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20/10/2017 A pilhagem aos direitos trabalhistas e o fascismo no Brasil de 2017

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Valdete Souto Severo


Juíza do Trabalho

Quinta-feira, 27 de abril de 2017

A pilhagem aos direitos


trabalhistas e o fascismo no Brasil
de 2017
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medicinal da mac...
Foto: Lula Marques/AGPT 20 de outubro de 2017

Um artigo publicado por Florestan Fernandes, em 1981 (“Notas sobre o Temer exonera oito ministros
Fascismo na América Latina”), parece retratar o Brasil de 2017. Ele fala da para votar contr...
20 de outubro de 2017
longa tradição de fascismo potencial na América Latina, para lembrar que o
“uso estratégico do espaço político”, sob a capa de uma democracia A lei que tornou a competência
republicana e constitucional, permite distorções que comprometem a da Justiça Mil...
19 de outubro de 2017
possibilidade real de um exercício democrático.
Em tentativa de silenciamento,
É justamente o “aparato normal da democracia burguesa” que viabiliza o
advogada é o⧕�...
estado de exceção, através de leis de emergência, decretos e, sobretudo, 19 de outubro de 2017

mediante uso da força repressora do Estado contra qualquer tentativa de


Debate sobre exposições
oposição. A pseudo democracia serve, portanto, para impedir a verdadeira
artísticas acaba em d...
transição para um regime democrático, no qual a maioria realmente tenha 19 de outubro de 2017

voz e vez.
STF adia, pela terceira vez,
É um retrato impressionante, preciso e assustador do que está ocorrendo julgamento que d...
19 de outubro de 2017
hoje no país. Vivemos supostamente sob à égide de uma democracia.
Conselho de Segurança


Alimentar é contra raçã...
Nossa Constituição não apenas garante direitos individuais, sociais 19 de outubro de 2017

e coletivos. Também determina a forma como as leis são aprovadas


Juízes e Juízas do Trabalho publicam
no país, reconhecendo a necessidade de participação democrática
enunciad... 


no processo de construção das regras do jogo. 19 de outubro de 2017

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20/10/2017 A pilhagem aos direitos trabalhistas e o fascismo no Brasil de 2017

Exército
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branca para mata...
Ainda assim, já há algum tempo, o processo de construção das normas 19 de outubro de 2017

jurídicas deixou de ser democrático para assumir feições claramente


'Meu trabalho é exaustivo, mas
despóticas.
não acho escra...
19 de outubro de 2017
O Poder Judiciário passou a editar suas próprias regras, através das súmulas,
criando uma Constituição paralela, que tantas vezes apresenta-se como o
avesso daquela construída e promulgada em 1988. O legislativo dissociou-se
LIVROS JUSTIFICANDO
completamente dos anseios da população que elegeu seus representantes, e
age motivado por interesses próprios. Nada representa melhor a exceção em
que vivemos, do que o fato de a Câmara dos Deputados haver cerrado suas
portas, impedindo a entrada do povo, durante as votações dos últimos dias.

Projetos de lei, assim como demandas em tramitação no STF – tal como a


ADI 1625 -, que tramitam há muito tempo no Congresso Nacional são
simplesmente ignorados. Alguns outros, tem tramitação à velocidade da luz.
É o que está ocorrendo com a PEC da reforma da previdência, que ainda não
foi colocada em votação apenas porque há risco de sua não aprovação, e com
o substitutivo ao PL 6787, a chamada reforma trabalhista.

Aqui também é evidente a ruptura com a ordem democrática. O PL 6787


pretendia originalmente a alteração de onze artigos da CLT. A comissão
designada para avaliar a validade de sua aprovação e, com isso, revestir de
STALKING
caráter democrático o assalto intentado contra a classe trabalhadora, não se
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satisfez com o papel decorativo que inicialmente lhe competia. Em seu
relatório, o deputado Rogério Marinho transformou o PL 6787 em algo
completamente diverso do projeto original. A proposta altera mais de 100
dispositivos da CLT. Descon㻠�gura completamente a legislação trabalhista,
em âmbito material, coletivo e processual.

O substitutivo ao PL 6787, apresentado há menos de um mês, já teve sua


urgência votada e negada pela Câmara dos Deputados. No dia seguinte,
sublinhando a atitude fascista que vem sendo a tônica na realidade política
brasileira, o projeto foi novamente incluído na pauta para a votação da
urgência que já lhe havia sido negada.  E para o espanto da população
brasileira, que vem insistentemente posicionando-se contra a reforma, foi
aprovada, graças a alteração – sem qualquer novo fato que o justi㻠�casse –
dos votos de 24 deputados.
 
Há quem diga que a alteração dos votos deu-se em razão de pedido direto da
Presidência da República, já que o Sr. Michel Temer não esconde de ninguém
República de Curitiba – Por
a sua intenção de fazer aprovar, de qualquer modo, o projeto de destruição do
que Lula?
Direito do Trabalho que está inscrito no referido dispositivo. Não há como
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saber, nem importa. O fato que aqui importa ressaltar é a pressa,
incompreensível da perspectiva democrática, em aprovar um projeto de lei
que vem sendo repudiado pelos mais diferentes nichos da sociedade e que
motivou inclusive a deᎹagração de greve geral para o dia 28 de abril.

O substitutivo ao PL 6787 nega toda a raiz que justi㻠�ca a existência do


Direito do Trabalho. A execução não será mais de ofício, a fraude no repasse
de patrimônio será admitida; há previsão de vedação do acesso à justiça, de
prescrição intercorrente, de sucumbência recíproca, e uma clara tentativa de
desmanche da atividade sindical. Há permissão para supressão de férias,
grati㻠�cação natalina, horas in itinere, intervalo para refeição.

A jornada de 12h passa a ser o padrão de exploração do tempo de trabalho.


Altera-se a regra do ônus de prova. Regula-se o trabalho intermitente, em
que o empregado só recebe (e só contribui para a previdência) pelas horas de
O que é discriminação?
efetiva prestação de trabalho. Nega-se o pagamento de horas extras para o
R$ 49,90
teletrabalho. Há mesquinharias como a retirada do tempo de troca de

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20/10/2017 A pilhagem aos direitos trabalhistas e o fascismo no Brasil de 2017

uniforme do cômputo da jornada. Há perversidades, como a autorização para


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que gestante e lactante trabalhem em atividade insalubre.

Esse projeto nada mais é do que um arremedo da cartilha da CNI,


promovendo uma inversão tal a ponto de ser possível a㻠�rmar que, caso
aprovado, não teremos mais uma legislação trabalhista no Brasil; teremos
um código empresarial. Mais importante do que constatar essa inversão
completa na razão de ser de uma legislação trabalhista é compreender que
todos os parâmetros da democracia constitucional estão sendo solapados.

Aliás, se vivêssemos um governo democrático, o projeto não seria examinado


do modo açodado com vem sendo e, caso aprovado, após ampla e verdadeira
discussão social, teria di㻠�culdades em ser colocado em prática. Isso porque
seus dispositivos ferem, do início ao 㻠�m, a ordem constitucional insculpida A Maioridade Penal nos
nos artigos sétimo a décimo primeiro. Ferem, também, as normas Debates Parlamentares
internacionais da OIT, rati㻠�cadas pelo Brasil. R$ 59,90

O problema é que estamos vivendo a exceção. E num regime de exceção, as


regras do jogo são outras e alteram-se conforme o interesse de quem detém
o poder. O ato fascista de alterar radicalmente o projeto de lei que deveria
apenas examinar, faz da comissão encabeçada pelo Sr. Rogério Marinho um
exemplo do que nos ensina Florestan. As regras democráticas são facilmente
rompidas, quando interessa ao capital suprimir conquistas sociais. Não há
mais como falar, portanto, em democracia no Brasil.

A greve geral convocada para o dia 28 de abril é uma tentativa desesperada


de conter o avanço desse fascismo que não mais disfarça. E estamos apenas
no início do que poderá se descortinar como um caminho longo e sombrio.
No ano próximo teremos eleições gerais e as expectativas, que de certo modo
reᎹetem um quadro mais amplo recentemente con㻠�rmado pelas eleições na
França, são sombrias.

Como nos lembra Florestan, o fascismo instala-se como realidade histórica


apenas quando já se encontra “dentro da lógica constitucional e legal,
sancionado pelos costumes e pelas leis”, operando como “força social”.
Infelizmente, as manifestações de alguns deputados na sessão que aprovou o
substitutivo ao PL 6787 demonstram a presença dessa força social que
alimenta e reproduz atitudes fascistas. Aliás, já faz algum tempo que
discursos homofóbicos, segregários e claramente anti democráticos estão
ganhando espaço. Lembremos da histórica sessão do Congresso em que o
impeachment da presidenta eleita foi aprovado em nome de um 㻠�lho que não
havia nascido, e mesmo de um torturador condenado pelos atos praticados
durante a ditadura midiática civil militar que vivemos na segunda metade do
século passado.

Esse nítido processo de “fascistização sem fascismo”, para usar a expressão


de Florestan, que já vem ocorrendo e se revela em atitudes francamente
xenofóbicas, misóginas e avessas a direitos sociais, impedem a transição real
para uma forma de organização social inclusiva, que repudie o lucro
exagerado do capital internacional, que promova divisão de terra e renda e
garanta o mínimo de participação e de condições de dignidade para todas as
pessoas.

Sob o pretexto nada atual da necessidade de fomentar o desenvolvimento


econômico e de “defesa da ordem”, estamos alimentando um fascismo que
potencializa e estimula a violência real e simbólica. A forma como o
Congresso Nacional está lidando com a disforma trabalhista pode ser
compreendida como o desvelamento dessa realidade.

É essencial que façamos uma reᎹexão profunda sobre o momento histórico


que estamos vivendo e ajudando a construir. Participar do movimento de
greve geral é assumir posição em favor da Constituição de 1988 e de seus 

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20/10/2017 A pilhagem aos direitos trabalhistas e o fascismo no Brasil de 2017

objetivos, reconhecer a realidade fascista que torna retórico seu discurso e


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combatê-la.

O Brasil viverá o pior retrocesso social de sua história, se um código


empresarial como esse representado pelo substitutivo ao PL 6787 for
aprovado. Por isso, precisamos reagir.

A aprovação ou rejeição desse projeto, porém, não encerra a luta. Estamos


apenas no início de um período de desocultação do fascismo que nunca
abandonou as entranhas do Estado brasileiro e que pode se revelar ainda
mais destruidor nas áreas dos direitos sociais e mesmo dos direitos de
liberdade. Basta pensarmos em como o direito de greve vem sendo
(des)tratado ultimamente, ou na chamada “lei de abuso de autoridade”, que
pretende, em meio as suas proposições, impedir agentes políticos de assumir
posições críticas e socialmente comprometidas com uma realidade menos
excludente.

Valdete Souto Severo é doutora em Direito do Trabalho pela USP/SP e Juíza do


trabalho no Tribunal Regional do Trabalho da Quarta Região. 

 Constituição Democracia direito do trabalho fascismo

Quinta-feira, 27 de abril de 2017


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