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de su marido, que disponía del derecho de exigirle placer- entre muchas otras cosas - por la fuerza
y los golpes más que poramor". J. L. Flandrin. Op.cit., p. 105.
Renato Pinto Venâøzcío
(87) .-\E.~\M. Devassas, 172.2-1725, fl. 21.
(ss) AE.-\M. Devassas, 1727-17-/18, Fl. 481;.
(S9) AEAM. Devassas, 1727-1748, fl. 125\'.
(90) AE.~\M. Devassas. 1750-1755. Ñ- 15v,
1 (91) AEAM. Devassas, 1755, fl. 12v.
(92) AEAM. Devassas, 1726, fl. S5.
(95) AE.›.M. Devassas, 1726, Fl. 65. Ver em Luis Motr. Caurelas de alforria de duas escravas na ' « ›~
província do Pará (1829-18-ió). Revista de Histórm, São Paulo, n. 95, 1975. Casos semelhantes de - ¿$1
nlforria concedida por amor. Durante o período colonial, multas mulheres viram-se diante da ne-
(94) AEAM. Devassas, 1726, fl. 55.
(95) AEAM. Devassas, 1726, fl_ 55.
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cessidacle de abandonar os próprios filhos. Não é exagero afirmar que a
(96) AE.›\.\«1. Devassas, 1727-1748, fl. 45. história do abandono de crianças é a história secreta da dor feminina,
(97) Donald Ramos) A estrurura demográfica de Vila Rica às \-esperas da lnconfidência. In; V
.4 riuário do Museu da Inconfidêncízt. Ouro Preto, Minas Gerais: i\-tuseu da lnconfidência, 1978. Donald 1 principalmente da dor compartilhada por mulheres que enfrentavam obs-
Ramos, ainda que dedicado as primeiras décadas do século XIX em Vila Rica, afirmaria ter sido ` - táculos intransponiveis ao tentar assumir e sustentar os filhos legítimos ou
grande o número de familias chefiztclas por rnulheres.
(98) AEAM. Devassas, 1734, 11. 53V-
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nascidos fora das fronteiras matrimoniais.
(99) AE.-\M. Devassas, 1750-1755, fl- 56'56\`- ,--.-1'-":`-"E Desde o século XVI esse problema preocu pava eclesiásticos e admi-
(100) AEAM. Devassas, 1750-1755, fl. 87. _ :-_-:Q.›t-¿=
._.u;,1;¿
(101) Philippe Ariés.
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.- .†._,. nistradores. O contato entre colonizadores e indígenas resultou em conse-
(102) AEAM. Devassas, 1753, fl. 44.
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qüências nefastas para os indios, em especial no que se refereãs doenças
(1o3)AEA.\1. De»-assas, 1753, fl. 56. ..¬,-,_t_. 2+, que acompanhavam a chegada das caravelas; cioenças para as quais os
(104) AEAM. Devassas, 1727-1748, ll. 48v
(105) AEAM. Devassas, 1767-1777, fl. 95. indios nãopossuíam defesa orgánica alguma. Tal fato acabou gerando uma
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(106) AE.-XM. Devassas, 1750-1755, Fl. 62v
. tf;-'.'~?_I= multidão de órfãos desamparados; o que acabou levando os jesuitas a
(107) AEAM . Devussas, 1722-1725, H 77v.
(108) AEAM _ Devassas, 17§0-1753, fl 90. criarem os colegios de rneninos, instituiçòes destinadas a abrigar legiöes
(109) AEAM . Devassas, 1750-1753. fl S5. ,É -_- §-2 de indiozinhos sem paif de tríbos dizimadas pela peste, fome e conflitos
(110) Um ritual familiar. segundo Klaas Woortman. A comida, a familia e a construção do _
genero feminino. Dados- Revista de Ciências Sociais, nf' 1, v. 29, Rio de janeiro, 1986. p. 105 -150.' com os brancos.
(111) Aizau. Devassas, 1750-1755. n. 12. No século XVII, o abandono de crianças passou a ser percebido entre
1
(112) AEAM. De»-mas, 1755, fl. 11v. apopulação de origem portuguesa. Ainda no final desse século, as princi-
<11a)AEA.u. oe»-ams, 1750-31, ri. S4.
(114) Devemos lembrar também que 0 tempo da quaresma represenrava um dos tantos pe- pais vilas e cidades coloniais crescìam e diversificavam suas atividacles: se,
ríodos de abstinência nas relaçöes sexuais durante o ano de um casal criståo. Ver Ronaldo › por um lado, o incremento do tráfico internacional de escravos dava ori-
Cammenfo, amor e desejo no ocidenre crísrâo, São Paulo: Áticn, 1986. pi 44. ìt
(11s)m:›.M. oe»-ams, mo-1731, ft. 2 › gem a uma significativa fede de grandes comerciantes citadinos, por outro,
(116) AEAM. Devassas, 1730-1751, fl. 76. a fixação de colonos no interior, em áreas afastadas, estimulava a organiza-
(117) BARBOSA, W. A. op. eri.. p. su. li-erbeie desozmgnl. ção do comercio atacadista de abastecìmento, unindo pela primeira vez o
(11s)AEAi\/1. Devassas, 1725, 11. 14v.
(119) AEAM. Devassas, 1755, fl. 55v. › - . litoral ao sertão e dinamizando a economia urbana? .
1-1 Ao longo do século XVIII, a população dos principais centros portuá-
- 1:2;-11;:..-¿É-e-rf:
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rios aurnentou significativamente, multiplicando por dois ou até mesmo
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quatro as modestas cifras do inicio do século.
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Os diferentes ritmos de crescimento do mundo colonial repercutiram itirsmvioaot .\so›.D \ 191
fortemente na condição de vida das crizinças. No campo, espaço das trans- multas vezes baseado em criterios de amizade ou de clientelismo inscre-
formaçöes lentas, o abandono raramente ocorria e vários enjeitados acaba- vendo, caso o mesmo fosse concedido, o nome da criança no Lzfuro de
vam sendo adotados como “filhos de criaçåo” ou agregados por familias matrícula dos eapostos.
estruturadasy* na cidade, o ritmo acelerado das transformaçöes provocava O valor pago às “familias criadeiras" variava de tempos em tempos,
desequilibrios. Não havia casas para acolher todos os forasteiros, não ha- mas dificilmente alcançava cifras que permitissem muito mais que a com-
via mercado de trabalho livre suficientemente desenvolvido para absorver pra de alguns quilos de farinha de mandioca e carne-seca por mês. Os
quem precisava sobreviver à custa do próprio suor. A cidade agregava 05 beneficiados podiam escolher entre duas formas de recebimento; trimes-
pobres e não sabia o que fazer com eles. tral ou ao fiin da criação, por morte ou pelo fato de o menor ter atingido
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_ Durante o segundo e terceiro século de colonização, surge uma mg- 4 sete anos de idade. Quando os expostos chegavam aos sete anos, a aju-
dalidade seli/agent de abandono. Meninas e meninos com dias ou meses da pública terminava. Esperava-se que o longo periodo de convivio da
de vida não encontravam abrigo; eram deixados em calçadas, praias e ter- criança junto dos criadores lhe garantisse a permanencia no domicilio
renos baldios, conlieccndo por berço os inonturos, as lixeiras, e tendo por aclotivo.
companhia cães, porcos e ratos que perambulavam pelas ruas. Coube as Santas Casas implementar outro sistema de auxilio comum
Para uma sociedade que herdara da religião européia a crença na da- às principais cidades coloniais. junto à pare-de lateral ou frontal do imóvel,
nfição das almas, principalmente dos que faleciam sem receber o sacra- pertencente ao hospital, instalava-se a Roda dos Expostos. Dispositivo
mento do batismo, o abandono causava indignação e perplexidade. Tais bastante difundido em Portugal, a Roda consistía num cilindro que unia a
sentimentos, alias, não eram novos, muito menos inéditos. Desde o inicio rua ao interior da Casa de Misericordia. No Brasil, apenas Salvador, Recife
do cristianismo, vozes se levantaram em prol dos inocentes enjeitados que e Rio de Janeiro estabeleceram tais Rodas no *periodo colonial. Após a
faleciam sem sacramentos. Acreditava-se que as pequenas almas não deve- Independencia, a instituiçâo conheceu enorme sucesso, alcançando o nú-
flëffiì Pagar por erros e faltas cometidos pelos pais. Uma atitude comum na mero de doze em meados do século XIX.
Italia, França, Espanha e Portugalf' foi a eclificação, a partir do século XIII, As cámaras e as casas de misericordia atuavam lado a lado, mas apre-
de casas de caridade e outras instituiçòes com o deliberado propósito de, sentavam diferenças marcantes. Nos locais onde funcionavam Rodas hos-
êiesviar bebês da estrada do limbo, para garantir atodos o sacramento do pitalares não havia como excluir crianças do auxilio. A Roda funcionava
atismo. _ dia e noite, e qualquer um, furtivamente ou não, podia deixar um
. A ínquietação diante do futuro espiritual dos enjeitados partía, por ' pequerrucho no cilindro sem ser notado ou muito menos incomodado.
assim dizer, da elite esclarecida: governadores pressionavam Senados das Diferenternente, o auxilio das camaras, apesar de ter sido bem mais difun-
camaras, e comerciantes ricos e devotos doavam legados pios ã Santa Casa dido, com certeza existiu em Salvador, Rio de janeiro, São Paulo e Curitiba,-
da Misericordia como forma de auxilio. Embora motivada por sentimentos e na capitania de Minas Gerais registram-se cinco cámaras assistencialistas
religiosos, a preocupação em relação às crianças abandonadas acabava num universo de treze cidades e vilas, na maioria das vezes escondía a sua
tendo importante repercussão na sociedade. Basta mencionar que as San- própria debilidade e ineficiencia.
tas Casas do Rio de Janeiro e de Salvador acolheram 50 mil enjeitados Quem procurasse o socorro da camara, enfrentaria um quadro bem
durante os séculos XVIII e XIX. diverso: os portadores de expostos eram interrogados e obrígados a jurar
A primeira forma de auxilio, patrocinada pelas câmaras, funcionava a mão direita sobre a Biblia, quando então respondiam se conheciam
da seguinte maneira:._todo aquele que encontrasse um recém-nascido na respectivos pais do enjeitado; párocos eram consultados sobre a possi-
rua ou que o recebesse díretamente dos respectivos pais deveria origem dos bebés; moradores das vizinhanças também passavam pelo
a criança e batizá-la. O pároco redigiria então um certificado dos escrivãos. Assim, o resultado das investigaçòes multas vezes aca-
que 0 enjeitado estava residindo no domicilio da pessoa que o acolhera por excluir o bebê da assistência. Onde o socorro era prestado so-
que por ela era bem tratado. Uma vez com o documento, era pela municipalidade, o abandono selvagem continuou a ser pratíca-
solicitar ajuda financeira ao presidente da cámara, que julgava o a ajuda privada, sem nenhum apoio institucional, foi a principal for-
aos enjeitados
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-$2 r-irsrorufx Das Muuiaass No aiusri.
FREQÚÉNCIA E FORMAS DE ABANDONO ram poucos os casos de expostos deixados em residência de parentes e
vizinhos. Havia até mesmo ocasiöes em que a própria mae levava 0 filho à
Como mencionamos, o abandono de crianças raramente ocorria no pia batismal, registrando-o como enieitaclo. Isso ocorria principalmente
meio rural; a condição feminina também variava de uma região para outra. entre as mulheres brancas que nao podiam assumir publicamente o reben-
Na pacata Ubatuba de fins do século XVIII, habitada por pescadores po- to bastardo; costume bastante difundido e que acabou comprometendo
bres e camponeses sem escravos, o indice de enieitados não ultrapassava até mesmo o destino de importantes dignitários do Império, como foi o
1% dos nascimentos. Em áreas de agricultura de exportação ao redor do caso de Diogo Feijó, principal dirigente do periodo regencialf
Rio de janeiro, o mesmo percentual oscilava entre 5% e 4%. Na mesma Na verdade, a origem dos enjeitados variava de caso a caso, como
época, no meio urbano das cidades mineiras, o abandono atingia 10% das também a forma de se abandonar crianças guardava especificidades pró-
crianças batizadas; alcançando indices que variavam entre 20% e 25% nas prias. Na maioria das vezes, evitava-se deixar o bebê em calçadas e ruas.
áreas portuarias baianas e cariocas. Mâes, familiares ou simples intermediarios portadores de expostos procu-
A ausencia de um sistema escravista estruturado protegía mulheres e ravam protege-los dos perigos das ruas, da chuva e do frio da noite, evita-
crianças do abandono. Para camponeses sem escravos e pescadores po- vam, por assim dizer, o abandono selvagem. Muitos depositavarn a criança
bres, a força de trabalho familiar ocupava um papel fundamental na sobre- na soleira da porta, fazendo barulho para chamar atenção dos moradores e
vivência da unidade doméstica. Junto às mães, desde tenra idade, meninos fugindo em seguida para os arrabaldes, onde se escondiam até terem cer-
e meninas desempenhavam alguma funçao produtiva ou de apoio: prepa- teza de que a criança fora bem acolhida. Outro método consistía em fazer
rando alimentos, tecendo panos, levando água para quem trabalhava na das parteiras cúmplices, encarregando-as de levar o bebê a uma familia
lavoura, cuidando de animais domésticos, auxiliando na capina e na lim- interessada em recebë-lo.
peza das roças. Talvez por isso, evitava-se o abandono selvagem a todo Nas cidades havia ainda novas formas de se enjeitar crianças. A residën-
custo. Mesmo enviar o filho para a casa do vizinho, o que poderiamos cia dos administradores dos hospitais e câmaras, uma vez instituido o auxilio
denominar de abandono civilizado, implicava na perda de um braço pre- público, tornava-se ponto de referencia atodos que não tinham condiçao de
cioso para a economia doméstica dos pequenos proprietarios rurais. assumir o próprio rebento. Nas matrículas da casa dos expostos carioca,
Nas cidades, o* trabalho infantil tinha pouco valor. As atividades lemosz “em 21 de outubro do ano de 1750, se expôs na porta do Sr. Tesourei-
artesanais exigiam especializaçäo profissional e, no caso das atividades ro José Correa da Fonseca uma menina [...l que se deu a criar em casa de
portuarias, força física para embarcar e desembarcar mercadorias. Havia Antônio Lopes Antunes, morador no Campo Grande”.7 A circulação de enjei-
ainda outra importante diferença entre a cidade e o campo: nas áreas do- tados de domicilio a domicilio também parece ter ocorrido no meio urbano:
minadas por pequenos agricultores que viviam nos intersticios da grande “aos 19 dias do mês de outubro de 1760, oito para as nove horas rerneteu
lavoura açucareira .ou na periferia do sistema colonial, existiam rnuitos Antònia Duarte, mulher de Joao Correa, ao Irmão Tesoureiro um menino
pobres mas poucos miseráveis. Na cidade, ao contrario, o percentual de ›-.-. que se havia exposto na sua casa” .8 Mães internadas em enfermarias do
miserãveis era bastante elevado. No Rio de Janeiro, Salvador, Vila Rica e Hospital da Misericórdia podiam, por sua vez, recorrer a ajuda concedida
São Paulo do século XVIII, contamos aos milhares o número de agregados, aos expostos. Em julho de 1759, a pardinha Ana foi matriculada na Casa da
ou seja, de moradores que viviam de favor e que podiam ser despejados a Roda de Salvador; à rnargem do texto da ata foi feita a seguinte anotação: “a
qualquer momento qual nasceu neste Hospital e sua mae se acha doente".9
Os fìlhos desta legião de miseráveis e desclassificados sociais cons- Para essas mulheres, o envio do filho a casa dos expostos consistía
tantemente conheciam o cruel caminho do abandono. Contudo, não só a em expediente provisório até elas recuperarem plenamente a saúde. Os
miséria alimentava as Rodas e domicilios com pequenos enjeitados. Em administradores da instituição de caridade não colocavarn barreira alguma
algumas circunstancias, mulheres brancas, até mesmo de boa estirpe, tam- a tal prática, o que nos leva a relativizar a própria noçäo de abandono. Em
bém enjeitavam os filhos. Nesses casos, o gesto resultava da condenação _* -7€ situaçöes extremas, quando a mae falecia no hospital, os administradores
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moral e familiar frente aos amores proibidos, mas é necessário todo cuida- assimilavam o órfão ã condição de enjeitado; “fica sendo este Enjeitado
do ao interpretarmos as formas assumidas por esses abandonos. Nao fo- _-, ..~~:=
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desta Santa Casa, por ter falecrdtvi-rrrãe¬no Hosp†tal*dzr€aridadeL.“*í'-í-- -
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Ocorrências como estas raramente chegavam a ser registradas. O aban- M r-___ __ _. .___ ¿_
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ser livres ou escravas, devendo o senhor assinar o termo de compromisso 5_. ¬ l\ I.,=I_¿::í . I: I:. ,f |'1 L › *Il _. 'd 2%l
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junto à instituição de assistência. Em 27 de agosto de 1797, João, bebê
mulatinho, foi enviado à Santa Casa de Salvador; na ata, o escrivão obser- I . «__ _ _..u - if-f"Q~¢ ,.-=.. -----_. .:.-- )¿_ ` _i.`\___.;¿-._-`Á_ _. ¿§,` .\_ l
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vou; “dado a criar [...] ao Senhor Capitãojoaquim josé de Souza Portugal, = 1- _ ` ' ` '- -_ -.f 'P .--1'; _\i§`~'_`*
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para criar uma sua escrava."“ Experiencia semelliante foi \-'ivida por Carlota, I- 11
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pardinha baiana, enviada a “2 de agosto de 1805 a Victoriano Francisco do ¿1 :_ ¡J _./,Id 'I Si (31 J' \›\_*`:\¿`
Patrocinio Pereira, à Ladeira de Santa Thereza, casa n. 337, para criar uma tx 1
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sistía na melhor maneira de conseguir a graça divina: “se deu a criar a -'-moral as rnaes :Wii: _ É¿.'_r".-' -'-5.'
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Josefa Maria de Araújo da Silva, que a queria criar pelo amor de Deus, se 'mr ±-:i . ,solte1ras,
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deu a criar a Maria Rodrigues de Almeida [...] para criar gratuitamente em. _ ›fer - ›
iesraceiamemo ' ' .__-...._.; _,...-,_ .-_: ._. _. _ _ _ V'
preço inferior ao coniumente pago, os administradores e vereadores tanto no Brasil quanto em Portugal havia mulheres que fraudavarn o auxi-
expunhain os recém-nascidos a amameritação artificial. Para casos de 1 lio público; algumas delas apresentavam-se como recém-paridas, outras
extrema necessidade, a legislação portuguesa previa a utilização de pediam “emprestado um fllho alheio que seja gordo [...] e com boa saú-
metodos específicos: aconselhava o uso de “bom mel, ao qual se ajun- de",“* levando-o ao hospital ou cámara para provarem que cuidariam bem
tara um tanto de água”.“ Os caldos quentes, leite de vaca ou mesmo a ~«
do enjeitado, como se fosse o próprio filho.
agua morna com açúcar também podiam ser administrados aos 1.
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Na residencia dos criadores, o exposto, alérn de ser multas vezes sub-
pequerruchos. Para tanto, havia um rol de instrumentos recomenda- Í;Jl'i
metido à amarnentação artificial, nem sempre recebia os mimos e atençòes -›±. ,-.,-q1».-=¬-›. _
dos, quase todos com péssimos resultados para a saúde do abandona- 'F-Í l
E-`t;¡ necessárias. Muitas amas impacientavam-se com a criança, misturando aguar-
do. Normalmente se recorría a “panos de linho poído [...l que de hora dente ao leite para acalmá-la mais rapidamente prática de tal maiieira di-
a hora devam meter na boca, ou eritão a colheres de pau, de marfim, .-*flv
fundida que levou à elaboração de uma lei prevendo trinta dias de pri- = .~\-»-
pu de prata; outros preferiam bonecas feitas de algodão, ou de espon- L-W; são P ara Cl uem assim procedesse. Outras acolhiam o recérn-nascido no
ias, forradas de pano de linho macio, as quais se devem molhar no leite 3;',›
L-.› ` próprio leito, “volvendo mecanicamente o grande corpo, podendo apertar
repetidas vezes, e chegar à boca das crianças”.“ Í-ff'
e pisar o tenro e delicado menino, quebrar-lhe algum membro, sufoca-lo,
I _Os responsáveis pela assistëncia também aconselhavam a adoção de e mata-lo".*9 .
-a,.¬. -=-
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praticas modernas; “muitos instrumentos servem para essa amamentação, ¢_.;;±.. Paralelamente aos sofrimeritos causados por maus-tratos, os expostos
ha as mamadeiras de vidro que todos conhecemos, temos pequenos bules ¿_¬fg¿. -2:“=1§_i ; padeciam com as roupinhas, em geral nada apropriadas. As Santas Casas
fa. .'
Él CUJO bico se adapta uma pequena chupeta de borracha".“ Contudo, a 15?
~ .-3..
providenciavam a compra dos trajes infantis; as camaras eram omissas nes-
alta de higiene aliada a ausencia de assepsia do leito, acabava comprome- ._ ~ ,~;:_›±+r=
~' ' g.±_r;,¬.
:',=:;n,>-'
G:-«^-zw....- sa questão e, às vezes, os próprios pais auxiliavam o socorro público dei-
tendo_a saude da criança. Varios médicos não se coriformavam com essa -_›_›¿f^" Fft -`!~"`~'
ai xando enxovais junto ao filho. Percebe-se, através das roupinhas doadas,
situaçao, atribuindo as doenças comuns à infancia aos contatos dos instru- 5 ,-r __.,a_-ga `==.›
-L- aa.. su._ - uma sutil diferenciaçäo social entre os enjeitados. Em 21 de outubro de
liïârëtos indicados acimavcom os miasmas atmosféricos: “.. para isto basta '- _-tu _ 1 1-P-¢,›<«=
.“. -_ 4"-* :ist-;;_. 1750, uma menina deixada na Roda do Rio de janeiro veio acompanhada
_ rarmos que na criaçao por meio das colheres, perde o leite, mormente -. «._,.- ^ de duas camisas, uma coifa de cambraia, um cueiro de baeta branca, uma
no invernq,1aquela temperatura que lhe é própria, que o ar pode alterar e -- .=,«;;- ~T\'i§ae;2âf{i_;iltoalha
›'=-f¡`¢.¬.-;e'- `
de pano, uma fita de seda e varios lencinhos; no ano de 1759, um
Kdecompor. ” As bonecas de pano apresentavam também inconvenientes: 9-2- exposto baiano foi encaminho a Roda iunto a seis camisas de pano, tres t
i
¬ F5
...esse metodo, se bem que tenha a vantagem da secreção da saliva, cai Í? *-1 braças de cetim (aproximadamente 6,6 metros), duas varas de fita rosa
nos outros defeitos da lactação por meio das colheres; acrescentando, que de 2,2 metros), um cueiro, cinto, calça amarela e côvado de baeta r
mo infantil. Em 1790, o Dr. Francisco Mello Franco aconselhava que fos- §ï±;:2¢'go costume europeu de enfaixar o corpo dos recem-nascidos
semlevitadas as “sopas feitas de carne, do seu arroz, e em geral de toda '†_¿a§,¿;,(e,mmailloter),
propiciando um meio favoravel a multiplicaçao de doen-
Comida animal, porque subministram humores tendentes ou ã inflamação “cutâneas _ 2°
ou a podridão, são demasiadamente nutrientes".” Nos hospitais, sempre :_
Quanto as cores das roupas das crianças, tanto menirias quanto meni- l
que possível, colocava-se em prática o leque de medidas antimiasmáticas f fi»;-;~,-=¿f«:'i1os“vestiam cueiros e camisolas vermelhas, laranjas, amarelas, rosas, ver-
reco'm'e'nd'a'd'a*s por doutores europeus. e braricas, como as de nossos dias. A universalização da cor
¿-
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nu-\i r.|\.~iu.›\u|:. t\r;u.›\LJ.-\ 1.77 . t
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gliïgqacppìra as fraldirilias ocorreu em fins doøséculo passado, após inú- fa,_. 'i_ Irmão Bento Pinto da Fonseca, acornpariha a esta a um menino para
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panhas medicas. Antes, a indumentaria infantil seguia padröes kw - Vossa Mercé [...l a quem por mercê e honra de Deus pertence tomar
, .-._.
. Í -- ,.,
Íìrëelliantes aos das mqrtalhas. O status dos inocentes era ambiguo: me- conta dessas cririnças quando nascem de pessoas recolliidas e que são
_ gente, metade espirito, eles vestiam cotidianamente roupas com as familia que tem Pai e por causa deste impedimento se não podem
quais seriam recebidos no céu. Por encarnarem a pureza, o ser sem peca- criar.”
.šf
êlçognëtiinpplã pèenos sem .a consciencia do pecado, seus trajes deverlam
taz.
.aa,
¬.-_. Reconhecer publicamente, por escrito, a paternidacle de um fillio
› imellio, simbolizando o sangue, o azul e branco, cores
marianas que exprimiam o desapego aos valores do mundo, cores da alma bastardo consistía ein ato constrangedor. Quase sempre se prometía re-
1.-en
pr; cäixrärtetì Tais šostumes, acpriippnhaclos de enterros festi-
-:L7-1 mediar a falta 0 mais breve possivel: “...trou:<:e uma carta pedindo que
1??
' -':-f
iv 4 por seus pais serem impediclos, e estarem para casar, se crle a dita meni-
._.'-.:›;-
__,t-¿V
mbrte ein massa_ clase 'açao asulme Peïu län segundo
H popumçao Cçlqnml portu-
frente
=¡i na com todo zelo, que breve a mandar-ao buscar Os impedimento mo-
_ rianças, cuja existencia, os medicos 'fi
gueses, reduzla-se quase sempre a um brevissimo intervalo entre o útero e rais, a condenação das niaes solteiras, principalmente das brancas, certa-
o túmulo. mente contribuiam para a multiplicação de enjeitados. i\/las nïio se deve
explicar o abandono de rnilliares de crianças contentando-se com uma
única causa.
os Morivos DAS MÄES O mundo colonial conviven com indices de 50% a 60% de bastardia
.-fa
VL
_ 3:?? entre os livres e de 50% a 100% entre os escravos. A mae solteira ou
medâuais motivos levariam mães a abandonareni seus filhos? Em que - 3.4. concubina acabou sendo uni personagem aceito nas cidades e vilas do
i a e possivel conliecei um pouco da sensibilidade feminina nos secu- `.\'få^'
firšä
los passados através da história do abandono de crianças?
21-'fé-F seculo XVIII. Na capital baiana, os censos do século X1Xinclicam que de
cada trés maes brancas uma havia tido fllho fora das fronteíras matrimo-
` Uma interpretação bastante conhecida consiste em atribuir o abando- -2
niais. O levantamento da população carioca de 1799 arrolou cerca de oito-
no a dupla moral comum as familias brasileiras. Entre a populaçâo branca,
centas mulheres brancas chefiando domicilios.” O modelo patriarcal que
fhëïrgåtàiïmento feminino austero_era,i'egi'a irnposta e fiscalizada. A mp- contrapöe o recato da mulher branca a promiscuidade das escravas é uma
moral enqušlnëã ššslïìniisse o frlhìo ileigitimo ficava sujeita a coiideriaçao _v¿
grosseira simplificaçao da realidade.
Fit!
_›--1 Não é difícil encontrar nos textos de billietes dos séculos XVIII e XIX
tos sociaisnegras
mulheres como as bragdšãsednestlçaã
e mesa as] epoãioao[lao mo
est?/am
esta.Sulemls ao?ilegitimo
Um filho pie-Conceh
[de ~ ia-Íi exemplos de “expostos brancos” que foram abandonados em razão da
mulh _b H ' g ç ` nao esonrava a mae no mesmo grau de uma _ ..,¬
frïi
pobreza dos pais:
¢ _ ei _ranca. A instalaçao da Roda procurava evitar os crimes morais. A
,- _,
m5UfU1§f10 protegía as brancas solteiras dos escandalos, ao mesmo tempo , 'I ...vai esta menina ja batizada e chama-se Ana e pelo Amor de Deus se
qiie oferecia alternativa ao cruel infanticiclio. Em apoio a essa interpreta- _.-2?
pede a Vossa Mercè e queira mandar criar atendendo a pobreza de
;1¿;j
çao, menciona-se o predominio de expostos brancos na Casa da Roda de seus pais.
Salvador."
3 ...trouxe bilhete o qual seu teor é o seguinte [.,.] vai este menino para
modâšnššrglapläpoltïsãsfãìlcopicpartilhešda plot' outros estudiosos: “...deste
essa Santa Casa pela indigência e necessidacle de seus pais.
relaçòes ilícitas dêl mulhe ¿etc? os ncp _iasi colpnial fosseni resultado das R7,
- 1-ïš
colocav ` i s e con içao sqc7ia elevada, para as quais se ...as duas meninas portadoras desta carta foram deixadas por necessi-
a a questao de salvaguardar a honra ,'5 ou entao, “...o costume de dade de sua mãe em casa de uma pobre, que vive de esmola dos fiéis,
expor ou dar filhos para serem criados por outros era um derlvativo do ll e por isso que elas vêm agora procurar asilo desta Casa da Santa da
indice muito elevado de filhos ilegitimos, principalmente de filhos de ado- zvrisefieóreiia. A
lescentes, entre 12 e 16 anos”.2* ...morreu sua mae e por pobreza e falta de leite se enjeita esta batizada
mm COH1 efšitoàalgtins bilhetes denrados junto as criariças também suge- .-Ãi chamada Joaquina, e por dita esmola ficamos pedindo a Deus pela
que 0 a an ono era uma maneira de encobrir nascimentos ilegitimos: Saúde e vida decente.
a
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" '_ Fä 11;'-
.-1-¿_ 1-7-mia
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-›- ...i--.=;
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__', '~~:_;›-›' i1'=-51-' - _
¡ ~ f ';,› 1-ix" 1-. . ¿'\.ir 1';-_ t esta menina para a Santa Casa da Misericórdia para se Criflf. É
As mulheres que trabalhavam em ocupaçoes esporadicas ou eram =,- ~-._-:_-:,._1 i ---fame Of - L L " nem c pessoa que se do-a
^ [ sic
' ] dela= . aindaf
quitutelras, lavadeiras e vendeiras viviam muitas vezes no limiar da pobre- 1'- J:-I:
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..:'-Éͬ=.¿: ':' _ forra e nao tem pai nem mae.
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não esta batizacla, está pagä-
za. Nas épocas de aumento do preço dos alimentos, elas podiam recorrer “ir
=.†_, _. ,L
_¬«,..V_
.-U ^._-;¿;jj_~¿ _
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dos na própria casa. Ao longo dos anos, o envio de uma crìança a outra fendimentos familiares através de fraudes de incei-tos resultados. Com o
família foi se tornando um gesto cada vez mais aceito e praticado. Não passar cios anos, a assistêricia acabou por integrar o rol de estrategias de
“É _É
eram necessárias muitas alteraçôes na vida doméstica para a decisão ser .U
1; ›-
sobrevivencia comum às camadas populares coloniais. E o que ficou regis-
tomada, muito menos via~se nesse comportamento uma manifestaçao de 11:' 1 '
trado em várias atas administrzitivas das Santas Casas: i
_..trouxe carta do teor seguinte [...] Ilmo Sr. Provedor da Santa Casa, 'i'
;.'-r. _.i,-`;;
a-›
como o Pai desta criança se acha fora, recorre por Vossa Senhoria fvw- ¢;±Í›.:«=›
#1». mi-if
.'¬_*¢:=` _`-?à-¿fi .
mande criar fazendo o seu assento para todo tempo se pagar a despe- Q -_
em casa que não seja muito pobre e que tem escravas que costumam
criar essas crianças_ 3.4 _» _ /' à _;-, __¬;_: X , J;
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1 G A;
Do ponto de vista oficial, mães “que davam os filhos a criar” pareciarn _ _ "Í-”=
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desalmadas e egoístas. No dia-a-dia, porém, a realidade era outra e o aban- 'tz - ~ - .-1'\§r±›-›
-PPI
se-*`\¬;† Fl f ' 151 *i ' 'v
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dono podia representar um verdadeiro gesto de ternura. Talvez a eviden-
cia mais surpreendente disso seja os casos em que escravas enjeitavam o
próprio filho, na esperança de que ele fosse considerado livre;
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...se entregou esta criança ao Senhor Mestre de Campo Antônio
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Eâïflníslau, por se averiguar ser verdadeiramerite seu Senhor e ficar -¬-A'
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esta Santa Casa livre de pagar sua criação, por fugir a Mae da Casa do
dito Senhor e parir fora, pela confissão que a dita fez.
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...mandou-se entregar a júlia Telles da Silva, um seu escravo menor de r f \ ~±f›~-`.L
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nome Thomef que fora lariçado a~ Roda dos Evpostos e'_“¢_±'1I .f'i- - , _ ' _ › " ¡_-* ' "\ ' V., :.i¢n;-4~.›i1zc-:;›=iuf.›=~¿'ui1;.=›-¿:L±_-a¢i;:_
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natura já batizada com quatro meses, forra Deus a tenha para seu _ , _ , _ gm-.mu-1_i›;a.u~-±ua:.u=-_:\
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Santo Sei-v¡ç0_ ' “ ft, 2
I-_:E,¿¿;__.-_+LO†¿¿I¿_.i?¿šl_7,P1__r1dono de iNioises
' ' consistia
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l c asas e edificios p ublicos
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._ _ do P assado lernbrando Cl ue a tizidi G ao cristã tolerava esta prática.
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nuais religiosos. 1--_« '-;-›:_'
ra-S~:« 1;f:`-_-
Primeiramente precisamos avaliar a real difusao das práticas 1
.~.';±-2'-_'
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ì¬'¢>i`i›
ï.`Í`†"«I'1
I' -Ir abortivas no mundo colonial. As pesquisas até agora realizadas baseiam-
r,:1~¿§« ±_.i
UMA FORMA DE CONTROLE DA NATALIDADE? ~ = se ein tratados médicos portugueses, muitos dos quais nem ao menos
2 0
_-¬.ì~
--'i=`_ï.,'ï ".'f`.'..ï 1
n _. _ sabemos se pertenceram a antigas bibliotecas paulistas, mineiras ou t=-›
Qual é o significado do abandono? O que estaria por trás dessa baianas. O estudo da difusïto de práticas contraceptivas ainda é um ,,__
_ 139€; :_<'-;:"_-
-wi-'f ¡1-Él.: tt
atitude_
` 7 Mencionamos
' que o gesto poderia- ser interpretado
. como uma ,mà capitulo inédito da história colonial. Será que os homens e mulheres
_ «äx *-:}~¿›.., '~
;,,_,.
paradoxal manifestaçao de amor. Vários historiadores sugeriram outras .Sms
-.- -_'-_+.._¬ da colônia enfrentaram o tabu do corpo difundido pelo cristianismo? l-
1-'.-._4._-'-i=
¡i
änterpretaçoes; uma delas consiste em ver na atitude uma forma primitiva - Teriam eles reunido conhecinientos suficientes para controlar a própria 1,*
_ › ie
e controle da natalidade, uma maneira de determinar a dimensão ideal fecundidade?” É.
4;,
da familia. , Uma vez mais dados demográficos su gerem algumas pistas. Embora i' ,-
t
Com certeza, tanto no passado quanto no presente, o abandono é um seja possivel imaginar que, em um ou outro caso, o aborto e a if
.`_ .P
expediente bem menos cruel que o infanticidio. Alem disso, sobre a última `- -
_-;±.¬;'-:_-_.:_, contracepção tenham sido praticados, é pouco provável que ,tais com-
›Í›'>“.*-- _.
pratica existia um conjunto de leis punitivas. Enjeitar o filho não constituía 'sìïf portamentos conhecessem uma significativa difusão no conjunto da po- r ¬
ïiï:-¿__
Cf_1Iï}€, lflmpouco Í e isso é bastante importante - implicava a perda do ~'~;1. ï_f'*`:^ -:«
-f›,,._;_ pulação colonial. As terras do Novo Mundo eram uma gigantesca fronteí- i›
›
patrio poder: as maes, caso quisessem, podiam recuperar o rebento deixa- ›<±.== '-^-_ ra a ser ocupada. Para os portugueses aqui residentes, a propriedade › 1
- Si -,
do na Roda ou entregue a outra familia. _;-Z":-_;
ï›_-x_t~ï-.
territorial não representava, como na Europa, um fator de inibição ã ex- ›
1 Como se nao bastassern as sançöes de ordem moral, é importante pansão da familia. Os valores patriarcais, do pai responsável por nume- i <
1
f:ﬧ~`Í.
enibrar que a colonia portuguesa nos trópicos herdou uma tradição rosa prole, do fazedor de filhos, de muitos filhos, também devem ter \
rasildcomecou a ser povoado, o mundo católico contava com mil Tfls' ¿-_É;;"_-
-:-,_ do circunstancias propicias ao aumento dos indices de natalidade_ Tal-
_ 0 , _ :gif _.:~,=
-;=.¬`›" .
vez por isso, durante o seculo XVIII, as taxas de crescimento populacional
anos e aiucilio aos expostosfi periodo em que comunidades euro- ¿af
-,-4. bl-PL., _. _. --
'brasileiras tenham atingido cifras de 100% a 500% mais elevadas do que .-
peias conviveram com mulheres que não assumiam os próprios fi- _;›,.
_..-,es ...›_
_-._1.;1,
¡¦
__».
lhos. --¡^_.1-,_-§__.j --¡..,¬± as congêneres européiasfi* i
A existencia de numerosas instituiçöes destinadas a enjeitados revela, _' , _ O abandono como forina de manter o número ideal de filhos pode ter
em ceito sentido, uma atitude complacente das autoridades metropolita- sido eventualmente praticado, principalmente nas vilas e cidades onde o l 1
1
nas em relaçao ao abandono. O mesmo não podemos afirmar quando o índice de enjeitados era elevado. No entanto, essa pratica não chegaria a
Ítssubnto e infanticidio e aborto. Considerados criminosos, eram tomados alterar os rumos da evolução demográfica do conjunto da sociedade colo- lší
i»
am em como praticas hereticas e demoniacas. Durante varios séculos os nial, esmagadoramente fincada no universo rural. 3
;¿
i
'›=.:
RODA: UM CEMITÉRIO DE CRIANQAS JÉL' - › .\t,\mL\:tD.xt>r-: NEGADA 207 Q,
,uff
.¿.¿,¿
› _, .
primeira cifra mencionada sobe para 6.489 óbitos. Uma estimativa razoável
Como mencionamos, o abandono de filhos revela importantes aspec- i_'aìšfi_ . , . seria a de considerar que, nas épocas de maior procura, a Roda servia de
tos da condição feminina no passado colonial. Boa parte dos enjeitados -V-=\F¿'.~É ' `
›Í>±5 ,
“cemitério" para no maximo 6% das crianças falecidas na capital do Impe-
conhecia a trillia do abandono em razão da morte das maes; eles pagavam *Í-7?!-'
rio. A maioria esmagadora dos pais cariocas e baianos, mesmo quando se
Iï`_ì',`:?_
alto preço por terem nascido em uma sociedade que desconhecia orfana- ._._¡_, . .
._\¬__=_ i_..
tratavam de escravos, não descuidava do enterro cristão dos filhos.
tos ou leis favoraveis a adoçao. Os abandonados também podiam ser fi- 'fÍ`.'ï ' ' ' A constatação não chega a ser surpreendente. Como é sabido, toda e
lhos de escravas fujonas ou de mulheres brancas que por motivos morais 1'-'J
qualquer sociedade dispensa atençäo às cerimónias fúnebres de seus mem-
ou miséria encaminhavam a prole a outros domicflios. I-lavia ainda a chance ,'rT=` ^›
›',..;
F=^
«r bros. As sociedades do Novo Mundo não foram diferentes. Mais conserva-
$31 .ï':'-
de o enjeitamento funcionar como uma forma de controle da natalidade. dores do que os contemporáneos europeus, os brasileiros das regiòes agres-
Como se não bastassem os motivos arrolados, existia ainda outro im- .'...':; tes mantiveram até muito recentemente tradiçöes fúnebres herdadas de
ïf;F1:-
portante fator de abandono: crianças mortas. Os escrivaos das Santas Ca- .›.y,- -. ¬'
Portugal medieval. No passado, o enterro cristão e os sufrágios pela alma
sas anotavam tais ocorrências a margem dos textos das matrículas. Mencio- ›»"›='
'-:vw: › _< ' dos mortos despenderam bem mais recursos das orclens terceiras e imian-
“fl ¿Ã-,-_---1'
navam se a criança fora deixada “morta” ou se falecera após o abandono. í7".š"_',`
»¬.r›;›_i aa;-,›., dades do que a assistência aos necessitados de carne e osso. Í,
Anualmente se elaborava uma contabilidade geral do movimento das Ro- .izia
=z»::`* 212;; -3;-_-_-¿gg_'- A cerimônia dos pequenos mortos, da mesma maneira que a dos adul-
IÄFÉ -`Í_=;fi'Í'¿§;`:-'.t.
das. Els um ertemplo, dentre muitos: “...entraram na Casa da Roda [...] 498 tos, revestia-se de grande importancia no mundo colonial. Em seus ser-
fis.. ce'-1-_-;='›~
Expostos, compreendidos 57 que passaram do ano anterior; sendo de las- -'-:'›::›~t
V-.-3; .,=.<~._.'_-å?¬,_>j.,=› 4
möes e conselhos, pregadores dos séculos XVII e XVIII repetiam normas
timar que lançassem na Roda muitas crianças maltratadas, algumas a expi- -¢_-- ~ - _.>'2'¬-v
.=›=- -1;-':~,-.-11;
ifišâa-,
.,_›~_
-au-. -_ conciliares a respeito dos inocentes falecidos “logo depois do Batismo
¿Íç --,..__:.,_,..
rar, e até 12 mortos".” 'sem terem uso da razão vão logo direto ao Céu sem passarem pelo Purga-
O abandono de crianças mortas merece uma explicação. A que atri- 'g _., tório l...l Os anjinhos inocentes logo em morrendo vão ver a face de Deus”.”
té 4
buir esse gesto? A primeira pista é fornecida pela variação de ano para ano Ao contrario de muitas determinaçöes da Igreja, a relativa à inocência das
-.=_. -_ -,_,,.,_.
ìgeï
do número de expostos morros. Durante o período 1758-1762, a Casa da 2 1- - crianças mortas criou raizes no universo mental da população colonial. No
anos em que nenhum exposto morto dava entrada na Santa Casa, como' ›- ,gi ; aaämww menos 20% ou 50% dos recém-nascidos faleciam nos primeiros doze
i
ocorreu em Salvador na década de 1780. Ao passo que em outros perío-Qf ã W †_1~››i›'
-i f-.` ,-ëšfåimesesapós o parto , a crença na transformação de crianças em anjos con-
dos, pode-se observar bruscas variaçoes. No Rio de janeiro, entre 1855 3, šïftribuia para que as familias suportassem a dor da perda do filhinho queri-
1855, o número de expostos mortos aumentou de uma ocorrencia por mes, ,_.-_›,.,-ze,..<- Os pais. deveriam
.
encarar essa perda como uma verdadeira . . ~
bençao do
para seis. Em compensaçãó, no ano de 1880, a media típiCa C12 Cléflda dçšffšilaesmo nao ocorria no Brasil dos séculos XVII XVIII ou do XIX. Quanto Oa
Aos olhos do século XX tal afirmação pode parecer inverossímil.
K
1850 VOUOU 2 Sef fešffl- a pregaçâo de Alexandre de Gusmäo é,bastante sugestiva. Na sua
A Roda em Um Cemïléfïo Pam POUCHS Cfïaflçfis- Entre 1,868 e de críarbèm osfi!/vos na ídade riapuerícía, o jesuita mencionou um
foram fe8¡5fff1d0§ 5-235 ÓbÍf05 de b€bê5 HO RÍO de JHUGÍYO-56 D11fa“le%'9;Í3`iedoso casal lisboeta, muito pobre, que por devoção e fé cristã resistiu a lï
me5m0 P€'fÍ0dO, 210 f€Cëfl1-HHSCÍCÍOS m0rIOS f0r2m ÓEÍXHCÍOS HO Éläbandonar os filhos. Como recompensa, o casal recebeu a bênção de Deus:
carioca. Se considerarmos as,crian,ças_,fal€CiCl2$ Mí 0.5 l.1.U1@5¢5-dç-Yíg›¿§-ÍãšfÉfffiousa maravilhosa! Foram-lhe morrendo p*ouco*ta^pouco'to>dos os filhos;
~~- ¬ ›¬ ~~"' ¬'" ' “ _i»;=; i~~,...---.., ,~-
›.;E¢.¿± _¿._,
,_.,__±_,† -..-.-'-ri--25-f
. _ ;¿¿,¿.,-_-t,,_ _ø_ ________________.----- __..._›- -_ - ~ --Ñ H '
«
i
la ms .viuu~u=.REs No niusit
Em fins do século XVII e inicio do XVIII, o enterro de escravos cons-
li»
que Deus levou para si quase todos na idade da inocencia [...] e eles fica- tituia seria preocupaçäo para as autoridades coloniais. Por meio dos tex-
ram muito agradecidos a Deus por tao assinalada Mercê”.5S * tos de petiçöes apresentadas por vereadores e governadores, percebe-se
lformadas nessa tradiçao, as maes anunciavani a morte do filho em ver- a gravidade do problema. No Rio de janeiro, a açao do governador junto A
dadeiras festas. Em 1820, no Rio Grande do Sul, o cadáver de criança branca a Coroa metropolitana permitiu que a Santa Casa passasse a receber as sf'
era vestido de anjo e velado numa cama cobeita de flores e coroas. O cortejo “miunças", um imposto cobrado sobre a venda de alimentos e pequenos
funebre era acompanhado por bandas de música que, ao invés de repeitório l
aniniais. Tal permissao possibilitou que a instituiçâo, a partir de 1694, l
solene-_, tocavam peças alegres e festivas; o que escandalizava viajantes es- assumisse o compromisso de fornecer “um esquife com seu pano, e man- ›
trangeiros. No interior da província do Ceará, “a morte do recém-nascido era dasse buscar o cadáver do escravo pagando o senhor de cada um dos
recebida com tiros e foguetes, comida, bebida e música ~ uma festa ein que escravos 960 réis dos quais seriam 520 réis para duas missas d'alma e 640
se dançava para o anjinho”. Daniel Kidder, naturalista alemao que visitou o para a esmola do clérigo”. O valor entao estipulado foi considerado muito Í
Rio de janeiro no século XIX, ficou chocadissimo com os funerais de anjinhos elevado pelos senhores e o rei português, “em 28 de janeiro de 1695, l_
i,i
negros, marcados por antigas tradiçòes africanas. ordenou ao goveinador Sebastiao de Castro Caldas tratasse segunda vez
No final da década de 1830 Kidder teve oportunidade de ver o que
com a Misericordia, a fim de ser reduzida a quantia a 400 réis sem as
Cbamou de “costumes pagãos' funerarios de escravos cariocas [...l “se duas missas",-41 o monarca também intercedeu junto a administraçïto da . _
via um negro carregando na cabeça uma bandeja de madeira, sobre a Santa Casa.
qual estava um cadáver de uma criariça, coberta de um pano decorado Graças ao apoio regio, os escravos cariocas, adultos e crianças, passa- ›
de flores, um buquê delas amarrado às mãos`. Atrás seguiam, em pas- ram a ser inumados no “campo santo” existente atras do hospital da Mise-
sos ritmados e cantando em lingua africana, duas dezenas de negras e ricórdia, ou entao no interior de capelas e igrejas. As irmandades incumbi- I
numerosas crianças 'adornadas a maioria com tremulantes fitas verme- das dessa missão gozavam licença de possuir esquife próprio, pagando a
lhas, brancas e amarelas`. O homem que levava o anjinho negro para- cada enterro a quantia de 400 réis à Misericordia. `
va de vez em quando “girando sobre os pés como dançarino', gesto Em Salvador e Recife ocorreu um processo semelhante ao carioca. l
Francisco Joao da Cruz, entao bispo da diocese do Rio de Janeiro, veiculou localizada na capitania do Rio de Janeiro, revelou que o paroco local, ao
carta pastoral condenando esses funerais, que nem ao menos eram acom- invés do pagamento em especie do batismo ou do enterro, aceitava uma
panhados por clérigos, pois “nos consta os mandam em palanquins para a *›“galinha” como seu equivalente .42 '
Igreja sem irem acornpanhados dos seus párocos, e que os mandam passar O aluguel de esquifes para crianças escravas não custava caro. Nao
pelas ruas, e mostrar a casas particulares, e pessoas conhecidas.”*'° seria razao para os senhores debtarem de enterrar, como se dizia na época,
Iìeferências como essas dao uma pálida idéia da importancia dos fu- f*decentemente" as crias cativas. Com efeito, dados rnostram que os bebés
nerais de anjinhos entre a população livre e escrava. Resta agora tentar provavelmente filhos de escravas, eram francamente minoritarios
@1_<P11C2f por que criançasiiiiortas eram abandonadas. Para médicos e admi- os enjeitados mortos. Na capital baiana, 70% deles foram considera-
i
nistradores dos hospitais, a explicação mais simples era a seguinte: os brancos entre 1758 e 1762; nos anos de 1790 a 1796, dos 51 expostos
senhores de escravos economizavam recursos com o funeral das crias cati- apenas cinco receberam o atributo da cor negra.
vas, lançando-as a,Roda da Misericórdia. No entanto, cabe indagar a razão Se aceitarmos as definiçöes de época, podemos afirmar que a popula-
de os senhores agirem dessa maneira; por que desrespeitariam as leis da branca era a que mais freqüentemente fazia uso da Roda como cemitério
Igreja e as tradiçoes populares? O argumento da economia com o funeral anjirihos. Diante disso, uma hipótese tentadora seria a de considerar tais
deve-se-r-dest-aeado. __
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-tisroaia D.-is Muii-tears xo arrasa. _ ø i\i.›.rEii_\'io,\t›e .\'Eo.\o.-\ 211, ú
casos como indicios de infanticidios. Para fugir à caracterização do crime, *--. -J.
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No Rio de janeiro, as mudanças institucionais também parecem ter pe-
, ~_-'¿.11,:¬ -›_'-›¬-i.-
mulheres brancas poderiam recorrer ao furtivo abandono do bebezinho mono .-›;.~::".f; a~*`l!'«
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-
na Roda da Misericordia. Embora sedutora, essa explicação evidencia outro Sado no aumento do número de anjinhos abandonados. A partir Cl@ 1331, 0
_
“ - - . ' _ `dêmicos , roibiu
governo imperial, preocupado em combater os miasmas epi A
.¿;;-'-` -
problema. Como explicar, por exemplo, o aumento em mais de 500% na '›*f.¢.~;†.^
. _.-i--¿_ . '.'†_ - i
2
1;* - urbano. Todos os enterros cariocas deveriam ser feitos nos cemiterios publi-
entao, como entender a multiplicação por seis da cifra de expostos mortos Í?-;==;i `
no Rio entre 1850 e 1850? Caso o infanticídio fosse pratica costumeira, não :*-Ã\Í..-§='Í-- Ã cos de Sao Francisco Xavier e São Joao Batista C12 Lf180_fl¿ locflllmvdøs
periferia da cidade. A laicização e transferencia dos cemiterios, talvez pot
seria de se esperar certa regularidade no percentual de expostos mortos? . . . . ' - G deg-
Uma alternativa seria a de atribuir as variaçöes desse percentual ao aumento stibverter os costumes da religiosiclade popular, Glam TUOUVO df-Í âfmde I
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Mariastasfiaiìfträzta:°“err“t@
_ *_ 1 gama variadissima de motivaçoes que
podiain ii da vergonha em se assumir um filho ilegitimo até mesmo a falta de
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i-iisTORi,\ DAS ML'U~tEREs No Brasil. - i-ag;
i\tu¬siL\'io=tDE Nemo-\ 215
no, eram niais resistentes às provaçòes do abandono. Na capital baiana, ›^_\j`1Í-1 i_`;`5¿;':
taz;':a:;;ffitlffiafii1 SXIX-O pelas vilas e cidades coloniais. tr de 1 oftalmias purulentas, varíola, disenteria, sararripão e dos tubérculos
mesentericosfisjá o médico da Casa da Roda, Dr. Cipriano josé de Carva-
_
de
formå de Socianzacão alter menirias e uin omiciƒlio para outro era uma
_ nativa a baseada na familia nuclear. Essa inter-
lho, apresentava diagnóstico uni pouco diferente;
A progressão da mortalidade entre os Expostos [...] durante 0 inverno
do ano predito e provavelmente devido ao maior rigor dele, mais avul-
Pffffïfçë-10 äflfropológica do abandono teni sua importancia, principalmente tou a mortalidade entre as crianças sendo que os tubérculos
POP livrar os pobres da pecha de proiníscuos, irresponsáveis ou, para utili- _-,;I_1i'=~.
à
mesentericos, a caquexia, o tétano de recem-nascidos e a diarreia fize-
1 -.- rarn entao maiores estragos do que nos anos anteriores.”
tzâšxäišìšåägâg “5C0if¿3š>82_ì(C)0C,1é1nd›níco_r,. Porém, quando lembramos o cus- 1.-?-*; _=:›%f;=;
temas lançados of méçdt šrliìancas', conåpieendemos a razao dos ana-
O termo tubércii/o mesevitéríco era empregado genéricamente para
Compommemopue elesicéiš id igienistas o seculo passado sobre um
designar inflamaçöes e parasitas do aparelho digestivo; cac_7Liexi'cz, altera-
Conside q I _ si ,erav am, como também hoie poderiamos
rar, uma manifestaçao barbara da cultura da pobreza. Y--==-_* ção profunda das funçöes do organismo após nioléstia grave. Diagnósticos
que mais uma vez deixam obscuras as causas das mortes_ .
Apesar da subjetividade dos testemunhos, algumas conclusöes po-
DE QUE MORRIAM OS EXPOSTOS dem ser esboçadas. A primeira delas diz respeito ao fato de os médicos
náriafš Sìgšìïoešlâïìtšråiåcšilde imlplicava na multiplicaçao de mãesímerce- dos expostos raramente aludirem aos estragos causados pelo tétano em
recém-nascidos. O barão josé Pereira Rego calculou que o mal-dos-sete
de amamemação artificial leêågiäz qtrìenipäegavani desastrosas tecnicas
dias era a doeriça por excelencia dos recem-nascidos livres e escravos,
te médico d _ ` , _, n omi ares e bebes a morte. lnfelizmen-
_, S e a ministradores do seculo XVIII dedicaram pouquissima aten- sendo responsâvel por 15% ou 20% dos óbitos de bebés cariocas nascidos
C210 ao tema., 'talvez pelo fato de essas niortes terem sido encaradas de durante a segunda metade do século XIX.
` i
Quando comparada aos dados da Casa da Roda, a constatação do
š'äl:¡Lìïì¿fšlqlïç05Cïg'2¿ålèlfâïfìåpeiåodo cplonial. O mesmo não aconteceii rio
barão do Lavradio surpreende. Nos registros hospitalares, atribuia-se
de medicinå sur irám Váriozšo aimp ântaçao das faculdades e academias _~1
.
- ¬i
A
2
apenas 3% a 5% dos óbitos de enjeitados ao tétano. A molestia nem
de momhdgíde dgos ex proietos estinados a combater as altas taxas r ¿$9 mesmo chegou a ser arrolada nos levantamentos realizados por Manoel
postos. _ _ Paranhos e Francisco de Pau l a G onça l ves _ A insi g nificante difusao do
Segundo os medicos baianos_ as molestias que maisafet
'5' "".i-1 _
`lÃl'__, '11'-«.i _
- I 1 _ _
' r . i . .. Á .
_ gt@ dj
donados decorriam de complicaçoes do aparelho digestivo, da fraqueza
Como mencionamos, varios historiadores vincularam o abandono a
I -u
definitiva dos laços entre mãe e filho. A constatação não deixa de ser
Os ' d'åtélesde
médicoslrë ` rnocrtalidade ' dos expostos eram assustadores e os surpreendente. Nem a legislação portuguesa nem a brasileira faziam uma
como find aministra oresnao se cansavam de apontar as mmhefes '$`1.§f'.¡"=.l só menção à cobrança da criação dos enjeitados. No dia-a-dia, administra-
P p is responsaveis. Em 1787, Manoel Abreu Rozado mencio- ._-_».-as,-.~ f:'-.'7:'Éš'- ¿_
dores e vereadores tinham atitudes flexíveis em relaçäo ã questão: quem
nou no . seu p a recer a Casa da Roda de lasboa, ' onde meninos - e menmas . .~ w1=.~*=.
L.-1-“í-11.
quisesse recuperar o filho, sendo pobre, ficaria isento de pagamento; quem
=
fale
d hciam um apos o outro por serem filhos de pessimas maes 1 gerados “ki-2 'tlf
possuisse bens seria solicitado a contribuir, pagando todos os custos da
Í _ .=¿-.-,~-
e umores_p odres , corrup t os e d e mau in C1 o 1 e › . ›i O mé d íco português i/ 1;~.=¿:.›¿_é .._.,~..
'i-FP-`.ì1 1-'¿;.^.1†` ~.
f.
criação ou concedendo uma esmola às obras pias da Misericordia.
professava
Cas adquiridas ideias sernelliantes
ao longo da Vidaàsse de t aLa marc k; gara e 1 e, as ' caracteristi- ' ' .-'-et' t Os escrivãos baianos registraram inúmeros relatos a propósito de mães
tt
-`-.'f»'f-'
-" +1.*-1: que conseguiram reaver o filhinho deixado na Roda. São histórias
O fruto Bque se ha, de Serase¿gm uir_ fruto _
destarsdimun
nsmmcãlm )
e uma geraçao I
a outra Z . ¡;«~.».-
Heladas comlptas as arvãres, mal dispostas, :»ï7š7±= ,;_<¢!±;,_ comoventes que mostram os dramas vividos por mulheres pobres. No ano
› -.=.›«=:.
vel Em Outras Palavras ara Rozårå igeåto, imun o 6 Pouco Përdura- '-' 1.92%; ,e LG
t.-.=,-É.-gt. de 1788, compareceu à Misericordia de Salvador Maria Ambrozia do Rosa-
Culpa. dos alt _ s Idp . aos propriospais
. _ . e maes
- a ' :”š%`=v; .- -, _.-_
o ca ia ..-Wu. rio, preta forra, que vinha recuperar o filho em cuja matrícula havia sido
ï?:;?5«'a=-
P_ issimos in ices de mortalidade entre os enieitados. Se os _ -›ï~?'.- ¬1'.-__, feito o seguinte comentario: “veio nu e todo inchado". No registro de de-
progenitores fossem sifiliticos, alcoolatras ou degenerados sexuais a ,,-9.-N., --;š§=
voluçåo, o escrivão anotou: “disse ser sua mãe e se lhe entregou sem
^ I .~ 1.-,,.
criança nasceria com fraqueza congenita, falecendo por isso mesmo ein "=1'_«*í f
dispêndio algum”. Uma vez comprovada a pobreza, a devolução era imedi-
.'¿¬`-›"E-
idade precoce.
' 4.;-, =.-\';~'.='<,- t ata e sem trâmites burocráticos, como no caso de “Caetana Maria de Souza,
-.-:_ -N..-.-'.¬.'
Para outros médicos, as condiçöes de acolhida na Casa da Roda e o' , ft««,.t _.-,pi
.
casada com Pedro Fernandes que vive de pedir esmolas". Theodora, meni-
desca ~ - S5,.e=¿a¡† . 1 '.¬-1-_*-.«
.. -is.-._ _. na branca, deixada na Rodíbaiana a Z7'de outubro de¬1796,
dos expostinhos; ;5›`5;`Í'.'
..
-,¡.`f,_,'.-
› «.¬ .i da cinco anos mais tarde, “em 27 de agosto de 1801 foi entregue a seu pai
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que a mandou buscar e pagou a criação de 6633396 réis”. A menina perma_ t:_(._¡¡_¿7(_
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neceu 54 meses em poder da Santa Casa; para se ter idéia da insignificân- _,,.è_ƒâ ._-.A -, __ , -__. - _ . › 1-›_; ,, ' -11* _.ï-l-- ,--~,¿-1»,-:.`._~'.›~-:-510:;-åi..
cia do pagamento feito, basta dizer que ele correspondía a aproximada- F; -_¢-,, .›_.-__.;¿_.›¿ _ - _ _ . _ .
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Apesar das facilidades, mais de 80% das mães jamais voltavam a recu_ _ --V . ___¢..if,=,\:_.,.v¢¿<_-,_,-,,_~_=;,›_~ .sw-'~'.~`<
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perar o filho enjeitado. No entanto, deve-se considerar que o indice men_ szfsf' f-12.1;fiï _
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- ' _-_., -_».`*, ,_«:;§--wz-_?-r,.-,__-¿_-.›i~.;¡~ e- ~< -_ ,,- i
cionado não leva ein conta as fraudes bem-sucedidas, muito menos os
casos em que as maes queriam recuperar a criança, mas não conseguiram I.-_*--~ .›¬
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›ExPosr-os , _ i . ri . 1
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realizar o intento. '
Em Salvador dos anos 1780-1829, num conjunto de 24 mães que ex- _ _.»_-_;ë.-›;;. _.. ¬_,
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pressaram por escrito o desejo de recuperar o filho, apenas cinco conse- ' e ¡caxo nnunnxnxs' àx'1Smgx:nrsa.1nflo'oa
guiram reavê-los. Inúmeros projetos fracassaram. Em 1758, uma menina ` '¬ ›-Ñ-'-Lv'
._-,_ .~_. _, -'- ' _ _, _ _, __ ,_-_ ,_,. :_ _- `¢< ,= ›--1, ~.
branca deixada na Roda veio aconipanhada de bilhete dizendo; “Tenha a -RF'-';: › ¿_ _ ¡- -_¿
1' _- - 15'*
\ ¿¿¬ *._._“'¿. ~_':~
'jif ':' ;' í"`_ _-¿X ,_._›
~-. '¬-_.--' -4.', ~§¿~~-_ ¬
_ _. _. _,_`_'.`_ L5 -› ›.›'\-E '$23 'L-
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K
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bondade de criar essa menina com toda correção que de seu tempo se ha -ã ±,»>'_-¬-': 1 gue' "É'§P',?¡¡m¡a°¡,._
de procurar e pagar toda criação”. Isso infelizmente jamais ocorreu, por- `--.«¬;=~
que a menina faleceu depois de dois meses do abandono. O enjeitado ;-__.-;,›_1,. __ ...L -iƒ
_ »om tuåø a ri.. É
,liãtiii Mi _!=_1!@i- ››°=*°4=
.__ _ . ~.-¬ -,_¬.¢ _-.›-.~.. r _ - ge ~ ›*_n. ¬ 2.-'f __ _« --Fil”-,' Í '›
João de Deus não teve destino mais afortunado. junto a ele foi deixado 521,- -,›
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_?, -' i › › 1 ,, -_ ' -'. ,_i -_ '›, "' .;_,._,,i `- ,.›~
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abandonado eram fluidos. As crianças negras ou pardas sem família aca- _, '_' Í>=$,i¡,`_'i^_
bavam sendo alvo de negocìatas, eram vendidas, trocadas ou dadas de ~«=^;` ¬'
presente. Tal qual as crias cativas, essas crianças rnoravam em residencia ›'-2""¢ É' . t '
casa um menino pardo que fora deixado na Roda baiana. Um mês mais
tarde descobriram que ela “levou o enjeitado e o vendeu por 160$O0O réis -=_ ' , "' 'Lw¢nia;_.i 1"
a uma viúva na Rua da Castanheira”. Ao curso de outra investigaçäo, cons- _,_¬=,_ _, ,_ f=_
tatou-se que a mesma mulher costumava “tomar enjeitados e vendê-los ou ;¢-ìëì _ preocupava-se em garantir
9, A legislaçao - um destino
' ' ' s No em
aos enieitìïiorldos seculo XVIII
Portuo 1
tornar a botar na Roda, ficando com seu pagamento e que seu verdadeiro U e XIX, tratados de criação e educflçflø Clë €XP05f_05_ foram pu lc' d res
nome era Clara Ignez”. _ 8 ¬§Í:
e no Brasil para auxiliar o trabalho de administradores e govern@ 0
`*'r~;
Í1Â'Í4.¬_'f' -f-. _-i.;, _
^f
sa*;;ii'-'- .
.,:«-L'-_--_.
› <i~:=f¿' _._,_-¢.~-¿.
(1) i\«i:1ry Del Priore, O papel brnnco, :i infância e os ]e suilas na colônia. História da criança no
il
ilho de ais nobres e ' - É ' ~ ra -L- .-` F
Brasil. São Paulo: Contexto, 19914 p. 10-27,
(Z) K. Q. Waltoso. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 20-50.
miiit0 Pd)bre”› ou alndzšmåffear-H a honra de lhe mm FH? Casa que
dula por letrå desconhécdriani sua ïureza genealogica; “trazia uma cé-nao Sala (3) C. A. P. Barcellari I-`mn¡lt'n e sociedade em uma economía de nbastecimeulo interno (Sorocabzt,
i Í.:
séculos XVIH e XIX). São Paulo; FFLCH/USP. p. 324. [tese de Doutoradol.
Com O dito nome de Mmal SH qgle a t ilziaiter sido oatizada com dúvida '1',Í"
i__
fif-
(4) Os estuclos mais ' `importantes a respeito
' do tema são.j - . P. B-urt:let(org.). Enfattce abmidonrie'
_ fu _ , er ranca egitima sem infecta naçao alguma =
tt et socíéte' en Europe X1\-'ème- XXême siêcles. Roma: Escola Francesa de Roma, 1991;). Bcswell. Tbe
'ai Lfindiiess 0/`s11'mtge/S. T/Je abmtzlortmenr of cløiltireri ¡ii W't>stei'ti Em'0pt¬from late .-ltrtiqriity to the
$2; sel 1 10 de PMS de toda conta e distinçâo". Mas os clamores muitas Reiiaissmtce. New York; Prinrheon Books, 1988; V. Hunecke. I Tromtelli diitlilnno. Bmribini esposil
l
l
' es eram_ em vão - As criadeiras che at' am a anunciar
' ' '_
tados nos lomas. 8 a venda de eniei - ¿_ i
f -t
efnmigle espositrici dn1XV¡!I al XIX secolo. Bolonha: ll Mulino, 1989.
Em relaçño a Portugal e ao Brasil, consultar: l. Guimarães e Sá. The circulntion ofcbildrerx in
.» 1”
=1~;. l-"-_? eígbteentb century southern Europe; the case of the Foudlìng Hospital of Porto. Florençaz Instituto
Nem todas as ` - - ' ' _ , ' .,' _ x=F."-
fm ii
cenas circunstãnciasmïs ge leite ãhmemavam planos mo mala/0105' Em .. t ;›- . I
Universitario Europeu, 1992. ltese de doutomdol; R. P. Venancio. Casa da Roda.- institution d'assist:1nce
it
rin _ 1 i crianças se integravam a família adotiva. Isso ocorria ;¬› infantile au Brèsil (X\/liième-XlXème siècles). Paris: Universidade Paris IV-Sorbonne, 1995. [tese de
doutoradol.
tEz
ã CIP@ ment@ por ocasiao da morte do filho legítimo A mà@ ¢1@5¢On5O1a _ _ _! (5) M. L. Marcílio. A cidade de .São Paulo.- povoamento e populaçìo, 1750-1850. Sao Paulo:
ãa eH com
d leite abu d ante acolhia ' o enieitado.
' - ' . . _' _,_._.;l ¿U i
O costume da “substitui. Pioneìra. EDUSP, 1973; I. N. Costa. Vila Rica.- população (1718-1826). São Paulo; IFE/USP, 1981;
Q 0 , . e certa maneira, era acompanhado pela incidencia do co-npadrio ¡_ _
O = Nascimento. Dezfreguesias da cidade de Salvador. Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia,
apadrinhamento servia como um substituto ã complicadïssima e burocráti 1986. .
(6) O padre Diego Feiió, filho ilegitimo de mulher solteira, foi batizado como enjeitaclo e
ca adoção le al. At a ' ~ - - . , ' Í. _"_V_ criado pela própria mâe. O. T. Souza. História dos/'tmdndores do Império. São Paulo; CEN, 1957. v.
i
lr
da criadeira ge~<taberle`cÍesr1(dO Colmpãdnãi O emanado mgressava
idéia da âbšarçgênéia d Q fe Íçoìs e parentesco espiritual. Para se ter na familia lll, p. 161. ›i
(7) Matrícula da Casa dos Expostos. Seçào de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de
ad _ h _ o vincu o, asta dizer que todos os patentes do .ff fr janeiro. cód. X553. rol.1S. _
p rin o e da madnnha, colaterais, ascendentes e descendentes até o (B) MS. cit, .
i
(9) Matricula da Casa dos Expostos. Arquivo dai Santa Casa da Miserlcórclin de Salvador. cód.
quarto grau, passavam a ter oficialmente al Um li ' ' ~ 1 '' -~*-`-
L7. g.1195. '
l
Com a Criançì S IPO de llgâçao familiar (10) Idem, cód. L.8.g.1198. ' t V ' ^
(11) As demais citaçòes foram colhìdas nos códices citados anteriormente, assim como nos
aró No_ Rio
d de_] aneiro . _
I i entre 1768 e 1796, cerca de 20% dos enyeitados da seguintes; L5~g.12i1¡ L9-g.1199; 1.10-3.1200; L12-g.1202; L10-g.lZ00. Também utilizei referências
P QUIH 6 Sao jose foram integrados à família da criadeira Em algumas la-:'›: extraídas do Banco de Dados sobre a història da criança no Brasil- CEDHAUUSP-FINEP, organizado
_».i.
areas2 rurais
dos esse ind'
criar ÃUZVJ - ' 43%
dice chegou' a atingir - dos meninos
~ e' meninas
. da- por Maria Luiza Marcilio. Coll-ii dados nos seguìntes trabalhos; M. L. Marcílio e R. P. Venancio.
Crínnçns abømdorindcis e priniitiuns formas de sim proteção. Anais do VII Encontro Nacional de
na Os - _ h 68 0 compadrio era reinventada a familia dos sem-famí- _ l "›'
Estudos Populacionais. Belo Horizonte: ABEP/CNPq, 1990. v. 1, p. 521-338; L. M. Souza. O Senado
de. _ gue tin am sorte permaneciam na residência da criadeira mesmo ;_.,»i da camara e as crianças cxpostas. ¡nz Mary Del Priore. Op.cit., p. 28-43. '
(12) Compromisso da mesa dos enjeitados do Hospital Real de Todos os Santos. Lisboa, 1716.
_ Pfàls êécompletados os sete anos de vida. Para os demais a comemora ' '
(13)J. P .F. Soares. Memoria so e a pbr referêncin do leite de vaca no leite de cabra para o
šao. o sétimo aniversariot tornava - sem otivo' ' de a ' ' . y - ' _
sustento de crinnças, principalmente nas grandes Casas dos Evpostos. Lisboa: Academia Real de Cien-
reingressar no círculo doabandono ind ngusml pois dçvïrlam 1' cias, 1812. p. 5. - `
recolhimemos Ou eram encamv h o molïaïlem arsenais, seminarios, (14) F. P. Gonça l v es _ Que
_ regime será nuiís conveniente para a crinçzïo dos expostos cin Sa nm \'=;.'vì?^f.±e-«f
r 1flãOS8OII'2.2 O 6 > Casada Misericórdia. Rio de janeiro: Typ. Universal, 18S9_. p. 20.
de 'estradas de ferro. ` P Sado na Constmçw JV. .
(15) F. M. Franco. Tratado de editcaçâo pbysíca dos meninos para uso da nação portuguesa.
11 1 Lisboa: Real Academia de Ciências. 1790. p. 6. ' _
Quase sem re os ' ' f
no emm Seres frijl ds ïlãnfiaï e meninas saidos do turbilhao - _ do abando- (16) F. P. C-onçalves. Op. cít., p. 27. _
(17) Fi M. Franco. Op. cit., p. 15. _ . \
nar que possuíamg a r,eSidtåna_ oâ com É duebra do unico referencial fami- í
.i-.~
› '_1.` \ (l8) M. J. H. Paiva. Dasƒraudes dos amas-de-leite. Lisboa: Typ. Numesìana, 1790. p. 245.
il
(25) M. B. N. Silva. O problema dos expostos na ciipitaniii de São Paulo. Anais :Io illiixei,
Paiilism. 1980/1981. i. xxx, p. 148.
(24) M. O. S. Diiis. Qiioridiario epodw' em São Paulo no século X/X. São Paulo: Brzisiliensel
19s-1. p. 142.
MULHER E FAiviíLiA BURGUESA
(25) Os bilhetes referentes :io Rio de janeiro encontr-.im-se no codice citado nn nota sete_
(26) A. A. V. Nzisciniento. Op. cil., p. l0l; F. N. Santos. C`o›'og›'ri_/`ici ¿lo Dis/rito Fedeml. Rio d¢ › 3'
María Ângela D'Incao
janeiro: Typ. Villas Boas, 1902. p. 122.
(27) A. J. R. Russel-Woocl. Op. cif., p. 245.
6 (28) A. Gusmão. A1-le de criar bem osfi`l/'Jos na idade ria _oiieri'i'|'(i. Lisboa: Typ. do Colégio,
1 S5- P. 525. -9.-ìšrâ
(29) C. Fonseca. Pais e filhos nn Familia popular. hi: M. A. D'lnc:io (org). .fll›vzoreFnmi'/¡fi ym › =¢¢¿;-22
Bi-asi/. São Paulo: Contexto, 1989. p. 95-128. *.25
(30)). Bossell. Op. cif., p. 542.
(51)}. R. A. Lapn. Liuro da uísilnção do Santo Oficio da liiqiøisiçâo no Estado rio Grrïo-Pará, .=.-r-;~' -ff, .=.
3*;-.=¿ ›:'
,
-, ::¿;±'=
1765-1769. Petrópolis: Vozes, 1978. p. 161.
- . - - ' ' ' trans-
(32) Mary Del Priore. Ao sul do corpo.- mnternidndes e menmlidades no Br:isil colonial. Rio de
janeiro: J. Olympia, EDUNB, 1995. p. 300. 4¦š:.~vÍ `
Durante o seculo XIX, a sociedade, brasileira
›
sofreu uma serie de' i _ ll l
(55) A melhor introduçäo para 0 estudo do tema aindii é o livro de J. T. Noonan, Corzlmcepríøn formaçöes: a consolidação do capitalismo; o incremento de uma vida ur ¡
el innrringe.- évoluiion ou contradiction dans la pensée chrétienne? Paris; Ecli du Cerf, 1969.
(34) S. O. Naidalin. A demogmfirt riiimaperspectiun /1i'.r!óri'ca. Belo Horizonte: ABEP, 199-i. p, 90, ,'-;1f.+t¬É' ;f baria que oferecia novas alternativas de convivencia social; asC€nSïl0 da
«._>¡¿\: burguesía e 0 surgimento de uma nova mentalidade - bing-zéesa -hrreãf-
(55) Oficios da Santa Casa da Misericordia do Rio de janeiro. Arquivo Nacional do Rio de
janeiro. cód. 1533-R-15. 1-+15.
'†.7§.i\.
(56) F. J. Rego. /lponlamenlo: sobre ci morrnlirlade na cidade do Rio ziejmieiro, pcirliciilar- t .`-'ëèfiê' _-'i .^¢,;`_›=2
1;›¬'¬`~T-"ã ganizadora das vivências familiares e domesticas, do tempo c as zitni ri-
mente dns crimiçzis. Rio de ]:ineiro: Typ. Nacional, 1878. p. 28, V \:š.¿š1š'=ï
(57) A. Gusmão. Op. cif., p_ 128.
cles femininas; e, por que não, a sensibilidad@ c a forma de pensar o amor.
(3s>1d.1b¡¢i., p. 119. '- ' Piesenciamos ainda ncsse período o nascimento de uma nova mulher
(59)J._I. Reis. A marie e' immfesm. São Paulo: Compunhizi (las Letras, p 125-139.
(40) Cnrln pastoral do bispo do Rio de _/mieiro D. Fmiicisco jorïo da Cruz (1742). Lívro de . 1'-jr-.re
nas relaçöes da chamada família burguesa, agora marcadzi pela valorizaçao
.- -Jef-
'Pombo da Paróquiii de Nossa Senhorii de Miiciicu. Biblioteca Nacional do Rio de jiineiro. Seçïto de
1-af,
-da intimidad@ e da maternidade. Um sólido ambiente fiin11l1flf›.0 laf a¢_Pllhï"
Manuscritos. cód. 17,18,52.
(=í1)J. Vieira Fiizendn. Antiquzillms do Rio de_/'m1eí›'o. s.d. v. 1,' p. 410-412. fi.-š¿`?" dor, filhos educados e esposa dedicada ao marido, sis crianças e clfiS0b11å¿É
(42) Visiraçâo do rnorisenlJ0rPi`:arro de Araiìjo àparóqizm dnfregiieziri da Saritiivsizrin Trínda-
de em outubro de 1796. Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de janeiro. S/cód.
,1;l±:'-É?
15
qualquer trabfilho proclutivo represcntavarn o ideal de retidao e prodi-
(-í5)J. P. Rcgo. Esboço Histórico dns Epideriiías que lêm gmsszido rin cidade :lo Rio dejmieiro
desde 183017 1870. Rio de janeiro; Typ. Nacional, 1872. pi 28.
_-'-;?~;Í~ 1.
dade, um tesouro social imprescindível.ye-rdadeiros emblemas desse mun 2
(44111. Reis. Op. cif., p. 223-230. ..'«i›fi.t.
relativaniente fechado, a boa reputaçao financeira e zi articu açao C0m
(45) Liuro ci'eAtris dai-Iflesci dos Etposros (1854-1846). Arquivo da Santa Casa da Misericordia de
Salvador. cód. 17.
parentcla como forma de protecäo ao mundo externo tambcm marcaram o
(46) A. P. Barcelrir. Op. cít., pt 326.
-
:'
processo de urbanização do pais.
(47) Grande Eiiciclopédizi Ijorriigiiesri e Bmsíleíra. Lisboa. Rio de janeiro: Ed. Enciclopedia,
1970. v. 1, p. 542, 3-:É: :Í:
(48) M. P. S. Velloso. Que regime Será mais co›zt'en¡en!e ii cririçrïo dos exposlos, Rio de Janeiro:
Typ. Imperial, 1855. p. 27; F. P. Gonçalves. Op. ci't,, p. 9. - i - MUDANçAs URBANAS E Esrito DE viDA _
(49) Relcilo sobre ri n_iormli'daa'e dos expostos. escrita pelo médico da Casa dos Exposfos (1858). __sr.
Arquivo da Santa Casa da Misericordia do Rioide janeiro. cód. L 35. - ' - _ J A vida urbana no inicio do seculo XIX praticamente inexistia no r,
(50)J. P. Bardem. Op. cii., p. 10. ¿Éì . › um enorme
sil, entao ' ' » ' rural.
pais ` ' de vida
O estilo ' da elite ' do m`nante
1 na ` (' Á
(51) Pnrecer de Manoel de Abreu Rozado :i respeito da Casa dos Expostos de Lisbon, 15 de
¡zineiro de 1787, Biblioteca Nacionzíl de Lisboa, Seção de Reservados, cód. 8517. _ . - ' ” ' ` ' ` da aristo- ,
(52) Discurso do Bzirão do Lavriidio na Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro em
sociedade brasileira era marcado por influencias do imagånaråof as e
1873, apiidA. Moncorno Filho. Histórico daproleçzïoà iryfâncin no Brasil, 1500-1922. Rio de Janeiro: cracia portuguesa, do cotidiano de fazendeirosfiplebeus e as i ereiliç
_. .._-i
±.,;~_¢;§
Empresa Gráfica, 19264 p. 68 .- interaçòes socials definidas pelo sistema escrzivistzi. A cliarnada fami ia ga-
(55) L. M. Souza. Desclassi/icadox do oiiro.- :i pobreza mineirzi no século XVIII. Rio de janeiro:
Grsizil, 1986. p. 151.
iia-tí .
triarcal . . comandada pelo pai- detentor de enormeaãâedere domifl
brasileira, so re
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seus dependentcs, agregados e escravos, habitava a casa-gr
a senzala.1
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