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LEOBERTO DANTAS
ROBINSON LEME
São Paulo
2008
FICHA CATALOGRÁFICA
Leme, Robinson
A NR-18 como instrumento de gestão de segurança, saúde,
higiene do trabalho e qualidade de vida para os trabalhadores
da indústria da construção / R. Leme, D. Zarpelon e L. Dantas. --
São Paulo, 2008.
122 p.
São Paulo
2008
RESUMO
The present paper aims at analyzing the application and implementation of NR-18 as
an instrument of security management, health, and work hygiene and life quality to
the workers from Construction Industry. Such sector is characterized by its potential
for employment of workforce which is not qualified, although bringing in its profile the
portrait of a disorganized sector, with some difficulties when using new approaches of
management: constructive, health and security ones. These difficulties make
impossible the modernization and improvement of productivity, being harmful to the
professional improvement of the workers. The places where they work are
considered dangerous and with little life quality to the workers. The NR-18 is a
legislation discussed and approved by the employers, workers and government,
which was revised in 1995 and it brings in its text measures to improve the conditions
and environment of the work in the Construction Industry. Although it has been 12
years since its publication, the NR-18 is still not applied and implemented in its
totality, mainly in the small constructions and in the places with little work supervision
and labor union performance. The norm is considered detailed and technical by some
professionals from civil engineering area and work security and health area. Based
on that, it was analyzed that, although the NR-18 presents some deficiencies, it is
possible to move forward in the issues concerning health and security through the
application and implementation of its rules and the Program of Conditions and
Environment of Work in the Construction Industry, which will result in a reduction of
work accidents, with a bigger productivity and continuous improvement of life quality
to the workers of the sector.
Key words: civil construction (security measures); occupational health; life quality in
the work.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE SÍMBOLOS
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12
1.1 Objetivos..................................................................................................... 14
1.2 Justificativa.................................................................................................. 14
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 15
2.1 Acidentes de Trabalho................................................................................ 18
2.2 Conceito Legal do Acidente de Trabalho.................................................... 21
2.3 Conceito Prevencionista do Acidente de Trabalho..................................... 22
2.4 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção........................................................................................................ 25
3. METODOLOGIA........................................................................................... 28
3.1 Análise Setorial da Indústria da Construção............................................... 28
3.2 Estatísticas de Acidente de Trabalho......................................................... 33
3.3 Estatísticas de Acidentes de Trabalho no Brasil......................................... 34
3.4 Estatísticas de Acidentes de Trabalho na Indústria da Construção........... 36
3.5 Autuações de Segurança e Saúde do Trabalho na Indústria da
Construção no Estado de São Paulo (NR-18) - 2001 a 2007........................... 42
3.6 Metodologias de Proteção.......................................................................... 43
3.6.1 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC’s.......................................... 44
3.6.2 Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s......................................... 45
3.7 Programas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho....................... 47
3.8 Riscos Ambientais na Indústria da Construção.......................................... 49
3.8.1 Riscos Físicos.......................................................................................... 50
3.8.2 Riscos Químicos...................................................................................... 52
3.8.3 Riscos Biológicos..................................................................................... 56
3.8.4 Riscos Ergonômicos................................................................................ 57
3.8.5 Riscos de Acidentes ou Mecânicos......................................................... 59
3.9 Reconhecimento dos Riscos na Indústria da Construção por Fase da
Obra.................................................................................................................. 60
3.9.1 Demolição................................................................................................ 61
3.9.2 Movimentação de Terra........................................................................... 63
3.9.3 Fundações e Estruturas........................................................................... 66
3.9.4 Coberturas............................................................................................... 70
3.9.5 Fechamento e Alvenaria.......................................................................... 72
3.9.6 Instalações e Acabamentos..................................................................... 74
3.9.7 Máquinas de Elevação............................................................................. 76
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................. 79
4.1 A Implementação da NR-18 como Instrumento de Gestão de Saúde,
Segurança e Higiene do Trabalho.................................................................... 79
4.2 A Aplicação Prática da NR-18 nos Canteiros de Obras............................. 83
4.3 Qualidade de Vida na Indústria da Construção – Áreas de
Vivência............................................................................................................. 85
4.3.1 Dimensionamento das Áreas de Vivência............................................... 87
4.3.1.1 Instalações Sanitárias........................................................................... 88
4.3.1.2 Vestiário................................................................................................ 89
4.3.1.3 Alojamento............................................................................................ 90
4.3.1.4 Local para as Refeições....................................................................... 91
4.3.1.5 Cozinha................................................................................................. 93
4.3.1.6 Lavanderia............................................................................................ 94
4.3.1.7 Área de Lazer....................................................................................... 94
4.3.1.8 Ambulatório........................................................................................... 95
4.4 A Aplicação e Implementação da NR-18 nos Canteiros de Obras............. 97
4.5 Propostas de Revisões na NR-18............................................................... 100
5. CONCLUSÕES............................................................................................. 104
6. RECOMENDAÇÕES.................................................................................... 106
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 108
LISTA DE FIGURAS
m2 Metro quadrado
µm Micrômetro
12
1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
1.2 Justificativa
2. REVISÃO DE LITERATURA
1
Conforme a CLT (Brasil, 1943), considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
serviços.
2
De acordo com a CLT (Brasil, 1943), considera-se empregado toda pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
16
difusor de uma nova consciência sobre o assunto, de tal modo que se dispense à
segurança a mesma importância dispensada aos assuntos da produção.
Para Saurin (1997) a NR-18 (Brasil, 1995) é prescritiva e limitada, que são
reflexos do atual estágio da normalização técnica no Brasil, a qual ainda está
bastante atrasada em relação aos países desenvolvidos.
A norma é dinâmica e tem evoluído de acordo com as inovações tecnológicas
da Indústria da Construção, na qual esta mudança rápida é mérito do Comitê
Permanente Nacional – CPN e dos Comitês Permanentes Regionais – CPR’s.
Considera-se importante à necessidade de elaborar e implementar o
Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção –
PCMAT e observa que as exigências do programa pode ser um excelente ponto de
partida para a elaboração de programas abrangentes de segurança do trabalho
(SAURIN, 1997).
A prevenção dos riscos, a informação e o treinamento dos operários podem
ajudar a reduzir as chances dos acidentes e reduzir suas conseqüências quando são
produzidos, e prioriza as questões voltadas ao projeto e aos métodos de execução
da obra (SAMPAIO, 1998a).
O PCMAT tem como objetivo principal garantir a saúde e a integridade dos
trabalhadores, sendo que os riscos devem ser previstos e controlados no processo
de execução de cada fase da obra (SAMPAIO, 1998a). Em sua elaboração, deve-se
priorizar o envolvimento de todos os profissionais que terão responsabilidade direta
pelo resultado do programa: direção da empresa, gerentes, engenheiros de
produção, engenheiros e técnicos de segurança, médicos do trabalho, projetistas,
orçamentistas, mestres-de-obras e encarregados (SAMPAIO, 1998b).
Segundo Sherique (Proteção, 2003) durante a elaboração do PCMAT, os
riscos de acidentes de trabalho devem ser priorizados, principalmente os
relacionados com elevadores, lesões perfurantes, máquinas e equipamentos sem
proteção, queda de altura, soterramento e choque elétrico, no qual as doenças do
trabalho são aspectos importantes na elaboração do programa, em que deve existir
interface com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, Programa de
Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO e a análise ergonômica dos postos
de trabalho.
O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR-9 (Brasil, 1994), o
qual visa preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores através da
17
3
O mapa de riscos é a representação gráfica dos riscos: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos
presentes nos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo, de fácil visualização e
afixado em locais acessíveis no ambiente de trabalho, para informação e orientação de todos os que
ali atuam e de outros que eventualmente transitem pelo local, quanto às principais áreas de risco
(SESI, 1994).
18
para evitar os efeitos produzidos fora do alcance da própria tarefa, pode-se dizer que
seu trabalho está sendo gerenciado pela relação social de desorganização. Esta
teorização é baseada na hipótese de que a gerência do relacionamento entre o
trabalhador e os perigos de seu trabalho em cada nível está associada à produção
de acidentes naquele nível. Em conseqüência, uma mudança neste gerenciamento
seria associada a uma mudança na produção de acidentes.
Como também, os sindicatos sendo forte o suficiente para exigir segurança no
trabalho, a relação do autoritarismo produzirá menos acidentes. Os trabalhadores
estarão menos sujeitos ao trabalho extra, quando o salário for suficiente para o
sustento adequado. E nas empresas onde o empresário relacionar a prevenção dos
acidentes à produtividade, pode-se esperar menos falta de qualificação e menos
desorganização (DWYER, 1994 apud GONÇAVES, 2006).
O pagamento de prêmios e o aumento de horas extras pelas empresas,
maximizando sua eficácia produtiva e minimizando o custo de trabalho são fatores
preponderantes no aumento do número de acidentes de trabalho, conduzindo a
descentralizar um número crescente de tarefas e condições cada vez menos
protegidas a cada vez mais precárias, incrementando o número de indivíduos que
passam a buscar sua subsistência por meio de um trabalho informal (OLIVEIRA,
2004).
Comitês Tripartites, uma vez que é a primeira norma discutida e aprovada através de
negociação nos moldes prescritos pela Organização Internacional do Trabalho - OIT.
A discussão NR-18 (Brasil, 1995) deu-se início em meados de 1994, através
de 10 (dez) grupos de trabalho formado por técnicos do Governo (Delegacia
Regional do Trabalho) e FUNDACENTRO.
3. METODOLOGIA
1
Acidentes Registrados correspondem ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes do
Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados: o reinício de tratamento ou
afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já
comunicados anteriormente ao INSS (INSS, 2008).
2
Acidentes Liquidados correspondem ao número de acidentes cujos processos foram encerrados
administrativamente pelo INSS, depois de completado o tratamento e indenizadas as seqüelas (INSS,
2008)
34
3
Acidentes Típicos: são os acidentes decorrentes da característica da atividade profissional
desempenhada pelo acidentado (INSS, 2008).
35
para o outro, as mortes foram reduzidas em 1,8% (de 2.766 óbitos em 2005 caiu
para 2.717 em 2006).
Conforme o INSS (2008), no ano de 2006 foi registrado pela Previdência
Social o total de 503.980 acidentes do trabalho. Comparando-se com 2005, o
número de acidentes de trabalho registrados aumentou em 0,8%. Os acidentes
típicos representaram 80% do total de acidentes; os de trajeto 14,7% e as doenças
do trabalho 5,3%. As pessoas do sexo masculino participaram com 79,9% e as
pessoas do sexo feminino 20,1% nos acidentes típicos e nos de trajeto, a faixa etária
decenal com maior incidência de acidentes foi constituída por pessoas de 20 a 29
anos com, respectivamente 39,1% e 40,9% do total. Nas doenças de trabalho a faixa
de maior incidência foi a de 30 a 39 anos, com 31,7% do total.
Em 2006, os subgrupos do Código Brasileiro de Ocupações - CBO com maior
número de acidentes típicos foram os trabalhadores de funções transversais, com
13,3% do total; nos acidentes de trajeto foram os trabalhadores de serviços, com
19,6%; e nas doenças do trabalho foram os escriturários, com 13,9% (INSS, 2008)
Em 2006, a análise por setor de atividade econômica revela que o setor
agrícola participou com 6,9% do total de acidentes registrados; o setor de indústrias
com 47,4% e o setor de serviços com 45,7%, excluídos os dados de atividade
“ignorada”. Nos acidentes típicos os subsetores com maior participação nos
acidentes foram produtos alimentares e bebidas com 10,6%; saúde e serviços
sociais com 8,3% do total. Nos acidentes de trajeto, as maiores participações foram
do comércio varejista e dos serviços prestados principalmente às empresas, com
respectivamente 12,4% e 11,9% do total. Nas doenças do trabalho foram os
subsetores intermediários financeiros, com participação de 10% e o comércio
varejista com 8,6% (INSS, 2008)
A tabela 3.4 apresenta a evolução dos Acidentes de Trabalho no Brasil
registrados pela Previdência Social nos últimos 9 anos (INSS, 2008).
36
Apesar dos inúmeros esforços que vêm sendo feitos no Brasil, a partir de
campanhas de prevenção de acidentes, de comissões de estudo tripartites
(representantes do Governo, Empregadores e Trabalhadores) e de estudos
acadêmicos, o índice de acidentes do trabalho e doenças profissionais continua
elevado em relação aos índices encontrados em outros países, principalmente na
Indústria da Construção, o que causa inúmeros problemas sociais e econômicos.
A Indústria da Construção é um dos setores de atividade econômica que mais
registra acidentes de trabalho e onde o risco de acidentes é maior. De acordo com
as estimativas da Organização Internacional do Trabalho - OIT, dos
aproximadamente 355 mil acidentes mortais que acontecem anualmente no mundo,
pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção (LIMA, VALCÁREL, DIAS,
2005).
O tema da segurança e saúde na construção é relevante não só por se tratar
de uma atividade perigosa, mas também é, sobretudo porque a prevenção de
acidentes de trabalho nas obras exige enfoque específico, tanto pela natureza
particular do trabalho de construção como pelo caráter temporário dos centros de
trabalho (obras) do setor. Essa circunstância ganhou destaque com a adoção pela
OIT em 1988 da Convenção n° 167 sobre segurança e saúde na construção, a qual
foi promulgada pelo Decreto Federal nº 6.271 (Brasil, 2007) juntamente com a
37
Tabela 3.10 – Taxa de Mortalidade – Brasil e Estado de São Paulo – 1999 a 2006.
Ano Brasil São Paulo
1999 38,84 36,27
2000 29,69 18,13
2001 33,72 27,95
2002 33,90 32,14
2003 32,84 24,43
2004 28,43 22,80
2005 24,65 19,31
2006 22,10 14,21
Fonte: FETICOM-SP (2008)
42
Na tabela 3.11, são listadas as principais autuações que foram feitas pelo
MTE na Indústria da Construção no Estado de São Paulo no período de 2001 a 2007
segundo a FETICOM-SP (2008), sendo possível observar que os maiores números
de autuações ainda ocorrem por falta de adequação das Áreas de Vivência e do não
fornecimento dos EPI’s.
Pereira (Proteção, 2005) esclarece que existem coisas bem primárias que são
encontradas nas fiscalizações dos canteiros de obras, como por exemplo:
inadequação das áreas de vivências: falta de chuveiros ou quantidade incompleta,
falta de água potável, a falta de uma vestimenta adequada e completa (calça,
camisa e reposição), um local para comer, um local para a troca de roupa. Ainda, de
acordo com Pereira (Proteção, 2005), cerca de 20% das multas dentro do Estado de
São Paulo são por causa da falta de áreas de vivência e vestimentas inadequadas,
as quais são coisas primárias, fáceis, com custos baixos de se adequarem.
43
Tabela 3.11 – Subitens mais autuados da NR-18 pelo MTE no Estado de São Paulo no período
de 1999 a 2006.
Tipo de Autuação 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Comunicação Prévia 37 48 67 47 29 35 70
PCMAT 37 30 32 53 19 30 38
Áreas de Vivência/Vestimenta 248 204 173 139 141 187 275
Escavações/Fundações 9 7 6 4 3 9 10
Carpintaria/Armação 19 38 39 29 24 28 48
Escadas 16 13 26 15 10 2 26
Proteção contra quedas 87 99 140 105 66 73 144
Elevadores de obras 85 61 70 53 36 25 37
Andaimes 57 66 53 72 34 56 60
Instalações Elétricas 42 34 42 39 28 43 38
Máquinas 14 13 20 23 15 8 13
EPI 100 92 124 89 68 50 92
Treinamento 42 32 36 36 22 38 60
CIPA 10 22 22 15 7 6 7
Diversos 55 53 82 83 57 45 62
Total 858 812 932 802 559 635 980
Fonte: SRTE/SP
Adaptação: FETICOM-SP
por exemplo: contato com substâncias químicas deve-se selecionar EPI adequado e
de acordo com sua finalidade de proteção, a qual é definida no Certificado de
Aprovação (CA) 4 (SALIBA, 2005).
Ao adquirir EPI’s, deve-se ter a preocupação de que os mesmos exerçam a
proteção de maneira eficaz e possuam o Certificado de Aprovação, sem o qual o
equipamento não terá validade legal. É de responsabilidade da empresa, controlar e
disciplinar o uso dos equipamentos fornecidos, cabendo-lhes as aplicações das
punições previstas em lei para o trabalhador que se recusar a usá-los.
Recomenda-se manter um fichário para controlar o fornecimento dos já
referidos equipamentos de proteção individual, de modo que cada equipamento
receba a assinatura do usuário na data da entrega. As fichas devem ser individuais e
devem ser guardadas por no mínimo 20 anos após o desligamento dos funcionários
da empresa.
Da mesma forma, a empresa deve manter os certificados individuais dos
treinamentos aos quais seus empregados se submeteram, como por exemplo:
treinamentos de conscientização e orientação do uso de EPI’s, treinamento de
Operador de Serra Circular, Gruas, Direção Defensiva, etc, comprovando a atenção
da empresa em manter seus empregados devidamente preparados e habilitados
para os cargos exercidos.
Conforme a NR-6 (Brasil, 2001), cabe ao empregador quanto ao EPI: a)
adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao
trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso
adequado, a guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado
ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica e g)
comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
A NR-6 (Brasil, 2001) estabelece que cabe ao empregado quanto ao uso do
EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b)
responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador
4
Certificado de Aprovação (CA) - Os EPI’s, nacionais ou importados, só poderão ser comercializados
desde que possuam e indiquem o Certificado de Aprovação (CA), o qual é expedido por órgão
competente do MTE.
47
Muito embora um SGSST deve ser escrito, de nada adianta sua implantação
sem o comprometimento da alta gerência, a qual por sua vez é responsável pela
criação de uma cultura de SST em todos os níveis hierárquicos da organização.
Os Sistemas de Gestão de SST na Indústria da Construção já são comuns na
Europa, principalmente na Espanha e Portugal, sendo que no Brasil às empresas do
setor ainda busca a implementação de sistemas voltados a melhoria da qualidade.
Para Dias (Proteção, 2004) a implantação de sistemas integrados de Gestão
na Indústria da Construção, envolvendo a qualidade (incluindo o custo e o tempo), o
ambiente e a segurança e saúde, tem vindo a ser reconhecido internacionalmente
como uma ferramenta útil na otimização de recursos que seriam necessários para
implementar e manter de forma separada a gestão da qualidade, ambiental e da
Segurança do Trabalho.
Segundo Dias (Proteção, 2004), o objetivo dos Sistemas de Gestão de SST
na Indústria da Construção é promover a melhoria da qualidade do produto
construído (um edifício, uma estrada, uma ponte), reduzir a poluição ambiental
resultante da atividade e os acidentes de trabalho e doenças profissionais, quer
durante a fase de construção, quer durante as intervenções posteriores na fase de
utilização.
De acordo com Valcárcel (Proteção, 2003), somente após a implementação
de Sistemas de Gestão na Indústria da Construção, alguns países obtiveram uma
redução significativa em suas taxas de acidentes na Indústria da Construção.
A NR-18 (Brasil, 1995) é um instrumento que propõem ações eficazes para a
melhoria das condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção, as
quais se integram perfeitamente nas diretrizes mínimas de um Sistema de Gestão de
SST, sendo que o PCMAT propõe diretrizes que visam estabelecer as prioridades de
SST por fase da obra, proporcionando assim um controle adequado, com
intervenções rápidas nos itens que não estão em conformidade e precisam ser
readequados.
5
Atividade ou operação insalubre é aquela que expõem o trabalhador, no exercício de sua atividade
laboral, aos agentes ambientais físicos, químicos e biológicos a níveis superiores aos do Limites de
Tolerância previstos no Anexo 15 da Portaria 3.214 (Brasil, 1978), ou na falta destes os previstos na
ACGIH, de acordo com a NR-9 (Brasil, 1994)
51
conclusão
Possíveis Conseqüências à
Agentes de Risco Fonte de Emissão
Saúde dos Trabalhadores
Doenças do aparelho
Trabalho em galerias e locais
Umidade respiratório, doenças da pele,
encharcados.
doenças circulatórias.
Fonte: Adaptado da USP (2006a), USP (2006b), USP (2006e) e SENAI (1994).
6
Gamagrafia industrial é um tipo de radiografia realizada com raios gama, é uma técnica utilizada na
análise da integridade de estruturas metálicas, como aviões, navios e gasodutos. Na Indústria da
Construção ela permite analisar estruturas de concreto (USP, 2007b).
53
Comprimento (3 d)
Diâmetro (d)
7
Asbesto ou Amianto é um mineral de estrutura fibrosa, com várias aplicações industriais (cordas,
tecidos resistentes ao calor, luvas, isolamento térmico em geral, lonas de freio, discos de embreagem,
artefatos de fibrocimento, tais como: caixas d’água, telhas, tubulações pisos e divisórias). Torloni,
Vieira (2003) p.163.
8
Fibra de lã de vidro é um isolante térmico constituído de finas fibras de vidro, que se obtém com
forte sopro de ar sobre vidro em fusão (USP, 2007b).
9
Partículas respiráveis ou Massa de Particulado Respirável (MPR) é uma classificação definida pela
ACGIH (2005) que indica o LEO - Limite de Exposição Ocupacional para aqueles materiais que
oferecem risco quando depositados na região de troca de gases. São partículas com diâmetro de
corte para 50% da massa das partículas igual a 4 µm.
54
Acabamentos em concreto e
pedras ornamentais, carga e
descarga de areia, pedra e
outros materiais, corte de
paredes, estruturas, pisos
cerâmicos, pedras ornamentais
e telhas cerâmicas e de
amianto, demolição, fibra de Fibroses (Silicose e
Poeiras Minerais vidro, grandes movimentações Asbestose), Bronquite, Asma,
de terra, limpeza do canteiro de Câncer e Efeitos Sistêmicos 12 .
obra a seco com vassouras e
pás, preparação de massa de
cimento e argamassas,
rejuntamento de pisos e
azulejos, remoção dos resíduos
do canteiro de obra, etc.
continua
10
Poeiras Insolúveis Não Classificados de outra Maneira – PNOS são substâncias que não tem a
potencialidade de causar fibroses ou efeitos sistêmicos, mas não são biologicamente inertes, visto
que em altas concentrações, as partículas não tóxicas, têm sido associadas ocasionalmente como
uma condição fatal, conhecida como proteinose alveolar. Em função disso a ACGIH estabelece
critérios para avaliação e controle. ACGIH (2005)
11
Pneumoconioses benignas são doenças que atingem o aparelho respiratório, mas deixam à
estrutura alveolar intacta e a reação do organismo e potencialmente reversível. Torloni, Vieira (2003)
p. 153.
12
Efeitos Sistêmicos são aqueles que ocorrem em outros órgãos, e não necessariamente no órgão
ao qual foi depositado. Isso ocorre através da absorção dos componentes pelo sangue. Toda essa
função depende da ação fisiológica do agente. Torloni, Vieira (2003) p. 155.
55
conclusão
Possíveis Conseqüências à
Agentes de Risco Fonte de Emissão
Saúde dos Trabalhadores
Renite alérgica e
Poeiras Vegetais Corte e lixamento de madeira.
Adenocarcinomas.
Fonte: Adaptado da USP (2006c), USP (2007d), Ali (2006), Arcuri (2004) e SENAI (1994)
56
13
Assédio Moral é a exposição dos trabalhadores às situações humilhantes e constrangedoras,
repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais
comum em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas
negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou
mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a
organização, forçando-o a desistirem do emprego (Assédio Moral no Trabalho, 2008).
58
14
CID-10 é a sigla utilizada para indicar a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde. Ela é publicada pela OMS e é usada globalmente para
estatísticas de morbidade e de mortalidade, sendo que está em sua décima edição (ANS, 2008).
15
Operador é o termo que designa toda pessoa que exerce uma atividade profissional, quaisquer que
sejam suas características (ofício, classificação profissional, sexo, etc.). Guérin et al. (2001) p.1.
59
O reconhecimento dos riscos na obra devem ser feitos de acordo com cada
fase. Eles devem estar contidos em documento específico que contemple os dados
da obra, as necessidades de segurança do trabalho para a sua execução (medidas
de proteções coletivas e individuais), assim como a análise dos riscos de cada etapa
do projeto, com o objetivo de incluir nessa fase o detalhamento das medidas de
proteções coletivas, pois só assim estaremos antecipando e resolvendo e/ou
minimizando os possíveis riscos durante as execuções das obras, às quais
envolvem trabalhadores, máquinas, equipamentos e logística. A obra se divide nas
seguintes fases: Movimentação de Terra; Fundações e Estruturas; Coberturas;
Fechamento e Alvenaria; Instalações e Acabamentos e Máquinas de Elevação
(SAMPAIO, 1998a).
Outra fase a se considerar e que atualmente está presente na maioria das
principais cidades brasileiras é a Demolição. A falta de espaço nos grandes centros
61
3.9.1 Demolição
16
Segundo Sampaio (1998a), Blaster é o profissional tecnicamente habilitado a supervisionar as
atividades de desmonte de rochas a fogo.
65
17
O Programa 5S foi concebido por Kaoru Ishikawa no Japão em 1950 e foi aplicado após a Segunda
Guerra Mundial com a finalidade de reorganizar o país quando vivia a chamada crise da
competitividade. A adoção do Programa 5S no Japão na década de 1950 foi um dos fatores da
recuperação das empresas e da implantação da Qualidade Total no país. Até hoje é considerado o
principal instrumento de gestão da qualidade e da produtividade utilizado no Japão devido a sua
eficácia. Ele tem o objetivo de transformar o ambiente das organizações e atitude das pessoas,
melhorando a qualidade de vida dos funcionários, diminuindo os desperdícios, reduzindo custos e
aumentando a produtividade das instituições, sendo um instrumento importante nos programas de
gestão. O "Programa 5S" ganhou esse nome devido às iniciais das cinco palavras japonesas que
sintetizam as cinco etapas do programa. Essas palavras e suas versões para o português são: Seiri -
DESCARTE: Separar o necessário do desnecessário; Seiton - ARRUMAÇÃO: Colocar cada coisa
em seu devido lugar; Seisso - LIMPEZA: Limpar e cuidar do ambiente de trabalho; Seiketsu -
SAÚDE: Tornar saudável o ambiente de trabalho; Shitsuke - DISCIPLINA: Rotinizar e padronizar a
aplicação dos "S" anteriores (IPEM-SP, 2008).
68
3.9.4 Coberturas
Outra causa citada por Sampaio (1998a) e que se repete na maioria das fases
da obras são as quedas de altura, sejam dos andaimes, aberturas no piso ou nas
periferias das edificações. Nestes casos, o PCMAT deve abordar sistematicamente a
manutenção das proteções coletivas contra quedas de altura e a conservação das
escadas, rampas e passarelas.
No treinamento dos trabalhadores é importante enfatizar qual é o benefício
das proteções coletivas em detrimento às proteções individuais, e por que é
importante que as proteções coletivas quando retiradas para algum trabalho devem
ser colocadas imediatamente.
A NR-18 (Brasil, 1995) também possibilita a utilização das Redes de
Segurança para a proteção contra quedas, visto que as mesmas podem substituir as
plataformas secundárias. Este sistema é conhecido como Sistema Limitador de
Quedas de Altura e foi introduzido na norma pela Portaria n° 157 (MTE, 2006).
Na figura 10 observa-se um quadro de força de um canteiro de obras
aparentemente bem dimensionado e protegido, com conectores e tomadas
blindadas, condutores de dupla isolação e local limpo, porém não se vê nenhum tipo
de sinalização e de fechadura ou cadeado na grade, possibilitando o acesso de
pessoas não autorizadas, com o risco de ocorrência de um acidente gravíssimo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
1
Taxa de Mortalidade é a relação que se mede para avaliar a incidência de óbitos ocorridos em uma
determinada população de trabalhadores, no qual o número de óbitos é dividido pelo número total de
trabalhadores da referida população, multiplicado por 100.000 (MPAS, 2008).
83
Figura 13 - Canteiro de obra que implementa Figura 14 - Canteiro de obra que não
a NR-18. implementa a NR-18.
A NR-18 (Brasil, 1995) é constituída por 39 (trinta e nove) itens, que são
subdivididos em mais de 900 (novecentos) subitens, especificam diretrizes para o
programa de segurança, áreas de vivência, máquinas e equipamentos, operações
diversas da Indústria da Construção, transporte de trabalhadores, treinamento, entre
outras questões relacionadas a SST e procedimentos operacionais.
Quanto ao objetivo e ao campo de aplicação, a NR-18 (Brasil, 1995)
estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização,
que objetivam a “implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de
segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na
indústria da construção”.
Segundo Gawryzewski, Mantovanini, Liung (1998) apud Gonçalves (2006) as
melhorias dos ambientes de trabalho no setor da construção, advindas após a
84
De acordo com a NR-18 (Brasil, 1995) os Canteiros de Obra devem dispor de:
instalações sanitárias, vestiário, alojamento, local para refeições, cozinha (quando
houver preparo de refeições), lavanderia, área de lazer e ambulatório, quando se
tratar de frentes de trabalho com 50 (cinqüenta) ou mais trabalhadores. Quando não
houver trabalhadores alojados nos canteiros de obras a empresa fica desobrigada a
manter o alojamento, a lavanderia e a área de lazer.
Outra alteração importante introduzida na NR-18 (Brasil, 1995) pela Portaria
n° 30 (MTE, 2000) foi à regulamentação para a utilização de contêineres, os quais
estavam sendo adaptados para atender o disposto na norma, sendo que não se
sabia a sua procedência, podendo estes ter sido utilizado para o transporte de
materiais tóxicos e radioativos.
88
4.3.1.2 Vestiário
Todo canteiro de obras deve possuir vestiário para troca de roupa dos
trabalhadores que não residam no local. Estes devem: ter paredes de alvenaria,
madeira ou outro material equivalente; os pisos podem ser de concreto, cimentado,
madeira ou outro material equivalente; ter área de ventilação; ter iluminação natural
ou artificial; possuir armários com duplo compartimento, dotados de fechadura ou
cadeado; possuir pé-direito de no mínimo 2,50 metros e ter bancos suficientes para
atender todos os trabalhadores.
Conforme a NR-18 (Brasil, 1995), os vestiários devem ser mantidos em
perfeito estado de conservação e higiene. A figura 19 mostra um vestiário dotado de
banco, armários com compartimentos duplos e iluminação natural.
90
4.3.1.3 Alojamento
das edificações, bem como não pode ter ligação direta com as instalações
sanitárias.
Nos locais destinados à refeição é obrigatório o fornecimento de água potável
e fresca para os trabalhadores, por meio de bebedouros de jato inclinado ou outro
dispositivo equivalente, sendo proibido a utilização de copos coletivos.
Na figura 21 observa-se um refeitório dentro de um canteiro de obras. Na
figura 22 mostra-se uma pia instalada dentro de um refeitório, conforme determina a
NR-18 (Brasil, 1995), e na figura 23 vê-se um aquecedor de refeições de um modelo
utilizado nos canteiros de obras.
4.3.1.5 Cozinha
4.3.1.6 Lavanderia
A NR-18 (Brasil, 1995) determina que deve haver um local: próprio, coberto,
ventilado e iluminado para que o trabalhador alojado possa lavar, secar e passar
suas roupas de uso pessoal. Este local deve ter tanques individuais ou coletivos em
número adequado. A lavanderia só será instalada quando houver trabalhadores
alojados no canteiro de obras.
Na figura 24, observa-se uma lavanderia com tanques coletivos instalada em
um canteiro de obras.
Nos canteiros de obras devem ser previstos locais exclusivos para recreação
dos trabalhadores alojados, podendo ser usado o local de refeições para este fim,
conforme as figuras 25 e 26.
95
4.3.1.8 Ambulatório
Em suas disposições finais, a NR-18 (Brasil, 1995) determina que nas áreas
de vivência dotadas de alojamento, deve ser solicitada à concessionária local a
instalação de um telefone comunitário ou público, bem como o fornecimento gratuito
pelo empregador de vestimenta de trabalho, e sua reposição quando danificada.
Nas figuras 29 e 30 observam-se dois trabalhadores com vestimentas de
trabalho e EPI’s, que de acordo com Pereira (Proteção, 2005) estes são itens bem
assimilados pelas construtoras de médio e grande porte.
Para Rosa (Proteção, 2005) a NR-18 (Brasil, 1995) é boa e bem elaborada,
porém em alguns aspectos técnicos vem sendo considerada exagerada e
excessivamente detalhada, sendo que a norma precisa avançar na proteção ao meio
ambiente e dos recursos naturais.
Pontes (Proteção, 2005) considera que a NR-18 (Brasil, 1995) tem um papel
importante para o setor, mas na condição de norma eminentemente técnica, a qual
deixa a desejar no que se refere a questões como relações de trabalho, educação,
alimentação, remuneração, as quais têm conexão estreita com a prevenção.
Para o autor, o modelo da NR-18 (Brasil, 1995) foi adequado para o momento
histórico que foi revisada, porém hoje não. Para ele, ao longo dos anos a norma tem
sido alterada recorrentemente, adotando uma perspectiva extremamente descritiva,
detalhada e minuciosa, dando-lhe aspectos de verdadeiro manual, no qual as
tendências mundiais são conceituais e estabelecem princípios e diretrizes de
planejamento e organização do trabalho.
Segundo Vicente (Proteção, 2007) a prioridade das empresas da Indústria da
Construção é o tempo de entrega da obra, o qual é cada vez mais reduzido, e
quando este fator é preponderante e não haja um planejamento adequado, a NR-18
(Brasil, 1995) deixa de ser implementada com sucesso e não se consegue praticar
SST no canteiro de obras.
Poley (Proteção, 2007) traz um perfil dos itens que não são cumpridos pelas
obras na região Noroeste de Minas Gerais, onde esclarece que várias empresas que
atuam na capital aplicam o “DUPLO PADRÃO”, adotando padrões inferiores em SST
em regiões na qual a fiscalização do trabalho chega com maior dificuldade e com
menor freqüência. Completando, reforça a necessidade das Gerências Regionais do
Trabalho e Emprego estabelecerem prioridades para o setor nas cidades do interior.
Para Pereira (Proteção, 2005) existem, como em todas as áreas, boas ações
e outras não tão completas, então aí vale para o patronato, governo e sindicatos.
Segundo ele, existem ações importantes e fortes dos sindicatos dos trabalhadores
do Rio, Minas, Pernambuco, São Paulo e em várias regiões, mas não pode falar isso
em consenso, pois falta estrutura, sendo que algumas entidades possuem até
Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiros e Médicos para darem suporte,
mas isso não é realidade de todos os sindicatos e não vale para o setor da
construção no segmento laboral.
99
2
Apoio técnico e científico é a denominação dada às entidades que compõem o CPN e os CPR’s
com a finalidade de subsidiar tecnicamente as discussões da NR-18. São entidades que possuem
envolvimento direto com a indústria na construção, no campo das pesquisas, formação profissional,
fiscalizações, etc. A inserção de tais entidades foi feita com a nova redação dada pela Portaria n° 63,
de 28/12/98 que alterou o item 18.34.2.
100
Além dos itens propostos para serem revisados, podem-se identificar outros
itens que merecem discussão e melhorias, os quais são:
• O setor da construção pesada, sendo que em matéria publicada pela
Proteção (2007), vários profissionais discutem a necessidade da inclusão
de itens que atendam o setor, principalmente nos que tangem a proteção
de máquinas e áreas de vivência;
• Na movimentação de estruturas pré-moldadas, visto que com a inovação
tecnológica e a busca de reduzir os custos e o tempo de construção das
obras estão sendo utilizadas grandes estruturas pré-moldadas de concreto
no fechamento lateral das edificações, na construção de pontes, galpões e
outras estruturas de grande porte. Estas estruturas são pesadas e de
difícil movimentação, sendo que é preciso criar e normalizar
procedimentos para que a operação ocorra sem risco de acidentes;
• Na reedição da NR-18 (Brasil, 1995) a discussão das obras que utilizam
estruturas metálicas foi tímida, talvez pela pouca aplicação da época,
porém a norma precisa ser revisada, principalmente nas questões que
tratam do acesso e a permanência dos trabalhadores sobre as estruturas
no momento da montagem e soldagem.
A Ata da Reunião Ordinária do CPR/SP de 11 de dezembro de 2007
(FETICOM-SP, 2007), relata que o comitê está finalizando a discussão da proposta
para a melhoria da NR-18 (Brasil, 1995) em seu item que trata da Movimentação e
Transporte de Materiais e Pessoas, sendo que estão sendo revistos todos os itens
que tratam dos Elevadores de Obras.
Para Fernandes (Proteção, 2007), a cidade de São Paulo é uma capital que
demanda de muitos recursos na Indústria da Construção, tais como: equipamentos,
máquinas e tecnologias, sendo que o CPR/SP tem sido muito solicitado por
empresas fabricantes e locadoras de máquinas e equipamentos e por construtoras,
com o objetivo de propor mudanças em relação a vários aspectos que não estão
contemplados na NR-18 (Brasil, 1995). Para ele, o comitê tem uma característica
diferenciada dos demais CPR’s do Brasil, tendo a possibilidade de contribuir com
maior eficiência nas discussões técnicas de revisão da norma.
Ainda, segundo Fernandes (Proteção, 2007) toda vez que o CPR/SP
apresenta ao CPN uma proposta que resulta em uma nova exigência da norma, o
comitê tem feito discussões junto ao sindicato patronal e dos trabalhadores para que
103
esse novo texto passe a ser conhecido e compreendido pelos principais atores do
setor.
104
5. CONCLUSÕES
produtividade, ou para reduzir os custos dos acidentes de trabalho, mas para buscar
a satisfação dos trabalhadores.
Conclui-se também, que, apesar dos 12 anos da publicação da NR-18 (Brasil,
1995), ainda existem falhas na aplicação e implementação da norma nos canteiros
de obras, entre elas: a falta de compromisso das empresas do setor; o baixo efetivo
de auditores-fiscais do MTE para intervir nos locais de trabalho; a ausência de ações
programadas de fiscalização nas cidades do interior; a pouca divulgação da norma
para os trabalhadores; a melhoria na qualificação e treinamento dos trabalhadores e
a necessidade dos comitês tripartites em desenvolverem ações efetivas na aplicação
e implementação da norma.
Diante do exposto, ficou constatado que a aplicação e implementação da NR-
18 (Brasil, 1995) tem priorizado as causas que provocam os acidentes fatais: queda
de altura, soterramento e choque elétrico.
Em relação às críticas discutidas na concepção da NR-18 (Brasil, 1995), foi
possível identificar que a sua forma descritiva, minuciosa e detalhista apresentada
no texto é necessária, pois enquanto não houver a atualização das normas técnicas,
o controle rigoroso dos quesitos de segurança na importação de máquinas,
equipamentos e materiais e a mudança cultural dos empreendedores do setor, a
norma deve sempre se ater a especificar o mínimo necessário para que as
operações sejam realizadas com segurança, no qual diretrizes genéricas e de
gestão não condizem com a realidade dos canteiros de obras do Brasil.
O trabalho também conclui que a NR-18 (Brasil, 1995) precisa rever algumas
concepções, a qual deve priorizar o estudo das questões ergonômicas no
desenvolvimento das operações, equipamentos e materiais, bem como valorizar a
participação do trabalhador na discussão das questões relacionadas a SST no
canteiro de obras, priorizando a atuação da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes do Trabalho – CIPA.
106
6. RECOMENDAÇÕES
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Segurança e Medicina do Trabalho, Ed. Atlas, São Paulo, 61ª Ed., v.2. p. 472-
495, 2007.
http://www.fundacentro.gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/programadeprotecaorespi
ratoria.pdf
http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2005/p_20050117_114.pdf
TORLONI, M. e VIEIRA, A.V. Manual de Proteção Respiratória. São Paulo, 520 p.,
2003.