Sei sulla pagina 1di 25

~

COLEGIO.
BRASILEIRO . N

DE CIRURGIOES
Ano 2 - Fascículo I - julho 2002

Programa de
Auto-Avaliacào em Cirurgia
Tromboembolismo venoso

Apoio:

. YfAventis
COLÉGIO
BRASILEIRO
Editorial
DE ClRURGIOES

Editor
Newton Marins

EditoresMédicos
JoséReinamRamos
Accyoli MoreiraMaia

EditoresConvidados
...'-,.
MariseGomes
EduardoRamacciotti
FranciscoHumbertode AbreuMaffei

CoordenaçãoEditorial
)
BeatrizCouto

AssistênciaEditorial
Helio Cantimiro

Revisão
J
ClaudiaGouvêa

DireçãodeArte e Informática
Hélio Malkay Negri

ProjetoGráficoe ProgramaçãoVisual
AnaClaudiaDomingos
As complicações decorrentes de tromboembolismo levam a
A AventisPharmalida., patrocinadora
destaedição, seexime da responsabilidade problemas pós-operatórios graves, com altos índices de morbidade e
pela exatidãoou veracidadede conceitos,
opiniões e demais informaçõescontidas mortalidade, principalmente em pacientes idosos com afecções que
no presentematerial.
exigem imobilizações demoradas e naqueles com fatores de alto risco
Programa de Auto-Avaliação em
Cirurgia é uma publicação de
para surgimento de processos embólicos.
DIA Cumprindo mais uma etapa do Programa de Auto-Avaliação em
GRA
~
PHIC @ Cirurgia do CSC, os editores médicos selecionaram o tema tromboem-
EDITORA
Todacorrespondênciadeveser dirigida a: bolismo como assunto a ser abordado neste fascículo do Programa de
DiagraphicEditoralida.
Av. Paulode Frontin707 Rio Comprido
CEP20261-241 · Riodejaneiro-R)
. Educação Continuada, que analisa inicialmente o problema de um modo
Telefax:(21)2502-7405 geral e fixa-se, posteriormente, em casos especiais, que podem ocorrer
e-mail: editora@diagraphic.com.br

Comercialização e
com freqüência, como o tromboembolismo em pacientes idosos e as
Contatos Médicos
complicações tromboembólicas na evolução pós-operatória de pacien-
[f! tes submetidos a cirurgia bariátrica.
FARMÍDIA
,~ t"""f..io GÜ"tO I ;'-õ",o.;:Ou
O elevado padrão técnico-científico dos membros do CBC confere
e patrocinadapor
a segurança e a confiabilidade tão importantes para qualificar um

programa de ensino ou de atualização cirúrgica.

TCBC José Wazen da Rocha


Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Apresentação do autor

Tromboembolismo venoso
em cirurgia geral
o presente número do Programa de Auto-Avaliação do esc traz uma revisão bastante
abrangente de Gomes e Ramaciotti sobre o tromboembolismo venoso (TEV) em cirurgia
geral. Este é um tema que deve ser sempre rediscutido pelos cirurgiões de todas as
especialidades, pela grande importância desta doença como complicação de cirurgias
muitas vezes bem-sucedidas. Outro aspecto da necessidade de revisões periódicas do
assunto é que poucas afecções têm sido tão intensamente estudadas e pesquisadas como
o tromboembolismo venoso, em seus mais variados aspectos. Enganam-se aqueles que
pensam ser a preocupação com a trombose venosa pós-operatória apenas uma atitude
recente. Desde o começo do século passado havia preocupação com o TEV em pacientes
acamados ou cirúrgicos. O primeiro grande estudo de TEV em pacientes cirúrgicos data de
1941, quando Baker et aI. publicaram uma revisão com 1.665 casos de TEV diagnosticados
clinicamente e, em autópsias, 172.888 pacientes operados na Clínica Mayo. Estes autores
encontraram maior freqüência de TEV em laparotomias, cirurgias pélvicas femininas e
operações de grande magnitude. Chamaram a atenção também para o número de tromboses
venosas em que o primeiro sintoma foi a embolia pulmonar e para o número de casos
encontrados em autópsias, sem que o diagnóstico fosse feito em vida (Barker et aI.
Proc Staff Meet. Mayo Clinic, v. 16, p. 33, 1941). Datam também dos anos 1940 o início
do tratamento efetivo das tromboses com os anticoagulantes e as primeiras tentativas de
utilização de anticoagulantes com a finalidade de prevenir o TEV pós-cirúrgico, usando-se
as mesmas doses que começaram a ser utilizadas no tratamento. Este tipo de profilaxia foi
durante um tempo abandonado, até os anos 1970, quando se padronizou o uso das
minidoses de heparina. O desenvolvimento deste tipo de profilaxia fez parte de um grande
avanço nas pesquisas sobre o TEV, propiciado pelo desenvolvimento ou aperfeiçoamento
de métodos mais sensíveis e objetivos de diagnóstico e pelos novos conhecimentos
adquiridos na fisiologia e na fisiopatologia do sistema hemostático. Todos estes,aspectos
são enfocados na revisão ora apresentada, constituindo-se numa importante fonte de
atualização e consulta, principalmente para aqueles que no dia-a-dia têm que lidar
com a possibilidade de TEV em seus doentes e não dispõem de tempo para acompanhar
a extensa literatura continuamente publicada sobre o assunto.

Francisco Humberto de Abreu Maffei


Professor titular da disciplina de Cirurgia Vascular, Departamento de Cirurgia e Ortopedia,
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade EstadualPaulista (Unesp)

4
Programa
de Auto-Avaliaçãoem Cirurgia
Apresentação científica

Profilaxia do tromboembolismo
venoso em cirurgia geral
ACBC!TCBCD Marise Gomes*
MESBACVEduardo Ramacciotti**

A trombose venosa profunda (TVP) é uma A incidência anual de TVP foi calculada no
doença caracterizada pela formação de trom- Brasil, no município de Botucatu (SP),e está ao
bos, de forma oclusiva ou não, em veias do redor de 0,6 casol1 .000 habitantes por and10).
sistema venoso profundo. O mecanismo res- Na Suécia, onde há um controle populacional
ponsável pela transformação do sangue fluido mais efetivo, é de 1,6 casosl1 .000 habitantes
em uma massa gelatinosa, que em condições ao ano, e nos Estados Unidos, de 1,2/1.000 ha-
fisiológicas protege os indivíduos dos proces- bitantes ao ano(11).
sos hemorrágicos, foi descrito por Virchow, no O quadro clínico depende da extensão do
século XIX. Postulou-se que, para haver a for- processo de trombose que ocorre no sistema ve-
mação de trombos no sistema venoso profun- noso profundo, sendo em grande parte das ve-
do, seria necessária uma de três situações: zes assintomático e nos membros inferiores. A
1. hipercoagulabilidade: aumento da atividade TVP se manifesta clinicamente por edema da
de coagulação, congênita ou adquirida, ou di- extremidade acometida, acompanhado por dor
minuição da atividade fibrinolítica; espontânea à palpação da panturrilha, ou, even-
2. estase: redução do fluxo venoso profundo pro- tualmente, à dorsiflexão dos pés. Nos quadros
veniente da bomba muscular em pacientes imo- mais graves, em que ocorre oclusão proximal
bilizados ou acamados; das veias profundas, alterações sistêmicas como
3. lesão endotel ial: exposição das camadas su- taquicardia, palidez e hipotensão podem estar
bendoteliais, trombogênicas. presentes.
Estes três fatores constituem o triângulo de Apesar de todo o desconforto que uma TVP
Virchow, que até hoje explica a gênese dos fe- de extremidade possa causar em um paciente,
nômenos tromboemból icos. Modernamente mais preocupantes são as complicações decor-
sabe-se que estes fatores podem exercer dife- rentes dos quadros de TVP.Quando um trombo
rentes graus de influência, podendo atuar isola- originado no sistema venoso profundo se des-
damente ou em associação com um dos outros prende, este migra até atingir a circulação car-
dois fatores. Desta forma, nas tromboses espon- díaca direita e, a seguir, as artérias pulmonares,
tâneas ou desencadeadas por períodos prolon- causando um quadro de oclusão arterial aguda
gados de repouso, embora os três fatores possi- pulmonar, a embolia pulmonar (EP).O trombo-
velmente participem, parecem ser de fundamen- embolismo pulmonar (TEP)é responsável por
tal importância a estase venosa e a alteração cerca de 100 mil a 200 mil óbitos por ano nos
sangüínea nos chamados estados de hipercoa- EUA, onde a incidência anual é de 300 mil a
gulabilidade. Quando ocorre, por exemplo, trau- 600 mil casos(2).A mortalidade na primeira hora
ma venoso direto, ou traumas acidentais nos ca- é de 12% e atinge 20% a 30% em três meses
teterismos venosos, o fator da lesão endotelial é caso o diagnóstico não seja feito. No Brasil, a
o predominante(1.9). incidência de TVP e de EPtambém é alta (43,44),
'Cirurgiã do aparelho digestivo - TCBCD; mestre em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental pela Escola Paulista de Medicina
- Unifesp; colaboradora da disciplina de Fundamentos de Cirurgia da FMABC; colaboradora da disciplina de Cirurgia
do Aparelho Digestivo da FMABC; pesquisadora pela Aventis Pharma LIda. - Profilaxia da Doença Tromboembólica em Cirurgia.
"Cirurgião vascular; membro efetivo da SBACV; mestre em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental pela EPM/Unifesp; professor
assistente da disciplina de Cirurgia Vascular da FMABC; pesquisador pela Aventis Pharma LIda. - Profilaxia da Doença Tromboem-
bólica em Cirurgia e Clínica.

5
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Apresentação científica

Nos últimos 20 anos, muitos estudos sobre recendo o aparecimento de trombose venosa
incidência de trombose venosa foram realiza- profunda.
dos em pacientes hospitalizados, no início pelo Anticoncepcionais e reposição hormonal - Os
estudo anatomopatológico em autópsias e, pos- estrogênios contidos nos hormônios bloqueiam
teriormente, principalmente com o auxílio do a atividade da antitrombina 111.Estudos recen-
fibrinogênio marcado e da flebografia, tendo tes mostram a relação do uso de hormônios fe-
sido possível determinar uma série de fatores mininos, tanto para contracepção como para
de risco para o desenvolvimento de TVP. Estes terapia de reposição hormonal, com o desen-
estudos evidenciaram alta incidência de TVPem volvimento de fenômenos tromboembólicos.
pacientes hospitalizados (com maioria assinto- Anticoncepcionais associados a alterações ge-
mática), compararam a incidência em vários néticas da cascata de coagulação multiplicam
grupos de pacientes e mostraram a associação por 35 o risco de uma jovem desenvolver trom-
dos diferentes fatores de risco. Várias anál ises bose venosa profunda.
reunidas, ou metanálises, combinaram os da- Tromboembolismo venoso prévio - Pacientes
dos disponíveis, fornecendo estimativas mais que tiverem episódio de tromboembolismo ve-
seguras quanto aos fatores de risco para trom- noso prévio têm risco superior a 50%(19,20)de
bose venosa profunda(12-16). Os principais fato- desenvolver TVP pós-operatória.
res de risco para desenvolvimento da TVP são Trombofilia - Os pacientes portadores de trom-
os seguintes: bofilia, primária ou adquirida, possuem alto ris-
Idade - Apesar de ocorrer em crianças e em jo- co de desenvolver TEV.Enquadram-se no gru-
vens, a TVP é mais comum após os 40 anos, po de pacientes portadores de estados de hiper-
sendo muito freqüente acima dos 70 anos de coagulabilidade. Estudos recentes evidenciaram
idade. Da mesma forma, a freqüência de em- a presença de diferentes mutações em pacien-
bolia pulmonar aumenta com a idadef17). tes nos quais outrora não se evidenciavam fato-
Obesidade - É um fator de risco para o desen- res de risco identificáveis. A prevalência de al-
volvimento de TVP em pacientes acamados. gumas mutações, como a do fator V de Leiden,
Além da diminuição do sistema fibrinolítico que pode atingir até 40% dos casos de TVP,de acor-
ocorre nos obesos, existe maior dificuldade em do com a série estudada. Em nosso meio, fica
se mobilizar os obesos internados. Cuidados es- ao redor de 7%(21).
peciais devem ser tomados, especialmente em Grandes cirurgias - Está estabelecido na litera-
cirurgias. tura, com base em inúmeros estudos que eviden-
Imobilização - A imobilização leva a aumento ciaram os procedimentos cirúrgicos como de ris-
da estase, com conseqüente desenvolvimento co para o desenvolvimento de trombose venosa
de um dos fatores de risco de Virchow. Demons- profunda. Nicolaides(22)publicou,em 1997, uma
trou-se clinicamente que quanto maior o tem- metanálise que mostrou a incidência de trombo-
po de imobilização, maior o risco de fenôme- se venosa profunda em trauma e em cirurgias
nos tromboembólicos(18). quando não se realizava algum tipo de profila-
Varizes - Veias varicosas são fatores de risco xia (Tabela 1). Em cirurgias ortopédicas, a inci-
para trombose venosa profunda. Demonstrou- dência de TVPpode alcançar até 70% se nenhu-
se este fator de risco avaliando-se pacientes por ma medida profilática for tomada, com índices
flebografia submetidos a cirurgia de quadril, sen- de embolia pulmonar variando de 1% a 10%(23).
do que os portadores de varizes apresentaram Trauma - Geerts, em 1994, demonstrou a inci-
duas vezes mais trombose venosa profunda(17). dência de TVP estratificada em diferentes tipos
Gravidez e puerpério - Na gestação, pela pró- de trauma, agrupados em face, tórax, abdome,
pria compressão do útero gravídico sobre a veia membros inferiores e neurológico..Em um estu-
cava, ocorre redução significante da drenagem do prospectivo, verificou a prevalência média
venosa, levando à estase. As alterações hormo- de TVP em trauma de 58%, sem profilaxia(24).
nais na gravidez e no puerpério levam tam- No Brasil, Silvestre, utilizando flebografias, en-
bém a estados de hipercoagulabilidade, favo- controu incidência de 63% de TVP em pacien-

Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia

- - -
Tabela 1 -Incidência de TVP*em trauma e em cirurgia na ausência de profilaxia

Incidência de
N° de N°de 95% IC
TVP
estudos pacientes (média ponderada)

Trauma múltiplo 4 536 50% 46%-55%


-
Prostatectomia
retropubiana 8 335 32% 27%-37%

Cirurgiageral 54 4.310 25% 24%-26%

Cirurgiaginecológica
maligna 4 297 22% 17%-26%

Cirurgia ginecológica
benigna 4 460 14% 11%-17%

*Diagnosticada por métodos objetivos: flebografia ou teste de fibrinogêniot221.

tes com fratura de fêmur ou de quadril, sendo anticoagulantes naturais, levando a quadros
54% antes do ato cirúrgicd25). de TVP. O paciente submetido a cirurgia on-
Infecção - A infecção em nosso meio consti- cológica maior, como nos tumores intra-ab-
tui fator de risco importante no desenvolvi- dominais, têm risco de desenvolver TVP se-
mento do tromboembolismo venoso. Figuei- melhante aos pacientes submetidos a cirur-
redo, em tese de mestrado desenvolvida na gia de quadril, ao redor de 70%(27).
Escola Paulista de Medicina, encontrou 14,5% Doenças clínicas (ICC, IAM, IR) - Pacientes
de episódios de TVP associados a infecção. com infarto do miocárdio e insuficiência car-
Câncer - O câncer e o seu tratamento po- díaca apresentam duas ou três vezes mais
dem afetar as três pontas do triângulo de Vir- TVP diagnosticada pelo fibrinogênio marca-
chow: alterações no fluxo sangüíneo, lesão do. Estudos recentes randomizados e contro-
de células endoteliais e elaboração de pró- lados demonstraram incidência de 15% de
coagulantes. O câncer diminui o fluxo san- fenômenos tromboembólicos em pacientes
güíneo por invasão direta tumoral em vasos clínicos com insuficiência cardíaca, respira-
próximos ao tumor, como ocorre nos tumo- tória e infarto do miocárdio que receberam
res de rim que invadem a veia cava; além placebo para profilaxia de fenômenos trom-
disso, a neo-angiogênese induzida por mui- boembólicos quando internados em enferma-
tos tumores gera vasos complexos, com cir- ria clínica(28).
culação aberrante e fluxo desordenado. Cé- Doenças associadas - Policitemia, vera OUse-
lulas endoteliais podem ser afetadas pelo pró- cundária, possivelmente pelo aumento de vis- I .
prio tumor ou pela ação lesiva dos qui mio- cosidade sangüínea, é descrita como fator de
terápicos. Pró-coagulantes estão aumentados
na superfície das células tumorais e também
podem ser secretados na corrente sangüínea
aumento na incidência de TVP.O lúpus erite-
matoso pode levar a tromboses venosas re-
correntes, às vezes associadas à presença de
L
por células tumorais, como fator tissular e anticoagulante lúpico circulante. Outras do-
mucina pró-coagulante, que ativam a pro- enças, como homocisteinemia e hemoglobi-
trombina. Além disso, os quimioterápicos núria paroxística noturna, doença inflamató-
podem levar à redução das proteínas C e 5, ria dos intestinos, síndrome nefrótica e doen-

8
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Apresentação científica

Quadro 3 - Fatoresde riscoparatromboembolismovenoso

Fatoresdospacientes Doençaouprocedimento
cirúrgico

.Idadeavançada / > 40 anos .Trauma

.Obesidade .Cirurgia
. Varizes de MMII .Câncer
. Imobilização prolongada .Doenças clínicas
.Gravidez e puerpério .Paralisia de MMII

.Terapiade reposição hormonal .Infecção


.Uso de contraceptivo .Doença inflamatória intestinalcrônica
.TVP/EPprévias .Síndrome nefrótica
. Trombofiliaprimária . Policitemia
. Trombofiliasecundária .Hiper-homocisteinemia
.Fator genético .AVC

. Doença de Behçet

ça de Behçet, também têm sido associadas a na mais proximal. A trombose venosa profunda
um risco aumentado de TVP (Quadro 3). é definida como proximal quando o trombo aco-
mete as veias poplítea, femoral ou ilíaca, com
Diagnóstico do tromboembolismo venoso ou sem trombo nas veias da panturrilha; a trom-
O diagnóstico clínico da trombose venosa pro- bose distal é confinada às veias da panturrilha.
funda depende da anamnese e do exame físico Nos pacientes acamados, a TVP é freqüente-
acurado. Todo paciente com queixa de edema e mente assintomática e pode se apresentar dire-
dor nos membros inferiores (MMII)deve ser ava- tamente como uma embolia pulmonar.
liado pensando-se em trombose venosa profun- Quando ocorre manifestação clínica, o sin-
da. A sensibilidade do exame clínico, contudo, é toma mais freqüente é dor na panturrilha, asso-
baixa, uma vez que estudos mostram que 50% ciada a eritema, edema e sensação de peso nas
dos pacientes com TVP diagnosticada por exa- pernas. Durante o exame, o membro afetado
me objetivo não apresentavam sintomas clínicos. pode estar mais edemaciado, com dor presente
Wells et alopropuseram, em 1995, critérios para à palpação da panturrilha e à dorsiflexão do pé;
avaliação individual do risco de o indivíduo de- podem-se observar veias varicosas ou veias su-
senvolver TVp,para melhorar a acurácia do exa- perficiais dilatadas e edema de tornozelo. Com
me clínico. Estesfatores incluem idade, obesida- a progressão da trombose venosa para veias pro-
de, imobilidade, história passada ou familiar de ximais, podem-se observar dor e edema de coxa.
TVP,varizes, câncer, cirurgias, gravidez, puerpé- Se a trombose leva a oclusão total do vaso pro-
rio e reposição hormonal(29). fundo, pode-se observar palidez da coxa aco-
Os pacientes com trombose venosa profunda metida por compressão dos capilares arteriais ..
se apresentam de duas formas: assintomáticos ou pelo intenso edema, quadro conhecido como
com manifestações clínicas, que são mais inten- flegmasia alba do/ens. Se este quadro clínico
sas à medida que o processo de trombose se tor- progride, ocorre intenso seqüestro de líquidos

Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia


na extremidade acometida, que passa a apre- Quadro 4 - Diagnósticos diferenciais
sentar cianose: é a chamada flegmasia cerúlea da trombose venosa profunda
do/ens. Raramente ocorre gangrena venosa.
Além de o diagnóstico clínico ser de baixa . Distensãomuscular
sensibilidade, outras condições clínicas podem
apresentar sintomas semelhantes aos da trom-
.. Doenças do joelho
Hematomas
bose venosa profunda, especialmente em pa-
. Linfangites
cientes ambulatoriais, constituindo-se em di-
agnóstico diferencial da trombose venosa pro- . Rupturade cisto de Baker
funda (Quadro 4).
Além disso, Hirsh mostrou, em 1996, que
.. Abscessosde panturrilha
Celulite
somente 30% dos pacientes com suspeita clí-
. Hipertensão venosa crônica
nica de trombose venosa profunda têm esse
. Síndromepós-trombótica
diagnóstico confirmado por exames objeti-
vos(JO).Assim, os exames complementares se . Obstrução linfática
fazem necessários não só para confirmar a . Tumoresde partes moles
doença, mas para nortear se o tratamento está . Linfedema
sendo efetivo ou não e avaliar possíveis re-
corrências. Contudo, em serviços onde não . Tromboflebitessuperficiais
existir pessoal e equipamento adequados
para o diagnóstico preciso da TVP, em casos
de suspeita clínica, o tratamento adequado
deve ser iniciado independente de exames
complementares. Métodos não-invasivos
O dopp/er ultra-som (velocímetro dopp/er),
Exames complementares que é o dopp/erunidirecional portátil, os méto-
A não-confiabilidade do exame clínico e as dos pletismográficos e o ultra-som em tempo
complicações inerentes à anticoagulação em pa- real, que pode estar associado ao velocímetro
cientes sem TVP levam à necessidade de exa- dopp/er (mapeamento dup/ex ou dup/ex scan),
mes complementares. A forma mais eficaz de são os métodos não-invasivos utilizados. O ul-
se avaliar a trombose é por meio da flebografia, tra-som em tempo real ou de imagem (US) é o
ainda considerada padrão-ouro para diagnósti- método mais utilizado na atualidade para o
co da TVP, mas com a desvantagem de ser in- diagnóstico da TVP.
vasiva, cara e associada a complicações. Assim, O dopp/er portátil, unidirecional, é utiliza-
testes não-invasivos foram desenvolvidos ao do por cirurgiões vasculares, e, em mãos há-
longo do tempo, melhorando a sua acurácia. beis, consegue diagnosticar TVP em um grande
Define-se sensibilidade para um teste diag- número de pacientes. O volume de som é dire-
nóstico para TVP como a taxa real de diagnósti- tamente proporcional à velocidade do fluxo san-
co de TVP pelo referido método comparado ao güíneo. A TVPé diagnosticada quando não exis-
padrão-ouro, flebografia, e especificidade como te fluxo, quando o fluxo é fásico ou quando o
a proporção de pacientes que tiveram o teste fluxo fásico não desaparece com a manobra de
Valsalva.
negativo na ausência de TVP,também em com-
paração com o padrão-ouro. A pletismografia de impedância foi o primeiro
teste não-invasivo a ser exaustivamente estuda- I
Assim, vários testes diagnósticos têm sido L...-
avaliados para pesquisa da TVP.Dos testes não- do. Esta técnica baseia-se na observação de que
invasivos, a pletismografia de impedância e o as alterações no volume sangüíneo da panturri-
dup/ex scan são os mais importantes. Estes exa- lha resultam em alterações na resistência elétri-
mes estão progressivamente substituindo a fle- ca (impedância) no tecido da panturrilha, já que
bografia no diagnóstico da TVP. o sangue é melhor condutor que os tecidos ad-

10
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Apresentação científica

jacentes. Estas alterações são menores quando cos da TVP nos membros inferiores. Na prática
há obstrução ao refluxo venoso, o que ocorre são ainda pouco utilizados devido ao alto cus-
quando há TVP.Esteexame é sensível e específi- to. Apresentam, entretanto, boa sensibilidade e
co para a detecção de TVP proximal em pacien- especificidade(32,33),devendo, no futuro, desem-
tes sintomáticos, mas pouco sensível aos trom- penhar papel importante no diagnóstico da TVP.
bos de panturrilha. Além disso, detecta apenas
trombos que produzam obstrução ao refluxo, Testes sangüíneos
não detectando trombos não-oclusivos. Testes sangüíneos seriam ideais para o diag-
O duplex scan (US) firmou-se como o méto- nóstico de TVP, se fossem sensíveis e específi-
do de escolha para a confirmação diagnóstica cos. Contudo a maioria dos testes sangüíneos
da TVP.Com o passar dos anos, os equipamen- avalia produtos da degradação de fibrina, cons-
tos disponíveis tornaram-se melhores e mais sen- tituindo-se em indicadores de fibrinólise, mas
síveis. Os examinadores também se tornaram não de TVP.Recentemente, o teste por EIisa para
mais bem treinados, conhecendo a anatomia avaliação dos dímeros D foi utilizado em asso-
venosa e a fisiopatologia da TVP.Além disso, os ciação ao US com doppler, melhorando a espe-
equipamentos tornaram-se mais baratos, estão cificidade do teste por imagem(34).
disponíveis em grande parte dos hospitais, são Baseando-se nos dados referidos, a Socieda-
não-invasivos e não se conhecem efeitos dele- de Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
térios do seu uso. O duplex scan proporciona, criou um fluxograma para auxiliar no diagnós-
além do aspecto visual dos vasos examinados e tico da trombose venosa profunda, que é atua-
dos tecidos adjacentes, dados referentes ao flu- lizável e visa a facilitar e a normatizar a estraté-
xo e à velocidade do sangue. Além disso, no gia para diagnóstico de TVP em nosso país.
caso de trombose venosa, o examinador pode Neste fluxograma (Figura), uma vez feita a sus-
lançar mão do recurso de comprimir o vaso exa- 1. História e exame físico
2. Avaliar fatores de risco
minado e avaliar se este material hiperecogêni-
co (trombo) é compressível ou não. Este critério
tem sido o mais usado para o diagnóstico da
TVP,com sensibilidade de 96% e especificidade -~ -- GegallV~
de 98% ao nível proximal, quando comparado t
com a flebografia(31).

Métodos semi-invasivos e invasivos Repetir ultra-som em 3 a 7 dias


ou realizar flebografia

A flebografia é o exame padrão-ouro que con-


siste na injeção de contraste iodado na extremida-
de acometida, garroteada para que este contraste
progrida apenas no sistemavenoso profundo, e ex-
posição aos raios X. Permite avaliar a extensão e a
localização precisa do trombo, sendo que todos os Fator desencadeante da +
TVP não identificado
métodos diagnósticos novos são comparados à fle-
bografia quanto à sensibilidade e à especificidade.
É, contudo, um exame invasivo, doloroso e não-
isento de complicações, como alergias e flebites. j
Atualmente, a flebografiaé utilizada para diagnós- Pesqulsar a causa
da trombose
tico onde o duplex scan não consegue avaliar o venosa profunda

sistema venoso profundo (por exemplo, na saída


do desfiladeirotorácico)ou quando os exames não- Figura- Fluxogramapara o diagnósticode trombose
..,
invasivosforem duvidosos. venosa profunda

A tomografia computadorizada e a ressonân- 'Procurardiagnósticosdiferenciaisparaedemade membroinferior:linfedema,


infecções,miosites,fadigamuscular,insuficiênciacardíacacongestiva,tumor
cia magnética são os novos métodos diagnósti- de partesmoles,cistode Bakerroto, hematomamusculare roturamuscular.

11
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
peita, o doente é avaliado clinicamente e sub- também o estudo da profilaxia, e, embora ain-
metido ao US com dopplerou ao menos ao US da não-ideais, são bastante eficientes e segu-
convencional. Se negativo, repete-se este US em ros, podendo ser aplicados de rotina aos pa-
sete dias; se positivo, procede-se ao tratamento cientes com risco aumentado de tromboem-
imediato do paciente. Se duvidoso, procede-se bolismo venosd46).
à flebografia. Sempre que confirmada a suspei- A alta incidência de trombose venosa profun-
ta, inicia-se imediatamente o tratamento. Em da e embolia pulmonar em pacientes cirúrgicos
caso de indisponibilidade dos recursos diagnós- preocupa e estimula os cirurgiões a realizarem a
ticos, uma vez feita a suspeita clínica, inicia-se profilaxia do tromboembolismo venoso.
o tratamento anticoagulante. A profilaxia da TVP e da EPpode ser realiza-
da por meio de métodos físicos e/ou farmacoló-
Profilaxia da trombose venosa gicos. Tem como objetivo impedir, ou ao me-
profunda e da embolia pulmonar nos diminuir, a chance de um paciente, em si-
O tromboembol ismo venoso é uma freqüente tuação de risco, desenvolver quadros de trom-
complicação pós-operatória, principalmente re- boembolismo venoso (TEV). A razão para a rea-
lacionada às grandes cirurgias, que envolvem lização da profilaxia do TEV não são apenas as
abdome, pelve ou extremidades(35).A ocorrên- altas incidências em pacientes hospitalizados,
cia e a gravidade dos fenômenos tromboembó- mas também o caráter clinicamente silencioso
Iicos no período pós-operatório vêm preocupan- da TVP em mais da metade dos casos e as con-
do, nos últimos anos, a classe médica, princi- seqüências graves do diagnóstico não-realiza-
palmente os cirurgiões(36).Sem a profilaxia, um do, ou realizado tardiamente(46-48). A profilaxia
em cada quatro pacientes com idade superior a do TEV é menos onerosa do que o diagnóstico
40 anos, submetidos a cirurgia geral de grande e o tratamento de um paciente com TVP, além
porte, com mais de uma hora de duração, de- de a primeira manifestação da doença trom-
senvolverá trombose venosa profunda(37).A in- boembólica poder ser a embolia pulmonar fa-
cidência de trombose venosa profunda em ci- ta 1(49, 50).Bergqvist(49) estudou a relação custolbe-
rurgia geral, sem profilaxia, em pacientes de ris- nefício da realização ou não da profilaxia do
co moderado é de 25%, e de embolia pulmo- TEV em pacientes submetidos a operações ab-
nar fatal, de 1%(37).Qualquer que seja a causa dominais e pôde concluir que, além de dimi-
principal da trombose, ela é responsável por até nuir a mortalidade pós-operatória, a profilaxia
90% de todas as embolias pulmonares(38).Nem reduz drasticamente os gastos com TVP e EP e
sempre é clinicamente diagnosticada, ocorren- suas complicações.
do um número considerável de óbitos devido a A longo prazo, a TVP pode levar à insuficiên-
embolia pulmonar em pacientes que não apre- cia venosa pós-trombótica, que tem um grande
sentaram sinais precedentes de trombose(l9-41). impacto sobre a qualidade de vida e sobre os
Desde o começo do século XX sefala em pre- custos da assistência médica(22).A insuficiência
venir o tromboembolismo venoso em pacientes venosa pós-trombótica, ou síndrome pós-trom-
acamados ou cirúrgicos, porém só nos últimos bótica, ocorre em 70% dos casos de TVP após
25 anos é que houve uma preocupação genera- os primeiros cinco anos da doença(22).Vinte e
lizada com esta questão e um aprofundamento cinco por cento dos casosde síndrome pós-trom-
nas pesquisas de métodos profiláticos(42-45).
Este bótica ocorrem após TVP assintomática(51).A in-
fato se deve ao aumento da expectativa de vida cidência desta síndrome depende da extensão
e, conseqüentemente, dos fenômenos trombo-
embólicos envolvidos em procedimentos cirúr-
gicos cada vez mais complexos. Também se
deve ao desenvolvimento de métodos mais sen-
da trombose<22).A gravidade das anormalidades
hemodinâmicas e a incidência da síndrome pós-
trombótica aumentam quando as veias poplíte-
J
as ou mais proximais estão envolvidas no epi-
síveis e objetivos de diagnóstico da TVP, como sódio trombótico origina!(22).As principais con-
o fibrinogênio marcado com iodo125e a flebo- seqüências da síndrome pós-trombótica são: va-
grafia. Estes métodos diagnósticos permitiram rizes secundárias, úlceras varicosas, eczemas, eri-

12
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Apresentação científica

sipela, edema, dor e incapacidade para o traba- rúrgicos e portadores de doença maligna. A alta
lho. Os pacientes tanto com obstrução crônica incidência de fenômenos tromboemból icosem pa-
quanto com refluxo têm maior incidência de al- cientes com câncer se deve ao estado de hipercoa-
terações cutâneas e ulceração. Empacientes que gulabilidade decorrente da própria doença, do
apresentam trombose proximal, a incidência de tratamento cirúrgico, quimioterápico e da cate-
ulceração varia de 4% a 8%, dependendo da terização venosa central necessária(35).A quimio-
gravidade das alterações hemodinâmicas, da terapia leva ao aumento das concentrações de fa-
duração do seguimento, do uso da terapia com- tor Xlla e causa citotoxicidade ao endotélio, fun-
pressiva efetiva e da etiologia(22).As úlceras veno- cionando como um agente pró-coagulanté5b,57).
sas se desenvolvem em pelo menos 300/100.000
habitantes, e a proporção devida à TVPé de apro- Indicações da profilaxia da TVPe da EP
ximadamente 25%. Estimou-seque o custo anual A necessidade de profilaxiaestá bem estabele-
de tratamento das úlceras venosas seria de 400 cida para pacientes submetidos a situações de ris-
milhões de libras para o Reino Unido e de mais co como repouso, cirurgia e trauma e que apresen-
de 1 bilhão de dólares para os Estados Unidos(22). tam fatores de risco para TVp,como idade, trom-
A ocorrência da síndrome pás-trombótica e de suas bofilia e câncer4b).Os pacientes nestas condições
sérias complicações reforçaa necessidade da reali- foram distribuídos em quatro categorias: baixo ris-
zação da profilaxiado TEVem pacientes submeti- co, risco moderado, alto risco e altíssimorisco para
dos a procedimentos cirúrgicos. o desenvolvimento de tromboembolismo venoso.
A relação entre câncer e TVPé conhecida des- Esta classificação foi realizada a partir de muitos
de 1865, quando foi descrita por Trousseau, que estudos e reuniões de consenso sobre profilaxiado
correlacionou episódios de tromboflebite migra- TEV,com o intuito de facilitare padronizar os mé-
tória com câncer. Muitas vezes a trombose prece- todos de profilaxia (Quadros 5 a 8)(22,47,58,59).
de, em meses ou anos, a descoberta do câncer3b).
O tromboembolismo venoso é a complicação mais Métodos de profilaxia
freqüente e a segunda causa mais comum de óbi- Os meios para a profilaxia do tromboembo-
tos em pacientes portadores de doenças malig- lismo venoso podem ser adquiridos pelos méto-
nas. A freqüência de TVPestá em torno de 5% a dos físicos e/ou farmacológicos. A escolha do mé-
15%, quando comparada a 0,1 % da população todo deve ser baseada na classificaçãode risco
geral(52-54).
Pacientes submetidos a operação por para o desenvolvimento de TVP ou de EP(4b,47,58).
câncer têm duas a três vezes mais chance de de-
senvolver TEVdo que por doença benigna(55).Es- Métodos físicos
tas taxas de incidência revelam a importância da Os métodos físicos mais utilizados na profi-
realização da profilaxia do TEVem pacientes ci- laxia do TEVsão: movimentação ativa, movi-

Quadro 5 - Situações de baixo risco para o desenvolvimento de TEV

.Operação em paciente com menos de 40 anos sem outros fatores de risco

.Operações menores: com menos de 30 minutos de duração, sem a necessidade de repouso

proloogado, em pacientes com mais de 40 anos e sem outro fator de risco que não a idade

.Traumamenor

13
Programade Auto-Avaliaçãoem Cirurgia
:i

Apresentação científica

Quadro 6 - Situações de risco moderado para o desenvolvimento de TEV

. Cirurgia maior: geral, urológica ou ginecológica, com mais de 30 minutos em pacientes de 40 a


60 anos e sem fatores de risco adicionais

. Cirurgia maior: geral, urológica ou ginecológica, com mais de 30 minutos em pacientes


com menos de 40 anos associado a outro fator de risco

t
de TEV
Quadro 7 - Situaçõesde alto riscoparao desenvolvimento

. Cirurgia maior em pacientes com mais de 60 anos e sem fator de risco adicional

. Cirurgia maior em pacientes entre 40 e 60 anos e com fator de risco adicional

. Cirurgia maior em pacientes com história de TVP ou EP pregressa ou trombofilia

. Grandes amputações e portadores de infecções

de TEV
Quadro 8 - Situaçõesde altíssimoriscoparao desenvolvimento

I . Cirurgias ortopédicas maiores: quadril, joelho e coluna vertebral

. Cirurgias maiores em pacientes com neoplasias malignas

. Traumas múltiplos com fratura de pélvis, quadril ou membros inferiores

mentação passiva, deambulação precoce, associado com outros métodos, aumenta sua efi-
meias elásticas de compressão graduada e a cácia/ e por esta razão o uso desta associação
compressão pneumática externa intermiten- tem sido sugerido nos casos de alto e altíssimo
té46).A utilização de meias elásticas de com- risco para o desenvolvimento de TEV(4S,47,60,01).
A
pressão moderada, 30mmHg de pressão, em compressão pneumática externa intermitente,
cirurgia geral tem se mostrado eficaz na pro- realizada por botas ou perneiras, infladas cícli-
filaxia da TVPem alguns estudos clínicos(4S,47). ca e seqüencialmente com ar, tem também se
Alguns trabalhos mostram que o seu uso/ mostrado eficaz na profilaxia da TVP em vários

14
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Apresentação científica

tipos de pacientes(62.65).É o método de escolha nicos que comprovam a eficácia da heparina


nos casos em que a profilaxia farmacológica não-fracionada em baixas doses na profilaxia
aumentar o risco hemorrágico, como ocorre em do tromboembolismo venoso em pacientes ci-
alguns pacientes submetidos a neurocirurgia(45. rúrgicos. Foi também observado nesta pesquisa
47.61,64,66)
um pequeno aumento, porém não significante,
de sangramento operatório. Estes sangramentos
Métodos farmacológicos são especialmente importantes em cirurgias of-
Os métodos farmacológicos são atualmente talmológicas e neuroniais, em que pequenas he-
os mais estudados e indicados, em geral associa- morragias podem ser catastróficas, causando
dos aos métodos físicos. Os métodos farmaco- grandes danos ao paciente (Tabela 3)(69).
!
lógicos disponíveis hoje no Brasil são: heparina Uma das complicações mais temíveis do uso
não-fracionada em baixas doses, heparina de das HNF é a trombocitopenia induzida pela
baixo peso molecular e, eventualmente, anti- heparina, que afeta cerca de 5% dos pacientes
coagulantes orais e Dextran(46). submetidos a profilaxia do TEV com este mé-
todd70).A ativação e o consumo plaquetário de-
Heparina não-fracionada em baixas doses correntes do uso de HNF foram comprovados
Em baixas doses, a heparina não-fracionada pela detecção do aumento de metaból itos do
(HNF) é um método bem estudado e ainda uti- tromboxane A2(71).
lizado. Indica-se a dose de 5.000UI, por via sub- Discutem-se muito os custos da profilaxia do
cutânea, no abdome ou nos flancos, a cada oito tromboembolismo venoso, porém os estudos mos-
ou 12 horas, iniciada duas ou 12 horas antes do tram que os custos da profilaxia são baixos se for
ato operatório ou no início da internação de pa- levado em conta o custo do tratamento das em-
cientes imobilizados, mantidos por sete a dez bolias não-prevenidas e da diminuição da ocor-
dias (Tabela 2). rência de TVP e Ep,inclusive fatais(47.
50.72).
Deve ser realizado controle laboratorial pe-
riódico de TTPA(tempo de tromboplastina ati- Heparina de baixo peso molecular
vada) nos pacientes submetidos a profilaxia do As heparinas de baixo peso molecular
TEVcom heparina não-fracionada. Sua eficácia (HBPM)também vêm sendo exaustivamente es-
é comprovada por inúmeras pesquisas multicên- tudadas e amplamente utilizadas em vário~ paí-
tricas e randomizadas, que mostram diminui- ses. As HBPM são frações preparadas a partir
ção importante da incidência da TVP e de óbi- da heparina, por processos químicos ou enzi-
tos por embolia pulmonar, diagnosticada pelo máticos, com peso molecular entre 2.000 e
fibrinogênio marcado com iodo125,em pacien- 6.000 dáltons. Devido ao tamanho das suas
tes cirúrgicos(67.68).Em 1988 foi publicada, por moléculas, embora atuem como heparina não-
Collins et aI., uma metanálise de 74 ensaios clí- fracionada, acelerando a ação da antitrombina,

Tabela 2 - Profilaxia do TEVcom heparina não-fracionada em pacientes de moderado,


, alto e altíssimo riscos

Heparina não-fracionada

Risco moderadopara TEV S.OOOUI por via subcutânea, 2 horas antes


da cirurgia, 12/12 horas, por sete dias

Risco alto ou altíssimo para TEV S.OOOUI por via subcutânea, 12 horas antes
da cirurgia, 8/8 horas, por dez dias

15
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Tabela 3 - Profilaxia do tromboembolismo venoso pós-operatório com doses baixas de heparina-
metanálise de 74 ensaios clínicos(bq)

Condição Incidência com profilaxia Incidência sem profilaxia

TVP em cirurgia geral 9% 22,4%

TVP em cirurgia ortopédica 23,7% 47,4%

Embolia pulmonar 1,3% 2%


-
EPfatal 0,3% 0,8%

Sangramento 0,6% 0,4%

elas têm uma menor ação inibitória do fator lia (Tabela 5)<73-79).
As heparinas de baixo peso mo-
(trombina), atuando principalmente sobre o fa- lecular, em cirurgias de alto e altíssimo riscos,
tor Xa. A biodisponibilidade e a vida média das têm melhores resultados, tanto na eficácia da
HBPM também são maiores que as das HNF, profilaxia quanto na freqüência de complica-
pois praticamente não se ligam a proteínas plas- ções hemorrágicas(47,60,80-85). Nas intervenções
máticas, permitindo sua utilização em injeção cirúrgicas abdominais, Kakkar e Murray obser-
única diária e proporcionando mais conforto ao varam incidência de TVP pós-operatória de
paciente e à equipe de enfermagem(46,73,74). 7,5% nos doentes que receberam HNF, contra
As heparinas de baixo peso molecular dispo- 2,5% nos que receberam HBPM(H5).
níveis no mercado brasileiro são: nadroparina ou As heparinas de baixo peso molecular apre-
Fraxiparina@,da Sanofi-Synthelabo; enoxaparina sentam baixa atividade anti-lIa,não alteram o tem-
ou Clexane@,da Aventis Pharma Ltda.; e daltepa- po de trombina (TI) nem o TIPA, sendo desne-
rina ou Fragmin@,da Pharmacia (Tabela 4). cessário o controle laboratorial de coagulação(87).
A maior parte das pesquisas clínicas demons- Éaconselhável, entretanto, a contagem de plaque-
tra que as HBPM têm eficácia igualou superior tas antes do início do tratamento, evitando-se seu
às HNF em baixas doses na profilaxia do trom- uso se esta contagem for baixa. Nos tratamentos
boembolismo venoso em pacientes cirúrgicos mais prolongados, devem ser realizadas contagens

Tabela 4 - Doses profiláticas das heparinas de baixo peso molecular

Droga Nome comercial Dose menor Dose maior

Nadroparina Fraxiparina@ O,3ml (2.850UI) O,6ml (5.700UI)

Enoxaparioa Clexane@ 20mg (2.000UI) 40mg (4.000UI)


---
I
Dalteparina Fragmin@ 2.500UI 5.000UI

Nota: não se devem alternar as HBPMem um mesmo tratamento.

16
Programade Auto-Avaliaçãoem Cirurgia
Apresentação científica

Tabela 5 - Heparina de baixo peso molecular na profilaxia da trombose venosa profunda -


associação de dados de pesquisas controladas(47)

Condição Incidência com profilaxia Incidência sem profilaxia

Cirurgia geral 7% 25%

Cirurgia de quadril 15% 51%

Cirurgia de joelho 31% 61%

freqüentes, por existir um pequeno risco de trom- de internação hospitalar, tempo mínimo de sete a
bocitopenia induzido pelas heparinas, que pare- dez dias, porém os fatores de risco para o desen-
ce ser menor com as HBPM(46). O temor da he- volvimento de tromboembolismo venoso perma-
morragia durante o ato operatório deve ser menos necem por semanas após o procedimento opera-
valorizado pelos cirurgiões. A hemostasia cuida- tórid91-93). Seis estudos randomizados, duplo-ce-
dosa durante a intervenção cirúrgica é que deve gos, mostraramque a profilaxiado TEVcom HBPM
ser valorizada(87, 88).As H BPM também têm a van- por aproximadamente um mês após cirurgia orto-
tagem de não necessitar de bomba de infusão pédica reduz significativamente a ocorrência de
para a sua administração, como ocorre com as TVP,quando comparada à profilaxia por uma se-
heparinas não-fracionadas, além de poderem ser mana(94-99). Scurr, desde 1990, afirmava que os fa-
aplicadas no domicílio, sem necessidade de in- tores de risco persistem em muitos pacientes após
ternação hospitalar. Este fato possibilita a alta seis semanas da cirurgia e que a profilaxia do TEV
precoce em pacientes operados. deve ser mantida por um tempo maior ao da in-
As heparinas de baixo peso molecular estão ternação hospitalar<100). O tromboembolismo ve-
também indicadas na profilaxia da trombose ve- noso é uma importante causa de morte no pacien-
nosa profunda de membros superiores (veia axi- te com câncer, sendo ainda mais importante após
lar ou subclávia) em pacientes portadores de a cirurgia abdominal por câncer. Geerts, em um
câncer, com cateteres venosos centrais, em pro- estudo clínico publicado em 2001, observou 29%
grama de quimioterapia. Observa-se diminui- de TVPem pacientes submetidos a cirurgia abdo-
ção significativa da incidência de TVP com dal- minal por câncer e não-submetidos a profilaxia
teparina 2.500Ul/dia, quando em comparação do TEV(3S). No estudo clínico multicêntrico, ran-
com pacientes não-submetidos a profilaxia far- domizado, duplo-cego e controlado Enoxaparina
macológica(84) . e Câncer (Enoxacan I),a ocorrência de TVPfoi de
Quando comparada com as HNF, a enoxapa- 15% nos pacientes submetidos a operação abdo-
rina apresenta menor risco de trombocitopenia. minal por câncer e tratados com enoxaparina por
Warkentin observou 2,7% casos de trombocito- dez dias(79).Emestudo multicêntrico, randomiza-
penia em 332 pacientes tratados com HNF, con- do, duplo-cego e controlado publicado em 2002,
tra nenhum caso de trombocitopenia entre 333 o Enoxacan 11,observou-se uma diminuição sig-
pacientes tratados com HBPM (Clexane@)(90). nificativa da incidência de trombose em pacien-
A eficácia das heparinas de baixo peso mole- tes operados por neoplasia abdominal e tratados
cular na profilaxia do tromboembolismo venoso com enoxaparina por quatro semanas, em com- ..
está bem documentada na literatura, porém o tem- paração com o tratamento por uma semana. Ob-
po de manutenção da droga ainda é discutível(3S). servaram-se 29% de TVP nos pacientes não-sub-
A profilaxia usualmente se restringe ao período metidos a qualquer tipo de profilaxia,12% de TVP

17
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Apresentação científica

naqueles submetidos a uma semana de profilaxia escolha. Porém, se não houver esta possibilida-
com Clexane@e 4,8% nos submetidos a profila- de, indica-se a administração da HBPM no mo-
xia por quatro semanas com Clexane@(1On. mento da indução anestésica com anestesia ge-
Cada heparina de baixo peso molecular tem ral (Tabelas 6, 7 e 8).
suas características próprias, e sua eficácia foi de- Fala-se muito a respeito da profilaxia do TEV
monstrada com doses diferentes, portanto devem associada à raquianestesia ou à anestesia peri-
ser seguidas as doses e recomendações dos fabri- dura!. A falta de conhecimento do manejo das
cantes, que são baseadas em estudos controla- heparinas nestas situações muitas vezes impe-
dosl4hl.É unânime a recomendação dos diferentes de que a profilaxia seja feita de maneira ade-
fabricantes de que nunca devem ser alternadas as quada. Horlocker, em 2001, estabeleceu mé-
heparinas de baixo peso molecular num mesmo todo simples e seguro nestes casos e indicou,
tratamento ou profilaxia. para os pacientes de risco moderado para o
desenvolvimento de TEV, a administração da
Profilaxia do tromboembolismo HBPM duas horas após a punção anestésica.
venoso com HBPM Nos pacientes de alto ou altíssimo risco pode
Sempre que houver a possibilidade de inici- ser iniciada 12 horas antes da punção, quando
ar a profilaxia duas horas antes do procedimen- possível, ou duas horas após. Nos casos em
to cirúrgico nos pacientes de risco moderado e que há a permanência do cateter peridural para
12 horas antes nos pacientes de alto e altíssimo analgesia pós-operatória, este deve ser retira-
riscos, é indicado que se administre a droga de do 12 horas após a última dose da HBPM.

Tabela 6 - Profilaxia do TEVcom nadroparina em pacientes de moderado, alto e


altíssimo riscos

Nadroparina: Fraxiparina@

Risco moderado para TEV 2.850UI anti-Xa - O,3ml por via subcutânea2 horas

antesda cirurgia, uma vez ao dia, por setedias

Riscosalto e altíssimo para TEV 5.700UI anti-Xa - O,6ml por via subcutânea 12 horas

antes da cirurgia, uma vez ao dia, por dez dias

Tabela 7 - Profilaxiado TEVcom enoxaparina em pacientes de moderado, alto e


altíssimo riscos

Enoxaparina:Clexane

RiscomoderadoparaTEV 2.000UI anti-Xa- 20mg por via subcutânea2 horas


antesda cirurgia, uma vez ao dia, por setedias

Riscosalto e altíssimoparaTEV 4.000UI anti-Xa- 40mg por via subcutânea


12 horasantesda cirurgia, umavez ao dia, por dezdias

18
Programade Auto-Avaliaçãoem Cirurgia
Apresentação científica

Tabela 8 - Profilaxia do TEVcom dalteparina em pacientes de moderado, alto e altíssimo


riscos

Dalteparina: Fragmin@

Risco moderado para TEV 2.500UI anti-Xa - via subcutânea


2 horasantesda cirurgia, umavezao dia, por setedias

Riscosalto e altíssimo para TEV 5.000UI anti-Xa - via subcutânea


12 horasantesda cirurgia, umavez ao dia, por dezdias

Quando ocorrer acidente de punção, com san- Os inconvenientes do uso dos AVK em doses
gramento durante a intervenção anestésica, re- baixas são a necessidade de início várias sema-
comenda-se que a administração da HBPM seja nas antes da cirurgia e o controle laboratorial
real izada após 12 horas(102). cuidadoso e freqüente, fato que encarece e tor-
As principais contra-indicações ao uso das na mais complicada a sua utilizaçãd46). Tem-se
HBPM encontram-se no Quadro 9. indicado a profilaxia com AVK, da TVP de mem-
bro superior, a pacientes portadores de neopla-
Anticoagulantes orais sia e com cateteres venosos centrais para a ad-
Os anticoagulantes orais, antagonistas da vita- ministração de quimioterápicos. Foi demonstra-
mina K (AVK), foram os primeiros fármacos pro- do, por ensaio clínico, randomizado, que doses
postos para a profilaxia do tromboembolismo ve- de 1mg de warfarina por dia diminuem signifi-
noso. Entretanto, devido aos episódios de sangra- cativamente este tipo de trombose, sem aumen-
mento, estetipo de medicamento caiu em desuso tar os episódios de sangramentd104).
para a profilaxia primária do TEV(46).
Recentemente,
melhores resultados têm sido demonstrados com Dextran
a utilização de doses menores de warfarina(103). O dextran é um expansor plasmático que age
sobre a viscosidade sangüínea, sobre a adesivi-
Quadro 9 - Contra-indicações ao uso
de HBPM dade plaquetária e sobre a polimerização da fi-
brina. Foi amplamente utilizado na profilaxia do
TEV. Porém apresenta risco hemorrágico similar
· Hipersensibilidade
ao produto ao da heparina não-fracionada, risco de reações
. Endocardite bacteriana alérgicas e, em pacientes idosos e portadores de
insuficiência cardíaca, risco de sobrecarga de
· Distúrbios hemorrágicos volume, além de ser um produto caro. Estesfatos
têm levado à substituição do dextran pelas he-
· Trombocitopenia pari nas de baixo peso molecular(46).
· Úlcera gastroduodenalativa
Antiagregantes plaquetários
· Acidente vascular cerebral recente A utilização das drogas inibidoras da agrega-
ção plaquetária na profilaxia do TEV tem sido
· Interação medicamentosa polêmica. A maior parte dos ensaios clínicos não I ..

demonstrou isoladamente qualquer efeito destas


drogas na profilaxia da TVP. Por esta razão, a sua
utilização foi praticamente abandonada(46).

19
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
, I

Apresentação científica

Filtros de veia cava mo venoso. Caso seja utilizada HNF, esta inci-
A indicação dos filtros de veia cava é preci- dência cai para cerca de 25%, e para 12% se
sa e restrita aos pacientes com TVPjá instalada, for utilizada HBPM. Ainda são incidências con-
aos com história de embolias pulmonares de sideráveis.
repetição (pelo menos mais de dois episódios) Motivados por estes números, que aproxima-
e àqueles com contra-indicação absoluta para damente se repetem em cirurgias abdominais
a heparinização e que estejam expostos a alto maiores por doenças malignas, inúmeros estu-
ou altíssimo risco para o desenvolvimento de dos têm sido realizados com a intenção de re-
TEV. Não existem pesquisas controladas com- duzir ainda mais a incidência da doença trom-
provando sua eficácia, além de poderem au- boembólica pós-operatória.
mentar a morbidade, principalmente a longo
prazo, e os custos hospitalares. Decousus, em Comentários finais
1998, observou 200 pacientes com filtro de veia O tromboembolismo venoso é uma doen-
cava e 200 sem filtro. Emfase inicial, a incidên- ça de difícil diagnóstico clínico, muito pre-
cia de EP no grupo de pacientes com filtro foi valente nos períodos pós-operatórios, que
de 1,1 %, e no sem filtro, de 4,8%. Após dois deixa seqüelas graves e que eventualmente
anos, a incidência de TVP no grupo com filtro mata. Os esquemas atuais de profilaxia têm
era de 20,8% e no grupo sem filtro, de 11,6%(1051. efetivamente reduzido a morbidade e a mor-
talidade desta doença nos pacientes cirúrgi-
Perspectivas futuras cos. Contudo existe um longo caminho a ser
Apesar de inúmeros ensaios clínicos terem trilhado, com novos ensaios clínicos rando-
sido realizados nos últimos anos utilizando-se mizados, definindo tempo de profilaxia, e a
diferentes regimes de heparinização profilática, implantação de políticas de profilaxia efeti-
a profilaxia para tromboembolismo venoso, ape- vas em nossos hospitais, passando por me-
sar de efetiva, não reduz a zero a incidência de lhor educação dos médicos recém-formados
TVP pós-operatória. Para citar um exemplo, em e atualização dos cirurgiões que estão na li-
séries estudadas de incidência de TVP pós-ope- nha de frente, para que o conceito de profi-
ratória em cirurgia de prótese de quadril, se nada laxia esteja firmemente implantado, diminu-
for feito em termos de profilaxia, até 70% dos indo efetivamente a prevalência do trombo-
pacientes podem desenvolver tromboembolis- embolismo venoso em nosso país.

20
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
Referências

1. BRENNER,B. M.; TROY,J. L.; BALLERMANN, 14. BERGENTZ,S. E. Dextran in the prophilaxis of
B.J.Endothelium-dependentvascularresponses. pulmonary thromboembolism. World j Surg,v.
j Clin Invest,v. 84, p. 1373-8, 1989. 2, p. 19-25, 1978.
2. COGO, A et aI. Non invasiveobjetive testsfor 15. BERGQVIST,D. Postoperativethromboembo-
the diagnosisof clinically suspecteddeep-vein /ism: frequency, etiology, prophylaxis. Berlim:
thrombosis.Haemostasis,v. 25, p. 27-39,1995. SpringerVerlag,1983.
I . 3. CASTROSILVA,M. Venousthromboembolism 16. COLDITZ,G.A; TURDEN,R.L.;OSTER,G. Rates
in the Stateof Minas Geraisand its projectionto of venous thrombosis after general surgery:
Brazil:studybasedin 2,331,353hospitalizations. combined resultsof randomized clinical trials.
InternAngiol, v. 16, p. 193-6, 1997. Lancet,v. 2, p. 143-6, 1986.
4. MAFFEI,F.H. A etaI.Contribuiçãoaoestudoda 17. GILLUM, R. F. Pulmonary embolism and
incidênciae anatomiapatológicado tromboem- thrombophlebitisin the United States.Am Heart
bolismo pulmonar em autópsias.Rev.AssMed j, v. 114, p. 1262-4, 1987.
Bras, v. 26, p. 7-10, 1980. 18. SEVITT, S.; GALLAGHER, N. G. Venous
5. CASTROSILVA, M.Chronicvenous insufficiency . thrombosis and pulmonary embolism: a
of the lower limbs and its socio-economic clinicopathological study in injured and burned
significance.Int Angiol, v. 10, p. 152-7, 1991. patients.Brj Surg,v.48, p. 475-89, 1961.
6. ARNOLDI, C. C; LlNDERHOLM,H. On the pa- 19. GALLUS,A S.Anticoagulantsin the prevention
thogenesis of the venous leg ulcer. Acta Chir of thromboembolism. B Clin Hematol, v. 3, p.
Scand,V.134, p. 427-40, 1968. 651-84,1990.
7. COON, W. W.; WILLlS, P. W.; KELLER,J. B. 20. WILLE-JORGENSEN, P. Prophylaxis of
Venous thromboembolism and other venous postoperativethromboembolism.Copenhagen:
disease in the TecumsehCommunity Health LaergeforingensForlag,1991.
Study. Circulation, V.48, p. 839-46, 1973. 21. FRANCO, R. F. et aI. Heterogenous ethnic
8. MAFFEI, F.H. A etaI.Varicoseveinsandchronic distribution of the factor Leiden mutation. Cen
venous insufficiencyin Brazil:prevalenceamong MoI Biol, V.22, p. 143-5, 1999.
1,755 inhabitants of a country town. Int j 22. NICOLAIDES,A N. Prevention of venous throm-
Epidemiol, v. 15, p. 210-7,1986. boembolism. Int Ang, V.16, p. 3-38, 1997.
9. SIGG,K.Treatmentof varicoseveins by injection 23. CLERGE,F.LMWHvs. placebo associated with
sclerotherapy: a methodpradisedinSwitzerland.In: elastic stockings and spinal anesthesia in THR
HOBBS,J.1.(ed.)The treatmentof venous disorders. surgery:a double-blinded randomizedstudy.Bj
Lancaster: MT Press Ltd., 1977, p. 113-37. Anesth, V.1, p. 74-5, 1995.
10. MAFFEI,F.H. A Epidemiologiado tromboembolis- 24. GEERTS,W. H. A prospectivestudy of venous
mo venoso no Brasil.Anaisdo XXXIICongressoBra- thromboembolismaftermajor trauma. TheNew
si/eirade CirurgiaVascular.Curitiba,1997, p. 283. Engj Med, V.331, n. 24, p. 1601-6, 1994.
11. NYLANDER,G.; OLlVECRONA,H. The phle- 25. SILVESTRE, J.M. S. et aI.Profilaxiada trombose ve-
bographypatlern of acute legthrombosiswithin nosa profundano traumaortopédicodo membro
a defined urban population. Acta Chir Scand, v. inferior.In:299 Congressoda Sociedade Brasileira
142, p. 505-11, 1976. de Angiologiae CirurgiaVascular,1991, Vitória.
12. ROSENDAAL,F.R. High levels of factor VIIIand 26. FIGUEIREDO,F. L. P. Fatores predisponentes e
venous thrombosis. Thromb Haemost, V.83, p. precipitantes da trombose venosa profunda.
1-2,2000. 1989. Dissertação(Mestrado)- EscolaPaulista
13. MORRIS,G. K.;MITCHELL,J.L.A Evaluationof de Medicina, SãoPaulo.
125 fibrinogen tests for venous thrombosis in 27. LETAl,A; KUTER,D. J. Cancer, coagulation and
patients with hip fractures: comparison between anticoagulation.TheOncolof?ist,V4. , p. 443-9,1999.
isotope scanning and necropsy findings. BMj, v. 28. SAMAMA,M. M..A comparison of enoxaparin
13, p. 264-7, 1977. with placebo for the prevention of venous

21

Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia


thromboembolism in acutelly ill medical patients. hip replacement. 1 Cardiovasc Surg, v. 24, p.
N Eng1Med, v. 341, n. 11, p. 793-800, 1999. 348, 1983.
29. WELLS, O. 5; HIRSH, J.;ANDERSON, D. R. Ac- 44. LASTORIA, et aI. Trombose venosa profunda em
curacy of clinical assessment of deep-venous coto de amputação: estudo pelo mapeamento
thrombosis. Lancet, v. 345, p. 1326, 1995. dúplex. Cir VascAngiol, v. 11, p. 27, 1995.
30. HIRSH, J.; HOAK, J. Management of deep 45. WILLE-JORGENSEN, P. Prophylaxis of postope-
venous thromboembolism and pulmonary rative thromboembolism. Dan Med Buli, v. 38,
embolism: a statement for healthcare p. 203-27, 1991.
professionals. Circulation, v. 93, p. 2212, 1996. 46. MAFFEI, F.H. A. Profilaxia da trombose venosa e
31. COGO A. et aI. Non invasive objetive tests for da embolia pulmonar. In MAFFEI, F. H. A. et aI.
the diagnosis of clinically suspected deep-vein Doenças vasculares periféricas. 3. ed. São Pau-
thrombosis. Haemostasis, v. 25, p. 27-39,1995. lo: Medsi, 2002.
32. DUPAS, B.; EL KOURI, E.; CURTET, C. Angio- 47. CLAGETT,P.G. et aI. Prevention of venous throm-
magnetic resonance imaging of ileofemoroca- boembolism. Chest, v. 114, suppl. 5, p. 5315-
vai venous thrombosis. Lancet, v. 346, p. 17-9, 615,1998.
1995. 48. MAFFEI, F. H. A. et aI. Incidência de trombose
33. ZERHOUNI, E. A. et aI. Demonstration of venosa profunda em doentes submetidos a cirur-
venous thrombosis by computed tomography. gia abdominal. Ver Ass Méd Brás, v. 33, p. 103-
Am 1 Radiol, v. 243, p. 753-8, 1980. 8, 1987.
34. LENSING, A. W. A. et aI. Deep vein thrombosis. 49. BERGQVIST, D. Prevention of postoperative
Lancet, v. 353, p. 479-85, 1999. thromboembolism in Sweden: the development
35. GEERTS, W. H. et aI. Prevention of venous of practice during five years. Thromb Haem, v.
thromboembolism. Chest, v. 119, suppl. 1, p. 56, p. 239-41,1985.
1325-755, 2001. 50. SALZMAN, E. W.; DAVIES, G. C. Prophylaxis of
36. BORGES, P.C. M. et aI. Trombose venosa pro- venous thromboembolism: analysis of cost
funda em pacientes de moderado risco subme- effectiveness. Ann Surg, v. 191, p. 207-17, 1980.
tidos a operações gastrointestinais: comparação 51. SERAFINI, S. Post-thrombotic syndrome after
de dois métodos profiláticos com heparina. asymptomatic post-operative deep-vein
ABCD Arq Bras Cir Dig, v. 14, p. 86-92, 2001. thrombosis: an inception cohort study. Thromb
37. ROBERTS, H. R. Prevention of venous Haemost, v. 718, p. 29-30, 1997.
thrombosis and pulmonary embolism. lAMA, v. 52. LlEBERMAN, J. S. et aI. Thromboembolism
256, p. 744-49, 1986. associatedwith neoplasm: review of sevent-seven
38. BORROW, M; GOLDSON, H. J. Prevention of cases. lAMA, v. 177, p. 542, 1961.
postoperative deep venous thrombosis and 53. Miller, S. P.et aI. Coagulation disorders in cancer.
pulmonary embolis with combined modalities. Clinical and laboratory studies. Cancer, v. 20, p.
Am Surg, v. 49, p. 599-605, 1983. 1452,1967.
39. BELL, W. R.; SIMON, 1. L. Current status of pul- 54. GREEN, K. B.; SILVERSTEIN,R. L. Hypercoagu-
monary thromboembolic disease: pathophysi- lability in cancer. Haematol Oncal Clin North
ology, diagnosis, prevention, and treatment. Am Am, v. 10, p. 499-530, 1996.
Heart l, v. 103, p. 239-62, 1982. 55. KAKKAR,A. K.; WILLlAMSON, R. C. N. Preventi-
40. HULL, R. D.; HIRSH, J. Advances and contro- on of venousthromboembolism in cancer pacients.
versies in the diagnosis, prevention, and treat- Semin Thromb Hemost, v. 25, p. 239-43, 1999.
ment of venous thromboembolism. Prog Hae- 56. KAKKAR, A. K. et aI. Extrinsic-pathway activation
matol, v. 12, p. 73-123,1981. in cancer with high factor Vila and tissue factor.
41. COON, W. W. The spectrum of pulmonary Lancet, v. 346, p. 1004-5, 1995. I
embolism. Arch Surg, v. 111, p. 398-402, 1976. 57. MARAGOUDAKIS, M. E. et aI. Effects of L
42. CLAGETT, G. P.Prevention of venous thrombo- thrombin/thrombosis in angiogenesis and tumor
embolism. Chest, v. 102, suppl. 4, p. 3915-4075, progression. Matrix Biol, v. 19/ p. 345-51,2000.
1992. 58. CONSENSUS CONFERENCE. Prevention of
43. SCHNEIDER, R. et aI. Incidence and pro- venous thrombosis and pulmonary embolism.
phylaxis of deep venous thrombosis in total lAMA,v. 256, p. 744-9, 1986.

22
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
I
Apresentação científica

59. NICOLAIDS,A. N. et aI. Prevention of throm- internal medicine patients. Thromb Res, v. 94, p.
boembolism: Consensus Europeu. In: BER- 65-8, 1999.
GQVIST,D.; COMEROTA,A j.; NICOLAIDS,A. 73. GREEN,D. et aI. Low molecular weight heparin:
N. (eds.) Preventionof venous thromboembolism. a critica I analysis of clinical trials. Pharmacol
London: Med-Orion, 1994 p. 443-56. Review, v. 46, p. 89-99, 1994.
60. AGNELLI,j. C. Preventionof venous thrombo- 74. WEITZ,j. I. Low molecular-weight heparins. N
embolism. Thromb Res, v. 97, p. 49-62, 2000. Engl 1 A1ed,v. 337, p. 688-98, 1997.
61. BOUNAMEAUX, H. Integratingpharmacologi- 75. BARROWCLlFFE,1. W. Low molecular weight
cal and mechanical prophylaxis of venous throm- heparin(s). Br 1 Haemat, v. 90, p. 1-7, 1995.
boembolism. Thromb Haemost, v. 82, p. 931-7, 76. DAVIES, R.; FAULDS, D. Nadroparin calcium: a
1999.
review of its pharmacology and clinical
62. HULL, R. D. et aI. Effectiveness of intermittent syndromes and managements. Blood, v. 87, p.
pneumatic leg compression for prevention deep 3531-44, 1996.
vein thrombosis after total hip replacement. 77. IMPERIALE,T. F.;SPEROFF, T. A meta-analysis of
lAA1A,v. 263, p. 2313-7,1990.
methods to prevent venous thromboembolism
63. NICOLAIDS, A. N.; FERNANDES-FERNANDES, following total hip replacement. lAA1A, v. 271,
j.; POLLOCK, A. V. Inttermitent sequencial p. 1780-5, 1994.
pneumatic compression of legs in the prevention 78. PALMER, A J et aI. Efficacy and safety of low
of venous stasis and postoperative deep venous
molecular weight heparin, unfractionated heparin
thrombosis. Surgery, v. 87, p. 69-76, 1980.
and warfarin for thromboembolism prophylaxis
64. SILVESTRE,j. M. S. et aI. Profilaxia da trombose in orthopaedic surgery: a meta-analysis of
venosa profunda no trauma ortopédico do mem- randomized clinical trials. Haemostasis, v. 27, p.
bro inferior. Cir Vasc &Angiol, v. 1, p. 27, 1995. 75-84,1997.
65. TURPIE, A G. S. et aI. Prevention of venous 79. ENOXACAN STUDY GROUP I. Efficacy and
thrombosis by inttermitent sequencial calf com- safety of enoxaparin versus unfractionated
pression in patients with acute ischemic stroke. heparin for prevention of deep vein thrombosis
Ann Int A1ed, v. 117, p. 353-57, 1992. in elective cancer surgery: a double-blind
66. AGNELLI,j. C. Prevention of venous thrombo- randomized multicentre trial with venographic
embolism after neurosurgery. ThrombHaemost, assessment. British 1 Surg, v. 84, p. 1099-103,
v. 82, p. 925-30, 1999. 1997.
67. KAKKAR, V. V. et aI. Efficacy of low-doses of 80. MOHR, D. N. et aI. Prophylatic agentsfor venous
heparin in prevention of deep vein thrombosis thrombosis in eletive hip surgery: meta-analysis
after major surgery: a double-blind randomized of studies using venographic assessment. Arch
trial. Lancet, v. 2, p. 101-6, 1972. Intern A1ed, v. 153, p. 2221-8, 1993.
68. MULTICENTRE TRIAL. Prevention of fatal 81. QUADER, M. A; STRUMP, L. S.; SUMPIO, B. E.
postoperative pulmonary embolism by low do- Low molecular weight heparins: current use and
sesof heparin: an international multicentre trial. indications. 1 Am Col/ Surg, v. 187,p. 641-58,
Lancet, v. 1, p. 567-9, 1977. 1998.
69. COLLlNS,R. et aI. Reduction in fatal pulmonary 82. COLWELL jR., W. C. et aI. Use of enoxaparin, a
embolism and venous thrombosis by perioperative low-molecular weight heparin, and
administration of subcutaneous heparin. New Engl unfractionated heparin for the prevention of deep
1 A1ed, v. 318, p. 1162-73, 1988. vein thrombosis after elective hip replacement. 1
70. HUNTER,j. B.et aI.Heparin induced thrombosis: Bone loint Surg, v. 76-A, p. 3-14, 1994.
an important complication of heparin prophylaxis 83. LEYVRAZ,P. F. et aI. Prevention of deep vein
for thromboembolic disease in surgery. BrA1edl, thrombosis after hip replacement: randomized
v. 307, p. 53-5, 1993. comparision between unfractionated heparin and
71. LANDOLFI,
R.et aI. Effectsof unfractionatedand low molecular weight heparin. BrA1edl, v. 303,
low molecular weight heparins on platelet p. 543-50, 1991.
thromboxane biosynthesis in vivo. Thromb 84. MONREAL, M. et aI. A prQspective double-blind
Haemost, v. 72, p. 942-6, 1994. trial of low molecular weight heparin once daily
72. WADE, W. E.; CHRISHOLM, M. A. Cosf- compared with conventionallow dose heparin
effectiveness analysis of deep vein thrombosis in three times daily to prevent pulmonary embolism

23
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
. ~='= ~~_.~ _.0. ____...
I!
I

I Apresentação científica
i

and venous thrombosis in patients with hip 96.


DAHL,O. E.et aI. Prolonged thromboprophylaxis
fracture. J Trauma, v. 29, p. 873-5, 1989. following hip replacement surgery: results of a
85. PINEO,G. F.;HULL,R. D. Prophylaxis of venous double-blind, prospective, randomized, placebo-
thromboembolism following orthopedic surgery: controlled study with dalteparin (Fragmin@).
mechanical and pharmacological approaches Thromb Haemost, v. 77, p. 26-31, 1997.
and the need for extended prophylaxis. Thromb 97. LASSEN, M. R. et aI. Effkacy and safety of
Haemost, v. 82, p. 918-24, 1999. prolonged thromboprophyilaxis with low
86. KAKKAR,V. v.; MURRAY,W. j. G. Efficacyand molecular weight heparin (dalteparin) after total
safety of low-molecular weight heparin (CY216) hip arthroplasty: the Danish Prolonged
in preventing postoperarive venous thromboem- Prophylaxis (DaPP). Study Thromb Res, v. 89, p.
bolism: a co-operative study. Br J Surg, v. 72, p. 281-7,1998.
786-91, 1985. 98. HULL,R. D. et aI. Low-molecular-weight heparin
87. BONEU, B. Low molecular weight heparin prophylaxis using dalteparin extended out-of-
therapy: is monitaring needed? Thromb Haemost, hospital vs. in-hospital warfarin/out-of-hospital
v. 72, p. 330-4, 1994. placebo in hip arthroplsty patients: a double-
88. blind, randomized comparison. Arch InternMed,
BANG,C. j.; TALSTAD,1.;BERSTAD,A. Bleeding
v. 160, p. 2208-15,2000.
effects of unfractionated heparin and low
molecular heparin in an animal model. EurJSurg, 99. COMP, P.C. et aI. Prolonged enoxaparin therapy
v. 160, p. 23-9, 1994. to prevent venous thromboembolism after
89. primary hip ar knee replacement. J Bone Joint
CAMPBELL,N. R. C. et aI. Aging and heparin-
Surg Am, v. 83, p. 336-45, 2001.
related bleeding. Arch Int Med, v. 156, p. 857-
60, 1996. 100. SCURR, j. H. How long after surgery does the
90. risk of thromboembolism persist? Acta Chir
WARKENTIN,1. E. Heparin-induced thrombo-
Scand, v. 556, p. 22-4, 1990.
cytopenia in patients treated with low-molecu-
lar-weigth heparin or unfractionated heparin. N 101. ENOXACAN STUDY GROUP 11.Duration of
EnglJ Med, v. 332, p. 1330-5, 1995. prophylaxis against venous thromboembolism
91. SCURR,j. H.; COLERIDGE-SMITH,P.D.; HASTY, with enoxaparin after surgery for cancer. N Engl
J Med, v. 346, p. 975-80, 2002.
j. H. Deep venous thrombosis: a continuing
problem. BMJ,v. 297, p. 28, 1988. 102. HORLOCKER, T. 1. Low molecular weight
92. LlNDBLAD,B.; STERNBY,N. H.; BERGQVIST, heparin and neuraxial anesthesia.Thrombosis
D. Incidence of venousthrombosisverified by Research, v. 101, p. 141-54, 2001.
necropsyover 30 years.BMJ,v. 302, p. 709-11, 103. POLLER,L. etaI. Fixedminidosewarfarin:a new
1991. approach to prophylaxis against venous
93. HUBER, O.; BOUNAMEAUX, H.; BORST,F. A thrombosisaftermajor surgery.BrMedJ,v.295,
postoperative pulmonary embolism after hospi- p. 1309-13, 1987.
tal discharge: an underestimated risk. Arch Surg, 104. BERN,M. et aI. Very low dosesof warfarin can
v. 127, p. 310-3, 1992. prevent thrombosis in central venous catheters:
94. BERGQVIST,D. et aI. Low-molecular-weight a randomised prospective trial. Ann Int Med, v.
heparin (Enoxaparin@)asprophylaxisagainstvenous 112, p. 423-8, 1990.
thromboembolismaftertotal hip replacement.N 105. DECOUSUS,H. etaI.Aclinical trial of venacaval
EnglJ Med,v. 335, p. 696-700,1996. filters in the preventionof pulmonaryembolism
95. PLANES,A. et aI. Riskof deep-venous thrombosis in patientswith proximal deepvein thrombosis.
after hospital discharge in patients having N Eng/j Med, v. 338, n. 7, p. 409-15, 1998.
undergonetotal hip replacement:double-blind 106. MIKDAME, M. et aI.What is new in antithrom-
randomized comparison of enoxaparin versus botic therapy?Ann BiolClin,v.60, n. 2, p. 131- I

placebo. Lancet, v. 348, p. 224-8, 1996. 41,2002.

24
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia

-...
L_ ---- -- -- ----..-
Perguntas

Questões
sobreprofilaxiado
tromboembolismovenosoemcirurgiageral
1. Paciente de 50 anos, sexo masculino, portador tesia que demorou uma hora e 15 minutos. Qual
de neoplasia de esôfago de terço inferior e va- a classificação de risco para o desenvolvimen-
rizes de membros inferiores será submetido a to de doença tromboembólica?
esofagectomia com reconstrução gastreso- (a) Baixo risco.
fagiana. Qual a conduta profilática para evitar
(b) Risco moderado.
o tromboembolismo venoso?
(c) Alto risco.
2. Paciente de 45 anos, sexo feminino, faz uso de (d) Altíssimo risco.
terapia de reposição hormonal e é portadora
de hérnia de hiato. Será submetida a correção 5. Em relação à questão anterior, deve ser aplica-
cirúrgica da hérnia por via laparoscópica. Qual do algum tipo de medida profilática da doença
tromboemból ica?
a classificação de risco para esta paciente de-
senvolver doença tromboembólica? (a) Sim, medidas exclusivamente mecânicas.
(a) Baixo risco. (b) Não, porque, apesar dos fatores de risco
(b) Risco moderado. associados, a cirurgia é de baixa comple-
xidade.
(c) Alto risco.
(c) Sim, medidas profiláticas mecânicas e
(d) Altíssimo risco.
farmacológicas para risco moderado.
(d)Sim, medidas profiláticas mecânicas e
3. Em relação à questão anterior, qual a melhor
farmacológicas para alto risco, porque,
medida profilática para evitar o desenvolvimen-
apesar de jovem, é obesa e usuária de
to da doença tromboemból ica?
anticoncepcional oral. O posicionamen-
(a) Meia elástica de compressão moderada. to em litotomia para a realização predis-
(b) Meia elástica de alta compressão. põe à ocorrência de TVP.

(c) Clexane 20mg, SC, 2h antes da cirurgia,


6. Em relação a um paciente de alto risco para o
uma vez ao dia, por sete dias, associado a
desenvolvimento de doença tromboembólica
algum tipo de medida mecânica.
que será submetido a passagem de cateter
(d) Nadroparina O,6ml, 2h antes da cirurgia,
peridural para analgesia pós-operatória, quan-
uma vez ao dia, por sete dias, associada a
do iniciar a administração de HBPM?
algum tipo de medida mecânica.
(a) 12h antes ou 2h após a passagem do cateter.

4. Paciente de 30 anos, sexo feminino, é obesa de (b) 2h antes ou 2h após a passagem do cateter.
grau 11,faz uso de anticoncepcional oral e era (c) No momento da passagem do cateter.
portadora de três mamilos hemorroidários. Foi (d) 12h antes ou 12h após a passagem do
submetida a hemorroidectomia sob raquianes- cateter.

25
Programade Auto-Avaliaçãoem Cirurgia
~
I

7. Paciente do sexo masculino, 23 anos, magro e (b) Até o paciente deambular e sair da UTI.
portador de hérnia inguinal esquerda será sub- (c) Por sete dias.
metido a herniorrafia inguinal sob raquia-
(d) Por dez dias.
nestesia. Qual a melhor medida profilática para
evitar a doença tromboembólica?
9. Quais as vantagens da utilização das HBPM,
(a) Medidas mecânicas, por se tratar de pa-
ciente de baixo risco. em relação às HNF, na profilaxia da doença
tromboembólica no paciente cirúrgico?
(b) Nenhuma medida, por se tratar de pa-
ciente de baixo risco. (a) Posologia de uma vez ao dia e libera-
(c) Medidas mecânicas e farmacológicas ção do controle laboratorial diário de
mantidas por apenas dois dias, por se tra- TTPA.
tar de paciente de baixo risco. (b) Menor incidência de sangramento.
(d) Medidas mecânicas e farmacológicas ape-
(c) Menor incidência de trombocitopenia.
nas durante a indução anestésica, por se
(d) Todas as anteriores.
tratar de paciente de baixo risco.

8. Paciente de alto risco para o desenvolvimento 10. Quando iniciar HBPM, se isto não foi feito
de doença tromboembólica foi submetido a pro- 2h antes do procedimento cirúrgico, em um
cedimento cirúrgico oncológico. Foi instituída paciente de risco moderado para o desenvol-
medida profilática mecânica, com deambulação vimento de doença tromboembólica subme-
precoce e fisioterapia motora, e medida tido a anestesia geral exclusiva?
farmacológica, com administração de elexane
(a) 12h após a indução anestésica.
40mg, se, 12h antes do procedimento cirúrgi-
co. Por quanto tempo deve ser feita a manuten- (b) 2h após a indução anestésica.
ção da medida profilática farmacológica? (c) No momento da indução anestésica.
(a) Até o paciente deambular. (d) Somente após o término da cirurgia.

-
26
Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia
r
A. G.* (43), ex-fngenheiro
Civil e ex-Pai de família...
Submetido à colecistectomia por colecistite
crônica calculosa. Alta hospitalar no 30dia
de pós-operatório. Após 7 dias, apresentou
edema súbito de coxa esquerda, sugestivo
de TVP proximal, seguido de dispnéia e dor
torácica intensa. Óbito em 12 horas.
· Baseadoem caso real, sendo omitida a identidade verdadeira.

IICAUSA MORTIS"
Embolia Pulmonar devido à

TVP ~
(V)
o
LJ.J
-'

ClEXANE@
U

ENOXAPAR/NA
SOB/tA

LíDERMUNDIALNA PROFILAXIA
DATVP1
Informações Resumidas do Produto
CLEXANE~ (enoxaparina sódica).Indica(ões:tratamentodatrombosevenosaprofunda(TVP);profilaxiadaTVPe recidivasassociadas à cirurgiaortopédicaouàcirurgiageral; profilaxiadaTVPe recidivasempacientesacamados
devidoadoen(asagudas,incluindoinsuficiência cardiaca.insuficiênciarespiratória,infecçõesgravesedoençasreumàticas; prevençãodacoagulação docircuitoextracorpóreoélurantehemodiálise; tratamentodaanginainstávele
infartoagudodomlocárdiosemondaQ,administrado concomitantemente aaspirina.Conlra-indicações: hipersensibilidadeàenoxaparina sódica,á'heparinaeaseusderivados,inclusiveaoutrasheparinasdebaixopesomolecular;
hemorragiasativasde grandeporte e condiçõescomalto riscode desenvolvimento de hemorragiaincontrolável,incluindoacidentevascularcerebralhemorrágicorecente.Gravideze Lac\ação:estudosem animaisnão
demostraramqualquerevidênCia de fetotoxiCldadeou teratogenicidade.Emhumanos,nãoexisteevidênciada passagemda enoxaparinasódicaatravésda placentaduranteo segundotrimeslreda gravidez.Nãoexistem
informaçõesa esterespeitoduranteoprimeiroe terceirotrimestresdagravidezatéo momento.Deve-seutilizarenoxaparina sódicaduranteagravidezsomentea critériomédico.Ousodeenoxaparina sódicanãoérecomendado
paraotratamentodegestantescomvalvulascardíacasprotéticas.Nãosesabeseaenoxaparina sódicainalteradaéexcretadanoleitehumano.Portanto nãosedeveamamentarduranteotratamentocomClexane@ (enoxaparina
sódica).InteraçõesMedicamentosas: desaconselha-se o usoconcomitante com:salicilatossistêmicosJ ácidoacetilsalicilico
e outrosAINEs,incluindoo ketorolac;dextran40, ticlopidinae clopidogrel;glicocorticóidessistêmicos;
agentestrombolíticose anticoagulantes; outrosagentesantiplaquetários, incluindoos antagonistasoeglicoproteínaIIb/llla.Reações Adversas:hemorragianapresençadefatoresde riscoassociados,comolesõesorgânicas
suscetíveisde sangramento,procedimentoscirúrgicosou uso élecertasassociaçõesmedicamentosas que afetama hemostasia(ver InteraçõesMedícamentosas); sangramentosdeJ]randeporte íncluindosangramento
retroperitonealeínlracraniano(algunscasosfatais);hematomas intra-espinhais
emanestesiaespinhal/epidural oupunçãoespinhal;trombocitopenia; reasõeslocais(dor,hematomae irritaçaolocalleve; nocasodeaparecimento
de purpuraou placaseritematosas,infiltradase dolorosas,deve.seinterrompero tratamentocomenoxaparinasódica);outrai reaçõeslocais(erupçoesbolhosas)ou sistêmicas(anafilactóides); elevaçõesassintomáticas e
reverslveisna contagemplaquetáriae nos niveisde enzimashepáticas.Precauçõese Advertê,rcias:nãoadministrarClexane'(enoxaparinasódica)por via intramuscular;a enoxaparinasódica,assimcomoqualqueroutro
anticoagulante,
deveserutílizadacomcautelaempacientescomaltoriscodehemorragia.Clexaneexigemonitoração clinicacuidadosaempacientesidososepacientesportadoresdeinsuficiência renal.Pacientes compesoabaixo
do normalnecessitam deajustededose.Recomenda-se a realizaçãodecontagemplãquetáriaantesdo inícioe regularmenteduranteo tratamentocomenoxaparinasódicadevidoaoriscodetrombocitopenia. Recomenda-se a
observaçãocriteriosado tempopreconizadoparaa introduçãoe remoçãodocateterparaanestesiaespinhale peridural.Deve-seter atençãoespecialaolocaldo procedimentoderevascularização coronáriapercutâneapara
detecçãodesinaisdesangramentoouformaçãode hematoma.Ousodeenoxaparinasódicanãopodeserrecomendado naprevençãodoIromboembolismo empacientescomprótesesvalvarescardiacasporfaltade estudos
adequadosatéo momento.Aenoxaparinasódicanãoinfluenciasignificantemente otempodesangramento e ostestesdecoagulação global,nemafetaaagregação,elag,uetária oua ligaçãodofibrinogênioàsplaquetasnasdoses
utlizadasparaprofilaxiadetrombosevenosaporémpodeocorreraumentodotempodetromboplastinaparcialativada(TTfTa) e dofempodecoagulaçãoativada\.ICA)comaadministração dealtasdoses.Posologia e Modode

Tratamentodatrombose
horas,pelopenododeZavenosa~ofunda: I,Smg/kgumavezaodiaou
8dias. dmlnlstração 1mg/kgduasvezes
intravenosa:prevençãodacoagulação aodia,peloperíodomédiode
docircuito 10dias;3.Tratamen
extracorpóreodurantehemodiálise:mg odaan
g Ineta osna
li
Usar:Administraçãoporviasubcutânea:1. Profilaxiadatrombosevenosa rofundae recidivase rofilaxiado tromboembolismoulmonar: acientescirúrgicoséleriscomoderado:20mgou 40mgumavezaoélia;pacientes
cirúrgicosdealtorisco:40mgumavezaodia;a uraçao otratamento epen e aperslstencla onscotrom oem oICOme Ia e a Ias; pacientesclínicos:40mgumavezaodia(mínimode6diasemáximode 14dias);2.
inainstável
e infartoa
In aartena udodo
oCIrCUito, mlocárdiosem
noInICIOasessao eonda
emo :iálise;
1mg/kgacada12
ouO,Smg/kg
j
empaCientes
Insuficiênciarsenalsevera(clearance
obaltoriscohemorrágico. Populações
especiais:
decreatinlnamenordo Idosos:nãoénecessário
qUe'1O'ml/min): ajustededose,exceto
1mg/kg/diapara napresença
usoterapêutíco; deinsuficiênCia
20mgaodia rena. Cri~nçarasegurança
parausoprofilático.nsuIciênCla eaefícácia
renallevee daenox<y>arina
moderada: sódicanãoforamestabeleClélas.
naoé necessàrio ajusteded~e, sendo
aconselhável monitorização clínicacuidadosa.HeoatoDatia:
recomenda-se cautelanautilizaçãodeenoxaparinasódica. ComposiçãoeApresentações:cada seringa pré-enchidada solução injetávelde Clexane contém:
::VENDA SOBPRESCRIÇÃ,O MÉDICA". RegistroMS:1.1300.0276. Datadarevisão:07/q,1/2002. A resentaão
. .d' 20 m 40 m 60 m 80 m 100 m
ParamaioresInformaçoesantesde prescrever,favorler a bulacompletado produto. E 20 O 40 O 60 O 80 O 100 O
ReferênciaBibliográfica noxa annaSD"ca , m , m , m , m , m
1.I.M.s.-Q3/2001-MarketShare. AguaparaInleçaoq.S.p. 0,2 ml 0,4 ml 0,6 ml 0,8 ml 1,0 ml

Atendimentoao Consumidor AventisPharmaLtda.


@ 0800-703-0014
www.aventispharma.com.br
Av.Marginal
do RioPinheiros,
5.200' Ed.Atlanta- Morumbi
CEP05693-000- SãoPaulo- SP - Brasil
YfAventis

Potrebbero piacerti anche