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Milton Menezes

CONSTELAÇÃO SISTÊMICA – TRANSFORME.CE

1. O que é uma Constelação?


Qual a diferença entre uma Constelação Familiar e uma Constelação Sistêmica?

2. TIPOS DE CONSTELAÇÃO:
 Constelação Familiar

o Família de Origem;

o Família atual

 Constelações Organizacionais:

o Organizações;

o Grupos;

 Constelação Estrutural:

o Tetralema;

o Constelação Problema;

o Constelação do tema “protegido” (oculto);

 Constelação Formato PNL:

o SCORE;

o Trajetória da vida;

o Níveis Neurológicos;

 Constelação Sistêmica.

 Corpo – energia:

o Órgãos;

o Meridianos;

o Chacras.

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3. TÉCNICAS DE CONSTELAÇÃO SISTÊMICA:


Em Constelação Sistêmica, podemos utilizar, basicamente, 3 (três) técnicas
diferentes:

a) Utilizando Pessoas como Representantes: Nesta técnica, utilizamos pessoas


para representar os fatores de um sistema que está sendo constelado. Os
representantes vão utilizar as suas percepções em termos de sensações físicas,
emoções, pensamentos, impressões, impulsos, reações, etc. para expressar o
que está acontecendo com o fator real do sistema que está sendo trabalhado.

Vantagens: As pessoas tendem a expressar de forma mais intensa e fidedigna


os aspectos inconscientes que atuam no sistema favorecendo uma
identificação mais clara dos fatores determinantes do problema e dos
caminhos de solução.

Desvantagens: Dificuldade de organizar grupos de 15 a 20 pessoas para


poderem trabalhar um problema sistêmico de um cliente. Operacionalmente
dificulta a aplicação mais espontânea e pontual de uma questão no coaching ou
na terapia individuais.

b) Utilizando Objetos como Representantes (Bonecos Playmobil): Utilizamos


bonecos Playmobil, qualquer tipo de bonecos ou objetos para representar os
fatores do sistema em questão. Vamos usar a percepção do próprio cliente
para identificar e diferenciar os aspectos que estão atuando no sistema e que
estão inconscientes.

Vantagens: Podemos utilizar a qualquer momento no atendimento individual


ou em grupo sem a necessidade de recrutar outras pessoas para o processo.
Mesma eficácia do método com pessoas. Favorece uma percepção mais
“espacial “ do problema e visualização de dinâmicas no sistema, principalmente
se envolvem pessoas no problema em questão.

Desvantagens: Nem sempre o cliente tem um nível de percepção que favoreça


a aplicação desta técnica. O cliente pode interferir na descrição de suas
percepções com conteúdos conscientes, conceitos, explicações, pré-conceitos,
etc. distorcendo o resultado do método. (Para contornar este problema deve-
se aplicar a técnica com os FATORES OCULTOS par ao cliente no início da
Constelação).

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c) Utilizando Âncoras de Solo como posição para representantes: Neste método,


vamos utilizar Âncoras de Solo, ou seja, qualquer tipo de referência que possa
simbolizar os fatores do sistema e que permita uma “movimentação” e uma
mudança no “esquema corporal” do cliente na percepção das características
dos fatores. Usaremos, então o próprio cliente nesta percepção utilizando
pedaços de papel com símbolos (figuras geométricas, n’meros, letras, etc.) para
diferenciar os fatores, ou mesmo cadeiras, objetos em geral que permitam uma
mudança de posições pelo cliente para cada fator.

Vantagens: Podemos aplicar individualmente sem a necessidade de recrutar


pessoas para a atividade. Maior nível de percepção para alguns clientes que os
Bonecos Playmobil. Muito eficaz para escolhas e sistemas não humanos.

Desvantagens: Nem sempre o cliente consegue perceber as diferenças entre os


fatores de forma significativa. Possibilidade do cliente interferir com suas
impressões ou racionalizações conscientes no processo. (Para contornar este
problema deve-se aplicar a técnica com os FATORES OCULTOS par ao cliente no
início da Constelação)

4. APLICAÇÕES:
1. FAMÍLIA

2. ESTRUTURAS INTERNAS

3. DIMENSÕES DA VIDA

4. CONFLITOS/DÚVIDAS/IMPASSES

5. ALINHAMENTO

6. GRUPOS

7. ORGANIZAÇÕES

8. NEGÓCIOS

9. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO;

10. GESTÃO DE PESSOAS;

11. ÓRGÃOS E PARTES DO CORPO;

12. DIMENSÕES DA CONSCIÊNCIA

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5. OBJETIVOS DA CONSTELAÇÃO SISTÊMICA:


São 3 os principais Objetivos da Constelação Sistêmica:

a) Diagnóstico: O método da Constelação permite na grande maioria dos casos


um diagnóstico dos problemas, causas e aspectos inconscientes de um
problema sistêmico.

b) Intervenções para Solução: Pelo princípio que fundamenta a Constelação, ações


e intervenções na Constelação tendem a repercutir de forma positiva em
mudanças e soluções no Sistema Real. Às vezes, as próprias pessoas que estão
apenas observando uma Constelação, podem relatar modificações posteriores
em seus problemas pessoais pela ressonância das intervenções realizadas em
uma Constelação de outra pessoa.

c) Prospecção de Soluções: A Constelação permite em alguns casos a identificação


de caminhos de solução ou melhores opções conforme a finalidade do sistema
que se estabeleceu (tempo e situação).

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6. Aspectos Básicos do Transforme.ce:


o Problema ou Questão: é o Foco que será abordado na atividade do
TRANSFORME.CE. Conforme o tipo de Sistema que estaremos
considerando, o Foco pode ser um problema envolvendo um Grupo de
Pessoas (família, Equipe, Instituição, etc.), um Conflito, uma Decisão,
uma tomada de Consciência sobre um direcionamento na vida, um
Projeto, uma Carreira, um Negócio, um Produto, etc..

o Elementos ou Fatores: São os componentes do sistema de que trata o


TRANSFORME.CE. O importante é que a escolha dos elementos seja
compatível com a sua relevância aparente no Problema ou Questão do
Sistema.

o Representantes: São os substitutos dos Fatores reais pelos que vão


representá-los no campo de trabalho do TRANSFORME.CE. No caso da
aplicação em Grupos de Pessoas, serão escolhidos entre as pessoas
disponíveis para o trabalho. No caso da aplicação individual, serão os
objetos escolhidos para representar os Fatores reais: Bonecos
Playmobil, Outros bonecos, Objetos, etc.. A importância de que o
Cliente escolha os elementos está na Projeção que ele faz da sua
percepção (na maioria das vezes Inconsciente) do recorte do Sistema
que está sendo tratado.

o Campo de Trabalho: Espaço Físico que representará o Campo do


Sistema Real e do Problema a ser abordado no TRANSFORME.CE.

o Posição: É o “lugar” que o Cliente determina para cada um dos


Representantes dos Fatores considerados no Problema em questão. É a
Imagem Interna que o cliente apresenta do Problema, projetando-o, de
forma Inconsciente no Campo de trabalho. É importante delimitar o
espaço para dar “continência” ao processo de expressão dos conteúdos
Inconscientes.

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o Relacionamento: Relações existentes entre os Fatores e que são


expressas nas diferentes reações dos Fatores representados.

o Finalidade: Todo Sistema se caracteriza por ter uma Finalidade ou


Propósito. Mesmo que não esteja explícito, devemos considerar que o
Sistema se “movimenta” na direção da realização de seu propósito ou
Finalidade.

o Ordem: Parece que todo Sistema tem uma Ordem, mais ou menos
oculta, dependendo do tipo de Sistema, que orienta a melhor
movimentação, relacionamento e aproveitamento de cada Elemento.

o Dinâmica x Estática: Padrões que são identificados nos Sistemas na


realização de suas Finalidades. Tem relação com o tipo de
Relacionamento de cada Fator, seu Papel, sua entrada e saída no
sistema, sua Responsabilidade no Sistema, dentre outras. Os principais
aspectos no TRANSFORME.CE são:

 Dar e Receber;

 Pertencimento;

 Padrões Assumidos;

 Integridade;

 Equilíbrio;

 Projeções;

o Alinhamentos: Ordenação harmoniosa dos Fatores de forma a


conseguir a Solução mais Eficiente para a Finalidade do Sistema.
Normalmente, os sistemas geraram problemas quando algum tipo de
Alinhamento se perdeu: Alinhamento entre os Fatores, entre os Fatores
e o Propósito, Entre os Fatores Presentes e os Ausentes, etc..

o Solução do Sistema: Imagem Externa que traduz a melhor combinação


possível para o momento do sistema, favorecendo que ele se conduza
na realização de sua Finalidade.

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Bibliografia:

 Facets of Systems Science; KLIR, George J.; Springer Verlag; 199


 Teoria Geral dos Sistemas; BERTALANFFY, Ludwig Von.; Ed. Vozes;1975.
 A Teia da Vida; CAPRA, Fritjof; Ed. Cultrix; 1997.
 Thinking in Systems - A Primer; MEADOWS, Donella H.; Ed. Diana Wright; 2008.

7. FASES de uma Constelação TRANSFORME.CE

APLICAÇÃO TEMA FAMILIAR:

1. Pré-Clarificação com o Cliente:

a. Pedido/preocupação/ tema, problema;

b. Família de Origem. Família atual, (ambas?)

i. Pessoas de relação;

ii. Parceiros anteriores;

iii. Filhos perdidos.

c. Informações Antecedentes:

i. Morte (prematura);

ii. Exclusão ou depreciação;

iii. Doença grave/enfermidade.

d. Emoções envolvidas ao lidar com o problema;

e. Repercussões na vida em geral pelo problema em questão: família,


trabalho, dinheiro, saúde, etc.

f. Fatores Prováveis que estão envolvidos no problema Sistêmico;

g. O que o Cliente deseja com a Constelação – importância de desmistificar


o fator “mágico” da Constelação;

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2. Representação da Imagem Interna:

a. Seleção de representantes (primeiro para o cliente – Foco);

b. Guiar Representantes para as Posições da Sala;

3. Perceber e Perguntar:

a. Percepção e sentimento na Posição;

b. Melhora ou piora durante a mudança no sistema;

c. Desejos: verificar com o Representante do Fator se há um desejo ou um


impulso (corporal ou impressão) para alguma modificação, como por
exemplo: mudança da sua posição própria, alterações na disposição,
atrações e repulsas em relação aos demais Fatores, etc..

4. Trabalho Estrutural:

a. Mudança de posições um com o outro – Testes.

5. Trabalho de Processo:

a. Mudança através de palavras purificadoras, símbolos, gestos e rituais;

b. Reconhecimento, o que é;

c. Perceber, apreciar, honrar, dar, receber, devolver;

d. Prestar atenção aos limites do sistema;

e. Expressão de Elementos da Ordem do Sistema: Amor e Benevolência


(Família).

6. Alteração com o Trabalho Estrutural até que a solução da Imagem seja


alcançada.

7. Permutando o cliente: Pode acontecer mais cedo também.

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8. Tirando o Papel (dissociação dos representantes)

a. Cliente assimila a imagem da Solução (torna a imagem da solução como


Sua) e dispensa os representantes.

APLICAÇÃO TEMA GERAL:

1. Pré-Clarificação com o Cliente:

a. Pedido/preocupação/ tema, problema;

b. Sistemas da vida envolvidos no Problema:

i. Familiar;

ii. Trabalho ou Carreira;

iii. Envolve Relacionamentos Interpessoais?.

c. Informações relevantes sobre mudanças no Sistema:

i. Perdas;

ii. Crises;

iii. Momentos de transição entre equilíbrio e desequilíbrio.

d. Emoções envolvidas ao lidar com o problema;

e. Repercussões na vida em geral pelo problema em questão: família,


trabalho, dinheiro, saúde, etc.

f. Fatores Prováveis que estão envolvidos no problema Sistêmico;

g. O que o Cliente deseja com a Constelação – importância de desmistificar


o fator “mágico” da Constelação;

2. Posicionamento- Representação da Imagem Interna:

a. Seleção de representantes (primeiro para o cliente – Foco);

b. Guiar Representantes para as Posições da Sala;

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3. Perceber e Perguntar:

a. Percepção e sentimento na Posição;

b. Melhora ou piora durante a mudança no sistema;

c. Desejos: verificar com o Representante do Fator se há um desejo ou um


impulso (corporal ou impressão) para alguma modificação, como por
exemplo: mudança da sua posição própria, alterações na disposição,
atrações e repulsas em relação aos demais Fatores, etc..

4. Trabalho Estrutural:

a. Mudança de posições um com o outro – Testes.

5. Trabalho de Processo:

a. Mudança através de palavras purificadoras, símbolos, gestos e rituais;

b. Reconhecimento: o que é;

c. Perceber, apreciar, honrar, dar, receber, devolver;

d. Prestar atenção aos limites do sistema;

e. Expressão de Elementos da Ordem do Sistema: Respeito e Consideração


(Empresas), Realização e Gratidão (Carreira, profissão), etc..

6. Alteração com o Trabalho Estrutural até que a solução da Imagem seja


alcançada.

7. Permutando o cliente: Pode acontecer mais cedo também.

8. Tirando o Papel (dissociação dos representantes)

Cliente assimila a imagem da Solução (torna a imagem da solução como Sua) e


dispensa os representantes.

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DETALHAMENTO DAS ETAPAS:


1. Pré-Clarificação com o Cliente: Nesta Etapa, realizamos uma Entrevista com o
Cliente onde procuramos identificar os Fatores Sistêmicos que parecem estar
envolvidos no Problema a ser abordado. Os tópicos apresentados acima
deverão ser conduzidos de forma bem objetiva e focada na descrição do
problema, repercussões, consequências, incoerências, paradoxos, etc..

Tendo em vista a grande importância desta etapa para todo o processo da


Constelação, precisamos abordar alguns pontos extremamente relevantes para
que que a definição do problema e a escolha dos Fatores seja boa.

Em resumo, na Entrevista anterior à Constelação onde você deverá:

– Definir o Problema ou Questão que será trabalhada;

– Identificar o Sistema mais adequado para abordar na Constelação;

– Identificar os Fatores que farão parte do quadro inicial da Constelação;

– Definir qual método você vai usar (Pessoas, Playmobil ou Âncoras de


Solo).

Entrevista Inicial:

Antes de realizar a Constelação, é fundamental realizar uma rápida entrevista,


que seja FOCADA na delimitação do Tema da Constelação e na identificação do
sistema e dos Fatores deste Sistema que farão parte da Constelação.

Uma das maiores dificuldades que observamos nos alunos dos Cursos de
Constelação é da mudança de postura que o Facilitador da Constelação deve
assumir em relação a outros tipos de Entrevistas. Como muitos alunos já tem
experiências em outras formas de atendimento e que têm objetivos
específicos, pode-se correr o risco de realizarmos uma Entrevista que não
favoreça o Mapeamento do sistema e dos Fatores para a Constelação que
desejamos.

Assim, é importante que você considere estas diferenças entre os objetivos de


Entrevistas ou diálogos que ocorrem no contexto da Terapia, do Coaching e
para uma Entrevista Inicial à Constelação. Vejamos as principais diferenças:

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a) Terapia: No processo Terapêutico, normalmente, as entrevistas inicias


visam um levantamento de eventos e fatos importantes que podem estar
vinculados ao problema ou queixa que o cliente veio tratar. É chamada de
Anamnese.

Ao longo das sessões, interações verbais e diálogos tem, normalmente, o


objetivo de relacionar fatos com sintomas, estabelecer relação possível de
causa e efeito ou evento x consequências. Pretende-se que o cliente tome
Consciência destas relações para remissão do sintoma e desenvolvimento
pessoal. Buscam-se insights, contato com emoções reprimidas ou
relacionadas ao problema. Normalmente, a Terapia tem uma perspectiva
“retrospectiva”(passado). Pretende-se com os diálogos e atividades:
Mudança de atitudes, comportamentos e remissão dos sintomas.

b) Coaching: Já no processo de coaching as entrevistas iniciais e as


interações verbais e diálogos entre caoch e coachee têm outros
objetivos, tais como, relacionar fatos com padrões inadequados,
ampliar consciência do cliente quanto a possibilidades não exploradas,
identificar potenciais não ou pouco utilizados, perceber e superar
bloqueios não identificados naturalmente pelo cliente, Estabelecer
novas metas, Planos de ação, estabelecer ações de mudança. Também
buscamos insights, superação de problemas e novos padrões de
comportamento. Na maioria das vezes o coaching tem uma abordagem
prospectiva de soluções (futuro). Pretende-se com isso o
Desenvolvimento de Habilidades, Competências, Ações e Padrões mais
efetivos para os resultados que o cliente pretende.

c) Constelação: Na Constelação Sistêmica, o objetivo da Entrevista é muito


mais específico e tem relação direta com o método. Como a
Constelação se propõe a trazer à tona aspectos inconscientes e
subliminares que estão gerando ou influenciando o sistema e o
problema em questão, QUALQUER OUTRO OBJETIVO PODE INTERFERIR
OU ATÉ MESMO CONTAMINAR OS RESULTADOS DA CONSTELAÇÃO.

Nosso objetivo é APENAS, neste primeiro momento, levantar os


componentes do problema que servirão para que a própria Constelação
nos “revele” os pontos que precisam ser abordados, trabalhados,
conscientizados e transformados.

Devemos estar atentos para evitar inferências, avaliações, julgamentos,


interpretações, antecipar possíveis relações de causa e efeito entre o
problema e o contexto que o cliente traga. Este é o “papel” da própria
Constelação.

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Com isso, seu foco nesta Entrevista será:

Identificar o ambiente em que o problema ocorre, os fatores que o


cliente relaciona na experiência do problema, identificar outros
sistemas que podem estar correlacionados sejam na linha do tempo,
sejam por uma relação de interdependência.

NÃO ESTAMOS PREOCUPADOS NESTE MOMENTO COM A REFLEXÃO OU


INTERVENÇÕES DE CAUSA OU DE SOLUÇÃO. É APENAS INVESTIGATIVO E
EXPLORATÓRIO. O resultado da Constelação é que fornecerá elementos
mais ricos para todo o trabalho terapêutico ou do coaching.

Mesmo porque, muitas vezes, estamos diante do cliente pela primeira


vez e não teremos informações tão detalhadas (e nem precisamos dela
em um primeiro momento) para realizar a Constelação.

Maior atenção devem ter os terapeutas ou coachs que já atendem seus


clientes antes de uma Constelação: devem “suspender” seus juízos de
valor, suas opiniões e suas hipóteses, para não interferir no processo
natural da Constelação.

Evidentemente, nestes casos, sempre levantamos hipóteses. Não há


problema nisso. Entretanto, devemos deixar estas hipóteses ao nosso
lado (e não entre nós e o cliente) para que sejam confirmadas ou
descartadas pelos resultados da Constelação.

Após a Constelação, sim, temos condições de refletir, avaliar, propor


ações, discutir repercussões, etc. com nosso cliente.

LEMBRE-SE: O SISTEMA FOCADO TEM UMA ALMA, ELE TEM FORMAS DE DIZER O QUE
ESTÁ ACONTECENDO E O QUE ELE PRECISA. É PRECISO ESTAR ABERTO AO NOVO, AO
INUSITADO, AO INESPERADO, AO QUE ESTÁ “FORA DA CAIXA”. É PRECISO SABER
OUVIR O SISTEMA. A ESCOLHA DOS FATORES GARANTE UM MELHOR NÍVEL E
QUALIDADE DE COMUNICAÇÃO COM O SISTEMA. MAS É ELE QUEM FALA... NÓS
OUVIMOS. SÓ DEPOIS ATUAMOS.

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Observe estas recomendações nesta Etapa da Constelação:

a. Não permita que o cliente entre nos detalhes ou no histórico do


problema. Isso pode distorcer a avaliação da dinâmica atual do sistema
onde ocorre o problema;

b. Relativize a “explicação” que o cliente tem para o problema: se ele


soubesse a explicação ou o motivo, já teria resolvido o problema;

c. Utilize a regra de ouro para definir o número de Fatores que vai utilizar
na Constelação: 7 + ou – 2, ou seja, entre 5 e 9 Fatores é o número
médio, necessário para um trabalho de Constelação Sistêmica;

d. Evidentemente, você pode precisar usar menos ou mais Fatores. Porém,


menos de 5 tende a empobrecer a percepção do Sistema e mais de 9
pode trazer muitas variáveis ou aspectos de outros sistemas que podem
dispersar a percepção do problema central;

e. Dependendo do Método que você escolher usar, se você dispõe de


Pessoas ou vai precisar Bonecos Playmobil ou o Método de Mudança de
Papéis, você deve decidir neste momento se vai identificar os Fatores
no início da Constelação ou se vai manter estes Fatores “Ocultos” para o
cliente ou para os Observadores que poderão ser Representantes (no
caso de usar Pessoas);

f. Você poderá identificar Fatores “reserva” que poderão ser utilizados no


desenrolar da Constelação, principalmente se ficou na dúvida se eles
têm ou não relação ou importância no sistema considerado. Durante a
Constelação você pode “sentir” que falta alguma coisa e estes Fatores
podem ser utilizados.

Identificando o Problema ou Questão:

Para identificar o Problema ou Questão trazida pelo seu cliente, fazendo com
que fique mais potente o trabalho da Constelação você deve observar algumas
regras básicas:

a) Descrever de forma simples e objetiva o problema que o cliente traz:


evite colocar na definição do Problema, conceitos, diagnósticos,
relações complexas, etc.;

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b) Separar as opiniões do Cliente da descrição do Problema: muitas vezes o


cliente já traz uma explicação ou uma impressão do que gera o
problema. Às vezes, ele busca uma certa confirmação de suas suspeitas,
mas que na prática da Constelação que temos normalmente está
distante dos reais motivos e aspectos do problema;

c) Desfaça ilusões ou expectativas irreais: Procure saber o que o cliente


realmente busca como resultado da Constelação. Isso vai ajudar a você
a desmistificar algumas ilusões que ele tenha e pode colocá-lo em uma
perspectiva otimista mas realista do processo. Uma intervenção sempre
recomendada é: “O que você espera que a Constelação possa trazer ou
resolver para você neste problema?”

d) Sempre é recomendado sinalizar ao seu cliente que, sendo o recorte da


Constelação Sistêmica mais focado, pode ser necessária outra ou outras
Constelações, caso fique indicado na própria Constelação ou na
avaliação posterior.

Quando usar Bonecos Playmobil ou Âncoras de Solo?

Esta é uma questão importante e difícil de determinar, pois, de um modo geral,


podemos usar qualquer um dos métodos na Constelação Sistêmica de qualquer
problema ou Questão.

Entretanto, a experiência tem mostrado alguns aspectos relevantes e que


podem ajudar o Facilitador iniciante a escolher o melhor método.

Veja algumas recomendações:

a) Maior Afinidade do Cliente com o Método: Quando aplicamos a


Constelação mais de uma vez em nosso cliente, podemos identificar uma
maior afinidade ou facilidade do cliente com um dos métodos. Algumas
pessoas conseguem ter maior percepção quando usam o Playmobil
enquanto outras passam a aumentar a sua percepção sobre as diferentes
sensações que cada fator produz, ao se deslocar fisicamente e se posicionar
sobre o referencial da Âncora de Solo (Papel com símbolo, cadeira, etc.);

b) Constelações que envolvem mais fatores Humanos: Quando temos pela


frente uma Constelação que envolve mais fatores humanos e que
antevemos que poderão existir interações nos Trabalhos Estrutural e de
Processo, o uso dos Bonecos Playmobil apresentam algumas vantagens:

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i. Visão panorâmica: A visão panorâmica que o Boneco


Playmobil permite no Sistema favorece muito a percepção
da dinâmica do Sistema pelo cliente. Mesmo que o cliente
não apresente grandes percepções dos fatores a visão
panorâmica e sistêmica do problema já traz muitos
elementos de transformação e de possibilidades de
trabalhos terapêuticos e no coaching;

ii. Diálogos: O uso do Playmobil favorece a uma maior eficácia


quando temos diálogos ou rituais que fazemos entre fatores
(no uso de Âncoras de solo esta interação pode ficar um
pouco prejudicada);

iii. Percepção das mudanças nos diversos fatores a cada


movimento: Ao utilizar o Playmobil muitas pessoas
percebem mais imediatamente mudanças em outros fatores
quando promovemos um movimento ou um diálogo em um
fator. A Visão panorâmica favorece a uma percepção mais
global dos fatores e do sistema.

c) Constelações que envolvem Escolhas, Projetos ou aspectos relacionados


diretamente ao próprio indivíduo: A experiência tem demonstrado que,
em situações que envolvem dimensões mais relacionadas ao próprio
indivíduo (suas escolhas, seus projetos, seu corpo, diferenças entre
Projetos, Metas, etc. tendem a ter melhor resultado com o uso das Âncoras
de Solo. Entretanto, voltamos a afirmar, os resultados não dependem
necessariamente do tipo de método, podendo ser usado em qualquer
problema ou questão.

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2. Posicionamento- Representação da Imagem Interna: Representa a primeira


ação da Constelação Sistêmica propriamente dita. Nesta Etapa vamos orientar
o cliente a Identificar os Representantes que vão representar cada Fator
escolhido na Entrevista de Pré-clarificação como possíveis Fatores importantes
do sistema.

Consiste em:

a. Introdução e Apresentação: Se você estiver utilizando o Método com


Pessoas como Representantes, você deverá iniciar com uma pequena
introdução sore a Constelação Sistêmica, verificar quem já participou de
uma Constelação e explicar em linhas gerais o que acontece em uma
Constelação:

i. Explique como serão escolhidos pelo Cliente para serem


Representantes;

ii. Esclareça que o Observador escolhido para ser Representante,


poderá recusar participar caso não se sinta à vontade ou tenha
uma impressão de que não deva participar;

iii. Oriente os futuros Representantes da necessidade de responder


as perguntas do facilitador priorizando: Sensações no Corpo,
Sentimentos e Pensamentos. Também peça para identificarem
impressões gerais sobre movimentos, reações como aversão ou
atração com relação a um outro Fator ou movimento feito no
sistema. Que sinalizem quando sentirem alguma coisa
significativa, mas que procurem colaborar conforme a
orientação do Facilitador. Cuidado para evitar a “teatralização”
que alguns Representantes (Pessoas) podem fazer ou quererem
interpretar o que estão sentindo e não relatar o que estão
sentindo.

iv. Depois destas orientações, apresente o cliente e um breve


resumo do tipo de problema que será abordado na Constelação.
IMPORTANTE: Não dê muitos detalhes sobre o problema de
forma a não influenciar os Representantes com suas percepções
pessoais sobre problemas semelhantes ou mesmo seus pré-
conceitos sobre dinâmicas semelhantes.

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b. Abrir a Constelação: Como Facilitador, você deve estabelecer os limites


do Campo de Trabalho para o Cliente sobre onde acontecerá a
Constelação:

i. “Este aqui é o Campo de Trabalho de nossa Constelação hoje”.


(Aponte para a área destinada a acontecer a Constelação – Em
qualquer Método);

ii. “É aqui que o seu problema/questão será representado. Ele


expressa o que acontece no sistema real”.

iii. “Você está pronto (a) para começar?”

c. Seleção de representantes (primeiro para o cliente – Foco): Neste


momento, você vai orientar o cliente para que escolha dentre os
Observadores alguém que possa representar o próprio Cliente.

i. Enfatize que o Cliente escolha alguém sem qualquer tipo de


“critério” tais como sexo, cor, semelhança física, etc., mas
escolha de forma intuitiva, por impulso.

ii. Peça para que o Cliente fique de frente para o Observador


escolhido, pegue as suas mãos e olhe nos olhos do Observador.
Verifique com o Cliente se REALMENTE esta pessoa pode ser o
Representante do Fator.

iii. Caso Afirmativo: pergunte ao Observador se ele aceita ser o


Representante daquele Fator. Ao aceitar representar o Fator, o
Facilitador deve se dirigir ao Representante e dizer:

1. “Você agora não é você... a partir de agora você é o Fator


A, ou o Cliente (dizer o nome do Cliente)... você vai sentir
como este Fator, pensar como este Fator e reagir como
este Fator reage no seu sistema real...”

iv. Caso Negativo peça ao Cliente que refaça a escolha;

v. No caso do Método com Bonecos Playmobil: peça ao Cliente


para escolher um boneco ou objeto para ser o Representante
daquele Fator e depois posicione (próximo item);

vi. Se estiver usando o Método de Mudança de Papéis: Peça para o


Cliente escolher um dos Papéis com um símbolo ou mesmo
quando o Fator está identificado e posicione conforme o
próximo item.

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d. Posição: Guiar Representantes para as Posições. Nesta parte, o


Facilitador orienta o Cliente a Posicionar o Representante de cada Fator
em uma Posição no Campo de Trabalho.

i. Peça para o Cliente colocar suas mãos nas costas do


Representante e conduzi-lo pelo Campo de Trabalho,
procurando “sentir” e identificar, de forma intuitiva, a melhor
Posição;

ii. Incentive o Cliente a não estabelecer uma “regra” ou “critério”


para posicionar (perto deste, no meio do local, de frente, etc.)
mas intuitivamente.

iii. Esclareça que o Cliente pode Experimentar mais de uma Posição


até encontrar o lugar “ideal”.

3. Perceber e Perguntar: Neste momento, procuramos identificar o que o


Representante sente, desde o momento em que foi escolhido até o momento
de ser posicionado no Campo de Trabalho na Posição que o Cliente o colocou.

Há duas possibilidades de execução desta parte: o Facilitador pode ir


perguntando a cada novo Representante que é colocado na Posição o que ele
sente e o que os demais sentiram com a entrada do novo Fator OU pode-se
pedir para o Cliente Posicionar todos os Fatores e depois verificar o que cada
um sentiu ou está sentindo. Apesar de ser mais demorada, a primeira opção
oferece mais detalhes e percepção dobre as variações a cada novo Fator.

a. Percepção e sentimento na Posição: pergunta-se o que o Fator está


sentindo no corpo, os sentimentos e os pensamentos que vem quando
foi colocado na posição. O Facilitador pode checar com os demais
Fatores possíveis reações à entrada no novo Fator.

b. Melhora ou piora durante a mudança no sistema: Verificar as mudanças


observadas quando são feitas as alterações de posição ou entrada ne
novo Fator. Às vezes, depois de uma “fala” de como um dos Fatores se
sente, há uma mudança em outro Fator.

c. Desejos: verificar com o Representante do Fator se há um desejo ou um


impulso (corporal ou impressão) para alguma modificação, como por
exemplo: mudança da sua posição própria, alterações na disposição,
atrações e repulsas em relação aos demais Fatores, etc..

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4. Trabalho Estrutural: Por Trabalho Estrutural na Constelação Sistêmica


Transforme.ce, chamamos as movimentações e observações feitas a partir
destas movimentações, ocorridas e percebidas pelos Fatores. Ou seja, estamos
verificando o que acontece com a Estrutura do Sistema buscando observar qual
é o ponto de maior conflito ou maior energia, qual a tendência de maior alívio
ou tensão observado no sistema.

a. Testes: Mudança de posições um com o outro – uma das opções de


Trabalho Estrutural são os Testes. Por Testes chamamos as experiências
que o Facilitador propõe para verificar alguma impressão observada no
próprio Facilitador (hipóteses) bem como em algum dos Fatores (Desejo
de mudar de posição);

b. Mudanças de Posição: podemos sugerir mudanças de posição com


deslocamento ou mesmo com rotação (solicitar que o Fator fique de
frente para determinado ponto ou outro Fator) do corpo ou
simplesmente com o olhar para um ponto ou Fator (Olhar para o
Sucesso, por exemplo, ou para o Fator A, ou para o Projeto C, etc.).

5. Trabalho de Processo: na Constelação Sistêmica Transforme.ce, Processo


representa o trabalho feitos nas Relações entre Fatores e na Dinâmica
observada no Sistema a partir do Trabalho Estrutural. Ele é realizado com base
nos Princípios da Constelação Sistêmica Transforme.ce e procura re-ordenar,
alinhar, harmonizar, purificar, redistribuir, equilibrar, etc. esta dinâmica.
Conforme o Sistema e a situação, o Processo poderá ser completamente
diferente. O papel do Facilitador não é alcançar um determinado objetivo pré-
determinado, mas encontrar qual objetivo e princípio está sendo “mostrado”
pelo sistema.

a. Mudança através de palavras purificadoras, símbolos, gestos e rituais;

b. Reconhecimento: Processos de reconhecer a realidade ou “o que é”.


Isso tem um efeito significativo em algumas situações;

c. Perceber, apreciar, honrar, dar, receber, devolver: O Facilitador deve


promover diálogos onde possam ser atendidas estas necessidades que
fazem parte de alguns dos princípios. O Facilitador não deve se prender
ao Princípio A ou B mas ao que o sistema está “mostrando” ou
“falando” sobre suas necessidades ou o que necessita para atender às
suas finalidades. Na constelação Sistêmica Transforme.ce esta é uma
das principais diferenças para a Constelação Familiar de Bert Hellinger.

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Milton Menezes

d. Prestar atenção aos limites do sistema: As Fronteiras Imaginárias do


Sistema devem ser observadas para se perceber se um Fator está
dentro ou fora do Sistema. Se deve ficar dentro do sistema o que está
impedindo ou se está fora e parece que deve estar fora o que fazer para
que isso alinhe ou equilibre o sistema;

e. Expressão de Elementos da Ordem do Sistema: Um dos objetivos do


Facilitador é identificar o que precisa ser feito para que o sistema fique
Alinhado em Relação ao seu Princípio Ordenador: no caso das questões
Familiares a Ordem do Amor. Entretanto, nos casos de Constelações de
sistemas Gerais ou de Fatores não Humanos, o Facilitador deve
observar o Princípio da Constelação Transforme.ce de Homeostase,
Adaptação e Desenvolvimento, para alcançar a solução. Esta Solução é
ÚNICA, ou seja, a cada Constelação, mesmo de temas semelhantes vai
ter desdobramentos próprios pois cada sistema está em um momento
de Desenvolvimento e de Consciências sobre sua existência e
Finalidades.

6. Alternância do Trabalho de Processo com o Trabalho Estrutural até que a


solução da Imagem seja alcançada: O Trabalho de Processo e o Estrutural
devem ser combinados até que se encontre uma posição de “Solução” onde os
fatores e o equilíbrio no sistema parece ter sido alcançado. Lembramos que,
algumas vezes, a Constelação não chega a uma Solução definitiva, mas a um
diagnóstico de onde está o problema e o caminho da Solução.

a. Para a Constelação Sistêmica Transforme.ce, os objetivos do trabalho


podem ser considerados:

i. Diagnóstico: a Constelação revela as causas, origens, forças,


fraquezas, necessidades, etc. do sistema em questão;

ii. Intervenção: O Trabalho de Processo e Estrutural permite uma


modificação no sistema real que promove a Solução ou o
encaminhamento da Solução efetivamente;

iii. Prospecção: Indica os caminhos que devem ser seguidos para o


futuro Alinhamento ou sucesso do sistema na busca de atender
à sua Finalidade.

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Milton Menezes

7. Permutando o cliente: A partir do certo momento é muito útil substituir o


Representante do Cliente pelo próprio Cliente quando estamos trabalhando
com Pessoas como Representantes.

a. Podemos substituir o Representante do Cliente pelo Cliente no


momento em que alcançamos o ponto de equilíbrio do sistema: serve
para o Cliente “internalizar” e tomar consciência da Imagem da Solução
alcançada pelo Sistema na Constelação;

b. Podemos substituir antes deste ponto, quando teremos algum diálogo


entre Fatores ou a possibilidade do Cliente (real) experimentar algum
tipo de mudança ou de quebra de padrão que percebemos ser oportuno
para o Cliente ampliar suas condições de mudança e Transformação.

8. Tirando o Papel (dissociação dos representantes): Momento final onde o


Facilitador checa se o Cliente tem uma impressão positiva e de conclusão do
processo.

a. O Facilitador deve checar se todos estão se sentindo bem: uma das


indicações de que a Constelação chegou ao seu final é a experiência dos
participantes e do próprio Facilitador de uma sensação de bem estar, de
tranquilidade, de serenidade ou até mesmo de alegria, ou de dever
cumprido.

b. Ao desfazer a Constelação o Facilitador deve promover uma quebra do


padrão emocional e até físico gerado pela Constelação, se
movimentando entre os Fatores, agradecendo a participação e
provocando um movimento de giro no próprio eixo dos Representantes,
“pulinhos” antes de retornar ao lugar e que deve ser acompanhados de
expressões do tipo: Você agora não é mais este Fator... é você mesmo...
bem vindo de volta... volte par ao seu lugar sendo você mesmo agora...
etc.

9. Comentários: O Facilitador checa com o Cliente o nível de entendimento e de


percepção da dinâmica do sistema na Constelação. Evite aprofundar os
comentários. Um dos fundamentos da Constelação é a Experiência que o
Cliente tem do processo: na maioria das vezes a nossa tentativa de explicar
muito a experiência rouba o que ela tem de mais potente e eficaz. Cuidado com
as perguntas dos Representantes e Observadores sobre o caso para evitar
expor ou criar situações difíceis para o Cliente.

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Milton Menezes

8. TRABALHO ESTRUTURAL:

Por Trabalho Estrutural chamamos as Intervenções voltadas para a identificação das


reações dos Representantes, sejam Pessoas, bonecos Playmobil ou alguma das âncoras
de solo, em relação às posições relativas dos Fatores no sistema ou em relação aos
movimentos provocados para novas configurações dos Fatores no Sistema. Estas
reações são identificadas quando os Fatores são colocados no Sistema ou após algum
tipo de movimentação. O Trabalho Estrutural pode ser, então, identificar reações ou
promover mudanças nas posições para checar as reações em busca da “solução” da
questão para o sistema.

Algumas Intervenções básicas:

1. Identificar Reações dos Fatores:

Quando inserimos um Fator na Constelação ou quando promovemos alguma mudança


de posição, ou ainda após algum trabalho de Processo, podemos checar as reações do
Fator, verificando reações, mudanças para melhor ou para pior ou mudanças de
percepção nos Fatores.

a. “O que você sente quando está nesta posição?”

b. O que você sente no seu corpo depois deste movimento/diálogo/fala?

c. Se você fosse seguir o impulso do seu corpo, o que parece que ele quer
fazer? Mudar de posição? Se aproximar/ afastar do quê?

d. Qual é o Fator que mais te atrai/aversão?

2. Mudar a Posição:

Algumas vezes os Fatores ou o próprio Facilitador percebe que é preciso fazer uma
mudança de posição em algum Fator. Existem duas possibilidades para esta
Intervenção: pedir para que todos façam algum movimento que tem vontade de fazer
(ao mesmo tempo) ou pedir para que o mais incomodado faça um primeiro
movimento e acompanhar as reações desencadeadas. Evidentemente, o segundo
método requer mais tempo e é mais detalhado.

Também pode ser apenas uma mudança de: direção do olhar, distância, postura
(sentado, deitado, em pé).

a. Opção: movimento intuitivo (movimento da alma);

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Milton Menezes

3. Incluir algo que esteja faltando:

Em algumas situações o relato dos Representantes ou a sensação do Facilitador é que


está faltando alguma coisa na Constelação. Pode ser por uma impressão do Facilitador
sobre alguma característica ou padrão que tenha sentido:

a. Uma direção ou local para onde uma ou mais pessoas olham na


Constelação;

b. O relato de um dos Fatores sobre algo que parece existir ou faltar em


um outro Fator no sistema. Isto que é visto em uma pessoa;

c. Para os que dominam técnicas cinesiológicas pode haver uma


confirmação por movimentos involuntários do Fator (catalepsia da
mão);

4. Separar o que está misturado: Mostrar o que está oculto.

Ao percebermos que há uma possibilidade ou a constatação de que algumas coisas


podem estar misturadas, devemos promover intervenções de “Separar o que está
misturado”.

O que pode estar “misturado” normalmente nos sistemas:

 Papéis;

 Responsabilidades;

 Expectativas;

 Sentimentos;

 Sonhos ou Projetos de outras pessoas;

 Padrões Ancestrais, etc.

As intervenções não têm um formato determinado mas devem seguir e serem


coerentes para o atendimento destas necessidades (princípios) na Constelação e no
Sistema:

a. Identificações (parciais) e adoção de modelos: Perceber com o que ou


com quem um Fator pode estar “identificado”: Um filho identificado
com um avô, um projeto identificado com o dinheiro, por exemplo;

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Milton Menezes

b. Lugares ocupados: Quando identificamos que um Fator está ocupando


o lugar que, naturalmente, deveria ser ocupado por outro Fator; uma
mãe que assumiu o lugar do pai na responsabilidade de provedor, por
exemplo.

c. Confusões: Podemos constatar situações de confusão onde misturam-se


identificações diversas tornando mais perturbador para o Fator real (e
que pode ser identificado no Representante) assumir o seu próprio e
exclusivo lugar.

d. Tornar o oculto, visível: Quando identificamos algo oculto é


extremamente potente simplesmente, tornar visível o que estava
oculto. Através de diálogos e falas direcionadas pelo Facilitador,
conseguimos dar fluidez ao sistema e as forças de realização do sistema
favorecendo que busque uma nova composição mais sinérgica e eficaz.

i. “Este é o filho que tinha sido negado e excluído”.

ii. “O Fator A foi injustamente demitido e esta injustiça esteve


encoberta. Agora sabemos e reconhecemos que você foi
injustiçado. Nada pode mudar o que aconteceu com você, mas
podemos reconhecer agora que isso aconteceu”.

iii. “Este segredo fez com que você ficasse sobrecarregado com a
culpa e a responsabilidade de seus pais. Agora você sabe que
existia um segredo”.

5. Retirar ou dispensar valorizando o que não faz mais parte:

a. Quando percebemos que algo precisa ser retirado ou que precisa ser
dispensado da dinâmica, devemos proceder a um certo “ritual” para
que haja uma valorização sincera da participação anterior no sistema do
Fator que será dispensado. Não se trata de acharmos um ponto positivo
na colaboração real (de um funcionário, um ex-companheiro, etc.) mas
o reconhecimento de que havia um valor, mesmo que não precisemos
identifica-lo. Atende ao Princípio de pertencimento.

b. Metáfora do tijolo da catedral;

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Milton Menezes

Testes:

O Facilitador precisa aprender a “ler” e a “ouvir” o sistema. Conforme vai


adquirindo experiência o Facilitador acaba por perceber detalhes que uma análise
racional não consegue. Não se trata de intuição pura e simplesmente. Não se trata
apenas de experiência ou conhecimento. Mas de uma “postura” de uma atitude
diante do sistema.

Uma das formas de contornarmos as situações onde não sabemos ao certo o que
fazer é reconhecer a “Sabedoria” do sistema e realizar Testes para checar as
modificações e suas hipóteses como Facilitador.

c. Mudança de Posição: sugestões e ações de mudança de posição,


postura e olhar dos Fatores para checar as modificações no sistema;

d. Movimento autônomo dos substitutos – solicitar a mudança pela


vontade e desejo de cada Fator atendendo à impressão ou necessidade
de movimentar-se e mudarem espontaneamente de posição. Verifica se
melhora o sistema.

6. Posicionamento bem formado:

Ao realizarmos o Trabalho Estrutural, temos que ter em mente a busca do chamado


Posicionamento Bem Formado, ou seja, a estrutura em termos de posições que
oferece a melhor sensação de bem estar e de resolução possíveis.

Para isso temos que observar e checar se as posições que vamos promovendo ou
“tentando” atendem a alguns requisitos:

a. Adequado para o relacionamento necessário e para a troca?

b. Respeitar a sequência do sistema: considerar as ordens e Princípios de


Hierarquia, competência, temporal, etc. para verificar se é a melhor
posição.

c. Respeitar os limites e funções internas do sistema: buscar que as novas


posições respeitem os limites e funções de cada um, do sistema e sua
finalidade. É importante checar se a posição é mais sinérgica ou
entrópica para o sistema.

d. Observar no sistema a Hierarquia: Pais – Filhos, hierarquias, posições


sociais, patente.

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Milton Menezes

7. Posicionamento estimulador do processo:

Algumas vezes, a solução de uma Constelação passa por encontrarmos uma estrutura
de posições que garanta um estímulo para que a energia flua de forma alinhada e
progressiva, garantindo o desenvolvimento do sistema.

Algumas opções desenvolvimentos simples podem ter grande repercussão no sistema


e na solução:

a. Apoio de pessoas na retaguarda... ancestrais: Colocar Fatores


(principalmente quando envolvem pessoas) que vieram antes e que
podem assumir uma posição de suporte, “benção”, segurança na
retaguarda, etc. mudam a sensação de bem-estar, de força e de energia
no sistema. O sistema e seus fatores se sentem mais energizados e
preparados para “acontecer”.

b. Confronto entre criminoso – vítima: Quando temos situações de


conflitos polarizados, tais como vítima e algoz, agressor e agredido, etc.
podemos lançar mão de um trabalho estrutural que coloca os dois (ou
mais) fatores em uma posição de frente um do outro e promovemos
algum tipo de diálogo (veja o Trabalho de Processo) ou simplesmente
deixamos que se olhem por algum tempo como se trocassem alguma
coisa entre eles chegando a uma posição de equilíbrio. Apensa esta
ação promove uma sensação de equilíbrio e movimento à Constelação.

c. No chão – falecidos, abortados: posicionar pessoas ou fatores que já não


participam do sistema real deitados, como os familiares ou empregados
de uma empresa já mortos, pode dar um equilíbrio natural pela
constatação de que fazem parte do sistema, mas estão sem ação
efetiva.

d. Aceitar através de aceno ou de joelhos: Soluções de Aceitação da


realidade ou de destinos difíceis pode ser alcançada com o
posicionamento de um fator na posição de joelhos ou acenando para
outro determinado fator.

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Milton Menezes

8. As posições adequadas em relação a alguma coisa ou alguém:

É importante identificar se existe alguma posição em que o Fator pode ser colocado
para alcançar objetivos como suporte, confiança, segurança, força, etc. Isto pode ser
conseguido a partir da colocação de um ou mais fatores em uma certa “ordem”.
Posições possíveis:

a. Na Retaguarda: colocar um fator na retaguarda de um outro fator. Pode


ser somente a posição, pode ser com as mãos tocando os ombros, em
posição de “benção”, ou outra que pareça eficaz.

b. Aproximações (ex.: crianças) ou apoio (pais): colocar Fatores mais


próximos que tenham algum tipo de relação naturalmente verificada
naquele tipo de sistema ou que seja percebida como necessária para
aquele sistema em questão. Ex.: Pais dos Filhos, chefe da Equipe,
Clientes dos produtos, Carreira próximo do fator Sucesso, etc.

c. Ao Lado à Esquerda: Dispor os fatores em algum tipo de ordem ou


princípio (hierarquia, antiguidade, competência, etc.) em uma
sequência ao lado esquerdo de um Fator pode obter a sensação de: ser
guiado, defender o sistema para dentro;

d. Ao Lado à Direita: Idem à direita pode gerar sensação de: guiar,


defender o sistema para fora;

e. Em frente: Troca e Confronto – Posições frontais de fatores podem


favorecer o Trabalho Processual de troca e confronto;

f. Em Frente olhando na própria direção: É possível conseguir um


resultado de autorização ou permissão para seguir em frente, quando
colocamos um fator olhando para a frente. Sensação de poder ir
embora. Pode ser útil colocar um outro fator gerando benevolência
pelas costas para permitir esta saída. Este tipo de intervenção pode ser
decisivo em Constelações que tratam de projetos que tem um
desenvolvimento ao longo do tempo, para o futuro, tais como Carreira,
negócios, profissão, etc.. Depois de encontrar a solução final pode ser
interessante posicionar fatores como o Sucesso, a Meta, a Realização,
etc. olhando para uma direção que você identifique como sendo o
“Futuro”.

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Milton Menezes

9. Opções para a troca do enfoque:

Outra alternativa no Trabalho Estrutural é procurar trocar o enfoque de determinado


fator alterando a sua perspectiva e checando com o Representante o que muda na
percepção nesta nova perspectiva. Cuidado: não é uma mudança de percepção
objetiva, mas uma mudança na configuração do sistema quando mudamos a posição.
Muitas vezes, nossa razão não consegue dar conta de explicar o resultado de bem-
estar ocorrido quando fazemos um movimento “irracional” como este.

Opções de mudança de posição para mudança de enfoque:

a. Atrás, à esquerda do substituto, à direita do substituto;

b. Transmitir as experiências através dos olhos: Permitir a transferência de


experiência, de sabedoria, de responsabilidade, etc. através da troca do
olhar pode ser muito efetivo.

c. Relação consigo mesmo, lembrar-se = modificar a posição de um fator,


em relação à posição que ocupava no passado e a que ocupa no
presente, relacionar como no passado poderia ver o “hoje” como
“futuro” e voltar a ver o “passado” na perspectiva do “hoje” e também
no espaço que represente o “futuro” poder perceber como vê a
situação atual (de “hoje”) traz uma ampliação de Consciência muito
significativa para um fator e para o sistema.

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Milton Menezes

9. TRABALHO DE PROCESSO:
(Bert Hellinger, Insa Sparrer, Varga Von Kebèd, Bern Isert, Milton Menezes)

Na Constelação Sistêmica Transforme.ce, o Trabalho de Processo representa o


conjunto de Intervenções que são direcionadas à Relação entre os Fatores e à
dinâmica do Sistema na Direção da sua Finalidade.

A partir do que identificamos no Trabalho Estrutural pelo relato dos Fatores,


estabelecemos uma série de ações que visam recuperar o equilíbrio ou atingir a
solução diante dos problemas, obstáculos e conflitos observados no Estrutural.

Estas ações podem ser efetivadas por: diálogos, falas, reverências, Personificações,
Rituais, Pedidos, Entregas, Trocas, etc..

1. PEDIDOS:

Uma das formas de se realizar uma intervenção de Processo é formalizar Pedidos. São
falas que solicitamos a um ou mais Fatores que formalizam um Pedido na relação entre
fatores do Sistema. Esta espécie de ritual promove liberações e alinhamento no fluxo
do Sistema. Exemplos de Pedidos:

a. Esclarecer relações e papéis: Quando solicitamos que seja explicitado o


papel de um Fator, seja pedido que um fator deixe o outro ser o que ele
é, etc.

i. “Você vai pedir ao seu Pai que reconheça seu irmão como
membro desta família…”

ii. Você vai pedir ao ex presidente da Empresa que possa abençoar


a Empresa e a nova gestão para que a Finalidade dela, o sonho
dela seja realizado…

b. Fomentar o desenvolvimento do sistema e dos participantes: Quando


identificamos um tipo de pedido que pode ser feito para um ou mais
fatores no sentido de permitir, desembaraçar ou estimular o
desenvolvimento de um determinado sistema.

c. Possibilitar mudanças: Rituais ou diálogos provocados no sentido de


permitir que algum tipo de mudança ocorra através de libertação,
desligamento, permissão, tomar consciência de que é um obstáculo,
etc.

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Milton Menezes

2. Intervenções relacionadas diretamente aos Princípios da Constelação


Sistêmica:

Algumas Intervenções são aplicadas para contemplar diretamente o atendimento ou


checagem de algum Princípio Fundamental da Constelação Sistêmica Transforme.ce.

a. Perceber outros: Solicitar formalmente e, às vezes, solenemente, que


um fator perceba que existe um outro Fator, ou que ele sofre, ou que
ele é importante, ou que foi, etc. (dependendo do tipo de Sistema e do
momento e nível de Consciência do sistema esta solicitação pode ser
diferente).

i. Este é o seu filho abortado... quero que você diga: Meu filho... eu
te reconheço como meu filho e que você tem lugar ao meu lado.
(Exemplo)

ii. (Para o fator Trabalho) Quero que você perceba que existe este
outro fator no sistema que é a Família... sem ela você não
poderia existir... quero que você agradeça à Família pelo fato de
se sacrificar para que você (Trabalho) alcance seus objetivos...

b. Estabelecer, reconhecer (reestabelecer) uma relação:

i. Este é o seu filho abortado... quero que você diga: Meu filho... eu
te reconheço como meu filho e que você tem lugar ao meu lado.
(Exemplo)

c. Deixar-se tocar emocionalmente: Promover uma situação onde as


emoções ocultas possam se manifestar. É muito útil quando há uma
necessidade de reparação do princípio entre dar e receber, por
exemplo. Estimular que a emoção possa fluir em uma relação entre dois
fatores, o olhar frente à frente, dentre outras posições favorece esta
ação de deixar-se tocar emocionalmente.

d. Expressar e reconhecer os papéis e as relações: São diálogos e falas em


que se formaliza o reconhecimento dos papéis, da autoridade, do
direito a alguma coisa, da existência, etc.

i. Quero que você repita: Eu reconheço que você é o Fundador


desta empresa. E sempre será. E eu expresso meu respeito à sua
dedicação e empenho para que chegássemos até aqui.
Entretanto, eu quero seguir o meu destino sendo o novo
presidente desta empresa para garantir que ela cresça e
continue o seu sonho.

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Milton Menezes

e. Separar o que não combina: Ao longo das relações em um sistema,


alguns aspectos vão se deteriorando e se distorcendo nas relações,
tanto pela superposição de responsabilidades, quanto na mistura de
finalidades pessoais com as sistêmicas, gerando confusão e mistura.
Separar o que não combina é atender a uma demanda do sistema em
re-ordenar e alinhar o que está distorcido.

f. Acrescentar o que falta: É a intervenção que procura evocar a presença


de algo que falta no sistema ou em um dos fatores pelo gesto de trazer,
oferecer, construir, etc. por parte de um dos fatores que tenha força,
competência ou ascendência no sistema para acrescentar o que parecer
faltar (segurança, direção, força, etc.).

g. Transformar Lealdade (fidelidade e solidariedade) na Tristeza em


Lealdade na Realização: Principalmente em Constelações que envolvem
Grupos de Pessoas (Família, Equipes de Trabalho, etc.) é comum
acontecer de um Fator assumir uma Lealdade a um outro fator por
conta de alguma consequência ruim (injustiça, violência, humilhação,
etc.). Nestes casos, percebemos que a Lealdade é acompanhada pela
Tristeza contaminando e prejudicando o fluxo do sistema. Para
equilibrar este fenômeno, podemos promover um diálogo ou fala onde
se substitui a Lealdade na Tristeza pela Lealdade na Realização ou seja,
é como se estivéssemos estimulando para que houvesse uma
ressignificação da dor em trabalho de realização.

i. Eu fico solidário com o que aconteceu com você, mas não na dor
que você sofreu até hoje. Fico solidário e leal à você na
realização de...

h. Aceitar o Potencial recebido, realizar e viver este potencial em relação


ao ponto de partida do qual partiu e do destino que vai cumprir: Pode
ser extremamente positivo para o sistema, uma intervenção onde um
fator aceita o Potencial recebido (às vezes ainda latente) no ponto de
partida (um mestre, um pai ou avô, uma experiência de vida, um
relacionamento, etc.) e realizar uma fala pelo Representante assumindo
usar e realizar este potencial em benefício do futuro.

i. Indicadores: feedback sobre melhora ou piora do bem-estar do


participante. É possível usar um recurso vindo da Hipnose e da PNL de
solicitar do Representante o uso de uma escala de sensações para
“medir” a melhora ou piora de um estado:

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Milton Menezes

i. De 0 a 10, sendo 10 o nível mais alto que você pode imaginar


deste sentimento/sensação, etc., e 0 o nível mais baixo que você
imaginar sentir, com quanto você estaria agora?

ii. Depois de uma Intervenção: Agora, considerando uma escala de


0 a 10, sendo 10 o nível mais alto deste sentimento e 0 o nível
mais baixo que você pode imaginar sentir, qual é o nível agora
deste sentimento?

3. RITUAIS:

Rituais na Constelação Sistêmica são diálogos ou gestos realizados que representam


uma referência ou marco de mudança de um estado para outro estado através de uma
representação simbólica qualquer:

a. Retorno, troca: Um ritual de Retorno ou Troca é feito quando pedimos


para um fator se colocar diante do outro e, por exemplo, estender as
mãos e braços na direção do outro fator como se estivesse devolvendo
algo que foi tirado ou que foi assumido.

i. Essa é a responsabilidade que eu assumi em seu lugar que agora


eu te devolvo, por que é sua e não minha (faz um movimento
simulando uma “entrega” de algo invisível). Da mesma forma, eu
agora tomo de volta a minha infância que eu deixei com você
para assumir a sua responsabilidade (pode ser um movimento
de “tomada” – mais violenta – ou de entrega por parte do outro
fator para o primeiro fator, conforme o caso exija).

b. Benção, ancestrais: Um dos Rituais que pode ser usado é o da Benção.


Esta Benção representa a liberação, autorização, incentivo e apoio para
um processo do sistema que precisa continuar e ter sucesso. Pode ser
de um ou mais ancestrais para uma família depois de uma liberação de
um padrão destrutivo, uma Benção de um antigo dono de um negócio
para os seus sucessores, um pai idealista já falecido que abençoa o
trabalho também idealista de um filho, um Mentor espiritual para um
projeto profissional ou social, etc..

c. Desidentificação: Nas Constelação Transforme.ce chamamos de


Identificação quando há um processo psíquico onde um fator se
identificou de tal forma com outro que julga que sua identidade está
totalmente misturada com o outro fator. Favorecer a Desidentificação
favorece o retorno aos papéis, responsabilidades, etc. de cada fator.

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Milton Menezes

i. Pode ser feita através de um diálogo: Eu sou eu e você é você. Eu


não sou mais você...

ii. Pode ser feito com a “separação” de um fator do outro: corte de


uma ligação invisível que une, uma espada ou tesoura que corta,
etc.

iii. Também pode ser feito solicitando ao fator que está identificado
com um outro fator que dê passos “vigorosos” na direção do
outro fator e, quando estiver bem próximo, voltar-se
rapidamente na direção de onde veio e retomar ao ponto inicial.
A ideia da imagem é como se fosse até o outro fator, deixasse o
que é dele com ele e voltasse somente com sua própria
identidade. Os relatos são de um alívio, leveza, mudança de
percepção após esta desidentificação.

d. Boas Vindas, um novo começo: A partir do momento em que se


identifica uma renovação de algum padrão, a inclusão de algum fator ou
uma nova estrutura no sistema pode ser importante para aumentar a
força e o fluxo do novo processo um Ritual de Boas Vindas.

i. Procede-se pedindo ao Representante que dê boas Vindas ao


novo fator ou processo identificado na Constelação.

e. Fechamento, adeus: Da mesma forma, quando se identifica a


necessidade de que um fator tenha que ser retirado ou excluído do
sistema o Ritual de Adeus e Despedida ou Fechamento, traz uma
transição mais “suave” da situação anterior para a nova que se inicia.
Parece que isso reduz o impacto de processos mais drásticos no
equilíbrio do sistema.

f. Nascimento, morte: Quando um novo objetivo, um novo processo, um


sentimento, uma sensação (confiança, segurança, etc.) novo fator, etc. é
identificado na Constelação pode ser útil realizar um Ritual de
nascimento. Simula-se um nascimento com um movimento corporal do
Representante como se estivesse nascendo. Da mesma forma, um
encerramento pode ser realizado como um Ritual de “morte”.

g. Caminho Interrompido: Se a Constelação mostra que algum tipo de


processo ou trajetória de um sistema ou fator foi interrompido,
podemos realizar um Ritual onde concretizamos (até mesmo
fisicamente) este processo de interrupção. Pode ser a simulação de um
impedimento físico de que um fator continue a andar na direção do seu

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Milton Menezes

objetivo, um fator como um “produto” seja seguro por um fator


(gerentes, por exemplo), etc.

h. Recursos Personificados, fontes espirituais: Quando nos deparamos com


a identificação de sentimentos, recursos de fortalecimento, coragem,
etc. na Constelação podemos usar o método da Personificação, ou seja,
pedimos ao Representante que imagine aquele sentimento ou recurso
como alguma coisa (pessoa, objeto, animal, etc.) e procedemos a um
ritual de transformação (redução, aumento, integração, dissolução).

i. Mudança, introdução em uma nova função no Sistema: Quando o


sistema se desdobra para o desenvolvimento de uma nova função de
um fator no sistema podemos fazer um Ritual de apresentação à nova
função ou novo papel.

i. “Eu te apresento ao seu filho e você assume o novo papel de pai”

ii. “Esta é a nova empresa/projeto que você vai começar.


Cumprimente/ abrace e siga em frente com ela agora”.

4. INTERVENÇÕES SEPARADORAS E CONECTORAS:

Quando nos deparamos com alguma modificação no princípio de Interligação e


Interdependência precisamos usar Intervenções que reequilibrem este Princípio e o sistema.
São realizadas para buscar separar o que está misturado ou conectar o que está desligado.

a. SEPARAÇÃO DO QUE ESTÁ MISTURADO:

i. “Desidentificação” – dissolução da representação padrão internalizada


anteriormente: Nas Constelação Transforme.ce chamamos de
Identificação quando há um processo psíquico onde um fator se
identificou de tal forma com outro que julga que sua identidade
está totalmente misturada com o outro fator. Favorecer a
Desidentificação favorece o retorno aos papéis,
responsabilidades, etc. de cada fator.

1. Pode ser feita através de um diálogo: Eu sou eu e você é


você. Eu não sou mais você...

2. Pode ser feito com a “separação” de um fator do outro:


corte de uma ligação invisível que une, uma espada ou
tesoura que corta, etc.

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Milton Menezes

3. Também pode ser feito solicitando ao fator que está


identificado com um outro fator que dê passos
“vigorosos” na direção do outro fator e, quando estiver
bem próximo, voltar-se rapidamente na direção de onde
veio e retomar ao ponto inicial. A ideia da imagem é
como se fosse até o outro fator, deixasse o que é dele
com ele e voltasse somente com sua própria identidade.
Os relatos são de um alívio, leveza, mudança de
percepção após esta desidentificação.

ii. Recesso de carga/culpa  Devolução: Quando um fator,


principalmente um fator Humano, aparece da Constelação
sobrecarregado por alguma carga como a culpa, podemos fazer uma
Intervenção Separadora, procurando separar esta culpa em partes que
representem a responsabilidade do fator e de outros fatores ou das
circunstâncias que determinaram o desequilíbrio do sistema.

iii. Supressão da idealização (confusão): Se houve uma “idealização” de


um fator em relação a um “destino” pode ser necessário Separar o que
foi idealizado do que é real, ou seja, separar o desejo e o sonho ou
expectativa de ideal com o que é real e possível.

iv. Purificação da fonte de Mistura: Se a Fonte de determinado recurso é


identificado como um Fator ou um ponto (órgão do corpo, outro
sistema, etc.) podemos fazer uma Intervenção que pretende “limpar”
ou “purificar” a Fonte daquele recurso.

1. “Se a fonte de prosperidade é o fator dinheiro, quero que você


imagine que esta Fonte agora esteja sendo limpa, purificada...
imagine uma luz, uma energia ou um objeto que faça isso
agora... como você se sente?”

v. Clarificação da Ordem: Podemos fazer uma Intervenção que vise


separar o fluxo daquilo que ordena o sistema em questão.

vi. Tornar visível a dissimulação: Quando percebe-se um fator que atua de


forma dissimulada ou seja, que demonstra algo que não é, podemos
realizar uma Intervenção que separe “o que é do que parece ser”.
Pode ser feito como uma instrução para que se desdobre o real do que
é falso, por exemplo. Pode ser feita também pela inclusão de um outro
Representante escolhido pelo Facilitador dentre os Observadores
disponíveis para representar este desdobramento e avaliar os efeitos
nos demais fatores e no sistema.

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Milton Menezes

b. INCLUSÃO DO QUE ESTÁ EXCLUÍDO:

Incluir o que está excluído atende a necessidade de garantir a Interdependência e Interligação


dos fatores no sistema e a de Pertencimento. Quando identificamos na Constelação que existe
algum fator que foi inadequadamente excluído no sistema é necessário realizar uma
Intervenção que, na lógica sistêmica, se faça reconhecido e pertencendo ao sistema.

i. Apreciação: Apreciar significar pedir para olhar, contemplar, considerar


a presença sem julgamento, apenas reconhecendo que está ali.

ii. Acrescentar o que falta, o que é considerado tabu, o que está fora da
vista: Acrescentar o que falta pode se direcionar para um recurso, um
valor, um rótulo, um preconceito, a inocência, a coragem, etc. Da
mesma forma pode ser algo que está fora da “visão” do sistema mas
que deve ser considerado no sistema.

iii. Reconhecer filiação: É uma Intervenção que solicita a um fator


significativo que reconheça que outro fator pertence por direito e pela
Ordem ao sistema em questão.

1. “Diga assim: Eu reconheço você como meu filho que apesar de


ser abortado, faz parte desta família. Eu te amo e lamento o
seu destino... mas quero que você assuma o seu lugar entre
nós...”

iv. Reconhecer importância: Quando a dinâmica de uma Constelação


Transforme.ce revela que um fator foi desprezado, humilhado,
desvalorizado, desconsiderado, ou algo deste gênero, devemos
realizar uma Intervenção que recoloque o devido valor e importância
ao fator. Principalmente pelos fatores que tem relevância e
ascendência no sistema.

v. Reconhecer Responsabilidade: Visa recuperar as competências ou


responsabilidades reais dos fatores que de fato eram responsáveis por
qualquer tipo de evento. Deve ser feito através de uma fala que
clarifica e nomeia a responsabilidade e os responsáveis:

1. Eu reconheço que a responsabilidade sobre o insucesso do


projeto de Mestrado foi minha e assumo isso agora diante de
você e do próprio Mestrado na sua vida... (um representante
de um pai que reconhece ter influenciado a decisão de um
filho sobre que tipo de carreira seguir).

vi. Reconhecer Autoria: Neste caso a diferença em relação à


responsabilidade está no reconhecimento da Autoria, ou seja, o autor
da ideia, do produto, da empresa, do projeto, etc..

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Milton Menezes

10. PRINCÍPIOS DAS CONSTELAÇÕES


SISTÊMICAS:
(Bert Hellinger, Virgínia Satir, Insa Sparrer, Mathias Varga Von Kidèd, Bern Isert, Milton
Menezes)

Metaprincípios e hipóteses fundamentais no trabalho de Constelação:

 Reconhecer o que está dado: Um dos princípios fundamentais nas


Constelações Sistêmicas é a necessidade de clareza quanto à realidade que é
dada pelo sistema. Cada Sistema desenvolve uma Realidade sobre seu Nível de
Consciência, seu estágio de Desenvolvimento, seu desalinhamento. Em algum
momento, a falta de clareza e de Consciência do Cliente ou de determinados
Fatores do Sistema identificados na Constelação devem ser abordados com
intervenções que simplesmente clarificam “qual é a realidade qeu deve ser
aceita”.

o O que está dado? O que deve ser aceito como realidade?

o Não-Negação da realidade: algumas vezes, principalmente quando se


trata de Fatores Humanos, pode haver uma tentativa inconsciente de
Negar aquela realidade. Isso pode acontecer por vários motivos. Na
Constelação nem sempre vamos descobrir estes motivos, mas
simplesmente recuperar a Ordem ou o Alinhamento a partir do
Reconhecimento da Realidade tal como é.

 Equivalência da filiação – direito à filiação ou Necessidade de Pertencer:


Mesmo nos sistemas não humanos, há um princípio de Pertencimento do Fator
ao sistema. Quando, por algum motivo, um Fator, humano ou não humano, é
excluído ou marginalizado é necessário atuar no sentido de garantir que cada
Fator seja reconhecido como “fazendo parte” do sistema.

o Quem faz parte...?

o Cada um dos elementos do sistema faz parte. Mesmo fatores como um


produto, um projeto que está sendo substituído em uma carreira, ama
dimensão da vida, etc. fazem parte do sistema maior.

o Equivalência da filiação assegura a existência do sistema.

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Milton Menezes

 Princípio da Ordem Temporal: Em alguns sistemas e em algumas situações


específicas de uma Constelação é importante recompor a Ordem Temporal: a
primazia do mais velho, do anterior, do antecessor, do fundador, dos pais, do
mais experiente, do pioneiro.

o Quem é que estava antes?

o Quem veio depois?

o Ordem Cronológica direta: assegura o crescimento do sistema (perda de


espaço do membro anterior do sistema é igualada pela posição
superior, p.ex. na sucessão relativamente à herança);

o Ordem Cronológica inversa: assegura reprodução do sistema (o sistema


mais novo – ou mais dependente – precisa de maior atenção;
Dependência de crianças ou de doentes, enquanto estiverem
dependentes).

 Compensação ou Necessidade de preservar o Equilíbrio entre Dar e Receber:

o Primazia do maior engajamento (responsabilidade pelo todo): quanto


maior é a responsabilidade do Fator sobre o todo maior ou mais
importante é que a troca entre Dar e Receber estejam equilibradas. Dar
e Receber tem a ver com o que cada um agrega para a Finalidade do
sistema. No caso de Famílias pode ser a troca de afeto, proteção ou
segurança, amor, liberdade, responsabilidade, etc..

o Quem é que se sente/é responsável (pelo todo)? Aspecto da Hierarquia;

o Princípio da primazia da Competência (eficácia): O mais competente


tem maior responsabilidade no que dá. O que recebe? A questão do
propósito de cada um no Sistema. Em Sistemas Gerais deve ser
considerado qual é a Finalidade e o nível de Consciência de cada
Elemento do sistema em relação ao seu papel e à sua contribuição no
resultado do sistema. As trocas nem sempre são do mesmo conteúdo.

o Quem é mais eficiente para quê? (Rendimentos e capacidades):


identificar quais fatores são mais sinérgicos e quais são mais entrópicos
para uma nova posição, papel, responsabilidade.

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Milton Menezes

 Princípio do Equilíbrio entre a Interligação e a Interdependência:

o As Relações entre os fatores deve ser de tal forma que a Interligação


não represente uma “mistura” (de papéis, sentimentos,
responsabilidades, etc.) nem a interdependência esteja comprometida
por um afastamento ou desconexão. Este Princípio vai gerar
Intervenções conhecidas como Intervenções Separadoras e Conectoras
ou “Separar o que está Misturado” e “Incluir o que está excluído”.

 Princípio da Adaptação, Homeostase e Desenvolvimento do Sistema:

o Este Princípio fala de um movimento natural de Desenvolvimento de


todo sistema para níveis de Consciência superiores;

o Este Desenvolvimento se dá por um impulso de ampliação de


Consciência do Sistema que começa a demandar mudanças para
atender às novas expectativas e valores (inconscientes). O Sistema que
estava em um estado de Equilíbrio tende a se movimentar no nível mais
objetivo para lidar com estas pressões internas;

o No primeiro momento este “desequilíbrio” inicial pode ser entendido


como uma perturbação e o Sistema reage na direção de manter a
Homeostase para a Ordem anterior ou neutralizar os desequilíbrios. O
sistema reage da mesma forma quando são ações oriundas das decisões
dos fatores (Humanos) que interferem na Ordem ou comprometem a
Finalidade do Sistema;

o Quando este movimento é gerado por uma necessidade intrínseca do


sistema para o seu Desenvolvimento, há um outro movimento do
Sistema no sentido de se adaptar à nova Ordem e ao novo objetivo ou
finalidade. Há uma tendência a modificar processos, relações e posições
para atender à esta demanda ou uma Ressignificação das ações e
propósitos anteriores;

o O movimento de Desenvolvimento do Sistema se dá em duas direções:

 Translação: quando o desenvolvimento se dá no mesmo nível de


Consciência em que o Sistema se encontra;

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Milton Menezes

 Transformação: quando o desenvolvimento se dá para a


ampliação da Consciência do Sistema em relação à Consciência
de si mesmo e da Finalidade ou Propósito de sua existência.

 Princípio de Alinhamento do Sistema ou da Necessidade de Ordem:

o Na Constelação Sistêmica Transforme.ce, diferentemente das


Constelações Familiares, o Facilitador deve considerar que o problema,
conflito ou questão trazida representa, muitas vezes, algo que está
interferindo na Ordem ou no Alinhamento do sistema.

o Entretanto, nem sempre é a Ordem que imaginamos (Família = Amor).


Observamos na prática que a Ordem do Sistema depende de alguns
aspectos:

 Tipo de Sistema;

 Categoria de Valores envolvidos no Sistema (Axiologia – Estudo


dos Valores);

 Nível de Consciência atual do Sistema e dos seus Fatores.

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Milton Menezes

11. TRABALHO DE PERSONIFICAÇÃO NA


CONSTELAÇÃO SISTÊMICA TRANSFORME.CE:

Uma das inovações que promovemos no trabalho com constelações Sistêmicas foi o do
Trabalho de Personificação, normalmente utilizado nos processos terapêuticos
regressivos.

Esta contribuição vem, originariamente de Hans TenDam e que foi modificada em


nossa Metodologia da Terapia da Transformação da Consciência – TTC.

Na verdade, chamamos de Personificação uma forma de dar concretude para aspectos


subjetivos e sutis do psiquismo, permitindo uma maior possibilidade de elaboração e
de ressignificação por parte do cliente.

O objetivo é utilizar um recurso de imaginação ou de projeção para um objeto para dar


forma a um sentimento, sensação, impressão, ou qualquer outro relato de uma função
psíquica que seja uma experiência pessoal. Aliás, esta é uma das principais vantagens e
potenciais da técnica: promover uma experiência que permita uma transformação ou
ressignificação destes sentimentos, sensações, etc..

Passei a utilizar este recurso também na Constelação Sistêmica depois de inúmeros


relatos, durante a vivência, de que a pessoa (cliente ou representante) experimentava
“um peso”, “uma aflição”, “um vazio”, “os pés presos”, “um enjoo”, etc. relacionado à
posição ou ao movimento que um determinado fator tenha feito na Constelação. Na
maioria das vezes, estes relatos ficavam apenas como uma referência para mim, como
facilitador, de que um novo movimento ou uma intervenção se fazia necessária.

Entretanto, algumas vezes, observei que estes relatos tinham estreita relação com o
conteúdo a ser tratado na Constelação ou com algum tipo de caminho de resolução.
Resolvi, experimentar o uso dos recursos do Trabalho Energético com excelentes
resultados para a dinâmica do processo.

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Milton Menezes

Metodologia:

Usamos este recurso todas as vezes em que o cliente ou representante relata algum
tipo de emoção, sensação, pensamento, impressão, etc. que seja forte, significativa e
conectada com o tema em questão, e que, por algum motivo, permanece no campo
sensorial ou mental da pessoa.

A ideia é favorecer que o cliente ou representante dê uma forma concreta a este


sentimento, sensação ou impressão de tal forma que permita a tomada de consciência
e ao processo de transformação. Essa Transformação se dá por uma redução da
intensidade, da tomada de consciência da origem, da identificação das crenças
inconscientes decorrentes desta carga, de uma ressignificação do conteúdo emergente
ou qualquer outro desfecho positivo que se apresente no momento da Constelação.

No caso em questão, da Constelação Sistêmica, como utilizamos recursos como


objetos, bonecos tipo Playmobil ou o uso de referenciais físicos (Papéis no chão,
cadeiras, áreas do chão, etc.) como representantes dos fatores do sistema, podemos
utilizar esta Técnica de 2 formas:

a) Imaginação: Solicitando ao cliente ou representante que feche os olhos e que


imagine aquela sensação, sentimento, etc. como um objeto, uma forma, um
líquido ou qualquer outra imagem que venha imediatamente na sua mente. A
partir daí, podemos pedir que nos dê informações sobre a forma, temperatura,
se tem movimento, etc. e tome consciência sobre a sua origem, se está ligada a
ele (fator) a quanto tempo, se é dele (fator) ou de outra pessoa ou fator do
sistema, qual o efeito que tem na vida do fator, etc..

Muitas vezes, destas informações, podemos até promover uma regressão indo
para a origem daquela emoção, sensação, dor, carga, etc.. Outras vezes ao
tomar consciência desta realidade psíquica o cliente ou representante relata
uma modificação desta realidade psíquica atenuando e até mesmo eliminando
a carga e seus efeitos.

b) Uso de Objetos: Ao usar bonecos e objetos, principalmente, podemos solicitar


ao cliente ou representante que identifique um outro tipo de objeto que
“represente” os sentimentos, sensações, dores, etc. relatados. Para isso, é
importante o facilitador dispor de objetos não humanos como pedras (não
preciosas coloridas e de várias formas), pequenas contas, canetas, pedaços de
papel, etc. que possa oferecer como opções para o cliente ou representante.

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Milton Menezes

A partir do relato de que um boneco que representa uma Pessoa (o próprio


cliente, por exemplo) sente um “peso”, podemos pedir para que escolha um
objeto que represente esta sensação (uma pedra azul escuro, por exemplo) e
que posicione a pedra onde parece que ela melhor represente o “peso”. A
partir daí, podemos dinamizar o processo ampliando a consciência do cliente
sobre a carga, sua origem, seus efeitos no sistema, etc.. Favorecendo as
intervenções usadas na Constelação e a mudança dos padrões e do sistema em
geral.

Um recurso útil quando o cliente relata emoções ou sensações misturadas é


utilizar Massinha de modelar ou pedaços de papel que podem ser rasgados.
Isso porque podemos solicitar que o cliente divida em partes proporcionais ao
que sente, uma de outra emoção ou sensação. Este cuidado facilita nos
processos de Dar e Receber, Devoluções, Regressão e Transformação.

Muitas vezes, a identificação que uma emoção começou em uma situação da


infância e que deixamos aquela pedra ou pedaço de massinha “no passado”
provoca uma sensação de grande alívio e de entendimento por parte do
cliente.

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Milton Menezes

12. MÉTODO DE POSIÇÕES: USO DE ÂNCORAS


DE SOLO COMO REPRESENTANTES DE
FATORES

Uma alternativa muito interessante quando usamos a Constelação Sistêmica


Individual, ou seja, diretamente com o cliente, é o uso de Referenciais Físicos como
Representantes.

Como sabemos, quando utilizamos a Constelação Sistêmica individualmente com


nosso cliente, ele próprio será o “representante” de todos os fatores que são
identificados com importantes no sistema. No caso de usarmos os bonecos tipo
Playmobil, solicitamos que o cliente toque o boneco para que conecte-se com as
sensações provocadas por aquele fator.

Nesta alternativa dos Referenciais Físicos, podemos identificar áreas no chão usando
pedaços de papel com alguma identificação (números, letras, símbolos, etc.) para
representar os fatores.

Seguindo os passos da Constelação sistêmica, pedimos ao cliente que “posicione” cada


um dos fatores (pedaços de papel com símbolos) em um local no chão. Depois, para
começar o Trabalho Estrutural e o de Processo normalmente.

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Milton Menezes

Também podemos usar cadeiras que “representam” os fatores e o cliente pode sentar-
se em cada uma delas aumentando o “contato” com cada fator e a sua percepção das
sensações que cada fator em separado lhe traz.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

Obs. 1: Uma das grandes vantagens do uso dos Referenciais Físicos é que permite uma
movimentação do cliente pelo espaço físico da atividade melhorando a sua
diferenciação das sensações que cada fator apresenta no sistema.

Obs. 2: Para evitar que o cliente, principalmente os mais racionais, interfiram nas suas
percepções com seus pré-conceitos e pré-julgamentos, podemos utilizar um artifício
para bypassar a mente analítica/racional. Podemos, como facilitadores, escolher qual
símbolo representará cada fator sem o conhecimento do cliente. Anotamos este
critério de Correlação para depois, informar ao cliente. O cliente, com isso, passa a
relatar suas sensações e impressões, quando está sobre cada um dos símbolos ou
papéis, sem ter o julgamento racional a influenciá-lo. Além de mais fidedigno, este
processo acaba por oferecer maior impacto e ampliação da percepção por parte do
cliente. Conforme o facilitador for identificando oportuno, vai identificando a
correlação do Fator x Símbolo favorecendo uma reflexão e insights importantes sobre
o sistema e o problema tratado.

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Milton Menezes

13. VISÃO SISTÊMICA:

Tenho defendido que um dos fatores de maior importância no desenvolvimento do ser


humano está na necessidade do indivíduo ter mais consciência das consequências das
suas ações nas outras dimensões de sua vida e na vida das outras pessoas.

Estas colocações estão baseadas na consideração de uma realidade em que os


sistemas e os subsistemas que compõem esta realidade estão interligados. Essa é e
essência da Visão sistêmica.

Esta perspectiva Sistêmica já é considerada uma necessidade pela ciência tradicional


no sentido de poder oferecer respostas para algumas questões que são verdadeiros
desafios para o conhecimento humano.

A Visão Sistêmica da realidade vem substituindo a Visão Mecanicista utilizada


tradicionalmente pelas ciências. A utilização de um paradigma diferente se impõe pela
constatação da complexidade das relações entre as diversas variáveis componentes
dos sistemas encontrados no nosso dia a dia. Além de complexas, identificamos cada
vez mais que, estes sistemas parecem estar interconectados e, com isso, uma
mudança em um dos sistemas provoca reações em outros tantos sistemas, mostrando
que estamos vivendo em um mundo ligado em Rede.

As próprias Redes Sociais (como o Twiter, Facebook, etc.) começam a expressar uma
realidade que parece governar uma outra dimensão, um tipo de substrato sutil na qual
todos os sistemas estão inseridos.

O desenvolvimento das Telecomunicações, do Processamento de dados, digitalização,


dentre outras contribuições do conhecimento, tem aumentado a percepção desta
conexão e das suas implicações na vida.

Nas Organizações, a complexidade das relações entre fatores produtivos, de gestão,


participação no mercado, atendimento das necessidade e expectativas dos
consumidores, instrumentos de investimento, pesquisa, etc. vem desafiando os
modelos a encontrar soluções que permitam intervenções mais adequadas e eficazes
para se alcançar os resultados pretendidos.

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Milton Menezes

Uma definição sistêmica:

Tradicionalmente tem-se identificado este fenômeno e a necessidade de se


compreender os princípios que o regem. As definições mais usadas, particularmente
no campo organizacional, dão conta da Visão Sistêmica como a capacidade do
indivíduo compreender o todo, a partir da identificação das partes de um contexto ou
sistema, percebendo a interação e a interferência de uma parte sobre as demais.

Este conceito, apesar de coerente, apresenta um problema verificado nas primeiras


tentativas de aplicá-lo: como perceber a interação e a interdependência dos
elementos de um sistema ou entre os subsistemas dos quais participa?

A dificuldade principal está na incapacidade de nossa mente analítica estabelecer


padrões estáveis de comparação diante de relações tão complexas de causalidade
entre estes elementos.

Quando fixamos nossa atenção em um dos elementos e verificamos a repercussão que


tem nos demais elementos e na finalidade do sistema, temos uma visão fragmentada
que deve ser revista quando passamos a refletir sob a perspectiva de outro elemento
do sistema. Ao fazer esta mudança, percebemos que, muitas vezes, as relações
levantadas anteriormente não são mais coerentes e devem ser revistas.

Mais complexas ainda são as relações entre alguns elementos de sistemas que
parecem ter uma relação dialética, ou seja, enquanto influenciam o sistema também
são influenciados por ele, numa dinâmica difícil de se apropriar pela mente racional.

Então como fazer para pensar e compreender o todo pela análise das partes se temos
tantas dificuldades de relacionar as partes e o resultado do todo?

Agir Local, Pensar Global:

Levando esta questão para o ambiente corporativo: como levar nosso colaborador a
ter uma percepção do todo, enquanto age no seu subsistema mais imediato? Como
fazer para que consiga Agir Localmente e Pensar Globalmente?

Tive a experiência em uma Organização no segmento de Construção e Estruturas


Metálicas, composta de várias empresas, que mantinham suas atividades
complementares no mercado. Um dos Valores usados pela empresa era descrito como
"Atuação em Rede". Em uma de minhas primeiras intervenções junto ao grupo de
executivos das Unidades de Negócio, pude verificar a dificuldade que enfrentavam na
aplicação prática deste valor. Mesmo entre os Líderes Empresários responsáveis pelas
unidades de Negócio, a atuação entre as Unidades era de muito mais competição que
de cooperação.

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Milton Menezes

Vários seminários, encontros, reuniões e Treinamentos já tinham sido realizados.


Todos tinham o conceito na ponta da língua. Mas, uma coisa é TERMOS a
INFORMAÇÃO, outra coisa é TER a CONSCIÊNCIA da atuação em Rede. Este foi o
principal ponto de minha consultoria durante o Desenvolvimento daqueles executivos.

Visão sistêmica como Competência Essencial:

A constatação de que os elementos dos sistemas estão intimamente interligados e


interdependentes é possível ao observarmos situações muito próximas a nós. Como
nosso próprio corpo.

Como falei anteriormente no exemplo da feijoada, temos uma correlação complexa


entre as diversas funções orgânicas que refletem no estado de saúde geral do
indivíduo. A psicossomática, vem demonstrando que estas correlações são mais
complexas e abrangentes do que julgávamos. Determinadas variações emocionais
persistentes, podem gerar desequilíbrios orgânicos como problemas gástricos, do
sistema cardíaco, problemas de pele ou de queda de cabelo, dentre muitos outros.

Na realidade corporativa, temos verdadeiros desafios de compreender as variáveis que


interferem na Economia e nos Negócios. A interface entre as variações no mercado,
nas Bolsas de Valores pelo mundo, Decisões Políticas e Econômicas, Padrões dos
Consumidores, Competitividade, etc..

No nível do comportamento, podemos refletir no nosso modelo de entendimento do


funcionamento do psiquismo numa nova perspectiva e perguntar se ele pode
contribuir com o desenvolvimento desta Competência Essencial.

As pesquisas na Psicologia Transpessoal, sobre os modelos de psiquismo baseados nos


Níveis de Consciência, mostram que o indivíduo é capaz de acessar seus diversos níveis
de consciência e que em cada um deles teremos um conjunto de necessidades e de
percepções diferenciada.

Isto quer dizer que, em cada estado de consciência, temos a percepção de atuar numa
realidade e temos um senso de identidade diferente, ou seja, nossa percepção de
quem somos é modificada em cada nível destes. Uma das conclusões destas pesquisas
é de que a Consciência humana é um continnum, ou seja, não há limites definidos
entre os níveis que atuam simultaneamente, dependendo da nossa percepção e do
deslocamento de nosso sistema de atenção concentração.

A consequência deste modelo é que estamos interligados a todas estas realidades o


tempo todo, inconscientemente. Com isso, estamos, em algum nível, conscientes de
nossa ligação com os demais elementos dos sistemas.

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Milton Menezes

Essa proposta de psiquismo é que nos faz considerar então a Visão Sistêmica como
uma Competência Essencial, disponível e passível de desenvolvimento. Dependendo
do nível de consciência em que o indivíduo se encontra e da aplicação do método
adequado, poderemos ampliar a consciência desta interligação e desta
interdependência.

O desenvolvimento desta Competência Essencial se mostra fundamental para o


Profissional do Futuro porque:

a) É vital para o aumento da percepção da conectividade dos sistemas em que


atuamos;

b) influencia o desenvolvimento de várias outras Competências Essenciais;

c) Podemos desenvolver a Visão Sistêmica do indivíduo a partir do nível de consciência


em que ele está para níveis mais complexos de interligação e interdependência, em
cada caso e em contextos mais gerais;

d) Otimiza sua atuação para alcançar resultados cada vez mais "ecológicos".

Como desenvolver esta Competência Essencial?

Os estudos dos Princípios e Leis que regem os sistemas humanos e não humanos têm
contribuído de forma significativa para o entendimento e desenvolvimento de nossas
metodologias.

Estes estudos propõem que temos duas formas de abordar a perspectiva de sistemas:
pela análise racional das partes ou pela apreensão do funcionamento do sistema
como um todo, fenômeno único, irredutível às partes.

A Análise racional das partes em sistemas mais elaborados não consegue trazer uma
compreensão efetiva e confiável dos sistemas. A análise das partes nem sempre
oferece esta condição. Tomemos como exemplo um carro. A observação pura e
simples da análise das partes e peças do carro não nos dá a noção clara do sistema
"carro".

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Milton Menezes

A complexidade das relações entre os elementos componentes do sistema impede a


conclusão racional dos efeitos das variações de cada um destes elementos sobre os
demais e sobre o sistema como um todo. Além disso, podemos acrescentar a
complexidade dada pela dinâmica dos sistemas entre si e dos subsistemas.

Dois dos princípios que regem os sistemas podem nos dar a noção desta
complexidade. Um deles é o Princípio da Contração, ou seja, os sistemas são
compostos de subsistemas interligados. O outro é o Princípio da Expansão. Ele diz que
os sistemas fazem parte de outros sistemas maiores. Também interligados.

A conclusão inquietante é que, se é assim, temos sistemas do mais micro ao mais


macro e todos eles interligados.

Vamos dar um exemplo bem geral.

Uma Pessoa pode ser representada por um dos seus sistemas: o Corpo. O Órgãos são
subsistemas assim como os tecidos, as funções psicológicas, o sistema endócrino (que
já é um sistema menor composto de vários elementos: glândulas, hormônios, vias de
condução, etc.).

A Família também é um sistema e tem as Pessoas, nesta perspectiva, como um


subsistema. As famílias de origem do pai e da mãe formam outra rede de subsistemas,
assim como os ancestrais.

A Empresa é um sistema composto de várias Pessoas (subsistemas), Processos,


Produtos, etc..

A Sociedade é um sistema com as Empresas como subsistema, além do Governo,


Cidadãos (que também são membros de famílias), Economia (Consumidores são
subsistemas e também membros de Famílias e Pessoas), Saúde, Cultura, etc. que
também são subsistemas e sistemas em si mesmos.

Como podemos ver, se fizermos recortes diferentes, cada elemento poderá ser
considerado um sistema ou um subsistema, pertencendo a vários sistemas
simultaneamente. Isso nos faz concluir que modificações em um elemento de um
sistema pode afetar uma cadeia imprevisível de efeitos. Um provérbio hindu afirma
que quando movemos uma folha de grama estamos mudando o Universo.

Por estes exemplos, concluímos que a mente analítica, a partir de uma avaliação
racional da rede de relacionamentos é incapaz de compreender todas as interligações
e seus efeitos entre os elementos dos sistemas e entre os sistemas.

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Milton Menezes

A Percepção do Sistema como um Todo

O outro método de abordar a perspectiva dos sistemas, o da Apreensão do todo,


garante uma compreensão do resultado e, principalmente, da Função do Sistema.
Porém, nesta perspectiva, perde o entendimento dos detalhes das relações parciais
entre os elementos.

Por exemplo, compreendemos a finalidade do Corpo e de um Carro, por uma preensão


total, quando nos deparamos com eles diante de nós, em funcionamento. Esta
percepção global tende a oferecer elementos importantes que a análise racional não
dá.

Esta apreensão da perspectiva global do sistema acaba nos dando uma sensibilidade
maior para detectar os efeitos de certas variações permitindo aproximações dos
subsistemas de origem, mesmo sem oferecer os detalhes que somente a avaliação
analítica permite.

Por exemplo, podemos avaliar uma série de sintomas no nosso corpo - azia, enjoo,
dores abdominais - que, em conjunto, podem nos levar a uma conclusão de que as
causas podem estar relacionadas a certos subsistemas, por exemplo no Sistema
Digestivo. Da mesma forma, a perda de desempenho de um carro, pode nos levar a
identificar que os problemas podem estar no sistema de alimentação de combustível
ou no motor.

Temos visto que o desenvolvimento da Competência Essencial da Visão Sistêmica deve


ser realizada procurando contemplar as duas formas de abordar a compreensão dos
sistemas. Começando com a Percepção do todo mais ampla, passamos à análise das
partes, só que enriquecida com a apreensão do sistema todo.

Este modelo, apesar de muito lógico, apresenta dificuldades significativas de


construirmos métodos que permitam esta apreensão global com níveis razoáveis de
praticidade, objetividade e precisão.

A Transformação da Consciência e a Visão sistêmica:

Diante da importância e da necessidade de desenvolvermos uma metodologia que


contemplasse estes dois caminhos, procuramos usar dos recursos que dispúnhamos na
experiência nos Programas de Desenvolvimento Pessoal.

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Milton Menezes

A Metáfora da Árvore e da Floresta

Podemos partir de uma analogia entre as relações que temos, como pessoas, com os
demais sistemas em que interagimos. Usamos a metáfora da Árvore e da Floresta.

Assim, procuramos estimular, primeiramente, os indivíduos a saírem da perspectiva da


Árvore e serem capazes de ampliar sua percepção para elementos da Floresta. Em
seguida procuramos fazer com que voltem a perceber a nova perspectiva da Árvore,
enriquecida pela da Floresta.

As Ações para o desenvolvimento da Árvore devem estar ligadas às da Floresta. Caso


contrário perde o sentido fazer algo para manter ou melhorar o desempenho da
Árvore mas que, paradoxalmente, comprometa a sobrevivência da Floresta da qual ela
faz parte. A partir desta primeira ampliação de percepção propomos a análise das
relações entre as partes. A experiência tem mostrado que este retorno acaba
identificando com muito mais precisão, as ações e elementos de fato relevantes na
otimização dos sistemas.

Seguindo na analogia da Árvore x Floresta, procuramos sempre que possível, continuar


o processo aumentando a percepção da Floresta x Árvore, para Floresta x Árvore x
Outras Árvores Próximas, para depois acrescentarmos o sistema de águas, chuvas,
temperaturas, etc..

Um aspecto que temos observado como fundamental neste processo é a avaliação e a


percepção do Alinhamento dos elementos do sistema com seus Resultados ou
Finalidade.

O entendimento da importância do Alinhamento no funcionamento dos sistemas nos


levou a desenvolver instrumentos para trabalhar o Alinhamento entre os diversos
sistemas (ou subsistemas) tais como o Alinhamento de Equipes de um Setor na
Empresa, dos diversos Setores da Empresa, passando também pelo Alinhamento dos
Valores da Empresa com os Resultados ou objetivos estratégicos.

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Milton Menezes

Este tipo de desenvolvimento acaba despertando uma maior consciência sobre os


sistemas em que temos alguma influência, aumentando nossa possibilidade de tomar
decisões mais ecológicas e resultados mais eficientes para todos os sistemas. É claro
que este processo é tanto maior e mais abrangente quanto maior for o nível de
consciência do indivíduo do processo e maior for a sua posição estratégica no sistema.

Desenvolvendo a visão Sistêmica:

O trabalho de desenvolvimento da Visão Sistêmica como Competência Essencial deve


buscar aumentar o máximo possível o nível de consciência do indivíduo sobre a sua
interação nos sistemas e, consequentemente, a responsabilidade de seus atos,
projetos e empreendimentos nos demais sistemas.

No ambiente organizacional, temos procurado desenvolver atividades que levem o


colaborador a ampliar esta consciência da sua influência nos processos e equipes além
dos seus.

Cada vez mais, os gestores são chamados a participar com suas opiniões e pareceres
em decisões que não dizem respeito ao seu departamento ou equipe diretamente. Em
função da sobrecarga de trabalho e de reuniões intermináveis, este processo acaba
sendo prejudicado pois a participação destes gestores fica sendo pró-forma, não
agregando realmente sua perspectiva ou experiência àquele outro sistema.

Ao ampliar a consciência da sua Responsabilidade na relação entre os sistemas, o


gestor tende a aprimorar sua percepção identificando mais rapidamente quando uma
decisão sua poderá interferir em outros sistemas fazendo com que suas ponderações
levem a resultados mais ecológicos e eficientes.

Na aplicação de nossos métodos procuramos, então, levar os indivíduos a uma


ampliação de consciência desta interação, não só pela via da informação e da reflexão
mas procurando aumentar a capacidade de perceber efetivamente o fluxo do sistema.

Uma das formas que temos encontrado de favorecer esta apreensão do todo com um
método viável e prático foi com a criação do Método que chamei de CONSTELAÇÃO
TRANSFORME.CE.

Usando a lógica das Constelações Organizacionais, mas de forma mais dinâmica e feita
sob medida para diversas situações diferentes, este Método permite uma perspectiva
do funcionamento dos sistemas que estão sendo considerados, evidenciando relações
e fatores que não estão disponíveis à avaliação racional. Ou se está, o método tende a
enriquecer a avaliação racional trazendo uma percepção mais sutil dos fatores
implícitos que podem estar gerando os problemas ou que sejam fundamentais na
solução e aperfeiçoamento dos sistemas.

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Milton Menezes

O que é um SISTEMA?

Conceito

• Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes


que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos
elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo
resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se
funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre
si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o
comportamento do todo sejam o foco de atenção.

• O Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que,


conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e
efetuam determinada função.

Principais características dos Sistemas:


a) Expansão e Contração dos Sistemas:

 “Todo sistema se contrai, ou seja, é composto de subsistemas (e isto


ocorre infinitamente)”.
Os elementos de um sistema são também sistemas. Por exemplo, o motor de
um carro também é um sistema. E desta forma, cada subsistema também
possui as 4 características básicas. E se os elementos são sistemas, então eles
também são formados por subsistemas (e isto se repete infinitamente).
Exemplo: o motor de um carro é formado de subsistemas como injeção,
pistões, partida, etc.

 “Todo sistema de expande, ou seja, é parte de um sistema maior (e isto


ocorre infinitamente)”.
Por exemplo, o sistema “carro” é parte de um sistema maior de tráfego, que
por sua vez pode ser considerado subsistema de uma cidade e assim
infinitamente.

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Milton Menezes

b) Parte de um sistema maior: Os sistemas são complexos de elementos


colocados em interação. Essas interações entre os elementos produzem um
todo que não pode ser compreendido pela simples investigação das várias
partes tomadas isoladamente.

“Quanto maior a fragmentação do sistema (ou seja, o número de subsistemas),


maior será a necessidade para coordenar as partes”.

Por isto, ninguém vê peças pequenas (como parafusos) quando pensa em


elementos de um carro. A razão disto é que é mais fácil visualizar menos
sistemas e entender sua integração; por esta razão, as pessoas procuram
agrupar os elementos em subsistemas.
O número de subsistemas é arbitrário e depende do ponto de vista de cada
pessoa ou de seu objetivo. Por exemplo, um carro pode ser visto formado por 2
subsistemas somente (motor e estrutura); já outras pessoas poderão subdividir
um carro em parte elétrica, motor, rodas, chassis, carroceria e estofamentos.

c) Interdependência entre as partes: uma organização não é um sistema


mecânico, no qual uma das partes pode ser mudada sem um efeito
concomitante sobre as outras. Em face da diferenciação das partes provocadas
pela divisão do trabalho, as partes precisam ser coordenadas por meio de
integração e de trabalho. Uma variedade de subsistema deve cumprir a função
do sistema e as suas atividades devem ser coordenadas. – divisão de trabalho,
coordenação, integração e controle;

Obs.: O número mágico 7 ± 2


Na década de 40, pesquisadores de psicologia concluíram que as pessoas
normais possuem uma certa capacidade de processamento de informações.
Uma das descobertas é que podemos gerenciar de 5 a 9 subsistemas (por isto,
o número 7 + 2 e 7 – 2). Isto quer dizer que uma pessoa consegue gerenciar
melhor uma equipe com 5 a 9 membros. Ou que devemos subdividir os
sistemas de 5 a 9 partes para poder entender melhor o todo.
Se tivermos mais de 9 elementos, teremos dificuldade para gerenciar os
subsistemas ou entender o sistema como um todo. Abaixo disto, estamos com
capacidade ociosa.

Esta regra é seguida na área de dividir um sistema baseado em tecnologia em


subsistemas. Ou exemplo na área, é que devemos colocar de 5 a 9 opções no
menu (interface) de um sistema automatizado.

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Milton Menezes

d) Homeostasia versus adaptabilidade: a homeostasia(auto regulação) garante a


rotina e a permanência do sistema, enquanto a adaptabilidade leva a ruptura, à
mudança e à inovação. Rotina e ruptura. Estabilidade e mudança. Ambos os
processos precisam ser levados em consideração para garantir a sua
viabilidade. – tendência a estabilidade e equilíbrio X tendência ao atendimento
de novos padrões;

e) Fronteiras ou limites: é a linha imaginária que serve para marcar o que está
dentro e o que está fora do sistema. Nem sempre a fronteira de um sistema
existe fisicamente. –fronteiras permeáveis- sobreposições e intercâmbios com
os sistemas do ambiente.

f) Morfogênese – capacidade de se modificar, de determinar o crescimento e as


formas da organização, de se corrigir e de obter novos e melhores resultados;

g) Resiliência - capacidade de o sistema superar o distúrbio imposto por um


fenômeno externo.

h) Sinergia - esforço simultâneo de vários órgãos que provoca um resultado


ampliado. A soma das partes é maior do que o todo (2 + 2 = 5 ou mais);

i) Entropia - conseqüência da falta de relacionamento entre as partes de um


sistema, o que provoca perdas e desperdícios. É um processo inverso a sinergia,
a soma das partes é menor que o todo (2 + 2 = 3). A entropia leva o sistema à
perda de energia, decomposição e desintegração.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_geral_de_sistemas)

Referência de Autores para os Princípios Gerais de Sistemas:

Pontos de Alavancagem Locais para intervir em uma Sistema


Donella Meadows

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Milton Menezes

14. A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL:

HISTÓRICO:

A partir do desdobramento da Psicologia da Filosofia, várias escolas ou abordagens


surgiram com o objetivo de pesquisar esse complexo objeto de estudo que é o
psiquismo humano. Cada uma das linhas teóricas, com suas respectivas aplicações
práticas, tem determinado a base de entendimento e concepção de indivíduo
psicológico em toda a nossa ciência ocidental.

Durante a década de 60, porém, houve um questionamento sobre as limitações que as


linhas teóricas até então desenvolvidas vinham trazendo. Apesar das inúmeras e
inquestionáveis contribuições oferecidas, essas linhas de pensamento eram incapazes
de oferecer explicações completas para a totalidade das experiências humanas.

Com a ampliação do campo de observação das experiências humanas, os


pesquisadores começaram a descobrir fenômenos que acabaram resultando no
aparecimento da Psicologia Transpessoal. Tratavam-se das chamadas experiências de
pico:

“As pessoas que gozam de excepcional saúde psicológica, tendem a viver aquilo
que chamamos de ‘experiências de pico’: experiências de expansão da
identidade e de união com o universo, breves porém extremamente intensas,
cheias de sentido e júbilo, além de benéficas.”(Walsh & Vaughan, 1997, p. 16).

Os pesquisadores concluíram que muitas dessas experiências podiam ser en-contradas


nas práticas de diversas tradições orientais que, aparentemente, possuíam métodos
próprios para levar os indivíduos a induzi-las deliberadamente. As experiências eram
identificadas como expansões da personalidade, com mudanças nas percepções da
realidade objetiva que pautava o paradigma newton-cartesiano contemporâneo. A
esse movimento, chamado por seus fundadores de “4 a . força em Psicologia” (Tabone,
1992), chamou-se Psicologia Transpessoal.

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Milton Menezes

A DÉCADA DE 60 E OS ALUCINÓGENOS

Os estudos humanistas e transpessoais não ocorreram isolados de um contexto socio-


cultural. Ambos foram influenciados e, ao mesmo tempo influenciaram, um período de
grandes transformações na cultura ocidental de modo geral. Algumas dessas
mudanças diziam respeito ao nascimento de um movimento de defesa do potencial
humano e ao questionamento do sonho materialista, já que não tinha sido possível,
até então, promover níveis de satisfação que as metas de sucesso exterior e posses de
bens materiais tinham “prometido”. São dessa época movimentos de contra-cultura,
como o movimento hippie, e os de caráter questionador dos comportamentos sexuais,
que tiveram participação importante na evolução dessas novas disciplinas
transpessoais. A busca por modos de vida alternativos fizeram com que o ocidente
experimentasse a disseminação de diversas práticas asiáticas.

Muitas dessas práticas, que tinham sido consideradas patológicas ou destituídas de


sentido, agora eram consideradas meios para vivenciar estados ampliados de
consciência e geradores de profundas mudanças de valores e condutas. Práticas de
meditação, respiração, Yoga etc. passaram a ser utilizadas por uma minoria
significativa da população oferecendo material para os pesquisadores que se
interessaram pelos estados alterados de consciência atingidos durante essas práticas,
como objeto de estudo das novas disciplinas transpessoais.

Entretanto, foram as drogas psicodélicas que exerceram o maior impacto nas


pesquisas transpessoais, pois provocaram experiências de estados alterados de
consciência que ampliaram a concepção sobre a plasticidade e potencialidade do
psiquismo além do nosso estado habitual de vigília.

Seja como resultado dos movimentos de contra-cultura, já citados, seja pelos

efeitos observados, nos EUA, nos soldados que retornaram da guerra do Vietnã, o uso
indiscriminado dos alucinógenos possibilitou aos pesquisadores vasto material de
observação de estados incomuns de consciência. Os hospitais e a própria sociedade
passaram a se preocupar com as conseqüências desse uso indiscriminado no
comportamento do indivíduo em sociedade. As drogas ditas psicodélicas — do grego,
“que alteram a mente” — promovem alterações psíquicas nos indivíduos afetando,

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Milton Menezes

principalmente, as percepções visuais. Daí serem chamadas de “alucinógenos” numa


alusão aos sintomas alucinatórios descritos dela Psiquiatria.

Diversas culturas pelo mundo, utilizaram plantas capazes de provocar alterações nos
estados mentais habituais, buscando experiências transcendentais (místico-religiosas)
e/ou para despertar potencialidades criadoras.

Entre as principais substâncias alucinógenas usadas podemos citar a mescalina que


tem como fonte natural o cactus peyote, a psilocibina, um alcalóide derivado dos
chamados cogumelos sagrados mexicanos e, principalmente, o LSD (Dietilamida do
ácido lisérgico) droga semi-sintética, derivada da cravagem do centeio. Destas drogas,
o LSD foi o mais utilizado pelo seu alto poder alucinógeno e pela maior facilidade de
controle, em laboratório, das dosagens utilizadas nas pesquisas.

Nas pesquisas com os alucinógenos, temos que destacar dois nomes como dos mais
importantes: Aldous Huxley e Stanislav Grof. Já em 1954, Aldous Huxley era
considerado um dos maiores nomes da fenomenologia psicológica induzida por
alucinógenos.

Entretanto, é Stanislav Grof — tcheco naturalizado americano — que se tor-nará um


dos mais respeitáveis pesquisadores do LSD e outros alucinógenos.

Como Grof, inúmeros pesquisadores (Ring, 1978; Assagioli, 1982; Lilly, 1983; Wilber,
1996) passaram a dedicar-se ao estudo de uma nova Cartografia da Mente.

QUARTA FORÇA EM PSICOLOGIA:

Antes da Psicologia Transpessoal outras importantes revoluções conceituais marcaram


a Psicologia e a psicoterapia do século XX:

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Milton Menezes

1ª FORÇA: Behaviorismo ou Psicologia Comportamental: John B. Watson “Psychology


as the behaviorist views it” (1913). A psicologia é um ramo puramente objetivo e
experimental das ciências naturais. Segundo ele, somente o comportamento manifesto
era possível de ser validado cientificamente. Objetivo: predição e controle do
comportamento manifesto.

2ª FORÇA: Psicanálise: Criada por Sigmund Freud; identificação da dinâmica


Inconsciente sistematizada. Ênfase na patologia e no sofrimento diante da própria
impotência e limitação humana. Carl G. Jung : Copérnico da Psicologia.

3ª FORÇA: Psicologia Humanista - Humanismo/Existencialismo: Surge como reação ao


behaviorismo (visão mecanicista) e à psicanálise (ênfase ao intrapsíquico e a
patologia); ênfase no aqui e agora, na auto realização, valorização da consciência dos
sentimentos e valorização das relações sociais no entendimento do ser humano e suas
patologias. A visão do Ser Humano no humanismo é a de um ser criativo, com
capacidades de auto-reflexão, decisões, escolhas e valores. Abraham Maslow é
considerado fundador desse movimento.

4ª FORÇA: Psicologia Transpessoal - a partir das idéias exaradas na psicologia


humanista surgiu a 4ª força. Maslow acreditava que vivenciar o aspecto transcendente
era importante e crucial em nossas vidas. Pensar de forma holística, transcendendo
dualidades como certo, errado, bem ou mal, passado, presente e futuro é
fundamental. Maslow declarava que sem o transcendente ficaríamos doentes,
violentos e niilistas, vazios de esperança e apáticos. Algo maior do que somos e que
seja respeitado por nós, e ao qual nos entregamos num novo sentido não materialista.
Vitor Frankl, Stanislav Grof, James Fadiman e Antony Sutich uniram-se a Maslow e
oficializaram, em 1968, a Psicologia Transpessoal, enfocando o estudo da consciência e
o reconhecimento dos significados das dimensões espirituais da psique.

61
Milton Menezes

OBJETIVOS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:

Psicologia Transpessoal: amplia a visão humanista pela inclusão e valorização da


dimensão espiritual do ser humano.

Orientação transpessoal: Tem como conceito fundamental a “autotranscendência”.

Psicoterapia Transpessoal: a capacidade humana para a “autotranscendência”, além da


“auto-realização”, é reconhecida como a etapa final do desenvolvimento humano.
(Vaughan, 1980 e Sutich, 1980).

A Psicologia Transpessoal objetiva estudar os vários estados de consciência1 por que


passa o homem, assim como as suas relações com a realidade, com o comportamento
e valores humanos (Weil, 1982).

Não se trata, como pode parecer a princípio, de uma negação da Psicologia ocidental.
A Psicologia Transpessoal caracteriza-se por um ajuste da Psicologia ocidental ao
paradigma emergente, encontrado nas principais escolas filosóficas orientais.

PESQUISAS COM ESTADOS AMPLIADOS DE CONSCIÊNCIA (EAC):

1954, Aldous Huxley - um dos mais renomados conhecedores da fenomenologia


psicológica induzida por alucinógenos - em sua obra “As Portas da Percepção”,
despertou o interesse pelas drogas alucinógenas como fonte de pesquisa profunda da
mente humana e considerou tais drogas “modificadores do espírito”.

1
O uso do termo Consciência remete a uma diversidade de conceituações. Na Psicologia

Transpessoal o termo Consciência designará a capacidade humana de mobilizar a atenção/percepção do


meio ambiente, a auto-percepção e a estrutura que atua sobre as informações e estímulos captados pelos
sentidos básicos. Os estados alterados de consciência serão as variações do estado dito “normal” ou de
“vigília”.

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Milton Menezes

Stanislav Grof: Um dos mais respeitáveis pesquisadores do LSD e outros alucinógenos.

A partir de 1956, observou os efeitos dos psicodélicos em mais de 2000 sessões


psicoterápicas.

Pelo estudo criterioso e sistemático dessas experiências transpessoais tornou-se


necessário o estabelecimento de um mapeamento da psiqué mais abrangente que os
existentes. Com a ampliação dessas pesquisas constatou-se que muitos dos estados
alterados de consciência experimentados pelos indivíduos assemelhavam-se a alguns
estados descritos por práticas milenares da filosofia oriental — Vedanta, Yoga e
religiões orientais — que também indicavam ser a consciência multidimensional e
estratificada em níveis distintos.

Os diversos estados alterados de consciência — meditação, hipnose, sonhos, técnicas


psicoterápicas etc. — podem ser estudados através de seus vários indicadores como as
ondas alpha, theta e delta, movimento rápido dos olhos, EEG (Eletroencefalograma),
atividade dos hemisférios cerebrais, dentre outros2.

Algumas dessas pesquisas (Walsh & Vaughan, 1997) compararam os parâmetros


psicofisiológicos dos estados de consciência obtidos por práticas da meditação, do
xamanismo e da Yoga com os experimentados pelos quadros esquizofrênicos,
demonstrando que os perfis são completamente diferentes, excluindo a possibilidade
de que os estados alterados, obtidos por aquelas práticas, fossem considerados
patológicos.

Dentro desse enfoque, a consciência do Eu pode mudar de estado, seja através de


auto ou hetero-indução, a partir de um deslocamento da atenção para um outro nível
de consciência que não o habitual, chamado de “estado de consciência ordinário” ou
de vigília”. Esse nível é utilizado como referencial para se determinar os demais níveis
de consciência, por isso chamados de alterados3.

2
Para maiores detalhes sobre essas pesquisas, o leitor poderá recorrer às obras de WALSH &

VAUGHAN, 1997; GOLEMAN, 1988; ORNSTEIN, 1972.


3
A nomenclatura de “alterados” tende a causar uma impressão de desequilíbrio, desajuste ou
patologia, sendo muitas vezes substituída por termos sinônimos como incomuns, alternativos,
“outros”.

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Milton Menezes

Todas as experiências que envolvem algum tipo de expansão ou extensão da

consciência são chamadas de experiências transpessoais:

“... a experiência transpessoal envolve uma expansão ou extensão da


consciência além das limitações usuais do ego e das limitações de tempo e
espaço, como são percebidas no mundo tridimensional.” (Grof, 1987, p. 129).

CARTOGRAFIAS DO PSIQUISMO - PRINCIPAIS AUTORES:

GROF:

Stanislav Grof — tcheco naturalizado americano — um dos mais respeitáveis


pesquisadores do LSD e outros alucinógenos.

Doutor em Medicina e Filosofia, Grof realizou, a partir de 1956, mais de duas mil
sessões psicoterápicas sob efeito do uso controlado do LSD, conduzidas por ele próprio
e mais mil e setecentas conduzidas por seus colaboradores espalhados por vários
pontos do mundo. Grof (1987) afirma que o resultado de suas experiências sugerem a
existência de dimensões da mente humana que a pesquisa psicológica não explorou
satisfatoriamente.

Seus trabalhos (GROF, 1987, 1994, 1997) consistiam na aplicação controlada de


dosagens mínimas de LSD nos sujeitos de pesquisa que eram, imediatamente após,
submetidos a uma sessão psicoterápica de base analítica.

Pelas alterações de percepção e de relatos dos sujeitos e pela semelhança de relatos


entre os inúmeros sujeitos, Grof identificou padrões de modificação na percepção da
realidade objetiva, que se repetiam de forma consistente. Suas conclusões davam
conta de níveis diferentes da consciência que sugeriam uma mente estratificada, onde
cada nível apresentaria sua especificidade.

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Milton Menezes

Depois de algum tempo, Grof deixou de utilizar o LSD passando a desenvolver um novo
método conhecido por Respiração Holotrópica que mistura hiperventilação continuada
e uso de música evocativa de EAC’s. Grof observou que esse método gerava EAC’s
semelhantes aos verificados com o LSD, confirmando os resultados de suas pesquisas
sobre os níveis de consciência:

Dois modelos diferentes de explicar a Consciência Humana:

Consciência Hilotrópica: Estado de Consciência orientado para a matéria (hylé).


Envolve a pessoa como se ela fosse uma sólida entidade física com fronteiras bem
definidas e um campo sensorial limitado, vivendo em espaço tridimensional e tempo
linear, no mundo de objetos materiais.

Consciência Holotrópica: Estado de Consciência orientado para a totalidade / inteireza


(holos). Identificação com um campo da consciência sem limites definidos e que tem
ilimitado acesso experiencial a diferentes aspectos da realidade, sem a mediação dos
sentidos. Há várias alternativas para percepção de tempo e espaço.

Grof, obviamente, não nega a relação estreita entre certos aspectos da consciência
com a estrutura física cerebral, exemplificada nos efeitos na consciência provenientes
de lesões, infecções, tumores ou derrames nessa área do organismo. Entretanto, para
Grof, isso não representa necessariamente que a consciência é um subproduto do
cérebro. Grof apresenta, para ratificar seu ponto de vista, uma interessante analogia
com um aparelho de televisão (Grof,1987, p.15; Grof, 1994, p.17).

Na psicoterapia experiencial profunda: o material biográfico não é lembrado ou


reconstituído, ele pode ser plenamente revivido. Engloba emoções, sensações físicas,
elementos pictóricos do material envolvido e dados provenientes de outros sentidos.

Sistema COEX (ou Sistema de experiência condensada) : constelação dinâmica de


memórias (e de material de fantasia associado) que tem como denominador comum
forte carga emocional.

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Milton Menezes

Na verdade, ao longo de suas pesquisas, Grof observa que o sistema COEX não governa
apenas o material inconsciente do nível biográfico mas pode ser considerado um
princípio geral de funcionamento do psiquismo, com raízes profundas na experiência
do nascimento biológico do indivíduo e também nos domínios mais profundos da
consciência humana.

EXPERIÊNCIAS TRANSPESSOAIS:

1- EXTENSÃO ( OU EXPANSÃO) EXPERENCIAL DENTRO DA “REALIDADE OBJETIVA”

A- EXPANSÃO TEMPORAL DA CONSCIÊNCIA:

 Experiências Perinatais;
 Unidade Cósmica;
 Engolfamento cósmico;
 “Sem-saída” ou inferno;
 Conflito Morte-renascimento;
 Experiência Morte-renascimento;
 Experiências Embrionárias e fetais;
 Experiências Ancestrais;
 Experiências Coletivas ou raciais;
 Experiências Filogenéticas (evolucionárias);
 Experiências de “encarnações passadas”;
 Precognição, clarividência e “viagens no tempo”.

B- EXPANSÃO ESPACIAL DA CONSCIÊNCIA:

 Transcendência do ego em Relações interpessoais;


 Identificação com outras pessoas;
 Identificação Grupal e Consciência Grupal;
 Identificação Animal;
 Identificação Vegetal;
 União com a Vida e com toda a Criação;
 Consciência da Matéria Inorgânica;
 Consciência Planetária;
 Consciência Extraplanetária;
 Experiências “fora do corpo”, viagens clarividentes, “viagens espaciais” e
telepatia.

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Milton Menezes

C- CONSTRIÇÃO ESPACIAL DA CONSCIÊNCIA, CONSCIÊNCIA DE ÓRGÃO, TECIDO OU


CÉLULA.

2- EXTENSÃO (OU EXPANSÃO) EXPERENCIAL ALÉM DA ESTRUTURA DA “REALIDADE


OBJETIVA”:

 Experiências de outros Universos e de Encontros com seus habitantes;


 Experiências Arquetípicas;
 Experiências de Encontros com divindades bem-aventuradas e furiosas;
 Ativação dos chackras ;
 Consciência de Mente Universal;
 Vácuo Supracósmico e Metacósmico.

UMA NOVA VISÃO DE HOMEM:

RESUMO DAS PRINCIPAIS PESQUISAS EM EAC:

• Visão pluridimensional da consciência;

• Consciência como um continuum;

• Consciência não é um epifenômeno da matéria;

• Consciência Cósmica como base da estrutura;

• Senso de identidade diferenciado em cada nível de consciência;

• Níveis, Faixas e Experiências Transpessoais.

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Milton Menezes

CARTOGRAFIA GERAL - Principais Estruturas das Cartografias do Psiquismo:

Regiões Pessoais da Consciência:

Consciência de VIGÍLIA: conteúdos usuais regidos pelo tempo linear, pensamento


analítico, cinco sentidos;

PRÉ-CONSCIENTE: conteúdos facilmente acessados a partir de uma simples evocação


direta, estão parcialmente ligados à vigília;

INCONSCIENTE PSICODINÂMICO: conteúdos ligados a experiências, sentimentos,


pulsões, desde o nascimento até o momento da vida atual. ICS freudiano. Emergem
sob a forma de sintoma;

INCONSCIENTE ONTOGENÉTICO: vivências intra-uterinas, zona de transição entre o


pessoal e o transpessoal (Grof e as MPB’s);

Regiões Transpessoais da Consciência:

INCONSCIENTE TRANSINDIVIDUAL: Envolve experiências além dos aspectos do


indivíduo consciente / Ego / pessoa:

Experiências Ancestrais: explorações da própria linhagem genética, episódios da vida


de seus ancestrais;

Experiências de Encarnações Passadas: experiências que ultrapassam a linha


biográfica, biológica e do ego da personalidade atual. Há um vínculo com a evolução
da própria consciência (Individualidade);

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Milton Menezes

Experiências Coletivas e raciais: experiências que ocorrem através de várias culturas


que já existiram, como se houvesse um inconsciente coletivo ou racial contenedor de
toda a história da humanidade. (Vera Saldanha, Psicoterapia Transpessoal, p. 68);

Experiências Arquetípicas: ICS coletivo de Jung, imagens primordiais, arquétipos ou


símbolos universais da experiência humana;

INCONSCIENTE FILOGENÉTICO: experiências da própria evolução do planeta, tanto


orgânicas quanto inorgânicas. Consciência de órgão, tecido, célula, consciência animal,
vegetal e inorgânica, Consciência planetária;

INCONSCIENTE EXTRATERRENO: domínio da consciência que se estende além de nosso


planeta: experiência de estar fora do corpo, encontro com entidades espirituais e
guias. Onde ocorrem fenômenos de Percepção Extra Sensorial, clarividência, possessão
por espíritos. (Vera Saldanha, Psicoterapia Transpessoal, p. 69);

SUPERCONSCIENTE: percepção ampla da realidade, através de sentimentos de


apreensão intuitiva da realidade, de compaixão, de equanimidade. Eu Superior.
Apreensão intuitiva da unidade e da relação homem-cosmo.

VÁCUO ou MENTE: É um estado de puro ser. A consciência funde-se com a mente


Universal. Integração com a totalidade.

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Milton Menezes

Principais Estruturas das Cartografias do Psiquismo:

VIGÍLIA
PRÉ-CONSCIENTE
REGIÕES
ICS PSICODINÂMICO PESSOAIS DA

ICS ONTOGENÉTICO CONSCIÊNCIA

ICS TRANSINDIVIDUAL

ANCESTRAL

RACIAL/COLETIVO
REGIÕES
VIDAS PASSADAS TRANSPESSOAIS

ARQUETÍPICAS DA

CONSCIÊNCIA

ICS FILOGENÉTICO
ICS EXTRATERRENO

SUPERCONSCIENTE

VÁCUO / MENTE

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Milton Menezes

15. Kurt Lewin:

a. Cada um olha o grupo como um todo e lhe dará papéis, funções, a partir de
suas necessidades;
b. A necessidade organiza o grupo;
c. O grupo, como um todo, é o espaço vital, é o lócus onde o comportamento
ocorre.
d. O espaço vital é o universo do psicológico, é o todo da realidade
psicológica, contem a totalidade dos fatos possíveis, capazes de determinar
o comportamento do indivíduo; inclui tudo o que é necessário à
compreensão do comportamento concreto de um ser humano individual
em um dado meio psicológico e em um determinado tempo. O
comportamento é função do espaço vital.
e. Campo é uma noção dinâmica e não estética, daí que é sempre possível
uma permanente comunicação entre os diversos subsistemas (pessoas)
dentro de um campo ou de um espaço vital.
f. Propriedade de Permeabilidade: comunicação interpessoal de inconscientes
ou a reação em cadeia pela qual o grupo entende estranhamento o que
está se passando com cada um de seus membros.
g. O grupo convive o tempo todo com um tríplice processo: o do Indivíduo e
que este percebe como seu próprio, o do Outro membro do Grupo e que o
cliente percebe como não sendo seu, e o que cada um percebe como sendo
um processo do grupo como tal.
h. O terapeuta pode e precisa estar atento a esse tríplice processo como algo
que ocorre no espaço vital grupal, onde tudo pertence a todos. Será sua
capacidade de distinguir, de intuir que o fará perceber a força ou o vetor
presente no campo. Essa força tem: direção, energia e um ponto de
aplicação. Tal fenômeno ocorre dentro do espaço vital.
i. Para Lewin estamos lidando com 3 conceitos básicos: redução de tensão,
satisfação de necessidades e solução de problemas.

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Milton Menezes

BIBLIOGRAFIA:

Psicologia Transpessoal

FRANKL, Victor E. – Em Busca de Sentido – Petrópolis, Ed. Vozes, 1991.

GROF, S. - Além do Cérebro - São Paulo, MacGraw-Hill, 1987, pág. 139

GROF, S. - A Mente Holotrópica - Rio de Janeiro, Rocco, 1994

GROF. S. e GROF, C. (Orgs.) - Emergência Espiritual - Crise e Transformação Espiritual -


São Paulo, Cultrix, 1995.

GROF, Stanislav & GROF, C. — A Tempestuosa Busca do Ser — São Paulo, Cultrix, 1995.

GROF, Stanislav – A Aventura da Autodescoberta – São Paulo, Summus, 1997.

GROF, Stanislav – O Jogo Cósmico – Explorações das Fronteiras da Consciência Humana


– São Paulo, Editora Atheneu, 1998.

GROF, Stanislav; BENNETT, Hal Z. - A Mente Holotrópica - Rio de Janeiro, Rocco, 1994

GROF, Stanislav - Psicologia do Futuro – Niterói, RJ, Heresis, 2000.

LILLY, John — The Center of the Cyclone — New York, Julian Press, 1983.

SALDANHA, V. – A Psicoterapia Transpessoal – Rio de Janeiro, Record, Rosa dos


Ventos, 1999.

TABONE, M. - A Psicologia Transpessoal - São Paulo, Cultrix, 1992.

TART, Charles — A Abordagem Sistêmica da Consciência — In WALSH, R. & VAUGHAN,

F., Caminhos Além do Ego — Uma Visão Transpessoal — São Paulo, Editora Cultrix,
1997.

WALSH, Roger & VAUGHAN, Frances — Caminhos Além do Ego — Uma Visão

Transpessoal — São Paulo, Editora Cultrix, 1997.

WEIL, Pierre — A Revolução Silenciosa — São Paulo, Editora Pensamento, 1982.

WEIL, Pierre – A Consciência Cósmica – Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 1999.

WILBER, Ken — O Espectro da Consciência — São Paulo, Editora Cultrix, 1996.

72
Milton Menezes

Bibliografia CONSTELAÇÃO:

HELLINGER, Bert – A Simetria Oculta do Amor – São Paulo, Cultriz, 2005.

HELLINGER, Bert – Ordens do Amor – São Paulo, Cultriz, 2008.

STAM, J. Jacob – A Alma do negócio - Goiana, Ed Atman, 2012.

HELLINGER, Bert - Um Lugar para os Excluídos – Belo Horizonte, Ed. Atman, 2014.

HELLINGER, Bert – Constelações Familiares –O Reconhecimento da Ordem do Amor –


São Paulo, Ed Cultrix, 2010.

HELLINGER, Bert – Desatando os Laços do Destino – Constelações Familiares com


Doentes deCâncer - São Paulo, Ed. Cultrix, 2006.

73
Milton Menezes

16. CAMPOS MORFOGENÉTICOS E RUPERT


SHELDRAKE:
Rupert Sheldrake:
Rupert Sheldrake é biólogo e autor de mais de 80 artigos
científicos e 10 livros. Estudou ciências naturais na
Universidade de Cambridge, onde foi bolsista da faculdade
de Clare, foi agraciado com o Prémio Universidade de
Botânica. Ele, então, estudou filosofia e história da ciência na
Universidade de Harvard, antes de retornar a Cambridge,
onde ele se tornou um Ph.D. em bioquímica. Como o
pesquisador Rosenheim da Royal Society, ele realizou uma
pesquisa sobre o desenvolvimento das plantas e do
envelhecimento das células do Departamento de Bioquímica
da Universidade de Cambridge.

Enquanto na Universidade de Cambridge, em conjunto com Philip Rubery, descobriu o


mecanismo de transporte polar de auxina, o processo pelo qual o hormônio vegetal
auxina é realizado pela parte aérea para as raízes.

De 1968 a 1969, com base no Departamento de Botânica da Universidade da Malásia,


Kuala Lumpur, ele estudou as plantas da floresta tropical. De 1974 a 1985 foi Diretor e
fisiologista de plantas fisiologista Consultor no International Crops Research Institute
para os Trópicos Semi-Áridos (ICRISAT), em Hyderabad, na Índia, onde ajudou a
desenvolver novos sistemas de cultivo agora amplamente utilizados pelos agricultores.
Enquanto na Índia, ele também viveu por um ano e meio no ashram do padre Bede
Griffiths em Tamil Nadu, onde escreveu o seu primeiro livro, A Nova Ciência da Vida.

De 2005-2010, ele foi o Diretor do Projeto de Perrott-Warrick, financiado pelo Trinity


College, em Cambridge. Ele também é membro do Instituto de Ciências Noéticas, perto
de San Francisco, e professor visitante e diretor acadêmico do Programa de
pensamento holístico no Instituto de Pós-Graduação em Connecticut.

Livros por Rupert Sheldrake:


A Nova Ciência da Vida: A hipótese da causação formativa (1981). Nova edição de 2009
(em os EUA publicado como Ressonância Mórfica)
A Presença do Passado: Ressonância Mórfica e os Hábitos da Natureza (1988)
O Renascimento da Natureza: o Greening de Ciência e Deus (1992)
Sete Experimentos que poderia mudar o mundo: A Do-It-Yourself Guia para
Revolucionária Ciência (1994) (Vencedor do Livro do Ano, do Instituto Britânico para
Invenções Sociais)

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Milton Menezes

Cães que sabem quando seus donos estão chegando em casa, e outros poderes
inexplicáveis de Animais (1999) (Vencedor do Livro do Ano da Rede britânica Scientific
and Medical)
O sentido de estar sendo observado, e outros aspectos da mente estendida (2003)

Com Ralph Abraham e McKenna Terence:


Trílogos na borda do Oeste (1992), republicado como Criatividade Caos, e Consciência
Cósmica (2001)
A mente evolucionária (1998)

Com Matthew Fox:


Graça Natural: Diálogos sobre Ciência e Espiritualidade (1996)
A Física dos Anjos: Explorando o reino onde a ciência eo espírito se encontram (1996)

Citações do próprio Rupert em sua Autobiografia:

“A primeira coisa que fizemos no Departamento de Bioquímica era matar os


organismos que estávamos estudando e depois triturá-los para extrair o DNA, as
enzimas, e assim por diante.”

“Então, um amigo que estava estudando literatura me emprestou um livro sobre


filosofia alemã contendo um ensaio sobre os escritos de Goethe, o poeta e botânico.
Eu descobri que Goethe, no final do século XVIII e início do século XIX tinha tido uma
visão de um tipo diferente de ciência, uma ciência holística que a experiência direta
integrada e compreensão. Não envolveu quebrando tudo em pedaços e negar a
evidência dos sentidos de cada um.”

“Tive a sorte de conseguir uma bolsa de estudos na Universidade de Harvard, onde


passei um ano estudando filosofia e história. Livro de Thomas Kuhn, A Estrutura das
Revoluções Científicas recentemente tinha saído e que tinha uma grande influência
sobre mim, me deu uma nova perspectiva. Isso me fez perceber que a teoria
mecanicista da vida era o que Kuhn chamou de paradigma, um modelo aceito
coletivamente da realidade, um sistema de crenças. Ele mostrou que os períodos de
mudança revolucionária envolveu a substituição de scientificparadigms velhos por
novos. Se a ciência mudou radicalmente no passado, então talvez ele poderia mudar
de novo no futuro. Eu estava muito animado com isso.”

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Milton Menezes

“Enquanto eu era um estudante de pós-graduação lá me deparei com um grupo


chamado os filósofos Epifania, que estavam ligados a um mosteiro anglicano chamado
Comunidade da Epifania. Este grupo de filósofos, físicos e místicos explorou as ligações
entre experiência mística, filosofia e ciência - e ainda o fazem. Isso era exatamente o
que eu estava interessado, e eu achei isso um grupo muito útil e inspirador.”

“Então, quando me juntei aos filósofos da Epifania, o aspecto cristão não me interessa
muito. Mas eu estava interessada na exploração de novas idéias na teoria quântica,
filosofia da ciência, a parapsicologia, medicina alternativa, e da filosofia holística da
natureza. Estes foram alguns dos temas que estavam discutindo na década de
sessenta.”

“Eu estava começando a explorar a tradição holística na biologia, que é uma tradição
minoritária, mas está sempre lá. Eu comecei a formular a idéia de ressonância mórfica,
a base da memória na natureza, a principal coisa que eu venho trabalhando desde
então. A idéia veio a mim em um momento de introspecção e foi extremamente
emocionante.”

“A razão principal para assumir o cargo em Hyderabad era que eu queria ser na Índia.
Eu já tinha se interessado na filosofia indiana e começou a fazer meditação
transcendental. Eu fui atraído para as tradições hindus. Então eu fui para a Índia, viveu
lá, e trabalhou na pesquisa agrícola. Eu adorava estar na Índia.”

“Quando eu conheci Bede Griffiths, ele fez a ponte entre o cristão e as tradições
orientais muito mais fácil para eu atravessar. Eu fui e livedin seu ashram por um ano e
meio, e então eu escrevi o meu primeiro livro, A Nova Ciência da Vida, que eu a ele
dedicado.”

“Uma das minhas principais preocupações é a abertura da ciência. Outra está


explorando as conexões entre ciência e espiritualidade, e estou particularmente grato
pela oportunidade de fazer isso com Matthew Fox.”

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Milton Menezes

Campos Morfogenéticos

Havia um arquipélago no Pacífico povoado apenas por macacos. Eles se alimentavam


de batatas, que tiravam da terra. Um dia, não se sabe porque, um desses macacos
lavou a batata antes de comer, o que melhorou o sabor do alimento. Os outros o
observaram, intrigados, e aos poucos começaram a imitá-lo. Quando o centésimo
macaco lavou a sua batata, todos os macacos das outras ilhas começaram a lavar suas
batatas antes de comer. E entre as ilhas não havia nenhuma comunicação aparente.

Essa história (fictícia) exemplifica uma teoria criada pelo fisiologista inglês Rupert
Sheldrake, denominada teoria dos campos morfogenéticos. Segundo o cientista, os
campos mórfogenéticos são estruturas invisíveis que se estendem no espaço-tempo
e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.
Todo átomo, molécula, célula ou organismo que existe gera um campo organizador
invisível, ainda não detectável por qualquer instrumento, que afeta todas as unidades
desse tipo. Assim, sempre que um membro de uma espécie aprende um
comportamento, e esse comportamento é repetido um número de vezes suficiente, o
tal campo (molde) é modificado e a modificação afeta a espécie por inteiro, mesmo
que não haja formas convencionais de contato entre seus membros. Isso explica
porque, no exemplo, todos os macacos do arquipélago de repente começaram a lavar
suas raízes, sem que houvesse comunicação entre as ilhas.

Mas outros exemplos na natureza - desta vez verdadeiros - ilustram bem uma
organização invisível no comportamento dos animais. Pegue um gato, por exemplo.
Separe-o do convívio com outros gatos poucos dias após o nascimento (algo

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Milton Menezes

infelizmente comum) e crie-o isolado. Ele vai ter todas as características


comportamentais de um gato, as brincadeiras, inclusive o cacoete de só fazer as
necessidades na areia (se tiver areia no lugar, claro). Quem ensinou isso? Milhares de
anos de evolução, dirão os Darwinistas. Deus, dirão os Criacionistas. Mas nem um nem
outro explica a questão: Quem ensinou isso ao gato que foi criado fora do convívio dos
outros de sua raça milenar?!

A ciência dá um valor muito alto aos genes. É uma verdadeira panacéia: se não
sabemos explicar algo, simplesmente "culpamos" os genes. Exemplo disso é o processo
de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento
embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais,
dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual
órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo
e no momento adequado? A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou
inativação de genes específicos, e que tal fato depende das interações de cada célula
com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e
o meio ambiente). Tal formação do embrião acontece com precisão tanto aqui quanto
na China, tanto no frio como no calor, tanto na poluição e radiação de NY, quanto nos
bucólicos campos da Escócia...

A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível


tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O
código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a
seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes
ditam essa estrutura primária e ponto. "A maneira como as proteínas se distribuem
dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos
organismos não estão programadas no código genético", afirma Sheldrake. "Dados os
genes corretos, e, portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de
alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que
enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar
que a casa se construa espontaneamente."

A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os


tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada pelos campos morfogenéticos, uma
estrutura espaço-temporal que direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma
espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes, um papel
semelhante ao da planta de um edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações

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Milton Menezes

dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode


ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os
campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação
com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de
ressonância entre os campos.

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro


fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos
campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por
exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num
organismo completo.

Tal organismo parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar
sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.

Sheldrake já realizou várias pesquisas para provar que o corpo possui um campo
mórfico e, quando se perde uma parte desse corpo, o campo permanece. Um exemplo
é uma das experiências que fez: Uma pessoa que não tem parte do braço age como se
estivesse empurrando o membro fantasma através de uma tela fina. Do outro lado da
tela, uma outra pessoa tenta tocar o braço fantasma. De acordo com Sheldrake, as
duas pessoas envolvidas na experiência são capazes de sentir o toque. É uma prova
(subjetiva) de que alguma coisa do braço ainda existe concretamente, e não apenas no
cérebro da pessoa que o perdeu.

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Milton Menezes

Depois de muitos anos de estudo e pesquisa chegou-se à conclusão de que a chave


desse mistério estaria numa espécie de memória: uma memória coletiva e
inconsciente que faz com que formas e hábitos sejam transmitidos de geração para
geração.

O campo morfogenético seria uma região de influência que atua dentro e em torno
de todo organismo vivo. Algo parecido com o campo eletromagnético que existe em
volta dos imãs. Para o cientista, cada grupo de animais, plantas, pássaros etc., está
cercado por uma espécie de campo invisível que contém uma memória, e que cada
animal usa a memória de todos os outros animais da sua espécie. Esses campos são o
meio pelo qual os hábitos de cada espécie se formam, se mantém e se repetem. No
exemplo dos macacos, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos
agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa
a ser compartilhado por toda a espécie.

O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por


Sheldrake com o nome de ressonância mórfica. Por meio dela, as informações se
propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória
coletiva.

Os seres humanos também têm uma memória comum. É o que Jung chamou de
inconsciente coletivo. A respeito disso, Sheldrake lança uma luz sobre a questão da
existência de vidas passadas: Ele diz que, às vezes, as pessoas podem entrar em
sintonia com as memórias de uma outra pessoa que existiu no passado. Isso não
significa que elas foram realmente aquela pessoa, mas que se teve acesso à memória
dela.

Então, o campo morfogenético é algo que está dentro de nós, e fora de nós. Nos
envolve e nos define, está presente em nossos pensamentos, e nossas atitudes. Pode
estar por trás do Id; Pode ser a Força. O inconsciente coletivo; O Shaktipat; Em
essência, o Tao; Ou mesmo Brahma! O Reino dos céus!

Os campos morfogenéticos também são responsáveis por aquela sensação que a


maioria das pessoas tem quando sente que está sendo observada.

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Milton Menezes

Sheldrake explica: "Entrevistei alguns detetives particulares, pessoal da vigilância na


polícia, pelotões antiterrorismo da Irlanda do Norte e outras pessoas cuja atividade é
observar outras pessoas. A maior parte destes observadores profissionais está muito
consciente desse fenômeno, e alguns daqueles que operam sistemas de segurança em
shoppings, edifícios, aeroportos e hospitais também estão muito conscientes desse
efeito. Em uma das principais lojas de departamento de Londres, os detetives da loja
disseram que podiam olhar as pessoas na loja através de uma TV, e quando viam
alguém roubando, um gatuno, muitas vezes perceberam que, se olhassem para essa
pessoa muito intensamente, pela tela da TV, a pessoa começava a olhar a seu redor
procurando as câmeras escondidas e depois devolvia o que tinha tirado e saía da loja.
Um segurança em um hospital disse que onde isso dava mais certo era com uma
câmera oculta que cobria uma área onde as pessoas iam fumar, embora não fosse
permitido fumar no hospital, mas quando ele observava os fumantes através da
televisão de circuito fechado eles imediatamente começavam a parecer constrangidos
e apagavam seus cigarros e saíam dali. Portanto, há muitas experiências práticas. No
SAS britânico, que são as forças especiais usadas para tomar de assalto terroristas em
embaixadas e lugares semelhantes, parte do treinamento ensina que, se você está se
aproximando cuidadosamente de uma pessoa por trás, para esfaqueá-la nas costas,
você não deve olhar fixamente para as costas dela, porque é quase certo que, se o
fizer, ela vai se virar. E a primeira lição que um detetive particular aprende sobre seguir
alguém é que você não olha para quem está seguindo, porque se olhar, ele vai se virar
e seu disfarce terá sido descoberto".

Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma
atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais
indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo
básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo.

Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade: "Quando uma


nova substância química é sintetizada em laboratório, não existe nenhum precedente
que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das
características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou
pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se
efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que
isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a

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Milton Menezes

ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do
mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do
mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que
aconteça novamente em experimentos futuros."

Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado
tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of
Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta
pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist
elogiava o trabalho como "uma importante pesquisa científica", a Nature o
considerava "o melhor candidato à fogueira em muitos anos".

A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nos
trabalhos de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi
generalizar essa ideia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos,
aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs
também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de
explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber
os impactos que tal processo teria na vida humana. "Experimentos em psicologia
mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam", informa
Sheldrake.

Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou
que uma figura oculta numa ilustração em alto contraste torna-se mais fácil de
perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa
pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983.
Numa universidade inglesa, alguns pesquisadores conseguiram provar que as palavras
cruzadas dos jornais são muito mais fáceis de resolver quando feitas no dia seguinte à
publicação original.

Esse fenômeno é muito comum entre os químicos. Quando um deles tenta cristalizar
um novo composto leva muito tempo para conseguir um bom resultado. Mas a partir
desse momento em outros lugares do mundo muitos outros químicos conseguem
cristalizar o mesmo composto num tempo muito mais curto.

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Milton Menezes

Isso explicaria o porquê da geração dos anos 80 ter tido facilidade de programar o
videocassete, e a geração de 90 dominar o computador e o celular?

Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem


imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no
domínio da educação. "Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância
mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado", conjectura Sheldrake.
E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de
Nova York, dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.

Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de


Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou
transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo
reducionista de Sigmund Freud.

"A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou
mal", afirmou Sheldrake, "Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina,
pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas".

O Trecho abaixo foi retirado da transcrição de uma Palestra de Sheldrake em Portugal:

EXPERIMENTO DO CACHORRO

Deixe-me dar um exemplo do tipo de histórias que temos em nosso banco de dados,
sobre um cachorro que sabe quando seu dono está chegando em casa. Essa é de uma
pessoa no Havaí:

"Meu cachorro Debby sempre fica esperando na porta uma meia hora antes de meu
pai chegar em casa do trabalho. Como meu pai estava no exército, ele tinha um
horário de trabalho muito irregular. Não fazia diferença se meu pai ligava antes, e uma
época eu achei que o cachorro reagia à chamada telefónica, mas isso obviamente não
era o caso, porque às vezes meu pai dizia que estava vindo para casa mais cedo, mas
tinha que ficar até mais tarde. Às vezes ele nem telefonava. O cachorro nunca se
enganava, portanto eu eliminei a teoria do telefone. Minha mãe foi a primeira pessoa

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Milton Menezes

que notou esse comportamento. Ela estava sempre preparando o jantar quando o
cachorro ia para a porta. Se o cachorro não fosse até a porta, nós sabíamos que papai
ia chegar mais tarde. Se ele chegasse tarde, o cachorro mesmo assim o esperava, mas
só quando ele já estivesse no caminho de casa".

Temos agora em nosso banco de dados cerca de 580 relatos de cachorros que fazem
isso, e cerca de 300 relatos de gatos que fazem isso, com esse tipo de qualidades. O
cético de carteirinha irá dizer "bem, é apenas uma rotina", mas na maioria dos casos
não é uma rotina (se fosse as pessoas nem notariam). O próximo argumento do cético
de carteirinha é "bom, o que deve acontecer é que as pessoas da casa sabem quando o
dono está vindo e com isso seu estado emocional muda, e o animal capta essa
mudança através de deixas sutis". Bem, é claro que isso é possível se as pessoas
realmente prevêem que alguém está vindo para casa, seu estado emocional pode
mudar, elas podem ficar excitadas ou talvez deprimidas e o animal pode captar essa
mudança emocional e reagir a ela. Mas, em muitos dos casos, as pessoas na casa não
sabem quando a outra está vindo para casa, é o animal que lhes diz, e não elas que
dizem ao animal.

Quando eu estava discutindo esse assunto com Nicholas Humphrey, meu amigo cético
disse: "bem, tudo isso ainda não elimina a possibilidade de que eles ouvem o barulho
do motor do carro, um motor de carro familiar a 30, 40 quilômetros de distância", e eu
disse: "isso é obviamente impossível". E ele: "pelo contrário, apenas demonstra como
a audição dos cachorros é aguçada". Foi essa discussão que levou à ideia de fazer um
experimento. Eu disse: "OK, e se eles vierem para casa de táxi, ou no carro de um
amigo, ou de trem, ou de bicicleta da estação em uma bicicleta emprestada, para que
não haja sons familiares?" E ele disse: "nesse caso, o cachorro não reagiria", e desde a
publicação deste livro eu já descobri muitos cachorros, gatos e outros animais que
fazem isso.

Telefonamos para pessoas escolhidas aleatoriamente usando técnicas padronizadas de


amostragem e perguntamos se elas tinham animais. Dos donos de animais, havia mais
donos de cachorros do que de gatos na maior parte das localidades. Perguntávamos:
então "seu animal parece saber previamente quando um membro da família está
vindo para casa?" Aproximadamente 50% dos donos de cachorro em todas as
localidades disseram que sim - em Los Angeles foram mais de 60% - e podemos ver
através desses resultados que os gatos em todas as localidades fazem isso menos que
os cachorros.

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Milton Menezes

Nos primeiros experimentos que foram feitos, pedíamos às pessoas que anotassem em
um caderno o comportamento do cachorro, mas os céticos disseram: "bem, assim
você tem uma tendência subjetiva". Portanto, agora nós fazemos uma fita de vídeo de
todos os experimentos. Temos uma câmera de vídeo em tripé, apontando para o lugar
onde o cachorro ou o gato esperam pela pessoa que vem para casa. Há um controle de
tempo na câmera e ela fica funcionando por horas. Então, temos horas de filme que
irão mostrar se o cachorro ou o gato vão até a janela, e por quanto tempo ficam lá, um
registro objetivo e perfeito. O que vou lhes mostrar é um vídeo de um desses
experimentos que foi feito com um cachorro com que trabalhei principalmente na
Inglaterra. O cachorro chama-se JT e o nome de sua dona é Pam. Quando Pam sai, ela
deixa JT com seus pais, que vivem no apartamento ao lado do dela. Eles observaram há
muitos anos que JT sempre ia para a janela quando Pam estava a caminho de casa, ou
quase sempre. Esse experimento foi filmado profissionalmente pela televisão estatal
austríaca, e foi filmado com duas câmeras, para que pudéssemos ver o cachorro e a
pessoa que estava na rua ao mesmo tempo. E foi combinado que eles escolhessem as
horas de sua vinda para casa de maneira aleatória, que nem ela mesma soubesse
previamente, que ninguém soubesse previamente; e ela viria para casa de táxi, para
eliminar a possibilidade de sons de carros familiares. Esse, portanto, é um experimento
que foi realizado dentro dessas condições.

Na vida real, Pam não vem para casa em horas escolhidas aleatoriamente, e que ela
própria desconheça previamente. Quando está no trabalho, ou quando sai para fazer
compras ou visitar amigos, ela vem para casa em vários momentos diferentes, e nós
monitoramos regularmente as horas em que ela volta, mais de 200 experimentos
foram monitorados, temos dezenas deles em vídeo. O cachorro nem sempre reage,
cerca de 85% das vezes JT realmente espera por ela quando ela está vindo para casa,
cerca de 15% ele não o faz. Analisamos as ocasiões em que ele não faz, a maioria das
vezes ocorreu quando a cadela do apartamento vizinho estava no cio. Isso mostra que
JT pode se distrair. Isso também ocorreu algumas vezes quando havia visitas na casa
ou outro cachorro, e algumas vezes sem nenhum motivo. De qualquer forma, JT
normalmente reage quando Pam decide que vai para casa. No filme vê-se que ele não
começa a reagir quando ela entra no táxi, e sim quando ela estava pronta para ir para
casa. Na vida real ele não reage quando ela entra no carro para ir para casa, e sim
quando ela começa a se despedir dos amigos e pensando "bem, vou-me embora". Ele
parece captar essa intenção dela. É bem verdade que JT vai até a janela
ocasionalmente quando Pam não está a caminho de casa, normalmente porque vai
latir para um gato que passa na rua ou está olhando alguma coisa que está

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Milton Menezes

acontecendo do lado de fora. Nesses gráficos incluímos todos esses casos, embora
fique claro no vídeo que ele não está esperando, mas como os céticos dizem que, se
você usar evidência seletiva isso demonstra que você inventou a coisa toda, não
fizemos nenhuma seleção aqui. Às vezes há uns trechos barulhentos, quando ele vai
até a janela de qualquer maneira, mas podemos ver que isso é a média de 12 ocasiões
diferentes quando ela estava fora por mais de 3 horas. O tempo que ele está
esperando na janela é maior quando ela está no caminho de casa do que quando ela
não está. Vemos um pequeno aumento antes de ela ir para casa que, a meu ver, tem
relação com esse efeito antecipatório.

JT está obviamente esperando por ela principalmente quando ela está no caminho de
casa. O que é claro nesses gráficos é que JT não vai para a janela com mais frequência
quanto mais tempo ela estiver fora. Ele obviamente está muito mais na janela aqui,
quando ela está no caminho de volta, do que nos períodos correspondentes aqui.
Esses efeitos têm uma enorme significância estatística. Vários tipos de análise
mostram significâncias que vão mais além da escala de meu computador. Esses efeitos
são do tipo p é menor que .00001.

Esses resultados foram amplamente publicados na Grã-Bretanha, nos jornais, e - é


claro - foram criticados pelos céticos, que estão sempre prontos para dizer que nada
semelhante poderia ocorrer. Um dos céticos mais ativos na Grã-Bretanha, cujo nome é
Richard Wiseman, disse que eu não tinha usado procedimentos adequados, não os
tinha registrado de forma adequada, etc. Eu fiz também muitos experimentos com
horas de retorno aleatórias. Pam tem um pager em seu bolso que eu ativei por
telefone de Londres e ela vem para casa em momentos verdadeiramente aleatórios,
usando um desses pagers da Telecom. De qualquer forma, ele criticou os detalhes,
então eu disse: "Tudo bem, por que você mesmo não faz o experimento? Eu organizo
tudo para que você possa fazê-lo com o mesmo cachorro. Emprestamos uma câmera
de vídeo, Pam irá onde você quiser, o seu ajudante ficará observando-a". Na verdade,
então, o próprio Wiseman filmou o cachorro e ficou no apartamento dos pais da Pam,
enquanto seu ajudante ia com a Pam para pubs, ou outros lugares, até que em um
momento determinado aleatoriamente fosse decidido que eles voltariam para casa.
Eles checavam o tempo todo para garantir que não haveria chamadas telefônicas
secretas, nenhum meio de comunicação invisível, nenhuma fraude ou trapaça.

Wiseman é um mágico, e ele é um desses céticos que está sempre afirmando que tudo
pode ser feito por trapaça ou ilusionismo. Bem, ele mesmo esteve lá, e eles estavam se

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protegendo de tudo, e ele realizou três experimentos com Pam na casa de seus pais, e
esses foram os resultados dos três experimentos que ele fez, usando todos seus
controles rigorosíssimos, seu próprio procedimento aleatório, e outras coisas mais (os
resultados são exatamente iguais aos outros; o público ri). Portanto, esses resultados
são sólidos, mesmo com um cético, que ao fazer o experimento na verdade não quer
que ele dê certo. Atualmente realizo uma série de experimentos em Santa Cruz,
Califórnia, com um tipo de periquito italiano que mostra o mesmo tipo de reação: eles
guincham quando o dono está vindo para casa, e obtemos quase o mesmo tipo de
gráficos, mostrando que os guinchos vão aumentando de intensidade quando o dono
está a caminho de casa em horas aleatórias.

Um cão e um ser humano, quando formam uma união entre eles, são parte de um
grupo social. Os cães são animais intensamente sociais, eles descendem dos lobos que
têm uma vida social intensa. Portanto, eu acho que o que ocorre quando uma pessoa
sai de casa, é que ela ainda continua conectada pelo campo mórfico da família, do qual
o cão é parte. O campo mórfico se estica, por assim dizer, mas eles ainda estão ligados
por esse campo mórfico, e é devido a essa conexão contínua invisível que a informação
pode viajar, as intenções da pessoa podem afetar o cachorro em casa.

Portanto, eu interpreto tudo isso em termos de campos mórficos. É claro, outras


pessoas podem querer interpretá-lo em termos de outras coisas, e pode ser que isso
esteja relacionado com a não-localidade quântica, ninguém sabe. Existem na física
quântica, fenômenos não-locais misteriosos, sistemas que foram conectados como
parte do mesmo sistema, e quando são separados retêm essa conexão não-local e não
separável à distância. Bem, uma pessoa e um cachorro, que estiveram conectados por
terem vivido juntos como companheiros, quando se separam podem ter uma conexão
não-local semelhante. Mas ninguém sabe se essa não-localidade quântica se estende
aos fenômenos macroscópicos ou não.

MEMÓRIA COLETIVA

Acho que esses campos têm uma espécie de memória, essa é minha ideia de
ressonância mórfica, o que significa que cada tipo de campo mórfico tem uma
memória de sistemas passados semelhantes, por meio de um processo de ressonância
através do espaço e do tempo. Os campos são locais, estão dentro e ao redor do

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Milton Menezes

sistema que eles organizam, mas sistemas semelhantes têm uma influência não-local
através do espaço e do tempo, oriunda da ressonância mórfica, que dá uma memória
coletiva para cada espécie. Não tenho tempo de explicar os detalhes da teoria da
ressonância mórfica, a não ser para dizer que cada espécie neste planeta teria uma
memória coletiva. Todos os ratos extrairiam memórias da memória coletiva de ratos
anteriores. Se ratos aprenderem um novo truque no laboratório, outros ratos em
outros locais deveriam ser capazes de aprender o mesmo truque mais rapidamente.
Haja evidência, que eu discuti em meus livros, de que isso realmente ocorre.

No reino humano, se as pessoas aprendem uma nova habilidade, como windsurf, ou


andar de skate, ou programação de computador, o fato de que muitas pessoas já
aprenderam a mesma coisa deveria fazer com que fosse mais fácil para os outros
aprenderem. Bem, essa é uma teoria que, claramente, é muito polêmica, e eu a
descrevi em detalhe em meus livros A New Science of Life e A presença do Passado. Já
houve um número considerável de testes experimentais, e quando um número grande
de pessoas está envolvido, eles dão resultados positivos; com uma amostra pequena
(20, 30 pessoas) aprendendo algo novo, os resultados são às vezes positivos e às vezes
não significativos. Esses efeitos são relativamente pequenos e difíceis de detectar no
contexto de variações individuais. Mas há certos tipos de evidência que surgiram
espontaneamente, que são relevantes aqui, e um deles está relacionado com testes de
QI. Como vocês sabem, os testes padrão de QI vêm sendo ministrados por muitos anos
para medir a inteligência e esses mesmos testes são aplicados ano após ano. Foram
feitos estudos para examinar a contagem de testes de QI no decorrer do tempo;
quando examinamos o desempenho absoluto nesses testes - e aqui estamos falando
de testes feitos por milhões de pessoas - os testes mostram um efeito muito
interessante que foi descoberto pela primeira vez por James Flynn, e portanto é
chamado de Efeito Flynn: há um aumento misterioso e inesperado nas porcentagens
do QI com o correr do tempo. Aqui temos um gráfico mostrando resultados de testes
de QI, tirado de um número recente da revista Scientific American. As porcentagens
aumentaram uns três por cento a cada década, não só nos Estados Unidos, mas
também na Inglaterra, na Alemanha e na França. Por que o QI é uma questão polêmica
na psicologia, tem havido muita discussão sobre a razão pela qual isso aconteceu:
melhor nutrição, escolas melhores, mais experiência com os testes, e assim por diante.
Mas nenhuma dessas teorias foi capaz de explicar mais do que uma fração desse
efeito. O próprio Flynn, após 10 anos pensando sobre isso, e testando todas essas
explicações, chegou à conclusão que o efeito é desconcertante, não há explicação para
ele na ciência convencional. No entanto, é apenas o tipo de efeito que seria de se

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Milton Menezes

esperar com a ressonância mórfica. Não é porque as pessoas estão realmente ficando
mais inteligentes, mas o que está acontecendo é que elas simplesmente estão mais
eficientes quando fazem os testes de QI, e eu acho que isso ocorre porque milhões de
pessoas já fizeram os mesmos testes.

Fontes: IPPB: A memória da natureza;
Revista Galileu

Referência: Site de Rupert Sheldrake;
O Renascimento da Natureza: o


Reflorescimento da Ciência e de Deus; Rupert Sheldrake - Ed. Cultrix;
Caos,
Criatividade e o Retorno do Sagrado: Triálogos nas Fronteiras do Ocidente; Ralph
Abraham, Terence McKenna e Rupert Sheldrake - Ed. Cultrix/Pensamento;
A
revolução da consciência - novas descobertas sobre a mente no século XXI; Francisco
Di Biase e Richard Amoroso - Ed. Vozes; 
(1994). Seven experiments that could
change the world. Londres, Fourth Estate;
(l998). The sense of being stared at:
experiments in schools. Journal of the Society for PsychicalResearch, 62, p. 311-323;

(1998). Experimenter effects in scientific research: how widely are they neglected?
Journal of Scientific Exploration, 12, p. 73-78; 
(1999). The sense of being stared at
confirmed by simple experiments. Biology Forum, 92, p. 53-76;
(1999). Dogs that
know when their owners are coming home. Londres, Hutchinson;
(1999). How
widely is blind assessment used in scientific research? Alternative Therapies, 5, p. 88-
90.

CAMPOS MÓRFICOS:
“O sentido deste termo é mais geral do que o de campo morfogenético e inclui outros
tipos de campos organizadores; (...) os campos organizadores do comportamento
animal e humano, dos sistemas sociais e culturais e da atividade mental, podem ser
considerados como campos mórficos com uma memória inerente.” (A Presença do
Passado, p. 163)

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Milton Menezes

“OS SETE EXPERIMENTOS QUE PODERIAM MUDAR O MUNDO”


– Editora Cultrix
1º. Experimento: Relação entre o Animal de Estimação e o seu Dono.

2º. Experimento: Como os Pombos voltam para casa.

3º. Experimento: Organização dos cupins e Cupinzeiro.

4º. Experimento: Mente Contraída e mente Expandida (EQM, Projeção, “Olho Grande”,
Sensação de ser Observado, etc.).

5º. Experimento: Membros Fantasmas.

6º. Experimento: Ilusão da Objetividade.

7º. Experimento: Efeitos das Expectativas do Experimentador (Efeito Placebo).

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Milton Menezes

17. Holons e Holoarquia:

“Arthur Koestler propôs o termo holon para indicar estes organismos, que são todos
constituídos pos partes, assim como partes de todos superiores: ‘Cada holon possui
uma tendência dual para preservar e afirmar a sua individualidade enquanto todo
quase autônomo e para funcionar como uma parte integrada de um todo maior
(existente, ou em evolução). Esta polaridade entre tendências para a auto-afirmação e
para a integração é inerente ao conceito de ordem hierárquica’. Batizou de holoarquia
esta hierarquia encaixada de holons.

(...)

A abordagem organicista encorajou uma busca de princípios gerais aplicáveis a


organismos ou ‘sistemas’ a qualquer nível de complexidade. Este é o objetivo da teoria
geral dos sistemas, que foi fortemente influenciada pela cibernética – a teoria da
comunicação e do controle, com os conceitos fundamentais de transferência de
informação e feedback.” (A Presença do Passado, p. 141)

Níveis sucessivos de uma hierarquia encaixada de unidades mórficas, ou holons. Em


cada nível, os holons são Todos contendo Partes, que são elas mesmas, Todos
contendo holons de nível inferior, etc.. Este diagrama poderia representar partículas
subatômicas em átomos, em moléculas, em cristais, ou células em tecidos, em órgãos,
em organismos.

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