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ii
Dedico esta tese ao meu avô,
(in memorian)
iii
AGRADECIMENTOS
momentos.
Agradeço aos meus orientadores, Prof. Vitor Ferreira Romano e Prof. Max Suell
iv
Resumo de Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
The work presented deals with robotic cell construction and the stages involved
in three-dimensional polyurethane model milling, applied mainly to the maritime
industry. This cell constitutes a KR16 (Kuka Roboter 16 kg) industrial robot, a milling
assembly tool and some accessories and security installations.
Some types of small and medium boats (made of fibre), that are dependents of
male models (plugs) with complex and predominantly convex surfaces, are mentioned.
This type of surface is produced more efficiently using rectangular profile tools rather
than spherical profiles, since it is a normal milling.
Some tests were made to attain the basic milling parameters; dimensional
verification and movement repeatability and, finally, a complex model (in reduced
scale) milling through rectilinear trajectories with orientation interpolation.
The work presents, beyond the state of the art, all the necessary stages for
automatic systems (CAD/CAM/postprocessor) implementation applied to three-
dimensional parts milling.
With a CAD3D solid modeller with programming interface, data spread sheets,
milling strategies (and parameters), movement information and orientation parameters,
it was possible to demonstrate the industrial robot’s adequacy, minimizing the final
stages of manual finishing.
The results can be used in similar applications.
vi
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 1
2.1.4 Efetuadores________________________________________________________ 25
vii
2.2 Processo de Usinagem _______________________________________________ 43
viii
5.2 Movimento retilíneo com mudança de direção ___________________________ 93
ix
1 INTRODUÇÃO
1
Empresas especializadas utilizam processos para a confecção de barcos com os
mais variados materiais e para diferentes aplicações. Alguns destes processos serão
brevemente descritos, comprovando-se a necessidade de outros, cada vez mais ágeis,
automáticos e precisos, para atender a demanda de estruturas com formas variadas.
Dependendo da aplicação e dos recursos disponíveis, pode-se optar por um
determinado tipo de casco. Por exemplo, uma balsa para transporte de carga não
necessita de um casco geometricamente complexo pois já se desloca com baixa
velocidade, e conseqüentemente, a força de arrasto que o fluido exerce no casco
também é reduzida. Entretanto, o aspecto mais importante ao projeto da balsa é o
empuxo, relacionado diretamente com a sua capacidade de carga.
1.1.1 Definições
De acordo com o desenho de cada casco, os barcos podem ser classificados em
dois tipos principais:
1.1.1.1 Monos
O casco é formado por uma peça única e, normalmente, possui seção transversal
em forma de “V" ou de “U”.
Podem ser classificados quanto ao tipo de movimento, à forma da seção
transversal, ao e ao tipo de superfície:
Estas variações permitem que os barcos sejam projetados para cortar (ou
deslocar) a água (Displacement), como no caso de navios ou lanchas de grande porte, ou
para planar (Planing) sobre a mesma, como nas lanchas mais velozes, que tendem a ser
projetadas sobre a água conforme adquirem velocidade.
2
Figura 1.1 – Barcos com casco em forma de “V profundo” .
- V raso: Oferecem menor arrasto embora com menos estabilidade. São adequados para
mar calmo.
- Fundo Chato (Cracker box): é um tipo com um “V” muito pouco pronunciado (ângulo
de 0º até 3º), com fundo quase chato (Figura 1.3a). Deriva de barcos que correm em
competições da American Power Boat Association – APBA (Figura 1.3b). Possuem a
tendência de escorregar nas curvas e exige uma técnica específica para pilotagem.
(a) (b)
Figura 1.3 – (a) Cracker box. (b) Barco de competição
3
Tipos de superfície:
- Contínua: A união de formas tipo “V” com formas arredondas, resulta em uma
superfície contínua e em navegação suave, adequada para água calmas ou em barcos
com quilhas e contra pesos, proporcionando um grande ângulo de “orça” e pouco
arrasto [3], como os veleiros da Figura 1.4.
(a) (b)
Figura 1.4 – Barcos com superfície contínua:
1.1.1.2 Hidroplanos:
4
- Hydro: Casco com dois flutuadores longos na parte dianteira, e apoiado na hélice na
parte traseira. São barcos velozes e críticos para ajuste e pilotagem. Comuns em barcos
controlados remotamente, derivados em escala de barcos em tamanho real.
- Catamaram: Formado por dois flutuadores que correm por toda a sua extensão, unidos
na parte superior por uma estrutura que compõe a parte interna onde se alojam o motor e
a eletrônica do barco. Cria um fluxo de ar por baixo da estrutura, que tende a elevar a
embarcação da água, diminuindo o arrasto e aumentando seu desempenho.
- Túnel: Desenho semelhante ao Catamaram porém mais instável em águas turbulentas.
- Outrigger: Formado por dois flutuadores (sponsons) destacados do corpo do barco.
Em velocidade, apenas uma pequena parte dos flutuadores e a hélice tocam na água. É o
barco mais rápido no campo do nauti-modelismo e podem atingir mais de 177 km/h [4].
- Cannard: Tipo diferente de hydro, com um flutuador à frente e dois na parte de trás.
- Hydrofoil: Navega apoiado em lâminas estreitas e finas. No campo do
nautimodelismo são ainda barcos experimentais.
5
- Hobie Cat: Fácil de velejar e com grande velocidade. É a mais popular classe de
catamaran. Combina a simplicidade de um multicasco menor com o desempenho de um
veleiro maior.
- Startboard (Prancha a Vela): São pranchas utilizadas para a prática do Windsurf. São
divididas em três tipos: Course racing (grandes e pesadas) e o Course Slalon e Slalon
(alta tecnologia e velocidade de até 80 km/h).
- Caiaque Aberto: É como uma prancha em cima da água. São curtos (menos que
3,00m) e largos (mais que 0,65m) para serem estáveis.
- Caiaque de turismo: Fechados e com comprimento maior que 3,5m. Destinados a
pequenas expedições ou passeios mais longos, se deslocando com facilidade.
- Caiaques de corredeira: Usados em rios com ondas e pedras. São feitos de material
plástico para resistir a impactos. São barcos curtos (de 2,5 a 3,2m), com grande
manobrabilidade e formas de proa e popa levantadas.
- Caiaques de expedição: Projetados para grandes travessias no mar ou rios. São
compridos (mais de 4,5m) e dispõe de compartimentos estanques para guarda de
bagagem.
- Caiaques de Velocidade e Maratona: São denominados K1. São barcos muito finos,
com comprimento de 5,2 m, com formas hidrodinâmicas para diminuir a resistência e
leves (12 kg) . São muito instáveis e devem correr sempre em águas calmas.
- Caiaques de Slalom: Também chamados de K1-Slalom, possuem 4,0m de
comprimento, largos para serem estáveis, com proa e popa afinados e com grande
manobrabilidade. Feitos para descidas em trechos de rios com ondas.
6
- Caiaque-polo: São barcos de 3,0 m de comprimento e largura cerca de 0,55 m, com
formas arredondadas e biqueiras na proa e popa devido aos choques entre os caiaques.
- Caiaques de Descenso: Feitos para descer velozmente rios com corredeiras. Tem 4,5m
de comprimento, 0,60m de largura e um grande volume na proa para furar as ondas.
- Caiaques de Oceânica: Com mais de 5m de comprimento, são velozes e têm maior
estabilidade que o K1. Possuem perfil longitudinal com proa e popa levantadas devido
às ondas e marolas.
- Caiak-surf: Feitos para descer ondas realizando manobras como no surf tradicional.
Tem comprimento de cerca de 2,5m, é largo e com formas chatas no fundo.
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(a) (b)
Figura 1.6 - Embarcações fabricadas através do processo StripPlank. (a) etapa inicial de
fabricação. (b) estrutura de madeira concluída.
- Madeira laminada moldada a frio e resina: Tábuas e toras são forçadas a permanecer
em um gabarito até que adquiram a forma desejada. É o método mais sofisticado e
bonito em termos de construção de barcos. Para a sua execução, é necessária mão de
obra muito especializada e de alto custo. É a melhor opção para barcos de regata.
- Fibra de vidro maciça: Usado em barcos que são laminados sobre um molde.
Permitem construções altamente complexas, porém, apresenta um custo muito elevado
para a construção de um único barco. Este procedimento será detalhado mais adiante
por estar vinculado a aplicação desta dissertação.
- Aço: Adequado para cascos grandes (a partir de 40 pés). Para que se possa construir
um casco carenado (sem quinas), são necessários funcionários especializados e uma
instalação industrial que possua o ferramental necessário, como prensas e calandras.
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- Ferro-cimento: São utilizados vergalhões e cimento, como numa laje. Tem-se como
resultado um casco barato, porém pesado e com baixo nível de acabamento. É um
método considerado totalmente ultrapassado e os poucos barcos ainda em utilização são
de pouco ou nenhum valor de revenda.
9
Figura 1.7 - Plugue para fabricação de casco (em escala) pelo do processo StripPlank.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1.9 - Etapas de construção de plugue de pequeno porte: (a)Armação em madeira.
(b)Plugue concluído. (c)Produção da Matriz. (d)Casco concluído.
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1.3.2 Plugue em espuma de poliuretano [7][8]
Outra matéria-prima utilizada na fabricação de plugues é o bloco em espuma de
poliuretano. Este bloco é gerado através da reação química entre líquidos, que provoca
uma expansão volumétrica no interior de um molde. A pressão de compressão que a
parede do molde exerce na espuma expandida, determina a densidade do bloco. É um
material de fácil desbaste e corte, leve, e pode ser encontrado em diversos tamanhos ou
até mesmo pré-modelado, como por exemplo para pranchas de surf.
Materiais deste tipo permitem a construção de formas complexas quaisquer sem
grandes esforços, dependendo apenas da habilidade do artesão. O acabamento é feito
com massa e lixa, podendo gerar plugues com excelente acabamento.
A criação do plugue é crucial e define a forma final da peça. Normalmente o
modelo é separado em partes ou sessões, configurando gabaritos para a construção.
Através do processo de desbaste e acabamento com lixa as superfícies das sessões são
aproximadas às do gabarito. Esta tarefa depende da sensibilidade do operador.
11
1.3.4 Produto definitivo
Para a produção de uma peça definitiva, basta fazer um procedimento
semelhante. A matriz é encerada e PVA pode ser aplicado se desejado. A matriz pode
ainda ser pulverizada com o gel de revestimento na cor escolhida, e em seguida as fibras
são aplicadas até a espessura especificada no projeto. Após a cura da resina, as cunhas
são novamente utilizadas para separar a peça definitiva da matriz.
12
projeto auxiliado por computador (CAD). Tais métodos são bastante peculiares, uma
vez que eles agregam e ligam materiais, camada a camada, de forma a constituir o
objeto desejado. Eles oferecem diversas vantagens em muitas aplicações quando
comparados aos processos de fabricação clássicos baseados em remoção de material,
tais como fresamento ou torneamento. As técnicas de prototipagem são as únicas
capazes de gerar modelos com cavidades internas, como exemplificado da Figura 1.10.
13
outra. O processo de prototipagem rápida é um processo "aditivo", combinando
camadas de papel, cera ou plástico para se criar um objeto sólido. A natureza aditiva
deste processo permite a criação de objetos com características internas complicadas
que não podem ser obtidas através de outros processos como, por exemplo, usinagem,
que é um processo "subtrativo", ou seja, de remoção de material a partir de um bloco
sólido.
Entretanto, o volume do protótipo é geralmente limitado a 0,125 m3 ou menos,
dependendo do equipamento. Ainda é difícil gerar protótipos de metal, embora se
acredite que isso deverá mudar num futuro próximo com o desenvolvimento da técnica.
No momento as técnicas convencionais de manufatura ainda são, quando
possíveis, mais econômicas que as de prototipagem rápida em se tratando de modelos de
metal
Os processos de prototipagem rápida atualmente existentes são constituídos por
cinco etapas básicas:
- Criação de um modelo CAD da peça que está sendo projetada;
- Conversão do arquivo CAD em formato próprio para a técnica utilizada;
- Fatiamento do novo arquivo gerado em finas camadas transversais;
- Construção física do modelo, empilhando-se uma camada sobre a outra;
- Limpeza e acabamento do protótipo.
14
Fabricação de Objetos em Lâminas (LOM): Camadas de material, na forma de tiras
revestidas de adesivo, são grudadas umas nas outras para formar o protótipo. O material
original consiste de bobinas de papel laminado com cola ativada pelo calor. Um rolo
coletor avança a tira de papel sobre a plataforma de construção, onde há uma base feita
de papel e fita com espuma nas duas faces. A seguir, um rolo aquecido aplica pressão
para fixar o papel à base. Uma fonte de raio laser de alta precisão de foco corta o
contorno da primeira camada sobre o papel e então quadricula a área em excesso, ou
seja, o espaço negativo do protótipo. Esse quadriculado rompe o material extra,
tornando fácil sua remoção durante o processamento posterior. Este processo é repetido
tantas vezes quantas forem necessárias e apresentará textura similar à de madeira. Os
mais recentes desenvolvimentos deste processo permitem o uso de novos tipos de
materiais, incluindo plástico e papel hidrófobo.
Sinterização Seletiva a Laser (SLS): Patenteada em 1989, usa um raio de laser para
fundir, de forma seletiva, materiais pulverulentos (em forma de pó), tais como náilon,
elastômeros e metais, num objeto sólido. As peças são construídas sobre uma
plataforma a qual está imediatamente abaixo da superfície de um recipiente preenchido
com o pó fusível por calor. O raio laser traça a primeira camada, sinterizando o material.
A plataforma é ligeiramente abaixada, reaplica-se o pó e o raio laser traça a segunda
camada. O processo continua até que a peça esteja terminada. O pó em excesso ajuda a
dar suporte ao componente durante sua construção.
15
uma vez. Primeiramente, a resina foto-sensível é borrifada sobre a plataforma de
construção. A seguir, a máquina gera uma foto-máscara (como um estêncil)
correspondente à camada a ser gerada. Esta foto-máscara é impressa sobre uma placa de
vidro acima da plataforma de construção, usando-se um processo similar ao das
fotocopiadoras. A seguir a máscara é exposta à radiação ultravioleta, a qual passa
apenas através das porções transparentes da máscara, endurecendo seletivamente as
porções desejadas de polímero, correspondentes à camada atual. Após a cura da
camada, o excesso da resina líquida é aspirado à “vácuo” e cera é borrifada em seu
lugar, para dar suporte ao modelo durante sua construção. A superfície superior é
fresada para ficar plana, e o processo é repetido para se construir a próxima camada. Ao
final é necessário remover a cera através de imersão em banho de solvente. Essas
máquinas possuem grande porte e podem produzir modelos de grandes dimensões.
Conformação Próxima ao Formato Final via Laser (LENS - Laser Engineered Net
Shaping): Produz protótipos de metais plenamente densos, com boas propriedades
metalúrgicas e com boa velocidade. Um gerador de raio laser de alta potência funde o
pó metálico, fornecido coaxialmente ao foco do raio - por gravidade ou através de um
gás portador inerte pressurizado - através de um cabeçote de deposição. O laser passa
pelo centro do cabeçote e é focado para um pequeno ponto através de uma lente ou
conjunto e lentes. Uma mesa X-Y é movida por varredura de forma a gerar cada camada
do objeto e o cabeçote é movido para cima à medida que cada camada é completada. O
gás inerte também protege a poça de metal líquido do oxigênio atmosférico, como num
processo de soldagem, garantindo as propriedades metalúrgicas e promovendo a adesão
entre camadas através de melhor fusão superficial. Podem ser usados pós de diversas
ligas metálicas como aço inoxidável, inconel, cobre, alumínio e titânio. A potência do
16
gerador de raio laser varia conforme o material usado, taxa de deposição e outros
parâmetros, podendo oscilar desde algumas centenas até 20.000 watts ou mais. Os
protótipos requerem usinagem para acabamento, apresentando densidade homogênea,
boa microestrutura e propriedades similares ou melhores ao metal convencional.
Moldagem por Injeção: Pode-se produzir moldes para injeção feitos de um compósito
de metal e cerâmica. É produzido um modelo positivo, também feito por prototipagem
rápida, que é revestido com níquel, o qual é reforçado com um material cerâmico rígido.
As duas metades do molde são separadas para se remover o modelo, obtendo-se então
um molde que pode produzir dezenas de milhares de peças injetadas.
17
ponteadeiras, retíficas, fresadoras e equipamentos de eletro-erosão - informando todas
as etapas de uma determinada operação durante a fabricação de uma peça.
Na Figura 1.11 é apresentada uma máquina CNC de três eixos para a produção
de pranchas de surf, com precisão linear de 0,25 mm e capaz de usinar cada lado da
prancha em 7 minutos [14].
18
Embora em alguns métodos de programação auxiliada por computador, as
linguagens computacionais de apoio ao processo tenham sido desenvolvidas com
comandos e sintaxe próprias, o conjunto de letras, números e símbolos utilizado como
programação no controle da máquina de comando numérico seguem os padrões ISO
66025 e DIN 66025. Este código é responsável pelo acionamento e controle de uma
máquina de comando numérico e sua estrutura compreende comandos de funções,
parâmetros e instruções auxiliares.
O programa é estruturado em blocos ou sentenças onde as combinações destes
termos formam rotinas e sub-rotinas de programa. O padrão tem letras reservadas para
definição do tipo de operação, parâmetros auxiliares de operação, coordenada de
movimentação e números que, junto às letras, definem a modalidade da operação,
valores de coordenadas relativas aos eixos de referência e funções auxiliares.
Alguns comandos de funções e parâmetros da norma ISO 66025 são
apresentados nas Tabelas 1.1 e 1.2.
Tabela 1.1 - Símbolos utilizados para definição de parâmetros no código ISO 66025.
19
Tabela 1.2 - Símbolos utilizados para definição de parâmetros no código ISO 66025.
20
CN como especificações de tolerância e avanço programadas e seus efeitos dinâmicos
no sistema.
As diversidades são grandes em termos de tipos de máquinas e fabricantes [17].
Esta diversidade resulta em dificuldades com o pós-processamento dos dados para um
determinado equipamento [19]. Algumas máquinas simplesmente não possuem os
mesmos recursos de outras.
Existe também uma infinidade de softwares CAM, visando a automatização das
etapas de programação. Estes softwares normalmente se adaptam a certas aplicações,
oferecendo recursos específicos e possuindo suas limitações. Algoritmos para
otimização de trajetórias [20], acessibilidade das ferramentas [21], usinagem em alta
velocidade de corte (HSM) [22][23][24] e para simulação da usinagem [25] são
constantemente desenvolvidos visando atrair a atenção inclusive das pequenas e médias
indústrias.
Apesar desta vasta pesquisa e desenvolvimento em torno de novos algoritmos,
estudos comprovam a dificuldade de utilização de programas CAM que, apesar de
automatizar a usinagem, exige mão de obra altamente especializada. Muitas empresas
ainda utilizam-se da programação manual em suas peças [15].
Uma limitação clara, é o volume ou espaço de trabalho das máquinas CNC,
devido à robustez requerida na usinagem de moldes em metais endurecidos. Um centro
de usinagem com cinco eixos é mostrado na Figura 1.12.
21
Tabela 1.3 – Comparação entre CNC e Robô.
Centro de usinagem Robô
Espaço de trabalho X: 2000mm D: 3500mm
Y: 1600mm H: 2500mm
Z: 1000mm
Graus de liberdade 3 eixos 6 eixos
Potência 30 kW 1,5 kW
Repetibilidade 0,01 mm 0,2 mm
Custo de investimento 600 000 UM 120 000 UM
sem periféricos
(unidade moeda UM)
A tabela 1.3 faz uma comparação básica entre as maiores máquinas disponíveis
no mercado, mostrando a superioridade do volume de trabalho em detrimento de
rigidez, precisão e potência [26].
Inicialmente, os robôs industriais possuíam capacidades limitadas e eram
baseados na programação in-line. Gradativamente, uma serie de aplicações utiliza
métodos de programação off-line para a execução de tarefas com braços robóticos, que é
um procedimento similar ao realizado em máquinas CNC, sendo o foco principal deste
trabalho.
22
2 USINAGEM ROBOTIZADA
23
Manipulador mecânico. Refere-se a estrutura do robô, ou seja, a combinação de
elementos rígidos (corpos ou elos), conectados através de juntas, sendo o primeiro corpo
denominado base e o último flange, onde será vinculado o efetuador.
24
localização de todas as partes do mecanismo. Como na maioria dos casos os robôs
possuem corpos e juntas em forma de cadeia cinemática aberta, cada junta equivale a
um grau de liberdade.
Precisão: Medida da eficácia com que um robô realiza os movimentos inerentes a uma
tarefa.
Carga de trabalho: Valor limite da carga a ser manipulada pelo robô, incluindo a
massa do efetuador acoplado ao flange. É fornecida em kg ou lb.
2.1.4 Efetuadores
É o elo de ligação entre o robô e o meio que o cerca. Podem ser do tipo garra ou
ferramenta, Figura 2.3. O principal escopo de uma garra é pegar um determinado objeto,
transportá-lo a uma posição pré-estabelecida e após alcançar tal posição, soltá-lo. A
ferramenta tem como função realizar uma ação ou trabalho sobre uma peça, sem
necessariamente manipulá-la.
Para executar um trabalho os robôs necessitam de ferramentas como uma pinça
de solda a ponto, uma pistola de pintura ou uma lixadeira; ou de garras como as
ventosas utilizadas para o manuseio de pára-brisas de automóveis.
25
Figura 2.3 – Exemplos de efetuadores.
2.1.6 Aplicações
2.1.6.1 Aplicações Convencionais
As possibilidades de aplicação de robôs industriais são amplas. Apesar de se
concentrarem em áreas determinadas, a cada dia, graças a sua característica de máquina
universal, os robôs ganham novas aplicação, substituindo o homem em diversas tarefas.
De acordo com um grande fabricante, algumas das principais aplicações de
robôs industriais são [30]:
26
- aplicação de esmalte e/ou tintas.
Grande parte dos robôs industriais [17][27], têm sido empregada em atividades
que possam ser programadas através da programação in-line, como soldagem,
manipulação de peças e pintura.
Porém a programação off-line de robôs se desenvolve baseada na experiência
adquirida pela utilização de máquinas CNC. A dissertação [31] apresenta suas principais
vantagens e aplicações, incluindo a utilização em células com vários robôs operando de
forma integrada (em cooperação).
27
preferencialmente concentradas em usinagem de metais. Este estudo utiliza robôs
industriais com seis eixos para usinagem em cerâmica, visando à coleta inicial de
parâmetros de usinagem e de rugosidade superficial para este material específico.
Dentre as conclusões obtidas, tem-se que os níveis de rugosidade da usinagem são
influenciados principalmente pela distância entre os “passos” da ferramenta, e ao
comprimento do braço robótico (em relação à sua base).
Outros estudos [34] visam a implementação de projetos de Engenharia Reversa
(ER) com a utilização de robôs, ou seja, a utilização de equipamentos de medição
tridimensional em modelos existentes, com a posterior conversão dos dados e códigos
de movimentação específicos.
Os artigos [35][36] apresentam o desenvolvimento de sistemas CAM
específicos, aplicados diretamente às suas máquinas, sem a geração e pós-
processamento de arquivos neutros (CLData ou CLFile) como descrito em [17]. Isto
ocorre pois alguns sistemas adequados para certas aplicações nem sempre o são para
outras.
Mesmo que o fabricante ofereça softwares CAM específicos a seu equipamento,
dificilmente o mesmo será perfeitamente adequado às variadas aplicações existentes.
A aplicação, aqui proposta, já é utilizada industrialmente por algumas empresas
do setor naval, como mencionado nas publicações em revistas especializadas, Marine
Tecnology [37] e Professional Boatbuilder [38], onde robôs industriais, dotados de um
“sétimo eixo” (para o movimento linear de todo o conjunto), produzem (ou esculpem)
modelos de cascos de barcos em tamanho real. Esta aplicação oferece bons resultados
de acabamento e precisão, devido à utilização de materiais leves e de fácil desbaste,
adequados à confecção de matrizes em fibra.
Como apresentado no estudo [39] a acessibilidade do manipulador em relação à
peça (assim como no caso de máquinas CNC estudado em [21]) permite a eliminação de
certas orientações da ferramenta, permitindo um cálculo automático das trajetórias mais
adequadas a serem adotadas, tendo como conseqüência a automatização da estratégia de
usinagem, e como resultado o modelo apresentado na Figura 2.5.
28
Figura 2.5 – Escultura robotizada.
Conforme o artigo [41], que menciona diversos estudos voltados a usinagem por
meio de robôs, os sistemas de programação automática dependem de algoritmos
particulares. Geralmente os mesmos são desenvolvidos pelas próprias empresas
(conforme a necessidade) ou por instituições acadêmicas, comprovando a carência de
29
sistema genéricos, com interface amigável e que não dependam tanto de mão-de-obra
especializada.
Resumindo, a implementação de sistemas robóticos para usinagem de modelos
implica em algumas dificuldades:
- Alto custo dos investimentos iniciais. Máquina (robô), Softwares, adequação do
ambiente (célula de modelagem) e qualificação da mão-de-obra.
- Complexidade de programação ou falta de programas CAM dedicados às respectivas
máquinas e aplicações.
- Pós-processadores. Devido a uma larga fatia do mercado utilizar os robôs industriais
em aplicações básicas, existe a carência de softwares CAM para aplicações específicas.
Até o momento da conclusão deste trabalho, o Laboratório de Robótica não
possuía a licença e desconhecia a existência de softwares CAM para este tipo de
aplicação, portanto foi necessária a interpretação do equipamento (programação off-line
e parâmetros de orientação) para a obtenção dos códigos programados, ou seja, foram
criados os algoritmos para conversão direta de superfícies sólidas CAD3D em códigos
(ou linhas) de programa para o equipamento.
30
Mesmo assim, a precisão desse tipo de máquina continua sendo inferior a das
máquinas-ferramenta CNC, que normalmente apresentam estruturas mais rígidas e um
arranjo mais simples de componentes mecânicos.
A grande quantidade de graus de liberdade dos robôs influi no método de
programação utilizado. Conforme a literatura [25], estes métodos dividem-se em off-line
e in-line.
Na programação off-line (ou fora-de-linha), usam-se linguagens de programação
semelhantes às utilizadas na programação de máquinas-ferramenta. A programação
permite o controle dos movimentos de um robô longe do ambiente de trabalho real da
máquina.
Porém, num robô encarregado de executar a solda a ponto de uma carroceria de
automóvel, por exemplo, alguns pontos podem estar localizados em regiões de difícil
acesso. O programador deve, então, conduzir o robô através de caminhos específicos,
popularizando a programação in-line, em que se diz que o robô é ensinado. Com o
auxílio do painel de controle, os eixos do robô são movimentados até o primeiro ponto
da trajetória desejada e a posição desse ponto é armazenada na memória do comando
numérico. Em seguida, a ferramenta é deslocada para o ponto seguinte e armazenada
novamente, repetindo-se este procedimento até que a trajetória esteja definida. Assim,
de ponto em ponto, são memorizadas as posições e orientações da ferramenta. Durante a
operação automática, a máquina simplesmente repete o posicionamento previamente
memorizado.
Para que o controlador possa enviar sinais para a movimentação do todas as
juntas simultaneamente, são necessários cálculos contínuos da cinemática direta e
inversa do equipamento em questão. Em teoria estes cálculos não são extremamente
complexos, porém requerem grande velocidade de processamento. Normalmente os
braços robóticos mais precisos possuem sistema de realimentação de posição (feedback)
com circuito em malha fechada. Neste sistema, sensores de posição analógicos ou
digitais como encoders, resolvers ou potenciômetros, informam continuamente a
posição ou ângulo de cada junta [27], possibilitando o sistema de controle verificar a
posição ordenada, garantir as velocidades e acelerações desejadas, além de possíveis
ajustes de carga. O sistema pode realizar correções dinâmicas durante a operação
exigindo ainda mais dos processadores numéricos.
31
2.1.8 Cinemática em manipuladores
A cinemática permite ao controlador calcular e planejar os movimentos de um
robô, baseado em sistemas de coordenadas de referência fixos em cada um dos elos do
sistema robótico.
A forma da matriz é:
32
A título de exemplo, será analisado um mecanismo plano com três graus de
liberdade (três juntas de rotações), representando a estrutura de um manipulador, como
na Figura 2.7. Os sistemas de coordenadas de referência foram convenientemente
posicionados e alinhados, permitindo a obtenção da matriz de transformação como a
descrito a seguir:
Y6
u
Y0
Y5
θ3 Φ
X4 X6
Y4
X6 orient ação
X5 L3 P em relação
L2 a base fixa
θ2 (X0 , Y0 , Z0 )
Y2
X3
Y3
X2
Y1
L1
X1 θ1
X0
Z0 = Z1 = Z2 = Z3 = Z4 = Z5 = Z6
ij Cos@q1D -Sin@q1D 0y
z
jj Sin@q1D Cos@q1D 0 zzz
0
jj z
jj
0 zzzz
0
jj
R1=
k 1{
0 0 1
0 0 0
Em seguida para {1} atingir {2} deve ser transladado de uma distância L1,
comprimento do primeiro elo, e a matriz que descreve este movimento de translação é:
ij 1 0 L1 y
z
jj 0 0 0 zzz
0
j
T2 = jjj z
1 0 zzzz
1
jj 0
k0 0 1 {
0
0
33
ij Cos@q 2D - Sin@q 2D 0y
z
jj Sin@q 2D Cos@q 2D 0 zzz
0
j
{2} para {3} tem-se R3 = jjj z
0 zzzz
0
jj
k 1{
0 0 1
0 0 0
ij 1 0 L2 y
z
jj 0 0 0 zzz
0
j
{3} para {4} tem-se T4 = jjj z
1 0 zzzz
1
jj 0
k0 0 1 {
0
0
ij Cos@q 3D - Sin@q 3D 0y
z
jj Sin@q 3D Cos@q 3D 0 zzz
0
j
{4} para {5} tem-se R5 = jjj z
0 zzzz
0
jj
k 1{
0 0 1
0 0 0
e finalmente
ij 1 0 L3 y
z
jj 0 0 0 zzz
0
j
{5} para {6} tem-se T6 = jjj z
1 0 zzzz
1
jj 0
k0 0 1 {
0
0
Pode-se verificar este resultado impondo valores para os ângulos θ1, θ2, θ3 e
para os comprimentos L1, L2 e L3 de forma que se possa prever o resultado
intuitivamente, como por exemplo quando θ1= 0, θ2=0, θ3=0 e L1=1, L2=1, L3=1
ij 1 3y
z
jj
0 zzzz
0 0
jj 0
jj z
jj 0 0 zzz
1 0
T será igual a
k0 1{
0 1
0 0
34
Ou seja, o mecanismo estará alinhado com o sistema base (já que os ângulos
θ1, θ2, θ3 são nulos), com comprimento total de 3 unidades, como representado na
Figura 2.8 (representação gráfica feita no software Mathematica).
0
0 0
1 1
2 2
Y X
Figura 2.8 – Resultado com os valores de θ1= 0, θ2=0, θ3=0 e L1=1, L2=1, L3=1.
0
0 0
1 1
2 2
Y X
Figura 2.9 – Com os valores de θ1= π/30 (ou 6o), θ2= 0, θ3= 0, L1=1, L2=1, L3= 1.
35
3
0
0 0
1 1
2 2
Y X
Figura 2.10 – Com os valores de θ1= π/30 (ou 6o), θ2= π/2 (ou 90o), θ3=0, L1=1, L2=1,
L3=1.
0
0 0
1 1
2 2
Y X
Figura 2.11 – Com os valores de θ1= π/30 (ou 6o), θ2= π/2 (ou 90o), θ3= −π/2 (ou -90o),
L1=1, L2=1, L3=1.
36
Voltando ao exemplo anterior, se este mecanismo for programado para atingir
um dado ponto (x,y) com orientação (φ), conforme a Figura 2.12, duas combinações de
ângulos θ1, θ2, θ3 podem ser encontradas.
(3.1)
(3.2)
(3.4)
As soluções deste sistema são obtidas, por exemplo, através métodos algébricos
[27], resultando em
37
Atribuindo os valores de L1 = L2 = L3 = 1, x = 2 , y = 1 , φ = P / 9 (ou 20o) as
duas configurações obtidas podem ser verificadas graficamente nas Figuras 2.13 e 2.14.
3
0
0 0
1 1
2 2
Y X
0
0 0
1 1
2 2
Y X
Figura 2.14 – Segunda solução. Mesma posição e orientação, x=2, y =1, φ = 20o.
θ1= -0.341629 rad (ou –19,6o); θ2= 1.79405 rad (ou 102.8o); θ3= -1.10336 rad (-63o).
Se, por exemplo, existir alguma restrição mecânica que impeça que θ1 assuma
valores negativos, o sistema de controle deve automaticamente rejeitar esta solução e
adotar a única configuração possível para este mecanismo.
Em robôs mais complexos é necessário que o sistema escolha uma solução que
atenda a solicitação programada, ficando a critério dos fabricantes de robôs industriais o
desenvolvimento de softwares específicos para o auxílio à programação de cada
máquina, que permitem o operador indicar ao controlador as configurações que devem
ser consideradas ou excluídas.
38
A princípio, em modelagem tridimensional com ferramenta de um eixo,
qualquer configuração adotada resolve o problema, já que o importante é o
posicionamento normal a uma superfície. A configuração do restante do manipulador é
irrelevante, desde que o mesmo não interfira na peça (ou cenário) em questão.
Quando uma ferramenta é acoplada ao flange, a cinemática do manipulador deve
ser estendida até o ponto de trabalho. Na Figura 2.15, uma ferramenta igualmente
composta de três segmentos é fixada ao flange no no ponto P do mecanismo plano da
Figura 2.5.
Y1 2
Y1 1 θ6 X1 2
γ
X1 0
Y1 0
X1 1 L6
L5 F = pont o de
Y8 t rabalho da
Y9
X9
θ5 ferrament a
X8
Y6
Y7 L4
Y0 θ3 X7
X6
θ4
L3
L2 P = cent ro do flange
θ2
Descrição geomét rica
φ da ferrament a ao flange
Obt enção da mat riz TF
L1
θ1
X0
Z0 = Z1 = Z2 = Z3 = Z4= Z5 = Z6
= Z7 = Z8 = Z9 = Z1 0= Z1 1 = Z1 2
Onde os ângulos θ4, θ5, θ6 e as distâncias L4, L5, L6 são fixos para uma dada
ferramenta com xFP, yFP e γ definidos, resultando numa matriz puramente numérica que
pode ser escrita diretamente como
39
A matriz que descreve o novo sistema (manipulador + efetuador), da origem
(x0,y0,z0) até o ponto de referência (F), é Tglobal = TMecanismo . TFerramenta , onde a
orientação da final da ferramenta será φ + γ .
40
- Pontos de partida e chegada dentro do espaço de trabalho, porém com configurações
diferentes, Figura 2.18.
Quando o manipulador pode atingir uma dada posição no espaço com mais do
que uma configuração, diz-se que há redundância.
41
2.1.10 Recursos do sistema de controle
Algumas condições práticas de operação impõem rampas de acelerações
coerentes com as limitações do mecanismo, de acordo com o tipo de movimento.
Mesmo que se defina uma velocidade constante entre dois pontos, será necessário
acelerar e desacelerar o efetuador para que se atinja o ponto, nesse caso o controlador
calcula as rampas ideais para cada situação. Em uma parada rápida, por exemplo, o
sistema pode enviar o sinal para a interrupção do movimento alguns instantes antes de
se atingir o ponto desejado, desacelerando de forma controlada, evitando vibrações ou
esforços excessivos devido à inércia dos componentes.
Com os avanços tecnológicos e com a experiência prática na utilização de robôs,
os aplicativos computacionais (softwares controladores) são desenvolvidos com
capacidades adicionais, que visam tanto o funcionamento correto do equipamento como
evitar acidentes causados por falha humana.
Sistemas de segurança são incorporados ao controle e podem bloquear o
movimento caso seja verificada alguma inconsistência, das mais básicas às mais
complexas, tais como [25][28]:
- Porta de acesso da célula robótica aberta;
- Rede elétrica inativa;
- Carga excessiva: Provoca aumento crítico de corrente nos motores e drivers de
potência;
- Parada repentina: Causa o aumento de temperatura dos freios das juntas, necessitando
interromper a máquina por um período de tempo relacionado com a desaceleração
aplicada.
Cada situação ou tipo de robô possui os recursos necessários e mais atraentes ao
seu mercado, e é de interesse dos fabricantes de robôs industriais oferecer soluções
pleiteadas por seus clientes.
42
2.2 Processos de Usinagem
(a) (b)
Figura 2.20 – (a) Torneamento retilíneo cilíndrico. (b) Torneamento cuvilíneo
43
b) Perfilamento
Processo de torneamento no qual a ferramenta se desloca segundo uma trajetória
retilínea radial ou axial, visando à obtenção de uma forma definida, determinada pelo
perfil da ferramenta, Figura 2.21.
(a) (b)
Figura 2.21 – (a) Perfilamento radial. (b) Perfilamento axial.
c) Fresamento
Processo mecânico de usinagem destinado à obtenção de superfícies quaisquer
com o auxílio de ferramenta geralmente multi-cortante. Para tanto, a ferramenta gira e a
peça ou ferramenta se desloca segundo uma trajetória qualquer. Distinguem-se dois
tipos básicos de fresamentos:
(a)
(b) (c)
Figura 2.22 – (a) Fresamento cilíndrico tangencial. (b) Fresamento tangencial de
Encaixe. (c) Fresamento tangencial de Perfil.
44
(a) (b)
Figura 2.23 – Fresamento frontal. (a) de topo. (b) especial.
(a) (b)
Figura 2.24 – Fresamento frontal. (a) Fresamento tangencial e frontal. (b)
Fresamento composto.
d) Limagem
Processo mecânico de usinagem destinado à obtenção de superfícies quaisquer
com auxilio de ferramentas multi-cortantes (elaboradas por picagem) de movimento
contínuo ou alternativo, podendo ser paralela ou rotativa, como na Figura 2.25).
e) Retificação:
Processo mecânico de usinagem por abrasão. A ferramenta gira e a peça ou a
ferramenta se desloca segundo uma trajetória determinada. É um processo similar ao
fresamento, no que diz respeito às classificações, como tangencial ou frontal.
45
- Retificação frontal: Usinagem com a face plana da ferramenta (rebolo), perpendicular
ao seu eixo.
46
- Da tolerância requerida no produto final. Diz respeito à qualidade da usinagem, sendo
uma questão de abordagem complexa e muitas vezes subjetiva. Como mencionado no
artigo [33], na literatura existem poucas informações práticas sobre a usinagem de
materiais especiais, os parâmetros obtidos por empresas de um setor normalmente estão
agregados a suas tecnologias.
Imperfeições do material
Materiais apropriados para um fácil desbaste, leves e rígidos, solucionam a
questão de possível “falta” de rigidez dos manipuladores. A espuma de poliuretano, o
isopor ou aglomerados, que possuem baixas e variadas massas específicas, são comuns
no mercado justamente por serem os mesmos utilizados em processos de modelagem
convencional [7].
A espuma de poliuretano de alta densidade, por ser um material esponjoso,
possui características de elevados níveis de rugosidade natural, além de cavidades
(bolhas) conseqüentes do processo de expansão. Isto significa que, além do fácil
desbaste, o material deverá necessariamente sofrer um último polimento (lixamento)
manual, antes de receber os revestimentos relativos ao processo de fabricação de moldes
em fibra [5][6][7].
É fácil perceber a existência de bolhas com diâmetros maiores que 5 mm porém,
apesar de indesejadas, geralmente não influem no resultado final, já que estas cavidades
são internas e podem ser preenchidas com a resina utilizada no processo de laminação.
O fácil desbaste muitas vezes faz com que tentativas de nivelamento se tornem
“desastrosas”, portanto as falhas externas à superfície são mais críticas do que as
internas.
Em resumo, o objetivo final é a obtenção de uma superfície que exija apenas um
“leve” acabamento final, que não representa perda ou custo significativo. Sendo assim,
a rugosidade não é tão relevante, desde distribuída de forma homogênea. Em
contrapartida, falhas grosseiras como rebarbas ou grandes descontinuidades (degraus)
47
são extremamente prejudiciais à eficiência do processo, mesmo que este represente
vantagens em relação ao processo manual de desbaste.
Trajetória da ferramenta
O processo de usinagem mais utilizado em máquinas ferramentas convencionais
parra o desbaste e/ou acabamento de peças é o fresamento, por se tratar de um processo
versátil. Em se tratando de máquinas CNC com 3 eixos, geralmente o fresamento é
realizado com ferramentas esféricas, onde a remoção (ou corte) do material ocorre
conforme ilustrado na Figura 2.26 [22].
Acabamentos “finos” podem ser obtidos, porém é necessário emprego de fresas
com diâmetros pequenos (<12mm) e passes curtos (<1mm) [11][45], o que torna esta
ferramentas pouco eficientes (ou inviáveis) para a confecção de grandes modelos.
48
trajetórias não-uniformes, como por exemplo as aproximações: por Redes Neurais,
Diagrama de Voroni, Mapeamento de Distância, Geração de malha elíptica, inclinação
dinâmica da ferramenta, Curvas de Preenchimento do Espaço (Espace Filing Curves),
etc.
“Entretanto um algoritmo robusto para geração de trajetórias tão complexas
ainda é um problema em aberto”[38]. Neste sentido, as trajetórias convencionais são
robustas e de simples implementação, sendo apropriadas na grande maioria das
aplicações de usinagem.
Geometria da ferramenta
Testes preliminares - realizados no Laboratório de Protótipos do Departamento
de Engenharia Naval – UFRJ - sugerem esforços de usinagem mínimos (em espuma de
poliuretano) nas remoções de material por corte ou por abrasão. Portanto as ferramentas
serão analisadas com relação ao perfil, e os conceitos abordados a seguir são válidos
tanto para fresas de topo, quanto para rebolos abrasivos (pontas-montadas).
Figura 2.28 – Análise virtual de erros produzidos por ferramentas diferentes com perfis
e estratégias de corte.
49
em operações convencionais. A trajetória da ferramenta é formada pela sucessão de
pequenos segmentos de retas, que é o principio mais básico para a geração de curvas
complexas.
O ponto de trabalho da ferramenta (TCP – Tool Center Point), em cada uma das
situações, está descrito na Figura 2.29.
Os cortes estão apresentados nas Figuras 2.31 e 2.32. O corte C-C, por exemplo,
equivale a estratégia aplicada em usinagem convencional, como a da Figura 2.26, onde
50
o erro pode ser obtido facilmente, através de cálculos geométricos, comprovando-se a
exatidão desta metodologia.
Conclusões:
- Curvaturas convexas devem ser realizadas com ferramentas planas, com o maior
diâmetro possível, permitindo grande passes com erro nulo (teórico);
- Curvaturas côncavas requerem ferramentas com diâmetros externos menores. Em
termos absolutos não houve diferença entre os corte B e F (Figura 2.32), que resultaram
num erro máximo em torno de 0,52mm e 0,51mm, respectivamente. Porém a utilização
de raios esféricos cerca de 2 a 3 vezes maiores que o raio de curvatura mínimo da
superfície (corte F, Figura 2.32), resultou em erros distribuídos em torno da média
(superfície teórica).
51
- Os testes iniciais apontam para a possibilidade de remoção de grandes profundidades
de corte (em torno de 15mm), portanto, os erros obtidos em todos os casos não
influenciam nas etapas de acabamento, ou seja, para o desbaste podem ser utilizadas as
ferramentas com fundo ou esférico.
52
Tabela 2.2 – Recomendações para utilização de ferramentas.
Variação da granulação em função da aplicação
10 – 14 Desbaste superpesado.
Desbaste pesado, operações de corte, grandes remoções de material e grandes
16 – 24
áreas de contato.
30 – 46 Operações de desbaste, grandes remoções de material e retificação plana
54 – 80 Semi-acabamento e média remoção de material.
Operações de acabamento, pequenas remoções e áreas de contato, e rebolos com
100 – 150
perfis especiais.
180 – 220 Acabamento fino e pequenas áreas de contato.
320 – 1000 Superacabamento.
(a) (b)
Figura 2.34 – (a) Ferramenta utilizada. (b) Tipos de rebolos e pontas montadas
disponíveis segundo o fabricante de ferramentas Sivat.
53
Parâmetros operacionais são as variáveis existentes e mensuráveis utilizadas
para executar uma operação de usinagem. Os parâmetros básicos são:
- Velocidade de rotação da ferramenta (rpm);
- Diâmetro da ferramenta (m);
- Velocidade tangencial de corte (m/s);
- Profundidade de corte (m);
- Velocidade de avanço do efetuador (m/s);
54
Os fabricantes de ferramentas fornecem as velocidades de corte como sendo a
velocidade linear de um ponto tangente à fresa ou rebolo, ou seja, é o raio da fresa
multiplicado pela velocidade angular em rad/s (vtan = ω.r).
No entanto, a combinação dos quatro parâmetros básicos mencionados pode
fornecer importantes dados práticos e comparativos.
O manipulador em questão possui sua velocidade diretamente em unidades do
sistema SI, como m/s, aplicadas ao TCP definido pelo operador. Mesmo em um
movimento circular pode-se considerar o módulo da velocidade linear a cada instante.
A retificadeira utilizada têm velocidade de rotação variável e controlada, o que
auxiliará nos testes a serem realizados.
Sendo assim, mantendo-se uns parâmetros constantes e variando-se outros, serão
estabelecidas algumas relações ótimas para o trabalho proposto.
55
3 CONSTRUÇÃO DA CÉLULA ROBÓTICA
As células robóticas são projetadas para serem versáteis, porém cada aplicação
exige condições específicas, ferramentas e posicionamento adequados. A seguir será
descrito o arranjo necessário à realização dos testes e para a fabricação de modelos
tridimensionais, além das características de cada máquina ou assessório utilizado.
3.1 Localização
A célula Robótica encontra-se no Laboratório de robótica – PEM/UFRJ,
localizado no Rio de Janeiro, Cidade Universitária, Centro de Tecnologia, nos fundos
do bloco C, sala I101. Foi instalada em parceira com o revendedor de robôs industriais –
KUKA Roboter do Brasil Ltda – de acordo com as normas industriais de segurança,
para a realização de testes e desenvolvimento de novas aplicações. Foram fornecidos os
equipamentos e acessórios básicos, porém outros foram construídos e adaptados para a
aplicação específica.
O Laboratório é responsável pela estrutura física da célula, bem como pelo
fornecimento de energia elétrica, equipamentos secundários, e por toda e estrutura
necessária às pesquisas, como computadores, impressoras, scaners, redes locais e
internet, e ao conforto dos pesquisadores.
56
Há espaço suficiente para a fixação da várias bancadas de trabalho e a realização
de pesquisas e testes em paralelo.
(a) (b)
Figura 3.3 – Variação de torque nas juntas. (a) Braço retraído. (b) Braço extendido.
O torque aplicado (em N.m) sobre a base do robô é obtido pela multiplicação da
distância L (em metro) pelo peso da carga (em N). Ou seja, se L2 = 1,92 m (máximo
alcance) e a carga for máxima (16 kg), a base deverá suportar um torque Tb = 307 N.m.
Portanto, com o braço recolhido, L1 = 0,7 m, uma massa de 43,8 kg poderia ser
suportada.
57
Na prática, deve-se estar atento as especificações recomendadas pelo fabricante,
pois o mesmo oferece garantias específicas de durabilidade e precisão de
posicionamento de acordo com o modelo adquirido.
Em posições mais distantes da base, devido a estrutura em balanço, os efeitos
dinâmicos atuam com mais intensidade. Paradas bruscas, por exemplo, induzem reações
inérciais que provocam vibrações mesmo com cargas de projeto. Neste tipo de máquina,
o principal parâmetro garantido é o posicionamento. Ou seja, quando a ferramenta parar
de vibrar, se encontrará na posição e orientação especificadas, dentro do intervalo de
tolerância garantido.
Na tabela 3.1 encontram-se as características técnicas fornecidas pelo fabricante
para este modelo, e nas Figuras 3.3 e 3.4, o volume de trabalho projetado nos planos XY
e YZ, respectivamente [15].
58
Figura 3.3 – Volume de trabalho – plano XY
59
orientação desejada, pode-se deparar com uma configuração impossível de ser
alcançada.
60
Figura 3.6 – Armário de controle. Drivers de potência, microcomputador,
baterias e portas de entrada e saída de comandos externos.
61
cada motor. Estas unidades amplificadoras, por sua vez, convertem os sinais de controle
em sinais de potência, obtidos diretamente da rede elétrica (440Volts), e só então os
motores passam a se movimentar.
Para evitar problemas de perda da memória de referência, existem baterias que
garantem o desligamento correto do sistema. Em caso de queda repentina da rede
elétrica, por exemplo, as baterias alimentam o sistema pelo tempo necessário a coleta
dos parâmetros atuais de posição de cada junta, enviados por seus resolvers (sensores de
posição).
O controle de uma célula robótica é, como um todo, estável e seguro, desde que
mantidas as corretas instalações e tomando-se os devidos cuidados.
Movimento contínuo. Exige trajetória bem definida que segue critérios temporais
precisos, como no caso de pinturas, polimento, soldagem e modelagem. Todos os
pontos de passagem do efetuador estão definidos por equações, seja de forma analítica
ou numérica. Os movimentos contínuos pré-definidos pelo fabricante são os retilíneos e
curvilíneos que, na grande maioria das aplicações, são suficientes para a realização das
tarefas, já que é possível compô-los de formas a se cumprir trajetórias mais complexas
(Figura 3.7) [23].
62
Figura 3.7 – Interpolação de trajetórias de ferramenta.
63
Figura 3.9 – Efetuador acoplado a flange
64
Figura 3.10 – Ponto de trabalho da ferramenta.
65
base do robô, mas deve ser aproximadamente plana. Três pontos da face superior desta
bancada serão usados para a definição do sistema de referência do controlador. A face
plana facilita a fixação de peças sem induzir deformações durante o trabalho.
Dependendo da localização da base, alguns pontos podem ser inacessíveis
devido à geometria do robô. O posicionamento e a rigidez da bancada devem se manter
constantes para permitir a repetibilidade do ciclo de movimento programado.
66
Figura 3.13 – Desenho de montagem dos módulos estruturais da bancada de referência
(a) (b)
Figura 3.14 – Modelagem em software 3D de elementos finitos. (a)
Condições de contorno e força externa. (b) malha de pontos.
67
Para gerar a malha de pontos da Figura 3.14 (b), o software verifica as relações
geométricas de cada componente, como relações comprimento/espessura, e identifica as
direções adequadas de cada elemento. É possível definir a relevância de cada
componente [50], como pode ser visto na peça (cubo) simulada, que possui grande
volume e pouca importância na análise.
(a) (b)
Figura 3.15 – (a) Resultado em deslocamento. (b) Resultado em tensão.
68
Figura 3.16 – Estrutura para Isolamento de resíduos de poliuretano
A célula foi adaptada apenas para a realização de estudos e dos testes propostos.
A retirada das partículas é feita por um aspirador de pó (Figura 3.17), modelo industrial,
capaz de direcionar a poeira preferencialmente para o lado oposto ao do manipulador e
da entrada de ar da retificadeira.
3.6 Amostras
Os testes foram realizados em blocos em espuma de poliuretano com massa
específica de 60kg/m3. Estes blocos são também encontrados com outras massas
específicas (30 ou 45kg/m3) e em diversos tamanhos. Quando maior a sua massa
específica menor será o nível de porosidade e melhor o acabamento final [4], porém a
um custo proporcionalmente maior.
69
Os blocos podem ser colados entre si e em outros materiais, são facilmente
desbastados e suficientemente rígidos para a manutenção da forma após a usinagem ou
conformação. Para a confecção de grandes modelos, podem ser agrupados apenas em
camadas externas e preenchidos por estruturas em aço ou madeira, por exemplo [32].
Os testes utilizaram amostras com dimensões em torno de 300 x 300 x 150 mm,
sendo retirados de blocos maiores, fornecidos com 1000 x 500 x 250, mostrados na
Figura 3.18.
Antes de serem utilizadas para os testes, as amostras devem receber usinagem
para a criação de uma face plana de referência. Foi escrito, então, um programa
específico para que o robô realize este desbaste, onde a ferramenta percorre toda a área
da amostra descendo 5mm em cada passada, até que se obtenha uma superfície plana de
referência.
70
4 AJUSTES DO EQUIPAMENTO - SISTEMAS DE REFERÊNCIA
71
posicionar novamente todas as juntas nas marcações indicadas e realizar o procedimento
de calibração.
72
Por definição do fabricante, o software utiliza os ângulos de Euler Z-Y-X
móveis (tipo II) para definir a orientação de um sistema de coordenadas em relação ao
outro.
Isto significa:
A matriz da ferramenta (TF), obtida na seção 2.1.8, pode ser reescrita como
− Sin@ BD 0 Cos@ BD
a 0 0 a 0 1 0 0
[1 rotação] = 0 0 1 0 [2 rotação] = 0
0 0 0 1 0 0 0 1
0 Cos@CD − Sin@CD
1 0 0 0 1 0 0 x
0 Sin@CD Cos@CD
a 0 0 1 0 y
[3 rotação] = 0 [Translação] = 0 0 1 z
0 0 0 1 0 0 0 1
73
são fabricados por processos precisos. Visando suprir tais dificuldades, o software de
controle possui métodos práticos para a determinação destes parâmetros.
Obtenção de A,B,C: O método ABC – world (6D) [55]. Após a definição do ponto de
trabalho, ainda é necessário informar a orientação da ferramenta, o que pode ser feito,
novamente, de forma prática.
74
(a) (b)
Figura 4.6 – Ajuste do eixo da ferramenta no plano ZX global. Usinagem na direção
Y global. (a) Ferramenta desalinhada. (b) Ferramenta alinhada.
(a) (b)
Figura 4.7 – Ajuste do eixo da ferramenta no plano YZ. Usinagem na direção X global.
(a) Ferramenta desalinhada. (b) Ferramenta alinhada.
Durante esse ajuste o manipulador é movimentado manualmente, em velocidade
reduzida, até que se atinja o resultado desejado, ou seja, até que se obtenha uma amostra
plana a partir que qualquer direção de usinagem. Com o eixo da ferramenta alinhado,
grava-se a posição e a orientação.
É um ajuste trabalhoso, porém necessita ser realizado apenas uma vez para cada
efetuador utilizado, desde que o suporte da ferramenta possa ser desmontado e
recolocado mantendo sua posição original.
75
O software permite a memorização de dezesseis sistemas de coordenadas
distintos para a descrição de ferramentas.
76
Rot ação A
Em t orno de Z base
Z Base = Z A
A
A
XA
YA
Rot ação B
Em t orno de Y A
ZA
ZB B
B
XA
XA
B
XB YA = YB
Em t orno de X B
ZB
C
ZC
C
C
YC
X B = XC YB
77
Após as três rotações, a ferramenta pode ser finalmente deslocada para ponto de
trabalho, como ilustrado na Figura 4.12.
Translação
para o pont o (x,y,z)
ZC
Ve
t or Z
(x,
y, z) X
YC ZC Y
XC
Ângulo B: Ângulo entre o eixo da ferramenta (XF) e sua projeção no plano XY,
na Figura 4.14.
78
Figura 4.14 – Visualização da orientação B. Varia entre +90o e –90o
79
(a) (b)
(c) (d)
(e)
Figura 4.16 – Variações da rotação C mantendo-se o mesmo posicionamento da
ferramenta. (a) C = 30o, (b) C = 0o, (c) C = -30o, (d) C = -90o, (e) C = ±180o.
80
funções de custo das juntas nos pontos da trajetória. Estas funções utilizam penalidades
dos movimentos das juntas (diferenças finitas de velocidade) e a proximidade de seus
limites. Este método introduz variáveis para a representação do excesso de graus de
liberdade, convertendo em um problema desvinculado de otimização algébrica. O ainda
trabalho cita que, convencionalmente, as redundâncias em mecanismos tem sido
resolvidas através de métodos pseudo-inversos (Jacobiano) ou de cinemática inversa.
Os métodos Jacobianos são baseados na utilização de matrizes derivativas dos
vínculos (juntas) do robô, onde a minimização da velocidade das juntas é utilizada para
resolver a redundância.
Os métodos de cinemática inversa, por sua vez, utilizam outra filosofia,
fornecendo o mapeamento completo do espaço das juntas. As redundâncias são
removidas com a adição de vínculos e, após a obtenção dos ângulos de junta, o sistema
é avaliado. Caso seja constatada alguma incoerência, novos valores de restrições são
impostos, e a cinemática é recalculada até que se obtenha ângulos de juntas
satisfatórios.
A utilização de algoritmos similares a este é necessária para a completa
automação de um sistema CAM dedicado a aplicação em manipuladores, porém
apresentam o inconveniente do recalcular a cinemática já embutida no sistema de
controle do equipamento.
Visando a simplificação deste problema complexo, foi desenvolvida uma regra
prática, baseada em diversas simulações feitas em software modelador de sólidos, onde
foram simulados diferentes valores para C, que resultaram em:
Para valores de 0o < A < 180o ou –360o < A < -180o, C = -90o , e
para valores de 180o < A < 360o ou –180o < A < 0o, C = +90o
81
processo.
Durante a programação in-line (ou ponto a ponto) do robô, o operador determina
de forma prática o ciclo do movimento, e em seguida são gerados automaticamente os
arquivos (do tipo texto) com os códigos do programa. Estes arquivos são armazenados
no disco rígido como um arquivo qualquer, e podem ser lidos e alterados através de
softwares de edição de texto.
Para cada programa criado, na linguagem KRL, o sistema gera um par de
arquivos com extensão “.dat” e “.src”, que se complementam e podem ser gravados em
mídia removível.
O arquivo DAT contém as informações das funções, com seus respectivos
parâmetros de acelerações e velocidades de referência, numeração e as coordenadas de
cada ponto (x,y,z,A,B,C) compreendidas pelo software de controle, além de funções
condicionais para verificação e interrupção do movimento.
Após a introdução dos pontos no arquivo DAT, o ciclo de movimentação pode
ser definido a partir do arquivo SRC, que contém a ordem em que os pontos devem ser
seguidos e o tipo de função (trajetória) entre os mesmos, bem como a velocidade em
cada trecho.
Ilustrativamente, pode-se dizer que o software recebe os valores das variáveis
através dos arquivos DAT, e define o que fazer com as mesmas através dos arquivos
SRC. Sendo assim, nos arquivos DAT, podem-se listar os pontos em qualquer ordem,
pois é o arquivo SRC que informa ao sistema como estes pontos serão percorridos.
A linguagem de programação utilizada é relativamente simples e foi interpretada
a partir de programas gerados em programação in-line. Este procedimento foi necessário
já que os códigos ainda não eram conhecidos e existem restrições aos algoritmos do
software de controle.
Para a compreensão da linguagem de programação é necessário o conhecimento
prévio do equipamento, suas limitações e sistemas de referência.
4.5.1 Trajetórias
A programação dos movimentos é feita a partir da algumas funções básicas,
porém conhecendo-se seus algoritmos, poderiam ser criadas funções mais complexas,
como as trajetórias splines descritas em [58]. O artigo [59] apresenta um algoritmo
específico para a transformação de trajetórias compostas de segmentos de retas e
82
círculos em splines, obtendo-se trajetórias contínuas, evitando as constantes variações
de acelerações e com expressiva redução da duração do ciclo de movimento.
Em todo ciclo de trabalho existem situações onde a ferramenta deve seguir
trajetórias bem definidas, e outras onde se deseja apenas uma mudança de posição,
geralmente rápida e sem o compromisso com uma trajetória específica.
São oferecidas três possibilidades de movimentação, que representam funções
predefinidas para a trajetória da ferramenta:
Trechos Circulares. Para se definir uma trajetória circular, são necessários três pontos:
o inicial, um intermediário (responsável pela definição do raio do percurso) e o final.
6 5 3
4 2
3
2
1 1
(a) (b)
83
O movimento discreto reproduz exatamente a forma programada, porém requer
um grande número de pontos.
No movimento contínuo a ferramenta percorre o trecho entre dois pontos em
linha reta, iniciando o movimento com uma orientação e terminando com outra. Apesar
de induzir erros numa forma geométrica já aproximada por trechos retilíneos, resulta no
movimento com curvaturas suaves, sem grandes descontinuidades (quinas).
Dependendo do número de segmentos contidos em uma trajetória, da escala do modelo
e do diâmetro da ferramenta, este erro pode ser considerado irrelevante.
Como mencionado [1,3,4,5,6] alguns modelos de embarcações levam semanas
ou meses para confecção, portanto os ganhos de alguns minutos (ou horas) não possuem
relevância expressiva como na manufatura de peças em máquinas CNC.
Além disso, o software de controle também permite a aproximação, nos
movimentos contínuos, dos pontos programados, como mostrado na Figura 4.18
(retirada do manual do equipamento), onde é possível definir os valores (em milímetros)
da mínima aproximação desejada.
84
movimentos compostos.
Devido à simplicidade de programação, todas as curvas de usinagem serão
programadas pela composição de movimentos lineares contínuos.
No final dos cabeçalho existe a frase “make here your modifications”, indicando
o início da descrição do código dos pontos.
Por definição, a primeira linha (Figura 4.20) contém o último ponto da lista
(p17, por exemplo), e os grupos PDAT e CPDAT com os parâmetros dinâmicos de cada
tipo de movimento.
Onde:
85
CPDAT1 – grupo com parâmetros dinâmicos e aproximação ao ponto em
movimentos lineares ou circulares. Velocidade máxima de referência “VEL 2.0” é dada
em m/s, Aceleração “ACC 100.0” em termos percentuais do máximo aceitável, e
Distância real ao ponto programado “APO_DIST 1.0” em mm. Existe ainda o parâmetro
APO_FAC 50.0, referente ao cálculo do desvio da trajetória com relação à trajetória
real.
A programação que será realizada objetiva a precisão geométrica do modelo,
portanto não utilizará meios para aproximar a trajetória. Ou seja, a ferramenta deverá
atingir o ponto especificado antes de prosseguir para o seguinte, mesmo que isso retarde
o processo.
Podem ser criados dezesseis grupos para cada tipo de movimento, ou seja,
PDAT1 até PDAT16, e CPDAT1 até CPDAT16, que possibilitam, por exemplo, utilizar
velocidades mais baixas em etapas de acabamento dentro do mesmo ciclo de usinagem.
Finalmente os pontos podem ser descritos conforme a mostrado na Figura 4.22.
* os parâmetros “s 2,t 10” ou “s6, t 27” determinam o sentido de rotação de “C”, ou seja, a
rotação em torno do eixo da ferramenta.
86
Figura 4.23 – Cabeçalho do arquivo .src.
87
5 PARÂMETROS E TESTES DE OPERAÇÃO
88
.
Figura 5.1 – Parâmetros de usinagem.
Porém o ciclo de movimento ainda pode ser realizado com velocidades de 100%,
75%, 50%, 30%, 10%, 3% e 1%, relativas à velocidade programada.
89
Tabela 5.2 – Parâmetros das Amostras.
Material das amostras: Espuma de poliuretano massa específica 60kg/m3.
Ferramenta: Df = 25mm
Aglomerado: de óxido de alumínio / Granulação: 80 / Dureza: k
Amostra ω (rpm) p (mm) canal v programa (m/s) Veloc. relativa (%) Veloc.real (cm/s) Aprovado
o
1 1.0 30
o
2 0.8 24
001 7000 2.5 o
30%
3 0.6 18
o
4 0.4 12
o
1 1.0 50
o
2 0.8 40
002 7000 2.5 o
50%
3 0.6 30
o
4 0.4 20
o
1 1.0 10 X
o
2 0.8 8 X
003 7000 2.5 o
10%
3 0.6 6 X
o
4 0.4 4 X
o
1 1.0 75
o
2 0.8 60
004 17000 2.5 o
75%
3 0.6 45
o
4 0.4 30
o
1 1.0 50
o
2 0.8 40
005 17000 5 o
50%
3 0.6 30
o
4 0.4 20 X
o
1 1.0 30
o
2 0.8 24
006 17000 5 o
30%
3 0.6 18 X
o
4 0.4 12 X
o
1 1.0 100
o
2 0.8 80
007 28000 2.5 o
100%
3 0.6 60
o
4 0.4 40 X
o
1 1.0 75
o
2 0.8 60
008 28000 2.5 o
75%
3 0.6 45 X
o
4 0.4 30 X
o
1 1.0 50
o
2 0.8 40
009 28000 5 o
50%
3 0.6 30 X
o
4 0.4 20 X
o
1 1.0 30
o
2 0.8 24
010 17000 10 o
30%
3 0.6 18
o
4 0.4 12 X
o
1 1.0 30
o
2 0.8 24
011 28000 10 o
30%
3 0.6 18 X
o
4 0.4 12 X
o
1 1.0 10 X
o
2 0.8 8 X
012 28000 10 o
10%
3 0.6 6 X
o
4 0.4 4 X
o
1 1.0 10
o
2 0.8 8
013 7000 5 o
10%
3 0.6 6 X
o
4 0.4 4 X
90
Apesar da prioridade no acabamento da face inferior (usinagem Normal à
superfície), a condição de Aprovado/Reprovado refere-se ao acabamento satisfatório nas
três faces do canal, onde os efeitos da usinagem são facilmente percebidos. Será
adotado, portanto, o critério visual (Figura 5.2) apenas para avaliação dos parâmetros
iniciais.
CR = Df.p.L / t , onde
91
Tabela 5.3 – Parâmetros das Amostras.
Velocidade Velocidade de Capacidade de
Amostra
Profundidade p Rotação ω tangencial de avanço Remoção de
Resultado de
(mm) (rpm) corte (m/s) máxima v material CR
referência 3
(cm/s) (cm /s)
A 28000 36.7 45 008 28.1
B 2.5 17000 22.3 30 004 18.8
C 7000 9.2 10 003 6.3
D 28000 36.7 30 009 37.5
E 5 17000 22.3 20 005 25.0
F 7000 9.2 6 013 7.5
G
10
28000 36.7 18 011 45.0
H 17000 22.3 12 010 30.0
Conclusões imediatas:
- A profundidade de corte (p) é inversamente proporcional a velocidade de avanço (v);
- A capacidade de remoção de material (CR) é proporcional a velocidade de rotação (ω)
e a profundidade de corte (p);
- A precisão geométrica é inversamente proporcional a velocidade de avanço.
92
5.2 Movimento retilíneo com mudança de direção
O comportamento do manipulador em velocidades extremas foi verificado
através da usinagem de canais com mudança de direção, como ilustrado na Figura 5.4.
93
5.3 Precisão dimensional e repetibilidade de movimentação
De acordo com [30], os fatores que mais influenciaram a usinagem de material
cerâmico foram a distâncias entre os passes e o comprimento do braço em relação a sua
base (comprimento em balanço).
Portanto, foram usinados blocos quadrados (130 x 130mm) no sentido
discordante (pior caso), com o braço recolhido e estendido, e para cada amostra foi
obtida a média de 10 medições (em pontos variados da amostra, inclusive próximo as
pontas) nos lados paralelos (//) e perpendicular (┴) a direção de avanço, resultando nos
valores médios conforme a Tabela 5.4.
A condição Próximo/Afastado representa a posição (na direção X global da
Figura 4.3, ou na direção ZF da Figura 4.4) do centro do quadrado até o centro da base
de fixação do robô, correspondendo aproximadamente às configurações das Figuras
3.3a e 3.3b, respectivamente.
* Nessa amostra, o ciclo de usinagem foi repetido 8 vezes sobre o mesmo bloco, nas
mesmas condições.
94
Conclusões:
95
6 IMPLEMENTAÇÃO DAS ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM
SISTEMA CAM
Os artigos [35] e [36] mostram que um sistema integrado de manufatura é
composto por uma série de softwares especialistas, onde as informações são
manipuladas e transferidas de um para o outro, de forma a obter-se um programa de
movimentação específico à máquina-ferramenta a partir de um projeto CAD.
Estes sistemas são responsáveis por tornar o processo de robotização
completamente automático, ficando responsável pela conexão entre o protótipo virtual
3D e a movimentação do manipulador. São programas complexos e específicos, que
integram os parâmetros da máquina-ferramenta (diâmetro, velocidade de giro), do
material (capacidade de corte por unidade de tempo) e do próprio manipulador
(geometria e limitações). Devem ser capazes de auxiliar na captura dos pontos
diretamente do modelo 3D, e de planejar a trajetória dos ciclos de desbaste e
acabamento.
A existência deste sistema torna o processo de modelagem robotizada altamente
produtivo. Porém, a modelagem tridimensional ainda é uma aplicação pouco difundida,
e existem vários modelos e fabricantes de robôs industriais, com diferentes linguagens
[16][25] e características operacionais, o que dificulta o desenvolvimento e aumenta o
custo dos softwares dedicados.
Para suprir a indisponibilidade do programa CAM, específico para este modelo
de manipulador, foi desenvolvida uma técnica para obtenção dos pontos utilizando o
próprio software de modelagem 3D, para que se possa avaliar os resultados da
usinagem, validando o equipamento utilizado.
Conhecendo-se o material e todo o ferramental disponível, é possível
desenvolver programas que realizam esta tarefa.
Uma vantagem do processo de automação por meio de projetos CAD é a
documentação gerada para estudos posteriores. Outra, é o fato de um programa servir de
base para outro, o que facilita a realização de modificações ou atualizações nos
modelos. Além disso, como as coordenadas dos pontos de cada seção devem ser
conhecidas, é possível a divisão do modelo em várias partes para uma posterior união,
ou a confecção de partes distintas por várias máquinas ao mesmo tempo.
96
A seguir serão descritas as informações necessárias ao desenvolvimento de um
sistema aplicado a usinagem normal à superfície, porém estas etapas representam, de
forma genérica, a estrutura básica necessária a qualquer sistema CAM.
Figura 6.1 – Veleiro Green Flash Microtonner.[5] (a) Em construção. (b) Concluido.
97
sistematizando os dados envolvidos e possibilitando uma rápida reutilização das
informações quando necessário [61].
A maior contribuição dos sistemas CAD ocorre na modelagem dos produtos e
componentes e no detalhamento de suas formas, tanto em duas quanto em três
dimensões. A utilização de modelos 3D é imprescindível, por exemplo, na aplicação de
análises por elementos finitos para verificação de tensões, escoamento, temperatura e
ainda quando há a necessidade de se calcular o volume, propriedades de massa, eixo de
inércia e verificação de interferências. Estes modelos são usados também para desenho
para simulação, via computador, do funcionamento de produtos, sem a necessidade de
se construir um protótipo (Engenharia Auxiliada por Computador - CAE - Computer
Aided Engineering). Tais produtos podem ser testados com alto grau de exatidão.
Softwares como AutoCad, Inventor, SolidWorks, SolidEdge, Rhino e etc.,
permitem o desenvolvimento de modelos e a obtenção dos dados necessários à
programação. Para a modelagem de embarcações, existem programas específicos para
geração de superfícies complexas a partir de cálculos hidrodinâmicos, como o
ShipCAM e MultSurf [33].
(a) (b)
Figura 6.2 – (a) Modelo gerado em CAD 3D. (b) Estrutura do modelo.
98
6.3 Estratégia de Usinagem (Etapa C)
A estratégia de usinagem consiste na avaliação do material e da superfície a ser
usinada com relação à continuidade, raios mínimos e profundidades das cavidades,
concavidade ou convexidade, além da tolerância requerida. Estas variáveis irão definir,
as dimensões e o perfil e da ferramenta e o tipo de corte (convencional, eixo com
orientação fixa, ou normal, com orientação variável).
Devido às altas taxas de remoção do material e às vantagens obtidas pelo
processo de usinagem robotizada, torna-se desnecessário o desenvolvimento de
trajetórias especiais e não uniformes, portanto os movimentos podem seguir trajetórias
comuns, Zig-Zag ou espirais, pois possuem uma implementação simples e robusta (em
termos de algoritmos).
É necessária a definição de uma malha superficial de pontos e, em seguida, o
cálculo dos vetores normais à superfície em cada ponto da mesma.
99
6.3.2 Obtenção do Vetor Normal a partir do Modelo CAD
Os Programas Vetoriais CAD3D oferecem ao projetista algumas ferramentas
para a entrada de parâmetros (ou desenho de um componente), utilizando seus próprios
algoritmos para a interpretação dos mesmos. Estes parâmetros são utilizados para a
geração de equações que descrevem a geometria da peça de forma contínua.
Normalmente as superfícies complexas são criadas a partir da interpolação de duas ou
mais curvas bidimensionais (splines, segmentos de retas ou círculos), da interpolação de
vários pontos do espaço cartesiano, ou mesmo a partir de equações conhecidas.
Isto significa que é possível obter o vetor normal a uma superfície diretamente
de qualquer modelo desenhado em CAD3D, bastando-se extrair os pontos que serão
informados ao robô, conforme a tolerância desejada.
Mesmo que o algoritmo do sofware CAD não seja conhecido, é possível extrair
informações do modelo a partir dos dados de saída que o próprio programa fornece. Isto
significa utilizar os recursos do programa para obtenção de projeções e dimensões que
permitam o cálculo do vetor normal, podendo-se, posteriormente, criar rotinas para isso.
Se uma superfície z=f(x,y) for decomposta, num dado ponto, em duas curvas
(Figura 6.4), uma gerada no plano XZ e outra no plano ZY, passa-se a lidar com duas
curvas planas, descritas por equações ou polinômios independentes.
100
Figura 6.5 – Corte X. Paralelo ao plano YZ.
O Produto vetorial dos vetores TZX e TYZ resulta num terceiro vetor, normal a
ambos, denominado NP, vetor normal à superfície em P.
Este vetor, necessário à programação de qualquer máquina ferramenta, pode ser
obtido diretamente a partir de α e θ.
TZX TYZ
Z Z
θ α
X Y
Figura 6.7 – Corte Y. Paralelo ao plano ZX. Figura 6.8 – Corte Y. Paralelo ao plano ZX.
101
A multiplicação vetorial destes vetores pode ser feita a partir da definição básica
[28] definida por
A = 180o + a onde e
102
e (6.2)
Para verificar esta conversão, uma superfície esférica descrita pela equação
x2 + y2 + z2 = 100 ou z=
x=y=z= = 57,7
Conforme literatura,
Como pode ser visto graficamente nas Figuras 6.11 (a) e (b).
103
(a) (b)
Figura 6.11 – (a) Corte ZX, θ = - 45o. (b) Corte YZ, α = - 45o
(a) (b)
Figura 6.12 – (a) Vetor normal definido por A (180o + 45o) e B (35.26o). (b) Vetor
normal decomposto em função de A, B, θ (-45o) e α (-45o).
Os dados referentes ao ponto (I) da Figura 6.10, podem então ser informados
diretamente ao sistema de controle do manipulador, sendo:
104
6.4.1 Geração da malha de pontos
O software utilizado foi o SolidWorks (versão 2005), capaz de reconhecer
modelos tridimensionais criados em diferentes formatos, como DXF, DWG, Parasolid,
IGES, STEP, ACIS, STL, CatiaGraphics, ProEngineer, SolidEdge, Inventor, CADKEY,
entre outros. Programas deste tipo ainda possuem interface de programação, conhecida
como API (Application Programming Interface), que podem ser usadas para
automatizar e personalizar o software, porém são necessários conhecimentos avançados
em programação .
Esta interface API contém centenas de funções que podem ser chamadas por
linguagens como Visual Basic 6.0, Visual Basic for Applications (VBA), Visual Basic
.NET, Visual C# .NET, Visual C++ 6.0, Visual C++ .NET, ou por arquivos com macros
específicos para SolidWorks. Estas funções permitem acesso direto às funcionalidades
do programa como, por exemplo, a criação de linhas, inserção de partes em uma
montagem, ou a verificação dos parâmetros de uma superfície [62].
Isto significa que o método para extração dos pontos, criado com as
funcionalidades (comandos) do próprio software, pode gerar automaticamente os
arquivos tipo planilha ou texto, com os parâmetros da superfície a ser usinada.
Primeiramente, o modelo CAD deve possuir um sistema de coordenadas
coerente com o sistema da bancada de trabalho.
Em seguida são criados dois planos, paralelos aos planos ZX e YZ, definindo
duas curvas bidimensionais como definido na seção anterior, que podem ser vistas na
Figura 6.13.
105
Conforme ilustrado na Figura 6.14, linhas tridimensionais são vinculadas as
curvas através das relações de tangência e coincidência (funções pré-definidas do
programa CAD) com as mesmas. O vetor normal é obtido graficamente a partir de outra
linha tridimensional perpendicular as linhas tangentes.
106
Tabela 6.1 - Planilha para definição dos pontos.
107
Este método possui algumas limitações, porém permitiu a programação de uma
superfície complexa para a verificação dos resultados e avaliação do equipamento para a
usinagem de modelos.
O modelo escolhido foi dividido em seções, com espaçamento (20 mm) menor
que o diâmetro da ferramenta (25 mm) e, devido à sua simetria, foram obtidos apenas os
pontos de um dos lados, onde a conversão dos sinais (para o outro lado) e os valores da
rotação C, são obtidos diretamente pela edição da planilha.
108
Figura 6.16 – Planilha para geração do arquivo SRC.
109
7 USINAGEM DO MODELO COM SUPERFÍCIE COMPLEXA
Para a usinagem do modelo e a verificação dos resultados (em escala reduzida)
foi utilizada uma combinação de parâmetros aprovados pelos testes (rotação da
ferramenta≈20000rpm, avanço=15cm/s e profundidade≈10mm). Estes parâmetros
permitiram valores aceitáveis para a capacidade de remoção (CR) da ferramenta, nível
de ruído e precisão geométrica, visando a conservação do equipamento em operações
prolongadas.
A comparação entre os modelos CAD e o modelo fabricado pode ser vista na
Figura 7.1 e 7.2.
110
No momento da realização dos testes havia a indisponibilidade de utilização de
equipamentos para medição de objetos tridimensionais complexos, ficando impraticável
a verificação dimensional completa do modelo.
Uma cota de referência é mostrada na Figura 7.3, apenas para uma avaliação
qualitativa, comprovando a proximidade das dimensões teóricas.
111
8 CONCLUSÕES
112
Manipuladores com seis eixos são os equipamentos mais adequados à confecção
de grandes modelos. Conforme verificado em [41], células dotadas de dois robôs
possuem melhor adaptação à usinagens tridimensionais, minimizando os problemas de
acessibilidade e garantindo alcance e a qualidade das peças.
Esta solução é adotada na produção de modelos de grandes barcos (50 pés)
[32][33], onde cada robô usina um lado de simetria. Para isso é utilizando o sétimo eixo
(Figura 8.1), ou seja, um trilho que desloque o manipulador no nível do piso, pode
viabilizar a confecção de modelos inteiros, em escala real, representando grande
vantagem da tecnologia desenvolvida em relação aos processos de prototipagem rápida
existentes.
113
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[51] SHIGLEY, J.E. Mechanical Engineering Design. First Metric Edition, Singapore,
McGraw-Hill International Editions, ISBN 0-07-100292-8, 1986.
[55] SOFTWARE KRC. “Medição. Medir a ferramenta. ABC – World (6d)”. Entrada
em Serviço, Release 4.1. chapiter 2, Germany, Kuka Roboter GmbH, pp. 59 – 65, 2004.
[56] SOFTWARE KRC. “Medição. Base. 3 pontos”. Entrada em Serviço, Release 4.1.
chapiter 2, Germany, Kuka Roboter GmbH, pp. 69 – 74, 2004.
[57] HEMMERLE, J.S., PRINZ, F.B. “Optimal Path Placement for Kinematically
Redundant Manipulators”. International Conference on Robotics and Automation,
Sacramento, California. Apr. 1991.
117
[58] SOUZA, A.F. “Análise das interpolações de trajetórias de ferramenta na usinagem
em HSC (High Speed Cutting) em superfícies complexas. Dissertação de M.Sc.,
PEP/UNIMEP. Piracicaba, Santa Bárbara d’Oeste, Brasil, 2001.
[62] SOLIDWORKS API AND ADD-INS HELP. SolidWork Corporation, EUA, 2005.
118
ANEXO I – DESENHO PARA FABRICAÇÃO DO SUPORTE DO EFETUADOR
119
120
ANEXO II – DESENHO PARA SOLDAGEM DOS ELEMENTOS QUE
COMPÕEM OS MÓDULOS ESTRUTURAIS DA BANCADA DE REFERÊNCIA
121
122
ANEXO III – AMOSTRAS APROVADAS NOS TESTES PARA OBTENÇÃO
DOS PARÂMETROS DE USINAGEM
123
Figura III.1 – Amostra 003.
124
Figura III.3 – Amostra 005.
125
Figura III.9 – Amostra 009.
126
Figura III.11 – Amostra 011.
127
ANEXO IV - LISTAGEM DO ARQUIVO DAT CONTENDO OS CÓDIGOS DO
PROGRAMA DE MOVIMENTAÇÃO PARA A USINAGEM DO MODELO
TRIDIMENSIONAL
&ACCESS RVO
&REL 7
&PARAM TEMPLATE = C:\KRC\Roboter\Template\vorgabe
&PARAM EDITMASK = *
DEFDAT casco6
;FOLD EXTERNAL DECLARATIONS;%{PE}%V3.2.0,%MKUKATPBASIS,%CEXT,%VCOMMON,%P
;FOLD BAS EXT;%{PE}%V3.2.0,%MKUKATPBASIS,%CEXT,%VEXT,%P
EXT BAS (BAS_COMMAND :IN,REAL :IN )
DECL INT SUCCESS
;ENDFOLD
;FOLD A10 EXT;%{E}%V3.2.0,%MKUKATPARC,%CEXT,%VEXT,%P
EXT A10 (A_CMD_T :IN,A_STRT_T :IN,A_WELD_T :IN,A_END_T :IN,INT :IN )
;ENDFOLD
;FOLD A20 EXT;%{E}%V3.2.0,%MKUKATPA20,%CEXT,%VEXT,%P
EXT A20 (INT :IN,WELD_ST :IN,WELD_FI :IN,INT :IN )
;ENDFOLD
;FOLD GRIPPER EXT;%{E}%V3.2.0,%MKUKATPGRIPPER,%CEXT,%VEXT,%P
EXT H50 (INT :IN,INT :IN,INT :IN,GRP_TYP :IN )
;ENDFOLD
;FOLD SPOT EXT;%{E}%V3.2.0,%MKUKATPSPOT,%CEXT,%VEXT,%P
EXT USERSPOT (S_COMMAND :IN,SPOT_TYPE :IN )
;ENDFOLD
;FOLD TOUCHSENSE EXT;%{E}%V3.2.0,%MKUKATPTS,%CEXT,%VEXT,%P
EXT H70 (INT :IN,SRCH_TYP_2 :OUT,E6POS :IN,SRCH_TYP_3 :IN,SRCH_TYP_2 :IN,SRCH_TYP_2 :IN,SRCH_TYP_2
:IN,SRCH_TYP_2 :IN,SRCH_TYP_2 :IN,INT :IN )
;ENDFOLD
;FOLD USER EXT;%{E}%V3.2.0,%MKUKATPUSER,%CEXT,%VEXT,%P
;Make here your modifications
;ENDFOLD
128
;ENDFOLD
DECL E6POS XP10001={x 240,y 60,z 150,a -70,b 89.9,c -65,s 6,t 27,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10001={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10002={x 150,y 100,z 90,a -180,b 55,c -80,s 6,t 27,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10002={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10003={x 0,y 1,z 70,a -70,b 80,c -65,s 6,t 27,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10003={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10004={x 280,y 120,z 0.01,a 236.66,b 8.42,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10004={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10005={x 150,y 10,z 120,a 180,b 80,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10005={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10006={x 0,y 0,z 70,a 0.1,b 80,c 90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10006={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10037={x 280,y -100,z 0.01,a 123.34,b 0.01,c 90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10037={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10038={x 280,y -100,z 150,a 123.34,b 0.01,c 90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10038={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP1={x 0.0,y 0,z 35.02,a 359.96,b 79.49,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP1={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP2={x 0.0,y 5,z 35,a 358.08,b 79.52,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP2={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP3={x 0.0,y 10,z 34.96,a 356.1,b 79.59,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP3={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP4={x 0.0,y 15,z 34.88,a 354.08,b 79.71,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP4={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP5={x 0.0,y 20,z 34.77,a 351.92,b 79.88,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP5={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP6={x 0.0,y 25,z 34.63,a 349.64,b 80.1,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP6={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP7={x 0.0,y 30,z 34.45,a 347.16,b 80.37,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP7={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP8={x 0.0,y 35,z 34.25,a 344.43,b 80.69,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP8={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP9={x 0.0,y 40,z 34.01,a 341.34,b 81.08,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP9={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP10={x 0.0,y 45,z 33.35,a 304.54,b 75.05,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP10={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP11={x 0.0,y 50,z 31.78,a 291.38,b 66.2,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP11={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP12={x 0.0,y 55,z 29.16,a 285.59,b 56.01,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP12={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP13={x 0.0,y 60,z 25.1,a 282.63,b 44.1,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP13={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP14={x 0.0,y 65,z 18.44,a 281.16,b 28.52,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP14={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP15={x 0.0,y 70,z 8.26,a 280.52,b 25.57,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP15={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP16={x 0.0,y 72,z 4.15,a 280.28,b 25.58,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP16={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP17={x 0.0,y 74,z 0.01,a 280.03,b 25.6,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP17={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP18={x 20,y 77.4,z 0.01,a 278.9,b 24.57,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP18={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP19={x 20,y 75,z 5.19,a 279.31,b 24.54,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP19={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP20={x 20,y 70,z 16,a 280.16,b 24.5,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP20={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP21={x 20,y 65,z 24.26,a 281.34,b 38.58,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP21={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP22={x 20,y 60,z 29.26,a 283.38,b 50.1,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP22={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP23={x 20,y 55,z 32.64,a 286.77,b 59.81,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP23={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP24={x 20,y 50,z 34.93,a 292.92,b 68.45,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP24={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
129
DECL E6POS XP25={x 20,y 45,z 36.33,a 306.2,b 76.08,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP25={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP26={x 20,y 40,z 36.97,a 330.44,b 80.51,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP26={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP27={x 20,y 35,z 37.36,a 334.58,b 80.53,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP27={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP28={x 20,y 30,z 37.69,a 338.57,b 80.53,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP28={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP29={x 20,y 25,z 37.97,a 342.41,b 80.52,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP29={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP30={x 20,y 20,z 38.19,a 346.1,b 80.5,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP30={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP31={x 20,y 15,z 38.37,a 349.7,b 80.48,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP31={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP32={x 20,y 10,z 38.49,a 353.13,b 80.47,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP32={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP33={x 20,y 5,z 38.57,a 356.13,b 80.46,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP33={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP34={x 20,y 0,z 38.59,a 359.93,b 80.45,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP34={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP35={x 40,y 0,z 41.5,a 359.89,b 83.33,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP35={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP36={x 40,y 5,z 41.47,a 354.46,b 83.29,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP36={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP37={x 40,y 10,z 41.39,a 349.08,b 83.19,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP37={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP38={x 40,y 15,z 41.25,a 343.96,b 83.02,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP38={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP39={x 40,y 20,z 41.05,a 339.05,b 82.78,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP39={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP40={x 40,y 25,z 40.79,a 334.54,b 82.49,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP40={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP41={x 40,y 30,z 40.48,a 330.44,b 82.14,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP41={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP42={x 40,y 35,z 40.11,a 326.77,b 81.75,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP42={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP43={x 40,y 40,z 39.69,a 323.54,b 81.31,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP43={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP44={x 40,y 45,z 39.09,a 305.54,b 77.65,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP44={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP45={x 40,y 50,z 37.84,a 292.52,b 70.58,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP45={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
DECL E6POS XP46={x 40,y 55,z 35.8,a 286.41,b 62.69,c -90,s 2,t 10,e1 0.0,e2 0.0,e3 0.0,e4 0.0,e5 0.0,e6 0.0}
DECL FDAT FP46={TOOL_NO 2,BASE_NO 1,IPO_FRAME #BASE}
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132
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133
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ENDDAT
135