Esplora E-book
Categorie
Esplora Audiolibri
Categorie
Esplora Riviste
Categorie
Esplora Documenti
Categorie
Daniela G. Garib*
Omar Gabriel da Silva Filho**
Guilherme JanSon***
João Henrique Nogueira Pinto****
Resumo Abstract
A fissura labiopalatina, como o que compromete a integridade do The lip and palate clefts, as the name the anatomical rupture which compro-
nome sugere, aloja-se na face mé- rebordo alveolar, 2) pelos problemas suggests, are located in the midface mises the integrity of the alveolar ridge;
dia, rompendo lábio, palato ou as dentários, agenesias e más posições and split the lip, the palate or both the 2) due to the dental problems, the
duas estruturas. Portanto, está na envolvendo os dentes adjacentes à structures. Therefore, cleft lip and pal- agenesis and malpositions involving the
área de alcance do dentista e causa fissura, e 3) pela deficiência maxilar, ate is pertaining to the Dentistry field teeth adjacent to the cleft; and 3) due
problemas estruturais no osso alve- sagital e transversal induzida pelas and causes morphological problems in to the sagittal and transversal maxillary
olar e na maxila como um todo, na cirurgias plásticas reconstrutivas. O the maxillary alveolar region and in the deficiency induced by the reconstruc-
dependência da extensão da fissura. presente artigo se dedica a um re- maxilla, depending on the cleft exten- tive plastic surgeries. This article is
A relação óbvia e urgente com a má passe panorâmico sobre a etiologia sion. The obvious and urgent relation dedicated to a panoramic overview of
oclusão é compreendida de três ma- dessa anomalia que acomete 1 em of the cleft lip and palate to the mal- the etiology of this malformation which
neiras: 1) pela ruptura anatômica cada 650 brasileiros. occlusion occurs by three manners: 1) affects one in every 650 Brazilians.
Palavras-chave: Keywords:
Etiologia. Fissuras labiopalatinas. Má oclusão. Etiology. Cleft lip and palate. Malocclusion.
A B C
Figura 1 Fissuras labiopalatinas: A) fissura labial; B) fissura completa de lábio e palato unilateral; C) fissura palatina.
C D E
ou exposição teratogênica particular já bem definidas ou em fatores ambientais. As fissuras labiopalatinas são determi-
definição. Um exemplo, a síndrome velocardiofacial (Fig. 3) nadas dependendo do número ou procedência dos genes
apresenta um grande número de alterações fenotípicas que e/ou fatores ambientais em ação. A malformação apresen-
incluem insuficiência velofaringeana atribuída a fissuras evi- ta-se apenas quando a suscetibilidade excede um limiar
dentes ou submucosas de palato, hipernasalidade, defeitos crítico7. E quanto maior a suscetibilidade, mais extensa é a
cardíacos e problemas desenvolvimentais como dificuldade fissura. Por isso, pais de uma criança com fissura labiopala-
de aprendizagem, comandada por uma deleção no cromos- tina podem não apresentar a fissura e tampouco um histó-
somo 22q11.2, ocorrendo em 1 para cada 4.000 nascimentos3. rico familiar para esse tipo de malformação; mas, ao gerar
Por outro lado, a etiologia das fissuras labiopalatinas iso- uma criança com fissura de lábio e palato, conclui-se que
ladas é mais complexa, apresentando causalidade multifato- os mesmos possuem genes para a formação dessa fissura.
rial, onde tanto os fatores genéticos (sistema poligênico de No entanto, os pais tiveram genes ativos em quantidade
herança), como os fatores ambientais, desempenham um pa- suficiente para que seus lábios e palatos fossem normais.
pel de relevância na determinação da malformação7. Esses Apenas quando o desequilíbrio entre os genes exceder
fatores são discutidos a seguir. um limiar crítico ocorrerá a malformação genética, e quan-
to mais esse limiar for superado, mais graves ou extensas
serão as malformações. Além disso, alguns genes confe-
Fatores genéticos rem maior suscetibilidade aos fatores ambientais, deno-
tando a importância da interação entre genes e ambiente
As fissuras labiopalatinas apresentam um padrão de he- na etiologia das fissuras labiopalatinas7,14.
rança poligênica interagindo com o meio ambiente, o que Estudos mostram uma maior prevalência da fissura em
qualifica uma etiologia multifatorial7. Essa irregularidade famílias de pacientes afetados se comparada à da popula-
é determinada pela interação de genes em diferentes ló- ção em geral. Aproximadamente 26% dos pacientes com fis-
cus, cada um com um pequeno efeito aditivo, somada aos suras labiopalatinas apresentam história familiar. O grau de
A B
C D E
REFERÊNCIAS
1. Carinci F, Scapoli L, Palmieri A, Zollino I, Pezzetti F. Human genetic factors in 9. Saxén I. Cleft lip and palate in Finland: parental histories, course of pregnancy and
nonsyndromic cleft lip and palate: an update. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2007 selected environmental factors. Int J Epidemiol. 1974 Sep;3(3):263-70.
Oct;71(10):1509-19. 10. Shaw GM, Lammer EJ. Maternal periconceptional alcohol consumption and risk for
2. Clark JD, Mossey PA, Sharp L, Little J. Socioeconomic status and orofacial clefts in orofacial clefts. J Pediatr. 1999 Mar;134(3):298-303.
Scotland, 1989 to 1998. Cleft Palate Craniofac J. 2003 Sep;40(5):481-5. 11. Shaw GM, Wasserman CR, Murray JC, Lammer EJ. Infant TGF-alpha genotype,
3. Devriendt K, Fryns JP, Mortier G, van Thienen MN, Keymolen K. The orofacial clefts, and maternal periconceptional multivitamin use. Cleft Palate
annual incidence of DiGeorge/velocardiofacial syndrome. J Med Genet. 1998 Craniofac J. 1998 Jul;35(4):366-70.
Sep;35(9):789-90. 12. Silva OG Filho, Ferrari FM Jr, Rocha DL, Freitas JAS. Classificação das fissuras lábio-
4. Hartridge T, Illing HM, Sandy JR. The role of folic acid in oral clefting. Br J Orthod. palatais: breve histórico, considerações clínicas e sugestão de modificação. Rev Bras
1999 Jun;26(2):115-20. Cir. 1992;82(2):59-65.
5. Loffredo LC, Souza JM, Freitas JA, Mossey PA. Oral clefts and vitamin 13. Trindade IEK, Silva OG Filho. Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar.
supplementation. Cleft Palate Craniofac J. 2001 Jan;38(1):76-83. São Paulo: Ed Santos; 2007.
6. MRC Vitamin Study Research Group. Prevention of neural tube defects: results of the 14. Wong FK, Hagg U. An update on the aetiology of orofacial clefts. Hong Kong Med J.
Medical Research Council Vitamin Study. Lancet. 1991 Jul 20;338(8760):131-7. 2004 Oct;10(5):331-6.
7. Mossey PA. The heritability of malocclusion: Part 1 - genetics, principles and 15. World Health Organization. Global strategies to reduce the health-care burden of
terminology. Br J Orthod. 1999 Jun;26(2):103-13. craniofacial anomalies. Genebra: WHO 2002.
8. Nagem H Filho, Moraes N, Rocha RGF. Contribuição para o estudo da prevalência 16. Wyszynski DF, Beaty TH. Review of the role of potential teratogens in the origin of
das más formações congênitas lábio-palatais na população escolar de Bauru. Rev Fac human nonsyndromic oral clefts. Teratology. 1996 May;53(5):309-17.
Odontol São Paulo. 1968;6(2):111-28.