – derramado
sopro suspiro
divino me entra
atravessado em sons
meu eu todo
em mim se esvai
passos da terra
pisado em batismo
em tudo no tudo
que me cerca
oferenda é um riso
em fingimento de ser
e em fingimento constante
me pego sendo
tão seriamente
o eu que o eu finge
abandonei a ilha
me dei um tempo
me encontrei marcado
pra me desencontrar
em direção ao norte
mais eu me encontrava
no chão em sombra
sempre me entrevendo
certo dia
e me encontrei fazendo
coisas que eu não esperava
quando retornei
em tempestade navegava
eu era só um remo
longe de mim
eu entendi assim
que eu estava
a cidade inverte a lógica
coisa tóxica
os risos desvestidos
outrora revertidos em
cobre de coberta
louca entreaberta
rente e incrustado
crostas de borras
e regenera o caminho
não transpassado
um turbilhão de cenas
paradas e referendadas
ilógicas e silogismos
terremotos terrenos
símios a cantarem
ancestralidade a retesar
na calçada a planta
parentes convergem
refeição de horas
transcorridas e embevecidas
de minutos enquanto
os astutos deleitam-se
em banquete festivo
em encontros fadados
real, inconcreto
abstrato
secreto
escondido númen
no fim da cruz
início do túnel
subterrâneo
conduz
os caminhos
as esteiras
em direção aos
estacionamentos
andantes, constantes
movimentos
de segmentos
incertos
se transpassa
em cor reta
quadrada
decâmetro em finito
infinito rodado
ja choveu
ja clareou
queimou tudo
e reacendeu
ja teve plantio
colheita
arado e até
no vento da lua
e semente
que renasce
permanece sempre
o movimento
em constante pulsar
álveolo de nuvem
caindo e chovendo
pingo em pin
go d’água no ar
I
do cigarro o recalque
fundido no estômago
de suco ao sulco
gastar, a dizer
as palavras la permanecem
corroendo-se
formarem a sentirem-se
II
dessabor
III
assim outorgadas e
de muita sabedoria
desconecto, desconexo
analógico do inverso
a lógica logifica
e coisifica os universos
teço o reconvexo
retroverso, reconverso
analógico do universo
laço de retrocesso
caleidosverso a respeito
do multiacesso – acessam
é novidade do terno
do desconexo – descontesto
e retorno ao verso
ao reconverso, versificação
o que me trouxe
estarei anteontem
nessa passarela vã
no passado aonde
em tanto respiro
direção lá atrás
em passo caminhado
semente de reclusa
a carapaça dura
que me interna
aqui dentro
em tempo
alugado
que eu
deixo
alug
atra
sa
o
escancaro
abro e me reparto
em mil pedaços
e me deixo semear
em seus bicos
de galhos em galhos
me vou e me parto
eu mesmo em mim
em regaço
de não me querer
e ao mesmo tempo
me deixar ir
con-sentir
sem me ver
ao vento
eterno ruir
flui o silêncio
de me deixar ler
somente o que
me posso entrever
o velho saber
da ingênua brincadeira
de se esconder
como um gambá
quando se quer
do golpe desviar
e mesmo em delírio
outro golpe
do estribilho
ele vê em si ressoar
em constante brilho
em eterno reluzir
se faz ardente
e queima e inflama
que na retina
se vê em colírio
de suas palavras
que só a si
sabe da origem
que declama
e inteiro se ri:
meio que em si
no próprio cu
to muito mesmo
fora do cruzamento
da bala e faço
festim de abstrato
procuro o extrato
da diversão de saber
do insabível
e ficou invisível
e mais daquilo
que arrisco
no risco torto
e apenas deleitar
no riso escondido
ficou calado
do meu lugar
tem palavras que a gente pendura no varal
em juntarem-se em palavras
lavradas, escancaradas
de sentir o ar
me faltam as frases
e o meu ar
café coado
o pó e o amargo
expulsos do éden
que, na verdade
dual, divisível
é união
e do um, o dois
paremos, somente
o cerne do enfado
e assim dispensamos
longe e disperso
no que é imerso
em chá decantado
recalcular a rota
em qualquer situação
é só questão de entender
e tentarmos sempre
de que? de cadeira?
te dá muito pigarro?
e se eu tivesse mais?
de óculos ou coado?
o café ou eu?
decantado?
mas é um recado?
nem te dá ressaca?
me passa o chá?
de cadeira?
pra que?
a minha e a sua?
coada?
a pasta ou a escova?
e se der?
...
...
...
me passa o café?
do Cáos eram – erram erros, Éros
encontro é quando -
a improbabilidade
do colapso
liquefaz com a
expectativa do ego
a naturalidade do cáos
a caverna entoca
a toca acorda
a corda enforca
encosta
em costa
de costas
pro mundo
que dá voltas
deixa
larga
solta
voa
avoa
encosta
abaixo
retesa
líquido
acima
abraça
riso
somos
seremos
fomos
estamos
queremos
quando
tanto
entremos
talvez
saindo
sempre
menos
ainda
sim
não
antes
depois
sempre
sorrindo
sigamos
ciganos
corda
bambeia
limbo
o elefante segue
segue em frente
abre, caminha
em sol ardente
na escuridão
superfície lisa
rizoma de tecido
dá-se em liga
em nó desfeito
perecível
amanhecido anoitece
luar em movimento
magnetismo agreste
seco outono
árvores escalpeladas
cavalga inefável
o elefante
em retorno
de sua morada
espera interminável
do silêncio
embriagado lampejo
sinuoso embuste
caminho a esmo
em seda, líquido
arguido retorno
escombros escritos
em constante contorno
consoam os timbres
em paletas multiformes
re-volúpia pequena
minúsculas pernas
galopando pontos
em linhas enormes
devoram trajetos
dejetos pútridos
sementes abjetas
objetos rútilos
canalizam semblantes
sombras e vultos
em todos os cantos
traços esvoaçantes
esbarra em regaço
estilhaça o sangue
estanca e acalma
afaga em brisa
o suor da retina
em íris arbórea
no som do caminhar
e triscam na pisada
encontro do olhar
estalo da esquina
na curva do rio
noite em crisálida
esbanja claridade
no minguante luar
dura um instante
um infinito instante
em retorno trajeto
transparente como
um brilho ofuscante
em brio de neblina
amamenta de córnea
os pontos perdidos
no esbarrão da calçada
e se deixa em marca
de passo em passo
e no brilho todo
em semente de inverno
e deixa no agora
redemoinho eterno
que balança e mexe
de dentro do estômago
de onde se afetam
todos os sonos
acordados de palavras
mas na víscera
em si, no osso
no que é venéreo
o corpo concatena
a linguagem dissocia
um grande liquidificador
batendo afetos
andando no inverso
em deslógica nuclear
em sentido reverso
o alto montanhoso
e se desfez em trajeto
em direção ao alto-mar
ressoam estalos
em desejo
e das pinças
em cordas
todas
estrondos
de fogos, enrosco
de alaúde
som, silêncio
um ruído fosco
e um desnude:
quando se
tocam os contrapontos?
e talvez só
o desbunde
esse requinte
todo em desmundo
me deslumbre na tua
ventania
teu cerco
em escutar
qualquer vácuo
em nosso cáos
de tremendos ruídos
da nossa gritaria
emudecida pelo
em sapato gasto
que se arrasta
trajetória no solo
em tamanha patifaria
e se vem no silêncio
em movimento
de flexão e extensão
a desdobrar curvas
nos braços
pequenas cordas
de fugas em rotas
no som do que
em segredo de rastros
nos deixamos
em pisos descalços
em brisas rasas
o contraponto
em contrapoesia
de contrapartida
em contrarrevelia
de concentrarmos
no instante em salto
e que em trança
se encontram as notas
dedilhadas
em deleite querer
de lhe querer
em vôo de vento
em furacão
de tocarmos mudos
-e como te alvorece?
-te estrelo.
-em ensejo?
-cortejo decolado.
-pra onde?
-quebra em onda?
-o espaço-tempo?
-imagina, são.
-quantos?
-em prantos?
-não, em goles.
-de chuva?
-decanta em mar.
-que me salga.
-e nos banha.
-além-céu derradeiro?
-derradeiro.
-aguadeiro.
e é no repente que de repente a gente acontece
e permanecemos ligados
um nó de pingo d'água
o que ficou
o que deixou
e se desfez
um grito
interno
calado
sufoco
de não poder
transparecer
atravessado
de dor
e pensando
porque?
como pode?
é tanto
o montante
do encanto
que em canto
afetado
no canto
quieto
calado
recanto
de não
negativar
o sim
que não
cala
não quer
calar
e assim
quem a quem
eu quero
eu mesmo
de mim?
pode ser que
em certa medida
a medida desmeça
e peça licensa
e se disperse
nunca despeça
pedido fadado
inverso rebocado
talvez se meça
não esqueça
que quanto
do quanto
que somos
no canto
na semente
do cosmos
é somente
da raridade
do encontro
um enorme ponto
de intersecção
desmedido
quando dei por mim
e deixando transparecer
e eu todo envergonhado
me sentindo exposto
e esvaziado daquilo
e me vendo reflexo
eu acabara de perder
nervoso, extasiado
eu queria mais
continuar dançando
e o meu pé cair
em um constante frenesi
à tua saia
fugindo e retornando
correndo e me caçando
me vi em mim
entrelaçado em ti
e entendi –
de vil e de encanto
do jogo constante
emaranhado rugoso
ta ficando cinza
não desbotar
o meu tom
é o tom da brisa
riso de ventania
e se expira em brisa
saliva de poeira
e escarra pétalas
gira flor
tornado me aterrisa
e no olho do teu
olho em vácuo
me faz cócegas
e de lábio em língua
me contorna
me ensorrisa
aonde flor –
flor irei
aonde flores –
flor iremos
retém o que importa
e se demorou
derrocada de vida
me habita
me conquista
e de grito em grito
uma caixa
dentro em mim
um outro em outro
de pouco em pouco
camada de casca
que engasga
me farta
perfume doce
da minha debandada
me vou, fui
para fora
rompendo as lascas
de cada rocha
da minha caixa
dura carapaça
que me atravessa
me transpassa
revoada em vôo
que me inclina
em rota de fuga
que me alucina
e me conjuga
verbo da minha
transitividade
que me desnuda
e me transpassa
e em reclusa me recria
não dou conta do futuro
quero deixá-lo
me esgueirar
me entregar
é tão louco
em tanto e quanto
me vem à mente
ou mesmo um ensejo
me satisfaz
e assim em pouco
na grandiosidade
da pequenês ignorância
eu me reservo à santidade
de me derivar
e poder me recalcular
toda a rota
e assim me guiar em direção
do deslocamento imune
fiquemos é pelados
e seremos apenas
ardentes fogareiros
de sol quente
do tempo intermitente
e assim me pego
de pouco em pouco
me direcionando
me quer agorar
agora é a hora
perdida em meio
à perdição
de não se encontrar
anseio de ir
te mostrar
à esquerda
não é assim
essa eterna
caminhada
e entrelaçada à ela
é sempre indecisa
ventos sopram
velas acendem
o fogo no céu
o fogo adentro
adentram
é tudo afora
que transpassa
e conforma
o que de dentro
condiciona
indo em direção
investir o derradeiro
vôo de soslaio
por onde
o náufrago
que movimenta
e gera fricção
rápida
que esquenta
se direciona
risos e espanto!
um estalido
encanto divino
encontros perdidos
do céu com a terra
em paz de sina
de partida
vou assim
nessa imensa
a areia do horizonte
e em movimento outro
se coloca em desmonte
é momento de voltar
cuidar de esvaziar
e puxar o ar conforme
a corrente cresce
outros mares
é que se tece
a correnteza perpassa
certeza do colapso
na água costurado
me seca e na secura
e se faz casca
no próprio azedo
no caminho em rota
no próprio semear
floresce afora
em conta gotas
escolha de recanto
da vida em remanso
caule da terra
e assim tocar
as notas amadeiradas
do sereno em cristal
em cada folha
de cada galho
alimento da base
e assim consome
vida em ciclo
e somente se vê
em constante movimento
tocar as extremidades
e conduzir semente
e de repente me enquadro
e em movimento resguardo
me interno e me contento
me acabo e reinvento
estilhaço a pele
me escalpelo e me penduro
a me vestir
e partido me reencontro
escarifico minha armada
em descompasso todo
e acendo o fogo
e conclamo as forças
de me descolar em contorno
de me refazer em costura
e me rejuntar em candura
em direção à terra
a estação da cheia
me ponho a perguntar
em estalactites pontiagudas
e me perfuram o chão
em constante desmonte
à vista, parada
consonância ondulante
em montante desanuviar
na poesia se recolhe
o transpirar da pele
transbordada em alvorecer
intermitente
cáos a dissipar
que me espera
e nos decompondo
densamente me provocam
todo desmantelado
lá da ponte, do farol
minha estrada
o presente do momento
no impulso em que
o corpo permanece
estático e é aí
que revemos
a (in)certeza do salto