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TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE

Resumo

O trabalho busca fazer a distinção da tutela antecipada (tutela de urgência)


em caráter antecedente e em caráter incidental, apreciando-se os efeitos práticos da
possibilidade de estabilização da tutela antecipada concedida em caráter
antecedente

Introdução

No CPC/15, o termo “tutela provisória” é gênero, do qual são espécies a tutela


de urgência e tutela de evidência. Trata-se de uma divisão elaborada com base nos
fundamentos que justificam uma celeridade maior nas questões urgentes ou
evidentes (art. 294).
A tutela de urgência pode ter natureza cautelar ou satisfativa/antecipada. O
que as diferencia é que a tutela de urgência cautelar nunca realiza o direito material.
Seu objetivo principal é proteger o direito material discutido no processo e assegurar
a sua realização no futuro. Já a tutela de urgência antecipada, o objetivo principal é
a realização do direito material (a entrega do bem jurídico protegido), em caráter
provisório, até o julgamento do pedido principal.
Apesar desta diferenciação entre os institutos, as tutelas de urgência (cautelar
e antecipada) possuem requisitos comuns. Ambas exigem a comprovação da
probabilidade do direito alegado e a possibilidade de dano ou risco ao resultado útil
do processo (art. 300).
Ressalta-se que, em algumas situações, a tutela de urgência (cautelar ou
antecipada) poderá ser concedida liminarmente, ou seja, antes da manifestação do
réu (art. 300, § 2º). Neste caso, o contraditório não será suprimido, apenas
prorrogado para momento futuro. O CPC/15 não é claro quanto aos requisitos da
tutela de urgência liminar. Entende-se que, além dos elementos do art. 300, o
requerente deve demonstrar, de forma clara, que “[...] se o réu tomar ciência do
pedido de tutela de urgência, este poderá tornar ineficaz a pretensão requerida pela
parte” (SOARES, 2015, p.253). Humberto Theodoro Júnior complementa:
O perigo tanto pode derivar de conduta do demandado como de fato
natural. O que justifica a liminar é simplesmente a possibilidade de o dano
consumar-se antes da citação, qualquer que seja o motivo. Impõe-se o
provimento imediato, porque, se se tiver de aguardar a citação, o perigo se
converterá em dano, tornando tardia a medida cuja finalidade é,
essencialmente, preveni-lo (THEODORO JR, 2015, p.622).

Ademais, as tutelas provisórias de urgência podem ser ser requeridas


momentos diferentes: em caráter antecedente ou incidental (art. 294, parágrafo
único). Essa classificação (antecedente ou incidental) considera o momento em que
o pedido de tutela provisória é realizado, tendo como parâmetro, o momento da
formulação do pedido principal (de tutela definitiva). Fredie Didier exemplifica:

A tutela provisória incidental é aquela requerida dentro do processo em que


se pede ou já se pediu a tutela definitiva, no intuito de adiantar seus efeitos
(satisfação ou acautelamento). É requerimento contemporâneo ou posterior
à formulação do pedido de tutela definitiva: o interessado ingressa com um
processo pleiteando, desde o início, tutelas provisória e definitiva ou
ingressa com um processo pleiteando apenas a tutela definitiva e, no seu
curso, pede a tutela provisória. A tutela provisória antecedente é aquela que
deflagra o processo em que se pretende, no futuro, pedir a tutela definitiva.
É requerimento anterior à formulação do pedido de tutela definitiva e tem
por objetivo adiantar seus efeitos (satisfação ou acautelamento). Primeiro,
pede-se a tutela provisória; só depois, pede-se a tutela definitiva. (DIDIER
JR, 2015, p.571).

Em ambos os casos, as tutelas provisórias são pleiteadas e concedidas no


mesmo procedimento em que se discute o pedido principal (de tutela definitiva). O
requerimento incidental será feito no juízo da causa (no processo principal), ou
quando antecedente, no juízo competente para conhecer do pedido principal futuro a
ser deduzido (art. 299).
Em síntese, o fato comum na tutela de urgência cautelar e antecipada é a
possibilidade de deferimento quando verificado a probabilidade do direito e o perigo
na demora. Ainda, ambas podem ser requeridas de forma antecedente ou incidental
e, diante da necessidade, concedidas liminarmente, em razão da efetividade da
decisão.
Embora as tutelas cautelares e satisfativas tenham sido integradas ao gênero
comum da tutela de urgência, o mecanismo da estabilização da tutela (art. 304)
refere-se apenas à hipótese prevista no art. 303 (tutela antecipada requerida em
caráter antecedente), e não se aplica às tutelas cautelares.
Como a estabilização da tutela pressupõe rito próprio (arts. 303 e 304),
também não haverá possibilidade de estabilização da tutela antecipada requerida
em caráter incidental.

Procedimento para a concessão da tutela antecipada antecedente

Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a


petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada (satisfativa) e à
indicação do pedido de tutela final (de tutela definitiva), com a exposição da lide
(causa de pedir), do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao
resultado útil do processo (art. 303).
A inovação procedimental do art. 303 possibilita instaurar o processo apenas
com o pedido antecipatório de mérito, por conta da situação de urgência, “indicando”
(mas não formulando propriamente) o pedido principal, que será deduzido
posteriormente, se for o caso.
Esse procedimento antecipatório é reservado aos casos em que o direito se
mostra na iminência de decair ou perecer se não receber imediata proteção judicial,
como o descrito por Humberto Theodoro Jr:

[...] o exemplo seria um paciente que deve se submeter a determinado


tratamento, a que o seu plano de saúde se recusa a cobrir. O estado de
saúde do segurado é grave, sendo imprescindível que o tratamento seja
iniciado imediatamente. Assim, o paciente pode usar da tutela satisfativa
antecedente para viabilizar a imediata proteção do seu direito, postergando
a formulação e fundamentação completa do pedido principal para um
aditamento da petição inicial, como previsto no art. 303, se for o caso
(THEODORO JR., 2015, p.653).

Ademais, essa técnica procedimental é destinada exclusivamente para dar


oportunidade à estabilização da tutela antecipada concedida. Conforme Humberto
Theodoro Jr:
A principal justificação para o procedimento detalhado pelos arts. 303 e 304
para a tutela antecipada requerida em caráter antecedente é a preparação
para uma possível estabilização da medida provisória, capaz de abreviar a
solução da controvérsia, evitando, assim, a continuidade do processo até a
composição definitiva de mérito (art. 304). O procedimento sumário, in casu,
é franqueado ao autor, na esperança de que o demandado, diante do
quadro em que a liminar foi requerida e executada, não se animará a resisti-
la. Daí a previsão de estabilização da medida, sem instauração do processo
principal e sem formação de coisa julgada (THEODORO JR., 2015, p.653-
654).

Para o autor (requerente) valer-se do benefício da tutela antecipada


antecedente (com possibilidade de estabilização), esta opção deve ser declarada
expressamente na petição inicial (art. 303, §5º). Desse modo, o autor faz presumir o
seu interesse na estabilização. Ademais, o autor deverá indicar na petição inicial o
valor da causa que deve corresponder ao valor da causa do pedido principal (art.
303, §4º).

Indeferimento da liminar e emenda da petição inicial

Não sendo hipótese de concessão da tutela antecipada antecedente, será


determinada a emenda da petição inicial em até 5 dias. Se ela não for emendada, o
caso é de indeferimento e extinção do processo sem resolução de mérito (art. 303, §
6º).

Decisão concessiva de tutela antecipada antecedente

Sendo concedida a tutela antecipada (nos termos em que requerida), o réu


será imediatamente intimado, para que cumpra a providência, e terá oportunidade
de interpor agravo de instrumento em 15 dias a contar da ciência da liminar (arts.
1.003, § 2º e 1.015, I) (THEODORO JR, 2015).
A inércia do réu, diante da decisão concessiva de tutela antecipada
antecedente, será interpretada como fundamento do art. 304, estabilizando a tutela
(o art. 304 será examinado na sequência).
Portanto, a regra do I do § 1º do art. 303 deve ser interpretada, apesar do
texto não deixar claro, como medida a ser tomada após o prazo reservado ao
requerido para recorrer (THEODORO JR, 2015).
Art. 303, § 1º, I. Sendo concedida a tutela antecipada (e pressupondo que o
caso não é de estabilização de tutela):

 O autor deverá, em 15 dias ou em outro prazo maior fixado pelo juiz, aditar
a petição inicial (nos mesmos autos e sem novas custas processuais),
com a complementação de sua argumentação (causa de pedir), a juntada
de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final. Não
realizado o aditamento da petição inicial, o processo será extinto sem
resolução do mérito (art. 303, §2º).
 Realizado o aditamento, o réu será citado e intimado para que compareça
à audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334. Somente
se não houver solução consensual, começará a contar seu prazo para
contestação na forma do art. 335 (art. 303, §1º, II, III). A contestação, se
houver, será contra a demanda principal.

Repare que o § 1º do art. 303 determina que quando concedida a tutela


antecipada na forma do art. 303, o autor “deverá” aditar a petição inicial (art. 303, §
1º, I), sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito (art. 303, §2º).
Na verdade, somente haverá possibilidade de aditamento da inicial pelo autor
(e consequentemente, após o aditamento, prosseguir rumo à audiência de
conciliação e mediação), se o réu interpuser agravo de instrumento contra a decisão
que antecipou a tutela. Caso o réu não impugne a liminar concedida, a decisão
torna-se estável (art. 304, caput) e o processo será extinto (art. 304, §1º). Se isso
acontecer, o §2º do art. 303 deve ser interpretado em conjunto com o art. 304, caput
e §1º, ou seja, o processo se extinguirá sem resolução do mérito, porém
conservando o provimento já emitido (estabilização dos efeitos da tutela). Contudo,
qualquer das partes poderá, por meio de ação autônoma própria, requerer a
modificação da tutela antecipada estabilizada (art. 304, §2º). Como a estabilização
normalmente é algo positivo para o autor, uma vez que estabiliza a eficácia da
medida satisfativa obtida, a decisão do processo principal será dispensada. Em
regra, tal iniciativa acabará sendo tomada pelo réu (THEODORO JR, 2015),
(MARINONI, 2015).

Estabilização da tutela antecipada antecedente

O art. 304 informa que a tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303
(em caráter antecedente), torna-se estável se da decisão (interlocutória) que a
conceder não for interposto o respectivo recurso (agravo de instrumento).
A decisão estável não poderá mais ser modificada ou reformada nos próprios
autos, em razão da preclusão (inércia do réu), e o processo será extinto (art. 304,
§1º). As decisões estáveis, portanto, só poderão ser revistas, reformadas ou
invalidades em ação autônoma própria ajuizada por uma das partes (art. 304, § 2º).
Sua tramitação observará o procedimento comum.
A tutela antecipada (estabilizada) conservará seus efeitos enquanto não
revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito (em cognição exauriente)
proferida na ação própria para tanto (art. 304, § 3º). As partes poderão requerer o
desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida satisfativa, para instruir
a petição inicial da referida ação, sendo prevento o juízo em que a tutela antecipada
foi concedida (art. 304, § 4º). O direito de modificar a tutela antecipada estabilizada,
previsto no § 2º do art. 304, extingue-se após 2 anos, contados da ciência da
decisão que extinguiu o processo (art. 304, § 5º).
Por fim, a decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a
estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir,
reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada com este propósito (art. 304, §6º).
Como há previsão expressa de que não há coisa julgada (porque fundada em
cognição sumária), não cabe ação rescisória contra tal decisão.

É possível optar, sempre, pela tutela antecipada antecedente?

Como já comentado, em razão da situação de urgência contemporânea à


propositura da ação, o procedimento do art. 303 possibilita que o autor se limite ao
requerimento da medida satisfativa e apenas “indique” o pedido principal, que será
deduzido posteriormente, se for o caso.
Além disso, para o autor valer-se do benefício da tutela antecipada
antecedente (com possibilidade de estabilização), esta opção deve ser declarada
expressamente na petição inicial (art. 303, §5º). Desse modo, o autor faz presumir o
seu interesse na sua estabilização.
Isso porque, pode ser que o autor tenha interesse em obter uma decisão
definitiva que faça coisa julgada. Por exemplo, “[...] não basta uma separação
provisória de corpos, é necessário um divórcio definitivo com dissolução do vínculo
matrimonial, para que se realize o direito, permitindo que se contraiam novas
núpcias [...]”. (DIDIER JR, 2015, p.606)
Assim, a pergunta que deve ser feita é: o autor se contentará com a tutela
provisória estabilizada? Para responder essa pergunta, devemos saber qual é a
pretensão do autor. Conforme Humberto Theodoro Júnior,

Se esta reduzida prestação de tutela não for o intento do requerente, poderá


usar outras vias com pedido mais amplo, visando preparar realmente a
propositura da demanda principal e buscando a liminar satisfativa apenas
para momentaneamente afastar o periculum in mora. Nessa situação,
requererá a citação do réu, com prazo para defesa imediata quanto à
liminar, e a conversão em demanda principal se dará na sequência sem,
portanto, passar pelo incidente da estabilização (art. 304), utilizando, por
analogia, o procedimento do art. 305 e ss., relativo à tutela cautelar
antecedente. Poderá, ainda, requerer a medida antecipatória cumulada com
a pretensão principal, ou também mediante formulação incidental já no
curso da ação principal (...) (THEODORO JR., 2015, p.662).

CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, conclui-se:


 A inovação procedimental do art. 303 possibilita instaurar o processo
apenas com o pedido antecipatório de mérito, por conta da situação de
urgência, “indicando” (mas não formulando propriamente) o pedido
principal.
 Para o autor valer-se do benefício da tutela antecipada antecedente (com
possibilidade de estabilização), a opção por este procedimento deve ser
declarada expressamente na petição inicial (art. 303, §5º). Desse modo, o
autor faz presumir o seu interesse na estabilização. O autor também
deverá indicar na petição inicial o valor da causa que deve corresponder
ao valor da causa do pedido principal (art. 303, §4º).
 A inércia do réu, diante da decisão concessiva de tutela antecipada
antecedente (nos termos em que requerida), possibilitará a estabilização
da tutela. Desta forma, o procedimento do art. 303 deve ser analisado em
conjunto com o art. 304.
 A escolha pelo procedimento de tutela antecipada antecedente depende
da pretensão do autor (ele se contentará com a tutela provisória
estabilizada?). Essa técnica procedimental é destinada exclusivamente à
estabilização da tutela antecipada. Se o autor tiver interesse em obter uma
decisão definitiva que faça coisa julgada, não deve utilizar esta técnica.
 A estabilização da tutela antecipada pressupõe rito próprio (arts. 303 e
304). Logo, se o autor optar pela estabilização da tutela antecipada
antecedente, mas, ao mesmo tempo, já deduzir o pedido principal, não
haverá possibilidade de estabilização da tutela.

Referências:

BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva.
2015.

DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão,
precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 10ª ed. Salvador: Ed. Jus
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MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de
Processo Civil. Volume 2. Tutela dos Direitos Mediante Procedimento Comum. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015.

MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de processo civil comentado: com remissões e
notas comparativas ao CPC/1973. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

SOARES, C. H. Tutela Provisória no Novo Código de Processo Civil Brasileiro. Revista


Forense, v. 421, p. 252-268, 2015.

THEODORO JR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito
processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I / Humberto
Theodoro Júnior. 56ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015.

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