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Autor: Thais Renata Santana

<mailto:thaisr@usa.bet
>
Tema: Jung
Universidade Católica de Goias
Média: 4,21

JUNG
Este trabalho tem como objetivo abordar a teoria junguiana levando em
consideração seu nascimento, suas influências, principais conceitos, processo
terapêutico, contribuição e relevância da mesma para a Psicologia.
Vida e Obra
Carl Gustav Jung nasceu em Kesswyl, uma cidade no Lago Constance, no Cantão de
Thurgau, Suíça, em 26 de Julho de 1875, e cresceu na Basiléia. Seu pai era pastor
protestante da Igreja Reformada Suíça, assim como outros parentes da mesma
religião, o que explica, em parte, o interesse dele pela Filosofia, pelas questões
espirituais e pelo papel da religião no processo de maturação psíquica das pessoas,
povos e civilizações.
Ele foi extremamente influenciado por sua mãe a ler Fausto de Goethe durante sua
adolescência. Desse modo ao chegar à Universidade detinha razoável conhecimento
de filosofia, com interesse especial em Kant e Goethe e ainda em Schpenhauer e
Nietche.
Ao ingressar na Universidade em 1895, passou a se interessar mais intensamente
pelos fenômenos psíquicos e investigou várias mensagens hipoteticamente recebidas
por um Médium local, o que acabou sendo o material de sua tese de graduação,
"Psicologia e Patologia dos Assim Chamados Fenômenos Psíquicos".
Para ele a análise era uma busca espiritual. Entrar em acordo consigo mesmo. Jung
era profundamente religioso e também heterodoxo e chocou os teólogos,
protestantes e católicos. Seu ponto de vista individual foi atingido a duras penas e
através de dolorosa e profunda confusão mental.
Depois de obter seu diploma médico na Universidade da Basiléia, em 1900, ele se
tornou assistente no Burghölzli Mental Hospital, em Zurique, e na Clínica Psiquiátrica
de Zurique, iniciando, assim sua carreira na psiquiatria. Ele foi assistente e mais
tarde colaborador de Eugen Bleuler, o eminente psiquiatra que desenvolveu o
conceito de esquizofrenia, no Hospital Psiquiátrico. Em 1902, na Clínica Psiquiátrica,
estudou com Pierre Janet, onde, em 1904, montou um laboratório experimental em
que criou seu célebre teste de associação de palavras para o diagnóstico psiquiátrico.
Estes estudos lhe proporcionaram alguma reputação, o que o levou, em 1905 aos 30
anos, a assumir a cátedra de professor de psiquiatria na Universidade de Zurique.
Em 1907 Jung visitou Freud em sua Sociedade das Quartas-Feiras em Viena, e os
dois ficaram ligados por fortes laços de amizade, que se desfizeram em 1912,
quando concordaram em interromper sua correspondência pessoal.
Em 1909, Jung desistiu de seu trabalho no Burghölzli, em 1913, de sua docência em
psiquiatria na Universidade de Zurique a fim de dedicar-se inteiramente à prática
privada, à sua formação, à pesquisa, a viagens e a escritos. E em 1914 ele retirou-se
completamente da Associação Psicanalítica, na qual era presidente, fundando uma
Nova Escola chamada Psicologia Analítica.
Se tornou Vice- presidente da Sociedade Médica Geral para Psicoterapia em 1930,
passando em 1934 a presidente da mesma Sociedade. Em 1935, fundou a Sociedade
Suíça de Psicologia Aplicada.
Em 1944 foi fundada uma cadeira de Psicologia Médica especialmente para Jung na
Universidade da Basiléia, mas sua saúde enfraquecida o obrigou a renunciar à
cadeira depois de um ano. Em 1948 foi inaugurado o Instituto C. G. Jung em
Zurique. Em no dia 6 de junho de 1961 morre, aos 85 anos de idade, em Zurique.
Início da Teoria
Anterior ao período em que Freud e Jung estavam juntos, Jung começou a
desenvolver um sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos
Complexos". Ele introduziu o termo complexo sintonizado com o sentimento, mais
tarde abreviado para o complexo, para designar o que julgou ser um agrupamento
de idéias no inconsciente, caracterizado por uma qualidade peculiar de sentimento,
talvez dolorosa, que gerava o tempo de reação retardado. Numerosos resultados de
testes justificaram essa conclusão, e o complexo, com suas características
associadas, com os efeitos emocionais, e a qualidade individual, converteu-se na
característica central do pensamento de Jung.
O complexo comporta-se como uma personalidade parcial; atua por conta própria e,
com frequência, de modo diametralmente oposto aos nossos desejos conscientes.
Disse Jung: "Está agora firmemente estabelecido que o complexo possui notável
grau de autonomia; que, sem fundamento orgânico, as chamadas dores ‘imaginárias’
magoam tanto quanto as legítimas; e que uma fobia de doença não tem a menor
tendência a desaparecer, mesmo que o próprio paciente, seu médico e o uso da fala
comum se unam todos para asseverar que tudo não passa de ‘imaginação’."
Em 1911–1913 Jung e Adler começaram a caminhar por outro lado da Psicanálise e
rapidamente obtiveram grande número de adeptos. Jung tentou dar aos fatos da
análise uma nova interpretação de natureza abstrata, impessoal e não histórica.
Esperava escapar da necessidade de reconhecer a importância da sexualidade
infantil e do complexo edipiano, bem como da necessidade de qualquer análise na
infância. Esperava tornar a psicanálise mais científica, mas viu que não era possível
e então voltou para o estudo da mitologia e da arte.
Mais tarde, a teoria de Jung de "Psicologia dos Complexos" passou a chamar
"Psicologia Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus
pacientes. Ela difere da psicanálise em muitos pontos, mas ele mesmo não descarta
a importância desta para alguns tipos específicos de terapia. A psicologia de Jung
incentiva o indivíduo a descer os degraus escuros do inconsciente e, uma vez lá,
reconhecer o que ele na verdade é e integrar esses conteúdos à consciência.
Freud e Jung
Na primeira Assembléia da nova Associação Psicanalítica Internacional, Freud insistiu
para que fosse eleito presidente.
Pouco depois, as relações entre Jung e Freud começaram a enfraquecer. Jung
diminuía a importância do sexo em suas conferências e análises terapêuticas, e
alterou por sua conta o conceito de libido. No final de 1912 concordaram em
interromper sua correspondência pessoal. Em 1914, Jung retira-se completamente
do movimento, nunca relatou a sua anterior amizade com Freud e logo fundou uma
nova escola, o que deu o nome de psicologia analítica.
Jung enfatizou a importância do presente, e também considerou necessário
compreender o futuro, as potencialidades do homem. As metas e intenções do
homem eram para Jung tão importante para dirigir o comportamento do homem
quanto a sua história. Declarou a tendência de Freud para estudar exclusivamente
em função do passado e considerou a teoria freudiana excessivamente redutiva e
mecanística.
No começo Jung esteve interessado em anular a divergência entre a psicologia
acadêmica e a psicanálise, através do experimento de associação. Mais tarde, perdeu
interesse em "provar" a análise através de experimentos tradicionalmente
planejados. Ele e seus seguidores voltaram-se então para o estudo da mitologia e da
arte como métodos mais proveitosos para revelar a forma do inconsciente.
Jung considerava a libido uma energia vital e biológica geral, não uma energia que
fosse necessária, de caráter sexual. Enquanto Freud via a energia sexual
concentrada em diferentes zonas corporais, durante sucessivas fases diferentes.
Jung considerava que a energia vital se manifestava na forma que de movimento,
fosse a mais importante para o organismo, por exemplo, em relação à alimentação,
eliminação e sexo. Ele não concordava quando Freud agrupava todas as sensações
agradáveis sob a designação de sexuais.
O conflito edipal foi reinterpretado, tal como já acontecera com Adler. As funções
nutritivas, tornaram-se importantes na atitude da criança em relação à mãe. A essas
funções sobrepuseram-se sentimentos sexuais combinando-se estes com aquelas à
medida que a criança se desenvolve em seu funcionamento sexual. Certas
predisposições inconscientes primitivas conjugaram-se com esses sentimentos para
reagir em relação à mãe. Portanto, a relação edipal não se baseia, como Freud
pensava, quase exclusivamente na sexualidade.
Jung acreditava que a energia psíquica era tanto ou mais indestrutível que a energia
física. Se a energia desaparece de algum sistema psíquico, reaparecerá num outro.
Este ponto de vista não é muito distinto do de Freud. O sistema tende para realizar
um estado de equilíbrio, embora esta tendência nunca chegue a ser plenamente
realizada. Mesmo que o equilíbrio fosse alcançado logo seria perturbado pelas
permuta entre sistema psíquico e o mundo exterior.
Teoria Junguiana
De acordo com C. S. Hall e Lindzey sobre a posição de Jung em relação as estruturas
psíquicas temos:
"A personalidade total ou psique, como Jung lhe chamou, consiste num certo número
de sistemas distintos mas interatuantes. Os princípios são o ego, o inconsciente
pessoal e seus complexos, o inconsciente coletivo e seus arquétipos, a persona, a
anima ou o animus e a sombra. Além destes sistemas interdependentes, existem
ainda as atitudes de introversão e extroversão e as funções de pensamento,
sentimento, sensação e intuição. Finalmente, existe um eu que é a personalidade
plenamente desenvolvida e plenamente unificada."
Dentro da teoria da personalidade de Carl Gustav Jung temos alguns conceitos-
chave, como a idéia de inconsciente. Para Jung era óbvia a idéia de inconsciente,
isso nos fica claro quando ele diz: "... são justamente os processos psíquicos
anormais que demonstram mais claramente a existência de um inconsciente. Por
esta razão, foram exatamente médicos e sobretudo especialistas no campo das
doenças psíquicas que aceitaram e defenderam com mais veemência a hipótese do
inconsciente...".
Para Jung o homem como ser civilizado não pode vivenciar uma série de instintos e
desejos, simplesmente porque são incompatíveis com a lei e com a moral, para
adaptar-se a sociedade o homem se vê obrigado a reprimir tais desejos. Em casos
individuais, e em consequência da repressão, os desejos tornam-se inconscientes.
Ele é esquecido e em seu lugar surge uma justificativa mais ou menos racional. Jung
chamou este processo onde um desejo incompatível se torna inconsciente de
repressão e de recalque quando o desejo continua consciente. Diante disso, o
conceito de inconsciente pode ser descrito por Jung como "... a soma total dos
desejos incompatíveis e reprimidos, incluindo todas as recordações penosas e por
isso reprimidas."
Autor: Thais Renata Santana
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A sexualidade é um fenômeno da vida extremamente relevante, no


entanto, é no mínimo tão importante quanto a nutrição, embora seja
um instinto de outro tipo. A diferença consiste no fato de que a
nutrição está a disposição da pessoa, enquanto a sexualidade não;
talvez por estar presa a um tabu moral e por submeter-se a uma série
de determinações legais e restrições de todo o tipo.
Mas segundo Jung "... nunca se poderá provar que a sexualidade seja
o instinto fundamental e a essência da psique humana. Ao contrário, a
ciência 'sem preconceitos' reconhecerá o fato ser a psique uma
estrutura extremamente complexa que pode ser abordada do ponto de
vista biológico e explicada em termos biológicos, mas que, além disso,
apresenta muitos outros enigmas cuja solução coloca exigências que
uma ciência isolada, como a biologia, é incapaz de satisfazer". Sendo
assim, a energia é o princípio que explica todas as modificações
quantitativas.
Dessa maneira, para Jung, se negarmos a teoria da sexualidade como
exclusiva para explicar o inconsciente e a substituir por um conceito
energético, devemos dizer que o inconsciente contém todos os
elementos psíquicos, e que estes não são alcançados pelo consciente.
Para nos aproximarmos mais da idéia de inconsciente devemos
englobar as experiências vividas, que mesmo que fiquem esquecidas
através da repressão, deixam vestígios na psique através dos quais se
pode reconhecer as experiências anteriores; e as percepções
sublimares "quer sejam simples percepções sensoriais que ocorrem
sob o limiar da estimulação auditiva ou do campo visual externo, ou
apercepções, que são percepções assimiladas abstratamente de
processos internos ou externos". E todo este material compõe o
inconsciente pessoal que Jung chama de pessoal por ser formado de
experiências da vida pessoal.
Mas não se pode resumir o conceito de inconsciente apenas ao
conceito de inconsciente pessoal às experiências de vida. Dentro do
inconsciente temos também as fantasias mitológicas que são conexões
que não correspondem a quaisquer experiências da vida pessoal mas
apenas aos mitos.
Essas fantasias provém do cérebro e não vestígios de recordações
pessoais, mas da estrutura hereditária do cérebro. A fantasia criativa
tem a ver com aquela história remotíssima e natural que vem sendo
transmitida de modo vivo desde tempos imemoriais, isto é, a história
da estrutura do cérebro.
Este inconsciente, encontrado na estrutura do cérebro e que revela
sua presença viva apenas na fantasia criativa, é o que Jung chamou de
inconsciente supra- pessoal ou inconsciente coletivo. "Conhece o ser
humano como ele sempre foi e não como é neste exato momento.
Conhece-o como mito."
O inconsciente coletivo se trata de possibilidades inatas de idéias,
condições a priori de produzir fantasias, comparáveis talvez, de acordo
com Jung, às categorias de Kant. As condições inatas não geram
conteúdos adquiridos, Jung conceitua inconsciente coletivo como
sendo "aquele pano-de-fundo escuro sobre o qual a função de
adaptação do consciente destaca nitidamente. Somos quase tentados
a dizer que tudo que é válido na psique está contido na função de
adaptação; e tudo que é inútil constitui o cenário indefinido do qual
emergem sombras ameaçadoras e fantasmas noturnos para o homem
primitivo, exigindo dele sacrifícios e cerimônias que parecem inúteis e
sem sentido à nossa mente biologicamente orientada."
O conceito de arquétipo na Psicologia de Jung encontra alguns
precursores filosóficos. Platão fala das Idéias originais das quais são
derivadas toda a matéria e as idéias subsequentes. Schopenhauer fala
dos "protótipos" ou arquétipos como formas originais de todas as
coisas, que tem por si uma existência verdadeira, porque sempre são
mas nunca mudam nem morrem. Kant foi outra influência; se o
conhecimento depende da percepção, então uma noção de percepção
deve preceder a aquisição de conhecimento.
Diante disso, de acordo com Jung, dentro do Inconsciente Coletivo
existem estruturas psíquicas, ou arquétipos. Tais arquétipos são
formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou
caracterizar o material psicológico, para eles "não são idéias herdadas,
mas possibilidades herdadas". Os conteúdos reais da consciência "são
todos adquiridos individualmente".
Os arquétipos formam-se em consequência das experiências universais
do homem em sua evolução; assim, Jung, aceitou a doutrina da
herança de características adquiridas.
"Arquétipos não são determinados quanto ao seu conteúdo, mas
apenas quanto à sua forma e neste caso em grau limitado(...). O
arquétipo em si é vazio e puramente formal(...) uma possibilidade de
representação que é dado a priori. As próprias representações não são
herdadas, mas apenas as formas, que são também determinados
apenas em forma. (C.W. 9 à 155)
Para Jung os arquétipos como elementos estruturais e formadores do
inconsciente dão origem tanto às fantasias individuais quanto às
mitologias de um povo. Desse modo, o mesmo tema , pode ser
encontrados em sonhos e fantasias de diferentes indivíduos.
Até mesmo Freud concordava com a possibilidade de alguns elementos
no inconsciente jamais terem sido conscientes.
Jung procurou fazer uma aproximação entre arquétipos e instintos: "o
inconsciente coletivo consiste na soma dos instintos e seus correlatos,
os arquétipos."
As imagens ou motivos mitológicos definidos são apenas
representações conscientes do arquétipo. O arquétipo é uma tendência
a formar tais representações que podem variar em detalhes de povo a
povo, de pessoa a pessoa, sem perder sua configuração original.
Jung escreveu que cada uma das principais estruturas da
personalidade seriam arquétipos, incluindo o Ego, a Persona, a
Sombra, a Anima ou o Animus e o Self.
O inconsciente se expressa através de símbolos, de acordo com Jung,
sendo que seu interesse se concentra mais em símbolos naturais, que
são produções espontâneas da psique individual, do que em imagens
ou esquemas criados por uma artista. Para Jung, um signo representa
alguma outra coisa, um símbolo é alguma coisa em si mesma. Ele
representa a situação psíquica do indivíduo e ele é essa situação num
dado momento.
Uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa
além de ser significado manifesto e imediato.
Como o inconsciente é desconhecido, abordamos inevitavelmente
todos os assuntos em que estamos interessados, usando nosso
equipamento consciente, isto é, por meio das funções anteriormente
descritas. Assim, ao tentarmos compreender um sonho, considerando-
lo primeiro de um ponto de vista consciente, e isso envolve a aceitação
da bem- fundamentada hipótese de que a mente opera tanto abaixo
quanto acima da superfície da consciência. Com efeito, um forte
argumento em favor da realidade do inconsciente é o fato de que
sonhamos.
À primeira vista, o sonho não é um tópico promissor para a
investigação ponderada; tem toda a aparência de ser um amontoado
de absurdos. Muitos outros fenômenos naturais deram essa impressão,
até que uma investigação mais minuciosa revelou o valor do suposto
absurdo. Um exemplo conhecido é a descoberta de que o vazadouro
de uma mina continha urânio.
Começamos, pois, por aceitar o sonho como fenômeno natural. Não
depende de intenção consciente e está inteiramente fora do alcance da
força de vontade. É verdade que não podemos provar que tivemos um
sonho, se tal declaração for contestada. A verificação está fora de
questão; mas também, perguntamos, quem quer semelhante prova?
Certamente, não a pessoa que sonhou; para ela, o sonho é um fato
incontestável.
É compreensível que os sonhos não sejam, em geral, levados a sério.
Para começar, o sonho pode não ser claro e, mesmo que o seja, há um
pressentimento de que seu significado (se houver) está além da nossa
compreensão. Para que a pessoa de mentalidade científica, o sonho é,
por certo, francamente frustrante, parece impossível decifrar o enigma
em termos intelectuais. Entretanto, o sonho aconteceu. É um produto
do inconsciente e, como tal, não pode deixar de interessar a quem
aceite o fato de que o inconsciente desempenha, ou pode
desempenhar, um papel na doença nervosa.
Quando investigamos um sonho, é essencial deixar de lado
preconceitos e idéias preconcebidas, e abordar o sonho como
abordaríamos um objeto desconhecido que queremos compreender. Se
considerarmos os sonhos, devemos ter alguma teoria, pois somente
nessa base podemos esperar descobrir um significado por trás da
miscelânea de palavras e cenas. Ao mesmo tempo, é importante
conservar a mente aberta, caso contrário poderemos fazer o sonho
ajustar-se à nossa hipótese. É impossível demonstrar que todos os
sonhos podem ser entendidos e provar seu valor para o paciente. Por
outro lado, muitos sonhos podem ser entendidos e provar seu valor
para o paciente, fornecendo-lhe informações previamente escondidas.
Ajudar aquele que sonha a compreender o seu sonho é o objetivo do
psicoterapeuta quando trata de um paciente neurótico, portador de
uma doença que, aparentemente , chega sem explicação plausível.
Sem sentido ou razão – assim parece –, o indivíduo vê sua vida
interrompida por ansiedade, medos, obsessões que reduzem a zero
suas intenções conscientes. É aí que o sonho pode ser de importância
prática. Se seu significado for apreendido, poderá suplementar a
evidente importância do esforço consciente e a chamada força de
vontade para enfrentar os sintomas.
Um sonho não paira no ar; é propriedade de determinado indivíduo, e
é essencial que este seja conhecido como indivíduo pelo terapeuta,
cuja tarefa consiste em colaborar com ele, para que adquira mais
consciência de si mesmo e do significado de seus sintomas. Portanto,
uma história cuidadosa da vida relevante e de sua situação pessoal e
familiar é um primeiro passo. Como o sonho descreve uma situação
íntima, deve ser considerado lado a lado com a pessoas e sua
vivência. Não ajuda em nada o paciente que o médico tenha
apreendido o significado, ou o que ele possa pensar o significado de
um sonho. Ele deve ser acompanhado pelo paciente. Mediante seus
esforços combinados, o paciente acaba aceitando a responsabilidade
por seu inconsciente, o qual, no final das contas, é parte integrante
dele mesmo.
Na vida cotidiana, nunca devemos pensar em formular um juízo sobre
uma pessoas a partir de um ou dois fatos isolados. Da mesma forma,
é imprudente saltar para as conclusões com base na análise de um ou
dois sonhos. Um único sonho de impressionante intensidade pode ser
evento de suma importância; mesmo assim, seu significado será tanto
mais claro quanto maior for o número de sonhos analisados e mais
tempo o paciente e o médico tiverem para reflexão. Acontece
frequentemente que um sonho era constantemente aconselhada por
Jung, que encarava seus próprios sonhos com considerável respeito.
Sonho inicial. É questão de observação que uma pessoa, ao iniciar o
tratamento de uma doença nervosa, considere de especial importância
sua primeira visita ao médico. Provavelmente, é sua primeira
entrevista com um psiquiatra e dificilmente faz uma idéia daquilo que
a espera. É quase certo que já tenha ouvido falar de análise, e pode
ter sentimentos um tanto confusos a respeito. Nessa nova e imprecisa
situação, tanto a mente inconsciente quanto a consciente parecem
ativadas. Se o analista indaga sobre sonhos – e se não indaga, deveria
fazê-lo! – especialmente sobre sonhos recentes, descobre com
frequência que seu paciente teve um sonho na noite anterior. Isso
acontece com tanta regularidade que esse sonho é conhecido como
sonho inicial. Levando em conta o que foi dito a respeito de extrair
conclusões de sonhos isolados, esse sonho inicial deverá, entretanto,
ser anotado, pois parece, frequentemente, colocar em foco questões
de especial importância.
Diz Jung: "Acontece frequentemente, no início do tratamento, que um
sonho revele ao médico, em ampla perspectiva, todo o programa do
inconsciente." Nenhuma norma pode ser estabelecida. Os sonhos
iniciais podem apontar para a atual situação na vida, como o trabalho,
o casamento ou acontecimentos de qualquer espécie. Também pode
parecer que o conteúdo do sonho envolve o futuro ou fornece um
quadro de estranhos eventos sem qualquer significado para o paciente
ou o médico. Por vezes, o sonho inicial tem características coletivas
(impessoais), bem como material pessoal. Como fragmento de
atividade psíquica, sobre o qual não temos controle, é improvável que
o sonho corresponda às nossas expectativas conscientes.

Sonho recorrente. Os sonhos recorrentes são frequentes na juventude,


mas ocorrem em qualquer idade e podem persistir durante anos. De
modo geral, o sonho recorrente indica um problema repetido,
periódico, sobretudo quando o tom emocional é acentuado e o
relatante acorda quando a situação se avizinha de um clímax. Esses
sonhos estão sempre associados a uma possibilidade ou um problema
não conhecido ou inconsciente. Por exemplo, o sonho recorrente de
perder um trem, fracassar num exame, voar, descobrir um quarto na
própria casa que nunca vira antes, e outras situações típicas, indica
uma atividade no inconsciente que está quase gritando para que a
investiguem.
Sonho premonitório. Isso aplica-se particularmente ao grupo de
sonhos que parecem prever o futuro. "Mas assim como nossos
pensamentos conscientes frequentemente se ocupam do futuro e suas
possibilidades, o mesmo acontece com o inconsciente e seus sonhos.
Houve por muito tempo a crença geral de que a principal função dos
sonhos era prognosticar o futuro. Na Antiguidade, e até a Idade Média,
os sonhos desempenham seu papel nos prognósticos médicos."
Não obstante, Jung sentiu muitas vezes que os sonhos premonitórios
poderiam apontar para possibilidades futuras. Não fez qualquer
enunciado dogmático sobre o assunto porque, é claro, sabia estar fora
de questão uma prova a favor ou contra. Entretanto, dedicou muita
tenção a sonhos desse tipo. Acreditava que os sonhos premonitórios
"(...) não são mais proféticos do que um diagnóstico médico ou uma
previsão meteorológica. São meramente uma combinação
premonitória de probabilidades que podem coincidir com o
comportamento real de coisas, mas não têm, necessariamente, de
concordar em todos os detalhes."
Quer um sonho fosse do tipo inicial, recorrente ou premonitório, Jung
supunha que, como ele ocorria no presente, era importante para o
presente. Por conseguinte, devemos ter um quadro completo da
situação atual do relatante. Do inconsciente, nada sabemos de
momento a momento, além do fato de ser uma parte da psique total,
composta de consciência e inconsciente. A experiência em análise de
sonhos sugere que o sonho pode fornecer informação que
complemente a atitude consciente. Em consequência desse novo ponto
de vista, aquele que sonha pode reconsiderar seus motivos e ações
atuais. Jung obteve com frequência uma indicação através de um
sonho, quando conhecia bem o paciente, e chamava a atenção deste
para certas possibilidades. Muitas vezes, tais indicações eram
inteiramente pertinentes.
Outra característica a ser assinalada a respeito da análise dos sonhos é
que o sonho não é encarado meramente como instrumento a ser
empregado no processo de análise. A vida onírica é parte integrante
da experiência de vida do indivíduo, e como tal deve ser avaliada. Com
a colaboração do paciente, o processo de interpretação de sonhos
pode ultrapassar os limites do tratamento ativo para alívio de
sintomas. Os sonhos podem e devem ser usados pelo próprio paciente
quando o tratamento analítico tiver sido concluído.
A Persona pode ser tida como a máscara apresentada por um indivíduo
à sua sociedade. É a parte dele próprio que deseja tornar pública e
pode ou não servir à função de esconder a personalidade real.
É através da persona que nos relacionamos com os outros. Dentro
dela estão os papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar
e nosso estilo de expressão pessoal.
Jung chamou de a Persona de Arquétipo da conformidade. Ela protege
o ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos
invadem. À medida que começamos a agir de determinada maneira, a
desempenhar um papel, nosso ego se altera gradualmente nessa
direção.
Entre os símbolos comumente usados para a Persona, incluem-se os
objetos que usamos para nos cobrir (roupas, véus), símbolos de um
papel ocupacional (instrumentos, pasta de documentos), e símbolos de
status (carro, casa, diploma). Esses símbolos foram todos encontrados
em sonhos como representações da Persona.
Para Jung, a Sombra é o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo do
material que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas
tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelos
padrões sociais. Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais
nos identificamos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós
mesmos. A sombra representa aquilo que consideramos inferior em
nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca
desenvolvemos em nós mesmos. São instintos animais. Os impulsos
imorais e passionais.
Quando estes impulsos aparecem na consciência podem ser expressos
ou reprimidos, e se reprimidos, podemos dizer que alguns dos
materiais do inconsciente pessoal tem origem nas sombras.
Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao
redor da Sombra, que se torna, em certo sentido, um Self significativo,
a Sombra do Ego. A sombra é vivida em sonhos como uma figura
escura, primitiva, hostil e repelente, porque seus conteúdos foram
violentamente retirados da consciência e aparecem como antagônicos
à perspectiva consciente. Se o material da sombra for trazido à
consciência, ele perde muito de sua natureza de medo, de
desconhecido e de escuridão.
A sombra é mais perigosa quando não é reconhecida pelo seu
portador. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades
indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar pela sombra sem o
perceber. Quanto mais o material da sombra tornar-se consciente,
menos ele pode dominar. Entretanto, a sombra é uma parte integral
de nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada.
Cada porção reprimida da sombra representa uma parte de nós
mesmos.
À medida que a sombra se faz mais consciente, recuperamos partes
previamente reprimidas de nós mesmos. Ela é um depósito de
considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e é a
fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os Arquétipos,
a sombra se origina no Inconsciente Coletivo e pode permitir acesso
individual a grande parte do valioso material inconsciente que é
rejeitado pelo ego e pela persona.
Lidar com a sombra é um processo que dura a vida toda, consiste em
olhar para dentro e refletir honestamente sobre aquilo que vemos lá.
Jung postulou uma estrutura inconsciente que representa a parte
sexual oposta de cada indivíduo; ele denomina tal estrutura de Anima
no homem ou Animus na mulher. Na medida que uma mulher defini a
si mesma em termos femininos, seu Animus vai incluir aquelas
tendências e experiências dissociadas que ela definiu como
masculinas.
Todo homem carrega dentro de si a eterna imagem da mulher não a
imagem de uma mulher em específico, mas uma imagem feminina
definitiva. Esta imagem feminina é tida para Jung como um arquétipo
de todas as experiências ancestrais de feminino, são todas as
impressões já dadas pela mulher. Como essa imagem se encontra no
inconsciente, ela é sempre projetada inconscientemente na pessoa
amada, sendo uma das principais razões para atrações ou aversões
apaixonadas.
Para Jung, o pai de sexo oposto ao da criança, é uma importante
influência no desenvolvimento da Anima ou Animus, e todas as
relações com o sexo oposto, incluindo os pais, são intensamente
afetados pela projeção das fantasias da Anima ou Animus. Este
Arquétipo é um dos mais influentes reguladores do comportamento.
Funciona como um mediador fundamental entre processos
inconscientes e conscientes. É orientado para os processos internos,
da mesma maneira que a Persona é orientada para os processos
externos. É a fonte de projeções, a fonte da formação de imagens e a
porta da criatividade na psique.
Jung chamou o Self de Arquétipo Central, Arquétipo de ordem e
totalidade da personalidade. Para ele, consciente e inconsciente não
são estruturas completamente opostas, mas que se completam
mutuamente formando o Self. O Self é com frequência figurado em
sonhos ou imagens de forma impessoal, como um círculo, mandala,
cristal ou pedra, ou de forma pessoal de outro símbolo de divindade.
Todos estes símbolos da totalidade, unificação, reconciliação de
polaridades, ou equilíbrio dinâmico, os objetivos do processo de
Individuação.
Para ele, o Self não é apenas o centro, mas também toda a
circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente,
ele é o centro dessa totalidade, tal como o ego é o centro da
consciência.
O Self é pouco desenvolvido na maioria das pessoas; e seu
desenvolvimento não significa a dissolução do Ego, ele continua em
sua posição de centro da consciência, só que agora vinculado ao Self
como consequência de um longo e árduo processo de compreensão e
aceitação de nossos processos inconscientes.
O Self representa os esforços do homem para alcançar a unidade, a
totalidade, a integração da personalidade. Ele só não pode aparecer se
os demais sistemas psíquicos se tornam suficientemente separados
para exigir uma integração, o que ocorre antes do indivíduo atingir
uma idade mediana.
O Ego é a mente consciente. Ele é constituído por percepções,
memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. E é responsável
pelos nossos sentimentos de identidade e de continuidade, e, do ponto
de vista da pessoa, considera-se que esteja no centro da consciência.
O ego tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta
frágil consistência e tenta convencer-nos de que sempre devemos
planejar e analisar conscientemente nossas experiências.
Ele é uma espécie de complexo, o mais próximo e valorizado que
conhecemos. É sempre o centro de nossas atenções e de nossos
desejos, sendo o cerne indispensável da consciência. A força de
atração desse complexo é poderosa como a de um imã: é ele que atrai
os conteúdos do inconsciente, daquela região obscura sobre a qual
nada se conhece. Ele também chama a si impressões do exterior que
se tornam conscientes ao seu contato. Caso não haja esse contato,
tais impressões permanecerão inconscientes.
Outra temática com respeito a Jung, é a sua teoria dos "Tipos
Psicológicos". Ele reconhece a extrema utilidade descritiva da distinção
entre "introvertido" e "extrovertido". Ele reconhecia que todos temos
ambas as características e, somente a predominância relativa de uma
delas é que determina o "tipo" na pessoa. Ele percebeu como as
pessoas são extrovertidas de diferentes modos.
Há uma correlação inevitável entre o inconsciente e a manifestação
consciente da extroversão, da introversão e da cada uma das quatro
funções básicas. O que está ausente na consciência será encontrado
no inconsciente.
Segundo a caracterização de Jung, teríamos quatro tipos psicológicos
mistos: Reflexiva-Sensitiva (caso prevaleça o Pensamento em primeiro
plano e a Sensação em segundo, sobre as outras duas bastante
apagadas); Sentitiva-Reflexiva, Intuitiva-Sentimental e Sentimental-
Intuitiva.
Nosso tipo funcional indica nossas forças e fraquezas e o estilo de
atividade que tendemos a preferir. A tipologia de Jung é especialmente
útil no relacionamento interpessoal, ajudando-nos a compreender os
relacionamentos sociais. Ela descreve como as pessoas percebem,
usam critérios, agem e ao fazem julgamentos. Por exemplo, os
oradores Intuitivos-Sentimentais não terão um estilo de conferência
lógico, firmemente organizado e detalhado como são os oradores
Reflexivos- Sensitivos. É provável que seus discursos sejam
divagações, que apresentem o sentido de um tema abordando-o sob
vários ângulos diferentes, ao invés de desenvolvê-lo sistematicamente.

Jung distinguiu duas importantes atitudes ou orientações da


personalidade, a atitude de extroversão e a atitude de introversão. A
atitude extrovertida orienta a pessoa para o mundo externo, objetivo;
a atitude introvertida orienta a pessoa para o mundo interior,
subjetivo.
Os eventos externos a si mesmos são de suprema importância para o
extrovertido e influenciam sua vida desde o nascimento. Para o
introvertido, é característica a resposta subjetiva à circunstância. O
que os eventos lhe significam é sua preocupação primordial e, assim,
não reage a eles com a prontidão típica do extrovertido.
Com frequência, a introversão é confundida com a introspecção. O
perigo para tais pessoas é emergir de forma demasiada em seu mundo
interior, perdendo ou tronando tênue o contato com a ambiente
externo.
Os extrovertidos tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que
acontece à sua volta. Algumas vezes esses indivíduos são orientados
para os outros que podem acabar se apoiando quase exclusivamente
nas idéias alheias, ao invés de desenvolverem suas próprias opiniões.
Jung acreditava que extrovertidos e introvertidos eram membros
normais, saudáveis, da comunidade, constitucionalmente dispostos a
ver a vida de modo diferente. Essa disposição não é fixa como um
destino; pode alterar-se ou, de qualquer modo, tornar-se menos
marcada.
Ele acreditava ser proveitoso e desejável "olhar para dentro". Algumas
pessoas, descritas como introvertidas, têm consciência de que elas são
impelidas por sua reflexão sobre um objeto externo, enquanto outras,
as extrovertidas, atribuem a mudança em si mesmas ao objeto, algo
fora delas próprias que as afeta.
Jung deu-se conta de que a psicologia da consciência deve ser
coordenada com o inconsciente.
Na extroversão, o fluxo predominante de energia é de dentro para
fora, o conteúdo consciente refere-se principalmente a objetos
externos. Na introversão, o conteúdo consciente refere-se mais ao
sujeito, ao que está dentro do indivíduo.
O extrovertido estabelece usualmente um contato fácil com a vida e
com as pessoas; é mais natural, desenvolto, quando em contato com
as coisas externas. Muitos extrovertidos gostam de escutar rádio, e
ver TV; parecem mal dar-se conta de si mesmos, exceto de estiverem
em contato com alguma atividade externa. O introvertido,
caracteristicamente, é mais reservado e, por esta razão, pode ser
difícil de abordar. Mas não está perdido em um mundo só dele; está
em contato com o objeto externo tanto quanto o extrovertido, mas sua
atitude em relação a ele não é idêntica à do extrovertido.
Finalmente, chegou a conclusão de que havia variações entre os
introvertidos, assim como havia entre os extrovertidos. A natureza
humana, com toda a sua complexidade, dificilmente poderia ser
dividida em 2 grupos.
Jung concluiu que Freud era um extrovertido e Adler, um introvertido.
O próprio Jung era introvertido, uma realidade que, contribuiu para
seus problemas com Freud.
A consciência é dotada de um certo número de funções, que a orienta
no campo dos fatos actopsíquicos e endopsíquicos.
Jung identificou quatro funções psicológicas que chamou de
fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição.
Pensamento. Na sua forma mais simples, o pensamento exprime o que
uma coisa é. Dá o nome a essa coisa e junta-lhe um conceito, pois
pensar é perceber e julgar. O pensamento, por sua vez, está
relacionada com a verdade, com julgamentos derivados de critérios
impessoais, lógicos e objetivos. As pessoas nas quais predomina a
função de Pensamento são chamadas de Reflexivas. Os reflexivos são
grandes planejadores e tendem a se agarrar a seus planos e teorias,
ainda que sejam confrontados com contraditória evidência.
Sensação. A sensação, a função dos sentidos, seria a soma total de
minhas percepções de fatos externos, vindas até mim por meio dos
sentidos. A sensação me diz que alguma coisa é; não exprime o que é,
nem qualquer outra particularidade da coisa em questão. A sensação
se refere a um enfoque na experiência direta, na percepção de
detalhes, de fatos concretos. Reporta-se ao que uma pessoa pode ver,
tocar, cheirar. Os sensitivos tendem a responder à situação vivencial
imediata, e lidam eficientemente com todos os tipos de crise e
emergências. Adaptam-se facilmente às emergências do cotidiano.
Sentimento. São orientados para o aspecto emocional da experiência.
Preferem emoções fortes e intensas ainda que negativas. A consciência
e princípios abstratos são altamente valorizados pela pessoa
sentimental.
Aqui as idéias se confundem e entram em choque; todo mundo se
irrita quando fala sobre sentimento. O sentimento nos informa, através
de percepções que lhes são inerentes, acerca do valor das coisas. É ele
que nos diz, por exemplo, se uma coisa é aceitável, se ela nos agrada
ou não. Jung, considera o sentimento uma função racional. Todo o
homem que pensa está absolutamente convencido de que sentimento
jamais poderá ser enquadrado entre as coisas da razão; para eles, o
sentimento é totalmente irracional. O sentimento parece ser
totalmente irracional porque as pessoas sentem tudo de maneira
idiota: eis a razão de todo mundo estar convencido, de que devemos
controlar nossos sentimentos.
Intuição. É uma forma de processar informações em termos de
experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. As
implicações da experiência não são mais importantes para os intuitivos
do que a experiência real por si mesma.
Intuição é uma espécie de faculdade mágica, coisa próxima da
adivinhação, espécie de faculdade miraculosa. É uma função pela qual
se antevê o que se passa pelas esquinas, coisas que habitualmente
não é possível. Entretanto encontramos pessoas que fazem tudo isso e
acabamos acreditando nelas. É uma função que normalmente fica
inativa se vivermos trancados entre 4 paredes, numa vida de rotina.
A intuição é um tipo de percepção que não passa exatamente pelos
sentidos; registra-se ao nível do inconsciente, e é onde abandono
todas as tentativas de explicação dizendo: "Não sei como isso se
processa".
As funções psicológicas são controladas habitualmente pela vontade.
quando as funções são controladas elas podem ser postas fora de uso,
podem ser supridas, selecionadas, aumentadas de intensidade,
dirigidas por uma intenção.
Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a
Individuação ou auto desenvolvimento. Individuação significa tornar-se
um ser único, homogêneo, na medida em que por individualidade
entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável,
significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo.
Pode-se traduzir individuação como tornar-se si mesmo, ou realização
do si mesmo.
Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e,
portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui
o desenvolvimento do eixo Ego-Self, além da integração de várias
partes da psique: ego, persona, sombra, anima ou animus e outros
arquétipos inconscientes. Quando tornam-se individuados, esses
arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas. Quanto
mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto-
conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente
pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, sai
emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e
pessoal do Eu, aberta para a livre participação de um mundo mais
amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais
aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de
caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por
contra- tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação
com o mundo dos objetos, colocando o indivíduo numa comunhão
incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.
Do ponto de vista do ego, crescimento e desenvolvimento consistem
na integração de material novo na consciência, o que inclui a aquisição
de conhecimento a respeito do mundo e da própria pessoa. O
crescimento, para o Ego, é essencialmente a expansão do
conhecimento consciente. Entretanto, Individuação é o
desenvolvimento do Self e, de seu ponto de vista, o objetivo é a união
da consciência com o inconsciente. Como analista, Jung descobriu que
aqueles que vinham a ele na primeira metade da vida estavam
relativamente desligados do processo interior de individuação; seus
interesses primários centravam-se em realizações externas, no
"emergir" como indivíduos e na consecução dos objetivos do Ego.
Analisando mais velhos, que haviam alcançado tais objetivos, de forma
razoável, tendiam a desenvolver propósitos diferentes, interesse maior
pela integração do que pelas realizações, busca com a totalidade da
psique.
O primeiro passo no processo de individuação é o desnudamento da
persona. Embora esta tenha funções protetoras importantes, ela é
também uma máscara que esconde o Self e o inconsciente.
Ao analisarmos a persona, dissolvemos a máscara e descobrimos que,
aparentando ser individual, ela é de fato coletivo; em outras palavras,
a persona não passa de uma máscara da psique coletiva. No fundo, na
tem de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a
sociedade acerca daquilo que alguém parece ser: nome, título,
ocupação, isto ou aquilo. De certo modo, tais dados são reais mas, em
relação à individualidade essencial da pessoa, representam algo de
secundário, uma vez que resultam de um compromisso no qual outros
podem ter uma quota maior do que a do indivíduo em questão.
O próximo passo é o confronto coma sombra. Na medida em que nós
aceitamos a realidade da Sombra e dela nos distinguimos, podemos
ficar livres de sua influência. Além disso, nós nos tornamos capazes de
assimilar o valioso material do inconsciente pessoal que é organizado
ao redor da sombra.
O terceiro passo é o confronto com a anima ou animus. Este arquétipo
deve ser encarado como uma pessoa real, uma entidade com quem se
pode comunicar e de quem se pode aprender. Jung faria perguntas à
sua anima sobre a interpretação de símbolos oníricos, tal como um
analisando a consultar um analista. O indivíduo também se
conscientiza de que a anima (ou o animus) tem uma autonomia
considerável e de que há probabilidade dela influenciar ou até dominar
aqueles que a ignoram ou os que aceitam cegamente suas imagens e
projeções como se fossem deles mesmos.
O estágio final do processo de individuação é o desenvolvimento do
Self. Jung dizia que o si mesmo é nossa meta de vida, pois é a mais
complexa expressão daquela combinação do destino a que nós damos
o nome de indivíduo. O Self torna-se o novo ponto central da psique,
trazendo unidade à psique e integrando o material consciente e o
inconsciente. O ego é ainda o centro da consciência, mas não é mais
visto como o núcleo de toda a personalidade.
Jung descreve que devemos ser aquilo que somos e precisamos
descobrir nossa própria individualidade, aquele centro da
personalidade que é equidistante do consciente e do consciente. Dizia
que precisamos visar este ponto ideal em direção ao qual nossa
natureza parece estar nos dirigindo. Só a partir deste ponto podemos
satisfazer nossas necessidades.

É necessário ter em mente que, embora seja possível descrever a


individuação em termos de estágios, o processo de individuação é bem
mais complexo do que a simples progressão aqui delineada. Todos os
passos mencionados sobrepõe-se e as pessoas voltam continuamente
a problemas antigos. A individuação poderia ser apresentada como
uma espiral na qual os indivíduos permanecem confrontando com as
mesmas questões básicas de forma cada vez mais refinada.
Processo Terapêutico
Quando as concepções eram mais ingênuas, a psicoterapia era
considerada uma técnica que, por assim dizer, qualquer um poderia
empregar se a tivesse aprendido de cor.
Deveras, enquanto a psicoterapia consistia em hipnotismo, sugestão,
persuasão, "reeducação da vontade", cueísmo (método de cura por
auto-sugestão de Émile Cuoé) e outras coisas, cada qual podia
aprender a arte de cor e fazer seu discurso na ocasião própria ou
imprópria.
O que poderia lançar mais luz sobre o fato de que a psicoterapia não é
simples "técnica" do que a multiplicidade de técnicas, de opiniões, de
"psicologias" e de premissas filosóficas (ou de falta delas)? Não é
precisamente esta multiplicidade e controriedade que mostram tratar-
se de algo bem superior do que mera técnica? Uma técnica pode ser
modificada e incrementada por todo tipo de receitas e artifícios; e
todos receberão muito bem qualquer modificação para melhor.
Por muito tempo imaginamos ser possível tratar a psicoterapia
"tecnicamente", como fórmula de receituário, um método operacional
ou um teste de cores. O clínico geral pode lançar mão de todas as
técnicas existentes, não importando se tem esta ou aquela opinião
pessoal sobre seu paciente, se defende esta ou aquela teoria
psicológica, se possui convicções filosóficas ou religiosas. Mas na
psicoterapia não se pode proceder assim. Querendo ou não, o médico
está nela envolvido com suas convicções, tanto quanto o paciente. O
objeto do método não é uma substância anatomicamente morto, nem
um abscesso ou uma substância química, mas a totalidade de uma
pessoa sofredora. O objeto da terapia não é uma neurose, mas a
pessoa que tem neurose. Já sabemos de longa data que a neurose
cardíaca, por exemplo, não se origina no coração, conforme dizia a
antiga mitologia médica, mas na psique do paciente.
Na neurose, o médico não se defronta com um campo delimitado da
doença, mas com uma pessoa doente. Esta não está doente por causa
de um único mecanismo ou de um foco isolado de doença, mas está
doente no todo de sua personalidade.
Pelo fato de a personalidade e a atitude do médico serem de
importância fundamental na terapia – mesmo que isto seja ou não
aceito por alguns – sua opinião pessoal é desproporcionalmente forte
na história da psicoterapia, a ponto de causar divisões aparentemente
irreconciliáveis. FREUD se baseia com frenética unilateralidade na
sexualidade, na concupiscência ou, numa palavra, no "princípio do
prazer". Tudo gira em torno da questão se alguém pode fazer o que
gostaria. "Repressão", "sublimação", "regressão", "narcisismo",
"incesto", "satisfação de desejos" etc. são meros conceitos e pontos de
vista relacionados com o drama do "princípio do prazer". Parece até
que nesta doutrina a concupiscência da natureza humana foi elevada a
princípio fundamental de sua psicologia.
Também ADLER cavou no vasto campo da concupiscência humana e
tirou daí sua necessidade de "auto-afirmação". Com a mesma
unilateralidade de FREUD, fez dessa tendência da natureza humana
um princípio básico de sua psicologia.
FREUD e ADLER explicam a neurose só a partir do ângulo infantil. No
entanto, uma explicação mais abrangente deveria também considerar
a vontade de adaptação.
Tendo constatado que todo neurótico sofre de concupiscência infantil,
precisamos ainda ver como está a situação da vontade de adaptação
pois pode acontecer que esteja desenvolvendo uma concupiscência
infantil só como "compensação". Neste caso sua concupiscência seria
apenas sintomática e não genuína, e, se explicada a partir do aspecto
infantil, haveria um erro de interpretação e concomitantemente um
imperdoável erro profossional.
O "infantilismo" é algo bastante ambíguo. Em primeiro lugar, pode ser
genuíno ou simplesmente sintomático e, em segundo lugar, pode ser
apenas residual ou embrionário.
Naturalmente, a teoria do infantilismo tem uma vantagem que não
pode ser desprezada, isto é, que o médico está sempre "por cima",
como representante do estado "sadio" e superior, enquanto o paciente
é uma vítima da satisfação inconsciente de desejo peverso-infantins.
E em muitos casos a teoria do infantilismo é uma trilha bem vinda que
desvia dos problemas agudos e desagradáveis para as paragens
psíquicas, aparentemente etiológicas, da infância, onde se pretende
descobri por que a gente não presta no presente e o que os pais e a
educação tiveram grande culpa nisso tudo.
A psicanálise mesmo como técnica não, é nada simples. É bem
complicada, mais cheia de artimanhas do que um complicado processo
químico.
A neurose absolutamente não é apenas algo negativo; é também algo
positivo. Somente um racionalismo sem alma apoiado na estreiteza de
uma cosmovisão puramente materialista, pode desconhecer este fato.
Na verdade, a neurose contém a psique da pessoa ou, ao menos parte
muito importante dela. Se, de acordo com a intenção racionalista, a
neurose pudesse ser arrancada à semelhança de um dente estragado,
a pessoa não teria ganho nada; ao contrário, teria perdido algo muito
importante, como o pensador que tivesse perdido a capacidade de
duvidar da veracidade de suas conclusões, como o moralista que
tivesse perdido a tentação, ou como o homem valente que ficasse
privado do medo. A psicologia da neurose que só vê o lado negativo
joga fora a água do banho com a criança, porque despreza o sentido e
o valor do "infantil", isto é da fantasia criadora.
A neurose é um sofrimento da psique humana em sua vasta
complexidade. Esta complexidade é tão grande que de antemão
podemos afirmar de cada teoria da neurose ser ela um esboço quase
sem valor, a não ser que apresente um quadro gigantesco da psique,
de dimensão inconcebível.
Lidar com material psíquico requer grande tato e uma sensibilidade
quase artística. Como disse acima, a neurose consiste de um não
querer infantil e de uma vontade de adaptação. Por isso é necessário
descobri antes de tudo em que lado recai o acento, pois é dali que o
caminho prosseguirá. Na neurose encontra-se nosso maior amigo ou
inimigo. Não se pode apreciá-lo o suficiente, a não ser por força do
destino alguém tenha uma atitude hostil perante a vida. Naturalmente,
há sempre desertores que, no entanto nada nos tenha a dizer e nem
nós a eles.
O simbolismo neurótico é ambíguo, aponta ao mesmo tempo para trás
e para frente, para cima e para baixo. O doente não deve aprender
como se livrar da neurose, mas como suportá-la. A doença não é um
peso supérfluo e, portanto, sem sentido, mas é ele mesmo; ele
mesmo como o "outro" que, por comodismo infantil, por medo ou por
outra razão qualquer, sempre procurou excluir.
Uma neurose estará realmente liquidada quando tiver liquidado a falsa
atitude do eu. Não é ela que é curada, mas é ela que nos cura. A
pessoa está doente e a doença é uma tentativa da natureza de curá-
la.
A verdadeira causa da neurose está no hoje, pois ela existe no
presente. Não é de forma alguma um caput mortuum. Pelo fato de
defrontarmos hoje com o conflito neurótico, a digressão histórica é um
rodeio, quando não um desvio.
As religiões são sistemas psicoterapêuticos no sentido mais exato da
palavra e em grande escala. Exprimem o âmbito do problema psíquico
em imagens impressionantes. São o credo e o reconhecimento da
alma.
O mal básico da neurose é a perda dessa conexão maior e, por isso, o
caminho do doente se perde em meio a pequenos e pequeníssimos
becos de reputação duvidosa, pois quem nega a maior tem que buscar
a culpa no menor.
Segundo Jung, a psicoterapia ainda tem muito a aprender e
reaprender até que faça justiça a seu objeto, isto é, a psique humana
em toda a sua abrangência; e até que consiga não mais pensar de
modo neurótico, mas ver os processos da psique em suas verdadeiras
proporções. Não apenas a concepção geral da neurose, mas também a
concepção das funções psíquicas complexas, como, por exemplo, a
função do sonho, precisam de revisão acurada.
Conclusão
É inegável a relevante contribuição deixada por Carl Gustav Jung ao
final de sua obra. Seus conceitos desenvolvidos servem de base para o
estudo e entendimento de vastos fenômenos psíquicos.
Não podemos deixar de mencionar a semelhança entre a teoria de
Jung e Freud, já que o mesmo foi discípulo de Freud, e ainda que
apresente sérias divergências, carrega uma forte bagagem da obra
psicanalítica desenvolvida por Freud.
Uma outra questão a ser levantada se trata da metodologia utilizada
por Jung para comprovar sua teoria. Ele utilizou o método da
associação de palavras, o método da análise dos sonhos e, por último,
da imaginação ativa. Houve uma porcentagem de sua teoria como o
que se trata de função intuitiva em que segundo palavras do próprio
Jung "Não sei como isso se processa" fica sem comprovação empírica,
algo para assegurar e validar a teoria.
Ao término deste trabalho aprofundamos nossos conhecimentos acerca
de um importante autor, o que virá a nos acrescentar muito em nossa
formação profissional e enriquecimento pessoal. E por isso fica exposto
a gratificação do grupo em desenvolver este trabalho.
Bibliografia
- Calvin S. Hall, Gardner Lindzey, Jonh B. Campbell. Teorias da
Personalidade.
·0 C. G. Jung. Fundamentos da psicologia Analítica.
·1 E. A. Bennet. O que Jung disse realmente. Editora JZE. Rio de
Janeiro. 1985.
·2 C. G Jung. Psicologia em Transição. Editora Vozes. Petrópolis.
1993.
- Emilio M. Lopez. Os Fundamentos da psicanálise. Editora Científica.
Rio de Janeiro.

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